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OÁSIS #178 EDIÇÃO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES UM FLAGELO BRASILEIRO PARK CITY, EM UTAH Inverno ou verão, uma experiência única A UNIÃO FAZ A FORÇA Para evoluir, é preciso cooperar MATEMÁTICA É ARTE A beleza das fórmulas e equações

Oásis - Brasil 24/7 · acreditar que o mundo natural, ... O trafi-cante muitas vezes faz o animal ingerir drogas ou bebidas ... cifras envolvidas o tráfico da fauna

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Oásis#178

Edição

Tráfico de animais silvesTres

Um flagElo brasilEiro

Park City, em Utahinverno ou verão, uma experiência única

a União faz a forçaPara evoluir, é preciso cooperar

matemátiCa é artea beleza das fórmulas e equações

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por

Editor

PEllEgriniLuis

n o Brasil, todos os anos, milhões de pássaros, cobras, borbole-tas, camaleões, jabutis, onças, macacos, peixes e tartarugas são aprisionados e vendidos tanto no mercado nacional quanto no

estrangeiro. a quase totalidade dessas criaturas silvestres não sobrevive aos processos violentos e rudimentares de captura e de armazenamento para o transporte. Cerca de 90% delas morre antes de ser comercializada, por ferimentos, por sufocamento, ou simplesmente por falta de comida e de água. a rede nacional de Combate ao tráfico de animais Silvestres (renctas) estima que o tráfico de animais silvestres movimenta mundial-mente cerca de pelo menos dez bilhões de dólares por ano. o Brasil ocupa um lugar de destaque nessa questão, movimentando aproximada-mente quinze por cento desse comércio ilícito, o que equivaleria a cerca de um bilhão e meio de dólares ao ano.

Vigora ainda, entre nós, sobretudo nas áreas do assim chamado “Brasil

Das várias formas De impuniDaDe criminal que assolam o Brasil, uma Das mais insiDiosas e persistentes é a

que Diz respeito à caça ilegal e ao tráfico De animais silvestres. a caDa ano, em nosso país, um número aBsurDo De animais é pilhaDo Do meio amBiente

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oásis . Editorial

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Editor

PEllEgriniLuis

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profundo”, um estado de consciência primitivo e perverso, fazendo-nos acreditar que o mundo natural, com todas as criaturas animais e vegetais que nele se encontram, foi feito apenas para nos servir. Por causa dessa mentalidade tacanha, que se formou ainda nos tempos da descoberta do país pelos portugueses (lembram-se do que se fez com o pau-brasil?) acreditamos que temos o direito de fazer o que bem entendermos com todos os bens da natureza, sejam eles na forma de minerais, animais ou vegetais.

dentro dessa perspectiva, que se associa ao estado endêmico de ignorân-cia, pobreza e fome de boa parte da população, costumamos não hesitar na hora de cortar uma árvore, de poluir o ar, o mar e os rios, de aprisio-nar as criaturas silvestres e traficá-las no contexto de um comércio sujo e ilegal.

nossa matéria de capa aborda exatamente esse tema. Confira. Ele é vital para a sobrevivência de um país digno desse nome. o país que deixare-mos em herança para nossos filhos e netos.

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eTRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRESUm flagelo brasileiro

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través de uma rede nacional capi-lar de caçadores e de traficantes, literalmente milhões de pássaros, sobretudo araras, papagaios e pe-riquitos, cobras, borboletas, ca-maleões, jabutis, onças, macacos, peixes e tartarugas são aprisiona-dos e vendidos tanto no mercado nacional quanto no estrangeiro. A

quase totalidade dessas criaturas silvestres não sobrevivem aos processos de captura e de ar-mazenamento para o transporte. Cerca de 90% delas morre antes de ser comercializada, por ferimentos, por sufocamento, ou simplesmente

ADas várias formas de impunidade criminal que assolam o Brasil, uma das mais insidiosas e persistentes é a que diz respeito à caça ilegal e ao tráfico de animais silvestres. a cada ano, em nosso país, um número absurdo de animais é pilhado do meio ambiente natural para ser vendido como mercadoria

Por: Luis PeLLegrini

por falta de comida e de água.

Testemunhei pessoalmente, há poucos anos, uma terrível situação desse tipo num posto de gasolina à beira da BR116, nas proximida-des da cidade de Jequié, Bahia, durante uma viagem de carro entre Salvador e São Paulo. Após um café, dando uns passos para esticar as pernas, deparo-me com uma enorme pilha de gaiolões empilhados junto à parede lateral do posto. Aproximei-me e o que vi foi uma cena de puro horror: dentro das gaiolas, cen-tenas, talvez milhares de pequenos pássaros, canários da terra, cardeais, galos da campi-na, azulões, pássaros-pretos, trinca-ferros, periquitos, simplesmente estrebuchavam. A maior parte deles já estava morta, amontoada no chão das gaiolas. Muitos, em desespero, ainda vivos, tinham prendido uma das pernas por entre os arames das gaiolas e, sem conse-guir se soltar, se debatiam até morrerem pen-durados ou terem suas pernas arrancadas.

Fui falar com o caixa do posto de gasolina, e ele me explicou que aquela era a carga de pássaros apenas daquela semana, destinada às cidades do sul do país. Porém, dessa vez, o caminhão que viria buscar as gaiolas não aparecera. Os caçadores então foram embo-ra, abandonando a carga. “Por que vocês não chamam a polícia ambiental de Jequié ou de Vitória da Conquista? Ela vem aqui buscar os passarinhos”, perguntei. Foi o que bastou

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para o rapaz do caixa mudar de semblante. Ele me chamou para mais perto, com ar preocupado, e disse em voz baixa: “Meu amigo, não pronuncie essa palavra, “po-lícia”, aqui dentro. Não se sabe quem vai ouvir. Você vai seguir viagem pela estrada, e não sabe o que poderá lhe acontecer quando dobrar a primeira curva...”

Isso é o nosso país, o nosso Brasil profundo, acostumado, desde os tempos de Cabral e do saque do pau-brasil, a dilapidar os recursos naturais sem nenhum senso de responsabilidade ambiental.

