19
Organização atividades SHST 1 Organização das atividades de SHST na legislação portuguesa - Enquadramento Índice 1. Organização das atividades de SHST na legislação portuguesa - Enquadramento ...................2 2. Modalidades de organização das atividades de SHST nas empresas, os critérios de opção e os requisitos de validade de cada modalidade .............................................................................3 2.1. Modalidade exercida pelo próprio empregador ou por trabalhador designado ...............5 2.2. Modalidade de serviços INTERNOS ...................................................................................6 2.3. Modalidade de serviços EXTERNOS ...................................................................................7 2.4. Modalidade de serviços COMUNS .....................................................................................8 2.5. Dados informativos sobre a modalidade adotada pelas empresas .................................10 3. Funções dos intervenientes na Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho ..............................11 3.1. Introdução .......................................................................................................................11 3.2. Técnico de Segurança e Higiene do Trabalho ..................................................................13 3.3. Médico do Trabalho ........................................................................................................15

Organiz_atividades_SHST

  • Upload
    jppddc

  • View
    4

  • Download
    1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Organização de actividades SHST

Citation preview

  • Organizao atividades SHST

    1

    Organizao das atividades de SHST na legislao portuguesa -

    Enquadramento

    ndice

    1. Organizao das atividades de SHST na legislao portuguesa - Enquadramento ...................2

    2. Modalidades de organizao das atividades de SHST nas empresas, os critrios de opo e

    os requisitos de validade de cada modalidade .............................................................................3

    2.1. Modalidade exercida pelo prprio empregador ou por trabalhador designado ...............5

    2.2. Modalidade de servios INTERNOS ...................................................................................6

    2.3. Modalidade de servios EXTERNOS ...................................................................................7

    2.4. Modalidade de servios COMUNS .....................................................................................8

    2.5. Dados informativos sobre a modalidade adotada pelas empresas .................................10

    3. Funes dos intervenientes na Segurana, Higiene e Sade no Trabalho ..............................11

    3.1. Introduo .......................................................................................................................11

    3.2. Tcnico de Segurana e Higiene do Trabalho ..................................................................13

    3.3. Mdico do Trabalho ........................................................................................................15

  • Organizao atividades SHST

    2

    1. Organizao das atividades de SHST na legislao portuguesa -

    Enquadramento

    A Diretiva n 89/391/CEE (12/06/1989) marca uma viragem histrica na forma de olhar

    para a SHST na medida em que introduz a perspetiva de SISTEMA na organizao

    das atividades de segurana, higiene e sade no trabalho nas empresas,

    abandonando a perspetiva estritamente tcnica da SHST em vigor at essa data em

    Portugal e noutros pases com pouca tradio nesta matria.

    Desde 1841, data em que Portugal proibiu o trabalho de menores de 8 anos e limitou a

    8 h/dia o trabalho de menores entre os 8-12 anos (1 medida relevante em SHST), at

    1989, altura em que foi publicado o diploma acima mencionado, que todas as medidas

    legislativas adotadas em matria de SHST versavam aspetos tcnicos instalaes e

    locais de trabalho, equipamentos, ambiente interno, etc, - mas no organizativos.

    Desde o incio da revoluo industrial que os empregadores dispuseram de poder

    econmico, poder jurdico e de facto e conhecimentos suficientes para, se o

    quisessem, organizar a segurana dos seus empregados nas atividades produtivas

    segundo um sistema, muito semelhana do que fizeram para o sistema produtivo

    ou de gesto. Mas no o fizeram, um facto. A existncia desse conjunto de

    poderes na esfera jurdica dos empregadores veio originar o aparecimento, no incio

    do sculo 20, da responsabilidade objetiva dos empregadores pelos danos provocados

    nos empregados em consequncia da violao dos deveres a seu cargo.

    Foi a perspetiva de sistema na organizao das atividades de SHST nas empresas

    adotado pela Diretiva n 89/391/CEE que motivou a adoo, por vrios Estados

    Membros, da mesma prespectiva nas opes legislativas internas nessa matria.

    Em Portugal a Diretiva n 89/391/CEE foi transposta pelo Decreto-Lei n 441/91,

    posteriormente regulado Decreto-Lei n 26/94, que estabeleceu o regime de

    organizao e funcionamento das atividades de SHST.

  • Organizao atividades SHST

    3

    Em 2003 a organizao das atividades de SHST nas empresas do setor privado

    passou a ser regulada no Cdigo do Trabalho (CT) aprovado pela Lei n 99/2003, de

    27/08 (arts 272 a 280), e no Regulamento do Cdigo do Trabalho (RT), aprovado pela

    Lei n n 35/2004, de 29/07 (arts 211 a 289).

    Em 2009, foi publicada a Lei n 102/2009, de 10 de setembro, que aprovou o regime

    jurdico da promoo da segurana e sade no trabalho, regulando a organizao das

    atividades de SHST nas empresas do setor privado.

    2. Modalidades de organizao das atividades de SHST nas empresas, os

    critrios de opo e os requisitos de validade de cada modalidade

    As organizaes tm, dentro de certos limites, liberdade quer de organizao interna

    dos vrios processos envolvidos no seu sistema produtivo quer de estruturao da

    organizao que ir sustentar cada uma desses processos. Porm, em matria de

    atividades de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho (SHST), o legislador nacional

    estabeleceu determinados limites e mecanismos organizativos imperativos quanto

    forma de organizao dessas atividades, reveladores de uma ingerncia pouco

    habitual em matria organizativa interna nas empresas.

