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TÂNIA REGINA SCHUPP Óbito fetal em um hospital universitário um estudo exploratório Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina Área de concentração: Obstetrícia e Ginecologia Orientador: Dr. Seizo Miyadahira São Paulo 2001

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TÂNIA REGINA SCHUPP

Óbito fetal em um hospital universitário

um estudo exploratório

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Mestre em Medicina

Área de concentração: Obstetrícia e Ginecologia

Orientador: Dr. Seizo Miyadahira

São Paulo

2001

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TÂNIA REGINA SCHUPP

Óbito fetal em um hospital universitário

um estudo exploratório

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Mestre em Medicina

Área de concentração: Obstetrícia e Ginecologia

Orientador: Dr. Seizo Miyadahira

São Paulo

2001

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“A lição mais importante que se pode

aprender quando se vence... é que se pode.”

Dave Weinboum

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DEDICATÓRIA

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Ao meu marido Marcel, que a cada

dia eu mais admiro. Pelo seu amor,

dedicação, incentivo e por toda a

felicidade que me proporciona.

À minha filha Juliana que, durante sua

gestação, pouca atenção recebeu para

que esta tese nascesse primeiro.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

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Aos meus pais, Ingrid e João, minha

eterna gratidão, pelo amor, dedicação e

pelos esforços despendidos em minha

formação e pela confiança em mim

depositada.

Ao meu irmão Ricardo, por ser

sempre o meu melhor amigo.

Ao Dr. Seizo Miyadahira, meu

orientador, pela demonstração de

confiança e incentivo, pelo cuidado na

avaliação deste estudo, com preciosas

sugestões, e por ter sempre sido um

exemplo para a minha vida profissional.

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AGRADECIMENTOS

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Ao Professor Dr. Marcelo Zugaib, digníssimo

Professor Titular de Obstetrícia do Departamento

de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo, pela

oportunidade de trabalhar neste departamento e

realizar esta dissertação de mestrado.

Ao Professor Dr. Soubhi Kahhale, Coordenador

da Pós-Graduação da Disciplina de Obstetrícia da

Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo, pela amizade e incentivo à pesquisa

científica, minha sincera gratidão.

À Dra. Maria de Lourdes Brizot pela amizade,

pelo incentivo e pelas críticas construtivas na fase

de qualificação deste estudo; pelo exemplo de

trabalho e dedicação profissional,

minha enorme admiração.

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Ao Dr. Edécio Armbruster de Moraes, pela

amizade e esmero na avaliação deste trabalho e

pelas valiosas observações realizadas

na fase de qualificação.

À Dra. Roseli Mieko Yamamoto, pela apreciação deste

trabalho quando apresentado para qualificação

Aos amigos Dr. Mário Henrique Burlacchini

de Carvalho, Dr. Samir Abdallah Mustafá, Dr.

Luiz Carlos Watanabe, Dra. Estela Naomi

Nishie, Dr. Júlio Mitsutomo Toyama, Dra.

Dirce Naomi Okatami e Dra. Patrícia Ponte

Maganha pela amizade e companheirismo em

tantas tardes de incansáveis exames.

Às Sras. Silvana Maria Andretto Carelli, Inês Muras

Fuentes Jazra, Rosimeire Mióti e Lúcia Maria

Damasceno, pelo apoio oferecido, no período de

residência, preceptoria e para a confecção deste trabalho.

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À Sra. Mitsuko Miyadahira, pelo auxílio na

correção gramatical e pelas sugestões

na revisão do texto.

Às pacientes da Clínica,

motivo maior deste estudo.

A todos que torceram pela conclusão deste

trabalho e, assim, tornaram esse

momento muito mais especial.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE SÍMBOLOS

RESUMO

SUMMARY

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1

2. PROPOSIÇÃO........................................................................................... 5

3. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 7

4. CASUÍSTICA E MÉTODO........................................................................... 32

5. RESULTADOS............................................................................................ 48

6. DISCUSSÃO.............................................................................................. 76

7. CONCLUSÕES.......................................................................................... 95

8. ANEXOS.................................................................................................... 98

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................105

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LISTA DE ABREVIATURAS

A. aborto

AIG adequado para a idade gestacional

CMV citomegalovírus

DHEG doença hipertensiva específica da gravidez

DPP descolamento prematuro de placenta

et al. e outros

FEBRASGO Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia

G. gesta

GIG grande para a idade gestacional

HCFMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

HIV vírus da imunodeficiência humana

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

No número

OF óbito fetal

p probabilidade

P. para

PIG pequeno para a idade gestacional

RSS reação sorológica para a sífilis

SPSS Statistical Package for Social Sciences

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LISTA DE SÍMBOLOS

= igual a

< menor que

≤ menor ou igual a

> maior que

≥ maior ou igual a

± mais ou menos

DP desvio padrão

χ2 qui-quadrado

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RESUMO

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SCHUPP, T.R. Óbito fetal em um hospital universitário: um estudo

exploratório. São Paulo, 2001. 119 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de

Medicina. Universidade de São Paulo.

O óbito fetal é uma das complicações mais temidas da gestação e pode

ter conseqüências clínicas, obstétricas e emocionais muito importantes.

Foram estudadas 411 pacientes que apresentaram um ou mais óbitos fetais

entre 1993 e 1998 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (418 natimortos). Os prontuários foram

retrospectivamente estudados para determinar as causas do óbito fetal,

condutas e complicações. Utilizando-se do total de partos do mesmo período

como população referência (11442 gestantes com o total de 11733 partos),

realizou-se estudo comparativo para avaliar a incidência do óbito fetal e

fatores de risco associados. Foi realizada análise estatística uni e multivariada.

A incidência de óbito fetal foi de 4,5%. A idade materna e o sexo fetal não

influenciaram na mortalidade fetal. Os principais fatores de risco

independentes para o óbito fetal foram: ausência de acompanhamento pré-

natal, gemelaridade, fetos pequenos para a idade gestacional e o período de

parto. As principais causas de óbito foram a malformação fetal, a hipertensão

arterial e o descolamento prematuro da placenta. Em 33,6% das gestantes a

causa do óbito não pôde ser determinada. O principal modo de resolução do

óbito fetal foi o parto espontâneo. As principais complicações maternas

foram anemia com necessidade de transfusão sangüínea e a infecção.

Concluiu-se que o acompanhamento pré-natal adequado com tratamento

das afecções associadas podem contribuir para a diminuição do óbito fetal

no nosso meio.

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SUMMARY

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SCHUPP, T.R. Fetal death in a university hospital: an exploratory study.

São Paulo, 2001. 119 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina.

Universidade de São Paulo.

Fetal death is a paramount complication of pregnancy with significant

clinical, obstetric and emotional consequences. During the period from

January 1993 to December 1998 a total of 411 women presenting fetal death

at Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (418 stillbirths) were studied. Medical charts were retrospectively

reviewed to determine the causes of fetal death, management and

complications. All births during the same period were used as reference

(11442 pregnant women and 11733 births), to assess stillbirth rate and risk

factors. Overall rate of fetal death was 4.5%. Maternal age and fetal sex did

not influence fetal death rate. Statistical analysis of independent risk factors

revealed that patients without prenatal care, with multiple gestation, with

small for gestational age fetuses and with deliveries occurred between 1993

and 1995 presented higher risk for stillbirth. The leading causes of fetal death

were congenital anomalies, hypertensive diseases and abruptio placentae. In

33.6% of the patients the underlying cause of stillbirth could not be

determined. Spontaneous delivery was the procedure of choice in 40.6% of

patients. The most common maternal complications were infection and

anemia that required blood transfusion. It was concluded that adequate

prenatal care with treatment of associated diseases might contribute to

reduce the fetal death rate in our hospital.

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1.INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO 2 ___________________________________________________________________________________________

O óbito fetal é uma complicação da gestação que pode trazer à mulher

transtornos clínicos, emocionais e obstétricos os quais podem ser

desastrosos com conseqüências posteriores muitas vezes irreparáveis.

A despeito de todo o avanço tecnológico existente atualmente na área

médica, a morte fetal não é entidade rara, constituindo para países

desenvolvidos, um problema de saúde merecedora de especial atenção da

classe médica, porque pode envolver ainda, importantes aspectos legais. Por

este motivo, é tema de inúmeras publicações em todo o mundo.

É pertinente lembrar que, os fatores associados ao óbito fetal em países

desenvolvidos são muito diferentes daqueles encontrados em outros países

(DE LORENZI et al. 1999). Além dos fatores econômico e social, existem

problemas próprios de cada região do mundo, relacionados com o clima, os

costumes e a religião, os quais devem ser pesquisados em separado. Por

estas razões, nem sempre os resultados de estudos realizados em um país

representam a realidade de outros.

Nos países em desenvolvimento, como o nosso, a mortalidade fetal é

muito mais freqüente do que em países desenvolvidos, coerente com os seus

baixos índices de saúde (DE LORENZI et al. 1999). No Brasil existem

diferenças regionais muito importantes, apresentando alguns estados com

marcadores sócio-econômicos próximos aos países desenvolvidos em

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INTRODUÇÃO 3 ___________________________________________________________________________________________

contraste com outros estados que se comportam como os países de piores

índices sociais do mundo (IBGE, 1997).

São Paulo é o estado mais rico da nação e apesar disso possui ilhas de

excelência na assistência médica convivendo com áreas de completo

abandono médico. A incidência de óbito fetal no estado é de 1,5% (IBGE,

1997), muito alta para um estado com os índices sócio-econômicos

comparáveis aos países desenvolvidos.

Não obstante a importância do tema, a mortalidade fetal não tem sido

suficientemente estudada em nosso meio, como demonstra a literatura

disponível. Além disso, a maioria das estatísticas oficiais ainda enfoca

prioritariamente o componente neonatal precoce e raramente, as

informações relativas às perdas fetais são pesquisadas e analisadas em

separado (DE LORENZI, 1999).

A pesquisa aprofundada dos mecanismos associados à morte fetal pode

esclarecer suas causas, diminuindo a freqüência de diagnósticos inexplicados,

os quais muitas vezes refletem a investigação incompleta de suas causas.

Portanto, o estudo da etiologia do óbito fetal é fundamental para a sua

compreensão, para contornar as causas evitáveis, tratar as curáveis, entender

melhor as inevitáveis e orientar o casal afetado quanto aos seus riscos reais

da repetição do evento em uma próxima gestação.

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INTRODUÇÃO 4 ___________________________________________________________________________________________

Quando ocorrer o óbito fetal, outro ponto importante a ser estudado é

o modo como ele vai ser conduzido posteriormente, para causar o menor

trauma possível para esta gestante, emocionalmente muito fragilizada pelo

diagnóstico desta perda.

Evidentemente, a conduta médica deve transcender os aspectos

meramente técnicos e avançar além, abordando também os psicossociais,

oferecendo suporte consistente e atitude de muita compreensão.

A ausência de qualquer pesquisa do tema neste hospital universitário

nas últimas décadas e os altos índices de mortalidade fetal mostraram a

importância de estudos que demonstrassem as principais causas de morte

fetal no nosso hospital e que apontassem as principais deficiências do

sistema de atendimento.

Desta maneira, esse estudo, tipo exploratório, tem como objetivo

desvendar as várias questões mencionadas e com isso trazer melhores

substratos à atuação do obstetra na resolução desses casos.

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2.PROPOSIÇÃO

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PROPOSIÇÃO 6 ___________________________________________________________________________________________

O presente trabalho tem por objetivo estudar o óbito fetal na Clínica

Obstétrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo enfocando os seguintes tópicos:

1. Incidência

2. Risco prospectivo

3. Fatores associados ao óbito fetal

4. Identificação de fatores de risco

5. Aspectos clínicos

a) Modo de resolução

b) Complicações maternas

6. Identificação de causas do óbito fetal

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3.REVISÃO DA LITERATURA

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REVISÃO DA LITERATURA 8

___________________________________________________________________________________________

3.1. CONCEITO

Considerando-se que o produto da concepção se define como feto a

partir de 10 semanas de gestação, o óbito fetal seria toda morte a partir

desta idade gestacional. A Organização Mundial da Saúde considera óbito

fetal a perda do feto em qualquer fase da gestação, classificando-as segundo

a idade gestacional em que tal fato acontece: grupo I, até 20 semanas; grupo

II, de 20 a 28 semanas e grupo III, mais de 28 semanas (CHISWICK, 1986).

O Centro Nacional de Estatística da Saúde dos Estados Unidos

conceitua morte fetal aquela ocorrida a partir da 20a semana de gestação

(PETITTI, 1987).

Em função da destinação dada ao feto após a sua eliminação e outros

pormenores relativos à conduta obstétrica adotada classicamente, é

pertinente relatar que grande número de estudiosos do assunto prefere

definí-lo a partir de 20 semanas de gestação, reservando o termo aborto

tardio para fetos mortos abaixo desta idade gestacional. No Brasil, muitos

autores, como MONTENEGRO et al. (1981), MATHIAS et al. (1983) e MARIANI

NETO et al. (1987), utilizam esta definição. Porém, alguns autores conceituam

óbito fetal em períodos gestacionais mais avançados (HOVATTA et al. 1983,

MEIRELLES FILHO et al. 1990, FELDMAN 1992, MINAKAMI et al. 1993) ou

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REVISÃO DA LITERATURA 9

___________________________________________________________________________________________

utilizam critérios que incluem peso ou a estatura para definir a morte fetal

(FRETTS et al. 1997, DUARTE et al. 1985).

3.2. INCIDÊNCIA

A comparação de diversos dados de incidência de óbito fetal fica

prejudicada devido a diversos conceitos utilizados para definí-lo. A incidência

de óbito fetal também pode variar de acordo com a região estudada e o tipo

de hospital (atendimento primário ou terciário).

COPPER et al. (1994), em um estudo multicêntrico realizado nos Estados

Unidos e utilizando como critério de óbito fetal idades gestacionais a partir

de 20 semanas de gestação, observam incidência de 1,2%. Utilizando este

mesmo critério, DUARTE et al. (1985), em estudo realizado no Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP no período de

primeiro de janeiro de 1978 a 31 de dezembro de 1982, encontram incidência

de 3,27% de óbito fetal.

FRETTS et al. (1997), utilizando como critério de óbito fetal apenas o

peso fetal acima de 500g, encontram incidência de 0,7% de óbito fetal no

Canadá. DE LORENZI et al. (1999), utilizando peso acima de 500g ou idade

gestacional superior a 22 semanas, relatam incidência de 11,3 óbitos a cada

1000 nascimentos ocorridos em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.

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REVISÃO DA LITERATURA 10

___________________________________________________________________________________________

Em outros trabalhos são utilizados critérios de inclusão diferentes.

Assim, FELDMAN (1992) em Nova Iorque, usando idades gestacionais acima

de 25 semanas reportam incidência de 0,6%. MINAKAMI et al. (1993), em

estudo japonês, referem incidência também de 0,6% porém com idades

gestacionais acima de 23 semanas.

Em estudo populacional sueco, utilizando-se do registro nacional de

nascimentos daquele país com mais de um milhão de nascimentos

registrados no período de 1983 e 1992, CNATTINGIUS et al. (1998)

encontram incidência global de 0,21% de óbitos fetais. O critério utilizado

para definir óbito fetal, neste estudo, foi de idade gestacional de 28 semanas

ou mais.

Segundo o IBGE, a incidência de óbito fetal em São Paulo é de 1,5%

considerando gestações a partir de 28 semanas de gestação (IBGE, 1997).

3.3. RISCO PROSPECTIVO

Além da incidência, existem outros parâmetros que podem avaliar a

mortalidade fetal. FELDMAN (1992) utilizando o risco prospectivo de óbito

fetal na cidade de Nova Iorque, observa que este diminui à medida que a

gestação progride até 40 semanas de gestação, quando volta a apresentar

uma elevação. O risco de óbito fetal, segundo este autor, é de 1:150 na idade

gestacional de 26 semanas, 1:475 com 40 semanas e de 1:375 com 43

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REVISÃO DA LITERATURA 11

___________________________________________________________________________________________

semanas. Já MINAKAMI et al. (1993) encontram um risco de 1:165 com 23

semanas e 1:909 com 39 semanas de gestação.

3.4. POSSÍVEIS FATORES ASSOCIADOS AO ÓBITO FETAL

3.4.1. PERÍODO DO ESTUDO

Com o progresso e os avanços técnicos que surgiram nos últimos anos,

houve melhoria na qualidade de vida da população e na assistência à saúde.

Estes avanços atingiram todos os setores da medicina, inclusive a Obstetrícia.

Assim, um dos fatores importantes relacionados ao óbito fetal é o período de

estudo. A maioria dos estudos que comparam dois ou mais períodos

históricos apresenta menor mortalidade fetal no período mais recente

(FRETTS et al. 1997, AHLENIUS; THOMASSEN 1999).

FRETTS et al. (1997) notam redução de 60% na incidência de óbito fetal

quando dividiram seu trabalho em dois períodos (1961-1974 e 1978-1995).