Tráfico movimenta dez bilhões de dólares ao ano

Mas, dirão alguns, não somos os únicos. É verdade. De acordo com a Organização das Nações Unidas (Onu), o trá-fico de animais silvestres é a terceira atividade ilícita mais lucrativa do planeta, perdendo apenas para o tráfico de drogas e para o tráfico de armas. A Rede Nacional de Com-bate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) estima que o tráfico de animais silvestres movimenta mundialmente cerca de pelo menos dez bilhões de dólares por ano.

O Brasil ocupa um lugar de destaque nessa questão, mo-vimentando aproximadamente quinze por cento desse comércio ilícito, o que equivaleria a cerca de um bilhão e

meio de dólares ao ano. Por possuir uma das mais ricas biodiversidades do planeta, nosso país é também um dos mais visados pelos traficantes.

O artigo 1º da Lei nº 5.197/67 (Lei da Fauna) define fau-na silvestre como “os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento que vivem natural-mente fora do cativeiro”. Diferentemente do animal doméstico, o animal silvestre não se acostuma ao cativeiro. Quando retirado do seu ha-bitat natural ele reage negativamente, passando inclusive a ter dificuldade de se desenvolver e de se reproduzir em cativeiro.

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A bióloga Juliana Machado Ferreira

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Lógica paradoxal e perversa

A existência do tráfico de animais silvestres, no entan-to, obedece a uma lógica ao mesmo tempo paradoxal e perversa. Como explica o advogado e ativista ambiental pernambucano Talden Queiroz de Faria, “na maioria das vezes as pessoas adquirem um desses animais para sim-plesmente se darem ao deleite de tê-lo em casa, ignorando as consequências negativas que isso pode ter para o ani-mal e para o meio ambiente. Há casos em que o sujeito re-almente acredita estar fazendo um bem ao próprio animal ao criá-lo perto de si, achando que isso é uma demonstra-ção de amor pelo mesmo”.

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Essa mesma lei brasileira proíbe a utilização, persegui-ção, destruição, caça ou apanha do animal silvestre bem como de seus ninhos, abrigos e criadouros naturais. Uma outra lei, a de nº 9.605/98, determina a pena de detenção de seis meses a um ano e multa para o crime de “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna sil-vestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida per-missão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”. O tráfico de animais sil-vestres é uma apropriação indevida de um patrimônio que pertence ao Poder Público e à sociedade, pois o animal sil-vestre e os seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado. A fauna silvestre é um bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida.

Filhotes de arara-azul apreendidos em Corumbá, Ms. Foto neiva guedes

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Na verdade, o simples fato de ser retirado do seu habitat natural é causa de grande sofrimento para o animal silves-tre, que muitas vezes paga com a própria vida pelo prazer que alguns seres humanos possuem ao tê-los em casa. Ao sair do seu meio ambiente natural esse animal desaprende a conseguir alimento, a se defender dos predadores e a se proteger das situações adversas. O animal silvestre perde as suas características naturais de tal maneira que dificil-mente sobreviveria ainda que libertado em um local ade-quado.

Normalmente os animais silvestres não são cuidados da forma adequada, já que ficam em espaços reduzidos e co-

mem alimentos inapropriados, e pelo convívio com os seres humanos estão sujeitos a doenças que para os animais são fatais, como é o caso da gripe e do herpes. Por outro lado, existe o risco de ataques e de transmissão de inúmeras doenças por parte desses animais em relação aos seres humanos.

Algumas estatísticas apontam que no-venta por cento dos animais traficados morrem antes de chegar ao seu destino final, principalmente devido às condi-ções inadequadas em que são transpor-tados em ônibus e em carros particula-res. Dessa forma, de aproximadamente trinta e oito milhões de animais de seus ninhos e tocas, apenas dez por cento chega ao seu destino.

Muitas vezes os animais ficam escondidos em caixotes ou em malas sem iluminação e ventilação, além de passarem dias sem tomar água ou ingerir qualquer alimento. O trafi-cante muitas vezes faz o animal ingerir drogas ou bebidas alcoólicas, para fazê-lo parecer manso e torná-lo mais co-merciável, e outras vezes ele o mutila ou cega. Os pássa-ros têm as asas cortadas para não poderem fugir e têm os olhos furados para não enxergarem a luz do sol e por con-sequência não cantarem, o que despertaria a atenção da fiscalização, ao passo que outros animais têm as suas gar-ras e dentes serrados para se tornarem menos perigosos.

Como diz, ainda, Talden Queiroz de Faria, “a pessoa que

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adquire um singelo animal silves-tre em uma feira livre como um papagaio ou um galo-de-campina talvez não imagine que está ali-mentando a cadeia de um negó-cio ilegal tão estruturado quanto o tráfico de drogas e que resulta em crueldade e maus tratos con-tra os animais e em extinção da biodiversidade. Na verdade, por conta da globalização e das altas cifras envolvidas o tráfico da fauna silvestre se modernizou e passou a adotar as mesmas estratégias e rotas do tráfico de drogas. Para se ter uma ideia, basta dizer que a arara-azul-de-lear custa sessenta mil dólares, a jararaca-ilhoa cus-ta vinte mil dólares e o grama de veneno da cobra coral-verdadeira custa mais de trinta e um mil dólares. É por isso que a própria máfia russa já foi acusada de envolvimento com o tráfico internacional de animais”. Despertar as consciências, o único remédio

Como é ilusório e utópico esperar que as autoridades go-vernamentais e policiais deem conta do recado em termos de aplicação real das leis vigentes – como esperar que al-gumas poucas centenas de policiais ambientais sejam ca-pazes de controlar o tráfico em todo o território nacional? – resta-nos apenas o recurso de trabalhar cada vez mais ativamente no sentido de conscientizar os delinquentes

ambientais em relação aos crimes que estão cometendo, e as suas consequências.

Por outro lado, o trabalho educativo com as crianças, por exemplo, nas escolas e nos lares, é considerado o modo mais eficaz de se operar mudanças reais e trazer benefícios concretos e permanentes à natureza. É um trabalho de longo prazo, que exige muito empenho, mas que em con-trapartida é gratificante e realmente funciona!

