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Ocina 9 Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte OFICINAS DE QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SA ÚDE EM BELO HORIZONTE Guia do Gerente de Projeto Tutor/Facilitador Belo Horizonte, 2011 Vigilância em Saúde

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Ocina 9

Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais

Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte

OFICINAS DE QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO

PRIMÁRIA À SAÚDE EM BELO HORIZONTE

Guia do Gerente de Projeto

Tutor/Facilitador

Belo Horizonte, 2011

Vigilância em Saúde

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Minas Gerais. Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais.

M663i Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde / Escolade Saúde Pública do Estado de Minas Gerais. - Belo Horizonte: ESPMG, 2011.Conteúdo: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

88 p

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

1. Atenção Primária à Saúde. 2. Atenção Primária à Saúde, Ocina de Qualicação. I. Escola deSaúde Pública do Estado de Minas Gerais. II. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. III.

Secre

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINASGERAISAv. Augusto de Lima, 2.061 -Barro Preto - BH - MGCEP: 30190-002Unidade Geraldo Campos ValadãoRua Uberaba, 780 - Barro Preto - BH - MG

CEP: 30180-080www.esp.mg.gov.br

Damião Mendonça VieiraDiretor Geral da Escola de Saúde Pública do Estadode Minas Gerais

Fernanda Jorge MacielSuperintendente de EducaçãoMarilene Barros de MeloSuperintendente de Pesquisa

Miguel Angelo Borges de AndradeSuperintendente de Planejamento, Gestão eFinanças

Harrison Nunes MirandaAssessor de Comunicação Social

Audrey Silveira Basta

Assessor Jurídico

Nina de Melo DávelAuditora Setorial

Júlia Selani Rodrigues Silva MeloCoordenadoria de Educação Permanente

Clarice Caslho FigueiredoCoordenadoria de Educação Técnica

Nery Cunha VitalCoordenadoria de Pós-Graduação

Equipe do PDAPS - Coordenadoria de EducaçãoPermanente - SEDU/ESPrMGDinalva Marns IriasElem Fernandez Moa de LimaIvan Rodrigues Machado

Virgínia Rodrigues Braga

Revisão Técnico-Pedagógica:Dinalva Marns IriasDulcinéia Pereira da CostaJuracy Xavier de OliveiraPoliana Cabral de Assis

Harrison Nunes MirandaEditor Responsável

Produção GrácaGráca e Editora Mafali

ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAISRod. Pref. Américo Giane, s/n, Ed. Minas, SerraVerde,Belo Horizonte - MGwww.saude.mg.gov.br

António Jorge de Souza Marques

Secretário de Estado de Saúde de Minas GeraisBreno Henrique Avelar de Pinho SimõesSecretário Adjunto de Estado de Saúde de MinasGerais

Maurício Rodrigues BotelhoSubsecretário de Polícas e Ações de Saúde

Marcílio Dias MagalhãesSuperintendente de Redes de Atenção à Saúde

Marco António Bragança deMatosAssessor de Normalização de Serviços de Saúde

Wagner Fulgêncio EliasSuperintendente de Atenção Priména à Saúde

Rodrigo Marns MachadoGerente Adjunto do Projeto Estruturador Saúde em

Casa

Jorge Luiz VieiraSubsecretário de Inovação e Logísca em Saúde

Crisna Luiza Ramos da FonsecaSuperintendente de Gestão de Pessoas e Educaçãoem Saúde

Aline Branco MacedoDiretoria de Desenvolvimento de Pessoas

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELOHORIZONTEAv. Afonso Pena 2336 Funcionários -BeloHorizonte - MG - CEP:30130-007www.pbh.gov.br

Márcio Araújo de Lacerda

Prefeito de Belo Horizonte

Marcelo Gouvea TeixeiraSecretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte

Susana Maria Moreira RatesSecretário Municipal Adjunta

Maria Luiza TostesGerente de AssistênciaJanete Maria FerreiraGerente do Projeto em Belo Horizonte

ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DA ATENÇÃOPRIMÁRIA À SAÚDEEugênio Vilaça MendesCohsultor da Secretaria de Estado de Saúde

Maria Emi ShimazakiConsultora Técnica

Marco António Bragança de MatosAssessor de Normalização de Serviços de SaúdeFernando António Gomes LelesEmpreendedor Publico

Wagner Fulgêncio EliasSuperintendente de Atenção Primária à Saúde

Luciana Maria de MoraesTécnica da Assessoria de Normalização de Serviçosde Saúde

Marli Nacif Técnica da Gerência de Atenção Primária à Saúde

GRUPO DE ADAPTAÇÃO DAS Ocinas DEQUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDEEM BELO HORIZONTE

Representantes da Secretaria Municipal de Saúde:Adriana Lúcia MeirelesAlexandre MouraAline Mendes Silva Amália Egênia Froes FonsecaAna Maria ResendeAndreia Ramos AlmeidaBárbara Lyrio UrsineBianca Guimarães VelosoCarlos Alberto Tenório CavalcanteCrisane HernandesCrisna Furquim Werneck MoreiraDenise Ribeiro MesquitaEliana Maria de Oliveira SáEliane Maria de Sena SilvaEvandro Magalhães NunesEvely CapdevilleFabiano Geraldo Pimenta JúniorGilvânia Wesn Cosenza

Helen Maria Ramos de Oliveira LopesHeloísa Faria de MendonçaHeloísa Maria MuzziJanete dos Reis CoimbraJaqueline Camilo de Sousa FelícioJosei Karly S. C. MoaLenice Harumi IshitaniLecia de Castro MaiaLorena Guimarães AntoniniLúcia Maria Miana Maos PaixãoLuísa da Maa Machado-FernandesMana Imaculada Campos DrumondMana Terezinha GariglioMara Machado Guimarães CorradiMaria Eliza V. SilvaMaria Tereza da Costa OliveiraMax André dos SantosNeusa Maria MedeirosNeuslene Rivers QueirozNomária César de Macedo

 Paula Nair Luchesi SantosPaulo César Nogueira Paulo Roberto lopes CorreiaRomana MarinhoRosa Marluce Gois de AndradeRúbia Márcia Xavier de LimaSandra Alice Pinto Coelho MarquesSandra Crisna Paulucci Seram Barbosa dos Santos FilhoSilvana Tecles BrandãoSimone Passos de Castro e SantosVanessa AlmeidaZeina Soares Moulin

Representantes da Secretaria de Estado de Saúdede Minas GeraisConceição Aparecida GonçalvesLuciana Maria de Moraes

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

3

1) COMPETÊNCIAS................................................................................................................5

2) OBJETIVOS ....................................................................................................................... 5

3) ESTRATÉGIAS E ATIVIDADES ............................................................................................. 5

4) ESTRUTURA GERAL E PROGRAMAÇÃO ............................................................................ 6

1º Dia

Avidade I. Introdução e Resgate das Ocinas Anteriores ................................................................7

Avidade II. Apresentação das Experiências e Prácas Relacionadas às Ocinas da Atenção Primária

à Saúde ..............................................................................................................................................7

Avidade III. Dinâmica Inicial Sobre Vigilância em Saúde .................................................................8

Avidade IV. Reexão Sobre os Conteúdos já Abordados nas Ocinas Anteriores e a Vigilância em

Saúde ................................................................................................................................................8

Avidade V. Alinhamento Conceitual do Tema Vigilância em Saúde ..............................................12

Avidade VI. O Passado, o Codiano e o Futuro da Vigilância em Saúde ......................................19

2º Dia

Avidade VII. O Codiano da Vigilância em Saúde nos Centros de Saúde ......................................20

Avidade VIII. Síntese da Ocina de Vigilância em Saúde ...............................................................31

Avidade IX. O Plano de Trabalho do Período de Dispersão ...........................................................31

Avidade X. Avaliação da Ocina de Vigilância em Saúde ..............................................................32

Avidade XI. Encerramento do 1º Ciclo das Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em

Belo Horizonte .................................................................................................................................35

SUMÁRIO

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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1. COMPETÊNCIAS

Após essa ocina espera-se que os parcipantes tenham desenvolvido

capacidade para:

Compreender o conceito de vigilância em saúde e a sua inserção

na práca da atenção primária, reconhecendo a responsabilidade

sanitária como princípio maior da atuação da equipe de saúde;

Reconhecer o território de saúde como o local de ação das

equipes buscando a idencação de situações de risco, tomada

de decisões e programação das ações de prevenção e promoção

da saúde da comunidade que ali reside.

2. OBJETIVOS

Incorporar o olhar de vigilância em saúde na práca diária do

trabalho local;

Possibilitar reexão entre os parcipantes sobre o conceito e os

fundamentos da vigilância em saúde;

Contextualizar a vigilância em saúde no Brasil e nos territórios de

saúde do município de Belo Horizonte; Contribuir na sistemazação do processo de trabalho local com

vistas à vigilância em saúde e a responsabilização pela população

adscrita*.

3. ESTRATÉGIAS E ATIVIDADES

Para realização desta Ocina ulizará a metodologia parcipava. O

módulo se inicia com dinâmicas para sensibilização do grupo seguida poruma avidade de construção coleva do conceito de vigilância em saúde.

Estratégias como discussão de caso, apresentação parcipava, leitura

de texto serão ulizadas para consolidar este conceito e subsidiar os

prossionais nas avidades a serem realizadas no período de dispersão.

A Ocina tem carga horária total de 16 horas, distribuída em dois dias.

 ________________________

* Entende-se por população adscrita como um número denido de famílias, localizadas em uma áreageográca delimitada (microárea), pela quais a ESF é responsável.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

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4. ESTRUTURA GERAL E PROGRAMAÇÃO

PRIMEIRO DIA

Horário Avidade Metodologia

8h às 8h30Avidade I – Introdução e resgate das ocinasanteriores

Apresentação noauditório

8h30 às 9h30Avidade II – Apresentação das experiências eprácas relacionadas às ocinas da atenção primáriaà saúde

Apresentação noauditório

9h30 às 9h45Avidade III – Dinâmica inicial sobre vigilância emsaúde

Apresentação noauditório

9h45 às 10h15 Intervalo

10h15 às 12hAvidade IV – Reexão sobre os conteúdos jáabordados nas ocinas anteriores e a vigilância emsaúde

Avidade em grupo

12h às 13h30 Almoço

13h30 às 15hAvidade V – Alinhamento conceitual do temaVigilância em Saúde

Avidade em grupo

15h às 15h30 Intervalo

15h30 às 17hAvidade VI – O passado, o codiano e o futuro davigilância em saúde

Exposição dialogada noauditório

SEGUNDO DIAHorário Avidade Metodologia

8h às 10hAvidade VII – O codiano da vigilância em saúde nosCentros de Saúde

Avidade em grupo

10h às 10h30 Intervalo

10h30 às 11h30Avidade VII – O codiano da vigilância em saúde nosCS (connuação)

Avidade em grupo

11h30 às 12h

Avidade VIII – Síntese da ocina de vigilância em

saúde Avidade em grupo

12h às 13h30 Almoço

13h30 às 15h15Avidade IX– O plano de trabalho para o período dedispersão

Avidade em grupopor Distrito

15h15 às 15h30Avidade X - Avaliação da ocina de vigilância emsaúde

Avidade em grupo

15h30 às 16h30Avidade XI - Encerramento do 1º Ciclo das Ocinasde Qualicação da Atenção Primária a Saúde em BeloHorizonte

Apresentação noauditório

16h30 Confraternização

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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1° DIA

ATIVIDADE I: INTRODUÇÃO E RESGATE DASOFICINAS ANTERIORES

Tempo esmado: 30 minutos

Objevo

Abertura dos trabalhos e apresentação da estrutura geral da

Ocina 9.

Desenvolvimento

Apresentar uma síntese do percurso metodológico das ocinas em

Belo Horizonte, retomando a proposta do modelo das condições

crônicas e nele situando a linha conceitual da Ocina 9;

Apresentar a estrutura geral da Ocina de Vigilância em Saúde,

destacando os pontos principais e regras de convivência.

ATIVIDADE II – APRESENTAÇÃO DASEXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS RELACIONADASÀS OFICINAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA ÀSAÚDE

Tempo esmado: 1 hora

Objevo

Apresentar experiências relacionadas às Ocinas de Qualicação

da APS.

Desenvolvimento

Solicitar aos representantes de Centros de Saúde que apresentem

aos parcipantes da ocina um relato das experiências locais,

demonstrando como a equipe tem se apropriado destas Ocinas

no codiano dos Centros de Saúde.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

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ATIVIDADE III – DINÂMICA INICIAL SOBREVIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo esmado: 15 minutos

Objevo

Introduzir o tema “Vigilância em Saúde” através de uma dinâmica.

Desenvolvimento

Conduzir uma dinâmica sobre o tema para todos os parcipantes

da Ocina.

ATIVIDADE IV: REFLEXÃO SOBRE OSCONTEÚDOS JÁ ABORDADOS NAS OFICINASANTERIORES E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE 

Tempo esmado: 1 hora e 45 minutos

Objevos

Conhecer as expectavas dos parcipantes em relação à Ocina 9,

recuperando as experiências apresentadas no auditório;

Reer sobre os processos ocorridos nas ocinas anteriores e sua

relação com a Vigilância em Saúde.

Desenvolvimento

Dar boas vindas aos parcipantes, idencando como os

parcipantes perceberam as avidades realizadas no auditório;

Apresentar a avidade, destacando sua duração e fases que a

compõe;

Dividir os parcipantes em pequenos grupos e conduzir uma

reexão avaliava;

  Os principais pontos para reexão são:

  1) Quais são as expectavas em relação à Ocina de Vigilância em

Saúde?

2) Como os temas das Ocinas de Qualicação se relacionam com

o tema Vigilância em Saúde?

Recuperar junto aos parcipantes os principais conceitos discudos

ao longo do 1º Ciclo das Ocinas e como eles se relacionam com o

tema Vigilância em Saúde;

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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A seguir conduzir a leitura do Texto 1: “Algumas considerações a

respeito da Ocina de Vigilância em Saúde”;

Sistemazar a avidade com a turma, recuperando os conceitos

mais importantes.

TEXTO 1

Algumas considerações a respeito da ocina deVigilância em Saúde1

Estamos chegando ao nal do 1º Ciclo das Ocinas de Qualicação da

Atenção Primária, iniciado em outubro de 2009. Neste período, realizamos

oito ocinas temácas e com esta de Vigilância em Saúde, chegaremos a

nove Ocinas.

Esta ocina é como se fosse uma síntese de todas as outras, pois o

conceito de vigilância em saúde é amplo e inclusivo e, portanto, contempla

pracamente tudo o que foi discudo e implementado até agora.

Para falar da importância desta ocina e de sua relação com as outras,

vamos parr do senso comum. A palavra vigilância nos remete a vigiar,

no sendo de tomar conta. Uma mãe, quando toma conta de seu lho,

não quer dizer que ca “em cima” da criança todo o tempo. Até porque

ela, provavelmente, não teria tempo para isto. Normalmente, ela está

cuidando da casa, de seus afazeres doméscos e de “olho” na criança.

Mesmo que a criança não esteja sob sua vista, a mãe está atenta, com

todos os seus sendos voltados para sua tarefa diária e para o lho, atenta

ao menor ruído e até mesmo à falta deles. Sabe aquela estória que a mãe

diz? “Este menino está quieto demais, acho melhor ir ver o que ele está

aprontando”. Portanto, podemos falar de uma atude vigilante, pronta

para intervir, caso aconteça qualquer coisa com a criança e, mesmo que

não tenha acontecido ainda, a mãe deve estar atenta aos possíveis riscos

a que ela esteja exposta.

No caso da APS, quem é a “criança” a ser vigiada? É o território da área de

abrangência do Centro de Saúde e a população que vive ali. Esta práca,

denominada Vigilância em Saúde, tem o propósito de tentar integraro conjunto de ações de saúde, desde a reabilitação até à promoção da

saúde, passando pela recuperação e prevenção. Portanto, como dissemos,

engloba tudo o que a equipe faz e/ou deveria fazer. Como se pode ver, isto

é um grande desao.

A vigilância é uma tentava de se operar dois grandes princípios do SUS:

a integralidade e a responsabilidade sanitária.

1 Texto elaborado por Max André dos Santos e Rosa Marluce Gois de Andrade, integrantesdo Grupo de Condução das Ofcinas de Qualifcação da Atenção Primária à Saúde em BeloHorizonte.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

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Quando o Sistema de Saúde foi organizado em regiões e territórios de

saúde, como é o caso dos Distritos Sanitários, das áreas de abrangência

dos Centros de Saúde, das áreas de atuação das ESF e das microáreas

de trabalho dos ACS e ACE, pretendeu-se, dentre outras coisas, a

implementação destes dois princípios. É como se o SUS dissesse paraas equipes de saúde: “toma que o lho é teu”, ou melhor, “toma que

o lho é nosso”. A equipe de saúde, atuando no território sob a sua

responsabilidade, deve procurar ter um cuidado integral sobre a saúde da

população ali adscrita, envolvendo, como foi dito, as ações de promoção,

prevenção, recuperação e reabilitação dos indivíduos, das famílias e

da população, nas suas dimensões individuais e colevas, envolvendo

aspectos biológicos, emocionais, mentais e sociais.

A pergunta que ca é: isto é possível?

Voltando ao caso da mãe, se tem muitos lhos, não podemos exigir que

ela dê conta de vigiar 100%, todos os lhos, o tempo todo. Para a ESF éa mesma coisa: ela tem sob sua responsabilidade muitas atribuições e,

provavelmente, não dará conta de todas elas, 100%, todo o tempo. A

questão é: o que e quanto o Centro de Saúde está dando conta de vigiar?

Pode-se perguntar também o que é prioridade a ser vigiado. Após esta

Ocina, estas perguntas deverão ser alvo de preocupação das equipes de

saúde.

Mas, como se faz vigilância em saúde? Como já foi dito, vigilância é um

conceito que engloba, pracamente, tudo o que falamos nas ocinas

realizadas. Portanto, para se fazer vigilância, há que ser revisto tudo o que

foi discudo anteriormente. Vejamos.

Na primeira ocina, em que avaliamos a APS em BH, foram considerados

seis atributos (incluindo a integralidade da atenção) e que a APS tem três

funções principais, dentre elas, a responsabilização. Lembram?

Na segunda ocina sobre Redes de Atenção à Saúde, foi apresentado o

modelo de atenção às condições crônicas, representado pelo esquema

abaixo. Este esquema contém todas as ações que dissemos fazer parte da

vigilância (reabilitação, recuperação, prevenção e promoção) e que foram

trabalhadas nas ocinas anteriores.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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O MODELO DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕESCRÔNICAS PARA O SUS

Na ocina 3, sobre Diagnósco e Territorialização, foram idencadas as

situações de risco no território. Falou-se da importância de se conhecer

bem a população e da estracação da área por situação de risco. Assim, as

famílias foram estracadas por vulnerabilidade social e sanitária e foram

levantados os indicadores das condições de saúde daquela população por

ciclo de vida. Pois bem, isto é a base necessária para se trabalhar com

vigilância em saúde. Pode-se dizer que o “terreno” foi sendo preparado.

Nas ocinas 5 e 6, foi discuda e elaborada a programação necessária paraacompanhar as pessoas da área de abrangência que apresentam alguma

condição crônica ou situação de risco. Esta etapa é fundamental para se

fazer a vigilância dos agravos e dos riscos.

Na ocina 7, trabalhamos com a abordagem das famílias, seus problemas,

seu entorno e com quais recursos da comunidade elas podem contar. O

olhar da equipe de saúde vem sendo ampliado, no sendo de se fazer

vigilância sobre as famílias e não somente sobre os indivíduos.

Na ocina 8, sobre promoção à saúde, trabalhamos a intervenção sobre

os determinantes sociais, que afetam a população como um todo. Esta é

a vigilância mais ampla.

Você pode estar se perguntando: e a ocina 4, não tem relação com a

vigilância? Nesta ocina, tratamos da demanda espontânea abordando,

principalmente, as condições agudas. Nela foi dito que estas condições

podem ser apenas eventos agudos, mas que, em algumas vezes, é uma

condição crônica agudizada. Podemos pensar que, se há um grande

número de casos agudizados de uma determinada condição crônica

que está sendo vigiada ou acompanhada pela equipe - como é o caso

da hipertensão - pode-se pensar que a vigilância sobre este agravo está

falhando, não é mesmo?

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

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Como você pode ver, tudo o que foi trabalhado anteriormente está

relacionado com a ideia de vigilância em saúde. Isto será um facilitador,

pois, nesta Ocina não haverá trabalho a mais, e sim a conceituação e a

sistemazação de tudo aquilo que está sendo feito. Assim, será como o

fechamento e o coroamento do nosso 1º Ciclo das Ocinas de Qualicaçãoda APS.

Boa ocina para todos e mãos à obra!

ATIVIDADE V: ALINHAMENTOCONCEITUAL DO TEMA VIGILÂNCIAEM SAÚDE

Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

Objevo

Realizar alinhamento conceitual do tema Vigilância em Saúde.

 Desenvolvimento

• Apresentar a avidade, destacando sua duração e fases que a

compõe;

• Dividir a turma em pequenos grupos;

• Cada grupo deve eleger um coordenador e um relator;

• Orientar para a leitura do TEXTO 2:   “Vigilância em Saúde –

Principais conceitos”,

• O grupo deverá procurar abordar as seguintes questões:

• O que você entende por vigilância em saúde?

• Qual a importância da vigilância em saúde no codiano das

equipes de saúde?

• Atualmente, como as equipes realizam a vigilância em saúde?

• Cada relator apresentará as conclusões de seu grupo e a seguir

o tutor/ facilitador conduzirá uma discussão com toda a turma

destacando os pontos em comum e as divergências de cada grupo.

