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A geração, o registro e o compartilhamento da mais essencial das matérias-primas
CONHECIMENTO
# 160 ano XXXIX MAIO/JUNHO 2012
II informa
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Edição online Acervo online
>Bibliotecas físicas da Braskem têm sistemas integrados que possibi-litam o empréstimo de materiais de consulta a parceiros e integrantes de qualquer localidade
>Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável incentiva jovens universitários a desenvolver projetos inovadores
>Na reforma do Maracanã, parte dos resíduos do an-tigo estádio é reaproveita-da na fabricação de tijolos e no reflorestamento de áreas urbanas
>Construção de uma usina solar permitirá que a Arena Pernambuco consuma energia renovável e ecologica-mente correta
> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a número 1, e faça o download do PDF completo da revista
>Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002
>Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev
www.odebrechtonline.com.br
>Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF
Videorreportagem Blog
> Siga Odebrecht Informa pelo twitter @odbinforma e saiba das novidades imediatamente
> Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação
>Odebrecht Realizações Imobiliárias patrocina a criação do Museu Pelé, em Santos (SP)
>Conheça a Ilha do Mussulo, um dos destinos turísticos mais belos de Luanda
>Concurso fotográfico promovido por Odebrecht Informa tem o esporte como tema
www.odebrechtonline.com.br >Leia Odebrecht Informa no seu tablet e no seu smartphone.>Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos.
>Núcleo da Cultura Odebrecht (NCO), um instrumento para a preservação e a divulgação de experiências vividas por equipes da Odebrecht no Brasil e no mundo
>Julio Lopes Ramos, Responsável pelo Projeto Curundú, no Panamá, é o quinto entrevistado do Projeto Saberes
>Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) permite aos integrantes aperfeiçoarem seus conhecimentos e compreenderem os valores da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO)
>LOgíSTICA DA EFICIêNCIA
Da lavoura à unidade industrial: veja como a ETH Bioenergia garante a en-trega da cana-de-açúcar com rapidez e segurança
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#160
A motivadora e produtiva interação entre representantes de diferentes gerações de empresários proporcionada pelo PDE
O professor Moises Swirski aborda (e celebra) os 10 anos do Programa de Desenvolvimento de Empresários
Prêmio Destaque: um instrumento a serviço da valorização da inteligência coletiva
Nas comunidades de conhecimento, um espaço para compartilhar experiências e encontrar apoio
Olindina Dominguez fala dos desafios de crescimento da Organização e a importância da rede de conhecimento para sua superação
Uma viagem através do passado, do presente e do futuro da Organização no Núcleo da Cultura Odebrecht
Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) terá sua capacidade de atendimento ampliada
As soluções inovadoras encontradas pela Braskem para integrar, centralizar e hospedar informações
Na Odebrecht Engenharia Industrial, projetos de avançada tecnologia comprovam a vocação de inovar
Apaixonado por transmitir seus conhecimentos no dia a dia dos canteiros de obra, Zé Bodinho completa 50 anos de trabalho na Odebrecht
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Em Angola, uma iniciativa marcada pela combinação entre transferência de tecnologia e aprimoramento da cidadania
Uma incessante troca de informações e experiências que envolve todos os integrantes da ETH Bioenergia
Trabalhadores do Panamá fortalecem capacitação em saúde e segurança com apoio das equipes da Odebrecht no país
Yuri Tomina: conheça a história de um jovem que personifica o dinamismo e a confiança da Braskem
OOG: as lições que inspiram zelo e apreço pelo conhecimento e pela prevenção
Sistema de comunicação desenvolvido pela OR estimula disciplina, reflexão e transversalidade
Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários leva ao Baixo Sul da Bahia um novo motivo para acreditar no amanhã
Saberes: Julio Lopes Ramos ajuda a recuperar cidadãos na Cidade do Panamá
No mapa, estão indicados em branco os países e estados brasileiros onde são realizados os projetos e programas retratados nesta edição de Odebrecht Informa. De grande abrangência, essas iniciativas relacionam-se a todos os países em que as empresas da Organização atuam.
CAPA: Participantes do primeiro módulo da edição de 2012 do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE), reunidos em Atibaia (SP). Foto de Bruna Romaro
6 informa
EDITORIAL
Realização intangível
conhecimento é sempre resultado de um processo coletivo.
Mesmo quando, aparentemente, ele frutifica do esforço de
um ser humano solitário, na verdade o que ocorreu foi que
essa pessoa, em determinado momento, conseguiu chegar
a uma descoberta, à confirmação ou à ampliação de uma conquista ao
utilizar um acervo de informações que começou a ser gerado muito an-
tes de ela ter vindo ao mundo – ou seus pais, ou seus avós. O conhe-
cimento é uma obra magnífica para a qual todos nós, e os que vieram
antes de nós, contribuímos a cada dia de nossa existência.
Hoje – e isto é cada vez mais evidente no universo empresarial, mas
não apenas nele –, tão importante quanto estimular a essencial geração
de conhecimento é criar condições para o não menos crucial compar-
tilhamento do saber acumulado. De que vale, afinal, o conhecimento se
ele não puder ser aproveitado por todos em benefício do bem comum?
Seria como escrever e publicar livros maravilhosos que não seriam lidos
por ninguém ou construir lindas casas, que ficassem desocupadas.
Nesta edição de Odebrecht Informa, você lerá reportagens que con-
tam histórias de amor ao conhecimento – e ao seu compartilhamento.
Verá de que forma iniciativas, como o Prêmio Destaque, o Programa
de Desenvolvimento de Empresários (PDE), as comunidades de conhe-
cimento e o Núcleo da Cultura Odebrecht, contribuíram e continuam
contribuindo para a formação de uma rede de conhecimento que tor-
na possível que as equipes da Odebrecht potencializem seu espírito de
servir e ajudem seus clientes a transformar seus sonhos em realidade.
Você confirmará, com a ajuda das reportagens que agora chegam
às suas mãos, que, a cada edição do Prêmio Destaque, a cada reunião
das comunidades de conhecimento, a cada módulo do PDE, a cada in-
formação acrescentada aos portais das empresas da Organização na
internet, a cada visita ao Núcleo, a cada Café Temático, um novo acorde
é agregado a essa transcendente sinfonia chamada conhecimento – a
qual, para nossa felicidade, realização e permanente reafirmação de fé
no ser humano, jamais terá fim.
“Tão importante quanto estimular
a essencial geração do
conhecimento é criar condições
para o não menos crucial
compartilhamento do saber
acumulado”
O
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AS COISAS DA
vidatexto Edilson lima fotos Bruna romaro
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vida Programa de Desenvolvimento de Empresários permite o contato informal entre pessoas de diferentes gerações, em uma rica e produtiva troca de experiências
Moises Swirski e Renato Baiardi (de casaco escuro) conversam com os participantes do PDE: lições compartilhadas
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eterminados a sonhar juntos o futuro da
Organização, 88 integrantes reuniram-
-se com líderes da Odebrecht, em Atibaia
(SP), durante cinco dias. O evento repre-
sentou o primeiro módulo da 10ª edição
do Programa de Desenvolvimento de Empresários
(PDE). Pela primeira vez, a etapa inicial do programa
contou com a participação de integrantes da Braskem
e das empresas de Engenharia e Construção em con-
junto. Odebrecht Informa esteve presente e conferiu de
perto cada momento.
Na abertura, na tarde de 15 de abril, os participantes
receberam as boas-vindas e assistiram à apresentação
do programa do primeiro módulo do PDE. No fim do dia,
houve uma apresentação de música erudita e, depois,
o jantar.
O dia seguinte começou com palestra de Felipe Jens,
Responsável por Finanças na Odebrecht S.A., que fez
um balanço geral do patrimônio consolidado das em-
presas da Organização e seus investimentos. Em se-
guida, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Ode-
brecht S.A., fez uma exposição sobre a Visão 2020 da
Organização, destacando o desafio dos líderes de trans-
mitir os princípios da Tecnologia Empresarial Odebre-
cht (TEO) aos novos integrantes.
Em sua apresentação, Renato Baiardi, membro do
Conselho de Administração da Odebrecht S.A. e um dos
mentores do PDE, salientou a importância da relação
líder-liderado para a boa condução dos negócios e do
crescimento das pessoas. Após o encontro com Baiardi,
os participantes foram divididos em grupos, para discu-
tir e refletir sobre o que foi apresentado.
No terceiro dia, os líderes empresariais Luiz Mameri,
da Odebrecht América Latina e Angola, e Fernando Reis,
da Foz do Brasil, falaram de seus negócios. Mameri
enfatizou o desafio de atuar em países com diferentes
conjunturas políticas na América Latina. Fernando Reis
apontou o bom desempenho da Foz do Brasil em uma
área historicamente dominada por empresas públicas.
À tarde, foi realizado o painel da sustentabilidade,
com a participação de Sérgio Leão, Carla Pires e Jorge
Soto, responsáveis pelo assunto na Odebrecht, na ETH
Bioenergia e na Braskem. A mediação ficou a cargo de
Sergio Foguel, membro do Conselho de Administração
da Odebrecht S.A.
Paul Altit, Líder Empresarial da Odebrecht Realiza-
ções Imobiliárias (OR), deu início às atividades do quarto
dia com um balanço do bom momento do setor imobi-
liário no Brasil. Destacou o desafio da OR de participar
da preparação do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de
2016, com a construção de vilas residenciais para os
atletas.
Em seguida, foi apresentado aos participantes o
case da Aquapolo Ambiental, uma planta de trata-
mento de esgoto e produção de água de reúso na
região metropolitana de São Paulo. O projeto envolve
três empresas da Odebrecht: a Foz do Brasil, a Ode-
brecht Infraestrutura e a Braskem. A apresentação,
liderada por Pedro Novis, membro do Conselho de
Administração da Odebrecht S.A., teve como objetivo
incentivar a reflexão sobre a aplicação do conceito de
transversalidade na Organização.
Erros e acertosNo fim da tarde, divididos em grupos, os jovens tive-
ram a oportunidade de interagir com participantes de
edições anteriores do PDE. Marcus Vinícius Dias esteve
na primeira edição, em 2003. Hoje é Diretor de Contrato
na Odebrecht Óleo e Gás (OOG). “Éramos menos de 30
alunos. Ouvimos os relatos dos líderes, de seus erros
e acertos, e aquilo nos marcou.” Antonio Augusto San-
tos fez parte da turma de 2004. Atualmente é Diretor de
Contrato das obras da Hidrelétrica Teles Pires, no Mato
Grosso. “Aprendi que o futuro da Odebrecht depende de
nós”, afirma.
Juliana Monteiro e Ana Carolina Farias participaram
das edições 2008 e 2009, respectivamente. Em 2010,
Juliana tornou-se a primeira Diretora de Contrato da
OR. “Para mim é um orgulho.” Ana Carolina passou a
ser, em 2011, a primeira Diretora de Contrato da Ode-
brecht Infraestrutura: “Aprendi no PDE a manter o foco
no crescimento das pessoas. Hoje busco passar boas
inspirações a meus liderados”.
O quinto e último dia começou com a palestra do Lí-
der Empresarial da Braskem, Carlos Fadigas, que des-
tacou as aquisições de ativos da Quattor e da Sunoco
Chemicals, em 2010, e da Dow Chemical, em 2011.
Respeito a diferenças culturais foi um dos pontos
destacados por Emílio Odebrecht, Presidente do Con-
selho de Administração da Odebrecht S.A., para quem a
TEO tem de ser levada a todos os integrantes, mas com
respeito a costumes e hábitos locais.
Depois do almoço, Márcio Polidoro, Responsável por
Comunicação Empresarial na Odebrecht, e o Conse-
D
11informa
lheiro Luiz Villar conduziram a palestra “Representativi-
dade e construção da imagem”. Após a apresentação de
casos, os participantes foram instigados a refletir sobre
a construção da imagem no âmbito de seus negócios.
No fim da tarde, houve uma confraternização de des-
pedida e a apresentação de um “videossíntese” sobre os
cinco dias do encontro. Ao longo do ano, os dois grupos
(integrantes da Braskem e das empresas de Engenha-
ria e Construção) serão divididos e participarão de mais
três módulos do programa.
Abertos de coração e almaAlguns participantes relataram suas impressões a
Odebrecht Informa.“O PDE nos proporciona uma visão
abrangente dos negócios da Organização”, disse Mar-
celo Nunes, da OOG. “O PDE nos dá a oportunidade de
estar frente a frente com pessoas que viveram e vivem
a história da Odebrecht”, destacou Alaíde Barbosa, da
Foz. Fernando Cervera, da Odebrecht Peru, afirmou:
“Saio daqui com um desejo enorme de ser uma pessoa
melhor”. O tema sustentabilidade chamou muito a aten-
ção do angolano Manuel Kai: “Cheguei aqui com poucas
ideias sobre isso, mas agora é como se surgissem mui-
tas luzes em minha cabeça”. Tornar-se um líder edu-
cador é um dos objetivos do norte-americano Warren
Springer, integrante da Braskem nos Estados Unidos. “A
Odebrecht tem a cultura de servir sempre melhor.”
Segundo o coordenador acadêmico do PDE, Moi-
ses Swirski (leia artigo de sua autoria nesta edição), o
programa, em suas 10 edições, mantém-se firme em
seu propósito: “Ser um espaço de reflexão sobre a TEO
entre as gerações de Norberto Odebrecht, Emílio Ode-
brecht e os jovens de hoje, liderados por Marcelo Ode-
brecht”. Renato Baiardi acrescenta: “Ao longo desses 10
anos, muitos se revelaram excelentes empresários. Isso
significa que o PDE está no caminho certo. A prática da
TEO deve ser intensificada em cada pequena empresa”.
Segundo Antonio Rezende, Responsável por Pesso-
as e Desenvolvimento na Equipe do Vice-Presidente de
Operações de Engenharia e Construção, o grande lega-
do do PDE é estimular nos participantes o sentimento
de pertencer à Odebrecht. “Eles saem motivados a pre-
servar a cultura e transmiti-la a seus liderados.”
Um dos pontos altos de cada edição é a participação
de Norberto Odebrecht, que ocorre desde o início do
programa. “Norberto Odebrecht sempre nos surpreen-
de com suas histórias. Os jovens têm a oportunidade de
interagir diretamente com ele”, comenta Moises Swir-
ski. Pode-se dizer: têm a oportunidade de sonhar juntos
o futuro da Organização.
Marcelo Odebrecht: transmissão dos princípios da TEO aos novos integrantes
12 informa
ARGUMENTO
12
O PDE completa 10 anos
Moises Swirskié coordenador acadêmico do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) da Organização Odebrecht [email protected]
PDE completa 10 anos em sua missão de
acelerar a formação de empresários ali-
nhados com a Cultura Odebrecht, contri-
buindo de forma sinérgica para a Educa-
ção pelo Trabalho.
O PDE está a serviço dos líderes da Organização
na busca da superação do desafio de aprimorar novas
gerações de líderes na arte de conduzir a Tarefa Em-
presarial, em compasso com o ritmo de crescimento
dos seus negócios.
No fim de 2012, serão 10 turmas do PDE Engenha-
ria, que inclui a Foz do Brasil, Odebrecht Realizações
Imobiliárias, Odebrecht Óleo e Gás e OCS, e seis tur-
mas do PDE Braskem, em um total de mais de 700
participantes.
O programa é uma pausa no dia a dia dos inte-
grantes para reflexão da própria experiência e para
autoavaliação. Aprendemos com a prática da TEO e as
lições de líderes das três gerações que construíram a
Organização.
A reflexão inspira as possibilidades de cada um e
amplifica o ímpeto para realização. O diálogo fortalece
o senso de missão e o sentimento de liberdade para
buscar a realização pessoal na Organização. O PDE
não cria empresários; o talento de ser empresário já
está em cada um.
O projeto educacional está voltado para ampliar o
olhar e, com isso, aprimorar as capacidades de con-
ceituar, focalizar, planejar e avaliar a execução do Pro-
grama de Ação. Não desenvolvemos os conhecimen-
tos para executar tarefas específicas. O PDE prioriza o
desenvolvimento da sensibilidade de ser empresário.
São das atitudes que emergem os nossos valores, que
fazem a nossa diferença. Como nos diz Rubem Alves:
“Os conhecimentos nos dão meios para viver. Mas são
as sensibilidades que nos dão as razões”.
Como Coordenador Acadêmico do PDE, tenho três
insistências com os participantes. A primeira delas é
que cada um traga a sua verdade, pois em negócios não
existem respostas únicas. Além disso, são as nossas di-
ferenças que nos fortalecem e vão permitir rever a nos-
sa forma de perceber. Onde todos pensam da mesma
forma, provavelmente ninguém está pensando.
A segunda insistência é que cada um esteja no pro-
grama por inteiro. Traga para a plenária a si mesmo e
tudo aquilo que representa. E, por último, que cada um
seja responsável por construir um ambiente de con-
fiança para os seus pares.
Sou ph.D em Finanças pela Stern School of Busi-
ness da New York University e sócio de uma empre-
sa dedicada a Valuation e M&A. Mas sempre estive
envolvido com Educação. Ajudei a fundar a Coppead/
UFRJ (Instituto de Pós-graduação em Administração
da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e, depois, o
PDG, um projeto pioneiro no Brasil para a formação de
executivos seniores.
Meu gosto por pessoas e por ajudá-las a se realiza-
rem me engajou na jornada do PDE. E, há 10 anos, apren-
do com a arte de formar empresários, com os participan-
tes, com os líderes da Organização que compartilham
sua arte e sua vida, com os coordenadores empresariais
(Antonio Rezende, Olindina Dominguez, Carlos Hupsel e
Ciro Barbosa), com os professores Roberto Ricardino e
Nilton Vargas e com meus pares da MSW.
O
13informa
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AUTORES DE UMacervotexto EmanuElla somBra fotos FrEd ChaluB
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15informa
acervo
Prêmio Destaque Braskem se fortalece
como instrumentode apoio para o crescimento
da empresa
ESSENCIAL
Camila Dantas (ao centro) com Felipe Yukio Matsumoto e Carolina Mira-beli: aumento da produtividade por meio do incentivo à criatividade
udo começou como normalmente sur-
gem as boas ideias em um ambiente
de trabalho: um entrave prático susci-
tava um planejamento estratégico que
pudesse resultar em ganhos a curto e
longo prazos para o cliente. “Precisávamos apoiá-lo,
e isso significava diminuir os custos dele e garantir a
nossa competitividade no cenário atual da indústria
petroquímica”, lembra Gustavo Checcucci, Gerente
de Energia da Braskem. “Em outras palavras, forta-
lecer toda uma cadeia”, resume.
Os personagens dessa história eram integran-
tes da Braskem, que é produtora de polipropileno, e
de sua cliente Borealis, empresa que transforma o
polímero em autopeças a partir da adição de outros
componentes químicos. A partir da observação de
como o consumo de energia da Borealis impactava
na sua competitividade de mercado, Gustavo e os co-
legas Octavio Pimenta Neto, Lucas Nishioka e Fabio
Yanaguita pensaram uma alternativa para diminuir
os custos de insumos na geração do plástico – no
caso, as autopeças.
