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OÁSIS #169 EDIÇÃO BRANCOS EM QUEDA, NEGROS E LATINOS EM ALTA NOS ESTADOS UNIDOS ANDALUZIA, ALASCA, REPÚBLICA CHECA O fabuloso mundo das viagens COMPARTILHAMENTO É PODER A informação deve ser aberta a todos SALVAR OS MARES ESTAMOS ACABANDO COM ELES

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Oásis#169

Edição

Brancos em queda, negros e latinos em alta nos estados unidos

andaluzia, alasca, repúBlica checa o fabuloso mundo das viagens

compartilhamento é poder A informação deve ser aberta a todos

Salvar oS mareS

EstAmos AcAbAndo com ElEs

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2/41oásis . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

Os ecOssistemas marinhOs nOs fOrnecem pelO menOs Us$ 20,9 trilhões em bens e

serviçOs a cada anO. nO entantO, tratamOs O mar cOmO Um esgOtO, Um lixãO e Uma

fOnte inesgOtável de peixes

a vida surgiu no mar. Foi na imensidão da água salgada, repleta de gases, de minerais e metais nela dissolvidos, que os primeiros seres microscópicos encontraram

condições para surgir e se desenvolver até chegar às formas superiores de vida. até chegar ao homem. desde então, a vida nunca parou de se transformar e se desenvolver nesse meio ambiente – gigantesca placenta líquida que reveste cerca de três quartos da superfície terrestre.

Para nós, humanos, os ecossistemas marinhos constituem um enorme manancial de riquezas que asseguram nossa sobrevi-vência. apesar disso, o tratamento que dispensamos ao mar põe em grave risco tudo aquilo que nele existe.

Em nossa matéria de capa, Sara a. lourie, biogeógrafa marinha do redpath Museum, da Mcgill University, Quebec, Canadá ex-põe, a pedido da Unesco, um panorama sombrio a respeito do

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oásis . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

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que estamos fazendo com o mar, e que consiste um atentado contra as nossas próprias possibilidades de sobrevivência.

lourie explica que os ecossistemas marinhos nos fornecem pelo menos US$ 20,9 trilhões em bens e serviços a cada ano. no entanto, tratamos o mar como um esgoto, um lixão e uma fonte inesgotável de peixes. as respostas ecológicas dizem tudo: per-da de mais de 90% dos principais predadores, colapso da pesca e uma mudança de águas ricas em vertebrados para mares do-minados por águas-vivas, com um crescente número de zonas mortas. Segundo estudo publicado na revista Science, quase todo quilômetro quadrado dos oceanos está sob ameaça.

É preciso fazer mais para proteger o reino marinho. Mas por onde começar? Qual contribuição a biogeografia marinha pode dar? Quatro das abordagens mais comuns para o planejamento sistemático de conservação – hotspots, representação, ecorre-giões e áreas-chave – foram apresentadas em recente conferên-cia da Unesco por Sara a. lourie. Cada uma dessas abordagens reflete um conceito biogeográfico e dados específicos. Confira na nossa matéria de capa.

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SALVAR OS MARESEstamos acabando com eles

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s ecossistemas marinhos nos for-necem pelo menos US$ 20,9 tri-lhões em bens e serviços a cada ano. No entanto, tratamos o mar como um esgoto, um lixão e uma fonte inesgotável de peixes. As respostas ecológicas dizem tudo:

perda de mais de 90% dos principais predado-res, colapso da pesca e uma mudança de águas ricas em vertebrados para mares dominados por águas-vivas, com um crescente número de zonas mortas. Segundo estudo publicado na revista Science, quase todo quilômetro quadrado dos oceanos está sob ameaça.

É preciso fazer mais para proteger o reino mari-nho. Mas por onde começar? Qual contribuição

a biogeografia marinha pode dar? Quatro das abordagens mais comuns para o planejamento sistemático de conservação – hotspots, repre-sentação, ecorregiões e áreas-chave – foram apresentadas em recente conferência da Unes-co. Cada uma dessas abordagens reflete um conceito biogeográfico e dados específicos.

Hotspots – A simples abordagem conceitual é priorizar hotspots, as áreas ricas em espécies. Com cerca de 100 mil km2 de recifes de coral (34% do total mundial) e mais de 2 mil espé-cies de peixes de recife, o Sudeste da Ásia é um desses “pontos quentes”. Estima-se que a área relativamente pequena entre Indonésia, Filipi-nas e Papua-Nova Guiné (o “Triângulo de Co-ral”) abriga 83% das espécies de coral do mun-do e 58% dos peixes de recifes. No entanto, essa riqueza é atribuída principalmente a uma concentração de distribuições sobrepostas de espécies abrangentes, como o peixe Abudefduf bengalensis, em vez de uma abundância de espécies de áreas restritas (endemias), como o Discordipinna griessingeri, um tipo de caboz.

Em termos ecológicos, porém, pode ser que as regiões pobres em espécies, ou coldspots, sejam mais vulneráveis. Por um lado, a baixa diversidade implica uma probabilidade maior de que a extinção de uma ou mais espécies sig-nifique a perda de um ecossistema fundamen-tal. Coldspots também contêm um número desproporcionalmente grande de espécies

OOs ecossistemas marinhos são um enorme manancial de riquezas para a humanidade, mas o tratamento que recebem põe em risco sua sobrevivência

Por Sara a. Lourie (*)

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Técnicas de pesca predatória como a que se vê na foto, tirada no Chile, são responsáveis pelo

empobrecimento dos estoques de peixes nos oceanos

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endêmicas. Já em 2002, cientistas tinham mapeado a dis-tribuição de 3.235 espécies de peixes, corais, lagostas e mo-luscos e mostrado que, como na terra, as espécies de distri-buição restrita no mar estavam concentradas em centros de endemismo.

Embora a abordagem de hotspots seja relativamente sim-ples, atrativa politicamente e transparente em termos de análise, há um risco de que ela possa prejudicar as comuni-dades de “áreas não hotspot”, que também precisam estar envolvidas no esforço de conservação. Representação – A segunda abordagem propõe assegurar

uma representação adequada e abran-gente de cada tipo de hábitat ou zona biogeográfica. Mas elaborar classificações apropriadas do meio ambiente marinho, a fim de avaliar a representação de uma gama de escalas espaciais, não é uma ta-refa fácil.