• Após a leitura do texto, sintezar a avidade com a turma,

alinhando os conceitos mais importantes.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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TEXTO 2

VIGILÂNCIA EM SAÚDE – PRINCIPAIS CONCEITOS2

Como foi dito anteriormente, a vigilância em saúde engloba, pracamente,

tudo o que falamos nas Ocinas de Qualicação da Atenção Primária.

Como podemos denir vigilância em saúde? A vigilância em saúde pode

ser denida como uma práca sanitária num determinado território e sua

população, com o propósito de idencar agravos, riscos e determinantes

e fazer intervenções, no sendo de proteger, prevenir e promover a saúde

desta população.

A práca da vigilância em saúde se dá em diferentes espaços. Portanto,há vigilância em saúde no nível do País; no nível dos estados; no nível dos

municípios, estes responsáveis pela Atenção Primária em Saúde (APS).

A Atenção Primária em Saúde (APS), porta de entrada preferencial do

usuário do SUS e coordenadora do cuidado, caracteriza-se por um conjunto

de ações no âmbito individual e colevo, que abrange a promoção e

proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnósco, o tratamento,

a reabilitação e visa à manutenção da vida. Por isso, a APS precisa ser

desenvolvida por equipes mulprossionais e de maneira integrada. Ou

seja, a práca da APS é a da vigilância em saúde.

Inserida na APS, a Saúde da Família é a estratégia para organização daatenção primária no SUS-BH. A ESF propõe a reorganização das prácas de

saúde adequando os serviços à realidade da população em cada unidade

territorial, denida em função de caracteríscas sociais, epidemiológicas

e sanitárias.

Dessa forma, a expansão da cobertura da estratégia Saúde da Família vem

contribuindo para o aumento da oferta de procedimentos individuais e

de ações educavas para determinados grupos populacionais, como o de

crianças, mulheres, adolescentes e idosos.

As ações de vigilância em saúde se inserem no codiano das equipes de

Atenção Primária/Saúde da Família, integrando os processos de trabalho,planejamento, programação, monitoramento e avaliação em território

único de atuação.

2Texto elaborado pela equipe da Gerência de Vigilância em Saúde e Informação (GVSI) da Secretaria

Municipal de Saúde, sob a coordenação de Maria Tereza da Costa Oliveira e apoio de Gilvânia WesnCosenza.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

14

1. Princípios da vigilância em saúde

A vigilância em saúde tem os seguintes princípios:

a) Integralidade das ações

A vigilância em saúde busca a concrezação de um dos princípios mais

caros ao SUS: a integralidade. A ideia da integralidade diz respeito ao

olhar da equipe para o seu território, que deve ser integral, ou seja,

considerando os indivíduos, as famílias e a população, em todas as suas

dimensões sica, mental e social. Este olhar integral e integrado busca os

agravos, os riscos e os determinantes de saúde. Por outro lado, a resposta

dada à situação de saúde também deve ser integral. Desta maneira, para

o pleno desenvolvimento da vigilância em saúde é importante considerar

tanto as ações de promoção à saúde como de prevenção, tratamento, cura

e reabilitação, que deve ser realizadas de maneira intersetorial e seguidas

de monitoramento e avaliação connua.b) Responsabilidade sanitária

Quando falamos em vigilância em saúde, subentende-se assumir a

“responsabilidade sanitária” sobre um território, que deve ser de todos

os membros das equipes de saúde que são assim corresponsáveis. Esta

corresponsabilidade quer dizer que, mesmo que aparentemente esteja

fora da alçada de um membro da equipe dar a resposta imediata, ele pode

perceber a situação e deve agir proavamente para que o indivíduo, a

família e/ou a comunidade, sejam devidamente referenciados e acolhidos,

propiciando assim que venham a receber a atenção adequada.

Entende-se, assim, por responsabilidade sanitária a postura pró-ava doprossional de saúde na busca pela integralidade da atenção à saúde de

uma população em seu território de atuação. Inclui a solidariedade - acolher

também aqueles que vivem fora de seu território, mas que estejam, por

qualquer razão, ulizando ou necessitando ulizar momentaneamente

os equipamentos de saúde daquele território. Este acolhimento pode

resultar em referir para seu território de origem, quando pernente, ou

dar uma primeira resposta e referir para o devido seguimento.

2. Diretrizes da vigilância em saúde

Para colocar em práca os princípios da vigilância em saúde deve-se levar

em conta as seguintes diretrizes organizacionais:

a) A territorialização

O território é a base para desenvolver a vigilância em saúde. É entendido

como o espaço onde vivem grupos sociais, suas relações e condições de

subsistência, de trabalho, de renda, de habitação, de acesso à educação

e o seu saber preexistente, como parte integrante do meio ambiente,

possuidor de cultura, de concepções sobre saúde e doença, de família,

de sociedade, entre outros. O indivíduo é o objevo nal da vigilância

em saúde e deve ser considerado como parte de uma família, de uma

comunidade, de um sistema social e do ambiente em que vive.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

15

b) Análise da situação de saúde

A vigilância em saúde tem como o condutor a análise connua da situação

de saúde, com foco no indivíduo, na família e na comunidade, e pressupõe

a ulização de todas as ferramentas disponíveis para a avaliação desta

situação e para a proposição de medidas de proteção e promoção à saúde,

buscando a integralidade no cuidado.

A análise da situação de saúde desenvolve ações de monitoramento

connuo do território, por meio de estudos e análises que revelem

o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando

questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais

abrangente.

Para Langmuir (1976) a “vigilância é a observação connua da distribuição

e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemáca,

consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade,

assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas

informações a todos os que necessitam conhecê-la”. Análises de situação

de saúde, por meio do acompanhamento de indicadores de saúde, por

exemplo, permitem elaborar, implantar e avaliar polícas de saúde no

município.

c) Intervenção sobre riscos à saúde e/ou determinantes, danos

Esta diretriz pressupõe que os prossionais de saúde devem direcionar

seu trabalho para a idencação e intervenção nos riscos sanitários que

ameacem a saúde da população de seu território de atuação, assim como

dar a atenção necessária aos danos já existentes, na perspecva de atuarsobre determinantes das condições de saúde.3 

Isso implica, como foi abordado na Ocina de Promoção da Saúde, em

envolver a população na idencação, explicação e compreensão de suas

necessidades em saúde, de modo a subsidiar prácas polícas, sociais e

culturais que tenham como objevo o atendimento dessas necessidades.

3. Componentes da vigilância em saúde

a) Vigilância epidemiológica

Segundo a Lei 8080, entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto

de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevençãode qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de

saúde individual ou coleva, com a nalidade de recomendar e adotar as

medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

Inclui tanto a vigilância e controle das doenças transmissíveis, como não

transmissíveis e agravos.

3Riscos sanitários podem ser entendidos como os “perigos” que podem ameaçar a saúde no dia-a-dia,quando é consumido um produto ou quando se uliza um determinado serviço. Exemplos: instrumentosinfectados num salão de beleza ou num consultório dentário, alimentos fora do prazo de validade ou que

não tenham os componentes indicados nos rótulos, ambiente de trabalho com alto nível de fumaça etc. 

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A vigilância epidemiológica foi incrementada no País, a parr da

necessidade de dar resposta às epidemias de doenças transmissíveis.

Entretanto, algumas doenças transmissíveis se encontram em franco

declínio, com reduções dráscas de incidência, porque na atualidade, para

um grande número delas, existem instrumentos ecazes de prevençãoe controle, como o Programa Nacional de Imunizações. Vale ressaltar a

erradicação mundial da varíola e da poliomielite na região das Américas; e

a proposta de erradicação do sarampo e da rubéola com vistas na síndrome

da rubéola congênita. O programa tem avançado ano a ano, incorporando

novas vacinas, como a anpneumocócica 10 valente e anmeningocócica

C para os menores de dois anos.

Porém, algumas dessas doenças transmissíveis apresentam quadro

de persistência, sendo imperavo maior integração entre as áreas de

prevenção e controle à rede assistencial, para a sua efeva redução.

Para conseguir interromper a cadeia de transmissão faz-se necessário

diagnósco e tratamento oportuno dessas doenças. Grande parte dasações encontra-se no âmbito da atenção primária/saúde da família.

O controle de zoonoses é uma avidade que integra a vigilância em saúde.

Trabalha com as doenças comuns entre os homens e animais e que se

transmitem sob condições naturais, incluindo as doenças reemergentes

como a dengue e a leishmaniose visceral.

Inclui também o controle dos agravos por animais peçonhentos, controle

de roedores e a guarda responsável dos animais. Estas avidades estão

intrinsecamente ligadas ao ambiente, ou seja, ao território das áreas de

abrangência, e sua efevidade depende da integração com a atenção

primária e todos os outros componentes da vigilância em saúde.

Quanto à vigilância de condições não transmissíveis, profundas mudanças

vêm ocorrendo nos pers epidemiológicos e demográcos ao longo das

úlmas décadas. As doenças e agravos não transmissíveis passaram a

liderar como causas de morbimortalidade e o escopo de ação da vigilância

epidemiológica foi ampliado para incorporá-las. Para a adequada atuação

frente a essas “novas epidemias” de doenças crônicas não transmissíveis

(como a hipertensão, o diabetes, por exemplo, e, também, acidentes e

violências) é necessário invesr em vigilância, prevenção, promoção da

saúde e defesa da vida saudável. Deve-se ressaltar, como foi visto nas

ocinas anteriores, que as doenças e agravos não transmissíveis são deeologia mulfatorial e comparlham vários fatores de riscos modicáveis

como o tabagismo, a inavidade sica, a alimentação inadequada, a

obesidade, a dislipidemia e o álcool.

Nesse mesmo contexto, as violências (domésca e urbana) e os acidentes

de trânsito passam a ser considerados importantes para a saúde pública

dos residentes no município.

 b) Vigilância sanitária

A vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou

prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentesdo meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação

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de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I - o controle de bens

de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde,

compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo;

e II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou

indiretamente com a saúde.

Atua controlando todas as etapas e processos das avidades direta ou

indiretamente relacionados à saúde como alimentos, medicamentos,

saneantes, cosmécos, aparelhos e instrumentos de uso médico e

odontológico, serviços de assistência e interesse à saúde; estabelecendo

normas e regulamentos; concedendo ou cancelando registro de produtos

e autorizações de funcionamento de empresas; scalizando, atuando

em portos, aeroportos e fronteiras; monitorando propaganda, preço de

medicamento, qualidade de produtos e serviços; e atendendo denúncias

do cidadão.

c) Vigilância da saúde do trabalhador

A vigilância da saúde do trabalhador visa à promoção da saúde e à redução

da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da integração

de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes decorrentes

dos modelos de desenvolvimento e processo produvos, com a nalidade

de planejar, executar e avaliar seus aspectos epidemiológico, tecnológico,

organizacional e social.

d) Vigilância em saúde ambiental

A vigilância em saúde ambiental pode ser denida como um conjunto

de ações que propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nosfatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem

na saúde humana, com a nalidade de idencar as medidas de prevenção

e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a

outros agravos à saúde. A vigilância em saúde ambiental  centra-se nos

fatores não biológicos do meio ambiente que possam promover riscos à

saúde humana: água para consumo humano, ar, solo, desastres naturais,

substâncias químicas, acidentes com produtos perigosos, fatores sicos e

ambiente de trabalho.

Todas essas “vigilâncias” podem se encontrar no olhar detalhado de uma

equipe para o seu território e sua população de determinada área de

abrangência. Quando as equipes de saúde idencam os riscos, danos edeterminantes no território e conduzem uma análise connua da situação,

com foco no indivíduo, na família e na comunidade, integram o conjunto

de todas as ações de saúde. Ou seja, alcançam a tão preciosa e necessária

“integralidade do cuidado”.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Políca Nacional de Atenção Básica. Portaria

GM 648/2006.

Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições

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para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

Diário Ocial da União, Poder Execuvo, Brasília, DF, 20 set. 1990.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual

de Gestão da Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de

Vigilância em Saúde. – Brasília DF: Ministério da Saúde, 2009. 80 p. (Série

A. Normas e Manuais Técnicos).

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento

de Atenção Básica. Vigilância em Saúde: Dengue, Esquistossomose,

Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. 2ª edição revisada. Brasília

DF: Ministério da Saúde, 2008. 196 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos.

Cadernos de Atenção Básica – no 21).

Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde.

Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria deAtenção à Saúde. Brasília DF: Ministério da Saúde, 2010.108 p. (Série F.

Comunicação e Educação em Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 13).

Brasil. Ministério da Saúde. Políca Nacional de Promoção da Saúde. 

Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de

Atenção à Saúde. 3ª edição. Brasília DF: Ministério da Saúde, 2010. (Série

B. Textos Básicos de Saúde; Série Pactos pela Saúde 2006, v. 7).

Campos CEA. O desao da integralidade segundo as perspecvas da

vigilância da saúde e da saúde da família. Ciência & Saúde Coleva 2003;

8 (2): 569-584.

Oliveira CM, Casanova AO. Vigilância da saúde no espaço de prácas daatenção básica. Ciência & Saúde Coleva 2009; 14 (3): 929-936.

Teixeira, Carmen F., Pinto, Lorene L, Vilasbôas, Ana Luiza. O processo

de trabalho da vigilância em saúde.  Rio de Janeiro: FIOCRUZ/EPSJV/

PROFORMAR, 2004.60 p. (Série: Material didáco do Programa de

Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde; 5).

Teixeira, Carmen F., Solla, Jorge P. Modelo de atenção à saúde: promoção,

vigilância e saúde da família. Salvador: EDUFBA, 2006. 237 p.

Teixeira CF, Paim JS, Vilasbôas AL. SUS, modelos assistenciais e vigilância

da saúde. Informe Epidemiológico do SUS 1998; (2): 7-28.

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integralidade da atenção à saúde no SUS.  Revista Brasileira de Saúde da

Família 2004, 5(7): p.10-23.

Vilasbôas ALQ, Teixeira CF. Saúde da Família e Vigilância em Saúde: Em

busca da Integração das Prácas.  Revista Brasileira Saúde da Família

2007; (16): 63-67.

Vilasbôas, Ana Luiza. Planejamento e programação das ações de vigilância

em saúde no nível local do Sistema Único de Saúde.  Rio de Janeiro:

FIOCRUZ/EPSJV/PROFORMAR, 2004.68 p. (Série: Material didáco doPrograma de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde).

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ATIVIDADE VI: O PASSADO, O COTIDIANOE O FUTURO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

Objevo

• Reer sobre “o passado, o codiano e o futuro da vigilância em

saúde.

Desenvolvimento

• Exposição dialogada no auditório com todos os parcipantes da

Ocina;

• A apresentação contará com convidados que abordarão os temas

relacionados à vigilância em saúde, destacando experiênciasimportantes;

• Após as apresentações, serão reservados 30 a 40 minutos para

discussão com os parcipantes.

2° DIA

ATIVIDADE VII: O COTIDIANO DAVIGILÂNCIA EM SAÚDE NOS CENTROS DESAÚDE

Tempo esmado: 3 horas

Objevo

• Reconhecer e discur a vigilância em saúde no codiano das

equipes de saúde.

Desenvolvimento• Apresentar a avidade, destacando sua duração e fases que a

compõe;

• Dividir a turma em pequenos grupos;

• Cada grupo deve eleger um coordenador e um relator;

• Realizar a leitura do Estudo de Caso: “O Codiano da Vigilância

em Saúde no CS Recanto das Borboletas”;

• O grupo deverá abordar e responder as questões que aparecem

durante o Estudo de Caso;

• Cada relator apresentará as conclusões de seu grupo e, a seguir, o

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facilitador conduzirá uma discussão com toda a turma destacando

os pontos em comum e as divergências de cada grupo;

Sintezar a avidade com a turma, alinhando os conceitos mais

importantes.

ESTUDO DE CASO

O COTIDIANO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO CSRECANTO DAS BORBOLETAS4

Com já vimos na Ocina 6: A agenda das equipes de saúde e os Contratos

Internos de Gestão, o Centro de Saúde Recanto das Borboletas possui

na sua área de abrangência população cadastrada de 15.269 pessoas,

segundo o Censo BH Social.

Esse CS está localizado no Bairro Moinhos em área de baixo, médio e

elevado risco. São quatro equipes de saúde da família (ESF), duas de saúde

bucal e uma de saúde mental incompleta; três prossionais médicos de

apoio (clínico, pediatra, ginecologista); quatro auxiliares de enfermagem

de apoio; uma equipe de zoonoses; e apoios administravos.

O gerente do CS Recanto das Borboletas, João Antônio, vem trabalhando

com os indicadores e dados epidemiológicos da sua área de abrangência

com a ajuda da GEREPI (Gerência de Epidemiologia, Informação e Regulação)

do seu Distrito. Nos úlmos meses, a equipe do CS esteve envolvida com

o movimento de contratualização e adesão ao PMAQ (Programa Nacional

de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica) e já acontecem

reuniões mensais de supervisão do gerente com cada uma de suas equipes.

Em cada uma das reuniões, o João Antônio tem discudo a necessidade

das equipes se apropriarem dos seus dados e a importância de se olhar

para os problemas de saúde do território, analisá-los e propor ações para

evitar possíveis danos e melhorar a assistência à população.

Nesse sendo, a ESF 2 tem feito um caminho muito interessante. De acordo

com o cadastro atualizado dos seus agentes comunitários de saúde, em

 julho de 2010, a ESF 2 possuía população de 3.827 pessoas. Deste total,

2.157 são adultos, na faixa etária de 20 a 59 anos.

A ESF 2 já sabe que a sua área é caracterizada por desigualdade

socioeconômica e por vários problemas de saúde. Sabe também, que não

pode resolvê-los ao mesmo tempo. Portanto, a ESF 2 precisa exercitar o

raciocínio de “olhar para o território” e ser vigilante para idencar os

principais problemas, explicando-os, analisando suas causas principais e

estabelecendo um plano de ação para melhorar os resultados.

Na úlma reunião com essa equipe, o gerente João Antônio discuu com a ESF

2 alguns indicadores do CS Recanto das Borboletas, no período de 2008 a 2010.

4Elaborado pelo Grupo de Condução das Ocinas da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte

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Tabela 1: Indicadores do CS Recanto das Borboletas 2008-2010

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde

* Parâmetro de 8,8% conforme Bullen of the World Health Organizaon 2010;88:31-38. doi: 10.2471/BLT.08.062554.

O gerente e a ESF 2 zeram uma boa discussão e concluíram que alguns resultados vêm melhorando

a cada ano, mas que alguns ainda estão bem distantes do desejado. Concluíram também que, se

a ESF 2 vesse incorporado na sua práca codiana um raciocínio de vigilância em saúde, algunsdesses indicadores poderiam revelar outros resultados.

1- Primeiro Passo: IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS E DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES

A parr dos indicadores apresentados, elejam na opinião de vocês, dois problemas principais.

Jusquem a escolha e a ordem de prioridade.

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A ESF 2 do Centro de Saúde Recanto das Borboletas elegeu como problema prioritário a questão da

tuberculose (TB), expressa pela alta taxa de incidência na área de abrangência do CS: 66/100.000

hab. (Em 2010, a Taxa de Incidência de TB no Brasil foi de cerca de 40 casos por 100.000 hab e em

Belo Horizonte 29,8 casos por 100.000 hab).

Eles avaliaram que a TB é um problema importante, ainda não tão valorizado no codiano das

equipes e trata-se da abordagem de uma condição crônica. Na área deles, a vigilância da TB pode

conduzir a discussões importantes como abordagem dos indivíduos vivendo com o HIV, aqueles

com transtorno mental e dos casos de alcoolismo e uso de outras drogas. A ACS Amanda observa:

tomar conta dos casos de tuberculose é tão dicil que, se vigiarmos bem essas pessoas, seremos

capazes de vigiar qualquer outro problema!

2- Segundo Passo: A EXPLICAÇÃO DO PROBLEMA

Na opinião de vocês, quais movos poderiam explicar a alta taxa de incidência de tuberculose

vericada na área de abrangência do Centro de Saúde?

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Em reunião, a ESF 2 do Centro de Saúde Recanto das Borboletas levantou alguns pontos que

poderiam explicar o problema:

• A área de abrangência do CS é de alta vulnerabilidade social (aglomerados, residências

precárias e sem venlação, baixos níveis de educação, baixa renda e alto índice de

desemprego);

• Alta taxa de alcoolismo e outras drogadições;

• Captação baixa e tardia dos casos pelo CS e alta taxa de abandono do tratamento, o que

pode levar ao aumento do período de transmissão da doença na comunidade.

A parr dos pontos levantados, a ESF 2 achou necessário conhecer melhor os indicadores

epidemiológicos da tuberculose em sua área de abrangência.

Na reunião do mês seguinte, a equipe apresentou os seguintes dados do ano de 2010 para o CS

Recanto das Borboletas: 12 casos de TB na área de abrangência, dos quais apenas 42% foram

captados pela própria Unidade. Cinco pacientes abandonaram o tratamento (42%) e sete veram

alta por cura (58%).  Disseram ainda que, dos 12 casos, oito residem em área de muito elevado

risco, com condições precárias de moradia e três são alcoólatras.

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A ACS Amanda, falou em nome da Equipe 2. Disse que dos 12 casos

idencados, três residiam na área de responsabilidade da equipe.

O caso mais conhecido é do sr. Modesto, de 54 anos, alcoólatra, que fez

TDO regularmente até o nal do terceiro mês de tratamento. Daí para

frente, a ACS Solange tem comparecido à sua casa e nem sempre ele se

encontra, mas passa bem e já está no quarto mês de tratamento. O lho

Anderson, que mora com ele, foi avaliado pelo dr. Francisco e não tem

tuberculose.

O outro caso foi conhecido em uma visita domiciliar. A ACS Solange cou

sabendo que Emerson, 37 anos, portador de Aids, está com tuberculose. É

um paciente já conhecido da equipe, apesar de não frequentar o CS e sim

o CTR Orestes Diniz. Por isso, eles não sabiam do caso.

