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    Eso e Se Pb o Eso e Ms GesSee e Eso e Se e Ms Ges

    See Mp e Se e Beo Hooe

    OficinaS dE QualificaO da atEnOPriMria SadE EM BElO HOrizOntE

    O 7

    Beo Hooe, 2011

    abogem fm

    G o Geee e Pojeo

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    Minas Gerais. Escola de Sade Pblica do Estado de Minas Gerais.M663i Implantao do Plano Diretor da Ateno Primria Sade / Escola de Sade Pblica do Estado de Minas Gerais. -- Belo Horizonte: ESPMG, 2011. Contedo: Ocina 7 Abordagem familiar Guia do Tutor/Facilitador

    64 p.

    ISBN : 978-85-62047-06-0

    1. Plano Diretor de Ateno Primria Sade, Implantao. 2. Ateno Primria Sade. 3. Ciclo PDCA. 4. Matriz 5W2H. I. Escola de Sade Pblica do Estado de

    Minas Gerais. II. Secretaria de Estado de Sade de Minas Gerais. III. Ttulo. WA 540

    ESCOLA DE SADE PBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAISAv. Augusto de Lima, 2.061 Barro Preto BH MGCEP: 30190-002Unidade Geraldo Campos ValadoRua Uberaba, 780 Barro Preto BH MGCEP: 30180-080www.esp.mg.gov.br

    Tammy Angelina Mendona Claret MonteiroDiretora Geral da Escola de Sade Pblica do Estado de Minas Gerais

    Thiago Augusto Campos HortaSuperintendente de Educao

    Marilene Barros de MeloSuperintendente de Pesquisa

    Tania Mara Borges BoaventuraSuperintendente de Planejamento, Gesto e Finanas

    Fabiane Marns RochaAssessora de Comunicao Social

    Audrey Silveira BastaAssessor Jurdico

    Nina de Melo DvelAuditora Geral

    Michael Molinari AndradeCoordenador de Educao Permanente - SEDU/ESP-MG

    Clarice Caslho Figueiredo

    Coordenadora de Educao Tcnica SEDU/ESP-MG

    Luciana Tarbes Maana SaturninoCoordenadora da Ps-Graduao SEDU/ESP-MG

    Patrcia da Conceio ParreirasCoordenadora do Ncleo de Gesto Pedaggica SEDU/ESP-MG

    Equipe do PDAPS Coordenadoria de EducaoPermanente - SEDU/ESP-MGDinalva Marns IriasEleni Fernandez Moa de LimaIvan Rodrigues MachadoVirgnia Rodrigues Braga

    Reviso Tcnico-Pedaggica:Dinalva Marns IriasPoliana Estevam Nazar

    Editora Responsvel: Fabiane Marns Rocha

    Produo Grca e Impresso:Autnca Editora

    SECRETARIA DE ESTADO DE SADE DE MINAS GERAISRua Sapuca, 429 CEP: 30150-050Belo Horizonte MGwww.saude.mg.gov.br

    Antnio Jorge de Souza MarquesSecretrio de Estado de Sade de Minas Gerais

    Wagner Eduardo FerreiraSecretrio Adjunto de Estado de Sade de Minas Gerais

    Maurcio Rodrigues BotelhoSubsecretrio de Polcas e Aes de Sade

    Marclio Dias MagalhesSuperintendente de Redes de Ateno Sade

    Marco Antnio Bragana de MatosAssessor de Normalizao de Servios de Sade

    Wagner Fulgncio EliasSuperintendente de Ateno Primria Sade

    Rodrigo Marns MachadoGerente Adjunto do Projeto Estruturador Sade em Casa

    Jorge Luiz VieiraSubsecretrio de Inovao e Logsca em Sade

    Crisna Luiza Ramos da FonsecaSuperintendente de Gesto de Pessoas e Educao em Sade

    Aline Branco Macedo

    Gerente de Aes Educacionais em Sade

    SECRETARIA MUNICIPAL DE SADE DE BELO HORIZONTEAv. Afonso Pena 2336 Funcionrios -Belo Horizonte MG CEP:30130-007www.pbh.gov.br

    Mrcio Arajo de LacerdaPrefeito de Belo Horizonte

    Marcelo Gouva TeixeiraSecretrio Municipal de Sade de Belo Horizonte

    Susana Maria Moreira RatesSecretria Municipal Adjunta

    Fabiano PimentaSecretrio Municipal Adjunto

    Maria Luiza TostesGerente de Assistncia

    Janete Maria FerreiraGerente do Projeto em Belo Horizonte

    ELABORAO DO PLANO DIRETOR DA ATENOPRIMRIA SADE

    Eugnio Vilaa MendesConsultor da Secretaria de Estado de Sade

    Maria Emi ShimazakiConsultora Tcnica

    Marco Antnio Bragana de MatosAssessor de Normalizao de Servios de Sade

    Fernando Antnio Gomes Leles

    Assessor

    Wagner Fulgncio EliasSuperintendente de Ateno Primria Sade

    Luciana Maria de MoraesTcnica da Assessoria de Normalizao deServios de Sade

    Marli NacifTcnica da Gerncia de Ateno Primria Sade

    GRUPO DE ADAPTAO DAS OFICINAS DEQUALIFICAO DA ATENO PRIMRIA SADEEM BELO HORIZONTE

    Representantes da Secretaria Municipal de Sade:Adriana Lcia MeirelesAlexandre Moura

    Aline Mendes SilvaAmlia Egnia Froes FonsecaAndria Ramos AlmeidaBrbara Lrio UrsineBianca Guimares VelosoCarlos Alberto Tenrio CavalcanteEliana Maria de Oliveira SEliane Maria de Sena SilvaEvel CapdevilleHeloisa Faria de MendonaHeloisa Maria MuzziJanete dos Reis CoimbraJosei Karl S. C. MoaLecia de Castro MaiaLorena Guimares AntoniniLuisa da Maa Machado FernandesMaria Eliza V. SilvaMaria Imaculada Campos DrumondMaria Terezinha GariglioMax Andr dos SantosNeuslene Rivers QueirozNomria Csar de MacedoPaula Nair Luchesi SantosPaulo Csar NogueiraRosa Marluce Gois de AndradeRbia Mrcia Xavier de LimaSandra Alice Pinto Coelho MarquesSandra Crisna PaulucciSeram Barbosa dos Santos FilhoVanessa Almeida

    Representantes da Secretaria de Estado deSade de Minas GeraisConceio Aparecida GonalvesLuciana Maria de Moraes

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    SUMRIO

    1. COMPETNCIA................................................................................................................5

    2. OBJETIVOS......................................................................................................................5

    3. ATIVIDADES.....................................................................................................................5

    4. ESTRUTURA GERAL E PROGRAMAO...........................................................................6

    1 Dia.................................................................................................................................7

    Avidade I. Introduo e Dinmica Inicial..........................................................................7

    Avidade II. Apresentao das Experincias Exitosas no Perodo de Disperso Relacionadass Ocinas Anteriores.........................................................................................................7

    Avidade III. Ocina de Apoio e Avaliao: Percepes e Sistemazaes...............................8

    Avidade IV. Reexo sobre os Contedos j Abordados e os Contedos da Ocina 7..........8

    Avidade V. Os Conceitos e o Codiano da Abordagem Familiar nos Centros de Sade..........9

    Avidade VI. Estudo de Caso: A Famlia do Sr. Tarcsio - Parte 1.......................................13

    2 Dia................................................................................................................................15

    Avidade VII. Conceitos, Ferramentas e Experincias na Abordagem Familiar.................15Avidade VIII. Estudo de Caso: A Famlia do Sr. Tarcsio - Parte 2.......................................15

    Avidade IX. Sntese da Ocina de Abordagem Familiar...................................................26

    Avidade X. O Plano de Trabalho do Perodo de Disperso..............................................27

    Avidade XI. A Avaliao da Ocina..................................................................................28

    ANEXO I.............................................................................................................................31

    ANEXO II.............................................................................................................................52

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    1. COMPETNCIAS

    Ao nal desta ocina, espera-se que os parcipantes tenham desenvolvido

    capacidade de compreender a importncia da abordagem familiar e a

    ulizao de seus instrumentos, principalmente o Genograma, Ecomapae Pracce no codiano das equipes.

    2. OBJETIVOS

    Este mdulo est estruturado para alcanar os seguintes objevos:

    Realizar alinhamento conceitual sobre abordagem familiar;

    Abordar os principais instrumentos de abordagem familiar;

    Exercitar a ulizao dos instrumentos principais;

    Programar as avidades do perodo de disperso.

    3. ESTRATGIAS E ATIVIDADES

    As estratgias educacionais a serem desenvolvidas tm por objevo

    subsidiar os prossionais nas avidades a serem realizadas nos perodos

    de disperso e durante o exerccio de sua prca na gesto municipal.

    Este mdulo tem uma carga horria total de 16 horas, distribudas em dois

    dias de avidades.

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    4. ESTRUTURA GERAL E PROGRAMAO

    PRIMEIRO DIA

    Horrio Avidade Metodologia

    8h s 8h15 Introduo e Dinmica Inicial Apresentao no auditrio

    8h15 s 9hApresentao das Experincias Exitosas relacionadas sOcinas anteriores

    Apresentao no auditrio

    9h s 10hOcina de Apoio e Avaliao: Percepes eSistemazaes

    Apresentao no auditrio

    10h s 10h30 Intervalo

    10h30 s 12hReexo sobre os Contedos j Abordados e osContedos da Ocina 7

    Avidade em grupo

    12h s 13h30 Almoo

    13h30 s 15hOs Conceitos e o Codiano da Abordagem Familiar nosCentros de Sade

    Avidade em grupo

    15h s 15h15 Intervalo

    15h15 s 17h Estudo de Caso: A Famlia do Sr. Tarcsio Parte IAvidade em grupo

    SEGUNDO DIA

    Horrio Avidade Metodologia

    8h s 10hConceitos, Ferramentas e Experincias na AbordagemFamiliar

    Exposio dialogada no auditrio

    10h s 10h30 Intervalo

    10h30 s 12h Estudo de Caso: A Famlia do Sr. Tarcsio Parte II Avidade em grupo

    12h s 13h30 Almoo

    13h30 s 15h

    Estudo de caso: A Famlia do Sr. Tarcsio Parte II

    (connuao) Avidade em grupo

    15h s 15h15 Sntese da Ocina de Abordagem Familiar Avidade em grupo

    15h15 s 15h30 Intervalo

    15h30 s 16h45 O Plano de Trabalho do Perodo de Disperso Avidade por distrito

    16h45 s 17h Avaliao da Ocina e Encerramento Avidade em grupo

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    ATIVIDADE I - INTRODUO EDINMICA INICIAL

    Tempo esmado: 15 minutos

    I I I

    . , :

    I I I

    1 DIA

    Objevo

    Apresentao da estrutura geral da ocina 7.

