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EEL - Escola de Engenharia de Lorena Universidade de São Paulo Campus USP - Lorena Profª Drª Jayne Carlos de Souza Barboza e Professor Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida 2006/2007

Organica_2

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Page 1: Organica_2

EEL - Escola de Engenharia de Lorena Universidade de São Paulo

Campus USP - Lorena

Profª Drª Jayne Carlos de Souza Barboza e

Professor Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida 2006/2007

Page 2: Organica_2

Química Orgânica II

Por

Profª Drª Jayne Carlos de Souza Barbosa ([email protected])

e Prof. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida

([email protected])

Digitação e Edição

Darcisa Miguel ([email protected])

e Gerson P. dos Santos

([email protected])

Diagramação, Edição de Arte, Capa e Produção Gráfica

Gerson P. dos Santos

Revisão de Texto

Prof. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida

Page 3: Organica_2

ÍNDICE

Capítulo 1 Haletos de acila .......................................................... 2

Processos de obtenção .............................................................. 2

Propriedades químicas ............................................................. 11

Capítulo 2 Anidridos .................................................................. 45

Métodos de obtenção................................................................ 45

Propriedades Químicas............................................................. 51

Capítulo 3 Ésteres ...................................................................... 60

Métodos de obtenção................................................................ 60

Propriedades químicas dos ésteres ........................................ 66

Noções de síntese orgânica ..................................................... 78

Acetato de amila ........................................................................ 78

Noções de síntese orgânica ..................................................... 81

Síntese do ftalato de dimetila ................................................... 81

Capítulo 4 Biodiesel – Gás natural – Biogás -

Créditos de carbono ................................................ 83

Biodiesel..................................................................................... 83

Créditos de carbono................................................................ 101

Biogás....................................................................................... 110

Gás natural ............................................................................... 111

Capítulo 5 Amidas .................................................................... 123

Processos de obtenção .......................................................... 123

Propriedades químicas das amidas....................................... 134

Noções de síntese orgânica ................................................... 149

Benzamida................................................................................ 149

Capítulo 6 Aminas .................................................................... 151

Métodos de obtenção.............................................................. 152

Propriedades das aminas ....................................................... 156

Aminas Aromáticas (Aril Aminas) .......................................... 161

Alquilação ................................................................................ 167

Teste de Hinsberg.................................................................... 170

Noções de síntese orgânica ................................................... 172

Page 4: Organica_2

Síntese da 2, 4, 6 tribromo anilina.......................................... 172

Capítulo 7 Fenóis...................................................................... 174

Substituição no anel................................................................ 182

Fenóis – Obtenção e Propriedades........................................ 187

Capítulo 8 Sais de diazônio / Azo compostos........................ 191

Propriedades químicas ........................................................... 191

Reações de copulação ............................................................ 195

Capítulo 9 Ácidos Sulfônicos Alifáticos................................. 203

Métodos de obtenção.............................................................. 203

Propriedades físicas................................................................ 204

Propriedades químicas ........................................................... 205

Ácidos Sulfônicos Aromáticos............................................... 205

Propriedades Físicas............................................................... 206

Propriedades Químicas........................................................... 206

Capítulo 10 Hidroxi e cetoácidos .............................................. 211

Hidroxiácidos alifáticos .......................................................... 211

Hidroxiácidos aromáticos....................................................... 215

Aldoácidos ............................................................................... 215

α-cetoácidos ............................................................................ 217

β-cetoácidos............................................................................. 218

Métodos de obtenção.............................................................. 219

Lactonas................................................................................... 223

Page 5: Organica_2

1

Referências Bibliográficas

1 - BARBOSA, Luiz Cláudio de Almeida. Química Orgânica. Editora UFV. Viçosa, 2000.

2 - BRESLOW, Ronald. Mecanismos de Racciones Orgánicas. Barcelona. Editorial Reverté S/A, 1.978.

3 - BRUICE, Paula Yurkanis. Química Orgânica. Editora Pearson Prentice Hall. São Paulo, 2006.

4 - CAMPOS, Marcello M. Fundamentos de Química Orgânica. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1.997.

5 - DURST, H. D. Química Orgânica Experimental. Barcelona. Editorial Reverté S/A, 1.985.

6 - GONÇALVES, Daniel; WAL, Eduardo, ALMEIDA, Roberto P. Química Orgânica Experimental. Rio de Janeiro. Editora McGraw Hill, 1.988.

7 - HENDRICKSON, James B., CRAM, Donald J. Organic Chemistry. Tóquio. Editora McGraw Hill KogerKushe, 1.980.

8 - MORRISON, Robert T. e BOYD, Robert N. Química Orgânica. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, 1.995.

9 - QUINOÁ, Emílio e RIGUERA, Ricardo. Questões e Exercícios de Química Orgânica. São Paulo. Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1996.

10 - REUSCH, Willian H. Química Orgânica. São Paulo. Editora McGraw Hill, 1.979.

11 - SAUNDERS J., WILLIAM H. Reações Iônicas Alifáticas. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1.979.

12 - SOARES, Bluma G. e outros. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Purificação, Identificação de Compostos Orgânicos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1.988.

13 - SOLOMONS, T. W. Grahan. Química Orgânica 1. Rio de Janeiro. Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 1.996.

14 - SOLOMONS, Graham & FRYHLE, Graig. Química Orgânica. LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda. Rio de Janeiro, 2001.

15 - STEWART, Ross. A Investigação das Reações Orgânicas. São Paulo. Editora Edgard Blücher Ltda, 1.968.

16 - STOCK, Leon M. Reações de Substituição Aromáticas. São Paulo. Editora Edgard Blücher Ltda, 1.968.

Page 6: Organica_2

2

CAPÍTULO 1 HALETOS DE ACILA

Processos de obtenção

1) Reação de ácidos orgânicos com tricloreto de fósforo ou pentacloreto de fósforo

A reação com tricloreto de fósforo leva à formação de ácido

fosforoso e do haleto de ácido correspondente.

3 R CO

OH+ PCl3 3 R C

O

Cl+ H3PO3

Cl +PCl

ClCl R C O Pcl2

O H

+R CO

OH

HOPCl2 +R C

O

O

H

Pcl2 R CO

Cl +Cl

R CO

O H + P

HO

ClCl R C O

O H

POHCl + Cl

P(OH)2 Cl +R C O

O H

POHCl R CO

Cl +Cl

Cl +PHO

HOCl R C O

O

P (OH)2

H

+R CO

O H

Page 7: Organica_2

3

Cl + R C

O

O

H

P(OH)2 R CO

Cl + P(OH)3

H3PO3

PCl5

2 PCl5 PCl6 + PCl4

R CO

OH + PCl4 R C O

O H

P

Cl

Cl

Cl

Cl

PCl6 PCl5 + Cl

HO PCl4 +Cl R CO

Cl +R C

O

O

H

P

Cl

Cl

Cl

Cl

Cl +HO P Cl

Cl

Cl

HO P

Cl

Cl

Cl

ClΔ

H O P Cl

Cl

Cl

O PCl3 + H

HCl +H Cl

⎯ Representar a reação do ácido butanóico com o tricloreto de fósforo

indicando as etapas do mecanismo:

Page 8: Organica_2

4

+ PCl

ClCl C C C C O

O H

PCl2 + ClCO

OHCCC

HO PCl2 +C C C C

O

O

H

PCl2 C C C CO

Cl +Cl

C C C CO

OH + P

HO

ClCl C C C C O

O H

POH

Cl + Cl

P(OH)2Cl +Cl C C C CO

Cl +C C C C

O

O

H

POH

Cl

C C C CO

OH + P

HO

ClOH C C C C

O

O

H

P(OH)2 + Cl

Cl + C C C C

O

O

H

P(OH)2 C C C CO

Cl + P(OH)3

H3PO3

Reação global:

3C C C CO

OH + PCl3 3C C C C

O

Cl + H3PO3

⎯ Representar as etapas do processo que permitem obter cloreto de

metil propanoila:

C C C

C

O

Cl

Page 9: Organica_2

5

+ ClP ClCl

ClC C C

C O

O

H

PCl2 +C C C

C

O

OH

C C C

C

O

O H

PCl2 Cl C C C

C

O

Cl + POHCl2

C C C

Cl

O

OH + P

HO

ClCl C C C

C O

O

H

POHCl + Cl

P(OH)2Cl +C C C

CCl

OCl +C C C

C O

O

H

POHCl

C C C

C

O

OH + P

HO

ClOH C C C

C O

O

H

P(OH)2 + Cl

C C C

C

O

O H

P(OH)2 + Cl C C C

C

O

Cl + P(OH)3

H3PO3

⎯ Representar as etapas do mecanismo da reação do ácido propanóico

com PCl5.

2 PCl5 PCl6 + PCl4

C C CO

OH + PCl4 C C C

O

O

H

PCl4

Page 10: Organica_2

6

PCl6 PCl5 + Cl

HO PCl4 +Cl C C CO

Cl +C C C O

O H

PCl4

Cl +HO P ClCl

ClHO P

Cl

Cl

Cl

Cl

HO PCl3 + O PCl3H+

H+ + Cl HCl

HClPCl 3PCl 5 +O +C C CO

Cl +C C C

O

OH

2) Reação do ácido carboxílico com cloreto de tionila (SOCl2)

Nesse processo forma-se o haleto de acila correspondente, SO2 e

HCl, ambos gasosos.

A 1ª etapa é um ataque nucleófilo do oxigênio da hidroxila do

ácido ao enxofre, formando-se um intermediário instável.

R CO

O

H

+ Sδ+

Cl Cl

O

R C O

H

S ClCl

OO

A fase seguinte é a eliminação da base Cl , que irá atacar o

Page 11: Organica_2

7

carbono da carbonila da estrutura I formando o haleto de acila

correspondente, HCl e SO2.

R C

O

O

H

SO

Cl + Cl R C

O

Cl + HOSOCl

I

ClS

H OO HCl + SO2

⎯ A reação do ácido propanóico com cloreto de tionila leva a formação

de um haleto de acila. Represente as etapas dessa reação.

C C CO

OH + S

Cl Cl

O

C C C

O

O

H

S Cl

Cl

O

C C C

O

O

H

SO

Cl + Cl C C C

O

Cl + HO SOCl

ClS

H OO HCl + SO2

⎯ Numa experiência misturamos 1000g de ácido acético com quantidade

suficiente de SOCl2. Pede-se:

a) A massa de SOCl2 necessária;

b) A massa de haleto de acila obtida;

c) Os volumes de HCl e SO2 obtidos, nas CNTP.

Page 12: Organica_2

8

Haleto de acetilaSOCl2 necessário

1066,66g 608,33g1308,33g1983,33g1000g

64g36,5g78,5g119g60g

C CO

OH + SOCl2 C C

O

Cl + HCl + SO2

(C) VHCl 36,5g ⎯⎯⎯⎯⎯ 22,4L

608,33g ⎯⎯⎯⎯ 373,33L

VSO2 = VHCl nHCl = nSO2 VSO2 = 373,33L

3) Reação de Ésteres e Sais de Ácidos Carboxílicos com PCl3

O mecanismo destas preparações é o mesmo do primeiro método.

A reação de sais com PCl3 é utilizada para obter haletos de acila α, β

insaturados. Já a reação com ésteres é utilizada para obter qualquer tipo

de haleto de acila. As reações gerais são as seguintes:

HHHH + PCl3 R C C C

O

ClNa+R C C C

O

OSais

+ PCl3 R CO

ClR C

O

O RÉsteres

⎯ Representar as etapas da reação do PCl3 com:

a) Penteno 2 ato de sódio;

b) Butanoato de Etila.

C C C C CO

O Na + P

Cl

ClCl C C C C

O

O PCl2 + Cl

C

Na+

C C C C C O PCl 2 + Cl C C C C C

Cl

O

O PCl2

O

Page 13: Organica_2

9

C C C C C

O

Cl

+ Na OPCl2

_

Na

P Cl

Cl

O

C C C C C

O

O PO Na+ + Cl

Cl

+C C C C CO

O Na

-

Simplificando as etapas posteriores:

C C C C CO

ClNa

+ P

O Na

Cl

O Na+

C C C C C O

O

PO Na + Cl

+

-

-

Cl +

Na

+ P

Cl

O Na

O Na+

C C C C C

O

O PO Na+

O Na+C C C C C

O

O Na

- +

-

-

Na3+PO3

-3

P O Na+

O Na+

O Na+

+Cl C C C C CO

ClNa

C C C C C O

O

P (ONa)2 +

4) Reação de cloretos de acila com HF, HI, HBr

Nessas reações ocorre um ataque nucleofílico da base fluoreto,

brometo ou iodeto ao carbono da carbonila.

Cl +R CO

FR C Cl

F

O

F +R CO

Cl

+ HClHI R CO

I +R C

O

Cl

Page 14: Organica_2

10

Alguns autores sugerem o seguinte mecanismo:

HF H + F

R CO

Cl+ H R C

OH

Cl

+ Cl+ F R C

OH

F

Cl R COH

FR C

OH

Cl

R COH

F+ Cl HCl + R C

O

F

⎯ Qual o produto formado na reação do cloreto de hexanoila com HBr? O

rendimento dessa reação é alto ou baixo?

H Br H+ + Br

C C C C C CO

Cl + Br C C C C C C Cl

O

Br

δ+

C C C C C CO

Br + Cl

H ClH+ +Cl

5) Reações de cloreto de Benzoila com ácidos orgânicos

Os dois reagentes não são voláteis, por isto esse processo tem

interesse quando o haleto de acila formado for volátil.

Page 15: Organica_2

11

volátil;maior rendimento.

C6H5 CO

Cl + R C

O

OHC6H5 C

O

OH + R C

O

Cl

⎯ Explique como se prepara cloreto de formila através desse processo.

H CO

OH

ácido fórmico

H CO

Cl +C6H5 C

O

OHH C

O

OH +C6H5 C

O

Cl

PROPRIEDADES QUÍMICAS

1) Hidrólise e Alcóolise

Tanto a hidrólise quanto a alcoólise envolvem três etapas:

1ª etapa: ataque nucleofílico do oxigênio da água ou do álcool ao

Carbono da Carbonila.

2ª etapa: eliminação da base cloreto.

3ª etapa: A base cloreto retira um próton do oxigênio do ácido.

Obs: Esta é uma reação SN2

R C

O

Cl

OH2OH

H +R C

O

Cl

Cl HCl + R CO

OH +R C OH2

O

Cl

R CO

OH2

⎯ Qual o produto final formado na reação do cloreto de acetila com

Page 16: Organica_2

12

etanol?

C

O

Cl

H3C + OH

C CH3H2

H3C C

O

Cl

OH

C CH3H2

acetato de etila

H2

H3C CO

O C CHCl +

+ ClH3C CO

OH

C CH3C C

Cl

O

OH

C CH3

Obs: A reação de cloretos de acilas aromáticos com água ou

álcool ocorre por um processo SN1, porque o cátion carbonium formado

estabiliza-se por ressonância. Por isso a 1ª etapa da hidrólise ou alcoólise

de um haleto de acila aromático é a formação do cátion carbonium.

C

O

Cl C

O

+ ClH2O

C C

OCC

C

C C

C C

OCC

C

C C

C

O

C

C C

CC

C

C C

OCC

C

C C

⎯ Complete a equação química entre o cloreto de benzila e a água.

Page 17: Organica_2

13

H2O + ClC

O

C Cl

O

C

O

C

O

OH2 + OH

H

+ + Cl HCl CO

OHC

O

OH2

ácido benzóico

⎯ Explique como podemos obter:

a) benzoato de butila;

b) butanoato de isopropila.

a)

CO

ClC

O + Clbutanol

HH

CO

O C C C C + O C C C CC

O

CO

O C C C C + Cl HCl + CO

O C C C CH

b) A reação do cloreto de butanoila com isopropanol ocorre segundo um

mecanismo SN2:

C C C CO

Cl+ HO C C

C

R C

O

O

Cl

C C

C

H

Page 18: Organica_2

14

R C

O

O

Cl

C C

C

R CC

C

C

C

H

O+ Cl

H

+ Cl HCl + R CO

O C C

C

R CC

C

C

COH

Exercício: A alcoólise do cloreto de paranitrobenzoila é rápida enquanto

que a alcoólise do cloreto parametil benzoila é lenta. Explique.

CCl

ONO2

-I

O H

R

O grupo NO2 é eletroatraente (efeito –I), o que causa uma diminuição da densidade eletrônica do carbono de carbonila, que passa a atrair com mais intensidade o oxigênio do álcool: reação rápida.

Também devido à maior estabilidade do estado de transição, o que torna a reação mais rápida (Moura Campos).

+I

CCl

OCH3

O H

R

Page 19: Organica_2

15

Já o grupo metil é eletronrepelente (efeito +I), esse efeito causará

um aumento de densidade eletrônica da carbonila, que não atrairá com

tanta intensidade o oxigênio do álcool: reação lenta.

2) Reação com água oxigenada

Nesse caso formam-se compostos chamados perácidos, que são

mais reativos que os ácidos comuns, e por isso mesmo utilizados em

sínteses orgânicas.

H

+ O OH R C O OH

O

Cl

R C O OH

H O

R CO

Cl+ Cl

H

HCl + R C O OH

OPerácido

⎯ Como podemos obter parácido butanóico através da reação do H2O2

com um haleto de acila?

H+ HClC C C C

O

O OH+ ClC C C C

O

O OH

C C C CO

Cl

H

+ O

HCl

O

OHOCCCCOH

3) Reações do benzeno em presença de AlCl3

A 1ª etapa é a formação da espécie eletrófila:

+ AlCl4 + AlCl3 R C Cl

O

AlCl3 R CO

R C

O

Cl

A 2ª etapa: ataque eletrofílico ao benzeno, com formação de um

cátion que é estabilizado por ressonância.

Page 20: Organica_2

16

+ C

O

R

C

O

R H

A 3ª etapa: eliminação do cátion H+ e formação de um estrutura

aromática e estável.

CR

O

H

H+ +

C

O

R

4ª etapa: Recuperação do catalisador

H+ + AlCl4 HCl + AlCl3

A butil fenil cetona tem por fórmula:

Explique sua síntese. C C C C C

O

C C C C CO

Cl + AlCl3 C C C C C Cl

O

AlCl3

+ AlCl4C C C C C

O

C C C C C

O

+ C C C C C

O H

Page 21: Organica_2

17

+ H+C C C C C

OH

C C C C C

O

H+ + AlCl4 HCl + AlCl3

4) Redução com H2/Pd

1ª etapa: Cisão heterolítica do hidrogênio

H H H + H+PdΔ

2ª etapa: Ataque nucleófilo do ânion hidreto formado:

H+ + Cl HCl

+ Cl+ H R C H

Cl

O

R CO

HR C

O

Cl

Alguns autores sugerem que a primeira etapa deste mecanismo

seria uma adição eletrofílica do H :

R C

O

Cl

+ H R C Cl

OH

Segue-se um ataque nucleofílico da base H Obs: se utilizarmos hidrogênio em excesso obteremos como

produto final um álcool.

R CO

H

PdΔ

H

R CH2

OH

+ H

Page 22: Organica_2

18

A redução do cloreto do 2 metil pentanoila com H2/Pd leva à

formação de uma mistura contendo álcool e um aldeído. Identifique-os:

H H H+ + HPdΔ

C C C C C

C

O

Cl + H C C C C C

C Cl

H

O

δ+ δ -

δ -

-

C C C C C

C

O

H + Cl

Cl + H+ HCl

C C C C C

C

O

HH

C C C C

C

CH2

OH

+ H

2 metil-pentanol 1

Obs: O melhor método para obter aldeídos é a síntese Reissert-

Fischer.

Trata-se da reação de um haleto de acila com cianeto de potássio

e quinolina.

Cl +

R C Cl

O

N

CR O

H

CNK N

H

CN

C ClR

O

CN +

N

Page 23: Organica_2

19

aldeído2 carboxi quinolina

+NH3R CO

H+

NC

O

OHH+

H2O

N CN

CR O

H

⎯ Como podemos sintetizar hexanal através da síntese de Reissert-

Fischer?

quinolinaN

N

+ CNK

N

CCCCCC

Cl

O

CN

H

C C C C C CO

Cl

δ−

δ+

+ ClN

H

CN

CCCCCC O

+N

CCCCCC O

H

CN NC

O

OH

C C C C C C

O

H

H2OH+ + NH3

2 carboxi quinolina hexanal

Obs: A transformação do grupo “CN” no grupo ocorre

em meio a uma solução aquosa ácida (HCl).

CO

OH

Page 24: Organica_2

20

+ H+

+ OH2R C N R C NH

B

R C

OH

NH2 R C NH2

OH

R C NH

OH2

Há autores que sugerem que primeiro ocorre a protonação e em

seguida o rompimento da ligação:

R C

OH H

NH + B H B + R C NH

OH

R C NH2

OH

R C NH2

OH

R C NH2

OH

amida + HB (pode ser neutralizado) R CO

NH2

+ BR C NH2

OH

R CO

NH2

R C

O

NH2

OH2

+ OH2

ácido orgânico R CO

OH++ NH2 NH3R C

O

OH2 (pode ser neutralizado)

Page 25: Organica_2

21

⎯ Esquematize a hidrólise em meio ácido do cianeto de isopropila.

+ H + OH2C

C

C

C NHC C

C

C

N

C C

C

C

OH2

NH + B C

C

C

C NH2

OH

C C

C

C

OH

NH2 B

2º3º

(pode ser neutralizado) + HBC

C

C

CO

NH2

C C

C

C

O

NH2

+ OH2 C

C

C

C

O

NH2

OH2

C

C

C

CO

OH2

+ NH2 C

C

C

CO

OH+ NH3 (pode ser neutralizado)

5) Reação com Diazometano

R CO

Cl+ H2C N N R C C

O

Cl

N NH2

H2C N N

H2C N N

Page 26: Organica_2

22

R C C N

H

H

O

N + Cl R C C

O H

N N N2 + R C

O

CH

(migração)

"cetenas"

R C C O R C C O

H H

R CO

CH

Exemplo: Reação de hidrólise das cetenas:

+ OH2 R C C O

OH2

R C C O

H

R C C O

H

OH2

R C C

H

H

O

OH

B

cetena

+ água ácido

+ R OH éster

+ NH3 amidas

⎯ A reação do cloreto de propanoila com azometano forma uma cetena.

Represente as reações dessa cetena com:

a) H2O;

b) Propanol 2;

c) NH3.

Page 27: Organica_2

23

C C C

O

Cl

+ C N N C C C Cl

O

C N N

H2

H2

δ+

δ−

Ver a seqüência proposta na página 22!

C C C C OReações da cetena formada (etil cetena: ):

a) H2O

C C C C O + OH2 C C C C O

OH2

C C C C

O

OH2

Β

δ

C C C C

H

H

O

OHácido butanóico

b) Propanol 2

C C C C O + O

C

CCO

O

CCCC

C

CC

C C C CO

O C C

CC C C C

O

O C C

C

H

butanoato deisopropila

B

H

H

H

pode ser umamolécula de álcool

Page 28: Organica_2

24

c) NH3

C C C C O + NH3 C C C C

O

NH3

C C C CO

NH3

H

C C C C

H

H

O

NH2

B(pode ser o NH3)

⎯ Os haletos de acila reagem com etóxido de sódio, amoníaco, aminas e

acetato de sódio seguindo o mecanismo tradicional.

1) Etóxido de sódio

Éster

Na+

_+

+ Na ClR C O

O

Cl

C C R CO

O C C+ O C CR C

O

Cl

2) Amoníaco (NH3)

R CO

Cl + NH3 R C

O

Cl

NH3 R CO

NH3

+ Cl

R CO

NH2

+ HCl

amida

(pode ser neutralizado)

3) Amina (R ⎯ NH2)

R CO

Cl + N R R C

O

Cl

N R R CO

N R+ Cl

H2

H2

H2

H3C C O Na+

H2

Page 29: Organica_2

25

amida substituída H

HCl + R CO

N R

4) Acetato de sódio

R CO

Cl+ C

O

OCH3 R C O

O

Cl

C

O

CH3

Na+

R CO

OC

OH3C

+ Na+ Cl -

anidrido

Exercícios

Obtenção de Haletos de Acila Explique a reação do PCl3 com butanoato de Etila.

+C C C CO

O C CP

Cl

Cl C C C C

O

O

C C

PCl2 + Cl

Cl

+ C C O PCl2C C C CO

ClC C C C O

O C C

PCl2 + Cl

+ ClC C C C

O

O C C

P O C C

Cl

Cl

C C C C O

O C C

P

Cl

O C C

+

C C C C O

O C C

P

Cl

O C C

C C C CO

Cl + P O C C+ Cl 2 Cl

H3C CO

O Na+

Page 30: Organica_2

26

+ P

Cl

OCC

C C C C

O

O C C

O C C

2C C C C

O

O

C C

P O C C + Cl

C C C C

O

O

C C

P O C C 2 + P O C CC C C C

O

Cl

+ Cl3

⎯ Representar as equações, com os respectivos nomes, que envolvem as

seguintes espécies químicas.

A) Cloreto de Benzoila e etóxido de sódio.

CO

Cl+ O C C C O C C

Cl

O

Na+

CO

O C C+ Na+ Cl

benzoato de etila

B) Cloreto de acetila e acetato de sódio.

Na+

+ C

O

O

CH3 H3C C

O

O

Cl

C

O

CH3H3C CO

Cl

anidrido acético

+ Na+ ClH3C C

O

O CO

CH3

Page 31: Organica_2

27

C) Cloreto de 2 metil butanoila e amoníaco.

C C C C

C

O

Cl+ NH3 C C C C

C

O

Cl

NH3

C C C C

C

O

NH3

+ Cl HCl + C C C C

C

O

NH2

amida

2 metil butanoamida

D) Cloreto de 2 etil pentanoila e dietil amina.

N , N - dietil2 etilpentanoamida

C C C C C

C

C

O

N

C

C

C

C

H

+ C C C C C

O

N

C C

C

C

C CCl HCl

+ N

C C

C C

H C C C C C

C

C

O

Cl

N H

C C

C C

C C C C C

C

C

O

Cl

9) Reações de Brometos de acila com agentes nucleófilos

Uma reação química irá ocorrer com facilidade quando formar bases ou

ácidos fracos. Nas reações de brometos de acila, forma-se a base :Br- que

é uma base fraquíssima. Por isso os brometos de acila dão reações fáceis

e quantitativas, sendo usados para obter amidas, ácidos, ésteres,

anidridos e amidas substituídas em laboratório.

R CO

Br+ Nu R C

O

Br

Nu

Page 32: Organica_2

28

R C

O

Br

Nu R C

O

Nu

+ Br

Composto orgânico formado

Nu

amida substituída

anidrido

éster

ácido

amida

OH2

NH3

HOR

H2N R

O C R

O

⎯ Qual o produto formado na hidrólise do brometo de hexanodiíla?

+ 2 Br

C C

C

C

C C

O

O

OH2

OH2

C C

C

C

C C

O

O

Br

Br

OH2

OH2+ OH2

+ OH2C C

C

C

C C

O

Br

Br

O

ácido hexanodióico

+ 2HBr

C

C

C

C

C

C

O

OH

OH

O

Page 33: Organica_2

29

⎯ Explique a seguinte transformação:

C C C

O

Cl

H2 H2

1 hidrindona

AlCl3Δ

RO

+ AlCl3 R C C C Cl AlCl3

O

R C C C

O

Cl

+ AlCl4R C C C

O

Mecanismotradicional + H+

C

C

C

O

C C

C O

H+ + - A lCl 4 HCl + AlCl 3

⎯ Idem para as seguintes transformações:

1) C C C C

O

Cl

O

AlCl3Δ

α tetralona

C C C CO

Cl

AlCl3Δ

C C C C

O

Cl AlCl3

C C C CO

+ AlCl4

Page 34: Organica_2

30

C C

C

C O

C

C

C

C

O

+ H+

H+ + AlCl4 AlCl3 + HCl

C

C

O

O

O

O

O

+

OC

C

O

HO

AlCl3

PCl31)

2)AlCl3rend. 85% rend. 100%

anidridoftálico

ácido αBenzoil benzóico

antraquinona

2)

AlCl3

C

C

O

O

O AlCl3+ AlCl3

C

C

O

O

O

C

C

O

O

O

H

AlCl3

C

C OO

O

+

C

C

O

O

O AlCl3

C

C

O

O

O AlCl3

C

C

O

O

OH

+ H+

Page 35: Organica_2

31

C

O

C

O

OH

C

C

O

O

Cl

+ PCl3

C

C

O

O

Cl

C

C

O

O

Cl

+ AlCl3

AlCl3

C

C

O

O

C

C

O

O

+ AlCl4 + H+

AlCl4 + H+ HCl + AlCl3

10) Reação com aromáticos

A 1ª etapa da reação de um haleto de acila com um composto

aromático qualquer é a formação de um cátion, com o auxílio de ácido de

Lewis (AlCl3, FeCl3, BF3)

A reação do cloreto de acetila com benzeno é lenta, com etil

benzeno é rápida, enquanto que com o nitro benzeno a reação é muito

lenta. Em qualquer dos três casos a etapa inicial dessas reações é a

formação do cátion carbonium.

Page 36: Organica_2

32

C CO

Cl+ AlCl3 C C Cl

O

C C

O

+ AlCl4

acetofenona + H+

C C

O

L

CC

O

H

+ C C

O

+ H+

C

C

C C

O

C C

C

C

H

O

+ C C

O

C

C

MR

NO2

+ C C

O

NO2

H

C C

O

H+ +

NO2

C C

O

1 etil 2 acetil Benzeno

1 nitro 3 acetil Benzeno

ML

⎯ Existem grupos de átomos que aumentam a velocidade das reações

(ativantes orto-para), enquanto que existem outros grupos de átomos que

diminuem a velocidade (desativantes meta e desativantes o, p).

Ativantes o, p NH2 CH3 (alquil)

OH OCH3

SO3HCO

H

C R

O

CNCO

OH

NO2Desativantes m:

Page 37: Organica_2

33

O

CH3

O

CH3

O

CH3

O

CH3

O

CH3

δ −

δ −δ −

por exemplo:

1)

Desativantes o, p: halogênios

2)

N

O O

N

O O

N

O O

N

OO

NO2

O O

N

δ+

δ+

δ+

Em (I) um cátion A+ irá se ligar nos carbonos nas posições o, p

porque estes têm uma densidade eletrônica maior.

Em (II) um cátion A+ terá a possibilidade de se ligar nos carbonos

da posição meta.

Obs: Os halogênios deveriam ser ativantes o, p porque as formas

canônicas de um haleto orgânico aromático são as seguintes:

Cl Cl Cl Cl Cl+

δ− δ−

δ−

Os halogênios por serem muito eletronegativos, não cedem seus

elétrons com facilidade para a ressonância. Por isso as posições o, p não

Page 38: Organica_2

34

ficam com densidade eletrônica elevada, não atraindo com intensidade o

reagente E+: a velocidade de reação é pequena, nas posições o, p.

Exemplo: A reação do fenol com cloreto de acetila forma dois

produtos isômeros. Quais são e qual se forma em maior quantidade?

p probabilidade : 1/3probabilidade : 2/3

o - acetil fenol 66%

p - acetil fenol33%

2)

1)

+ C

O

CH3

δ−

δ−δ−

OH

C

O

CH3

OH

C

O

CH3

OH

o

⎯ A reação do isopentil benzeno com cloreto de acetila forma 10% de um

orto derivado e 90% do para derivado. Porque isso ocorre?