    Analisamos agora as modalidades possveis de organizao das atividades de SHST

    nas empresas, os critrios de opo e os requisitos de validade de cada modalidade.

    Para facilitar a compreenso desta matria, iremos tratar estes trs aspetos de forma

    integrada em cada modalidade, considerando tambm os requisitos de validade como

    critrios.

    na Lei n 102/2009 que esto previstas as vrias modalidades de organizao das

    atividades de SHST nas empresas, os critrios para opo por essas modalidades e

    os requisitos de validade de cada modalidade.

    A Lei n 102/2009 faz uma primeira enumerao das modalidades possveis no art 74

    n 1, considerando possvel a organizao das atividades de SHST nas empresas por

    recurso a: a) servios internos; b) servios comuns; c) servios externos. No art

  • Organizao atividades SHST

    4

    81 o legislador apresenta uma submodalidade dos servios internos d) atividade

    exercida pelo empregador ou por trabalhador designado.

    Ficamos tambm a saber pelo n 4 do art 119 do RT que as atividades de sade no

    trabalho podem ser organizadas separadamente das de segurana e higiene no

    trabalho.

    No entanto, os servios organizados em qualquer das modalidades referidas supra

    devem ter capacidade para exercer as atividades principais de SHST previstas no

    art 98 do Lei n 102/2009.

    Um outro aspeto comum s quatro modalidades o de que todas as empresas ou

    estabelecimentos devem ter uma estrutura interna que assegure as atividades de

    primeiros socorros, de combate a incndios e de evacuao de trabalhadores

    em situaes de perigo grave e iminente, e designar os trabalhadores

    responsveis por essas atividades.

    Os critrios utilizados pelo legislador para a diferenciao das modalidades so dois:

    natureza da atividade exercida pela empresa e o nmero de trabalhadores vinculados

    empresa com contrato de trabalho.

    i) natureza da atividade exercida pela empresa. A lei 102/2009 parte sempre da noo

    de atividade de risco elevado para facilitar ou dificultar a opo por determinadas

    modalidades. no art 79 que se enumeram as atividades consideradas de risco

    elevado:

    a) Trabalhos em obras de construo, escavao, movimentao de terras, de tneis, com riscos de quedas de altura ou de soterramento, demolies e interveno em ferrovias e rodovias sem interrupo de trfego;

    b) Atividades de indstrias extrativas; c) Trabalho hiperbrico; d) Atividades que envolvam a utilizao ou armazenagem de produtos qumicos perigosos suscetveis de provocar

    acidentes graves; e) Fabrico, transporte e utilizao de explosivos e pirotecnia; f) Atividades de indstria siderrgica e construo naval; g) Atividades que envolvam contacto com correntes eltricas de mdia e alta tenses; h) Produo e transporte de gases comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos ou a utilizao significativa dos mesmos; i) Atividades que impliquem a exposio a radiaes ionizantes; j) Atividades que impliquem a exposio a agentes cancergenos, mutagnicos ou txicos para a reproduo; l) Atividades que impliquem a exposio a agentes biolgicos do grupo 3 ou 4; m) Trabalhos que envolvam exposio a slica.

    ii) nmero de trabalhadores vinculados empresa com contrato de trabalho.

  • Organizao atividades SHST

    5

    Tendo sempre presente estes dois critrios atividade de risco elevado e n de

    trabalhadores - vamos ento conhecer as modalidades:

    2.1. Modalidade exercida pelo prprio empregador ou por trabalhador designado

    Todos os critrios abaixo enumerados so cumulativos. Esta atividade s

    possvel:

    1 - apenas para as atividades de segurana e higiene no trabalho (a lei permite

    um mecanismo mais simplificado para a sade no trabalho nesta modalidade,

    que vamos ver mais frente);

    2 - em empresa que no desenvolva uma das atividades de risco elevado acima

    enumeradas (art 79 da Lei n 102/2009);

    3 - em empresa que empregue no mximo nove trabalhadores;

    4 - se o empregador ou o trabalhador designado tiverem formao adequada;

    5 - se o empregador ou o trabalhador designado permanecerem habitualmente

    nos estabelecimentos;

    6 - se o empregador tiver solicitado autorizao ACT para utilizar esta

    modalidade e ela a tiver concedido;

    7 - se a empresa:

    a) no apresentar taxas de incidncia e de gravidade de acidentes de trabalho,

    em cinco anos seguidos, superiores mdia do respetivo setor;

    b) no tiver sido condenada, nos dois ltimos anos, pela prtica de

    contraordenao muito grave em matria de SHST ou em reincidncia pela

    prtica de contraordenao grave em matria de SHST;

    c) no tiver comunicado ACT e DGS a verificao da alterao dos elementos

    que fundamentaram a autorizao, no prazo de 30 dias.

    Para a organizao da atividade de sade no trabalho nesta modalidade a lei previu

    que o empregador possa recorrer s instituies e servios integrados no Servio

    Nacional de Sade para a promoo e vigilncia da sade dos seus trabalhadores

    (art 76 n 1 al. f) da Lei n 102/2009. Embora consagrada na lei, este mecanismo na

    prtica no funciona.