Estes autores destacam a redução acentuada na incidência de óbito fetal

durante o trabalho de parto, como uma das principais causas para a melhoria

nos resultados.

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REVISÃO DA LITERATURA 12

___________________________________________________________________________________________

AHLENIUS; THOMASSEN (1999) estudando todos os óbitos fetais

tardios, definidos como aqueles ocorridos antes ou durante o parto com uma

duração da gestação de pelo menos 28 semanas completas, ocorridos na

Suécia nos anos de 1984 e 1991, encontram redução em sua ocorrência de

apenas 8%, de 4 por 1000 para 3,7 por 1000.

3.4.2. SEXO FETAL

KELLOKUMPU-LEHTINEN; PELLINIEMI (1984) estudando a proporção

entre fetos masculinos e femininos em 551 produtos de indução de aborto

por razões médicas ou sociais, entre 5 a 24 semanas de gestação, observam

diminuição clara entre a proporção de fetos masculinos em relação aos

femininos com o aumento da duração da gravidez, sugerindo maior

mortalidade de fetos masculinos que femininos no período da organogênese.

A proporção normalmente relatada de fetos masculinos e femininos ao

nascimento é de 105 a 107 masculinos para 100 femininos (HYTTEN 1982,

KELLOKUMPU-LEHTINEN; PELLINIEMI,1984).

FROEN et al. (2001) encontram mais fetos masculinos entre os óbitos

fetais inexplicados que entre os controles vivos. Já LAMMER et al. (1989)

encontram número maior de óbitos fetais do sexo masculino (7,9 por 1000)

que, no entanto, não é significante em relação à incidência no sexo feminino

(6,8 por 1000).

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REVISÃO DA LITERATURA 13

___________________________________________________________________________________________

3.4.3. IDADE MATERNA

É consenso na literatura mundial que a idade materna avançada está

associada a maior incidência de óbito fetal (NAEYE et al. 1983, FORMAN et al.

1984, KIELY et al. 1986, CUNNINGHAM et al. 1990, LEYLAND; BODDY 1990,

CNATTINGIUS et al. 1992, FELDMAN 1992, CNATTINGIUS et al. 1993, COPPER

et al. 1994, FRETTS et al. 1997, INCERPI et al. 1998, AQUINO et al. 1998,

AHLENIUS; THOMASSEN 1999, STEPHANSSON et al. 2001, FROEN et al. 2001,

WINBO et al. 2001). Alguns estudos não encontram aumento no risco de

óbito fetal ou na mortalidade perinatal com o aumento da idade materna,

mas estes estudos enfocam mulheres de segmentos sócio-econômicos

relativamente mais altos (KIRZ et al. 1985, BARKAN et al. 1987, ALES et al.

1990, BERKOWITZ et al. 1990, EDGE et al. 1993, PRYSAK et al. 1995).

Apesar do declínio da incidência de óbito fetal nos últimos anos, o risco

de óbito fetal aumenta progressivamente com a idade materna e este

aumento é mais pronunciado em mulheres com mais de 35 anos de idade

(YUDKIN et al. 1987, RAYMOND et al. 1994, FRETTS et al. 1995, CNATTINGIUS

et al. 1998). O risco de complicações placentárias aumenta com a idade e

alterações degenerativas vasculares têm sido observadas nas artérias uterinas

e no miométrio em gestantes de idade avançada (NAEYE et al. 1983). Isto

sugere que o óbito fetal possa estar relacionado à idade como conseqüência

de baixa perfusão útero-placentária.

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REVISÃO DA LITERATURA 14

___________________________________________________________________________________________

3.4.4. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Vários autores encontram maior risco de óbito fetal em gestantes que

não tiveram acompanhamento pré-natal adequado (LAMMER et al. 1989,

FELDMAN 1992, AQUINO et al. 1998). Com efeito, DUARTE et al. (1985)

observam redução da incidência de óbito fetal de 3,27% para 0,94%, quando

a gestante realizaa pré-natal adequado e AQUINO et al. (1998) observam

risco sete vezes maior de óbito fetal no grupo com quatro consultas ou

menos de pré-natal quando compara com o grupo com mais de sete

consultas.

DE LORENZI et al. (1999) observam que cerca de 80,7% das gestantes

que apresentam óbito fetal tem acompanhamento pré-natal, com uma média

de consultas realizadas de 4,3. No entanto, segundo as orientações do

Manual de Orientação de Assistência Pré-natal da Federação Brasileira das

Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO, 2000), observa-se que o

acompanhamento pré-natal é inadequado em 56,2% dos casos.

INCERPI et al. (1998), definindo como assistência pré-natal pelo menos

uma consulta médica antes da ocorrência do óbito fetal, observam que 73%

das gestantes com óbito fetal recebem assistência pré-natal.

FOSTER et al. (1992), verificam uma redução na incidência de óbito fetal

com um programa clínico de assistência pré-natal em um hospital secundário

no estado da Virgínia, Estados Unidos. Mesmo, atuando sobre apenas 30%

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REVISÃO DA LITERATURA 15

___________________________________________________________________________________________

das gestantes, a incidência de mortalidade fetal global diminui

significativamente de 11,8 para 7,2 por 1000 nascimentos. Após o término do

estudo, a mortalidade global apresenta índices semelhantes ao do início do

estudo. Estes autores também constatam que a redução da incidência ocorre

em todos os níveis sócio-econômicos, sendo mais importante no grupo de

baixa renda. Há diferença relevante nos índices de prematuridade, diabetes

mellitus, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), rotura

prematura de membranas e sangramento intraparto entre as fases pré-clínica

e clínica do estudo. O óbito fetal sem causa conhecida diminuiu

significativamente.

3.4.5. IDADE GESTACIONAL

Quando é analisada a incidência do óbito fetal nas diferentes idades

gestacionais verifica-se que ele é mais prevalente em idades gestacionais

precoces e no pós-datismo (FELDMAN 1992, GRUBB et al. 1992).

COPPER et al. (1994) observam que 51% dos óbitos fetais ocorrem antes

de 28 semanas e somente 18% ao termo. Para INCERPI et al. (1998) a média

da idade gestacional dos óbitos fetais é de 32 semanas, com 26% em

gestações acima de 36 semanas e 29% de óbitos fetais em gestações até 28

semanas. DE LORENZI et al. (1999), observa que a média da idade gestacional

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REVISÃO DA LITERATURA 16

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dos óbitos fetais é de 31 semanas, com 64,7% dos natimortos com menos de

37 semanas de gestação.

MEIRELLES FILHO et al. (1990), estudando gestantes no Rio de Janeiro,

também verificam maior ocorrência de óbito fetal em idade gestacional

precoce: 41,7% dos óbitos fetais ocorrem entre 28 e 34 semanas, 13% entre

35 e 37 semanas enquanto que 36,1% ocorrem após 37 semanas de

gestação.

FRETTS et al. (1992) não encontram aumento da incidência de óbito

fetal após 40 semanas de gestação, porém estes mesmos autores, em estudo

mais recente verificam que a incidência de óbito fetal inexplicado aumenta

depois de 40 semanas de gestação (FRETTS et al. 1997).

3.4.6. GESTAÇÃO MULTÍPLA

Diversos autores já demonstram que a gestação múltipla é um

importante fator para o óbito fetal (GONEN et al. 1990, BORLUM 1991,

SEBIRE et al. 1997). Este risco é proporcional ao número de fetos (GONEN et

al. 1990, BORLUM 1991). FELDMAN (1992) demonstra que o risco de óbito

fetal em gestações múltiplas é significativamente maior quando comparado

com gestação única. Este risco é sete vezes superior ao da gestação simples

na casuística de LAMMER et al. (1989).

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REVISÃO DA LITERATURA 17

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VAN HETEREN et al. (1998), estudando apenas gestações gemelares

monocoriônicas com síndrome transfusão feto-fetal, observam que

aproximadamente metade dos gêmeos sobreviventes vão apresentar

mortalidade ou séria morbidade, pois a morte de um gemelar após 20

semanas de gestação pode ser seguido de infarto cerebral no gemelar

sobrevivente ou de lesão renal, hepática e cutânea.

AHLENIUS; THOMASSEN (1999) relatam aumento significante na

incidência de óbito fetal tardio em gestações gemelares quando comparadas

com gestações únicas.

3.4.7. CRESCIMENTO FETAL

A restrição do crescimento fetal é reconhecidamente um dos principais

fatores relacionados ao óbito fetal (FRETTS et al. 1992, CNATTINGIUS et al.

1998, SEEDS; PENG 1998, AHLENIUS; THOMASSEN 1999).

Vários fatores de risco estão associados ao comprometimento do

crescimento fetal e o prognóstico para estes fetos pode variar de acordo com

a intensidade e gravidade destes fatores. Em gestações onde a presença de

um feto pequeno para a idade gestacional é esperado, ou seja em gestações

gemelares, ou gestações em mulheres de baixa estatura, sabe-se que o risco

de óbito fetal é menor do que em situações como pré-eclâmpsia ou

tabagismo na gestação (HEINRICH 1992, CNATTINGIUS et al. 1998).

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REVISÃO DA LITERATURA 18

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SEEDS; PENG (1998) estudando os nascimentos ocorridos no estado de

Virgínia (EUA) entre 1991 e 1993 e excluindo as gestações múltiplas e as

malformações fetais, observam que a mortalidade fetal é significativamente

maior quando o peso no nascimento está abaixo do 150 percentil.

AHLENIUS; THOMASSEN (1999), estudando os óbitos fetais tardios

ocorridos na Suécia nos anos de 1984 e 1991, encontram risco

significativamente maior de óbito fetal tardio em fetos com menos de 2500g,

sendo este risco maior em 1984 do que em 1991. Neste estudo, os autores

encontram risco de óbito fetal tardio 30 vezes maior entre os recém-nascidos

com restrição do crescimento quando comparados com os fetos adequados

para a idade gestacional. Para os recém-nascidos grandes para a idade

gestacional, o risco de óbito fetal é cinco vezes maior que o daqueles com

peso adequado para a idade gestacional.

FRETTS et al. (1992) relatam que os óbitos associados com restrição do

crescimento fetal diminuíram entre as décadas de 60 e 80 mas continuam

sendo a segunda causa mais freqüente e conhecida de óbito fetal. O risco

relativo de mortalidade para fetos pequenos para a idade gestacional,

excluindo anomalias congênitas, é de 11,8. Já WINBO et al. (2001) referem

um risco relativo de mortalidade para fetos pequenos para a idade

gestacional de 1,7.

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REVISÃO DA LITERATURA 19

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HSIEH et al. (1997) constatam que o risco de óbito fetal está

inversamente relacionado com o peso fetal, exceto em fetos com peso

superior a 4000g, nos quais o risco aumenta progressivamente com o

aumento do peso. Quando a incidência de óbito fetal é avaliada por grupos

de acordo com o peso no nascimento (variação a cada 500g), observa-se

menor incidência de óbito no grupo entre 3500 e 4000g.

Dos trabalhos da literatura nacional, o de DE LORENZI et al. (1999)

mostra que 65,4% dos casos de óbito fetal apresentam peso adequado para

a idade gestacional, enquanto 14,1% dos natimortos são grandes e 6% são

pequenos para a idade gestacional. Já MEIRELLES FILHO et al. (1990)

encontram 4,1% de crescimento intra-uterino restrito.

3.5. ASPECTOS CLÍNICOS

3.5.1. ANTECEDENTE DE ÓBITO FETAL

História prévia de perda fetal tem sido considerada fator de risco para

óbito fetal em gestação subseqüente. AQUINO et al. (1998) observam que

mais de 6% das pacientes internadas com diagnóstico de óbito fetal

relatavam dois ou mais natimortos anteriores, enquanto somente 1,2% das

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REVISÃO DA LITERATURA 20

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gestantes do grupo controle apresentam este antecedente. Da mesma

maneira, DUARTE et al. (1985) encontram 15,1% de perda fetal repetitiva.

FREEMAN et al. (1985) demonstram que o antecedente de óbito fetal é

fator de risco significativo e concluem que, com a propedêutica atualmente

disponível, estas gestantes merecem vigilância mais freqüente. Segundo

WEEKS et al. (1995) o momento ideal para iniciar monitorização fetal pela

cardiotocografia, é entre a 32a e 34a semanas de gestação.

FRETTS et al. (1992) apesar de encontrarem, nos anos 60, risco de

recorrência de óbito fetal de quatro vezes comparado com mulheres sem

este antecedente (39 versus 11,5 por 1000 nascimentos), nos anos 80 este

antecedente deixa de ser fator de risco (6,1 versus 5,1 da população sem

antecedente de óbito fetal anterior).

FROEN et al. (2001) relatam que o antecedente de óbito fetal não é

considerado fator de risco para os casos de óbito fetal inexplicado, mas é

entre os óbitos fetais explicáveis.

3.5.2. RAÇA

A raça da gestante pode influenciar a incidência de óbito fetal, se

houver associação com as condições sócio-econômicas da gestante. Nos

Estados Unidos, apesar dos nascimentos de gestantes de raça negra

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REVISÃO DA LITERATURA 21

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representarem 16,5% de todos os nascimentos no país, elas são responsáveis

por 26 a 29% dos óbitos fetais (HSIEH et al. 1997). Contudo, estes mesmos

autores, estudando os óbitos fetais ocorridos nos Estados Unidos entre 1979

e 1990, constatam que todos os grupos raciais apresentam declínio na

incidência de óbito fetal, porém esta queda é mais acentuada nas gestantes

de raça branca e outras (22%) do que nas gestantes de raça negra (9,8%).

LAMMER et al. (1989) relata ser o óbito fetal, 2,5 vezes mais freqüente

na raça negra que na raça branca.

3.5.3. CONDUTA NO ÓBITO FETAL

Segundo alguns autores, 75% a 90% das mulheres evoluem para parto

espontâneo em 2 semanas após o diagnóstico do óbito fetal, e a maior parte

das restantes nascem nas 2 semanas seguintes (TRICOMI; KOHL 1957, PITKIN

1987, VISENTIN et al. 1996). Segundo estes autores, o intervalo entre o óbito

e o parto espontâneo varia inversamente com o estágio da gestação.

Algumas doenças estão associadas com período de latência maior, como a

eritroblastose fetal.

Induzir o parto para a resolução do óbito fetal é difícil porque este

ocorre geralmente durante o segundo ou no início do terceiro trimestre da

gestação, quando a cérvix está ainda imatura (BUGALHO et al. 1994).

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REVISÃO DA LITERATURA 22

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Segundo estes autores, o misoprostol intravaginal na dose de 100 g cada

12 horas é um método seguro, prático, econômico e eficaz para induzir o

parto nos casos de óbito fetal.

A administração intravaginal, intramuscular ou intravenosa de derivados

da prostaglandina como gel de prostaglandina E2, sulprostone, ou

prostaglandina F2 têm sido usadas para induzir o parto com sucesso de 91 a

100% (SCHER et al. 1980, LAUERSEN et al. 1981, KANHAI; KEIRSE 1989,

LAUDANKI et al. 1990, BUGALHO et al. 1994). No entanto, estas drogas

requerem cuidados especiais para evitar complicações e tratar efeitos

colaterais. Mais recentemente, o mifepristone (RU 486), um componente

esteróide que antagoniza a ação da progesterona no seu receptor, também

apresenta sucesso em dois terços das mulheres tratadas, sendo uma

alternativa em gestantes com contra-indicação para o uso de prostaglandinas

(CABROL et al. 1990).

VISENTIN et al. (1996), utilizando protocolo de indução baseado na

idade gestacional com Prostaglandina E1 ou E2 intravaginal, observa 90% de

eficácia na indução do parto, com tempo médio de indução de 7,5 horas. Já

KENT et al. (1984), utilizando protocolo semelhante, relatam tempo médio de

indução de 7,9 horas. Os tratamentos destas pacientes com óbito intra-

uterino dependem da idade gestacional determinada pela ultra-sonografia.

MARIANI NETO et al. (1987), estudando 20 mulheres com idades

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REVISÃO DA LITERATURA 23

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gestacionais entre 19 e 41 semanas com feto morto e colo uterino imaturo

utilizando-se do misoprostol por via oral na dose de 0,4 mg a cada quatro

horas, reportam sucesso em todas gestantes. A dose total de misoprostol

variou de 0,4 mg a 2,8 mg, sendo a dose média total administrada de 1,0 mg.

O tempo de resolução variou de 1h e 20 min a 33h e 30min, sendo o tempo

médio de 9h e 12min, não sendo observadas diferenças significantes entre

nulíparas e multíparas. A altura uterina por ocasião da indução variou entre

15 e 25 cm. Não foram observados efeitos colaterais importantes.