    Desenvolvimento Conduzir uma dinmica inicial;

    Apresentar a estrutura geral da Ocina 7, destacando os pontos principais

    e regras de convivncia.

    ATIVIDADE II - APRESENTAO

    DAS EXPERINCIAS EXITOSASRELACIONADAS S OFICINASANTERIORES

    Tempo esmado: 45 minutos

    Objevo

    Apresentar experincias bem-sucedidas na organizao do processo de

    trabalho abordado nas ocinas anteriores.

    Desenvolvimento

    Nomear representantes de Centros de Sade para apresentar aos

    parcipantes da ocina um relato das experincias locais, abordando

    as discusses ocorridas e como a equipe tem se apropriado dessas

    informaes no codiano.

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    I I I

    . , :

    I I I

    ATIVIDADE III - OFICINA DE APOIOE AVALIAO: PERCEPES ESISTEMATIZAES

    Tempo esmado: 1 hora

    Objevo

    Apresentar uma sistemazao das discusses ocorridas na Ocina de

    Apoio e Avaliao, destacando o potencial das ocinas para analisar o

    trabalho atual.

    Desenvolvimento

    Exposio dialogada com todos os parcipantes da Ocina;

    Apresentar as percepes idencadas no decorrer das Ocinas de Apoio

    e Avaliao e o que foi proposto para que as ocinas sejam potencializadas

    na busca da corresponsabilizao;

    O palestrante ter 30 minutos para apresentao do tema;

    Aps as apresentaes devero ser reservados 30 minutos para discusso

    com os parcipantes.

    ATIVIDADE IV - REFLEXO SOBRE OSCONTEDOS J ABORDADOS E OSCONTEDOS DA OFICINA 7

    Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

    Objevo

    Reer sobre os processos ocorridos nas ocinas anteriores, relacionando-

    os aos conceitos que sero abordados na Ocina 7.

    Desenvolvimento

    Apresentar a avidade, destacando sua durao e fases que a compem,

    O grupo dever discur como tem sido o processo das ocinas no nvel

    local, procurando destacar:

    - Os principais conceitos e marcos conceituais que esto sendo

    introduzidos atravs das ocinas;

    - As principais mudanas no processo de trabalho que esto sendo

    percebidas;

    -Do seu ponto de vista, como o tema abordagem familiar se relaciona

    com as ocinas anteriores?

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    I I I

    . , :

    Sintezar a avidade com a turma, recuperando os conceitos mais

    importantes.

    ATIVIDADE V - OS CONCEITOS EO COTIDIANO DA ABORDAGEMFAMILIAR NOS CENTROS DE SADE

    Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

    Objevo

    Discur os diversos conceitos de famlia e abordagem familiar;

    Idencar como a abordagem familiar pode ser introduzida no processode trabalho codiano das equipes de sade.

    Desenvolvimento

    Apresentar a avidade, destacando sua durao e fases que a compem;

    Cada parcipante dever escrever o seu conceito de Famlia e Abordagem

    Familiar;

    Dividir a turma em pequenos grupos. Cada grupo dever construir com os

    parcipantes os termos e as denies envolvidos no conceito Famlia

    e Abordagem Familiar;

    Construir com a turma um nico conceito de Famlia e Abordagem

    Familiar;

    Conduzir a leitura do Texto de Apoio 1: Os Conceitos e o Codiano da

    Abordagem Familiar nos Centros de Sade;

    Sintezar a avidade com a turma, recuperando o conceito dela aps

    a leitura do texto.

    TEXTO 1

    OS CONCEITOS E O COTIDIANO DA ABORDAGEM

    FAMILIAR NOS CENTROS DE SADE 1

    Estamos iniciando mais uma ocina, a sma. Com ela, daremos mais

    um passo importante no sendo da qualicao da Ateno Primria

    Sade (APS), em nossa rede. Esta ocina tratar da abordagem familiar. J

    trabalhamos a organizao do processo de trabalho no Centro de Sade

    1Texto elaborado por Max Andr dos Santos e colaboradores. Max Andr mdico sanitarista, inte-grante da equipe do Centro de Educao em Sade da SMSA e do Grupo de Conduo das Ocinas deQualicao da Ateno Primria em Belo Horizonte

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    (CS), visando melhorar os atendimentos da demanda espontnea, da atenoprogramada e, nesta ocina, vamos discur como poderemos organizarnosso trabalho, para cuidar melhor das famlias da rea de abrangncia.Para tanto, a abordagem destas famlias de fundamental importncia.

    Cabe lembrar que, na primeira ocina, quando foi feita uma anlise danossa APS, avaliamos, como um dos princpios da APS, a centralizao nafamlia. Na mdia municipal, este importante atributo recebeu a nota 5.Dos seis princpios avaliados, a centralizao na famlia cou em 4 lugar,ou seja, no foi uma avaliao to boa. Diante disto, esse item deve tersido contemplado em muitos planos de fortalecimento da APS. Por isso,esta ocina se torna importante para ns, pois nela poderemos discur osinstrumentos necessrios para se fazer uma boa abordagem familiar.

    Vale lembrar que as Equipes de Sade da Famlia ESF) j visitam as famlias,elaboram o cadastro familiar e conhecem a classicao de risco das famliasatravs do SISREDE (conforme demonstrado no Anexo II desse guia). No entanto,ainda no trabalham a abordagem familiar de uma forma sistemazada, o que atornaria capaz de levar a equipe a conhecer a estrutura e o funcionamento dasfamlias. Nesta ocina, vamos tratar da sistemazao da abordagem familiar.

    Para incio de conversa, queremos chamar a ateno para o fato de que, na APS, aESF tem sob sua responsabilidade a populao; as famlias que fazem parte destapopulao; e, dentro destas famlias, os indivduos. Neste sendo, cabe ressaltarque, nas ocinas anteriores, organizamos o processo de trabalho para atenderaos indivduos, seja na demanda espontnea, seja na ateno programada. Aqui,vamos discur esta organizao para o atendimento s famlias.

    Assim, nesta ocina o objeto de trabalho a famlia, ou melhor, os problemas

    relacionados sade das famlias(sade aqui entendida como um bemestar bio-psico-social-espiritual, para alm da ausncia de doenas).Esses problemas devem ser idencados, descritos e analisados, para sertransformados em projetos de interveno, construdos e comparlhadoscom a prpria famlia.

    Neste sendo, podemos entender a famlia como uma pequena organizao,que nasce, cresce e morre, como se fosse um organismo vivo. Portanto, todafamlia tem suas respecvas fases ou ciclos de vida, como todo indivduo temuma estrutura, uma dinmica prpria, um comportamento, uma cultura,valores e tambm problemas.

    Alm disso, mesmo quando vamos fazer o atendimento de um indivduo, importante conhecer sua famlia, saber como ele se insere nela e qual papeldesempenha. Ou seja, nascemos, crescemos e morremos em uma famlia,fazemos parte dela e ela de ns, portanto, conhecendo a famlia de umapessoa, saberemos muita coisa a respeito dela. Muitos de nossos problemaspodem estar relacionados com a famlia que temos, por outro lado, namaioria das vezes, com ela que contamos, para ajudar a solucion-los.

    Voc pode estar se perguntando se tudo isso no seria mais trabalho parauma equipe j bastante sobrecarregada. Num primeiro momento podemoster essa ideia, mas, na verdade, o uso dos instrumentos de abordagemfamiliar apenas uma forma de sistemazar o trabalho com as famlias.

    Ajudando a solucionar o problema de uma famlia, estaramos ajudando aresolver o problema de vrios indivduos pertencentes a ela. Por exemplo, no

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    caso de um indivduo que uliza muito o Centro de Sade, que a equipe noest conseguindo ajudar, pode se tratar de um aspecto da sua vida familiare, ao compreender a estrutura e dinmica desta, pode se encontrar a razopara o problema.

    Da mesma forma, no caso de um usurio diabco que precise fazerdieta, provavelmente, haver a necessidade de envolver sua famlia. Ouum usurio que era o provedor de uma casa e sofre um AVC e venha a setornar dependente. Esta situao trar um impacto muito grande para afamlia e precisamos conhecer bem como ela funciona e como poder seadaptar, da melhor maneira possvel, a esta nova situao.

    Esperamos que tenha cado clara a importncia de se fazer uma boaabordagem da famlia. Vamos agora falar um pouco sobre o conceito deabordagem famliar.

    Primeiro, o conceito de abordagem. No dicionrio, encontramos: ato

    ou efeito de abordar. Abordar: aproximar-se de; tratar de; chegar;encostar (FERREIRA, 1983). Como podemos ver, abordagem d ideia deuma aproximao, no nosso caso, com o intuito de conhecer, no tanto paratratar, mas para cuidar; remete ao conhecimento pela equipe de sade dosmembros da famlia e dos seus problemas de sade.

    O outro conceito, um pouco mais complexo, o de famlia. Tradicionalmente,entendemos por famlia o pai, a me e seus lhos, ligados legalmente pelomatrimnio. Hoje em dia, esta apenas uma das conguraes possveis.So cada vez mais frequentes outras conguraes, como casais que passama viver juntos, congurando uma unio estvel; ou que, aps uma separao,constuem outra famlia, vivendo com os lhos do ango casamento, mais

    os novos, frutos desta unio. Mulheres que assumiram a condio de chefeda famlia e vivem sozinhas, sem marido; ou casais que moram em casasseparadas; idosos que vivem com os lhos; enm, mlplas conguraes.

    Existe, hoje em dia, um conceito de famlia, no qual a unio legal deu lugara uma unio afeva. Para ilustrar, vamos apresentar o conceito condo naLei n 11.340/2006 (conhecida como Lei Maria da Penha), sancionada em07 de agosto de 2006:

    Art 5. II (...) famlia, compreendida como a comunidade formada porindivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais,por anidade ou por vontade expressa (...).

    Pargrafo nico. As relaes pessoais enunciadas neste argo independemde orientao sexual.