Com relação ao tráfico de aves no Brasil, o ambientalista Cristiano Sousa de Araújo sugere que o IBAMA e as polí

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Filhotes de arara-vermelha, animal também ameaçado de extinção, apreendidos na

região do Pantanal, Ms

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cias ambientais deveriam atuar em conjunto, realizando, preferencialmente, trabalhos de inteligência (escutas te-lefônicas autorizadas pela justiça, por exemplo), além de algumas providências simples e de baixo custo, tais como:

1) Vistoriar regularmente os criatórios comerciais, onde muitos pássaros são ilicitamente adquiridos de traficantes e anilhados com anilhas adulteradas como se fossem nas-cidos no próprio criatório. Com isto garanto que se fechará um grande escoadouro de aves do tráfico. Deve-se, tam-bém, realizar exames de DNA, por amostragem, para cer-

tificar se os filhotes são realmente nasci-dos no criatório ou se são provenientes do tráfico. 2) Vistoria das anilhas dos pássaros que participam de torneios de canto e fibra realizados por associações e federações de criadores de pássaros. A maior parte dessas aves possui anilhas adulteradas, que são colocadas fraudulentamente em pássaros capturados na natureza, por serem esses considerados os mais aptos aos torneios. Nesses torneios os pás-saros alcançam preços altíssimos (um trinca-ferro pode valer R$ 300.000,00 ou até mais), o que estimula fortemente a captura dos mesmos. Com essas visto-rias garanto que os torneios praticamen-te acabarão, devido às apreensões dos pássaros irregulares e às multas aplica-

das, diminuindo em muito a demanda pelos pássaros do tráfico.

3) Constante rodízio dos policiais e agentes públicos envol-vidos nessas operações, pois o tráfico de aves movimenta elevadas cifras, o que pode facilitar a corrupção.

4) O Ministério Público deve negociar uma espécie de “de-lação premiada” com alguns infratores que detenham in-formações importantes para o combate aos crimes ambien-tais.

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Salvar os pássaros, nem que seja um a um

A luta em prol da preservação da nossa fauna e flora silves-tres, já envolve, felizmente, um grande número de pessoas conscientizadas e de organizações. Essas ações inclusive transpõem a esfera puramente nacional, acontecendo tam-bém no exterior. Em recente conferência no TED, a bió-loga brasileira Juliana Machado Ferreira comentou o seu trabalho para salvar pássaros e outros animais da nossa fauna silvestre aprisionados por caçadores ilegais no Bra-sil. Juliana explica que, às vezes, cargas desses animais são recuperadas e retiradas das mãos dos contrabandistas pela polícia ambiental. Mas então, ela pergunta, o que aconte-ce? Juliana quer, simplesmente, salvar cada passarinho aprisionado, nem que seja um de cada vez. Ela prepara seu doutorado em genética da conservação no Laboratório de Biologia Evolutiva e Conservação de Vertebrados, da Uni-versidade de São Paulo.

Veja, aqui, o vídeo da conferência de Juliana Ma-chado Ferreira, com legendas em português e tra-dução integral da sua fala.

Vídeo: TED – Ideas Worth SpreadingTradução: Fábio Roselet. Revisão: Rodrigo Gomes

Tradução integral da conferência de Juliana Machado Ferreira no TED:

O comércio ilegal de animais silvestres no Brasil é uma das principais ameaças contra a nossa fauna, especialmente aves, e principalmente para abastecer o mercado de ani-

mais de estimação. Com milhares de animais retirados da natureza todos os meses, e transportados para longe das suas origens, para serem vendidos principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.

Estima-se que os diversos tipos de comércio ilegal de ani-mais silvestres no Brasil retiram da natureza quase 38 milhões de animais a cada ano, um negócio no valor de quase dois bilhões de dólares. A polícia intercepta uma parte dessas enormes cargas com animais vivos destinadas ao abastecimento do mercado de animais de estimação, ou apreendem os animais diretamente na casa das pessoas. E é assim que acabamos, a cada mês, com milhares de ani-mais apreendidos.

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ser sacrificadas. No entanto, isso significaria ter matado 26.267 aves, apenas no estado de São Paulo, apenas em 2006.

Mas, alguns pesquisadores, inclusive eu, algumas ONGs e algumas pessoas do governo brasileiro acreditam que há uma alternativa. Achamos que, se e quando os animais cumprirem certos critérios relativos à sua saúde, compor-tamento, origem presumida, e tudo o mais que soubermos sobre as populações naturais, então solturas técnicas res-ponsáveis são possíveis. Tanto para o bem-estar do indi-víduo, quanto para a conservação das espécies e de seus ecossistemas. Porque estaremos retornando genes à essas populações, que poderiam ser importantes para elas ao

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E para nós entendermos o que acontece com eles, vamos acompanhar o Brad. Aos olhos de muitas pessoas, de-pois que os animais são apreendidos, eles dizem, “Ehh, a justiça foi feita. Os mocinhos chegaram, e libertaram os lindos animaizinhos maltratados das mãos dos malvados traficantes, e todos viveram felizes para sempre.” Mas será mesmo? Na verdade não. E é aqui que muitos dos nossos problemas começam. Porque temos que resolver o que faremos com todos esses animais.

No Brasil, eles são geralmente enviados primeiro para ins-talações governamentais de triagem onde, na maioria dos casos, as condições são tão ruins quanto as dos trafican-tes. Em 2002, esses centros receberam 45.000 animais, dos quais 37.000 eram pássaros. E a polícia estima que apreendemos cerca de cinco por cento do que está sendo traficado. Alguns sortudos, entre eles, Brad, vão para cen-tros de reabilitação depois disso. E nesses lugares eles são tratados. Eles treinam seus voos. Eles aprendem a reco-nhecer os alimentos que encontrarão na natureza. E eles são capazes de socializar com outros da mesma espécie. (Risos)

Mas e então? A Sociedade Brasileira de Ornitologia - agora estamos falando apenas de aves -, alega que temos pouco conhecimento sobre as espécies na natureza. Assim, seria muito arriscado soltar esses animais, tanto para o animal solto quanto para as populações naturais. Eles também afirmam que nós gastamos muitos recursos em suas reabi-litações. Seguindo esse argumento, eles sugerem que todas as aves apreendidas de espécies não ameaçadas deveriam

Filhotes de papagaio sempre foram uma das presas preferidas pelos traficantes de animais silvestres

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enfrentar os desafios ambientais. E também poderíamos retornar potenciais dispersores de sementes, predadores, presas, etc.