Assim nasceu o projeto vencedor da edição 2011
do Prêmio Destaque Braskem na categoria Agrega-
ção de Valor ao Cliente. A proposta consistia em in-
termediar a energia comprada no Mercado Livre de
Energia e gerenciá-la, de forma que a Borealis pu-
desse economizar 17% do seu consumo anual. “Ne-
gociar energia mais barata demandava um expertise
que empresas de médio porte, como a Borealis, não
possuem. Sem contar que, como a Braskem já está
nesse mercado há muito tempo, a negociação de
compra seria mais fácil”, explica Checcucci.
Depois da fase embrionária do projeto, em que
diversas variáveis econômicas e jurídicas foram es-
tudadas, a ideia começou a ser aplicada na prática.
Os laços de confiança entre as duas empresas se es-
treitaram, e o cliente vem alcançando uma economia
de R$ 600 mil anuais. Para o legado empresarial da
Braskem, ficou mais um exemplo de como conheci-
mento e experiências compartilhadas resultam em
um acervo de soluções que podem ser aplicadas e
replicadas ao longo dos anos.
Incentivo à criatividade“Além de incentivar o surgimento de ideias
inovadoras que podem ser aplicadas na própria
Organização, o prêmio faz com que os integran-
tes compartilhem o aprendizado adquirido dentro
da empresa, contribuindo para o aprimoramento
do trabalho em seus ambientes de atuação”, diz
Camila Dantas, Responsável por Educação e Car-
reira na Braskem. “O Prêmio Destaque Braskem
reconhece o profissional por meio da valorização
do seu conhecimento. Com isso, colabora com o
aumento da produtividade ao incentivar a criativi-
dade”, acrescenta.
Na unidade da Braskem em São Paulo, Camila e
os outros organizadores do prêmio acompanham as
inscrições para a próxima edição, que se encerram
em julho. Nessa fase, a rotina vai, aos poucos, ge-
rando um clima em que predominam a criatividade
e a troca de ideias – em muitos casos, ideias que já
foram testadas e bem-sucedidas na Organização.
“As pessoas começam a formar grupos, isso acaba
agregando competências. A cada ano que passa, ob-
servamos o prêmio contribuir mais nesse sentido”,
afirma.
De acordo com Camila, a previsão é de que o
número de trabalhos inscritos em 2012 supere as
16 informa
T
Gustavo Checucci, Fabio Yanaguita e Octavio Pimenta: redução de custos dos insumos na geração do plástico
17informa
marcas dos anos anteriores. E essa expectativa tem
razão de ser. Em 2011, o concurso totalizou 194 tra-
balhos, 20% de inscrições a mais que 2007, primeiro
ano da premiação. Nesse intervalo, foram incorpora-
das adaptações alinhadas à Visão 2020 da Braskem,
como o número de participantes por grupo e a inclu-
são de novas categorias. Outras, por motivos estra-
tégicos, deixaram de existir. Na sua sexta edição, o
Prêmio Destaque Braskem possui quatro: Soluções
Inovadoras, SSMA (Saúde, Segurança e Meio Am-
biente), Agregação de Valor ao Cliente e Melhoria
Contínua.
Idealizado como instrumento de registro e com-
partilhamento de conhecimento, o Prêmio Destaque
Braskem é promovido anualmente. Todos os inte-
grantes da empresa podem participar, desde que os
grupos tenham, no mínimo, dois integrantes cada
um. Os trabalhos devem ser inéditos e implementa-
dos no mesmo ano ou no ano anterior a cada edição.
Critérios como sustentabilidade, originalidade e im-
pacto no desenvolvimento da empresa são levados
em conta na premiação dos melhores trabalhos.
De liderado a líderO sentimento compartilhado pelos integrantes
que têm um projeto vencedor é de reconhecimento
e incentivo a participarem de outras edições. A tro-
ca de experiências e de aprendizados, entretanto,
acabam impactando positivamente em suas trajetó-
rias profissionais. “Eu posso dizer que esse prêmio
influenciou diretamente a minha carreira, pois de
liderado eu passei a líder”, diz Alessandro Lima, Ge-
rente de Desenvolvimento de Produtos na Braskem.
Alessandro foi um dos vencedores da edição 2010 do
Prêmio Destaque Braskem na Categoria Agregação
de Valor ao Cliente.
Ao lado dos colegas Nicolai Duboc Natal, Fernan-
do Cruz e João Caiado, Alessandro desenvolveu uma
nova alternativa à logística da indústria offshore bra-
sileira: produzir e fornecer um tipo de resina, apli-
cada no revestimento de dutos de petróleo, que até
então era importada pela Petrobras. “Nosso cliente
direto não era a Petrobras, mas as empresas forne-
cedoras desse polímero. E, para elas, contar com
um produto e uma assistência técnica nacionais era
muito mais vantajoso.”
Usado como isolante térmico, o polipropileno pre-
serva a temperatura em que o petróleo é extraído
da terra. Além disso, o material fornece aos dutos
de aço uma proteção anticorrosiva à água do mar.
Para se credenciar como fornecedora dessa maté-
ria-prima para a Petrobras, a Braskem passou por
um longo processo de homologação. “Faz parte da
política da Petrobras promover a indústria petrolí-
fera nacional, e nós conseguimos contribuir para
isso”, comemora Nicolai Duboc Natal, Coordenador
de Marketing de Polipropileno. “O mais interessan-
te é que podemos utilizar essa bagagem técnica em
outras aplicações, já que a Braskem agora possui o
know-how”, acrescenta.
Nicolai Natal: promoção da indústria petrolífera nacional
texto rEnata mEyEr
18Iniciativa criada para valorizar a inteligência coletiva e estimular a busca e a reutilização de soluções criativas, o Prêmio Destaque do negócio Engenharia e Construção completa 20 anos
boas ideiasO CAMINHO DAS
19informa
boas ideiasm 1992, a Rede de Conhecimento da
Odebrecht ganhou um importante ins-
trumento para o registro e divulgação
de ideias inovadoras, desenvolvidas nos
campos técnico e social, nos ambientes
de atuação das empresas. O Prêmio Destaque, como
ficou conhecido, vem contribuindo para reconhecer
pessoas de conhecimento, capturar sinergias e va-
lorizar a inteligência coletiva, representando um es-
tímulo para a busca, disseminação e reutilização de
soluções criativas.
Qualquer integrante da Odebrecht, no Brasil ou no
exterior, pode concorrer ao prêmio, individualmente
ou em grupo. Não há limite de quantidade de projetos
por autor ou do número de participantes por grupo.
Todos os projetos encaminhados passam a integrar
o acervo da Organização e ficam disponíveis integral-
mente para consulta, na página do Prêmio Destaque e
no Portal Corporativo do Negócio Engenharia e Cons-
trução.
Ao longo de 20 anos, mais de 4 mil integrantes
compartilharam o conhecimento obtido no dia a dia
de suas atividades, formando um rico acervo de mais
de 2 mil inovações. Trabalhos que reduzem custos e
prazos, minimizam impactos socioambientais e me-
lhoram a produtividade, entre muitos outros benefí-
cios. Nesse período, o prêmio evoluiu, adequando-se
às novas necessidades do mercado e ao crescimento
da Organização, agregando novas categorias, formas
de envio, consulta e disponibilização.
“No início, ligávamos para os integrantes para mo-
tivá-los a inscrever trabalhos. Hoje essa participação
é espontânea. A cada ano mais pessoas percebem a
importância de compartilhar o conhecimento”, afirma
Olindina Perez Dominguez, Responsável pelo Ciaden
ERodovia IIRSA Sul, no Peru: equipe da obra aproveitou uma solução inovadora nascida no canteiro de outra rodovia no país, a Tingo Maria-Agaytia
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20 informa
(Conhecimento e Informação para Apoiar o Desenvol-
vimento de Negócios), a quem cabe a organização do
Prêmio Destaque. Ao longo dos anos, a adesão dos
integrantes só tem aumentado: saltou de 227 traba-
lhos inscritos na edição de 2010 para 367 em 2011.
Promovido anualmente, o prêmio é oferecido a in-
tegrantes que tiverem seus trabalhos selecionados
em cada uma das seis categorias avaliadas: Inova-
ção, Jovem Parceiro, Reutilização do Conhecimento,
Meio Ambiente, Relações com Comunidades e Saúde
e Segurança do Trabalho.
A escolha dos projetos vencedores é feita em duas
etapas. Na primeira, os trabalhos são avaliados por
uma comissão julgadora interna, formada por equi-
pes técnicas e multidisciplinares da Organização
Odebrecht. Também são submetidos ao voto dos in-
tegrantes por meio do Portal Corporativo. Os 10 tra-
balhos com maior pontuação são pré-selecionados e
passam por uma nova etapa de avaliações, realiza-
das por uma comissão julgadora externa – no caso
das categorias Meio Ambiente e Relações com Co-
munidades – e por uma segunda comissão interna,
no caso das demais categorias. Ao final, é eleito um
projeto vencedor por categoria.
Reutilização do conhecimentoCriatividade, dedicação e persistência foram as
ferramentas utilizadas pela equipe das obras de
reabilitação da Rodovia Tingo Maria – Aguaytia, no
Peru, para superar os desafios impostos pelas con-
dições climáticas e garantir a produtividade durante
a execução dos trabalhos. Com o objetivo de evitar a
desmobilização durante o período de chuvas, que im-
possibilitava a realização de alguns procedimentos, a
equipe criou uma carpa de pavimentação, estrutura
metálica móvel em forma de arco coberta por uma
lona plástica, com altura suficiente para permitir que
as frentes de trabalho operassem normalmente em
seu interior.
A ideia foi inscrita no Prêmio Destaque 2005 e
tornou-se referência para outros projetos da Organi-
zação em situações similares. Foi o caso do Projeto
IIRSA Sul, no qual as condições adversas de tempe-
ratura limitavam os trabalhos de colocação da mes-
cla asfáltica a um total de cinco horas por dia. Com
a implantação da carpa, foi possível assegurar um
ambiente controlado de temperatura e aumentar a
produtividade, durante as obras da rede viária que
liga o Brasil ao Peru.
A equipe da Odebrecht Angola também se inspirou
em uma iniciativa já existente para fomentar a qua-
lificação profissional de trabalhadores angolanos.
Implantado inicialmente na Usina Hidrelétrica Santo
Antônio, no Brasil, o Programa Acreditar foi reeditado
em Angola, e, desde 2010, já formou mais de 2 mil
trabalhadores em diversos ofícios da construção civil
e áreas afins, em três províncias do país.
O programa foi vencedor do Prêmio Destaque
2011 na categoria Reutilização do Conhecimento,
que, nesse ano, obteve recorde de 70 inscrições. “Ter
conquistado o Prêmio nos dá a certeza de que fize-
mos as escolhas certas quando optamos por criar
um programa a partir da realidade local, com uma
tecnologia pedagógica alinhada com a TEO e com as
tendências mais atuais da educação”, afirma Adriana
Bezerra, autora do trabalho ao lado de Diana Ortiz e
Paloma Alencar.
Formação de novos empresáriosA cerimônia de premiação da última edição, que
marcou os 20 anos do Prêmio Destaque, aconteceu
em dezembro passado, durante a Reunião Anual,
na Costa do Sauípe, na Bahia. A ocasião também
foi marcada por uma homenagem a Mauro Martins,
Responsável por Engenharia nas obras da Central
Hidrelétrica Manuel Piar (Tocoma), na Venezuela.
Mauro é o integrante da Organização que inscreveu
mais trabalhos ao longo da história do prêmio: 38
projetos.
Mauro Martins: recordistaa
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21informa
Mauro é reconhecido internamente como um dos
grandes incentivadores do Prêmio Destaque. “Por
meio do Prêmio Destaque, temos conseguido con-
tagiar e influenciar companheiros de diferentes ge-
rações, para uma participação solidária, em torno
de assuntos relevantes relacionados aos diferentes
desafios que se apresentam nos nossos ambientes,
promovendo uma busca contínua do conhecimento
técnico e científico e exercendo a valorização cons-
tante do espírito inovador”, ressalta Mauro.
Sob sua liderança, Robinson Areaza foi vencedor,
em 2011, na categoria Jovem Parceiro, com o Pro-
jeto Quebrando Paradigmas para el Camino al Exito.
Utilizacion del Sistema de Postcooling para Ejecutar
Vaciados Massivos de Grandes Alturas. Criada em
1997, essa categoria reconhece a atitude de jovens
integrantes que veem em suas tarefas diárias oportu-
nidades para inovar. “Estou convencido de que todos
nós somos capazes de buscar soluções para seguir,
cada vez mais, sendo eficientes e eficazes na execu-
ção de qualquer trabalho que estivermos realizando”,
afirma Robinson.
Segundo Olindina Dominguez, a participação dos
jovens no Prêmio Destaque é, sobretudo, uma opor-
tunidade de aprendizado. “Ao relatar uma inovação,
desenvolvida com sua equipe de trabalho, ou ao re-
gistrar o conhecimento de experientes encarregados,
o jovem se desenvolve, pois precisa buscar informa-
ções técnicas para respaldar a ideia apresentada”,
afirma.
Seja um Jovem Parceiro ou um profissional
maduro, em todo o integrante há o potencial
transformador de inovar, renovar e aprimorar
cada vez mais. Essa é a essência do Prêmio Des-
taque, cuja conquista simboliza o reconhecimen-
to de toda Organização ao espírito de servir da-
queles que compartilham seu conhecimento a
serviço do futuro.
PRêMIO DESTAqUE 2012Inscrições e envio de trabalhos até 28/09.
Não deixe de participar!
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Para mais informações escreva para
Aida Yolanda José da Silva (em primeiro plano) e outros alunos do Programa Acreditar em Angola: qualificação profissional
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22 informa
Comunidades de conhecimento da Engenharia e Construção: fontes de apoio para qualquer situação, em qualquer lugar. É só chamar
texto João marcondes
22 Danilo Abdanur (à direita) e o engenheiro venezuelano José Gonçalves: reforço na Educação pelo Trabalho
23informa
O PRAzER DE PROCuRAR A SuA
turma
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nEr
24 informa
m 2009, o engenheiro Manuel Ximenes
chegava à Colômbia. Seu desafio beirava o
impossível: montar a proposta para a lici-
tação da Rodovia Rota do Sol em apenas
quatro meses. O escopo: construir 500 km
de estrada em uma região de alto índice pluviométrico,
no exíguo prazo de cinco anos. Um mês já havia se pas-
sado desde a abertura do edital da licitação. A confian-
ça na vitória não era plena. Havia lacunas técnicas. Foi
quando seu líder, o Diretor-Superintendente da Ode-
brecht Colômbia, Luiz Bueno, durante uma conversa,
sugeriu-lhe participar do encontro da Comunidade de
Rodovias, que aconteceria no Panamá. “Não participa-
va da Comunidade nem tinha atentado direito para o
que era. Tinha dúvidas se valeria a pena perder uma
semana de trabalho na proposta para fazer a viagem”,
confessa.
Ximenes foi. Não perdeu uma semana. Em vez dis-
so, ganhou a obra. “Relatei minhas dificuldades, e to-
dos se dispuseram a ajudar”, descreve, ressaltando a
vontade de colaborar da comunidade. “Era como um
livro, com quase todas as respostas de que se precisa-
va.” Nunca o espírito de servir parecera tão cristalino
a Ximenes, que, de imediato, se tornou um dos mais
atuantes membros da comunidade. Chamou colegas
de obras similares no Peru, Brasil e Panamá para
ajudá-lo na missão. Um miniencontro aconteceu em
Bogotá, de onde foi gerada a proposta vencedora em
tempo recorde. Manuel Ximenes diz que o apoio de
“Maurão” foi crucial. “Maurão” é Mauro Hueb, Líder da
Comunidade de Rodovias e Diretor de Contrato da Ode-
brecht América Latina e Angola.
O inícioAugusto Roque Dias Fernandes foi um dos fundado-
res da primeira Comunidade de Conhecimento da Ode-
brecht, a de Usinas e Barragens, em 2001. “Quando há
uma questão, uma pessoa surge com uma ideia. Em
seguida, outro integrante traz uma segunda ideia sobre
o mesmo problema. Quando elas se juntam, surge uma
terceira ideia; esta sim, costuma ser a melhor, a que
deve prevalecer”, argumenta.
O conceito de Comunidades de Conhecimento co-
meçou a ganhar forma nos anos 1990 na Odebrecht.
Em uma organização na qual a descentralização é par-
te da essência cultural e filosófica, como administrar,
concentrar e qualificar novos conhecimentos gerados
em centenas de canteiros ao redor do mundo? O que
nasceu de modo tímido, com uma rede intranet em
1996, meio pelo qual as pessoas trocavam informa-
ções, logo foi adquirindo a forma de um “arquipélago
de excelência interligando ilhas de competência” (con-
ceito do geólogo José Carlos Leal Bezerra, que já inte-
grou a Organização).
Em 2001, ocorreu o primeiro encontro de uma co-
munidade, na Usina Hidrelétrica Itapebi, na Bahia. Ro-
que, hoje Diretor de Engenharia da Odebrecht Energia,
tornou-se o líder. Rapidamente, as comunidades mul-
tiplicaram-se. Hoje, no negócio Engenharia e Constru-
ção da Odebrecht, são 12 comunidades, com mais de
4 mil membros, e há previsão de novas comunidades
entrarem em operação ainda este ano.
Uma das pessoas que tiveram papel fundamen-
tal nessa história foi Olindina Perez Dominguez (veja
entrevista nesta edição). Responsável pelo Ciaden
(Conhecimento e Informação para Apoiar o Desen-
volvimento de Negócios), ela observa: “Em uma
empresa em que a Educação pelo Trabalho é par-
te da filosofia, tivemos que pensar como estruturar
processos e métodos para potencializar ainda mais
a transferência de conhecimento. Um dos desafios
foi descobrir como motivar as pessoas a estruturar e
disponibilizar esse saber”.
Para conseguir isso, ela contou com ajuda de
Nilton Vargas, da empresa Neolabor, parceiro da
Odebrecht há duas décadas. “Primeiramente, redi-
recionamos o foco da rede (intranet), que era em
processos e tecnologia. O novo alvo passou a ser as
pessoas, mais em sintonia com a Tecnologia Em-
E
Manuel Ximenes: “Relatei minhas dificuldades, e todos se dispuseram a ajudar”
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presarial Odebrecht (TEO)”, explica. “Depois, esta-
belecemos três estratégias: alinhar profissionais
com os mesmos interesses; gravar vídeos de de-
poimentos, em vez de apenas textos escritos e da-
dos, pois queríamos os atores em ação, com rosto e
alma; e, não menos importante, que tudo ocorresse
de baixo para cima, ou seja, que a formação das co-
munidades e seus líderes fosse algo além da estru-
tura e priorizasse o desejo de participar.”
