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OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema Financeiro Brasileiro Filipe Ricardo Polizel Dissertação apresentada ao Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo para obtenção do título de de Mestre em Ciências Programa: Ciência da Computação Orientador: Prof. Dr. Jaime Simão Sichman São Paulo, março de 2016

OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

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Page 1: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

OntoBacen: Uma Ontologia paraGestão de Riscos do Sistema

Financeiro Brasileiro

Filipe Ricardo Polizel

Dissertação apresentadaao

Instituto de Matemática e Estatísticada

Universidade de São Paulopara

obtenção do títulode

de Mestre em Ciências

Programa: Ciência da ComputaçãoOrientador: Prof. Dr. Jaime Simão Sichman

São Paulo, março de 2016

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OntoBacen: Uma Ontologia paraGestão de Riscos do Sistema

Financeiro Brasileiro

Esta versão da dissertação/tese contém as correções e alterações sugeridaspela Comissão Julgadora durante a defesa da versão original do trabalho,realizada em 17/03/2016. Uma cópia da versão original está disponível no

Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo.

Comissão Julgadora:

• Prof. Dr. Jaime Simão Sichman (orientador) - IME-USP

• Profa. Dra. Renata Wassermann - IME-USP

• Prof. Dr. José Carlos de Souza Santos - FEA-USP

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Agradecimentos

À minha família pelo apoio incondicional, aos meus amigos pela boa companhia, e a todoseducadores que cruzaram meu caminho ao longo dos anos, dos analfabetos aos doutores, poissua sabedoria e conhecimento é que permitiram a realização deste trabalho.

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Resumo

POLIZEL, F. OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema Finan-ceiro Brasileiro. 2015. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Matemática e Estatística, Uni-versidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

A crise mundial de 2008 impulsionou o avanço das políticas de governança do sistema fi-nanceiro global. Parte dessas políticas envolve a reformulação de processos de gerenciamento deinformações, e neste cenário de reestruturação tecnológica, várias iniciativas se propõem a solu-cionar alguns dos problemas já conhecidos. Para viabilizar a adoção de um sistema financeiroglobal integrado e robusto, grandes empresas de tecnologia e instituições financeiras somamesforços para atender melhor às necessidades do setor. A arquitetura da World Wide Web éuma constante nessas iniciativas, e parte delas buscam os benefícios previstos pelas tecnologiassemânticas, tais como sua alta capacidade de integração de dados heterogêneos e utilização dealgoritmos de inferência para a dedução de informações. O objetivo deste estudo é utilizar on-tologias e tecnologias semânticas, tais como OWL, na gestão de riscos do sistema financeiro,particularmente para verificar a sua aplicabilidade nas políticas de gestão de riscos específi-cas do sistema financeiro brasileiro, estabelecidas pelas normas publicadas pelo Banco Central(BACEN).

Palavras-chave: web semântica, ontologias, finanças.

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Page 5: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Abstract

POLIZEL, F. OntoBacen: An Ontology for Risk Management in the Brazilian Finan-cial System. 2015. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Matemática e Estatística, Universi-dade de São Paulo, São Paulo, 2015.

The 2008 global crisis boosted the advancement of governance policies for the global financialsystem. Some of these policies involve reformulating information management processes; in thisrestructuring scenario, several initiatives are intended to address some of the well-known issues.To enable the adoption of an integrated and robust global financial system, large technologycompanies and financial institutions joined efforts to meet industry needs in a better way. Thearchitecture of the World Wide Web is a constant in these initiatives, and some of these seek thebenefits provided by semantic technologies, such as its high capacity for integration of hetero-geneous databases and the use of inference algorithms for acquiring new information. The goalof this work is to use ontologies and semantic technologies such as OWL in the financial systemrisk management, particularly verifying the applicability of these techniques to the Brazilianfinancial system’ risk management policies, as published by the Brazil Central Bank (BACEN).

Keywords: semantic web, ontology, finance.

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Sumário

Lista de Abreviaturas vii

Lista de Figuras viii

Lista de Tabelas x

1 Introdução 11.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.4 Organização do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Gestão de Riscos do Sistema Financeiro 42.1 Comitê de Basiléia: Princípios para a gestão de riscos efetiva . . . . . . . . . . . . 52.2 Sistema Financeiro Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.2.1 Autoridades Monetárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72.2.2 Instituições Financeiras Monetárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82.2.3 Instituições Financeiras Não-Monetárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.2.4 Instituições Financeiras Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102.2.5 Visão Consolidada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.3 Gestão de Riscos do SFN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.4 Proposta de Ontologia para as normas do BACEN . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 Tecnologias para a Conceitualização do Sistema Financeiro 153.1 Vocabulários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.1.1 ISO 20022 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153.1.2 Semantics of Business Vocabulary and Business Rules (SBVR) . . . . . . 163.1.3 Identificadores Padrões: BIC, LEI, RIC, BBGID, ISIN . . . . . . . . . . . 16

3.2 Esquemas de dados semi-estruturados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163.2.1 Financial Information Exchange (FIX) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163.2.2 Open Financial Exchange (OFX) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173.2.3 eXtensible Business Reporting Language (XBRL) . . . . . . . . . . . . . . 173.2.4 Financial Products Markup Language (FpML) . . . . . . . . . . . . . . . 183.2.5 MISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183.2.6 Tax eXtensible Markup Language (TaxML) . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

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Page 7: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

SUMÁRIO v

3.3 Tecnologias baseadas em Conhecimento / Ontologias . . . . . . . . . . . . . . . . 193.3.1 Financial Ontology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.3.2 Suggested Upper Merged Ontology (SUMO) . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.3.3 Financial Report Ontology (FRO) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.3.4 Financial Industry Business Ontology (FIBO) . . . . . . . . . . . . . . . . 203.3.5 FIRO e FIGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.4 Escopo Tecnológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4 OntoBacen 264.1 Visão Geral da OntoBacen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264.2 Módulo Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.2.1 Ontologia Instituições Financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294.2.2 Ontologia Montante Monetário Contextualizado . . . . . . . . . . . . . . . . 294.2.3 Ontologia Adequação de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304.2.4 Ontologia Fatores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 314.2.5 Ontologia Indivíduos Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 324.2.6 Ontologia Relacionamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3 Módulo RWA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334.3.1 Ontologia Risco de Crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334.3.2 Ontologia Risco de Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344.3.3 Ontologia Risco Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354.3.4 Ontologia Risco Banking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4.4 Módulo Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364.5 Módulo Requerimentos de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364.6 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

5 Implementação 385.1 Construção da OntoBacen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385.2 Utilização da OntoBacen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

6 Experimentos e Resultados 436.1 Exemplo fornecido pelo BACEN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 436.2 Exemplo fictício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

6.2.1 T1: Ano de Resultados Excepcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 506.2.2 T2: Captação de Recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 516.2.3 T3: Novo Risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 526.2.4 T4: Advertência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 536.2.5 T5: Colapso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546.2.6 Síntese dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

6.3 Exemplos baseados em casos reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 566.3.1 Caso A: Banco de Investimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 566.3.2 Caso B: Banco Comercial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 576.3.3 Caso C: Administradora de Fundos de Investimentos . . . . . . . . . . . . 586.3.4 Caso D: Arrendamento Mercantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Page 8: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

vi SUMÁRIO

6.4 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

7 Conclusões e Trabalhos Futuros 62

A Tecnologias da Web 64A.1 Documentos integrados na Web: HTML . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64A.2 Dados eletrônicos na Web: XML . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65A.3 Lógica de predicados na Web: RDF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65A.4 Ontologias na Web: OWL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66A.5 Consultas na Web Semântica: SPARQL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66A.6 Programação Lógica na Web Semântica: SWRL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67A.7 Exemplo: Árvore Genealógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67A.8 Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

B Especificação da OntoBacen 74B.1 Módulo Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

B.1.1 Ontologia Relacionamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75B.1.2 Ontologia Instituições Financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77B.1.3 Ontologia Montante Monetário Contextualizado . . . . . . . . . . . . . . . . 79B.1.4 Ontologia Fatores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81B.1.5 Ontologia Adequação de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83B.1.6 Ontologia Indivíduos Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

B.2 Módulo Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88B.3 Módulo RWA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

B.3.1 Ontologia Risco de Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90B.3.2 Ontologia Risco de Crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92B.3.3 Ontologia Risco Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95B.3.4 Ontologia Risco Banking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

B.4 Módulo Requerimentos de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

Referências Bibliográficas 107

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Lista de Abreviaturas

BACEN Banco Central do Brasil (Brazil Central Bank)CMN Comitê Monetário Nacional (National Monetary Committee)CVM Comissão de Valores Mobiliários (Securities Commission)DLO Demonstrativo de Limite Operacional (Operational Limit Statement)EMD Entidade Multilateral de Desenvolvimento

(Multilateral Development Entity)FGC Fundo Garantidor de Crédito (Credit Guarantee Fund)FIBO Ontologia de Negócio do Setor Financeiro

(Financial Industry Business Ontology)FIGO Ontologia de Governança do Setor Financeiro

(Financial Industry GRC Ontology)FIRO Ontologia de Regulação do Setor Financeiro

(Financial Industry Regulatory Ontology)IB Índice de Basiléia (Basel Index )IF Instituição Financeira (Financial Institution)ISO Organização de Padrões Internacionais

(International Standards Organization)OWL Linguagem de Ontologia Web (Web Ontology Language)PR Patrimônio de Referência (Regulatory Capital)RDF Arcabouço de Descrição de Recursos (Resource Description Framework)RWA Ativos Ponderados pelo Risco (Risk Weighted Assets)SFN Sistema Financeiro Nacional (National Financial System)SPARQL Protocolo SPARQL e Linguagem de Consulta RDF

(SPARQL Protocol and RDF Query Language)SWRL Linguagem de Regras da Web Semântica (Semantic Web Rule Language)

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Page 10: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Lista de Figuras

2.1 Diagrama de Interações do Sistema Financeiro Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . 122.2 Normas da regulação prudencial do BACEN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3.1 Infraestrutura de Gerenciamento de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203.2 Metodologia para interpretação de normas utilizando SBVR proposta para a POC

do Reg-W . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233.3 Fluxo de dados pela Internet (domínio financeiro) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.1 Módulos da OntoBacen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5.1 Excerto do artigo 2o da Resolução 4.192/13 do BACEN . . . . . . . . . . . . . . 385.2 Referência em excerto do artigo 4o da Resolução 4.192/13 do BACEN . . . . . . 395.3 Demonstração da interface da ferramenta SBVR Lab 2.0 . . . . . . . . . . . . . . 395.4 Página Web demonstrando conversão realizada na ferramenta s2o . . . . . . . . . 405.5 Passos para a construção da OntoBacen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 415.6 Passos para a utilização da OntoBacen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

6.1 Exposição da IFF a riscos em Dezembro de 2010 (T1) . . . . . . . . . . . . . . . 506.2 Exposição da IFF a riscos em Junho de 2011 (T2) . . . . . . . . . . . . . . . . . 516.3 Exposição da IFF a riscos em Junho de 2012 (T3) . . . . . . . . . . . . . . . . . 526.4 Exposição da IFF a riscos em Dezembro de 2014 (T4) . . . . . . . . . . . . . . . 536.5 Exposição da IFF a riscos em Outubro de 2015 (T5) . . . . . . . . . . . . . . . . 546.6 Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso A . . . . . 566.7 Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso B . . . . . 576.8 Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso C . . . . . 586.9 Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso D . . . . . 59

A.1 Fluxo de dados pela Internet (visão geral) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

B.1 Ontologia Instituições Financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77B.2 Ontologia Montante Monetário Contextualizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79B.3 Ontologia Fatores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81B.4 Ontologia Adequação de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84B.5 Ontologias do Módulo Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88B.6 Ontologia Risco de Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90B.7 Ontologia Risco de Crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

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LISTA DE FIGURAS ix

B.8 Ontologia Risco Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95B.9 Ontologia Risco Operacional: Abordagem do Indicador Básico . . . . . . . . . . . 96B.10 Ontologia Risco Operacional: Abordagem Alternativa Simplificada . . . . . . . . . 97B.11 Detalhamento da Abordagem Alternativa Simplificada para Risco Operacional . . 98B.12 Ontologia Risco Operacional: Abordagem Alternativa Padronizada . . . . . . . . . 99B.13 Detalhamento da Abordagem Alternativa Padronizada para Risco Operacional . 100B.14 Ontologia Requerimentos de Capital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

Page 12: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Lista de Tabelas

2.1 Especificação da ontologia “OntoBacen” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1 Tecnologias por subdomínio financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.1 Distribuição dos conceitos da “OntoBacen” por ontologia . . . . . . . . . . . . . . 37

6.1 Instâncias criadas automaticamente para o Exemplo fornecido pelo BACEN . . . 446.2 Instâncias principais para o Exemplo fornecido pelo BACEN (após inferência) . . 486.3 Contextos para o Exemplo fictício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 496.4 Resultados da aplicação da OntoBacen (IFF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

B.1 Indivíduos da ontologia Indivíduos Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

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Page 13: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Capítulo 1

Introdução

O setor financeiro está entre os que mais necessitam da tecnologia na gestão de suas infor-mações. A confiança é um valor primário buscado pelos clientes de instituições financeiras, etal confiança não pode ser abalada por riscos associados às suas operações. Sempre à procurade uma visão clara dos riscos a que estão expostas e sua consequente minimização, empresasdo setor buscam inovações e novas tecnologias que possam posicioná-las de forma vantajosa emrelação a seus concorrentes.

Episódios como crises econômicas mundiais por vezes abalaram a confiança das pessoas nosistema financeiro, ao mesmo tempo que deixaram rastros e aprendizados para o futuro. Comoexemplo, a crise mundial de 2008 culminou num avanço significativo das políticas de governançaa que instituições financeiras ao redor do globo estão sujeitas, e parte dessas políticas envolvereestruturações de processos de gerenciamento de informações, tal como previsto pelos príncipiosde agregação e divulgação de dados de risco, publicados pelo Comitê de Basiléia (BCBS, 2013).

Neste cenário de reestruturação global, surgem diversas iniciativas de caráter tecnológico quese propõem a solucionar alguns dos problemas já conhecidos. É neste contexto de inovaçõestecnológicas aplicadas à gestão de riscos e políticas de governança do sistema financeiro quese situa o escopo deste trabalho, mais especificamente no que se refere ao sistema financeirobrasileiro.

Para viabilizar a adoção de um sistema financeiro global integrado e robusto, grandes em-presas de tecnologia e instituições financeiras somam esforços na criação de um ferramental tec-nológico capaz de atender melhor às necessidades do setor. A arquitetura da World Wide Web(Berners-Lee et al., 1992) é uma constante nessas iniciativas, e parte delas buscam os benefíciosprevistos pelas tecnologias semânticas (Berners-Lee et al., 2001), tal como sua alta capacidadede integração de dados heterogêneos.

Portanto, este trabalho se propõe a acompanhar a evolução das tecnologias Web, atravésda formalização lógica e processamento semântico obtidos por meio da utilização de ontolo-gias (Guarino, 1995), em particular aplicadas a processos de governança e gestão de riscos deinstituições que compõem o sistema financeiro brasileiro.

Nas seções seguintes deste capítulo, serão descritas as principais motivações deste trabalhoe explicitados seus objetivos, além de detalhada a metodologia utilizada para seu desenvolvi-mento, em suas diversas fases. Por fim será feita uma breve introdução aos demais capítulos quecompõem este documento, visando contextualizar de uma forma simples o leitor à organizaçãoadotada pelo texto.

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INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

Orientadas pelos princípios do Comitê de Basiléia, as políticas de governança e gestão deriscos do sistema financeiro pretendem prever situações de risco a fim de evitar grandes perdas,que representam potenciais ameaças diretas à qualidade de vida das pessoas e à organizaçãosocial.

Uma das principais preocupações dos órgãos reguladores do sistema financeiro é quanto àsarquiteturas de dados e tecnologia da informação utilizadas pelas instituições financeiras, quepor vezes estão obsoletas ou aquém do necessário para a efetiva gestão de riscos. Contribuir dealguma forma na elaboração ou utilização de tecnologias alternativas dentro deste contexto é aprincipal motivação deste trabalho.

1.2 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é o de utilizar ferramentas semânticas, tais como ontolo-gias, para representar termos, conceitos e regras de negócio presentes nas normas de governançado Banco Central do Brasil (BACEN), mais especificamente às normas de gestão de riscos dosistema financeiro brasileiro, também conhecidas como Regulação Prudencial (BACEN, 2014).Para tal, pretende-se criar uma ontologia que expresse as definições e relações contidas nasnormas da Regulação Prudencial.

Além disso, deseja-se aplicar algoritmos de inferência aos artefatos gerados para a verificaçãoda aderência de uma instituição financeira brasileira (hipotética ou real) à Regulação Pruden-cial do BACEN, ilustrando a utilização da ontologia criada para este contexto e identificandopossíveis pontos para elaboração ou melhorias.

1.3 Metodologia

As três primeiras etapas do trabalho tiveram um caráter teórico e bibliográfico. A primeiraetapa consistiu no estudo das principais tecnologias associadas à World Wide Web, assunto deextrema importância para o trabalho. Já na segunda, realizou-se um levantamento do estado daarte da aplicação de tecnologias Web e de tecnologias semânticas ao mercado financeiro, prin-cipalmente aquelas aplicadas à gestão de riscos. Sua principal finalidade foi a de contextualizaras tecnologias disponíveis e suas aplicações nos diversos subdomínios financeiros, destacando-seas de maior aderência ao escopo e objetivo deste trabalho. Numa etapa subsequente, estudou-seespecificamente o sistema financeiro brasileiro, explicitando suas características próprias e suasprincipais componentes, por meio da busca de referências na literatura. Sua importância paraeste trabalho é essencial pois contextualiza as diversas entidades sob a jurisdição do BACEN,às quais são aplicáveis a Regulação Prudencial, objeto de estudo central deste trabalho.

As duas etapas posteriores relacionam-se diretamente ao desenvolvimento da proposta, sendode caráter prático e exploratório. Na primeira delas, foi criada uma ontologia denominada On-toBacen, para representar a Regulação Prudencial das instituições financeiras brasileiras peloBACEN. Para auxiliar esta tarefa, foram utilizadas práticas baseadas em iniciativas similares,que visavam a interpretação de normas de órgãos reguladores do sistema financeiro de outrospaíses, tal como o Federal Reserve. A OntoBacen representa a composição de capital de umainstituição financeira nos termos definidos pelo BACEN, de tal forma que a adequação do ca-pital da mesma às normas estabelecidas possa ser verificada. A identificação de relações entreconceitos da ontologia criada nesta etapa com conceitos presentes em outras ontologias finan-ceiras foi um objetivo secundário desta etapa. Uma vez desenvolvida a OntoBacen, uma etapa

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INTRODUÇÃO

posterior consistiu no seu uso para representar a estrutura de capital de algumas instituiçõesfinanceiras do sistema financeiro brasileiro, fictícias e reais. O experimento tratou da verificaçãoda adequação do capital destas instituições, de acordo com as regras de negócio definidas pelaRegulação Prudencial do BACEN, por meio da utilização de algoritmos de inferência lógica.

Finalmente, a última etapa do trabalho possuiu um viés analítico, referente aos resultadosobtidos nas etapas anteriores. Nesta etapa, resultados experimentais foram analisados com oobjetivo de realizar um levantamento dos principais impactos que a adoção de uma abordagemcomo a proposta neste trabalho podem ter em relação às práticas vigentes. Por fim, foramenumerados pontos de melhoria e extensão ao modelo proposto, com o objetivo de contextualizaros principais desafios futuros de pesquisa e desenvolvimento relacionados aos assuntos tratadospor este trabalho.

1.4 Organização do texto

Além deste capítulo introdutório, a estrutura deste documento se divide em 6 outros capítulos,além de 2 apêndices.

No Capítulo 2 apresenta-se uma visão detalhada do sistema financeiro brasileiro, no qual oescopo deste trabalho está inserido. Especial atenção é dada à gestão de riscos, objetivo principaldeste trabalho. Também é apresentado o cenário de governança e gestão de riscos do sistemafinanceiro brasileiro sob a jurisdição do BACEN. O capítulo é finalizado com um esboço deproposta para a construção e desenvolvimento de uma ontologia para este subdomínio específico.

O Capítulo 3 apresenta um estado da arte do uso de tecnologias Web nos diversos subdomíniosfinanceiros, tanto no Brasil como no sistema financeiro global. Ao seu final, apresenta-se umacomparação destas tecnologias e uma avaliação de sua relevância para o objetivo deste trabalho.

Uma visão geral da OntoBacen é apresentada no Capítulo 4, seguido de alguns detalhes desua implementação no Capítulo 5. Vários experimentos de uso da ontologia, com as análisescorrespondentes, são discutidos no Capítulo 6. Finalmente, o Capítulo 7 apresenta as conclusõesdo trabalho, bem como possíveis futuras extensões.

Uma versão inicial do estudo das principais Tecnologias Web correntes, bem como umaanálise comparativa destas se encontra no Apêndice A. Já o Apêndice B apresenta em detalhea especificação da OntoBacen.

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Capítulo 2

Gestão de Riscos do Sistema Financeiro

Este capítulo apresenta resumidamente a política de gerenciamento de riscos do sistemafinanceiro global, além de introduzir a organização do sistema financeiro brasileiro (ou SistemaFinanceiro Nacional - SFN). Serão aqui abordadas suas particularidades no que diz respeito àgestão de riscos, e por fim, a proposta de desenvolvimento deste trabalho é apresentada.

De todos os setores da economia, as instituições financeiras estão entre as que mais demandamtecnologia da informação em suas práticas de gestão de conhecimento e inteligência de negócios.O bom uso da tecnologia tem mostrado ser uma competência importante, sendo crucial para amelhoria da eficiência de seus processos.

Depois da crise mundial de 2008 houve um avanço significativo nas políticas adotadas porestas instituições para a padronização de processos e metodologias, por meio de diretrizes degovernança aplicadas numa escala global. Com isso, pretende-se prever e evitar situações de riscoque possam trazer grandes perdas, que por sua vez podem afetar diretamente a sociedade e aqualidade de vida das pessoas.

As principais boas práticas de governança do sistema financeiro global foram estabelecidas eformalizadas pelo Comitê de Basiléia (Basel Committee on Banking Supervision), um fórum for-mado por dezenas de países, cujo objetivo é estabelecer discussões de forma cooperativa acercada regulação de sistemas financeiros. Este Comitê identificou no período pós-crise a necessidadede criação de uma infraestrutura de dados robusta, que confira aos bancos a capacidade de agre-gar dados de exposição a riscos de forma integrada, abrangendo todos os níveis corporativos,além da disseminação padronizada e regular destas informações via relatórios, visando garan-tir os graus de assertividade e tempestividade necessários nas tomadas de decisões dos líderesinstitucionais em cenários econômicos desfavoráveis.

Seguindo estes princípios, bancos centrais ao redor do globo estabeleceram normas regulató-rias próprias, considerando-se possíveis limitações e especificidades de seus sistemas financeirosdomésticos. Estas normas devem conferir aos órgãos reguladores a capacidade de avaliar a ade-rência dos bancos com relação aos princípios do Comitê de Basiléia, além de prover autonomiapara intervir nos casos de deficiência ao cumprimento das mesmas, por meio de ferramentas quelhes permitam ter ampla visão dos riscos a que estão sujeitos os bancos em suas jurisdições.

Para viabilizar a adoção de um sistema financeiro global integrado e robusto, grandes em-presas de tecnologia e instituições financeiras somam esforços na criação de um ferramentaltecnológico capaz de atender melhor às necessidades do setor. Nas próximas seções deste ca-pítulo serão tratados os princípios do Comitê de Basiléia num maior nível de detalhe, alémdas tecnologias desenvolvidas para o domínio financeiro, e por fim, exemplos de aplicações detecnologias semânticas neste domínio.

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

2.1 Comitê de Basiléia: Princípios para a gestão de riscos efetiva

O Comitê de Basiléia foi criado pelo BIS (Bank for International Settlements) com o ob-jetivo de definir os padrões regulamentares para a atividade financeira. Em 1997, sua base foifundamentada numa série de princípios (BCBS, 1997) consolidada num guia de boas práticasdestinado aos bancos centrais e demais órgãos reguladores. Estes princípios passaram por revi-sões desde sua criação, principalmente devido a cenários de estresse econômico, até chegar aosatuais 29 princípios fundamentais para a supervisão bancária (BCBS, 2012).Segundo o Comitê de Basiléia, uma das lições mais significativas deixadas pela crise mundialde 2008 é a de que as arquiteturas de dados e tecnologia da informação dos bancos estavamaquém do necessário para a realização da ampla gestão de riscos financeiros. Orientados por estalição, membros do Comitê de Basiléia criaram 14 principios adicionais para a efetiva agregaçãoe divulgação de dados de riscos (BCBS, 2013), resumidos a seguir, tratando-se de importantesmotivadores para a realização deste trabalho.

Infraestrutura e governança abrangentes

1. Governança: As capacidades de divulgação e manipulação de informações de riscodos bancos devem ser submetidas a mecanismos de governança consistentes com osprincípios fundamentais estabelecidos pelo Comitê de Basiléia.

2. Infraestrutura de TI: Bancos devem manter uma infraestrutura de TI e arquiteturade dados que sustentem suas práticas de manipulação e divulgação de informações,mesmo em situações de estresse.

Capacidades de agregação de dados de riscos

3. Integridade: Um banco deve ser capaz de gerar informações de risco confiáveis.Dados devem ser agregados de maneira amplamente automatizada, a fim de mitigarimpactos devido a erros e diminuir a probabilidade de que estes ocorram.

4. Completude: Informações de risco devem ser observáveis e agregáveis por toda acadeia organizacional, estando disponíveis por linha de negócio, entidade legal, classede ativo, ramo industrial, região, dentre outros grupamentos relevantes para o riscoavaliado.

5. Pontualidade: Um banco deve ser capaz de gerar informações de risco agregadas eatualizadas regularmente, sem abrir mão dos demais princípios, tais como Integridadee Completude.

6. Adaptabilidade: Bancos devem ser capazes de gerar relatórios sob demanda, cominformações agregadas de risco, atendendo a solicitações em situações de crise, mu-danças de requisitos e consultas necessárias para análise de supervisores.

Práticas de divulgação de relatórios de riscos

7. Precisão: Relatórios de riscos devem conter informações precisas, que reflitam osriscos de maneira coerente, além de serem validados e reconciliados.

8. Abrangência: Relatórios de riscos devem cobrir quaisquer áreas de riscos materiaisassociados às operações da organização, consistentes com seu tamanho e complexi-dade, assim como eventuais requisitos de seus destinatários.

9. Clareza e Utilidade: Relatórios de riscos devem transmitir informações de formaclara e concisa, sendo fáceis de interpretar, porém abrangentes o suficiente para au-xiliar executivos nas tomadas de decisão.

10. Frequência: Os altos executivos de instituições financeiras podem determinar afrequência de produção e distribuição de relatórios de riscos, com base na natureza

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

do risco reportado, além das necessidades de seus destinatários. Caso seja necessário,a frequência de geração dos relatórios pode ser aumentada.

11. Distribuição: Relatórios devem ser entregues a seus destinatários relevantes, porémmantendo-se sua confidencialidade.

Supervisão: revisão, ferramentas e cooperação

12. Revisão: Supervisores devem periodicamente avaliar e revisar o comprometimentodos bancos com os 11 primeiros princípios.

13. Medidas Corretivas: Supervisores devem ter acesso a ferramentas que os permitamaplicar medidas corretivas aos bancos com deficiências em suas capacidades de agregare divulgar informações de risco.

14. Cooperação: Supervisores devem cooperar com supervisores de outras jurisdiçõescom respeito ao monitoramento e revisão dos princípios, tomando qualquer medidacabível caso seja necessário.

Partindo do panorama das práticas de governança e gestão de riscos do sistema financeiroglobal, esta dissertação restringirá seu escopo ao SFN. Nas próximas seções, o SFN será des-crito em termos de seus componentes (neste caso, instituições financeiras) e de suas possíveisinterações, a fim de mapear quais destes serão objetos de estudo da proposta deste trabalho.

2.2 Sistema Financeiro Nacional

Nesta seção, será apresentada uma visão macroscópica do sistema financeiro brasileiro, bus-cando sua evolução histórica na literatura e detalhando seus principais componentes atuais, como objetivo de contextualizar o escopo deste trabalho no espectro de subdomínios financeiros.

As origens do SFN remontam o tradicional modelo bancário europeu, no qual se entendiacomo atividades de um banco as operações de depósitos e empréstimos. Ao decorrer das décadasde 40 a 60 do século XX, ocorreu uma evolução expressiva nos produtos e serviços oferecidospelos bancos, culminando na Reforma Bancária de 1964 e na Reforma do Mercado de Capitaisde 1965, que aproximaram o modelo bancário brasileiro ao modelo americano, onde havia ummaior grau de especialização das instituições financeiras e de suas atividades, ao contrário domodelo clássico, no qual bancos eram tidos como peças centrais do sistema.

Com estas mudanças e ao decorrer dos anos, grandes bancos brasileiros se transformaram emlíderes de conglomerados de instituições financeiras, que em conjunto e sob a mesma coordenação,atendem a todas modalidades de serviços e produtos do setor, o que posteriormente acarretouna definição do conceito de Bancos Múltiplos, apresentada inicialmente pela Resolução No 1.524do BACEN (BACEN, 1988).

No organograma apresentado por Fortuna (2013) para descrever o SFN, as instituições queo compõem são categorizadas em: autoridades monetárias e de apoio, e instituições financeirasmonetárias, não-monetárias e auxiliares. Nas subseções seguintes serão descritos e exemplifica-dos cada um destes grupos, e por fim, será apresentada uma visão contendo todos elementosapresentados e as principais relações entre eles; para sua redação, foi também estudada a páginaWeb do BACEN referente à composição do SFN1.

1Veja: http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

2.2.1 Autoridades Monetárias

Às autoridades monetárias cabe a responsabilidade de prover processos de governança ne-cessários para a condução efetiva das atividades financeiras, constituindo o corpo de órgãosreguladores, o subsistema normativo. Este subsistema é composto, principalmente, pelas auto-ridades relacionadas a seguir:

Conselho Monetário Nacional (CMN) É o principal responsável pelas diretrizes e políticasmonetárias do Brasil, porém não lhe cabem funções executivas, tratando-se de um órgãonormativo. Sua formação atual é composta pelo Ministro da Fazenda, Ministro do Planeja-mento e Presidente do Banco Central, caracterizando-o como entidade superior do sistemafinanceiro. Dentre seus principais objetivos, tais como estipulados pela Lei No 4.595 de1964, estão:

• regular o valor da moeda e da balança comercial;

• orientar as aplicações de recursos internos de forma a propiciar condições necessáriaspara o desenvolvimento equilibrado e sustentável da economia;

• zelar pela eficiência e aperfeiçoamento do sistema de pagamentos e mobilização derecursos;

• coordenar políticas monetárias, creditícias, orçamentárias, fiscais e de gestão da dívidapública.

Banco Central do Brasil (Bacen) Órgão executivo central, responsável por fazer cumpriras normas expedidas pelo CMN, tendo autonomia para criar normas próprias e fiscalizar ocumprimento destas, intervindo quando necessário. Suas responsabilidades além de órgãonormativo são muitas, dentre elas:

• emitir papel-moeda e títulos públicos;

• controlar o crédito disponível na economia;

• fiscalizar as instituições financeiras e autorizar seu funcionamento;

• controlar o fluxo de capital estrangeiro (mercado cambial);

• determinar a taxa básica de juros (Selic);

• realizar empréstimos à instituições financeiras de acordo com a política econômica doGoverno ou para sanar problemas de liquidez;

• receber recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e depósitos voluntários deinstituições financeiras que operam no país.

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Órgão normativo, fiscalizador e disciplinador res-ponsável pelo mercado de valores mobiliários, exceto aqueles emitidos pelo Tesouro Na-cional ou sistema financeiro. Sua fiscalização se aplica às Bolsas de Valores, Bolsas deMercadorias e Futuros, entidades do mercado de balcão organizado e demais órgãos decompensação e liquidação de operações com valores mobiliários. Com a Nova Lei das S.A.,editada em 30/10/2001, redefiniram-se os valores mobiliários sob fiscalização da CVM,que incluem ações, debêntures, certificados de depósito de valores mobiliários, contratosfuturos, de opções e outros derivativos, cotas em fundos de investimentos ou clubes deinvestimentos, dentre outros. Nesse âmbito, as principais missões da CVM são:

• garantir a atratividade do mercado acionário;

• zelar pela eficiência e regularidade dos processos que tangem o funcionamento dasbolsas de valores e instituições auxiliares que operem no mercado de capitais;

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

• proteger titulares de títulos mobiliários contra emissões irregulares, dentre outros atosilegais que possam levar à manipulação de preço de mercado;

• fiscalizar emissões, registros e distribuição de títulos mobiliários por parte de socie-dades anônimas de capital aberto.

Autoridades de apoio Outras instituições financeiras do governo possuem responsabilidadesque podem caracterizá-las como autoridades de apoio no sistema financeiro nacional. Acaráter de exemplificação:

• o Banco do Brasil administra a Câmara de Compensação de Cheques (Compe);

• o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é responsável porcolocar em prática as políticas de investimento de longo prazo do Governo Federal;

• a Caixa Econômica Federal é responsável por destinar os recursos captados pelo Fundode Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Existem atribuições adicionais delegadas às autoridades de apoio, porém estas foram omitidasda lista por fugirem do escopo deste trabalho.

2.2.2 Instituições Financeiras Monetárias

O fator que diferencia as instituições financeiras monetárias das demais é o fato destas cap-tarem recursos por meio de depósitos em moeda à vista ou à prazo determinado. De maneirageral, o depósito à vista pode ser caracterizado como o montante de moeda disponível ao cli-ente de forma imediata e livre de encargos, ou coloquialmente, seu saldo em conta corrente. Osprincipais tipos de instituições financeiras monetárias são os seguintes:

Bancos Comerciais (BC) Instituições cujas principais responsabilidades são a de prover osrecursos e serviços necessários para financiar, a curto e médio prazo, pessoas físicas, empre-sas prestadoras de serviços, empresas comerciais e indústrias. Para atender a seus objetivos,um BC deve ser capaz de:

• captar depósitos (à vista ou prazo fixo);

• realizar operações de crédito simples ou em conta corrente;

• descontar títulos (adiantamento de recebíveis);

• obter e repassar recursos externos;

• realizar operações de crédito específico (por exemplo, rural ou imobiliário), câmbio ecomércio internacional.