  • Organizao atividades SHST

    6

    2.2. Modalidade de servios INTERNOS

    Esta modalidade pode ser obrigatria segundo dois grupos de critrios distintos:

    - ou pelo desenvolvimento de uma atividade de risco elevado

    - ou pelo nmero total de trabalhadores ao servio da empresa

    Para sabermos se uma empresa est obrigada a organizar servios internos temos de

    analisar os dois critrios e, se nenhum se aplicar, no somos, nesse caso, obrigados a

    adotar esta modalidade.

    O art 78 n 3 da Lei n 102/2009 estabelece a obrigatoriedade das empresas

    organizarem as atividade de SHST na modalidade de servios INTERNOS nos

    seguintes casos:

    a) Em estabelecimento que tenha pelo menos 400 trabalhadores;

    b) No conjunto de estabelecimentos distanciados at 50 km daquele que ocupa

    maior nmero de trabalhadores e que, com este, tenham pelo menos 400

    trabalhadores;

    c) Em estabelecimento ou conjunto de estabelecimentos que desenvolvam atividades

    de risco elevado, nos termos do disposto no artigo seguinte, a que estejam

    expostos pelo menos 30 trabalhadores.

    Se a empresa for obrigada a ter servios internos por qualquer dos dois critrios acima

    expostos, vai ter que possuir: (os critrios abaixo enumerados so cumulativos)

    3 - instalaes devidamente equipadas, com condies adequadas ao exerccio

    da atividade;

    4 - equipamentos e utenslios de avaliao das condies de SHST e

    equipamentos de proteo individual;

    5 - procedimentos de SHST com qualidade tcnica compatvel atividade e risco

    da empresa;

    6 - tcnico(s) de SHT que assegure(m) regularmente no prprio estabelecimento,

    durante o tempo necessrio as atividades de segurana e higiene no trabalho,

  • Organizao atividades SHST

    7

    nos seguintes termos: - at 50 trabalhadores, 1 tcnico, e, acima de 50, 2

    tcnicos, sendo, pelo menos, um deles tcnico superior (depois o n mximo

    de trabalhadores ou frao que obriga a mais tcnicos varia consoante se

    tratar de estabelecimentos industriais ou outros);

    7 - mdico do trabalho que realize os atos mdicos legalmente obrigatrios e que

    conhea os componentes materiais do trabalho com influncia sobre a sade

    dos trabalhadores. Para esta ltima funo deve desenvolver a atividade no

    estabelecimento pelo menos uma hora/ms por cada grupo de 10

    trabalhadores (se for estabelecimento industrial ou estabelecimento de outra

    natureza com risco elevado) ou de 20 trabalhadores (restantes

    estabelecimentos);

    8 - autorizao concedida pela ACT para utilizar esta modalidade.

    2.3. Modalidade de servios EXTERNOS

    Vamos analisar agora outra modalidade de organizao das atividades de SHST nas

    empresas, os critrios de opo bem como os requisitos de validade. Trata-se da

    modalidade de Servios Externos, curiosamente a de maior sucesso entre as

    empresas portuguesas, o que no seria de esperar face reduzida dimenso em

    termos de pessoal ao servio das empresas portuguesas (cerco de 80% com menos

    de 10 trabalhadores ao servio) e possibildade que estas empresas tm de recorrer

    modalidade atividade exercida pelo prprio empregador ou por trabalhador

    designado.

    Chega-se a esta modalidade por excluso de partes.

    Se a empresa no reunia os requisitos para recorrer modalidade de organizao das

    atividades de SHST pelo empregador ou por trabalhador designado e se no era

    obrigada a organizar servios internos, o empregador dispe ainda de duas outras

    modalidades de organizao das atividades de SHST: pode recorrer a servios

    comuns ou servios externos.

  • Organizao atividades SHST

    8

    Genericamente podemos dizer que podem recorrer a servios externos todas as

    empresas que:

    1 No desenvolvam atividade de risco elevado e tenham menos de 400

    trabalhadores

    ou

    2 - Tenham 400 ou mais trabalhadores mas dispersos por estabelecimentos

    distanciados mais de 50 km a partir do de maior dimenso

    ou

    3 - Tenham pelo menos, 400 trabalhadores no mesmo estabelecimento ou no

    conjunto dos estabelecimentos distanciados at 50 km a partir do de maior

    dimenso, mas obtenham, junto da ACT, a dispensa de servios internos por

    reunirem os requisitos do art 80 da Lei n 102/2009 e :

    a) No exera atividades de risco elevado;

    b) Apresente taxas de incidncia e de gravidade de acidentes de trabalho, nos dois ltimos anos, no superiores mdia do respetivo setor;

    c) No existam registos de doenas profissionais contradas ao servio da empresa ou para as quais tenham contribudo direta e decisivamente as condies de trabalho da empresa;

    d) O empregador no tenha sido punido por infraes muito graves respeitantes violao da legislao de segurana e sade no trabalho praticadas no mesmo estabelecimento nos ltimos dois anos;

    e) Se verifique, pela anlise dos relatrios de avaliao de risco apresentados pelo requerente ou atravs de vistoria, quando necessrio, que so respeitados os valores limite de exposio a substncias ou fatores de risco.

    e

    designem um trabalhador com formao adequada que represente o

    empregador para acompanhar e coadjuvar a adequada execuo das atividades

    de preveno pelos servios externos.

    2.4. Modalidade de servios COMUNS

    Vamos analisar a ltima modalidade de organizao das atividades de SHST nas

    empresas, os critrios de opo bem como os requisitos de validade. uma

    modalidade que poderia estar mais dinamizada em Portugal mas a tpica averso

    portuguesa a movimentos integradores ou de partilha controlada de servios entre

    empresas tem dificultado a proliferao desta modalidade.

