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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO / USP DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA E CIÊNCIAS HUMANAS JOSÉLIA BENEDITA CARNEIRO DOMINGOS O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas nas estradas RIBEIRÃO PRETO 2008

O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

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Page 1: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO / USP

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA E CIÊNCIAS HUMANAS

JOSÉLIA BENEDITA CARNEIRO DOMINGOS

O uso de álcool e as condições de saúde

entre motoristas nas estradas

RIBEIRÃO PRETO

2008

Page 2: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

JOSÉLIA BENEDITA CARNEIRO DOMINGOS

O uso de álcool e as condições de saúde

entre motoristas nas estradas

Dissertação apresentada ao Departamento de

Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola

de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de

São Paulo, para obtenção do Título de Mestre, pelo

Programa de Pós-Graduação Enfermagem Psiquiátrica e

Ciências Humanas.

Área de Concentração: Enfermagem Psiquiátrica

Inserida na linha de Pesquisa: Uso e Abuso de Álcool e

Drogas

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Cristina Pillon

RIBEIRÃO PRETO 2008

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca Central do Campus

Administrativo de Ribeirão Preto / USP

Domingos, Josélia Benedita Carneiro

O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas nas estradas. Ribeirão Preto, 2008. 146p. ; il. ; 30cm Dissertação de Mestrado apresentado à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP – Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas – Área de Concentração: Enfermagem Psiquiátrica

Orientadora: Pillon, Sandra Cristina

1. Uso do Álcool. 2. Prevenção. 3. Motoristas nas estradas. 4. fatores de risco para a saúde.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Josélia Benedita Carneiro Domingos O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas nas estradas.

Dissertação apresentada ao Programa de Enfermagem

Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título

de Mestre. Inserida na linha de Pesquisa “Uso e Abuso

de Álcool e Drogas”.

Área de Concentração: Enfermagem Psiquiátrica

Aprovado em: ____/____/______.

Banca Examinadora

Profª. Dra. __________________________________________________________

Instituição: _________________________Assinatura: ________________________

Prof. Dr. ____________________________________________________________

Instituição: _________________________Assinatura: _______________________

Prof. Dr. ____________________________________________________________

Instituição: _________________________Assinatura: ________________________

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Agradecimentos Especiais

A Deus “Amor é uma reação positiva do coração. Deus não começou a amar na cruz nem nos amará mais amanhã do que nos ama hoje” (I João 3:17).

À profa. Dra. Sandra Cristina Pillon Obrigada por confiar e acreditar em mim.

“Amigo se faz em tempo de paz, mas é na angústia, que se prova o seu amor”

(Pra. Ludmila Feber).

À minha mãe Clarisse “Amar a seus filhos incondicionalmente é: Determinar que, não importa o que aconteça você vai sempre buscar o bem dos teus filhos, não o seu próprio” (Jan Silvious, 2003). Mãe eu te amo.

Ao Dr. Faustino Jarruche (In Memorian)

Lembro de suas palavras na carta: “Sabe Jô, tem muitas coisas que só são

conhecidas nas suas devidas dimensões e quase sempre tem um custo muito maior do

que a gente imagina”. Ás minhas mães especiais Zizi, Santa, Luiza, Áurea, Rita Existem pessoas que parece ter vindo direto do céu, vindo direto de Deus, essas pessoas são vocês. Amo demais vocês.

Aos Pastores e irmãos da CCRP em especial

Prs. Djalma & Iolanda Pessoas que admiro e que com certeza

são amigos e ungidos de Deus. Vocês são muito especiais para mim.

Ao presente de Deus na minha vida Ricardo Rocci “Não desista, não pare de crer! Os sonhos de Deus jamais vão morrer” (Ludmila Feber). Obrigada, pela companhia nos momentos mais importantes na minha vida! Amo você!!!

Aos meus irmãos e sobrinhas Letícia, Larissa e Bianca As grandes conquistas que aconteceram

em minha vida, vocês fizeram parte delas. Vocês são muito especiais para mim.

Page 6: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Agradecimentos

Ao Paulo César, Paulo Pacheco e Munir coordenadores da Campanha Saúde na Estrada, por proporcionar-me o acesso ao campo de estudo. E a todos que colaboram sempre na campanha, para que ela aconteça da melhor forma possível. Aos auxiliares de enfermagem e Enfermeiros da sala de urgência e da Psiquiatria do Hospital da Clinicas de Ribeirão Preto-SP e de Jaboticabal SP. Aos motoristas que participaram da pesquisa. “Deus conhece as nossas carências. Ele sabe do que nós precisamos” (Ludmila Feber). As minhas amigas e amigos especiais:

Léa Parreira, Dr. Roberto, Sheila Alvenira, Sinara Souza, Márcia Vorpagel, Elaine

Cristina, Cida Garcia, Dona Leninha, Cida Alves, Ana, Mary Iwamoto, Marisa Akiko,

Paulo Sérgio Ferreira, Gisela Amorim, Wendy, Munira, Carolina M. Paula, Miriam do

CAPS-ad, Maria Estela, Maria Célia, Stella Telles, Sandra Rocci, Kelly Cristina,

Nazira, Cidinha, Claudeli, William Andrade, Ronildo, Rafael Castilho, Wesley,

Eziomar, Silvia Muzembani, Gabriela Vasters, Regilene, Maria Célia Dalri, Profa.

Luceli, Profa. Gema, Shirlene, Arlete, Leda, Amália, Margareth, Rodrigo “desejo”,

Marta e Munir da Copiadora Endac.

Aos professores da Pós-graduação da EERP-USP, em especial aos do

Departamento de Enfermagem da Psiquiátrica.

Às secretarias do departamento Adriana e Edilene: “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber).

Às bibliotecárias Maria de Lourdes e Bernadete: “Tem pessoas especiais como vocês que tem o dom de encontrar“ (Ludmila Feber).

A Profª. Dra. Ana Maria Pimenta de Carvalho, Os melhores exemplos não são demonstrados por palavras, mas sim por condutas.

Obrigada pela avaliação e orientações precisas no exame de qualificação.

Ao prof. Dr. Marcelo Ribeiro,

Suas sensibilidades e suas competências profissionais trouxeram valiosas

contribuições para a direção deste trabalho, e respaldo para seu desenvolvimento.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Representação da quantidade em volume, do teor alcoólico e as

taxas de álcool no sangue e no ar expirado......................................40

Quadro 2- Apresentação dos domínios e conteúdos do Teste de Identificação do

Uso do Álcool (AUDIT).......................................................................47

Quadro 3- Valores de glicose plasmática para o diagnóstico de Diabetes

Mellitus. Segundo o Consenso Brasileiro sobre Diabetes. São Paulo,

2002...................................................................................................48

Quadro 4- Classificação dos valores do colesterol total, segundo III Diretrizes

Brasileiras sobre Dislipidemias. São Paulo, 2001.............................48

Quadro 5- Classificação e níveis da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em

adultos, segundo Manual de Hipertensão Arterial.............................49

Quadro 6- Classificação do Índice de Massa Corporal (IMC), segundo OMS

(2004).................................................................................................49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Apresentação das informações sociodemográficas, segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006...................................................................................58

Tabela 2 - Apresentação do padrão do uso de álcool nos últimos 12 meses,

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006....................................................................59

Tabela 3 - Apresentação dos sinais e sintomas de dependência, segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006…………………………………………………………...60

Tabela 4 - Apresentação dos problemas decorrentes do uso do álcool, segundo

os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006……………………………………………………..........61

Tabela 5 - Apresentação dos níveis de risco do beber (AUDIT), segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006……………………………………………………..........62

Tabela 6 - Comparação entre o último dia em que fez uso de bebidas alcoólicas

e os níveis de risco do beber (AUDIT), segundo os participantes da

Campanha Saúde na Estrada (n=738). Ribeirão Preto, SP, 2006.....63

Tabela 7 - Comparação entre o sexo e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006.....................................................................64

Tabela 8 - Comparação entre o estado civil e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006..................................................65

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Tabela 9 - Comparação entre a escolaridade e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006…………….........………...……...66

Tabela 10 - Comparação entre a procedência e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006……………………………..........67

Tabela 11 - Comparação entre religião e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006…………………………………….....….........68

Tabela 12 - Comparação entre profissão e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006……………………………………..................69

Tabela 13 - Comparação entre a presença de doença crônica e os níveis de risco

do beber (AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006………………………....70

Tabela 14 - Comparação entre o uso de medicamentos e os níveis de risco do

beber (AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006…………………………..71

Tabela 15 - Comparação entre o valor da pressão arterial e os níveis de risco do

beber (AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006......................................72

Tabela 16 - Comparação entre níveis de glicemia e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006……...………………………….....73

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Tabela 17 -

Comparação entre níveis de colesterol e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006…………………………………...74

Tabela 18 - Comparação entre IMC com níveis de risco do beber (AUDIT), dentre

os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006..………..............................................................….....75

Tabela 19 - Comparação entre uso de medicamentos e os níveis de risco do

beber (AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006…….............................76

Tabela 20 - Comparação entre acidentes de trânsito e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006……………………………...........77

Tabela 21 - Regressão logística entre a pontuação (maior ou menor que 8) do

AUDIT e as variáveis sociodemográfica, segundo os participantes da

Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP,

2006....................................................................................................78

Tabela 22 - Regressão logística entre a pontuação (maior ou menor que 8) do

AUDIT e as condições de saúde entre os participantes da Campanha

Saúde na Estrada, (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006…..............80

Tabela 23 - Regressão logística entre a pontuação (maior ou menor que 8) do

AUDIT e acidentes de trânsito entre os participantes da Campanha

Saúde na Estrada, (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006...................81

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Tabela 24 - Média, desvio padrão, variância mínima, mediana e máximo e p valor

(teste t ) dos valores da pressão arterial (P A) entre os participantes

abstêmios e não abstêmios da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006……............................................82

Tabela 25 -

Média, desvio padrão, variância mínimo, mediana e máximo e p valor

(teste t) dos valores da glicemia entre os participantes abstêmios e

não abstêmios da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006…………………...……………………………...............83

Tabela 26 - Média, desvio padrão, variância mínimo, mediana e máximo e p valor

(teste t) dos valores do colesterol entre os participantes abstêmios e

não abstêmios da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006..................................................................................83

Tabela 27 - Média, desvio-padrão, variância mínimo, mediana e máximo e p valor

(teste t) do valores do IMC entre os participantes abstêmios e não

abstêmios da Campanha Saúde na Estrada, (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006…...………………..............................................…....84

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 17

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................

25

1.1 Panorama Geral sobre o uso do álcool................................................................. 26

1.2 Os efeitos do uso do álcool na saúde................................................................... 29

1.3 Efeitos do álcool sobre o comportamento ............................................................ 35

1.4 Álcool e acidentes automobilísticos...................................................................... 36

1.5 Limites do beber................................................................................................... 38

2. OBJETIVOS........................................................................................................

42

GERAL ....................................................................................................................... 43

ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 43

3. METODOLOGIA ...............................................................................................

44

3.1 Desenho................................................................................................................ 45 3.2 Local...................................................................................................................... 45

3.2 Local...................................................................................................................... 45

3.3 Período.................................................................................................................. 45

3.4 Amostra................................................................................................................. 45

3.5 Instrumento........................................................................................................... 46

3.6 Procedimento..... .................................................................................................. 49

3.7 Coleta de dados.................................................................................................... 50

3.8 Aspectos Éticos..................................................................................................... 51

3.9 Análise dos dados................................................................................................. 51

3.10 Critério de Inclusão ............................................................................................ 53

3.11 Critério de exclusão............................................................................................ 54

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4. RESULTADOS................................................................................................... 55

4.1 Análise Exploratória............................................................................................... 56

4.2 Análise de Associação........................................................................................... 57

4.3 Comparações das condições de saúde................................................................. 57

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................

85

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................

105

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................

107

REFERÊNCIAS.......................................................................................................

110

ANEXOS...................................................................................................................

122

Anexo A - Parecer do Comitê de Ética ....................................................................... 123

Anexo B - Parte I- Identificação sócio demográfica e condições de saúde................. 124Anexo C - Parte II - AUDIT- The Alcohol Use Disorder Identification Test……........... 125

Anexo D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........................................... 126

APÊNDICES ............................................................................................................... 127

Apêndice A - Repercussões da divulgação em sites da pesquisa.............................. 128

Apêndice B - Artigos em revistas (Magazine) on line.................................................. 137

Apêndice C - Divulgação Científica na mídia.............................................................. 138

Apêndice D - Artigo publicado em Revista.................................................................. 139

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RESUMO

DOMINGOS, J.B.C. O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas nas estradas. 2008. 146f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Universidade de São Paulo – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, SP, 2008. O uso de álcool entre motoristas é tema preocupante devido às graves

conseqüências e aos altos índices de acidentes de trânsito que tem gerado. O

presente estudo teve como objetivo identificar o uso do álcool entre motoristas nas

estradas, bem como avaliar as condições de saúde entre os participantes da

Campanha Saúde na Estrada em Ribeirão Preto, SP. A amostra foi composta por

1014 participantes, a maioria homens, com idade de 30 a 45 anos, casados, com

baixo nível de escolaridade, procedente da Região Sudeste, religião católica. Entre

os participantes, 81,5% são caminhoneiros. Quanto ao uso do álcool, 738 (72,7%)

bebem de 2 a 4 vezes por mês, de 3 a 4 doses numa única ocasião e se embriagam

semanalmente, índices considerados altos quando se trata de motoristas. Esses

apresentam uso de bebidas alcoólicas em níveis de risco e de baixo risco. Entre os

229 (31%) motoristas que sofreram acidentes de trânsito, 19 (2,5%) acidentes

ocorreram após o beber. Em relação às condições de saúde, 33% que apresentam

hipertensão fazem uso de risco, quase 30% apresentam diabetes e também fazem

uso de risco, no entanto, aqueles que expressaram ter pancreatite foram 74,5% e

apresentaram colesterol acima de 200mg/dL 39,1% fazem uso de baixo risco. Na

análise dos dados, avaliados através da pontuação do AUDIT maior que 8, ter idade

menos que 30 e entre 30 e 45 anos, ser do sexo masculino, não ter religião,

sobrepeso e obesidade foram considerados as características que contribuíram para

os fatores de riscos entre os participantes. Ao passo que, ser evangélico, praticar

religião, estar casado/amasiado e possuir nível superior foram os fatores de proteção

para o uso abusivo de álcool. Esses dados nos fornecem subsídios para o

desenvolvimento de campanhas preventivas pontuais sobre o beber e dirigir, como

também ações educativas e informativas permanentes para essa clientela expostas

aos riscos nas estradas.

Palavras chaves: Uso do Álcool, prevenção, motoristas nas estradas, fatores de

risco para a saúde.

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ABSTRACT DOMINGOS, J.B.C.. Use of Alcohol and health conditions from drivers in the roods. 2008, 146f. Dissertation (Master’s Degree in Nursing). School of Nursing,

University of de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2008.

The use of alcohol among drivers is a matter of concern because the serious

consequences and the high rate of traffic accidents which has created. This study

aims to identify the use of alcohol among drivers on the roads, as well as assess the

health conditions among participants of the Campaign Health on the Road in

Ribeirao Preto-SP. The sample was composed of 1014 (85.5%) participants, mostly

men, aged 30 to 45 years old, married, with low level of education, founded the

Southeast, Catholic religion. Among the participants 81.5% are truck drivers.

Regarding the use of alcohol 738 (72.7%) drink from 2 to 4 times per month, 3 to 4

doses in a single occasion and that numbing weekly, indices considered high when it

comes to drivers. They have use of alcohol at levels of risk and low risk. Among the

229 (31%) drivers who suffered traffic accidents, 19 (2.5%) occurred after drinking.

Regarding the conditions of health 33% have hypertension make use of risk, almost

30% have diabetes also make use of risk, however those answered pancreatitis and

74.5% had cholesterol above 200 mg / dL 39.1% make use of low risk. In the

analysis of the data, assessed by the AUDIT scores greater than 8, have less than

age 30 and between 30 to 45 years old, being male, not having religion, overweight

and obesity were contributing to the factors of risk between participants. While be

evangelical, practicing religion, be married / roommate and Higher Education have

been factors to protect the abuse of alcohol. These data give us subsidies for the

development of preventive campaigns spot on the drinking and driving, as well as

educational and informative permanent shares to this clientele at risk on the roads.

Key Words: Use of Alcohol, prevention, drivers on the roads, risk factors for health.

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RESUMEN DOMINGOS, J.B.C. El consumo de alcohol y las condiciones de salud entre conductores de carreteras. 2008. 146f. Disertación (Maestría en Enfermería) - Universidad de São Paulo – Escuela de Enfermería de Ribeirão Preto , SP, 2008. El consumo de alcohol entre conductores es problema que genera preocupación, debido a

las graves consecuencias y a los altos índices de accidentes de transito ocasionados. El

presente estudio tiene por objetivo identificar el consumo de alcohol entre conductores que

transitan en carreteras, así como evaluar las condiciones de salud entre los participantes de

las Campañas de Salud en las entradas de acceso a Ribeirão Preto,SP. La muestra fue

constituida por 1 014 participantes, siendo la mayoría hombres, con edades entre 30 y 45

años, casados, con bajo nivel de escolaridad, procedentes de la Región Sureste y de

religión católica. De los participantes, 81,5% son camioneros. Con respecto al uso de

alcohol, 738 (72,7%) beben de 2 a 4 veces por mes, tomando entre 3 a 4 dosis por vez,

embriagándose semanalmente; índices altos, si consideramos que son conductores. El uso

de bebidas alcohólicas es de riesgo, no obstante otro grupo se ubica en bajo riesgo. Entre

los 229 (31%) conductores que tuvieron accidentes de transito, 19 (2,5%) fueron

consecuencia del consumo de alcohol. Con respecto a las condiciones de salud 33% tienen

hipertensión e aproximadamente 30% tienen diabetes; encontrándose este grupo en riesgo.

Sin embargo aquellos que mencionaron tener pancreatitis (74,5%) y colesterol en niveles

superiores a 200 mg/dL (39,1%), son individuos clasificados como de bajo riesgo. Durante el

análisis de los datos, al ser evaluados a través de la puntuación del AUDIT (mayor a 8); la

edad menor a 30 y entre 30 y 45 años, el sexo masculino, el no pertenecer a ninguna

religión, el sobrepeso y obesidad; fueron variables que contribuyeron al riesgo entre los

participantes. Mientras que, el ser evangélico, practicar religión, estar casado/conviviente y

tener Nivel Superior fueron factores de protección que evitaban el consumo abusivo de

alcohol. Estos datos nos brindaron subsidios para el desarrollo de campañas preventivas

específicas, relacionadas al beber y dirigir, así como acciones educativas e informativas

permanentes para este tipo de clientes; quienes, están expuestos a riesgos en las

carreteras.

Palabras claves: Uso de alcohol, prevención, conductores en las carreteras,

factores de riesgo para la salud.

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Apresentação

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Apresentação

Minha trajetória profissional na área de dependência de drogas foi iniciada

com momentos difíceis que envolveram períodos da minha infância e adolescência.

A convivência com diversas pessoas da minha família como meu pai e avôs me

levaram a vivenciar momentos desagradáveis, em que o consumo de álcool era

projetado negativamente dentro de minha casa.

Esse tema vem me preocupando desde que tive entendimento sobre o

alcoolismo como doença que leva a fatalidades e conseqüências graves. Também,

ao me identificar com colegas que tinham familiares usuários de bebidas alcoólicas,

durante o percurso da minha vida, e, já ingressada na enfermagem, procurei me

aprofundar, buscando conhecer um pouco mais sobre a dependência do uso do

álcool, bem como suas conseqüências, e entender melhor até que ponto o bebedor

chega, por exemplo, a ser abandonado pela família e à autodestruição, quando não

é percebido como pessoa inválida.

Ao longo da trajetória profissional, atuando na Santa Casa de Misericórdia de

Ribeirão Preto como auxiliar de enfermagem, deparei-me com pacientes cardíacos

clínicos e cirúrgicos. Nesse serviço, mesmo que não existindo protocolo de

assistência para identificar o uso do álcool na especialidade, sempre perguntava

sobre o beber. Outro fato curioso observado foi que, ao ler a evolução médica, raras

eram às vezes em que havia notificação do uso de bebidas alcoólicas no prontuário

do paciente.

