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INTRODUÇÃO CRÍTICA ÀS INTRODUÇÃO CRÍTICA ÀS EPÍSTOLAS PAULINAS EPÍSTOLAS PAULINAS Estudo das Epístolas de autoria Paulina Estudo das Epístolas de autoria Paulina Autor: Pablo Armero Licenciado em Teologia Mestre em Teologia Estudante de Doutorado Profesor Eric Pennings [email protected] Seminário Internacional de Miami Miami International Seminary (MINTS) 14401 Old Cutler Road, Miami, Florida, 33158 Teléfono: 305–238–1589 Email: [email protected] Sitio de Web: www.MINTS.edu

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INTRODUÇÃO CRÍTICA ÀSINTRODUÇÃO CRÍTICA ÀS EPÍSTOLAS PAULINASEPÍSTOLAS PAULINAS

Estudo das Epístolas de autoria PaulinaEstudo das Epístolas de autoria Paulina

Autor: Pablo ArmeroLicenciado em Teologia

Mestre em Teologia

Estudante de Doutorado

Profesor Eric Pennings

[email protected]

Seminário Internacional de Miami

Miami International Seminary (MINTS)

14401 Old Cutler Road, Miami, Florida, 33158

Teléfono: 305–238–1589 Email: [email protected]

Sitio de Web: www.MINTS.edu

Maio, 2012

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SUMÁRIO

SUMÁRIO........................................................................................................................ 2

PRÓLOGO.................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 11

LIÇÃO 1: SEÇÃO PROPEDEUTICA.........................................................................14

I. Introdução.........................................................................................................................14

II. Itinerário escritural do Novo Testamento..........................................................................15

III. Idioma da escritura............................................................................................................15

IV. O conjunto das Epístolas...................................................................................................16A) Primeiro conjunto das Epístolas....................................................................................16B) As Epístolas da cautividad.....................................................................................................16C) As Epístolas Pastorais............................................................................................................17D) A Epístola aos Hebreus.........................................................................................................17

V. O problema de sua canonicidade......................................................................................17

VI. O contexto cultural............................................................................................................19

VII. Conclusão..........................................................................................................................20

LIÇÃO 2: APROXIMAÇÃO DIACRONICA AS EPÍSTOLAS.................................22

I. Introdução.........................................................................................................................22

II. O livro................................................................................................................................22A) Autor.............................................................................................................................23B) Ambientação.........................................................................................................................24

III. Tema..................................................................................................................................24

IV. Esquema do livrol..............................................................................................................24

V. Os diferentes contextos....................................................................................................25A. Contexto Político...................................................................................................................25B. Contexto geográfico..............................................................................................................27C. Viajens por mar.....................................................................................................................28D. Contexto social......................................................................................................................28E. Contexto intelectual..............................................................................................................29F. Contexto religioso..................................................................................................................31

VI. Conclusão..........................................................................................................................33

LIÇÃO 3: A VIDA DE PAULO...................................................................................34

2

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I. Introdução...................................................................................................................................34

II. Saulo de Tarso: o judeu..............................................................................................................34A. Origem familiar.....................................................................................................................34B. Nascimento...........................................................................................................................34C. Sua família.............................................................................................................................35D. Hebreu filho de hebreus.......................................................................................................35E. O que implica a permanencia de Saulo aos fariseus?............................................................35F. Cidadão Romano...................................................................................................................36

II. Infância e adolescência.............................................................................................................36A. Infância.................................................................................................................................36B. Estudos rabínicos..................................................................................................................37C. Saulo rabino..........................................................................................................................37

III. Segunda estância em Jerusalém..............................................................................................38A. Primeiros Contatos com o Cristianismo................................................................................38B. Sua conversão.......................................................................................................................39C. Paulo cristão..........................................................................................................................39

IV. Depois de sua conversão..........................................................................................................40

V. Primeira viagem missionária (Atos 13-14).................................................................................40A. Chipre....................................................................................................................................41B. Perge.....................................................................................................................................41C. Antioquía da Pisidia...............................................................................................................41D. Icônio, Listra e Derbe...........................................................................................................42E. De volta a Antioquía..............................................................................................................42F. Os judaizantes e o Concílio de Jerusalém (At 15:1-35)..........................................................43

VII. Segunda viagem missionária (Atos 15-18).........................................................................44A. Paulo em Filipos (Atos 15:36 – 16:40)...................................................................................44B. Frígia e Galácia......................................................................................................................44C. O chamado a Macedônia.....................................................................................................45D. Filipos...................................................................................................................................45E. Paulo em Tessalônica, Beréia e Atenas (Atos 17)..................................................................46F. Paulo em Corinto (Atos 18:1-22)...........................................................................................47

VIII. Terceira viagem missionária (Atos 18-21)..........................................................................48A. Éfeso.....................................................................................................................................49B. Macedônia e Corinto.............................................................................................................49C. Trôade e a viajem a Palestina................................................................................................50

IX. Paulo: prisioneiro...............................................................................................................51A. Prisão de Paulo em Jerusalém...............................................................................................51B. Audiências em Cesaréia........................................................................................................53C. Viajem a Roma......................................................................................................................53D. Primeiro cárcere em Roma...................................................................................................55E. Absolvição e atividades posteriores......................................................................................56F. Segundo cárcere em Roma; sua morte..................................................................................56

X. Paulo, sua influência.........................................................................................................57

XI. Cronologia resumida no livro de Atos dos Apóstolos........................................................57

XII. Conclusão..........................................................................................................................58

3

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LIÇÃO 4: INTRODUÇÃO GERAL AS EPÍSTOLAS................................................59

I. Introdução...................................................................................................................................59

II. Características Gerais das Epístolas de Paulo.............................................................................59

III. Como chegar as Epístolas para comprendê-las.........................................................................60A. Dificultades da linguagem.....................................................................................................61B. Dificultades com o estilo.......................................................................................................62

IV. As fontes escriturais utilizadas por Paulo: as citações..............................................................64A. O Antigo Testamento............................................................................................................64B. Interpretação escatológica e cristológica..............................................................................64C. Técnicas de utilização das citações........................................................................................64D. Paralelos das citações de Paulo com os escritos judeus da época........................................65E. A exegese de Paulo e a exegese rabínica através das citações..............................................65F. Outras fontes utilizadas por Paulo.........................................................................................66G. Hinos primitivos....................................................................................................................66H. Confissões de fé....................................................................................................................66I. Palavras diretas do Senhor.....................................................................................................66

V. Valorizações históricas sobre os escritos de Paulo.....................................................................67

VI. Datação possível das Epístolas de Paulo...................................................................................68

VII. Conclusão.................................................................................................................................69

LIÇÃO 5: AS GRANDES EPÍSTOLAS.......................................................................70

I. Introdução..................................................................................................................................70

II. Gálatas.......................................................................................................................................70A. Local e data...........................................................................................................................70B. Destinatários.........................................................................................................................71C. Igreja.....................................................................................................................................71D. Autenticidade........................................................................................................................71E. Esquema interno...................................................................................................................71F. Esquema Geral.......................................................................................................................71G. Termos chaves......................................................................................................................72H. Textos chaves........................................................................................................................72

III. Primeira Epístola aos Tessalonicenses......................................................................................72A. Local e data...........................................................................................................................72B. Destinatários.........................................................................................................................73C. Igreja.....................................................................................................................................73D. Autenticidade........................................................................................................................73E. Esquema interno...................................................................................................................74F. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................74G. Termos chaves......................................................................................................................74

IV. Segunda Epístola aos Tessalonicenses......................................................................................74A. Local e data...........................................................................................................................74B. Destinatários.........................................................................................................................75C. Igreja.....................................................................................................................................75D. Autenticidade........................................................................................................................75E. Esquema interno...................................................................................................................75

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F. Esquema geral da epístola.....................................................................................................75G. Termos chaves......................................................................................................................75

V. Primeira Epístola aos Corintios..................................................................................................76A. Local e data...........................................................................................................................76B. Destinatários.........................................................................................................................76C. Igreja.....................................................................................................................................76D. Autenticidade........................................................................................................................77E. Esquema interno...................................................................................................................77F. Esquema Geral da Carta........................................................................................................77G. Termos chaves......................................................................................................................78

VI. Segunda Epístola aos Corintios.................................................................................................78A. Local e data...........................................................................................................................78B. Destinatários e igreja.............................................................................................................79C. Autenticidade........................................................................................................................79D. Esquema interno...................................................................................................................79E. Esquema geral da Carta.........................................................................................................79F. Termos chaves.......................................................................................................................79

VII. Romanos..................................................................................................................................80A. Local e data...........................................................................................................................80B. Destinatários.........................................................................................................................80C. Igreja.....................................................................................................................................80D. Autenticidade........................................................................................................................80E. Esquema conceitual...............................................................................................................80F. Esquema geral da Epístola.....................................................................................................81G. Diferentes perspectivas de estudo do livro...........................................................................81H. Plano da Epístola...................................................................................................................81I. Termos chaves........................................................................................................................81

VII. Conclusão..........................................................................................................................82

LIÇÃO 6: AS EPÍSTOLAS DA PRISÃO....................................................................83

I. Introdução...................................................................................................................................83

II. Efésios........................................................................................................................................83A. Lugar e data..........................................................................................................................83B. Destinatários.........................................................................................................................83C. Autenticidade........................................................................................................................83D. Esquema interno...................................................................................................................84E. Esquema geral da Epístola.....................................................................................................84F. Termos chaves.......................................................................................................................84

III. Filemom....................................................................................................................................84A. Local e data...........................................................................................................................85B. Destinatários.........................................................................................................................85C. Igreja.....................................................................................................................................85D. Autenticidade........................................................................................................................85E. Esquema interno...................................................................................................................85F. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................85G. Termos chaves......................................................................................................................85

IV. Colossenses...............................................................................................................................85A. Local e data...........................................................................................................................86

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B. Destinatários.........................................................................................................................86C. Igreja.....................................................................................................................................86D. Autenticidade........................................................................................................................86E. Esquema interno...................................................................................................................86F. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................86G. Termos chaves......................................................................................................................87

V. Filipenses...................................................................................................................................87A. Local e data...........................................................................................................................87B. Destinatários.........................................................................................................................87C. Igreja....................................................................................................................................87D. Autenticidade........................................................................................................................87E. Esquema Interno..................................................................................................................88F. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................88G. Termos chaves......................................................................................................................88

VI. Conclusão..................................................................................................................................88

LIÇÃO 7: AS EPÍSTOLAS PASTORAIS...................................................................89

I. Introdução...................................................................................................................................89

II. Primeira de Timóteo..................................................................................................................90A. Local e data...........................................................................................................................90B. Destinatário...........................................................................................................................90C. Igreja.....................................................................................................................................91D. Autenticidade........................................................................................................................91E. Conteúdo...............................................................................................................................91F. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................91G. Termos chaves......................................................................................................................92

III. Tito….........................................................................................................................................92A. Local e data...........................................................................................................................92B. Destinatário...........................................................................................................................92C. Igreja.....................................................................................................................................93D. Autenticidade........................................................................................................................93E. Esquema interno...................................................................................................................93F. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................93G. Termos chaves......................................................................................................................93

IV. Segunda de Timóteo.................................................................................................................93A. Local e data...........................................................................................................................94B. Destinatário...........................................................................................................................94C. Autenticidade........................................................................................................................94D. Esquema interno...................................................................................................................94E. Esquema geral da Epístola.....................................................................................................94F. Termos chaves.......................................................................................................................94

V. Conclusão...................................................................................................................................94

LIÇÃO 8: A EPÍSTOLA AOS HEBREUS..................................................................96

I. Introdução...................................................................................................................................96

II. Estudo do Escrito........................................................................................................................96A. Local e data...........................................................................................................................96

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B. Autenticidade........................................................................................................................96C. Esquema interno...................................................................................................................97D. Esquema Geral da Epístola....................................................................................................97E. Termos chaves.......................................................................................................................98

VI. Conclusão..................................................................................................................................98

CONCLUSÃO............................................................................................................. 100

LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................100

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 101

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Natureza e objetivos do curso

Descrição do programaAs Epístolas Paulinas formam um importante conjunto de escritos no NT. O

propósito do curso é de se achegar ao ambiente histórico, cultural, social e religioso no que vieram a luz cada uma das Epístolas que o grande Apóstolo escreveu.

Objetivos do cursoOs objetivos principais deste curso são:a) Situar o aluno no contexto em que nasceram as Epístolas do NT em geral, e as

escritas por Paulo em particular.b) Estudar a composição e estrutura do gênero epistolar.c) Conhecer a mensagem essencial que contem cada uma das Epístolas Paulinas. d) Aplicar a vida prática da igreja de hoje as instruções e recomendações das

Epístolas.e) Induzir o estudante a compreender de forma pessoal a mensagem das Epísto-

las.TemasSeção Propedêutica

a) Itinerário escritural do Novo Testamentob) O problema do Canonc) O contexto culturald) As origens de Pauloe) As epístolas Paulinas

Apresentação das epístolasAs grandes Epístolas

a) A epístola aos Gálatasb) A primeira epístola aos Tessalonicensesc) A segunda epístola aos Tessalonicensesd) A primeira epístola aos Coríntiose) A segunda epístola aos Coríntiosf) A epístola aos Romanos

As epístolas da prisãoa) A epístola aos Efésiosb) A epístola aos Colossensesc) A epístola a Filemomd) A epístola aos Filipenses

As epístolas pastoraisa) A primeira epístola a Timóteob) A epístola a Titoc) A segunda epístola a Timóteo

Outras A Epístola de Paulo aos Hebreus

Exigências e AvaliaçãoExigências do cursoO curso foi elaborado em oito unidades (temas) de estudo, em cada unidade será

desenvolvido as seguintes partes:1. Leitura, estudo e reflexão do tema, compreendendo as notas da aula e a leitu-

ra da Epístola guiados pela estrutura interna da Epístola.

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2. Se o curso for presencial a assistência será avaliada. Se o curso é em linha será solicitado a participação nos fórum de diálogo, respondendo e aportando as opi-niões sobre os ítems colocados pelo professor.

3. Cada tema consta de um questionário, que deverá ser respondido pelo aluno, seguindo os criterios estabelecidos pelo Seminário para eles. As perguntas serão selecio-nadas, tanto do material da aula como dos dados próprios do texto bíblico.

Leitura de 300 páginas em relação a um ou vários pontos do tema e apresen-tação de um informe de leitura, se apresentará um informe escrito de 3 – 4 páginas. (Para os alunos de Mestrado, a leitura será de 500 páginas, com um informe de 5-6 pá-ginas).

Pesquisa e redação de um trabalho exegético, com uma extensão compreendida entre 15 ou 20 páginas, prévia consulta com o professor, sobre qualquer temática rela-cionada com os temas do curso.

Exame final.Avaliação1. Fórum ou Assistência 15%.2. Informe de leitura 20 %.3. Projeto 30 %.4. Questionários 15%.5. Exame final 20%.PRÓLOGO

O alcance é uma introdução críticaNo campo da investigação bíblica se identificam diferentes áreas de aproxi-

mação do texto. Uma delas é a denominada Introdução, com este nome, os especialistas se referem ao estudo do trasfundo original sobre o qual devem ser entendidos os livros da Bíblia.

Em seu desenvolvimento global estuda as seguintes áreas:a) O idioma no qual foram escritos.b) A história que está por detrás do escrito.c) A paternidade literária.d) A data aproximada da escritura.e) A situação histórica e os problemas contemporâneos aos quais se refere o

autor inspirado, como porta-voz de Deus.f) O texto original, com o estudo das diferentes variantes encontradas nos ma-

nuscritos.

A introdução críticaDuas subdivisões se tem tido para conseguir o objetivo de conhecer o significa-

do inspirado dos livros bíblicos: a introdução Geral e a chamada introdução Especial.

A Introdução GeralA introdução Geral se ocupa de todos os aspectos relacionados com o texto, de

todas as questões relacionadas com o cânon, estabelecendo a origem e a extensão do cânon, e da ordem e preservação dos livros involvidos, tanto aplicado ao AT., como ao NT.

A Introdução Especial

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Se ocupa separadamente de cada um dos livros, entendido cada um deles como uma unidade literária independente e com caráter próprio, que a sua vez forma parte de um conjunto maior, do qual tem-se encarregado de situar a introdução geral.

Os pontos assinalados anteriormente (de a a a f) são utilizados tanto para uma introdução como para a outra, a primeira no conjunto de livros que formam a Bíblia em geral e no segundo caso aplicado ao estudo de cada um dos livros em especial.

Pela natureza e objetivos deste curso, nos adentraremos no campo da introdução especial em relação com as Epístolas escritas pelo Apóstolo Paulo.

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Introdução

Os livros do NT, foram escritos em diferentes gêneros literários, dos quais, 75% são Epístolas (21/27). É uma forma literária nova com relação a literatura do AT. Nos livros do velho cânon se sente Deus falar e dirigir o povo através do profeta,1 o tom é mais autoritário. Em vez disso, a linguagem epistolar contém cartas escritas com a intenção de animar, repreender ou instruir, mas sobretudo ensinar.

Os escritos neo-testamentários são redigidos em um tempo muito mais limitado que os do AT. Seu gênero literário é o próprio dos escritos do primeiro século d.C. As Epístolas são, em muitos casos, a resposta a perguntas feitas por uma comunidade ou em seu nome ao autor inspirado, em muitos dos casos estas perguntas podem ser perce-bidas no desenvolvimento do livro. Estas cartas foram escritas para responder, animar, exortar, repreender, ensinar, informar as comunidades destinatarias. Como todos os escritos bíblicos tem a particularidade de transcender sua época e seus destinatarios, o que faz sua mensagem, através de uma leitura contextualizada,2 esteje sempre atualiza-da. As Epístolas foram concebidas, e por influência do contexto sócio-escritural, como circulares que se enviaram a uma ou várias comunidades: Quando esta carta for lida entre vós, procurai que también seje lida na igreja dos laodicenses; e a de Laodicéia leia também vós.3

Em sua origem epístola e carta eram sinônimas, mas com a publicação (século IV a.C.,) de coleções das cartas de Isócrates e Platão, começaram a surgir um estilo e uma forma epistolar. A epístola chegou a ser o escrito exten-so destinada a muitas pessoas.4

No caso dos escritos inspirados do NT., que utilizam este gênero literário, vai aumentar consideravelmente o volume de suas páginas, passando de duas até trinta e cinco folhas.5

Como se chegar a uma Epístola?Pela importância e o número de Epístolas que aparecem no NT., devemos adotar

uma metodologia de estudo, sobretudo por ser os textos mais utilizados na redação dou-trinal dos diferentes grupos cristãos.

Depois de Aristóteles, uma carta ou epístola é o processo de diálogo entre duas partes iguais: um autor determinado se dirigir a um destinatário determinado para comunicá-lo diretamente alguma coisa ou para influenciá-lo de maneira determinada por meio de um procedimento argumentativo.6

Se as Epístolas são o resultado de um processo de comunicação entre o autor inspirado e os destinatários (pessoas ou comunidades religiosas), tem que situar através do texto no próprio contexto do escrito. Achegar a ele como uma unidade literária, em

1 Cf., Hb 1:1.2 Cf., o prólogo, em relação a introdução particular.3 Cf., Col 4:16.4 DIB, entrada: epístola, pág. 200. 5 Cf., a Epístola de Filemon com 350 palavras em grego e a a Epístola aos Romanos com 7.101 palavras. 6 H. Conzelmann, A. Lindemann, Guide pour l’étude du Nouveau Testament, (Genève: Labor et Fides, 1999), pág. 74.

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si mesma, que tem uma mensagem própria e particular a partir das relações entre o autor e os destinatários.

Em primero lugar necessitamos conhecer a mensagem de cada escrito como uma unidade literária fechada e independente e posteriormente analizar a mensagem com o resto dos escritos de Paulo, estabelecer sua relação com o resto dos escritos do NT, e em último lugar suas relações com o resto da Biblia. No princípio os textos bíblicos, não estavam divididos em capítulos e versículos, esta distribuição é muito posterior no tem-po. A proposta metodológica de estudo é a partir das intenções (seções) próprias do au-tor inspirado. Vejamos o seguinte exemplo:

Aproximação física as EpístolasA Epístola a Filemom,7 é um bom exemplo que nos permite visualizar a estrutu-

ra geral das Epístolas: 1. Introdução.

a) Autor.b) Voto ou desejo.

2. Ação de graças (pela obra de Deus entre os destinatários).3. Corpo da Epístola.

Seção doutrinal.Seção de aplicação prática.

1) Conclusão.a) Saudações.b) Desejos.c) Últimas recomendações.d) Fórmula da benção.e) Autógrafo: eu Paulo escrivi de próprio punho e letra (em algu-

mas ocasiões).8

Agora recorremos o sentido da estrutura:1) Na introdução se desenvolvem as apresentações próprias que nos

permitem conhecer o autor e o destinatário. Dentro deste, poderemos conhecer o nível de implicação do autor com os destinatários do escrito, através dos desejos expressados no texto.

2) A ação de graças, o autor expressará os objetivos que através da obra de Deus, pretende que se realize com o escrito.

3) A seção mais importante, desde o ponto de vista da mensagem, é a que temos chamado corpo da Epístola, onde a mensagem se expressa em dois níveis, perfeitamente diferenciados.

a. Seção doutrinal: dedicada a expor doutrinalmente as necessida-des do destinatário, é onde o autor apresenta seus aportes teológicos, onde corri-ge, instrui e forma a comunidade.

b. Seção de aplicação prática: a segunda parte, está dedicada a fazer uma aplicação concreta e particular do que se tem dito, tendo em conta a si-tuação particular do destinatário.

4) A quarta seção é a despedida.

7 Não me detenho nos versículos com a intenção de que se possa ter uma visão de conjunto, no devido momento se apresentará o esquema particular da Epístola. 8 Os esquemas de cada uma das Epístolas apresentados ao longo deste curso, foram elaborados e investi-gados durante anos pelo autor, segundo o critério interpretativo proposto, com a intenção de conhecer a mensagem de cada uma das Epístolas. São muitas as propostas sobre os esquemas internos de cada uma das Epístolas que mencionam os diferentes autores, os alunos podem consultar outras propostas.

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Relações internas da seção: corpo da Epístola Como temos proposto, o corpo da Epístola estará dividido em duas seções prin-

cipais. Primeiramente a que temos chamado: doutrinal e em segundo termo: de apli-cação prática. Pode-se dizer, que de estabelecer esta relação de forma correta ou inco-rreta depende a compreensão do escrito em sua globalidade.

Os escritos bíblicos não surgem do nada, senão como temos mencionado for-mam parte de um processo de diálogo inspirado entre o autor e a comunidade a quem se dirige. Não parece que nenhuma das Epístolas, sejam escritos constitutivos das dife-rentes comunidades, mas escritos dirigidos a elas a partir de situações particulares que surgiram uma vez constituídas.

Como base do método de estudo proposto, devemos ter presente que todo o liv-ro, como suas diferentes seções e partes, devemos estudá-las e comprende-las na visão do processo de diálogo que o originou. Na seção doutrinal o autor irá expor todos aque-les conceitos que devem ser corrigidos pela comunidade. Por outro lado, a seção de apli-cação prática deverá ser considerada como uma aplicação a casos concretos que serão justificados na seção doutrinal.

No caso particular das Epístolas, seria explicar aos destinatarios, a doutrina sal-vífica em Cristo, segundo as necessidades da comunidade. Na segunda seção, o autor, faz uma aplicação particular das questões apresentadas com antecipadamente.

Como teólogos9 devemos fugir da leitura antológica10 da Bíblia, se entendemos os livros bíblicos em geral, as Epístolas paulinas em particular, como uma unidade lite-rária em si mesma, estabelecer as relações corretas entre as partes que a compoem, nos permitirá conhecer o sentido original, sem influências alheias ao texto.

9 Utilizamos o termo teólogo em sentido técnico, para identificar ao especialista o estudo da Bíblia que tem desenvolvido um método de estudo a partir de métodos concretos.10 Recopilação de textos procedentes de distintos livros e agrupados com um mesmo fim.

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LIÇÃO 1: SEÇÃO PROPEDÊUTICA

I. IntroduçãoComo qualquer outro escrito antigo, para chegar a ter uma boa compreensão do

conteúdo e sentido original, tem que fazê-lo através de um sistema interpretativo que nos ajuda a situarnos no contexto em que foi escrito. Para conhecer o sistema que apli-caremos ao estudo das Epístolas Paulinas nos adentraremos neste capítulo que chamare-mos: seção propedêutica.11

O corpus paulino, está composto de 14 Epístolas12 das 21 que formam o NT, a paternidade literária de algumas tem sido e é todavia posta em dúvida pelos críticos, não pelos cristãos conservadores. Graças as Epístolas de Paulo, como expoente escritural de sua conversão e chamado, o cristianismo ultrapassou os limites da terra de Israel e se adentrou e enraizou, tal e como se nos descreve no livro de Atos dos Apóstolos, até os confins da terra. (At. 1:8).

Fora do mundo cristão, Paulo é considerado como uma das figuras importantes que marcou a civilização ocidental. Seus textos não deixam nenhuma indiferença. Reagrupados em um só volume, seus escritos não sobrepassam apenas as sessenta páginas, mas sua densidade é tal que tem suscitado e suscitam todavia hoje numerosas reações. Se escreve sobre Paulo, se comentam todavia seus escritos, os toma como pontos de referência e os considera todavia como normativos. Paulo é certamente o homem, despois de nosso Senhor Jesus Cristo, que tem a maior influência no pensamento cristão e na história do cristianismo.

Numerosas questões tem sido feitas ao longo dos séculos: onde foram escritas suas Epístolas? Em que período saiu a luz? Quais foram as razões que motivou sua redação? Podemos ter a certeza que todas elas foram redigidas por Paulo ou ditadas por ele?

É difícil compreender bem os textos paulinos sem conhecer, previamente, o contexto e as condições de redação. É aprendendo a conhecer a vida de Paulo, sua formação, suas viajens como poderemos compreender melhor as idéias inspiradas que ele desenvolve em suas epístolas.

É conveniente perguntar se as Epístolas que estudamos são autênticas. Esta discussão tem apaixonado os teólogos do século XIX e princípios do XX, chegando em alguns casos a rejeitar em ver Paulo como o autor de todas as Epístolas que levam seu nome.

O resto das epístolas do NT, menos abundantes, são reagrupadas em função de seu gênero, como as epístolas católicas,13 em total sete, com quatro autores diferentes, chamadas também epístolas universais (gerais). Estas epístolas constituem o corpus epistolar não paulino. Por último a Epístola aos Hebreus geralmente não é considerada como parte do corpus paulino. Mas este autor a considera de paternidade Paulina, e a apresentará como tal neste curso, tanto como o resto.

11 Ensinopreparatório para o estudo de uma disciplina.12 Romanos, 1 Corintios, 2 Corintios, Gálatas, Efesios, Filipenses, Colosenses, 1 Tesalonicenses, 2 Tesalonicenses, 1 Timoteo, 2 Timoteo, Tito, Filemón e Hebreus. Pessoalmente aceito dentro do corpo paulino a Epístola aos Hebreus, sendo consciente de que nem todos os especialistas pensam desta forma.13 Título outorgado por Eusebio de Cesárea, historiador da Igreja do século IV dC. Estas cartas estão dirigidas a Igreja universal. São , 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Tiago, Judas. É necessário entretanto ressaltar que 2 João e 3 João estão dirigidas a individuos e não a Igrejas inteiras, mas tem sido agregadas a 1 João devido a sua semelhança. Cf., DB, entrada: epístolas.

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Itinerário escritural do Novo Testamento

A modo de introdução e como visão de conjunto dos diferentes livros que com-poem o cânon do Novo Testamento, apresentamos o itinerário que seguiram os escrito-res inspirados para a redação de seus livros. Vejamos o esquema,14 onde podemos obser-var o processo de aparição dos diferentes livros, juntamente com a intenção de escrever.

14 Proposta pessoal do processo de escritura dos livros do NT.

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Novo Testamento

Limitação do canônico e o não-canônico

Argumentos ante heresias

(Segurança)

Mensagem de esperança (Codificado)

Jesus: Sumo Sacerdote

Configuração de seu povo

(Universalidade)

Relação

Deus-Homem

(Boa nova)

Configuração de seu povo

PropostaCausa

Epístolas (1)Gr. Koiné

Evangelhos

Sinóticos

Epístolas (2)

Hebreus (3)Queda Jerusalén

Igreja nas nações

Lit. apocalíptica

Apocalipse

4ºEvangelho

Recopilações da igreja

Ga.1ª- 2ª Tes.1ª – 2ª Co.Rm.

Prisão:

Ef.Fm.Cl.Fp.Pastorais:Tt.1 Tm.2 Tm.

Mateus MarcosLucas

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Idioma da escrituraFicou para trás o AT, que foi escrito em hebraico em sua maioria e em aramaico

no resto, as duas línguas de origem semita. Agora o NT se escreverá em outra língua identificada como: Koiné, o termo significa grego comum, fazendo referência a língua grega da época helenista, na que se escreveram, tanto a versão dos LXX como o Novo Testamento. O idioma escolhido pela Inspiração, é uma das provas que confirmam o contexto escritural da época: O Novo Testamento e LXX15 compartilham o mesmo idio-ma.

O conjunto de Epístolas

Primeiro conjunto de EpístolasAs primeiras epístolas,16 que citaremos a continuação, tem a intenção de ensinar

a doutrina do Novo Pacto desde o ponto de vista da pregação do evangelho aos judeus e aos gentios. Com o propósito de configurar o povo do Novo Pacto. As epístolas são ma-nuais de controvérsia doutrinal, surgidos do processo de evangelização tanto aos gen-tios como judeus. Se estão pondo os primeiros pilares para a formação do povo do Novo Pacto.

Estes textos nascem vinculados com as necessidades da primitiva Igreja Cristã em sua fundação e expansão posterior. A grande expansão do cristianismo primitivo fez necessá que se começará a transmitir por escrito os pontos essenciais da nova doutrina, em Cristo.

Gálatas, trata o problema mais importante surgido no começo do cristianismo: a relação entre cristianismos e judaísmo.

1ª e 2ª Tessalonicenses: Foram escritas com a intenção de corrigir os conceitos escatológicos equivocados.

1ª e 2ª Coríntios: O problema ou motivo para a redação destes dois livros se situam em explicar e reafirmar, frente as tendências dos judaizantes, os temas funda-mentais da doutrina de Jesus como são: a justificação pela fé a partir dos desenvolvi-mentos e interpretações da Torâh oral judaica.17

Romanos: A importância da Epístola aos Romanos fica fora de toda dúvida na controvérsia com o judaísmo da época. A Justificação pela fé é o marco central desta importante Epístola.

Seguindo o itinerário do resto das epístolas redigidas por Paulo, foram dividido em dois importantes grupos. As chamadas: Epístolas da prisão e as denominadas: As Epístolas Pastorais. Todas elas foram escritas com a intenção de configurar universal-mente o povo de Deus, este seria um segundo passo, em relação a intencionalidade na escritura das epístolas.

15 Cf., http://ec.aciprensa.com/v/versão dos setenta.htm. Primeira tradução grega do AT, realizada, segun-do a tradição da Carta de Aristeas, por 72 doutores judeus, por ordem de Tolomeo Filadelfo (283-246 aC.), daí o nome de Setenta.16 Mostrado no Esquema Escritural do Novo Testamento, da página anterior, com a referência: Epístolas (1).17O judaísmo da época de Paulo, a Torá oral judaica, designa tanto, o AT como a tradição oral envolvido pelos mestres judeus, com a intenção de ajudar a interpretar os textos do AT. Para a teología rabínica, os textos escritos como a tradição estavam igualmente inspirados. O conjunto de leis orais judaicas levou algum tempo depois a constitução do Talmud. Cf., P. Lenhardt y M. Collin, A Torá oral dos fariseus, textos da tradição de Israel, (Estella: Editorial Verbo divino, 1991).

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B) As Epístolas da prisãoExpressão que designa as cartas de autoria paulina nas que se faça alusão a

prisão de Paulo.18 Segundo o livro de Atos dos Apóstolos, Paulo esteve na prisão na cidade de Filipos, esteve cativo em Cesaréia e posteriormente em Roma. Durante seu cativeiro Paulo, escreveu as seguintes Epístolas:

Efésios: O tema é a preeminente posição de Cristo na provisão divina para a salvação do homem.

Filemom: Onésimo, um escravo de Filemom, havia fugido em direção a Roma, levando pertences de seu dono,19 na cidade imperial se encontra com Paulo e por meio de sua pregação se converte ao cristianismo, o Apóstolo o aconselha que volte para seu dono, e escreve a Epístola com a intenção de suavizar o reencontro.

Colossenses: De acordo com o conteúdo da Epístola, um duplo erro doutrinal ameaça a igreja: de um lado, uma certa volta aos ritos judeus,20 e tendências ascéticas21. De outro lado, uma certa tendência a adotar os postulados filosóficos.22

Filipenses: O tema principal da Epístola é o gozo em Cristo em meio das dificul-tades. Paulo lhes conta o gozo que tem apesar das dificultades que está vivendo.

C) As Epístolas PastoraisAs Epístolas que configuram este grupo são a juízo de alguns especialistas uma

espécie de diretórios para uso dos pastores da Igreja.23 Estas Epístolas são:1) Tito: contém de forma básica, instruções com respeito a como se deve

conduzir e administrar os assuntos da igreja.2) 1ª e 2ª Timóteo: Paulo se dirige ao jovem pregador Timóteo, seu verda-

deiro filho na fé,24 a quem aconselha a conduzir de maneira correta na edificação da igreja que Deus o tem encomendado.

D) A Epístola aos HebreusÉ, quase com toda certeza, o último escrito do Apóstolo dos Gentios, muito per-

to da destruição de Jerusalém, escreve esta epístola-carta-sermão,25 onde Jesus é apre-sentado como o Grande Sumo Sacerdote dos bens definitivos.

A estruturação das epístolas sob diferentes perspectivas, como temos apresenta-do, tendo em conta a data da escritura, a intencionalidade e o destinatário, configuram, desde o ponto de vista crítico, um bom método de aproximação a elas.26

O problema de sua canonicidadeO termo canon (gr. kanôn) era utilizado como uma espécie de regra para contro-

lar a retidão um muro ou seu nível. Este termo designava também a cana que permitia medir. Esta expressão contém igualmente a idéia de regra de conduta, uma norma. Este termo aparece quatro vezes no Novo Testamento.27 Orígenes (185-254 dC.), foi o pri-

18 DNT, pág. 197, entrada: Epístolas da Cautividad.19 Cf., Flp. 16, 18.20 Cf., Col. 2:11-16.21 Cf., Col. 2:18-23.22 Cf., Col. 2:4, 8, 18, 20.23 DNT, entrada: Epístolas Pastorais. 24 Cf., 1 Tm. 1:2.25 Ha diferença entre os especialistas, será estudada em seu momento. O autor pensa que em primeiro lugar foi um sermão pregado por Paulo e posteriormente foi escrito. Esta ideia se justifica pelo conteúdo do capítulo 13:20-25.26 O estudo das Epístolas de Paulo por ordem histórica é a melhor maneira crítica de contemplar seu próprio crescimento como teólogo e intérprete de Cristo. Cf., comentário en 4IVNT, págs. 12-13.

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meiro escritor cristão que aplicou o termo a coleção de livros da Bíblia.28 Anos mais tarde, Atanasio29 (293-373 aC.), designou a toda a coleção de livros sagrados como o canon.30

O Canon definitivo do Novo Testamento não se fez rapidamente. Foram neces-sários séculos de revisões. Diferentes Concilios locais foram tomando decisões sobre os livros que deviam pertencer ou não ao Canon do NT. Entre os mais significativos men-ciono os seguintes: Laodicéia31 (363 d.C.), Roma (382 d.C.),32 se declarou a aceitação de várias Epístolas, incluindo Hebreus, Hipona (393 d.C.),33 e o terceiro Concílio de Carta-go34 (397 d.C.), ratificaram o canon atual e excluiram o resto dos livros, proibindo seu uso na igreja.

