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GOVERNO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOCOORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
JOSÉ SIQUEIRA DA MATA
OAC
POLÍTICAS NEOLIBERAIS: SUA INFLUÊNCIA NA
EDUCAÇÃO
LONDRINA/PRDEZEMBRO/2007
IDENTIFICAÇÃO
Autor: José Siqueira da Mata
Professora orientadora: Ana Lúcia Ferreira Aoyama
Estabelecimento: Colégio Estadual Leonardo Francisco Nogueira
Ensino: Médio e Profissionalizante
Disciplina: Organização do Trabalho Pedagógico
Conteúdo estruturante: Poder, política e ideologia
Conteúdo específico: Políticas neoliberais, sua influência na educação
1. Recursos de Expressão
Quem determina as Diretrizes para a Educação Nacional? Você
conhece a influência dos organismos internacionais na educação
brasileira?
As políticas neoliberais: sua influência na educação
O modelo educacional que temos hoje começou a ser pensado a
partir da década de 1970 e foi implantado em meados da década de 1990
em nosso país. É o resultado de acordos previamente estabelecidos entre
as agências multilaterais, num momento em que a economia mundial
estava dando sinal de exaustão e tem a finalidade de adequar à escola ao
sistema produtivo. O serviço educacional é mais uma mercadoria. Cabe ao
indivíduo escolher o tipo de mercadoria que quer e pagar por ela.
Presenciamos na década de 1990 profundas mudanças na
economia mundial que influenciaram a área social e educacional em nosso
país. Essas crises aconteceram na década de 1970, cujo sistema de
produção era taylorista/fordista – que consistia na organização racional do
trabalho e a produção em série onde cada trabalhador produzia parte do
produto – e começa a se pensar num outro sistema produtivo neoliberal: o
Toyotismo.
Esse novo sistema exige um trabalhador mais qualificado que tenha
conhecimento de todo o processo produtivo e não apenas de uma parte,
ou seja, além do conhecimento prático, é necessário também o
conhecimento científico para que o trabalhador ao perceber alguma
situação de anormalidade na máquina na qual trabalha, oriente suas
ações de maneira a diagnosticar o problema e faça a intervenção antes
que esta venha a agravar-se.
A ideologia neoliberal prega a participação mínima do Estado nas
atividades econômicas do país, pois “considera a concorrência fator
essencial para garantir o bem-estar da sociedade e a perfeita harmonia
entre o público e o privado, ou seja, a economia é o centro regulatório e o
Estado não deve intervir nesta liberdade” (PERES e CASTANHA, 2006,
p.234)
Na educação, a política neoliberal surge atacando a escola pública.
Assim,
[...] a partir de uma série de estratégias privatizantes mediante a aplicação de uma política de descentralização autoritária e ao mesmo tempo, mediante uma política de reforma cultural que pretende apagar o horizonte ideológico de nossa sociedade a possibilidade de uma educação democrática, pública e de qualidade para a maioria. (GENTILLI, 2005, p. 242).
Faz parte da estratégia neoliberal a transferência para o mercado de
“questões referentes à saúde, educação, transporte e os serviços sociais
em geral alegando que o governo não sabe gerenciar essas questões e dá
prejuízo, mas proporciona lucro na iniciativa privada” (PERES e
CASTANHA, 2006). Nesse sentido, as reformas neoliberais são:
[...] centradas na desregulamentação dos mercados, na abertura comercial e financeira, na privatização do setor público e na redução da influência do Estado. Medidas estas
recomendadas pelo Banco Mundial, aceitas praticamente por todos os países da América Latina (SOARES, 2003, p. 19).
A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 213 estimula a
iniciativa privada a atuar na educação. Pudemos observar a partir da
década de 1990 o aumento de escolas particulares em nosso país,
principalmente as instituições de ensino superior.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, Lei
9394/96), cujo projeto inicial,
[...] foi elaborado pela comunidade educacional e atrelado aos anseios que viessem atender a maioria da população defendendo a primazia da escola pública, que tramitou no legislativo quase uma década, foi derrotada, e em seu lugar foi implementado o projeto do senador Darci Ribeiro, que vinha a atender a reivindicação dos empresários da educação (ANZOLIN, 2006, p.272).
Estavam dadas as diretrizes para a privatização da educação em
nosso país. Privatização esta que foi acenada anteriormente na
Conferência Jontiem. Em 1990 foi realizado em Jomtien na Tailândia, a
Conferência Mundial de Educação para Todos patrocinada e financiada
pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Banco
Mundial e PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)
que se comprometeram a garantir uma educação básica de qualidade
para todos.
Para garantir essa educação os países teriam que investir em
reformas de seus sistemas educativos para adequá-los a ofertar
conhecimentos e habilidades exigidos pelo setor produtivo, tais como:
flexibilidade para adaptar-se às diversas tarefas, capacidade de inovação,
comunicação e respeito às diversidades. Essas competências e
habilidades estão contempladas nos PCNs (Parâmetros Curriculares
Nacional). Nesse sentido,
[...] a partir da mediação microeletrônica com seus impactos na forma toyotistas de organizar o trabalho, esse passa a significar enfrentar eventos, o que desloca o eixo da competência de memorização de procedimentos a serem repetidos para o enfrentamento de situações anormais, com um maior ou menor grau de previsibilidade. Competência passa a ser resolver questões não previstas e até mesma desconhecidas, que articulem conhecimentos tácitos e científicos adquiridos ao longo da vida através de formação escolar, profissional e da experiência laboral (NAGEL, 2007, s.p.).