C

C

C C C

+ C

O

CH3

1)

2)

C

C

C C C

C

O

CH3

90%

C

C

C C C

C

O

CH3

10%

O grupo isopentil é muito volumoso e dificulta o acesso do

Page 39: Organica_2

35

reagente eletrofílico aos carbonos da posição orto: difícil a reação, pouco

produto.

11) Halogenação de Brometos de acila

Reação de Hell-Volhard-Zelinsky

Os hidrogênios dos carbonos vizinhos ao carbono da carbonila

são chamados de hidrogênios ácidos, pois devido à eletronegatividade do

oxigênio ou de outros grupos, estão fracamente ligados ao carbono α.

Dissolvendo-se bromo, um solvente polar, ele se dissocia

segundo a equação:

Br Br Br Br++

A base brometo formada retira com facilidade o hidrogênio ácido

do brometo de acila dando origem a HBr e a um ânion de carbono.

R C CO

Br

α + Br R C CO

Br+ HBr

HH

H

A última etapa é a adição do cátion Br (bromônio) ao ânion

carbonium.

R C CO

Br

H+ Br+ R C C

BrBr

OH

⎯ Explique a transformação do ácido pentanóico no brometo de α bromo

pentanoila.

3 C C C C CO

OH+ PBr3 3 C C C C C

O

Br+ H3PO3

αC C C C CO

BrH

C C C C CO

Br+ Br HBr +

Page 40: Organica_2

36

C C C C CO

Br + Br C C C C C

O

BrBr

12) Compostos de Grignard

Os haletos de acila ao reagirem com compostos de Grignard dão

origem às cetonas correspondentes.

R CO

ClC C

C

MgCl

R C

C C

C

O MgCl

Cl+

δ+

δ−

R C

C

C

C

Cl

O Mg Cl

Cl + R C

C

C

C

O Mg Cl

R C

C

C

C

OMgCl

+ Cl R C C

C

C + MgCl 2

Oδ +

Page 41: Organica_2

37

⎯ Identifique a cetona formada na reação do cloreto de acetila com

cloreto de propil magnésio, dissolvido em éter.

C CO

Cl+ Mg Cl

C

C

C

C C

C

C

C

Cl

O Mg Cl

C C

C

C

C

O Mg Cl

+ Cl

Pentanona 2

+ Cl Mg Cl2 + C C C C C

O

C C

C

C

C

O MgCl

Obs: Se utilizarmos excesso do composto de Grignard e fizermos

a hidrólise do composto obtido, formar-se-á um ácool terciário.

δ −δ +

C

C

C

C + Mg ClC

C

C

C

C C C C

C

C

C

O O Mg Cl

C + H O H

Page 42: Organica_2

38

C C C C C

C

C

C

OH

+ Mg (OH) C l

cloreto monobásico de magnésio

4 metil heptanol 4

13) reação do Fosgênio (COCl2)

1) Com álcool

C

Cl

Cl

O + O C C C

Cl Cl

O

O C C C

O

O

Cl

C CH

+ ClH

H

C

O

O

Cl

C C + HCl

H

H+ O C C Cl C

O

O

O C C

C C

C

O

O

Cl

C C

dietil carbonato

+ C C O C

O

O C C+ Cl HCl

H

C

O

O

O

C C

C C

2) Com amina

C

Cl

Cl

O + N R Cl C

Cl

O

N R Cl C

O

N R + ClH2 H2 H2

Page 43: Organica_2

39

Cl C

O

N R + N R RN

O

CCl + R NH3HH2 H2

R NH3+

+ Cl R NH3+

Cl

Isocianato

Cl+ R NH3 R NH3+ ClO C N R

H+ R NH2 Cl C

O

N R NH3Cl C

O

N R+

+

Os isocianatos são utilizados em sínteses orgânicas para obter

amidas derivadas do ácido carbônico ou ainda ésteres dessas amidas.

R N C O + N R R N C N R

O

H2 H2

B

R N C

O

N RH H N, N' dialquil carbamida

Os isocianatos também reagem com álcoois dando origem a

compostos genericamente chamados “carbamatos de éster”

Estes compostos também recebem o nome de “uretanos”.

R N C O + O R R N C

O

O R R N C O

O

RH H H

Βuretanos

A reação do fosgênio com propil amina leva à formação de um

Page 44: Organica_2

40

isocianato. Represente os mecanismos desse isocianato com:

a) propanol 2;

b) dietil amina;

c) água.

C

O

N C C C

Cl

ClC O

Cl

Cl

+ N C C CH2 H2

H2H2

+ N C C C NH3] ClCCC+ C

O

N C C C

Cl

Cl

Isocianato de propila

+ Cl HCl NH3] ClCCC + O C N C C CCl

H3

H2HN C C C + Cl C

O

N C C C

+ N C C CC

O

Cl

N C C C

a) C C C N C O + O C C

C

C C C N C O C C

O

C

HH

+

C C C N C

O

O C C

C

C C C N C

O

O C C

C

carbamato de N-Propil Isopropila

H

Β

H

b) C C C N C O + N

C C

C C C C C N C N

C C

C C

O

C C C N C N C C

C C

C C C N C N

C

C

C

C

O

N, N dietilN' Propilcarbamida

H H

B

H H

Page 45: Organica_2

41

C C C N C

O

OH2OH2+C C C N C Oc)

C C C N C

O

OH2 C C C N C

O

OHH

ácido N-Propil metanóico

B

Obs: Por um processo semelhante pode obter-se o isotiocianato de fenila.

Esse composto reage facilmente com amoníaco, dando origem à fenil

tiouréia.

HPh N C

S

NH2

B

Ph N C NH3

S

+ NH3 Ph N C S

NH3

Ph N C S

⎯ A reação da anilina com cloreto de acetila leva à formação da

acetanilida.

H2H2

C

O

Cl

CH3+ N C CH3

O

Cl

N

H2 H + + Cl HCl N C CH3

O

N C

O

CH3

⎯ A acetanilida e seus derivados têm propriedades analgésicas e

antipiréticas.

Page 46: Organica_2

42

Exercícios

1) Identifique com mecanismos, os produtos formados nas reações orgânicas:

a - ácido 2 metil butanóico e PBr3; b - ácido 3 isopropil pentanodióico e PCl3; c - ácido metil propanóico e PCl5; d - ácido 3 metil butanodióico e PCl5; e - metil propanoato de sódio e PCl3; f - pentanodiato de potássio e PCl3; g - butanodiato de etila e PCl3; h - tereftalato de butila e PCl3;

2) A reação do ácido tereftálico (benzeno dicarboxílico 1,4) com cloreto de tionila (SOCl2) forma vários produtos. Identifique-os, com mecanismos.

3) A hidrólise do cloreto de acetila forma um HX e um ácido orgânico. Para a preparação de 750 L de solução 7,5 N contendo este ácido orgânico, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

4) A alcoólise do brometo de pentanodiila com etanol origina um ácido halogenídrico e um éster, com E=92%. Para a obtenção de 1000 L deste éster (d = 1,078 g/mL), pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

5) Explique porque a alcoólise do cloreto de p-nitro benzoila é rápida enquanto a alcoólise do cloreto de p-metil benzoila é lenta.

6) 1500 L de benzeno (d = 0,854 g/mL) foram postos a reagir com cloreto de benzoila /AlCl3, originando um HX e uma cetona aromática. Com R = 85%, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

7) A reação do iodeto de 3 hidroxi pentanodiila com excesso de H2 / Pt forma um triálcool com E = 82%. Para a fabricação de 2000 L deste álcool (d = 1,065 g/mL), pede-se:

a - o mecanismo;

Page 47: Organica_2

43

b - as massas das espécies envolvidas.

8) Identifique, com mecanismos, os compostos formados nos procedimentos:

a - iodeto de pentanoila e etóxido de sódio; b - iodeto de butanodiila e excesso de NH3; c - fluoreto de metil propanoila e anilina (fenil amina).

9) Num certo procedimento foram colocados a reagir 500 L de solução 2M de cloreto de pentanoila com 400 L de solução 3N de acetato de sódio, havendo formação de 2 produtos. Pede-se:

a - o mecanismo; b - a massa do reagente em excesso e a N da solução em relação

a esta espécie; c - as massas das espécies envolvidas.

10) A reação “Hell-Volhard-Zelinsky” ocorre entre um haleto de acila e Br2. Identifique, com mecanismos, as espécies formadas na reação do brometo de hexanodiila com excesso de Br2.

11) Ao reagirmos 500 Kg de fluoreto de propanoila com fluoreto de etil magnésio obtemos um sal e uma cetona com R = 93%. Pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

12) A reação do fosgênio (COCl2, 94% de pureza) com excesso de propanol 1 forma um HX e um éster, com E = 79%. Para a obtenção de 700 Kg deste éster, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

13) O álcool comum é uma mistura azeotrópica contendo 96% de etanol e 4% de água, em volume. Pois bem, uma certa indústria colocou a reagir 3000 L de cloreto de pentanodiila (d = 1,140 g / mL) com 3000 L desse álcool hidratado. Supondo-se que toda a água presente neste álcool tenha sido consumida, pede-se:

a - os mecanismos; b - a massa do reagente em excesso; c - as massas das espécies envolvidas.

dados: d do etanol = 0,854 g/mL; d da água = 0,9983 g/mL 14) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação entre

as seguintes espécies: a - fenol e cloreto de acetila/AlCl3 (proporção 1:1 e em excesso);

Page 48: Organica_2

44

b - ácido benzóico e brometo de acetila /FeBr3 (proporção 1:1 e em excesso).

15) NO2 NO2

O

NO2

Cl

O

CH3CH2CCI

O

AlCl3

Cl2/A lCl3

⎯ Com relação à seqüência de procedimentos acima representados,

pede-se:

a) os mecanismos;

b) Para a preparação de 5000 L do produto final (massa específica

1,075 g/mL), calcule as massas de todas as espécies envolvidas. (E da 1ª

etapa = 91%; E da 2ª etapa = 96%);

c) a massa total de AlCl3 necessária (utilizada na proporção de

0,005% em relação às massas dos reagentes na 1ª etapa e 0,003% na 2ª

etapa).

Fonte de consulta:

Quinoá, Emílio e Riguera, Ricardo. Questões e Exercícios de

Química Orgânica. Makron Books do Brasil Editora Ltda. S. Paulo, 1996.

Page 49: Organica_2

45

CAPÍTULO 2 ANIDRIDOS

Métodos de obtenção

1) Ácidos e P2O5

A fase inicial dessa desidratação é um ataque nucleófilo do

oxigênio da hidroxila ao átomo de fósforo. Forma-se um cátion acílio

que

irá reagir com outra molécula de ácido: forma-se uma estrutura que perde

um próton dando origem ao anidrido.

R CO

O + P

O

O

O P

O

O

R C

O

O P

O

O

O

P

O

O

R CO

HH

R C

O

+ O C R

O

R C

O

O C R

O

R C

O

O C R

O

-H+

H H

HO P

O

O

O

P

O

O

+ H+ H2O P

O

O

O

P

O

O

P2O5 + H2O+

⎯ Explique como podemos obter anidrido butanóico através desse

processo.

C C C CO

OP

O

O

O

P

O

O

C C C C

O

O P

O

O

O P

O

O

+

HH

ácido butanóico

C C C CO

O C C C C

O

+ C C C C O C C C C

O

H H-H+

Page 50: Organica_2

46

anidrido butanóico C C C C O

O

C C C C

O

⎯ Represente a reação de desidratação do ácido pentanodióico

(glutárico).

C

C

C

C

CO

O

OH

OH

+ P

O

O

O P

O

O

C

C

C

C

C

O

O

O

OH

P

O

O

O

P

O

O

H

C

C

C

C

C

O

O

OHC

C

C C

CO

O

OH O

O

O

C

C

C

C

C-H+

anidridopentanodióico (glutárico)

2) Ácidos com Anidrido Acético

É uma reação de dupla troca entre o ácido orgânico e o anidrido

acético. Tem interesse prático quando o anidrido obtido tiver ponto de

ebulição maior que o ácido acético porque com aquecimento o ácido

acético destila.

H C C

O

O

++ HO C R

O

C C

O

O

O

CCO

C

O

R C C

O

OH

C

O

R

C C

O

O

CC

O

Page 51: Organica_2

47

C C

O

O

C

O

R

+C C

O

OH

Repete-se o processo, com a formação de outro mol de ácido

acético e um mol do anidrido.

R C

O

O

C

O

R

⎯ Num laboratório temos ácido benzóico e ácido acético. Explicar como

podemos obter:

a) Anidrido Benzóico;

b) Anidrido Acético

Sugestão:

1º - obter anidrido acético com P2O5

2º - obter o anidrido benzóico através de reação do ácido benzóico com

anidrido acético.

Ácido Acético

H

H

P

O

O

O

P

O

O

C C

O

O P

O

O

O P

O

O

C C

O

+C C

O

O

HHanidrido acético

-H+O C C

O

C C

O

O C C

O

C C

O

O C C

O

+C C

O

Page 52: Organica_2

48

anidrido benzóico

ácido acético

+ 2C C

O

OH

O

C

O

C

O

C C

O

O

C

O

C

C

O

OH

veja

mecanismo na pág. 46

+

3) Reação de Haletos de Acila com Piridina e água (ou H2S)

+ ClN C

O

RN C

O

Cl

RC

O

Cl

R+N

+ OH2

N

CO

RN

+ R C

O

OH2

R C

O

OH

-H+

(HCl)

H+ R C

O

O C R

O

N

N

C

R

O+R C

O

OH

+

N

H

Cl-H+

R C O C R

O O

⎯ Tendo como produtos iniciais piridina, H2O e um haleto de acila,

explicar a obtenção do anidrido pentanóico.

Page 53: Organica_2

49

N C C C C C

O

Clcloreto de pentanoila

piridina

C

O

Cl

C C C C+N

+ C C C C C

O

OH2

NN C C C C C

O

+ OH2

+

N

H

Cl-H+

ácido pentanóico C C C C C

O

OH

H

N+ C

O

O

C C C CN

O

CCCCC

anidrido pentanóico -H+C C C C C

O

O

C

O

CCCC

+ C C C C C

O

OH

C

O

CCCC

4) Reação de haleto de acila com sais orgânicos

A reação ocorre a temperatura ambiente.

R C

O

O C R

O

R C

O

O

Cl

C

O

R

Na+

+ ClCO

OR+R C

O

Cl

+ Cl Na+ Cl-Na+

⎯ Represente as etapas da reação do cloreto de hexanodiila com:

a) Piridina e H2O;

Page 54: Organica_2

50

b) Acetato de Sódio

N

Cl

ClO

O

C

CC

C

C

CN

N

+C

C

C

C

C

CO

Cl

O

Cl

a)

N+

C

C

C

C C

C

N

N

O

O

N

N

+ OH2 + C C C

C

C C

O

O

OH2

N

C

C

C C

C CO

O

OH C

C

C

C C

C

O

O

OH C

C C C

C C

O

O

O

anidridohexanodióico

-H+

-H+

Na+

CO

OC+C

O

ClC C C C C

O

Cl

b)

Na+C C

O

O C C C C C

O O

ClCl

O C C

O

Na+

Page 55: Organica_2

51

C C

O

O C C C C C

OO

O C C

O

+2 Na+ Cl -

5) Ceteno com ácidos

Este é o principal método utilizado para obter anidridos mistos.

1ºβH

H2C C O + C

O

R

O

H2C C

O

O C

O

R H3C C

O

O C R

O

H

H

δ+

β

⎯ Utilizando-se do ceteno como produto inicial, representar a reação da

obtenção do anidrido 2-metil butano acético.

B

H

H

H3C C

O

O C

O

C

C

C

C

H2C C

O

O C C

C

C

C

O

C C

C

C

C

O

O

+ H2C C O

H B 1º

Propriedades Químicas Reações de hidrólise, alcoólise e a amonólise. Todas essas

reações ocorrem segundo mecanismos semelhantes, havendo formação

de ácidos, ésteres e amidas.

a) Hidrólise

OH2 2R CO

OH

R CO

O

R CO

OH2

R C

O

O

CR O

OH2

+R C

O

OC

OR

δ+

Page 56: Organica_2

52

b) Alcoólise

R CO

OC

OR

+ O RH

R C

O

O

O

CR O

R R CO

O R

R C

O

O

H

H

R CO

O R + R C

O

OHéster

ácido carboxílico

c) Amonólise

R CO

OC

OR

+ NH3

R C

O

O

CR O

NH3 R CO

NH3

NH3

R CO

O

NH4 + CO

OR R C

O

O + R C

O

NH2NH4

sal deamônia

amida

d) Aminólise

H2

R CO

O

R CO

N R

H2

R C

O

O

C OR

N R

+ N RR C

O

OC

OR

H2

Page 57: Organica_2

53

H

amida substituída

+ R CO

OH

R CO

N R

e) Reação com Éter (R ⎯ O ⎯ R / AlCl3)

+ A l Cl 3

éster

+ RR CO

O RR C

O

O

R

R

+ OR

R

R CO

2)

R CO

OC

OR

R CO

OC

OR

A l Cl 3

R CO

O A l Cl 3

+

R CO

1)

f) Reação com aromáticos (AlCl3)

R CO

+

R CO

O AlCl3

R CO

OC

OR

AlCl3 + AlCl3R C

O

OC

OR

1)

cetonaaromática

+ HH

C R

O

O C R O C R + 2)

g) Anidrido Acético e Ácido Salicílico

Serve para obter o Ácido Acetil Salicílico.

A primeira etapa é um ataque nucleofílico do oxigênio da hidroxila

ao carbono da carbonila. A segunda etapa é a eliminação da base acetato.

A terceira etapa é a formação do ácido acético e do AAS.

Page 58: Organica_2

54

CO

O

OH

+ C

O

OC

O

CH3

CH3

C

O C

O

O

CH3

CO CH3

O

OH

HH

H

H3C CO

OH

AAS

CO

OH

O C CH3

O

H3C CO

O

CO

OH

O CC

O

Obs: O AAS é um sólido e o ácido acético um líquido. Por

destilação separa-se o ácido acético e obtém-se o AAS, sólido, que tem

aspecto branco cristalino.

Se o produto utilizado inicialmente fosse o benzeno, quais as

etapas necessárias para sintetizar o AAS?

Um processo semelhante é utilizado para transformar a morfina

em heroína.

morfina

HO

HO

O

OC

O

H3C

OC

O

H3C

C CH2

N

CH3

+ O

C

C

O

O

CH3

CH3

O

N

CH3

+ 2H3C C

O

OH

heroína

H2

h) Aminólise

Anidridos aromáticos reagem facilmente com aminas primárias ou

secundárias, formando as amidas correspondentes.

Page 59: Organica_2

55

metil

H

N - metilbenzamida

ácidobenzóico (sólido) +

H2H2H2N R+

O CO

OC

OO

O C

O

O

O CO

OH

O C N R

O

O CO

N R

O C

O

O

CO O

N R

i) Reação do Furano com anidrido Acético em presença de BF3.

A primeira etapa é a geração do cátion, que irá causar um ataque

eletrofílico ao furano, que é um composto aromático.

H3C CO

OC

OH3C

+ BF3

C CO

OCC

O

BF3

C CO

O BF3 +

H3C CO

ácido deLewis

O

H

O+ C

O

CH3

H

C CH3

O

H

OH+ + C CH3

O

H + H3C CO

O BF3

BF3 + H3C CO

OH

O ácido fenil metanóico dá origem, em certas condições, ao

anidrido benzóico, que reage com a etil, propil amina, dando origem a

Page 60: Organica_2

56

uma amida disubstituída. Explique essa transformação.

OOO O

HH

C

O

O P

O

O P

O

P

O

O P

O

+CO

O

H

-H

anidrido benzóico

C

O

O C

O

CO

O+C

O

O

CO

O

C+ N C

C C

C C C O C

O O

NHCC

CCC

H

N - EtilN - PropilBenzamida

ácidobenzóico

C

O

N C C C

C

C

+C

O

OH

C O

O

+

C C C

NCC C

O

Exercícios

1) Represente com mecanismos , a desidratação do ácido 3 metil pentanóico, em presença de P2O5.

2) Idem para o ácido 3 metil pentanodióico.

3) Sob certas condições, anidrido acético reage com ácido hexanóico originando um novo ácido e um novo anidrido. Represente, com mecanismos, esta transformação.

4) Ao reagirmos brometo de butanoila/piridina com água, obtemos um anidrido e HX. Para a obtenção de 2,5 ton. deste anidrido, supondo-se E = 91%, pede-se:

Page 61: Organica_2

57

a - o mecanismo;

b - as massas das espécies envolvidas.

5) Numa certa preparação colocamos a reagir propanoato de potássio e brometo de pentanoila, havendo a formação de um sal e de um anidrido assimétrico. Para o aproveitamento de 50 tambores contendo solução aquosa a 25% em massa (d = 1,19 g/mL) de propanoato de sódio, pede-se, supondo-se E = 74%:

a - o mecanismo;

b - as massas das espécies envolvidas.

6) Ao reagirmos a butil cetena com ácido butanóico, obtemos um anidrido assimétrico, com R = 86%. Para a obtenção de 50 tambores contendo uma solução etérea a 18% em massa (d = 1,11 g/mL) desse anidrido, pede-se:

a - o mecanismo;

b - a massa de butil cetena necessária;

c - A massa de ácido butanóico necessária (5% maior que a teoricamente necessária).

7) Represente, com mecanismos, as reações do anidrido 2,3 dietil pentanóico e do anidrido 2,3 dietil pentanodióico com:

a - água (hidrólise); b - butanol 1 (alcoólise); c - amoníaco ( amonólise); d - benzil amina (aminólise).

8) Represente, com mecanismos, os produtos formados quando colocamos a reagir o éter comum com anidrido benzóico (fenil metanóico/ BCl3.)

9) Ao reagirmos o benzeno com excesso de anidrido propanóico/AlCl3 obtemos dois produtos. Identifique-os, com mecanismos.

10) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do anidrido butanóico/FeBr3 com o “FURANO”.

Page 62: Organica_2

58

NOÇÕES DE SÍNTESE ORGÂNICA

ANIDRIDO SUCCÍNICO

1) Reagentes

ácido succínico – 20,0 g

anidrido acético – 30,0 mL

2) Substâncias complementares

éter etílico

3) Técnica

Em um balão de 250 ml colocar 20,0 g de ácido succínico e 30,0

mL de anidrido acético.

Ligar um refrigerante de refluxo e aquecer durante 1 hora. Esfriar e

colocar em geladeira durante 12 horas. Filtrar em buchner.

Lavar com éter e dessecar em estufa entre 100/150°C.

Recristalizar, utilizando uma mistura de álcool/água.

4) Reação

C

O

HO

CH2 CH2 C

O

OH

+

C

O

O

C

O

H3C

H3C

C

O

O

C

O

H2C

H2C

+ 2H3C C

O

OH

calor

5) Rendimento do processo

70/75%

6) Constantes Físicas

Cristais com forma de prismas orto rômbicos; PF = 119,6°C; PE = 261°C;

pouco solúvel em éter etílico e água; solúvel em clorofórmio, tetracloreto

de carbono e álcool etílico.

Page 63: Organica_2

59

Questões propostas

1) Represente o mecanismo deste procedimento. 2) Existe reagente em excesso? Quanto? 3) Quais as massas de produtos obtidas neste procedimento? 4) Quais as massas de reagentes necessárias para produzir 750 kg de

anidrido succínico, dentro das proporções estequiométricas? 5) Quais as massas de reagentes necessárias para produzir 750 kg de

anidrido succínico, dentro das proporções do processo? 6) Qual a finalidade do refrigerante de refluxo? 7) Qual o tempo provável da reação? 8) Por que se coloca em geladeira por 12 horas? 9) De que modo o anidrido succínico é separado? 10) Para que serve a lavagem com éter? 11) Como podemos fazer uma avaliação do grau de pureza do anidrido

succínico produzido?

C

C

O

O

O+AlCl3 , CS2

C

HOOC

O O

O

Conc. H2SO4

AnidridoFtálico

α − benzoylbenzóicacid 85%

anthraquinone100 %

Durante um certo procedimento envolvendo as seqüências

acima, um engenheiro químico verificou o surgimento de 500 kg do ácido

alfa benzoil benzóico. Pede-se então:

a- os mecanismos; b – a massa de antraquinona obtida; c – as massas dos reagentes necessários (grau de pureza do benzeno = 97%; do anidrido ftálico = 95%).

Fonte de Consulta: Hendrickson, James B e CRAM, Donald J. Organic Chemistry. McGraw Hill KogaKusha Ltda. Tokyo, 1980

12)

Page 64: Organica_2

60

CAPÍTULO 3 ÉSTERES

Apresentam a seguinte fórmula geral:

R CO

O R

Métodos de obtenção

1) Reação de anidridos com álcool/piridina

Inicialmente ocorre um ataque nucleofílico da piridina ao carbono

da carbonila do anidrido (solvólise). Forma-se um ânion acetato e um

derivado da piridina, que logo em seguida reage com o álcool presente,

formando o éster e regenerando a piridina.

NR C

O

O

CR O

N+R C

O

OC

OR

R CO

N+

+ O RH

R C

O

O

H

R +

N

R CO

O RH

+ CO

OR R C

O

O RR C

O

OH+ + N

Page 65: Organica_2

61

⎯ Explique como pode ser sintetizado o propanoato de butila.

C C CO

OCCC

O

+ N C C C

O

O

CCC O

N

piridina

anidrido propanóico

C C CO

N + C C CO

O

C C CO

N

+ O C C C C N + C C CO

O C C C CH

H

C C CO

O C C C C+ C

O

OC C C C C

O

O C C C C

propanoato de butila

+

C C CO

OHácido propanóico

H

2) Reação de Haleto de acila com metóxido de Sódio ou Etóxido de Sódio.

Essas bases fortes conseguem deslocar a base cloreto dos

cloretos de acila.

H2

H2

Na+

O C CH3 R C

O

O

Cl

C CH3+R CO

Cl

R CO

O C CH3H2

+ Na+ Cl

Page 66: Organica_2

62

Esse processo é utilizado para obter ésteres etílicos e/ou

metílicos, com alto rendimento.

3) Reação do Brometo de acila com álcoois, que são bases fracas.

A ligação do cloro com o carbono é muito forte e necessita de

uma base forte para rompê-la.

A ligação do bromo com o carbono é muito mais fraca,

necessitando de uma base fraca para rompê-la.

R CO

Br+ O R1 R C

O

O

Br

R1H

H

R CO

O R1 + Br HBr + R CO

O R1H

4) Reação de anidridos com Éteres/AlCl3 ou FeX3 ou BX3

(1ª)

R CO

OC

OR

+ FeCl3

R CO

OC

OR

FeCl3

R CO

O FeCl3+

R CO

(2ª)

R CO

+ OR1

R1

R C

O

OR1

R1

R C

O

O R +R1 R1

FeCl3+R1 R CO

O R1

+R CO

O FeCl3

5) Reações de ácidos orgânicos com Diazometano.

Obtém-se sempre ésteres metílicos com alto rendimento, e gás

Page 67: Organica_2

63

nitrogênio.

Ocorre a abstração do próton do ácido, e a rápida ligação do

acetato formado com o grupo metil e a formação de gás nitrogênio.

+ H3CN2

+ H3C N NH2C N N R CO

O+R C

O

OH

H3C + R CO

OR C

O

O CH3

6) Reação de cetenas com álcoois

Esses tipos de reações ocorrem a temperatura ambiente,

formando com facilidade os ésteres correspondentes.

R C C O + O R R C C

O

O R R C C

O

O RH

H H

Β

R C C

O

O R

7) Reação de ácido com álcool (em meio ácido)

É o processo mais econômico para obter éster em laboratório.

Existem dois mecanismos que tentam explicar essa reação.

→ Cisão Alquil/Oxigênio

+ H2O+ H+ R OH2 RR OH

Page 68: Organica_2

64

OH2

HH

R CO

O R+ R R C

O

O RR C

O

O

(ou : Β )

Esse mecanismo é aceito quando os álcoois utilizados são

terciários, pois dão origem a cátions carbonos terciários relativamente

estáveis.

Para álcoois primários, admite-se que, não havendo o rearranjo, a

esterificação ocorra segundo uma cisão acil/oxigênio.

R C O

OH

+ H+ R CO

OH2

H2O + R CO

+

R CO

+ HO R1 R CO

O R1

HB + R CO

O R1

B

H

Moura Campos propõe também um mecanismo que utiliza o

oxigênio insaturado do grupo carboxi.

8) Reação de ácidos com alcenos em presença de H2SO4

HH+ H+ H3C C CH3H3C C CH2

R CO

OH+ C

C

C

R C CO

O C

C

C

+ HSO4 H2SO4 + R CO

O C

C

C

+

H

9) Reação de Bayer – Villiger É utilizada para preparar acetato de fenila. Baseia-se na reação do

perácido benzóico com a acetofenona.

1ª etapa – Ataque nucleofílico ao carbono da carbonila da acetofenona.

Page 69: Organica_2

65

C

O

CH3

C

O

O

CH3

O C

O

+ HO O

C

O

H

β1º

C

O

O

CH3+CO

OH

C

O

O

CH3H3C C

O

O

Moura Campos sugere para o mesmo procedimento, o seguinte

mecanismo:

R C CH3 + H+

O

R C CH3 + HO

OH

O C

O

Ph R C

OH

CH3

O O C

O

PhH

BR C

CH3

O O

OH

H

C

O

Ph HB + R C

OH

CH3

O O C

O

Ph

CPh

O

O

+ H3C C

OH

R

O H3C C

OH

O R

Page 70: Organica_2

66

H3C C

O

O

H

R + C

O

O

Ph Ph C

O

OH

+ H3C C

O

O R

PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS ÉSTERES

1) Saponificação

É a reação de um éster com uma base forte (Na + OH ou K + OH) .

Forma-se um álcool e um sal orgânico. Dependendo do tamanho do grupo

R do sal, esse composto tem propriedades detergentes.

Na++ OH R C

O

O

OH

R

R CO

O R

R CO

OH+ OR R OH + R C

O

O

R CO

O+ Na+ R C

O

O Na+

- Represente as reações que permitem obter ao mesmo tempo propanol 2

e pentanoato de sódio.

C C C C CO

O C

C

C

+ OH C C C C C

O

O

OH

C C

C

pentanoato de isopropilaNa+

propanol 2+ Na++ O + C C C C C

O

OC C C

OH

C C

C

C C C C CO

OH

Page 71: Organica_2

67

C C C C CO

O Na+pentanoato de sódio

2) Reação com aminas

São semelhantes às reações de saponificação levando à formação

de álcoois e amidas substituídas.

R CO

O R+ N R R C

O

O

N

R

R

H2

H2

R C

O

N R + O R R OH + R CO

N R

H

H2

⎯ Explique como podemos obter ao mesmo tempo butanol 2 e N, N

dipropil butanoamida

C C C CO

O C C C

C

+ N C C C

C

C

C

C C C C N C C C

C C COCCC

C

O

H H

butanoato de secbutila

C C C CO

NCCC C C C + O C C C

C

C C C CO

N C C C

C C C

+ C C C C

OH

(butanol 2)

H

⎯ Identifique os produtos formados ao reagirmos pentanodiato de metila

com etil amina.