Outra classe de IFs monetárias são as Caixas Econômicas (CE), instituições que se asse-melham muito ao BC e que são especializadas no crédito e captação de pessoas físicas debaixa renda, embora não sejam restritas a este público.

Cooperativas de Crédito (CC) Sociedades sem fins lucrativos, autorizadas a atuar comoinstituições financeiras, desde que sejam reconhecidos pelo Poder Público os interessescomuns de seus cooperados. Dentre as principais operações que uma CC pode realizar,estão:

• captar depósitos (somente de seus associados);

• obter empréstimos e repasses de outras instituições financeiras ou recursos oriundosde fundos;

• conceder créditos e prestar garantias (somente a seus associados);

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

• aplicar recursos no mercado financeiro, sujeito a restrições de natureza da aplicação;

• prestar a associados ou não-associados serviços de recebimentos e pagamentos.

Bancos Cooperativos (BCo) Sociedades anônimas de capital fechado autorizadas a atuarcomo bancos comerciais, que podem fornecer os mesmos tipos de serviços previstos porestes. A principal vantagem para o sistema é que o produtor, tipicamente rural, passa adesempenhar os papéis de gerador e controlador do fluxo de dinheiro, permitindo que osrecursos permaneçam na região onde são gerados para futuros reinvestimentos e desenvol-vimento de novas atividades.

Bancos Múltiplos (BM) Instituições financeiras públicas ou privadas que realizam opera-ções ativas, passivas e acessórias associadas às diversas classes de instituições financeiras.Tratam-se portanto de grandes conglomerados financeiros capazes de prover serviços fi-nanceiros diversos, tais como a captação de depósitos por meio de contas correntes e depoupança, além de empréstimos, investimentos, arrendamento mercantil, câmbio, correta-gem de valores mobiliários, dentre outros.

2.2.3 Instituições Financeiras Não-Monetárias

Uma instituição financeira não-monetária capta recursos pela emissão de títulos, interme-diando a moeda, e realiza empréstimos a partir dos recursos captados, tipicamente para finsespecíficos. Não são autorizadas a captar recursos por meio de depósitos. Os principais tipos deIF não-monetária são:

Bancos de Desenvolvimento (BD) Instituições públicas que fornecem financiamentos demédio e longo prazo visando o desenvolvimento econômico regional, tais como o BNDES.

Bancos de Câmbio (BCam) Instituições especializadas na realização de operações de câm-bio, tais como:

• compra e venda de moeda estrangeira;

• transferência de recursos de ou para o exterior;

• financiamento à exportação ou importação;

• adiantamento sobre contratos de câmbio.

Bancos de Investimento (BI) Instituições responsáveis pela captação de recursos de médio elongo prazo para suprir necessidades de capital fixo ou de giro das empresas. Estes recursossão captados pela emissão de certificados de depósito bancário (CDB) ou pela venda decotas de fundos de investimentos. A aplicação destes recursos é feita por meio de:

• empréstimos a prazo mínimo de um ano para financiamento de capital fixo ou de giro;

• aquisições de ações, debêntures ou qualquer outro título e valor mobiliário disponívelno mercado de capitais;

• repasses de recursos obtidos no país;

• repasses de empréstimos obtidos no exterior.

Sociedades de Crédito (SC) Têm a principal função de financiar bens de consumo duráveispor meio do crédito direto ao consumidor (crediário). Além das sociedades financeiras, cu-jos empréstimos são destinados a diversos fins, existem sociedades de crédito especializadas,voltadas por exemplo (i) ao microempreendedor (Sociedades de Crédito ao Microempre-endedor - SCM) ou (ii) ao financiamento de imóveis (Sociedades de Crédito Imobiliário -SCI)

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

Companhias Hipotecárias (CH) Sociedades anônimas autorizadas a funcionar pelo Bacencujo objetivo social é o de prover recursos para a produção, reforma e comercialização deimóveis residenciais, comerciais ou lotes urbanos, por meio de financiamentos. Isto é feitopor meio do crédito hipotecário (no qual o imóvel é objeto de garantia), podendo atuarneste mercado das seguintes formas:

• compra, venda e refinanciamento de créditos hipotecários próprios ou de terceiros;

• administração de fundos de investimento imobiliário, desde que autorizados pelaCVM;

• repasse de recursos destinados ao financiamento da produção ou aquisição de imóveisresidenciais;

• outras operações facultativas, tais como emissão de letras hipotecárias ou debêntures,e operações expressamente autorizadas pelo Bacen.

2.2.4 Instituições Financeiras Auxiliares

Algumas instituições participam do sistema financeiro, no entanto não se enquadrem nasdemais classes de instituições financeiras, que geralmente captam recursos de alguma forma eemprestam para obter lucros ou por razões específicas. Alguns exemplos são:

Agências de Fomento (AF) Agências governamentais supervisionadas pelo Bacen, cuja ra-zão social é conceder recursos para financiar o capital fixo ou de giro associado a projetosno país. Estas podem praticar apenas operações de repasse de recursos, oriundos de:

• fundos constitucionais;

• orçamentos federais, estaduais ou municipais;

• instituições financeiras de desenvolvimento, nacionais ou internacionais.

Sociedade de Arrendamento Mercantil (Leasing) Sociedades organizadas exclusivamentepara a prática do arrendamento mercantil, ou leasing, operações que se assemelham à lo-cação de maquinário e equipamentos necessários para a execução de atividades produtivas.Ao fim deste tipo de contrato, o equipamento pode ser adquirido por um valor residualestipulado, devolvido ao proprietário original, ou renovado por tempo adicional.

Corretora de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) Instituições típicas do mercado aci-onário, que intermediam operações de compra e venda de títulos mobiliários para terceirosnas bolsas de valores e de mercadorias. Dentre outras atividades, encontram-se:

• lançamentos públicos de ações;

• administração de carteiras e custódia de valores mobiliários;

• organização e administração de fundos de investimento;

• intermediação de operações de câmbio.

Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) São responsáveis pela emissãode títulos e valores mobiliários para posterior revenda no mercado de capitais, auxiliandona captação de recursos de empresas que optaram pela abertura de capital.

Bolsa de Valores (BV) Sociedades anônimas organizadas com o objetivo de realizar transa-ções de compra e venda de títulos e valores mobiliários entre seus membros em mercadolivre e aberto, fiscalizado pelos próprios membros e pela CVM.

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF) Associações privadas cujo principal objetivo é oregistro, compensação e liquidação, física ou financeira, de operações de compra e venda decommodities agropecuárias, metais, moedas, taxas de juros e índices, bem como qualqueroutro instrumento financeiro ou variável macroeconômica cuja incerteza de preço futuropossa influenciar negativamente a atividade econômica. Assim como as Bolsas de Valores,as Bolsas de Mercadorias e Futuros estão sujeitas à fiscalização da CVM.

2.2.5 Visão Consolidada

Neste trabalho, definiremos o conceito de Entidade de Negócio, que compreende todo e qual-quer agente capaz de participar em atividades, negociações e contratos financeiros. Tal conceitoengloba as categorias anteriormente definidas, tais como as instituições financeiras monetárias,não-monetárias e auxiliares, acrescido de pessoas físicas e jurídicas, que interagem de diversasformas com o SFN. Note que por esta definição, entidades de negócio não necessariamente sãoinstituições financeiras.

Alguns exemplos de Entidades de Negócio são:

• pessoas que abrem contas correntes em bancos para receber salários e pagar contas;

• investidores (traders) que compram e vendem ações em bolsas de valores;

• viajantes que compram moeda estrangeira para financiar sua estadia fora do país;

• consumidores que pagam faturas de cartão de crédito;

• pesquisadores que obtêm verbas necessárias para a condução de seus projetos;

• proprietários rurais que alugam maquinário para auxílio na atividade agrícola.

A Figura 2.1 sumariza os conceitos apresentados nesta seção, as elipses denotam exemplospertencentes a cada grupo, flechas de pontas preenchidas representam as interações que ocorrementre os diferentes tipos de instituições, flechas de pontas vazias representam relacionamentos degeneralização (ou “é um tipo de”), e por fim, losangos representam relacionamentos de agregação(ou “é parte de”).

Note que o relacionamento n ocorre de forma simultânea entre duas Entidades de Negócio,não necessariamente financeiras. Este relacionamento foi adicionado para representar o mercadode balcão, no qual são estabelecidos contratos financeiros diretamente entre as partes envolvidas,por vezes tratando-se de contratos complexos e de características singulares, como no caso dosderivativos de balcão. Para auxiliar esse tipo de negociação, existem instituições especializadasem seu registro e liquidação, tal como a CETIP (Central de Custódia e de Liquidação Financeirade Títulos), uma das principais instituições brasileiras que atua no mercado de balcão organizado.

Os demais relacionamentos (de a a m) representam as atividades descritas nas subseçõesanteriores. O relacionamento a está destacado dos demais (em vermelho e negrito), pois conformeficará claro nos próximos capítulos, é neste relacionamento entre as autoridades monetárias eas instituições financeiras que está inserido o escopo deste trabalho, a governança do SFN,principalmente no que diz respeito à sua gestão de riscos, descrita em maiores detalhes na seçãoa seguir.

11

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

1 / 1

f) aplica emfundos de

investimentos

d) realizaempréstimos

de médioe longoprazo

e) compra ou vendemoeda estrangeira,transfere recursos

de ou para o exterior

g) financiamentosimobiliários,financeiros e

ao microempre-endedor

h) créditos hipotecários(com garantias)

b) envia relatóriosde riscos e

demonstraçõescontábeis

j) leasing(locação demaquináriopara fins

produtivos)

k) realiza comprae venda de

títulos e valores mobiliários em

bolsas de valorese de mercadorias

l) emite títulos evalores mobiliáriospara a captação

de recursos

i) obtém repassesde verbas parafins específicos

c) realiza depósitos,pagamentos de contas

e impostos, além deempréstimos diversos

a) estabelece normasde governança,

aplicando medidascorretivas se necessário

n) estabelece contratosfinanceiros diretamente

com a contra-parte

1..*

m) processa e liquida ordensde compra e venda de

títulos e valores mobiliários

Entidade de Negócio(Pessoa Física ou Jurídica)

Instituição Financeira

Autoridades Monetárias(Reguladores)

Conselho Monetário Nacional - CMN

Banco Central - BacenComissão de Valores

Mobiliários - CVM

IF Monetária

IF Não-Monetária

Bancos ComerciaisCooperativas de

CréditoBancos Cooperativos

IF Auxiliar

Bancos de Desenvolvimento

Bancos de Investimento

Sociedades de Crédito

Companhias Hipotecárias

Bancos de Câmbio

Agências de Fomento

Sociedade de Arrendamento

MercantilCorretora de Títulos e

Valores Mobiliários

Distrib. de Títulos e Valores Mobiliários

Bancos Múltiplos(Conglomerados)

Bolsas de Valores Bolsas de Mercadoriase Futuros

Figura 2.1: Diagrama de Interações do Sistema Financeiro Brasileiro

2.3 Gestão de Riscos do SFN

As políticas e diretrizes a serem obedecidas pelas instituições financeiras brasileiras são cria-das pelas autoridades monetárias, principalmente pelo BACEN e pelo CMN. Visando o alinha-mento com os princípios do Comitê de Basiléia, estes órgãos criaram uma série de normativos(BACEN, 2014), denominada Regulação Prudencial, na forma de resoluções e circulares a seremobedecidas pelos bancos e instituições financeiras locais, para a consolidação de um sistema degestão de riscos e adequação de capital a nível nacional.

Estes normativos estão dispostos de forma a contemplar os principais tipos de risco:

Risco de Crédito Risco associado às probabilidades de não cumprimento das obrigações e res-ponsabilidades estabelecidas por contratos financeiros. Coloquialmente, pode ser entendidocomo o risco de se emprestar dinheiro a alguém.

Risco de Mercado Risco associado à volatilidade do sistema financeiro, às oscilações no preçopraticado no mercado para valores mobiliários, tais como títulos de dívida, ações, taxasde câmbio entre moedas, ouro, mercadorias (commodities), dentre outros.

Risco Operacional Risco associado à probabilidade de ocorrência de perdas resultantes dafalha ou deficiência de processos internos, o que inclui riscos legais, tais como indenizaçõespor danos a terceiros em decorrência de suas atividades e descumprimento de normasestabelecidas em sua jurisdição.

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GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

Risco de Liquidez Risco associado a baixos níveis de recursos de alta liquidez, tais comodinheiro em caixa ou fundos de curto prazo, o que pode acarretar na incapacidade dehonrar obrigações de contratos no prazo estipulado.

Estes riscos são ponderados de acordo com o montante de recursos alocados em cada ativi-dade, com base na metodologia de cálculo de patrimônio de referência (PR) estabelecida pelaResolução 4.192 (BACEN, 2013a). A determinação do patrimônio exigido pelo BACEN aplicávelàs instituições financeiras brasileiras se dá na Resolução 4.193 (BACEN, 2013b), que decompõeeste montante em parcelas associadas a cada tipo de risco, conforme mostrado na Figura 2.2.

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Figura 2.2: Normas da regulação prudencial do BACEN

As circulares 3.646, 3.647 e 3.648 dizem respeito à utilização de modelos internos para gestãode riscos de mercado, operacional e crédito, respectivamente. Estas são de menor interesse paraeste estudo por conta da privacidade de informações relativas à definição de tais modelos, mastambém pelo fato de que no tempo de escrita a maioria das IFs brasileiras utilizam os mode-los padronizados para gestão de riscos, estando raras instituições dentre aquelas autorizadas autilizar modelos internos.

Além das normas presentes na Figura 2.2, existem algumas outras importantes que ditam aspolíticas de gestão de riscos de IFs brasileiras, em linha com os princípios do Comitê de Basiléiapara a agregação e divulgação de dados de riscos. Dentre elas, estão as resoluções 3.380, 3.464,3.721 e 4.090 do CMN, que tratam respectivamente do risco operacional, risco de mercado, riscode crédito e risco de liquidez.

Para a realização deste trabalho, será aplicada uma metodologia de desenvolvimento parci-almente baseada na utilizada pela prova de conceito apresentada na subseção 3.3.5, para estudoda norma do Federal Reserve (banco central americano) conhecida como Regulation W. Na sub-seção a seguir, será apresentada a proposta deste trabalho, considerando as devidas adaptaçõesnecessárias para lidar com o cenário regulatório brasileiro, baseando-se nas normas de adequaçãode capital do BACEN.

2.4 Proposta de Ontologia para as normas do BACEN

A proposta primária deste trabalho é a interpretação da Regulação Prudencial do BACEN,baseando-se principalmente em suas normas centrais definidas nas resoluções 4.192 e 4.193. Talinterpretação será feita por meio da utilização de ferramentas que permitam a conversão dostextos em linguagem natural (neste caso, português brasileiro) para um formato que contenha se-mântica formal, fundamentada pela teoria lógica, a fim de permitir sua interpretação automática

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Page 26: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

GESTÃO DE RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

por computadores.

Um dos princípios fundamentais da gestão de riscos exige que IFs não detenham uma quantiaexcessiva de ativos, quando comparados ao valor de seu patrimônio. Estabeleceram-se destaforma, limites factíveis para a razão entre os ativos e o patrimônio de IFs, também conhecidoscomo limites operacionais de capital. A gestão de riscos so SFN se encarrega portanto de analisara composição dos ativos e do patrimônio de uma IF brasileira, a fim de verificar sua adequaçãoou inadequação aos limites operacionais de capital estabelecidos pela Regulação Prudencial doBACEN.

Para isso, será especificada uma ontologia formal (Guarino, 1995) que contemple os conceitose regras de negócio deste domínio. Nesta subseção, serão detalhados o escopo e objetivos daontologia a ser criada, utilizando-se a metodologia proposta por Fernández-López et al. (1997)para especificação de ontologias (mostrada na Tabela 2.1). Além disso, sua construção foi guiadacom base nos requisitos definidos pelas questões de competência (Grüninger e Fox, 1995) abaixo:

1. Qual a estrutura do patrimônio de uma IF participante do SFN, segundo os termos defi-nidos pelo BACEN?

2. Quais as restrições (limites mínimos e máximos) a que estão sujeitas cada componente dopatrimônio de uma IF participante do SFN?

3. Quais os montantes de capital que representam cada componente do patrimônio de umaIF participante do SFN?

4. Os montantes de capital das componentes do patrimônio de uma IF participante do SFNrespeitam as restrições estabelecidas pelo BACEN?

A escolha de tais questões realizou-se a partir do conhecimento prévio adquirido acerca degestão de riscos, juntamente a um estudo inicial efetuado a partir da leitura das principaisnormas que compõem a Regulação Prudencial do BACEN.

Os experimentos realizados com a OntoBacen devem assegurar que esta possa responder àsquestões de competência apresentadas anteriormente. Estes foram inicialmente conduzidos apartir de cenários hipotéticos e ilustrativos, a fim de introduzir a posterior execução de estudosde casos que se utilizaram de dados de IFs reais, demonstrando os diferentes conceitos e regrasde negócio do domínio tratado.

No próximo capítulo, serão apresentadas diversas tecnologias utilizadas na conceitualizaçãodo domínio financeiro. Seu objetivo é contextualizar a OntoBacen em meio às diversas iniciativasrelacionadas pré-existentes. Sua leitura é indicada principalmente ao público que desconhece odomínio ou iniciativas relacionadas ao gerenciamento de suas informações.

Nome: OntoBacenDomínio: Gestão de Riscos do Sistema Financeiro Nacional

Data: Março de 2016Autor: Filipe Ricardo Polizel

Propósito: Ontologia para a conceitualização das Regulação Prudencial do BA-CEN

Formalidade: FormalEscopo: Lista de conceitos definidos nas circulares e resoluções do BACEN,

lista de conceitos relacionados ao Sistema Financeiro NacionalFontes: Circulares e resoluções do BACEN que compõem a regulação pruden-

cial, livro “Mercado Financeiro” (Fortuna, 2013)

Tabela 2.1: Especificação da ontologia “OntoBacen”

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Page 27: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Capítulo 3

Tecnologias para a Conceitualização doSistema Financeiro

Neste capítulo serão apresentadas várias iniciativas tecnológicas cujo objetivo comum é ode facilitar a troca de informações e conhecimento acerca do mercado financeiro, em seus vá-rios subdomínios. Estas estão dispostas em três grupos, apresentados nas seções 3.1 a 3.3. Sualeitura é direcionada ao público com prévio conhecimento em tecnologias de conceitualização,tais como esquemas de dados XML e ontologias. Para o leitor não familiarizado com o assunto,recomenda-se a leitura do Apêndice A (Tecnologias da Web) antes de prosseguir. Este ilustra ascaracterísticas inerentes de cada tecnologia por meio de um estudo da evolução das tecnologiaspara a conceitualização da World Wide Web.

Na Seção 3.1, serão apresentados vocabulários relevantes para o setor financeiro. Vocabulá-rios são coleções de termos e regras morfológicas; sua semântica é atribuída de forma direta àsintaxe de um termo, sendo este representado como uma sequência de caracteres. Na Seção 3.2,esquemas de dados semi-estruturados cujo objetivo é definir e organizar informações financeirassão mostrados; estes definem conceitos de diversos subdomínios financeiros, provendo além deum conjunto sintático, uma estrutura de associação e agregação de seus diferentes termos. NaSeção 3.3, são detalhadas as tecnologias baseadas em conhecimento para o mercado financeiro,tais como ontologias; estas provêm formalismo semântico para os conceitos de seu domínio, per-mitindo a definição de regras de negócio inerentes de suas atividades, de tal forma que estaspossam ser automaticamente verificadas por computadores.

Por fim, na Seção 3.4, as várias tecnologias abordadas serão dispostas de tal forma a definiro escopo no qual a proposta deste trabalho está inserida.

3.1 Vocabulários

3.1.1 ISO 20022

Desenvolvido pela ISO (International Standards Organization), o padrão ISO 200221 des-creve um repositório de meta-informações divulgado na forma de um dicionário, definindo emlinguagem natural termos comuns ao domínio financeiro, tais como serviços, produtos, etc.

Este padrão é amplamente utilizado como base no desenvolvimento de outras ferramentaspara o mercado financeiro, dentre elas algumas das que serão detalhadas a seguir, tais comoFIX, SWIFT, FpML e FIBO.

1Veja: http://www.iso20022.org

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

3.1.2 Semantics of Business Vocabulary and Business Rules (SBVR)

Desenvolvido pelo Object Management Group (OMG, 2008), SBVR é um importante padrãopara a definição de vocabulários e regras de negócio, como o seu próprio nome sugere. Seu escopoé amplo, pois abrange quaisquer atividades de negócio, sendo aplicável ao mercado financeiro,indústria, comércio, serviços, dentre outros. Seu principal objetivo é o de prover um referencialcentral para a formalização de conceitos e restrições associados às diversas atividades econômicase organizacionais.

Assim como o ISO 20022, este padrão consiste em um dicionário, ou repositório de meta-informações; entretanto, SBVR não é definido apenas em linguagem natural; visando facilitarsua utilização por meios computacionais, é inclusive disponibilizado no formato XML MetadataInterchange (XMI) juntamente com um esquema de marcação próprio e extensível, definindoum padrão conceitual de linguagem natural estruturada. Além de seu escopo abrangente, estevocabulário de termos e regras foi construído embasado num referencial teórico-formal. Sua baseé a lógica de predicados de primeira ordem, porém algumas de suas extensões se adequam àslógicas mais expressivas como as lógicas modais.

3.1.3 Identificadores Padrões: BIC, LEI, RIC, BBGID, ISIN

Identificadores padrões definem maneiras de identificar e referenciar componentes do sistemafinanceiro, tais como entidades de negócio e ativos financeiros.

Por entidade de negócio, entendam-se bancos, corretoras, fundos de investimentos, indústrias,dentre outros possíveis agentes que atuem de alguma forma no mercado financeiro. Dois padrõesimportantes para a identificação destes agentes são o BIC (Business Identifier Code) e o LEI(Legal Entity Identifier), respectivamente baseados nas normas ISO 9362 e ISO 17442. Ambos sãoapoiados pela SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication), sendomais recente o segundo, que se encontra num estágio inicial e cujo objetivo futuro é o de proveruma metodologia de identificação única e global para entidades de negócio.

Ativos financeiros tais como ações, títulos de dívida e derivativos são referenciados por códigoscomo o RIC (Reuters Instrument Code) e o BBGID (Bloomberg Global Identifier). O primeiroé uma popular codificação proprietária utilizada na identificação de ações, índices e futuros; jáo segundo é um padrão disponibilizado publicamente que busca eliminar a heterogeneidade derepresentações de instrumentos financeiros, fornecendo serviços de consulta gratuitos pelo portalBSYM, baseado na Bloomberg Open Symbology (Bloomberg, 2010). Além destes, o ISIN (Inter-national Securities Identification Number), baseado no padrão ISO 6166, também é amplamenteutilizado para a identificação de ativos financeiros, sendo inclusive utilizado pela principal bolsade valores brasileira, a BM&F Bovespa.

3.2 Esquemas de dados semi-estruturados

3.2.1 Financial Information Exchange (FIX)

FIX é um protocolo de comunicação desenvolvido a partir de 1992, inicialmente projetadopara a troca de informações em tempo real para transações no mercado de capitais, principal-mente no que diz respeito aos títulos e valores mobiliários (ativos financeiros), tais como açõese títulos de dívidas (FIX, 2013). Conquistou um alto nível de popularidade neste meio, sendoutilizado principalmente na troca de ativos entre bancos de investimento ou até mesmo entrebancos e corretoras nas bolsas de valores.

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

Sua forma original foi projetada para permitir a troca rápida de informações pela Internet,considerando limitações de velocidade de conexão da época, podendo ser considerada pouco inte-ligível quando comparada a dados eletrônicos transacionados utilizando linguagens de marcação.Para tornar tais mensagens mais compreensíveis, foi criado o FIX Markup Language (FIXML),que encapsula uma mensagem de formato semi-estruturado e bem-definido baseada em XMLno interior de uma mensagem do protocolo FIX convencional. É mantida sua compatibilidadecom implementações pré-existentes, aliada às vantagens fornecidas pela utilização de XML, taiscomo o maior nível de legibilidade e existência de algoritmos para validação de consistência demensagens.

Os criadores do FIX uniram esforços com outras organizações para a elaboração de uma versãoaprimorada de FIXML. Nesta versão, além de seus componentes convencionais que lidavamcom as atividades do front-office1, foram adicionadas ferramentas para lidar com o back-office2,aumentando o escopo de aplicação desta ferramenta.

3.2.2 Open Financial Exchange (OFX)

Este padrão criado em 1997 é baseado em XML e fornece uma especificação para a troca deinformações financeiras pela Web (OFX, 1997) entre instituições financeiras e os consumidores deseus serviços. Visa atender ao mercado de varejo, entre bancos e clientes, ao invés do mercado decapitais como no caso do FIX, que lida com a troca de informações entre instituições financeiras.

Utiliza um modelo transacional, orientado à arquitetura cliente-servidor, por meio de mensa-gens de requisição e resposta. Sua grande vantagem está no fato de não requerer intermediáriosna comunicação entre os que prestam e contratam serviços financeiros.

Seu escopo de aplicação entre os serviços financeiros é bem extenso, indo de transferênciasentre contas e fundos (exporádicas ou recorrentes), pagamentos realizados por consumidores,apresentação e pagamento de contas, impostos, investimentos, dentre outros.

3.2.3 eXtensible Business Reporting Language (XBRL)

XBRL (Hoffman e van Egmond, 2010) remonta suas origens a 1998 na chamada XFRML(eXtensible Financial Reporting Markup Language), tendo sua versão inicial sido publicada em2000. Padrão desenvolvido para o intercâmbio de demonstrações financeiras, porém não limitadoao domínio contábil, podendo também ser utilizado para a transmissão de dados de mercado, taiscomo taxas de câmbio. É também utilizado para a publicação de notas explicativas referentes anormativos divulgados por agentes reguladores.

Este permite a definição de elementos próprios e personalizados, denominados taxonomias(Engel et al., 2013), contemplando diferentes tipos de relatórios financeiros. Isto permite umavariação nos requisitos de acordo com o contexto em que a ferramenta é aplicada, seja pela suautilização em diferentes indústrias, ou por leis específicas vigentes numa determinada jurisdição.

Além das taxonomias que definem os conceitos contidos em seus relatórios, são definidasinstâncias XBRL que contêm não só os valores associados a estes conceitos, mas também meta-informações que possam complementá-las. Isto facilita o processo de interpretação das mesmas,como por exemplo, a unidade de uma medida ou seu grau de precisão.

1Abrange atividades de maior contato entre cliente e instituição, caracterizada pelas negociações até a efeti-vação de contratos.

2Abrange atividades de pouco ou nenhum contato entre cliente e instituição, tais como tarefas administrativasde acompanhamento e gestão de riscos.

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

3.2.4 Financial Products Markup Language (FpML)

A primeira versão de FpML (ISDA, 2012) foi publicada em 2001 (ISDA, 2001), propondo umesquema XML mantido pela International Swap and Derivatives Association (ISDA), cuja finali-dade é padronizar a transmissão de dados eletrônicos referentes à comercialização de derivativos1

entre instituições financeiras.

O escopo de FpML está direcionado a operações de balcão2, determinando padrões paratermos de negociação e estruturação de transações financeiras, além da execução e confirmaçãodas mesmas, ou até mesmo para a precificação de contratos e sua análise de riscos. Emboranão seja seu foco, FpML provê extensões para o tratamento de operações padronizadas, que sãoaquelas intermediadas por uma entidade moderadora, tais como transações de ações, títulos,opções e futuros em bolsas de valores.

Em sua versão 5.7 publicada em Junho de 2014 foi adicionada uma nova perspectiva direcio-nada a requisitos legais, dando suporte a transmissão de informações sobre documentos previstospor leis de crédito inglesas e novaiorquinas (ISDA, 2014). Para suas próximas versões, espera-seexplorar documentos relacionados a leis de outros domínios que não o de crédito, além de novasjurisdições.

3.2.5 MISMO

MISMO (MISMO, 2011) é um padrão XML desenvolvido por uma organização homônima, ecujo significado da sigla é Mortgage Industry Standards Maintenance Organization.

Sua aplicação se limita à representação de operações de empréstimos, com foco especial paraoperações de financiamentos imobiliários e hipotecas de imóveis residenciais ou comerciais. Opadrão conquistou seu espaço no ramo, sendo utilizado e mantido por grandes organizações, quevão de bancos hipotecários e financiadores a imobiliárias e prestadores de serviço.

Seus principais objetivos são o de promover um processo aberto para desenvolver, ampliare manter procedimentos do comércio eletrônico para os setores imobiliário e hipotecário, alémde permitir aos credores hipotecários, investidores, vendedores, dentre outras partes envolvidasneste mercado, uma forma segura, eficiente e econômica de negociar seus produtos.

3.2.6 Tax eXtensible Markup Language (TaxML)

TaxML é um outro padrão derivado de XML, porém cujo objetivo o destaca dos demais an-teriormente mencionados. TaxML se preocupa exclusivamente em definir e detalhar informaçõesa respeito de impostos em suas diferentes fases, tais como avaliação, coleta e pagamento.

Seu principal objetivo é facilitar o desenvolvimento de serviços destinados ao gerenciamentode impostos de contribuintes por agências governamentais, criando um vocabulário universalpara este domínio, e consequentemente reduzindo o custo administrativo associado ao controlede impostos.

1Produtos financeiros estruturados, cujo valor de mercado depende do valor de outros ativos financeiros, taiscomo ações, moedas e mercadorias.

2Acordos feitos diretamente entre as partes envolvidas, não havendo intervenção de uma entidade moderadora,como por exemplo, uma bolsa de valores.

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

3.3 Tecnologias baseadas em Conhecimento / Ontologias

3.3.1 Financial Ontology

Alguns anos após a criação de OWL e da utilização de ontologias na Web, esforços para aconsolidação de conceitos do domínio financeiro começaram a surgir, visando usufruir das poten-ciais vantagens oferecidas por esta representação computacional. Em meados de 2004, algumasiniciativas nesse sentido já haviam sido feitas, tal como a Financial Ontology (DIP, 2004), umadas mais relevantes até então. Foi idealizada pela Data, Information and Process Integrationwith Semantic Web Services (DIP), organização cujo principal objetivo é o de estender a apli-cação da Web Semântica e Serviços Web, visando criar uma infraestrutura tecnológica para odesenvolvimento de Serviços Web Semânticos.

Esta ontologia, apesar de pioneira quando considerado seu domínio de aplicação, deixou deser atualizada e mantida, e sua especificação pública está apenas parcialmente disponível naWeb. Por esta razão, o estudo desta ontologia não foi aprofundado neste trabalho.

3.3.2 Suggested Upper Merged Ontology (SUMO)

Outra iniciativa relevante envolvendo a utilização de ontologias para o mercado financeirofoi o desenvolvimento de uma sub-ontologia financeira para a Suggested Upper Merged Ontology,conhecida pela sigla SUMO (Niles e Pease, 2001). Seu desenvolvimento se baseia no dicionário depalavras em inglês Wordnet, tendo mapeado todos os termos presentes neste em representaçõesontológicas.

SUMO é composta por uma ontologia de alto-nível1, reunida a uma ontologia que relacionaseus conceitos àqueles definidos em diversas ontologias de domínio, contemplando um amploescopo de conceitualizações. A ontologia financeira da SUMO é portanto uma destas ontologiasde domínio; ela define conceitos financeiros gerais, se atentando a alguns conceitos específicos,principalmente aqueles referentes a bancos comerciais, tais como abertura de contas, depósitos,e outras formas de receber ou enviar dinheiro.

A comunidade científica mantém a especificação da SUMO atualizada e bem documentada.Entretanto, ela não compreende o espectro de conceitos necessários para prover uma base se-mântica na qual a OntoBacen poderia se fundamentar, pois os conceitos nela contidos tratamprincipalmente de interações entre bancos comerciais e seus clientes, que não serão exploradaspor este trabalho.

3.3.3 Financial Report Ontology (FRO)

A Financial Report Ontology (FRO) define meta-informações acerca de relatórios financeirosdigitais. Sua formalização semântica baseia-se nos conceitos presentes em XBRL (e suas váriastaxonomias), facilitando sua interpretação computacional.

Embora esteja em seu estágio de desenvolvimento inicial no tempo de escrita desse documento,seu propósito está alinhado às boas práticas de divulgação de relatórios (seção 2.1, itens 7 a11). Por ora, não será realizado um estudo detalhado a seu respeito, pois outras iniciativasestão melhor alinhadas com o objetivo deste trabalho e em estágios mais avançados de seudesenvolvimento.

1Ontologia formal, fundamentada em referencial teórico, que define conceitos amplos e gerais, tal como otempo, cujo significado se mantém independente do domínio em que é aplicado.

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

3.3.4 Financial Industry Business Ontology (FIBO)

Iniciada em 2012, esta ontologia é desenvolvida pelo EDM Council com a participação doObject Management Group. Como o próprio nome sugere, a FIBO (OMG e EDMC, 2014) é umaontologia para a organização e gerenciamento de informações utilizadas por aplicações de inteli-gência de negócio do setor financeiro. Seu desenvolvimento é proposto de forma modularizada epode ser acompanhado pelo FIBO Development Scenario (EDMC, 2014), no qual cada módulodescreve os conceitos relacionados a sub-domínios específicos do setor financeiro.

A utilização da FIBO provê um referencial padrão para múltiplos repositórios de dados, emlinha com os princípios apresentados na Seção 2.1, por meio dos mecanismos de verificação deconsistência e classificação de ontologias na Web Semântica, facilitando a integração de basesde dados heterogêneas além de oferecer suporte à automação de processos de negócio. Seualinhamento com linguagens de negócio facilita a comunicação precisa acerca de requisitos deinformações entre as áreas de negócio interessadas e os desenvolvedores de suas aplicações.