  • Organizao atividades SHST

    9

    Tal como se disse relativamente aos servios externos, chega-se a esta modalidade

    por excluso de partes, podendo o empregador recorrer modalidade de servios

    comuns se ele prprio no estivesse em condies (legais) de assegurar na sua

    empresa a organizao das atividades de SHST ou se fosse obrigado a organizar

    servios internos.

    Os servios comuns so criados por vrias empresas ou estabelecimentos para

    utilizao comum dos respetivos trabalhadores.

    Genericamente podemos dizer que podem recorrer a servios comuns todas as

    empresas que:

    1 - No se encontrem em relao de grupo

    e

    2 - No sejam abrangidas pela obrigatoriedade de organizar servios internos (n. 3

    art 78.)

    Acresce que as empresas que queiram aproveitar esta modalidade tm de celebrar

    acordo escrito entre elas, destacando a empresa lider e as suas funes nesse

    agrupamento, e tm de o submeter ACT a fim de obterem autorizao para utilizar

    esta modalidade.

    A criao desta modalidade de organizao de servios de SHST depende de um

    acordo escrito a submeter ACT, cujos elementos integrantes se elencam abaixo:

    I Identificao das Empresas Subscritoras do Acordo

    - Nmero de Pessoa Coletiva - Objeto Social - Nmero de Matrcula na Conservatria do Registo Comercial - Designao Comercial

    II Caracterizao das Empresas / Estabelecimentos Abrangidos

    - Local(is) de funcionamento - Nmero de trabalhadores abrangidos por estabelecimento - Identificao dos setores de atividade econmica de risco elevado - Identificao do(s) trabalhador(es) responsvel(eis) pelas atividades previstas no art.75 da Lei n. 102/2009, de 10

    de setembro - Identificao do trabalhador designado por cada empresa utilizadora, que a represente perante o servio

    interempresas, de acordo com o art. 77 da Lei n. 102/2009, de 10 de setembro - Informao e consulta dos trabalhadores (art. 18 e 19 da Lei n. 102/2009, de 10 de setembro

    III Descrio Pormenorizada das Atividades de Risco, prevista(s) no art. 79 da Lei n. 102/2009 - Tipo de risco - Nmero de trabalhadores expostos

    IV Objeto do Acordo (nas reas de segurana e higiene e/ou sade)

  • Organizao atividades SHST

    10

    V Descrio das atividades a desenvolver pela prestadora do Servio Interempresas (previstas no art. 98 da Lei

    n. 102/2009, de 10 de setembro) - Indicao das atividades ou funes para as quais se prev o recurso a subcontratao

    VI Identificao do(s) Responsvel(eis) pelos Servios Interempresas.

    - Organograma Funcional VII Caracterizao dos Recursos afetos ao Servio Interempresas (art. 99 e art. 85 da da Lei n. 102/2009, de 10

    de setembro - Recursos Humanos (com indicao da respetiva relao contratual e nmero de horas mensais de afetao de

    pessoal empresa) tcnico(s) de SHT que assegure(m) regularmente no prprio estabelecimento, durante o tempo necessrio as atividades de segurana e higiene no trabalho, nos seguintes termos: - at 50 trabalhadores, 1 tcnico, e, acima de 50, 2 tcnicos, sendo, pelo menos, um deles tcnico superior (depois o n mximo de trabalhadores ou frao que obriga a mais tcnicos varia consoante estejemos perante estabelecimentos indurtiais ou outros);

    mdico do trabalho que realize os atos mdicos legalmente obrigatrios e que conhea os componentes materiais do trabalho com influncia sobre a sade dos trabalhadores. Para esta ltima funo deve desenvolver a atividade no estabelecimento pelo menos uma hora/ms por cada grupo de 10 trabalhadores (se for estabelecimento industrial) ou de 20 trabalhadores (restantes estabelecimentos);

    - Instalaes - Equipamentos

    VIII Deveres e Responsabilidades dos Subscritores IX Atos Excludos do Contrato

    2.5. Dados informativos sobre a modalidade adotada pelas empresas

    possvel saber quais as modalidades de servios de SHST mais utilizadas pelos

    empregadores portugueses.

    O Gabinete de Estratgia e Planeamento do Ministrio da Solidariedade e Segurana

    Social elabora e disponibiliza anualmente um relatrio sntese com estatsticas da

    atividade do Servio SHST, elaborado com base na informao contida no Anexo D

    (Relatrio Anual da Atividade do Servio de Segurana e Sade no Trabalho), que

    integra o modelo do Relatrio nico (fixado em Portaria n. 55/2010 de 21 de janeiro).

    No ltimo relatrio disponvel, relativo ao ano de 2009, ficamos a saber que estavam

    obrigados a organizar servios de SHST, 265 829 estabelecimentos por terem

    trabalhadores ao servio em 2009.

    Desses apenas 187 874 organizaram os servios SHST (ambos Segurana ou

    Sade, ou pelo menos um), o que correspondeu a 70,7 % do total.

  • Organizao atividades SHST

    11

    Na modalidade de organizao dos servios de SST (Quadro), quer na Segurana,

    quer na Sade predominou o recurso a servios externos (mais de 85 %). A

    modalidade menos frequente foi o recurso a trabalhador designado (para a

    Segurana) e ao Servio Nacional/Regional de Sade (para a Sade).