Classificações marinhas são baseadas em vários dados, como a direção, a velocida-de e a persistência das correntes; a tem-peratura e a cobertura de gelo; a geomor-fologia; imagens de satélite; sondagens de sonar; registros de fauna, associações bióticas e percentagem de endemismo.

Ecossistemas “empoleirados” no mar, como recifes de coral, algas marinhas, faunas de fontes hidrotermais e bancos de ostras, são mais fáceis de mapear do que

ecossistemas no mar aberto (zonas pelágicas), apesar dos desafios envolvidos na localização dos mesmos.

Corais na Austrália Ecorregiões – Recentemente, tem havido uma mudança para uma “abordagem ecossistêmica” na conservação ma-rinha, com os cientistas indo além de padrões e números para considerar o funcionamento ecológico das áreas. Dessa forma, os ecossistemas associados, tais como recifes de co-rais, mangues e leitos de algas marinhas, são considerados em conjunto num plano de gestão ecorregional.

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um tubarão-baleia no meio de um cardume de sardinhas

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as paisagens em cada ângulo dos recifes coralinos são de tirar o fôlego

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Áreas-chave – A abordagem de “áreas-chave” não depende de uma etapa de classificação pré-via; ela se concentra em locais específicos onde importantes processos ecológicos aconte-cem. Por exemplo, áreas-chave incluem locais de reprodução das baleias, praias de nidificação para as tartarugas, corredores de migração ou locais onde há espécies ameaçadas em particu-lar. Nidificação para tartarugas

Malabarismos com abordagens diferentes: Na prática, as ONGs internacionais usam uma com-binação de abordagens para ajudar a determinar suas prio-ridades de conservação. O programa marinho da Conserva-ção Internacional (CI) foi inicialmente conduzido por uma abordagem de hotspots, combinando hotspots de endemis-mo com outros ameaçados. Atualmente, a CI se concentra em três “paisagens marinhas”, usando outros critérios bioló-gicos e socioeconômicos.

Em 1995, há quase dez anos, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) avaliou o grau em que as áreas de pro-teção marinha existentes contribuíram para um sistema representativo, mas a falta de um acordo-quadro sobre a estrutura biogeográfica global prejudicou essa avaliação.

Comentários recentes usando a classificação de ecorregi-ões marinhas do mundo mostram que apenas 16 delas têm mais de 1% de sua área designada como reservas marinhas, ou no take zones (zonas sem captura). Essa classificação, já em uso no planejamento de conservação global e regional pelo World Wildlife Fund (WWF), The Nature Conservancy e outras ONGs internacionais, está sendo adotada como ferramenta de apoio pela Convenção sobre Diversidade Bio-lógica. Em escala menor, o princípio da representação tem sido utilizado com sucesso, por exemplo, no estabelecimen

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esta é uma baldeia-de-Bryde, de enorme boca, devorando um cardume de sardinhas. À esquerda, um mergulhador

observa a cena. observem a diferença dos tamanhos

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a pesca predatória e excessiva, com o uso de redes gigantescas, está dizimando os cardumes em todos os oceanos do planeta

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to de prioridades básicas e de zoneamento para a Grande Barreira de Corais da Austrália.

Em 2002, o WWF utilizou uma abordagem de ecorregiões na sua análise Global 200. No reino marinho, ecorregiões foram definidas, mapeadas e avaliadas por critérios diferen-tes de biodiversidade, como riqueza de espécies, endemis-mo, maior singularidade taxonômica, fenômenos ecológicos ou evolutivos incomuns e raridade global do tipo de hábitat.

As ecorregiões foram, então, classificadas como globalmente notáveis, regional ou biorregionalmente notáveis, ou local-mente importantes. Por último, foram avaliadas pelo nível de ameaça, a fim de se chegar a uma lista final de 43 ecor-regiões marinhas prioritárias. O WWF trabalha atualmente em 20 delas.

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A abordagem de áreas-chave tem sido me-nos usada no mar do que em terra. Contudo, os grandes ecossistemas marinhos, 16 dos quais recebem atualmente financiamento do Global Environment Facility, concentram-se em áreaschave de produtividade. Em escala menor, a abordagem das áreas-chave foi in-corporada ao planejamento ecorregional do WWF.

Área de Proteção Marinha

Áreas definidas como prioritárias por dife-rentes ONGs, como recifes de coral, normal-mente se sobrepõem.

Parques de papel: O pressuposto implícito da definição glo-bal de prioridades é que a conservação baseada em sítios locais dentro de áreas de alta prioridade mundial aloca ade-quadamente os recursos. Financiamentos e recursos para a conservação com base local são, portanto, filtrados pelo enquadramento global e podem não necessariamente levar em conta as realidades sociais que governam o sucesso das Áreas de Proteção Marinha (APMs) designadas. Áreas defi-nidas como prioritárias por diferentes organizações comu-mente se sobrepõem. Por outro lado, áreas significativas do oceano não atraem a atenção prioritária nem o financia-mento associado a ela.

Na verdade, as APMs designadas ocorrem tanto em áreas prioritárias como em outros lugares. Existem hoje em torno de 5.045 APMs no mundo, que abrangem por volta de 4%

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recife de coral nas ilhas Maldivas, um exemplo de hotspot, e praia de nidificação de tartarugas

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É extraordinária a fauna marinha que habita as áreas dos recifes de coral

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da área da plataforma continental, ou 0,7% da superfície do oceano. O conjunto das reservas marinhas, por seu lado, re-presenta menos de 0,1% da superfície dos oceanos, e nenhu-ma delas está em alto-mar. Pior ainda, estimativas sugerem que a maioria das APMs não passa de “parques de papel”. A partir de 2006, por exemplo, menos de 0,01% dos recifes de coral do mundo estavam dentro das APMs definidas como reservas marinhas. Pesca industrial - Os subsídios concedidos à pesca industrial ao redor do mundo estão entre os fatores sociopolíticos que devem ser considerados nos esforços de conservação mari-nha.

Adaptar os regimes para os oceanos

Em geral, a conservação marinha ainda parece presa à ideia de designar áreas de proteção baseadas em locais, pois a maior parte da teoria do planejamento conservacionista deriva do trabalho terrestre. Mas a própria natureza do mar significa que certas abordagens desenvolvidas na terra po-dem não ser eficazes num cenário marinho, pois o mar tem dimensões físicas, biológicas e sociopolíticas diferentes das da terra.