A construção das definições presentes na FIBO se dá com a participação e colaboração deespecialistas do domínio financeiro, não sendo puramente embasadas num referencial teórico eformal, como no caso do SBVR e ontologias de alto-nível, mas preocupando-se em definir osignificado dos conceitos tal como vistos e entendidos pelos profissionais do setor. Devido a estecaráter pragmático, algumas de suas definições são derivadas das definições de elementos dedados presentes em padrões já difundidos no setor, utilizados na representação de dados e trocade mensagens, tais como alguns dos esquemas de marcação mencionados anteriormente.

Na Figura 3.1 é ilustrada a infraestrutura de gerenciamento de dados na qual a FIBO sebaseia. Nela são previstos muitos dos conceitos e tecnologias mencionados anteriormente, forne-cendo uma visão em alto nível de suas aplicações. A infraestrutura é composta por 6 camadas:

Figura 3.1: Infraestrutura de Gerenciamento de Dados

1. A camada de transporte é responsável por permitir e facilitar a comunicação entre com-putadores segundo os padrões da Web (de acordo com o W3C e IETF), o que inclui autilização do protocolo de comunicação TCP/IP junto ao HTTP e FTP para transferên-

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

cia de arquivos, além de ferramentas para identificação de recursos na Web, tais comoendereços universais (URL e URI) e servidores de nomes (DNS).

2. A camada de mensagem é responsável por organizar as informações financeiras transmiti-das pela Web, comunicando as transações entre as partes envolvidas. Nela se encontramgrande parte dos esquemas de dados semi-estruturados mencionados anteriormente, taiscomo FIXML para o mercado de capitais, FpML para derivativos de balcão, MISMO paraempréstimos e XBRL para relatórios contábeis.

3. A camada semântica provê significado para dados transmitidos, por meio de (i) vocabulá-rios compartilhados para a adoção de uma linguagem financeira comum, (ii) identificadoresglobais para a precisa denominação de instrumentos financeiros e entidades de negócio e(iii) ontologias para sua representação semântica interpretável por computadores.

4. A camada de integração se encarrega do mapeamento do significado comum, por meio detransformações de formatos de dados e verificação de consistência dos mesmos em seusrepositórios originais; esta é também responsável pela garantia de qualidade dos dados,por meio da condução de testes para a verificação de sua completude, cobertura, precisãoe pontualidade.

5. A camada de consulta provê mecanismos para permitir e facilitar consultas estruturadassobre conjuntos de dados inter-relacionados. Exemplos de ferramentas são SQL para bancosrelacionais, SPARQL para OWL ou RDF e PLN para linguagem natural.

6. A camada analítica se encarrega de interpretar os resultados obtidos a partir das consultasaos dados, identificando riscos e correlações entre variáveis que auxiliem os executivos emsuas tomadas de decisões.

7. Em paralelo, a (i) governança operacional de TI se encarrega da gestão de arquiteturade dados e de sua plataforma de distribuição, além de seus processos de transformação eintegração; e a (ii) governança de gestão de dados se encarrega da cultura operacional emodelo organizacional.

Até o momento, a FIBO está em fase de desenvolvimento. Seus casos de uso e aplicações estãosendo avaliados por provas de conceito (POC, do inglês Proof-of-Concept), tais como a POC dederivativos1 e a POC de hipotecas e empréstimos2, além de demonstrações das capacidades deinferência de FIBO e de seu alinhamento com taxonomias externas, tais como as apresentadasna seção anterior.

De suma importância para a utilização efetiva da FIBO, ou de qualquer outra representaçãode dados financeiros, são as maneiras de identificar entidades de negócio e instrumentos finan-ceiros de maneira única e global. Devido a isso, o projeto da FIBO foi idealizado já alinhado àISO 17442 (LEIs), inspirando o desenvolvimento de uma ontologia paralela junto à Bloomberg,a FIGI (OMG, 2014), ou Financial Industry Global Identifier, para prover seus identificadoresuniversais de instrumentos financeiros.

A utilização da FIBO para verificação de aderência a normas governamentais foi inicialmenteabordada por outra prova de conceito, que trata mais especificamente do Regulation W, umanorma de adequação de capital entre empresas coligadas estabelecida pelo Federal Reserve, oBanco Central americano. Neste contexto de definição de normas regulatórias e de governança,serão detalhadas a seguir duas ontologias correlacionadas, a FIRO e a FIGO.

1Esta prova de conceito visa criar taxonomias para classificação e análise de contratos complexos de derivativos,identificando pontos de interseção entre eles.

2Prova de conceito cujo objetivo é o de validar os conceitos de empréstimos de FIBO por meio do alinhamentodestes com os de MISMO.

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

3.3.5 FIRO e FIGO

A interpretação de normas regulatórias é um assunto que tem sido explorado peloGovernance,Risk and Compliance Technology Centre (GRCTC), cujos membros publicaram um estudo con-templando a interpretação de normas americanas para a prevenção da lavagem de dinheiro(Abi-Lahoud et al., 2013a), utilizando recursos de linguagem natural estruturada.

O mesmo grupo é responsável pelo desenvolvimento das ontologias FIRO (Financial IndustryRegulatory Ontology) e FIGO (Financial Industry GRC Ontology), construídas a partir desteprocesso de interpretação de linguagem natural, e que tratam de diferentes normas governamen-tais aplicáveis ao mercado financeiro, de modo a garantir o alinhamento de seus conceitos comos da FIBO.

Abi-Lahoud et al. (2013b) apontaram os principais desafios encontrados na aplicação desua metodologia para interpretação de normas para combate à lavagem de dinheiro, tambémpresentes no desenvolvimento da FIRO e FIGO: (i) referências devem ser seguidas e expandidas;(ii) deve-se identificar, delimitar e desambiguar definições; (iii) deve-se dar sentido a sentençascomplexas; (iv) ambiguidades devem ser esclarecidas; e (v) exceções devem ser levadas em conta.

Outro trabalho relevante deste grupo, conduzido junto à FIBO por meio de uma POC, é ainterpretação das normas do Regulation-W (ou simplesmente Reg-W ), nome dado à seção 23Ado Federal Reserve Act, publicado pelo banco central americano, que apresenta uma norma queregulamenta transações entre bancos e suas subdidiárias. Neste contexto, o Reg-W é responsávelpela (i) definição do conceito de subsidiárias, (ii) discriminação dos tipos de transações cobertasem seu escopo, e (iii) determinação de limites quantitativos que os bancos devem obedecer aonegociar com uma subsidiária individual, ou pela soma de suas negociações com todas suassubdidiárias.

A missão desta POC conduzida para estudo do Reg-W é a de demonstrar como tecnologiassemânticas podem definir e verificar a aderência a normas regulatórias, utilizando padrões dedados abertos (como OWL) e ferramentas de automação (motores de inferência). Para tal, ametodologia de interpretação de normas desenvolvida pelo GRCTC foi utilizada, permitindo aidentificação de entidades de negócio como subsidiárias, a identificação de transações cobertaspelo Reg-W, assim como transações proibidas, segundo os limites estabelecidos pela norma.

Estes desafios são encontrados na interpretação de normas em geral, e Reg-W não é umaexceção. Para fugir à interpretação manual destas normas, sujeita a falhas e baseada em proces-sos não-documentados e não-formalizados, foi utilizado o SBVR (OMG, 2008), apresentado nasubseção 3.1.2. Mais especificamente, utilizou-se a extensão de SBVR estruturada e baseada noidioma inglês, o SBVR-SE (SBVR Structured English), detalhado nos Apêndices A e B de suadocumentação.

Considerando os passos descritos na Figura 3.2, a respeito da metodologia de interpretaçãode normas utilizada para a prova de conceito do Reg-W, tem-se um processo de processamentoiterativo de linguagem natural estruturada, que demanda conhecimentos tanto do domínio legalcomo do financeiro. O único passo passível de automatização é o passo 5, que contempla aconversão de SBVR para OWL; entretanto, é necessário algum esforço adicional e conhecimentodo domínio para a identificação de conceitos comuns entre a ontologia criada e a FIBO.

A utilização desta metodologia permitiu o desenvolvimento de uma ontologia capaz de res-ponder às principais questões relacionadas ao Reg-W :

1. A contraparte é uma subsidiária?

2. O tipo de transação está no escopo de Reg-W ?

3. O montante financeiro da transação é permitido?

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TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

Figura 3.2: Metodologia para interpretação de normas utilizando SBVR proposta para a POC do Reg-W

Com a ontologia OWL resultante da aplicação desta metodologia, podem ser utilizados mo-tores de inferência a fim de prover o processamento automatizado das transações, fornecendorespostas para as perguntas mencionadas anteriormente junto ao processo dedutivo necessáriopara a obtenção delas.

Estudando-se normas como as de lavagem de dinheiro e o Reg-W mencionados anteriormente,a FIRO e a FIGO se propõem a estabelecer uma estruturação semântica formal para o vasto ecomplexo espectro de regulações do sistema financeiro, por meio da construção de uma famíliade ontologias que atendam aos requisitos estipulados pelas normas de governança. A grandeheterogeneidade deste domínio faz desta tarefa algo desafiador e relevante, pois inúmeros órgãosreguladores ao redor do globo definem suas políticas de forma independente, se utilizando cadaum de termos e vocabulários de negócio próprios, que por vezes possuem relações semânticascom outros vocabulários.

Neste sentido, essas ontologias podem auxiliar instituições financeiras a monitorar e aplicarregras de negócio inerentes de normas regulatórias em seus processos de negócio, identificandopossíveis riscos ou inadequações de seu atual modelo de governança, além de modelar semanti-camente normas a fim de simplificar sua utilização.

O escopo da FIRO e FIGO está fortemente relacionado ao da proposta deste trabalho, porém apresente proposta se limita ao estudo das normas de governança do SFN, enquanto as primeirastratam principalmente das normas americanas e européias. Uma pesquisa em maior nível dedetalhe da FIRO e FIGO não foi possível, pois as especificações destas ontologias não estãodisponíveis publicamente.

3.4 Escopo Tecnológico

Neste capítulo, foram apresentadas as principais ferramentas Web direcionadas às váriaspossíveis aplicações para o domínio financeiro. Com base nas ferramentas apresentadas nasseções anteriores, a Figura 3.3 mostra sua disposição de acordo com a arquitetura de sistemasem que estão inseridas.

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Page 36: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

Entidade de Negócio B(Consumidora da Informação)

HTML

FIXML

FpML

MISMO

OFX

xBRL

TaxML

FIBO

SUMO

FRO

FIROConsultas e Inferências

NavegadorWeb

Aplicaçõesespecíficas

Ativos

Derivativos

Empréstimos

Serviços

Relatórios

Impostos

Instituição Financeira A(Provedora da Informação)

HTML

FIBO

Acesso à páginada instituição

Transações em RDF/OWL

Transações em XML(FIXML para ativos,

FpML para derivativos,MISMO para empréstimos,

OFX para serviços, xBRLpara relatórios, taxML

para impostos)

FIXML

FpML

MISMO

OFX

xBRL

TaxML

Arquivosfinanceiros

SUMO

FRO

FIRO

Camada de comunicação

World Wide Web(IP, TCP, UDP)

HTTP

FIX

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

Figura 3.3: Fluxo de dados pela Internet (domínio financeiro)

Não faz parte do escopo deste trabalho tratar de todas ferramentas e subdomínios apresenta-dos neste capítulo, esta análise foi realizada apenas para fins de contextualização. Na Tabela 3.1,as tecnologias e ferramentas mencionadas anteriormente são dispostas de acordo com seu sub-domínio financeiro.

Tabela 3.1: Tecnologias por subdomínio financeiro

Tecnologia FinanceiroEmpréstimos Ativos Derivativos Serviços Impostos Relatórios Governança

Protocolo decomunicação(1)

HTTP HTTP eFIX HTTP HTTP HTTP HTTP HTTP

Esquema demarcação MISMO FIXML FpML OFX TaxML xBRL xBRL e

outros(2)

Ontologia dedomínio FIBO FIBO FIBO SUMO

Finance — FRO FIRO eFIGO

Organizaçõesrelacionadas MISMO FPL e

SWIFT ISDA Microsofte outros

VertexInc.

xBRLInt. Inc.

Basiléiae bancoscentrais

1. Vocabulários não são mencionados pois não estão necessariamente vinculados a tecnologias.2. Agentes governamentais e regulatórios, tais como bancos centrais, podem utilizar relatórios em formatos

próprios, não necessariamente disponíveis em xBRL.

Conforme ficará evidente no próximo capítulo, as ferramentas de maior interesse para odesenvolvimento da OntoBacen são as ontologias para o setor financeiro, em especial para osubdomínio de governança e normas regulatórias (respectivamente a linha e coluna destacadasna Tabela 3.1).

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Page 37: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO

Ametodologia proposta para este desenvolvimento é fortemente baseada na metodologia mos-trada anteriormente para a prova de conceito do Reg-W, e consequentemente pela FIRO e FIGO.Outro ponto importante em comum é que esta metodologia também prevê seu alinhamento comos conceitos da FIBO.

Por fim, devido ao fato de cada ente regulador aplicar normas próprias para a regulação e go-vernança do sistema financeiro sob sua jurisdição, há um grau de heterogeneidade inerente destesubdomínio. Devido a isto, este trabalho propõe uma metodologia especializada para o SFN,podendo esta não ser aplicável à governança e gestão de riscos de outros sistemas financeiros,dadas suas potenciais particularidades.

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Page 38: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Capítulo 4

OntoBacen

Conforme especificada na Seção 2.4, a proposta deste trabalho é a de criar uma ontologia querepresente conceitos e capture regras de negócio no contexto de governança do SFN, mais especi-ficamente no que diz respeito à sua gestão de riscos. Tais conceitos e regras foram originalmenteconcebidos como uma série de normas chamadas de Regulação Prudencial. Neste capítulo, seráapresentada a metodologia de construção de tal ontologia, denominada OntoBacen.

Uma versão preliminar desta ontologia foi apresentada em Polizel et al. (2015), na qualfoi utilizada uma metodologia baseada na interpretação de linguagem natural e sua posteriorconversão em linguagem natural estruturada, aliada às boas práticas do desenvolvimento deontologias modulares.

Esta metodologia é apresentada em maiores detalhes na Seção 4.1. Em seguida, cada um dosmódulos da OntoBacen será apresentado, demonstrando-se as principais características dessesem função de suas componentes. Por fim, na Seção 4.6, a ontologia é sumarizada e analisadacom relação à composição de suas partes.

4.1 Visão Geral da OntoBacen

O ponto de partida para a definição da OntoBacen é a Regulação Prudencial do BACEN.Esta foi analisada partindo-se dos níveis conceituais mais gerais, como por exemplo, as circularesresponsáveis pela definição da metodologia para apuração do Patrimônio de Referência (PR),até os níveis específicos.

Desta forma, por meio da interpretação de uma série de normativos do BACEN, criou-se uma lista de termos relevantes, introduzindo conceitos e definições relacionadas a diversasabordagens para a mensuração da exposição aos diferentes tipos de riscos. A análise do domíniorealizada por meio da leitura desta série de documentos revelou o grande grau de disjunçãoentre alguns subconjuntos de conceitos, o que sugere que uma abordagem modular lhe possa seradequadamente aplicada.

Este resultado era esperado, dada a natural divisão do domínio pelos diferentes tipos deriscos, conforme apresentado na Seção 2.3. Além disso, é aderente à divisão que ocorre dentrodas IFs em áreas de negócio distintas para a gestão de tipos específicos de risco (em especialgrandes conglomerados), o que sugere que apenas alguns subconjuntos de conceitos (módulos)possam ser de interesse para áreas específicas.

Após esta análise, ficaram claras as vantagens da conceitualização modular para este domínio.A identificação dos módulos para o processo de desenvolvimento se deu ao fim da construção do

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ONTOBACEN

dicionário de termos e relações presentes na série de normativos. Tais módulos, bem como suasdependências em relação a outros módulos, são mostrados na Figura 4.1.

1 / 1

FIBO Foundations FIBO Business Entities

Base

Requerimentos de Capital

Capital

RWANível 1 Complementar

Nível 1 Principal

Nível 2

Limite de Imobilização

RWA

Risco de Mercado

Risco de Crédito

Risco Operacional

Risco Banking

protótipo incompletoprotótipo detalhadorelação de dependência

Figura 4.1: Módulos da OntoBacen

Primeiramente, os módulos da FIBO chamados Foundations e Business Entities foram esco-lhidos para prover o nível mais alto de semântica. Exemplos de conceitos e relacionamentos daFIBO utilizados pela OntoBacen são:

• judicial person, equivalente à noção de pessoa jurídica do sistema judiciário brasileiro, osdiferentes tipos de instituições financeiras definidos pelo BACEN foram classificados comoespecializações deste conceito;

• monetary amount, ou montante financeiro, um dos principais conceitos utilizados pelaOntoBacen, pois a maioria de seus conceitos se tratam de quantificações monetárias;

• has part, um relacionamento do tipo “todo-parte” (agregação), pois muitos relacionamentosdefinidos pela OntoBacen são deste tipo.

O primeiro módulo da OntoBacen, chamado Base, foi concebido para definir conceitos adicio-nais necessários e compartilhados entre seus diferentes módulos, inexistentes na FIBO, provendouma camada semântica adicional para viabilizar a conceitualização de seu domínio.

As ontologias com os conceitos mais específicos são então divididas em dois grandes gruposdisjuntos, chamados Capital e RWA. O primeiro contempla a definição de capital, que é repre-sentado numa visão contábil principalmente pelo patrimônio líquido e reservas de recursos. Osegundo grupo é um acrônimo para “risk weighted assets”, ou ativos ponderados pelo risco, quetambém numa visão contábil pode ser interpretado como o valor de mercado de ativos detidospor uma IF, ponderados por distintos tipos de riscos de acordo com seu grau de exposição.

Os módulos Capital e RWA por si só abrangem os conceitos necessários para a definição daestrutura de capital de uma IF nos termos definidos pelo BACEN, respondendo à questão decompetência número 1.

Para demonstrar como RWA captura a noção de risco, o leitor pode imaginar, por exemplo,que dadas uma quantia de recursos aplicada no mercado de ações e esta mesma quantia aplicadaem títulos do tesouro, é de se esperar que o ponderador de risco para o primeiro caso seja maiorque o ponderador de risco para o segundo, e consequentemente o montante apurado para os

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ONTOBACEN

ativos ponderados pelo risco. Fazendo-se um paralelo qualitativo, pode-se imaginar que isto sedeve ao fato da probabilidade de que uma companhia cujas ações são negociadas na bolsa vejao seu preço cair drasticamente, é tipicamente maior que a probabilidade do mesmo ocorrer paratítulos da dívida de um governo com bons fundamentos econômicos.

Cada um destes módulos foi então dividido em subconjuntos (também disjuntos). Capitallevou em conta as principais definições de capital do BACEN para realizar esta decomposição,resultando nas ontologias Nível 1 Principal, Nível 1 Complementar e Nível 2. O mesmo módulo aindaabrange a ontologia Limite de Imobilização, responsável por definir o montante a ser deduzido dopatrimônio de uma IF para fins de adequação de capital, considerando seu ativo permanente,caso este ultrapasse um certo limite.

Para o módulo RWA, foi considerada a divisão por tipo de risco, semelhante à apresentadana Seção 2.3, dando origem às ontologias: Risco de Mercado, Risco de Crédito e Risco Operacional.A gestão do risco de liquidez não é contemplada na versão inicial da OntoBacen, pois seriamnecessárias definições especializadas de capital para sua conceitualização, atualmente ausentesnas ontologias do módulo Capital. Uma ontologia adicional, Risco Banking, foi incorporada aomódulo RWA para tratar da exposição a riscos associados aos contratos que compõem a carteirade não-negociação (ou simplesmente, banking), estabelecidos com a obrigação de serem mantidosaté sua data de vencimento, ou seja, não são passíveis de negociação no mercado aberto.

A constituição da carteira banking visa minimizar oscilações no valor patrimonial decorrentesdas variações de taxas de juros ou classificações de risco dos títulos adquiridos por ela, de talforma que seu valor não é corrigido pelo valor praticado no mercado. O risco da carteira bankingé segregado dos demais por possuir metodologias próprias para cálculo de sua exposição, noentanto sua natureza está fortemente relacionada à dos riscos de crédito e mercado.

Finalmente, um módulo adicional, Requerimentos de Capital, lida com as questões de adequa-ção de capital mencionadas na Seção 2.3. Este se relaciona com conceitos definidos em ontologiastanto do módulo Capital quanto do módulo RWA, e contém as definições de regras de negócionecessárias para endereçar a questão de competência número 2.

Na versão atual da OntoBacen, os protótipos para todos os tipos de riscos estão detalhados(módulo RWA), com exceção de Risco Banking e das ontologias do módulo Capital; tais protó-tipos estão incompletos, conceitualizando apenas as definições mais gerais de seus respectivossubdomínios. Apesar deste fato, é possível verificar as questões de adequação de capital, dadoque o protótipo para o módulo Requerimentos de Capital também está disponível.

Nas seções seguintes serão descritos cada um dos módulos apresentados anteriormente, eanalisados seus principais conceitos e objetivos. No Apêndice B, é apresentada uma especifica-ção formal e detalhada, por meio da listagem de definições presentes em cada módulo e suascomponentes, e em alguns casos, uma representação gráfica destes.

4.2 Módulo Base

O objetivo do primeiro módulo da OntoBacen é prover conceitos comuns a serem compar-tilhados pelos demais módulos desta ontologia. A fim de atingir tal objetivo, o módulo Baseenvolve seis ontologias: Instituições Financeiras, Montante Monetário Contextualizado, Adequaçãode Capital, Fatores, Indivíduos Base e Relacionamentos.

A maior parte dessas ontologias - Instituições Financeiras, Adequação de Capital, Fatores eIndivíduos Base - representam conceitos propostos pelo BACEN, enquanto a ontologia MontanteMonetário Contextualizado contém elementos que especializam o conceito monetary amount daFIBO. Finalmente, a ontologia Relacionamentos engloba conceitos básicos usados na definição

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ONTOBACEN

de atributos e relacionamentos, sendo estes tipicamente derivados dos conceitos presentes naontologia Relations da FIBO.

Nas subseções seguintes, serão apresentadas as principais características de cada uma dasontologias mencionadas anteriormente nesta seção.

4.2.1 Ontologia Instituições Financeiras

Esta ontologia contém os conceitos que representam as IFs segundo as definições propostaspelo SFN e descritas em detalhes na Seção 2.2. Os dois principais conceitos desta ontologia -instituição financeira e autoridade monetária - são definidos como especializações do conceitojudicial person (pessoa juridica), proposto pela FIBO. Além disso, nela são definidas treze for-mas especializadas de instituição financeira, a fim de representar as principais classes de IFsmonetárias, nao-monetárias e auxiliares do SFN.

Dessa forma, os conceitos banco comercial, banco cooperativo e cooperativa de crédito re-presentam as principais IFs monetárias, enquanto as não-monetárias são representadas pelosconceitos banco de desenvolvimento, banco de investimento, companhia hipotecária e sociedadede crédito. Finalmente, as IFs auxiliares são representadas pelos conceitos agência de fomento,sociedade de arrendamento mercantil e distribuidora/corretora de títulos e valores mobiliários.

Dois conceitos adicionais para IFs são introduzidos - banco múltiplo e instituição autorizadaa funcionar pelo BACEN - tal como definidos pelas normas do BACEN. O primeiro trata deconglomerados financeiros que exercem várias atividades especializadas, previstas por outrasclasses especificas de IFs; já o segundo é um conceito utilizado para denotar toda e qualquerIF que detenha a permissão do BACEN para execução de suas atividades, podendo esta sermonetária, não-monetária ou auxiliar.

Uma descrição detalhada de cada um dos quinze conceitos que formam esta ontologia éapresentada na Seção B.1.2 do Apêndice B.

4.2.2 Ontologia Montante Monetário Contextualizado

O objetivo desta ontologia é representar a noção de montante monetário na OntoBacen. Paratanto, adotamos três conceitos propostos pela FIBO Foundations - monetary amount, currencye amount - que representam o montante monetário, sua moeda e seu valor, respectivamente.

A fim de representar a noção de contextualização de montante financeiro necessária a estetrabalho, o conceito de contexto é introduzido por esta ontologia, utilizado para denotar umconjunto de circunstâncias que formam o cenário para um evento, em termos dos quais ele podeser compreendido. A partir da especialização deste contexto, no qual uma autoridade monetáriaverifica a conformidade ou não de uma IF às regras e normas por ela estabelecidas em sua jurisdi-ção, e em um determinado momento, origina-se o conceito de contexto de governança de sistemafinanceiro. Note que para a definição deste último, são necessários uma autoridade monetária,uma IF e uma representação temporal. Para tal, são utilizados respectivamente os relacionamen-tos is governed by, constrains e tem data base, associando o contexto de governança de sistemafinanceiro às demais entidades necessárias para sua conceitualização, sendo os dois primeirosdefinidos na FIBO Foundations, enquanto o último é definido na ontologia Relacionamentos.

Assim, o conceito montante monetário contextualizado é definido como uma especializaçãode monetary amount que tem um contexto definido. Portanto, um montante monetário contex-tualizado representa uma quantia de dinheiro especificada em termos de unidades monetáriase concebida junto a um contexto. Tal conceito possui duas especializações: ativo ponderadocontextualizado e definição de capital contextualizada. O primeiro compreende todo montante

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ONTOBACEN

monetário obtido pela ponderação do valor de mercado de ativos de uma empresa por fatores re-levantes a seu contexto, enquanto o segundo compreende um montante monetário obtido a partirdo agrupamento de recursos disponiveis para viabilizar a continuidade da atividade econômicade uma empresa naquele contexto.

Uma descrição detalhada de cada um dos cinco conceitos definidos por esta ontologia éapresentada na Seção B.1.3 do Apêndice B.

4.2.3 Ontologia Adequação de Capital

Esta ontologia é responsável pela definição da taxonomia de contexto de governança de sis-tema financeiro, com o objetivo de prover a semântica necessária para a verificação de contextosaderentes (ou não aderentes) às normas previstas pela Regulação Prudencial do BACEN. Paratal, primeiramente tais contextos são classificados com relação à sua adequação ou inadequaçãoàs normas, dando origem a seus dois conceitos principais: contexto em conformidade com limiteoperacional de capital e contexto em não conformidade com limite operacional de capital.

Para a definição dos conceitos adicionais dessa ontologia, é necessário o conhecimento de todosos limites operacionais de capital a que estão sujeitas IFs do SFN. Estes limites são especificadosem relação a três importantes definições de capital - patrimônio de referência, capital nível 1e capital principal - estudadas em maior nível de detalhe na especificação do Módulo Capital.É relevante também um limite adicional definido para o patrimônio de referência, no qual sãoconsiderados alguns fatores específicos ignorados na apuração dos demais limites operacionais,tratando-se do risco associado aos contratos firmados pela IF na chamada carteira de não-negociação (ou simplesmente, carteira banking), dando origem à parcela de risco definida peloBACEN como RBAN.

A existência dos quatro limites operacionais de capital mencionados anteriormente resultouna definição de quatro pares de conceitos, sendo aqueles de um mesmo par disjuntos entre si. Umdos conceitos de cada par representa um contexto em conformidade com limite operacional decapital, enquanto o outro, um contexto em não conformidade com limite operacional de capital,ambos referentes a um limite especifico de capital, dando origem às seguintes definições:

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital nível 1

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital principal

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerandoa RBAN

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência consi-derando a RBAN

A não conformidade aos limites operacionais de capital é potencialmente causada por umacombinação de fatores de riscos de naturezas distintas, sendo estes o risco de crédito, risco demercado, risco operacional e o risco associado à carteira banking. Desta combinação de fatores,pode-se concluir que o detentor da maior parcela da exposição a riscos é também o principalresponsável pela não conformidade aos limites operacionais de capital. Baseado nesta premissa,foram definidos quatro conceitos adicionais, como formas especializadas de contexto em nãoconformidade com limite operacional de capital, sendo eles:

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ONTOBACEN

• contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente ao risco dacarteira banking

• contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente ao risco decrédito

• contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente ao risco demercado

• contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente ao risco ope-racional

Uma descrição detalhada de cada um dos quatorze conceitos que formam esta ontologia éapresentada na Seção B.1.5 do Apêndice B.

4.2.4 Ontologia Fatores

O principal objetivo desta ontologia é permitir a classificação dos diversos fatores e coefici-entes numéricos presentes em regras de negócio definidas na Regulação Prudencial do BACEN.Para tal, nela é definido um conceito geral para fator numérico, de tal forma que os demaisconceitos por ela definidos sejam formas especializadas deste.

Dentre as principais classes de fator numérico, estão o (i) fator constante, (ii) fator dependentede propriedade e (iii) fator derivado. O primeiro engloba todo fator numérico cujo valor é fixo,sendo independente de sua conceitualização e de propriedades de entidades associadas a ele,ao contrário do segundo, cujo valor é diretamente dependente de tais propriedades. Por fim, oterceiro define fatores cujo valor é diretamente dependente do valor de outro fator, que por suavez pode pertencer a qualquer uma das três classes aqui mencionadas.

Dado um fator dependente de propriedade, sua dependência pode ser expressa em razão de(i) seu contexto, no caso de um fator dependente de contexto, ou (ii) do momento no qual estácontextualizado, para um fator dependente de tempo. No caso do fator derivado, apenas umaforma especializada é definida nesta ontologia, o inverso de fator, cujo valor é obtido a partir dainversão aritmética do fator associado a este.

A partir de tais classificações, fez-se possível a definição formal dos diversos fatores presentesna Regulação Prudencial do BACEN, por meio de especializações adicionais. Nesta linha, sãocriados os conceitos (i) fator constante de risco operacional, (ii) fator de transição de modelo e(iii) fator de requerimento de capital.

O fator constante de risco operacional é utilizado por regras de negócio presentes na apuraçãoda parcela de risco operacional, tratando-se de um fator constante, representado pelas subclasses(i) fator do indicador básico, (ii) fator da abordagem simplificada e (iii) fator da abordagempadronizada. Cada uma destas classes refere-se a uma das abordagens padronizadas para aapuração da parcela de risco operacional, descritas na Seção 4.3.3.

O fator de transição de modelo é utilizado para apuração das parcelas de risco de mercado,risco de crédito e risco operacional, quando a IF opta pela utilização de modelo interno emsubstituição ao modelo padronizado. Como seu valor depende do tempo transcorrido a partir dadata de transição de modelo, este é um fator dependente de tempo. Adicionalmente, cada tipode risco possui suas próprias abordagens padronizadas e internas, sendo útil a especializaçãodeste conceito em (i) fator de transição de modelo de risco de crédito, (ii) fator de transição demodelo de risco de mercado e (iii) fator de transição de modelo de risco operacional.

Por fim, o fator de requerimento de capital, que também é um fator dependente de tempo, éespecializado considerando-se as definições de capital que possuem um limite operacional definidopela Regulação Prudencial do BACEN, dando origem aos fatores (i) fator de requerimento de

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ONTOBACEN

patrimônio de referência, (ii) fator de requerimento de capital nível 1 e (iii) fator de requerimentode capital principal.

Uma descrição detalhada de cada um dos dezenove conceitos que formam esta ontologia éapresentada na Seção B.1.4 do Apêndice B.

4.2.5 Ontologia Indivíduos Base

Esta ontologia é responsável pela definição dos indivíduos que possuem uma definição explí-cita na Regulação Prudencial do BACEN, sendo pertencentes às classes definidas pelo MóduloBase. Em sua grande maioria, tratam-se de fatores numéricos presentes em tais normas, porémhá alguns casos de contextos de governança de sistema financeiro, juntamente com as autoridadesmonetárias e instituições financeiras associadas a estes contextos.

No Capítulo 6, estes contextos e suas respectivas IFs são apresentados na forma de exemplos,para ilustrar a utilização da OntoBacen por meio de estudos de casos reais ou narrativas fictícias.

Na Seção B.1.6 do Apêndice B, é feita uma descrição detalhada dos trinta e três fatoresnuméricos definidos nesta ontologia, além das referências necessárias para a consulta de maioresdetalhes acerca dos indivíduos restantes. Quando considerados os contextos de governança desistema financeiro, autoridades monetárias e instituições financeiras mencionados anteriormente,esta ontologia possui um total de cinquenta e quatro indivíduos.

4.2.6 Ontologia Relacionamentos

A ontologia Relacionamentos é responsável pela definição dos vários relacionamentos necessá-rios para a associação e contextualização de conceitos definidos pelos demais módulos e ontologiasda OntoBacen. Seus propósitos são os mais diversos, cabendo a esta subseção apenas uma brevedescrição dos mesmos.

Um importante relacionamento, utilizado amplamente pelas demais ontologias da OntoBacen,é composto por define uma associação do tipo “todo-parte”. Adicionalmente, o relacionamentoé reduzido por denota a subtração da entidade sujeito pela entidade objeto. Outras associaçõesmatemáticas são ainda relevantes para esta ontologia, sendo definidas como especializações dorelacionamento é derivado de, tais como (i) é derivado do inverso de, (ii) é derivado do produtode, (iii) é derivado do máximo de e (iv) é derivado do mínimo de.

Além dos relacionamentos entre entidades, esta ontologia define alguns atributos, aos quaissão associados valores, tais como números, datas, etc. Em OWL, os primeiros são denominadoscomo object properties, enquanto os atributos são denominados como data properties.

Dentre os vários atributos definidos nesta ontologia, tem valor decimal é utilizado para as-sociação de valores numéricos decimais a uma entidade, enquanto tem data base, tem data detransição de modelo, tem data final, e tem data inicial são utilizados para associar datas espe-cíficas à entidade. Adicionalmente, três especializações de tem data de transição de modelo sãodefinidas, considerando-se os possíveis tipos de riscos, dando origem a (i) tem data de transiçãode modelo de risco de crédito, (ii) tem data de transição de modelo de risco de mercado e (iii) temdata de transição de modelo de risco operacional.

Por fim, nesta ontologia são definidos alguns atributos temporais, que associam um intervalode tempo mensurado em alguma unidade, ao invés da associação direta a uma data, comonos casos mencionados anteriormente. Com isso, tem-se dois principais atributos, tem duraçãomáxima e tem duração mínima; cada um destes é então especializado de tal forma a permitira especificação de intervalos de tempo em diferentes unidades de tempo, dando origem aosatributos adicionais (i) tem duração máxima em anos e meses, (ii) tem duração mínima em

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anos e meses, (iii) tem duração máxima em dias e horas e (iv) tem duração mínima em dias ehoras.