O terceiro caso é bem mais complicado. Júlio, um adolescente de 17 anos,

estava apresentando tosse há 25 dias e compareceu ao CS para consulta.

O médico prescreveu-lhe sintomácos e o diagnósco foi de gripe. No mês

seguinte, o paciente piorou da tosse e apresentou escarro com raias de

sangue e queda do estado geral. Compareceu então a uma UPA, onde

foi diagnoscada TB pulmonar bacilífera. A nocia do caso chegou ao CS

através da nocação enviada pela GEREPI. A equipe fez visita domiciliar,

agendou consulta, o tratamento foi iniciado e ele levou medicamentos para

30 dias. O TDO não foi proposto para esse paciente e ele não compareceu

à primeira consulta de acompanhamento. A ACS Amanda foi à casa do

paciente e a mãe, dona Francisca, relatou que o Júlio havia saído de casa

após uma briga com ela e que não nha nocias dele. Informou ainda

que encontrou várias cartelas de medicamentos no quarto do paciente.

A Amanda orientou a mãe do rapaz a comparecer ao CS para avaliação.

O gerente João Antônio disse que o Júlio provavelmente é um caso de

abandono. Aproveitou e informou à equipe que isso era muito grave. No

município de Belo Horizonte como um todo, a taxa de abandono é muito

alta, de 22,4%, enquanto que o índice tolerado mundialmente é de no

máximo 5%.

A parr da discussão dessas informações, a ESF 2 deniu outros pontos

que dicultam o controle da tuberculose em sua área.

1- FALHA NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

- BAIXA CAPTAÇÃO DOS CASOS DE TB PELO CS

• A captação precoce pode não estar sendo realizada

adequadamente pelo Centro de Saúde. Muitos casos recebem a

primeira abordagem nas UPAs e hospitais;

• Diculdade de idencação e avaliação dos sintomácos

respiratórios pelos prossionais das equipes nos seus atendimentos

individuais, colevos e na comunidade;

• Os indivíduos do sexo masculino e na faixa etária produva

geralmente não frequentam os Centros de Saúde, porque muitos

deles trabalham o dia todo e o horário de funcionamento do CS

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é de 7 às 19h. Assim, a captação destes casos ocorre com maior

frequência nos serviços de urgência.

- BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO:

• Número elevado de casos que abandonam o tratamento;

• Baixa realização do tratamento diretamente observado (TDO) para

os usuários com tuberculose;

• Diculdade de arculação intersetorial para o manejo dos casos

de risco de abandono, como alcoólatras e outros drogadictos,

moradores de rua etc.;

• Falta de arculação com terapias e prácas integravas que

possibilitem uma visão holísca do ser humano.

- OUTROS:

• A sobrecarga da agenda codiana diculta a formação do vínculo

do prossional com o usuário;

• Existe uma rotavidade prossional que diculta o vínculo e a

longitudinalidade do cuidado. A relação prossional/usuário pode

interferir na adesão ao tratamento.

2- FRAGILIDADE NA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

• A idencação e avaliação dos contatos não estão sendo realizadas

em todos os casos;

• Falta de conhecimento pelas equipes dos dados epidemiológicosencaminhados mensalmente pela GEREPI sobre a situação de

saúde da área de abrangência do Centro de Saúde;

• Pouca ulização dos instrumentos e dados de registro do programa

de tuberculose (Livro de Sintomáco Respiratório e o Livro de

Registro de Casos de TB).

3- DEFICIÊNCIA NAS AÇÕES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO À SAÚDE

• Diculdade das equipes na abordagem os determinantes sociais

envolvidos na ocorrência da tuberculose, tais como a alta

vulnerabilidade social da área de responsabilidade da equipe, commoradias muito precárias, até desumanas e uso de drogas lícitas

e ilícitas;

• Diculdade de conseguir arculação intersetorial efeva para

ações de prevenção e promoção envolvidas na questão da TB

como, por exemplo, tabagismo e alcoolismo;

• Diculdade com ações de comunicação e mobilização social para

a questão da tuberculose.

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3- Terceiro Passo: SELEÇÃO DOS PONTOS CRÍTICOS

Dos pontos apresentados acima, quais vocês selecionariam para ser

abordados no primeiro momento?

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Em reunião, a ESF 2 deniu que os pontos a serem trabalhados em um

primeiro momento seriam a efevação da vigilância da tuberculose pela

equipe, que inclui:

1. Conhecer todos os casos captados por eles ou em outro local da Rede

(nocados ao GEREPI, por exemplo);

2. Acompanhar adequadamente os usuários para garanr a adesão ao

tratamento e abordagem dos contatos;

3. Arcular ações intersetoriais efevas para ações de prevenção e

promoção da saúde envolvidas na TB.

4- Quarto Passo: DEFINIÇÃO DAS METAS E MONITORAMENTO

Na opinião de vocês, a parr dos pontos eleitos pela ESF 2, como seriam

descritas as ações e metas para vigilância da tuberculose pela equipe?

Como seria a integração das ações de vigilância com o cuidado desses

usuários?

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Inicialmente a ESF 2 discuu e pactuou as ações para cada um dos casos:

- Caso do sr. Modesto: alcoolismo e tratamento irregular da TB.

Em primeiro lugar, a equipe deve conversar com o usuário, tentando

sensibilizá-lo para a importância do tratamento regular e a presença do

paciente no momento da visita do ACS para TDO. É importante, também,

que se faça contato com instuições para o tratamento do alcoolismo

(CAPS-AD, AA).

- Caso do Emerson: TB/HIV

A equipe deverá inteirar-se do caso e iniciar o TDO, apesar do tratamentoconnuar a ser realizado pelo infectologista do CTR. Também deverá

avaliar os contatos.

- Caso do Júlio: diagnósco na UPA e possível abandono.

A equipe fez uma autoavaliação e concluiu que esse caso deveria ter

sido idencado mais precocemente, como sintomáco respiratório

no primeiro momento que o usuário procurou o CS, e a baciloscopia do

escarro solicitada enquanto o único sintoma era a tosse.

Como isso não foi feito, o quadro do paciente agravou-se e ele precisou

procurar a UPA. Além disso, a TDO deveria ter sido instuído desde o

inicio do tratamento para garanr a adesão.

A primeira ação a ser realizada pela equipe é a busca ava do paciente e

a sua sensibilização para a importância do tratamento regular. O médico

deverá reavaliar o caso e o TDO deve ser iniciado.

A seguir, eles discuram os recursos disponíveis para atender a população.

Além desse agravo, os indicadores apontam outras condições que devem

também ser contempladas pela equipe.

A ESF 2 combinou também que, daqui para frente, seria necessário

elaborar um plano de ação para a vigilância dos casos de TB em sua área.

Seria importante fazer a busca ava de sintomácos respiratórios,

idencar os casos de tuberculose e realizar o TDO em todos para garanr

a adesão ao tratamento. Para isso era preciso garanr a inclusão desses

pacientes na agenda da equipe.

Além destas medidas, eles precisariam construir uma ação intersetorial

para a abordagem dos determinantes de adoecimento e dos fatores que

dicultam o diagnósco e a adesão ao tratamento da tuberculose.

Eles consideraram fundamental o envolvimento da comunidade nas

ações de promoção da saúde, através da Comissão Local de Saúde, como

 já vinham fazendo em relação aos jovens envolvidos com drogas. Eles já

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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sabiam que só era possível a parceria com os equipamentos sociais da

região quando cada um trazia o seu saber, buscando a compreensão das

informações sobre a doença, seus determinantes e seu controle.

O que vocês acham? Essa resposta seria condizente com a realidade de

vocês? Quais outras recomendações vocês fariam à ESF 2 diante de um

problema tão complexo como a TB?

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No mês seguinte, a ACS Amanda trouxe algumas nocias do Júlio para a

reunião. Ela nha conseguido conversar com o rapaz e acreditou que ele

nha se convencido sobre a importância do tratamento. Ela marcou umaconsulta com o dr. Francisco, mas o Júlio não compareceu. Ela voltou até

a casa dele e não o encontrou mais. Ficou tão preocupada, que levou o

problema para a enfermeira da equipe. Juntas, elas estão procurando um

 jeito de encontrá-lo.

Vocês sugerem alguma coisa? A ESF 2 agradece!

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ATIVIDADE VIII: SÍNTESE DA OFICINA DEVIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo esmado: 30 minutos

Objevo

• Rearmar o conceito sobre vigilância em saúde, a parr dos

conhecimentos adquiridos durante a Ocina 9.

Desenvolvimento:

• Organizar a turma em semicírculo e conduzir uma dinâmica de

síntese da Ocina de Vigilância em Saúde;

• Convidar o grupo a analisar o conceito de vigilância em saúde;

• Após as discussões e conceitos abordados na Ocina, vericar se o

conceito pode ser mando ou se precisa ser alterado ou refeito;

• Sintezar a Ocina, relacionando o conceito de vigilância em

saúde com o codiano das equipes a parr dos conhecimentos

adquiridos durante a Ocina 9.

ATIVIDADE IX - O PLANO DE TRABALHODO PERÍODO DE DISPERSÃO

Tempo esmado: 1 hora e 45 minutos

Objetvos:

• Aplicar os conteúdos apresentados nesta Ocina;

• Repassar o conteúdo da Ofcina para todos os profssionais da

equipe de saúde.1- ORIENTAÇÂO: OS PRODUTOS DO TRABALHO DE DISPERSÃO

a) Repasse do conteúdo da Ocina para as equipes de saúde

• Esta avidade deverá ser realizada pelos facilitadores dos Centros

de Saúde com o apoio do nível distrital e central;

• Repassar o conteúdo da Ocina para todos os prossionais das

equipes de saúde dos CS, recuperando o produto da Ocina 8:

Promoção da Saúde.

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b) Produto

Considerando os conceitos da vigilância em saúde e as dinâmicas previstas

no plano de supervisão com as Equipes de Saúde da Família:

.Idencar um problema, que seja importante na área de responsabilidadeda Equipe de Saúde da Família ou do Centro de Saúde como um todo;

.Abordar o problema de acordo com os passos idencados no Estudo de

Caso realizado na Ocina de Vigilância em Saúde.

 

ATIVIDADE X - A AVALIAÇÃO DAOFICINA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo esmado: 15 minutos

Objevo

• Avaliar o desenvolvimento da Ocina 9, retomando seus objevos

e competências propostas para seus parcipantes.

Desenvolvimento

• É importante compreender o momento de “preenchimento”

do quesonário como uma “avidade avaliava”, ou seja, uma

oportunidade para que os parcipantes se corresponsabilizem

com o desenvolvimento das ocinas, analisando o processo efornecendo informações para ajustes/correções de rumos nos

casos necessários;

• A “avidade avaliava” deve ser realizada distribuindo-se a turma

em grupos de três a quatro pessoas; com cada grupo discundo

as questões e respondendo um quesonário apenas, com as

alternavas que melhor representarem a percepção coleva.

Lembrar que se trata de uma avaliação tomando como base os

objevos previstos para cada ocina;

• No momento de aplicação do instrumento, os condutores devem

estar atentos para esclarecer dúvidas (e registrar o que apareceucomo dúvidas relacionadas às questões);

• Ao nal, os facilitadores devem recolher os quesonários e

encaminhar à coordenação da Ocina;

• Fazer uma avaliação da Ocina 9.

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INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DAS OFICINAS DE QUALIFICAÇÃO DA

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO SUS - BELO HORIZONTE

DATA: ________OFICINA N0.___TURMA:___COR:___________DISTRITO(S): __________

UNIDADE(S) DE SAÚDE: ___________________________________

Assinale o número da alternava que melhor expressar sua avaliação sobre os itens abaixo:

1. Não 2. Muito pouco 3. Mais ou menos 4. Sim

Itens avaliavosPontuação

1 2   3 4

1) Conteúdo

1.1) Os conteúdos atendem aos interesses e necessidades do serviço.

1.2)Os conteúdos se relacionam com o codiano de trabalho.

1.3)Os conteúdos foram tratados com profundidade suciente,considerando a proposta desta Ocina.

1.4) Os produtos previstos ajudam na reorganização do processode trabalho local.

2)Estratégiasmetodológicas

2.1) No início dos trabalhos foram estabelecidas ou rearmadas“regras de convivência”, pactuadas colevamente.

2.2) As pactuações de “regras de convivência” possibilitarammaior corresponsabilidade e compromisso de todos com oandamento das ocinas.

2.3) A programação e condução das ocinas esmularam aparcipação e interação entre os parcipantes/equipe.

2.4) A arculação/encadeamento das avidades favoreceu oclima de diálogo e parcipação.

2.5) A forma de agrupamento/distribuição dos parcipantes(por turmas) favoreceu o comparlhamento de experiências,conhecimentos etc.

2.6) O conhecimento e as experiências prévios dos parcipantesforam levados em conta.

2.7) O tempo dedicado às avidades foi adequado e proveitoso.

2.8) A metodologia ulizada favoreceu o alcance dos objevosprevistos.

2.9) Esta Ocina está gerando oportunidade para que os

parcipantes discutam e proponham ajustes para as ocinasseguintes.

3) Sobre oscondutores(ocineiros,facilitadores,apoiadores)

3.1) Os condutores manveram postura de acolher e problemazaradequadamente as questões que o grupo levantou (temácas,conitos, questões relacionadas aos produtos etc.).

3.2) Os condutores (em seu conjunto) mostraram-se com conhecimentosuciente/adequado quanto aos conceitos trabalhados.

3.3) (Apenas para as ocinas realizadas nos CS) à Esta Ocina contoucom a parcipação de referência técnica (apoiador) do Distrito Sanitário.

3.4) Dê uma nota de 1 a 4 considerando sua avaliação relacionadaao desempenho geral da condução da Ocina pelo conjunto decondutores (número menor indicando pior desempenho e númeromaior indicando melhor desempenho).

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4) Autoavaliação“do grupo”quanto àparcipação noprocesso

4.1) Conseguimos formular as questões que nos incomodam (caso nãotenha havido necessidade dessa intervenção, marcar resposta 4).

4.2) Tomamos iniciavas e zemos sugestões nos trabalhos de grupo.

4.3) Estabelecemos associação entre as ocinas e o trabalho codiano.4.4) Interessamo-nos pelas bibliograas sugeridas.

4.5) Percebemos avanço na apropriação de conhecimento.

4.6) Tivemos disponibilidade para mudar a forma de agir e interagircom o outro (nos casos que consideramos pernentes, necessários).

4.7) Fizemos sugestões quando percebemos que a abordagemnão estava agradando a turma ou não estava atendendo aosobjevos e expectavas (caso não tenha havido necessidadedessa intervenção, marcar resposta 4).

4.8) Cumprimos/respeitamos as “regras de convivência”

pactuadas colevamente.

5)Materialdidáco

5.1) Os textos, caderno de ocinas, orientações, instrumentoscomo planilhas, matrizes, etc., foram adequados.

5.2) Os instrumentos ulizados permiram reexão entre o que foidiscudo e o trabalho codiano.

6) Infraestruturae logísca

6.1) Percebemos que houve cuidado em se providenciar um espaçosasfatório para realização das ocinas, considerando ambientesico e logísca em geral.

6.2) O espaço/ambiente de ocinas foi sasfatório quanto a:lanche, água, banheiro e conforto em geral.

7) Sobre oinstrumentoavaliavo

7.1) Este po de instrumento avaliavo (quesonário) permite quevocê expresse sua opinião sobre o que você gostaria de avaliar.

Espaço para sugestões:

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ATIVIDADE XI: ENCERRAMENTO DO 1ºCICLO DAS OFICINAS DE QUALIFICAÇÃODA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EMBELO HORIZONTE

Tempo esmado: 1 hora

Objevo

Encerramento dos trabalhos do 1º Ciclo das Ocinas/APS em Belo

Horizonte.

Desenvolvimento

Os palestrantes conduzirão uma dinâmica de encerramento datrajetória das Ocinas de Qualicação da Atenção Primária em

Saúde em Belo Horizonte, destacando os pontos principais e os

resultados alcançados através dos trabalhos desenvolvidos nesse

primeiro ciclo.

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ANEXO I

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA INFORMAÇÃO PARA AÇÃO

Lúcia Maria Miana Maos Paixão

Pediatra

Mestre em Saúde Pública/Epidemiologia

Gerente de Epidemiologia e Informação

O propósito da vigilância epidemiológica é fornecer orientação técnica permanente para os que

têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos.

A vigilância e o controle de doenças transmissíveis

As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de doenças, desenvolvidassob bases ciencas modernas, datam do início do século XX e foram orientadas pelo avanço da

era bacteriológica e pela descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas

e parasitárias. Essas intervenções consisram na organização de grandes campanhas sanitárias

e visavam controlar doenças que compromeam a avidade econômica, a exemplo da febre

amarela, peste e varíola. As campanhas se valiam de instrumentos precisos para o diagnósco de

casos, combate a vetores, imunização e tratamento em massa com fármacos, dentre outros. O

modelo operacional baseava-se em atuações vercais, sob forte inspiração militar.

As primeiras três décadas do século XX podem ser referidas como um período de “hegemonia

das polícas de saúde pública”, cujo modelo de atenção em saúde era orientado, principalmente,

para o controle de epidemias e para a adoção generalizada de ações de imunização5.

A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle das doenças transmissíveis

na década de 1950, para designar uma série de avidades subsequentes à etapa de ataque da

Campanha de Erradicação da Malária.

Originalmente, essa expressão signicava “a observação sistemáca e ava de casos suspeitos

ou conrmados de doenças transmissíveis e de seus contatos”. Tratava-se, portanto, da vigilância

de pessoas, com base em medidas de isolamento ou de quarentena, aplicadas individualmente e

não de forma coleva.

A vigilância epidemiológica foi tema central da 21ª Assembleia Mundial de Saúde, realizada

em 1968, cando estabelecida a abrangência do conceito, que permia aplicação a variados

problemas de saúde pública, além das doenças transmissíveis, a exemplo das malformaçõescongênitas, envenenamentos na infância, leucemia, abortos, acidentes, doenças prossionais,

comportamentos como fatores de risco, riscos ambientais, ulização de adivos, dentre outros.

Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica do Brasil

I- Conceitos

No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola – CEV (1966-1973) é reconhecida como marco

da instucionalização das ações de vigilância no País, tendo fomentado e apoiado a organização

de unidades de vigilância epidemiológica na estrutura das Secretarias Estaduais de Saúde. O

modelo da CEV inspirou a Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) a organizar, em 1969, um

5 SCRIVEN, M. Evaluaon thesaurus. Thousands Oaks London – New Delhi: SAGE Publicaons, 1991.

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sistema de nocação semanal de doenças selecionadas e a disseminar

informações pernentes em um bolem epidemiológico de circulação

quinzenal. Tal processo fundamentou a consolidação, nos níveis nacional

e estaduais, de bases técnicas e operacionais que possibilitaram o futuro

desenvolvimento de ações de grande impacto no controle de doençasevitáveis por imunização.

O principal êxito relacionado a esse esforço foi o controle da poliomielite

no Brasil, na década de 1980, que abriu perspecvas para a erradicação da

doença no connente americano, nalmente alcançada em 1994.

Por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em

1975, o Ministério da Saúde instuiu o Sistema Nacional de Vigilância

Epidemiológica (SNVE), por meio de legislação especíca (Lei n° 6.259/75

e Decreto n° 78.231/76). Esses instrumentos tornaram obrigatória a

nocação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação

estabelecida por Portaria.

O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, denindo, em seu texto

legal (Lei n° 8.080/90), a vigilância epidemiológica como   “um conjunto

de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção

de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de

saúde individual ou coleva, com a nalidade de recomendar e adotar

as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Além de

ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser

operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de

saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades,

pela universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços. 

Vale ressaltar que diante dos desaos para o controle da introdução e

disseminação de novos agravos frente à globalização e, para atender às

recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI-2005), foi

criado, em 2006, o Centro de Informações Estratégicas em Emergências

em Vigilância em Saúde Nacional – CIEVS.

II - Propósitos e funções

A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de

funções especícas e complementares, desenvolvidas de modo connuo,

permindo conhecer, a cada momento, o comportamento da doença

ou agravo selecionado como alvo das ações, para que as medidas deintervenção pernentes possam ser desencadeadas com oportunidade e

ecácia. São funções da vigilância epidemiológica:

• Coleta de dados;

• Processamento de dados coletados;

• Análise e interpretação dos dados processados;

• Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas;

• Promoção das ações de prevenção e controle indicadas;

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• Avaliação da ecácia e efevidade das medidas adotadas;

• Divulgação de informações pernentes.

As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde (municipal,

estadual e federal) abarcam todo o espectro das funções de vigilânciaepidemiológica, porém com graus de especicidade variáveis. As

ações execuvas são inerentes ao nível municipal e seu exercício exige

conhecimento analíco da situação de saúde local. Por sua vez, cabe aos

níveis nacional e estadual conduzirem ações de caráter estratégico, de

coordenação em seu âmbito de ação e de longo alcance, além da atuação

de forma complementar ou suplementar aos demais níveis.

A eciência do SNVE depende do desenvolvimento harmônico das funções

realizadas nos diferentes níveis. Quanto mais capacitada e eciente a

instância local, mais oportunamente poderão ser executadas as medidas

de controle.

Com o desenvolvimento do SUS, os sistemas municipais de vigilância

epidemiológica vêm sendo dotados de autonomia técnico-gerencial

e ampliando o enfoque, para além dos problemas denidos como de

prioridade nacional, que inclui os problemas de saúde mais importantes

de suas respecvas áreas de abrangência.

III - Coleta de dados e informações

O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende

da disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de

produção de INFORMAÇÃO PARA AÇÃO. A qualidade da informação

depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no localonde ocorre o evento sanitário (dado coletado).  É também nesse nível

que os dados devem primariamente ser tratados e estruturados, para se

constuírem em um poderoso instrumento – a INFORMAÇÃO – capaz de

subsidiar um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção

e aprimoramento das ações.

