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Opera¸ c˜oescomFun¸ oes Texto de Apoio 1 Opera¸ c˜oesB´ asicas Asfun¸c˜ oes, assim como os n´ umero reais, podem ser somadas, subtra´ ıdas, multiplicadas e divididas para obter novas fun¸c˜ oes. Para efetuar estas opera¸ c˜oes devemos levar em considera¸c˜ ao os dom´ ınios das fun¸c˜ oes de forma que a opera¸c˜ ao fa¸ca sentido matematicamente, ou seja, operamos valores que per- tencem simultaneamente aos dom´ ınios de todas as fun¸c˜oes envolvidas no alculo. Assim, dadas as fun¸ c˜oes f e g, para qualquer x que esteja no dom´ ınio de ambasfun¸c˜ oes, podemos definir f + g, f - g, f · g. Al´ em disso, para qualquer x, com g(x) 6=0, tamb´ em podemos definir f g , como mostrado a seguir: Opera¸ c˜oesB´ asicas Sejam f e g fun¸c˜ oes de vari´ avel real, definimos asoma, a subtra¸c˜ao, a multiplica¸ c˜ao e a divis˜ ao de f e g como: (f + g)(x)= f (x)+ g(x), com Dom(f + g)= Dom(f ) Dom(g); (f - g)(x)= f (x) - g(x), com Dom(f + g)= Dom(f ) Dom(g); (f · g)(x)= f (x) · g(x), com Dom(f + g)= Dom(f ) Dom(g); f g (x)= f (x) g(x) , com Dom f g = Dom(f ) Dom(g) -{x | g(x)=0}. Exemplo 1. Setomamosasfun¸c˜oes f (x)= x +1e g(x)= x de dom´ ınios Dom(f )= R e Dom(g)= {x R | x 0} respectivamente. Sabemos que a subtra¸c˜ ao de f e g o faz sentido nos elementos comuns de Dom(f )e Dom(g). Assim, (f - g)(x)=(x + 1) - x 1

Opera˘c~oes com Fun˘c~oes 1 Opera˘c~oes B asicas · 2020. 9. 29. · Opera˘c~oes com Fun˘c~oes Texto de Apoio 1 Opera˘c~oes B asicas As fun˘c~oes, assim como os numero reais,

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  • Operações com FunçõesTexto de Apoio

    1 Operações Básicas

    As funções, assim como os número reais, podem ser somadas, subtráıdas,multiplicadas e divididas para obter novas funções. Para efetuar estas operaçõesdevemos levar em consideração os domı́nios das funções de forma que aoperação faça sentido matematicamente, ou seja, operamos valores que per-tencem simultaneamente aos domı́nios de todas as funções envolvidas nocálculo.

    Assim, dadas as funções f e g, para qualquer x que esteja no domı́nio deambas funções, podemos definir f + g, f − g, f · g. Além disso, para qualquerx, com g(x) 6= 0, também podemos definir f

    g, como mostrado a seguir:

    Operações Básicas

    Sejam f e g funções de variável real, definimos a soma, a subtração, amultiplicação e a divisão de f e g como:

    (f + g)(x) = f(x) + g(x), com Dom(f + g) = Dom(f) ∩Dom(g);

    (f − g)(x) = f(x)− g(x), com Dom(f + g) = Dom(f) ∩Dom(g);

    (f · g)(x) = f(x) · g(x), com Dom(f + g) = Dom(f) ∩Dom(g);(f

    g

    )(x) =

    f(x)

    g(x), com Dom

    (f

    g

    )= Dom(f) ∩Dom(g)− {x | g(x) = 0}.

    Exemplo 1. Se tomamos as funções f(x) = x+ 1 e g(x) =√x de domı́nios

    Dom(f) = R e Dom(g) = {x ∈ R | x ≥ 0} respectivamente.Sabemos que a subtração de f e g só faz sentido nos elementos comuns

    de Dom(f) e Dom(g). Assim,

    (f − g)(x) = (x+ 1)−√x

    1

  • eDomf − g = Dom(f) ∩Dom(g) = {x ∈ R | x ≥ 0}.

    Exemplo 2. Consideremos as funções f(x) = ln(x) e g(x) = ex de domı́niosDom(f) = {x ∈ R | x ≥ 0} e Dom(g) = R respectivamente.