Por exemplo, a elevada densidade da água permite aos orga-nismos flutuar em um mar totalmente tridimensional sem gastar muita energia. Ao contrário das árvores e da grama enraizadas na terra, a maioria das plantas marinhas, os mi-croscópicos fitoplânctons, está à mercê dos movimentos da água gerados por variações de temperatura, salinidade e química do oceano e é, portanto, muito dinâmica e difícil de mapear. A fluidez e a relativa falta de barreiras físicas signi

esta fêmea de leão-marinho está com o pescoço quase inteiramente cortado pelos fios de uma rede de pesca

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a tartaruga marinha existe desde os tempos dos dinossauros. elas agora estão ameaçadas de extinção

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ficam que muito do mar está interligado física, ecológica e geneticamente. Seu tamanho também permite que os indi-víduos se movam por enormes distâncias e que as espécies tenham amplitudes potencialmente vastas.

Essas características do mar têm importantes implicações para a biogeografia, a forma como as ameaças à biodiver-sidade podem se espalhar e a eficácia das abordagens de conservação. Por exemplo, as regiões biogeográficas do mar são tridimensionais e têm fronteiras difíceis de mapear. Já na terra, as plantas enraizadas crescem em regiões bidimen-

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sionais, onde as transições são em geral mais abruptas e comparativa-mente estáveis ao longo do tempo e do espaço. Os fatores sociopolíti-cos incluem a procura de recursos marinhos, o livre acesso à natureza de grande parte do mar, subsídios perversos na pesca industrial, al-terações climáticas induzidas pelo homem, pobreza na governança do oceano e na resolução de conflitos, combinados com um conhecimen-to geralmente escasso das questões marinhas. Uma abordagem eficaz para a conservação marinha deve considerar as relações dentro e entre os ecossistemas, mais do que sim-plesmente um grupo de áreas prote-gidas isoladas.

A biogeografia pode contribuir sig-nificativamente para isso, fornecendo dados sobre a dis-tribuição das espécies e respondendo à pergunta “por que as coisas estão onde estão?” A ciência biogeográfica tem o potencial para aprofundar a compreensão dos processos ecológicos e evolutivos, reforçar a voz da conservação no discurso político e educar e inspirar o público a cuidar da biodiversidade marinha e da necessidade de uma ética de conservação.

Info: www.wdpa.org(*) Sara A. Lourie é biogeógrafa marinha do RedpathMuseum, McGill University, Quebec, Canadá.

Sítio protegido para desova de tartarugas marinhas. No Brasil, o Projeto Tamar controla várias dessas áreas

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Várias espécies de tubarão estão ameaçadas de extinção. a pesca predatória, simplesmente para se aproveitar as barbatanas do animal, é uma das causas principais

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BRANCOS EM QUEDA, NEGROS E LATINOS EM ALTA

NOS ESTADOS UNIDOS

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s Estados Unidos passarão por importantes mudanças na sua demografia durante as próxi-mas décadas. As previsões são feitas pelo Census Bureau, a mais importante organização norte-americana para os es-

tudos demográficos. Essas mudanças são previstas tanto em termos de idade média

O

segundo o census bureau, nas próximas décadas os estados Unidos terão um rápido crescimento da sua população de idosos, e um grande incremento da sua diversidade étnica e racial. até 2043, a população branca será minoria na américa no norte. negros e latinos constituirão a maioria

Por: equiPe oáSiS

da população, que será consideravelmente aumentada devido ao crescimento da po-pulação idosa, quanto de raças e origens étnicas. Prevê-se, por exemplo, um grande aumento dos cidadãos de origem hispâni-ca.

Determinar com clareza a projeção do tamanho e da estrutura da população de um país é providência muito importante, pois isso tem implicações tanto para os interesses públicos quanto os privados. Os Estados Unidos são um dos países que mais e melhor investem ne obtenção des-ses dados.

Por exemplo, as inscrições nas escolas e a participação em programas tais como a Assistência Social e nos programas de saúde são afetados em função da rapidez e da extensão do crescimento da população.

Os brancos serão minoria

As projeções mais recentes do Census Bu-reau dão conta, por exemplo, que número elevado de imigrantes e de miscigenação nos Estados Unidos fará com que a popu-lação branca, em poucos anos, se torne minoria. Essa mudança na configuração nacional tem gerado discussões no país. Primeiro, graças à perda de espaço daque-les chamados “nativos brancos” para

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imigrantes – sobretudo, mexicanos – e as implicações políticas e sociais causadas por essa transformação, como a recente lei de imigração do Estado do Arizona, que obriga estrangeiros a portar sempre documentos de imigração, mesmo quando moram legalmente no país.

O segundo ponto de debate é a diversidade da gera-ção jovem de norte-americanos que, inevitavelmente, abrirá as portas para uma comunidade mais integra-da, em uma era pós-racista.

De acordo com o Census Bureau, órgão equivalente ao nosso Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a esti-mativa é que, por volta de 2050, os bran-cos sejam minoria nos Estados Unidos. Pode-se dizer que os imigrantes latino--americanos têm se integrado à sociedade norte-americana de um modo pacífico, ao contrário dos imigrantes europeus. Ao mesmo tempo, é previsível que daqui a algumas décadas os norte-americanos in-vistam em uma nova distinção de grupos. E essa nova configuração que está por vir chama a atenção.

É certo que uma das principais mudanças em relação aos grupos étnicos na América do Norte envolverá a população que ha-bita há mais tempo na região: os brancos nativos. Essa reestruturação da sociedade

pode pôr em xeque a noção de identidade nacional. Os norte-americanos terão de considerar que a nação está relacionada a um conjunto de ideias semelhan-tes, em vez de considerá-la uma homogenia étnica e religiosa.

O impacto social mais evidente dessa mudança de-mográfica será político. A Califórnia é um exemplo. Nos dez últimos anos, o número de britânicos e des-cendentes tem caído. Hoje, eles representam menos de 50% da população local. Como resultado disso, notou-se que os brancos começaram a desenvolver

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uma consciência de grupo que visa a seus interesses políticos. Por exemplo, em 1996, os eleito-res brancos californianos votaram a favor da proposição 209, que buscou eliminar a ação afirmativa (medida que oferecia benefícios educacionais e sociais a membros de grupos minoritários por conta de etnia, sexo e religião), porque os eleitores do grupo majoritário se sentiram prejudicados. Na épo-ca, a Califórnia também tomava medidas contra a imigração ilegal e o ensino bilíngue nas escolas. É fácil concluir que essas iniciativas foram parte de um processo de de-fesa contra a transformação étnica do Estado. Essa batalha contra a transformação, porém, assegurou que não houvesse mais nenhuma outra proposição. Tendo em vista o aumento das minorias em relação aos brancos, e sua superação em número, boa parte dos políticos norte--americanos relutou em aprovar qualquer iniciativa benéfica aos outros grupos.