Outro importante documento é o relatório Delors. Este relatório
propõe um novo conceito de educação: uma educação ao longo de toda a
vida. Recomenda que seja usado o potencial educativo dos meios de
comunicação, da profissão, cultura e lazer. A escola não é mais o único
lócus educativo. “Essa educação seria alcançada a partir de quatro tipos
de aprendizagens: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a fazer
e aprender a viver juntos” (SHIROMA, 2002, p. 67). São competências e
habilidades úteis ao setor produtivo.
Como vivemos numa sociedade da informação torna-se necessário a
aquisição e constante atualização dos conhecimentos sendo necessário
então uma formação básica que dê suporte para aprendizagens futuras.
Na educação de nível médio as recomendações do relatório Delors
têm como objetivo:
[...] a revelação de talentos, preparar técnicos e trabalhadores para os postos de trabalho existentes e a adaptação a estes trabalhos, sendo o aluno um futuro empreendedor. A duração dos cursos é flexível. Sua organização deve-se dar em parceria com os empregadores. Recomenda também este relatório o treinamento para reforçar um conjunto de idéias como nacionalismo aliado ao universalismo, preconceitos étnicos e culturais resolvidos com tolerância e pluralismo (SHIROMA, 2002, p. 67)
Além das competências profissionais, exige-se do professor:
a pesquisa em nível superior que não precisa ser realizado na academia O relatório recomenda também que o professor exerça outras profissões além da sua para que haja uma maior mobilidade de ser empregável. O exercício de outras profissões deve-se dar nos períodos de licença,
férias ou fora do seu horário de trabalho (SHIROMA, 2002, p. 69).
Em se tratando do Banco Mundial, este recomenda “a reforma do
financiamento da educação e a busca de novas fontes de recurso,
canalizando os recursos para o nível básico E mais atenção aos resultados
da avaliação.” (SHIROMA, 2002, p. 65).
Para financiar a educação básica, o governo criou em 1996 o
FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de valorização do Magistério) que financia o ensino
fundamental de 1ª a 8ª séries no país, utilizando como critério para o
repasse de recursos aos estados e municípios, o número de alunos
matriculados nessas séries.
Vimos que as políticas impostas na década de 1990 pelo FMI,
UNESCO e Banco Mundial aos países da América Latina e Caribe têm a
função de:
[...] desobrigar o Estado de seu papel mantenedor dos serviços sociais, transferindo responsabilidade à sociedade civil, contribuindo assim para a exclusão de uma grande parcela da população que vive em condições precárias de moradia, saúde e educação, legitimando assim a primazia neoliberal de mercado, fazendo com que a classe trabalhadora perca os direitos outrora conquistados (VIRIATO, 2004, p.13).
Conseqüentemente podemos concluir que houve um
descompromisso do Estado em relação às políticas educacionais visando
implantar as políticas neoliberais. O Estado afastou-se de suas
responsabilidades no que concerne às políticas sociais e vem atribuindo
estas funções à sociedade. Houve grande proliferação de escolas
particulares, cursos de formação à distância, tudo isso para contemplar os
acordos realizados e às grandes empresas das áreas de comunicação que
já haviam sido privatizadas.
A educação é mais uma mercadoria e como tal, cada um deve
procurar a mercadoria que pode pagar, pois esta está à venda no
mercado.
Referências Bibliográficas
ANZOLIN. Iraci et all. Possibilidades e limites de um planejamento educacional frente às políticas educacionais. EDUCERE ET EDUCARE. Unioeste, Vol. I, jan/jul 2006, p. 271-276
GENTILI, Pablo. Adeus à escola Pública. A desordem neoliberal, a violência do mercado e o destino da educação das maiorias. In Gentilli. Pedagogia da exclusão: crítica do neoliberalismo em educação. Ed.Vozes. São Paulo, 2005.
NAGEL. Lízia H. Ideologia e Mídia. II Seminário PDE. Maringá. Out. 2007
PERES. Claudio A. CASTANHA André P. Educação: Do liberalismo ao neoliberalismo. EDUCERE ET EDUCARE. Unioeste, Vol I, jan/jul 2006, p. 233-238
SHIROMA, Eneida et alli. Política educacional: os arautos da reforma e a consolidação do consenso: anos 1990. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p.53-86.
SOARES Laura Tavares. O Desastre Social - Os porquês da desordem Mundial, Editora Record, Rio de Janeiro, 2003
VIRIATO. Edaguimar Orquizas Estado e Política Educacional, n .05, UNIOESTE, 2004, p.13
2. RECURSOS DE INVESTIGAÇAO
2.1 Educação e o mundo do Trabalho
O texto recomendado do professor da UNESP Giovanni Alves,
Reestruturação produtiva, Novas qualificações e Empregabilidade, mostra
que nossa civilização vem se desenvolvendo através do trabalho, que
permite o intercâmbio do homem com a natureza na luta pela subsistência
para satisfazer suas necessidades.
