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TRATADO DE AMESTERDÃO Modo de utilização

O tratado de amesterdão: modo de utilização · três partes, por um anexo e 13 protocolos. Paralelamente, a Conferência Intergoverna mental adoptou 51 declarações que foram

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T R A T A D O

DE AMESTERDÃO

Modo de

u t i l i z a ç ã o

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O T R A T A D O

DE AMESTERDÃO

Modo de

u t i l i z a ç ã o

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A presente publicação é editada em todas as línguas oficiais da União Europeia: alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, grego, inglês, italiano, neerlandês, português, e sueco.

Este documento também está disponível no sítio internet de SCADPIus: http://europa.eu.int/scadplus/

Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int)

Comissão Europeia Direcção-Geral Educação e Cultura Unidade «Publicações» rue de la Loi 200, B-1049 Bruxelles

Uma ficha bibliográfica encontra-se no fim desta obra

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 1999

ISBN 92-828-7955-0

c Comunidades Europeias, 1999

Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

Prinled in Germany

IMPRI.SSO EM PAPIL BRANQUI-ADO SI M CLORO

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SUMARIO

INTRODUÇÃO

Liberdade, segurança e justiça Direitos fundamentais e não-discriminação 11 Estabelecimento progressivo de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça 17

A União e o cidadão Cidadania da União Europeia 31 Emprego 35 Política social 39 Ambiente 43 Saúde pública 47 Protecção dos consumidores 49 Transparência, simplificação dos Tratados e qualidade da legislação comunitária 51

Uma política externa eficaz e coerente A Política Externa e de Segurança Comum 53 Política comercial comum 59

As questões institucionais O Parlamento Europeu 61 O Conselho da União Europeia 65 A Comissão Europeia 69 O Tribunal de Justiça 71 O Tribunal de Contas, o Comité Económico e Social, o Comité das Regiões 73 Os parlamentos nacionais 75 A subsidiariedade 77 A cooperação reforçada 79 Processos de decisão 83

Sumário

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INTRODUÇÃO

Historial

O Tratado de Amesterdão, concluído politi­camente a 17 de Junho e assinado a 2 de Outubro de 1997, é o culminar de dois anos de estudos e negociações no âmbito de uma Conferência dos representantes dos gover­nos dos Estados-Membros. O Tratado entrou em vigor após ter sido ratificado pelos 15 Estados-Membros da União Euro­peia, segundo as respectivas regras constitu­cionais.

O Tratado da União Europeia previa expli­citamente a convocação da Conferência Intergovernamental (antigo artigo N), tendo em vista a revisão de algumas das suas dis­posições. Durante o primeiro semestre de 1995, cada instituição elaborou um relatório sobre o funcionamento do Tratado da União Europeia. O segundo semestre foi então dedicado a uma análise, em profundidade, das opções possíveis, por parte de um «Gru­po de reflexão», presidido pelo secretário de Estado espanhol para os Assuntos Euro­peus, Carlos Westendorp. O relatório desse grupo foi apresentado ao Conselho Europeu de Madrid, em Dezembro de 1995.

Após a consulta da Comissão e do Parla­mento Europeu, cujos pareceres constituem uma condição prévia para o lançamento de uma Conferência Intergovernamental, o Conselho Europeu de Turim pôde dar início, formalmente, às negociações a 29 de Março de 1996, com objectivos ambiciosos centra­

dos na Europa dos cidadãos, no papel da União Europeia na cena internacional, na melhoria do funcionamento das instituições e na perspectiva do alargamento.

Sucessivamente, os conselhos europeus de Florença (21 e 22 de Junho de 1996), de Dublim I (5 de Outubro de 1996) e de Dublim II (13 e 14 de Dezembro de 1996), assim como o Conselho informal de Noord-wijk (23 de Maio de 1997), examinaram e negociaram as diferentes propostas. Só pas­sados 15 meses de trabalho foi possível esta­belecer um consenso em torno do Tratado de Amesterdão.

Objectivos do Tratado de Amesterdão

O objectivo dos trabalhos era claro. Tratava--se de criar as condições políticas e institu­cionais necessárias para permitir à União Europeia enfrentar os desafios do futuro, face, entre outras circunstâncias, à rápida evolução da situação internacional, à mun-dialização da economia e suas repercussões no emprego, na luta contra o terrorismo, na criminalidade internacional e no tráfico de droga, nos desequilíbrios ecológicos e nas ameaças para a saúde pública.

O mandato da Conferência Intergoverna­mental estava, em parte, definido pelos pró­prios Tratados, mas o Conselho Europeu acrescentou algumas questões concretas

Introdução

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relacionadas com o funcionamento das ins­tituições, tais como a composição da Comissão e a ponderação dos votos no Con­selho. Além disso, durante as negociações, a ordem de trabalhos foi enriquecida com outros temas suscitados pelas instituições comunitárias ou pelos Estados-Membros.

Estrutura do Tratado

O Tratado de Amesterdão é constituído por três partes, por um anexo e 13 protocolos. Paralelamente, a Conferência Intergoverna­mental adoptou 51 declarações que foram anexadas à sua acta final, e teve também em consideração oito declarações, apresentadas por diversos Estados-Membros, que foram igualmente anexadas à acta final.

A primeira parte contém as alterações de fundo, que são os cinco artigos seguintes:

• artigo 1.°, que contempla as modifi­cações introduzidas no Tratado da União Europeia;

• artigo 2.°, que contempla as modifi­cações do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia;

• artigo 3.°, que contempla as modifi­cações do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia do Carvão e do Aço;

• artigo 4.°, que contempla as modifi­cações do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia da Energia Atómica;

• artigo 5.°, que contempla as modifi­cações introduzidas no acto anexo à Decisão do Conselho, de 20 de Setem­bro de 1976, respeitante à eleição dos representantes ao Parlamento Europeu por sufrágio universal directo.

A segunda parte do Tratado abrange os arti­gos 6.° a 11.° e diz respeito à simplificação dos Tratados que instituem as três Comuni­dades Europeias, incluindo os anexos e os

protocolos, no sentido da supressão das dis­posições que tenham caducado e da conse­quente adaptação do texto de certas dispo­sições (artigos 6.°, 7.° e 8.°). Nela se prevê também a revogação da Convenção de 25 de Março de 1957, relativa a certas instituições comuns às Comunidades Europeias, e do Tratado de Fusão, de 8 de Abril de 1965 (artigo 9.°). Contudo, ela determina que este esforço de simplificação não afecta o efeito jurídico dos ditos textos ou dos actos em vigor adoptados com base nos mesmos (artigo 10.°). Por outro lado, é claramente estipulado que o Tribunal tem plenas com­petências na interpretação das disposições desta parte do Tratado (artigo 11.°).

A terceira parte inclui os artigos 12.° a 15.° que constituem as disposições gerais e finais do Tratado. Essas disposições referem-se à nova numeração das disposições do Tratado da União Europeia e do Tratado que institui a Comunidade Europeia (artigo 12.°), à con­clusão do Tratado por um período ilimitado (artigo 13.°), à ratificação e entrada em vigor (artigo 14.°), assim como à lista das versões linguísticas (artigo 15.°).

O anexo ao Tratado de Amesterdão contém os quadros de equivalência relativos à nova numeração das disposições do Tratado da União Europeia e do Tratado que institui a Comunidade Europeia. Quanto aos protoco­los, eles correspondem aos textos seguintes:

• protocolo relativo ao artigo 17.° (antigo artigo J.7) do Tratado da União Euro­peia, que se refere à União da Europa Ocidental e à definição progressiva de uma política de defesa comum;

• protocolo que integra o acervo de Schengen no âmbito da União Europeia;

• protocolo relativo à aplicação de certos aspectos do artigo 14.° (antigo artigo 7.°-A) do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia ao Reino Unido e à Irlanda;

Introdução

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protocolo relativo à posição do Reino Unido e da Irlanda relativamente ao novo título «Vistos, asilo, imigração e outras políticas relativas à livre circu­lação de pessoas» do Tratado que insti­tui a Comunidade Europeia;

protocolo relativo à posição da Dina­marca relativamente ao novo título «Vistos, asilo, imigração e outras polí­ticas relativas à livre circulação de pes­soas» do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia e a certos aspectos da Política Externa e de Segurança Comum;

protocolo relativo ao direito de asilo de nacionais dos Estados-Membros da União Europeia;

protocolo relativo à aplicação dos prin­cípios da subsidiariedade e da propor­cionalidade;

protocolo relativo às relações externas dos Estados-Membros no que respeita à passagem das fronteiras externas;

protocolo relativo ao serviço público de radiodifusão nos Estados-Membros;

protocolo relativo à protecção e ao bem-estar dos animais;

protocolo relativo às instituições na perspectiva do alargamento;

protocolo relativo à localização das sedes das instituições e de certos orga­nismos e serviços das Comunidades Europeias, e da Europol;

protocolo relativo ao papel dos parla­mentos nacionais na União Europeia.

As realizações

O presente guia prático do Tratado de Ames­terdão aborda essencialmente as modifi­cações introduzidas no Tratado da União Europeia e no Tratado que institui a Comu­

nidade Europeia. Por razões de clareza, foi dividido em quatro grandes capítulos que abrangem as principais reformas introduzi­das pelo Tratado de Amesterdão.

Liberdade, segurança e justiça

Este capítulo procura clarificar as garantias asseguradas pelo Tratado de Amesterdão, o nível da protecção dos direitos fundamen­tais na União Europeia, especialmente no que respeita à igualdade entre homens e mulheres, à não-discriminação e ao trata­mento dos dados de natureza pessoal.

Aborda também as modificações introduzi­das no domínio da livre circulação de pes­soas na União Europeia, em especial a intro­dução de um novo título no Tratado que ins­titui a Comunidade Europeia relativo aos vistos, ao asilo, à imigração e às outras polí­ticas ligadas à livre circulação de pessoas.

Paralelamente, são apresentados o novo títu­lo VI do Tratado da União Europeia, dedi­cado à cooperação policial e judiciária em matéria penal, assim como as condições da integração do acervo de Schengen no qua­dro jurídico da União Europeia.

A União e o cidadão

Neste capítulo, sete fichas explicativas dão conta das melhorias decorrentes do Tratado de Amesterdão em domínios que têm direc­tamente a ver com os direitos, os interesses e o bem-estar dos cidadãos. Essas fichas referem-se às seguintes reformas:

• desenvolvimento do conceito de cida­dania europeia a fim de se completar a lista dos direitos cívicos de que benefi­ciam os cidadãos da União e de se determinar com precisão a relação entre cidadania nacional e cidadania euro­peia;

Introdução

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• introdução no Tratado que institui a Comunidade Europeia de um capítulo sobre o emprego que prevê a definição de estratégias comuns a favor do emprego, assim como a coordenação das políticas nacionais;

• integração no Tratado que institui a Comunidade Europeia de um acordo social reforçado, que prevê, entre outras medidas, a luta contra a exclusão social e consagra a igualdade de trata­mento entre homens e mulheres;

• consolidação da política ambiental graças à ênfase dada ao desenvolvi­mento sustentável, à atenção dada às questões ambientais em todas as políti­cas sectoriais e à simplificação do pro­cesso de tomada de decisão por parte da Comunidade;

• melhoria dos instrumentos à disposição da União Europeia, com vista à pro­moção de um alto nível de saúde públi­ca;

• clarificação dos objectivos em matéria de protecção dos consumidores e me­lhor integração, nas outras políticas, das medidas adoptadas neste domínio;

• garantia do direito, para cada cidadão, de acesso aos documentos produzidos pelas instituições da União Europeia e da possibilidade de comunicação com essas instituições na sua própria língua. Por outro lado, aponta-se, em especial, para uma melhor qualidade da legis­lação, em termos de redacção, de modo a que a mesma seja mais facilmente compreendida e posta em aplicação.

Política externa eficaz e coerente

Este capítulo tem por objectivo clarificar as melhorias introduzidas pelo Tratado de Amesterdão para dotar a União Europeia de condições que lhe permitam fazer valer me­

lhor os seus interesses na cena internacio­nal. Nele se inclui uma vertente económica relativa à extensão do campo de acção da política comercial comum e uma vertente política que diz respeito à reforma da Políti­ca Externa e de Segurança Comum (PESC).

No plano económico, são apresentados os objectivos e procedimentos de um alarga­mento do campo de aplicação da política comercial comum, com vista a englobar os acordos internacionais relativos aos ser­viços e aos direitos de propriedade intelec­tual. No que se refere à PESC, são descritas as seguintes reformas:

• criação de um novo instrumento de acção: a estratégia comum;

• melhoria do processo de tomada de decisão graças ao recurso acrescido à votação por maioria qualificada no Conselho;

• criação de uma função de alto-repre-sentante para a PESC, com vista a dar a esta política uma maior visibilidade e uma coerência acrescida;

• instituição de uma unidade de planea­mento de política e de alerta precoce, tendo em vista facilitar uma análise colectiva dos acontecimentos interna­cionais e das suas consequências;

• introdução das chamadas missões de Petersberg no título V (PESC) do Trata­do da União Europeia para traduzir a vontade comum dos Estados-Membros de salvaguardar a segurança na Europa através de operações como as missões humanitárias ou de restabelecimento da paz;

• simplificação dos procedimentos relati­vos ao financiamento da PESC.

Questões institucionais

Este capítulo sintetiza e explicita as refor­mas institucionais previstas pelo Tratado de

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Amesterdão na perspectiva do alargamento da União Europeia. São clarificadas várias questões, nomeadamente:

• o campo de aplicação e o funcionamen­to do procedimento de co-decisão, que reforça o papel do Parlamento Europeu;

• a ponderação dos votos no Conselho da União Europeia e a extensão da votação por maioria qualificada;

• a estrutura e o funcionamento da Comissão Europeia, em especial a defi­nição do número ideal de membros da Comissão, a sua capacidade de iniciati­va e o papel do presidente;

• o papel do Tribunal de Justiça em domí­nios como os direitos fundamentais e no que se refere a certos aspectos que tocam de perto a segurança interna da União Europeia;

• o reforço do papel do Tribunal de Con­tas, do Comité Económico e Social, assim como do Comité das Regiões;

• uma melhor informação dos parlamen­tos nacionais e uma maior participação nas actividades da União Europeia;

• a consolidação do princípio da subsi­diariedade pela inclusão, em anexo, de um protocolo que enuncia directrizes juridicamente vinculativas;

• a possibilidade, para os Estados-Mem-bros que o desejarem, de aprofundarem a cooperação entre si.

Estas reformas constituem um primeiro pas­so. Uma revisão geral das disposições insti­tucionais dos Tratados será objecto de uma nova Conferência Intergovernamental antes da União Europeia passar a contar com mais de 20 Estados-Membros.

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LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA

Direitos fundamentais e não-discriminação

Introdução

Na ausência de disposições específicas rela­tivamente aos direitos fundamentais nos Tratados fundadores, cabe ao Tribunal de Justiça o mérito de ter elaborado progressi­vamente um sistema eficaz de garantia dos direitos fundamentais a nível da União Europeia.

Houve dois factores essenciais que favore­ceram a acção do Tribunal:

• o artigo 220.° (antigo artigo 164.°) do Tratado que institui a Comunidade Europeia, que prevê que o Tribunal assegure o respeito do direito na inter­pretação e aplicação do Tratado;

• a dimensão política da construção comunitária que assenta num modelo europeu de sociedade que encerra em si a garantia dos direitos fundamentais reconhecidos por todos os Estados--Membros.

Ao colocarem os direitos fundamentais em primeiro plano, os redactores do Tratado de Amesterdão pretendem consagrar na lei o respeito pelos direitos do Homem. O novo Tratado prevê, designadamente:

• a modificação do artigo 6.° (antigo arti­go F) do Tratado da União Europeia de modo a consolidar o princípio do res­peito pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais;

a instauração de um procedimento que deverá ser seguido em caso de violação por parte de um Estado-Membro dos princípios nos quais assenta a União;

um combate mais eficaz contra a discri­minação que, a partir de agora, incluirá não só a discriminação com base na nacionalidade, como também a discri­minação com base no sexo, raça ou ori­gem étnica, na religião ou nas crenças, numa deficiência, na idade ou na orien­tação sexual;

a inclusão de novas disposições relati­vas à igualdade entre homens e mulhe­res no Tratado que institui a Comunida­de Europeia;

uma protecção reforçada das pessoas singulares relativamente ao tratamento e à livre circulação de dados pessoais;

a inclusão na Acta Final de declarações relativas à abolição da pena de morte, ao respeito pelo estatuto das igrejas ou das organizações filosóficas e não con­fessionais, assim como às necessidades dos deficientes.

Historial

A importância atribuída aos direitos funda­mentais nos Tratados comunitários tem evoluído grandemente desde os primórdios da construção europeia. Inicialmente, os direitos fundamentais não estavam no cen-

Liberdade, segurança e justiça

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tro das preocupações dos redactores dos Tratados de Paris e Roma. Este facto expli­ca-se designadamente pela abordagem sec­torial e funcionalista que caracterizou os Tratados fundadores. Com efeito, o Tratado de Paris, que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), visa domínios relativamente restritos: as indústrias side­rúrgica e do carvão. Esta abordagem por sectores foi confirmada na sequência do fracasso em 1954 da Comunidade Europeia da Defesa (CED) e da tentativa de união política que devia acompanhá-la. Caracteri­zou igualmente os Tratados de Roma que instituíram a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom) e a Comunida­de Económica Europeia (CEE). Ainda que, de entre estes três Tratados, o Tratado CEE tenha uma vocação mais alargada, todos dizem respeito a domínios económicos bem definidos.

A abordagem sectorial teve como conse­quência a demarcação dos Tratados funda­dores relativamente a uma lei fundamental de tipo constitucional contendo uma decla­ração solene dos direitos fundamentais. Os três Tratados fundadores não se prestavam claramente à inclusão de um preâmbulo des­se tipo e, a fortiori, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) do Con­selho da Europa, assinada em 1950, era já solicitada para fornecer um modelo aper­feiçoado de garantia efectiva dos direitos do Homem na Europa.

Essa concepção evoluiu rapidamente à medida que o Tribunal de Justiça estabelecia o controlo do respeito pelos direitos funda­mentais na sua jurisprudência. O Tribunal teve como preocupação assegurar esse res­peito por parte das instituições comunitárias e dos Estados-Membros quando actuam no domínio do direito comunitário. Assim, a jurisprudência do Tribunal reconheceu direitos tais como o direito de propriedade e ao livre exercício da actividade económica que são essenciais ao bom funcionamento

do mercado interno. O Tribunal considerou que os direitos fundamentais estão incluídos nos princípios gerais do direito comunitário e que assentam em duas bases:

• as tradições constitucionais dos Esta­dos-Membros;

• os tratados internacionais aos quais os Estados-Membros aderiram (em parti­cular a CEDH).

Seguidamente, o Parlamento Europeu, a Comissão e o Conselho formularam em 1977 uma declaração conjunta em que afir­mavam a sua vontade de continuar a respei­tar os direitos fundamentais tais como resul­tam da dupla base identificada pelo Tribu­nal. Posteriormente, foi dado outro passo em 1986, com o preâmbulo do Acto Único Europeu, que menciona a promoção da democracia com base nesses direitos funda­mentais.

No Tratado da União Europeia, o n.° 2 do artigo 6.° (antigo artigo F) prevê que «a União respeitará os direitos fundamentais tal como os garante a Convenção Europeia de Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, assinada em Roma em 4 de Novembro de 1950, e tal como resultam das tradições constitucionais comuns aos Estados-Membros, enquanto princípios gerais do direito comunitário».

Paralelamente, a ideia de uma adesão pura e simples da Comunidade à CEDH tinha já começado a ganhar forma. O Conselho decidiu solicitar um parecer ao Tribunal relativamente à compatibilidade de um pro­jecto de adesão à CEDH com os Tratados. O Tribunal deu o seu parecer em 28 de Março de 1996 e concluiu que, no estado actual do direito comunitário, a Comunidade não ti­nha competência para aderir a essa con­venção.

A medida que a construção europeia ia pro­gredindo, os domínios de acção da União

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Europeia foram-se alargando progressiva­mente e ilustram a vontade dos Estados--Membros de levar a cabo acções conjuntas em domínios que até aqui eram estritamen­te nacionais (por exemplo, a segurança interna ou a luta contra o racismo e a xeno­fobia). Perante tal evolução, que ultrapassa necessariamente o contexto sectorial dos primeiros passos da construção europeia e que afecta a vida quotidiana dos cidadãos europeus, faz-se sentir a necessidade de tex­tos jurídicos claros que proclamem clara­mente o respeito pelos direitos fundamen­tais enquanto princípio de base da União Europeia. O Tratado de Amesterdão dá res­posta a essa necessidade.

deste artigo era limitado pelo antigo artigo L (artigo 46.° de acordo com a nova nume­ração), que previa que a competência do Tri­bunal de Justiça não fosse alargada a este artigo. Sabendo que a missão do Tribunal é assegurar o respeito do direito na interpre­tação e na aplicação do Tratado, a importân­cia dos direitos fundamentais via-se assim reduzida.

O Tratado de Amesterdão garante a apli­cação do n.° 2 do artigo 6.° ao modificar o artigo 46.° do Tratado. Assim, o Tribunal passa a ser competente em caso de inob­servância dos direitos fundamentais por par­te das instituições europeias.

Princípios

O Tratado de Amesterdão especifica o arti­go 6.° (antigo artigo F) do Tratado da União Europeia (que passará a artigo 6.° com a numeração prevista pelo Tratado de Ames­terdão) ao proclamar que a União se funda nos princípios da liberdade, da democracia, do respeito pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais, bem como do Estado de direito, princípios que são comuns aos Estados-Membros.

O Tratado de Amesterdão modifica igual­mente o preâmbulo do Tratado da União Europeia confirmando o empenho dos Esta­dos-Membros nos direitos sociais funda­mentais tais como definidos na Carta Social Europeia de 1961 e na Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos Tra­balhadores de 1989.

Antes da entrada em vigor do Tratado de Amesterdão, o n.° 2 do artigo F do Tratado da União Europeia sublinhava o respeito pelos direitos tal como os garante a Con­venção Europeia de Salvaguarda dos Direi­tos do Homem e tal como resultam das tra­dições constitucionais comuns aos Estados--Membros. De qualquer modo, o impacto

A violação por parte de um Estado-Membro dos princípios nos quais se fundamenta a União

O Tratado de Amesterdão proclama que a União se fundamenta nos princípios da liberdade, da democracia, do respeito pelos direitos dos homens e das liberdades funda­mentais, bem como do Estado de direito, princípios que são comuns aos Estados--Membros. Paralelamente, o novo Tratado prevê a hipótese de uma violação desses princípios por parte de um Estado-Membro e prevê o procedimento que a União deverá seguir relativamente ao Estado em causa.

Constatação da violação

Mediante proposta da Comissão ou de um terço dos Estados-Membros, o Conselho, reunido ao nível dos chefes de Estado ou de Governo, constata a existência de uma vio­lação que deve ser «grave e persistente». É necessário o parecer do Parlamento Euro­peu e este delibera por maioria de dois terços dos votos expressos que deverão corresponder a uma maioria dos membros do Parlamento. Além disso, o Governo do

Liberdade, segurança c justiça

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Estado-Membro em causa é convidado a apresentar qualquer comentário que tenha a fazer sobre a matéria.

A abstenção de um Estado-Membro não constitui obstáculo à unanimidade no caso de o Conselho constatar uma violação.

acordo com a nova numeração) proíbe toda e qualquer discriminação em razão da nacionalidade. Paralelamente, o artigo 119.° (141.° de acordo com a nova nume­ração) sublinha o princípio da não discrimi­nação entre homens e mulheres, mas apenas no que diz respeito à igualdade de remune­rações.

Suspensão do Estado-Membro em questão

Na sequência da constatação de uma vio­lação grave e persistente, o Conselho pode (mas não deve obrigatoriamente) suspender alguns dos direitos que resultam do Tratado para o Estado-Membro em questão. Em contrapartida, está bem claro que esse Esta­do-Membro continua obrigado aos deveres que lhe competem. A suspensão dos direitos pode, por exemplo, prever a interdição do voto do representante do Estado-Membro visado no seio do Conselho.

Aquando desta segunda etapa, o Conselho delibera por maioria qualificada sem tomar em consideração os votos do Estado-Mem­bro em causa.

Modificação ou anulação da suspensão

No caso de se verificar uma evolução da situação que conduziu à suspensão de um Estado-Membro, o Conselho decide anular ou modificar as medidas de suspensão em vigor.

Para tal, o Conselho delibera por maioria qualificada sem tomar em consideração os votos do Estado-Membro em causa.

A luta contra a discriminação

No quadro do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia, o artigo 6.° (artigo 12.° de

O Tratado de Amesterdão procura reforçar o princípio da não-discriminação acrescen­tando duas disposições ao Tratado que insti­tui a Comunidade Europeia.

O novo artigo 13°

Este artigo é o complemento do artigo 12.° que menciona já a discriminação com base na nacionalidade. O novo artigo irá estipular que o Conselho pode tomar as medidas necessárias tendo em vista o combate contra toda e qualquer discriminação fundamenta­da no sexo, raça ou origem étnica, religião ou crenças, deficiências, idade ou orien­tação sexual.

Sempre que o Conselho se fundamenta no artigo 13.°, delibera por unanimidade sob proposta da Comissão e após consulta do Parlamento Europeu.

Declaração relativa aos deficientes

O novo artigo 13.° refere a luta contra a dis­criminação fundamentada numa deficiên­cia. A Conferência Intergovernamental que elaborou o Tratado de Amesterdão preten­deu reforçar essa garantia através de uma declaração da Acta Final. Essa declaração prevê que, quando a Comunidade determi­nar medidas relativas à aproximação das legislações dos Estados-Membros, as suas instituições devem tomar em consideração as necessidades dos deficientes.

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Igualdade entre homens e mulheres

No quadro do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia, o artigo 2.° estabelece que a Comunidade Europeia tem como missão promover o desenvolvimento harmonioso e equilibrado das actividades económicas, um crescimento que respeite o ambiente, um alto grau de convergência dos comporta­mentos das economias, um elevado nível de emprego e de protecção social, o aumento do nível e da qualidade de vida, a coesão económica e social e a solidariedade entre os Estados-Membros. Por seu lado, o artigo 3.° enumera as diferentes medidas que inte­gram a acção da Comunidade para realizar as missões definidas no artigo 2°

O Tratado de Amesterdão procura comple­tar estas duas disposições de modo a incluir a igualdade entre homens e mulheres que actualmente apenas figura no artigo 141.° (antigo artigo 119.°) do Tratado que institui a Comunidade Europeia (de alcance limita­do uma vez que apenas diz respeito à igual­dade de remuneração). Concretamente, foram feitos dois aditamentos:

objectivo eliminar as desigualdades e pro­mover a igualdade entre homens e mulhe­res.»