A retórica do nacionalismo branco

Ainda que os brancos estejam fadados a se tornar mi-noria da população nacional, a maioria dos Estados provavelmente terá maior número de brancos. É bom lembrar que essa reversão demográfica está ocorren-do no Estado mais populoso do país. Uma consciên-

cia política dos brancos é mais provável em regiões em que essa mudança de população está longe de se concretizar. É nessas áreas, em que o status “minoria branca” ainda é um fantasma, que os políticos e de-magogos podem empregar a retórica do nacionalismo branco. Mas, ao contrário do que se poderia pensar, não se verá a supremacia branca estufar o peito. Na verdade, a tendência é que haja uma postura mais de-fensiva, também focada no complexo de vítima, que pode causar tensão no contrato social e enfraquecer a noção coletiva de bem comum.

Durante esses anos, os EUA foram governados pela

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a integração racial nas escolas norte-americanas é cada vez maior

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supremacia branca. Prova desse poder aconteceu entre 1790 e 1952, quando o Congresso incluiu uma declaração no ato de naturalização que diz que o as-pirante a cidadão norte-americano deveria ser uma “pessoa branca”. Não é surpresa que, apesar do progresso na integra-ção de imigrantes nos últimos 50 anos, a noção de direito de propriedade é da população branca. Ainda que o atual presidente dos EUA, Barack Obama, des-cenda de africanos, os cidadãos ainda têm em mente

que os brancos representam o país como um todo, e a minoria étnica é apenas a expressão de uma pequena parcela da so-ciedade.

Em 1991, Arthur M. Schelesinger Jr. es-creveu em seu best-seller The Disuniting of America que a base no multicultura-lismo ameaça a integridade da nação. Se-gundo ele, o culto à etnia pode culminar na divisão da identidade norte-americana. Hillary Clinton, em 2008, refletiu essa premissa ao recorrer à ajuda dos “brancos trabalhadores” para derrotar Obama.

Interesses americanos e europeus

Nos últimos anos, aumentou o número de acusações de discriminação reversa em casos judiciais. Homens brancos declara-ram que a promoção de cargo lhes foi ne-

gada por conta de sua etnia. Um caso muito polêmico aconteceu há poucos anos, na cidade de New Haven, em Connecticut. O Corpo de Bombeiros aplicou exa-mes escrito e oral em 118 candidatos a tenente e ca-pitão. O resultado foi que a aprovação dos negros era metade da dos brancos. Para evitar as reivindicações do grupo de negros, foi decidido que a promoção não teria como base os exames, negando o benefício a al-guns brancos para que os negros subissem de cargo. Tal medida foi a julgamento, e o Supremo Tribunal do país declarou que a cidade foi injusta com os bom-beiros brancos.

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No Texas, como na maioria dos estados do sul, as inscrições públicas são bilingues, em inglês e em espanhol

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Para os próximos anos, não é de se espantar que haja mais processos anti-discriminatórios arquivados e mais revoltas contra a discriminação reversa. Não só a ação afirmativa começará a sofrer grande resistência, como também haverá mais demanda para a entrada de brancos em uma ação afirmativa e em programas governamentais de inclusão. Com a mudança demo-gráfica, novos grupos se formarão e se dedicarão a de-fender seus interesses e direitos de norte-americanos europeus. Com isso, os candidatos dos dois maiores partidos do país passarão a usar a seu favor esse sen-timento dos brancos.

A etnia continuará a definir as características e posi-ções políticas dos EUA, mas a dinâmica desse impas-se será diferente. Com a eleição de Obama, os negros começaram a participar mais das decisões políticas, votando mais, fato que demonstra seu otimismo. Ati-vistas latinos não têm mais lutado contra o poder nos EUA, mas, sim, para se tornar parte dele. Enquanto isso, embora tenham mais acesso à riqueza e à influ-ência política, os brancos estão agindo cada vez mais como uma minoria reprimida.

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Bandeiras de países latino-americanos assinalam a origem dos novos contingentes

de imigrantes nos estados unidos

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Zaragoza, a Praça Grande

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ntre a “paella”, o jerez e o flamenco

Essa viagem de nove noi-tes e dez dias te conduz ao maravilhoso mundo de al-gumas capitais mais antigas (e bonitas) da Andaluzia, na Espanha. Ela começa com o embarque rumo a Lisboa. Após chegar à capital portu-guesa e ter feito o traslado

E

coluna sobre viagens, assinada pela jornalista fabíola musarra. a cada 15 dias, ela traz as novidades do setor, mostra roteiros e dá dicas sobre turismo. a ideia é facilitar ainda mais sua vida, dando a nossa contribuição para que você faça as viagens de seus sonhos, sem transtornos e com excelentes recordações. boa leitura!

Por FaBíoLa MuSarra (*)

até o hotel, você tem o dia livre para conhe-cer esta efervescente cidade europeia. Des-canse um pouco.

Depois, vá almoçar na Praça Restauradores, onde o bacalhau, servido das mais variadas maneiras pelos muitos restaurantes que ali se encontram, é imperdível. Já que está na praça aproveite e caminhe até o obelisco de 30 m de altura. Inaugurado em 28 de abril de 1886, foi erguido para celebrar a liberta-ção de Portugal do domínio espanhol em 1º de dezembro de 1640.

Lisboa. Fernando Pessoa em bronze faz companhia aos clientes do Café a Brasileira

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Sevilha. a Praça Virgem dos reis, com a Torre La Giralda

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Se sobrar tempo e disposição, dê um pulo até o Chia-do, um antigo bairro lisboeta, onde fica a famosa está-tua em bronze do poeta e escritor português Fernando Pessoa – o local é bastante concorrido pelos turistas para tirar fotos. Ali, também tome um café no A Brasi-leira, refúgio favorito de Pessoa e também do escritor Eça de Queiroz.