Em estudo realizado com 72 casos de óbito fetal, BUGALHO et al. (1994)

descrevem a capacidade do misoprostol administrado por via intravaginal em

induzir o parto. Este trabalho inclui somente gestantes com óbito fetal

confirmado pelo exame ultra-sonográfico, sem cicatrizes uterinas e fora de

trabalho de parto. Após a admissão e seleção para o estudo, meio

comprimido (100 g) de miso prostol era introduzido no fórnix vaginal

posterior. Se a gestante não entrasse em trabalho de parto após 12 horas, a

dose era repetida a cada 12 horas por até 48 horas, até que contrações

uterinas efetivas e dilatação cervical fossem obtidas. O tempo médio para

indução do parto foi de 12,6 horas, mas 81% das pacientes tiveram parto nas

primeiras 18 horas e 92% nas primeiras 24 horas. Somente seis pacientes

(8%) necessitaram mais de 24 horas para a iniciação da indução do parto.

Houve sucesso em todas as gestantes. Não houve nenhum caso de óbito

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REVISÃO DA LITERATURA 24

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materno apenas uma gestante apresentou descolamento prematuro de

placenta, que não necessitou de cesárea.

3.5.4. VIA DE PARTO

A via de parto preferencial para os casos de óbito fetal é a vaginal. O

uso de cesárea é exceção, mas tem suas indicações precisas. Para BRANDT;

HOLMSKOV (1990) dos 60 natimortos estudados, cesárea foi realizada

somente em 2 casos: um caso de descolamento prematuro de placenta e

outro de inserção vilamentosa do cordão umbilical com rotura da veia. Já DE

LORENZI et al. (1999), observam que o parto normal ocorreu em 73% dos

casos e a cesariana em 27% dos casos. No entanto, estes autores incluem os

óbitos que ocorreram durante o parto, e a indicação de cesárea precede o

óbito fetal.

3.6. IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS CAUSAS DO ÓBITO

FETAL

3.6.1. MALFORMAÇÃO FETAL

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REVISÃO DA LITERATURA 25

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A malformação fetal é uma das principais causas relacionadas ao óbito

fetal e a sua incidência pode variar de modo importante de acordo com a

população analisada. COPPER et al. (1994) observam que 5,7% dos óbitos

fetais estavam associados a anomalias congênitas; sendo que 13% destes

eram anomalias cromossômicas e 87% anomalias estruturais. Destas

anomalias, as do sistema nervoso central foram as mais freqüentes (48%).

Anomalias gastrointestinais e cardíacas estavam presentes em 9% dos casos.

FRETTS et al. (1992) observam que os óbitos fetais devido a

anormalidades letais diminuíram entre os anos 70 e 80 (de 10,8 para 5,4 por

10000 nascimentos), pelo fato das gestações com anomalias do sistema

nervoso central terem sido interrompidas antes da viabilidade. Estes mesmos

autores, em estudo mais recente, relatam que esta redução é mais

importante em mulheres com mais de 35 anos de idade devido a maior

atenção dada ao rastreamento pré-natal nesta faixa etária (FRETTS et al.

1997).

INCERPI et al. (1998), observam que, dentre os casos com causa

conhecida ou provável do óbito fetal, 42% são devido a anomalias

cromossômicas ou anatômicas (27% do total de óbitos fetais do estudo).

MEIRELLES FILHO et al. (1990) encontram entre as malformações dois casos

de anencefalia, uma hidrocefalia e uma malformação múltipla.

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REVISÃO DA LITERATURA 26

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3.6.2. DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA

Uma das principais causas obstétricas do óbito fetal é o descolamento

prematuro de placenta (DUARTE et al. 1985, BRANDT; HOLMSKOV 1990,

MEIRELLES FILHO et al. 1990, NIELSON et al. 1991, WILLIAMS et al. 1991,

RAYMOND; MILLS 1993, RASMUSSEN et al. 1996, AHLENIUS; THOMASSEN

1999, ANANTH et al. 1999). Com efeito, COPPER et al. (1994) observam que

este diagnóstico é a causa obstétrica mais comum e de maior risco para o

óbito fetal. FRETTS et al. (1992) afirmam em seu trabalho ser o descolamento

prematuro de placenta, durante os anos 80, a principal causa conhecida de

óbito fetal.

AHLENIUS; THOMASSEN (1999) relatam que as complicações

placentárias aumentam significativamente o risco de óbito fetal, sendo que

entre 1984 e 1991 não houve redução significante no óbito fetal tardio

relacionado a estas condições. Estes autores mostram, ainda, que um

antecedente de descolamento prematuro de placenta em gestação prévia

aumenta significativamente o risco de óbito fetal tardio.

Na literatura nacional, DUARTE et al. (1985) encontram o diagnóstico de

descolamento prematuro de placenta em 26,95% dos óbitos fetais. Da

mesma maneira, MEIRELLES FILHO et al. (1990) encontram 14,9% de

descolamento prematuro de placenta entre os natimortos, sendo a principal

causa conhecida.

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REVISÃO DA LITERATURA 27

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3.6.3. DOENÇA MATERNA ASSOCIADA

Dentre os diversos estudos que procuram determinar as causas

relacionadas à mortalidade fetal, a maioria encontra a presença de doença

materna associada como um importante fator de risco para o óbito fetal.

INCERPI et al. (1998), em seu estudo de óbitos fetais, encontram 5,6%

de mulheres com doença hipertensiva e 0,6% com diabetes mellitus.

AHLENIUS; THOMASSEN (1999) encontram em seu trabalho aumento

não significativo na incidência de óbitos fetais tardios em pacientes com

diabetes (gestacional ou tipo I) e hipertensão (crônica ou gestacional)

quando comparam os anos de 1984 e 1991.

FRETTS et al. (1992) constatam que houveram poucos óbitos devido a

toxemia em fetos adequados para a idade gestacional nos anos 60 ou 80.

Neste mesmo trabalho, os autores observam baixa incidência de óbitos fetais

inexplicados.

DE LORENZI et al. (1999) observam que a síndrome hipertensiva é a

causa mais comum de natimortalidade. Já MEIRELLES FILHO et al. (1990)

encontram, dentre os casos de óbito fetal, 13,3% de toxemia, 3,3% de

diabetes e 2,5% de hipertensão superajuntada. KAHHALE et al. (1991),

estudando 1449 gestantes com hipertensão arterial na gravidez cujos partos

ocorreram na Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina da Universidade

de São Paulo entre agosto de 1985 e agosto de 1990, encontram 2,7% de

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REVISÃO DA LITERATURA 28

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natimortalidade. A incidência de óbito fetal na pré-eclâmpsia leve e na

hipertensão crônica são similares àquelas da população geral, porém em

casos de pré-eclâmpsia grave, eclâmpsia e pré- eclâmpsia superajuntada são

muito superiores. Estes autores concluem, ainda, que 77% dos casos de

natimortos nestas pacientes poderiam ser evitados com tratamento

adequado.

AQUINO (1997) em interessante dissertação de mestrado, identifica

como principais fatores de risco para o óbito fetal, o diagnóstico de sífilis,

admissão hospitalar durante a gestação por qualquer motivo, diagnóstico de

diabetes durante a admissão do parto, hipertensão durante a gravidez e

anemia durante a admissão para o parto.

STEPHANSSON et al. (2001) estudando apenas pacientes nulíparas com

óbito fetal encontram como fatores de risco para o óbito fetal o sobrepeso

materno, diabetes mellitus, diabetes gestacional que necessite de

insulinoterapia, hipertensão arterial crônica e pré-eclâmpsia grave ou

eclâmpsia.

3.6.4. ISOIMUNIZAÇÃO RH

Com o reconhecimento da isoimunização Rh como importante fator de

risco para o óbito fetal e com o desenvolvimento de tratamento eficaz para

diminuir este risco, houve queda acentuada na incidência de mortalidade

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REVISÃO DA LITERATURA 29

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fetal por esta causa. Segundo um estudo que compara dois períodos

históricos, a incidência de óbito fetal devido a isoimunização Rh caiu de 4,3

para 0,7 por 10.000 nascimentos, uma diminuição de 83% nos anos 70 e de

95% nos anos 80 (FRETTS et al. 1992).

DUARTE et al. (1985) encontra a isoimunização Rh em 4,5% das

gestantes com perdas fetais repetitiva.

3.6.5. INFECÇÃO FETAL

A infecção fetal é uma causa reconhecida de óbito fetal. MEIRELLES

FILHO et al. (1990) encontram como causa de óbito fetal a infecção em 5%

dos casos. Segundo outros autores, a incidência de óbito fetal devido a

infecção intra-uterina não mudou em 3 décadas do estudo (FRETTS et al.

1992). Estes mesmos autores observam que entre os óbitos fetais atribuídos à

infecção intra-uterina, 60% tinham evidências patológicas de infecção fetal; o

restante mostrou apenas inflamação placentária.

3.6.6. ÓBITO FETAL INEXPLICADO

Na maioria dos trabalhos que estudam óbito fetal, não é possível

atribuir uma causa bem definida a uma certa parcela dos casos. Dados da

literatura demonstram que a porcentagem de natimortos onde não se

identifica a causa pode variar de 9 a 43% (LAUBE; SCHAUBERGER 1982,

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REVISÃO DA LITERATURA 30

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YUDKIN et al. 1987, BRANDT; HOLMSKOV 1990, MEIRELLES FILHO et al. 1990,

FRETTS et al. 1992, WALLES et al. 1994, INCERPI et al. 1998, FROEN et al.

2001). Estes óbitos constituem um grande desafio da obstetrícia, tanto em

termos de cuidados fetais quanto em termos da necessidade de informações

e aconselhamento para o casal afetado.

INCERPI et al. (1998) analisam retrospectivamente 745 natimortos

ocorridos de janeiro de 1990 a dezembro de 1994 na cidade de Los Angeles

com o objetivo de determinar os exames necessários para identificar a causa

do óbito fetal. Dentre os testes realizados neste estudo estavam: tipagem

sangüínea, fator Rh, triagem de anticorpos, anticorpo antinuclear, teste de

Kleihauer-Betke, contagem de células sangüíneas completa, teste de reação

da plasmina rápida, teste de sangue materno para rastreamento de infecção

recente por toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simples vírus,

além de exame macroscópico e microscópico da placenta e autópsia fetal. A

conclusão é que os melhores exames para elucidar a causa do óbito fetal são

a análise macroscópica e microscópica da placenta e a autópsia. Estes

autores, apesar de uma análise minuciosa dos casos, relatam incidência de

36% de óbitos fetais inexplicáveis. Outros autores encontram, entre os casos

de óbito inexplicado, o sangramento materno-fetal como a causa do óbito

(LAUBE; SCHAUBERGER, 1982).

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REVISÃO DA LITERATURA 31

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No Brasil, DUARTE et al. (1985) encontram incidência de 20,2% de

óbitos fetais de causa não esclarecida, enquanto DE LORENZI et al. (1999)

encontram 19,2% de óbito fetal inexplicável. Já MEIRELLES FILHO et al. (1990)

encontram 9,1% de natimortalidade indeterminada.

FRETTS et al. (1992) encontram que a incidência de óbito fetal

inexplicada diminuiu de 38,1 para 13,6 por 10.000 nascimentos entre a

década de 60 e 80, mas continua a representar mais que um quarto de todos

os óbitos fetais.

FROEN et al. (2001) estudando somente os óbitos fetais inexplicáveis

(incidência de 1/1000 em seu estudo), encontram como fatores de risco para

este evento o aumento da idade gestacional, idade materna avançada,

tabagismo acima de 10 cigarros/dia, pouca escolaridade e excesso de peso

ou obesidade materna. Estes autores observam ainda que estes ocorrem

significativamente mais tarde na gravidez que o óbito fetal de outras causas.

Ao contrário, YUDKIN et al. (1987) encontram uma maior incidência de óbito

fetal inexplicado em partos pré-termo, com redução dos casos inexplicados

com o decorrer da gestação.

3.7. AUTÓPSIA

A autópsia é um dos últimos recursos, de que dispõe o obstetra, para

determinar a causa de alguns casos de óbito fetal. Apesar disto, algumas

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REVISÃO DA LITERATURA 32

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vezes o feto encontra-se macerado, o que impossibilita o diagnóstico da

causa. A maceração é caracterizada pelo amolecimento e desprendimento da

pele, descoloração e amolecimento das vísceras e acúmulo de líquido nas

cavidades do corpo (STRACHAN 1922, POTTER; CRAIG 1975). A presença de

maceração do feto indica que o parto é realizado tardiamente em relação à

provável data do óbito fetal. Segundo GENEST et al. (1992b), uma

descamação da pele de 1 cm e descoloração vermelho-acastanhada do coto

umbilical se correlaciona com um intervalo óbito-parto de seis horas ou mais.

Entretanto, de acordo com estes autores, o exame histológico dos tecidos

fetais com método hematoxilina-eosina é mais acurado na determinação do

tempo entre o óbito e o parto (GENEST et al., 1992a).

MEIRELLES FILHO et al. (1990) encontram 11,1% de fetos macerados

enquanto BRANDT; HOLMSKOV (1990) realizam autópsia em 87% de seus

casos e em 93% deles os fetos estavam macerados.

A importância da autópsia reside no fato de que, em alguns casos, a

causa do óbito fetal pode ser determinada unicamente através dos seus

resultados ou o diagnóstico pode ser mudado após a sua realização (SHEN-

SCHWARZ et al. 1989, SALLER et al. 1995). Segundo MEIER et al. (1986) a

autópsia é o único meio de estabelecer a causa da perda fetal em 26% dos

casos, e em 10,6% dos casos para outros autores (BRANDT; HOLMSKOV

1990). Um diagnóstico não suspeitado pode estar presente em 22 até 50%

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REVISÃO DA LITERATURA 33

___________________________________________________________________________________________

das autópsias (GOLDMAN et al. 1983, LANDEFELD et al. 1988). Além disto, ela

pode não alterar o diagnóstico clínico mas pode acrescentar dados

relevantes, inesperados, que podem necessitar de aconselhamento genético

para futuras gestações (SALLER et al. 1995).

Não é consenso realizar autópsia em todos os casos de óbito fetal.

INCERPI et al. (1998) realizam-na em 62% dos casos, enquanto FRETTS et al.

(1992) em 97% dos casos. FROEN et al. (2001) realizando autópsia e exame

histólogico da placenta em 88% dos casos de óbito fetal, observam que um

quarto de todos os óbitos fetais permanecem inexplicados.

3.8. EXAME DA PLACENTA

O exame da placenta pode contribuir, segundo alguns autores, para

detectar causas útero-placentárias determinantes do óbito fetal.

INCERPI et al. (1998), realizando exame da placenta em 71% dos casos,

encontram como achados placentários anormais corioamnionite, múltiplos

infartos, hemorragia, coágulos, vasculopatia oclusiva e vilosite aguda ou

crônica. Estes achados são consistentes com infecção, descolamento

prematuro de placenta e mudanças vasculares freqüentemente vistas em

fetos acometidos com restrição do crescimento intra-uterino ou pré-

eclâmpsia.

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REVISÃO DA LITERATURA 34

___________________________________________________________________________________________

DUARTE et al. (1985) observam que o exame anatomopatológico da

placenta não consegue detectar fator que explique a morte fetal, pouco

contribuindo neste sentido.

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4.CASUÍSTICA E MÉTODO

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CASUÍSTICA E MÉTODO 33

__________________________________________________________________________________________

4.1. CASUÍSTICA

Trata-se de um estudo retrospectivo de 411 gestantes, apresentando

um ou mais óbitos fetais (418 natimortos) selecionadas de um total de 11442

pacientes (11733 partos) assistidas na Clínica Obstétrica do Departamento de

Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) realizado no período

compreendido entre primeiro de janeiro de 1993 e 31 de dezembro de 1998.

Foi considerado como óbito fetal a morte do feto pesando 500g ou mais. No

mesmo período, outras 105 gestantes apresentaram um ou mais óbitos fetais

(108 natimortos) mas os respectivos prontuários não foram encontrados. Este

trabalho foi aprovado pela Comissão de Análise de Projetos de Pesquisa do

Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo conforme Termo de Consentimento (Anexo A).

A idade das gestantes variou entre 13 e 45 anos, com média de 27,2

anos com desvio padrão de 6,8 anos. As Tabelas 1 a 3 mostram a distribuição

das gestantes segundo a raça, estado civil e escolaridade. Duas gestantes

apresentaram óbito fetal de repetição durante o período de estudo.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 34

__________________________________________________________________________________________

TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO A RAÇA - HCFMUSP (1993-1998)

Raça Número de gestantes %

Branca 215 54,6

Parda 131 33,2

Negra 44 11,2

Amarela 4 1,0

Total 394* 100

* - Em 17 gestantes a raça não constava do prontuário ou a gestante apresentou mais de um óbito fetal.

TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO A ESCOLARIDADE - HCFMUSP (1993-1998)

Escolaridade Número de gestantes %

Analfabetismo 14 3,8

Primário 257 69,5

Secundário 84 22,7

Superior 15 4,0

Total 370* 100

* - Em 41 gestantes a escolaridade não constava do prontuário ou a gestante apresentou mais de um óbito fetal.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 35

__________________________________________________________________________________________

TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO ESTADO CIVIL - HCFMUSP (1993-1998)

Estado Civil Número de gestantes

%

Solteira 100 26,6

Casada 179 47,6

Concubina 90 23,9

Separada/Desquitada 4 1,1

Viúva 3 0,8

Total 376* 100

* - Em 33 gestantes o estado civil não constava do prontuário ou a gestante apresentou mais de um óbito fetal.