Todos esses foram soltos por nós. No topo, as tartarugas estão apenas “desfrutando a liberdade”. No meio, esse cara fez um ninho algumas semanas após a soltura. E embaixo, o meu favorito aquele macho pequeno ali, quatro horas após a sua soltura ele já estava junto com uma fêmea sil-vestre. Bem, isso não é novidade, as pessoas têm feito isso no mundo todo. Mas ainda é um grande problema no Bra-sil. Acreditamos que temos realizado solturas responsáveis. Temos constatado animais soltos acasalando na natureza, e tendo filhotes. Assim, esses genes estão realmente voltan-do para as populações. No entanto, tais registros ainda são uma minoria se comparados com a falta de conhecimento. Então eu digo, vamos estudar mais, vamos esclarecer essa questão, Vamos fazer tudo o que pudermos. Estou dedi-cando minha carreira a isso. E estou aqui para pedir a to-dos e a cada um de vocês para fazer o que estiver a seu al-cance. Fale com o seu vizinho, ensine seus filhos, verifique se o seu animal de estimação veio de um criador legalizado. Precisamos agir, e agir agora antes que esses sejam os úni-cos exemplares restantes. Muito obrigado.

Juliana Machado Ferreira verifica gaiolas usadas para a captura e o transporte ilegais de pequenos pássaros

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PARK CITY, EM UTAHInverno ou verão, uma experiência única

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s neves do inverno desapareceram das montanhas que rodeiam Park City, em Utah, nos Estados Unidos. A paisagem neste início de agosto é a do pleno verão, quando tudo cha-ma para a vida ao ar livre. À noite, pubs, saloons e restaurantes são boas opções para carregar as bate-rias para o dia seguinte.

Mas, se o verão é muito bom em Park City, nos meses frios as coisas ficam ainda melhores. Este é um dos grandes destinos de inverno, a nível internacional. Seus hotéis e condomínios

Aem utah, no coração do centro-oeste dos estados unidos, uma localidade tornou-se ícone do turismo agreste e de esportes de inverno: é park city. em meio a paisagens de tirar o fôlego, boa comida e muita alegria, o sundance festival de cinema faz ali um importante contraponto cultural

TexTo e FoTos: JAiMe Borquez

têm recebido prêmios de excelência de revis-tas importantes e respeitadas como a Forbes, a Go Outside e a Condé Nast Traveler. Isso não acontece por acaso. Park City é o resul-tado de muitos anos de trabalho e, principal-mente, de altos investimentos. O primeiro resort de esqui foi aberto em 1963 e de lá pra cá o crescimento de Park City como Meca dos esquiadores tem sido alucinante.

A melhor neve do mundo

O grande impulso foi dado em 2002, quando ela foi sede dos Jogos Olímpicos de Inverno. A qualidade de Park City é tão alta que ela teve sua neve transformada em marca re-gistrada: a Powder®, considerada a melhor neve do mundo. Como é possível existir uma neve tão fina, que mais parece talco branco? A explicação é que as nuvens carregadas que entram pelo Pacífico, passam por cima do de-serto de Utah, e logo depois pelo grande Lago Salgado, ou Salt Lake. Nesse longo percurso por zonas muito secas, vão perdendo o exces-so de água, e quando chegam à região de Park City estão prontas para soltar a mais perfeita neve que se possa imaginar. Os experts da América Latina a chamam de neve primavera, ou neve pó. Uma neve desse tipo cai também no Chile, sobretudo em setembro, mas nun-ca com a qualidade excepcional de Park City. Aqui ela nunca vira sopa, o que permite um maior controle das pistas de esqui e maior

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facilidade para se deslizar sobre a neve.

Os meses frios em Park City não oferecem apenas o ski, mas também muitas outras opções de esportes e passeios. Você pode sair pelas estradas montado em trenós puxados por cavalos ou cachorros, pode sair em disparada a bordo de motos de neve, pode caminhar com raquetes sobre ex-tensas trilhas de onde são descortinadas paisagens de tirar o fôlego. Para a meninada, especial destaque para a prática do tubing.

Os resorts e condomínios de Park City são de altíssimo

nível, a grande maioria oferecendo hospedagem in-out. Para se ter uma ideia do luxo oferecido ao visitante, há aqui nomes que são ícones do re-quinte e do bom gosto em hotelaria, como o Waldorf Astoria, o Saint Regis, o Montague e o Stein Eriksen Lodge, entre tantos outros. Park City possui a maior concentração de hotéis e con-domínios de luxo dos Estados Unidos, concentrados nessa cidadezinha cuja população permanente não supera oito mil pessoas. É a cidade americana com maior concentração de resorts de alto padrão, entre eles o Canyons Resort, o Park City Mountain Resort e o Deer Valley Resort. No condomínio Colony, na área do Canyons, há várias man-sões com heliporto.

Um pouco de história

Park City surgiu graças aos trabalhos de mineração. Em 1868, imensas jazidas de prata foram encontradas no in-terior de suas montanhas e, como aconteceu na Califórnia com o ouro, quando ecoou o brado “há prata em Utah!”, o que antes fora um tranquilo reduto dos nativos Ute trans-formou-se em próspero e movimentado povoado mineiro. Vieram grandes investimentos, e as minas no local foram as mais modernas que poderiam existir nesses tempos. Maquinário sofisticado, centenas de quilômetros de trilhos e nada menos que 1.981 quilômetros de túneis para carre-gar e transportar o material. Se comparando, esse siste

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de dezembro de 1963, quase um mês após o assassinato de John Kennedy em Dallas.