    Queremos chamar a ateno para a ampliao que se tem, hoje, do que seentende por famlia. Ao mesmo tempo, este conceito precisa ser operacional,para que a ESF possa idencar, claramente, no seu dia a dia, as famliascom as quais ir trabalhar. Neste sendo, o Ministrio da Sade (2001)dene famlia como: A famlia o conjunto de pessoas, ligadas por laosde parentesco, dependncia domsca ou normas de convivncia, queresidem na mesma unidade domiciliar. Inclui empregado(a) domsco(a)que reside no domiclio, pensionista e agregados.

    Para nalizar, nesta ocina, alm de fazermos uma reexo sobre a formacomo estamos organizando nosso trabalho, para abordar e centralizaro atendimento s famlias, iremos apresentar alguns instrumentos ouferramentas que podero ser ulizados pela equipe para esta nalidade.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Um deles o GENOGRAMA, que um diagrama que detalha a estrutura

    e o histrico familiar, fornece informaes sobre os vrios papis de seusmembros e das diferentes geraes; fornece as bases para a discusso eanlise das interaes familiares (HAyES et al. 2005).

    Outro instrumento o ECOMAPA: este um desenho complementar aogenograma na compreenso da composio e estrutura relacional da famlia.Consiste na representao grca dos contatos dos membros da famliacom os outros sistemas sociais, incluindo a rede de suporte scio-sanitrio(ARAJO et al. 2005).

    Enquanto o GENOGRAMA idenca as relaes e ligaes dentro do sistemafamiliar, o ECOMAPA idenca as relaes e ligaes da famlia com o meioem que vive.

    Alm desses, h O CICLO DE VIDA DAS FAMLIAS, que uma srie de eventosprevisveis que ocorrem dentro da famlia como resultado das mudanas em

    sua organizao. Esta ferramenta idenca na histria da famlia os diferentesestgios de desenvolvimento, que tambm so chamados de crises evoluvase incluem as tarefas a serem cumpridas pelos membros familiares e tambmtpicos de promoo de sade familiar que podem ser implementados.

    E, por m, o PRACTICE. Esta palavra composta por uma sigla em ingls,que, traduzindo, seria: P (problem), de problema apresentado; R (roles andstructures), de papis e estruturas; A, de afeto; C, de comunicao;T, de tempo no ciclo de vida; I (illness), doenas na famlia; C (coping),lidando com o stress e E (environment), meio ambiente ou ecologia.

    O modelo PRACTICE facilita o desenvolvimento da avaliao familiar, fornecendoas informaes sobre que intervenes podem ser ulizadas para planejar

    aquele caso especco. Este modelo pode ser usado para itens da ordem mdica,comportamental e de relacionamentos (WALTERS apudDITTERICH, 2005).

    Desejamos que esta ocina seja bastante interessante e proveitosa para

    todos. Bom trabalho!

    Referncias

    BRASIL. Ministrio da Sade. Sade da Famlia: uma estratgia para areorientao do modelo assistencial. Braslia, DF: 1997.

    BRASIL, Ministrio da Sade. Departamento de Ateno Bsica. Guia prco

    do Programa Sade da Famlia. Braslia: 2001.

    DITTERICH, Rafael Gomes. O trabalho com famlias realizado pelo cirurgio-densta do Programa Sade da Famlia (PSF) de Curiba-PR. 79p. Monograa(Ps-graduao em Sade Coleva) Poncia Universidade Catlica doParan, Curiba, 2005.

    FERREIRA, Aurlio B. de Hollanda. Novo Dicionrio da Lngua Portuguesa.2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.

    LANDIM F.L.P., ARAJO A.F., XIMENES L.B., VARELA Z.M.V. Comunidademurante: caracterscas familiares e suas redes de suporte social. RevistaBrasileira em Promoo da Sade2004; v.17, n 4: 177-86.

    NASCIMENTO L.C., ROCHA S.M.M., HAyES V.E. Contribuies do genogramae do ecomapa para o estudo de famlias em enfermagem peditrica. TextoContexto Enferm2005; 14(2): 280-6.

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    ATIVIDADE VI ESTUDO DE CASO: AFAMLIA DO SR. TARCSIO PARTE I

    Tempo esmado: 1 hora e 45 minutos

    Objevo

    Reconhecer e discur como se d a abordagem familiar no atual processo

    de trabalho das equipes, ulizando um estudo de caso.

    Desenvolvimento

    Apresentar a avidade, destacando sua durao e fases que a compem; Realizar a leitura do Estudo de Caso: A famlia do Sr. Tarcsio;

    Dividir a turma em pequenos grupos;

    Cada grupo deve eleger um coordenador e um relator;

    O grupo dever procurar abordar as seguintes questes:

    1. Quais so os principais problemas encontrados e como eles dicultam

    um melhor acompanhamento do Sr. Tarcsio? Quais elementos

    deveriam ser considerados para o Projeto Terapuco do Sr Tarcsio?

    Como seria esse Projeto Terapuco?

    2. Qual a importncia do ambiente familiar no processo sade-doenados nossos usurios?

    3. De que forma uma famlia como esta deve ser includa no cuidado

    dos nossos usurios?

    Cada relator apresentar as concluses de seu grupo e a seguir o facilitador

    conduzir uma discusso com toda a turma destacando os pontos em

    comum e as divergncias de cada grupo;

    Sintezar a avidade com a turma, alinhando os conceitos mais

    importantes.

    ESTUDO DE CASO

    A FAMLIA DO SR. TARCSIO PARTE I

    A ESF 01 do Centro de Sade Carmpolis, dentro do seu processo de

    gesto clnica, est reorganizando o atendimento aos seus usurios

    portadores de condio crnica e tem encontrado dificuldades no

    atendimento do Sr. Tarcsio.Sr. Tarcsio de Oliveira tem 55 anos, dono de bar, natural de Montes Claros

    e reside em Belo Horizonte h 38 anos. lho de Dona Esmeralda, que

    I I I

    . , :

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    aos 78 anos no apresenta problema de sade e no faz uso de nenhuma

    medicao, e do Sr. Gil, que faleceu aos 55 anos de idade por complicaes

    de insucincia cardaca e diabetes. O Sr. Tarcsio hipertenso, portador de

    insucincia cardaca e recentemente descobriu ser portador de diabetes

    do po II.Sua esposa, Dona Maria Olmpia, tem 54 anos e nasceu em Belo Horizonte.

    lha nica e seus pais faleceram h 15 anos em um acidente automobilsco.

    hipertensa e dislipidmica e encontra-se em controle regular no Centro

    de Sade Carmpolis. A relao dela com sua sogra conituosa, porque

    Maria Olmpia no concorda com a forte relao que seu marido mantm

    com Dona Esmeralda.

    O Sr. Tarcsio alimenta-se habitualmente em casa, e sua esposa uma

    excelente cozinheira. Ele se nega a fazer exerccio sico e connua

    desanimado, acordando todas as noites. Relata fazer tudo o que o mdico

    lhe pede e quando perguntado sobre a dieta responde: Preciso comer bemporque eu trabalho muito. Minha esposa que controla isto. Ela serve meu

    prato todo dia.

    O casal tem 2 lhos, Felipe, que est com 20 anos, e Camila, com 18 anos.

    Ambos esto com sobrepeso. Toda a famlia possui hbitos alimentares

    inadequados, com grande ingesto de alimentos gordurosos e hipercalricos.

    Durante os atendimentos individuais prestados aos membros desta famlia,

    foi possvel perceber que no existe um entendimento sobre a real situao

    de sade do Sr. Tarcsio, ou sobre a forma como a famlia poderia ajud-lo.

    Neste momento, cada membro da famlia exerce uma funo bem delimitada

    no ncleo familiar. O Sr. Tarcsio o provedor nanceiro, D. Maria Olmpiaorganiza a casa e faz todos os servios domscos, os lhos trabalham e

    estudam e no tm tempo para se dedicar famlia, embora mantenham

    uma relao carinhosa com os pais.

    Durante reunio da ESF 01 do Centro de Sade Carmpolis, o mdico

    comenta que os lmos exames do Sr. Tarcsio estavam muito alterados

    (glicemia de jejum de 210 mg/dL e glico-hemoglobina de 10%) e que o

    exame sico apresentava alteraes de descompensao da diabetes e da

    insucincia cardaca. A Equipe ento decidiu que era preciso estabelecer

    um projeto terapuco buscando a melhoria da sade do Sr. Tarcsio.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    2 DIA

    ATIVIDADE VII CONCEITOS,FERRAMENTAS E EXPERINCIAS NAABORDAGEM FAMILIAR

    Tempo esmado: 2 horas

    Objevo

    Introduzir conceitos, ferramentas e experincias na Abordagem Familiar.

    Desenvolvimento

    Exposio dialogada no auditrio com todos os parcipantes da Ocina;

    O painel contar com um convidado que abordar os temas relacionados

    aos objevos da Exposio;

    O palestrante ter 1h e 20 minutos para apresentao do tema;

    Aps a apresentao devero ser reservados 30 a 40 minutos para

    discusso com os parcipantes.

    ATIVIDADE VIII ESTUDO DE CASO: AFAMLIA DO SR. TARCSIO PARTE II

    Tempo esmado: 3 horas

    Objevo

    Aplicar os principais instrumentos da abordagem familiar, ulizando um

    estudo de caso.

    Desenvolvimento

    Apresentar a avidade, destacando sua durao e fases que a compem;

    Dividir a turma em pequenos grupos;

    Cada grupo deve nomear um coordenador e um relator;

    Realizar as avidades propostas ao longo do texto;

    Cada relator apresentar as concluses de seu grupo e, a seguir, o

    facilitador conduzir uma discusso com toda a turma destacando os

    pontos em comum e as divergncias de cada grupo;

    Sintezar a avidade com a turma, alinhando os conceitos mais

    importantes.

    I I I

    . , :

    I I I

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    ESTUDO DE CASO

    A FAMLIA DO SR. TARCSIO PARTE II

    Genograma

    Para iniciar esta avidade, devemos primeiro reler o caso da famlia do Sr.

    Tarcsio.

    A ESF, durante sua reunio semanal, resolveu se dedicar ao estabelecimento

    de um projeto terapuco para o Sr. Tarcsio. Uma primeira impresso da

    equipe que a fase da vida pela qual ele est passando tem relao direta

    com a forma como ele enfrenta seus problemas de sade. Esta impresso

    na verdade se baseia na aplicao de um instrumento de abordagem defamlias chamado ciclo de vida.

    O ciclo de vida analisa as diversas

    fases pelas quais as famlias passam,

    possibilitando uma previso dos

    fatores estressores que podem levar

    os membros dessa famlia a alguma

    disfuno. No caso do Sr. Tarcsio, a fase

    pela qual sua famlia est passando

    a de pais com lhos adolescentes, e

    os conitos existentes nesta famlia tm interferido na forma como seu

    patriarca enfrenta a doena.