O ambiente das comunidades funciona em uma
espécie de “rede social” (“anterior às famosas redes
sociais de hoje em dia”, diz Vargas). Ali, os membros
podem lançar perguntas técnicas, como fez Pedro Pai-
va, que tinha uma dúvida sobre como elaborar o pla-
nejamento de Manejo de Resíduos Sólidos em uma
obra na Venezuela e foi prontamente apoiado por meio
do Fórum da Comunidade de Sustentabilidade. Nesse
ambiente, também são divulgados artigos de revistas,
relatos sobre o andamento de obras, vídeos com de-
poimentos e outras informações. Os encontros presen-
ciais são outro instrumento importante, pois estimulam
a interação e oportunizam a troca de conhecimento en-
tre os membros da comunidade. Atuando também no
formato de Missões Técnicas, as comunidades visitam
obras ou institutos de referência. Ao fim de cada encon-
tro, são geradas recomendações sobre os principais
temas discutidos no evento, que ficam disponíveis no
Portal Corporativo para consulta dos demais integran-
tes da Organização.
Outro produto resultante do trabalho das comunida-
des são os fichários de Melhores Práticas, os quais tra-
tam de temas críticos que merecem ser aprofundados.
Eles são elaborados por pessoas de conhecimento que
comparam práticas utilizadas em vários ambientes da
empresa e redigem as melhores práticas, com contri-
buições dos demais membros.
Entusiastas do conhecimentoDanilo Abdanur, Responsável por Produção nas
obras da Linha 2 do Metrô de Los Teques, na Venezue-
la, e Líder da Comunidade de Transporte sobre Trilhos,
afirma: “Participar de uma comunidade é o melhor
caminho para se conhecer a filosofia da Organização”.
Entusiasta do conhecimento em todas as suas formas,
o mineiro Danilo inovou ao criar o primeiro curso teó-
rico dentro de uma comunidade – o Programa de Ca-
pacitação de Tuneleiros, para aprofundar a formação
de engenheiros da empresa em túneis NATM (New
Austrian Tunneling Method) e TBM (Tunnel Boring Ma-
chine), que reuniu 37 pessoas, contou com professores
variados, desde consultores a acadêmicos renomados,
e teve duas fases presenciais: uma em Caracas e ou-
tra na Alemanha, onde fica a sede da Herrenknecht,
empresa-líder na fabricação de TBMs.
O jovem engenheiro venezuelano José Goncalves, 20
anos, afirma: “A participação no Programa de Capaci-
tação de Tuneleiros elevou muito o meu nível, que era
basicamente o de um engenheiro mecânico. Apren-
di sobre geologia, a parte civil da obra e, além disso,
conheci gente de todo o mundo”, relata. Danilo ficou
satisfeito. O aprofundamento teórico, para ele, é o ca-
samento perfeito com a Educação pelo Trabalho.
Augusto Roque salienta que a potencialização do
saber é tão importante quanto as obras de energia
atualmente em curso (que gerarão 22 mil megawatts
mundo afora nos próximos anos). “O que estamos bus-
cando é subir de patamar e subir de forma constante”,
afirma.
A relação completa de comunidades de conhecimento
do negócio Engenharia e Construção da Odebrecht e
seus respectivos líderes está disponível na edição online
de Odebrecht Informa (www.odebrechtonline.com.br).
Augusto Roque: pioneirismo
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25informa
26 informa
A ESCALADA DO
saber
26Trabalhador em uma unidade da Braskem: comunidades de conhecimento contribuem para a melhoria da qualidade, da produtividade e da sustentabilidade
saber
Na Braskem, as comunidades formam um mosaico de conhecimento e funcionam como fóruns virtuais de discussãotexto thErEza martins fotos marCos sá
s comunidades de conhecimento da Braskem foram desenvolvidas em alinha-
mento com o modelo já existente na Organização Odebrecht. Elas são um es-
paço para compartilhar informação, experiência e saber. Um saber construído
a muitas mãos, incorporado à memória e ao patrimônio da empresa.
Por definição, as comunidades são grupos de integrantes com saberes
sobre determinado tema, projeto, serviço ou produto, que se correlacionam para formar
um conjunto diversificado de conhecimentos, o qual, por sua vez, permite a dissemina-
ção de informações e experiências. Com essa orientação, as comunidades propiciam
a aplicação do princípio de educação pelo e para o trabalho expresso na Tecnologia
Empresarial Odebrecht (TEO).
Além dos encontros presenciais, as comunidades contam com um ambiente virtual, cujo
funcionamento pode ser comparado aos grupos de interesse ou de discussão da internet, com
possibilidade de postar arquivos, comentários e de revisitar históricos.
A
ar
qu
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rEC
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27informa
28 informa
O objetivo é reunir em um mesmo ambiente, chama-
do plataforma de colaboração digital, o conhecimento
específico gerado na empresa, facilitando o seu compar-
tilhamento e, ao mesmo tempo, protegendo a memória
resultante desse processo.
“A motivação para criar uma comunidade e partici-
par dela está intimamente ligada à própria cultura da
Organização, pois envolve o espírito de servir à atual e
às futuras gerações de integrantes, a humildade para
ensinar e aprender, a vontade de descobrir o novo e pre-
servar o conhecimento construído no trabalho”, informa
Edileni Leão, analista da área de Recursos da Informa-
ção e Conhecimento (RIC).
A análise de propostas e a anuência para abertura de
novos grupos, assim como a condução das comunida-
des, são de responsabilidade da RIC. Cada comunidade
tem um ou mais moderadores, encarregados dos convi-
tes, do incentivo à participação e da coordenação interna
das colaborações.
O marco na evolução das comunidades na Braskem
data de 2009, quando o conceito começou a ser discutido
pela RIC. No ano seguinte, foi desenvolvido um projeto
piloto, concentrado em inovação e tecnologia. Em 2011,
já havia cinco comunidades abertas, em diferentes es-
tágios de participação e maturação. Até abril de 2012,
mais três grupos estavam em atividade, e a meta é che-
gar a cinco até o fim do ano.
Entre os temas focados estão o Programa Braskem+,
Engenharia de Processos PP (polipropileno), Tecnologia
de Eteno Verde, Pessoas & Organização e Sustentabili-
dade. Somadas, as oito comunidades da empresa reú-
nem mais de 300 pessoas.
Braskem+A Comunidade de Conhecimento Braskem+ é a que
reúne o maior número de participantes, cerca de 60,
por causa da abrangência do tema, que diz respeito a
todas as unidades de negócio e de apoio da empresa. O
Braskem+ é um programa corporativo criado para dar
suporte a essas unidades em seus esforços de melhoria
da qualidade, da produtividade operacional e da susten-
tabilidade dos resultados.
“Neste momento, as equipes de produção estão tra-
balhando na construção de padrões para o sistema de
produção da empresa, processo que se tornou mais ágil
com a troca de informações, ideias e experiências pos-
sibilitada pela Comunidade Braskem+”, afirma Vladimir
Araújo Ornelas, especialista da área de Qualidade e Pro-
dutividade Corporativa (Q&P) e um dos moderadores da
comunidade.
Vladimir também destaca, como benefício da ferra-
menta, a possibilidade de registro de todas as contri-
buições apresentadas, que ficam arquivadas. “Assim
podemos identificar os autores das contribuições, o mo-
mento em que elas foram feitas e o que trouxeram de
novo”, salienta. Dessa forma, no futuro, quando um dos
integrantes quiser consultar o processo de construção e
de definição dos padrões, não terá dificuldade.
A relevância do debate e de melhorias em qualidade,
produtividade e sustentabilidade para a empresa reflete-
-se na variedade de temas em pauta: confiabilidade da
produção e de equipamentos, melhoria focalizada, orga-
nização física e sistematização de processo. Para cada
um deles, abre-se um leque de subtemas ainda mais
específicos.
Edileni Leão e Backer da Rosa: espírito de colaboração
29informa
“Essa discussão poderia ser feita pelas formas tra-
dicionais, como workshops, circulação de arquivos em
rede corporativa ou videoconferências, mas percebemos
que, por meio da comunidade, está sendo mais pro-
dutivo”, comenta Rubem Ede, engenheiro especialista
em Q&P, que trabalha no Polo Industrial de Camaçari
(BA). “Precisamos de representatividade para concluir
o debate sobre a padronização do sistema de produção
Braskem+ e estamos conseguindo isso por meio das
comunidades, nas quais cada participante representa
a sua área de atuação e a sua equipe, enriquecendo o
processo”, acrescenta.
Tecnologia em Eteno VerdeA inovação está no DNA da Comunidade Tecnologia
de Eteno Verde, totalmente alinhada à Visão 2020 da
Braskem, de ser a líder mundial da química sustentá-
vel. Para isso, a empresa precisa continuar evoluindo
em pesquisas de alternativas tecnológicas de matérias-
-primas renováveis. O passo inicial e decisivo foi o de-
senvolvimento da tecnologia de produção de eteno verde
e, na sequência, de polietileno verde, fabricados a partir
do etanol de cana-de-açúcar no Polo Petroquímico de
Triunfo (RS).
“Nossa comunidade tem 17 participantes e ainda
está em fase piloto de implementação”, relata Roberto
Werneck do Carmo, Responsável por Processos Reno-
váveis, que se dedica ao trabalho de pesquisa em um la-
boratório parceiro da Braskem, em Campinas (SP). Nes-
sa etapa inicial, os convidados a integrar a comunidade
são profissionais de pesquisa e desenvolvimento de tec-
nologia, que atuam no projeto Eteno Verde e detêm um
conhecimento considerado estratégico para a empresa.
Roberto é um dos moderadores da comunidade, ex-
periência que ele trouxe de outra empresa onde atuou e
que qualifica como motivadora e gratificante. “Um dos
desafios do moderador é incentivar a participação das
pessoas, mostrando a elas os benefícios disso para o
seu próprio trabalho e para a empresa”, afirma.
Plataforma de colaboraçãoOs pilares da plataforma de colaboração digital, am-
biente que dá suporte às comunidades de conhecimento
e às interações dos usuários, são a integração, a centra-
lização e o histórico da informação, o fluxo de trabalho
compartilhado para colaboração, as redes de conheci-
mento, a segurança da informação e sua confidenciali-
dade e as permissões de acesso por perfil do participan-
te. A definição é de Backer Luis Vieira da Rosa, analista
de sistemas que trabalhou na construção da plataforma.
Baseada na tecnologia Microsoft SharePoint, a platafor-
ma oferece aos usuários funcionalidades às quais eles
estão habituados.
“O sistema de acesso às funções disponíveis é se-
melhante ao do Office, com barra de ferramentas. Tam-
bém a navegação remete às práticas de redes sociais da
internet, com painéis para comentários e espaço para
postagem de arquivos a serem compartilhados em uma
espécie de biblioteca virtual”, descreve Backer. “Além
disso, o participante pode customizar sistemas de alerta,
que recebe em seu e-mail, sempre que um arquivo ou
comentário novo estiver disponível para consulta, man-
tendo, assim, o usuário atualizado sobre as atividades
recentes das comunidades.”
Roberto Werneck do Carmo: incentivo à participação das pessoas
30 informa
ENTREvISTA
30
texto Karolina Gutiez foto Holanda cavalcanti
uMA OBRA COLETIvA CHAMADA
conhecimentorinta e três anos passaram-se desde
que Olindina Perez Dominguez ingres-
sou na Odebrecht. As quatro medalhas
de reconhecimento pelos 10, 15, 20 e
25 anos de trabalho na Organização
emolduradas e dispostas no móvel atrás de sua
mesa, em meio a pilhas de documentos, eviden-
ciam o apreço pela trajetória que começou em Sal-
vador, sua cidade natal, na equipe de desenhos da
área de barragens. Com formação técnica mescla-
da à Escola de Belas Artes, Dina, como é conhecida
pelos colegas, testemunhou muitas conquistas de
projetos nesse segmento e acompanhou quando
o departamento foi integrado ao ambiente corpo-
rativo para apoiar a elaboração de propostas para
toda a então Construtora Norberto Odebrecht. Ela
passou a capacitar as equipes envolvidas em estu-
dos para o alcance de novos contratos. “Conseguir
conquistar uma concorrência não tem preço! E per-
der te abate muito.” Nesse processo, sempre que a
Construtora precisava atestar sua capacidade téc-
nica e comercial para participar de uma licitação,
os profissionais recorriam ao conhecimento gerado
anteriormente. “É por isso que costumamos afir-
mar que a Odebrecht já tinha uma rede de conhe-
cimento desde a sua fundação. É algo inerente ao
negócio.” Foi assim que o Ciaden (Conhecimento e
Informação para Apoiar o Desenvolvimento dos Ne-
gócios), liderado por Olindina, teve origem: como
uma área de licitações. Nesta entrevista, concedida
no escritório da Odebrecht em São Paulo, Olindina
T
31informa
conhecimentoOlindina Dominguez: “Ao registrar, melhoramos nossa própria ideia, conceituamos a prática”
fala sobre os desafios do Ciaden para acompanhar
o crescimento da Organização, que tem na rede de
conhecimento um dos seus principais aliados.
ODEBRECHT INFORMA – quais as concentrações
do Ciaden hoje?
Olindina Dominguez – Temos três focos de
atuação, integrados e dependentes: habilitação,
segurança empresarial e rede de conhecimento.
O primeiro refere-se ao nosso apoio às equipes
para a participação em concorrências. Tudo
o que é gerado no canteiro e serve como
informação para qualificação das empresas
e dos integrantes, a exemplo de um Atestado
de Obra, deve, em contrapartida, alimentar
a nossa base de informações corporativa,
para que possamos apoiar novas conquistas.
Para atender a essa demanda, criamos um
instrumento chamado check list, uma relação
com a documentação mínima necessária para a
sobrevivência da Organização no mercado, com
a instrução de que todas as obras têm o dever
de fornecer as informações ali solicitadas. É
assim que preservamos nossa memória técnica
e garantimos nossa segurança empresarial.
Então partimos para a disseminação de todo esse
conhecimento gerado nos diversos ambientes em
que estamos presentes, pois nosso rico acervo de
nada vale se não for compartilhado. Nosso desafio
é criar ferramentas e meios para compartilhar o
conhecimento e disponibilizá-lo para utilização em
nossos negócios.
OI – E como uma Organização descentralizada
como a Odebrecht disponibiliza o conhecimento a
todos os seus integrantes?
Olindina – O Prêmio Destaque foi o primeiro passo,
dado em 1992, para incentivar os integrantes
a exercitar cada vez mais a produtividade, a
criatividade e a reutilização dos conhecimentos
gerados em suas experiências de trabalho, além
de reforçar a cultura do registro e disseminar o
conhecimento. Ao registrar, melhoramos nossa
própria ideia, conceituamos a prática. Nesses
20 anos de existência, o prêmio acumulou um
acervo de 2.900 projetos inscritos. Hoje, são seis
categorias. Em 2011, 15 países e 10 empresas
da Organização participaram, mas o prêmio está
aberto às demais. O portal corporativo (intranet) foi
o passo seguinte. Nasceu em 1996, com o intuito
de transferir para uma ferramenta a memória de
nossa equipe. No site, disponibilizamos todas as
informações necessárias para desenvolvimento,
conquista, execução e desmobilização de
contratos. Com o tempo percebemos que, apesar
do grande volume de conteúdo, os integrantes não
acessavam o portal, pois havíamos desenvolvido
soluções muito focadas em tecnologia, e não em
pessoas. A intranet sofreu alterações, como a
adoção da taxonomia, que é o sistema de buscas
do Google, mas, em 2001, caminhamos também
para outra iniciativa: a criação das comunidades
de conhecimento. Colocamos em contato pessoas
com interesses em comum e disponibilidade para
compartilhar conhecimento e aprendizados. A
primeira comunidade foi a de barragens e usinas
hidrelétricas. Hoje, já são 12, todas com grande
número de adesão.
OI – Você falou sobre compartilhar não só
conhecimento, mas também aprendizados...
Olindina – Quem teve prejuízo tomou caminhos
“Nosso desafio é
criar ferramentas
e meios para
compartilhar o
conhecimento e
disponibilizá-lo
para utilização
em nossos
negócios”
que não deram certo. As comunidades não
compartilham apenas sucessos; pelo contrário,
percebemos que o maior aprendizado vem com
os casos de insucesso. Nessas situações é que
se aprende mais. E, nesses ambientes, seja
presencialmente ou a distância, virtualmente,
há um clima favorável para as pessoas se
abrirem, sem vaidade, sem receio de exposição,
e exercitarem a consultoria interna. O registro
desses relatos de Educação pelo Trabalho
contribui para os programas internos, moldados
para a Educação para o Trabalho; por exemplo,
o Programa de Desenvolvimento de Empresários
(PDE).
OI – A vontade de compartilhar, por parte dos
integrantes, sempre esteve presente?
Olindina – José Carlos Leal Bezerra, geólogo
que já integrou a Organização, certa vez nos fez
a seguinte provocação: “Precisamos transformar
ilhas de competência em arquipélago de
excelência”. As pessoas tinham uma tendência a
preservar seu conhecimento. Quando vencemos
essa barreira, ficou fácil tirá-lo do tácito e torná-
lo explícito, porque as pessoas de conhecimento
estavam ali. Investimos recursos várias vezes nas
mesmas questões. No entanto, os desafios e as
oportunidades são semelhantes. Então, o caminho
a seguir é a reutilização do conhecimento. O
espírito de servir, pilar de nossa Cultura, ajuda a
trilhar esse caminho.
OI – qual o exemplo bem-sucedido de reutilização
do conhecimento é emblemático na Organização?
Olindina – O Caia na Rede. Realizado pela primeira
vez no contrato da Plataforma de Rebombeio
Autônoma (PRA-1), em São Roque do Paraguaçu,
no Recôncavo baiano, ele foi inscrito e venceu
uma das categorias do Prêmio Destaque, em
2005. Hoje, o programa de inclusão digital para
trabalhadores e comunidades do entorno dos
projetos é uma realidade presente em inúmeros
canteiros de obra da Organização, em diversos
países. O Programa de Qualificação Profissional
Continuada Acreditar venceu uma das edições do
prêmio, gerou filhotes e foi inscrito em 2011 na
categoria Reutilização do Conhecimento. Venceu
novamente.
OI – Depois de três décadas de trabalho na
Organização, qual aprendizado você gostaria de
compartilhar com todos nós?
Olindina – Ser descentralizado não significa estar
isolado. Buscar a integração e a cooperação entre
pessoas, empresas e ambientes é uma atividade
constante, porém com resultados gratificantes.
A transversalidade, que já vem acontecendo nas
comunidades de conhecimento, por exemplo, com
a participação de diferentes negócios, é motivo de
celebração. Usar um conhecimento gerado em novos
contextos é produtivo e sábio. Não podemos mais
partir do zero. Isso nos possibilitará evoluir cada
vez mais. Se temos mais de 320 túneis, mais de 280
rodovias em nosso portfólio, temos amplo saber a
respeito disso e precisamos compartilhar.
“O caminho
a seguir é a
reutilização do
conhecimento.
O espírito de servir,
pilar da nossa
Cultura, ajuda a
trilhar esse
caminho”
34 informa
REPRESENTAçãO SIMBóLICA DE uMA
cultura
34
Visitantes no Núcleo, em Salvador: oportunidade para conhecer as personalidades e os fatos que fizeram e fazem a Odebrecht
35informa
culturaNúcleo, em Salvador, proporciona aos integrantes e parceiros da Odebrecht uma visão histórica dos resultados alcançados e os inspira a fazer cada vez mais e melhor
texto José enrique Barreiro fotos fernando vivas
m dia depois de ter lido uma
reportagem sobre o Núcleo da
Cultura Odebrecht, publicada
no jornal baiano A Tarde, Aloísio
Procópio Nascimento dirigiu-se
à sede da Organização, na Avenida Paralela,
em Salvador, para visitá-lo. “Trabalhei a vida
inteira na Odebrecht e quero conhecer o lugar
que conta a história da minha empresa.” As-
sim ele se apresentou à Fátima Berbert, Res-
ponsável pelo Núcleo, que o levou para conhe-
cer o espaço expositivo, no qual visitantes têm
contato com a história da Organização, desde
suas origens, com a imigração alemã para o
Brasil no século 19, até os dias atuais.
