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Opinião - Agência ECCLESIAsites.ecclesia.pt/semanario/netimages/pdf/ecclesia... · Após a folia do Carnaval, chegarão as Cinzas e a Quaresma, com os seus apelos à oração, jejum

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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião LOC/MTC22- Semana de... Paulo Rocha24 - Dossier Refugiados

52 - Multimédia54 - Estante56 - Concílio Vaticano II58 - Agenda60 - Por estes dias62 - Programação Religiosa63 - Minuto Positivo64 - Liturgia66 - Fátima 201770 - Fundação AIS72 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Preparar aQuaresma[ver+]

Fome no Sudãodo Sul[ver+]

Refugiados,espera e esperança[ver+] Paulo Rocha |LOC/MTC| OctávioCarmo | Manuel Barbosa | PauloAido | Tony Neves

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Digno de mim

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O grau de exigência da caridade cristã é imenso.Absoluto: amar Deus acima de todas as coisas eo próximo como a si mesmo. Um ideal deperfeição que parece impossível de concretizarem todas as suas dimensões e que, talvez porisso, aprendemos sempre a relativizar. Com otempo passamos a esperar que o outro esteja àaltura da nossa solidariedade, selecionamosquem é qualificável como “próximo” e vamosdeixando para trás os que incomodam mais anossa serenidade interior.O quadro do Bom Samaritano tem inspiradomuitas e profundas reflexões, mas recentementehouve uma que me chamou a atenção, do PapaFrancisco, sobre a importância da hospedaria,do local onde foi possível tratar daquela pessoaroubada e agredida para que pudesse recuperara sua dignidade e prosseguir a sua vida. Acapacidade de compaixão daquele samaritano -um herege, aos olhos de uma determinadacorrente religiosa - não seria suficiente paralevar por diante a sua boa intenção de ajudar opróximo. Houve necessidade de um contextoinstitucional, de outras boas vontades, de ajuda,também financeira, recordando que atransformação social exige um esforço coletivo,capaz de sacudir a indiferença de todos.Ao apresentar o outro, um rosto concreto, comoreferência ética fundamental, o Papa Franciscodesafia todos os que “cristalizaram” emesquemas pré-determinados e absolutismos,todos os que passaram do (sempre necessário)“Senhor, eu não sou digno” para um “tu não ésdigno de mim”.

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O mundo contemporâneo chamatodos os dias por bons samaritanos,por cristãos capazes de levar pordiante o ideal de caridade propostopor Jesus, em cada local do planeta,sem hesitações nem calculismoperante um rosto sofredor. Talvez arecompensa não seja imediata ounão venha a existir de todo, masquem professa esta fé não confiano

ouro nem prata que perecem.Após a folia do Carnaval, chegarãoas Cinzas e a Quaresma, com osseus apelos à oração, jejum eesmola. 40 dias que procuramrecuperar as dimensões verticais ehorizontais da vivência da fé, paraque a vida seja mais completa e omundo mais humano. Um tempopara fazer a diferença.

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Quando deixaremos de visualizar imagens destas?

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- «A Europa precisa de uma Alemanha maisvisionária, mais ambiciosa e maisgenerosa. Com as recentes declarações, aatual liderança política alemã parece nãoestar à altura desse desígnio» - FranciscoLouçã; In: Jornal «Público» de 23 defevereiro de 2017. - «Os cristãos continuam a ter necessidadede mestres espirituais que os ajudem, comou sem citações em latim, a tomarconsciência que a sua pátria é a dignidadeda pessoa humana» - Rui Osório; In: Jornal«Voz Portucalense» de 22 fevereiro de2017. - «Há duas palavras que a maior parte dospolíticos dificilmente aceita no seuvocabulário: mentira e demissão esobretudo pelos efeitos práticos que elasacarretam» - Dinis Salgado; In: Jornal«Diário do Minho» de 22 de fevereiro de2017. «O mundo não precisa de opiniões vaziasdisfarçadas de sabedoria, de conversavazia e intolerante» - Pedro Neto; In:«Correio do Vouga» de 22 de fevereiro de2017.

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Preparar a Quaresma com o olharfixoem quem sofre

Os bispos das várias diocesesportuguesas começaram a publicaras suas mensagens para o tempoda Quaresma, que leva ascomunidades católicas até àcelebração da Páscoa, deixandovárias mensagens de atenção aopróximo e de solidariedade.O arcebispo de Braga alertou nasua mensagem de Quaresma paraa

necessidade de respeitar o direito“fundamental e inviolável” à vida,insurgindo-se contra as práticas doaborto e da eutanásia. “Permitam-me ser claro: a vida da criança queestá para nascer ou da pessoa queestá para morrer é sagrada. A vida éum direito fundamental e inviolável!Escapa ao nosso domíniodeterminar

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sobre algo que nos ultrapassa. Vidaé, em todas as circunstâncias, vida”,escreve D. Jorge Ortiga.Nos Açores, o bispo de Angra afirmaque toda a caminhada em direção aDeus “obriga necessariamente” àabertura aos irmãos e à cada umdescobrir-se “solidários” para osoutros. “Toda a pessoa vítima dapobreza, da marginalidade e daexclusão, do desemprego, osreclusos, os famintos, os doentes eos idosos sem proteção, estão acaminhar comigo e a estender-me amão para que lhes alivie a dor e osofrimento”, escreve D. JoãoLavrador.O bispo da Guarda afirma por suavez que é necessário “encontrarformas de acolher” os refugiados etentar que “voltem a ter condiçõesde vida nas suas terras”. “No meiodos muitos dramas que afetamaqueles que fogem há o dramaespecífico das comunidades cristãsdo Iraque e da Síria que, sendolugares com comunidades cristãsque remontam ao tempo dosapóstolos, agora estão em risco dedesaparecer”, exemplifica D. ManuelFelício. Perante o drama

das comunidades cristãs do Iraque eSíria, a renúncia quaresmal daGuarda este ano é destinado aessas comunidades através, daFundação Ajuda à Igreja que Sofre.Em Beja, a Renúncia Quaresmal2017 vai ser dividida em duaspartes, destinadas ao Fundo deSolidariedade Diocesana, que vaiser gerido pela Cáritas, e paraajudar os cristãos perseguidos naSíria, através do Mosteiro de SãoTiago Mutilado, em Qara, onde viveuma monja portuguesa.O bispo das Forças Armadas e deSegurança recorda na suamensagem para Quaresma ePáscoa de 2017 os militares epolícias que vivem situações“particularmente graves”. D. ManuelLinda determinou que estassituações vão receber 50% dosdonativos recolhidos pela chamada“renúncia quaresmal” do OrdinariatoCastrense, visando ajudar tambémas famílias destes profissionais. Osoutros 50%, vão seguir para Timor-Leste, sendo a sua utilizaçãodeterminada pelos bispos católicosdo país lusófono.

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Jovens, famílias, sacerdotes e não-crentes partilham 12 testemunhosde féRicardo Araújo Pereira foi um dosconvidados da 4ª edição do ‘Faith'sNight Out’, no último sábado, e disseesperar que os crentes “não seesqueçam que são crentes” e que“mantenham a fé”.O humorista, que fez uma das 12intervenções na conversa sobre afé, disse que “a fé é muito diferenteda certeza” e valorizou a incertezaque passa também pela vida doscrentes. “Somos muito mais perecidos doque parece. Eu também estou àprocura de consolo, também estousozinho, o mundo para mim tambémé demasiado grande, áspero,assustador”, disse.Outro tema das conversas de umanoite sobre a fé foi a “santidadecomo caminho”, apresentado pelopadre José Tolentino Mendonça,para quem a santidade não é uma"coroa de glória” ou uma “zona vipdos crentes”. “A primeira coisa quehá a dizer sobre a santidade é queela não é como marcar um golo finalde um grande jogo. A santidade sãoas humildes chuteiras”, referiu.O 'Faith's Night Out' contou comintervenções de António Gentil

Martins, Marta Figueiredo, a famíliaNúncio, Maria José Vilaça, Maria ePedro Lebre de Freitas, RuiMarques, Catarina Torre Valle, CucaRoseta, Guilherme Magalhães e D.José Ornelas.Na conferência de encerramento, obispo de Setúbal transmitiu aosparticipantes que os cristãos sãodesafiados a ser profetas em cadatempo, estimulados a “sonhar o‘pós-crise’ em tempode crise” e“uma Igreja nova” nas circunstânciasda atualidade.“Mesmo imperfeito, este é o meumundo, está é a minha janela naHistória”, defendeu D. José Ornelas,acrescentando que “o passado e osonho geram o presente.A iniciativa ‘Faith's Night Out’ reuniumais de 1400 participantes noCentro de Congressos de Lisboa.

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Obra Portugal Católico vaiapresentar uma visão global doestado do catolicismoMais de uma centena de autoresestão a preparar a edição de uma“obra única e monumental” com otítulo ‘Portugal Católico’ parainformar sobre as diferentes facesdo catolicismo no século XXI.Coordenada por José CarlosSeabra Pereira, professor daFaculdade de Letra dasUniversidade de Coimbra e diretordo Secretariado Nacional daPastoral da Cultura (SNPC), e porJosé Eduardo Franco, diretor-adjunto do Centro de Literaturas eCulturas Lusófonas e Europeias daFaculdade de Letras daUniversidade de Lisboa, a obra‘Portugal Católico é apoiada pelaConferência Episcopal Portuguesa(CEP).Para o secretário e porta-voz daCEP, padre Manuel Barbosa, a obraque está a ser preparada poracadémicos pretende apresentar“os vários aspetos da Igreja emPortugal”, com uma “fortecomponente fotográfica”, revelandoa “beleza da diversidade” docatolicismo.Em declarações à AgênciaECCLESIA, José Carlos SeabraPereira acrescentou que adiversidade revela-se também no“interior do que se costuma chamar‘a Igreja’, quer

enquanto comunidade de crentes,quer enquanto instituição eclesial”.O professor universitário adiantouque a obra tem perto de 200 artigos,escritos por mais de uma centenade autores, apresentando uma“grande de pluralidade detestemunhos e perspetivas” emostrando “atitudes e sensibilidadesespirituais muito diversas”. “A ediçãoem preparação inclui váriastendências da Igreja Católica, talcomo elas se manifestam no espaçopúblico, na comunicação social,testemunhos e pronunciamentos deautores que não são crentes masnos pareceram de opinião relevantepara termos essa visão global doestado do catolicismo em Portugal”,sublinhou o diretor do SNPC.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Primeiro tweet do cardeal-patriarca desafia a «sonhar os sonhos de Deus»