Desde a antiguidade até os dias atuais, a humanidade passou por
diversas formas históricas de trabalho, passando do feudalismo ao
capitalismo. Isso requer relações sociais diferentes.
O modo de produção capitalista exige novas formas de produção
de mercadorias priorizando a relação do homem com os instrumentos de
trabalho, exigindo novas habilidades e capacidades.
De acordo com estas perspectivas cabe a educação preparar os
cidadãos para o mercado de trabalho, para a empregabilidade. Atribui o
fracasso ao indivíduo, sem considerar os fatores que levaram a isso, onde
sobrevive o mais forte.
Com isso, as políticas educacionais vão sendo aligeiradas,
privilegiando o saber fazer, baseado na espontaneidade, no imediatismo e
negando a ciência, o conhecimento científico, sistematizado.
O toyotismo vem romper com o processo de produção do sistema
capitalista taylorista/fordista, exigindo novas qualificações e
empregabilidade. Passa a exigir conhecimentos práticos e teóricos,
capacidade de tomar decisões e saber comunicar, responsabilidade e
interesse pelo trabalho.
Atribui ao individuo a responsabilização pela qualificação
profissional, sem, contudo garantir sua inserção no mercado de trabalho.
Para um melhor aprofundamento sobre este novo modelo de
produção capitalista acesse http://www.pde.pr.gov.br/modules/noticias/:
Publicações
2.2 As práticas pedagógicas nas escolas
Toda prática pedagógica tem um objetivo em comum que é a
aprendizagem do aluno. Dependendo a teoria pedagógica que embasa
essa prática pedagógica a função do professor e do aluno varia. Ora cabe
ao professor conduzir a aprendizagem ao fazer a mediação do conteúdo
historicamente acumulado para que o aluno assimile esses
conhecimentos, ora essa iniciativa cabe ao aluno, ora ambos são meros
executores de tarefas que foram elaboradas por instâncias superiores.
Luckesi (1994, p. 21) afirma que:
[...] a educação é uma prática humana direcionada por uma determinada concepção teórica, que está articulada com uma pedagogia que é uma concepção filosófica da educação que ordena os elementos que direcionam a prática educacional.
Essas teorias pedagógicas predominaram em diferentes contextos
históricos sempre influenciados pelo modelo econômico vigente para
atender aos interesses de quem está no poder. Têm em comum o
propósito que é direcionar as ações pedagógicas.
Estas teorias estão classificadas segundo Saviani (1987, p.7) “em
dois grupos denominados de teorias não-críticas e teorias críticas
reprodutivistas”.
As teorias não-críticas consideram a marginalidade como um
desvio e a educação têm a função de corrigir esses desvios. Não considera
a influência do meio social sobre o indivíduo.
Faz parte das teorias não-críticas a Pedagogia Liberal Tradicional, a
Pedagogia Nova e a Pedagogia Tecnicista.
A Pedagogia Tradicional surgiu no século XVI e influencia os
educadores até hoje. Baseava-se no princípio que a educação é um direito
de todos e dever do Estado e era resultado do tipo de sociedade
condizente aos interesses da burguesia que se firmava no poder. A
finalidade da escola era transformar súditos em cidadãos, superando a
ignorância, considerada como fator de marginalidade.
A essa teoria correspondia também determinada maneira de
organizar a Escola. Na sala de aula o professor era centro do processo
ensino-aprendizagem. Ao aluno cabia a execução das tarefas propostas
pelo professor sem questionar.
Mas este modelo de escola não conseguiu alcançar a
universalização e nem todos que concluíam seus estudos conseguiam se
ajustar ao tipo de sociedade que se queria consolidar. É preciso buscar um
novo modelo de escola.
Surge a Pedagogia da Escola Nova. Essa tendência começa a
ser implantada no Brasil a partir da década de 20, mas vem à tona mesmo
na década de 50, com a finalidade de escolarizar os trabalhadores para a
indústria que estava em plena expansão em nosso país, cujo modelo de
produção era o taylorista/fordista.
Para implantar este modelo, a escola deveria agrupar os alunos e
selecionar os conteúdos de acordo com os seus interesses. Isso provocou
o afrouxamento das disciplinas e a despreocupação com os conteúdos.
Considerava importante aprender a aprender.
Para essa tendência, marginalizado não é o ignorante como na
tendência anterior, mas o rejeitado.
A Pedagogia Tecnicista surgiu após o escolanovismo dar sinal
de exaustão no final da década de 60. Tinha o objetivo de implantar o
modelo empresarial nas escolas, de modo a adequar o processo
educativo, tornando-o objetivo e operacional.
O objetivo é o treinamento. O trabalhador deve adaptar-se ao
processo de trabalho executando determinadas tarefas na linha de
montagem. O importante é aprender a fazer.
Na escola a burocratização aumentou bastante, professores e
alunos são meros executores de programas/tarefas cujo planejamento
está a cargo de especialistas.