A lista oficial dos livros que compoem o NT foi determinada pela primeira vez, em um concílio Geral da Igreja, no Concílio de Trento, em 1546. Sob ameaças de anátema, o decreto Canonicis Scripturis (8 de Abril de 1546) enumerava 45 livros canônicos do AT (menos Lamentações, que se considerava parte de Jeremias) e 27 liv-ros do NT.35

Se chama Canon do Novo Testamento a lista dos livros considerados pela Igreja como Palavra de Deus e normativos para a fé e a vida.36

Para que um livro fosse considerado como canônico foi necessário que se men-cionasse numerosas vezes nos textos eclesiásticos antigos, que as vezes considerasse como Escritura Santa, e igualmente figurar em antigas listas de livros considerados como canônicos. Os livros são julgados segundo o critério de apostolicidade, este prin-cipio determinou os que entravam no canon e os que ficavam fosse dele.

Em 1740, um catálogo dos livros do Novo Testamento foi descoberto em Milão por Ludovico Antonio Muratori.37 O chamado: Primeiro Canon de Muratori, onde não se mencionam Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 3 João. O resto das epístolas de Paulo são mencionadas integramente. Este documento data da segunda metade do século II d.C.38

De certo modo a Reforma do século XVI reabriu o problema da canonicidade. Lutero, assim mesmo, entendeu que havia uma hierarquia entre os livros do NT., viu que Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse, eram menos importantes que o resto dos livros do NT.39 Pondo as bases para as futuras escolas de interpretação crítica dos séculos pos-teriores.

27 2 Co 10:13, 15 y 16; Ga 6: 16: ¡Paz e misericórdia sejam sobre todos os que seguem esta norma, o mesmo que para a Israel de Deus!28 CB, pág. 199. 29 Atanasio (296-373 dC.), Padre da Igreja grega, menciona que o Pastor de Hermas não formam parte do Canon. O Pastor é un livro escrito por um cristão que vive em Roma, Hermas. Este texto da metade do século II está composto em forma de apocalipse e apela a penitência. Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Atanasio. 30 CB, pág. 199.31 5CBSJ, pág. 53.32 Idem. 33 Idem.34 Idem.35 Idem. 36 B., Jay, Introdução ao Novo Testamento, (Yaoundé: Clé, 1978), pág. 3237Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Muratori. 38 5CBSJ, pág. 90.39 Op. Cit., pág. 91.

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O contexto culturalDepois da conquista de Alexandre Magno,40 o progresso do helenismo não pode

considerar uniforme em todos os territórios. Em certo modo, cada zona conserva suas antigas e próprias tradições. A influência helenística é um meio de unidade entre os po-vos oferecendo numerosas possibilidades de intercâmbios. Não é possíble viver no mun-do helenizado sem compartilhar sua cultura.

O cristianismo compartilhou seus primeiros momentos com o judaísmo helenizado41 da época. Ainda que judeus ambos, o fariseu da Palestina e o judeu da diáspora não vivem sua religião da mesma maneira. A maioria dos judeus estavam no estrangeiro. É assim como a cultura grega se difundiu neste meio. O judaísmo da dispersão voltou, um certo tempo antes da era cristã, para os valores éticos do mundo grego.42

Os judeus, expulsos de sua pátria como resultado das sucessivas deportações, se instalaram, em grande número, nos países do mundo influenciado pelo sincretismo helenístico. Strabon, citado por Flávio Josefo, diz que: não era fácil encontrar um lugar da terra onde não estavam.43 Havia judeus na maior parte dos países conhecidos da época. Philon de Alexandria afirma que no Egito a nação judia igualava o número dos indígenas.44

As comunidades judias gozavam de certos direitos jurídicos. Os judeus tem, por exemplo, o direito de observar seu dia de repouso, mas a mesma vez, devem fazer concessões. Devem reconhecer o Imperador de Roma e devem celebrar o aniversário de sua chegada ao trono. Parece inclusive que havia um movimento a favor da supressão de toda barreira entre os judeuos e os pagãos. Segundo Flávio Josefo citando Philon, poderia: existir um entendimento entre o judaísmo e a filosofia grega.45

Philon escreveu que: as leis de Moisés atraem o mundo inteiro, os bárbaros… e os Gregos.46 Entretanto, a fé judia esteve muito mais influenciada pelo helenismo que o pensamento grego pelo judaísmo. Assim, um século antes da era cristã, o judaísmo helenizado era uma realidade. Este sincretismo judeu-pagão, existente antes de Paulo será o resultado de uma lenta fusão entre o judaísmo da diáspora e o centro onde viviam os judeus.

A filosofía judeu-alexandrina era uma verdadeira representante do mundo judeu da dispersão. Na Alexandria, se desenvolveu a colônia judia mais antiga do litoral mediterrâneo. Flávio Josefo relata o fato que a fundação de Alexandria foi a consequência da conquista de Jerusalém por Tolomeu Sôter em 319 a.C.47 Numerosos judeus deportados se estabeleceram definitivamente em Alexandria. Esta cidade chegou a ser o centro do intelectualismo grego.

A influência do intelectualismo alexandrino se manifesta em vários aspectos: escritural, a tradução da Biblia em grego (LXX)48 é o melhor exemplo disso, vivencial: a assimilação da parte da comunidade judia na diáspora de costumes e leis

40 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Alexandre o_Magno.41 Um referente claro é a tradução da LXX, e os comentários judeus da época.42 Cf., os livros como de 1 e 2 Macabeus, um claro expositor da influência grega sobre o mundo judeu. A literatura apócrifa do AT, poderíamos considerá-la, segundo minha opinião, como os manuais utilizados pelos judeus da diáspora para a consolidação e expansão de sua nova religião. 43 Flavio Josefo, Antiguidades, XIV, 7,2.44 Philon, Da Vida de Moisés, 2,27. 45 Flavio Josefo, Op. Cit., XV. 11,12.46 Philon, Da Vida de Moisés, L. II, t. 2, pág. 157.47 Flavio Josefo, Guerras dos judeus, 18:7,8.48 A versão dos LXX, foi realizada em Alexandría, provavelmente em meados do século III aC., Cf., J. Trebollado, A Bíblia judaica e la Bíblia cristã, (Madrid: Editorial Trotta, 1998, 3ª ed.), pág. 331.

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provenientes do império. Se trata da assimilação judia de outra cultura. Perceberemos isto na própria tradução da LXX e em certos textos apócrifos.

O livro apócrifo da Sabedoria é um bom exemplo disto. A obra do judeu alexandrino Philón demonstra uma influência evidente da cultura grega no mundo judeu. Philón disse que a Bíblia foi traduzida em grego com uma intenção de propaganda.49 Mas parece que a tradução grega da Biblia era uma necessidade tanto para os judeus da dispersão como para os pagãos. A LXX se difundiu rapidamente nos centros judaicos. Paulo cita frequentemente a LXX; suele ser seu texto de referência.50 Esta tradução foi um verdadeiro vínculo entre judaísmo e helenismo. Assim a cultura grega penetrava na cultura judia e no culto judeu.

Outro exemplo desta influência são os chamados: livros apócrifos. Estas obras, geralmente anônimas, iriam ser um meio de propagação da nova religião judeu-helena. Philón de Alexandria,51 é o autor mais helenizado dos judeus de Alexandria. Sua obra pertence mais a literatura grega que judaica. Dava o mesmo Platão que o AT. Intenta conciliar estas duas obras mediante a aplicação da exégese alegórica. Os escritos mosaicos, para Philón, são alegóricos. Este método não era o dos rabinos, que estavam ligados ao sentido literal do texto. O método philoniano se desenvolve e identifica por uma clara influência grega. Os textos de Philón são admitidos muito bem nos centros pagãos que não são rechaçados pelos textos rígidos da Bíblia.

VII. Conclusão Sem dúvida alguma, o trabalho de redação de Paulo é o mais importante e

prolífero do NT, as Epístolas de sua autoria formam um importante conjunto de livros inspirados que jugaram um importante papel na difusão e consolidação da Igreja Cristã primitiva.

As Epístolas de Paulo formam parte do plano de Deus na formação do Povo do Novo Pacto. Utilizando o idioma universal da época como meio de difusão e compreensão de sua mensagem, o Apóstolo, ajuda a consolidar as novas comunidades nos princípios fundamentais da fé.

As primeiras Epístolas (Tessalonicenses, Coríntios e Romanos) tem a intenção de ensinar a doutrina do Novo Pacto, desde as necessidades dos novos convertidos provenientes do judaísmo e do mundo heleno.

De forma mais concreta, podemos identificar desde o ponto de vista temático, outros grupos de epístolas: a) cristológicas (Filipenses, Filemom, Colossenses e Efésios); b) eclesiologias (Timóteo e Tito); c) e o sermão de Paulo aos Hebreus.

49 Philon, Da Vida de Moisés, 2. 50 Paulo tem uma preferência pelas citações de LXX, cf. Prat, Teologia de Paulo, vol. 1, pág. 19, citado em Norbert Hugedé, Paulo e a cultura grega, (Genève: Labor et Fides, 1966), pág. 93. Depois de um cálculo sujeito a revisão, pelo qual o dado geral e justo, de oitenta e quatro citações, trinta e quatro concordam exatamente com os Setenta, trinta e seis discordam um pouco, dez apresentam notáveis diferenças, dois estão feitos do hebraico mas indicam o texto dos Setenta presentes no espírito do autor, por último somente dois são traduções completamente independentes ou pertencem a outra versão. Cf., mais abaixo, a parte específica onde apresentamos o estudo das citações de Paulo, para entender a forma como as utiliza. 51 Contemporâneo do Apóstolo Paulo.

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Perguntas para a lição

1. Quantas Epístolas formam o Novo Testamento? E quantas são atribuídas a Paulo?

2. Quais são as chamadas Epístolas Universais?

3. Em que idioma foram escritos, tanto a versão dos LXX como o Novo Testa-mento?

4. Do ponto de vista de conjunto. O que são as Epístolas?

5. Quais são as chamadas Epístolas Gerais?

6. Quais são as chamadas Epístolas da prisão?

7. Em que Concílio geral e ano se publicou a lista definitiva oficial dos livros que compoem o Novo Testamento?

8. Em que ano se descobriu o catálogo dos livros do Novo Testamento na cidade de Milão?

9. Quem disse que a Bíblia havia sido traduzida ao grego com a intenção de pro-paganda?

10. Qual é o texto de referência de Paulo em suas citações?

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LIÇÃO 2: APROXIMAÇÃO DIACRÔNICA AS EPÍSTOLAS

IntroduçãoO livro de Atos dos Apóstolos deve ser considerado como um livro histórico; as

Epístolas, não podem ser consideradas, em si mesmas, como livros históricos, ainda que é certo, que nasceram em um marco histórico concreto (social, político, religioso, filo-sófico…). As Epístolas foram dirigidas, em um primeiro momento, a crentes que viviam em um contexto concreto. Para entender cada uma delas deveríamos conhecer o contex-to histórico-teológico que as sustentam.

Para compreender este contexto devemos situar a cronologia que se desprende do livro dos Atos dos Apóstolos, como a referência bíblico-histórica do começo e avanço do cristianismo primitivo. O objetivo de Lucas, como autor em sua dupla obra,52 era de anotar um relato coordenado das origens do cristianismo.53 Do ponto de vista científico se chama aproximação as epístolas: aproximação diacrônica.54

O livroO manuscrito mais antigo que aparece no livro é o documento conhecido como

Papiro 45,55 fechado no século III dC., não está completo, cujo título é Práxeis: Atos. O

52 O Evangelho que leva seu nome e o livro dos Atos dos Apóstolos.53 E. Harrison, Introdução ao Novo Testamento, (Michigan: Subcomissão literária cristã da Igreja Cristã Reformada, 1980), pág. 234.54 Se disserem dos fenômenos que ocorrem ao longo do tempo. Cf., Dicionário da Real Academia da lingua Espanhola, versão eletrônica.55  Cf., http://webs.ono.com/codices2004/pp45.htm. O papiro P45, composto de umas trinta folhas, é um dos mais importantes. A maioria dos especialistas situa a antiguidade deste papiro ao final do século II ou entre os anos 200 e 250, ainda que alguns papirólogos propõem como data do mesmo  a do ano 150.   O papiro P45, junto com o P46 e P47, formam parte da chamada coleção Chester Beatty, em Dublin, a qual se publicou entre 1933 e 1937. A publicação destes papiros criou um verdadeiro impacto internacional, que deu lugar a uma abundante bibliografía tanto em relação com sua paleografía, crítica textual e antiga. Estes três códigos de papiro, ainda que são fragmentários, tem muito valor pois proporcionam um texto representativo de 15 livos do Novo Testamento, cem anos mias antigos que os textos conhecidos até 1930. Ainda há grandes lacunas nestes textos, entretanto, se os compararmos com outros manuscritos bíblicos é possível determinar qual classe do Novo Testamento usava a igreja cristã do Egito durante o século III, pouco mais de um século depois da morte dos apóstolos.   O papiro P45 contém fragmentos dos quatro Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. O concreto, deste papiro contém fragmentos dos capítu-los 20, 21, 25 e 26 de Mateus; fragmentos dos capítulos 4 ao 12, com exceção do 10, de Marcos; os capí -tulos do 6 ao 14, menos o 8, de Lucas; os capítulos 4, 10 e 11 de João; e os capítulos do 4 ao 17 de Atos dos Apóstolos. Como disse, este papiro é composto de 30 folhas. Originalmente o código devía ter umas 200 folhas. 

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mesmo título breve aparece no Códice Sinaítico56 de um século mais tarde57. Outros títulos antigos são Os Feitos e Atos dos apóstolos. Parece que o autor não pôs um título em sua obra, mas se conformou com indicar que havia dirigido um primeiro tratado a seu amigo Teófilo ademais do que agora estava escrevendo.58

A narração do seu primeiro tratado, o Evangelho de Lucas; (At 1:1, 2; cf. Lc 1:1-4; 24:50-52), termina com a ascensão de nosso Senhor, o ponto em que começa seu relato o segundo tratado (At. 1:4-11). O livro dos Atos não pode ser considerado como um registro exaustivo do ministério de nenhum dos apóstolos depois da ascensão de Jesus; mas sim, o itinerário inspirado por Deus para nosso conhecimento. Parece não haver circulado entre as comunidades cristãs primitivas em um período anticipado como os Evangelhos e as Epístolas, mas esteve em uso geral em meiados do séc. II d.C., como mostram escritos como os de Justino Mártir.59

Para o fim do mesmo século, Ireneu cita o livro como Escritura, e seu título apa-rece na primeira lista conhecida de livros do NT o fragmento Muratoriano-, datado mais ou menos para a mesma época.60

56 Cf., http://fredy91306.tripod.com/id54.html. Código Sinaítico (século IV dC). O códice Sinaítico foi descuberto em 1848. Este descubrimento foi, se pudesse dizer; quase  uma casualidade; ainda que muitos podem dizer que as casualidades não existem, mas graças a um jovem alemão chamado Tischendorf é que hoje possuimos este maravilhoso documento ao alcance dos tradutores que buscam um texto mais exato ao original. E por meio destes códigos que agora temos uma Bíblia mais confiável, por ter a evidência palpável de sua origem como são as linguas originais. Tischendorf foi ao convento de Santa Catarina e nesse momento estavam destruindo velhos escritos que aparentemente eram inúteis, Tischendorf se deu conta de que entre esses documentos  se encontravam vários dos escritos sagrados em uma cesta de lixos para quemá-los e assim como Tischendorf permitiu que se lhe permitisse obtê-los. Nesta primeira oca-sião chegou a salvar só uma parte deles, ainda que em suas viagens seguintes chegou a conseguir várias outras cópias lhe foram permitidas para sua tradução. Nesta ocasião Tischendorf chegou a retirar da cesta 43 folhas deste código, enquanto os monjes lhe contavam que momentos antes de sua chegada havíam queimado duas cestas iguais. Momentos mais tarde quando lhe mostraram outras partes do mesmo código se deu conta de que continha todo o livro de Isaías e o quarto livro dos Macabeus. Tischendorf advertiu aos monjes que tais documentos eram muito valiosos para serem queimados no fogo. As 43 folhas que chegou a reter continham partes do primeiro livro de Crônicas, Jeremías, Neemías e Ester. Tischendorf fez uma publicação em 1846, mencionando os documentos como o código Federico Augustanus. A tra-dução deste código iniciou no Cairo por dois alemães; um deles era farmacêutico e outro era bibliotecário. Estes homens tinham conhecimento do grego, claro que eles estavam sob a supervisão de Tischendorf. O trabalho era traduzir as 110.000 línhas do texto, tal trabalho terminou em dois meses. A próxima etapa se tornou em uma diplomacia eclesial. O cargo de maior autoridade se achava desocupado or isso Tischen-dorf sugeriu que sería proveitoso para eles fazer um convite ao Czar da Rússia, personagem de muita influência que eles queriam como protetor da igreja grega. Depois de largas negociações o tão valioso código foi entregue a Tischendorf para sua publicação em Leipzig e para apresentá-lo ao Czar em nome dos monjes. A publicação definitiva do código foi feita no século XX pela Universidade de Oxford. Logo depois da revolução russa, por não ter interesse a União Soviética na Bíblia, e por necessidades econô -micas, negociaram sua venda com os encarregados do museu Britânico por 100.000 Libras Esterlinas, qantidades que foram pagas pelo governo inglês e uma suscripción popular, de indivíduos e congregação na Inglaterra e Estados Unidos. Ao final do ano 1933, o manuscrito foi deixado no Museu de Londres, onde permanece até hoje. Este código Sinaítico e o Código do vaticano são os que mais tem sido usado para a verificação e atualização do texto de hoje.57 DB, pág. 528.58 Este é um dado importante, como cristãos que cremos na inspiração da Bíblia não podemos pensar em erros nem omissões, mas apenas no propósito de Deus para o homen, esse propósito se fez através de umas vivências determinadas do autor e dos destinatários, o qual não aparezca a menção explícita não se deve a nenhum erro nem omissão, e sim a uma circunstância cuja clave identificativa está do autor huma-no em relação ao destinatário. 59 DB, pág. 528. 60 Idem.

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AutorAinda que o autor não se identifique diretamente, facilita pelo menos três indí-

cios que não deixam lugar a dúvidas de que é Lucas, o autor do terceiro Evangelho: 1) É a mesma pessoa que escreveu o primeiro tratado sobre a vida de Cristo e a

dirigiu a um certo Teófilo (At 1:1, 2; cf Lc 1:1-4; 24:50-52). 2) Em certas passagens (At 16:10-17; 20:6-16; 21; 27; 28), conhecidos como as

nossas seções, o autor é membro do grupo evangelizador de Paulo. Paulo men-ciona repetidas vezes a Lucas como um de seus companheiros durante a parte final de seu ministério (Cl 4:14; 2 Tm 4:11; Fm 24).

3) A linguagem, o vocabulário e o estilo de Atos se correspondem estreitamente com os do Evangelho de Lucas. Desde tempos muito remotos os escritores cristãos falaram de Lucas como seu autor.

B) AmbientaçãoO livro foi escrito, muito provavelmente, em Roma durante os dois anos da prisão

de Paulo (61-63 d.C.). E isto é evidencia quase concluinte a forma abrupta em que fica interrompida a narração pouco depois da chegada de Paulo a Roma:

E morou dois anos inteiros na casa que alugara, e recebia todos os que o visitavam, pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernientes ao Senhor Jesus Cristo, com toda liberdade, e sem impedimento. (At 28:30-31).

O autor, que seguiu as lutas do grande apóstolo dos gentios desde o começo - com grande detalhe-, não deixaria de mencionar o resultado do Primeiro juízo de Paulo ante o César, seu ministério posterior, sua 2º prisão e sua execução, se estes eventos já tive-ssem ocorrido; parece que Lucas não disse mais em Atos porque não havia nada mais para contar. Enquanto a sua confiabilidade como científico- historiador, tem sido plena-mente reivindicado em cada ponto importante.

TemaEm sua introdução, o autor manifesta que seu objetivo é continuar sua narração

anterior, o Evangelho de Lucas, para que os dois tratados constituiam um informe histó-rico completo da origem e o crescimento da religião cristã. Se propos relatar como o evangelho chegou desde Jerusalém até a Judéia e Samaria, e, com o tempo, até os con-fins da terra (At. 1:8). No começo, a nascente igreja não teria mais que uns 120 mem-bros (v 15), todos leais adeptos ao judaísmo.61 Mas esta creeceu rapidamente; por mo-mentos, explosivamente, em número de membros; com hesitação no princípio aceitou prosélitos e mais tarde gentios em seu meio. Como as ondas que se extendem na super-ficie de um lago quando uma pedra rompe sua quietude, a igreja primeiro alcançou as regiões mais próximas, e logo chegou até países distantes. O relato de como ocorreu isto -como uma insignificante seita proveniente do judaísmo chega a ser uma religião mun-dial - constitui o tema de Atos.

Esquema do livroA visão de conjunto do livro pode ser a seguinte:

Mas recebereis poder, ao descree sobre vós o Espiríto Santo,e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém. Como em toda Judeia e Samaria, e até os confins da terra.62

61Até a destruição de Jerusalém, no ano 70 dC., o cristianismo primitivo, ainda vivía apegado ao templo e seus ritos. Uma das grandes contribuições de Paulo como veremos mais adiante não é só a predigação do evangelho aos gentios, mas também situar a realidade dos cristãos provenientes do judaísmo.

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Este versículo esboça o esquema do livro:Caps. 1-7: Em Jerusalém: os doze e a primeira comunidade.

1:1-5: Prólogo. 1:6-11: Ponto de partida do livro: a ascensão de Jesus. 1:12-26: Reconstrução do primeiro grupo de Apóstolos. 2:1-47: O cumprimento do Pentecostes judeu , nascimento da

primeira comunidade cristã. Caps. 3-5: A Boa nova. Caps. 6-7: Primeira abertura ao mundo grego: Estevão.

Caps. 8-12: De Jerusalém a Antioquia, passando por Samaria. Cap. 8: Felipe em Samaria, Pedro e João no Pentecostes Samari-

tano. Felipe e o etíope. Cap. 9: Chamado de Saulo, para sua missão aos pagãos. Caps. 10-11: Pentecostes pagão, Em casa de Cornélio, fundação

da Igreja de Antioquia. Cap. 12: Detenção e libertação de Pedro.

Caps. 13-15: De Antioquia: Primeira missão de Paulo. Caps. 13-14: Paulo e Barnabé enviados a pregar aos judeus e aos

pagãos. Cap. 15: Reunião em Jerusalém. Caps. 15:36 – 21:16: 2ª e 3ª viajem missionária de Paulo. 2ª Viagem Missionária: Missão em Filipos, Tessalônica, Atenas e

Corinto. (15:36 – 18:22). 3ª viagem Missionária: missão em Éfeso, Trôade, despedida em

Mileto.Caps. 21:17 – 28:31: A morte de Paulo.

21:17 – 26:32: Prisão e julgamento de Paulo ante o Sinédrio, de-pois ante os governantes de Cesaréia, apelação a César.

Caps. 27-28: A atravessia marítima, o naufrágio, o inverno em Malta, a chegada em Roma.

Silêncio abrupto sobre a vida de Paulo.63

De certo modo o livro de Atos pode-se entender como uma biografia autorizada da igreja primitiva, até a chegada de Paulo a Roma, onde como já temos comentado, há um corte abrupto e uma história inacabada.

Os diferentes contextosA aproximação através das distintas realidades (contextos) que concorrem no

livro nos permitirá conhecer mais sobre seu conteúdo e sobretudo conhecer o desenvol-vimento da igreja primitiva cristã.

A. Contexto Político

1. Augusto CésarLucas 2:1 diz que Jesus Cristo nasceu nos tempos do Imperador Augusto César,

cujo reinado transcorreu entre os anos 27 a.C., até o 14 d.C.64 Seu ministério público e

62 Cf., Atos 1:8. Para aquela época o final da terra era o que hoje se conhece como costa da morte, que se encontra na Galácia, norte da Espanha.63 Nossa proposta esquemática, reelaborada a partir de uma leitura do próprio livro de Atos dos Apóstoles. Para ver outra proposta, cf., 3CBSJ, págs. 426-427.64 http://es.wikipedia.org/wiki/César_Augusto.

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sua morte ocorreram nos tempos do Imperador Tibério (14-37 d.C).65 O título de Augus-to se dá no ano 27 aC. Derrotou Marco Antonio e Cleopátra. Recebe poder absoluto de todas as províncias. É o comandante de todos os exércitos. O exército é a base do poder, daí que se chama Império (Poder). Seguiu governando segundo os costumes republica-nos, e entregou aos proconsul o governo das províncias (At. 13:7-8).66

2. TibérioImperador desde 14 – 37 dC.,67 durante o ministério de Jesus. Neste período o

cristianismo ia se enfiltrando paulatinamente no império. Teve um reinado fraco, exceto por alguma campanha militar. Governava nas normas estabelecidas (de forma mecâni-ca). Neste período aparecem os delatores que acusam de qualquier coisa, e Tibério foi vítima deles. Se retirou para ilha de Capri. Neste período as legiões aumentam de po-der. Casado com Mesalina, mulher “má”. Vítima de seus excessos, morre envenenado.68

3. CalígulaAmigo de Herodes Agripa, neto de Herodes o Grande. Governou desde 37 a 41

d.C.69 Neste período começa uma forte expansão do cristianismo no Oriente. Com ele, Palestina recupera seu próprio reinado. Ademais, concede aos reis judeus algumas pro-víncias mais para governar. Morre assassinado pelas legiões pretorianas. Deu a ordem de instalar uma imagem sua (estátua) no templo de Jerusalén, pediram que não adorasse essa estátua, e ele ordenou apesar da petição, mas morreu antes de que se pudesse insta-lar.70

4. CláudioEntre os anos 41 – 54,71 (Atos 18:2) expulsou os judeus de Roma.

5. NeroEntre os anos 54 – 68.72 Neste momento é quando suceden todos as viajens do

apóstolo Paulo. Tem lugar a primeira perseguição cristã por Roma. Condenou a morte Paulo e Pedro.73

6. AnarquiaSucedem as lutas pelo poder, três imperadores se sucedem: Galba, Oto, Vitelio.

Se debatia a sublevação judia no ano 66,74 com fortes perdas para os romanos.

7. Dinastía FláviaVespasiano regressa a Roma da Palestina e é nomeado imperador. Seu

filho Tito, destrói Jerusalém. Vespasiano 69 – 79. Tito 79 – 81. Domiciano 81 – 96.75

65 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Tiberio.66 A. Kuen, Op. Cit, pág. 13.67 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Tiberio. 68 A. Kuen, Idem. 69 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Calícula. 70 A. Kuen, Idem. 71 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Claudio. 72 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Claudio_Nerón_Germánico. 73 A. Kuen, Idem. 74 Cf., http://blogs.periodistadigital.com/marmuerto.php/2008/01/14/p137778. 75 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Dinastía_Flavia.

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Tito, destrói a cidade e o Templo de Jerusalém (70 dC.).76 A perseguição de Do-miciano (81-96 dC.),77 constitui o transfundo do encarceramento de João em Patmos.

9. A administração do império

Segundo A. Kuen, Roma anexou muitas províncias orientais por razões diplomá-ticas ou comerciais. 78 Os administradores locais exerciam o poder sob a supervisão do procônsul ou governador. Roma pratica uma política liberal a princípio, permitindo aos conquistados sem resistência ascender ao poder. Cícero foi governador da Cilícia (Ao norte de Chipre). Plínio o jovem governou a Bitínia. Galião, irmão de Sêneca, governa-dor de Acaia (Procônsul). Sérgio Paulo governou Chipre. Félix em Cesaréia, aberto ao judaísmo e ao cristianismo. Este sentido de tolerância, mostrado por Lucas, facilita a expansão do cristianismo.79

10. A paz romana

A República de Roma lutou pela expansão (guerras púnicas80). Desde 146 a.C., dominava todo o Mediterrâneo, com limites desde o Eufrates até a Espanha, e desde o Danúbio ao Egito. Tinha as fronteiras bem protegidas. Com Augusto os riscos de gue-rras civis praticamente desapareceram. Graças a Pax Romana81 e aos avanços nas vias da comunicação, se podia viajar, pela primeira vez, com facilidade e rapidez por meios terrestres e marítimos. Esta facilidade favoreceria a expansão do cristianismo. Ademais, favoreceria os trâmites o ter uma mesma administração e passaporte assim como a mes-ma língua e as mesmas proteções e direitos em todas as partes.82

76 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Tito_Flavio_Sabino_Vespasiano. 77 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Tito_Flavio_Domiciano. 78 A. Kuen, Op., Cit., págs. 13-14.79 Idem. 80 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Guerras_Púnicas. 81 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Pax_romana. A Paz Romana (em latím, pax romana), chamada tam-bém Pax Augusta, constitui um largo período de paz imposto pelo Império Romano aos povos por ele submetidos. A expressão provém do ato de que a administração e o sistema legal romano pacificaram as regiões que anteriormente haviam sofrido disputas entre chefes, tribos, reis ou cidades rivais (por exem-plo, os intermináveis conflitos entre cidades gregas ou tribos galas). O estado de paz se refería apenas ao interior das fronteiras do império, enquanto se seguia combatendo aos povos da periferia (germanos, par-tos, etc.). Foi um período de relativa calma, durante o qual não houve necessidade de fazer frente as guerras civis do calibre do século I a. C. nem a grandes conflitos com potências estrangeiras, como nas Guerras Púnicas (séculos III e II a. C.). César Augusto fechou as portas do templo de Jano, que permane-ciam abertas em períodos de guerra, quando creu haver vencido a cántabros y astures no ano 24   a.   C. Realmente esta guerra se prolongaría até 19   a.   C. , mas se suele aceitar como data de inicio da paz romana o século 29   a.   C. , quando Augusto declara o fim das guerras civis, e sua duração até a morte de Marco Aurelio (ano 180). Paz romana, período de ordem e prosperidade que conheceu o Império romano sob a dinastia dos Antoninos (96-192) e, em menor medida, sob a dinastia dos Severos (193-235). Marco la idade de ouro do Ocidente e o despertar do Oriente. As fronteiras do Império tiveram sua máxima exten-são no século II. Os romanos dominavam assim boa parte da Europa atual, a totalidade da bacia medite-rrânea, incluindo todo o norte da África, Palestina e Síria, prolongando seu poder ao Noroeste da Meso-potâmia e Assíria até o Eufrates, Ásia Menor e Armenia. No plano institucional, foi um período de equilí-brio. O poder absoluto dos imperadores se exercia com moderação. A segurança das vías de comunicação favoreceu o comércio. Esta prosperidade econômica que se viu nas cidades, que embelezaram e assenta -ram o prejuízo do campo como centros de romanização e de cultura. A paz romana (em espanhol, ‘paz romana’) foi na realidade uma paz armada, porque os imperadores conservaram as fronteiras do Império graças as espadas. As invasões (germanas ao norte e persas ao leste) puseram fim a ‘paz romana’ no sécu-lo III. 82 A. Kuen, Op. Cit., pág. 14.

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B. Contexto geográficoUm dos aspectos importantes para conhecer o significado das Epístolas é aden-

trarmos nos aspectos geográficos que os sustentam. As cenas descritas por Paulo, se desenvolvem em locais geográficos concretos, conhecê-los nos ajudará igualmente a ter a visão geral dos escritos.

1. CidadesNas cidades do Império é onde se desenvolvem a vida política, econômica e so-

cial que se conhecerá no transfundo das Epístolas. Aparecendo o modelo de cidade ro-mana. Cada cidade tinha magistrados, um pequeno senado e assembléia de cidadãos.83 Também aparecem as colônias romanas como Filipos e Corinto, com uma dependência ainda maior. Constam de edificios, paralelepípedo em suas ruas, adornos, iluminação, escolas com luzes, ginásios, banhos públicos, bibliotecas (Alexandria, Atenas). Paulo desenvolveu seu ministério nas cidades, (Jesus não o fez tanto) e foi de cidade em cida-de até que chegou a Roma. A evangelização do mundo antigo em um só geração foi devido ao derramamento do Espírito Santo, em primeiro lugar, e uma formidável rede viária e marítima, em segundo termo.84

2. EstradasEstavam bem pavimentadas e mantidas, e melhor protegidas pelo exército impe-

rial. Isto fazia com que as viajens fossem mais fáceis e seguros que em nenhum dos séculos anteriores e posteriores. Só em época moderna houve melhores meios de comu-nicação. Segundo Atos 28:15, teve que passar pela via Ápia que unia Roma com o sul da Itália. Por ali entrou em Roma. Por eses caminhos, uma pessoa poderia recorrer de 35 a 45 km/dia.85 Supostamente havia perigos a encarar nas viajens (2ª Coríntios 11:26), ladrões em regiões isoladas das grandes cidades.

C. Viagens por marAs viajens por mar eram mais seguras do que as viajens por terra. Antes de Au-

gusto, Pompeu limpou todo o mediterrâneo oriental de piratas.86 A maioria dos barcos eram de mercadorias, mas também estavam preparados para levar passageiros. O navio que levou Paulo de Cesaréia até Roma tinha, segundo Atos dos Apóstolos, 276 pass-ageiros (Atos 27:37).

Para reduzir ao mínimo o risco de naufrágio, o mar estava fechado a navegação desde 11 Novembro a 10 de Março. A maior parte das viajens, so-bretudo de passageiros, se faziam entre 26 de Maio e 14 de Setembro.87

Foi por culpa de um capitão imprudente que não quis fazer caso de Paulo pelo que naufragaram (Atos 27: 9 – 12). Poderíamos considerar os capítulos 27 e 28 de Atos como um autêntico tratado de navegação da época de Paulo.

83 A Kuen, Op. Cit., pág. 15.84 Op. Cit., http://es.wikipedia.org/wiki/Imperio_Romano. 85 A. Kuen, Op. Cit., pág. 16. 86 Idem.87 Idem.

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D. Contexto socialA sociedade estava fortemente hierarquizada.88 No vértice estava o cidadão (civis

romanus), forma parte da cidade, vive nela, exerce seus deveres oficiais, ou representa algo ou inclusive a magistratura. Participa de pleno direito na assembléia do povo (ekk-lesia), por cima da qual está o conselho de estado (boule) composta pelos cidadãos de mais fortuna, a aristocracia. O cidadão está ligado a cidade, a seus cultos pagãos, por isso não se converte facilmente ao cristianismo. O que o cristianismo prega vai contra esse tipo de sociedade.89 Por baixo está o estrangeiro residente (meteko)). Era um ho-mem livre. Não participa nem na administração nem nos ritos religiosos da cidade, o qual não quer dizer que não tivesse fortunas consideráveis. Os judeus formabam parte desta classe social. Os judeus convertidos ao cristianismo eram o esqueleto da igreja primitiva.90

Na parte inferior estavam os escravos. Desprezados, as vezes mais que os ani-mais.91 Muitos desses eram cultos. Se chegava a ser escravo ou bem por nascimento, ou por ser prisioneiro de guerra. Os que estavam qualificados, os punham para trabalhar em sua especialidade. Eram muito numerosos e estavam nas igrejas primitivas (Fl 4:22; Ef 6:5 – 8; Tt 2:9 – 10; 1ª Pd. 2:18 – 25).92

Em 1ª Coríntios 7:21, Paulo exorta a buscar a liberdade, mas nem sempre estava bem. O liberto as vezes estava pior que os escravos.93 Paulo não se opôs frontalmente a escravidão, pois isto houvesse provocado um rechaço fatal do cristianismo por parte da sociedade romana. Entretanto, também disse que em Cristo não há nem livre nem escra-vo; isto favoreceu a abolição da escravidão em certa medida, ao menos no trato.

