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INTRODUÇÃO “Começamos agora, procuremos ir de bem a melhor” (Santa Teresa de Jesus) Queridos irmãos que iniciam sua formação no Carmelo Secular, hoje em dia, mais do que nunca, nosso carisma possui uma atualidade importantíssima, principalmente para o estado laical. Parafraseando Santa Teresa podemos dizer: “São urgentes testemunhas da experiência de Deus”. Como carmelitas seculares somos chamados a ser testemunhas de que Deus pode realizar sua obra no ser humano quando nos abrimos à sua ação que nos recria e possibilita alcançar a autêntica realização. Convencidos de que Deus continua suscitando novas vocações ao Carmelo Secular, entregamos este caderno de formação, esperando que seja uma ferramenta em seu processo de discernimento para este estilo de vida no Carmelo Teresiano. Este primeiro ano de formação abrange quatro áreas: antropológica, cristológica, mariológica e orante. Com ele pretendemos “ajudar a desenvolver no Carmelita Secular uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja” (Constituições OCDS nº 34). Para cada tema elaboramos uma “Ficha” que pretende ser um roteiro para que cada comunidade possa desenvolver a formação. Cada ficha é composta de quatro partes: - Uma dinâmica, que tem um duplo objetivo: primeiro introduzir o tema e segundo fomentar a fraternidade através da recreação, elemento muito teresiano. - O desenvolvimento do tema nos ajuda a desenvolver o aspecto acadêmico da formação de um Carmelita Teresiano para “poder dar razão à nossa esperança” (I Pe 3,15). Esta base intelectual é o início de uma atitude de abertura ao estudo que o conduz a aprofundar o interesse pela Sagrada Escritura, pela teologia, pelos documentos da Igreja e pela doutrina dos nossos Santos. - A oração, que por um lado nos ajuda a interiorizar o tema e por outro nos permite fomentar de maneira assídua o trato de amizade, tanto de maneira individual como comunitária. - Um espaço para a partilha, que tem como objetivo compartilhar como o tema ilumina a vida pessoal. Além disso, para terminar cada unidade há uma oficina de oração e uma convivência que nos ajuda a nos conhecer melhor e estreitar os laços que permitirão formar uma autêntica comunidade. Assim estamos trabalhando três pilares de nosso carisma: oração, fraternidade e formação. Estes pilares nos preparam para a missão de sermos promotores de espiritualidade nas realidades de que fazemos parte. Para completar a formação neste primeiro ano é sugerida a leitura pessoal do livro “Desde o Carmelo Teresiano” (Ruiz Alfonso, Ed. Monte Carmelo, Burgos 1985). Este livro oferece um panorama da história da Ordem da vida de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, bem como do ideal de vida que eles plasmaram no carisma.

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INTRODUÇÃO

“Começamos agora, procuremos ir de bem a melhor”

(Santa Teresa de Jesus) Queridos irmãos que iniciam sua formação no Carmelo Secular, hoje em dia, mais do que nunca, nosso

carisma possui uma atualidade importantíssima, principalmente para o estado laical. Parafraseando Santa Teresa podemos dizer: “São urgentes testemunhas da experiência de Deus”. Como carmelitas seculares somos chamados a ser testemunhas de que Deus pode realizar sua obra no ser humano quando nos abrimos à sua ação que nos recria e possibilita alcançar a autêntica realização.

Convencidos de que Deus continua suscitando novas vocações ao Carmelo Secular, entregamos este caderno de formação, esperando que seja uma ferramenta em seu processo de discernimento para este estilo de vida no Carmelo Teresiano.

Este primeiro ano de formação abrange quatro áreas: antropológica, cristológica, mariológica e orante. Com ele pretendemos “ajudar a desenvolver no Carmelita Secular uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja” (Constituições OCDS nº 34).Para cada tema elaboramos uma “Ficha” que pretende ser um roteiro para que cada comunidade possa desenvolver a formação.

Cada ficha é composta de quatro partes:- Uma dinâmica, que tem um duplo objetivo: primeiro introduzir o tema e segundo fomentar a fraternidade

através da recreação, elemento muito teresiano.- O desenvolvimento do tema nos ajuda a desenvolver o aspecto acadêmico da formação de um Carmelita

Teresiano para “poder dar razão à nossa esperança” (I Pe 3,15). Esta base intelectual é o início de uma atitude de abertura ao estudo que o conduz a aprofundar o interesse pela Sagrada Escritura, pela teologia, pelos documentos da Igreja e pela doutrina dos nossos Santos.

- A oração, que por um lado nos ajuda a interiorizar o tema e por outro nos permite fomentar de maneira assídua o trato de amizade, tanto de maneira individual como comunitária.

- Um espaço para a partilha, que tem como objetivo compartilhar como o tema ilumina a vida pessoal. Além disso, para terminar cada unidade há uma oficina de oração e uma convivência que nos ajuda a nos conhecer melhor e estreitar os laços que permitirão formar uma autêntica comunidade.

Assim estamos trabalhando três pilares de nosso carisma: oração, fraternidade e formação. Estes pilares nos preparam para a missão de sermos promotores de espiritualidade nas realidades de que fazemos parte.

Para completar a formação neste primeiro ano é sugerida a leitura pessoal do livro “Desde o Carmelo Teresiano” (Ruiz Alfonso, Ed. Monte Carmelo, Burgos 1985). Este livro oferece um panorama da história da Ordem da vida de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, bem como do ideal de vida que eles plasmaram no carisma.

É importante esclarecer que este material é um roteiro, que não pretende ser um esquema rígido a seguir. Cada comunidade é diferente e pode contribuir de maneira criativa para enriquecer o tema proposto. Confiamos que o Espírito Santo, que é o principal agente, guia e inspirador das almas, lhes motive e enamore neste caminhar que agora iniciam e deem uma resposta generosa ao chamado do Senhor. ROTEIRO PARA O ANO INTRODUTÓRIO AO CARMELO SECULAR

Objetivo Geral: Oferecer um espaço de convivência e reflexão aos candidatos ao Carmelo Secular, para introduzi-los no sentido de vida de comunidade e oração próprios do Carmelo Teresiano.

Objetivos Específicos: Trabalhar o aspecto humano - Tomar consciência de nossa vocação ao seguimento de Jesus de Nazaré,- Introduzir na oração cristã, - Apresentar Maria como modelo do seguimento de Jesus. 1. Compartilhar a experiência do retiro

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I UNIDADE: A vocação do ser humano.

Objetivo: Tomar consciência de que o ser humano foi criado por Deus com a dimensão transcendente que lhe possibilita a comunicação consigo mesmo, com Deus e com os irmãos e que a vocação do ser humano é a união com Deus.

2. O que é o ser humano? Um ser criado para a relação.

3. A realidade do pecado e a realidade da graça. - O pecado como rompimento da relação com Deus - Perdão dos pecados- Renovação interior

4. O homem imagem de Deus em Cristo - Filhos adotivos- Filiação e vida cristã

5. Vida teologal - Fé - Esperança - Caridade

6. O ser humano é pessoa

7. Oficina de oração (Salmo 8) . Partilha: A autoestima (“Somos como um castelo…”)

II. UNIDADE : Seguimento de Cristo

Objetivo: Apresentar a pessoa de Cristo, sua missão e como Ele tornou possível que o ser humano alcance a união com Deus, já que nossa vocação se alcança através do seguimento a Ele.

8. Jesus Filho de Deus feito homem para nossa salvação- Encarnação - Semelhante a nós - Exceto no pecado

9.Traços fundamentais da atuação de Jesus- Um home livre - Obediente ao Pai - Um homem para os outros - Próximo aos necessitados - Serviço libertador- Fidelidade até a morte- Sua missão: anunciar o Reino de Deus

10. A Morte e Ressurreição de Cristo - Por que morre?

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- Valor redentor da morte de Cristo - Sentido da dor e do sofrimento - A ressurreição, boa nova para a humanidade

11. Jesus revelação de Deus e do verdadeiro ser humano

12. Oficina de oração (Vem e segue-me) Partilha: A amizade (Amigos fortes de Deus)

III. UNIDADE: Através do caminho da oração

Objetivo: Introdução a oração cristã, tomando consciência da necessidade da oração para alcançar nossa vocação.

13. O que é orar? 14. Jesus um homem de oração 15. Orar é dizer “Pai”16. Orar no Espírito 17. A oração segundo Teresa de Jesus 18. Ouvintes da Palavra, A Lectio Divina 19. Orar com a Liturgia das Horas

IV UNIDADE: Maria a primeira discípula de Jesus

Objetivo: Apresentar a figura de Maria como modelo de seguimento a Cristo.

20. : Maria a primeira discípula de Jesus 21. Maria, mulher de oração22. Nossa Mãe e Irmã - A Virgem do Carmo- A Virgem Maria em Santa Teresa de Jesus e em São João da Cruz.

23. Oficina de oração (Rezar com o Magnificat) Retiro para a admissão: Viver em Obséquio de Jesus Cristo.

FICHA 1COMPARTILHAR EXPERIÊNCIA DO RETIRO E APRESENTAÇÃO DA FORMAÇÃO NO CARMELO SECULAR

Este encontro tem duas partes, a primeira tem objetivo de criar um espaço para compartilhar a experiência vivida no retiro. A segunda é fazer uma apresentação da organização e processo de formação no Carmelo Secular.

Primeira parte

É importante que as pessoas compartilhem sua experiência depois de passados alguns dias do retiro. Tiveram oportunidade de interiorizar mais a vivência e para reafirma-la é bom que a expressem. Além disso, é muito enriquecedor para os todos ouvir a experiência dos demais, isto permite crescer o conhecimento e estreitar os laços dos que formarão este grupo.

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Escrevendo uma Carta

Para desenvolver esta primeira parte podemos utilizar a dinâmica de escrever uma carta. Peça que escolham uma pessoa muito especial para quem eles queiram escrever uma carta (pode ser qualquer pessoa, não necessariamente do grupo). Devem escrever contando a esta pessoa a experiência vivida durante o retiro e quais são seus propósitos, desejos e ou anseios a respeito do caminho que vão iniciar.Terão 15 minutos para escrever (Assegurar-se de que tenham caneta e papel à disposição)

Passado o tempo, se convida para que de forma voluntária compartilhem a carta escrita. Se forme muitos participantes, para a reunião não ficar muito extensa, podem deixar que leiam as cartas nos próximos encontros, no início de cada reunião, até que todos compartilhem suas cartas.

Segunda Parte

Aqui se fará uma apresentação da organização e plano de formação do Carmelo Secular para que compreendam em que consiste e como será o processo.

. A Ordem no Brasil. - Fazer um breve resumo de que a Ordem é composta por três ramos: Frades, Monjas e Seculares. - Explicar que a Ordem está presente em todo o mundo e que para uma melhor organização está agrupada em províncias Nós pertencemos a Província do Sul do Brasil e se chama: Nossa Senhor a do Carmo.

A formação no Carmelo Secular:

Recordar que o Carmelo Secular é uma vocação, um chamado a viver o carisma da Ordem nas realidades onde nos desenvolvemos. E por ser uma vocação necessitamos de um processo formativo que nos ajude a discernir se somos chamados a esta vocação e se nos configuramos com os elementos essenciais do carisma.

Para tanto temos um plano de formação inicial que dura cerca de cinco anos.

Etapa Objetivo Duração

1ª Etapa Oferecer um período de contato com a comunidade, de tal maneira que o candidato possa se familiarizar mais com a comunidade, com o estilo de vida e com o serviço à Igreja próprio da Ordem Secular do Carmelo Teresiano.

1 ano. Este período começa com o retiro de iniciação.

2ª Etapa Orientar ao candidato para as primeiras promessas de viver o espírito dos conselhos evangélicos e as bem-aventuranças por um período de três anos.

2 anos, que se inicia com a petição de ingresso na Ordem e a admissão na mesma. Entrega-se o Escapulário.

3ª Etapa Orientar o candidato para as promessas definitivas de viver os conselhos evangélicos e as bem-aventuranças por toda a vida.

3 anos. Inicia com a emissão das Primeiras Promessas e conclui com as Promessas Definitivas, para toda a vida.

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Durante o processo de formação temos uma instrução bíblica, teológica, espiritual, doutrina dos santos da Ordem e preparação para apostolado da Ordem, de tal maneira possamos atingir uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja.

Organização das comunidades do Carmelo Secular

O carmelita secular, diferente dos freis e monjas, não vive em comunidade, mas se forma uma comunidade estreitando os laços de fraternidade de surgem ao compartilhar a mesma vocação e sendo sinal de unidade em meio ao nosso mundo.

Assim, uma comunidade do Carmelo Secular é formada por um grupo de irmãos e irmãs que compartilham o carisma teresiano e vivem próximos de tal maneira que lhes permite encontrar-se de maneira frequente para compartilhar a formação e estreitar os laços fraternos.

Cada comunidade elege um conselho, formado pelo presidente, três conselheiros e um formador que se encarregam de dinamizar o caminhar da comunidade.

Para acolher novos membros ou formar novas comunidades seguiremos a dinâmica de um retiro de iniciação, fichas de formação, outros encontros e retiros que marcam as etapas de pertença ao Carmelo Secular.

A formação durante o primeiro ano:

O novo grupo que sai de um retiro de iniciação se organizará de tal maneira que se eleja uma pessoa encarregada da formação. Ele, com a ajuda do conselho, terá que organizar a maneira de repassar os temas, seja de maneira individual ou no grupo.

Os grupos saem de cada retiro se reunirão uma vez na semana. Uma semana na casa dos membros do grupo para partilhar os temas deste roteiro e outra semana será a plenária da comunidade, na qual se tratam outros temas que a comunidade considere oportuno para sua formação.

UNIDADE I. A VOCAÇÃO DO SER HUMANO

FICHA 2O QUE É O SER HUMANO?

Dinâmica Foto – linguagem

-Objetivo: Fazer com que os participantes compartilhem seus sentimentos a partir de momentos da vida cotidiana, admirando-se da capacidade de diálogo do ser humano. - Buscar fotografias, recortes de revistas, fotos de pessoas que estão dialogando, consigo mesmos, formando grupos, orando ou contemplando a criação.

Organizar os participantes em grupos de trabalho. Entregar a cada grupo cerca de quatro figuras. A equipe deve eleger um representante. Observarão as figuras e compartilharão suas impressões durante aproximadamente 5 minutos. Na sequência se realiza a plenária. Os representantes de cada grupo apresentam o

trabalho da equipe: duas figuras que mais lhes chamaram atenção e por que.

Desenvolvimento do temaCriado para a relação

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- Santa Teresa de Jesus no livro das Moradas nos diz: “Não é pequena lástima e confusão que, por nossa culpa, não entendamos a nós mesmos nem saibamos quem somos. Não seria grande ignorância, filhas minhas, perguntar-se a alguém quem é, e não se conhecesse nem soubesse quem foi seu pai nem sua mãe, nem de onde é? Pois se isto seria grande ignorância, sem comparação é a maior que há em nós quando não procuramos saber o que somos” (1M 1,2).

Muitas vezes andamos pela vida sem nos conhecermos, sabemos que respiramos, que caminhamos, que escutamos, mas não sabemos como. Ou mesmo que comunicamos entre os seres humanos, com a criação e com Deus, sem pensarmos que por trás dessa capacidade de comunicar-se reside um dom muito especial para o ser humano. Por isso vamos compartilhar uma série de temas que nos ajudem a tomar consciência da dignidade do ser humano e qual é a nossa vocação para a qual fomos criados, que é para a união com Deus.

- O relato da criação está no Gênesis, que nos diz que o ser humano está determinado por uma especial referência a Deus que nenhuma outra criatura compartilha:

Deus sopra sobre ele, lhe dá um sopro de vida (cf. 2,7) Criados à sua imagem e semelhança (cf.1,27) Deus passeia durante a tarde pelo jardim a tarde para falar com o homem (cf. 3, 8). Deus pensou o homem como um ser relacional, que foi feito à sua imagem e é seu interlocutor. O livro dos Provérbios chega a afirmar que Deus “tem suas delícias com os filhos dos homens” (Pro. 8,31).

- O homem vive sua relação com Deus desde todos os componentes ou dimensões de seu ser: corpo, alma e espírito. O corpo ou carne (basar) como manifestação exterior e sensível de todo o ser humano. Um segundo nível, mais interior, pertence a alma (nefesh), que é como o sopro de vida que permite ao homem ser ele mesmo. Por último está o nível do espírito (ruah) que é uma dimensão sobrenatural que permite ao ser humano colocar-se em relação com o espírito de Deus.

- Assim podemos ver que todo nosso ser está capacitado para a relação. Com nosso corpo nos expressamos e comunicamos, podemos falar de gestos corporais através dos quais nos comunicamos: dar a mão, um beijo, ficar em pé. A alma possibilita a vida, é origem de quanto a pessoa é, sua criatividade, seu pensamento (exemplo pode ser de um artista que se expressa através de uma pintura, ou quando escrevemos uma carta e expressamos parte de nós mesmos ou nossa maneira de ser) toda esta expressão de nós mesmos nos possibilita a vida em sociedade. E o espírito como uma força que se apodera do homem e o orienta ao seu criador (por exemplo temos a capacidade de orar).

- Que consequências traz para o ser humano do fato de que Deus nos criou como seres relacionais: Primeiro que temos uma relação singular com Deus, Ele nos interpela diretamente. O ser humano é o “tu” para Deus (o ser humano é um ser transcendente por natureza). Em segundo lugar, nos faz seres abertos aos nossos semelhantes com uma capacidade de dialogar com nosso próximo (o ser humano é um ser social por natureza).

-O homem é imagem de Deus enquanto está constitucionalmente aberto aos outros. Viver de uma maneira harmoniosa estas relações é uma exigência fundamental da vida cristã. Como viveu Cristo, em quem encontramos nossa plenitude. Jesus vive um diálogo filial com o Pai, se dá completamente a todos os homens, é criador e salvador do mundo.

- “O chamado do homem à comunhão com Deus é a raiz mais alta da dignidade humana”(GS 19). Que dignidade maior é a do ser humano, ser interlocutores do próprio Deus. Santa Teresa de Jesus foi consciente dessa grande dignidade. Ela pensou no ser humano, não como algo vazio, mas como um ser habitado por Deus com quem pode dialogar, o que podemos ler no livro das Moradas: “Consideremos nossa alma como um castelo de um único diamante com um límpido cristal, no qual há muitos aposentos e no centro de todas elas está a principal, onde passam as coisas mais secretas entre Deus e a alma” (1M 1,1-3) e São João da Cruz diz “Um só pensamento do homem vale mais do que todo o mundo, portanto só Deus é digno dele” (Ditos de luz e amor).

Para orar

- Depois de escutar que a bondade de Deus conosco ao passarmos do nada à existência. Depois de tomar consciência de que o bem nos criou não nos faz mais do que louva-lo junto com toda a criação.

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- Sejamos como nos diz A Beata Elisabete da Trinidade “Louvor de Glória” essa é a vocação de toda a criação e, sobretudo a nossa.

-O louvor é a culminação da obra do Espírito, protagonista silencioso em meio a criação. O louvor é a voz que o Espírito inspira à criação ao longo dos séculos. O louvor é a resposta do amor excessivo de Deus que encheu de alegria e plenitude todo grito de dor e morte. O louvor é o último esforço de uma humanidade transbordante de agradecimento vibrante ao som da graça, e não sabe dizer nada mais. O louvor brota gratuitamente, como o sorriso, o amor, a vida.

- Louvemos a Deus com o Salmo 150. (Todos proclamam o salmo)Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário,

louvai-o em seu majestoso firmamento.Louvai-o por suas obras maravilhosas,

louvai-o por sua majestade infinita.Louvai-o ao som da trombeta,louvai-o com a lira e a cítara.

Louvai-o com tímpanos e danças,louvai-o com a harpa e a flauta.Louvai-o com címbalos sonoros,

louvai-o com címbalos retumbantes.Tudo o que respira louve o Senhor!

- Louve a Deus em teu interior, encontre-se com ele e descobre-o com sua morada. - Convite a preces espontâneas. - Pai nosso, Ave Maria, Glória.

Para partilhar

Partilhar os momentos ou períodos de tua vida em que Deus foi um “Tu” real para ti, Alguém profundamente íntimo, único, insubstituível, insuperável, absoluto. - O que suscita em você compreender esta capacidade com a qual Deus nos criou? -A que te inspira conhecer essa dimensão relacional do ser humano, com Deus, com o próximo e com o restante da criação?

FICHA 3A REALIDADE DO PECADO E A REALIDADE DA GRAÇA

Dinâmica A dinâmica do pecado.

- Para fazer a dinâmica é necessária uma caixa com um carvão ou barro. Deve-se embrulhar a caixa como se fosse um presente, o mais chamativa e bonita possível. Desde o começo da reunião o líder colocará o “presente” a vista de todos. Muitos perguntarão o que é ou para quem é o presente. Depois, o que dirige deve perguntar: Quantos se interessaram por esta caixa? Quantos sentiram curiosidade em saber o que tem dentro? Por quê?

- Se deve guiar os presente a chegar a conclusão de que era pela beleza do presente que chamou a atenção de todos. Em seguida pedir a um voluntário para que, sem olhar, coloque a mão dentro da caixa e toque o que há dentro. O voluntário, certamente, tirará a mão suja de carvão. Pedir para que mostre a mão a todos. Nesse momento, o que dirige fará a comparação da caixa de presente com o pecado. Ambos são atrativos por fora, muito bonitos e aparentemente inofensivos, mas no momento em que nos aproximamos nos manchamos.

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- O mesmo acontece com o pecado quando nos aproximamos dele. Por isso temos que permanecer longe do pecado para estarmos limpos diante de Deus.

Desenvolvimento do tema

O pecado como rompimento da relação com Deus.

Falamos no tema anterior da condição do ser humano criado por Deus, porém diariamente constatamos que definitivamente não nascemos em um paraíso. Cedo ou tarde experimentamos o que chamamos de “o mal” através da violência, da guerra, da

desintegração familiar, rancores, injustiças sociais, etc. Isto já dizia Santa Teresa quando experimentava que “Por um lado lhe chamava Deus e por outro o mundo”.

A Sagrada Escritura explica a aparição desta realidade como consequência do pecado do ser humano. O que é o pecado? Em um primeiro momento podemos entender como a violação voluntária da vontade divina. Quando eu, em plena posse de minhas faculdades mentais, furo um sinal vermelho e provoco um acidente, a justiça me condenará, porque serei culpado perante a lei. Neste caso, nenhum juiz me chamará de pecador. Como cristão tenho consciência de que com meu comportamento coloquei em perigo a vida dos meus semelhantes e, por isto, faltei com os preceitos divinos e nisto consiste o pecado. Esta é uma visão muito legalista do pecado que pode nos levar a uma atitude farisaica.

Podemos falar de pecado como falta de fé ou rompimento da relação com Deus. Dizemos falta de fé porque a fé implica na entrega plenamente confiante a Deus, que tem sempre consequências práticas. Nossa profissão de fé não é verdadeira se não adaptarmos a ela nossa vida. Em consequência, cada pecado é uma mentira perante Deus e perante a nós mesmos, porque através dele nos distanciamos, em nosso comportamento prático, daquele que reconhecemos com nossos lábios; falamos como cristãos e atuamos como pagãos. A palavra “pagão” não deve ser interpretada como juízo de valor, mas no sentido em que está na Escrituras: homem que adora ídolos.

Podemos dizer que a essência do pecado é o abandono de Deus, a recusa de sua pessoa e seus ensinamentos. Pecado como afastamento de Deus, que vem ao encontro do homem em Jesus Cristo. Pecado, sensivelmente, como insensatez, como falta de fé. De outra maneira se repete invariavelmente a afirmação de que a essência de todo pecado é o afastamento ateu de Deus que logo se manifesta concretamente em cada pecado isolado.

O pecado original

Falar da realidade do pecado ou da realidade do pecado original em nossos dias é muito difícil. Esta doutrina encontra muitas dificuldades. Por que um pecado cometido no início da História me afeta? Como Adão é um pai de todos os homens? Que papel tem esta verdade no contexto do Evangelho da Salvação? Afrontar esta verdade de fé na atualidade é uma tarefa árdua. Principalmente em uma cultura que se declara alérgica aos conceitos de culpa ou pecado, que confeccionou um mecanismo de autodesculpa, em virtude da qual a culpa é das estruturas, das dimensões sociais ou dos impulsos do subconsciente. Há incontáveis pretextos para justificar o pecado fora de nós mesmos. Não assumimos a responsabilidades de nossas próprias faltas.

Gênesis capítulo 2-3 nos apresenta o relato da queda. No capítulo 2 nos mostra a imagem do paraíso, a vida, o desfrutar de uma existência plenificada pela comunhão com Javé. No capítulo 3 nos mostra a súbita decomposição deste quadro com a corrupção do pecado e suas sequelas. Neste relado nos encontramos com a

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“árvore do conhecimento do bem e do mal” conhece-lo equivale a “ser como Deus”. Esta árvore será objeto de uma ordem, em uma esfera de relações interpessoais. Através desta ordem abre-se ao ser humano um espaço de responsabilidade. Por isto, não se deve entender como um autoritarismo divino, mas como a simples recordação do limite natural da pessoa. O limite dele “que somos chamados a ser Deus”, mas só somos divinizados pela graça de Deus. O homem e a mulher (Adão e Eva) tentaram um endeusamento de acordo com sua própria virtude e sucumbiram à tentação, tomaram o centro, o lugar de Deus. Acreditaram assim, ser por natureza o que só poderiam ser pela graça. Portanto o Antigo Testamento ensina que o pecado é essencialmente falaz e ilusório; nunca cumpre sua promessa. A nudez é sinal da degradação e indignidade, perda de autoridade e autoestima. Gn 9,21; Ez 16,35-40; Os 2,5. Portanto, pecado é, antes de tudo, a ruptura da relação da pessoa com Deus.

Os evangelhos prolongam a doutrina sobre o pecado do Antigo Testamento, sobre o fato de que todos pecaram. O mal está ancorado dentro do coração humano (Mc 7, 21-23). Reconhece alguma vez a dimensão social da malícia humana ou a solidariedade no pecado (Mt 23,29-36). Apesar desta situação catastrófica, o Reino de Deus está próximo, “Jesus salvará seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). Também o pecado original está presente no pensamento do apóstolo Paulo, que é quem melhor expõe a importância desta doutrina, afirma: “Todos nós vivíamos em meio ás concupiscências..., filhos da ira por natureza como os demais" (Ef 2,1-3). A condição humana, tal como é em si mesma ("segundo sua natureza") se move em uma atmosfera de pecaminosidade que conduz irremediavelmente a execução de ações desordenadas e provoca rejeição

divina, como não entra em jogo o amor misericordioso de Deus.

Em outras palavras: uma ação humana introduziu na história a dinâmica do Pecado, que por sua vez cria uma atmosfera de morte espiritual (ruptura com o Deus da Vida), que afeta a toda humanidade e que se manifesta e surte efeito através dos pecados pessoais.

Em poucas palavras, podemos resumir a doutrina da Igreja sobre o pecado original: o homem foi “constituído por Deus em graça e justiça”, contudo o homem pediu imediatamente a santidade e a justiça que havia sido estabelecida.

O pecado original é um pecado em sentido analógico, que tem cunho de pecado por impede nossa comunicação com Deus, mas nunca é um pecado pessoal que cometemos. É um pecado que trouxe como consequências, primeiro: perder a capacidade natural de amar a Deus sobre todas as coisas e sua capacidade de colocar a vida como o centro, como o fim último. É por isso que a abertura que o homem tem ao infinito e que nunca perdeu com o pecado original, lhe conduz, uma vez ancorado em Deus e ouvindo a realidade humana, mas de forma desordenada: dinheiro, prazer, fama, etc. Segundo: O homem fica desequilibrado, porque não pode ancorar-se em Deus, está dividido em seu interior. Pelo que toda a humanidade, tanto em forma individual como coletiva, aparece deste modo como uma luta dramática, entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas.

Se nós negamos o pecado, negamos que Cristo nos salvou. Porque se não temos pecados, do que nos salvou Cristo? Constatamos diariamente que somos pecadores “até o justo peca sete vezes” diz o Eclesiastes.

A Graça como renovação interior.

Apesar do pecado, Deus não abandonou o ser humano, nos deu a graça que nos transforma e nos devolve aquilo para o qual fomos criados. A graça é precisamente o contrário do pecado, é “um acontecimento” e uma “comunhão interpessoal”. Deus mesmo que transborda em Amor e sai gratuitamente em busca e ao encontro do ser humano para comunicar-lhe

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sua própria vida (comunhão interpessoal = comunhão Amorosa com Deus e para o homem = deificação-santificação). Deus não abandona a obra de suas mãos. Não abandona o pecador, mas como é o Pai misericordioso das parábolas de Lucas do capítulo 15.

Este acontecimento da graça, como encontro e comunhão com Deus Trinitário com o homem tem sido chamado de deificação, divinização, santificação. Na teologia se distingue por ensinar a essência do próprio Deus e seu atuar. (em Deus correspondem, porque não atua hipocritamente como a pessoa humana). É assim que se distingue entre a Graça Criada e a Graça Incriada.

A Graça Criada: é o atuar do próprio Deus na Pessoa Humana. Ela é dom no homem, transformação no homem, tanto em seu interior (dimensão espiritual) como em seu exterior (ressurreição da carne como acontecimento que esperamos da graça).Mas também é algo interior e exterior como incriado: quer dizer, nos encontramos com o próprio Deus.

A Graça Incriada: É Deus mesmo em seu mais profundo e íntimo. Não um Deus que nos dá simplesmente as coisas divinas para que compartilhemos com Ele “as coisas mais secretas”, mas sobretudo nossa própria vida, nossa realidade humana. Esta relação com Deus não pode ser em abstrato com a divindade (essência divina / entre a essência de Deus e a essência humana há uma diferença abismal), é concretamente relação pessoal, com uma pessoa concreta, da nossa mesma dignidade natural, é relação com a Pessoa de Jesus Cristo-Homem. Jesus a segunda Pessoa de Deus Trindade que nos abre um espaço na vida divina. Isto por ser Verdadeiro Deus e Verdadeiro e pleno Homem que “está à direita do Pai vivendo a intimidade do Amor”.

Neste sentido, a ação ou acontecimento da realidade da graça no ser humano tem um aspecto de processo, de caminho e crescimento nesse encontro e intercâmbio entre Deus e o homem. É aqui que a reflexão da teologia antropológica se converte em teologia espiritual, a qual nos ajuda a discernir nosso processo de crescimento humano e cristão em direção à meta, o árduo caminho de subir em direção ao cume do monte Carmelo da perfeição que é Jesus Cristo.

Também está relacionado com a escatologia, enquanto este processo visa alcançar a plenitude humana em Deus na visão beatifica e da bem-aventurança na ressurreição dos mortos. Como bem disse São Boaventura: “Chegar a ser filhos no Filho”

Para orar

Apesar de nosso desejo de responder ao chamado de Deus, diariamente experimentamos nossa fragilidade e inconsistência. E se como diz a Escritura: “o justo peca seta vezes”, o que será de nós?

Conscientes de nossa realidade de pecado, mas ainda confiando na misericórdia e no amor infinito de Deus vamos nos unir ao salmista, orando com o Salmo 50. Confiantes de que nada pode separar-nos do Amor de Deus que nos transforma e converte em criaturas novas.

Salmo 50(51)

– Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! – Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!

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– Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. – Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos! –

– Mostrais assim quanto sois justo na sentença, e quanto é reto o julgamento que fazeis. – Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade e pecador já minha mãe me concebeu.

– Mas vós amais os corações que são sinceros, na intimidade me ensinais sabedoria. – Aspergi-me e serei puro do pecado, e mais branco do que a neve ficarei.

– Fazei-me ouvir cantos de festa e de alegria, e exultarão estes meus ossos que esmagastes. – Desviai o vosso olhar dos meus pecados e apagai todas as minhas transgressões!

– Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. –Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

– Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! – Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os transviados.

– Da morte como pena, libertai-me, e minha língua exaltará vossa justiça! – Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor!

– Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. – Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!

– Sede benigno com Sião, por vossa graça, reconstruí Jerusalém e os seus muros! – E aceitareis o verdadeiro sacrifício, os holocaustos e oblações em vosso altar!

Diga ao Senhor com sinceridade e simplicidade como estás por dentro. Manifesta-lhe teu desejo de purificação, de alegria.

Acolhe a Deus, que te envolve com sua bondade, com sua compaixão e misericórdia. Coloca-te diante Dele como argila nas mãos do oleiro, e pede que te crie de novo, não desde o nada, mas desde Ele mesmo, que te mostre Seu rosto, que te presenteie com Seu Espírito.

Toda palavra de Deus é para a vida. Este Salmo nos convida a viver a vida, a nossa vida de cada dia, sabendo que junto a nós está sempre a presença discreta, mas necessária, silenciosa e alegre de Deus. “Juntos andemos Senhor” (Teresa de Jesus). Não esquecemos nossa pequenez, mas sabemos que o Senhor pode convertê-la em louvor. “Que a minha vida seja uma flauta que Tu preencha de música” (Tagore).

- Canto: “Padre me pongo en tus manos” (Kairoi).

- Preces

- Pai Nosso, Ave Maria, Glória …

Para partilhar

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- Tens experimentado em tua vida, como o pecado te afasta de Deus? - Santa Teresa de Jesus diz que por nada há que abandonar a oração, ainda que estejamos na pior situação de pecado, pois ela é o meio de onde nos virá a conversão. Como é a tua experiência a este respeito? Quando estás em pecado, se afasta da oração ou de buscar o encontro com Deus?

- Dizemos que a graça é o próprio Deus ou sua ação em nós, compartilhe como experimenta essa graça de Deus em tua vida.

FICHA 4O HOMEM IMAGEM DE DEUS EM CRISTO

Dinâmica Orar o Pai Nosso com gestos.