Nessa tendência, marginalizado é o incompetente, o ineficiente e
improdutivo.
Teorias crítico-reprodutivistas. Essas teorias consideram
importantes os determinantes sociais no fenômeno educativo, ou seja, a
educação é influenciada pela sociedade. Procuram explicar o mecanismo
da escola tal como ela está constituída.
Podemos citar dentro dessa teoria a Pedagogia Libertadora de
Paulo Freire e a Pedagogia Histórico-crítica de Dermeval Saviani.
Ambas as pedagogias estão preocupadas com a transformação da
sociedade. A pedagogia Libertadora de Paulo Freire tem como princípio
que toda educação é um ato político. Professores e alunos aprendem um
com outro.
A Pedagogia Histórico-crítica considera como de fundamental
importância a construção do conhecimento com base nos conteúdos
historicamente acumulados pela sociedade. O ponto de partida e o ponto
de chegada é a prática social. Compreendida agora não com uma visão
sincrética, mas de maneira mais elaborada, pois foi instrumentalizado pelo
professor.
Referências Bibliográficas
LUCKESI. C.C. Filosofia da Educação. São Paulo. Cortez, 1994
SAVIANI. Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo. Cortez, 1987
______. Pedagogia Histórico-crítica. Autores Associados, Campinas,
2005.
2.3 Contextualização
Influências das políticas neoliberais na prática pedagógica
Vivemos numa sociedade capitalista que leva as pessoas a sempre
quererem mais, a nunca estarem satisfeitas. A “ânsia do consumo perde
toda a relação com as necessidades reais do homem, o que faz com que
as pessoas gastem sempre mais do que tem” (ARANHA e MARTINS, 2000,
p. 64). O apelo ao consumo está no comércio que facilita a compra de um
determinado produto, nas mais diversas formas de pagamento.
Mas, e a grande parcela da população que não pode comprar e fica
apenas com o desejo de consumir, por que se mantém na passividade?
Essa parcela da população não reage porque:
(a) própria sociedade impede a sua tomada de consciência que alimenta a esperança de um dia pelo trabalho e educação conseguir chegar lá. E se não conseguir chegar é porque não teve sorte e competência. O torvelinho produção-consumo em que mergulha o homem contemporâneo impede-o de ver com clareza a própria exploração e a perda de liberdade, de tal modo que se acha mergulhado na alienação, perdendo a capacidade de contestação, da crítica, sendo destruída a possibilidade de
oposição no campo da política, da arte, da moral (ARANHA e MARTINS, 2000, p. 64).
Na década de 80, segundo o professor Newton Duarte (2007):
[...] a educação brasileira foi invadida por um conjunto de concepções das idéias americanas, centradas nas pedagogias do aprender a prender onde as discussões e o conhecimento das teorias pedagógicas não tiveram lugar na escola” (I Seminário Temático PDE – Londrina).
Essas idéias colaboraram para não mostrar as contradições da
sociedade capitalista e o conhecimento da sua ideologia.
Tudo gira em função do mercado, segundo VITOR PARO (1998),
“há uma crença entre boa parte dos educadores que a escola só ganha
status se contribuir com algum retorno para o sistema econômico”.
O fato das pessoas não conseguirem vaga no mercado de trabalho
é atribuído à falta de escolarização levando a crer que a “escola possa
criar empregos que o sistema produtivo por conta da crise do capitalismo
não conseguiu criar” (PARO, 1998, s.p.), como se todos os escolarizados
estivessem inseridos no mercado de trabalho. Os empregadores têm
usado a mídia para reclamar da falta de mão-de-obra especializada para
suas empresas, como se a escola devesse estar subordinada a eles,
preparando o trabalhador para suas empresas e com isso aumentar os
seus lucros. Por que eles mesmos não formam o profissional do qual
necessita?
Infelizmente as políticas educacionais têm procurado atrelar a
escola ao setor produtivo prejudicando a qualidade da educação ofertada
nos estabelecimentos de ensino, moldando todo o gerenciamento desses
estabelecimentos ao de uma empresa, como se o objeto de trabalho fosse
o mesmo, num “momento em que mais precisaria introduzir a
contradição, a crítica e o questionamento” (PARO,1998, s.p.) da sociedade
que aí está.
O trabalho alienado na escola, implícito na pedagogia do aprender
a aprender (Escola Nova, Tecnicista, Construtivista) cuja finalidade é
disseminar o ideário neoliberal é responsável pelo próprio fracasso do
sistema educacional, ou esse fracasso é a razão do seu sucesso,
(ao) concorrer para imbecilizar as pessoas envolvidas, impedindo a reflexão sobre o real, ao vir embutido numa concepção de mundo a sua ideologia, que procura fazer crer que não há salvação possível fora do mercado (PARO, 1998, s.p.)
Isso tem refletido na prática pedagógica do professor, deixando-o
sem um referencial teórico – o que é bom para o sistema capitalista – que
norteie seu trabalho e à mercê das políticas governamentais, não se
sentindo sujeito do processo educativo, mas mero executor de decisões
localizadas em níveis hierárquicos superiores.
