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O universo Drag dos palcos às mídias sociais digitais: performances de resistência
em noites sujas belenenses
Emanuele Corrêa Ferreira (PPGCOM / UFPA / Pará)
Bárbara Dias (PPGCP / UFPA / Pará)
Fábio Fonseca de Castro (PPGCOM / UFPA / Pará)
Manuela Corral (PPGCOM / UFPA / Pará)
Rosaly Brito (PPGCOM / UFPA / Pará
Resumo: O presente artigo almeja analisar como a performance de gênero constitui a
performance Drag e de que maneira interagem as Themonias, as entidades
performativas amazônicas que formam o movimento NoiteSuja. Para isso, analisamos o
perfil da festa homônima (noite suja) no Instagram e entrevistamos Drags da cena local,
por meio da pesquisa etnográfica (TRAVANCAS, 2006), a fim de debater a
representação da transgressão do gênero e a desconstrução da masculinidade,
feminilidade e as multiplicidades de corpos performáticos e as suas relações de poder,
por meio das imagens visuais. Sendo assim, utilizar-se-á conceitos de gênero de Butler
(2015) em seu livro “Problemas de gênero: feminismo e a subversão da identidade”;
compreensão das identidade pós modernas de Hall (2006) e também a cerca das mídias
digitais com estudos de Recuero (2017), entre outros autores, para estudar e
compreender como a construção das identidades pós modernas se apresentam nas
montagens Drags e de que maneira as mídias sociais digitais contribuem para o
fortalecimento e visibilização destes corpos performáticos.
Palavras-chave: Drag, Gênero, Performatividade, Resistência, NoiteSuja.
Introdução:
A arte performática Drag Queen1 é hoje amplamente difundida na publicidade e
na música pop com a cantora Pablo Vittar2 ou em reality show3, como a competição
1 Drag Queens são artistas performáticos que se travestem como mulher de maneira caricata, com o
intuito profissional ou artístico. 2 Phabullo Rodrigues da Silva, conhecido por seu nome artístico Pabllo Vittar, é um cantor, compositor e
drag queen brasileiro. 3 Os reality shows programas baseados na vida real com transmissão ao vivo.
norte-americana “Rupaul’s Drag Race”4 apresentada pela Drag Queen homônimo, no
entanto, a montaria5 vem de épocas remotas. A arte Drag vem romper com os
estereótipos de gênero e reafirmar as tendências da fluidez da identidade da
contemporaneidade. Como podemos identificar em Judith Butler (2003, p. 196), quando
afirma que a Drag ao imitar um gênero revela implicitamente a estrutura imitativa do
próprio gênero, assim como a sua contingência. É importante reforçar que a idéia de
Drag não está relacionada a uma identidade de gênero, mas sim uma performance
possível executada pelo sujeito.
Assim, temos como performance a representação do que o próprio gênero
representa, pois, esta significação idealizada é traduzida no corpo do indivíduo.
Segundo Butler,r (2003) o corpo se torna uma fronteira para o gênero, classificada
erroneamente como intransponível, dentro de uma cultura que definiu e hierarquizou o
gênero, pautado no binarismo e na heteronormatividade.
Sendo assim, para Butler (2003) fazendo uma leitura de Beauvoir, a performance
Drag nada mais é que uma imitação do gênero que se representa, os corpos designados
pelo binarismo de gênero são 'estilos da carne' e esses estilos seriam essencialmente
originais, devido a história, essas condicionam e limitam as suas possibilidades.
O presente artigo analisa como a performance de gênero constitui a performance
Drag e de que maneira interagem as Themonhas6 as entidades performativas
amazônicas que formam o coletivo NoiteSuja. Para isso, investigamos o perfil da festa
homônima no Instagram e entrevistamos Drags da cena local, por meio da pesquisa
etnográfica (TRAVANCAS, 2006), a fim de debater a representação da transgressão do
gênero, a desconstrução da masculinidade, da feminilidade e as multiplicidades de
corpos performáticos e as suas relações de poder, por meio das imagens visuais e
também a construção das identidades pós modernas e como elas se apresentam nas
montagens Drags e de que maneira as mídias sociais digitais contribuem para o
fortalecimento e visibilização destes corpos performáticos.
4 Rupaul’s Drag Race é um programa televisivo norteamericano apresentado por RuPaul Andre Charles,
mais conhecido como RuPaul, que é um ator, drag queen, modelo, autor e cantor americano, que ficou conhecido nos anos 90 e atualmente apresenta a competição Drag. 5 As Drag Queens usam o termo “montar” para designar o processo de travestimento ou produzir-se.