Ao término do curso técnico de enfermagem, minha indignação aumentou

ainda mais por perder meu pai por alcoolismo.

Atuando na Unidade de Emergência do Hospital das Clinicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), mais uma

vez observei o grande número de pacientes vítimas do alcoolismo. Os pacientes

Page 19: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apresentação

apresentavam lesões múltiplas e a causa principal, em grande parte, era o uso do

álcool. Observava que, entre os principais acidentes, estavam as colisões

automobilísticas, atropelamentos, quedas, enfim, lesões provocadas após o uso

abusivo de bebidas alcoólicas. Quando não chegavam essas urgências, chegavam

pacientes com hemorragia digestiva alta, pacientes esses bebedores crônicos. E, na

maioria das vezes, pacientes com diagnóstico de pancreatite aguda, dor abdominal

aguda e, novamente, quando avaliava o histórico do paciente, dificilmente era

encontrada alguma informação sobre o uso de bebida alcoólica.

Experiência curiosa que vale ressaltar aqui foi, após minha formação

acadêmica, quando trabalhei em serviços de resgate, ou seja, no atendimento pré-

hospitalar. Trabalhei durante sete anos na empresa que realizava serviços à

concessionária Autovias. Aqui, inicia o meu envolvimento na Campanha de Saúde

na Estrada, local que surgiu o desenvolvimento do presente estudo, no entanto,

torna-se necessário a apresentação das atividades realizadas ali, pois, foi por meio

da parceria e troca de experiência que o presente estudo surgiu. A campanha

acontece no posto de serviços da rodovia Anhanguera, SP-330, no Km 312-pista

norte, sentido capital-interior. Geralmente é realizada três vezes ao ano, aqui nas

rodovias de Ribeirão Preto, SP, e atende cerca de 1800 participantes. Essa

campanha é trabalho de cunho social, que visa a prevenção, realizada para avaliar

as condições de saúde dos participantes, que geralmente são motoristas. Somando-

se às entrevistas, também é efetuada a mensuração dos sinais vitais, a dosagem de

glicemia e o colesterol, além da atualização das carteiras de vacinações e devidas

orientações.

Ao participar da campanha, sugerimos aos coordenadores que na entrevista

houvesse a inserção da identificação do uso do álcool, seguido por orientações

Page 20: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apresentação

sobre os valores pontuados no AUDIT, instrumento que permite identificar o padrão

do uso do álcool e suas conseqüências, fato que foi acolhido calorosamente pelos

coordenadores da campanha.

A Autovias é concessionária pertencente à Obrascón Huarte Lain (OHL S,A)

no Brasil, que engloba a Centrovias e a Intervias e, dessa forma, é composta pelos

10 melhores trechos pavimentados do Brasil. A OHL concessionária é forte

operadora que administra diversas concessionárias não apenas nas rodovias no

Brasil, mas também em outros países da América Latina e Europa. Essa empresa

mantém presença no mercado brasileiro desde 1998, considerada uma das

primeiras concessionárias brasileiras. Sua área de abrangência compreende trechos

de outros municípios polarizadores, abrangendo, além de Ribeirão Preto, mais sete

cidades da região.

Em média, trafegam 48 000 veículos por dia. A Autovias mantém, em seu

trecho, completa infra-estrutura de atendimento aos usuários, disponibilizando assim

diversos serviços nas rodovias com, por exemplo, ambulâncias, carro pipa e outros.

Com toda a infra-estrutura existente, promove o Programa Saúde na Estrada

que foi criado em janeiro de 2001, onde já foram realizados 43 894 exames (aferição

de pressão arterial, controle de colesterol e glicemia, avaliação da qualidade do sono

e medição do índice de massa corpórea), além de 10 543 vacinas (contra sarampo,

rubéola, gripe, tétano, difteria e febre amarela) e atendimento odontológico.

A campanha conta ainda com a parceria de empresas, secretarias municipais

e instituições de ensino superior. O programa tem apoio da Universidade de Ribeirão

Preto, da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), do São

Francisco Resgate, das Secretarias Estaduais da Saúde e dos Transportes,

Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto e Polícia Militar da Rodovia do

Page 21: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apresentação

Estado de São Paulo e, neste momento, também o da Escola de Enfermagem de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) como programa de

extensão voltado para alunos de graduação, com enfoque para as orientações

relacionadas ao beber e dirigir.

Voltando ao contexto da minha inserção como enfermeira, no atendimento

pré-hospitalar, quando atuava nas estradas, observei que os acidentes de trânsito,

onde realizava a assistência de enfermagem, eram dos mais diversos, variando

desde aqueles leves sem lesões, até outros com vítimas fatais. Percebia que o uso

de álcool era proibido entre os motoristas, no entanto, a realidade era outra, ou seja,

a regra do trânsito não era levada a sério pelos motoristas. Ao buscar na literatura,

pude observar que as estatísticas deixavam evidentes e que, na maioria dos

acidentes graves, o condutor havia consumido bebida alcoólica em grande

quantidade.

Durante a assistência às vitimas socorridas nas estradas, observei os sinais e

sintomas, pois, mesmo inconscientes, exalavam hálito etílico e, no entanto, esses

fatos não podiam ser reportados ou anotados, e muito menos ser dito que o

motorista estava alcoolizado. Nessas ocasiões tornava-se necessário a realização

de testes laboratoriais, ou mesmo o uso do bafômetro para diagnóstico mais preciso

do uso do álcool. Muitas vezes, o comportamento dos motoristas alcoolistas era de

agressividade, pois esses nos ameaçavam e nos agrediam verbalmente, quando

investigávamos sobre o consumo de bebidas alcoólicas, muitos negavam o fato,

mesmo apresentando hálito etílico e, como provas, estavam presentes no veículo

latas e garrafas de cerveja.

Durante o atendimento, pude perceber como a equipe de saúde que atuava

no resgate ficava fragmentada ao realizar abordagem específica a esses clientes. Se

Page 22: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apresentação

as vítimas alcoolizadas recusassem os atendimentos, mesmo que houvesse lesões,

os profissionais pouco se importavam em seguir com o protocolo de atendimento, já

que os motoristas negavam a ser examinados e tampouco aceitavam ser

encaminhados para serviço hospitalar.

Muitas vezes, era necessário que a vítima assinasse um termo de

responsabilidade, assumindo assim suas possíveis conseqüências. Nesse sentido,

como enfermeira, avaliava o nível de complicação dessas situações, pois já tinha

certo conhecimento sobre o que a intoxicação alcoólica podia ocasionar e, ainda

mais, ficava incomodada com tais comportamentos.

Ressalto que, quando a nossa equipe era solicitada para atender uma pessoa

na estrada, percebia que, na maioria das vezes, era um andarilho, que carregava um

saco de objetos e, é claro, era evidente a presença de “corotinhos” de aguardente,

bebida essa que podia ser comprada por menos de um real. No caso, esses

pacientes apresentavam hálito etílico e mal conseguiam andar.

Na assistência, minha indignação aumentava ainda mais, pois eram levados

para a cidade e eram abandonados em praças públicas. Frente aos relatos dos

colegas profissionais de saúde, isso era justificado pelo fato de que, após algumas

horas de descanso, esses iam melhorar. Aqui percebe-se a falta de conhecimento

por parte desses profissionais sobre o tema, e o uso de uma intervenção moral.

Comecei, posteriormente, o curso de especialização em Enfermagem

Psiquiátrica e Saúde Mental, onde tive a oportunidade de desenvolver pesquisa

sobre o uso de álcool entre pacientes atendidos na atenção básica e me aprofundar

um pouco mais nesse imenso mundo do alcoolismo. No desfecho desse estudo, fui

me envolvendo com as formas de intervenção que me permitiam ajudar muito os

usuários de álcool, ainda nas fases iniciais do uso do álcool.

Page 23: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apresentação

Mediante toda essa vivência pessoal e profissional e em discussões com a

orientadora do presente estudo, sobre as questões do uso de bebidas entre

motoristas nas estradas, surgiu a idéia de desenvolver o presente estudo.

Frente à complexidade do tema beber e dirigir, busquei, neste estudo,

identificar o uso de álcool e suas conseqüências entre os participantes da

Campanha Saúde na Estrada.

Page 24: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

Page 25: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

25

Sábio se é quando se bebe bem. Quem não sabe beber não sabe beber nada.

Boileau

1.1 Panorama geral sobre o uso do álcool

Motoristas que dirigem longas horas nas estradas podem estar expostos a

diversos fatores de risco, principalmente os riscos para a saúde. Distantes de suas

casas, tornam-se vulneráveis a certos comportamentos de risco, como o uso de

bebidas alcoólicas e o de rebite (anfetaminas), ou mesmo o uso combinado dessas

substâncias. Os resultados podem levar a médio e a longo prazo ao

desenvolvimento de doenças crônicas como as hepáticas e as cardiovasculares,

além de propiciar acidentes graves de trânsito. Sob essa percepção, o uso nocivo de

álcool entre motoristas é um dos grandes contribuintes para o desenvolvimento de

problemas.

O uso de bebidas alcoólicas tem se tornado hábito tradicional e freqüente

entre motoristas, somado à alimentação precária que muitas vezes ocorre em

restaurantes próximos às estradas, onde a oferta do chamado “aperitivo”, durante as

refeições, é muito comum. Ou, então, quando esses param nos postos de serviços

para descansarem e encontram os companheiros para “pôr a conversa em dia”. A

bebida, nessas ocasiões, se torna meio essencial de socialização e forma de

relaxamento. Essas cenas são observadas no dia-a-dia dos motoristas que estão

distantes de suas residências. Dessa forma, as condições de sedentarismo e a

carga excessiva de trabalho representam resultados expressivos nas estatísticas de

acidentes de trânsito e condições precárias de saúde.

Dessa maneira, esses motoristas que vivem em tais condições têm chance

Page 26: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

26

muito alta de fazer uso de álcool, o que a literatura aponta como situações

caracterizadas como fatores de risco, quando somadas às características

individuais, situações sociais, ou circunstâncias, que deixam a pessoa mais

vulnerável para se envolver em tais comportamentos. Esses fatores podem estar

presentes no próprio indivíduo, na família, entre os companheiros ou até mesmo na

comunidade em que vivem (MEYER et al., 2004).

Nos estudos realizados entre caminhoneiros, a maioria aponta algumas

características e condições de saúde que podem ser consideradas como fatores de

risco para o uso do álcool.

Dessa forma, avaliação entre 279 motoristas de caminhão, na cidade de

Santos, SP, foi desenvolvida e mostrou que 84% faziam uso de bebidas alcoólicas.

Dentre as características sociodemográficas, porcentagem considerável possuía

baixa escolaridade (71,7%), declararam ser católicos (79,2%) e faziam abuso do

álcool, enquanto a minoria (15,8%) era evangélica abstêmia. Nesse estudo, a

religião aparece tanto como fator de risco quanto de proteção para o beber

(VILLARINHO et al, 2002).

No Estado do Mato Grosso do Sul, estudo com 260 caminhoneiros, quando

foram avaliadas as condições de saúde e os índices de acidentes de trânsito, nos

últimos 5 anos, apontou que 50,9% fazia uso de bebidas alcoólicas em níveis de

abuso, e que 75,5% eram casados e 71,3% possuíam baixa escolaridade e 13,1%

estiveram envolvidos em acidentes nos últimos 5 anos (SOUZA; PAIVA; REIMÃO,

2005).

Na avaliação das condições de saúde entre 3 697 motoristas de caminhão,

que trafegavam a rodovia BR-277, os resultados mostraram que 45,5%

apresentavam problemas com alcoolismo, 33,2% obesidade e 21,5%, hipertensão

Page 27: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

27

(AMATUZI FILHO, 2004).

Na revisão de literatura, os riscos cardiovasculares associados ao uso nocivo

de bebidas alcoólicas são bastante evidentes. No Brasil, em população específica

entre motoristas, foi identificado, por Cavagioni (2006), numa amostra de 258

motoristas profissionais, alterações das condições físicas de saúde entre os que

faziam uso de bebida alcoólica e identificou que, em 55 (39%), os níveis pressóricos

estavam acima do normal, 11 (8%) apresentaram glicemia alterada e em 50 (35%) o

colesterol estava maior que aqueles recomendados pela Organização Mundial de

Saúde (OMS).

Há consenso, entre esses estudos, que os motoristas de caminhão

apresentam índices consideráveis de problemas em relação ao beber e às precárias

condições de saúde.

Entre outros fatores de risco, encontra-se altos índices de acidentes de

trânsito, envolvendo carros, motos e caminhões. O comportamento do dirigir

alcoolizado representa uma das principais conseqüências do uso nocivo de bebidas

alcoólicas. Nos pressupostos de Ross (1992), a aceitação culturalmente que a

mistura do lazer com álcool e álcool com direção que tem proporcionado “bem-estar”

pode estar contribuindo para os altos índices de acidente.

Dessa maneira, os relatórios da OMS têm apontado que altos são os custos

sociais que o beber gera para a saúde individual e coletiva. No âmbito mundial,

calcula-se que o álcool esteja relacionado a 3,2% de todas as mortes. Nos países

em desenvolvimento e com baixos índices de mortalidade, porém, com altos índices

de morbidade, dos quais o Brasil faz parte, o uso de bebidas alcoólicas é uma das

principais causas para os agravos de doenças, além das conseqüências e gastos

públicos e privados decorrentes do uso/uso nocivo, ou dependência de álcool, com

Page 28: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

28

impacto nas condições de saúde (WHO, 2002).

Sabe-se que os riscos para a saúde estão associados com o uso agudo

(intoxicações) e crônico, e esses podem apresentar diferenças. Se uma pessoa

consome 5 ou mais doses em uma única ocasião apresenta maior risco de

envolvimento em acidentes de trânsito, ao passo que outra que faz uso continuado

nesse padrão de consumo apresenta maior risco de desenvolvimento de doenças

crônicas (Brasil, 2003).

O uso de álcool, além de estar associado ao desenvolvimento de danos

físicos e psicológicos, mostra aspecto importante quanto à análise do nível de

consumo. Atualmente é questão polêmica, pois, estudos sugerem que qualquer nível

de consumo pode ser prejudicial, no entanto, não existe um consumo isento de

possíveis problemas ou sem riscos. A OMS reconhece que o uso nocivo e a

dependência impõem à sociedade carga global de agravos indesejáveis e altamente

dispendiosos, e é considerado um dos maiores problemas relacionados a graves

conseqüências de saúde do século XXI (MEYER et al., 2004).

O álcool é uma das drogas mais usada no mundo, pois, em primeiro lugar, é

licita, muito aceita pela sociedade, de fácil aquisição e com baixo custo. A sua

disponibilidade e os fatores que a influenciam (econômico, por exemplo), não são os

únicos fatores importantes em nível populacional. A aceitação do consumo também

tem desempenhado papel fundamental, e isso é determinado em grande parte pelos

valores sociais e culturais, tais influências operam em vários níveis, por exemplo, a

nacionalidade, a religião, cargo ocupacional e a família (EDWARDS; MARSHALL;

COOK, 2005b).

Os acidentes de trânsito também são causados por falhas humanas, porém,

ocorrem mais freqüentemente quando os motoristas apresentam problemas de

Page 29: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

29

saúde ou estão sob efeito de álcool ou outra droga. Dados do National Toxicological

Center apontou que, de 3 191 motoristas mortos em acidentes automobilísticos,

entre 1991 a 1998, em 8,9% as drogas ilícitas estavam presente, enquanto que, em

quase a metade dos casos (46%), foi detectada a presença de álcool (DEL RIO;

ALVAREZ, 2001).

O uso do álcool é cultural e permitido em quase todas as sociedades. No

Brasil a bebida alcoólica tem sido sinônimo de alegria, pois muitos consideram que

não existe uma festa “boa” sem a presença de bebidas alcoólicas. Também curiosa

é a quantidade de postos de serviços que vendem, intensivamente, bebidas

alcoólicas como a cerveja e promovem diariamente happy-hour. Informações sobre

“saber beber com responsabilidade e as conseqüências do uso nocivo de álcool”

ainda são insuficientes e não contemplam a população de maior risco para o

consumo, que são os adolescentes e os adultos jovens (BRASIL, 2001).

Diante da magnitude dos agravos associados ao uso de álcool entre

motoristas, faz-se necessário o envolvimento de todos os segmentos da sociedade,

com medidas efetivas, como a restrição de vendas da bebida alcoólica em postos

próximos às estradas e instrumentos de trabalho preventivos a essa população.

Esse tema é discutido mais detalhadamente no artigo publicado no apêndice D.

1.2 Os efeitos do uso do álcool na saúde

Se por si só o uso do álcool consiste um dos maiores problemas de Saúde

Pública, quando associado às doenças crônicas como a hipertensão, diabetes

mellitus, e as doenças hepáticas, se torna desafio ainda maior para os serviços de

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Introdução

30

saúde buscarem mecanismos para o enfrentamento, tanto na prevenção como no

tratamento.

O álcool é a droga que, ao longo do tempo de uso, pode levar o indivíduo a

conseqüências graves e irreversíveis. O uso de forma nociva aumenta os índices de

absenteísmo nas relações de trabalho e o desenvolvimento de várias patologias

clínicas e mentais como, por exemplo, as hepáticas (um dos problemas mais

precoces), seguido pelas cardíacas e as lesões do sistema nervoso central (SNC),

entre outras (MANSUR; CARLINI, 1993).

Dessa maneira, o uso nocivo de álcool aumenta o risco de morbidade e

mortalidade, tornando-se ainda maior quando cresce o nível de consumo

(EDWARDS et al., 1998b).

O sistema digestivo gastrintestinal é, juntamente com o SNC e o

cardiovascular aquele particularmente mais susceptível aos danos causados pelo

uso do álcool. No sistema digestivo gastrintestinal, entre as principais doenças

causadas pelo álcool, o fígado, o pâncreas e a mucosa gastrintestinal são aqueles

com maiores possibilidades para o adoecimento, pois a ingestão do álcool é que, no

estômago o álcool sofre a primeira passagem para o metabolismo, mas, de 90 a

98% é metabolizado no fígado, com cerca de 10g por hora (EDWARDS;

MARSHALL; COOK, 2005d).

Em relação ao pâncreas, a ingestão abusiva de bebida alcoólica pode

ocasionar, nesse órgão, um processo inflamatório, denominado pancreatite, devido à

ação tóxica do álcool, e estima-se que 25% dos sujeitos que fazem uso de risco e

nocivo apresentam alterações pancreáticas (REIS; RODRIGUES, 2003).

A pancreatite, no entanto, é uma doença comum associada ao uso do álcool.

Existem casos em que indivíduos que apresentam sintomas com início súbito, na

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Introdução

31

maioria das vezes, após uma ou duas exposições ao álcool e cerca de 40% das

pancreatites agudas têm como causa o uso do álcool (REIS, RODRIGUES, 2003).

Em São Paulo, em 1991, estudo com 400 pacientes portadores de pancreatite

crônica identificou que 374 (93,5%) eram provenientes do uso do álcool (MOTT;

GUARITA; BETARELLO, 1991).

No que se refere ao sistema cardiovascular, o aumento nos níveis pressóricos

está fortemente relacionado ao uso do álcool (EDWARDS; MARSHALL; COOK,

2005a).

Dessa maneira, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) representa um

problema grave para a saúde pública no país. Estudos epidemiológicos estimam que

cerca de 20% da população adulta, equivalente a 20 milhões, apresenta esse

problema. No Brasil, no ano 1998 foram registrados 930 mil óbitos relacionados a

essa doença (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2002).

Por ser doença silenciosa, colabora com altos índices de morte. Segundo a

OMS (1988), a hipertensão arterial é caracterizada por uma síndrome clínica devido

à elevação dos níveis pressóricos iguais ou superiores a 140mmHg da pressão

sistólica e ou 90mmHg de diastólica (WHO, 2002).

Estudos sobre os fatores de risco como no caso a hipertensão entre

motoristas, vêm crescendo, porém, poucos avaliam a relação com o uso do álcool.

Na rodovia BR-40, no ano 2005, foi avaliada a pressão arterial em 30

motoristas de caminhão e, desses, 23% apresentavam pressão alta (BATISTA;

SILVA, 2006). Outro estudo, na BR-277, identificou que 24% eram hipertensos entre

50 caminhoneiros que trafegavam na rodovia (CALIXTO et al., 2007).