4.2. ASPECTOS CLÍNICOS

A Tabela 4 apresenta a distribuição das gestantes de acordo com a

presença ou não de intercorrências clínicas ou obstétricas.

TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO A PRESENÇA DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS OU OBSTÉTRICAS - HCFMUSP (1993-1998)

Antecedentes Número de gestantes

%

Presença 189 46,0

Ausência 222 54,0

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CASUÍSTICA E MÉTODO 36

__________________________________________________________________________________________

Total 411 100

A Tabela 5 discrimina os tipos de intercorrência e sua distribuição no

estudo dos prontuários das 411 gestantes que apresentaram óbito fetal.

TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO O TIPO DE INTERCORRÊNCIA CLÍNICA OU OBSTÉTRICA - HCFMUSP (1993-1998)

Antecedentes Número de gestantes*

Hipertensão Arterial Sistêmica 61

Transfusão Sangüínea 22

Pneumopatias 19

Alergia 17

Hemopatias/Anemias 15

Cardiopatia 13

Diabetes Mellitus 11

Nefropatias 9

Doenças Sexualmente Transmissíveis 8

Neuropatias 7

Gemelaridade 5

Infertilidade 4

Outras Endocrinopatias 4

Doenças Hereditárias 2

Malformações 2

Moléstia Trofoblástica 2

Colagenoses 2

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CASUÍSTICA E MÉTODO 37

__________________________________________________________________________________________

Diabetes Gestacional 1 * - Algumas gestantes apresentavam mais de um antecedente mórbido

A Tabela 6 mostra a distribuição das gestantes segundo presença ou

não de antecedente ginecológico ou obstétrico.

TABELA 6 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO A PRESENÇA DE ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS OU OBSTÉTRICOS HCFMUSP (1993-1998)

Antecedentes Número de gestantes

%

Presença 89 21,7

Ausência 322 78,3

Total 411 100

A Tabela 7 lista os tipos e a distribuição de antecedentes ginecológicos

encontrados no estudo das 411 gestantes que apresentaram óbito fetal.

TABELA 7 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO O TIPO DE ANTECEDENTE GINECOLÓGICO E OBSTÉTRICO - HCFMUSP (1993-1998)

Antecedente Número de gestantes

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CASUÍSTICA E MÉTODO 38

__________________________________________________________________________________________

Cesárea 60

Cauterização do colo uterino 12

Salpingectomia 5

Miomectomia 4

Perineoplastia 3

Cirurgia sobre o ovário 2

Amputação do colo uterino 1

Exérese nódulo de mama 1

Circlagem 1

Em relação aos antecedentes obstétricos, 146 gestantes (35,5%) eram

primigestas enquanto 265 eram multigestas. Das multigestas, o número de

gestações variou de dois a dez (Tabela 8). Do total de 265 multigestas, 121

(45,7%) apresentavam antecedente de abortamentos, sendo 101

espontâneos e 20 provocados. O número de abortamentos por gestante

variou de um a seis.

TABELA 8 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO O NÚMERO DE GESTAÇÕES HCFMUSP (1993-1998)

Número de gestações Número de gestantes

Primigestas 1 146

2 94

3 68

4 37

Multigestas 5 33

6 9

7 12

8 7

9 2

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CASUÍSTICA E MÉTODO 39

__________________________________________________________________________________________

10 3

Em relação à idade materna, as gestantes foram divididas em três

grupos: gestantes com idade igual ou inferior a 19 anos, gestantes com idade

entre 20 e 34 anos e o terceiro grupo com idade igual ou superior a 35 anos.

Das 394 gestantes com informação sobre o acompanhamento pré-

natal, 356 (90,4%) fizeram acompanhamento pré-natal (definido como pelo

menos uma consulta médica anterior ao óbito fetal), sendo que 196

gestantes (55%) foram acompanhadas no Serviço e 152 fizeram pré-natal em

outras instituições de saúde. Oito gestantes iniciaram o acompanhamento

pré-natal em outro serviço e foram posteriormente encaminhadas para

acompanhamento pré-natal no Serviço (Tabela 9). O número de consultas

variou de 1 a 18, com média de 4,6 consultas e desvio padrão de 3 consultas.

TABELA 9 - DISTRIBUIÇÃO DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL SEGUNDO O LOCAL DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL - HCFMUSP (1993-1998)

Pré-natal Número de gestantes

%

No Serviço 196 49,7

Outro serviço 152 39,6

Ambos 8 2,0

Não Fizeram 38 9,7

Total 394* 100

* - Em 17 gestantes este dado não constava do prontuário.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 40

__________________________________________________________________________________________

Com respeito à idade gestacional o trabalho de parto foi classificado em

prematuro, termo e pós-datismo. O trabalho de parto prematuro foi definido,

segundo a Organização Mundial de Saúde, como aquele que ocorre antes da

37a semana de gestação (CHISWICK et al. 1986). Quando o parto ocorreu

após a 42a semana de gestação, considerou-se como pós-datismo. Os

restantes foram considerados como parto a termo.

Os fetos foram divididos, segundo o peso ao nascimento, em baixo

peso, normal e macrossômico. O feto com peso inferior a 2500g foi

classificado como baixo peso enquanto aquele com peso superior a 4000g foi

classificado como macrossômico (CUNNINGHAM et al., 1993). Os fetos com

peso entre esses dois extremos, foram classificados como tendo peso normal.

Os fetos com muito baixo peso (inferior a 1500g) e extremo baixo peso

(inferior a 1000g) foram agrupados no grupo de fetos com baixo peso.

Para estudar a adequação do peso fetal em relação à idade gestacional,

os fetos foram classificados em pequeno para a idade gestacional (PIG),

grande para a idade gestacional (GIG) e adequado para a idade gestacional

(AIG). A determinação da adequação do peso fetal em relação à idade

gestacional foi realizada segundo a curva de normalidade de BRENNER et al.

(1976) quando a idade gestacional era inferior a 31 semanas (Anexo B) e a de

RAMOS (1983), a partir de 31 semanas (Anexo C). Foram considerados PIG os

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CASUÍSTICA E MÉTODO 41

__________________________________________________________________________________________

fetos com peso inferior ao 10o percentil e GIG aqueles com peso superior ao

90o percentil das curvas utilizadas (CUNNINGHAM et al., 1993).

O peso das gestantes variou de 39,5 Kg a 106,9 Kg com média de 67,2

Kg (DP 12,2 Kg). A altura variou entre 120 cm a 179 cm, com média de 156,9

cm (DP 6,8 cm). O índice de massa corpórea (definido pela divisão do peso,

em Kg, sobre o quadrado da altura, em metros) variou de 17,9 a 44,3 Kg/m2

com média de 27,5 (DP 4,8 Kg/m2).

A Tabela 10 mostra os resultados dos principais exames laboratoriais

realizados antes do trabalho de parto em relação ao número de gestantes em

que esses exames foram realizados.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 42

__________________________________________________________________________________________

TABELA 10 - EXAMES LABORATORIAIS DAS GESTANTES QUE APRESENTARAM ÓBITO FETAL – HCFMUSP (1993-1998)

Exames Valores Número de gestantes

%

Hemoglobina (mg/dL)

≥ 10

< 10

253

35

87,8

12,2

Hematócrito (%)

≥ 30

< 30

260

25

91,2

8,8

Sorologia HIV

positiva

negativa

3

227

1,3

98,7

RSS

positiva

negativa

3

244

1,2

98,8

Sorologia Chagas

positiva

negativa

5

185

2,6

97,4

Protoparasitológico

de fezes

positivo

negativo

57

101

36,1

63,9

Sorologia Toxoplasmose

negativa

IGM +

IGG +

20

3

172

10,3

1,5

88,2

Sorologia Rubéola

negativa

IGM +

IGG +

8

1

189

4,0

0,6

95,4

Sorologia CMV

negativa

IGM +

IGG +

4

0

24

14,3

-

85,7

Tipo

Sangüíneo

A

B

O

AB

108

59

174

15

30,3

16,6

48,9

4,2

Rh positivo 310 87,1

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CASUÍSTICA E MÉTODO 43

__________________________________________________________________________________________

negativo 46 12,9

4.3. MÉTODO

Quando foram estudadas as características relativas à gestante, como a

idade materna, acompanhamento pré-natal etc., a análise enfocou o número

total de gestantes, que foi de 11442. No entanto, quando foram estudadas as

características dos fetos, como sexo e peso por exemplo, foi utilizado o

número total de partos (11733) para podermos estudar adequadamente as

gestações gemelares.

4.3.1. ESTUDO DA INCIDÊNCIA DO ÓBITO FETAL

Para este estudo foram consideradas 11442 parturientes assistidas na

Clínica Obstétrica do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia num total

de 11733 partos, incluindo todos os nativivos e natimortos no período de

1993 a 1998 (SCHUPP et al. 2000). Os dados foram extraídos do livro de parto

do Serviço.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 44

__________________________________________________________________________________________

4.3.2. ESTIMATIVA DO RISCO PROSPECTIVO

O risco é dado pela divisão do número de óbitos fetais em uma

determinada idade gestacional ou após sobre o número total de nascimentos

(nativivos e natimortos) nesta idade gestacional ou após (FELDMAN, 1992).

Esta fórmula calcula o risco de mortalidade fetal à medida que a gestação

progride. Para este cálculo foram consideradas 11442 parturientes assistidas

na Clínica Obstétrica do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia num

total de 11733 partos, incluindo todos os nativivos e natimortos no período

de 1993 a 1998 (SCHUPP et al. 2000). Os dados foram extraídos do livro de

parto do Serviço.

4.3.3. ANÁLISE DOS FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE FETAL

Foram estudados os possíveis fatores relacionados ao óbito fetal,

classificando-os segundo as categorias definidas anteriormente (Tabela 11).

Para este estudo foram consideradas 11442 parturientes assistidas na Clínica

Obstétrica do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia num total de

11733 partos, incluindo todos os nativivos e natimortos no período de 1993 a

1998 (SCHUPP et al. 2000). Os dados foram extraídos do livro de parto do

Serviço.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 45

__________________________________________________________________________________________

4.3.4. ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO DO ÓBITO FETAL

A análise multivariada dos fatores associados à mortalidade fetal (Tabela

11) permite eleger aqueles que apresentam maior risco relativo. Para este

estudo foram consideradas 11442 parturientes assistidas na Clínica Obstétrica

do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia num total de 11733 partos,

incluindo todos os nativivos e natimortos no período de 1993 a 1998

(SCHUPP et al. 2000).

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CASUÍSTICA E MÉTODO 46

__________________________________________________________________________________________

TABELA 11 - POSSÍVEIS FATORES RELACIONADOS COM A MORTALIDADE FETAL - HCFMUSP (1993-1998)

Possíveis fatores prognósticos Categorias

Período do parto 1993-1995

1996-1998

Sexo fetal Masculino

Feminino

Idade (anos) ≤ 19

20 a 34

≥ 35

Acompanhamento pré-natal ausência

presença

Idade Gestacional prematuro

termo

pós-datismo

Gemelaridade ausência

presença

Peso fetal normal

macrossômico

baixo peso

Adequação do peso fetal PIG

AIG

GIG

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CASUÍSTICA E MÉTODO 47

__________________________________________________________________________________________

4.3.5. ANÁLISE DOS ASPECTOS CLÍNICOS

Entre os 11733 partos ocorridos na Clínica Obstétrica do Departamento

de Obstetrícia e Ginecologia, encontravam-se 526 óbitos fetais (516

gestantes). Na procura dos prontuários destas 516 gestantes, foram

encontrados 411 prontuários (418 óbitos fetais). Desta maneira, foi possível o

estudo detalhado destas gestantes analisando-se os seguintes aspectos

clínicos: Antecedente de óbito fetal, modo de resolução do óbito fetal, tipo

de anestesia, tempo decorrido entre o início da indução e a resolução do

óbito fetal, mortalidade materna, procedimentos complementares e

complicações.

4.3.6. ESTUDO DA ETIOLOGIA DO ÓBITO FETAL

Conforme já explicado no ítem anterior, a análise detalhada dos

prontuários das gestantes que apresentaram um ou mais óbitos fetais só foi

possível em 411 gestantes (418 óbitos fetais). As possíveis causas do óbito

fetal foram determinadas a partir de dados clínicos, exame anátomo-

patológico da placenta e autópsia.

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CASUÍSTICA E MÉTODO 48

__________________________________________________________________________________________

4.3.7. ANÁLISE DE DOENÇAS MATERNAS E INTERCORRÊNCIAS OBSTÉTRICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O ÓBITO FETAL DE CAUSA INDETERMINADA

Foram estudadas as doenças maternas e intercorrências obstétricas de

menor gravidade não determinantes do óbito fetal mas que de certa forma

poderiam contribuir para o óbito fetal. Para esta análise foram estudados 411

prontuários de gestantes com um ou mais óbitos fetais (418 óbitos fetais).

4.4. OPERACIONALIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS

A coleta dos dados de todos os partos realizados na Clínica Obstétrica

do HCFMUSP no período entre 1993 e 1998 foi obtida através de consulta

dos livros de parto do Serviço. Todos os nascimentos são obrigatoriamente

registrados no livro de parto do Centro Obstétrico. Os registros hospitalares

de todos os casos de óbito fetal foram anotados e o seu prontuário foi

analisado em detalhe, por meio de levantamento no Serviço de Arquivo

Médico do HCFMUSP. Todos os prontuários foram analisados unicamente

pela autora, através do preenchimento do instrumento de coleta de dados

(Anexo D). Os prontuários não localizados foram excluídos do estudo. Todos

os dados foram transferidos para um computador pessoal e armazenados em

planilha eletrônica de cálculo (Microsoft® Excel 97).

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CASUÍSTICA E MÉTODO 49

__________________________________________________________________________________________

4.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Com base nos fatores que poderiam influenciar a mortalidade fetal, as

gestantes do grupo de referência e que apresentaram óbito fetal foram

agrupadas em diferentes categorias indicadas na Tabela 11. Esses fatores

foram avaliados individualmente por meio de análise univariada, para

identificar aqueles com valor estatisticamente significante. A seguir os

principais fatores foram estudados em análise multivariada utilizando-se da

regressão logística. O número de casos para a análise de alguns fatores foi

menor, pois não se conseguiu obter dados completos de todas as gestantes

estudadas.

Para identificar os fatores associados à mortalidade fetal foi feita análise

univariada com teste do qui-quadrado. Para analisar a tendência de aumento

da incidência de óbito fetal com o aumento da idade materna foi utilizada

curva de regressão linear. A análise multivariada foi realizada usando o

modelo de regressão de Cox pelo programa de análise estatística

previamente elaborado para computador (SPSS Inc. 1993). As diferenças com

valor de probabilidade menor que 0,05 foram consideradas estatisticamente

significantes.

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5.RESULTADOS

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RESULTADOS 49

__________________________________________________________________________________________

5.1. INCIDÊNCIA DE ÓBITO FETAL

No período de 01 de janeiro de 1993 a 31 de dezembro de 1998, 11442

gestantes foram assistidas na Clínica Obstétrica do Departamento de

Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo, perfazendo um total de 11733 partos.

Deste total, foram identificadas 516 gestantes que apresentaram um ou

mais óbitos fetais (total de 526 óbitos fetais), uma incidência de 4,5%.

5.2. RISCO PROSPECTIVO DE ÓBITO FETAL

As distribuições dos fetos nativivos e natimortos, segundo a idade

gestacional, estão nas Figuras 1 e 2. A porcentagem acumulada de

natimortos e nativivos com a evolução da gestação pode ser observada na

Figura 3.

Quando foi calculado o risco prospectivo de óbito fetal nas gestantes

que tiveram o seu parto na Clínica Obstétrica, obteve-se a curva da Figura 4.

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RESULTADOS 50

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 1. Número de nativivos de acordo com a idade

gestacional (HCFMUSP 1993-1998).

FIGURA 2. Número de natimortos de acordo com a idade gestacional

(HCFMUSP 1993-1998).

10 10 19 26 43 56 7390 132151

186179228271365

549

878

1191

1892

2372

1953

691

248

190

500

1000

1500

2000

2500

20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42

Idade Gestacional (semanas)

Número de nativivos

97

13

18

262927

33

4038

34

2826

33

18

2523

31

18

1412

9

4

00

10

20

30

40

50

20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42

Idade Gestacional (semanas)

Número de natimortos

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RESULTADOS 51

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 3. Proporção acumulada de nativivos e de natimortos de

acordo com a idade gestacional (HCFMUSP 1993-1998).

FIGURA 4. Risco prospectivo de óbito fetal (HCFMUSP 1993-1998).