Depois disso, outros investidores, alguns também ligados à indústria do cinema, visitaram Park City e se apaixona-ram pela região. Um deles foi Robert Redford, que criou o Sundance Film Festival, que se realiza todo início de ano na cidade. Ela se transforma então em uma sucursal de Hollywood, onde pode-se cruzar nas ruas com persona-gens que ocupam manchetes globais, como Ashton Ku-tcher, Scarlett Johanson, Francis Ford Coppola e, claro, o próprio Redford. Contam que, durante o Festival, ocorre aqui um fenômeno curioso e possivelmente único. Os fa

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ma de túneis é maior que todo o sistema do metrô de Nova York. Há nomes famosos entre os inves-tidores, Charles Chaplin foi um deles. O pobre e pequeno povoado mineiro do início foi-se sofistican-do. Modernas construções para a época, em estilos como o vitoriano e o cape cod, foram mudando a cara do lugar. Muitas dessas casas estão não só em pé e habitadas, como são hoje seu maior atrativo e legado histórico.

Mas nem tudo foi perfeito em Park City. Na década de 1950, o boom da mineração começou a ruir. Os preços do minério apos a Segunda Guerra Mundial des-pencaram, a maior parte das minas foi fechada e as em-presas mineradoras desapareceram, colocando Park City na lista das cidades fantasmas dos Estados Unidos. Pou-cos sabem que a reinvenção do lugar se deve a um esforço dos editores de jornais de Utah, que se reuniram com o presidente John F. Kennedy, em agosto de 1962. Ele es-cutou os relatos das dificuldades por que passava a cidade e aprovou nesses mesmos dias um empréstimo de US$ 1.250 milhão. Com outros investidores, a quantia chegou aos US$ 2 milhões. E começou o renascimento. O futuro de Park City não seria mais a mineração, e sim o turismo. Vieram os primeiros ski-lifts, a chamada gôndola, um te-leférico e dois J-bars, e junto a eles o Treasure Mountain Resort, hoje Park City Mountain Resort, aberto no dia 21

stein eriksen Lodge

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mosos não são acossados pelos habitantes nem pelos vi-sitantes da cidade. Eles andam livremente, sem escoltas, aproveitando tudo o que a cidade oferece. Ponto de encon-tro desses artistas é o restaurante Zoom, criação e proprie-dade de Redford, construído no que fora a estação de trem da cidade. Por sinal, os mais de cem bons restaurantes que funcionam em Park City, constituem uma das suas grandes atrações.

E quando a neve some?

Park City hiberna nas outras estações? Nada poderia estar

mais longe da realidade. Quem visita a região, seja no outono, primavera ou verão vai ter grandes e agradáveis sur-presas. Onde antes havia neve, agora se abrem trilhas por entre florestas e grandes campos verdes. A prática dos esportes outdoor toma conta do lugar. Imperdível, é o tour histórico feito em bicicleta. Para participar basta saber pedalar e até isso pode ser prescindível. Sim, porque esse passeio começa na parte alta da montanha e vai descen-do pela estrada asfaltada até chegar à cidade, que é totalmente plana. Para mais adrenalina sobre duas rodas, as montanhas oferecem trilhas incríveis desenhadas e montadas especialmente para os amantes do mountain bike.

Até algum tempo atrás existia a ideia de que em Park City, por ficar dentro de um estado onde os mórmons têm grande presença, não havia espaço nem to-lerância para a cervejinha, o uísque e a vida noturna. Mas isso é puro mito. A cidade tem uma vida boêmia agradável e agitadíssima. Como aconteceu isso? Conta a história que, no início, os mórmons se mostraram incomodados por causa da abertura de bares e prostíbulos nas imediações de seus povoados. Difícil evitar isso, já que a maioria dos mi-neiros recém chegados eram jovens e solteiros... Começa-ram então as desavenças entre os mórmons e a população, mas quando isso aconteceu a maioria dos moradores já não era composta de religiosos... Os mineiros, então, toma-ram o caminho mais curto para se livrar dos proble

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mas: incendiaram os templos e expulsaram os mórmons. Hoje, as estatísticas mostram que só 5% da população de Park City é mórmon.

Para quem quer esquecer até o próprio nome

Se você, em visita à cidade, quiser reviver um pouquinho daqueles tempos conflituosos, vá ao No Name Saloon, bar famoso, cujo slogan já diz tudo: “Ajudando o pessoal a esquecer seu próprio nome desde 1903”. Quem procu-ra cultura local e um bom uísque, deve visitar a High West Distillery, que é uma antiga oficina mecâni-ca, transformada em destilaria e restaurante. O melhor em matéria de restaurantes, barzi-nhos, saloons, cervejarias, galerias de arte, livrarias, bou-tiques e lojas de souvenires estão na Main Street, que con-serva a arquitetura dos tempos do velho oeste americano. Outro ponto forte da cidade são as compras, tanto nas lojas da Main Street, como no Tanger Outlet Mall. Há marcas famosas presentes em suas 63 lojas, como a Polo Ralph Lauren, Abercrombie & Fitch, Columbia e Guess.

Park City é também uma região onde o golfe, no verão, é tão importante quanto o esqui no inverno. Há 12 campos, seis dos quais estão abertos ao grande público. Cada um deles mais espetacular do que o outro, tanto no cuidado da grama como no entorno natural. Vários deles foram dese-

nhados por golfistas de fama mundial, como Harnold Pal-mer e Jack Nicklaus. Estar em Park City permite desfrutar algo que não tem preço: poder passear sem a preocupação da violência ur-bana, dos assaltos, da contaminação acústica ou dos en-garrafamentos de trânsito. Viver tudo isso pode significar ter as melhores férias de toda uma vida.

Sundance, um festival muito especial

Dizem que o nome foi ideia do seu criador, o ator e diretor Robert Redford. Tem lógica, já que seu personagem no fil

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me Butch Cassidy & Sundance Kid foi justamente este úl-timo. No Brasil o filme teve um nome realmente tolo: Dois Homens e um Destino. Redford criou o Sundance Film Festival em 1980 com a ideia de dar aos criadores jovens, ainda longe das luzes da ribalta hollywoodiana, um espaço para desenvolver seus projetos cinematográficos. Na ver-dade, no início Sundance era um instituto de cinema, mas Robert Redford logo percebeu que era necessário mostrar o trabalho desses jovens, e por isso em 1983 criou o Sun-dance Film Festival. Ele é hoje o festival de cinema inde-pendente mais importante do mundo.