E. Contexto intelectualDo ponto de vista do desenvolvimento intelectual, é necessário fazer diferentes

aproximações aos textos, eles são:

1. Helenismo Segundo A. Kuen: desde o séc. VII a.C., a influência grega se deixou notar a

todos os países do Antigo Oriente. Mas a ênfase da influência grega sobre outras cultu-ras se fez a partir de Alexandre Magno (356 – 323 a.C.) Com a chegada ao poder na Grécia e sua conquista militar do Oriente próximo e médio, se acelerou o Helenismo, até o séc. II d.C.94

2. O grego: idioma universal da épocaAlguns séculos antes do nascimento de Cristo, cada país mediterrâneo teria sua

própria língua. A evangelização de todas essas regiões teria sido difícil e complicada fazendo-a em todos esses idiomas. Depois das conquistas de Alexandre Magno,95 o gre-go se impôs em todo o Mediterrâneo. No primeiro século, o cristianismo dispõe, para a evangelização, de um idioma único, que permite transmitir a mensagem teológica.

88 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Antigua_Roma. 89 A. Kuen, Op. Cit., pág. 16. 90 A. Kuen, Op, Cit., pág. 16.91 Idem.92 Op. Cit., pág. 17. 93 Idem.94 Idem.95 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Alejandro_Magno.

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3. A filosofia gregaDesde vários séculos, os filósofos gregos atacaram a inércia, a inaptidão, das

noções religiosas transmitidas pela mitologia, desde Xenofonte96 se começa a falar de um só Deus.

Platão no séc. IV a.C., dizia que só existe o mundo das idéias e o mundo mate-rial é uma sombra imperfeita do mundo das idéias, o qual é o único que tem sentido:

Se tem interpretado tradicionalmente o Platonismo como uma forma de dualismo metafísico, as vezes referido como Realismo Platônico ou Exagerado. De acordo com isto, a metafísica de Platão divide o mundo em dois distintos aspectos; o mundo inteligível —o mundo do autêntico ser—, e o mundo que vemos ao nosso redor em forma perceptiva —o mundo da mera apariência—. O mundo perceptível consiste em uma cópia das formas inteligível ou Idéias. Es-tas formas não mudam e só são compreensíveis através do intelecto ou entendi-mento – isto é, a capacidade de pensar as coisas abstratas de como se nos dão aos sentidos.97

Na minha opinião este filósofo grego foi e é o que mais influência teve sobre o pensamento judaico do período inter-testamentário e do primeiro século.

Aristóteles: fala de um deus imaterial, que é o princípio motor do cosmos.98

Epicuro. O mundo é um produto do azar, não tem nem objetivo nem razão. Por-tanto o bem supremo é o prazer do homem, mas o prazer consistia na prática da virtude e no cultivo do espírito. A alma está composta por átomos e se desintegra com o corpo no momento da morte. O homem não deve temer a Deus nem a morte nem ao juízo de-pois da morte. O bem supremo é a ataraxia, a serenidade perfeita e está por cima das

96 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Jenofonte. Nasce em Atenas na segunda metade do século V a. C., nol seio de uma familia acomodada. Sua infância e juventude transcorreram durante a Guerra do Peloponeso (431-404 a. C.), em que participou formando parte das forças equestres. Foi discípulo de Sócrates e escriveu diálogos inspirados em sua pessoa. Durante o governo dos Trinta Tiranos, Jenofonte se uniu a uma expedição de mercenários gregos da Pérsia conhecida como a Expedição dos Dez Mil, contratados pelo príncipe persa Ciro o Jovem (com quem fez amizade), que se enfrentava com seu irmão mais velho Artaxerxes II, o rei da Pérsia. A morte de Ciro na batalha de Cunaxa, a expedição se viu abandonada a própria sorte, de forma que teve que caminhar através de 1.500 km do terrióorio hostil até conseguir vol-tar a Grécia. O relato de Jenofonte sobre esta expedição leva por nome Anábasis e é sua obra mais conhe-cida. Alexandre Magno consultou durante sua invasão a Pérsia este excelente escrito, que o ajudou a tomar sérias decisões no ataque e cerco a diferentes cidades e fortificações. Ao regressar a Grécia, Jeno-fonte entra no servicio do rei espartano Agesilao II, que comandava um corpo expedicionário grego para proteger as cidades gregas da Ásia Menor dos persas (396 a. C.). Entretanto, a aliança grega pronto se rompeu em 394 a. C. teve lugar a batalha de Coronea, onde Esparta enfrentou uma liga de cidades gregas incluindo Atenas. Jenofonte participou da batalha, ao serviço de Agesilao, pelo que foi exilado de sua pátria. Em qualquer caso, os espartanos lhe distinguram primeiro com a proxenía (honras concedidas a um hóspede estrangeiro) e mais tarde com uma propriedade em território alheio, em Escilunte, perto de Olimpia, onde começou a escreve parte de sua prolífica obra. Aqui se uniu a ele sua esposa, Filesia, e seus filhos, os quais foram educados em Esparta. Em 371 a. C. participou da batalha de Leuctra, no qual eles recuperaram os territórios que lhes haviam sido tomados previamente por Esparta,e Jenofonte teve que trasladar- se para Corinto. Na época , o poder emergente de Tebas deu origem a uma nova aliança espartano-ateniense contra Tebas, de forma que ele foi proibido de retornar asua pátria. Entretanto, não há evidência de que Jenofonte retornara a Atenas.97 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Platón, seção metafísica.98 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Aristóteles. seção doutrinas.

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paixões, dos conflitos familiares ou sociais e as lutas políticas.99 Em Atenas, Paulo se encontrou com esta atitude atéia e materialista, igual que hoje nos encontramos com esta idéia (Atos 17:18, 32).

Os filósofos estóicos eram deístas, ensinavam que o universo era governado pela razão absoluta segundo um desígnio preestabelecido. O Bem Supremo consiste em conformar-se com esta razão tratando de superar através de uma vontade estóica os obs-táculos da vida (golpes do destino), e assim acercar-se do domínio da razão, e aceitá-los com apatia.100

A moral estóica é próxima ao cristianismo, mas sua teologia não tem nada em comum, porque o deus dos estóicos tem uma natureza abstrata, não se pode ter co-munhão com ele. Não tem escatologia, não há esperança de sobreviver a este mundo, porque no momento da morte a alma se reintegra a essência divina da que saiu depois de ter passado eventualmente por uma espécie de purgatório purificador.

O estoicismo se adaptou a mentalidade dos romanos e se instalou neles. Teve problemas com o cristianismo por suas idéias teológicas.

Os Cínicos: O homem levava em si mesmo os elementos para ser feliz e conquistar

sua autonomia era de fato o verdadeiro bem. Daí o desprezo as riquezas e a qualquer forma de preocupação material. O homem com menos necessidades era o mais livre e o mais feliz.101

Os céticos. Que insistiam na relatividade de todas as coisas e insistiam e prega-vam a abolição das normas morais e intelectuais. Tudo era relativo.

A diferença dos cínicos, sua doutrina não está baseada tanto na ne-gação da filosofia como na negação da existência de um saber objetivo, neces-sário e universal.Os céticos criam que tudo é tão subjetivo que só é possível emitir opiniões.102

F. Contexto religiosoDiferentes realidades religiosas conformam o contexto religioso da época, ress-

altamos as seguintes:

1. O Panteão GrecolatinoA religião grega oferece desde o princípio indissoluvelmente, unida a sociedade

em seus distintos niveis. Na época clássica se chega de fato a formas de religião de Es-tado as que o anelo individual opõe a cultos esotéricos — os «mistérios» — de variada procedência. São muitos os deuses adorados. (Cf., At 19:34).

2. Culto ao imperadorAlexandre Magno, exigiu em vida, as honras que se davam aos deuses ainda que

não se declarou divino. Posteriormente, os reis Seleucidas e os Tolomeus reivindicaram para eles a natureza divina. Atribuíam títulos como o de Senhor (kirios), Salvador (so-ter), manifestação da divindade (episfanes).103

99 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Epicuro. 100 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Estoicismo. 101 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Cinismo. 102 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Escepticismo.103 A. Kuen, Op. Cit., pág. 20.

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Pronto insistiu em que todas as divindades de toda a mitologia grega tinham sido reis e rainhas, conquistadores. O tinham feito tão bem que os homens em gratidão os adoravam como deuses. Se o adorava agora como deuses porque primeiro foram reis, por que não deveria adorá-los estando vivos? Esta idéia rondava até a época de Cristo.104

3. Cultos de mistérioNem os deuses antigos gregos, nem o culto ao imperador, nem a fina filosofia de

alguns atraíam ou satisfazia uma boa parte do povo que queria escapar do destino e en-trar em uma relação pessoal com a divindade.

Entretanto, as chamadas religiões de misterios,105 se permitiam de alguma manei-ra responder a essas aspirações de perdão, de segurança, que os anteriores não ofere-ciam. O contato com os povos do oriente permitiu conhecer certos cultos interessantes, como o de Cibeles no oriente; de Ísis, Osíris, Serapis no Egito; o culto de Mitra na Pér-sia com o domingo e o culto ao imperador e ao sol.

4. JudaísmoO judaísmo, entre as religiões do Império, ocupa um lugar aparte, sobretudo por

seu monoteísmo absoluto, moralidade rígida e sua grande capacidade para fazer segui-dores, questões estas, que não tinham as outras.

A. Kuen, comenta:

Depois da queda do reino de Israel em mãos dos Assírios, (reino do norte), os judeus se dispersaram por toda a costa do Mediterrâneo. Séculos depois, com Alexandre Magno, suas conquistas e o helenismo favoreceram os intercâmbios comerciais.Os reis Seleucidas e os Tolomeus animaram também a estabelecer-se em suas colônias, a oferecer-lhes cidadania, assim como isenção de impostos a alguns imigrantes empreendedores. Muitos judeus aproveitando essas vantagens se instalaram em novas colônias. No Egito, há estudos de que 1/8 da população era judaica. Em Alexandria viviam mais de 2 milhões de ju-deus, um grande setor da cidade estava ocupada por eles.106

Eram praticamente autônomos, tinham seu magistrado, governador, seu Sinédrio. Assim que é normal que Jesus e seus pais marchassem ao Egito na fuga de Herodes. Eram numerosos os judeus na Síria, em Damasco, e em todas as regiões da Ásia menor (Anatólia). Em Atos 2:8 – 11 vemos que há muitos judeus de todas partes do mundo conhecido então.107

Os imperadores romanos, lhes protegiam muito, e lhes concederam certos privilégios que acentuavam sua particularidade,como moedas especiais, isenção do serviço militar, etc. A tradução dos LXX, os cultos ao ar livre ou na sinagoga com orações, cantos de salmos, suas noções religiosas e éticas, eleva-das, muito superiores a tudo o que o mundo antigo conhecia e oferecia, atraiu muitos pagãos ao judaísmo. Daí que em toda a diáspora encontramos proséli-tos (circuncidados). Também estão os varões temerosos de Deus (não circunci-dados) mas que assistem a sinagoga (Atos 2:10), romanos residentes, judeus

104 A. Kuen, Op. Cit., pág. 20. 105 Se qualifica como religião misteriosa aquela que apresenta mistérios que não se consegue explicar. As razões para esta negativa a explicar os detalhes da religião podem ser variados. Desde razões de defesa da própria comunidade ante represálias de coletivos majoritários, proteção de interesses pessoais, a vivên-cia de pertencer a uma sociedade exclusiva, ou simplesmente a impossibilidade de explicar racionalmente essas datas relacionados com a religião. Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Religião_misteriosa. 106 Op. Cit., pág. 22. 107 Idem.

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como prosélitos; Atos 8:27 o etíope que veio adorar; Atos. 13:43; Atos 10:1, 2 (Cornélio); 16:14; 17:4; 18:6.108

Os hebreus se esforçavam, lutavam para manter a toda custa a língua hebréia ou aramaica, falavam com seus filhos em aramaico. E inclusive na diáspora, quando não se falava esta língua, o faziam em casa. Exemplo de Paulo (Filipenses 3:5, circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel… Hebreu dos Hebreus… enquanto a lei, Fariseu). Nascido em Tarso da Cilícia. Criado em Tarso mas instruído aos pés de Gamaliel no conhecimento da Lei (At. 22:3). As citações que encontramos de Paulo provam que conhecia muito bem a LXX e o Texto Hebreu.

Se converteram pessoas pertencentes a ambos os grupos. Uma vez feitos cris-tãos, intentaram viver a nova religião, sem poder evitar que as vezes surgiram as origens de cada um (At. 6:1 Naqueles dias, como crescera o número dos discípulos, fez murmu-rações dos gregos contra os hebreus…).

ConclusãoO começo da pregação do Evangelho começou neste contexto. Gálatas 4:4 diz

que quando chegou o tempo, gr: kairos, Deus enviou seu desígnio de proclamar a men-sagem de Salvação para toda a humanidade. Isto inclui a unificação do Império que fa-voreceu a pregação, as boas vias de comunicação, o uso de uma língua internacional, e a difusão enorme de idéias filosóficas e religiosas. Foram vias de penetração ao cristia-nismo.

Haviam fracassado as antigas religiões que imporiam medo ante os demônios. O fracasso do destino influiu para que a mensagem fosse aceita.

Para poder conhecer o contexto histórico-teológico das Epístolas de Paulo, é necessáario, adentrar nos diferentes contextos históricos descritos nos Atos dos Apósto-los, mas desta forma ter uma base real de como se desenvolve o conteúdo de cada um delas.

108 Idem.

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Perguntas para a lição

1. Porque dizemos que o livro de Atos dos Apóstolos é um livro histórico e as Epístolas não?

2. Indique os três argumentos, que dispomos, para identificar Lucas como o au-tor do livro dos Atos dos Apóstolos.

3. A que se propôs Lucas ao escrever o livro de Atos?

4. Pode considerar o livro de Atos dos Apóstolos como uma biografia autorizada da igreja primitiva?

5. Quais eram as classes e estamentos da sociedade romana? Quais eram os limi-tes do Império Grego na Época de Alexandre e seus sucessores?

6. Quais eram os valores supremos do helenismo? Quais eram os títulos divinos que se atribuíam aos reis Seleúcidas e Tolomeus?

7. Quais eram as três características do judaísmo que não teriam as outras reli-giões do império?

8. Dentro da autonomia que o império concedia ao judaísmo quais as três carac-terísticas que identificam sua autonomia?

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LIÇÃO 3: A VIDA DE PAULO

I. Introdução As epístolas de Paulo são o reflexo da experiencia vivida do autor, muitas das

expressões refletem sua própria personalidade. Tampouco há de duvidar, que cada uma dessas catorze Epístolas representam um episódio da sua vida, desenvolvendo dentro do marco das viagens e peripécias. Antes de abordar o estudo das Epístolas paulinas, é útil aprofundar no itinerário espiritual de Paulo e as grandes etapas de seu ministério. Duas grandes etapas podemos identificar: Saulo o judeu (antes de sua conversão) e Paulo o cristão (depois de sua conversão).

II. Saulo de Tarso: o judeu Leitura recomendada: Atos 9:11; 16:37; 21:39; 23:3, Filipenses 3:5Saulo de Tarso. Origem familiar. Sua infância e sua adolescência. Saulo como rabino.

A. Origem familiar Paulo nasceu em Tarso, cidade de certa importância, situada na Cilícia, ao norte

do que hoje é o Líbano, ao sul da Turquia. Era um centro de comunicações importante, por ali passavam as rotas do Egito a Babilônia. Era uma grande cidade da antigüidade depois de Alexandria e Atenas.109 Importante sede da vida filosófica e religiosa. Segun-do Estrabon, os de Tarso era um povo bem formado, tanto culturalmente como nas ar-tes.110 Suas universidades eram mais numerosas que os centros de Atenas e inclusive que os de Alexandria. A cidade teria um importante comércio, dirigidos por uma ampla população burguesa. Perto do porto havia uma estátua gigantesca dirigida a Sardanápa-lo, com uma inscrição que dizia: Come, bebe e alegra-te, o resto não tem importân-cia.111

Saulo pertencia a uma família judia ortodoxa. Isso o afetou somente indireta-mente, esse ambiente cultural, religioso e moral. Estes judeus hebreus não se mescla-vam com outros povos facilmente. Provavelmente cursou estudos na universidade, deve ser depois de sua conversão (At 9:30; 11:25).

B. NascimentoAtos 7:58: e achando fora da cidade… aos pés de um jovem (neanias) chamado

Saulo. Filemom 9: Mais bem te rogo… já ancião. Aqueles que apedrejaram Estevão puseram seus vestidos aos pés de um homem jovem chamado Saulo. A palavra é nea-nias, isto refere a um homem entre 20 e 35 anos. Podemos pensar mais para os 20, por-que Paulo não tem nenhum contato com Jesus. Inclusive quando persegue aos cristãos, era membro do Sinedrio.112 Provavelmente da idade de Jesus ou um pouco menos. Para outros autores devia ter quase 30 anos,113 isto foi depois do apedrejamento de Estevão.

109 DB, pág. 1131. 110 A. Kuen, Op. Cit., pág. 25.111 Idem.112 DIB, pág. 592, entrada Sinédrio: O Sinédrio, integrado por líderes religiosos dos judeus, chegou a ser o corpo de máxima autoridade em assuntos religiosos em tempos neo-testamentários113 Cf., http://christusdominus-lvm.blogspot.com/2008/01/ao-santo-paulino_25.html.

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Na Epístola a Filemom datada no ano 62,114 ele se qualifica de ancião presbíte-ro,115 ancião de idade, Estas duas indicações nos dizem que nasceu mais ou menos a vez que Jesus, talvez, entre 2 a 4 anos mais jovem.

C. Sua famíliaFilipenses 3:5; Romanos 11:1; 2ª Co. 11:22; At 23:16.Circuncidado ao oitavo dia, Fariseu, Israelita da tribo de Benjamin, descenden-

te de Abraão. O padre de Saulo, era um judeu hebreu da tribo de Benjamin, fariseu. Sua família devia ter uma situação acomodada. Uns 15 anos antes de que Saulo nascera lhe foi retirada a cidadania romana a todos os cidadãos de Tarso, mantendo somente aqueles fazendeiros e ricos.116 Portanto Saulo devia pertencer a uma familia assim. Pede sau-dação (Romanos 16:7) de Andronico e Ajunia, seus parentes e companheiros em prisões em Roma. Era uma família estendida.

O sumo sacerdote lhe encarregou uma tarefa importante (At 9:1 – 2), a de perse-guir os deste caminho para traze-los a Jerusalém. Isso indica a confiança do sumo sacer-dote (At. 22:15). Deveria pertencer a famílias influentes.

De Atos 23:16 sabemos que tinha uma irmã e um sobrinho em Jerusalém. O so-brinho se informa do complô para matar Saulo, e vai a Félix para contar, e este põe uma guarda de 200 homens a cavalo.

D. Hebreu filho de hebreusSegundo a progressão em 2ª Co. 11:22 temos: Hebreu, Israelita, descendente de

Abraão. Em Atos 6:1 vemos que a palavra hebreu se opoe a helenista ou grego. Os he-breus eram as famílias nas que as tradições palestinas se mantinham de forma fiel, assim como o uso do aramaico. Na diáspora, a maior parte das familias judias falava o grego, liam a Bíblia na versão dos LXX. Mas os hebreus assistiam a certas sinagogas onde a Escritura somente se liam em hebraico. Pelo contrário, os helenistas tinham suas pró-prias sinagogas inclusive em Jerusalém (Atos 6:9). O hebraico era a língua materna de Saulo (Cf., Atos 21:40; 22:2; 26:14).

E. O que implica a permanência de Saulo aos fariseus?Fariseu, o nome deriva de uma raíz que significa: separado, os fariseus deplora-

vam as influências gregas, ainda que muitas de suas crenças eram propriamente gregas. Mantinham as leis sobre o dia de repouso, os jejuns, os dizimos ou forma de dizimar… e aceitavam a tradição oral ao mesmo nível que a tradição escrita (Marcos 7:5: tradição dos anciãos)

Em tempos de Paulo, os fariseus estavam divididos em duas escolas com tendên-cias diferentes, a de Samai e a de Hilel, mais liberal representada esta pelo neto, Gama-liel. Hilel resumiu a lei nesta frase: não faças aos demais o que é desprezível, o demais são comentários. 117

F. Cidadão RomanoAtos 16:37; 22:25 – 28; a era do nascimento; Atos 25:12, 16.Paulo herdou a cidadania de seu pai (Atos 22:28). Mas, seu pai não a comprou

tampouco, muito menos sendo fariseu. Há várias hipóteses:Segundo Atos 18:3, e como ele era do mesmo ofício, permaneceu com eles, e

trabalhavam juntos, pois o ofício deles era fazer tendas. Provavelmente aprendeu em

114 Cf., a cronología apresentada na lição 4: IV, datas que serão utilizadas em todo momento.115 Cf., Hch 7:58, Fl 9.116 A. Kuen, Op. Cit., pág. 26. 117 Cf., R. Gower, Novo Manual de usos e costumes, (Michigan: Editorial Portavoz, 1990), pág. 82.

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sua casa paterna. Tarso era famoso por suas telas de cilício a partir de pêlos de cabra. 118 Daí o nome de Tarso de Cilícia. Era fabricante de telas, e pudesse ser que um fabricante de telas fosse muito útil a um general em momentos de guerra. Sabe-se que tanto um como outro, um geral ou um procônsul, podiam conferir o título de cidadão romano em troca de serviços prestados.119

O pai de Paulo talvez tenha sido um escravo em Roma, da célebre família pau-lus, que o havia liberado,120 e eles haviam lhe dado o direito de cidadania em compen-sação por todos os serviços prestados. Lembrando de seu libertador, o pai de Saulo ha-veria acrescentado a seu filho o nome de Paulus acrescido a Saulo, posto por pertencer a tribo de Benjamin, em memória de Saul. Era frequente ajuntar o nome judeu que fizesse menção de sua ascendência.

Na luta entre Otávio e Marco Antonio contra Cássio e Bruto, Tarso tomou parti-da pelos primeiros. Mas teve que render-sera Bruto e Cássio nessa fase da guerra, a ci-dade teve de pagar um fortíssimo imposto de guerra como castigo, que a maior parte das pessoas não puderam pagar. Por não pagar, muitos de seus cidadãos foram declarados escravos e levados a Roma. Então, conta Apio,121 que quando essa comitiva de escravos de Tarso chegou a Roma, Otávio e Marco Antonio, haviam dominado a situação e de-rrotaram Bruto e Cássio, e os escravos foram libertados, e em recompensa por sua leal-dade, receberam a cidadania romana. Era a família de Paulo uma delas?

A Pompeu, no ano 60 aC. coube a conquista das terras orientais.122 Fez uma lim-peza de piratas no mar, e Tarso ajudou a limpar essa zona de piratas. É possível que os pais de Saulo tiveram a cidadania desde esse momento e puderam pagar o imposto de guerra, e conservá-la. Ou a tiveram, e a perderam pelo imposto, e a voltaram a recuperar em Roma.

III. Infância e adolescência

A. InfânciaSegundo as tradições rabínicas, um hebreu devia começar a ler a Escritura aos 5

anos. Aprender a Mišná aos 10, e observar os preceitos aos 13, e finalmente estudar o Talmude aos 15.123 O jovem Saulo provavelmente devia falar quatro línguas, o aramai-co da família, o hebraico das Escrituras e na sinagoga, o Grego e o Latim pelo ambiente onde viveu.

O Seferin124 lia as Escrituras, e os meninos repetiam o lido. Depois aprendiam a ler e escrever em Papiro. Na zona onde estava, perto de Pérgamo, o pergaminho co-meçava a desenrolar. No sábado se lia normalmente na LXX exceto que se estivesse em uma sinagoga hebraica, o qual no caso de Paulo era muito provável.

Aos treze anos125 já deveria conhecer a história do povo Judeu, os Salmos e os Profetas. Quando já se sabia isso, é quando segundo Romanos 7:9 diz: eu sem a lei… o menino se chamava filho da lei.126 Isto se fazia em uma cerimônia.

118 Cf., http://christusdominus-lvm.blogspot.com/2008/01/ao-santo-paulino_25.html. 119 A. Kuen, Op. Cit., pág. 28.120 Idem.121 Apio en Guerra civil, IV 64.122 A. Kuen, Op. Cit., pág. 28.123 Cf., http://www.iglesia.cl/especiales/mesbiblia2006/articulos/vidaoculta.pdf. 124 O encarregado dos rolos (seferim), na Sinagoga. 125 R. Gower, Op. Cit., pág. 63. 126O episódio de Jesus no Templo, tem a intenção de mostrar que estava deixando a infância (cf., Lc 2:41-49) Foi a última vez que assistiu a Páscoa como menino. Apenas depois dos treze anos podia ser membro fundador da sinagoga.

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B. Estudos rabínicosSegundo Atos 22:3, eu de certo sou judeu…criado nesta cidade (Jerusalém),

instruído aos pés de Gamaliel. Paulo muda para Jerusalém entre os 12127 e 15 anos, para ser instruído ali. Dentro do farisaísmo, era liberal, mas não deixou de ser fariseu.

Pelo que diz a Bíblia de Gamaliel, vemos que não era estreito de mente (At. 5:34). Saulo nem sempre o seguiu (At. 8, a perseguição). Este ensinamento implicava um método, como a analogia, os paralelismos, comparações, etc. Paulo tem essa in-fluência em suas Epístolas.

Regressa a Tarso onde aprende o oficio de tecedor de tendas. Gamaliel dizia que o estudo da Torah é excelente, mas deveria ser combinado com o trabalho manual, por-que diz que a Torah sem trabalho, não alcança seu objetivo. Dizia que um judeu que não ensina seu filho a trabalhar, está ensinando seu filho a roubar, fazendo uma exegese comparativa com o provérbio de Salomão: instrui a criança no caminho que debe an-dar, quando for grande não se desviará dele.

Os rabinos não eram pagos somente para ensinar na sinagoga, deveria trabalhar para manter-se, ao menos parcialmente. Segundo Atos 18:3 diz que era tecedor de ten-das. As tendas eram feitas com pêlo de cabra. Estas tendas eram vendidas a nômades, e aos exércitos da Ásia Menor e Síria.

C. Saulo rabinoUma das questões comentadas entre os crentes é que Saulo era solteiro, talvez por

simples inércia e não por razões histórico-culturais judias, vejamos como é apresentado nos textos:

a) Em 1ª Co 7:7 – 8, diz: quero que todos os homens sejam tais como tam-bém eu sou… e aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se perma-necessem no estado em que também vivo…

b) Em Atos 26:10… dava o meu voto. Saulo, para dar voto, tinha que per-tencer ao Sinédrio.128

Segundo o primeiro texto, Saulo não estava casado. Tem que ter em conta que fala de viúvas, é possível que fosse solteiro, ou viúvo, ou que nesse momento não esti-vesse casado.

127 R. Gower, Op. Cit., pág. 83: O rei seléucida responsável pela escola grega em Jerusalém foi derrotado em batalha no ano 164 aC. Os hasidim, que começavam a ser conhecidos como fariseus, conduzidos por Simeão ben (filho) Shetah, insistiram que desde aquele momento todos os rapazes judeus asintieran a “a casa do livro” para que tivessem uma educação judaica. Esta devia ser dirigida por um mestre pago pela sinagoga. Os mestres deviam ser homens casados e de bom caráter. A educação superior se poderia con -seguir em uma “casa de estudo”. Esta escola era um adjunto ao templo, e ali foi encontrado Jesus quando tinha doze anos. A lei tradicional era ensinada desde a idade de dez anos até os quinze, e depois disto la lei judaica. Os meninos mais brilhantes, como Paulo, podiam ir a Jerusalém a uma escola da lei. Se senta -vam aos pés dos grandes mestres quando esses assistiam às reuniões do Sinédrio. O parênteses é meu.128 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Sanedrín. O Sinédrio (סנהדרין) era uma assemblea ou conselho de sábios estruturados em 23 juízes em cada cidade judia. O grande Sinédrio –por sus vez- era a assembleia ou corte suprema de 71 membros do povo de Israel. O Sinédrion funcionava como um corpo judicial, cuja jurisdiçã não se limitava somente a assuntos religiosos, mas também ao âmbito civil. O Sinédrio funcio -nou durante a época da dominação romana em Israel, desde a etapa final do Segundo Templo de Jerusa-lém e até o século V. Era dirigido por um sumo sacerdote, supeditado ao anterior. Como governo religio-so tinha seu cargo: Fixar a doutrina religiosa judaica; estabelecer o calendário de festas. Regularizar a vida religiosa do país. Como governo político: Elaborar e aprovar leis, Verificar o cumprimento do marco legal. Julgar os delitos. Estes poderes estavam limitados pelas autoridades romanas. Assim se o Sinédrio condenava uma pessoa à morte, tal sentença só poderia ser aplicado se tivesse autorização dogovernador ou procurador romano.

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Para que Saulo pudesse dar seu voto, tinha que ter direito sendo membro do Si-nédrio. Segundo o regulamento do Sinédrio,129 um solteiro não poderia fazer parte do tribunal dos judeus. Todos tinham que estar casados e ter filhos. Este texto do Sinédrio foi redigido depois de Paulo, pelo Rabí Aquiba. Talvez não estivesse em vigor nos tem-pos de Paulo. Se tomamos a parte da viúvas, talvez se ponha ele como exemplo de viú-vo. Em 1ª Co 7 dá uma série de conselhos como quem conhece os deveres recíprocos do matrimônio por experiência. Podemos deduzir que esteve casado em algum momento.130

IV. Segunda estância em JerusalémSaulo deixa Tarso e volta a Jerusalém, para ocupar uma função mais importante

que em Tarso, foi nomeado schaliah do sumo sacerdote, isto é o enviado (prelado) do Sumo Sacerdote, com funções especiais para o Sinédrio. Deram cartas de recomendação (2ª Co 3:1 mencionam sua existência).

Os Cilicianos,131 igual a outros judeus da diáspora, tinham suas próprias sinagogas em Jerusalém. Foi Saulo Rabino de alguma delas? Era Saulo um judeu da Cilícia dos que se fala em Atos 6:9, dos que estavam em Jerusalém discutindo com Estevão? É pou-co provável porque o texto diz que eram helenistas, e Saulo diz que era hebraica. Nesta estância em Jerusalém participou na morte de Estevão (At. 7:52; 8:1). Portanto também teve que ouvir sua mensagem.

A. Primeiros Contatos com o CristianismoOuviu falar dos cristãos através de Estevão, o qual duas testemunhas falsas (At

6:13) o acusaram de falar contra o templo e a Lei. Para um judeu isto era uma apostasia. A Lei era o centro da nação judaica. Saulo não poderia tolerar uma brecha assim no seio da nação. Tem o precedente dos Macabeus, entre outros e decide atuar fortemente. O contexto hebraico para a atuação de Saulo encontramos em Deuterônomio 21:23, ratifi-cado em Gálatas 3:13, somente alguém maldito por Deus pode ser pendurado em um madeiro (Ga 1:13; Fl 3:6). Paulo era irrepreensível quanto a lei.

A atitude de Estevão em seu martírio marcou profundamente a Saulo, o que nos leva a pensar que que fez, foi por ignorância (1ª Tm 1:12, 13; At. 26:9 – 11).

B. Sua conversãoCircunstâncias de sua conversão (Atos 9:1 – 8; 22:3 – 15; 26:9 – 18).Saulo queria extirpar a heresia cristã introduzida no Judaísmo, como se propaga-

va com grande velocidade, decidiu faze-lo, e não somente em Jerusalém, senão em toda a diáspora. Como pode intervir em Damasco um enviado do Sinédrio? Dos altos de Go-lán se vê Damasco. Segundo 2ª Co 11:32, o governador de Damasco estava com Aretas. Este era o rei dos Nabateus, era favorável aos judeus (At 9:23, 24), e cooperava com estas ordens. Em tempos dos Macabeus, os romanos (1ª Mb 15:23 – 24) deram direitos de extradição para fora da Palestina. Os saduceus mantiveram este direito.132

Saulo se converte por uma intervenção divina. Segundo Fl 3:12, foi conquistado por Cristo (1ª Co. 15:5 – 8). Foi uma manifestação direta de Cristo. Saulo contesta: Senhor! Que queres que eu faça? Isto denota sua mentalidad farisaica. Mas Jesus não contesta como Paulo esperava, senão que vá a Damasco. Aqui vemos a inutilidade do pensamento da salvação através das obras, e sim pela graça de Deus.

129 Cf., Sanedrín 36b.130 Para ver otra postura cf., http://www.apologeticacatolica.org/Varios/Varios13.htm. 131 Cf., http://www.seminarioabierto.com/historiant14.htm. 132 Cf., A. Kuen, Op. Cit., pág. 33.

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C. Paulo cristãoLer Atos 9:1-18; 22:3-15; 26:9-18.Antes de começar a viajar. Segundo Atos 9:20 começou a pregar a Cristo nas

sinagogas. E Gálatas 1:12 – 18 nos diz que: passaram três anos até que voltasse a Jeru-salém para falar com Pedro. Sua pregação foi imediata, porque conhecia a mensagem mas não a compreendia. Lhe faltava o encontro com Jesus. Em Gálatas. 1:17 diz: …mas partir para as regiões da Arábia. A atividade de evangelização foi diferente dos apósto-los. Esteve na região sul de Damasco, zona habitada da Arábia, e não o interior onde não havia vida. Aqui temos que aplicar Atos 9:22. Resolveram matá-lo e sucede o epi-sódio quando o descem pelo muro pendurado em um cesto.

Paulo finalmente é acolhido pelos cristãos em Jerusalém com certa reticência. Barnabé o introduz no círculo dos apóstolos (At. 9:26, 27). Somente viu Pedro e Tiago irmão do Senhor (Ga 1:18). Os três anos mencionados ali, são entre Da-masco e Arábia. Sua primeira intenção é evangelizar os judeus helenistas (Atos 9:29) mas procuravam matá-lo. Um dia, enquanto orava, em uma visão o Senhor lhe disse que sua missão não tinha grande interesse em Jerusalém, e foi enviado a pregar aos gentios (At. 22:17 – 21).Depois desta instância, vendo que havia um complô contra Paulo, os crentes o

levaram a Tarso. Se relaciona de novo com a filosofía grega, (Me fiz grego para os gre-gos), aprende sua forma de pensar para poder falar-lhes.

Esta instância ali, prolongou aproximadamente uns 14 anos, e assim evangelizou as regiões próximas, Síria, e Cilícia (deduzido de Gálatas 1:21; 2:1). Passou algumas peripécias nesta época, descritas em 2ª Coríntios 11:23 – 27. Teve um ministério em Antioquia, Atos 11 (em Síria). Barnabé foi posto com Paulo perto da visão que teve, para ir pregar aos gentios, e foi com ele. Ali em Antioquia teve um ministério do ensina-mento, ao estilo rabínico, foi onde os chamou cristãos por primeira vez.

Dali voltou a Jerusalém, onde tem mais contatos e é aceito por todos. É o mo-mento de trazer a ajuda aos irmãos de Jerusalém. Todavia não é apóstolo. Conversa com Pedro, Tiago e João (Gálatas 2:9) ao chegar ali, recebe a aprovação dos apóstolos para o ministério. Seguindo seu itinerário volta as regiões pagãs, Paulo começa a ter proble-mas, acerca da circuncisão. Isto foi motivo de que se fizesse o concílio de Jerusalém (Atos 15).