A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de

saúde. O valor da informação (dado analisado) depende da precisão com

que o dado é gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta devem ser

preparados para aferir a qualidade do dado obdo.

O uxo, a periodicidade e os pos de dados coletados devem corresponder

a necessidades de ulização previamente estabelecidas, com base em

indicadores adequados às caracteríscas próprias de cada doença ou

agravo sob vigilância. A prioridade de conhecimento do dado sempre

será concedida à instância responsável pela execução das medidas de

prevenção e controle.

A- Tipos de dados

Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância

Epidemiológica são os seguintes:

Dados demográcos, ambientais e socioeconômicos: Os dados demográcos

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permitem quancar grupos populacionais, com vistas à denição de

denominadores para o cálculo de taxas.

Dados de morbidade: São os mais ulizados em vigilância epidemiológica,

por permirem a detecção imediata ou precoce de problemas sanitários.

Tratam-se, em geral, de dados oriundos da nocação de casos e surtos,

da produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de invesgações

epidemiológicas, da busca ava de casos, de estudos amostrais e de

inquéritos, entre outras fontes.

Dados de mortalidade: São de fundamental importância como indicadores

da gravidade do fenômeno vigiado, sendo ainda, no caso parcular

de doenças de maior letalidade, mais válidos do que os dados de

morbidade, por se referirem a fatos vitais bem marcantes e razoavelmente

registrados. Sua obtenção provém de declarações de óbitos, padronizadas

e processadas nacionalmente.

Nocação de emergências de saúde pública, surtos e epidemias: A

detecção precoce de emergências de saúde pública, surtos e epidemias,

ocorrem quando o sistema de vigilância epidemiológica local está bem

estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de saúde

e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à nocação. Essa

práca possibilita a constatação de qualquer situação de risco ou indício de

elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras

doenças não incidentes no local e, consequentemente, o diagnósco de

uma situação epidêmica inicial, para a adoção imediata das medidas de

controle. Em geral, esses fatos devem ser nocados aos níveis superiores

do sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar

colaboração, quando necessária.

B - Fontes de dados

B.1- Nocação

Nocação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou

agravo à saúde feita a autoridade sanitária por prossionais de saúde

ou qualquer cidadão, para ns de adoção de medidas de intervenção

pernentes.

A listagem das doenças de nocação nacional é estabelecida pelo

Ministério da Saúde (Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011) entre asconsideradas de maior relevância sanitária para o País

Aspectos importantes:

• Nocar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve

aguardar a conrmação do caso para se efetuar a nocação, pois isso

pode signicar perda da oportunidade de intervir ecazmente. Exceção:

Aids, tuberculose, leishmaniose tegumentar, hanseníase, gestante HIV+.

• A nocação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do

âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade.

• O envio dos instrumentos de coleta de nocação deve ser feito

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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mesmo na ausência de casos, congurando-se o que se denomina

nocação negava, que funciona como um indicador de eciência do

sistema de informações.

B.2- Bases de dados dos sistemas de informação

Sistemas Nacionais de Informação Epidemiológica: SIM, SINAN, SINASC

O registro roneiro de dados sobre saúde, derivados da produção de

serviços ou de sistemas de informação especícos, constui valiosa fonte

de informação sobre a ocorrência de doenças e agravos sob vigilância

epidemiológica.

Ex: Sistema Saúde em Rede – Prontuário Eletrônico, Sistema de Internação

Hospitalar – SIH-SUS.

B.3- Laboratórios

Complementam o diagnósco de conrmação de casos e, muitas vezes,

servem como fonte de conhecimento de casos ou de eventos que não

foram nocados.

B.4 - Invesgação epidemiológica

Complementam as informações da nocação, no que se referem a

fontes de infecção e mecanismos de transmissão, dentre outras variáveis.

Também podem possibilitar a descoberta de novos casos que não foram

nocados.

B.5- Imprensa e população

Muitas vezes, informações oriundas da imprensa e da própria comunidade

são fontes importantes de dados, devendo ser sempre consideradas para

a realização da invesgação pernente. Podem ser o primeiro alerta sobre

a ocorrência de uma epidemia ou agravo inusitado.

B.6- Fontes especiais de dados

• Estudos epidemiológicos;

• Inquérito epidemiológico;

• Levantamento epidemiológico;

• Vigilância sennela.

Nem sempre o processo de decisão-ação necessita da totalidade de

casos (nocação universal) para o desencadeamento das estratégias de

intervenção. Tem por objevo monitorar indicadores chaves na população

geral ou em grupos especiais, que sirvam de alerta precoce para o sistema

de vigilância.

Existem vários pos desses sistemas:

Fontes sennelas como, por exemplo, a organização de redes constuídas

de nocação especializadas, que já vêm sendo bastante ulizadas para

acompanhamento e vigilância da situação de câncer e de inuenza.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

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Evento sennela: É a detecção de doença prevenível, incapacidade, ou

morte inesperada, cuja ocorrência serve como um sinal de alerta de que

a qualidade terapêuca ou prevenção deve ser quesonada. Deve ser

invesgado e as medidas de prevenção adotadas.

C- Diagnósco de casos

A credibilidade do sistema de nocação depende, em grande parte,

da capacidade dos serviços locais de saúde – que são responsáveis pelo

atendimento dos casos – diagnoscar corretamente as doenças e os

agravos.

D- Normalização

Tem especial importância a denição de caso de cada doença ou agravo,

visando padronizar critérios diagnóscos para a entrada e a classicação

nal dos casos no sistema.

Classicação dos casos: suspeitos, compaveis ou conrmados

(laboratorialmente ou por outro critério).

E- Retroalimentação do sistema

Consiste no retorno regular de informações às fontes produtoras,

demonstrando a sua contribuição no processo.

A retroalimentação do sistema materializa-se na disseminação periódica

de informes epidemiológicos.

F - Avaliação dos sistemas de vigilância epidemiológica

O sistema de vigilância epidemiológica mantém-se eciente quando seu

funcionamento é aferido regularmente, para seu aprimoramento.

As medidas quantavas de avaliação de um sistema de vigilância

epidemiológica incluem ulidade, sensibilidade, especicidade,

representavidade e oportunidade, enquanto que simplicidade,

exibilidade e aceitabilidade são medidas qualitavas.

O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE)  compreende o

conjunto arculado de instuições do setor público e privado, componente

do Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou indiretamente, noca

doenças e agravos, presta serviços a grupos populacionais ou orienta aconduta a ser tomada para o controle dos mesmos.

Belo Horizonte integra este Sistema.

A estrutura do Sistema de Vigilância Epidemiológica em Belo Horizonte

Com a descentralização das ações de vigilância epidemiológica para o

município na década de 1990, houve a estruturação e organização das

avidades no nível central da SMSA e também nos Distritos Sanitários,

com incorporação e capacitação de técnicos.

A organização administrava da epidemiologia se dá através das seguintes

estruturas formais: Gerência de Epidemiologia e Informação/GVSI/SMSA,

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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nove Gerências Distritais de Regulação, Epidemiologia e Informação

(GEREPI), que incorporam, como o nome diz, avidades de regulação

assistencial, de vigilância epidemiológica e de gerenciamento dos sistemas

de produção ambulatorial da rede própria.

É importante salientar que a vigilância deve atuar em rede, envolvendo

desde as unidades da rede própria, contratada/conveniada ou privada,

que prestam diretamente assistência à população, o nível distrital, o nível

central, a vigilância estadual até o Ministério da Saúde.

São desenvolvidas ações de vigilância de doenças transmissíveis (Doenças

de Nocação Compulsória), de doenças crônicas não transmissíveis,

de violência, além do gerenciamento dos Sistemas de Informação de

Mortalidade – SIM, de Nascidos Vivos (SINASC), de doenças e agravos de

nocação (SISVE/SINAN), de violências (VIVA).

A vigilância epidemiológica dispõe de um plantão permanente, composto

pelos prossionais do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em

Saúde (CIEVS-BH)/Unidade de Resposta Rápida (URR), que foi implementado

no período da pandemia de inuenza pandêmica A (H1N1), que tem como

objevo responder agilmente às emergências epidemiológicas e cujas

principais avidades são: receber nocações; orientar os prossionais

de saúde no manejo e controle das doenças transmissíveis, sempre que

solicitados; fornece oportunamente medicamentos e/ou imunobiológicos

para o controle e prevenção de doenças; realizar invesgação hospitalar

de todos os óbitos suspeitos de doenças de nocação compulsória; além

de parcipação no fórum estadual de emergências epidemiológicas, com

integração à rede nacional.

As ações de vigilância epidemiológica devem interagir com as demais

áreas da vigilância, a assistência, os laboratórios, dentre outros setores.

As avidades da vigilância de agravos não transmissíveis e de violências

pressupõem intersetorialidade e, portanto, necessidade de parcipação

em diversos fóruns como Núcleo de Promoção à Saúde, Núcleo de Cultura

da Paz, avidades junto aos órgãos de trânsito e à educação.

Cabe também à epidemiologia a vigilância da situação de saúde através

da parcipação na denição dos indicadores, na construção das chas

de qualicação e na extração dos indicadores do nível municipal, em

trabalho conjunto com diversos outros setores do nível central e dosDistritos Sanitários. Os diagnóscos distritais e locais devem ser realizados

pelos prossionais desses níveis, com apoio do nível central e distrital,

respecvamente. Planejar e programar em um território especíco exige

conhecimento detalhado das condições de vida e trabalho das pessoas

que aí residem, bem como das formas de organização e de atuação dos

diversos órgãos governamentais, para que se possa ter “visão estratégica”,

isto é, clareza sobre o que é necessário e possível ser feito.

É também avidade da Gerência de Epidemiologia, a extração de

indicadores para os diversos planos e pactos do município, juntamente

com a Gerência de Planejamento e outros setores.

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Conclui-se que a potencialidade das ações de Vigilância Epidemiológica

(VE) está relacionada à perspecva de um trabalho no território, na

construção da vigilância em saúde, assegurando o conteúdo técnico

dessas ações e a parcipação de diferentes categorias prossionais em um

mesmo projeto de trabalho, que não necessita ser executada por todos osprossionais no mesmo processo de produção, espaço e tempo.

Referências

Brasil. Lei Nº 8.080. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção

e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços

correspondentes e dá outras providências. Diário Ocial da União 1990,

setembro 19: Seç. I, 18055-9.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.

Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilânciaepidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,

Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 7. ed. – Brasília : Ministério

da Saúde, 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. 

Dene as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o

disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a

relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de nocação

compulsória em todo o território nacional e estabelece uxo, critérios,

responsabilidades e atribuições aos prossionais e serviços de saúde.

Diário Ocial da União, Brasília.Costa NR. Lutas urbanas e controle sanitário: origens das polícas de

saúde no Brasil. In: Albuquerque, MIN, Carvalho, EMF, Lima, LP. Vigilância

Epidemiológica: conceitos e instucionalização. Rev. bras. saúde matern.

infant., Recife, 2 (1): 7-14, jan. - abril, 2002.

Rodrigues, VM ; FracollI, L A ; Oliveira, MAC. Possibilidades e limites do

trabalho de vigilância epidemiológica no nível local em direção à vigilância

à saúde. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 35, n. 4, dez. 2001. Disponível

em <hp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arext&pid=S0080-

62342001000400002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso: em 06 set. 2010.

Villa TCS, Palha PF, Muniz JN, Cardozo-Gonzales RI, Pinto JM Neto,

Assis MMA.  A vigilância epidemiológica e a perspecva de trabalho no

território – Secretaria Municipal de Saúde – Ribeirão Preto. Rev Lano-am

Enfermagem 2002 janeiro-fevereiro; 10(1):21-

Waldman EA. Usos da vigilância e da monitorização em saúde pública. Inf

Epidemiol SUS 1998: 3: 7-26.

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ANEXO II

VIGILÂNCIA E O CONTROLE DE DOENÇAS E AGRAVOSNÃO TRANSMISSÍVEIS

Lúcia Maria Miana Maos PaixãoPediatra

Mestre em Saúde Pública/Epidemiologia

Gerente de Epidemiologia e Informação

A parr das úlmas décadas do século passado, seguindo tendência

mundial, observa-se no Brasil dois processos que tem produzido

importantes mudanças no perl das doenças ocorrentes em sua

população. O primeiro, denominado “transição demográca”, com

signicava diminuição das taxas de fecundidade, natalidade e aumento

progressivo na expectava de vida. Como resultado verica-se progressivo

aumento da proporção de idosos em relação aos demais grupos etários,tendência essa que deverá se ampliar nos próximos 20 anos. O segundo,

caracterizado por importante mudança no perl de morbimortalidade,

denominado de “transição epidemiológica” que, no Brasil, se apresenta

ainda com importantes diversidades regionais decorrentes das diferenças

socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde, resultando em

um “modelo polarizado de transição” (Araújo, 1992). Nesse modelo de

transição temos, em disntas regiões, a ocorrência ainda alta de doenças

infecciosas e o crescimento da morbidade e mortalidade por doenças

crônicas não transmissíveis (DCNT) e por acidentes e violências.

A transição epidemiológica decorre também devido a outros fatores

como a urbanização, o acesso a serviços de saúde, meios de diagnósco emudanças culturais expressivas ocorridas nas úlmas décadas.

A terceira e mais recente transição, a nutricional, é marcada por redução

da prevalência de desnutrição e aumento da prevalência de obesidade,

decorrente da alteração dos modos de vida (MINAS GERAIS, 2010).

Neste contexto coloca-se o desao do nanciamento das ações. Doenças

crônicas e agravos (acidentes e violências) não transmissíveis custam

caro para o Sistema Único de Saúde, se não adequadamente prevenidas

e gerenciadas. O enfrentamento dessas “novas epidemias” de doenças

crônicas e agravos não transmissíveis necessitam muito invesmento

em pesquisa, vigilância, prevenção, promoção da saúde e defesa da vidasaudável.

A Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis

A parr do ano 2000, o Ministério da Saúde desencadeou ações no sendo

da estruturação e operacionalização de um Sistema Nacional de Vigilância

especíco para as doenças não transmissíveis.

O Sistema Nacional de Vigilância de DCNT está sendo estruturado, por

meio de um processo de capacitação das equipes de estados e municípios,

com o estabelecimento de avidades, de problemas, denição de

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indicadores para monitoramento e de metodologias apropriadas às

realidades regionais e locais.

O incremento das iniciavas intersetoriais de prevenção e controle das

principais DCNT constui prioridade. Um dos alicerces da atuação nesse

contexto consisrá na vigilância integrada dos principais fatores de risco

modicáveis e comuns à maioria das doenças crônicas, quais sejam o

tabagismo, a alimentação não saudável e a inavidade sica (Brasil 2004b).

Grupos de Indicadores pactuados para vigilância de DCNT no Brasil

Mortalidade

- Mortalidade Proporcional por DCNT (doenças do aparelho circulatório,

neoplasias, doenças do aparelho respiratório);

- Taxas de Mortalidade por DCNT;

- Taxas de mortalidade por causas especícas (AVC, IAM, doenças

hipertensivas, diabetes, DPOC) .

Morbidade

- Proporções de internações por DCNT (doenças do aparelho circulatórios,

neoplasias, doenças do aparelho respiratório);

- Taxas de internações SUS por DCNT;

- Proporções de internações por causas especícas (AVC, IAM, diabetes,

doenças hipertensivas, DPOC);

- Taxas de internações por eventos especícos.

Estratégia para a Vigilância das DCNT

1. Análise das tendências temporais de morbidade e mortalidade –

monitoramento das DCNT;

2. Monitoramento dos Fatores de Risco, através de Inquéritos de

Saúde regulares e especiais, como o VIGITEL e PENSE;

3. Análise e críca dos resultados e fontes de dados – validação e

melhoria dos instrumentos e indicadores;

4. Indução de ações de prevenção e controle e de promoção à saúde;

5. Monitoramento e avaliação das intervenções.

Estas análises são subsídios para a adoção de polícas sociais, econômicas

e ambientais.

Todo este processo deve vir acompanhado de disseminação das

informações, discussão em diversos fóruns e capacitação, incorporando a

educação permanente dos prossionais envolvidos.

Monitoramento das doenças

Monitorar de forma connua a morbimortalidade das DCNT, é uma

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avidade fundamental do sistema de vigilância.

Como fontes de dados para vigilância da mortalidade, o País dispõe

de um Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) consolidado,

descentralizado, que possibilita que todos os municípios tenham condições

de acessar os bancos de dados e calcular as taxas de mortalidade.

Para estudo da morbidade, não existe e nem se considera que tenha

facbilidade um sistema de registros de casos de DCNT que permita

a obtenção dos casos existentes dessas doenças no nível nacional.

Ulizam-se sistemas administravos que gerenciam diversas modalidades

assistenciais:

1- Sistema de Informações Hospitalares (SIH)  que gerencia as

internações realizadas em toda a sua rede hospitalar, e que

corresponde a aproximadamente 80% do movimento hospitalar

do País. Mesmo não abrangendo a totalidade das internações,

os dados desse sistema permitem, de forma indireta, conhecer o

comportamento temporal da ocorrência das DCNT no País.

2- Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade - APAC,

registra a realização de procedimentos ambulatoriais de diagnósco

e terapias de alta complexidade, onde também são registradas as

causas de doenças que movaram a procura dos serviços.

3- Registros de Câncer de Base Populacional – RCBP   que estão

implantados em 19 cidades e Registros Hospitalares de Câncer,

coordenados pelo Instuto Nacional do Câncer, que produzem

informações sobre a ocorrência de casos dessas doenças e subsidia aprodução de esmavas futuras de incidência de câncer.

Essas fontes de informações possibilitam o monitoramento connuado

da ocorrência da DCNT, de tal forma que os responsáveis pela vigilância

podem prover os gestores de subsídios para elaboração de programas de

prevenção e de advogarem em defesa das ações de prevenção dessas

doenças e de promoção da saúde.

Além desses sistemas já citados, pesquisas de natureza populacional, como

a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, possibilitam a

obtenção de outras informações importantes para a vigilância, como as

doenças autorreferidas, acesso a serviços, sasfação quanto ao uso dosserviços, planos de saúde, dentre outros.

Vigilância dos Fatores de Risco

Essa é a avidade principal já implementada desde 2006, através do

inquérito de saúde realizado por telefone, anualmente, em todas as

capitais do País (VIGITEL).

Por meio de inquéritos de saúde de diversos formatos, o Brasil vem

constuindo bases de dados que permirão o monitoramento connuo

dos Fatores de Risco para DCNT. Também estão sendo realizados inquéritos

com metodologias mais simples e mais rápidas, aplicados em grupos

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parcularmente vulneráveis, como escolares (PENSE) e idosos, a m de

orientar ou reorientar polícas especícas de redução de fatores de risco

desses grupos. O inquérito para fatores de risco realizado entre 2002 e

2003 constuiu a linha de base estabelecida para o monitoramento dos

fatores de risco.

Indução de ações de promoção da saúde, prevenção e controle de DCNT

A parr do monitoramento connuo da prevalência dos fatores de risco e da

ocorrência dessas doenças na população e do impacto econômico e social

que elas provocam, é possível construir uma forte argumentação sobre

a necessidade de se prevenir DCNT. Mostrar informações e argumentar

para convencer os legisladores e tomadores de decisão que, prevenir as

DCNT, é um invesmento extremamente custo efevo. Além disso, buscar

convencer os outros setores com os quais as DCNT estão relacionadas,

principalmente aqueles que são “produtores” de fatores de risco, de que

é possível o desenvolvimento de tecnologias produvas mais saudáveis,principalmente no que se refere à produção de alimentos.

O monitoramento e avaliação das intervenções

Essas avidades permitem retroalimentar os programas e projetos no

sendo de readequar avidades de prevenção e promoção da saúde.

A vigilância das violências e acidentes (VIVA)

Além do aumento das doenças não transmissíveis, os acidentes e violências

vêm se destacando como importante causa de morbimortalidade no

Brasil e no mundo. Tornaram-se problema de saúde pública em virtude

da magnitude e gravidade das lesões, provocando mortes prematuras,incapacitações denivas, sobrecarga nas demandas assistenciais

e consequentes custos econômicos e sociais crescentes. Embora os

acidentes e violências não sejam problema exclusivo do setor saúde, é

sobre este setor que recai o maior impacto (MINAYO, 2005).

Diante deste contexto, o Ministério da Saúde implantou o Sistema de

Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), em 2006, com o objevo de

conhecer a magnitude dos acidentes e violências no cenário epidemiológico

do País. Possibilitando a melhor compreensão desse problema de saúde

pública, será possível propor intervenções e polícas públicas voltadas,

com vistas à efevação das ações de prevenção, promoção da cultura depaz e controle deste evento tão avassalador em nossa sociedade (BRASIL,

2009).

Este sistema é dividido em dois componentes (BRASIL, 2008):

1) Inquérito VIVA: vigilância pontual que visa conhecer a magnitude

dos acidentes e violências em unidades sennelas preestabelecidas

nas capitais do Brasil, com o objevo de conhecer a situação

das lesões que não geram mortes ou internações, mas que são

responsáveis por grande demanda assistencial. Este componente é

realizado por meio de inquérito bienal, com base em informações

coletadas, durante um mês, em hospitais de urgência e emergênciapré-selecionados.

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2) VIVA Connuo: vigilância connua que visa conhecer a magnitude

das violências domésca, sexual e/ou outras violências, e também

o perl das vímas e dos autores da agressão, através dos serviços

de saúde. Trata-se de agravo pertencente à lista das doenças e

agravos de nocação compulsória e os dados são cadastradosno SINAN (conforme portaria do GM/MS Nº 104 de 25 janeiro de

2011).

Monitoramento dos acidentes e violências

Para o monitoramento das violências e acidentes foram pactuados os

seguintes grupos de Indicadores:

Mortalidade

- Mortalidade Proporcional por causas externas (cap. XX da CID10);

- Taxas de Mortalidade por causas externas;

- Taxas de Mortalidade por eventos especícos (acidentes de trânsito,

quedas, afogamento e submersão, queimaduras, outros acidentes,

agressões, suicídios, e eventos de intenção indeterminada).