    Para ilustrar melhor a discusso do caso, o mdico da equipe trouxe o

    genograma desta famlia (desenhado durante o lmo atendimento do Sr.

    Tarcsio) para ser discudo com o restante da equipe.

    O genograma a representao grca da famlia, agrupando num mesmo

    esquema seus membros, as relaes que os unem, a qualidade da relao

    e as informaes mdicas e psicossociais que a isso se ligam.

    O genograma idenca a estrutura da famlia e seu padro de relao, nos

    ajudando a demonstrar esquemacamente as diversas situaes pelas

    quais a famlia estudada passa. um mtodo indicado para avaliao derisco, preveno, problemas diferenciados e avaliao do problema familiar.

    uma estrutura dinmica e tem que ser trabalhada e alterada quando

    necessrio.

    importante que todas as informaes lanadas no genograma estejam de

    forma resumida e de fcil entendimento para manter o carter esquemco

    da ferramenta.

    O genograma deve conter minimamente as seguintes informaes:

    Trs ou mais geraes.

    Nomes de todos os membros.

    Idade ou ano de nascimento.

    Um aprofundamento em

    todas as fases do ciclo de

    vida e outros instrumentos

    de abordagem de famlias

    est disponvel no Anexo I.

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    Mortes, incluindo idade ou data em que ocorreu e a causa.

    Doenas ou problemas signicavos.

    Indicao dos membros que vivem juntos na mesma casa.

    Datas de casamentos e divrcios.

    Lista de primeiros nascimentos de cada famlia esquerda, com irmos

    relacionados sequencialmente direita.

    Um cdigo explicando todos os smbolos ulizados.

    Smbolos selecionados por sua simplicidade e visibilidade mxima.

    Relaes familiares.

    PRINCIPAIS SMBOLOS UTILIZADOS NA CONSTRUO DO GENOGRAMA

    HOMEM MULHER

    OU MORTE OU INDIVDUO NDICE

    ABORTO ESPONTNEO ABORTO PROVOCADO

    GRAVIDEZ ADOTADO

    GMEOS DIZIGTICOS GMEOS MONOZIGTICOS

    CASAMENTO NO CASADOS VIVEM JUNTOS

    SEPARAO DIVRCIO

    /\/\/\/\/\/\/\/ RELAO TUMULTUADA

    ............... RELACIONAMENTO DISTANTE

    RELACIONAMENTO PRXIMO

    MUITO PRXIMO

    RELACIONAMENTO DOMINANTE

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Mlplos matrimnios Pais e Filhos

    Pessoas que moram juntas

    1. Desenhe o genograma da famlia do Sr. Tarcsio.

    Na construo do genograma do Sr. Tarcsio importante relembrar

    algumas informaes que o texto nos trouxe e conhecer outras conseguidas

    atravs dos ACS:

    Tarcsio tem 55 anos, hipertenso, diabco e portador de ICC; Maria Olmpia tem 54 anos e obesa e diabca;

    Felipe tem 20 anos, e Camila, tem 18 anos, e ambos esto com sobrepeso;

    Pai do Tarcsio (Gil) morreu h 30 anos, quando estava com 55 anos, por

    complicaes da insucincia cardaca e do diabetes;

    Me de Tarcsio (Esmeralda) est com 78 anos e o lho mantm forte

    vnculo com a mesma;

    Tarcsio tem 2 irmos, todos do sexo masculino e todos mais novos que ele;

    Maria Olmpia no tem uma boa relao com a sogra.

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    2- Baseado no genograma, como voc avalia os impasses e as

    oportunidades para melhor organizar um projeto terapuco para o Sr.

    Tarcsio?

    Ecomapa

    O genograma foi analisado pela equipe de sade e houve um consenso

    quanto necessidade de se abordar outros aspectos da histria desta famlia.

    A equipe ento se comprometeu a buscar mais dados para que na prxima

    reunio fosse realizada a construo do ecomapa deste ncleo familiar.

    O ecomapa um diagrama das relaes entre a famlia e a comunidade e

    ajuda a avaliar os apoios e suportes disponveis e sua ulizao pela famlia.

    Semelhante a um genograma da famlia nuclear estudada, tambm inclui

    vrias informaes acerca das relaes da famlia com o ambiente externo,como:

    a vizinhana (a rea sica onde a casa est instalada);

    servios da comunidade (mdicos, de sade mental, txico-dependncia,

    violncia domsca, conselho tutelar, etc.);

    grupos sociais (igreja; grupos cvicos, comisso de pais, comisso de

    bairro; grupos de convvio: jogo de cartas, caminhadas, etc.);

    educao;

    relaes pessoais signicavas (amigos, vizinhos, famlia mais afastada,

    etc.);

    trabalho;

    outras (especcas da famlia e da rea em que habita).

    Para construirmos o ecomapa, devemos desenhar um crculo central com

    os membros da famlia e suas idades mostradas no centro deste. Os crculos

    externos mostram os contatos da famlia com a comunidade. As linhas

    indicam o po de conexo: linhas connuas representam ligaes fortes;

    linhas ponlhadas, ligaes frgeis; zigue-zague, aspectos estressantes. As

    setas signicam energia e uxo de recursos. Ausncia de linhas signica

    ausncia de conexo. Deve-se usar de forma combinada o genograma como ecomapa.

    3. Desenhe o ecomapa do ncleo familiar do Sr. Tarcsio

    Na construo do ecomapa da famlia do Sr. Tarcsio sero necessrias

    outras informaes colhidas pela equipe:

    A famlia enfrenta graves problemas nanceiros;

    O Sr. Tarcsio e os lhos trabalham por longos perodos e no conseguem

    extrair qualquer prazer do trabalho;

    A famlia possui boa relao com o CS Carmpolis. O Sr. Tarcsio apenas

    comparece s consultas, Felipe parcipa, de forma irregular, do grupo

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    de capoeira oferecido no CS e Maria Olmpia, alm de consultar-se regularmente, frequenta um grupo

    operavo voltado perda de peso e conselheira local de sade;

    Existe uma academia da cidade no bairro, mas na famlia do Sr. Tarcsio, apenas Camila a frequenta,

    somente de vez em quando;

    A famlia do Sr. Tarcsio no convive com nenhum dos vizinhos e raramente frequenta uma das igrejas

    do bairro.

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    4. Baseado no ecomapa, o que voc mudaria ou melhoraria em seu

    projeto terapuco desenvolvido na avidade anterior?

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    PRACTICE

    Ao desenhar o ecomapa, cou mais claro para a equipe quais passos

    poderiam ser seguidos, contribuir para organizar o cuidado do Sr. Tarcsio

    e dos demais pacientes com problemas semelhantes, bem como quais os

    potenciais parceiros e entraves na comunidade.

    Ainda assim, a equipe sena que precisava conhecer melhor como o ncleo

    familiar do Sr. Tarcsio funcionava e como seria possvel uma interveno

    mais efeva. A enfermeira da equipe lembrou-se de outro instrumento usado

    para abordagem familiar, o PRACTICE, e combinou com o ACS responsvel

    uma visita domiciliar para o dia seguinte.

    O PRACTICE ulizado para o entendimento da dinmica familiar e dos

    problemas que aparecem dentro da famlia. Funciona como um roteiro para

    obteno de informaes e focado na resoluo de problemas. Cada letra

    signica uma rea de invesgao.

    Abreviaes Ingls (original) Portugus (traduo)

    P Presenng problem Problema apresentado

    R Roles and structure Papis e estrutura

    A Aect Afeto

    C Communicaon Comunicao

    T Time in life ccle Tempo no ciclo de vida

    I Illness in famil Doenas na famlia

    C Coping with stress Enfrentando o estresse

    E Ecolog Ecologia

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Problema: Como a famlia percebe, dene e enfrenta o problema atual.

    Papis e estrutura: Aprofunda aspectos do desempenho dos papis de cada

    um dos familiares e como eles evoluem a parr dos seus posicionamentos.

    Afeto: Como se estabelecem as trocas de afeto entre os membros e como

    esta troca reete e interfere no problema apresentado.

    Comunicao: Como acontecem as diversas formas de comunicao entre

    as pessoas.

    Tempo no ciclo de vida: Correlaciona o problema com as diculdades e as

    tarefas esperadas dentro das diversas fases do ciclo de vida. Todas as fases do

    ciclo de vida esto descritas no texto anexo, situado no nal deste manual.

    Doenas na famlia(passadas e presentes): Resgata a morbidade familiar

    e o modo de enfrentamento nas situaes pregressas. Trabalha com a

    longitudinalidade do cuidado e a importncia do suporte familiar.

    Enfrentando o estresse: Como a famlia lida com o estresse? A equipe parte

    das experincias anteriores e analisa a atual. Idenca fontes de recursos

    internos, explora alternavas de enfrentamento se requeridas e interfere

    se a crise esver fora de controle.

    Ecologia (ou meio ambiente): Idenca o po de sustentao familiar e

    como podem ser usados os recursos disponveis.

    5. Aplique o PRACTICE para melhor compreender o funcionamento da

    famlia com relao aos cuidados de sade do Sr. Tarcsio.

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    6. Que dados faltaram para montar o PRACTICE?

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    7. Como o PRACTICE poderia ajudar na organizao da equipe para

    melhor planejar o projeto terapuco do Sr. Tarcsio?

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    8. Como voc v a ulizao dessas ferramentas no seu Centro de Sade?

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    ATIVIDADE IX: SNTESE DA OFICINADE ABORDAGEM FAMILIAR

    Tempo esmado: 15 minutos

    Objevo

    Relacionar os termos e as denies a respeito do conceito de famlia

    com o nosso codiano.

    Desenvolvimento

    Formar um crculo com todos os parcipantes e ouvir a Msica:

    Valsinha.

    Valsinha

    (Composio: Chico Buarque / Vinicius de Moraes)

    Um dia, ele chegou to diferente do seu jeito de sempre chegar

    Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar

    E no maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar

    E nem deixou-a s num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra

    rodar

    E ento ela se fez bonita como h muito tempo no queria ousar

    Com seu vesdo decotado cheirando a guardado de tanto esperar

    Depois os dois deram-se os braos como h muito tempo no se usava

    dar

    E cheios de ternura e graa, foram para a praa e comearam a se

    abraar

    E ali danaram tanta dana que a vizinhana toda despertou

    E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou

    E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como no se ouvia

    mais

    Que o mundo compreendeu

    E o dia amanheceu

    Em paz

    Produzir, com todos os parcipantes, uma sntese dos contedos da

    Ocina 7, destacando a relao das famlias com o CS e as mudanaspropostas: um novo jeito de olhar para as famlias.