V. Depois da sua conversãoAntes de que Paulo começasse suas viajens missionários, dispomos de certas refe-

rências bíblicas que nos dão alguns dados interessantes, sobre diferentes atividades: 1) Passou alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco (cf., At

9:19).2) Em seguida se pôs a pregar nas sinagogas de Damasco que Jesus era o Filho

de Deus (cf., At. 9:20).133 3) Passados alguns dias, os judeus o sentenciaram a morte (cf., At. 9:23-25),

sua vida é protegida e sai de Damasco. 4) Primeira viajem a Jerusalém depois de sua conversão (At. 9:26.)5) Atos 12:25. Quando Paulo e Barnabé marcharam e levam consigo João, de

sobrenome, Marcos. Começa sua primeira viajem missionária (Atos 13). É o momento em que impoem-lhes as mãos.

133 Fizemos esta resenha pela importância de situar o verdadeiro sentido. A RV 1960 diz, que Paulo pre-gava a Cristo (…) dizendo que era o Filho de Deus . Sem que tenha nenhuma importância doutrinária, nem afeta a doutrina bíblica da Trindade, no texto grego não diz Cristo, e sim Jesus.

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VI. Primeira viagem missionária (Atos 13-14)Atos 13-14.

Itinerário:1. Misisão de Paulo e Barnabé. 2. Seu apostolado em Chipre: conversão do pro-

cônsul Sérgio. 3. Em Perge João Marcos volta a Jerusalém. 4. Pregação em Antioquia; resultado: perseguição dos judeus. 5. Ministério em Iconio. 6. Cura de um coxo em Lis-tra, entusiasmo do povo; discurso de Paulo, apedrejamento do Apóstolo. 7. Pregação em Derbe. 8. Regresso a Antioquia.

Enquanto estava em Antioquia pela segunda vez, Paulo recebeu um chamado que o iniciou em suas grandes viajens134 missionárias para a Ásia Menor e Europa, o que significou o título de apóstolo aos gentios. Quando alguns dos membros da igreja esta-vam ministrando... ao Senhor, e jejuando", receberam do Espírito Santo a ordem de separar Paulo e Barnabé para uma obra especial (At. 13:2). Assim fizeram, com jejum e oração; e logo, dirigidos pelo Espírito Santo, os apóstolos sairam para sua primeira viajem missionária, acompanhados por João Marcos (vs 3, 5). Foram a Seleucia, o porto de Antioquia, e ali tomaram um barco para Chipre (At. 13:4).

A. Chipre Enviados pelo Espírito Santo, foram a Seleucia e chegados a Salamina,135 na

costa oriental da ilha, começaram a pregar nas sinagogas judias (At. 13:5) como era o costume de Paulo (cf. 9:20; 17:1, 2; 18:4; etc.). Logo atravessaram Chipre136 de leste a oeste e chegaram a cidade de Pafos (13:6), sede do procônsul ou governador romano da ilha, Sergio Paulo, um homem prudente e de discernimento (v 7), a quem frequentava um judeu de nome Barjesus ou Elimas,137 que era um charlatão e mago (vs 6, 8). O go-vernador ouviu o da pregação de Paulo e Barnabé e, desejando ouvir o evangelho, os chamou (v 7). Temeroso por perder a influência que podia ter sobre o governador, Bar-jesus se opôs aos apóstolos na presença dele (v 8), pelo qual Paulo (aqui se chama "Pau-lo" pela primeira vez), cheio do Espírito Santo fixou seus olhos no mago e o condenou duramente por representar mal a Deus e opor-se a ele, e predisse que ficaria cego tem-poráriamente o que se cumpriu em instante (At. 13:9-11). Este notável incidente con-venceu o governador da verdade do evangelho e o aceitou (v 12).

B. Perge Depois de sua estada em Pafos.138 Paulo e seu grupo embarcaram para Perge (At.

13:13), uma cidade perto da costa da Ásia Menor, em direção noroeste de Pafos. Aqui João Marcos, sem dúvida desanimado pelas dificuldades e as penúrias, os abandono e voltou a Jerusalém (v 13).

134 DB, pág. 869.135 Salamina era uma cidade marítima importante, situada na costa oriental de Chipre, uns 200 km., ao sul de Seleucia. Mais tarde se chamou Constancia. HB, pág. 544.136 Chipre é a maior ilha da região oriental do Mediterrâneo, em um ângulo formado pelos litorais de Siria e da Ásia Menor, ambos distante uns cem quilômetros. HB, pág. 543. 137 DB, pág. 542.138 Pafos, ao extremo sudoeste da ilha a uns 150 km., de Salamina, era a residência do procônsul romano, é a atual Baffo. HB, pág. 544.

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C. Antioquia da Pisídia Paulo e Barnabé continuaram até Antioquia da Pisídia (At. 13:14), uma cidade a

uns 160 km ao norte de Perge, nos montes Tauro.139 E entrando o sábado na sinagoga tomaram assento (nos bancos destinados aos estrangeiros) e depois que terminou a leitu-ra da Lei e os Profetas,140 Paulo pregou acerca da ressurreição de Jesus (vs 15-41). O sermão impressionou tanto aos presentes que pediram que pregasse aos gentios no sába-do seguinte (v 42). Nesta ocasião se ajuntou quase toda a cidade para escutar o evan-gelho (v 44). Isto despertou os zelos e a oposição dos judeus (v 45); por isso Paulo de-clarou que, como isso desprezavam a salvação, ele pregaria aos gentios (vs 46-47) Não se sabe quanto tempo trabalharam Paulo e Barnabé nesta região. Mas foi o suficiente como para que toda a zona que rodeava a cidade conhecesse o evangelho (At 13:49). Seu êxito despertou finalmente a ativa oposição dos judeus, que lograram que os magis-trados os expulsaram da cidade (v 50).

D. Icônio, Listra e Derbe A leste sudeste de Antioquia estava Icônio, o seguinte lugar onde trabalharam

Paulo e Barnabé. Seus esforços vieram coroados por um grande êxito (At 14:1), e prega-ram nessa cidade muito tempo apoiados pelo testemunho de sinais e prodígios milagro-sos (v 3). Mas os judeus que haviam rechaçado sua mensagem conseguiram que muitos gentios se voltassem contra Paulo e Barnabé, e dividiram a cidade nos dois lados (vs 2, 4). Finalmente fizeram planos de usar a violência contra os apóstolos (v 5). Ao saber disso, fugiram de Listra e Derbe, cidades de Licaônia (At 14:6; cf., Mt 10:23). Em Lis-tra, Paulo sarou um homem que havia sido inválido toda sua vida (At. 14:8-10). Este milagre levou aos habitantes supersticiosos a crer – talvez por algum antigo mito que descrevia aos deuses Zeus (Júpiter) e Hermes (Mercúrio) em suas visitas a essa parte do mundo - que Barnabé e Paulo eram Júpiter e Mercúrio (At. 14:11- 12). Se prepararam para oferecer-lhes sacrifício, e somente com grande dificuldade Paulo pode convence-los de que não o fizessem (vs 13-18). Em Listra, os labores dos apóstolos terminaram quando os judeus inimigos de Antioquia e de Icônio levantaram uma multidão que ape-drejou Paulo e o arrastou fora da cidade como morto (At. 14:19). Conservado milagro-samente, reanimou e entrou de novo na cidade, mas saiu dela no dia seguinte, acom-panhado por Barnabé (v 20). Depois Paulo e Barnabé trabalharam em Derbe, onde tal-vez permaneceram um tempo, porque ali fizeram muitos discípulos (At. 14:20-21).

E. Regresso a AntioquiaAt. 15:1-35, cf., Ga. 2.

139 Idem. 140 HB, pág. 165: As sinagogas eram no geral, edifícios retangulares divididos interiormente em partes por colunas; além disso a porta de fachada, tinham outras duas laterais, estavam situadas em geral fora das cidades, nas proximidades dos rios (cf., Atos 16:13) ou à beira mar, para facilitar as purificações legais. Os móveis da sinagoga eram muito simples: um armário para guardar (coberto por um pano) os rolos da lei e os demais livros sagrados; uma plataforma com seu púlpito para a leitura; lustres, buzinas que se tocavam todo os primeiros dias do ano e trombetas que se deixavam ouvir nos dias de jejum. A disposição nas ceremônias era a seguinte: os membros mais respetáveis se sentavam nos primeiros luga-res, os jovens atrás, os homens separados das mulheres. Se recitava o Shema (Deut 4:6-9), seguia a oração, que se fazia de pé, com o rosto voltado para Jerusalém, dirigida por um membro da comunidade designado pelo chefe da sinagoga; a congregação respondia: amém. Lição (também de pé) da Lei, que estava dividida em 154 lições (parascha) e os profetas, que se distribuiam em haphtaroth (Lc 4:16); tra-dução do trecho do hebraico (lido) ao aramaico (falado); sermão (midrash), também de pé, acerca do que se acabava de ler (Lc 4:20); benção sacerdotal, fala de algúm sacerdote que estava presente. As reuniose eram aos sábados e dias festivos, e talvez às segundas feiras e também às quintas feiras.

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Desde Derbe141 começaram a desandar seu caminho passando por Listra, Iconio e Antioquia da Pisídia, onde visitaram as igrejas, fortaleceram aos crentes e nomearam dirigentes nelas (At 14:21-23). Também pregaram em Perge, onde João Marcos os havia abandonado no começo de sua viagem (v 25). Sem dúvida, impacientes por regressar a sua base em Antioquia da Síria, os apóstolos embarcaram no porto de Atalia, a poucos quilômetros de Perge. Ao chegar a Antioquia contaram a igreja do êxito entre os gentios (vs 25-27). Assim terminou a primeira viajem missionária, que talvez levou uns 2 anos (45-47 dC.). Paulo ficou em Antioquia por um tempo (v 28), durante o qual, sem dúvi-da, seguiu atraindo muitos gentios para o cristianismo.

Primeira viagem missionária de Paulo.142

F. Os judaizantes e o Concílio de Jerusalém (At. 15:1-35)Itinerário:1. Circunstâncias do Concílio. 2. Estudo dos temas a tratar: a) discussão, b) Dis-

curso de Pedro; liberdade dos cristãos prescedentes do mundo gentio com respeito a lei e a circuncisão, c) história de Paulo e Barnabé, d) discurso de Tiago. 3. Conclusões do Concílio. 4. Translado do acordo a Antioquia.

Com o passar do tempo surgiu uma crise, que se não fosse resolvida de imediato retardaria muito a expansão do cristianismo entre os gentios. Um grupo de judeus cris-tãos da Judéia visitou a igreja de Antioquia e começou ensinar que a circuncisão e a observância da lei de Moisés eram necessárias para a salvação (At. 15:1).

Paulo e Barnabé, entretanto, sustentavam que a circuncisão não era necessária para os gentios convertidos. Como resultado, houve uma grande discussão e contenda entre os dois grupos (v 2). Finalmente, os crentes decidiram que o assunto devia ser levado ante os dirigentes da igreja de Jerusalém, e que Paulo e Barnabé e outros deviam ir para lá (v 2). Esta decisão teria sido sugerida por Paulo, que mais tarde disse que teria recebido uma revelação com respeito ao tema, e que havia ido com Barnabé e Tito, um grego convertido, a consultar os dirigentes (Ga. 2:2-3).

Ao chegar em Jerusalém, Paulo e a comitiva foram recebidos cordialmente pelos crentes (At. 15:4). Contaram como Deus tinha abençoado o trabalho entre os gentios,

141 HB, pág. 870 ss.142 Tomado de http://bibliaonline.galeon.com/mapas/index.htm.

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mas que certos membros da igreja de origem farisaica, de pronto levantaram a questão da necesidade da circuncisão e da observância da lei (v 5). Em consequência, convoca-ram um Concílio para decidir a questão (v 6; provavelmente em 50 dC.)143.

O tema foi discutido extensamente, com Pedro, Barnabé e Paulo falando contra a exigência de impor a lei aos gentios (v 7-12). Predominaram seus pontos de vista, e se decidiu que os convertidos gentios não necessitavam circuncidar-se ou guardar a lei de Moisés. Entretanto, pediria para que eles se abstivessem de contaminar-se com ídolos, fornicação, sufocado e de sangue (vs 13-21). Após ter completado sua missão com êxi-to, Paulo e o resto da delegação de Antioquia voltaram acompanhados por irmãos co-missionados para levar cartas da igreja de Jerusalém.

O resultado da reunião foi recebido favoravelmente pelos crentes de Antioquia (At. 15:22-31). Uma vez mais, Paulo e Barnabé retomaram sua tarefa de ensinar e pre-gar em Antioquia (At. 15:35). É possível que o efeito do Concílio de Jerusalém, relatado em Gálatas 2, ocorrera durante este tempo. Pedro foi visitar os crentes e, em harmonia com o espírito da decisão do concílio, comeu com os gentios, uma prática que era anáte-ma para os judeus.

Entretanto, quando certos cristãos judaizantes chegaram a cidade, Pedro, talvez temeroso de uma repetição da anterior disputa sobre o tema da lei, não seguiu fazendo (Ga 2:11, 12); em tal atitude foi acompanhado por Barnabé e outros (v 13). Quando Paulo supos, os repreendeu severamente em público por sua conduta (vs 14-21). A men-te de Paulo se voltou agora as igrejas da Ásia Menor. Sugiriu a Barnabé que voltasse a visitá-las (At. 15:36). Barnabé aceitou a idéia, mas insistiu em levar consigo João Mar-cos (v 37), o que Paulo rechaçou porquanto Marcos os havia abandonado antes e não podia confiar nele (v 38). Esta diferença de opinião chegou a ser causa de uma disputa que os fez separar: Paulo escolheu um novo companheiro de viajem Silas, enquanto Barnabé tomou consigo Marcos e foi a Chipre (At. 15:39- 40).

VII. Segunda viagem missionária (Atos 15-18)

A. Paulo em Filipos (Atos 15:36 – 16:40)Itinerário:1. Paulo e Barnabé se separaram por causa de João Marcos. 2. Paulo visita as comunidades da

Ásia Menor. 3. Passa por Frigia e Galacia, fundação das comunidades em Galacia. 4. Mísia, missão em Trôade. 5. Fundação da comunidade cristã de Filipos (Lidia, e o carcereiro).

Paulo e Silas começaram o que se tem denominado sua segunda viagem missio-nária. Viajaram por terra visitando as igrejas da Síria e da Cilícia (At. 15:40-41). Enten-de-se que visitaram os crentes da cidade originária de Paulo, Tarso, na Cilícia. Ao che-gar em Derbe e Listra, Paulo encontrou outro companheiro de viagem: Timóteo, um jovem de boa reputação, de mãe judia e pai grego (16:1-3). Desde Derbe e Listra, Paulo e os missionários que o acompanhavam foram pelas cidades informando as igrejas da decisão do Concílio de Jerusalém (At. 16:4). Estes decretos, que declaravam que aos gentios não requereria a observância da lei, sem dúvida tiveram muito que ver com o posterior crescimento da igreja nessa região (v 5).

B. Frígia e Galácia Logo Paulo e seus companheiros viajaram atravessando Frígia e a província da

Galácia144 (At. 16:6). Nesse tempo, estabeleceu, a igreja a que dirigiu sua Epístola aos 143 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Concilio_de_Jerusalén. 144 País central da Ásia Menor, ao norte Patagonia e Bitinia, pelo este Ponto e Capadócia, ao sul, Capadó -cia e Licaonia, pelo oeste Frigia e Bitania. Seu nome provém das tribos celtas que em 300 aC., imigra-ram a Ásia, estabeleciendo-se sobre todo esta região. HB, pág. 558.

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Gálatas. Nesta viajem Paulo foi afligido com a enfermidade do corpo mencionada em Ga. 4:13. Depois fez planos de empreender obra de evangelização na região a oeste da Galácia, conhecida nessa época como Ásia, mas o Espírito Santo o proibiu faze-lo (At. 16:6). Em consequência, com seus companheiros se dirigiu a Misia no noroeste, para ir a região da Bitínia e pregar ali, mas o Espírito também mudou os planos (v 7). De modo que passaram por alto Misia145 e Bitínia146 e seguiram seu caminho até que chegaram a cidade de Trôade,147 as margens do Mar Egeu (v 8).

C. O chamado a Macedônia Em Trôade, Paulo entrou em um campo novo e cheio de desafios. Em uma visão

noturna um homem da Macedônia insistiu com ele a levar o evangelho a esse país (At. 16:9). Imediatamente ele e seus companheiros se prepararam para responder o chamado, que reconheceram como procedente de Deus (v 10). Embarcaram em um navio que par-tia para Neápolis, na Macedônia, e chegaram no segundo dia (v 11); dali seguiram a Filipos (v 12).

D. Filipos Aparentemente não havia sinagoga judia em Filipos,148 mas ao saber que existia

certo lugar para a oração fora da cidade junto a um rio, Paulo e seus acompanhantes foram ali no dia de descanso, e ele pregou a um grupo de mulheres que estavam reuni-das (At. 16:13). Como resultado, Lidia, seguidora do judaísmo, se converteu, e toda sua casa com ela.

Desde então seu lar chegou a ser a sede do trabalho de Paulo e seus companhei-ros de ministério (v 14). Tão logo ocorreu um incidente que deteve os esforços de Paulo em Filipos. Uma jovem escrava, que supostamente possuia capacidades sobrenaturais que eram usadas para vantagem econômica de seus amos, começou seguir os missioná-rios gritando: Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que anunciam o caminho da salvação (At. 16:16-17). A moléstia chegou a um ponto em que o apóstolo não pode suportar mais, de modo que no nome de Jesus expulsou o mal espírito que estava con-trolando (v 18).

Como suas supostas capacidades proféticas haviam desaparecido, seus amos se viram privados dos ingressos que ela proporcionava. Enojados contra Paulo e Silas, os arrastaram ante as autoridades civis e os acusaram, como judeus, de ensenar coisas contra as leis de Roma (vv. 19-21). Isto foi suficiente para agitar o povo e as autoridades contra eles. Os açoitaram severamente e os puseram na cela no interior do cárcere (vv. 22-24).

A meia-noite, enquanto Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos de lou-vor, um terremoto repentino sacudiu o cárcere, abriu as portas e liberou das cadeias os presos (At 16:25-26), talvez desprendesse das paredes as que estavam fixadas. O carce-reiro despertou, e ao ver as portas abertas pensou que os prisioneiros, pelos que devia responder com sua vida, haviam escapado. Estava a ponto de suicidar-se quando a voz serena de Paulo informou que ninguém tinha fugido (vv. 27- 28). Convencido a esta

145 Misia, país rico em trigo e vinho, limite ao norte com Proponto e Helesponto, ao leste com Frigia. Idem. 146 Bitania, ao noroeste de Misia, limitada ao mar por Mármara e pelo mar Morto. Cidades importantes: Nicomedia, hoje Ismid, no mar Mármara, Calcedônia, hoje Kadoköi, arredores asiático de Constantino-pla; Nicea, hoje Isnik célebre cidade por ter sido celebrado nela o Concílio Ecumênico no ano 325 dC., Idem.147 Trôade, situada a 25 km., ao sul de Troia, é a atual aldeia de Eski Istambul. Idem.148 Filipos: era a primeira cidade macedônica que pisava o viajante que vinha do Oriente. Hoje é uma pequena cidade chamada Felipos. Op. Cit., pág. 559.

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altura de que os missionários eram homens de Deus, pediu luz e caindo diante deles perguntou o quo devia fazer para ser salvo. Paulo falou da fé em Cristo.

Logo tomou os dois apóstolos e os levou a sua casa, lhes curou as feridas, pôs comida diante deles e reuniu a sua família para escutar sua mensagem. Antes do aman-hecer, o carcereiro e toda sua familia foram batizados (At 16:29-34). Quando chegou a manhã, as autoridades civis enviaram alguns oficiais a prisão para liberá-los (At 16:35-36). Mas Paulo recusou abandonar o cárcere, afirmando que ele e Silas, cidadanos ro-manos, haviam sido açoitados e postos na prisão ilegalmente.

Portanto, quem os havia condenado e maltratado injustamente em público de-viam fazer uma retratação publicamente. Ao escutar isto, o magistrado da cidade lhes pediu desculpas e lhes rogou que se fossem da cidade. Depois de passar pela casa de Lídia e saudar os irmãos, os dois missionários abandonaram Filipos (vv 37-40).

E. Paulo em Tessalônica, Beréia e Atenas (Atos 17)Itinerário:1. Paulo e Silas em Tessalônica: a) suas pregações; b) fundação da igreja; c) perseguição da parte

dos judeus. 2. Paulo e Silas em Bereia. 3. Paulo em Atenas: a) sua pregação na Sinagoga e na Ágora; b) seu discurso no Areópago; c) efeitos do discurso.

1. Tessalônica Paulo e seu grupo149 seguiram para o oeste, passando por Anfípolis150 e Apolo-

nia,151 e chegaram a Tessalônica152 (At 17:1). A afirmação de que havia uma sinagoga judia nesta última cidade implica que não exista nenhuma nas anteriores; talvez isto explique por que não se detiveram nelas. Em Tessalônica, Paulo seguiu seu costume de pregar sobre Jesus como Filho de Deus na sinagoga. O fez durante três dias de repouso sucessivos, e como resultado se converteram alguns judeus, e dos gregos piedosos153 grande número, e mulheres nobres não poucas" (vs 2-4).

Pareceria que o apóstolo seguiu com seu ofício de fabricar tendas ou barracas durante a semana (At 18:3; 1 Ts 2:9; 2 Ts 3:8). Mas de imediato começou a desenvol-ver-se uma situação que já resultava familiar. Certos judeus não crentes, zelosos do êxi-to de Paulo, agitaram toda a cidade contra ele e seus companheiros. A turba atacou a casa de um tal Jasom, onde haviam estado alojados. Como não os encontraram, arrasta-ram a Jasom e alguns dos crentes ante as autoridades da cidade, acusando-os de pertur-bar a paz e de por Jesus como rival de César (At 17:5-7), acusações que perturbaram os cidadãos e dirigentes de Tessalônica.

Em consequencia, obrigou a Jasom e aos demais a pagar uma fiança, talvez como garantia de que manteriam a paz, e logo fossem libertados (vs 8- 9); mas a si-tuação tensa aconselhou que Paulo e Silas abandonaram a cidade, e viajaram de noite a Bereia (v 10).

149 Possivelmente no grupo estava Timóteo. 150 Anfipolis, colônia romana, situada na Macedônia oriental, a margem do rio Struma (hoje).151 Apolônia, colônia corinto-corciria situada em uma lingua da terra entre Anfípolis e Tessalônica. HB, pág. 562.152 Tessalônica, hoje Salônica, situada no golfo de Termas, próximo da vía Egnatia, capital do terceiro dos quatro distritos de Macedônia, também chamada Termas. Idem.153 O termo piedoso se aplica ao mundo judeu e apresenta o mesmo significado em Atos dos Apóstolos, aqueles gentios que haviam se convertido ao judaísmo.

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2. BereiaAo chegar a Bereia,154 o apóstolo uma vez mais foi a sinagoga evangelizar os

judeus. Os bereanos foram mais nobres que os que estavamm em Tessalônica, porque receberam a palavra de Paulo depois de verifica-la com as Escrituras (At. 17:11).

Em consequencia, um grande grupo, incluindo um número não especificado de mulheres gregas, uniram a igreja cristã (v 12). Entretanto, a notícia do trabalho de Paulo em Bereia chegou a Tessalônica e assim, não contentes de have-lo expulsos dela, os judeus dessa cidade decidiram corre-los também de Bereia. Foram até ali e agitaram as pessoas contra o apóstolo. Os crentes os embarcaram de imediato em um barco que saia para Atenas, para onde foi acompanhado por alguns crentes bereanos. Porém, Silas e Timoteo permaneceram em Bereia (vs 13-15).

3. Atenas Pareceria, segundo Atos, que Paulo não teria tido a intenção de pregar em Ate-

nas, senão somente esperar a chegada de seus colaboradores. Entretanto, não se mencio-na em Atos que Silas e Timoteo se uniram nessa cidade, ainda que 1 Ts 3:1-5 sugere que Timoteo foi a Atenas, enviado por Paulo imediatamente a igreja de Tessalônica. De qualquer modo, a presença de muitos ídolos na capital grega o motivou a ação.

De acordo com um antigo informe, nos dias de Paulo ali havia mais de 3.000 estátuas, a maioria das quais tinham relação com o culto pagão.155 Começou a pregar na sinagoga e no mercado. Tão logo conseguiu a atenção de certos filósofos gregos que, desejando conhecer mais de seus ensinamentos, o levaram ao Areópago (At 17:16-22), ou colina de Marte, no centro cívico da cidade. Seu discurso, uma porção do qual apare-ce nos vs 22-31, foi magistralmente adaptado ao pensamento de seus ouvintes pagãos, mas só conseguiu que se zombassem dele (v 32). Não obstante, teve êxito enganar al-guns convertidos nessa cidade (v 34).

F. Paulo em Corinto (Atos 18:1-22)Itinerário1) Paulo na casa de Aquila e Priscila. 2) Sua atividade Apostólica: a) na sinagoga; b) na casa de

Tito; 3) A visão celestial. 4) Ante o tribunal do procônsul Acaia. 5) Visita a Éfeso de volta a Antioquia. Depois dessa experiência em Atenas, Paulo viajou só para oeste, a Corinto156

(At 18:1). Ali se pôs em contato com Aquila e Priscila, judeus que haviam chegado para poco da Italia, depois do decreto do imperador Claudio que expulsava de Roma todos os judeus (v 2). Como também eram fabricantes de tendas, Paulo alojou-se com eles e tra-balhou em seu ofício (v 3). Muito provavelmente o apóstolo chegou a Corinto no co-meço de 51 d.C., permaneceu ali mais de um ano e meio (At 18:11, 18).

No começo trabalhou com os judeus na sinagoga (v 4), como era sua prática ao entrar em uma cidade nova. Porem, uma vez mais, quando a maioria dos judeus se opôs e o injuriou, se apartou deles e começou a trabalhar de forma direta com gentios (v 6). Como já não podia pregar na sinagoga, realizou suas reuniões em uma casa contígua cujo dono adorava a Deus (v 7).

A pregação do Evangelho produziu muito fruto nessa cidade, e entre os converti-dos estava o dirigente da sinagoga (v 8). Entretanto, Silas e Timoteo chegaram com as animadoras notícias da fidelidade dos tessalonicenses (At 18:5; 1 Ts 3:6). Estas boas

154 Berea, estava situada nos límites de Tasalia, perto do monte Bermios, a uns 30 km., de Tessalônica. HB, pág. 363.155 DB, pág. 872.156 Corinto, capital da província romana de Acaia, uns 75 km., ao oeste de Atenas. HB., pág. 567.

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novas inspiraram Paulo a escrever a primeira Epístola de Tessalonicenses. Mais tarde, escreveu a segunda Epístola aos Tessalonicenses.

A perseguição ativa que havia sido tão pronta em outras cidades, começou tam-bém a ameaçá-los em Corinto. Seus inimigos judeus o acusaram diante de Galio, o pro-cônsul de Acaia, de ensinar uma religião não legalmente reconhecida por Roma. Entre-tanto, Gálio expulsou os acusadores, recusando entrometer-se em um caso que ele con-siderava uma disputa sobre a lei judaica e não a lei romana. Ao ver isto, a turba tomou a principal da sinagoga e o golpeou ante Galio (At 18:12-17).

Depois de um período não definido de tempo, durante o qual parece que pregou sem grande oposição, Paulo embarcou para Siria, acompanhado por Aquila e Priscila (Atos 18:18). Se deteve brevemente em Éfeso e pregou na sinagoga.

Sua mensagem foi recebida com alegria pelos ouvintes, que talvez foram tanto gentios como judeus, e o convidaram a ficar por mais tempo.Entretanto, Paulo decidiu seguir sua viagem, prometendo-lhes regressar quando possível. Tomou um barco próxi-mo a Cesaréia deixando a Aquila e a Priscila em Éfeso, sem dúvida para seguir a obra que ele havia começado ali. Desembarcou em Cesaréia, visitou brevemente Jerusalém para saudar a igreja e logo seguiu caminho para Antioquia, onde havia começado suas viagens missionárias (vs 19-22). Assim terminou sua segunda viagem missionária, que durou aproximadamente três anos, talvez desde a primavera de 51 até setembro ou ou-tubro de 53 dC.157

Segunda viagem missionária de Paulo.158

Terceira viagem missionária (Atos 18-21)Itinerário1. Começo da viagem. Apolo em Éfeso e em Corinto. 2. Apostolado de Paulo em Éfeso: a) os

discípulos de João, b) Paulo na sinagoga; c) na academia de Tirano, d) exorcistas judeus, e) livros de magia. 3. Planos do Apóstolo. Problemas com Demetrio, o platero. 5. Viagem a Macedônia.

Não se sabe a duração da permanência de Paulo em Antioquia depois de sua segunda viagem missionária. É provável que tenha sido por alguns meses, pelo menos, antes de partir para a terceira viagem.159 Recorreu, seguindo seu costume de visitar as antigas comunidades em primeiro lugar, a região da Galácia160 e da Frígia, confirmando

157 HB, pág. 557.158 Tomado de http://bibliaonline.galeon.com/mapas/index.htm.159 DB., pág. 873.160 Segunda visita de Paulo a esta região.

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aos membros das igrejas que havia estabelecido antes (At 18:23). Depois de recorrer as regiões superiores veio a Éfeso161 (19: 1), que seria seu centro de ação nesta ocasião.

A. Éfeso Ali encontrou doze homens que haviam recebido instrução de Apolo, mas que

não tinham o pleno conhecimento do evangelho. Paulo os instruiu e receberam o Espíri-to Santo (At 19:1-7). Por uns três meses pregou e argumantau com as pessoas na sina-goga. Logo, por causa da oposição, se mudou com seus convertidos para escola de um chamado Tirano, onde tinham reuniões cada dia (v 8-9). Esta escola foi seu centro de operações por dois anos, durante os quais todos os que habitavam na Ásia ouviram o evangelho (v 10). Fizeram muitos milagres (vs 11, 12) e muitos se converteram, e a pa-lavra crescia e prevalecia poderosamente (vs 18-20).

Para o final de sua estada em Éfeso, Paulo escreveu 1ª Corintios.162 Nela revela-va seus planos de visitar a igreja via Macedônia, depois de permanecer em Éfeso até a festa de Pentecostes (1 Co 16:5-8; cf., At 19:21). Entretanto, logo surgiram circunstân-cias que apressaram sua partida do lugar: primeira oposição havia crescido e culminado pouco depois que enviara sua carta (1 Co 15:32).

Isto ocorreu quando Demétrio, talvez um destacado membro do grêmio de fabri-cantes de templetes em honra da deusa Artemis (Diana), se preocupou muito pela perda das vendas de estatuetas porque muitos se tornavam cristãos. Portanto, chamou aos artífices e lhes demonstrou como a pregação de Paulo contra a adoraçã aos ídolos havía afetado suas atividades, não só naquele local, mas também em grande parte da província da Ásia.

Allém disso, lhes demonstrou que estavam perdendo o respeito pela deusa e seu templo, a quem vinha toda Ásia e o mundo inteiro (Atos 19:23-27). Os ouvintes de Demétrio se enfureceram e começaram a gritar: Grande é Diana dos efésios. Consegui-ram agitar toda a cidade atá a indignação. Procurando alguém em quem pudesse des-carregar su ira, arrastaram a Galio e a Aristarco, companheiros de viagem de Paulo até ao teatro.

Paulo decidiu ir também, mas seus discípulos e alguns de seus prominentes ami-gos efésos o impediram (vv 28-31). Finalmente o escrivão conseguiu acalmar a multi-dão e dispersá -la pacíficamente (vv 32-41). Depois deste tumulto, Paulo considerou oportuno deixar Éfeso, onde havía passado três anos (20:1, 31), separando - se dos cren-tes, saiu rumo a Macedônia.

B. Macedonia e Corinto Lucas, em Atos 20, apenas oferece uma informação rápida da visita a Macedo-

nia e Acaia, mas em suas epístolas Paulo agrega alguns detalhes mais. Viajou desde Éfeso a Trôade, onde sua pregação foi recebida favorávelmente. Ali o apóstolo espera-va encontrar a Tito com uma notícia da reação da igreja de Corinto a sua Primeira Epís-tola, enviada pouco antes, mas se chasqueó al no hallarlo. Veio a Tito e obteve notícias satisfatórias a respeito da igreja (7:5-7). Muito animado pela informação, o apóstolo escreveu Segunda Corintios,163 onde prometeu ve-los (13:1, 2); evidentemente a enviou por Tito (8:16, 17, 23).

Logo Paulo foi para o sul, até a Grécia (Atos 20:2), e visitou aos crentes. Perma-neceu em Corinto uns três meses e ali escreveu as Epístolas aos Romanos e aos Gálatas 161 Éfeso, capital de Jonia e residência do procônsul da província romana da Ásia, que compreendía a região ocidental do país, que hoje se chama Anatolia, estava situada as margens do rio Cayster, não a muita distância do mar Egeu. HB, pág. 571.162 DB., pág. 873.163 DB, pág. 874.

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(v 3), sobre o 58 dC, regressou via Macedônia.164 Fez planos de tomar um barco para Síria, mas, quando estava para embarcar foi informado da conspiração de alguns inimi-gos judeus para matá-lo, talvez a bordo. Em consequência, mudou de ideia e foi por Macedônia, frustrando a conspiração de seus supostos assassinos (20:3). Viajou pelo norte, talvez passando por Beréia e por Tessalônica, até Filipos. Enquanto vários de seus companheiros cruzaram até Trôade, Paulo e Lucas ficaram em Filipos durante a Páscoa, e passados os días dos pães asmos navegaram para unir-se aos demais (20:4-6).

C. Trôade e a viagem a Palestina Paulo passou uma semana em Trôade. Na tarde anterior a sua partida houve

uma reunião de despedida. Por volta da meia noite um jovem chamado Ệutico, que esta-va sentado em uma janela da sala onde Paulo falava, adormeceu e caiu, e foi levantado morto. O apóstolo se apressou a baixar, o abraçou e afirmou que estava vivo, e o jovem reviveu (Atos 20:7-10, 12). Regressando à sala de reuniões, Paulo, partiu o pão e co-meu, e permaneceram conversando até o amanhecer.

Despois se despediu e partiu (v. 11) até Assôs (v. 13), para tomar o barco em que havia estado viajando, o qual navegava ao redor da península. Depois de reunir-se com seus companheiros, navegaram vía Mitilene, Quios, Samos até Mileto (vv 13-17), a uns 64 km ao sul de Éfeso. A propósito havía deixado a cidade, porque sem dúvida uma detenção ali poderia impedí-lo de chegar em Jerusalém para Pentecostes, que por sinal faltavam poucos dias. Mas enviou uma mensagem aos anciãos da igreja pedindo lhes que se reunissem com ele em Mileto. O registro deste encontro, durante o qual Paulo lhes advertiu contra as heresias eos exortou a permanecerem fieis, esta é uma das passagens mais emotivas de Atos (cf., 20:18-35).