Pai nosso que estais no céu, (todos se dão as mãos) santificado seja o Vosso nome. (elevam, lentamente, as mãos dadas, formando um círculo, semelhante a uma coroa) Venha a nós o Vosso reino. (soltar as mãos e colocar as palmas para cima) Seja feita a Vossa vontade, assim na terra (abaixar a mão direita, indicando para baixo) como no céu. (a mão esquerda indica para cima)O pão nosso de cada dia nos dai hoje (ambas as mãos se estendem para a mesa como sinal de comunhão). E perdoai-nos as nossas ofensas (estendem a mão esquerda, com a palma para cima, e a cobrem com a mão direita)Assim como nos perdoamos a quem nos tem ofendido (colocam a mão direita sobre a mão esquerda da pessoa do lado) E não nos deixeis cair em tentação, (fazem um gesto de rejeição, estendendo ambas as mãos e braços para frente) Mas livrai-nos do mal. (Cruzam os braços sobre a cabeça e os abrem com força)Porque Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre. (Todos se dão as mãos e as levantam)Amém! (inclinam a cabeça para frente)

Desenvolvimento do tema

- No tema anterior compartilhamos a ação de Deus através da Graça. Esse atuar de Deus tem seu cume em tornar-nos seus filhos em Cristo, por ele podemos dizer que Deus nos agraciou e amou. Assim diz São João da Cruz: “Àquele que te amar, Filho, a mim mesmo me daria, e o amor que eu tenho a Ti, lhe colocaria, em razão de ter amado a Quem tanto eu queria” (Romance 2)

Isto nos ajuda a solucionar o problema que se levanta ao ser humano - o do sentido de sua existência: Qual é a direção de nossa existência, para onde vamos? Que sentido tem a vida? O cristianismo se mostra como uma resposta a este questionamento que nos define como seres humanos. Ser cristão é crer na resposta que Deus nos dá em Jesus Cristo.

Imagem de Deus em Cristo

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À luz do Gênesis descobrimos o chamado de existir em comunhão com Deus. Agora, à luz do Novo Testamento nos revela que na criação se inicia um diálogo entre Deus e o homem, mas este diálogo está apontando para Cristo, “e nós a quem Deus predestinou a reproduzir a imagem de Seu Filho” (Rom 8, 2).

Temos, pois, que a condição inicial do homem, ser imagem de Deus, se converte em vocação, em chamado, a ser incorporado pela fé e amor a Jesus Cristo. Por isto podemos dizer que o projeto cristão do homem pode ser definido como o caminho de Adão até Cristo. Mais ainda, no Filho passamos a ser filhos adotivos do Pai. (Ga 4, 4-7).

É São Paulo quem nos ilumina sobre nosso tema, para ele se apoia a doutrina do duplo Adão, própria da exegese de seu tempo: em seu primeiro homem, Adão, criado à imagem de Deus, não era mais do que a figura (tipo) do que havia de vir. (Rom 5, 14), um como um esboço temporal da autentica imagem de Deus que é Cristo. (2 Cor 4,4; Col 1, 15).

Mas, Adão vacilou e deformou a imagem de Deus que tinha (Rom 5,12-19). No plano que o amor de Deus havia traçado requeria, pois, um Adão verdadeiro, um homem completo em quem a imagem de Deus refletisse em toda a sua autenticidade. Ao chegar à plenitude dos tempos aparece no segundo Adão que é imagem perfeita. Paulo aplica a Cristo (1 Cor 15, 49; Col 3, 10; 2 Cor 4, 4 ).

Paulo, com sua teologia da imagem, que faz testificar a promessa feita no Antigo Testamento, se cumpriu em Jesus Cristo. O homem foi criado para ser imagem do seu criador, mas só podia chegar a ser plenamente, se ele que sendo de condição divina assumiu a condição de servo. (Fil 2, 6-7).

Por isto Paulo descreve a incorporação a Cristo nos textos batismais como um despojar-se do homem velho e de suas obras e um revestimento de homem novo (o novo Adão). Mas, segundo a concepção de Paulo, a imagem, o homem novo, não é uma dimensão estática dada uma vez por todas, senão sumamente dinâmica que vai tendo lugar na relação interpessoal (fé e amor) com Cristo.

A existência humana, pois, se realiza conforme seu destino, na medida em que deixa orientar a partir da realização da imagem de Deus cada vez mais perfeito e isto se consegue por Cristo e em Cristo. Podemos afirmar, por conseguinte que a noção de semelhança apela a um dinamismo de crescimento: o que é o mesmo que o homem é um ser limitado, mas com um dinamismo ilimitado impresso nele por Deus.

Nossa vocação humana

Podemos afirmar então que “nossa vocação é ser divinizados”, ou melhor dizendo “nossa vocação é ser divinamente transformados”. Não se converte ninguém em Deus com um passe de magica, mas se necessita de uma transformação radical, não há transformação sem morte de algo e nascimento de algo novo. Por isto, nossa vocação é a de ser divinizado, inevitavelmente nosso destino toma a forma de morte e ressurreição; é importante definir estes dois termos: Quando falamos de morte, não se trata de nossa morte final, da morte como fim da nossa existência, mas a morte ao longo de nossa vida, a morte de si mesmo, a morte do egoísmo, é o que chamamos tradicionalmente de sacrifício. Ressuscitar é passar para uma vida completamente diferente. Tendo claro o anterior agora dizemos que o passo, ou transformação para a vida divina, a própria vida de Deus, se opera não só depois da morte, mas ao longo da nossa vida e implica sempre em um novo nascimento ou ressurreição.

É assim que em nossa história, nossa condição humana, não há “crescimento”, nem “transformação” sem morte e novo nascimento. Toda nossa existência humana é uma Páscoa. Em nossa vida há duas páscoas ou trânsitos. O primeiro é o nosso nascimento, passamos do nada à existência humana, inteligente e livre. Mas este primeiro passo é só prévio ao segundo. O segundo é o de uma existência humana para a existência humano-

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divina. O primeiro passo se dá sem o nosso consentimento, mas o segundo não se faz sem nosso consentimento e se realiza ao longo de nossa vida.

A filiação divina

Deus Pai quis reconciliar a realidade do mundo Consigo mediante a vida, morte e ressurreição de Cristo, por quem recebemos não só o perdão dos pecados, mas uma nova relação com Deus. A este aspecto positivo da graça (da justificação) a chamamos de “santificação” e esta realidade consiste, antes de tudo, na presença divina que transforma e eleva nossa humanidade. E, em que consiste essa presença de Deus? Em uma nova situação de amizade com Ele e na inserção do homem em Deus (a inabitação trinitária, filiação adotiva).

Portanto, aprofundar sobre o sentido de nossa existência nos permite descobrir que “por amor de Deus”: fomos destinados a esta vocação sobrenatural; fomos transformados internamente, nossos pecados foram apagados, fomos curados e elevados a uma nova dignidade, ser filhos no Filho de Deus e, por ele participar da vida divina. A filiação divina é a plenitude de nosso ser pessoal. Divinização e humanização não se opõem (assim como em Cristo a união hipostática não significam diminuição em sua humanidade = Jesus é o homem perfeito e Deus verdadeiro). Jesus é pessoa em relação ao Pai, nós somos pessoas enquanto chamados a participar nesta relação divina desde nossa condição de criatura.

Nossa filiação adotiva é possível porque o Verbo de Deus se fez homem, enquanto homem como nós Jesus Cristo, nos faz partícipes Nele na vida divina. Portanto, nossa tarefa é abrir-nos à ação da Graça de Cristo e configurar-nos com Ele. Estar em estado de Graça, é, antes de tudo, ter uma relação de filiação com o próprio Deus.

São João da Cruz descreve assim nossa vocação: Que “para este fim último do amor fomos criados”. (Cântico B 29,3) “Chamados a tão alto estado de união de amor com Deus”. (Chama 2,27). “Oh almas criadas para estas grandezas e para elas as chama! Que fazeis? Em que os entretém? Vossas pretensões são baixeza e vossas posses misérias. Oh miserável cegueira dos olhos de vossa alma, pois para tanta luz estais cegos e para tão grandes vozes, surdos, não vendo que em tanto que buscais grandezas e glória, caís miseráveis e baixos, de tantos bens feitos ignorantes e indignos!” (Cântico Espiritual B 39,7).

Para orar

- Teresa nos ensina a orar com Cristo, ao dizer “Pai Nosso” com Jesus e a contemplar a partir de Jesus o mistério do Pai até nos sentirmos filhos no Filho.

- Orar é dizer Pai. Dizer Pai é a grande fortuna do orante. Poder dizê-lo com Jesus, compartilhar seus sentimentos de Filho, sua própria relação pessoal com o Pai.

- “Oh Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho e como parece vosso Filho, filho de tal Pai! Bendito seja para todo o sempre!” (C 27,1). A oração de Teresa adentra no mistério do Pai, ao estilo de Paulo em Ef 1,1ss, sobretudo no desígnio de dar-nos no Filho, dom que “nos enche as mãos”, que “enche o entendimento” até “ocupar a vontade” (C 27,1) e deixa-la sem palavras, no silêncio de sua presença.

- Façamos nossa essa oração de Teresa, da Sétima Exclamação.

PARA QUE QUEREIS O MEU AMOR, DEUS MEU?

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Ó Esperança minha e meu Pai e meu Criador e meu verdadeiro Senhor e irmão! Quando considero em como dizeis: que Vossas delícias são com os filhos dos homens, muito se alegra minha alma. Ó Senhor do Céu e da Terra! Que palavras estas para não desconfiar nenhum pecador! Falta-Vos, porventura, Senhor, com quem Vos deleiteis, que buscais um vermezinho de tão mau odor como eu? Aquela voz que se ouviu no batismo do Jordão, disse que Vos deleitáveis em Vosso Filho. Pois, havemos de ser todos iguais, Senhor? Oh! Que grandíssima misericórdia e que favor sem que o possamos merecer! E que tudo isto olvidemos, nós os mortais! Lembrai-Vos, Deus meu, de tanta miséria e vede a nossa fraqueza, pois de tudo sois sabedor.

Ó alma minha! Considera o grande deleite e grande amor que tem o Pai em conhecer a Seu Filho e o Filho em conhecer a Seu Pai, e o ardor com que o Espírito Santo se junta com Eles e como nenhuma das três Pessoas se pode apartar deste amor e conhecimento, porque são uma mesma coisa. Estas soberanas Pessoas se conhecem, estas se amam, e umas com as outras se deleitam. Pois, que necessidade há de meu amor? Para que o quereis, Deus meu, ou que ganhais? Oh! Bendito sejais Vós! Oh! Bendito sejais Vós, Deus meu, para sempre Louvem-Vos todas as coisas, Senhor, sem fim, pois não o pode haver em Vós.

Alegra-te, alma minha, que há Quem ame a Deus como Ele merece. Alegra-te, que há Quem conheça Sua bondade e valor. Dá-Lhe graças, porque nos deu na Terra Quem assim O conhece, como Seu Filho único que é. Sob este amparo poderás achegar-te a Ele e apresentar-Lhe as tuas súplicas. E pois que sua Majestade se deleita contigo, que todas as coisas da Terra não sejam bastantes para te apartar de te deleitares e alegrares na grandeza do teu Deus e em como merece ser amado e louvado; e te ajude para que tenhas algumas partezinhas em ser bendito o Seu Nome e possas dizer com verdade: << A minha alma engrandece e louva ao Senhor>>.

- Abbá. Chamar assim a Deus é uma novidade cristã. Jesus expressou assim a intimidade e confiança únicas que tinha com o Pai. Nesta intimidade nos coloca no Espírito. (Ga 4,3-7; Rm 8,14-17), para que possamos chamar a Deus Pai em Cristo. Dizer “Abbá” é a grande fortuna do orante. Oremos unindo-nos a Jesus e digamos: Pai Nosso...

Para partilhar

O que acabamos de dizer interpela a responsabilidade de cada um a respeito do estado atual da historia, nenhum cristão, incorporado mais e mais em Cristo, transformado mais e mais em imagem de Deus, pode desentender-se dos problemas de nosso tempo, das dificuldades de nossos irmãos. Também neste sentido o dinamismo infinito dentro de nós tem um autêntico sentido comunitário e social. Um compromisso de viver como autênticos filhos de Deus, em meio a nossa realidade.

- Que situações estão impedindo em tua história pessoal, comunitária e social, que alcance a vocação de ser divinamente transformados?

- Como se compromete para tomar consciência desta vocação?

FICHA 5VIDA TEOLOGAL

Dinâmica Confiança

- Propiciar um ambiente para dialogar sobre as virtudes teologais.

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- Pedir que três voluntários vão até ao centro colocam-se cadeiras para eles e venda-se seus olhos e cuidadosamente se retiram as cadeiras sem que eles percebam e coloca um banquinho. Logo arrastam as cadeiras que foram tiradas e diz aos voluntários que se sentem. Uns dizem para que façam outros não.

Desta dinâmica dá para tirar a reflexão e explicar que às vezes acontece entre nós e Deus, que duvidamos de sua voz, etc...

Desenvolvimento do tema

Nos temas anteriores falamos sobre a graça com a qual Deus nos abençoou, basicamente é ser filhos de Deus eu Cristo Jesus. Mas isto é um caminhar, um processo de amadurecimento, pois não é uma posse perfeita, fica sempre um resquício de pecado.

Também a graça que Deus nos dá não é limitada, sempre cresce. Ao processo de crescimento na graça chamamos de “vida teologal”, porque a vida cristã é essencialmente vida na fé, esperança e amor. Estas virtudes devem marcar nossa relação com Deus, com os irmãos e com o mundo.

Santa Teresa e São João da Cruz comparam nossa vida cristã como um caminho, a meta é a união com Deus, a bússola que nos guia são a fé e a esperança que nos permitem confiar neste Deus que se aproxima e nos convida a caminhar e a motivação, ou o combustível para o caminho é o amor, sobretudo conhecer que este Deus é amor.

A vida de fé

Pela fé temos acesso a salvação de Deus realizada em Cristo.

A fé no Antigo Testamento aparece como atitude fundamental do povo de Israel, que determina sua relação com Javé e configura sua história, afirmamos que Abraão é nosso pai na fé, o pai dos crentes, o modelo para o homem crente que se confia nas promessas de Deus e assim vemos também na vida de Moisés e os profetas. A fé é a atitude fundamental do homem justo.

A fé no Novo Testamento é acolher a Deus enquanto única salvação e enquanto palavra de verdade e vida, a fé é acolhida de Deus salvador em Jesus Cristo como único caminho de salvação para os homens. (Cf. Mc. 1,15; 1Cor. 15,3-7) .

Podemos dizer que a fé tem dois aspectos: o de aceitar a mensagem (aspecto cognitivo) e o de aceitar a pessoa que me transmite essa mensagem (aspecto relacional).

A fé por um lado é conhecer e aceitar a revelação de Deus em Cristo, e neste sentido implica em aceitar sua mensagem, sua doutrina, aceita-la como Palavra de Deus porque Deus mesmo testemunhou, é, portanto, a aceitação do próprio testemunho de Deus. Nesse sentido cremos em sua Palavra e na interpretação que dela fez a Igreja através do tempo.

Mas a fé não é só aceitação de uma mensagem, é também a adesão a uma pessoa, na qual se coloca confiança e neste caso Deus. É dar-lhe crédito pessoal, entregar-lhe nossa confiança e nosso coração. Na realidade não há verdadeira fé se não se descobre a este Deus vivo e pessoal, que se manifestou em Jesus Cristo. A fé não é só crer em algo, mas sim em Alguém.

Pela fé o ser humano obedece a Deus que fala, confia em Deus que testemunha, tem comunhão de vida com Ele que comunica a Si mesmo em Jesus Cristo. Trata-se de uma atitude fundamental que compromete a

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pessoa toda. É a atitude pessoal expressa na fórmula da oração do “Credo”, que te como consequência: “eu creio no que dizes no que exiges, no que prometes”. É a atitude fundamental do crente que renuncia a confiar em suas forças, para apoiar-se na Palavra divina.

Porque a fé é uma opção fundamental, não é um ato qualquer, mas a decisão mais radical do ser humano que dá uma orientação nova e definitiva à sua existência. Não é um ato isolado, mas engloba nossa vida e se converte em norma de nosso atual por meio da qual construímos nossa vida. Abrangendo todas as dimensões do ser humano: inteligência, vontade e ação.

A opção pela fé exige um compromisso: crer é comprometer-se. Crer em Cristo e em Deus que nos revelou, comprometendo-nos com seu desígnio amoroso para com os homens. A fé não deve ser vivida somente no âmbito pessoal, mas também numa dimensão politica e social, ou seja, pública.

Também temos que dizer que a fé é um dom e uma tarefa. A fé é primeiro um fruto da graça e da iluminação do Espirito Santo, mas requer do ser humano um esforço de perfeição. Para isto é necessário um progressivo conhecimento da fé e uma boa formação religiosa, já que a falta de formação religiosa é a causa primordial de tantas incoerências de muitos cristãos com relação a sua fé.

Temos que esclarecer que não se trata unicamente de um exercício intelectual, mas de uma fé que se faz vida, conhecer a fé para vivê-la, desce-la da mente para o coração é essencial para vive-la de maneira coerente, para ser testemunhos da fé.

A fé também tem uma dimensão missionária, deve ser confessada e anunciada em todos os âmbitos em que nos encontramos.

A vida na esperança

Uma fé plenamente vivida implica na esperança, já que não podemos em crer Deus sem esperar Nele.

A Bíblia entende o ser humano com um ser que não somente tem esperança, mas que é esperança. A esperança configura sua história pessoal e coletiva. É a esperança no poder de Deus, em sua promessa de salvação, em um acontecimento futuro de plenitude que se vai concretizando na experiência da liberação do Egito, na posse da terra prometida, na volta do exílio, na vinda do Messias e na instauração de seu reino.

A grande falta do povo de Israel, como dizem os profetas, foi desconfiar de que Deus havia escolhido e marcado com uma aliança. (cf. Jer. 17,5-8)

No Novo Testamento, a esperança caracteriza os cristãos. São Paulo a descreve uma esperança sem limites na promessa de Deus cumprida na ressurreição de Jesus Cristo e a participação em sua glória, como o paciente e perseverante que se mantem firme nos sofrimentos. ( Rom. 5,2-5; 8,18.23-25; 12,12; 1Cor 1,7-9; 2Cor 3,4.12, Gal. 5,5)

São Paulo nos mostra os conteúdos da esperança cristã: esperança na salvação futura, a confiança da promessa de Deus realizada em Cristo, a constância paciente e perseverante em meio as adversidades, a atitude de abertura a Deus que nos faz colocar toda a confiança Nele, livres da autossuficiência.

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A esperança é a atitude fundamental que caracteriza a existência do cristão, sua vocação é a esperança (Ef 4,4), pois, foi “regenerado” para uma esperança viva (1Pe. 1,3) e está chamado a dar razão dela diante do mundo (1Pe. 3,15).

A esperança cristã é uma tendência viva no Deus da salvação, suscitada em nós pela ação interior do Espírito, seu objeto não é um bem qualquer, mas é o próprio Deus, nossa realização definitiva. (Flp. 1,23; Rom. 8,17; 1Tim. 1,1). Inclui antes de tudo um profundo desejo de Deus como fim absoluto e totalizante da própria vida, implica na convicção de santa Teresa “Só Deus basta”.

O conteúdo de nossa esperança tem também um caráter social, já que afeta o futuro de toda a humanidade portanto compreende a luta por um mundo melhor, pela implantação do Reino de Cristo, que antecipa de alguma maneira a felicidade última dos seres humanos. Trata-se então, de uma esperança ativa e comprometida com a história.

Outro aspecto da esperança cristã é sua firmeza, já que se apoia no poder de Deus e em seu infinito amor para com os homens.

A esperança também possui uma dimensão purificadora, em meio as experiências do êxodo e exilio nos convidam ao abandono nas mãos de Deus que infunde segurança e certeza de que todas as vicissitudes da vida sejam dirigidas pela Divina Providencia. Por isso a esperança é o princípio, ou a fonte da serenidade e do otimismo cristão, é a atitude que admiramos nos santos, como Teresa de Lisieux.

A realização no amor

A caridade constitui, junto com a fé e a esperança, a atitude fundamental que caracteriza a vida cristã. Sem caridade não se pode dar resposta ou expressão plena da fé e da esperança, ou seja, uma adesão plena a Deus e confiança firme em sua promessa de salvação. Por isto o amor engloba toda a vida do ser humano, é sua atmosfera vital, a tal ponto como diz São João da Cruz: “o que não amo permanece na morte” (Jn. 3,14).

A vocação do ser humano e seu chamado ao amor. Este chamado se produz à luz da revelação como resposta ao amor de Deus manifestado na história da salvação e que culmina com o envio de seu Filho ao mundo. O amor do homem é a resposta a esse amor, que abrange o amor de Deus e ao próximo. No Antigo Testamento o amor de Deus e o amor ao próximo constituem o maior mandamento. (Dt. 6,4-5).

Mas Jesus lhe dará uma novidade a este mandamento (Jo. 13, 4-5). Esta novidade reside no modelo de imitação que nos propõe: o amor oblativo de Jesus e na profunda unidade do amor a Deus e ao próximo.

Para orar

“Senhor, quem pode entrar no teu santuário e habitar em teu monte santo?” (Sal 14,1); santa Teresa, no limiar da oração, também pergunta: “como haveremos de orar?” A resposta em ambos os casos tem a ver com o amor.

A verdadeira oração é questão de amor. Aprende a amar com ternura, aprende a amar com sabedoria, aprende a amar com valentia.

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“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!” (1Cor 13,1-3).

Escutamos o chamado a iniciar um trato de amizade com o Senhor, sabemos que muito mais importante que a oração é o orante, por isso nos tomamos em conta, descobrimos que dentro de nos há vozes contrarias e lutamos para não recuar diante das dificuldades. Não é pouco, mas “Já está tudo feito” (M 3,1,8). Fica o mais importante: Deixar-nos fazer. “Tudo isso que para mim eram vantagens, considerei perda por Cristo, Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor” (Flp 3,7).

Fortalece nosso caminhar com a fé, a esperança e o amor.

Preces espontâneas. Pai Nosso, Ave Maria, Glória

Para partilhar

Compartilhe com os irmãos como está em tua vida a vivência das virtudes e como dá testemunho da fé, da esperança e do amor perante aos demais.

FICHA 6O SER HUMANO COMO PESSOA

Dinâmica Ama teu próximo como a ti mesmo.

- Cortar pedaços de papel e entregar aos participantes. - Cada participante escolhe em silêncio outro da comunidade e escreve do outro lado do papel o que a outra pessoa deve fazer, e assina o papel (ex: Eu Andrea desejo que João pare no meio da sala e declame um poema). - Depois que cada pessoa escreveu seu desejo deve dobrar o papel e entregar ao coordenador. Depois o coordenador pega todos os papéis e explica o nome do jogo: “Ama a teu próximo como a ti mesmo” ou “Não faças aos outros o que não queres que façam contigo”.- Em seguida o líder vai lendo papel por papel e cada participante terá que fazer o que escreveu em seu papel.

- Isto nos ajudará a falar da dignidade e respeito da pessoa humana.

Desenvolvimento do tema

No primeiro encontro falamos sobre a capacidade de relacionar-nos e em seguida falamos de como o pecado impede essa comunhão, que Deus reestabeleceu em Cristo, chamando-nos a uma comunhão mais profunda: ser filhos no Filho. Diante disso podemos dizer que o ser humano possui uma dignidade única, por isso afirmamos que o ser humano é “pessoa”.

Cada ser humano não é simplesmente um individuo da espécie humana, como é no caso das demais substâncias do mundo físico ou

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orgânico. O Homem possui uma dignidade e um valor que o eleva acima dos demais seres e isso merece o título de pessoa.

O termo “Pessoa”

A primeira definição de “pessoa” se atribui a Severino Boécio, filósofo cristão que viveu entre os séculos V-VI, para quem a pessoa é “substância individual de natureza racional”.

Assim, por um lado, o ser humano é “substância”, um ser individual, que tem sua própria consistência, autonomia, existe em si mesma, não como parte de outra realidade. A pessoa é um sujeito e não um objeto é uma consciência, um ser espiritual, que não pode ser reduzido a uma coisa do mundo físico ou material. Em consequência ninguém tem direito a dispor da pessoa, a utilizá-la como instrumento. Ao contrário, sua autonomia deve ser respeitada. O filósofo alemão Emanuel Kant expressava como um imperativo ético: “Atue de tal maneira, seja na pessoa de cada um dos demais, sempre como fim e nunca como meio”. O mundo material – animais e objetos - pertence a ordem dos meios, enquanto o mundo pessoal pertence a ordem dos fins. Reconhecer alguém como pessoa é reconhecer sua dignidade, seu valor, sua originalidade absoluta.

A natureza racional e livre (a semelhança de Deus) faz o homem essencialmente diferente de todos os demais seres da natureza. A pessoa, por ser dotada de inteligência e liberdade, não é uma substância qualquer da natureza, mas nos faz possuir uma dignidade que a coloca acima dos demais entes naturais. Estes seguem puramente as leis e os mecanismos impostos por sua natureza. A pessoa, ao contrário, por sua inteligência e liberdade é capaz de superar o dado meramente natural e transcender a si mesma, construindo a existência mediante o exercício de sua liberdade. São Tomás de Aquino chama a pessoa de “o mais perfeito em toda a natureza”, colocando assim, em evidência, sua altíssima dignidade.

Temos que dizer que o termo pessoa estava em um primeiro momento referido a Deus, para ajudar-nos a explicar o mistério da Trindade. Afirmando que o que faz com que Deus seja Pai, Filho e Espírito Santo não é a natureza, que é comum e única, senão a relação que existe entre elas. O ser de Deus se realiza enquanto se dá toda autodoação do Pai, como o Espirito procede da autodoação recíproca do Pai e do Filho. A pessoa, pois, consiste em relação.

Logo, o termo foi aplicado ao ser humano, precisamente por sua capacidade de relação. O homem é um ser comunicativo, capaz de se doar. O ser humano é, em uma palavra, um ser relacional, o homem é pessoa.

A pessoa, um ser como os demais e para os demais.

Mesmo exaltando tão fortemente o valor individual, único e exclusivo de cada ser humano, podemos dizer com a mesma intensidade que a pessoa é um ser fundamentalmente aberto aos demais, é essencialmente comunitário. Em outras palavras, a pessoa não se realiza nem alcança sua plenitude sem estar em comunhão com as demais pessoas. Sua consciência, sua liberdade, sua inteligência, em uma palavra, todo o seu ser não se desenvolve a não ser em uma relação dialógica e solidária com os demais homens. Buscar a própria plenitude longe dos demais ou servindo-se dos outros como instrumentos é negar-se a uma relação verdadeiramente pessoal, é renunciar o ser pessoa. Assim, a pessoa não se define por seu pensar, pela sua razão. A pessoa só se realiza à medida que em que se abre aos demais, em uma relação de dar e receber. Esta relação, já que a pessoa é um ser encarnado se concretiza em instituições e estruturas próprias da vida social, nas quais a pessoa há de receber seu justo reconhecimento, como fim das mesmas, a cujo serviço devem estabelecer-se.

A pessoa é um valor absoluto.

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Deste chamado a ser o tu de Deus, deriva a dignidade do ser humano. Cada homem é algo único e exclusivo. O feito de que Deus o criou porque o quer por si mesmo, como fim e não como meio, torna o homem concreto e singular, um valor absoluto que não pode ser colocado em função de nada. O homem é valor absoluto, porque Deus leva o homem muito a sério. O ser para Deus é a raiz da personalidade do homem e, consequentemente, o segredo de sua inviolável dignidade e valor.

Cristo, homem entre os homens, veio confirmar decisivamente o valor absoluto da pessoa humana. Podemos dizer que o Filho de Deus em pessoa morreu em favor de cada homem. O preço de todo ser humano é a vida de Deus encarnado. 1Cor 6,20; 7,23; 1Tim 2,5-6.

A pessoa, fonte de direitos e deveres.

Ao dizer que a pessoa tem um valor absoluto, afirmamos que toda a realidade não pessoal deve estar ao ser serviço e não ao contrário como acontece. Não são as coisas, nem os bens, nem as instituições sociais, políticas ou religiosas que estão por cima da pessoa, elas existem para seu benefício e desenvolvimento. Para ele deve haver um ambiente propício no qual a pessoa encontre os espaços para desenvolver-se e viver de acordo com a sua dignidade. Este espaço consiste no respeito de seus direitos e no cumprimento de seus deveres. Por este motivo em 1948 a ONU proclamou a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Estes direitos são exigências que brotam do reconhecimento do valor absoluto da pessoa e sua dignidade. Estes direitos não se cumprirão se não forem exigidos e respeitados os deveres.

A Igreja sempre defendeu o valor da pessoa, como podemos ver nos documentos do Concílio Vaticano II, (Gaudium et Spes 12- 22) “A pessoa humana, coração da paz. Com efeito, estou convencido de que respeitando a pessoa se promove a paz, e que construindo a paz se colocam as bases para um autêntico humanismo integral. É assim que se prepara um futuro sereno para as novas gerações. (Mensagem do Papa para a jornada mundial da paz 2007).

Na doutrina dos santos do Carmelo encontramos um humanismo muito rico, o respeito e a dignidade da pessoa, precisamente pela alta dignidade de ser um “tu” para Deus.

Exemplo disso temos em Teresa de Jesus, na maneira de tratar as irmãs de comunidade, especialmente as enfermas, para quem recomendava um grande cuidado. A Doutora Mística foi uma pessoa aberta a todos os valores humanos: afabilidade, simpatia agradecimento, amor à verdade, etc. A figura que nos chegou através da história e que reflete de seus escritos nos revela que muitos destes valores havia encarnado em sua própria pessoa e os aconselhava a suas filhas.

"Irmãs minhas, em que puderem e sem ofensa a Deus, procurem ser afáveis e ter bom entendimento com todas as pessoas com quem tratarem, que amem suas conversas e desejem vossa maneira de viver e tratar, e não se atemorizem ou amedrontem da virtude. Às religiosas isso muito importa: quanto mais santas, mais conversáveis com suas irmãs.” (CV 41, 7).

E São João da Cruz nos diz: “Um só pensamento do homem vale mais do que todo o mundo, portanto somente Deus é digno dele.” (Ditos de luz e amor).

Para orar

Ante o Tu de Deus

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- Vamos orar com o Salmo 63 (62) tornando-o nosso, entrando neste salmo e nos sintonizando com o salmista. Se coloque ante o Tu de Deus. Oxalá percebas que estas real e inteiro ante o Tu real de Deus.

Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro. Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a terra árida e sequiosa, sem água.Quero vos contemplar no santuário, para ver vosso poder e vossa glória.Porque vossa graça me é mais preciosa do que a vida, meus lábios entoarão vossos louvores.Assim vos bendirei em toda a minha vida, com minhas mãos erguidas vosso nome adorarei.Minha alma saciada como de fino manjar, com exultante alegria meus lábios vos louvarão.Quando, no leito, me vem vossa lembrança, passo a noite toda pensando em vós.Porque vós sois o meu apoio, exulto de alegria, à sombra de vossas asas.Minha alma está unida a vós, sustenta-me a vossa destra.

-Tu és o meu Deus, meu eu mais profundo e absoluto;

-Madrugo por ti, Tu és meu ponto de referência vital, a partir de Ti quere programar minha vida e fazer minhas opções;

- Tu e tudo o que vem de Ti (Tua graça) valem mais do que a minha própria vida, quero viver junto a Ti, não posso ser nada se não vier de Ti; - Tu és minha intimidade mais profunda e meu impulso do meu fazer, Tu és minha saciedade, impossível esquecer-te, nem de noite, nem de dia. - Tu és a fonte do meu ser, minha quietude e minha fortaleza, meu bem e meu Tudo, minha opção e meu amor pessoal, meu futuro e meu destino, a felicidade de minhas entranhas, minha alegria e meu descanso eterno.

- Amar: dar o melhor de si, o seu melhor eu.

- Teu amor, Senhor, me é mais necessário do que meu próprio ser.

- Preces

- Pai Nosso, Ave Maria, Glória.

Para partilhar

- Quais pessoas têm sido necessárias, insubstituíveis e significativas para ti ao longo de tua vida?

-Quais experiências de relação te capacitaram para o amor, a amizade, a intimidade dialogal?

- Que situações em tua realidade nacional não estão respeitando a dignidade da pessoa humana?

- Com o que se compromete a partir do tema de hoje?

FICHA 7ORAR COM O SALMO 8

OFICINA DE ORAÇÃO

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Indicações

Terminamos a primeira unidade, na qual tomamos consciência da dignidade do ser humano e a vocação para a qual estamos chamados. Vamos realizar esta experiência de oração, para que, em um ambiente de oração, agradeçamos a Deus por tudo com que tem nos presenteado e para que nos de a força de viver conforme esta vocação.

Seria conveniente preparar o ambiente com os seguintes símbolos: preparar um cartaz com a frase: “Que é o homem?” Pode-se colocar fotografias de diversos rostos ou pessoas que responda a esta pergunta, buscando as melhores atitudes do ser humano. Pode colocar a Bíblia e uma vela.

É necessária também uma música de fundo para orar. (Sugestões do cd que acompanha o material: “Tu me sondas” e “a alma é de cristal”), é necessário também fotocopiar o salmo 8 para que todos possam proclamá-lo no momento indicado.

Ambientação

Vamos a orar com o salmo 8. No centro deste salmo está a pergunta: O que é o homem? Uma pergunta básica para orar.

O orante que pergunta representa toda a humanidade, O orante que pregunta está representando a toda a humanidade onde nascem as perguntas? Da beleza, uma pergunta provocada pela contemplação. Porque quem contempla pergunta. A admiração é a mãe do saber. O homem é um contemplativo da criação. De seu olhar admirado em uma noite estrelada surge a pergunta sobre si mesmo. Os olhos levantados ao céu se abaixam convertidos em uma pergunta cheia de admiração.

“Como um pai educa seu filho, assim Deus educa ao seu povo” (Dt 8). Parte essencial dessa educação é ensinar-lhe a falar para entender-se com Deus. Deus mesmo lhe ensina a linguagem: para que saiba lamentar-se, dizer onde dói e o que necessita, para que saiba expor seu sorriso e sua alegria, para que possa unir-se a seus irmãos em um canto em uníssono, para que saiba, sozinho diante de Deus, derramar em palavras o transbordar de seu coração.” (Luis Alonso Schökel).