Presidente da ERC propõe nova legislação para imprensa de inspiração cristã

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Papa alerta para «grave crisealimentar»no Sudão do Sul

O Papa Francisco revelou particularapreensão sobre as “dolorosasnotícias” que chegam do“martirizado” Sudão do Sul, África,onde ao “conflito fratricida” se uneuma “grave crise alimentar” que

condena à morte “muitas crianças”.“É mais necessário do que nuncao empenho de todos, não ficarsomente nas declarações, mastornar concretas as ajudasalimentares e permitir que possamchegar às

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populações sofredoras”, disse opontífice argentino esta quarta-feirana Praça de São Pedro.Na audiência pública semanal, oPapa disse que provocam particularapreensão as “dolorosas notícias”que chegam do Sudão do Sul ondeao conflito se une uma “grave crisealimentar”, que condena à mortemilhões de pessoas, “entre as quaismuitas crianças”.O Sudão do Sul vive uma guerracivil que começou em dezembro de2013, opondo o presidente SalvaKiir ao antigo vice-presidente doRiek Machar.“Que o Senhor ampare essesnossos irmãos e os que atuam paraajudá-los”, desejou Francisco,dirigindo-se a cerca de 10 mil fiéis eturistas a quem falou sobreesperança cristã e dos cuidadoscom a criação.A Fundação Ajuda à Igreja queSofre (AIS) denunciou que a falta dealimentos no Sudão do Sul afetacerca de quatro milhões depessoas, também atingidas pelacólera. Numa nota enviada àAgência ECCLESIA, o secretariadoportuguês da AIS informa que ogoverno do Sudão do Sul

declarou “formalmente a situação defome” em algumas regiões do país.A Organização das Nações Unidascontabiliza “mais de 1 milhão” depessoas a passar fome no país.A Fundação Ajuda à Igreja queSofre informa também que seregistou “um surto de casos decólera” nas regiões de Yirol East ede Awerial, “contabilizando asautoridades sanitárias mais de trêscentenas de casos apenas nosúltimos dias”.Segundo a AIS, a guerra civil entrepartidários do presidente Salva Kiire do ex-vice-presidente Riek Macharcorresponde ao confronto entre asetnias Dinka e Nuer que agravou a“débil produção agrícola” fazendotemer uma situação trágica em julho,quando “normalmente, se verifica amaior escassez de alimentos”.A fundação pontifícia explica aindaque o Sudão do Sul, que a 15 dedezembro de 2013 “voltou amergulhar na guerra”, é o maisjovem país do mundo tendoproclamado a independência a 9 dejulho de 2011, “depois de décadasde conflito com o vizinho do norte, oSudão”.

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Papa pede abertura de canaishumanitários para quem foge daguerraO Papa Francisco apelou noVaticano ao acolhimento dos quefogem da guerra e da violência,alertando para as consequências daconcentração da riqueza num“pequeno grupo” de pessoas.“É preciso abrir canais humanitáriosacessíveis e seguros para os quefogem da guerra e de perseguiçõesterríveis, muitas vezes presos nasteias de organização criminosassem escrúpulos”, declarou, numdiscurso dirigido aos participantesna sexta edição do FórumInternacional ‘Migrações e Paz’, emRoma.A iniciativa foi organizada pelo novoDicastério para o Serviço doDesenvolvimento Humano Integral(Santa Sé), a Rede Internacional deMigrações dos Scalabrinianos epela Fundação Konrad Adenauer.O Papa apelou a uma atitude de“defesa, de medo” perante asmigrações contemporâneas,defendendo uma melhor distribuiçãoda riqueza mundial. “Um pequenogrupo de pessoas não podecontrolar os recursos de meiomundo. Pessoas e povos inteirosnão ter apenas direito a recolher asmigalhas”, alertou.

Francisco referiu que, em grandeparte dos casos, as deslocações depopulações são “forçadas”, tendona sua origem “conflitos, desastresnaturais, perseguições, mudançasclimáticas, pobreza extrema econdições de vida indigna”.“Proteger estes irmãos e irmãs é umimperativo moral que se devetraduzir na adoção de instrumentosjurídicos, internacionais e nacionais,claros e pertinentes”, sustentou.A intervenção centrou-se em quatroverbos: “acolher, proteger, promovere integrar”.O Papa concluiu com um pedido deproteção particular para as criançase adolescentes que são “forçados aviver longe da sua terra de origem”e dos seus familiares.

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Papa contra banalização daviolênciae do insultoO Papa alertou em Roma para abanalização da violência e do insultona vida diária, alertando para asconsequências deste clima de“guerra” no panorama internacional.Francisco falava peranteprofessores e alunos da mais jovemuniversidade pública da capitalitaliana, ‘Roma Tre’, denunciando a“violência” no modo de falar, o“insulto” e o anonimato, umprocesso que “tira o nome” àspessoas.“Anónimos, uns para os outros.Tira-te o nome e as nossas relaçõessão um pouco sem nome: sim, éuma pessoa, aquela que está diantede mim, com um nome, mas eucumprimento-a como se fosse umacoisa. Isto que vemos aqui cresce,cresce, cresce e torna-se aviolência mundial”, sublinhou,durante um discurso improvisado decerca de 45 minutos.O Papa quis responder a algumasperguntas, que foram dirigidas porrepresentantes dos alunos,começando por lamentar a “onda deviolência” nas cidades antes depedir que os jovens se envolvamcada vez mais “no serviço aos maisnecessitados”.Neste sentido, sugeriu àuniversidade que se empenhe comprojetos

de partilha e de serviço aos últimos,sobretudo na Cidade de Roma.“A universidade é um universo, umlugar onde se pode dialogar. Umauniversidade deve fazer um trabalhoartesanal de diálogo, onde seformam as consciências, com umprofundo confronto entre asexigências do bem, do verdadeiro edo belo, e a realidade com as suascontradições”, disse depois.Francisco desafiou os presentes acombater a “cultura do hedonismo edo descarte, baseados em ídolos dodinheiro e do prazer”, procurando o“encontro com Cristo”.O Papa encorajou docentes eestudantes a viver a universidadecomo espaço de diálogo, para arenovação da sociedade,elaborando “a cultura do encontro edo acolhimento de pessoas, culturase religiões diferentes”.

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Papa diz que se inspira nos guarda-redes para superar problemas do dia-a-dia

Papa convida a responder com atos de «bem» aos que caluniam

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Medos...

LOC/MTC Movimento de trabalhadores Cristãos

Muitos trabalhadores experimentam medosdiversos: medo do individualismo/concorrênciaentre colegas de trabalho, medo de represáliaspor ser sindicalizado, medo de fazer greve, medode deixar de ser útil, medo de ficardesempregado e não poder satisfazer os seuscompromissos, medo de constituir família, medode ter filhos, medo de ser deslocado para longe,medo dos refugiados, medo de deixar de serpessoa para se tornar numa coisa que produz econsome, numa coisa que “vende trabalho”.O Bullying também já chegou ao trabalho. Umapressão enorme é exercida sobre as pessoas,que dá lugar a depressões, alimenta psiquiatrase farmácias e, a muitos, conduz ao suicídio. Enão escolhe idades: acontece tanto em jovenscomo em adultos.Cada vez mais pessoas se sentem inseguras eestão convencidas de que as suas preocupaçõesnão são levadas a sério. Aceitar transgressõesde agentes públicos faz correr o risco de abrir aporta à intolerância, aos crimes de ódio e até afazer justiça pelas próprias mãos. Devemosconsiderar seriamente estes medos e escutarcom atenção as pessoas que os exprimem, bemcomo tentar compreender as razões que osprovocam.O medo inibe a liberdade e a ação, debilita-nos,desequilibra-nos, destrói as nossas defesaspsicológicas e espirituais, anestesia-nos diantedo sofrimento, desumaniza. Os medos reforçama

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tendência para o populismo, oracismo e a intolerância.Já não temos dúvidas: O medo éuma estratégia que os detentoresdo dinheiro usam para continuar adominar. O medo é provocado,alimentado e manipulado.Também na Igreja se fomentarammedos, ao ponto de alguémafirmar: “arranjaram um deus quemete medo”. Embora essa visão deDeus não seja Evangélica, isto é,não seja aquela que Jesus Cristonos revelou, ainda permanecemsinais de medo em muitascomunidades eclesiais e nalgunsmovimentos religiosos. Sobretudo,medo do mundo, da suacomplexidade, medo de “sujar-se” ou “ficar mal visto”, principalmentequando é preciso levar as questõessociais para o interior da Igreja ouquando a realidade pede aoscristãos um empenhamento eparticipação nas questões sindicais,políticas ou culturais.Estaremos condenados a viver sobo medo, debaixo de pressõescontínuas, escravos? Ou osdetentores do dinheiro e do poderrevelam também medo, aoprovocarem medo? Terá sentidouma religião do medo, como

parecem ser os caminhos de algunsmuçulmanos mais radicais ou dealguns movimentos de“espiritualidade cristã”, que seinstalam na sua “zona de conforto”, alheios ao sofrimento e àscondições de vida dos pobres e dostrabalhadores, e àquilo que sepassa a nível económico e políticono mundo?Que quer dizer: “Deus amou de talmodo o mundo, que lhe deu o seuFilho” (Jo 3,16)? Ou, “Eu vim paraque tenham vida, e a tenham emabundância”(Jo 10,10)?“Por ocasião do Dia dos DireitosHumanos, Justiça e PazEuropa pretende chamar a atençãopara o facto de termos umimportante conjunto de instrumentospara contrariar estas inquietações eestes medos: os Direitos Humanos.Em vez de questionarmos osDireitos Humanos, deveríamos,antes, defender com o maior vigorque o compromisso com os DireitosHumanos se reflita em todas asnossas ações, no plano privado e noplano público, (…) que conduza aoempenho generalizado nasociedade em ordem à defesa daspessoas cujos direitos sejamviolados” (Justiça e Paz Europa,Paris, 5 de dezembro de 2016).