Morbidade

- Proporções de internações por causas externas (cap. XX da CID10);

- Taxas de internações SUS por causas externas;

- Proporções de Internações por eventos especícos (acidentes de trânsito,

quedas, afogamento e submersão, queimaduras, outros acidentes,agressões, suicídios, e eventos de intenção indeterminada);

- Taxas de Internações por eventos especícos.

Implantação da Vigilância de DANT em Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, as discussões sobre acidentes datam bem antes de

1994, quando foi realizado o primeiro inquérito, em parceria com o órgão

do trânsito – BHTrans - com vímas de acidentes de trânsito ocorridos

no município e atendidos em três hospitais de referência de trauma. A

mesma metodologia foi empregada em inquérito realizado em 2003.

Também em 2003, foi realizado projeto piloto em pelo menos um Centrode Saúde por Distrito Sanitário, quanto à nocação de violências.

Desde então, técnicos da Epidemiologia vêm parcipando avamente das

discussões sobre estes agravos. Estes técnicos são integrantes, desde a

formação, dos Núcleos de Promoção da Saúde e de Prevenção da Violência

e Promoção da Cultura de Paz. Sem esta parcipação não seria possível

a necessária discussão intersetorial sobre estes importantes agravos e

doenças.

Em 2006, com a realização do Inquérito VIVA (vigilância pontual) e a

padronização, em nível nacional, da “Ficha de nocação de violência

domésca, sexual e/ ou outras violências” (vigilância connua) houve a

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implantação ocial do sistema VIVA no município. Na mesma época, tem

início o monitoramento dos indicadores de morbimortalidade por DCNT

no município, com análise descentralizada, em 2007, por Distrito Sanitário

dos indicadores de mortalidade.

Em 2010, é implantado no município o Projeto Vida no Trânsito, com

parcipação de vários setores além da Saúde (BHtrans, Educação, Detran-

MG, Polícia Militar e Guarda Municipal).

O monitoramento dos indicadores de internação por Distrito Sanitário foi

iniciado em 2011, já sendo possível analisar os dados de internação por

área de abrangência.

Referências

Barbosa JB, et al. Doenças e agravos não transmissíveis: basesepidemiológicas. In: Rouquayrol MZ. Epidemiologia & Saúde. 6ª ed. Rio de

Janeiro: Medsi; 2003. p. 289-311.

Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da

Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, D.O.U. de 16

de julho de 1990.

Brasil. Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do

Idoso e dá outras providências. Brasília, D.O.U. de 03 de outubro de 2003.

Brasil. Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003. Estabelece a nocação

compulsória, no território nacional, dos casos de violência contra a mulher

que forem atendidos em serviços de saúde públicos ou privados. Brasília,

D.O.U. de 25 de novembro de 2003.

Brasil. Ministério da Saúde. Temáco Prevenção e Cultura de Paz III.

Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 60p. 2008.

Ministério da Saúde.  A vigilância, o controle e a prevenção das doenças

crônicas não transmissíveis – DCNT – no contexto do Sistema Único de

Saúde brasileiro. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2005.

Malta DC, Cezário. AC, Moura L, Morais OL e Barbosa J .  A construção

da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no

contexto do Sistema Único de Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúdedo SUS 2006;15:47-65 .

Minas Gerais. Secretaria de Estado de Saúde. Superintendência de

Epidemiologia. SE/GVE/CDANT. Vigilância de Doenças e Agravos não

Transmissíveis – DANT. Belo Horizonte, 2010. 42p.

MINAYO, M. C. S. Violência um problema para a saúde dos brasileiros.

In: Impacto da violência na saúde dos brasileiros.  Ministério da Saúde.

Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília: 2005.

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ANEXO III

O CONTROLE DE ZOONOSES NO MUNICÍPIO DE BELOHORIZONTE

Silvana Tecles BrandãoMédica veterinária

Especialista em Gestão da Saúde

Gerente de Zoonoses

Vanessa de Oliveira Pires Fiuza

Bióloga

Especialista em Gestão da Saúde

Referência Técnica/Gerência de Zoonoses

Denise Ribeiro Mesquita

Psicóloga

Especialista em acupuntura

Gerente de Zoonoses/Distrito Sanitário Oeste

As avidades de controle de zoonoses são executadas há mais de 60 anos

pela Prefeitura de Belo Horizonte, através das seguintes instuições:

Matadouro Municipal (1937), Canil Municipal (1968), Centro de Prolaxia

da Raiva (1969), Departamento de Controle de Zoonoses (1974) e

posteriormente Centro de Controle de Zoonoses. As avidades realizadas

eram respaldadas em legislações municipais e, desde 1948, a regulação

de animais soltos em vias públicas se faz presente (lei municipal 0009 de

8 de março), além da inspeção sanitária dos produtos de origem animal.

O Departamento de Controle de Zoonoses foi criado em 1983, atravésdo Decreto nº 4537. Dentre outras atribuições, era de sua competência

“executar as avidades necessárias ao controle sico, químico e biológico

das zoonoses, executar o controle da população de murinos, artrópodes

e outros vetores e executar programas de erradicação da raiva”. O

Departamento assumiu totalmente a responsabilidade pela execução do

programa de controle da raiva, realizado anteriormente pela Secretaria de

Estado de Saúde.

Em 1990 ocorreu a descentralização das avidades de controle de

zoonoses para os Distritos Sanitários que, a parr de 1992, passaram

a incorporar as avidades de controle da dengue, até então realizadaspela Fundação Nacional de Saúde/Ministério da Saúde. Em 1994, as

avidades de controle da leishmaniose visceral também passaram para a

responsabilidade da SMSA.

A organização administrava do controle de zoonoses na SMSA se

dá através das seguintes estruturas formais: Gerência de Controle de

Zoonoses/SMSA, nove Gerências Regionais de Controle de Zoonoses,

Centro de Controle de Zoonoses e Laboratório de Zoonoses. As avidades

destas Gerências Regionais foram descentralizadas para os Centros de

Saúde desde 1994, quando as equipes de controle de zoonoses foram

incorporadas.

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As ações de prevenção e controle de zoonoses realizadas pelas equipes

são baseadas tanto no controle dos agentes causais quanto na melhoria

das condições sanitárias e de moradia da população, minimizando sua

exposição ao risco. Assim, a integração com as equipes de saúde local

pode contribuir visivelmente para o alcance de melhores resultados,principalmente no que se refere às avidades de prevenção ligadas ao

manejo ambiental. A proximidade com a comunidade mantém um canal

de comunicação oportuno para a difusão de informações relavas ao

processo saúde-doença e suas formas de prevenção e controle.

Dentre as avidades realizadas, salientamos as de maior expressão:

• Controle de roedores = vistoria para fornecer orientações com objevo

de promover alterações no ambiente local, de forma que o mesmo não

favoreça a presença e proliferação de roedores. Quando necessário, é

feita a aplicação de produtos químicos (racidas);

• Controle da leishmaniose visceral = as ações de prevenção e controle

da leishmaniose visceral são desenvolvidas de forma sistemáca e

direcionadas de acordo com a estracação das áreas de transmissão

ou de risco, considerando as taxas de incidência humana acumulada,

os percentuais de posividade canina, condições ambientais favoráveis

à transmissão e áreas com reincidência recente de casos humanos.

As avidades realizadas pelas equipes das Gerências Regionais são as

coletas de sangue em cães e o controle químico do vetor, onde as

amostras coletadas são processadas pelo Laboratório de Zoonoses,

que possui capacidade de realizar até 18.000 amostras /mês;

• Recolhimento de cães com diagnósco posivo para leishmaniosevisceral = recolhimento de cães tanto pelas equipes das Gerências

Regionais quanto do Centro de Controle de Zoonoses, para a realização

da eutanásia no CCZ;

• Controle de animais peçonhentos: escorpiões, aranhas, lacraias,

cobras, lagartas = vistoria para fornecer orientações com objevo de

promover alterações no ambiente local, de forma que o mesmo não

favoreça a presença e proliferação de animais peçonhentos;

• Prevenção e controle de focos do mosquito transmissor da dengue

= avidades sistemácas de vistorias periódicas em todos os imóveis

visando à informação, pesquisa de vetores e controle químico,conforme as diretrizes do Plano Nacional de Controle de Dengue;

• Vigilância da raiva – aparecimento de morcegos, agressões por

morcegos, cães e gatos;

• Castração de cães e gatos = realização de cirurgias agendadas de

esterilização de cães e gatos, visando o controle éco da população

de animais. Até então, estas avidades são realizadas em três

unidades:Centro de Controle de Zoonoses (Bairro São Bernardo) -

3277-7411 ou 7413;

• Centro de Esterilização de Cães e Gatos Oeste (Bairro Salgado Filho) -3277-7576;

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• Centro de Esterilização de Cães e Gatos Noroeste (Bairro Caiçara) -

3277-8448;

• Captura de animais soltos em via pública (pequenos, médios ou

grandes animais): avidade executada pelo Centro de Controle de

Zoonoses.

 

Referências

BELO HORIZONTE, Secretaria Municipal de Saúde. Manual da Dengue –

Padronização das ações para controle vetorial da dengue desenvolvidas

no município de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMSA, 2009. Disponível

em: hp://www.pbh.gov.br.

hp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/les.do?evento=download&urlArq

Plc=manual_dengue_web.pdf  

BELO HORIZONTE, Secretaria Municipal de Saúde. Manual da raiva –

Noções Básicas e Manual de Observação Domiciliar de Animais Agressores. 

Belo Horizonte: SMSA, 2009. Disponível em: <hp://www.pbh.gov.br>.

hp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/les.do?evento=download&urlArq

Plc=manual_raiva_web.pdf 

BELO HORIZONTE. Diário Ocial do Município. Lei nº 7.031 de 12/Jan/96.

Código Sanitário Municipal de Belo Horizonte  – DECRETO MUN 5616 DE

1987 – Capítulo XVIII, Parte VII e Parte X. Disponível em:

hp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/les.do?evento=download&urlArqPlc=DECRETO_MUN_5616DE1987.pdf 

BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde. 10 Perguntas e Respostas

Sobre Leishmaniose Visceral. Belo Horizonte: SMSA, 2009. Disponível em:

hp://www.pbh.gov.br.

hp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/les.do?evento=download&urlArq

Plc=manual_leishmaniose_web.pdf 

BRASIL, Ministério da Saúde, FUNASA. Dengue - Instruções Para Pessoal

de Combate ao Vetor. Manual de Normas Técnicas.  Brasília: MS, 2001.

Disponível em: <hp://www.saude.gov.br/svs> ou através de <hp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ms000006.pdf>, acesso em

25/08/11.

BRASIL, Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de

Controle de Roedores.  Brasília/DF: Editora MS, 2002. Disponível em:

<hp://www.saude.gov.br/svo> através de <hp://portal.saude.gov.br/

portal/arquivos/pdf/manual_roedores.pdf>, acesso em 25/08/2011.

BRASIL, Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de

Diagnósco e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos.  2ª

Edição, Brasília/DF: Editora MS, 2001. Disponível em: <hp://www.saude.

gov.br/svs> ou através de <hp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_peconhentos.pdf>, acesso em 25/08/2011.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

50

BRASIL, Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde.   Programa

Nacional de Controle da Dengue (PNCD).  Brasília/DF: Editora MS, 2002.

Disponível em: <hp://www.saude.gov.br/svs> ou através de <hp://

bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pncd_2002.pdf>, acesso em

25/08/11.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.

Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes Nacionais para a

Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue. Série A. Normas e Manuais

Técnicos. 1ª Edição, Brasília/DF, Editora MS. 2009. Disponível em: <hp://

www.saude.gov.br/svs> ou através de <hp://portal.saude.gov.br/portal/

arquivos/pdf/diretrizes_epidemias_dengue_11_02_10.pdf>, acesso em

25/08/2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Morcegos em

 Áreas Urbanas e Rurais: Manual de Manejo e Controle. Brasília/DF: Editora

MS, 1998. Disponível em: <hp://www.saude.gov.br/svs>, <hp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_manejo_morcegos.pdf >,

acesso em 25/08/11.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Vigilância em

Saúde: Zoonoses. Série B. Textos Básicos de Saúde. Caderno de Atenção

Básica nº 22. Brasília/DF: Editora MS, 2009. Disponível em: <hp://www.

saude.gov.br/svs> ou através de <hp://portal.saude.gov.br/portal/

arquivos/pdf/abcad22.pdf>, acesso em 25/08/11.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.

Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de Controle de

Escorpiões. Série B. Textos Básicos de Saúde. 1ª Edição, Brasília/DF: EditoraMS, 2009. Disponível em <hp://www.saude.gov.br/svs> ou através de

<ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/zoo/manu09_escorpioes.pdf>

acesso em 25/08/11.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.

Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de Vigilância e

Controle da Leishmaniose Visceral. Brasília/DF: Editora do Ministério da

Saúde, 2006. Disponível em: hp://www.saude.gov.br/svs ou através

de<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_leish_

visceral2006.pdf>, acesso em 25/08/11.

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saaúde

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ANEXO IV

 IMUNIZAÇÃO E VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Gisele Lúcia Nacur Vianna

EnfermeiraEspecialista em Saúde Pública

Coordenadora de Imunização

Como vimos, a vigilância em saúde tem como um de seus componentes a

vigilância e o controle das doenças transmissíveis.

A expressão “doença transmissível” é o termo técnico de uso generalizado

e denido pela Organização Pan-Americana de Saúde para se referir a

“qualquer doença causada por um agente infeccioso especíco, ou seus

produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de

seus produtos, de uma pessoa ou animal infectado ou de um reservatório

a um hospedeiro suscevel, direta ou indiretamente por meio de umhospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou

do meio ambiente inanimado”. Pode ser sintezada como doença cujo

agente eológico é vivo e é transmissível.

Quando se conhece o po de micro-organismo causador de uma doença

e o seu modo de transmissão, pode-se evitar que ele passe às pessoas

sadias – através de várias medidas sanitárias e de higiene.

No Brasil, somente a partir de 1 902, pelas exigências d e mudar a

péssima reputação do Paí s no exterior e garantir o desenvolvimento

econômico, o Estado assume a saúde pública, adotando medidas

que objetivavam mudanças em sua conjuntura sanitária. Essasmedidas seguiam duas vertentes: uma, de alcance coletivo, com

ações voltadas para o meio ambiente como o saneamento das

cidades e portos, e outra, orientada para intervenções sobre os

corpos individuais como a prevenção de moléstias através da

vacinação.

Talvez a avidade de imunização seja uma das medidas de prevenção mais

angas exercidas pelo Poder Público.

A descoberta e o aperfeiçoamento das vacinas foram impulsionados por

diversos fatores, sendo o terror das epidemias e os de natureza econômica

(como os prejuízos na agricultura e veterinária) os mais importantes.

A história das vacinas é fascinante, cheia de fatos de sucesso, alegrias,

tristezas, conitos e coragem.

Em 1973, o Ministério da Saúde instuiu o Programa Nacional de Imunização

(PNI) com o objevo de homogeneizar as ações que naquela época,

eram desenvolvidas pelos governos estaduais como parte integrante de

programas como tuberculose, erradicação da varíola e Programa Nacional

de Controle da Poliomielite. Através do programa, foram estabelecidas as

normas técnicas referentes à conservação, técnica de aplicação, calendário

básico, aquisição e distribuição dos imunobiológicos em todo o País.

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Desde então, o País tem obdo signicavos resultados por meio de suas

estratégias de vacinação, tornando-se inclusive referência internacional

em algumas delas, como a campanha de vacinação contra a poliomielite,

hoje adotada em vários países.

O Programa Nacional de Imunização tem como meta reduzir a

morbimortalidade das doenças imunopreveníveis e tem como estratégias

a vacinação de rona, de bloqueio e campanhas vacinais.

Em 1973, o Brasil recebeu o cercado de erradicação da varíola. Em

1978, foi registrado o úlmo caso de varíola no mundo.

Em 1980, foi realizada a primeira Campanha Nacional contra Poliomielite

e, em nível nacional, são criadas medidas para garanr taxas de coberturas

vacinais sasfatórias, tais como exigir a apresentação do Cartão de Vacina

para situações diversas: receber salário-família, ingresso no trabalho e na

escola.

Em 1986, a Secretaria Municipal de Saúde constuiu os gerentes de

unidades de saúde e no nível central foram criados os coordenadores

técnicos de área, entre eles o de imunização, que teve como uma de

suas primeiras preocupações avaliar a qualidade do serviço prestado,

elaborando um inquérito sobre a situação da rede de frios do município,

gerando a compra de novos equipamentos. A avidade de imunização

impulsionou a melhoria da qualidade para outras ações dos Centros de

Saúde, inclusive a ulização de material descartável para aplicação das

vacinas, em 1987. A parr daí, a população passou a exigir esse material

para todos os outros procedimentos injetáveis.

Em 1988, teve início as Campanhas Nacionais de Mulvacinação.

A década de 1990 foi marcada pela introdução de novas vacinas no

calendário básico, que cou por quase 20 anos estáco.

Em 1992, foi implantado o Programa de Erradicação do Sarampo até o ano

2000, e nessa época foi introduzida a segunda dose do sarampo aos 15

meses de idade.

Em 1994, o Brasil recebeu o Cercado de Erradicação da Poliomielite e,

em 1995, foi implantado, em Belo Horizonte, o Centro de Referência de

Imunobiológicos Especiais (CRIE). Neste mesmo ano, o município passou a

adquirir e distribuir para todas as maternidades conveniadas ao SUS/BH, a

imunoglobulina humana an-RH, buscando, assim, evitar a ocorrência da

doença hemolíca do recém-nascido.

Em 1996, o Brasil substuiu a segunda dose da vacina contra o sarampo

pela vacina triviral, iniciando assim o Programa de Controle da Síndrome

da Rubéola Congênita.

Em 1998, foi implantada a vacina contra hepate B para menores de um

ano de idade e Belo Horizonte iniciou o processo de descentralização da

vacina anamarílica, que passou a ser oferecida em 16 Centros de Saúde.

Até então, a vacina era aplicada pela Fundação Nacional de Saúde em

apenas um posto de vacinação da Capital.

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Em março de 1999, com o ressurgimento da dengue e o risco de

reurbanização da febre amarela, foi realizada a campanha de vacinação

contra febre amarela na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em

abril de 1999, houve a primeira Campanha Nacional de Vacinação contra

Gripe para a população acima de 65 anos e, em julho do mesmo ano, foiimplantada a vacina an-haemophilus po B para as crianças menores de

dois anos.

O ano de 2000 foi marcado pela ampliação da faixa etária beneciada com

a vacina contra gripe, passando a ser feita em toda a população acima

de 60 anos. No nal do ano de 2000, início de 2001, com o agravamento

da situação epidemiológica da febre amarela no País e com o aumento

do número de casos na região Centro-Oeste de Minas Gerais, que já

contabilizava 17 óbitos, foi realizada uma grande campanha de vacinação

contra febre amarela no município de Belo Horizonte, tendo nessa época

vacinado 2.300.000 pessoas, angindo a meta de 100% de vacinação.

Ainda em 2001, foi instuído em todo o País o Calendário de Vacinação

para a Criança, para o Adolescente e para o Idoso, e também a expansão da

faixa etária da vacina contra hepate B para todas as crianças menores de

11 anos e da vacina contra haemophilus inuenza po B para os menores

de quatro anos de idade.

Em 2002, a vacina contra hepate B passou a ser ofertada para toda a

população menor de 20 anos de idade.

Em 2006, implantou-se a vacina contra o rotavírus, numa perspecva de

reduzir as gastroenterites, internações e óbitos por esse agente infeccioso.

Em 2008, os países das Américas estabeleceram durante a 44ª reunião doConselho Diretor da OPAS a meta de “Eliminar a Rubéola e a Síndrome da

Rubéola Congênita (SRC)”, nas Américas para o ano de 2010. A campanha

teve duração de cinco semanas - entre 9 de agosto e 13 de setembro de

2008 -, e, em Minas Gerais, abrangeu homens e mulheres de 12 a 39 anos.

O município de Belo Horizonte conseguiu vacinar 1.139.040 pessoas, o

que signicou a cobertura vacinal de 98,3%.

Em 2009, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, numa ação

pioneira em nosso País, implantou a vacina meningocócia C conjugada

para as crianças menores de dois anos em todo o Estado, inclusive com a

perspecva de transferência de tecnologia para o Laboratório da FUNED, o

que permirá estender a vacinação para outras faixas etárias. Ainda neste

ano, o mundo voltou a viver uma epidemia de gripe, tendo 207 países

nocados casos conrmados laboratorialmente de inuenza pandêmica

A (H1N1), e registro de 8.768 óbitos. No Brasil, a taxa de incidência de

Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por inuenza pandêmica

(H1N1) 2009 foi de 14,5 casos para cada 100 mil habitantes. No entanto,

observou-se que a pandemia afetou com maior intensidade as regiões Sul

e Sudeste (66,2/100.000 e 9,7/100.000 habitantes respecvamente).

Em 2010, no período de março a maio, foi realizada a Campanha Nacional

de Vacinação Contra o Vírus Inuenza Pandêmico H1N1, que foi dividida

inicialmente em quatro etapas, buscando proteger a população de maior

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vulnerabilidade, angida na primeira onda de 2009: gestantes, crianças

menores de dois anos, portadores de doenças crônicas, adultos de 20 a

29 anos, pessoas com mais de 60 anos portadoras de doenças crônicas,

trabalhadores da saúde. Posteriormente, estendeu-se para as crianças

menores de cinco anos. Foi a maior campanha de vacinação já realizadano País. O município de Belo Horizonte nha como meta vacinar 1.200.000

pessoas e foi alcançada 100% da população esmada, o que conferiu

homenagem da Câmara Municipal aos trabalhadores da Secretaria

Municipal de Saúde.