Tratamento de dados pessoais

Neste domínio, a principal medida da Comunidade é a directiva de 1995 relativa à protecção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e à livre circulação desses dados. Na ausência de uma base jurídica específica, esta directi­va fundamenta-se no artigo 195.° (antigo artigo 100.°) do Tratado que institui a Comunidade Europeia relativamente à apro­ximação das legislações no quadro do mer­cado interno.

A livre circulação das pessoas implica a necessidade de estabelecer sistemas de informação à escala europeia. Face a esta evolução, e no intuito de reforçar a garantia de protecção para os indivíduos alargando-a às instituições comunitárias, o Tratado de Amesterdão introduzirá um novo artigo no Tratado que institui a Comunidade Euro­peia.

Modificação do artigo 2. °

A promoção da igualdade entre homens e mulheres é incluída na enumeração das missões que a Comunidade estabelece para si própria.

Modificação do artigo 3. °

E acrescentado um novo parágrafo que terá o seguinte teor:

«Na realização de todas as acções previstas no presente artigo, a Comunidade terá por

O novo artigo 286. °

Este artigo divide-se em dois parágrafos que prevêem, respectivamente, que:

• a partir de 1999, os actos comunitários relativos à protecção das pessoas singu­lares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais serão aplicáveis às instituições e aos órgãos comunitários;

• até final de 1999, o Conselho instituirá um órgão independente de controlo encarregado de vigiar a aplicação dos ditos actos comunitários às instituições e órgãos comunitários.

Liberdade, segurança c justiça

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LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA

Introdução

Há mais de 20 anos que os Estados-Mem-bros têm reunido esforços numa luta comum contra fenómenos transnacionais como o terrorismo, o tráfico de droga ou a imigração clandestina. Quando, em 1986, a livre circu­lação das pessoas foi reconhecida como um dos principais elementos do mercado inter­no, esta cooperação informal entre os gover­nos dos Estados-Membros mostrou-se insu­ficiente no combate à internacionalização das redes de actividades criminosas e na res­posta às necessidades de segurança do cidadão europeu. Em consequência, deci­diu-se que a cooperação em matéria de jus­tiça e de assuntos internos seria integrada no Tratado de Maastricht, passando, assim, a constituir integralmente uma política da União Europeia.

Ao pilar comunitário veio acrescentar-se um pilar intergovernamental e criaram-se novos instrumentos jurídicos. Instituída na sequência da entrada em vigor do Tratado da União Europeia, em 1993, esta cooperação não tem sido considerada muito satisfatória, tanto no que se refere ao seu funcionamen­to como no que toca aos seus resultados. Assim sendo, a revisão do Tratado da União Europeia deu lugar a modificações impor­tantes no processo de decisão.

Com vista ao estabelecimento de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça, o Tratado de Amesterdão introduz um novo

Estabelecimento progressivo de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça título designado «Vistos, asilo, imigração e outras políticas ligadas à livre circulação das pessoas» no Tratado que institui a Comunidade Europeia. O controlo das fron­teiras externas, o asilo, a imigração e a co­operação judiciária em matéria civil passam a fazer parte do primeiro pilar e regem-se pelo método comunitário. Não obstante, esta «comunitarização» efectuar-se-á pro­gressivamente ao ritmo das decisões do Conselho da União Europeia, o mais tardar cinco anos após a entrada em vigor do novo Tratado. Apenas as cooperações policial e judiciária em matéria penal permanecem no âmbito do terceiro pilar, ao qual o novo Tra­tado acrescenta a prevenção e a luta contra o racismo e a xenofobia.

Estas evoluções institucionais introduzem novos tipos de tomada de decisão que deverão permitir a adopção de medidas mais numerosas e mais eficazes, facilitadoras de uma cooperação mais estreita entre os Esta­dos-Membros.

Historial

As origens da cooperação (1975-1985)

A partir de 1975, estabeleceu-se gradual­mente uma cooperação intergovernamental nos domínios da imigração, do direito de asilo e da cooperação policial e judiciária. O primeiro exemplo dessa cooperação foi o Grupo Trevi, que reuniu os ministros dos

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Assuntos Internos com vista a combater o terrorismo e a coordenar a cooperação poli­cial na Comunidade nessa matéria. Esse Grupo congregou os ministros dos Assuntos Internos em torno de questões de ordem pública e de terrorismo e criou, sob a sua égide, diversos grupos e sub-grupos de tra­balho. As instituições europeias ficaram então excluídas deste processo que seguia as regras intergovernamentais.

Do Acto Único ao Tratado de Maastricht (1986-1992)

O Acto Único Europeu, concluído em 1986, marcou uma viragem nesta coope­ração que, até então, se tinha processado de modo pouco transparente, tanto no que se refere aos cidadãos como às instituições comunitárias. Um novo artigo 8.°-A define a livre circulação das pessoas como um dos quatro elementos principais do mercado único, transferindo expressamente para a esfera comunitária as acções que se inscre­vam nesse domínio. Os novos grupos de trabalho criados após a assinatura do Acto Único tiveram em conta essa evolução e passaram a integrar observadores da Comissão. Além disso, o grupo ad hoc «Imigração» constituído, a partir de 1986, pelos ministros encarregados das questões da imigração, assim como o CELAD, Comité Europeu para a Luta contra a Dro­ga, instalaram o seu secretariado junto do secretariado do Conselho da União Euro­peia. Foram também criados outros grupos tais como o Grupo de Assistência Mútua (GAM), responsável pelas questões adua­neiras. Para além destes grupos, um Con­selho formado por ministros da Justiça dos Estados-Membros reunia-se regularmente. Desde essa altura, o referido Conselho interveio a nível de cooperação judiciária, penal e civil, assim como de outras questões, no âmbito da Cooperação Políti­ca Europeia.

Apesar das recomendações em matéria de circulação de pessoas, constantes do li\ro branco da Comissão de 1985, os domínios da Justiça e Assuntos Internos continuaram a depender largamente da cooperação inter­governamental. Assim, em 1988, o grupo intergovernamental de coordenadores «livre circulação de pessoas» foi encarregado pelo Conselho Europeu de Rodes de propor medidas que permitissem conjugar a livre circulação de pessoas com a segurança, uma vez suprimido o controlo nas fronteiras internas. Este grupo propôs, em 1989, um programa de trabalho («documento de Pal­ma») que preconizava uma abordagem mais coordenada dos diferentes aspectos da co­operação em matéria de justiça e de assun­tos internos. Com efeito, os diversos grupos de trabalho constituídos ao longo dos anos trabalhavam separadamente e elaboravam os seus relatórios para conhecimento de ministros reunidos em instâncias diferentes. Além disso, o Parlamento Europeu e os par­lamentos nacionais não podiam exercer qualquer controlo sobre as acções empreen­didas neste contexto devido à própria natu­reza dessa cooperação.

Os instrumentos utilizados correspondiam a um método intergovernamental tradicional: convenções, por um lado, e formulação de resoluções, conclusões e recomendações, por outro. Enquanto instrumentos do direito internacional clássico, estes actos eram adoptados fora do âmbito do Conselho da União Europeia. Entre eles, poderemos referir a Convenção de Dublim de 1990 rela­tiva à determinação do Estado responsável pela análise de um pedido de asilo apresen­tado num dos Estados-Membros da Comu­nidade, assim como as resoluções de Lon­dres, também relacionadas com a questão do asilo.

No decurso dos anos oitenta alguns Estados--Membros adoptaram textos mais coerci­vos: o acordo de Schengen, em 1985, e a convenção de execução de Schengen em

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1990, que instauraram novas estruturas ope­racionais com vista, entre outros objectivos, a assegurar a cooperação entre as entidades policiais, assim como entre as entidades aduaneiras (Sistema de Informação de Schengen — SIS). Revelou-se, então, necessário integrar o sistema opaco dos gru­pos de concertação numa estrutura global: tratava-se não só de garantir uma maior efi­cácia das acções desenvolvidas pelos Esta-dos-Membros no domínio da Justiça e Assuntos Internos, mas também de coorde­nar a actividade de todos estes organismos, evitando assim a duplicação de tarefas.

A institucionalização de uma cooperação no domínio da Justiça e Assuntos Internos: o título VI do Tratado da União Europeia (1992-1998)

O título VI baseou-se parcialmente neste sistema de cooperação intergovernamental pré-existente, o que explica as críticas nega­tivas que lhe foram formuladas: multiplici­dade dos níveis de trabalho no terceiro pilar, complexidade e falta de transparência. A estrutura do terceiro pilar, inspirada na estrutura da Política Externa e de Segurança Comum, apenas atribuiu às instituições comunitárias um papel limitado, sem uma efectiva possibilidade de exercer controlo sobre as decisões dos Estados-Membros:

• o Tribunal de Justiça apenas tinha com­petência para interpretar as convenções se tal for expressamente previsto por qualquer cláusula do texto (convenção ou outro tipo de acto);

• o Parlamento Europeu podia ser con­sultado pelo Conselho mas, a maior parte das vezes, tem sido simplesmente informado;

• a Comissão Europeia gozava de direito de iniciativa limitado a certos domínios e partilhado com os Estados-Membros;

• o Conselho foi muitas vezes manietado pela obrigação de unanimidade na tomada de qualquer decisão.

O Tratado de Amesterdão modifica a coope­ração no domínio da Justiça e Assuntos Internos criando um espaço de liberdade, de segurança e de justiça de ambições mais vastas e mais precisas, de métodos mais efi­cazes e mais democráticos e onde o papel das instituições é mais equilibrado.

O método de funcionamento do título IV do Tratado que institui a Comunidade Europeia

O título IV abrange os domínios seguintes:

• Livre circulação de pessoas

• Controlo das fronteiras externas

• Asilo, imigração e protecção dos direi­tos de nacionais de países terceiros

• Cooperação judiciária em matéria civil

Definidos como sendo questões de interesse comum, estes domínios regiam-se anterior­mente pelas regras do título VI do Tratado da União Europeia (também designado por terceiro pilar).

O estabelecimento de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça no prazo de cinco anos

O Tratado de Amesterdão tranfere estes domínios para o Tratado que institui a Comunidade Europeia onde o papel das ins­tituições é muito diferente daquele que lhes era reservado no título VI.

O Conselho da União Europeia continuará a deter um papel preponderante ao longo dos próximos cinco anos, com o objectivo de adoptar um certo número de decisões nos

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referidos domínios. A intenção que preside a essa estratégia é a de facilitar a livre circu­lação de pessoas, cidadãos europeus e nacionais de Estados terceiros, através da construção de uma cooperação eficaz entre as diferentes administrações interessadas, que aposte na luta contra a criminalidade internacional.

O mecanismo institucional geral

O Conselho permanece no centro deste pro­cesso, mas já não é o seu único actor.

Numa primeira fase, durante os primeiros cinco anos subsequentes à entrada em vigor do novo Tratado, o Conselho delibera por unanimidade, com base em propostas de acção formuladas pela Comissão ou por um Estado-Membro, devendo consultar o Parla­mento Europeu antes de tomar qualquer decisão.

Consequentemente, o Conselho só delibera­rá com base em propostas da Comissão. Entretanto, esta deverá examinar todos os pedidos de um Estado-Membro, tendo em vista a apresentação de uma proposta ao Conselho. Após consulta do Parlamento Europeu, o Conselho deverá decidir, por una­nimidade, acerca da aplicação do procedi­mento de co-decisão e da votação por maio­ria qualificada para a adopção das medidas decorrentes do título IV acerca da adaptação das disposições relativas ao Tribunal de Jus­tiça das Comunidades Europeias.

Para além desta função deliberativa, é reconhecido ao Conselho o papel de coor­denador entre os serviços competentes das administrações dos Estados-Membros, assim como entre estes serviços e a Comissão Europeia. São suprimidos os múltiplos níveis de grupos de trabalho exis­tentes, que ficam ao mesmo nível e directa­mente ligados ao Comité dos Representan­tes Permanentes (Coreper).

Note-se que algumas medidas dependem de um mecanismo institucional diferente (arti­go 67.°).

O Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias

O novo Tratado reforça o papel do Tribunal de Justiça no domínio da Justiça e Assuntos Internos. Anteriormente, este Tribunal não detinha competências nestes domínios e não podia controlar as medidas adoptadas pelo Conselho. Apenas as convenções, no caso de incluírem uma cláusula específica, podiam prever a competência do Tribunal de Justiça para interpretaras respectivas dispo­sições e decidir sobre qualquer diferendo relativo à sua aplicação.

Ao abrigo do novo título IV, que trata essen­cialmente da livre circulação de pessoas, do asilo, da imigração e da cooperação judiciá­ria civil, o Tribunal de Justiça detém com­petências nas seguintes circunstâncias:

• uma jurisdição nacional de última instância poderá requerer que o Tribu­nal se pronuncie sobre uma questão de interpretação do título em causa, ou sobre a validade e a interpretação dos actos das instituições da Comunidade fundamentados neste título, se for necessária uma decisão do Tribunal de Justiça para que a jurisdição nacional possa emitir o seu parecer;

• do mesmo modo, o Conselho, a Comissão ou qualquer Estado-Membro poderão solicitar-lhe que se pronuncie sobre uma questão de interpretação deste título ou de quaisquer actos adop­tados com base neste.

Contudo, o Tribunal de Justiça não será competente se pronunciar sobre as medidas ou decisões tomadas para garantir a supressão de qualquer controlo das pessoas

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(cidadãos da União Europeia ou nacionais de países terceiros) quando transpõem as fronteiras internas.

Os Estados-Membros

Os Estados-Membros conservarão as suas prerrogativas, especialmente em matéria de livre circulação das pessoas. Continuará a ser da sua exclusiva responsabilidade a garantia da ordem pública e a salvaguarda da segu­rança interna. Neste contexto, poderão terem conta considerações de política externa.

Em situações de emergência, se se verificar um afluxo inesperado de nacionais de países terceiros num determinado Estado-Mem-bro, o Conselho poderá adoptar medidas provisórias (seis meses, no máximo), por maioria qualificada, sob proposta da Comissão, a favor do Estado-Membro inte­ressado, a fim de limitar a livre circulação ou a entrada dos nacionais desse país terceiro.

Os protocolos

1. Protocolo sobre a posição do Reino Unido e da Irlanda

Estes dois países não participam nas medi­das decorrentes do título IV, nem lhes estão vinculados. Não participam, portanto, na votação nos domínios abrangidos pelo espaço de segurança, de liberdade e de jus­tiça.

Não obstante, se o Reino Unido ou a Irlan­da desejarem participar na adopção e apli­cação de uma qualquer medida proposta, deverão informar do facto o presidente do Conselho, num prazo de três meses a contar da data da apresentação ao Conselho da pro­posta ou da iniciativa. Poderão igualmente adoptar a medida a qualquer momento, após a sua aprovação pelo Conselho.

2. Protocolo sobre a aplicação de certos aspectos do artigo 14.° (antigo artigo 7.°-A) do Tratado da Comunidade Europeia ao Reino Unido e à Irlanda

O Reino Unido e a Irlanda reservam-se o direito de exercer um controlo, nas suas fronteiras, relativamente às pessoas que pre­tendem entrar no seu território, em especial os cidadãos de Estados que constituem par­tes contratantes no Acordo sobre o Espaço Económico Europeu ou de qualquer outro acordo que vincule o Reino Unido e/ou a Irlanda, e de os autorizar a entrar no seu território. Por sua vez, os outros Estados--Membros podem exercer controlo sobre qualquer pessoa proveniente do Reino Uni­do ou da Irlanda.

A Irlanda manifestou o seu desejo de parti­cipar, tanto quanto possível, nas medidas tomadas por força do título IV, na medida em que essas medidas permitem a sua zona de circulação comum com o Reino Unido (esta «zona de circulação comum» é um espaço de livre circulação entre a Irlanda e o Reino Unido).

3. Protocolo sobre a posição da Dinamarca

A Dinamarca não participa nas medidas decorrentes do título IV, excepto no que se refere às medidas que determinam quais os países terceiros cujos nacionais devem estar munidos de um visto quando transpõem as fronteiras externas dos Estados-Membros e às medidas relativas à instituição de um modelo-tipo de visto.

No que diz respeito ao desenvolvimento do acervo de Schengen, a Dinamarca decide, num prazo de seis meses após a aprovação de uma decisão pelo Conselho, se irá ou não transpor essa decisão para a sua legislação nacional.

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O método de funcionamento do título VI do Tratado da União Europeia

O título VI «Disposições relativas à coope­ração policial e judiciária em matéria penal» tem como objectivo prevenir e lutar contra os fenómenos seguintes:

racismo e xenofobia;

terrorismo;

tráfico de seres humanos e crimes contra crianças;

tráfico de droga;

tráfico de armas;

corrupção e fraude.

Estes objectivos serão alcançados graças:

• a uma cooperação mais estreita entre as forças policiais, as autoridades adua­neiras e outras autoridades competentes dos Estados-Membros, directamente ou por intermédio da Europol;

• a uma cooperação mais estreita entre as autoridades judiciárias e outras autori­dades competentes dos Estados-Mem­bros, directamente e por intermédio da Europol;

• à aproximação, se necessário, das regras de direito penal dos Estados--Membros.

Note-se que os objectivos do título VI do Tratado da União Europeia foram explicita­dos. Os Estados-Membros estão desde já conscientes de que os fenómenos de crimi­nalidade ultrapassam as suas próprias fron­teiras. Constituiram-se redes transnacionais e o único processo de combater eficazmen­te esses fenómenos passa por uma coope­ração acrescida entre os Estados.

O mecanismo institucional geral

O Conselho da União Europeia continua a ser o actor principal no procedimento de decisão do título VI. Para atingir os objecti­vos acima referidos, pode recorrer aos seguintes instrumentos:

• posição comum, que define o ponto de vista da União relativamente a uma determinada questão;

• decisão-quadro, para aproximar as dis­posições legislativas e regulamentares dos Estados-Membros. À semelhança da directiva (instrumento utilizado no pilar comunitário), a decisão-quadro vincula os Estados-Membros quanto aos resultados a atingir, deixando às instâncias nacionais a decisão quanto à forma e quanto aos meios;

• decisão, para quaisquer outros objecti­vos que não tenham a ver com a aproxi­mação das disposições legislativas e regulamentares dos Estados-Membros. Tem carácter coercivo e as medidas necessárias para a sua aplicação a nível da União são aprovadas pelo Conselho por maioria qualificada;

• convenção, adoptada pelos Estados--Membros segundo as suas próprias regras constitucionais. Salvo dispo­sições em contrário, a convenção entra em vigor logo que ratificada, pelo menos, por metade dos Estados-Mem­bros que a adoptaram.

Um comité de coordenação composto por altos funcionários emite pareceres, a pedido do Conselho, e contribui para a preparação dos seus trabalhos.

A Comissão será plenamente associada aos trabalhos nos domínios previstos no título VI e verá a sua capacidade de iniciativa alar­gada a todos os domínios.

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Os Estados-Membros

O novo Tratado respeita o exercício das res­ponsabilidades que incumbem aos Estados--Membros para a manutenção da ordem pública e a salvaguarda da segurança interna.

São praticamente os únicos intervenientes na cooperação nos domínios do título VI. A fim de coordenarem a sua acção, os Estados--Membros devem informar-se e consultar--se mutuamente, instituindo uma colabo­ração entre os serviços competentes das suas administrações.

Exprimem posições comuns adoptadas nos termos deste título nas organizações inter­nacionais e nas conferências internacionais em que participem.

Os Estados-Membros poderão estabelecer uma cooperação reforçada no quadro das instituições, dos procedimentos e dos meca­nismos da União Europeia desde que essa cooperação respeite as competências e os objectivos da Comunidade Europeia e per­mita criar mais rapidamente um espaço de liberdade, de segurança e de justiça (como o sistema de Schengen pôde fazer no passa­do). O Conselho dará o seu aval por maioria qualificada (voto favorável de 10 membros, no mínimo). Se o reforço dessa cooperação implicar problemas importantes de política nacional a qualquer Estado-Membro, o Conselho poderá requerer ao Conselho Europeu que examine a questão.

Europeu acerca dos trabalhos realizados nos domínios previstos no título VI.

O Parlamento Europeu pode dirigir pergun­tas ou formular recomendações ao Conse­lho. Procederá todos os anos a um debate sobre os progressos registados no âmbito da cooperação policial e judiciária em matéria penal.

O Tribunal de Justiça

O novo Tratado reconhece a competência do Tribunal de Justiça para se pronunciar sobre a validade e a interpretação das decisões--quadro e das decisões, sobre a interpre­tação das convenções e ainda sobre a vali­dade e a interpretação das suas medidas de aplicação.

No caso dos recursos a título prejudicial, os Estados-Membros indicam, em declaração individual, que aceitam a competência do Tribunal de Justiça e designam o órgão jurisdicional nacional habilitado a recorrer ao Tribunal de Justiça. Em seguida, e de acordo com a opção do Estado-Membro, o órgão jurisdicional nacional de última instância ou qualquer órgão jurisdicional desse Estado poderão requerer ao Tribunal de Justiça que se pronuncie sobre uma questão relativa à interpretação ou à vali­dade de um dos actos acima referidos, sem­pre que uma decisão sobre esse ponto seja julgada necessária para a emissão de um parecer.

O Parlamento Europeu

Antes de adoptar uma decisão-quadro ou uma decisão ou de estabelecer uma con­venção, o Conselho consulta o Parlamento Europeu.

A presidência do Conselho e a Comissão informarão regularmente o Parlamento

Os protocolos

1. Protocolo que integra o acervo de Schengen na União Europeia

Os Estados-Membros signatários dos acor­dos de Schengen (todos os Estados-Mem­bros à excepção do Reino Unido e da Irlan-

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da) passam a desenvolver a sua cooperação no que se refere à abolição das fronteiras internas no quadro jurídico-institucional da União Europeia. O Conselho substitui o Comité executivo criado pelos acordos de Schengen.

A Irlanda e o Reino Unido podem participar integral ou parcialmente nas disposições do acervo de Schengen após votação do Con­selho, por unanimidade dos treze Estados, partes contratantes nos acordos, e do repre­sentante do governo do Estado interessado.

A Islândia e a Noruega são associadas à aplicação do acervo de Schengen e à pros­secução do seu desenvolvimento.

2. Protocolo anexo ao Tratado que insti­tui a Comunidade Europeia relativo ao direito de asilo para os nacionais dos Estados-Membros da União Europeia

Considerando que todos os Estados-Mem­bros da União Europeia respeitam os direi­tos do Homem e as liberdades fundamen­tais, qualquer pedido de asilo apresentado por um nacional de qualquer Estado-Mem-bro só pode ser tornado em consideração se:

• o Estado-Membro do requerente tomar medidas derrogatórias às suas obri­gações a título da Convenção sobre a protecção dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;

• o Conselho tiver constatado uma vio­lação grave dos direitos do Homem no país do requerente;

• um Estado-Membro o decidir unilate­ralmente (a Bélgica assumiu o compro­misso de analisar, caso a caso, todos os pedidos de asilo, a fim de respeitar as suas obrigações internacionais anterio­res: Convenção de Genebra de 1951 e protocolo de Nova Iorque de 1967).

A passagem das fronteiras internas e externas

O Conselho da União Europeia deverá adoptar, nos cinco anos subsequentes à entrada em vigor do Tratado, as medidas necessárias à realização dos objectivos fixa­dos pelo Tratado de Amesterdão.

O controlo de pessoas nas fronteiras internas da União Europeia

O controlo de pessoas, quer sejam cidadãos da União ou nacionais de países terceiros, nas fronteiras internas da União deve ser completamente abolido.

Contrariamente aos outros domínios abran­gidos pelo título IV, o Tribunal de Justiça não é competente para controlar a validade e a aplicação destas medidas.

A passagem das fronteiras externas da União Europeia

As normas e as modalidades a que os Esta­dos-Membros devem ajustar-se em matéria de controlo no que respeita à passagem das fronteiras externas da União Europeia são definidas pelo Conselho.

As regras comuns relativas aos vistos desti­nados às estadias de duração máxima de três meses incluiem os seguintes elementos:

• uma lista dos países terceiros cujos nacionais estarão sujeitos à obrigação de visto para a passagem das fronteiras externas e daqueles cujos nacionais estarão dispensados dessa obrigação;

• os procedimentos e condições de emissão de vistos pelos Estados-Mem­bros;

• um modelo-tipo de visto (os Estados--Membros emitirão o mesmo modelo

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de visto para nacionais dos países ter­ceiros);

• regras em matéria de uniformidade de vistos (a emissão dos vistos pelos Esta-dos-Membros obedece a regras comuns).

Tal como prevê o procedimento geral de decisão do título IV, as medidas relativas aos segundo e quarto pontos são adoptadas pelo Conselho por unanimidade. Cinco anos, no máximo, após a entrada em vigor do novo Tratado, estas medidas deverão ser adoptadas em co-decisão com o Parlamento Europeu.

Por derrogação ao procedimento geral apli­cado neste título, as medidas relativas aos primeiro e terceiro pontos são adoptadas pelo Conselho, por maioria qualificada, sob proposta da Comissão e após consulta do Parlamento Europeu.

A livre circulação dos nacionais dos países terceiros

Deverão ser adoptadas medidas que fixem as condições em que os nacionais dos países terceiros poderão circular livremente no território dos Estados-Membros durante um período máximo de três meses.

Protocolo sobre as relações externas dos Estados-Membros no que respeita à passagem das fronteiras externas

Os Estados-Membros conservam o direito de concluir acordos com países terceiros desde que respeitem o direito comunitário e outros acordos internacionais pertinentes.

As políticas de asilo e de imigração

Nos cinco anos subsequentes à entrada em vigor do Tratado de Amesterdão, o Conse­

lho deverá aprovar medidas em diferentes domínios em matéria de asilo e imigração. Contudo, as medidas que se referem ao equilíbrio de esforços entre os Estados--Membros para acolherem os refugiados e as pessoas deslocadas, às condições de entrada e de estadia dos imigrantes, assim como aos direitos dos nacionais dos países terceiros, são isentadas desta data limite.

A politica de asilo

A Convenção de Genebra de 1951 e o pro­tocolo de Nova Iorque de 1967, relativos ao estatuto dos refugiados, fixaram regras internacionais em matéria de asilo. Além disso, consultar-se-á o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, bem como outras organizações internacionais interessadas, sobre questões relacionadas com a política de asilo. Neste contexto, o Conselho deve adoptar medidas a fim de determinar:

• os critérios e mecanismos de identifi­cação do Estado-Membro responsável pela análise de um pedido de asilo apre­sentado num dos Estados-Membros por um nacional de um país terceiro;

• as normas mínimas que regem o aco­lhimento das pessoas que pedem asilo nos Estados-Membros;

• as normas mínimas relativas às con­dições que deverão ser preenchidas pelos nacionais de países terceiros que pretendam aceder ao estatuto de refu­giados;

• as normas mínimas relativas ao proce­dimento de concessão ou de retirada do estatuto de refugiado nos Estados--Membros.