Exercício de relaxamento: convida-os a tomar uma posição cômoda, fechar seus olhos. Fazer um exercício de respiração, permitindo que o corpo se disponha para a oração.

Invocação do Espírito Santo: Vem Espírito Divino, Senhor e doador da Vida. Vem tu que és o sopro do Pai e do Filho que nos transmitiu a vida, que nos faz passar do nada a existência, tu me sondas e me conhecer porque estás dentro de mim.

- Canto: Tu me sondas

Desenvolvimento

Admira-te do quão bem que Deus sabe de aproximar-se ao ser humano! - Louva pela criação do homem e da mulher! Bendiz por ter querido fazer de nós um! Deus dá a vida a todos e não está ausente, mas presente em toda a criação.

-O ser humano é a glória de Deus. Quem trabalha por sua dignidade louva ao Senhor. Jesus é a presença de Deus na Terra. Nele, o homem perfeito, se fez realidade neste salmo. Quem o ama, alegra o coração da Trindade.

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- “Mil graças derramando,Passou por estes campos com presteza,E, enquanto os ia olhando,Só com sua figura,A todos revestiu de formosura.” (São João da Cruz).

- Unamo-nos ao salmista para louvar a Deus (todos proclamam o salmo 8)

- Toma a atitude das crianças de peito e contempla o bem com que Deus nos criou. - Somos um ser pequenino ante a criação, mas capazes de pensar e compreende-la, capaz de admirar-se. - Toma consciência de tua dignidade e da dignidade de teu próximo feito à imagem e semelhança do próprio Deus. - Deus tem seus deleites com os filhos dos homens. Fala com teu Deus, é o seu interlocutor, Ele inclina seu ouvido para te escutar.

- Canto “A alma é cristal” - Convida-os para expressar em voz alta uma ação de graças ou prece de maneira espontânea. A cada prece, respondem: “Senhor criador, admirável é seu nome em toda a terra!” - Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

UNIDADE II. O SEGUIMENTO DE CRISTO

FICHA 8JESUS FILHO DE DEUS FEITO HOMEM POR NOSSA SALVAÇÃO

Dinâmica- Objetivo: Introduzir o tema compartilhando alguns pensamentos dos santos sobre a Encarnação.

- Dividir em pequenos grupos e entrega a cada um uma frase distinta. Em cada grupo se partilha o que a frase lhes diz e em seguida se elege um do grupo para que partilhe com toda a comunidade.

“Em Deus o pranto do homem e no homem a alegria, coisa que num e no outro tão alheia parecia.” (São João da Cruz - Romances)

“Deus se fez Filho do homem para que todos nós homens chegássemos a ser filhos de Deus.” (Sta. Edith Stein)

“Deus veio o mundo para salvar-nos: Para unir-nos a Ele, para uni-nos entre nós mesmos e para fazer nossa vontade semelhante à Sua. Ele conhece nossa natureza e conta com ela e por isso nos trouxe tudo aquilo que nos possa ajudar a chegar a meta” (Sta. Edith Stein)

Desenvolvimento do tema

O grande gesto de Deus: fazer-se homem- Nunca imaginaríamos até que ponto extremo Deus ama ao ser

humano e se preocupa conosco. Mas em Cristo aconteceu algo que, se pensarmos bem, é desconcertante e só pode ser explicado por amor: Deus quis tornar-se homem, compartilhar nossa mesma vida e saber por experiência própria o que é ser homem e viver esta vida. (Cf. 1 Jo 4, 9.16).

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- Em Jesus de Nazaré Deus decidiu de uma vez pra sempre ser homem, com todas as suas consequências. Deus se colocou em nosso lugar. Deus quis ser para sempre homem, conosco e para nós. Isto quer dizer que o Criador não quis ser somente fonte e origem da vida da criatura. Quis, além disso, conhecer pessoalmente como é a vida débil da criatura. Em Jesus Cristo, Deus vive e se faz presente de uma maneira tão total, tão imediata e pessoal, que do homem não podemos dizer que é somente a “imagem de Deus” como nós. Neste caso, temos que confessar que é o “Filho de Deus”, ou seja, Jesus é Deus vivendo nossa vida humana, Deus compartilhando de nossa existência débil de criaturas.

- Para nós, este é o acontecimento decisivo de toda a história. Não aconteceu e nem poderá acontecer em todo o mundo nada mais importante. Deus quis, de verdade, ser nosso irmão, pertencer à espécie humana, Deus quis ser um de nós e já que não pode deixar de amar e de preocupar-se com esta humanidade na qual se encarnou e a qual Ele mesmo pertence.

Semelhante a nós em tudo - Deus quis ser homem com todas as suas consequências e viver nossa experiência humana até o fundo,

detendo-se somente ante ao impossível. A Encarnação não foi um teatro bem montado nem um passeio de Deus pelo mundo, com vestes humanas. Deus não quis julgar a ser homem. Não quis viver uma vida de “super-homem”, uma vida que não seja a nossa. Deus quis conhecer a nossa vida.

- “O Filho de Deus com sua encarnação se uniu, em certo modo, com todo homem. Trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, agiu com vontade de homem, amou com coração de homem. Nasceu da Virgem Maria e se fez verdadeiramente um de nós. Semelhante a nós em tudo, exceto no pecado” (Gaudium et Spes, 22)

- Por isso, Deus quis saber o que é fazendo-se homem ao longo da vida, crescendo em idade, em conhecimento e em maturidade, ir descobrindo a vida progressivamente cada vez com maior clareza e lucidez, ir aprendendo a viver escutando aos demais, deixando-se ensinar pelos acontecimentos, recordando a história de seu povo, meditando as Escrituras (Cf. Lc 2, 40. 52).

- Deus quis saber o que é para o homem gozar e usufruir, trabalhar e lutar, esperar e desanimar, confiar em um Pai e experimentar seu abandono. (Cf. Mc 15, 34). Quis conhecer como se vive desde uma consciência humana da ignorância, da dúvida, da incerteza, da busca dolorosa da própria missão (Cf. Mt 4, 1-11; Mc 14, 32-42). Quis ter a experiência humana do que é nossa pobre vida fatigada de perguntas, medos, esperanças e expectativas.

- Deus quis comprovar pessoalmente o sofrimento, as limitações, os riscos, tentações e dificuldades que um homem encontra para ser verdadeiramente humano (Cf. Hb 2, 18; 4, 15). Viu-se submetido aos condicionamentos de caráter biológico, psicológico, histórico, cultural que sofre todo homem. Por isso, teve que viver sua liberdade humana com esforço, com trabalho, com luta, com vigilância e oração.

- Ele experimentava verdadeiramente os sentimentos humanos: a alegria, a tristeza a indignação, a admiração, o amor. Lemos, por exemplo, que Jesus “se sentiu cheio de alegria no Espírito Santo” (Lc 10, 21); que chorou sobre Jerusalém: “Ao ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Se ao menos neste dia conhecêsseis o que faz a tua paz!” (Lc 9, 41-42), chorou também depois da morte de seu amigo Lázaro (Cf. Jn 11, 33-35).

- Os sentimentos de tristeza alcançam Jesus uma intensidade particular no momento do Getsemani. Lemos: “Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir temos e angustia, e lhes dizia: Triste está minha alma até a morte” (Mc 14, 33-34; cfr. Também Mt 26, 37). Em Lucas lemos: “Cheio de angustia, orava com mais insistência, e suou grossas gotas de sangue, que escorriam até a terra” (Lc 22, 44). Um feito de ordem psico-físico que testemunha, por sua vez, a realidade humana de Jesus.

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- Lemos episódios de indignação de Jesus. Assim quando se apresenta a Ele, para que o cure, um homem com a mão seca, em dia de sábado ( Cf. Mc 3,5). Esta mesma indignação vemos no episódio dos vendilhões do templo. (Cf. Mt 21, 12-13; cfr. Mc 11,15).

- Em outros lugares lemos que Jesus “se admira”: “se admirava de sua incredulidade” (Mc 6, 6). Mostra também admiração quando diz: “Vede os lírios como crescem... nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles” (Lc 12, 27). Admira também a fé da mulher cananeia: “Mulher, grande é tua fé!” (Mt 15, 28).

- Mas nos evangelhos aparece, sobretudo, que Jesus amou. Lemos que durante a conversa com o jovem que veio perguntar-lhe o que teria que fazer para entrar no reino dos céus, “Jesus, olhando para ele o amou” (Mc 10, 21 ) . O evangelista João escreve que “Jesus amava a Marta e a sua irmã e a Lázaro” (Jo 11, 5), e chama a si mesmo de “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo 13, 23). Jesus amava as crianças: ‘Apresentaram-no algumas crianças para que lhes tocasse e abraçando-os os abençoou impondo-lhes as mãos. ’ (Mc 10, 13-16). E quanto proclamou o mandamento do amor, se refere ao amor com que Ele mesmo amou: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu os amei” (Jo 15, 12). Na hora da paixão, especialmente na agonia da cruz, constitui, pode se dizer, o cume do amor com que Jesus “havendo amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim” (Jo 13, 1). ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus’ (Jo 15, 13).

- Assim, pois, Jesus se fez verdadeiramente semelhante aos homens, assumindo a condição de servo, como proclama a Carta aos Filipenses (Cfr. 2, 7). Sofreu em sua própria carne e em sua própria alma as consequências do egoísmo, da injustiça e da agressividade que domina os homens. Deus sabe agora, por experiência, que o amor mais puro, generoso e serviçal para com os homens pode ser sempre desprezado por eles. Mais ainda, quis saber como se vive a partir da consciência obscura e limitada de um homem a experiência da fé em um Pai que parece abandonar-nos no momento do sofrimento e da morte. (Hb 5, 8; Mc 15, 34; Lc 23, 46).

Exceto no pecado- São Paulo dirá que Deus, “A quem não conheceu o pecado, se fez pecado por nós para que Nele sejamos

justiça de Deus” (2 Cor 5, 21 ). O mesmo Jesus pôde lançar o desafio: “Quem de vocês pode demonstrar que eu tenho algum pecado?” (Jo 8, 46). E está aqui a fé da Igreja: Jesus ‘foi concebido, nasceu e morreu sem mancha de pecado’. Ele é o homem verdadeiramente justo e santo.

- Jesus se faz verdadeiro homem, “por nós homens, e por nossa salvação”, como professamos no Credo. Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem pelo fato de que Ele “não havia conhecido o pecado”. Tendo em vista que, o pecado não é de nenhuma maneira enriquecimento do homem. Pelo contrario, o deprecia, o diminui, o priva da plenitude que lhe é própria. (Cfr. Gaudium et Spes, 13). A recuperação, a salvação do homem caído é a resposta fundamental à pergunta sobre o motivo da Encarnação.

- Em Jesus devemos excluir necessariamente tudo o que possa supor desobediência ao Pai ou cumplicidade com o pecado. E não porque Deus não quis solidarizar-se com o homem até as últimas consequências, mas porque em Deus é inconcebível a experiência do pecado, já que pecar é preferir-se egoisticamente a si mesmo perante a Deus. O que os homens necessitavam não era um Deus que nos acompanhasse no pecado, no egoísmo, na injustiça, mas um Deus que se solidarizará conosco para libertar-nos do mal.

- Toda a vida terrena de Cristo e todo o desenvolvimento de sua missão testemunha a verdade de sua absoluta impecabilidade. Jesus Cristo, durante toda a sua vida, luta com o pecado e com tudo o que gera o pecado, começando por Satanás, que é o “pai da mentira”, na história do homem “desde o príncipio” (Cfr. Jo 8, 44), no momento da tentação (Cfr. Mc 1, 13; Mt 4, 1-11; Lc 4, 1-13), e alcança seu cume na cruz e na ressurreição. Luta que finalmente termina com vitória.

- Esta luta contra o pecado e suas raízes não separa Jesus do homem, pelo contrário, o aproxima dos seres humanos, a cada homem e mulher. Em sua vida terrena Jesus tem costume de se mostrar mais próximo dos que, aos olhos dos demais, passavam por pecadores. Podemos ver isto em muitas passagens do Evangelho (Cf. Mt 11,

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18-19). Jesus chama os pecadores para lhe seguir (Cf. Mc 2, 13)15). “Os sãos não tem necessidade de médicos, mas sim os enfermos; não vim chamar os justos e sim os pecadores” (Mc 2, 17).

- Sentar-se à mesa com outros (incluídos ‘os publicanos e os pecadores) é um modo de ser humano, que Jesus percebe desde o princípio de sua atividade messiânica. Efetivamente, uma das primeiras ocasiões em que Ele manifestou seu poder messiânico foi durante um banquete nupcial em Caná da Galiléia, do qual participou acompanhado de sua Mãe e seus discípulos (Cfr. Jo 2,1-12). Mas também, mais adiante Jesus costumava aceitar os convites para sentar à mesa não só dos publicanos, mas também dos fariseus, que eram seus adversários mais enfurecidos. Vemos, por exemplo, em Lucas: “Um fariseu lhe convidou a comer com ele, e entrando em sua casa, se colocou à mesa” (Lc 7, 36).

- Jesus agia com o espírito de um grande amor pelo homem, em virtude da solidariedade profunda, que nutria em Si mesmo, com quem havia sido criado por Deus à sua imagem e semelhança (Cfr. Gen 1, 27; 5, 1).

- Em que consiste esta solidariedade? É a manifestação do amor que tem sua fonte no próprio Deus. O Filho de Deus veio ao mundo para revelar este amor. E o revela pelo fato de se fazer homem, um conosco. Esta união conosco na humanidade por parte de Jesus Cristo, verdadeiro homem, é a expressão fundamental de sua solidariedade com todo homem, porque fala eloquentemente do amor com que Deus mesmo nos amou a todos e a cada um. O amor é reconfirmado aqui de uma maneira toda particular, O que ama deseja compartilhar tudo com que ama. Precisamente por isto o Filho de Deus se faz homem. Dele havia predito Isaías: “Ele tomou nossas enfermidades e carregou nossos sofrimentos” (Mt 8,17; cf. Is 53, 4). Desta maneira, Jesus compartilha com cada filho e filha do gênero humano a mesma condição existencial. E nisto Ele revela também a dignidade essencial do homem de cada um e de todos. Podemos dizer que a Encarnação é uma revelação inefável do homem e da humanidade.

- “Com tão bom amigo presente, com tão bom capitão que colocou por primeiro o padecer, tudo se pode sofrer. É ajuda e esforço, nunca falta, é amigo verdadeiro. E eu vejo claro e tenho visto que, para contentar a Deus para que nos faça grandes favores quer que seja pelas mãos desta Humanidade sacratíssima, em quem Sua majestade se deleita... que mais queremos de um tão bom amigo ao lado?, que não nos deixará em trabalhos e tribulações, como fazem os do mundo. Bem aventurado aquele que de verdade lhe amar e sempre lhe chamar para si, assim q eu vossa mercê, senhor, não queira outro caminho. Por aqui vai seguro. Este Senhor nosso é por quem nos vem todos os bens. É o melhor presente. Que mais queremos do que um tão bom amigo ao lado? ” (Vida 22, 5 - 7).

- Bom conselho também para nós. Deus se fez próximo em Jesus, agora sem Jesus, nos afastaríamos de Deus.

Para orar “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1, 1-14)

- A palavra se faz próxima e habita entre nós. Em uma visita inesperada. É o último que falta por fazer um Deus, que não se resigna a ficar calado e que o banquete que preparou fique sem comensais. Jesus se coloca como um mendigo, por amor, na porta do coração humano.

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- A Palavra se faz limitação, se aniquila na entrega, se faz humana, fala nossa linguagem. A Palavra se faz presença peregrina de amigo. Assim, tangível ao ser humano, como te entendo!”

Jesus, Palavra feita humanidade, faz-nos, sensivelmente gratuitos, contemplativos, solidários…

como peregrinos pela vida, com a mística dos olhos abertos entre as mãos, muito abertos às dores dos homens e mulheres

mas também muito abertos às alegriasque escutamos nos povoados que estão junto ao caminho.

Jesus, Palavra feita humanidade, faz-nos sensíveis ao que acontece em todo ser humano.

Com os olhos, limpos para a emoção, a surpresa, a novidade da vida. Com as mãos abertas para o abraço

e o corpo disposto para a dança do serviço, porque até nos desertos brota a água fresca do manancial.

Com a mística do consolo, acolhido e oferecido. Com a interioridade aberta à Palavra, como Maria.

Com o coração pleno de vida guardada, como Maria.

para admirar e apoiar projetos de comunhão com o mundo.Com a mística da denúncia na voz,

doloridos de que a dignidade de um ser humano seja pisoteada.Jesus, Palavra feita humanidade,

faz-nos sensivelmente solidários, contemplativos, gratuitos…Faz-nos, por tu Palavra, um eco do teu amor.

- Em Jesus, a Palavra encarnada se faz distribuidor da graça e da verdade, de misericórdia e de ternura.

- Entra em alegria: “O dia em que compreendi a presença da Trindade na alma, tudo se iluminou em meu interior” (Beata Elisabeth da Trinidade).

- Reconhece sua visita entre os mais pobres: “O que fizerdes a um destes meus irmãozinhos, a mim mesmo o fazeis” (Mt 25,40).

- Canto “Es Jesús Enmanuel” (Jesed. Del álbum El discípulo amado)- Preces espontâneas- Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai

Para partilhar

- Muda algo em tua imagem de Deus, depois de tomar consciência de seu grande amor que o levou a tornar-se homem?

- E sobre o ser humano O que pensas hoje?

- Jesus ao encarnar-se foi solidário conosco, e você como vive a solidariedade com teus irmãos?

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FICHA 9

SINAIS FUNDAMENTAIS DA ATUAÇÃO DE JESUS

Dinâmica Esse sou eu

- Objetivo: Introduzir o tema deste encontro, partindo da ideia de que as ações de uma pessoa nos mostram sua forma de ser e de pensar.

-Deve anotar os nomes de todos os participantes em pedações de papel e depois colocar em um cesto.

- Uma vez que todos os papéis estejam na cesta, cada integrante deve pegar um papel que tem o nome de um dos participantes.

- Cada participante deve colocar-se de pé e mencionar as qualidades que distinguem o companheiro cujo nome retirou da cesta, sem dizer seu nome. As pessoas devem escutar atentamente a descrição e se um dos participantes acredita que estas qualidades são suas deve interromper e dizer: Esse sou eu! Se acertou ou não, essa pessoa é a que continua lendo as qualidades da pessoa que tirou.

Desenvolvimento do tema

- Santa Teresa de Jesus nos convida a cuidar muito do “ser” constantemente nos questiona “como haveremos de ser”, ou seja, a tomar consciência de nossa vocação, aquilo para que Deus nos chama e viver conforme esta vocação. Isso é o que fez Jesus, por isso Teresa insiste em olhar para ele como modelo de todo o nosso agir, ele é o capitão do amor e vai a nossa frente mostrando-nos o caminho: “Trazer um ordinário apetite por imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se com sua vida, a qual deve levar em consideração para saber imitar.” (Avisos copiados por Madalena do E.S. 2) Por isso hoje vamos nos fixar nesta maneira de ser de Jesus.

- No encontro anterior partilhamos o tema da Encarnação do Filho de Deus, e como todo ser humano é reflexo de seu “ser” através de suas atitudes na vida diária. Por isto, para conhecer quem é Jesus vamos refletir sobre as atitudes de Jesus. A leitura atenta dos Evangelhos nos permite recolher os sinais fundamentais de Jesus de Nazaré e tomar consciência da imagem que tinham de sua personalidade dos primeiros crentes.

Jesus, homem livre: a liberdade surpreendente de Jesus é o primeiro e melhor dado confirmado tanto pela oposição de seus adversários como pela admiração do povo e a adesão de seus seguidores. Jesus se coloca como um homem livre frente a tudo e frente a todos os que possam colocar obstáculos à sua missão.

- Jesus é um homem livre frente a seus familiares que querem tirar-lhe de sua vida peregrinante de anúncio da Boa Nova (Mc 3,21. 31-35). Jesus se mantém livre frente ao círculo de amigos que querem ditar-lhe como deve ser sua conduta, contra a vontade última do Pai (Mc 8, 31-33). Jesus, saído dos ambientes rurais da Galiléia, se atreve a enfrentar e criticar livremente aos escribas, especialistas da Lei, às classes cultas da sociedade (Mt 23). Jesus manifesta uma libertade total frente a pressão social exercida pelas classes dominantes e, de maneira especial, pelos grupo fariseus que retém indevidamente o poder de interpretar a Lei. Jesus é livre frente ao poder político das autoridades romanas sem entrar em cálculos políticos e jogos diplomáticos (Lc 13, 31-32; Mt 20, 25-28). Da mesma maneira enfrenta com inteira liberdade aos dirigentes religiosos do Sinédrio judeu. (Mc 14, 53-60). Jesus não se deixa atrair tampouco pela estratégia das forças de resistência aos ocupantes romanos (Mc

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4, 26-29; Jo 6, 15) contrariando assim as ilusões de muitos que esperavam um reino judaico-messiânico dominador do mundo inteiro. Jesus não se deixa escravizar pelas “tradições dos antigos” que afastavam os judeus da verdadeira vontade de Deus (Mc 7, 1-12). Tampouco se prende às últimas correntes rabínicas que circulam na sociedade judia (Mt 19, 1-9). Jesus se manifesta livre frente aos ritos, prescrições e leis litúrgicas que ficam vazias de sentido se se esquece que devem estar à serviço do homem (Mc 3, 1-6; 2, 23-28) e orientadas a partir de um Deus que “quer amor e não sacrifícios” (Mt 12, 1-8).

- Esta liberdade total de Jesus tanto em sua palavra como em sua atuação, irrita aos defensores do sistema legal judaico que desejam assegurar sua interpretação da Torá, desperta as esperanças do povo que começa a descobrir um sentido novo para a vida e consegue a adesão de alguns seguidores. Onde está a origem e a explicação desta liberdade de Jesus?

Obediência radical ao Pai: Jesus é totalmente livre porque vive entregue inteiramente a cumprir a vontade e um Deus ao qual ele chama de “Pai”. Há uma constante clara na vida de Jesus de Nazaré: sua fé total no Pai, sua obediência radical ao Pai, o que alimente sua vida e dá sentido a toda sua atuação é fazer a vontade do Pai (Jo 4,34).

- Mais concretamente, Jesus descobre a si mesmo como chamado pelo Pai a anunciar uma Boa Nova aos povos: “Deus está perto do homem”. O objetivo final de toda sua vida é atrair os homens a uma grande esperança que lhe anima desde dentro: há salvação para o homem. Há futuro. Deus mesmo quer intervir na história humana, apropriar-se da vida do homem e tornar possível nossa verdadeira libertação. “Chega já o Reino de Deus”.

- Toda a vida de Jesus está orientada para anunciar aos homens esta Boa Notícia, a melhor que os homens podiam escutar (Lc 4. 18-19). Porque o Deus que vem reinar na vida do homem não é um tirano, um ditador, um senhor vingativo ou caprichoso, que busca seu próprio interesse. É um Deus libertador, que busca a recuperação de todo home (Lc 15, 4-7). Um Deus que sabe preocupar-se com os últimos (Mt 20, 1-16), um Pai que sabe acolher e perdoar (Lc 15, 11-32), um Senhor que chama a uma grande festa a todos os homens por mais pobres, infelizes e perdidos que se encontrem (Mt 22, 1-14).

- Sentir-se amado pelo Pai e chamado por ele para esta missão é o que lhe permite vencer as tentações no deserto, superar a dúvida no Getsemani e mais ainda dar a vida “Pai em tuas mãos encomendo o meu espírito” (Lc. 23, 46)

Um homem para os demais: Jesus é um homem livre para amar. Um homem que dá sempre a última palavra ao amor. Para Jesus não é a Lei que deve determinar como devemos nos comportar em toda situação. O homem necessita do verdadeiro critério de atuação, e toda nossa vida tem sentido na medida em que servimos ao homem, ao necessitado (Lc 10, 29-37).

- Assim viver Jesus “não para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45). Toda sua dedicada para os demais. Não encontramos nunca Jesus atuando egoisticamente em busca de seu próprio interesse. Não se preocupa com sua própria fama (Mt 9, 10-13; 11,19). Não busca dinheiro nem segurança alguma (Mt 8, 20; Lc 16, 13) Não pretende nenhum poder (Jo 6, 15). Não vive para uma esposa sua e nem em um lugar próprio. É um homem livre para os demais, um homem para os demais.

Sua preocupação é o homem necessitado. O que impulsiona toda sua vida é o amor apaixonado pelos homens, pelos que considera irmãos. Um amor amplo, universal (Lc 10, 29-37). Um amor sincero, serviçal (Lc 22,27). Um amor que se traduz em perdão aos seus executores (Lc 23,. 34; Mt 55,44).

Proximidade aos necessitados: Jesus não é omisso perante às necessidades e injustiças que encontra junto aos pobres, aos marginalizados, os desprestigiados, os enfermos, os ignorantes, os abandonados. Sempre está a par dos que necessitam de mais ajuda para serem homens livres.

- Jesus passa por círculos de má reputação, rodeado de pessoas suspeitas, publicanos, ladrões, prostitutas, pessoas depreciadas pelas classes sociais mais seletas da sociedade judaica (LC 7, 36-50). Jesus se aproxima com simplicidade dos pequeninos, os ignorantes, os que não podem cumprir a Lei porque nem sequer a conhecem,

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homens depreciados pelos cultos de Israel (Jo 9, 34). Jesus acolhe aos débeis, às crianças (Mc 10,13-16), às mulheres marginalizadas pela sociedade judia (Lc 8, 2-3; 10, 38-42; 13,10-17). Jesus se aproxima dos enfermos, dos leprosos, dos alienados, dos impuros, homens sem possibilidades na vida, considerados pecadores aos olhos de todo judeu (Mc 1, 23-28; 1, 40-45; 5, 25-34). Jesus defende aos samaritanos considerados como povo alheio e impuro (Lc 9, 51-55; 10, 29-37). Jesus se preocupa com o povo humilde, a massa, as pessoas desorientadas de Israel (Mc 6, 34; Mt 9, 36), o povo cansado pelas prescrições dos rabinos (Mt 23, 4).

Serviço liberador: Jesus não oferece dinheiro, cultura, poder, armas, segurança, mas sim sua Boa Notícia para todo aquele que busca libertação.

Jesus é um homem que cura, que reconstrói os homens e os liberta do poder inexplicável do mal. Jesus traz saúde e vida (Mt 9, 35). Jesus garante o perdão aos que se encontram dominados pelo pecado e lhes oferece possibilidade de reabilitação (Mc 2, 1-12; Lc 7, 36-50; Jo 8, 2-10). Jesus contagia os pobres com sua esperança, aos perdidos, aos desalentados, aos últimos, porque estão chamados a disfrutar da festa final de Deus (Mt 5, 3-11; Lc 14, 15-24). Jesus mostra ao povo desorientado o rosto humano de Deus (Mt 11, 25-27) e ajuda aos homens a viver com uma fé total no futuro que está nas mãos de Deus que nos ama como Pai (Mt 6, 25-34). Jesus ajuda aos homens a descobrir sua própria verdade (Lc 6, 39-45; Mt 18, 2-4), uma verdade que os vai libertando (Jo 8, 31-32). Jesus convida aos homens a buscar uma justiça maior do que a dos escribas e fariseus, a justiça de Deus que pede a libertação de todo homem desumanizado (Mt 6, 33; Lc 4, 17-22). Jesus busca incansavelmente criar a verdadeira fraternidade entre os homens abolindo todas as barreiras raciais, jurídicas e sociais (Mt 5, 38-48; Lc 6, 27-38).

Um homem de oração: como temos dito tudo isto só foi possível para Jesus graças ao ser amor ao Pai, amor que foi crescendo definitivamente através da oração, do trato de amizade com o Pai. O Novo Testamente nos conservou o gesto repetido de Jesus orante, algumas de suas orações e ensinamentos sobre nossa oração.

- Recorramos a alguns momento do Evangelho de São Lucas: 3,21-22: Jesus ora pedindo a força para levar adiante sua missão. 5,15-16: quando o êxito não é o critério que rege um vida, mas sim o encontro com o Pai é o que centra a vida de Jesus. 6,12-13: Oração prolongada de Jesus na noite para se preparar para tomar uma decisão importante. 9,28-29: Momento de oração de Jesus no monte com sues discípulos, para que compreendam sua missão como Messias-servo que entrega a vida. 11,1.5-12: A vida nova de Jesus está sustentada por uma oração nova, que trata a Deus como amigo, e que é animado pelo Espírito Santo. 22,41: Jesus ora ajoelhado ao Pai em momentos decisivos de sua vida. Coloca o desígnio de amor do Pai acima de qualquer desígnio próprio. 23,34.46: Jesus ora pelos inimigos que o estão destruindo. Coloca nas mãos do Pai, com um grito, sua vida.

Para orar- Para saber como orar, temos que olhar para Jesus, temos que descobrir como Ele vive, temos que

entrar em seu coração para descobrir o que leva dentro. Teresa de Jesus nos diz que “Ele é o capitão do amor”, nosso modelo. Olhemos para Ele orando com confiança ao Pai, confiança que Jesus compartilhou conosco.

-

Jesus ora para estar com o Pai. Só Ele culmina todo seu ser. Jesus é orante por si mesmo. Vive a oração como realização constante e espontânea de sua condição filial: é o Filho e encontra a expansão de seu ser em sua relação com o Pai. Esta relação se expressa por meio do louvor, ação de graças, preces.

- Jesus ora para acolher no plano do amor do Pai para toda a humanidade. Com o Pai e perante o Pai, vive os momentos cruciais de sua existência: Pai te dou graças; Pai, afasta de mim este cálice; Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. Não é coisa de momento. Transcorreu longas horas, noites inteiras, nesse trato familiar.

Senhor Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida,

rosto humano de Deus e rosto divino do homem,

acende em nossos corações

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o amor ao Pai que está no céue a alegria de ser cristãos.

Vem ao nosso encontroe guia nossos passos

para seguir-te e amar-te na comunhão da tua Igreja,

celebrando e vivendo o dom da Eucaristia,

carregando com nossa cruz.e ungidos por teu envio.

Dai-nos sempre o fogo do teu Santo Espírito,

que ilumine nossas mentes e desperte entre nós

o desejo de contemplar-te, o amor aos irmãos,

sobretudo ao aflitos, e o ardor por anunciar-te

no início deste século.

Discípulos e missionários teus, queremos avançar para águas profundas,

para que nossos povostenham em Ti vida abundante, e com solidariedade construam

a fraternidade e a paz.

Senhor Jesus, vem e envia-nos!

- Senhor Jesus dai-nos ouvidos de discípulos para escutar tua Palavra, e um coração de discípulo para que havendo-te conhecido saibamos como devemos ser e viver coerentes com nossa vocação. Amém.

“Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros. Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fl. 2, 1-11)

- Preces - Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai…

Para partilhar

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- Com que sinal da atuação de Jesus você se identifica mais e por quê?

- Que sinal da atuação de Jesus te custa mais viver e por quê?

- O que motivou Jesus a seguir com sua missão foi saber-se amado pelo Pai e sua fidelidade a Ele, para você o que te motiva para ser discípulo de Jesus?

Ficha 10

A MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Dinâmica Amor com amor se paga

- Objetivo: Introduzir o tema, refletindo sobre algumas perguntas que nos ajudem a nos dar conta de que nos realizamos como pessoa na medida em que amamos.

- Em pequenos grupos se partilham as seguintes perguntas: Alguma vez viveu uma experiência onde por amor teve que renunciar a ti mesmo? A outra pessoa se viu beneficiada? E você, como se sentiu ao fazê-lo? Você esperou alguma resposta da parte dessa pessoa?

- A conclusão a que devemos chegar é que Jesus se entregou por amor e espera uma resposta de nossa parte.

Desenvolvimento do temaPor que Jesus morreu?

A morte de Jesus pode ser vista, ao menos, através de dois pontos de vista, a partir de um ponto de vista histórico, e o outro bem aprofundado em sua dimensão teológica. As

perguntas correspondentes a cada um desses pontos de vista são as seguintes: Por que mataram Jesus? O que moveu Caifás e a Pilatos a atuar como fizeram? E desde o ponto de vista teológico, por que a morte de Jesus nos salva? A expressão: «Jesus nos salvou com sua morte», por mais que estejamos acostumados a escutá-la, não deixa de ser um

pouco estranha. Por que Jesus nos salvou com sua morte? Ou, como é possível que a morte de alguém seja salvadora para os outros? Tudo quanto aprofundarmos no primeiro

ponto de vista nos dará compreender muito melhor a morte de Jesus também a partir da perspectiva teológica. O que mais coincide nos evangelhos são os relatos da paixão, de fato, os

evangelhos foram escritos a partir destes relatos.

Todos conhecemos os relatos e sabemos que Jesus não morre de morte natural, foi executado como consequência dos conflitos que provocou com sua atuação. Mas, o que aconteceu para que tenha sido tão rapidamente denunciado, detido pelas autoridades civis e religiosas? Como pôde provocar uma ação tão violenta?

Por um lado, a atitude de Jesus perante a Lei de Moisés coloca em crise toda a instituição legal sobre o qual se apoiava a autoridade religiosa e social dos dirigentes de Israel. Com a liberdade própria de um homem que vem de Deus, Jesus se coloca acima da Lei e dá a última palavra ao amor acima de todas as tradições farisaicas, rabínicas, proféticas e apocalípticas que se justificam no valor último e no valor absoluto da Torá.

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Exemplo disso temos no relato da expulsão dos mercadores, tanto no Evangelho de Marcos como no de Lucas nos informam que essa ação de Jesus foi a causa pela qual os judeus começaram, a partir deste momento, a buscar uma ocasião para matar Jesus. Assim pois, a atuação de Jesus no templo começa a fazer surgir nas autoridades judaicas a ideia de que será preciso matar Jesus. De fato, essa foi a acusação que fizeram a Jesus perante o tribunal: “Apresentaram dois testemunhos falsos que diziam ‘ouvimos o que este homem disse: vou destruir o templo e em três dias o reconstruirei” (cf Mt 26,61).