Uma descrição detalhada de cada um dos vinte e um relacionamentos e propriedades queformam esta ontologia é apresentada na Seção B.1.1 do Apêndice B.

4.3 Módulo RWA

Este módulo é responsável pelas conceitualizações necessárias para a apuração dos ativosponderados pelo risco (RWA) de uma IF do SFN. Este é parte central do desenvolvimento eutilização da OntoBacen, sendo por sua vez o maior (e mais complexo) de seus módulos.

O módulo RWA foi dividido de acordo com o tipo de exposição à riscos que uma IF estásujeita, dando origem às quatro ontologias nele contidas: Risco de Crédito, Risco de Mercado,Risco Operacional e Risco Banking. Cada uma dessas ontologias apresenta os conceitos necessáriospara apuração dos ativos ponderados por cada tipo de risco, e cuja soma representa o RWA. Taisapurações podem ser feitas mediante a aplicação de abordagens padronizadas, cujos cálculos ealgoritmos são explicitamente especificados na Regulação Prudencial do BACEN, ou então pelaaplicação de abordagens internas, nas quais IFs podem utilizar modelos preditivos internos; esteúltimo caso requer que tais modelos preditivos estejam de acordo com uma série de diretrizesestipuladas pelo BACEN, estando sujeitos à sua recorrente supervisão e auditoria.

Nas subseções seguintes, cada uma das ontologias será detalhada, a fim de apresentar aoleitor os conceitos e regras de negócio inerentes dos subdomínios da gestão de riscos aos quaisestas ontologias estão associadas.

4.3.1 Ontologia Risco de Crédito

Esta ontologia é responsável pela apuração dos ativos ponderados pelo risco (RWA) relativosao risco de crédito, contendo as definições de conceitos e regras de negócio necessárias para tal.Tais definições são, em sua maioria, especializações do conceito ativo ponderado contextualizado,definido no módulo Base.

A primeira e mais importante definição desta ontologia é a de rwa para risco de crédito, deno-tando uma ponderação de ativos pelo risco de crédito, que pode ser utilizada para a verificação daaderência às normas da Regulação Prudencial do BACEN. Dentre as definições que são formasespecializadas desta primeira, têm-se (i) rwacpad, (ii) rwacirb considerando fator S e (iii) rwapara risco de crédito reportado. A primeira é utilizada para representar a apuração dos ativosponderados pelo risco de crédito mediante utilização de abordagem padronizada; analogamente,a segunda trata desta apuração mediante utilização de abordagem interna, considerando-se re-gras de negócio associadas ao fator de transição de modelo de risco de crédito (fator S); por fim,a terceira representa a abordagem a ser reportada ao BACEN no contexto em que está inserida,de acordo com uma escolha feita pela IF.

A definição de componente do rwa para risco de crédito é introduzida por esta ontologia, afimde denotar os conceitos intermediários previstos nas abordagens de apuração dos ativos ponde-rados pelo risco de crédito. Desta forma, a abordagem padronizada para apuração do risco decrédito define cerca de vinte componentes, representadas como especializações de componente dorwa para risco de crédito, porém não serão detalhadas nesta subseção, a critério de simplificação.

O conceito rwacirb é definido nesta ontologia para representar a abordagem interna de apu-ração dos ativos ponderados pelo risco de crédito. Esta pode ser implantada por uma IF dediversas formas, orientada a um conjunto de tipos pré-definidos na Regulação Prudencial do

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ONTOBACEN

BACEN. Devido a isto, sete conceitos adicionais são definidos nesta ontologia, como formasespecializadas do conceito rwacirb, a fim de contemplar todas variações de abordagens internas.Estes conceitos não serão discutidos em maior nível de detalhe nesta subseção.

Por fim, a apuração dos ativos ponderados pelo risco de crédito mediante abordagem in-terna requer uma definição intermediária adicional, rwacpad considerando fator S. O valor destacomponente intermediária é calculado a partir da multiplicação do valor apurado pela abor-dagem padronizada e do fator de transição de modelo de risco de crédito (fator S). Dado oresultado desta multiplicação, tem-se que os ativos ponderados pelo risco de crédito, apuradosmediante abordagem interna, assumem o valor máximo entre (i) rwacpad considerando fator Se (ii) rwacirb.

Uma descrição detalhada de cada um dos trinta e quatro conceitos que formam esta ontologiaé apresentada na Seção B.3.2 do Apêndice B.

4.3.2 Ontologia Risco de Mercado

O objetivo desta ontologia é o de definir os conceitos e regras de negócio envolvidos naapuração dos ativos ponderados pelo risco (RWA) relativos ao risco de mercado. Devido a isso,nela estão incluídas várias definições que são, em sua maioria, especializações do conceito ativoponderado contextualizado.

A noção mais geral presente nesta ontologia é a de rwa para risco de mercado, esta compreendequalquer ponderação de ativos pelo risco de mercado que seja passível de utilização por uma IF doSFN para fins de verificação dos limites operacionais de capital. São ainda definidas como formasespecializadas desta (i) rwampad, (ii) rwamint considerando fator Sm e (iii) rwa para risco demercado reportado. A primeira denota a utilização da abordagem padronizada para apuraçãodos ativos ponderados pelo risco de mercado; já a segunda, trata desta apuração por meio daabordagem interna, considerando-se as regras estipuladas pelo fator de transição de modelo derisco de mercado (fator Sm); a terceira, por sua vez, representa a abordagem escolhida para serreportada ao BACEN no contexto em que está inserida.

O conceito adicional de componente do rwa para risco de mercado é introduzido para repre-sentar quaisquer das partes previstas pelas abordagens de apuração dos ativos ponderados pelorisco de mercado. Neste sentido, a abordagem padronizada para apuração do risco de mercadodefine suas sete componentes, como especializações de componente do rwa para risco de mer-cado, sendo elas: (i) rwaacs, (ii) rwacam, (iii) rwacom, (iv) rwajur1, (v) rwajur2, (vi) rwajur3 e(vii) rwajur4. Cada uma destas parcelas se refere ao risco associado às oscilações nos preços deações (rwaacs), moedas estrangeiras (rwacam), mercadorias (rwacom), e nas variações de taxasde juros (rwajur1 a rwajur4 ). De maneira análoga, a abordagem interna (rwamint) tambémpossui componentes, porém apenas duas neste caso, (i) rwa para risco de mercado apuradosegundo modelo interno e (ii) rwamint adicional calculado segundo modelo padronizado, que nãoserão detalhadas nesta subseção.

Uma definição intermediária é ainda necessária para a apuração dos ativos ponderados pelorisco de mercado mediante abordagem interna: rwampad considerando fator Sm. Este conceitoé obtido a partir da ponderação do valor apurado pela abordagem padronizada, pelo fator detransição de modelo de risco de mercado (fator Sm). Obtido seu valor, tem-se que os ativosponderados pelo risco apurados mediante a aplicação da abordagem interna, assumem o valormáximo entre (i) rwampad considerando fator Sm e (ii) rwamint, este último obtido pela somadas componentes da abordagem interna.

Uma descrição detalhada de cada um dos dezesseis conceitos que formam esta ontologia éapresentada na Seção B.3.1 do Apêndice B.

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ONTOBACEN

4.3.3 Ontologia Risco Operacional

Assim como as demais ontologias deste módulo, o objetivo desta é definir os conceitos en-volvidos na apuração dos ativos ponderados pelo risco (RWA), porém neste caso, associados aorisco operacional. Sendo assim, seus conceitos também são majoritariamente especializações doconceito ativo ponderado contextualizado.

O conceito de rwa para risco operacional é o principal dentre os nela definidos, compreendendouma ponderação dos ativos de uma IF pela exposição ao risco operacional, que pode vir a serutilizada para a verificação dos limites operacionais estipulados pelas normas de governança doBACEN. Dentre as especializações deste primeiro conceito, têm-se as definições (i) rwaopad,(ii) rwaoama considerando fator So e (iii) rwa para risco operacional reportado. A primeira serefere à apuração dos ativos ponderados pelo risco operacional mediante utilização de abordagempadronizada; a segunda, por sua vez, refere-se à esta apuração por meio de abordagem interna,considerando-se regras de negócio associadas ao fator de transição de modelo de risco operacional(fator So); por fim, a terceira representa a abordagem de apuração escolhida pela IF para serreportada ao BACEN.

O conceito adicional de componente do rwa para risco operacional é introduzido para repre-sentar definições intermediárias previstas na apuração dos ativos ponderados pelo risco opera-cional. Ao contrário do risco de crédito ou mercado, que possuem uma abordagem padronizadaúnica, a abordagem padronizada para apuração do risco operacional pode ser implementadade três diferentes maneiras, dando origem às seguintes especializações do conceito rwaopad :(i) rwaopad indicador básico, (ii) rwaopad alternativa simplificada e (iii) rwaopad alternativapadronizada. Estas possíveis variações para a apuração dos ativos ponderados pelo risco operaci-onal mediante abordagem padronizada são listadas em ordem crescente de complexidade. Paracontextualizar o leitor de seus diferentes níveis de complexidade, pode-se contabilizar a quanti-dade de definições intermediárias necessárias para as apurações considerando as três variações,resultando em 11, 22 e 58 definições para (i), (ii) e (iii), respectivamente.

A critério de simplificação, as definições intermediárias para apuração do risco operacionalmediante abordagem padronizada não serão tratadas em detalhe nesta subseção. Para sua apu-ração mediante abordagem interna, é definido um conceito adicional rwaoama, juntamente comum conceito intermediário rwaopad considerando fator So. Este último é definido pelo produtodo valor obtido com a aplicação da abordagem padronizada e do fator de transição de modelode risco operacional (fator So). A partir de seu valor, tem-se que os ativos ponderados pelorisco apurados mediante a aplicação da abordagem interna, assumem o valor máximo entre(i) rwaopad considerando fator So e (ii) rwaoama.

Uma descrição detalhada de cada um dos cento e um conceitos que formam esta ontologia,incluindo três subseções para detalhar as variações da abordagem padronizada, é apresentadana Seção B.3.3 do Apêndice B.

4.3.4 Ontologia Risco Banking

O objetivo desta ontologia é o de definir os conceitos envolvidos na apuração dos ativosponderados pelo risco (RWA) relativos às exposições decorrentes de operações da carteira denão-negociação (carteira banking).

Por ora, esta ontologia é apenas um protótipo incompleto, com potencial de ser aprimoradopara contemplar as particularidades deste subdomínio. Da forma como está, esta contém apenasum conceito geral chamado rwa para risco de operações da carteira banking (RBAN).

Uma definição formal para este conceito é apresentada junto à especificação da OntoBacen,na Seção B.3.4 do Apêndice B.

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Page 48: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ONTOBACEN

4.4 Módulo Capital

O objetivo deste módulo é o de estabelecer um conjunto de definições para “capital”. Tais con-ceitualizações são feitas pela especialização de definição de capital contextualizado, considerando-se diferentes agrupamentos de instrumentos financeiros para sua contabilização.

Embora existam regras complexas para a contabilização do capital de uma IF segundo asvárias definições de capital, este módulo contempla apenas suas definições mais gerais, sendocomposto por quatro ontologias: Nível 1 Principal, Nível 1 Complementar, Nível 2 e Limite deImobilização.

Cada uma das três primeiras ontologias contempla a definição de apenas um conceito, todosespecializações de definição de capital contextualizado, sendo estes respectivamente definidoscomo (i) capital principal, (ii) capital complementar e (iii) capital nível 2.

Por fim, Limite de Imobilização é responsável pela definição de dois conceitos adicionais, (i) ex-cesso de recursos aplicados no ativo permanente e (ii) capital destacado para operações com osetor público, ambos utilizados como dedutores de capital, para fins de apuração dos limitesoperacionais estabelecidos pela Regulação Prudencial do BACEN.

Uma descrição detalhada de cada um dos cinco conceitos que formam este módulo é apre-sentada na Seção B.2 do Apêndice B.

4.5 Módulo Requerimentos de Capital

Este módulo é composto por apenas uma ontologia, que leva também seu nome. Seu objetivoé integrar os conceitos definidos pelos demais módulos de tal forma a consolidar as exposições ariscos de uma IF. A partir da visão consolidada dos ativos ponderados pelo risco e da estruturade capital, são definidas as regras de negócio que determinam a adequação ou inadequação aoslimites operacionais de capital estabelecidos pelas normas do BACEN.

Sua ontologia define o conceito consolidado de ativos ponderados pelo risco, simplesmentedenominado como rwa, resultante da composição dos ativos ponderados por cada tipo de risco,conforme apresentados ao BACEN, ou seja, trata-se da soma do rwa para risco de créditoreportado, rwa para risco de mercado reportado e rwa para risco operacional reportado.

Esta ainda inclui duas definições de capital, denominadas (i) capital nível 1 e (ii) patrimôniode referência, cuja conceitualização é derivada de definições presentes no módulo Capital, sendoambas necessárias para verificações de limites operacionais de capital. A primeira é definidapela composição do capital principal e do capital complementar, enquanto a segunda denota acomposição dos capital nível 1 e capital nível 2.

A partir da ponderação do rwa pelos fatores de requerimento de capital, cada qual referente auma definição de capital específica, tem-se as quantias mínimas necessárias para adequação aoslimites operacionais, definidas como (i) capital principal mínimo requerido para rwa, (ii) capitalnivel 1 mínimo requerido para rwa e (iii) patrimonio de referencia mínimo requerido para rwa.Além destas, uma última definição, a de patrimônio de referência mínimo requerido para rwa epara rban, é necessária para a avaliação do grau de exposição ao risco da carteira banking.

Adicionalmente, alguns dedutores de capital definidos na ontologia Limite de Imobilizaçãodevem ser subtraidos do capital da IF antes de sua comparação com os ativos ponderados pelorisco. Isto deu origem a tres novos conceitos: (i) capital principal para comparação com o rwa,(ii) capital nível 1 para comparação com o rwa e (iii) patrimônio de referência para comparaçãocom o rwa.

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ONTOBACEN

Por fim, definem-se as margens sobre o capital requerido como a diferença entre o capitaldisponível e o montante mínimo requerido, dando origem aos conceitos de (i) margem sobrecapital principal requerido, (ii) margem sobre capital nível 1 requerido e (iii) margem sobre pa-trimônio de referência requerido. O valor positivo das margens refletem cenários de adequaçãodo capital, e consequentemente, valores negativos são indicadores de sua inadequação.

A partir dos valores obtidos para as margens, e das classificações presentes na ontologiaAdequação de Capital, é possível realizar as inferências necessárias para a determinação da ade-quação ou inadequação de capital de uma IF do SFN. Nos casos de inadequação, é ainda possíveldeterminar qual tipo de risco foi o principal responsável pela situação.

Uma descrição detalhada de cada um dos treze conceitos que formam esta ontologia é apre-sentada na Seção B.4 do Apêndice B.

4.6 Considerações Finais

Neste capítulo, foi apresentada em maior detalhe a proposta da Seção 2.4, porém pouco foidito a respeito dos passos envolvidos em seu desenvolvimento e utilização. No Capítulo 5, estespontos são abordados em profundidade, enquanto no Capítulo 6, diferentes casos de testes eestudos de caso são usados para ilustrar o uso da OntoBacen.

Ao todo, a OntoBacen define um conjunto de 298 conceitos, dentre classificações e relaciona-mentos, distribuidos em 4 módulos e 15 ontologias. A Tabela 4.1 mostra a distribuição destesconceitos, ao longo de suas ontologias.

Componente ConceitosOntologia Instituições Financeiras 15

Ontologia Montante Monetário Contextualizado 5Ontologia Adequação de Capital 14

Ontologia Fatores 19Ontologia Indivíduos Base 54

Ontologia Relacionamentos 21Modulo Base (Subtotal) 128Ontologia Risco de Crédito 34

Ontologia Risco de Mercado 16Ontologia Risco Operacional 101

Ontologia Risco Banking 1Modulo RWA (Subtotal) 152Ontologia Nível 1 Principal 1

Ontologia Nível 1 Complementar 1Ontologia Nível 2 1

Ontologia Limite de Imobilização 2Modulo Capital (Subtotal) 5

Ontologia Requerimentos de Capital 13Modulo Requerimentos de Capital (Subtotal) 13

OntoBacen (Total) 298

Tabela 4.1: Distribuição dos conceitos da “OntoBacen” por ontologia

A notável discrepância entre os módulos RWA e Capital se deve principalmente ao fato dosegundo contemplar apenas protótipos incompletos no tempo de escrita. O mesmo ocorre para aontologia Risco Banking, cujo desenvolvimento potencialmente aumentaria o número de conceitosdo módulo RWA. De maneira geral, há ainda espaço para a definição de conceitos adicionais naOntoBacen, pois não só esta possui alguns protótipos excessivamente simplificados, como até asontologias melhor detalhadas poderiam ser estudadas num maior grau de especificidade.

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Page 50: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Capítulo 5

Implementação

Neste Capítulo, serão abordados os detalhes técnicos da construção e uso da OntoBacen, emtermos dos passos previstos para a obtenção dos produtos finais em questão. A começar pelaSeção 5.1, serão explicitados artefatos intermediários e ferramentas utilizados para a construçãoda OntoBacen, enquanto a seguir, na Seção 5.2, é descrita uma forma de utilização da ontologia,baseada no artefato eletrônico utilizado para a gestão de riscos do SFN, o Demonstrativo deLimite Operacional (DLO).

5.1 Construção da OntoBacen

Os passos iniciais para construção da OntoBacen se basearam naqueles apresentados para aprova de conceito do Reg-W (vide Figura 3.2). O ponto de partida para esta construção foi aRegulação Prudencial do BACEN, disponível como um conjunto de arquivos .pdf escritos emlinguagem natural (Português), conforme mostrado na Figura 5.1. Sendo assim, num primeiromomento da construção da OntoBacen foram realizadas simples cópias do conteúdo das normaspara um formato facilmente editável, tais como arquivos texto (.txt).

Num passo posterior, foram necessários eventuais recortes e alterações nos textos originais,devido às referências contidas nos mesmos, conforme mostrado na Figura 5.2. Este passo previaa construção de sentenças completas e auto-contidas para análises posteriores.

Figura 5.1: Excerto do artigo 2o da Resolução 4.192/13 do BACEN

38

Page 51: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

IMPLEMENTAÇÃO

Figura 5.2: Referência em excerto do artigo 4o da Resolução 4.192/13 do BACEN

A partir do conjunto de sentenças auto-contidas identificadas no passo anterior, foi feita umainterpretação inicial das mesmas, com o objetivo de alcançar o primeiro nível de formalidade,por meio da identificação e representação dos termos e regras de negócio na forma de linguagemnatural estruturada. Para tal, SBVR fora utilizado; como não há uma versão deste vocabulárioestruturado para o idioma Português, utilizou-se sua versão em Inglês, o SBVR-SE (SBVRStructured English). Algumas adaptações tiveram de ser feitas, por meio da combinação dostermos (conceitos) em Português, com regras (relacionamentos) traduzidos para o Inglês, de talforma que pudessem se basear no SBVR-SE.

A Figura 5.3 ilustra a interface da ferramenta utilizada para a construção dos vocabuláriosem SBVR-SE, chamada SBVR Lab1, partindo dos textos extraídos da Regulação Prudencialdo BACEN. Esta ferramenta é a evolução do trabalho realizado por Marinos et al. (2011),cuja proposta era a de manipular vocabulários SBVR com recursos clássicos de interfaces deprogramação, tais como auto-completar e realce com cores.

Figura 5.3: Demonstração da interface da ferramenta SBVR Lab 2.0

Ao fim da construção do vocabulário de termos e regras em SBVR, foi realizada uma distri-buição de seus conceitos considerando a abordagem modular descrita na Seção 4.1. O resultadoda aplicação deste passo foi um conjunto de vocabulários estruturados, cuja união representa ovocabulário original.

De posse do conjunto de vocabulários, foi realizada a conversão dos conceitos neles contidospara ontologias OWL, permitindo sua utilização na Web Semântica. Para tal, foi utilizada aferramenta s2o2 (SBVR to OWL2 Converter), ilustrada na Figura 5.4, capaz de fazer o mape-amento direto de termos e regras SBVR para classes, propriedades e restrições em OWL. Estaferramenta baseia-se no trabalho inicialmente publicado por Karpovic e Nemuraite (2011), po-rém com evoluções para a sua versão atual.

Um esforço adicional foi necessário para a integração das duas ferramentas mencionadasanteriormente (SBVR Lab e s2o), pois embora lidem com uma linguagem comum (SBVR),

1Veja: http://www.sbvr.co/2Veja: http://s2o.isd.ktu.lt/

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Page 52: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

IMPLEMENTAÇÃO

Figura 5.4: Página Web demonstrando conversão realizada na ferramenta s2o

há algumas diferenças sintáticas na representação de vocabulários em cada uma delas. Paracontornar o problema, foi desenvolvida uma ferramenta1 simples para conversão da sintaxeutilizada por SBVR Lab para a sintaxe de s2o. Tal processo de conversão não será tratado emmaiores níveis de detalhe, pois está fora do escopo deste trabalho.

Após a conversão para OWL, estavam disponíveis um conjunto de ontologias, seguindo aorganização dos módulos apresentados no Capítulo 4. A partir daí, cada ontologia foi aprimoradautilizando o software Protégé para manipulação de ontologias, com as seguintes finalidades:

• Definição de espaços de nomes (namespaces);

• Importação de ontologias (dependências);

• Adição de metadados para os conceitos definidos (rótulos, comentários, referências, etc);

• Inclusão de regras SWRL para contemplar regras de negócio adicionais.1Veja: http://fpolizel.esy.es/conversor-sbvrlab-s2o.html

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Page 53: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

IMPLEMENTAÇÃO

Os produtos finais de todos os passos executados anteriormente foram os módulos e ontologiasque compõem a OntoBacen, conforme mostrado na Figura 5.5.

1 / 1

Art. I

Entrada:Regulação Prudencial do BACEN

ref.X

X

.txt(Linguagem

Natural)

1. Seguirreferências

2. Produzirsentenças

completas eauto-contidas

.sbvr(LN

estruturada)

3. Extrair termos

e regraspara SBVR

4. Distribuirtermos e regras

em módulospor "assunto"

.sbvr

.owl

5. ConverterSBVR para OWL(lógica formal)

6. Refinarontologiase adicionar

regras SWRL

.owl+SWRL

paracada

módulo

Resultado:OntoBacen

Figura 5.5: Passos para a construção da OntoBacen

Como a construção da OntoBacen prevê o uso de regras SWRL, o nível mínimo de expres-sividade da linguagem OWL requerido para sua utilização é o OWL DL. Dado que OWL DLé baseado na lógica de descrição SHOIN (D) Mei e Paslaru (2005), sua complexidade com-putacional de pior caso é não-determinística exponencial no tempo (classe de complexidadeNExpTime).

5.2 Utilização da OntoBacen

Para a utilização da OntoBacen, faz-se necessária a instanciação de um contexto de governançade sistema financeiro, contendo:

• uma data base, indicando o momento no tempo em que o contexto está inserido;

• uma instituição financeira, sujeita às normas do sistema financeiro do qual faz parte;

• uma autoridade monetária, que aplica normas de governança ao sistema financeiro sob suajurisdição (neste caso, o BACEN).

Definido o contexto de governança de sistema financeiro, o próximo passo é a definição dosmontantes monetários contextualizados que representam a estrutura de capital e os ativos pon-derados pelo risco da IF. Conforme mostrado no Capítulo 4, há uma grande variedade destesconceitos, o que tornaria altamente trabalhosa a tarefa de realizar todas essas definições de formamanual.

Para auxiliar esta tarefa, foi desenvolvida uma ferramenta para instanciação automática daestrutura de capital e ativos ponderados pelo risco de uma IF do SFN, conforme ilustrado noprimeiro passo da Figura 5.6. Esta ferramenta utiliza como entrada o DLO, um documentosemi-estruturado em formato XML, cujas IFs brasileiras enviam ao BACEN numa frequênciamensal, justamente para possibilitar o cálculo de sua gestão de riscos.

A partir da combinação da OntoBacen com um arquivo DLO, esta ferramenta gera um con-junto de arquivos seguindo a decomposição de módulos e ontologias apresentada na Figura 4.1,com os respectivos indivíduos relacionados a cada componente. Tal ferramenta, desenvolvida na

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IMPLEMENTAÇÃO

1 / 1

.owl+SWRL

Entrada 1:OntoBacen

.xml

Entrada 2:Demonstrativo

de LimiteOperacional

.rdf

1. Gera indivíduos(Jena + SPARQL)

.rdf(+)

2. Infere novosaxiomas utilizandomotor de inferência

(OWL + SWRL)Resultado:respostascom novo

conhecimento

!

Figura 5.6: Passos para a utilização da OntoBacen

linguagem Java, foi denominada DLO-XML2OWL1. Ela é integrada à biblioteca Apache Jena,particularmente com seus recursos para consultas e construção de axiomas baseadas em SPARQL(Prud’hommeaux e Seaborne, 2008).

Neste momento, de posse da estrutura de capital e dos ativos ponderados pelo risco de umaIF em termos de montantes monetários, tem-se a resposta à questão de competência número 3,apresentada na Seção 2.4.

Ao utilizar os arquivos gerados pela ferramenta em conjunto com um motor de inferência com-patível com ontologias OWL e regras SWRL, tal como Pellet (Sirin et al., 2007), utilizado paraas inferências dos experimentos realizados no Capítulo 6, novos axiomas são inferidos, incluindoas possíveis classificações para o contexto de governança de sistema financeiro criado inicial-mente, conforme definidas pela ontologia Adequação de Capital. De posse dessas classificações,pode-se determinar se a IF respeita ou não os limites de capital estabelecidos na Regulação Pru-dencial do BACEN, obtendo a resposta para a questão de competência número 4, apresentadana Seção 2.4.

No capítulo seguinte, a utilização da OntoBacen será ilustrada através de alguns experimentos.

1Disponível para download : http://fpolizel.esy.es/DLO-XML2OWL.zip

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Capítulo 6

Experimentos e Resultados

Neste capítulo, o uso da OntoBacen será demonstrado por meio de exemplos ilustrativos eestudos de caso realizados com dados reais de IFs do SFN. Isto será feito com base na construçãode várias instâncias do conceito contexto de governança de sistema financeiro, tal como previstopelo processo padrão de utilização da OntoBacen, descrito na Seção 5.2.

O primeiro experimento, abordado na Seção 6.1, cria uma instância baseada no exemplodivulgado pelo BACEN, em sua seção de informações técnicas com instruções de preenchimentodo DLO1.

Em seguida, na Seção 6.2, é apresentada uma narrativa que se passa no intervalo de algunsanos, onde mostra-se o impacto relativo aos níveis de exposição a riscos decorrente de uma sériede decisões de negócio tomadas por uma IF fictícia.

Já a seção 6.3 apresenta exemplos de uso da OntoBacen baseados em dados reais divulgadospor IFs do SFN. São então respectivamente analisados os perfis de um banco de investimentos,de um banco comercial, de uma administradora de fundos de investimentos e de um bancoque opera principalmente no ramo de arrendamento mercantil, indicando como estes perfis serefletem na gestão de riscos destas IFs.

6.1 Exemplo fornecido pelo BACEN

Para a construção deste exemplo, foi criada uma IF genérica, denominada Instituição Finan-ceira Padrão, e uma autoridade monetária BACEN, representando o Banco Central do Brasil,a fim de conceitualizar seu contexto de governança de sistema financeiro (aqui definido comocontexto Padrão), com as seguintes propriedades:

is governed by (é governado por): BACEN

constrains (restringe): Instituição Financeira Padrão

tem data base: 1 de maio de 2012

Utilizando o arquivo DLO exemplo disponibilizado pelo BACEN como entrada para a fer-ramenta descrita no passo 1 da Figura 5.6, realizaram-se automaticamente as instanciaçõesnecessárias para a utilização da OntoBacen, tratando-se de instâncias classificadas como especia-lizações de montante monetário contextualizado.

1Veja o exemplo do Leiaute 2041 (31/07/2012): http://www.bcb.gov.br/fis/pstaw10/leiaute_limitesDLO.asp

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

A relação das instâncias criadas neste processo é mostrada em detalhes na Tabela 6.1, em fun-ção de montantes de unidades monetárias, informação necessária para a aplicação de inferênciasbaseadas nas regras SWRL definidas pela OntoBacen.

Tabela 6.1: Instâncias criadas automaticamente para o Exemplo fornecido pelo BACEN

Nome Tipo(rdf:type)

Contexto(has context)

Moeda(has currency)

Montante(has amount)

CC capital complementar Padrão BRL (Real) 0CP capital principal Padrão BRL (Real) 2.089.500.000

CP_COMP_RWA capital principal paracomparação com rwa Padrão − −

CP_MIN_RWAcapital principal mí-nimo requerido pararwa

Padrão − −

EXC_PERMexcesso dos recursosaplicados no ativopermanente

Padrão − −

MARG_CP_REQ margem sobre capitalprincipal requerido Padrão − −

MARG_N1_REQ margem sobre capitalnível 1 requerido Padrão − −

MARG_PR_REQ margem sobre patrimô-nio referência requerido Padrão − −

N1 capital nível 1 Padrão − −

N1_COMP_RWA capital nível 1 paracomparação com rwa Padrão − −

N1_MIN_RWA capital nível 1 mínimorequerido para rwa Padrão − −

N2 capital nível 2 Padrão BRL (Real) 99.500.000PR patrimônio referência Padrão − −

PR_COMP_RWApatrimônio referênciapara comparação comrwa

Padrão − −

PR_MIN_RWApatrimônio referênciamínimo requerido pararwa

Padrão − −

PR_RBAN patr. ref. mínimo reque-rido para rwa e rban Padrão − −

RBANrwa para risco de ope-rações da carteira ban-king (RBAN)

Padrão − −

RWA rwa Padrão − −

RWAC rwa para risco de cré-dito reportado Padrão − −

RWACPAD rwacpad Padrão − −

RWACPAD_ADIANT adiantamentos concedi-dos pela instituição Padrão − −

RWACPAD_AJ_DERIV_CVA

ajuste para derivativosdecorrente da variaçãoda qualidade creditíci-ada contraparte (CVA)

Padrão BRL (Real) 0

RWACPAD_APL_IF_LIQ

aplicações interfinan-ceiras de liquidez Padrão BRL (Real) 80.060.000

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Tabela 6.1: Instâncias criadas automaticamente para o Exemplo fornecido pelo BACEN

Nome Tipo(rdf:type)

Contexto(has context)

Moeda(has currency)

Montante(has amount)

RWACPAD_ARREND_MERC

operações de arrenda-mento mercantil Padrão BRL (Real) 132.500.000

RWACPAD_CRED_360D

crédito a liberar em 360dias Padrão BRL (Real) 0

RWACPAD_CRED_TRIB créditos tributários Padrão BRL (Real) 150.000.000

RWACPAD_DISP disponibilidades Padrão BRL (Real) 60.540.000RWACPAD_GARANT garantias prestadas Padrão BRL (Real) 10.000.000RWACPAD_LC_NCANC

limite de crédito nãocancelável Padrão BRL (Real) 37.750.000

RWACPAD_OP_COMP_MEOTVM_VISTA

operações a liquidar decompra de moedas es-trangeiras, ouro ou de tí-tulos e valores mobiliáriosno mercado à vista

Padrão BRL (Real) 1.032.000

RWACPAD_OP_CRED operações de crédito Padrão BRL (Real) 5.062.750.000

RWACPAD_OP_EMP_ATIV

operações de emprésti-mos de ativos Padrão BRL (Real) 1.200.000

RWACPAD_OP_VEND_MEOTVM_VISTA

operações a liquidar devenda de moedas estran-geiras, ouro ou de títulose valores mobiliários nomercado à vista

Padrão BRL (Real) 14.000

RWACPAD_OUTR_DIR outros direitos Padrão BRL (Real) 5.100.000

RWACPAD_OUTR_VAL outros valores e bens Padrão BRL (Real) 10.000.000

RWACPAD_PART_FG_CCL

participações em fun-dos de garantia de câ-maras de compensaçãoou liquidação

Padrão BRL (Real) 0

RWACPAD_PERM permanente Padrão BRL (Real) 151.000.000

RWACPAD_REL_IF relações interfinancei-ras Padrão BRL (Real) 10.000

RWACPAD_TVM_DERIV

títulos e valores mobi-liários e instrumentosfinanceiros derivativos

Padrão BRL (Real) 365.750.000

RWACPAD_VAL_DED_RWACPAD

valores a serem deduzi-dos do rwacpad Padrão BRL (Real) -60.050.000

RWAM rwa para risco de mer-cado reportado Padrão − −

RWAMPAD rwampad Padrão − −RWAMPAD_ACS rwaacs Padrão BRL (Real) 15.100.020RWAMPAD_CAM rwacam Padrão BRL (Real) 231.714.436,67RWAMPAD_COM rwacom Padrão BRL (Real) 1.800.000RWAMPAD_JUR1 rwajur1 Padrão BRL (Real) 36.000.000RWAMPAD_JUR2 rwajur2 Padrão BRL (Real) 95.000.000RWAMPAD_JUR3 rwajur3 Padrão BRL (Real) 2.875.000RWAMPAD_JUR4 rwajur4 Padrão BRL (Real) 0

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Tabela 6.1: Instâncias criadas automaticamente para o Exemplo fornecido pelo BACEN

Nome Tipo(rdf:type)

Contexto(has context)

Moeda(has currency)

Montante(has amount)

RWAO rwa para risco operaci-onal reportado Padrão − −

RWAOPAD rwaopad Padrão − −RWAOPAD_F rwaopad sem fator F Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD rwaopad alternativa pa-dronizada Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE ie padronizada alterna Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]

ie padronizada t menosX Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_ADMATV

ie padronizada adminis-tração ativos t menos X Padrão BRL (Real)

T1: 30.000.000,T2: 33.000.000,T3: 36.000.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_ADMATV_P

ie ponderado padroni-zada administração ati-vos t menos X

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_AGEFIN

ie padronizada agentefinanceiro t menos X Padrão BRL (Real)

T1: 10.800.000,T2: 9.900.000,T3: 9.000.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_AGEFIN_P

ie ponderado padroni-zada agente financeiro tmenos X

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_COM

iae padronizada agentecomercial t menos X Padrão BRL (Real)

T1: 14.210.000,T2: 13.317.500,T3: 12.425.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_COM_P

iae ponderado padroni-zada comercial t menosX

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_CORVAR

ie padronizada correta-gem varejo t menos X Padrão BRL (Real)

T1: 18.000,T2: 16.500,T3: 15.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_CORVAR_P

ie ponderado padroni-zada corretagem varejot menos X

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_FINCORP

ie padronizada finançascorporativas t menos X Padrão BRL (Real)

T1: 2.400.000,T2: 2.200.000,T3: 2.000.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_FINCORP_P

ie ponderado padroni-zada finanças corpora-tivas t menos X

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_NEGVEN

ie padronizada negocia-ção vendas t menos X Padrão BRL (Real)

T1: 182.600.000,T2: 167.400.000,T3: 152.200.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_NEGVEN_P

ie ponderado padroni-zada negociação vendast menos X

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_PAGLIQ

ie padronizada paga-mentos liquidações tmenos X

Padrão BRL (Real)T1: 60.000.000,T2: 55.000.000,T3: 50.000.000

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Tabela 6.1: Instâncias criadas automaticamente para o Exemplo fornecido pelo BACEN

Nome Tipo(rdf:type)

Contexto(has context)

Moeda(has currency)

Montante(has amount)

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_PAGLIQ_P

ie ponderado padroni-zada pagamentos liqui-dações t menos X

Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_VAR

iae padronizada varejo tmenos X Padrão BRL (Real)

T1: 5.250.000,T2: 4.375.000,T3: 3.500.000

RWAOPAD_F_PAD_IE_[TX]_VAR_P

iae ponderado padroni-zada varejo t menos X Padrão − −

RWAOPAD_F_PAD_IEP_[TX]

ie ponderado padroni-zada t menos X Padrão − −

SETOR_PUB rwaopad Padrão BRL (Real) 0

Note que boa parte das instâncias criadas por este processo não possui valores associadosàs propriedades has currency (tem moeda) e has amount (tem montante), porém tais valorespodem ser obtidos por meio da utilização de um motor de inferência compatível com OWLe SWRL, tal como previsto pelo passo 2 da Figura 5.6. Nos experimentos deste capítulo, foiutilizado o motor de inferência Pellet, compatível com o Protégé1.