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    ATIVIDADE X - O PLANO DETRABALHO DO PERODO DE

    DISPERSO

    Tempo esmado: 1 hora e 15 minutos

    Objevos

    Aplicar os contedos apresentados nesta ocina;

    Repassar o contedo da ocina para todos os prossionais da equipe de

    sade;

    Apresentar e discurcom toda a equipe os instrumentos da abordagem

    familiar.

    ORIENTAO: OS PRODUTOS DO TRABALHO DE DISPERSO

    a) REPASSE DO CONTEDO DA OFICINA PARA AS EQUIPES DE SADE

    Esta avidade dever ser realizada pelos facilitadores dos centros de

    sade com o apoio do nvel distrital e central.

    Repassar o contedo da ocina para todos os prossionais das equipes

    de sade dos CS.

    b) PRODUTO

    O principal produto da Ocina 7 a discusso e insero das ferramentas

    apresentadas no codiano das equipes. Em quais situaes esses

    instrumentos/ferramentas so importantes?

    Cada equipe deve escolher uma ou mais famlias para essa ulizao,

    idencando os principais movos para cada escolha.

    O Projeto Terapuco da famlia ou famlias em questo dever ser

    socializado com todo o grupo na prxima ocina.

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    ATIVIDADE XI - A AVALIAO DAOFICINA

    Tempo esmado: 15 minutos

    Objevo

    Avaliar o desenvolvimento da Ocina 7, retomando seus objevos e

    competncias propostas para seus parcipantes.

    Desenvolvimento

    importante compreender o momento de preenchimento doquesonrio como uma avidade avaliava, ou seja, uma oportunidade

    para que os parcipantes se corresponsabilizem com o desenvolvimento

    das ocinas, analisando o processo e fornecendo informaes para

    ajustes/correes de rumos nos casos necessrios;

    A avidade avaliava deve ser realizada distribuindo-se a turma em

    grupos de 3 a 4 pessoas, cada grupo discundo as questes e respondendo

    a um nico quesonrio com as alternavas que melhor representarem

    sua percepo coleva. Lembrar que se trata de uma avaliao tomando

    como base os objevos previstos para cada ocina;

    No momento de aplicao do instrumento, os condutores devem estar

    atentos para esclarecer dvidas (e registrar o que apareceu como dvidas

    relacionadas s questes);

    Ao nal, os facilitadores devem recolher os quesonrios e encaminhar

    coordenao da Ocina. deve-se fazer uma concluso rpida do trabalho

    realizado, dizer da sua prpria avaliao sobre a ocina e anunciar os

    prximos passos.

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    INSTRUMENTO PARA AVALIAO DAS OFICINAS DE QUALIFICAODA ATENO PRIMRIA SADE NO SUS - BELO HORIZONTE

    DATA: ________ OFICINA N0

    . ___TURMA:___ COR:___________ DISTRITO(S): ______________

    UNIDADE(S) DE SADE: ___________________________________

    Assinale o nmero da alternava que melhor expressar sua avaliao sobre os itens abaixo:

    1.No 2.Muito pouco 3. Mais ou menos 4.Sim

    Itens avaliavosPontuao

    1 2 3 4

    1.Contedo

    1.1) Os contedos atendem aos interesses e necessidades do servio

    1.2) Os contedos se relacionam com o codiano de trabalho

    1.3) Os contedos foram tratados com profundidade suciente,considerando a proposta desta ocina

    1.4) Os produtos previstos ajudam na reorganizao do processo de trabalho local

    2) Estratgiasmetodolgicas

    2.1) No incio dos trabalhos foram estabelecidas ou rearmadas regras deconvivncia, pactuadas colevamente

    2.2) As pactuaes de regras de convivncia possibilitaram maiorcorresponsabilidade e compromisso de todos com o andamento das ocinas

    2.3) A programao e conduo das ocinas esmularam a parcipao einterao entre os parcipantes/equipe

    2.4) A arculao/encadeamento das avidades favoreceu o clima de dilogoe parcipao

    2.5) A forma de agrupamento/distribuio dos parcipantes (por turmas)favoreceu o comparlhamento de experincias, conhecimentos, etc

    2.6) O conhecimento e experincias prvios dos parcipantes foram levadosem conta

    2.7) O tempo dedicado s avidades foi adequado e proveitoso

    2.8) A metodologia ulizada favoreceu o alcance dos objevos previstos

    2.9) Esta ocina est gerando oportunidade para que os parcipantesdiscutam e proponham ajustes para as ocinas seguintes

    3) Sobre oscondutores(ocineiros,facilitadores,apoiadores)

    3.1) Os condutores manveram postura de acolher e problemazaradequadamente as questes que o grupo levantou (temcas, conitos,questes relacionadas aos produtos, etc)

    3.2) Os condutores (em seu conjunto) mostraram-se com conhecimentosuciente/adequado quanto aos conceitos trabalhados

    3.3) (Apenas para as ocinas realizadas nos CS) Esta ocina contou com aparcipao de referncia tcnica (apoiador) do Distrito Sanitrio

    3.4) D uma nota de 1 a 4 considerando sua avaliao relacionada aodesempenho geral da conduo da ocina pelo conjunto de condutores(nmero menor indicando pior desempenho e nmero maior indicandomelhor desempenho)

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    4) Auto-avaliao do

    grupo quanto parcipao noprocesso

    4.1) Conseguimos formular as questes que nos incomodam (caso no tenhahavido necessidade dessa interveno, marcar resposta 4

    4.2) Tomamos iniciavas e zemos sugestes nos trabalhos de grupo

    4.3) Estabelecemos associao entre as ocinas e o trabalho codiano

    4.4) Interessamo-nos pelas bibliograas sugeridas

    4.5) Percebemos avano na apropriao de conhecimento

    4.6) Tivemos disponibilidade para mudar a forma de agir e interagir com ooutro (nos casos que consideramos pernentes, necessrios)

    4.7) Fizemos sugestes quando percebemos que a abordagem no estavaagradando a turma ou no estava atendendo aos objevos e expectavas(caso no tenha havido necessidade dessa interveno, marcar resposta 4)

    4.8) Cumprimos/respeitamos as regras de convivncia pactuadascolevamente

    5)Materialdidco

    5.1) Os textos, caderno de ocinas, orientaes, instrumentos como planilhas,matrizes, etc, foram adequados

    5.2) Os instrumentos ulizados permiram reexo entre o que foi discudo eo trabalho codiano

    6) Infra-estruturae logsca

    6.1) Percebemos que houve cuidado em se providenciar um espaosasfatrio para realizao das ocinas, considerando ambiente sico elogsca em geral

    6.2) O espao/ambiente de ocinas foi sasfatrio quanto a: lanche, gua,banheiro e conforto em geral

    7) Sobre oinstrumentoavaliavo

    7.1) Este po de instrumento avaliavo (quesonrio) permite que vocexpresse sua opinio sobre o que voc gostaria de avaliar

    Espao para sugestes:

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    ANEXO I

    Abordagem Familiar

    Ruth Borges DiasFabiano Gonalves Guimares

    A famlia o modelo universal para o viver; ela unidade de

    crescimento, de experincia; de sucesso e fracasso; ela tambm

    unidade de sade e doena

    (Nathan Ackerman).

    Introduo

    A famlia o primeiro grupo no qual o indivduo inserido. interdependente,

    ou seja, os relacionamentos estabelecidos entre os familiares inuenciam

    uns aos outros, e toda mudana ocorrida nesse sendo ir exercer inuncia

    em cada membro individualmente ou no sistema como um todo.

    A doena ocorre e resolvida no contexto da famlia. A famlia ajuda a denir

    o comportamento do doente e da doena, atravs de apoio, exibilidade,

    pacincia e cuidado. Conhecer a estrutura da famlia, sua composio,

    funes, papis e como os membros se organizam e interagem entre si e

    com o ambiente vital para o planejamento do cuidado. Podemos assim

    facilitar medidas prevenvas e auxiliar as famlias nas suas necessidadesde comunicao.

    Muitas vezes os pacientes no se corresponsabilizam com o plano de

    cuidado pactuado, e existem vrios fatores que inuenciam nesta questo.

    Muitas vezes no comportamento familiar que encontramos vrios destes

    fatores, e uma boa tcnica de abordagem destas famlias nos prover

    numerosas estratgias para tentar reverter o problema.

    Para trabalharmos com as famlias temos que perceber o seu funcionamento

    e respeitar as suas regras, facilitar a comunicao dentro da famlia e auxili-

    la na busca de suas prprias solues.

    Durante o processo de trabalho temos que procurar o contato com cada

    membro da famlia, respeitar a hierarquia da organizao familiar e adaptar

    a comunicao ao seu eslo.

    A famlia

    A famlia constui um sistema aberto, dinmico e complexo, cujos membros

    pertencem a um mesmo contexto social e dele comparlham. o lugar do

    reconhecimento da diferena e o aprendizado quanto ao unir-se e separar-

    se; a sede das primeiras trocas afevo-emocionais e da construo daidendade (Fernandes e Curra).

    As famlias podem ser classicadas em vrios pos:

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Nuclear: Formada por pais e lhos (at o casamento e a constuio de

    nova famlia) ou novos casais.

    Extensiva: Formada por mais de uma gerao, podendo ter vnculos

    colaterais.

    Unitria: Pessoa que vive sozinha e no tem laos familiares.

    Monoparental: Constuda por um dos pais biolgicos e os lhos

    (independentemente dos vnculos externos ao ncleo).

    Homoafeva: Famlia nuclear composta por casal homoafevo.

    Reconstuda: Famlia que passou a ter nova congurao aps ruptura

    anterior, como em caso de segundo casamento.

    Instuio: Instuto que possui a funo de criar e desenvolver

    afevamente a criana/adolescente ou ser o lar do idoso.

    Famlias com constuio funcional: Pessoas que moram juntas edesempenham funes parentais em relao criana ou ao adolescente.

    Quando abordar famlias?

    Pessoas so pais, companheiros, lhos e lhas. Todas tm um passado,

    um presente e um futuro. Todos so ligados de alguma forma a uma

    famlia que, por sua vez, nos leva a ser quem somos como doentes e

    como pessoas (Stewart, M. et al.)