    Sabemos que a soma de f e g só faz sentido nos elementos comuns deDom(f) e Dom(g). Assim,

    (f + g)(x) = ln(x) + ex

    eDomf + g = Dom(f) ∩Dom(g) = {x ∈ R | x > 0}.

    Para efetuarmos a multiplicação usamos o mesmo racioćınio, no entanto,devemos tomar um cuidado especial com a divisão de funções, pois além dacondição dada, devemos ter o denominador diferente de 0.

    Exemplo 3. Sejam f(x) = e1

    x+1 e g(x) = cos(x). Para fazer a divisão de fpor g, devemos considerar os valores de Dom(f)∩Dom(g) tais que g(x) 6= 0.O domı́nio de f é Dom(f) = R− {−1}, pois o denominador do expoente dee deve ser diferente de 0. Já o domı́nio de g é Dom(g) = R, pois a regra quedefine a função é válida para todo número real. Com isso, temos que

    Dom(f) ∩Dom(g) = R− {−1}.

    Precisamos agora, encontrar os valores de x tais que g(x) = cos(x) 6= 0.Observemos, no gráfico abaixo, que a função cosseno é periódica, isto é, existeum número real k tal que g(x+ k) = g(x) para qualquer valor de x. Assim,

    g(x) = 0 quando x =π

    2+ kπ, com k ∈ Z.

    −2π −3π2

    −π −π2

    0 π2

    π 3π2

    Portanto, (f

    g

    )(x) =

    f(x)

    g(x)=

    e1

    x+1

    cos(x),

    com x ∈ R−({−1} ∪

    {π2

    + kπ, k ∈ Z}).

    2

  • 2 Transformações

    Também é posśıvel obter funções, partindo de funções básicas já definidas,por deslocamento, expansão ou reflexão de seus gráficos. Entender este pro-cesso nos permitirá aplicar certas transformações aos gráficos de uma funçãoconhecida para obter o gráfico de funções relacionadas.

    Neste texto, abordaremos três tipos de transformações: a translação, a re-flexão e a mudança de escala. Além disso, veremos como estas transformaçõesinterferem no domı́nio e no conjunto imagem da função original.

    No que segue tomaremos como exemplo a função f(x) = x2 + x − 2 deráızes x = −2 e x = 1, cujo gráfico esboçamos a seguir:

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    f

    2.1 Translação

    A translação de um gráfico é um movimento que desloca cada ponto dográfico em uma determinada direção. Classificamos a translação em verticale horizontal.

    2.1.1 Translação Horizontal

    Para mover o gráfico horizontalmente, devemos somar uma constante kao escopo da função da seguinte forma: f(x + k). Somando um númeropositivo, movemos a função para esquerda. Podemos ver isto desenvolvendog(x) = f(x+ 2), em que k = 2, obtendo:

    g(x) = f(x+ 2) = (x+ 2)2 + (x+ 2)− 2= x2 + 4x+ 4 + x+ 2− 2= x2 + 5x+ 4.

    3

  • Calculando as ráızes de g, encontramos x = −4 e x = −1, que são exatamenteas ráızes de f deslocadas duas unidades para esquerda. No gráfico abaixoobservamos que o mesmo acontece para os outros pontos do gráfico da função.

    −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    fg

    Por outro lado, somando um número negativo ao escopo da função, deslo-camos o gráfico para direita. Tomamos, como exemplo, a função h(x) =f(x− 2), em que k = −2. Desenvolvendo h(x), obtemos

    h(x) = f(x− 2) = (x− 2)2 + (x− 2)− 2= x2 − 4x+ 4 + x− 2− 2= x2 − 3x.

    As ráızes de h são x = 0 e x = 3, que são exatamente as ráızes de f deslocadasduas unidades para direita. Podemos ver o deslocamento da função no gráficoa seguir:

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    f g

    4

  • 2.1.2 Translação Vertical

    A translação vertical é obtida somando uma constante k à função, fazendof(x) + k. Se k > 0, o deslocamento é para cima e, se k < 0, o deslocamentoé para baixo. Vejamos, como exemplo, a função g(x) = f(x) + 2.

    Desenvolvendo g(x), temos:

    g(x) = f(x) + 2 = (x2 + x− 2) + 2= x2 + x.