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Devem ainda ser adoptadas outras medidas relativas aos refugiados e às pessoas deslo­cadas:

• em matéria de normas mínimas relati­vas à concessão de uma protecção tem­porária às pessoas deslocadas nacionais de países terceiros que não puderem regressar ao seu país de origem e às pessoas que tiverem necessidade de protecção internacional;

• tendentes a assegurar um equilíbrio entre os esforços envidados pelos Esta-dos-Membros para o acolhimento de refugiados e pessoas deslocadas e a suportar as consequências desse acolhi­mento (o problema dos refugiados da ex-Jugoslávia na Alemanha, sobretudo, mostrou a utilidade de tal medida se uma situação idêntica voltar a ocorrer).

Se um ou mais Estados-Membros se vierem a confrontar com uma situação de emergên­cia caracterizada por um súbito afluxo de nacionais de um país terceiro, o Conselho poderá adoptar medidas provisórias, que não ultrapassem o prazo de seis meses, sob proposta da Comissão e por maioria qualifi­cada.

A política cie imigração

Relativamente a esta política, serão adopta­das medidas nos seguintes domínios:

• condições de entrada e de permanência, assim como normas relativas aos proce­dimentos de emissão, pelos Estados--Membros, de vistos e autorizações de residência de longa duração, tendo especialmente em vista o reagrupamen­to familiar;

• imigração clandestina e estadias irregu­lares, incluindo o repatriamento das pessoas em situação irregular.

Finalmente serão adoptadas medidas que definam os direitos dos nacionais dos países terceiros em situação de estadia regular num Estado-Membro e as condições em que os mesmos poderão permanecer nos outros Estados-Membros.

Os Estados-Membros podem manter ou introduzir, na sua política de imigração, dis­posições nacionais compatíveis com o Tra­tado de Amesterdão e os acordos interna­cionais.

A cooperação judiciária em matéria civil

Sempre que a cooperação judiciária em matéria civil tenha uma incidência trans­fronteiriça, devem ser tomadas medidas neste domínio, de acordo com o método de funcionamento do título IV do Tratado que institui a Comunidade Europeia. Os objecti­vos a atingir neste domínio são os seguintes:

• ajudar à compreensão, pelos outros Estados-Membros, dos actos judiciá­rios e extrajudiciários adoptados num Estado-Membro; melhorar e simplifi­car a cooperação no âmbito da obtenção das provas, assim como o reconheci­mento e a execução das decisões em matéria civil e comercial, incluindo as decisões extrajudiciárias;

• favorecer a compatibilidade das regras aplicáveis nos Estados-Membros em matéria de conflitos de direito e de com­petência;

• eliminar os obstáculos que entravem o bom desenvolvimento dos processos civis, se necessário, favorecendo a compatibilidade das regras de processo civil aplicáveis nos Estados-Membros.

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A cooperação judiciária em matéria penal

São fixados objectivos para desenvolver a cooperação judiciária em matéria penal:

• facilitar e acelerar a cooperação entre os ministérios e as autoridades judiciá­rias competentes ou equivalentes dos Estados-Membros no que respeita ao procedimento e à execução das decisões;

• facilitar a extradição entre os Estados--Membros;

• assegurar, na medida necessária à me­lhoria desta cooperação, a compatibili­dade das regras aplicáveis nos Estados--Membros;

• prevenir os conflitos de competência entre os Estados-Membros;

• adoptar progressivamente medidas que instituam regras mínimas relativas aos elementos constitutivos das infracções penais e às sanções aplicáveis nos domínios da criminalidade organizada, do terrorismo e do tráfico de droga.

Os objectivos continuam a ser gerais e não incluem nenhuma calendarização. Com efeito, os temas abordados são complexos e esta lista de objectivos a atingir constitui um primeiro passo importante em matéria de cooperação judiciária.

Cooperação policial

A cooperação policial manifesta-se através das acções comuns decididas pelo Conselho da União Europeia, assim como por inter­médio da Unidade Europeia de Polícia (Europol).

Acções comuns

Estas abrangem diferentes domínios cuja lista não será restritiva:

• a prevenção e a detecção das infracções penais e das investigações na matéria, da cooperação operacional entre os ser­viços policiais, aduaneiros e quaisquer outros serviços repressivos especializa­dos dos Estados-Membros;

• a recolha, armazenamento, tratamento, análise e troca de informações, incluin­do informações sobre as transacções financeiras suspeitas;

• a cooperação e iniciativas conjuntas nos domínios da formação, das permutas de agentes de ligação, dos destacamentos, da utilização dos equipamentos e da investigação em assuntos criminais;

• no que se refere à detecção de formas graves de criminalidade organizada, avaliação em comum de técnicas de investigação específicas.

Unidade Europeia de Polícia (Europol)

O Conselho encoraja também a cooperação por intermédio da Unidade Europeia de Polícia e nos cinco anos subsequentes à data da entrada em vigor do novo Tratado adop­tará medidas que permitam à Europol:

• facilitar, apoiar e coordenar acções específicas de investigação conduzidas pelas autoridades competentes dos Estados-Membros;

• solicitar às autoridades competentes dos Estados-Membros a condução de acções de investigação e o desenvolvi­mento de competências especializadas que possam ser postas à disposição dos Estados-Membros para os ajudar nas investigações sobre a criminalidade organizada;

Liberdade, segurança e justiça

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trabalhar, em estreita cooperação com os magistrados e inspectores especia­lizados, na luta contra o crime organi­zado.

Protocolo que integra o acervo de Schengen no quadro da União Europeia

Finalmente, o Conselho implementará uma rede de investigação, de documentação e de estatística sobre a criminalidade transfron-teiras.

As acções levadas a efeito no domínio da cooperação policial (incluindo as activida­des da Europol) estão sujeitas a um contro­lo jurisdicional apropriado, por parte das autoridades competentes, de acordo com as regras aplicáveis em cada Estado-Membro.

Os Estados-Membros signatários dos acor­dos de Schengen passam a desenvolver a sua «cooperação reforçada» no que se refere à abolição das fronteiras internas no quadro jurídico-institucional da União Europeia. O Conselho da União Europeia substitui o Comité Executivo criado pelos acordos de Schengen. As regras comuns acima evoca­das são integradas, quer no título IV do Tra­tado que institui a Comunidade Europeia, quer no título VI do Tratado da União Euro­peia. Qualquer nova proposta nos domínios dos vistos, direito de asilo, controlo nas fronteiras externas, cooperação entre ser­viços policiais e serviços aduaneiros, assen­ta numa destas novas bases.

A integração do espaço Schengen na União Europeia

A supressão do controlo nas fronteiras no âmbito daquilo a que chamamos «espaço Schengen» tornou-se possível graças a uma iniciativa tomada em 1985 pela Alemanha, França e os países do Benelux. Em 1990, «a Convenção de Schengen» fixou as regras comuns em matéria de vistos, de direito de asilo, de controlo nas fronteiras externas, de cooperação entre serviços policiais e adua­neiros, com vista a permitir a livre circu­lação das pessoas no seio dos países signa­tários sem perturbar a ordem pública. Foi instalado um sistema de informação para a troca de dados relativos à identidade das pessoas. Os Estados-Membros da União Europeia (com excepção do Reino Unido e da Irlanda), assim como a Noruega e a Islân­dia, aderiram a esta iniciativa intergoverna­mental.

O objectivo da livre circulação de pessoas, inscrito desde o Acto Único Europeu de 1986, poderá ser alcançado se for garanti­do um controlo democrático e se se puser à disposição dos cidadãos recursos judiciá­rios sempre que os seus direitos forem pos­tos em causa (Tribunal de Justiça e/ou órgãos jurisdicionais nacionais segundo os domínios).

A Irlanda e o Reino Unido podem partici­par parcial ou integralmente nas dispo­sições do acervo de Schengen após votação do Conselho por unanimidade dos treze Estados que tomaram parte nos acordos e do representante do governo do Estado interessado.

A Islândia e a Noruega são associadas à aplicação do acervo de Schengen e à pros­secução do seu desenvolvimento.

Liberdade, segurança c justiça

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Acervo cie Schengen

São designados «acervo de Schengen» os actos seguintes:

• Acordo assinado em Schengen a 14 de Junho de 1985 entre os países do Bene­lux, a Alemanha e a França, relativo à supressão gradual do controlo nas fron­teiras comuns.

• Convenção de aplicação do Acordo de 14 de Junho de 1985, concluída a 19 de Junho de 1990, entre a Bélgica, a Ale­manha, a França, o Luxemburgo e os Países Baixos, assim como o acto final e declarações comuns anexas.

• Protocolos e acordos de adesão com a Itália (assinados a 27 de Novembro de 1990), Espanha e Portugal (assinados a 25 de Junho de 1991), Grécia (assina­dos a 6 de Novembro de 1992), Áustria (assinados a 28 de Abril de 1995), assim

como Dinamarca, Finlândia e Suécia (assinados a 19 de Dezembro de 1996), e ainda os actos finais e as declarações anexas.

• Decisões e declarações adoptadas pelo Comité Executivo instituído pela Con­venção de aplicação de 1990, assim como os actos adoptados com vista à execução da convenção pelas instâncias às quais o Comité Executivo conferiu poderes de decisão.

A nova numeração dos Tratados

Chama-se a atenção para o facto de que a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão implica uma nova numeração geral dos títu­los e artigos dos diferentes Tratados.

Assim, os artigos K.l a K. 14 que integram o título IV do Tratado da União Europeia foram numerados de 29 a 42.

Liberdade, segurança c justiça

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A UNIÃO E O CIDADÃO

Cidadania da União Europeia

Introdução

Conforme estipulado no Tratado de Maas­tricht, qualquer pessoa que tenha a naciona­lidade de um Estado-Membro é considerada cidadã da União. A instauração da cidadania europeia visa reforçar e promover a identi­dade europeia através de uma maior partici­pação dos cidadãos no processo de inte­gração comunitária. Graças ao desenvolvi­mento do mercado único, os cidadãos bene­ficiam de uma série de direitos gerais em diversos domínios tais como a livre circu­lação dos bens e dos serviços, a defesa do consumidor e da saúde pública, a igualdade de oportunidades e de tratamento, o acesso ao emprego e à protecção social. Além dis­so, a cidadania da União Europeia compor­ta disposições e direitos específicos que podem ser agrupados em quatro categorias:

• liberdade de circulação e de permanên­cia em todo o território da União;

• direito de eleger e de ser eleito nas eleições municipais e do Parlamento Europeu no país de residência;

• protecção diplomática e consular das autoridades de todos os Estados-Mem-bros no caso de o país de que o cidadão é nacional não estar representado num país terceiro;

• direito de petição ao Parlamento Euro­peu e de recurso ao Provedor de Justiça Europeu.

Ainda que o exercício destes direitos esteja sujeito a determinadas limitações previstas nos Tratados ou no direito derivado e à con­dição de possuir o estatuto de cidadania europeia, o direito de acesso ao Provedor e de dirigir petições ao Parlamento Europeu está acessível a todas as pessoas singulares e colectivas que residam no território dos Estados-Membros da União. De igual modo, os direitos fundamentais aplicam-se a qualquer pessoa que resida na União Euro­peia.

O Tratado de Amesterdão completa a lista dos direitos cívicos de que beneficiam os cidadãos da União e especifica a relação entre cidadania nacional e cidadania euro­peia.

Historial

A cidadania da União e os direitos que a mesma comporta deverão ser colocados em perspectiva para se compreender a dinâmica do processo iniciado pelo Tratado que insti­tui a Comunidade Económica Europeia (assinado em Roma em 1957). Esse Tratado introduziu o direito das pessoas à livre cir­culação no território da Comunidade Euro­peia. Essa livre circulação das pessoas incluía uma ligação estreita com uma activi­dade económica, designadamente o trabalho assalariado, uma actividade independente ou a prestação de serviços. Assim, o direito de permanência em todo o território da

A União c o cidiidão

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Comunidade foi inicialmente reconhecido aos trabalhadores assalariados e indepen­dentes e aos membros das suas famílias, em associação com o direito ao exercício de uma actividade profissional nesse mesmo território.

O Acto Único Europeu (1986) inscreveu no Tratado de Roma a vontade da realização de um espaço sem fronteiras e da abolição dos controlos das pessoas nas fronteiras inter­nas, independentemente da sua nacionalida­de. Infelizmente, esse espaço não foi criado antes da data-limite de 31 de Dezembro de 1992, conforme estava previsto. A dinâmica do Acto Único levou, no entanto, o Conse­lho em 1990 a alargar o direito de per­manência às pessoas que não exerçam uma actividade económica, na condição de estas disporem de recursos suficientes e de uma cobertura social. Este direito generalizado à circulação e à permanência das pessoas ficou consagrado através da instituição da cidadania da União no Tratado da União Europeia (1992). No entanto, só em 1997 é que o Tratado de Amesterdão encontrou a solução política que permitirá progredir em matéria da livre circulação das pessoas atra­vés da integração do Acordo de Schengen no Tratado da União Europeia (contudo, houve alguns Estados-Membros que quise­ram dispor de um estatuto especial e que manterão os controlos nas suas fronteiras com outros Estados-Membros).

Além disso, a partir de 1974, aquando da Cimeira de Paris, houve que definir os «direitos especiais» a conferir aos cidadãos da Comunidade Económica de então. Em 1992, o Tratado da União Europeia insti­tuiu uma cidadania europeia no âmbito do Tratado que institui a Comunidade Euro­peia (artigo 17.°, antigo artigo 8.°). Na sequência da assinatura desse Tratado, a Declaração do Conselho Europeu de Bir­mingham especificou em Outubro de 1992 os contornos dessa cidadania: «... a cida­dania da União confere aos nossos

cidadãos direitos e protecção adicionais, sem de modo algum substituir a respectiva cidadania nacional». Além disso, uma Declaração anexa ao Tratado que institui a Comunidade Europeia recorda que «a questão de saber se uma pessoa tem a nacionalidade de determinado Estado--Membro é exclusivamente regida pelo direito nacional desse Estado-Mcmbro».

Ao instituir uma cidadania da União, o Tra­tado da União Europeia conferiu a todo o cidadão da União um direito fundamental e pessoal de circulação e de residência, sem fazer referência a uma actividade económi­ca. O direito de eleger e de ser eleito nas eleições do Parlamento Europeu e nas eleições municipais no país onde o cidadão reside, assim como o direito à protecção diplomática e consular no território de paí­ses terceiros, reforçaram efectivamente o sentimento da existência de uma cidadania comum. Em 1993 e 1994 foram adoptadas directivas que fixaram as normas de exe­cução de tais direitos. Além disso, este mes­mo Tratado previu a possibilidade de uma evolução desses direitos no intuito de per­mitir completar os mesmos.

Apesar de tudo, os cidadãos europeus conti­nuam a enfrentar obstáculos reais, quer de natureza prática quer de natureza jurídica, quando pretendem exercer os seus direitos de livre circulação e de residência no inte­rior da União.

Alterações introduzidas pelo Tratado de Amesterdão

Foram introduzidas modificações nos arti­gos 17.° e 21.° (antigos artigos 8.° e 8.°-D) do Tratado que institui a Comunidade Europeia.

Primeiro, o Tratado de Amesterdão clarifica a relação entre cidadania europeia e nacio-

A União e o cidadão

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nal. Estipula de modo inequívoco que a «cidadania da União é complementar da cidadania nacional e não a substitui». Desta alteração resultam duas conclusões práticas:

• é necessário ter previamente a naciona­lidade de um Estado-Membro para beneficiar da cidadania da União;

• essa cidadania europeia permite benefi­ciar de direitos suplementares e com­plementares à cidadania nacional.

Além disso, o Tratado de Amesterdão con­fere um novo direito aos cidadãos europeus. Qualquer cidadão da União pode agora escrever ao Parlamento Europeu, ao Conse­lho, à Comissão, ao Tribunal de Justiça, ao Tribunal de Contas, ao Comité Económico e Social, ao Comité das Regiões ou ao Prove­dor de Justiça Europeu numa das 12 línguas

dos Tratados e receber uma resposta redigi­da na mesma língua.

Recorde-se que essas 12 línguas são: o alemão, o inglês, o dinamarquês, o espa­nhol, o finlandês, o francês, o grego, o irlandês (ou gaélico), o italiano, o neer­landês, o português e o sueco.

Por último, é inscrito um novo parágrafo no preâmbulo do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia. Nele se consagra o com­promisso dos Estados-Membros relativa­mente à educação das suas populações. Cada Estado-Membro compromete-se a promover o desenvolvimento «do mais ele­vado nível possível de conhecimentos atra­vés de um amplo acesso à educação, e da contínua actualização desses conhecimen­tos».

A União c o cidadão

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A UNIÃO E O CIDADÃO

Emprego

Introdução

Na sua origem, a Conferência Intergoverna­mental de 1996 devia apenas abordar as políticas e as competências da Comunidade Europeia. Contudo, a decepção causada pela falta de referência ao emprego no Tra­tado da União Europeia (1992) e a iniciati­va tomada a fim de lutar contra o desempre­go pelo Conselho Europeu de Essen (9 e 10 de Dezembro de 1994) incitaram os Esta-dos-Membros a incluir estas questões entre as prioridades da Conferência Intergoverna­mental destinada a rever o Tratado de Maas­tricht para responder a uma das principais preocupações dos seus cidadãos.

Após difíceis negociações devido à diversi­dade das situações e das políticas nacionais em matéria de emprego, chegou-se final­mente a um consenso em torno da pre­cedência das políticas nacionais e a rejeição de grandes programas excessivamente dis­pendiosos. A introdução de um novo capítu­lo dedicado ao emprego no Tratado que ins­titui a Comunidade Europeia é o fruto des­sas negociações.

Um novo objectivo para a União Europeia

A promoção do emprego entrou nos objec­tivos da União Europeia e tornou-se uma «questão de interesse comum» dos Estados--Membros (artigo 2° do Tratado que institui

a Comunidade Europeia). O novo objectivo a atingir é conseguir «um nível de emprego elevado» sem diminuir a competitividade da União Europeia (artigo B do Tratado da União Europeia — remunerado artigo 2° após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão).

A fim de atingir este objectivo, foi atribuída uma nova competência à União, comple­mentar da dos Estados-Membros, tendo em vista a elaboração de uma «estratégia coor­denada» para o emprego. O elemento-chave desta estratégia é constituído por directrizes comuns, definidas com base no modelo das adoptadas no Conselho Europeu de Essen.

O novo título VIII (artigos 125.° a 130.°) do Tratado que institui a Comunidade Europeia precisa estes objectivos e os meios de os atingir. Prevê igualmente a criação de um Comité do Emprego.

A menção explícita do emprego no Tratado institucionaliza as iniciativas tomadas pelos Estados-Membros nos diferentes conselhos europeus, bem como as adoptadas pela Comissão desde há dois anos. Além disso, juntamente com as disposições relativas à União Económica e Monetária, confere-lhe equilíbrio acrescentando às disposições macroeconómicas, medidas que correspon­dem às expectativas dos cidadãos europeus em matéria de luta contra o desemprego. Com efeito, um dos pontos essenciais deste novo título consiste em tomar em conside-

A União c o cidadão

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ração as repercussões sobre o emprego aquando da definição e aplicação de cada política e acção comunitárias.

Uma aplicação antecipada

No decurso do Conselho de Amesterdão de 16 e 17 de Junho de 1997, os Estados-Mem-bros decidiram aplicar de forma antecipada as novas disposições em matéria de empre­go incluídas no Tratado de Amesterdão. Desde 1 de Outubro de 1997, a Comissão Europeia propôs directrizes para as políticas do emprego levadas a efeito pelos Estados--Membros em 1998.

Historial

Na Conferência Intergovernamental sobre a União Económica e Monetária (1992), tinha tido lugar um debate sobre a oportunidade de incluir o emprego nos critérios de con­vergência que os Estados-Membros deve­riam respeitar a fim de poderem participar na moeda única. Esta ideia tinha sido recusada pela maioria dos governos que pretendiam manter as suas prerrogativas em matéria de política do emprego. No decurso dos debates nacionais que precederam a ratificação do Tratado da União Europeia, a falta de qual­quer referência ao emprego no novo tratado foi contudo severamente julgada pela opi­nião pública. A União Europeia pareceu pou­co preocupada com os problemas do desem­prego e do emprego num momento em que a construção da futura União Económica e Monetária implicava escolhas em matéria social por vezes difíceis para os Estados-Membros que tinham por obrigação reduzir os seus défices orçamentais.

Os antecedentes de Es sen

Em 1994, o Conselho Europeu de Essen (9 e 10 de Dezembro) definiu, pela primeira

vez a nível europeu, linhas de acção a cur­to e médio prazos relativas ao emprego. Afirmando o carácter prioritário da luta contra o desemprego entre as tarefas da União Europeia, as conclusões desta cimei­ra insistem sobre as origens estruturais de uma grande parte do desemprego europeu e o papel primordial de um diálogo respon­sável entre os parceiros sociais e o mundo político para conseguir resolver este pro­blema.

O Conselho Europeu tinha igualmente defi­nido cinco eixos prioritários para as políti­cas dos Estados-Membros em matéria de emprego:

• a promoção dos investimentos na for­mação profissional, a fim de que os trabalhadores se possam adaptar à evo­lução da tecnologia ao longo de toda a vida;

• o aumento da intensidade do empre­go em períodos de crescimento (parti­cularmente através de uma organização mais flexível do trabalho, uma política salarial que favoreça os investimentos criadores de emprego e o incentivo de iniciativas a nível regional e local);

• a redução dos custos salariais indi­rectos para favorecer o emprego, desig­nadamente dos trabalhadores menos qualificados;

• uma maior eficácia da política do mercado do trabalho definindo mel­hor as medidas de ajuda aos rendimen­tos e avaliando regularmente a eficácia dos instrumentos da política do merca­do do trabalho;

• o reforço das medidas a favor de gru­pos particularmente atingidos pelo desemprego designadamente de longa duração (os jovens que abandonam o sistema educativo sem diploma, os tra­balhadores idosos e as mulheres).

A União e o cidadão

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Estas recomendações foram traduzidas nos Estados-Membros sob forma de programas plurianuais. A Comissão elabora todos os anos um relatório sobre a evolução do emprego e as políticas levadas a efeito pelos Estados-Membros, avaliando-as relativa­mente às prioridades definidas.

O pacto de confiança

Em Junho de 1996, a Comissão Europeia lançou uma «Acção para o emprego na Europa: um pacto de confiança» no sentido de mobilizar todos os actores em causa a nível comunitário, nacional, local, de valo­rizar o efeito multiplicador que algumas acções podem ter a nível europeu e de ins­crever a luta contra o desemprego numa visão da sociedade a médio e longo prazo. O Conselho Europeu de Dublim (13 e 14 de Dezembro de 1996) reagiu positivamente a esta iniciativa a favor de um empenhamento de todos os agentes económicos e sociais e pediu a concretização rápida dos projectos de pactos territoriais para o emprego (80 destes pactos tinham sido assinados em Ju­nho de 1997).

Além disso, a União Europeia realizou numerosas acções para o emprego graças aos fundos estruturais e ao Fundo Social Europeu. Ao inscrever o emprego entre as políticas comunitárias bem como na ordem de trabalhos de todos os conselhos euro­peus, o Tratado de Amesterdão permite o desenvolvimento de iniciativas comunitá­rias em matéria de emprego bem como a criação de uma política coerente a nível europeu.

Uma nova política comunitária

Este novo título VIII aplica uma estratégia coordenada para o emprego a fim de promo­ver uma mão-de-obra qualificada e capaz de

se adaptar, bem como mercados de trabalho susceptíveis de reagir rapidamente às mutações económicas.

Directrizes comuns

Em primeiro lugar, o Conselho Europeu adoptou conclusões sobre a situação do emprego na Comunidade baseando-se no relatório anual elaborado pelo Conselho da União Europeia e a Comissão.

Todos os anos, estas conclusões permitem à Comissão propor directrizes em matéria de política do emprego, compatíveis com as grandes orientações económicas definidas no âmbito da União Monetária (artigo 99.°, antigo artigo 103.°). Após consulta do Par­lamento Europeu, do Comité Económico e Social, do Comité das Regiões e do Comité do Emprego, o Conselho adopta estas direc­trizes por maioria qualificada. Este procedi­mento tem por base o modelo do processo de convergência das políticas económicas nacionais. As directrizes comuns não pre­conizam a harmonização das disposições nacionais. Têm, contudo, uma influência indirecta sobre a política dos Estados--Membros.

Com efeito, os Estados-Membros devem ter em conta estes objectivos comuns nas res­pectivas políticas de emprego. O Conselho examina seguidamente os relatórios anuais elaborados neste domínio pelos Estados--Membros e, se o considerar necessário, pode dirigir uma recomendação — por pro­posta da Comissão — a um determinado Estado-Membro. Esta recomendação é seguidamente aprovada pelo Conselho por maioria qualificada.

Este dispositivo inclui semelhanças com o previsto para a política económica. Contu­do, em matéria de política do emprego, não está prevista nenhuma sanção para os Esta­dos-Membros que não respeitem as reco-

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mendações do Conselho. Além disso, o Tra­tado não estipula que estas recomendações possam ser tornadas públicas.

Finalmente, e contrariamente às disposições definidas para a União Económica e Mone­tária, o título VIII não fixa o objectivo macroeconómico a atingir, à semelhança dos critérios de convergência em matéria económica. Com efeito, alguns Estados--Membros não quiseram que fossem inscri­tos no Tratado objectivos vinculativos, cons­tituindo a definição de uma estratégia coor­denada um passo já importante.

Medidas de incentivo

Algumas medidas de incentivo podem ser definidas pelo Conselho, por maioria quali­ficada e em conformidade com o procedi­mento de co-decisão com o Parlamento Europeu.

Estas destinam-se «a incentivar a coope­ração entre os Estados-Membros e a apoiar a sua acção no domínio do emprego através de iniciativas destinadas a desenvolver os intercâmbios de informação e as melhores práticas, fornecendo análises comparativas e conselhos, bem como promovendo abor­dagens inovadoras e avaliando as experiên­cias, designadamente recorrendo aos pro-jectos-piloto». «Não comportam harmoni­zação das disposições legislativas e regula­mentares dos Estados-Membros». Contudo, a estratégia coordenada para o emprego deveria ter uma influência directa sobre estas acções de incentivo.

Duas declarações precisam as modalidades destas medidas de incentivo:

• as acções devem especificar os motivos da sua adopção, a sua duração (cinco anos no máximo) e o montante máximo do financiamento;

• o seu financiamento é limitado porque se deve inscrever na rubrica 3 das pers­pectivas financeiras que representam cerca de 6o o do orçamento comunitário.

O Comité do Emprego

Existe desde Dezembro de 1996 um Comi­té do Emprego e do Mercado do Trabalho. Foram-lhe atribuídas competências restri­tas. Em sua substituição, o novo artigo 130.° do Tratado que institui a Comunidade Euro­peia prevê que o Conselho crie um comité denominado Comité do Emprego, com base no modelo do Comité Monetário criado pela União Económica e Monetária.