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Uma homenagem a São Teotónioe às pataniscas de Ganfei

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Ver fotografias de Marcelo Rebelo de Sousa comtodas as pessoas com quem se cruza, emqualquer circunstância, não é a mesma coisa doque ver Marcelo Rebelo de Sousa a tirarfotografias com todas as pessoas com quem secruza, em qualquer circunstância. Cansa só dever!A semana de reportagem levou-me a essaexperiência. Por duas ocasiões. E no Minho.Primeiro numa conferência, no Auditório Vita, emBraga, e depois numa homenagem a SãoTeonónio, em Ganfei, freguesia onde nasceu, emValença. Num sítio, a solenidade da ocasião nãoimpediu que o presidente da Repúblicamantivesse a mesma proximidade com mulherese homens, crianças e adultos, antes e depois deuma comunicação de uma hora e outro tanto aresponder a perguntas da assembleia. Depois,num ambiente rural, a expectativa dos popularesà espera do seu presidente não era menor emMarcelo, que com espontaneidade partiu aoencontro com todas as pessoas.O programa da visita previa meia hora para umahomenagem ao primeiro santo português econselheiro do primeiro rei de Portugal. Mas oatual presidente precisou de muito mais tempopara reinar entre minhotos, a maioria numprimeiro contacto com Marcelo, depois de o vertantas horas pela televisão. E a homenagemdemorou o tempo que foi necessário, sobretudoa homenagem a cada pessoa, ao trabalho quetodas fazem pela

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construção de um Portugal melhor eà ousadia que, hoje como no tempode D. Afonso Henrique, todoscolocam em dar relevânciacrescente a um país que seglobalizou desde cedo por todo omundo.O alvoroço em torne de uma visitapresidencial a Ganfei motiva umanova visita à freguesia de SãoTeotónio. Vale a pena! Não só paraver a capela, edificada no localonde terá nascido, admirar aestátua que imortaliza a suaimagem, concebida pelo mestreJosé Rodrigues, e os espaços quefalam da sua história e reproduzema sua vida. Também para comer aspataniscas e beber umbranquinho… Não por qualquer

“devoção” particular, mas paraseguir o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa. A sua passagempelo Minho foi uma notável ocasiãopara prestar homenagem aoconselheiro de D. Afonso Henriquese também às pataniscas da terra.Porque uma patanisca em Ganfeivale por cinco em Lisboa. Palavrade presidente!

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Uma equipa da Cáritas Portuguesa esteve na Grécia com o objetivode conhecer a situação dos milhares de refugiados ali radicados eavaliar novas formas de ajuda. A Agência ECCLESIA acompanhou avisita, que teve como destino o campo de refugiados da Ilha deLesbos, bem como outros centros de acolhimento existentes noterritório grego.No âmbito do programa Linha da Frente, da Plataforma de Apoio aosRefugiados, são apoiadas duas estruturas de acolhimento, espaçoshabitacionais, já fora dos campos de refugiados. Estes hotéis geridospela Cáritas visam favorecer a integração de pessoas e famílias nasociedade grega, isto numa fase já mais adiantada do processo deacolhimento.O trabalho no terreno, os testemunhos dos refugiados e a avaliaçãoda equipa portuguesa estão no centro deste dossier.

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Sabemos que o povo português nostem ajudado com o que tem e oque não tem Yakinthos Delernias, gestor de projetos da Cáritas Grécia, fala sobre otrabalhoque está a ser feito junto dos refugiados e migrantes, e destaca o apoio quetem chegado de Portugal.

Entrevista conduzida por Henrique MatosEnviado da Agência ECCLESIA à Grécia

Agência ECCLESIA (AE) - O que éque pensa acerca do acordo entre aTurquia e a União Europeia sobreos refugiados?Yakinthos Delernias (YD)- Não noscabe dar respostas políticas, masalternativas humanas e cristãs.Falando acerca dos resultadosdeste acordo, devo dizer emprimeiro lugar que depois daimplementação do acordo Turquia -UE, o número de refugiados a virpara a Grécia, e para a Europa emgeral, diminuiu.Mas para mim, o problema principalmantém-se: É legítimo fechar asfronteiras? Podemos e devemosfechá-las, como nações cristãs eeuropeias que somos? Como sereshumanos? Esta é a questãoessencial que devemos fazer.

AE - Pode-se dizer que os paísesmais pobres da Europa são aquelesque estão a contribuir mais para aresolução desta crise?YD - Quando esta crise migratóriacomeçou em 2015, não seria fácilpara qualquer sociedade e paraqualquer país europeu receber,acomodar ou provir todas estaspessoas.É um grande problema a que todosna Europa temos de responder, combase em princípios como asolidariedade, o amor, acompreensão para com quem vemde fora, quem é estrangeiro. Emsuma, indo ao encontro do quesignifica verdadeiramente serhumano.Eu não estou aqui a falar pelospaíses mais pobres, ou pelosmais ricos. Cada nação tem asua história, a sua razão paraaceitar mais facilmente ounão os refugiados.Mas todos os povos europeuspartilham uma mesma herança.

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AE - Que projetos é que a Cáritasgrega tem atualmente em curso?YD - Eu trabalho na Cáritas Gréciadesde junho de 2016 e estamosneste momento a implementar umprojeto relacionado com oacolhimento seguro e o acesso aapoios sociais, para migrantes erefugiados a viverem aqui no país.Eles estão a tentar chegar àEuropa, através da Grécia, parasalvar

as suas vidas e das suas famílias.Neste contexto, a Cáritas Gréciacomeçou há dois anos aimplementar todo um programa deemergência direcionado para estaspessoas, que permita a elasrecomeçar uma nova vida noterritório europeu.Desde 2015 entraram cerca de ummilhão de refugiados vindos da Síriae de outros países, como oAfeganistão e o Iraque.

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A Cáritas grega, com os seusprincipais parceiros na Europa, porexemplo as suas congéneres daSuíça, da Alemanha, de Portugal, deItália, e também a CaritasInternationalis, está a fazer o seumelhor por estas pessoas.Primeiro no processo de trânsitopara a Grécia e depois na suaestadia aqui, na sequência doacordo entre a Turquia e a UniãoEuropeia.A partir de março de 2016, muitosrefugiados tiveram que ficar naGrécia porque não estãoautorizados a prosseguir para aEuropa. AE - Sobre esse programa deacolhimento e integração dosrefugiados, há um projeto que contacom o apoio da Cáritas Portuguesa.Como é que tem estado a decorrer? YD - Esse programa inclui adisponibilização de 50 alojamentospara migrantes e refugiados emrisco. Proporcionamos acolhimentoseguro, abrigos, onde as pessoastambém podem aceder a apoiossociais de modo a que possam serintegradas aqui - durante umperíodo de um a três anos - ourecolocadas em outros paíseseuropeus. AE - Estamos a falar de pessoasque estavam em camposimprovisados?YD - A maior parte das pessoas que

chegam à Grécia são colocadas emcampos de acolhimentoimprovisados.O nosso propósito é em primeirolugar oferecer a todas uma receçãosegura e humana, que tenha emconta as mais básicas necessidadesdas pessoas.Queremos que elas tenham a suaprópria casa, onde se sintamseguras, que tenham a sua própriaindividualidade, que tenham dinheiropara comprar a sua própria comida,as suas próprias coisas. E, com aajuda do Estado, que tenhamtambém acesso a cuidados desaúde, a um sistema educativo ondepossa educar os seus filhos, e atodos os serviços sociais possíveispara que se sintam em casa.É este o nosso objetivo, em parceriacom a Cáritas Internationalis etambém com a Cáritas Portuguesa,a quem agradecemos muito o apoioque nos tem prestado. A Cáritas grega, com osseus principais parceirosna Europa, por exemploas suas congéneres daSuíça, da Alemanha, dePortugal, de Itália, etambém a CaritasInternationalis , está afazer o seu melhor porestas pessoas.

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AE - O que é que gostaria de dizerao povo português e aos que estãoa apoiar esta campanha?YD - O povo português tem sidomuito importante, porque para nós omais significativo não é aquantidade de dinheiro querecebemos. É o facto de sabermosque aí em Portugal as pessoasestão a dar o que têm e também oque não têm.Nós temos consciência que osportugueses também têm vindo aenfrentar muitos problemas, porqueo nível de pobreza aí também émuito elevado.E prezamos muito o apoio daCáritas Portuguesa, porquesabemos que ela não envia paranós o que tem a mais, as sobras,mas o que não tem, e isso é algo demuito valor.É isso que significa colocar emprática os valores humanos ecristãos. AE - Como é que a Cáritas temprocurado responder também àcrise económica na Grécia e àstensões sociais daí resultantes?YD - Estamos a viver duas crisesmuito semelhantes, a primeiraeconómica e social, que afeta apopulação grega.Há cinco ou seis anos que

enfrentamos uma situação muitodifícil, em termos da subsistência dapopulação, que se agravou nosúltimos dois anos com a vinda dosnossos irmãos refugiados, vindossobretudo da Síria, vítimas daguerra que lá está a acontecer.Enquanto organização cristã ecatólica que somos, não fazemosdistinção entre quem ajudamos.Prestamos auxílio a todas aspessoas, de todas as cores e raças,de todas as proveniências enacionalidades.Quando estão em causa sereshumanos que precisam de ajuda,não há que fazer distinções. AE - E como é que a populaçãogrega olha para os refugiados? Commedo?YD - Como já disse, o povo gregovive neste momento uma grave crise- social, económica e mesmocultural. Ainda assim, as pessoasestão a dar o seu melhor, temosvários exemplos de boas práticas,não só no continente mas nas ilhas,em que estão a dar o seu melhor noacolhimento a quem chega, napromoção de um acolhimentoseguro e de apoios sociais aosrefugiados que querem chegar àEuropa.

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Mesmo agora, temos em termosoficiais cerca de 60 mil, 70 milrefugiados e famílias, a precisaremde apoio e a buscarem asegurança que não encontram nosseus países.Portanto, mesmo no meio dosproblemas que já referi, posso dizerque o povo grego está a fazer tudoo que pode para contribuir paraesta crise, e penso que este deveriaser

um bom exemplo para toda aEuropa.Eu sei que em Itália, em Espanha e também em Portugal tem havidouma abertura muito grande, masfalo também dos países mais ricos,dos países do norte da Europa,todos temos de fazer o nossomelhor, em termos humanos, paraajudar estas pessoas.

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AE - A Igreja Ortodoxa gregatambém tem valências ligadas àsolidariedade?YD - Claro que sim, ela tem umagrande organização chamada‘Allilengýi’ - que significa‘Solidariedade’ - que presta apoiotambém ao povo grego. Temosmuitos, muitos pobres que recebemalimentos ou provisões vindas daIgreja Ortodoxa grega. E a IgrejaOrtodoxa tem também tido um papelessencial, na gestão dos poderesenvolvidos na resposta a esta crise,e

no atendimento ao sofrimento dosrefugiados e migrantes. AE - E há um bom relacionamento,uma boa colaboração entrecatólicos e ortodoxos na Grécia?YD - Sim, e isso é visível no terreno,ao nível das paróquias, ao nívellocal. Há uma excelentecolaboração, também com asautarquias e as autoridades locais.