    No so todas as famlias que devem ser abordadas com profundidade e/ou de

    forma constante. uma forma de trabalho com indicaes especcas e, como

    qualquer po de tratamento, s deve ser feita quando realmente for indicada.

    Cabe equipe conhecer sobre esta metodologia de trabalho e cada um destes

    instrumentos para fazer a escolha daquele que a auxiliar mais em cada caso

    recebido em seu dia a dia. A equipe deve tambm realizar uma anlise crca

    do que possvel fazer ou no, tendo em vista as necessidades familiares, o

    interesse da unidade estudada e a capacidade da equipe de trabalho intervir

    favoravelmente no processo de autoconhecimento e crescimento das famlias.

    Em algumas situaes especiais se torna de relevada importncia a

    abordagem familiar, entre elas:

    Ausncia ou diminuio da autonomia do paciente (crianas, idosos epacientes dependentes para o cuidado).

    Ambivalncia do afeto: maternagem imaginria e maternagem ambiente,

    quando o lho no o idealizado. Por exemplo, nos casos de crianas com

    necessidades especiais ou lhos com desvios importantes de conduta.

    De acordo com a importncia dos papis individuais dos membros da

    famlia no comportamento cooperavo (por ex.: quem compra a comida

    e quem prepara as refeies).

    Quando a famlia exerce uma inuncia normava no paciente (que pode

    ser posiva ou negava em termos de cooperao).

    Casos de doenas crnicas, genticas, agudas srias, terminais,

    psiquitricas maiores.

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    Nos casos de crises do ciclo de vida.

    Para trabalharmos com as famlias temos que conhec-las e, a parr da,

    traar um plano de cuidados. Para facilitar este processo ulizamos ao longo

    do tempo uma srie de estratgias, como a coleta de um bom histrico

    familiar. Mas, alm da histria, podemos ulizar uma srie de ferramentasespeccas para como o genograma, o ciclo de vida, o ecomapa, o APGAR

    familiar, o pracce, o ro e a conferncia familiar.

    Genograma

    Proposto por Bowen (1978), o genograma a representao grca da

    famlia, agrupando num mesmo esquema os membros dessa famlia, as

    relaes que os unem, a qualidade da relao e as informaes mdicas

    e psicossociais que a isso se ligam. Permite assim uma visualizao doprocesso de adoecer, facilitando o plano terapuco e permindo famlia

    uma melhor compreenso sobre o desenvolvimento de suas patologias.

    O genograma idenca a estrutura da famlia e seu padro de relao, nos

    ajuda a demonstrar esquemacamente problemas biomdicos, gencos,

    comportamentais e sociais que envolvem a famlia estudada. um mtodo

    indicado para avaliao de risco, preveno, problemas diferenciados e

    avaliao do problema familiar. O instrumento tambm pode ser usado

    como fator educavo, permindo ao paciente e sua famlia ter a noo das

    repees dos processos que vm ocorrendo e em como estes se repetem.

    Isto facilita o insight necessrio para acompanhar a proposta terapucaa ser desenvolvida.

    uma estrutura dinmica e tem que ser trabalhado e alterado quando

    necessrio.

    Como fazer um genograma:

    O genograma deve ser colocado no incio do pronturio, com um sumrio

    dos problemas prvios, aes prevenvas e medicamentos em uso. Ao entrar

    com datas ou idades, importante colocar o ano do acontecimento, pois estedado perene. Quando adequadamente executado, o genograma permite

    que qualquer membro da equipe de sade possa atender ao paciente com

    uma viso adequada do processo, melhorando a resoluvidade.

    O genograma possui dois elementos principais: o estrutural, composto

    por dados como nome, idade, prosso, situao laboral, mortes na

    famlia citando datas e causas, doenas, cuidador principal e informante

    (assinalado); e o funcional, que complementa as informaes mostrando

    a interao entre os membros da famlia e dando uma viso dinmica ao

    instrumento. (Curra e Fernandes, 2006)

    importante que todas as informaes lanadas no genograma estejam deforma resumida e de fcil entendimento para manter o carter esquemco

    da ferramenta.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    O genograma deve conter minimamente as seguintes informaes:

    Trs ou mais geraes.

    Nomes de todos os membros.

    Idade ou ano de nascimento.

    Mortes, incluindo idade ou data em que ocorreu e a causa.

    Doenas ou problemas signicavos.

    Indicao dos membros que vivem juntos na mesma casa.

    Datas de casamentos e divrcios.

    Lista de primeiros nascimentos de cada famlia esquerda, com irmos

    relacionados sequencialmente direita.

    Um cdigo explicando todos os smbolos ulizados.

    Smbolos selecionados por sua simplicidade e visibilidade mxima.

    Relaes familiares.

    PRINCIPAIS SMBOLOS UTILIZADOS NA CONSTRUO DO GENOGRAMA

    HOMEM MULHER

    OU MORTE OU INDIVDUO NDICE

    ABORTO ESPONTNEO ABORTO PROVOCADO

    GRAVIDEZ

    GMEOS DIZIGTICOS GMEOS MONOZIGTICOS

    CASAMENTO NO CASADOS VIVEM JUNTOS

    SEPARAO DIVRCIO

    ADOTADO

    /\/\/\/\/\/\/\/ RELAO TUMULTUADA

    ............... RELACIONAMENTO DISTANTE

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    RELACIONAMENTO PRXIMO MUITO PRXIMO

    RELACIONAMENTO DOMINANTE

    Mlplos matrimnios Pais e Filhos

    Pessoas que moram juntas

    Exemplo:

    O Sr. Alberto um paciente de 54 anos muito resistente ao tratamento, estem fase de negao de sua condio de sade, apesar dos diagnscos de

    obesidade, HAS, dislipidemia e tabagismo. Como um mtodo de vnculo e

    alerta, voc optou por fazer um genograma da famlia, e o paciente conta

    a seguinte histria:

    Alberto (1956) lho de Maria e Jos, tem 2 irms, divorciado de Magali

    e casado com Ana, com quem tem 3 lhos. Conta que: a me (nascida em

    1930) portadora de demncia e HAS, casou-se com seu pai em 1950; o

    pai (1915-1965) era diabco e hipertenso e faleceu por IAM; a irm mais

    velha Neuza (1952) obesa, dislipidmica e viva de Manuel (1950-1999),

    falecido em acidente de carro; a segunda irm, Tnia (1954), solteira ehipertensa, tem uma pssima relao com a me.

    Alberto casou-se com Magali (1957) em 1976 e divorciou-se em 1980 (nunca

    mais se falaram), casou-se com Ana (1966) em 1981 e com ela teve 3 lhos:

    Roberta (1982), Crisana (1984) e Miguel (1988). Atualmente todos os lhos

    e a esposa tambm esto obesos, e Miguel comeou a fumar.

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    Ecomapa

    O ecomapa um diagrama das relaes entre a famlia e a comunidade

    e ajuda a avaliar os apoios e suportes disponveis e sua ulizao pela

    famlia. Deve ser ulizado principalmente quando uma famlia que tem

    poucas conexes com a comunidade e entre seus membros necessita maior

    invesmento da equipe para melhorar seu bem-estar.

    Semelhante a um genograma da famlia nuclear estudada, tambm inclui

    vrias informaes acerca das relaes da famlia com o ambiente externo,

    como por exemplo:

    a vizinhana (a rea sica onde a casa est instalada);

    servios da comunidade (mdicos, de sade mental, txico-dependncia,

    violncia domsca, comisso de menores, etc.);

    grupos sociais (igreja; grupos cvicos; grupos sociais: comisso de pais,

    comisso de bairro; grupos de convvio: jogo de cartas, caminhadas, etc.);

    educao;

    relaes pessoais signicavas (amigos, vizinhos, famlia mais afastada,etc.);

    trabalho;

    Desenho do genograma

    m50

    Jos

    1915-1965HAS/DM/ IAM

    Maria

    1930HAS/ Demncia

    Nelsa1952

    Obesidade /

    Dislipedemia

    Tnia1954

    HAS

    Alberto1956

    HAS /Dislipedemia/ Tabagismo

    / Obesidade

    Ana1966

    Obesidade

    Miguel1988

    ObesidadeTabagismo

    Cristiana1984

    Obesidade

    Roberta1982

    Obesidade

    m76 d80 m81

    Manuel1950-1999Acidente de carro

    Magali1957

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    outras (especcas da famlia e da rea em que habita).

    Para construirmos o ecomapa, devemos desenhar um crculo central com

    os membros da famlia e suas idades mostradas no centro deste. Os crculos

    externos mostram os contatos da famlia com a comunidade. As linhas

    indicam o po de conexo: linhas connuas representam ligaes fortes;linhas ponlhadas, ligaes frgeis; zigue-zague, aspectos estressantes. As

    setas signicam energia e uxo de recursos. Ausncia de linhas signica

    ausncia de conexo. Pode-se usar de forma combinada o genograma com

    o ecomapa.

    Como exemplo, podemos visualizar a famlia de Maria (40 anos), paciente

    acompanhada pela equipe por hipertenso arterial sistmica que vem

    queixando muita preocupao com sua lha Ana, de 7 anos, que asmca

    e nos lmos meses teve uma piora da doena e do desempenho escolar.

    Tambm fazem parte da famlia o marido Joo (42 anos), o lho Lucas, de

    12 anos, e a caula Rita, de 1 ano.

    Figura do Ecomapa

    Famliada Maria

    Vigilantesdo Peso

    Servio deSade

    Trabalho

    Creche

    EscolaLucas e

    AnaVizinhos

    Clube deRecreao

    Igreja

    AA

    Famliado Joo

    Joo

    42 anos

    Maria

    HAS40 anos

    Rita

    1 ano

    Ana

    Asma7 anos

    Lucas

    12 anos

    No ecomapa acima, podemos perceber que a famlia estudada apresenta

    vrios pos de relaes sociais, mais distante das endades religiosas, porm

    muito prximas de outros atores sociais importantes, como o trabalho e o

    servio de sade. Essa relao ocorre tambm com os vigilantes do peso,

    em relao a Maria, e com os Alcolicos Annimos, em relao ao Joo.

    A ligao entre Ana e a escola estressante. J as relaes de Maria com

    a escola dos seus lhos frgil, embora a instuio procure intensicar a

    relao com ela. Lucas mantm relao um pouco adequada com a escola.

    A famlia de Maria mantm relao intensa com ela e relaes estressantes

    com Joo. J a famlia de origem de Joo tem relaes rompidas.