O tempo acabou comprovando que a in-tuição de Redford estava certa. Do Sun-dance Festival têm saído nomes hoje muito respeitados, como Quentin Taran-tino e os irmãos Joel e Ethan Cohen.

Em cada festival, que acontece todo mês de janeiro, de um total de 9 mil inscritos, são escolhidos 200 filmes para serem exi-bidos. O público chega a superar 50 mil espectadores, reunidos nos três cinemas utilizados para as exibições, nas cidades de Salt Lake City, Sundance e Park City. Nesta última, o palco do festival é o cine-ma Aegyptian, um clássico da arquitetura de sala de projeções, construído em 1926. Em 1998 ele foi remodelado ao custo de 5 milhões de dólares. Visitá-lo é uma via-gem no túnel do tempo. Imperdível.

Maiores informações: www.VisitParkCity.com

O clima: www.visitparkcity.com/visitors/weather/

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ten

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A UNIÃO FAZ A FORÇAPara evoluir, é preciso cooperar

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uando se inicia a história de Jor-nada nas Estrelas, uma das mais duradouras e bem-sucedidas séries da tevê e do cinema, a humanidade, após sobreviver a um conturbado século 21 e superar seus conflitos internos, lança-se à exploração de outras regiões do universo, em par-ceria com espécies alienígenas. Pre-missa válida ou pura ficção?

Muitas pessoas preferem a segunda alternativa sem pestanejar, e com argumentos sensatos: para elas, os fanatismos políticos e religiosos, a ganância e o egoísmo inerentes à raça humana

Qa humanidade vai acabar tragada por guerras e desastres naturais ou vencerá seus problemas e explorará o universo? uma nova perspectiva da teoria da evolução sugere que o papel da organização social cooperativa será cada vez mais importante

Por equiPe oásis

e tudo que comportamentos desequilibrados como esses acarretam na pobre Terra não nos deixariam nem sair do planeta, quanto mais viajar espaço afora ao lado de extraterrestres. Mas, para alguns estudiosos, a aposta prefe-rencial no desastre não é a melhor escolha. Eles consideram que já existem elementos suficientes na humanidade para antevermos dias melhores, nos quais nossa raça terá um papel mais relevante no contexto universal. Organizações cooperativas cada vez maiores A base dessa hipótese está numa nova pers-pectiva da evolução, pela qual se descartam as ideias de que a vida na Terra não passa de um acidente desprovido de sentido em meio a um universo no qual a existência humana é, em termos práticos, um zero à esquerda. Há, sim, um significado por trás de tudo isso, as-sinala o pensador australiano John Stewart, membro do Grupo de Pesquisa de Evolução, Complexidade e Cognição da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica). E não é preciso buscá-lo no reino do sobrenatural. De acordo com o que Stewart descreve no estudo “The Meaning of Life in a Developing Universe” (O Significado da Vida em um Universo em Desenvolvimento), publicado em uma recen-te edição especial da revista Foundations of Science, a própria teoria da evolução, vista sob uma ótica mais ampla, dá pistas do que

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deverá acontecer.

Para o pensador australiano, um dos pilares dessa nova perspectiva da evolução reside no reconhecimento de que ela segue uma trajetória, o que indica um direcionamento prévio. “Em particular, a evolução na Terra repetidamente reuniu entidades de pequena dimensão em organizações cooperativas em uma escala cada vez maior”, escreve. O processo se repete desde o surgimento das primeiras e mais primitivas células, as quais deram origem a células mais complexas, que, por sua vez, formaram organismos multicelulares, os quais depois se organizaram em socie-dades cooperativas. “(...) Uma sequência similar parece ter

desdobrado na evolução humana: a partir de grupos familiares, de bandos, de tribos, para comunidades agrícolas e cidades- estados, nações, e assim por diante”, analisa Stewart. De acordo com ele, a trajetória evolutiva terrena não depende de seleção natural ba-seada em genes ou em processos cul-turais. Sua verdadeira mola mestra é o potencial, em todos os níveis de or-ganização, que as equipes unidas por objetivos comuns possuem para obter melhores resultados do que indivíduos ou grupos isolados.

O conceito leva a uma discussão na qual a biologia tradicional ainda relu-ta em entrar: a evolução se move no sentido de favorecer o egoísmo ou a

cooperação? A resposta preferida era o egoísmo, lembra Stewart, mas, nas últimas duas décadas, numerosos estu-dos fizeram o pêndulo se mover para a outra alternativa: “(...) Essas pesquisas mostram que a cooperação complexa emergirá entre indivíduos egoístas se eles estão organiza-dos para que possam se beneficiar de seus atos cooperati-vos – e se aproveitadores e outros não colaboradores são contidos ou punidos.” Cooperação no reino animal Pesquisas recentes revelam a importância da cooperação na sobrevivência de muitas espécies. Confira alguns exem-plos a seguir:

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Formigas-de-fogo se juntam e formam uma ponte flutuante para que todo o formigueiro possa passar sobre a água

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seja confiável. Quando desenvolvem uma relação de con-fiança com um faxineiro, os predadores preferem tê-lo por perto.

Aves – O papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca), uma espécie de pardal, guincha alto quando um predador in-vade sua área. O risco de atrair o predador é compensado quando outros papa-moscas-pretos atendem ao chamado e se juntam em torno do intruso, expulsando-o. O gesto, porém, envolve uma recíproca, descobriram pesquisado-res letões e estonianos: essas aves só respondem ao cha-mado de batalha daqueles que os ajudaram antes. Os que ouviram seu apelo mas não atenderam a ele são ignorados.

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Formigas – Pesquisadores britâ-nicos estudaram formigas tropi-cais por vários anos e desvenda-ram algumas de suas regras de comportamento. Uma delas é um sofisticado sistema de tráfego de mão dupla, no qual cada “pista” possui três faixas. Até 200 mil for-migas deixam seu lar para buscar comida. Para isso, elas se dividem em dois grupos, de modo a formar duas rotas de saída; a volta se dá por uma única “pista” central, na qual são levados por vezes mais de 30 mil gafanhotos ou outros insetos que servirão de alimento. Para os cientistas, essa organi-zação ultracooperativa deriva do fato de as formigas conviverem em grandes grupos há mi-lhões de anos.