Em março de 2010, foi incluída no calendário de imunização infanl a

vacina pneumocócica 10 valente, para todos os menores de dois anos.

Ao longo da história, o reconhecimento da imunização avança

desenvolvendo a consciência de sua necessidade e benecios. Isto

permiu a introdução de novos grupos populacionais como os idosos,

imunodeprimidos e outros grupos de risco para determinadas doenças aoprograma.

O enorme êxito alcançado na prevenção e no controle de várias doenças

imunopreveníveis , não signica que foram todas erradicadas. Essa é uma

falsa percepção e uma expectava irrealizável, pelo menos em curto prazo,

com os meios tecnológicos atualmente disponíveis.

A erradicação completa de doenças, como no caso da varíola, ainda é

o único e solitário exemplo em escala mundial. É produto de décadas

de esforço connuado de governos e sociedade e da disponibilidade

de medidas amplamente ecazes e efevas, e que nós, não podemos

negligenciar na agenda de prioridades em saúde, sob o risco de trazerprejuízos para essa área. É preciso sensibilizar os novos prossionais

e a população sobre a importância desse trabalho e a necessidade de

manutenção de altas taxas de coberturas vacinais de forma homogênea

em todo o território, para que se angir níveis adequados para o controle

das doenças imunopreveníveis.

Paralelamente, é importante incorporar avanços tecnológicos na área

de imunização, buscando introduzir novas vacinas no calendário básico,

como a varicela zóster, hepate A e HPV.

Referências

Calil Kairalla Farhat; et al. Imunização: fundamentos e prácas - 4, ed. São

Paulo: Editora Atheneu, 2000.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional

de Imunização - 30 anos, 2003.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação da

 prevenção e controle das doenças transmissíveis no Brasil , p.301-337.

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ANEXO V

A AVALIAÇÂO DO ESTADO DE SAÚDE DAPOPULAÇÃO

Eliane de Freitas DrumondMédica

Doutora em Saúde Pública

Referência Técnica/Gerencia de Epidemiologia e Informação

Maria Tereza da Costa Oliveira

Pediatra

Mestre em Saúde Pública/Epidemiologia

Doutora em Medicina Tropical

Gerente de Vigilância em Saúde e Informação

“As avidades de avaliação realizadas a parr das informações produzidas

no codiano da atenção – apesar de insucientes para apreender todasas mudanças desejáveis – são essenciais para a orientação dos processos

de implantação, consolidação e reformulação das prácas de saúde, à

medida que permitem monitorar a situação de saúde da população, o

trabalho em saúde e os resultados das ações” (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2004). Entende-se que a avaliação (ou monitoramento) deve ser connua,

de modo a produzir informações sintécas e em tempo adequado sobre a

situação de saúde da população, propiciando aprimoramento ou correção

das ações e polícas de saúde.

Portanto, o monitoramento do estado de saúde da população permite

idencar os problemas de saúde, propor medidas para resolvê-los eacompanhar o resultado dessas medidas. Para monitorar, é necessário

tornar o mais claro possível qual problema de saúde será abordado, medi-lo

com rigor, conhecer suas principais causas e desenhar soluções especícas

capazes de eliminar ou minimizar as causas fundamentais que o geram. Os

indicadores são ferramentas muito úteis para o monitoramento, tanto na

execução da ação quanto na sua avaliação. Quem monitora, avalia.

Uma das condições essenciais para que a avaliação seja capaz de idencar

os problemas e os avanços é que ela se baseie em informações com a

quandade e a qualidade adequadas. O desenvolvimento da computação

de dados e a maior disponibilidade dos microcomputadores ampliaram

enormemente as possibilidades de produção e de ulização de informaçãoe conhecimentos sobre problemas de saúde em uma perspecva coleva.

Outra condição para o monitoramento é a apropriação de informações

sobre a territorialização do sistema de saúde, feito a parr do

reconhecimento das condições de vida, de saúde e de acesso aos serviços

de saúde.

A municipalização da gestão dos serviços de saúde, a parr da NOB

001/93, redeniu as funções e competências inicialmente sobre a rede de

prestadores de serviços ao SUS (ambulatórios e hospitais) e posteriormente

sobre as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental.

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Com a NOB 001/96 esmulou-se a implementação de inovações como

o Programa de Saúde da Família e ações de vigilância epidemiológica e

sanitária. Foram dadas aos municípios algumas condições de implementar

propostas locais, fundamentado em vigilância em saúde. Nesse sendo, a

ulização dos indicadores obdos a parr de pactos como ProgramaçãoPactuada Integrada (PPI), do Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(PACS) e do VIGISUS foram, em muitos municípios, bases para ações de

vigilância em saúde que possibilitaram as implantação e adequação de

propostas do Ministério da Saúde às necessidades do município.

Análises de situações de saúde incluem as doenças transmissíveis e as

crônicas, os acidentes e a violência, além de aspectos relavos à organização

e produção dos serviços de saúde. O monitoramento do estado de saúde

da população busca, portanto, arcular epidemiologia, planejamento e

organização dos serviços e incorpora o conceito de risco. De uma forma

abrangente, essas análises conduziriam à reorganização dos serviços de

saúde, especialmente ao levar em consideração a distribuição desigual de

agravos à saúde na população. Na perspecva do risco, as possibilidades

de intervenção vão além das tradicionais, podendo ser incluídas ações

de promoção, de comunicação social, com esmulo à mobilização para

promoção e defesa de melhores condições de vida e saúde.

Segundo Teixeira e colaboradores, “a vigilância da saúde apresenta sete

caracteríscas básicas: a) Intervenção sobre problemas de saúde (danos,

riscos e/ ou determinantes); b) Ênfase em problemas que requerem

atenção e acompanhamento connuos; c) Operacionalização do conceito

de risco; d) Arculação entre ações promocionais, prevenvas e curavas;

e) Atuação intersetorial; f) Ações sobre o território; g) Intervenção sob aforma de operações.”

O processo de monitoramento em Belo Horizonte

A parr de 2009, inicia-se na SMSA um movimento para elencar um grupo

de indicadores que servissem de instrumento para monitorar o estado de

saúde da população de Belo Horizonte.

Foram selecionados 71 indicadores e feito um trabalho exausvo pelo

grupo de trabalho para elaborar a cha técnica de cada um deles, com

seu conceito, interpretação, usos, limitações, fonte, método de cálculo,

categorias de análise, comentários e responsáveis pela informação. Esta

cha técnica, hoje disponível, tem como objevo padronizar o conceito e

construção de cada um deles, permindo assim o uso comum.

Estes indicadores contemplam os ciclos de vida, desde a gestante, criança

menor de um ano, de um a cinco, de seis a nove anos, adolescentes de 10

a 19 anos; adultos de 20 a 59 anos e as pessoas com 60 e mais anos de

vida. Foram construídos para permir ser agregado por Distrito Sanitário

e por todo o município. Durante a Ocina 3: Territorialização e Diagnósco

Local, foram eleitos os indicadores para ulização pelo nível local.

Este movimento de construção coleva visa implementar o processo de

análise da situação de saúde de maneira connua, possibilitando aosprossionais de saúde se apropriarem da informação proveniente da

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vigilância em saúde e ter uma visão panorâmica dos principais riscos e

danos à saúde existentes no seu território.

Esta apropriação é o passo fundamental para alcançar a tão almejada

integralidade da atenção.

Referência

Teixeira CF, Paim JS, Vilasbôas AL. SUS, modelos assistenciais e vigilância

da saúde. Informe Epidemiológico do SUS 1998; (2):7-28.

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ANEXO VI

A VIGILÂNCIA DO ÓBITO FETAL, INFANTIL EMATERNO

 Sônia LanskyPediatra

Doutora em Saúde Pública - UFMG

Coordenadora da Comissão Perinatal e Comitê de

Prevenção do Óbitos Materno, Fetal e Infanl

Simone Passos de Castro e Santos

Farmacêuca

Especialização em Epidemiologia em Serviço de Saúde

Integrante da Comissão Perinatal e do Comitê de Pre-

venção de Óbitos Materno, Fetal e Infanl.

Gisele Cordeiro MacielMedica Obstetra

Integrante da Comissão Perinatal e do Comitê de Pre-

venção de Óbitos Materno, Fetal e Infanl.

Plantonista da Maternidade do Hospital Risoleta

Tolenno Neves – Maternidade Odete Valadares –

Unimed.

Rosângela Durso Perillo

Enfermeira

Mestre em Enfermagem na UFMG

Integrante da Comissão Perinatal e do Comitê de Pre-

venção de Óbitos Materno, Fetal e Infanl.

Nanci Gusmão Madeira

Médica Pediatra

Integrante da Comissão Perinatal e do Comitê de Pre-

venção de Óbitos Materno, Fetal e Infanl.

Plantonista atuando em Neonatologia Hospital Dia e

Maternidade Unimed.

A redução da mortalidade materna e infanl faz parte dos compromissos

de todos os níveis de Governo, por seu apelo social e expressão das

condições de vida da população. Integra ainda os Objevos do Milênio,compromisso assumido pelos países da Organização das Nações Unidas

(ONU, 2000). Estas mortes precoces estão concentradas na população

pobre e são, em grande parte, evitáveis por ação dos serviços de saúde.

No contexto brasileiro, a desigualdade econômica e social se reete no

diferencial de acesso à assistência qualicada no pré-natal, parto e ao

recém-nascido. Neste cenário, podemos dizer que a desigualdade na

mortalidade infanl, perinatal e materna é também responsabilidade do

sistema de saúde e para a sua redução os serviços de saúde devem ser

mais acessíveis e ecientes onde os riscos são maiores.

A maior parte destes óbitos ocorre entre o período intraparto e nas 48

horas seguintes e cerca de 40% dos óbitos infans ocorrem no primeiro

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dia de vida, demonstrando a estreita relação com a assistência de saúde

dispensada à gestante e ao recém-nascido (RN) durante o período  pré-

 parto, parto, atendimento imediato à criança no nascimento e à puérpera

(França & Lansky, 2009). No entanto, de forma geral, este período não

recebeu a devida atenção do sistema de saúde no Brasil, que ainda operade forma desarculada e não produz resultados compaveis com o nível

do conhecimento atual na área de obstetrícia e neonatologia.

Ainda é freqüente, a desconnuidade da atenção pré-natal até o nal da

gestação e o parto, assim como a peregrinação das gestantes em trabalho

de parto em busca de vaga hospitalar e o seu atendimento em condições

inadequadas, seja pela não regionalização da assistência, pela inexistência

de transporte apropriado ou pela baixa qualidade dos serviços disponíveis.

Fundamental ainda é o reconhecimento da importância da qualicação

da atenção hospitalar, uma vez que não faltam leitos para assistência ao

parto de risco habitual no País, 98% dos partos são hospitalares e cerca

de 88% assisdos por médicos. Muitos serviços, no entanto, apresentam

qualidade discuvel. No entanto, a assistência hospitalar - incluindo

estrutura, pessoal e processo assistencial - persiste sem acompanhamento

e avaliação de qualidade.

Cerca de um quarto dos óbitos perinatais e grande número de sequelas

em bebês decorrem da asxia intraparto (Lawn, et al, 2009), sobretudo

em crianças com peso adequado ao nascer e em gravidez de baixo risco,

demonstrando o grande potencial de evitabilidade destes eventos. Por sua

vez, as causas de morte materna se relacionam principalmente à doença

hipertensiva na gravidez, hemorragia, infecção puerperal e ao aborto,

consideradas evitáveis em quase sua totalidade.

Este paradoxo perinatal brasileiro – intensa medicalização do parto e nascimento

e ao mesmo tempo manutenção de altas taxas de mortalidade materna, fetal e

infanl - decorre do distanciamento entre o conhecimento e a sua disponibilização

na práca para toda a população. Estamos falando de oportunidades perdidas

de ação de saúde e de vidas perdidas por causas evitáveis, da desigualdade e

segregação econômica e social dos recursos e ações de saúde.

Muitos dos problemas maternos durante a gravidez afetam igualmente o

RN e, na maioria das vezes, dependem de um melhor funcionamento dos

recursos já disponíveis na rede de assistência.

O SUS - Belo Horizonte assumiu a responsabilidade do sistema de saúde

na redução da desigualdade na mortalidade materna e infanl e vem

procurando implantar uma assistência digna de saúde para a população.

Com o objevo de promover a saúde e a qualidade de vida da mulher e da

criança, a redução da mortalidade materna, infanl e fetal e as desigualdades

assistenciais, foi constuída uma comissão na Secretaria Municipal de Saúde

para atuação mais ecaz na organização da assistência de saúde da criança

e da mulher, garanndo assistência digna e qualicada neste momento de

vida parcularmente importante e decisivo no futuro do indivíduo.

Em 1994 foi estruturada a Comissão Perinatal, fórum interinstucionale intersetorial deliberavo permanente, e gestor das polícas relavas à

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assistência de saúde da gestante e do recém-nascido (RN). Esta Comissão

tem a atribuição de executar o planejamento, avaliação, monitoramento

e divulgação das ações de saúde, envolvendo a rede de assistência à linha

de cuidado integral, desde o planejamento familiar e a saúde da mulher,

ao pré-natal de baixo e de alto risco, incluindo o apoio propedêuco eterapêuco, e a rede hospitalar com leitos obstétricos e neonatais de baixo

e de alto risco, para adequação dos serviços à necessidade da população.

A Comissão Perinatal está vinculada à Gerência de Regulação da Secretaria

Municipal de Saúde, departamento responsável por toda a rede de serviços

contratados ao SUS-BH, e que, por este movo, legima as suas ações

diante dos hospitais do município - que necessariamente compõem a rede

assistencial para a gestante e o recém-nascido. Esta posição amplia a atuação

da Comissão para além da atenção básica, que ainda tem sido o reduto de

ações limitadas das gestões municipais, predominante no âmbito nacional.

A Comissão Perinatal engloba o Comitê Municipal de Prevenção do ÓbitoFetal, Infanl e Materno – BH VIDA, que invesga desde 1997 todos os

óbitos maternos e desde 2002 os óbitos infans e fetais com peso de

nascimento maior ou igual a 1500g e sem malformações congênitas

graves, propiciando a idencação de possíveis falhas na assistência e

das medidas para sua prevenção. Em 2008, os dois comitês se fundiram

passando a compor o Comitê de Prevenção de Óbitos BH-VIDA, estando

vinculados diretamente à Comissão Perinatal de Belo Horizonte.

O Comitê de Prevenção de Óbito BH VIDA está estruturado da seguinte forma:

• Comitê Central da SMSA;

• Comitê Distrital - composto por prossionais da Gerência de

Epidemiologia e Informação, da Gerência de Atenção à Saúde e de

Unidade Básica da Saúde;

• Comitês Hospitalares, que devem ser estruturados, conforme a

Portaria 72 de 2010 MS e RDC 36/2001 ANVISA MS.

O Comitê de Prevenção do Óbito Infanl, Fetal e Materno é um organismo

interinstucional de caráter eminentemente educavo, congregando

instuições governamentais e da sociedade civil organizada, contando com

parcipação mulprossional, cuja atribuição é idencar, dar visibilidade,

acompanhar e monitorar os óbitos infans, fetais e maternos. Constuem-

se como importante instrumento de avaliação da assistência de saúde, para

subsidiar as polícas públicas e ações de intervenção, contribuindo para o

melhor conhecimento sobre os óbitos e redução da mortalidade.

O objevo geral é elucidar as circunstâncias da ocorrência dos óbitos

infans, fetais e materno, idencar os fatores de risco e propor medidas

de melhoria da qualidade da assistência à saúde para a redução da

mortalidade perinatal, infanl e materna.

O Comitê atua em parceria com as Escolas de Enfermagem e de Medicina

da UFMG, contribuindo para a formação dos prossionais.

Em Belo Horizonte nascem cerca de 30.000 crianças por ano. O públicoalvo do trabalho da Comissão Perinatal é a população de mulheres

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gestantes dependentes do SUS-BH e seus bebês, esmada em 25.000 (70%

a 80% da população SUS - dependente). Deve-se, no entanto, considerar

também os seus familiares, que sofrem consequências dramácas com as

perdas prematuras (e na maioria das vezes preveníveis), como no caso da

ocorrência da morte de uma mulher relacionada com a gravidez, o partoe o puerpério, a morte intra-útero do feto no nal da gravidez ou a morte

do bebê nos primeiros dias de vida.

Comitê Municipal de Prevenção do Óbito Fetal, Infanl e Materno – BH

OBJETIVOS:

• Avaliar, acompanhar e divulgar de forma sistemáca as taxas de

mortalidade fetal, infanl e materna de Belo Horizonte;

• Invesgar os óbitos reconstuindo a história de vida e morte dos

casos invesgados;

• Idencar fatores de risco;

• Analisar os óbitos com o enfoque de evitabilidade;

• Promover discussão de casos de óbitos potencialmente evitáveis

com as equipes de saúde (Centros de Saúde, hospitais, Distritos e

SMSA) para sensibilizar prossionais;

• Propor medidas para melhoria da qualidade da assistência à

gestante e à criança;

• Reduzir a mortalidade fetal, infanl e materna no município.

Vigilância da mortalidade materna em Belo Horizonte

Morte materna, segundo a OMS, é aquela que ocorre durante a gestação

ou dentro do período de um ano após o término da mesma, independente

da duração ou da localização da gravidez, em função de qualquer causa

relacionada (obstétrica direta) ou agravada pela gravidez (obstétrica

indireta), acima de 42 dias ou até um ano após o parto (obstétrico tardio)

ou por medidas tomadas referentemente a ela, porém não devidas a

causas acidentais ou incidentais (não obstétrica).

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63

ANEXO VII

A VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

Mara Machado Guimarães Corradi

Engenheira CivilEspecialista em Engenharia Sanitária pela Escola de

Engenharia da UFMG

Gerente de Vigilância Sanitária Municipal de Belo

Horizonte

Emmanuel Marns

Engenheiro Químico

Fiscal Sanitário Municipal de Nível Superior da Vigilân-

cia Sanitária Municipal de Belo Horizonte

Marco Machado Carabe

Biólogo

Especialista em répteis e anbios

Fiscal Sanitário Nível Superior da Vigilância Sanitária

Municipal de Belo Horizonte

Presidente da 2ª Câmara Plena da Junta de Recursos

da 2ª Instância Administrava

A denição (SVS/MS) de vigilância em saúde ambiental é Um conjunto

de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de qualquer

mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente

que interferem na saúde humana.

A vigilância em saúde ambiental pode ser dividida em quatro grupos de atuação:

I - VIGIPEQ : (Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes

químicos), que vem ao encontro da preocupação mundial crescente

relava aos riscos à saúde pública decorrentes da presença de

contaminantes químicos nas águas subterrâneas e superciais, no solo,

no ar e na biota. O VIGIPEQ tem como objevo o desenvolvimento de

ações de vigilância em saúde visando adotar medidas de promoção da

saúde, prevenção e atenção integral das populações expostas, conforme

preconizado pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Suas ações consistem,

portanto, na idencação de populações suscepveis aos fatores de risco,

conhecimento e detalhamento das exposições e atenção integral à saúdedas populações expostas a contaminantes químicos.

O VIGIPEQ reúne as áreas técnicas conhecidas como:

Ia - VIGISOLO  (vigilância em saúde de populações expostas a solo

contaminado),

Ib - VIGIQUIM (vigilância ambiental em saúde relacionada a substâncias

químicas),

Ic - VIGIAR (vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade do ar).

Id – VIGIAPP (vigilância em saúde ambiental relacionada ao transporte de

produtos perigosos).

II – VIGIDESASTRES: (Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos

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decorrentes de desastres naturais). Desastre é uma interrupção grave do

funcionamento normal de uma comunidade ou sistema cujos efeitos nas

pessoas, assim como as perdas e danos materiais ou ambientais, superam

a capacidade de resposta e recuperação dessa comunidade.

III – VIGIAGUA: (Vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidadeda água para consumo humano). O consumo de água com qualidade é de

importância fundamental para a promoção da saúde e prevenção de riscos e

agravos, sobretudo aqueles relacionados a transmissão hídrica decorrentes

de fatores ambientais. A vigilância da qualidade da água para consumo

humano é uma atribuição do Ministério da Saúde e consiste em um conjunto

de ações a serem adotadas para garanr que a água consumida pela

população atenda ao padrão e normas estabelecidas pela legislação vigente.

IV – VIGIFISA: (Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores

sicos - principalmente radiações eletromagnécas). A NOB-96, de 6

de novembro de 1996, previa a atuação do SUS na vigilância ambiental,especicamente no capítulo 3 item “b” e no capítulo 9, úlmo parágrafo.

Apenas em de 15 de junho de 2004 foi baixada a Portaria GM 1172 que

prevê competências, dene atribuições e dá forma ao nanciamento

à vigilância em saúde. O Subsistema da Vigilância em Saúde Ambiental,

no contexto da Vigilância em Saúde previsto na Portaria 1172/2004, foi

regulamentado pela Instrução Normava 01/2005 da SVS, em vigor até o

presente. Em seguida, um trecho da Instrução Normava:

 Art. 1º O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde

 Ambiental – SINVSA - compreende o conjunto de ações

e serviços prestados por órgãos e endades públicas

e privadas, relavos à vigilância em saúde ambiental,visando o conhecimento e a detecção ou prevenção

de qualquer mudança nos fatores determinantes e

condicionantes do meio ambiente que interferem na

saúde humana, com a nalidade de recomendar e adotar

medidas de promoção da saúde ambiental, prevenção e

controle dos fatores de riscos relacionados às doenças e

outros agravos à saúde, em especial: 

I. Água para consumo humano; 

II. Ar; 

III. Solo; 

IV. Contaminantes ambientais e substâncias químicas; V. Desastres naturais; 

VI. Acidentes com produtos perigosos; 

VII. Fatores sicos; 

VIII. Ambiente de trabalho.

A Vigilância em Saúde Ambiental em Belo Horizonte

Em 2004 foi realizada a pactuação das metas de Vigilância em Saúde

Ambiental pelo Município de Belo Horizonte, por meio da Gerência de

Vigilância Sanitária. O primeiro módulo implantado no município foi o

VIGIAGUA, ainda em 2004, com avidades incipientes uma vez que não

havia direcionamento claro pelas esferas federal e estadual das ações a

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serem realizadas. Atualmente, o VIGIAGUA está bem estruturado no

Brasil e conta com um banco de dados em plataforma WEB (SISAGUA)

que permite aos municípios consolidares os dados da qualidade da

água para o consumo humano em seus territórios. Permite também que

sejam realizadas pelos estados e pela autoridade nacional do VIGIAGUAanálises estratégicas sobre a situação nacional, estadual, regional e

local, correlacionando os agravos à saúde com a qualidade da água e

sua evolução no tempo e no espaço. O SISAGUA é uma ferramenta que

permite gravar o histórico e as tendências da qualidade da água.