Uma Drag sempre está “montada” com suas vestimentas, saltos, perucas e uma make up impecável, a não ser que a proposta dela seja outra. 6 Themonhas ou Demonhas: é como os / as integrantes do NoiteSuja se chamam, é como se
reconhecem enquanto seres performáticos. “A demônia, primeiro, é como a gente se chama, por causa da estética do grotesco, enquanto grupo cultural; enquanto noite suja a gente trabalha bastante a estética do grotesco, o demônio cristãos e os atravessamentos filosóficos, etc” (Luna Skyssime, 2018).
O movimento NoiteSuja surgiu em 2013, quando S1mone Drag e Tristan
Soledad7 começaram a se montar e discotecar em festas/festivais LGBT’s e até mesmo
em baladas héteros, mas só surgiu como festas própria (produtora), com o nome
NoiteSuja em 2014. Naquele momento, a cena Drag paraense ensaiava a “cultura
demônica8”, começavam a surgir as entidades performativas, as Demonhas
(Themonhas).
[...]“A Drag demonha, esse conceito de Drag demonha faz parte da
nossa experiência na Amazônia, é um conceito específico, a gente se
considera demonha, porque somos uma indefinição. A nossa maior
inspiração não são os realities show Drag, não são as grandes estrelas
Drags, apesar de a gente super se identificar com a Pabllo Vittar, essas
coisas… Mas estamos criando aqui, entre nós, uma nova forma de
fazer. Uma forma… Pegando as coisas emprestadas, construindo as
coisas com as mãos, não se importando se a maquiagem tá feminina o
bastante. Acho que a principal característica da Drag demonha é não
definir gênero, não classificar gênero, não queremos ser mulheres, nós
não queremos ser homens enquanto Drags, nós queremos ser Drags.
Somos Drags querendo ser Drags. A gente sempre vai ser rotulado em
qualquer lugar que a gente for, ai tu ta masculina demais ou ai tu tá
feminina demais para ser drag, mas no nosso fazer artístico a gente
não define gênero e eu acho que é isso que define a demonha na
Amazônia. Eu não me lembro exatamente o dia que isso aconteceu,
mas a gente percebeu que a gente sempre ‘tava’ preparada para um
baile gótico. É uma mistura do carnaval com o Halloween o ano todo.
Aí começamos a definir as coisas que usamos, tipo a cola demonha
(que não é uma cola apropriada, mas usamos para esconder as
sobrancelhas), esse tipo de coisa acabou nos identificando. Demonha
ou themonia”.
(S1mone, 2018, em entrevista de campo)
Analisando o perfil da festa no instagram, coletando entrevista e participando de
uma edição do NoiteSuja “Inferno Astral” que aconteceu em 6 de maio de 2018 no Pub
407 (Avenida Governador José Malcher), nota-se que a arte Drag, a imagem que as
Drags demonhas passam para seu público nas redes sociais e apresentam para as
pessoas nas ruas, rompem com os estereótipos de gêneros, com o conceito de
feminilidade e masculinidade, desassocia-se do binarismo. São corpos performativos
transgredindo o limiar dos gêneros. A dicotomia feminilidade/masculinidade também
vive a tentativa da superação com as demonhas, pois elas dissociam-se do binarismo,
7 S1mone Drag é performada por Matheus Rossi Araújo Aguiar e Tristan Soledad é performada por
Maruzo Costa, ambos de Belém, no início do projeto eram um casal que se montavam de drags. 8 As Drags paraenses criaram a cultura demonha, “porque ser ‘demonha’ é um conceito, assim como o
‘demonho’ está no empírico, muitos dizem que a Devonshire (Drag performada pelo Leandro Trindade da Silva) é o que mais se aproxima do ser ‘demonha’, das cores fortes, do dark, do grotesco, do bizarro, inclusive, outros grupos de outros estados já estão absorvendo a cultura demonica”. (Condessa de Devonshire, 2018)
como podemos perceber na fala anteriormente citada e ratificar na escrita de Butler
(2013).