À noite, a pedida é uma casa de fado – há muitas em Lisboa, mas não vá dormir muito tarde, porque no dia seguinte partirá às 7h30 para Cáceres, na Espanha. Capital da província e comunidade autônoma da Ex-tremadura, a cidade foi considerada como o terceiro Conjunto Monumental Europeu em 1968 e declarada

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Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1986.

Córdoba, a capital do Califado, no passado é seu pró-ximo destino. Depois do pernoite, é hora ir visitar a sua famosa mesquita, a Catedral e o pitoresco Bairro Judeu. Na sequência da viagem está Sevilha. Jantar e hospedagem. Se restar energia, não deixe de ir assistir a um show de flamenco.

Ao despertar, você embarca em um tour pelos princi-pais pontos turísticos desta mágica cidade da Andalu-zia, com stops na Catedral, no Bairro de Santa Cruz, no Parque Maria Luísa e na Plaza de Espanha. A tarde é

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Granada. o palácio alhambra Valencia. a Cidade das artes

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livre para você desvendar de seu jeito os encantos de Sevilha.

No dia seguinte cedo, o ônibus segue para Granada pela estrada do Califado. Ao chegar a mais graciosa cidade andaluza, você visi-ta Alhambra, um conjunto arquitetônico do período da invasão moura, no sé-culo 13, quando viveu seu apogeu. Eleita patrimônio nacional em 1870, Alham-bra é deslumbrante mes-mo. Abriga antigos palácios e residências dos sultões nazares, com os indescri-tíveis jardins do Generali-fe, recortados por fontes e pontes. Pernoite em Granada.

A próxima parada é Valência, a capital da região e fa-mosa pela sua saborosa “paella”, um prato típico es-panhol. Bem cedo, um passeio pelo centro histórico o aguarda. Durante o trajeto, você conhece os principais cartões-postais da cidade. Tempo ainda para contem-plar exteriormente o Complexo de Artes e Ciências e o exterior dos edifícios projetados pelo arquiteto Santia-go Calatrava.

À tarde, a viagem segue pela Costa do Mediterrâneo

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para Barcelona, onde você passará a noite. O passeio da manhã seguinte inclui o Parque de Montjuic, o Por-to Olímpico, o monumento a Colombo e o Bairro Gó-tico. A tarde é livre. Por isso, tente ir a La Rambla e, sobretudo, à Igreja Sagrada Família, do arquiteto mo-dernista Antonio Gaudi.

Após 40 anos de total dedicação ao projeto de constru-ção da catedral, Gaudi morreu atropelado aos 72 anos, em 1926, sem ver a edificação concluída – ainda hoje a obra-prima e expoente da arquitetura modernista ca-talã não foi finalizada. Hospedagem em Barcelona.

Barcelona. Panorama

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Depois do café, você ruma para Zaragoza, onde des-fruta de um tempo livre. A viagem segue até Madri. Chegada e traslado por conta própria para o hotel onde você pernoitará. No dia seguinte, novo traslado por sua conta rumo ao aeroporto para embarque com destino ao Brasil.

Fazem parte do pacote as passagens aéreas em classe econômica voando TAP; nove noites de hospedagem com café da manhã; quatro jantares; tours em Córdo-ba, Sevilha, Granada (inclui a visita a Alhambra e aos

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Jardins de Generalife), Valência e Barcelona; guia durante o circuito; transporte em ônibus de luxo com ar-condicionado; kit viagem e se-guro viagem. Custa a partir de R$ 5.887,44 em apartamento duplo. Informações: Soft Travel, tel. (11) 3017-999, site www.softtravel.com.br, e-mail [email protected].

Alasca: Nas águas de um cartão-postal Deseja conhecer destinos dife-renciados? Pois, agora, quando a primavera e o verão brindam o hemisfério norte, é possível des-frutar da natureza exuberante que invade o topo do mundo. A dança

das baleias, na costa do Alasca (EUA), por exemplo, é um dos mais indescritíveis espetáculos oferecidos pela natureza. Já assistiu a um deles? Se ainda não, o que acha de embarcar em um cruzeiro para ver ao vivo e a cores os encantos dessa região de litoral recortado, repleto de baias e glaciares.

Este ano, três navios da Norwegian Cruise Line fazem tours pelo Alasca. Com duração de sete noites, os ro-teiros incluem passeios em terra para mostrar o que o Alasca possui de melhor, desde os caminhos das ferro-viárias do tempo dos pioneiros nas aldeias nativas até

alasca. o despertar da primavera

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a natureza intocada, de fauna exótica. Confira a pro-gramação, reserve seu lugar e boa viagem!

O Norwegian Jewel parte de Seattle, segue para Ketchi-kan, Juneau, Glacial Sawyer, Skagway, Victoria (Cana-dá) e retorna a Seattle. Com saídas nos dias 7, 14, 21 e 28 de junho, o cruzeiro sai a partir de US$ 454 (cabine dupla interna), US$ 854 (cabine externa) e US$ 874 (cabine com varanda). O preço é por pessoa.

Também o Norwegian Pearl parte de Seattle, mas na-vega com destino a Juneau, Skagway, Glacial Bay, Ke-

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tchikan, Victoria (Canadá) e regressa a Seattle. Suas saídas são nos dias 1º, 8, 15, 22 e 29 de junho. Custa por pessoa a partir de US$ 534 (cabine dupla interna), US$ 844 (cabine externa) e US$ 1.774 (cabine com va-randa).

Com um trajeto diferente, o navio Norwegian Sun vi-sita Whittier, o Glacial Hubbard, Icy Strait Point, Ju-neau, Skagway, Ketchikan e Vancouver (Canada). Suas saídas são nos dias 2, 16 e 30 de junho. O preço por pessoa é a partir de US$ 284 (cabine dupla interna), US$ 454 (cabine externa) e US$ 1.124 (cabine com varanda). Informações: Firstar, tels.: (11) 3253-7203 e (21) 3553-7646, e-mail: [email protected].

Navio Pearl, da Norwegian Cruise

um solitário urso polar

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Na primeira cidade, de 13 de junho a de 6 de julho, um fes-tival de música reverencia um de seus filhos mais famosos, o compositor Bedřich Smeta-na, criador da música tcheca nacional. Segundo mais an-tigo do país – foi criado em 1949 –, o evento é integrado por óperas (a principal atra-ção do programa), concertos, oratórios, cantatas e noites de canções. O festival é realizado no palá-cio renascentista de Litomyšl, com pátio coberto e lindo teatro que pertence aos mo-numentos da Unesco.Já em Český Krumlov, todo o ano acontece a Festa da Rosa das Cinco Pétalas, uma

reprodução da época renascentista do período em que a cidade viveu sob o domínio dos últimos senhores Rožmberk. Durante três dias, as ruas e praças da ci-dade, cujo centro histórico foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, são palco de apresentações de música medieval e ficam repletas de pessoas vestidas a caráter, encenações de duelos de cavaleiros e feiras de artesanato.