Para exemplificar, a instância RWAMPAD, que representa a abordagem padronizada paragestão de riscos de mercado, não possui inicialmente um montante monetário associado, porémas relações de composição deste conceito estão definidas na OntoBacen por meio das seguintesparcelas:

• rwaacs: instância RWAMPAD_ACS, cujo montante é de R$ 15.100.020,00;

• rwacam: instância RWAMPAD_CAM, cujo montante é de R$ 231.714.436,67;

• rwacom: instância RWAMPAD_COM, cujo montante é de R$ 1.800.000,00;

• rwajur1: instância RWAMPAD_JUR1, cujo montante é de R$ 36.000.000,00;

• rwajur2: instância RWAMPAD_JUR2, cujo montante é de R$ 95.000.000,00;

• rwajur3: instância RWAMPAD_JUR3, cujo montante é de R$ 2.875.000,00;

• rwajur4: instância RWAMPAD_JUR4, cujo montante é de R$ 0,00.

Portanto, após a execução de inferências baseadas na base de conhecimento inicial, obtêm-sea inferência dos seguintes axiomas:

• RWAMPAD : has currency (tem moeda) BRL, pois dado que suas componentes sãodenominadas em reais, concluí-se que a moeda também o seja;

• RWAMPAD : has amount (tem montante) R$ 382.489.456,67, resultado da soma arit-mética de suas componentes.

De forma análoga, as propriedades das demais instâncias podem ser inferidas iterativamente,seja a partir da base de conhecimento inicial, ou de axiomas inferidos em iterações anteriores.O resultado final é uma nova base de conhecimento, com montantes monetários associados àsinstâncias da Tabela 6.1 (preenchendo-se as colunas “Moeda” e “Montante”).

Cinco destas instâncias merecem especial atenção, conforme mostradas na Tabela 6.2, junto aseus montantes monetários inferidos, nos casos em que estes se aplicam. Os três primeiros tratam

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

das margens sobre os limites de capitais definidos pela Regulação Prudencial do BACEN, cujosvalores maiores ou iguais a zero indicam que há uma quantia suficiente de capital. As margenssobre o capital principal e capital nível 1 não são definidas neste contexto, pois em maio de 2012não se aplicavam limites específicos à estas definições.

Tabela 6.2: Instâncias principais para o Exemplo fornecido pelo BACEN (após inferência)

Nome Tipo(rdf:type)

Contexto(has context)

Moeda(has currency)

Montante(has amount)

MARG_CP_REQ margem sobre capitalprincipal requerido Padrão − −

MARG_N1_REQ margem sobre capital ní-vel 1 requerido Padrão − −

MARG_PR_REQ margem sobre patrimônioreferência requerido Padrão BRL (Real) 1.437.576.394,77

PR_RBANpatrimônio referência mí-nimo requerido para rwa erban

Padrão BRL (Real) 773.423.605,23

PR_COMP_RWA patrimônio referência paracomparação com rwa Padrão BRL (Real) 2.189.000.000,00

Assim, através de mecanismos de inferência utilizados pela OntoBacen, pode-se verificar quea margem positiva sobre o patrimônio de referência indica o cumprimento do limite mínimo decapital no contexto Padrão; além disto, o valor de patrimônio referência para comparação comRWA (R$ 2,1 bilhões) é superior ao patrimônio de referência mínimo requerido para rwa e rban(R$ 773 milhões), o que também indica a aderência ao limite mínimo de capital considerando aparcela de risco proveniente de operações da carteira banking, no mesmo contexto.

Com base nas margens inferidas, o contexto de governança de sistema financeiro (neste caso,o contexto Padrão) pode ser classificado de acordo com a taxonomia apresentada na ontologiaAdequação de Capital. Neste caso, as seguintes classificações lhe foram atribuídas:

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referênciaconsiderando a RBAN.

Este exemplo se encarregou em detalhar tecnicamente os passos envolvidos na utilizaçãoda OntoBacen, porém sem se preocupar com uma análise profunda dos dados apresentados,dadas as possíveis interpretações que um especialista do domínio poderia prover. Nos exemplosa serem apresentados nas seções seguintes, os resultados expostos contemplam especialmente aanálise do domínio, deixando em segundo plano os detalhes técnicos, pois estes são análogos aosapresentados nesta seção.

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Page 61: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2 Exemplo fictício

Nesta seção, será apresentada uma narrativa para ilustrar diferentes resultados que podemser obtidos pela utilização da OntoBacen, com base nas decisões estratégicas tomadas ao longodo tempo por uma IF fictícia pertencente ao SFN.

Para tal, foram criados 5 contextos de governança de sistema financeiro, nomeados de T1 aT5 considerando sua ordem cronológica. Adicionalmente, foi necessária a criação de 5 arquivosXML que representam o DLO enviado pela instituição fictícia para o BACEN, nos respectivosmomentos associados a cada contexto. De posse de cada contexto e do arquivo XML (DLO)1,foram criadas as instâncias necessárias para utilização da OntoBacen (passo 1 da Figura 5.6).

As características de cada contexto são resumidamente apresentadas na Tabela 6.3. Nassubseções seguintes, cada contexto será narrado de tal forma a ilustrar diversos aspectos dodomínio (gestão de riscos) e da Regulação Prudencial do BACEN.

Tabela 6.3: Contextos para o Exemplo fictício

Contexto Data(tem data base) Descrição Resumida

T1 Dezembro/2010 Ano de Resultados ExcepcionaisT2 Junho/2011 Captação de RecursosT3 Junho/2012 Novo RiscoT4 Dezembro/2014 AdvertênciaT5 Outubro/2015 Colapso

1Disponíveis em: http://www.lti.pcs.usp.br/~filipe.polizel/Exemplos%20(OntoBacen)/Exemplo%20Fict%C3%ADcio%20(narrativa)/

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Page 62: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2.1 T1: Ano de Resultados Excepcionais

Em dezembro de 2010, a IFF (IF Fictícia) divulgava em seu balanço patrimonial a melhornotícia até então recebida por seus acionistas desde sua fundação: um resultado anual líquidode R$12,5 milhões.

O valor representava a fração de 11% do valor de sua carteira de crédito, ou seja, o valortotal emprestado a seus clientes, composto totalmente por operações com o varejo, tais comoempréstimos ao microempreendedor e a pessoas de média e baixa renda. Tamanho resultadodespertou a admiração de outras IFs, incluindo grandes conglomerados, cujos resultados nomesmo período representavam, em média, apenas 2,5% do volume de suas carteiras de crédito.

No relatório de gestão de riscos daquele ano, a IFF teve a oportunidade de demonstrar aosinvestidores a solidez de suas operações. A Figura 6.1 mostra a participação dos riscos de crédito,mercado e operacional nos ativos ponderados pelo risco apresentados no fechamento daquele ano.

100

0,5 1,5

Ativos Ponderados pelo Risco (R$ milhões)

Crédito Mercado Operacional

Figura 6.1: Exposição da IFF a riscos em Dezembro de 2010 (T1)

Com um Patrimônio de Referência avaliado em R$20 milhões, a razão entre este e o total deativos ponderados pelo risco, também conhecida como “Índice de Basiléia” (IB), era de 19,6%,bem acima do mínimo de 11,0% requerido pela Regulação Prudencial do BACEN para aqueleperíodo. A participação massiva do risco de crédito em seu relatório de exposições devia-seprincipalmente aos seguintes fatores:

• A IFF era especializada em empréstimos para o varejo, não se preocupando em expan-dir as atividades para outros segmentos, tampouco em oferecer outros tipos de produtosbancários, tais como contas correntes, câmbio, seguros, corretagem de investimentos, etc;

• O risco de mercado existente, baseado na abordagem padronizada, era devido apenas àvolatilidade das taxas de juros praticadas na negociação de títulos públicos, utilizadospara controle da liquidez, mantendo o caixa em níveis saudáveis para continuidade dasoperações;

• O baixo risco operacional, baseado na abordagem do indicador básico, levava em contareceitas bem superiores aos custos, obtidos de forma coerente (e recorrente) nos últimosperíodos.

Os resultados obtidos pela aplicação da OntoBacen neste contexto concluíram que a IFF estavaaderente ao único limite operacional de capital existente até então, o limite de patrimônio dereferência. Adicionalmente, como a IFF não detinha operações na carteira banking, concluiu-setambém a aderência ao limite de patrimônio de referência considerando a parcela RBAN.

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Page 63: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2.2 T2: Captação de Recursos

O ótimo resultado em 2010 incentiva a diretoria da IFF a buscar alternativas para a expansãodos negócios, e uma oportunidade para obtenção de recursos para tal surge no segundo trimestrede 2011. Um fundo americano oferece uma negociação a juros baixíssimos em comparação aoatual momento do mercado, sendo que a decisão final da IFF foi realizar a tomada destes recursospara financiar seus planos de expansão.

Com esta operação, foram captados U$50 milhões, convertidos na época em R$75 milhões,quando a cotação do Real/Dólar era de 1,50. Adicionalmente, parte do resultado do ano anterioré integralizada no patrimônio para viabilizar esta fase inicial de expansão, totalizando R$22,5milhões.

Em Junho de 2011, apenas um semestre após os excepcionais resultados de 2010, o volume dacarteira de crédito já ultrapassava os R$115 milhões. No relatório de gestão de riscos divulgadono fechamento daquele semestre, já refletiam-se mudanças no perfil de exposição à riscos.

110

21,61,2

Ativos Ponderados pelo Risco (R$ milhões)

Crédito Mercado Operacional

Figura 6.2: Exposição da IFF a riscos em Junho de 2011 (T2)

A principal mudança ocorre com a exposição ao risco de mercado, devido principalmenteàs variações cambiais do Dólar, fator desprezível até então. O risco operacional tem uma quedasutil, devido à consistência de bons resultados, com acréscimo de receita e manutenção dos custosem níveis satisfatórios. Já o crédito persiste como principal fator de risco, atingindo a marca deR$110 milhões em ativos ponderados pelo risco, com aumento devido principalmente à recenteexpansão das operações.

Em 2011, o resultado das operações da IFF não foi muito além do observado pelo mer-cado, encerrando o ano com um lucro de R$2,5 milhões, em parte deteriorado por uma recentevalorização no Dólar (agora por volta de R$1,75), já precificada em seus ativos.

Apesar do viés, o Índice de Basiléia da IFF no período era de aproximadamente 17%, ouseja, ainda apresentava uma boa margem com relação ao mínimo requerido, sem gerar maiorespreocupações naquele momento.

Ao utilizar a OntoBacen para este contexto, verificou-se a aderência da IFF ao limite operaci-onal de patrimônio de referência, ainda o único existente até então. A parcela RBAN manteve-sedesprezível, deduzindo-se adicionalmente sua adequação.

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2.3 T3: Novo Risco

A recente exposição a um novo tipo de risco fez a IFF tomar medidas preventivas: ela decidiuintegralizar em seu patrimônio todo o lucro observado no período anterior, que em Junho de2012 totalizava R$25 milhões. Adicionalmente, os diretores decidiram não expandir mais osempréstimos, a fim de conter possíveis aumentos de exposições devidas também ao risco decrédito, mantendo assim o patamar observado até então.

Tal mudança na cultura organizacional se devia principalmente à volatilidade crescente doDólar perante o Real, que já havia atingido o patamar dos R$2,00. No fechamento daquelesemestre, já estava claro o novo risco ao qual a instituição estava sujeita, pois tanto a volatilidadequanto a cotação da moeda estrangeira colaboravam para o aumento dos ativos ponderados pelorisco de mercado.

110

55,5

1,3

Ativos Ponderados pelo Risco (R$ milhões)

Crédito Mercado Operacional

Figura 6.3: Exposição da IFF a riscos em Junho de 2012 (T3)

Neste novo cenário, a instituição contava com um Índice de Basiléia de aproximadamente15%, vendo sua margem sobre o patrimônio mínimo requerido diminuir a cada período.

Como medidas adicionais para tentar contornar a situação, a IFF decide iniciar a implantaçãode um modelo interno para apuração do risco de mercado, e também por utilizar a abordagemalternativa simplificada para risco operacional, ao invés da abordagem do indicador básico.Ambas transições foram programadas para ocorrer em meados do segundo semestre de 2013.

O ano de 2012 teve um desfecho muito aquém do desejado pelos acionistas, com as recei-tas e custos operacionais praticamente empatadas no período. O ano seguinte é marcado porreestruturações e dificuldades do cenário econômico que não colaboravam com a retomada dosresultados, o que faz de 2013 um ano difícil para a IFF, tendo contabilizado um prejuízo de R$5milhões.

Ao longo dos próximos dois anos, a IFF despende esforços sucessivos na tentativa de mitigarriscos associados à variação cambial, porém perspectivas do mercado de que a valorização doDólar perante o Real continuaria no curto e médio prazos impossibilitam o posicionamentodesejado pela instituição com relação à moeda estrangeira.

Utilizando a OntoBacen para este contexto, concluiu-se que o limite de patrimônio de refe-rência foi obedecido, sendo que em 2012 os demais limites operacionais de capital ainda nãohaviam sido estabelecidos. A inexistência de operações alocadas na carteira banking levou àmesma conclusão dos contextos anteriores: adequação ao limite estabelecido para a RBAN.

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Page 65: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2.4 T4: Advertência

Com a contabilização do prejuízo dos exercícios anteriores, o patrimônio da IFF é reduzido,retornando para a cifra de R$20 milhões. A carteira de crédito sofre leve recuo, devido à aversãoa risco adicional, mas também pela inversão das expectativas para a economia, com projeçõescrescentes para índices de inflação, desemprego e recuo do PIB.

Em dezembro de 2014, a cotação do Dólar oscilava com forte volatilidade, próxima a R$2,50.A implantação do modelo interno para risco de mercado contém ligeiramente o impacto davalorização do Dólar, apurando os ativos ponderados pelo risco de mercado em pouco mais deR$60 milhões, contra os R$65,8 apurados pela abordagem padronizada.

O mesmo pôde se observar pela utilização da abordagem alternativa simplificada para riscooperacional, ao invés da abordagem do indicador básico, que apurou ativos ponderados pelo riscooperacional da ordem de R$1,7 milhões contra R$2,1 milhões apurados pelo indicador básico.O aumento no risco operacional no período, independente da abordagem utilizada, deveu-seprincipalmente pelo deterioramento ocorrido no resultado dos últimos períodos observados.

105

60,7

1,7

Ativos Ponderados pelo Risco (R$ milhões)

Crédito Mercado Operacional

L 0,4

R 4,72

B 1,3

T 7

Figura 6.4: Exposição da IFF a riscos em Dezembro de 2014 (T4)

Embora a IFF tenha conseguido manter os ativos ponderados pelo risco no mesmo patamarobservado nos anos anteriores, a recente redução sofrida no patrimônio de referência resultou emqueda de seu Índice de Basiléia para 11,9%, muito próximo dos 11% requeridos pela RegulaçãoPrudencial do BACEN naquele período. A situação financeira em 2014 tampouco colaborou paraa melhora do IB, tendo a instituição contabilizado um prejuízo anual de R$10 milhões.

O risco iminente daquela instituição fora observado pelo BACEN, o que resultou numa ad-vertência feita por parte da autoridade monetária. Adicionalmente, a partir de Outubro de 2013,foi instituído pelo BACEN o limite mínimo para o capital principal, que deixou de ser obede-cido pela IFF ao final de 2014, pois suas reservas de capital estavam baixas: seu patrimônioera composto principalmente por ações preferenciais e títulos de dívida subordinada, que sãoinstrumentos financeiros não elegíveis à composição do capital principal.

Os resultados obtidos pela OntoBacen neste cenário mostraram que a IFF estava de fatoaderente ao limite de patrimônio de referência, e também a um novo limite estabelecido parao capital nível 1. Devido a seu baixo valor de capital principal, a IFF não conseguiu cumprir olimite recém estabelecido para esta definição de capital, deduzindo-se sua não aderência, alémda identificação do risco de crédito como principal fator de risco responsável por tal descumpri-mento. Dada a permanência da parcela RBAN em níveis desprezíveis, concluiu-se a aderência aseu limite, assim como nos contextos apresentados anteriormente.

53

Page 66: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2.5 T5: Colapso

Em Outubro de 2015, a IFF se via numa situação financeira complicada, com um acúmuloprogressivo de dívidas que não podiam ser liquidadas, pois integralizações adicionais de prejuízoderrubariam ainda mais seu Índice de Basiléia, já muito próximo do limite mínimo.

As operações de crédito, suas principais fontes de receita, foram comprometidas por umcenário político-econômico incerto, que derrubaram os índices de confiança do consumidor, comaumento significativo dos preços, desemprego e consequente inadimplência. Neste cenário, mesmocom o recuo da carteira de crédito, os ativos ponderados pelo risco de crédito tiveram significativoaumento, devido ao maior risco de inadimplência, atingindo R$115 milhões.

O Dólar atingia a marca histórica de R$4,00, o que só colaborou com o aumento da exposiçãoao contrato cambial firmado em Junho de 2011, com vencimento previsto para o fim de 2015.Para colaborar com o aumento dos ativos ponderados pelo risco de mercado, as taxas de jurosdos títulos públicos apresentaram grande volatilidade no período, totalizando a cifra de R$121,2milhões segundo o modelo interno, dos quais R$120 milhões eram devidos à variação cambial.

Neste mesmo período, a abordagem padronizada para apuração do risco de mercado, maissensível às volatilidades cambiais, apontava para um cenário crítico, superior a R$157 milhões.Com isto, a barreira mínima de transição entre as abordagens interna e padronizada foi atingida(neste caso, equivalente a 80% do valor apurado pela abordagem padronizada, pois a transiçãoentre os modelos ocorreu há mais de um ano). Com isso, o valor final apurado para os ativosponderados pelo risco de mercado foi de R$126 milhões. Por fim, a exposição ao risco operacionalse elevou devido aos recorrentes períodos de prejuízo observados nos anos anteriores, atingindoR$3,5 milhões, valor bem acima do usual para a instituição.

115126

3,5

Ativos Ponderados pelo Risco (R$ milhões)

Crédito Mercado Operacional

L 0,4

R 4,72

B 1,3

T 7

Figura 6.5: Exposição da IFF a riscos em Outubro de 2015 (T5)

Pela primeira vez, a principal exposição se deveu ao risco de mercado. A péssima notícia éque pela soma de todos fatores de riscos, o IB no período atinge o patamar de 8,2%, já abaixo domínimo requerido (11%). A partir daí, o BACEN decide pela aplicação de multas e auditoriasàquela instituição. Em tempo, a presidência da IFF anuncia a venda dos ativos da companhiapara um grande conglomerado do SFN, e o encerramento de suas atividades.

Os resultados da OntoBacen para este contexto estão bem alinhados com as análises reali-zadas anteriormente nesta subseção. Deduziu-se a não aderência aos limites de patrimônio dereferência e capital principal, além da aderência ao limite de capital principal. Embora a parcelaRBAN tenha se mantido em níveis desprezíveis, a não aderência ao limite de patrimônio de re-ferência levou a automática conclusão do descumprimento deste quando considerada a RBAN.Por fim, as inferências resultantes identificaram o risco de mercado como o principal fator derisco responsável pela inadequação aos limites operacionais de capital.

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.2.6 Síntese dos Resultados

Os resultados obtidos pelo motor de inferência Pellet, utilizando a OntoBacen para os con-textos de T1 a T5, são sumarizados na Tabela 6.4.

Tabela 6.4: Resultados da aplicação da OntoBacen (IFF)

Cont. PR/RWA N1/RWA CP/RWA Classificações do Contexto Inferidas

T1 19,6%(mín. 11%) 18,6% 9,8%

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência considerando a RBAN.

T2 16,9%(mín. 11%) 16,2% 8,6%

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência considerando a RBAN.

T3 15,0%(mín. 11%) 14,4% 7,8%

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência considerando a RBAN.

T4 11,9%(mín. 11%)

10,2%(mín. 5,5%)

4,2%(mín. 4,5%)

• contexto em conformidade com limite operacionalde capital nível 1;

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacionalde patrimônio de referência considerando a RBAN;

• contexto em não conformidade com limite operaci-onal de capital principal;

• contexto em não conformidade com limite operaci-onal devido principalmente ao risco de crédito.

T5 8,2%(mín. 11%)

7,0%(mín 5,5%)

2,9%(mín. 4,5%)

• contexto em conformidade com limite operacionalde capital nível 1;

• contexto em não conformidade com limite operaci-onal de capital principal;

• contexto em não conformidade com limite operaci-onal de patrimônio de referência;

• contexto em não conformidade com limite opera-cional de patrimônio de referência considerando aRBAN;

• contexto em não conformidade com limite operaci-onal devido principalmente ao risco de mercado.

Pode-se notar a gradativa queda nos índices de capital, mostrados na segunda, terceira equarta colunas, representantes das frações do parimônio de referência (PR), capital nível 1 (N1)e capital principal (CP) com relação ao total de ativos ponderados pelo risco (RWA).

Nos contextos T4 e T5, alguns limites mínimos são infringidos (células com texto em ver-melho). Para estes casos, entre as classificações inferidas, é identificado o principal tipo de riscoassociado ao não cumprimento dos limites operacionais de capital.

55

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EXPERIMENTOS E RESULTADOS

6.3 Exemplos baseados em casos reais

No restante deste capítulo, a partir desta seção, serão apresentados quatro Estudos de Caso,utilizando dados reais de IFs do SFN. Estes dados são diretamente extraídos de seus relatóriosde gestão de riscos (também chamados de Relatórios Pilar III), divulgados ao público, tal comoestipulado pela Circular 3.678 do BACEN. Para cada caso, serão criados dois arquivos XML,representando o DLO destas instituições, utilizados como entrada do processo de instanciaçãoautomática da OntoBacen (passo 1 da Figura 5.6).

Cada arquivo representa um dos seguintes cenários:

Cenário Real Utiliza os dados reais, tais como encontrados nos relatórios

Cenário Estressado Baseia-se nos dados reais, porém aplicam-se fatores de estresse

O objetivo da aplicação dos fatores de estresse é simular situações de maior exposição à riscos,tais como aquelas causadas por períodos de crise econômica e financeira.

6.3.1 Caso A: Banco de Investimentos

O Caso A é um Banco de Investimentos, cuja estrutura de capital e de ativos ponderadospelo risco, ao final de março de 2014 (para os cenários “Real” e “Estressado”), estão configuradosconforme dados apresentados na Figura 6.6.

PR 122.960.758 61.480.379

Nível 1 122.960.758 61.480.379

Principal 122.960.758 61.480.379

Complementar 0 0

Nível 2 0 0

Crédito 85.596.954 128.395.431

Mercado 448.157.954 672.236.931

Operacional 34.460.845 51.691.268

Banking 467.962 701.943

conformidade PR s n

conformidade CP s s

conformidade N1 s s

conf. PR+RBAN s n

não conf. dev. princ. mercado

Cenário

Estressado

Capital

RWA

Definições

(Capital/RWA)Valores em R$

Cenário

Real 15%

79%

6%

0%

Crédito Mercado Operacional Banking

Figura 6.6: Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso A

Após a utilização do motor de inferência com os dados do Caso A, os contextos referentesaos cenários “Real” e “Estressado” foram classificados das seguintes maneiras:

Cenário Real

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN.

Cenário Estressado

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

56

Page 69: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN;

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital devido principalmente ao riscode mercado.

Os resultados para o Cenário Real coincidem com o parecer divulgado no relatório de gestãode riscos da IF: a aderência à todos os limites operacionais estipulados para seu capital. Já comas distorções realizadas para a criação do Cenário Estressado, verificou-se a não aderência aolimite operacional de patrimônio de referência, e consequente não aderência a este mesmo limitequando considerada a RBAN.

Note ainda, para o Cenário Estressado, que o Índice de Basiléia calculado sobre o CapitalNível I e Capital Principal é superior a 7%, estando portanto aderente aos limites estipuladospara estas definições de capital. Sendo assim, são coerentes os resultados obtidos pelas inferênciasrealizadas pela OntoBacen para estes limites.

Adicionalmente, o risco de mercado foi identificado como principal causa da não aderênciaaos limites operacionais, coerente com a própria natureza da IF (banco de investimentos), cujasnegociações de ativos nos mercados de capitais a expõe às oscilações de seus preços.

6.3.2 Caso B: Banco Comercial

O caso B é um grande banco comercial. Sua estrutura da capital e ativos ponderados pelorisco, obtidos do relatório de gestão de riscos de Dezembro de 2014, são apresentados na Fi-gura 6.7, de maneira semelhante ao caso anterior, incluindo os cenários “Real” e “Estressado”.

PR 126.588.485 63.294.243

Nível 1 89.538.218 44.769.109

Principal 71.035.684 35.517.842

Complementar 18.502.534 9.251.267

Nível 2 37.050.267 18.525.134

Crédito 734.716.021 1.102.074.032

Mercado 11.545.449 17.318.174

Operacional 39.712.000 59.568.000

Banking 3.459.809 5.189.714

conformidade PR s n

conformidade CP s n

conformidade N1 s n

conf. PR+RBAN s n

não conf. dev. princ. crédito

Cenário

EstressadoValores em

R$ mil

Definições

(Capital/RWA)

Capital

RWA

Cenário

Real

93%

1%5%

0%

Crédito Mercado Operacional Banking

Figura 6.7: Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso B

Ao utilizar o motor de inferência para este caso, obtêm-se as classificações para os contextosrelativos a cada cenário, conforme relação abaixo:

Cenário Real

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN.

57

Page 70: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Cenário Estressado

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN;

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital devido principalmente ao riscode crédito.

Os resultados para o Cenário Real coincidem com o parecer divulgado no relatório de gestãode riscos da IF: a aderência à todos os limites operacionais estipulados para seu capital. Já comas distorções realizadas para a criação do Cenário Estressado, verificou-se que nenhum desteslimites foi obedecido.

O risco de crédito foi identificado como principal causa da não aderência aos limites operaci-onais, algo esperado para um banco comercial, cuja principal responsabilidade é a de financiar aatividade econômica por meio de empréstimos, estando assim assim sujeitos a perdas por contada inadimplência.

6.3.3 Caso C: Administradora de Fundos de Investimentos

O caso C é uma administradora de fundos de investimentos. Sua estrutura da capital eativos ponderados pelo risco, obtidos do relatório de gestão de riscos de Junho de 2014, sãoapresentados na Figura 6.8, de maneira semelhante aos casos anteriores, incluindo os cenários“Real” e “Estressado”.

PR 13.232.000 6.616.000

Nível 1 13.232.000 6.616.000

Principal 13.232.000 6.616.000

Complementar 0 0

Nível 2 0 0

Crédito 24.153.000 36.229.500

Mercado 208.000 312.000

Operacional 35.636.000 53.454.000

Banking 0 0

conformidade PR s n

conformidade CP s s

conformidade N1 s s

conf. PR+RBAN s n

não conf. dev. princ. operacional

Valores em R$

Definições

(Capital/RWA)

Capital

RWA

Cenário

Real

Cenário

Estressado

40%

0%59%

0%

Crédito Mercado Operacional Banking

Figura 6.8: Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso C

Ao utilizar o motor de inferência para este caso, obtêm-se as classificações para os contextosrelativos a cada cenário, conforme relação abaixo:

Cenário Real

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN.

58

Page 71: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Cenário Estressado

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN;

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital devido principalmente ao riscooperacional.

Os resultados para o Cenário Real coincidem com o parecer divulgado no relatório de gestãode riscos da IF: a aderência à todos os limites operacionais estipulados para seu capital. Já comas distorções realizadas para a criação do Cenário Estressado, verificou-se a não aderência aolimite operacional de patrimônio de referência, e consequente não aderência a este mesmo limitequando considerada a RBAN.

Note ainda, para o Cenário Estressado, que o Índice de Basiléia calculado sobre o CapitalNível I e Capital Principal é superior aos 5,5% e 4,5% respectivamente requeridos. São coerentes,portanto, os resultados obtidos pela OntoBacen para estas definições de capital.

Por fim, o risco operacional foi identificado como principal causa da não aderência aos limitesoperacionais. O resultado pode ser analisado a partir das características específicas da IF emquestão, cuja principal atividade envolve a gestão de ativos de terceiros, transferindo-se assim aparcela de riscos associados à posse destes ativos, reduzindo exposições aos riscos de crédito emercado. Por sua vez, o risco operacional, tipicamente inferior, acaba por sobressair aos demais.

6.3.4 Caso D: Arrendamento Mercantil

O caso D é um banco que realiza operações de arrendamento mercantil, cujo propósito ex-clusivo é o de financiar as operações de uma empresa coligada. Dado este fato, seus ativos estãoconcentrados na carteira banking, no qual os contratos são liquidados somente na data de ven-cimento, sem intenção de serem negociados no mercado aberto durante seu período de vigência.Devido à esta peculiaridade, o risco de mercado associado à volatilidade das taxas de juros épraticamente todo alocado na parcela RBAN.

PR 1.500.000 750.000

Nível 1 1.500.000 750.000

Principal 1.500.000 750.000

Complementar 0 0

Nível 2 0 0

Crédito 4.320.301 6.480.452

Mercado 12.505 18.758

Operacional 187.883 281.825

Banking 5.930.869 8.896.304

conformidade PR s n

conformidade CP s s

conformidade N1 s s

conf. PR+RBAN s n

não conf. dev. princ. mercado

Valores em R$

Definições

(Capital/RWA)

Capital

RWA

Cenário

Real

Cenário

Estressado

41%

0%

2%

57%

Crédito Mercado Operacional Banking

Figura 6.9: Estrutura de capital e ativos ponderados pelo risco do Estudo de Caso D

Neste caso, o cenário “Real” apresenta os valores para ativos ponderados pelo risco divulgados,obtidos de seu Relatório Pilar 3 referente ao mês de Setembro de 2014. Entretanto, os valores decapital apresentados são fictícios, pois o valor real de capital deste banco era algumas ordens de

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Page 72: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

grandeza superior ao valor de seus ativos, estando sujeito a um grau desprezível de risco. Estaalteração foi realizada para melhor adaptação e ilustração do cenário “Estressado”.

Sua estrutura da capital e ativos ponderados pelo risco são apresentados na Figura 6.8,de maneira semelhante aos casos anteriores. Ao utilizar o motor de inferência para este caso,obtêm-se as seguintes classificações para os contextos relativos a cada cenário:

Cenário Real

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN.

Cenário Estressado

• contexto em conformidade com limite operacional de capital principal;

• contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1;

• contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência;

• contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referência considerando aRBAN;

• contexto em não conformidade com limite operacional de capital devido principalmente ao riscoda carteira banking.

Os resultados para o Cenário Real coincidem com o parecer divulgado no relatório de gestãode riscos da IF: a aderência à todos os limites operacionais estipulados para seu capital. Já comas distorções realizadas para a criação do Cenário Estressado, verificou-se a não aderência aolimite operacional de patrimônio de referência quando considera a RBAN.

O risco da carteira banking foi identificado como principal causa da não aderência aos limitesoperacionais. Este é um cenário bem incomum, que só ocorreu neste caso devido às característicaspeculiares da IF analisada, como sua alta concentração de ativos na carteira banking, fazendoesta se sobressair às demais parcelas de ativos ponderados pelo risco. Por fim, o alto valor daRBAN (risco banking) permitiu a conformidade a todos limites operacionais de capital, mesmono Cenário Estressado, exceto àquele no qual a RBAN é considerada.

6.4 Considerações Finais

As técnicas usuais para uma gestão de riscos automatizada são capazes de oferecer resul-tados equivalentes aos mostrados neste Capítulo. Estas são geralmente baseadas em softwareproprietário, desenvolvido pelas próprias instituições ou por consultorias especializadas.

Considerando as centenas de IFs do SFN sujeitas à Regulação Prudencial do BACEN, há umgrande grau de heterogeneidade na solução deste problema em comum. Logo utilizar-se de umaabordagem baseada em conhecimento para este domínio permite a integração destes diferentessistemas especializados, por meio da utilização de uma representação comum e formal. Talformalismo permitiu a um computador solucionar problemas do domínio de gestão de riscos,utilizando apenas conhecimento compartilhado na Web Semântica.

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Page 73: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Por fim, o mesmo conhecimento pode ser acessado por profissionais do domínio, seja paraseu mero estudo, ou para o desenvolvimento de soluções dos problemas tratados por ele.