0

20

40

60

80

100

20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42

Idade Gestacional (semanas)

Número acumuado (%)

Nativivos

Natimortos

0

1

2

3

4

5

20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42

Idade Gestacional (semanas)

Risco prospectivo de óbito fetal (%)

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RESULTADOS 52

__________________________________________________________________________________________

5.3. POSSÍVEIS FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE

FETAL

5.3.1. ANÁLISE UNIVARIADA

5.3.1.1. PERÍODO DE ESTUDO

No período de 1993 a 1995, 5315 partos foram realizados no Serviço,

dos quais 262 foram por óbito fetal, uma incidência de 4,9%. No período

mais recente, de 1996 a 1998, 6418 partos foram assistidos na Clínica

Obstétrica do HCFMUSP com total de 264 óbitos fetais, uma incidência de

4,1% (Tabela 12 e Figura 5). Esta diferença foi estatisticamente significante (p

< 0,05).

TABELA 12 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO PERÍODO DE ESTUDO HCFMUSP (1993-1998)

Período No total de partos No de óbitos fetais %

1993 a 1995 5315 262 4,9

1996 a 1998 6418 264 4,1

Total 11733 526 4,5

χ2= 4,52 / p=0,0335

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RESULTADOS 53

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 5. Incidência de óbito fetal conforme o período estudado

(HCFMUSP).

5.3.1.2. SEXO FETAL

Do total de 11733 partos da população de referência, 5982 fetos eram

do sexo masculino (51%), 5697 do sexo feminino (48,5%) e 54 com sexo não

referido. Dentre os óbitos fetais 244 eram do sexo masculino (46,4%), 256 do

feminino (48,7%) e 26 com sexo não referido. A incidência de óbito entre

5315

262

6418

264

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

1993-1995 1996-1998

PARTOS

OF

pp << 00,,0055

ppeerrííooddoo

44,,99%% 44,,11%%

Page 77: Óbito fetal em um hospital universitáriomaternidadetardia.com/mestrado.pdf · Fetal death is a paramount complication of pregnancy with significant clinical, obstetric and emotional

RESULTADOS 54

__________________________________________________________________________________________

fetos do sexo masculino foi de 4,1% e entre os de sexo feminino foi de 4,5%

(Tabela 13 e Figura 6). Esta diferença não foi significativa do ponto de vista

estatístico (p > 0,05).

TABELA 13 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO SEXO FETAL - HCFMUSP (1993-1998)

Sexo No total de partos

No de óbitos fetais %

Masculino 5982 244 4,1

Feminino 5697 256 4,5

Não disponível 54 26 -

Total 11733 526 4,5

χ2= 1,22 / p=0,2685

5982

244

5697

256

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

MASCULINO FEMININO

PARTOS

OF

44,,11%% NNSS 44,,55%%

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RESULTADOS 55

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 6. Incidência de óbito fetal conforme o sexo fetal

(HCFMUSP 1993-1998).

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RESULTADOS 56

__________________________________________________________________________________________

5.3.1.3. IDADE DA GESTANTE

Entre as gestantes da população de referência foram observadas 1586

gestantes com idade igual ou inferior a 19 anos, 8037 gestantes com idade

entre 20 e 34 anos, 1670 gestantes com idade igual ou superior a 35 anos e

149 sem este dado no prontuário. Dentre as gestantes que apresentaram

óbito fetal, 73 tinham idade igual ou inferior a 19 anos, 354 com idade entre

20 e 34 anos e 80 com 35 anos ou mais. A incidência de óbito fetal entre

gestantes com idade igual ou inferior a 19 anos foi de 4,6%, entre as

gestantes com idade entre 20 e 34 anos foi de 4,4% e entre as com 35 anos

ou mais foi de 4,8%. A comparação dos extremos de idade com as gestantes

com idade entre 20 e 34 anos não apresentou diferença significante (p >

0,05) (Tabela 14).

TABELA 14 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO IDADE DA GESTANTE HCFMUSP (1993-1998)

Idade No total de gestantes No de óbitos fetais %

≤ 19 anos* 1586 73 4,6

20 a 34 anos 8037 354 4,4

≥ 35 anos** 1670 80 4,8

Não disponível 149 9 -

Total 11442 516 4,5

*χ2 = 0,12 / p = 0,7262 **χ2 = 0,48 / p = 0,4876

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RESULTADOS 57

__________________________________________________________________________________________

Em relação às gestantes com idade igual ou superior a 40 anos

observamos 467 gestantes neste grupo etário, com 25 casos de óbito fetal,

uma incidência de 5,4%. Quando este último grupo é comparado ao das

gestantes com idade entre 20 e 34 anos, também não se observa diferença

significante (p > 0,05 ; χ2 = 1,03 ; p = 0,3112).

No entanto, apesar de não haver diferença estatisticamente significante

quando analisamos as gestantes em grupos etários, existe uma tendência a

um aumento na incidência de óbito fetal com o aumento da idade materna.

A Figura 7 mostra a incidência de óbito fetal em relação à idade materna,

enquanto a Figura 8 mostra a incidência de óbito fetal à medida que a idade

materna progride.

1586

73

8037

354

1670

80

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

<= 19 20 - 34 >= 35

PARTOS

OF

44,,66%% NNSS 44,,44%% 44,,88%%

aannooss

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RESULTADOS 58

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 7. Incidência de óbito fetal conforme a idade materna

(HCFMUSP 1993-1998).

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RESULTADOS 59

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 8. Incidência de óbito fetal à medida que a idade materna

progride (HCFMUSP 1993-1998). A linha vermelha mostra a

tendência da curva, através de regressão linear. (Índice de

determinação r2 = 0,0395).

5.3.1.4. ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL

No período estudado, 8427 gestantes (73,6%) tiveram algum tipo de

assistência pré-natal enquanto 2901 (25,4%) não passaram por nenhuma

consulta obstétrica antes do parto. Em 114 gestantes este dado não foi

disponível. Dentre as gestantes que tiveram algum tipo de acompanhamento

da gestação, 278 apresentaram óbito fetal. No grupo das gestantes sem

nenhuma assistência pré-natal, 225 apresentaram óbito fetal. A incidência de

óbito fetal em gestantes sem acompanhamento pré-natal foi superior (p<

2

4

6

8

10

10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade Materna (anos)

Incidência de Óbito Fetal (%)

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RESULTADOS 60

__________________________________________________________________________________________

0,0001) àquela observada entre mulheres que tiveram acompanhamento da

gestação (Tabela 15 e Figura 9).

TABELA 15 - MORTALIDADE FETAL NO HCFMUSP (1993-1998) SEGUNDO O ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL

Pré-natal No total de gestantes No de óbitos fetais %

Presença 8427 278 3,3

Ausência 2901 225 7,8

Não disponível 114 13 -

Total 11442 516 4,5

χ2 = 101,03 / p= 0,0000

8427

278

2901

225

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

PRESENÇA AUSÊNCIA

PARTOS

OF

33,,33%% 77,,88%% pp <<

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RESULTADOS 61

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 9. Incidência de óbito fetal conforme a presença de

acompanhamento pré-natal (HCFMUSP 1993-1998).

5.3.1.5. IDADE GESTACIONAL

No período estudado, 3098 gestantes (27,3%) tiveram parto prematuro,

8137 tiveram parto a termo (71,7%) e 115 apresentaram pós-datismo (1%).

Em 92 gestantes este dado não foi disponível. Dentre as gestantes que

apresentaram trabalho de parto prematuro, 426 apresentaram óbito fetal,

enquanto que das 115 que apresentaram pós-datismo, 2 apresentaram óbito

fetal. Entre as 8137 gestantes com parto a termo, 84 apresentaram óbito

fetal. A incidência de óbito fetal em gestantes com trabalho de parto

prematuro foi estatisticamente superior (p<0,0001) àquela observada entre

mulheres que tiveram gestação a termo. Não houve diferença estatística

entre as gestantes com gestação a termo quando comparadas com as que

apresentaram pós-datismo no que concerne a incidência de óbito fetal

(Tabela 16 e Figura 10).

TABELA 16 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO IDADE GESTACIONAL HCFMUSP (1993-1998)

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RESULTADOS 62

__________________________________________________________________________________________

Idade Gestacional No total de gestantes No de óbitos fetais %

Prematuro* 3098 426 13,8

Termo 8137 84 1,0

Pós-datismo** 115 2 1,7

Não disponível 92 4 -

Total 11442 516 4,5

*χ2 = 837,57 / p = 0,0000 **χ2 = 0,55 / p = 0,4586

FIGURA 10. Incidência de óbito fetal conforme a idade gestaciohnal

(HCFMUSP 1993-1998).

5.3.1.6. GEMELARIDADE

3098

426

8137

84 115 2

0

1500

3000

4500

6000

7500

9000

< 37 37- 42 > 42

PARTOS

OF

1133,,88%%

****NN

11,,00%% 11,,77%%**

**pp << 00,,00000011

semanas

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RESULTADOS 63

__________________________________________________________________________________________

No período estudado, 11168 gestantes apresentaram gestação única e

274 apresentaram gestação múltipla, sendo 258 gestações duplas, 15 triplas e

uma quádrupla. Dentre as gestantes que apresentaram gestação única, 486

apresentaram óbito fetal, enquanto que em 30 das 274 gestantes com

gestação múltipla ocorreram óbitos fetais. Em 9 gestantes com gestação

gemelar houve perda dos dois fetos e em uma gestante trigemelar houve

perda de dois fetos. A incidência de óbito fetal em gestação múltipla foi

superior (p < 0,0001) àquela observada entre mulheres que tiveram gestação

única (Tabela 17 e Figura 11).

TABELA 17 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO PRESENÇA DE GEMELARIDADE - HCFMUSP (1993-1998)

Gemelaridade No total de gestantes No de óbitos fetais %

Presença 274 30* 10,9

Ausência 11168 486 4,4

Total 11442 516 4,5

χ2 = 27,03 / p = 0,0000 * 10 gestantes apresentaram óbito de dois fetos

11168

486274 302000

4000

6000

8000

10000

12000

PARTOS

OF

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RESULTADOS 64

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 11. Incidência de óbito fetal conforme a presença de

gestação múltipla (HCFMUSP 1993-1998).

5.3.1.7. CRESCIMENTO FETAL

No período estudado, 3065 fetos (26,3%) apresentavam baixo peso,

8228 apresentavam peso dentro da faixa normal e 361 eram macrossômicos.

Em 79 casos este dado não foi disponível. Entre as gestantes que

apresentaram feto de baixo peso, 438 apresentaram óbito fetal, enquanto

que das 361 que apresentaram fetos macrossômicos, 6 apresentaram óbito

fetal. Entre as 8228 gestantes com fetos de peso normal, 79 apresentaram

óbito fetal. A incidência de óbito fetal em gestantes com fetos de baixo peso

foi superior (p < 0,0001) àquela observada entre mulheres com feto de peso

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RESULTADOS 65

__________________________________________________________________________________________

normal. Não houve diferença significativa entre os fetos macrossômicos e de

peso normal em relação a incidência de óbito fetal (Tabela 18 e Figura 12).

TABELA 18 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO PESO FETAL - HCFMUSP (1993-1998)

Peso Fetal No total de partos No de óbitos fetais %

Baixo Peso* 3065 438 14,3

Normal 8228 79 1,0

Macrossômico** 361 6 1,7

Não disponível 79 3 -

Total 11733 526 4,5

*χ2 = 908,37 / p = 0,0000 **χ2 = 1,74 / p = 0,1873

3065

438

8228

79 3616

0

1500

3000

4500

6000

7500

9000

< 2500 2500- 4000 > 4000

PARTOS

OF

1144,,33%%

****NNSS

11,,00%% 11,,77%%**

**pp << 00,,00000011

ggrraammaass

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RESULTADOS 66

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 12. Incidência de óbito fetal segundo o peso fetal ao

nascimento (HCFMUSP 1993-1998).

No período estudado, 1414 fetos eram pequenos para a idade

gestacional, 966 grandes para a idade gestacional e 9153 estavam dentro dos

padrões normais para a idade gestacional. Em 200 casos estes dados não

estavam disponíveis. Dentre as gestantes que apresentaram feto pequeno

para a idade gestacional, 128 (9,0%) apresentaram óbito fetal, enquanto que

das 966 que apresentaram fetos grandes para a idade gestacional, 50

apresentaram óbito fetal (1,7%). Entre as 9153 gestantes com fetos com peso

adequado para a idade gestacional, 339 apresentaram óbito fetal (3,7%). A

incidência de óbito fetal em gestantes com fetos pequenos para a idade

gestacional foi superior (p < 0,0001) àquela observada entre mulheres com

feto de peso adequado. Já os fetos grandes para a idade gestacional tiveram

menor mortalidade quando comparados àqueles com peso adequado

(Tabela 19 e Figura 13).

TABELA 19 - MORTALIDADE FETAL SEGUNDO ADEQUAÇÃO DO PESO FETAL AO NASCIMENTO - HCFMUSP (1993-1998)

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RESULTADOS 67

__________________________________________________________________________________________

Peso Fetal No total de partos No de óbitos fetais %

Pequeno* 1414 128 9,0

Adequado 9153 339 3,7

Grande** 966 50 1,7

Não disponível 200 9 -

Total 11733 526 4,5

*χ2 = 82,95 / p = 0,0000 **χ2 = 5,12 / p = 0,0236

FIGURA 13. Incidência de óbito fetal segundo a adequação do peso

fetal (HCFMUSP 1993-1998).

1414

128

9153

339 966

50

0

2000

4000

6000

8000

10000

PIG AIG GIG

PARTOS

OF

99,,00%%**

****pp <<

33,,77%% 11,,77%%**

**pp << 00,,00000011

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RESULTADOS 68

__________________________________________________________________________________________

5.3.2. ANÁLISE MULTIVARIADA DOS POSSÍVEIS FATORES RELACIONADOS AO ÓBITO FETAL

A análise multivariada dos possíveis fatores relacionados ao óbito fetal,

definidos anteriormente na Tabela 11, apresentou como fatores prognósticos

de mortalidade fetal as seguintes variáveis: período do parto, gemelaridade,

assistência pré-natal e adequação do peso para a idade gestacional. Os

fatores de risco assim determinados encontram-se na Tabela 20.

Por exemplo, as gestantes sem assistência pré-natal, apresentaram uma

probabilidade 2,29 vezes maior de apresentar óbito fetal que as gestantes

com assistência pré-natal, no período estudado. De maneira análoga, as

gestantes com fetos pequenos para a idade gestacional, com gestação

múltipla e no período entre 1993 e 1995, apresentaram, respectivamente,

probabilidade 2,27, 1,5 e 1,39 vezes maior de apresentar óbito fetal que as

demais.

TABELA 20 - RESULTADO DA ANÁLISE MULTIVARIADA DOS FATORES RELACIONADOS AO ÓBITO FETAL HCFMUSP (1993-1998)

Variável Fator de Risco

Ausência de Assistência Pré Natal 2,29

Pequeno para Idade Gestacional 2,27

Gemelaridade 1,50

Período 1993-1995 1,39

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RESULTADOS 69

__________________________________________________________________________________________

5.4. ASPECTOS CLÍNICOS

Com base nos dados obtidos através da análise cuidadosa dos

prontuários de 411 gestantes que apresentaram um ou mais óbitos fetais,

foram analisados diversos aspectos clínicos:

5.4.1. ANTECEDENTE DE ÓBITO FETAL

Do total de gestantes estudadas, 146 eram primigestas e 265

apresentavam história de gestação prévia. Destas gestantes, 35 gestantes

(13,2%) apresentavam um ou mais óbitos fetais anteriores (Tabela 21).

TABELA 21 - MORTALIDADE FETAL PRÉVIA EM GESTANTES COM ÓBITO FETAL ATUAL - HCFMUSP (1993-1998)

Óbito Fetal Prévio No de gestantes %

Ausente 230 86,8

1 28 10,5

2 5 1,9

3 1 0,4

4 1 0,4

Total 265 100

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RESULTADOS 70

__________________________________________________________________________________________

5.4.2. MODO DE RESOLUÇÃO DO ÓBITO FETAL

Na maioria das gestantes o modo de resolução do óbito fetal foi

espontâneo, isto é, não houve necessidade de indução do parto (167

gestantes). Em 76 gestantes foi utilizada a ocitocina, enquanto que em 72

gestantes houve utilização do misoprostol. Em 34 gestantes houve

necessidade de associação desses dois métodos de indução. A opção pela

ocitocina ou pelo misoprostol foi baseada no protocolo de assistência ao

parto (ZUGAIB; BITTAR 1996). Os modos de resolução do óbito fetal estão na

Tabela 22.

TABELA 22 - MODO DE RESOLUÇÃO DO ÓBITO FETAL HCFMUSP (1993-1998)

Modo de Resolução No de gestantes %

Espontâneo 167 40,6

Ocitocina 76 18,5

Misoprostol 72 17,5

Cesárea* 62 15,1

Ocitocina e Misoprostol 34 8,3

Total 411 100 * - Inclui as gestantes com indicação primária de cesárea e as com óbito fetal diagnosticadas durante a cesárea.