    Existe uma relao frgil da famlia com os vizinhos, e relao adequada

    com a creche e o clube de recreao.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Com o desenho ca mais fcil visualizar as relaes entre a famlia de Mariae a sua comunidade. A troca de recursos tambm aparece representada

    por setas que acompanham as linhas, mostrando uxos, que podem ser detempo, energia, ateno ou mesmo dinheiro. A riqueza de informaes

    destaque neste instrumento.A parr dos levantamentos, passa-se aos demais passos da metodologia

    de assistncia: idencao dos problemas, diagnsco, discusso dasestratgias de interveno, objevos a serem angidos, implementao eavaliao de resultados.

    Alguns problemas e possibilidades diagnscas a serem levantadas edebadas no caso ulizado:

    Inter-relao entre a piora da asma e do desempenho escolar de Ana (emum ciclo vicioso), inuenciada por:

    Fase de ciclo de vida: cimes da irm de 1 ano (foi caula por muitos anos)

    Distanciamento de Maria em relao escola dos lhos (apesar de a

    escola procur-la), associado relao adequada com a creche da Rita.

    No parcipao de Joo na vida escolar dos lhos.

    Relaes familiares extranucleares de Joo: rompimento com a prpria

    famlia de origem e relaes estressantes com a famlia de Maria.

    Relacionadas ao alcoolismo?

    O Ecomapa, portanto, um instrumento de trabalho de leitura quaseimediata e de fcil entendimento, quer pelos prossionais, quer pela famlia.Representa a famlia no seu meio e a qualidade das relaes com essemesmo meio. Pode ser aplicado por diferentes tcnicos da equipe de sade eserve fundamentalmente para suportar o po de intervenes que a famlianecessita em determinada fase do seu desenvolvimento.

    Ciclo de vida da famlia

    Outra importante ferramenta ulizada para abordar famlias o ciclo de vida

    que, atravs da anlise das diversas fases pelas quais as famlias passam,

    possibilita uma previso dos fatores estressores que podem levar os membros

    dessa famlia a alguma disfuno.

    Entender o ciclo vital das famlias pode signicar uma contribuio para asintervenes no processo sade-doena, bem como facilitar a capacitao e

    a atuao das equipes de sade de forma integral na busca da preveno e

    da promoo de sade. Durante o ciclo de vida de uma pessoa, ela passa por

    vrias fases: infncia, adolescncia, vida adulta e terceira idade. Cada fase

    tem caracterscas comportamentais prprias, maneiras de pensar, valores

    e conceitos compaveis com cada uma delas. Em cada estgio do ciclo de

    vida existem papis disntos a serem desempenhados pelos membros da

    famlia, uns em relao aos outros.

    A ferramenta ciclo de vida da famlia um esquema de classicao das

    etapas que demarcam uma sequncia previsvel de mudanas na organizao

    familiar ao longo do tempo. Entre as suas funes temos:

    Idencao das tarefas e funes dos subsistemas (conjugal, parental

    e fraternal)

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    Idencao dos modelos de comunicao

    Idencao das potencialidades e diculdades da famlia

    Facilitao do levantamento de hipteses e planejamento da interveno

    Aconselhamento antecipatrio em relao a um estresse previsvel emuma das fases do ciclo

    As expectavas dos indivduos e das famlias variam enormemente entre

    uma cultura e outra. As fases aqui descritas foram baseadas na generalidade

    da vida familiar na Amrica do Norte atravs do trabalho de Duvall, um

    dos principais pesquisadores a respeito do assunto. de se esperar que

    outros grupos culturais tenham normas diferentes. Contudo, quaisquer que

    sejam as diferenas culturais provavelmente uma realidade universal o

    fato de a vida familiar ser caracterizada por crises e conitos, adaptao

    e inadaptao.

    As tarefas de desenvolvimento so denidas por Duvall como tarefas quesurgem numa dada fase da vida de um indivduo ou famlia, e a adaptao a

    essa situao poder levar sasfao e ao sucesso de tarefas posteriores.

    Uma m adaptao a estas tarefas, por outro lado, poder levar

    insasfao, censura por parte da sociedade e a diculdades com tarefas

    posteriores. Ao assumir uma tarefa de desenvolvimento, um indivduo tem

    que observar as novas possibilidades para seu comportamento formular

    novas concepes para alcanar a fase seguinte de desenvolvimento.

    As tarefas de desenvolvimento dos diferentes membros da famlia esto em

    harmonia, como acontece quando marido e mulher aprendem a viver juntos

    num ninho vazio. Todavia, frequentemente, as tarefas de desenvolvimento

    esto em conitos, e muitas vezes das tenses da vida familiar so causadas

    por estes conitos.

    A necessidade que os adolescentes tm de alcanar a independncia leva-

    os quase inevitavelmente a entrar em conito com a tarefa dos seus pais

    de gui-los no seu desenvolvimento para uma maturidade responsvel.

    As tarefas de desenvolvimento da famlia so centradas em sua funo mais

    importante: o cuidar dos lhos desde o nascimento at a maturidade, e se

    relacionam inmamente com as tarefas de desenvolvimento dos membros

    individuais da famlia.

    Nem todas as famlias passam pelo ciclo completo em sequncia. Um lho

    pode manter-se em casa depois de ser adulto e a permanecer at que os

    pais morram. Casais divorciados com lhos que voltam a casar passam pela

    primeira e quarta fase ao mesmo tempo.

    Estgios das famlias segundo Duvall

    Estgio I Casamento e um lar independente (unio das famlias);

    Estgio II Famlias com crianas pequenas;

    Estgio III Famlias com pr-escolares;

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    Estgio IV Famlias com escolares;

    Estgio V Famlias com adolescentes;

    Estgio VI Famlias com lhos adultos;

    Estgio VII Famlias de meia-idade

    Estgio VIII Famlias envelhecendo.

    O primeiro estgio est relacionado com o aprender a viver junto; seria a

    fase em que o casal aprende a dividir os vrios papis de modo equilibrado e

    tambm a relao famlia e amigos se torna mais independente. Contempla

    o compromisso tanto da mulher quanto do homem diz respeito ao seu

    parceiro; as tarefas a serem cumpridas referem-se ao estabelecimento deuma relao nma entre os parceiros e um maior desenvolvimento da

    separao emocional com seus pais. Um dos principais problemas nesta

    fase o confronto dos valores trazidos por cada um, aprendidos em suas

    famlias de origem.

    A chegada de um novo membro famlia, ou seja, o primeiro lho seria

    o segundo estgio no ciclo de vida, em que as tarefas a ele associadas

    seriam o ajustamento do sistema conjugal para criar espao para o lho, a

    responsabilidade tanto educava quanto nanceira e a diviso do papel dos

    pais.Opapel dos pais est marcado pela posio de complementaridade: a

    autoridade parental deve assentar em limites e regras claramente denidos.O nascimento do 1 lho pode ser ocasio de consolidao ou risco de

    perturbao da relao conjugal.

    O nascimento do 2 lho dene o aparecimento do subssistema fraternal

    que o primeiro grupo de iguais que o ser humano conhece. Entre os tpicos

    que devemos discur esto: o desenvolvimento infanl, o relacionamento

    entre pais e lhos e entre irmos, o papel de cada um na criao dos lhos

    e o rearranjo da gura do casal aps os lhos, fazendo inclusive a discusso

    de sua sexualidade aps o nascimento.

    O 3 estgio, denido como famlia com lhos pr-escolares marcado pelas

    tarefas de prover espao adequado para a famlia que cresce, enfrentar oscustos nanceiros da vida familiar. Entre os tpicos de preveno temos que

    encorajar um tempo para o casal, esmular o dilogo sobre educao dos

    lhos, fornecer informaes sobre o desenvolvimento das crianas e manter

    uma sasfao mtua no papel de parceiros, parentes e comunidade.

    O 4 estgio a famlia com lhos na escola.

    Para a famlia, a entrada na escola primria constui o primeiro grande teste

    ao cumprimento da sua funo externa e, atravs dela, da sua funo interna

    (Alarco, 2000, p. 152), sendo funo externa a socializao, adaptao e

    integrao dos elementos da famlia na cultura vigente e funo interna a

    prestao de cuidados relavos s necessidades sicas e afevas de cadaum dos elementos da famlia.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    A escola permite:

    Aquisio de conhecimentos

    Aquisio de novos modelos relacionais

    Apropriao de idendade prpria

    Aps esta fase, entra o viver com o adolescente. o quinto estgio, em

    que se deve aumentar a exibilidade das fronteiras familiares para incluir a

    independncia dos lhos e fragilidade da gerao mais velha, assim como

    reforar as questes conjugais e prossionais no meio da vida. Etapa do

    ciclo vital em que a famlia alcana uma maior abertura face ao exterior,

    resultando:

    Aumento das relaes intersistemicas

    Confronto com diferentes valores, normas e comportamentos

    Estes conitos so pela regulao do poder: pais temem perd-lo, e lhos

    querem conquist-lo, sendo opoder dos pais a imposio dos limites ao

    exerccio do poder dos adolescentes e o poder do adolescente a possibilidade

    de experimentao de diversos papis, armao de novas competncias,

    deteno de uma clara posio negocial.

    Entre os tpicos de preveno temos que estabelecer uma relao com o

    adolescente que reita aumento de autonomia, equilibrando a liberdade

    com responsabilidade medida que os adolescentes vo adquirindo

    individualidade;fornecer informao aos pais sobre desenvolvimento de

    adolescentes; conversar com o adolescente sobre drogas e sexo e discur

    com ele o estabelecimento de relaes ao longo da vida.

    No sexto estgio estar presente a sada do lho, comumente chamado

    de Ninho Vazio, em que devem ser aceitas vrias entradas e sadas no

    sistema familiar, como voltar a viver como casal sem lhos, com ajuste ao

    m do papel dos pais, desenvolvimento de relacionamento de adulto para

    adulto entre os lhos crescidos e seus pais.

    A diculdade das relaes pais/lhos nesta etapa situa-se, sobretudo, no

    dicil equilbrio entre as aproximaes e os afastamentos, as solicitaes

    (directas ou indirectas) de apoio e conselhos e a recusa dos mesmos, o

    aconchego emocional e a necessidade de independncia afecva (Alarco,

    2000, p. 189). Esta fase habitualmente uma fase de muita procura aos

    servios de sade, e o entendimento da dinmica familiar facilitar a

    compreenso dos pacientes por parte da equipe.