“A construção discursiva do 'corpo' e sua separação do Estado de
'liberdade' em Beauvoir não consegue marcar no eixo do gênero a
própria distinção corpo/mente que deveria esclarecer a persistência da
simetria dos gêneros[....] [....] Isso não quer dizer que toda e qualquer
possibilidade de gênero seja facultada mas que as fronteiras analíticas
sugerem os limites de uma experiência discursivamente condicionada
aos limites estabelecidos nos termos de um discurso cultural
hegemônico baseado em estruturas binárias que se apresentam como a
linguagem da racionalidade Universal a coerção é introduzida naquilo
que a linguagem constitui como domínio imaginável do gênero
embora os cientistas sociais se refiram ao gênero como fator ou
dimensão da análise ele também é aplicada a pessoas reais com uma
marca de diferença biológica linguística e ou cultural nesses últimos
casos o gênero pode ser compreendido como o significado assumido
por um corpo já diferenciado sexualmente contudo mesmo assim e
significado só existe em relação ao outro significado oposto
(BUTLER, 2003, pg. 28-33).
A metodologia desenvolvida neste trabalho é uma pesquisa etnográfica, que
resulta em uma quali-análise (TRAVANCAS, 2011, p. 98. apud FERREIRA, 1999,
p.849) define etnografia de duas maneiras distintas: como "parte dos estudos
antropológicos que corresponde à fase da elaboração de dados obtidos em pesquisa de
campo e estudo de um ou vários aspectos sociais e culturais de um povo ou grupo
social".
Na etapa qualitativa destaca-se a compreensão e interpretação do objeto em seu
contexto e, como este objeto é a comunicação e estas nas entrevistas dar-se pela
oralidade, emprestamos conceitos utilizados por J. Gumperz e D. Hymes (1964), na
pesquisa de Fábio Castro (2015, p. 8) traduzindo a influência da antropologia linguística
e tem o “objetivo de descrever as práticas de linguagem de diferentes grupos
socioculturais. Para isso, lança mão de quatro noções básicas: “repertório verbal”, “ato
de fala”, “competência de comunicação” e “co-construção”. O seu procedimento é
analisar a interação oral.
Pretendeu-se estreitar relações com as Drag Queers no trabalho de campo, para
compreender in locu a cena performática de Belém, protagonizada, principalmente, no
movimento NoiteSuja, aplicando-se questionários com perguntas pré-definidas para
compreender suas particularidades, identificar as potencialidades das suas redes sociais
e como é o feedback que recebem da internet, pois são várias as possibilidades de
respostas, tanto positivas, quanto negativas, visto que, as redes sociais contribuem para
o fortalecimento de suas lutas diárias, como muitas Drags destacaram em entrevistas,
mas também fazem chegar ataques de ódio.
Quem faz Drag?
Geralmente a Drag Queen é feita por um homem9 (não necessariamente
homoafetivo, mas há mulheres que fazem) que se traveste de mulher de forma caricata,
porém não debochada. O objetivo não é ser mulher, mas parecer com uma, de maneira
exagerada. Sendo um homem desempenhando o gênero feminino, oposto ao masculino,
significa que este indivíduo está performando outro gênero, ou seja, transgredindo a
barreira. Butler afirma que “...o travestismo altera por completo a distinção entre os
espaços psíquicos interno e externo zombando do modelo do gênero e da ideia de uma
verdadeira identidade de gênero" (2003, p. 195).
Butler (2003) demonstra em seus textos que devido ao processo histórico, de
natureza patriarcal e machista, o gênero é um mecanismo opressor, pois, desde o
nascimento os indivíduos são designados pelo seu “sexo biológico” como homem ou
mulher, levando em consideração somente o binarismo de gênero e a
heteronormatividade compulsória, ignorando as demais configurações de gênero que
temos ou não conhecimento ou o simples fato de um indivíduo querer realizar um
desejo íntimo de ser em algum momento outro alguém. Butler, (2003, p. 199) confirma
esta ideia e reafirma o argumento quando diz que “...o gênero é uma performance com
consequências punitivas, pois os gêneros distintos fazem parte da humanização dos
indivíduos na cultura contemporânea; e que habitualmente punimos os que não
desempenham corretamente seu gênero”.
O gênero, no Drag, é uma performance também pois Butler entende que:
[...]“Esses atos, gestos e atuações, entendidos em termos gerais, são
performativos, no sentido de que a essência ou identidade que por
outro lado pretendem expressar são fabricações manufaturadas e
sustentadas por signos corpóreos e outros meios discursivos. O fato de
o corpo gênero ser marcado pelo performativo sugere que ele não tem
status ontológico separado de vários atos que constituem sua realidade
[...]”