Em uma das vitrines, onde estão as cartei-
ras profissionais de mestres de obras que tra-
balharam com o fundador Norberto Odebre-
cht entre as décadas de 1940 e 1970, Aloísio
sentiu falta de sua carteira e protestou: “Por
que as de Bonifácio e Zé Vital estão aqui e a
minha não?” Sem precisar de resposta, deci-
diu: “Vou em casa buscá-la agora mesmo”. E
assim o fez. Sua carteira foi levada a Norberto
Odebrecht, que reconheceu Aloísio como um
dos mestres com quem trabalhara e autori-
zou a colocação do seu documento ao lado dos
de Bonifácio Manuel dos Santos, José Vital da
Silva e outros mestres.
Episódios como esse não são raros na his-
tória do Núcleo da Cultura Odebrecht, que
costuma receber documentos e objetos que
carregam um pedaço dos 68 anos de história
da Organização. “Este tapete peruano”, mos-
tra José Raimundo Lima, Responsável por
Comunicação Empresarial em Salvador, “que
retrata a cidade de Machu Picchu, foi ofereci-
do à Odebrecht por Pedro Huilca, Presidente
da Confederação dos Trabalhadores da Cons-
trução Civil, no Peru, em 1989”. Apontando em
outra direção, explica: “Este é o prêmio que a
Odebrecht recebeu do IMD [Institute for Mana-
gement Development], da Suíça, em 2010, por
ter sido eleita a melhor empresa familiar do
mundo naquele ano”. E acrescenta: “A Ode-
brecht foi a segunda organização latino-ame-
ricana a receber o prêmio”.
U
35informa
36 informa
José Raimundo mostra também objetos que ante-
cedem a história da Organização, como um telescó-
pio que, em 1862, pertenceu a Emil Odebrecht, bisavô
do fundador Norberto Odebrecht, e que foi doado ao
Núcleo da Cultura, em março de 2010, por Curt Otto
Baumgart, primo de Norberto, e vários documentos,
entre os quais uma carta da religiosa baiana Irmã
Dulce, de 29 de janeiro de 1983, em que agradece a
Norberto Odebrecht a construção de novos pavilhões
do Hospital Santo Antônio, que ela administrava e que
ainda hoje presta gratuitamente atendimento de saú-
de em Salvador. Enquanto circulam com a equipe de
Odebrecht Informa pelo espaço expositivo do Núcleo,
José Raimundo e Fátima Berbert vão indicando ou-
tros objetos e documentos e contando um pouco a
história de cada um.
Jovens visitantesHá 35 anos na Organização, José Raimundo acom-
panha o Núcleo da Cultura desde sua fundação, em
1984, com o nome de Núcleo da Memória Odebrecht.
Conta que a iniciativa partiu de Renato Martins, As-
sessor Especial do Diretor-Presidente da Odebrecht
S.A.: “Ele queria reunir, em um só espaço, o acervo e
a memória da Odebrecht e permitir que integrantes
e visitantes conhecessem melhor a nossa história”.
De lá para cá, o Núcleo passou por várias trans-
formações, expandiu-se e ganhou novas atribuições.
Uma das mudanças foi em seu nome. Com o objetivo
de expressar sua natureza essencial, a palavra “me-
mória” foi substituída por “cultura”. Márcio Polidoro,
Responsável por Comunicação na Odebrecht, explica:
“O Núcleo é uma representação simbólica de nossa
Cultura, ou seja, de uma filosofia empresarial base-
ada em princípios, valores, conceitos e crenças, que
proporciona a nossos integrantes e parceiros uma
visão histórica dos resultados alcançados, de modo
a inspirá-los a buscar resultados cada vez maiores e
melhores”.
Novas atribuiçõesEm agosto de 1991, o Núcleo ganhou novas atri-
buições com a criação do CDR (Centro de Documen-
tação e Referência), uma espécie de banco de dados
da Organização, onde estão mais de 80 mil documen-
tos, entre fotos, textos, vídeos, publicações internas e
externas sobre a Odebrecht – o que saiu em jornais
e revistas no Brasil e nos países onde atua. Todo esse
material está à disposição dos integrantes na intra-
net das empresas da Organização.
De sua criação até fevereiro de 2012, o CDR foi di-
rigido por Ulla Von Czekus, que agora atua na equi-
pe de Pessoas e Organização da Odebrecht S.A. Sua
substituta, Liana Garrido Fontenelle, revela que a
procura por materiais do CDR é grande. Ela aten-
de, em média, 200 consultas por mês (foram 239 em
março de 2012, cerca de 90% das quais via e-mail)
e contabiliza mil acessos mensais ao CDR pela in-
tranet (1.080 em março de 2012). “A demanda maior
é por fotos e textos sobre a Tecnologia Empresarial
Odebrecht (TEO)”, destaca. “Quando saem a revista
Odebrecht Informa e o Relatório Anual, a procura por
fotos aumenta muito.”
Nos últimos anos, o Núcleo da Cultura passou a
receber uma quantidade crescente de jovens visitan-
tes – integrantes da Organização e de instituições
educacionais e sociais. É um de seus objetivos prin-
cipais: ser instrumento educacional para as novas
gerações. Das 11.062 pessoas que passaram pelo
Núcleo em Salvador em 2011, 2.492 eram visitantes
convidados por empresários-parceiros da Organiza-
ção ou participantes de reuniões internas, entre os
quais muitos jovens que faziam parte do PDE (Pro-
grama de Desenvolvimento de Empresários). As ou-
tras 8.570 pessoas eram visitantes de escolas, uni-
versidades e instituições sociais.
Para contribuir na missão de proporcionar a in-
tegrantes e parceiros uma visão histórica dos resul-
37informa
tados alcançados, foi publicado em abril o novo site
do Núcleo da Cultura na internet, no qual o usuário
pode encontrar um amplo conjunto de informações.
Entre outros conteúdos, encontram-se no site uma
reprodução da área de exposições físicas do Núcleo
(na qual o visitante passeia como se estivesse na
sede), depoimentos de líderes e o acervo completo de
objetos guardados em Salvador, com fotos e descri-
ções de cada um deles. Integrantes da Organização e
interessados em geral podem conhecer esse espaço
virtual em www.culturaodebrecht.com.br
Em busca de materialDurante a visita, a equipe de Odebrecht Informa
encontrou, em uma das salas do Núcleo, Rafaella
Lana Figueiredo, da Odebrecht Infraestrutura. Há três
anos na Organização, ela hoje trabalha nas obras de
expansão da Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão,
para a Vale. “Vim buscar material para desenvolver,
em nosso contrato, um curso para pessoas estraté-
gicas de produção: encarregados gerais, jovens par-
ceiros e responsáveis por programas”, informou Ra-
faella, que atua no programa de Aculturação, da área
de Pessoas e Organização (P&O) do contrato, e fazia
sua terceira visita ao Núcleo da Cultura. “Assisti a ví-
deos e pesquisei no CDR informações de que preci-
sava para preencher algumas passagens sobre a his-
tória da Organização para o curso.” Ela diz que visitar
o Núcleo é fazer uma imersão na Cultura Odebrecht e
uma oportunidade para conhecer detalhes especiais:
“Ontem, ao assistir ao vídeo ‘Conversa ao pé do Nú-
cleo’, fiquei sabendo que Dr. Norberto, quando jovem,
sonhava ser médico, coisa que eu desconhecia”.
As informações que foi buscar no Núcleo da Cul-
tura, Rafaella levará para Açailândia, no Maranhão,
onde trabalha, e poderá transmitir às equipes da
Odebrecht Infraestrutura de lá. Mas já sabe que
frustará a curiosidade de muitos colegas. Como das
outras vezes em que esteve no Edifício-sede, ao re-
tornar para o canteiro de obras, ouviu a mesma per-
gunta: “Você viu Dr. Norberto Odebrecht por lá?” Na
segunda vez, quando assistiu a uma palestra do fun-
dador da Organização, ela pôde satisfazer a curiosi-
dade dos companheiros de trabalho. Mas, dessa vez,
Rafaella não teve sorte. Dr. Norberto Odebrecht es-
tava viajando.
Espaços expositivos no exteriorFora do Brasil, em alguns dos países nos quais
suas equipes estão presentes, a Odebrecht mantém
espaços expositivos inspirados no Núcleo da Cultura.
Em Angola, o local criado há dois anos fica na sede
da Odebrecht Angola, no bairro de Talatona, em Lu-
anda, e costuma receber a visita de integrantes da
Odebrecht em atividade em Angola que buscam co-
nhecer melhor a história e as realizações da Organi-
zação em que trabalham. O espaço também é visita-
do por estudantes, jornalistas, artistas, empresários,
37informa
38 informa
representantes de órgãos governamentais e mem-
bros de comunidades de Luanda e de outras cidades
angolanas, que passam a compreender melhor a ori-
gem e a evolução do trabalho da Odebrecht no Brasil,
em Angola e no mundo.
“Este espaço contribui para mostrar que a Ode-
brecht vem sendo uma parceira constante de Ango-
la nestes 27 anos, na luta pelo desenvolvimento do
país e a consequente melhoria da qualidade de vida
de seus cidadãos”, afirma Justino Amaro, Gerente
de Relações Institucionais da Odebrecht em Angola.
Jorge Benge, Responsável pelo Núcleo Odebrecht
Angola, recebe cada grupo de visitantes com especial
atenção. “Aqui, neste recinto, aparece o padrão filo-
sófico e cultural da Odebrecht. Quem o visita, logo se
impressiona com a abrangência das obras que exe-
cutamos, dos investimentos realizados e dos nossos
trabalhos de responsabilidade social.”
Adilson Job, que trabalha há quatro anos como
Técnico de Construção na empresa, admite que, em
sua primeira visita ao espaço, ganhou uma nova visão
a respeito da Organização. “A Odebrecht é uma ver-
dadeira universidade, tão vasta e competente é sua
atuação.” Zilpa Figueira, com cinco anos de atuação
no Programa de Pessoas na Odebrecht Angola, ficou
impressionada com um detalhe observado. “Eu já sa-
bia da maioria dessas importantes obras, mas não
imaginava esse alcance tão grande da atuação social
da Odebrecht em Angola. Hoje, ampliei meu conheci-
mento e estou orgulhosa disso.”
Na Venezuela, um espaço também inspirado no
modelo do Núcleo da Cultura Odebrecht foi inau-
gurado no segundo semestre de 2011, no escritório
da empresa, em Caracas. Nele é contada a história
de 20 anos de presença da Organização no país. Em
uma grande mesa central com recursos multimídia
e interativos, o visitante pode acessar textos descriti-
vos e fotos das obras realizadas e em execução pela
empresa na Venezuela, como a Ponte Orinoquia e as
linhas de Metrô em Caracas e Los Teques. Em torno
da mesa, ficam painéis, mapas, objetos e documen-
tos que ajudam a relatar a trajetória da Odebrecht
Venezuela. No Panamá e no Peru também existem
espaços semelhantes.
Espaço Expositivo em Salvador – exposição
permanente que mostra a história da Organização
Odebrecht, desde suas origens até os dias atuais.
CDR – Centro de Documentação e Referência –
acervo de fotos, textos, documentos, publicações
internas e notícias sobre a Organização Odebrecht.
Consultas pela intranet.
Biblioteca Hertha Odebrecht – Acervo de livros e pu-
blicações diponível na sede da Odebrecht, em Salvador,
que pode ser consultado por integrantes e visitantes.
COMO ESTá ORGANIZADO O NúCLEO DA CULTURA ODEBRECHT
Foto histórica do Teatro Castro Alves, em Salvador: um dos destaques do acervo do CDR
Rede de solidariedade Inaugurado há 10 anos, o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), em São Paulo, passa por obras que ampliarão sua capacidade de atendimento
á 10 anos, a cidade de São Paulo ganha-
va um reforço no tratamento do câncer
em pequenos pacientes. Extensão do
Instituto da Criança (ICr) do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o Instituto de
Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) foi inaugurado pelo
Governador Geraldo Alckmin em setembro de 2002.
“O Itaci nasceu de uma feliz parceria concebida pela
Fundação Criança, que agregou a população e a so-
ciedade empresarial privada, de quem recebeu apoio
integral”, explica Aluizio Rebello de Araujo, membro do
Conselho de Administração da Odebrecht S.A. e Presi-
dente do Conselho Curador da Fundação Criança, enti-
dade instituída em 1994 para apoiar o ICr.
A implantação do hospital é resultado da Parceria
Público-Privada (PPP) entre ICr, Fundação Criança,
empresas privadas e sociedade civil. “O ICr tratava de
todas as doenças infantis, mas percebemos a neces-
sidade de um atendimento especial às crianças com
câncer”, conta Aluizio Araujo.
A construção do instituto foi iniciada após a doação de
um terreno situado nas proximidades do Hospital de Clíni-
cas de São Paulo pela Fundação Oncocentro à Fundação
Criança. As obras foram realizadas com materiais e ser-
viços doados por empresas. O engenheiro Pedro Boscov,
integrante da Odebrecht, supervisionou o projeto.
“Buscamos o amparo social da população e recur-
sos de instituições privadas”, destaca Aluizio Araujo.
Ele ressalta a importância da PPP: “A parceria entre
governo, empresas e sociedade foi fundamental para
a implantação do hospital, que hoje é um modelo de
sucesso”.
Atualmente, o Itaci recebe 3.200 pacientes porta-
dores de doenças onco-hematológicas. Por mês são
1.100 consultas, 550 quimioterapias e mil atendimen-
tos da equipe formada por psicólogos, assistentes so-
ciais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutri-
cionistas, farmacêuticos, enfermeiros e auxiliares de
enfermagem.
Em junho deste ano, serão concluídas as obras que
ampliarão a capacidade de atendimento do instituto,
que passará a contar com novo Centro de Transplan-
te de Células-Tronco Hematopoiéticas, 19 novos leitos,
sete leitos de Unidade de Terapia Intensiva e seis uni-
dades semi-intensivas.
Instalações do Itaci: atendimento especial
Htexto faBiana caBral foto Holanda cavalcanti
COMUNIDADE
39informa
40 informa
texto Eliana simonEtti fotos FrEd ChaluB
olhandoPARA O LUGAR CERTO
Participantes de um Café Temático da Braskem, em São Paulo: misto de palestras, discussões técnicas e conversas informais
40
41informa
Base Braskem de
Conhecimento,
Programa de
Desenvolvimento de
Competências e Cafés
Temáticos apoiam as
equipes em sua busca
por informação
olhandohaís Beteta é uma bibliotecária
paulistana que, três anos atrás, foi
convidada a trabalhar na Braskem.
Naquele tempo, suas atividades na
empresa não eram muito diferen-
tes daquelas às quais estava habi-
tuada: havia bibliotecas em diversas unidades,
em todo Brasil, cada uma com o controle pró-
prio das publicações. Para atender aos pedidos
dos pesquisadores, ela precisava refazer a bus-
ca completa para cada um deles, multiplicando
seu trabalho. Em 2011, a vida de Thaís mudou.
Ela e a equipe da RIC (Recursos de Informação
e Conhecimento) enfrentaram o desafio de pro-
jetar uma base de dados que reunisse todos os
acervos, inclusive os documentos digitais. Cria-
ram, assim, a Base de Conhecimento Braskem
(BBC), sistema de busca especializado, acessí-
T
42 informa
vel aos 7.500 integrantes da empresa.
A BBC começou como outros mecanismos de
busca disponíveis na internet, porém restrita
às publicações dos acervos já existentes. Thaís
salienta: “Nosso desafio é otimizar o trabalho
dos pesquisadores e os resultados da Braskem.
Por isso, logo após o início de operação da BBC
foram acrescentadas melhorias, como a pos-
sibilidade de realização de buscas em sites de
fontes de informação e de revistas especializa-
das assinadas pela Braskem”.
Thaís explica que, quando alguém busca a
palavra “polímero” no Google, por exemplo,
terá à sua frente mais de 2 milhões de resulta-
dos. “A seleção e a leitura de todo esse mate-
rial disponibilizado pelos mecanismos de busca
genéricos levam tempo, nem sempre surtem
os resultados esperados e, portanto, elevam os
custos das pesquisas realizadas”, argumenta.
Mesmo se a pesquisa for restringida ao Goo-
gle Acadêmico, que coleciona pesquisas e te-
ses mais especializadas, o usuário encontrará
26 mil alternativas, e isso apenas em portu-
guês. No acervo da BBC, o alcance fica em tor-
no de 1.500 resultados (em português, inglês
e espanhol), pois há uma seleção prévia já na
aquisição dos documentos.
O material está disponível desde janeiro e
é atualizado permanentemente pela equipe da
RIC. Em abril, já registrava 80 consultas por
dia, e a demanda é crescente. Considerando
que a Braskem conta com mais de 300 pesqui-
sadores, que buscam inovações em produtos,
processos de produção, mercado e comercia-
lização, esse interesse pode traduzir-se como
um resultado extremamente positivo.
Os integrantes podem compartilhar os do-
cumentos recuperados em suas pesquisas com
colegas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia,
Rio de Janeiro, Alagoas e Estados Unidos (Pit-
tsburgh). Assim como se ficam sabendo de um
evento, podem divulgá-lo; se participarem dele,
podem disponibilizar o material recebido. O
mesmo vale para os que produzem um trabalho
acadêmico. Basta enviar o material e pronto –
ele estará acessível aos seus colegas.
Danielle Espósito e Fabio Carneiro: mudanças na maneira de ver o mundo
43informa
Desenvolvimento de competênciasDa BBC para o PDC – mudam-se letras,
atividades e enfoque, mas permanece o mes-
mo espírito de compartilhamento de saberes
e experiências. A jornalista Danielle Espósito,
28 anos, que integrava a equipe de Comuni-
cação Empresarial da Braskem e, no fim de
abril, assumiu novo desafio na Odebrecht S.A.,
holding da Organização Odebrecht, diz, emo-
cionada: “Sou formada em Comunicação. Agora
entendo um pouco sobre risco industrial, finan-
ças e toxicologia. Minha maneira de ver o mun-
do mudou”, diz. Ela está bastante motivada pela
oportunidade de participar, entre 31 escolhidos,
do Programa de Desenvolvimento de Compe-
tências (PDC) em Desenvolvimento Sustentável,
oferecido pela Braskem na FIA-USP (Fundação
Instituto de Administração, ligada à Faculdade
de Economia e Administração da Universidade
de São Paulo).
“Tenho questionado meus princípios, meus
valores, o que sou e como posso contribuir, de
forma realista, para um futuro viável”, explica
Danielle. Seu TCC (Trabalho de Conclusão de
Curso), que deverá ser entregue e avaliado no
fim do ano, será sobre princípios da comuni-
cação educativa da sustentabilidade. E, é claro,
será postado na BBC.