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AE - Visita com regularidade a Ilhade Lesbos. Que tipo de trabalho éque está a ser feito lá, com osrefugiados?YD - No início da crise, com o apoioda Cáritas Suíça e outrasorganizações internacionais,criámos o primeiro centro deacolhimento em toda a Grécia, parapessoas em necessidade.Temos milhares e milhares demigrantes e refugiados, de criançasórfãs, sem ninguém, que chegaramaqui vindas da Turquia, através domar, muitas arriscando a sua vida.O primeiro centro de acolhimentoonde começámos a trabalhar foi umhotel arrendado. Com muito custo,temos mantido a nossa estruturaaberta para acomodar a maior partedos refugiados e migrantes da ilha,pois como sabe, depois do acordoentre a Turquia e a União Europeia,ninguém que chega à Ilha deLesbos pode transitar para ocontinente.Eles têm que ficar aqui, nos abrigose campos em Lesbos, e temosacolhimentos a funcionar.Pelos mais idosos, pelas pessoasmais doentes, pelas famílias maisnumerosas, mulheres grávidas oucom bebés pequenos, temos feito opossível neste último ano e meio,para estar no terreno, na primeiralinha dos problemas.

AE - Como é que perspetiva o futuroda Cáritas Grécia?YD - Penso que o futuro da Cáritastem de passar sobretudo porestarmos cada vez mais nos locaisonde prevalece o sofrimento, ondeas pessoas ainda passamnecessidades, onde falta asolidariedade humana, sejam aspessoas cristãs, muçulmanas, deuma etnia ou da outra. Esta é anossa máxima, que temos de tersempre presente. Pelos mais idosos, pelaspessoas mais doentes,pelas famílias maisnumerosas, mulheresgrávidas ou com bebéspequenos, temos feito opossível neste último anoe meio, para estar noterreno, na primeira linhados problemas.

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Excesso de espera mata a esperançaO presidente da Cáritas Portuguesaconsiderou “inadmissível” o tempode espera que os refugiadosenfrentam nos campos, depois deuma visita de cinco dias a territóriogrego. “Esta é uma espera muitolonga, está a ser longa demais,incompreensivelmente longa”,lamentou Eugénio Fonseca, emdeclarações à Agência ECCLESIA.A visita decorreu entre os dias 16 e20 de fevereiro, com o objetivo deconhecer a situação dos milharesde refugiados ali radicados e avaliarnovas formas de ajuda.Eugénio Fonseca disse terencontrado refugiados entre“espera e esperança”, apesar dosproblemas encontrados perante aexcessiva “burocracia”. “Temos deabreviar este tempo [de espera]para bem de todos”, alertou.O presidente da Cáritas Portuguesalamenta que após “um ano, ano emeio” nos campos de refugiados,“sem o mínimo de condições de vidadigna”, os refugiados continuempara poderem continuar a sua vida.“Isto é inadmissível, porque trazconsequências graves”, advertiu.Eugénio Fonseca revela que as

pessoas “vivem numa ansiedademuito grande”,procurando “recomeçar um projetode vida” e encontrar “a paz queperderam nos últimos anos”.O responsável contactou emparticular com refugiados da Síria,vítimas da guerra e das bombas,“gente a fugir da morte” que mantémum “discurso muito positivo”. “Estagente é gente boa, afável, que sóquer viver com as condições quequalquer ser humano reclama”,acrescenta.O presidente da Cáritas deseja quea esperança seja “informada”,porque os refugiados vão parapaíses que desconhecem.Os responsáveis da instituiçãocatólica foram conhecer no terrenoa forma como está a ser aplicado ovalor angariado pela ‘Operação 10Milhões de Estrelas - um Gesto pelaPaz’, no último Natal, em Portugal.Eugénio Fonseca sustenta que odinheiro oferecido pelosportugueses está a ser “bemaplicado” e deixa um elogio aotrabalho das voluntáriasportuguesas presentes nos camposde refugiados.

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Projeto "Apoio a famílias refugiadas vulneráveis na Grécia"

Em parceria com a Cáritas da Grécia e com a Cáritas da Suíça, este éum projeto que permitirá a famílias refugiadas vulneráveis ter apoiosocial crítico e alojamento enquanto aguardam pelo processo de asilo,repatriamento ou outras opções.- Infraestruturas existentes: Centro Social de Apoio a migrantes erefugiados (média de 50 atendimentos por dia) e Abrigo (120 pessoasacolhidas - famílias vulneráveis)Lesbos - Hotel Silver Bay - a funcionar desde novembro de 2015 para oacolhimento de famílias de refugiados mais vulneráveis, criando umespaço seguro enquanto aguardam pelos seus processos de asilo ourecolocação.

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Lesbos: Cáritas grega destaca papelde Portugal na resposta à crise

A coordenadora dos projetos daCáritas grega em Lesbos destacoua importância de Portugal, e da suaPlataforma de Apoio aosRefugiados,

no atendimento a esta crise humanaque bateu à porta Europa. Emdeclarações à Agência ECCLESIA,que acompanhou uma visita daCáritas

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Portuguesa, Maritina Koraki realçaque “além da colaboração que temsido mantida com a PAR, Portugaltem mostrado ser um país aberto aoacolhimento dos refugiados, o que émuito importante”.“Sei que não tem sido fácil, porcausa da crise económica em queos portugueses também seencontram, e os refugiadosreconhecem isso”, frisou aquelaresponsável.Segundo Maritina Koraki, ajudar osrefugiados a ultrapassar os traumasque trazem e a enfrentar o choquede uma realidade diferente tem sidoum dos principais desafios damissão da Cáritas no território. Istoporque “parte das pessoas chegacom expectativas muito altas”, elaspensam que uma vez aqui “terãotudo o que precisam” e que a suapassagem para outro país serábreve.Para muitos, o que seria provisório,como estar num campo deacolhimento, tem-se tornado “cadavez mais uma solução permanente”.“Temos pessoas que estão aquidesde março de 2016 e muitosqueixam-se de não termosrespostas. Depois há também osrumores envolvendo a situação emoutros países, para onde elasquerem ir. E os refugiados

continuam a chegar, entre 50 a 100por dia”, refere Maritina Koraki.Ajudar os refugiados a escapar darealidade em que estão éfundamental e por isso mesmo umdos projetos da Caritas gregaenvolve a promoção de atividadesrecreativas e culturais, como aulasde costura para as mulheres, cursosde línguas e um torneio de xadrezpara os homens. “Vimos que oshomens não tinham nada para fazer,que passavam o dia em casa apensar em todos os problemas quetinham, o que vem a seguir, o quevão fazer, e decidimos disponibilizarum espaço de modo a poderemescapar da realidade”, conta arepresentante da Cáritas grega.A responsável reconheceu depois oimpacto que a crise de refugiadosteve e está a ter na sociedadegrega, e em particular para oshabitantes da Ilha de Lesbos, umapopulação que depende em grandeparte do turismo para viver. “Asimagens que circulam um pouco portodo o mundo, de pessoas aesperarem no porto, ou avaguearem um pouco por todo olado, há a ideia de que Lesbos estácheia de refugiados e migrantes, eisso tem causado algunsproblemas”, salientou.

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Cáritas Portuguesa envolvidana ajuda a refugiados na GréciaA Cáritas Portuguesa está “cada vezmais envolvida no trabalho dosrefugiados” no apoio humanitário deemergência e na criação decondições de “maior integração”,disse Filipa Abecasis à AgênciaECCLESIA. Uma equipa da CáritasPortuguesa esteve na Grécia com oobjetivo de conhecer a situação dosmilhares de refugiados ali radicadose avaliar novas formas de ajuda.Em parceria com a Cáritas daGrécia e com a Cáritas da Suíça,está em curso um projeto que visapermitir a famílias refugiadasvulneráveis terem apoio social ealojamento, enquanto aguardampelo processo de asilo,repatriamento ou outras opções.Filipa Abecasis, da UnidadeInternacional da Cáritas Portuguesa,refere que a instituição católicatambém já apoiou refugiados noLíbano, através das congéneresdestes países. Nesta área, a CáritasPortuguesa “só trabalha com asCáritas dos países, para garantirque os projetos são executados”,salienta.Esta ajuda aos refugiados começouno final de 2015 “com a distribuiçãode

kits de alimentação” e “cuidados desaúde primária” no Líbano, disseFilipa Abecasis. A instituição católicaportuguesa também já apoiouprojetos no Síria com distribuição de“roupas quentes para crianças”.Na Grécia, a Cáritas Portuguesa emparceria com a sua congénerehelénica está a trabalhar noacolhimento “de uma comunidadeinteira de Yazidis (120 pessoas)”. Navisita ao prédio, Filipa Abecassissublinha estas habitações “têmtodas as condições, com refeitóriocomum e uma sala para convívio” eas “pessoas estão felizes”.A instituição grega criou um centrosocial para “prestar apoio arefugiados, imigrantes e àcomunidade local mais vulnerável”,relatou. “A Cáritas grega fortaleceumuito o seu trabalho nesta área etem uma rede de parceriasespetacular”, referiu Filipa Abecasis.Através destas iniciativas, a CáritasPortuguesa está “cada vez maisempenhada na relação com osdoadores e seus parceirosinternacionais”, disse.

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O projeto permitirá que as famílias tenham acesso a:Alojamento seguro para os mais vulneráveis durante um prazoacordado, sendo apoiados para encontrarem habitação; refeiçõesregulares; avaliação de necessidades psicossociais, médicas, legais eoutras; atividades educativas e educação não-formal para crianças eadultos; apoio legal; assistência psicossocial; encaminhamento paratratamento médico e apoio legal complexo.Duração do projeto: junho 2017.