(BUTLER, 2003, p. 194)
9 Em Belém, há uma Drag Queen chamada “Cílios de Nazaré” ela é uma mulher cis e que se travesti. É
uma das percussoras na região com a montaria Queen feita por mulheres, já que é mais comum ver mulheres se montarem de Drag Kings, que são as mulheres travestidas de homens.
Portanto, a identidade é formada ao longo do tempo, por meio de processos. Se
para Judith Butler (2003) as performances são como releituras da realidade, para
(HALL, 2006, p. 12) as identidades modernas estariam descentradas ou fragmentadas,
devido a “crise de identidade”, não havendo mais uma identidade única, imutável e
estável, e sim uma polissemia de identidades, das quais o sujeito social precisa lidar.
Fruto da modernidade tardia, desde o século 20, o sujeito pós-moderno estaria
em constante transformação e, com ele, segundo Hall (2006, p. 9), as “paisagens
sociais”, que incluem classe, gênero, sexualidade, etnia, raça, e nacionalidade, antes os
localizavam como sólidos indivíduos sociais, agora, estar-se-iam fragmentadas. A arte
Drag encaixa-se neste novo cenário, mas ela mesma não é nova no mundo, no entanto,
teve sua explosão no Brasil na década de 1990. Explanaremos mais no próximo tópico,
onde foi traçado uma cronologia do processo histórico de fazer Drag, no contexto
mundial e local.
A História
O Histórico Drag no mundo se alinha ao teatro, pois desde os Gregos já se
usavam máscaras ou vestimentas para realizar performances teatrais e estas eram de
exclusividade dos homens. Essas performances tinham caráter espetacular, conforme
salienta Kellner (2014, p. 5) a Grécia clássica teve o Olimpo e seus festivais de
dramaturgia, batalhas retóricas, guerras sangrentas, dentre outros; e, a Roma Antiga,
suas orgias, pão e circo, batalhas políticas e o espetáculo do Império com as paradas e
os monumentos em homenagem aos Césares. No Japão destacam-se os Kabukis, espécie
de teatro que surgiu no final do século 16 e envolve canto, dança - chegou a ser
proibido, pois fazia imitações e ridicularizava a religião - e os rostos eram pintados,
somente os homens encenavam o kabuki, em qualquer papel, até o feminino.
Essas performances, nada mais eram, que representações da realidade e dos
papéis femininos, a tentativa de representar uma mulher. É possível notar que até para
se representar, a mulher precisaria sê-la por um homem. Hanna Pitkin fala da
representação como fenômeno cultural e que tem conceito amplo.
“O conceito de representação é um caso instrutivo porque seu
significado é altamente complexo e, desde muito cedo na história
dessa família de palavras, tem sido altamente abstrato. É, assim, um
corretivo útil para nossas fantasias sobre exploradores e químicos. A
representação é, em grande medida, um fenômeno cultural e político,
um fenômeno humano”. (PITKIN, 2006, pg. 16)
Por ser um fenômeno cultural e político traz consigo as marcas da história, e a
evolução dessa representação chega até o fazer Drag. No século 19, Drag queen era um
termo pejorativo para chamar os homens que se vestiam de mulheres. Já no século 20
era corriqueiro ver os homens vestidos de mulheres em performances teatrais, inclusive
no Brasil colônia, no Reinado de D. Maria I. Segundo apontamentos de Trevisan (2004,
p. 231), as mulheres foram impedidas, por meio de decreto, de participar de espetáculos
ou frequentar os camarins, para evitar que se misturassem com a “gentalha” ou
sofressem abusos, pois a profissão de ator era muito mal vista, sendo que hoje é até um
status na sociedade.
