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TREINADORES - ARTIGOS Dezembro de 2013 www.planetabasket.pt O TREINO E A RECUPERAÇÃO O TREINO E A RECUPERAÇÃO por Sebastião Mota A recuperação faz parte integrante do processo do treino desportivo. A recuperação após o esforço não é um processo linear em função do tempo, havendo a considerar duas fases: uma mais rápida, em que o organismo recupera mais depressa grande parte das suas capacidades; outra mais lenta e prolongada, em que a partir do nível alcançado, se chega até aos valores normais de repouso. A recuperação é condicionada pelos seguintes fatores: 1. Período da época; 2. Modalidade; 3. Tipo de contração muscular; 4. Massa muscular implicada; 5. Volume, intensidade e densidade do treino; 6. Anos de prática do atleta; 7. Idade e género; 8. Condições climáticas e ambientais. A recuperação deve ser encarada de duas maneiras: 1. Recuperação imediata; 2. Recuperação para eliminar a fadiga acumulada. A recuperação imediata deve ser implementada na fase final da unidade de treino e nas horas que se lhe seguem. Assim, devemos realizar um retorno á calma ativo, realizando exercícios de baixa intensidade mais alongamentos estático-passivos. Havendo possibilidade, fazer massagem pós-competição (com ou sem gelo), banhos frios localizados, banhos frios gerais e crioterapia. Tudo isto devidamente acompanhado por uma alimentação cuidada (atenção á hidratação!) e horas de sono suficientes para quem acaba de realizar grandes esforços. ORIENTAÇÃO DA CARGA DE TREINO ACÇÃO PRINCIPAL CARGA SOBRE O SISTEMA VEGETATIVO CARGA SOBRE O SISTEMA NEURO MUSCULAR CARGA GERAL PERÍODO DE RECUPERAÇÃO VELOCIDADE SISTEMA NEURO- MUSCULAR MÉDIA GRANDE MÉDIA 24H. FORÇA EXPLOSIVA SISTEMA NEURO- MUSCULAR MÉDIA GRANDE GRANDE 24-48H. FORÇA RESISTÊNCIA GERAL GRANDE GRANDE GRANDE 48H. RESISTÊNCIA AERÓBIA SISTEMA VEGETATIVO LIMITE MÉDIA GRANDE 48-72H. RESISTÊNCIA ANAERÓBIA LACTICA COMPLEXA LIMITE GRANDE LIMITE 48-72H. COORDENAÇÃO SISTEMA NEURO- MUSCULAR PEQUENA MÉDIA MÉDIA 6H.

O Treino e a Recuperacao

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  • TREINADORES - ARTIGOS

    Dezembro de 2013

    www.planetabasket.pt

    O TREINO E A RECUPERAO

    O TREINO E A RECUPERAO por Sebastio Mota

    A recuperao faz parte integrante do processo do treino desportivo.

    A recuperao aps o esforo no um processo linear em funo do tempo, havendo a

    considerar duas fases: uma mais rpida, em que o organismo recupera mais depressa grande

    parte das suas capacidades; outra mais lenta e prolongada, em que a partir do nvel alcanado,

    se chega at aos valores normais de repouso.

    A recuperao condicionada pelos seguintes fatores:

    1. Perodo da poca;

    2. Modalidade;

    3. Tipo de contrao muscular;

    4. Massa muscular implicada;

    5. Volume, intensidade e densidade do treino;

    6. Anos de prtica do atleta;

    7. Idade e gnero;

    8. Condies climticas e ambientais.

    A recuperao deve ser encarada de duas maneiras:

    1. Recuperao imediata;

    2. Recuperao para eliminar a fadiga acumulada.

    A recuperao imediata deve ser implementada na fase final da unidade de treino e nas horas que se

    lhe seguem.

    Assim, devemos realizar um retorno calma ativo, realizando exerccios de baixa intensidade mais

    alongamentos esttico-passivos. Havendo possibilidade, fazer massagem ps-competio (com ou sem

    gelo), banhos frios localizados, banhos frios gerais e crioterapia. Tudo isto devidamente acompanhado

    por uma alimentao cuidada (ateno hidratao!) e horas de sono suficientes para quem acaba de

    realizar grandes esforos.

    ORIENTAO DA CARGA DE TREINO

    ACO PRINCIPAL

    CARGA SOBRE O SISTEMA

    VEGETATIVO

    CARGA SOBRE O SISTEMA NEURO

    MUSCULAR

    CARGA GERAL PERODO DE

    RECUPERAO

    VELOCIDADE SISTEMA NEURO-

    MUSCULAR MDIA GRANDE MDIA 24H.

    FORA EXPLOSIVA SISTEMA NEURO-

    MUSCULAR MDIA GRANDE GRANDE 24-48H.

    FORA RESISTNCIA GERAL GRANDE GRANDE GRANDE 48H.

    RESISTNCIA AERBIA

    SISTEMA VEGETATIVO

    LIMITE MDIA GRANDE 48-72H.

    RESISTNCIA ANAERBIA LACTICA

    COMPLEXA LIMITE GRANDE LIMITE 48-72H.

    COORDENAO SISTEMA NEURO-

    MUSCULAR PEQUENA MDIA MDIA 6H.

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    Dezembro de 2013

    www.planetabasket.pt

    O TREINO E A RECUPERAO

    Quanto ao tratamento da fadiga acumulada, devemos prescrever esforos de caractersticas aerbias

    muito suaves (se possvel utilizar piscina), realizar alongamentos ativos e passivos, massagem de

    recuperao e hidromassagem, banhos de contraste, sauna de mdia intensidade e durao (dez

    minutos entre 60 a 80 e 20 a 30% de humidade), alternada com banhos de gua fria. Para

    evitarmos que os nossos atletas possam entrar num regime de fadiga crnica (sobretreino) devemos

    estar muito atentos aos seguintes sinais :

    Aumento da frequncia cardaca em repouso, dificuldade na recuperao da frequncia cardaca aps

    esforo, dificuldades em dormir, instabilidade emocional, diminuio brusca do peso corporal, anemia,

    problemas digestivos, hipoglicmia e a diminuio da tenso arterial para nveis crticos. Todos estes

    fatores indiciam que o atleta necessita de ser alvo de um processo de recuperao intensivo, sob pena

    de degenerar num processo de fadiga crnico.

    Citando Lus Horta, O treino dever ser um processo contnuo, mas ter que ser sujeito a uma certa alternncia que garanta a recuperao orgnica aps a aplicao de uma carga ou de um conjunto de

    cargas. Assim, torna-se fundamental planear a recuperao no contexto global do treino desportivo,

    no s na prpria unidade de treino e aps a mesma mas tambm nos microciclos e macrociclos. Em

    princpio s deveremos aplicar uma nova carga depois de termos a certeza de que o atleta recuperou

    da carga anterior. No entanto, em alta competio usam-se, por vezes, cargas intensas durante dias

    seguidos, com esgotamento total das reservas energticas, seguindo-se um perodo de descanso ativo,

    fazendo com que os fenmenos de supercompensao superem largamente o estado anterior.

    Como j vimos noutros captulos, o treino visa melhorar a eficcia dos atletas e no lev-los a um

    estado de fadiga tal, que inviabilize a sua performance em competio preservando a sua sade quer

    fsica quer mental.