Por outro lado, Jesus anuncia a um Deus Pai, aberto a todos os homens, incluindo os estrangeiros e pecadores, com o qual está repudiando o caráter privilegiado do povo judeu e sua aliança com Javé. Jesus anuncia que se aproxima o reinado de Deus, mas não como um juízo para pagãos e pecadores, mas como uma Boa Noticia de perdão e de graça. Este Deus que anuncia Jesus não é o Deus da religião oficial judia que oferece seu prêmio aos que obedecem a Torá.

Jesus se apresenta como um blasfemo que destrói a aliança e contradiz todas as esperanças judias baseadas na pertença ao povo judeu e na obediência a Lei Mosaica. Pode ser isso o que Caifás pensou quando Jesus disse que Deus ama a todos os homens, também aos pecadores, que se equivoca. Quando Jesus disse que os eunucos e os estrangeiros são o mesmo perante Deus do que os judeus, não está enganado. Como Deus vai querer da mesma forma os que cumprem a sua vontade e os que não cumprem? Como Deus vai querer da mesma forma os pagãos e os judeus, se os últimos são o povo eleito? Como Deus vai querer da mesma forma aos santos e às prostitutas? Se Jesus não tem razão, se é um falso profeta, a Lei exige sua morte.

Além disso, a atuação livre de Jesus perante a toda autoridade, sua obediência radical a Deus, acima de qualquer senhor ou césar, seu anuncio decidido do Reinado de Deus, colocava em perigo a “paz romana”. Jesus se convertia em um perturbador da ordem sócio-politica estabelecida em Roma. E, porém, tampouco o povo lhe defende. Jesus decepcionou profundamente a expectativa política que sua aparição despertou nos grandes setores da população. O povo esperava algo mais concreto, eficaz e espetacular, algo que conduzisse a destruição do imperialismo romano e o substituísse pelo Reinado messiânico judeu.

Jesus perante sua própria morte

Jesus viu sua morte chegar e a afrontou com lucidez. Não a iludiu. Não planejou uma fuga. Não se defendeu. n ha visto vão organizou uma resistência. Não modificou sua mensagem. Não quis desfazer os possíveis maus entendidos. Jesus estremeceu ante sua execução, mas se manteve fiel ao Pai até o final, fiel a si mesmo e a sua missão.

Por isso na cruz podemos descobrir com mais profundidade alguns sinais fundamentais de Jesus. Agora podemos conhecer melhor a profundidade da confiança de Jesus no Pai. Quando tudo fracassa e até Deus parece abandoná-lo como um falso profeta equivocado lamentavelmente e condenado justamente em nome da Lei, Jesus grita com fé: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 22, 46).

Agora podemos descobrir melhor a radicalidade de Jesus e sua liberdade total para entregar-se ao serviço do Reino de Deus, Jesus é livre não somente para enfrentar aos que se opõe a sua missão, inclusive para entregar generosamente o que mais quer todo homem: sua própria vida.

Assim podemos compreender melhor a solidariedade de Jesus com os homens e sua atitude de serviço. Jesus entendeu sua morte com o serviço último e supremo que Ele podia fazer pela causa de Deus e pela salvação dos homens.

Podemos entender melhor a força com que Jesus denunciava o ódio, o egoísmo, a injustiça, a mentira humana e sua fé total em que só o amor pode conduzir os homens à sua libertação definitiva. Abandonado por todos, Jesus morre crendo até o fim no amor do Pai e no perdão para os homens: “Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).

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Por que então Jesus busca a morte? Porque sua relação de fidelidade com o Pai lhe obriga a isto. Jesus assumiu a morte que estava implicada em sua admoestação sobre Deus. Dizer que Deus é amor incondicionado é perigoso e atuar em consequência disso é muito mais perigoso ainda. Jesus sabe disso e não se cala, e pelo contrário o demonstra com sua vida.

Valor redentor da morte de Cristo

Cremos e afirmados que Jesus é nosso Salvador, mas o que isso significa? Necessitamos ser salvos? Se sim, de que?

Para o cristão a salvação é a realização do sentido da vida humana, alcançar a felicidade para a qual Deus nos criou, ser o que temos que ser, é o que chamamos também de santidade.

A criação existe para acolher o amor gratuito de Deus e para responder incondicionalmente a esse amor. Esse amor só pode ser respondido pelo ser humano que é o único ser inteligente e livre que existe. Assim pois, a salvação do homem em particular e em seu conjunto é corresponder ao amor livre e gratuito de Deus.

Jesus viveu o momento de sua morte em uma atitude de obediência e fidelidade total ao Pai e ao mesmo tempo, em atitude de amor e perdão aos homens. Por isso sua morte não foi uma morte de destruição e de perdição, uma “morte-ruptura”. A morte de Jesus foi uma morte de reconciliação e de amor. Uma morte que conduz á ressurreição e a vida.

Dizer então que Jesus nos salvou, significa que a criação alcançou sua realização. Falando de outra maneira: Jesus correspondeu livre e gratuitamente ao amor incondicional de Deus Pai. Amar é compartilhar e dar tudo o que é seu, do amante ao amado e esperar a correspondência do amado ao amante. Jesus já correspondeu. Nesse sentido, a finalidade da criação se realizou. Por tanto, a criação não ficará frustrada e Deus não fracassou com sua obra.

Pois bem, por que foi necessário que Jesus tivesse uma morte de cruz para corresponder ao amor gratuito de Deus? Será que Deus quis a morte de Jesus e uma morte de cruz? Estamos, novamente, perante uma imagem de Deus que não podemos livrar de sinais de sadismo? Ou será que a morte de Jesus na cruz não era necessária? Então, por que ocorreu? Digamos que por trás dessas perguntas estão também as mesmas perguntas referidas a nós mesmos: Deus quer a nossa morte?; Deus quer o nosso sofrimento?; Deus quer a injustiça que sofremos? Esta série de perguntas referidas a nós estão por trás das formuladas a respeito de Jesus, porque como dissemos antes, nosso realização consiste em ser como Jesus.

Pois bem, a resposta a todas elas é que Deus não quer a morte de Jesus, nem tampouco quer nosso sofrimento. Na tradição bíblica, Deus é o doador da vida, não é o autor da morte. Recordemos o Livro da Sabedoria, o qual diz que Deus é amigo da vida (Sab 11,26) e que só pela inveja do diabo entrou o pecado no mundo e, com o pecado a morte (Sab 2,24). Então, o que Deus quer e exige de Jesus? Sua fidelidade, ou seja, a resposta amorosa e entrega amorosa ao Pai. Pois bem, a resposta amorosa que o Pai espera de Jesus se realiza com a encarnação, e, portanto, implica na morte. Podemos dizer que Deus quer a morte de Jesus secundariamente, enquanto que a morte está implicada na encarnação.

Mas, a cruz? Deus quer a morte de Jesus na cruz? Deus quer o amor fiel de Jesus: em um mundo de pecado, está atrelada a morte na cruz. A pergunta que se formulou mais de uma vez: Jesus nos poderia ter redimido com um sorriso? Temos uma resposta concreta, que é “sim”, porque nesse sorriso Jesus haveria expressado todo seu amor ao Pai, mas tem uma resposta também correta que é “não”, porque esse sorriso de amor ao Pai, em um mundo de pecado, leva necessariamente atrelado a morte.

Isto é aplicável a nós, porque tudo o que afirmamos de Jesus o afirmamos também do homem, ao nosso nível. O que Deus quer de nós? O que Deus quer de nós e que correspondamos livremente ao seu amor

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incondicional com nosso amor. O que acontece é que, ali onde reina o pecado, esse amor leva implícito o sofrimento e a morte. Um exemplo não distante de nós: Monsenhor Romero. Quer Deus a morte do Monsenhor Romero? Sim e não. O que Ele quer é a fidelidade do Arcebispo Romero. O que Deus quer é o cumprimento de sua vontade. Pois bem, em um mundo de pecado, esse compromisso implica com frequência, as vezes necessariamente, a morte do mártir. Deus quer que monsenhor Romero anuncie o Evangelho e denuncie a justiça em suas homilias. Mas isto implica em sua morte, porque o pecado do mundo o mata.

A morte, quer era a manifestação suprema do pecado e a ruptura entre Deus e o homem pecador, se converteu agora na manifestação suprema do amor e da reconciliação entre Deus e os homem, Vivida pelo Filho de Deus em obediência total ao Pai e em comunhão total com os homens, se converteu em fonte de vida para todos. “Nosso Salvador Cristo Jesus destruiu a morte e fez irradiar luz de vida e imortalidade” (2 Tm 1, 10). “Em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo e levando em conta as transgressões dos homens” (2 Co 5, 10).

A ressurreição: boa notícia para a humanidade

“Se Cristo não ressuscitou, vã é nossa pregação e vã também é vossa fé.” Assim escrevia Paulo de Tarso no ano 55 a um grupo de cristãos de Corinto. Se Cristo realmente não ressuscitou, a Igreja deve se calar, porque não pode anunciar nenhuma Boa Notícia de salvação para ninguém. Toda nossa fé se torna vazia e sem sentido. Não temos nenhuma esperança verdadeiramente definitiva para reportar a nenhum homem. Só a ressurreição de Jesus fundamenta e dá sentido a nossa fé cristã.

Como entender o conteúdo da ressurreição? O que quer dizer: “o Senhor ressuscitou?” podemos resumir nos quatro pontos, a seguir.

a) Deus é fiel: ao dizer: “Jesus ressuscitou” estamos dizendo que Deus é ressuscitador de mortos, mais acima, quando falamos da morte de Jesus, dissemos que Jesus vai à morte porque assume o compromisso que Deus, seu Pai, lhe pede. Jesus vai a morte porque é fiel ao que o Pai quer Dele: “Ninguém me tira a vida, sou eu quem dá a vida” (Jo 10, 17-18). Ou seja, Jesus assume o risco, sabe ao que se expõe e, sabendo, não dá um passo para trás, mas sim à frente. Jesus é fiel a Deus. A questão é, e Deus é fiel a Jesus? Deus corresponde a fidelidade do homem justo, ou não? O que podemos ler no salmo 22,9 “Deus salvará o justo, porque lhe ama” e no Salmo 34, 20-21 “Muitas são as desgraças do justo, mas de todas elas lhe livra o Senhor. Guarda todos seus ossos, nenhum deles será quebrado”. É verdade ou mentira? Há fidelidade por parte de Deus para o homem justo? Ao dizer “Jesus Cristo ressuscitou”, estamos respondendo que sim, que não há ninguém mais fiel que Deus. Desde um ponto de vista bíblico, o homem é imortal, não tanto porque possui uma alma imortal, ou seja, não tanto porque seja algo devido à sua natureza, quanto porque a fidelidade de Deus não pode permitir que quem foi fiel experimente a corrupção. Ao confessar que Jesus ressuscitou estamos fazendo uma afirmação sobre o ser de Deus e estamos fazendo, no fundo, uma “teodiceia”, uma justificação de Deus: como é possível que um Deus bom permita a morte do inocente? É possível porque ao inocente que morre Deus o recupera em uma vida gloriosa junto a Si.

b) Jesus vive: ao dizer que Jesus ressuscitou estamos pronunciando também uma palavra sobre o homem Jesus de Nazaré. Essa palavra sobre o homem Jesus de Nazaré é: que este homem vive, não acabou, não está morto. E vive em tudo o que é e no que foi. Não só no sentido em que se pode entender a presença de um líder politico ou religioso que continua vivo nas ideias e nos seus seguidores. Quando dizemos que Jesus ressuscitou, estamos dizendo que Jesus está vivo para nunca mais morrer. Quer dizer, está vivo no Ser de Deus. A fé da Igreja ao confessar a ressurreição da carne mantem que seremos nos mesmos os que estaremos na vida de Deus como Jesus, não uma parte de nós, mas todo nosso ser.

c) Jesus tinha razão: Jesus tem razão ao dizer que Deus é amor incondicional e que as relações entre os homens serão próprias dos filhos de tal Pai? Continua reivindicando a ressurreição. Dizer que Jesus ressuscitou significa que Jesus tinha razão. Ou seja, Deus é como Jesus disse que era, como Jesus o revelou. E nós os homens,

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temos que nos relacionar com Deus como Jesus disse e devemos nos relacionar entre nós como Jesus se relacionou conosco, entregando sua vida pelos que amava. E o culto a Deus deve ser em espírito e em verdade, como Jesus pretendia. (Jo 4,24)

d) O sentido da vida está em ser como Jesus: o sentido da história da humanidade está em ser como Jesus. Para que estamos aqui? De que vale nossa história? Para que vale o mundo? Qual é o sentido de tudo isto? Afirmar que o Senhor ressuscitou expressa que estamos aqui para morrer como Jesus e ressuscitar como Jesus. Este é o sentido de nossa vida. Esta é nossa esperança. Por isso Cristo nos salvou. Nos salvou, porque fez o possível para que reproduzamos a imagem de Deus que é Ele mesmo. É o que acabamos de dizer, só que visto a partir do homem, de nós mesmo. Afirmar que Jesus tinha razão significa que Jesus é o homem como Deus quer que seja o homem. Ser homem é ser como Jesus. Assim temos que nos relacionar com Deus e com os outros. Isso é ser crente, isso é ser homem e, portanto, o sentido de nossa vida e de nossa história é torna-lo realidade.

e) O nascimento da Igreja: na fé em que Jesus ressuscitou tem lugar a fundação da Igreja. Para ele apontam alguns dos motivos que encontramos nos relatos das aparições. O Senhor é reconhecido ao partir do Pão, em sua Palavra, na leitura das Escrituras, na congregação dos discípulos. Os discípulos de Emaús vão de Jerusalém decepcionados nas esperanças que haviam colocado em Jesus. Agora, uma vez que veem o Senhor ressuscitado, voltam a Jerusalém para se reunir com os apóstolos. Como disse Santo Agostinho, com uma certa astúcia, os discípulos de Emaús convidam a Jesus para entrar e cear com eles, porque já é tarde e, com absoluta incoerência, quando se dão conta de que é o Senhor ressuscitado, aquele a quem estão vendo, não podem deixar para o dia seguinte o retorno a Jerusalém. Antes era tarde para que Jesus seguisse caminho e agora não é tarde para que os de Emaús voltem a Jerusalém.

A ideia é que Jesus ressuscitado congrega a Igreja. A Igreja é o grupo de pessoas que confessam que o Senhor vive e que orientam sua existência sobre os quatro pontos, não fazem falta muitos mais, que acabamos de formular: Deus nunca abandona, ainda que às vezes possa parecer o contrário, ao homem justo vale a pena ser como Jesus e realizar em nossa vida o seu itinerário, convencidos de que nesse itinerário de Jesus é onde está o sentido do mundo e da história.

Para orar

- “Meu Pai, se é possível afasta de mim este cálice” Expressa assim o horror que representa a morte para sua natureza humana.

- A natureza humana de Jesus, como a nossa (O corpo de Jesus), está destinada a vida eterna, e também a diferença da nossa, está isenta do pecado que é a causa da morte, mas, sobretudo está assumida pela pessoa divina do “Príncipe da vida”, “Daquele que vive”. - Jesus ao aceitar que se faça a vontade do Pai, aceita sua morte como redentora para “levar nossas faltas em seu corpo sobre o madeiro”. Oremos com Jesus o Salmo

O Senhor é meu pastor, nada me faltará.Em verdes prados ele me faz repousar.

Conduz-me junto às águas refrescantes,restaura as forças de minha alma.

Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome.

Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo.

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Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.

Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos.

Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça.

A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me

por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor

por longos dias.

- Deixa que a imagem de Deus, a qual louva o salmista, entre em teu interior e o fecunde.

- Une-te em fé, amor e esperança a este Deus que é clemente e misericordioso, bom e carinhoso, fiel e bondoso, sustenta e está próximo.

- Expressa a Ele o teu amor, assim como o sentes, deixa que brote o melhor de ti perante a Ele. Canta e louva o teu Deus.

- Dai-lhe graças pela vida, pela criação, pela Igreja.

- Deixa que as palavras que mais ressonam dentro de ti adentrem o mais profundo do teu ser e semeiem em teu coração. Repita-as em silêncio, personalizando-as como tuas palavras.

- Invoca ao Espírito Santo para que desperte em ti, na humanidade, a confiança absoluta na bondade e misericórdia de Deus. “O que agrada a Deus, em minha pequena alma, é a confiança cega que tenho em sua misericórdia” (Santa Teresinha).

- Canto: “Lo que agrada a Dios” (Del álbum “Mi vocación es el amor” de Luis Alfredo)

- Preces

- Pai Nosso, Ave Maria, Glória...

Para partilhar

- Necessitas ser salvo de algo? O que significa para você o fato de Jesus ter te salvo?

- Falamos que responder ao amor gratuito de Deus em um mundo de pecado traz consigo a morte. Em que situações de tua vida Deus te chama a permanecer fiel ao seu amor ainda que a custa de tua vida?

- Se unimos nossos sofrimentos aos de Jesus, podemos transformar em um sofrimento redentor como o de Cristo. Como assumes tua dor e o sofrimento da vida?

- Como experimentas a ressurreição de Cristo em tua vida?

FICHA 11

JESUS REVELAÇÃO DE DEUS E DO HOMEM

Dinâmica

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Sinais de vida.- Objetivo: descobrir sinais de vida, em meio à realidade, mesmo que não sejam tão aparentes, são como a

semente de mostarda que cresce muito.

- Dividir os participantes em grupos. Entregar a eles periódicos ou revistas, cartolina e cola. Pedir que encontrem sinais de vida, ou seja, valores ou ensinamentos de Jesus que nos ajudem a combater os sinais de morte. Recortarão a informação e farão um mural que mostrarão para a comunidade.

Desenvolvimento do tema

A partir da ressurreição, nós cristãos vivemos com uma fé nova nosso seguimento a Jesus.

Jesus, nosso Salvador: na ressurreição descobrimos que Jesus é nosso único Salvador. O único que pode nos levar à libertação e a vida. “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At 4, 12).

A mensagem de Jesus tem um valor muito diferente do que podem ter as mensagens de outros profetas. A atuação salvadora de Jesus tem um valor muito distinto do que podem ter as dos outros libertadores. Deus não ressuscitou a qualquer outro profeta ou qualquer libertador. Deus ressuscitou a Jesus de Nazaré.

Na ressurreição de Cristo descobrimos que nossa vida tem saída. Há uma mensagem, há um estilo de viver, há uma maneira de morrer, há alguém que pode

nos levar à vida eterna: Jesus Cristo. “Deus elevou-o pela mão direita como Príncipe e Salvador” (At 5, 31).

Jesus Filho de Deus vivo: a ressurreição nos revelou que a morte de Jesus não foi uma morte qualquer. Sua morte foi o passo da vida de Deus. A ressurreição nos revelou que Jesus não foi um homem qualquer. Deus realmente é seu Pai. Um Pai do qual Jesus recebe toda sua vida. Por isso Jesus não ficou abandonado na morte.

A partir da ressurreição, nós cristãos cremos em Jesus, o Filho de Deus vivo, pleno de força e criatividade, que agora vive junto ao Pai, intercedendo pelos homens e impulsionando a vida para seu fim último. (Hb 7, 25; Rm 8, 34).

Jesus, vivo em sua comunidade: se Jesus ressuscitou não foi para viver longe dos homens. O Ressuscitado está presente em meio aos seus. “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.”(Mt 28, 20).

Nos cristãos cremos que Cristo vive em nosso meio. Não estamos órfãos. Quando nos reunimos dois ou três em seu nome, ali Ele está. (Mt 18, 20). A Igreja não é uma organização solitária, uma comunidade que caminha sozinha pela história. É o “corpo de Cristo” ressuscitado. É Cristo ressuscitado o que anima, vivifica e plenifica com seu espírito e sua força a comunidade crente. (Ef 4, 10-12).

Por este motivo o seguimento de Jesus não pode ser vivido solitariamente, mas em comunidade. Todos os crentes formamos “um só corpo e um só Espírito, como é uma a esperança para a qual fomos chamados” (Ef 4, 4). Acima de nossos conflitos, divergências e confrontos, nós cristãos deveríamos exigir-nos mutuamente uma coisa: “esperar contra toda esperança” em Jesus Cristo.

O encontro com Jesus vivo: Jesus ressuscitado não é um personagem do passado, para os cristãos, Cristo é alguém vivo que caminha hoje junto a nós na própria raiz da vida. (Jo 14, 13-14). Cremos que Jesus não é um morto. Ele atua em nossa vida, nos chama e acompanha em nossa tarefa diária. (Lc 24, 13-35).

Por isso. Crer no Ressuscitado é deixar-nos interpelar hoje por sua palavra viva, recolhida nos Evangelhos. Palavras que são “espírito e vida” para o que se alimenta delas (Jo 6, 63). Crer no Ressuscitado é vê-lo aparecer vivo no último e menor dos homens. Ou seja, saber acolher e defender a vida em todo irmão necessitado. (Mt 25, 31-46).

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Cristo ressuscitado, futuro do homem: Jesus, ressuscitado pelo Pai, só é “o primeiro que ressuscitou dentre os mortos” (Col 1, 18-19). Ele nos antecipou para receber do Pai essa vida definitiva que está reservada também para nós. Sua ressurreição é o fundamento e a garantia da nossa (1 Cor 15, 20-23).

Não podemos crer na ressurreição de Jesus sem crer em nossa própria ressurreição. “Deus que ressuscitou ao Senhor também nos ressuscitará por sua força” (1 Cor 6, 14). Em Cristo ressuscitado se inicia nossa própria ressurreição porque Nele se abre para nós definitivamente a possibilidade de alcançar a vida eterna.

A partir da ressurreição de Jesus nós cristãos compreendemos a vida do homem de uma maneira radicalmente nova e enfrentamos a existência com seu horizonto novo.

O mal não tem a última palavra. Se há ressurreição, o sofrimento, a dor, a injustiça, a opressa e a morte não tem a última palavra. O mal foi despojado de sua dorça absoluta.

Se a morte, último e maior inimigo do homem foi vencida, o homem não tem porque dobrar-se de maneira irreverente perante nada e ninguém. As mortes, as lutas, a lágrimas dos homens continuarão, mas, se se vive com o espírito do Ressuscitado, não terminarão no fracasso. Nós cristãos enfrentamos o mal, o sofrimento da vida diária, sabendo que de uma vida “crucificada” só deve esperar a ressurreição. A palavra de Jesus nos sustenta: “No mundo tereis tribulações, mas coragem, eu venci o mundo” (Jo 16, 33).

O cristão, precisamente porque crê em um mundo novo, não pode tolerar a situação atual repleta de ódio, mentira, inquietude, injustiça, opressão, dor ou morte. Sua esperança lhe obriga a mudar, renovar, transformar, deixar tudo isso para trás. A esperança cristã, bem entendida, desinstala e impulsiona o crente a adotar uma atitude de inconformidade, protesto, luta, transformação e renovação. O que não faz nada para mudar a terra não crê no céu, pois aceita o presente como algo definitivo. (Ef 5, 8-11).

Jesus, revelação do Deus Salvador: se Deus se fez homem em Jesus, temos que dizer que Jesus é para nós o rosto humano de Deus, ou seja, Ele nos mostra Deus com traços humanos.

Esse Deus ao qual ninguém havia visto, em Jesus adquire um rosto humano e se deixa ver. Quem vê Jesus está vendo o Pai ( Jo 14, 9). O Deus silencioso e oculto, cuja última realidade sempre nos escapa, agora em Jesus se torna claro, nos fala e nos dirige sua palavra feita linguagem humana. Aquele que escuta as palavras de Jesus está escutando a Palavra do Pai (Jo 14, 24).

Jesus é a maneira humana que Deus tem de existir e de apresentar-se aos homens. Tudo o que nós sabemos de Deus, conhecemos em Jesus e a partir de Jesus. Através de sua vida, seus gestos, sua atuação, sua mensagem e sua morte na cruz, mostraram o que Deus é para nós, como reagem perante o homem, como se interessa por nós, como busca nossa salvação.

Um dos nossos principais esforços como crentes deveria ser o de nos libertar-nos desse deus falso e ambíguo, produto de nossa imaginação, nossos sonhos, medos ou egoísmos, para começarmos a descobrir o rosto de Deus em Jesus de Nazaré.

Descobrir em Jesus que Deus é um Pai que ama ao homem desinteressadamente, sem buscar sua própria utilidade. Que Deus não é um rival do homem, mas alguém interessado somente em sua liberação e salvação total. Que é Alguém que sabe perdoar sempre. Que não busca ser servido, mas servir. Que se coloca sempre a favor do pobre, do fraco, do maltratado, do que necessita de ajuda. Que defende sempre a justiça e a verdade. Que se preocupa com a saúde e felicidade do homem, que é capaz de ir até a morte por ser fiel a sua vontade de salvar a humanidade.

Jesus Revelador do homem: no princípio de nossa formação dizíamos que como seres humanos fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Os Padres da Igreja interpretaram este texto afirmando que o homem está feito à imagem de Deus, mas é uma imagem que vai se concretizando ao longo da vida. O homem será homem na medida em que reproduz em si a imagem de Deus. E onde vemos esta imagem? Como acabamos de dizer, Jesus é quem realiza a imagem de Deus.

Em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não só descobrimos que é Deus, mas vamos aprendendo também o que é ser homem e a quem se pode dar o nome de humano. Quando vemos Jesus

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vemos a verdadeira imagem de Deus em consequência vemos o homem perfeito, ao verdadeiro homem e todos os demais seremos homens à medida que realizamos em nós mesmos a própria imagem de Jesus. Como disse São Paulo na cara aos Romanos, “somos chamados a reproduzir a imagem de Cristo” (8, 29). Isto não é no físico, mas na maneira de amar como Jesus amou até o extremo de dar sua vida.

Em Jesus descobrimos onde está a verdadeira grandeza do homem, quais são nossas possibilidade, onde está o segredo último da vida, como viver inclusive o que nos parece inumano: a dor e a morte.

A esperança cristão deve impulsionar ao crente a conficurar a realidade atual à luz do futuro que nos é prometido em Cristo, para criar agora, o melhor possível, o que estamos chamados e viver definitivamente.

Nós crentes devemos lutar agora contra toda injustiça, escravidão, ódio desumanização, pecado que estejam em contradição com o que esperamos do homem. A esperança cristã deve destruir em nós toda falsa resignação perante o mal instaurado em nossa sociedade ou nas pessoas.·.

Importância de nossa decisão: A partir desta perspectiva começamos a compreender que o que conta em nossa vida são nossas decisões. Minha vida real de homem ou mulher é um conjunto de decisões. São nossas decisões que nos constroem. Nossa vida eterna é construída dia após dia, minuto após minuto, decisão após decisão. E por que isso? Simplesmente porque Cristo Ressuscitado está no coração das decisões. Crer que Jesus ressuscitou é crer que está vivo no Amor e, portanto, obrigados pelo amor a responder-lhe com um sim. Isto é possível porque é Cristo quem nos recria, nos constrói. Nós cristãos, cremos que este é o sentido de nossa existência. Jesus se fez homem para que a humanidade se voltasse para Deus. O Evangelho é a Boa Notícia de que Deus não é mais que amor e de que a grandeza do homem é imensa, pois sua vocação se situa infinitamente além do que ele poderia imaginar ou conceber, é capaz de amar como Deus ama.

Para orar

Orar é receber a vida de Cristo

- Que sorte a tua de estar com Jesus! Diariamente escutas milhares de vozes, mas encontrar com a voz de Jesus é uma alegria inigualável, saboreie este momento.

- Dar vida, isso é o que Jesus faz com mãos cheias. O Evangelho é um lindo canto à vida, a vida de cada dia.

- Deus é o doador inesgotável da vida. Agrada-lhe ser fonte em meio aos caminhos, sol que acaricia e fortalece, pastor que dá a vida a todos os seres humanos.

- Oxalá que brote em você hoje o assombro, o agradecimento, o seguimento, o louvor.

“Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará em breve. Filhinhos meus, por um pouco apenas ainda estou convosco. Vós me haveis de procurar, mas como disse aos judeus, também vos digo agora a vós: para onde eu vou, vós não podeis ir. Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (Jo 13, 31-35)

Comece a oração com um momento de silêncio. O silêncio é o tempo de dá a Deus para que limpe o pó que teus pés pegaram pelos caminhos.

Coloco-me diante de ti, JesusEstou atento ao teu amor.

Abro-me a tua misericórdia.

Abre teu coração a sua Palavra, para se se recriem em ti a ternura e a confiança.

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Tua Palavra me alimenta.Tua Palavra me dá vida.

Que doce é tua voz!Tua voz acalma meus ruídos, me tranquiliza.

Entra na sintonia do Espírito. Ele te ajuda a descobrir a gratidão do amor de Jesus, sua entrega generosa, o dom de sua vida.

Assombro-me diante do teu amor.Assombro-me diante de tua entrega.

Assombro-me diante de tua vida.Obrigada Jesus por ser meu pastor!

Obrigada por ter comigo uma relação de amor!

Dispõe-te a ser um sinal da misericórdia e da ternura de Jesus em tua vida de cada dia. Há muitas pessoas que necessitam experimentar a entrega de Jesus em teus gestos de entrega de cada dia.

Jesus, quero seguir teus passos.Dai-me teu Espírito

Para aprender a viver na misericórdia.

- Canto: Jesús te doy mi persona (Jesed, álbum Te pertenesco)- Preces- Pai Nosso, Ave Maria, Glória…

Para partilhar- A fé na ressurreição de Jesus pode ter algum interesse para um homem enfrentar aos problemas

diários de nossa sociedade? Por quê?

- A fé em Cristo ressuscitado, deve influenciar concretamente em tua visão de vida? Como?

- Que desafios você se propõem a reproduzir em tua vida à imagem de Cristo, como nos convida São Paulo?

FICHA 12

“VEM E SEGUE-ME”

OFICINA DE ORAÇÃO

Indicações: com esta oficina que conclui a unidade cristológica, queremos ter um espaço de oração que nos permita tomar consciência de que é este Jesus, que se encarnou, morreu e ressuscitou por nós e nos chama a segui-lo. A segui-lo concretamente pelo caminho da oração.

Antes da oficina dar cerca de 15 a 20 minutos para que cada um responda as seguintes perguntas, se for possível entregar por escrito.

- Em que situações concretas de tua vida Jesus se faz presente e te chama a segui-lo?

- Ao longo deste tempo se identificou como o carisma do Carmelo: vida de oração, comunidade e missão?

- Que temor, ou algum inconveniente tem no momento para comprometer-se mais de perto no seguimento de Cristo?

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É conveniente ambientar o lugar onde vão ter a oficina, pode ser um rosto de Cristo, umas redes e a frase: “Vem e segue-me”.

Também é necessário fotocopiar para cada um a oração que está no final da oficina: “Senhor concede-me a graça... ”. Entregar a cada um antes de iniciar a oficina para que no momento indicado todos a repitam a uma só voz.

Ambientação:

- Jesus chama aos discípulos “para que estejam com Ele e para envia-los a pregar” (Mc 3,13). O Espírito convida a “seguir as pegadas de Jesus” (S. João da Cruz).

- O seguimento não é uma simples fidelidade moral a Cristo, mas uma prolongação na própria vida e no mundo atual da realidade plena de Jesus. Não se trata simplesmente de imitar a Jesus, mas sim de prolongar a vida de Jesus para fazer a história de hoje como Jesus fez em seu tempo.

- A partir do carisma do Carmelo, Jesus nos chama de maneira particular a segui-lo pelo caminho da oração. “Este é nosso chamado” nos dirá Teresa “o fim

para o qual nos reuniu o Senhor”.

- Seguir a Cristo pelo caminho da oração não significa um intimismo egoísta, pelo contrário, significa assumir os “negócio” de Cristo como nossos. A oração além de ser meio de santificação pessoal é um serviço eclesial. Implica em ir se configurando com Cristo para amar como Ele, nisto consiste o ser contemplativos.

- Vamos a orar abrindo nossa mente e coração ao chamado do Senhor, acolhendo seu convite.

Invocação ao Espírito Santo- Disponhamo-nos ao encontro com Jesus, Ele nos prometeu seu Espírito, o espírito que nos guiará à

verdade.

- Vem Espírito Santo, tu que motivastes a Jesus a ser fiel ao Pai, anunciando a boa nova, curando aos enfermos, perdoando aos pecadores. Tu és o amor que Cristo nos deu na cruz, tu és o Espírito do Ressuscitado.

- Abre nossa mente e coração a tua ação santificadora e dai-nos o dom de escutar o chamado de Jesus.

- Canto “Ven Espíritu de Dios” (Kairoi)

Desenvolvimento

Caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens. Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram. Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os, e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram. (Mt. 4, 18 – 22).

- Jesus segue caminhando hoje em nossa vida, em nossa história pessoal e comunitária. Passa ao nosso lado e nos chama cada um por nosso nome “Segue-me, e eu lhes farei pescadores de homens”.

- Escuta em teu coração o chamado do Mestre, Ele te convida hoje a renovar o chamado que se iniciou no batismo para que sejas pescador de homens, para que construas seu Reino em meio a tua realidade.

- “Diante de Cristo se situa a história humana inteira: nosso hoje e o futuro são iluminados por sua presença”

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- Em que realidade, você, como seguidor de Jesus tens que levar sua luz?

- O seguidor de Jesus está vinculado incondicionalmente à pessoa de Jesus e, portanto, ao seu estilo de vida. Não concebe a margem Dele, compartilha de sua própria sorte.

-Jesus não tem uma morada estável, sua condição é de caminhante. Não tem casa, nem abrigo, “não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,57). Tem “os olhos postos em Jesus” e veja como ele vive, dialoga com Cristo que te converte em teu íntimo. Pouco a pouco Ele vai entrando em tua vida, em sua oração, em se amor. Ele te convida a viver a experiência do abandono nos braços de Deus, como crianças que confiam: “Eu vos asseguro: se não mudardes e vos tornares como as crianças, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18,3).