A literatura aponta que o álcool é responsável por, aproximadamente, 10 a

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Introdução

32

30% dos casos de hipertensão arterial. E, mesmo que seja o uso em doses baixas,

pode resultar em alterações significativas dos valores pressóricos, principalmente

em indivíduos que já apresentam elevações prévias. Os bebedores que fazem uso

nocivo apresentam risco três vezes maior de sofrer acidente vascular cerebral

(AVC), quando comparado com os abstêmios (REIS; RODRIGUES, 2003), fato

bastante evidenciado na literatura (DONAHUE et al., 1986; GILL et al.,1986; KONO

et al., 1986; BEN-SHLOMO et al., 1992; BOFFETA; GARFINKEL, 1990).

Ainda, em relação aos problemas cardiovasculares, o uso nocivo está

associado a aumentos das arritmias cardíacas, às cardiomiopatias e às mortes

coronárias súbitas (ANDERSON et al., 1993). Os efeitos do álcool na circulação

sangüínea, quando em doses moderadas, pode causar pequeno aumento transitório

da freqüência cardíaca e na vasodilatação, já o uso nocivo de álcool pode causar

vários problemas hepáticos, podendo levar à cirrose ou pancreatite, doenças que

podem levar ao quadro de diabetes mellitus (EDWARDS; MARSHALL; COOK,

2005a).

Há, atualmente, um alto consumo de dietas industrializadas, ricas em sódio,

carboidratos e colesterol que são fatores de risco não só para hipertensão, mas

também para outras doenças crônicas como diabetes, obesidade e dislipidemia. Os

agravos do sendentarismo e hábitos alimentares inadequados favorecem a elevação

de risco para as complicações tardias e imediatas da diabete (CALIXTO et al., 2007).

O uso de álcool pode colaborar para as alterações dos níveis glicêmicos e,

conseqüentemente, desenvolver o diabetes mellitus. Dessa maneira, a hipoglicemia

está mais associada ao uso agudo, como intoxicações alcoólicas, ao passo que a

hiperglicemia é mais provável como resultado do uso crônico (MOAK; ANTON;

1999).

Page 33: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

33

O diabetes mellitus atualmente é considerado a principal doença do século

XXI, estima-se que, no ano 2010, haverá 46% de diabéticos. A prevalência do

diabetes mellitus com o aumento da obesidade é, atualmente, um dos maiores

problemas de saúde pública mundial (ZIMET; ALBERTI; SHAW, 2001).

Estudo nacional identificou 70% de pacientes diabéticos que faziam uso de

baixo risco de álcool, numa freqüência de menos de uma vez por mês, e não

encontraram relação significativa entre quantidade consumida de álcool e valores

glicêmicos (GUIMARÃES JÚNIOR, 2007). Dessa maneira, fica claro a necessidade

de realizar mais estudos para investigação do alto consumo de álcool e diabetes.

Por outro lado, a literatura internacional aponta que o consumo moderado de

bebida alcoólica pode reduzir os riscos do diabetes, embora a ingestão do álcool

possibilite afetar sensivelmente a insulina. No entanto, não são conhecidos os

motivos pelos quais as pesquisas apontam menor risco de desenvolver a doença

com consumo moderado de álcool (TELNER, 2002).

Segundo Koppes et al (2005), a ação protetora do álcool em relação a essa

doença poderia ser o mesmo mecanismo que explica a relação positiva de

moderado consumo de álcool com doenças cardiovasculares. O estudo conclui que

a grande preocupação em relação aos diabéticos, que consomem grandes

quantidades de álcool, é que, geralmente, tendem a se cuidar menos, não

realizando corretamente as práticas de prevenção para as complicações do

diabetes.

Outro aspecto a ser considerado nos efeitos do uso do álcool sobre a saúde

física são os riscos para o aumento da doença coronária, devido às alterações dos

níveis do colesterol. O colesterol é importante lipídio proveniente dos alimentos e

produzido pelo fígado. Doenças cardíacas e hipertensão arterial podem resultar do

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Introdução

34

depósito do colesterol no interior das paredes das artérias (UCKO, 1992). O beber

de risco e o nocivo estão associados ao aumento da gordura no sangue e a

avaliação do colesterol é um dos testes que pode acusar essa alteração

(EDWARDS, MARSHALL, COOK, 2005e).

O efeito do álcool nos lipídios colabora para o aumento do colesterol (AJANI

et al., 2000). Para Reis e Rodrigues (2003), o uso de bebidas alcoólicas mesmo em

uso moderado pode corroborar com o aumento desses níveis.

Essas complicações físicas são questões preocupantes para a saúde pública,

no entanto, a identificação inicial permite avaliar sua gravidade e promover

mudanças no comportamento do beber e reduzir significativamente essas

complicações de saúde causadas pelo uso do álcool.

O consumo de bebidas alcoólicas pode colaborar para o aumento de peso,

devido ao seu alto valor calórico. Estudo internacional apontou que, entre os

bebedores, 46,6% estavam com sobrepeso e 35% eram obesos (ARIF; ROHRER,

2005).

O índice de massa corpórea (IMC) é indicador do estado nutricional que

avalia se um indivíduo está acima do peso, obeso, ou abaixo do peso ideal,

considerável saudável, e, dependendo do indivíduo, o álcool tem maior capacidade

de provocar alterações, mesmo que seja em nível de embriaguez. Segundo

Wannanethee e Shapper (2003), o uso abusivo de álcool contribui diretamente para

o ganho de peso, colabora para a obesidade em homens.

A obesidade é um dos fatores de risco para muitas doenças crônicas como

diabetes, doenças cardiovasculares e alguns cânceres. No entanto, estudos

mostram que, não apenas no Brasil, a obesidade é um problema bastante evidente e

preocupante, pois quatro em cada dez brasileiros adultos sofrem de excesso de

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Introdução

35

peso (MONTEIRO, 2005).

1.3. Efeitos do álcool sobre o comportamento

O álcool é uma substância depressora do Sistema Nervoso Central, atua em

diferentes regiões do cérebro no qual é responsável pela censura interna e pelo

autocontrole do indivíduo. No início, a sensação é de euforia, o que vem reforçar o

uso em busca do prazer, mas o uso continuado e abusivo traz consigo a tolerância,

acarretando danos físicos permanentes. Além disso, existe uma alteração de

memória, do julgamento, da coordenação motora e capacidade sensorial, quando

consumidos em grandes quantidades, não se pode esquecer também dos danos

cerebrais (EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2005a) que, muitas vezes, são

irreversíveis.

Nesse sentido, o uso de álcool pode afetar os comportamentos como as

tomadas de decisões dos motoristas sobre o uso ou não do cinto de segurança e de

motociclistas em relação ao uso de capacete. Também, é responsável direto por

mais de 40% dos acidentes fatais. Dessa forma, mobiliza quantidade exorbitante de

recursos financeiros do Estado, tornando-se desafio constante em níveis de

prevenção (ESPADA, 2001).

Mesmo quando usada em pequenas quantidades, a bebida alcoólica interfere

nas habilidades cognitivas e comportamentais, diminuindo assim a coordenação

motora e os reflexos, comprometendo a habilidade para dirigir (MEYER, et al., 2004),

afeta o equilíbrio, a acuidade visual e o raciocínio. Os níveis de problemas

conseqüentes do uso variam particularmente mesmo com os baixos níveis de

concentrações de álcool no sangue (alcoolemia). Os testes laboratoriais têm

Page 36: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

36

demonstrado que a maioria das pessoas apresenta desempenho muito ruim no

tempo de resposta em uma tarefa específica, à medida que a alcoolemia aumenta.

Às vezes, mesmo consumindo apenas uma dose de bebida alcoólica, poderá

apresentar problemas à medida que a alcoolemia diminui (PAUWELS; HELSEN,

1998).

O consumo de bebidas alcoólicas, possivelmente aumenta os riscos

individuais de danos e o potencial para causar prejuízos a outras pessoas como

resultados de funcionamento motor e cognitivo deficiente. Essa deficiência pode ser

imediata e não necessariamente acontecer ao longo do tempo, pode ocorrer a morte

num acidente de carro, quando o indivíduo estiver embriagado ao dirigir

(EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2005b), uma vez que altos são os índices de

acidentes causados por esse uso.

1.4. Álcool e acidentes automobilísticos

Existe um corpo de evidências na literatura sobre a influência do uso de álcool

em acidentes. Os problemas decorrentes do uso entre motoristas são amplamente

pesquisados internacionalmente e se torna fundamental pelos elevados custos

sociais e suas conseqüências para os acidentados. Considerando pesado fardo

econômico-social, resultante dos prejuízos materiais, médicos e perda da

produtividade, pode ser considerado importante problema de saúde pública

(SCHULTS et al., 2001).

Os efeitos do uso de bebidas alcoólicas proporcionam aos motoristas falso

um senso de confiança, prejudicando assim as habilidades como atenção ao

volante, coordenação e tempo de reação às situações inesperadas. Mesmo abaixo

Page 37: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

37

dos limites legais, as chances são altas de ocorrer acidentes automobilísticos

(SCHULTS et al., 2001).

Mediante a complexidade do problema, a literatura a esse respeito, no Brasil,

ainda é escassa e muito preocupante. No país, poucos são os estudos que avaliam

a relação entre os acidentes automobilísticos e uso nocivo de álcool, principalmente

quando esses ocorrem nas estradas. Isso pode ser identificado nos dados da

Fundação SEADE, que apresenta os índices de acidentes de trânsito no Estado de

São Paulo, porém, não constam as informações sobre os acidentes em que o uso do

álcool esteve presente. A pesquisa apontou que, em 1999, ocorreram 9 311 óbitos

decorrentes de acidentes de transporte, correspondendo a 3,1% de todas as causas

de morte, com coeficiente de mortalidade de 20,41 por 100 000 habitantes. Nesse

mesmo ano, Ribeirão Preto, SP, contabilizou 137 óbitos por acidentes de transporte,

ficando com o pior coeficiente dentre as cidades do Estado de São Paulo com mais

de 200 mil habitantes, de 28,9 por 100 mil habitantes (FUNDAÇÃO

SEADE/IBGE,2006).

Enfocando os acidentes que envolvem o uso de álcool entre motoristas, o

Departamento Nacional de Trânsito (1999) realizou estudo multicêntrico em 1997,

em diversas capitais brasileiras (Recife, Salvador, Brasília e Curitiba) e apontou que,

no Brasil, ocorrem 9,87 mortes por cada 100 mil habitantes, índices bem maiores

quando comparados aos estudos realizados nos EUA (2,13), na Alemanha (2,17) e

Inglaterra (1,57).

O Denatran estimou que, no Brasil, existem cerca de 30 milhões de veículos

e, no ano do levantamento, houve 1 milhão de acidentes, com 320 mil feridos e mais

de 30 mil mortes, sendo que 60% dos acidentes com seqüelas permanentes,

gerando altos custos sociais e econômicos, quando notadamente grande parte da

Page 38: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

38

população lesada estava constituída por jovens, com vida ativa (NERY FILHO et al.,

1997).

Não só no Brasil, mas na maioria dos países, o dirigir embriagado ou sob

efeito do álcool, por lei é proibido e as infrações acabam em penalidades.

Para entender os níveis de alcoolemia no organismo, o grau de intoxicação

depende do nível de concentração alcoólica no sangue. A alcoolemia de 0,4 a 0,6

g/L permite que o indivíduo apresente relaxamento, desconcentração e, nesse caso,

se torna perigoso para dirigir um carro, principalmente nas estradas em que é

necessário muita atenção. Com quantidade de álcool no sangue de 0,6 a 1,0g/L, é

possível que a pessoa se apresente eufórica, desinibida, agressiva ou passiva e, já

com um valor de 1,0 a 2,0g/L há sinais de incoordenação (ataxia), fala

comprometida, humor exaltado ou deprimido, desorientação, e mais de 4,0g/L já

causa torpor, distúrbios cardiorrespiratórios, coma e até morte, direta ou

indiretamente, por convulsão seguida de aspiração de secreção (LIMA, 2003).

Além dessas considerações, também é importante conhecer a quantidade de

álcool (etanol puro) que contém cada bebida alcoólica, descrito a seguir.

1.5 Limites do beber

As causas do uso e uso nocivo de bebidas alcoólicas, de acordo com

Edwards et al (1998a), deve ser entendido no contexto global do “beber normal”

numa população como um todo. O autor aponta que não existe fronteira muito nítida

entre o beber normal e o abuso, e porque os problemas conseqüentes das bebidas

alcoólicas ocorrem também entre os “bebedores normais”, assim como nos

abusadores. Embora as pessoas bebam “moderadamente”, pequena porcentagem,

Page 39: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

39

de fato, bebe abusivamente (o autor enfatiza o que é uma pequena porcentagem,

mas que pode significar grande quantidade de pessoas). Nessa perspectiva, ressalta

que seria muito contraditório (basear-se apenas na quantidade) escolher um ponto e

separar os bebedores “normais” dos “abusadores”.

No presente trabalho, utiliza-se o conceito uso nocivo como sinônimo do uso

abusivo, abuso, pois esse, segundo a OMS, consiste de padrão de uso em que o

dano ou prejuízo já está desenvolvido na saúde do indivíduo. Esse padrão de

consumo é freqüentemente reconhecido por outras pessoas, pois estão associados

a problemas sociais e de saúde diversos. Do ponto de vista do diagnóstico, o uso

nocivo ocorre quando a pessoa ainda não desenvolveu a dependência, mas corre

sérios riscos para que ela se estabeleça (MEYER et al., 2004).

Para que ocorra um beber próximo do saudável, ou de baixo risco, as

medidas de controle pouco divulgam sobre o teor alcoólico que muitas bebidas

alcoólicas possuem. Se observar os rótulos de toda bebida, por lei deveria conter a

dosagem de álcool contida em cada recipiente. Fato que ajuda nos a entender a

quantidade de bebida que está sendo consumida, ou seja, ao se avaliar em

quantidade de álcool puro (etanol) por dose padrão, por exemplo, ao consumir um

copo de 300mL, ou uma “latinha” de cerveja (350mL), considerando a concentração

de 5% a cada 100ml, ingere-se a quantidade de álcool puro (etanol) de 10 a 12

gramas. A mesma quantidade de álcool puro é equivalente ao beber uma taça de

vinho ou uma dose de cachaça/uísque (50mL), alcançando a taxa de 0,2g/L

(alcoolemia).

Uma pessoa pode atingir, no entanto, até 0,6g/L de álcool ao consumir duas a

três latas de cerveja ou três doses de uísque e deve levar em consideração a massa

corporal e a sensibilidade do organismo ao álcool. Mas o que se percebe na prática

Page 40: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

40

é que a maioria dos motoristas não está atenta ou orientada sobre essas

informações.

A dose padrão representa a quantidade em volume (mL) de bebida conforme

o teor alcoólico medido em porcentagem, como demonstrado no quadro abaixo.

Tipos de bebidas

Teor alcoólico %

Dose padrão

(Vol/mL)

Quantidade de álcool puro/dose

padrão (g)

Taxa de álcool no sangue

alcoolemia (g/L)

Taxa de álcool/ar respirado

(mg/L) Cerveja 4,5 a 5 300 12 0,2 0,25 Vinho 12 a 14 150 14 0,2 0,25 Cachaça/Uísque 40 a 50 40 14 0,2 0,25

Fonte: LIMA, 2003.

Quadro 1 – Representação da quantidade em volume, do teor alcoólico e as taxas

de álcool no sangue e no ar expirado.

O álcool, na corrente sangüínea, provoca agravantes, tornando o volante a

arma fatal, pois prejudica a percepção e lentifica os reflexos. Para diagnosticar

estado de embriaguez é necessária a realização de teste no condutor, seja por meio

de dosagem de alcoolemia através do sangue, ou urina, ou mesmo a utilização do

bafômetro e testes de rastreamentos. A utilização desses recursos para aferição do

uso do álcool depende da aceitação do condutor em realizá-lo ou não. Os acidentes

de trânsito que ocorrem quando o motorista está sob influência do uso do álcool são

mais sérios do que aqueles que não há o risco de se envolver em um acidente. O

risco cresce em função do aumento da concentração de álcool no sangue

(EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2005c).

Frente ao exposto, faz-se necessário o envolvimento de toda a sociedade

produzindo controle social mais eficiente em relação ao uso do álcool,

principalmente quando se trata de motoristas que estão trabalhando nas estradas. E

que grande parte dessa população provavelmente precisará dos serviços de saúde

do sistema para algum tipo de assistência.

Page 41: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Introdução

41

Para Soibelmann e Luz Jr. (1996), apesar dos problemas decorrentes do uso

do álcool ser prioridade em saúde pública, o que agrava ainda mais é que eles são

identificados em seus estágios finais, quando o indivíduo já está muito doente e há

poucas chances de reabilitação. Deve-se enfatizar aqui que, em relação à promoção

da saúde, é necessário que a identificação, através de teste de rastreamento, deve

ser ação implementada aos diversos grupos da população, possibilitando assim

identificar os grupos de risco.

Diante dessa problemática, o presente estudo propõe identificar o uso de

álcool entre motoristas e avaliar as possíveis relações com as condições de saúde.

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Objetivos

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Objetivos

43

Geral

Identificar o uso de álcool entre os participantes da Campanha de Saúde na

Estrada, em Ribeirão Preto, SP.

Específicos

Traçar o perfil dos motoristas participantes da Campanha Saúde na Estrada.

Identificar o padrão de consumo de bebida alcoólica entre os motoristas

participantes na Campanha Saúde na Estrada e suas condições de saúde.

Identificar possíveis associações entre o uso do álcool e as condições de saúde.

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Metodologia

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Metodologia

45

3.1 Desenho

Trata-se de estudo quantitativo, descritivo transversal.

3.2 Local

A pesquisa foi realizada na Campanha Saúde na Estrada, promovida pela

concessionária Autovias. A campanha correu na rodovia Anhanguera SP-330, no

quilômetro 312 da pista norte, sentido capital interior, em um posto de serviço.

3.3 Período

A campanha foi realizada nos dias 30 e 31 de agosto, 1 de setembro e 18, 19

e 20 de outubro de 2006, de quarta a sexta-feira. No horário de 8 às 18 h.

3.4 Amostra

Participaram da pesquisa 1 186 (100%) pessoas que participaram na

Campanha de Saúde na Estrada. Dentre esses, a amostra foi composta por 1 014

(85,5%) motoristas.

Os 14,5% dos que não fizeram parte da pesquisa eram menores idade e ou

moravam em bairros próximos ao local da campanha, e compareceram ao local para

realizar exames de saúde. Vale ressaltar que não houve questionários em branco.

Page 46: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Metodologia

46

3.5 Instrumento

A coleta de dados foi realizada por meio de questionário com perguntas

fechadas, contendo informações sociodemográficas, informações sobre as

condições de saúde obtidos por dados secundários (formulário da Autovias) e o

Teste de Identificação do Uso do Álcool (AUDIT) que é uma avaliação muito utilizada

na atualidade para identificar precoce do uso do álcool (Anexo C).

O AUDIT é instrumento de rastreamento desenvolvido pela Organização

Mundial de Saúde, para identificação de transtornos relacionados ao uso do álcool,

principalmente na assistência primária de saúde.

O AUDIT apresenta índice de sensibilidade de 92% e especificidade de 93%.

O questionário é excelente instrumento para identificar bebedores abusivos e

dependentes de álcool (SKIPSEY; BURLESON; KRANZLER, 1997). Sua aplicação

pode ocorrer em ambulatórios de psiquiatria e psicologia, hospital geral, pronto-

socorro, ambulatório geral, programas de assistência social e prisões, devido à

rapidez e facilidade na aplicação, dentre outros (BOHN et al.,1995).

O AUDIT é composto por 10 questões. Para a leitura da pontuação, soma-se

os valores das respostas, sendo que o escore total varia de zero a 40 pontos. O

teste permite identificar quatro padrões de uso de álcool ou zonas de risco, ou seja,

abstêmios ou uso de baixo risco (0 a 7 pontos), uso de risco (8 a 15 pontos), uso

nocivo (16 a 19 pontos) e provável dependência (20 ou mais pontos). A pontuação

total do AUDIT reflete qual é o nível de risco para a pessoa que consome bebidas

alcoólicas.

