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Universidade Aberta do Brasil Universidade Federal do Ceará Instituto UFC Virtual Atividade de Portfólio JOSÉ NAURÍ Pesquisar sobre as abordagens educacionais – oralismo, comunicação total, bilinguismo e inclusão. Escreva as principais características de cada uma, tecendo suas considerações pessoais. ORALISMO Surgiu por volta do século XVIII e a partir das resoluções do Congresso de Milão (1880). Na época a língua de sinais foi oficialmente proibida nas escolas e a comunidade surda foi excluída da política e instituições de ensino. Essa proposta pretendia que os surdos fossem reabilitados, ou “normalizados”, pois, a surdez era considerada uma patologia, uma anormalidade. Eles deveriam comportar-se como se ouvissem, ou seja, deveriam aprender a falar. A oralização foi imposta a fim de que eles fossem aceitos socialmente. Como nem todos eram capazes de desenvolver a oralidade, muitos eram excluídos da possibilidade educativa e do meio social. Portanto, a maioria dos surdos vivia de forma clandestina. . Para os oralistas, a linguagem falada é prioritária como forma de comunicação dos surdos, sendo indispensável para o desenvolvimento integral das crianças. Sinais e alfabeto digitais são proibidos, recomenda-se que a comunicação seja feita pela via auditiva e pela leitura orofacial. . Por quase um século essa abordagem não foi questionada, embora a maioria dos surdos profundos não desenvolvesse a fala satisfatoriamente, conforme era exigido pelos ouvintes. . Essa filosofia educacional desencadeava um atraso global no desenvolvido, que resultava em falta de estímulo e evasão escolar. Os alunos frequentavam a escola mais para aprender a falar do que propriamente para receber os conteúdos escolares.. Houve o incremento do uso de próteses, mesmo assim, os métodos eram basicamente treinamentos de fala, desvinculados de contextos dialógicos propriamente ditos.

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Atividade de Portfólio

JOSÉ NAURÍ

Pesquisar sobre as abordagens educacionais – oralismo, comunicação total, bilinguismo e inclusão. Escreva as principais características de cada uma, tecendo suas considerações pessoais.

ORALISMOSurgiu por volta do século XVIII e a partir das resoluções do Congresso de Milão (1880). Na época a língua de sinais foi oficialmente proibida nas escolas e a comunidade surda foi excluída da política e instituições de ensino.Essa proposta pretendia que os surdos fossem reabilitados, ou “normalizados”, pois, a surdez era considerada uma patologia, uma anormalidade. Eles deveriam comportar-se como se ouvissem, ou seja, deveriam aprender a falar.A oralização foi imposta a fim de que eles fossem aceitos socialmente. Como nem todos eram capazes de desenvolver a oralidade, muitos eram excluídos da possibilidade educativa e do meio social. Portanto, a maioria dos surdos vivia de forma clandestina. .Para os oralistas, a linguagem falada é prioritária como forma de comunicação dos surdos, sendo indispensável para o desenvolvimento integral das crianças.Sinais e alfabeto digitais são proibidos, recomenda-se que a comunicação seja feita pela via auditiva e pela leitura orofacial. .Por quase um século essa abordagem não foi questionada, embora a maioria dos surdos profundos não desenvolvesse a fala satisfatoriamente, conforme era exigido pelos ouvintes. .Essa filosofia educacional desencadeava um atraso global no desenvolvido, que resultava em falta de estímulo e evasão escolar. Os alunos frequentavam a escola mais para aprender a falar do que propriamente para receber os conteúdos escolares..  Houve o incremento do uso de próteses, mesmo assim, os métodos eram basicamente treinamentos de fala, desvinculados de contextos dialógicos propriamente ditos.Por volta de 1960, surgiram alguns estudos sobre a língua de sinais utilizada pelas comunidades surdas. Apesar da proibição, era natural encontrarem em escolas ou instituições de surdos a comunicação por sinais de modo velado.O pioneiro trabalho de William C. Stokoe (1919 – 2000) revelou que as línguas de sinais eram verdadeiras línguas, preenchendo em grande parte os requisitos das línguas orais. .

Comunicação Total. . O insucesso do Oralismo deu origem a novas propostas em relação á educação da pessoa surda. A abordagem que surgiu por volta de 1970 foi chamada de Comunicação Total. Nessa abordagem educacional foi permitida a prática de uma série de recursos: língua de sinais, leitura orofacial, utilização de aparelhos de amplificação sonora, alfabeto digital. Os estudantes surdos poderiam então expressar-se como achassem mais conveniente.O objetivo era que a criança pudesse se comunicar com todos: familiares, professores, surdos, ouvintes, e assim não sofresse consequências do