O saber historicamente produzido que permite que a humanidade
não tenha que “reinventar tudo a cada nova geração, que precisa ser
repassado, para as gerações subseqüentes, mediado pela educação,
entendido como apropriação do saber historicamente produzido” (PARO,
1997b, p. 108) deixou de ser importante. Prega-se que a aprendizagem
que se adquire sozinho tem maior valor que a que se realiza por meio de
alguém, ou seja, o método de aquisição do conhecimento é mais
importante que o conhecimento existente na sociedade.
Newton Duarte comenta a entrevista dada por Perrenoud (2000) à
Revista Nova Escola que este afirma que os “professores devem parar de
pensar que dar aulas é o cerne de sua profissão. Ensinar hoje, deveria
consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem,
seguindo os princípios ativos e construtivistas”.
É preciso resgatar a função social da escola: “acesso à cultura
letrada” transformando-a “em cultura escolar” (SAVIANI, p.27) de caráter
científico. Aida Monteiro (2006, p.169) afirma “ser imprescindível que se
rediscuta o que é específico do mundo da educação e o que é específico
do mundo dos negócios, pois se isto não ficar bem claro é bem provável
que um setor coloque o outro a reboque de si”. Portanto, a escola precisa
dar conhecimentos aos seus alunos para que estes possam compreender
as contradições da sociedade e tenham condições de fazer suas próprias
escolhas e conseqüentemente se inserir no mercado de trabalho.
Referências Bibliográficas
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução a Filosofia. Editora Moderna. São Paulo, 2000
Duarte, Newton. As pedagogias do aprender a aprender e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. www.pde.pr.gov.br. Publicações Acesso em 10/12/2007
SAVIANI, D. Sentido da Pedagogia e papel do pedagogo. In revista ANDE, São Paulo, n.9, p.27-28, 1985.
SILVA. Aida Maria Monteiro et al. XIII ENDIPE, p. 161-184. Edições Bagaço, Recife, 2006.
PARO. Vitor Henrique. Seminário Trabalho, Formação e Currículo. PUC/SP, 24-25/08/1998.
______. Gestão democrática da escola pública. São Paulo. Ática. 1997b.
3. RECURSOS DIDÁTICOS
3.1 As pedagogias do aprender a aprender e algumas ilusões da
chamada sociedade do conhecimento
Disponível em: www.pde.pr.gov.br Publicações. Acesso em 21/11/07
O autor faz uma crítica às chamadas pedagogias das competências que
valorizam o método, mas não o conteúdo e desqualificam o trabalho do
professor, produzindo a falsa ilusão que estamos vivendo numa sociedade
do conhecimento levando as pessoas a não questionar o seu sistema
excludente.
3.2 Sons e Vídeos
Daens - Um grito de justiça
Stiin Coninx, Favourite films, duração 2h18min, Bélgica, 1993
O filme Daens - Um grito de Justiça se passa numa cidade da Bélgica de
nome Aalst no final do século XIX, cujos trabalhadores da indústria têxtil
são explorados pelos empresários que demitem os homens e contratam
mulheres e crianças para trabalhar nas mesmas aumentando a carga
horária e reduzindo os salários. O padre Daens assume a igreja local e
sensibilizado com a situação de opressão não exita em ficar a favor da
população explorada. Usa o jornal católico para denunciar a situação de
exploração. A comunidade se une e exige o direito ao voto. O padre é
eleito pelos operários e começa a denunciar no parlamento as situações
desumanas em que estes são submetidos.
Comentário
Como seria a sociedade atual se os seus intelectuais fizessem como o
Padre Daens, ficassem a favor dos oprimidos? O professor deve mostrar
as contradições da atual sociedade para que o cidadão tenha
conhecimento e saiba reivindicar seus direitos.
3.3 Áudio
Cidadão (Zé Ramalho)
Composição: Lucio Barbosa
Disponível em www.letras.terracom.br/ze-ramalho . Acesso em
20/11/07
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...
Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...
Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
Comentário
O conteúdo desta música é bem atual. Reflete as condições históricas do
neoliberalismo, onde o trabalhador constrói a riqueza do país com o seu
trabalho, mas não se beneficia do progresso que ajudou a construir,
ficando à margem dos benefícios sociais.
3.3 Proposta de atividades
Atividade 1.
As políticas neoliberais refletem na maneira como o professor vai
trabalhar na sala de aula. Tivemos ao longo da nossa história da educação
a Pedagogia Liberal Tradicional, a Pedagogia da escola Nova e a
Pedagogia Tecnicista. Caracterize em cada uma delas o papel do
professor, do aluno, a seleção dos conteúdos, a metodologia.
Atividade 2
Em seu livro História e Democracia, Dermeval Saviani, historicizou as
pedagogias supracitadas demonstrando que elas tiveram como
conseqüência política a justificação de privilégios. Propõe uma pedagogia
para além dos métodos novos e tradicionais, ou seja, a pedagogia
histórico crítica e estabelece também uma metodologia na apresentação
dos conteúdos. Quais as características dessa pedagogia? Qual a
metodologia usada para levar o aluno a um conhecimento mais
elaborado?