- O seguidor de Jesus é um orante no caminho, com tudo o que isto significa: aberto, em constante aprendizagem, com bagagem leve. Recorda o chamado: “Vem e segue-me”. Inaugura cada dia relações baseadas no serviço e na entrega, na renúncia a toda ambição de poder e de domínio sobre os outros. Colabora com Ele no anúncio do Reino. Seja testemunho do que viveu e ouviu.

Canto “Donde vives” ( Hna. Glenda del álbum “a solas con Dios”)-

- “O mundo está em chamas, querem condenar Cristo novamente. Não irmãs minhas, não é tempo de tratar com Deus negócios de pouca importância.”

- No caminho de Jesus em sua tarefa de implantar o Reino de Deus na terra, surgem as dificuldades, a oposição. Orar seguindo a Jesus é seguir seu convite: “Minha alma está triste até a morte, ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26,38), e entrar com Ele no horto e na noite escura.

- Orando no meio da noite, acolhemos o projeto de Jesus de amar até o extremo entregando sua vida por todos na loucura da cruz (cf. 1Cor 1,18), que sempre termina em vida: “Se o grão de trigo não cair na terra e morrer, fica sozinho, mas se morre dá muito fruto” (Jo 12, 24).

- O que responder ao chamado de Jesus?

- Não tenhas medo de dizer que sim, não te detenhas em tuas limitações “Parecia-me que mil vidas daria para salvação de uma alma, das muitas que se perdiam. E como me vi uma mulher e ruim... me determinei a fazer este pouquinho ao meu alcance ”

- “Havendo sido alcançado por Cristo Jesus, continuo minha carreira para chegar a alcança-lo” (Flp 3,12). “Não é pequeno bem e regalo do discípulo ver que seu Mestre lhe ama” (Teresa de Jesús).

- É a experiência de seu amor e a certeza de sua presença a que te anima “Com tão bom amigo presente, com tão bom capitão que se colocou como primeiro no padecer, tudo se pode sofrer: é ajuda e dá esforço, nunca falta, é amigo verdadeiro” (Teresa de Jesus).

- No Reinado de Deus se faz presente por palavras e ações de Jesus, mas também se faz presente sua oração. O Reino é dom puro e gratuito de Deus. E também no amor, na amizade, na reconciliação.

- Também seguimos a Jesus em comunidade. O que segue a Jesus aprende a viver e a orar com os outros seguidores, com homens e mulheres que também lhe seguem. Alentados pelo Espírito “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angustias dos homens de nosso tempo..., são também alegrias, esperanças, tristezas e angustias dos discípulos de Cristo” (GS 1.34).

- Reunidos pelo Espírito, vivemos a experiência de ser Igreja, fomentando a espiritualidade da comunhão, sentindo a cada irmão como um dom.

- Impulsionados pelo Espírito somos enviados para servir à vida.

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- Canto:

- Preces espontâneas- Todos se unem repetindo seguinte oração:

“Senhor concede-me a graça de compreender bem quem és para mim. A iluminação interior que necessito para ver como atuas em mim. Necessito compreender que estás em mim. Só Tu podes me transformar. Coloco-me em

tuas mãos, para que me moldes segundo a tua imagem de amor.

Senhor te abro a porta de minha alma e de minha vida para que possas fazer de mim uma obra de teu amor. Que eu possa experimentar que teu amor é forte como a morte e como a vida.

Faz que eu seja capaz de ver, de ouvir, de atender, de ouvir tua voz e tua Palavra. Desejo sentir teu coração junto ao meu, teu olhar em meus olhos, tua presença em minha vida, sempre em minha vida.

Te suplico que faças por mim o que te apraz. Só quero responder ao teu amor”.

- Padre Nosso, Ave Mara, Glória…

UNIDADE III. PELO CAMINHO DA ORAÇÃO

FICHA 13

O QUE É ORAR?

Dinâmica

Sabes escutar?

-Objetivo: avaliar a capacidade de escuta. A oração é antes de tudo diálogo, muitas vezes nos custa estar em atitude de escuta, esta dinâmica nos ajudará a tomar consciência de como estamos perante esta situação.

-Explicar o objetivo do exercício. Dividir o grupo em pares, distribuir um questionário para cada participante e pedir que respondam. Uma vez respondido o questionário, cada dupla deve comentar

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entre sí as respostas. Terminar fazendo um comentário global para introduzir o tema. Tempo aproximado da dinâmica 15 minutos.

Responda esse questionário de acordo com a chave, fazendo duas colunas. Na primeira coluna é para responder sobre a situação pessoal. A segunda coluna é para responder o que estima sobre sua dupla. Coloque a seguir a pontuação que você considera: 5 – totalmente certo; 4 – Certo; 3 – Pode ser; 2 – Falso; 1 – Totalmente falso.

1. Gosto de ouvir quando alguém está falando.

2.Costumo animar aos demais para que falem.

3. Trato de escutar ainda que não simpatize com a pessoa.

4. Deixo de fazer o que estava fazendo quando te falo.

5. Olho para a pessoa com quem estou falando.

6. Me concentro no que estou ouvindo ignorando as distintas reações que acontecem ao meu redor.

7. Sorrio ou demostro que estou de acordo com o que dizem. Animo a pessoa que está falando.

8. Trato de compreender o que me dizem.

9. Deixo terminar de falar quem tomou a palavra, sem interromper.

10. Me abstenho de julgar prematuramente as ideias até que tenham terminado de expô-las.

Desenvolvimento do tema

A oração é o pilar fundamental de nosso carisma: “A vocação do Carmelo Teresiano é viver em obsequio de Jesus Cristo, meditando dia a noite a Lei do Senhor e velando em oração. Fiel a este princípio da Regra, Santa Teresa colocou a oração como o cimento e exercício primordial de sua família religiosa. Por isso o secular está chamado a deixar que a oração penetre toda sua existência, para caminhas na presença do Deus vivo...” (Constituições OCDS 17).

Com este tema iniciamos uma séria de fichas que nos introduzirão na teologia e espiritualidade da oração, de tal maneira que nos identifiquemos cada vez mais com esta missão para a qual somos chamados.

Na unidade de antropologia afirmamos que a pessoa se define com um ser em relação. É essencial para ela referir-se a “alguém”. Para nós como cristãos esse alguém é Deus – Trindade – Comunhão, nosso Deus que nos convida a comunhão.

• Resposta a um chamado: por isso a oração é antes de tudo uma resposta ao chamado de Deus. Responderemos a existência com nossa forma concreta de viver. E cada um de nós percebe ser chamado por Deus com um nome totalmente singular, único. Nome próprio que é uma exalação de seu Amor, de sua Vida em Comunhão. Cada um de nós é uma palavra única, original, saída de sua Palavra eternamente pronunciada, uma palavra irrepetível que nos faz lamentar de saudade e sentir necessidade de responder com outra palavra também única e irrepetível, saída do mais profundo de nosso coração, de nosso ser, de nossa indigência radical.

Porque a oração é precisamente relação, Santa Teresa de Jesus percebeu muito bem ao definir a oração como “Um trato de amizade, estando muitas vezes tratando a sós com Aquele que sabemos que nos ama” (V. 8,5).

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• Diálogo de amigos: mesmo que o nível das partes dialogantes sendo distinto, ao nos oferecer o seu amor e sua amizade o Senhor tão somente deseja que acreditemos na total gratuidade de seu amor por nós, capaz de superar todas as distâncias, por enormes que sejam e que possam nos separar Dele.

As palavras de Jesus: “Já não vos chamo servos porque o servo não sabe o que faz o seu senhor: vos chamo de amigos porque vos dei a conhecer tudo o quanto ouvi de meu Pai ” (Jo 15,12) são uma realidade já, agora e aqui para todos nós, se quisermos aceitar.

É precisamente na oração, neste trato de amizade, com este colóquio frequente e silencioso, muitas vezes árido e inclusive imperceptível, mas sempre de amor com Ele, onde nos fará descobrir o que, o porquê, o como, o quando e o quanto nos separamos Dele. Levara-nos a descobrir que a vida nos oferece seu amor e qualidade de Pai-Mãe de irmão maior, esposo, de guia e companheiro, de mestre, nas palavras de Teresa: “Amigo Verdadeiro”. Levara-nos descobrir o caminho, chegar a beber do manancial de Agua Viva capaz de saciar a enorme sede de Amor e de Vida de nosso interior.

• Uma experiência pessoal: única, intransferível como toda experiência humana. Podemos comunicar, explicar, narrar, descrever com mais ou menos facilidade, com palavras ou com eloquentes silêncios, mas não podemos viver pelo outro, ninguém pode viver por mim, nem eu por ninguém. É insubstituível como todo ato de amor.

A oração é tanto meio quanto fim. Meio porque é o caminho para conhecer cada vez mais a Deus e a nós mesmos, para ir conformando nossa vontade com a Sua, para descobrir seu projeto pessoal para cada um de nós e sai adequada realização, ou seja, nossa vocação particular como pessoas humanas. Por isto Santa Teresa também define a oração como “Torre onde se veem as verdades” e é fim porque é ato de amor.

• Um serviço apostólico: esta é a realidade vivente de nosso ser em relação. Mas, esta relação para ser cristã, não só deve excluir, mas inclui radicalmente a relação com os demais, com os irmãos e irmãs de perto e de longe.

A oração além de ser meio de santificação pessoal é um serviço eclesial, pois a oração cristã não é um mero intimismo, mas que tem que despertar em nós uma sensibilidade ante as necessidades dos demais, participando delas como Corpo de Cristo. É a característica da doutrina teresiana que a amizade com Deus se transforme em comunhão de interesses, em oração de intercessão apostólica pela Igreja e pelos homens. A vida de amizade com Deus e seu exercício desemboca em uma intensa preocupação pelos “negócios de Deus”.

Por isto Santa Teresa de Jesus fará deste aspecto apostólico da oração uma instrução original na Igreja: a vida contemplativa do Carmelo à serviço da Igreja peregrina. Assim exorta às suas filhas para que sejam perfeitas para o Senhor escute suas orações. A autêntica oração de maneira nenhuma poderia alimentar uma mentalidade egocêntrica, pelo contrário, é por si mesma, uma fonte de um espírito de serviço.

Cada um de nós pode descobrir a partir de sua própria experiência o que é a oração. Ao longo de muitos anos vários testemunhos da ação de Deus na vida do homem, deixaram plasmada sua experiência de oração, vejamos:

SEDE Santo Agostinho: “é o encontro entre a sede de Deus e a nossa sede. Já que Deus tem sede de que tenhamos sede Dele”.

LUZ Para São João Crisóstomo a oração é “a luz da alma, verdadeiro conhecimento de Deus, mediadora entre Deus e os homens; e assim com os olhos do corpo se iluminam quando contemplam a luz, assim também a alma dirigida até Deus se ilumina com sua luz inefável”. E São Irineu crê que “seguir esta luz é o mesmo que ficar iluminado; e aqueles que estão na luz não são os que iluminam a luz, mas é a luz que os ilumina.”

OLHAR Já mais próximos de nós, para Santa Teresinha do Menino Jesus, a carmelita de Lisieux, “a oração é uma inspiração do coração, um simples olhar para o céu, um grito de reconhecimento e de amor tanto em meio a provação como em plena alegria” e que na oração ela faz simplesmente

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como as crianças “e digo ao Bom Deus simplesmente o que lhe quero dizer, sem usar frases bonitas, e Ele me compreende sempre...” Charles de Foucauld colocando-se inteiramente nas mãos do Pai, se dá a Ele: “com todo o amor do meu coração porque os amo e para mim é uma necessidade do amor o dar-me e o entregar-me porque sois meu Pai.”

DOM O catecismo da Igreja Católica descreve assim: “A oração é um dom da graça e uma resposta decidida por nossa parte” (Nº 2725)

SIM Finalmente, um dos teólogos de nossos dias Johann B. Metz diz que orar é dizer sim a Deus.Em todos eles o amor de Deus é manifestado.

• Os protagonistas: Deus que se dá a si mesmo. A oração é antes de tudo um dom de Deus misericordioso que nos trata como filhos, sem mérito algum de nossa parte e nos da ao tempo o poder de lhe escutar e responder como a um Pai. A oração é o que faz Deus com o homem e não ao contrário. Não convém perder de vista este fato primordial. Poder orar é, para nós, uma graça incrível, um dom imenso.

A pessoa humana que responde. O dom de Deus torna possível a resposta do homem. O homem se sente filho e não recebe os dons como servo mudo, mas o acolhe e agradece e atua com iniciativa no diálogo com Deus. A oração requer empenho por parte do crente que se abre a Deus com todo o seu ser.

O encontro com Deus, que mostra seu rosto e revela como apaixonado buscador do homem e o orante que também quer mostrar o seu rosto a Deus em verdade, se encontram e se comunicam. Surge assim um encontro em fé e amor, diálogo de amizade, trato familiar.

• Diversos modos de oração: A oração é um encontro dinâmico, realidade vida, pois é uma história de amizade com quem sabemos que nos ama (cf. V. 8,5). Este dinamismo a oração equivale a graus, níveis ou diferentes expressões (oração vocal, oração mental ou meditação e a contemplação) assim nos ensina também o Catecismo da Igreja Católica nos números 2697 a 2724 (consultar esses números para aprofundar o tema). Estas expressões indicam uma possível escala no crescimento da história de amizade entre o homem e Deus, amizade que cresce com o encontro diário, conhecemos seu princípio, mas não seu final. Quanto mais interiorizarmos mais cresce a amizade.

Todo este dinamismo se desenvolve ao redor de um núcleo fundamental, o amor. Por isto mesmo é um dinamismo flexível, não é rígido como um processo em que se vai subindo degraus, mas como já dissemos uma relação que vai acontecendo na vida de cada um.

O conceito de Contemplação tem duas aplicações. Em um primeiro momento podemos entender o fim como a atitude de vida do cristão, que sabe descobrir a Deus e seu Reino em meio a toda realidade de sua vida e, portanto se adere a Ele a partir da fé. Deste modo a criação inteira na qual o homem intervém ativamente, é mediação e lugar de encontro com Deus, que a partir dessa presença ativa e salvadora nos revela, renovando tudo e nos convidando a acolher sua vontade. Como dizia o teólogo Karl Rahner: “O cristão de hoje tem que ser um cristão contemplativo, ou não é cristão.” O cristão contemplativo é força transformadora que assumiu ao chamado de Deus para instaurar seu Reino no mundo. A segunda aplicação faz referência ao grau máximo de oração que se pode alcançar, chamada também de contemplação mística.

Para Orar

- Colocar uma música de fundo e colocar a Bíblia ao centro junto com uma vela. Vão dizendo estas palavras ou outras parecidas.

- Toma consciência de que Deus quer entrar em comunhão contigo. Bate à tua porta para estabelecer amizade contigo. Abre.

- A oração é um encontro com Deus na verdade Dele e na tua. Aprende a estar perante a Ele, com Ele e Dele.

- Canto: Señor enséñanos a orar

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- Texto bíblico: Ap. 3, 20.

- Aqui estamos... Com nossos nomes e nossos anos, como nossa dor e nossa alegria. E conosco vem muita gente. Bem os que hoje foram notícia no mundo, sobretudo, por sua dor. Vêm também tantas pessoas anônimas que buscam algo mais. Aqui estamos abertos, disponíveis para o encontro com Deus.

-Aqui estás, Senhor, Tu sempre estás. Sempre estás à espera, com o ouvido inclinado e abraço preparado. Frequentemente nos espera muito. Tens vontade de nos ver, de que estejamos contigo, porque nos queres.

- Passa a frente, tu mesmo quem abres nossa porta, a do coração e a vida, torna-nos pessoas de portas abertas em atitude de escuta.

- Preces espontâneas

- Padre Nosso, Ave Maria, Glória…

Para partilharEm um papel cada um escreve sua própria definição de oração, a partir de sua experiência e

compartilhe com a comunidade.

Ficha 14

JESUS ORANTE, MESTRE E CENTRO

DA ORAÇÃO CRISTÃ

Dinâmica Orar o Pai Nosso com gestos Objetivo: introduzir o tema deste encontro rezando juntos o Pai Nosso com gestos.

O que dirige a reunião de hoje convida a todos a rezar a oração que Jesus nos ensinou imitando os gestos que propõem a seguir:

Pai nosso que estais no céu, (todos se dão as mãos) santificado seja o Vosso nome. (elevam, lentamente, as mãos dadas, formando um círculo, semelhante a uma coroa) Venha a nós o Vosso reino. (soltar as mãos e colocar as palmas para cima) Seja feita a Vossa vontade, assim na terra (abaixar a mão direita, indicando para baixo) como no céu. (a mão esquerda indica para cima)O pão nosso de cada dia nos dai hoje (ambas as mãos se estendem para a mesa como sinal de comunhão). E perdoai-nos as nossas ofensas (estendem a mão esquerda, com a palma para cima, e a cobrem com a mão direita)Assim como nos perdoamos a quem nos tem ofendido (colocam a mão direita sobre a mão esquerda da pessoa do lado) E não nos deixeis cair em tentação, (fazem um gesto de rejeição, estendendo ambas as mãos e braços para frente) Mas livrai-nos do mal. (Cruzam os braços sobre a cabeça e os abrem com força)Porque Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre. (Todos se dão as mãos e as levantam)

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Amém! (inclinam a cabeça para frente)

Desenvolvimento do tema

Em todo Evangelho e em todo o Novo Testamento, Jesus nos apresenta como o revelador do Pai e do mistério trinitário, e ao mesmo tempo como revelador do mistério do homem. Prestando atenção às suas palavras, seus passos, sua vida, seus gestos e atitudes intuiremos “algo” do mistério de Deus que nos impulsionará interiormente para Ele, veremos seu imenso amor por nós e descobriremos qual é o pensamento de Deus sobre o ser humano, qual é seu olhar, seu entusiasmo sobre si mesmo, qual o nosso valor como pessoas e o porquê estamos aqui, como e de que maneira podemos chegar à nossa plena realização.

Jesus, protótipo do ser humano, é para nós nosso único modelo, guia e mestre. O vemos em uma constante atitude que tende para o Pai e para os que o rodeiam, em uma unidade plena com uma dupla projeção, pois ele é o primeiro ser em relação.

A consciência e o ato desta relação de Jesus com seu Pai se refletiram em sua oração:

• Filho e Mestre: Porque é Filho, ora; porque é Mestre, ensina a orar. Porque é Filho, sabe como há de ser a relação, no diálogo de amor com o Pai; para ensinar-nos a ser filhos e como há de ser nosso colóquio com Ele, nos ensina o Pai Nosso, que é o centro de seu ensinamento e seu modelo de oração. Até este momento os apóstolos sabiam orar como se faz no judaísmo. Também Jesus, como homem e como judeu havia aprendido de sua mãe como orar. Depois aprendeu na sinagoga e no templo as palavras e os ritmos da oração judaica.

Mas a oração de Jesus é totalmente nova: de seu interior flui uma fonte de Água Viva que é seu Pai; com Ele mantem uma relação filial nunca conhecida por sua pessoa humana anterior nem posterior a Ele. Ele é o Filho.

Mais tarde, fazendo ele mesmo com um bom mestre, ensina a seus discípulos a orar a partir desta nova relação inaugurada por ele. Estes, vendo Jesus orar, aprendem como é sua oração e o lugar central que esta ocupa em sua vida. Cada momento e circunstância, cada situação implica em uma atitude e uma expressão própria, porque a oração de Jesus é sua vida: Vemos Jesus orar com frequência na montanha, à noite, sozinho, em um lugar reservado, antes de ser batizado por João, antes de ensinar o Pai Nosso, na Transfiguração, antes das grandes decisões: ao começar sua vida pública. Antes da eleição dos Doze, na Ceia, no Horto, antes de sua Paixão. E vemos Jesus dirigindo-se ao seu Pai no momento de sua morte na cruz: “em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Sua relação com o Pai é constante. Sabe de seu amor e, humanamente, sem compreendê-lo totalmente, se abandona em seus braços confiantemente seguro de não ver-se defraudado.

• O caminho de Jesus: A oração à qual somos convidados por Jesus requer um processo, é um caminho, é seu caminho.

Observando-o de perto, percebemos de que Ele é o mestre em quem ensinamento e vida é um todo coerente, as motivações de seu viver, seu atuar, suas reações, são para nós condições para uma oração cristã.

Quando os discípulos lhe pedem para que lhes ensine a orar, Jesus lhes responde com o Pai Nosso, síntese de seu ensinamento e seu viver: antepõe a tudo a preocupação pelo Reino de Deus, para que se estabeleça em nós, no mundo, que o Nome de Deus, o próprio Deus, seja conhecido, respeitado, louvado, amado, que se cumpra sua vontade em nós e em todos.

E também a preocupação pelas necessidades de seus irmãos, para que levemos uma vida humana digna: o pão de cada dia que, além na Eucaristia – alimento que nos transforma Nele – supõe o pão da cultura, da justiça,

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de um trabalho remunerado e digno, da paz indispensável, do respeito, da convivência familiar e social...

E a condição indispensável para receber seu perdão: é que perdoemos ao que nos ofendeu para poder viver como ele – “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 24) – reconciliados com sua própria vida que circula através de nós e entre nós.

E finalmente a graça de não deixar que as provações da vida nos façam sucumbir ao amor e a fidelidade e não sejamos capazes de vê-lo, Ele que vive em nós e conosco. (cfr. Mt. 6, 9-15; Lc. 11, 2-4).

• Outras condições: Jesus vive e ensina através de palavras outras condições na oração: a certeza de ser escutados, (Conf. Mt 21,22; Mc 11, 24-25; Lc 18,1-8); a interioridade de nossa oração, porque a presença do Pai faz que veja o secreto, e porque Ele quer ser o que orou por nós para que reconheçamos nossos próprios limites, e sem amontoar nem insistir em palavras, mas com atitude humilde (Conf. Mt 6, 5-8), que oremos sem cessar (Conf. Lc 11,5-13) e confiantemente (Conf. Mt 7, 7-11) e que lhe aguardemos em vigilante espera (Conf. Lc 21, 34-56) como a noiva ao esposo (Conf. Mt 25,1-13).

• Jesus é o centro de nossa oração: Jesus, além de ser modelo, guia e mestre, por sua Humanidade ressuscitada se converte no centro da oração cristã. Ele, o Deus-Homem e Homem-Deus, ele é a única Ponte pelo qual podemos chegar ao Pai: “ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,6) e através da qual o Pai se torna próximo a nós: “quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). A oração é cristã porque a fazemos Nele, por meio Dele e com Ele.

Jesus, por sua ressurreição, transpassa os limites de tempo e espaço, por seu Espírito é presente em cada um de nós, e por sua Humanidade glorificada faz de todos nós um corpo: seu Corpo, sua Humanidade inteira; somos parte Dele. E Ele vive em nós. E apesar de toda nossa pobreza e miséria, de todos os nossos egoísmos, a oração, o desejo Dele, o contato com sua palavra e com os sacramentos, vão mudando nossas atitudes de vida e sem saber como e sem notar, vamos sendo transformados Nele.

É Ele quem faz sua nossa oração - quando esta é verdadeira – e assim é acolhida pelo Pai. Pouco a pouco, através da normalidade e da cotidianidade de nosso viver, ele vai sendo o centro de nossa existência se lhe deixamos aberto o caminho.

Somente um Deus humano é capaz de ser para nós “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6) e conduzir-nos à plenitude de nossa existência, pois Ele “carregado com nossos pecados, subiu ao madeiro, para que, mortos ao pecado, vivamos para a justiça” (1 Pe 2,24).

Só Ele, que provou nossas dores, que sofreu o ódio dos outros é capaz de compreender todas as nossas situações, tanto quando somos sujeitos pacientes como quando somos agentes de dor para os demais: nas primeiras ajudando-nos a vivê-las como Ele, nas segundas repetindo aos nossos ouvidos: “Tampouco eu te condeno. Anda e daqui em diante não pequeis mais” (Jo 8, 1-11).

Para orar- Colocar no meio do grupo uma imagem de Jesus, o suficientemente grande, para que todos a possam ver.

Dirigir a oração com as seguintes palavras.

- Para saber como orar, há de olhar para Jesus, há de descobrir como vive, há que aproximar-se de seu coração para descobrir o que leva dentro.

- Pai Nosso, volta a repetir-nos, para que ressoe dentro de nós, tua voz desde a nuvem: “Este é meu filho, o escolhido, escutai-o” (Lc 9,35).

- Espírito Santo, mantém vivo em nossos corações e no seio das comunidades a recordação viva de Jesus.

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- Senhor Jesus, tu és o caminho, a verdade e a vida para que possamos nos aproximar do Pai e dos irmãos. Estamos convencidos de que hoje estás aqui como prometestes, “onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, por isso queremos te pedir como fizeram teus primeiros discípulos “Senhor ensina-nos a rezar”.

- Texto bíblico: Mt 11,1-4

- Obrigada Jesus, com tão bom Mestre ao lado não temos medo de equivocar-nos, Jesus ora para acolher o plano de amor do Pai para toda a humanidade. Com o Pai e perante o Pai, vive os momentos cruciais de sua existência: Pai te dou graças, Pai afasta de mim este cálice, Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito. Não é coisa de um momento. Passaram longas horas, noites inteiras, nesse trato familiar. Ensinai-nos a falar com o Pai e a descobrir sua vontade para leva-la para a vida.

- Cantar o Pai Nosso.

Para partilhar

Partilhar qual dos ensinamentos de Jesus, sobre a oração, que nos narram os evangelhos ressoa mais em nossa vida e por quê?

FICHA 15

UNIDOS A JESUS DIZEMOS “PAI”

Dinâmica

Cair com confiançaObjetivo: Tomar consciência de como anda nossa atitude de confiança.

A relação filial com o Pai muitas vezes se desenvolve com confiança e abandono a sua vontade, assim vemos em Jesus. Esta dinâmica nos ajuda e ver a que ponto confiamos e nos abandonamos nos braços de Deus.

Peça aos irmãos que formem duas filas uma de frente para a outra, que estiquem seus braços a frente com as palmas para cima, como que para encaixar alguém que caia em cima. Escolher alguns voluntários que queiram subir em uma cadeira e cair de costas.

Depois podem compartilhar as seguintes perguntas: Como se sentiu ao cair nos braços de teus irmãos? Quem teve dificuldade em se animar a participar desta atividade? Explique por que? O que é mais difícil para ti, confiar a alguém tua seguridade física o confiar-lhe tua maneira de pensar e teus sentimentos? Explique por que. O que aprendeu sobre a confiança através deste exercício?

Desenvolvimento do tema

Demos muitos nomes a Deus, segundo a experiência que temos Dele. Lhe chamamos de: Luz, Rocha, Salvação, Amigo, Libertador, etc. mas Jesus nos ensina um nome novo: “Pai”. Fixamos nossa atenção no nome que Jesus nos ensinou e que o Espirito sussurra em nosso interior.

Jesus nos mostrou ao Pai, nos desvendou o mistério. São João diz: “A Deus ninguém jamais viu: o Filho único, que está no seio do Pai nos mostrou” (Jo 1,18).

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Jesus para dirigir-se a ele utiliza uma pequena palavra, recolhida na rua, da linguagem que falavam as crianças. Curiosamente em hebreu, linguagem religiosa, não constava esta palavra araméia. Somente as crianças usavam como um balbucio para chamar seu papai.

Que dom tão precioso nos fez Jesus, nos deu tudo o que tinha: seu Pai. Assim o expressa Santa Teresa de Jesus: “Oh! Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho e como o Vosso Filho parece filho de tal Pai... Ó Filho de Deus e Senhor meu! Como dais tantos bens juntos logo à primeira palavra? Já que Vós mesmo Vos humilhais em tão grande extremo até juntar-Vos conosco a pedir, e fazer-Vos irmão de coisa tão baixa e miserável, como é que ainda nos dais, em nome do Vosso Pai, tudo o que se pode dar, pois quereis nos tenha por filhos, e a Vossa palavra não pode faltar?; Assim O obrigais a cumpri-la, o que não é pequeno encargo, pois, sendo Pai, nos há de sofrer, por graves que sejam as ofensas. Se tornamos a Ele como o filho pródigo, terá de perdoar, de nos consolar em nossos trabalhos, de nos sustentar, como fará um Pai, que forçosamente há de ser melhor que todos os pais do mundo, porque n'Ele não pode haver senão a perfeição de todo o bem e, depois de tudo isto, fazer-nos participantes e herdeiros convosco.” (C. 27, 1-2)

O que significava para Jesus dizer Abba? Entrar em um espaço de ternura entranhável no qual se sentia acolhido e querido em seu mistério mais fundo. Em sua oração o chamava: Abba, que é o mesmo que dizer “pai” ou ”mãe”, e que reflete uma relação de amor incondicional, de ternura entranhável. Quando os discípulos lhe pedem que lhes ensine a orar, ele não pode dizer-lhes outra coisa além de Abbá: “quando orardes dizei: Pai!” (Lc 11,1). Este ensinamento Ele realizou com toda a sua vida, porque o Pai Nosso só se ensina com a vida. Introduz-nos assim na sua experiência mais íntima, em sua relação de afinidade, de familiaridade, de intimidade, de proximidade com seu Pai. Chama-nos para que vivamos a experiência deste Deus que é Pai amoroso e Mãe entranhável.

Chamemos a Deus, Pai: é o que Jesus nos ensinou. É a intimidade para a qual nos convida o Espírito Santo. Podemos chamar a Deus como “Pai” porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e seu Espírito nos faz conhece-Lo. O que o homem não pode conceber nem poderes angélicos entrever, ou seja, a relação pessoal do Filho com o Pai (cf Jo 1, 1), e na qual o Espírito do Filho nos faz participar e cremos que Jesus é o Cristo e que nascemos de Deus. (cf 1 Jo 5, 1).

O adjetivo “nosso” que segue a “Pai”, não nos indica uma posse, mas sim uma relação totalmente nova com Deus.

Quando oramos ao Pai estamos em comunhão com Ele e com seu Filho, Jesus Cristo (cf 1 Jo 1, 3). Então lhe conhecemos e reconhecemos com admiração sempre nova. A primeira palavra da Oração do Senhor é uma adoração, antes de ser um pedido. Porque a Glória de Deus é que nós lhe reconheçamos como Pai, Deus verdadeiro. Damos-lhe graças por nos ter revelado seu Nome, por nos ter concedido crer Nele e por nos inundar com sua presença.

Podemos adorar ao Pai porque nos fez renascer em sua vida ao adotar-nos como filhos seus em seu Filho único: pelo Batismo nos incorpora ao Corpo de Cristo, e, pela União de seu Espírito que se derrama a partir da Cabeça para os membros, nos torna “cristos”.

Fazer-nos como crianças: só se pode chamar a Deus “Pai”, com um coração humilde e confiante que nos faz voltar a ser como crianças (cf Mt 18, 3); porque é aos pequenos que o Pai se revela (cf Mt 11, 25). É um olhar a Deus, nada mais, um grande fogo de amor. A alma se funde e se perde ali, na santa amizade e fala com Deus como com seu próprio Pai, muito familiarmente, em uma ternura de piedade em verdade entranhável.

Pai Nosso: este nome suscita em nós várias coisas, o amor, o gosto na oração, ... e também a esperança de obter o que vamos pedir ... Como pode Ele negar a oração de seus filhos, quando já lhes havia permitido previamente ser seus filhos?

Dom e tarefa: ser filhos. É o grande presente que nos deu Jesus e o Espírito. Ser humanos, o mesmo dom que nos torna filhos, nos torna humanos. E o dom se converte em tarefa.

Este dom gratuito da adoção exige de nossa parte uma conversão contínua e uma vida nova. Rezar o Pai Nosso deve desabrochar em nós duas disposições fundamentais: O desejo e a vontade de nos assemelharmos a

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Ele. Criados à sua imagem nos deu a semelhança por graça e temos que responder a ela. É necessário recordar, quando chamamos a Deus de “Pai Nosso”, de que devemos nos comportar com filhos de Deus.

Em toda situação da vida: Jesus chamou a Deus “Abbá” em toda circunstancia de sua vida e nós temos que aprender a fazer o mesmo.

Ao descobrir o rosto do Pai nos pequeninos: Mt 11,25: Jesus bendiz e louva ao Pai por revelar-se aos pequenos e simples. Seremos capazes de olhar ao pequenino e descobrir neles o rosto do Paizinho?

Nas experiências de amizade: Mt 11,27: Jesus e o Pai se conhecem em íntima relação de amor mútuo. Só é possível conhecer ao Pai se Jesus nos presenteia com este dom de amizade divina.

Nos momentos de dor: Mc 14,36: Jesus chama a Deus, Abbá-Pai, em uma situação de intensa dor e escuridão, no Getsemani, e aí se abandona totalmente a sua vontade salvífica.

Na hora de priorizar nossas coisas, o mais importante: Lc 2, 49, Para Jesus, as coisas do Pai ocupam o primeiro lugar, estão acima de tudo o demais: leis, tradições, costumes, inclusive laços familiares.

Ao tornar a Eucaristia em vida, que começou Jesus, se revela e abre para o mundo o rosto do Pai: Jo 4,21: O Pai é o doador da vida e o novo culto que Jesus estabelece se baseia nas novas relações de filiação divina e irmandade universal. O culto que agrada a Deus é o amor ao próximo necessitado.

Em nossas opções de vida: Jo 14, 7: Jesus traz presente o Pai com seus gestos e palavras, assim quem o conhece está acolhendo ao Pai.

Em nossa vida interior: Jo 14, 23: O Pai demonstra seu amor por aqueles que acolhem a mensagem de Jesus vindo habitar no interior de suas pessoas.

Para orar- Pedimos a Jesus que nos ensine a dizer: Pai!

- Nos abrimos ao Espírito que clama: Abbá! Em nossos corações.

- Recolhamos nosso corpo e mente e coloquemos em nossos lábios esta aclamação: “Teu Espírito clama em nós: Abbá! Pai”.