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Page 74: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Capítulo 7

Conclusões e Trabalhos Futuros

O presente trabalho realizou uma extensa revisão bibliográfica, apresentando o panorama detecnologias para a troca de informações financeiras. Devido à grande heterogeneidade dessasferramentas e de suas aplicações, fez-se necessária a contextualização da proposta apresentadadentro deste panorama. Esta apresentação constituiu a primeira contribuição deste trabalho, quese preocupou em sumarizar as principais características de cada tecnologia existente, a fim defacilitar seu entendimento por audiências com pouco ou nenhum conhecimento de seus domíniosde aplicação.

Seu objetivo, a demonstração da aplicabilidade de tecnologias semânticas à gestão de riscosdo SFN, foi concluído com a construção da OntoBacen. Esta ontologia, resultante do estudoda Regulação Prudencial do BACEN, constitui um referencial de conhecimento formal parao domínio, tratando-se portanto da principal contribuição deste trabalho. A partir do uso daOntoBacen, profissionais do domínio podem solucionar alguns de seus problemas de forma au-tomática, por meio da aplicação de inferências lógicas, ou até mesmo utilizá-la como referencialde conhecimento adicional, alternativo às normas do BACEN.

Embora a OntoBacen já esteja disponível abertamente na Web no tempo de escrita, esta seencontra em sua versão inicial, em partes incompleta. Sendo assim, as soluções técnicas estabe-lecidas para a gestão de riscos não podem ser plenamente substituídas pelo uso da OntoBacen,dado que esta não contempla todas as regras de negócio pertencentes a este domínio, mas simapenas aquelas de caráter mais geral. Algumas propostas de melhoria e futuro desenvolvimentopara a OntoBacen serão aqui apresentadas, considerando suas atuais limitações.

Algumas soluções técnicas especializadas para os problemas deste domínio já existem, sendodo ponto de vista de complexidade computacional mais eficientes quando comparadas aos algo-ritmos de inferência lógica utilizados por motores de inferência, cuja complexidade é tipicamenteexponencial. O principal viés de tais soluções são seus preços, pois suas implantações envolvemgrandes projetos, sendo muitas vezes factíveis apenas para grandes comglomerados financeiros.Além disso, estas tipicamente são concebidas na forma de soluções modulares de código fechado,tornando-se verdadeiras “caixas pretas” para as IFs que as utilizam.

Neste cenário, uma abordagem como a utilização de ontologias na Web Semantica, disponívelde forma gratuita, e cujo conhecimento é exposto de maneira explícita e formal, viria a calharpara solucionar os problemas do domínio, fato este que constituiu um importante motivadorpara este trabalho. Com isso, pequenas IFs brasileiras seriam capazes de cumprir as normas degestão de riscos do SFN sem a incorrência de grandes custos.

Um dos benefícios previstos pela utilização de um referencial semântico único, tal como umaontologia de domínio, é a redução da heterogeneidade das informações; com ela, seriam mitigadosos riscos operacionais associados a falhas sistêmicas. Além disso, a utilização de ontologias e

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Page 75: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

inferência na resolução de problemas computacionais oferece aos analistas do domínio um maiorgrau de legibilidade das soluções de seus problemas, sendo capaz de demonstrar todos os passosdedutivos que levaram às conclusões obtidas.

Para viabilizar a plena utilização da OntoBacen pelas IFs financeiras, algumas melhorias futu-ras devem ser levadas em conta. Num primeiro momento, os protótipos incompletos apresentadospara as ontologias do módulo Capital teriam de ser efetivamente construídos; posteriormente, osconceitos presentes na OntoBacen poderiam ser definidos em termos de noções detalhadas, o queocasionaria a potencial definição de módulos e ontologias adicionais, contemplando novas regrasde negócio.

Dada a característica de complexidade exponencial dos algoritmos de inferência lógica, seriainteressante a condução de um estudo adicional para o desempenho computacional obtido pelautilização de uma ontologia para gestão de riscos. Embora nenhuma observação tenha sido feitaacerca deste ponto nos capítulos anteriores deste texto, na forma como a OntoBacen está, foramnecessários poucos segundos para o processamento dos exemplos apresentados no Capítulo 6,quantia de tempo desprezível quando comparada ao tempo disponível para a apuração dos limitesoperacionais de capital, realizada numa frequência mensal pelo BACEN.

Alguns trabalhos apontam para inconsistências encontradas ao se analisar algumas ontologiasde domínio, com base em fundamentos formalizados por ontologias de alto nível bem estabele-cidas pela comunidade cientifica. Smith (2006) e Ruy et al. (2014), por exemplo, estudaramrespectivamente os padrões ISO 15926 e ISO 24744, concebidos na forma de ontologias; suas con-clusões apontam para falhas que poderiam descaracterizar o formalismo de tais modelos. Como aespecificação da OntoBacen se baseia primariamente na FIBO, outro importante próximo passopara este trabalho é a realização de um estudo semelhante da FIBO perante os fundamentosestabelecidos por uma ontologia de alto nível.

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Page 76: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Apêndice A

Tecnologias da Web

Neste apêndice, serão discutidas as principais motivações que levaram à criação de tecnologiaspara manipulação de informações na Web, assim como serão tratadas suas principais caracterís-ticas, com o objetivo de diferenciá-las umas das outras com respeito a seus escopos e níveis deaplicação.

Desde a criação da World Wide Web (Berners-Lee et al., 1992), com o decorrente surgimentodo protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocol) e da linguagem HTML (Hypertext MarkupLanguage), sua popularização e aplicações têm evoluído de forma inquestionável. Até então, oque um dia foi um repositório de documentos utilizado pela comunidade acadêmica se torna aprincipal interface para diversos sistemas, do e-commerce à declaração do imposto de renda.

Na Web atual, o usuário não é só capaz de ler as informações contidas na rede, mas tambémde interagir com elas, possivelmente criando novas informações, como por exemplo nas redessociais. De suma importância para a concretização da Web como utilizada nos dias de hojeforam as tecnologias da computação em nuvem, com a popularização de sistemas distribuídos edados semi-estruturados, tais como o XML (eXtensible Markup Language).

A evolução da Web ainda por vir propõe quebrar barreiras já conhecidas há tempos pela com-putação, até mesmo antes de seu surgimento, tais como a integração de informações representa-das de formas heterogêneas, permitindo a interoperabilidade de sistemas criados por diferentesdesenvolvedores que sequer se comunicam entre si. Para cumprir esses objetivos, idealizou-sea Web Semântica (Berners-Lee et al., 2001), do inglês Semantic Web, uma extensão da Webconvencional cuja principal premissa é a de se disponibilizar informação de tal forma que estapossa ser automaticamente interpretada por computadores.

Como protagonistas na idealização da Web Semântica, estão as ontologias formais (Guarino,1995), que motivaram a criação de ferramentas aderentes a arquitetura da Web para tornar suautilização factível. Nas seções seguintes serão detalhadas as principais tecnologias envolvidas nocontexto anteriormente apresentado, e por fim, a aplicação de cada uma delas é sumarizada numaanálise pragmática, por meio de um exemplo: a árvore genealógica de uma pequena família.

A.1 Documentos integrados na Web: HTML

A Web remete suas origens na criação de um protocolo para a transferência de hipertexto1,o HTTP (Berners-Lee, 1989), que buscava tratar de limitações existentes no protocolo de trans-ferência de arquivos convencional, o FTP (File Transfer Protocol). Para viabilizar a utilização

1Textos cujos componentes podem ir além da linguagem natural, tais como símbolos, tabelas, ou até mesmoimagens e sons referenciados por endereços num meio digital

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Page 77: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS DA WEB

do HTTP, foi criada a linguagem de marcação de hipertexto HTML, baseada na norma ISO8879, que define o padrão SGML (Standard Generalized Markup Language) para linguagens demarcação.

A principal funcionalidade do HTML é a de estruturar a informação de tal forma que estapossa ser devidamente interpretada e exibida ao usuário final por meio de um navegador. Estalinguagem vem sofrendo alterações desde seu surgimento (Berners-Lee e Connolly, 1993), vi-sando a inclusão de novos recursos, tais como sons, vídeos e meta-informação.

Como em qualquer linguagem de marcação, o texto contido num documento HTML é dis-posto de forma sintaticamente distinguível, separando seu conteúdo numa hierarquia de seções,subseções e componentes. Sua principal característica é a semântica de apresentação, orientadaao que será exibido ao usuário, da forma e na ordem especificada no documento: marcaçõesdelimitam parágrafos, tabelas, imagens, dentre outros.

A.2 Dados eletrônicos na Web: XML

Assim como o HTML, XML, que denota eXtensible Markup Language (Bray et al., 2008), éuma linguagem de marcação baseada no padrão SGML. Seu surgimento na Web é justificadopor duas limitações de aplicação do HTML: sua estrutura fixa e a semântica de apresentação.

Quanto à primeira limitação, o próprio nome sugere resolver: trata-se de uma linguagemde marcação extensível, a priori livre de qualquer estrutura pré-definida e fixa. Ao contráriodisso, XML é flexível ao ponto de permitir que os dados sejam estruturados da forma que forconveniente, abrindo mão da semântica bem definida.

A semântica de apresentação de HTML não se aplica ao caso dos documentos XML, poisestes atribuem significado a seu conteúdo pela escolha de literais adequadas a seu domíniode aplicação, sendo considerados documentos auto-descritivos, porém, a utilização de literaisambíguas ou inadequadas pode levar a interpretações imprecisas.

Dada sua flexibilidade estrutural e semântica, o XML é aplicável a uma infinidade de do-mínios, o que rapidamente levou a sua popularização na transmissão de dados eletrônicos(Bryan et al., 1998), tendo sido um dos precursores do que um dia viria a ser chamada deWeb 2.0 (Bosak e Bray ).

Para contornar parcialmente este viés semântico, existem ferramentas complementares aoXML utilizadas para definir sua estrutura: o Document Type Definition, ou DTD, e o XMLSchema, ou XSD (W3C, 2004). Ambos são documentos auxiliares referenciados por documentosXML, definindo restrições sintáticas a serem obedecidas pelos documentos que os referenciam,ditando sua estrutura. O XSD especificamente pode ser considerado mais robusto que o DTD,pois permite a definição de novos tipos de dados, que podem ser utilizados hierarquicamente,além de incluir recursos para meta-dados, permitindo uma documentação integrada em tempode desenvolvimento.

A.3 Lógica de predicados na Web: RDF

O futuro da Web mencionado no início deste apêndice, a Web Semântica, busca integrar aarquitetura distribuída e global da Web com os campos da ciência da computação que estudama representação do conhecimento. Embora tenha provado seu valor na transmissão de dados pelarede, XML carece de uma representação lógica de sua semântica, sendo necessária a intervençãode seres-humanos para a interpretação de seus meta-dados.

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Page 78: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS DA WEB

RDF (Beckett e McBride, 2001), que denota Resource Description Language, foi criado paraprover tal representação lógica, introduzindo conceitos da lógica de predicados. As informaçõessão dispostas em sentenças (ou triplas), compostas de sujeito, predicado e objeto, tal como em“Berners-Lee é o criador daWorld Wide Web”, sentença na qual o sujeito se refere a um cientista,o objeto se refere a uma rede de computadores e o predicado expressa uma relação de criação.Em RDF, toda entidade é referenciada por um identificador universal na Web, denominado URI(Uniform Resource Identifier). Além disso, a informação disposta em triplas vinculam entidadessujeito a entidades objeto, por meio entidades relacionamento. Dessa forma, a Web Semânticapode ser interpretada como um banco de dados em grafos numa escala global, no qual sujeitos eobjetos representam os vértices iniciais e finais, respectivamente, e relacionamentos representamas arestas.

Análogo aos esquemas XML, existem esquemas RDF (Brickley et al., 2014), que definemos tipos de entidades, juntamente com suas propriedades e relacionamentos, semelhante a umataxonomia de classes da programação orientada a objetos.

A.4 Ontologias na Web: OWL

A palavra Ontologia deriva de duas outras do latim, “ontos” (ser) e “logos” (estudo), sendoutilizada há séculos pela filosofia, designando o estudo da natureza do ser, de sua existência erealidade, tratando-se do aspecto da metafísica que busca definir e categorizar as característicasfundamentais de determinada entidade: “o estudo do Ser enquanto Ser” (Chaui, 1999).

Na ciência da computação, a partir da década de 1980, as ontologias conquistaram seu es-paço nas teorias de Bancos de Dados, Inteligência Artificial e Processamento de LinguagemNatural, principalmente no que diz respeito à Representação do Conhecimento (Guarino, 1995).Uma definição importante da palavra Ontologia em termos técnico-computacionais proposta porGruber (1995) é “uma especificação de uma conceitualização”.

Baseando-se na lógica de predicados de RDF, uma série de iniciativas com o objetivo deenriquecer seu grau de expressividade foram feitas, o que levou à criação da linguagem deontologias da Web, chamada OWL (McGuinness e van Harmelen, 2004). Com OWL, há umaampliação do vocabulário para a definição de classes e propriedades, além deste permitir novostipos de restrições para relacionamentos. A expressividade de OWL é suficiente para definircomplexas regras de negócio de um determinado domínio de aplicação, permitindo a inferênciade novos fatos a partir do conhecimento corrente, como a subsunção de classes e verificação deconsistência de classes.

A.5 Consultas na Web Semântica: SPARQL

A linguagem SPARQL (Prud’hommeaux e Seaborne, 2008), um acrônimo recursivo paraSPARQL Protocol and RDF Query Language, é uma poderosa ferramenta para a consulta emanipulação de informações na Web Semântica. Com ela, informações dispostas na forma detriplas RDF podem ser organizadas de tal forma a construir conjunções, disjunções, e até mesmodetectar padrões complexos contidos nos dados.

Devido à popularização dos bancos de dados em grafos, em especial RDF, esta linguagem deconsulta tornou-se bastante relevante para a análise de dados disponibilizados naWeb Semântica.Fazendo-se um paralelo com paradigmas tradicionais de bancos de dados, pode-se considerar queSPARQL está para os dados armazenados em triplas RDF, assim como SQL (Codd, 1970) estápara aqueles dados disponíveis em bancos de dados relacionais.

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TECNOLOGIAS DA WEB

A.6 Programação Lógica na Web Semântica: SWRL

A ideia de se utilizar lógica formal na computação para a resolução de problemas não énova; uma popular iniciativa neste campo, sendo também uma das primeiras, é a linguagem deprogramação lógica Prolog (Kowalski, 1988). O paradigma da programação lógica explora algunsaspectos de interesse comum das ontologias na Web Semântica, tais como a representação doconhecimento, linguística computacional e inferência lógica.

Linguagens de programação lógica possuem tipicamente um alto grau de expressividade, poispermitem a definição de regras complexas, por meio do agrupamento de cláusulas lógicas eliterais. Tal expressividade tornou a pesquisa nesta área da computação especialmente relevantepara a demonstração automática de teoremas.

A fim de permitir a definição de regras complexas a serem utilizadas em conjunto com ontolo-gias na Web Semântica, que vão muito além da subsunção de classes e verificação de consistênciaprevistas por OWL, foi criada a linguagem SWRL (Horrocks et al., 2004), acrônimo para Se-mantic Web Rule Language.

SWRL provê uma sintaxe abstrata de alto-nível para a definição de regras lógicas, auto-maticamente traduzidas num conjunto de regras baseadas em cláusulas de Horn (Horn, 1951)aplicáveis a ontologias OWL, conferindo a elas um maior grau de liberdade no que diz respeitoàs possibilidades de inferência.

A.7 Exemplo: Árvore Genealógica

Nesta seção, será demonstrada a representação dos membros de uma família e suas relaçõesutilizando HTML, XML, RDF e OWL. A partir destas representações, serão feitas análisesqualitativas do esforço computacional necessário para extrair e processar as informações nelascontidas, a critério de ilustração de tais ferramentas. Por fim, será mostrada uma consultaSPARQL e uma regra SWRL para exemplificar seu uso junto a RDF e OWL.

No Arquivo A.1, as marcações das linhas 1 e 9 delimitam respectivamente o início e o fim doarquivo HTML. A linha 2 contém as marcações que delimitam o cabeçalho e título da página.As marcações das linhas 3 e 8 delimitam o corpo do documento, onde será exibido seu conteúdo.O conteúdo neste caso são quatro parágrafos com sentenças em português entre as linhas 4 e7, com alguns trechos de texto estilizados: a marcação “b” é utilizada para texto em negrito e“small” para utilização de fonte pequena.

1 <html>2 <head><title>Árvore Genealógica</title></head>3 <body>4 <p>Adriano é um homem de <small>18</small> anos.</p>5 <p>Maria é uma mulher de 45 anos, o filho de Maria é Adriano.</p>6 <h1>Lucas é um homem de 49 anos, o filho de Lucas é Adriano.</h1>7 <p>José é um homem de <b>65</b> anos, o filho de José é Maria.</p>8 </body>9 </html>

Arquivo A.1: Família.html

Visualizando este arquivo, fica clara a semântica de apresentação de HTML, pois suas mar-cações atribuem características estéticas ao conteúdo que será exibido ao usuário (no caso, umleitor). Imagine-se na missão de extrair as informações sobre a árvore genealógica da família deAdriano, Maria, Lucas e José a partir deste arquivo, neste caso, poderia-se:

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TECNOLOGIAS DA WEB

1. Remover todas as marcações do arquivo ou abrí-lo utilizando um navegador Web,concentrando-se em ler e interpretar o texto contido em seus quatro parágrafos.

2. Remover as marcações do arquivo e utilizar algoritmos de processamento de linguagemnatural (PLN) para interpretar as sentenças contidas em seus quatro parágrafos.

A primeira solução envolve processos cognitivos onde é necessária a intervenção humana e asegunda, análises morfológicas, sintáticas e semânticas amplamente estudadas em PLN. Estudosda complexidade computacional desse tipo de problema demonstram que em certos casos setratam de problemas da classe NP-Difícil (Morin, 1995), além do fato de tais algoritmos seremsuscetíveis a erros de interpretação.

O objetivo desta análise é demonstrar que para um computador seria desafiador descobrirpor si só, a partir deste documento HTML, que José é pai de Maria, que por sua vez teve umfilho com Lucas, chamado Adriano.

1 <xml>2 <pessoa>3 <sexo>M</sexo> <idade>18</idade> <nome>Adriano</nome>4 </pessoa>5 <pessoa>6 <sexo>F</sexo> <idade>45</idade> <nome>Maria</nome>7 <filho>Adriano</filho>8 </pessoa>9 <pessoa>

10 <sexo>M</sexo> <idade>49</idade> <nome>Lucas</nome>11 <filho>Adriano</filho>12 </pessoa>13 <pessoa>14 <sexo>M</sexo> <idade>65</idade> <nome>José</nome>15 <filho>Maria</filho>16 </pessoa>17 </xml>

Arquivo A.2: Família.xml

As mesmas informações da família presentes no Arquivo A.1, em HTML, são também apresen-tadas no Arquivo A.2, agora utilizando XML. Observa-se que a sintaxe das marcações remetea palavras com semântica bem definida, sugerindo que o valor ali marcado tenha significadoassociado à semântica das palavras: tudo que estiver no interior de uma marcação “pessoa”provavelmente são características de uma criatura humana, homem ou mulher, pois essa é asemântica atribuída a tal palavra; o conteúdo no interior de uma marcação “idade” indicaráde alguma forma o tempo transcorrido desde o nascimento, e analogamente, tal raciocínio éaplicável às demais marcações.

Apesar deste processo não eliminar a necessidade de interpretações humanas, a partir domomento que alguém assimilar a semântica contida neste documento, é possível criar um al-goritmo determinístico e de complexidade polinomial para interpretação de seus dados. Apósalgum esforço de desenvolvimento, a semântica inerente do arquivo é incorporada a seu algo-ritmo de interpretação, e a partir de então, o computador será capaz de discernir os integrantesda família, além da relação de parentesco entre eles.

O Arquivo A.3, utilizando RDF, também contém as mesmas informações da família tomadacomo exemplo; porém, nota-se que estas informações estão agora dispostas diferentemente. EmRDF, os objetos são descritos por um local/identificador na rede (seus URIs, denotados entreaspas no exemplo), sendo esta a principal diferença introduzida por esta ferramenta.

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TECNOLOGIAS DA WEB

1 <rdf [declaracoes de conjuntos de nomes omitidas (namespaces)]>2 <Description about="Adriano">3 <type resource="Homem">4 <idade datatype="int">18</idade>5 <nome datatype="string">Adriano Rodrigues</nome>6 </Description>7 <Description about="José">8 <type resource="Homem">9 <idade datatype="int">65</idade>10 <nome datatype="string">José da Silva</nome>11 <temFilho resource="Maria"/>12 </Description>13 <Description about="Lucas">14 <type resource="Homem">15 <idade datatype="int">49</idade>16 <nome datatype="string">Lucas Rodrigues</nome>17 <temFilho resource="Adriano"/>18 </Description>19 <Description about="Maria">20 <type resource="Mulher">21 <idade datatype="int">45</idade>22 <nome datatype="string">Maria da Silva</nome>23 <temFilho resource="Adriano"/>24 </Description>25 </rdf>

Arquivo A.3: Família.rdf

Além disso, a classificação dos objetos também referencia URIs (vide predicados “type”), aocontrário de XML, que define a taxonomia e tipagem das informações pela própria sintaxe desuas marcações.

Finalmente, o Arquivo A.4 contém as informações da família em formato OWL. À primeiravista, seu conteúdo pode parecer complexo e de difícil interpretação quando comparado ao XMLou RDF; além disto, alguns detalhes foram omitidos, tal como a utilizaçao de conjuntos denomes.

As informações dos quatro membros da família estão dispostas na última seção do Arquivo A.4(linhas 47 a 61), estruturadas de maneira semelhante aos exemplos anteriores, porém fazendo-sereferências a recursos e conceitos que foram definidos nas seções anteriores do arquivo, necessáriospara a definição das características de uma Pessoa.

As propriedades e relacionamentos definidos nas seções do Arquivo A.4 são detalhados a seguir:

temFilho (linhas 4 a 6) Relacionamento que faz referência a uma Pessoa, designando o filhodaquele que o possui.

temSexo (linhas 8 a 13) Relacionamento que faz referência a um Sexo, designando o gênerodaquele que o possui.

idade (linhas 15 a 18) Propriedade que faz referência a um número inteiro não-negativo, deno-tando a quantidade de anos desde o nascimento daquele que a possui.

nome (linhas 19 a 23) Propriedade que faz referência a uma cadeia de caracteres, denotando onome daquele que a possui.

Sexo (linhas 25 a 31) Classes que definem os conceitos de gênero (Masculino e Fêminino).

Pessoa (linhas 33 a 38) Classe que define o que é uma Pessoa; uma entidade com idade e nome.

Homem/Mulher (linhas 40 a 45) Classes derivadas de Pessoa, cuja propriedade temSexo serestringe respectivamente a Masculino e Feminino.

69

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TECNOLOGIAS DA WEB

1 <rdf [declaracoes de conjuntos de nomes omitidas (namespaces)]>2 <Ontology about=[URI da ontologia]>[Descricao da ontologia]<\Ontology>3 <!−− Declaracao do relacionamento temFilho −−>4 <ObjectProperty about="temFilho"><domain><Restriction>5 <onProperty resource="temFilho"/><someValuesFrom resource="Pessoa"/>6 </Restriction></domain></ObjectProperty>7 <!−− Declaracao do relacionamento temSexo −−>8 <ObjectProperty about="temSexo"><domain><Restriction>9 <onProperty resource="temSexo"/><someValuesFrom resource="Sexo"/>

10 </Restriction></domain>11 <range><Class><unionOf parseType="Collection">12 <Description about="Feminino"/><Description about="Masculino"/>13 </unionOf></Class></range></ObjectProperty>14 <!−− Declaracao das propriedades idade e nome −−>15 <DatatypeProperty about="idade"><domain><Restriction>16 <onProperty resource="idade"/><qualifiedCardinality17 datatype="nonNegativeInteger">1</qualifiedCardinality>18 <onDataRange resource="int"/></Restriction></domain></DatatypeProperty>19 <DatatypeProperty about="nome"><domain><Restriction>20 <onProperty resource="nome"/><qualifiedCardinality datatype=21 "nonNegativeInteger">1</qualifiedCardinality>22 <onDataRange resource="string"/>23 </Restriction></domain></DatatypeProperty>24 <!−− Declaracoes das classes que definem Sexo: Masculino e Feminino −−>25 <Class about="Masculino"><subClassOf resource="Sexo"/>26 <disjointWith resource="Feminino"/></Class>27 <Class about="Feminino"><subClassOf resource="Sexo"/>28 <disjointWith resource="Masculino"/></Class>29 <Class about="Sexo"><equivalentClass><Class><unionOf parseType="Collection">30 <Description about="Feminino"/><Description about="Masculino"/>31 </unionOf></Class></equivalentClass></Class>32 <!−− Declaracao da classe que define Pessoa −−>33 <Class about="Pessoa"><subClassOf><Class><intersectionOf parseType="Collection">34 <Restriction><onProperty resource="idade"/><minCardinality datatype=35 "nonNegativeInteger">1</minCardinality></Restriction>36 <Restriction><onProperty resource="nome"/><minCardinality datatype=37 "nonNegativeInteger">1</minCardinality></Restriction>38 </intersectionOf></Class></subClassOf></Class>39 <!−− Declaracoes das classes que definem Homem e Mulher −−>40 <Class about="Homem"><subClassOf><Class><intersectionOf parseType="Collection">41 <Description about="Pessoa"/>42 <Restriction><onProperty resource="temSexo"/><someValuesFrom43 resource="Masculino"/></Restriction>44 </intersectionOf></Class></subClassOf></Class>45 <Class about="Mulher">[Análogo a Homem; restringe temSexo a Feminino]</Class>46 <!−− Declaracao dos indiv í duos: Adriano , José , Lucas e Maria −−>47 <NamedIndividual about="Adriano"><type resource="Homem"/>48 <idade datatype="int">18</idade><nome datatype="string">Adriano Rodrigues</nome>49 </NamedIndividual>50 <NamedIndividual about="José"><type resource="Homem"/>51 <idade datatype="int">65</idade><nome datatype="string">José da Silva</nome>52 <temFilho resource="Maria"/>53 </NamedIndividual>54 <NamedIndividual about="Lucas"><type resource="Homem"/>55 <idade datatype="int">49</idade><nome datatype="string">Lucas Rodrigues</nome>56 <temFilho resource="Adriano"/>57 </NamedIndividual>58 <NamedIndividual about="Maria"><type resource="Mulher"/>59 <idade datatype="int">45</idade><nome datatype="string">Maria da Silva</nome>60 <temFilho resource="Adriano"/>61 </NamedIndividual>62 </rdf>

Arquivo A.4: Família.owl

70

Page 83: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS DA WEB

Para interpretação humana, HTML é inquestionavelmente mais amigável quando comparadocom ferramentas da Web Semântica, tais como RDF e OWL, devido à sua semântica de apre-sentação. Porém as ferramentas semânticas provêm aos computadores a capacidade de processaras informações por meio de algoritmos genéricos (motores de inferência), permitindo a derivaçãode novas informações a partir de fatos conhecidos.

Um primeiro exemplo disto é o processo de subsunção de classes, que consiste da derivação dassuper-classes de uma entidade a partir das classes cuja relação com a entidade já é conhecida.No exemplo da árvore genealógica, pode-se deduzir que os quatro membros da família (dasclasses Homem e Mulher) pertencem também à classe Pessoa, embora esta informação nãoesteja explícita no arquivo.

Outra aplicação importante é a verificação de consistência, na qual conceitos da ontolo-gia e de seus indivíduos são apurados para garantir sua integridade com relação ao que estádefinido. Assim como a subsunção de classes, a verificação de consistência pode ser utilizadapara a dedução de novos fatos. Para exemplificar, suponha a definição de uma nova classe Pai,composta dos indivíduos da classe Homem que possuem ao menos um filho, da maneira a seguir.

1 <Class about="Pai"><subClassOf><Class>2 <intersectionOf parseType="Collection">3 <Description about="Homem"/>4 <Restriction>5 <onProperty resource="temFilho"/><someValuesFrom resource="Pessoa"/>6 </Restriction>7 </intersectionOf>8 </Class></subClassOf></Class>

Arquivo A.5: Definição da Classe Pai em OWL

Ao classificar os indivíduos da família no exemplo como Pai e executar a verificação deconsistência, deduziria-se que Lucas e José de fato pertencem à classe Pai, porém Adriano eMaria não, pois Adriano não tem ao menos um filho e Maria não pertence à classe Homem.

De maneira análoga, outros conceitos poderiam ser adicionados à ontologia, tais como Mãe(Mulher que possui ao menos um filho) e Avô (Homem que possui ao menos um filho, que porsua vez possui ao menos um filho). Com isso, identificaria-se que Maria pertence à classe Mãee que José pertence à classe Avô.

OWL provê o mapeamento de conceitos semanticamente semelhantes pela utilizaçao de relaci-onamentos do tipo “é o mesmo que” (owl:sameAs). No exemplo da árvore genealógica, poderia-serelacionar o conceito de Pessoa da ontologia apresentada anteriormente com o conceito equi-valente à Pessoa de uma segunda ontologia que expresse relacionamentos familiares, e comisso, poderia-se identificar quaisquer outros tipos de relacionamentos que estejam definidos nasegunda ontologia, tais como a identificação de primos, cunhados, sogros, dentre outros.

Devido à sua maior expressividade se comparada às tecnologias HTML, XML e RDF con-vencionais, e também pela possível utilização de motores de inferência, o uso de OWL permitea obtenção em tempo de execução de informações que porventura sejam necessárias a deter-minado domínio de aplicação, enquanto que as demais tecnologias exigem algum esforço nodesenvolvimento de algoritmos especializados para cada aplicação. Isto se dá em função de parteda semântica e do conhecimento do domínio estarem contidos nestes algoritmos, não estandoinerentemente presentes na representação dos dados, como em OWL.

Existem diferentes linguagens lógicas utilizadas por motores de inferência, cada qual con-templando diferentes níveis de expressividade, o que resultou no desenvolvimento de diferentesmotores de inferência, com capacidades distintas. Sua complexidade computacional em geral

71

Page 84: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS DA WEB

não se compara com a dos problemas de PLN mencionados anteriormente, mantendo em algunscasos níveis de complexidade polinomial.

A linguagem SPARQL permite definir consultas baseadas em triplas RDF. Uma consulta àlista dos pares de pais que possuam filhos em comum pode ser definida tal como abaixo:

PREFIX rdf: <http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#>

SELECT ?genitor_1 ?genitor_2

WHERE {

?genitor_1 rdf:type Pessoa.

?genitor_1 temFilho ?filho_comum.

?genitor_2 temFilho ?filho_comum

}

O comando PREFIX pode ser utilizado para associar rótulos a URIs que contenham objetose predicados de interesse para a consulta. SELECT denota uma lista de entidades a serem re-tornadas no resultado da consulta; neste caso, o resultado da consulta é uma lista de pares depais. Encapsulados por uma cláusula WHERE, um conjunto de triplas sujeito-predicado-objetodefine condições de factibilidade, a serem satisfeitas para que uma determinada combinação deatribuições de valores faça parte do resultado da consulta.

Neste exemplo, a primeira tripla contida na cláusula WHERE certifica-se que a entidade?genitor_1 pertença à classe Pessoa; além disso, a segunda tripla estabelece que estamesma entidade tem um filho, que é uma segunda entidade denotada por ?filho_comum;por fim, a última tripla define que deve existir uma entidade ?genitor_2 cujo filho também é?filho_comum. Desta forma, todos os pares factíveis de ?genitor_1 e ?genitor_2 serãomostrados no resultado da consulta (tal como definido pelo comando SELECT. Finalmente, oresultado desta consulta para a família mostrada nos exemplos anteriores seria:

1. ?genitor_1 = Maria e ?genitor_2 = Lucas;

2. ?genitor_1 = Lucas e ?genitor_2 = Maria.

Note que o mesmo casal aparece duplicado no resultado da consulta, porém com as atri-buições de variáveis trocadas; isto se deve ao fato de SPARQL explorar todas as combina-ções de atribuições possíveis. Para eliminar esta duplicidade, poderia-se por exemplo, trocara restrição “?genitor_1 rdf:type Pessoa” por “?genitor_1 rdf:type Mulher”, de tal formaque ?genitor_1 sempre denotaria a mãe, e consequentemente ?genitor_2 denotaria o pai,partindo-se da premissa de que se tratam dos pais biológicos.

Visando complementar o arcabouço de ferramentas aqui demonstradas, será definida umaregra SWRL a ser utilizada para demonstrar a inferência de que José pertence à classe Avô, talcomo mostrada a seguir:

Pessoa(?x), temFilho(?x,?y), Pessoa(?y), temFilho(?y,?z), Pessoa(?z)

->

Avô(?x), temNeto(?x,?z), temAvô(?z,?x)

Uma regra SWRL é dividida em duas seções, denotando as pré-condições (corpo) e pós-condições (cabeça), divididas por “->”. O corpo e a cabeça podem conter um conjunto depredicados e literais, que determinam respectivamente: o conjunto de condições necessárias paraque a aplicação da regra seja válida, e o conjunto de condições que passam a ser satisfeitasa partir do momento em que a regra é aplicada. Sendo assim, a regra SWRL acima pode sertraduzida para o português da seguinte maneira:

Seja ?x uma Pessoa, tal que ?x tem um filho com ?y, que por sua vez é uma Pessoa e temum filho com ?z, sendo também este último uma Pessoa; neste caso, concluí-se que ?x é umAvô, e que além disso, ?x tem o neto ?z e que ?z tem o avô ?x.

72

Page 85: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

TECNOLOGIAS DA WEB

A.8 Síntese

Foram tratadas neste apêndice as diferentes formas de distribuir conteúdo (e a semânticaintrínsica dele) pela Web. Na Figura A.1, as tecnologias mencionadas anteriormente estão dis-postas de acordo com a arquitetura de sistemas em que estão inseridas.