    Fonte: Relatrio sntese com estatsticas da atividade do Servio SHST de 2009: do GEP-Gabinete de Estratgia e Planeamento do MSSS - Ministrio da Solidariedade e Segurana Social.

    3. Funes dos intervenientes na Segurana, Higiene e Sade no Trabalho

    3.1. Introduo

    Vamos abordar a questo das funes dos intervenientes na Segurana, Higiene e Sade no

    Trabalho: o mdico do trabalho, o enfermeiro, os tcnicos auxiliares e os tcnicos de

    segurana.

    Faamos, ento, o enquadramento da temtica.

    As atividades prprias de um servio de SHST previstas no art 98 da Lei n 102/2009, de 10

    de setembro, das quais se destacam a identificao e avaliao dos riscos para a segurana e sade no local

    de trabalho; o controlo peridico da exposio a agentes qumicos, fsicos e biolgicos; o planeamento da preveno,

    integrando, a todos os nveis e para o conjunto das atividades da empresa; a avaliao dos riscos e as respetivas

    medidas de preveno; a elaborao de um programa de preveno de riscos profissionais; a promoo e vigilncia

    da sade; a organizao dos meios destinados preveno e proteo, coletiva e individual, e coordenao das

    medidas a adotar em caso de perigo grave e iminente; so atividades de elevada complexidade tcnica,

    de natureza interpessoal, por vezes sigilosa, e para as quais a lei exige aptides prprias,

    tituladas, adquiridas no mbito do sistema de ensino pela concluso de um de dois nveis

    profissional ou universitrio (temos 4 nveis de ensino, bsico, secundrio, profissional e

    universitrio).

  • Organizao atividades SHST

    12

    O Estado, enquanto entidade reguladora da sociedade, deve garantir que as fundadas

    expectativas dos cidados relativamente ao resultado previsto do exerccio normal de

    determinadas funes profissionais de elevado impacto sobre a vida das pessoas -

    no saia defraudada.

    Para garantir, dentro do que previsvel e aceitvel face ao estado da tcnica e da

    cincia, que no so defraudadas as expectativas dos cidados ao recorrer aos

    servios daqueles profissionais, o Estado adotou uma estratgia assente em duas

    vertentes:

    - da qualificao: construiu todo um sistema de qualificaes adquiridas pela

    frequncia do sistema de ensino, que, nos nveis profissional e universitrio,

    conferem aptides prprias para o exerccio das profisses tuteladas por Lei. O ciclo

    fecha-se atravs da existncia de diplomas estatutos e cdigos deontolgicos

    reguladores do acesso a profisses e ao seu exerccio tutelados diretamente pelo

    Estado, por organismos dele dependente, ou por ordens profissionais.

    - da sano: previu, por um lado, um sistema de incompatibilidades para pessoas que,

    estando investidas em determinadas posies, no devam exercer determinadas

    funes e, por outro lado, um sistema penalizador das pessoas que, sem habilitao

    para tal, exercem profisses para a qual a lei exige ttulo ou preenchimento de

    certas condies. Relativamente a este aspeto, refira-se que o Decreto-Lei n

    400/82, de 23 de setembro, que aprovou o Cdigo Penal, prev no seu artigo 358 o

    crime de usurpao de funes estipulando que quem:

    a)

    b) Exercer profisso ou praticar ato prprio de uma profisso para a qual a lei

    exige ttulo ou preenchimento de certas condies, arrogando-se, expressa

    ou tacitamente, possu-lo ou preench-las, quando o no possui ou as no

    preenche; ou

    c)

    punido com pena de priso at 2 anos ou com pena de multa at 240 dias.

    No ser fcil inventariar todos os diplomas legais reguladores das profisses,

    condies de acesso e exerccio, bem como o seu contedo funcional, mas passamos

    a abordar os relativos SHST.

  • Organizao atividades SHST

    13

    3.2. Tcnico de Segurana e Higiene do Trabalho

    O art 100 da Lei n 102/2009, de 10 de setembro, dispe que as atividades tcnicas

    de segurana e higiene no trabalho so exercidas com autonomia tcnica por

    tcnicos superiores ou tcnico-profissionais certificados pelo organismo do ministrio

    responsvel pela rea laboral competente em matria de preveno da segurana,

    higiene e sade no trabalho, nos termos de legislao especial.

    O contedo dessas atividades tcnicas encontram-se no art 98 da Lei n 102/2009,

    de 10 de setembro conjuntamente com as descritas para os mdicos do trabalho.

    Da anlise ao contedo do art 98 da Lei n 102/2009 resulta que o tcnico de SHT

    deve exercer uma atividade de preveno (conjunto de atividades ou medidas

    adotadas ou previstas em todas as fases de atividade da empresa com o fim de evitar,

    eliminar ou diminuir os riscos profissionais) que incide sobre as componentes

    materiais do trabalho (o local de trabalho, o ambiente de trabalho, as ferramentas,

    as mquinas e materiais, as substncias e agentes qumicos, fsicos e biolgicos, os

    processos de trabalho e a organizao do trabalho) ;

    Mas no perfis funcionais dos CAP (ttulo habilitante ao exerccio da atividade) dos

    Tcnicos de Segurana no Trabalho nivel III e Superior - que se descrevem com

    detalhe as funes dos tcnicos de segurana no trabalho.