Outro participante do PDC, Fabio Magalhães
Carneiro, formado em Administração de Em-
presas com intercâmbio em Economia em Vie-
na (Áustria), passou de Líder de Performance
em Polietileno a Líder Comercial de Químicos
Renováveis. “Adquiri informações e habilidades
que não me eram requeridas anteriormente.
Agora posso conversar com nossos clientes glo-
bais, sejam eles dos Estados Unidos, da Europa
ou do Japão, além de apresentar as possibilida-
des do uso do plástico renovável em eventos e
congressos.” Jorge Soto, Diretor de Desenvolvi-
mento Sustentável da Braskem, orgulha-se de
dizer que o curso apoiou fortemente a capacita-
ção de Fabio para seu novo desafio.
O PDC oferecido em 2011 trata de Gestão Es-
tratégica para a Sustentabilidade. “A demanda
dos nossos clientes, dos clientes dos nossos
clientes e dos diversos agentes da sociedade é
crescente, muitas transformações estão ocor-
rendo no mundo e precisamos fortalecer con-
tinuamente nossa capacitação em sustentabili-
dade”, diz Soto. E vai além: “É necessário criar
oportunidades para o florescimento de novos
líderes nessa área”.
Soto não fala apenas de integrantes da
Braskem. Participante do PDC, Ana Maria Wi-
lheim, Diretora-Executiva do Instituto Akatu,
dedicado a disseminar informações e práticas
de consumo consciente, afirma: “Entrei na in-
dústria química, sistematizei informações e
sem dúvida sairei daqui mais consciente. Este é
um curso para formar lideranças”, diz ela, soci-
óloga e militante dos direitos humanos há cerca
de 35 anos.
Das aulas do PDC também participam repre-
sentantes da WWF, organização não governa-
mental dedicada à defesa do meio ambiente, do
Banco do Brasil, da Oxiteno, das Indústrias Ti-
Tela com material informativo disponível na BBC: otimização do
trabalho dos pesquisadores
43informa
44 informa
gre e da Construtora Norberto Odebrecht, além
de pessoas de várias áreas da Braskem. A ideia
de convidar pessoas de fora para participar de
cursos oferecidos pelas empresas da Organiza-
ção Odebrecht é inovadora. “É totalmente as-
sociada aos princípios do desenvolvimento sus-
tentável que buscam a consideração de todas
as partes interessadas na estratégia dos negó-
cios”, enfatiza Soto.
“Às vezes, os debates ficam acalorados, o que é
bom, e os professores são ótimos, alinhados peda-
gogicamente e conhecedores da Braskem, e sabem
como trabalhar as diferenças de forma construtiva”,
explica o coordenador geral do curso, professor Izak
Kruglianskas. “Construímos um curso com duração
de 460 horas voltadas diretamente aos interesses e
ao negócio da Braskem”, diz Annelise Vendramini, da
equipe de coordenadores do PDC.
Jorge Soto (à frente, de paletó) e participantes do PDC:
iniciativa inclui ações fortemente associadas aos princípios do
desenvolvimento sustentável
45informa
O colega ao ladoO acúmulo de conhecimento ocorre em ritmo
cada vez mais acelerado na Braskem. Hoje, um
pesquisador da Braskem tem acesso a informa-
ções geradas e/ou registradas em outros esta-
dos e nas mais diversas áreas da empresa, mas
é fundamental que ele também esteja atento ao
que diz e pensa o colega que está a seu lado.
É preciso que as pessoas que compartilham o
mesmo ambiente de trabalho troquem ideias,
porque, quando pesquisadores conversam en-
tre si, um bate-papo de corredor pode se trans-
formar em uma iniciativa de sucesso.
Aline Renz, da RIC de Triunfo, reuniu as pes-
soas ligadas à área para conversar, em um
misto de palestras, discussões técnicas e con-
versas informais, com o objetivo de possibilitar
o compartilhamento de conhecimento. Assim
nasceram, em julho de 2011, os Cafés Temá-
ticos, eventos bastante informais (e sempre
produtivos) que geram registros de Memória
Tecnológica, disponibilizados na base de da-
dos para que outros pesquisadores da Braskem
possam ter acesso a eles.
O primeiro Café Temático ocorreu na área de
Catálise e tratou do livro Simetrias de molécu-
las e cristais: fundamentos da espectroscopia
vibracional, cuja compreensão acabou sendo
facilitada com a colaboração dos participantes.
É um livro extenso, com grande volume de in-
formações. Os pesquisadores decidiram buscar
uma forma de chegar aos temas de seu inte-
resse mais específico. A discussão sobre como
fazer isso acabou resultando no surgimento dos
Cafés Temáticos.
No dia 23 de março, em Triunfo, com a parti-
cipação de 50 integrantes, foi realizado o Café
Temático sobre LCB – Long Chain Branching
(cadeias longas de moléculas ou ramificações
longas de cadeia) replicado em 17 de abril, em
São Paulo. Em Triunfo e em São Paulo, os even-
tos tiveram apresentações feitas por dois pes-
quisadores da área de Ciência de Polímeros:
Ana Moreira e Francisco Paulo dos Santos.
Fã dos Cafés Temáticos, Suzana Aita Isaia
não perde um evento. Ela é especialista em
Engenharia de Processos em Polipropileno e
apoia várias plantas da Braskem. “Tenho de sa-
ber tudo o que acontece, o que há para explorar.
Como os Cafés reúnem pessoas de diferentes
áreas, tenho acesso a diversos olhares sobre
as questões de meu interesse”, diz ela. Seu de-
safio? Chegar a novos processos e tecnologias
que garantam segurança, aumento de produ-
ção, redução de custos e agregação de valor
aos produtos existentes ou novos.
Adriane Simanke, Engenheira Química,
mestre em Química e doutora em Ciência dos
Materiais, é pesquisadora da equipe de Ciência
de Polímeros na Braskem em Triunfo e esta-
va no Café sobre as LCB, assunto cuja com-
preensão requer conhecimentos específicos
e técnicos que demandam tempo de estudo.
“Nos Cafés Temáticos, nos reunimos e discu-
timos os temas propostos por meio de debates
e questionamentos em um ambiente informal”,
ressalta.
46 informa
a arteDE PENSAR DIFERENTE
46
Investimentos da Odebrecht Engenharia Industrial em inovação tecnológica tornam projetos da empresa referências no Brasil e no exterior
Equipe finaliza os preparativos para o lançamento da plataforma
P-59, no canteiro de São Roque do Paraguaçu, na Bahia: ideia
inovadora virou marco na história da engenharia offshore
texto luCiana lana
acques Raigorodsky assistiu satisfeito e
emocionado à plataforma P-59 deslizar
lentamente da balsa BLG-2 para as águas
do Rio Paraguaçu, em julho do ano passa-
do. Era o resultado de mais de três anos de
pesquisa e desenvolvimento de uma solução para o de-
safio de deslocar mar adentro uma estrutura gigantes-
ca, construída no canteiro da Petrobras em São Roque
do Paraguaçu, na Bahia. Foi dele – à época Gerente de
Engenharia Corporativo da Odebrecht Engenharia In-
dustrial – a ideia inovadora de usar uma balsa de lan-
çamento de jaquetas. Deu certo e virou um marco na
história da engenharia offshore.
Engana-se, porém, quem pensa que, naquele mo-
mento, encerrava-se todo o trabalho relacionado à
pesquisa para a operação. Assim seria, se tudo o que
foi estudado não tivesse sido documentado, para servir
de base a outras descobertas, e se a inovação não tives-
se sido devidamente reconhecida, de modo a incentivar
novos estudos. Mas, além desses, o investimento em
pesquisa teve ainda outro desdobramento relevante:
enquadrado na lei 11.196/2005 do Ministério da Ciência
e Tecnologia – conhecida como Lei do Bem –, propor-
cionou benefícios fiscais para a Odebrecht. Hoje, o que
se constata, em toda a empresa, é que o efeito de uma
inovação vai muito além de sua aplicação prática. Essa
é a linha mestra perseguida pelo Programa Odebrecht
de Inovação Tecnológica (Poit).
Criado em 2008, o programa teve evolução significa-
tiva nos últimos anos. Os números mostram isso: em
2009, foram registrados no Poit cinco projetos de Pes-
quisa e Desenvolvimento Tecnológico, provenientes de
três obras. Em 2010, foram 40 projetos, de nove obras.
E, no ano passado, 161, de 40 empreendimentos. As
inovações de 2009 renderam à Organização incentivos
fiscais da ordem de R$ 490 mil. No ano seguinte, esse
número subiu para R$ 2,6 milhões. O retorno para os
investimentos feitos em 2011 foi de R$ 4,6 milhões.
Muito além dos números, contudo, o Poit tem evo-
luído por ajudar a consolidar a cultura da inovação. “A
Odebrecht tem um DNA inovador. A própria estrutura
descentralizada da empresa é demonstração disso.
Tudo é sempre novo, porque as condições que se apre-
sentam para o nosso trabalho são sempre diferentes.
Mas é preciso que a inovação seja registrada, divulga-
da, reconhecida, e nisso reside a maior importância do
Poit”, explica Jacques Raigorodsky, hoje Gerente da
Área de Processos Construtivos (Pesquisa, Desenvol-
vimento e Inovação – P,D&I).
Ele está envolvido em um volume significativo de de-
mandas de inovação da Odebrecht e chega a ser cha-
mado carinhosamente de Professor Pardal, em uma
referência ao personagem de Walt Disney, o grande
inventor de Patópolis. Jacques explica que a metodolo-
gia construtiva tem impacto muito grande no custo e na
eficiência dos projetos e, por isso, o programa de P&DI,
que ele lidera, recebe solicitações da equipe do Líder
Empresarial (LE) da Odebrecht Engenharia Industrial e
também de outros LEs, como ocorre com a Odebrecht
Infraestrutura.
No computador, Jacques mostra fotografias de uma
longa estaca que, presa por cabos em quatro pontos, foi
içada por um só guindaste e colocada na posição ver-
tical. Em seguida, exibe o protótipo feito para o estudo
daquela operação. “Nunca tínhamos içado uma estaca
tão grande nem dessa forma. Então, foi uma inovação.
Podem parecer simples, mas essas inovações repre-
sentam estudos sofisticados de engenharia. Nós tra-
balhamos no estado da arte”, declara.
Para inscrever as inovações na Lei do Bem, o comitê
do Poit faz uma análise criteriosa. “Não é preciso que
seja uma solução inexistente no mundo nem no Brasil,
apenas que represente algo novo para a empresa”, ex-
plica Tatiana Tourinho, Responsável pelo Planejamento
Tributário na Construtora Norberto Odebrecht. Ela res-
salta que, no entanto, só os investimentos em pesquisa
e desenvolvimento tecnológico podem ser considera-
dos. “A partir do momento em que a inovação é posta
em prática, em uma atividade produtiva, os dispêndios
J
48 informa
relacionados a ela já não são passíveis de benefício fis-
cal”, explica Tatiana.
Identificar a inovação e documentá-la nos moldes
da lei é um trabalho complexo, que exige a participação
dos líderes empresariais em sinergia com o comitê do
Poit e com a consultoria Pieracciani, contratada para
dar apoio ao programa. “Aos poucos, todos estão fican-
do mais entrosados com o Poit. Isso justifica o aumento
no número de projetos inscritos. Pensar a inovação e a
forma de registrá-la vai se tornando uma rotina”, diz
Alfonso Abrami, Sócio-Diretor da Pieracciani.
Ideias transformadorasSegundo Dante Venturini, Diretor de Engenharia
da Odebrecht Infraestrutura, a grande contribuição do
Poit é fazer com que as equipes percebam o alcance
de suas inovações: “Muitas vezes, as pessoas não se
dão conta do valor do seu próprio trabalho e de tudo
o que a empresa faz de inovador. O Poit tem mostrado
que ideias aparentemente corriqueiras podem ser ex-
tremamente transformadoras e valiosas”, diz.
Em 2011, além da solução para o lançamento das
plataformas P-59 e P-60, uma série de outras inova-
ções foi concebida durante os estudos para a cons-
trução do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, que será
resultado da joint venture entre a Odebrecht Enge-
nharia Industrial, a OAS Investimentos, a UTC Parti-
cipações e a Kawasaki Heavy Industries, reunidas na
empresa Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP). O
estaleiro formará, com o canteiro de obras existente,
um complexo em São Roque do Paraguaçu.
“As plataformas foram as vedetes, mas estudamos
o terreno, a logística e outros aspectos”, diz Jacques.
O estaleiro Paraguaçu, segundo ele, continua trazen-
do, neste ano, a maior demanda de pesquisas. “Nunca
construímos estaleiro, nunca fabricamos navios, nunca
fizemos sondas flutuantes – tudo isso é novidade. Daí
as nossas viagens ao Japão, à China e à Coreia do Sul.
Buscamos tecnologias do mundo inteiro.”
Na área de infraestrutura, a execução de coberturas
dos estádios para a Copa do Mundo também tem re-
querido muita pesquisa e inovação. ”Nossa experiência
no trabalho offshore acaba sendo aproveitada em ou-
tras áreas”, diz Jacques, contando que o departamen-
to foi convocado para a conclusão do Estádio Olímpico
João Havelange (Engenhão), no Rio de Janeiro, onde
era necessário instalar quatro arcos – estruturas me-
tálicas de 170 m de comprimento por 2 m de diâmetro
– a uma altura de 74 m. Atualmente, o apoio é prestado
nos projetos dos estádios do Maracanã, no Rio de Ja-
neiro; do Corinthians, em São Paulo; da Fonte Nova, em
Salvador; e da Arena Pernambuco, em Recife. “Cada
um desses projetos nos exige estudos diferentes e no-
vas tecnologias”, salienta Jacques.
Para Cinthia Blassioli, que atua como facilitadora
do Poit, apoiando o contato entre os setores que de-
mandam soluções e as áreas de pesquisa, a interação
das equipes tem sido outro aspecto muito favorável do
programa: “Hoje, o benefício fiscal é uma consequên-
cia, pois o Poit ganhou nova dimensão. Sua importância
está em reconhecer e incentivar a inovação e criar um
acervo de conhecimentos que poderão ser revertidos
em muitas novas soluções”.
Ilustração mostra como ficará o Estádio do Maracanã depois de reformado para a Copa do Mundo: execução da cobertura tem exigido pesquisa e inovação. Abaixo,
Jacques Raigorodski: “Trabalhamos no estado da arte”
49informa
50 informa
Ao mestre com carinhoEle está completando 50 anos de trabalho na Odebrecht. Parabéns, Zé Bodinho
PERFIL: José Osinair Rodrigues da Silva
texto flávia Tavares foto ricardo de sagebin
O jeito de falar é simples e
direto, e, durante seus rela-
tos, nunca falta um sorriso
amigável. José Osinair Rodrigues da
Silva, o Zé Bodinho, recebeu a equipe
de reportagem de Odebrecht Infor-
ma em uma manhã ensolarada de
abril, em Conselheiro Lafaiete (MG),
cidade onde sua família mora e onde
ele passa menos tempo que gosta-
ria. Encarregado geral da Odebrecht
Energia nas obras da Usina Hidrelé-
trica Teles Pires, na divisa de Mato
Grosso com o Pará, falou de sua
trajetória de 50 anos na Odebrecht,
iniciada quando ele tinha 16 anos.
Se há tempos ele é um dos res-
ponsáveis por formar novos talentos
nos canteiros da Odebrecht, isso
ocorre porque sua própria formação
começou por ali, no cotidiano das
obras. Terceiro de uma família de 13
irmãos, nascido em Conceição (PB),
Zé Bodinho passou a infância acom-
panhando o pai, Manoel Alexandre
da Silva, operador de motoniveladora
do Departamento Nacional de Obras
contra as Secas (Dnocs). “Moráva-
mos em um vagão de trem, que meu
pai engatava na motoniveladora e ar-
rastava Nordeste afora”, conta.
Ainda menino, começou a vender
os doces que a mãe, dona Nina, ca-
prichosamente preparava. Quando
seu pai foi contratado pela pavimen-
tadora Star, à época (início da década
de 1960) uma empresa da Odebre-
cht, para trabalhar na construção da
estrada que ligaria Itajuípe a Coaraci,
no sul da Bahia, tinha 16 anos. Na-
quele canteiro, Zé Bodinho com-
pletou o ensino médio e começou a
trabalhar. Primeiramente como con-
tínuo do escritório da obra e depois
como mecânico. “Mas fui aconselha-
do pelo meu pai a ir para o campo,
trabalhar na terraplenagem, como
ele, área em que teria mais futuro.
Ele estava certo.” Foi nessa época
que o apelido de Zé Bodinho pegou.
Magrinho que só ele, quando quis
paquerar uma jovem que trabalhava
na cantina da obra ouviu dos colegas
que parecia “um cabritinho, um bo-
dinho” cercando a moça.
Foi na função do pai que Zé Bo-
dinho se tornou um dos mais requi-
sitados mestres da empresa, passou
a encarregado geral, construiu sua
casa, criou os cinco filhos – todos
com nível superior – e agora mima
os três netos. “A Odebrecht nos dá
muita oportunidade e foi por isso que
nunca pensei em trabalhar em ou-
tro lugar. Agora fico feliz por passar
meu conhecimento adiante”, diz, en-
quanto mostra fotos em que aparece
recebendo homenagens do fundador
Norberto Odebrecht e de Marcelo
Odebrecht, Diretor-Presidente da
Odebrecht S.A.
Ao longo da carreira, Zé Bodinho
ajudou a assentar o solo sobre o qual
seriam erguidas, entre tantas outras
obras, o Aeroporto do Galeão, no
Rio de Janeiro; a Avenida Paralela,
“Agora fico feliz por passar meus aprendizados adiante”
51informa
em Salvador; a Auto-estrada Leiria-
-Pombal, em Portugal; a Adutora do
Rio Kikuchi, em Angola; e a Hidre-
létrica de Irapé, em Minas Gerais.
“Gosto do desafi o das obras. As hi-
drelétricas geralmente têm topogra-
fi as complicadas, acessos difíceis.”
Ele não se lembra de quantas
pessoas já ajudou a formar. “Só na
Hidrelétrica de Simplício [no Estado
do Rio de Janeiro] foram 22”, relem-
bra. Seja por meio do Programa Jo-
vem Parceiro ou orientando os me-
nos experientes que são designados
para sua equipe direta, Zé Bodinho
aprova apenas um tipo de profi ssio-
nal: “Aquele que tem responsabili-
dade e comprometimento. É antigo
dizer isso, mas, se não vestir a cami-
sa, não tem como ensinar”.
Quem atesta esse critério é Fran-
cisco Mendonça, antigo pupilo de Zé
Bodinho e, hoje, seu equivalente nas
obras da Hidrelétrica Teles Pires –
Zé cuida da margem esquerda; Chi-
co, da direita. “O método dele é mais
na prática do que na teoria. Zé é hu-
mano, paciente e detalhista. Mas, se
o cara não veste a camisa, não tem
chance com ele”, diz o amigo e ex-
-aluno, que trabalha com Zé Bodi-
nho desde o fi m da década de 1970.