No que tange ao campo da comunicação, a performance Drag comunica história,
política, reivindicações e afirmação do eu. O ser Drag está incluso dentro do
movimento LGBTI+10, por questões de identificações e por grande parte pertencer a
este universo. A parada gay é um evento, no qual historicamente há a participação de
Drag Queens e é amplamente difundida, por meio dos veículos de comunicação. A 20º
parada LGBT – [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travesti e transgênero +] de São Paulo,
segundo os organizadores, reuniu 2 milhões de pessoas em 2016 e foi palco de um
episódio da série Sense811. Além de difundir o evento para o mundo, por meio da
Netflix12, os jornais deram mais visibilidade à parada
A performance Drag passou a ser mais aceita, devido algumas questões que
facilitam o contexto social, ao que explica Trevisan : “A atuação das Drag queens foi
facilitada por englobar um componente lúdico e satírico semelhante ao dos caricatas do
carnaval” (2004, p. 246). Facilmente as Drag queens eram vistas nos palcos de teatros e
televisão dos grandes centros urbanos. Vários teatros deram protagonismos às Drags da
época, mas podemos destacar o Teatro Rival, com um dos grandes espaços que abriu as
portas para o Teatro de Revista, do Rebolado e de shows de Drags, Transformistas e
Travestis, como a “travesti da família brasileira”, Rogéria13. Contemporaneamente, o
10 lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais e outras identidades de gênero e
sexualidade não contempladas na atual sigla adotada, representadas pelo “+”. Manual de Comunicação LGBTI+ 11 Sense8 é uma série de televisão norte-americana de ficção científica dramática dirigida, escrita e
produzida por Lilly e Lana Wachowski e por J. Michael Straczynski. 12 Netflix é uma provedora global de filmes e séries de televisão via streaming, atualmente com mais de
100 milhões de assinantes. 13 Rogéria, nascida Astolfo Barroso Pinto, foi uma atriz brasileira travesti protagonista na arte da
performance e importante ícone que rompeu com os padrões de gênero na sociedade brasileira. Ela mesmo afirmou em entrevista que era a “Travesti da família brasileira”.
mesmo teatro agora com ar boêmio recebe shows, peças e espetáculos Drags, como o
“Drag-se”14.
Figura 1: Rogéria após se apresentar na peça Roque Santeiro. Foto / Divulgação.
No entanto, fora do contexto do carnaval, o ser Drag recebe críticas - positivas e
negativas - e quanto mais andrógino, “estranho” e fora do que é considerado padrão na
sociedade heteronormativa binária, mais consequências punitivas esses artistas sofrerão.
No próximo tópico explanaremos mais sobre essas críticas e localizaremos a cena Drag
paraense, no movimento Noite suja.
Belém e a cena drag suja
Na cidade de Belém, a cena Drag vem crescendo e, o movimento intitulado
NoiteSuja oferece não só um espaço (festa/boate) para as Drags mostrarem seu
protagonismo, mas também encorajam a ocupar espaços da cidade por onde não
imaginaram transitar, ainda mais sob a luz do dia, quando não há a festa Noite suja ou
de outra Drag, o movimento se reúne para “tomar uma cerveja montada, na feira do
açaí. Os pescadores e descarregadores na feira olham curiosos e pedem até para fazerem
performances”, afirmação foi feita pela Drag S1mone, em entrevista a esta pesquisa.
Kellner (2014, p. 5) ratifica que os espetáculos são fenômenos de cultura da mídia que
representam os valores básicos da sociedade contemporânea, determinando o
14 Drag-se é um coletivo de jovens artistas que, inicialmente, se montavam por pura diversão. Atua na
produção de eventos socioculturais no Rio de Janeiro e em São Paulo e o canal no Youtube de mesmo nome, com conteúdo exclusivo dedicado ao público LGBT e fãs de Drag queens.
comportamento das pessoas e dramatizam suas controvérsias e lutas, solucionando
conflitos.
Além das ruas, as Drags são vistas e (re)conhecidas nas mídias sociais digitais,
tais como Facebook e Instagram. Raquel Recuero (2009, p. 2) defende que as mídias
digitais são aliadas da comunicação pós-moderna, uma vez que são apresentadas por
meio de representações dos atores sociais. Ou seja, ao invés de acesso a um indivíduo,
tem-se acesso à uma representação dele. Do mesmo modo, as conexões entre os
indivíduos não são apenas laços sociais constituídos de relações sociais: As Drags
criam relações de proximidade com o seu público, por meio da performance e do papel
que desempenham na internet.
Imagem 01 - Perfil no instagram do movimento Noite suja
Figura 02 - Perfil no instagram Noite suja / captura de tela
Este é o perfil oficial no instagram do coletivo Noite suja. Os idealizadores da
festa utilizam como espaço de divulgação e promoção do movimento, das festas que
realizam, das festas que as Drags participarão e que não são realizadas pelo movimento
e também para divulgar o perfil das outras Drags.