- Canto: “Padre me pongo en tus manos” (Carlos de Foucauld)

- Texto bíblico: Jo 14, 23

- Abre-te ao Pai da acolhida. Abre-te ao Pai da ternura. Abre-te ao Pai que levanta ao caído. Abre-te ao Pai que te reveste com sua graça. Abre-te ao Pai que te convida para a festa da vida.

- Confiados nas mãos de um Pai-Mãe que são ternura entranhável, oramos: “Estou sobre a palma de tua mão, confiante como uma criança. Não a tires, Senhor, fora dela há as profundezas dos abismos”. “Quero chegar ao céu por um caminho muito reto, muito curto, por um caminho inteiramente novo: o da confiança e do amor. O de tornar-me pequeno” “Ainda que caminhe por vales escuros, nada tempo, Senhor, porque Tu vais comigo”

- Unidos com Jesus dizemos: Pai Nosso…

Para partilhar - Partilhemos como é nossa relação com Deus Pai.

FICHA 16

MOVIDOS PELO “ESPÍRITO SANTO” DIZEMOS “PAI”

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Dinâmica

Oração gestual- Objetivo: Perceber que quando nos abrimos a Deus, o Espírito nos move a agir.

- O Espírito é como o vento que sopra quando quer e onde quer, deixemo-nos mover por sua ação.

- O que dirige convida a tomar uma postura que expresse gestualmente as seguintes formas de oração.

1. Recebo as bênçãos de Deus.

2. As guardo como tesouros em meu coração.

3. Compartilho-as.

4. Agradeço.

Desenvolvimento do tema

Uma constatação humilde: nós, sozinhos, não podemos nem sabemos orar como convém. Teríamos que repetir com o salmo 131: “Não pretendo grandezas que superem minha capacidade”. É o Espírito “quem vem em nosso socorro” (Rm 8,26). Passar do desconhecimento á invocação do Espírito é uma tarefa prioritária para todo orante. “Não é desperdiçado o tempo em coisa que tão bem se gasta” (Teresa de Jesus).

Jesus disse que seus discípulos adorarão ao Pai “em espírito y verdade” (Jo. 4, 23). Suas pregações serão inspiradas pelo Espírito Santo, pois o Espírito estará habitando entre eles. São Paulo o dirá da seguinte maneira: “Todos aqueles conduzidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus. Vocês não receberam um espírito de escravos para voltar ao medo, mas recebestes o Espírito que os torna filhos aditivos, e que os move a exclamar: “Abba, Pai”. O mesmo Espírito que

assegura ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rom 8, 14 – 16).

E se isto é uma certeza, por que é tão difícil? Por que a oração é ainda um problema para o cristão maduro? O Apóstolo Paulo diz que é por causa de “nossas debilidades.” (Rom. 8:26). O Espírito de Deus não só mantém essa esperança dentro de nós, mas nos ajuda em nossas atuais limitações. O maravilhoso é a intercessão pelos santos que estão em harmonia com a vontade de Deus. Ele vem nos socorrer em nossas debilidades.

Paulo não diz que o Espírito retira as nossas “debilidades”, mas que Ele nos ajuda. Vivemos nossa vida inteira em condições de fraqueza. O que o Espírito faz é ajudar, Ele nos dá o auxílio de que necessitamos para nos conhecer completamente.

Qual é o problema? Nós não sabemos o que pedir a Deus. Qual é Sua vontade soberana para nós, nossa família, nossa comunidade, etc.? Frequentemente não sabemos o que necessitamos, tampouco sabemos o que é melhor para nós.

Cada Cristão experimenta estas fraquezas e isto é o que torna a oração difícil. Acaso você não experimentou em várias ocasiões que é tão difícil parar para orar em seu tempo ocupado e então quando você está na presença de Deus na oração é tão doce e maravilhoso que não queremos deixar de orar? Seu espírito se opõe a deixar o lugar sagrado. O Espírito Santo nos ajuda nas fraquezas. “Ele intercede em nosso favor com gemidos e palavras que não podemos expressar” (v. 26) O Espírito Santo todo poderoso é nosso auxílio. Ele vem em nosso auxílio para nos dar acesso ao Pai (Ef 2:18).

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Jesus teve a mesma ideia em mente quando ele chamou o Espírito Santo de Paráclito, “Aquele que é foi chamado de longe” para ajudar em tempos de necessidade. O Espírito Santo vem de longe para nos ajudar em nossas fraquezas. Como estamos desesperados, Ele alivia as nosso peso.

Quem é o Espírito Santo? o Espírito é “como o vento que sopra onde quer, que ouve sua voz, mas não se sabe de onde vem e nem pra onde vai” (Jo 3,8). Não podemos lhe controlar ou dominar, mas podemos seguir sua voz. O Espírito é o Dom por excelência, “o algo bom que o Pai do céu dá aos que o pedem” (Lc 11,13). O Espírito é o presente que Jesus dá como culminação de sua entrega a nós por amor (Jo 19,30). O Espírito é o “doador da vida” é o que “falou pelos profetas”, que acompanhou a Jesus em sua paixão pelo reino, se manifestou plenamente no Pentecostes, quando nasceu a Igreja.

O Espírito é a fonte da oração cristã, “nos faz exclamar: Abbá, Pai!” (Rm 8,15) e nos permite dizer que Jesus é o nosso Senhor (1 Cor 12,3).

Ele é, como nos diz São João da Cruz “a chama viva de amor”, é ele o mesmo amor que nos fere no mais profundo centro para nos converter em amor.

Viver e orar ao sopro do Espírito: o Espírito Santo é o coração da oração. Graças a Ele podemos dizer: Pai. Graças a ele, confessamos: Jesus é o Senhor. Graças a Ele, podemos entrar em comunhão com o Pai e com o Filho. Por meio Dele o Pai e o Filho se fazem presentes e entram em comunhão com a Igreja, com os cristãos e com o mundo.

Quando nos deixamos guiar pelo Espírito, ele se converte para nós no “doce hóspede da alma”, e nos leva como mestre interior, a uma experiência de:

- Verdade: A partir de nosso interior testemunha que “somos filhos de Deus” (Rm 8, 16), nos sussurra uma e outra vez: “Não sabeis que sois o templo de Deus” (1 Cor 3, 16), e nos guia a partir da verdade completa” (Jo 16, 13).

- Criatividade: O Espírito, dom por excelência, se converte em tarefa. Ensina aos que são fiéis as mais novas respostas aos problemas da humanidade. Difunde o bom perfume da caridade, “que é paciente, serviçal, não busca seu interesse, se alegra com a verdade” (1Cor 13,4-6). E se faz concreto nos gestos simples e nas palavras de verdade (Atos 10,26.34.44).

- Comunhão – A experiência do dom do Espírito unifica os acontecimentos da vida mediante o louvor. Os Salmos são retratos de vida (de dor, de inquietude, de sede de busca) que graças ao Espírito se unificam em um canto de louvor e benção a Deus (Sl 150).

- O Espírito, que é o doador de carismas para a edificação do povo de Deus, não se contradiz na multiplicidade de dons, mas opera tudo em todos (1Cor 12,11), constituindo um novo povo de Deus (GS 9).

O Espírito Santo educa nossa vida de oração, nos ensina formas de orar (CIC 2644)- A adoração - Como expressão orante de quem se maravilha perante a grandeza de Deus.

- O louvor – Quando descobrimos a glória de Deus e exultamos de alegria.

- O clamor – a dor presente nas mil encruzilhadas da vida do homem, se converte em grito de Deus.

- A confissão – porque há momentos em que o homem entra na profundidade do mal e se vê como pecador e confessa humildemente perante Deus.

- A confiança – de um caminho percorrido junto a Deus, de uma abertura mútua de coração a coração, brota um sentimento profundo de confiança e abandono no Senhor.

- A gratidão – só é humilde agradece, só ele descobre emocionado a cada dia que tudo é presente. Sua primeira e última palavra é “obrigado”.

- O oferecimento – quando se cai em conta de que o amor de Deus consiste em entregar-se e dar-se por inteiro, não podemos fazer menos que oferecer a nós mesmos para Deus e ama-Lo.

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- A súplica – porque a necessidade é a mãe da oração, e é mais privilegiado aquele se sabe pobre e extende suas mãos para o Senhor.

Para orar

-Colocar vários símbolos que representem o Espírito Santo (fogo, água, uma pomba, vento).

- Nos abrimos ao Espírito que clama: Abbá! Em nossos corações.

- Texto bíblico: Rm 8, 14-17 - Canto: Chama de amor viva.

- Vem Espírito, plenifica nossa vida com tua luz para que vivamos a generosidade do perdão. - Vem Espírito, fonte de vida e confiança, enche nossos corações cheios de dor e sofrimento.

- Vem Espírito em tua Igreja e sê nela fermento de comunhão.

- A experiência continua do amor de Deus que não falha, plena de alegria de esperança nossas vidas. “No deserto, a água sempre repousa em um poço muito fundo. Feliz de quem encontra um balde para tirá-la”.

- O encontro com o Espírito nos capacita para viver a vida como agradecimento e para entender as maravilhas de Deus em nossa própria língua.

- Impulsados pelo Espírito rezemos a oração dos filhos e dos irmãos de Jesus: Pai Nosso…

Para partilhar- Compartilhemos como tem sido a experiência do Espírito Santo em nossa vida.

FICHA 17

A ORAÇÃO TERESIANA

Dinâmica Conhecendo-me melhor- objetivo: Avaliar os progressos da autorreflexão em um processo de crescimento pessoal.

-Na oração teresiana, um fator importante que intervém na oração é o conhecimento próprio, é ao mesmo tempo fruto e exigência da oração, porque através desse conhecimento conhecemos tudo o que Deus realizou em nós e nos apresentamos diante dele com humildade, em verdade, com nossas qualidades e defeitos. Por isso esta dinâmica se trata do conhecimento próprio.

- Quem dirige o encontro entregará a cada participante uma cópia do questionário “Me conheço melhor”, explicando a importância do conhecimento próprio na oração teresiana. Dará entre 10 a 15 minutos para que respondam e em seguida pede que alguns voluntários compartilhem suas respostas e qual foi sua experiência.

CONHECIMENTO DE MIM MESMO

- Físico: Cinco coisas que gosto em mim e cinco coisas que não gosto em mim.

- Psicológico: Como defino a mim mesmo? Quais são meus temores?

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- Social: Como manifesto meu desejo de partilhar com os demais? Que prejuízos tenho em minhas relações? Que tipo de pessoa me incomoda? Gosto de trabalhar em equipe ou sozinho?

- Profissional: Duas experiências em que otive êxito. Duas experiências em que não obtive êxito.

- Espiritual: A fé é o motor da minha vida?

Desenvolvimento do tema

Mestra de oração: a oração de Santa Teresa de Jesus é a oração do Carmelo. Porque falar da oração é falar dessa grande mulher, Teresa, e porque falar de Teresa de Jesus é falar do Carmelo. O Carmelo é Teresa e do Carmelo é a oração. Chegamos, pois, a explicar de alguma maneira essa denominação de oração Teresiana.

A oração explica a pessoa e a sua mensagem, a mensagem de Santa Teresa. A oração é a chave de sua vida. Deus deixa suas pegadas nessa história de salvação que é a vida de Teresa. História de relação amistosa de Deus com ela e sua resposta para com Deus. História que conservamos através de sua letra e punho no maravilhoso Livro da Vida. Por isso é conhecida pela Igreja como mestra de oração.

A Santa Madre foi uma mulher de experiência orante, que soube deixar Deus entrar em sua vida, que teve a experiência preciosa de saber-se habitada por Deus e soube captar e nos explicar algo tão maravilhoso como isto: a dignidade da pessoa humana está em ter sido criada à imagem de Deus e capaz de se relacionar com este mesmo Deus.

Capaz de se relacionar com Deus! Aí está a chave de sua experiência orante. É algo que deduzimos de sua definição de oração em Vida 8,5: “tratar de amizade, estando muitas vezes a sós, com Aquele que sabemos que nos ama”. Tratar e tratando, quer dizer: relacionando-se.

RELACIONAR-SE... Com Quem? Com JESUS, o Amigo. Ele é o protagonista desta história de Amizade para Teresa, para todos nós e é também o Mestre interior desta relação.

Nesta experiência de encontro nos ilumina que o fundamental é formar o “EU RELACIONAL”. Orar é tratar de amizade. Orar é o ser em relação de amor com Ele, entre nós, com o mundo. Orar é entrar na nova dinâmica do amor. Orar é amar.

Até onde nos relacionamos? Até onde deixo-o entrar? Até que aconteça isso que diz Teresa continuando a definição de oração: “porque para ser verdadeiro o amor e para que dure a amizade, tem de encontrar as condições.” Até onde? Até que sejamos iguais, até que Ele seja eu e eu seja Ele. Até que “não haja divisão entre Vós e eu”, diz Teresa nas últimas moradas. Sem pressa, pouco a pouco, como se constroem as grandes amizades. “Oh, que bom amigo és, Senhor meu! Como vai me regalando e sofrendo, e esperais para que me coloque na Vossa condição enquanto sofreis Vós na minha!” (V 5-6).

Características da oração teresiana

- É perfeitamente afetiva: nela, a atenção do orante de centraliza mais em amar do que em pensar; mas com a suficiente luz da fé e da Escritura que permitem penetrar nos mistérios mais altos, por isto afirmará que “não está em pensar muito, mas em amar muito”. Encontro mútuo no AMOR. Tomar consciência do amor que Deus tem por nós. Ter consciência do amor é o ponto de partida para uma resposta de amor.

- É dinâmica: a oração é o principio de uma aventura: a busca de Deus que não se sacia até o encontro supremo; caminho até chegar a água viva da contemplação; processo de interiorização até chegar nas últimas moradas.

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Este dinamismo se manifesta: numa graduação progressiva da graça interior que invade toda a pessoa: entendimento, vontade, forças corporais. Em um aprofundamento progressivo de todos os mistérios cristãos: Deus, Cristo, Trindade, Igreja. Em uma constante assimilação de novas exigências de virtude e de entrega. Em uma insaciável projeção apostólica cheia de iniciativas.

Na doutrina teresiana, vida de oração equivale a perfeição ou itinerário de santidade; o diálogo de amizade abraça toda a existência. Daqui flui o caráter totalitário da entrega: “Deus não força nossa vontade; toma o que Lhe damos, mas não se dá a Si mesmo até que nos entreguemos de todo a Ele” (C. 28, 12).

- Baseada na Palavra de Deus: a oração teresiana parte da leitura da Biblia, meditação do Evangelho, das palavras e dos passos mais importantes; degustação dos textos mais sublimes das Escrituras; o Pai Nosso é a base de seu tratado da oração no Caminho de Perfeição.

- É cristocentrica: o diálogo de amizade se transforma em uma conversação interior com o Cristo do Evangelho e da glória: seguindo os momentos da vida pública, escutando as palavras do Mestre interior, meditando os mistérios e vivendo-os através da liturgia, diante da presença real na eucaristia. Ele é o mestre e o modelo de oração. Cristo não é um tema de meditação. É a presença necessária, inevitável, em todo o processo. Aconselha representa-lo, situar-se diante de Cristo, de sua Sagrada Humanidade, isto é o todo do processo espiritual. “Não quero nenhum bem se não for adquirido através de Quem nos vem todos os bens” (6M 7,15).

Cristo foi para Teresa o “Livro vivo” no qual se aprende o que se há de saber e tudo o que se há de fazer. A partir dele “ponde os olhos em Cristo”, até o “aparecimento” do Senhor neste centro da alma ( cf. 7M 2,3).

- É um caminho de conhecimento de Deus e de nós mesmos. Ela também define a oração como “Torre de onde se veem todas as verdades” e ainda nos diz que “a oração mental... é entender essas verdades”. As verdades de quem é Deus e quem é o homem. Deus nos mostra sua verdade: que nos ama, “não se cansa de dar”... “Anda buscando a quem dar”. Isto se alcança através do trato de amizade com Ele na oração.

Descobrimento de nós mesmos. Orar é entrar em nós mesmos. Conhecer: Nossa riqueza, nossa grande capacidade, dignidade e formosura. “Podemos ter diálogo não menos do que com Deus”; mesmo com nossa miséria, nossa situação moral. Teresa nos diz que através da oração “percebeu o mal caminho em que andava”; entendia suas faltas.

- Encontro transformante: conforme dito anteriormente a oração é um caminho de perfeição que nos descobre e anima a alcançar a vocação para a qual somos chamados: a santidade. A oração gera homens e mulheres novos. Esta é a tese do Livro da Vida. A melhor oração será aquela que mais renove a vida. Por este motivo é preciso olhar para a vida para discernir a veracidade da oração. Para Teresa, a oração é um remédio contra a própria debilidade se se vive a humildade e arrependimento, assim como se debem evitar as ocasiões de perigo.

- É apostólica e eclesial: é característica da doutrina teresiana que a amizade com Deus se transforme em comunhão de interesses, na oração de intercessão apostólica pela igreja e pelos homens, as mesmas páginas de seus escritos se convertem em diálogo com Deus pela Igreja e pelas almas. A vida de amizade com Deus e seu exercício desmboca em uma intensa preocupação pelos “negócios de Deus”. Ela mesma, ao chegar que no cume de sua vida mística, depois da experiência eclesial, orienta toda sua existência à serviço do Reino de Deus, nas últimas páginas do Castelo Interior, mais do que uma prévia da glória, são um hino da vida apostólica: “ Para isto é a oração; e para tal serve o matrimônio espiritual, para que nasçam sempre obras, obras”(M VI1,4, 6).

A partir deste aspecto apostólico da oração faz uma instituição original da Igreja: a vida contemplativa do Carmleo à serviço da Igreja peregrina: por isso exorta a suas filhas que sejam perfeitas para que o Senhor escute suas orações. “Peço-vos que procureis ser tais que mereçamos alcançar (estas graças) de Deus” (C 3, 5); neste serviço eclesial da oração fixa a essência de seu Carmelo: “Quando vossas orações, e desejos, e disciplinas, e

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jejuns, não se destinarem para o fim que tenho dito, pensais que não fazeis nem cumpris o fim para o qual nos juntou aqui o Senhor” (C 3, 10).

Pedagogia Teresiana da oração: o caminho da oração que Teresa nos propõe é, como dissemos, um caminho de santidade, não quer nos ensinar um método de oração, mas sim a ser orantes. Esta atitude, de ser orantes, consiste fundamentalmente em viver a própria vida em uma constante presença de Deus.

A experiência leva Teresa a constatar que se dispor a orar não pode consistir unicamente em preparar um texto, praticar uma forma de relaxamento, distanciar-se da realidade, etc. Então para ser autênticos devemos nos exercitar nas virtudes: “Nisto de oração... antes que diga do interior direi algumas coisas que são necessárias ter, os que pretendem levar o caminho da oração, e é impossível se não as tiver, ser muito contemplativas e quando pensarem que são, estarão muito enganadas... Somente três, e me entenderão ao declarar: a primeira é o amor de umas com as outras; outra é o desapego de todo criado e a outra a verdadeira humildade”, que ainda que dita por último é a principal e abraça a todas as outras.” (C. 4, 3-4).

O que Teresa pretende ao antepor o estudo destas virtudes a oração em si mesma? Fazer com que o orante comprometa-se com a renovação interior. Deve renovar o ser interior do homem. É uma exigência forte da oração-amizade: conformar-se com o amigo (V. 8,5). A oração é um processo dinâmico de crescimento, quanto mais cresce a amizade com Deus mais cresce o ser humano como pessoa. A oração é um modo de ser, um modo de existência. Por isso a pedagogia de Teresa gira em torno da recriação desse novo ser. Em poucas palavras, ensinar a ser orante não é só fazer oração, assumindo a exigência da amizade que implica a doação ao Outro, ao Amigo, dar-nos a Deus com a determinação que Ele se dá a nós, “ ... este Rei não se dá a quem não se dá de todo a Ele.” (16,4).

A antropologia teresiana concebe o homem como um ser de relações, aberto consigo mesmo, com os demais, com as coisas, com as coisas de Deus. Para isso é necessário curar essas relações a partir da raiz. Curar é refazer nossa forma de encontrarmos com Deus. Portanto é necessário curar essas relações a partir da raiz. Curar é refazer nossa forma de nos encontramos com Deus, com os demais e com as coisas. Além disso ela sabe que na pessoa se dá uma unidade que a conduz a viver de forma semelhante a vida e a oração. Os que pretendem, portanto. Iniciar esse caminho de amizade comm Jesus deem exercitar-se em:

- O amor concreto e cotidiano, com os que tem próximo, e não contentar-se com palavras ou desejos espirituais. Também deverão experimentar que nada e nem ninguém lhes pertence, que não podem conhecer o amor se submetem, impõe, controlar e tentam assegurar qualquer relação, porque na amizade assim como no amor tem ninguém a força.é necessário provar que é um verdadeiro presente que nos fazem quando alguém nos quer. Não se merece e não se conquista a força,

- Desprendimento também no sentido de ver a si mesmo como senhores das coisas e dos bens e não como seus servos.

- Por último, os que querem andar nesse caminho da oração devem aprender a situar-se adequadamente perante aos demais. “desde baixo”, como discípulos e não como mestres, sem a absurda pretençãode sentir-se melhor que ninguém, de ter razão sempre, de saber tudo e possuir tudo, realistas com o que são e audazes porque confiam em Deus. Algo disto nos sugere Teresa com a verdadeira humildade.

A oração é compromisso da vida inteira, não é uma prática. Quando ensina a orar Vai refazer a vida do orante. Deus que está por trás disto, é um Deus vivo, comprometido eficazmente na vida da pessoa. Portanto podemos afirmar que para Teresa a oração é também um caminho de autêntica humanização.

Homem velho Homem novo

Egocêntrico…………………............................................…………….…………………..caridade

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Possesivo……………………………………………..………...........................desapegoo, libertad

Autosuficiente, soberbo………………...…......……………….………………..…...……humildade

Assim, a vida de oração exige virtudes sólidas e por sua vez, estas se fortalecem na própria oração. Não há oração sem o exercício das virtudes e não há verdadeiras virtudes sem o exercício constante da oração. As virtudes são base e fruto da oração. “Antes de dizedr o que é a oração, direi algumas coisas que são necessárias aos que pretendem ter vida de oração, e são tão necessárias que, sem ser muito contemplativas, poderão estar muito adiantadas no seviço do Senhor, e é impossível se não as possuem ser muito contemplativos, e quando pensam que são, estão muito enganados, (C. 4,3). As virtudes são o termômetro da oração.

A grande dificuldade para orar não é o ambiente, a distração, o tempo, mas sim a capacidade de abertura, de relação, de amizade, de liberdade e de pobreza espiritual que se tenha.

Mensagem da Oração Teresiana: o estudo da experiência oracional de Sante Teresa nos revela profundamente que foi sua pessoa e sua doutrina que nos deixou em suas obras. Pouco a pouco o que se submerge na leitura de seus escritos sente como se fosse se apoderando de um sentimento de Deus que lhe vai atraindo, quase sem se dar conta. E é precisamente isso o que a Santa pretende em todas as suas obras: nos deixar com vontade de Deus. Porque foi Deus o único substantivo de sua vida. Ele é tudo para ela: quando goza de sua presença inefável equando padece sua ausência. Deus é a vida que sente correr por todas as veias e entranhas de seu ser. Por isso revive se passado para nós também, com ele nos manifesta que Deus tem sido sempre uma presença salvífica para ela, em constante dinamismo ascendente.

Assim nos ensina a espreitar a nossa próprioa história pessoal com esta mesma consciência de presença salvadora de Deus em nossas vidas. Se a Santa nos mostra sua vida é para nos ajudar a descobrir a nós mesmos; se nos dá acesso a sua vida para que entremos na nossa. Tanto a sua como a nossa estão estão cheias da Presença de Alguem que as vai conduzindo. A quem amorosamente temos que nos submeter para dar plenitude a nossa vocação de ser. Portanto, se a descobrirmos (a Santa Teresa), nos descobrimos (a nós mesmos), e lhe descobrimos (a Deus). isto é o que Teresa pretende quando escreve: revelar-nos o Deus que é e que ela conheceu em si mesma. Nos conta suas experiências porque nelas se tornou história a efusiva comunicação divina, e nelas conheceu a verdade de Deus e de seu amor pelo homem. Deus é a essência e a reiz, o centro de nosso ser e nossa história, Aceita-lo já e começar a ser.

Por isso a oração é para Santa Teresa a chave de sua vida. Porque orar “tratar de amizade, estando muitas vezes a sós com Aquele que sabemos que nos ama” (V.8, 5) esta é a grande revolução que a santa nos transmite, orar é trato de amizade. Atenção a Pessoa a partir da pessoa. Protagonistas: Deus e eu. Acolhida e doação. Escuta e pronunciamento, ou seja, trato. É a amizade. Onde se colocam as verdadeiras exigências que comprometem a existência do homem, fazendo um a condição do Outro, poruqe o amor pede semelhança. A Pessoa de Deus e a pessoa do Homem. A Verdade de Deus e a verdade do homem. Não é um trato sem sentimento mas “com Quem sabemos que nos ama”. A Pessoa de Cristo ocupa todo o orante. Saber-se amado é o ponto de partida para uma resposta de amor: “Amor chama amor” (V.22, 14) Encontro de amor, a oração. Não importa o que se diz, nem como se diz. Interessa o “estar com Ele”. “Colocai os olhos em Cristo” é o conselho de Santa para o que começa o caminho de oração, até chegar a “descoberta do Senhor neste centro da alma”. É a vida do homem com Deus: “juntos andemos Senhor...”

Para orar- Colocar no centro a imagem de um castelo.

- Teresa nos convida a tomar consciência de nossa grande dignidade, somos morada do próprio Deus. não estamos “ocos por dentro”.

- “Para começar com algum fundamente: que é considerar nossa alma como um castelo todo de um diamante ou um cristal muito claro, no qual há muitos aposentos, assim como no céu há muitas moradas, que se bem considerarmos não é outra coisa a alma do justo que um paraíso onde Ele disse ter seus deleites” (1M1,1).

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- Toma consciência do amor de Deus que te criou como sua obra prima, se o buscares muito mais Ele te busca. Escuta sua promessa:

- Texto bíblico: Jo 14, 23

- Só o amor dá sentido a nossa vida, “o que importa não é pensar muito, mas sim amar”, ama com todo o teu coração ao Amado que mora em ti. Busca teu próprio centro, ali está o melhor de você porque ali se passam as coisas mais secretas entre Deus e a alma.

- Canto: El alma es de Cristal.

- Momento de silêncio

- Convite a preces espontáneas,

- Pai nosso, Ave Maria, Glória…

Para partilhar- Partilhar com qual das características da oração teresiana mais se identifica e por que.

FICHA 18

OUVINTES DA PALAVRA

A “LECTIO DIVINA” OU “LEITURA ORANTE DA BÍBLIA”

Dinámica O concurso de João- Objetivo: ter um contato com a Palavra de Deus.

- O tema de hoje é sobre a leitura orante da Bíblia, esta dinâmica nos permita aproximar-nos dela através de um jogo organizar, os participantes em pequenos grupos e entregar a cada grupo uma folha com vários textos bíblicos que estão incompletos, a tarefa dos participantes é completa-los. A seguir há um modelo da folha com os textos. Seria bom que cada grupo tenha uma folha com textos diferentes, podem acrescentar textos não tão conhecidos para que o trabalho leve mais tempo e aproximar os participantes de textos que talvez nunca tenham lido.

1. Veio para o ______________, mas os ________ não o _____________. (Jo 1,11)

2. Em verdade, ____________ te digo: quem não nascer ________ não poderá _______ o _______ de Deus. (Jo 3,3)

3. Com efeito, de tal modo _______________ o _______, que lhe deu seu ________________, para que todo o que nele _______ não ______, mas __________________________________. (Jo 3,16)

4. Em verdade, em verdade vos digo: quem não ________ pela _________ no __________ das ovelhas, mas sobe por outra ________, é _________ e _____________.

Mas quem entra pela porta é ___________ das ovelhas.

A este ____________ abre, e as ovelhas __________ a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo ______e as conduz à pastagem.

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Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas ____________, pois lhe conhecem _______.

Mas não seguem ____________ ; antes fogem dele, porque não conhecem ______ dos ___________.

Jesus disse-lhes essa __________, mas não entendiam do que ele queria falar. (Jo 10, 1-6)

Y cuando ha sacado fuera todas las propias, va delante de ellas; y las ovejas le ______, porque conocen su _____.

Más al ______ no seguirán, sino huirán de él, porque no conocen la _____ de los _________.

5. Eu sou a ______________________, e meu Pai é o __________. (Jo 15.1)

Desenvolvimento do tema

Na regra de Santo Alberto, a regra de vida entregue aos Carmelitas, nos convida “a meditar dia e noite a Lei do Senhor” (Nº 10). E São João da Cruz nos diz: “Trazer um ordinário apetite de saber imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se com sua vida, a qual devemos conhecer para saber imitar”. Tal e como nos diz o Santo para ser como Jesus precisamos conhecer sua vida e is so só se consegue ao “considerando-na”, ou seja meditando-na especialmente através dos Evangelhos.

Uma grande ferramente para meditar os Evangelhos e toda a Palavra de Deus é a Lectio Divina ou leitura orante da Palavra de Deus. Esta é uma ferramenta que a Igreja tem soube desde os tempos antigos, especialmente na vida monástica, mas com a renovação do Concílio Vaticano II a Igreja sabiamente a propôs para todo o cristão.

Se nos fixamos nos escritos dos santos do Carmelo estão repletos de citações bíblicas. Nossos santos souberam aproximar-se da Palavra de Deus e deixaram-se interpelar por ela.

Disto que o carmelita secular deve ser assíduo orante da Palavra de Deus, descobrindo na vontade de Deus para sua vida pessoal e comunitária.

Conceito de “Lectio Divina”

Lectio (= leitura) e divina são dois termos que, conjuntamente, indicam um encontro dialogal entre Deus que “fala” e a pessoa que “escuta”, estabelecendo entre ambos uma comunicação de amor, que é precisamente uma característica essencial da Revelação divina: “...o Deus invisível (cf Col 1, 15; 1 Tm 1, 17), levado por seu grande amor, fala aos homens como amigos (cf Ex 33, 11 Jo 15, 12-15), e se entrentretem com eles (cf Ba 3, 38) para convida-los a ter comunhão com ele e nela recebe-los” (DV 2).

Estamos diante de uma leitura saborosa e orante da Bíblia, realizada sob o impulso do Espírito Santo, tendo em vista um diálogo amoroso com o Senhor que faz crescer a fé e aumenta a esperança. Com certeza podemos falar de uma leitura existencial da Palavra que supera de longe a curiosidade intelectual, envolvendo toda a vida de uma pessoa ou comunidade. Se busca a “água viva” para saciar a “sede do coração”, ou seja, a busca do sentido, paz, felicidade, enfim, de salvação.

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“A leitura de Deus” é uma leitura agradável, saborosa. É saborear o Verbo, saborear a Deus, no Espírito Santo, que vivifica a palavra e suscita no leitor um gosto secreto para que se situe em harmonia com o que leu e responda com sua oração e toda sua vida a Palavra do Pai.

Sim, “pela Lectio Divina pretendemos alcançar o que diz a Bíblia: 'A Palavra está muito perto de ti: em tua boca e em teu coração, para que a coloques em prática' (Dt 30, 14). Na boca, pela leitura; no coração, através da meditação e pela oração e na prática através da contemplação. O objetivo da Lectio Divina é o objetivo da própria Bíblia: 'Comunicar a sabedoria que leva a salvação pela fé em Jesus Cristo' (2 Tm 3, 15); 'instruir, refutar, corrigir, formar na justiça, e deste modo, preparar ao homem de Deus para toda boa obra' (2 Tm 3, 16-17); 'dar perseverança, consolo e esperança' (Rm 15, 4); ajudar-nos a aprender com os erros dos antepassados (cf 1 Co 10, 6-10)”

Duas modalidades de “Lectio”

A “leitura orante” a nível pessoal

Eis aqui um encontro mais estritamente pessoal e íntimo com a Palavra de Deus. Se trata de um contato frequente, de preferência diário, e interior com a Bíblia em uma experiência vital com Deus. Por meio de minha reação de fé, amor e esperança a mensagem divina contida na Escritura se converte em chamada para mim, “se passa comigo”. “Ainda que eminentemente “ativa”, a lectio divina podde chamar-se ao mesmo tempo “passiva”, enquanto que consiste também em deixar ressoar em nós a voz de Deus que nos fala, em deixar que sua Palavra nos transforme, em nos abandonar em Deus”.

A “leiruea orante” a nível comunitário

A Lectio pode (e deve) ser feita também junto com meus irmãos e irmãs, em um colóquio fraterno que os antigos chamavam de collatio (colação). Compartilhar as experiências pessoais vividas em contato com a Escritura, compartilhá-las com as experiências dos outros “ouvintes da Palavra”, não deixa de ser um forte estímulo para prosseguir na prática da lectio.

Na “Vida de Santo Antonio”, escrita no ano 357 por Santo Atanásio, lemos este dado significativo: “Certo dia todos os monges foram vê-lo e pediram que lhes dirigisse a palavra. Lhes disse em egípcio: 'As santas escrituras bastam para nosso ensinamento, mas é bom que nos exortemos mutuamente na fé e nos animemos com conversações. Vocês, meus filhos, ensinam muito a seu pai o que sabem, eu, mais velho do que vocês lhes comunico o que a experiência me ensinou. Que nossos esforço comum seja, sobretudo, para que não abandonemos o que começamos e não desanimenos no trabalho...”