O tempo necessário para o preenchimento do questionário é de

aproximadamente 5 minutos.

Page 47: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Metodologia

47

O quadro abaixo ilustra os conteúdos das questões referentes a cada domínio

avaliado no AUDIT.

Domínios Conteúdo

1. Padrão de consumo do álcool Q1. Freqüência de uso Q2. Quantidade num dia típico Q3. Freqüência de beber pesado

2. Sinais e sintomas de dependência Q4. Dificuldades de controlar o uso Q5. Aumento da importância da bebida Q6. Beber pela manhã

3. Problemas decorrentes do uso do álcool

Q7. Sentimento de culpa após o uso de álcool Q8. Esquecimentos após o uso Q9. Lesões causadas pelo uso do álcool Q10. Preocupação de terceiros

Fonte: BABOR; HIGGINS-BIDDLE, 2001.

Quadro 2 - Apresentação dos domínios e conteúdos do Teste de Identificação do

Uso do Álcool (AUDIT)

Para verificação das condições de saúde, por meio de uma avaliação dos

níveis da glicemia, colesterol, obesidade e da pressão arterial, foram considerados

os seguintes valores.

Para análise de dados da glicemia foram considerados alterados para a

diabetes mellitus (DM) os valores acima e igual a 130mg/dL, já que esses valores

estão um pouco acima da tolerância diminuída à glicose. Para o colesterol total

foram considerados valores maiores e iguais a 200mg/dL, já que esse nível é

considerado limítrofe para as alterações do metabolismo do colesterol. Quanto à

pressão arterial, foram considerados hipertensos aquele que apresentaram pressão

sistólica maior ou igual a 140mg/Hg e diastólica maior ou igual a 90mg/Hg. O índice

de massa corporal (IMC) classificou os participantes de acordo com a OMS (2004),

no entanto no estudo foram considerado participantes com peso normal de 18 a 25,

sobrepeso maior que 25 até 30 e obeso acima de 30kg/m².

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Metodologia

48

Segundo o critério do Consenso Brasileiro sobre Diabetes (2002), os valores

glicêmicos são classificados como normal de 70 a 110mg/dl em jejum oral de 8

horas, valores intermediários entre 110-126mg/dl, onde devem ser mais bem

investigados com outros testes para afastar o diagnóstico de diabetes. Todavia, o

valor de medição utilizado nos aparelhos de glicemia (One Toucch Ultra®; Johnson&

Johnson) é de 10 a 600mg/dL.

A seguir, em relação à glicemia, os valores são classificados segundo o

Consenso Brasileiro sobre Diabetes (2002), conforme o Quadro 3.

Categoria Glicose plasmática (mg/dL) Jejum

Glicemia normal <110 Tolerância à glicose diminuída ≥110 e <126

Diabetes mellitus ≥126 Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes (2003).

Quadro 3 - Valores de glicose plasmática para o diagnóstico de diabetes mellitus,

segundo o Consenso Brasileiro sobre Diabetes. São Paulo, 2002.

A classificação dos níveis de colesterol é estabelecido pela III Diretrizes

Brasileiras sobre Dislipidemias, conforme Quadro 4.

Valores (mg/dL) Categoria

<200 Normal Colesterol total 200-239 Limítrofe

≥240 Alta Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (2001).

Quadro 4 - Classificação dos valores do colesterol total, segundo III Diretrizes

Brasileiras sobre Dislipidemias. São Paulo; 2001.

A faixa de medição do aparelho de colesterol, utilizado na pesquisa,

(Accutrend GCT®, Roche) é de 150 a 300mg/dL.

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Metodologia

49

Para avaliar os níveis pressóricos da hipertensão, foi utilizado o critério

baseado pelo Ministério da Saúde, através do Manual de Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS), conforme Quadro 5.

Hipertensão Sistólica Diastólica Estágio 1 (leve) 140-159 90-99

Estágio 2 (moderado) 160-179 100-110 Estágio 3 (grave) >180 >110

Fonte: Sociedade Brasileira De Hipertensão Arterial (2002).

Quadro 5 - Classificação e níveis da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em

adultos, segundo o Manual de Hipertensão Arterial.

A obesidade é geralmente diagnosticada por meio do IMC. O IMC pode ser

obtido (McARDLE , 2002), pela expressão IMC= peso/ (altura)². O IMC é apenas um

indicador para verificar se o indivíduo está acima do peso, sua fórmula é de fácil

aplicação e dá razoável segurança de padrões científicos. A OMS usa um critério

simples, com mostra o quadro a seguir.

IMC em adultos Condição Entre 18,5 e 25 Normal Entre 25 e 30 Sobrepeso Acima de 30 Obeso

Fonte: OMS (2004).

Quadro 6 – Classificação do índice de massa corporal (IMC), segundo a OMS

(2004).

3.6 Procedimento

Aos responsáveis da Empresa Autovias foi solicitada autorização formal para

a realização do estudo. No dia da coleta de dados, foi entregue carta convite e de

Page 50: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Metodologia

50

esclarecimentos sobre o objetivo da pesquisa, mediante a aceitação do motorista e

assinatura do termo de consentimento livre esclarecido. A entrevista foi realizada

pela pesquisadora. Orientações aos motoristas foram realizadas sobre o

preenchimento do questionário que, muitas vezes, era realizada em grupo e

deixados bem à vontade para respondê-lo. Quando sozinho era orientado quanto à

disponibilidade para ajudá-lo no preenchimento.

Outras vezes, os questionários foram preenchidos pela autora, devido ao

baixo nível de escolaridade dos motoristas e, ainda, devido à indisponibilidade de

tempo, pois seus veículos estavam rastreados e o tempo despendido na campanha

poderia causar problemas ao motorista.

Os participantes foram orientados quanto ao objetivo e compromissos éticos

do estudo, garantindo assim o direito de não ser identificado e o sigilo das suas

informações, assim como a liberdade de desistência a qualquer momento, sem que

lhe trouxesse qualquer prejuízo.

Esclarecimentos devidos foram realizados sobre a pesquisa e garantindo o

anonimato dos questionários. A pesquisa foi realizada mediante a assinatura do

Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo D).

3.7 Coleta de dados

Durante a campanha de saúde, o motorista foi atendido em diversas fases,

onde primeiro ocorreu o preenchimento de questionário contendo informações gerais

(informações sociodemográficas e de saúde), seguido pela avaliação das condições

de saúde onde mensurou a pressão arterial, peso e altura para o cálculo do IMC, e,

por fim, avaliação e orientação odontológica.

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Metodologia

51

Já na última etapa da avaliação ocorreu a coleta de sangue (avaliação dos

níveis de glicemia e colesterol), e, no final, a vacinação (dupla adulto, hepatite e

febre amarela) quando necessário.

Nessa etapa, a pesquisadora procurou proporcionar ambiente descontraído

com o objetivo de deixar os participantes mais confortáveis. Dizendo aos

participantes que “ali ninguém iria ser picado”, mas, “que a parte do cérebro iria

trabalhar um pouco mais naquele momento”, numa tentativa de relaxamento e

melhor adesão na participação.

Nos momentos em que havia grande número de participantes, esses

colaboravam no preenchimento dos questionários, sob supervisão, e também com a

ajuda daqueles que já haviam respondido. Fato curioso foi que os participantes

perguntavam o que era necessário fazer para “diminuir um pouco” mais os valores

do teste do AUDIT, já que os dos colegas, às vezes, pontuavam muito mais baixo.

3.8 Aspectos Éticos

O presente projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,

Processo nº 0742/2006, conforme Resolução do Conselho Nacional de Ética em

Pesquisa (CONEP) n.º 196, de 1996 (Anexo A).

3.9 Análise dos dados

Para a análise dos dados foi elaborado um banco de dados, no programa

Statistical Package Social Science (SPSS) v.8 for Windows, que possibilitou a

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Metodologia

52

análise descritiva das informações.

Para a análise estatística não-paramétrica, foi utilizado o modelo de regressão

logística, segundo Hosmer e Lemeshow (2000) com o objetivo de quantificar a

associação entre variáveis sociodemográficas dos motoristas e a sua relação com o

uso de álcool (AUDIT), apresentados em odds ratios brutos (variável resposta

cruzada com uma covariável) e também odds ratios ajustados por todas as

covariáveis.

O software SAS/STAT 9.0 (2002) também foi utilizado para a execução de tal

procedimento. Foram ajustados os fatores de riscos para alterações das condições

de saúde comparadas com um grupo entre os participantes que apresentaram

pontuação menor que oito e aqueles que apresentaram valores iguais ou maiores

que oito. Nessas situações, pode-se diferenciar os que fazem uso de baixo risco e

os que fazem uso de risco e nocivo..

Evidências de associação no nível de 0,05 de significância podem ser

observadas se o valor 1 não estiver contido nos intervalos de confiança.

Para avaliar as médias referentes às variáveis quantitativas relacionadas as

condições de saúde dos motoristas da Campanha Saúde na Estrada, foi utilizado o

teste t-Student, que consiste em comparar duas médias provenientes de amostras

não emparelhadas. Para a efetuação desse procedimento foi utilizado o software R.

A análise de dados foi realizada em três etapas, sendo que estas estão

apresentadas na seqüência.

Etapa 1 – ANÁLISE EXPLORATÓRIA

Nessa etapa, efetuou-se a caracterização dos participantes do estudo

Page 53: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Metodologia

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mediante as variáveis, em porcentagem (%) e freqüência (N), além do teste do qui-

quadrado (X²) para verificar possíveis associações.

Etapa 2 – ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO

Aqui, foram avaliadas as possíveis associações entre as variáveis

sociodemográficas e condições de saúde dos motoristas em relação ao uso de

bebidas alcoólicas, através da pontuação menor que oito e igual ou maior que oito

pelo AUDIT. Para responder o objetivo proposto, foi efetuado o modelo de regressão

logística.

Etapa 3 – COMPARAÇÃO ENTRE AS CONDIÇÕES DE SAÚDE

Nessa última etapa, foi realizada avaliação para identificar as possíveis

diferenças entre as variáveis como pressão arterial, glicemia, colesterol, IMC e os

níveis de risco do beber (AUDIT) entre os participantes da Campanha Saúde na

Estrada.

3.10. Critério de inclusão

Todos os motoristas que participaram da Campanha Saúde na Estrada foram

convidados a participar da pesquisa.

Page 54: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Metodologia

54

3.11. Critério de exclusão

Menores de 18 anos.

População do bairro que procurou o local para realização de exames de

saúde.

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Resultados

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Resultados

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Com o objetivo de avaliar o padrão de consumo do álcool entre motoristas

que participaram da Campanha Saúde na Estrada, fizeram parte do estudo 1 186

(100%) participantes, desses, foram entrevistados 1 014 (85,5%), os quais perfazem

a amostra do presente estudo. Os demais entraram nos critérios de exclusão devido

à idade e por serem moradores da região em que ocorria a campanha.

A primeira parte do estudo foi contemplada com questões sociodemográficas,

visando caracterizar a amostra do estudo. Os resultados estão apresentados na

seqüência.

4.1 Análise Exploratória

Parte I - Descrição das variáveis sociodemográficas.

Parte II - Avaliação do padrão de consumo de bebidas alcoólicas, de acordo

com o AUDIT.

Parte III - Avaliação dos níveis de risco do beber (AUDIT), comparado com as

informações sociodemográficas.

Parte IV - Avaliação dos níveis de risco do beber (AUDIT), comparado com as

condições de saúde.

Parte V - Avaliação dos níveis de risco do beber (AUDIT), comparado a

ocorrência de acidentes de trânsito.

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Resultados

57

4.2 Análise de Associação

Parte I - O consumo de bebidas alcoólicas e as informações

sociodemográficas dos participantes.

Parte II - O consumo de bebidas alcoólicas e os fatores de riscos dos

participantes.

4.3 Comparações das condições de saúde

Parte I - Análise estatística descritivas das condições de saúde entre os

participantes da Campanha Saúde na Estrada.

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Resultados

58

4.1 Análise Exploratória

4.1.1 Parte I - Descrição das variáveis Sociodemográficas

Tabela 1 - Apresentação das informações sociodemográficas, segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada (n= 1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006

Variável N % Idade Menos que 30 anos 169 16,6 Entre 30–45 anos 497 49 Entre 45–60 anos 313 30,9 Mais que 60 anos 35 3,5 Sexo Masculino 984 97,1 Feminino 29 2,9 Cor da pele Branca 690 68 Negra 121 11,9 Parda 197 19,4 Amarela 6 0,6 Estado civil Casados/amasiados 842 83 Solteiros/separados/divorciados 172 17 Escolaridade Ensino fundamental comp/incomp 613 60,4 Ensino médio comp/incomp 335 33,1 Nível superior comp/incomp 66 6,5 Profissão Motorista de caminhão 826 81,4 Motorista 37 3,7 Outra 152 14,9 Religião Católico 727 71,8 Evangélico 204 20,1 Espírita 26 2,6 Não tem 56 5,5 Pratica religiosa Não 595 58,7 Sim 419 41,3

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Resultados

59

Tabela 1 apresenta os participantes da Campanha de Saúde na Estrada,

sendo que, em sua maioria 97% são do sexo masculino, 49% com faixa etária entre

30 a 45 anos de idade, 83% casados/amasiados, 60,4% com baixo nível de

escolaridade, 71,8% são católicos, 68% cor branca e, como profissão 81,4% são

motoristas de caminhão.

Dentre os motivos da viagem, 988 (97,4%) estavam nas estradas por motivos

de trabalho e 26 (2,6%) por lazer ou estudo.

Entre a amostra, encontrou-se 738 (72,7%) que fizeram uso do álcool nos

últimos 12 meses e 276 (27,3%) eram abstêmios.

4.1.2 Parte II - Avaliação do padrão de consumo de bebidas alcoólicas de

acordo com o AUDIT

Tabela 2 - Apresentação do padrão do uso de álcool nos últimos 12 meses, segundo

os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Respostas N % nunca 280 27,6

mensalmente ou menos 153 15,1 1. Freqüência do consumo

de bebida alcoólica 2 a 4 x por mês 429 42,3 2 a 3 x semana 88 8,7

4 + semana 64 6,3 nunca 284 28,0

1 a 2 114 11,2 3 a 4 240 23,7 4 a 5 126 12,4

2. Número de doses consumidas em uma única

ocasião 6 a 7 90 8,9 8 ou mais 160 15,8

nunca 465 45,9 - 1 x mês 119 11,7

mensalmente 88 8,7 semanalmente 304 30

3. Freqüência em que consome 6 ou mais doses

de bebida alcoólica em uma ocasião todos ou quase todos os dias 38 3,7

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Resultados

60

A Tabela 2 mostra que os participantes da campanha de saúde apresentaram

padrão de uso de bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses com freqüência de 2 a 4

vezes por mês, em quantidade de 3 a 4 doses, e se embriagavam semanalmente, ou

seja, faziam uso de bebidas alcoólicas de 6 ou mais doses em uma única ocasião.

Tabela 3 - Apresentação dos sinais e sintomas de dependência, segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006

N %

Nunca 871 85,9 - 1 x mês 59 5,8

mensalmente 32 3,2 semanalmente 44 4,3

4. Freqüência durante os últimos 12 meses que você

percebeu que não conseguia parar de beber uma vez que

havia começado. todos ou quase todos os dias 8 ,8 nunca 947 93,4

- 1 x mês 32 3,2 mensalmente 13 1,3

5. Deixou de fazer o que era esperado devido ao uso de

bebida alcoólica? semanalmente 19 1,9

todos ou quase todos os dias 3 ,3 nunca 1002 98,8

- 1 x mês 7 ,7 mensalmente 1 ,1

semanalmente 2 ,2

6. Precisou de uma primeira dose pela manha para sentir

se melhor depois de uma bebedeira?

todos ou quase todos os dias 2 ,2

Entre os sinais e sintomas da dependência de bebidas alcoólicas, os

participantes responderam que menos de uma vez por mês não conseguem parar de

beber uma vez começado e, na mesma freqüência, não conseguem fazer o

esperado, além de beber pela manhã.

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Resultados

61

Tabela 4 - Apresentação dos problemas decorrentes do uso do álcool, segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Respostas N % nunca 891 87,9

- 1 x mês 56 5,5 mensalmente 38 3,7

semanalmente 25 2,5 7. Sentiu culpado ou com remorso depois de beber

todos ou quase todos os dias 4 ,4 nunca 873 86,1

- 1 x mês 83 8,2 mensalmente 38 3,7

semanalmente 17 1,7

8.Não conseguiu lembrar o que aconteceu na noite anterior porque você estava bebendo? todos ou quase todos os dias 3 ,3 nunca 958 94,5

- 1 x mês 31 3,1 mensalmente 18 1,8

9. Já foi criticado pelos resultados de suas bebedeiras? semanalmente 6 ,6 todos ou quase todos os dias 1 ,1

Nunca 734 72,4 - 1 x mês 21 2,1

mensalmente 57 5,6 semanalmente 7 ,7

10.Alguém se preocupou com o seu beber?

todos ou quase todos os dias 195 19,2

A Tabela 4 ressalta que, entre os problemas decorrentes do uso do álcool nos

últimos 12 meses, está o esquecimento pelo menos 1 vez por mês e, na mesma

freqüência, foi criticado devido às bebedeiras, por fim, (19%) alguém se preocupou

com a bebedeira nos últimos 12 meses.

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Resultados

62

Tabela 5 - Apresentação dos níveis de risco do beber (AUDIT), segundo os

participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão

Preto, SP, 2006

N %

Abstêmio 276 27,2

Baixo risco 330 32,5

Uso de risco 316 31,2

Uso nocivo 65 6,4

Provável dependência 27 2,7

Total 1014 100,0

A Tabela 5 apresenta que 276 (27%) são abstêmios, 330 (32%) fazem uso de

baixo risco e em 316 (31,2%) o uso é de risco.

Ao investigar o último dia em que os participantes beberam, identificou-se que

a metade 528 (52%) fez uso de bebidas no final de semana, e 188 (18,5%) beberam

na noite anterior à pesquisa, como demonstra a tabela a seguir.

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Resultados

63

Tabela 6 - Comparação entre o último dia em que fez uso de bebidas alcoólicas e os

níveis de risco do beber (AUDIT), segundo os participantes da

Campanha Saúde na Estrada (n=738). Ribeirão Preto, SP, 2006

Hoje Ontem Fim de semana N % N % N %

Baixo Risco 1 6,3 45 23,9 279 52,8

Uso de risco 7 43,8 106 56,4 202 38,3

Uso nocivo 4 25,0 24 12,8 37 7,0

Provável dependência 4 25,0 13 6,9 10 1,9 Total 16 100 188 100 528 100

A Tabela 6 mostra que a metade 106 (56,4%) dos participantes fez uso de

risco e bebeu na noite anterior à pesquisa, embora o uso no final de semana

também tenha ocorrido em números consideráveis.

Ao se avaliar a idade entre o grupo de bebedores e não bebedores, encontra-

se que o grupo de bebedores é mais jovem (idade média de 40,93 anos, Dp=,37) e

que os do grupo de abstêmios (idade média de 41,9 anos, Dp=,65), porém, nessa

comparação não se encontra diferença estatística significativa para a idade entre os

grupos.

Ao se comparar os níveis de risco do beber (abstêmios e os 4 níveis de uso

de risco) com as informações sociodemográficas não se encontra diferença

estatística significativa nesta amostra. No entanto, as tabelas a seguir contêm as

comparações apresentadas em números e porcentagens apenas devido à

homogeneidade entre os grupos.

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Resultados

64

4.1.3 Parte III - Avaliação dos níveis de risco do beber (AUDIT) comparado com

as informações sociodemográficas

Tabela 7 - Comparação entre o sexo e os níveis de risco do beber (AUDIT), segundo

os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Masculino Feminino Total

N % N % N %

Abstêmios 261 26,5 15 51,7 276 27,2 Baixo risco 321 32,6 9 31 330 32,5

Uso de risco 312 31,7 4 13,8 316 31,2 Uso nocivo 64 6,5 1 3,4 65 6,4

Provável Dependência 27 2,7 0 0 27 2,7

Total 985 100 29 100 1014 100

p. ,030

A Tabela 7 indica que metade das mulheres são abstêmias e um terço dos

homens faz uso de baixo risco e, nessa mesma proporção, uso de risco.