Antes de sair, orou com seus visitantes, logo se despidiu com lágrimas e seguiu navegando (vv 36-38). Havendo chegado finalmente, vía Cós e Rodes, a Pátara, cidade da costa de Lisia, Paulo e seus companheiros tomaram outro barco com ele e por fim-chegaram a Tiro, na Fenicia (21:1-3). Ali se encontrou com alguns crentes, e permane-ceu com eles uma semana. Durante esse tempo foi advertido do perigo de ir a Jerusa-lém. Quando chegou o momento de embarcar outra vez, todo o grupo de crentes o acompanhou à praia. O barco de Paulo se deteve logo em Ptolemaida (v. 7), onde pa-ssaram um dia com os irmãos e depois continuaram viagem, provávelmente a pé, até Cesaréia. Aqui se alojaram na casa de Felipe, o evangelhista e diácono (Atos 21:4-8; cf., 6:5). Em algum momento de sua estadia em Cesaréia, o profeta Ágabo predisse mau resultado que sucederiam a sua visita a Jerusalém. Ao escutar isto, tanto os que acom-panhavam ao apóstolo como a igreja de Cesaréia insistiram para que ele não fosse, mas Paulo se manteve inflexible em sua decisão (21:10-14).

164 Idem.

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Terceira viagem missionária de Paulo.165

Paulo: prisioneiro.Atos 21:17-23

Itinerário1. Conselho de Santiago e dos anciãos. 2. Problema no Templo e sua prisão. 3.

Primeiro discurso em sua defesa. 4. Consequência do discurso. 5. Ante ao Sinédrio.

A. Prisão de Paulo em JerusalémQuando Paulo e seus acompanhantes chegaram a Jerusalém166 foram recebidos

alegremente pelos cristãos do lugar. A notícia se deu aos dirigentes da igreja, com res-peito a difusão do evangelho entre os gentios, produzindo grande regozijo. Entretanto, ao mesmo tempo os líderes lhe contaram que circulavam notícias de que estava ensinan-do aos cristãos judeus helenistas, como também aos gentios convertidos, que não cir-cuncidar seus filhos e nem seguir as demais leis de Moisés (Atos 21:15-21).

Este relato não era exato e evidentemente era uma invenção de seus inimigos (cf., 16:3; 18:18; 24:14; 25:8). Não obstante sugeriam que, com o fim de demonstrar que as acusações eram falsas, Paulo se unisse a outros quatro judeu-cristãos que haviam feito um voto e submetera a um ato de purificação cerimonial no templo, demonstrando assim publicamente que ele não havia rechaçado as leis. O apóstolo aceitou a idéia. Quase havia terminado o período de seu voto quando uns judeus da Ásia, talvez de visi-ta em Jerusalém para Pentecostes, o reconheceram e agitaram as pessoas contra ele acu-sando-o falsamente não somente de pregar contra os costumes e instituções judaicas, mas também de contaminar o templo por levar consigo um grego (21:22-29).

165 Tomado de http://bibliaonline.galeon.com/mapas/index.htm.166 Pela quinta vez desde sua conversão.

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Viagem a Roma de Paulo.

O relato desta suposta profanação do templo se espalhou rapidamente, atraindo uma multidão aos recintos santos; querendo matá-lo, o tomaram e o tiraram do edificio. Entretanto, Claudio Lisias, o tribuno militar a cargo da guarnição romana e estacionado evidentemente na vizinha Torre Antonia que dominava o templo, ouviu os disturbios (23:26). Rapidamente acudiu com seus soldados para aplacar o movimento. Ao ver que o motivo se centrava em Paulo, o prendeu no cárcere. Depois disto, perguntou quem era o homem e qual era seu crime por haver provocado tanto tumulto. Como não pôde con-seguir uma resposta da turba, ordenou que o apóstolo fosse escoltado até a fortaleza.

Logo de ter sido conduzido com dificuldade em meio a multidão irada, Paulo pôde convencer o comandante de que não era um criminoso procurado pelas autoridades romanas. Foi permitido falar as pessoas da escada que levava a fortaleza (At 21:30-40), onde lhes contou em língua hebréia, a história de sua vida. Sua audiência foi ouvida com calma até que disse como Deus o havia comissionado para pregar aos gentios. Diante destas palavras, os judeus começaram a gritar e exigiram sua morte.

Por isto, o comandante que talvez não entendia hebreu e não sabia a razão da repentina desorden, ordenou que Paulo fosse examinado com açoites. Enquanto o ata-vam, o apóstolo revelou que era cidadão romano, o que o salvou da tortura. No dia se-guinte, Lisias quis conhecer plenamente a razão dos distúrbios: reuniu o Sinédrio e pôs Paulo ante ele, para que esclarecesse o problema (cp. 22). O apóstolo esteve na presença do Sinédrio só uns minutos para dar conta de que não se realizaria um juizo imparcial (23:1-5). Com astúcia dividiu o concílio afirmando que se chamava o tribunal por crer, como fariseu, na ressurreição dos mortos.

Os saduceus, que a negavam, começaram a pelejar contra os fariseus. Assim, sem querer, estes se viram obrigados a defendê-lo. Tão grave foi a discussão que Lisias, temendo que o Apóstolo fosse esquartejado na disputa, enviou seus soldados para resga-tá-lo e levá-lo a torre (vv 6-10). Essa noite, Paulo recebeu a segurança divina de que Deus o estava conduzindo e que testificaria em Roma, como ele havia desejado (v 11). No dia seguinte, seu sobrinho (v 16), informado de que um grupo de mais de quarenta pessoas haviam confabulado para assassiná-lo (vv 12-15), foi a fortaleza para avisá-lo. O apóstolo pediu que contasse a Lisias do plano. O comandante, ao saber que pediriam como pretexto que no dia seguinte apresentasse Paulo outra vez ante o Sinédrio com o fim de dar oportunidade aos assassinos de matar o prisioneiro, ordenou de imediato que com uma forte escolta armada essa mesma noite o levaram a Cesaréa (vv 17-24), capital romana da Judéa.

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B. Audiências em CesaréaEm Cesaréa Paulo foi entregue a Félix, o governador da Judéa, com uma carta

de Lisias. Félix o interrogou e logo ordenou que fosse confinado no pretório até que chegaram os acusadores judeus de Jerusalém (At 23:25-35). Depois de cinco dias, Ana-nias, o sumo sacerdote, acompanhado com alguns anciãos e Tértulo, um orador profis-sional, se apresentou e acusou o apóstolo de sedição e de profanação do templo (24:1-9). Depois que o acusado falou em defesa própria, Félix postergou a decisão até que se presentasse mais evidências. Entretanto, Paulo gozou de uma boa medida de liberdade (vs 10-23).

Algum tempo mais tarde foi levado outra vez ante Félix e sua esposa judia, Dru-sila. Parece que esta audiência não teve caráter legal, e que só foi um pretexto para escu-tar o que o detido tinha para dizer. Nesta ocasião Paulo falou da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, com o resultado de que a consciência de Félix foi muito perturbada, ainda que só temporariamente (vv 24, 25). Depois deste evento, ficou na prisão 2 anos, até que o governador foi substituído por Porcio Festo (vv 26-27). Quase tão pronto como este assumiu o cargo, os judeus solicitaram que enviasse Paulo a Jeru-salém para julgá-lo, com a intenção de assassiná-lo no caminho. O governador recusou fazê-lo, mas os convidou a apresentar em Cesaréa suas acusações contra o Apóstolo. Assim o fizeram, mas seus cargos não tinham fundamento.

Festo perguntou a Paulo se estava disposto a ser julgado em Jerusalém, conside-rando que uma ordem de reiniciar o juízo em Jerusalém equivaleria a uma sentença de morte, Paulo decidiu invocar seu direito de cidadão romano, e apelou a César (Nero). A apelação foi aceita, e teve que esperar a oportunidade de ser levado a Roma, fora do alcance de seus irritados concidadãos (At 25:1-12). Pouco depois Herodes Agripa II, rei dos territórios ao norte e a leste da Judéa, veio com sua irmã Berenice fazer uma visita de cortesia a Festo, o novo governador da Judéa. Este lhes relatou a história de Paulo, o qual Agripa pediu escutar o apóstolo por si mesmo.

No dia seguinte foi levado ante governantes (25:13-27), e deram permissão de falar. Descreveu seus antecedentes, sua conversão ao cristianismo e suas experiências ao ser perseguido pelos judeus. Quando falou de Jesus e de sua ressurreição dos mortos, Festo declarou que o apóstolo estava louco. Entretanto, Paulo apelou com poder as con-vições do rei, mas sem êxito aparente. Depois de sua defesa, os governantes opinaram que o prisioneiro teria sido liberto se não houvesse apelado a César (At 26:1-32).

C. Viagem a RomaFeita a decisão de enviar Paulo a Roma por barco, junto com outros prisioneiros,

foi posto sob a custódia de um centurião chamado Júlio, encarregado da viajem a capital do império (At 27:1). Durante o mesmo, teve pelo menos dois companheiros cristãos: Aristarco (v. 2) e Lucas, o autor de Atos, como se observa o frequente uso do nós na narração. Pouco depois da partida, o barco se deteve em Sidom.

Ali Paulo, que foi bem tratado pelo centurião, recebeu permissão para conversar com os crentes. De Sidom o barco navegou entre a ilha de Chipre e terra firme, e final -mente chegou a Mirra, em Licia (vv 3-5), onde todo o grupo tomou outro navio com rumo a Itália (v 6), o qual tinha um total de 276 pessoas a bordo (v 37). Ao sair de Mirra tiveram ventos contrários, pelo que levou vários dias até Gnido. Finalmente, o barco chegou a ilha de Creta e com dificuldade navegaram até um lugar chamado Bons Portos (vv 7-8). Ali debateram um tempo se deviam seguir ou não por causa do tardio da es-tação.

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Paulo aconselhou não continuar, mas o piloto e o chefe do navio queriam seguir, de maneira que o centurião seguiu a vontade deles. Como Bons Portos não era um lugar adequado para passar o inverno, decidiram então chegar a Fenice para passar o inverno, mas adiante no porto de Creta (vv 9-12). Em conseqência, tão pronto como houve ven-to favorável sairam de Bons Portos. Entretanto , pouco depois se levantou uma gran tempestade com um vento do leste e do noreste.

Quando a situação se acalmou na ilhota de Clauda (Cauda), conseguiram subir a bordo do bote, que até então havia sido arrastado. Ao mesmo tempo, os marinheiros, temiam que o barco naufragasse, cingiram o navio a qualquer custo para reforça-lo e arriaram as velas para determinar a velocidade com que estavam sendo arrastados, por-que tinham medo de que o navio fosse levada a Sirte, os temidos bancos de areia perto da costa norte da África (At 27:13-17).

No dia seguinte, como a tormenta não aliviava, creram necessário aliviar o barco jogando algo da carga ao mar (cf., v 38). A tempestade durou vários dias até que perde-ram toda esperança (At 27: 20). Mais ou menos por esse tempo, Paulo recebeu uma visão na que se mostrou que não se perderia nenhuma vida e que ele teria a oportunida-de de estar ante o César. Contou este incidente a seus companheiros, exortando-os a terem bom ânimo (vv 21-26). Por fim, uma noite, duas semanas depois de iniciada a tormenta, os marinheiros suspeitaram que estavam perto da terra. Os sondeos confirma-ram, de modo que começaram a temer que o navio fosse lançada sobre as rochas. A an-côra e logo procuraram abandoná-la secretamente navegando no bote salva-vidas que levavam.

Paulo advertiu que deviam ficar em seus postos se todos quisessem salvar; de modo que os soldados cortaram as amarras do bote (vv 27 32). Enquanto esperavam que se fizesse dia para decidir quo fazer, Paulo insistiu que comessem, mostrando que ti-nham jejuado por 14 dias (vv 33-34). Depois que todos comeram, o barco ancorado foi aliviado outra vez lançando o trigo ao mar (v 39). O amanhecer revelou uma terra não familiar para os marinheiros, com uma baía. Decidiram tratar de levar o navio para ela.

Levantaram as ancôras, mas ao chegar perto da terra encontraram um lugar de correntes encontradas que lançaram a nave sobre as rochas, onde furou. A popa se abriu pela violência das ondas. Os soldados, considerando que deveriam responder com sua vida pela de seus prisioneiros, queriam matá-los para que não pudessem escapar. Entre-tanto, o centurião, num intento por salvar Paulo não permitiu. Em vez disso, ordenou que todos tentassem chegar a orla como pudessem, e todos chegaram a ela com segu-rança (vv. 39-44).

A terra era a ilha de Malta, a uns 900 km da ilha de Clauda, 167 a última terra que tinham visto. Os habitantes da ilha de Malta foram muito hospitaleiros e procuraram satisfazer todas as necessidades dos náufragos. Enquanto Paulo reunia gravetos para fazer um fogo, foi mordido por uma serpente, pelo que os malteses supersticiosos pen-saram que era um grande criminoso que recibia o castigo por seus crimes. Como não sufrera nenhum dano, creram em ves disso que devia ser algum deus (28: 1-6). Paulo e seu grupo foram convidados a serem hóspedes de Públio, o homem principal de Malta, e ficaram com ele três dias (v 7).

Pelas orações de Paulo, o pai de Públio foi sarado da desenteria. Quando a notí-cia circulou, muitos outros enfermos vieram e foram sarados. Isto estimulou aos da ilha a trazerem muitos presentes a Paulo e seus companheiros. Finalmente, depois de passar três meses na ilha (v 11), o grupo de náufragos zarpou para Roma, provavelmente na primavera de 61 dC., num barco alexandrino que havia invernado ali (vv 8-11). Depois

167 DB, pág. 877.

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de deter-se três dias em Siracusa,168 o barco saiu rumo a Régio, no extremo sul da Itália, e logo continuou até Puteóli, que estava a uns 370 km mais a noroeste.169

Em Puteóli (28:13), Paulo encontrou alguns cristãos, uma evidência da difusão do evangelho na Itália. Depois de passar uma semana com eles, os viajantes partiram para Roma. Entretanto, a notícia da chegada de Paulo ao país o havia precedido, de modo que grupos de crentes sairam a seu encontro. Encontraram com Paulo no Forum de Ápio e em Três Vendas, a uns 64 e 48 km, respectivamente, de Roma sobre a Via Ápia. 170 O apóstolo ficou muito agradecido e animado por esta recepção (vv 12-15).

D. Primeiro encarceramento em RomaAo chegar a Roma, junto com os demais prisioneiros, foi entregue ao comando

militar171 (At 28:16), talvez o chefe da guarda pretoriana encarregado dos prisioneiros que apelavam ao imperador. Nesse tempo, o cargo era de Burrus, um homem de bons principios, cuja influência referendadora havia ajudado a limitar os excessos do impera-dor Nero.172 Paulo, talvez por recomendação do centurião que o havia escoltado de Ce-saréa, recebeu permissão para viver em uma casa com um soldado como guarda pessoal (v 16) ainda que estava preso (At 28:20; cf Ef 6:20; Col 4:18).

Três dias depois de sua chegada a Roma, Paulo convidou os anciãos judeus a visitá-lo. Depois de explicar a razão de sua prisão, se puseram de acordo acerca de quando lhes exporia as doutrinas cristãs. O dia mostrava muitos vieram ao seu aloja-mento para escutar enquanto lhes testificava o reino de Deus. Esta reunião durou o dia inteiro, durante o qual as verdades que pregava se foram debatidas amplamente. Ao final da reunião alguns creram, e outros, talvez a maioria, não as aceitaram; não estivre-ram de acordo entre si, pelo que citou Is 6:9-10, repreendendo aos incrédulos por recu-sarem aceitar a luz que lhes havia chegado (Atos 28:17-28).

O livro de Atos é um informe bíblico que termina abruptamente com a afir-mação de que Paulo, embora preso, pode viver dois anos em uma casa alugada, eviden-temente com um guarda, e que os visitantes o escutavam pregar de Cristo (vv 30-31).

Para o resto da vida do apóstolo dependemos de escassos dados que se en-contram em suas Epístolas redigidas durante seu primeiro encarceramento em Roma, de declarações contidas em outros textos recentes e da tradição. Neste primeiro período são as epístolas aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses e a Filemon. Estas revelam que o cárcere foi uma experiência difícil para o ancião apóstolo (Ef 3:1; 6:20; Col 4:18; Flm 1, 9, 10).

Por Atos 27:2 e Efésios 6:21 sabemos que Lucas, Aristarco e Tíquico foram seus companheiros. Também esteve com ele Marcos, Justo, Epafras e Demas, talvez só du-rante uma parte do tempo (Col 4:10-12, 14; cf 2 Ti 4:10). Epafrodito entregou a epísto-la de Paulo aos Filipenses (Fil 2:25-30). Tíquico levou a epístola aos Efésios (Ef 6:21, 22) e, acompanhado por Onésimo, a epístola aos Colossenses (Col 4:7-9), e a que diri-giu a Filemon, cristão dono de escravos. Onésimo, o escravo de Filemon que havia fu-gido para Roma, se converteu através do apóstolo em Roma (Col 4:9; Flm 10). De Fili-penses 4:18 sabemos que os filipenses lhe enviaram presentes por meio de Epafrodito.

168 Na ilha agora chamada Sicilia.169 DB, pág. 877.170 DB, pág. 877.171 Era o chefe da guarda imperial, representante de César, nos assuntos de justiça criminal. HB., pág. 600.172 DB, pág. 877.

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E. Absolvição e atividades posterioresDepois de dois anos (talvez em 63 dC.), Paulo foi julgado por Nero e absolvi-

do.173 As epístolas escritas durante este período de liberdade, Primeira Timóteo e Tito, mostram que o apóstolo realizou viagens missionária depois de ter sido liberto. Clemen-te de Roma174 disse que Paulo pregou tanto no leste como no oeste. Como o apóstolo havia feito planos de ir a Espanha (Ro 15:24, 28), é possível que tenha visitado esse país neste período; o Fragmento Muratoriano (190 dC.) afirma que visitou Espanha.175 Talvez também cumpriu seu propósito de visitar Filipos (Fil 2:24) e Colossos (Flm 22; cf., Col 4:9; Flm 10). De 1ª Ti 1:3 podemos concluir que foi a Macedonia e a Éfeso. Aparentemente também visitou Creta (Tit 1:5), e talvez Corinto (2 Ti. 4:20). Também havia passado um inverno em Nicópolis (Tit 3:12), na costa ocidental da Grécia.

F. Segundo encarceramento em Roma; sua morteA narração bíblica guarda silêncio com respeito aos eventos que levaram à

prisão final de Paulo. Bem pode ter sido durante a cruel perseguição de Nero aos cris-tãos nessa época. O apóstolo era um destacado líder entre eles e, portanto, um homem honesto para a sádica ferocidade do imperador. Se tem sugerido Nicópolis, Éfeso e Trôade como possíveis lugares de sua prisão, dos quais Trôade seja a mais provável, (2ª Tim 4:13). Foi levado a Roma, onde não recebeu nenhum dos favores outorgados em seu anterior encarceramento.

De acordo com, a tradição, o confinaram no cárcere Mamertina, no fórum ro-mano, e foi preso (2:9) como um criminoso comum.176 Se viu abandonado quase por todos (4:16; cf., vv 11, 20). A última epístola que temos de Paulo, a de 2 Timóteo, foi escrita nesta época. Sem dúvida, quando a escreveu já tinha sido levado a juízo e tinha feito sua própria defesa (vv 16-17). Aparentemente, esperava pronto para um segundo julgamento, e previa uma sentença capital (v 6). Entretanto, animou a Timóteo a fazer todo o esforço possível para visitá-lo antes de sua morte (2 Ti 4:9, 21).

Os autores cristãos recentes são unânimes na afirmação de que Paulo morreu sob o comando de Nero em Roma. Sua execução, segundo a tradição afirma, foi decapi-tação em algum lugar da Via Óstia,177 e teria ocorrido não mais tarde do que 68 dC., porque Nero murreu nesse ano.178 Provavelmente foi executado entre 66 e 68 dC. As próprias palavras do apóstolo em 2ª Timóteo 4:7- 8 oferecem um epitáfio apropriado para sua vida e resume o propósito dela:

Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto Juiz, me dará na-quele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantam amam a sua vinda.

Assim morreu um homem de capacidades e virtudes realmente destacadas.

173 DB, pág. 878.174 Cf., 1ª Clemente aos Corintios 5.175 DB, pág. 877.176 Op. Cit., pág. 878.177 HB, pág. 604.178 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Claudio_Nerón_Germánico.

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Paulo, sua influênciaComo teólogo está entre os maiores de todos os tempos, e entre os que desenvol-

veram os fundamentos sobre os que construiram as doutrinas do cristianismo. Foi um orador hábil (At 17:22-31) e um escritor de prosa vigorosa, que as vezes chega a ser poética (1 Co 13). Também um grande evangelizador e organizador. Acima de tudo, apesar de seus muitos dons e sua elevada vocação, foi um homem de grande humildade (1 Co 15:9; Ef. 3:8), desejoso de não ser carga para ninguém (At 20:34; 2 Co 11:9; 1 Ts 2:9; 2 Ts 3:8).

Se destacou como um pregador com um forte sentido do dever e do destino (Rm 1:14; 1 Co 9:16, 17; Ga 1:15, 16), versátil (1 Co 9:19-22; 10:33), otimista (1 Co 1:4; 2 Co 4:16-18; Fl 1:3-6; Cl 1:3; 1 Ts 1:2), valoroso (Ath 9:22-29; 13:45, 46; 20:22-24; etc.); tinha um propósito definido (1 Co 2:2; Fl 3:13), uma mente serena (Fl 4:11, 12; 1 Tm 6:6-8), zelo (At 22:3; Ga 1:14; Fl 3:6) e uma fé inquebrantável (Rm 8:28, 38, 39; Gá 2:20; 2 Tm 1:12).

Cronologia resumida no livro de Atos dos Apóstolos Ano 31, primavera, morte de Jesus.179

Ano 34 morre Estevão, a igreja é perseguida, pregação de Felipe em Samaria.

Ano 35, conversão de Paulo. Anos entre 35 a 38, Paulo está em Damasco, se retira para a Arábia e

volta a Damasco para ir a Jerusalém. Ano 38, vai a Jerusalém. Ano 44, Tiago é martirizado. Pedro é encarcerado em tempos da Páscoa. Anos entre 44 a 45. Barnabé vai a Tarso, onde está Paulo, e lhe convida

para ir Antioquía, e Paulo segundo Atos 11:26, fica um ano alí. Ano 45, ida de Paulo e Barnabé a Jerusalém para levar ajuda aos que

passavam fome. Anos entre 45 a 47. Primeira viagem missionária, e ao regressar perma-

neceu em Antioquia muito tempo. Ano 49. Concílio de Jerusalém. Anos entre 49 a 50. Paulo começa sua segunda viajem missionária. Ano 51. Paulo chega a Corinto no governo de Gálio. Permanece um ano

e meio. Ano 52. acaba a segunda viajem missionária. Permanecendo (Atos 18:23)

muito tempo ali. Anos entre 53 a 58. Terceira viajem missionária, viaja para Ásia menor,

três anos em Éfeso, viaja para Macedônia, permanece três meses em Corinto. Anos entre 58 a 60. Aprisionamento de Paulo em Jerusalém. É levado a

Cesaréa onde esteve dois anos. Anos entre 60 a 61. Viajem a Roma nos meses de Março a Maio de 61. Anos entre 61 a 63. Paulo em semi-liberdade pregando em Roma. Últimos anos de 66, princípios de 67. Morte de Paulo ao sul de Roma.180

179 As cronologias são sempre aproximadas, existindo diferentes escolas que propõe diferentes pontos de partida e chegada, temos utilizado uma geralmente aceita, mas não seria um problema aceitar as pequenas variações entre elas se fosse necessário. Cf., A. Kuen, Op. Cit., pág. 51. 180 A. Kuen, Op. Cit., pág. 51.

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Conclusão A vida de Paulo fica marcada por um importante itinerário que temos identifica-

da em dois grandes e importantes períodos: Saulo o judeu e Paulo o cristão, entre os dois períodos um acontecimento importante, sua conversão ao cristianismo. Temos re-corrido sua infância, seu período de formação dentro da estrutura religiosa do judaísmo, e temos chegado ao momento em que se encontrou com Jesus no caminho de Damasco, onde respondeu: … Senhor, que queres que eu faça…181, depois deste encontro pessoal com Jesus, começou sua segunda etapa, o Paulo cristão, cheio de força e vigor se con-virteu no maior pregador do evangelho de todos os tempos.

Viajante incansável, recorreu grande parte do império em suas três principais viajens missionárias, levando as Boas Novas de salvação a cada uma das cidades que visitava, pregando e dando testemunho de que Jesus era o Filho de Deus.

181 Cf., Hch 9:6

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Perguntas para a lição

1. Em que cidade nasceu Saulo? Quais eram as duas cidades que precediam em importância?

2. Que dados dispomos para situar a data do nascimento de Saulo?

3. Nos tempos de Paulo, os fariseus estavam divididos em duas escolas, quais eram?

4. O que Paulo mantém de sua ascendência farisaica?

5. Segundo São Jerônimo, qual era a origem da família de Paulo?

6. Segundo a tradição hebraica em que idade um hebreu começava a ler a Escri-tura, aprender a Misná e a observar os preceitos?

7. Quais eram as línguas que provavelmente Saulo conhecia?

8. Quem acompanhou Paulo em sua primeira viajem missionário?

9. Em que cidade os abandonou João Marcos?

10. Quem foi o companheiro de Paulo em sua segunda viajem missionária?

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LIÇÃO 4: INTRODUÇÃO GERAL ÀS EPÍSTOLAS

I. Introdução

No princípio Epístola e carta eram sinônimas, mas com a publicação (séc. IV aC, de coleções das cartas de Isócrates e Platão, começaram a surgir um estilo e uma forma epistolares. A Epístola chegou a ser o estilo extenso destinado a muitas pessoas, com valor didático e duradouro.182

A importância do gênero literário as epístolas fica fora de toda dúvida, no nasci-mento e posterior desenvolvimento da igreja cristã primitiva. O Apóstolo Paulo não é fácil de ler, ao menos poderíamos citar três motivos principais, que serão amplamente desenvolvidas neste capítulo: a) Nos separam vinte século dele, b) foi herdeiro de uma dupla cultura: judia e grega, e c) seu pensamento e vocabulário foram evoluindo, parale-lo a seu próprio desenvolvimento e conhecimento da verdade de Deus em sua vida.

II. Características Gerais das Epístolas de PauloNenhum livro do AT., foi escrito deste modo, porque a carta, como meio de co-

municação, ainda que era conhecida pelos persas, se generalizou na época helenísti-ca.183 Um bom número de fatores contribuiram para propagação da mensagem escrita por Paulo neste suporte escritural:

A expansão do império de Alexandro e do Império Romano fez com que a co-rrespondência, as cartas, resultaram mais que necessárias para manter o contato e exer-cer a comunicação através desses vastos territórios. Esta necesidad deu lugar a creação de um corpo de escribas especializados em redigir cartas.184

No século I aC., se generalizou um tipo de carta chamada carta aberta185 que seria dirigida ao grande público. As autoridades administrativas e políticas se serviram muito deste meio informativo. No mundo onde não existiam os periódicos, faziam as vezes de meio de comunicação.

Se usaram este tipo de cartas abertas através de pessoas privadas, mas com desti-natários múltiplos. Por exemplo, há cartas conservadas de Cicerón.186 O mesmo distin-guía entre correspondência privada e cartas públicas.187 Temíam que usassem as cartas contra ele, e por isso buscava mensageiros fiéis que as entregassem sem manipulação. Algo parecido disse Paulo (2ª Tes 2:2; 3:17; Efe 6:21, 22; Col 4:7 – 9).

A carta se foi aperfeçoando, e em Roma se converteu em um gênero literário com uma grande implantação. Desde a época de Isócrates se normalizou seu uso (436 – 338 a.C.).188 Neste contexto é onde se encontra sua base escritural das Epístolas de Pau-lo, e incluso o resto delas no NT.

Uma carta189 é um escrito circunstancial destinado a responder a uma necessida-de precisa, está limitada pelo tempo e pelo espaço. De interesse restrito porque o único a quem interessa é ao destinatário original.

182 DIB, pág. 200, entrada: epístolas.183 A. Kuen, pág. 53.184 Idem.185 Idem.186 http://es.wikipedia.org/wiki/Marco_Tulio_Cicer%C3%B3n. 187 De Cicero se conservam 931 cartas.188 A. Kuen, pág. 53.189 4 CBSJ, pág. 566.

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Uma epístola é um gênero literário decorrente na antiguidade mediante a aparên-cia de uma carta dirigida a pessoa ou colectivo.190 O autor se dirige também ao público ao que dispunha seu pensamento ou teorias filosóficas ou religiosas.

As epístolas de Paulo são cartas neste caso:a) Porque foram escritas em circunstâncias concretas em um contexto his-

tórico muito preciso.b) Estão dirigidas a destinatários concretos para responder a questões esta-

belecidas ou para corrigir erros, ofensas, exortar, advertir, agradar, animar, de alguma questão que conhecia ou lhe haviam falado.

Não obstante, quando Pablo escreve, tem consciência de que os ensinamentos que ele dá em suas cartas ultrapassa ampliamente as circunstâncias dos destinatários imediatos. Ele supõe que essas cartas seriam lidas em todos os lugares ou centros dessa cidade, por exemplo Romanos 16:5, 15. Fez alusões a cinco casas nas quais se reuniam cristãos.É possivel que dos capítulos 13 ao 15 se refira a eles.

Outras vezes vai mais além de uma cidade, 1ª Cor 1:2 com todos os que em qual-quer lugar… E em Col 4:16 chama a toda uma província, para que haja um intercâmbio de cartas entre Laodicéia e Colossos. O autor tem constância de que seriam lidas mais além.

Os escritos de Paulo poderiam entender-se como cartas e epístolas da vez. A maior parte das cartas da antiguidade, não eram muito extensas. As cartas privadas, ti-nham uma média de umas 100 palavras, não ocorre assim com as epístolas. As epístolas literárias eram mais extensas, de 150 – 250 palavras em uma folha de papiro. As de Paulo são muito mais extensas, oscilam entre as 350 palavras de Filemon, e as 7.101 de Romanos.

Algumas epístolas parecem ter sido escritas por sua própria mão. Por exemplo, Filemon 19, Paulo o escreveu de seu próprio punho e letra; também em Galátas 6:11, Paulo escreveu com sua própria mão, em 1ª Cor 16:21; Col. 4:18 vemos exemplos de escrituras de Paulo. Paulo adverte, talvez para os que não conheciam sua escritura, da qual ele era o autor.

Em 2ª Cor 13:13 o fez de outra maneira, añade uma saudação colectiva, não fez nenhuma advertência; em Ef 6:23, 24; em Tito etc. Se serviu de secretários como se pode ler em Romanos 16:22 Eu, Tercio, que escrevi a epístola, os saúdo no Senhor.

A pergunta é ? por que Paulo não as escreveu inteira de seu próprio punho e le-tra? Há os que dizem que tinha uma vista defeituosa (Gál 6:11). Outros dizem que pelo fato de ter sido tecedor de tendas, isso lhe estragara as mãos. Mas tudo isso não é nada mais que especulações. Não nos é dada uma razão de forma explícita. Também a res-posta pode estar nos dos que estão no corpo de Cristo e que em sua equipe existiam os dons de escritura. Havia pessoas que tinham trabalhos manuais e que sabiam redigir muito bem.

III. Como nos aproximarmos das Epístolas para compreendê-lasEm algumas destas epístolas, Paulo podia telas concebidas como discursos, se-

guindo as práticas discursivas dos grandes mestres gregos. As epístolas de Paulo tem certas dificuldades, até o ponto, que são catalogadas entre os livros mais difíceis da Bi-blia. Seus próprios contemporâneos tiveram, em ocasiões dificuldades para isso, (Cf., 2ª Pedro 3:15, 16). Teve que aproximar-se de seus escritos com um certo método de inter-pretação que permitisse chegar a conhecer o significado. Entretanto apesar das dificul-dades, tem que ter muito presente que o conteúdo das Epístolas são inspiradas por Deus e trasmitido à Igreja de todos os tempos.

190 http://es.wikipedia.org/wiki/Epístola.

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As maiores dificuldades se baseam em:a) Dificuldades pela linguagem empregada.b) Dificuldades pelo estilo.c) Dificuldades pelos costumes literários da época.d) Dificuldades pelas circunstâncias precisas de cada carta.A. Dificuldades da linguagem

1. Empréstimos literários O vocabulário de Paulo é bastante rico, se o compararmos com o resto dos es-

critos do NT.,191 muitas de suas palavras não aparecem no resto do NT. Nas Epístolas de Paulo aparecem 31.457 palavras, delas, 2.478 são de diferentes raízes.192 Utiliza termos provenientes da linguagem jurídico193 que domina e conhece, da linguagem deportivo,194 palavras da linguagem dos sacrifícios,195 da linguagem proveniente do mundo militar.196

Durante muito tempo, se desconhecia o significado de muitos dos termos, até que com o tempo foram descobertos manuscritos pagãos em sua maioria, que tem trazi-do à luz o significado de muitas dessas palavras. Paulo usou recursos literários da lin-guagem corrente que ele conhecia e que outros escritores bíblicos não. As traduções mais modernas vão se dando conta do resultado do estudo de palavras que não se conhe-ciam anteriormente.197

Paulo usa analogias da linguagem que utilizavam os filósofos estóicos, ou os místicos. Esse é o motivo porque Tarso era célebre por suas escolas de filosofía, os grandes mestres pregavam em praça pública, para divulgar seus conhecimentos. Ao menos quarenta e oito palavras utilizadas por Paulo se tem identificado em comun com as fontes escriturais filosóficas de Epíptero.198

2. MetonimiasMetonimias,199 é um procedimento lingüístico, por meio do qual as palavras po-

dem mudar de sentido.200 As vezes, o significado ordinário, usual, das palavras, não é suficiente para expressar o sentido pensamento do autor. De modo que se postas em contextos diferentes, podem ter significados variados. Na epístola aos Romanos, la pa-lavra Lei designa um código legal em geral (Rom 5:13). Mas em Rom 2:25 – 27 fala da lei de Moisés, as vezes, a Lei, pode ser todo o AT. (Rom 3:21).

191O Apóstolo Paulo é herdeiro por sua vez da tradição da LXX e da cultura grega, seu vocabulário deve situar-se, em muitos casos, em relação com essa dupla herança. Cf., Cuadernos Bíblicos, Vocabulario das Epístolas paulinas, (Estella: Verbo divino, 1977), pág. 5.192 Idem. 193 Cf., Col 2:14, onde utiliza o termo ceiro,grafon (jierografón), termo que fez referência aos docu-mentos de onde se escreviam as sentenças, procedentes dos tribunais. 194 Cf., 1ª Cor 9:24 onde utiliza o termo stadi,w| (estádio).195 Pablo conoce la realidad sacrificial, tanto pagã como judía, emprega termos como thysia que significa: sacrificio. Cf., 1ª Cor 5:7.196 Cf., 2ª Tm 4:7.197 Um bom exemplo disso é a Nova Biblia Espanhola. 198 A. Kuen, pág. 57.199 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Metonimia. A metonimia (griego: μετ-ονομαζειν met-onoma-zein [metonomad ͡zein], recebe um novo nome) ou "transnominación" es un fenômeno de troca pela qual se designa uma coisa ou ideia com o nome de outra, servindo-se de alguma relação semântica existente entre ambas. São casos frequentes as relaões semânticas do tipo causa-efeito, de sucessão ou de tempo ou de todo-parte.200 Idem.

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B. Dificuldades com o estiloQuando lemos as cartas de Paulo e as comparamos com os evangelhos, nos da-

mos conta da diferença de estilo. Paulo gosta de frases longas onde abundam as orações relativas; ou orações subordinadas com outras conjunções.201 É uma linguagem grega para o culto.

Quando se estudam as epístolas de Paulo é bom ter em mente a extensão das oracões. É bom observar qual é o sujeito principal, o verbo principal, separar as orações, para entender melhor. Por exemplo 1ª Cor 7:17 – 24 é um parêntesis muito longa, sobre a condição social dos cristãos. Isto está precedido por um chamado. No v. 25, Paulo fala outra vez acerca do celibato, retomando o tema do v. 16.