Atividade 3
Na música Cidadão de Zé Ramalho, qual passagem que ilustra este
comentário: “em vez de humanizar, o trabalho muitas vezes acaba
desumanizando as pessoas?”
Atividade 4
Comente a estrofe da música supracitada relacionando com os dias atuais:
“hoje o homem criou asas e na maioria das casas eu também não posso
entrar”.
3.4 Imagens
http://www.culturabrasil.pro.br/cap
etalismo.htm Acesso 18/11/07
“Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.”Érico Veríssimo, "Solo de Clarineta”
http://www.culturabrasil.pro.br/ca
petalismo.htm Acesso 18/11/07
Atividade 5
O princípio do neoliberalismo é a liberdade. Você é livre para andar, vestir
e alimentar. Observando a imagem acima e os textos que você leu,
comente este princípio do neoliberalismo.
Atividade 6
Leia o texto de Érico Veríssimo ao lado da imagem. Qual seria o papel do
professor nesse contexto?
4. RECURSO DE INFORMAÇÃO
Sugestão de Leitura
4.1.1 O desastre social – os porquês da desordem mundial
Soares, Laura Tavares. Record, Rio de Janeiro, 2003
A autora mostra que a implantação do sistema neoliberal aniquila
os direitos sociais conquistados causando uma desordem social. Saúde,
educação, transporte, moradia, tudo isso virou mercadoria e o cidadão
deve pagar por ela. Faz um diagnóstico da atual situação e propõe
algumas soluções.
4.1.2 Neoliberalismo e educação
Disponível em: www.cefetsp.br/edu/eso/neoeducacao/html. Acesso em
21/11/07
A autora Sonia Alem Marrach comenta que a ideologia neoliberal procura
desfazer todos os direitos do cidadão, trata-o como consumidor, prega a
reforma do Estado e exige o máximo de liberdade econômica e um
mínimo de direitos sociais. Os problemas sociais se resolvem com
gerência eficiente
4.1.3 Repasse de recursos a Estado e Municípios
Disponível em:
www.tesouro.fazenda.gov.br/estados_municipios/municipios.asp Acesso
em: 05/12/2007
Comentário
A grande vantagem da tecnologia é o acesso às informações. Atualmente,
você acessando a internet, pode saber o quanto cada Estado e município
brasileiro recebem mensalmente do FUNDEB para aplicar em educação.
4.2 Noticias
4.2.1 Mudanças à vista no Ensino Superior
“Idealizador de uma nova organização universitária, o reitor da
Universidade Federal da Bahia explica como futuros professores poderão
estudar, em breve, lado a lado com estudantes de Medicina e de outras
áreas”
A evasão nas universidades brasileiras é assustadora. Nas públicas, 40%
dos alunos desistem dos cursos de graduação porque os currículos não
atendem às necessidades e expectativas de cerca de 30% dos
matriculados. Na Universidade Federal de Brasília (UFBA), da qual Naomar
Monteiro de Almeida Filho é reitor desde 2002, 37% dos estudantes
abandonam o sonho de ter um diploma. “Não podemos ser mais
coniventes e omissos. O sistema atual é ultrapassado e injusto. O Ensino
Superior precisa mudar”, afirma ele, colocando em pauta a necessidade
de universalizar o acesso às faculdades e revisar os currículos. Nos últimos
três anos, a missão desse médico epidemiologista tem sido de divulgar em
encontros uma proposta de combate a epidemia de evasão, da má
qualidade de educação e da falta de vagas. O movimento conhecido como
Universidade Nova foi adotado pelo Ministério da Educação (MEC) num
decreto assinado em agosto que instituiu o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Uma
conquista sem precedentes”, comemora o reitor. A meta, em dez anos é
dobrar (de 680 mil para 1,4 milhão) o número de estudantes de
graduação.
Saiba mais sobre essa proposta na Revista Nova Escola, outubro de
2007, p. 32-37.
Comentário
O reitor da UFBA defende mudanças no Ensino Superior e aprova o
decreto do MEC, conhecido como Universidade Nova que terá ciclo de
Formação Geral com disciplinas de diferentes áreas do conhecimento e no
último ciclo será contemplado a profissionalização.
4.2.2 Lucro dos bancos é aberração
Jornal Folha de Londrina, 25/11/07, p.3
Nunca os banqueiros ganharam tanto. Para o diretor do Sindicato dos
bancários de Curitiba, Pablo Diaz, lucro é excessivo: ativos dos bancos
representam 60% do PIB nacional.
Os quatro maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e
Santander) já têm ativos que somados, chegam a U$ 670 bilhões – o
equivalente a R$ 1,2 trilhão, ou quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB)
do país. Os dados são da consultoria economática. Os lucros dessas
instituições, que crescem ano a ano, não têm similar na economia
nacional, - com exceção da Petrobrás, que é a maior empresa brasileira.
Confira a entrevista:
O lucro dos bancos é excessivo?