    O smo estgio menciona a fase da aposentadoria. As mudanas a

    serem enfrentadas so: o m do salrio regular, sendo necessrio um

    ajuste nanceiro; desenvolvimento de novas relaes com lhos, netos e

    cnjuge. Como tarefas a serem cumpridas: prover conforto, sade e bem-

    estar enquanto casal, planejar o futuro nanceiro, ser avs, repensar o

    crescimento e o signicado do indivduo e do casal.

    Para concluir, o lmo estgio faz referncia velhice, em que se develidar com a perda de habilidades e maior dependncia aos outros, como

    tambm lidar com a perda de amigos, familiares e, eventualmente, do

    cnjuge. Comopreveno, temos que discur tpicos de sade, revisar a

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    vida como ferramenta para a sade mental, encorajar interesses individuais

    e comparlhados.

    Como forma didca, temos ento:

    Fase do ciclo de

    vida familiarPosio na famlia

    Tarefas de desenvolvimento da

    famlia nas fases crcas

    Casal sem lhos

    Mulher

    Marido

    Incio do

    Subsistema

    conjugal

    Constuio de um casamento

    mutuamente sasfatrio.

    Adaptao gravidez e a

    promessa da paternidade

    Integrao na rede familiar.

    Nascimento dos

    primeiros lhos

    Mulher-me

    Marido-Pai

    Lactente lho, ou

    ambos

    Incio do

    Subsistema

    parental

    Ter, adaptar-se e encorajar o

    desenvolvimento das crianas.

    Constuir um lar agradvel

    para os pais e para as crianas.

    Idade pr-escolar

    Mulher-me

    Marido-paiFilha-irm

    Filho-irmo

    Incio do

    Subsistema

    fraternal

    Adaptao s necessidades

    e interesses essenciais dascrianas em idade pr-escolar,

    esmulando e impulsionando

    o crescimento. Lidar com o

    desgaste de energia e com a

    falta de privacidade dos pais.

    Idade escolar

    Mulher-me

    Marido-paiFilha-irm

    Filho-irmo

    Integrao de uma maneira

    construva na comunidade das

    famlias com crianas na idadeescolar. Encorajamento das

    crianas no seu desempenho

    escolar.

    Adolescncia

    Mulher-me

    Marido-pai

    Filha-irm

    Filho-irmo

    Equilibrar a liberdade com

    responsabilidade medida

    que os adolescentes crescem

    e eles prprios se emancipam.

    Estabelecer interesses e

    carreiras ps-paternidade

    como pais em evoluo.

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    APGAR Familiar

    O APGAR um instrumento que avalia a sasfao de cada membro da

    famlia, e os diferentes escores devem ser comparados para se avaliar o

    estado funcional desta. feito atravs de um quesonrio simples formadopor cinco perguntas que sintezam aspectos das relaes da famlia, por

    isso o acrsco ingls:

    Adaptaon (Adaptao)

    Partneship (Parcipao)

    Growth (Crescimento)

    Aecon (Afeio)

    Resolve (Resoluo)

    O instrumento formado pelas cinco perguntas a seguir que podem ser

    respondidas com as seguintes opes: Quase sempre, s vezes, e

    Raramente.

    Estou sasfeito com a ateno que recebo da minha famlia quando

    algo est me incomodando?

    Estou sasfeito com a maneira como a minha famlia discute as questes

    de interesse comum e comparlha comigo a resoluo dos problemas?

    Sinto que minha famlia aceita meus desejos de iniciar novas avidades

    ou de realizar mudanas em meu eslo de vida?

    Estou sasfeito com a maneira com que a minha famlia expressa afeio

    e reage em relao aos meus senmentos de raiva, tristeza e amor?

    Estou sasfeito com a maneira com que eu e a minha famlia passamoso tempo juntos?

    O escore obdo atravs das respostas, as quais tm a seguinte pontuao: 2

    pontos para Quase sempre, 1 ponto para s vezes, e 0 para Raramente.

    Os pontos para cada uma das cinco questes so totalizados. O resultado de

    7 a 10 sugere uma famlia altamente funcional. O resultado de 4 a 6 sugere

    uma famlia moderadamente disfuncional. O resultado de 0 a 3 sugere uma

    famlia severamente disfuncional.

    O APGAR desnado a reer sobre:

    Adaptaon (Adaptao) - Como os recursos so comparlhados ou qualo grau de sasfao do membro familiar com a ateno recebida, quando

    recursos familiares so necessrios.

    Partneship (Parcipao) - Como as decises so comparlhadas ou qual

    a sasfao do membro da famlia com a reciprocidade da comunicao

    familiar e na resoluo de problemas.

    Growth (Crescimento) - Como a promoo do crescimento comparlhada

    ou qual a sasfao do membro da famlia com a liberdade disponvel no

    ambiente familiar, para a mudana de papis e para a concrezao do

    crescimento emocional ou amadurecimento.

    Aecon (Afeio) - Como as experincias emocionais so comparlhadas

    ou qual a sasfao do membro da famlia com a inmidade e interao

    emocional no contexto familiar.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Resolve (Resoluo) - Como o tempo comparlhado ou qual a sasfao do

    membro familiar com o compromisso que tem sido estabelecido pelos seus

    prprios membros. Alm de reparrem seu tempo, familiares geralmente

    estabelecem um compromisso no comparlhamento de espao e dinheiro.

    Baseado neste resultado de funcionalidade da famlia, podemos denirmelhor sobre a necessidade de interveno nesta famlia e qual o melhor

    prossional para faz-la:

    Altamente funcional, no necessita de interveno.

    Moderadamente disfuncional, interveno pela prpria equipe.

    Severamente disfuncional, interveno especca de terapeutas familiares.

    FIRO

    O modelo Firo foi originalmente desenvolvido para a realizao de estudos

    de grupos inseridos em sistemas sociais e, posteriormente, foi adaptado

    para estudos de famlias, em especial na terapia de famlia. O FIRO prope

    a caracterizao de grupos e famlias nas dimenses Incluso, Controle e

    Inmidade, a parr da sigla:

    Fundamental

    Interpersonal

    Relaon

    Orientaon

    De forma geral, as interaes na famlia podem ser categorizadas nasdimenses de INCLUSO, CONTROLE e INTIMIDADE Incluso (quem est

    dentro e quem est fora); Controle (quem controla e quem controlado);

    Inmidade (quanto senmento comparlhado, quem est prximo e

    quem est distante). A inmidade no modelo FIRO no pode ser confundida

    com o relacionamento sexual, tendo em vista que as trocas afevas que

    so enfazadas.

    Schutz desenvolveu o seguinte quesonrio para fazer a sua avaliao de

    necessidades e aplicar sua teoria:

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    - Incluso demandada

    Eu gosto que as pessoas me chamem para parcipar de suas conversas.

    ( ) Maioria das pessoas

    ( ) Muitas pessoas( ) Algumas pessoas

    ( ) Poucas pessoas

    ( ) Uma ou duas pessoas

    ( ) Ningum

    - Incluso oferecidaQuando as pessoas esto fazendo coisas juntas, eu tendo a me juntar a

    elas.

    ( ) Normalmente

    ( ) s vezes

    ( ) Ocasionalmente( ) Raramente

    ( ) Nunca

    - Controle demandadoEu deixo outras pessoas controlarem minhas aes.

    ( ) Normalmente

    ( ) s vezes

    ( ) Ocasionalmente

    ( ) Raramente

    ( ) Nunca

    - Controle oferecidoEu tento que as outras pessoas faam as coisas a minha maneira.

    ( ) Normalmente

    ( ) s vezes

    ( ) Ocasionalmente

    ( ) Raramente

    ( ) Nunca

    - Inmidade demandadaEu gosto que as pessoas se tornem prximas, nmas.

    ( ) Normalmente

    ( ) s vezes( ) Ocasionalmente

    ( ) Raramente

    ( ) Nunca

    - Inmidade oferecidaEu tento ter relaes mais nmas com as outras pessoas.

    ( ) Maioria das pessoas

    ( ) Muitas pessoas

    ( ) Algumas pessoas

    ( ) Poucas pessoas

    ( ) Uma ou duas pessoas

    ( ) Ningum

    Fonte: Grin, 1991.

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    Ocina de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 7: Abordagem familiar

    Para Schutz, escolher a opo muitas pessoas na primeira questo o

    mais comum, aproximadamente dois teros das pessoas fazem isso, o que

    mostra uma intensa necessidade de ser aceito pelos outros.

    O ponto de corte das outras cinco perguntas a parr da terceira opo.

    Qualquer resposta nos dois primeiros itens classica a pessoa em umacategoria de muita demanda, mas isso no necessariamente ruim,

    representando apenas um senmento de desconforto ou preocupao

    para a resoluo destas necessidades.

    Assim, percebendo como as pessoas agem e como elas se inter-relacionam,

    podem-se predizer algumas de suas aes futuras.

    Alm disso, deve-se ter o conhecimento de que essas aes so cclicas,

    ou seja, primeiramente ocorre a necessidade de incluso, dene-se quem

    tem mais poder de deciso e as relaes de maior proximidade, porm as

    pessoas connuam a mudar e a se conhecer mutuamente, levando a um

    rearranjo, com denio de novas prioridades.

    Para a abordagem das famlias, possvel ampliar a anlise proposta

    ulizando-se subcategorias de anlise, da seguinte forma:

    Incluso:

    estrutura: refere-se aos padres de interao (repevidade) e busca

    evidenciar a organizao das famlias ao longo de geraes (papis e

    laos);

    conecvidade: refere-se aos laos de interao na famlia (compromemento,

    senmento de pertencimento);

    modos de Comparlhar: refere-se s associaes realizadas a parr da

    idendade familiar (rituais, valores).

    Controle:

    Controle Dominante: inuncia unilateral

    Controle Reavo: inteno de contrariar uma ou mais inuncias

    Controle Colaboravo: inteno de dividir as inuncias

    A interao das famlias pode ser modicada por mudanas como alteraes

    do ciclo de vida e o surgimento de doenas srias. Quando existem mudanas,

    necessrio que a famlia inicie reexes pessoais e negociaes entre

    os seus membros, passando por modicaes nas dimenses Incluso

    (Qual o meu papel? Como sou parte da famlia?), Controle (Quem est

    envolvido no processo de deciso? Como?) e Inmidade (Tenho dividido

    meus senmentos? Com quem?).

    Algumas perguntas podem favorecer a atuao dos prossionais de sade

    na abordagem familiar. Assim, ainda que cada caso tenha que ser entendido

    de forma singular, podem ser sugeridas questes como: Como sente a

    mudan