Paulo repete certas palavras sinônimas, ou ao menos parecidas, para enriquecer a linguagem (Cf., Rom 8:35; Ef 5:19).

Uma dificuldade que alguns podem encontrar são os procedimentos literários de sua época. Há quem reconheça que já se passou muito tempo desde aquela época. Tem que levar em conta .tendo que levar em conta a estrutura geral da Epístola.

1) Critica internaÉ muito decorrente nos escritos de Paulo a utilização de estruturas literárias, por

exemplo a diatriba,202 empregada pelos filósofos estóicos e consiste em falar fazendo perguntas em que responde para si mesmo, chegando a uma conclusão pré determinada (ex. Rom 3:27 – 30; 5:12 – 21; 6:1 – 3; 9:14 - 27).

Usa, igualmente, procedimentos retóricos usados nas escolas de seu tempo, como a comparação sempre (Gál 4:14), a metáfora (Gál 5:1), a alegoria (Gál 4:21 – 31), metonímia (Gál 5:11), o Sinécdoque203 (Gál 1:16), hipérbole (Gál 1:8), a ironia (Gál 4:18). Perguntas do tipo retórico, sem contestação (Gál 1:10).

Há dificuldades devida à mentalidade própria do mesmo Paulo, porque é um personagem especial, é hebreu, mas conhece a filosofia e a cultura grega. Primeiro pode encontrar - se com algo que tem a ver com elementos semitas, e algunas vezes com elementos gregos. Era semita, portanto era capaz de reproducir la forma de expre-sarse como tal. A los semitas les gusta representar las cosas de forma concéntrica. Pablo utiliza en algunas casos esta forma y en otras por medio de paralelos.

Utiliza con mucha frecuencia lo que se llama paralelismo semítico.204 Encontra-mos el paralelismo sinonímico, donde se expresan dos ideas parecidas (Rom 9:1, 2). Paralelismo sintético (Rom 4:25). El paralelismo antitético (1ª Cor 12:26). As antíteses se vêem em 1 Co 13, se desenvolvem em polos opostos (bem e mal, vida e morte, escra-vidão e liberdade, condenação e justificação, Adão e Cristo, o fruto do Espírito e as obras da carne, etc.).

Outra dificuldade muito importante a ser levada em conta é que as epístolas são o resultado de um processo de comunicação que se dava início antes da redação. Paulo se dirigia a pessoas que ele conhece bem, a comunidade cristãs nas quais tinha 201 Há Biblias que intentam reconstruir as frases, e alguma frase de Paulo chega a ter 10 versículos.202 Originalmente, em sua interpretação grega, é o nome dado a um breve discurso ético, concretamente do tipo dos que compunham os filósofos cínicos e estóicos. Estas leituras morais populares tinham com frequência um tom polêmico, e «diatriba» adquiriu pronto o sentido moderno de «invectiva». Cf., http://es.wiktionary.org/wiki/diatriba. 203 Utilizar a parte pelo todo ou viceversa.204 Conhecido normalmente por estrutura quiástica. Um exemplo o encontramos em Efésios 4:17 – 5:21:a) 4:17-19: os outros.b) 4: 20-32: nós, negativo e positivo.b’) 5:1-4: nós, negativo e positivo.a’) 5:5-21: os outros.

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trabalhado, com a qual já tinha antecedentes. Por ser um processo de comunicação, há coisas que o leitor original as capta imediatamente por ser parte do processo de comunicação, mas ao leitor do século vinte e um, algumas coisas passam desapercebidas se não há uma reconstrução importante do contexto.

2) Crítica externaA partir da crítica externa, há uma dificuldade acrescentada às já mencionadas, e

que é determinante para o estudo da Bíblia em geral, e das Epístolas de forma mais particular. Normalmente temos composto nosso sistema doutrinário, ao qual chamaremos de método concordatico,205 onde se agrupam debaixo de um mesmo termo todos os versículos onde aparecem206. Vejamos um exemplo, analisemo pelo método concordático os seguintes textos:

Rm 3:20: visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.

Rm 6:14: Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.

Uma aproximação com o método concordático, como método de interpretação, em si mesmo, aplicado a estes textos, nos poderia fazê-los entender da mesma forma, nos poderia fazer pensar que falam a mesma coisa, entretanto, o primeiro fala da justifi-cação e o segundo do pecado. Ainda que contenham outros termos comuns, que ocu-pam um lugar secundário.

Sem dúvida, tanto as dificuldades internas como externas, são um inconveniente para a leitura e compreensão de qualquer libro da Bíblia, mas pelas diferentes dificulda-des mencionas nesta parte, no tocante às Epístolas esas dificuldades se tornam mais pa-tentes.

IV. As fontes escriturísticas utilizadas por Paulo: as citações

A. O Antigo Testamento

Da mesma forma que os primeiros cristãos, Paulo seguiu o método de Jesus para citar o Antigo Testamento. A principal fonte de Paulo, a parte da revelação e inspiração é o AT207. Todos os escritos paulinos estão impregnados de textos do AT, como base escriturística para justificar suas declarações.

B. Interpretação escatológica e cristológica

Paulo faz uma interpretação escatológica e cristológica208 do AT. A comprensão da figura de Jesus procede integralmente, nos escritos do Apóstolo, da interpretação cristológica do AT. É através das páginas do AT, que ele encontra a base escriturística para mostrar a missão de Jesus de Nazaré. A exegese de Paulo do AT, mantém uma estreita relação, em formato e forma, não em conteúdo, com a exegese rabínica farisai-ca: chamada peser.209 De onde se acentua, uma grande polêmica sobre o tema da lei em relação ao rabinismo farisaico. 205 Índice de todas as palavras de um livro ou do conjunto da obra de um autor, com todas as citações dos lugares em que se acham. Dicionário da Real Academia da Lingua Espanhola, versão eletrônica, vigésima segunda edição.206 Cf., Concordancia de las Sagradas Escrituras, Editorial Caribe, o similares.207 J. Trebolle, La Biblia judía y la Biblia cristiana, (Madrid: Editorial Trota, 31.998), pág. 555. 208 Idem.

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C. Técnicas de utilización de las citas

Em todas as suas epístolas há um total de noventa e três citações textuais.210 Mais da metade se encontram na Epístola aos Romanos,211 o resto, deixando de lado as Epístolas Pastorais, se encontram sobretudo em Corintios, em Gálatas e Hebreus. Uma possível razão para isto, pode ser encontrada nos destinatários de origen judía, que eran conhecedores dos escritos do AT, e que agora mantinham uma viva polémica com sua antiga interpretação. Entretanto, as Epístolas de Tessalonicenses, Colossenses e Fi-lipenses não contem citações do AT, talvez pela mesma razão, seus destinatários provi-nham do mundo greco-romano e não conheciam o texto hebraico.

Na maioria das suas citações, Paulo, como já indicamos, cita o AT, ainda que em muitos casos não se ajuste à LXX, analizando as mudanças que Paulo introduziu, vol-tando na maioria dos casos a situar o sentido do Texto Massorético.212

Das noventa e tres citações, Paulo modifica as citações do AT em cinquenta e dois casos, reproduz o texto sem modificações em trinta e sete ocasiões, e em quatro vezes o texto é impreciso213. Dos cinquenta e dois casos onde ele muda a citação, em trinta ocasiçoes, mas modificações afetam varios aspectos, o que impede em muitos casos reconhecer o texto massorético original.214 Doze dessas citações são especialmen-te significativas. Por exemplo, a citação de Ex 9:16, em Rom 9:17: Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra215.

Entre as mudanças encontramos claramente as que se referem ao conteúdo. Só em quinze citações se trata de mudanças estilísticas. Em treze ocasiões se trata de entre-laçar vários passagens em uma só, por meio da técnica rabínica do Midrâs.216

Para alguns autores, já clássicos,217 as variantes nas citações se devem ao fato de que paulo cita-as de memória, mas estudos recentes218 tem demonstrado que precisa-mente as citações nas quais se tem mais certeza de que tenham sido tomadas literalmen-te, é onde há mais mudanças: o que demonstra que as mudanças se devem a um proces-so exegético-interpretativo de Paulo. Os descobrimentos e estudos posteriores dos escri-tos de Qunrám, tem demonstrado que as mudanças que aparecem nas citações utilizadas por Paulo, se devem aos diferentes sistemas interpretativos judeus, conhecidos por Pau-lo durante sua formaçaõ farisaica.219

209 Interpretação de um texto do AT, sobretudo dos livros proféticos ou dos Escritos, relacionando-os com acontecimentos ou personagens escatológicos que o autor crer está vivendo.210 J. Trebolle, Op. Cit., pág. 565.211 Um total de 75 citações implícitas ou explícitas nos dois primeiros capítulos de Romanos.212 São muitos os casos particulares que poderíamos citar, mas só mencionaremos um: em Hb 2:4 diz o TM: mas o justo pela fe viverá. A versão rabínica (LXX) diz: mas o justo por sua fé viverá. Paulo em Rm 1:17 volta ao texto da Bíblia Massorética: mas o justo pela fé viverá. 213 J. Trebolle, pág. 565.214 Idem. 215 O resto das citações são: Ex 34:34a citada em 2 Co 3:16; Dt 21:23c em Gl 3:13; 27:26 em Gl 3:10; 29:3 Rm 11:8; 30:12-12 em Rm 10:6-8; 1 Rs 19:10 em Rm 11:3; Sl 13:1-3 em Rm 3:10-13; Os 2:5 em Rm 9:25; Is 28:11-12 em 1 Cr 14:21; 52:5 em Rm 2:24; 59:7-8 em Rm 3:15-17.216 Termo hebraico que significa busca, também podendo significa estudo e explicação. DNT, pág. 305.217 A. Kuen, Introduction au Nauveau Testament, (Saint-Légier: Editions Emmaüs, 1980). Crê que as variantes se devem a que está citando de memória.218 J. Trebolle, Op. cit., pág. 567, aponta as últimas pesquisas a respeito do tema, chega à conclusão de que não é que está citando de memória, mas que, as variantes se devam a um plano bem definido.219 Idem.

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D. Paralelos das citaçõess de Paulo com os escritos judeus da épocaPaulo, elabora, sobretudo uma nova formulação da teología do AT220. O mais

lógico é comparar, a partir do ponto de vista escriturístico, não de interpretação, as ci-tações de Paulo com os escritos mais importantes do Qunrám, como o Documento de Damasco, a Regra da Comunidade, e o livro de Guerra. A analogia mais exata é a que oferece o primeiro dos livros que temos citado, que mesmo não sendo exatamente igual é a que mais se parece.221

E. A exegese de Paulo e a exegese rabínica através da citaçõesAs citações como já temos dito, que Paulo utiliza temu m reflexo de sua for-

mação rabínica, em suas Epístolas encontramos citações tanto literais como midrásicas. Em muitas ocasiões a interpretação do AT, se faz utilizando as regras da exégese rabíni-ca.222 A primeira das sete principais regras, utilizada por Hillel, qal wahomer,223 aparece em Rm 5:15-21: Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores…

A segunda regra, gezarâ sawa224 (analogía), é utilizada com frequência quando para justificar um determinado argumento seleciona uma coleção de textos extraídos de contextos diferentes. A Epístola aos Romanos utiliza esta técnica em repetidas ocasiões. Um exemplo é Rm 3:10-18, onde Paulo enlaça textos como Sl 14:1-3, 5:9, 140:3; 10:7; Is 59:7ss, Sl 36:1. Hebreus 1 é outro caso relevante deste procedimento.

São alguns dos exemplos que nos podem fazer pensar. Os recentes descobrimen-tos nos leva a pensar que a exegese de Paulo do Antigo Testamento é rabínica quanto à forma e Cristocêntrica quando ao conteúdo.

F. Outras fontes utilizadas por PauloA vasta formação de Paulo nas fontes clássicas gregas, o leva a utilizar também

fontes pagãs. Em algumas ocasiões há quem vê nele agumas alusões a algum libro apócrifo,

ou escritos da literatura comum de então. Por exemplo, aos Corintios, lhes diz: Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. (1ª Co. 15:33; frase de Menandro225). A expressão: Comamos e bebamos que amanhã morreremos é uma ex-pressão que estaba em Tarso, em uma grande estátua, também em Is 22:13 e 1 Co 15:32.226 De todos os modos, estas são escassas. Também em Tito 1:12 diz o mesmo que Epimerio dizia ao acusar aos cretenses.227

G. Hinos primitivosTambém há hinos primitivos. Certas passagens das epístolas de Paulo, se vê por

sua métrica, baseada na disposição das sílabas, que são estrofes ou restos de hinos, por exemplo, Cl 1:15-20; Ef. 5:14; Fl 2:6-11; 1 Tm 3:16; 2 Tim. 2:11 – 13.

Paulo exorta a cantar este tipo de hinos, Ef 5:9; Cl 3:16. Muitos desses hinos deviam ser conhecidos em maior ou menos medida pelos destinatários das epístolas. A

220 Op.Cit., pág. 567ss.221 Idem. 222 Idem.223 D. Lozano, Rabinismo y exégesis judía, (Terrasa: Editorial Clie, 1999), pág. 55: Fácil difícil, equiva-lente rabínico da argumentação.224 Op. Cit., pág. 51. 225 A. Kuen, pág. 63.226 Idem. 227 Idem.

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parte da métrica, se distingue pelo paralelismo antitético e sinonímico,228 e por repe-tições que aparecem.

H. Confissões de fé1 Co 15:1-7, é uma confissão de fé. Este não tem uma forma de hino, é uma

declaração de fé que se repetia em muitas comunidades primitivas. Ademans o mesmo Paulo o disse (v. 3) vos entreguei o que também recebi. Outras confissões de fé estão em Rm 1:4; Gl 1:3 – 4.

I. Palavras diretas do SenhorSão Palavras que os Evangelhos não registraram, mas a que Paulo teve acesso,

algumas nas epístolas, outras em Atos: mais bem aventurado é dar do que receber, estas palavras não aparecem nos evangelhos, mas sim em Atos. Outra é 1 Co. 7:10: Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido… Isto não está nos Evangelhos, ainda que Jesus disse coisas parecidas.

Paulo estabelece o modelo de interpretação cristã do AT. Este seguirá sendo o AT, não na letra, mas no espírito, não na lei, mas na graça. Cristo constitui o final da lei, na novidade do espírito e não na caducidade da letra (Cf., Rm 7:6; 10:4).

A teología da primeira geração de cristãos esteve dominada pela tensão reinante entre dois movimentos antagónicos, um cristianismo conservador que se desenvolvía junto junto ao judaísmo e personalizado por Pedro, e no outro extremos se encontraba o cristianismo internacional e liberal personificado por Paulo.

V. Valorações históricas sobre os escritos de PauloNo século I DC, antes do ano 70 já se sabia que as epístolas de Paulo estavam

circulando 229. O apóstolo Pedro, que morreu junto com Paulo indica que as palabras de Paulo são dificeis de entender, as quais os indoutos e inconstantes torcem. O mesmo Pedro coloca as palabras de Paulo ao mesmo nivel das Escrituras.

Da parte cristã, Clemente de Roma,230 ao final do século I, utiliza também as epístolas de Paulo com valor normativo, como Romanos231 e Hebreus,232 enviando-as a seus paroquianos.

Inácio de Antioquía,233 em 117 dC. escreveu cartas aos Efésios, como ancião, e menciona essas cartas, em forma de várias passagens de Efésios, de Romanos e de 1ª aos Corintios, assim como as epístolas pastorais. Está apoiando sua argumentação em textos de Paulo como inspirados.234

228 A poesia hebraica se caracteriza entre outros métodos por seu sistema de paralelos, ao contrário da nossa que o faz por meio da rima. Ela era feita de duas formas, a antitses, que consiste em mostrar a reali -dade que se deseja expressar por meio de dois versos com temática contrária. Em segundo lugar está o sistema sinônimo, onde se mostra a realidade que se deseja expressar por meio de dois versos com ideias sinônimas. Cf., para o primeiro método Prov 14:34; para o segundo método cf., Sal 140:3.229 A. Kuen, pág. 64.230 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Clemente_de_Roma.231 1ª Clemente 35:5ss.232 1ª Clemente 36:5ss.233 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Ignacio_de_Antioqu%C3%ADa. 234 Ignacio disse: Sei quem sou e a quem escrevo. Tenho sido condenado, mas tenho recebido misericor-dia; estou em perigo, mas sou fortalecido e consolado. Vós sois a rota daqueles que estão no caminho para morrer em Deus. Estás associados nos mistérios com Paulo, que foi santificado, que obteve um bom nome, que é digno de todo parabéns; em cujas pisadas de boa vontade quisera estar andando, quando chegue a Deus; o qual em cada carta fez menção de vós em Cristo Jesus. Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Ignacio_de_Antioquia, seção tabela de conteúdo/carta aos efesios/tradução do texto/páragrafo XII. A enfase é nossa.

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Policarpo, foi discípulo de Jão. Em seus escritos menciona a Paulo e diz em uma carta enviada aos Filipenses que ensinou a Palabra da verdade e que é digno de con-fiança por haver sido revelada pelo Senhor, em particular, Romanos, Corintios e Gála-tas.235

Para a metade do século II dC., Marcião, fez uma lista de epístolas de Paulo, e menciona dez236 delas.237 Na mesma época, Tertuliano,238 criticou a um ancião da zona da Ásia Menor, por haver escrito um livro chamado Atos de Paulo, onde havia introdu-zido certas afirmações pessoais que colocavam na boca de Paulo. Estas afirmações pes-soais não se ajustavam nem se podiam basear nas epístolas de Paulo. O ato é que as menciona.

Irineo de Lion, fazia o 195, apoia seus escritos em muitissimas citações de Pau-lo, incluindo as epístolas pastorais. Há, pelo menos, 248 citações de Paulo, e que são mencionadas como regras de fé, regra de verdade. 239 Influiu muito em teólogos poste-riores.

O Canon de Muratori, menciona todas as epístolas de Paulo, com exceção de Hebreus. Ao mesmo tempo, contém listas de outros livros que não deverían ser utiliza-dos como corretos. 240

No início do século III, Eusebio de Cesarea241, na lista de livros do NT, junto com a lista do AT, já inclui aos Hebreus. Até o Concilio de Nicea houve discussões acerca do Canon.242

VI. Dados possíveis das Epístolas de PauloPara um estudo completo e contextualizado seguiremos o itinerário da escritura,

baseado nas datas de redação de cada um dos escritos epistolares. Seguiremos a propos-ta de A. Kuen.243

235 Cf., Policarpo em http://escrituras.tripod.com/Textos/EpPolicarpo.htm, seção III, que disse: Estas coi-sas os escrevo, irmãos, com respeito à justiça, não porque eu me impus esta carga, mas porque vós me convidasteis. Porque nem eu, me homem algum, pode seguir a sabedoria do bem-aventurado e glorioso Paulo, o qual, quando esteve entre vós, ensinou cara a cara aos homens daquele dia, a Palabra da ver -dade com cuidado e certeza; e quando estive ausente, os escriveu uma carta, na qual, se a escudrinhais com diligência, podereis ser edificados na fé que se os há dado, a qual é a mãe de todos nós, contato que a esperança segue e o amor vá adiante – amor para Deus e Cristo e para nosso próximo. Porque se um ho -mem se ocupa disso, tem cumprido os mandamentos da justiça; porque o que ama está longe de todo pecado. A ênfase é nossa.236 A. Kuen, Op. Cit., pág. 65.237 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Marcion, disse: Escreveu o primeiro canon, no qual só incluiad os escritos de Paulo, identificando só algumas epístolas como autênticas, e o Evangelho de Lucas. Depois deste cânon, o cristianismo ortodoxo se deu conta de que era necessário organizar a confusão de escritos que se haviam produzido desde a origem do cristianismo e publicou seu próprio canon, que chegou a ser o que hoje conhecemos como Novo Testamento.238 Cf., http://www.conoze.com/doc.php?doc=3015, onde se diz: Em seu tratado De batismo (c.17), Tertu-liano fez esta observação: "Mas se os escritos que circulam fraudulentamente sob o nome de Paulo invo-cam o exemplo de Tecla em favor do direito das mulheres a ensinar e batizar, que separa todo o mundo que o sacerdote da Ásia que os compôs com o fim de aumentar a fama de Paulo por meio de episódios de sua própria invenção, depois de haver sido considerado culpado e de ter confesado que o havía feito por amor a Paulo, foi deposto de seu cargo." Ainda antes de Tertuliano circulavam, pois, certos Atos de Pau-lo, e seu autor era sacerdote da Ásia Menor; sua suspensão ocorreu antes do ano 190. Não foi possivel determinar todo o conteúdo e extensão destes Atos até que C. Schmidt publicou em 1904 o fragmento de uma tradução Copia dos Atos paulinos contidos em um papiro da Universidad de Heidelberg.239 A. Kuen, Op. Cit., pág. 66.240 HB, pág. 609.241 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Eusebio_de_Cesarea. 242 http://es.wikipedia.org/wiki/Concilio_de_Nicea_I. Cf., J. Gonzaga, Concilios, (Michigan: International Publications, 1966), tomos 1 – 2.243 A. Kuen, Op. Cit., pág. 51.

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Epístola Data de Redação

Origem destinatários

Gálatas 49 dC. Comunidade de origem judía

1ª Tessalonicenses 51-52 dC. Comunidade origem gentia

2ª Tessalonicenses 51-52 dC. Comunidade de origem gentia

1ª Corintios 56 dC. Comunidade origem judía

2ª Corintios 56-57 dC. Comunidade origem judia

Romanos 57-58 dC. Comunidad origen judío

Efésios 62 dC. Comunidade origem gentia

Filemon 62 dC. Pastoral

Colossenses 62 dC. Comunidade origem gentia

Filipenses 63 dC. Comunidade origem gentia

Hebreus244 64-65 dC. Comunidade origem judía

Tito 65 dC. Pastoral

1ª Timóteo 65-66 dC. Pastoral

2ª Timóteo 66-68 dC. Pastoral

Uma vez que temos realizado o estudo da introdução das Epístolas Paulinas, nos adentramos na introdução particular de cada uma delas.

VII. Conclusão

Desde que as Epístolas de Paulo començaram a circular, se observou certas difi-culdades, para compreender seu significado, o próprio Apóstolo Pedro, fez referência a ele. O motivo dessas dificuldades as temos identificado em quatro áreas: a) dificulda-des na linguagem, muitos dos termos empregados são provienentes das diferentes lín-guas que ele dominava, a modo de préstamos literários, e que são estranhos a nós; b) dificuldades pelo estilo literário empregado, tomado dos círculos intelectuais da época; c) os costumes literarios que tanto Paulo como os destinatários utilizavam de forma co-mum mas que nos são estranhos; d) as circunstâncias próprias. Como consequência, para uma completa compreensão do significado das Epístolas, tanto a nivel particular como global, será necessário uma aproximação metodológica, que contemplará cada

244 Como já temos indicado, para a crítica este livro não é de Paulo, eu o considero do Apóstolo.

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uma das dificuldades mencionadas e explicadas, de não faze-lo corre o perigo de uma incompreensão do significado original.

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Perguntas para a lição

1. Em que época se generaliza e normaliza o uso das Epístolas?

2. Quais foram os fatores que contribuiram para propagação deste suporte escri-tural?

3. Que diferenças existe entre uma carta e uma epístola?

4. Paulo utiliza termos que provém de?

5. Que tipo de frases Paulo gosta de utilizar?

6. Aos semitas eles gostam representar as coisas de forma?

7. A vasta formação de Paulo nas fontes clássicas _________ lhe levam a utili-zar também as fontes pagãs.

8. O que entendemos por metonímias?

9. Paulo utiliza com muita frequência o que se chama paralelismo _________

10. Quantas citações textuais utiliza Paulo em suas epístolas?

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LIÇÃO 5: AS GRANDES EPÍSTOLAS

I. IntroduçãoO aluno fará uma leitura continuada, seguida de cada uma das Epístolas, seguin-

do o itinerário que propomos. Se lerem sem atentar para a divisão em capítulos e ver-sículos, do mesmo modo, os títulos que suelen levar as Biblias para identificar seções ou capítulos. A intencão é que se faça uma primeira leitura levando em consideração a uni-dade do escrito e não as divisões que se fizeram posteriormente, que poderiam limitar nossa compreensão do significado da Epístola. Paulo como rabino estava acostumado a estudar a Bíblia em seções temáticas e não em versículos e capítulos. Faremos uma in-tenção aproximada ao estudo por seções. (cf., cada um dos esquemas que contribuem,em seções, de cada carta.)

O aluno deverá igualmente, indicar os termos que considere mais sobressalentes e importantes em cada uma das Epístolas, sobre tudo aqueles que se repetem várias ve-zes, com a intenção de entender as prioridades doutrinais expostas pelo Apóstolo Paulo.

Uma vez que saibamos o sentido particular de cada uma das Epístolas, podere-mos empreender um estudo mais profundo que será estabelecer o corpo doutrinal do Apóstolo, ainda que isto não será o objeto de estudo neste curso.

II. Gálatas É conhecido como o evangelho de Paulo.245 Não aparece a menção a a ação de

graças, posto que a igreja atravessa uma situação dramática que está levando a perder sua fé nos princípios do evangelho. Começam a aparecer diferentes grupos de judaizan-tes que recorrem a diferentes igrejas procurando justificar a volta à prática da circunci-sisão e o significado da lei. O problema não era o local senão que se converteu no pon-to de desencontro dos primeiros momentos do desenrolar do cristianismo. Como resul-tado se convocou o Primeiro Concilio246 da Igreja em Jerusalém (At 15). O problema era tão grande que havia o risco de que a igreja, jovem, se dividisse em duas partes.

O Apóstolo com a Epístola aos Gálatas, intentou reconduzir a situação, pensando na unidade das igrejas, aainda que não conhecemos o número delas que receberam ori-ginalmente o escrito.

A. Lugar e data da redaçãoNo livro de Atos, Galácia designa o norte da Turquía. Toda a região sul da Galá-

cia era uma província romana. Em sua primeira viagem missionária, a igreja que leva este nome foi fundada por Paulo.

A carta deve ter sido escrita antes do relato que aparece em 2:1-14 e depois do episódio de 4:13. Pelos dados que aparecem em Romanos, se podería pensar que Paulo escreveu a epístola antes da terceira viagem a Corinto. Esta carta debe ter sido escrita antes de Romanos.

B. DestinatáriosA carta é dirigida aos Gálatas (3:1). É difícil expressar com exatidão a que igre-

ja foi dirigida em sua origem. O termo Galacia, pode identificar duas regiões diferen-tes. Se está se referindo a zona norte, toda a região de Ancira. Esta região havia sido ocupada por tribos que tinham vindo da Galia, séculos antes. Foi Alejandre Magno

245 Cf., A. T., Robertson, Imagens Verbis no Novo Testamento, t.4, (Tarrasa: Editorial Clie, 1989), pág. 373.246 Usamos o termo Concilio por sua utilização e uso, mas em nenhum caso com a exceção utilizada pela teologia católica.

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quem conquistou a zona. Foi no final do primeiro século aC., que foi reconquistada pe-los romanos. Como resultado da organização desta região pelo Império Romano, o nome de Galacia se aplicou a zona sul da Ásia Menor. De toda forma não é fácil, atra-vés do tempo, situar de forma concreta a zona geográfica.247

C. IgrejaO apostolado de Paulo está sendo questionado (1:1, 2:1-11), alguns estão ensi-

nando outro evangelho (1:6-7), o tema das festas judaicas e a circuncisão está enfren-tando a igreja (3:3, 5:2-4, 6:12), alguns pensaran que, pela novidade do evangelho, tudo estava permitido (5:13, 16-25). Paulo se posiciona em relação a seu ministério apostóli-co e integra resposta às questõe que eram debatidas no seio da igreja.

D. AutenticidadeTradicionalmente tem sido aceita a paternidade paulina de Paulo.

E. Esquema interno É uma Epístola bem estruturada, Paulo apresenta um estudo sobre a justificação

pela fé, que será redescoberto durante o processo seguido pela Reforma. É uma carta específicamente cristológica y soteriológica. Pablo dirá que la circuncisión ya no tiene valor en relación con la salvación en Cristo. La ley ha sido dada por la trasgresión (3:19), Pablo insiste en la gracia, la fe, la libertad y la Nueva Alianza.

F. Esquema generalI. Introdução (1:1-9).

A) Fórmula introdutória (1:1-5).B) Assombro (1:6-7) e anátema (1:8-9).

II. Paulo defende seu ministério (1:10-2:21), pessoal e histórico.A) Origem divina de seu evangelho (1:10-20).

B) A pregação de Paulo aceita em Jerusalém (2:1-10).C) Diferenças entre Pedro e Paulo (2:11-14).

D) Resumo doutrinário de Paulo (2:15-21).III. Sessão doutrinal (3:1-4:31) escritural: a fé e não a lei salva ao

homem, dentro do plano de Deus.A) A fé (3:1-28).B) A liberdade cristã (3:29-4:20).C) Ilustração: Sara e Agar (4:21-31).

IV. Aplicação Prática (5:1-6:10): exortação: conservar a liberdade em Cristo.

A) Advertência para que não percam a liberdade em Cristo (5:1-12).

B) Instruções sobre a correta utilização da liberdade em Cristo (5:13-6:10).

V. Conclusão (6:11-19) Epílogo e firma de Paulo. G. Palavras chave1) Lei em sentido global que inclui no texto tanto a lei moral como a ceri-

monial, aparece num total de trinta e uma vezes.2) Liberdade que aparece em 2:4, 3:28, 4:26, 31:5.3) Carne, com um total de dezoito vezes ao longo do texto.4) Espírito, com um total de quinze vezes.

247 DB, pág. 475.

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5) Fé, com uma presença de vinte e duas vezes.6) Justificar e seus derivados, aparecem em 2:16-17, 3:8, 11, 24, 5:4.7) Servidão aparecem em 4:3, 8, 9, 24, 25, 5:1, 13.8) Promessa, um total de dez vezes.9) Cruz, 5:11, 6:12, 1:4.

H. Textos chaveO texto possivelmente mais complicado do escrito se encontra em 3:20.

III. Primeira Epístola aos TessalonicensesNesta Epístola, não utiliza Paulo conceitos teológicos, não aparecem noções

como: cruz, lei, liberdade. Não usa citações procedentes do AT.248 A ação de graças com a qual começa seu escrito é particularmente longo (1:1-10). Nesta ação de graça, com caráter de introdução fez menção a diferentes temas que vai tratar no escrito.249

A. Lugar e data da redaçãoMuitas cidades são mencionadas no escrito: Filipos (2:2), Atenas (3:1-2), Mace-

donia e Acaia. Timóteo se incorpora como companheiro de Paulo e Silas a seu regresso de Tessalônica (3:6-10).

Segundo o livro dos Atos, Paulo comparece diante de Galió (At 18:12-17). Es-crita no final do ano 52 dC., meio ano depois da fundação daquela igreja.250

Se coincide a ideia de que Paulo escreveu esta Epístola em Corinto,251 depois do retorno de Silas e Timóteo (At 18:5). Seus dois companheiros são mencionados na carta (1:1). É talvez o escrito mais antigo do NT.252

B. DestinatáriosAos irmãos da igreja que está em Salônica, cidade que foi fundada no ano 315

aC. Deu o nome da Esposa de Cassandro, Tessalônica (vitória de Tessália) seu funda-dor, que era general de Alexandre. Capital da Macedônia, uma cidade próspera e habita-da por uma colônia judia importante, tinha um dos três portos importantes da costa do Mediterrâneo (Tessalônica, Corinto e Éfeso). Construída em forma de anfiteatro. Sua posição geográfica era privilegiada, por ter acesso direto as grandes vias de comuni-cação do império. Na época de Paulo, a cidade teria uns 200.000 habitantes, compostos em sua maioria por romanos, gregos e judeus. O imperador Augusto, concedeu a cidade o estatus de cidade livre.253 Tinha seu próprio senado (cf. At 17:5).

C. IgrejaPaulo visitou a igreja desta cidade em sua segunda viajem missionário (At 17:1).

Chega a cidade depois de haver deixado a cidade de Filipos (2:2). Não foi bem acolhido e muitos dos membros da sinagoga obrigaram a partir. Iria a Beréia (At 17:10). Não passou muito tempo nesta cidade, dois ou três meses a sumo, mas deseja voltar (2:17-18).

248 Como já temos comentado anteriormente que o Apóstolo adapta a seus destinatários o texto, nesta ocasião como os destinatários não eram de origem judaica, não utilizou o texto do AT como base de sua explicação, entre outras possíveis razões estaría o desconhecimento.249 Cf., IVNT, pág. 27.250 HB, pág. 613.251 NBE, pág. 1836.252 Idem.253 DB, pág. 1151.

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Paulo discutirá com os judeus da zona durante três dias de repouso demostrando que Jesus é o Cristo. Como resultado um grupo importante de judeus se convertem (At 17:4). Um deles, Aristarco se converteria em um colaborador do Apóstolo (At 18:5).

Durante sua estância trabalhou dia e noite, (2:9, 2 Ts 3:8-10). A igreja de Tess-alônica foi fundada entre os anos 49-50 dC.

A carta foi escrita por diversas razões:a) Ausência prolongada de Paulo (2:17-20).b) Se fez responsável da nova comunidade (2:1-12).c) Como resposta a mensagem que trouxe Timóteo da parte da igreja

(3:1-10).d) Um chamado a santidade (4:1-8).e) Abordar o tema da parusía (4:13).f) Um chamado a edificação (5:12-22).

Paulo não ficou muito tempo na cidade (At 17:5-10), mas enfrentou diferentes problemas: cf., 2:1-10, 3:10, 4:3-8, 4:10, 4:11-12; 5:14.

Alguns de seus membros não teriam recebido bem o ensinamento do retorno de Jesús. Paulo escreve a carta para afirmar a fé da igreja respondendo a seus interrogantes.

D. AutenticidadeA autenticidade da carta é aceita por todos os críticos. Foi utilizado na época dos

Pais da Igreja como um escrito de referência doutrinal. É mencionada no Canon de Mu-ratori. Em torno do ano 150 dC., Policarpo e Justiniano Mártir se referiram as pass-agens que se encontram nesta carta.254

E. Esquema internoA primeira parte é essencialmente apologética (1:2- 3:13). Paulo lhes felicita

pela forma como havíam recebido o evangelho. Expressa sua gratidão aos convertidos, por ter lhe confortado na tribulação (3:4, 7-8). Os tessalonicenses são verdadeiros mo-delos, de fé e confiança para outras comunidades.

Na segunda parte, Paulo fez uma exortação pastoral e aborda diferentes temas relacionados com a parousía (4:5, 22), a conduta (4:1-8), amor fraternal (4:9-12, 5:11, 13b-15), lhes pede respeito para aqueles que trabalham a favor da igreja (5:12-13), abor-da o tema dos dons (5:19-21), dando por finalizada sua carta com diferentes exortações.

F. Esquema Geral da EpístolaI. Relações pessoais de Paulo com a igreja (1:1-3:13).

A) Quando funda a igreja (1:2-2:6).B) Depois da fundação da igreja (2:17-3:13).

II. Sessão doutrinal (4:1-5:24).A) Santidade (4:1-8).B) Amor e ordem (4:9-12).C) Os que nos deixaram (4:13-18).D) A Parousía (5:1-11).III. Aplicação prática: Exortação para a vida comunitária (5:12-14). IV. Conclusão (5:25-28).

G. Termos chaves1) A vinda (parousía), aparece em 2:19, 3:13, 4:15, 5:23.

254 Op. Cit., pág. 1152.

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2) O Evangelho de Deus, como mensagem de salvação, 2:8, 8:9 ou Palavra de Deus, 2:13.