    O gráfico foi deslocado duas unidades para cima, como vemos a seguir:

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    f g

    O conjunto imagem da função f é Im(f) =

    {y ∈ R | y ≥ −9

    4

    }. Após a

    translação, o conjunto imagem referente à função g é Im(g) =

    {y ∈ R | y ≥ −1

    4

    }.

    Observação 1. A função f(x) = x2 + x − 2 foi obtida a partir da funçãoy = x2 por meio de translações, que podem ser encontradas completandoquadrados na expressão que define a função f .

    f(x) = x2 + x− 2

    =

    (x+

    1

    2

    )2− 1

    4− 2

    =

    (x+

    1

    2

    )2− 9

    4.

    5

  • Com isso, temos que f foi obtida por meio de uma translação de1

    2unidade

    para esquerda e outra de9

    4unidades para baixo como ilustrado no gráfico a

    seguir:

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    f y = x2

    Fórmulas para Translação

    Translação Horizontal

    g(x) = f(x+ k) Se k > 0, o gráfico de f se desloca k unidades para esquerdaSe k < 0, o gráfico de f se desloca |k| unidades para direita

    Translação Vertical

    g(x) = f(x) + k Se k > 0, o gráfico de f se desloca k unidades para cimaSe k < 0, o gráfico de f se desloca |k| unidades para baixo

    2.2 Reflexão

    A reflexão de uma função acontece quando seu gráfico é espelhado emrelação a um eixo ou a uma reta qualquer, isto é, os pontos que estão a umacerta distância de um eixo são refletidos para o outro lado desse eixo a uma

    6

  • mesma distância. Neste texto, abordaremos a reflexão do gráfico de umafunção em relação aos eixos x e y.

    2.2.1 Reflexão em relação ao eixo x

    Quando a reflexão de uma função f é feita em relação ao eixo das abscis-sas, a nova função g é obtida mediante a relação: g(x) = −f(x).

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −4

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    f

    g

    O conjunto imagem de f é Im(f) =

    {y ∈ R | y ≥ −9

    4

    }. Após a re-

    flexão em torno do eixo x, o conjunto imagem da função g é Im(g) ={y ∈ R | y ≤ 9

    4

    }.

    2.2.2 Reflexão em relação ao eixo y

    Quando a reflexão de uma função f é feita em relação ao eixo das orde-nadas, a função h é obtida mediante a seguinte relação: h(x) = f(−x), paratodo x do domı́nio da f .

    7

  • −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    f q

    Desenvolvendo h(x), obtemos:

    h(x) = f(−x) = (−x)2 + (−x)− 2= x2 − x− 2.

    As ráızes de h são x = −1 e x = 2, que são os opostos das ráızes de f . Omesmo vale para os outros pontos da função.

    Reflexão

    g(x) = −f(x) O gráfico de f se reflete em torno do eixo x

    g(x) = f(−x) O gráfico de f se reflete em torno do eixo y

    8

  • 2.3 Mudança de escala de uma função

    A mudança de escala de uma função consiste em alongar ou comprimiro gráfico dessa função. Essa mudança pode ser na direção do eixo x ou doeixo y.

    2.3.1 Mudança de escala na direção do eixo x

    A mudança de escala na direção do eixo x é obtida multiplicando osvalores de x por uma constante k positiva, ou seja, fazendo f(kx), comk > 0. Assim,

    • Se 0 < k < 1, alongamos o gráfico da função.

    • Se k > 1, comprimimos o gráfico.

    Relembramos que estamos analisando a função f(x) = x2 + x− 2.Podemos ver a compressão de f fazendo g(x) = f(2x). Dessa forma,

    estamos alterando f(x) segundo um fator1

    2na direção do eixo x. Observamos

    esse fato desenvolvendo g(x):

    g(x) = f(2x) = (2x)2 + (2x)− 2= 4x2 + 2x− 2.

    As ráızes de g são x = −1 e x = 12

    que são as metades das ráızes de f , como

    ilustrado no gráfico a seguir.

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    f g

    Além disso, podemos ver o alongamento de f fazendo g(x) = f(x

    2

    ).

    Dessa forma, estamos alterando f(x) segundo um fator 2 na direção do eixo

    9

  • x. Observamos esse fato desenvolendo g(x):

    g(x) = f(x

    2

    )=

    (x2

    )2+(x

    2

    )− 2

    =x2

    4+x

    2− 2.