Page 72: Organica_2

68

OC

C

OC C C C

O

O C+ 2 N H

H

C

C

H2N C

C

C

C C C C

O

O

O

O

C C

NH2

C

C

C C NC

OC C C C

O

N C C+ 2 O C

C C NC C C C C

O O

N C C+ 2 HO C

H H

H2 H2

3) Reação com hidroxi amina

Nesse caso forma-se um álcool e uma N – hidroxi amida

R CO

O R+ N OH R C O

O

R

N OH

H2

H2

R CO

N OHH2

+ O R R OH + R CO

N OHH

4) Éster Dietil Malônico e Carbamida

H2C

C

CO

O

O

O

Et

Et

+ C O 2EtOH + H2C

C

C

O

N

O

N

C O

H

H

N

N

H2

H2

Page 73: Organica_2

69

TautomeriaH2C

C N

C

NC

OH

OH

O

N

N

OH

OH

O

"ácidobarbitúrico"

5) Éster etílico com etóxido de sódio

Serve para obter β ceto ésteres

Suponhamos a reação do acetato de etila com etóxido de sódio.

Se esta reação ocorrer segundo o mecanismo convencional, não haverá

formação de nenhuma espécie química nova.

H3C CO

O C CH3

+ O C CH3 C C

O

O

O C C

C CH2

H2

H3C CO

O C CH3

+ O C CH3

H2

H2

O carbono α do éster, devido ao efeito indutivo da carbonila tem

densidade eletrônica baixa. A base etóxido presente retira este próton

com facilidade porque ele está fracamente ligado ao carbono α. Forma-se

um ânion carbônio, que faz um ataque nucleófilo à carbonila de outra

molécula do éster, levando à formação de um β ceto éster e da base

etóxido.

C

O

OEtH2 CH

+ OEt EtOH + H2C C

O

OEt

Page 74: Organica_2

70

CO

EtOC C C

O

OEt

CO

EtOCH3+C

EtO

OCH2

C C C CH3

OO

EtO+ EtO

H2

Numa última etapa a base etóxido retira um próton do β ceto-éster

dando origem a um álcool. Acidulamos e temos a formação do produto

final.

CO

EtOC C CH3

OH

H

+

O C C

CO

EtOC C CH3 + C C OH

C

O

E tO

C C CH3 + H+

H O

C C C

O

EtO

H

H

O

CH3

3 ceto, butanoato de etila(β ceto butirato de etila)

Quais seriam os produtos formados se utilizássemos como

reagentes metóxido de sódio e butanoato de metila?

C C C CO

O CH

+ O CH3 H3C OH + C C C CO

O CNa

C C C CO

OCC C CC

O

OC+ C

O

OCC C C C C

O

O

CC

C

Page 75: Organica_2

71

CO

OCC C C C C

C

C

H

O

O CH3+ CO

OCC C C C C

O

C C

+ H3C OH

CO

OCC C C C C

C C

+ H+ CO

OCC C C C C

C C

O

H

2 etil, 3 ceto hexanoato de metila

6) Éster malônico

O hidrogênio do carbono α deste éster está fracamente ligado ao

mesmo, devido à ação das duas carbonilas: qualquer base forte pode

retirar um desses prótons, dando origem a um ânion carbônio que se

estabiliza por ressonância. (duplamente estabilizado)

C

H

H

C

C

O

O

OEt

OEt

+ OH H2O + C

H

C

C

O

O

OEt

OEt

Obs: a base presente também pode “atacar” o carbono da

carbonila. Para diminuir esta probabilidade, utiliza-se o éster etílico ou

metílico.

A obtenção do ânion é importante porque serve para obtermos

novas ligações entre carbonos.

Exemplo 1:

Se misturarmos uma solução, que contenha esse ânion com um

haleto orgânico, obteremos um derivado do éster malônico.

Page 76: Organica_2

72

C

H

C

O

OEt

O

OEt

C

+ H3C I I + C

H

H3CC

O

OEt

O

OEt

C

Éster metil dietil malônico ouMetil, malonato de dietila

δ+ δ -

Exemplo 2:

Reação do éster malônico em meio básico com cloreto de acetila.

ClCH

C

C

O

O

OEt

OEt

+ C

O

CH3

Cl

+ C

C

H

H3C

O

C

C

O

O

OEt

OEt

CH3C

O

ClH

OEt

OEt

O

O

C

C

C

Obs: Descarboxilação

Ocorre com certa facilidade quando tivermos duas carboxilas ligadas num mesmo carbono.

C

C

C

O

O

OH

OH

H2CC

O

OH H3C CO

OH+ CO2

C

O

OH

+ Δ

Page 77: Organica_2

73

⎯ Aplicação

O que ocorre quando tentamos descarboxilar o éster acetil dietil

malônico?

1) trata-se esse éster com uma base.

2) sal formado é tratado com um ácido inorgânico.

3) O ácido acetil malônico obtido é aquecido dando origem a um β ceto ácido.

+ 2H+ + 2 OH C

O

C

C

C

O

O

O

O

CH3

C C

C

C

O

O

O

OEt

OEt

CH3

H

éster acetil dietil malônico ou acetil malonato de dietila

Δ

Observação: a base OH também pode abstrair o próton do

carbono α formando outro produto.

CC

O

CH3

C

O

OH

O

OH

C

CO2 + H3C C C C

OO

OHH2

Δ

Ácido 3 ceto (β ceto)butanóicoouÁcido β ceto butírico

- Identificar X, Y, Z na seqüência reacional:

C

C

C

C

CC

C

C

OO

O

OEt

OEt

X Y ZNaOH HClΔ

Page 78: Organica_2

74

+ 2HO Et+ 2 OHC

C

C

C

CC

C

C

O O

O

OEt

OEt

C

C

C

C

CC

C

C

O

O

O

O

O

Na+

Na+

Na+

X

+ 2HCl + 2 Na+ Cl -C

C

C

C

CC

C

C

O O

O

O

O

C

C

C

C

CC

C

C

O

O

OH

OH

O

Na+

Na+

Y

C

C

CCC

CC

C

O O

O

OH

OH

CO2 + C C C C

C

C

C

OO

OH

Z

Δ

ácido α propil, β ceto butanóico

ou Ácido α propil β ceto butírico

O aquecimento da 2 carboxi, 2 aceto carboxi, ciclo hexanona 1

também leva a descarboxilação.

O

C

C C

O

O

OH

OH

CO2 +

O

C C

H

O

OH

Δ

2 aceto carboxiciclo hexanona 1

Page 79: Organica_2

75

7) Clivagem de β ceto ésteres.

Esses compostos, ao reagirem com bases diluídas e concentradas,

formam produtos diferentes. Por exemplo: se a base for diluída teremos

uma reação de saponificação comum. Se reagirmos o β ceto éster com

soda cáustica concentrada e quente, teremos duas possibilidades de

reação.

H2+ H2C C

O

OEtH3C C C

O

OHC

O

C C C

OH

O

OEt

-

2

2

2

1

1(concentrada)

(diluída)

OH

OH

+ EtOHNa+

H3C C C C

OO

OC C C C

H

H

OO

OEt

H3C C CO

O+ H3C C

O

OEtNa+

⎯ Aplicação

Existe um β ceto éster chamado 2 ceto ciclo hexil, metanoato de

etila. Esse composto ao ser tratado com soda cáustica concentrada e

quente dá origem a um derivado de cadeia alifática.

Na+C

HO O

O

OEt+ OH

O

C

O

OEt

C

O

OEt

OHO

CO

O

C C C C C CO

OEt+ H

Page 80: Organica_2

76

Heptanodiato monoácido de Etila

C C C C C C CO O

HO OEt

A base OH também pode “atacar” o carbono de carbonila do

éster, diminuindo o rendimento do processo.

Exercícios

1) A reação do anidrido 2 metil pentanóico com butanol 2/piridina forma um ácido e um éster. Represente, com mecanismos, esta preparação.

2) Ao reagirmos brometo de 2 etil pentanodiila com excesso de etóxido de sódio obtemos um sal e um éster. Represente, com mecanismos, esta preparação.

3) Quando colocamos a reagir brometo de 2 etil pentanodiila com excesso de fenil metanol obtemos um HX e um éster. Represente, com mecanismos, esta preparação.

4) Em presença de FeBr3, anidrido hexanóico reage com éter disecbutílico originando um éster. Represente com mecanismos, esta preparação.

5) A benzil cetena quando colocada a reagir com ligeiro excesso de fenil metanol forma um éster. Represente, com mecanismos, esta preparação.

6) A reação do ácido 3 metil pentanóico com 2 metil propanol 2/H+ origina um éster e água, através de uma cisão “alquil – oxigênio”. Represente, com mecanismos, esta obtenção.

7) A reação do ácido metil butanodióico com 2 metil propanol 1/H+

origina um éster e água, através de uma cisão “acil – oxigênio”. Represente, com mecanismos, esta obtenção.

8) Ao reagirmos o ácido oxálico (etanodióico) com excesso de buteno 2/H+, obtemos um éster. Represente, com mecanismos, esta obtenção.

9) Numa industria existe um tanque esférico de 3m de diâmetro, contendo anidrido butanóico (d = 0,880 g/L) até 7/8 de sua capacidade. Existe também um outro tanque cilíndrico (d = 2m; h = 3,5 m) contendo éter diisopropílico (d = 0,805 g/mL) até 8/9 de sua capacidade. De que modo estas espécies químicas devem ser

Page 81: Organica_2

77

misturadas para que a reação química entre elas (em presença de FeCl3) forme a maior quantidade possível de éster, com R = 85%?

10) Represente com mecanismos, a equação da reação que ocorre quando colocamos a reagir 2 etil hexanodiato de butila com excesso de soda cáustica.

11) Idem quando o éster é o 2 etil pentanoato de benzila.

12) Ao reagirmos um óleo vegetal denominado “triestearato de glicerila” com excesso de potassa cáustica, obtemos glicerina (propanotriol) e um sal orgânico (sabão) com E = 90%. Para a fabricação de 150.000 barras desse sabão, de 80g cada uma, pede-se:

a- o mecanismo; b- as massas das espécies envolvidas; c- o volume de solução 11 N de base necessário.

13) Ao reagirmos butanodiato de etila com excesso de benzil amina obtemos uma amida e um álcool. Para o aproveitamento de 60 tambores contendo o éster inicial (d = 0,970 g/mL) e supondo-se E = 93%, pede-se:

a- o mecanismo; b- as massas das espécies envolvidas.

14) Uma indústria precisa obter 7500 L de butanol 2 através de reação entre álcool e a hidroxiamina. Supondo-se R = 84%, pede-se:

a- o mecanismo;

b- as massas das espécies envolvidas.

15) A reação entre o éster propil, butil malônico (dietil) com a uréia forma um “ácido barbitúrico”, com E = 80%, que é utilizado na forma de comprimidos, como medicação de ação calmante. Para a fabricação de 4 x 109 comprimidos de 500 mg cada um, contendo 10% deste princípio ativo, pede-se:

a- o mecanismo; b- as massas das espécies envolvidas.

16) A reação de ésteres etílicos com etóxido de sódio origina “β ceto ésteres”. Baseando-se nesta informação, represente, com mecanismos, as espécies obtidas quando colocamos a reagir etóxido de sódio com pentanoato de etila. Calcule, supondo R = 78%, as massas das espécies envolvidas para produzir 10000 L do β ceto éster em questão (d = 1,067 g/mL).

Page 82: Organica_2

78

17) A descarboxilação ocorre com certa facilidade, sob a ação do calor, quando temos duas carboxilas ligadas a um mesmo átomo de carbono. Represente, com mecanismos, as descarboxilações:

a- ácido isopropil malônico (propanodióico); b- ácido secbutil, acetil malônico.

18) A clivagem de β ceto ésteres ocorre em presença de bases fortes concentradas, sob a ação do calor. Represente, com mecanismos, a clivagem do β ceto pentanoato de propila em presença de potassa cáustica concentrada. Calcule as massas das espécies envolvidas, com R = 90%, para o aproveitamento de 2500 L de solução 14 N da base em questão.

19) A hidrólise ácida do 1,4 diciano butano origina NH3 e um diácido orgânico. Em seguida este diácido foi colocado a reagir com excesso de butanol 1/H+, dando origem a um éster e água. Finalmente, o éster foi posto a reagir com excesso de soda cáustica, formando um sal orgânico e um álcool. Para a obtenção de 2000 L de solução 5 N contendo este sal orgânico. Pede-se:

a- os mecanismos; b- as massas das espécies envolvidas.

20) Num certo procedimento, colocamos a reagir 2000 L de butanoato de metila (d = 0,920 g/mL) com metóxido de sódio, havendo formação de um β ceto éster, que numa fase seguinte, foi posto a reagir com solução 12 N de soda cáustica. Sabendo-se que 70% deste β ceto éster reagir segundo um processo de “clivagem” e que os 30% restantes segundo o mecanismo tradicional, pede-se:

a- os mecanismos; b- as massas das espécies envolvidas; c- o volume de solução básica utilizado.

NOÇÕES DE SÍNTESE ORGÂNICA

ACETATO DE AMILA

1 – Reagentes

Álcool amílico: 27,0 mL (d = 0,832 g/mL)

Ácido acético glacial: 15,0 mL (d = 1,05 g/mL)

Ácido sulfúrico concentrado: 1,0 mL (d = 1,84 g/mL)

Page 83: Organica_2

79

2 – Espécies complementares

Solução de carbonato de sódio a 10%

Sulfato de sódio anidro

3 – Técnica

Em um balão de 250 mL, colocar 27,0 mL de álcool amílico, 15,0

mL de ácido acético glacial e 1,0 mL de ácido sulfúrico concentrado.

Ao balão, colocado sobre uma fonte de aquecimento, adaptar um

separador de Dean Stark, e a este, um condensador de refluxo.

Aquecer a mistura durante 45 min, sendo que, por ser mais densa,

a água formada irá ficar retida no tubo coletor.

Adicionar 15,0 mL de solução de Na2CO3 a 10%, com agitação.

Verificar o pH da fase aquosa (que deverá estar ligeiramente alcalino).

Decantar, transferindo o produto para um erlenmeyer contendo 5g

de Na2SO4 anidro. Fechar o erly e agitar periodicamente durante 15

minutos.

Filtrar com papel pregueado (seco), diretamente para um balão de

destilação seco.

Aquecer, recolhendo o produto que destila entre 148/149°C.

4 – Reação (R = 80%)

CO

OHH 3 C + H3C (CH2)3 CH2OH H3C C

O

O (CH2)4CH3

H2SO4 + H2O

5 – Constantes físicas

Líquido incolor, com odor de essência de banana; PE = 149°C; d20

=0,875 g/mL; solúvel em etanol, éter etílico e acetato de etila. Muito pouco

solúvel em água.

Page 84: Organica_2

80

6 – Equipamento

7 – Questões

1) Represente o mecanismo deste procedimento.

2) Se existir reagente em excesso, quantificá-lo.

3) Qual a % de catalisador utilizada, em função dos reagentes presentes?

4) Quais as massas dos produtos obtidos?

5) Dentro das proporções estequiométricas, quais massas das espécies envolvidas para a obtenção de 5000 L de éster?

6) Idem, dentro das proporções do processo.

7) Qual a função da solução de Na2CO3 a 10%?

8) Qual a função de Na2SO4 anidro? 9) De que modo a água é separada neste procedimento? 10) Como podemos avaliar o grau de pureza do éster obtido?

Page 85: Organica_2

81

NOÇÕES DE SÍNTESE ORGÂNICA

SÍNTESE DO FTALATO DE DIMETILA

1 – Reagentes

anidrido ftálico: 50,0g.

Álcool metílico (metanol): 100,0 mL (d = 0,810 g/mL).

H2SO4 concentrado: 8,0 mL (d = 1,84 g/mL)

2 – Espécies complementares

Solução aquosa de Na2CO3 saturada.

CaCl2 anidro.

Água destilada.

3 – Técnica

Num balão de 250 mL, colocar 50,0 g de anidrido ftálico. Num

erlenmeyer de 250 mL colocar 100 mL de metanol, adicionando aos

poucos, sob corrente de água, os 8,0 mL de H2SO4 concentrado.

Transferir a mistura metanol/H2SO4 para o balão onde se encontra

o anidrido ftálico. Adaptar um condensador de refluxo e aquecer em

banho maria durante 120 minutos, sob agitação moderada. Retirar o

condensador de refluxo, e substituí-lo por um sistema para destilar o

excesso de metanol.

Verter o éster obtido em 100 mL de água destilada fria e transferir

esta mistura para um funil de separação.

Decantar o éster obtido. Neutralizar com solução de Na2CO3

saturada, controlando o pH final. Lavar com água destilada. Dessecar

com CaCl2 anidro e filtrar.

4 – Constantes físicas

Líquido oleoso, ligeiramente aromático; PE = 283,7°C; d20 = 1,194

g/mL, solúvel em etanol, éter etílico e clorofórmio. Pouco solúvel em

água.

Page 86: Organica_2

82

5 – Questões

a) Representar o mecanismo deste procedimento.

b) Se existir reagente em excesso, quantificá-lo.

c) Quais as massas dos produtos obtidos, supondo-se R = 79%?

d) Dentro das proporções estequiométricas, quais as massas das espécies necessárias para a obtenção de 2000 L deste éster?

e) Dentro das proporções do processo, quais as massas das espécies necessárias para a obtenção de 3000 L deste éster?

f) Porque a adição do H2SO4 no metanol deve ser lenta?

g) Porque o éster obtido é colocado em água destilada?

h) Porque o éster obtido é “lavado” com água destilada?

i) Quais as funções do CaCl2 e da solução saturada de Na2CO3?

Page 87: Organica_2

83

CAPÍTULO 4 BIODIESEL – GÁS NATURAL - BIOGÁS - CRÉDITOS DE CARBONO

BIODIESEL

O que é biodiesel?

É um combustível produzido a partir de fontes totalmente

renováveis, especialmente quando tem como suas matérias primas etanol

(ao invés de metanol) e um óleo qualquer de origem vegetal (mamona), ou

animal (sebo).

O biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do

petróleo. Pode ser usado em carros e qualquer outro veículo com motor

diesel. Fabricado a partir de fontes renováveis (girassol, soja, mamona), é

um combustível que emite menos poluentes que o diesel. Saiba aqui

porque todos estão falando deste biocombustível.

Vantagens do Biodiesel

Cada vez mais o preço da gasolina, diesel e derivados de

petróleo tendem a subir. A cada ano o consumo aumenta e as reservas

diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada

ameaça de guerra ou crise internacional, o preço do barril de petróleo

dispara.

Aspectos Econômicos do Biodiesel

Para aumentar sua competitividade, os custos de produção do

biodiesel podem ser minimizados através da venda dos co-produtos

gerados durante o processo de transesterificação, tais como a glicerina,

adubo e ração protéica vegetal.

Especificações do Biodiesel

Em função da importância do biodiesel e da futura

regulamentação para sua utilização no país, o estabelecimento de

Page 88: Organica_2

84

padrões de qualidade para o biodiesel se constitui um fator primordial

para sua adoção ser bem sucedida.

História e Biodiesel

Durante a Exposição Mundial de Paris, em 1900, um motor

diesel foi apresentado ao público funcionando com óleo de amendoim.

Os primeiros motores tipo diesel eram de injeção indireta. Tais

motores eram alimentados por petróleo filtrado, óleos vegetais e até

mesmo por óleos de peixe.

Processo de Produção de Biodiesel

A molécula de óleo vegetal é formada por três ésteres ligados a

uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicídio. O processo para

a transformação do óleo vegetal em biodiesel chama-se

TRANSESTERIFICAÇÃO.

Balanço Energético do Biodiesel

A utilização do biocombustível depende, entre outros fatores,

de uma relação positiva entre a energia consumida no processo de

produção, e a energia disponibilizada pelo combustível produzido.

Biodiesel Brasil

O Brasil apresenta grandes vantagens para produção de

biocombustíveis, pois apresenta geografia favorável, situa-se em uma

região tropical, com altas taxas de luminosidade e temperaturas médias

anuais. Associada à disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas

torna-se o país com maior potencial para produção de energia renovável.

Fábricas de Biodiesel

A atual estrutura nacional de produção de biodiesel pode ser

caracterizada como incipiente e fortemente baseada em experiências com

plantas-piloto, o que resulta num volume de produção bastante reduzido.

Page 89: Organica_2

85

Efeito Estufa - Greenhouse Effect

O biodiesel permite que se estabeleça um ciclo fechado de

carbono no qual o CO2 é absorvido quando a planta cresce e é liberado

quando o biodiesel é queimado na combustão do motor.

Agricultura Familiar, Emprego e o Lado Social do Biodiesel

O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar

sustentação a um imenso programa de geração de empregos e renda a

partir da produção do biodiesel. A produção de oleaginosas em lavouras

familiares faz com que o biodiesel seja uma alternativa importante para a

erradicação da miséria no país.

Impostos sobre Biodiesel

Assim é reconhecido internacionalmente que o biodiesel,

atualmente, não é competitivo em relação ao óleo diesel, sem que haja

fortes incentivos fiscais.

Rendimento de Óleo das Sementes

As oleaginosas promissoras para a produção do biodiesel,

devem ter avaliadas suas reais potencialidades técnicas e seus efeitos

secundários.

Financiamento para construção de usinas

O BNDES já conta com o Programa de Apoio Financeiro a

Investimentos em Energia. Esse programa tem por objetivo propiciar o

aumento da oferta, a otimização do consumo atual e a atração de novos

investidores.

Glicerina - Sub-produto do biodiesel

A Glicerina é produzida por via química ou fermentativa. Tem

uma centena de usos, principalmente na indústria química. Os processos

de produção são de baixa complexidade tecnológica.

Page 90: Organica_2

86

PróAlcool - Programa Brasileiro de Álcool

O PROÁLCOOL foi um programa bem-sucedido de substituição

em larga escala dos derivados de petróleo. Foi desenvolvido para evitar o

aumento da dependência externa de divisas quando dos choques de

preço de petróleo.

BIODIESEL BRASIL

O país tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas,

por se situar em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e

temperaturas médias anuais. Associada a disponibilidade hídrica e

regularidade de chuvas, torna-se o país com maior potencial para

produção de energia renovável.

O Brasil explora menos de um terço de sua área agricultável, o

que constitui a maior fronteira para expansão agrícola do mundo. O

potencial é de cerca de 150 milhões de hectares, sendo 90 milhões

referentes a novas fronteiras, e outros 60 referentes a terras de pastagens

que podem ser convertidas em exploração agrícola a curto prazo. O

Programa Biodiesel visa à utilização apenas de terras inadequadas para o

plantio de gêneros alimentícios.

Há também a grande diversidade de opções para produção de

biodiesel, tais como a palma e o babaçu no norte, a soja, o girassol e o

amendoim nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e a mamona, que além

de ser a melhor opção do semi-árido nordestino, apresenta-se também

como alternativa às demais regiões do país.

A sinergia entre o complexo oleaginoso e o setor de álcool

combustível traz a necessidade do aumento na produção de álcool. A

produção de biodiesel consome álcool etílico, através da

transesterificação por rota etílica, o que gera incremento da demanda

pelo produto.

Consequentemente, o projeto de biodiesel estimula também o

desenvolvimento do setor sucroalcooleiro, gerando novos investimentos,

emprego e renda.

Page 91: Organica_2

87

A ANP estima que a atual produção brasileira de biodiesel seja

da ordem de 176 milhões de litros anuais.

O atual nível de produção constitui um grande desafio para o

cumprimento das metas estabelecidas no âmbito do Programa Nacional

de Produção e Uso do Biodiesel, que necessitará de, aproximadamente,

750 ML em sua fase inicial. Ou seja, a capacidade produtiva atual supre

somente 17% da demanda, considerando a mistura B2.

Porém, com a aprovação das usinas cuja solicitação tramita na

ANP, a capacidade de produção coincide com a demanda prevista para

2006. Esta capacidade terá que ser triplicada até 2012, com a necessidade

de adição de 5% de biodiesel ao petrodiesel.

A fim de conferir uma dimensão à perspectiva de expansão da

produção de biodiesel no Brasil, foram efetuadas projeções para o

período 2005–2035. Foram considerados os seguintes parâmetros

básicos para efetuar a projeção:

a. Taxa geométrica de crescimento do consumo de óleo

diesel ou sucedâneos de 3,5% a.a.;

b. Mistura de biodiesel ao óleo diesel iniciando em 2% e

finalizando em 40%;

c. Produtividade de óleo iniciando em 600 kg/ha e

finalizando em 5.000 kg/ha;

d. Considerou-se grande usina aquela que processa acima

de 100 kt/ano;

e. Parcela da produção alocada a grandes usinas de 80%;

f. Craqueadores instalados em pequenas comunidades ou

propriedades rurais atingindo 100.000 L no final do

período, com produção média de 250 L/dia;

O Brasil poderá produzir, apenas para o mercado interno, um

volume aproximado de 50 GL, sendo a maior parcela produzida por

transesterificação (80%) e o restante por craqueamento. A produção por

transesterificação atenderá o grande mercado atacadista, direcionado à

mistura com petrodiesel, o abastecimento de frotistas ou de

Page 92: Organica_2

88

consumidores interessados em aumentar a proporção de biodiesel no

petrodiesel.

Estima-se que a produção de biodiesel para os mercados

externos e internos, no final do período, será equivalente. Entretanto, nos

primeiros 10 anos, o mercado interno absorverá a totalidade da produção.

No conjunto do mercado interno e externo, a rota de

transesterificação etanólica responderá por 90% do total do biodiesel

produzido.

Nesse cenário, no final do período, haverá uma demanda de 6

GL de etanol e uma produção 4Mt de glicerol, evidenciando o potencial de

integração de cadeias com a produção de biodiesel.

Mercado automotivo e estações estacionárias

O uso do biodiesel pode atender a diferentes demandas de

mercado, significando uma opção singular para diversas características

regionais existentes ao longo do território nacional.

Conceitualmente o biodiesel pode substituir o diesel de origem

fóssil em qualquer das suas aplicações. No entanto, a inserção deste

combustível na matriz energética brasileira deverá ocorrer de forma

gradual e focada em mercados específicos, que garantam a

irreversibilidade do processo.

A utilização do biodiesel pode ser dividida em dois mercados

distintos, mercado automotivo e usos em estações estacionárias. Cada

um destes mercados possui características próprias e podem ser

subdivididos em submercados.

O mercado de estações estacionárias caracteriza-se

basicamente por instalações de geração de energia elétrica, e

representam casos específicos e regionalizados.

Tipicamente, pode-se considerar a geração de energia nas

localidades não supridas pelo sistema regular nas regiões remotas do

País, que em termos dos volumes envolvidos não são significativos, mas

podem representar reduções significativas com os custos de transporte

Page 93: Organica_2

89

e, principalmente, a inclusão social e o resgate da cidadania dessas

comunidades.

Outros nichos de mercado para utilização do biodiesel para

geração de energia podem ser encontrados na pequena indústria e no

comércio, como forma de redução do consumo de energia no horário de

ponta, aliado aos aspectos propaganda e marketing.

O mercado automotivo pode ser subdividido em dois grupos,

sendo um composto por grandes consumidores com circulação

geograficamente restrita, tais como empresas de transportes urbanos, de

prestação de serviços municipais, transporte ferroviário e hidroviário

entre outras.

A segunda parcela do mercado automotivo caracteriza-se pelo

consumo a varejo, com a venda do combustível nos postos de revenda

tradicionais. Neste grupo estão incluídos os transportes interestaduais de

cargas e passageiros, veículos leves e consumidores em geral.

Demanda Brasileira

Como um sucedâneo do óleo diesel, o mercado potencial para o

biodiesel é determinado pelo mercado do derivado de petróleo. A

demanda total de óleo diesel no Brasil em 2002 foi da ordem de 39,2

milhões de metros cúbicos, dos quais 76% foram consumidos no setor de

transporte, 16% no setor agropecuário e 5% para geração de energia

elétrica nos sistemas isolados.

A importação de diesel, em 2002, correspondeu a 16,3% do

mercado e significou nos últimos anos um dispêndio anual da ordem de

US$ 1,2 bilhão, sem considerar o diesel produzido com petróleo

importado, cerca de 8% do total de diesel consumido.

No setor de transporte, 97% da demanda ocorre no modal

rodoviário, ou seja caminhões, ônibus e utilitários, já que no Brasil estão

proibidos os veículos leves a diesel. Em termos regionais, o consumo de

diesel ocorre principalmente na região Sudeste (44%), vindo a seguir o

Sul (20%), Nordeste (15%), Centro-Oeste (12%) e Norte (9%). O diesel para

consumo veicular no Brasil pode ser o diesel interior, com teor de enxofre

Page 94: Organica_2

90

de 0,35% ou o diesel metropolitano, com 0,20% de enxofre, que responde

por cerca de 30% do mercado.

A geração de energia elétrica nos sistemas isolados da região

amazônica consumiu 530 mil metros cúbicos de diesel, distribuídos na

geração de 2.079 GWh, no Amazonas (30%), Rondônia (20%), Amapá

(16%), Mato Grosso (11%), Pará (11%), Acre (6%), Roraima (3%), além de

outros pequenos sistemas em outros estados.

Estes números se referem à demanda do serviço público.

Existem grandes consumidores privados de diesel para geração de

energia elétrica, como as empresas de mineração localizadas na região

Norte.

Como um exercício e sem considerar eventuais dificuldades de

logística ou de produção, podem ser inicialmente considerados os

seguintes mercados:

1. uso de B5 no diesel metropolitano: 0,45 Mm3;

2. uso de B5 no diesel consumido no setor agropecuário:

0,31 Mm3;

3. uso de B5 para geração nos sistemas isolados: 0,10 Mm3;

4. uso de B5 em todo o mercado de diesel: 2,00 Mm3.

PRODUÇÃO DO BIODIESEL

O Biodiesel é um combustível produzido a partir de fontes

totalmente renováveis, especialmente quando tem como suas matérias-

primas etanol (ao invés de metanol) e um óleo qualquer de origem vegetal

(mamona), ou animal (sebo).

Ele é usado em substituição ou adicionado ao diesel de

petróleo (petrodiesel).

Processo de fabricação

O biodiesel é predominantemente produzido através de uma

reação denominada transesterificação de triglicerídeos (óleos ou

gorduras animais ou vegetais) com álcoois de cadeia curta (metanol ou

Page 95: Organica_2

91

etanol), tendo a glicerina e sabão como sub-produtos. A reação de

transesterificação é catalisada por ácido ou base, dependendo das

características do óleo e/ou gordura utilizados.

Obtenção dos ésteres etílicos na indústria

A reação de transesterificação é realizada em um reator de 5 L,

provido de camisa de circulação de água aquecida e agitação mecânica.

O sistema permanece a 50 ºC e então 3 L de óleo neutro de soja são

adicionados. Quando o sistema atinge 45 ºC, a solução de 1,5 L de etanol

anidro e 15 g do catalisador NaOH são adicionadas, estabelecendo-se

este momento como sendo o tempo zero da reação. O tempo de reação é

de 5 min, pois neste tempo pode-se constatar a conversão completa de

ésteres pelo escurecimento brusco da mistura, seguida de retorno da

coloração inicial. Após o término da reação, 600 g de glicerina p.a são

adicionados para acelerar a formação da fase inferior. Isso resulta na

formação de uma fase superior correspondente aos ésteres etílicos e uma

fase inferior contendo a glicerina, formada pela reação e adicionada, ao

excesso de etanol, o hidróxido de sódio que não reagiu, junto com os

sabões formados durante a reação e alguns traços de ésteres etílicos e

glicerídeos parciais. Após a separação das duas fases por decantação, os

ésteres obtidos são então purificados através da lavagem com uma

solução contendo 1,5 L de água destilada a 90 ºC e 0,5% de HCl

concentrado. Com isso o catalisador remanescente da reação é

neutralizado, fato confirmado com a análise da água de lavagem com

indicador fenolftaleína 1%. A fase aquosa é separada do éster por

decantação e os traços de umidade são eliminados pela filtração

posterior com sulfato de sódio anidro. A fase inferior separada é

submetida a uma destilação a 80 ºC sob vácuo moderado, para

recuperação do excesso de etanol, e a glicerina permanece.