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Voluntárias portuguesas respondemao apelo da missão em Lesbos

Bárbara Araújo e Madalena SoutoMoura são duas voluntáriasportuguesas atualmente a trabalharcom refugiados na ilha grega deLesbos, através da Plataforma deApoio aos Refugiados. Ementrevista à Agência ECCLESIA,Bárbara Araújo realça a dificuldademas também a esperança quemarca o dia-a-dia destas pessoas,vindas de países

como a Síria, o Irão e o Iraque.“Pessoas que vieram a fugir de umaguerra, miúdos que já não sãomiúdos porque precisam queamadurecer muito cedo, pessoasque carregam muita dor e tristeza nocoração mas no meio disso amor,alegria, partilha, e é bonito ver quehá esperança”, frisa a voluntária.Atualmente a coordenar a missão da

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Plataforma de Apoio aos Refugiados(PAR) em Lesbos, Bárbara Araújo éformada em Ciências Políticas eDesenvolvimento Internacional epassou pela Colômbia numainvestigação sobre meninos-soldado. Trabalhava em Finançasnuma multinacional quando decidiudeixar tudo e ir para a Grécia, em2016.“Fazer o que fazemos, muitas vezesé superintenso, emocionalmente éum desgaste muito grande, mas aomesmo tempo é mesmo preciso”,sustenta a voluntária portuguesa,que diz “não conseguir imaginarestar noutro sítio”.Além de apoiar nas necessidadesmais básicas, como a roupa, aalimentação e teto, os voluntáriospresentes em Lesbos ajudam osrefugíamos a lidar com o tempo deespera por um destino, que “é muitolongo”, e que, muitas vezes, resultaem situações de angústia edepressão. Sobre a realidadegrega, que tem estado a recebermuitos milhares de Refugiados,Bárbara Araújo salienta que apopulação “também sofre com isto”,ainda que “tentem ter o coraçãoaberto” para o acolhimento. “A maior parte dos gregos querajudar, mas a Grécia tambémprecisa de ajuda, e nesse sentidoacho que a Europa tem falhadoporque virou as costas à Grécia,está a virar as costas aosrefugiados, por medo e

ignorância porque as pessoas têmmedo que venha o terrorismo,esquecendo-se do que estaspessoas estão a fugir”, alerta aquelaresponsável.Madalena Souto Moura, outravoluntária portuguesa, trocou oPorto pela Grécia para contribuir naresolução daquela que consideraser “uma das maiores criseshumanas deste momento”. “Viemospara ajudar mas eles ajudam-nosmuito também e ensinam-nos muito,sendo pessoas que passaramcoisas que nem imaginamos,aprendemos muito com a forçadeles”, aponta a jovem.A grande parte dos refugiados quechega a Lesbos tem como sonhochegar a Atenas ou a outrasgrandes cidades europeias econstruir aí uma vida melhor. Noentanto, muitos acabam por nãoconseguir esse objetivo, sobretudoos que são provenientes de outrospaíses que não a Síria ou o Iraque.Muitas dessas pessoas, vindas deoutros países da Ásia e de África,são deportadas para a Turquia, aoabrigo do acordo com a UniãoEuropeia. “Há famílias e pessoasque estão aqui em Lesbos porexemplo já quase há um ano, o quenão era suposto. Vão seapercebendo que aqui também nãoé um mar de rosas, embora sejamelhor do que o sítio de onde elesvieram”, complementa.

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É possível construir algo novoa partir desta crise

Christos Ananiadis está atualmenteà frente de vários projetos daCáritas Grécia junto dos refugiadoscolocados no país, e destaca anecessidade de a partir desta crisehumana construir uma sociedademais “aberta” e “pacífica”.Em entrevista à Agência ECCLESIA,aquele responsável mostra-seconvicto de que das ‘cinzas’ do atualcontexto, muito difícil, “é possívelconstruir algo novo para todos”.Não só para os milhares derefugiados que acorreram à Grécia,e que agora “enfrentam uma esperaprolongada”,

mas também para o povo gregoenvolto numa “grave criseeconómica” e para um mundo aprecisar de “viver de forma pacífica”.“Ao ajudarmos damos um bomexemplo, que podemos ajudar-nos anós mas também aos outros, é umexemplo que o mundo precisa nestemomento”, frisa aquele membro daCáritas helénica.Desde que os fluxos de refugiadosse tornaram mais intensos, há cercade dois anos, já passaram pelaGrécia mais de um milhão depessoas.Muitas conseguiram rumar a outras

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paragens, mas outras, desde quefoi assinado um tratado entre aTurquia e a União Europeia,limitando a entrada de refugiadospara o Velho Continente, tiveram deficar em campos de refugiados, naIlha de Lesbos e outros pontos doterritório, à espera de uma solução.A regularização da situação,nomeadamente a obtenção dedocumentos, “leva muito tempo” emuitos dos que chegam a sair “nemsequer sabem o país para ondevão”.“Eles querem muito regressar aosseus países, quando voltar a paz,estão ansiosos por isso. Mas poragora eles e os seus filhos vivemum futuro que não escolheram”,reconhece Christos Ananiadis.Paz e educação para os filhos sãoas principais prioridades para estas

pessoas e irão para “qualquer paísonde encontrem isso”.No entanto, há também o outro lado,daqueles que têm como objetivointegrarem-se na sociedade grega.“É verdade que há diferençasculturais, mas pelos migrantes maisantigos vemos que eles, com o tempo,acabam por se integrar, com onosso apoio e das atividades quevamos promovendo”, conta oresponsável de projetos da Cáritasgrega, destacando aqueles quemostram vontade em “retribuir juntoda comunidade local o acolhimentoque tiveram”.“Muitos têm formação e podemcontribuir em várias áreas, ajudartambém na crise que a Gréciaatravessa. Na dificuldade, tornamo-nos mais criativos e encontramosnovas formas de vida, de trabalhar”,considera Christos Ananiadis.

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Refugiados em discurso direto

Partimos porque a situação era insustentável, a nossacasa foi bombardeada e tivemos que fugir para a

Turquia e depois atravessamos num barco para aGrécia

Noor, refugiada síria

Há um ano partimos de Damasco... levamos cinquentadias da Síria até à Turquia e depois mais um mês até

chegarmos à Grécia.Primeiro ficámos 10 dias no Campo de Moria, ficamosem tendas pequenas e depois transferiram-nos para

Kara Tepe e por fim viemos para este hotel.Mohammed, refugiado sírio

Viajei sozinha desde o Afeganistão e a viagem foi

terrível até chegar à Turquia. Foi através deste paísque depois cheguei à Grécia.

As mulheres no Afeganistão enfrentam muitosproblemas a nível social e religioso. São discriminadas

na família e não têm acesso à justiça.Apenas desejo viver num país onde me sinta

em segurança e possa ser feliz.Gostaria de voltar se houvesse paz, mas

não credito que seja possível.Zahra, refugiada do Afeganistão

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O que recordas da tua terra?Lembro-me da minha escola e das minhas tiase tios... do meu avô e da minha avó, dos meusprimos... tenho saudades dos meus amigos delá.Tens saudades?Sim, tenho saudades dos meus amigos de lá...Porque é que vieste embora?Havia bombardeamentos e coisas assim. Nãopodíamos ficar e viemos para a Grécia.O que recordas?Lembro-me de caminhar muito para chegar atéà Turquia e foi uma grande viagem até àGrécia.Foi uma viagem difícil para chegar aqui?Sim para a Grécia viemos através do mar.E essa viagem através do mar foi difícil?Sim...Muitas pessoas no teu barco?SimPara onde gostavas de ir?Nós esperamos ir para a Alemanha porqueestá lá o meu tio, irmão da minha mãe.Se a paz regressar à Síria gostarias deregressar?Se estiver calma e não houver mais bombas,com certeza que gostaríamos de regressar.

Maha, refugiada síria

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Enfrentar a morte no marNo Irão há muita perseguição e faltade liberdade. Para além da situaçãoeconómica, era para mim difícil earriscado estar lá pela situaçãopolítica. A situação é perigosa paramuita gente e eu decidi sair com aminha mulher. Foi difícil, na fronteiraquase que fomos identificados epresos pela polícia iraniana. Foimuito difícil, mas por fimconseguimos chegar à Turquia.A primeira vez que tentamosatravessar o mar fomos apanhadospela polícia turca, que nos levoupara trás novamente. Da segundavez, correu bem e conseguimoschegar a esta ilha grega. Apesardisso, foi muito difícil, na viagem debarco não tínhamos acesso acomida ou água e quase morremosno mar.No barco, disseram-nos que aviagem seria com 40 pessoas abordo, mas quando chegamos àpraia estavam lá cerca de 100pessoas com mochilas.A viagem foi terrível, por diversasvezes eu e a minha mulherpensamos que íamos morrer.Pensamos que se calhar não tinhasido a melhor

forma de fugir dos problemas quetínhamos no Irão. Tive muito medopela minha filha, ela não tinhacolete, tive que a enfiar no meucolete salva-vidas. Foi um riscoenorme, com 100 pessoas a bordo ea possibilidade da morte iminente.Ninguém morreu, mas viajamos numbote de borracha cheio de água quenos chegava aos joelhos. Foi umalívio quando nos aproximámos dailha de Lesbos e a Guarda Costeiranos veio ajudar.Temos planos para o futuro, mas háum ano que estamos aqui. Gostavade chegar a um lugar seguro e maisdefinitivo. Continua a chegar muitagente e eu queria partir para outropaís, porém o processo de é muitolento e o governo grego tem muitadificuldade em dar resposta aospedidos que são feitos.

Reza, refugiado do Irão

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Do convívio inter-religioso à guerra(os seguintes testemunhos são apresentados sob anonimato, para garantira segurança dos entrevistados)

Refugiado iraquianoEu sou muçulmano sunita e naminha região começamos a serperseguidos pelos muçulmanosxiitas. Fui raptado por ser sunita,colocaram-me na mala de um carrocom as mãos atadas. Tive a sortedos militares americanos acharemestranho aquele carro e mandarem-no parar. Os meus raptores fugirame eu fui libertado pelos americanos.Nunca podia ficar na mesma cidadeporque os meus raptoreslocalizaram-me e andavam atrás demim para me matar.

Cheguei à Turquia. Mas há aímuitas milícias ligadas às máfias efui novamente localizado; aquelesque já tinham raptado o meu pai e omeu irmão começaram a ameaçar-me. Não tive alternativa que nãofosse sair da Turquia. Tenho aminha mulher e os meus filhos quenão têm mais ninguém a não ser eu,e decidi vir para a Grécia que é oprimeiro país europeu seguro ondeme sinto seguro. Graças a Deus queescapei a estas pessoas poisestaria morto neste momento.

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Refugiada iraquianaPara mim o futuro está nas mãos deDeus, ele decide o que é melhorpara nós. Mas se na Grécia ounoutro país europeu nosoferecerem boas condições de vida,eu não me importo de estar naGrécia, é um bom país.Estamos cansados da guerra. Nãoapenas no Iraque, mas na Palestina,Síria, todos esses países sofrem porestas situações. Gostava que istoacabasse.