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RESULTADOS 71

__________________________________________________________________________________________

Em 62 gestantes, houve a realização de cesárea, sendo que em 11 delas

o diagnóstico de óbito fetal foi feito durante a intervenção. Em 51 gestantes

houve indicação primária de cesárea mesmo com o diagnóstico prévio de

óbito fetal (Tabela 23).

TABELA 23 - INDICAÇÕES DE CESÁREA EM ÓBITO FETAL HCFMUSP (1993-1998)

Indicação No de gestantes %*

Cesárea anterior (duas ou mais) 17 33,3

Gemelar 12 23,5

Descolamento prematuro de placenta 10 19,6

Trigemelar 3 5,8

Falha de Indução 2 3,9

Desproporção céfalo-pélvica 2 3,9

Politrauma 1 2,0

Morte materna 1 2,0

Placenta prévia 1 2,0

Miomectomia prévia 1 2,0

Rotura uterina 1 2,0

Total 51 100 * - Freqüência relativa às 51 gestantes com indicação primária de cesárea.

5.4.3. TIPO DE ANESTESIA

O tipo de anestesia variou de acordo com as condições maternas. O

tipo mais comumente empregado foi a anestesia raquidiana ou a peridural

(261 gestantes). A anestesia local, com bloqueio do nervo pudendo foi

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RESULTADOS 72

__________________________________________________________________________________________

realizada em 31 gestantes. Trinta e uma gestantes necessitaram de anestesia

geral, enquanto em 81 casos não houve necessidade de anestesia alguma.

Sete gestantes foram submetidos a duplo bloqueio, peridural e raquidiano

(Tabela 24).

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RESULTADOS 73

__________________________________________________________________________________________

TABELA 24 - TIPO DE ANESTESIA EMPREGADO NA RESOLUÇÃO DO ÓBITO FETAL - HCFMUSP (1993-1998)

Tipo de Anestesia No de gestantes %

Raquidiana 137 33,3

Peridural 124 30,2

Sem Anestesia 81 19,8

Local 31 7,5

Geral 31 7,5

Duplo Bloqueio (Peridural + Raquidiana) 7 1,7

Total 411 100

5.4.4. TEMPO DECORRIDO ENTRE O INÍCIO DA INDUÇÃO E A RESOLUÇÃO DO ÓBITO FETAL

O tempo decorrido entre o início da indução até a completa resolução

do óbito fetal variou de 10 minutos a 264 horas. O tempo médio foi de 21,2

horas com desvio padrão de 35,9 horas.

O tempo decorrido entre a indução e a resolução variou de acordo com

o tipo de método empregado para a indução. O tempo médio de indução

com o misoprostol foi de 17,7 horas com desvio padrão de 14,2 horas,

enquanto que o tempo de indução com a ocitocina foi de 39,9 horas (DP 50,2

horas). Esta diferença foi significante do ponto de vista estatístico (p < 0,001).

A associação dos dois métodos apresentou tempo médio de indução de 60,1

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RESULTADOS 74

__________________________________________________________________________________________

horas (DP 61,0 horas) . Este tempo foi superior estatisticamente ao tempo do

misoprostol isoladamente (p < 0,001) mas não houve diferença quanto ao

uso de ocitocina isoladamente (p= 0,07).

5.4.5. TEMPO DE INTERNAÇÃO

O tempo de internação após a resolução do óbito fetal variou de 1 a 38

dias. O tempo médio de internação após a resolução do óbito fetal foi de 3,0

dias com desvio padrão de 3,4 dias. O tempo entre a resolução e alta foi

elevado em gestantes que apresentaram complicações pós-parto. O tempo

decorrido entre o diagnóstico do óbito fetal e a resolução variou de 0

(diagnóstico intra-parto) a 122 dias. O tempo médio foi de 2,1 dias (DP 7,0

dias). Este tempo foi elevado em gestantes com conduta expectante e em

gestações gemelares onde um dos fetos estava vivo.

5.4.6. MORTALIDADE MATERNA

Das 411 gestantes que apresentaram óbito fetal, três evoluíram a óbito.

O primeiro caso foi de uma gestante de 35 anos (IIIG, IIP, 0A) com

diagnóstico de púrpura trombocitopênica trombótica há um ano, que

durante a 33a semana de gestação evoluiu com trabalho de parto prematuro

e óbito fetal durante trabalho de parto. Apresentou parada cárdio-

respiratória evoluindo ao óbito trinta minutos após o parto. O segundo caso

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RESULTADOS 75

__________________________________________________________________________________________

foi de uma gestante de 38 anos (VG, IIIP, IA) que chegou ao hospital durante

a 32a semana de gestação com quadro de eclâmpsia com convulsões

evoluindo para acidente vascular cerebral hemorrágico e óbito. O terceiro

caso foi uma gestante de 28 anos (IIIG, IIP, 0A) com diagnóstico de leucemia

mielóide aguda diagnosticada antes da gestação, em tratamento

quimioterápico, que evoluiu com choque séptico durante a 25a semana de

gestação evoluindo para óbito, tendo sido realizada cesárea post mortem,

sem sucesso.

5.4.7. CONDUTAS COMPLEMENTARES

Em 156 gestantes houve a necessidade de curagem ou curetagem

uterina devido a retenção de restos ovulares, sendo 111 casos de curetagem

e 45 de curagem. Em 17 gestantes (4,1%), houve necessidade de redução dos

diâmetros fetais através de embriotomia.

5.4.8. COMPLICAÇÕES

A morbidade imediata foi de 18,2%. Algumas gestantes apresentaram

mais de uma complicação e 75 apresentaram pelo menos uma complicação

associada ao óbito fetal. A complicação mais freqüentemente encontrada foi

a anemia com necessidade de transfusão (36 gestantes) seguido de infecção

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RESULTADOS 76

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(27 gestantes). A Tabela 25 mostra os diversos tipos de complicações

associadas ao óbito fetal na presente casuística.

TABELA 25 - TIPOS DE COMPLICAÇÕES EM 75 GESTANTES ASSOCIADAS AO ÓBITO FETAL - HCFMUSP (1993-1998)

Tipo de Complicações No de gestantes % *

Anemia com necessidade de transfusão 36 48,0

Infecção 27 36,0

Coagulopatia 10 13,3

Insuficiência Renal 4 5,3

Atonia Uterina 3 4,0

Rotura Uterina 2 2,7

Laceração do Canal de Parto 2 2,7

Complicações de parede abdominal 2 2,7

Cefaléia pós-raqui 2 2,7

Acretismo Placentário 1 1,3

Acidente Vascular Cerebral Isquêmico 1 1,3

Psicose 1 1,3

Choque Hemorrágico 1 1,3 * - Freqüência relativa às 75 gestantes que apresentaram complicações. O total é maior que 100 pois algumas gestantes tiveram mais de uma complicação

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RESULTADOS 77

__________________________________________________________________________________________

A principal complicação observada foi anemia intensa com necessidade

de transfusão sangüínea, que variou de 1 a 12 unidades de concentrados de

hemácias, média de 3,0 unidades por gestante (DP 2,8 unidades). As

gestantes com infecção foram tratadas com antibioticoterapia de amplo

espectro. As gestantes com coagulopatia foram tratadas com plasma fresco,

plaquetas e concentrados de hemácias. Das 3 gestantes que apresentaram

atonia uterina, duas foram tratadas conservadoramente e em uma delas

houve necessidade de histerectomia subtotal. Os dois casos de rotura uterina

ocorreram em mulheres multíparas e foram tratados com histerectomia

subtotal. A primeira apresentava rotura extensa e na segunda o quadro de

rotura uterina estava associado a infecção uterina.

5.5. IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS CAUSAS DE ÓBITO FETAL

As possíveis causas do óbito fetal foram determinadas a partir de dados

clínicos, exame anátomo-patológico da placenta e autópsia fetal.

O exame anátomo-patológico da placenta foi realizado em 325 casos

(79,1%). Destes, em 198 exames (60,9%) não foram encontradas alterações

significativas ou que pudessem contribuir para o esclarecimento do óbito

fetal. Em 61 casos, o exame da placenta demonstrou certo grau de infecção

(corioamnionite). No exame da placenta de 72 mulheres, foram encontradas

alterações vasculares como trombose, infarto placentário, hematoma, artéria

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RESULTADOS 78

__________________________________________________________________________________________

umbilical única e anastomose artério-venosa (em gestações gemelares), que

podem ter contribuído direta ou indiretamente para o óbito fetal.

A autópsia foi realizada em 99,3% dos casos. Em 236 fetos (57,8%) havia

algum grau de maceração, que era intensa em 20 casos, inviabilizando

qualquer conclusão do exame anátomo-patológico. Dentre as gestações com

fetos malformados diagnosticados pela ultra-sonografia e dados clínicos,

somente 8 casos não foram confirmados pela necrópsia devido a autólise do

feto.

Do total de gestantes, 139 apresentaram gestações com malformações

fetais, 44 gestantes apresentaram doença hipertensiva da gravidez ou

hipertensão arterial crônica ou associação das duas, 40 gestantes tiveram

descolamento prematuro de placenta, 27 tiveram anemia fetal associada à

isoimunização Rh, 11 apresentaram gestação múltipla com síndrome

transfusão feto-fetal, 6 apresentaram problemas relacionados ao cordão

umbilical como circular e nó apertado. As possíveis causas de óbito estão

relacionadas na Tabela 26. Os óbitos relacionados à decisão judicial (16

casos) foram incluídos como malformações fetais enquanto que as

malformações não letais foram excluídas como causas prováveis do óbito

fetal.

TABELA 26 - CAUSAS PROVÁVEIS DO ÓBITO FETAL - HCFMUSP (1993-1998)

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RESULTADOS 79

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Provável Causa No de gestantes %

Malformação Fetal 139 33,8

Doença Hipertensiva da Gravidez (DHEG) 44 10,7

Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) 40 9,7

Anemia Fetal (Isoimunização Rh) 27 6,6

Síndrome Transfusão feto-fetal 11 2,7

Problemas com Cordão Umbilical 6 1,5

DPP+DHEG 3 0,7

Placenta Prévia 2 0,5

Morte Materna 1 0,2

Indeterminada 138 33,6

Total 411 100

Em 138 gestantes (33,6%) a causa não pôde ser determinada. No estudo

destas gestantes foram encontrados fatores associados que provavelmente

contribuíram de maneira significativa para o óbito fetal (Tabela 27). Em 62

gestantes não foi encontrada nenhuma doença materna ou fetal que pudesse

justificar a mortalidade fetal.

TABELA 27 - DOENÇAS MATERNAS E INTERCORRÊNCIAS OBSTÉTRICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O ÓBITO FETAL DE CAUSA INDETERMINADA HCFMUSP (1993-1998)

Doença Associada No de gestantes %*

Corioamnionite 29 21,0

Hipertensão Arterial Crônica 16 11,6

DHEG leve 10 7,2

Diabetes Mellitus (tipo I ou II) 7 5,1

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RESULTADOS 80

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Diabetes Gestacional 6 4,3

Anemia materna 5 3,6

Toxoplasmose 3 2,2

Incontinência ístmo-cervical 3 2,2

Asma 2 1,4

Infecção pelo HIV 2 1,4

Pielonefrite 2 1,4

Broncopneumonia 2 1,4

Cardiopatia materna 2 1,4

Sífilis secundária 1 0,7

Miastenia gravis 1 0,7

Obesidade mórbida materna 1 0,7

Hipotireoidismo 1 0,7

Púrpura Trombocitopênica Trombótica 1 0,7

Epilepsia 1 0,7

Ausência 62 44,9 * - Freqüência relativa às 138 gestantes sem causa determinada de óbito fetal. O total é superior a 100 pois algumas gestantes apresentavam mais de uma doença associada.

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6.DISCUSSÃO

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DISCUSSÃO 77 ___________________________________________________________________________________________

O presente estudo considerou como óbito fetal a perda de um feto

pesando 500 g ou mais e idade gestacional igual ou superior a 20 semanas.

No Brasil muitos autores, como MONTENEGRO et al. (1981), MATHIAS et al.

(1983) e MARIANI NETO et al. (1987), utilizam como critério de óbito fetal

aquele ocorrido a partir da 20a semana de gestação. A idade gestacional, no

nosso hospital, nem sempre é um dado fidedigno, por este motivo optou-se

também pela utilização do peso fetal, por se tratar de um dado mais preciso

e sempre disponível.

A incidência de óbito fetal de 4,5% observada na Clínica Obstétrica do

HCFMUSP no período estudado foi superior a encontrada no Estado de São

Paulo em 1997 (IBGE, 1997), que foi de 1,5%. O provável motivo para esta

diferença é que se trata de um hospital terciário, o qual trata grande número

de gestantes com doenças associadas e gestações de alto risco. Além disso, a

incidência de mortalidade fetal no estado de São Paulo levou em

consideração apenas os óbitos ocorridos a partir de 28 semanas de gestação.

COPPER et al. (1994), utilizando como critério de óbito fetal idades

gestacionais a partir de 20 semanas de gestação, observam incidência de

1,2%. Utilizando critério semelhante ao nosso, DUARTE et al. (1985) em

estudo em hospital terciário também no estado de São Paulo, encontram

incidência de 3,27% de óbito fetal, semelhante à encontrada em nosso

estudo.

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DISCUSSÃO 78 ___________________________________________________________________________________________

Nos trabalhos que restringem a definição do óbito fetal para aqueles

ocorridos em idades gestacionais mais avançadas e naqueles estudos que

englobam todos os nascimentos de uma determinada região, a incidência de

óbito fetal é muito menor que a do presente estudo (FELDMAN 1992,

MINAKAMI et al. 1993, FRETTS et al. 1997, CNATTINGIUS et al. 1998).

Com o progresso e os avanços técnicos que surgiram nos últimos anos,

houve melhoria na assistência à saúde. Além disso, estabeleceu-se a

padronização na conduta obstétrica do nosso Serviço (ZUGAIB; BITTAR 1996).

Para avaliar a influência destes avanços, as gestantes foram estudadas em

dois períodos históricos. Apesar destes dois períodos estarem na mesma

década e muito próximos, observou-se redução significativa da incidência

global de óbitos fetais (p < 0,05) (Tabela 12). Na análise multivariada, o

período de estudo foi um fator independente significativamente associado a

maior mortalidade fetal, com fator de risco ou “odds ratio” de 1,39 (Tabela

20). FRETTS et al. (1997) notam redução significativa na incidência de óbito

fetal quando dividiu seu trabalho em dois períodos (1961-1974 e 1978-1995).

Os períodos de estudo envolveram décadas muito distantes e os avanços da

medicina entre a década de 60 e 90, per se, explicam a redução da

mortalidade fetal. A redução na incidência de óbito fetal foi devida

principalmente à melhoria das técnicas de parto, com redução acentuada nas

causas obstétricas de óbito fetal.

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DISCUSSÃO 79 ___________________________________________________________________________________________

Em centros onde não há mudanças significativas em relação a

assistência ao parto, ao contrário do que ocorreu no Serviço com a

normatização de condutas assistenciais, ou em trabalhos que estudam

períodos históricos próximos, onde os avanços médicos não pudem ser

percebidos, não são encontradas grandes reduções de mortalidade fetal

(AHLENIUS; THOMASSEN 1999).

Em relação ao sexo fetal, não foi encontrada diferença na proporção de

óbitos entre fetos do sexo masculino e feminino. Existem poucos trabalhos,

na literatura, que relatam alguma diferença na mortalidade fetal em relação

ao sexo do feto. Em estudo que abrangeu idades gestacionais entre 5 e 24

semanas, os autores observam que a mortalidade do feto masculino é maior

no período da organogênese, e após este período não é influenciada pelo

sexo fetal (KELLOKUMPU-LEHTINEN; PELLINIEMI 1984). A proporção de 105

fetos masculinos para cada 100 femininos ao nascimento (nativivos e

natimortos) esteve dentro da proporção encontrada na literatura

(KELLOKUMPU-LEHTINEN; PELLINIEMI 1984, LAMMER et al. 1989). FROEN et

al. (2001) encontram mais fetos masculinos no grupo de óbitos sem causa

definida.

No presente trabalho, não se observou diferença na mortalidade fetal

nas diferentes faixas etárias. Quando foi comparado o grupo de gestantes

com idade igual ou inferior a 19 anos com gestantes com idade entre 20 e 34

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DISCUSSÃO 80 ___________________________________________________________________________________________

anos, não houve diferença. Da mesma maneira, não foi encontrada diferença

entre o grupo de gestantes com idades entre 20 e 34 anos e o grupo de

gestantes com idade igual ou superior a 35 ou 40 anos. Com efeito, na

análise multivariada, a idade materna não foi fator de risco independente

para o óbito fetal. Estes dados são diferentes dos encontrados na literatura,

onde existem inúmeros trabalhos que afirmam que a idade materna isolada é

um fator de risco (NAEYE et al. 1983, FORMAN et al. 1984, KIELY et al. 1986,

CUNNINGHAM et al. 1990, LEYLAND; BODDY 1990, CNATTINGIUS et al. 1992,

FELDMAN 1992, CNATTINGIUS et al. 1993, COPPER et al. 1994, FRETTS et al.