Metanol x Etanol

No Brasil, atualmente, a vantagem da rota etílica é a oferta

desse álcool, de forma disseminada em todo território nacional. Assim, os

Page 96: Organica_2

92

custos diferenciais de fretes, para o abastecimento de etanol versus

abastecimento de metanol, em certas situações, podem influenciar numa

decisão. Sob o ponto de vista ambiental, o uso do etanol leva vantagem

sobre o uso do metanol, quando este álcool é obtido de derivados do

petróleo, no entanto é importante considerar que o metanol pode ser

produzido a partir da biomassa.

O Uso de Etanol

O problema da utilização do etanol é o seu grau de pureza pois

caso não seja de 99% ou mesmo 100% torna inviável a produção de

biodiesel ou indispensável a sua purificação (destilação). Também

complica muito o processo de produção pois temos de garantir que o

etanol não absorve água em todo o processo.

Fontes alternativas de óleos e gorduras

O combustível pode ser produzido a partir de qualquer fonte de

ácidos graxos, além dos óleos e gorduras animais ou vegetais. Os

resíduos graxos também aparecem como matérias primas para a

produção do biodiesel. Nesse sentido, podem ser citados os óleos de

frituras, as borras de refinação, a matéria graxa dos esgotos, óleos ou

gorduras vegetais ou animais fora de especificação, ácidos graxos, etc.

Separação dos ésteres da glicerina

Após a reação de transesterificação, os ésteres resultantes

devem ser separados da glicerina, dos reagentes em excesso e do

catalisador da reação. Isto pode ser feito em 2 passos.

Primeiro separa-se a glicerina via decantação ou centrifugação.

Seguidamente eliminam-se os sabões, restos de catalisador e de

metanol/etanol por um processo de lavagem com água e burbulhação ou

utilização de silicato de magnésio, requerendo este último uma filtragem.

Page 97: Organica_2

93

Influência dos ácidos graxos na qualidade do combustível

Os ácidos graxos diferem entre si a partir de três

características:

• o tamanho da cadeia carbônica;

• o número de insaturações;

• presença de grupamentos químicos.

Sabe-se que quanto menor o número de insaturações (duplas

ligações) nas moléculas, maior o número de cetano do combustível

(maior qualidade à combustão), porém maior o ponto de névoa e de

entupimento (maior sensibilidade aos climas frios).

Por outro lado, um elevado número de insaturações torna as

moléculas menos estáveis quimicamente. Isso pode provocar

inconvenientes devido a oxidações, degradações e polimerizações do

combustível (ocasionando um menor número de cetano ou formação de

resíduos sólidos), se inadequadamente armazenado ou transportado. Isso

quer dizer que tanto os ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados

(láurico, palmítico, esteárico) como os de poli-insaturados (linoléico,

linolênico) possuem alguns incovenientes, dependendo modo de uso.

Assim, biodiesel com predominância de ácidos graxos

combinados mono-insaturados (oléico, ricinoléico) são os que

apresentam os melhores resultados.

Além disso, sabe-se que quanto maior a cadeia carbônica da

molécula, maior o número de cetano e a lubricidade do combustível.

Porém, maior o ponto de névoa e o ponto de entupimento.

Assim, moléculas exageradamente grandes (ésteres alquílicos

do ácido erúcico, araquidônico ou eicosanóico) devido ao processo de

pré-aquecimento tornam o combustível em regiões com temperaturas

baixas dificultoso de uso.

Page 98: Organica_2

94

Mistura biodiesel/diesel

O biodiesel pode ser usado misturado ao óleo diesel

proveniente do petróleo em qualquer concentração, sem necessidade de

alteração nos motores Diesel já em funcionamento. Observe que o

biodiesel não é o mesmo que o óleo vegetal bruto: é um combustível

produzido através de um processo químico que remove a glicerina,

prejudicial ao motor, do óleo vegetal.

A concentração de biodiesel é informada através de

nomenclatura específica, definida como BX, onde X refere-se à

percentagem em volume do biodiesel. Assim, B5, B20 e B100 referem-se,

respectivamente, a combustíveis com uma concentração de 5%, 20% e

100% de biodiesel (puro).

Importância estratégica

Pode cooperar para o desenvolvimento econômico regional, na

medida em que se possa explorar a melhor alternativa de fonte de óleo

vegetal (óleo de mamona, de soja, de dendê, etc.) específica de cada

região. O consumo do biodiesel em lugar do óleo diesel baseado no

petróleo pode claramente diminuir a dependência ao petróleo (a chamada

"petrodependência"), contribuir para a redução da poluição atmosférica,

já que contém menores teores de enxofre e outros poluentes, além de

gerar alternativas de empregos em áreas geográficas menos propícias

para outras atividades econômicas e, desta forma, promover a inclusão

social.

Projeto piloto

Cidades como Curitiba, capital do Estado do Paraná, Brasil,

possuem frota de ônibus para transporte coletivo movida a biodiesel.

Esta ação reduziu substancialmente a poluição ambiental, aumentando,

portanto, a qualidade do ar e, por conseqüência, a qualidade de vida num

universo populacional de 3.000.000 de habitantes.

Page 99: Organica_2

95

Outros projetos em andamento são os da Petrobio na cidade de

Piracicaba-SP (Brasil) com fabricação contínua e os da UFMT em Cuiabá-

MT (Brasil) com microondas.

As vantagens do biodiesel

É energia renovável. No Brasil há muitas terras cultiváveis que

podem produzir uma enorme variedade de oleaginosas como fonte de

matéria-prima para o biodiesel, principalmente nos solos menos

produtivos, com um baixo custo de produção.

É constituído de carbono neutro. As plantas capturam todo o

CO2 emitido pela queima do biodiesel e separam-no em carbono e

oxigênio, zerando o balanço entre emissão dos veículos e absorção das

plantas.

Contribui ainda para a geração de empregos no setor primário,

que no Brasil é de suma importância para o desenvolvimento social. Com

isso, evita o êxodo do trabalhador no campo, reduzindo o inchaço das

grandes cidades e favorecendo o ciclo da economia auto-sustentável

essencial para a autonomia do país.

Muito dinheiro é gasto para o refino e prospecção do petróleo.

O capital pode ter um fim social melhor para o país, visto que o biodiesel

não requer esse tipo de investimento.

O Estado do Ceará é pioneiro na produção de biodiesel. Tendo

como destaque o trabalho desenvolvido pelo NUTEC (NÚCLEO DE

TECNOLOGIA INDUSTRIAL) na empresa TECBIO.

O biodiesel é um ótimo lubrificante e pode aumentar a vida útil

do motor.

O biodiesel tem risco de explosão baixo. Ele precisa de uma

fonte de calor acima de 150 graus Celcius para explodir.

Tem fácil transporte e fácil armazenamento, devido ao seu

menor risco de explosão.

Lubricidade otimizada.

Número de cetano mínimo 51.

Sem a presença de aromáticos (benzeno).

Page 100: Organica_2

96

Estável e com boa atividade.

Ajuda na eficiência de catalisadores.

A tecnologia atual permite aos veículos Diesel atender a norma

EURO III, dispositivos de retenção de particulados - filtros regenerativos

(com B100 poderão operar melhor pela ausência de enxofre e material

particulado).

Perspectiva de exportação de Biodiesel como aditivo de baixo

conteúdo de enxofre, especialmente para a União Européia onde o teor de

enxofre está sendo reduzido paulatinamente de 2000 ppm em 1996, para

350 ppm em 2002, e 50 ppm em 2005.

Melhora o número de cetano (melhoria no desempenho da

ignição) e lubricidade (redução de desgaste, especialmente do sistema de

ignição).

Ampliação da vida útil do catalisador do sistema de

escapamento de automóveis.

O uso como combustível proporciona ganho ambiental para

todo o planeta, pois colabora para diminuir a poluição e o efeito estufa.

A viabilidade do uso direto foi comprovada na avaliação dos

componentes do motor, que não apresentou qualquer tipo de resíduo que

comprometesse o desempenho.

Para a utilização do biocombustível, não precisa de nenhuma

adaptação em caminhões, tratores ou máquinas.

O biodiesel é uma fonte limpa e renovável de energia que vai

gerar emprego e renda para o campo, pois o país abriga o maior território

tropical do planeta, com solos de alta qualidade que permitem uma

agricultura auto-sustentável do plantio direto; topografia favorável à

mecanização e é a nação mais rica em água doce do mundo, com clima e

tecnologia que permitem a produção de duas safras ao ano.

Por outro lado, o diesel do petróleo é um combustível não-

renovável. O petróleo leva milhões de anos para se formar.

Substitui o diesel nos motores sem necessidade de ajustes.

O produtor rural estará produzindo seu combustível.

Diminuição da poluição atmosférica.

Page 101: Organica_2

97

Redução de custos na propriedade.

No caso do biodiesel Eco Óleo o produtor não compra o

biodiesel, a comercialização será por meio de permuta, ou seja: troca de

mercadorias como, por exemplo, o produtor entrega o girassol e recebe o

Eco Óleo. Será o uso cativo.

O produtor estará fazendo rotação de culturas em sua

propriedade, incorporando nutrientes na sua lavoura.

O biodiesel é usado puro nos motores, porém aceita qualquer

percentual de mistura com o diesel, pois é um produto miscível.

Outra grande vantagem é que, na formação das sementes, o gás

carbônico do ar é absorvido pela planta. O calor produzido por litro é

quase igual ao do diesel.

Pouca emissão de partículas de carvão. O biodiesel é um éster

e, por isso, já tem dois átomos de oxigênio na molécula.

Na queima do biodiesel, ocorre a combustão completa.

É necessária uma quantidade de oxigênio menor que a do

diesel.

É uma fonte de energética renovável, a exemplo de todos os

produtos originários do ciclo produtivo da agroindústria. Nesse ciclo, a

energia que está armazenada nos vegetais, no caso o grão da soja, é

transformada em combustível e depois da combustão uma parte destina-

se à operação de um sistema como um motor, e outra retorna para a nova

plantação na forma de CO2, o CO2 combinado com a energia solar

realimenta o ciclo.

Não são necessárias alterações na tecnologia (peças e

componentes) e de regulagem. Apenas é preciso que o biodiesel tenha

uma qualidade definida. Por ser um produto natural e biodegradável,

surgem problemas de degradação natural. Ao utilizar biodiesel você

estará utilizando qualidade.

Os óleos vegetais usados na produção do biodiesel podem ser

obtidos do girassol, nabo forrageiro, algodão, mamona, soja, canola...

Qualquer oleaginosa.

Page 102: Organica_2

98

Podemos prever claramente os efeitos positivos do biodiesel,

analisando os benefícios da adição do etanol na gasolina. O etanol vem

da indústria do álcool, uma indústria forte e que faz circular um grande

volume de capital, gera empregos e ainda gera dinheiro para o governo

através dos impostos, ajudando a reduzir o déficit publico.

A maior parte dos veículos da indústria de transporte e da

agricultura usam atualmente o diesel. O biodiesel é uma alternativa

econômica, tendo a vantagem de ser confiável, renovável e fortalecer a

economia do país gerando mais empregos. Como combustível já é uma

realidade em expansão.

Beneficia os agricultores e contribui para o crescimento

econômico dos municípios, pois reduz a exportação de divisas e permite

a redução de custo desse insumo. O uso do biodiesel certamente irá:

1) preservar o interesse nacional;

2) promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de

trabalho e valorizar os recursos energéticos;

3) proteger os interesses do consumidor quanto a preço,

qualidade e oferta dos produtos;

4) proteger o meio ambiente e promover a conservação de

energia;

5) utilizar fontes alternativas de energia, mediante o

aproveitamento econômico dos insumos disponíveis e

das tecnologias aplicáveis;

6) redução da emissão de poluentes locais com melhorias

na qualidade de vida e da saúde pública;

7) possibilitar a utilização dos créditos de carbono

vinculados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

decorrentes do Protocolo de Kyoto e a sedimentação da

tecnologia de produção agrícola e industrial.

O biodiesel é uma alternativa tecnicamente viável para o diesel

mineral, mas seu custo hoje, de 1,5 a 3 vezes maior, o torna não

competitivo, se externalidades positivas, como meio ambiente local, clima

Page 103: Organica_2

99

global, geração e manutenção de emprego, balanço de pagamentos não

forem consideradas.

Esses custos já consideram todos os créditos por subprodutos

(uso da torta residual; glicerina). Não são previstas possibilidades de

reduções significativas no custo de produção, para os óleos vegetais

usados na Europa para biodiesel. Trata-se de processos agrícolas e

industriais muito conhecidos, “maduros” e eficientes. O custo de

referência, de diesel mineral, sem impostos, utilizado nesta análise é de

US$ 0,22/litro.

Segurança

O metanol é tóxico, provoca cegueira e queimaduras profundas.

Em contato com a pele lavar de imediato, em contato com os olhos lavar

pelo menos 15 minutos e contactar de imediato o hospital. O metanol

ferve a 65 graus, nunca aquecer o óleo a mais de 55 graus. É também

altamente inflamável sendo usado normalmente em motores de corrida.

O hidróxido de sódio (soda cáustica) também é tóxico e

provoca queimaduras na pele. Em contacto com a pele neutralizar

primeiro com vinagre e só depois lavar com água (nunca colocar água

diretamente na soda).

Usar sempre equipamento de proteção!

Óculos, luvas e vestuário comprido é o mínimo exigido. Nunca

respirar os vapores do metanol.

Por que usar biodiesel?

Cada vez mais o preço da gasolina, diesel e derivados de

petróleo tendem a subir. A cada ano o consumo aumenta e as reservas

diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada

ameaça de guerra ou crise internacional, o preço do barril de petróleo

dispara.

O efeito estufa, que deixa nosso planeta mais quente, devido ao

aumento de dióxido de carbono na atmosfera (para cada 3,8 litros de

gasolina que um automóvel queima, são liberados 10 kg de CO2 na

Page 104: Organica_2

100

atmosfera). A queima de derivados de petróleo contribui para o

aquecimento do clima global por elevar os níveis de CO2 na atmosfera.

Desvantagens

Os grandes volumes de glicerina previstos (subproduto) só

poderão ter mercado a preços muito inferiores aos atuais; todo o

mercado de óleo-químicos poderá ser afetado. Não há uma visão clara

sobre os possíveis impactos potenciais desta oferta de glicerina.

No Brasil e na Ásia, lavouras de soja e dendê, cujos óleos são

fontes potencialmente importantes de biodiesel, estão invadindo florestas

tropicais, importantes bolsões de biodiversidade. Embora, aqui no Brasil,

essas lavouras não tenham o objetivo de serem usadas para biodiesel,

essa preocupação deve ser considerada.

Page 105: Organica_2

101

CRÉDITOS DE CARBONO A preocupação com o meio ambiente levou os países da

Organização das Nações Unidas a assinarem um acordo que estipulasse

controle sobre as intervenções humanas no clima.

Assim o mercado de créditos de carbono nasceu em dezembro

de 1997 com a assinatura do Protocolo de Kyoto. Desta forma, o

Protocolo de Kyoto determina que seus signatários países desenvolvidos

(chamados também de países do Anexo I), reduzam suas emissões de

gases de efeito estufa em 5,2%, em média, relativas ao ano de 1990, entre

2008 e 2012. Para tanto, existem algumas alternativas para auxiliá-los ao

cumprimento de suas metas, chamadas de mecanismos de flexibilização.

Esse período é também conhecido como primeiro período de

compromisso. Para não comprometer as economias desses países, o

protocolo estabeleceu que, caso seja impossível atingir as metas

estabelecidas por meio da redução das emissões dos gases, os países

poderão comprar créditos de outras nações que possuam projetos de

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) nasceu de uma

proposta brasileira à Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do

Clima (CQNUMC). Trata-se do comércio de créditos de carbono baseado

em projetos de seqüestro ou mitigação. O MDL é um instrumento de

flexibilização que permite a participação no mercado dos países em

desenvolvimento, ou nações sem compromissos de redução, como o

Brasil. Os países que não conseguirem atingir suas metas terão liberdade

para investir em projetos MDL de países em desenvolvimento. Através

dele, países desenvolvidos comprariam créditos de carbono, em tonelada

de CO2 equivalente, de países em desenvolvimento responsáveis por tais

projetos.

Há uma série de critérios para reconhecimento desses projetos,

como estarem alinhados às premissas de desenvolvimento sustentável

do país hospedeiro, definidos por uma Autoridade Nacional Designada

(AND).

Page 106: Organica_2

102

No caso do Brasil, tal autoridade é a Comissão Interministerial

de Mudança do Clima. Somente após a aprovação pela Comissão, é que o

projeto pode ser submetido à ONU para avaliação e registro.

A negociação de contratos futuros de crédito de carbono já

ocorre na Bolsa de Chicago e em países como Canadá, República Checa,

Dinamarca, França, Alemanha, Japão, Holanda, Noruega e Suécia. Em

2005 também entrará em vigor o mercado regional europeu, batizado de

"European Union Emission Trading Scheme".

O Brasil deve se beneficiar deste cenário como vendedor de

créditos de carbono, e também como alvo de investimentos em projetos

engajados com a redução da emissão de gases poluentes, como é o caso

do biodiesel. Segundo estimativas do Banco Mundial, o país poderá ter

uma participação de 10% no mercado de MDL, equivalente a US$ 1,3

bilhões em 2007.

A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e o Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) vão lançar o Mercado

Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que entrará em

funcionamento até o fim de 2005, e funcionará como uma plataforma de

negociação dos títulos emitidos por projetos que promovam a redução

das emissões de gases causadores do efeito estufa. A criação do MBRE é

uma iniciativa que visa profissionalizar a negociação, no mercado de

capitais, dos papéis oriundos dos projetos de MDL, trabalhando na

elaboração de um banco de projetos MDL no Brasil. Na prática, é mais um

mercado de títulos que será operado pela bolsa. Inicialmente, os papéis

poderão ser negociados por qualquer investidor que já compra ativos

semelhantes no mercado de derivativos.

Portanto, os benefícios gerados pela produção de biodiesel no

Brasil podem ser convertidos em vantagens econômicas, pelo acordo

estabelecido no Protocolo de Kyoto e nas diretrizes do MDL.

O ganho decorrente da redução da emissão de CO2, por

queimar um combustível mais limpo, pode ser estimado em cerca de 2,5

toneladas de CO2 por tonelada de biodiesel. No mercado europeu, os

créditos de carbono são negociados por volta de US$ 9,25 por tonelada.

Page 107: Organica_2

103

Portanto, 348 mil toneladas de biodiesel de mamona geram uma

economia de 870 mil toneladas de CO2, podendo ser comercializada por

US$ 8 milhões.

Outra vantagem que está sendo estudada é a absorção de

carbono na atmosfera pela própria plantação de mamona. Uma lavoura de

1 hectare de mamona pode absorver até 8 toneladas de gás carbônico da

atmosfera.

Como para a substituição de 1% de diesel mineral são

necessários 348 mil toneladas de mamona, são ocupados 740 mil

hectares. Ou seja, anualmente poderiam ser absorvidas mais 6 milhões de

toneladas de carbono pela lavoura de mamona, o que poderia garantir

para o Brasil mais US$ 55,5 milhões pela substituição ao diesel mineral.

Porém, esse cálculo não pode ser considerado, pois não existem

garantias de que esse tipo de seqüestro seja comercializável, dado ao

curto ciclo de vida da planta de mamona.

O Mercado de Créditos de Carbono e a Agroenergia - Antecedentes

A concentração de CO2 atmosférico aumentou 31% nos últimos

250 anos, atingindo, provavelmente, o nível mais alto dos últimos 20

milhões de anos. Os valores tendem a aumentar significativamente se as

fontes emissoras de gases de efeito estufa não forem controladas, como

a queima de combustíveis fósseis e a produção de cimento, responsáveis

pela produção de cerca de 75% destes gases. A mudança no uso da terra,

como o desmatamento, também tem significativa contribuição (25%).

O aquecimento global, decorrente da emissão de gases de

efeito estufa (GEE) por fontes antrópicas, é algo que tem trazido grande

preocupação à sociedade moderna, principalmente dentro de cenários

que configuram demanda crescente de energia, em maior parte de

natureza não-renovável, decorrente principalmente do crescimento

populacional. Mudanças climáticas podem resultar em externalidades

negativas de diversas sortes às gerações futuras.

Page 108: Organica_2

104

Panorama atual do MDL

O MDL é o mecanismo de flexibilização que oferece maior risco

ao investidor, pelo alto grau de incerteza e pela burocracia que existe até

a efetiva aprovação dos projetos pela ONU, além do alto custo de

transação envolvido (em torno de US$ 100.000 a 150.000). Vale lembrar

que alguns países de Anexo I, como a Islândia e a Austrália, não

referendaram o compromisso de redução (com possibilidade, inclusive,

de aumentar suas emissões no período de compromisso), e outros, como

a Rússia, que têm reduzido substancialmente suas emissões, e que

podem lucrar substancialmente com o comércio de permissões

(allowances), as quais representam créditos mais seguros e de maior

valor comercial.

Estudos econômicos baseados em cenários futuros têm sido

cada vez mais necessários para uma compreensão de longo prazo.

Atualmente, a tonelada de carbono dos projetos de MDL é vendida em

torno de US$ 5,00 a 6,00, para projetos que obedeçam todas as premissas

do Protocolo de Kyoto. Entretanto, outras alternativas de comercialização

(iniciativas voluntárias) se apresentam, com regras mais flexíveis, como a

CCX (Chicago Climate Exchange - Bolsa do Clima de Chicago), onde os

preços para a tonelada são mais baixos (em torno de US$ 0,90). Com a

recente ratificação do Protocolo, a expectativa é que estes valores sofram

acréscimos ao longo do tempo.

Segundo estimativas do Banco Mundial, os principais

compradores de créditos entre janeiro de 2004 e abril de 2005 foram o

Japão (21%), a Holanda (16%), o Reino Unido (12%) e o restante da União

Européia (32%). Em termos de oferta de créditos (volume), considerando

projetos de MDL e IC, a índia lidera o ranking, com 31%. O Brasil possui

13% do "share", o restante da Ásia (inclusive China) 14% e o restante da

América Latina 22%. A participação da Índia e do restante da Ásia é

expressiva por seus projetos de destruição do HFC-23, gás cujo potencial

de aquecimento global é 11.700 vezes o do CO2.

Page 109: Organica_2

105

Os projetos com ênfase em melhoria de eficiência energética,

biomassa, etc, muitas vezes prevêem atividades para um período de 7 de

21 anos, muito embora o primeiro período de compromisso do Protocolo

seja de 2008 a 2012. Desta forma, é muito difícil se determinar qual seria o

potencial de projetos do mercado de créditos de carbono. Como existe

um alto grau de incerteza quanto às negociações para o segundo período,

optou-se por fazer uma estimativa apenas dentro do primeiro período

para o que seria o potencial de participação anual do Brasil e do

agronegócio neste mercado.

Estimativa do potencial de participação anual do agronegócio

brasileiro no mercado de créditos de carbono para o primeiro período de

compromisso do Protocolo de Kyoto (2008-2012).

Existem, atualmente, 23 projetos de MDL oficialmente

aprovados em todo o mundo, no âmbito da Convenção. Destes, apenas 2

são brasileiros, ambos de queima de gases em aterros sanitários,

portanto, não vinculados ao agronegócio.

Particularidades do MDL

Os projetos, para serem aprovados, devem atender ao pré-

requisito da adicionalidade, o que pressupõe que o projeto não seja a

alternativa econômica mais viável, ou seja, fuja do "business-as-usual".

Muitas vezes, os projetos que apresentam argumentos que demonstram

que estes só se viabilizam caso recebam o aporte de recursos do MDL,

têm sido preferidos.

Assim, além de uma redução líquida de emissões significativa,

existem outras exigências para que o projeto seja considerado adicional,

como uma classificação preliminar referente à data do início de suas

atividades, identificação de alternativas consistentes com a legislação

corrente e regulamentação local, análise de investimento, análise de

barreiras, análise de práticas comuns e impacto do registro como MDL.

Sob a ótica do desenvolvimento sustentável, no caso do Brasil,

a Resolução n° 1 da Comissão Interministerial de Mudança do Clima

determina que os projetos a ela submetidos tragam substanciais

Page 110: Organica_2

106

benefícios ambientais e sociais, garantindo a geração de emprego e

renda.

A metodologia a ser utilizada para desenvolvimento,

monitoramento e verificação precisa estar previamente avaliada,

aprovada e registrada pelo Comitê Executivo do MDL. Isto visa garantir

que os projetos sejam desenvolvidos obedecendo tal metodologia,

reconhecida previamente pelo Painel Metodológico da ONU.

Para tanto, o projeto deve mostrar que muda toda uma

realidade, baseado em cenários de tendências caso este não se implante,

o que também é chamado de "linha de base". Uma das principais

dificuldades existentes é a falta de pesquisas que subsidiem,

tecnicamente, tais linhas de base, e que possibilitem a aprovação de

metodologias, necessárias ao desenvolvimento dos projetos.

Outra grande limitação é o custo de transação dos projetos,

cujo valor mínimo gira em torno de US$ 150 mil. Na tentativa de viabilizar

o acesso a proponentes de baixa renda, ou mesmo fomentar projetos de

menor volume de RCE (Redução Certificada de Emissões), foi aprovada,

no âmbito da Convenção, uma modalidade diferenciada para contemplar

projetos de pequena escala, com exigências e metodologias

simplificadas, no intuito de reduzir os custos de transação, de forma a

incentivar o envolvimento de pequenos empresários, através de arranjos

associativistas.

No Brasil, o MDIC, em parceria com a BM&F e subsidiado pela

FGV criou o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões. A idéia básica é

a de organizar o mercado primário, por meio de um banco de projetos,

com sistema de registro, armazenamento e classificação dos mesmos.

Isto terá implicações interessantes, como a redução dos custos de

transação, conferindo maior visibilidade para os investidores, auxiliando

inclusive na identificação destes no mercado por parte dos proponentes.

Oportunidades para a agroenergia

Uma das grandes oportunidades para a agroenergia é a geração

de energia a partir de resíduos ou co-produtos. Os projetos de co-geração

Page 111: Organica_2

107

a partir do bagaço da cana, por exemplo, geram créditos e estão sendo

implementados. Por ter metodologia já aprovada, espera-se que um

grande número de projetos sejam apresentados. Isto abre margem para

outras oportunidades, como o aproveitamento de palha de arroz, resíduos

da indústria madeireira, entre outros.

Apesar da limitação quanto ao mercado para seqüestro de

carbono, as atividades florestais podem se beneficiar de créditos pela

substituição de fontes de energia fóssil (carvão mineral) por fonte de

energia renovável (carvão vegetal) em siderurgias. Outra possibilidade

seria o uso dos resíduos de serrarias para geração de energia por

biomassa, já que a eficiência do aproveitamento da madeira é de cerca de

50%.

O manejo de dejetos animais, para aproveitamento do gás

metano para geração de energia, é uma atividade com grande potencial,

especialmente por já existir metodologia aprovada. Alguns projetos já

estão sendo implementados, com destaque para o projeto de granja

Becker (MG) e da Sadia, em análise pela Comissão Interministerial, que

deverão servir como piloto, beneficiando diretamente os produtores

rurais.

Por se apresentar como um programa de governo, que tem uma

série de barreiras técnicas e de viabilidade econômica a serem

transpostas, o biodiesel possui grande potencial, especialmente quando

se pensa em substituição de fonte energética. Outro fator positivo são os

benefícios sociais, amplamente contemplados neste programa.

Oportunidades indiretas, decorrentes das exigências do

Protocolo de Kyoto, devem ser também consideradas. A exemplo disso, o

Japão, em um esforço para reduzir suas emissões, autorizou a mistura de

3% de álcool em sua gasolina, o que abre um mercado grande às

exportações brasileiras de etanol. O uso da biomassa para seqüestro de

carbono é ponto pacífico, sendo que o IPCC estima que entre 60 e 87

bilhões de toneladas de carbono poderão ser estocadas em florestas,

entre 1990 e 2050, equivalendo a 12-15% das emissões por combustíveis

fósseis, no mesmo período. Para que a biomassa possa, efetivamente,

Page 112: Organica_2

108

atender as expectativas de mitigar os impactos dos combustíveis fósseis

no ambiente, algumas condições necessitam ser preenchidas, como:

a. Produção sustentável de matéria prima e uso dos

recursos energéticos de forma a resultar em uma

produção neutra de CO2;

b. Seqüestro e fixação do carbono por longos períodos,

inclusive após a vida útil do vegetal (ex. produção de

móveis de madeira);

c. Substituição direta de combustíveis fósseis, como é o

caso do etanol e dos biocombustíveis derivados de óleos

vegetais.

É sempre importante ter em mente o conceito de gases de efeito

estufa (GEE), do qual o CO2 é apenas o paradigma do índice de medição

de emissões. Outros gases, como o metano e o anidrido sulfuroso são

extremamente perniciosos, enquanto poluidores atmosféricos,

constituindo-se em uma das vantagens do uso de biomassa a emissão

baixa ou nula destes gases.

Comparando as duas estratégias de redução do impacto das

emissões de GEE, o uso energético da biomassa é mais vantajoso que o

seqüestro e fixação, pois:

1. biocombustíveis e a biomassa energética em geral podem substituir,

diretamente, os combustíveis fósseis;

2. há menos incerteza nas medições das contribuições da biomassa

energética que no seqüestro de carbono;

3. o custo de investimento é menor, pois o seqüestro de carbono

significa que, de alguma forma, a energia para a sociedade necessitará

ser suprida;

4. a redução de emissões pela biomassa energética é definitiva,

enquanto as florestas de seqüestro, quando utilizadas para fins não

permanentes, devolvem o CO2 à atmosfera;

Page 113: Organica_2

109

5. os estudos disponíveis demonstram que, no longo prazo, o uso de

biomassa energética é mais eficiente no uso da terra que as florestas

para seqüestro de carbono.

Page 114: Organica_2

110

BIOGÁS Toda matéria orgânica, como restos agrícolas, esterco ou lixo,

sofre decomposição por bactérias microscópicas. Durante o processo, as

bactérias retiram dessa biomassa aquilo que necessitam para sua

sobrevivência, lançando gases e calor na atmosfera.

O biogás é resultante da decomposição controlada do lixo

doméstico, feita em aterros sanitários, ou da decomposição do esterco de

gado em recipientes especiais conhecidos como biodigestores.

O esgoto das nossas cidades, recolhido às estações de

tratamento, também é uma fonte de biogás, que pode ser utilizado para

movimentar ônibus e caminhões, ou para produzir eletricidade e calor em

co-geradores.

Uma política de geração e aproveitamento do biogás

possibilitaria a regularização de milhares de lixões que existem no País.

Isso porque, para operá-los de maneira controlada, seria necessário

investir em infra-estrutura, drenagem, segurança e mão-de-obra

especializada.