Refugiado iraquianoNo Iraque havia muitos cristãos, mastodos tiveram de fugir e os que nãoo fizeram acabaram raptados oumortos pelas milícias. Elas raptam,matam, violam todos os que se lhesopõem. As milícias xiitas mataramsunitas, judeus e cristãos. Nósnunca tivemos problemas religiosos,não falávamos contra outrasreligiões e vivíamos todos juntos,curdos, muçulmanos e cristãos. Mastudo mudou por causa da guerra…

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Diocese de Viseu vai ajudarrefugiadosna Turquia

Diocese de Viseu vai ajudar osrefugiados que se encontram naTurquia com os donativosrecolhidos nas comunidadescatólicas locais, durante o próximotempo da Quaresma, que se inicia a1 de março. “Vamos dirigir todo ocontributo da nossa renúnciaquaresmal para os Refugiados naTurquia – apelo da

Cáritas Portuguesa, em resposta apedido da sua congénere daquelepaís”, escreve D. Ilídio Leandro,bispo de Viseu, numa notadivulgada pelo site diocesano.A Cáritas Portuguesa colocou emmarcha uma campanha de recolhade fundos para apoiar a suacongénere na Turquia, atualmente alidar com

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uma crise de refugiados que seprevê possa aumentar ao longodeste ano.D. Ilídio Leandro sublinha na suanota que a “situação social,económica e de segurança nomundo” continua a pedir “respostasde solidariedade, de acolhimento ede justiça social para quantos seveem impossibilitados de viver e deser felizes na sua terra e no seupaís”.“Os refugiados continuam, naEuropa e no Mundo, a bater à portade quantos, com atitudes de quemacolhe e integra, dão oportunidadese são resposta para quem precisa”,acrescenta.O bispo de Viseu recorda que adiocese, através da Cáritas local, semobilizou e acolheu ofertas depessoas e de instituições, para

ser “casa aberta” para as famíliasque vieram de fora. “Somosdesafiados, sempre, a ser portaaberta para quem entra e sai, deacordo com vontade livre de aquiviver ou de daqui partir, procurandonós, como cristãos, dar condiçõespara uns e outros serem felizes”,sublinha.Quanto ao projeto em causa, para oqual a Cáritas pede a solidariedadedos portugueses, trata-se de umprograma de “apoio financeiro paraa aquisição de 1400 cartões-voucher de alimentação e bens deprimeira necessidade para seremdistribuídos por 466 famílias”. Cadavoucher tem o custo de 7,14 euros enesta fase o apoio será dirigido a2330 pessoas refugiadas.

A Diocese de Setúbal vai constituir um “fundo diocesano destinado aapoiar o acolhimento de refugiados”, com donativos que vão serrecolhidos junto da comunidade católica nesta Quaresma. A decisão foitomada após a última reunião do Conselho Presbiteral, organismoconsultivo que reúne representantes dos sacerdotes diocesanos, como bispo local, D. José Ornelas.

Para D. Manuel Clemente, o autor do livro defende a tese de que a 51

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“intenção – quer do rei D. João V quer de outras pessoas do séculoXVIII até aos tempos atuais – é olharem para o Patriarcado de Lisboano seu aspeto simbólico e nacional”. Num Estado de ordens, como é atese do historiador Salgado Matos, o Patriarcado de Lisboa, “porexcelência, representou e ainda poderá representar a simbologia deum Portugal cosmopolita, ecuménico e que vai além de si próprio”,frisou o cardeal-patriarca.

Escutismo Onlinewww.escutismo.pt O dia 22 de fevereiro é uma datamuito especial para todos osescuteiros. Nesse dia, em Londres,nascia Robert Stephenson SmythBaden-Powell mais conhecido porBP e que mais tarde viria a fundar oEscutismo. Este movimento, nascidoem Inglaterra, foi-se alastrandoalém-fronteiras tendo chegado aPortugal decorria o ano de 1913,com o surgimento da Associação deEscoteiros de Portugal. Passados10 anos, na cidade de Braga, foifundado o Corpo Nacional deEscutas, Escutismo CatólicoPortuguês (CNE). Atualmente, estemovimento global conta com maisde 40 milhões de membros em todoo mundo, distribuídos por 164associações escutistas.Assim, esta semana, a minhaproposta passa pela visita ao sítiooficial do CNE, que recentemente foialvo de remodelação.Ao digitarmos o endereçowww.escutismo.pt encontramos umespaço graficamente bemconcebido e com um conjuntoenorme de recursos à nossadisposição.Se não conhece esta associação

e/ou se pretende tornar-seescuteiro, o melhor é entrar em“quero ser escuteiro”. Aí, de umaforma bastante simples, pode ficar asaber quem são, o que fazem eonde é que se encontramlocalizados geograficamente osdiversos agrupamentos nacionais.Obtém ainda informações relativas àcomponente de voluntariado bemcomo um conjunto de perguntasfrequentes e glossário que o podemajudar a ficar mais esclarecido.Nos escuteiros as crianças e osjovens estão divididos por quatrofaixas etárias, sendo que cada faixaetária corresponde a uma secção(Lobitos (6-10 anos);Exploradores/Moços (10-14 anos);Pioneiros/Marinheiros (14-18 anos);Caminheiros/Companheiros (18-22anos)). Como forma decompreender melhor e aprofundar oconhecimento relativo a cada umadas secções, existem precisamenteespaços dedicados a cada umadelas.Como não poderia deixar de serexiste um conjunto de adultosvoluntários, que no escutismo sedenominam de dirigentes, e que sãoo garante da aplicabilidade damissão e valores baseados na lei epromessa Escutista. Ao clicar em“dirigentes” acede

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a um espaço inteiramente dirigidoaos adultos que “procura falar comestes na primeira pessoa”. Aí podeobter um manancial de conteúdosque, na sua grande maioria,necessitavam de uma apresentaçãoprópria.Por último em “imprensa” podeaceder a uma área inteiramentededicada aos profissionais dacomunicação social. Aí o CNE,através do seu gabinete deimprensa, “pretende contribuir paraa visibilidade da dimensão e papeldo Escutismo na sociedade”,disponibilizando vários recursos.

Fica então lançado o repto paravisitarem este extraordinário espaçovirtual e assim conhecerem ariqueza deste movimento. Porque o“Escutismo oferece aos jovens aoportunidade de se desenvolverememocional, intelectual, física eespiritualmente como indivíduos,como cidadãos globaisresponsáveis, membros das suascomunidades locais, nacionais einternacionais”.

Fernando Cassola Marques

[email protected]

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O Patriarcado de PortugalO historiador Luís Salgado de Matosconsidera que o Patriarcado deLisboa “coincide com uma ideiauniversal de Portugal, talvez a únicaideia universal que tenha havido”em Portugal. O especialista falava àAgência ECCLESIA no lançamentodo seu novo livro, ‘O Patriarcado dePortugal – Três séculos de umainstituição lisboeta, nacional ecatólica (1716-2016)’, que decorreu

esta segunda-feira, na Faculdadede Direito da Universidade Nova deLisboa.Salgado de Matos realça que este“pequeno livro de conjunto” começapor uma pergunta: “Quando noséculo XVIII é constituído oPatriarcado de Lisboa, qual é a ideiaque existe de Patriarcado?”.A questão fez o historiador recuar

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alguns séculos para tomar o pulsoao conceito e só depois foi “ver oque a historiografia portuguesa diziasobre o Patriarcado”, sobretudo nosséculos XIX e XX. O livro procura vercomo o Patriarcado “funciona nasua época de glória (meados doséculo XVIII), na sua época de maiorcrise (século XIX) e na sua época deestabilização (Século XX)”, realçaLuís Salgado de Matos.Com cerca de 150 páginas, a obratambém propõe que o Patriarcado“simboliza algo, que ainda hoje éválido e duradouro, que Portugaldeve estar ao serviço de uma causauniversalizante”. “Não podem ser asmissões, como aconteceu no séculoXVIII, mas tem de haver, para quePortugal subsista como naçãoindependente, aquilo que está nocerne do Patriarcado, a ideia deuniversalidade”, reforçou ohistoriador.A capa do livro contém um mapacom as fronteiras administrativas doPatriarcado de Portugal porque este“é constituído a partir da capelareal, e o rei era rei para todo o país”e “não apenas para Lisboa”,acrescentou.Em termos de Filosofia Política, no

século XVIII e início do século XIX, acapital de Portugal “representa otodo” e o Patriarcado como“entidade simbólica coincide comPortugal”, assinalou Salgado deMatos. Para o especialista, oconceito de Patriarcado funciona“como uma instância nacional daIgreja Católica”.

Para D. Manuel Clemente, o autor do livro defende a tese de que a“intenção – quer do rei D. João V quer de outras pessoas do séculoXVIII até aos tempos atuais – é olharem para o Patriarcado de Lisboano seu aspeto simbólico e nacional”. Num Estado de ordens, como é atese do historiador Salgado Matos, o Patriarcado de Lisboa, “porexcelência, representou e ainda poderá representar a simbologia deum Portugal cosmopolita, ecuménico e que vai além de si próprio”,frisou o cardeal-patriarca.

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II Concílio do Vaticano: O barulhodos carrosséis e o cheiro a sardinhaassada

Em janeiro de 1965 teve início a publicação, emPortugal, da revista «Concilium». Um marcoimportante na história da Editora Moraes e naevolução dos católicos que depositavam entusiasmose esperanças nas movimentações conciliares (1962-1965). A assembleia magna convocada pelo PapaJoão XXIII e continuada pelo seu sucessor foi umaautêntica primavera no seio da Igreja.Correspondendo a um desejo expressamentemanifestado pelos teólogos diretores e redatores foicriado, em Portugal, um grupo com a missão deassegurar a ligação com a direção central e com osassinantes da edição portuguesa. Nasceram assim os«amigos da Concilium», um grupo de pessoasconvidadas individualmente pelos editores – onzepadres ou religiosos e oito leigos – que se reunirampela primeira vez a 31 de março de 1965.O grupo dos «amigos» era composto pelo padre JoséFelicidade Alves, Manuel bagulho, padre FernandoBelo, frei Bento Domingues, padre Armindo Duarte,cónego Manuel Falcão, Castro Fernandes, JoanaLopes, padre Madureira, José Domingos Morais,Margarida Morais, frei Raimundo de Oliveira, padrePedro Pelletier, frei Mateus Cardoso Peres, padreHonorato Rosa, padre António Serrão, Alberto Vaz daSilva, Helena Vaz da Silva e Joana Veloso (In: JoanaLopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; CentroNacional de Cultura; página 83).Nessa reunião teceram-se muitas críticas aosprimeiros três números da revista «Concilium». Osparticipantes

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insistiram, principalmente, na“complexidade revelada notratamento dos problemas”, a qual,alegadamente, os tornaria“inacessíveis e estranhos para amaioria dos leitores”. Declarou-seser desejável que os artigos seapresentassem “não só com omínimo possível de terminologiatécnica e de citações em latim, comocom uma forma menos estática,menos essencialista” (In: JoanaLopes; «A aventura da Moraes»;Lisboa; Centro Nacional de Cultura;página 83).No encontro, os «amigos»dialogaram também sobre as váriasformas possíveis de ligação com osassinantes em Portugal - colóquios,grupos de

estudo, inquéritos -, tendo-sedecidido dar prioridade à primeiramodalidade. O primeiro colóquiorealizou-se no mês de maio seguintee teve como tema «A constituiçãodogmática da Igreja».Existem “muitos documentos”relacionados com a preparação doscolóquios. Uma das intervenientesdessas reuniões, Joana Lopes,realça que se fizeram “longuíssimosserões de discussão”, na sede daMoraes Editora, “muitas vezesacompanhados pelo barulho doscarrosséis e pelo cheiro a sardinhaassada da vizinha Feira Popular”.(Obra citada na pág. 85)