Vejo da seguinte maneira: é sintoma da concentração do mercado. A
partir dos anos 80 os bancos deixam de ser instituições com função
específica para tornarem grandes conglomerados. As antigas empresas
seguradoras e de outros produtos foram sendo absorvidas. Outra coisa:
nos EUA um banco pode ter no máximo 10% do ativo total do país. Aqui os
cinco maiores bancos detém 70%. Aprofundando essa estrutura de
oligopólio, os bancos têm maior poder de fogo e manipulação.
E a taxa de juro?
Também contribui, claro. E há ainda um problema mais grave. Muito do
dinheiro que saiu do país pelas contas CC5 (de forma irregular pelo antigo
Banestado), transformou-se em fundo de investimentos e vem sendo
repatriados como se fosse de investimentos internacionais. Há uma
pressão extremamente grande para manter o juro muito alto e remunerar
essa mesma elite que sempre locupletou e hoje ganha com a especulação.
A gente sabe que o STF ainda está sentado em cima do problema (as
contas CC5) e ninguém abre isso.
Os juros altos também influenciam os preços ao consumidor?
Sem dúvida. A formação do preço de venda leva em conta os custos fixos
e variáveis. No caso dos variáveis, o juro é um componente muito forte. E
há outros problemas: no Brasil, o bom e o mau pagador são tratados com
o mesmo parâmetro e juros e praticamente não há financiamento de
longo prazo. Não há compromisso estrutural dos bancos, até porque é
mais interessante manter este nível de exploração. A taxa básica está em
11%, por exemplo, mas para capital de giro é difícil encontrar a menos de
25% ao ano.
Lucros bancários menores poderiam significar lucros maiores para
a economia real?
Sim. Um exemplo que é o paroxismo da especulação: as pessoas estão
pegando dinheiro no Japão a 1% e aplicando no mercado financeiro daqui.
E para piorar elas não pagam impostos de renda, vêm e saem tranqüilas.
Já o investidor nacional, para a mesma operação, pagaria imposto de
renda. Essa política de juro suicida obviamente prejudica todas as demais
atividades econômicas e beneficia uma pequena casta financeira. Por isso,
temos essa má distribuição de renda no país com um potencial de crescer
até 11% ao ano, refém de um mercado financeiro que só prima por seus
interesses.
Qual é a fonte de recursos que remunera o investidor
internacional?
Dinheiro público, claro, justamente dos impostos. O dinheiro que você
arrecada aqui, a própria CPMF, grande parte desse dinheiro está indo para
juros. O Brasil tem duas bolsas, a bolsa família e a bolsa juros.
Para o futuro, a tendência é de juros bancários ainda maiores?
Eu vejo lucros progressivos porque os bancos têm um outro subterfúgio
que são as tarifas: elas mais de 1.000% nos últimos 10 anos. O que nesse
país subiu assim? Isso é uma aberração econômica. É reflexo de que? De
autoridade que deveriam fazer pressão através de suas próprias
instituições. Mas os bancos públicos (BB e CEF), ao invés de darem o
exemplo, vão a reboque e cobram as mesmas tarifas que se paga nos
demais bancos.
Comentário
O neoliberalismo prega a livre concorrência. Sem a intervenção do Estado,
as grandes empresas absorvem as pequenas e reinam absolutas no
mercado devido ao poder de manipulação que detém. Porque a mídia que
tanto critica a CPMF não faz o mesmo com os bancos?
4.3 Destaques
Cartilha do FUNDEB
Disponível em:
www.mp.rs.gov.br/areas/financas/arquivo/cartilhafundeb.pdf . Acesso em
05/12/2007
Em dezembro de 2006 foi criado o FUNDEB que repassa recursos
diretamente aos Estados e Municípios para atender desde a educação
infantil até o ensino Médio e o EJA. Também estabelece a criação de um
piso salarial nacional para os profissionais da educação.
4.4 PARANÁ
Reflexos das políticas neoliberais na educação do Paraná
O Paraná foi um dos pioneiros em implantar as políticas neoliberais.
Em outubro de 1996, a SEED/PR adiantando-se a legislação federal,
ordena o fechamento de todos os cursos profissionalizantes, incluindo
também o curso de Magistério. “Impõe o Programa Expansão, Melhoria e
Inovação no Ensino Médio do Paraná (PROEM), que previa a estruturação
do ensino profissionalizante com Pós-Médio para os egressos do Ensino
Médio" (SEED/DEP 2003), materializando-se o processo de privatização da
rede de ensino profissionalizante.
O governo Lerner,
Para motivar as APMs a assumirem a responsabilidade de conseguir recursos para a escola cria o prêmio de
excelência das Escolas públicas do Paraná que estabelece critérios de pontuação das escolas , formando um ranking de melhores e piores escolas(SILVA, 2000, s.p.)
Conseqüentemente estabelece uma competição entre cada escola
atribuindo a cada uma delas a responsabilidade para solucionar os seu
problemas e buscar a superação.