1997, INCERPI et al. 1998, AQUINO et al. 1998, AHLENIUS; THOMASSEN 1999,

STEPHANSSON et al. 2001, FROEN et al. 2001, WINBO et al. 2001).

Uma possível explicação para esta divergência é o fato de este estudo

ter sido realizado em hospital terciário. A maior mortalidade fetal em

gestantes com idade avançada encontrada em outros trabalhos está no fato

de haver maior prevalência de doenças maternas associadas e alterações

cromossômicas neste grupo de gestantes. Nosso hospital não consegue

atender à demanda total de gestantes que são assistidas no pré-natal na

Clínica Obstétrica do HCFMUSP. Existe uma seleção de gestantes de alto risco

para internação e realização do parto. Por este motivo, a idade, por si só, não

é fator de risco e sim as doenças que acompanham a idade no HCFMUSP.

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DISCUSSÃO 81 ___________________________________________________________________________________________

Em estudos populacionais onde não há seleção de gestantes, o risco de

óbito fetal aumenta progressivamente com a idade materna e este aumento

é mais pronunciado em mulheres com mais de 35 anos de idade (YUDKIN et

al. 1987, RAYMOND et al. 1994, FRETTS et al. 1995, CNATTINGIUS et al. 1998).

Uma possível explicação é a constatação de alterações degenerativas

vasculares nas artérias uterinas e do miométrio em gestantes de idade

avançada (NAEYE et al. 1983).

No grupo de gestantes estudado foi observado que 73,6% (Tabela 15)

delas tiveram algum tipo de assistência pré-natal. Quando foi comparada a

incidência de óbito fetal entre as gestantes com e sem assistência pré-natal,

encontrou-se mortalidade fetal maior (p < 0,0001) entre as gestantes que

não fizeram pré-natal. Na análise multivariada constatou-se que a ausência

de assistência pré-natal foi fator independente associado ao óbito fetal, com

“odds ratio” de 2,29 (Tabela 20). A possível crítica que se pode fazer a respeito

deste dado é que este fator foi analisado apenas qualitativamente, pois não

foi possível a determinação, em todos os casos do grupo de referência, do

número de consultas realizadas, muito menos se ele foi efetivo na detecção e

controle de doenças associadas. Uma análise detalhada foi realizada por

AQUINO et al. (1998) os quais observam um risco sete vezes maior de óbito

fetal no grupo com 4 consultas ou menos de pré-natal quando comparada

com o grupo com mais de sete consultas.

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DISCUSSÃO 82 ___________________________________________________________________________________________

De qualquer modo, é consenso na literatura e foi observada no

presente trabalho, a importância da assistência pré-natal e do impacto que

ela tem na redução da mortalidade fetal (DUARTE et al. 1985, FELDMAN

1992, FOSTER et al. 1992, AQUINO et al. 1998, DE LORENZI et al. 1999).

Outra consideração que pode ser feita a este respeito, é que o

acompanhamento pré-natal é capaz de detectar e tratar precocemente

doenças associadas relacionadas ao óbito fetal; e é ainda um mecanismo de

prevenção da mortalidade fetal deficiente em nosso meio, uma vez que a

maioria das gestantes que supostamente realizaram acompanhamento pré-

natal, tiveram na verdade quatro consultas ou menos sendo considerado

portanto deficiente segundo a FEBRASGO (2000). A melhora da qualidade do

pré-natal é método pouco dispendioso, especialmente em um país em

desenvolvimento como o nosso, para baixar os índices de natimortalidade.

Cerca de 27% das gestantes do presente estudo apresentaram parto

prematuro (Tabela 16), enquanto apenas 1% apresentaram pós-datismo. A

incidência de óbito fetal foi superior no grupo de gestantes com parto

prematuro quando comparados com gestantes a termo (p<0,0001). A curva

(Figura 4) que mostra o risco prospectivo de óbito fetal ilustra bem este risco,

que cai à medida que avança a gestação. FELDMAN (1992) é um dos

principais autores que chamam a atenção para este tipo de análise. Este autor

calcula o risco de óbito fetal de 1:150 em gestações com 26 semanas, 1:475

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DISCUSSÃO 83 ___________________________________________________________________________________________

com 40 semanas e 1:375 com 43 semanas. Já MINAKAMI et al. (1993)

encontram um risco de 1:165 com 23 semanas e 1:909 com 39 semanas de

gestação. No presente trabalho, o risco calculado foi de 1:28 com 26 semanas

e 1:135 com 39 semanas. É importante lembrar que as casuísticas são de

populações muito diferentes. Enquanto a de FELDMAN (1992) engloba todos

os nascimentos na cidade de Nova Iorque e de MINAKAMI et al. (1993) todos

os do Japão, a do nosso estudo envolveu apenas os partos da Clínica

Obstétrica do HCFMUSP, hospital terciário com alta incidência de doenças

materno-fetais associadas.

COPPER et al. (1994) observam que 51% dos óbitos fetais ocorrem antes

de 28 semanas e somente 18% ao termo. Na casuística ora apresentada,

observou-se que 53% dos óbitos fetais ocorreram até a 30a semana de

gestação. Na literatura nacional, diversos autores também observam maior

mortalidade fetal em idades gestacionais precoces (MEIRELLES FILHO et al.

1990, DE LORENZI et al. 1999).

FRETTS et al. (1992) não encontram aumento da incidência de óbito

fetal após 40 semanas de gestação, porém estes mesmos autores, em estudo

mais recente verificam que a incidência de óbito fetal inexplicado aumenta

depois de 40 semanas de gestação (FRETTS et al. 1997). Também não foi

encontrada diferença significante na mortalidade fetal ocorrida após o termo

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DISCUSSÃO 84 ___________________________________________________________________________________________

na nossa casuística mas o número de partos nesta idade gestacional foi

relativamente pequeno, o que pode ter tido influência na análise estatística.

Segundo diversos autores a gestação múltipla é importante fator de

risco fetal (LAMMER et al. 1989, GONEN et al. 1990, BORLUM 1991, FELDMAN

1992, SEBIRE et al. 1997, VAN HETEREN et al. 1998, AHLENIUS; THOMASSEN

1999). No nosso estudo foi observado que a presença de gestação múltipla

foi fator de risco significativamente associado ao óbito fetal tanto na análise

uni como na multivariada. A incidência de óbito fetal associada à gestação

múltipla foi de 10,9%. O fator de risco (“odds ratio”) da gemelaridade para a

mortalidade fetal foi de 1,50. LAMMER et al. (1989) encontram risco sete

vezes maior em gestações múltiplas do que em gestações simples. Este risco

parece ser maior quanto maior o número de fetos (GONEN et al. 1990,

BORLUM 1991).

Quando foi analisada, na nossa casuística, a adequação do peso fetal

em relação à idade gestacional, observou-se que os fetos com restrição de

crescimento apresentaram mortalidade significativamente superior, quando

comparados com os fetos com crescimento adequado para a idade

gestacional, na análise univariada. Já o estudo multivariado mostrou que os

fetos pequenos para a idade gestacional (Tabela 20) apresentaram maior

risco para o óbito intra-útero (“odds ratio” de 2,27). A análise da literatura

nacional e internacional mostra que o crescimento fetal restrito está

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DISCUSSÃO 85 ___________________________________________________________________________________________

associado a maior mortalidade fetal (MEIRELLES FILHO et al. 1990, FRETTS et

al. 1992, CNATTINGIUS et al. 1998, SEEDS; PENG 1998, AHLENIUS;

THOMASSEN 1999, DE LORENZI et al. 1999, WINBO et al. 2001). Vários

fatores de risco estão associados ao crescimento fetal e o prognóstico para

estes fetos pode variar de acordo com a intensidade e gravidade destes

fatores. SEEDS; PENG (1998), por exemplo, observam que a mortalidade fetal

é significativamente elevada quando o peso ao nascimento está abaixo do

150 percentil. FRETTS et al. (1992) relatam que os óbitos associados a

restrição do crescimento fetal diminuíram entre as décadas de 60 e 80 mas

continuam sendo a segunda mais freqüente causa conhecida de óbito fetal.

Existe ainda a sobreposição de causas pois uma parcela dos fetos com

malformações cursa com restrição de crescimento fetal. No entanto, devido à

característica retrospectiva deste estudo não foi possível a análise da

presença de malformação na população de referência (11733 partos).

Os fetos grandes para a idade gestacional apresentaram menor

incidência de óbito fetal neste estudo (Tabela 19), na comparação com os

fetos com peso compatível com a idade gestacional. Ao contrário, AHLENIUS;

THOMASSEN (1999), em estudo populacional sueco, encontram que em

recém-nascidos grandes para a idade gestacional, o risco de óbito fetal é 5

vezes maior do que naqueles com peso adequado para a idade gestacional.

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DISCUSSÃO 86 ___________________________________________________________________________________________

Da mesma maneira, HSIEH et al. (1997) constatam que o risco de óbito fetal

aumenta progressivamente com o aumento do peso, a partir de 4000g.

Não foi possível, devido às características retrospectivas do nosso

estudo analisar comparativamente todos os fatores possíveis envolvidos no

óbito fetal. Por este motivo, alguns aspectos clínicos, como antecedentes de

óbito fetal, modos de resolução, tipo de anestesia, tempo para a indução,

tempo de internação, mortalidade materna, complicações e condutas, foram

analisados isoladamente no grupo de 411 gestantes que apresentaram óbito

fetal.

História prévia de perda fetal é considerada fator de risco para óbito

fetal em gestação subseqüente (DUARTE et al. 1985, FREEMAN et al. 1985,

WEEKS et al. 1995, AQUINO et al. 1998). Nesta análise, foi observado que

cerca de 13% (Tabela 21) das gestantes apresentavam um ou mais óbitos

fetais anteriores. Cinco gestantes apresentavam dois antecedentes de óbito

fetal, enquanto apenas uma gestante apresentava 3 óbitos anteriores e outra

gestante com 4 óbitos anteriores. DUARTE et al. (1985) encontram incidência

semelhante, com 15,1% de perda fetal repetitiva. Já AQUINO et al. (1998)

observam que mais de 6% das gestantes internadas com diagnóstico de

óbito fetal relatavam dois ou mais natimortos anteriores, enquanto somente

1,2% das gestantes do grupo controle apresentavam o antecedente de óbito

fetal. Por este motivo é que FREEMAN et al. (1985) acreditam que estas

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DISCUSSÃO 87 ___________________________________________________________________________________________

gestantes mereçam vigilância mais próxima, com monitoragem fetal; tendo

seu início, segundo WEEKS et al. (1995), à partir da 32a ou 34a semanas de

gestação.

Em contraste com os achados do presente estudo e outros da literatura,

FRETTS et al. (1992) observam que, nos anos 80, o antecedente de óbito fetal

não constitui fator de risco. Já FROEN et al. (2001) relatam que o antecedente

de óbito fetal prévio foi considerado fator de risco somente para os casos de

óbito fetal com causa conhecida.

Cerca de 40% das gestantes com óbito fetal, o modo de resolução foi o

parto espontâneo. É conhecido o fato que pelo menos 75% das mulheres

evoluem para parto espontâneo em 2 semanas após o diagnóstico do óbito

fetal (TRICOMI; KOHL 1957, PITKIN 1987, VISENTIN et al. 1996). Na presente

casuística, ao redor de 45% das gestantes necessitou do uso de ocitocina,

misoprostol ou associação destes dois métodos de indução, pois as pacientes

não quiseram aguardar o trabalho de parto espontâneo. Segundo diversos

autores (MARIANI NETO et al. 1987, BUGALHO et al. 1994), o misoprostol

intravaginal é um método seguro, prático, econômico e eficaz para induzir o

parto nos casos de óbito intra-uterino. O tempo médio entre a indução e a

resolução é de 9 horas e 12 minutos com o misoprostol na casuística de

MARIANI NETO et al. (1987), enquanto na nossa série, foi um pouco maior,

cerca de 17 horas. Este tempo foi significativamente menor que o tempo de

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DISCUSSÃO 88 ___________________________________________________________________________________________

indução com o uso de ocitocina, mas as indicações de uso foram diferentes,

seguindo o protocolo da Clínica Obstétrica (ZUGAIB; BITTAR 1996).

Alguns autores utilizam outros métodos como a administração

intravaginal, intramuscular ou intravenosa de derivados da prostaglandina

como gel de prostaglandina E2, sulprostone, mifepristone ou prostaglandina

F2 (SCHER et al. 1980, LAUERSEN et al. 1981, KANHAI; KEIRSE 1989, CABROL

et al. 1990, LAUDANKI et al. 1990). Estes métodos são reconhecidamente

eficazes, porém não dispomos rotineiramente destas medicações no

HCFMUSP.

Apesar da via de parto preferencial para a resolução dos casos de óbito

fetal ser a vaginal, 62 gestantes (15%) do nosso estudo, foram submetidas à

césarea, sendo que em 11 delas o diagnóstico de óbito fetal foi feito durante

a intervenção. O uso de cesárea é exceção, mas tem suas indicações precisas.

As principais causas para a cesárea nesta casuística foram duas ou mais

cesáreas anteriores (33,3%), gemelaridade (23,5%) e descolamento prematuro

de placenta (19,6%). Para BRANDT; HOLMSKOV (1990) dos 60 natimortos

estudados, a cesárea foi realizada somente em 2 casos, um caso de

descolamento prematuro de placenta e outro de inserção velamentosa do

cordão umbilical com rotura da veia. Já DE LORENZI et al. (1999), relatam em

seu trabalho cesárea em 27% dos casos de óbito fetal.

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DISCUSSÃO 89 ___________________________________________________________________________________________

Na nossa série, três gestantes evoluíram a óbito, mortalidade materna

de 0,7%. A mortalidade materna no HCFMUSP no período de 1986 a 1998 foi

de 0,54% (ALMEIDA, 2001). Estes óbitos maternos estão descritos em

detalhes nos Resultados. Do total, 75 gestantes apresentaram pelo menos

uma complicação relacionada ao óbito fetal, com morbidade de 18,2%. A

anemia com necessidade de transfusão sangüínea foi a principal complicação

observada, seguida de infecção e coagulopatia.

O estudo detalhado das 411 gestantes que apresentaram um ou mais

óbitos fetais com o intuito de identificar as possíveis causas da mortalidade

fetal incluíram dados clínicos, autópsia do feto em quase todos os casos

(99,3%) e exame anátomo-patológico da placenta em cerca de 80% das

gestantes.

Na presente série a malformação fetal esteve presente em 139 casos

(33,8%) e foi uma das principais causas associadas ao óbito fetal, conforme

têm sido descrito na literatura (FRETTS et al. 1992, COPPER et al. 1994,

respectivamente). A incidência pode variar, de acordo com o autor estudado,

entre 5,7% e 27% (COPPER et al. 1994, INCERPI et al. 1998). As anomalias

podem ser cromossômicas ou estruturais, sendo as do sistema nervoso

central as mais freqüentes (COPPER et al. 1994). Apesar de relativamente alta,

foi observada redução significativa na incidência de malformações nos

últimos anos, especialmente em gestantes com 35 anos ou mais, talvez

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DISCUSSÃO 90 ___________________________________________________________________________________________

devido a melhor atenção pré-natal que recebem as gestantes deste grupo

etário (FRETTS et al. 1992). Segundo estes mesmos autores, outro motivo

para a queda seria a interrupção de gestações com anomalias do sistema

nervoso central antes da viabilidade, dado este não analisado no presente

trabalho, uma vez que as interrupções judiciais são realizadas geralmente

antes da 20a semana de gestação.

Cerca de 10% dos óbitos fetais da presente série tiveram como causa

provável o descolamento prematuro da placenta (terceira causa mais

comum). Esta condição mórbida é reconhecidamente a causa obstétrica mais

comum do óbito fetal (DUARTE et al. 1985, BRANDT; HOLMSKOV 1990,

MEIRELLES FILHO et al. 1990, NIELSON et al. 1991, WILLIAMS et al. 1991,

RAYMOND; MILLS 1993, RASMUSSEN et al. 1996, AHLENIUS; THOMASSEN

1999, ANANTH et al. 1999). Em alguns trabalhos é considerada a principal

causa conhecida (FRETTS et al. 1992). Outros autores mostram que um

antecedente de descolamento prematuro da placenta em gestação prévia

aumenta significativamente o risco de óbito fetal tardio (AHLENIUS;

THOMASSEN 1999). No Brasil o descolamento prematuro de placenta é

responsabilizado pelo óbito fetal em cerca de 15% a 27% dos óbitos fetais

(MEIRELLES FILHO et al. 1990, DUARTE et al. 1985, respectivamente).