Este comité consultivo incentiva a coorde­nação das políticas nacionais do emprego e do mercado do trabalho. Acompanha a evo­lução destas políticas nos Estados-Membros e na Comunidade Europeia, redige parece­res a pedido do Conselho, da Comissão ou por sua própria iniciativa e contribui para a preparação das deliberações do Conselho.

Tal como o anterior Comité do Emprego e do Mercado do Trabalho, é composto por dois representantes de cada Estado-Membro e da Comissão. Consulta os parceiros sociais.

A União e o cidadão

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A UNIÃO E O CIDADÃO

Política social

Introdução

Das alterações introduzidas pelo Tratado de Amesterdão na política social da Comuni­dade Europeia, convém salientar a importância da integração de um acordo social reforçado no Tratado que institui a Comunidade Europeia. A partir de agora, todas as directivas adoptadas pelos 14 sig­natários deste acordo abrangem o Reino Unido.

Esta «reunificação a 15» restaura a unidade e a coerência da política social da Comunida­de. Deveria permitir a utilização mais fre­quente das disposições do Tratado que insti­tui a Comunidade Europeia em matéria social e um alargamento dos domínios de acção desta política comunitária. No essen­cial, a integração do acordo social não alte­rou as disposições deste texto. Contudo, algumas disposições foram reforçadas desig­nadamente em matéria de igualdade de opor­tunidades e de luta contra a exclusão social.

As bases da política social

O novo Tratado prevê a fusão das duas bases jurídicas nas quais assentava até à data a política social:

• Tratado que institui a Comunidade Europeia, que contém disposições rela­tivas a todos os Estados-Membros (títu­lo XI, antigo artigo título VIII);

• o acordo social em anexo ao protocolo social que contém disposições relativas aos 14 Estados-Membros signatá­rios.

O artigo 136.° (antigo artigo 117.°) recorda que a política social é da competência par­tilhada entre a Comunidade Europeia e os Estados-Membros. Contudo, ainda que o papel principal da Comunidade seja o de apoiar e completar a acção dos Estados--Membros, a integração do acordo social amplia de forma substancial as suas com­petências nesta matéria.

Além disso, a Comunidade e os Estados--Membros definiram direitos sociais consi­derados fundamentais baseando-se em dois textos:

• a Carta Social Europeia assinada em Turim, em 18 de Outubro de 1961 e

• a Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhado­res de 1989.

Estes direitos sociais fundamentais abran­gem principalmente o emprego, as con­dições de vida e de trabalho, a protecção social, o diálogo social e a luta contra as exclusões.

A integração do acordo social

Na Conferência Intergovernamental sobre a União política de 1992 tinha sido celebrado

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um acordo social no qual o Reino Unido não tinha querido participar. Contudo, os 12 Estados-Membros da época adoptaram um protocolo, em anexo ao Tratado de Maas­tricht, que autorizava os 11 Estados--Membros a aplicar, sem o Reino Unido, um texto mais ambicioso do que o capítulo rela­tivo à política social na Comunidade. Este texto tinha por base a Carta Social adopta­da em 1989 por todos os Estados-Membros com excepção do Reino Unido.

O protocolo em matéria social foi suprimi­do e o acordo social foi integrado nas dispo­sições do actual título XI do Tratado que ins­titui a Comunidade Europeia. A Comunida­de Europeia pode agora agir ou reforçar a sua acção nos seguintes domínios:

• melhoria do ambiente de trabalho para proteger a saúde e a segurança dos tra­balhadores;

• condições de trabalho; • informação e consulta dos trabalhado­

res; • integração das pessoas excluídas do

mercado de trabalho; • igualdade de tratamento das mulheres e

dos homens.

A esta lista já apresentada no acordo social, o Tratado de Amesterdão proporciona a possibilidade de adoptar medidas de incen­tivo a fim de lutar especificamente contra a exclusão social.

Contudo, tal como no passado, as remune­rações, o direito de associação, de greve ou de «Iock out» não podem ser abordados a nível comunitário.

A extensão da co-decisão em determinados domínios

Se o âmbito de acção da Comunidade se amplia relativamente pouco, o processo

legislativo é modificado no que se refere aos domínios antes referidos. Embora tendo em conta as condições e as regulamentações técnicas existentes em cada Estado-Mem-bro, o Conselho pode adoptar directivas por maioria qualificada segundo o procedimen­to de co-decisão após consulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Além disso, o Conselho pode adoptar medi­das segundo o mesmo procedimento no sen­tido de incentivar a cooperação entre os Estados-Membros a fim de desenvolver intercâmbios de informação, promover abordagens inovadoras e avaliar experiên­cias de luta contra a exclusão social.

A manutenção da unanimidade nos outros domínios

São introduzidos no título XI os seguintes domínios definidos por acordo social. O procedimento decisional permanece inalte­rado. O Conselho decide por unanimidade por proposta da Comissão, após consulta do Parlamento Europeu e do Comité Económi­co e Social. A única modificação relativa­mente ao procedimento existente no acordo social é o facto de o Comité das Regiões passar a ser consultado.

Este procedimento aplica-se nos seguintes pontos:

• segurança e protecção social dos traba­lhadores;

• protecção dos trabalhadores em caso de rescisão do contrato de trabalho;

• representação e defesa colectiva dos interesses dos trabalhadores e dos empregadores (incluindo a co-gestão);

• condições de emprego dos nacionais dos países terceiros legalmente residen­tes no território da Comunidade;

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• contribuições financeiras destinadas a promover o emprego e a criação de empregos (sem prejuízo das dispo­sições relativas ao Fundo Social).

Por último, convém salientar que as medidas adoptadas a nível comunitário não impedem os Estados-Membros de estabelecer medi­das nacionais de protecção mais estritas se estas forem compatíveis com o direito comunitário.

Os parceiros sociais

O seu papel fundamental é reconhecido pelo acordo social e as disposições contidas nes­te acordo são inteiramente adoptadas pelo Tratado de Amesterdão.

A Comissão deve continuar a facilitar o diá­logo entre os parceiros sociais e consultá-los antes de apresentar propostas no domínio social e posteriormente sobre o conteúdo destas propostas.

Os parceiros sociais intervêm nas diferentes etapas do processo legislativo, o que lhes permite desempenhar um papel considerá­vel não só aquando da elaboração de novas medidas mas também aquando da sua apli­

cação. Com efeito, cada Estado-Membro pode confiar aos parceiros sociais a apli­cação de novas directivas.

A igualdade de oportunidades e de tratamento

Anteriormente, o Tratado mencionava que os Estados-Membros deviam assegurar a igualdade de remuneração entre os dois sexos para um mesmo trabalho. Graças ao Tratado de Amesterdão, foi introduzida uma nova base jurídica para as medidas relativas à igualdade de oportunidades e de tratamen­to das mulheres e dos homens no trabalho.

Após consulta do Comité Económico e Social, o Conselho pode adoptar, segundo o procedimento de co-decisão, medidas posi­tivas destinadas a assegurar a aplicação des­te princípio. Além disso, os Estados-Mem­bros têm a possibilidade de atribuir vanta­gens específicas ao sexo sub-representado a fim de lhe facilitar o exercício de uma acti­vidade profissional. Estas medidas não podem revestir a forma de quotas rígidas, tendo estas sido rejeitadas pelo Tribunal de Justiça no acórdão Kalanke (este aspecto foi igualmente abordado em 1997 no acórdão Marshall).

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Ambiente

Introdução

A política do ambiente constitui hoje em dia um dos desafios mais importantes da socie­dade para os poderes públicos e os actores económicos. Trata-se igualmente de uma questão à qual o público é muito sensível uma vez que diz directamente respeito ao seu bem estar e saúde.

Desde os anos 70, a preocupação de preser­var o ambiente tem estado na origem de diversas iniciativas comunitárias. No entan­to, surgiram críticas segundo as quais o mer­cado interno da União Europeia teria privi­legiado os aspectos económicos e as trocas comerciais em detrimento da protecção do ambiente que seria considerada como um potencial obstáculo às trocas mais do que um objectivo em si mesmo. O Tratado da União Europeia foi ao encontro desta crítica atribuindo ao ambiente o estatuto de políti­ca e não apenas simplesmente de acção da Comunidade.

Neste contexto, foram atribuídas ao Tratado da União determinadas fraquezas, nomea­damente o facto de não ter simplificado os processos de decisão aplicáveis no quadro do ambiente. Além disso, levantou-se por vezes um conflito de bases jurídicas entre o processo «ambiente» (artigo 175.°, antigo artigo 130.°-S do Tratado que institui a Comunidade Europeia) e o relativo à apro­ximação das legislações respeitantes ao mercado interno (artigo 95.°, antigo artigo

100.°-A do mesmo Tratado), o que teve con­sequências a nível da interpretação mais ou menos estrita da aplicação pelos Estados--Membros. A União Europeia é igualmente criticada por não ter explicitamente assumi­do os compromissos a favor do desenvolvi­mento sustentável, subscritos em 1992 na Conferência do Rio e por se ter limitado a uma simples referência ao crescimento sus­tentável respeituoso do ambiente.

O Tratado de Amesterdão traz soluções para estes problemas. O objectivo do desenvolvi­mento sustentável foi inscrito nas missões da União tal como o princípio da integração do ambiente nas outras políticas. Quanto aos processos de decisão, estes são mais cla­ros e mais eficazes.

Historial

Nos primeiros anos da construção europeia, as questões relativas ao ambiente não cons­tituíam uma prioridade importante para os poderes públicos e actores económicos.

A nível comunitário, é nos anos 70 que a emergência das preocupações ambientais teve como consequência o impulso de ini­ciativas neste domínio. Na Cimeira de Paris de Julho de 1972, os chefes de Estado e de Governo reconheceram que no quadro da expansão económica e do melhoramento da qualidade de vida, deveria ser concedida uma atenção especial ao ambiente.

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Estava dado o sinal e o primeiro programa de acção, fixando o quadro da política comunitária em matéria de ambiente, foi lançado para o período de 1973-1976. Este programa foi seguido por outros programas plurianuais do mesmo tipo que conduziram a adopção de um conjunto de directivas rela­tivas à protecção dos recursos naturais (ar, água), luta contra as emissões sonoras, con­servação da natureza e gestão dos resíduos.

De um modo geral, admite-se, todavia, que a entrada em vigor do Acto Único Europeu em 1987 constituiu a reforma determinan­te para o ambiente, instaurando uma rubri­ca específica no Tratado que institui a Comunidade Europeia. A partir deste momento, as medidas comunitárias passa­ram a dispor de uma base jurídica específi­ca que define os objectivos e os princípios fundamentais da acção da Comunidade Europeia em matéria de ambiente. Foi igualmente estabelecido que as exigências em matéria de protecção do ambiente pas­sariam a constituir uma componente das outras políticas comunitárias.

A entrada em vigor do Tratado da União Europeia, em Novembro de 1993, consti­tuiu um novo progresso sob diversos aspec­tos. Em primeiro lugar, permitiu a intro­dução do conceito de «crescimento susten­tável respeitando o ambiente nas missões da Comunidade Europeia e igualmente o princípio de precaução no artigo que fixa os fundamentos da política do ambiente (arti­go 174.°, antigo artigo 130.°-R do Tratado que institui a Comunidade Europeia). Em seguida, elevou o ambiente ao nível de «política» e permitiu o recurso geral à maioria qualificada no seio do Conselho, com excepção de determinadas medidas como a fiscalidade em matéria de ambien­te ou o ordenamento do território que são ainda sujeitas à regra da unanimidade. O procedimento de co-decisão ficou, todavia, restrito às matérias que dizem respeito ao mercado interno.

Indubitavelmente, a evolução da construção europeia permitiu estabelecer progressiva­mente disposições à altura da importância dos desafios relacionados com o ambiente. Todavia, este avanço gradual originou tam­bém certos problemas de coerência tais como os conflitos de base jurídica e a diver­sidade dos processos de decisão. O Tratado de Amesterdão deveria solucionar estes pro­blemas satisfazendo a necessidade de uma política de ambiente mais clara e eficaz.

O desenvolvimento sustentável e a consideração do ambiente em todas as politicas sectoriais

O Tratado da União Europeia estabelece que as exigências em matéria de ambiente «devem ser integradas na definição e apli­cação das outras políticas da Comunidade». Esta tomada em consideração constitui a condição indispensável para um crescimen­to sustentável e respeituoso do ambiente.

O Tratado de Amesterdão procura consoli­dar as garantias actuais resultantes do Acto Único e do Tratado da União Europeia inse­rindo não só o conceito de desenvolvimento sustentável como também um novo artigo no Tratado que institui a União Europeia.

A introdução do principio de desenvolvimento sustentável

Este princípio foi inserido no preâmbulo e nos objectivos do Tratado da União Euro­peia. Encontrámo-lo de novo no artigo 2.° do Tratado que institui a Comunidade Euro­peia, que fixa as suas missões.

O novo artigo 6. °-C do Tratado que institui a Comunidade Europeia

O novo artigo 6.° retoma, no cabeçalho do Tratado, a cláusula da integração do

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ambiente na definição e aplicação das outras políticas, que já consta do artigo 174.° (anti­go artigo 130.°-R). É igualmente menciona­do que esta integração constitui um dos meios para promover um desenvolvimento sustentável.

Este novo artigo deve ser relacionado com a declaração relativa à avaliação do impac­te ambiental, em anexo ao Acto Final da Conferência Intergovernamental que ela­borou o Tratado de Amesterdão. A con­ferência refere neste anexo que a Comissão se compromete a preparar estudos de impacte sempre que apresentar propostas susceptíveis de exercer repercussões ambientais significativas.

O ambiente e a aproximação das legislações «mercado interno»

A realização do mercado interno foi facili­tada pelo Acto Único Europeu que estabele­ce que a aproximação das legislações entre os Estados-Membros é decidida no seio do Conselho por maioria qualificada. Paralela­mente, a livre circulação foi enquadrada pela necessidade de tomar em conta questões de sociedade essenciais tais como o ambiente, a saúde política ou a protecção dos consumidores (artigo 95.°, antigo n.° 3 do artigo 100.°-A do Tratado que institui a Comunidade Europeia). Esta garantia de enquadramento é reforçada pelo Tratado de Amesterdão.

A alteração das disposições relativas à aproximação das legislações

sições nacionais diferentes se estas fossem justificadas por exigências importantes rela­tivas à protecção do ambiente. O Estado--Membro em questão devia notificá-las à Comissão que confirmava que as dispo­sições em causa não constituíam um meio de discriminação arbitrário ou uma restrição dissimulada do comércio entre Estados--Membros.

Este mecanismo foi completado, passando a estabelecer-se a distinção entre dois casos (artigo 95.°, antigo artigo 100.°-A):

• a manutenção num Estado-Membro, na sequência de uma medida de harmoni­zação comunitária, de disposições nacionais relativas à protecção do ambiente;

• a introdução num Estado-Membro, na sequência de uma medida de harmoni­zação comunitária, de disposições nacionais relativas à protecção do ambiente.

No primeiro caso, deve ser feita pelo Esta­do-Membro uma notificação à Comissão. O Estado-Membro deve indicar as razões da manutenção das disposição nacionais em questão.

No segundo caso, o Estado-Membro é igual­mente obrigado a notificar à Comissão e explicar as razões da adopção de novas dis­posições nacionais. As medidas nacionais em questão devem, além disso, ser baseadas em novas provas científicas e responder a

. um problema específico deste Estado-Mem­bro, que tenha surgido após a adopção da medida comunitária de harmonização.

O Tratado que institui a Comunidade Euro­peia estabelece agora que todas as propostas da Comissão devem ter por base um eleva­do nível de protecção do ambiente. Ante­riormente, após a adopção de uma medida de harmonização pelo Conselho, um Esta­do-Membro podia contudo aplicar dispo-

Nos dois casos, a Comissão procede a uma análise que tem como objectivo apurar se as medidas nacionais em questão constituem ou não um meio de discriminação arbitrária, uma restrição dissimulada do comércio entre Estados-Membros ou um entrave ao funcionamento do mercado interno.

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A Comissão dispõe de seis meses para tomar uma decisão de autorização ou rejeição, podendo este prazo ser prolongado por mais seis meses em determinadas con­dições. Na ausência de decisão, as dispo­sições nacionais em causa são consideradas aprovadas.

O ambiente e a tomada de decisão comunitária

O Tratado da União Europeia e a tomada de decisão

O Tratado da União Europeia melhorou a eficácia do processo decisional caracteri­zando a política do ambiente pela substi­tuição, de um modo geral, da unanimidade no seio do Conselho pela maioria qualifica­da. Todavia, este processo continuva a ser complexo, uma vez que coexistiam diversos procedimentos distintos:

• o procedimento de co-decisão no que diz respeito aos programas de acção de carácter geral;

• o procedimento de cooperação no que diz respeito à política «ambiente»;

• o procedimento de consulta simples com unanimidade no Conselho no que

diz respeito às disposições de natureza fiscal ou relativas ao ordenamento do território, ocupação dos solos e abaste­cimento energético.

Além disso, era ambígua a distinção entre os domínios do ambiente (artigo 175.°, antigo artigo 130.°-S) e a aproximação das legis­lações relativas ao mercado interno (artigo 95.°, antigo artigo I00.°-A). Uma vez que a aproximação das legislações se encontra sujeita ao processo de co-decisão, existia um risco de conflito de base jurídica entre o artigo 100.°-A e o artigo 130.°-S sempre que que se previa uma acção que afectava o ambiente.

O Tratado de Amesterdão e a simplifi­cação da tomada de decisões

Após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão, a situação foi simplificada, uma vez que o processo de cooperação foi substituído pelo processo de co-decisão. Esta nova organização teve o mérito de reduzir o número de processos a dois, tendo os Estados-Membros manifestado o desejo de que a unanimidade se continuasse a apli­car aos domínios acima referidos. Esta nova organização permite uma melhor lisibilida-de do Tratado e reduzirá o risco de conflitos de base jurídica.

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Saúde pública

Introdução

O Acto Único Europeu e o desenvolvimen­to do conceito de Europa dos cidadãos per­mitiu enquadrar a prioridade reconhecida pelo Tratado de Roma à liberdade de circu­lação por preocupações como o ambiente, a saúde ou a protecção dos consumidores.

A nível da protecção da saúde, o Tratado da União Europeia deu um importante impulso ao introduzir no Tratado que institui a Comunidade Europeia um artigo específico, o artigo 129.° (artigo 152.°, segundo a nova numeração), relativo à saúde pública. Con­tudo, neste sector onde competência conti­nua a ser essencialmente nacional, o papel da Comunidade é subsidiário à acção dos Estados-Membros e consiste sobretudo num apoio aos seus esforços bem como numa ajuda a formular e aplicar objectivos e estra­tégias coordenadas.

Algumas questões tão diversas como a toxi­codependência ou as redes de distribuição de sangue existentes entre os Estados-Mem­bros puseram contudo em evidência o facto de as políticas nacionais poderem por vezes ter repercussões que ultrapassam as frontei­ras dos Estados-Membros. Com efeito, alguns problemas relacionados com a saúde pública exigem uma resposta internacional e uma cooperação estreita entre os Estados--Membros.

O Tratado de Amesterdão tem como objec­tivo apreender melhor a situação modifican­

do a redacção do artigo 152.° (antigo artigo 129.°) do Tratado que institui a Comunida­de Europeia.

Historial

Na sua origem, o Tratado de Roma não con­tinha uma base jurídica formal relativa à saúde pública. Contudo, desde 1977, um Conselho que agrupava os ministros da Saú­de começou a reunir-se de forma irregular. Desses conselhos resultaram actos como as «decisões dos Estados-Membros reunidos no âmbito do Conselho» ou de resoluções não vinculativas. Na sequência da assinatu­ra do Acto Único Europeu, este tipo de acto, de alcance jurídico por vezes incerto, multi­plicou-se. Foi finalmente a entrada em vigor do Tratado da União Europeia e a inserção de um título «saúde pública» que permitiu formalizar a cooperação dos Estados-Mem­bros neste domínio. Paralelamente, o artigo 3.° elevou a protecção da saúde ao nível de objectivo comunitário.

Desde então, o esforço comunitário pode concentrar-se em acções horizontais que prevêem a informação, a educação, a vigilância e a formação em matéria de saú­de, bem como a redacção, pela Comissão Europeia, de relatórios sobre o estado da saúde na Comunidade Europeia e a inte­gração nas políticas comunitárias das exigências em matéria de protecção da saú­de. Além disso, foram lançados programas

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plurianuais globais em domínios prioritá­rios como o cancro, a toxicodependência, a sida e as doenças transmissíveis.

A acção comunitária revestiu também, outras formas, por exemplo nos domínios das doenças transmissíveis do sangue e do tabaco, bem como no âmbito da realização do mercado interno, a fim de criar uma legislação sobre os controlos veterinários e fitossanitários ou ainda em matéria de bio­tecnologia pelo apoio às actividades de investigação.

O novo artigo 152.° do Tratado que institui a Comunidade Europeia

A Comunidade adopta medidas com vista a assegurar (deixando apenas de contribuir) um nível elevado de protecção da saúde humana.

Foi atribuído um maior alcance do que antes ao novo artigo 152.° (antigo artigo 129.°) do Tratado que institui a Comunidade Euro­peia. Entre os domínios de cooperação entre os Estados-Membros, o novo artigo refere não só as doenças e os grandes males mas também geralmente todas as causas de peri­go para a saúde humana, bem como o objec­tivo geral de melhoria da saúde.

Insistiu-se igualmente na possibilidade de o Conselho adoptar medidas que definam nor­mas elevadas de qualidade e de segurança dos órgãos e substâncias de origem humana, do sangue e dos derivados do sangue. As medidas nos domínios veterinário e fitossa­nitário que tenham directamente por objec­tivo a protecção da saúde pública passam a ser definidas segundo o procedimento de co-decisão o que constitui uma novidade dado que o Parlamento Europeu não dispunha anteriormente de um direito de consulta para a adopção de medidas de saúde rela­cionadas com a agricultura.

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Protecção dos consumidores

Introdução

O Acto Único Europeu e o desenvolvimen­to do conceito da Europa dos Cidadãos per­mitiu enquadrar a prioridade reconhecida pelo Tratado de Roma à liberdade de circu­lação por motivos como o ambiente, a saú­de ou a protecção dos consumidores.

Posteriormente, foi dado um grande passo graças ao Tratado da União Europeia que introduziu no Tratado que institui a Comu­nidade Europeia um artigo específico (arti­go 153.° na nova numeração, antigo artigo 129.°-A) relativo aos consumidores. Mais recentemente, a chamada crise das «vacas loucas» deu lugar a reivindicações com vis­ta a um reforço da protecção dos consumi­dores no âmbito da União Europeia e da sua melhor informação.

O Tratado de Amesterdão pretende respon­der a estas expectativas e melhor apreender a situação ao alterar a redacção do artigo 153.° (antigo artigo 129.°-A) do Tratado que institui a Comunidade Europeia.

Historial

Na origem, o Tratado de Roma não tinha uma base jurídica formal que consagrasse a protecção dos consumidores mas, muito antes do seu reconhecimento formal pelo antigo artigo 129.°-A, a acção comunitária já se preocupava com esta protecção. A títu­

lo de exemplo, pode mencionar-se a Direc­tiva de 1979 relativa à protecção dos consu­midores em matéria de indicação dos preços dos produtos alimentares, com base no arti­go 235.° (artigo 308.° na nova numeração) do Tratado que institui a Comunidade Euro­peia, a Directiva de 1984 relativa à publici­dade enganosa e a Directiva de 1985 relati­va à protecção dos consumidoras no caso de contratos negociados fora dos estabeleci­mentos comerciais, baseada no artigo 100.° (artigo 94.° na nova numeração) do mesmo Tratado.

Desde o Acto Único Europeu e a introdução do artigo 100.°-A (artigo 95.° na nova numeração) no Tratado que institui a Comunidade Europeia, as propostas da Comissão relativas à aproximação das legis­lações referentes ao mercado interno devem assentar num elevado nível de protecção dos consumidores. Um determinado número de textos baseia-se neste artigo, designada­mente as directivas relativas às viagens, férias e circuitos organizados (1990) e às cláusulas abusivas nos contratos celebrados com os consumidores (1993). Este impor­tante impulso concretizou-se na Conferên­cia intergovernamental que conduziu à adopção do Tratado da União Europeia e à introdução de um título específico relativo à protecção dos consumidores no Tratado que institui a Comunidade Europeia.

Desde então, o esforço comunitário desti­nado a concretizar um elevado nível de pro-

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tecção dos consumidores acentuou-se. Através de acções específicas, a Comunidade esforça-se por assegurar a protecção da saúde e os interesses econó­micos dos consumidores. A título de exem­plo mencionar-se-á a adopção, em 1998, de uma directiva em matéria de indicação dos preços dos produtos propostos aos consumidores que é a primeira direc­tiva baseada no artigo 129.°-A (artigo 153.° na nova numeração), a Directiva de 1997 que altera a directiva sobre a publicidade enganosa (1984), para incluir a publicidade comparativa, e a Directiva de 1997 relativa à protecção dos consumido­res em matéria de contratos à distân­cia, ambas baseadas no artigo 100.°-A (artigo 95.° na nova numeração).

Alteração do novo artigo 153.°-A do Tratado que institui a Comunidade Europeia Foi reforçada a possibilidade de a Comissão adoptar medidas preventivas em matéria de protecção dos consumidores. O novo artigo 153.° (antigo artigo 129.°-A)do Tratado que institui a Comunidade Europeia (que passará a ser o artigo 153.° na sequência da renumeração prevista pelo Tratado de Amesterdão) terá o objectivo de assegurar um elevado nível de protecção dos consumidores e não apenas para tal contribuindo. Além dis­so, o novo artigo salienta a promoção do direi­to à informação, à educação bem como ao direito dos consumidores se organizarem a fim de protegerem os seus interesses.

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Transparência, simplifi­cação dos Tratados e qualidade da legislação comunitária

Introdução

A União Europeia trata, muitas vezes, de assuntos técnicos e complexos. Além disso, o seu sistema institucional é único e de difí­cil compreensão, à primeira vista. Por outro lado, têm surgido inúmeras incompreensões e confusões entre as instituições europeias, os meios políticos e económicos nacionais e os cidadãos europeus. A fim de fomentar uma melhor compreensão do processo de integração europeia, as instituições dão mostras, cada vez mais, de transparência no seu funcionamento e no seu processo de decisão.

A noção de transparência abrange essen­cialmente as questões do acesso à infor­mação e aos documentos da União, mas está igualmente relacionada com a produção de textos mais claros. Não se trata apenas de produzir uma única versão para cada texto legislativo modificado (através da codifi­cação oficial, ou pela consolidação oficio­sa), mas, também, de definir regras em matéria de redacção, de modo a adoptar-se, em todas as línguas oficiais da Comunidade (11, actualmente), uma legislação tão clara quanto possível.

O Tratado de Amsterdão define um certo número de direitos dos cidadãos e de reco­mendações às instituições, a fim de propor­cionar a melhor informação possível e, atra­vés dela, contribuir para a melhoria do fun­cionamento democrático da União Europeia.