Atualmente, a Vigilância em Saúde Ambiental funciona vinculada à Gerência

de Vigilância Sanitária Municipal e trabalha com vigilância da qualidade

da água para consumo humano, cadastramento de pontos possíveis de

contaminação do solo, resíduos e sua relação com a saúde humana e

poluição do ar e sua relação com a ocorrência de doenças respiratórias.

Na fase preparatória da Primeira Conferência Nacional de Saúde Ambiental,Belo Horizonte realizou, em 2009, a Primeira Conferência Municipal de

Saúde Ambiental. As grandes demandas foram questões relacionadas

com o lixo, seu recolhimento, e desnação, transporte colevo de massa,

educação ambiental e saneamento básico.

VIGIAGUA

A SVS/MS deniu, em 2006, que a quandade de amostras de água para

vigilância/monitoramento (avidade realizada pela SMSA) é de 53 amostras

mensais (população de 2.5 milhões), que é o número de amostras representavas

para avaliação da água em Belo Horizonte. Quando foi feita a pactuação das

metas em vigilância ambiental, em 2004, a quandade pactuada foi de 81amostras porque não havia, por parte da SVS/MS, uma tabela estascamente

fundamentada da representavidade amostral nas cidades.

VIGIAR

A qualidade do ar tem inuência direta na saúde da população.

Com a proximidade do inverno, chegam as doenças respiratórias (gripes,

resfriados, rinites, asma, sinusites entre outras). As crianças e os idosos

são os que mais sofrem nesta época.

A SMSA, preocupada com os procedimentos ambulatoriais e internações

hospitalares referente às doenças respiratórias, principalmente em

crianças e idosos, no período de inverno, levantou uma série de fatoresque poderiam estar contribuindo para piorar esse quadro, como, por

exemplo a poluição atmosférica. Melhorar a qualidade do ar é prevenir

quanto às doenças das vias aéreas superiores.

O VIGIAR tem como prioridades diminuir a incidência de doenças

respiratórias em crianças e idosos, e reduzir a mortalidade infanl

provocada pelas doenças respiratórias através do monitoramento

constante da qualidade do ar em Belo Horizonte.

Diferentemente do VIGIAGUA, o VIGIAR não possui, no momento, uma

ferramenta para arquivo de dados e geração de conclusões como o

SISAGUA.

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VIGISOLO

 O solo tem relação muito direta com a qualidade da água bruta, pois é

o seu leito. A qualidade do solo envolve tanto aspectos biológicos como

aspectos químicos. Os principais aspectos biológicos são os envolvidos

nas verminoses. Uma área contaminada é denida como “um local ou

um terreno onde exista, comprovadamente, poluição ou contaminação

causada pela introdução de quaisquer substâncias que tenham sido

depositados, acumulados, transportados, armazenados, enterrados ou

inltrados no local, seja de forma planejada ou acidental”. As substâncias

contaminantes podem ser encontradas na supercie do solo, nas zonas

não saturadas e nas saturadas, nos materiais usados para aterrar, além de

estar nos pisos, paredes ou estruturas das construções humanas.

A idencação de áreas com solo potencialmente poluído como cemitérios,

postos de gasolina ainda com tanques metálicos, indústrias químicas, ocinas

mecânicas de grande porte, lava-jatos, aterros sanitários e áreas de aterramentocom entulhos foi denida como ponto inicial para as ações de VIGISOLO.

Ainda não existe uma ferramenta de WEB para banco de dados e geração

de relatórios como o SISAGUA.

Referências

Augusto, Lia Girardo da Silva – Pesquisa(ação) em Saúde Ambiental:

contexto, complexidade, compromisso social –  Recife – UFPE – 2005.

Brilhante, Ogenis Magno – Gestão e Avaliação de Risco em Saúde Ambiental  

 – Rio de Janeiro  – Fiocruz, 1999.

Diniz, Marco Aurélio Carabe & Marota, Afonso – Prevenção das Doenças

Respiratórias, apresentação em Powerpoint, 2001.

Fundação Estadual do Meio Ambiente  - Monitoração da Qualidade do

 Ar no eixo Belo Horizonte - Contagem - Bem . Rede Automáca de Três

Estações (Parceria COPAM / FEAM / REGAP ) . Divisão de Monitoramento

Ambiental [ LIU , B.W.Y. , MORAIS , F.M.B. , SILVEIRA , I.L. ] . Belo Horizonte

: FEAM. Relatório Anual. 27p. 1996.

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - Monitoração da Qualidade

do Ar na Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH . Belo Horizonte: CETEC. 1989.

Instuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

- Resolução CONAMA nº 003/90, de 28.06.90  [ Estabelece padrões de

qualidade do ar ]. Brasília : CONAMA . 1990 .

Papini, Solange – Vigilância em Saúde Ambiental: uma nova área da

ecologia – São Paulo – Atheneu Editora, 2009.

Toshio Mukai - Saneamento Básico, Diretrizes Gerais, Comentários à Lei

11.445 de 2007 - Lumen Juris Editora, Rio de janeiro, 2008.

Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte -

Monitoramento da Qualidade do Ar em Belo Horizonte. 4p. 1994.

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ANEXO VIII

A VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Equipe da Gerência de Saúde

do Trabalhador/SMSAPBH

Na História Antiga, a relação de doenças com atividades de trabalho

está registrada desde os primeiros documentos existentes. Um marco

importante foi a obra de Bernardino Ramazzini (Itália, 1633-1714), que

lhe vale a consideração de «Pai da Medicina do Trabalho», ao demonstrar

a origem social das doenças do trabalho, ou seja, demonstrou agravos à

saúde resultantes da exploração do homem pelo homem no trabalho.

Com a Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, surge a Medicina

do Trabalho, centrada na gura do médico, para controlar a saúde dos

trabalhadores nas indústrias.Seguindo a perspecva da Revolução, foi criada a Organização Internacional

do Trabalho – OIT, em 1919, como parte do Tratado de Versalles, que pôs

m à Primeira Guerra Mundial. A agência, composta por representantes de

empregadores e trabalhadores, é responsável pela formulação e aplicação

das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações). As

convenções, uma vez racadas por decisão soberana de um país, passam

a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros

fundadores da OIT e parcipa da Conferência Internacional do Trabalho

desde sua primeira reunião (Site da OIT – www.oit.org.br, acessado em 20

de setembro de 2011).

No período da Segunda Guerra Mundial e após, surgem as novas tecnologias

industriais, novos produtos químicos e processos físicos, que conduzem

a um novo entendimento do trabalho. A saúde ocupacional ganha força

nas grandes indústrias, com a parcipação de vários prossionais, com

formação diversicada, todos trabalhando com a perspecva higienista

da saúde. Ocorre então uma grande intensificação no ensino e pesquisa

nas instuições públicas do primeiro mundo, voltados para as questões

da saúde no trabalho, e são regulamentadas as doenças prossionais (que

são provocadas diretamente pelo trabalho).

Na segunda metade dos anos 1960, acontece, nos países industrializados

do ocidente, a participação operária em assuntos de saúde e segurança,gerando novas politicas sociais e mudanças no campo das ideias

relacionadas ao trabalho.

Esse processo leva, em alguns países, à exigência da criação de legislação

especíca para as questões do trabalho. Ocorre a valorização da

organização do trabalho e as atenções desviam-se das clássicas ‘‘doenças

profissionais’’ para as ‘‘doenças relacionadas ao trabalho’’ (moléstias mais

frequentes que são agravadas pelas condições de trabalho).

Na década de 1970, as transferências de indústrias para o terceiro mundo,

começam a acontecer mundialmente devido à mão-de-obra mais barata,

ocorrendo, então, a ‘‘exportação dos riscos’’. Paralelamente, houve o

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desenvolvimento da automação e informatização. Mas a administração

do trabalho ficou nos países mais desenvolvidos, que supervalorizavam a

gerência do trabalho, fazendo o controle do trabalhador.

Tem início a discussão sobre a necessidade da troca de conceitos, passando

de saúde ocupacional para saúde do trabalhador: « passar do conceito de

saúde ocupacional para o de saúde dos trabalhadores para enfrentar a

 problemáca saúde-trabalho como um todo, onde se conjuguem fatores

econômicos, culturais e individuais para que se possa produzir um

resultado que é a saúde de uma sociedade, de um país, de um connente”

(Nogueira, 1984).

No ano de 1982, um grupo de trabalho da OMS reunido em Genebra,

chamava a atenção para a inserção da saúde do trabalhador na Atenção

Primária armando: “a preocupação básica dos serviços de saúde

ocupacional tem sido tradicionalmente a saúde do trabalhador em relação

às suas condições de trabalho...” mas “...a tendência moderna é a deampliar essa preocupação básica, considerando a saúde dos trabalhadores

como um todo e desenvolvendo parâmetros para a sua integração nos

serviços de saúde dos países” . Em 1983, a Organização Pan-americana de

Saúde – OPAS - reuniu um grupo de consultores que elabora o “Programa

de Saúde do Trabalhador” que nha como principal objevo a proteção

e promoção da saúde dos trabalhadores, idencando, avaliando e

realizando o controle eciente dos fatores ambientais que apresentavam

efeitos adversos sobre a saúde (Nogueira, 1984).

A Saúde do Trabalhador é um campo de prácas e conhecimentos, que

surge da Saúde Coleva, com o objevo de conhecer as relações de trabalho

e saúde-doença. Contrapõem-se à Saúde Ocupacional, tentando superá-

la ao abordar como determinantes sociais o sofrer, adoecer, morrer das

classes e grupos sociais inseridos em processos produvos (Lacaz, 2007).

“O campo da Saúde do Trabalhador nasce com o compromisso da

integralidade, enxergando as prácas de saúde em um sistema de redes,

arculado com os diversos atores que o compõem. Propõe superar as

 prácas clínicas individuais e entender o trabalho enquanto determinante

social, não apenas da doença, mas também da saúde”.

A Saúde do Trabalhador no Brasil

Na década de 1940, com a regulamentação da CLT (Consolidação das Leisdo Trabalho), as empresas brasileiras de maior porte caram obrigadas a

manter equipe multidisciplinar, responsável pela avaliação e controle dos

riscos nos ambientes de trabalho.

Em 1966 foi criada a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), ligada ao Ministério do Trabalho

e, também, a área de Saúde Ocupacional da Universidade de São Paulo

(USP), que se tornaram centros irradiadores de conhecimento da saúde

do trabalhador.

A Saúde do Trabalhador torna-se então constuinte do SUS, uma vez que

a XVIII Conferência Nacional de Saúde e a Constuição Federal de 1988

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reconhecem o trabalho como um dos determinantes da saúde. A atribuição

da Saúde do Trabalhador é ainda regulamentada pela Lei Orgânica do SUS

 – 8080/90 – e reforçada pelo Conselho Nacional de Saúde (Dias e Hoefel,

2005).

De acordo com o princípio da universalidade do SUS, todos os

trabalhadores, urbanos e rurais, independentemente de sua forma de

inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo

empregacio, público ou privado, assalariado, autônomo, avulso,

temporário, cooperavado, aprendiz, estagiário, domésco, aposentado

ou desempregado têm direito aos cuidados.

Devido às relações complexas com diversas instituições, os estados e

municípios têm enfrentado dificuldades para acomodar a Saúde do

Trabalhador nas atribuições do SUS Para regular, fiscalizar e controlar as

ações e os serviços de saúde foram criadas leis e portarias especícas

que, entre outras questões estabelecem o que se entende por Saúde doTrabalhador no SUS.

Em 2002, o Ministério da Saúde editou a Portaria nº 1679 que dispõe

sobre a estruturação da rede nacional de atenção integral à saúde do

trabalhador no SUS – RENAST. A RENAST tem como eixo estrutural os

Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST e tem como

objevo integrar e arcular as linhas de cuidado da APS, alta e média

complexidade, sob o controle social nos três níveis de gestão, podendo

ser estadual ou regional. Posteriormente, o Ministério da Saúde editou a

Portaria nº 2.437/GM, de 7 de dezembro de 2005, que fortalece e amplia

a rede e a Portaria nº 2728/09, que adequa a RENAST ao Pacto pela Vida

e de Gestão.

A RENAST considera a inserção da Saúde do Trabalhador na Atenção

Primária à Saúde uma de suas principais diretrizes para o fortalecimento

do campo e inserção integral no SUS. Diante dessa perspecva, a saúde

do trabalhador está inserida no Pacto pela Saúde com as seguintes metas:

fortalecimento da RENAST, por meio da implantação de CEREST e unidades

sennelas (capacitadas para as nocações dos agravos de saúde do

trabalhador de acordo com suas caracteríscas); aumento da nocação

dos agravos de saúde do trabalhador; apoio ao desenvolvimento de ações

de educação permanente em saúde do trabalhador.

A inserção da Saúde do Trabalhador na Atenção Primária é o principal

caminho para a efevação das redes e atenção integral da Saúde do

Trabalhador, uma vez que esta é a porta de entrada do sistema e referencia

para o reordenamento da atenção à saúde. (Dias 2005).

Observando-se a Políca Nacional de Atenção Básica espera-se que os

Centros de Saúde desenvolvam as seguintes ações de Saúde do Trabalhador,

com retaguarda técnica e apoio matricial do CEREST: mapeamento

das avidades produvas desenvolvidas no território e idencação

dos principais riscos à saúde decorrentes das avidades produvas;

idencação do perl de morbimortalidade dos trabalhadores daquele

território; idencação do perl demográco e ocupacional da população

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cadastrada; idencação do grupo de trabalhadores mais vulneráveis

(desempregados, trabalhadores informais, trabalho domiciliar, trabalho

infanl etc.); idencação da rede de apoio social e formas de organização

dos trabalhadores no território; condutas de assistência, promoção e

vigilância em saúde do trabalhador; idencação da queixa ou doençado usuário relacionada ao trabalho; nocação dos agravos relacionados

ao trabalho; orientação aos trabalhadores sobre direitos trabalhistas e

previdenciários; incorporação dos conteúdos da saúde do trabalhador nas

estratégias de capacitação e educação permanente (Minas Gerais, 2011).

Dentro das ações de Saúde do Trabalhador e da RENAST, destacam-se,

então, as ações de vigilância em saúde do trabalhador (VISAT) que têm

como objevo detectar, conhecer, pesquisar, analisar e divulgar os fatores

determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos

 processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos epidemiológico,

tecnológico, organizacional e social, com a nalidade de planejar, executar

e avaliar intervenções sobre esses aspectos de forma a eliminá-los ou

controlá-los por meio de uma atuação planejada connua e sistemáca,

com a parcipação ampla da sociedade por meio dos trabalhadores, do

controle social do SUS e dos movimentos sociais (BRASIL, 1998).

São consideradas ações mínimas de Vigilância em Saúde do Trabalhador a

serem desenvolvidas na perspecva da Vigilância em Saúde: idencação

do perl produvo do território que compreende as avidades produvas

e a presença de situações de risco ou de perigos para a saúde dos

trabalhadores, da população em geral e o ambiente; análise da situação de

saúde dos trabalhadores e denição das prioridades de ação considerando

os critérios clássicos adotados em saúde pública (número de expostosao risco, número de doentes, riscos ou perigos para a saúde, gerados

nas avidades produvas predominantes, entre outros); vigilância dos

 processos e ambientes de trabalho (vigilância sanitária), com vistas a

orientar as mudanças das condições e processos de trabalho geradores

de agravos e doenças; vigilância epidemiológica dos agravos relacionados

ao trabalho (morbidade e mortalidade), garanndo a nocação desses

agravos, a busca ava, a invesgação de casos, a sistemazação e a

análise das informações; disponibilização e divulgação de informações,

 por meio da produção e disponibilização de relatórios técnicos, em tempo

real, para orientar o planejamento, execução e monitoramento das ações

de saúde e o controle social; arculação de ações inter e intra-setorial(MINAS GERAIS, 2011).

A Saúde do Trabalhador em Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, o primeiro serviço de saúde do trabalhador criado foi

o Ambulatório de Doenças Prossionais (ADP), no Hospital das Clínicas

da UFMG, em 1983. Esta unidade, a parr do início da RENAST, passou

a ser o CEREST Estadual Minas Gerais. Desde o ano de 2011, o CEREST

Estadual passou a ser dirigido pela Coordenação de Saúde do Trabalhador

da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Atualmente o CEREST

Estadual tem o papel de apoio técnico aos CEREST regionais, aos serviços

do SUS, incluindo os Centros de Saúde e as referências técnicas em Saúde

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do Trabalhador das regionais ou superintendências e dos municípios

(MINAS GERAIS, 2011).

O SUS de Belo Horizonte iniciou as avidades de saúde do trabalhador

em 1993, com a inauguração do Centro de Referência em Saúde do

Trabalhador na região do Barreiro (CERSAT Barreiro). Posteriormente,

em 2005, foi criado um núcleo do CERSAT na região Centro-Sul, como um

anexo ao serviço já existente, dividindo as mesmas atribuições (CERSAT

Centro-Sul). A parr da implantação da Rede Nacional de Atenção Integral à

Saúde do Trabalhador - RENAST, o CERSAT passa a ser denominado CEREST

Belo Horizonte e teve incorporadas novas atribuições, respondendo pelo

atendimento de uma população de mais de 3 milhões de habitantes,

envolvendo 22 municípios da macrorregião, delimitada pelo Plano Diretor

de Regionalização (PDR /MG).

As unidades contam com equipe muldisciplinar composta por médicos

do trabalho, enfermeiros do trabalho, assistentes sociais, sioterapeutas,terapeuta ocupacional, engenheiros de segurança, auxiliares de

enfermagem e auxiliares administravos.

A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte tem em sua

estrutura organizacional a Gerência de Saúde do Trabalhador, vinculada

à Gerência de Vigilância em Saúde e Informação (GVSI), que coordena o

desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador no município e área

de abrangência.

As ações de Saúde do Trabalhador desenvolvidas pelo SUS-BH abrangem:

-Assistência aos pacientes com suspeita ou portadores de doençasprofissionais e as relacionadas ao trabalho, através do acolhimento,

consulta médica, reabilitação sica e alguns exames especícos (teste

de contato e teste de sensibilidade). Considera-se trabalhador toda

pessoa que exerça uma atividade, independente de estar inserido

no mercado formal ou informal de trabalho, incluídas as formas de

trabalho familiar e doméstico. O CEREST é uma unidade de atenção

secundária, de porta aberta na rede SUS. O encaminhamento para

o CEREST é feito através do telefone com uma guia de referência.

O primeiro atendimento é agendado com a assistente social ou

enfermeiro, que faz a avaliação do paciente e se necessário é feita

a marcação de consulta com o médico do trabalho para invesgaçãode nexo causal ou acompanhamento. Após o atendimento, o paciente

é reencaminhado à unidade que o solicitou, com uma guia de

contrarreferência;

- Avaliação da capacidade funcional e reabilitação sica dos sequelados

do trabalho (sioterapia e terapia ocupacional);

- Vigilância à saúde dos trabalhadores, realizada através de ações que

visam à prevenção de agravos à saúde, com o reconhecimento e

controle dos riscos, na busca de melhores condições de saúde e

segurança no trabalho. Estas ações são executadas a parr de casos-

índice observados, invesgação de denúncias ou no acompanhamentode projetos especícos denidos, que podem ter a parceria com outros

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atores da vigilância em saúde.

As ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador estão integradas às ações

de vigilância epidemiológica e sanitária, destacando-se as seguintes:

- Participação no planejamento da descentralização das ações de saúdedo trabalhador na rede SUS;

- Capacitação e treinamento de equipes de unidades de saúde e

universitários;

- Organização dos sistemas de informação da saúde do trabalhador

através da coleta de dados no Sistema de Informação de Agravos de

Nocação - SINAN, agravos de nocação constantes da Portaria nº

104/2011 GM/MS (acidentes de trabalho com material biológico de

risco, acidentes de trabalho graves, câncer relacionado ao trabalho,

dermatoses ocupacionais, intoxicação exógena, LER/DORT, perda

audiva induzida pelo ruído, pneumoconioses, transtorno mentalrelacionado ao trabalho). As chas para nocação estão disponíveis

no site do Ministério da Saúde onde podem ser consultadas e estes

agravos devem ser também nocados pelas unidades de atenção

primária.

Em Belo Horizonte, existem atualmente 11 unidades sennelas (UPAs,

CERESTs, Gerência de Saúde do Servidor da PBH);

 - Realização de pesquisas e estudos.

Principais desaos da Saúde do Trabalhador em Belo Horizonte:

- Promover e garanr a arculação com a atenção primária à saúde,

ampliando a atuação da Saúde do Trabalhador e incorporando as

diretrizes desta;

- Difundir as questões de Saúde do Trabalhador em todos os níveis de

atenção da rede SUS;

- Capacitar as equipes de Saúde da Família garanndo a denição e

direcionamento às tarefas de invesgação do trabalho como fator

determinante do processo saúde-doença;

- Conseguir colevizar a questão dos acidentes e adoecimento

relacionados ao trabalho, por meio de registro desses eventos noSistema de Informação;

- Arculação e capacitação dos municípios da área de abrangência do

CEREST.