Entre os participantes, que bebem, 129 (75%) são solteiros/separados, ou

divorciados.

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Resultados

65

Tabela 8 - Comparação entre o estado civil e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

Casados/amasiados Solteiros/separados divorciados

Total

N % N % N % Abstêmio 233 27,7 43 25 276 27,2

Baixo risco 275 32,7 55 32 330 32,5 Uso de risco 256 30,4 60 34,9 316 31,2 Uso nocivo 56 6,7 9 5,2 65 6,4

Provável dependência 22 2,6 5 2,9 27 2,7

Total 842 100 172 100 1014 100 p. > 0.05

A Tabela 8 apresenta que, embora a maioria dos participantes são casados

ou amasiados, bebem, identificou-se que pouco mais de um terço dos

solteiros/separados ou divorciados fazem uso de risco e, nessa proporção aqueles

que são casados/amasiados fazem uso de baixo risco.

Entre os participantes que fazem uso de bebida alcoólica, 433 (70,6%)

possuem ensino fundamental.

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Resultados

66

Tabela 9 - Comparação entre a escolaridade e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

Ensino

fundamental compl/incomp

Ensino médio compl/incomp

Superior compl/incomp Total

N % N % N % N % Abstêmios 180 29,4 81 24,2 15 22,7 276 27,2

Baixo risco 191 31,2 109 32,5 30 45,5 330 32,5

Uso de risco 177 28,9 121 36,1 18 27,3 316 31,2

Uso nocivo 45 7,3 19 5,7 1 1,5 65 6,4

Provável dependência 20 3,3 5 1,5 2 3,0 27 2,7

Total 613 100 335 100 66 100 1014 100

A Tabela 9 apresenta que, dos participantes que fazem uso de baixo risco,

31,2% possuem o ensino fundamental completo ou não, 36,1% fazem uso de risco e

possuem o ensino médio, e, por fim, quase a metade daqueles que fazem uso de

baixo risco possuem nível superior completo ou não.

Entre os participantes da campanha que fazem uso de bebida alcoólica, 670

(70,6%) são procedentes da Região sudeste.

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Resultados

67

Tabela 10 - Comparação entre a procedência e os níveis de riscos do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Sudeste Sul Norte Nordeste Centro-Oeste Total

N % N % N % N % N % N %

Abstêmios 250 27,2 11 23,9 2 100 2 40 11 28,2 276 27,2

Baixo risco 293 31,8 20 43,5 - - 1 20 16 41 330 32,5

Uso de risco 292 31,7 11 23,9 - - 2 40 11 23,9 316 31,2

Uso nocivo 60 6,5 4 8,7 - - - - 1 2,6 65 6,4

Provável dependência 25 2,7 - - - - - - 2 5,1 27 2,7

Total 920 100 46 100 2 100 5 100 41 100 1014 100

A Tabela 10 mostra que a maioria dos participantes da Campanha Saúde na

Estrada é procedente da Região Sudeste do país. Desses, um terço faz uso de risco

e uso de risco. No entanto, encontra-se índices consideráveis de bebedores de

baixo risco e de risco entre os participantes das Regiões Sul e Nordeste.

Entre os participantes que bebem, (47) 83,9% não têm religião. Entre esses,

19 (33,9%) fazem uso de risco.

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Resultados

68

Tabela 11 - Comparação entre a religião e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

Católico Evangélico Espírita Não tem Total

N % N % N % N % N %

Abstêmio 139 19,1 124 60,8 4 15,4 9 16,1 276 27,2

Baixo risco 257 35,3 41 20,1 14 53,8 18 32,1 330 32,5

Uso de risco 260 35,7 29 14,2 8 30,8 19 33,9 316 31,2

Uso nocivo 51 7,0 8 3,9 - - 6 10,7 65 6,4

Provável dependência 21 2,9 2 1,0 - - 4 7,1 27 2,7

Total 728 100 204 100 26 100 56 100 1014 100

X ² =99,8 p. 0.00

A Tabela 11 indica que ao se comparar a religião e os níveis do beber,

encontra-se que o uso está bastante presente entre os participantes da religião

católica, e os evangélicos são mais abstêmios.

Entre os motoristas de caminhão, (609) 73,7% fazem uso de bebida alcoólica.

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Resultados

69

Tabela 12 - Comparação entre profissão e os níveis de risco do beber (AUDIT),

segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

Caminhoneiros Motoristas Outros Total N % N % N % N %

Abstêmios 217 26,3 11 29,7 48 31,8 276 27,2

Baixo risco 265 32,1 9 24,3 56 37,1 330 32,5

Uso de risco 263 31,8 13 35,1 40 26,5 316 31,2

Uso nocivo 59 7,1 2 5,4 4 2,6 65 6,4

Provável dependência 22 2,7 2 5,4 3 2,0 27 2,7

Total 826 100 37 100 151 100 1014 100

A Tabela 12 mostra que a maioria dos participantes eram caminhoneiros e

mais da metade faz uso de bebida alcoólica em níveis de baixo risco e de risco, já os

motoristas bebem apresentando uso de risco.

A seguir, serão apresentadas as tabelas comparando os níveis de risco do

beber e as condições de saúde dos participantes da Campanha Saúde na Estrada.

Entre os participantes que fazem uso de bebidas alcoólicas, 133 (68,2%)

relataram ter doença crônica, como demonstra a tabela a seguir.

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Resultados

70

4.1.4 Parte IV - Avaliação dos níveis do beber (AUDIT), comparado com as

condições de saúde

Tabela 13 - Comparação entre a presença de doença crônica e os níveis de risco do

beber (AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Doença crônica Não tem doença crônica Total

N % N % N %

Abstêmios 62 31,8 214 26,1 276 27,2

Baixo risco 54 27,7 276 33,7 330 32,5 Uso de risco 57 29,2 259 31,6 316 31,2 Uso nocivo 15 7,7 50 6,1 65 6,4

Provável dependência 7 3,6 20 2,4 27 2,7 Total 195 100 819 100 1014 100

A Tabela 13 apresenta que 62 (31,8%) dos participantes, que apresentam

doença crônica, são abstêmios, ao passo que, daqueles que não possuem doenças

crônicas, um terço faz uso de baixo risco e, nessa mesma proporção fazem uso de

risco.

Entre as doenças crônicas, a hipertensão apresentou maior porcentagem 34

(33%) entre os que fazem uso de risco.

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Resultados

71

Tabela 14 - Comparação entre doenças crônicas e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

HAS Diabetes Pancreatite Outras

N % N % N % N %

Abstêmios 33 32,3 14 29,8 1 14,3 18 36,8

Baixo risco 24 23,3 14 29,8 5 71,4 16 32,6

Uso de risco 34 33 14 29,8 1 14,3 9 18,4

Uso nocivo 9 8,6 1 2,1 - - 5 10,2

Provável dependência 3 2,8 4 8,5 - - 1 2

Total 103 100 47 100 7 100 49 100

A Tabela 14 demonstra que, entre os participantes portadores de diabetes,

houve uma distribuição homogênea entre os abstêmios, bebedores de baixo risco e

uso de risco, enquanto os hipertensos são mais abstêmios e mais da metade

daqueles que possuem pancreatite fazem uso de baixo risco.

Entre os bebedores, 101 (80,1%) apresentaram níveis de pressão arterial

maiores do que os preconizados pela OMS, como demonstra a tabela a seguir.

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Resultados

72

Tabela 15 - Comparação entre o valor da pressão arterial e os níveis de risco do

beber (AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Menor 140x90mmHg

Maior 140x100mmHg Total

N % N % N % Abstêmio 252 28,4 25 19,8 277 27,3

Baixo risco 291 32,8 39 31,0 330 32,5

Uso de risco 269 30,3 46 36,5 315 31,1

Uso nocivo 55 6,2 10 7,9 65 6,4

Provável dependência 21 2,4 6 4,8 27 2,7

Total 888 100 126 100 1014 100

A Tabela 15 mostra que 46 (36,5%) dos participantes, que apresentam

pressão alta, fazem uso de risco de bebidas alcoólicas. Porém, 25 (19,8%), que

pressão alta, são abstêmios.

Entre os bebedores, 56 (71,8%) apresentaram níveis glicêmicos maiores do

que os preconizados pela OMS, como demonstra a tabela a seguir.

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Resultados

73

Tabela 16 - Comparação entre níveis de glicemia e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

Menor 130mg/dL Maior 130mg/dL Total

N % N % N %

Abstêmio 255 27,2 22 28,2 277 27,3

Baixo risco 306 32,7 24 30,8 330 32,5

Uso de risco 293 31,3 22 28,2 315 31,1

Uso nocivo 60 6,4 5 6,4 65 6,4

Provável dependência 22 2,4 5 6,4 27 2,7

Total 936 100 78 100 1014 100

A Tabela 16 mostra que a maioria dos participantes da campanha

apresentou valores glicêmicos dentro dos padrões de normalidade. Por outro lado,

observa-se poucos abstêmios com glicemia maior que 130mg/dL, no entanto, 71,2%

estão bebendo consideravelmente e apresentam glicemia alterada.

Entre os bebedores, 63 (80,7%) apresentam níveis do colesterol acima de

200mg/dL, como demonstra a tabela a seguir.

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Resultados

74

Tabela 17 - Comparação entre níveis de colesterol e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Menor 200mg/dL Maior 200mg/dL Total

N % N % N %

Abstêmio 261 28,3 15 16,3 276 27,2

Baixo risco 294 31,9 36 39,1 330 32,5

Uso de risco 286 31 30 32,6 316 31,2

Uso nocivo 56 6,1 9 9,8 65 6,4

Provável dependência 25 2,7 2 2,2 27 2,7

Total 936 100 78 100 1014 100

A Tabela 17 mostra que a maioria dos participantes apresentou valores

normais para o colesterol, por outro lado, observa-se poucos abstêmios com

colesterol acima de 200mg/dL, no entanto 83,7%, que fazem uso de bebida

alcoólica, apresentam valores alterados.

Entre os participantes que bebem, 724 (98,1%) estão acima dos níveis de

peso esperados, como apresentado na Tabela 18.

Page 75: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Resultados

75

Tabela 18 - Comparação entre o IMC com níveis de risco do beber (AUDIT), dentre

os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Normal Sobrepeso Obeso Total

N % N % N % N %

Abstêmios 8 36,4 87 31,9 180 25,1 276 27,2

Baixo risco 6 27,3 98 35,9 226 31.5 330 32,5

Uso de risco 7 31,8 69 25,3 240 33,4 316 31,2

Uso nocivo 1 4,5 13 4,8 51 7,1 65 6,4

Provável dependência - - 6 2,2 21 2,9 27 2,7

Total 22 100 273 100 718 100 1014 100

A Tabela 18 mostra que 8 (36,4%) participantes são abstêmios e estão

dentro do peso esperado, enquanto que, aqueles que fazem uso de baixo risco,

98 (35,9%) estão na faixa de sobrepeso, e, por fim, 240 (33,4%) dos obesos

fazem uso de risco.

Entre os bebedores, 129 (68,2%) fazem uso de medicação. Entre esses,

56 (29,6%) fazem uso de risco.

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Resultados

76

Tabela 19 - Comparação entre o uso de medicamentos e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Não Sim Total Uso de medicação

N % N % N %

Abstêmios 217 26,3 60 31,7 277 27,3

Baixo risco 277 33,6 53 28 330 32,5

Uso de risco 259 31,4 56 29,6 315 31,1

Uso nocivo 51 6, 14 7,4 65 6,4

Provável dependência 21 2,5 6 3,2 27 2,7

Total 825 100 189 100 1014 100

A Tabela 19 indica que 31,7% tomam remédios e são abstêmios, e 33,6% não

tomam remédio e fazem uso de baixo risco.

Entre os motoristas de caminhão que bebem 19 (67,8%) apresentaram

acidentes de trânsito após uso de bebida alcoólica, como demonstra a tabela a

seguir.

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Resultados

77

4.1.5 Parte V - Avaliação dos níveis de risco do beber (AUDIT), comparando a

ocorrência de acidentes de trânsito.

Tabela 20 - Comparação entre acidentes de trânsito e os níveis de risco do beber

(AUDIT), segundo os participantes da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Acidentes, com o uso de bebida alcoólica

Acidentes, sem uso de bebida alcoólica.

N % N % Abstêmio 9 32,1 75 24,7

Baixo risco 3 10,7 91 29,9

Uso de risco 11 39,3 103 33,9

Uso nocivo 4 14,3 26 8,6

Provável dependência 1 3,6 9 3

Total 28 100 304 100

A Tabela 20 mostra que mais de um terço dos participantes, que sofreram

acidentes de trânsito com ou sem influência do uso do álcool, apresentam beber em

nível risco.

A Tabela a seguir mostra o AUDIT menor ou maior que 8, comparado com as

informações sociodemográficas dos participantes.

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Resultados

78

4.2 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO 4.2.1 Parte I - O consumo de bebidas alcoólicas e as informações sociodemográficas. Tabela 21 - Regressão logística entre a pontuação maior ou menor que 8 no AUDIT

e as variáveis sociodemográfica, segundo os participantes da

Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

AUDIT Variáveis Menor 8 Maior 8

N % N %

OR (IC 95%) bruto (ORB)

OR (IC 95%) ajustado (ORA)

Idade <=30* 94 55,6 75 44,4 1,994 (0,902;4,409) 3,022 (1,231;7,419)

>30 a 45* 270 54,3 227 45,7 2,101 (0,988;4,467) 3,141 (1,363;7,238) >45 a 60 190 60,7 123 39,3 1,618 (0,751;3,485) 1,954 (0,851;4,484)

> 60 25 71,4 10 28,6 - -

Sexo Masculino* 555 56,4 430 43,6 3,719 (1,407;9,826) 2,549 (0,854;7,611) Feminino 24 82,8 5 17,2 - - Religião Católica* 374 51,4 354 48,6 3,881 (2,667;5,646) 3,25 (2,147;4,918)

Evangélica 164 80,4 40 19,6 - - Espírita* 15 57,7 11 42,3 3,007 (1,283;7,044) 2,604 (1,045;6,489) Não tem* 26 46,4 30 53,6 4,731 (2,523;8,871) 3,495 (1,749;6,984)

Prática religiosa Não* 296 49,8 299 50,2 2,102 (1,62;2,726) 1,381 (1,015;1,878) Sim 283 67,5 136 32,5 - -

Cor de pele Branco 396 57,4 294 42,6 1,254 (0,842;1,867) 1,159 (0,748;1,796) Negro 76 62,8 45 37,2 - - Pardo 104 52,8 93 47,2 1,51 (0,951;2,399) 1,426 (0,853;2,381)

Amarelo 3 50,0 3 50,0 1,689 (0,327;8,726) 1,997 (0,354;11,269) Estado Civil

Solteiro/div/sep 93 54,1 79 45,9 1,16 (0,834;1,612) 1,168 (0,797;1,711) Casado/amas 486 57,7 356 42,3 - - Escolaridade

Ensino fundamental 356 58,1 257 41,9 1,111 (0,661;1,867) 0,851 (0,445;1,625) Ensino médio 183 54,6 152 45,4 1,278 (0,746;2,19) 0,954 (0,5;1,82) Nível superior 40 60,6 26 39,4 - -

*p.<0,05

Na Tabela 21, observa-se que os fatores de risco estão associados

significativamente entre estar na faixa etária menor de 30 anos (ORA=3,022), e 30 a

45 anos (ORA=3,141), pertencer ao sexo masculino (ORB=3,719 e ORA=2,549), não

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Resultados

79

possuir religião (ORB=4,731 e ORA=3,495), ser católico (ORB=3,881 e ORA=3,25),

ser espírita (ORB=3,007 e ORA=2,604), e praticar religião (ORB=2,102 e ORA=1,381).

Por outro lado, ser evangélico se apresentou como fator de proteção, em que 81%

apresentam AUDIT menor que 8. No entanto, em relação ao estado civil, cor da pele

e escolaridade não foram identificadas associações estatísticas significativas para

essa amostra.

Nas tabelas a seguir, serão apresentados os fatores de risco relacionados ao

uso de bebidas alcoólicas, comparando às pontuações do AUDIT (< ou > que 8),

entre os participantes.

Page 80: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Resultados

80

4.2.2 Parte II - O consumo de bebidas alcoólicas e os fatores de riscos dos

participantes

Tabela 22. Regressão logística entre a pontuação (maior ou menor que 8) no AUDIT

e as condições de saúde, entre os participantes da Campanha Saúde na

Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

AUDIT Variáveis Menor 8 Maior 8

OR (IC 95%) bruto (ORB)

OR (IC 95%) ajustado (ORA)

N % N % Doenças crônicas

Sim 114 58,5 81 41,5 - -

Não 465 56,8 354 43,2 1,071 (0,781;1,47) 1,307 (0,423;4,034) Medicação

Sim 110 58,2 79 41,8 - -

Não 469 56,8 365 43,2 1,057 (0,767;1,456) 0,8 (0,261;2,458)

Hipertensão

Sim 62 49,2 64 59,8 1,057 (0,767;1,456) 0,8 (0,261;2,458)

Não 517 58,2 371 41,8 - -

Glicemia >130mg/dL

Sim 42 53,8 36 46,2 1,154 (0,726;1,834) 1,174 (0,698;1,975)

Não 537 57,4 36 46,2 - -

Colesterol

Sim 47 51,1 45 48,9 1,306 (0,85;2,006) 1,102 (0,686;1,771)

Não 532 57,7 390 42,3 - -

IMC

Normal 195 65,2 104 34,8 - -

Sobrepeso* 250 56,2 195 43,8 1,462 (1,08;1,98) 1,46 (1,043;2,044)

Obeso* 134 49,6 136 50,4 1,903 (1,359;2,665) 1,759 (1,218;2,539)

*p.<0.05

Na Tabela 22 observa-se que os fatores de riscos e as condições de saúde

estão associados significativamente com grupos de sobrepeso (ORB=1,462;

ORA=1,46) e obeso (ORB=1,903; ORA=1,759). Por outro lado, apresentar doenças

crônicas, tomar medicação, pressão arterial acima dos limites, diabetes e colesterol

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Resultados

81

não apresentaram associação estatística significativa entre aqueles que fazem uso

de bebidas alcoólicas com pontuação > que 8 no AUDIT.

Entre os participantes que apresentaram AUDIT > que 8 pontos, a metade já

sofreu acidente de trânsito após uso de bebida alcoólica, como demonstra a tabela a

seguir.

Tabela 23 - Regressão logística entre a pontuação (maior ou menor que 8) do

AUDIT e acidentes de trânsito com ou sem uso de bebidas alcoólicas

entre os participantes da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

AUDIT Variáveis < 8 > 8

N % N %

OR (IC 95%) bruto (ORB)

OR (IC 95%) ajustado (ORA)

Acidentes sem uso de bebida alcoólica

Sim* 159 52,3 145 47,7 1,321 (1,008;1,731) 1,15 (0,848;1,559) Não 420 59,2 290 40,8 - -

Acidentes após uso de bebida

Sim 12 42,9 16 57,1 1,804 (0,845;3,854) 1,455 (0,622;3,407) Não 567 57,5 419 42,5 - -

*p.<0.05

A Tabela 23 aponta que quem bebe em níveis problemáticos apresenta maior

risco de sofrer acidentes de trânsito (ORB=1,32). Tal fato, também tem ocorrido em

relação aqueles que sofreram acidentes após o uso de bebida alcoólica

(ORB=1,804), com estatística significativa de p. <0,05.

Page 82: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Resultados

82

4.3 COMPARAÇÕES DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE 4.3.1 Parte I - Análise estatística descritiva das condições de saúde entre os

participantes da campanha Saúde na Estrada Tabela 24 - Média, desvio padrão, variância mínima, mediana e máximo e p-valor

(teste t) dos valores da pressão arterial (PA), entre os participantes

abstêmios e não abstêmios da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014).

Ribeirão Preto, SP, 2006

Variável (PA)

Média Desvio padrão Variância Mínimo Mediana Máximo p valor

(teste t)

Abstêmios 13,580 1,421 2,019 10,000 13,000 19,000

Não abstêmios 13,935 1,522 2,316 9,000 14,000 22,000

0,001

A Tabela 24 mostra que a média dos valores de pressão arterial foram

maiores entre os bebedores. Relação estatística significativa, com p. 0,001, ou seja,

quem faz uso de bebidas alcoólicas apresenta valores pressóricos maiores que os

abstêmios.