Peixes – A cooperação entre peixes está presente na higie-ne e na saúde desses animais. Peixes “faxineiros” nadam na boca de peixes maiores, ou “clientes”, a fim de comer parasitas e bactérias nocivas. A vantagem é dupla: os pri-meiros ganham uma refeição, enquanto os últimos ficam com a boca mais saudável. Os clientes dos faxineiros in-cluem peixes predadores e não predadores, e cientistas se perguntaram por que os predadores não aproveitam a limpeza para devorar seus faxineiros. A resposta: estes últimos são pequenos – o que dificilmente renderia uma refeição satisfatória – e não é fácil encontrar um deles que

os pássaros Ficedula hypoleuca conseguem cooperar e trabalhar em

conjunto na defesa de toda a comunidade

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Morcegos – Um biólogo norte-americano mostrou que grupos de morcegos-vampiros (habitantes do México e das Américas Central e do Sul) têm um sistema de partilha de alimentos que ajuda a garantir sua sobrevivência como espécie. Esses mamíferos alados se alimentam de sangue, e não é sempre que o conseguem; além disso, morrem se passarem dois dias sem alimento. Mas quem encontra co-mida a compartilha com os outros membros do grupo. Se isso não fosse feito, quatro de cinco morcegos-vampiros morreriam por ano; com a cooperação, a taxa fica em um para cada quatro. Também funciona nesse caso um esque-ma “olho por olho”: o que recebeu alimento de outro antes, mas não pôs seu achado à disposição do grupo, terá sua

reputação manchada e não será mais con-vidado a participar de outras refeições. É um roteiro no qual a opção pela violência não surge como a grande vitoriosa, confor-me já havia observado o pensador austría-co Fritjof Capra, autor do best-seller O Tao da Física. “A vida, a partir do seu início, há mais de 3 bilhões de anos, tomou conta do planeta pelo estabelecimento de redes, e não pelos combates”, disse ele. O processo em curso, ressalta Capra, requer uma or-ganização social cooperativa que alimenta redes de comunicação, estimula o compar-tilhamento e a experimentação e propicia um ambiente de apoio mútuo.

Aprender a cooperar, portanto, é o grande desafio da história humana neste século,

afirmam Capra e o oceanógrafo norte-americano Danny Grunbaum, estudioso da cooperação na vida marinha. A humanidade já consegue pôr adiante a Wikipedia, uma en-ciclopédia escrita por uma infinidade de autores, mas con-tinua a mostrar que pode fazer os esforços de cooperação naufragarem de uma hora para outra, como se verifica em congestionamentos na hora do rush ou em estradas. A ten-dência, no entanto, é que superemos essa etapa – inicial-mente pela negociação nas situações de conflito, em segui-da pela percepção cada vez mais clara do melhor caminho a seguir em termos do interesse coletivo.

“A cooperação nunca significa a ausência de conflito de in-teresse”, diz Grunbaum. “Ela significa um conjunto de

Formigas tecelãs conseguem juntas, puxar e colar várias folhas de modo a criar a cobertura do seu formigueiro

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regras para negociar conflitos de interesse de uma forma que os resolva.” Nosso aprendizado nes-sa área está acelerado, afirma ele, em parte porque a sociedade está se tornando bem mais integrada e a comunicação está acontecendo muito mais rapidamente no mun-do. “Eu diria que os seres huma-nos são extraordinariamente coo-perativos, e estamos ficando mais cooperativos a todo momento”, avalia o oceanógrafo.

Nesse caso, qual seria a próxima etapa da evolução humana? Para Stewart, ela estaria associada ao surgimento de uma sociedade sustentável e marcada pela coope-ração em todo o mundo. “Tal como acontece com as coo-perações em todos os níveis, a sociedade global diminuiria conflitos internos e competições destrutivas, incluindo a guerra e a poluição”, assinala o pensador. “Transições an-teriores demonstram como isso poderia ser organizado.”

A seguir, a ampliação contínua dessa organização coopera-tiva levaria o homem para além do Sistema Solar. “Sempre que possível, essa expansão ocorreria por meio da articu-lação cooperativa com outros processos de vida, em vez da ‘construção do império’”, observa Stewart, numa referên-cia a métodos de conquista e de subjugação dos habitantes locais como os empreendidos por espanhóis e portugueses nas Américas ou pelos humanos no filme Avatar, de James

Cameron. “A possibilidade de vida surgindo em outros lu-gares parece elevada e, embora seja provável que os deta-lhes da evolução em outros planetas difiram dos nossos, a forma geral da trajetória evolutiva seria universal”, afirma o australiano.

O progresso nesse quadro resultaria numa expansão que abrangeria todo o universo, dando ao homem conheci-mento sobre uma imensidão de processos vivos e informa-ções das mais diversas origens. Stewart avalia que, nessa época, o homem chegaria a tal estágio evolutivo em ter-mos de inteligência que “seu comando sobre a matéria, a energia e outros recursos também se expandiria, assim

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na áfrica, a força reunida dos cinco operários conseguem substituir a ação de um trator na construção de uma estrada

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como seu poder para conseguir quaisquer objetivos que escolhesse”.

Seleção, concorrência e sociedade global Conseguir qualquer objetivo significa, de certa forma, tor-nar-se um deus. Stewart não menciona a palavra, mas ela surge nas entrelinhas quando o pensador propõe que um desses objetivos poderia ser resolver o “problema de sin-tonia fina” – na sua definição, “o enigma de por que as leis fundamentais e os parâmetros do universo parecem estar

sintonizados para apoiar o surgimento da vida, sabendo-se que bastariam ligeiras alterações para originar um universo em que a vida provavelmente não surgiria”. Ao entender esses mecanismos, o homem poderia tentar reproduzi-los, o que da-ria origem a novos universos, elaborados de modo a favorecer ainda mais o surgi-mento e o desenvolvimento da vida e da inteligência, num processo em princípio infindável.