Do mesmo modo, o esgoto, que atualmente é jogado em

córregos e valas, teria de ser canalizado para estações de tratamento,

resultando em ganhos ambientais, sociais e de saúde pública.

A boa notícia é que já contamos com aterros sanitários

funcionando regularmente e gerando biogás de lixo em cidades como

Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.

Outra iniciativa muito importante seria estimular a adoção de

biodigestores em áreas rurais, gerando gás de cozinha a partir do

estrume bovino ou suíno, como já acontece em milhões de residências na

China e Índia.

Page 115: Organica_2

111

GÁS NATURAL Como é encontrado em toda crosta terrestre, o gás natural vem

se tornando, ao longo das últimas décadas, uma das principais fontes de

energia. Nos países industrializados, há alguns anos, o novo combustível

é utilizado em larga escala como substituto natural dos derivados de

petróleo.

O gás natural é, na verdade, uma mistura de gases composta

basicamente de metano (+/- 90%). Suas características são bem diferentes

do GLP (gás de butijão), que se trata de propano mais butano, um gás

tóxico e altamente inflamável. O metano, ao contrário do GLP, é mais leve

que o ar e não é tóxico. Ele é encontrado em poços, podendo ou não estar

junto com o petróleo.

A queima do gás natural é muito mais completa do que a da

gasolina, álcool ou diesel, diminuindo consideravelmente a emissão de

poluentes, sobretudo a de monóxido de carbono.

Por isso, é uma grande opção de combustível nos centros

urbanos, onde os controles de poluição são cada vez mais rigorosos.

Para atender o Rio de Janeiro e São Paulo, o gás natural é

extraído da Bacia de Campos (RJ) e de Santos (SP) e levado até essas

cidades através de gasodutos. Antes de ser distribuído, passa por

unidades de processamento para retirada de impurezas e de alguns

componentes mais pesados, tornando o combustível mais limpo e pronto

para o consumo.

Meio Ambiente

Preocupada com o meio ambiente, a Ipiranga introduziu no

Brasil, em 1991, o Gás Natural Veicular como uma alternativa ecológica ao

uso de derivados de petróleo por diminuir a emissão de poluentes,

sobretudo a de monóxido de carbono.

É um produto nacional, muito valorizado, pois não passa por

nenhum processo industrial que polui o meio ambiente. Assim, chega até

o consumidor final praticamente como foi extraído das jazidas, sendo

Page 116: Organica_2

112

muito menos prejudicial ao meio ambiente em relação aos demais

combustíveis.

A utilização do GNV em larga escala seria fundamental para a

redução da poluição ambiental provocada pelos veículos nos grandes

centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Veja outros benefícios para o meio ambiente:

• Não é tóxico.

• Reduz a emissão de poluentes na atmosfera.

• Não apresenta restrições ambientais.

• Dispensa a instalação de equipamentos de controle de

emissões.

• Praticamente elimina a emissão de compostos de

enxofre.

• Não emite cinzas.

• Reduz sensivelmente a emissão de particulados.

• Dispensa a manipulação de produtos químicos

perigosos.

• Não utiliza água adicional como nos lavadouros de gases.

• Elimina a necessidade de tratamento de efluentes dos

produtos da queima.

• Não depende de desmatamento.

• Melhora a qualidade do ar com a redução do tráfego de

caminhões nas grandes cidades.

Vale a pena ressaltar ainda que:

• reduz os gastos com combustíveis em 60%;

• é o mais seguro de todos os combustíveis;

• prolonga a vida útil do motor;

• aumenta os intervalos de troca de óleo;

• diminui a corrosão, por ser um combustível limpo e

seguro.

Page 117: Organica_2

113

Em testes realizados com veículos da General Motors e da

Volkswagen na CETESB, foram constatadas reduções de 58 a 67% nas

emissões de monóxido de carbono em veículos convertidos, quando

comparados com movidos a gasolina e álcool, respectivamente.

O Gás Natural Veicular vem conquistando a cada dia mais

consumidores. Motivos não faltam: é mais barato e qualquer carro a

gasolina ou a álcool pode ser convertido a gás. Assim, o veículo passa a

ser bi-combustível, não anulando a possibilidade de abastecer com o

outro produto.

O GNV também aumenta o rendimento do carro. Enquanto um

veículo a gasolina, por exemplo, tem o rendimento médio de 10Km/l, o

movido a gás rende 13 Km/m³.

Confira abaixo outras vantagens de utilizar o Gás Natural:

• O risco de combustão é muito menor, pois o gás só

queima a 620º e seu abastecimento não põe o produto em

contato com o ar.

• Sua queima não libera fumaça favorecendo a proteção do

meio ambiente.

• Permite aumentar o intervalo de troca de óleo.

• Por ser mais limpo e seguro, é um combustível que

prolonga a vida útil do motor.

• Os cilindros de armazenamento de gás natural são

resistentes a choques, colisões e até armas de fogo.

• As principais montadoras de carros do mundo estão

produzindo veículos especialmente preparados para usar

o GNV.

• O motor do carro apresenta uma grande elasticidade de

funcionamento, com acelerações sem nenhum tipo de

irregularidade.

• O gás natural está em condições de garantir uma reserva

de 65 anos enquanto a quantidade de petróleo no mundo

garante uma reserva de aproximadamente 40 anos.

Page 118: Organica_2

114

• Os proprietários deste tipo de automóvel, no Rio de

Janeiro, só pagam 1% de IPVA, enquanto os de gasolina

desembolsam 4%.

• Não existe gás pirata ou batizado.

• O kit pode ser removido e instalado em outro veículo.

O gás natural é, como o próprio nome indica é uma substância

no estado gasoso nas condições ambiente de temperatura e pressão. Por

seu estado gasoso e suas características físico–químicas naturais,

qualquer processamento desta substância, seja compressão, expansão,

evaporação, variação de temperatura, liquefação ou transporte exigirá um

tratamento termodinâmico como qualquer outro gás.

Apresentamos a seguir as características do gás natural que

permitem a compreensão sob o enfoque da sua condição de substância

no estado gasoso.

1. Composição do Gás

A composição do gás natural bruto é função de uma série de

fatores naturais que determinaram o seu processo de formação e as

condições de acumulação do seu reservatório de origem.

O gás natural é encontrado em reservatórios subterrâneos em

muitos lugares do planeta, tanto em terra quanto no mar, tal qual o

petróleo, sendo considerável o número de reservatórios que contém gás

natural associado ao petróleo. Nestes casos, o gás recebe a designação

de gás natural associado. Quando o reservatório contém pouca ou

nenhuma quantidade de petróleo o gás natural é dito não associado.

1.1. Composição do Gás Natural Bruto

Os processos naturais de formação do gás natural são a

degradação da matéria orgânica por bactérias anaeróbias, a degradação

da matéria orgânica e do carvão por temperatura e pressão elevadas ou

da alteração térmica dos hidrocarbonetos líquidos.

A matéria orgânica fóssil é também chamada de querogêneo e

pode ser de dois tipos: querogêneo seco, quando proveniente de matéria

Page 119: Organica_2

115

vegetal e querogêneo gorduroso, quando proveniente de algas e matéria

animal.

No processo natural de formação do planeta ao longo dos

milhões de anos a transformação da matéria orgânica vegetal, celulose e

lignina, produziu o querogêneo seco que ao alcançar maiores

profundidades na crosta terrestre sofreu um processo gradual de

cozimento, transformando-se em linhito, carvão negro, antracito, xisto

carbonífero e metano e dando origem às gigantescas reservas de carvão

do planeta.

A transformação da matéria orgânica animal ou querogêneo

gorduroso não sofreu o processo de cozimento e deu origem ao petróleo.

Nos últimos estágios de degradação do querogêneo gorduroso, o

petróleo apresenta-se como condensado volátil associado a

hidrocarbonetos gasosos com predominância do metano. Por esta razão

é muito comum encontrar-se reservas de petróleo e gás natural

associados.

Assim, o gás natural como encontrado na natureza é uma

mistura variada de hidrocarbonetos gasosos cujo componente

preponderante é sempre o Metano. O gás natural não associado

apresenta os maiores teores de Metano, enquanto o gás natural

associado apresenta proporções mais significativas de Etano, Propano,

Butano e hidrocarbonetos mais pesados.

Além dos hidrocarbonetos fazem parte da composição do gás

natural bruto outros componentes, tais como o Dióxido de Carbono (CO2),

o Nitrogênio (N2), Hidrogênio Sulfurado (H2S), Água (H2O), Ácido

Clorídrico (HCl), Metanol e impurezas mecânicas. A presença e proporção

destes elementos depende fundamentalmente da localização do

reservatório, se em terra ou no mar, sua condição de associado ou não,

do tipo de matéria orgânica ou mistura do qual se origino, da geologia do

solo e do tipo de rocha onde se encontra o reservatório, etc.

1.2. Composição do Gás Natural Comercial

Page 120: Organica_2

116

A composição comercial do gás natural é variada e depende da

composição do gás natural bruto, do mercado atendido, do uso final e do

produto gás que se deseja.

Apesar desta variabilidade da composição, são parâmetros

fundamentais que determinam a especificação comercial do gás natural o

seu teor de enxofre total, o teor de gás sulfídrico, o teor de gás carbônico,

o teor de gases inertes, o ponto de orvalho da água, o ponto de orvalho

dos hidrocarbonetos e o poder calorífico.

O produto deve estar sempre livre de poeira, água condensada,

odores objetáveis, gomas, elementos formadores de goma, glicóis,

hidrocarbonetos condensáveis, compostos aromáticos, metanol ou

outros elementos sólidos ou líquidos que possam interferir com a

operação dos sistemas de transporte e distribuição e à utilização pelos

consumidores.

O gás natural pode ser transportado sem odorização, exceto

quando requerido por normas de segurança aplicáveis, porém, é

obrigatória a presença de odorante na distribuição.

A determinação das características do produto far-se-á

mediante o emprego de normas da American Society for Testing and

Materials (ASTM) e da International Organization for Standardization (ISO),

segundo os Métodos de Ensaio listados a seguir:

• ASTM D 1945 - Standard Test Method for Analysis of

Natural Gas by Gas Chromatography;

• ASTM D 3588 Calculating Heat Value, Compressibility

Factor, and Relative Density (Specific Gravity) of Gaseous

Fuels;

• ASTM D 5454 - Standard Test Method Water Vapor

Content of Gaseous Fuels Using Electronic Moisture

Analyzers;

• ASTM D 5504 - Standard Test Method for Determination of

Sulfur Compounds in Natural Gas and Gaseous Fuels by

Gas Chromatography and Chemiluminescence;

Page 121: Organica_2

117

• ISO 6326 - Natural Gas - Determination of Sulfur

Compounds, Parts 1 to 5;

• ISO 6974 - Natural Gas - Determination of Hydrogen, Inert

Gases and Hydrocarbons up to C8 - Gas Chromatography

Method.

Para adquirir as características comerciais desejadas o gás

natural bruto passa por tratamento em uma Unidade de Processamento

de Gás Natural – UPGN, que efetua a retirada de impurezas e a separação

dos hidrocarbonetos pesados.

O gás natural comercializado é composto basicamente por

Metano e as quantidades de Etano e Propano presentes são apenas

suficientes para elevar o poder calorífico e alcançar o valor desejado, uma

vez que o poder calorífico do Etano é 1,8 vezes maior que o do Metano e o

do Propano é mais de 2,6 vezes superior ao do Metano.

1.3. Características do Gás Natural

Como foi explicitado no item anterior, o gás natural

comercializável é quase completamente Metano e a partir deste ponto do

texto será tratado como gás natural. Referências ao gás natural bruto

serão explícitas.

Pela predominância do Metano na composição do gás natural

todas as análises físicas e termodinâmicas podem ser realizadas como se

este fosse o único gás presente na mistura, sem comprometimento dos

resultados, como tem mostrado a prática.

São importantes características do gás natural sua densidade

inferior à do ar, seu baixo ponto de vaporização e o limite de

inflamabilidade em mistura com o ar superior a outros gases

combustíveis.

i. Densidade – o gás natural é o único gás cuja densidade

relativa é inferior à 1,0, sendo portanto mais leve que o ar.

Este fato tem importância decisiva para segurança;

Page 122: Organica_2

118

ii. Ponto de Vaporização – é o ponto em que ocorre a

mudança de fase do estado líquido para o estado gasoso

em uma certa combinação de temperatura e pressão. À

pressão atmosférica a vaporização do gás natural ocorre

à temperatura de -162ºC;

iii. Limites de Inflamabilidade – os limites de inflamabilidade

podem ser definidos como as percentagens mínima e

máxima de gás combustível em composição com o ar, a

partir das quais a mistura não irá inflamar-se e

permanecer em combustão. O limite inferior representa a

menor proporção de gás em mistura com o ar que irá

queimar sem a aplicação contínua de calor de uma fonte

externa. Em proporções menores ao limite inferior a

combustão cessa quando interrompida a aplicação de

calor. O limite superior é a proporção de gás na mistura a

partir da qual o gás age como diluente e a combustão não

pode se auto-propagar. Para o Gás Natural, os limites de

inflamabilidade inferior e superior são, respectivamente,

5% e 15% do volume.

A massa molar do Metano (CH4) é 16,04, o que significa dizer

que cada mol de CH4 pesa 16,04 gramas. Assim, conhecida a massa de

gás, pode-se calcular o número de moles.

Em densidades muito baixas, todos os gases e vapores reagem

de maneira bastante próxima à relação P-V-T da equação de estado dos

gases ideais.

Como a densidade é uma função da pressão e da temperatura,

verifica-se que em pressões muito baixas e temperaturas superiores tal

comportamento se verifica.

Em pressões maiores, o comportamento dos gases pode

desviar-se substancialmente da equação de estado dos gases ideais. Para

corrigir-se este desvio introduz-se, então, um fator de correção variável

chamado Fator de Compressibilidade (z).

Page 123: Organica_2

119

Tal fator pode ser uma função gráfica ou matemática de

temperatura, pressão e composição do gás.

A expansão do gás natural tem algumas aplicações importantes

como a liquefação do gás em pequenas proporções e a realização de

trabalho recuperando energia do gás natural liqüefeito quando da sua

vaporização.

Assim como ocorre na compressão, a expansão de um gás se

aproxima de uma expansão adiabática.

Os processos termodinâmicos são semelhantes, com a única

diferença de que a expansão libera energia enquanto a compressão

consome energia.

Assim, se a expansão é feita através de uma turbina (turbo-

expansor), pode-se realizar trabalho útil vencendo uma resistência (carga)

sobre seu eixo.

Neste processo de expansão adiabática as variáveis de estado

(P-V-T) comportam-se de tal forma que a temperatura final é

significativamente menor que a inicial, permitindo sua aplicação em

processos de liquefação.

2. Compressão do Gás

A compressão do gás natural tem papel importante em toda sua

cadeia, desde a produção até o consumo, seja para desenvolver as

atividades de transporte, armazenagem ou alimentação de equipamentos.

Conhecido o comportamento das variáveis pressão,

temperatura e volume para o gás natural pode-se calcular a potência

teoricamente necessária para comprimi-lo através de expressões

analíticas que consideram o desvio dos gases reais da Lei de Estado dos

Gases Ideais. Quando está disponível, pode-se obter este valor

diretamente no Diagrama de Mollier para gases reais.

Quando um gás real é comprimido em um único estágio a

compressão se aproxima de um processo adiabático, ou seja,

praticamente sem troca de calor entre o gás comprimido e o ambiente.

Page 124: Organica_2

120

Os cálculos teóricos de uma compressão adiabática resultam

no máximo trabalho teórico necessário para comprimir o gás entre dois

níveis de pressão. Por outro lado, os cálculos teóricos de uma

compressão isotérmica, ou seja, na qual a temperatura do gás

comprimido não se altera com a elevação de pressão, determinam o valor

do mínimo trabalho necessário para se efetuar a compressão.

Portanto, estes dois resultados indicam os limites inferiores e

superiores da potência necessária para a compressão do gás.

Na dedução das expressões analíticas para o cálculo do

trabalho necessário para a compressão de um gás considera-se a

inexistência de variações na energia cinética, potencial e de perdas.

3. Expansão do Gás

A expansão do gás natural tem algumas aplicações importantes

como a liquefação do gás em pequenas proporções e a realização de

trabalho recuperando energia do gás natural liqüefeito quando da sua

vaporização.

Os processos termodinâmicos são semelhantes, com a única

diferença de que a expansão libera energia enquanto a compressão

consome energia.

Assim, se a expansão é feita através de uma turbina (turbo-

expansor), pode-se realizar trabalho útil vencendo uma resistência (carga)

sobre seu eixo.

Neste processo de expansão adiabática as variáveis de estado

(P-V-T) comportam-se de tal forma que a temperatura final é

significativamente menor que a inicial, permitindo sua aplicação em

processos de liquefação.

4. Variação de Temperatura do Gás

O fenômeno de variação de temperatura que ocorre com um gás

quando da sua compressão ou expansão.

5. Liquefação do Gás

A liquefação consiste em processos termodinâmicos que

promovem a mudança de estado dos gases para o estado líquido.

Page 125: Organica_2

121

Devido às características de alguns gases, o Metano entre eles,

a mudança para o estado líquido não ocorre com a elevação da pressão,

sendo necessário a adoção de resfriamento. Para tais gases, chamados

criogênicos, a temperatura acima da qual não existe uma mudança

distinta das fases líquido e vapor, a temperatura crítica, se encontra

abaixo da temperatura ambiente.

O Gás Natural Liqüefeito (GNL) é uma mistura, em fase líquida

de vários constituintes. Seu comportamento, na presença dos vapores

destes componentes obedece às leis da termodinâmica do equilíbrio de

fases das misturas. Na prática, são usadas as curvas e tabelas do

componente de maior proporção, o metano. Para representar o

comportamento termodinâmico são usados os diagramas de entropia

(temperatura/entropia), entalpia (entalpia/pressão) e de Mollier

(entalpia/entropia) do metano com excelente aproximação, para GNL de

alto teor de metano, no cálculo das mudanças de fase gás-GNL.

A liquefação do gás natural permite estocá-lo e transportá-lo

sob forma condensada em condições técnico-econômicas viáveis. Como

pesa menos de 500 Kg/m3, não necessita de uma estrutura mais forte do

que se fosse para água. Se o gás fosse comprimido, a estrutura

necessitaria de mais aço.

5.1. Composição e Características Físicas do GNL

A composição do gás natural liqüefeito, igualmente à do gás

natural comercial depende fundamentalmente do seu reservatório de

origem. Antes da liquefação é necessário submeter o gás natural bruto a

tratamentos que dependem das características originais do gás e

normalmente consistem dos seguintes processos:

• desidratação total para evitar o risco de formação de

hidratos ou a formação de gelo;

• dessulfurização, para evitar riscos de corrosão dos

equipamentos;

• descarbonatação e eliminação dos C5+, para evitar a

formação de partículas abrasivas;

Page 126: Organica_2

122

• separação eventual do mercúrio cuja condensação pode

provocar estragos nas canalizações de alumínio;

• retirada de hélio.

Dentre as características relevantes do Gás Natural Liqüefeito,

podemos ressaltar:

• incolor;

• temperatura do líquido à pressão atmosférica é entre -

165ºC e -155ºC, dependendo da composição;

• pressão operacional da planta entre poucos mbar até 75

bar;

• densidade relativa entre 0,43 a 0,48, conforme a

composição;

• calor de vaporização latente de 120 Kcal/Kg;

• elevada taxa de expansão. A vaporização de 1 m3 de GNL

produz entre 560 e 600 Nm3 de gás.

Page 127: Organica_2

123

CAPÍTULO 5 AMIDAS

São os compostos derivados dos ácidos orgânicos pela

substituição da hidroxila por um grupo “NH2”

Processos de obtenção

1) Amonólise de Brometos de acila

Trata-se de uma reação de substituição nucleofílica, onde o

amoníaco é o agente nucleofílico.

+ Br HBr + R CO

NH2

+ NH3 R C NH3

O

Br

R CO

NH3

R CO

Br

δ+

→ Por aquecimento ou neutralização elimina-se o HBr

2) Aminólise de haletos de acila.

Esse processo serve para obter amidas substituídas.

R CO

Cl+ N R R C

O

Cl

N R Cl + R CO

N RH2

H2

H2

δ +

HCl + R CO

N R

pode ser neutralizado

3) Amonólise de cetenas.

HH+ NH3 R C C NH3

O

R C C Oδ+

Page 128: Organica_2

124

(Pode ser outro mol de NH3)B

H2HR C C

O

NH2

R C CO

NH3

4) Aminólise de cetenas

Esse processo também serve para obter amidas substituídas.

R C C O + N R R C C N R

O

H2 H2H

H

R C CO

N RR C C

O

N R

H

HH2

H2

B

⎯ Complete a equação química:

cetena N - Benzil, N - Metil Hexanoamida Y Resolução:

CC C C C C C N

C

O

H

H+ N

H

C

CC C C C C C O

H2H

H

B

C

CO

NCCCCCCC

C

N

OCCCCCC

5) Amonólise de anidridos

R CO

OC

OR

+ NH 3 O

C

C

R

R

O

O

NH 3

R CO

NH 3

+ R CO

O

Page 129: Organica_2

125

R CO

NH2

+ R CO

OH

→ Quais são os produtos formados na amonólise dos seguintes

anidridos:

(a) Anidrido butanodióico

C C

C C

O

O

O

+ NH3 C C

C

O

NH3

OC

O

C C

C

O

NH3

C OO

C C C CO O

HO NH2

C CO

C CO

NH2

OH

C CO

C C

NH2

O

OH

C CO

C C

NH2

O

+ OH H2O +

C CO

C C

NH

Obutanoimida ousuccinimida

Δ

Outro mecanismo sugerido para esta transformação é:

C

C

C

C

O

O

O

NH2

H

C

C

C

C

O

O

O

NH2

Hsegue o procedimentoproposto anteriormente!

(b) Anidrido Ftálico

C

C

O

O

O

+ NH3

C

C

O

O

O

NH3

Page 130: Organica_2

126

C

C

O

O

O

NH3 C

C

O

NH2

OH

O

C

C

O

OHO

NH2

C

C

O

NH2

O

C

C

O

O

NH+ OH H2O +

ftalimida

6) Aminólise de anidridos

R CO

OCR

O

+ N R O

C

C

R

R O

O

N R

H2

H2

R CO

N R + R CO

O

R CO

N R + R CO

OHH2 H

→ Qual é a imida formada na reação entre o Anidrido Ftálico e a Bi fenil

amina?

Resolução:

C

C

O

O

O

+ NC N

O

O

CO

HH

Page 131: Organica_2

127

H

C

O

N

COHO

C

C

O

N

OO

Δ

C

O

C

N

Ph

Ph

HO O

OH +

C

O

C

N

Ph

Ph

O

C

O

C

N

Ph

Ph

O

+ OHOH +

C

O

CN

OFenol

N - Fenil Ftalimida

→Completar as seguintes equações químicas:

ácido orgânico X 2,2 dimetil pentanoamida eàcido 2,2 dimetil pentanóico

P2O5 aminaΔ

C C C C C

C

C

O

OH

P

O

O

O P

O

O

C C C C C O

CC

C

P O P

O

OO

O

H+

Δ

HO P

O

O

O P

O

O

+C C C C C

C

C

O

C C C C C

C

C

O

HO+C C C C C

C

C

O

Page 132: Organica_2

128

C C C C C

C

C

O

O C C C C C

C

C

O

- H +

H

C C C C C

C

CO

C

C

C CCCC

O

O

anidrido2,2 dimetilpentanóico

C C C C C

C

CO

C

C

C CCCC

O

O

+ NH3

C C C C C

C

CO

C

C

C C

O

NH3

O

CCC

C C C C C

C

C

O

NH3

+ C C C C C

C

C

O

O

C C C C C

C

C

O

NH2

+ C C C C C

C

C

O

OH

2,2 dimetil pentanoamida

ácido 2,2 dimetil pentanóico

7) Reação de Schmidt

Utiliza-se uma cetona como produto inicial. Dissolve-se a cetona

numa solução aquosa ácida, a qual se adiciona “azoteto de hidrogênio”.

Ocorre uma reação de adição nucleofílica do nitrogênio ao carbono, a

Page 133: Organica_2

129

eliminação de nitrogênio (N2) e a migração de um grupo alquil ou aril. O

produto final é uma Amida Substituída.

+ HOH

R1

CR

RC

R1

O+ N N N

H

R C

N N N

R1

OH N2 + R1 COH

N RR1 C

OH

N R

H

H HΔ

R1 COH

N R+ Cl HCl + R1 C

O

N RH H

pode ser neutralizado

⎯ Qual a amida formada se utilizarmos como produto inicial a

acetofenona (metil, fenil cetona)?.

H+ N N NC C

OH

+ HC C

O

A representação inicial deste mecanismo também poderia ser:

C

O

CH3 + H C

OH

CH3 + N N N

H

C C

OH

N N N

C

OH

N C + N2

H

H

Page 134: Organica_2

130

N - Metil benzamida

HH

CO

N C+ + Cl HCl

COH

N C

8) Aminas / PCl3 / ácidos orgânicos.

Primeiro há um ataque nucleofílico da amina ao PCl3.

H2

+ P ClCl

ClR N

H

H

PCl

ClR N + Cl HCl + R N PCl2

H

H2

R N + +R N

H

PCl

ClR N

H

H

P N R + Cl

Cl H H

PNHCl + R N R

Cl H

R N

H

P N R

H

Cl

R R + ClNN P

H

H

HCl + R N P N R

H

Δ

Em seguida, o ácido reage com o fosfazo composto formado,

levando à obtenção da amida substituída.

R CO

OH+ N R

P N R

R C

O

OH

N R

P N R

HH

R C

O

N R

P N R

R CO

N R+ P N R

H

H

Page 135: Organica_2

131

+ OH P N R

OH

P N R

Numa terceira etapa, uma outra molécula de ácido reage com a

amina fosforada.

R CO

OH+ N R R

P OH

C N R

O

OH P OH

R CO

N R

P OH

+ OH R CO

N R

P OH

+ OHR C

O

N R

P OHHO

R CO

N R

P OH

R CO

N R+ HPO2

H

P OH R CO

N R+ HO

Represente todas as etapas da reação que ocorre ao

misturarmos Pentil amina, PCl3 e ácido benzóico.

C C C C C NH2 + PCl3 C C C C C N P N C C C C CH

dipentil fosfazo

- 3HCl

Page 136: Organica_2

132

C C C C C N P N C C C C C + CO

HO

H

C C C C C N C

P

NCCCCC

O

OH

OH + C C C C C N C

O

P

NCCCCC

CO

N C C C C C + C C C C C N P

N - Pentil benzamida

C C C C C N P + OH C C C C C N P OH

C C C C C N P OH + CO

HOC C C C C N C

O

OHPHO

C C C C C N C

PHO

O+ OH C C C C C N C

O

PHO OH

C C C C C N C

O

+ HO P OH

Page 137: Organica_2

133

HPO2 + CO

N C C C C CH

9) Amonólise de Ésteres

Leva à formação de amidas substituídas e de álcoois.

R CO

O R1

+ N R2 R C N

O

OR1

R2 R CO

N R2H2

+ O R1

H2

H2

R CO

N R2

+ R1 OH

H

10) Hidrólise de nitrilas em meio básico inicial.

HR C N

OH

+ HR C N

OH

+ OHR C Nδ+

R C N

OH

H R C N

OH

H R CO

NH2

Β

Se o meio reacional for apenas básico:

Na OH Na + OH+-+

R C N + OH R C

OH

N

Page 138: Organica_2

134

R C N + H R C

OH

NH + OH

OH OH

R CO

NH2

OH+ H OHR C NH + OH R C

O H

O

NH

PROPRIEDADES QUÍMICAS DAS AMIDAS

1) Propriedades ácidas e básicas

A definição de ácidos e bases segundo Bronsted é a seguinte:

ÁCIDO: é toda espécie química que perde prótons.

BASE: é toda espécie química que recebe prótons.

De acordo com essa definição, as amidas apresentam caráter

anfótero, isto é, podem atuar como ácido ou como base, dependendo da

outra espécie química presente.

R CO

NH2

+ H R CO

NH3

base

ácido

NaNa

+ R CO

N

R1

+ OH H2OH

R CO

N

R1

2) Desidratação

A desidratação das amidas é realizada em presença de

oxicloreto de fósforo, sob refluxo.

Page 139: Organica_2

135

+ ClPCl2

O

Cl

R C O

NH2

PCl2

O

+ R CO

NH2

alguns autores propõema protonação deste oxigênio, o que tornaria a reação mais fácil de ocorrer!

R C O PCl2

O

N

+ Cl HCl + R C O

NH

PCl2

O

H2

R C NH + O PCl2

O

R C N + HO PCl2

O

cianetoorgânicoou nitrila

hidroxi, oxicloreto de fósforo

A hidrólise ácida de cianetos orgânicos leva à formação dos

ácidos orgânicos correspondentes. Explique, com reações a seguinte

seqüência.

H+H2O ácido 2 etil hexanóico nitrilaamida

OPCl 3

PCl2

O

Cl

C C C C C C

C

C

O PCl2

O

NH2

+ C C C C C C

C

C

O

NH2

C C C C C C

C

C

O PCl2

O

NH2

+ Cl HCl + C C C C C C

C

C

O PCl2

O

NH

Page 140: Organica_2

136

C C C C C C

C

C

NH + O PCl2

O

cianeto orgânico

C C C C C

C

C

NPCl 2 + C

O

HO

+ OH2+ H+ C C C C C C

C

C

NHC C C C C C

C

C

N

C C C C C C

C

C

NH

OH2

C C C C C C

C

C

NH2

OH

Β

C C C C C C

C

C

NH2

OH

C C C C C C

C

C

O

NH2

2 - etil hexanoamida

Β

Page 141: Organica_2

137

+ OH2 C C C C C C

C

C

OH2

NH2

O

C C C C C C

C

C

O

NH2

C C C C C C

C

C

O

OH2

C C C C C C

C

C

O

OH+ NH2 NH3 +

O NH3 formado reage com HCl formando H4N Cl (sólido).

Observação: a sacarina é obtida utilizando o benzeno como

produto inicial, através da seguinte seqüência operacional simplificada:

CH3

SO3H

H2SO4/SO3

X

X

CH3

SO3H

CH3

AlCl3+

H3C Cl

CH3

CH3

SO3H

KMnO4

H+

C

SO3H

O

OH

qualquer processo deobtençãode amidas C

SO3H

O

NH2

Page 142: Organica_2

138

C

S

O

O O

NHOH

-H2O

C

S

O O

NH2

O

CNH2

S OH

OO

O

sacarina(pouco solúvel em água)

Δ

sacarina, em forma de sal de sódio,solúvel em água. 300 vezes mais doce que o açucar.

C

S

O O

N Na+ +H2O

O

+ Na OH

C

S

O O

NH

O

3) Redução com hidretos

As amidas na presença de H / H perdem água, dando origem às

aminas correspondentes.

R CO

NH2

+ H R C

O

NH2

H + H+ R C

OH

H

NH2

+ H2O+ OH R C

H

NHR C NH2

H

H2

+ H+ R C NH2+ H R C

H

H

NHR C NH

H

Page 143: Organica_2

139

Uma outra proposta para este mecanismo seria:

R CO

NH2

+ H R COH

NH2

+ H R C

OH

NH2

H

R C

H

N H

H

+ OH H2O + R C

H

NH + H R C

H

NH2

R C

H

NH2 R C

H

NH2 + H R C NH2H2

4) Conversão para aldeídos ou cetonas

Neste processo, utilizam-se amidas substituídas. Para obter

aldeídos, reage-se as amidas com hidretos. O ataque nucleofílico do H

à carbonila leva à rápida formação do aldeído correspondente. Por

destilação separam-se os produtos.