    Para que no restem dvidas sobre qual a natureza e contedo das atividades que um

    tcnico de segurana pode desenvolver, transcrevemo-las abaixo (apenas as previstas

    para os Tcnicos Superiores de SHT) :

    1. Colaborar na definio da poltica geral da empresa relativa preveno de riscos e planear e implementar o correspondente sistema de gesto:

    1.1. Elaborar diagnsticos que permitam caracterizar a organizao da empresa, quanto natureza dos produtos ou servios produzidos ou comercializados, processos produtivos, estrutura organizacional e econmico-financeira, circuitos produtivos e administrativos, recursos humanos, natureza jurdica, cultura empresarial e outros elementos relevantes na tica da preveno;

    1.2. Elaborar o plano de preveno de riscos profissionais, em funo de modelos tericos, da poltica geral da

    empresa, da realidade diagnosticada e das anlises de custo/benefcio, dos planos especficos de preveno e proteo exigidos pela legislao e do plano de emergncia;

    1.3. Promover a elaborao de planos especficos de preveno e proteo exigidos pela legislao aplicvel; 1.4. Participar na elaborao do plano de emergncia, assegurando a integrao dos planos especficos de combate

    ao sinistro, de evacuao e de primeiros socorros

  • Organizao atividades SHST

    14

    2. Desenvolver processos de avaliao de riscos profissionais:

    2.1. Identificar os perigos associados s condies de segurana, aos contaminantes qumicos, fsicos e biolgicos e organizao e carga de trabalho;

    2.2. Estimar os riscos a partir de metodologias e tcnicas adequadas aos perigos detetados; 2.3. Valorar os riscos a partir da comparao dos resultados obtidos na estimativa dos riscos com os critrios de

    referncia previamente estabelecidos. 3. Conceber, programar e desenvolver medidas de preveno e de proteo:

    3.1. Conceber, estruturar e propr medidas de preveno e de proteo observando, nomeadamente, os princpios gerais de preveno, as disposies legais e as anlises de custo/benefcio;

    3.2. Implementar e acompanhar a execuo das medidas de preveno e de proteo; 3.3. Assegurar a eficincia dos sistemas necessrios operacionalidade das medidas de preveno e de proteo

    implementadas, acompanhando as atividades de manuteno dos sistemas e equipamentos de trabalho e controlando o cumprimento dos procedimentos pr-estabelecidos;

    3.4. Gerir o aprovisionamento e conservao dos equipamentos de proteo individual, bem como a instalao e manuteno da sinalizao de segurana;

    3.5. Avaliar a eficcia das medidas implementadas atravs da reavaliao dos riscos e da anlise comparativa com a situao inicial.

    4. Coordenar tecnicamente as atividades de segurana e higiene no trabalho, assegurando o enquadramento e a orientao tcnica dos profissionais da rea da segurana e higiene no trabalho. 5. Participar na organizao do trabalho:

    5.1. Integrar as medidas de preveno e de proteo na fase de projeto ou de licenciamento de instalaes; 5.2. Participar nas vistorias aos locais de forma a assegurar o cumprimento das medidas de preveno e de

    proteo preconizadas; 5.3. Integrar as medidas de preveno e de proteo na conceo de processo de trabalho e na organizao dos

    postos de trabalho. 6. Gerir o processo de utilizao de recursos externos nas atividades de preveno e de proteo:

    6.1. Identificar recursos externos e propor a sua contratao, participando na elaborao dos cadernos de encargos; 6.2. Enquadrar e acompanhar a ao dos servios contratados, disponibilizando a informao e os meios

    necessrios sua interveno, promovendo a sua articulao com os diversos departamentos da empresa, analisando as propostas formuladas e participando na implementao das respetivas medidas;

    6.3. Avaliar o desempenho dos servios contratados e a adequabilidade e a viabilidade das medidas preconizadas. 7. Assegurar a organizao da documentao necessria gesto da preveno na empresa:

    7.1. Promover a elaborao de registos, identificando domnios e contedos, concebendo instrumentos e assegurando o seu preenchimento;

    7.2. Organizar e atualizar documentao atravs do tratamento e arquivo regular da informao contida nos registos; 7.3. Estruturar a acessibilidade da informao, analisando os domnios e contedos a disponibilizar nas diversas

    unidades da empresa, identificando os destinatrios e utilizadores e assegurando o envio da respetiva documentao.

    8. Promover a informao dos trabalhadores e demais intervenientes nos locais de trabalho:

    8.1. Conceber o programa de informao sobre preveno de riscos profissionais, identificando as necessidades de informao e participando na conceo de contedos e suportes de informao;

    8.2. Implementar o programa de informao atravs da difuso de suportes de informao, da participao em sesses de sensibilizao e da prestao de informaes;

    8.3. Avaliar a eficcia do programa de informao, concebendo e utilizando instrumentos adequados, identificando desvios entre a informao transmitida e as prticas;

    8. Promover a formao dos trabalhadores e demais intervenientes nos locais de trabalho: 8.4. Conceber o programa de formao, identificando as necessidades de formao, participando na definio de

    objetivos e contedos pedaggicos e na identificao dos meios e condies de execuo da formao; 8.5. Implementar o programa de formao, ministrando ou acompanhando aes de formao e participando no

    processo de avaliao dos formandos; 8.6. Avaliar o programa de formao, concebendo ou participando na conceo de instrumentos adequados e

    avaliando o impacto da formao ao nvel dos comportamentos e das disfunes diagnosticadas 9. Promover a integrao da preveno nos sistemas de comunicao da empresa, preparando e disponibilizando a necessria informao especfica:

    9.1. Definir procedimentos de integrao da preveno nos sistemas de informao e nos circuitos de comunicao da empresa;

    9.2. Elaborar os instrumentos e suportes de informao especfica necessrios integrao da preveno no funcionamento dos diversos setores da empresa;

    9.3. Promover a implementao de procedimentos de comunicao, assegurando a disponibilidade e acessibilidade da informao junto dos utilizadores;

    9.4. Avaliar a adequabilidade dos instrumentos de informao e a eficcia dos procedimentos de comunicao. 10. Dinamizar processos de consulta e de participao dos trabalhadores:

  • Organizao atividades SHST

    15

    10.1.Apoiar tecnicamente as atividades de consulta e o funcionamento dos rgos de participao dos trabalhadores da empresa no mbito da preveno;

    10.2.Analisar as propostas resultantes da participao dos trabalhadores, avaliando a sua viabilidade e propondo a implementao das medidas de preveno e de proteo sugeridas.

    11. Desenvolver as relaes da empresa com os organismos da rede de preveno:

    11.1.Organizar os elementos necessrios s notificaes obrigatrias; 11.2.Organizar os elementos necessrios obteno de apoio tcnico de organismos da rede, identificando as

    respetivas competncias e capacidades e disponibilizando a informao necessria ao apoio a solicitar; 11.3.Coordenar ou acompanhar o desenvolvimento de auditorias e inspees.

    Curiosamente, no perfil funcional dos CAP dos Tcnicos de Segurana no Trabalho

    nivel III, a natureza da atividade muito similar, encontrando-se ausentes apenas as

    funes inerentes ao ponto 4 (coordenar tecnicamente as atividades de segurana

    e higiene no trabalho, assegurando o enquadramento e a orientao tcnica dos

    profissionais da rea da segurana e higiene no trabalho).

    Para alm deste aspeto, a nica diferena quanto s funes de um Tcnico Superior

    de um Tcnico nivel III no grau de envolvimento:

    Assim, as funes do Tcnico Superior assumem mais uma natureza de gesto

    como resulta da utilizao dos verbos desenvolver, conceber, gerir enquanto que as

    do Tcnico nivel III assumem uma natureza mais operacional adjuvante - colaborar,

    apoiar.

    Na prtica essa natureza aparentemente distinta vai-se esbater em virtude do

    legislador s obrigar as empresas com mais de 50 trabalhadores a ter Tcnico

    Superior de SHT.

    Portanto, nas empresas com menos de 50 trabalhadores, que so mais de 90% do

    tecido empresarial portugus, as empresas apenas tm de ter um Tcnico de SHT que

    pode ser de nvel III e nem por isso nessas empresas esses tcnicos ficam

    desonerados de cooperar com o empregador na organizao das atividades de SHT,

    intervindo como verdadeiros gestores do sistema de SHST e no como meros

    ajudantes dos Tcnicos Superiores.

    3.3. Mdico do Trabalho

    Vamos analisar agora o contedo funcional de outro dos intervenientes fundamentais

    no processo de deteo de riscos para a sade nas empresas. Referimo-nos ao

  • Organizao atividades SHST

    16

    mdico do trabalho. A medicina no trabalho comporta duas vertentes distintas mas

    interdependentes :

    - a verificao da aptido fsica e psquica do trabalhador atravs da realizao de

    atos mdicos, de rotina ou de emergncia (art 105 n 1 Lei 102/2009);

    - o conhecimento das componentes materiais do trabalho com influncia sobre a

    sade dos trabalhadores (art 105 n 2 Lei 102/2009).

    A referncia aqui feita a ato mdico no tem qualquer relevncia prtica uma vez que

    o diploma legal que visava definir o ato mdico, nunca chegou a ver a luz do dia. No

    entanto, transcreve-se no final do texto o art 1 e 2 desse projeto de diploma,

    apenas para conhecimento.

    Quanto aos atos medicos a que a lei se refere, ho-de ser aqueles que a prpria lei

    define como sendo prprios do conhecimento tcnico-cientfico da profisso especfica

    do mdico.

    Na prpria legislao laboral so elencados alguns, como sejam os do art 19 ns 1 e

    3 do Cdigo do Trabalho aprovado pela Lei n 7/2009 - testes e exames mdicos

    exigveis aos trabalhadores para proteo e segurana do trabalhador ou de terceiros,

    ou quando particulares exigncias inerentes atividade o justifiquem (caso dos

    exames para deteo de alcool ou substancias psicotrpicas) e os art 108 da Lei n

    102/2009, de 10 de Setembro, exames de admisso, quando realizados antes do

    incio da prestao do trabalho; peridicos, os realizados de dois em dois anos ou,

    para para menores de 18 e maiores de 50 anos, anualmente; ocasionais, quando

    haja alteraes substanciais ou no regresso de baixa prolongada (mais de 30 dias) ou

    de acidente de trabalho.

    Como facilmente se percebe, nesta vertente o mdico parte do conhecimento das

    circunstncias endgenas do trabalhador (condies fsicas e psquicas) para

    efectuar a avaliao da sua condio relativamente s funes contratadas.

    A verificao da aptido fsica e psquica do trabalhador atravs da realizao de

    exames ou testes pode ocorrer em qualquer lugar para o efeito preparado, no

    necessitando de ocorrer nas instalaes fsicas do empregador.