Entre os diversos estudos que procuram determinar as causas

relacionadas à mortalidade fetal, a maioria encontra a presença de doença

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DISCUSSÃO 91 ___________________________________________________________________________________________

materna associada como um importante fator de risco para o óbito fetal. No

presente trabalho, diversas doenças maternas associadas, como a

hipertensão arterial crônica, diabetes, anemia, cardiopatia e infecções,

contribuíram para o óbito fetal (Tabela 27). INCERPI et al. (1998), encontram

5,6% de mulheres com doença hipertensiva e 0,6% com diabetes mellitus

entre as gestantes que apresentaram óbito fetal. Já AHLENIUS; THOMASSEN

(1999) não encontram um aumento significativo na incidência de óbitos fetais

tardios em pacientes com diabetes (gestacional ou tipo I) e hipertensão

(crônica ou gestacional). Entretanto, AQUINO (1997) encontra o diagnóstico

de sífilis, admissão hospitalar durante a gestação por qualquer motivo,

diagnóstico de diabetes durante a admissão do parto, hipertensão durante a

gravidez e anemia durante a admissão para o parto como fatores de risco.

Em trabalho recente, STEPHANSSON et al. (2001) encontram como fatores de

risco para o óbito fetal o sobrepeso materno, diabetes mellitus, diabetes

gestacional insulinodependente, hipertensão arterial crônica e pré-eclâmpsia

grave ou eclâmpsia.

No Brasil, DE LORENZI et al. (1999) observam que a síndrome

hipertensiva é a causa mais comum de natimortalidade, enquanto que

MEIRELLES FILHO et al. (1990) encontram 13,3% de toxemia, 3,3% de

diabetes e 2,5% de hipertensão superajuntada dentre os casos de óbito fetal.

Já KAHHALE et al. (1991), encontram 2,7% de natimortalidade em gestantes

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DISCUSSÃO 92 ___________________________________________________________________________________________

com hipertensão arterial na gravidez. Este achado é importânte porque é

uma das causas evitáveis de mortalidade fetal pois, ainda segundo KAHHALE

et al. (1991), cerca de 77% dos casos de natimortos nestas gestantes podem

ser evitados com tratamento adequado.

Com o reconhecimento da isoimunização Rh como importante fator de

risco para o óbito fetal e com o desenvolvimento de tratamento eficaz para

diminuir este risco, houve uma queda acentuada na incidência de

mortalidade fetal por esta causa (FRETTS et al., 1992). Na presente série,

foram identificados 27 casos (6,6%) de isoimunização fetal bem

documentados, sendo a quarta causa mais freqüente de óbito fetal no nosso

trabalho. A distribuição foi semelhante nos dois períodos de estudo, sendo

de 0,28% entre 1993 e 1995 e de 0,18% entre 1996 e 1998. Segundo FRETTS

et al. (1992), houve diminuição da incidência de óbito fetal devido a

isoimunização Rh, de 4,3 para 0,7 por 10.000 nascimentos.

Em um terço das gestantes da nossa série (33,6%) não foi determinada

a causa do óbito fetal. A incidência de natimortos onde não se identifica a

causa pode variar de 9 a 43 % (YUDKIN et al. 1987, BRANDT; HOLMSKOV

1990, MEIRELLES FILHO et al. 1990, FRETTS et al. 1992, INCERPI et al. 1998,

FROEN et al. 2001). Apesar de alguns autores observarem redução na

proporção de óbitos fetais inexplicados, estes ainda representam cerca de

um quarto dos casos de óbitos fetais ( FRETTS et al. 1992, FROEN et al. 2001).

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DISCUSSÃO 93 ___________________________________________________________________________________________

A literatura nacional, revela que a incidência de óbito fetal inexplicado

varia de 9 a 20% (DUARTE et al. 1985, MEIRELLES FILHO et al. 1990, DE

LORENZI et al. 1999). Estes óbitos são um grande desafio para o obstetra, em

termos de cuidados fetais e também no aconselhamento do casal afetado.

Por meio do estudo detalhado dos casos nos quais se concluiu que a

causa do óbito foi indeterminada pode-se encontrar condições mórbidas

associadas, as quais provavelmente contribuíram direta ou indiretamente

para a ocorrência do óbito fetal. Em 29 gestantes (7% de todos os casos) o

exame da placenta indicou corioamnionite que é uma entidade

reconhecidamente associada ao óbito fetal (Tabela 27). MEIRELLES FILHO et

al. (1990) encontram-na em freqüência semelhante de casos (5%). Segundo

alguns autores, a incidência de óbito fetal devido a infecção intra-uterina

não se alterou em 3 décadas de estudos (FRETTS et al. 1992). Doenças

maternas associadas e que poderiam estar implicadas na mortalidade fetal,

como hipertensão arterial crônica, diabetes e doenças infecto-contagiosas

foram os outros fatores encontrados.

Em 62 gestantes (15%) nenhuma causa provável ou fator associado foi

encontrado mesmo após análise cuidadosa do prontuário, autópsia e exame

anátomo-patológico da placenta. A importância da autópsia reside no fato

de que, em cerca de 10 a 26% dos casos, a causa do óbito fetal só pode ser

determinada através dos dados obtidos na sua realização (MEIER et al. 1986,

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DISCUSSÃO 94 ___________________________________________________________________________________________

SHEN-SCHWARZ et al. 1989, BRANDT; HOLMSKOV 1990, SALLER et al. 1995).

Um diagnóstico não suspeitado pode estar presente em 22 até 50% das

autópsias (GOLDMAN et al. 1983, LANDEFELD et al. 1988). Além disto, a

autópsia pode acrescentar dados relevantes para o aconselhamento genético

para futuras gestações (SALLER et al. 1995).

No nosso estudo a autópsia foi realizada em quase todos os casos. A

presença de maceração em alguns fetos é indicativo que o parto foi realizado

tardiamente em relação à provável data do óbito fetal, e pode dificultar o seu

exame. Em nossa casuística 57,8% dos fetos apresentavam maceração a qual,

no entanto, impediu a conclusão em apenas 20 casos (4,9%). Dentre as

gestações com fetos malformados diagnosticados pela ultra-sonografia e

dados clínicos, somente 8 casos não foram confirmados pela necrópsia

devido a autólise do feto. BRANDT; HOLMSKOV (1990) têm também

incidência alta de autópsias realizadas (87%) mas a proporção de fetos

macerados é mais alta (93%). Já MEIRELLES FILHO et al. (1990) encontram

apenas 11,1% de fetos macerados.

Apesar de, em nosso meio, a autópsia fetal ser procedimento de rotina,

ela poderia ser aprimorada com exame mais detalhado incluindo o estudo

macroscópico e microscópico, que muitas vezes não é realizado quando

existe maceração fetal. No entanto, ela existirá na maioria dos casos pois a

maceração se inicia a partir de seis horas após óbito (GENEST et al. 1992b).

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DISCUSSÃO 95 ___________________________________________________________________________________________

Outro procedimento que deveria ser realizado de rotina é o estudo do

cariótipo fetal, pois trata-se de um hospital de referência para malformações.

O exame anátomo-patológico da placenta foi realizado em quase 80%

dos casos de óbito fetal do nosso estudo. Entretanto, em 61% dos casos não

foram encontradas alterações significativas ou que pudessem contribuir para

o esclarecimento do óbito fetal. Em 19% dos casos, o exame da placenta

demonstrou sinais inflamatórios (corioamnionite). No entanto, a infecção não

esteve relacionada diretamente com o óbito fetal em todos os casos, pois em

alguns casos se tratava de infecção associada a outra causa de óbito fetal

bem definido, como malformação ou descolamento prematuro da placenta.

Em 22% dos exames, foram encontradas alterações vasculares como

trombose, infarto placentário, hematoma, artéria umbilical única e

anastomose artério-venosa (em gestações gemelares), que podem ter

contribuído direta ou indiretamente para o óbito fetal.

A importância do exame da placenta não é consenso na literatura.

INCERPI et al. (1998) e FROEN et al. (2001) realizam exame histólogico da

placenta em 71% e 88% dos casos de óbito fetal, respectivamente, e relatam

que este exame poderia contribuir, para detectar causas útero-placentárias

determinantes do óbito fetal. Já DUARTE et al. (1985) observam que o exame

anátomo-patológico da placenta não conseguiu detectar a causa do óbito

fetal na maioria dos casos do seu estudo.

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DISCUSSÃO 96 ___________________________________________________________________________________________

É importante ressaltar a necessidade de mais estudos sobre este tema,

cada qual enfocando a sua população alvo, uma vez que diversos fatores

associados são característicos do tipo de população assistida pelo hospital.

Salienta-se que a assistência pré-natal, importante fator relacionado ao

óbito fetal, pode ser melhorada uma vez que sua realização é, na maioria das

vezes, ineficaz quantitativa e qualitativamente pois ela é fundamental na

detecção precoce e tratamento de doenças associadas à gestação.

A diminuição da incidência de óbito fetal no período mais recente é

uma indicativo preliminar da melhoria do atendimento à gestante. Em

relação à gemelaridade, outro fator independente de risco para o óbito fetal,

é importante uma atenção especial com acompanhamento específico para

diminuir sua morbidade. Da mesma maneira, gestantes com fetos com

restrição de crescimento necessitam do diagnóstico precoce de suas

prováveis causas e o pronto tratamento poderia diminuir a mortalidade fetal.

Portanto, faz-se necessário programa de saúde pública para estender a

assistência pré-natal ao maior número de gestantes e, acima de tudo,

melhorar a qualidade do mesmo.

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7.CONCLUSÕES

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CONCLUSÕES 96

__________________________________________________________________________________________

A análise de 411 gestantes que apresentaram um ou mais óbitos fetais

nas condições do presente trabalho e a análise uni e multivariada dos

possíveis fatores associados ao óbito fetal em 11442 gestantes, permitiram as

seguintes conclusões:

7.1. A incidência de óbito fetal foi alta (4,5%).

7.2. O risco prospectivo de óbito fetal diminuiu com o decorrer da

gestação até a 39a semana.

7.3. Em relação aos fatores associados (análise univariada) ao óbito fetal:

a) Houve uma diminuição da incidência de óbito fetal na Clínica

Obstétrica do HCFMUSP no período mais recente (1996-1998).

b) Houve maior incidência de óbito fetal em gestantes que não

tiveram acompanhamento pré-natal, com gestação múltipla, com

fetos de baixo peso e com fetos pequenos para a idade

gestacional.

c) A idade materna e o sexo fetal não influenciaram a incidência de

óbito fetal.

d) Fetos grandes para a idade gestacional apresentaram menor

mortalidade fetal.

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CONCLUSÕES 97

__________________________________________________________________________________________

7.4. Os fatores de risco (análise multivariada) para o óbito fetal foram:

a) Ausência de pré-natal

b) Gemelaridade

c) Pequeno para a idade gestacional

d) O período de estudo (1993-1995)

7.5. Em relação aos aspectos clínicos:

a) O principal modo de resolução do óbito fetal foi o parto

espontâneo.

b) As principais indicações de cesárea no óbito fetal foram iterativa e

gestação gemelar.

c) As principais complicações maternas foram anemia com

necessidade de transfusão e infecção.

7.6. Em relação às causas de óbito fetal:

a) As principais causas de óbito fetal encontradas foram a

malformação fetal, hipertensão arterial e o descolamento

prematuro de placenta.

b) Em cerca de um terço das gestantes a provável causa do óbito

fetal não pôde ser determinada.

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CONCLUSÕES 98

__________________________________________________________________________________________

c) Em 15,1% das gestantes nenhuma condição mórbida associada

pôde explicar o óbito fetal.

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8.ANEXOS

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ANEXOS 99

__________________________________________________________________________________________

ANEXO A

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

(Instruções para preenchimento no verso)

___________________________________________________________________

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. NOME DO PACIENTE .:............................................................................. DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M � F � DATA NASCIMENTO: ......../......../...... ENDEREÇO .............................................. Nº ........................... APTO: .................. BAIRRO: ........................................ CIDADE ............................................................. CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............) ...................

2.RESPONSÁVEL LEGAL .................................................................................. NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ...................................................... DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M � F � DATA NASCIMENTO.: ....../......./...... ENDEREÇO: .................................................................. Nº ................... APTO: .......................... BAIRRO: ................................................................................ CIDADE: ..................................... CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)................................................. _______________________________________________________________________________________

II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA “ÓBITO FETAL EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO. UM ESTUDO EXPLORATÓRIO”

PESQUISADOR: TÂNIA REGINA SCHUPP

CARGO/FUNÇÃO: PÓS-GRADUANDA. INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL

UNIDADE DO HCFMUSP: DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA.

2. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

SEM RISCO RISCO MÍNIMO � RISCO MÉDIO � RISCO BAIXO � RISCO MAIOR �

(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia

do estudo)

3.DURAÇÃO DA PESQUISA : 01 DE DEZEMBRO DE 2000 A 30 DE NOVEMBRO DE 2001

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ANEXOS 100

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 14. Termo de Consentimento Livre Esclarecido (página 1).

III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:

1. justificativa e os objetivos da pesquisa; 2. procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais; 3. desconfortos e riscos esperados; 4. benefícios que poderão ser obtidos; 5. procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo.

Vou realizar o levantamento do seu prontuário médico, quando você esteve internada na Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, devido ao óbito do seu bebê. Eu pretendo, se a senhora consentir, utilizar estes dados para pesquisa de pós-graduação. Esses dados serão importantes para que possa descobrir os motivos pelos quais ocorreram as mortes dos bebês. Além disso, pretendo estudar como o seu caso foi resolvido. O não consentimento não lhe trará, de forma alguma, prejuízos e a sua identificação será mantida em segredo.

________________________________________________________________________________________

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA:

1. acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas.

2. liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência.

3. salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade.

4. disponibilidade de assistência no HCFMUSP, por eventuais danos à saúde, decorrentes da pesquisa.

5. viabilidade de indenização por eventuais danos à saúde decorrentes da pesquisa.

_______________________________________________________________________________ V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.

Dra. Tânia Regina Schupp.

_______________________________________________________________________________________

VI. OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:

________________________________________________________________________________________ VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa

São Paulo, de de

_______________________________________ ___________________________________ assinatura do sujeito da pesquisa ou assinatura do pesquisador responsável legal (Tânia Regina Schupp)

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ANEXOS 101

__________________________________________________________________________________________

FIGURA 15. Termo de Consentimento Livre Esclarecido (página 2).

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ANEXOS 102

__________________________________________________________________________________________

ANEXO B

FIGURA 16. Curva de peso dos recém-nascidos de acordo com a idade

gestacional e respectivos percentis (BRENNER et al., 1976).

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

1700

1800

1900

2000

2100

2200

20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Idade Gestacional (semanas)

Peso (gramas)

90

75

50

25

10

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ANEXOS 103

__________________________________________________________________________________________

ANEXO C FIGURA 17. Curva de peso dos recém-nascidos de acordo com a idade

gestacional e respectivos percentis (RAMOS, 1983).

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

2400

2600

2800

3000

3200

3400

3600

3800

4000

4200

4400

4600

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

Idade Gestacional (semanas)

Peso (gramas)

97

90

50

10

03

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ANEXOS 104

__________________________________________________________________________________________

ANEXO D

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DE ÓBITO FETAL NOME: IDADE: RG-HC: DATA ADMISSÃO: RAÇA: ESCOLARIDADE: ESTADO CIVIL: ANTECEDENTES PESSOAIS: SIM NÃO QUAIS: ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS: SIM NÃO QUAIS: ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS: GESTA: PARA: ABORTOS: 1. 2. 3. 4. 5.

6. 7. 8. 9. 10.

DUM: DPP: IG-DUM: IG-USG: IG-1O USG: PRÉ-NATAL: SIM NÃO SERVIÇO: FORA: No CONS.: IG-INÍCIO: INTERCORRÊNCIAS: DATA DIAGNÓSTICO ÓBITO FETAL: COMO FOI FEITO O DIAGNÓSTICO DO ÓBITO FETAL: DROGAS EM USO E HÁBITOS: EXAME FÍSICO: PESO: ALTURA: PA: AU: DILATAÇÃO: DINÂMICA: APRESENTAÇÃO: EXAMES LABORATORIAIS: TIPAGEM: HB: HT: HIV: RSS: PPF: MG: TOXO: RUBÉOLA: CMV: PROTEINÚRIA: TIPO DE PARTO: DATA: HORA: TIPO ANESTESIA: MÉTODO: TEMPO DE EVOLUÇÃO: CONDUTAS COMPLEMENTARES: COMPLICAÇÕES: EXAME DA PLACENTA: FETO: MASCULINO FEMININO INDETERMINADO PESO: AUTÓPSIA:

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ANEXOS 89

__________________________________________________________________________________________

DATA ALTA:

FIGURA 18. Instrumento de coleta de dados.

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9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105

___________________________________________________________________________________________

AHLENIUS, I.; THOMASSEN, P. The changing panorama of late fetal death in

Sweden between 1984 and 1991. Acta Obstet. Gynecol. Scand., v.78,

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