As cetonas são obtidas reagindo-se a amida substituída com

compostos de Grignard

R CO

N Me

Me

+ H R C

O

H

N Me

Me

R CO

H+ N Me

Mealdeído

R CO

N

Me

Me+ MgCl

R1

R C

O

N

MgCl

Me

Me

R1

δ+

)( MgXRδ+

Page 144: Organica_2

140

cetona+ ClMg N

Me

MeR C

O

R1R C

O

R1

N

MgCl

Me

Me

+ Mg (OH) Cl+ HOH HNMe

MeMe N Me

MgCl

δ−

δ+

δ+ δ−

Observação: Uma outra proposta para este mecanismo está

representada no ítem “10” deste capítulo. Vejam!

5) 3 fenil propenoamida

C C CO

NH2

Em quais posições ocorrem as substituições no núcleo

benzênico?

A ressonância que prevalece nesse composto é a seguinte:

C C CO

NH2

Se esta hipótese for verdadeira, teremos o seguinte híbrido de

ressonância:

Rδ +

δ +δ +

Quando reagimos esse composto com HNO3 / H2SO4, obtemos um

alto rendimento de compostos substituídos na posição meta, o que indica

que a ressonância que predomina é a representada anteriormente.

Page 145: Organica_2

141

As mesmas considerações são válidas para a N – Fenil Acetamida,

comercialmente chamada de acetanilida:

C CO

NH

6) Acetanilida

Para esse caso as reações de substituição ocorrem com

rendimento apreciável nas posições orto, para, indicando que a

ressonância predominante é a seguinte:

C C

O

N R

δ−

δ−

δ−H

7) Reação com R – COOH

São reações de dupla-troca que ocorrem na temperatura de

ebulição da mistura.

Esse processo tem interesse prático quando os produtos

obtidos têm pontos de ebulição bem diferentes e podem ser separados.

R CO

NH2 R CO

OH

CO

HOR1

+ R1 CO

NH2

Observação: O mecanismo deste procedimento é semelhante ao

ítem “2” da obtenção de anidridos! Vejam!

Page 146: Organica_2

142

Exemplo 1:

H CO

NH2

+ H3C (CH2)7 CH CH (CH2)7 CO

OH

ácido octadeceno 7, óico exemplo 1)formamida oumetanoamida

H CO

OHH3C (CH2)7 CH CH (CH2)7 C

O

NH2

+

ácido fórmico octa deceno 7, amida

Exemplo 2:

CO

OH

Ph CO

OH+ C

H2N

H2NO Ph C

O

NH2

+ CO2 + NH3(g) (g)

ácido carbâmico (muito instável)

H2 N

Exemplo 3:

(g) (g)+ CO2 + NH3

N

CO

NH2

CH2N

H2NO+

N

CO

OH

Observação: Os mecanismos destes procedimentos são

semelhantes ao ítem “2” da obtenção de anidridos! Vejam!

8) Hidrólise ácida e básica

Nessa hidrólises, formam-se como produtos finais os ácidos

orgânicos correspondentes.

No caso da hidrólise ácida, a primeira etapa é um ataque eletrófilo

do H+ ao oxigênio da carbonila. Na hidrólise básica a primeira etapa é um

ataque nucleófilo do OH ao carbono da carbonila.

Ácida:

Page 147: Organica_2

143

+ HR CO

NH2

R COH

NH2

R COH

NH2

R COH

NH2

+ OH2 R C

OH

O H

H

NH2B

R C

OH

OH

NH2 + H R C

OH

OH

NH3 NH3 + R C

OH

OH

R COH

OH+ B HB + R C

O

OH

NH3 + HCl H4N Cl

Básica:

R CO

NH2

+ OH R C OH R

O

NH2

CO

OH+ NH2

Neutralizando o meio reacional:

Na NH2 + HCl Na+ Cl- + NH3

NH3 + HCl H4N Cl

Page 148: Organica_2

144

9) Reação com hipohalitos – Rearranjo de Hoffman.

A primeira etapa é uma adição nucleófila do nitrogênio ao bromo

do ácido hipobromoso, com eliminação da base OH , e subseqüente

formação de água.

+ OHOH R CO

N B rR C

O

NH2

+ B r

H2

A segunda etapa é a adição de base. Com essa adição forma-se

água e brometo de sódio. Obtém-se, intermediariamente um nitrogênio

deficiente de elétrons: para esse nitrogênio é atraído o radical R da

carbonila, com formação de um isocianato. Se houver base em excesso, o

isocianato formado reage com a mesma formando a amina

correspondente com a eliminação de gás carbônico (ocorre uma

descarboxilação).

R CO

N

Br

R CO

NR N C O R N C O

isocianato HNa+

+ OH

Decomposição do ISOCIANATO ( -OH / H+ )

ΔΔR N C

O

OH

R N C O + OH R N C

O

OH

+ C

O

OH

R NH + CO 2R N

Adição de um ácido

R NH + H R NH2

⎯ Se a amida inicial fosse a butanoamida, qual seria a amina final?

Page 149: Organica_2

145

10) Reação com compostos de Grignard

Obtém-se sempre cetona como produto final. Se a mistura final

for hidrolisada, obtém-se além da cetona, uma amina e um sal básico de

magnésio.

R CO

NR2

+ R

MgCl

R C R

O

NR2

+ MgCléterδ −

δ +

R C R

O

+ MgCl

NR2

R2N MgCl + H OH R2NH + Mg (OH) Clδ− δ−δ+ δ+

→ Identifique todos os produtos envolvidos na reação do cloreto de Etil

magnésio com a N, N Dimetil butano Amida.

éter + MgCl

+ C

C

MgCl C C C C C C

O

NC

C

C C C CO

N C

C

C C C C C C

O

+ N

C

C

MgClhexanona 3

C N

N

MgCl + HOH C NH + Mg(OH)Cl

C

δ+ δ−

dimetilamina

Page 150: Organica_2

146

11) Reação com ácido nitroso

A reação com ácido nitroso leva à formação de um sal de

diazônio, que é instável e sob aquecimento se decompõe, formando gás

nitrogênio e um cátion acílio. Se a reação for feita em meio aquoso,

obtemos como produto final um ácido orgânico.

O HNO2 dá origem ao N2O3.

2HNO2 H2O + O N O N O

H2

+ NO2R C N N O

O

N

O

O N O

+ R CO

NH2

HNO2 + R C

O

N N OH

R C

O

N N O R C N N O

O

H H

Β (Pode ser a água ou o NO2)

R C N N OH + H R C N N OH2

O O

H2O + R C

O

N N

R C N N

O

R CO

+ N2 (g)Δ

Page 151: Organica_2

147

Em meio aquoso, forma-se o ácido correspondente

R CO

+ OH2 R CO

OH2

R CO

OH

-H

12) Rearranjo de Curtius

Forma-se também um sal de diazônio que se decompõe

formando isocianato.

HNO2R C

O

NH2 R C N N N N2 + R CO

N

O

R C N

O

O C N R O C N R

Se fizermos a hidrólise do isocianato, obteremos:

R N C O + OH2 R N C O

OH2

R N C

O

OH2

R N C

H

O

OH

Β

R N C

O

OHH

R N

H

C

O

OH

CO2

R NH2

Δ

Page 152: Organica_2

148

Exercícios

1) Identifique, com mecanismos, os produtos formados nos seguintes procedimentos:

a - amonólise do brometo de pentanodiila; b - Aminólise do iodeto de butanodiila, quando se utiliza a benzil

amina.

2) Identifique, com mecanismos, os produtos formados nos seguintes procedimentos:

a - amonólise da benzil cetena; b - aminólise da benzil cetena, quando se utiliza a benzil amina.

3) Identifique, com mecanismos, os produtos formados nos seguintes procedimentos:

a - amonólise do anidrido pentanodióico; b - aminólise do anidrido pentanodióico, quando se utiliza a

isobutil amina.

4) A hidrólise do cianeto de propila (butanonitrila) em meio básico e depois ácido origina uma amina e um sal. Identifique-os, com os respectivos mecanismos.

5) A reação do butanodiato de etila com a propil amina forma uma diamida e um álcool, com E = 72%. Para aproveitamento de toda a propil amina (gás) contida num tanque esférico de d = 4m, a 27°C, e pressão normal, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

6) A desidratação da hexanoamida em presença de OPCl3 forma uma nitrila com R = 90%. Em seguida, esta nitrila foi submetida a uma hidrólise ácida formando um ácido orgânico, com R = 91%. Quando utilizarmos 6 ton desta amida, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

7) A redução da pentanoadiamida com H+ / :H- forma uma diamina, com E = 80%. Para a obtenção de 25 ton desta diamina, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massa das espécies envolvidas.

Page 153: Organica_2

149

8) A reação da N,N dietil butanoamida com cloreto de propil magnésio/H2O forma um sal básico, uma amina e uma cetona. Represente estes procedimentos com os respectivos mecanismos.

9) Represente, com mecanismos, as hidrólises ácida e básica da hexanodiamida.

10) A reação da propanodiamida com HNO2 sob aquecimento, e depois com H2O forma um diácido orgânico e outros produtos. Para a obtenção de 3500 L de solução aquosa 2,8 N desse diácido, pede-se:

a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas.

NOÇÕES DE SÍNTESE ORGÂNICA

BENZAMIDA

1- Reagentes

Cloreto de benzoila: 10 mL (0,086 mol)

Amônia concentrada: 50 mL (d = 0,88 g/mL)

2- Aparelhagem

Frasco de Erlenmeyer de 250 ml, proveta de 50 mL, funil de

Buchner e frasco de Kitasato de 250 mL.

3- Técnica

No frasco de Erlenmeyer de 250 mL, colocar 50 mL de solução

de amônia concentrada e resfriar em gelo.

Adicionar, com agitação constante e gota a gota, 10 mL de

cloreto de benzoila. Trabalhar em capela.

Filtrar a benzamida em funil de Buchner e lavar com pouca água

fria. Recristalizar com cerca de 50 mL de água quente. Secar ao ar.

4- Rendimento

Varia entre 80 a 85%.

Page 154: Organica_2

150

5- Tempo de reação

É de aproximadamente 2 h.

6- Caracterização PF = 132/4°C, sólido branco, muito pouco solúvel em água fria,

muito solúvel em água quente e etanol, ligeiramente solúvel em benzeno

frio, muito solúvel em benzeno quente.

7- Aplicações

É utilizada como intermediária em sínteses orgânicas.

8- Questões

1) Represente o mecanismo.

2) Existe reagente em excesso? Quanto?

3) Quais as massas dos produtos obtidos nestas condições?

4) Dentro das proporções do processo, quais as massas de reagentes necessárias para fabricar 500 kg da benzamida?

5) Dentro das proporções estequiométricas, quais as massas de reagentes necessárias para fabricar 500 kg de benzamida?

6) Por que a solução de amônia deve ser resfriada em gelo?

7) Por que a adição do cloreto de benzoila deve ser feita gota a gota?

8) Por que a lavagem da benzamida deve ser feita com água fria?

9) Como separamos a benzamida obtida das outras espécies químicas?

10) O que é recristalização e para que serve?

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SOARES, BLUMA GUENTHER. Teoria e técnicas de preparação, purificação e identificação de compostos orgânicos. Editora Guanabara. Rio de Janeiro, 1998.

Page 155: Organica_2

151

CAPÍTULO 6 AMINAS

Obedecem às fórmulas gerais:

R NH2 R N R1 R N R1

R2

Hprimária secundária terciária

N C

C

C

C

C

C

OH

OH

OH

exemplo) H2 H2

H2 H2

H2 H2

TEA – Trietanol Amina

É um líquido incolor, viscoso e com propriedades detergentes.

As aminas são mais solúveis em água que os álcoois

correspondentes. Seus pontos de ebulição aumentam com o aumento da

massa molecular.

Butanol ⎯ 8%

Pentanol ⎯ 5%

Butil Amina ⎯ total

Pentil Amina ⎯ total

NH3 -33°C

Metil Amina -7°C

Dimetil Amina +7°C

Trimetil Amina +4°C

Observação: O ponto de ebulição de trimetilamina diminui com

relação à dimetil amina uma vez que esta não possui mais pontes de

hidrogênio.

Solubilidade em água

Ponto de ebulição

Page 156: Organica_2

152

Métodos de obtenção

1) Método de Hoffman

Baseia-se na reação do amoníaco com um haleto orgânico.

Podemos obter uma amina primária, secundária ou terciária, dependendo

das proporções molares dos reagentes.

A primeira etapa é uma reação do tipo Sn2, na qual o amoníaco faz

o ataque nucleofílico ao carbono ligado ao halogênio, formando-se uma

amina, que numa segunda e terceira etapas reagem do mesmo modo.

R Cl + NH3 R NH3 + Clδ + δ −

R NH3 + NH3 R NH2 + NH4Cl

R NH2 + R Cl R N R + ClH2

δ −δ +

R N R + NH3 R N R + NH4 ClH2 H

R

NH + R

R

Cl R N R + Cl

R

Hδ−δ+

R N R + NH3 R N

R

R + NH4 Cl

R

H

Esse processo só é quantitativo quando se utilizam haletos

primários, porque com os terciários a reação ocorre muito lentamente, e

ainda assim pode formar alcenos.

Page 157: Organica_2

153

E1SN1

NH3

H

+ Cl NH4 Cl + C

C

C

C

C

C

C

C Cl C C

C

C

+ _

2) Redução de amidas

Com certa facilidade, as amidas são reduzidas facilmente às

aminas correspondentes.

R CO

NH2

+ R C NH2H2

H2 / Pt- H2O

* Processo já visto em propriedades químicas das Amidas.

3) Reação de nitrilas com Etanol/Na.

A primeira etapa é a oxidação dos átomos de sódio, que perdem

elétrons para o oxigênio e para o hidrogênio da hidroxila do álcool,

formando o ânion hidreto e o ânion etóxido.

H3C C O H H3C C O + H + 2Na+

Na Na

H2 H2

etóxido hidreto

A segunda etapa é a formação de gás hidrogênio através da ação

do ânion hidreto com um mol de álcool.

H2H2H3C C OH + H H3C C O + H2

A terceira etapa é o ataque nucleofílico dos ânions hidreto ao

carbono da nitrila.

R C N + H R C NH

Page 158: Organica_2

154

nitreno H2

R C N + H R C N

H

A última etapa é a interação do ânion nitreno formado com duas

moléculas do etanol, formando a amina correspondente.

R C N + 2 O C CH3 R C NH2H2 H2 H2H

2 O C CH3H2

δ+

δ−

4) Amidas /Br2 / OH

Veja esta obtenção no estudo das propriedades das amidas

(reação com hipohalitos).

5) Reação de álcool com amideto de sódio

R C OH + NH2 R C NH2 + Na OHNa+

Reação paralela:

Na+R C OH + NH2 NH3 + R C O Na+

6) Reação de éter com amideto de sódio

R O R1 + NH2 R O + R1 NH2δ − δ+

R O R1 + NH2 R1 O + R NH2

δ+ δ−

Page 159: Organica_2

155

7) Reação de Haletos Orgânicos com Cianamida Cálcica (Ca+2CN2

–2 ).

As estruturas de ressonância são as seguintes:

N C N N C N

Esse processo serve para obter aminas secundárias. Inicia-se com

um ataque nucleofílico do ânion nitreno (N ) ao carbono ligado ao

halogênio, havendo formação de uma cianoamina.

R X + N C N R N C N

Ca+2

R N C N + R X R N C

R

N + Ca+2 X2

δ −δ+

Em seguida a cianoamina é hidrolisada em meio ácido, havendo

formação de uma Carboxi-Amina, que sob aquecimento se decompõe

formando gás carbônico e uma amina secundária.

+ NH3R N C N

R

R N C

R

O

OH

H2O/H+

em meio ácido forma um sal

R N CO

OHR

R N

R

+ CO

OCO2 + H N R

RHΔ

8) Obtenção de amina terciária

Utiliza-se como reagentes uma amina secundária, que é dissolvida

numa solução aquosa básica, na qual se borbulha gás cloro: obtém-se

uma cloro amina que em seguida é colocada a reagir com um composto

Page 160: Organica_2

156

de Grignard, formando-se a amina terciária e um sal de magnésio.

Ver em propriedade das amidas! H

R2N + Cl2 + OH

R2N + Cl+ R2N ClH

R2 N Cl + MgCl

R

R2N R + MgCl2

δ −

δ − δ+δ+

9) Reação de Ácidos Orgânicos com azida de sódio (Na+N3-)

R C

O

OH

+ N N N R C

O

N N N

OH

R CO

N N N R N C O + N2

Propriedades das aminas

1) Aldeídos

Com aminas primárias obtemos compostos genericamente

chamados de “bases de Shiff”. Se utilizarmos aminas secundárias

obteremos compostos genericamente chamados de “Enaminas”.

R CO

H+ N R R C N R

O

H

H2

H2

Β

Page 161: Organica_2

157

H3C C C N R + H+

H

OH

H3C C C N R

OH2

H

H H

H2

H3C C C N R H3C C C N R + HB

BH2 H H H2 H

"Base de Schiff"pode serneutralizado

Com aminas secundárias

R C

OH

H

NR2 + H+ H3C C

OH2

N R2Δ

H2C C NR2 H2C C NR2H

HH

B

enamina

* Reação de Mannich

Faz a reação de uma amina primária com o formol / H

H CO

H+ N R2 H C NR2 H

O

H

C NR2

OH

H

H

H

B

H C

OH

H

NR2 + H H C NR2

H

OH2

H2C NR2

H2O

Page 162: Organica_2

158

Se esta reação for feita em meio “cetona”, ao qual se adiciona

uma base forte, o produto final obtido será o seguinte:

H3C C C

O

+ OH H2O + H3C C CH2

OH

H2

H3C C

O

CH2 + H2C NR2 R2N C C C CH3

O

H2

H2

Observação: Se esta reação for realizada em meio ácido, ver o

mecanismo em “SOLOMONS”, 6ª edição, vol.2, páginas 184-185.

** Obtenção do EDTA – Ácido Etileno Diamino tetra acético

H2N C C NH2 + 4H CO

H+ 4NaCN EDTAH2O

H2 H2

etileno diamino

R NH2 + C

O

H

H R N C H

H

O

R N C H

H

OH

H

H2

Β

H2HR N CH2 + H+ R

OH

N C OH2 H2O + R N CH2

R N CH2 + CN R N C CNH H H2

Page 163: Organica_2

159

R N C CN + C

O

H

H R N H

C

C

CN

O

H

H2

H2

B

H2 H2-H2O

CNH2C OH H2C

CNCNRCN + H+CNR

composto finalR N

C

C

CN

CN

H2

H2

R N

C

C C

COH

OH

O

OH+

H2O

H2

H2

EDTA

CC

N

CC

O

OHO

HO

C C N

C

C

C

C

O

OOH

OH

H2

H2 H2

H2

2) Reação com bromo nitrila (Br ⎯ CN).

Esta reação, numa fase inicial, forma uma cianoamina, que por

hidrólise dá o ácido correspondente, e com a descaboxilação forma a

amina secundária. Esse processo transforma uma amina terciária numa

amina secundária.

R3N + Br CN R3N CN + Br

Page 164: Organica_2

160

R2 N CN

R R2N CN + R Br

+ Br

R2N CN R2N CO

OHR2N + C

O

R2NH + CO2

O

H2OH+

H

3) Oxidação

O agente oxidante é o peróxido de hidrogênio (H2O2)

nitrocomposto

HR NH2 R NOH R N O R NO2

nitroso composto

R NH2 + HO OH R N OH + OH R N OH + H2O

H

H2

H+ OH R N OH

OH

R N OH + HO OH R NOH

OH

H

R N

OH

OH R N OH + OH R N O + H2O

nitrosocomposto

NO + H2O2R R NO2 + H2O

Page 165: Organica_2

161

4) Aminas com haletos de acila (*)

5) Cetenas com aminas (*)

6) Aminas com PCl3/R⎯COOH (*)

7) Aminas com fosgênio (*) * Procedimentos vistos em “Amidas”

Aminas Aromáticas (Aril Aminas) A amina aromática mais simples é a amino-benzeno (anilina).

O grupo “NH2” é um ativante o, p:

NH2 NH2

δ −

δ −

δ −

Isto significa que um reagente eletrofílico E irá ligar-se nas

posições o, p da anilina, pois o grupo “NH2” é o, p dirigente!

As reações mais importantes são:

1 – Halogenação (X2 / AlX3) 2 – Nitração (HNO3 / H2SO4) 3 – Sulfonação (H2SO4 / SO3) 4 – Reação com Haletos de acila (AlX3) 5 – Reação com Anidridos (AlCl3) 6 – Alquilação (AlX3)

(1) Halogenação

Formação do Agente Eletrofílico

+Br Br + FeBr3 Br Br FeBr3 Br + FeBr4

Page 166: Organica_2

162

R RH

Br

NH2

Br+ Br

+ H+

H+ + FeBr4 HBr + FeBr3

(1)

(2) Mistura sulfonítrica

H2SO4 H+ + HSO4

H + HO NO2 H2O NO2 + HSO4

H2O + NO2 (3) Sulfonação (H2SO4/SO3)

H2SO4 H+ + HSO4

O S

O

O O S

O

O O S

O

O O S

O

O

+ H

R

H

S

O

OO

+ S

O

O

O

R

R

H

SO3H H+ +

NH2

SO3H

H + HSO4 H2SO4

Page 167: Organica_2

163

(4) Haletos de Acila

R CO

Cl+ AlCl3 R C

O

Cl AlCl3 R C

O

+ AlCl4

(5) Anidridos

R CO

OC

OR

AlCl3+ AlCl3

R CO

OC

OR

R CO

+ R CO

O AlCl3

Anilina (amino – benzeno)

A anilina é a amina aromática mais simples. É obtida pela

nitração do benzeno, seguida de uma redução.

anilina PtH2

NH2

+ NO2

NO2

Num outro processo para obter a anilina baseia-se na

amonólise do cloro benzeno, junto com amideto de sódio: é um processo

muito lento e que exige condições drásticas de reação.

Cl+ NH2

NH2 + Na ClNH3

Δ ΔNa

δ+ δ−

Observação: Quando no núcleo aromático existir grupos

eletroatraentes a reação ocorre com menos dificuldade:

Page 168: Organica_2

164

2,4,6 trinitro anilinaou trinitro anilina simétrica

NH3

Na

+ Na Cl

NO2

NH2

NO2O2N

+ NH2

NO2

Cl

NO2O2N

A anilina reage com KNO2 / HCl , formando um sal de diazônio

que sob aquecimento se decompõe em gás nitrogênio e um cátion

aromático, que se estabiliza por ressonância, e é chamado de fenilônio.

NH2

+

N N

+ N2 + ClKNO2

HCl

Cl+

É apenas com a formação desse cátion que o benzeno dá

reações de substituição nucleofílicas.

H2

O C CH3

O CH3

OH2

OH

Nu

( Nu)+

Exemplos de

Nu

A anilina dá reações de substituição eletrófila nas posições

orto-para, pois o par de elétrons no nitrogênio entra em ressonância com

o anel aromático do seguinte modo:

Page 169: Organica_2

165

NH2 NH2 NH2 NH2NH2

δ−

δ−

δ−

Qualquer reagente E irá “reagir” nas posições orto-para da

anilina. Por exemplo: Quais os derivados monosubstituídos na seguinte

reação?

NH2

+ H3C I All3 ?

H3C I + AlI3 H3C I AlI3 H3C + AlI4

H+ + AlI4 HI + AlI3

orto metilanilina

NH2

Me + H+

NH2

Me

H

NH2

H3C +

A anilina ao reagir com Br2/AlBr3, dirige a reação em orto-para numa proporção de 100%

NH2

Br

NH2

Br

Br

+ Br2AlBr3

Br

100% o, p δ−

δ−δ−

O cátion trimetil fenil amônio, devido à carga positiva do nitrogênio e sua proximidade do anel, dá reações de substituição 100% em meta.

Page 170: Organica_2

166

NC C

C

B r B r

N

C

C C

+ B r 2AlBr3

B r100% em meta δ+ δ+

δ+

À medida que o cátion nitrogênio vai se afastando do núcleo

aromático sua influência sobre o mesmo vai diminuindo: começa a

prevalecer a influência do grupo que está mais próximo ao benzeno.

12% 88%

Br Br

Br

N (Me)3H2C

+

Br Br

N (Me)3H2C

Br

AlBr3+ Br2

N (Me)3H2C

C C N (Me)3

+ Br2AlBr3

Br

C C N (Me)3

Br Br

C C N (Me)3

Br Br

Br

19% 81%

+

C C C N (Me)3

+ Br2AlBr3

C C C N (Me)3

Br Br

+

C C C N (Me)3

Br Br

Br

5% 95%

Br

Page 171: Organica_2

167

Alquilação Se misturarmos a anilina com um haleto orgânico, e não

colocarmos um ácido de Lewis, a reação ocorrerá da seguinte forma:

- o ataque nucleofílico do nitrogênio ao carbono ligado ao

halogênio.

N + C CH3

I

H2

H2N C C HI + N C C

HH2

I

δ−

δ+

Também existe a possibilidade da etil fenil amina reagir com

outra molécula do haleto orgânico, formando a dietil fenil amina, que

ficam misturadas.

Para separá-las, adiciona-se KNO2 / HCl: a amina terciária forma

um sal que é solúvel na fase aquosa; a amina secundária forma uma

“nitroso amina” que é solúvel na fase orgânica. Esta nitroso amina depois

de separada é tratada com ácido clorídrico, regenerando a etil fenil amina.

N

Et

Et

+ NO2 / H+ N

Et

Et

H NO2

solúvel na fase aquosa

N H

Et

+ NO2 / H+ N N O

Et

solúvel na fase orgânica

N N O

Et

N Et

H

H+

HCl

Page 172: Organica_2

168

Se reagirmos a anilina com uma mistura contendo cloreto de

etila e cloreto de acetila, obtemos derivados da acetanilida, que têm

propriedades analgésicas.

N + C C ClH2

AlCl3 NH2

Etpara etil anilina

para etil acetanilida

HN

Et

C

O

CH3+ C CO

Cl

NH2

E t

As sulfas também são derivadas das acetanilidas. A seqüência

de preparação de uma sulfa é a seguinte:

N C CH3

O

SO2Cl

+ R NH2-HCl

N C CH3

O

SO2NHR

H2OH

HH

NH2

SO2NHR

+ H3C CO

OH

"sulfa"

Observação: Proponha mecanismos para estes procedimentos.

A ciclo hexil amina reage facilmente com ácido cloro sulfônico

dando origem a um sal de amônio. Com a adição de uma base forte,

obtém-se um sal de sódio da ciclo hexil amina, que é comercializado com

Page 173: Organica_2

169

o nome de “sucaryl”. Esse sal de sódio, é conhecido com o nome de

ciclamato de sódio.

NH2 + Cl SO3H-HCl2 N SO3 N

H3H

N SO3 NaNaOHH

"sucaryl" (ciclamato de sódio)

A reação de diaminas com dihaletos leva à formação de

compostos cíclicos, líquidos ou sólidos.

C

C

N

N

C

C

Br

Br

C

C

N

N

C

C

+ 2HBr

H2

H2

H

H

Piperazina

δ−

δ−

δ+

δ+

A reação com Epóxidos (óxidos de etileno) leva à formação de

compostos de ação detergente.

R N + H2C CH2

O

R N C C OHH2 H2

R1

N C C OHR

Β

δ+

δ −

R N

R1

R N

C

C

C

C

OH

OHH H

β

+ H2C O

R1

CCNR

O

C

dietanol amina- transparente- incolor- viscosa- toque suave

Page 174: Organica_2

170

Teste de Hinsberg Serve para identificar aminas primárias, secundárias e

terciárias.

O reagente utilizado é o cloreto de parametil fenil sulfonilo.

As aminas primárias formam um composto solúvel em álcalis;

as aminas secundárias dão origem a um produto insolúvel em álcalis;

enquanto que as aminas terciárias não reagem com o reagente citado.

1) Ph N + S

O

Cl PhMe

O

Ph N S

OO

PhMe

H2

+ HClH

OHsolúvel em

não reagemPh3N3)

OHinsolúvel em

+ HClPh2N S

O O

PhMe

HPh2N + S

O O

Cl PhMe

2) 1º

1) O método de Hoffman é utilizado para a obtenção de aminas terciárias. Represente, com mecanismos, a amina obtida na reação do cloreto de benzila com NH3.

2) A redução de amidas com H2 / Pt origina as aminas correspondentes. Identifique, com mecanismos, a amina obtida na redução da 2 metil pentanodiamida.

3) Quando reagirmos pentanol 2 com amideto de sódio obtemos uma amina e outra base. Represente, com mecanismos, esta preparação.

4) A reação de éteres com amideto de sódio forma aminas e alcóxidos de sódio. Represente, com mecanismos, a reação do amideto de sódio com éter propil secbutílico.

Page 175: Organica_2

171

5) Ao reagirmos um haleto orgânico com cianamida cálcica (Ca +2 CN2 –2) obtemos uma ciano amina, que ao ser hidrolisada forma uma carboxi amina. Esta espécie, sob aquecimento moderado, forma CO2 e uma amina secundária. Represente, com mecanismos, as equações das reações que ocorrem quando utilizamos inicialmente o brometo de propila.

6) A reação do cloreto de pentila com cianamida cálcica dá origem a uma amina secundária (d = 0,805 g/mL). Esta amina é comercializada em ampolas de 25 mL cada uma. Uma indústria que utilize 300 Kg/h deste haleto, quantas ampolas produzirá em 1 mês de trabalho?

7) A reação da glicerina (propanotriol) com NH3/Na, forma uma triamina com R = 79%. Um tanque esférico de d = 3,5 m contém NH3 a 25°C e 50 atm, que deverá ser utilizado neste procedimento. Represente os mecanismos e calcule as massas de todas as espécies envolvidas.

8) A reação do cloreto de butila com NH3 forma uma amina terciária, que ao ser tratada com HCl origina um sal quaternário de amônia, utilizado na fabricação de “shampoos”, na proporção de 2,5% em massa. Calcular as massas de todas as espécies envolvidas na produção de 50.000 frascos de 500 mL contendo esse shampoo (d = 1,088 g/mL), supondo-se E = 90% em todas as etapas.

9) (Reação de Mannich) A reação do FORMOL com a dietil amina, HCl e depois com butanona / K + OH- forma vários produtos. Represente, com mecanismos, as equações dessas reações.

10) Ao reagirmos a propileno diamina 1,3 com formol, Na+ CN- e finalmente com H2O/H+ obtemos o ácido propileno diamino tetracético. Represente com mecanismos, as equações dessas reações.

11) As aminas podem ser oxidadas sob a ação do H2O2. Formando nitrosos e/ou nitro compostos. Represente, com mecanismos, o nitro composto formado na oxidação da butil amina.

12) Represente, com mecanismos, os produtos formados quando reagirmos em condições adequadas:

a - secbutil amina e brometo de propanodiila;

b - benzil amina e fenil cetena;

c - isobutil amina e fosgênio.