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Resultados

83

Tabela 25 - Média, desvio padrão, variância mínima, mediana e máximo e p valor

(teste t) dos valores da glicemia entre os participantes abstêmios e não

abstêmios da Campanha Saúde na Estrada

(n= 1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Variável (Glicemia) Média Desvio

padrão Variância Mínimo Mediana Máximo p valor (teste t)

Abstêmios 97,522 33,088 1094,847 56,000 90,000 415,000

Não abstêmios 100,060 35,121 1233,503 60,000 93,000 424,000

0,299

A Tabela 25 demonstra que quem faz uso de bebida alcoólica apresenta

níveis glicêmicos maiores, porém, não houve relação estatística significativa entre

essas variáveis

Tabela 26 - Média, desvio-padrão, variância mínimo, mediana e máximo e p valor

(teste t) do valores de colesterol entre os participantes abstêmios e não

abstêmios da Campanha Saúde na Estrada

(n=1 014). Ribeirão Preto, SP, 2006

Variável (Colesterol) Média Desvio

padrão Variância Mínimo Mediana Máximo p valor (teste t)

Abstêmios 164,412 33,088 1094,840 40,000 160,000 240,000

Não abstêmios 176,670 43,277 1872,914 40,000 171,000 539,000

0,007

A Tabela 26 indica que a média dos valores do colesterol entre os bebedores

foi maior que os abstêmios, com p=0,007, quem bebe apresenta níveis de colesterol

maiores.

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Resultados

84

Tabela 27 - Média, desvio-padrão, variância mínimo, mediana e máximo e p valor

(teste t) dos valores de IMC entre os participantes abstêmios e não

abstêmios da Campanha Saúde na Estrada (n=1 014). Ribeirão Preto,

SP, 2006

Variável (IMC) Média Desvio

padrão Variância Mínimo Mediana Máximo p valor (teste t)

Abstêmios 27,647 4,729 22,368 8,000 28,000 40,000

Não abstêmios 28,350 6,052 36,632 9,000 28,000 130,000

0,082

A Tabela 27 apresenta a média do IMC maior entre os bebedores, não

houve relação estatística significativa entre essas variáveis.

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Discussão

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Discussão

86

A discussão dos resultados segue a ordem das tabelas e não a seqüência da

análise estatística, com o objetivo de facilitar a leitura e evitar repetições.

5.1 Variáveis sociodemográficas dos participantes da Campanha Saúde na

Estrada

Esta é a primeira vez que se estuda o uso do álcool e as condições de

saúde entre participantes da Campanha Saúde na Estrada na região de Ribeirão

Preto, SP.

No que tange à caracterização sociodemográfica, a amostra foi composta

pelo sexo masculino, com idade entre 30 e 45 anos, casados/amasiados, com baixo

nível de escolaridade, raça branca, como profissão são motoristas de caminhão,

religião católica e procedentes da Região Sudeste (Tabela 1).

De acordo com as características da amostra, o que chama a atenção é o

baixo nível de escolaridade (60,4% possuem o ensino fundamental completo ou

incompleto) e a idade (49% estão na faixa etária entre 30 e 45 anos), esse fato pode

ser explicado pelo IBGE (2000), onde aponta que 92% da população com idade

acima de 15 anos da Região Sudeste brasileira é escolarizado, enquanto que os

mais jovens apresentam maiores índices de alfabetização.

Os dados corroboram aqueles da literatura específica (VILLARINHO et al.,

2002; SOUZA; PAIVA; REIMÃO, 2006; CAVAGIONI, 2006; NASCIMENTO, 2003)

que estudaram os fatores de riscos nessa população.

A maioria dos participantes da Campanha Saúde na Estrada é de

caminhoneiros, e a campanha tem como propósito atender esses profissionais que

trabalham longas horas do dia e estão distantes de suas casas e famílias, e pouco

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Discussão

87

têm disponibilidade de buscar assistência de saúde. No entanto, vale lembrar que a

participação nesse tipo de campanha não isenta o motorista de buscar, de forma

mais sistemática, algum tipo de avaliação de saúde.

Mediante a leitura do Manual de Classificação Brasileira de Ocupação do

Ministério do Trabalho com o Código 7825-05, o grupo de motoristas de caminhão é

considerado aquele de maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de diversos

comportamentos de risco (como as doenças sexualmente transmissíveis, uso de

álcool e de outras drogas) e o desenvolvimento de possíveis conseqüências

relacionadas devido às peculiaridades da profissão. Atualmente, essa iniciativa vem

sendo realizada em diversas localidades do Brasil, com enfoque na promoção de

saúde e prevenção de doenças entre motoristas que estão trafegando nas estradas.

Em 2005, a Confederação Nacional de Transportes (CNT) estimou que o

Brasil possui 1,2 milhões de caminhoneiros. Nos resultados da presente pesquisa,

identificou-se que 826 (81,4%) eram caminhoneiros, parcela considerável de

profissionais. Dessa forma, os mesmos são considerados prioridade para o

desenvolvimento de ações e estratégias voltadas à promoção de saúde.

A literatura aponta que nos Estados Unidos da América (EUA), essa

iniciativa vem sendo desenvolvida de longa data, onde programas preventivos visam

a promoção do bem-estar dos motoristas nas estradas. Dessa maneira, tem

contribuído com melhorias das condições de saúde e qualidade de vida, além da

redução de até 40% dos acidentes de trânsito nas estradas (HARRINGTON, 1995).

Page 88: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

88

5.2 Padrão de consumo do uso do álcool e as conseqüências entre os

participantes da Campanha Saúde na Estrada

Ao avaliar a freqüência do consumo de bebida alcoólica pelos participantes,

identificou-se que 72,4% já fizeram uso de álcool. Essa constatação corrobora os

dados do CEBRID (2001), onde é mencionado que sete entre dez brasileiros bebem.

Estudo de Laranjeira et al. (2007) também concluiu que 75% da amostra estudada já

bebeu pelo menos uma vez na vida e que 52% dos brasileiros, acima de 18 anos,

bebem pelo menos 1 vez ao ano. Por outro lado, esses altos índices nos remetem a

pensar sobre a aceitação social que a bebida alcoólica tem em nossa cultura, além

da disponibilidade, fácil acesso e baixo custo para consumi-la.

Estudos nacionais, no entanto, desenvolvidos entre motoristas, principalmente

os de caminhão, apontaram que o uso de bebidas alcoólicas esteve presente em

metade ou mais da amostra (CAVAGIONI, 2006; NASCIMENTO, 2003; MULLER,

2000). Vale salientar ainda, que o uso de bebida alcoólica entre motoristas é

questão preocupante, pois o ato de beber e dirigir são incompatíveis na vida dos

motoristas. Esses estudos não se diferenciam dos estudos internacionais (CROUCH

et al., 1993), uma vez que mais da metade dos motoristas de caminhão consomem

mais de uma droga, das quais o álcool é a mais prevalente.

Com olhar mais específico sobre as variáveis do AUDIT (Tabela 2), em

relação aos motoristas que bebem, foi identificado padrão de consumo alto,

caracterizado por freqüência de uso de 2 a 4 vezes por mês (42,3%), em

quantidades de 3 a 4 doses (23,7%), enquanto que 28% dos participantes são

abstêmios. Concluindo, 30% dessa população está se embriagando com 6 ou mais

doses semanalmente.

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Discussão

89

De acordo com BABOR e HIGGINS-BIDDLE (2001), esse padrão pode se

modificar ao longo do tempo, e os indivíduos podem estar aumentando o seu

consumo e caminhando para além dos perigos imediatos que a bebida proporciona.

Aqui, o beber é preocupante, se levar em conta a profissão desse grupo estudado,

pois existe número considerável de motoristas (85%) que estão nas estradas

dirigindo.

Além disso, o nível de consumo, baseando-se na quantidade de 3 a 4 doses,

permite que o motorista seja identificado no teste do bafômetro e passível de ser

multado, no caso de estar dirigindo, pois o nível de álcool no sangue legalmente

aceito no Brasil para dirigir é de 0,6 g/l, o que corresponde de 2 a 3 doses de

bebidas alcoólicas para o homem (dependendo de variáveis como gênero e peso do

indivíduo) (LARANJEIRA et al., 2007).

O uso de álcool entre os participantes da Campanha Saúde na Estrada é

difícil de ser comparado, uma vez que a literatura a esse respeito é escassa.

No presente estudo, foi identificado que um terço dos motoristas bebe

semanalmente, podendo se intoxicar, ou seja, uma vez por semana principalmente

entre os que fazem uso de risco e nocivo. Esse padrão de beber pode colaborar

potencialmente para os problemas relacionados à morbidade, decorrentes do uso e

não apenas para as questões de acidentes de trânsito como aponta o relatório do

Ministério da Saúde (BRASIL, 2003) e (LARANJEIRA et al., 2007).

O beber entre motoristas pode estar sendo também sustentado pela intensa

quantidade de veiculação de propagandas de bebidas alcoólicas, bem como a

venda, que geralmente ocorre nas estradas, sem fiscalização. No entanto, medidas

de controle em relação ao beber nas estradas brasileiras são necessárias,

impedindo assim que mais pessoas possam consumir.

Page 90: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

90

Por outro lado, no Brasil, no ano 2007, o governo publicou o Decreto 6.117, a

Política Nacional sobre o Álcool, que tem como objetivo reduzir as conseqüências do

uso indevido de bebidas alcoólicas, apontadas como uma das causas de acidente

de trânsito, como também de diversos problemas de saúde. A política prevê

divulgação de propagandas sobre bebidas alcoólicas e também a venda dessas nas

rodovias federais brasileiras, visando maior controle e punições para esses tipos de

ocorrência (CORREIO BRAZILIENSE, 2007).

No entanto, recentemente, o governo lançou Medida Provisória (nº 415,

2008), que entrou em vigor no dia 1º de fevereiro de 2008, que proíbe a

comercialização de bebidas alcoólicas em rodovias federais (BR) de todo o país,

com o objetivo de reduzir os acidentes de trânsito nas estradas. Porém, a TmedidaT já

está causando preocupação, pois muitas BRs entram no perímetro urbano e os

motoristas consomem bebida alcoólica em chopperias, shoppings e churrascarias,

onde todos vendem bebidas alcoólicas livremente (AGÊNCIA BRASIL, 2008). Dessa

maneira, podendo colaborar para o aumento dos índices de acidentes de trânsito

nas estradas e agravos à saúde dessa população.

De acordo com a Tabela 3, as maiores conseqüências do beber, ou seja, os

sinais e sintomas da dependência e seus problemas decorrentes, possibilitou

identificar número considerável de pessoas já com problemas que necessitam de

fato, “o ponta pé” inicial da intervenção breve para redução do consumo.

Dessa maneira, pequena parcela dos participantes apresentou

comprometimentos de dependência ao álcool. Entre os que bebem, 14,1%

apresentaram sintomas da perda de controle de beber, 6,7% já tiveram

esquecimento e uma minoria necessitou beber logo pela manhã. Resultados que

demonstram os sintomas na forma de um continuum de gravidade e que por outro

Page 91: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

91

lado, Edwards (1998b) aponta que nem todos bebedores vão desenvolver a

dependência ao álcool, mas apenas uma pequena parcela, e o que preocupa é o

uso nocivo onde uma grande parte dos bebedores que estão na vida ativa, que vão

acabar desenvolvendo a curto prazo problemas graves de trânsito e se não

receberem intervenções ao longo do tempo e mediante a manutenção do beber em

altas quantidades vão chegar ao desenvolvimento da dependência.

De acordo com o relatório da OMS de 2002, o consumo abusivo de bebidas

alcoólicas foi responsável por 4% da carga global de doenças e 3,2% de todas as

mortes prematuras. De 2002 a 2006, o SUS gastou cerca de 40 milhões com

tratamento e internações com dependentes de álcool e outras drogas (CORREIO

BRAZILIENSE, 2007).

Ao avaliar os problemas relacionados ao beber, foi observada a presença de

culpa, de esquecimentos, de criticas, preocupação por parte de alguém próximo,

variando entre 12 e 24% (Tabela 4).

Neste estudo, observou-se que mais de 87% dos participantes responderam

que “nunca” se sentiram culpados ou com remorsos após terem bebido, 86%

“nunca” deixou de lembrar o que aconteceu na noite anterior após ter bebido, como

também quase 95% “nunca” foi criticado pelos resultados de sua bebedeira. Porém,

por outro lado, quase 20% disseram que alguém se preocupou com o seu beber

todos, ou quase todos os dias, nos últimos 12 meses. Para Michel (2000), nem

sempre é fácil o indivíduo ter autopercepção dos riscos de beber. Esse autor aponta

que indivíduos, que apenas bebem cerveja, podem ter problemas relacionados ao

uso do álcool, tanto quanto aqueles que consomem vinho ou bebidas alcoólicas

destiladas. Quando se aborda o uso de bebida, muitos referem que “só bebe

cerveja”, preconizando que cerveja não é álcool.

Page 92: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

92

Conforme a identificação dos níveis de risco do beber do estudo, 27,2% são

abstêmios, 32,5% fazem uso de baixo risco e 40,3% bebem em níveis de risco ou

estão desenvolvendo a dependência (Tabela 5). Esses dados corroboram com

aqueles da literatura, apresentados no I Levantamento Nacional sobre o padrão de

consumo do uso de álcool. Laranjeira et al (2007) identificou que, do total da

população com 18 anos ou mais, 3% faz uso nocivo e 9% é dependente de bebidas

alcoólicas. Essa prevalência também é compatível com estudos anteriores do

CEBRID (2001), quando foi utilizado metodologia diferente. Esses dados

aproximam-se dos índices estimados que, na população brasileira, 12% apresentam

algum problema com álcool –índice significativo em termos de saúde pública para se

dimensionar o custo social do álcool. Tanto o uso nocivo quanto a dependência

predominam entre os homens, sendo em média quatro vezes mais comum do que

entre as mulheres (CARLIN et al, 2002).

Ao se analisar quando o padrão de consumo ocorre (Tabela 6), o fim de

semana foi o dia mais apontado entre os participantes (71,5%), fato que pode estar

ligado às questões culturais, lembrando as palavras de Ross (1992) sobre aceitação

de ser culturalmente aceito misturar lazer com álcool. Essa constatação também foi

encontrada nos estudos de Barros et al (1988), que realizou pesquisa com 113

motoristas em Porto Alegre, RS, em uma sexta-feira e sábado à noite, para medir

alcoolemia, enquanto esperavam a mudança do sinal, mostrou que 85%

apresentavam alguma concentração de álcool no sangue.

Page 93: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

93

5.3 Níveis de risco do beber (AUDIT) e as características sociodemográficas

dos participantes da Campanha Saúde na Estrada

No que se refere à idade, ao analisar os dados neste estudo, através da

regressão logística, os motoristas que apresentaram idade entre 30 e 45 anos mais

de 45% pontuaram AUDIT maior que 8, considerado uso de risco (Tabela 21).

Segundo Schucckit (1991), o uso abusivo de bebida alcoólica possui alta incidência

entre os homens de 30 a 50 anos de idade, sendo que esses índices são ainda

maiores quando a situação socioeconômica é baixa, e a renda e a escolaridade são

inferiores.

No presente estudo, também foi confirmada a predominância do sexo

masculino para o uso de risco, nocivo e provável dependência que, juntos,

correspondem a 40,9% da população estudada (Tabela 7).

Dados consistentes com a literatura (KHAN et al., 2002; CEBRID, 2001 e

LARANJEIRA et al., 2007), em relação ao sexo, mostram que o maior consumo (uso

de risco e nocivo) de álcool está presente entre os homens quando comparados com

as mulheres.

Estudos do Ministério da Saúde do Brasil (2004) apontam que o consumo de

bebida alcoólica nas regiões do Brasil é maior no grupo dos homens (variando entre

48,9 e 72,1%), enquanto que nas mulheres (variou de 19,7 e 47,5%), nos dados do

CEBRID (2001) a proporção do consumo entre homens e mulheres foi demonstrada

na proporção de quase 3 para 1. Resultados apontados por Laranjeira et al (2007)

também mostram que os homens (65%) bebem com freqüência marcantemente

Page 94: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

94

diferente das mulheres (41%), pois os homens tendem a beber mais e apresentam

mais prejuízos em relação ao álcool.

Com base nos resultados encontrados, em relação ao estado civil e aos

níveis de risco do uso de álcool, a prevalência foi maior entre o grupo de

solteiros/separados/divorciados (34,9%) que fazem uso de risco do que os

casados/amasiados (32,7%) que fazem uso de baixo risco (Tabela 8).

A literatura não deixa muito clara a relação entre essas variáveis, porém,

aponta que estar sozinho, no caso dos solteiros, separados ou divorciados, acarreta

posição favorável para o uso e abuso do álcool devido à falta de controle por parte

de um parceiro (EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2005a).

O presente estudo identificou baixo nível de escolaridade entre os

participantes que fazem uso de bebidas alcoólicas, apresentados em ambos os

testes estatísticos (qui-quadrado e regressão logística) nas tabelas 9 e 21,

respectivamente, no entanto, não apresentaram associações estatísticas

significativas entre as variáveis. Em ambas as análises, o uso de risco entre os

participantes esteve presente entre aqueles que possuem ensino fundamental e

ensino médio (Tabela 9 e 21).

A baixa escolaridade e o consumo de risco e de baixo risco também foram

identificados nos estudos de Cavagioni (2006), e padrão de consumo muito alto

entre motoristas que possuíam apenas o ensino fundamental (MULLER; 2000).

Page 95: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

95

Em relação à procedência, 90,7% dos participantes da Campanha é de

origem da Região Sudeste, no qual a cidade de Ribeirão Preto, SP, está inserida

(Tabela 10). Nesse contexto, encontrou-se que mais de um terço faz uso de risco.

De acordo com os dados do I Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas

Psicotrópicas no Brasil, realizado pelo CEBRID (2001), a Região Sudeste foi a que

apresentou maior índice no consumo de bebida alcoólica, 71,5% dos entrevistados

acima de 35 anos mencionaram que já fizeram uso de bebida alcoólica (CARLIN et

al., 2002).

Ao avaliar a religião e os níveis de risco em relação ao beber no presente

estudo, foi identificada relação estatística significativa entre essas variáveis. Onde

um terço dos bebedores de religião católica faz um beber de risco e de baixo risco,

já na religião evangélica mais da metade são abstêmios (60%), essa é a religião que

apresenta controle social maior em relação ao beber (Tabela 11).

Dados também confirmados na avaliação do modelo de regressão logística,

mostraram efeito significativo da religião católica como fatores de risco para o beber

(Tabela 21). A religião é importante elemento da cultura e da sociedade que

influencia marcantemente, encorajando ou não o comportamento do beber

(EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2005a).

A associação entre religião e o beber foi encontrada por Koenig et al (1994)

como fator de proteção ou de risco, isso vai depender da vinculação que o indivíduo

tem com sua religião, assim, menor será a possibilidade do beber em níveis de risco.

Neste estudo, no que se refere à profissão dos motoristas, os achados nos

permitiram evidenciar que o uso de bebida alcoólica trata-se de problema sério, pois

Page 96: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

96

35,1% dos motoristas e 31,8% dos caminhoneiros fazem uso de risco (Tabela 12).

Edwards et al. (1998c) consideram que o nível de problemas causados pelo uso do

álcool entre motoristas é preocupação relevante, todavia, os caminhoneiros devem

beber pouco ou nenhuma dose de bebida alcoólica. A exemplo das medidas

restritivas do uso do álcool, nos EUA, os limites de alcoolemia para esses motoristas

de caminhão são bem menores quando comparados com os demais motoristas.

5.4 As condições de saúde dos participantes da Campanha Saúde na Estrada

Para alcançar o 2º e o 3 º objetivos específicos propostos, foram analisados

os níveis de riscos e as condições de saúde entre os participantes da campanha.

Em relação à presença de doenças crônicas, 195 (19,2%) dos participantes

afirmaram que possuem algum tipo de doença, entre esses, quase 30% fazem uso

de risco e 7,7% fazem uso nocivo de bebida alcoólica. Esses dados corroboram os

da literatura, quando estudo foi realizado na Espanha entre motoristas de caminhão

que faziam uso de bebida alcoólica, o apontando que 13% apresentavam algum tipo

de doença (DEL RIO, ÁLVAREZ, 2001).