Aposentado desde 2000, Zé co-
meça a pensar em parar. Quer cur-
tir mais a família. Sua mulher, Edi-
nalva, tem os olhos cheios d’água
quando fala da saudade que sente
do marido. Engana-se, porém,
quem imagina que ele
queira se desli-
gar da Odebrecht. Pensa em, daqui
a um tempo, comprar máquinas e
alugar para a empresa, como fazia
um de seus irmãos, Eliomar, já fale-
cido. Outro irmão, Raimundo, é en-
carregado geral na Odebrecht. Um
dos fi lhos de Zé Bodinho, Manoel
Alexandre Neto, também é inte-
grante da Odebrecht Energia e tra-
balha na construção da Hidrelétrica
Santo Antônio, em Rondônia. E o
caçula, Vitor, almeja ser engenhei-
ro. Quer usar o crachá que faz
parte da história de
vida do pai, do tio
e do irmão.
Zé Bodinho: “Nunca pensei em trabalhar em outro lugar”
52 informa
obram uma terça-feira de abril, a cabeleireira
Filomena Rafael Gomes, 32 anos, chega a
um edifício multicolorido no bairro de Ta-
latona, em Luanda, espera alguns minutos
para ser atendida e já sai com seu novo Bi-
lhete de Identidade (BI) – que, em Angola, corresponde
à Carteira de Identidade do Brasil. Filomena lembra-se
da complicada aventura de alguns anos atrás para se ti-
rar um documento. Com o Serviço Integrado de Atendi-
mento ao Cidadão (Siac), tudo ficou mais prático. “Desta
vez, retirei uma senha, fui logo atendida e recebi meu
BI apenas 30 minutos depois”, conta aliviada, antes de
voltar para o trabalho em Kilamba Kiaxi, na região me-
tropolitana de Luanda.
A unidade de Talatona é a maior e mais moder-
na dos já existentes Siacs, que logo serão 12. O Siac é
uma autarquia do Ministério da Administração Pública,
Emprego e Segurança Social. Nele, os cidadãos podem
obter também registro de nascimento, certidão de ca-
samento, carteira de motorista, registro de automóvel
e de imóvel, aposentadoria, realizar serviços de cartório
e procurar oportunidades profissionais. Em um posto
bancário, no mesmo prédio, é recolhido o pagamento
pelos serviços. Além disso, é possível pagar impostos e
contas, contratar seguros e contatar empresas de água,
energia elétrica, telefonia e passagens aéreas.
Essa agilidade tem tudo a ver com o atual ciclo de
evolução de Angola e com a decisão do Governo de re-
duzir a burocracia em todos os seus setores. A Odebre-
cht teve participação importante nesse processo: não
apenas construiu o Siac de Talatona, em funcionamento
desde 2007, como também foi responsável pela Opera-
ção Assistida e Transferência de Tecnologia, a partir da
capacitação dos integrantes do Governo.
A eficiente transferência de conhecimento é elogiada
pela Diretora-Geral dos Siacs, a advogada Rosa Micolo,
EDE CIDADANIA
52texto luiz carlos ramos fotos GuilHerme afonso
Filomena Gomes: o Bilhete de Identidade em 30 minutos
Projeto dos Siacs permite aprimoramento de serviços públicos e transferência de tecnologia em Angola
que, a partir de seu gabinete na unidade de Talatona, co-
ordena os oito centros. “A experiência internacional da
Odebrecht foi fundamental para que atingíssemos o atu-
al padrão de serviços”, diz Rosa. “O edifício deste Siac,
que chamamos de ‘Siac-Mãe’, tem arquitetura agradá-
vel, todos trabalham mais felizes. E o principal é que o
público também fica feliz, porque o BI, que agora sai no
dia, antes demorava até dois meses.”
O Siac de Talatona, além de ter sido o primeiro a ser
construído entre os oito atuais, serviu de modelo de im-
plantação de um revolucionário e inédito conceito de
prestação de serviços aos cidadãos no país. O sucesso
do centro pioneiro levou o Ministério da Administração
Pública, Emprego e Segurança Social a implantar ou-
tras sete unidades, que não são autônomas, mas sim
subordinadas à central de Talatona e à coordenação de
Rosa Micolo. Duas ficam na Província de Luanda (Ca-
zenga e Zango) e as demais nas províncias de Malan-
ge, Uíge, Bengo, Benguela e Huambo. Para este ano,
estão programadas inaugurações em Cabinda, Cunene
e Lunda Sul e o início das obras da quarta unidade de
Luanda, a de Kilamba Kiaxi. As equipes capacitadas pela
Odebrecht em Talatona conseguiram ampliar os servi-
ços para outras áreas.
Fábio Januário, Diretor da Odebrecht Angola, ex-
plica: “No Siac, não estivemos focados somente na
construção do equipamento, mas, principalmente,
no conteúdo do programa por meio da transferên-
cia de tecnologia com base na experiência brasilei-
ra. É um bem-sucedido desafio de sustentabilidade,
em um país onde temos uma relação histórica e um
compromisso contínuo de ampliar as oportunidades
e a expressão do conteúdo nacional em nossas rea-
lizações”.
Capacitação de trabalhadoresA agilidade e a concentração dos serviços no Siac fo-
ram inspiradas inicialmente em duas iniciativas brasi-
leiras: no Poupatempo, de São Paulo, e no SAC (Serviço
de Atendimento ao Cidadão), da Bahia. Adriana Bezerra,
administradora de empresas, chegou a Luanda há cinco
anos para implantar o Siac. “A própria Odebrecht capa-
citou cerca de 250 angolanos e executou uma operação
assistida no Siac de Talatona a partir de 2007”, relata
Adriana. “Um ano depois, o órgão ganhou autonomia, e
os integrantes passaram a fazer parte dos quadros do
Governo.”
Rosa Micolo e o casal Dorival e Antonieta Kileba: novo padrão de serviços
54 informa
Antonieta Kileba, advogada moradora do Zango, mu-
nicípio da região metropolitana de Luanda, foi ao Siac
de Talatona com o marido, o funcionário público Dorival
Kileba, que precisava renovar o BI. Foram embora sa-
tisfeitos. “Esperamos pouco tempo”, diz Dorival. O casal
terá de voltar ao Siac dentro de alguns meses, com uma
alegre missão: Antonieta está grávida e deverá ir a Tala-
tona para registrar o primeiro filho do casal. O nome? “Já
sei que será um menino... Será Dorival Júnior”, revela.
DA PAPELADA AO PORTALSe a implantação dos Siacs é um case da aplicação e
do compartilhamento do conhecimento em benefício dos
cidadãos, a criação de um portal dos GAFs da Odebrecht
surge como exemplo disso no âmbito interno da empresa.
O contador Marcus Vinicius Vianna, Gerente Adminis-
trativo e Financeiro no PRP (Programa de Realojamento
das Populações), já tinha 14 anos de Odebrecht quando
trocou o Peru por Angola, em 2009. Em Luanda, adaptou-
-se rapidamente ao ambiente, mas deparou-se com um
detalhe: “De repente, fiquei com um monte de papéis em
mãos. Eram documentos internos e numerosas leis e nor-
mas de governos quanto ao setor trabalhista, diretrizes
administrativas e outros assuntos”, ele relembra. “Duran-
te uma reunião de GAFs, em março de 2010, em conversa
com Fernando Carneiro, GAF no Projeto de Saneamento
Básico, e Fernando Koch, GAF nas obras da Hidrelétrica
do Gove, propus a criação de um espaço virtual, o qual pu-
déssemos alimentar com informações e consultar cons-
tantemente. Ambos aprovaram a ideia, e, com a equipe
administrativa e financeira da Odebrecht Angola, o projeto
foi desenvolvido.”
O setor de Relações Institucionais da Odebrecht An-
gola, que cuida dos portais da empresa no país, apoiou a
criação do Portal dos GAFs, área na internet para acesso
exclusivo dos integrantes da área administrativa e finan-
ceira. “Deu muito certo”, diz Marcus Vinicius ao conversar
com usuários do sistema diante de uma pilha de papéis
no canteiro do Zango. “Isso agora é passado. Graças à
tecnologia e a pessoas com espírito de servir, juntamos,
em uma ferramenta, todo um histórico de leis, diretrizes
e normas.”
Além de tudo, o Portal dos GAFs é uma fonte segura e
atualizada, com informações fidedignas. Um exemplo: os
integrantes podem encontrar todos os detalhes de acor-
dos sindicais e de legislação trabalhista de Angola e do
Brasil, dados que são constantemente atualizados. Tam-
bém são encontradas nessa área as explicações sobre
a concessão de visto para brasileiros em Angola, assim
como informações para os familiares. Se um integrante
expatriado ou seu cônjuge precisar levar o filho para viajar,
o portal disponibiliza as explicações sobre as normas bu-
rocráticas e os documentos necessários.
A tecnologia, porém, não impede que os gerentes re-
corram ao mais tradicional contato para análise de proble-
mas e soluções – as reuniões. “Fazemos encontros a cada
três ou quatro meses”, diz Marcus Vinicius.
Marcus Vinicius: troca de informações e experiências entre colegas da área Administrativa e Financeira
55informa
56 informa
escolaO CAMPO FAz
56
A partir da esquerda, Marcelo Faria, Lídia Toledo e Américo Ferraz: contribuição para o livre e produtivo trânsito de informações na ETH
57informa
texto Cláudio lovato Filho fotos Edu SimõES
escola
mérico Ferraz precisa ter respostas.
Assim é seu dia a dia no trabalho:
avaliar situações e sugerir soluções.
Para isso, conta com os aportes de
informação dos integrantes de sua
equipe direta, como Maria Thomazini e Douglas
Rocha. Eles circulam constantemente por nove
unidades agroindustriais, em quatro estados bra-
sileiros e levam seu apoio qualificado de especia-
listas a pessoas como Marcelo Faria, que está em
uma dessas unidades, no lugar onde sempre quis
estar desde criança, e que, por sua vez, mantém-
-se atento às percepções de parceiros como Lí-
dia Toledo, que lidera uma frente de trabalho da
empresa. Esse caminho de comunicação que vai
de Américo a Lídia, passando por Maria, Douglas
e Marcelo, e que retorna de Lídia a Américo, pois
é uma via de mão dupla, explica de que maneira
o conhecimento nasce e é compartilhado na ETH
Bioenergia.
Responsável por Tecnologia Agrícola na em-
presa, Américo Ferraz graduou-se em Engenharia
Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), em 1997. Na mesma universidade, fez
mestrado em Máquinas Agrícolas. Mais adiante,
tornou-se doutor em Máquinas para a Lavoura de
Cana-de-açúcar. Américo está na ETH desde 2008
e lidera a formulação e a implantação de Melho-
res Práticas Agrícolas em todos os polos produti-
vos da empresa.
A
Diversidade de capacitações e intensa troca de conhecimentos são trunfos da ETH em sua trajetória de crescimento
58 informa
As Melhores Práticas são o conjunto de ações que
contribuem para a redução de custos, a melhoria da qua-
lidade dos processos, o atendimento dos prazos e, princi-
palmente, a disseminação do conhecimento de maneira
rápida e eficiente. “Nossa empresa é formada por nove
unidades agroindustriais, que atuam como Pequenas
Empresas. Têm sua vida própria, mas precisamos estar
alinhados para conseguir resultados cada vez melhores.”
Américo acrescenta: “Tudo o que possa melhorar nosso
desempenho nos interessa, do manejo correto das varie-
dades de cana à identificação das peças mais adequadas
às nossas máquinas, passando pelos herbicidas mais efi-
cazes”.
Baseados na sede da ETH, em São Paulo, Améri-
co e sua equipe têm presença constante nas unidades.
Maria Thomazini, Responsável por Tecnologia Agrícola
– Georreferenciamento, circula o tempo todo. Mora em
São José dos Campos (SP), mas, na prática, só está em
casa nos fins de semana. Ela concedeu sua entrevista à
Odebrecht Informa em São Paulo – com a mala e a mo-
chila a seu lado. Imediatamente após o término da con-
versa com a equipe de reportagem, ela partiu para o Ae-
roporto de Congonhas, onde pegaria, às 10 da noite, um
voo para Goiás. Tinha dois dias de trabalho pela frente na
Unidade Morro Vermelho.
Maria formou-se em Engenharia Cartográfica pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Unesp) em 1996, fez MBA pela Fundação Getulio Vargas
(FGV) e um curso de Especialização em Tópicos de Cana.
“O conhecimento está sendo cada vez mais compartilha-
do na empresa, e isso é resultado da crescente integra-
ção entre as equipes, os programas e as unidades.” Ela
trabalha há cinco anos no setor de Bioenergia. Hoje, está
bastante envolvida no desenvolvimento do SIG (Sistema
de Informação Geográfica), ferramenta de agricultura de
precisão para assessoramento remoto voltada a tornar
mais exata a estimativa de safra. “Disso sai o orçamento
da empresa!”, salienta Maria.
Em suas visitas às unidades, Maria gosta de ir às
frentes de trabalho, nos canaviais, conversar com quem
coloca a mão na massa. “Costumo mostrar ao pessoal o
mapa de biomassa, feito por satélite. Os integrantes se
sentem valorizados e passam a realmente entender o
processo do qual estão participando.” Maria leva informa-
ção aos que estão nos canaviais, mas existe uma troca.
“De lá também trazemos conhecimento. O pessoal das
frentes conhece a terra como ninguém”.
Lídia Cabrera Toledo é uma prova disso. Ela nas-
ceu em Sidrolândia (MS), tem 26 anos e há três anos
e meio chegou à Unidade Santa Luzia da ETH, que
produz etanol e energia elétrica e está localizada em
Nova Alvorada do Sul, a 100 km de Campo Grande. A
Santa Luzia forma, com a Unidade Eldorado, o Polo
Produtivo Mato Grosso do Sul da ETH, um dos cinco
polos da empresa. Sem nenhuma experiência anterior
em lavouras de cana, Lídia passou por programas de
capacitação e começou a trabalhar no plantio meca-
nizado, operando seu primeiro equipamento. Depois
de um ano, tornou-se tratorista; na sequência, assu-
miu a operação de uma colhedora e então chegou ao
posto de líder de frente, pelo qual responde hoje.
Líder de 30 pessoas, homens e mulheres com idade
entre 19 e 43 anos, Lídia afirma: “A gente precisa fazer
bem feito para crescer”. Os conhecimentos que desenvol-
veu sobre o cultivo da cana lhe permitem hoje calcular o
rendimento por hectare. Na safra iniciada em 23 de abril
Maria Thomazini: valorização das pessoas
59informa
e que se estenderá até meados de novembro, a Frente 36,
liderada por Lídia, trabalhará na Fazenda 3 M, em uma
área de 10 mil hectares, utilizando cinco máquinas colhe-
doras, nove tratores, um caminhão-pipa, um caminhão-
-comboio (para abastecimento) e um caminhão-oficina.
Lídia e sua equipe serão responsáveis pela colheita esti-
mada de 800 mil t de cana.
Diversidade de conhecimentos“Dos operadores que estão nas frentes de serviço até
o superintendente do polo, passando pela gerência agrí-
cola, pelos coordenadores, os supervisores e os líderes
de frente, existe um fluxo constante de informação e de
troca de experiências”, diz Marcelo Lopes Faria, 30 anos,
Gerente Agrícola da Unidade Santa Luzia. “Tem que ser
assim. Precisamos aproveitar essa grande diversidade de
conhecimento das pessoas da ETH”, acrescenta.
Natural de Guaimbê, na região de Lins e Marília, no in-
terior de São Paulo, Marcelo ingressou na Escola Agrícola
aos 14 anos e conquistou sua primeira oportunidade de
trabalho em uma usina de cana aos 18 anos, como ana-
lista de qualidade. Em pouco tempo, tornou-se líder de
operação agrícola, coordenando a atuação de 90 pessoas.
Assumiu novos desafios, cresceu e chegou a supervisor.
Ainda na primeira empresa em que trabalhou, passou a
ser gerente de plantio, aos 24 anos. Mais adiante, chegou
a gerente de tecnologia e planejamento agrícola e, nes-
sa mesma época, cursou a faculdade de Administração.
Em agosto de 2011, ingressou na ETH. “Descobri que o
PA (Programa de Ação) era aquilo com o que eu sempre
sonhei! Planejar e entregar!”
Marcelo vive hoje uma expectativa especial. A partir de
2012, a Unidade Santa Luzia operará com sua máxima ca-
pacidade produtiva, 6 milhões de toneladas de cana. “A di-
nâmica da unidade vai se alterar. Temos mais de 200 equi-
pamentos na área agrícola, 1.700 integrantes, um raio de
atuação que chega a 200 km. Há frentes de trabalho que
estão distantes 100 km umas das outras. Cada vez mais,
o desempenho dos operadores, lá no campo, será decisi-
vo. Precisamos formar pessoas para enfrentar os novos
desafios da empresa.”
Douglas Rocha, Responsável por CCT (Corte, Carre-
gamento e Transporte de cana), integrante da ETH desde
fevereiro de 2011, é outro que procura passar o máximo
de tempo possível no canavial. Pioneiro como instrutor
do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), no
início dos anos 1980, é um especialista em equipamentos
para o cultivo da cana-de-açúcar e um apaixonado pela
capacitação de pessoas. Percorre as unidades da ETH
ministrando aulas e desenvolvendo programas de qualifi-
cação relacionados à mecanização. Douglas dialoga com
todos – dos superintendentes dos polos aos integrantes
que atuam no plantio mecanizado. “Em nosso trabalho,
somos agentes de ligação, somos elos”, ele diz, referindo-
-se ao trabalho da equipe da qual faz parte.
Aos 51 anos, Douglas lembra-se bem dos tempos de
criança, quando já sonhava trabalhar na terra, mexer com
as máquinas e ter contato com os integrantes da área
agrícola. “Gosto de estar próximo das pessoas, de fazer
o acompanhamento nas frentes de trabalho, de mostrar
como se faz e de fazer junto. Quando a gente ensina, tam-
bém aprende. O campo é uma escola.”
Douglas Rocha: “Em nosso trabalho, somos elos”
60 informa
patrimônio
60
Trabalhadores e máquinas no Centro Histórico da Cidade do Panamá: ações conjuntas da iniciati-va privada e do setor público para pre-servar a integridade física e o bem-estar dos profissionais da construção
61informa 61informa
patrimônioMAIOR A SER PRESERvADO
os últimos anos, o setor da construção
vem contribuindo significativamente para
o crescimento econômico do Panamá.
Em 2011, o segmento cresceu de 18,5%
em relação ao ano anterior e represen-
ta 6% do produto interno bruto do país, segundo os
dados da Controladoria Geral da República. O deno-
minado “boom” do mercado da construção trouxe
um desafio: a preservação da integridade física dos
trabalhadores do setor. Empresas, sindicatos, insti-
tuições educacionais e órgãos do Governo passaram
a buscar mecanismos que permitam prevenir aci-
dentes e doenças ocupacionais.
“Programas de capacitação e campanhas de
conscientização vêm sendo desenvolvidos em vá-
rios ambientes da empresa”, informa José Vilar
Junior, Responsável por Saúde, Segurança do Tra-
balho e Meio Ambiente (SSTMA) na Odebrecht Pa-
namá. “Além disso, foi criado no país um centro
educacional fortemente focado na segurança e na
saúde”, ele acrescenta.