13) Ao reagirmos o benzeno com mistura sulfonítrica obtemos o nitro benzeno, que ao ser reduzido forma a anilina (fenil amina). Identifique, com mecanismos, os compostos formados quando colocamos a anilina a reagir com as seguintes espécies:

Page 176: Organica_2

172

a - Br2/AlBr3;

b - Iodeto de secbutila / Fel3;

c - Iodeto de secbutila.

14) A ciclo hexil amina reage com ácido cloro sulfônico originando um sal de amônia, que após a adição da soda cáustica, forma um sal de sódio da ciclo hexil amina, que é comercializado com o nome de “sucaryl”, cujo nome técnico é ciclamato de sódio. Sugira um mecanismo que explique a formação desse adoçante artificial.

15) Ao reagirmos a butil amina com excesso de epóxido obtemos um composto de função mista, com propriedades detergentes. Represente, com mecanismos, esta preparação.

NOÇÕES DE SÍNTESE ORGÂNICA

SÍNTESE DA 2, 4, 6 TRIBROMO ANILINA

1- reagentes

10,0 mL de anilina (d = 1,020 g/mL)

78,0 mL de ácido acético glacial (d = 1,05 g/mL)

19,0 mL de bromo (d = 3,19 g/mL)

2- Espécies complementares

Água

Metanol ou etanol

3- Técnica

Em um becher, coloque 10,0 mL de anilina e 40 mL de ácido

acético glacial. Deixe escorrer lentamente, de um funil separador, 19,0 mL

de bromo dissolvidos em 38,0 mL de ácido acético glacial, enquanto a

solução é agitada com auxílio de um agitador mecânico.

O becher deve ser esfriado em banho de gelo durante a adição,

visto que a adição é exotérmica. O produto final (massa pastosa) deve ser

colorido (amarelo) com a adição de um pouco de bromo, se necessário.

Page 177: Organica_2

173

Verter a mistura de reação em água, filtrar a vácuo e lavar com

água. Escorrer bem e secar em estufa a 100°C por uma hora.

A 2,4,6 tribromo anilina pode ser recristalizada em álcool

metílico ou etílico, a quente.

O rendimento deste procedimento é de 91,5%.

4- Constantes físicas

Cristais incolores; PF = 120/122°C; PE = 300°C; insolúvel em

água; solúvel a quente em metanol e etanol, clorofórmio e éter.

5- Questões

a) Represente o mecanismo deste procedimento.

b) Qual a função do ácido acético glacial?

c) Se existir reagente em excesso, quantifique-o.

d) Quais as massas dos produtos obtidos?

e) Quais as massas das espécies necessárias, dentro das proporções estequiométricas, para a obtenção de 500 Kg da 2,4,6 tribromo anilina?

f) Idem, dentro das proporções do processo, para a obtenção de 850 Kg da 2,4,6 tribromo anilina.

g) Por que se adiciona mais bromo, se necessário?

h) Por que deve-se filtrar a vácuo?

i) Explique para que serve e como é feita a recristalização.

j) Por que não se utiliza catalisador (ácido de Lewis) neste procedimento?

Page 178: Organica_2

174

CAPÍTULO 7 FENÓIS

Apresentam o grupo “OH” ligado diretamente a um núcleo

aromático.

OH

ácido Fênico,Hidroxi Benzeno ou fenol.

a) Obtenção O fenol é produzido industrialmente por dois métodos:

1) Produção de Anilina, Sal de Diazônio e Hidrólise.

NH2

KNO2(0°C)HCl

N N Cl

+ H2O

H + O N O HO N O + H H2O N O

H2O + NO

NO + O N O O N O N O (N2O3)

R N + N

O

O N O

H2

NO2 + R N N OH2

Β

Page 179: Organica_2

175

R N N OH R N N OH R N N OH2H H

Β

N N N N

Δ

Cl+ N2

+ OH2 OH2 + Cl HCl + OH

"fenol"

2) Baseia-se na oxidação do Isopropil benzeno, havendo

formação de fenol e acetona, que são separados por

destilação.

CC C

O2

OH

+ C C C

O

isopropilbenzeno(cumeno)

H

H3C C CH3

Ph

H3C C C

O

Ph

OH

H3C C CH3

Ph

O OH2

O O

H

H

"perácido"

+ OH2O C

C

C

H3C C CH3

Ph

O

Page 180: Organica_2

176

O C

C

C

OH2 O C

C

C

OHH

β

Δ

OH + C

C

C

OH C

C

C

OH C C C

Oacetona

fenolΒ

b) Propriedades Químicas dos fenóis

1) Fenol com Haletos de Alquila Ocorre por um processo SN1 ou SN2. Será SN2 se o carbono do

halogênio for primário.

OH + C

C

Br O C C + BrH

K2CO3δ+ δ−

HBr + O C C

éter etil fenílico

A função do K2CO3 é absorver o HBr formado:

K2CO3 + 2HBr 2KBr + CO2 + H2O

2) Reação com bases fortes: Formam-se sais, em geral com boa solubilidade em água,

chamados “FENATOS” (fenolatos ou fenóxidos).

OH + Na OH H2O + O Na(solução aquosa)

Fenóxido de sódio Fenolato de sódio

Page 181: Organica_2

177

Esses fenatos de sódio reagem com soluções aquosas ácidas,

regenerando o fenol.

O Na + H2CO3 OH + NaHCO3

fenol

3) Acidez dos Fenóis Os fenóis quando dissolvidos (embora sejam pouco solúveis),

em água dão origem a soluções ácidas, devido à ressonância:

OHOHOHOH

OH OHδ+

δ− δ−

δ−

Praticamente um reagente E se ligará nas posições orto-para

do fenol.

Representação da equação de dissociação:

Ph OH Ph O + H+

ânion fenoxi (ou fenóxido)

A existência de grupos elétron atraentes no anel aromático

aumenta a acidez dos fenóis, devido à ressonância:

Page 182: Organica_2

178

O

OH

N

O

OH

N

O O

Por esse motivo, o para nitrofenol tem acidez igual a dos ácidos

orgânicos, enquanto que o trinitro fenol (ácido pícrico) é mais ácido que

os ácidos orgânicos.

OH

NO2

NO2

O2N

4) Formação de Éteres No núcleo aromático, a reação ocorre com dificuldade: o

clorobenzeno não reage com etóxido de sódio, porque a diferença de

eletronegatividade do cloro para o carbono aromático é muito pequena. A

introdução de um grupo elétron atraente facilita a reação, embora a

mesma ocorra a baixa velocidade.

éter para nitrofenil etílico

Na+O2N O Et + Na+ Cl -+ OEt

O2N Cl

Obs: Essa reação é bastante demorada e tem baixo rendimento.

A obtenção de éteres aromáticos é catalisada com cobre. Por

exemplo, a reação do bromo benzeno com fenóxido de sódio ocorre com

rendimento apreciável em presença de cobre.

Page 183: Organica_2

179

A primeira fase desta reação é a interação do bromo benzeno

com o cobre, havendo formação de um cátion Br (bromônio). Formado

o cátion, a base fenóxido faz um ataque nucleofílico ao carbono do

halogênio.

Ph Br + Cu Ph Br Cu

éter difenílico Na+Ph Br Cu + O Ph Ph O Ph + Cu + Na+ Br -

5) Reação com Azometano Esta reação leva à formação de éteres aromáticos metílicos.

OH + H2CN2 OCH3 + N2

vide "obtenção de Éteres"

Obs: A reação de um éter aromático com AlCl3 em meio a um

solvente apolar pode levar à formação do fenol.

AlCl3: Agente Desalquilante

O + Al Cl

CH3

Cl2O AlCl2 Cl H3C

CH3

Cl

OH

AlOHCl2

H2O

6) Reação de β- Naftol com álcool / ½ H (sulfúrico) → Nessas condições obtém-se β éteres.

+ ROH

OH

H H

+ H

OH

Page 184: Organica_2

180

Observação: O grupo “OH” é o, p dirigente!

OH

O R

H H H

OH2

O RH H

H3O +

O R

7) Formação de Ésteres Fenílicos A reação ocorre em meio básico utilizando como reagentes o

fenol e cloretos de acila.

O fenol reage com a base formando fenato de sódio e água.

OH + Na+ -OH O Na+ + H2O

Em seguida a base fenóxido faz um ataque nucleofílico ao

carbono da carbonila.

R CO

Cl+ O R C

O

O

Cl

R CO

O + Na Cl+ -

8) Anidridos / PhOH / Na+ : -OH Forma-se um éster aromático e um sal orgânico.

R CO

OC

OR

+ O PhNa+

R C

O

O

O

CRO

Page 185: Organica_2

181

R CO

O Ph+ R C

O

O Na

9) Reação de fenol com anidridos - meio ácido

R C

O

O

C

O

R

+ H

R C

O

OH

CR

O

R C

OH

O

CR

O

1º2º

R C

O

OH

+ R C

O

Ph OH + R CO

Ph O C R

O

H

Β

Ph O CR

Oou R C

O

O Ph

10) Substituição do OH por X É uma reação difícil de ocorrer e tem rendimentos apreciáveis

quando existe na molécula grupos eletronatraentes.

vide mecanismo em obtenção de "haletos de acila"

O2N

NO2

Cl

NO2

O2N

NO2

NO2

OH + PCl5

Page 186: Organica_2

182

11) Substituição do OH por NH2 Ocorre nas mesmas condições que no caso anterior, sendo que

o reagente utilizado é o amideto de sódio (Na+ NH2) .

a) OH + NH2 NH2 + OH200°CΔ

velocidade muito baixa

b) O2N OH+ NH2

200°CO2N NH2 + OH

Δ

velocidade baixa

Substituição no anel No fenol, o grupo OH é orto-para dirigente. Por esse motivo a

halogenação, nitração, sulfonação e acilaçao do fenol e seus derivados

ocorrerão, preferencialmente nas posições o, p.

Exemplos: represente com mecanismos, as reações fenol com:

Br2 / FeBr3

HNO3 / H2SO4

H2SO4 / SO3

/ AlCl3H3C C

Cl

O

H2H2

H3C C C I / BI3

a)

b)

c)

d)

e)

(halogenação

(nitração)

(sulfonação)

(acilação)

(alquilação)

REPRESENTANDO...

A) Br Br + FeBr3 Br Br FeBr3 FeBr4 + Br

estabiliza-se por ressonância

OH

H

Br+ Br

OH

Page 187: Organica_2

183

orto bromo fenol

OH

Br + H+

OH

H

Br

H+ + FeBr4 HBr + FeBr3

HO NO2 + HHSO4 H2O NO2 H2O + NO2 + HSO4b)

estabiliza-se porressonância

OH

H

NO2+ NO2

OH

OH

H

NO2

OH

NO2+ H

orto nitro fenol

H+ + HSO4 H2SO4

H2SO4 H+ + HSO4c)

O S

O O

OSOO

O

SOO

O

SOO

estabiliza-se por ressonância

OH

H

SO3+ SO3

OH

Page 188: Organica_2

184

OH

H

SO3 + H+

OH

H

SO3H H+ +

OH

SO3H

ácidoo - hidroxisulfônico

H+ + HSO4 H2SO4

+ AlCl4d) H3C CO

+ AlCl3 H3C CO

Cl AlCl3

H3C CO

Cl

estabiliza-se por ressonância

OH

H

C C

O

+ H3C CO

OH

2 hidroxi fenil, metil cetona

OH

C

O

CH3 + H+

OH

H

C C

O

H+ + AlCl4 HCl + AlCl3

e) + BI4C C C I + BI3 C C C I BI3 C C C

estabiliza-se por ressonância

OH

H

C C C + C C C

OH

Page 189: Organica_2

185

orto propil fenol

+ H+

OH

C C C

OH

H

C C C

H+ + BI4 HI + BI3

12) Alquilação com álcoois ou alcenos / meio ácido

H3C C OH + H+ H3C C OH2 H2O + H3C CH2 H2 H2

H2C CH2 + H+ H2C CH3

estabiliza-se por ressonância

OH

H

C CH3H2

H2

+ C CH3

OH

orto etil fenol

+ H+H2

H2

OH

C CH3

OH

H

C CH3

H+ + HSO4 H2SO4

13) Reação com CO2 (carboxilação, 7 atm e 100ºC)

C

O

OC

O

O

Page 190: Organica_2

186

estabiliza-se por ressonância

7 atm100°C

OH

H

C O

O

+ CO

O

OH

ácido orto hidroxibenzóico (ácido salicílico)

OH

C

O

OH

OH

H

C O

O

Β

14) Reação com aldeídos (formol ⇒ formilação) Obs: Formol = Metanal ou Aldeído fórmico

CO

HH H C

O

H

estabiliza-se por ressonância

H2

OH

H

C OH2

+ C O

OH

orto fenil metanol oualcool orto hidroxi benzílico

H2

OH

C OH

H2

OH

H

C O

B

Page 191: Organica_2

187

Fenóis – Obtenção e Propriedades 1) Represente, com mecanismos, os 2 processos industriais para a

obtenção do FENOL.

2) Identifique, com mecanismos, os compostos obtidos na reação do fenol com 2 iodo butano/K2CO3.

3) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do Pentacloro fenol com soda cáustica.

4) O fenol tem caráter ácido ou básico? Justifique.

5) Coloque em ordem crescente de acidez: 2,4,6 trinitro fenol, p-nitro fenol e fenol.

6) O fenato de sódio não reage com cloro benzeno, mas reage, com dificuldade com o p-nitro cloro benzeno. Justifique.

7) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do fenol/potassa cáustica com brometo de butanoila.

8) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do fenol/soda cáustica com o anidrido propanóico.

9) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do fenol com o anidrido propanóico/H+.

10) A reação do fenol e do p-nitro fenol com Na+ NH2 ocorre a 200º C.

Provavelmente, qual tem maior rendimento? Justifique.

-

11) A reação do β naftol com butanol 2/H+ forma água e um éter. Represente, com mecanismos, esta preparação.

12) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do 2,4,6 trinitro fenol com PCl5.

13) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na tri carboxilação do fenol (CO2, 7 atm e 100°C).

14) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na tri formilação do fenol (120°).

15) Identifique, com mecanismos, os produtos formados nas reações do fenol com as seguintes espécies químicas, na proporção molar 1:1:

i. brometo de isopropila/AlBr3;

ii. iodeto de butanoila/Fel3;

Page 192: Organica_2

188

iii. mistura sulfonítrica.

16) Identifique, com mecanismos, os produtos formados nas reações do fenol com excesso das seguintes espécies químicas:

a) Oleum;

b) anidrido acético / BCl3;

c) Br2 / AlBr3.

17) A reação do fenol com excesso de mistura sulfonítrica forma um derivado trinitrado, comercialmente chamado de “ácido pícrico”, utilizado na produção de pomadas para queimaduras. Para a fabricação de 5 x 107 bisnagas desta pomada, de 50g cada uma, contendo 2,5% deste princípio ativo, pede-se (R = 83%):

a) o mecanismo;

b) as massas das espécies envolvidas;

c) o volume da solução 8N de HNO3 necessário;

d) a massa de H2SO4 necessária (1,2% das massas dos reagentes utilizados).

18) A oxidação do isopropil benzeno com O2 / H forma fenol e

acetona, com R = 87%. Em seguida o fenol obtido foi colocado a

reagir com Na+:OH-/ iodeto de sec butila/ K2CO3, originando

produtos com R = 84%. Para o aproveitamento de 2500 L de

isopropil benzeno (d=0,905 g/mL), pede-se:

a) os mecanismos;

b) as massas das espécies envolvidas;

c) o volume de O2 necessário (TPN);

d) o volume de ar necessário (ar em volume = 78% de N2 e 22% de O2).

19) A reação da anilina com K+NO2- / HCl / 0°C origina fenol com E =

78%. Numa etapa seguinte, o fenol obtido foi colocado a reagir

com excesso de mistura sulfonítrica, dando origem ao 2,4,6

trinitro fenol, com E = 93%, comercialmente chamado de “ácido

pícrico”. Para a obtenção de 5000L de uma solução aquosa (d =

1,15 g/mL) contendo 15% deste ácido em massa, pede-se:

Page 193: Organica_2

189

• os mecanismos;

• as massas das espécies envolvidas;

• o volume de solução de HNO3 7N necessário.

20) Todo o fenol contido em 180 tambores (com 200 Kg de fenol cada

um) foi dividido em duas partes iguais e colocado a reagir

separadamente com:

a) Excesso de CO2 (7 atm e 100°C), originando um produto “X” com E = 90%;

b) Excesso de formol (metanal) a 120°C, originando um produto “Y” com E = 80%.

Em vista destas afirmações, pede-se:

I. *os mecanismos;

II. ** as massas das espécies envolvidas;

III. *** o volume de CO2 necessário (TPN).

21) A reação do fenol com CO2 ocorre a 100°C e 7 atm, formando o ácido o – hidroxibenzóico (ácido salicílico), com R = 92%. Este ácido, colocado a reagir com cloreto de acetila forma o ácido acetil salicílico (AAS), com R = 88%, um poderoso analgésico e antitérmico (antipirético). A comercialização deste produto é feita sob a forma de comprimidos de 100 mg cada um, contendo 12% do princípio ativo. Para a fabricação de 9 x 108 destes comprimidos, pede-se:

a) os mecanismos;

b) as massas das espécies envolvidas.

22) Os grupos “alquil” (metil, etil, propil, dodecil, etc...) são orientadores orto / para. Nestas condições, um composto aromático com um destes grupos formará, em condições adequadas, derivados tri substituídos nestas posições. No entanto, ao sulfonarmos o DODECIL BENZENO, obtemos apenas o derivado mono substituído em “para”. Este derivado, ao ser neutralizado com solução de Na+:OH-, forma um sal com propriedades detergentes, que é comercializado sob a forma de uma solução aquosa a 9% em massa (d = 1,125 g/mL). Para fabricação de 50.000 litros desta solução aquosa, pede-se:

a) o mecanismo;

Page 194: Organica_2

190

b) as massas das espécies envolvidas, supondo-se um rendimento de

93% na etapa da sulfonação;

c) Porque apenas o derivado mono substituído em “para” é obtido?

Page 195: Organica_2

191

CAPÍTULO 8 SAIS DE DIAZÔNIO / AZO COMPOSTOS

Os sais de diazônio são obtidos através de um composto

aromático, utilizando-se a seguinte seqüência de reações:

a) Nitração:

Forma o nitro composto

b) Redução:

Forma o amino composto

c) Reação com HNO2 / HCl / 0°C:

Forma o sal de diazônio.

Os sais de diazônio sob aquecimento se decompõem formando

gás nitrogênio e cátion carbônio aromático, que pode ser “atacado” por

qualquer agente nucleófilo.

Ar N N Claromático

0°CHCl

Na+NO2-H2NO2 Ar NO2 Ar NH2

N N Cl

cloreto de benzeno diazônio (fenil)

PROPRIEDADES QUÍMICAS

1) Reação com bases fortes

Obtém-se compostos genericamente chamados de “Aril

Diazotatos de sódio”

Ar N N Cl + Na+ -OH Ar N N OH Ar N N O Nafrio

Cl HCl (pode serneutralizado)

1º2º 3º

Page 196: Organica_2

192

2) Acidulação dos “Aril Diazotatos”

Esses azo-compostos muitas vezes são instáveis em meio

ácido, ou podem ter suas cores reforçadas no mesmo meio. Eles reagem

com ácidos dando origem a N – nitroso aminas aromáticas.

Ar N N O Na+ + H+ Ar N N O + Na+ Cl -

H

- Nitroso Fenil Amina N

Ph N N O

H

3) Reação com álcoois

Aquecendo-se um sal de diazônio em presença de um álcool,

ocorre a formação de um éter aromático:

Ar N N Cl N2 + Ar + ClΔ

Ar + O R Ar O R + Cl Ar O R + HClHH

éter etil, p - metil fenílico

H3C

O C Cexemplo:

4) Substituição do nitrogênio por hidrogênio

Aquecendo-se moderadamente o sal de diazônio dissolvido em

álcool, obtém-se gás nitrogênio, um composto aromático e um aldeído.

Pensa-se que essa reação ocorra por um mecanismo radicálico

(radicalar).

Ar N N Cl Ar N N Cl+

Page 197: Organica_2

193

Cl Ar + N2 + ClN NAr

Ar + H C CH3

OH

ArH + C CH3

O

H3C CO

H

H H+ HCl

H + Cl

5) Preparação do 1, 3, 5 tribromo benzeno

O bromo é um desativante o, p do grupo benzênico, por isso,

fazer a tribromação do mesmo demora muito e, ainda assim, o rendimento

é baixo e não se obtém o composto em questão.

Sequência desta síntese:

Primeiro nitra-se o benzeno, reduzindo-o em seguida. O amino

grupo é orto – para dirigente: bromando-se esse composto obtém-se a 2,

4, 6 tribromo anilina.

NO2 NH2

NO2 H2

AlBr3

NH2

Br Br

Br

Br2 + 3HBr

Em seguida, transforma-se esse composto num sal de diazônio

correspondente:

0°C

Cl

HCl

N N

BrBr

Br

NH2

Br Br

Br

Na+ NO2-

Page 198: Organica_2

194

A ultima etapa é o aquecimento moderado do sal de diazônio

dissolvido em etanol:

Br Br

Br

N N Cl

C2H5OH BrBr

Br

moderadotribromo benzeno

Δ

Obs: A propriedade usada é a decomposição via radical, item

número 4 deste capítulo.

6) Transformação da p – toluidina em m – toluidina.

H3C N H3C N C C

O

O

C CO

H2

+ C CO

OCC

O

H2

H3C N C

O

CH3 + H3C CO

OHH

CH3

NH C C

O

CH3

NH C C

O

NO2 H OHδ+ δ−

Na+NO2-

HCl0ºC

NO2

Page 199: Organica_2

195

2)

1)

Cl

H2 / Δ

HO C2H5

CH3

NH2

N N

CH3

NO2

7) Substituição pela hidroxila, pela alcoxila, por haletos orgânicos e por outras espécies.

Todas essas reações ocorrem a quente, pois nestas condições

o sal de diazônio se decompõe, dando origem aos derivados

correspondentes. O cátion carbono formado pode ser atacado por

qualquer agente nucleofílico.

Ar N N Cl Ar + N2 + ClΔ

Ar + O R Ar O R Ar O R-HH H

Ar + OH2 Ar OH2 Ar OH-H

Ar + I Ar I

Ar + SCN Ar SCN

Reações de copulação Sais de diazônio copulam com aminas e fenóis dando origem

aos azocompostos, substâncias coloridas, muitas das quais se

enquadram dentro da classe dos azocorantes. Os sais de diazônio,

nessas reações, são chamados, sob o ponto de vista industrial,

componentes primários, e as aminas e os fenóis, componentes

Page 200: Organica_2

196

secundários. Estudos cinéticos mostraram que as reações de copulação

se processam por meio de um ataque eletrofílico ao derivado aromático,

ataque esse proporcionado pelo cátion de diazônio. Esse cátion não é um

reagente eletrofílico poderoso, razão pela qual o núcleo aromático que vai

ser alvo de seu ataque deverá ser bem-reativo, graças à presença de

grupos ativadores (NH2 e OH). Por outro lado, a introdução no núcleo

aromático do sal de diazônio, de grupos atraentes de elétrons, vai,

evidentemente, favorecer as reações de copulação.

a) Copulação com fenóis

A copulação de sais de diazônio com fenóis leva à formação de

p – hidroxiazocompostos.

(p - hidroxiazobenzeno ou p - benzenoazofenol; cor laranja)

_ + N N OH + HClH OHN2Cl +

Ao lado dos parahidroxiderivados, forma-se, também, em menor

porcentagem, o - hidroxiazobenzeno (ou o – benzenoazofenol; cor

laranja).

N N

OH

A separação desses dois hidroxiazocompostos é efetuada com

arraste de vapor, destilando o ortoderivado, já que esse composto é

insolúvel em água, devido à ponte de hidrogênio. Essa ponte de

hidrogênio possibilita, também, o estabelecimento de um equilíbrio

tautomérico entre o o – hidroxiazobenzeno e a mono – hidrazona da o –

benzoquinona.

NN

OH

N N

H

O

Estando a posição para preenchida, como, por exemplo, no caso

Page 201: Organica_2

197

do p – cresol, a copulação se desenvolve na posição orto.

N2Cl + H

CH3

OH

N N

CH3

OH

+ _-HCl

5 - metil - 2 - hidroxiazobenzeno ou benzenoazo - p - cresol (cor amarela)

A copulação com fenóis se processa em meio fracamente alcalino,

que tem função dupla. Em primeiro lugar, vai transformar o fenol no ânion

fenóxido, esse último é, sem dúvida, reagente eletrofílico mais poderoso

que o primeiro.

O H + OH- H2O + O -

Em segundo lugar, o meio fracamente alcalino vai possibilitar a

dissolução do fenol no meio reacional, facilitando a reação. Por outro

lado, em meio fortemente alcalino, o sal de diazônio vai se transformar no

arildiazotato, impedindo a copulação.

Na verdade, estudos cinéticos executados por Putter e por

Zollinger e Büchler (1951) mostraram que o ânion fenóxido é a espécie

que copula e não o fenol livre. Por outro lado, Bartlett constatou que a

velocidade de copulação aumenta gradativamente com o aumento do pH,

até atingir o valor nove, quando então diminui acentuadamente (formação

dos diazotatos).

Na prática, costuma-se adicionar lentamente a solução do sal de

diazônio sobre uma solução (0°C) alcalina de fenol, sendo que o hidróxido

de sódio é calculado para proporcionar um pequeno excesso, em relação

à neutralização do ácido presente na solução do sal de diazônio.

O mecanismo da copulação com fenóis pode, pois, ser

esquematizado como:

Ar N N Ar N N++

Page 202: Organica_2

198

O -O H + OH- + H2O

++ N N Ar- O O N N Ar

H

OH N N Ar

N

O

H

N Ar

O N N Ar

- OH- H2O

_

- OH-+

+ H2O

É claro que grupos elétron – atraentes situados no núcleo

aromático do sal de diazônio vão favorecer essas copulações. Por outro

lado, a presença de um segundo OH no fenol, especialmente na posição

meta, facilita, em muito, a copulação. Assim, por exemplo, o resorcinol,

ao copular com excesso de sal de diazônio, pode originar um bis – ou

mesmo triazo composto. OH

OH

OH

OH

N

N

Ar

ArN2Cl

NaOH

OH

OH

NNAr

N

N

Ar

OH

OH

NNAr N N Ar

N

N

Ar

++

Conforme vimos, esses hidroxiazocompostos podem ser

reduzidos aos aminofenóis correspondentes.

p - HO C6H4 N N C6H5 p - HO C6H4 NH2 + C6H5 NH2 SnCl2

É interessante frisar que a reação de sais de diazônio com 2 –

naftol e com 4 – metil – 1 – naftol, dando origem aos azocompostos

correspondentes, constitui um dos argumentos da estrutura mais rígida

do naftaleno.

Page 203: Organica_2

199

OH OH

N

N

Ar

OH

CH3

OH

CH3

N N Ar

+ _

- HCl

- HCl

ArN2 Cl

b) Copulação com aminas

A copulação com aminas aromáticas terciárias se processa em

meio fracamente ácido, isso porque a espécie que reage é a amina livre, já

que o íon de amônio, como sabemos, é desativador dos núcleos

aromáticos. Para neutralizar, em parte, o caráter ácido da solução do sal

de diazônio, costuma-se empregar acetato de sódio, que serve como

tampão, impedindo que o HCI libertado transforme a arilamina livre no sal

de amônio respectivo.

(p - dimetilaminoazobenzeno; cor amarela)

NaOAc NNC6H5 N (CH3)2_ +

C6 H5 N2 Cl + H N (CH3)2

O mecanismo dessa copulação é análogo ao que ocorre com os

fenóis.

Ar N N Ar N N+ +

++

−δ−δ H

N

CH3

CH3

Ar N NN

CH3

CH3

+Ar N N

Page 204: Organica_2

200

NNNArCH3

CH3

+ H+

Estando a posição para bloqueada pela presença de substituintes,

a copulação se processará em orto, segundo a representação:

C6 H5 N2 Cl + H3C NCH3

CH3

- HCl N

N N

CH3

CH3 CH3

C6H5

+ _

(5 - metil - 2 - dimetilaminoazobenzenoou benzenoazo - p - N, N - dimetiltoluidina)

As arilaminas primárias e secundárias copulam, via de regra,

inicialmente, no nitrogênio, formando-se um diazoamino composto, como

no exemplo descrito a seguir.

N

H

C6 H5 N2 Cl + H CH3+ _

- HCl CH3NNNC6H5

H

4 - metildiazoaminobenzeno ou p -diazoamino - tolueno ( cor amarela)

Esse diazoaminocomposto isolado dessa reação mostrou-se

idêntico ao obtido através da reação de cloreto de p –

metilbenzenodiazônio com anilina.

CH3 N2 Cl + H N

H

C6H5 C6H5 N N N

H

CH3- HCl+ _

Não se formou o seguinte diazoaminocomposto:

CH3 N N N

H

C6H5

Esses resultados indicam claramente a existência de um equilíbrio

tautomérico do tipo:

Page 205: Organica_2

201

CH3 N N N

H

C6H5 CH3 N N N C6H5

H

Meldola e Streafield, já em 1884, haviam constatado que os

produtos metilados em que não há possibilidade do estabelecimento de

um tal equilíbrio tautomérico, são diferentes, quando se parte do cloreto

de benzenodiazônio e do cloreto de p – metilbenzenodiazônio.

N

CH3

CH3C6 H5 N2 Cl + H C6H5 N N N

CH3

CH3- HCl+ _

CH3 N2 Cl + H N C6H5

CH3

C6H5 N N N

CH3

CH3

+ _ - HCl

Exercícios: Sais de diazônio / Azo compostos

1) Qual a seqüência utilizada para a obtenção de um sal de diazônio, a partir do benzeno?

2) O que ocorre se adicionarmos uma base ao cloreto de fenil diazônio? E se em seguida adicionarmos H2SO4?

3) O que ocorre se aquecermos moderadamente o cloreto de p – etil fenil diazônio e depois adicionarmos separadamente:

a) água

b) butanol 2

4) represente, com mecanismos, os produtos obtidos quando aquecemos o cloreto de m – etil fenil diazônio em presença de propanol 1.

5) Explique, com mecanismos, como podemos obter a partir do benzeno, o composto denominado 1, 3, 5 tribromo benzeno.

6) A p – metil anilina é chamada de p – toluidina enquanto que a m – metil anilina é chamada de m – toluidina. Explique, através de reações, como podemos obter a m – toluidina através da p – toluidina.

7) O aquecimento moderado do cloreto de p – nitro fenil diazônio gera o aparecimento de um cátion aromático, muito útil em sínteses

Page 206: Organica_2

202

orgânicas. Represente, com mecanismos as reações deste cátion aromático com:

a) brometo de potássio;

b) acetato de sódio;

c) cianeto de sódio / H2O / H+;

d) sulfeto de sódio.

8) A m – toluidina é um pigmento vermelho utilizado na fabricação de tintas de uso geral, na proporção de 400 g por galão de 3,6 litros. Calcule as massas das espécies envolvidas para a fabricação de 5000 galões de tinta vermelha, utilizando como matéria prima inicial a p –toluidina e outras espécies que se fizerem necessárias, supondo-se E = 90% em cada etapa.

Page 207: Organica_2

203

CAPÍTULO 9 ÁCIDOS SULFÔNICOS ALIFÁTICOS

Os ácidos sulfônicos são isômeros dos hidrogenossulfitos, dos

quais podem ser facilmente diferenciados. Enquanto os

hidrogenossulfitos são ésteres facilmente hidrolisáveis, os ácidos

sulfônicos não são.