    Quanto ao conhecimento das componentes materiais do trabalho, com influncia

    sobre a sade dos trabalhadores s poder ocorrer, por razes bvias, nas prprias

    instalaes do empregador ou em local de trabalho fora daquelas mas com ele

  • Organizao atividades SHST

    17

    conexas. Para esse efeito a lei obriga o mdico a desenvolver a sua atividade no

    estabelecimento industrial durante um determinado n de horas por ms, varivel

    consoante se trate de empresa industrial ou de servios.

    Ao contrrio do que acontece com os testes e exames mdicos, nesta vertente o

    mdico parte do conhecimento das circunstancias exgenas ao trabalhador (os

    locais de trabalho, ambiente de trabalho, ferramentas, mquinas e materiais,

    substncias e agentes qumicos, fsicos e biolgicos, processos de trabalho,

    organizao do trabalho condies fsicas e psquicas) com influncia sobre a sade

    dos trabalhadores.

    Afastando-nos um pouco da legislao laboral, vejamos o que a legislao mdica nos

    diz sobre as funes tpicas do mdico do trabalho.

    Desde logo no Colgio da Especialidade de Medicina do Trabalho se define a

    medicina do trabalho ou medicina ocupacional como especialidade mdica que se

    ocupa da promoo e preservao da sade do trabalhador. O mdico do trabalho

    avalia a capacidade do candidato a determinado trabalho e realiza reavaliaes

    peridicas de sua sade dando nfase aos riscos ocupacionais aos quais este

    trabalhador trabalha exposto. O exerccio da medicina do trabalho depende de

    inscrio na Ordem dos Mdicos, nos termos dos art 8 e 9 do respetivo estatuto.

    Acresce que o mdico do trabalho considerado, nos termos do art 97. do Cdigo

    deontolgico dos mdicos um mdico perito sujeito s regras especiais do Capitulo II

    daquele cdigo (transcrito no final deste texto).

    Como preceitos especiais da atividade do mdico do trabalho evidenciemos o art 100

    em que se determina que o mdico encarregado de funo pericial deve circunscrever

    a sua atuao funo que lhe tiver sido confiada; o art 136 em que se proibe o

    mdico de incumbir o enfermeiro ou qualquer membro das profisses paramdicas, de

    servios que excedam os limites da sua competncia e do art 138. sobre o

    encobrimento do exerccio ilegal da Medicina, atravs do qual se imputa ao mdico

    que encubra, ainda que indiretamente, qualquer forma de exerccio ilegal da Medicina

    uma falta deontolgica grave.

    Face a todo o exposto, e cruzando esta com a informao acima disponibilizada,

    em que se referia o artigo 358 do Decreto-Lei n 400/82, de 23 de Setembro, que

    aprovou o Cdigo Penal, onde se previa o crime de usurpao de funes com

  • Organizao atividades SHST

    18

    pena de priso at 2 anos ou com pena de multa at 240 dias.para quem exercer

    profisso ou praticar acto prprio de uma profisso para a qual a lei exige ttulo ou

    preenchimento de certas condies, arrogando-se, expressa ou tacitamente, possu-lo

    ou preench-las, quando o no possui ou as no preenche, no podemos deixar de

    concluir que apenas o mdico do trabalho pode praticar atos tendentes

    verificao da aptido fsica e psquica do trabalhador para o desempenho das

    funes contratadas.

    Se verdade que tambm os tcnicos de segurana podem conhecer as

    circunstancias exgenas ao trabalhador que constituam perigo para ele identificao

    de perigos, avaliao de riscos no menos verdade que lhes est vedado, por

    resultado da sua habilitao profissional, conhecer o impacto desses perigos e riscos

    sobre a sade dos trabalhadores.

    A sua atuao deve limitar-se eliminao objetiva, enquanto tal, dos perigos ou

    limitao dos seus efeitos, e manipulao dos vrios componentes do sistema de

    gesto de segurana, higiene e sade no trabalho.

    S ao mdico lcito verificar da aptido fsica e psquica do trabalhador e

    circunstancias endgenas do trabalhador para o desempenho das funes para

    que contratado.

    Vejamos um exemplo prtico.

    Um trabalhador retoma o trabalho apresentando sinais evidentes de estar sob o efeito

    de lcool.

    Cabe ao tcnico do trabalho, enquanto legtimo representante do empregador, exercer

    o poder directivo no sentido de:

    i) suspender temporariamente o trabalhador das suas funes, removendo a condio

    perigosa de forma objectiva;

    ii) encaminh-lo para o mdico do trabalho a fim de este, de acordo com o disposto no

    art 19 n 1 e 3 do Cdigo do Trabalho, proceder aos exames e testes que tiver por

    convenientes (no pressuposto de que existe RI legalmente aprovado nos termos do

    art 153 do CT) a fim apurar de aptido fsica e psquica do trabalhador para o

    execcio das suas funes. Acresce que o mdico responsvel pelos testes s pode

    comunicar ao empregador se o trabalhador est ou no apto para desempenhar a

    actividade.

  • Organizao atividades SHST

    19

    O exerccio de funes contrrias ao disposto poder acarretar responsabilidade

    criminal para os seus intervenientes, conforme se viu acima.

    ----------- Atualizado em Maio de 2012 Autoria: Dr. Paulo Moreira, jurista e scio-fundador da Factor Segurana