Transparência

Com vista a clarificar o conceito de trans­parência foram introduzidas algumas alte­rações no Tratado que institui a Comunida­de Europeia.

Foi inserido um novo artigo 255.°: todos os cidadãos da União Europeia, assim como qualquer pessoa singular ou colectiva resi­dente ou sedeada num Estado-Membro, têm o direito de aceder aos documentos do Par­lamento Europeu, do Conselho e da Comissão.

Os princípios gerais e os limites impostos relativamente ao acesso a estes documentos (por razões de interesse público ou privado) são fixados pelo Conselho em co-decisão com o Parlamento Europeu, o mais tardar dois anos após a entrada em vigor do Trata­do de Amesterdão. Cada uma das três insti­tuições em causa incluirá no seu regulamen­to interno disposições específicas relativas ao acesso aos seus documentos.

Por outro lado, foi acrescentado ao artigo 207.° (antigo artigo 151.°) um parágrafo, onde se especifica que o Conselho deve, em especial, permitir o acesso aos documentos ligados à sua actividade de legislador. No mínimo, «os resultados das votações e as declarações de voto, bem como as decla­rações exaradas em acta, são tornados públicos».

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Estas disposições clarificam os direitos dos cidadãos em matéria de acesso aos docu­mentos e aplicam-se ao conjunto dos domí­nios dos primeiro e terceiro pilares, ficando a Política Externa e de Segurança Comum à parte, devido à sua natureza mais diplomá­tica que legislativa. Por outro lado, o acesso a certos documentos provenientes de um país-membro poderá ser restringido se esse Estado-Membro o exigir (declaração da Conferência Intergovernamental anexa ao artigo 255.°).

Simplificação e consolidação dos Tratados

As supressões, aditamentos e modificações efectuados sucessivamente pelo Acto Único Europeu e pelos Tratados de Maastricht e de Amesterdão tornam hoje difícil a leitura dos Tratados originais. Para tornar mais com­preensíveis o Tratado da União Europeia e o Tratado que institui a Comunidade Euro­peia, procedeu-se a uma nova numeração dos artigos.

Paralelamente, numa declaração adoptada pela Conferência Intergovernamental, os Estados-Membros concordaram em proce­der a uma consolidação de todos os Trata­dos. Essa consolidação não terá valor jurídi­

co, mas servirá para produzir textos de mais fácil legibilidade c expurgados de elementos caducos.

Qualidade da legislação comunitá­ria em termos de redacção

A Conferência Intergovernamental aprovou uma declaração que retoma as conclusões do Conselho Europeu de Edimburgo ( l i e 12 de Dezembro de 1992) e a resolução do Conselho de 8 de Junho de 1993. Essa declaração sublinha a importância, tanto para os Estados-Membros como para os cidadãos, de disporem de textos legislativos comunitários claros, a fim de que aqueles possam aplicá-los correctamente e estes compreendê-los com maior facilidade.

Em termos concretos, a Conferência convi­da as três instituições principais implicadas na elaboração da legislação comunitária (Parlamento Europeu, Conselho e Comissão) a aprovar linhas directivas que visem melhorar a qualidade, em termos de redacção, dos textos que redigem, alteram e adoptam.

Por outro lado, encoraja a aceleração do tra­balho de codificação dos textos legislativos, actualmente em curso.

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UMA POLITICA EXTERNA EFICAZ E COERENTE

A Política Externa e de Segurança Comum

Introdução

Um dos principais objectivos da Conferên­cia Intergovernamental que culminou com a assinatura do projecto de Tratado de Ames­terdão consistia em reformular a Política Externa e de Segurança Comum (PESC), a fim de melhorar o seu funcionamento e de melhor equipar a União a nível internacio­nal.

Esta reforma revelava-se especialmente urgente na sequência do desmembramento da ex-Jugoslávia. A trágica evolução da situação pôs em evidência a necessidade de a União ser capaz de agir e de prevenir, em vez de se limitar unicamente a reagir aos acontecimentos. Por outro lado, a crise jugoslava revelou claramente a fragilidade de uma reacção descoordenada por parte dos Estados-Membros.

O Tratado de Amesterdão procura ultrapas­sar as contradições existentes entre os objectivos comuns, especialmente ambicio­sos, da Política Externa e de Segurança Comum, e os meios de que a União se dotou para os alcançar, que não se afiguram à altu­ra das expectativas e dos desafios em causa.

Historial

Ao longo das sucessivas etapas da cons­trução europeia, os conceitos de união polí­tica, de política externa comum ou ainda de

defesa comum foram regularmente incluí­dos na ordem do dia, na sequência da apre­sentação de diferentes projectos políticos.

Em 1950, o Plano Pléven (nome do presi­dente do Conselho francês) tinha por objec­tivo a criação de um exército europeu inte­grado sob comando comum. Este plano foi objecto de negociações entre os Estados--Membros da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que decorreram de 1950 a 1952 e conduziram à assinatura do Tratado que institui a Comunidade Europeia da Defesa (CED). O corolário da CED era um projecto político, apresentado em 1953, que visava a criação de uma estrutura federal ou confederai. A «Comunidade Política Euro­peia» previa a criação de uma Assembleia Parlamentar bicameral, um Conselho Exe­cutivo Europeu, um Conselho de Ministros e um Tribunal de Justiça. As competências da Comunidade Política seriam bastante vastas, prevendo-se que, a prazo, absorves­se a CECA e a CED. Todavia, tal projecto nunca chegaria a concretizar-se, dado que foi rejeitado pela Assembleia Nacional Francesa, em 30 de Agosto de 1954.

No início dos anos 60, realizaram-se difíceis negociações com base nos dois planos Fou-chet, sucessivamente apresentados pela França, que previam uma cooperação políti­ca mais estreita, uma União de Estados e políticas externa e de defesa comuns. O comité instituído a fim de apresentar pro­postas concretas conseguiu chegar a com-

Uma politica externa eficaz e coerente

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promissos difíceis mas ambiciosos, tais como a criação de um secretariado indepen­dente ou a perspectiva futura de votação por maioria qualificada em determinados domí­nios. Lamentavelmente, não foi possível chegar a um acordo quanto às propostas do comité Fouchet, tendo as negociações entre os Estados-Membros sido interrompidas em 1962.

Na sequência de um pedido dos chefes de Estado e de Governo de um estudo relativo às possibilidades de progredir no plano político, o «Relatório Davignon» foi apresentado em 1970, na Cimeira do Luxemburgo. Este rela­tório está na origem da Cooperação Política Europeia (CPE), lançada informalmente em 1970, que seria institucionalizada através do Acto Único Europeu (AUE), em 1987. A CPE implicava essencialmente a realização de consultas entre os Estados-Membros sobre questões de política externa.

Três anos mais tarde, a Cimeira de Cope­nhaga apresentou um relatório sobre o funcionamento da CPE. Na sequência des­te relatório, o ritmo das reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros e do Comité Político (composto pelos directo­res políticos nacionais) intensificou-se. Paralelamente, foi criado um «Grupo dos Correspondentes Europeus», responsáveis pelo acompanhamento da CPE em cada Estado-Membro. Este grupo iria igual­mente beneficiar do acesso ao COREU, uma nova rede telex, que passou a ligar os Estados-Membros.

A instituição do Conselho Europeu, em 1974, contribuiu para uma melhor coorde­nação da CPE, graças ao papel desempenha­do pelos chefes de Estado e de Governo na definição da orientação política geral confe­rida à construção comunitária. Desde então, o papel da Presidência, bem como a publici­dade dada aos trabalhos da CPE reforçaram--se mutuamente através da adopção de posições oficiais da Comunidade.

Com a invasão do Afeganistão pela União Soviética e a revolução islâmica no Irão, os Estados-Membros tomaram consciência da impotência crescente da Comunidade Euro­peia a nível internacional. Assim, determi­nados a reforçar a CPE, adoptaram o Rela­tório de Londres em 1981, que impunha aos Estados-Membros uma obrigação geral de consulta prévia, e de associar a Comissão Europeia, relativamente a qualquer questão de política externa que dissesse respeito ao conjunto dos Estados-Membros. Em 1982, o mesmo desejo de afirmar a posição da Comunidade a nível mundial esteve na ori­gem da iniciativa Genscher-Colombo relati­va ao Acto Europeu, que conduziu, em 1983, à Declaração Solene de Estugarda sobre a União Europeia.

Em 1985, o relatório do Comité Dooge, que antecedeu o início da Conferência Intergo­vernamental que conduziu ao Acto Único Europeu, continha uma série de propostas relativas à política externa, e nomeadamen­te os conceitos de concertação reforçada, no que se refere às questões relacionadas com a segurança, e de cooperação no sector do armamento, preconizando, além disso, a criação de um secretariado permanente. Finalmente, as disposições introduzidas no Tratado pelo Acto Único Europeu ficaram aquém das propostas do Comité Dooge, per­mitindo, no entanto, institucionalizar a CPE, o Grupo dos Correspondentes Euro­peus, bem como um Secretariado colocado sob a responsabilidade directa da Presidên­cia. Os objectivos da CPE foram tornados extensivos a todas as questões de política externa de interesse geral.

A Conferência Intergovernamental sobre a União Política conduziu à inclusão, no Tra­tado da União Europeia, que entrou em vigor em 1993, de um título específico rela­tivo a uma Política Externa e de Segurança Comum (PESC). Assim, a PESC substituiu a CPE e foi criado um pilar intergoverna­mental distinto na estrutura comunitária,

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que exprime a vontade da União de afirmar a sua identidade na cena internacional.

O título V do Tratado da União Europeia

A Política Externa e de Segurança Comum (PESC) é regida pelas disposições constan­tes do título V do Tratado da União Euro­peia. A PESC é igualmente abordada no artigo 2.° (antigo artigo B) das disposições comuns, que prevê como um dos objectivos da União «a afirmação da sua identidade na cena internacional, nomeadamente através da execução de uma Política Externa e de Segurança Comum, que inclua a definição, a prazo, de uma política de defesa comum, que poderá conduzir, no momento próprio, a uma defesa comum (...)».

A instauração da PESC veio responder ao desejo de dotar a União de instrumentos mais eficazes para enfrentar os múltiplos desafios com que se depara a nível interna­cional, conferindo-lhe uma nova gama de meios de acção para além das actividades tradicionais da Comunidade no domínio das relações externas (designadamente a políti­ca comercial e a cooperação para o desen­volvimento).

O título V constitui um pilar distinto da União Europeia, uma vez que o seu proces­so de funcionamento e o seu carácter inter­governamental diferem dos procedimentos correntes nos sectores tradicionais da Comunidade, como o mercado interno ou a política comercial. Esta diferença é espe­cialmente visível a nível do processo de tomada de decisões, que exige um consenso entre os Estados-Membros, enquanto o recurso generalizado à votação maioritária caracteriza o domínio comunitário, mas também no papel pouco significativo da Comissão, do Parlamento Europeu e do Tri­bunal de Justiça no âmbito do título V. A

reduzida importância atribuída a estas insti­tuições no âmbito da PESC contrasta nitida­mente com as suas atribuições nas esferas tradicionais de competência comunitária.

A fim de incentivar um funcionamento har­monioso e evitar contradições entre os dois tipos de acções (comunitária e intergoverna­mental), o artigo 3.° (antigo artigo C) prevê que:

«A União assegurará (...) a coerência do conjunto da sua acção externa no âmbito das políticas por si adoptadas em matéria de relações externas, de segurança, de econo­mia e de desenvolvimento. Cabe ao Conse­lho e à Comissão a responsabilidade de assegurar essa coerência. O Conselho e a Comissão assegurarão a execução dessas políticas de acordo com as respectivas atri­buições».

Todavia, os primeiros anos de funcionamen­to do título V não foram tão satisfatórios como os Estados-Membros podiam esperar da sua acção comum. Por conseguinte, foi precisamente no contexto de um balanço relativamente negativo que as negociações da Conferência Intergovernamental de 1996 procuraram introduzir, no novo Tratado, as reformas institucionais necessárias para conferir maior eficácia à PESC.

Progressos introduzidos peio Tratado de Amesterdão

Antes de mais, foi reforçado o carácter ope­racional da PESC, através da introdução de instrumentos mais coerentes e de um pro­cesso de tomada de decisões mais eficaz. Passou a ser possível adoptar medidas atra­vés de uma votação por maioria qualificada, devido à dupla segurança representada pela abstenção construtiva e pela possibilidade de remeter uma decisão para o Conselho Europeu em caso de veto excepcional de um

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Estado-Membro. A Comissão, por sua vez, está mais envolvida nas tarefas de represen­tação e de execução relacionadas com a PESC.

A estratégia comum

O Tratado de Amesterdão introduz um novo instrumento de política externa, que vem juntar-se à acção comum e à posição comum: a estratégia comum.

O Conselho Europeu, que é o órgão que define os princípios e as orientações gerais da PESC, define, por consenso, estratégias comuns nos domínios em que os Estados--Membros possuam importantes interesses em comum. As estratégias comuns especifi­cam os seus objectivos, a sua duração e os meios facultados pela União e pelos Esta-dos-Membros.

A execução das estratégias comuns, através de acções e de posições comuns, incumbe ao Conselho, por maioria qualificada, que pode igualmente recomendar estratégias comuns ao Conselho Europeu.

Tomada de decisões

A regra geral mantém-se: as decisões relati­vas à PESC são sempre adoptadas por una­nimidade. No entanto, os Estados-Membros têm a possibilidade de recorrer à abstenção construtiva, o que significa que a abstenção de um Estado-Membro não impede a adopção de uma decisão. Além disso, caso o Estado-Membro em questão faça acompa­nhar a sua abstenção de uma declaração for­mal, não é obrigado a aplicar a decisão, devendo, contudo, aceitar, num espírito de solidariedade mútua, que a mesma vincula a União. Por conseguinte, o Estado-Membro em causa deve abster-se de qualquer acção susceptível de colidir com a acção da União ao abrigo da referida decisão.

Convém, todavia, referir que o mecanismo da declaração formal que acompanha a abs­tenção não é aplicável se os Estados-Mem­bros que decidam recorrer a este processo representarem mais de um terço dos votos ponderados do Conselho.

O título V alterado do Tratado da União Europeia prevê, todavia, o recurso à maioria qualificada em dois casos:

• para a adopção de decisões de aplicação de uma estratégia comum definida pelo Conselho Europeu;

• para qualquer decisão que dê execução a uma acção comum ou a uma posição comum previamente adoptada pelo Conselho.

No contexto das decisões adoptadas por maioria qualificada, os Estados-Membros dispõem de uma cláusula de salvaguarda que lhes permite impedir o recurso a uma votação se justificarem o bloqueio por razões de política nacional importantes. Perante uma situação deste tipo, e após o Estado-Membro ter exposto os seus moti­vos, o Conselho, deliberando por maioria qualificada, pode solicitar que a questão seja submetida ao Conselho Europeu, para que seja tomada uma decisão por unanimidade pelos chefes de Estado e de Governo.

O alto-representante para a PESC

O novo artigo 26.° (antigo artigo J. 16) do Tratado da União Europeia prevê a criação de uma nova função que deverá contribuir para uma maior visibilidade e coerência da PESC.

Efectivamente, o Secretário-Geral do Con­selho passa a exercer as funções de alto--representante para a PESC. Nessa qualidade, assiste o Conselho nas questões do âmbito da Política Externa e de Segurança Comum,

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contribuindo nomeadamente para a formu­lação, elaboração e execução das decisões políticas. A pedido da Presidência, actua em nome do Conselho, conduzindo o diálogo político com terceiros.

Esta nova função implica uma reorgani­zação das tarefas no âmbito do Conselho, passando a gestão administrativa do Secre-tariado-Geral a incumbir ao secretário--geral adjunto. Em contrapartida, não impe­de o Conselho de nomear, sempre que con­sidere necessário, um representante espe­cial ao qual pode ser conferido um manda­to abrangendo questões políticas específi­cas, a exemplo do que já aconteceu na ex--Jugoslávia.

A nível logístico, o alto-representante bene­ficia do apoio de uma unidade de planea­mento da política e de alerta rápido criada no Secretariado-Geral do Conselho e colo­cada sob a sua responsabilidade.

A unidade de planeamento da política e de alerta rápido

A coerência da Política Externa e de Segu­rança Comum depende da reacção dos Estados-Membros face aos desenvolvi­mentos internacionais. Efectivamente, os ensinamentos do passado demonstram que uma reacção descoordenada contribui para enfraquecer a posição da União Europeia e dos seus Estados-Membros a nível interna­cional. Paralelamente, uma análise conjun­ta dos desafios internacionais e das suas implicações, bem como um inventário comum das informações, deverão contri­buir para uma reacção eficaz da União face aos acontecimentos internacionais.

Nesta perspectiva, numa declaração anexa ao Tratado de Amesterdão, a Conferência acordou na criação de uma Unidade de Planeamento de Política e de Alerta Pre­

coce no Secretariado-Geral do Conselho, sob a autoridade do alto-representante para a PESC. Constituída por especialistas provenientes do Secretariado-Geral do Conselho, dos Estados-Membros, da Comissão e da União da Europa Ocidental (UEO), as suas atribuições incluem, nomeadamente:

• acompanhar e analisar a evolução da situação nos domínios abrangidos pela PESC;

• avaliar os interesses da União em maté­ria de política externa e de segurança e inventariar os domínios sobre os quais a PESC poderá incidir no futuro;

• identificar atempadamente aconteci­mentos, potenciais crises políticas ou situações que possam ter implicações significativas na política externa e de segurança da União;

• elaborar, sob a responsabilidade da Pre­sidência, a pedido do Conselho ou da Presidência ou por iniciativa própria, documentos que apresentem, de forma fundamentada, opções no que respeita à política a seguir pelo Conselho.

As «missões de Petersberg», a segurança e a União da Europa Ocidental

As «missões de Petersberg» foram integra­das no título V do Tratado da União Euro­peia. Esta medida representa um importante passo em frente numa época em que a ame­aça de conflitos em grande escala diminuiu nitidamente (em relação ao período de «guer­ra fria»), mas em que se assiste a uma recru­descência de conflitos locais que represen­tam verdadeiras ameaças à segurança euro­peia (o conflito na ex-Jugoslávia, por exem­plo). Neste contexto, as «missões de Peters­berg» constituem certamente uma resposta

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adequada da União, traduzindo a vontade comum dos Estados-Membros de assegurar a segurança na Europa através de operações tais como missões humanitárias ou de resta­belecimento da paz.

A nível da segurança, o novo artigo 17.° (antigo artigo J.7) do Tratado da União Europeia abre igualmente duas perspecti­vas, ainda que longínquas:

• uma defesa comum;

• a integração da União da Europa Ocidental (UEO) na União Europeia.

Concretamente, o novo texto prevê que a PESC abranja todas as questões relaciona­das com a segurança da União, incluindo a definição gradual de uma política de defesa comum que poderá conduzir a uma defesa comum se o Conselho Europeu adoptar uma decisão nesse sentido. Uma fórmula similar contempla a aproximação UE-UEO, pre­vendo que a União incentive o estabeleci­mento de relações institucionais mais estrei­tas entre as duas organizações na perspecti­va da eventual integração da UEO na União, se o Conselho Europeu adoptar uma decisão nesse sentido.

Financiamento das despesas operacio­nais relacionadas com a PESC

O Tratado da União Europeia previa que as despesas operacionais decorrentes da PESC ficassem a cargo, quer do orçamento comuni­tário, quer dos Estados-Membros, segundo uma chave de repartição a determinar. Este procedimento «caso a caso» suscitou diversas críticas, nomeadamente da Comissão, no que se refere ao seu carácter complexo e ineficaz.

O Tratado de Amesterdão corrige esta situação, colocando as despesas operacionais da PESC a cargo do orçamento das Comuni­dades Europeias, com excepção das despesas operacionais relativas às acções que tenham implicações no domínio militar ou da defesa e nos casos em que o Conselho, deliberando por unanimidade, decida em contrário. Nes­te último caso, está igualmente previsto que um Estado-Membro que tenha feito uma declaração formal na sequência de uma abs­tenção não seja obrigado a contribuir para o financiamento da operação em causa.

Sempre que as despesas fiquem a cargo dos Estados-Membros, a repartição faz-se segundo uma chave baseada no produto nacional bruto, salvo decisão em contrário do Conselho.

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UMA POLITICA EXTERNA EFICAZ E COERENTE

Política comercial comum

Introdução

No âmbito da Comunidade Europeia, os Estados-Membros criaram uma união adua­neira que prevê um regime de importação comum para as importações provenientes de países terceiros. A política comercial comum da Comunidade assenta, pois, numa pauta aduaneira comum que se aplica de for­ma uniforme a todos os Estados-Membros.

Na época em que foi assinado o Tratado de Roma, a economia e o comércio externo da Comunidade estavam essencialmente orien­tados para a produção e o comércio de pro­dutos industriais. Esta situação alterou-se profundamente e hoje em dia o sector dos serviços constitui o principal empregador na União Europeia, sendo responsável por uma parte significativa das suas trocas comer­ciais internacionais. Esta evolução explica--se, designadamente, pela forte concorrên­cia exercida pelos novos países industriali­zados nos sectores tradicionais, bem como pelas mutações económicas decorrentes da introdução das novas tecnologias da infor­mação e da comunicação.

A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), na sequência das nego­ciações do Uruguay Round, no âmbito do GATT, ilustra claramente esta evolução. Com efeito, a fim de acompanhar a evolução da natureza das trocas comerciais, a OMC engloba numa mesma estrutura as nego­ciações comerciais relativas a produtos

(GATT), a serviços (GATS) e à propriedade intelectual (TRIPS).

Perante a nova dinâmica do comércio inter­nacional, a União Europeia tem de desen­volver rapidamente os seus instrumentos comerciais, se pretender manter o seu papel--chave nas relações comerciais a nível mun­dial. Neste contexto, o âmbito de aplicação do artigo 113.° (artigo 133.° na nova nume­ração) permanece vago e enquanto não tiver em conta a globalização das negociações comerciais, a União Europeia estará a colo­car-se numa posição difícil face aos seus parceiros comerciais.

O Tratado de Amesterdão procura clarificar a situação, proporcionando à União os meios para tornar a política comercial comum extensiva, sempre que adequado, aos serviços e aos direitos de propriedade intelectual.

Historial

O Tratado de Roma tinha como objectivo a criação de um mercado comum entre os Estados-Membros da Comunidade, no inte­rior do qual fosse assegurada a livre circu­lação de mercadorias, de pessoas, de ser­viços e de capitais. Para a sua concretização, o Tratado previa um período de transição de doze anos. até 31 de Dezembro de 1969. A necessidade de assegurar a coerência global exigia que a liberalização a nível interno

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acompanhasse os esforços de liberalização envidados a nível externo, razão pela qual a política comercial comum constitui uma competência exclusiva da Comunidade des­de o final do período de transição.

Até 1970, a coordenação das respectivas relações comerciais com os países terceiros incumbia aos Estados-Membros. No entan­to, esta situação não impediu a Comunidade de concluir acordos bilaterais (com Israel, em 1964, por exemplo) e de participar, enquanto tal, nas negociações do Kennedy Round realizadas entre 1963 e 1967.

Progressivamente, a expansão do comércio internacional fez com que a política comer­cial comum se tornasse uma das políticas mais importantes da Comunidade. Paralela­mente, os alargamentos sucessivos da Comunidade e a consolidação do mercado comum reforçaram a posição da Comunida­de enquanto pólo de atracção e de influência em matéria de negociações comerciais, tan­to a nível bilateral, com países terceiros, como multilateral, no âmbito do GATT. Assim, a União Europeia desenvolveu pro­gressivamente uma densa rede de relações comerciais à escala mundial, sendo presen­temente o principal protagonista no comér­cio internacional, à frente dos Estados Uni­dos e do Japão.

Desde 1 de Janeiro de 1970, as decisões em matéria de política comercial comum são adoptadas no Conselho por maioria qualifi­cada. O âmbito de aplicação do artigo 113.° foi interpretado em sentido lato pelo Tribu­nal de Justiça, que em 1978 precisou, nomeadamente, que a enumeração cons­tante do n.° 1 do artigo 113.° não era exaus­tiva (esta disposição menciona as alte­rações pautais, a celebração de acordos pautais e comerciais, a uniformização das medidas de liberalização, a política de

exportação e as medidas de defesa comer­cial). O Tribunal considerou igualmente que a política comercial perderia progressi­vamente todo o significado se se limitasse aos instrumentos tradicionais que regem o comércio externo. Todavia, o Tribunal con­siderou, em 1994, que as negociações comerciais em matéria de serviços e de propriedade intelectual não podiam basear--se no artigo 113.°, não sendo, por conse­guinte, da competência exclusiva da Comunidade. O Tribunal sublinhou, contu­do, a necessidade de uma estreita coope­ração entre a Comissão e os Estados-Mem­bros, tendo, a este propósito, recomendado a adopção de um código de conduta.

O novo artigo 133.° do Tratado que institui a Comunidade Europeia

Foi aditado um novo número ao artigo 133.° (antigo artigo 113.°). Em conformidade com este novo número, o Conselho, após consulta do Parlamento Europeu, pode alar­gar o âmbito de aplicação do artigo 133.° às negociações e acordos internacionais refe­rentes aos sectores dos serviços e aos direi­tos de propriedade intelectual, na medida em que estes domínios não sejam abrangi­dos pelo âmbito de aplicação da política comercial comum.

O aditamento deste número permitirá à União evitar um debate que implica uma alteração do Tratado (que só será possível após uma conferência intergovernamental e a ratificação por cada Estado-Membro) caso se decida alargar o âmbito do processo tra­dicional de negociação comercial.

Concretamente, os membros do Conselho podem tomar por unanimidade uma decisão no sentido de alargar as competências comerciais da Comunidade.

Uma política externa eficaz e coerente

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

O Parlamento Europeu

Introdução

O futuro alargamento da União Europeia à Europa Central e Oriental exige uma revisão do funcionamento das instituições euro­peias. Com efeito, a estrutura actual é o legado de uma organização que estava pre­vista para seis Estados-Membros e que, ape­sar de ter sofrido ajustamentos para tomar em consideração a adesão de novos Estados--Membros, funciona ainda com base nos mesmos princípios institucionais.

A Conferência Intergovernamental que ela­borou o Tratado de Amesterdão desejava simultaneamente melhorar a legitimidade democrática das instituições europeias e reforçar a eficácia do aparelho institucional em antecipação do alargamento. O aumento do protagonismo do Parlamento na sequên­cia da entrada em vigor do Tratado de Ames­terdão permite responderão primeiro objec­tivo. Contudo, será necessária uma outra conferência intergovernamental para prepa­rar as instituições para a adesão de novos membros, conforme previsto no protocolo que ficará anexado aos Tratados.

O Parlamento Europeu vê os seus poderes aumentados no processo de decisão da União Europeia. Com efeito, o número de procedimentos legislativos foi reduzido e o seu funcionamento simplificado. O novo Tratado prevê o quase desaparecimento do procedimento de cooperação e um alarga­mento importante do procedimento de co-

-decisão, o que coloca o Parlamento Euro­peu numa situação de verdadeiro co-legisla-dor juntamente com o Conselho.