Disposções interiores da “Lectio”

Quando entramos em comunhão com o Senhor através de sua Palavra viva e eficaz, devemos, como Moisés, “tirar as sandálias dos pés” (cf Ex 3, 5). É necessário despojar-se de tudo quanto impeça uma comunicação vital com Deus. um profundo respeito pela presença real do Senhor que vem a nós através de sua Palavra deve levar-nos a criar em nós e ao redor de nós um clima propício para a escuta. Algumas sugestões podem ser úteis nesse sentido: encontrar um local que seja propício, ter um lugar preparado para a “leitura orante”, onde estejam: Bíblia, vela, ícone (pode ser da Santíssima Trindade ou de Cristo) e um assento ou almofada. É importante também adotar uma posição corporal correta que não canse e que favoreça a concentração. Há alguns que gostam de usar insenso quando meditam. Tudo isso pode ajudar para obter interiormente uma atitude de acolhida, de recepitividade. Tomando consciência, de que como diz o salmista: “Tu estás perto, Senhor” (Sl 119, 151). Algumas vezes com extrema dificuldade interior, às vezes com entusiasmo e rapidez, tomamos consciência de que Deus está ali, de que estamos em sua presença. (cf Sl 84) e que somos capazes de colocar nosso coração em suas mãos, em seu coração. (cf Sl 61 e 91).

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Seja como for, a Lectio sempre exigirá austeridade e pressupõe um espírito de sacríficio, como acontece com todos os verdadeiros valores que são adquiridos em nossoa vida.

Essa atitude básica de escuta só é possível em uma existência em que a escuta é cultivada expressamente, tornando-se uma maneira de ser da pessoa, que se reflete na abertura e disponibilidade na convivência.

A invocação ao Espírito Santo é absolutamente imprescindível ao iniciar a “leitura orante”, porque ter acesso a Palavra de Deus é, antes de tudo, um dom doEspírito, o Novo Teólogo (+ 1022), não duvida em dizer que “a Palavra somente se torna fecunda quando o Espírito de Deus anima àquele que lê. E São Gregório Magno (+ 604) afirma categoricamente que “as palavras de Deus não podem ser compreendidas sem sua sabedoria.quem não recebeu seu Espírito não pode de maneira nenhuma entender suas palavras” (Mor. 18,39.60). De fato, estamos sob a dependência do Espírito em nossa busca por Cristo para contemplar ao Deus único, nosso princípio e fim.

En resumo, “se trata de escutar e de acolher, antes inclusive, que de refletir. Ou seja, escutar a Palavra de uma maneira vital. A escuta é feita com todo o ser: com o corpo, pois normalmente se pronunciam as palavras com os lábios; com a memória que as fixa; com a inteligência que as compreende. O fruto de tal leitura é a experiência”.

Uma característica essencial da “Lectio” é sua gratuidade: deve ser completamente desinteresada. Não se lê a Palavra de Deus, em primeiro lugar, para “tirar provecho” dela, no sentido comum da expressão. Sua primeira finalidade é simplesmente querer “estar com o Senhor”, gozar de sua “presença amorosa”. Daí se segue que a “Leitura orante” deve ser pausada, longe de toda pressa. Deve-se procurar saborear, mais do que ler; admirar, mais do que raciocinar ou questionar. O ouvinte da Palavra deseja a proximidade de seu Senhor que sai ao encontro “como amigo” (cf DV 2). Quer ouvir sua voz e sentir sua presença inclusive antes de captar ao conteúdo formal das palavras. Exatamente esta experiência de comunhão recíproca é motivo de grande alegria interior.

Devemos nos esforçar para permanecer na Palavra (cf Jo 8, 31-32) e assim, como discípulos do Senhor, conhecer a verdade. O que é possível se há assiduidade. Exorta João Cassiano (+ 453): “Eis aqui aquilo a que deves apirar por todos os meios: aplicar-se com constância e assiduidade a leitura sagrada até que uma incessante meditação impregne teu espírito e desse modo possa dizer que a Escritura te transforma a sua semelhança.” (Conferencia XIV,11).

Os passos da “Lectio divina” a) La Leitura

“O objetivo da leitura é ler e estudar ao texto até que o mesmo, se torne um reflexo de nós mesmos e nos reflita algo de nossa própria experiência de vida. A leitura deve nos familiarizar com o texto até o ponto de qie se torne nossa palavra”. Então percebemos que Deus, através do texto, quer falarr conosco e comunicar-se.

b) A Meditação

A meditação é um processo de “apropriação” pessoal do texto mediante uma atualização e repetição.

Enquanto a leitura iluminou o trecho bíblico em sua realidade objetiva, a meditação quer interiorizar o texto, buscando seu sentido para nossa vida hoje. Nesta “atualização” o ponto de partida é nossa situação presente. Em função da mesma interrogamos ao Livro Sagrado, buscando nele luz para nosso atuar. O texto, por si mesmo, é trazido à nossa existência concreta, tanto pessoal como comunitária.

Ao lado de uma “atualização” do texto é importante acentuar a repetição ou o ruminar, uma espécie de “mastigação” e “digestão” da palavra com o objetivo de asimilá-la melhor. Deixamos passar a Palavra de Deus da cabeça ao coração. Um método simples e comprovado em uma tradição religiosa secular que é o mantra: um incessante repetir ao longo do dia uma frase ou uma palavra que resume a substância da leitura bíblica.

Temos aqui um instrumento espiritual adequado para consercar viva a recordação do encontro com o Senhor na mensagem de sua Palavra. Também, através deste ruminar nos colocamos sob o juízo de Deus e deixamos que ele

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nos penetre, como uma espada de dois gumes (Hb 4,12), pois já sabemos que a água que cai sobre a pedra dura a acaba perfurando.

c) A Oração

A oração é uma resposta, solicitada pela palavra que nos foi dirigida por Deus. Foi ele quem tomou a iniciativa de falar conosco. (cf Dt 4,12), “porque nos amou primeiro” (1 Jo 4,10.19). Agora vem nossa resposta, em forma de oração e de gestos de amor e obediência. A atividade orante brota espontaneamente da oração e se traduz em uma admiração silenciosa e adoração ao Deus da vida. Mas, em sua simplicidade, a oração “deve ser realista e não ingenua y no ingenua, o que se alcança mediante a leitura”. Deve nascer da experiência de nosso nada e dos problemas reiais da vida, o que se obtem pela meditação. Deve tornar-se uma atitude permanente de vida, o que se alcança pela contemplação.

Com frequência a oração vem acompanhada de moções de penitência e converção, no sentido de uma sincera mudança de coração (cf At 2,37s), que a tradição monástica indica com o termo compunção. É natural que aconteça isso a uma pessoa em sintonia com a Palavra do Senhor. Esta, de fato, “penetra até o mais recôndito, aos mais íntimo do ser, onde o espírito sobrenatural se encontra com nosso espírito vital. E é aí, no interior do homem, há uma capacidade de julgar e sentenciar, pois obriga o homem a tomar posição, perante a essa palavra não é possível o compromisso nem a simulação(...) Precisamente porque “a Palavra de Deus pode exigir de mim hoje uma coisa que não exige sempre” (escreve H.U.von Balthasar (, 'devo permanecer aberto e atento para escutar o que exige'.

d) A Contemplação

Neste quarto passo a experiência de Deus se intensifica e aprofunda. Fixamos nosso olhar e nosso coração em Deus e vemos a realidade a luz de sua Palavra. Aprendemos assim a “pensar conforme Deus” (cf Mt 16,23) e a interpretar cada situação segundo “o pensamento do Senhor” (cf 1 Co 2,16). A realidade se torna cristalina e penetramos na essência das coisas, onde vislumbramos e saboreamos a presença viva, amorosa e criativa de Deus.

A contemplatio contm em si a operatio. A palavra de vida dá vida quando é realizada. Assim, pois a palavra de Deus nos acompanha na vida, portanto é experimentada na ação. Esta experiência cotidiana serve, por sua vez, para compreender a palavra de Deus. Santo Ambrósio (+ 397) resume assim: “A Lectio Divina nos leva a prática das boas obras. Realmente, da mesma forma que a meditação das palavras tem como finalidade sua memorização, de modo que nos recordemos destas palavras, assim também a meditação da lei, da Palavra de Deus, nos faz “derramar” na ação, nos implete a atuar”.

A contemplação não deve ser confundida com uma simples introspecção psicoanalítica, nem com uma capacidade visionária. Ao contrário, ela nos faz contemplar as coisas a partir de Deus.

Por outro lado, a contemplatio já permite saborear algo da alegria e do gozo que Deus preparou para os que o amam” (1 Cor 2, 9). Nos introduz em uma conversação tranquila com Deus, sem outro desejo a não ser estar e permanecer ao seu lado. Esta presença e proximidade vão se tornando cada vez mais silenciosas, como em um passeio entre amado e amante, em que, em certo momento, depois do diálogo e da alegria do reencontro, ficam simplesmente um junto ao outro. E já não se pronunciam palavras, apenas falam os olhos e o coração. Assim, sempre mais próximo de Deus, se conhece profundamente seu pensamento, se coloca claramente seu coração no texto e se abandona nele.

Através da Lectio o ouvinte deve preguntar a si mesmo: Como minha vida, minha atividade, meu apostolado, se tornam, de fato, “palavra de Deus”, a luz daquela Palavra de Deus definitiva que é Jesus Cristo, misteriosamente presente na Escritura? Por isso, a Lectio situa nossa fé no ritmo do cotidiano, no serviço diário ao Reino, tendo três impulsos particularmente significativos:

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-A discretio, ou seja, a capacidade adquirida no Espírito para acolher na vida o que é conforme o Evangelho, e rejeito o que é contrário. É o discernimento para que conheçamos a vontade de Deus em situações concretas.

-A deliberatio, ou seja, a seleção consciente daquilo que corresponde a verdade da Palavra de Deus, ouvida com amor e assimilada com fé.

- A actio, ou seja, o atuar constantemente dentro de um comportamento “segundo Deus”: um estilo de vida que traduz vitalmente nossa “experiência de Deus”.

Os frutos da “Lectio” A Lectio Divina é um meio de se colocar a disposição do Espírito para que nos conceda “a mentalidade de

Cristo”. A teologia ortodoxa usa aqui dois termos característicos: o homem pneumatóforo (portador do espírito) se faz cristóforo (portador do Cristo); comunicando-lhe a graça do Espírito Santo, através da Palavra, o Senhor configura de tal forma o fiel a Cristo, que chega a reproduzir em si a imagem de Jesus.

O contato pessoal (e comunitário), assíduo e profundo, com a Palavra de Deus produz no ouvinte uma mensagem bíblica: as ideias, expressões e imagens da Escritura se tornam seu “patrimônio espiritual”. A pessoa começa a pensar e falar a partir da Bíblia e como a Bíblia.

A “Leitura Orante” da Escritura concede também a piedade um caráter mais objetivo. “Longe de basea-la em imaginações e sentimentalismos inconscientes, a edifica sobre fatos, modelos e mistérios reais, com os quais o cristão procura identificar-se. Se centra em Deus, ou, mai exatamente, em Cristo e na Santísima Trindade”.

Quem pratica a Lectio sabe por experiência própria como ela exerce uma função purificadora, questionando-nos e, muitas vezes, levando-nos na direção contrária. A Palavra de Deus convida a conversão, é um “espelho” que revela nossas incoerências e disfarces. Mostra-se “viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir alma e espírito, das juntas e medulas: discerne as disposições do coração” (Hb 4,12).

Através da prática perseverante da Lectio o ouvinte se converte em “homem de Deus”, servidor y testemunha da Palavra. Se torna sensível ao passo do Senhor a as inspirações de sua vontate, “pleno de seu Espírito de sabedoria, solícito ao louvor santo, disposto a servir a Deus em todas as circunstâncias da vida de comunidade e testemunho do Senhor por meio de sua vida”.

Para orar- Preparar um lugar onde o centro seja ocupado pela Palavra de Deus.

Invoca ao Espírito Criador- Ele silencia em ti os ruídos do dia. - Ele te coloca junto a fonte para que bebas.- Ele entoa em ti a canção do coração. Quando cessam os ruídos, começa a canção do coração. Se desatam as

línguas do Espírito e Deus se aproxima em viva voz. - Escuta a Palavra

- Texto bíblico Mc 7,36-37. - Canto: Tu Palabra me da vida- Não morras de sede a beira da fonte.

- Diz a Jesus que te abra o ouvido, para que possas compreender o amor de Deus que é para todos. Felizes vocês se esperam em silêncio a chegada da Palavra. Ela lhes renova dia a dia. Felizes vocês se dialogam no coração com a Palavra. Ela fará nascer em vocês o amor de Jesus. Felizes vocês se ouvem juntos a Palavra. Ela lhes converterá em povo que proclama as maravilhas de Deus.Felizes vocês se guardais a Palavra no coração. Ela lhes ensinará a orar.

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Para partilharPartilhar a experiência que cada um tem tido com respeito a Palavra de Deus, como a leitura e orar com a

Palavra lhes tem animado na vida, quais as dificuldades para compreende-la, etc.

Também seria oportuno programar uma Leccio Divina como comunidade.

FICHA 19

A LITURGIA: ORAÇÃO PESSOAL E COMUNITÁRIA

Dinâmica Os papagaios - Objetivo: Analisar os problemas da comunicação e a oração, quando não existe uma escuta atica ou

simplesmente se trata de palavras vazias e sem sentido.

- O tema deste encontro é a liturgia, para que a liturgia seja autêntica oración é necessário cuidar para que não seja simplesmente repetição de palavras sem sentido. Esta dinâmica nos ajuda a tomar conciencia disto. Solicitar ao grupo que se divida en duas metades iguais. Formar duas filas e os posicione de tal forma que fiquem de costas um para o outro, formando duplas. Ao dar o sinal, os participantes se viram rapidamente e ficarão cara a cara com seu companheiro. Pedir aos participantes que deveram falar um com o outro sem parar, ambos deverão falar ao mesmo tempo, de qualquer coisa, mesmo que sem sentido! Todos deverão continuar falando durante cinco minutos. Ao final perguntar aos participantes como se sentiram. Pode-se recordar de ocasiões quando a oração comunitária, seja na Missa, terço ou liturgia das horas foi simplesmente repetir palavras.

Desenvolvimento do tema

O carmelita é chamado o viver a oração também no âmbito comunitário, sobretudo na liturgia. Assim pedem as constituições da OCDS. “A vida de oração pessoa do Secular, entendida como trato de amizade com Deus, se nutre e expressa também na liturgia, fonte inesgotável da vida espiritual. A oração litúrgica enriquece a oração pessoal e esta, por sua vez, encarna a ação litúrgica na vida. Na Ordem Secular se dá um lugar especial a liturgia entendida como Palavra de Deus celebrada na esperança ativa depois de have-la acolhido pela fé e com o compromisso de vivê-la em amor eficaz... no ano

litúrgico experimentará presente os mistérios da redenção que impulsionam a coloborar no plano de Deus. A Liturgia das Horas, por sua vez, o fará entrar em comunhão com a oração de Jesus e com a Igreja... Tratarão de rezar a oração da manhã (Laudes) e da tarde (Vésperas) da Liturgia das Horas em união com a Igreja espalhada no mundo inteiro…” (n. 23-24).

Portanto é importante que neste encontro, partilhemos algumas ideias sobre a oração litúrgica em especial a da Liturgia das Horas.

No evangelho de Lucas nos diz que os apóstolos depois da Ascenção «estavam sempre no templo bendizendo a Deus» (Lc, 24,53) e os Atos dos Apóstolos dizem da Igreja primitiva que «eran constantes em escutar os ensinamentos dos apóstolos, na vida comum, na fração do pão e nas orações » (2,42) e que «se reunião de comum acordo no pórtico de Salomão». (5,12).

Oração pessoal-comunitária, como Jesus lhes havia ensinado, oração feita em assembleia, que herdada em parte, da tradição judaica, mas com um conteúdo e dimensão definitivamente cristocêntrica, ocupa um lugar importante na igreja nascente.

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Assim começa a surgir a liturgia da Igreja: seu «serviço» a humanidade, como o de Jesus. A liturgia continua e atualiza no tempo, de forma cultual, a obra de salvação da humanidade realizada por Cristo mediante sua entrega até a morte na cruz e sua glorificação.

Através dela a Igreja «ora incessantemente» (Lc. 1,18) com Cristo ao Pai. Cada um dos que oran «emprestam» sua voz, seu canto, seus lábios, sua mente e seu coração a Cristo para que ressoe na terra, com voz humana, seu mesmo canto de louvor, de ação de graças, de benção e de súplica ao Pai pela salvação de todos os homens e mulheres da história, e ele mesmo ora por nós, como expressa Santo Agostinho: « …é éle, o único Salvador de seu corpo, nosso Senhor Jesus Cristos, o Filho de Deus, o que reza por nós, reza em nós e é rezado por nós. Reza por nós como nosso sacerdote, reza em nós como nossa cabeça e o rezamos com ao nosso Deus. Reconheçamos, pois nele nossas vozes e sua voz em nós ».

Os batizados, convertidos em «filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus» (Gal. 3,26) entram em um único diálogo de Amor deste com o Pai, como ele, o comunicam a humanidade.

É a oração da Igreja: pessoal e comunitária, porque o ser humano é, por natureza, individual e social e toda oração cristã, pela própria essência de atitude relacional, de amor, é sempre pessoal; ao contrário se converte em um rito ou em um ato no qual só é utilizada a memória e/ou os lábios, com o qual deixa de ser um ato humano; e como ato humano é, portanto, individual e social ou comunitário.

A comunidade – e neste caso a Igreja – comunidade de crentes pela presença do Espírito de Jesus que lhe dá vida, unidade e coesão interna – lhe ensina, lhe propícia e lhe comunica o mesmo ato de oração, e a comunidade, por sua vez, se beneficia dela.

A Oração das Horas: A Igreja, já desde seus inícios celebra a Eucaristia que é a fonte, o centro e o culme de toda a liturgia.

Mas a Eucaristia e os demais sacramentos não esgotam a liturgia, e a Igreja, fiel ao mandamento do Senhor de que «deveriam orar sempre sem desanimar» (Lc 18,1) usa também, desde o princípio, outras formas de oração, entre as quais a Liturgia das Horas é a mais importante: seguindo a mais antiga tradição cristã serve, por sua vez, para santificar o decurso inteiro do dia e da noite. Esta oração, que tem um conteúdo primordiariamente bíblico é, prioritariamente uma oração comunitária e, ao longo da história, foi se modificando até chegar a nossa Oração das Horas.

O povo de Israel orava de forma preeminente na primeira hora da manhã e ao entardecer, oração que, relacionada com os sacríficios que eram oferecidos no Templo, tinha seu núcleo central na recitação do «shemá Israel» = «ouve Israel» (Dt. 6,4-9) profissão de fé é uma das orações preferidas da piedade judaica, a qual vem a ser como uma oblação espiritual de todo o povo. Mas, esta oração do « shemá» devia também ser recitá-la durante o dia. A comunidade cristã primitiva acrescenta a celebração cristão da «fração do pão», a Eucaristía, a oração própria de Israel. No príncipio segue seu mesmo ritmo de oração, mas já a primeira geração cristã dá um novo conteúdo a oração judaica e lhe substitui pelo Pai Nosso, rezando-o três vezes ao dia, como toda certeza ao levantar-se, ao meio-dia e ao por do sol.

São os momentos básicos de oração que mais adiante, por sua vez, se ampliam para metade da manhã e metade da tarde, adquirem uma dimensão cristocêntrica e passam a ser uma referência ao mistério pascal de Jesus: a do amanhecer ou Laudes, em memória e louvor a Ressurreição do Senhor, a oração do entardecer ou Vésperas, na qual, junto com a memória da morte do Senhor, quando as trevas começam a cobrir a terra, nos traz a esperança de que a luz vai renascer, preludio do retorno de Cristo.

São as duas principais horas de oração da Igreja que depois, e seguindo a nomenclatura que usavam os judeus para marcar as diferentes horas do dia, se ampliam em outras três que nos fazem reviver: a meia manhã ou tércia, o envio do Espírito sobre a Igreja, ao meio-dia, ou sexta, a crucificação do Senhor; e a primeira hora da tarde, ou nona, a morte de Jesus, cuja sombra cobre a tarde até as vésperas.

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Esta oração era a que desde os inícios o povo cristão fazia. No ocidente, por ser a língua se que falava em todo o império romano, se rezava em latim, mas ao passar do tempo quando este dá lugar as línguas vulgares, o povo leigo acaba por não compreender o que reza e a Oração das Horas fica quase exclusiva para sacerdotes, monjes e monjas.

Hoje, depois do Concílio Vaticano II, com a reestruturação e tradução em língua vernácula da Oração das Horas, esta se coloca ao alcance de todos e a Igreja oferece e recomenda a fim de que «penetre, anime e oriente profundamente toda a oração cristã, se converta em sua expressão e alimente com eficácia a vida espiritual do povo de Deus » (Const. « Laudis Canticum» n.- 8).

A Oração das Horas, como toda oração comunitária nos ajuda a fomentar nossa consciência de filhos da mesma família que ao longo dos séculos, através de todos os louvores, ação de graças e prece, não faz outra coisa a não ser expressar o desejo comum de toda a humanidade, ainda que para muitos permaneça inconsciente: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap. 22,20).

A lirturgia é oração vocal: A liturgia é uma oração vocal, ou rezar como se conhece, e para que esta dê maiores frutos é bom levar em conta alguns conselhos que santa Teresa nos propõe em seu livro Caminho de Perfeição. Teresa exige que toda oração seja um autêntico diálogo e para isto temos que compreender quem somos, os interlocutores. Assim é que a oração vocal bem feita conduz precisamente a contemplação. Por isso nos diz: “Que se não estiver nossa fraqueza tão fraca e nossa devoção tão tíbia, não seriam necessários outros concertos de oraçãos, nem seriam necessários outros livros” (C 21,3). Se não fossemos tão destraidos bastaria orar como o Pai Nosso e a Ave Maria para chegar a contemplação.

A oração vocal nos ajuda a interiorizar na medida em que tomamos consciência de com quem falamos, por isso nos diz para não nos contentarmos em somente pronunciar as palavras. Devemos rezar recordando-nos do Mestre. Como orar vocalmente?

- Jamais contentar-se com a oração só de palavras (24,2).

- Ter consciência do que dizemos. Porque quando digo creio é importante entender o que creio (24,2).

- A sós (24, 4-5) ou seja, deixar de lado pensamentos e ocupações que não tem nada a ver com a oração.

Assim o rezar se converte em autentica oração, por isso nos dirá Eu tenho que colocar sempre juntas a oração vocal e mental (V.22,3) e a partir daqui podemos inclusive chegar até a contemplação. Portanto, o que mais importa não são os graus, mas sim a oração.

E como conclusão, podemos dizer que toda oração vocal só será verdadeira quando for a expressão exterior de uma reflexão interior (ou consideração como a santa chama) e diálogo com Deus. a súplica dos lábios tem que ser a mente, feita e nascida do interior do ser humano que a pronuncia. Em alguns casos será a preparação para a oração mental e em outras será um irradiação, quando a língua se coloca em louvor depois da contemplação.

Para orarA reunião deste dia pode terminar com a oração comunitária da Liturgia das Horas, de acordo com a hora em

que se reúne a comunidade. Se nem todos tiverem a liturgia pode-se providenciar cópias do matéria no seguinte site: http://www.liturgiadashoras.org/

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IV UNIDADE: MARIA PRIMEIRA DISCÍPULA DE JESUS

FICHA 20

MARIA, PRIMEIRA DISCÍPULA DE JESUS

Dinâmica

Acróstico - Objetivo: introduzir a ideia de Maria como discípula de Cristo.

- Desenvolvimento: Peça para cada participante escrever o nome de Maria em forma de acróstico e anote ao lado de cada letra uma palavra que a descreva. Em seguida cada um mencionará uma das características que escreveu e com a mesma letra escreverá uma característica de um discípulo de Cristo, em seguida, comentar como viveu a Virgem Maria.

Desenvolvimento do temaIniciamos com esta ficha uma série de temas sobre a Virgem Maria. Nossa

Ordem e uma ordem mariana, a figura de Maria tem um papel fundamental em nossa vocação: “No dinamismo interior do seguimento de Jesus, o Carmelo contempla a Maria como Mãe e irmã, como modelo perfeito do discípulo do Senhor, e, portanto, modelo para a vida dos membros da Ordem” (Constituições OCDS nº 29). Assim, em Maria temos o modelo que como carmelitas queremos alcançar, sendo essa a importância destes temas.

Sem dúvida, a Virgem Maria ocupa um papel importantíssimo na História da Salvação, com a abertura ao plano de Deus em sua vida. Sua figura também ocupa um papel decisivo para a evangelização dos povos, nela nós cristãos vemos a Mãe do Senhor e nossa Mãe que sai em nosso auxílio.

Sem embargo, há uma dimensão na figura de Maria da qual muito pouco se fala, é seu caminhar na fé como primeira discípula e crente de Jesus. Ela é o modelo do seguimento de Jesus e de docilidade aos caminhos de Deus. Portanto, é necessário redescobrir a Maria do evangelho, a Maria de Nazaré.

É muito importante que conheçamos a espiritualidade de Maria para que sua imitação se encaminhe, sobretudo, a sua peregrinação espiritual em sua fé, em sua obediência e caridade. Maria, mãe e discípula de Jesus.

A espiritualidade mariana é fundamentalmente vida, resposta pessoal ao Espírito. Muitas vezes se reduziu esta dimensão fazendo-a consistir especialmente en atos devocionais. Estes sempre serão expressão, celebração e relançamento em formas mais radicais e comprometidas de resposta a Deus.

Maria na vida de Jesus: Maria foi escolhida para ser a Mãe de Jesus e a esse chamado divino respondeu com total disponibilidade (Lc 1, 26-38). Jesus nasceu de Maria (Mt 1, 16), segundo a carne (Gal 4, 4). Sua ooncepção foi original, pois foi gerad, pela ação do Espíritu, únicamente de Maria, embora José, então seu prometido, seja considerado como o pai de Jesus (Mt 1, 25). Segundo o costume judeu foi circuncidado aos oito dias e se lhe deu o nome de Jesus (Le 2,21). Da mesma maneira aos quarenta dias, como prescreve a Lei de Moisés (Lev 12), os pais de Jesus o levarão ao Templo para apresenta-lo e consagrá-lo ao Senhor, dando como oferta o que correspondia as pessoas com recursos menores (Lc 2, 22-24).

A infância de Jesus transcorre em Nazaré e dela nada nos reportam os evangelhos, pois estes não são biografias de Jesus, mas sim narrações kerigmáticas sobre Jesus. De forma sintética esse período foi resumido nesta frase: "O menino crescia e se fortalecia, se enchendo de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele " (Lc 2, 40). Os pais de Jesus costumavam ir todos os anos para celebrar a Páscoa em Jerusalém. Em uma dessas ocasiões, quando

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Jesus tinha doze anos, ficou no Templo sem que seus pais lhe permitissem. O episódio serve ao evangelista para recordar a seus pais que Jesus deve "ocupar-se das coisas de seu Pai" (Lc 2, 49).

Durante a vida pública de Jesus, Maria aparece em poucas ocasiões. Uma delas é nas bodas de Caná de Galiléia (Jo 2, 1,12). A passagem teve sucessivas reelaborações e parece que em sentido primário era de um certo distanciamento de Jesus e sua parentela, como reporta também o evangelho de Marcos (Mc 3, 31-35). O evangelho de João menciona a Maria ao pé da cruz, nos momentos cruciais da morte de Jesus. Nesta ocasião Maria é dada como mãe ao discípulo amado (Jo 19, 26-27).

A vida de Maria foi determinada a partir do momento da Anunciação. Esta se converteu no centro vivo de sua existência, desapegando-se e abandonando-se cada vez mais. Nesta hora começou sua relação com o Filho de Deus, feito carne em suas entranhas. Na convivência posterior com seu Filho, Maria fez e sentudo tudo o que faz e sente uma mãe. Mas, por outro lado, Jesus era Filho de Deus e transcendia, portanto, toda possibilidade de uma relação meramente humana (2Co 5,6). Por isso, na relação com seu Filho, em meio a mais entranhável confiança, houve sempre uma certa distancia, uma certa falta de compreensão, que também relatam os evangelhos. Maria cresceu na fé, ou seja, na relação com seu Filho: "Eles não compreenderam as palavras que Ele lhes disse" (Lc 2,50). Continuamente as palavras, ações e gestos de Jesus, sua maneira de viver e atuar, vão mais além da compreensão de Maria.

Na vida de Jesus, seguramente Maria não havia reconhecido nele o Filho de Deus, no sentido pleno da revelação cristã. Ele era Filho de Deus e como tal estava na vida dela e, passo a passo, ia ganhando força nela. Com respeito e confiança sobrelevou esse mistério palpável, perseverou nele, avançou na fé, até chegar a altura de uma compreensão que só lhe foi outorgada plenamente no Pentecostes, quando Ele não estava exteriormente ao seu lado. Também para Maria valem as palavras de Jesus aos seus discípulos: "Convem que eu me vá, porque se não for, não virá a vós o Paráclito... Quando Ele vier os guiará até a verdade completa " (Jo 16,7.13). No Pentecostes se iluminariam as palavras e feitos de Jesus que havia "guardando en seu coração".

O testemunho da Escritura nos mostra como Maria soube aceitar e viver sua relação com Cristo na fé. Crendo em Cristo, entra na comunidade dos discípulos, unida a eles no seguimento de Cristo, mais fiel que eles na hora da cruz, é testemunha com eles da experiência do Espírito Santo. Maria aparece no evangelho "não como uma mãe ciosamente fechada sobre seu próprio Filho divino, mas como uma mulher que com sua ação favoreceu a fé da comunidade apostólica em Cristo (Jo 2,1-12) e cuja função maternal se dilatou assumindo no calvário dimensões universais" (Marilis Cultus 37). Podemos dizer que "se por meio da fé Maria se converteu em mãe do Filho que lhe foi dado pelo Pai com o poder do Espírito Santo, conservando íntegra sua virgindade, na fé descobriu e acolheu outra dimensão da maternidade, revelada por Jesus durante sua missão messiânica" (RM 20). A partir de sua concreta e intensa relação de mãe, Maria foi avançando na fé até participar, com seu amor de mãe, na missão universal de seu Filho.

Maria na vida da Igreja primitiva: Podemos distinguir neste período dois momentos ou etapas:No período imediatamente posterior a morte de Jesus, o livro dos Atos dos Apóstolos afirma que Maria se

encontrava com o grupo dos 11 apóstolos: "Todos eles perseveravam na oração, com um mesmo espírito, na companhia de algumas mulheres, de Maria, a Mãe de Jesus, e de seus irmãos " (At 1, 14).

A etapa posterior reflete alguns anos mais tarde, nos quais Maria é vista como membro exemplar e representativo para a comunidade cristã. Isto está particularmente relatado no Evangelho de Lucas. Maria é a jovem que tem ouvido a voz de Deus, e que apesar das dificuldades, quer seguir a vocação de ser Mãe de Jesus, que o anjo lhe anuncia (Lc 1, 38). Maria é para a comunidade cristã a mulher crente, "bem aventurada és tu que acreditaste, pois em ti se cumpriram as coisas que lhe foram ditas pela parte do Senhor" (Lc 1, 45). É a jovem que confiou em Deus e por isso se "alegra em Deus seu salvador", que se fixou em sua pessoa simples e humilde, verdadeira "pobre de Yahvéh" (Lc 1, 47).

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O Evangelho nos indicou a opção fundamental da vida espiritual de Maria: submergir-se cada vez mais na econômia pascal salvífica, até ser totalmente dócil ao Espírito de Cristo que orava nela.

Experiência espiritual de Maria: a espiritualidade faz referência a atuação do Espírito nas pessoas. É presença do Espírito, é ação regeneradora e transformante, é santificação e vivificação da vida cristã. É "força de Deus", "alento", "sopro" que renova a pessoa para conformá-la cada vez mais com Cristo. Definitivamente é fazer experiência de Deus em nossa vida. Em tal sentido queremos falar da espiritualidade de Maria, descobrindo nela os traços principais da atuação de Deus em sua vida. Esse caminhar se caracteriza pelo contínuo ato de passar do viver segundo a carne ao viver segundo o Espírito. Maria redimida recebe a graça participando no Mistério Pascal de Cristo.

Maria, para favorecer a obra do Mistério Pascal em seu ser pessoal, se abandonou totalmente ao Espírito:

- "Pobre de Yahvéh" (Lc 1, 28-29), inteiramente disposta a deixar-se instruir pelo Espírito (Jo 16, 13). Ser evangélicamente pobre significou para Maria ser humilde perante Deys e afável com os homens. Pode receber tanto

porque foi consciente de que não valia nada por si mesma. Deus "olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1, 48). Maria é a terra boa, preparada por Deus, para semear nela sua Palavra. Maria acolherá esta Palavra com fé: "Faça-se em mim segundo a tua palavra".

Neste sentido podemos dizer que Maria é, na verdade, a primeira cristã, a verdadeira crente, que predestinada pela graça divina, entra em seu plano de salvação pela total entrega de seu ser, pela obediência alegre e a plena confiança na Palavra de Deus. Deus não realiza a obra apesar de Maria e sua pobreza, mas sim nela e com ela, dando-lhe pela graça a possibilidade de unir-se e consentir com uma fé pura a verdade da Boa Nova.

- Maria se fez disponível ao Espírito não somente através do estado de serva humilde, mas também mediante ao exercício cada vez mais perfeito das virtudes teologais. Antes de tudo, a Virgem teve uma profunda experiência da virtude da fé, concentrada fundamentalmente, na capacidade salvífica, a fé foi se desenvolvendo. O Vaticano II fala de "peregrinação na fé" de Maria, que soube romper as limitações de sua racionalidade, abrindo-se a luz do Espírito e distinguir qual era a vontade de Deus. Por esta fé Maria foi chamada de bem aventurada (Lc l, 35.45).

- Maria é modelo e exemplo também da caridade. A caridade divina, tal como se manifestou no Verbo encarnadao, é doação total a serviço dos demais (cf 1Jo 4, 8.16). "O maior seja aquele que serve" (Lc 22,26; Jo 13, 13-15). É o modo como Maria viveu e segue vivendo sua caridade, de sorte que se pode autodenominar "serca do Senhor- (Lc l, 38.48; cf LG 55), que se dá toda ao serviço de Deus Pai e dos homens.