“De acordo com esse cenário, nosso pró-prio universo está incrustado em proces-sos evolutivos que modelam universos”, analisa Stewart. “E a vida (incluindo o homem) tem uma função e um propósi-to dentro desses processos mais amplos, no mesmo sentido que nossos olhos têm uma finalidade dentro dos processos evo-

lutivos que moldaram a humanidade.” Para John Stewart, a expansão humana pelo universo não se desenrolaria como uma “construção do império” do tipo da abordada no filme Avatar (acima), mas como uma “arti-culação cooperativa com outros processos de vida”. O pensador australiano observa que, até o estágio atual, a evolução na Terra tem sido pautada pela concorrência e pela seleção. Essas pressões, porém, se enfraquecem diante do surgimento de uma sociedade global, pois ela não terá nenhum concorrente direto. “Desse ponto em diante, a evolução continuará a avançar se a sociedade global emer

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gente decidir fazer avançar o pro-cesso evolutivo intencionalmente”, afirma Stewart. “A sociedade deve despertar para a possibilidade de que está vivendo no meio de um processo evolutivo direcional, perceber que a continuação do êxito do processo depende de suas ações intencionais e, então, empe-nhar-se ativamente para fazer esse processo avançar.”

Gente disposta a cooperar e ali-nhada com o bem-estar da coleti-vidade tem, portanto, perfil afina-do com a sociedade do futuro. E os que fogem desse figurino, como ditadores, extremistas religiosos, racistas, xenófobos e outros inve-terados pregadores e praticantes da desigualdade? Quem for incapaz de fazer a transição para os novos tempos será descartado à maneira de uma experiência evolutiva que falhou, avalia Stewart. Como, segundo ele, a humanidade já se aproxima do limiar crítico da transição evolutiva (algo que os avanços na genética e na física já estão sinalizando), a observação serve de alerta: aqueles que quiserem fazer parte do primeiro grupo devem pôr mãos e mentes à obra o quanto antes.

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um lábreo limpa a boca de um baiacu. Apesar de ser um peixe carnívoro e bastante

agressivo, o baiacu não come os lábreos. entre os dois existe uma forte cooperação

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O FEIXE DE VARAS

Fábula de Esopo

Um velho homem, ao ponto da morte, chamou seus filhos para lhes dar um conselho sobre a partilha dos bens. Ele ordenou que os criados trouxessem um feixe de varas, e disse ao filho primogênito: “Quebre”. O filho tentou do-brar o feixe até cansar, mas com todos seus esforços não pôde quebra-lo. Os outros filhos também tentaram, mas nenhum teve êxito. “Desamarrem o feixe,” disse o pai, “... e cada um de vocês pegue uma vara”. Quando tinham feito assim, o velho ordenou: “Agora, quebrem a vara,” e cada vara foi facilmente quebrada. “Vêem o significado?”, disse o velho pai. Moral da fábula: “A união faz a força”.

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MATEMÁTICA É ARTEA beleza das fórmulas e equações

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uitos acham estranho quando os matemáticos se põem a exaltar a beleza pura de uma constante ou de uma equação. A neuro-ciência, no entanto, agora dá razão a eles. Estudo publicado na revista Frontiers in Human Neuroscience afirma que a con-

templação de uma fórmula matemática ativa, nas pessoas que conseguem entende-la, a mes-ma área cerebral que se ativa durante a fruição de uma grande pintura ou de uma maravilhosa composição musical.

O estudo foi desenvolvido por uma equipe de

Mnos matemáticos, a visão de uma fórmula ou uma equação consideradas “bonitas” ativa a mesma área cerebral relativa às experiências estéticas, artistas ou musicais

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neurocientistas do Wellcome Laboratory of Neurobiology do University College, de Lon-dres. Lançando mão da técnica da ressonân-cia magnética funcional, eles examinaram o que acontecia nos cérebros de 15 matemáticos colocados diante de 60 fórmulas matemáticas que, numa fase anterior da pesquisa, tiveram de avaliar a partir de uma escala de -5 (horrí-vel) a +5 (maravilhosa). Se para a maior parte das pessoas a beleza estética de uma lei matemática pode ser coisa difícil de compreender, para os que são apai-xonados pela matéria uma simples sequência de números pode representar a quintessência da beleza. “A beleza de uma fórmula pode ser sentida a partir da simplicidade, da simetria, da elegância ou da expressão de uma verdade imutável”, explica Semir Zeki, principal autor da pesquisa. O sábio grego Platão sabia disso perfeitamente bem quando escreveu: “A qua-lidade abstrata da matemática representa o ponto mais alto da beleza”.

“Da mesma forma que na experiência da be-leza visual ou musical, a atividade cerebral é fortemente correlacionada à intensidade da beleza percebida pela pessoa, embora neste caso a fonte da beleza possa ser extremamen-te abstrata”, completa Zeki.

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A beleza da matemática

“Vista a partir do ângulo correto, a matemática possui não apenas verdade mas também uma suprema beleza – uma beleza fria a austera, como a da escultura”, dizia Bertrand Russell. É o que pretende demonstrar este vídeo de Yann Pineill e Nicolas Lefaucheux, do Studio Parachutes, na França. Eles desenvolvem o tema da beleza da matemática na vida quotidiana neste vídeo dividido em 3 segmentos. O primeiro fornece a fórmula matemática; o segundo apre-senta um diagrama explicativo; o terceiro descreve a reali-dade quotidiana.

Veja o vídeo aqui

Quando a constante pi se desdobra em mil desenhos

Baseado nos mesmos princípios, o artista digital romeno Cristian Vasile decidiu representar a beleza de algumas constantes matemáticas usando o programa informático Circos, que permite coligar as cifras que o compõem. Vasi-le criou o vídeo que mostramos logo abaixo, mostrando as relações que desenvolvem as primeiras mil cifras da cons-tante designada pela letra grega pi, e que se sucedem de maneira casual. Ele usou a mesma técnica para figurar a constante de Napier e a reIação áurea.

Vídeo de Cristian Vasile

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