    As ráızes de g são x = −4 e x = 2 que são o dobro das ráızes de f , comoilustrado no gráfico a seguir.

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    5

    f

    g

    2.3.2 Mudança de escala na direção do eixo y

    A mudança de escala na direção do eixo y é obtida multiplicando a funçãof por uma constante k > 0, ou seja, fazendo kf(x). Assim,

    • Se 0 < k < 1, comprimimos o gráfico da função.

    • Se k > 1, alongamos o gráfico da função.

    Podemos ver o alongamento de f ao fazer h(x) = 2f(x). Nesse caso,estamos alterando a função f segundo um fator 2 na direção do eixo y.

    Com esse alongamento, o conjunto imagem de função h é Im(h) =

    {y ∈ R|y ≥ −9

    2

    },

    como ilustrado na figura a seguir:

    10

  • −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −5

    −4

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    f h

    Além disso, podemos ver a compressão de f ao fazer h(x) =1

    2f(x). Nesse

    caso, estamos alterando a função f segundo um fator1

    2na direção do eixo y.

    Com essa compressão, o conjunto imagem da função h é Im(h) =

    {y ∈ R|y ≥ −9

    8

    },

    como ilustrado na figura a seguir:

    −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

    −5

    −4

    −3

    −2

    −1

    1

    2

    3

    4

    fh

    A seguir, apresentamos um resumo desta subseção:

    11

  • Mudança de Escala

    Para k > 0

    Mudança de escala na direção do eixo x

    g(x) = f(kx) Se k > 1, o gráfico de f se comprime horizontalmentepor um fator k;

    Se k < 1, o gráfico de f se expande horizontalmente

    por um fator1

    k.

    Mudança de escala na direção do eixo y

    g(x) = kf(x) Se k > 1, o gráfico de f se expande verticalmentepor um fator k;

    Se k < 1, o gráfico de f se comprime verticalmente

    por um fator1

    k.

    Vejamos a seguir alguns exemplos:

    Exemplo 4. Seja f(x) =√x, cujo domı́nio é Dom(f) = {x ∈ R | x ≥

    0}. Se fizermos uma translação para esquerda em 3 unidades, por exemplo,obteremos uma função g(x) =

    √x+ 3, cujo domı́nio é Dom(g) = {x ∈

    R | x ≥ −3}, como ilustrado no gráfico abaixo:

    −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6−1

    1

    2

    3

    4

    g

    f

    Exemplo 5. Fazendo uma reflexão de f(x) =√x em relação ao eixo y,

    obtemos a função h(x) =√−x, cujo domı́nio é Dom(h) = {x ∈ R | x ≤ 0},

    como mostra o gráfico a seguir:

    12

  • −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5−1

    1

    2

    3

    4

    h f

    Note que nos exemplos 3 e 4, os domı́nios das funções estudadas eram li-mitados, assim ao realizarmos transformações estes conjuntos também foramalterados.

    Exemplo 6. Seja f(x) = sen(x), ao realizarmos uma translação por umfator π

    2, obtemos a função g(x) = f(x+ π

    2), como ilustrado graficamente per-

    cebemos que g(x) = cos(x), esta translação ilustra a relação trigonométricasen

    (x+ π

    2

    )= cos(x):

    −2π −3π2

    −π −π2

    0 π2

    π 3π2

    fg

    Com as operações básicas entre funções e algumas transformações, pode-mos obter diversas funções. Convidamos o leitor a aplicar algumas dessasoperações às seguintes funções para melhor entendimento:

    i) y = a, com a ∈ R;

    ii) y = xn, com n ∈ Q;

    iii) y = ax, com a ∈ R;

    iv y = loga(x), com a ∈ R+;

    v) y = cos(x);

    vi) y = sen(x).

    13

  • Referências

    [1] THOMAS, G., Cálculo: volume I - 11a ed., São Paulo, Addison Wesley,2009.

    14

    Operações BásicasTransformaçõesTranslaçãoTranslação HorizontalTranslação Vertical

    ReflexãoReflexão em relação ao eixo xReflexão em relação ao eixo y

    Mudança de escala de uma funçãoMudança de escala na direção do eixo xMudança de escala na direção do eixo y