Assim, a imagem do perfeito discípulo se dá em primeiro lugar em Maria. Em todo o Novo Testamento Maria é o modelo da abertura atenta, da docilidade fiel e da adesão virginal a Deus e ao seu Filho. "Por esse motivo é proclamada como membro excelentísimo e inteiramente singular da Igreja e como tipo e exemplo acabadíssimo da mesma na fé e na caridade" (LG 53). Na frase de Karl Rahner: "Maria é a realização concreta do cristão perfeito. Se o cristianismo, em sua forma acabada, é a pura recepção da salvação do Deus eterno e trinitário que aparece em Jesus Cristo, então Maria é o cristão perfeito, tendo em vista que ela recebeu na fé do Espírito em seu bendito ventre – portanto, em corpo e alma e com todas as forças de seu ser – a Palavra eterna do Pai".

A Santíssima Virgem e a Igreja (LG 60-65) o Concílio Vaticano II afirma claramente a função mediadora única de Cristo. A missão maternal de Maria não obscurece nem diminui esta mediação de Cristo. Toda a influência salvífica de Maria emana de Cristo e se apóia na mediação deste, depende dela inteiramente nela alimenta sua força (LG 60).

Maria exerce uma maternidade espiritual na economia da graça, que se baseia na cooperação que exerceu com Jesus durante toda sua vida, com a obediência, a fé, a esperança e ardente caridade (LG 61). Maria segue exercendo essa maternidade mediante sua intercessão ante ao Pai. Por isso é chamada: advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Esta última expressão deve ser entendida de tal forma que não diminui e não muda em nada a mediação única de Cristo. A Igreja não hesita em confessar a função subordinada de Maria (LG 62).

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Maria é tipo (figura) da Igreja. O Vaticano II, citando Santo Ambrósio, diz que “A Mãe de Deus é figura da Igreja na ordem da fé, da comunhão e da união perfeita com Cristo”. E outros Padres da Igreja a apresentam como modelo da Igreja tanto de virgem como de mãe (LG 63-64).

Espiritualidade mariana para nosso tempo: de forma profética sentenciou a exortação apostólica Marialis Cultus 37: "A leitura das Sagradas Escrituras, feita sob o sopro do Espírito Santo e tendo presente as descobertas das ciências humanas e as variadas situações do mundo contemporâneo, levará a descobrir como Maria pode ser tomada como espelho das esperanças dos homens de nossos tempos". Verdadeiramente, a comunidade cristã pensa e contempla a Virgem segundo as atuais exigências espirituais, a sente viver de maneira eminente dentro de suas próprias expectativas evangélicas (Lumen Gentium 53).

Podemos recordar agum aspecto da espiritualidade mariana, da maneira que hoje é eclesialmente meditada e

proclamada.- Se siente a necessidade de viver uma espiritualidade que esteja centrada no Espírito de Cristo. "Nela a Igreja admira e exalta o fruto mais esplendido da redenção de Cristo" (SC 103).

- A Virgem ajuda a imprimir uma orientação espiritual na Igreja em seu processo de libertação. A devoção mariana não se esgota no pedido de graças, suscitando nos devotos uma passividade perante a situações desagradáveis; orienta a levar uma efetica promoção humana em toda a sociedade para cada pessoa.

- Maria oferece e comunica um singular exemplo de beleza. Ela mesma foi a obra prima que Deus executou. Ela é modelo de formosura, nela se inspira o Espírito para completar a harmonia do universo.

- Maria sabe apresentar-se como modelo para a missão espiritual que a mulher de hoje está chamada a exercer. Hoje o Magistério eclesiástico nos convida a reconhecer que Maria, "mesmo que tendo se abandonado a vontade do Senhor, foi totalmente diferente de uma mulher passiva ou de religiosidade alienante, mas sim de uma mulher que não hesitou em proclamar que Deus é defensor dos humildes e dos oprimidos e derruba do trono os poderosos do mundo (cf Lc 1, 51-53)"; devendo reconhecer "em Maria, que se sobressai entre os humildes e os pobres de espírito, uma mulher forte que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio" (MC 37).

Para orar- Colocar uma imagen de Maria. Pode orar com as seguintes palavras.

- As mãos do oleiro buscam o barro para trabalha-lo. A semente busca a terra para germinar nela a vida. A palavra sai correndo em busca de um coração que a acolha. Deus busca ao ser humano; espera que este responda. O que acontece com a Palavra quando não é recebida? O que acontece quando Deus está a porta e ninguém Lhe abre? Mas, o que acontece quando alguém diz “sim” a Deus? Então se cumpre a promessa: "Minha Palavra não voltará a mim vazia" (Is 55,101-11). Então, a terra se enche de vida.

- "Maria respondeu ao anjol: Como se dará isso, já que não conheço homem algum? O anjo respondeu: O Espírito Santo virá sobre ti e o poder o Altíssimo te cobrirá com sua sombra; por isso o que nascer de ti será santo e se chamará Filho de Deus... Disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra" (Lc 1, 34-38).

- Tu és, Virgem Mãe, essa terra que se abriu a sua Palavra e a tornou fecunda, dando a nós o melhor fruto do amor: Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!

- Tu nos ensinas com teu sim sempre disposta a entrega. Mãe de todos os homens, ensina-nos a dizer sim.

- Canto: Hágase en mí ( Hna. Glenda, álbum A solas con María)

- Preces espontâneas

- Pai Nosso, Ave Maria, Glória…

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Para partilhar- Partilhar como é a experiência de cada um, a respeito da Virgem Maria e se a devoção a Maria

comprometer-se mais no seguimento de Cristo.

FICHA 21

MARIA, MULHER DE ORAÇÃO

Dinâmica Escuta e desejo

- Objetivo: Concietizar-nos de que devemos saber escutar para conhecer a vontade de Deus.

- No tema de hoje apresentamos Maria como modelo de oração por sua atitude de escuta a Palavra de Deus. Para ganhar nesta dinâmica é necessário saber escutar, assim podemos introduzir o tema. É necessário preparar algumas vendas e pacotes com doces, de acordo com quantos grupos se formarão. Antes de começar a reunião esconder cada um dos pacotes com doces (cada equipe deverá encontrar um pacote, portanto devem estar em lugares diferentes). Dividir o grupo em duas ou mais equipes e solicitar um voluntário em cada equipe. Estes vonluntários serão vendados e colocados no centro do lugar. Indicar que os membros da equipe se coloquem nos cantos do lugar. Só com sinais, mostrar aos membros das equipes onde está escondido o pacote com doces que lhes corresponde. Agora os voluntários têm três minutos para encontrar o pacote de sua equipe e seus companheiros só poderão guia-lo pelas vozes. Quem encontrar o pacote primeiro vence.

Para tirar as conclusões pode-se utilizar as seguintes perguntas: O que foi mais fácil no momento de encontrar os doces?

Acredita que o fato de as pessoas da outra equipe também estarem falando, influenciou no tempo de encontrar o doce? As indicações dos teus companheiros foram importantes? Você as obedeceu, ou duvidou delas?

Muitas vezes em nosso caminhar com Cristo atravessamos por circunstâncias que nos fazem duvidar sobre o caminho que devemos seguir. Nesses momentos é que devemos prestar mais atenção ao que Deus nos diz e seguir suas indicações corretamente, apesar das distrações externas e dúvidas internas. O mais importante é chegar a confiar Nele plenamente sabendo que ele sempre nos leva ao que é realmente melhor para nós, assim como fez Maria.

Desenvolvimento do tema

Não restam dúvidas de que o verdadeiro modelo de oração para o cristão é Jesus, o Filho de Deus. Ele permaneceu unido ao Pai e a Ele recorreu mos momentos mais transcendentais de sua missão salvadora. Retirou-se ao deserto no início de sua vida pública. E, desfeito em lágrimas e suor de sangue, colocou toda sua confiança no Pai no momento mais dramático de sua paixão.

O próprio Jesus recomenda aos seus discípulos o espírito e o exercício da oração: "Vigiai e orai” (Mt 26, 41), “É preciso orar em todo tempo e não desfalecer" (Lc 18, 1), "Pedi e recebereis” (Mt 7, 7).

Sem perder de vista a perspectiva de Cristo, Paulo VI propõe Maria como modelo de oração para a Igreja “a Virge Orante". Efetivamente, das poucas passagens do evangelho onde aparece Maria, podemos deduzir que um aspecto que ressalta de sua personalidade é sua atitude orante.

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Na anunciação (Lc. 1,26 – 38): Meditando e orando estava Maria no dia da Anunciação. Já no momento do anúncio do anjo, "ela se pergunta o que significa semelhante saudação (Lc 1,29), Maria refletia e se perguntava qual era o plano de Deus para ela. O que acontece é tao misterioso que é necessário questionar incansavelmente seu sentido, e a força de sondar sua profundidade, seu coração se dilata, a medida do Espírito, que "sonda tudo, até as profundezas de Deus" (1Cor 2,10). Estava absorta em Deus e disposta a cumprir sua vontade. Orava incessantemente. E em meio a sua oração concebeu em seu ventre o Filho do Altíssimo por obra do Espírito Santo. São João da Cruz nos dirá que Maria foi a mulher que sempre se moveu sob a inspiração do Espírito Santo.

Na visitação (1,39 – 56): uma autêntica vida de oração dá fruto em obras "Para isto é a oração, e disto serve o matrimônio espiritual, de que nasçam sempre obras, obras" (M VI1,4, 6), e como dissemos anteriormente, o termômetro da oração são as virtudes. E assim vemos em Maria, que imediatamente ao saber da condição de sua prima Isabel, foi ao seu serviço.

Neste momento temos a oração de Maria por exelência, o Magnificat. A primeira e principal finalidade da oração é tributar todo louvor, glória e honra a Deus. Glorificar ao Pai é o que Jesus fazia na tristeza de sua paixão (Jo 17, 1). E esta é a atitude de Maria quando recebe a saudação da prima Isabel: “minha alma glorifica ao Senhor...”

“O magnificat anuncia a ruptura com um mundo velho e anuncia o início de uma histórioa nova, na qual Deus derruba do trono aos poderosos e exalta os pobres… Maria é para o Secular um modelo de entrega total ao Reino de Deus. Ela nos ensina a exutar a palavra de Deus na Escritura e na vida” (Constituições OCDS nº 29)

A humildade estava na base da oração de Maria. “Deus resiste aos soberbos e dá sua graça aos humildes” (1 Pe 5, 5). Por isso “olhou para a pequenes de sua serva” (Lc 1, 47). A oração do humilde, como o publicano da parábola, lhe justifica diante do Senhor; enquanto que o fariseu soberbo, que orava junto ao altar, merece o desprezo divino (Lc 18, 9).

Modelo de escuta atenta a Palavra: A Virgem Mãe é o modelo do discípulo, ouvinte profundo e não superficial da Palavra. Enquanto aqueles que "escutavam o que diziam os pastores ficavam admirados" (Lc 2,18), mesmo que não saibamos nada sobre eles, "Maria, por sua vez, guardava estas palavras e as meditava em seu coração" (Lc. 2,19). O mesmo se repete ao final do capítulo: "Sua Mãe guardava estas recordações (palavras, fatos) em seu coração" (Lc 2,51). A repetição, so final dos relatos da infância, mostra a continuidade desta atitude de Maria.

Maria mantém um diálogo íntimo com a Palavra que lhe foi dada, deixando que a palavra ocupe seu espaço interior. O que recebe, Maria conserva em seu coração. Ela pensa nas palavras, as compara, as relaciona com outras coisas. As palavras ouvidas, como os fatos vividos, a sobrepassam. O Filho, que foi sua alegria, cresce e se torna em seu tormento: a espada de dor que lhe transpassa a alma. Esta não só a transpassou de dor no momento do Calvário. Durante toda sua vida, Maria vive o martírio da fé, morrendo a si mesma. Até o dia da Páscoa, em que a morte se torna ressurreição, meste dia já não necessita mais fazer perguntas (Jo 16,23), nele a mãe pode crer na alegria luminosa do Espírito, que lhe "ensina todas as coisas" (Jo 14,29).

Intercede pelas necessidades: ao longo de sua vida Maria recorre ao seu Filho, rogando pela necessidade de seus outros filhos. O exemplo mais claro é o de Caná da Galiléia onde consegue que Jesus mude a água em vinho, para socorrer as necessidades dos recém-casados (cf. Jo.2, 1-11). E com seus pedidos conseguiu que Jesus adiantasse a hora de se manifestar ao mundo como salvador e fazer com que seus discípulos acreditassem Nele. E o que é mais consolador para nós é que essa oração de intercessão segue sendo exercida no céu, porque "Ela - como afirma Paulo VI-não abandonou sua missão de intercessão e salvação".

Junto com a Igreja: o último que sabemos de Maria através das Sagradas Escrituras, é que persevera em oração junto com a comunidade dos primeiros discípulos, na espera pelo Espírito Santo (cf. At 1,14).

Desde o Pentecostes, Maria não necessita mais conservar todas as coisas no seu coração. Desde este momento é o próprio Cristo que ela leva no coração. Para Maria valem as palavras dirigidas aos apóstolos: "Naquele dia sabereis que eu estou em meu Pai, vós em mim e eu em vós" (Jo 14,20). Paulo diz sobre si: "Cristo está em mim" (Gl 2,20); mas afirma o mesmo também de todos os crentes: "Cristo em vós" (1Cor 1,30). Nascido de Maria pelo Espírito Santo, Jesus este novamente presente nela, inefavelmente, pelo mesmo Espírito que o Pai ressuscita o Filho no coração dos fiéis. Como Paulo, e mais que ele, ela pode dizer: "Cristo vive en mim".

Assim Maria é a imagem do homem criado e redimido, que responde em fidelidade ao diálogo com Deus. Maria se coloca realmente em sua situação de crente perante o chamado de Deus, interpelada por Ele. No sim de

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Maria, fruto da graça, resplandece a gratuidade criadora de Deus e o consentimento da liberdade humana ao projeto divino. O Senhor, que elege a Maria e recebe seu consentimento na fé, não é rival do homem, mas o Deus que nos criou por amor e para o amor. Deus escolhe e chama gratuitamente, e o homem, eleito e chamado, responde na liberdade e gratuidade com seu assentimento. Esta é a figura realizada de Maria. Ela, Virgem fiel, imagem de acolhida do Filho, é a crente que na fé escuta, acolhe, consente, ela, Mãe fecunda. Imagem da paternidade de Deus, é a que gera a vida, que no amor doa, oferece, transmite; ela a Esposa casta, figura da nupcialidade do Espírito, é a criatura na qual a esperança une o presente dos homens com o futuro da promessa de Deus.

Para orar- Vamos orar como a primeira comunidade, unidos, junto com Maria.

- A convivência dos irmãos, com Maria no meio, é como um aroma que nos envolve e penetra ao respirar profundamente, é como o frescor do orvalho que entra pelos poros da pele. Onde dois ou mais se reúnem com Maria, ali Deus manda seu amor sempre, como o melhor antídoto contra o desamor.

- “Todos eles se dedicavan a oração em comum, junto com algumas mulheres, entre elas Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos” (At 1,14).

- Quando a primeira comunidade cristã está dando seus primeiros passos, ali está Maria. Não quer ficar a margem da comunidade de Jesus. De forma discreta, silenciosa, se coloca no meio, sempre no meio da Igreja. Maria vive no grupo de amor crescente pela alegria, os abraços sinceros entre eles, os planos missionários. Maria contempla repleta de alegria um envio missionário inacabável para trazer presente o Reino.

- De ti aprendemos a ser ouvintes da Palavra a medita-la em nosso coração.

- Canto: Entorno a María (Jesed . Álbum Primer sagrario).

- Ajuda-nos Mãe nossa a meditar tudo em nosso coração para saber discernir o plano de Deus em nossa vida. Ajuda-nos a estar abertos a sua vontade. Ensina-nos a ser ouvintes de sua Palavra.

- Ajuda-nos Maria, a viver intensamente o amor a Igreja, e a fazer nela as experiências mais vitais. Mantem sempre teu calor, para que entre os amigos de Jesus vivamos uma experiência de família, e se estreitem cada dia os caminhos de reconciliação e de paz. Acompanha-nos com sua intercessão, para que em atitude de escuta, descubramos a cada dia que tudo é graça.

- Preces espontâneas

- Pai Nosso, Ave Maria, Glória…

Para partilhar

FICHA 22

MÃE E IRMÃ NOSSA

Dinâmica Uma apresentação sem palavras

- Refletir sobre a importancio que os símbolos têm em nossa maneira de nos comunicar.

- O tema de hoje é sobre a Virgem do Carmo e seu escapulário, este é um símbolo através do qual transmitimos a mensagem de que somos discípulos de Cristo. Por isso esta dinâmica nos ajudará a se dar conta sobre a importância dos símbolos.

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- Pedir a alguns voluntários que fiquem a frente. Pedir para que façam mimicas descrevendo alguém da comunidade ou outra pessoa. Esta atividade será sem a utilização de palavras. Podem utilizar imagens, fotografias, símbolos, gestos, sinais, qualquer coisa sem utilizar palavras. Se for necessário podem, por exemplo, mostrar uma aliança, para dar a entender que é uma pessoa casada, simular que vai correr, etc. os demais interpretam os gestos.

Desenvolvimento do tema A Virgem do Carmo uma das principais características da espiritualidade do Carmelo é a presença da Virgem Maria em nossa vida. Maria no Carmelo é modelo de oração e abnegação

para o caminho da fé, modelo de entrega a escuta e contemplação da Palavra de Deus, sempre dócil aos impulsos do Espírito e associada ao mistério pascal de Cristo pelo amor, a dor e a alegria. Estes traços evangélicos de Maria a colocam como modelo acabado do espírito da Ordem.

Desde as origens da Orde, no século XII há testemunhos de que os primeiros eremitas do monte Carmelo dedicaram uma capela a “Nossa Senhora” e a ela dedicavam seus serviços. Isto indica que

os eremitas queriam dedicar-se por inteiro a viver em obséquio de Jesus Cristo, sob o olhar amoroso da Virgem Mãe; ou seja, ela presidiu desde as origens da Ordem e é, portanto, considerada como sua

patrona. Quando a Ordem foi para a Europa em 1252, lhe foi dado o nome de “Irmãos da Ordem de Santa Maria do monte Carmelo”. Este nome indica o sentido de familiaridade e intimidade com a

Virgem.

A consagração religiosa e a vida cristã vivida no Carmelo tem como meta, segundo a espiritualidade da Ordem, a perfeição da caridade, do amor de Deus e do próximo, a busca da santidade que caracteriza nossa vida, tem na Virgem Maria não só o modelo mais alto, mas também a companhia mais eficaz, nossa vida consagrada ao serviço de Cristo e da Igreja tem no amor a Virgem seu exemplo mais instrutivo, também a doutrina e experiência de nossos Santos, indicam que Maria é a Mãe que acompanha nosso cainho de vida espiritual para que cheguemos, por sua mão, "até o cumo do Monte da perfeição que é Cristo".

Santa Teresa e a Virgem Maria: Nascida em uma família em que se valorizava especialmente a fé e moral cristã, a Santa tem uma grande devoção a Maria, inculcada por sua mãe, como nos conta no livro da Vida (V. 1, 1-7). Atribui-lhe de maneira especial a graça de sua conversão "me fez voltar a mim" A santa fala também de sua devoção ao rosário nos momentos em que não conseguia concentrar-se na oração mental (V. 29,7; 3 8, l).

Sua devoção vai amadurecendo até chegar a aprofundar nos mistérios da vida da Virgem, comtempla com estupor o mistério da Encarnação e da presença do Senhor em nosso interior, a imagem da Virgem que leva dentro de si o Salvador: "Quis (o Senhor) caber no ventre de sua Sacratísima Mãe. Como é Senhor, consigo tres Señor, consigo traz a liberdade e como nos ama faz-se a nossa medida" (C. 48,1 l). Tem uma intuição especial da presença de Maria no mistério pascal de seu Filho; participa com ela na pena de sua desolação e na alegria da Ressurreição do Senhor. Teresa gosta de contemplar a fortaleza de Maria e sua comunhão com o mistério de Cristo aos pés da Cruz (C. 26,8). Nos Conceitos de Amor de Deus (3,11) descreve a atitude da Vrigem: "Estava em pé e não adormecida, mas padecendo em sua santíssima alma e morrendo dura morte".

A virgem também é sua mestra espiritual, podemos afirmar que entre as virtudes características da Virgem que Santa Teresa propõe para imitar, há uma que resume todas. Maria é a primeira cristã, a discípula do Senhor, a seguidora de Cristo até os pés da Cruz (C. 26,8). A humildade que trouxe Deus dos céus "nas entranhas da Virgem" (C. 1692) e por isso é uma das principais virtudes que temos que imitar: “assemelhemo-nos em algo a grande humildade da Santíssima Virgem" (C. 13,3). Em resumo ela se converte no modelo de contemplação dos mistérios de Cristo.

A Virgem Maria e São João da Cruz: As alusões marianas que o Santo Padre tem em seus escritos são muito sóbrias, mas estão dotadas desse toque de genualidade própria do Santo, para nos introduzir nos aspectos mais sublimes do mistério de Maria, até chegar a dizer: “A Mãe de Deus é minha" (Oração da alma enamorada). Seu pensamento sobre a Virgem pode ser sintetizado assim:

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Maria é chamada como todo homem a comunhão com a Trindade, em sua missão particular de ser Mãe do Verbo Encarnado, na aceitação e consentimento da obra da redenção. “É 'Mãe graciosa” que traz em seus braços a Deus, Esposa-Igreja e Humanidade nas quais se consumaram os desposórios de Deus com o homem: "abraçado com sua esposa, que em seus braços a trazia". O vértice desta comunhão se alcança na cruz, quando a Virgem participa na dor redentora de Cristo, (Cântico B, 20, 10; Cântico A 29,7).

É a mulher sempre guiada pelo Espírito identificando-se totalmente com sua vontade. “tais eram as virtudes da gloriosissíma Virgem nossa Senhora, a qual, estando desde o princípio elevada a este alto estado, nunca teve em sua alma impressa forma de alguma criatura, nem por ela se moveu, mas sempre teve sua moção pelo Espírito Santo" (3 S. 2 5, 10).

Maria é também para o Santo, modelo de contemplação e de intecessão. Modelo de confianção, discrição e atenção nas bodas de Caná, a Virgem faz valer sua poderosa intercessão ante seu Filho: “O que discretamente ama no deixa de pedir o que lhe falta e não deseja outra coisa a não ser representar sua necesidade para que o Amado faça o que for preciso, como quando a bendita Virgem disse ao amado Filho nas bodas de Caná da Galiléia, não lhe pedindo diretamente o vinho, mas dizendo-lhe: não tem mais vinho (Jo 2,3)” (Cântico B 2,8).

A presença da Virgem este implícita no pensamento do Santo: “Uma palavra falou o Pai, que é seu Filho, e esta fala sempre em eterno silêncio, e no silêncio há de ser sempre ouvida pela alma (Ditos de luz e amor 104; cf. Subida II, 2.3-6)”. Maria é o silencia contemplativo que acolheu a palavra.

O Escapulário, um sinal de fé e de compromisso cristão: vivemos em um mundo com inúmeras realidades tomadas como símbolos: o raio de, a chama de fogo, a água que brota. Na vida de cada dia existem também gestos que expressam e simbolizam valores mais profundos como o partilhar a comida (sinal de amizade), o colocar-se em fila para uma manifestação (sinal de solidaridade), o estar todos em pé (respeito). Como homens temos necessidade de sinais ou símbolos que nos ajudem a entender e viver. Além disso, nossa liturgia está repleta de símbolos. E Existem na Igreja outros sinais, ligados a um acontecimento, a uma tradição, a uma pessoa. Um destes sinais é o escapulário do Carmo.

Origem do Escapulário: diz a história que no ano de 1251, a Virgem o entregou, em uma visão, a São Simão Stock o hábito da Ordem. Na Idade Média muitos cristãos queriam se unir às Ordens religiosas, assim cada família deu aos leigos um sinal de afiliação e de participação em seu espírito e apostolado Este sinal era constituído por uma parte do hábito. Entre os Carmelitas se estabeleceu o Escapulário, em forma reduzida, como expressão de pertença a Ordem e de compartilhar sua devoção mariana.

Atualmente o Escapulário da Virgem do Carmo é um sinal aprovado pela Igreja e proposto pela Ordem Carmelitana que representa o compromisso de seguir a Cristo como Maria, modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo. Este compromiso tem sua origem no batismo que nos transforma en filhos de Deus.

Portanto, carregar o escapulário implica:

- O Escapulário nos introduz na fraternidade do Carmelo, ou seja, em uma grande comunidade de religiosos e leigos. Comprometendo-se a viver o ideal desta família religiosa, que é de ser “comunidades fraternas, orantes ao serviço do reino”.

- Coloca o exemplo dos santos e santas do Carmelo com quem se estabelece uma relação familiar de irmãos e irmãs.

- Expressa a fé no encontro com Deus na vida eterna pela intercessão de Maria e sua proteção.

Em síntese e em concreto o Escapulário

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NÃO É É Nenhum objeto de proteção mágica (um amuleto)

Nenhuma garantia automática de salvação

Nenhuma dispensa para não viver as exigências da vida cristã.

Um sinal “forte”, já que representa nosso compromisso de seguir a Jesus como Maria: abertos a Deus e a sua vontade, guiados pela fé, pela esperança e pelo amor, próximos dos irmãos necessitados, orando constantemente e descobrindo a Deus presente em todas as circusntâncias.

Um sinal que alimenta a esperança do encontro com Deus na vida eterna sob a proteção de Maria Santíssima.

Um dinal que introduz na família do Carmelo

Para orar- Vamos orar agradecendo a presença de Maria em nosso caminhar, sua presença próxima e silenciosa, mas

que nos estimula e anima a caminhar rumo a santidade. Pedir que todos segurem seu escapulário. Distribuir a cada um a oração “Virgem do Carmo”.

- Obrigado Mãe por tua ternura, pela intercessão contínua da Virgem. Proteção na vida. Somos frágeis e podemos cair na tentação de abandonar a Jesus, ajuda-nos a ser fiéis como tu. Reveste-nos para o caminho, ensina-nos um novo estilo de vida, uma opção pela santidade, alimentada pela oração e pelos sacramentos. Traduz tudo em um compromisso de amor a todos, especialmente aos mais pobres. Ensina-nos a olhar o mundo com o carinho e amor com que Deus olha.

- Abre tuas maõs, recebe o que a Virgem do Carmo te dá e conta aos demais. Maria “oferece a vitória da esperança sobre a angustia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a tribulação, da alegria e da beleza sobre o tédio e o cansaço, das perpectivas eternas sobre as passageiras, da vida sobre a morte” .

- Todos repetimos:

Virgem do Carmo,reveste-nos com teu escapulário,

reveste-nos com teu amor.Consagra-nos na profunfidade de teu amor,

Consagra-nos na beleza de teu olhar.Acolhe-nos em teu coração

para que falamos de nosso coraçãouma casa que te acolha.

Vem conosco no caminho,cuida de nosso frágil barquinho.

Não esqueces que és Mãe de cada ume de cada uma de nós,

que levas nosso rosto gravado em teu coração.Cuida-nos para que não sucumbamos

nos mil perigos do maraté que cheguemos um dia felizes

ao ansiado porto da glória celestial.“Atraí-nos ó Virgem Maria,

caminharemos depois de ti”.

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- Que Maria faça de nós homens e mulheres de hoje, que vivemo o momento presente, com as luzes e sombras de hoje, com valentia e lucidez, sem nos envergonharmos de ser amigos de Jesus neste início de século XXI. Que faça de nós pessoas criativas, com a esperança sempre no coração, capazes de servir com o melhor que temos, porque, como recordamos o que nos foi dado de graça, foi dado pelo Senhor não para que guardemos a sete chaves dentro de nós mesmos, mas sim para que o coloquemos a serviço e ajude aos demais. O Escapulário é um dom da Mãe do Carmo e, por ser dom, é tarefa: ser santos, ser testemunhas da luz de Cristo.

Para partilhar- Você se sente convidade a tomar parte desta família que leva o escapulário e viver segundo o estilo de vida

que ele implica? Como tem vivido esse caminhar de santidade, que desafios te propõe?

FICHA 23

ORAR COM O MAGNIFICAT

OFICINA DE ORAÇÃO

Indicações: com esta oficina fechamos o primeiro ano de formação, foi um caminhar no qual pudemos discernir ao chamado que Deus nos faz ao estilo de vida do Carmelo Secular. E como modelo acabado desse ideal que desejamos viver, temos Maria, através desta oficina pretendemos colocar em suas mãos nossa vocação, pedindo que ela seja, com seu exemplo e maternal proteção quem nos ajude a cantar as maravilhas que Deus faz em nós dizendo um “sim”.

Pode preparar o lugar com os seguintes símbolos: uma imagem da Virgem do Carmo, velas, uma Bíblia. Música de fundo para orar e uma canção de inovocação ao Espírito Santo. Vai guiando a oração com o seguinte material, fazendo uma leitura pausada e deixando momentos de silêncio.

É necessário que todos tenham uma cópia do Magnificat, para que possam procrama-lo juntos no momento apropriado.

Antes da oficina se dá aproximadamente 15 a 20 minutos para que cada um responda as seguintes perguntas, se for possível, providenciar por escrito.

- Escutas o desafio do Espírito, que te convida a colaborar na história da salvação? Sabemos escutar aos demais, que atitudes fazem falta para que possas escutar bem?

- Há alguma situação que te impede de confiar em Deus e nos irmãos?

- Parilhamos a dor dos demais? Que luzes as atitudes de Maria me oferecem para enfrentar os momentos de dor e sofrimento?

- ¿Que maravilhas Deus realizou em ti, durante esse tempo?

Ambientação

Vamos orar hoje com Maria, ela é a Mãe e Irmã maior que acompanha nossa caminhar, coloquemos em suas mãos todas as nossas inquietações para que ela nos ensine a ser dóceis à vontade de Deus.

Deus é alegre. E o diálogo com Ele também. A alegria se reflete nas canções que acompanham a vida de cada dia. O canto do Magnificat é o espelho da alma de Maria. E na alma leva gravadas a ternura e a compaixão de Deus com os mais pobres.

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Encontramos a alegria no mais profundo do manancial, onde Deus é Deus. Maria se abre ao mistério de Deus e é tanta a alegria que sente ao ver como é Deus que não pode fazer outra coisa que não seja cantar seu júbilo. Sua canção é uma grande notícia para toda pessoa.

A canção é como um resplandor de profecia para o mundo. Deus toca as ferida e as cura. Deus olhou a pequenez de Maria, tocou e beijou sua pobreza. Nela se anuncia a boa nova do Evangelho, se adiantam as bem-aenturanças de Jesus. Aprendamos dela e nos abramos ao diálogo fecundo com Deus.

Exercício de relaxamento- Convida-los a se colocar em uma posição comoda.

- Exercício de respiração profunda.

- Dispor-se para o encontro com Ele.

Invocação ao Espírito SantoSão João da Cruz diz que a Virgem Maria sempre se moveu pelo Espírito Santo, aprendamos com ela e

abramo-nos a ação do Espírito (canto de invocação)

Desenvolvimento: - Maria é a virgem ouvinte, que acolhe a Palavra de Deus. A mulher que faz silêncio para escutar a Deus e

para escutar aos demais. Nosso mundo está cheio de pressa, de ruídos. Fata capacidade para ouvir, é um tempo louco, cheio de palavras vazias, de egoísmo. Mas, apesar de tudo isso também há buscas, e ainda que não acreditemos, sempre há oportunidade para aprender novamente o valor da escuta atenta. Estcutas ao desafio do Espírito, que te convida a colaborar na história da salvação? Sabemos escutar aos demais, que atitudes fazem falta para escutar bem? Maria se coloca a caminho.

- Com Maria nos abrimos cada dia a Palavra, fonte de vida cristã. Com Maria acolhemos confiadamente o projeto de salvação do Pai para a humanidade. Recordamos seu “sim” dado ao Senhor. Nos alegramos das maravilhas que Deus faz aos que lhe abrem a porta do coração. Que ressoe em nós seu convite a centrar o olhar em Jesus: “Fazei o que Ele vos disser”. Ela nos abre a confiança e a obediência. Maria nos ensina a deixar de lado nossos desejos para fazer a vontade de Deus, confiando nele. Não é fácil confiar em outra pessoal, portanto, confiança é um valor fundamental, a falta de confiança faz crescer os temores. Mas quando aprendemos a confiar se possibilita o diálogo, a amizade, a paz. O que te impede a confiar em Deus e nos irmãos?

- Maria é a mulher forte e acolhedora em meio a dor. Maria desde o momento em que deu o seu “sim” foi fiel aos caminhos do Senhor até a dor da cruz, ela está aos pés da cruz. A dor e o sofrimento são nossos problemas mais sérios, que cedo ou tarde temos que enfrentar. Maria nos ensina a ser fortes e a compartilhar a dor com Jesus para contribuir com a redenção. Como vivemos o sofrimento: com desalento, com rebeldia ou com ânimo e esperança? Compartilhamos a dor dos demais? Que luzes as atitudes de Maria me oferecem para enfrentar os momentos de dor e sofrimento?

- A última coisa que nos diz o Novo Testamento sobre Maria, é que perseverava em oração junto com a comunidade na espera pelo Espírito Santo. Ela medita todas as coisas em seu coração e isso permite descobrir a ação de Deus em sua vida. Com Maria aprendemos a saber esperar, mas com uma confiança ativa que lhe mantém colaborando com o Espírito que leva adiante seu plano de salvação em nós. Colocando-nos a serviço dos outros, a cada um de nós cabe buscar e cumprir a vontade de Deus para que Cristo seja gerado no mundo atual.

- Reconhece as maravilhas que Deus fez em tua vida, olha quanto Deus te ama e te convida a segui-lo. Faz tuas as Palavras do Magnificat, une-se a <aria para proclamar que o Reino de Deus está entre nós. - Glorifiquemos junto con Maria, ao Deus que faz maravilhas em nós.

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Todos proclamam o Magnificat.

- Preces espontâneas /Padre Nosso, Ave Maria, Glória.