A Odebrecht assumiu, desde o início de sua ope-
ração no país, em 2006, o compromisso de contribuir
para a criação de uma cultura de prevenção de aci-
dentes e de doenças ocupacionais. A chave para essa
contribuição está na transmissão de conhecimentos
e de experiências, tanto internamente, por meio da
Educação pelo e para o Trabalho, quanto externa-
mente, por meio da transferência de tecnologia para
NRitmo de crescimento do setor da construção no Panamá vem exigindo esforços especiais em saúde e segurança
texto eriKsa Gómez fotos Holanda cavalcanti
62 informa
parceiros, fornecedores, terceirizados, sindicatos e
órgãos do Estado.
Parceria pela educaçãoCom mais de 25 anos de experiência em seguran-
ça ocupacional no Panamá, Maribel Coco, Diretora da
Escola de Saúde da Universidade Especializada das
Américas (Udelas) é testemunha da evolução na área
educativa. Fundada há 14 anos, a instituição de ensino
tornou-se líder na capacitação em saúde e seguran-
ça ocupacional, e oferece licenciatura e mestrado na
área, além de cursos ministrados em diferentes graus
de especialização.
A afinidade filosófica e a convergência de obje-
tivos levaram a Udelas e a Odebrecht a trabalhar
em conjunto na formação de jovens profissionais
para que atuem nas áreas de saúde e seguran-
ça ocupacional. “Organizamos, anualmente, três
eventos com o apoio, com ênfase em treinamen-
tos. A empresa facilita a inserção do profissional
no mercado de trabalho, um fator muito impor-
tante e de grande ajuda para os nossos alunos”,
salienta Maribel Coco.
Palestras para estudantes, cooperação em proje-
tos de pesquisa e visitas técnicas a canteiros de obra
da Odebrecht são ações que fazem parte da relação
cotidiana entre a empresa e a Udelas. Além disso,
um fator considerado fundamental por Maribel é a
oportunidade que os estudantes têm de aplicar seus
conhecimentos nos empreendimentos, por meio de
estágios.
Difundindo uma filosofiaOs integrantes de SSTMA da Odebrecht, no entanto,
decidiram ampliar sua atuação. No início de 2010, en-
quanto era planejada a Semana Interna de Prevenção
de Acidentes no Trabalho (Sipat), surgiu a ideia de rea-
lizar um evento que tratasse do tema além do contexto
da Organização.
Assim nasceu o congresso que reuniu especialis-
tas locais e internacionais da Odebrecht e de outras
empresas e organizações. Neste ano, foram dedica-
dos três dias ao treinamento dos integrantes e dois
dias às palestras. Participaram estudantes, inte-
grantes da área de saúde e segurança ocupacional
de empresas terceirizadas, de instituições públicas
e clientes.
A Sipat cresceu em 2011, passando de dois dias
de conferências para cinco, nos quais os convida-
dos se inscreveram por dia de atividade. O evento
chegou a ter 500 participantes. Arquímedes Sosa,
Responsável por Meio Ambiente nas obras da Au-
topista Panamá-Colón e integrante desde 2007, fez
parte dessas experiências, como organizador e pa-
Maribel Coco, Arquíme-des Sosa e (na página ao lado) Raimunda Valencia: personagens de destaque nos esforços para o apri-moramento das condições de segurança e saúde dos trabalhadores panamenhos
63informa
lestrante. “Estamos compartilhando uma visão que
integra saúde e segurança do trabalho com meio
ambiente. Sinto-me muito satisfeito em poder
transmitir a minha experiência”, explica.
O objetivo de promover uma cultura de preven-
ção de acidentes e doenças ocupacionais é com-
partilhado por outras empresas, especialmente as
agrupadas na Câmara Panamenha da Construção
(Capac), que desenvolveu programas de formação
para profissionais.
“A Capac está comprometida com o apoio a
suas empresas afiliadas. Realiza visitas de ins-
peção às obras em construção, palestras, pro-
gramas de treinamento para trabalhadores, além
de assessoria permanente”, explica o engenheiro
civil Julio Aizprúa, da Diretoria da Capac. “Por ser
uma atividade que envolve riscos, é preciso que as
empresas exerçam um papel vigilante no cumpri-
mento de um sistema de gestão que garanta os
melhores indicadores em matéria de prevenção”,
ele observa.
As previsões da economia panamenha apontam
para o contínuo crescimento do setor da constru-
ção nos próximos anos, impulsionado por investi-
mentos públicos e privados. O país ainda tem desa-
fios pela frente. Foram conquistados importantes
avanços na prevenção de acidentes, mas ainda
existe um caminho a ser percorrido.
Ensinando a viverPasso a passo, com conscientização e apoio,
esse percurso vem sendo realizado, e os resultados
vão se tornando cada vez mais consistentes.
“Doutora, está na hora de fazer a audiometria.”
Esse tipo de declaração deixa realizada Raimunda
Valencia Jiménez, médica responsável pelo Progra-
ma de Saúde do projeto Autopista Panamá-Colón
(segunda fase de uma obra que liga as duas cidades
com maior atividade portuária no país).
“É preciso que os integrantes mudem sua cul-
tura e aprendam a proteger sua vida e sua saúde,
com o suporte de métodos administrativos e de en-
genharia. Antes eles perguntavam para que tantos
exames médicos; agora eles vêm e avisam a gente
quando devem repeti-los.”
Raimunda Valencia foi responsável, com a equipe
de SSTMA do projeto, pela recente obtenção da cer-
tificação OHSAS 18.001:2007, em saúde e seguran-
ça ocupacional, a segunda conquistada pela Ode-
brecht Panamá. A primeira foi em 2010, nas obras
da Hidrelétrica Dos Mares.
Entretanto, o mais importante na opinião da mé-
dica, que ingressou na Odebrecht há dois anos, é
que os resultados da certificação não terminarão
quando a obra for entregue. “As pessoas passaram
a compreender que têm uma grande responsabili-
dade pela segurança, a sua e a dos outros integran-
tes, e que são responsáveis também pela seguran-
ça coletiva”, diz Raimunda Valencia.
64 informa
64
Yuri Tomina participa ativamente
de um momento especial na história
da Braskem: a internacionalização
da empresa
65informa
texto mayara tHomazini foto Geraldine di lucca
uri Tomina tem 29 anos, é integrante da
Braskem America e, há dois anos, mer-
gulhou no que ele considera ser uma
das grandes oportunidades de sua vida.
“Mudei-me com minha esposa para os
Estados Unidos à procura de aprendizados intensos,
novos desafios e superação.”
Yuri ingressou na Braskem em 2004, como esta-
giário, no Programa de Marketing Corporativo, e, no
início de 2010, recebeu o convite de Ricardo Lyra, que à
época assumia a liderança de Pessoas & Organização
e Comunicação da Braskem America, para trabalhar
nos Estados Unidos. Com o estímulo de seus líderes,
aceitou o desafio de apoiar a construção da marca e
imagem da Braskem naquele novo ambiente de atua-
ção e a disseminação da Tecnologia Empresarial Ode-
brecht (TEO) para os novos integrantes. Hoje, liderado
por Kelly Elizardo, ele é Responsável por Comunicação
Corporativa na Braskem America. Sua base é a Fila-
délfia, no Estado da Pensilvânia.
Em fevereiro de 2010, a Braskem anunciou a aqui-
sição dos ativos de polipropileno da Sunoco Chemi-
cals nos Estados Unidos e, em abril do mesmo ano,
assumiu o controle de três plantas industriais e de
um centro de tecnologia e inovação, nos estados da
Pensilvânia, do Texas e da Virgínia Ocidental. Era o
início da primeira operação industrial da Braskem
fora do Brasil.
“Quando chegamos aos Estados Unidos”, relembra
Yuri, “já havia três plantas operando e uma lista de
clientes que tinham que continuar recebendo os pro-
dutos sem serem impactados por causa da mudança
na direção da empresa. Foi um grande desafio.”
As perguntas eram muitas. O idioma, o mercado, a
cultura local – tudo era novidade. “Logo percebemos
que a disseminação dos princípios da TEO seria o pon-
to-chave para uma bem-sucedida integração de equi-
pes e processos”, diz Yuri. “Aos poucos, conseguimos
criar um ambiente bem próprio da cultura empresarial
da Organização, mais aberto à criatividade, ao empre-
sariamento e focado nas necessidades e nos sonhos
dos clientes”, ele acrescenta.
Logo no começo da Braskem America, alguns con-
ceitos da TEO chamaram, de forma especial, a atenção
dos integrantes norte-americanos e os conquistaram,
“sobretudo o modelo de empresariamento, com des-
centralização e delegação planejada, que proporciona
ambiente favorável para o desenvolvimento da criativi-
dade”, relata Yuri.
A possibilidade de viver diferentes experiências e
de absorver o que há de melhor em cada cultura tem
sido fundamental para o crescimento de Yuri como
empresário, e a TEO, ele enfatiza, é essencial nesse
processo. “Nossa cultura empresarial é bem-aceita
em qualquer lugar do mundo pelos seus princípios
ligados à geração de riqueza a partir da disciplina e
do trabalho.”
Com o segundo movimento de aquisições no ex-
terior, anunciado em outubro de 2011, a Braskem
incorporou quatro plantas da Dow Chemical, duas
nos Estados Unidos e duas na Alemanha. “Os gru-
pos que estavam se integrando foram recepciona-
dos pela equipe da aquisição anterior, que já se
sentia porta-voz da TEO”, rememora Yuri, em tom
de comemoração.
Nessa segunda aquisição, a Braskem assumiu
a liderança na produção de polipropileno nos Esta-
dos Unidos e iniciou o fortalecimento da empresa na
Europa. “Os integrantes dos Estados Unidos abraça-
ram mais esse projeto de crescimento da Braskem.
Todos estavam dispostos a apoiar a construção da
Braskem Europa.”
Hoje, dois anos após a mudança de país, Yuri come-
mora seu crescimento profissional e pessoal: “Todas
essas novidades que vivemos aqui agregaram mais
conhecimento e maturidade à minha bagagem. Além
da alegria proporcionada pelo nascimento da minha
primeira filha, Sophie, que está com 3 meses”.
YfilosofiaNAS ASAS DE uMA
65informa
66 informa
DE APRIMORAR LIçõES
66
Sistematização de informações é instrumento da OOG para a superação de seus novos desafios
tempo
texto Edilson lima foto GEraldo PEstalozzi
67informa
Sala de Gestão de Crises: tecnologia a serviço da segurança
68 informa
Odebrecht Óleo e Gás (OOG) tem dedi-
cado esforços para melhorar, a cada
dia, a qualidade de seus serviços, oti-
mizar seus processos e, assim, garan-
tir a segurança de seus integrantes, do
patrimônio material e das comunidades onde atua. Para
isso, um instrumento tem sido fundamental: o uso do
conhecimento resultante das lições aprendidas por suas
equipes.
Empresa nova, criada em 2006, a OOG herdou uma
história de pioneirismo na indústria offshore que come-
çou com a OPL (Odebrecht Perfurações Ltda.), fundada
em 1979. A OPL iniciou suas atividades com a aquisição
da Plataforma Norbe I. Nos anos 1980, dando sequência
aos investimentos, adquiriu as plataformas Norbe II, III, IV
e V e Asterie. Foi a primeira empresa privada brasileira a
perfurar a mais de 1.000 m de lâmina d’água.
Em 2000, a OPL deixou de atuar no segmento de per-
furações e, posteriormente, retornou ao setor com a nova
marca, a OOG. De 2006 para cá, já foram construídas cin-
co sondas de perfuração, e outras duas estão em fase
final de construção. Até o fim de 2012, as sete estruturas
estarão operando em águas brasileiras.
“Apesar de todas essas experiências, havia a neces-
sidade de sistematizar o conhecimento e aprender mais
sobre construção e operação de plataformas a serem
utilizadas no trabalho em águas ultraprofundas. Foi daí
que surgiu a ideia de criar um sistema de uso, registro
e compartilhamento de conhecimento para fazer disso
uma tecnologia própria da OOG, acessível a todos”, diz
Herculano Barbosa, Diretor-Superintendente da Unida-
Ade de Negócio Engenharia e Tecnologia.
Esse sistema terá como ponto de partida as experiên-
cias de perfuração. Depois se estenderá a outras áreas,
como a de engenharia submarina (subsea) e de platafor-
mas de produção. “É um projeto piloto. Primeiramente,
vamos estruturar essa área e, depois, partiremos para as
demais”, informa Herculano.
Com base nas experiências já praticadas na Organiza-
ção Odebrecht, como as comunidades de conhecimento,
as equipes da OOG criarão seu próprio sistema de aplica-
ção e compartilhamento de conhecimento. Experiências
de outras empresas também estão sendo consultadas.
Por exemplo, integrantes da OOG visitaram recentemen-
te a fábrica da Embraer (Empresa Brasileira de Aero-
náutica), em São José dos Campos (SP), para conhecer
o funcionamento da rede de conhecimento da empresa.
Interação e compartilhamentoO passo a passo para a criação do sistema seguirá
este caminho: primeiramente, serão realizados semi-
nários nos quais os participantes de cada projeto irão
relatar suas experiências, incluindo erros e acertos.
As experiências, registradas e documentadas, fica-
rão disponíveis para a consulta dos interessados. Em
um segundo momento, serão criadas as comunidades
de conhecimento, formadas por pessoas experientes
em áreas específicas de projetos de sondas de per-
furação, como sistema elétrico, instalações e equipa-
mentos de poços, entre outros. As comunidades esta-
rão acessíveis no Portal OOG (que utiliza a tecnologia
Share Point), por meio do qual os integrantes poderão
Base Macaé da OOG, no litoral fluminense: empresa quer que o conhecimento acumulado por suas equipes se torne fonte de pesquisa para todos os integrantes
69informa
interagir e compartilhar experiências. Se necessário, se-
rão convocados para reuniões presenciais.
As comunidades terão a supervisão e o incentivo dos
líderes, por intermédio de comitês – o terceiro passo. “O
objetivo das comunidades de conhecimento é possibili-
tar a interação entre os membros. Vamos observá-los e
estimulá-los. Temos que incentivar a cultura de compar-
tilhamento de conhecimento”, argumenta Elizeu Leonar-
do da Silva, Responsável por Pessoas e Organização da
Unidade de Negócio Engenharia e Tecnologia.
Segundo Herculano, o grande desafio é criar intera-
ção entre as gerações, já que a tecnologia de hoje está
muito avançada, quando comparada com a de algumas
décadas atrás: “Os jovens parceiros de hoje nasceram em
um mundo em que quase tudo é automatizado, diferen-
temente de há 20 ou 30 anos. Faremos um esforço para
que haja essa troca de conhecimento”, ressalta ele, que,
como ex-integrante da OPL, tem um motivo a mais para
celebrar o momento: “Faço parte da pré-história da OOG”.
Entre as várias experiências na construção das son-
das, o caso da Plataforma Norbe VI merece destaque.
Nela, ao lado da torre principal (as torres são usadas para
descida e subida de equipamentos para a perfuração dos
poços de petróleo), foi construída uma torre paralela, de
menor dimensão. Enquanto a principal fura o poço, a pa-
ralela auxilia na descida e subida de equipamentos. “Isso
reduz o tempo de perfuração do poço e, claro, economiza
dinheiro”, explica Herculano, que foi um dos mentores da
iniciativa. “Apesar de já ser praticada no mercado inter-
nacional, a inclusão da torre paralela foi feita ao nosso
modo, otimizando os custos para a Petrobras. Essa expe-
riência, por exemplo, não pode ficar isolada. Ela tem que
ser registrada e compartilhada com os demais integran-
tes da OOG”, enfatiza.
Prontos para entrar em ação Enquanto parte das equipes da OOG se esforça para
sistematizar os conhecimentos acumulados, outra im-
portante medida foi realizada pela empresa: a criação
da Sala de Gestão de Crises e Respostas a Emergências
(SGCE).
Caracterizada pelo emprego de eficientes recursos
de comunicação, a sala, localizada no primeiro andar
do edifício 370 da Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro,
permite a comunicação com até quatro lugares simulta-
neamente (instalações em terra e unidades marítimas),
por meio de tele e videoconferências. Conta também com
dois quadros de apoio para anotação e registro de infor-
mações da crise ou emergência, cronologia do evento,
plantas das plataformas, relógios com os fusos horários
de Brasil, Venezuela, Coreia do Sul e Emirados Árabes
Unidos, países onde a empresa tem atividades. Em caso
de emergência, a sala será acionada pelos integrantes
do Comitê de Gestão de Crise e Respostas Emergenciais
(CGCE), presidido pelo Líder Empresarial da OOG, Rober-
to Ramos.
“Na sala também temos a lista de contatos das autori-
dades, clientes, empresas parceiras e de nossas equipes
em todas as localidades onde atuamos. Em uma situa-
ção de crise, não podemos ter dúvidas. Temos que saber
como agir com eficiência, estar capacitados a responder
e prover suporte técnico e gerencial, buscando sempre
o controle e a solução da crise ou emergência”, explica
Marco Aurélio Fonseca, Responsável por Sustentabilida-
de na OOG e um dos idealizadores da SGCE.
Marco Aurélio, assim como Herculano, atuou na
OPL, nos anos 1990. Em 2000, retornou a sua cidade
natal, Belo Horizonte. Em janeiro de 2011, voltou à
OOG para liderar a criação do Programa de Susten-
tabilidade, que engloba Saúde, Segurança do Traba-
lho e Meio Ambiente e Responsabilidade Social. Sua
equipe é responsável pela definição das políticas e
diretrizes do tema Sustentabilidade, em alinhamento
com as da Organização Odebrecht, orientando a atu-
ação da OOG em níveis estratégico, tático e operacio-
nal. Ele participa da Comunidade de Conhecimento
Sustentabilidade da Odebrecht, liderada por Sérgio
Leão. “Nossa atividade envolve risco constante. Te-
mos que estar atentos a qualquer emergência, atu-
ando preventivamente para evitar danos às pessoas,
ao patrimônio, ao meio ambiente e à imagem da em-
presa”, salienta Marco Aurélio.
Marco Aurélio Fonseca: “Em uma emergência, não podemos ter dúvidas”
69informa
70 informa
70
texto Perla lima fotos andré valentim
Sistema de comunicação desenvolvido pela OR permite a disseminação do conhecimento, com a preservação da singularidade de cada projeto
A CONTíNuA CONSTRuçãO DA
identidade
O empreendimento Rio Corporate, em execução na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro: OR está presente em 15 cidades de oito estados brasileiros
71informa
identidade
72 informa
ão números que evidenciam um cres-
cimento relevante nos últimos anos.
Presente em 15 cidades de oito estados
brasileiros, a Odebrecht Realizações Imo-
biliárias (OR) quase triplicará sua receita
líquida entre 2010 e 2012, passando de R$ 1,2 bilhão
para R$ 3 bilhões; elevará o valor dos lançamentos para
R$ 6,5 bilhões, em 2012 (em 2010 foram R$ 2,4 bilhões);
e estima-se que integrará, ao longo deste ano, cerca de
5.500 pessoas, entre os quais 400 estagiários e jovens
parceiros, o que corresponde a aproximadamente 430
profissionais contratados a cada mês.