S

O

O

OHR RO S OH

O

(ácidos sulfônicos) (hidrogenossulfitos)

Nomenclatura

Tanto a nomenclatura usual como a oficial empregam a

denominação “sulfônico” precedida pelo nome do grupo alquila ou do

grupo hidrocarboneto. Os exemplos que seguem ressaltam essa questão.

CH3SO3H

(CH3)2 CH SO3H

(ácido metilsulfônico ou ácido metanossulfônico)

(ácido isopropilsulfônico ou ácido 2 - propanossulfônico)

Métodos de obtenção

1) Reação de um hidrocarboneto saturado com ácido sulfúrico

fumegante ou com ácido clorossulfônico. No caso do ácido sulfúrico

fumegante, o reagente sulfonante é o trióxido de enxofre.

CH3(CH2)4CH3 + SO3 CH3(CH2)3 CH CH3

SO3H

H2SO4

O grupo sulfônico entra preferencialmente e provavelmente no

segundo átomo de carbono.

Page 208: Organica_2

204

2) Reação de hidrocarbonetos saturados com cloreto de sulfurila.

Essa reação ocorre na presença de luz e empregando-se

piridina como catalisador, à temperatura de 40 – 60°C. Obtém-se cloretos

de sulfonila em alto rendimento, ocorrendo a substituição,

principalmente, nos átomos de carbonos secundários e, em pequena

percentagem, nos carbonos primários.

RH + SO2Cl2 RSO2Cl + HCl

A hidrólise dos cloretos de sulfonila leva aos ácidos sulfônicos.

3) Oxidação de tióis com ácido nítrico concentrado

RSH + 3 [0] RSO3HHNO3

Pode-se partir, também, dos mercaptetos de chumbo.

(RS)2 Pb + 6 [0] (RSO3)2 Pb 2 RSO3HHNO3 + H2S

- PbS

Esse método é mais satisfatório que os dois anteriores, pois

não deixa dúvidas sobre a posição do grupo sulfônico.

4) Adição de hidrogenossulfito de sódio às olefinas, em presença de

peróxidos.

Essa adição se dá contra a regra de Markownikoff.

peróxidosR CH CH2 + NaHSO3 R CH2 CH2 SO3Na

+-

5) Reação de sulfito de sódio com haletos de alquila.

Essa reação ocorre por mecanismo Sn2, processando-se um

ataque do enxofre ao carbono ligado ao halogênio.

RX + Na2SO3 RSO3Na + NaX

Propriedades físicas Os ácidos sulfônicos alifáticos de baixo peso molecular são

líquidos pesados, de alto ponto de ebulição e solúveis em água. Os

Page 209: Organica_2

205

membros superiores da série são sólidos bem-cristalizados. Muitos deles

são altamente higroscópicos.

Propriedades químicas

1) Acidez

Os ácidos sulfônicos são ácidos fortes e formam sais com

hidróxidos ou carbonatos. Os sais de chumbo e bário são solúveis em

água.

2) Reação com pentacloreto de fósforo ou com cloreto de

tionila. Por meio dessa reação, obtém-se os cloretos de sulfonila

correspondentes.

RSO3H + PCl 5 RSO2Cl + HCl + POCl 3

Esses cloretos, que são líquidos de ação lacrimogênea, são ao

contrário dos cloretos de acila, lentamente hidrolisados com água. Porém

reagem facilmente com amônia concentrada e com álcoois, dando

sulfonamidas e ésteres, respectivamente.

RSO2Cl + 2NH3 RSO2NH2 + NH4 Cl

RSO2Cl + R OH RSO2OR + HCl, ,

Convém ressaltar que os ácidos sulfônicos não podem ser

esterificados diretamente pelo aquecimento com os álcoois. As

sulfonamidas também não podem ser obtidas diretamente a partir dos

ácidos sulfônicos.

*Ácidos Sulfônicos Aromáticos Os ácidos sulfônicos aromáticos, da mesma maneira que os

alifáticos, podem ser obtidos pela sulfonação direta. Eles são mais

facilmente disponíveis que os ácidos sulfônicos alifáticos.

Page 210: Organica_2

206

Nomenclatura

A denominação dos ácidos sulfônicos aromáticos é estabelecida

usando-se o nome do hidrocarboneto procedido da palavra sulfônico.

(ácido 2 - clorobenzenossulfônico) (ácido benzenossulfônico)

Cl

SO3H

SO3H

Propriedades Físicas Os ácidos sulfônicos aromáticos são cristalinos, incolores, muito

solúveis em água e pouco solúveis em solventes não-oxigenados. Os

ácidos puros são higroscópicos e dificilmente obtidos na forma anidra.

Eles, usualmente, cristalizam de soluções aquosas com água de

hidratação.

Propriedades Químicas

1) Acidez

Os ácidos sulfônicos aromáticos são ácidos fortes, de força

comparável à dos ácidos sulfúrico e perclórico. Os ácidos sulfônicos

reagem com bases fortes formando sais neutros. Sais com bases fracas

dão reação ácida quando dissolvidos em água. Os grupos que atraem

elétrons no anel do ácido benzenossulfônico, quando localizados em orto

e para, aumentam sua acidez e os grupos que doam elétrons diminuem

sua acidez. Assim, enquanto o ácido 2,4 – dinitrobenzenossulfônico é um

ácido mais forte que o ácido 2,4 dimetoxi benzeno sulfônico é um ácido

mais fraco que o ácido sulfúrico, apesar de ser mais forte que o ácido

nítrico.

Page 211: Organica_2

207

2) Reações resultantes de substituição do grupo sulfônico

a) Substituição por hidrogênio

A reação de sulfonação, conforme vimos, é reversível. Assim, os

ácidos sulfônicos aromáticos são hidrolisados aos hidrocarbonetos e ao

ácido sulfúrico, ao serem aquecidos com ácidos minerais.

ArSO3H + HOH ArH + H2SO4HCl

aquec.

A velocidade de reação aumenta quando o aquecimento é

efetuado em tubo fechado a 150 – 170°C. Os ácidos sulfônicos alifáticos

não são suscetíveis à hidrólise ácida.

A hidrólise dos ácidos sulfônicos é de interesse devido a sua

aplicação na separação de misturas de hidrocarbonetos. É de interesse

também em sínteses orgânicas. A dessulfonação é útil para preparar

certos benzenos substituídos, por exemplo, o o-clorotolueno. CH3 CH3

SO3H

CH3

SO3H

Cl

CH3

ClH2SO4 Cl2 / Fe HCl150°C

b) Substituição pelos grupos hidroxila e ciano

Quando o benzenossulfonato de sódio é fundido com hidróxido de

potássio ou com cianeto de potássio, obtém-se fenóxido de sódio ou

benzonitrila, respectivamente, ao lado de sulfito de potássio.

C6H5SO3K + 2KOH C6H5OK + K2SO3 + H2O

O mecanismo proposto é:

K OH K + OH

Ph S O K + OH

O

O

S

O

O

O K + Ph OH

K

Page 212: Organica_2

208

Ph O H + OH Ph O K + H2O

C6H5SO3K + KCN C6H5CN + K2SO3

c) Substituição por bromo e pelo grupo nitro

Essas substituições não são de aplicação geral. A substituição do

grupo sulfônico por bromo ocorre nos casos em que esse grupo está

situado em orto ou para, em relação aos grupos hidroxila ou amino. Por

exemplo:

NH2

SO3H

NH2

SO3H

BrBr

NH2

Br

BrBrBr2 Br2H2O H2O

A substituição do grupo sulfônico pelo grupo nitro é, como vimos,

aplicada para obtenção do 2, 4, 6 – trinitrofenol (ácido pícrico) a partir do

fenol.

3) Reações de substituição aromática

O grupo sulfônico, conforme vimos, é desativante do anel e

dirigente em meta. Por exemplo:

+ HBr+ Br2

SO3H

Br

SO3H

FeBr3

SO3H SO3H

NO2

+ HNO3 + H2OH2SO4

Page 213: Organica_2

209

Exercícios ÁCIDOS SULFÔNICOS ALIFÁTICOS E AROMÁTICOS

1) Ao reagirmos o dodecil benzeno com “oleum” obtemos um produto substituído em “para”, independente das proporções molares. Pois bem, este composto ao ser posto a reagir com potassa cáustica, forma um sal orgânico, com propriedades detergentes “A”. Para a fabricação de 25000 embalagens plásticas de 500 mL contendo uma solução aquosa a 11% em massa (d=1,096 g/mL) desse detergente “A”, pede-se, supondo-se E = 80% em ambas as etapas:

a) Os mecanismos;

b) As massas das espécies envolvidas;

c) O volume de solução 12 N de potassa cáustica necessário;

d) Explique a obtenção apenas do composto substituído em “p”.

2) A reação do 2,5 dimetil hexano com excesso de oleum origina um composto disubstituído, com R = 90%. Para o aproveitamento de 5000 L do alcano em questão (d = 0,892 g/mL), pede-se:

a) O mecanismo;

b) As massas das espécies envolvidas.

3) A reação do ácido heptano tri sulfônico 1, 3, 6 com excesso de penta cloreto de fósforo forma produtos com E = 89%. Para o aproveitamento de 500 embalagens multifolhadas de 50 kg cada uma, contendo o ácido sulfônico em questão, pede-se:

a) O mecanismo;

b) As massas das espécies envolvidas;

c) A massa de oleum necessária (25% de trióxido de enxofre, em massa).

4) Ao reagirmos o propil benzeno com excesso de oleum obtemos um composto “X”, que foi completamente neutralizado com solução 9 N de soda cáustica. Supondo-se R = 92% em ambas as etapas, representar os mecanismos e calcular as massas das espécies necessárias para a obtenção de 10 ton. do sal orgânico em questão.

5) Quando reagimos o benzeno com oleum, na proporção molar 1:1, obtemos o ácido benzeno sulfônico. Numa outra etapa, este ácido foi posto a reagir com excesso de bromo/brometo de alumínio, originando um ácido inorgânico e um composto orgãnico. Supondo-se R = 79%

Page 214: Organica_2

210

em ambas as etapas, para o aproveitamento de 2500 L de bromo (d = 3,16 g/mL), pede-se:

a) Os mecanismos;

b) As massas das espécies envolvidas

6) Quando misturamos adequadamente o dicloreto de benzeno diazônio 1,4 com excesso de fenol (hidroxi benzeno), ocorre uma reação de copulação nas posições “para” do fenol. Para o aproveitamento de 750 Kg do dicloreto inicial, e supondo-se E = 88%, representar os mecanismos e calcular as massas das espécies envolvidas.

Page 215: Organica_2

211

CAPÍTULO 10 HIDROXI E CETOÁCIDOS

Hidroxiácidos alifáticos

Nomenclatura

Os hidroxiácidos são considerados como ácidos carboxílicos

substituídos.

CH3 CH2 CH CO2H

OH

C

CH3

CH3

CH2 CO2H

OH

ácido 2 - hidroxibutanóico ouα - hidroxibutanóico (butírico)

ácido 3 - metil - 3 - hidroxibutanóico ouácido β - metil - β - hidroxibutanóico (butírico)

Alguns desses ácidos têm nomes próprios, tais como ácido

glicólico (CH2(OH) CO2H), ácido láctico (CH3 CH(OH) CO2H) etc.

Métodos de obtenção

α - hidroxiácidos

a) Tratamento de α-halogenoácidos (ou ésteres) com bases

fracas.

- HBrR CH CO2H + H2O

Br

RCH CO2H

OH

Na2CO3

Bases fortes provocam a eliminação de HX, dando origem aos

ácidos insaturados correspondentes.

b) Tratamento de α-aminoácidos com ácido nitroso.

R CH

NH2

CO2H + HNO2 R CH

OH

CO2H + N2 + H2O

Page 216: Organica_2

212

Esse processo se constitui na base do método de Van Slyke para

dosagem de aminoácidos.

c) Síntese cianidrínica

A reação de ácido cianídrico com aldeídos e cetonas leva à

formação dos α-hidroxiácidos respectivos, após hidrólise da nitrila

intermediária.

(H) RC

RO + HCN C

R

(H) R

OH

C NH2O / H +

C(H) R

ROH

CO2H

β - hidroxiácidos

a) Adição de água aos ácidos α, β-insaturados.

Essa adição desenvolve-se na presença de ácido sulfúrico,

processando-se contrariamente à regra de Markownikoff.

H2SO4R CH CH CO2H + H2O RCH CH2 CO2H

OH

b) Processo de Reformatsky

Esse método consiste no tratamento de aldeídos e cetonas com

cloroacetato de etila na presença de zinco.

H2O / H+

2) H2O

1) ZnC

R

ROH

CH2 CO2EtCR

RO + Cl CH2 CO2Et

CR

ROH

CH2 CO2H

γ e δ-hidroxiácidos são somente estáveis na forma de seus sais.

Page 217: Organica_2

213

Ao serem libertados ciclizam com enorme facilidade dando origem,

respectivamente às γ e δ-lactonas.

R CH CH2 CH2

OH

CO2- R CH CH2 + H2O

O CH2

C

O

H+

O mecanismo proposto é:

R C C C C

O

OOH

Na + R C C C C

O

OOH

Na

R C C C C

O

OOH

C C C C

O

OH

Na Cl + R

OH

+ H Cl

R C C C C

O

OHOH

C C

C

C

OH

O OH

C C

C

C

O

OHHO

C C

C

C

O

OH

C C

C

C

O

O

OH+

R CH CH2 CH2 CH2

OH

CO2- R CH

CH2

CH2

CH2O

C

O

+ H2O

H+

Page 218: Organica_2

214

Propriedades

Os primeiros membros da classe são miscíveis em água, sendo

ácidos mais fortes que os ácidos carboxílicos correspondentes.

Os hidroxiácidos são, via de regra, suscetíveis às reações dos

álcoois e dos ácidos carboxílicos. Os α-hidroxiácidos ao serem aquecidos

eliminam água intermolecularmente dando origem às lactidas (lactídeos).

Δ

RCH

OH

CO

OH

CHO

OCHR

OH-2H2O

OC

O

RCH CO

OCHR

Por outro lado, os β-hidroxiácidos perdem água

intramolecularmente, e, com enorme facilidade, produzindo os ácidos α,

β-insaturados.

R CH CH2 CO2H

OH

CO2HCHRCH- H2O

Δ ou H2SO4

Membros importantes

Ácido glicólico

Esse ácido que é encontrado em uvas verdes e na beterraba,

apresenta-se como um sólido cristalino (p.f = 80°C) incolor e miscível na

água. É empregado em sínteses orgânicas, tendo algum emprego na

indústria têxtil.

Ácido láctico

Em 1842 Liebig e Mitscherlich identificaram o ácido láctico

como um dos produtos do leite azedo, em que pese o fato de Scheele,

nos fins do século passado, ter isolado essa substância do mesmo

material.

Page 219: Organica_2

215

Esse ácido que possui um átomo de carbono assimétrico pode

aparecer nas duas formas enantiomorfas, além, evidentemente, da forma

racêmica.

O ácido dl–láctico pode ser preparado pela fermentação do

açúcar e da lactose por meio de microorganismos especiais.

Sinteticamente é obtido a partir do acetaldeído.

O ácido d – láctico se constitui no produto final do metabolismo

anaeróbico dos hidratos de carbono, formando-se durante o processo da

contração muscular. Liebig o extraiu de suco de carnes frescas. É usado

em sínteses orgânicas e na indústria de alimentos.

HIDROXIÁCIDOS AROMÁTICOS O representante mais importante da classe é o ácido salicílico,

que se encontra na natureza em forma de éster metílico, no óleo essencial

da gaultheria. É freqüentemente utilizado em medicina como desinfetante,

e, especialmente, como anti-reumático.

Pode ser sintetizado pelos métodos de Kolbe-Schmitt e de

Reimmer-Tiemann.

Derivados importantes do ácido salicílico são a aspirina

(antipirético) e o salol (desinfetante).

CO2H

O C CH3

O

CO2C6H5

OH

aspirina salol

ALDOÁCIDOS O membro mais simples da classe é o ácido etanalóico

denominado geralmente de ácido glioxílico. Esse ácido é encontrado em

algumas frutas verdes transformando-se com o amadurecimento.

É preparado pela hidrólise do ácido dicloroacético.

Page 220: Organica_2

216

Cl 2 CH CO2H + 2H2O O C

H

CO2H + 2HCl

Veja o mecanismo:

H C C

O

OHCl

Cl

+ OH2 H C C

O

O

OH

H H

Cl

HCl + H C C

OH

O

OH

Cl

Cl

H C C

O

OH

Cl

OH

+ OH2 H C C

O

O

OH

H H

OH

HCl + H C C

OH

O

OH

OH

Cl

H2O + H C C

O

OH

OH

Cl + H C C

OH

OH2

O

OH

+ H ClH C C

OH

OHOH

O

C C

O

OH

O

H

+ Cl HCl +H C

OH

C

OH

O

A presença de um poderoso grupo elétron atraente ligado

diretamente ao grupo formila, possibilita, ao ácido glioxílico, apresentar-

se na forma de um hidrato estável.

O C

H

CO2H + H2O CHO

HOCO2H

H

O ácido glioxílico, apresenta-se como um líquido viscoso,

miscível em água, sendo suscetível às reações de aldeídos e dos ácidos

carboxílicos.

Page 221: Organica_2

217

O ácido formilacético bem como todos os β-aldoácidos, perde

CO2 com enorme facilidade. Trata-se de uma característica química geral

para todos os compostos com estrutura do tipo

α CETOÁCIDOS

Métodos de obtenção

Reação de haletos de acila com CuCN

A reação de haletos de acila com cianeto de cobre I, e, posterior

hidrólise da α - cetonitrila, conduz aos α-cetoácidos correspondentes.

R C

Cl

O + CuCN R C O

CN

R C O

CO2H

- CuCl H2O / H+

Oxidação de α-hidroxiácidos

R CH

OH

CO2H R C CO2H

O

[O]

Hidrólise de α, α´-dicloroácidos

Essa hidrólise processa-se bem quando se emprega hidróxido de

prata.

CH3 C(Cl)2CO 2 H + 2Ag(OH) CH3 C

O

CO2H + 2AgCl + H2O

Propriedades químicas

Os α-cetoácidos ao serem tratados com determinados agentes

oxidantes eliminam CO2, dando origem aos ácidos carboxílicos

respectivos.

(H)R C C

O

CO2H

Page 222: Organica_2

218

R C

O

CO2H R C

O

OH + CO2

[O]

Uma outra maneira de transformar α-cetoácidos em ácidos

carboxílicos consiste em aquecê-los a 170°C.

R C

O

CO2H R C

O

OH + COΔ : 170°C

Membros importantes

O representante mais simples da série é, sem dúvida, o mais

importante, o ácido pirúvico (piroúvico). Foi obtido pela primeira vez por

Berzelius, em 1835, ao destilar, a seco, o ácido tartárico racêmico, na

época denominado de ácido úvico.

HO2C CH CH

OH OH

CO2H HO2C CH C

OH

CO2HΔ

- H2O

HO2C CH2 C

O

CO2H H3C C

O

CO2HΔ

- CO2

O ácido piroúvico exerce um papel importante no processo de

fermentação alcoólica e do metabolismo dos hidratos de carbono.

β-CETOÁCIDOS Os ácidos livres, conforme já mencionamos por diversas vezes,

são pouco estáveis, já que eliminam CO2 com extrema facilidade.

R C C

O

CO2H R C C

O

- CO2

Por outro lado, os ésteres desses ácidos são compostos estáveis,

Page 223: Organica_2

219

sendo o éster acetilacético o mais importante da classe, largamente

empregado em sínteses orgânicas tendo em vista a sua versatilidade

química.

Métodos de obtenção Ao se submeter acetato de etila à ação de etóxido de sódio chega-

se ao éster acetilacético. Trata-se de uma reação conhecida com o nome

de condensação de Claisen.

CH3 C

O

OEt + H CH2 C

O

OEt CH3 C

O

CH2 CO2EtEtO -

- HOEt

Vejam o mecanismo proposto:

Na Na + Et OEt O

+ O Et EtOH + H2C C

O

O Et

H2C

H

C

O

O Et

H2

H3C C C C

O

O

O Et

Et O

+ H2C C

O

OEt

H3C C

O

O Et

H3C C

O

OEt

C C

O

OEt

Por hidrólise pode-se obter um βceto ácido.

A condensação de Dieckmann, por diversas vezes já mencionada,

se constitui em um caso particular da condensação de Claisen, quando β-

cetoésteres cíclicos são obtidos.

- HOEt+ EtO - CH CO2Et

(CH2) OCnn CO2Et

CH2 CO2Et

(CH2)

Comercialmente, o éster acetilacético é obtido a partir do

diceteno.

Page 224: Organica_2

220

H2C

CH3C O

O

OR

OC

OR

OH2C

CH2C OH+ ROH

H2C C

CH2C

O

O

Propriedades químicas

Equilíbrio tautomérico

CH3 C

O

CH2 CO2Et CH3 C

OH

CH CO2Et

Em 1911, Knorr, conseguiu isolar as duas formas do éster

acetilacético. A forma cetônica separou-se quando soluções alcoólicas ou

etéricas desse composto foram resfriadas a -78°C.

Por outro lado, quando se passa HCl seco através de uma solução

do derivado sódico do éster acetilacético separa-se a forma enólica

(sólido viscoso).

No ponto de equilíbrio a forma cetônica encontra-se presente em

92%, e, a forma enólica, em 8%.

Alquilação

O éster acetilacético pode ser alquilado quando submetido à ação

de haletos de alquila, em meio básico. O mecanismo dessas alquilações

envolve, em uma das fases, uma reação do tipo Sn2.

CH3 C C

O

H

H

CO 2Et + EtO - CH3 C C

O H

CO 2Et + EtOH

_

CH3 C C

O H

CO 2Et + R X CH3 C C

O H

R

CO 2EtSn2-X-

_

Analogamente pode-se efetuar uma segunda alquilação ,

chegando-se a compostos do tipo

Page 225: Organica_2

221

A hidrólise, e decarboxilação do β-cetoácido respectivo, produz

cetonas

- CO2H2O

(H)(H)(H)

CH3 C C

R

O

CO2Et CH3 C C

O

R

CO2H CH3 C C H

O

R

R´ R´ R´

Diazometano efetua a metilação no oxigênio, prova inconteste da

presença da forma enólica no éster acetilacético.

CH3 C CH

OH

CO 2Et + CH2N2 CH3 C CH

OCH3

CO 2Et + N2

Reação de Knoevenagel

Aldeídos e cetonas podem reagir com éster acetilacético, reação

essa envolvendo a eliminação de água. A hidrólise e decarboxilação do

produto formado conduz à cetonas α β-insaturadas.

2) -CO2

1) H2O- H2O CR

HC

C

CO2Et

CH3

O

H2C

C

O

CH3

CO2Et

R C

H

O +

CR

HCH C

O

CH3

Ruptura em meio alcalino

CH3 C

O

CH2CO2Et + 2 KOH 2 CH3 CO2K + EtOH

A reação pode ocorrer também na carbonila do éster, originando β

CH3C

O

C (RR´) CO2Et

Page 226: Organica_2

222

ceto sais (esta condição depende da temperatura e da concentração da

base).

H3C C C C

OO

O Et

H2+ OH H3C C C C

O O

O

OH

Et

H3C C C C

OO

O H

H2

Et O

H2

H2

K

EtOH + H3C C C C

OO

O

Esta reação, conhecida com o nome de cisão acidífera, por dar

origem a ácidos (aparecem na forma de sal de potássio ou sódio), parece

envolver o seguinte mecanismo:

_

CH3 C CH2

O

CO2Et + OH- CH3 C

O

OH + H2C CO2Et

H2C CO2Et + H2O CH3 CO2Et + OH-

_

CH3 C

O

OH + KOH CH3 CO2K + H2O

CH3 CO2Et + KOH CH3 CO2K + EtOH

Exercícios

1) A reação do ácido α bromo pentanóico com H2O / Δ forma o ácido α hidroxi pentanóico. Represente o mecanismo e calcule as massas das espécies envolvidas na produção de 4000 L de solução 5N deste ácido.

2) Quando colocamos a reagir o ácido α amino hexanóico com HNO2 / HCl / 0°C, obtemos o ácido α hidroxi hexanóico e outros produtos. Para o aproveitamento de 50 tambores contendo solução 2,5 N do ácido inicial, represente o mecanismo e calcule as massas das espécies envolvidas.

Page 227: Organica_2

223

3) A etil, propil cetona (hexanona 3) reage com HCN originando uma cianidrina, que após hidrólise ácida forma um α hidróxi ácido. Para o aproveitamento de 2500 L da cetona inicial, represente os mecanismos e calcule as massas das espécies envolvidas.

4) Reação de reformatsky – A reação do “bromo, acetato de etila” com Zn origina um composto organometálico “A”, que em seguida foi posto a reagir com a butanona, originando “B”. Numa etapa final “B” foi submetido a uma hidrólise ácida, originando “C”. Identifique, com mecanismos, as espécies químicas citadas.

5) Os α hidróxi ácidos eliminam água intramolecularmente, originando compostos genéricamente chamados de “lactidas ou latidas”. Identifique a “latida” obtida na desidratação intramolecular do ácido α hidróxi pentanóico.

6) O ácido “formil metanóico” denominado de ácido “glioxilico” é obtido pela hidrólise do ácido dicloro acético. Represente, com mecanismos, esta preparação.

7) A obtenção de um α ceto ácido é feita colocando-se a reagir um haleto de acila com CuCN, seguida de uma hidrólise ácida. Represente com mecanismos, esta síntese, quando utilizamos inicialmente o cloreto de pentanoila.

8) A reação do acetato de etila com etóxido de sódio forma o éster “acetil acético” (condensação de Claisen). Este composto, quando submetido a uma hidrólise ácida, forma um ceto ácido. Rpresente, com mecanismos, esta preparação.

9) O éster acetil acético, em presença de etóxido de sódio, reage com haletos de alquila originando um novo ceto éster. Represente, com mecanismos, esta preparação, quando se utiliza o cloreto de benzila.

10) Ao hidrolisarmos (H2O / H+) um beta ceto éster e o aquecermos, ocorre uma descarboxilação, originando uma cetona. Represente, com mecanismos, os produtos obtidos, quando utilizamos inicialmente o ácido α etil, β ceto hexanóico.

11) O éster acetil acético, reage com bases fortes, originando vários produtos, represente, com mecanismos, os produtos formados, quando utilizamos a potassa cáustica.

Lactonas Lactonas podem ser consideradas como ésteres internos de

Page 228: Organica_2

224

hidroxiácidos. São classificadas em α, β, γ, δ, ε-lactonas, etc., dependendo

da posição do grupo OH em relação ao grupo carboxila.

As α-lactonas, tendo em vista a grande tensão envolvida, nunca

foram isoladas. Como intermediário, em algumas reações em que se

constata a participação do grupo carboxila vizinho, sua presença tem

sido postulada. Enquanto a preparação de β - lactonas necessita de

métodos especiais, γ e δ-lactonas são facilmente obtidas a partir dos

hidroxiácidos correspondentes.

Métodos de obtenção A β-propiolactona (p.e. 51°C / 10 mm Hg) foi preparada, pela

primeira vez, em 1915, a partir do sal de prata do ácido β-iodopropiônico.

- AgICH2 CH2

I

CO 2 Ag CH2 CH2

O C O

Trata-se de um processo geral, costumando-se usar os sais de

sódio em clorofórmio, como meio reacional. Mais recentemente, a β-

propiolactona tem sido preparada pela reação de formaldeído e ceteno (T.

L. Gresham, J. E. Jansen, em 1948).

Zn (ClO4)2

(CH3O)3B ou H2C C O

H2C OH2C O+

H2C C O

As β-lactonas podem também ser preparadas, a partir dos

ácidos β-iodo (ou bromo) carboxílicos, pela reação com óxido de prata.

A de-hidratação de β-hidroxiácidos visando a formação de β-

lactona é muito difícil, tendo em vista a não-proximidade dos grupos

carboxila e hidroxila. Formam-se, nesses casos, ácidos α, β-insaturados.

Os γ- e δ-hidroxiácidos são estáveis somente sob forma de seus sais. Os ácidos livres ciclizam espontaneamente, dando as respectivas lactonas.

Page 229: Organica_2

225

R CH CH2 CH2

OH

CO2H- H2O

H2

C

CH

R OC O

CH2

(γ − lactonas)

R CH CH2 CH2 CH2 CO2H

OH

- H2O

CR

HC

O

C

C

C O

H2

H2

H2

(δ − lactonas)

As γ- e δ-lactonas são também preparadas ao se submeterem certos ácidos insaturados à ação de ácidos minerais. Essas lactonizações ocorrem graças à participação de grupo carboxila em reações de adição. O mecanismo é análogo ao da reação de ácidos γ, δ-insaturados com bromo ou com acetato de mercúrio.

Os ácidos β, γ-insaturados, ao serem submetidos a essas

condições experimentais, dão origem às γ-lactonas correspondentes.

A lactonização de ácidos insaturados foi estudada por Linstead

e sua escola, tendo, entre outros exemplos, obtido a seguinte γ-lactona:

CH3

H+ + CH3 CH C CH2 C

O

OH CH3 CH C

O CH2

CH3 + H+

C

O

1º2º

Vejam o mecanismo:

HCl H + Cl

+ H H3C C C C C

H

H

CH3

O

OHH2

HH3C C C C C

CH3 O

OH

Page 230: Organica_2

226

HC

CH3

O

CH

CH2

CH3

C

OH

HCl +

HC

CH3

O

CH

CH2

CH3

C

O

Cl

Os ácidos γ, δ-insaturados, sob ação de ácidos, dão, via de

regra, γ-lactonas.

H+ + CH3 CH CH CH2

CH

C

O

O H

CH3 CH2 CH CH2 + H+

O CH2

C

O

Em alguns casos especiais, fatores de natureza polar ou

estereoquímica fazem com que σ-lactonas sejam produzidas na reação de

ácidos γ, δ-insaturados com ácidos. Assim, por exemplo, Tribolet e

colaboradores (1958), efetuando a lactonização do ácido 3–metil–6–

isopropil-Δ2–ciclo–hexenilacético, obtiveram uma δ-lactona. O efeito

indutivo +I do grupo metila talvez seja o responsável por esse

comportamento.

CH2 C O

OHH

- H+

CH2

O

C O

Page 231: Organica_2

227

Um outro exemplo onde o efeito polar comanda a formação da

lactona consiste na ciclização do ácido iso-hepteno-4-óico (Linstead,

1932).

+ H+C

H3C

H3CO

CH2

CH2

CH2

C

O

HH+

H3CO

OC

CH2

CH2CHC

H3C

Mousseron e colaboradores (1916), ao submeterem à ação de

ácido fórmico o ácido β (Δ1–ciclo–hexenil)–butírico, obtiveram uma

mistura de γ- e δ-lactonas, com predominância desta última.

CH

CH3

CH2 CO2H

2H+

O

CH

CH3

CH2

C O

+

CH

O

CH3

CH2

C O

Aqui, provavelmente, fatores de natureza estereoquímicas são

os responsáveis pelo aparecimento da δ-lactona.

Verficaram também que os ácidos δ - ε, ao serem submetidos à

ação de ácidos fortes, levam à formação de δ-lactonas.

H2C CH CH2

CH2

CH2

CO OH

H+

H3C CH

CH2

CH2

CH2O

C

O

+ H+