[...] acredito que o instagram nos de uma resposta muito grande, no
instagram conversamos mais com as pessoas, fazemos as promoções,
fazemos artes especiais para instagram e stories; usamos o facebook
mais para divulgar os eventos. Como o NoiteSuja é produzido por
duas drags design, a nossa produção visual é muito forte, antes mesmo
de escolher local e data já sabemos o tema e o conceito visual que
vamos aplicar, a partir disso fazemos a arte do facebook e instagram,
temos uma matriz, e a gente vai desenvolver a partir daquilo arte para
todas as plataformas, todas as redes sociais, mas acho que o desafio é
fazer arte para todas as drags, porque é muita gente participando,
temos entre 15 e 20 drags por festas, entre performers, entre hostess,
entre djs, não é só quem tá no palco, é quem ta na portaria, quem vai
tocar, nós temos dj drags, é durante todo o processo. [...] Somos muito
ligados as redes sociais. Temos um grupo no whatsapp que nos ajuda
pensar no que vamos alimentar nas redes, os memes, de conteúdo,
gírias que a gente cria, também serve para as drags mandarem vídeos
por lá. O que é conteúdo colocamos no feed do instagram. Não
apagamos nada do feed, os últimos 4 anos de NoiteSuja estão lá.
(S1mone, 2018, em entrevista de campo).
É perceptível na fala de S1mone - que é Drag e idealizadora da festa - que há um
planejamento de conteúdo, uma preocupação com a estética do feed do instagram e que
se importam com a memória, o registro imagético das festas, do movimento, pois os 4
anos que o movimento existe estão registrados em publicações.
A cena Drag paraense inaugura um novo momento, além das Drags
vanguardista, como Sarah de Montserrat, que performa com elegância e feminilidade,
características próprias de Drag Queen, há mais de 25 anos, há uma nova denominação
de Drag contemporânea e que faz o movimento NoiteSuja, são as Drags Demonhas. São
Drags com influência genuinamente paraense e que também se intitulam Drag Queers
(ou Tupiniqueers).
Nesta cena homens e mulheres performam Drag com características grotescas,
bizarras, com cores escuras e vários tipos de maquiagem e cabelo, com forte influência
gótica.
[...] antes de procurar uma fonte internacional da arte drag, a gente
tenta se nutrir das nossas próprias referências, tenta construir com as
coisas que a gente tem aqui, tenta mostrar um estilo amazônico. E o
que é o estilo amazônico? É o que a gente produz, não existe uma
fórmula, não é uma paleta de cores, é o que a gente tá fazendo agora,
então, eu vejo muitas drags da Amazônia… por isso se chama
demonias, a gente não quer se definir, a gente acha que isso vai limitar
nossos horizontes, a gente gosta de ter todas as paletas de cores para o
nosso rosto, a gente gosta de todos os pedaços de tecidos para as
nossas roupas, e a gente gosta de ter a cidade como palco, não é uma
boate específica, não é um lugar específico, é um horizonte de
possibilidades, até porque as drags de Belém são expansivas. O
NoiteSuja não é só uma festa, é um manifesto, um movimento, é uma
vontade coletiva, se semana que vem não tiver o NoiteSuja (festa,
numa boate), nós reunimos 10 ou 2 amigos amigos e vamos -
montadas - à feira do açaí tomar cerveja. É uma forma de resistir e de
se divertir. Eu não categorizo o NoiteSuja como festa, porque não tem
uma rivalidade, ele não tem aquela coisa de ‘tá fazendo uma festa aqui
e vai ter outra lá’, eu identifico como um rolê onde as pessoas querem
estar, que nossos amigos querem estar e eles estão montados, é um
rolê que é necessário, pois é uma vontade coletiva que as pessoas
querem se montar, então tem um motivo que ele aconteça.
(S1mone, 2018, em entrevista de campo).
O andar montado, transitar fora dos locais fechados (até mesmo a noite), sob a
luz do dia, é um ato de resistência do movimento, que exibe suas cores, texturas e
desperta olhares curiosos. Para os homens travestidos de drag, na maioria gays, sentem
a opressão das ruas por “usar roupas de mulheres”, mas para as mulheres é ainda mais
complicado travestir-se de drag. Há uma relação de poder estabelecida entre esses
grupos.
[...] Foucault (1979;1984) analisa as categorias das relações de poder e
da ordem que os discursos assumem quando da construção das
relações sociais e da subjetividade. Segundo o filósofo, esta eterna
(des)construção do sujeito e de sua identidade são chamadas de
“descentração” do sujeito e estão presentes, de acordo com Foucault,
tanto nas questões de alteridade e poder, quanto da elaboração do
discurso, do poder e das suas relações com os sujeitos no social.
Apesar da presença de um caráter fluídico, é possível encontrar certa
porção de estabilidade, algo que, apesar das modificações, permanece.