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fevereiro/março 201725 de fevereiro. Castelo Branco - Dia do acólito naDiocese de Portalegre-CasteloBranco . Fátima - Centro Pastoral Paulo VI -A Semana de Estudos sobre a VidaConsagrada, que decorre emFátima, no Centro Pastoral Paulo VI,de 25 a 28 deste mês, tem comotema «Consagrados ao serviço davida». No primeiro dia, pelas 15:45,o professor da Universidade daBeira Interior, António CampeloAmaral, fala sobre «O sentido davida e o seu cuidado» e, às 17:00, opadre dehoniano Paulo JorgeMoreira Coelho aborda o tema «Aglória de Deus é o homem vivo». . Bragança - Escola SecundáriaEmídio Garcia, 09h30 - Formação permanente do clero e dos leigosdedicada a Maria e orientada por D.Virgílio Antunes, Bispo de Coimbra . Lisboa – Colares, 10h00 - AFundação Betânia organiza umcolóquio sobre «A urgência de umacidadania ecológica». Nestainiciativa, os participantes vãorefletir sobre alguns pontos daencíclica «Laudato Si» do PapaFrancisco e o padre Joaquim

Cerqueira Gonçalves vai falar sobreos «Fundamentos teológicos deuma espiritualidade ecológicacristã». . Lisboa - Convento de SãoDomingos, 15h30 - Conferência «Aperspetiva cristã do diálogo inter-religioso» por frei José Nunes epromovida pelo Instituto São Tomásde Aquino. 26 de fevereiro. Itália – Roma - PapaFrancisco visita paróquia anglicanaem Roma 27 de fevereiro. Viana do Castelo - Alunos deEMRC do Agrupamento de EscolasPintor José de Brito iniciam aQuaresma com uma visita ao PapaFrancisco. (até 03 de março) . Fátima - PAULUS Livraria deFátima, 16h30 - Apresentação dolivro «Cartas que a oraçãoescreveu» da autoria do padre JoãoLuís Silva, pelo presidente doMovimento da Mensagem de Fátima,Nuno Neves, com a chancela daPaulus Editora.

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. Lisboa - Capela do Rato, 18h15 - Sessão do curso «grandescorrentes da ética ocidental» naCapela do Rato 01 de março. Início da Quaresma 02 de março. Vaticano - Congresso sobre«Música e Igreja: culto e cultura e ainstrução Musicam Sacram» (até aodia 04 de março) 03 de março. Fundão - Auditório da Santa Casada Misericórdia do Fundão - ASanta Casa da Misericórdia doFundão (SCMF) em colaboraçãocom a Universidade da Beira Interiorrealiza, nos dias 3 e 4 de março,o Congresso “A Misericórdia doFundão: 500 anos deSolidariedade”. . Porto - Maia (Seminário dosCombonianos) - «Jovens in Missão» promove retiro sobre «Contemplarpara cuidar» (até ao dia 05 demarço)

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Hoje, 24 fevereiro, às 21:00

Se ainda for a tempo pode assistir à conferência ‘Amulher na política e no trabalho’ com Zita Seabra,responsável pela editora Alêtheia, no Mosteiro doLorvão em Coimbra. Já daqui a uma semana estão garantidos testemunhossobre a mulher na Igreja, neste seu SemanárioEcclesia. 25 a 28 de fevereiroSemana de Estudos sobre a Vida Consagradaintitulada «Consagrados ao serviço da vida», noCentro Pastoral Paulo VI em Fátima. 26 de fevereiroO Papa Francisco vai visitar a paróquia anglicana deTodos os Santos, no centro de Roma. O pontíficeargentino, o primeiro Papa a visitar uma paróquiaanglicana em Roma, vai ser testemunha de umairmanação simbólica entre a paróquia anglicana e aIgreja católica de Todos os Santos. 28 de fevereiroEntrudo (carnaval) – “Tempo de folguedos popularescom origem remota pré-cristã. A tradição manteve-senos tempos cristãos, ligada agora à Quaresma que punha fim aos dias carnavalescos.” (em EnciclopédiaCatólica Popular) 1 de marçoComeça a Quaresma este ano com a celebração deCinzas. É um período de 40 dias, marcado por apelosao jejum, partilha e penitência, que serve depreparação para a Páscoa, a principal festa docalendário cristão.O Papa Francisco escreveu a mensagem ‘A Palavra éum dom. O outro é um dom’.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 26 de fevereiro,13h30 - Faiths Nigth Out:Uma noite para falar sobre a fé Segunda-feira, dia 27, 15h00 - Entrevista a Luis Miguel Netosobre a folia do carnaval Terça-feira, dia 28, 15h00 - Informação e entrevista a freiBento Domingos sobre o Deusque ri Quarta-feira, dia 01 de março, 15h00 - Informação eentrevista a Catarina Martins Bettencourt sobre acampanha de quaresma da Fundação Ajuda à Igrejaque Sofre. Quinta-feira, dia 02, 15h00 - Informação e entrevistaa Paulo Caetano sobre as X Jornadas deConhecimento, em Seia. Sexta-feira, dia 03, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo com cónego António Rego e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 26 de fevereiro - 06h00 - O humor nareligião. Diálogo com Esther Mucznik (ComunidadeJudaica), José Tolentino Mendonça (Igreja Católica) eSheik David Munir (Comunidade Islâmica) no TeatroSão Luiz Segunda a sexta-feira, dias 26 de fevereiro a 03de março - 22h45 - Alegria: com Cuca Roseta eRicardo Araújo Pereira (dias 26 e 27 fevereiro);Quaresma: D. José Ornelas; P. José TolentinoMendonça e Rui Marques, da PAR

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Ano A – 8.º Domingo do TempoComum Nunca teesquecerei!

A Palavra de Deus deste 8.º Domingo do TempoComum convida-nos a dirigir o nosso olhar para o queé verdadeiramente importante, propondo-nos umareflexão sobre as nossas prioridades.O Evangelho aponta para a busca do essencial, oReino do amor de Deus. Na segunda leitura, Pauloconvida os cristãos de Corinto a fixarem o seu olhar naproposta de salvação/libertação que, em Jesus, Deusfez aos homens, e não no acessório, os veículos damensagem. Estes, sejam padres ou leigos, devem terconsciência de que não estão a anunciar-se a sipróprios. Antes, devem assumir-se como discretos efiéis «servos de Cristo e administradores dos mistériosde Deus».Mas gostaria de salientar a belíssima mensagem daprimeira leitura, com apenas dois versículos, quesublinha a solicitude e o amor de Deus, recorrendo àimagem da maternidade: a mãe ama o filho, com umamor instintivo, avassalador, eterno, gratuito,incondicional; e o amor de Deus mantém ascaracterísticas do amor da mãe pelo filho, mas emgrau infinito.Vale a pena reler o texto de Isaías, o profeta daesperança: «Poderá a mulher esquecer a criança queamamenta e não ter compaixão do filho das suasentranhas? Mas ainda que ela se esqueça, Eu oSenhor não te esquecerei».A um Povo que vive numa situação dramática defrustração, de desorientação, de total incerteza emrelação ao futuro, que olha à volta e não vê Deuspresente na sua caminhada, que começa a duvidar doamor e da fidelidade de Deus, o profeta diz: «nãodesanimeis: apesar da aparente ausência, Deus ama-vos ainda mais do que uma mãe ama o filho; Elecaminha convosco ao encontro da vida plena».

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É uma mensagem eterna,consoladora e repousante. Nummundo em que as referências sealteram rapidamente e ahumanidade não sabe exactamentepara onde caminha, em que oterrorismo, as guerras, as ameaçasambientais e o totalitarismo dosbens materiais ameaçam o frágilequilíbrio da humanidade, somosconvidados a descobrir o amormaterno de Deus, a sua solicitudenunca desmentida, a sua presençaterna e protetora.A vida terrena e peregrina não nosdeixa tempo nem disponibilidadepara andarmos atrás de doissenhores. Na essência, só podemosseguir um

senhor. Na nossa liberdade deoptar, devemos ser coerentes eexigentes no seguimento do únicoSenhor da vida, o Senhor Deus, Paie Mãe, que nos ama e cuida de nós.Trata-se de um intensa exigênciapara sermos ainda mais solidários efecundos deste amor nas situaçõese atitudes, nos gestos e palavras aolongo desta semana, em que seinicia o tempo da Quaresma, semprealimentados pela Palavra de Deusque incarna no nosso mundo porEle amado.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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5,3 milhões de peregrinosnas celebrações de 2016

As estatísticas referentes ao ano de2016, apresentadas pelo Santuáriode Fátima, fazem antever um AnoJubilar do Centenário das Apariçõescheio de peregrinos. Comparandoos dados de janeiro de 2016 e 2017esse crescimento é notório, porexemplo houve mais 24 gruposestrangeiros (40 em 2016 e 64 em2017), o que representa 7347peregrinos estrangeiros emperegrinações organizadas.O santuário registou em todas

as suas celebrações, oficiais eparticulares, um total de 5,3 milhõesde pessoas, na sua maioriaportugueses, que continuam a vir aoSantuário de forma individual.Destes 5,3 milhões, apenas 693 milo fazem inseridos em peregrinaçõesorganizadas registadas no Serviçode Peregrinos do Santuário deFátima.No entanto, o número de peregrinosque visitou o Santuário em 2016integrado em peregrinaçõesaumentou, tal como o próprio

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número de peregrinações.Registaram-se mais 6peregrinações e com mais 106 milperegrinos relativamente a 2015.De salientar nestes números étambém a visita aos espaçosmuseológicos do Santuário deFátima, sobretudo a exposiçãotemporária, no Convivium de SantoAgostinho, no piso inferior daBasílica da Santíssima Trindade,que regista uma adesão muitosignificativa dos peregrinos, talcomo as Casas dos Pastorinhos e,num total de quase um milhão depessoas (996 mil). Estas visitasmostram claramente um gosto pelacultura e pela história do Santuárioe dos seus protagonistas.Em 2016 registaram-se mais 6peregrinações organizadas do queem 2015, oriundas de paísesestrangeiros. Estas peregrinaçõestrouxeram mais cerca de 106 milperegrinos.O Serviço de Peregrinos doSantuário de Fátima registou 1686peregrinações portuguesas. Importareferir que as nacionais sãorelativas a movimentos grupos ouassociações que envolveram 340mil peregrinos. Depois, dentro docontexto nacional temos asperegrinações organizadas pelasdioceses, e neste capítulo Lisboa,Porto e Braga continuam a liderarsendo que é importante

referir que embora só tenhaorganizado 84 peregrinações, adiocese de Leiria-Fátima continua aser das dioceses nacionais a quemais peregrinos mobiliza: 44 350.No que toca a peregrinaçõesestrangeiras Espanha, Itália ePolónia continuam a ser os grandeslíderes de peregrinações pelaproximidade geográfica. Hásemelhança do que acontece comdioceses portuguesas, nem sempresão as que fazem maisperegrinações que trazem maisperegrinos a Fátima. O caso daUcrânia é disso paradigmático,porque com apenas 20peregrinações organizadas trouxequase sete mil peregrinos.