Ainda, achado interessante nesses dados (Tabela 13) é que, ao somar

apenas os bebedores independentes do nível de risco do beber, identifica-se que

140 (68%) possuem algum tipo de doença crônica.

O Brasil está entre os países com altas taxas de morbimortalidade

atribuíveis ao consumo de álcool (MELONI; LARANJEIRA, 2004). No entanto,

algumas doenças crônicas geralmente são associadas ao uso de risco e nocivo do

álcool, mas a predisposição do desenvolvimento começa a se manifestar mesmo

Page 97: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

97

com quantidades não consideradas de risco (CORRAO et al., 2004), tornando-se

indicadores para a prevenção.

Entre os tipos de doenças crônicas as mais apontadas foram a HAS, o

diabetes mellitus (DM) e a pancreatite (Tabela 14). Quando se avalia os riscos do

beber e o tipo de doenças crônicas, identificou-se que 33% apresentaram HAS e

29,8% DM, fazendo uso de risco, por outro lado, 5 (71,4%) bebedores de baixo risco

possuem pancreatite. A literatura brasileira apontou que 93,5% de portadores de

pancreatite crônica (MOTT; GUARITA; BETARELLO, 1991) e 40% dos casos de

pancreatite aguda eram provenientes do uso do álcool, sendo identificado como a

principal causa (REIS; RODRIGUES, 2003).

Ao avaliar os valores da pressão arterial e os níveis de risco do beber, foi

identificado que 10% dos bebedores apresentam níveis pressóricos maiores do que

os recomendados pela Organização Mundial da Saúde (Tabela 15). Desses, mais de

um terço (36,5%) faz uso de risco e quase 8% faz uso nocivo de bebida alcoólica.

Estudos apontam que o álcool é o fator de maior risco para o aumento dos níveis

pressóricos e, conseqüentemente, o desenvolvimento para a hipertensão (REHM et

al., 2003). O autor considera que 16% dos casos de hipertensão são atribuídos ao

uso de bebida alcoólica e, complementando Stranges et al (2004), afirma que

independe do tipo de bebida.

Estudo internacional, com amostra representativa envolvendo 15 mil pessoas

com idade entre 45 e 64 anos de idade, revelou que o consumo a partir de 210

g/semana de álcool, associou-se positivamente com a HAS (OR=1,47; IC 95%=1,15-

1,89) independentemente da raça, idade, sobrepeso e obesidade e diabetes. O risco

Page 98: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

98

bruto atribuível no desenvolvimento da hipertensão entre os indivíduos expostos a

mais que 30 g/dia de álcool foi de 17,1% (FUCHS et al., 2001).

Ainda, sobre os níveis pressóricos e o beber, na análise do modelo de

regressão logística, apresentada na tabela 22, embora a porcentagem de PA tenha

sido maior entre os bebedores com AUDIT >8 (59,8%- OR=1,43; IC 95%=0,99-2,09),

não se pode afirmar que quem bebe apresenta maior risco de apresentar os níveis

pressóricos aumentados. Esse fato pode estar sendo influenciado por outras

variáveis, como talvez o uso de medicamento, ou mesmo os níveis baixos do beber,

e ainda outros fatores que não podem ser explicados aqui.

Ao avaliar os valores pressóricos entre os bebedores e abstêmios, foi

identificado que os bebedores apresentam níveis maiores quando comparados com

os abstêmios (13,9 vs 13,5), com relação estatística significativa (p<0,001, Tabela

24), dados esses sustentados pela literatura (REHM et al., 2003; FUCHS et al.,

2001).

Em relação aos níveis de glicemia e aos níveis de risco do beber, um terço

dos participantes da campanha apresentaram níveis alterados e bebem em nível de

baixo risco e de risco (Tabela 16). Porém, se somar apenas aqueles que bebem e

apresentam os valores glicêmicos alterados, pode-se perceber que mais de 70%

apresentam níveis acima de 130 mg/dL. Estudos com motoristas de caminhão

apontaram que apenas 8% dos que bebem apresentaram glicemia alterada

(CAVAGIONI, 2006).

Ao avaliar os valores glicêmicos entre os bebedores e abstêmios, foi

identificado que os bebedores apresentam níveis glicêmicos maiores quando

Page 99: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

99

comparados com os abstêmios (97,5 vs 100), porém, não houve relação estatística

significativa (Tabela 25).

Na análise de regressão logística (Tabela 22), 46,24% (OR=1,15; IC

95%=0,72-1,83) apresentaram níveis glicêmicos acima de 130mg/dL e AUDIT >8.

Esses dados, não permitem afirmar que quem faz uso de risco apresenta maiores

chances de alteração desses valores. Uma possibilidade para a compreensão

desses dados refere-se ao relato de Crane e Sereny (1988) que observa em seus

estudos, que o abuso do álcool é casualmente relacionado para o desenvolvimento

do diabetes.

No que se refere aos níveis de colesterol e aos níveis de risco do beber entre

os participantes da campanha, foi identificado que entre aqueles que fazem uso de

bebida alcoólica 73 (83,7%) apresentaram colesterol acima de 200mg/dL, desses,

mais de um terço faz uso de baixo risco (Tabela 17). Os resultados foram quase

semelhantes aos de Cavagioni (2006), 35% dos motoristas que bebem

apresentaram nível de colesterol acima de 200mg/dL.

Na análise de regressão logística (Tabela 22), o nível de colesterol foi

identificado em quase 49% dos participantes que pontuaram AUDIT >8 e com

(OR=1,30; IC 95%=0,85-2,006).

No estudo em questão, ao avaliar os valores de colesterol entre os

bebedores e abstêmios, foi identificado que os bebedores apresentam níveis de

colesterol maiores quando comparados com os abstêmios (176,6 vs 164,4), porém,

houve relação estatística tendenciosa (p=0,007, Tabela 26). Esses dados, também

estão de acordo com a literatura internacional, como os estudos de Koppes et al

Page 100: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

100

(2005), quando apontam que quanto maior o uso de bebida alcoólica, maior o nível

do colesterol, e, conseqüentemente, maior será a prevalência para doenças

cardiovasculares, assim como Rimm et al (2000) evidenciaram que indivíduos que

consomem 30g de álcool por dia, de forma regular por mais de um mês, ficam mais

expostos ao aumento da concentração de colesterol.

O presente estudo encontrou que 724 (98,1%) dos participantes que

bebem apresentam níveis de peso acima do esperado. Dado esse que corrobora

aqueles de obesidade no Brasil, onde o problema é bastante evidente, quatro em

cada dez brasileiros adultos sofrem de excesso de peso (MONTEIRO, 2005). Na

Tabela 18, é demonstrado que entre os participantes que fazem uso de risco, mais

de um quarto estão classificados em sobrepeso e um terço são obesos. Esses

resultados nos levam as palavras de Wannanethee e Shapper (2003), onde o uso

abusivo de álcool contribui diretamente para o ganho de peso, colabora para a

obesidade em homens.

Ainda há de se considerar outros fatores como sedentarismo e o hábito alimentar

que não foi estudado aqui, pois motoristas de caminhão passam longas horas por

dia dirigindo e geralmente se alimentam mal, situações que podem ser relevantes

para o aumento do peso. Fato esses somados ao uso do álcool, leva à discussão

sobre a contribuição calórica que a bebida possui e que pode colaborar para o

aumento de peso, dados esses também evidenciados nos estudos internacionais

(ARIF; ROHRER, 2005).

Na análise de regressão logística, foi possível identificar que, entre os

fatores de riscos entre o beber e as condições de saúde, estão associados

Page 101: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

101

significativamente com o grupo de sobrepeso (ORB=1,462; ORA=1,46) e o de obeso

(ORB=1,903; ORA=1,759), conforme Tabela 22.

Ao avaliar os valores do IMC entre os bebedores e abstêmios, foi

identificado que os bebedores apresentaram média do IMC maior quando

comparado com os abstêmios (média 28,35 vs 27,6), porém, não houve relação

estatística significativa (Tabela 27).

Em relação ao uso de medicação e o uso de álcool foi evidenciado na

Tabela 19, entre os participantes, que quase um terço daqueles que fazem uso de

medicação consomem bebidas alcoólicas em níveis de risco. Fato preocupante

demonstrado por Reis e Rodrigues (2003), em que o álcool pode alterar a

propriedade farmacológica da medicação, potencializando ou diminuindo seu efeito.

Muitas pessoas que apresentam alterações dos níveis glicêmicos, ou valores

pressóricos, podem estar associando bebida alcoólica e medicação.

Em corroboração a essa relação, Del Rio e Alvarez (2001) apontaram que

10% da população adulta espanhola consomem bebida alcoólica e medicação

concomitantemente. Outro estudo, realizado por Saitz (2003) mostrou que 37% dos

pacientes relataram que não discutem sobre o uso de bebida e medicação com o

seu médico durante a consulta. Dessa forma, como os dados da presente pesquisa

evidencia que muitos dos pacientes fazem interação medicamentosa com o álcool e

nem mesmo sabem o que pode acontecer, permanecendo com a pressão elevada

ou níveis glicêmicos alterados ainda fazendo uso de medicação.

Page 102: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

102

5.5 Avaliação do uso de bebida alcoólica em relação aos acidentes de trânsito

entre os participantes da Campanha Saúde na Estrada

Em relação à ocorrência de acidentes, após o uso de bebidas alcoólicas,

apenas 28 (2,7%) afirmaram que sofreram acidentes de trânsito. Esses resultados

evidenciam que muitos não relacionam o beber como fator responsável pelos

acidentes (EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2005e). Por outro lado, entre os

bebedores, 39,3% dos participantes que fazem uso de risco já sofreram acidente de

trânsito após o uso de bebida alcoólica, ao passo que 33,9% dos que fazem uso de

risco mencionaram já ter sofrido acidente de trânsito, porém, sem o uso da bebida

alcoólica (Tabela 20).

Nessa variável, ao se avaliar por meio do modelo de regressão logística foi

identificada associação entre ter sofrido acidente de trânsito, sob influência do álcool

e o beber com pontuação no AUDIT > que 8 (Tabela 23). Isso significa que, quem

faz uso de bebidas alcoólicas em níveis problemáticos apresentam maiores riscos de

sofrerem acidentes de trânsito (ORB=1,321) independente do uso de bebidas

alcoólicas, e esse risco aumenta quando o motorista está sob influência do uso do

álcool (ORB= 1,804).

Com base nos resultados encontrados, pode-se sustentar que ainda há

poucas medidas eficientes para restringir e fiscalizar a venda de bebidas alcoólicas

nas estradas. O último decreto, oficializado no início de fevereiro de 2008, que

proíbe a venda de bebida alcoólica nas rodovias federais vem causando grandes

discussões na mídia, mostrando o nível de acidentes envolvendo motoristas no

trânsito após uso de bebida alcoólica. Porém, mesmo com a fiscalização rigorosa,

em alguns pontos “brasileiros dão um jeitinho especial” para a compra e o consumo

Page 103: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

103

de álcool nas estradas. Nas ocorrências de acidentes, dificilmente não se encontram

vestígios e prova do consumo deixado pelas vítimas, como latinhas e garrafas vazias

de bebida alcoólica dentro dos veículos ou na boléia de caminhões.

Deve-se enfatizar aqui as situações de risco nos sujeitos desta pesquisa que

alegaram já terem se envolvido em acidentes de trânsito sem o uso de bebida

alcoólica. Os resultados indicam que quase um terço faz uso de baixo risco.

Segundo Leyton et al (2005), há correlação evidente entre o uso de bebida alcoólica

e a ocorrência de acidentes de trânsito. Para e Duailibi e Laranjeira (2007), há risco

grande de dirigir sob efeito do álcool, mesmo com níveis no sangue considerados

baixos.

O modelo de regressão logística permitiu mostrar o efeito positivo do uso do

álcool associado com os acidentes de trânsito. Entre os participantes da pesquisa

que pontuaram AUDIT maior que 8, 57,1% assumiram ter feito uso de bebida

alcoólica antes do acidente, porém, entre aqueles que assumiram não ter bebido

antes do acidente, mais de 50% pontuaram AUDIT menor que 8. A esse respeito

Cavagioni (2006), em seus resultados, mostrou que entre motoristas que já sofreram

acidente de trânsito, 83% pontuaram AUDIT menor que 8, ao passo que 16% maior

que 8. Um outro estudo, realizado na cidade de Passos, MG, com 91 caminhoneiros,

mostrou que 83 (91%) faziam uso de bebidas alcoólicas. Desses 14 (17%) referiram

ter se envolvido em acidentes nas estradas por causa do uso do álcool

(NASCIMENTO; NASCIMENTO; SILVA, 2007).

Considerando os dados apresentados na pesquisa, onde mais de um terço já

se envolveu em acidentes de trânsito e fazem uso de risco, frente a tais resultados,

medidas preventivas, baseadas na política nacional de álcool e outras drogas,

devem ser implementadas como a fiscalização de sobriedade com os bafômetros,

Page 104: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Discussão

104

realizados rotineiramente nos finais de semana. Nos locais onde estas ações

ocorrem, houve redução de cerca de 20% dos acidentes fatais relacionados ao

álcool (SCHULTS et al., 2001; SWEEDLER et al., 2004).

Há, no entanto, alguns empecilhos para o efetivo cumprimento dessa ação.

Para comprovar se o motorista está embriagado, as autoridades de trânsito utilizam

o “bafômetro”, porém, o que acontece é que, na maioria das vezes, não dispõem de

equipamento suficiente, recursos humanos e, ainda, não há lei que obrigue o

indivíduo a se submeter a esse teste, ou seja, o motorista pode recusar a fazê-lo.

Essas barreiras fornecem subsídios para que ações sejam colocadas em prática,

como recentemente ocorreu com a medida provisória nº 415, 2008, que proíbe a

venda de bebida alcoólica nas estradas (CORREIO BRAZILIENSE, 2007; AGÊNCIA

BRASIL, 2008).

Embora os acidentes possam ocorrer independentemente do uso de álcool,

contudo, quando o uso é comprovado nos acidentes, isso pode não ter acontecido

por acaso. Estudos internacionais apontam que o consumo de álcool na população

reflete-se gravemente nas ocorrências de acidentes de trânsito (HONKANEN, 1993).

Na Nova Zelândia, levantamento, realizado em 1987, estimou que o consumo de

álcool foi responsável por 20,1% das mortes entre os indivíduos de 15 a 34 anos de

idade, principalmente nos acidentes em estradas (SCRAGG, 1995).

Segundo Pinsky e Laranjeira (1998), as pesquisas de abuso de álcool e da

freqüência de acidentes de trânsito que vêm ocorrendo no país apontam para a

necessidade urgente de iniciar trabalhos contínuos e sérios nesse campo.

Page 105: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Conclusão

Page 106: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Conclusão

106

Esta é a primeira vez em que se utiliza o teste de identificação do uso do

álcool e avalia as condições de saúde entre participantes da Campanha Saúde na

Estrada.

Os resultados do presente estudo permitiram verificar que a maioria dos

participantes é do sexo masculino, possui baixa escolaridade, cor branca, são

católicos e não praticam religião.

O universo considerado nesta investigação, também possibilitou identificar

alguns aspectos que coloca os motoristas em situações de risco para a saúde, em

relação o uso de bebida alcoólica. Assim, pontua-se aspectos mais relevantes

desses determinantes, a hipertensão, a glicemia, colesterol, sobrepeso e obesidade.

Por outro lado, com aspectos relevantes relacionados aos fatores de proteção,

identificou-se ser evangélico, prática religiosa, ser casado/amasiado e possuir nível

superior.

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Considerações Finais

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Considerações Finais

108

Verificou-se que o consumo de bebida alcoólica, atualmente, perpassa por

questões muito mais amplas e complexas do que aquelas até presentes em uma

simples comemoração ou ritual religioso. Nesse contexto é necessário refletir sobre

o mundo globalizado, onde a falta de informação, orientação e a facilidade de

adquirir o produto com ausência de política governamental voltada para essas

questões. Os determinantes ocasionados por tal realidade são medidos nos índices

alarmantes de acidentes de trânsito, envolvendo motoristas nas estradas, as

conseqüências que o álcool pode ocasionar como desenvolvimento de doenças

crônicas (cirrose hepática, hipertensão, diabetes e pancreatite).

Nesse cenário, surge novo indicador a ser considerado – a vulnerabilidade

para os fatores de risco relacionados às condições de saúde e uso de bebida

alcoólica sem controle, dos quais os motoristas passam a viver e a se projetar nas

estatísticas de morbidade e do aumento de acidentes nas estradas brasileiras. A

conseqüência por esse uso pode desenvolver sintomas irreversíveis quando

estiverem na direção e, na maioria das vezes, o motorista não fez uso de bebida

alcoólica no dia, mas nos finais de semana faz uso de risco e nocivo, como

apresentados nos resultados deste estudo.

Desse modo, refletir, na atualidade, é projetar-se para um mundo de

possibilidades em que essa população está inserida, avaliando particularmente os

fatores de riscos aos quais estão expostos.

A necessidade de estratégias específicas para identificar e intervir em relação

ao uso do álcool entre motoristas precisa ser colocado em prática, na fase inicial, ou

seja, como forma de prevenção e redução de danos no trânsito. Pesquisas, tanto

nacionais como internacionais, têm demonstrado que, quanto mais elevado o

consumo de álcool numa população, maiores são os índices de problemas e agravos

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Considerações Finais

109

desencadeados por esse uso. Portanto, torna-se necessário a implementação de

campanhas permanentes nas estradas, visando a diminuição de acidentes de

trânsito e contribuindo para a melhoria das condições de saúde dessa população.

Dessa forma, identificar motoristas que estão nas estradas por meio do

rastreamento do uso do álcool pode nortear significativamente ações preventivas

para essa população, pois alguns efeitos danosos, como acidentes de transito

podem resultar em episódios únicos de álcool, mesmo que o indivíduo não beba com

freqüência.

Este estudo, por se tratar de quantitativo descritivo, permitiu identificar os

fatores de riscos comparados aos níveis de consumo nos últimos 12 meses, através

do AUDIT, bem como os fatores de proteção.

Diante dessas informações, esta pesquisa, possibilitará num futuro próximo,

contribuir para a elaboração de programas adequados dirigidos à prevenção e

educação permanentes, através de campanhas e mudanças políticas

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Referências

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Referências

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Anexos

Page 123: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Anexos

123

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Anexos

124

Anexo B- Parte I – Identificação sociodemográfica e condições de saúde

1) Nº de Identificação: 2) Origem da viagem: 3) destino:

4) Há quantas horas está viajando? 5) Idade:_____________ 6) Sexo: ( 1 ) M ( 2 ) F 7) Religião: ( 1 ) Católico ( 2 ) Evangélico ( 3 ) Espírita ( 4 ) Não tem 7 a ( 1 ) Não praticante ( 2 ) Praticante 8) Cor: ( 1 ) B ( 2 ) N ( 3 ) P ( 4 ) A 9) Procedência: (1) Norte (2) Sudeste (3) Sul (4) Centro-Oeste (5) Nordeste 10) Estado civil: ( 1 ) Casado/amasiado ( 2 ) Solteiro/ Separado ( 3 ) Viúvo 11) Grau de Instrução: ( 1 ) Primário Comp/ Incompleto

( 2 ) 2 º grau Comp/ Incompleto ( 3 ) Superior Comp/ Incompleto 12) Profissão: _____________13) Quanto tempo:__________14) ( ) Aposentado 15) Ano de Carteira de Habilitação: 16) Tipo: 17) Apresenta doença crônica? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 18) Qual?. ( 1 ) HAS ( 2 ) DM ( 3 ) Pancreatite ( 4 ) Cirrose hepática ( 5 ) outra 19) Medicamento em uso: _____________________________________ 1. PA= x mmHg 2. Glicemia: _________ 3. Colesterol: __________ 4. IMC: _______ 20) Tipo de Veiculo: ( 1 ) Caminhão de carga, qual: _________ ( 2 ) passeio ( 3 ) Caminhonete ( 4 ) Moto 21) Já sofreu acidente de trânsito? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 22) Já sofreu acidente de trânsito após ter consumido álcool nos últimos de 12 meses?