Procedimento de co-decisão

Alargamento da co-decisão

O âmbito do procedimento de co-decisão é alargado de forma significativa. Nas maté­rias às quais é aplicável a maioria qualifica­da, assim como naquelas que aparecem pela primeira vez no novo Tratado, o procedi­mento de co-decisão entre o Parlamento Europeu e o Conselho passa a constituir a regra geral (salvo, designadamente, no domínio da agricultura, relativamente ao qual o Conselho decide por maioria qualifi­cada, mas para o qual apenas é necessária a consulta ao Parlamento). A co-decisão apli­ca-se ainda a determinadas matérias decidi­das por unanimidade no Conselho. O proce­dimento de cooperação passa a ser aplicado apenas a algumas decisões no âmbito da União Económica e Monetária.

Mais precisamente, o procedimento de co--decisão é alargado às seguintes matérias do Tratado que institui a Comunidade Europeia (os artigos indicados entre parênteses correspondem à nova numeração):

• proibição de toda e qualquer discrimi­nação em razão da nacionalidade (arti­go 12.°);

As questões institucionais

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liberdade de circulação e de permanên­cia dos cidadãos europeus no território da União Europeia (n.° 18, segundo parágrafo);

segurança social dos trabalhadores migrantes (artigo 42.°);

direito de estabelecimento para os cidadãos estrangeiros (n.° 46, segundo parágrafo);

regime das profissões (artigos 47.°, segundo parágrafo);

execução da política dos transportes (artigos 71.° e 80.°);

medidas de encorajamento em matéria de emprego (artigo 129.°);

determinadas disposições decorrentes do «acordo social», integradas no Tra­tado que institui a União Europeia graças ao Tratado de Amesterdão;

cooperação aduaneira (artigo 135.°);

medidas de encorajamento para lutar contra a exclusão social (n.° 2 do arti­go 137.°);

igualdade de oportunidades e de trata­mento (artigo 141.°);

decisões de aplicação do Fundo Social (artigo 148.°);

formação profissional (n.° 4 do arti­go 150.°);

saúde pública (artigo 152.°);

certas disposições relativas às redes transeuropeias (artigo 156.°);

decisões de aplicação relativas ao Fun­do Europeu de Desenvolvimento Regional (artigo 162.°);

investigação (artigo 172.°);

ambiente (n.° 1 do artigo 175.°);

cooperação para o desenvolvimento (artigo 179.°);

transparência (artigo 255.°);

luta contra a fraude (artigo 280.°);

estatística (artigo 285.°);

criação de uma autoridade consultiva em matéria de protecção dos dados (artigo 286.°).

Simplificação do procedimento de co-decisão

O procedimento introduzido pelo Tratado de Maastricht comportava até três leituras do Conselho em caso de desacordo entre este e o Parlamento Europeu. Se, após a segunda leitura de um acto proposto, o Par­lamento e o Conselho não chegavam a acor­do, o Conselho podia confirmar a sua posição comum em terceira leitura. O texto era então adoptado, salvo se o Parlamento o rejeitasse por maioria absoluta dos seus membros. Dada a dificuldade do Parlamen­to em obter uma maioria absoluta, o Con­selho assumia, assim, um papel preponde­rante no processo legislativo.

O Tratado de Amesterdão suprimiu a possi­bilidade de recurso a uma terceira leitura no âmbito do Conselho. O procedimento fica assim encurtado e, em caso de fracasso na conciliação entre as duas instituições, o tex­to proposto é rejeitado. O Parlamento passa a desempenhar um verdadeiro papel de co-legislador, devendo o Conselho chegar a um compromisso para que o texto possa ser adoptado.

Além disso, uma declaração adoptada pela Conferência Intergovernamental convida as diferentes instituições em questão (Parla­mento, Conselho e Comissão) a respeitar os prazos estipulados no artigo 251.° (antigo artigo 189.°-B): o prazo efectivo que medeia entre a segunda leitura do Parlamento e o resultado dos trabalhos do Comité de Con­ciliação não deve ultrapassar nove meses.

As questões institucionais

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Futura organização do Parlamento Europeu

O Tratado de Amesterdão estabelece a dimensão máxima do Parlamento Europeu. O número dos seus deputados não poderá ultrapassar 700, mesmo após o alargamento da União Europeia aos países da Europa Central e Oriental.

O Parlamento Europeu apresentará propos­tas tendo em vista um sistema eleitoral por sufrágio universal directo, seguindo um pro­cedimento uniforme em todos os Estados--Membros ou em conformidade com princí­pios comuns.

De acordo com o Conselho, deliberando por unanimidade, e após parecer da Comissão, o Parlamento estabelecerá um estatuto para os seus membros.

O papel do Parlamento Europeu no proces­so de nomeação dos membros da Comissão

é reforçado. O procedimento de investidura introduzido pelo Tratado de Maastricht é modificado. O Parlamento deve aprovar, numa fase inicial, a escolha dos Estados--Membros para o Presidente da Comissão e, seguidamente, investir o conjunto dos mem­bros da futura Comissão designados de comum acordo pelos Estados-Membros e pelo Presidente.

É anexado aos diferentes Tratados um pro­tocolo relativo às sedes das instituições. O mesmo confirma o acordo concluído aquan-, do do Conselho Europeu de Edimburgo (Dezembro de 1992) e indica que o Parla­mento Europeu tem a sua sede «em Estras­burgo onde se realizam as doze sessões ple­nárias mensais, incluindo a sessão orçamen­tal». Os períodos de sessões plenárias adi­cionais, assim como as reuniões das dife­rentes comissões parlamentares realizam-se em Bruxelas. «O Secretariado-Geral do Par­lamento e os seus serviços continuam insta­lados no Luxemburgo».

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

O Conselho da União Europeia

Introdução

Foi anexado ao Tratado de Amesterdão e aos Tratados que instituem as Comunida­des Europeias um protocolo sobre as insti­tuições na perspectiva do alargamento. Esse protocolo fixa certas condições insti­tucionais que deverão estar preenchidas aquando do próximo alargamento e prevê a convocação de uma nova Conferência Intergovernamental antes de a União Euro­peia passar a contar com mais de 20 Estados-Membros. Com efeito, a estrutura actual é a herança de uma organização pre­vista inicialmente para seis Estados-Mem­bros e, embora tenha sido objecto de alguns ajustamentos, resultantes da adesão de novos Estados-Membros, ela funciona ain­da hoje com base nos mesmos princípios institucionais.

Neste contexto, o Conselho é confrontado principalmente com duas questões:

• a ponderação dos votos dos represen­tantes dos Estados-Membros;

• o alcance da votação por maioria quali­ficada.

O protocolo sobre as instituições integra, num enquadramento comum, as questões da ponderação dos votos no Conselho e da dimensão da Comissão, estando subjacente a intenção de rever o sistema comunitário a fim de que o peso relativo dos países de pequena e média dimensão não venha a ser

desproporcionado em relação ao volume da sua população.

Esta ponderação reveste-se de particular importância dada a extensão da tomada de decisão por maioria qualificada. Com efei­to, a maioria qualificada aplica-se à maior parte das novas disposições introduzidas pelo Tratado de Amesterdão. Paralelamente, o recurso à maioria qualificada é alargado a certas disposições já existentes.

Por outro lado, o Secretariado-Geral do Conselho é chamado a desempenhar um papel específico no âmbito da Política Externa e de Segurança Comum.

Esta ponderação reveste-se de particular importância dada a extensão da tomada de decisão por maioria qualificada. Com efei­to, está previsto que a maioria qualificada se aplique à maior parte das novas disposições que irão ser introduzidas nos Tratados, a partir da entrada em vigor do Tratado de Amesterdão. Paralelamente, o recurso à maioria qualificada alargar-se-á a certas dis­posições já existentes.

A nova ponderação dos votos e a dupla maioria

A nova ponderação dos votos ou a instau­ração de uma dupla maioria constituem opções que os Estados-Membros deverão escolher antes do próximo alargamento da União Europeia.

As questões institucionais

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A nova ponderação pressupõe que a pro­porção de votos atribuída aos grandes Esta­dos seja aumentada em relação ao valor atri­buído aos pequenos Estados. Em contrapar­tida, a dupla maioria não irá modificar, em princípio, a actual ponderação, embora se preveja que, para ser adoptada pelo Conse­lho, uma decisão deva não só recolher um número de votos que constitua uma maioria qualificada, como também corresponder a um limiar da população da União Europeia, a determinar.

O protocolo sobre as instituições liga estas questões, relacionadas com o Conselho, à reforma da Comissão. Concretamente, o protocolo prevê que, na data do primeiro alargamento, a Comissão será composta por um nacional de cada um dos Estados-Mem-bros, desde que, nessa data, a ponderação no seio do Conselho tenha sido modificada, quer por uma nova ponderação dos votos, quer por uma dupla maioria, de um modo aceitável para todos os Estados-Membros.

A extensão da votação por maioria qualificada

O campo de aplicação da maioria qualifica­da foi alargado às disposições seguintes do Tratado que institui a Comunidade Europeia (os artigos indicados entre parênteses correspondem à nova numeração):

• coordenação das disposições legislati­vas, regulamentares e administrativas que prevêem um regime especial para os nacionais de países estrangeiros (direito de estabelecimento, artigo 46.°, n.°2);

• adopção e eventual adaptação do pro-grama-quadro em matéria de investi­gação (artigo 166.°-I);

• criação de empresas comuns em matéria de investigação e desenvolvimento tec­nológico (artigos 171.°-N e 172.°-0).

A votação por maioria qualificada aplica-se igualmente às seguintes novas disposições introduzidas no Tratado que institui a Comunidade Europeia:

• elaboração das linhas directrizes em matéria de emprego (artigo 128.°);

• adopção das acções de encorajamento em matéria de emprego (artigo 129.°);

• adopção de medidas que apontem para o reforço da cooperação aduaneira entre os Estados-Membros e entre estes e a Comissão (artigo 135.°);

• luta contra a exclusão social (n.° 2 do artigo 137.°);

• adopção de medidas que visem garantir a igualdade de oportunidades e de tra­tamento entre homens e mulheres (n.° 3 do artigo 141.°);

• promoção da saúde pública (n.° 4 do artigo 152.°);

• definição dos princípios gerais que regem o direito de acesso aos docu­mentos do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão (arti­go 255.°);

• luta contra a fraude lesiva dos interes­ses financeiros da Comunidade (artigo 280.°);

• adopção de medidas no sentido do esta­belecimento de sistemas estatísticos (artigo 285.°);

• criação de um órgão independente de controlo em matéria de tratamento dos dados de natureza pessoal (artigo 286.°);

• definição das condições de aplicação às regiões ultraperiféricas do Tratado que institui a Comunidade Europeia (n.° 2 do artigo 299.°).

Também se passa a recorrer à votação por maioria qualificada no âmbito da Política Externa e de Segurança Comum (PESC) em

As questões institucionais

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dois casos (título V do Tratado da União Europeia):

• para a adopção de decisões de aplicação de uma estratégia comum definida pelo Conselho Europeu;

• para qualquer decisão que ponha em prática uma acção comum ou uma posição comum anteriormente adopta­da pelo Conselho.

O Secretariado-Geral

O Secretário-Geral do Conselho ocupa doravante a função de alto-representante

para a PESC, sendo a gestão do Secretaria­do-Geral assegurada por um secretário--geral adjunto. Ambos são nomeados pelo Conselho, o qual deliberará por unanimi­dade.

O alto-representante para a PESC presta assistência à presidência e ao Conselho, contribuindo, em especial, para a formu­lação, elaboração e aplicação das decisões de natureza política. Exerce, também, funções de representação e beneficia do apoio de uma unidade de planeamento da política e de alerta rápido, a funcionar sob a sua responsabilidade.

As questões institucionais

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

A Comissão Europeia

Introdução

Foi anexado ao Tratado da União Europeia e aos Tratados que instituem as Comunidades Europeias um protocolo sobre as insti­tuições na perspectiva do alargamento. Esse protocolo define certas condições institucio­nais que deverão estar preenchidas aquando do próximo alargamento e prevê a convo­cação de uma nova Conferência Intergover­namental antes de a União Europeia passar a contar com mais de 20 Estados-Mem-bros. Com efeito, a estrutura actual é a herança de uma organização prevista ini­cialmente para seis Estados-Membros, e embora tenha sido objecto de alguns ajusta­mentos, resultantes da adesão de novos Estados-Membros, ela funciona ainda hoje com base nos mesmos princípios institucio­nais.

Neste contexto, a Comissão Europeia é con­frontada com várias questões que dizem especialmente respeito à sua composição, ao papel do seu presidente e à sua legitimi­dade democrática. O Tratado de Amesterdão procura ir ao encontro dessas questões, pro­curando reforçar e tornar mais eficaz uma instituição cuja função é representar, com toda a independência, o interesse geral da União.

O novo Tratado modifica o procedimento investidura da Comissão, com vista a con­solidar a legitimidade da Comissão na via traçada pelo Tratado de Maastricht. No que

se refere à dimensão óptima da Comissão, o protocolo sobre as instituições relaciona esta questão com a nova ponderação dos votos no Conselho.

Além disso, através de uma declaração ane­xa ao acto final, a Conferência Intergover­namental convidou a Comissão a apresentar ao Conselho, antes do final de 1998, uma proposta que modifique as modalidades do exercício das competências de execução conferidas à Comissão (Comitologia).

Composição

A composição da Comissão está estreita­mente ligada à questão da colegialidade.

A colegialidade designa um aspecto parti­cular da estrutura da Comissão em virtude do qual as posições expressas pela Comissão reflectem os pontos de vista do colégio, no seu todo, e não os dos seus mem­bros, em particular. No contexto do alarga­mento receia-se que uma subida significati­va do número de comissários possa levar a uma nacionalização da sua função em detri­mento da colegialidade. Inversamente, a limitação do número de comissários é tam­bém uma opção vulnerável, visto que impli­caria que certas nacionalidades não estives­sem representadas no Colégio.

Face a este problema, o protocolo sobre as instituições prevê que, aquando das próxi-

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mas adesões à União Europeia, a Comissão seja composta por um só comissário de cada nacionalidade, desde que a ponderação dos votos no seio do Conselho tenha sido modi­ficada de um modo aceitável para todos os Estados-Membros. Pretende-se, assim, rever a escala das ponderações a fim de que o peso relativo dos países de pequena e média dimensão não seja desproporcionado em relação à dimensão da sua população.

Presidência

O presidente da Comissão tem como função assegurar a unidade e a eficácia do Colégio. Neste sentido, o Tratado de Amesterdão pro­cura reforçar a posição do presidente no exercício das suas funções.

A modificação do artigo 214.° (antigo arti­go 158.°) reforça a legitimidade do presi­dente, submetendo a sua nomeação à apro­vação do Parlamento Europeu. Por outro lado, prevê-se que os membros da Comissão sejam nomeados de comum acordo e dei­xem de o ser apenas por consulta com o pre­sidente. O novo artigo 219.° (antigo artigo 163.°) contribui também para uma maior coordenação entre os membros do Colégio, dado que prevê que a Comissão «actuará sob a orientação política do seu Presidente».

A Declaração n.° 32 anexa ao Tratado de Amesterdão vai igualmente no sentido de uma consolidação do papel do presidente,

pressupondo que o mesmo deva dispor de um grande poder discricionário na atri­buição das tarefas no seio do colégio, assim como em todas as modificações operadas nessas tarefas durante o mandato. Paralela­mente, esta declaração tem em conta a intenção da Comissão de proceder a uma reorganização destes serviços e formula o desejo de que as relações externas, por moti­vos de coerência, passem a estar na dependência de um vice-presidente.

Capacidade de iniciativa

A capacidade de iniciativa da Comissão foi alargada de três formas:

• introdução de novas disposições no Tratado que institui a Comunidade Europeia (emprego, social, etc);

• comunitarização de questões anterior­mente sujeitas aos procedimentos do título VI do Tratado da União Europeia (asilo, imigração, cooperação judiciária em matéria civil), implicando o mono­pólio da iniciativa da Comissão após um período transitório de cinco anos durante o qual o direito de iniciativa será partilhado com os Estados-Mem­bros;

• obtenção de um direito de iniciativa integral, partilhado com os Estados--Membros, nos domínios abrangidos pelo novo terceiro pilar (cooperação policial e judiciária em matéria penal).

As questões institucionais

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

O Tribunal de Justiça

Introdução

A consolidação da legitimidade democráti­ca das instituições europeias é uma das apostas fundamentais da reforma da União Europeia. Neste contexto, o Tribunal de Jus­tiça assume grande importância, uma vez que assegura o respeito do direito na inter­pretação e aplicação dos Tratados, condição essencial para o funcionamento democráti­co da União Europeia.

O Tratado de Amesterdão alargou as prerro­gativas do Tribunal que passa a poder inter­vir em domínios que, até agora, estavam fora do alcance da sua competência, mas onde a necessidade de protecção dos direi­tos individuais é muito acentuada:

• os direitos fundamentais; • o asilo, a imigração, a livre circulação

de pessoas e a cooperação judiciária civil;

• a cooperação policial e judiciária em matéria penal.

Direitos fundamentais

O artigo 46.° (antigo artigo L) do Tratado da União Europeia foi modificado a fim de que as disposições relativas à competência do Tribunal de Justiça sejam extensivas ao n.° 2 do artigo 6.° (antigo artigo F) do Tra­tado da União Europeia no que se refere à acção das instituições europeias.

Recorde-se que o artigo 6.° proclama o res­peito, por parte da União, dos direitos fun-' damentais, nos termos em que os mesmos são garantidos pela Convenção Europeia dos Direitos do Homem. A reforma é impor­tante porque confere ao Tribunal competên­cia formal para se pronunciar sobre a apli­cação desta Convenção, por parte das insti­tuições comunitárias, o que deverá incitar o Tribunal a uma grande vigilância.

Asilo, imigração, livre circulação de pessoas e cooperação judiciária em matéria civil

Foi introduzido no Tratado que institui a Comunidade Europeia um novo título designado por «Vistos, asilo, imigração e outras políticas relativas à livre circulação de pessoas». O Tratado que institui a Comu­nidade Europeia contemplava já disposições relativas aos vistos (o antigo artigo 100.°-C foi revogado), portanto, a grande reforma refere-se, antes de mais, à comunitarização das questões relacionadas com o asilo, a imigração, a livre circulação de pessoas e a cooperação judiciária em matéria civil.

O Tribunal é doravante competente nas cir­cunstâncias seguintes, previstas pelo artigo 68.°:

• um órgão jurisdicional nacional de últi­ma instância pode requerer ao Tribunal que se pronuncie sobre uma questão de

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interpretação ou sobre a validade e a interpretação de actos das instituições, com base no título em causa, se for con­siderada necessária uma decisão do Tri­bunal para que o dito órgão jurisdicio­nal possa emitir o seu parecer;

• o Conselho, a Comissão ou qualquer Estado-Membro podem solicitar ao Tri­bunal que se pronuncie sobre uma questão de interpretação do título em causa ou de actos adoptados com base no mesmo.

Cooperação policial e judiciária em matéria penal

O título VI do Tratado da União Europeia passou a designar-se «Disposições relativas à cooperação policial e judiciária em maté­ria penal».

O artigo 35.° (antigo artigo K..7) prevê dois limites à competência do Tribunal para deli­berar sobre questões relativas ao título VI:

• a decisão a título prejudicial só vincula os Estados-Membros que tiverem acei­te a competência do Tribunal através de uma declaração (n.° 2);

• um recurso de anulação só poderá ser interposto pelos Estados-Membros ou pela Comissão (n.° 6).

Por outro lado, o Tribunal é competente para deliberar sobre qualquer diferendo entre Estados-Membros no que respeita à inter­pretação ou aplicação dos actos adoptados, assim como sobre qualquer diferendo entre a Comissão e os Estados-Membros relativa­mente à interpretação ou aplicação de con­venções adoptadas no âmbito do terceiro pilar.

As questões institucionais

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

O Tribunal de Contas

O Tribunal de Contas verá reforçado o seu papel enquanto instituição comunitária, através:

• de uma menção no artigo 5.° (antigo artigo E) do Tratado da União Euro­peia;

• da possibilidade de recorrer ao Tribunal de Justiça para defender as suas prerro­gativas, tal como previsto no artigo 230.° (antigo artigo 173.°) do Tratado que institui a Comunidade Europeia.

Os seus poderes de controlo e de investi­gação foram alargados de modo a que possa lutar mais eficazmente contra a fraude lesi­va do orçamento comunitário. O Tribunal deve assinalar ao Parlamento Europeu e ao Conselho qualquer irregularidade detectada nas receitas e nas despesas comunitárias. Para tanto, o seu poder de controlo será alar­gado aos fundos comunitários geridos pelos organismos externos, incluindo o Banco Europeu de Investimento (BEI).

No exercício das suas funções, o Tribunal de Contas pode solicitar a comunicação de documentos ou informações «pelas outras instituições comunitárias, pelos organismos que efectuem a gestão de receitas ou despe­sas em nome da Comunidade, pelas pessoas singulares ou colectivas beneficiárias de pagamentos provenientes do orçamento» (n.° 3 do artigo 248.°).

O Tribunal de Contas, o Comité Económico e Social, o Comité das Regiões No que diz respeito ao BEI, o Tribunal de Contas tem acesso às informações necessá-1

rias, de modo a controlar as receitas e as des­pesas comunitárias geridas pelo BEI, nos termos de um acordo concluído entre o Tri­bunal de Contas, o Banco e a Comissão (este acordo existia já de facto e uma declaração convida as três instituições a mantê-lo).

Além deste consequente alargamento dos poderes de controlo do Tribunal de Contas, o artigo 248.° (antigo artigo 188.°-C) insiste na boa cooperação entre o Tribunal de Con­tas e as instituições nacionais de controlo.

Além disso, a declaração de garantia relati­va à fiabilidade das contas assim como à legalidade e à regularidade das operações subjacentes deve ser publicada no Jornal Oficial das Comunidades Europeias.

O Comité Económico e Social

O Comité Económico e Social é obrigato­riamente consultado sobre um maior núme­ro de assuntos. Os novos domínios do Trata­do que institui a Comunidade Europeia, relativamente aos quais é exigida a consulta prévia do Comité Económico e Social, são:

• directrizes e acções de encorajamento ao emprego (artigos 128.° e 129.°);

• legislação em matéria social, decorren­te do acordo social (artigos 136.° a 143.°);

As questões institucionais

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• aplicação do princípio da igualdade de oportunidades (artigo 141.°);

• saúde pública (artigo 152.°).

O Comité Económico e Social pode ainda ser consultado pelo Parlamento Europeu se este o julgar oportuno.

No plano administrativo, o Comité Económi­co e Social passa a dispor de uma estrutura organizacional autónoma, paralela ao Comi­té das Regiões. Com efeito, o protocolo ane­xado ao Tratado que institui a Comunidade Europeia e que trata da organização comum destas duas organizações foi revogado.

o ambiente (artigo 175.°);

o Fundo Social (artigo 148.°);

a formação profissional (artigo 150.°);

a cooperação transfronteiras (artigo 265.°, primeiro parágrafo);

os transportes (artigos 71.° e 80.°).

Além disso, pode ser consultado pelo Parla­mento Europeu a propósito de outras maté­rias.

O Comité das Regiões

O Comité das Regiões é obrigatoriamente consultado nos seguintes domínios suple­mentares:

• os domínios já referidos para o Comité Económico e Social;

No plano administrativo, o Comité das Regiões adquire a sua autonomia do mesmo modo que o Comité Económico e Social. Pode também definir o seu regulamento interno sem a aprovação unânime do Con­selho, ao contrário do que acontecia ante­riormente.

As questões institucionais

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

Os parlamentos nacionais

Introdução

Desde 1989, deputados dos parlamentos nacionais, bem como do Parlamento Euro­peu, reúnem-se semestralmente no âmbito de uma Conferência dos Órgãos Parlamen­tares Especializados em Assuntos Europeus (COSAC), tendo essencialmente como objectivo o intercâmbio de informações.

Na sequência da entrada em vigor do Trata­do de Maastricht, as competências das insti­tuições europeias foram alargadas a domí­nios que tradicionalmente eram da com­petência nacional, como é o caso dos domí­nios da Justiça e Assuntos Internos. Além disso, passou a ser importante que os parla­mentos nacionais recebam a melhor infor­mação, o mais rapidamente possível, de for­ma a terem uma maior participação (e, atra­vés deles, os cidadãos da União Europeia) no processo de decisão comunitária e a poderem exercer um melhor controlo dos representantes do seu país no Conselho.

Dada a diversidade das situações nacionais, os Estados-Membros sentiram necessidade de definir princípios comuns em matéria de informação e da contribuição dos parlamen­tos nacionais. Nesse sentido, foi anexado aos Tratados fundadores um protocolo rela­tivo ao papel dos parlamentos nacionais.

O controlo parlamentar dos governos nacio­nais é realizado de acordo com a prática constitucional própria de cada Estado-Mem-

bro. No entanto, foi considerado importante encorajar a participação dos parlamentos nacionais nas actividades da União Europeia e reforçar a sua capacidade de exprimir o seu ponto de vista relativamente às questões sus­ceptíveis de os interessar.

Informação aos parlamentos nacionais dos Estados-Membros

Foi estabelecida uma lista exacta dos docu­mentos que devem ser obrigatoriamente transmitidos aos deputados dos parlamentos nacionais:

• os livros brancos;

• os livros verdes;

• as comunicações;

• as propostas legislativas.

No decurso do processo de adopção de um acto legislativo ou de uma medida ao abrigo do título VI do Tratado da União Europeia (cooperação policial e judiciária em matéria penal), deverão decorrer, no mínimo, seis semanas entre o momento em que um acto ou medida propostos é colocado pela Comissão à disposição do Parlamento Euro­peu e do Conselho e a data em que o mesmo é inscrito na ordem de trabalhos do Conse­lho. Deste modo, os parlamentos nacionais dispõem de tempo suficiente para eventual­mente discutirem essa proposta, designada­mente com os respectivos governos.

As questões institucionais

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A Conferência dos Órgãos Parlamentares Especializados nos Assuntos Europeus (COSAC)

O novo protocolo reconhece ainda o papel da COSAC. Esta pode submeter qualquer contribuição que considere adequada às ins­tituições da União, designadamente com base em projectos de acto que representan­tes de governos dos Estados-Membros pos­sam decidir transmitir-lhe de comum acordo devido à natureza da questão.

A COSAC pode, em particular, examinar qualquer proposta de acto legislativo relati­va à criação de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça (em conjugação com

os direitos e as liberdades das pessoas). As suas observações são transmitidas ao Parla­mento Europeu, ao Conselho e à Comissão.

A COSAC pode igualmente dirigir a estas três instituições «todos os contributos que considere adequados sobre as actividades legislativas da União, nomeadamente no que se refere à aplicação do princípio da subsidiariedade, ao espaço de liberdade, de segurança e de justiça, bem como a questões relacionadas com direitos fundamentais».