Para conseguir um crescimento sustentável e orgâni-
co, a OR disponibiliza a seus empresários, um sistema de
comunicação que a diferencia no mercado e visa contribuir
para a disseminação de conhecimento em cada passo de
sua tarefa empresarial – da identificação e conquista de
negócios à mobilização de equipes, execução dos empre-
endimentos e satisfação dos clientes. Esses instrumentos
consistem nas seguintes etapas, definidas pelas equipes
para cada um de seus projetos: Comitê de Investimento,
Fórum de Produto, Pré-Módulo de Engenharia, Módulo de
Engenharia e Módulo Pós-Entrega.
Paul Altit, Líder Empresarial (LE) da OR, explica: “Essa
forma de atuar estimula os líderes e as equipes a discu-
tirem as principais variáveis do empreendimento, contri-
buindo para maior transversalidade do conhecimento e
envolvendo integrantes da OR de vários estados e, muitas
vezes, de outras empresas da Organização”. E enfatiza:
“Assim, disseminamos o conhecimento, estimulamos a
disciplina, a transversalidade e, sobretudo, a singularidade
de cada projeto”.
Cada etapa, um passo decisivoO Comitê de Investimento, a primeira etapa do ciclo,
avalia as interferências na comunidade, a estratégia orga-
nizacional, os parâmetros de rentabilidade, a estrutura de
capital, o comportamento da concorrência na região, as pri-
meiras análises de engenharia, os riscos legais e aspectos
relacionados a vendas e à imagem. “Aprovada a aquisição
do terreno, o líder se organiza com sua equipe para enfren-
tar o novo desafio proposto, até chegar à segunda e última
etapa da aprovação: o lançamento. É nessa fase, de pré-lan-
çamento, que o líder recebe diversas contribuições nos mó-
dulos de Engenharia e no Fórum de Produto”, explica Paul.
A Bairro Novo, empresa da OR que atua no segmento
econômico, teve, recentemente, cinco terrenos aprovados
para compra no último Comitê de Investimento. Daniel
“Temos um desafio enorme, porque somos uma empresa nova”
Paul Altit
S
André Basto (à esquerda) e Djean Cruz: o produto adequado para cada cliente
73informa 73informa
Villar, Líder da Bairro Novo, revela que três deles estão em
São Paulo e foram aprovados graças à transversalidade
com a equipe de Paulo Melo, Líder da Regional Centro-Sul
da OR, responsável por prospecção e inteligência de mer-
cado. “A equipe liderou a busca e a escolha dos terrenos, o
que fez toda a diferença”, relata Daniel.
Já o Boulevard Side, em Salvador, há três anos obteve
o aval para tornar o sonho realidade. Passou por todas as
etapas que antecedem à entrega, marcada para maio de
2012. Djean Cruz, Líder da Regional Norte e Nordeste, con-
ta que, no Fórum de Produto, já se conhece o empreen-
dimento. “Com o domínio da localização, do projeto de ar-
quitetura, das plantas, da estratégia de venda e marketing,
conquistamos os clientes adequados para aquele produto.”
Segundo André Basto, Diretor de Construção Norte
e Nordeste, o Pré-Módulo de Engenharia e o Módulo de
Engenharia, etapas seguintes ao Fórum de Produto, são
como o bastão da corrida de revezamento: “Quanto melhor
a passagem, melhor será a performance na execução”.
No Pré-Módulo de Engenharia são feitos os estudos
orçamentários e traçadas as soluções arquitetônicas e de
engenharia. Essa etapa culmina com uma apresentação,
na qual são debatidos todos os pontos do projeto e a qual
conta com a presença das equipes de engenharia da OR
e de convidados da Organização. “Lançamos o produto
com a expectativa de que será bem-sucedido em vendas
e também na execução da construção, com preço, prazo e
qualidade desejados e planejados,” salienta André.
O Módulo de Engenharia ocorre depois do lançamen-
to do empreendimento e consiste no aperfeiçoamento do
Pré-Módulo de Engenharia. Segundo André Basto, “é o
Plano de Ação da obra, que, depois de ajustes finos, torna
as surpresas de execução exíguas e facilmente resolvidas”.
O Módulo Pós-entrega, que fecha o ciclo, foi incorporado
recentemente e consiste na análise da Tarefa Empresarial
por completo. O objetivo principal é compartilhar os erros e
acertos do projeto e da construção, desde sua concepção
até o momento da assistência técnica aos clientes, incenti-
vando assim a curva de aprendizagem das equipes.
João Carlos Moog Rodrigues, Diretor de Engenharia e
Construção no Rio de Janeiro, salienta os efeitos positivos
do ciclo de gestão do negócio. Responsável pelo empreen-
dimento Dimension, que será entregue em dezembro des-
te ano, ele comenta: “Desenvolver e debater os módulos
faz com que o conhecimento circule na Pequena Empresa.
Além disso, ter a engenharia à montante, participando da
gestação do produto, provoca uma sinergia muito grande
entre as equipes, inclusive com os sócios”. E acrescenta:
“Ficamos todos no mesmo prumo e, na hora de construir,
aperfeiçoamos o que já estava alinhado”.
Paul Altit ressalta: “Temos um desafio enorme, porque
somos uma empresa nova, ainda buscando o melhor ca-
minho para a maturidade, formada por pessoas jovens e
maduras com muito talento, porém com pouco tempo de
casa. Os desafios de integração e crescimento são diários.
Por isso, acredito que esses instrumentos de comunicação
são indispensáveis para a nossa sobrevivência e o nosso
crescimento”.
João Rodrigues: circulação do conhecimento
74 informa
74
AQUI, AGORA, EM NOSSASmãos
André Carlos dos Santos durante atividade do PDJE: “Aprendi a administrar meu tempo”
75informa
texto GaBriela vasconcellos
fotos almir Bindilatti
No Baixo Sul da Bahia, iniciativa da Fundação Odebrecht contribui para a formação profissional de jovens empresários rurais
76 informa
dia ainda não amanheceu, e André
Carlos dos Santos, 25 anos, já está
a postos na estação rodoviária de
Ituberá (BA). São 5 horas da manhã
de sexta-feira, e o cansaço parece
não existir. Durante a semana, ele se divide en-
tre a faculdade de Administração de Empresas,
o trabalho na área financeira do Instituto de
Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da
Bahia (Ides), a presidência da Associação Co-
munitária de Lagoa Santa, local onde nasceu, e
a realização de oficinas sobre turismo, esporte
e leitura na região.
Uma vez por mês, André ainda marca pre-
sença nas oficinas de capacitação do Progra-
ma de Desenvolvimento de Jovens Empresários
(PDJE). Por isso, aguardava o ônibus tão cedo.
Conciliar todas as atividades não é tarefa fá-
cil. Quem o conhece, brinca que seu dia possui
mais de 24 horas. Para dar conta de tudo, André
precisou se planejar. “Consegui criar uma ro-
tina. Aprendi a administrar meu tempo em um
dos módulos trabalhados no PDJE. Esse foi o
tema que mais chamou minha atenção”, diz ele,
também responsável pela logística de transpor-
te dos demais participantes.
O PDJE é uma iniciativa da Fundação Ode-
brecht. Em alinhamento com a Tecnologia Em-
presarial Odebrecht, contribui para a formação
profissional de 21 jovens empresários rurais
que atualmente trabalham em instituições ou
projetos que fazem parte do Programa de De-
senvolvimento Integrado e Sustentável do Mo-
saico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo
Sul da Bahia (PDIS). O grupo, em sua maioria, é
composto de ex-alunos das unidades de ensino
ligadas ao PDIS. André é um deles. Ingressou
na Casa Familiar Agroflorestal em 2006 e viu
sua vida se transformar.
“Sempre paro para refletir e analisar como
era o passado. Hoje não acredito onde cheguei”,
comenta André, que cresceu em uma comuni-
dade quilombola. Ele salienta que até a relação
com a família mudou. “Meus pais sentem or-
gulho em me ver replicando os conhecimentos
para a comunidade. Minha mãe diz que sou um
jovem exemplo.”
Formação continuadaNessa segunda edição do PDJE, 11 módulos
já foram realizados, e outros sete ocorrerão
até o fim de 2012. São abordados temas como
liderança, expressão pessoal, plano de vida e
carreira, globalização, sustentabilidade, cida-
dania, elaboração de projetos, comunicação
e segurança empresarial. Para Gilcia Beckel,
coordenadora da segunda turma do PDJE, a
essência do programa é o desenvolvimento da
capacidade empresarial dos jovens. “É visível o
entusiasmo e interesse de todos. Essa forma-
ção continuada está contribuindo para a evolu-
ção de cada um. Havia grande expectativa em
relação ao que seria esse trabalho. Hoje eles
participam ativamente das discussões. Os pa-
lestrantes são só elogios”, relata Gilcia, que
integrou a Organização Odebrecht por 28 anos
e atualmente é consultora em desenvolvimento
humano da Fundação Odebrecht.
Além de receberem o acompanhamento de
Gilcia, os participantes interagem, a cada mó-
dulo, com facilitadores, que são integrantes da
Fundação Odebrecht, do PDIS ou especialistas.
O
André, Jeane e Ana Paula (no sentido horário): multiplicação do aprendizado
77informa
Maria Celeste Pereira, Diretora Executiva do
Instituto Direito e Cidadania, instituição ligada
ao PDIS, foi uma dessas pessoas. “A multipli-
cação do aprendizado é resultado do compro-
misso com a socialização do saber adquirido.
Nosso entendimento é que o conhecimento
contribui para a formação de uma sociedade
mais justa e democrática”, afirma Maria Ce-
leste, que esteve entre os 18 jovens inseridos
na primeira edição do PDJE e agora comparti-
lha suas experiências.
Ana Paula Conceição, participante da segun-
da turma, reforça essa necessidade. “Não faz
sentido ficarmos com esse conhecimento so-
mente para nós mesmos. Precisamos replicá-
-lo, torná-lo disponível à comunidade”, defende
a ex-aluna do Colégio Estadual Casa Jovem,
atualmente multiplicadora do projeto Círculos
de Leitura, que estimula a leitura e a compre-
ensão de textos, contribuindo para o desenvol-
vimento de novos líderes.
Valéria Nakamura, consultora da Tríade do
Tempo, facilitou a discussão com o tema “Ser Empresário – O Pensamento Estratégico”. “En-
contrei um grupo articulado nas perguntas e
colocações. Fiquei bastante satisfeita com o
andamento das atividades. O importante é o co-
nhecimento que eles levam daqui.” De acordo
com Jeane Oliveira, agricultora e integrante da
Associação Guardiã da Área de Proteção Am-
biental do Pratigi, esse foi o tema mais mar-
cante. “Aqui temos a oportunidade de aperfei-
çoar o que vemos no trabalho e na vida pessoal,
tudo está ligado. Estamos profissionalizando a
informação”, assegura Jeane, que também é
ex-aluna da Casa Familiar Rural de Presidente
Tancredo Neves.
Aproveitar essa troca é o que motiva André a não
faltar a nenhum módulo. “O que mais levo dos pales-
trantes é o exemplo, a experiência. São pessoas que
têm vivência, e nós aproveitamos isso.” Para ele, to-
das as atividades são prioridade. “Busco seguir meu
plano de vida e carreira. Já consegui realizar muitas
coisas. Minha família morava em uma casa de barro,
e, agora, temos uma moradia melhor. No fim do ano,
concluirei a faculdade. As coisas estão acontecendo.
Estou cumprindo meus prazos.”
78 informa
SABERES
Julio Lopes Ramos: reurbanização de uma favela com mais de 1.200 barracos
79informa
Engenharia social
Obstinado e apaixonado
pelo que faz, Julio Lopes
Ramos, há 36 anos na
Odebrecht, acredita que, quando
se trabalha com carinho e deter-
minação, uma luz surge no cami-
nho. Foi o que aconteceu quando
ele recebeu o convite para ser o
Responsável pelo Projeto Curun-
dú, no Panamá. Julio sabia que
não se tratava de um desafio, mas
de uma missão. Era preciso reali-
zar a reurbanização de uma favela
com mais de 1.200 barracos. “En-
genharia de edificação não é ne-
nhum desafio para a Odebrecht, a
dificuldade se encontra na enge-
nharia social”, explica Julio Lopes
Ramos, o entrevistado do Projeto
Saberes desta edição. A seguir,
uma síntese de sua entrevista,
que pode ser conferida na ínte-
gra no site de Odebrecht Informa
(www.odebrechtonline.com.br).
Projeto Curundú“Em novembro de 2009, tive a
grata surpresa de receber um con-
vite do Diretor-Superintendente da
Odebrecht Panamá, André Rabello,
que me delegou a condução de uma
licitação já em andamento: o Proje-
to Curundú.
Quando conheci o projeto, vi
que não era um desafio; era uma
missão.
Trata-se da reurbanização de
uma favela com mais de 1.200
barracos. A área é inundável, e as
águas são negras. Total insalubri-
dade.
Na fase de mobilização de pes-
soal, percebemos que havia dentro
desse ambiente 12 quadrilhas de
jovens bandidos.
Avisei à equipe dirigente e a to-
dos os meus liderados: ‘Vai ser di-
fícil. Esses rapazes nunca tiveram
oportunidade de trabalhar na vida.
Eticamente não sabem o que é
trabalho, não sabem nem o que é
responsabilidade de entrar no ho-
rário. Isso terá que ser explicado e
ensinado, pois eles são rebeldes,
obedecem apenas ao líder de uma
quadrilha e não vão atender a vocês
facilmente’.
Descobrimos que havia três
quadrilhas mais fortes, e, se che-
gássemos a um acordo com esses
três líderes, as outras também nos
apoiariam.
Todos os integrantes da equipe
dirigente e eu fomos conversar com
eles. Olho no olho, cara a cara, para
explicar o projeto e pedir o apoio.
O primeiro com quem conver-
samos foi o líder da quadrilha
MOM, Matar ou Morrer. Ele se
chamava Moisés. Expliquei a ele
que iríamos contratar 800 pesso-
as locais e 200 de fora, que todos
usariam uniforme, inclusive eu,
e também que, quando estivesse
contratando uma pessoa de outro
bairro panamenho, iria trabalhar
com a polícia, que saberia qual é
o passado dessa pessoa.
Então ele disse: ‘Sendo dessa
forma, nós apoiaremos’. Perguntei:
‘E o que você vai querer de nós em
troca desse seu apoio?’ ‘Que você
cumpra com sua palavra.’ ‘Mas que
palavra?’ ‘O senhor disse que irá
contratar os muchachos, eu quero
que eles saiam dessa vida e possam
formar suas famílias com dignidade
e não passem todo esse sacrifício
que eu venho passando.’
Identificamos os que já tinham
uma liderança natural e fizemos
um convênio com o INADEH, que
é o instituto de capacitação equiva-
lente ao Senai no Brasil. Colocamos
um professor exclusivo e começa-
mos a fazer o curso para formar os
primeiros 30 capatazes ou 30 en-
carregados de turma.
Para mim foi uma surpresa, pois
a média de aprovação da turma foi
94%. É assim que a gente vê a ca-
pacidade desses jovens. Só faltava
um estímulo.
Mudança de atitudeNo início, várias senhoras saíam
às ruas de Curundú para reclamar
do projeto. Elas chamavam a im-
prensa e diziam: ‘Eu nunca paguei
por água, luz, ou aluguel e agora o
Governo está aqui querendo me co-
locar em um apartamento onde eu
vou ter que pagar isso tudo’.
Na primeira oportunidade que
tive de reunir todas essas mulhe-
res, eu disse a elas: ‘As senhoras
estão muito enganadas. As se-
Depoimento a Valber Carvalho / Edição de texto: Alice Galeffi
Na Cidade do Panamá, Julio Lopes Ramos lidera um projeto em que “o protagonista é a família”
79informa
80 informa
nhoras pagam muito caro para
viver aqui, pagam com a morte de
algum parente, com a violação de
uma filha, com essas águas ne-
gras, e essas condições totalmen-
te inóspitas nas quais vocês botam
seus filhos para viver. Portanto, as
senhoras nunca mais falem que
nunca pagaram nada’.
Preparei um programa de ação
dividido em três etapas. A primei-
ra era realocar as famílias. A se-
gunda etapa era iniciar o processo
de construção da urbanização e
também oferecer trabalho para
essa comunidade, para que ela
apoiasse e deixasse que a obra
fosse feita. E a terceira etapa se-
ria o regresso das famílias para as
novas unidades habitacionais, de
uma forma preparada para saber
viver em condomínio.
O exemplo de Manoel UrtadoNo andamento do projeto, fo-
mos conhecendo pessoas diferen-
ciadas. Manoel Urtado, por exem-
plo. Ele era um ex-bandido ligado
à quadrilha dos MOM. Havia ficado
muitos anos preso e tinha se tor-
nado pastor.
No início do projeto, Manoel atu-
ava como trabalhador social. Um
dia, entraram vários carros de uma
quadrilha de outro bairro e metra-
lharam vários rapazes, e dois foram
mortos. Um deles era o filho mais
velho de Manoel.
Comprometido com o projeto,
com a Odebrecht, e, principal-
mente, comprometido com Deus,
ele então tomou a decisão mais
nobre que eu já vi na minha vida:
foi a Cabo Verde perdoar o assas-
sino do filho.
Ele via isso como exemplo a ser
seguido pelos outros; queria cortar
esse círculo sangrento de vingança.
Luiz Altamirando, conhecido
como Wacuco, que também foi
um chefe da quadrilha Kriskros,
disse-me: ‘Nunca houve no Pa-
namá uma obra como esta, que
transforma pessoas’.
AprendizadoDesde o início do projeto, eu di-
zia para o ministro: ‘O protagonista
desse projeto é a família. O que nós
estamos realizando é uma enge-
nharia social, porque a engenharia
de edificação não é nenhum desafio
para a Odebrecht’.
Uma grande inspiração para
mim sempre foi o Dr. Norberto, por
tudo que ele tem feito, pela sua hu-
mildade e pela transmissão da sua
filosofia de vida e da Tecnologia
Empresarial Odebrecht para nós.
Mas a minha inspiração mais
forte é a que trago da minha família.
Meu pai era um homem simples,
filho de mestre de obra e de pro-
fessora, e minha mãe também era
professora, filha de um contador.
Minha esposa, Maninha, é aque-
la parceira principal, que está sem-
pre ao meu lado, e, quando tenho
alguma dificuldade, ela vem com
uma solução inteligente.
Sempre tenho comigo uma
orientação que passo aos meus
liderados, principalmente aos
meus parceiros: de que o nosso
cliente não é só aquele que nos
contrata, mas também a comu-
nidade para qual você está pres-
tando esse serviço.
Tudo aquilo que você faz com
amor, com carinho e determinação,
você faz bem feito. Sempre virá uma
luz para iluminá-lo.”
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informa
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 160 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro
reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez
cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto Óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa
cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti
tiragem 5.967 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom
redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 / São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]
Próxima edição:Esportes
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“O empresário deve ser uma pessoa dotada de
saber experimental, que alia conhecimento à prática e faz
acontecer, em vez de, tão somente, desejar
que aconteça”
TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]
Foto
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