Com o fenômeno da globalização, no governo de Jaime Lerner
(1995-2002), no Paraná o papel do Estado foi o de coordenador das
políticas públicas enquanto a comunidade local assume a sua execução. O
sistema neoliberal defende a idéia de que o Estado é ineficiente e o setor
privado é eficiente na condução de políticas sociais introduzindo,
[...] mecanismo de mercado no sistema educacional, segundo teóricos dos organismos internacionais, fará com que as unidades escolares busquem desenvolver experiências inovadoras que contribuam para a melhoria a qualidade do ensino (HIDALGO; SILVA, 2001, p. 172).
A busca pela qualidade fica a cargo de cada estabelecimento. Não
há uma política para a educação pública e sim um sistema competitivo
entre as escolas visando o atendimento das necessidades imediatas de
aprendizagem.
Passa a ser cobrada a “responsabilidade pela inovação da unidade
escolar isoladamente, enquanto os sistemas de avaliação se encarregam
da divulgação dos melhores resultados” (HIDALGO e SILVA, 2001, p. 175)
formando um ranking das melhores escolas sem considerar as
especificidades de cada uma.
No governo Lerner isso se efetivou através de “dois projetos
implantados: o Projeto de Qualidade do Ensino Básico (PQE) e o Programa
de Expansão de Melhoria e Inovação do Ensino Médio (PROEM)” (HIDALGO;
SILVA, 2001, p.177).
O PQE (Projeto Qualidade do ensino Básico do Paraná) parte do
pressuposto que a expansão do sistema de ensino acarretou ao Estado
inúmeras atribuições que não permitem a oferta de um ensino de boa
qualidade. Propõe-se então a municipalização e a participação da
comunidade na gestão da escola. Adota-se um sistema centralizador ao
aperfeiçoar os sistemas de informações e avaliação e ao determinar que
as escolas funcionem nos moldes de uma empresa.
No PROEM (Programa Expansão, Melhoria e Inovação no Ensino
Médio do Paraná), para ajustar a oferta à demanda do sistema produtivo e
a necessidade de recursos são mobilizados as unidades escolares,
segmentos do governo e da sociedade para a elevação da qualidade.
Extinguem-se os cursos profissionalizantes. Cria-se uma agência social
privada com a qual estabelece um contrato de gestão e também o
PARANAEDUCAÇÃO.
Na gestão Lerner (1995-1998) foi criada:
[...] PARANATEC – agência social autônoma destinada a gerenciar o Ensino Técnico, o PARANAEDUCAÇAO – agência social autônoma destinada a administrar os recursos humanos do sistema público de Ensino Fundamental e Médio, que passa a contratar professores e demais trabalhadores da educação por tempo determinado e sem vínculos diretos com o Estado, embora o financiamento dessa agência social continue sendo com o dinheiro público (SILVA, 2000, s.p)
A seleção e avaliação dos professores e do pessoal técnico
administrativo para trabalhar nas escolas eram realizadas no próprio
estabelecimento.
No que se concerne a Gestão, a SEED (Secretaria de Estado da
Educação) promoveu através das APMs (Associação de Pais e Mestres) a
“captação de recursos juntos aos pais dos alunos para o financiamento
das atividades escolares” (HIDALGO, 2001, p. 183) para o
desenvolvimento do ensino, ou seja, fazer com que a comunidade “arque
com o ônus do financiamento da escola” (HIDALGO, 2001, p.184)
A SEED atribui as APMs (Associação de Pais e Mestres) das escolas
que encontrem formas alternativas de manutenção e expansão das
atividades escolares, se responsabilizando pela qualidade do ensino e
sugere a cobrança de mensalidade. Com isso, as escolas com maiores
dificuldades, situadas em regiões cuja comunidade é mais carente e que
não podia pagar são prejudicadas.
O conselho escolar teve seu papel reduzido. “É acionado pelo
diretor quando este tem um problema com o professor ou aluno, para
legitimar suas decisões ou tirando do diretor os desgastes que a situação
poderia ocasionar” (HIDALGO; SILVA, 2001, p. 190)
O diretor é uma liderança que deve canalizar as potencialidades
dos profissionais da escola e de toda a comunidade externa para a
obtenção de melhorias e fazer com que a sua escola se destaque das
demais. A escola que mais se destaca recebe prêmios. O diretor/gestor
das escolas destacadas é aquele que “assume uma postura de
administrador de empresas, que centraliza o controle sobre todas as
atividades e que tem sempre a última palavra” (HIDALGO; SILVA, 2001, p.
193).
Utilizou-se de Faxinal do Céu como capacitação dos professores
para impor sua ideologia, subordinando o processo ensino-aprendizagem à
lógica do mercado e fortalecendo a competição.
Referências bibliográficas
Hidalgo. Ângela Maria; SILVA. Ileizi Luciana Fioreli. Educação e Estado: as mudanças nos sistemas de ensino do Brasil e Paraná na década de 90. Londrina. Ed UEL, 2001
SEED/DEP. Proposta Curricular do Curso de Formação de Docentes da educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental em Nível Médio. p. 13. Curitiba, 2003
SILVA. Ileizi Luciana Fioreli. Reforma ou Contra-reforma no Sistema de Ensino do Paraná?Uma análise da Meta da Igualdade social nas políticas educacionais dos anos 90. XXIV Encontro Anual da ANPOCS, out.2000.