O ponto alto do evento é um desfile de cavaleiros mon-tados em cavalos, além de um torneio realizado ao

Verão na República Tcheca

A chegada do verão transforma a República Tcheca em um gigantesco palco. É quando as ruas e esquinas de suas cidades são invadidas por músicos de todas ida-des e diferentes tipos de repertórios. Esse espetáculo que se multiplica por todos os cantos é algo mágico de se vivenciar! Se você está prestes a embarcar para o país, seguem duas dicas para a sua viagem: arrume um tempo e visite Litomyšl e Český Krumlov.

Litomysl. o Castelo da república Tcheca

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vivo. Essa disputa lembra a antiga lenda da divisão de uma rosa de xadrez e se desenvolve em um jogo de tabuleiro gigan-te, com cavaleiros se movimen-tando sob ele. Agende, neste ano, a festa será nos dias 22, 23 e 24 de junho.

Para ter mais informações, en-tre em contato com o Escritó-rio de Turismo da República Tcheca, pelo e-mail: [email protected].

Mendonza ganha voo direto nas férias

Boa notícia para quem for via-jar para Mendonza, na Argen-tina, até o dia 3 de agosto: um voo direto da Aerolineas Argentinas, com saídas aos domingos. A novidade é resultado de uma parceria entre o Ministério de Tu-rismo de Mendoza e a CVC, que passa a comercializar, com exclusividade, voo fretado em pacotes de viagens partindo de São Paulo direto para a capital do vinho da América do Sul.

A operação também amplia a oferta de pacotes da CVC para Mendoza – ao todos são três novos roteiros para lá: o “Econômico”, o “Vinhos e Neve” e o “Luxo”, com atrações que podem incluir um passeio ao Aconcágua, o pico mais alto da Cordilheira dos Andes e o ponto

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mais alto das Américas, a 6.962 m acima do nível do mar. Ou ainda, visitas às vinícolas das regiões de Mai-pú, Luján de Cuyo e Valle de Uco.

Os três pacotes incluem as passagens aéreas de ida e volta pela Aerolineas Argentinas, traslado aeroporto/hotel/aeroporto, sete noites de hospedagem com café da manhã em apartamento duplo e os passeios previs-tos nos roteiros. Custam a partir de US$ 1.248 por pes-soa e já estão disponíveis nas agências multimarcas e lojas da CVC. Informações em www.cvc.com.br.

Vista do Monte aconcágua

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Dicas de compras no Paraguai

A Loumar Turismo de Foz do Iguaçu lançou, em seu canal no Youtube, um curta para dar dicas de compras no Paraguai. O vídeo, intitulado “Compras Paraguai – Dicas para Comprar com Conforto e Comodidade”, foi rodado durante dois dias em Foz do Iguaçu, no Paraná, e na Ciudad del Este, no Paraguai. “Fizemos um roteiro para solucionar todas as questões que envolvam o ato de comprar produtos na Ciudad del Este, incluindo as cotas permitidas e a documentação necessária”, diz Ga-ron Piceli, gerente de comunicação da empresa.

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Para assistir o vídeo, clique aqui.

É Bonito, é Bonito, é Bonito!

O Estado de Mato Grosso do Sul possui muitos tesou-ros. Bonito é um deles. Paraíso dos amantes de eco-turismo, a cidade é dona de uma beleza exuberante e única. Abriga uma fenda com 32 m de profundidade, batizada de Abismo Anhumas, onde se encontra um imenso lago de águas límpidas e tomado por estalacti-tes. Outra de suas estonteantes atrações é a Gruta da Lagoa Azul, com diversas cachoeiras e rios repletos de peixinhos multicoloridos.

Corredor de um dos muitos shopings do Paraguai

a Gruta do Lago azul

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O pacote inclui as passagens aéreas Viracopos/Bonito/Viracopos – saindo de Campinas (ônibus gratuito), os traslados aeroporto/hotel/aeroporto, sete noites de hospedagem em apartamento duplo com café da ma-nhã, a visita à Gruta do Lago Azul, o passeio de bote no Rio Formoso e a flutuação na Nascente Azul. Custa R$ 3.749,02 à vista (dois adultos). Esse valor também pode ser dividido em dez parcelas sem juros de R$ 374,90. Informações: TZ Viagens, tel.: (11) 3881-3444, www.spjp.tzviagens.com.br.

Reservas: [email protected].

Dia dos Namorados em Tiradentes

A Pousada Lis Bleu, em Tiradentes, Minas Gerais, está oferecendo um pacote diferenciado para o fim de se

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esportes aquáticos são a regra na região

Então se curte a natureza e a adrenalina, o que está es-perando? Com certeza, Bonito é o endereço certo para você. A cidade oferece um sem número de atividades e aventuras, desde os mergulhos, o arvorismo e o rapel, passando pelos passeios de bote e as caminhadas, até a visita a Gruta da Lagoa Azul, com direito à flutuação.

No inverno, apesar das frequentes queimadas que ocorrem na região, as águas de seus rios, lagos e cacho-eiras ficam ainda mais claras e transparentes. Gostou? A TZ Viagens está disponibilizando pacotes de sete noites para a deslumbrante cidade sul-mato-grossense. As saídas são semanais, sempre às quartas-feiras e aos domingos, com embarque no aeroporto de Viracopos, em Campinas, São Paulo.

a Pousada Lis Bleu

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mana do Dia dos Namorados. Em parceria com o chef de um dos restaurantes da cidade, preparou um jantar românti-co para os casais, que poderão saboreá-lo no dia 13 ou no dia 14 de junho. O hóspede esco-lhe a data.

O pacote é válido para o fim de semana de 13 a 15 de junho e tem preços a partir de R$ 1.158 o casal, com o café da manhã e o jantar romântico inclusos. O cardápio do jantar é compos-to por couvert, entrada, prato principal, sobremesa, água e vinho tinto. São oferecidas duas opções de prato princi-pal: o bacalhau e molho de manteiga, arroz negro, co-alho e espaguete de abobrinha e cenoura em conserva, e o filé suíno e molho de cachaça com farofinha de biju de milho.