Os parlamentos nacionais passarão a assu­mir um maior protagonismo no processo de decisão e poderão contribuir para a elabo­ração dos actos legislativos da União Euro­peia.

As questões institucionais

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

A subsidiariedade

Introdução

Aproximar a União Europeia dos seus cidadãos, zelando por que estes possam compreender e influenciar a integração europeia, foi um dos principais objectivos da Conferência Intergovernamental de revisão dos tratados. As reformas que serão introduzidas em determinadas políticas comunitárias, por exemplo, ao nível da pro­tecção dos consumidores ou do emprego, inscrevem-se precisamente nesta via.

A subsidiariedade constituiu igualmente um aspecto importante dos debates que visam dar uma melhor resposta às expectativas dos cidadãos. Tendo em vista a consolidação deste princípio, que é essencial ao bom fun­cionamento da União Europeia, foi anexado um protocolo específico ao Tratado que ins­titui a Comunidade Europeia.

O protocolo relativo ao princípio da subsidiariedade

Em Outubro de 1992, o Conselho Europeu de Birmingham reafirmou que as decisões deveriam ser tomadas o mais próximo pos­sível do cidadão em cumprimento do arti­go 5.° (antigo artigo 3.°-B). Nessa perspec­tiva, o Conselho Europeu de Edimburgo

(Dezembro de 1992) definiu uma aborda­gem global para a aplicação do princípio da subsidiariedade (princípios fundamentais, directrizes e procedimentos).

O «protocolo relativo à aplicação dos prin­cípios da subsidiariedade e da proporciona­lidade» faz uma codificação das directrizes definidas pelo Conselho Europeu de Edim­burgo e atribui-lhes um valor jurídico. Os Estados-Membros pretendem assim forma­lizar determinados aspectos relativos à sub­sidiariedade, designadamente que:

• a subsidiariedade é um conceito dinâ­mico segundo o qual o nível de acção pode variar em função das circunstân­cias;

• qualquer proposta legislativa será acompanhada de uma declaração relati­vamente ao impacto da dita proposta na aplicação do princípio da subsidiarie­dade;

• a forma da acção comunitária será tão pouco restritiva quanto o permitir a rea­lização adequada do objectivo pretendi­do (na medida do possível, será dada preferência às directivas relativamente aos regulamentos);

• a subsidiariedade não põe em causa as competências conferidas pelo Tratado à Comunidade, na interpretação que lhes é dada pelo Tribunal de Justiça.

As questões institucionais

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A condição principal para iniciar uma acção comunitária consta do segundo parágrafo do artigo 5.° do Tratado que institui a Comuni­dade Europeia: «se e na medida em que os objectivos da acção encarada não possam ser suficientemente realizados pelos Esta-dos-Membros, e possam pois, devido à dimensão ou aos efeitos da acção prevista, ser melhor alcançados ao nível comunitá­rio». O protocolo menciona três aspectos

que ajudarão a verificar se essa condição está preenchida:

• a acção contém aspectos transnacionais que não podem ser solucionados pelos Estados-Membros?

• uma acção nacional ou a ausência de acção seriam contrárias às exigências do Tratado?

• a acção comunitária traduz-se em bene­fícios óbvios?

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

A cooperação reforçada

Introdução

O futuro alargamento da União Europeia à Europa Central e Oriental exige a revisão do sistema de funcionamento das instituições europeias. Com efeito, a estrutura actual é a herança de uma organização prevista ini­cialmente para seis Estados-Membros e, embora tenha sido objecto de alguns ajusta­mentos resultantes da adesão de novos Esta­dos-Membros, funciona, ainda hoje, com base nos mesmos princípios institucionais.

O aumento do número de Estados-Membros tem como consequência uma maior diversi­dade no seio da União Europeia no plano dos objectivos, das sensibilidades e das prioridades que caracterizam cada Estado--Membro. Se, por um lado, esta diversidade constitui a riqueza da União Europeia, ela pode, por outro lado, constituir um obstácu­lo, uma vez que o ritmo da construção euro­peia é condicionado pelos Estados-Mem­bros menos rápidos.

Neste contexto, o Tratado de Amesterdão constitui uma reforma sem precedentes ao introduzir no Tratado da União Europeia o conceito de integração diferenciada. Con­cretamente, foram acrescentados ao Tratado da União Europeia três artigos (artigos 43.° a 45.°). Esses artigos permitem aos Estados--Membros, que se propõem estabelecer entre si uma cooperação reforçada, recorrer às instituições e aos procedimentos e meca­nismos previstos pelo Tratado da União

Europeia e pelo Tratado que institui a Comunidade Europeia.

A cooperação reforçada permite aos Esta­dos-Membros mais ambiciosos aprofunda­rem a cooperação entre si, deixando a porta aberta aos outros Estados-Membros que venham a participar ulteriormente.

Condições

O Tratado de Amesterdão fixa um certo número de condições gerais indispensáveis ao lançamento de uma cooperação reforça­da. Essas condições decorrem da necessida­de de se evitar que uma tal iniciativa venha a pôr em causa o funcionamento do merca­do interno. Por outras palavras, o acervo comunitário deve ser preservado. Assim, para poder ser implementada, uma coope­ração reforçada deve:

• facilitar a realização dos objectivos da União e preservar os seus interesses;

• respeitar os princípios dos Tratados e o quadro institucional único da União;

• ser utilizada apenas em última instân­cia;

• contemplar, pelo menos, uma maioria de Estados-Membros;

• não afectar nem o acervo comunitário, nem as medidas adoptadas a título das outras disposições dos Tratados;

As questões institucionais

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• não afectar as competências, os direi­tos, as obrigações e os interesses dos Estados-Membros que não participam nessa cooperação;

• estar aberta a todos os Estados-Mem­bros e permitir que os mesmos partici­pem a qualquer momento, desde que respeitem a decisão inicial, assim como as decisões tomadas em consequência.

O recurso à cooperação reforçada é possível nos domínios abrangidos pelo Tratado que institui a Comunidade Europeia, assim como na cooperação policial e judiciária em matéria penal. No âmbito da Política Exter­na e de Segurança Comum (PESC), os redactores do Tratado de Amesterdão consi­deraram que a abstenção construtiva se des­tinava já a responder às necessidades de fle­xibilidade sem que fosse necessário o recur­so à cooperação reforçada.

Dependendo do pilar em causa, uma coope­ração reforçada deve pressupor determina­das condições específicas que vêm acres­centar-se às condições gerais fixadas no arti-go43.°:

• no âmbito do primeiro pilar, a coope­ração prevista:

— não diz respeito a domínios da exclusiva competência da Comuni­dade;

— não deve afectar as políticas, acções ou programas da Comunidade;

— não tem relação com a cidadania da União e não faz discriminação entre os nacionais dos Estados-Membros;

— respeita os limites das competên­cias conferidas à Comunidade pelo Tratado;

— não constitui nem uma discrimi­nação, nem um entrave às trocas comerciais entre os Estados-Mem­bros e não provoca qualquer dis­

torção das condições de concorrên­cia entre eles.

no âmbito do terceiro pilar, a coope­ração prevista:

— deve respeitar as competências da Comunidade Europeia, assim como os objectivos fixados pelo título VI do Tratado da União Europeia;

— tem como objectivo permitir que a União se transforme rapidamente num espaço de liberdade, de segu­rança e de justiça.

Activação do processo

Foi inserido no Tratado que institui a Comu­nidade Europeia um novo artigo 11.°

No quadro da Comunidade Europeia, este novo artigo prevê que a iniciativa de uma cooperação reforçada deve emanar da Comissão Europeia na sequência de um pedido nesse sentido por parte dos Estados--Membros interessados. A Comissão é livre de apresentar uma proposta, mas, se decidir não o fazer, deve comunicar as respectivas razões aos Estados-Membros em causa.

Quando for apresentada ao Conselho uma proposta de cooperação reforçada emanada da Comissão, aquele delibera por maioria qualificada, após consulta do Parlamento Europeu.

No que respeita à cooperação policial e judi­ciária em matéria penal (terceiro pilar), o procedimento afasta-se do procedimento seguido no âmbito da Comunidade Euro­peia. Com efeito, o novo artigo 40.° do Tra­tado da União Europeia prevê que a iniciati­va de uma cooperação reforçada emane dos Estados-Membros interessados. A partir daí, a activação do processo é sujeita a uma decisão do Conselho, que deliberará por maioria qualificada. É solicitado parecer à

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Comissão e o pedido dos Estados-Membros é transmitido ao Parlamento Europeu.

Cláusula de salvaguarda

No primeiro pilar como no terceiro, o lança­mento de uma cooperação reforçada depen­de de uma decisão adoptada pelo Conselho por maioria qualificada. No entanto, cada Estado-Membro beneficia de uma cláusula de salvaguarda que lhe permite bloquear o recurso ao voto por razões importantes de política nacional.

A partir daí, o Conselho pode, deliberando por maioria qualificada, submeter a questão ao Conselho Europeu, se a decisão se inscre­ver no âmbito do terceiro pilar, ou ao Con­selho reunido a nível dos chefes de Estado ou de governo, se a decisão decorrer do primei­ro pilar. Em ambos os casos, é necessário uma decisão adoptada por unanimidade.

Face a esta eventualidade, o papel do Tribu­nal de Justiça é essencial, uma vez que pode ser chamado a pronunciar-se sobre o grau de importância das razões de política nacional invocadas por um Estado-Membro. O Tri­bunal de Justiça constitui, portanto, a garan­tia de que o recurso à cláusula de salvaguar­da não será abusivo.

que decorrer (Tratado da União Europeia ou Tratado que institui a Comunidade Europeia). Deste modo, e de acordo com as matérias em causa, as decisões são adopta­das em conformidade com os procedimen­tos que caracterizam cada domínio (unani­midade, votação por maioria qualificada, procedimentos de co-decisão ou de consul­ta, etc).

A maioria qualificada é definida com a mes­ma proporção dos votos ponderados dos membros do Conselho envolvidos que a_ fixada no artigo 205.° (antigo artigo 148.°), n.° 2, do Tratado que institui a Comunidade Europeia.

Note-se, por outro lado, que as outras insti­tuições implicadas no processo de decisão (o Parlamento Europeu e a Comissão) fun­cionam com todos os seus elementos, sem distinção entre Estados-Membros partici­pantes ou não na cooperação reforçada.

Participação ulterior de um Estado-Membro

O princípio em que o sistema assenta é o de que a participação numa cooperação reforçada está aberta a todos os Estados--Membros, incluindo aqueles que, à partida, não estão envolvidos.

Funcionamento

Na implementação de uma cooperação reforçada, o novo artigo 44.° do Tratado da União Europeia prevê que todos os mem­bros do Conselho podem participar nas deli­berações, mas que apenas os representantes dos Estados-Membros que participam nessa cooperação tomam parte no processo de adopção das decisões.

A cooperação reforçada está sujeita a todas as disposições pertinentes do Tratado de

No domínio comunitário, qualquer Esta­do-Membro que deseje juntar-se aos outros deve transmitir a sua intenção ao Conselho e à Comissão. Num prazo de três meses, a Comissão emite um parecer que apresentará ao Conselho. Um mês após ter emitido esse parecer, a Comissão delibera­rá sobre essa matéria, assim como sobre eventuais disposições específicas que jul­gue necessárias.

No que se refere ao reforço de uma coope­ração no âmbito do terceiro pilar, o procedi-

As questões institucionais

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mento afasta-se do procedimento utilizado para o primeiro pilar, embora os prazos pre­vistos sejam os mesmos. Com efeito, a Comissão pode fazer acompanhar o seu parecer de uma recomendação relativa a dis­posições específicas que entender necessá­rias para que o Estado-Membro em causa participe na referida cooperação. Em conse­quência, a decisão é tomada pelo Conselho. O pedido é aprovado, a menos que o Con­selho decida suspendê-lo por maioria quali­ficada. Nesse caso, o Conselho deve expor

os seus motivos e fixar um prazo para o ree­xame do pedido.

Financiamento

A excepção dos custos administrativos, as despesas ocasionadas por uma cooperação reforçada são da responsabilidade dos Esta-dos-Membros que nela participam, a menos que o Conselho decida noutro sentido, por unanimidade.

As questões institucionais

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AS QUESTÕES INSTITUCIONAIS

Processos de decisão

Introdução

A tomada de decisões na União Europeia caracteriza-se pela existência de vários pro­cedimentos distintos. Assim, de acordo com o domínio em questão, pode variar o papel dos intervenientes institucionais. Em regra geral, a tomada de decisões implica princi­palmente o triângulo institucional constituí­do pelo Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão, mas as instituições ou os órgãos como o Tribunal de Contas, o Banco Central Europeu, o Comité Económico e Financeiro, o Comité Económico e Social e o Comité das Regiões intervêm igualmente em certos domínios específicos. Os intervenientes agem dentro do limite das atribuições que lhes são conferidas pelos Tratados.

A descrição que se segue abrange as dispo­sições do Tratado da União Europeia e o Tra­tado que institui a Comunidade Europeia. A referida descrição está organizada tematica­mente na linha dos diferentes títulos e capítu­los dos referidos tratados. Os caracteres a negroAtálico indicam lima alteração introdu­zida pelo Tratado de Amesterdão (nova dispo­sição ou alteração de um processo de decisão).

Tratado da União Europeia

1. Direitos do Homem e liberdades fundamentais

Verificação da existência de uma violação grave e persistente dos princípios nos quais

assenta a União Europeia (n.° 1 do arti­go 7.°):

• Proposta de um terço dos Estados--Membros ou da Comissão — parecer favorável do Parlamento Europeu que represente a maioria dos membros que o compõem, bem como a maioria de dois terços dos votos expressos — Con­selho, reunido a nível dos chefes de Estado e de Governo, deliberando por unanimidade (sem tomar em conside­ração o voto do Estado-Membro em questão).

Decisão de suspender alguns dos direitos decorrentes da aplicação do Tratado ao Estado-Membro em causa (n.° 2 do arti­go 7.°):

• Conselho por maioria qualificada (sem tomar em consideração o voto do Esta­do-Membro em questão).

Revogação, ou alteração das condições, da suspensão de um Estado-Membro (n.° 3 do artigo 7.°):

• Conselho por maioria qualificada (sem tomar em consideração o voto do Esta­do-Membro em questão).

2. Política Externa e de Segurança Comum (PESC)

Adopção de estratégias comuns que especi­fiquem os objectivos, a duração e os meios a

As questões institucionais

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facultar pela União e pelos Estados-Mem-bros para as pôr em prática (artigo 13.°):

• Decisão do Conselho Europeu.

Decisões no âmbito Política Externa e de Segurança Comum (n.° 1 do artigo 23.°):

• Conselho por unanimidade (a abs­tenção de um Estado-Membro não constitui obstáculo à unanimidade).

Adopção, com base numa estratégia comum, de acções comuns e de posições comuns (n. ° 2, primeiro travessão, primei­ro parágrafo, do artigo 23.°):

• Conselho por maioria qualificada (que exprimam a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

Adopção de qualquer decisão que dê exe­cução a uma acção comum ou a uma posição comum (n.° 2, segundo travessão, primeiro parágrafo, do artigo 23.°):

• Conselho por maioria qualificada (que exprimam a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

Transmissão de uma decisão ao Conselho Europeu se um membro do Conselho decla­rar que, por importantes razões de política nacional, se opõe à adopção por maioria qualificada da referida decisão (n.° 2, segundo parágrafo, do artigo 23.°):

• Conselho por maioria qualificada (que exprimam a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

Procedimento relativo à celebração de um acordo com um ou mais Estados ou organi­zações internacionais (artigo 24.°):

• Conselho, por unanimidade, autoriza a Presidência, assistida pela Comissão, a encetar as negociações — recomen­

dação da Presidência — celebração dos acordos pelo Conselho deliberando por unanimidade.

Decisão de não imputar determinadas des­pesas ao orçamento comunitário (artigo 28.°):

• Conselho por unanimidade.

3. Cooperação policial e judiciária em matéria penal

Adopção de posições comuns, de decisões--quadro e de decisões fn.° 2, alíneas a), b) e c), do artigo 34. °J:

• iniciativa da Comissão ou de um Esta­do-Membro — Conselho por unanimi­dade.

Adopção das medidas necessárias à exe­cução de uma decisão [n.° 2, alínea c), do artigo 34.°]:

• Conselho por maioria qualificada (que exprimam a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

Adopção de uma convenção [n.° 2, alínea d), do primeiro parágrafo, do artigo 34.°, ex-K.6]:

• iniciativa da Comissão ou de um Esta­do-Membro — Conselho por unanimi­dade — ratificação pelos Estados--Membros segundo as normas constitu­cionais respectivas — entrada em vigor nos Estados-Membros que procede­ram à ratificação quando, pelo menos, metade dos Estados-Membros tenha concluído o referido procedimento.

Adopção das medidas de aplicação de uma convenção [n.° 2, alínea d), do segundo parágrafo, do artigo 34.°, ex-K.6]:

• no âmbito do Conselho por maioria de dois terços das partes contratantes.

As questões institucionais

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Instauração de uma cooperação reforçada no âmbito do título VI (n.° 2, primeiro pará­grafo, do artigo 40.°):

• pedido dos Estados-Membros em causa — consulta da Comissão — Conselho por maioria qualificada (exprimindo a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

Transmissão para o Conselho Europeu se um Estado-Membro declarar que, por importantes razões de política nacional, se opõe à concessão de uma cooperação reforçada (n.° 2, segundo parágrafo, do artigo 40.°):

• Conselho por maioria qualificada (exprimindo a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

Decisão de não imputar despesas ao orça­mento das Comunidades Europeias (arti-go41.°):

• Conselho por unanimidade:

Aplicação do Tratado que institui a Comu­nidade Europeia a certos domínios do âmbi­to do título VI do Tratado da União Europeia (a favor do título IV do Tratado que institui a Comunidade Europeia (artigo 42.°, ex--K..14):

• Iniciativa da Comissão ou de um Esta­do-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade — ratificação pelos Estados-Membros segundo as respectivas normas consti­tucionais.

4. Disposições finais

Revisão dos Tratados em que se funda a União Europeia (artigo 48.°, ex-N):

• projecto de um Estado-Membro ou da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e, quando for adequado, da

Comissão (exige-se também a consul­ta do Conselho do Banco Central Europeu quando as alterações dizem respeito ao domínio monetário) — parecer favorável do Conselho — con­vocação, pelo presidente do Conselho, de uma Conferência de representantes dos governos dos Estados-Membros com vista a adoptar, de comum acordo, as alterações a introduzir nos Tratados — ratificação pelos Estados-Membros segundo as respectivas normas consti­tucionais.

Adesão à União Europeia de um Estado europeu (artigo 49.°, ex-O):

• pedido do Estado candidato — consul­ta da Comissão — parecer favorável do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade — ratificação por todos os Estados contratantes segundo as res­pectivas normas constitucionais.

Tratado que institui a Comunidade Europeia

1. Cooperação reforçada

Autorização de instituição da cooperação reforçada (n.° 2, primeiro parágrafo, do artigo 11.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada.

Transmissão para o Conselho, reunido a nível de chefes de Estado ou de Governo, se um Estado-Membro declarar que, por importantes razões de política nacional, se opõe à instituição de uma cooperação reforçada (n.° 2, segundo parágrafo, do artigo 11.°):

• Conselho por maioria qualificada (exprimindo a votação favorável de, no mínimo, 10 membros).

As questões institucionais

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Autorização de instituição da cooperação reforçada pelo Conselho, reunido a nível de chefes de Estado e de Governo (n.° 2, segundo parágrafo, do artigo 11.°):

• Conselho por unanimidade.

2. Discriminação em razão da nacionalidade

Regulamentação com vista à proibição das referidas discriminações (artigo 12.°, ex-6.°):

• Procedimento de co-decisão.

3. Discriminação fundada no sexo, raça ou origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação sexual

Medidas necessárias tendo em vista comba­ter qualquer discriminação (artigo 13.°):

• Proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

• Procedimento de co-decisão com una­nimidade no Conselho.

Modalidades do exercício do direito de ele­ger e de ser eleito nas eleições municipais (n.° 1 do artigo 19.°, ex-8.°-B):

Proposta da Comissão Parlamento Europeu — unanimidade.

consulta do Conselho por

Modalidades do exercício do direito de ele­ger e de ser eleito para o Parlamento Euro­peu (n.° 2 do artigo 19.°, ex-8.°-B):

Proposta da Comissão Parlamento Europeu — unanimidade.

consulta do Conselho por

Disposições destinadas a aprofundar os direitos relacionados com a cidadania da União (artigo 22.°, ex-8.°-E):

Proposta da Comissão Parlamento Europeu — unanimidade.

— consulta do Conselho por

4. Estabelecimento do mercado interno (ver igualmente os pontos 6, 8, 9, 10, 11 e 16)

Definição das orientações e condições necessárias para assegurar um progresso equilibrado nos sectores abrangidos pelas quatro liberdades (n.° 3 do artigo 14.°, ex-7.°-A):

• Proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

5. Cidadania da União

Disposições destinadas a facilitar o exercí­cio dos direitos relacionados com a cidada­nia (artigo 18.°, ex-8.°-A):

6. Livre circulação de mercadorias

Fixação dos direitos da pauta aduaneira comum (artigo 26.°, ex-28.°):

• Proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

7. Agricultura

Adopção dos regulamentos, das directivas e das decisões, bem como a organização comum dos mercados (n.° 2 e 3 do artigo 37.°, ex-43.°):

• Proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada.

As questões institucionais

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8. Livre circulação dos trabalhadores

Adopção das medidas tendo em vista reali­zar a livre circulação dos trabalhadores (artigo 40.°, ex-49.°):

• Procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social.

Adopção, no domínio da segurança social, das medidas necessárias ao estabelecimento da livre circulação dos trabalhadores (artigo 42.°,ex-51.°):

• Procedimento de co-decisão por unani­midade do Conselho.

9. Direito de estabelecimento

Realização da liberdade de estabelecimento mediante adopção de directivas (artigo 44.°, ex-54.°):

• Procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social.

Não aplicação excepcional, relativamente a certas actividades, das disposições do capí­tulo «direito de estabelecimento» (artigo 45.°, ex-55.°):

• Proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

Directivas relativas à coordenação das dis­posições que prevêem um regime especial para os estrangeiros justificadas por razões de ordem pública, segurança pública e saú­de pública (artigo 46.°, ex-56.°):

• Procedimento de co-decisão.

Directivas destinadas ao reconhecimento mútuo de diplomas, certificados e outros títulos (n.° 1 do artigo 47.°, ex-57.°):

• Procedimento de co-decisão.

Directivas que visem coordenar as dispo­sições legislativas, regulamentares e admi­

nistrativas dos Estados-Membros respeitan­tes ao acesso às actividades não assalariadas e ao seu exercício (n.° 2 do artigo 47.°, ex--57.°):

• Procedimento de co-decisão (por una­nimidade do Conselho se a execução num Estado-Membro implicar uma alteração dos princípios legislativos existentes do regime das profissões no que respeita à formação e às condições de acesso de pessoas singulares).

10. Serviços

Extensão do benefício das disposições do capítulo «serviços» aos prestadores de ser­viços nacionais de um Estado terceiro e estabelecidos na Comunidade (artigo 49.°, ex-59.°):

proposta da Comissão maioria qualificada.

Conselho por

Directivas para realizar a liberalização de um determinado serviço (artigo 52.°, ex-63.°):

• proposta da Comissão — consulta do Comité Económico e Social — Conse­lho por maioria qualificada.

/ / . Capitais e pagamentos

Medidas relativas aos movimentos de capi­tais com destino ou provenientes de países terceiros que envolvam investimento direc­to, incluindo o investimento imobiliário, estabelecimento, prestação de serviços financeiros ou admissão de valores mobiliá­rios em mercados de capitais (artigo 57.°, ex-73.°-C):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada (unanimidade rela­tivamente às medidas que constituam um retrocesso em relação à liberali­zação dos movimentos de capitais).

As questões institucionais

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Medidas de salvaguarda quando, por razões excepcionais, os movimentos de capitais provenientes ou com destino a países tercei­ros ameacem causar graves dificuldades ao funcionamento da União Económica e Monetária (artigo 59.°, ex-73.°-F):

• proposta da Comissão — consulta do Banco Central Europeu — Conselho por maioria qualificada.

Medidas urgentes contra um Estado terceiro no âmbito da interrupção ou da redução das relações económicas entre a União Europeia e o referido Estado (n.° 1 do artigo 60.°, ex--73.°-G):

proposta da Comissão maioria qualificada.

Conselho por

Alteração ou revogação de medidas unilate­rais tomadas por um Estado-Membro contra um Estado terceiro (n.° 2 do artigo 60.°, ex-73.°-G):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

12. Vistos, asilo, imigração e outras políticas relativas à livre circulação de pessoas

Medidas destinadas a assegurar a ausência de controlos de pessoas na passagem das fronteiras internas da União (n.° 1 do arti­go 62.°):

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade (durante um período tran­sitório de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão)/pro-posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Medidas relativas à passagem das fronteiras externas contendo normas e modalidades para a realização dos controlos de pessoas que os Estados-Membros devem acatar /n.° 2, alínea a), do artigo 62.°/:

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu Conselho por unanimidade (durante um período tran­sitório de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão) pro­posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Adopção de um modelo-tipo de visto e da lista dos países terceiros cujos nacio­nais estão sujeitos à obrigação do visto fn. ° 2, letras i) e iii), da alínea b), do arti­go 62.°]:

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada.

Estabelecimento dos processos e condições de emissão dos vistos pelos Estados-Mem­bros, bem como das regras em matéria de visto uniforme fn.° 2, letras ü) e iv), da alí­nea b), do artigo 62. °J:

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade (durante um período transitório de cinco anos após a entra­da em vigor do Tratado de Ames-terdão)/co-decisão (após o período transitório).

Medidas que estabelecem as condições da livre circulação de nacionais de países ter­ceiros no território dos Estados-Membros durante um período não superior a três meses (n.°3 do artigo 62.°):

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Par­lamento Europeu — Conselho por una-

As questões institucionais

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nimidade (durante um período transitó­rio de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão)/pro-posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Medidas relativas ao asilo (Estado-Membro responsável pela análise de um pedido de asilo, normas mínimas em matéria de aco­lhimento, condições para poder aceder ao estatuto de refugiado, processo de con­cessão ou de retirada do estatuto) (n.° 1 do artigo 63.°):

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade (durante um período tran­sitório de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão)/pro-posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Medidas relativas aos refugiados e às pesso­as deslocadas (concessão de protecção tem­porária) //i.° 2, alínea a), do artigo 63.°]:

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Par­lamento Europeu — Conselho por una­nimidade (durante um período transitó­rio de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão )/pro-posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Medidas relativas aos refugiados e às pesso­as deslocadas (repartição equilibrada do esforço assumido pelos Estados-Membros) fn.° 2, alínea b), do artigo 63.°/:

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

Medidas relativas à política de imigração (condições de entrada e de residência, pro­cessos de emissão de vistos e autorizações de residência de longa duração) //i.° 3, alí­nea a), do artigo 63.°]:

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

Medidas relativas à política de imigração (imigração clandestina e residência ilegal) ///. ° 3, alínea b), do artigo 63. °J:

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade (durante um período tran­sitório de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão)/pro-posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Medidas que definem os direitos e as con­dições em que os nacionais de países tercei­ros que residam legalmente num Estado--Membro podem residir noutros Estados--Membros (n.° 4 do artigo 63.°):

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

Medidas provisórias numa situação de emergência caracterizada por um súbito afluxo de nacionais de países terceiros (arti­go 64.°):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

Medidas que relevam da cooperação judi­ciária em matéria civil que tenham uma incidência transfronteiriça (artigo 65.°).