( 1 ) Sim ( 2 ) Não 23) Qual o motivo de sua viagem? ( 1 ) Lazer ( 2 ) Trabalho ( 3 ) Estudo 24) Quando foi a última vez que você bebeu? ( 1 ) Hoje ( 2 ) Ontem ( 3 ) Final de Semana

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Anexos

125

Anexo C - Parte II - AUDIT- The Alcohol Use Disorder Identification Test

1-Qual a freqüência do seu uso de bebidas alcoólicas? ( 0 ) Nenhuma ( 1 ) Uma ou menos de uma vez por mês ( 2 ) 2 a 4 vezes por mês ( 3 ) 2 a 3 vezes por semana ( 4 ) 4 ou mais vezes por semana

6- Quantas vezes, no ultimo 12 meses, você precisou de uma dose pela manhã para se sentir melhor depois de uma bebedeira? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

2- Quantas doses você consome num dia típico quando está bebendo? ( 0 ) Nenhuma ( 1 ) 1 ou 2 ( 2 ) 3 ou 4 ( 3 ) 5 a 6 ( 4 ) 7 a 9 ( 5 ) 10 ou mais

7- Quantas vezes, nos últimos 12 meses, você se sentiu culpado ou com remorso depois de beber? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

3- Com que freqüência você consome seis ou mais doses numa ocasião? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

8- Quantas vezes, nos últimos 12 meses, você esqueceu o que aconteceu na noite anterior porque estava bêbado? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

4-Com que freqüência nos últimos 12 meses você percebeu que não conseguia parar de beber uma vez que havia começado? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

9-Você já foi criticado pelos resultados de suas bebedeiras?

( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

5-Quantas vezes nos últimos 12 meses você deixou de fazer o que era esperado devido ao uso de bebida alcoólica? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

10-Algum parente amigo médico ou outro profissional da saúde referiu-se às suas bebedeiras ou sugeriu-lhe parar de beber? ( 0 ) Nunca ( 1 ) Menos que mensalmente ( 2 ) Mensalmente ( 3 ) Semanalmente ( 4 ) Diariamente

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Anexos

126

Anexo - D TERMO DE CONSENTIMENTO – LIVRE – ESCLARECIDO

Eu, Josélia Benedita Carneiro Domingos, aluna da Pós-Graduação do

Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de

Enfermagem da USP de Ribeirão Preto, venho respeitosamente convidá-lo a

participar do estudo que tem como objetivo avaliar o consumo de álcool entre

motoristas. Estas informações serão utilizados para o desenvolvimento de

programas de prevenção de acidentes nas estradas, assim como a intervenção

breve para promover qualidade de vida dos condutores.

Este estudo será realizado através de um questionário aprovado pela

(Organização Mundial de Saúde) que contém 10 questões fechadas, em caráter

voluntário, sem a identificação dos participantes, garantindo o anonimato.

Pelo presente consentimentoTP

*PT, declaro que fui informado, de forma clara e

detalhada, dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos a que serei submetido e

dos benefícios do presente projeto de pesquisa. Fui igualmente informado :

1. Do direito de receber resposta a qualquer pergunta ou dúvida sobre esta

pesquisa, bem como os assuntos relacionados com a investigação

2. Da liberdade de retirar o meu consentimento, a qualquer momento e

deixar de participar do estudo, sem que isso traga prejuízo a mim;

3. Do direito de não ser identificado e ter a minha privacidade preservada.

Sua colaboração é de muita importância para o desenvolvimento desta

pesquisa.

Declaro que tenho conhecimento dos direitos acima citados descritos e aceito

em responder ao questionário elaborado pelo pesquisador, que assine este termo de

consentimento.

Ribeirão Preto, de de 2006.

Contato : Josélia B. C. Domingos email: josé[email protected] Tel: 16.3602.34.25

TP

*PTO presente documento baseado nos artigos 10 a 16 das Normas de Pesquisa em Saúde do Conselho Nacional

de Saúde, será assinado em duas vias de igual teor, ficando uma via em poder do participante da pesquisa e a outra com a pesquisadora.

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Apêndices

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Apêndices

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Apêndice A : Repercussões da divulgação na mídia e sites da pesquisa 1. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Álcool é consumido por 72% dos caminhoneiros. Educação SulMix SINODAL. São Leopoldo - RS, 2007.

TUhttp://www.sulmix.com.br/principal_educacao/PAGINAS/educacao1668.htmUT

2. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Álcool, o inimigo público.

Coordenadoria Estadual Antidrogas. Curitiba PR, 2007.

TUhttp://www.antidrogas.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=289UT

3. DOMINGOS, Josélia B C PILLON, S. C. Álcool, o inimigo público. Associação

Brasileira de Psiquiatria. Rio de Janeiro, 2007.

TUhttp://www.congressoabp.org.br/clipping/exibClipping/?clipping=4570UT

4. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pés-de-cana. A Tribuna da imprensa

online. Rio de Janeiro, 2007.

TUwww.tribuna.inf.br/anteriores/2007/maio/29/pestal.aspUT

5. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Jornal de Noticias USP. SP, 2007.

TUhttp://noticias.usp.br/acontece/obterNoticia?codntc=16094&codnucjrn=1UT

6. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Sociedade Brasileira de Hipertensão. São

Paulo, 2007.

www.sbh.org.br/novo/template2.asp?id=publico_noticias&codigo=94 - 15k –

7. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Portal Saúde de Ribeirão Preto. RP, 2007.

www.ribeiraopreto.sp.gov.br/ssaude/noticias/2007/0705/I16070509cami.htm

8. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Jornal de São José dos Campos. São José dos

Campos, 2007. Home page: www.vejosaojose.com.br/saude.htm

Page 129: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

129

9. DOMINGOS, Josélia B C PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Repórter Leme. Leme - SP, 2007.

http://www.reporterleme.com.br/noticiaPrint.aspx?id=6609

10. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Caminhoneiros: 43% abusam da bebida. Destak Jornal. São Paulo, 2007.

http://www.destakjornal.com.br/pdf/portadaedicion201.pdf

11. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem. Jornal Diário do Nordeste. Fortaleza - CE, 2007.

www.diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=179403&modulo=964

12. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Jornal CBN Notícias. Recife PE, 2007.

http://jc.uol.com.br/cbnrecife/2007/05/21/not_61180.php

13. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Portal O Pantaneiro Online. Aquidauana MT, 2007.

http://www.opantaneiro.com.br/noticias/online.asp?id=57372

14. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Jornal Diário da Manhã. São Paulo, 2007.

http://www.dm.com.br/ultimas.php?id=216441&edicao=7137

15. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Estudo da Escola de Enfermagem revela saúde precária entre caminhoneiros. Bebida é o maior problema. Jornal

da USP Ribeirão. Ribeirão Preto, 2007. www.pcarp.usp.br/acsi

16. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa alerta para os riscos do álcool. Propaganda sem bebida. Rio de Janeiro, 2007.

www.propagandasembebida.org.br/not_home/not_home_integra.php?id=156

Page 130: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

130

17. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa mostra caminhoneiros com diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Informe MS. Campo Grande MS,

2007.www.informems.com.br/index.php?p=detalhe_noticia&canal=saude&cat=9&id=

20368

18. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa da USP indica que 72% dos motoristas ingerem bebidas alcoólicas. Consumidor RS. Rio Grande do Sul, RS,

2007.

TUwww.consumidorrs.com.br/index.php?p=cont_int&p1=boletim&txt_codigo=10002328UT

19. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa da USP revela que 72% dos motoristas bebem. Jornal o Estadão. São Paulo, 2007.

http://estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/mai/21/276.htm

20. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa mostra que caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Jornal entre Posto, São

Paulo, 2007. TUhttp://www.jornalentreposto.com.br/ago2007/perigo.htmUT

21. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa mostra que caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Portal da Biblioteca

Virtual em Saúde - BRVS Brasil. São Paulo, 2007.

http://saudepublica.bvs.br/noticias/?act=view&id=270

22. PILLON, S. C.; DOMINGOS, Josélia B C. Pesquisa revela que 72% ingerem bebida alcoólica. Perkons Noticias. São Paulo, 2007.

TUwww.perkons.com.br/imprimir.php?tipo=noticia&id=3477UT

23. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. USP vê uso excessivo de álcool por motoristas. Folha de São Paulo. Ribeirão Preto, p.7. 2007. Meio de divulgação:

Impresso

24. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. 1 Edição - álcool o inimigo público.

Associação de Emissoras de Radio e Televisão. Brasília DF, 2007.

http://www.abert.org.br/D_mostra_clipping.cfm?noticia=105290

Page 131: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

131

25. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON; S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebidas alcoólicas. www.estradas.com.br. São Paulo, 2007.

www.estradas.com.br/new/noticias/materia.asp?id=35437

26. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebida alcoólica, revela pesquisa. Associação Nacional de Transporte Público.

São Paulo, 2007.

http://portal.antp.org.br/clip/news/News%20Articles/DispForm.aspx?ID=5129

27. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebidas alcoólica. Jornal A Cidade. Ribeirão Preto, 2007.

http://www.jornalacidade.com.br/geral/ver_news.php?pid=94&nid=53729

28. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebidas alcoólicas. Boletim Eletrônico n. 95 ACCA. São Paulo, 2007. Home page:

www.uniad.org.br

29. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebidas alcoólicas. Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.

Rio de Janeiro, 2007: www.abead.com.br/midia/exibMidia/?midia=794

30. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebidas alcoólicas. Secretaria Nacional Anti Drogas. Observatório Brasileiro de

Drogas. Brasília DF, 2007.

TUwww.obid/senad.br/OBID/Portal/noticias_detalhes.jsp?IDPJ=1&ID_noticias=10388UT

31. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa constata uso de bebida por caminhoneiros. Segundo o levantamento da USP, 72% dos motoristas consomem álcool. EPTV Ribeirão noticias. Ribeirão Preto, SP, 2007.

TUwww.portalmedico.org.br/clipping/mostra_clipping.asp?id=39887UT

Page 132: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

132

32. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa: 72% dos motoristas ingerem bebidas alcoólicas. Tribuna da imprensa on-line. Rio de Janeiro, RJ,

2007.

TUwww.tribunadaimprensa.com.br/anteriores/2007/maio/22/noticia.asp?noticia=paiUT

33. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Governo deflagra guerra contra a bebida, na tentativa de reduzir acidentes de trânsito e conter a violência, restringindo a publicidade. Jornal Correio Brasiliense. Brasil, 2007.

TUwww.portalmedico.org.br/clipping/mostra_clipping.asp?id=39887UT

34. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Decreto de Lula endurece conceito de bebida alcoólica. Gabeira.com, 2007.

TUwww.gabeira.com.br/causas/causa.asp?id=3791&idSubd=17UT

35. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa mostra que caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Saúde Pública em

Notícias, 2007. TUwww.saudepublica.bvs.br/noticias/2act=view&id=270UT

36. DOMINGOS, Josélia B C; PILLON, S. C. Pesquisa da USP indica que 72% dos motoristas ingerem bebidas alcoólicas. De 1014 entrevistados, 31% já se envolveram em acidentes de trânsito. Cidade Biz, 2007.

TUwww.cidadebiz.oi.com.br/paginas/39001.40000/39266.1.htmlUT

37. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa constata que 72% dos motoristas de caminhão bebem. O Portal de noticias da globo, 2007.

TUwww.gl.globo.com/Noticias/0,,MUI40049-5605,00.htmlUT

38. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Álcool é consumido por 72% dos caminhoneiros. Boletim CBES, 2007.

TUwww.blog.cbesaude.com.br/2007/05/17/alcool-e-consumido-por-72-dos-

caminhoneiros/UT

Page 133: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

133

39. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa revela: 72% dos caminhoneiros ingerem bebida alcoólica. Datapar, 2007.

TUwww.datapar.com.br/noticias/detalhe.asp?cod_conteudo=242UT

40. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa revela que 72% de motoristas bebem. Sinosnet/Jornal NH-AE, São Paulo, 2007.

TUwww.sinos.net/noticias/noticia.asp?c=63466UT

41. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa revela que 72% dos motoristas bebem. Gazeta de Limeira, São Paulo, 2007.

TUwww.gazetadelimeira.com.br/site/index.php?mod=noticias%2Fexibe_noticia.phpUT

42. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Política Nacional sobre o álcool e o trânsito: estudo aponta que 72% dos motoristas usam bebida alcoólica. Logística e Transportes: Acidentes de trânsito, 2007.

TUwww.logisticaetransportes.blogspot.com/search/label/Acidentes%20de%20tr%C3%A

2UT

43. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Imirante, Maranhão, 2007.

TUwww.imirante.globo.com/plantaoi/plantaoi.asp?codigo1=127185UT

44. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72%dos motoristas bebem álcool. Pop News, São Paulo, 2007.

TUwww.pop.com.br/popnews/noticias/brasil/107563.htmlUT

45. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Portal VSP-noticias. São Paulo, 2007.

TUwww.vsp.com.br/noticias/mostra_pot.php?id=96758UT

46. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Yahoo! Noticias. Brasil, 2007.

TUwww.br.news.yahoo.com/s/21052007/25/manchetes-estudo-aponta-72-dos-

motoristas-UT

Page 134: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

134

47. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. A Tarde on-line. Salvador, BA, 2007.

TUwww.atarde.com.br/brasil/noticia.jsf?id=752501UT

48. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Brasil-Último Segundo, 2007.

TUwww.ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2007/05/21/estudo_aponta_que_72_dos_motori

stasUT

49. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. 40 graus noticias. Brasil, 2007.

TUwww.40graus.com/noticias_texto_asp?idCategoria=4&idNoticia=128866UT

50. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72 dos motoristas bebem álcool. Brasília em tempo real. Brasília, DF, 2007.

TUwww.emtemporeal.com.br/index_asp?area=2&dia=21&mes=05&ano=2007&idnUT

51. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Repórter Diário, São Paulo, 2007.

TUwww.reporterdiário.com.br/index.php?id=15708UT

52. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. MSN - Noticias. Brasil, 2007.

TUwww.noticias.br.msn.com/brasil/artigo.aspx?cp-documentid=4897080UT

53. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. Correio Web-Ultimas Noticias. Brasília, DF, 2007.

TUwww.noticias.correioweb.com.br/materiais.php?id=2707872&sub=BrasilUT

54. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Estudo aponta que 72% dos motoristas bebem álcool. UOL Últimos noticias.

TUwww.noticias.uol.com.br/ultnotagencia/2007/05/21/ult4469u4102.jhtmUT

Page 135: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

135

55. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa da USP revela que 72% dos motoristas bebem. Contexto Político. Rio de Janeiro, RJ, 2007.

TUwww.contextopolitico.blogspot.com/2007/05/pesquisa-usp-revela-que-72-dos.htmlUT

56. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa da USP revela que 72% dos motoristas bebem. Rodaweb Noticias, São Paulo, 2007.

TUwww.001shop.com.br/lojas/rodaweb.com.br/noticias_ver.asp?id=1213UT

57. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa da USP revela que 72% dos motoristas bebem. Tecnocientista Blog. São Paulo, 2007.

TUwww.tecnocientista.info/noticia_detalhe.asp?cod=5573UT

58. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Sindicato dos Técnicos de segurança do

trabalho do Estado do Ceará (SINTEST/CE). Ceará-CE, 2007.

TUwww.sintestce.org.br/noticias/exibemsg.php?id=245UT

59. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Educação Física-Noticias, 2007.

TUwww.educacaofisica.org/joomla/index.php?option=com_content&task=view&id=274UT

60. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Álcool, o inimigo oculto. Comunidade

virtual em Vigilância Sanitária, 2007. TUwww.comvisa.bvs.br/tiki-

print_article.php?articleld=2094UT

61. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. Pesquisa revela que 72% ingerem bebida alcoólica. SBC-Noticias da Imprensa, 2007.

TUwww.noticias.cardiol.br/imprimirlistanotsql.asp?P1=400301UT

62. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. 72% ingerem bebidas alcoólicas. Jornal de Jundiaí, São Paulo, 2007.

TUwww.portaljj.com.br/interna.asp?int_IDSecao=25&Int_ID=19969UT

Page 136: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

136

63. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Caminhoneiros apresentam diabetes, pressão alta e consumo de álcool. ABRAMET- Associação Brasileira de Medicina

de Tráfego. São Paulo, 2007.

TUwww.abramet.org/informacoes/noticiasVer.asp?id=273UT

64. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebida alcoólica, revela pesquisa. ABRAMET- Associação Brasileira de Medicina

de Tráfego. São Paulo, 2007.

TUwww.abramet.org/informacoes/noticiasVer.asp?id=301UT

65. . DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebida alcoólica. ABP-Associação Brasileira de Psiquiatria. Rio de Janeiro, 2007.

TUwww.abpbrasil.org.br/clipping/exibClipping/?clipping=4482UT

66. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. 72% dos caminhoneiros ingerem bebida alcoólica. Pesquisa da EERP-USP revela o problema. Jornal A Cidade,

p.2, 6 de maio de 2007, Ribeirão Preto-SP.

67. .DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Pesquisa da USP revela que 72% dos motoristas bebem. Matéria Movimento das Artes-Canal Qualidade de Vida,

2007. TUwww.movimentodasartes.com.br/htm/mda_qv/pop_072/070522b.htmUT

68. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Saúde: programa procura reduzir violência provocada pelo álcool. SIMEPE Noticias-Diario de Pernambuco, 2007.

TUwww.simepe.org.br/noticiasim/one_news.asp?IDNews=10159UT

69. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Segurança por um fio. Portal

Programa Volvo de Segurança no Trânsito, 2007.

TUhttp://asp11.volvo.com.br/CTPVST/site/padrao/arquivo/frmVisualizaPadrao.aspxUT

70. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Governo quer vetar álcool nas estradas. Correio Braziliense, 2008.

TUWWW.cnttt.org.br/materias_info3/vetar_alcool.htmUT

Page 137: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

137

71. DOMINGOS, Josélia B C, PILLON, S. C. Nada de álcool nas estradas. Notícias

Gerais. TUwww.adpf.org.br/modules/news/article.php?storyid=38621UT

Apêndice B: Artigos em revistas (Magazine) on line

1. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C.. Caminhoneiros apresentam diabetes,

pressão alta e consumo de álcool. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo,

2007. Home page: www.cibersaude.com.br/destaques.asp?cak=1145

2. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. Caminhoneiros apresentam diabetes,

pressão alta e consumo de álcool. Revista Proteção. Rio Grande do Sul e São

Paulo, 2007.

http://www.protecao.com.br/novo/template/noticias.asp?codNoticia=1620

3. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. Riscos nas estradas: caminhoneiros

apresentam diabetes, pressão alta e alcoolismo. Revista Brasileira Risco e Seguro. SP, 2007.

TUhttp://www.rbrs.com.br/noticias/noticias_interna.cfm?id=6717UT

Page 138: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

Apêndices

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Apêndice C: Divulgação Científica na mídia 1. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. Abuso de álcool entre motoristas, maio,

2007. Entrevista, Programa de Rádio ou TV

2. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. As condições de saúde e o beber abusivo entre motoristas,maio, 2007. Entrevista, Programa de Rádio ou TV

3. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. Consumo de alcool entre caminhoneiros na estrada, 2007. Entrevista, Programa de Rádio ou TV

4. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. Uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas, 2007. Entrevista, Programa de Rádio ou TV

5. DOMINGOS, J. B. C., PILLON, S.C. Uso de alcool nas estradas e as condições de saúde dos motoristas, 2007. Entrevista, Programa de Rádio ou TV

6. PILLON, S. C., DOMINGOS, Josélia B C. Uso de bebidas alcoólicas e as condições de saúde: uma preocupação para a saúde pública 2007. Entrevista,

Programa de Rádio ou TV.

7. DOMINGOS, Josélia B C PILLON, S. C. Campanha Saúde na Estrada: A avaliação do Uso de álcool ente motoristas, 28 de maio, 2007. Entrevista,

Programa de TV “Bom dia São Paulo ao vivo”.

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Apêndices

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Apêndice D: Artigo de Revista

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Page 146: O uso de álcool e as condições de saúde entre motoristas ... · “Tem pessoas que são feitas de amor, o jeitinho ideal de falar” (Ludmila Feber). ... Tabela 5 - Apresentação

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