Entidade A(Provedora da Informação)

HTML

XML

OWL

Apresentação(marcações

visualizáveis)

RDF

Semântica(conceitos e regras)

Lógica(predicados

e fatos)

Sintática(marcações

auto-descritivas)

Arquivos comconteúdosemântico

Entidade B(Consumidora da Informação)

OWL

RDF

HTML

XML

Consultas eInferências

Aplicaçãoespecífica

NavegadorWeb

Camada de comunicação

World Wide Web(IP, TCP, UDP)

HTTP

HTTP

HTTP

HTTP

Figura A.1: Fluxo de dados pela Internet (visão geral)

A visão apresentada mostra cada tecnologia tratada neste apêndice, caracterizando de formaresumida as diferenças semânticas de cada uma delas, além de demonstrar a arquitetura detransmissão de suas informações e os meios computacionais a que elas se destinam. Esta repre-sentação é dada de forma geral, independente do domínio de aplicação. No Capítulo 3, a mesmavisão é utilizada, porém considerando-se especificamente o domínio financeiro, no qual o escopooriginal desta dissertação está inserido.

73

Page 86: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

Apêndice B

Especificação da OntoBacen

Neste apêndice, apresenta-se a especificação da OntoBacen, cujos aspectos principais foramapresentados no Capítulo 4. Em alguns casos, são apresentadas representações gráficas de concei-tos e relacionamentos, utilizando uma notação baseada em VOWL (Negru et al., 2014). Nestarepresentação, os círculos denotam classes, enquanto suas cores denotam o módulo aos quaiselas pertencem, de acordo com a Figura 4.1; flechas alternadas representam relacionamentos degeneralização (subClassOf, em OWL), enquanto flechas contínuas representam os demais relaci-onamentos, acompanhados de seus nomes.

B.1 Módulo Base

O módulo Base é composto pelas seguintes ontologias:

Relacionamentos Define os atributos (data properties, em OWL) e relacionamentos (objectproperties, em OWL) gerais utilizados pelos demais módulos da OntoBacen.

Instituições Financeiras Representa a taxonomia de IFs do SFN, de acordo com a classificaçãodefinida nos normativos do BACEN.

Montante Monetário Contextualizado Define uma simples taxonomia para a classificaçãode contextos, juntamente ao conceito que leva o mesmo nome da ontologia, por meio daespecialização do conceito monetary amount da FIBO.

Fatores Classifica fatores numéricos (coeficientes, constantes, etc) que compõem regras denegócio da Regulação Prudencial do BACEN.

Adequação de Capital Define a taxonomia para classificação de contextos de governança doSFN, de acordo com a aderência ou não às regras de negócio da Regulação Prudencial doBACEN.

Indivíduos Base Define instâncias padrões necessárias para a constituição das regras de negócioda Regulação Prudencial do BACEN, tais como os fatores específicos constantes em suasnormas.

Nas subseções seguintes, a semântica de cada uma das ontologias mencionadas anteriormenteserá detalhada ao nível da definição de seus conceitos e propriedades.

74

Page 87: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.1.1 Ontologia Relacionamentos

Na ontologia Relacionamentos1 são definidos os seguintes relacionamentos (object properties,em OWL):

é composto por Um relacionamento de agregação entre dois conceitos, do tipo “todo-parte”.Para todos os efeitos, é equivalente ao relacionamento haspart do módulo FIBO Foundati-ons, tendo sido mantido para melhor exemplificar o processo de construção da OntoBacen,detalhado no Capítulo 5.

é derivado de De uma forma geral, indica que a entidade sujeito pode ser deduzida, de algumaforma, a partir da entidade objeto.

é derivado do inverso de Especialização de é derivado de, indica que a entidade sujeito édeduzida a partir do inverso da entidade objeto (no sentido de inverso matemático, adivisão de 1 pela entidade objeto).

é derivado do máximo de Especialização de é derivado de, indica que a entidade sujeito é de-duzida a partir do máximo dentre as entidades objeto (no sentido de máximo matemático,a entidade sujeito assume o valor da entidade objeto de maior valor dentre as entidadesobjeto que possuam este relacionamento com ela).

é derivado do mínimo de Especialização de é derivado de, indica que a entidade sujeito édeduzida a partir do mínimo dentre as entidades objeto (no sentido de mínimo matemático,a entidade sujeito assume o valor da entidade objeto de menor valor dentre as entidadesobjeto que possuam este relacionamento com ela).

é derivado do produto de Especialização de é derivado de, indica que a entidade sujeito édeduzida a partir do produto das entidades objeto (no sentido de produto matemático, aentidade sujeito assume o valor do resultado da multiplicação de todas entidades objetoque possuam este relacionamento com ela).

é reduzido por Indica que da entidade sujeito é removida uma quantia equivalente à entidadeobjeto.

A ontologia Relacionamentos também define um conjunto de atributos (data properties, emOWL), para a definição de propriedades de uma entidade por meio da associação de valores(números, datas, etc) a seus atributos, conforme listados abaixo:

tem data base Propriedade que indica qual a data associada à contextualização da entidadesujeito no tempo.

tem data de transição de modelo Propriedade que indica qual a data em que ocorreu atransição de modelo de gestão de riscos no contexto da entidade sujeito.

tem data de transição de modelo de risco de crédito Subpropriedade de tem data detransição de modelo. Indica qual a data em que ocorreu a transição de modelo de gestãode risco de crédito no contexto da entidade sujeito.

tem data de transição de modelo de risco de mercado Subpropriedade de tem data detransição de modelo. Indica qual a data em que ocorreu a transição de modelo de gestãode risco de mercado no contexto da entidade sujeito.

tem data de transição de modelo de risco operacional Subpropriedade de tem data detransição de modelo. Indica qual a data em que ocorreu a transição de modelo de gestãode risco operacional no contexto da entidade sujeito.

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Foundations/Relations/.

75

Page 88: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

tem data final Propriedade que indica qual a data associada ao término do período de validadeda conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem data inicial Propriedade que indica qual a data associada ao início do período de validadeda conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem duração máxima Propriedade que indica a quantia de tempo máxima permitida paraque seja válida a conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem duração máxima em anos e meses Subpropriedade de tem duração máxima. Proprie-dade que indica a quantia de tempo máxima permitida, mensurada em anos e meses, paraque seja válida a conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem duração máxima em dias e horas Subpropriedade de tem duração máxima. Propriedadeque indica a quantia de tempo máxima permitida, mensurada em dias e horas, para queseja válida a conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem duração mínima Propriedade que indica a quantia de tempo mínima permitida para queseja válida a conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem duração mínima em anos e meses Subpropriedade de tem duração minima. Proprie-dade que indica a quantia de tempo mínima permitida, mensurada em anos e meses, paraque seja válida a conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem duração mínima em dias e horas Subpropriedade de tem duração mínima. Propriedadeque indica a quantia de tempo mínima permitida, mensurada em dias e horas, para queseja válida a conceitualização da entidade sujeito no tempo.

tem valor decimal Utilizada para a conceitualização da entidade sujeito na forma numérica.

76

Page 89: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.1.2 Ontologia Instituições Financeiras

A ontologia Instituições Financeiras1 define parcialmente a classificação de instituições finan-ceiras do SFN, se atentando às classes de IF mais relevantes para a proposta deste trabalho. Noteque classificação semelhante foi apresentada em maior nível de detalhes na Seção 2.2, cabendoaqui apenas descrevê-las sucintamente, como parte da documentação da OntoBacen.

Dois conceitos principais são definidos nesta ontologia, ambos classificados como especializõesdo conceito judicial person (pessoa jurídica) da FIBO:

autoridade monetária Todo e qualquer órgão público responsável pela regulamentação doSFN, tais como o BACEN e o CMN.

instituição financeira Qualquer empresa que ofereça produtos formalmente reconhecidos comofinanceiros, e que seja portanto, passível de regulamentação por parte de autoridades mo-netárias.

1 / 1

autoridademonetária

judicialperson

(FIBO Business Entities)

instituiçãofinanceira

agênciade fomento

bancocomercial

bancocooperativo

banco dedesenvolvi-

mento

banco deinvestimento

bancomúltiplo

companhiahipotecária

cooperativade crédito

corretorade títulose valores

mobiliários

distribuidorade títulose valores

mobiliários

instituiçãoautorizada a

funcionar pelo BACEN

sociedade dearrendamento

mercantil

sociedade decrédito

Figura B.1: Ontologia Instituições Financeiras

A Figura B.1 mostra a classificação das IFs, sendo eles:

agência de fomento Instituição financeira que tem como objeto social a concessão de finan-ciamento de capital fixo e de giro associado a projetos.

banco comercial Instituição financeira privada ou pública que têm como objetivo principalproporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos,o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceirosem geral.

banco cooperativo Instituição financeira constituída de sociedade de capital fechado autori-zada a atuar como banco comercial.

banco de desenvolvimento Instituição financeira controlada pelo governo que tem comoobjetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessáriosao financiamento, a médio e a longo prazos, de programas e projetos que visem a promovero desenvolvimento econômico e social de seu Estado.

banco de investimento Instituição financeira privada especializada em operações de parti-cipação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva parasuprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros.

banco múltiplo Instituição financeira privada ou pública que realiza as operações ativas, passi-vas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras:

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Foundations/FinancialInstitutions/.

77

Page 90: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrenda-mento mercantil e de crédito, financiamento e investimento.

companhia hipotecária Instituição financeira constituída sob a forma de sociedade anônima,que têm por objeto social conceder financiamentos destinados à produção, reforma oucomercialização de imóveis residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as normasdo Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

cooperativa de crédito Instituição financeira constituída na forma de sociedade anônima, semfins lucrativos, cujos interesses comuns dos cooperados é reconhecido pelo Poder Público.

corretora de títulos e valores mobiliários Instituição financeira constituída sob a forma desociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada cujos principais objetivossão operar em bolsas de valores, subscrever emissões de títulos e valores mobiliários nomercado, comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros.

distribuidora de títulos e valores mobiliários Instituição financeira constituída sob a formade sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, cujas principais ativi-dades são a intermediação de ofertas públicas e distribuição de títulos e valores mobiliáriosno mercado, além da administração e custódia as carteiras de títulos e valores mobiliários.

instituição autorizada a funcionar pelo BACEN Instituição financeira pertencente aoSFN cujas atividades econômicas estão de acordo com as normas regulatórias do BACEN(Note que qualquer instituição financeira pertencente à uma das outras possíveis classes,pode vir a pertencer a esta classe).

sociedade de arrendamento mercantil Instituição financeira constituída sob a forma desociedade anônima, que atua no mercado de arrendamento mercantil de bens móveis, deprodução nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiridos pela entidade arrendadorapara fins de uso próprio do arrendatário.

sociedade de crédito Instituição financeira privada, constituída sob a forma de sociedadeanônima, que têm como objetivo básico a realização de financiamento para a aquisição debens, serviços e capital de giro.

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Page 91: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.1.3 Ontologia Montante Monetário Contextualizado

A ontologia Montante Monetário Contextualizado1 define o conceito mais amplamente utili-zado pela OntoBacen, que leva seu nome. Para tal definição, faz-se necessária a noção geral decontexto. Como uma definição semelhante não foi encontrada na FIBO, coube por ora incluí-lanesta ontologia, juntamente ao contexto objeto de estudo deste trabalho (governança do sistemafinanceiro), conforme abaixo:

contexto Conjunto de circunstâncias que formam o cenário para um evento, declaração, ouidéia, em termos dos quais ele pode ser plenamente compreendido.

contexto de governança do sistema financeiro Um contexto que envolve uma autoridademonetária verificando se uma instituição financeira está em conformidade ou não com asregras e normas por ela estabelecidas em sua jurisdição, em um determinado momento.

Note que para a definição deste último são necessários uma autoridade monetária, uma ins-tituição financeira e uma representação temporal. Para tal, são utilizados respectivamente osrelacionamentos is governed by, constrains e tem data base, associando o contexto de gover-nança do sistema financeiro às demais entidades necessárias para sua conceitualização, sendoos dois primeiros relacionamentos definidos na FIBO Foundations, enquanto o último é definidona ontologia Relacionamentos. Das definições constantes na especificação da FIBO Foundations,devidamente traduzidas para o português, temos:

is governed by (é governada por) Relacionamento inverso à governs (governa), no qual aentidade sujeito prevalece ou tem uma influência decisiva, ou exerce autoridade, sobre aentidade objeto

constrains (restringe) Relacionamento no qual a entidade sujeito força, compele ou obriga aentidade objeto

1 / 1

hasContext(FIBO Foundations)

has currency(FIBO Foundations)

has amount

(FIBO Foundations)

tem data base

constrains(FIBO Foundations)

is governed by(FIBO Foundations)

monetaryamount(FIBO

Foundations)

montantemonetáriocontextua-

lizado

contexto

ativoponderadocontextua-

lizado

definiçãode capitalcontextua-

lizada

contexto degovernança de

sistemafinanceiro

currency

(FIBO Foundations)

decimal(RDFS)

autoridademonetária

instituiçãofinanceira

dateTime(RDFS)

Figura B.2: Ontologia Montante Monetário Contextualizado

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Foundations/ContextualizedMonetaryAmount/.

79

Page 92: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

A partir daí, conforme mostrado na Figura B.2, fazem-se possíveis as seguintes definições:

montante monetário contextualizado Uma quantia de dinheiro especificada em termos deunidades monetárias e concebida junto a um contexto

ativo ponderado contextualizado Uma quantia de dinheiro especificada em termos de uni-dades monetárias, concebida junto a um contexto, a partir da ponderação do valor demercado de ativos de uma empresa por fatores relevantes a seu contexto

definição de capital contextualizada Uma quantia de dinheiro especificada em termos deunidades monetárias, concebida junto a um contexto, a partir de um agrupamento derecursos disponíveis para viabilizar a continuidade da atividade econômica de uma empresanaquele contexto

Estas três últimas definições são subclasses do conceito monetary amount (montante mone-tário) da FIBO Foundations. De acordo com sua especificação, temos que sua conceitualizaçãodepende de uma quantia e de uma moeda, respectivamente associados pelos relacionamentoshas amount (tem montante) e has currency (tem moeda). São relevantes as seguintes definições,extraídas de sua especificação e traduzidas para o português:

currency (moeda) Meio de troca de valor, definido por referência à localização geográfica dasautoridades responsáveis por ele

monetary amount (montante monetário) Uma medida que é uma quantia de dinheiro,especificada em unidades monetárias

has currency (tem moeda) A moeda no qual o montante monetário está definido

has amount (tem montante) O número total, ou quantidade

80

Page 93: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.1.4 Ontologia Fatores

O principal conceito da ontologia Fatores1 é o de fator numérico, sendo os demais conceitosapresentados apenas formas específicas deste, sendo suas principais classes definidas como:

fator numérico Entidade capaz de assumir representação numérica, e portanto, passível de setratar de objeto de operaçoes matemáticas

fator constante Fator cuja representação numérica é invariante

fator derivado Fator cuja representação numérica é definida a partir de outro fator numérico

fator dependente de propriedade Fator cuja representação numérica depende de uma pro-priedade externa, sendo sua conceitualização factível apenas na existência desta

fator dependente de contexto É um fator dependente de propriedade cuja representaçãonumérica é válida apenas no contexto em que está inserido (definido por meio do relacio-namento hasContext da FIBO Foundations)

fator dependente de tempo É um fator dependente de propriedade cuja representação nu-mérica é válida numa janela ou intervalo de tempo

1 / 1

é derivadodo inverso de

hasContext(FIBO Foundations)

fatornumérico

fatorconstante

fatordependente

depropriedade

fatorderivado

inversode fator

fatorconstantede risco

operacional

fatorda abordagempadronizada

fatorda abordagemsimplificada

fatordo indicador

básico

fatordependente

decontexto

fatordependente

detempo

fator derequerimento

de capital

fator detransição de

modelo

fator derequerimento

de capitalnivel 1

fator derequerimento

de capitalprincipal

fator derequerimentode patrimôniode referência

fator detransição demodelo de

risco decrédito

fator detransição demodelo de

risco demercado

fator detransição demodelo de

riscooperacional

contexto

Figura B.3: Ontologia Fatores

Dentre os tipos específicos de cada uma dessas classes principais de fatores, temos:

inverso de fator Um fator derivado, cuja representação numérica é definida como o inversomatemático da representação numérica de outro fator

fator constante de risco operacional Um fator constante definido em regras de negóciopertencentes ao domínio de gestão de riscos operacionais

fator do indicador básico Um fator constante de risco operacional definido em regras denegócio da abordagem do indicador básico

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Foundations/Factors/.

81

Page 94: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

fator da abordagem simplificada Um fator constante de risco operacional definido em regrasde negócio da abordagem alternativa simplificada

fator da abordagem padronizada Um fator constante de risco operacional definido em regrasde negócio da abordagem alternativa padronizada

fator de transição de modelo Um fator dependente de tempo definido em regras de negóciodo domínio de gestão de riscos, associadas à utilização de modelos internos em substituiçãoa modelos padronizados

fator de transição de modelo de risco de crédito Um fator de transição de modelo asso-ciado à utilização de modelos internos para gestão de risco de crédito em substituição amodelos padronizados de risco de crédito

fator de transição de modelo de risco de mercado Um fator de transição de modeloassociado à utilização de modelos internos para gestão de risco de mercado em substituiçãoa modelos padronizados de risco de mercado

fator de transição de modelo de risco de operacional Um fator de transição de modeloassociado à utilização de modelos internos para gestão de risco operacional em substituiçãoa modelos padronizados de risco operacional

fator de requerimento de capital Um fator dependente de tempo definido em regras denegócio do domínio de gestão de riscos, associadas ao capital mínimo requerido para IFs

fator de requerimento de patrimônio de referência Um fator de requerimento de capitalassociado ao patrimônio de referência mínimo requerido pelas IFs

fator de requerimento de capital nível 1 Um fator de requerimento de capital associadoao capital nível 1 mínimo requerido pelas IFs

fator de requerimento de capital principal Um fator de requerimento de capital associadoao capital principal mínimo requerido pelas IFs

82

Page 95: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.1.5 Ontologia Adequação de Capital

Dado um contexto de governança de sistema financeiro, a ontologia Adequação de Capital1 éresponsável pela sua classificação com relação à adequação ou inadequação às normas previstaspela Regulação Prudencial do BACEN, definindo dois conceitos principais:

contexto em conformidade com limite operacional de capital Um contexto de gover-nança de sistema financeiro no qual é obedecida alguma restrição de limite operacional decapital estabelecida na Regulação Prudencial do BACEN.

contexto em não conformidade com limite operacional de capital Um contexto degovernança de sistema financeiro no qual não é obedecida alguma restrição de limiteoperacional de capital estabelecida na Regulação Prudencial do BACEN.

A partir destes conceitos, são definidas as classificações de contexto específicas considerandocada restrição de limite operacional contida na Regulação Prudencial no BACEN, resultandoem oito definições adicionais:

contexto em conformidade com limite operacional de capital nível 1 Um contexto emconformidade com limite operacional de capital no qual é obedecida a restrição de limiteoperacional de capital nível 1 estabelecida na Regulação Prudencial do BACEN.

contexto em não conformidade com limite operacional de capital nível 1 Um contextoem não conformidade com limite operacional de capital no qual não é obedecida a restriçãode limite operacional de capital nível 1 estabelecida na Regulação Prudencial do BACEN.

contexto em conformidade com limite operacional de capital principal Um contextoem conformidade com limite operacional de capital no qual é obedecida a restrição delimite operacional de capital principal estabelecida na Regulação Prudencial do BACEN.

contexto em não conformidade com limite operacional de capital principal Um con-texto em não conformidade com limite operacional de capital no qual não é obedecida arestrição de limite operacional de capital principal estabelecida na Regulação Prudencialdo BACEN.

contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência Umcontexto em conformidade com limite operacional de capital no qual é obedecida a restriçãode limite operacional de patrimônio de referência estabelecida na Regulação Prudencialdo BACEN.

contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referên-cia Um contexto em não conformidade com limite operacional de capital no qual não éobedecida a restrição de limite operacional de patrimônio de referência estabelecida naRegulação Prudencial do BACEN.

contexto em conformidade com limite operacional de patrimônio de referência con-siderando a RBAN Um contexto em conformidade com limite operacional de capitalno qual é obedecida a restrição de limite operacional de patrimônio de referência somadaà parcela de exposição a risco da carteira banking (RBAN), estabelecida na RegulaçãoPrudencial do BACEN.

contexto em não conformidade com limite operacional de patrimônio de referênciaconsiderando a RBAN Um contexto em não conformidade com limite operacional decapital no qual não é obedecida a restrição de limite operacional de patrimônio de referên-cia somada à parcela de exposição a risco da carteira banking (RBAN), estabelecida naRegulação Prudencial do BACEN.

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Foundations/CapitalCompliance/.

83

Page 96: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

1 / 1

disjuntos

disjuntos

disjuntos

disjuntos

contexto de governança de

sistema financeiro

contexto emnão conformidade

com limiteoperacionalde capital

contexto em conformidade

com limite operacionalde capital

contexto emconformidade

com limiteoperacionalde capital

nível 1

contexto emconformidade

com limiteoperacionalde capitalprincipal

contexto emconformidade

com limiteoperacional depatrimônio de

referência

contexto emconformidade

com limiteoperacional depatrimônio de

referênciaconsiderando

a RBAN

contexto emnão conformidade

com limiteoperacionalde capital

nível 1

contexto emnão conformidade

com limiteoperacionalde capitalprincipal

contexto em

não conformidadecom limite

operacional depatrimônio de

referência

contexto emnão conformidade

com limiteoperacional depatrimônio de

referênciaconsiderando

a RBAN

contexto em nãoconformidade comlimite operacional

devido principalmenteao risco da carteira

banking

contexto em nãoconformidade comlimite operacional

devidoprincipalmente

ao riscode crédito

contexto em nãoconformidade comlimite operacional

devidoprincipalmente

ao riscode mercado

contexto em nãoconformidade comlimite operacional

devidoprincipalmente

ao riscooperacional

Figura B.4: Ontologia Adequação de Capital

Note que, conforme mostrado na Figura B.4, estas oito classificações são disjuntas duas aduas, pois um único contexto de governança de sistema financeiro não pode estar em “confor-midade” e em “não conformidade” a um limite específico de capital.

Por fim, são relevantes as definições de quatro classificações adicionais, derivadas de contextoem não conformidade com limite operacional de capital, que consideram o principal tipo de riscorelacionado à decorrência de não conformidade de limites operacionais de capital, conformeapresentadas a seguir:

contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente aorisco da carteira banking Um contexto em não conformidade com limite operacionalde capital, no qual a parcela de exposição â risco devido a carteira banking é maior do queexposições devido ao risco de crédito, mercado ou operacional.

contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente aorisco de crédito Um contexto em não conformidade com limite operacional de capital,no qual a parcela de exposição â risco de crédito é maior do que exposições devido ao riscode mercado, operacional ou da carteira banking.

contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente aorisco de mercado Um contexto em não conformidade com limite operacional de capital,no qual a parcela de exposição â risco de mercado é maior do que exposições devido aorisco de crédito, operacional ou da carteira banking.

contexto em não conformidade com limite operacional devido principalmente aorisco operacional Um contexto em não conformidade com limite operacional de capital,no qual a parcela de exposição â risco operacional é maior do que exposições devido aorisco de crédito, mercado ou da carteira banking.

84

Page 97: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.1.6 Ontologia Indivíduos Base

Na ontologia Indivíduos Base1 são definidos indivíduos das classes pertencentes ao móduloBase. A maioria representa fatores numéricos definidos na Regulação Prudencial do BACEN,porém alguns casos tratam da instanciação de contextos de governança de sistema financeiro (esuas respectivas autoridades monetárias e instituições financeiras). Estes últimos serão omitidosneste Apêndice, pois se tratam de exemplos ilustrados em maior nível de detalhe no Capítulo 6.

Na Tabela B.1, são descritas as instâncias relevantes para este Apêndice, presentes na ontolo-gia Indivíduos Base. Nela constam várias definições utilizadas por outros módulos da OntoBacen,mas principalmente RWA, responsável pela conceitualização das abordagens para gestão de ris-cos de crédito, mercado, operacional e da carteira banking. Recomenda-se a leitura da Seção B.3antes de se atentar ao detalhamento dos conceitos nela contidas.

Tabela B.1: Indivíduos da ontologia Indivíduos Base

Nome Tipo Descrição

beta administração ati-vos

fator da abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Admi-nistração de Ativos” da abordagem alterna-tiva padronizada de gestão de risco operaci-onal (valor decimal 0,12)

beta agente financeiro fator da abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Serviçosde Agente Financeiro” da abordagem alterna-tiva padronizada de gestão de risco operacio-nal (valor decimal 0,15)

beta comercial fator da abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Comer-cial” da abordagem alternativa padronizadade gestão de risco operacional (valor decimal0,15)

beta corretagem varejo fator da abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Correta-gem de Varejo” da abordagem alternativa pa-dronizada de gestão de risco operacional (valordecimal 0,12)

beta finanças corporati-vas

fator da abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “FinançasCorporativas” da abordagem alternativa pa-dronizada de gestão de risco operacional (valordecimal 0,18)

beta indicador básico fator do indicador bá-sico

Ponderador para a abordagem do indicadorbásico de gestão de risco operacional (valor de-cimal 0,15)

beta negociação/vendas fator da abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Negoci-ação e Vendas” da abordagem alternativa pa-dronizada de gestão de risco operacional (valordecimal 0,18)

beta outras linhas de ne-gócio

fator da abordagemsimplificada

Ponderador para a linha de negócio “Outraslinhas de negócio” da abordagem alternativasimplificada de gestão de risco operacional (va-lor decimal 0,18)

beta pagamentos/liqui-dações

fator do abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Paga-mentos e Liquidações” da abordagem alterna-tiva padronizada de gestão de risco operacio-nal (valor decimal 0,18)

beta varejo fator do abordagempadronizada

Ponderador para a linha de negócio “Varejo”da abordagem alternativa padronizada de ges-tão de risco operacional (valor decimal 0,12)

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/BaseIndividuals/.

85

Page 98: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

Tabela B.1: Indivíduos da ontologia Indivíduos Base

Nome Tipo Descrição

beta varejo/comercial fator do abordagemsimplificada

Ponderador para a linha de negócio “Varejo/-Comercial” da abordagem alternativa simplifi-cada de gestão de risco operacional (valor de-cimal 0,15)

fator 3 fator constante valor decimal 3,0fator 0 fator constante valor decimal 0,0fator 1/3 fator inverso Fator inverso de “fator 3”fator requerimento decapital nível 1 (2014 eanterior)

fator de requerimentode capital nivel 1

Fator de requerimento mínimo de capital nível1 em função do RWA, válido entre outubro de2013 e dezembro de 2014 (valor decimal 0,055)

fator requerimento decapital nível 1 (2015 emdiante)

fator de requerimentode capital nivel 1

Fator de requerimento mínimo de capital nível1 em função do RWA, válido a partir de janeirode 2015 (valor decimal 0,06)

fator requerimentode capital principal(Out2013 em diante)

fator de requerimentode capital principal

Fator de requerimento mínimo de capital prin-cipal em função do RWA, válido a partir deoutubro de 2013 (valor decimal 0,045)

fator requerimento depatrimônio de referênciaF (2015 e anterior)

fator de requerimentode patrimônio de refe-rência

Fator de requerimento mínimo de patrimôniode referência em função do RWA, válido atédezembro de 2015 (valor decimal 0,11)

fator requerimento depatrimônio de referênciaF (2016)

fator de requerimentode patrimônio de refe-rência

Fator de requerimento mínimo de patrimôniode referência em função do RWA, válido dejaneiro de 2016 a dezembro de 2016 (valor de-cimal 0,09875)

fator requerimento depatrimônio de referênciaF (2017)

fator de requerimentode patrimônio de refe-rência

Fator de requerimento mínimo de patrimôniode referência em função do RWA, válido dejaneiro de 2017 a dezembro de 2017 (valor de-cimal 0,0925)

fator requerimento depatrimônio de referênciaF (2018)

fator de requerimentode patrimônio de refe-rência

Fator de requerimento mínimo de patrimôniode referência em função do RWA, válido dejaneiro de 2018 a dezembro de 2018 (valor de-cimal 0,08625)

fator requerimento depatrimônio de referênciaF (2019 em diante)

fator de requerimentode patrimônio de refe-rência

Fator de requerimento mínimo de patrimôniode referência em função do RWA, válido a par-tir de janeiro de 2019 (valor decimal 0,08)

fator S (antes de 1 ano)fator de transicao demodelo de risco decrédito

Barreira que representa a razão mínima entrea abordagem interna com relação a abordagempadronizada, para gestão de risco de crédito,no primeiro ano a partir da data de transiçãode abordagem para gestão de risco de crédito(valor decimal 0,9)

fator S (após 1 ano)fator de transicao demodelo de risco decrédito

Barreira que representa a razão mínima entrea abordagem interna com relação a abordagempadronizada, para gestão de risco de crédito,no segundo ano em diante, a partir da data detransição de abordagem para gestão risco decrédito (valor decimal 0,8)

fator Sm (antes de 1ano)

fator de transicao demodelo de risco demercado

Barreira que representa a razão mínima entrea abordagem interna com relação a abordagempadronizada, para gestão de risco de mercado,no primeiro ano a partir da data de transiçãode abordagem para gestão de risco de mercado(valor decimal 0,9)

86

Page 99: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

Tabela B.1: Indivíduos da ontologia Indivíduos Base

Nome Tipo Descrição

fator Sm (após 1 ano)fator de transicao demodelo de risco demercado

Barreira que representa a razão mínima entrea abordagem interna com relação a abordagempadronizada, para gestão de risco de mercado,no segundo ano em diante, a partir da data detransição de abordagem para gestão risco demercado (valor decimal 0,8)

fator So (antes de 1 ano)fator de transicao demodelo de risco ope-racional

Barreira que representa a razão mínima entrea abordagem interna com relação a abordagempadronizada, para gestão de risco operacional,no primeiro ano a partir da data de transiçãode abordagem para gestão de risco operacional(valor decimal 0,9)

fator So (após 1 ano)fator de transicao demodelo de risco ope-racional

Barreira que representa a razão mínima entrea abordagem interna com relação a abordagempadronizada, para gestão de risco operacional,no segundo ano em diante, a partir da data detransição de abordagem para gestão de riscooperacional (valor decimal 0,8)

inverso do fator F (2015e anterior) inverso de fator Fator inverso de “fator requerimento de pa-

trimônio de referência F (2015 e anterior)”inverso do fator F(2016) inverso de fator Fator inverso de “fator requerimento de pa-

trimônio de referência F (2016)”inverso do fator F(2017) inverso de fator Fator inverso de “fator requerimento de pa-

trimônio de referência F (2017)”inverso do fator F(2018) inverso de fator Fator inverso de “fator requerimento de pa-

trimônio de referência F (2018)”inverso do fator F (2019em diante) inverso de fator Fator inverso de “fator requerimento de pa-

trimônio de referência F (2019 em diante)”

87

Page 100: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.2 Módulo Capital

O módulo Capital é composto por quatro ontologias, responsáveis pelas definições de capi-tal, como especializações do conceito definição de capital contextualizado apresentada na seçãoanterior, sendo elas: Nível 1 Principal1, Nível 1 Complementar2, Nível 23, Limite de Imobilização4.Cada uma delas define apenas os conceitos mais gerais ao subdomínio a que estão relacionadas,tratando-se de protótipos incompletos, levando-se em conta seu baixo nível de detalhe.

2 / 2

capitalprincipal

capitalcomplementar

capitalnível 2

capitaldestacado

paraoperações

com o setorpúblico

excesso dosrecursos

aplicados noativo

permanente

definiçãode capitalcontextua-

lizada

Nível 1 Principal Nível 1 Complementar

Nível 2 Limite de Imobilização

Figura B.5: Ontologias do Módulo Capital

Conforme mostrado na Figura B.5, são definidos os seguintes conceitos:

capital principal Uma definição de capital contextualizada, composta principalmente do pa-trimônio líquido e das reservas de capital integralizadas no balanço patrimonial da IFassociada ao contexto em questão.

capital complementar Uma definição de capital contextualizada, composta de ações preferen-ciais não-resgatáveis e não-cumulativas, dentre outros instrumentos de capital financeiroelegíveis à esta definição, emitidos pela IF associada ao contexto em questão.

capital nível 2 Uma definição de capital contextualizada, composta principalmente de títulosde dívida subordinada, instrumentos híbridos de capital e dívida, reavaliações de reservas eprovisões de recursos, dentre outros instrumentos financeiros de capital ou dívida, emitidospela IF associada ao contexto em questão.

excesso de recursos aplicados no ativo permanente Uma definição de capital contextua-lizada, correspondente ao valor do eventual excesso de recursos aplicados no Ativo Perma-nente, considerando os limites estabelecidos nos artigos 3o e 4o da Resolução 2.283/96 doBACEN, com relação ao balanço patrimonial da IF associada ao contexto em questão.

capital destacado para operações com o setor público Uma definição de capital contex-tualizada, correspondente a valor definido pelo BACEN para composição de conta cujosrecursos são destinados exclusivamente a aplicações em operações de crédito com órgãos eentidades do setor público, aplicada à IF associada ao contexto em questão.

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Capital/Tier1Core/.2Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Capital/Tier1Complementary/.3Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Capital/Tier2/.4Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/Capital/PermanentLimit/.

88

Page 101: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.3 Módulo RWA

O módulo RWA é composto pelas seguintes ontologias:

Risco de Crédito Define os ativos ponderados pelo risco (RWA) de crédito, em função de suascomponentes e regras de negócio.

Risco de Mercado Define os ativos ponderados pelo risco (RWA) de mercado, em função desuas componentes e regras de negócio.

Risco Operacional Define os ativos ponderados pelo risco (RWA) operacional, em função desuas componentes e regras de negócio.

Risco Banking Define a parcela RBAN, que representa o risco associado às operações dacarteira banking.

Nas subseções seguintes, a semântica de cada uma das ontologias mencionadas anteriormenteserá detalhada ao nível da definição de seus conceitos e propriedades.

89

Page 102: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.3.1 Ontologia Risco de Mercado

A ontologia Risco de Mercado1 define os conceitos gerais para ativos ponderados pelo riscode mercado, além de suas possíveis classificações, tais como:

rwa para risco de mercado Definição de abordagem para apuração dos ativos ponderadospelo risco de mercado, sendo portanto, passível de reporte ao BACEN.

rwa para risco de mercado reportado O rwa para risco de mercado escolhido pela IF parareporte ao BACEN, no contexto em que está inserido.

rwampad Um rwa para risco de mercado, apurado pela abordagem padronizada definida naRegulação Prudencial do BACEN.

rwamint considerando fator Sm Um rwa para risco de mercado, apurado pela abordageminterna, considerando barreira de valor mínimo com relação à abordagem padronizada.