(CORRAL, 2012, p. 82 apud FOUCAULT)
Essas relações, de alguma maneira, se tensionam e se expressam, neste caso,
entra a questão da resistência, fazendo força de um lado e a opressão fazendo força de
outro. As Drags não são figuras passivas nesta relação, por isso, usam nas redes para
contar suas vivências, traduzidas em performances e gravadas em cada postagem (com
foto, vídeos, ilustração, textos, etc) nas suas redes pessoais ou na conta oficial do
NoiteSuja.
Figura 3. Luna Skyyssime / captura de tela do perfil oficial @noitesuja
Juliana Bentes Nascimento, 25 anos, mulher cis, branca e lésbica, performa a
Drag Queer Luna Skyy (Luna Skyssime), que começou em 6 de fevereiro de 2016 a se
montar. O Drag, para ela, retirou-a do “fundo do poço”, como a mesma relatou em
entrevista. Após terminar um namoro que se configurou como relação abusiva, foi
fazendo Drag que encontro forças para vencer a depressão. Hoje, além de performar, é
pesquisadora de Drag também. Ela relembra como foi o começo e as dificuldades que
até hoje enfrenta, por ser uma Drag mulher cisgênero e relata violências vividas
enquanto estava montada, reafirmando que, montar-se de Drag sendo mulher, é um ato
de resistência:
Tem gente que mexe na rua, grita ‘ai gostosa, vem aqui dar uma
rebolada’, tem gente que mexe de forma mais violenta, tipo ‘ôh coisa
escrota, vai embora pra casa, sai exu…’, tem gente que faz chacotas
mais agradáveis, uma vez estávamos passando na rua e uma senhora
virou para o filho dela e disse ‘olha, isso pega criança que não come’.
//Todos reagem, até os que olham de longe, eles não conseguem
esconder o olhar vidrado, você não consegue comprar um pão de drag.
Já aconteceu comigo de meterem as mãos, entre as minhas pernas, pra
ver se eu era operada, era um vendedor de cerveja na frente da festa,
eu sai empurrando ele... mesmo ele não tendo me batido, foi uma puta
violência. Tenho amigas que já foram agredidas, já passaram por
todos os tipos de violações. Ser mulher e ser drag é muito forte.
(Luna Skyyssime, 2018, em entrevista de campo).
A imagem que as Drags demonhas passam para seu público nas redes sociais e
apresentam para as pessoas nas ruas rompem com os estereótipos de gêneros, com o
conceito de feminilidade e masculinidade, desassocia-se do binarismo como já
explicamos anteriormente nesta pesquisa, ao situar a fala de Butler (2003). Estes tipos
de festas com performances Drag (nesta pesquisa queers), de acordo com Butler (2003,
p. 196) são muito comuns pelo mundo. No entanto, a Drag não é só vista como a
executora da performance, mas também como um sujeito poluidor do ambiente social,
transgressor das fronteiras, principalmente por se assemelhar ao travesti, transexual, que
parte da sociedade repudia, discrimina, promovendo a homotransfobia, lesbofobia.
[...] A performance do Drag brinca com a distinção entre anatomia do
performista e o gênero que está sendo performado. Mas estamos, na
verdade, na presença de três dimensões contingentes da corporeidade
significante: sexo anatômico, identidade de gênero e performance de
gênero.[...]
(BUTLER, 2003, p. 196)
Neste cenário, este estudo procura ampliar as formas de compreender a
performance de gênero e as interações sociais mediadas pela comunicação. Sobre as três
(3) dimensões contingentes da corporeidade significante há algumas considerações,
sendo elas: sexo anatômico, identidade de gênero e a performance de gênero.
O sexo anatômico, segundo o Manual de Comunicação LGBT é, “um conjunto
de informações que incluem cromossomos, genitais, capacidades reprodutivas e
características fisiológicas secundárias que distinguem machos e fêmeas”. Já a
identidade de gênero, é um conceito formulado nos anos 1970 e segundo dados do
Manual de Comunicação LGBT “foi criado para distinguir a os aspectos biológicos do
social, ou seja, homens e mulheres são frutos da realidade social e não decorrência da
anatomia de seus corpos. A performance de gênero, conforme explicada anteriormente
(BUTLER, 2003) se distingue tanto do sexo biológico, quanto da identidade de gênero,
é uma releitura do gênero materializada em um corpo, geralmente, em um gênero
oposto.