3) A utilização do plural da primeira pessoa, 3:1-2.

IV. Segunda Epístola aos TessalonicensesOs que sofrem perseguição esperam a liberação no día do juízo do Senhor.255

A. Lugar e data de redaçãoA carta está escrita, sem dúvida, antes da segunda visita de Paulo na cidade de

Tessalônica (At 20:1-3). Paulo menciona um movimento de oposição (3:2). Mas no en-tanto foi escrita antes das desordens de Corinto (At 18:12-17), entre os anos 51-52 dC.

B. Destinatários A primeira Epístola de Tessalonicenses é dirigida particularmente a um grupo

de origem pagã. Esta segunda epístola fez alusão a uma doutrina que já era conhecida na mesma igreja (1:6-10, 2:1-12).256

Paulo sente a necessidade de voltar a tratar alguns dos temas que já foram trata-dos na primeira Epístola. Retorna ao tema da parousía (2:1-12), acrecentando que o tempo não é imediato.

C. IgrejaA mesma que na primeira carta.

D. AutenticidadeToda a antiguidade atribuiu sem discussão ambas cartas ao Apóstolo Paulo. A

escola crítica do século XIX e XX, pôs em dúvida pela primeira vez a paternidade pauli-na do escrito, baseados em certos elementos do vocabulário e estilo, até porque na pri-mera carta não se encontra o elemento escatológico, e suas relações com as epístolas mais importantes de Paulo sobre o escrito.

E. Esquema interno Paulo fez um chamado a igreja, são felicitados por seu progresso na fé (1:3), tem

a intenção de corrigir e completar, depois do envio da primeira epístola os temas mal compreendidos ou que requerem uma nova explicação.

F. Esquema geral da epístolaI. Os que sofrem perseguição esperam a liberação no dia do juízo

(1:1-12).II. Sessão doutrinal: A vinda do Senhor (2:1-2:5).

A) Sinais da Vinda (2:1-12).B) Ação de graça, alento e oração (2:13-3:5).III. Aplicação prática: Advertência aos que causam alvoroço (3:6-

15).IV. Conclusão (3:16-18).

G. Termos chaves1) Homem do pecado.257

255 I VN, pág. 73ss.

256 Cf., o mesmo tratado na 1ª Epístola deste mesmo nome. 257 Várias são as interpretações que se deram ao longo da história da interpretação destas expressões: 1) Os pais da igreja o identificavam com o império romano; 2) Na Idade Média se identificava com os sacer-

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2) Filho da perdição.3) O mistério da iniquidade.4) O que impede.

V. Primera Epístola aos Corintios A primeira Epístola aos Corintios258 tem um destinatário identificado: a igreja de

Deus que está em Corinto (1:2). Paulo considera a igreja como uma unidade, entretanto cada igreja local representa desde sua própria colocação, a verdadeira igreja de Deus.

A. Lugar e data de redaçãoPaulo precisa o lugar de redação: Éfeso (16:8). Ele se detém em Éfeso a seu re-

gresso de Corinto (At 18:18-21), em ocasião de sua terceira viajem, permanecerá em Éfeso três anos (At 19). Se data o livro entre os anos 56-57 dC.259

B. Destinatários Corinto e Éfeso são duas cidades bem conhecidas na Bíblia, sobretudo pela

quantidade de textos que aparecem no NT.A cidade:260 Corinto era uma cidade muito rica, com um importante porto de

mar, de onde vinha parte de sua riqueza, ademais de um importante centro comercial da época. Situada de forma estratégica nas grandes rotas comerciais, entre Ásia e Europa. Os dados que nos aportam os descobrimentos arqueológicos, dizem que esta cidade foi a primeira população habitada da Grécia. A cidade data do século IX aC., derrubada em várias guerras, foi reconstruída com o formato que Paulo conheceu na época de Julho César, sobre o ano 44 aC. Na época de Paulo, a cidade tinha um censo de 700.000 habi-tantes, com uma maioria de população escrava. Ainda que teria uma importante popu-lação romana (Rm 16:21-23, At 18:7-8), como de judeus que residiam nela. Era uma cidade de grandes contrastes, pobres (escravos) e ricos, uma cidade comercial por terra e por mar que reportavam grandes benefícios econômicos. A vez um importante centro cultural grego, grandes centros filosóficos, como escolas de arte e pintura. Todos os anos se celebravam os importantes jogos ístmicos.261

Mas a vez, a cidade tinha uma má reputação pela grande corrupção que recorria suas ruas, O verbo corintiar se popularizou como um sinônimo de vida licenciosa. Se-gundo Aristófone, poeta grego (século IV aC.)262 corintiar (korinthiazestai), significava uma vida licenciosa. Segundo Platão,263 uma mulher de Corinto é uma prostituta, e um hombre (korinthiastes) um mulherengo. Tinha um importante número de templos, mas um em especial dedicado a Afrodite, com umas 1000 prostitutas sagradas.264

dotes e mestres usurpadores como a sombra do anticristo; 3) Os reformadores como Lelanchton, Hooper, o Andrewes o identificaram com o sistema papal. Cf., J Angus y S. Green, Os livros da Biblia, (Madrid: Sociedade de Publicações Religiosas, s/f), pág. 113.258 Cf., 4 CBSJ, pág, 9 ss.259 Cf., proposta adotada neste trabalho para as datas.260 http://es.wikipedia.org/wiki/Corinto. 261 Cf., http://es.wikipedia.org/wiki/Juegos_%C3%8Dstmicos. 262 Fragmento 354.263 República 404 D.264 DB, pág. 252.

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C. IgrejaNo desenvolvimento de sua segunda viajem, Paulo chega a Corinto (1:11), no

começo do ano 51 dC.,265 conhece pessoas que como ele, eram construtores de tendas (At 18:2-3) e compartilha com eles as boas novas do Evangelho (2:3).

Paulo se dedica a pleno tempo a pregação, pois dispõe de diferentes ajudas ( 2 Co 11;8-9, Fl 4:15-16). Sem dúvida o meio social e moral da cidade marcou seus co-meços, e a igreja enfrenta vários problemas:

1) Um relaxamento na disciplina: Nasce no seio da igreja um grupo de tendência liberal, que baseando-se na liberdade do evangelho e com o apoio das tendências filosóficas predominantes na cidade, interpretavam os ensina-mento de Paulo com uma conduta licenciosa acompanhada de sacrificios de orientação pagã.

2) Havia mulheres que baseando-se em uma incorreta interpretação do evangelho, aspiravam a cargos e condutas contrárias ao evangelho.

3) Um grupo, dentro da igreja, ensinava que não se podiam casar e tampouco comer carne.

4) Havia fortes tendências a ser discípulo daquele por quem havia sido batizado.

5) Com tudo isto as reuniões na igreja se ficaram tumultuadas e de-sorganizadas, afetando especialmente a santa ceia, chegando a convertê-la em comilonas.

6) Outros compreendendo mal o uso do dom de línguas, converte-ram a igreja em um centro de confusão.

D. AutenticidadeEsta Epístola é citada em quese a totalidade dos escritos dos Pais da igreja como

Clemente, Ignácio e Policarpo, nos finais do primeiro século dC. Ocupa o primeiro lu-gar no Canon de Muratori. Em relação a integridade do texto não há dúvidas sobre isso. 266

E. Esquema interno Os temas tratados nesta Epístola são variados e numerosos. As questões resenha-

das, são precisamente os problemas que tinha a igreja dos primeiros tempos. Com isso nos permite ter uma noção clara das circunstâncias que atravessava a igreja naqueles momentos tão especiais. O tema doutrinal central está no capítulo 15: a morte e ressu-rreição de Jesus. O resto de temas tratados vão na direção da salvação oferecida por Cristo: as divisões dentro da igreja, a vida degradada, a adesão ao corpo de Cristo, a Santa Ceia, os dons espirituais e a ordem dentro da igreja.

F. Esquema geral da CartaI. Introdução: saudação e ação de graças (1:1-9).II. Seção doutrina: condenação das desordens dentro da igreja

(1:10-6:29).A) Sabedoria cristã (1:10-4:21).

1) Natureza da dissensão (1:10-17).2) A mensagem central da morte de Jesus (1:18-25).3) Os membros da igreja de Corinto (1:26-31).

265 Cf., proposta adotada neste trabalho para as datas.266 4 CBSJ, pág, 11.

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4) O método de pregação Paulo, ilustra 1:25 (2:1-5).5) Verdadeira e falsa sabedoria (2:6-16).6) Infantilismo espiritual da igreja (3:1-4).7) Valor dos pregadores (3:5-4:21).

B) Os pecados sexuais (5:1-13).1) O incesto (5:1-6a).2) Os excessos morais na comunidade (5:6b-8).3) A disciplina nos casos anteriores (5:9-13).

C) O cristão e os tribunais de justiça civil (6:1-11). D) Implicações dos pecados sexuais (6:12-20).

III. Aplicação prática: respostas práticas as perguntas da comunidade (7:1-15:58).

A) Matrimônio (7:1:24).1) As obrigações no matrimônio (7:1-20).2) A virgindade (7:25-38).

B) A carne oferecida aos ídolos (8:1-11:1).1) Conhecimento e amor (8:1-11:1).2) Paulo, exemplo de amor desinteressado (9:1-27).3) A história de Israel como ilustração da vida do cristão (10:1-13).4) Soluções práticas ao problema das carnes oferecidas aos ídolos

(11:2-14:40).C) A correta conduta nas congregações cristãs (11:2-14:40).

1) O véu na mulher (11:2:16).2) A celebração da Santa Ceia (11:17-34).3) Os dons espirituais (12:1-14:40).4) A morte e ressurreição de Jesus (15:1-58).IV. Conclusão (16:1-24).A) Coleta para os pobres (16:1-4).B) Itinerário de Paulo (16:5-18).C) Saudações finais (16:19-24).

G. Termos chaves1) Tribulação, é o termo dominante e consolo na tribulação é o assunto

predominante.2) Véu e revelar, 3:13-6, 18.3) Tabernáculo, 5:1,4.4) Revestir-se, 5:2-4.5) Estar ausente, estar presente, 5:6, 8-9.6) Enche, suprir com abundância, 9:12, 11:9.7) A benção apostólica mais completa, 13:14.VI. Segunda Epístola aos CorintiosA Paulo seguem chegando problemas e perguntas sobre o desenvolvimento da

igreja nesta cidade. Nesta segunda carta dirigida a mesma igreja segue desenvolvendo a ajuda a comunidade religiosa.

A. Lugar e data de redaçãoEm 1 Co 16:8 diz: mas estarei em Éfeso até o Pentecostes. A redação desta se-

gunda Epístola se realiza para finais do ano 56 dC.267 A cidade da Macedônia268 (7:5-7,

267 Cf., proposta adotada neste trabalho para as datas.268 4CBSJ, pág., 65.

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2:12-13, 8:1-15, 9:2) é o lugar eleito por Paulo, depois de abandonar Éfeso. Isto ocurreu depois da viajem que nos narra em At 20:1-2.

B. Destinatários e igrejaSemelhante a primeira carta esta está dirigida a igreja que estava na cidade de

mesmo nome.A segunda Epístola é diferente da primeira, Paulo utiliza muitos menos concei-

tos religiosos, e quase toda ela está dirigida a corregir problemas de funcionamento. Posivelmente antes da redação da Epístola, Paulo havia feito duas viajens a igreja (12:14, 13:1), a situação não havia mudado excessivamente com o envio da primeira carta, muitos de seus membros seguiam vivendo em pecado (12:21).

C. AutenticidadeNa atualidade não existem diferenças nem dissensões no relacionado com a au-

tenticidade da Epístola.

D. Esquema internoEsta Epístola está salpicada de expressões fazendo alusão ao sofrimento: aflição,

sofrimento… Portanto, a noção de consolo na aflição se desenvolve com muita força, tanto em suas expressões como em sua intenção. Outros termos desenvolvidos são: o perdão, a nova aliança, o ministério da reconciliação, as debilidades do homem frente ao poder de Deus.

E. Esquema geral da Carta I. Introdução: saudação e ação de graças (1:1-11).

II. Seção doutrinal: (1:12-9:15).A) Sinceridade de Paulo al adiar sua visita (1:12-2:11).B) Seu ministério (2:12-7:16).C) Dar com generosidade (8:1-9:15).D) Recomendação para os enviados do Apóstolo (8:16-9:5).E) Generosidade recompensada (9:6-15).

III. Aplicação prática: (10:1-13:10).A) Paulo se glorifica em Deus (10:1-18).B) Paulo defende seu apostolado (11:1-12:13).C) Anuncia próxima visita (12:14-13:10).

IV. Conclusão: exortações, saudações e bençãos (13:11-13).

F. Termos chavesSão os mesmos que na primeira epístola.

VII. RomanosO livro de Romanos é provavelmente o mais estudado e que mais tem influên-

ciado de todo o NT.269 Praticamente todos os grupos cristãos baseam suas crenças nesta Epístola. Igualmente todos os estudiosos coincidem na idéia de que a simplem vista a interpretação da carta não é fácil. Paulo, como qualquer que pensasse em voz alta, pode saltar facilmente de uma idéia a outra. Estes saltos de pensamento nem sempre são fá-ceis de ver na leitura do texto.

269 4CBSJ, pág., 106.

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A. Lugar e data de redaçãoÉ no capítulo 15 onde nos dão diferentes dados sobre as circunstâncias da com-

posição da Epístola, Paulo desejava ir a Roma desde longo tempo. Sobretudo desejava pregar as boas novas do evangelho no Ocidente, e decide fazer uma viajem a Espanha (o fim do mundo naquela época) (15:22-24). Seu plano era ir a Roma, mas antes passar por Jerusalém (15:25) levando uma oferta procedente dos irmãos da Macedônia.

Nesta época 57 ou 58,270 se encontra em Corinto,271 onde esteve por um período de três meses antes de ir a Jerusalém (At 20:3), aproveita esta estância de três meses para escrever a Epístola aos Romanos.

Paulo escreve da casa de Gallo (16:23, cf., 1 Co 1:14), manda saudações da parte de Erasto (16:23) que era tesoureiro da cidade de Corinto (cf., 2 Tm 4:20). Será Febe (Rm 16: 1-2), diaconisa da Igreja de Cencréia que levará a carta até a capital do Impé-rio.

B. DestinatáriosA igreja que estava em Roma, capital do Império. Esta igreja foi fundada em

alguma viajem dos Apóstolos, sem precisar.

C. IgrejaA composição da igreja era de uma forte comunidade procedente do judaísmo

(2:17ss, 3:9, 11:13, 24, 28, 30; 15:5ss) e de outra parte de uma importante comunidade de cristãos procedentes do mundo gentio (1:5ss, 12, 14, 9:24-30, 11:13, 24, 28, 30; 15:15s.)

D. AutenticidadeA autenticidade da Epístola não está posta em dúvida. Paulo ditou o conteúdo do

escrito a Tércio (16:22).

E. Esquema conceitual A exposição que Paulo faz nesta Epístola, é a mais sistemática de todas elas.

Apresenta uma visão em conjunto da doutrina cristã, ainda que é digno de mencionar que doutrina fundamental como a Santa Ceia não aparece.

A primeira seção da Epístola é uma exposição doutrinal dedicada a salvação pela fé (cf., caps. 1:16-11:36), a segunda seção do livro está destinada e posta em prática dessa doutrina na igreja (cf., caps. 12:1-15:33)

F. Esquema geral da EpístolaI. Introdução (1:1-15).

A) Envio e saudação (1:1-7).B) Ação de graças (1:8).C) Desejo de Paulo de ir a Roma (1:9-15).

II. Seção doutrinal (1:16-11:36).A) Mediante o Evangelho, a justiça de Deus justifica o homem de

fé (1:16-4:25).B) O amor de Deus assegura a salvação (5:12-7:25).C) A vida cristã se vive no Espírito (8:1-39).D) Ilustração do AT (9:1-11:36).

III. Seção aplicação prática (12:1-15:13).

270 Cf., proposta adotada neste trabalho para as datas.271 NBE, pág. 1750.

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A) A vida cristã deve ser um culto a Deus no Espírito (12:1-13:14).B) Os fortes tem o dever do amor para os fracos (14:1-15:13).

IV. Conclusão (15:14-33).V. Carta de recomendação para Febe (16:1-23).

VI. Doxologia (16:25-27).

G. Diferentes perspectivas do estudo do livro

Uma Epístola para toda a humanidade:a) Toda a Humanidade está implicada (1 – 8).b) Uma mensagem para o povo de Israel (9 -11).c) Uma mensagem para a Igreja (12 – 16).

Movimento da Epístola: atuação da justiça de Deusa) Da condenação a justificação (1-4).b) Da morte do pecado a vida em Cristo (5-6).c) Do regime da lei ao regime do Espírito (7-8).d) Implicações na história da salvação (9-11).e) Implicações na vida cotidiana (12-16).

H. Plano da Epístolaa) Introdução (1:1-17).b) O problema do Pecado (1:18 – 3:20).c) A solução a situação do homem: a justificação (3:21 – 5:21).d) O caminho da Santidade (6:1 – 8:39).e) A Salvação é universal para todos (9:1 – 11:36).f) Vivendo o amor de Deus entre nós (12:1 – 15:13).g) Conclusão e despedida (15:14 – 16:27).

I. Termos chavea) Pensamento chave: o evangelho poder de Deus para salvação a todo o

que crê. 1:16-17.b) O justo pela fé viverá. 1:19.c) A justiça de Deus. 3:5, 22: 10:3 etc…d) A carne, aparece vinte oito vezes.e) Pecado e morte, aparecem num total de quarenta e sete vezes na primera

e sobre a metade da segunda.ConclusãoEste primeiro grupo de Epístolas compõe uma importante sessão dos escritos de

Paulo, são as chamadas grandes epístolas do Apóstolo. Dirigidas a importantes comuni-dades cristãs do primeiro século, Paulo enfrenta diferentes problemas teológicos que existiam nas comunidades. Sem dúvida, a Epístola aos Romanos, é o escrito paulino mais utilizado na história da interpretação doutrinal cristã ao longo dos séculos. De suas páginas sairam os motivos escriturais para a Reforma do século XVI dC., e todavia hoje segue sendo o manual doutrinal sobre a justificação pela fé, por excelência. São a base para o desenvolvimento doutrinal sobre a doutrina soteriológica do Novo Testamento.

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Perguntas para a lição

1. Quais são as chamadas grandes Epístolas?

2. Que Epístola é conhecida como o Evangelho de Paulo?

3. Que dois temas estão enfrentando aos membros da igreja de Gálatas?

4. Em que Epístola Paulo não emprega conceitos teológicos?

5. Em que Epístola Paulo não emprega citações do AT?

6. Quando visitou Paulo a igreja que estava em Tessalônica?

7. Em que cidade foram escritas as Epístolas aos Corintos?

8. Em que capítulo da Epístola aos Romanos se nos apontam os dados sobre as circunstâncias de redação do escrito?

9. Onde se encontrava Paulo quando escreveu epístola aos romanos?

10. De quem era a casa onde escreveu a epístola aos romanos?

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LIÇÃO 6: AS EPÍSTOLAS DA PRISÃO

I. IntroduçãoEntramos em outra seção, em função da situação pessoal e vivencial de Paulo,

as Epístolas que estudaremos a continuação são as denominados do cativeiro:272 Efé-sios, Colossenses, Filemom e Filipenses, se chamam assim por corresponder ao perío-do de cárcere de Paulo (Cf., Ef 3:1, 4:1; Fp 1:7, 13-14; Cl 4:3, 4:10, Fm 1 e 9).

Paulo sofreu vários encarceramentos, daí a dificuldade de poder situar com exa-tidão quando escreveu cada uma delas. Não conhecemos a data da morte de Paulo, portanto não é fácil de situar os dados em relação as últimas epístolas, a hipótese sobre a data que vimos sustentando, nos situaria os escritos a momentos posteriores ao ano 59 dC.273

Há uma característica fundamental destes escritos e és sua brevidade. As quatro cartas formam uma unidade comum pelo conteúdo e as características da lingua-gem.274

II. EFÉSIOSUma nova seção dos escritos de Paulo, novo pela situação prórpia e pessoal do

autor. Há várias razões possíveis para compreender a razão da escritura deste escrito, uma delas é a insistência do Apóstolo sobre a necessidade que tem seus membros de posicionar-se a favor da verdade e como viver na unidade da fé.

A. Lugar e data de redaçãoA igreja situada em Éfeso,275 não é a única a receber o escrito (cf., cap. 4). A

cidade estava na costa ocidental da Ásia Menor e era a capital da província romana da Ásia. A cidade se caracterizou pela existência de um grande templo a Artemis, a deusa Diana dos romanos.276 Existia um importante grêmio de artesãos especializados em miniaturas do templo (At 19:23-27). A Epístola foi escrita da prisão (cf., 3:1; 4:1; 6:20) sobre o ano 62 dC.

B. DestinatáriosPaulo tem a intenção de influenciar os judeus para que aceitem que Jesus é o

Filho Único de Yaweh, mas não era aceito de bom grado. É possível, que esta Epístola fosse concebida para ser enviada a várias comunidades cristãs de cidades vizinhas.277

C. AutenticidadePaulo se identifica pessoalmente como autor da Epístola (1:1, 3:1,7, 4:1).

D. Esquema internoPaulo apresenta o plano de Deus em vista da entrega do homem. A igreja é

apresentada como o corpo de Cristo e é a mesma vez eleita por Deus (1:23). Tanto os judeus como os gentios são um só homem novo (2:15).

272 K. Staab y N. Brox, Cartas a los Tesalonicenses, Cartas de la Cautividad, Cartas Pastorales, (Barcelo-na: Editorial Herder, 1974), pág. 99.273 Cf., pie de pág. 237.274 K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 99. 275 Como detalle importante debemos de mencionar que en los manuscritos P46, B, S, no aparece el nom-bre de la ciudad. Cf., K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 169.276 http://es.wikipedia.org/wiki/Epístola_a_los_efesios.277 DB, pág. 346.

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É sem dúvida o texto mais denso do Apóstolo, é uma obra exclusivamente teoló-gica. A união com Cristo produz mudanças de atitudes na vida do crente. Em relação com Cristo, a expressão grega en (en) é utilizada um total de 120 vezes ao longo de todo o livro. A grande preocupação de Paulo é sobretudo eclesiología: Cristo é o chefe da Igreja que é seu corpo (1:23).

E. Esquema geral da EpístolaI. Introdução: saudação, fórmula inicial (1:1-2).

II. Seção doutrinal: o mistério do plano divino: fazer a Cristo cabeça de uma nova relação entre todos os homens (1:3-3:21).

A) Hino introdutório: o mistério oculto desde a eternidade (1:3-14).B) O mistério revelado a igreja: judeus e gentios reconciliados em Cristo

(1:15-2:22).C) Começo de Paulo como pregador (3:1-13).D) Oração de Paulo (3:14-21).

III. Aplicação prática: a vida do crente (4:1-5:20).A) Princípios gerais (4:1-5:20).B) Aplicações para o lar cristão (5:21-6:9).C) A armadura do cristão (6:10-17).

IV. Conclusão (6:18-24).278

F. Termos chavesa) Unidade, é o termo chave da Epístola.b) Lugares celestiais, cinco vezes na Epístola.c) Graça, vinte vezes.d) Mistério (no sentido de revelação), 1:9, 3:3, 4:9, 6:19. III. FILEMOMCarta dirigida a um cristão ou a uma família que vivia em Colossos, cujo nome

figura no título: Filemom e aos seus. (gr. Filemom, "amante" ou "afetuoso, carinhoso, amigável), que viviam em Colossos (cf. Fm 1 e 2 com Cl. 4:17; Fm 10 com Cl.1:2) e em cuja casa se reuniam para a adoração os crentes dessa cidade (Fm 2). Foi o destina-tário de uma carta de Paulo na que o apóstolo intercede em favor de Onésimo,279 um escravo fugitivo de Filemom.

Paulo se dirige a ele como um colaborador nosso (v 1), e o felicita por sua bon-dade para com os santos (vs 5-7). Aparentemente, Paulo nunca havia estado em Colos-sos; pelo menos nunca havia visitado esta região para trabalhar nela (Cl 2:1).

Portanto, Filemom haveria convertido enquanto Paulo trabalhava durante um longo período em Éfeso (At 19:1,10). Sugere-se que Apia, mencionada em Fm 2, era a esposa de Filemom e que Arquipo, mencionado na mesmo passagem, haveria sido seu filho.

A. Lugar e data de redaçãoEsta é outra Epístola, escrita da prisão (vv. 9, 10, 13), próxima a época de re-

dação da Epístola de Colossenses (cf., Cl 4:7-14, Fm 23-24), a Epístola dataria de 62 dC.280

278 Pablo omite en esta Epístola, los saludos personales. 279 K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 158.280 Cf., propuesta adoptada en este trabajo para las fechas.

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B. DestinatáriosO texto se dirige a Filemom, um cauteloso cristão de Colossos, a sua esposa

Apia e a seu filho Arquipo. E através deles a igreja que se reunia em sua própria casa.

C. IgrejaOnésimo, escravo de Filemom se refugiou em Roma, o qual Paulo chama: a

quem gerei em minhas prisões. Paulo intercede para que o escravo volte a casa de seu dono (5) e a vez a este lhe pede que o acolha com amor cristão (9).

D. AutenticidadeA Epístola a Filemom está atestada em sua paternidade literária. Paulo se men-

ciona em três ocasiões (1, 9, 19). Neste caso o estilo literário é próprio a Paulo.

E. Esquema internoNesta Epístola, Paulo trata um problema privado, que tem repercussões na igre-

ja. O Apóstolo insiste sobre a dimensão do perdão (10, 18, 19), da restauração e de uma vida nova (15, 16). Paulo pede a Filemom que receba ao escravo fugido como ir-mão segundo a carne e segundo o Senhor (16)

F. Esquema geral da EpístolaI. Introdução (1-3).

II. Ação de graças: Paulo dá graças a Deus pela fé e o amor de Filemom (4-7).

III. Paulo apela a Filemom para que receba Onésimo (8-22).IV. Conclusão: saudação e bençãos (23-25).

G. Termos chavesa) Paulo como o Ancião, vr. 9.b) Faz um jogo de palavras com o nome de Onésimo, que significa útil, e a

palavra ter gozo, vr. 20.c) Inútil e útil, vr. 11.d) Entranhas, a utiliza três vezes, com o sentido de terno afeto.

IV. COLOSSENSESPaulo nos versículos 4:3, 10, 18, nos indica que a Epístola foi escrita do cárcere.

Com motivo da visita de Éprafas, ancião dessa comunidade.281

A. Lugar e data de redaçãoNo momento da redação do escrito Paulo está na prisão. Paulo a entregou a Epa-

fras (1,8) para que a levasse até a igreja cristã da cidade de Colossos. O conteúdo da Epístola é cristológico, com uma definição doutrinal muito desenvolvida, o que faz pensar que a escreveu no final de seu ministerio. O texto foi escrito no ano 62 dC.282

B. DestinatáriosEnviada a uma das igrejas da provincia romana da Ásia, em ocasião da segunda

viajem missionária de Paulo. Como nos diz na própria Epístola (2:1), Paulo não conhe-cía pessoalmente os destinatarios, não havia estado na igreja que leva o nome do escri-

281 K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 109.282 Cf., propuesta adoptada en este trabajo para las fechas.

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to. O fundador havia sido Epafras (1:8). Como dado curioso, este escrito faz alusão a uma Epístola com o nome de Laodicéia (4:8) que não se conserva.

C. IgrejaComo nos casos anteriores, as falsas doutrinas ameaçam a unidade da igreja.

Por isso Paulo os exorta contra essas influências falsas, Paulo considera que a igreja está em perigo, dirá veja que ninguem vos engane (2:4, 8, 11). Por isso, forma a igreja sobre a verdadeira natureza de Cristo, advertindo dos perigos de ver a figura de Cristo sob os prismas filosóficos gregos (2:8, 20, 23), com uma soma perigosa, um desfocado culto aos anjos (2:18).

D. AutenticidadeA paternidade paulina, segue todavia em questão hoje. As razões principais que

os críticos aportam são as seguintes:a) O desenvolvimento cristológico de 1:15-20 não é semelhante ao pensa-

mento de Paulo sobre o tema.b) O estilo tampouco concorda com o resto das cartas.Mas pensamos que estes argumentos não são suficientes para pensar que não é

uma carta de Paulo. Como já temos afirmado, Paulo se adapta as necessidades e pro-blemas de seus destinatarios, as diferenças doutrinais e estilísticas estão promovidas pelas necessidades deles e nada tem a ver com outro autor (cf., 1:18-19).

E. Esquema internoPaulo insiste sobre a pessoa de Cristo, Colossenses é propriamente uma Cristo-

logia,283 fala de Cristo e do Pai, de Cristo e a Igreja. Na parte prática, Paulo explica a igreja quais são as consequencias individuais, familiares e sociais de uma adesão a Cristo (cf., 3:5-17; 3:18-4:6).

F. Esquema geral da EpístolaI. Introdução (1:1-12).

A) Saudação (1:1-2).B) Ação de graça (1:3-8).C) Oração pela igreja (1:9-12).

II. Seção doutrinal: A preeminência absoluta de Cristo, no universo e na igreja (1:13-2:3).

A) A preeminência de Cristo (1:13-23).B) Paulo na proclamação deste ministério (1:24-2:3).C) Advertências contra as falsas doutrinas (2:4-3:4).

III. Aplicação prática: a vida cristã (3:5-4:1).A) Princípios gerais de uma vida em Cristo (3:5-17).B) Aplicações para o lar cristão (3:18-41).

IV. Conclusão (4:2-18).

G. Termos chavesa) Plenitude de Cristo, 1:9, 2:9.b) Conhecimento, sabedoria, inteligência, mistério, 1:26-27, 2:3, 4:3.

283 K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 110.

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V. FILIPENSESEpístola escrita aos crentes de Filipos de Macedônia (1:1). Nos manuscritos

mais antigos disponíveis, datados do século III dC., leva o título de pros filippésious, a filipenses.284

A. Lugar e data de redaçãoNo escrito inspirado não aparece nenhuma menção que nos permita situar estes

dados com precisão, Paulo está prisioneiro (1:7, 13), poderia estar em Roma (1:13, 4:22), parece que anuncia a proximidade da morte (1:20ss), sente que o fim está perto, o que nos leva a pensar que foi escrita no ano 63 dC.285

B. DestinatáriosFoi o pai286 de Alexandre Magno que fundou a cidade, Filipo da Macedônia.

Desde o ano 42 aC., a cidade se converteu em uma colônia romana. A comunidade judaica não era muito numerosa e não existe constância de que houvesse na cidade implantada nenhuma sinagoga judia, as reuniões se faziam ao ar livre junto ao rio (At 16:13-16).

C. IgrejaEm relação a igreja da cidade de Filipos, foi organizada durante a segunda via-

jem missionária (cf. At 16:15). Esta igreja foi um grande apoio financeiro para Paulo e sua sustentação na pregação do evangelho (2Co 11:9, 2Co 8:1-3). A igreja vive uma importante perseguição (1:27-30, 2Co 8:1-2), não é a primeira vez que Paulo se dirige a esta igreja por escrito, pois como diz: a mim não me molesta escribiros las misma cosas (3:1).

Paulo agradece aos membros da igreja, as ajudas econômicas (4:10ss.). Lhes envia a Timóteo (2:19) e também a Epafrodito (2:25). Lhes adverte sobre o perigo que correm as divisões dentro da igreja (1:15, 3:2).

D. AutenticidadeNão existe dúvida encuanto a paternidade literária de Paulo.

E. Esquema InternoPaulo utiliza repetidas vezes a primeira pessoa, umas 120 vezes. Se dirige a

seus amados irmãos que experimentam sua alegria, umas 60 vezes. Paulo lhes exorta a que so através da fé podem suportar as provas. Ao longo da Epístola faz um desenvol-vimento cristológico importante: a preexistência eterna do Filho Encarnado (2:5-11).

F. Esquema geral da EpístolaI. Introdução (1-1-11).

II. Seção Doutrinal: notícias e instruções a comunidade (1:12-3:1).A) Situação pessoal de Paulo (1:12-26).B) Instruções a comunidade (1:27-2:18).C) Os enviados de Paulo (2:19-3:1).

III. Seção prática: necessidade de seguir o exemplo de Paulo no caminho da salvação em Cristo (3:2-4:9).

A) Perigos pela influência dos judaizantes (3:2-4:3).

284 DB, pág.453.285 Cf., propuesta adoptada en este trabajo para las fechas.286 K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 245.

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B) Conselhos sobre a harmonia, o gozo e a paz (4:4-9).IV. Agradecimento de Paulo pelas ajudas econômicas recebidas (4:10-20).V. Conclusão (4:21-23).

G. Termos chavesa) Gozo, 1:4, 18, 25; 2:2, 17, 18, 3:1, 4:1, 4, 10.b) Unidade, 1:27-30, 2:1-4, 4:2.

VI. CONCLUSÃOMuitos são os pontos em comum que apresentam as três Epístolas dirigidas as

comunidades de Colossoss, Éfeso e Filipos e o breve escrito a Filemom. Escritos pelo apóstolo da prisão. As quatro Epístolas formam igualmente, uma unidade pelo conteú-do e pela linguagem que é empregado.

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Perguntas para a lição

1. Quais são as chamadas Epístolas do cativeiro?

2. Qual é a principal característica destes escritos?

3. Por que dizemos que as quatro cartas formam uma unidade?

4. De que cidade foi escrita a Epístola aos Efésios? Em que importantes manus-critos não aparece o nome da cidade?

5. A Epístola aos Colossenses foi escrita com motivo da visita de ________ a Paulo que estava em prisão.

6. Qual é a Epístola cujo texto é o mais denso?

7. Na Epístola aos Colossenses, Paulo adverte dos perigos de ver a figura de Cristo sob os ____________

8. Colossenses é propriamente uma ____________.

9. Que significa o nome de Filemom?

10. Quem fundou a cidade de Filipos da Macedônia?

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LIÇÃO 7: AS EPÍSTOLAS PASTORAIS

I. IntroduçãoSob este título agrupou as duas cartas a Timóteo, que exercia seu ministério na

região de Éfeso, e a dirigida a Tito, que exercia igualmente seu ministério na região de Creta. Estes três escritos foram desenvolvidos a partir de elementos essenciais para a organização da Igreja. Foram dirigidas pelo Apóstolo a dois de seus colaboradores e se compõem dos mesmos conselhos e ensinamentos doutrinais.

Há diferenças com o resto das Epístolas já comentadas, não contém os mesmos ensinamentos e os problemas tratados, tem uma origem diferente, até o ponto que cer-tos especialistas não as consideram de paternidade literaria de Paulo. Mas este ponto fica desmontado pelo importante número de citações bibliográficas que aparecem de Paulo: 1Tm 1:13,15, 2:7, 2Tm 1:11, 2:9, 3:10-11, 14, 4:10, 12, Tt 1:5; 3:12-13. O esti-lo literário é de Paulo e a maioria dos termos aparecen nas outras epístolas.

Como em outros casos, as diferenças tem sua origem nos destinatários, não são Epístolas que se dirigem a uma Igreja em concreto, senão a companheiros na pregação do Evangelho, o que faz destas Epístolas um gênero único.

As grandes semelhanças entre elas nos fazem pensar que foram escritas e envia-das no mesmo período, período que não é fácil de situar, mas se poderia dizer que fo-ram escritas ao final da vida do Apóstolo (2ª Tm 4:6-8). E quase não se encontram elementos identificativos, sobre estas Epístolas, no livro de Atos. Lucas comenta nos dois últimos versículos de seu livro que Paulo: … permaneceu dois anos inteiros em uma casa alugada… (At 28:30). O certo é que os detalhes de pessoas e cronologias que se encontram nestas Epístolas não são situados no livro de Atos, o que nos leva a situar se escritura entre os anos 63-67 dC.