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isolamento que a surdez proporciona. A surdez então não era entendida como patologia, mas como um fenômeno com significações sociais.Poderiam ser utilizados os sinais da língua de sinais da comunidade surda, assim como sinais gramaticais modificados. Igualmente, tudo que era falado poderia ser acompanhado de elementos visuais. A intenção também era facilitar a aquisição da língua oral e da leitura e escrita.Os alunos então utilizavam os sinais em contato com outros surdos fluentes. Nos ambientes escolares o uso dos sinais ocorria, porém, obedecendo à estrutura da Língua Portuguesa. Eles chamavam essa estratégia de “português sinalizado”. Mesmo com a pretensão de facilitar a aprendizagem, o português sinalizado produzia certa confusão para o aluno surdo. .  Em relação ao Oralismo, a Comunicação Total trouxe benefícios, fazendo com que houvesse melhora na comunicação dos surdos. Entretanto, verificaram-se alguns problemas em relação à comunicação fora da escola. As dificuldades escolares continuaram. Alguns casos bem-sucedidos, mas a maioria com resultados acadêmicos muito abaixo do esperado. .Entre os surdos era possível desenvolver a língua de sinais propriamente dita, e nos ambientes escolares havia um misto de sinais e língua oral.Então, estudos sobre a língua de sinais foram cada vez mais apontando para propostas educacionais alternativas que orientavam para uma educação bilíngue.

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO . http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/26900/oralismo#ixzz2flrSsOPs

O bilinguismo tem como pressuposto básico a necessidade do surdo ser bilíngue, ou seja, este deve adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como língua materna e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país. Estas duas não devem ser utilizadas simultaneamente para que suas estruturas sejam preservadas.O conceito mais importante que a filosofia traz é que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias. Durante muitos anos as línguas de sinais foram proibidas aos surdos por serem consideradas um meio de comunicação inferior, inconveniente e destituída de rigor científico. A partir de Stokoe (1960), passou-se a ver a língua de sinais como realmente uma língua e não apenas como mero gesto.As Línguas de Sinais são línguas naturais, que utilizam o canal visuomanual, criadas por comunidades surdas através de gerações. Estas línguas, sendo diferentes em cada comunidade, têm estruturas gramaticais próprias, independentes das línguas orais dos países em que são utilizados. As Línguas de Sinais possuem todas as características das línguas orais, como a polissemia, possibilidade de utilização de metáforas, piadas, jogos de linguagem, etc.A LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – possui um nível morfossintático bastante complexo que envolve relações de usos de localizações no espaço de sinalização para construção e manutenção da referência pronominal, para a

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troca de papéis da pessoa do discurso e para as relações de concordância dos verbos com seus argumentos.As línguas de sinais são basicamente diferentes das línguas orais devido à sua modalidade espaço-visual, que faz com que sejam percebidas através da visão e produzidas através das mãos e das expressões faciais e corporais. A aquisição da LIBRAS pela criança surda, ao contrário da língua oral, deve ocorrer espontaneamente, ou seja, através do diálogo. O surdo não necessita de aulas de LIBRAS e sim de conviver com indivíduos que tenham fluência nessa língua. A língua oral é aprendida mais lentamente pelo surdo porque esse aprendizado requer uma sistematização e utilização de recursos e técnicas específicas para suprir a falta do órgão sensorial da audição. O bilinguismo acredita que dominando a Língua de Sinais é mais fácil para o surdo perceber estes aspectos na língua oral, já que ele tem exemplos na língua de sinais para se guiar.No dia 24/04/2002, através da lei nº 10.436, o governo federal reconheceu a LIBRAS como meio legal de comunicação e expressão oficial da comunidade surda brasileira. Com isso, sua difusão é um dever do poder público, empresas concessionárias de serviços públicos e institucionalizados, cabendo também aos sistemas educacionais estaduais e municipais a sua inclusão nas grades curriculares pedagógicas, contribuindo com a difusão desta forma de comunicação, evitando a discriminação e a exclusão social que há anos os surdos vêm enfrentando em nosso país, onde eles também têm o direito de participação.

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO http://www.portaleducacao.com.br/fonoaudiologia/artigos/33865/o-bilinguismo-o-que-e#ixzz2fltpsmZF

CONSIDERAÇÕES SOBRE INCLUSÃO

É difícil pensarmos que pessoas são excluídas do meio social em razão das

características físicas que possuem, como cor da pele, cor dos olhos, altura, peso e

formação física. Já nascemos com essas características e não podemos, de certa

forma, ser culpados por tê-las.

A inclusão está ligada a todas as pessoas que não têm as mesmas oportunidades

dentro da sociedade. Mas os excluídos socialmente são também os que não possuem

condições financeiras dentro dos padrões impostos pela sociedade, além dos idosos,

os negros e os portadores de deficiências físicas, como cadeirantes, deficientes

visuais, auditivos e mentais. Existem as leis específicas para cada área, como a das

cotas de vagas nas universidades, em relação aos negros, e as que tratam da inclusão

de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

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Penso que a inclusão é uma responsabilidade de todos nós. Precisamos cada um de nós fazer nossa parte para efetivação da inclusão. Não dá para fazer de conta que ela está acontecendo, só porque as diretrizes educacionais dizem que a escola regular tem que receber uma criança que apresenta necessidades educacionais especiais, e de fato recebe, quando o professor não está preparado para essa inclusão por vários motivos, mas os dois principais e reais são: a falta de formação adequada e/ou não querer se abrir para o novo e se despir dos preconceitos que cada um de nós carregamos dentro de si. Acredito que o modelo de educação bilíngue, que ainda é uma experiência rara, se dará como uma consequência do compromisso de todos que fazem a educação em todos os âmbitos, favorecendo o pleno desenvolvimento dos sujeitos surdos de nossa sociedade.