Vigilância conjunta: um exemplo no Centro de Saúde Salgado Filho

Um exemplo de boa condução na integração de redes e programas do

SUS, ocorreu na área de abrangência do C. S. Salgado Filho.

Uma família composta de avó, pais e filhos menores estava em

atendimento assistencial devido a problemas respiratórios com má

evolução, culminando com o óbito da avó.

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A agente comunitária de saúde verificou que o chefe da família havia

montado uma marcenaria informal junto à casa e o pó e as fibras de

madeira eram lançados nos cômodos da residência.

A equipe de vigilância do CEREST foi acionada. O engenheiro de segurança

e a auxiliar de enfermagem do trabalho realizaram vistoria juntamente

com a agente comunitária de saúde, confirmando a gravidade da presença

de contaminantes aéreos no interior da casa, inclusive com meia-parede

dotada de porta, separando a oficina da cozinha. Os prossionais

orientaram o chefe da família com relação ao isolamento da área de

trabalho da residencial e melhoria da ventilação dos quartos. Estas

melhorias foram realizadas através de um pequeno projeto de baixo custo

em alvenaria que ele próprio executou. Associou-se a este trabalho, a

orientação da ACS para a família com relação aos riscos da exposição para

a saúde, principalmente para a das crianças, considerando os problemas

respiratórios já existentes na família. Houve melhora importante do

quadro respiratório da família, reduzindo-se a frequência e gravidade das

intercorrências.

Contatos:

CEREST Belo Horizonte

Rua Pinheiro Chagas, 125 – Barreiro

Fone: 32775800/32779199

FAX: 32775985

Núcleo de Saúde do Trabalhador Centro Sul

Rua Rio Grande do Norte, 1179/2º andar - Funcionários

Fone: 32775138Fax: 32775138

Gerência de Saúde do Trabalhador

Avenida Afonso Pena, 2336/4º andar - Funcionários

Fone: 32777800

Fax: 32775328

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Instrução Normava de Vigilância em Saúde

do Trabalhador , Portaria 3120 de 1998.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 104 de 25 de janeiro de 2011. 

Dene as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o

disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a

relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de nocação

compulsória em todo o território nacional e estabelece uxo, critérios,

responsabilidades e atribuições aos prossionais e serviços de saúde.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 777 de 28 de abril de 2004: dispõe

sobre os procedimentos técnicos para a nocação compulsória de

agravos à saúde do trabalhador em rede serviços-sennela especíca noSUS. Diário Ocial da União, Brasília.

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Brasil. Ministério da Saúde - Portaria nº 1.679 de19/09/2002 dispõe sobre

a criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador,

denominada RENAST, para melhorar a normatização das ações de Saúde

do Trabalhador em toda a rede SUS. Redefine  os Centros de Referência

em Saúde do Trabalhador (CEREST) como coordenadores das atividadesde Saúde do Trabalhador nos estados e regiões, inseridos na rede

complementar de saúde dos municípios e a porta de entrada passa a ser,

preferencialmente através da atenção primária.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n.º 2728 de 11 de novembro de 2009

faz a revisão da legislação de Saúde do Trabalhador no SUS.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.120 de 1998 direciona as ações

e serviços de saúde do trabalhador no SUS e conceitua a ‘‘Vigilância em

Saúde do Trabalhador no SUS’’.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria MS nº 3908 de 1998, cria a Norma

Operacional de Saúde do Trabalhador no SUS (NOST SUS) e dene

atribuições para  cada nível de atenção, cabendo aos que vivenciam a

organização dos serviços, fazer as adequações necessárias para torná-las

viáveis em cada realidade.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Depto. de Ações

Programáticas Estratégicas. ‘‘Legislação em Saúde: Caderno de Legislação

em Saúde do Trabalhador’’ . 2. ed, rev e ampl. - Brasília: Ministério da

Saúde, 2005.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Depto de

Atenção Básica. Área Técnica de Saúde do Trabalhador. ‘‘Cadernos de Atenção Básica’’ Programa Saúde da Família;   5. Brasília: Ministério da

Saúde, 2001.

Dias, E. C. et al. - Implementação das ações de Saúde do Trabalhador no

SUS, no Estado de Minas Gerais, no período 2002-2007: diagnósco de

situação e recomendações para o aperfeiçoamento do processo. [Relatório

técnico-cienco]; Belo Horizonte, 2008.

Dias, E. C. et al. Desenvolvimento de ações de Saúde do Trabalhador na

 Atenção Primária à Saúde: aspectos históricos, conceituais, normavos e

diretrizes. [Relatório técnico-cienco]; Belo Horizonte, 2010.

Lacaz, F. A. C. - O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos

e prácas sobre as relações trabalho-saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de

Janeiro, v. 23, n. 4, p. 757-766, 2007.

Mendes, R et al - “Patologia do Trabalho”   - 2. ed. Atual. E ampl. - São

Paulo: Editora Atheneu, 2005.

Mendes, R e Dias, E. C. ‘‘Da Medicina do Trabalho à Saúde do

Trabalhador’’ . Rev. Saúde pública, S. Paulo, 35(5): 341-9, 1991.

Minas Gerais. Secretaria Estadual de Saúde. Construindo ações de saúde

do trabalhador no âmbito das superintendências e gerencias regionais de

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saúde. Manual técnico da Coordenação de Saúde do Trabalhador, 2011.

Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. ‘‘Protocolo para atenção

em Saúde do Trabalhador na Rede de Atenção Básica’’  - mimeo, 2004.

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ANEXO IX

A VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Mara Machado Guimarães Corradi

Engenheira Civil

Especialista em Engenharia Sanitária pela Escola de

Engenharia da UFMG

Gerente de Vigilância Sanitária Municipal de Belo

Horizonte

Paulo César Nogueira

Biólogo

Mestre em Comunicação Social

Fiscal Sanitário Nível Superior

Referência Técnica em Medicamentos e Produtos para

a Saúde da Vigilância Sanitária de Belo Horizonte

Luciana Braga Balsamão

Densta

Fiscal Sanitário Nível Superior da Vigilância Sanitária

Municipal de Belo Horizonte

Nos séculos XVIII e XIX, as avidades ligadas à vigilância sanitária foram

estruturadas para evitar a propagação de doenças nos agrupamentos

urbanos que estavam surgindo. A execução desta avidade exclusiva

do Estado, por meio da polícia sanitária, nha como nalidade observar

o exercício de certas avidades prossionais, coibir o charlatanismo,

scalizar embarcações, cemitérios e áreas de comércio de alimentos.

No nal do século XIX houve uma reestruturação da vigilância sanitária

impulsionada pelas descobertas nos campos da bacteriologia e terapêuca

nos períodos que incluem a I e a II Grandes Guerras. Após a II Guerra

Mundial, com o crescimento econômico, os movimentos de reorientação

administrava ampliaram as atribuições da vigilância sanitária.

A parr da década de 80, a crescente parcipação popular e de endades

representavas de diversos segmentos da sociedade no processo políco

moldaram a concepção de vigilância sanitária como o conjunto de

avidades concebidas para que o Estado cumpra o papel de guardião dos

direitos do consumidor e provedor das condições de saúde da população.

Somente na Constuição de 1988, a Saúde é reconhecida como direito

de todos e dever do Estado, garando não só pelo acesso universal e

igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação, mas

também mediante polícas sociais e econômicas direcionadas à redução

do risco de doença e de outros agravos.

Entre as competências do Sistema Único de Saúde o constuinte enunciou:

“executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as

de saúde do trabalhador”.

Vigilância Sanitária: É o conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ouprevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes

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do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de

serviços de interesse da saúde, abrangendo:

I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se

relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da

produção ao consumo; e

II - o controle da prestação de serviços que se relacionem direta ou

indiretamente com a saúde.

Após a Constuição de 1988, foram dois longos anos de discussão

e pressão para que se aprovasse a Lei Orgânica da Saúde - que dispõe

sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a

organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras

providências.

A Lei 9782/99 de 26 de janeiro de 1999 cria a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária - ANVISA e dene o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

A ANVISA é uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma agência

reguladora caracterizada pela independência administrava, estabilidade

de seus dirigentes durante o período de mandato e autonomia nanceira.

A gestão é responsabilidade de uma Diretoria Colegiada, composta por

cinco membros, nomeada pelo Presidente da República com aprovação do

Senado Federal, com mandato de três anos.

O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária é organizado da seguinte forma:

- No âmbito Federal:

• Ministério da Saúde

• Conselho Nacional de Saúde

• Agência Nacional de Vigilância Sanitária

• FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz

• INCQS - Instuto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde

• CGLAB-LACENS - Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde

Pública – Laboratório Central de Saúde Pública

- No âmbito Estadual:

• Secretaria Estadual de Saúde

• Vigilância Sanitária Estadual

• Conselhos Estaduais de Saúde

- No âmbito Municipal:

• Secretaria Municipal de Saúde

• Vigilância Sanitária Municipal

• Conselho Municipal de Saúde

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A atuação da VISA deve ser programada e operacionalizada sob diretrizes

de descentralização políco-administrava, municipalização das ações,

ulização da epidemiologia para estabelecer prioridades e alocar recursos

e parcipação da comunidade.

A VISA atua controlando todas as etapas e processos das avidades direta

ou indiretamente relacionados à saúde como alimentos, medicamentos,

saneantes, cosmécos, aparelhos e instrumentos de uso médico e

odontológico, serviços de assistência e interesse à saúde; estabelecendo

normas e regulamentos; concedendo ou cancelando registro de produtos

e autorizações de funcionamento de empresas; scalizando, atuando

em portos, aeroportos e fronteiras; monitorando propaganda, preço de

medicamento, qualidade de produtos e serviços; e atendendo denúncias

do cidadão.

Vigilância sanitária em Belo Horizonte

No município de Belo Horizonte, as primeiras preocupações com a saúde

pública foram registradas na Portaria Municipal n.º10/1914, a qual

restabeleceu a Diretoria de Higiene Municipal e Assistência Pública, com

um corpo de cinco scais e um auxiliar de escritório.

Após duas décadas e meia, foi criado o Serviço de Educação e Saúde (1943)

e em 1947 criou-se o Departamento de Saúde e Assistência.

A Lei Municipal (LM) n.º 051/1948 cria o Serviço de Prolaxia, objevando

a manutenção e o desenvolvimento do serviço de prolaxia de molésas

endêmicas e saneamento em geral. A exnta Lei Municipal 120/49

criou o serviço de Polícia Sanitária Municipal (SPSM) de Belo Horizonte,subordinado ao Departamento de Assistência e Saúde. Essa lei tem uma

abrangência maior, uma vez que passa a tratar além do saneamento e

molésas também de questões como da higiene das habitações e dos

estabelecimentos industriais/comerciais de gêneros alimencios.

A parr de 1952, o trabalho da Polícia Sanitária passou a ser composto

por sete “mata-mosquitos”, como eram chamados os prossionais

que realizavam o serviço de scalização. Exisa ainda um “laboratório

ambulante” cujo veículo e técnicos eram cedidos pelo exército para

acompanhamento do trabalho scal, objevando realizar a análise dos

alimentos suspeitos. A Polícia Sanitária realizava também um trabalho

prevenvo juntos aos regulados, com entrega da Lei para conhecimentoprévio antes de qualquer punição.

De 1952 até os anos 70, a Fiscalização Sanitária conseguiu fazer história.

Pelos relatos, apesar das más condições de trabalho e dos baixos salários,

o pequeno número de prossionais não mediram esforços na execução do

serviço, possibilitando a evolução da Vigilância Sanitária.

No ano de 1967 foi criada a Secretaria da Saúde e Bem-estar Social. O

período de 1981 aos meados de 89 foi de avanço para a Vigilância

Sanitária. Exisa uma estrutura bem denida, com um Departamento de

Fiscalização Sanitária, com duas seções, uma de Inspeção de Alimentos e

outra de Fiscalização Sanitária. A década de 80 foi marcada também pela

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realização de dois concursos (1981 e 1984), que resultou no aumento no

quadro de prossionais.

A incorporação de novos recursos humanos e a qualicação técnica

do quadro de pessoal contribuíram para a mudança de enfoque da

Vigilância Sanitária. Outras seções foram criadas como de Bromatologia,

Controle de Inspeção, de Registro, Divulgação e Pesquisa e Normas

Técnicas. Faziam parte ainda dessa estrutura as coordenações das nove

regionais, concentradas em um único espaço sico, com um Serviço de

Pronto Atendimento 24h, responsável pelo atendimento às demandas

emergenciais, noturnas, de nal de semana, de eventos dentre outras.

Paralelamente a essas mudanças, foi aprovado o Decreto Municipal (DM)

5616/87, que regulamentou a Lei Municipal 4323/86 e permiu a inserção

de novas avidades e incorporação de projetos emergentes (pesquisa de

bromato no pão, pesquisa de nitrito/nitrato na carne e outros).

Por decisão administrava, os anos 1989/90, foram marcados pela

descentralização da VISA, redistribuindo os serviços para os nove Distritos

Sanitários Regionais. A proposta da PBH era a de reorganizar a VISA no

novo modelo assistencial baseado em território, intersetorialidade, ações

educavas, socialização dos serviços e parcipação popular, centrados na

prevenção, com base na lógica da vigilância em saúde.

No ano de 1991 foi realizado o 1° Seminário da VISA, para discur o

processo legal de municipalização dos serviços de saúde.

Em 1996 foi aprovada a LM 7031/96 que dispõe sobre a normazação dos

procedimentos relavos à Saúde pelo Código Sanitário Municipal, cujosprincípios gerais foram norteados no modelo de vigilância em saúde.

Em janeiro de 1998 por determinação da Secretaria Municipal de Saúde

(SMSA) deu-se o início efevo do processo de municipalização da Vigilância

Sanitária, com a incorporação de novas atribuições.

O ano de 2000 também foi muito importante para a VISA, foi realizado um

novo concurso público para viabilizar o cumprimento das denições de

prioridades e de propostas sancionadas pela Lei 7774/99.

Atualmente o quadro de recursos humanos conta com um número de 169

scais, sendo 54 de nível superior e 115 de nível médio.

Para que a VISA-BH possa cumprir suas responsabilidades a metodologia

de trabalho adotada se baseia na Programação Anual de Ações de VISA,

que é o planejamento das avidades a serem realizadas, metas a serem

alcançadas devidamente aprovadas pelo Conselho Municipal de Saúde e

pactuadas com Estado; na demanda espontânea (requerimento de Alvará

de Autorização Sanitária); no atendimento a denúncias encaminhadas

por munícipes; nos processos de credenciamento SUS BH encaminhados

por setores da SMSA – vistoria especíca para vericação dos requisitos

denidos nas portarias do Ministério da Saúde para os credenciamentos

de serviços de saúde; no atendimento a demanda do Ministério Público,

Procons, Conselho Municipal de Saúde e outros. Outra responsabilidadeda VISA é a análise e aprovação de projetos arquitetônicos dos

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estabelecimentos de saúde e de Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde – PGRSS.

Para atender às demandas encaminhadas pelo cidadão o processo se

inicia a parr da solicitação/denúncia feita através do telefone 156, pela

internet através do site www.pbh.gov.br/sac ou presencialmente no BH

Resolve. As solicitações são encaminhadas eletronicamente para cada

regional de acordo com o endereço; o atendimento é realizado dentro

do prazo espulado para cada po de serviço; são priorizadas urgências

como toxinfecção alimentar, coletas de alimentos para análise e outras

demandas que caracterizam riscos iminentes à saúde; existe um plantão

diário de atendimento em toda a regional e um plantão noturno semanal

para atendimento de solicitações em estabelecimentos que só funcionam

à noite.

A VISA realiza trabalho de forma integrada com outros setores da SMSA,

como exemplo cita-se a ação com a Gerência de Saúde do Trabalhador(GESATSA) nas padarias, que consisu no levantamento dos dados de

acidentes com mulação em membros superiores nos trabalhadores deste

segmento pela GESATSA e vistoria realizada pela VISA nas padarias para

vericação da existência equipamento de proteção coleva nos cilindros,

batedeiras e amassadeiras. Após a conclusão da ação foi constatada

redução signicava dos acidentes graves com estes trabalhadores.

No combate ao abandono de tratamento de tuberculose, a VISA, a parr

da idencação do paciente que abandonou o tratamento pelo Centro de

Saúde, faz a autuação do indivíduo para retorno ao tratamento.

No controle da dengue a VISA tem uma atuação sistemáca em parceriacom a Gerência de Controle de Zoonoses (GERCZO). A ação se inicia

com a ulização de roteiro especíco como suporte técnico usado nas

vistorias scais que foi inserido em todos os roteiros de vistoria da VISA; a

realização da ação “entrada forçada” nos locais onde não são idencados

os proprietários em conjunto com a GERCZO; o acompanhamento da

VISA nas ações de rona da GERCZO; a parcipação nos murões e

supermurões de limpeza; o atendimento das reclamações captadas pelo

SAC e a vistoria nos pontos estratégicos.

Nos casos idencados de Síndrome de Diógenes, que se caracteriza pelo

acúmulo de resíduos pelo morador de uma residência, trazendo riscos

para a sua saúde e de seus vizinhos, são realizadas ações integradas que

incluem discussão dos casos com Gabinete Regional, Assistência Social,

Unidades de Saúde, SLU, Controle de Zoonoses, Parques e Jardins e a

VISA; após o esgotamento das ações da GERCZO e da VISA é emida uma

ordem de serviço do Secretário Regional para limpeza do imóvel com

acompanhamento da Delegacia do Idoso e da Polícia Militar e um médico

da Unidade de Saúde.

Nas ocorrências de recusa de entrega de cão sororreagente para

leishmaniose idencado pela GERCZO, a VISA lavra documento scal

para o responsável pelo animal para entrega do cão podendo chegar à

lavratura de auto de infração com valor pecuniário (multa).

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Nos eventos patrocinados pela Prefeitura de Belo Horizonte, a VISA

parcipa fazendo a scalização dos estabelecimentos e vendedores

autorizados para vericar o cumprimento das normas sanitárias.

Atende também às reclamações referentes a saneamento básico,

inmando o morador a fazer ligação na rede de esgoto, eliminando assim

o lançamento na via pública.

A parr da idencação de óbitos maternos não nocados, obrigatória

realizada pelo Comitê de Óbito Materno a VISA faz a autuação dos

estabelecimentos que não cumpriram o prazo legal.

Atendendo à solicitação do Conselho Municipal de Saúde a VISA realiza

palestras sobre a ação de vigilância sanitária para os conselheiros

municipais de saúde. Esta é uma ação prevista na Programação Anual das

Ações de Vigilância Sanitária.

Nas ações de educação para a população a VISA vem fazendo orientaçõese dicas sobre “cuidados sanitários” sobre alimentos e água, medicamentos

e ulização de serviços de saúde para os bolsistas (bolsa família e bolsa

escola) dentro do Programa Bairro Vivo; e fazendo apresentação de teatro

sobre as ações de VISA na comunidade

Em parceria com a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância sanitária e

a Secretaria Municipal de Educação foi implantado em Belo Horizonte o

EDUCANVISA que é um projeto de educação nas escolas, criado pela ANVISA,

que investe na formação de mulplicadores do conhecimento em vigilância

sanitária, principalmente quanto ao uso racional de medicamentos e

alimentação saudável. A capacitação é voltada a professores e prossionaisda vigilância sanitária que parlham o conhecimento com os alunos e

a comunidade, formando uma rede de mulplicadores. Em 2009/2010

foram envolvidos nesse projeto a Secretaria Municipal de Educação, VISA

e 10 escolas, envolvendo 3820 alunos, 14 professores e 02 coordenadores.

O desao de qualicar as ações de vigilância sanitária com base em

uma aproximação da práca de saúde da família, tomando como ponto

de parda a lógica da promoção da saúde, deve ser enfrentado pelos

gestores. Nesse contexto, insere-se a reexão críca sobre a possibilidade

de criação de um espaço de interlocução para a vigilância sanitária, na

medida em que várias de suas ações, como intervenções sobre os riscos

oriundos do ambiente e do trabalho e monitoramento da qualidade dosserviços oferecidos, serão mais efevas mediante o aprimoramento do

controle social, igualmente importante para a saúde da família. Para um

novo processo de trabalho, tem sido destacada a corresponsabilização da

equipe de saúde e da população-alvo do cuidado, com vistas à construção

social das demandas e necessidades em saúde, que se expressariam,

entre outras, numa reorganização das prácas para superar as respostas

essencialmente assistenciais (O´DWYER, G.; TAVARES, M.F.L.; DE SETA,

M.H, 2007).

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Ocinas de Qualicação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte - Ocina 9: Vigilância em Saúde

Referências

BRASIL, Ministério da Saúde, Gabinete do Ministro, Portaria Nº 3.252, de 22

de dezembro de 2009, Aprova as diretrizes para execução e nanciamento

das ações de Vigilância em Saúde pela União, estados, Distrito Federal e

municípios e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições

para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Dene o Sistema Nacional

de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá

outras providências.

EDUARDO, Maria Bernadete de Paula e de MIRANDA, Isaura Crisna S.

de Miranda (colaboradora). Saúde & Cidadania – Vigilância Sanitária. p.

3 Instuto para o Desenvolvimento da Saúde - IDS. Núcleo de AssistênciaMédico-Hospitalar - NAMH/FSP e Banco Itaú. São Paulo, 1998.

O´DWYER, G.; TAVARES, M.F.L.; DE SETA, M.H. O desao de operacionalizar

as ações de vigilância sanitária no âmbito da promoção da saúde e no

locus saúde da família, Comunic, Saúde, Educ, v.11, n.23, p.467-84, set/

dez 2007.

Plano de Gestão/Informazação Vigilância Sanitária – 2003/2007.