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do

As questões institucionais

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Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade (durante um período tran­sitório de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão ̂ pro­posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Medidas destinadas a assegurar uma coope­ração entre os serviços competentes das administrações nacionais, bem como entre os referidos serviços e a Comissão (arti­go 66.°):

• proposta da Comissão ou iniciativa de um Estado-Membro — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade (durante um período tran­sitório de cinco anos após a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão)/pro-posta da Comissão — Conselho por unanimidade para decisão do procedi­mento a ser aplicado (após o período transitório).

Decisão de aplicar o procedimento de co--decisão, após o final do período transitório, à totalidade ou a parte dos domínios abran­gidos pelo título IV e de adaptar as dispo­sições relativas à competência do Tribunal de Justiça (n.° 2, segundo travessão, do artigo 67.°):

• consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

13. Transportes

Regras comuns, condições de admissão de transportadores não residentes, segurança e outras disposições adequadas (n.° 1 do arti­go 71.°, ex-75.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Disposições relativas aos princípios do regi­me dos transportes cuja aplicação seja sus­ceptível de afectar gravemente o nível de vida e de emprego em certas regiões, bem como a exploração dos equipamentos de transporte (n.° 2 do artigo 71.°, ex-75.°):

• proposta da Comissão consulta do Parlamento Europeu e do Comité Eco­nómico e Social — Conselho por una­nimidade.

Regulamentação com vista a suprimir as discriminações relativas aos preços e às con­dições de transporte (artigo 75.°, ex-79.°):

• proposta da Comissão — consulta do Comité Económico e Social — Conse­lho por maioria qualificada.

Questão de saber se, em que medida e por que processo, podem ser adoptadas dispo­sições para os transportes marítimos e aére­os (artigo 80.°, ex-84.°):

• Conselho por maioria qualificada.

14. Regras relativas à concorrência

Adopção dos regulamentos ou directivas necessários à aplicação dos princípios cons­tantes dos artigos 81.° e 82.° (artigo 83.°, ex-87.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada.

Derrogação implicando, em circunstâncias excepcionais, que um auxílio estatal «a prio­ri» contrário ao direito comunitário deva considerar-se compatível com o mercado comum:

• pedido de um Estado-Membro — Con­selho por unanimidade.

As questões institucionais

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Adopção de todos os regulamentos adequa­dos à execução dos artigos 87.° e 88.° rela­tivos aos auxílios concedidos pelos Estados (artigo 89.°, ex-94.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada.

15. Disposições fiscais

Exonerações e reembolsos, por um período de tempo limitado, à exportação para outros Estados-Membros (artigo 92.°, ex-98.°):

proposta da Comissão maioria qualificada.

Conselho por

Harmonização das legislações relativas aos impostos sobre o volume de negócios, aos impostos especiais de consumo e a outros impostos indirectos (artigo 93.°, ex-99.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Comité Eco­nómico e Social — Conselho por una­nimidade.

16. Aproximação das legislações

Directivas para a aproximação das dispo­sições legislativas, regulamentares e admi­nistrativas que tenham incidência directa no mercado comum (artigo 94.°, ex-100.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Comité Eco­nómico e Social — Conselho por una­nimidade.

Estabelecimento e funcionamento do mer­cado interno (artigo 95.°, ex-100.°-A):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social.

Casos particulares que exigem a eliminação de uma distorção de concorrência (artigo 96.°, ex-101.°):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

/ 7. Politica económica

Adopção de uma recomendação que estabe­leça as grandes orientações das políticas económicas (n.° 2 do artigo 99.°, ex-103.°):

• recomendação da Comissão — projecto adoptado pelo Conselho por maioria qualificada — relatório ao Conselho Europeu — conclusão do Conselho Europeu — com base na conclusão do Conselho Europeu, o Conselho adopta a recomendação por maioria qualifi­cada.

Recomendação a um Estado-Membro que não der cumprimento às grandes orien­tações das políticas económicas (n.° 4 do artigo 99.°, ex-103.°):

recomendação da Comissão lho por maioria qualificada.

Conse-

Decisão de tornar públicas as recomen­dações do Conselho (n.° 4 do artigo 99.°, ex-103.°):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

Possibilidade de aprovar as modalidades do procedimento de supervisão multilateral das políticas económicas (n.° 5 do artigo 99.°, ex-103.°):

• procedimento de cooperação.

Medidas apropriadas em caso de dificulda­des graves no aprovisionamento de certos produtos (n.° 1 do artigo I00.°,ex-103.°-A):

proposta da Comissão unanimidade.

Conselho por

Ajuda financeira comunitária a um Estado--Membro com graves dificuldades devidas a ocorrências excepcionais que não possa con­trolar (n.° 2 do artigo 100.°, ex-103.°-A):

• proposta da Comissão — unanimidade no Conselho (maioria qualificada caso essas graves dificuldades sejam devidas a calamidades naturais).

As questões institucionais

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Aplicação da proibição de aceitar compro­missos e conceder créditos sob a forma de descobertos (artigo 103.°, ex-104.°-B):

• procedimento de cooperação.

Constatação de um défice excessivo (n.° 6 do artigo I04.°,ex-104.°-C):

• recomendação da Comissão — Conse­lho por maioria qualificada.

Procedimento do défice excessivo (n.° 7 a 9, 11 e 12 do artigo 104.°, ex-104.°-C):

• recomendação da Comissão — Conse­lho por maioria de dois terços dos votos ponderados dos seus membros, com exclusão dos votos do representante do Estado-Membro em causa.

Alteração do protocolo relativo ao procedi­mento aplicável em caso de défice excessi­vo (n.° 14 do artigo 104.°, ex-104.°C):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Banco Central Europeu — Conselho por unanimidade.

18. Política monetária

Decisão destinada a conferir ao Banco Cen­tral Europeu atribuições específicas relacio­nadas com as políticas em matéria de super­visão prudencial de instituições de crédito e de outras instituições financeiras (à excepção das empresas de seguros) (artigo 105.°):

• proposta da Comissão — consulta do Banco Central Europeu — parecer favorável do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

Medidas para harmonizar os valores unitá­rios e as especificações técnicas das moedas metálicas destinadas à circulação na Comu­nidade (artigo 106.°, ex-105.°-A):

• procedimento de cooperação com con­sulta do Banco Central Europeu.

Alteração dos estatutos do Sistema Europeu dos Bancos Centrais (SEBC) (n.° 5 do arti­go 107.°, ex-106.°):

• primeira possibilidade: recomendação do Banco Central Europeu — consulta da Comissão — parecer favorável do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada;

• segunda possibilidade: proposta da Comissão — consulta do Banco Cen­tral Europeu — parecer favorável do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

Decisão relativa a certas disposições previs­tas nos estatutos do Sistema Europeu dos Bancos Centrais (SEBC) (n.° 6 do arti­go 107.°, ex-107.°):

• primeira possibilidade: proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Banco Central Europeu — Conselho por maioria qualificada;

• segunda possibilidade: recomendação do Banco Central Europeu — consulta da Comissão e do Parlamento Europeu — Conselho por maioria qualificada.

Celebração de acordos formais relativos a um sistema de taxas de câmbio do euro em relação às moedas não comunitárias (n.° 1 do artigo 111.°, ex-109.°):

• recomendação da Comissão ou do Ban­co Central Europeu — Conselho por unanimidade.

Adopção, ajustamento ou abandono das taxas centrais do euro no sistema de taxas de câmbio (n.° 1 do artigo 111.°, ex-109.°):

• primeira possibilidade: recomendação do Banco Central Europeu — Conselho por maioria qualificada;

• segunda possibilidade: recomendação da Comissão — consulta do Banco Central Europeu — Conselho por maioria qualificada.

As questões institucionais

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Formulação de orientações gerais na falta de um sistema de taxas de câmbio em relação às moedas não comunitárias (n.° 2 do arti­go 111.°, ex-109.°):

• primeira possibilidade: recomendação do Banco Central Europeu — Conselho por maioria qualificada;

• segunda possibilidade: recomendação da Comissão — consulta do Banco Central Europeu — Conselho por maioria qualificada.

Mecanismos para negociações e para a cele­bração de acordos relativos a questões monetárias ou ao regime cambial (n.° 3 do artigo 111.°, ex-109.°):

• recomendação da Comissão — consul­ta do Banco Central Europeu — Con­selho por maioria qualificada.

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho, reu­nido a nível de chefes de Estado ou de Governo, por maioria qualificada.

Decisão, em 1 de Janeiro de 1999, relativa às taxas de conversão às quais as moedas nacionais ficam irrevogavelmente fixadas, bem como à taxa irrevogável a que o euro substitui as referidas moedas (artigo 123.°, ex-109.°-L):

• proposta da Comissão — consulta do Banco Central Europeu — Conselho' por unanimidade dos Estados-Mem-bros que não beneficiem de uma derro­gação.

21. Emprego

19. Disposições institucionais no âmbito da política económica e monetária

Adopção das modalidades relativas à com­posição do Comité Económico e Financeiro (artigo I14.°,ex-109.°-C):

• proposta da Comissão — consulta do Banco Central Europeu e do Comité Económico e Financeiro — Conselho por maioria qualificada.

20. Disposições transitórias no âmbito da política económica e monetária

Fim das derrogações relativas a um Estado--Membro que não esteve em condições de adoptar a moeda única (Grécia e Suécia) no início da terceira fase (artigo 122.°, ex--109.°-K):

Elaboração das orientações anuais que os Estados-Membros têm em conta nas suas políticas de emprego (n.° 2 do artigo 128.°):

• conclusões do Conselho Europeu — proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu, do Comité Eco­nómico e Social, do Comité das Regiões e do Comité do Emprego — Conselho por maioria qualificada.

Recomendação aos Estados-Membros rela­tiva à política de emprego (n.° 4 do arti­go 128.°):

recomendação da Comissão lho por maioria qualificada.

Conse-

Adopção de acções de incentivo destinadas a fomentar a cooperação entre os Estados--Membros e a apoiar a respectiva acção no domínio do emprego (artigo 129.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

As questões institucionais

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22. Política comercial comum

Adopção das directivas de harmonização dos regimes de auxílios concedidos pelos Estados-Membros às exportações para paí­ses terceiros (artigo 132.°, ex-112.°):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

Exercício da competência atribuída ao Con­selho pelo artigo 133.° (artigo 133.°, ex--113.°):

• maioria qualificada.

Extensão do artigo 133.° às negociações e acordos internacionais relativos aos ser­viços e aos direitos de propriedade intelec­tual (n.°5doartigo 133.°, ex-113.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

23. Cooperação aduaneira

Medidas destinadas a reforçar a cooperação aduaneira nos Estados-Membros e entre estes e a Comissão (artigo 135.°):

• procedimento de co-decisão.

24. Disposições sociais

Adopção de directivas que fixam pres­crições mínimas em matéria social, bem como medidas destinadas a fomentar a coo­peração entre os Estados-Membros (n.°2 do artigo 137.°, ex-118.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Adopção de medidas relativas à segurança social e à protecção social dos trabalhado­res, à protecção dos trabalhadores em caso

de rescisão do contrato de trabalho, à repre­sentação e à defesa colectiva dos interesses dos trabalhadores e das entidades patronais, às condições de emprego dos nacionais de países terceiros ou às contribuições finan­ceiras destinadas à promoção do emprego e à criação de postos de trabalho (sem prejuí­zo do Fundo Social) (/i.° 3 do artigo 137.°, ex-118.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu, do Comité Eco­nómico e Social e do Comité das Regiões — unanimidade do Conselho.

Decisão de aplicação de certos acordos cele­brados entre os parceiros sociais a nível europeu (n.° 2 do artigo 139.°, ex-118.°B):

• proposta da Comissão Conselho por maioria qualificada (unanimidade se a decisão respeitar um dos domínios pre­vistos no II.° 3 do artigo 137.°).

Adopção de medidas destinadas a garantir a aplicação do princípio da igualdade de opor­tunidade e de tratamento entre homens e mulheres em matéria de emprego e de tra­balho (n.°3 do artigo 141, ex-119.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social.

Atribuição à Comissão de funções relativas à execução de medidas comuns, nomeadamen­te no respeitante à segurança social dos tra­balhadores migrantes (artigo 144.°, ex--121.°):

• Conselho por unanimidade após con­sulta do Comité Económico e Social.

25. Fundo Social Europeu

Adopção das decisões de aplicação relativas ao Fundo Social Europeu (artigo 148.°, ex-125.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

As questões institucionais

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26. Educação, formação profissional e juventude

Adopção de acções de incentivo que contri­buam para a realização dos objectivos da Comunidade em matéria de educação (n.° 4, primeiro travessão, do artigo 149.°, ex--126.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Adopção de recomendações que contribuam para a realização dos objectivos da Comuni­dade em matéria de educação (n.° 4, segundo travessão, do artigo 149.°, ex-126.°):

• proposta da Comissão — Conselho por maioria qualificada.

Adopção de medidas que contribuam para a realização dos objectivos da Comunidade em matéria de formação profissional (arti­go 150.°,ex-127.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

27. Cultura

Adopção de acções de incentivo que contri­buam para a realização dos objectivos da Comunidade em matéria de cultura (n.° 5, primeiro travessão, do artigo 151.°, ex--128.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité das Regiões (Conselho por unanimidade ao longo de todo o procedimento).

Adopção de recomendações que contribuam para a realização dos objectivos da Comuni­dade em matéria de cultura (n.° 5, segundo travessão, do artigo 151.°, ex-128.°:

• proposta da Comissão — Conselho por unanimidade.

28. Saúde pública

Adopção de medidas e de acções de incen­tivo que contribuam para a realização dos objectivos da Comunidade em matéria de saúde pública (incluindo os domínios vete­rinário e fitossanitário) (n.° 4 do artigo 152.°, ex-129.°):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Adopção de recomendações que contri-, buam para a realização dos objectivos da Comunidade em matéria de saúde pública (artigo 152.°, ex-129.°):

proposta da Comissão maioria qualificada.

Conselho por

29. Defesa dos consumidores

Adopção de medidas de apoio, complemen­to e acompanhamento da política seguida pelos Estados-Membros (n.° 4 do artigo 153.°, ex-129.°-A):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social.

30. Redes transeuropeias

Adopção das orientações e das medidas des­tinadas a realizar os objectivos da Comuni­dade em matéria de redes transeuropeias (artigo 156.°, ex-129.°-D):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões (as orientações e projectos de interesse comum relati­vos ao território de um Estado-Membro exigem a aprovação desse Estado--Membro).

As questões institucionais

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31. Indústria

Adopção de medidas específicas destina­das a apoiar as acções empreendidas nos Estados-Membros para alcançar os objecti­vos da Comunidade e dos Estados-Mem­bros em matéria industrial (artigo 157.°, ex-130.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Comité Eco­nómico e Social — Conselho por una­nimidade.

32. Coesão económica e social

Necessidade de acções específicas não inse­ridas no âmbito dos fundos estruturais (arti­go 159.°, ex-130.°-B):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu, do Comité Eco­nómico e Social e do Comité das Regiões — Conselho por unanimidade.

Definição das missões, dos objectivos prio­ritários e da organização dos fundos com finalidade estrutural, bem como das regras gerais aplicáveis e das disposições necessá­rias para garantir a eficácia e a coordenação dos fundos entre eles e com os demais ins­trumentos financeiros existentes (artigo I61.°,ex-130.°-D):

• proposta da Comissão — parecer favo­rável do Parlamento Europeu — con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões — Conselho por unanimidade.

Decisões de aplicação relativas ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (artigo 162.°, ex-130.°E):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

33. Investigação e desenvolvimento tecnológico

Adopção do programa-quadro plurianual (n.° 1 do artigo 166.°, ex-130.°-I):

• procedimento de co-decisão após con­sulta do Comité Económico e Social (o Conselho delibera por maioria quali­ficada ao longo de todo o procedi­mento).

Adopção dos programas específicos de apli­cação do programa-quadro plurianual (n.° 4 do artigo 166.°, ex-130.°I):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Comité Eco­nómico e Social — Conselho por maio­ria qualificada.

Negociação e celebração de acordos, em matéria de investigação e de desenvolvi­mento tecnológico, com países terceiros ou organizações internacionais (artigo 170.°, ex-130.°-M):

• procedimento do artigo 300.° (ex--228.°): recomendações da Comissão ao Conselho — Conselho autoriza a Comissão a dar início e a conduzir as negociações necessárias em consulta com comités especiais designados pelo Conselho e no âmbito das directrizes fixadas pelo Conselho — celebração do acordo pelo Conselho (por maioria qua­lificada ou por unanimidade segundo o procedimento exigido para a adopção de normas internas).

Criação de empresas comuns ou de quais­quer outras estruturas necessárias à boa exe­cução dos programas de investigação, de desenvolvimento tecnológico e de demons­tração comunitários (primeiro parágrafo do artigo 172.°, ex-130.°-O):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu e do Comité ECO­

AS questões institucionais

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nómico e Social ria qualificada.

Conselho por maio-

Decisões relativas às modalidades de apli­cação do programa-quadro plurianual e às regras aplicáveis aos programas comple­mentares (segundo parágrafo do artigo 172.°, ex-artigo 130.°-O):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social (a adopção dos programas complementa­res requer o acordo dos Estados-Mem-bros interessados).

34. Ambiente

Negociação e celebração de acordos entre a Comunidade e países terceiros ou organi­zações internacionais (artigo 174.°, ex--130.°-R):

• procedimento do artigo 300.° (ex--228.°): recomendações da Comissão ao Conselho — Conselho autoriza a Comissão a dar início e a conduzir as negociações necessárias em consulta com comités especiais designados pelo Conselho e no âmbito das directrizes fixadas pelo Conselho — celebração do acordo pelo Conselho (por maioria qua­lificada ou por unanimidade segundo o procedimento exigido para a adopção de normas internas).

Acções a empreender para realizar os objec­tivos da Comunidade em matéria de ambiente (n.° 1 do artigo I75.°,ex-130.°-S):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Adopção, em derrogação ao n.° 1 do artigo 175.° de medidas de natureza fiscal ou res­peitantes ao ordenamento do território, à

afectação dos solos, à gestão dos recursos hídricos ou ainda ao aprovisionamento ener­gético (n.° 2, primeiro parágrafo, do artigo 175.°, ex-130.°-S):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu, do Comité Eco­nómico e Social e do Comité das Regiões — Conselho por unanimidade.

Definição dos domínios, indicados no n.° 2 do artigo 175.°, que devem ser objecto de decisões a tomar por maioria qualificada (n.° 2, segundo parágrafo, do artigo 175.°, ex-130.°-S):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Adopção de programas gerais de acção que fixarão os objectivos prioritários a atingir (n.° 3 do artigo 175.°, ex-130.°-S):

• procedimento de co-decisão com con­sulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.

Execução dos programas de acção previstos no n.° 3 do artigo 175.° (n.° 4 do artigo 175.°, ex-130.°-S):

• primeira possibilidade (segundo os casos): procedimento de co-decisão com consulta do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões;

• segunda possibilidade (segundo os casos): proposta da Comissão — con­sulta do Parlamento Europeu, do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões — Conselho por unanimidade.

35. Cooperação para o desenvolvi­mento

Medidas necessárias para a prossecução dos objectivos da Comunidade em matéria de

As questões institucionais

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cooperação para o desenvolvimento (por exemplo, programas plurianuais) (artigo 179.°, ex-130.°-W):

• procedimento de co-decisão.

Negociação e celebração de acordos entre a Comunidade e países terceiros ou organi­zações internacionais (artigo 181.°, ex--130.°-Y):

• procedimento do artigo 300.° (ex--228.°): recomendações da Comissão ao Conselho — Conselho autoriza a Comissão a dar início e a conduzir as negociações necessárias em consulta com comités especiais designados pelo Conselho e no âmbito das directrizes fixadas pelo Conselho — celebração do acordo pelo Conselho (por maioria qua­lificada ou por unanimidade segundo o procedimento exigido para a adopção de normas internas).

36. Associação dos países e territórios ultramarinos

Estabelecimento das disposições relativas às modalidades e ao processo de associação entre os países e territórios e a Comunidade (artigo 187, ex-136):

• Conselho por unanimidade.

3 7. Disposições institucionais (lista não exaustiva)

Estabelecimento de um processo eleitoral uniforme para a eleição por sufrágio univer­sal directo do Parlamento Europeu (n.° 4 âo artigo 190.°, ex-138.°):

• Conselho por unanimidade após pare­cer favorável do Parlamento Europeu deliberando por maioria dos membros que o compõem — ratificação pelos Estados-Membros segundo as respecti­vas normas constitucionais.

Estabelecimento dos princípios e normas que correspondem às competências de exe­cução atribuídas pelo Conselho (artigo 202.°, ex-145.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade.

Fixação da ordem de exercício da Presidên­cia do Conselho pelos Estados-Membros (segundo parágrafo do artigo 203.°, ex--146.°):

• Conselho por unanimidade.

38. Disposições financeiras (lista não exaustiva)

Decisão das disposições relativas ao sistema de recursos próprios da Comunidade (artigo 269.°, ex-201.°):

• proposta da Comissão — consulta do Parlamento Europeu — Conselho por unanimidade — ratificação pelos Esta­dos-Membros segundo as respectivas normas constitucionais.

Adopção do orçamento comunitário (arti­go 272.°, ex-203.°):

• anteprojecto de orçamento apresentado pela Comissão ao Conselho antes de 1 de Setembro — adopção do projecto de orçamento pelo Conselho por maioria qualificada e transmissão ao Parlamen­to Europeu antes de 5 de Outubro — dentro de um prazo de 45 dias a partir da transmissão, o Parlamento Europeu pode alterar o projecto no respeitante às despesas não obrigatórias ou propor modificações no respeitante às despe­sas obrigatórias — o projecto de orça­mento é modificado em função das alte­rações e propostas de modificação acei­tes ou rejeitadas pelo Conselho delibe­rando por maioria qualificada, sendo

As questões institucionais

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em seguida transmitido ao Parlamento Europeu — dentro de um prazo de 15 dias após a transmissão, o Parlamento Europeu pode, deliberando por maioria dos membros que o compõem e três quintos dos votos expressos, alterar ou rejeitar as modificações introduzidas pelo Conselho às suas alterações (des­

pesas não obrigatórias) e, consequente­

mente, aprovar o orçamento; o Parla­

mento Europeu pode igualmente, deli­

berando por maioria dos membros que o compõem e dois terços dos votos expressos, rejeitar o projecto de orça­

mento e solicitar que um novo projecto lhe seja submetido — a aprovação do orçamento é declarada verificada pelo Presidente do Parlamento Europeu.

Decisão das medidas necessárias nos domí­

nios das fraudes lesivas dos interesses finan­

ceiros da Comunidade e do combate da frau­

de com vista a proporcionar uma protecção efectiva e equivalente nos Estados­Mem­

bros (sem prejuízo da aplicação do direito penal nacional, nem da administração da justiça nos Estados­Membros) (n. °4 do arti­

go 280.°, ex­209.°­A):

• procedimento de co­decisão com con­

sulta do Tribunal de Contas.

39. Disposições gerais e finais (lista não exaustiva)

Decisão relativa ao Estatuto dos Funcioná­

rios das Comunidades Europeias e do regi­

me aplicável aos outros agentes destas Comunidades (artigo 283.°, ex­212.°):

■ proposta da Comissão — consulta das instituições interessadas — Conselho por maioria qualificada.

Introdução de modificações na lista dos pro­

dutos relativos à produção ou ao comércio de armas, munições e material de guerra (artigo 296.°, ex­223.°):

proposta da Comissão unanimidade.

Conselho por

Adopção de medidas específicas destinadas, em especial, a estabelecer as condições de aplicação do Tratado que institui a Comuni­

dade Europeia às regiões ultraperiféricas (ii. ° 2 do artigo 299.°, ex­227.°):

proposta da Comissão Parlamento Europeu — maioria qualificada.

— consulta do Conselho por

Adopção de medidas urgentes necessárias sempre que uma acção comum ou uma posição comum adoptada a título da Políti­

ca Externa e de Segurança Comum preve­

jam uma acção da Comunidade para inter­

romper ou reduzir as suas relações econó­

micas com um ou mais países terceiros (arti­

go 301.°, ex­228.°A):

proposta da Comissão maioria qualificada.

Conselho por

As questões institucionais

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Comissão Europeia

O Tratado de Amesterdão: modo de utilização

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

1999 —99 p. —21 x 29,7 cm

ISBN 92-828-7955-0

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Commission européenne Rue de la Loi 2 0 0 , B-1049 Bruxelles

BELGIQUE/BELGIE Rue Archimède 73 B-1000 BRUXELLES Archimedesstraat 73 B-1000 BRUSSEL Tél. (32-2) 295 38 44 Fax (32-2) 295 01 66

DANMARK Hojbrohus Østergade 61 Postbox 144 DK-1004 K0BENHAVN K Tlf. (45) 33 14 41 40 Fax (45) 331112 03/1413 92 (sekretariat)

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LUXEMBOURG Bâtiment Jean Monnet Rue Alcide De Gasperi L-2920 LUXEMBOURG Tél. (352) 43 01-34925 Fax (352) 43 01-34433

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/350 98 01/350 98 02/350 98 03

SUOMI/FINLAND Pohjoisesplanadi 31 PL234 FIN-00131 HELSINKI Norra esplanaden 31 PB 234 FIN-00131 HELSINGFORS Puh. (358-0) 65 64 20 Fax (358-0) 65 67 28

SVERIGE Box 7323 Hamngatan 6 S-103 90STOCKHOLM Tel. (46-8) 611 1172 Fax (46-8) 61144 35

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4 Cathedral Road CARDIFF CF19SG Tel. (44-222) 37 16 31 Fax (44-222) 39 54 89

9 Alva Street EDINBURGH EH2 4PH Tel. (44-31) 225 20 58 Fax (44-31 (226 41 05

UNITED STATES OF AMERICA 2300 M Street, NW WASHINGTON, DC 20037 Tel. (202) 862 95 00 Fax (202) 429 17 66

3 Dag Hammarskjöld Plaza 305 East 47th Street NEW YORK, NY 10017 Tel. (212) 371 38 04 Fax (212) 758 27 18/688 1013

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