1 / 1

é compostopor

é compostopor

é compostopor

é compostopor

é compostopor

é compostopor

é compostopor

é compostopor

é compostopor

rwajur1

é derivadodo máximo de

é derivadodo máximo de

é derivadodo produto de

é derivadodo produto de

fator detransição demodelo de

risco demercado

rwampadconsiderando

fator Sm

rwampad

rwamint rwamint

considerandofator Sm

rwa pararisco demercadoreportado

rwa pararisco demercado

ativoponderadocontextua-

lizado

componentedo rwa

para riscode mercado

rwajur2

rwajur3

rwajur4

rwaacs

rwacam

rwacom

rwa pararisco de mer-cado apurado

segundomodelointerno

rwamintadicional calcu-lado segundomodelo padro-

nizado

Figura B.6: Ontologia Risco de Mercado

Para melhor entender o último conceito definido anteriormente, fazem-se necessárias as se-guintes definições adicionais:

rwamint Valor apurado para ativos ponderados pelo risco de mercado, de acordo com aborda-gem interna proposta pela IF, aderente às normas para utilização de abordagens internasda Regulação Prudencial do BACEN.

rwampad considerando fator Sm Valor da rwampad (abordagem padronizada), ponderadopor fator de transição de modelo de risco de mercado (fator Sm).

Sendo assim, o conceito rwamint considerando fator Sm pode ser também definido como ovalor máximo entre o valor apurado pela abordagem interna, rwamint, e o valor apurado pelaabordagem padronizada (rwampad) devidamente ponderado pelo fator Sm válido no contextoem que está inserido.

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/RWA/MarketRisk/.

90

Page 103: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

Adicionalmente, definiremos as componentes constantes em cada uma das abordagens apre-sentadas anteriormente (padronizada e interna), como especializações da seguinte definição:

componente do rwa para risco de mercado Definição de ativo ponderado contextualizado,necessária para a conceitualização de abordagem para apuração dos ativos ponderadospelo risco de mercado.

Sendo estas componentes:

rwaacs Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições sujeitas à variação dopreço de ações, calculado mediante abordagem padronizada para risco de mercado, emconformidade com a Circular 3.638/13 do BACEN.

rwacam Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições à variação do preço doouro, de moedas estrangeiras e de ativos sujeitos à variação cambial, calculado medianteabordagem padronizada em conformidade com a Circular 3.641/13 do BACEN.

rwacom Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições sujeitas à variação dospreços de mercadorias (commodities), calculado mediante abordagem padronizada pararisco de mercado, em conformidade com a Circular 3.639/13 do BACEN.

rwajur1 Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições sujeitas à variação de taxasde juros prefixadas denominadas em real, calculado mediante abordagem padronizada emconformidade com a Circular 3.634/13 do BACEN.

rwajur2 Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições sujeitas à variação dataxa dos cupons de moedas estrangeiras, calculado mediante abordagem padronizada emconformidade com a Circular 3.635/13 do BACEN.

rwajur3 Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições sujeitas à variação detaxas dos cupons de índices de preços, calculado mediante abordagem padronizada emconformidade com a Circular 3.636/13 do BACEN.

rwajur4 Valor dos ativos ponderados pelo risco devido às exposições sujeitas à variação de taxasdos cupons de taxas de juros, calculado mediante abordagem padronizada em conformidadecom a Circular 3.637/13 do BACEN.

rwa para risco de mercado apurado segundo modelo interno Valor dos ativos pondera-dos pelo risco de mercado, calculado mediante abordagem interna, em conformidade coma Circular 3.646/13 do BACEN.

rwamint adicional calculado segundo modelo padronizado Valor calculado pelas IFsautorizadas a utilizar abordagem interna de risco de mercado, associado às exposiçõesconsideradas irrelevantes a determinados fatores de risco, tal como disposto no artigosexto, incisos segundo e terceiro da Circular 3.646/13 do BACEN.

91

Page 104: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.3.2 Ontologia Risco de Crédito

A ontologia Risco de Crédito1 define os conceitos gerais para ativos ponderados pelo risco decrédito, em função de suas componentes e conceitos derivados, sendo neste sentido análoga àontologia apresentada anteriormente, porém aplicada a um diferente escopo. Exemplos de seusconceitos gerais são:

rwa para risco de crédito Definição de abordagem para apuração dos ativos ponderados pelorisco de crédito, sendo portanto, passível de reporte ao BACEN.

rwa para risco de crédito reportado O rwa para risco de crédito escolhido pela IF parareporte ao BACEN, no contexto em que está inserido.

rwacpad Um rwa para risco de crédito, apurado pela abordagem padronizada definida na Re-gulação Prudencial do BACEN.

rwacirb considerando fator S Um rwa para risco de crédito, apurado por abordagem interna,considerando barreira de valor mínimo com relação à abordagem padronizada.

Assim como no caso das abordagens para risco de mercado, para melhor definição de rwacirbconsiderando fator S, são necessárias definições adicionais:

rwacirb Valor apurado para ativos ponderados pelo risco de crédito, de acordo com aborda-gem baseada em ratings internos proposta pela IF, aderente às normas para utilização deabordagens internas da Regulação Prudencial do BACEN.

rwacpad considerando fator S Valor da rwacpad (abordagem padronizada), ponderado porfator de transição de modelo de risco de crédito (fator S ).

Desta maneira, por rwacirb considerando fator S entende-se o valor máximo entre o va-lor apurado pela abordagem interna, rwacirb, e o valor apurado pela abordagem padronizada(rwacpad) devidamente ponderado pelo fator S válido no contexto em que está inserido.

1 / 1

é derivadodo máximo de

é derivadodo máximo de

é derivadodo produto de

é derivadodo produto de

ativoponderadocontextua-

lizado

fator detransição demodelo de

risco decrédito

rwacpadconsiderando

fator S

rwacpad

rwacirb rwacirb

considerandofator S

rwa pararisco decrédito

reportado

rwa pararisco decrédito

componentedo rwa

para riscode crédito

rwacirbavançada

rwacirbbásica

rwacirbclassificação

interna

rwacirbfórmula

supervisor

rwacirbpg lgd

rwacirbsimplificada

rwacirbvar

componentesda rwacpad(omitidas do

diagrama,vide texto)

é compostopor

Figura B.7: Ontologia Risco de Crédito

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/RWA/CreditRisk/.

92

Page 105: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

Adicionalmente, definiremos as componentes de cada abordagem (padronizada e interna),como especializações da seguinte definição:

componente do rwa para risco de crédito Definição de ativo ponderado contextualizado,necessária para a conceitualização de abordagem para apuração dos ativos ponderadospelo risco de crédito.

Sendo as componentes da abordagem padronizada (rwacpad), omitidas na Figura B.7 e de-finidas conforme abaixo:

adiantamentos concedidos pela instituição Valor ponderado pelo risco dos adiantamentosconcedidos pela IF, tais como adiantamentos em moeda estrangeira, contratos de câmbio,dentre outros.

ajuste para derivativos decorrente da variação da qualidade creditícia da contraparteValor apurado de acordo com metodologia prevista no artigo 35 da Circular 3.644/13 doBACEN, representante do risco inerente à variação da qualidade creditícia da contraparte,também conhecido como CVA.

aplicações interfinanceiras de liquidez Valor ponderado pelo risco dos empréstimos reali-zados entre IFs para garantia da liquidez, viabilizando a execução de suas operações.

crédito a liberar em 360 dias Valor ponderado pelo risco dos compromissos de concessão decrédito, em até 360 dias, assumidos com o Tesouro Nacional, BACEN, entidades multila-terais de desenvolvimento (EMD), varejo, dentre outros.

creditos tributários Valor contábil registrado em conta especifica do Ativo Circulante e Rea-lizável a Longo Prazo, representativo de créditos tributários de impostos e contribuições.

disponibilidades Valor ponderado pelo risco, dos recursos disponíveis em caixa, via depósitosbancários, depósitos no BACEN e reservas mantidas em espécie.

garantias prestadas Valor ponderado pelo risco, referente a garantias prestadas (avais, fiançase coobrigações).

limite de crédito não cancelável Valor ponderado pelo risco da exposição relativa aos limitesde crédito não canceláveis e incondicionais, oferecidos pela instituição.

operações a liquidar de compra de moedas estrangeiras, ouro ou de titulos e valoresmobiliarios no mercado à vista Valor ponderado pelo risco, referente às exposiçõesassociadas às compras de ouro, títulos e valores mobiliários no mercado à vista.

operações a liquidar de venda de moedas estrangeiras, ouro ou de titulos e valoresmobiliarios no mercado à vista Valor ponderado pelo risco, referente às exposiçõesassociadas às vendas de ouro, títulos e valores mobiliários no mercado à vista.

operações de arrendamento mercantil Valor ponderado pelo risco, das operações de arren-damento mercantil, sejam elas de natureza financeira ou operacional, e com característicasde varejo ou atacado.

operações de crédito Valor ponderado pelo risco de empréstimos de natureza variada, conside-rando ponderadores de acordo com as características de cada operação. São contempladasneste conceito as operações de crédito com o Tesouro Nacional, BACEN, IFs, financia-mentos imobiliários e de veículos, governos centrais estrangeiros, IFs estrangeiras, varejo,crédito consignado, financiamentos em moedas estrangeiras, dentre outras.

operações de empréstimos de ativos Valor ponderado pelo risco, referente às operações deempréstimos de ativos, tais como empréstimo de ações, títulos e ouro.

93

Page 106: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

outros direitos Valor ponderado pelo risco, de ouro na forma de ativo financeiro ou instru-mento cambial, operações a liquidar de câmbio, adiantamentos ao FGC, dentre outrosadiantamentos e direitos.

outros valores e bens Valor contábil ponderado pelo risco, representado em conta homônimado Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo.

participações em fundos de garantia de câmaras de compensação ou liquidação Valorponderado pelo risco, relativo às exposições associadas à participação em fundos de garan-tia de liquidação, dentre outros serviços de compensação e de liquidação mencionados noartigo 20 da Circular 3.644/13 do BACEN.

permanente Valor ponderado pelo risco, representante das aplicações no ativo permanente.

relações interfinanceiras Valor ponderado pelo risco, relativo às exposições de operações derelações interfinanceiras, tais como créditos vinculados com o BACEN, depósitos efetuadosem cooperativas centrais, repasses efetuados por cooperativas e outras IFs, dentre outros.

títulos e valores mobiliários e instrumentos financeiros derivativos Valor ponderadopelo risco, associado às exposições de títulos e valores mobiliários emitidos pelo TesouroNacional, EMDs, IFs, governos centrais de países estrangeiros, dentre outros títulos evalores mobiliários.

valores a serem deduzidos do rwacpad Valores a serem deduzidos do rwacpad, de naturezavariável, ponderados pelos seus respectivos níveis de exposição ao risco de crédito.

Por fim, a abordagem interna para cálculo das exposições ao risco de crédito, rwacirb, podeser implementada de diversas formas, orientada a um dos tipos de abordagens pré-definidos naRegulação Prudencial do BACEN. Dado isto, são definidos nesta ontologia conceitos adicionaispara contemplar estes diferentes modelos:

rwacirb avançada Abordagem IRB avançada de que trata o artigo sexto da Circular 3.648/13.

rwacirb básica Abordagem IRB básica de que trata o artigo sexto da Circular 3.648/13.

rwacirb classificação interna Abordagem baseada em classificação interna (RBA) de quetrata o artigo sexto da Circular 3.648/13.

rwacirb fórmula supervisor Abordagem da fórmula do supervisor (SF) de que trata o artigosexto da Circular 3.648/13.

rwacirb pg lgd Abordagem PG/LGD de que trata o artigo sexto da Circular 3.648/13.

rwacirb simplificada Abordagem simplificada de que trata o artigo sexto da Circular 3.648/13.

rwacirb var Abordagem VaR de que trata o artigo sexto da Circular 3.648/13.

94

Page 107: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.3.3 Ontologia Risco Operacional

A ontologia Risco Operacional1 define os conceitos gerais para ativos ponderados pelo riscooperacional, além de detalhar cada uma de suas diferentes abordagens, com base em seus con-ceitos e propriedades, se atentando principalmente às abordagens padronizadas. Diferentementedas ontologias Risco de Mercado e Risco de Crédito, esta ontologia define três abordagens padro-nizadas, apresentadas em detalhes posteriormente nesta subseção. Exemplos de seus conceitosgerais são:

rwa para risco operacional Definição de abordagem para apuração dos ativos ponderadospelo risco operacional, sendo portanto, passível de reporte ao BACEN.

rwa para risco operacional reportado O rwa para risco operacional escolhido pela IF parareporte ao BACEN, no contexto em que está inserido.

rwaopad Um rwa para risco operacional, apurado mediante uma das abordagens padronizadasdefinidas na Regulação Prudencial do BACEN e ponderada pelo inverso do fator F.

rwaoama considerando fator So Um rwa para risco operacional, apurado por abordageminterna, considerando barreira de valor mínimo com relação à abordagem padronizada.

De forma análoga a Risco de Crédito e Risco de Mercado, para melhor definição de rwaoamaconsiderando fator So, são necessárias definições adicionais:

rwaoama Valor apurado para ativos ponderados pelo risco operacional, de acordo com aborda-gem interna adotada pela IF, aderente às normas para utilização de abordagens internasda Regulação Prudencial do BACEN.

rwaopad considerando fator So Valor da rwaopad (abordagem padronizada), ponderadopor fator de transição de modelo de risco operacional (fator So).

Sendo assim, rwaoama considerando fator So é definido como o valor máximo entre o valorapurado pela abordagem interna, rwaoama, e o valor apurado pela abordagem padronizada(rwaopad) devidamente ponderado pelo fator So válido no contexto em que está inserido.

1 / 1

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Figura B.8: Ontologia Risco Operacional

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/RWA/OperationalRisk/.

95

Page 108: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

Para o detalhamento da abordagem padronizada, são necessárias as seguintes definições:

componente do rwa para risco operacional Definição de ativo ponderado contextualizado,necessária para a conceitualização de abordagem para apuração dos ativos ponderadospelo risco operacional.

rwaopad sem fator F Uma componente do rwa para risco operacional, obtida mediante aplica-ção de abordagem padronizada para cálculo dos ativos ponderados pelo risco operacional,desconsiderando a ponderação pelo fator de requerimento de patrimônio de referência F.

rwaopad indicador básico Uma rwaopad sem fator F, obtida mediante aplicação da aborda-gem do indicador básico para cálculo dos ativos ponderados pelo risco operacional.

rwaopad alternativa simplificada Uma rwaopad sem fator F, obtida mediante aplicação daabordagem alternativa simplificada para cálculo dos ativos ponderados pelo risco operaci-onal.

rwaopad alternativa padronizada Uma rwaopad sem fator F, obtida mediante aplicação daabordagem alternativa padronizada para cálculo dos ativos ponderados pelo risco opera-cional.

Abordagem do Indicador Básico

A primeira das abordagens padronizadas para cálculo dos ativos ponderados pelo risco ope-racional é a abordagem do indicador básico. Para sua conceitualização, é necessária a avaliaçãodo produto dos seguintes conceitos:

fator do indicador básico Um fator constante, definido na ontologia Indivíduos Base.

inverso número períodos rwaopad indicador básico Inverso de número períodos rwaopadindicador básico, que por sua vez é um fator dependente de contexto, representando aquantidade de períodos bissemestrais utilizados para a apuração do indicador básico, sendoeste limitado entre os valores inteiros de 1 a 3.

indicador básico Um componente rwaopad indicador básico, apurado mediante dados contábeis(receitas, custos e resultado) divulgados nos balanços da IF associada, considerando até trêsperíodos bissemestrais anteriores ao semestre no qual seu contexto está inserido, podendoser avaliado a partir de apenas um período semestral anterior em casos de ausência deinformação.

1 / 1

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Figura B.9: Ontologia Risco Operacional: Abordagem do Indicador Básico

Para melhor compreensão do conceito indicador básico, são relevantes as seguintes definiçõesadicionais:

96

Page 109: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

componente rwaopad indicador básico Um componente do rwa para risco operacional,necessária para a conceitualização de abordagem padronizada baseada no indicador básicopara apuração dos ativos ponderados pelo risco operacional.

indicador exposição t menos X Um componente rwaopad indicador básico, apurado mediantedados contábeis (receitas, custos e resultado) divulgados nos balanços da IF associada,considerando o X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em queestá inserido (sendo possíveis os valores de X iguais a 1, 2 ou 3).

indicador exposição ponderado Um componente rwaopad indicador básico, derivado de va-lores não-negativos de um indicador exposição t menos X, ou simplesmente zero, caso oindicador exposição t menos X associado seja representado por valor monetário negativo.

indicador exposição ponderado t menos X Um indicador exposição ponderado, derivadoa partir do X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que estáinserido (sendo possíveis os valores de X iguais a 1, 2 ou 3).

De forma resumida, o indicador exposição pode ser entendido como a composição (soma)de 1 a 3 indicador exposição t menos X, dentre aqueles que assumem valores monetários não-negativos, ou analogamnte à composição de 1 a 3 indicador exposição ponderado t menos X.

Para maiores detalhes acerca da apuração de indicador exposição t menos X, em função dascomponentes do balanço de uma IF, sugere-se a leitura da Circular 3.640/13 do BACEN.

Abordagem Alternativa Simplificada

A segunda das abordagens padronizadas para cálculo dos ativos ponderados pelo risco opera-cional é a abordagem alternativa simplificada. Para sua conceitualização, é necessária a avaliaçãodo produto de:

inverso de fator (fator 3) Um inverso de fator, cujo fator associado é o fator constante 3(tratando-se do fator 3 definido na ontologia Indivíduos Base).

ie simplificada Um componente rwaopad alternativa simplificada, apurado mediante dadoscontábeis (receitas, custos e resultado) da IF associada, considerando os 3 períodos bisse-mestrais imediatamente anteriores ao semestre do contexto em que está inserido.

1 / 2

é composto por

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Figura B.10: Ontologia Risco Operacional: Abordagem Alternativa Simplificada

Para melhor compreensão do conceito ie simplificada, são relevantes as seguintes definiçõesadicionais:

componente rwaopad alternativa simplificada Um componente do rwa para risco ope-racional, necessário para a conceitualização de abordagem alternativa simplificada paraapuração dos ativos ponderados pelo risco operacional.

97

Page 110: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

ie simplificada t menos X Um componente rwaopad alternativa simplificada, apurado medi-ante dados contábeis (receitas, custos e resultado) da IF associada, considerando o X-ésimoperíodo de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido (sendo pos-síveis os valores de X iguais a 1, 2 ou 3).

ie ponderado simplificada Um componente rwaopad alternativa simplificada, classe comumentre os índices de exposição ponderados (t menos 1, 2 e 3), da abordagem alternativasimplificada.

ie ponderado simplificada t menos X Um ie ponderado simplificada, derivado a partir doX-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido(sendo possíveis os valores de X iguais a 1, 2 ou 3).

Diferentemente da abordagem do indicador básico, o conceito de ie simplificada t menos Xconsidera uma subdivisão por linha de negócio. Sendo assim, as receitas e custos da IF sãoavaliados para cada área individualmente, e por fim, ocorre a composição dos índices calculadospor área, dando origem ao índice geral de exposição (neste caso, ie simplificada t menos X ). AFigura B.11 ilustra tal decomposição, introduzindo os seguintes conceitos:

2 / 2

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fatorda abordagemsimplificada(beta demais

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Figura B.11: Detalhamento da Abordagem Alternativa Simplificada para Risco Operacional

iae simplificada varejo e comercial t menos X Um componente do rwa para risco opera-cional, associado às exposições provenientes das linhas de negócio “varejo” e “comercial”,referente ao X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que estáinserido.

ie simplificada demais linhas de negócio t menos X Um componente do rwa para riscooperacional, associado às exposições provenientes de quaisquer linhas de negócio, comexceção de “varejo” e “comercial”, referente ao X-ésimo período de 2 semestres anterior aosemestre do contexto em que está inserido.

iae ponderado simplificada varejo e comercial t menos X Um componente do rwa pararisco operacional, obtido a partir da ponderação de iae simplificada varejo e comercial tmenos X por um fator da abordagem simplificada, mais especificamente o fator beta varejoe comercial definido na ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado simplificada demais linhas de negócio t menos X Um componente do rwapara risco operacional, obtido a partir da ponderação de ie simplificada demais linhas denegócio t menos X por um fator da abordagem simplificada, mais especificamente o fatorbeta demais linhas de negócio definido na ontologia Indivíduos Base.

98

Page 111: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

Abordagem Alternativa Padronizada

A terceira e última das abordagens padronizadas para cálculo dos ativos ponderados pelo riscooperacional é a abordagem alternativa padronizada. Para sua conceitualização, é necessária aavaliação do produto de:

inverso de fator (fator 3) Um inverso de fator, cujo fator associado é o fator constante 3(tratando-se do fator 3 definido na ontologia Indivíduos Base).

ie padronizada Um componente rwaopad alternativa padronizada, apurado mediante dadoscontábeis (receitas, custos e resultado) da IF associada, considerando os 3 períodos bisse-mestrais imediatamente anteriores ao semestre do contexto em que está inserido.

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alternativa

padronizada

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padronizada

t menos

X

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(fator 3)

Figura B.12: Ontologia Risco Operacional: Abordagem Alternativa Padronizada

Para melhor compreensão do conceito ie padronizada, são relevantes as seguintes definiçõesadicionais:

componente rwaopad alternativa padronizada Um componente do rwa para risco ope-racional, necessário para a conceitualização de abordagem alternativa padronizada paraapuração dos ativos ponderados pelo risco operacional.

ie padronizada t menos X Um componente rwaopad alternativa padronizada, apurado medi-ante dados contábeis (receitas, custos e resultado) da IF associada, considerando o X-ésimoperíodo de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido (sendo pos-síveis os valores de X iguais a 1, 2 ou 3).

ie ponderado padronizada Um componente rwaopad alternativa padronizada, classe comumentre os índices de exposição ponderados (t menos 1, 2 e 3), da abordagem alternativapadronizada.

ie ponderado padronizada t menos X Um ie ponderado padronizada, derivado a partir doX-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido(sendo possíveis os valores de X iguais a 1, 2 ou 3).

A abordagem alternativa padronizada adota uma subdivisão por linha de negócio, assim comoa abordagem alternativa simplificada. Sendo assim, as receitas e custos da IF são avaliados paracada área individualmente, e por fim, ocorre a composição dos índices calculados por área, dandoorigem ao índice geral de exposição (neste caso, ie padronizada t menos X ).

A diferença entre elas está no fato de que a classificação das áreas de negócio na abordagemalternativa padronizada tem um maior nível de detalhe, sendo composta por oito áreas especia-lizadas, ao invés das duas grandes áreas consideradas na abordagem alternativa simplificada. AFigura B.13 ilustra tal decomposição, introduzindo os seguintes conceitos:

99

Page 112: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

2 / 2

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Page 113: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

iae padronizada varejo t menos X Um componente do rwa para risco operacional, associadoàs exposições provenientes da linha de negócio “varejo”, referente ao X-ésimo período de 2semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido.

iae padronizada comercial t menos X Um componente do rwa para risco operacional, as-sociado às exposições provenientes da linha de negócio “comercial”, referente ao X-ésimoperíodo de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido.

ie padronizada finanças corporativas t menos X Um componente do rwa para risco ope-racional, associado às exposições provenientes da linha de negócio “finanças corporativas”,referente ao X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que estáinserido.

ie padronizada negociação e vendas t menos X Um componente do rwa para risco ope-racional, associado às exposições provenientes da linha de negócio “negociação e vendas”,referente ao X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que estáinserido.

ie padronizada pagamentos e liquidações t menos X Um componente do rwa para riscooperacional, associado às exposições provenientes da linha de negócio “pagamentos e liqui-dações”, referente ao X-ésimo período 2 semestres anterior ao semestre do contexto em queestá inserido.

ie padronizada agente financeiro t menos X Um componente do rwa para risco operacional,associado às exposições provenientes da linha de negócio “agente financeiro”, referente aoX-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que está inserido.

ie padronizada administração de ativos t menos X Um componente do rwa para riscooperacional, associado às exposições provenientes da linha de negócio “administração deativos”, referente ao X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto emque está inserido.

ie padronizada corretagem de varejo t menos X Um componente do rwa para risco ope-racional, associado às exposições provenientes da linha de negócio “corretagem de varejo”,referente ao X-ésimo período de 2 semestres anterior ao semestre do contexto em que estáinserido.

iae ponderado padronizada varejo t menos X Um componente do rwa para risco opera-cional, obtido a partir da ponderação de iae padronizada varejo t menos X por um fatorda abordagem padronizada, mais especificamente o fator beta varejo definido na ontologiaIndivíduos Base.

iae ponderado padronizada comercial t menos X Um componente do rwa para riscooperacional, obtido a partir da ponderação de iae padronizada comercial t menos X porum fator da abordagem padronizada, mais especificamente o fator beta comercial definidona ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado padronizada finanças corporativas t menos X Um componente do rwa pararisco operacional, obtido a partir da ponderação de ie padronizada finanças corporativast menos X por um fator da abordagem padronizada, mais especificamente o fator betafinanças corporativas definido na ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado padronizada negociação e vendas t menos X Um componente do rwa pararisco operacional, obtido a partir da ponderação de ie padronizada negociação e vendast menos X por um fator da abordagem padronizada, mais especificamente o fator betanegociação e vendas definido na ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado padronizada pagamentos e liquidações t menos X Um componente do

101

Page 114: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

rwa para risco operacional, obtido a partir da ponderação de ie padronizada pagamentose liquidações t menos X por um fator da abordagem padronizada, mais especificamente ofator beta pagamentos e liquidações definido na ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado padronizada agente financeiro t menos X Um componente do rwa para riscooperacional, obtido a partir da ponderação de ie padronizada agente financeiro t menos Xpor um fator da abordagem padronizada, mais especificamente o fator beta agente financeirodefinido na ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado padronizada administração de ativos t menos X Um componente do rwapara risco operacional, obtido a partir da ponderação de ie padronizada administração deativos t menos X por um fator da abordagem padronizada, mais especificamente o fatorbeta administração de ativos definido na ontologia Indivíduos Base.

ie ponderado padronizada corretagem de varejo t menos X Um componente do rwapara risco operacional, obtido a partir da ponderação de ie padronizada corretagem devarejo t menos X por um fator da abordagem padronizada, mais especificamente o fatorbeta corretagem de varejo definido na ontologia Indivíduos Base.

Note que, apesar da variação no nível de complexidade entre as diferentes abordagens padro-nizadas apresentadas nesta seção, todas são baseadas em métricas derivadas de receitas e custosassociados às diferentes atividades que uma IF executa. A grande diferença está no detalhamentodestas métrica de acordo com o perfil de cada atividade.

102

Page 115: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.3.4 Ontologia Risco Banking

O objetivo da ontologia Risco Banking1 é definir os conceitos relacionados às exposições ariscos devido às operações da carteira banking, e sua consequente gestão. Porém, no momentode escrita, esta se apresenta na forma de um protótipo incompleto, contendo apenas o conceitomais geral deste subdomínio específico, sendo este definido como:

rwa para risco de operações da carteira banking (RBAN) São ativos ponderados pelorisco contextualizado, cujos riscos estão associados prinipalmente às volatilidades de taxasde juros, e cuja apuração é baseada em método próprio, aplicável às operações da carteirabanking (firmadas com compromisso de liquidação apenas no vencimento).

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/RWA/BankingRisk/.

103

Page 116: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

B.4 Módulo Requerimentos de Capital

Embora este módulo seja composto apenas por uma ontologia, Requerimentos de Capital1,ele é responsável pela integração dos principais conceitos das ontologias apresentadas nas seçõesanteriores, viabilizando a verificação de aderência à Regulação Prudencial do BACEN.

Nele estão incluídas duas definições adicionais de capital, ambas utilizadas para verificaçãodo limite operacional de IFs do SFN, juntamente ao capital principal (já definido no móduloCapital), sendo elas:

capital nível 1 Uma definição de capital contextualizada, dada pela composição do capitalprincipal e do capital complementar, no contexto em que está inserida.

patrimônio de referência Uma definição de capital contextualizada, dada pela composição docapital nível 1 e do capital nível 2, no contexto em que está inserida.

O conceito geral para ativos ponderados pelo risco também se faz presente e é definido como:

rwa Uma conceitualização de ativos ponderados contextualizados, dada pela composição do rwapara risco de mercado reportado, rwa para risco de crédito reportado e rwa para riscooperacional reportado, todos incluídos no mesmo contexto.

A partir do rwa, é possível determinar as restrições mínimas de capital para cada definiçãorelevante, dando origem aos conceitos abaixo:

capital principal mínimo requerido para rwa Valor monetário mínimo requerido de capitalprincipal para estar de acordo com as restrições definidas na Regulação Prudencial doBACEN. Obtido a partir da ponderação do rwa pelo fator de requerimento de capitalprincipal válido para o contexto em questão.

capital nível 1 mínimo requerido para rwa Valor monetário mínimo requerido de capitalnível 1 para estar de acordo com as restrições definidas na Regulação Prudencial do BA-CEN. Obtido a partir da ponderação do rwa pelo fator de requerimento de capital nível 1válido para o contexto em questão.

patrimônio de referência mínimo requerido para rwa Valor monetário mínimo requeridode patrimônio de referência para estar de acordo com as restrições definidas na RegulaçãoPrudencial do BACEN. Obtido a partir da ponderação do rwa pelo fator de requerimentode patrimônio de referência válido para o contexto em questão.

patrimônio de referência mínimo requerido para rwa e para rban Valor monetáriomínimo requerido de patrimônio de referência para estar de acordo com as restriçõesdefinidas na Regulação Prudencial do BACEN, considerando o rwa para risco de operaçõesda carteira banking (rban). Obtido a partir da composição do patrimônio de referênciamínimo requerido para rwa com a rban.

De posse dos mínimos de capital requerido, ainda são necessárias algumas deduções no mon-tante de capital disponível, visando sua posterior comparação entre o capital disponível e orequerido, fazendo necessárias as seguintes definições adicionais:

capital principal para comparação com o rwa Uma definição de capital contextualizada,obtida a partir do capital principal, deduzindo-se os valores correspondentes ao excesso dosrecursos aplicados no ativo permanente e ao capital destacado para operações com o setorpúblico, no contexto em questão.

capital nível 1 para comparação com o rwa Uma definição de capital contextualizada,obtida a partir do capital nível 1, deduzindo-se os valores correspondentes ao excesso dos

1Disponível em URI: http://fpolizel.esy.es/OntoBacen/CapitalRequirements/.

104

Page 117: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

recursos aplicados no ativo permanente e ao capital destacado para operações com o setorpúblico, no contexto em questão.

patrimônio de referência para comparação com o rwa Uma definição de capital contex-tualizada, obtida a partir do patrimônio de referência, deduzindo-se os valores correspon-dentes ao excesso dos recursos aplicados no ativo permanente e ao capital destacado paraoperações com o setor público, no contexto em questão.

1 / 1

é compostopor

é derivadodo produto de

é derivadodo produto de é composto

por

é compostopor

é composto por

é composto por

é reduzidopor

é compostopor

é compostopor

é composto por

é composto por

é reduzidopor

é reduzidopor

é compostopor

é composto por

é reduzidopor

é reduzidopor

é reduzido por

é reduzido por

é derivadodo produto de

é derivado do produto de

é derivadodo produto de

é derivadodo produto de

é compostopor

é reduzido por

é compostopor

é reduzido por

é compostopor

é compostopor

patrimôniode referência

mínimorequeridopara rwa

fator derequerimento de

patrimônio dereferência

rwa pararisco demercadoreportado

excesso dosrecursos

aplicados noativo

permanente

rwa

patrimôniode referência

patrimônio

de referênciapara compa-ração com o

rwa

margemsobre

patrimôniode referência

requerido

capitaldestacado

paraoperações

com o setorpúblico

capitalnível 1

capitalcomplementar

capitalprincipal

capitalnível 2

rwa pararisco decrédito

reportado

rwa pararisco

operacionalreportado

capitalnível 1

para compa-ração com o

rwa

capitalprincipal

para compa-ração com o

rwa

capitalnível 1mínimo

requeridopara rwa

capitalprincipalmínimo

requeridopara rwa

fator derequerimento de

capitalnível 1

fator derequerimento de

capitalprincipal

margemsobre capital

principalrequerido

margemsobre capital

nível 1requerido

patrimôniode referência

mínimo reque-rido para rwa e

para rban

rwa pararisco de

operaçõesda carteira

banking(RBAN)

Figura B.14: Ontologia Requerimentos de Capital

A partir das definições de capital para comparação com o rwa, juntamente com seus respec-tivos valores mínimos requeridos, é possível definir os conceitos adicionais de margem:

margem sobre capital principal requerido Um montante monetário contextualizado obtidoa partir do capital principal para comparação com o rwa, deduzido o capital principalmínimo requerido, no contexto em questão.

margem sobre capital nível 1 requerido Um montante monetário contextualizado obtidoa partir do capital nível 1 para comparação com o rwa, deduzido o capital nível 1 mínimorequerido, no contexto em questão.

margem sobre patrimônio de referência requerido Um montante monetário contextuali-zado obtido a partir do patrimônio de referência para comparação com o rwa, deduzido opatrimônio de referência mínimo requerido, no contexto em questão.

105

Page 118: OntoBacen: Uma Ontologia para Gestão de Riscos do Sistema

ESPECIFICAÇÃO DA ONTOBACEN

As margens sobre capital requerido são os principais indicadores da adequação (ou não ade-quação) às restrições previstas na Regulação Prudencial do BACEN, pois seu valor positivo éindicativo de adequação a um dado limite operacional de capital, enquanto valores negativosindicam um cenário de não adequação.

Sendo assim, a partir das margens sobre capital requerido, juntamente à classificação decontexto de governança de sistema financeiro apresentada na ontologia Adequação de Capital,é possível inferir quais limites operacionais estão sendo respeitados ou não, e em casos de nãoadequação a tais limites, indicar o principal tipo de risco responsável por esta situação.

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