Assuntos como gênero e performance devem ser amplamente discutido pela
sociedade, pois são assuntos sensíveis e devem ser desmistificados, com a finalidade de
gerar uma consciência coletiva positiva. Para a manifestação Drag e para os
movimentos sociais ou os novos movimentos, as mídias sociais digitais se configuram
no ciberespaço como modalidade para o debate e maturação de diversos assuntos, entre
eles, os referentes às questões de gênero e sexualidade e que é interessante a
comunidade LGBTI+.
Luísa Aquino Santos, em seu trabalho “Estudo da interface entre ciberativismo e
mídia radical alternativa nos movimentos de militância virtual antidrogas e
Psicotropicus” no livro “MÍDIA ALTER{N}ATIVA: estratégias e desafios para a
comunicação hegemônica” traz algumas reflexões sobre a cibermediatização e de que
maneira ela amplia as possibilidades de ações coletivas.
A Internet se manifesta como um novo lugar de socialização,
incorporando diversas linguagens, que, apropriadas pelos movimentos
sociais, produzem novas formas de significações, em virtude da
“cibermediatização”, quando ampliam as possibilidades de promoção
de ações coletivas
(SANTOS, 2009, p. 249).
O alcance da internet possibilita isso, este conteúdo em rede chegar ao público e
o feedback retornar as Drags. Analisando inicialmente o perfil do NoiteSuja,
identificamos 40 postagens referentes a festa “NoiteSuja inferno Astral”, no dia 18 de
abril lançaram a festa que aconteceria dia 5 de maio e a publicação teve 38 curtidas e
nenhum comentário. As postagens seguintes apresentam as Drags que farão parte da
festa como DJ ou com performances e as postagens seguem relembrando performances
antigas, promovendo a festa trazendo informações de valores, locais e atrações e finaliza
com uma série de postagens apresentando as Drags de cada um dos signos - já que o
tema da festa é inferno astral e remete ao zodíaco.
Sobre a performance Drag
A performance Drag está inserida no universo LGBTI+, mesmo não sendo um
gênero ou sexualidade; mas devido a maioria dos performers serem membros desta
comunidade, torna-se um assunto a ser debatido, pois quando a Drag se assemelha as
travestis ou transsexuais sofrem preconceitos. Elas têm na internet, nas mídias digitais,
um local de empoderamento e discussão sobre performance, gênero, sexualidade e
direitos.
Ao se apropriar do universo digital, amplo, acessível e instantâneo, inclusive,
fomentando a construção de uma história ao redor dos corpos performáticos, criam
expectativas para o evento, que será um espetáculo. Isso tudo se deve aos efeitos da
Globalização, como bem pontua (HALL, 2003)
A globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar as
identidades centradas e "fechadas" de uma cultura nacional. Ela tem
um efeito pluralizante sobre as identidades, produzi-lo uma variedade
de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as
identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas;
menos fixas, unificadas ou trans-históricas
(HALL,200, p. 87).
As Drags paraenses contestam essas identidades fechadas e dão mais fluidez
para suas identidades, em suas performances levando mensagens de contestação
política, fazendo um recorte da sua realidade local.
Considerações Finais
Percebemos que as Drags Demonhas transgridem a questão do gênero, do
binarismo e estão na vanguarda deste movimento NoiteSuja na cena paraense. Enquanto
grupo cultural, o NoiteSuja trabalha bastante a estética do grotesco, perfomam um
recorte das suas vivências, da violência, em especial as mulheres que fazem Drags. A
arte Drag para essas artistas, é uma forma de manifestar suas mensagens com seu corpo,
sua voz, seu lipsync, com seu look, como pontuou a Drag Luna Skyssime em entrevista:
“nada ali é por acaso, tudo é a página de um livro, a forma como se move, como fala, a
roupa que veste, paleta de cores, tudo ali para informar alguma coisa, geralmente aquela
coisa é a violência sofrida”.
A arte Drag nos faz perceber e repensar a multiplicidades dos corpos desses
agentes sociais e da necessidade da visibilidade, pois junto com a arte elas levantam
bandeiras de lutas que são historicamente silenciadas, tais como invisibilidade do
movimento LGBTI+, a homotransfobia, pois como performam Drag - mesmo as
demonhas - sofrem por serem confundidas com travestis ou transsexuais, as mulheres
sofrem a misoginia e lesbofobia, a questão do genocídio preto, entre outras bandeiras de
lutas, que estão inscritas nas suas performances e nos locais que ocupam.
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