Situada a 700 m do centro histórico de Tiradentes, a pousada tem como um charme a mais a linda vista da Serra de São José, com seus paredões de rocha que atingem uma altura média de 1.100 m. Possui apenas 12 chalés, todos equipados com cama queen size, larei-ra, frigobar, ventilador de teto, ar-condicionado e tevê LCD. Na área de lazer tem piscina climatizada com hi-dro, sauna úmida, computador com acesso a internet e rede wi-fi em todas as dependências, inclusive nos cha-

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lés. Informações e reservas: tels. (32) 3355 1434 e (32) 3355 1453, site www.lisbleu.com.br

Visita ao Aquário de Paranaguá

Peixes, raias, tubarões e pinguins. Essas e outras espé-cies podem ser vistas no Aquário Marinho de Parana-guá (www.aquariodeparanagua.com.br), uma nova op-ção de lazer e de aprendizado para quem visita o litoral paranaense. No local estão reunidas aproximadamente 200 espécies, de água doce e de salgada, que podem ser vistas em 23 tanques.

O aquário foi inaugurado em janeiro deste ano e já tem

entrada do aquário de Paranaguá

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uma boa surpresa para quem pretende ir conhecê-lo: aqueles que apresentarem a carteirinha da HI Hostel Brasil pagam apenas metade do preço da entrada.

A iniciativa faz parte da parceria firmada entre o aquá-rio e a rede de hostels e tem como objetivo incentivar o turismo da cidade. “Desde que abrimos as portas já recebemos mais de 50 mil visitantes”, conta a respon-sável pela educação ambiental do Aquário Marinho de Paranaguá, Carolina Meira.

A abertura do aquário está movimentando o turismo na primeira cidade do Paraná. Por isso, antes de ir co-nhecer o espaço é recomendável planejar sua estadia. O Hostel Continente, associado à HI Hostel Brasil, é uma das opções de hospedagem. Está muito bem localiza-

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do: fica próximo ao aquário e de outros pontos turísticos de Paranaguá, como os antigos casarões do centro histórico e da Estação Náutica, de onde saem os barcos para a Ilha do Mel.

Informações: www.hihostelbrasil.com.br/descontos.html.

Bombinhas, a privilegiada praia da Costa Verde

Santa Catarina é um cartão-postal ambu-lante. Em qualquer lugar do Estado, as paisagens são de fazer qualquer mortal suspirar. Com praias lindíssimas, Bom-

binhas (fica bem pertinho do Balneário Camboriú) é um cenário caprichosamente pintado pela natureza. Se você ainda não esteve neste pedacinho do paraíso, eis a sua chance: até o dia 31 de outubro, a Pousada Águas do Mariscal oferece um pacote de três diárias (quatro dias e três noites), com café da manhã, por R$ 199.

A promoção só é válida para quem fizer o check-in no domingo a partir das 16 horas, ou de segunda-feira a sexta até 12 horas, na suíte Costa Verde Mar. A hospe-dagem inclui roupa de cama e de banho. A suíte possui bar, frigobar e cozinha com fogão de duas bocas, kit talheres e kit limpeza e está equipada com tevê, DVD e ar-condicionado. Com piscina aquecida e estacionamento próprio e dis-tante três quilômetros do centro de Bombinhas,

Praia da sepultura

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a pousada fica em frente à Praia do Mariscal, ao lado da reserva biológica mari-nha do Arvoredo. Para co-nhecer melhor, assista ao vídeo: www.youtube.com/watch?v=pSePHUbnWvQ.

Informações e reservas: tels. (47) 3393-4583, (47) 9177-9977 e (47) 9177-9996, site www.aguasdomariscal.com.br.

Na eclusa do Panamá brasileiro

Banhado pelo Rio Tietê e a 280 quilômetros da capital paulista, o Hotel Estância Barra Bonita (http://barra-bonita.com.br), no centro-oeste do Estado, é uma al-ternativa para quem quer fugir da rotina. Inaugurado em 1976 para acolher os trabalhadores da barragem e hidrelétrica de Barra Bonita, o resort está instalado em uma área de 450 mil metros quadrados, por onde se espalham 171 chalés, diversas quadras poliesportivas e um parque aquático com 11 piscinas aquecidas, sauna e ofurôs.

O mais legal é que o hotel fica perto de Barra Bonita, de onde saem passeios de barco rumo à eclusa do Rio Tietê, primeira a operar na América do Sul. Fantástica obra da engenharia nacional, a eclusa funciona como um grande elevador de águas, subindo e descendo as

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embarcações, incluindo as turísticas. Estas últimas partem da orla do centro da cidade e seguem pelo Rio Tietê em direção à usina hidroelétrica, construída na década de 1960. Não há como fazer este passeio sem associar sua engenhosidade à do Canal do Panamá, uma monumental obra construída pela engenharia hi-dráulica para transpor os desníveis das águas e interli-gar o Oceano Pacífico ao Atlântico.

(*) Toda a correspondência para a seção “Viagem Oásis” deverá ser enviada à colunista Fabíola Musarra: [email protected]

Passagem pela eclusa do rio Tietê

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COMPARTILHAMENTO É PODER

A informação deve ser aberta a todos

ten

dên

cia

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oásis . tEndênCia

uando o general Stanley Mc-Chrystal começou a combater a al Qaeda em 2003, informação e segredos eram a força vital de suas operações. Mas con-forme a batalha não conven-cional avançava, ele começou a pensar que a cultura de man-ter informações importantes

Q

stanley mcchrystal, importante general norte-americano, revoluciona o conceito de “informação secreta”, afirmando em conferência proferida no ted que o conhecimento, inclusive o de segredos militares, deve ser compartilhado

Vídeo: Ted- ideaS WorTh SPreadiNGTradução: LeoNardo SiLVa. reViSão: eLeNa CreSCia

sob sigilo era um equívoco e, na verdade, contraproducente. Nesta palestra curta mas poderosa, McChrystal defende o com-partilhamento ativo de conhecimento.

Stanley McChrystal foi comandante das forças norte-americanas e internacionais no Afeganistão. General 4 estrelas, ele é conhecido por ter criado uma reviravolta nas artes da guerra, fundindo operações e serviços de inteligência. Fontes militares norte-americanas afirmam que deve-se a seus esquemas de inteligência a captura de Saddam Hussein, em 2003. O mesmo para a localização e morte de Abu Musab al-Zarqawi, o líder da al-Qaeda no Iraque.