Não é possível reconstruir a última viajem missionária de Paulo que se realizou depois de sua primeira prisão em Roma. Tampouco estas Epístolas são precisas este respeito, só encontramos algumas referências de caráter muito fraca (cf., 1Tm 1:3, 3:14, Tt 1:5, 3:12, 2Tm 4:13,20).

Tendo conta de todas estas indicações e de alguns outros dados (datas de abertu-ra do mar a navegação, traçado das estradas romanas, itinerários marítimos, distâncias recorridas por um peatón), se pode propor a reconstituição seguinte (que só tem um caráter hipotético): 287

Primavera 63 a começo de 64 dC: Roma-Corinto-Éfeso-Colossos. 64-65 dC: Espanha-Éfeso-Creta-Éfeso-Macedônia (Redação de 1 Timoteo e Tito). Inverno de 65-66 dC: Viaja com Tito a Nicopólis. Ano 66 dC: Volta a Éfeso pela Via Engatia. Tessalônica. Filipo e Trôade. Prisão de Paulo em Éfeso (ou Trôade). Saída para Roma por Mileto e Corinto (2 Tm 4:20), prisão, escritura de 2 Timoteo e martírio a finais do ano 66 ou começo de 67 dC.

II. PRIMEIRA DE TIMÓTEO

Se considera como a primeira das Epístolas escritas por Paulo com caráter

287 A. Kuen, Soixante-six en un Introduction aux libres de la Biblie. (Saint-Légier: Esmmaüs, 1998), pág. 225.

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pastoral, foi redigida com a intenção de aconselhar ao jovem pregador Timoteo nos assuntos da gestão da igreja local.288

A. Lugar e data de redaçãoEsta Epístola foi redigida, talvez na Macedônia (1:3). Provavelmente aos Filipenses em alguma de suas visitas, escrita depois de seu primeiro cativeiro em Roma, entre os anos 65 ou 66 dC.

B. DestinatarioÉ seu amigo, o jovem pregador que dirige o escrito (4:12), grego Timótheos,

alguém que reverencia [honra] a Deus ou adorando [honrando] a Deus; aparece com frequência em inscrições gregas.289 Convertido de Paulo, ademais de seu companheiro de viajem e assistente. Os menciona pela primeira vez em relação com a visita de Paulo a Listra em sua segunda viajem missionária (49 dC.), quando Timóteo290 já era crente cristão (At. 16:1). Parece que ele e os membros de sua família foram convertidos por Paulo em ocasito da visita do apóstolo a essa cidade (At 14:8-18; cf 1 Ti. 1:2; 2 Ti. 1:1, 2, 5).

Era judeu por parte de mãe e grego por parte de pai (Ath 16:1), mas foi bem instruido em matéria religiosa e nas Escrituras do AT por duas mulheres piedosas: sua mãe Eunice e sua avó Loide (At 16:1; 2 Tm 1:5; 3:15). Como jovem cristão, Timóteo havia ganho uma excelente reputação entre os crentes de Listra e da próxima Icônio (At 16:2), e ao ver nele um promissor obreiro para Deus, Paulo decidiu vinculá-lo consigo como aprendiz de missionário. Por causa dos judeus que havia naqueles lugares, Paulo circuncidou a Timóteo para evitar conflitos desnecessários acerca desses assuntos (v 3; parece que seu pai se opôs). O jovem acompanhóu Paulo enquanto este voltava a visitar as igrejas da região (vs 4, 5), e também ao penetrar na Frígia e a provincia da Galácia (v 6); assim mesmo quando foi a Trôade (vs 8, 9), e ao levar o evangelho as grandes cidades da Macedônia: Filipos, Tessalônica e Beréia (cps. 16:9-17:14).

Ao ver-se inesperadamente forçado a fugir de Beréa para Atenas, Paulo deixou Timoteo e Silas ali (17:14), mas enquanto chegou a esta última cidade lhes pediu que se unissem a ele (vv 15-16). O apóstolo imediatamente enviou Timóteo a Tessalônica para fortalecer aos novos convertidos dessa cidade (1 Ts 3:1, 2), pelo que Silas e Timóteo não voltariam a encontrar com ele até mais tarde em Corinto (At 18:5; 1 Ts 1:1; 3:6; 2 Ts 1:1). É muito possível que Timóteo permanecesse na Grécia quando Paulo regressou a Jerusalém ano seguinte.

Voltemos a saber de Timóteo uns 4 ou 5 anos mais tarde, durante os 3 anos que durou o ministério de Paulo em Efeso, quando o apóstolo o enviou pelo Mar Egeu para que tratasse de solucionar certos problemas que haviam surgido na igreja de Corinto (1 Co 4:17); uma missão que aparentemente não foi tão exitosa como se poderia ter esperado, dada a severidade do tom da segunda parte de 2 Corintios (cf., 1 Co 16:10). Lucas menciona que Timóteo e Erasto foram enviados a Macedônia (At 19:21, 22). Paulo os seguiu pouco depois (2 Cor 1:1), e se reuniram em Corinto (Rm 16:21). Um tempo depois, o Apóstolo, Timóteo e outros começaram a viajem de volta a Jerusalém, com o que terminou a terceira viajem missionário (At. 20:4). Não se sabe se Timóteo esteve com Paulo durante a prisão do apóstolo em Jerusalém e Cesaréa, e durante sua viajem a Roma.

288 K. Staab y N. Brox, Op. Cit., pág. 302.289 DB, pág. 1160.290 DIB, pág. 662.

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Novamente ouvimos sobre Timóteo durante o primeiro encarceramento de Paulo em Roma, talvez para seu fim, quando o apóstolo o menciona, entre outros companheiros seus, nas Epístolas que escreveu quando se encontrava no cárcere (Fp 1:1; 2:19-23; Cl 1:1; Fm 1). Durante o período que transcorreu entre seu primeiro encarceramento e o segundo, lhe escreveu a Timoteo sua Primeira Epístola.

Quando Paulo foi a Macedônia (1 Ti 1:3), pediu que permanecesse em Éfeso, aparentemente como pastor da igreja dessa cidade; a Epístola contém as instruções que se dão em vista desse cargo. Mas para 66 dC.,291 Paulo foi detido de novo e levado a Roma, e para o fim de seu segundo encarceramento o escreveu pela segunda vez instando-o que se reúna com ele prontamente (2 Tm 4:9), posto que seus outros companheiros haviam saído para cumprir determinados obrigações em um lugar ou em outro, e pelo menos um deles o havia abandonado (vv 10-13).

Em sua primeira audiência Paulo esteve só (v 16), e agora, ao suspeitar que pronto seria ajustiçado (vv 6-8), anelava gozar de comunhão com seu amado filho Timóteo. Em Hebreus 13:23 diz que Timóteo havia sido posto em liberdade, mas fora desta alusão nada sabemos acerca desse encarceramento.292

C. IglesiaPablo tiene el deseo de instruir a Timoteo, con la intención de que su colabora-

dor pueda enfrentar las dificultades encontradas en las iglesias. (3:15, 4:11, 16, 6:2). El deseo de Pablo se extiende a que se acepte y comprenda su apostolado en este periodo de dificultades (1:3, 2:22-12; 4:6, 5:20).

D. AutenticidadeSegundo o texto, o Apóstolo Paulo é o autor (1:1).

E. ConteúdoA igreja atravessa um momento de crise, o Apóstolo aporta diferentes con-

selhos, baseados em sua longa experiência, a seu jovem pregador, em temas relaciona-dos com o culto, responsabilidades e sobretudo relações pessoais.

F. Esquema Geral da EpístolaI. Cabeçalho e saudação (1:1-2).

II. Os falsos mestres (1:3-20).III. O governo da igreja (2:1-3:13).

A) A oração pública (2:1-8).B) As mulheres nas reuniões (2:9-15).C) Os ministros da igreja (3:1-13).

IV. Seção doutrinal (3:14-6:2).A) A igreja e o ministério da piedade (3:14-16).B) As falsas doutrinas e verdadeira piedade (4:1-10).C) Exortações a Timóteo (4:11-16).D) Os fiéis (5:1-2).E) As viúvas (5:3-10).F) Os anciãos (5:17-25).G) Os escravos (6:1-2).

V. Sessão aplicação prática (6:3-19).A) Os falsos doutores (6:3-10).

291 DB, pág. 1160, entrada Timoteo.292 DB, pág. 1162, entrada: Timoteo.

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B) Exortação a Timóteo (6:11-16).C) Os cristãos ricos (6:17-19).

VI. Conclusão (6:20-21).

G. Termos chavea) Sã Doutrina: 1:10, 6:3, 4. b) Piedade,devoto: aparece três vezes nesta Epístola.c) Fábulas: 1:4, 4:7.

III. TITOA segunda Epístola escrita a um ministro deixado na Ilha de Creta para supervi-

sionar a organização da igreja nesse lugar (1:5).

A. Lugar e data de redaçãoÉ durante sua viagem missionária que realiza depois de seu primeir encarceira-

mento em Roma quando Paulo escreve esta Epístola. Existem possibilidades de que fora desde Macedonia quando escreveu o livro, sobre o ano 65 aC.293

B. DestinatárioTito294 (1:4), grego: Títos, (honorável); transliteração do lat. Titus; as duas

formas do nome eram comuns na época apostólica. Amigo íntimo, companheiro de viagem e assistente do apóstolo Paulo. Seu nome aparece no NT só nas epístolas aos Corintios (2 Cor 3:13, etc.), Gálatas (Gá 2:1, 3), Timóteo (2 Ti 4:10) e Tito (1:4). Paulo considerava a Tito seu verdadeiro filho na fé (v 4), evidentemente porque era um de suas conversões. Que Tito era gentil se desprende da firme decisão de Paulo de não circuncidá-lo com o fim de apaziguar aos judeus cristãos de Jerusalém, exageradamente zelosos, talvez quando a visitou como delegado de Antioquía ante o concilio que se havia convocado para resolver o assunto dos convertidos de origem gentio (Gá 2:1-5; cf., Hch 15); talvez fosse oriundo de Antioquia.

Seja como for, parece que pertencia a essa igreja de origem gentio (Gá 2:1) e talvez aceitou o cristianismo nos começos do ministério de Paulo nessa cidade. Quando alguns membros da igreja de Corinto se rebelaram contra Paulo (sobre o ano 57 dC.),295 este enviou a Tito para tratar de conseguir uma reconciliação. A ansiedade do apóstolo pelo êxito desta empresa se segue de ver pela perplexidade que experimentou quando não encontrou-se com ele em Trôade, tal como estava planejado (2 Co 2:12, 13; 7:6, 13, 14).

Pouco depois se encontrou com Tito na Macedônia, e recebeu com gozo os brilhantes informes acerca do êxito de sua missão (7:6, 7, 13, 14). Voltou a enviar a Corinto com sua segunda Epístola aos crentes dessa cidade (8:6, 17, 18, 23), e também com a fim de supervisionar a recoleta de fundos para os pobres de Jerusalém (8:23-9:5). Alguns anos mais tarde, aparentemente não muito antes de seu segundo encarceramento em Roma, Paulo escreveu a epístola destinada a Tito. O havia deixado em Creta para que organizasse as igrejas e instruisse cabalmente aos crentes (Tt 1:4, 5). Em sua carta pede que se encontre com ele em Nicópolis (3:12). O último que sabemos de Tito é o que Paulo comenta a Timoteo em uma de suas Epístolas pouco antes de morrer: o havia enviado em uma missão especial a Dalmácia (2Tm. 4: 10).

293 Cf., proposta adotada neste trabalho pelas datas.294 DIB, pág. 665.295 DB, pág. 1167.

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C. IgrejaO começo da Epístola é uma ordem de missão que será muito útil no ministério

de Tito (1:1-4), ainda que como já temos comentado, a Epístola não foi dirigida a uma igreja senão a Tito.

D. AutenticidadePaulo é o autor (1:1).

E. Esquema internoO Apóstolo Paulo, insistirá sobre o trabalho e a honestidade espiritual dos

anciãos (1:5-16), igualmente compartilhará com Tito diferentes conselhos relacionados com suas funções pastorais (cap. 2) aportando uma série de exortações práticas (3:1-11).

F. Esquema Geral da EpístolaI. Cabeçalho (1-4).

II. Designação de anciãos (1:5-9).III. Os falsos doutores (1:10-16).IV. Deveres dos cristãos (2:1-10).V. Graças da Redenção (2:11-15).

VI. Deveres gerais dos cristãos (3:1-7).VII. Recomendações a Tito (3:8-11).

VIII. Conclusão (3:12-15).

G. Termos chaves1) Salvador, aparece seis vezes, 1:3, 2:10, 3:4.2) Fé, 1:9, 13, 2:1, 2, 8.3) Prudente, 1:8, 2:2, 4, 5, 6, 12.4) Boas obras: 2:7, 14, 3:1, 8, 14.5) Digno de identificar é a citação de um poeta pagão: 1:12.

IV. SEGUNDA A TIMÓTEOCom esta Epístola chegamos ao final da vida de Paulo, está de novo na prisão

(1:8, 16), Lucas está com ele (4:11), de volta a Roma. Paulo deseja a chegada de Timóteo a Roma (4:9, 21), sente que seu fim está perto. Deseja que Marcos possa chegar a estar com ele (4:11).

A. Lugar e data de redaçãoPaulo redige a Epístola e provavelmente Lucas exerce de secretário, nos

encontramos entre os anos 65 e 66 dC.296

B. DestinatárioTimóteo (1:2).

C. AutenticidadeComo nas anteriores Paulo se situa na origem do escrito.

D. Esquema internoEsta epístola é uma espécie de testamento. É o último escrito de Paulo a Timó-

teo, onde anima a seu jovem amigo e lhe dá conselhos relativos a seu Ministério.

296 Cf., propuesta adoptada en este trabajo para las fechas.

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E. Esquema geral da EpístolaI. Cabeçalho e saudação (1:1-2).

II. Ação de graças (1:3-5).III. Seção doutrinal (1:6-2:13).

A) Obrigações de Timóteo (1:6-14).B) Lealdade (1:15-18).C) Ministério de Timóteo (2:1-7).D) Sofrimento do Apóstolo (2:8-13).

IV. Seção prática (2:14-3:9).A) Os falsos mestres (2:14-26).B) Perigos nos momentos finais (3:1-9).

V. Exortações a Timóteo (3:10-4:5).VI. Conclusão (4:6-22).

A) Fim da vida de Paulo (4:6-8).B) Recomendações finais (4:9-18).C) Saudação finais (4:19-22).

F. Termos chavesPalavra fiel: 2:11.

V. CONCLUSÃOObservando as Epístolas Pastorais em seu conjunto, podemos ressaltar alguns

aspectos que serão importantes em seu estudo: a) A polêmica anti-herética das Epístolas.b) Seus conceitos de organização eclesiástica.c) Seu estilo particular e conteúdo.

Clara é a posição das Epístolas Pastorais com respeito aos temas escatológicos. Talvez, um termo importante nelas seja apostasia como fundamento principal do ensi-namento, como último critério de juízo em meio as dificuldades presentes e futuras.

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Perguntas para a lição

1. Quais são as cartas Pastorais?

2. Onde exercia Timóteo seu ministério?

3. Onde Tito exercia seu ministério?

4. A quem dirige Paulo estas Epístolas?

5. Que via desempenhou um papel importante na história romana, bizantina, sérvia e turca?

6. Qual é considerada a primeira Epístola pastoral de Paulo?

7. Que significa o nome de Timóteo?

8. Era meio _______ por parte de mãe e meio ______ por parte de Pai.

9. Onde se encontrava Paulo quando escreveu a Epístola de Tito?

10. O começo da Epístola (de Tito) é uma ______ de ______ que será muito útil no ministério de Tito.

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LIÇÃO 8: A EPÍSTOLA AOS HEBREUS

I. IntroduçãoÉ um dos escritos considerados anônimos no NT. 297 Os manuscritos gregos mais

antigos dizem sinceramente Prós Hebráios: aos hebreus.298 A mesma carta não propor-ciona indícios claros para identificar seu autor. Sua familiaridade com a história hebrai-ca e sua percepção acerca do significado dela (Hb 3; 4; 7:1-4, 11), seu próprio respeito profundo pelos hérois da fé como Abraão (11:8-19), Moisés (3:1-5; 11:23-29) e Arão (5:4; 7:11; 9:4), e seu conhecimento íntimo dos pactos, do sacerdócio e do sistema de culto já terminado (cps 7-10), o mostram como um judeu educado e devoto. Por outra parte, como o revelam os rasgos literários da epístola, também teria um domínio magis-tral do grego.

II. Estudo do Escrito

A. Lugar e data de redaçãoAs referências reiteradas ao culto do templo como se realizava em seu tempo

(8:4, 5; 9:22; 10:3, 11), nos sugere que a carta fora escrita antes da queda de Jerusalém e a destruição do templo em 70 dC. O autor e os destinatários conhecen plenamente o sistema religioso judaico (5:4; 8:3-5; 9:9; 10:1), mas insiste em que agora é obsoleto e ineficaz para a salvação (4:9-11; 7:11, 18, 19; 8:6; 9:8-15; 10:1-10). A data aproximada estaria ao redor do ano 65 e até 67 ó 68. 299

B. AutenticidadeO texto, transmitido por numerosos manuscritos, versões e o papiro completo

P46, está bem conservado.300 Até fins do séc. IV dC., havia grandes diferenças de opinião sobre a identidade do escritor.301 Alguns sustentavam que era Paulo, mas outros identifi-cam a Bernabé, a Apolo, a Lucas ou a Clemente de Roma. Origenes, um dos primeiros Pais da Igreja (184-254 dC.), declarou que só Deus conhecia a identidade do autor.302

Como os primeiros cristãos consideravam que um pre-requisito essencial para a admissão de um documento no canon do NT era ter sido escrito por um apóstolo –e como predominava a incerteza sobre quem era o escritor de Hebreus-, passaram séculos antes que a carta fosse aceita como canônica.

A Igreja no Ocidente permaneceu com dúvidas por muito tempo. Finalmente, quando A epístola aos Hebreus chegou a ser considerada digna de um lugar entre os livros do NT, Paulo chegou a ser aceito pela maioria como seu autor; não tanto sobre a base de evidências objetivas, mas, aparentemente, por uma impressão geral de que só ele podia escrevê-la.

Com a identificação razoavelmente completa dos líderes da igreja apostólica que dão os diversos escritores do NT, um cristão judeu culto e erudito com uma evidente percepção espiritual profunda - o que evidentemente caracterizou o autor de Hebreus- 297 A parte de 1Jn es la única epístola del NT que empieza sin un saludo mencionando el nombre del au -tor.298 Cf., A. Robert y A., Feuillet, Introducción a la Biblia, t2, (Barcelona: Editorial Herder, 1970). Pág. 487. El título a los Hebreos que aparece en Oriente en el siglo II y en Occidente en el III, puede conside-rarse como el resultado de la crítica interna y como una confirmación dada por los antiguos a la opinión más común, según la cual los destinatarios son judeo-cristianos.299 Cf., E. Trenchard, Hebreos, (Madrid: Editorial Literatura Bíblica, 1974), págs. 23-25.300 Cf., A. Robert y A., Feuillet, Op. Cit., donde hace una interesante presentación crítica de la Epístola.301 Cf., F. B. Holbrook, editor, Issues in the Book of Hebrews, (Silver Spring: Biblical Research Institute, 1989), donde se presenta un estudio amplio y científico de las diferentes tendencias.302 E. Harrison, Op. Cit., pág. 373.

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difícilmente podia permanecer na obscuridade em um momento quando os dirigentes cristãos - especialmente os que tinham o ponto de vista iluminado de Paulo- eram pou-cos. Só Paulo303 parecia qualificado para ser o autor da carta.304

A crítica moderna rechaça a autoria paulina, a maioria sobre a base de certas diferenças literárias entre Hebreus e as Epístolas que se sabe com certeza são de sua pluma. Ainda que o vocabulário e o estilo de um autor possam variar ao passar de um tema a outro, tais variações se encontram geralmente nas palavras e expressões que se relacionam com seu tema específico. Mas em Hebreus as palavras e expressões comuns a todo discurso -preposições, conjunções e advérbios- diferem sistematicamente da linguagem das epístolas reconhecidas como paulinas. Ademais, as numerosas e extensa citações do AT em Hebreus são virtualmente literais, tomadas da LXX, enquanto que nas cartas reconhecidas como paulinas Paulo,305 contudo, cita diretamente do hebraico assim como da LXX, e as vezes, aparentemente, da sua própria tradução livre.

A fraseologia característica com que o autor de Hebreus introduz estas citações tambén difere da que Paulo empregava comumente. Finalmente, a polida retórica de Hebreus e a organização clara e sistemática de seu argumento diferem marcantemente do estilo corrente de Paulo, com suas longas digressões e seu raciocínio enredado.

Para resumir o tema da autoria, o ponto de vista expressado na Epístola é carac-terístico e singularmente o de Paulo -como o expressa em suas cartas aos Romanos, aos Gálatas e em outras partes-, mas o estilo não é dele. Isto sugere a possibilidade de que o conteúdo da epístola tenha vindo do apóstolo guiado pelo Espírito Santo, talvez pregado em primeiro lugar, mas que fora escrita ou editada por um fiel assistente -como Timóteo ou Lucas- sob sua supervisão direta.

Como temos comentado, uma das grandes aportações de Paulo foi sua capacida-de de redigir seus livros tendo em conta a vivência do destinatário, é aí onde encontra-mos a realidade das diferenças.306

C. Esquema internoAtravés da Epístola, Paulo, exalta a Cristo e supõe que seus leitores tambén o

honrem como seu Senhor e Mestre (1:1-9; 3:1, 6; 6:18-20; 7:22-28; 8:1, 2; 9:11, 12, 15; 10:12, 19-22; 12:2, 24). De acordo com isto, pareceria que o autor Fosse um judeu da diáspora, educado em Jerusalém, com um trasfundo cultural grego, que se havia conver-tido ao cristianismo e posteriormente havia renunciado ao judaísmo como meio efetivo de salvação.

D. Esquema geral da EpístolaI. Introdução (1:1-4).

II. O Filho maior que os anjos (1:5-2:18).A) A entronização messiânica (1:5-14).B) Exortação de fidelidade (2:1-4).C) Exaltação de Jesus através de sua humillação (2:5-18).

III. Sessão doutrinal: Jesus, sumo sacerdote fiel e compassivo (3:1-10:39).

A) Jesus, filho fiel, superior a Moisés (3:1-6).

303 Cf., A. Vanhoye, A Mensagem da Carta aos Hebreus, (Estella: Editorial Verbo Divino, 1982). Págs. 9-10.304 Para o grande reformador Alemão, M. Lutero, o autor foi Paulo, cf., Comentários de Martinho Lutero, Tito, Filemon e hebreus, (Tarrase: Editorial Clie, 1999), pág, 145.305 A. Vanhoye, Sacerdoce du Christ et culte chrétien selon l’Epître aux Hébreux. Citado por A. Robert y A., Feuillet, Op. Cit., pág, 486.306 DB, pág. 525, entrada: Epístola aos Hebreus.

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B) Advertência baseada na infidelidade de Israel (3:7-4:13).C) Jesus, sumo sacerdote compassivo (4:14-5:10).D) Exortação a renovar-se espiritualmente (5:11-6:20).E) Jesus sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (7:1-28).F) O sacrificio Eterno (8:1-9:28).G) O sacrificio de Jesus, motivo para perseverar até o fim (10:1-

39).IV. Sessão da aplicação prática: exemplos, disciplina e

desobediência (11:1-12:29).A) A fé dos antigos (11:12:29).B) Trato de Deus a seu Filho (12:1-13).C) Castigo pela desobediência (12:14:29).

V. Exortação final, bençãos e saudações (13:1-25).

E. Termos chavesa) O termo superior:307 aparece um total de treze vezes e está asociada a

cada uma das novidades que são apresentadas.b) Sacerdote: um total de trinta vezes.c) Fé: constitui igualmente um termo central do escrito.Selecionar os textos mais significativos desta Epístola e intentar descobrir qual é

o tema principal dela.

VI. ConclusãoO conteúdo desta Epístola, é especialmente significativo, no proceso de

consolidação da igreja cristã primitiva, nos primeiros momentos a igreja se desenvolveu sob a sombra de suas raízes judaicas, pouco antes da destruição de Jerusalém, a Inspiração dirige a Paulo a preparar o caminho para que o cristianismo se desenvolva como uma religião com identidade própria.

A mensagem central, o ministério Sumo Sacerdotal de Cristo, sepulta definitivamente os rituais judaicos, projetando o cristianismo fazia sua própria identidade. A destruição de Jerusalém, pouco tempo mais tarde, certifica esta ruptura e dá começo a nova e definitiva época d cristianismo.

307 Cf., 1:4; 6:9; 7:7, 19, 22; 8:6; 9:23; 10:34; 11:16, 35, 40; 12:24.

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Perguntas para a lição

1. Que dados internos da Epístola nos indicam que foi escrita antes da queda de Jerusalém?

2. Em qual data se deu a escrita da Epístola?

3. Cite os outros diferentes possiveis autores que se tem argumentado históricamente.

4. Quem é o autor da seguinte citação: só Deus conhece a identidade do autor?

5. Quais são as razões da crítica moderna para rechaçar a autoría paulina do livro?

6. As citações numerosas e extensas são tomadas de que versão do AT?

7. Quais são as três principais características das citações do AT em Hebreus?

8. Parecia que o autor era um _____ da _______, educado em __________ e com um transfundo cultural grego.

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CONCLUSÃOAgora estamos em disposição de ter uma ideia clara do conteúdo das Epístolas

de Paulo, tanto em sentido particular como global.A Igreja se estendeu até os confins do mundo, apoiada pelo chamado e a

vocação do Grande Apóstolo dos Gentios. As Epístolas são os documentos escritos do intenso trabalho a favor da evangelização, tanto ao mundo judeu como ao mundo gentio.

Paulo chegou a afirmar:

Porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isto não vem de vós, pois é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se gloríe. Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas. (Efésios 2:8-10).

Que a paz do Senhor inunde nosso coração cada dia.

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IVNT A. T. Robertson, Imágenes Verbales del NT, tomos 1 …. 6. (Terrasa: Editorial Clie, 1988).

v versículo.

vv versículos.

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BIBLIOGRAFIA

A Bibliografía apresentada é o resultado de mais de 20 anos de estudo sobre a vida e obra do genial Apóstolo. Durante este tempo está aquí enfrentado diferentes Tra-balhos de investigação sobre os temas deste curso. Dado que para o mundo reformado, sobre todo o suiço, o francês é a lingua mais utilizada, se apresenta a bibliografía tanto em francês, inglês como em espanhol.

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Respostas e as perguntas

Perguntas para a lição 1

1) Quantas Epístolas formam o Novo Testamento? E quantas são atribuidas a Paulo? 21 , 14

2) Quais são as chamadas Epístolas Universais? 1Pedro, 2Pedro, 1João, 2João, 3João, Tiago e Judas.

3) Em que idioma foram escritos, tanto a versão dos LXX como o Novo Tes-tamento? Koiné

4) Desde o ponto de vista de conjunto o que são as Epístolas? Manuais de controvérsia doutrinal.

5) Quais são as chamadas Epístolas cristológicas? Filipenses, Filemon, Co-losenses e Efesios.

6) Quai são as chamadas Epístolas Eclesiologicas? 1Timoteo, 2Timoteo, Tito

7) Em que Concilio e ano se publicou a lista definitiva oficial dos livros que compõem o Novo Testamento? Concilio de Trento em 1546 sC.

8) Em que ano se descobriu o catálogo dos livros do Novo Testamento na cidade de Milão? 1740 dC.

9) Quem disse que a Biblia havía sido traduzida ao grego com a intenção de propaganda? Philón

10) Quál é o texto principal de referência de Paulo em suas citações? A ver-são da LXX

Perguntas para a lição 2

1) Poderíamos dizer que o livro de Atos dos Apóstolos é um livro histórico e as Epístolas não? verdadeiro

2) Indicar os três argumentos, que dispomos, para identificar Lucas como o autor do livro dos Atos dos Apóstolos.

i. É a mesma pessoa que escreveu o primeiro tratado ii. A utilização do termo nós, significa que o autor é membro do

grupo de Paulo.iii. Linguagem, vocabulário e estilo se corresponde com o Evan -

gelho de Lucas.3) A que se propõ Lucas ao escrever o livo dos Atos? Fazer um relato co-

ordenado das orígens do cristianismo.4) Pode-se considerar o livro dos Atos dos Apóstolos como uma biografía

autorizada da igeja primitiva? SIm, 5) Quais eram as classes e estamentos da sociedade romana? Cidadão ro-

mano; estrangeiro residente; os escravos.6) Quais eram os limites do Império Grego na Época de Alexandro e seus

sucessores? 7) Desde Gália até a India 8) Desde Macedonia ou Samarcande, até Babilônia e Alexandria 9) Quais eram os valores supremos do helenismo? Liberdade, democracia

e igualdade.10) Quais eram os títulos divinos que se atribuíam aos reis Selêucidas e To-

lomeus? Senhor, salvador e manifestação da divindade.

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11) Quais eram as três características do judaísmo que não tinham as outras religiões do império? Monoteísmo absoluto, moral rígida.

12) Dentro da autonomía que o império lhe havía concedido ao judaísmo quais a três características que identificam sua autonomía? Magistrado, governador e sinédrio.

Perguntas para a lição 3

a) Em que cidade nasceu Saulo? Quais eram as duas cidades que lhe prece-diam em importância? Tarso, Alexandría e Atenas.

b) Que dados dispomos para situar a data de nascimento de Saulo? O ape-drejamento de Estevão e também pertencia ao Sinédrio

c) Nos tempos de Paulo, os fariseus estavam divididos em duas escolas, quais eram elas? Sammai y Hillel

d) O que conserva Paulo de sua ascêndencia farisea?a. Respeito a lei b. Conhecimento profundo das Escrituras e a fé na resurreição dos

mortos.e) Segundo São Jerônimo, de donde era originária a família de Paulo? Gisca-

laf) Segundo a tradição dos hebreus, com que idade um hebreu começava a ler

a Escritura, aprender a Misná a observar os preceitos? 5 anos, 10 anos, 13 anos.

g) Quais eram as linguas que provavelmente Saulo conhecia? Aramaico, hebreu, grego e latim

h) Quem acompanhou a Paulo em sua primeira viagem missionária? Barna-bé e João Marcos.

i) Em que cidade os abandonou João Marcos? Perge.j) Quem foi o companheiro de Paulo em sua segunda viagem missionária?

Silas.

Perguntas para a lição 4

a) Em que época se generaliza e normaliza o uso das Epístolas? Século I aC.b) Quais foram os fatores que contribuiram para a propagação deste suporte

escritural? A expansão do Império de Alexandre e do Império Roma-no.

c) Que diferenças há entre uma carta e uma epístola?a. Carta: escrito circunstancial destinado a responder a circuns -

tãncias precisas.b. Epístola : é um escrito mediante a aparência de uma carta di-rigida à pessoa ou coletivo.

d) Paulo utiliza termos que provém de…? Linguagem jurídica, deportivo, comercial, sacrificio e martírio.

e) Que tipo de frases Paulo gosta de utilizar a Paulo? Frases longas onde abundam as orações relativas ou subordinadas

com outras conjunções. f) Aos semitas lhes gosta de representar as coisas de que forma?

Concentrica

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g) A vasta formação de Paulo nas fontes clássicas _grega_ lhe leva a utilizar também as fontes pagãs.

h) O que entendemos por metonimias? Quando as palavras podem mudar de sentido

i) Paulo utiliza com muita frequência o que se chama paralelismo semíticoj) Quantas citações textuais utiliza Paulo em suas epístolas?

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Perguntas para lição 5

a) Quais são as chamadas grandes Epístolas? Gálatas, Primeira Tessalonicenses; Segunda Tessalonicenses; Primei-

ra Corintios; Segunda Corintios, Romanosb) Que Epístola é conhecida como o Evangelho de Paulo?

Gálatasc) Quais os dois temas que estão enfrentando os membros da igreja dos

Gálatas? Festas judías e circuncisão.

d) Em que Epístola não emprega Paulo conceitos teológicos? Primeira Tesalonicenses.

e) Em que Epístola não emprega Paulo citações do AT? Primeira Tessalonicenses.

f) Quando visitou Paulo a igreja que estava em Tessalônica? Segunda viagem missionária.

g) Em que cidade foram escritas as Epístolas aos Corintios? Éfeso.

h) Em que capítulo da Epístola aos Romanos se nos apontam os dados sobre as circunstâncias de redação do escrito? 16

i) Onde se encontrava Pablo quando a escreveu? Corinto

j) De quem era a casa onde ele estava quando a escreveu? Galio.

Perguntas para a lição 6

a) Quais são as chamadas Epístolas do cativeiro? Efesios, Colosenses, Filemon e Filipenses.

b) Qual é a principal característica destes escritos? Sua brevidade.

c) Por que dizemos que as quatro cartas formam uma unidade? a. _Pelo conteúdob. E as características da linguagem.

d) Em que cidade foi escrita a Epístola aos Efésios? Em que importantes ma-nuscritos não aparece o nome da cidade?

Roma, P46, B, S.e) A Epístola aos Colossenses foi escrita com motivo da visita de _Epafras a

Paulo que estava na prisão.f) Qual é a Epístola cujo texto é o mais denso?

Efésios

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g) Na Epístola aos Colossenses, Paulo adverte dos perigos de ver a figura de Cristo sob os prismas filosóficos gregos.

h) Colossenses é propriamente uma Cristologia.

i) O que significa o nome de Filemon? amante

j) Quem fundou a cidade de Filipos de Macedonia? Pai de Alexandre Magno.

Perguntas para a lição 7

a) Quais são as cartas Pastorais? As duas cartas de Timóteo e Tito

b) Onde Timóteo exercia seu ministério? Em Éfeso

c) Onde Tito exercia seu ministério ? Região de Creta

d) A quem dirigiu Paulo estas Epístolas? A dois de seus colaboradores

e) Que vía desempenhou um papel importante na história romana, bizantina, ser-via e turca?

Vía Egnatiaf) Qual se considera a primeira Epístola pastoral de Paulo?

Primeira Timoteog) O que significa o nome de Timóteo?

Alguém que reverencia a Deus.h) Era meio _Judeu por parte de madre e meio grego por parte de Pai.i) Onde se encontrava Paulo quando escreveu a Epístola de Tito? Romaj) O começo da Epístola (de Tito) é uma ordem de missão que será muito útil

no ministério de Tito.

Perguntas para a lição 8

a) Que dados internos da Epístola nos indicam que foi escrita antes da quedade Jerusalém? as referências reiteradas ao culto do Templo.

b) Em qual data se deu a escrita da Epístola? De 65 até 67 ou 68.

c) Cite os outros diferentes possiveis autores que se tem argumentado históricamente. Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente de Roma

d) Quem é o autor da seguinte citação: só Deus conhece a identidade do autor? Orígenes

e) Quais são os racionamentos da crítica moderna para rechaçar a autoría paulina do livro? Certas diferenças literárias

f) As citações numerosas e extensas são tomadas de que versão do AT? LXXg) Quais são as três principais características das citações do AT em Hebreus?

a. Literais da LXX.

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b. Outras vezes cita o hebreu c. Outras de sua própria tradução livre.

h) Parecia que o autor era um Judeu da diáspora, educado em Jerusalém e com um trasnfondo cultural grego.

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