Fonte: Santuário de Fátima ESTATÍSTICAS

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Santuário lembrou Beatos Franciscoe Jacinta MartoO bispo da Diocese de Leiria-Fátimapresidiu esta segunda-feira à Missada festa litúrgica dos BeatosFrancisco e Jacinta Marto, naBasílica da Santíssima Trindade, eapresentou os pastorinhos como“estrelas” na “noite” da sociedadeatual. D. António Marto falou dosvidentes de Fátima como “duaspequenas estrelas que brilham nocéu de Portugal e do mundo, parailuminar nesta noite que o mundoatravessa, de dúvida e incerteza, nopresente e no futuro”.“A santidade simpática dospequenos videntes é umaaprendizagem, porque as criançastambém ensinam os adultos na suasimplicidade infantil”, referiu nahomilia da celebração, divulgadapela página do Santuário de Fátima.O prelado falou desta festa litúrgicacomo “ponto alto da celebração doCentenário das Aparições”, por serum convite a “descobrir a beleza dasantidade destas crianças”.O bispo de Leiria-Fátima referiu queos pastorinhos são “apresentadoscomo modelo de santidadecontemporâneo no nossoquotidiano”, porque é

possível “contemplar a beleza deDeus envolvidos na beleza das suasvidas”. “O Francisco é um meninoque se deixa habitar pela presençainefável de Deus, e sentiu o apelo àoração e à contemplação de Deus”,assinalou.“À pequena Jacinta sobressai oespírito de compaixão pelos quesofrem, e o desejo de se fazer comonosso Senhor, na sua compaixãopela humanidade”, acrescentou.No final da celebração, D. AntónioMarto convidou as crianças ao altar,para receber uma bênção.A Igreja celebra a 20 de fevereiro afesta litúrgica dos beatos Franciscoe Jacinta Marto, dois dos trêspastorinhos videntes de NossaSenhora, em 1917; a data coincidecom a morte da Beata Jacinta Marto.

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Vozes do Centenário

“Ao celebrarmos um centenário como o de Fátima, estamos a celebrar anós próprios, naquilo que temos de melhor e naquilo que devemos serpara melhor, por nós, para os outros, para Deus, com Maria”

(D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa)‘Vozes do Centenário’ é o título da rubrica emitida na Rádio Renascença,entre o dia 2 de fevereiro e o dia 12 de maio, numa coprodução com oSantuário de Fátima para a celebração do Centenário das Aparições.

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Os heróis que levam o Evangelho ao coração da Amazónia, no Brasil

Saudades da missaSão dias e dias para se chegar acada aldeia, a cada casa. Sãoviagens perigosas em velhos barcosde madeira, nas únicas “estradas”na selva da Amazónia. A diocese deTefé, por exemplo, tem quase trêsvezes o tamanho de Portugal maspor lá vive apenas o equivalente ametade da população do concelhode Sintra… Chegar a todos é muitodifícil. No Brasil, há padres e irmãsque são verdadeiros heróis…D. Fernando Barbosa dos Santosnunca mais irá esquecer quando, hátrês anos, ao meio-dia de 14 deMaio, atendeu no seu telemóveluma chamada do núncio apostólicono Brasil, Giovanni d’Aniello. “Onúncio ligou comunicando que oSanto Padre me tinha nomeadopara Tefé. Foi um susto. Eu nemsabia bem onde ficava Tefé…” Hoje,D. Fernando, que pertence àcongregação dos Padres Lazaristas,é o primeiro bispo não espiritano àfrente desta enorme dioceseencravada no meio da Amazónia.Vista daqui, desde Portugal, adimensão desta diocese pareceimpensável. Mas basta olhar commais atenção para se

compreenderem bem as dificuldadesque sacerdotes e irmãs têm desuperar para chegarem a cadacomunidade, a cada casa, a cadacristão. O Bispo de Tefé conta coma colaboração de 22 padres maisum punhado de irmãs e dediáconos. Muitas vezes, têm de fazerviagens de 100 horas apenas paracelebrarem a Missa. Quase cincodias. A viagem é um suplício, mas éimpensável deixar aquelaspopulações sem a palavra de Deus.A paróquia de São Benedito, emItamarati, por exemplo, é muitopobre. Como se não bastasse isso,a viagem até lá, em velhos barcosde madeira, custa uma fortuna sóem combustível. E depois, o perigoespreita em todo o lado. O rio émuitas vezes traiçoeiro. As correntessão imensas, as tempestadescomuns e, ao longo da viagem, ostelemóveis estão sempresilenciosos. É uma viagem de todosos perigos. É mesmo uma viagemsem rede. Com a dimensãoequivalente a quase três vezes otamanho de Portugal, por lá viveapenas cerca de metade daspessoas do concelho de Sintra. Umadensidade demográfica de menosde 1 habitante por quilómetroquadrado.

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O senhor JoãoCada paróquia tem dezenas decomunidades que precisam de servisitadas. Uma delas, a paróquia daMissão, por exemplo, tem apenasum sacerdote. Chegar até lá ésempre um trabalho difícil,esgotante. Chegar lá significa,porém, levar o sorriso de Deus atodas aquelas pessoas que estãocomo que entrincheiradas no meiodo verde da selva. O simplesanúncio da vinda de um padre élogo sinal de festa. É o sinal davisita de um amigo. Um destes dias,quando um dos sacerdotes foi atélá, reencontrou-se com um dos maisvelhos habitantes da zona. Osenhor João, de 92 anos.

Mal chegou o padre, o senhor Joãonão resistiu e começou a chorar. Opadre perguntou-lhe arazão daquelas lágrimas. A respostafoi imediata: “Estou com saudadesda missa.” A maior parte destaspessoas só recebem a visita de umsacerdote ou de alguma irmã, umaou duas vezes por ano. Para ajudareste trabalho missionário,a Fundação AIS decidiu doar, para aIgreja de Tefé, graças àgenerosidade dos seus benfeitorese amigos, quatro barcos emalumínio, mais velozes eeconómicos, e, acima de tudo, maisseguros. Para que ninguém fiquecom saudades da missa…

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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D. Manuel Vieira PintoO Missionário de Nampula

Tony Neves Espiritano

Há pessoas que deixam marcas quando asencontramos. É o caso de D. Manuel Vieira Pinto.Na obra coordenada pelo P. José Luzia está estetestemunho que escrevi em jeito de homenagem:‘Encontrei-o em Nampula no ano 2000. Fui visita-lo ao Paço Episcopal, porque queria entrevista-lo. Fui recebido sem qualquer espécie decerimónias como, percebi, era costume. Semprotocolos, levou-me para o seu gabinete detrabalho, uma sala grande, não muito arrumada,mas muito simples.Fiz-lhe bastantes fotos mas, quando insisti emfazer uma entrevista, ele lá me foi dizendo queera melhor só conversarmos. Depois - garantiumas nunca cumpriu - mandaria respostas maiselaboradas pelo correio. Até hoje.A conversa foi fantástica, como toda a sua vidapor terras de Moçambique. Antes e durante aguerra colonial, ele colocou-se do lado dos maispobres e defendeu as populações autóctonesdas arbitrariedades de alguns dos colonos. EmMarço de 1974, foi ‘expulso’ por ter defendido aindependência de Moçambique, mas o 25 deAbril fê-lo voltar pela porta grande.Na hora da independência, era uma das rarasfiguras da hierarquia da Igreja que as novasautoridades do país respeitavam. Tal nãoimpediu que o governo de Samora Machelmandasse confiscar todos os edifícios da Igreja eimpedisse a circulação dos Missionários. Comoresposta

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pastoral, D. Manuel e outros bispose missionários lançaram o projetodas comunidades ministeriais, ondeo padre não aparecia mas oslíderes leigos asseguravam a vida eas celebrações das Comunidades.Talvez por esta contingência dahistória, hoje Moçambique tem umaIgreja bastante descentralizada ecom muito empenho dos leigos navida e missão das Comunidadescristãs.A idade foi avançando e a saúdepiorando. D. Manuel deixouNampula e veio até ao Porto, suaDiocese natal onde ficaria a residirna Casa Diocesana de Vilar. Foi láque o reencontrei e foi nessemomento que percebi porque é queele nunca respondera às minhasperguntas, conforme prometera. Amemória tinha-lhe fugido e ele jánão conhecia bem as pessoas e,muito menos, alinhava as ideias.Coisas da fragilidade da nossacondição humana…

Nasceu a 8 de Dezembro de1923,em S. Pedro de Aboim-Amarante. 93 anos é muito tempo, émuita vida dedicada á causa doEvangelho. D. Manuel é um homemalegre. Em Nampula, tive a alegriade partilhar um tempinho com umpastor feliz. A meio do encontro,levantou-se da sua cadeira, foi aopátio da casa onde tinham chegadocrianças e começou a distribuirsaudações e rebuçados. Era, peloque me disseram, um ritual habitualque as crianças muito apreciavam,num tempo em que um rebuçadoera uma pequena preciosidadenaquelas paragens.Se pudesse, ia dar-lhe um abraço.Sei que ele não o compreenderia,mas eu gostava de lhe exprimir aadmiração que tenho por ele e portantos homens e mulheres que, emtempos difíceis, ousaram anunciar oEvangelho da Justiça, da Paz e daAlegria’.Obrigado D. Manuel. Que a sua vidae Missão sejam inspiração paramuitos, dentro e fora da Igreja.

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Page 38: Opinião - Agência ECCLESIAsites.ecclesia.pt/semanario/netimages/pdf/ecclesia... · Após a folia do Carnaval, chegarão as Cinzas e a Quaresma, com os seus apelos à oração, jejum

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