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STaNLey MCChrySTaL

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Vídeo integral da palestra de Stanley McChrystal no TED

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Tradução integral da palestra de Stanley McChrystal no TED

Quando eu era um jovem oficial, disseram-me que eu deveria seguir os meus instintos, agir com a alma, e aprendi que geral-mente nossos instintos estão errados.

No verão de 2010, houve um enorme vazamento de documentos sigilosos vindos do Pentágono. Isso chocou o mundo, sacudiu o governo americano e fez com que as pessoas fizessem muitas perguntas, porque a grande quantidade de informações que foi levada a público e os potenciais impactos eram significativos. E uma das primeiras perguntas que fizemos foi: por que um jovem soldado teria acesso a tantas informações? Por que permitiría-mos que coisas confidenciais estivessem com uma pessoa relati-vamente jovem?

No verão de 2003, fui designado para comandar uma força-tare-fa de operações especiais. Essa força-tarefa se espalhou por todo o Oriente Médio, para combater a al Qaeda. Nossos principais esforços foram dentro do Iraque, e nossa missão especificada era derrotar a al Qaeda no Iraque. Fiquei lá por quase cinco anos e nosso foco era combater uma guerra que não tinha nada de convencional, uma guerra difícil, sangrenta, e geralmente quem pagava o maior preço eram pessoas inocentes.

Fizemos tudo o que pudemos para deter a al Qaeda e os comba-tentes estrangeiros que vinham como suicidas a bomba e os que espalhavam a violência. Nós aprimoramos nossas habilidades de combate, desenvolvemos novos equipamentos, saltamos de pa-raquedas, voamos de helicóptero, andamos em pequenos barcos, dirigimos e andamos rumo aos objetivos, noite após noite, para deter a matança que essa rede estava causando. Nós sangramos, morremos e matamos para que essa organização cessasse a vio-lência que estava usando amplamente contra o povo iraquiano.

Nós fizemos o que sabíamos, da maneira que aprende-mos, e uma das coisas que sabíamos, que estava em nosso DNA, era o sigilo, era segurança, era a proteção da infor-mação, era a ideia de que a informação é a força vital e de que era ela que protegeria e manteria as pessoas a salvo. E tínhamos a impressão de que, assim como operávamos em nossas organizações, era importante manter a informação nos cofres dentro das organizações, fornecendo informa-ção somente e especificamente a pessoas que tivessem real necessidade de saber.

Mas frequentemente vinha a pergunta: “Quem precisa saber?” Quem precisava, quem tinha que ter a informação para poder realizar partes importantes do trabalho de que precisávamos? E, num mundo extremamente interligado, isso é muito difícil de prever. É muito difícil saber quem precisa ter informação e quem não precisa. Eu trabalhava

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Tradução integral da palestra de Stanley McChrystal no TED

com agências de inteligência, e reclamava que elas não compar-tilhavam inteligência suficiente, e, sem cerimônias, elas me di-ziam: “O que ainda te falta?” (Risos) Eu dizia: “Se eu soubesse, não teríamos um problema”.

Mas descobrimos que tínhamos de mudar. Tínhamos de mudar nossa cultura sobre a informação. Tínhamos de derrubar muros. Tínhamos de compartilhar. Tínhamos de mudar de “quem pre-cisa saber” para “quem não sabe”, e precisamos contar a essas pessoas o mais rápido possível. Foi uma mudança de cultura sig-nificativa para uma organização que tinha o sigilo em seu DNA.

Começamos fazendo coisas, construindo, não trabalhando em escritórios, derrubando paredes, trabalhando em coisas que chamávamos de “salas de conhecimento da situação”, e, no ve-rão de 2007, aconteceu algo que demonstrou isso. Obtivemos os registros pessoais das pessoas que estavam trazendo combaten-tes estrangeiros para o Iraque. Ao pegarmos registros pessoais, normalmente os teríamos escondido, compartilhado com algu-mas agências de inteligência, e tentado trabalhar com elas. Mas falando com meu oficial de inteligência, eu disse: “O que fare-mos?” E ele disse: “Bem, você os encontrou”. Nosso comando. “Você pode simplesmente torná-los públicos”. E eu disse: “Bem, podemos torná-los públicos? E se o inimigo descobrir?” E ele disse: “São os registros pessoais deles”. (Risos)

E assim fizemos, e muita gente ficou incomodada com isso, mas, ao divulgarmos essas informações, de repente descobrimos que a informação só tem valor se as dermos às pessoas que têm a ca-pacidade de fazer algo com elas. O fato de eu saber alguma coisa não tem valor algum se eu não for a pessoa que pode criar algo melhor por isso. Então, consequentemente, o que fizemos foi mudar a ideia de informação de “conhecimento é poder”, para

“compartilhamento é poder”. Foi a mudança fundamental, não novas táticas, novas armas, seja lá o que for de novo. Era a ideia de que éramos agora parte de uma equipe em que a informação se tornou o elo essencial entre nós, não um obstáculo entre nós.

Quero que todos respirem fundo e expirem, porque em suas vidas, haverá informações suas que vão vazar e vocês não vão gostar. Alguém vai divulgar minhas notas da fa-culdade, e isso vai ser um desastre. (Risos) Mas tudo vai fi-car bem, e posso dizer que tenho mais medo do burocrata que guarda informação na gaveta de sua mesa ou em um cofre, do que de uma pessoa que vaza informação, porque, por fim, será melhor para nós se compartilharmos.

Helen Walters: Não sei se você estava aqui de manhã, se chegou a ver Rick Ledgett, o diretor substituto da NSA, que respondeu à palestra de Edward Snowden no início da semana. Só queria saber: você acha que o governo ameri-cano deveria conceder anistia a Edward Snowden?

Stanley McChrystal: Acho que Rick disse algo muito im-portante. A maioria de nós não conhece todos os fatos. Acho que existem dois lados. Edward Snowden chamou atenção para uma necessidade importante que as pessoas tinham de entender. Ele também pegou vários documen-tos cuja importância ele desconhecia. Então, acho que pre-cisamos conhecer os fatos neste caso, antes de fazermos julgamentos precipitados sobre Edward Snowden.

HW: Muito obrigada.

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