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Dr. Rodrigo Calado Nunes e Souza CRO 63349 Cirurgia e Trauamtologia Bucomaxilofacial Implantes Diagnóstico bucal CIRURGIA ORTOGNÁTICA O que é? A cirurgia ortognática é um conjunto de procedimentos cirúrgicos que tem o objetivo final de melhorar o posicionamento dos maxilares, colocando-os em relação adequada, corrigindo os problemas dentários (oclusão e mastigação) e esqueléticos (faciais). Desta forma, elimina as deformidades dentofaciais, o que favorece a harmonia facial, e com isso, normalmente há uma grande melhora na estética da face. As deformidades dentofacias podem ser congênitas ou adquiridas, ou seja: Congênita é quando ela é causada pelo fator hereditário (genético), passa dos pais para os filhos. Adquirida é quando ela é causada por um outro fator externo, por um distúrbio no crescimento e desenvolvimento do esqueleto crâniofacial (ex: uso prolongado de chupeta, respiração bucal entre outros). A deformidade dentofacial é facilmente detectada, pois traz alterações funcionais e/ou estéticas. Esta deve, preferencialmente, ser identificada e tratada precocemente pelo ortodontista, que em alguns casos pode eliminar a necessidade de uma futura cirurgia ortognática (caso o paciente ainda esteja na fase de crescimento). Nos pacientes adultos, a correção da deformidade é feita por meio de cirurgia ortognática.

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Dr. Rodrigo Calado Nunes e Souza

CRO 63349

Cirurgia e Trauamtologia Bucomaxilofacial – Implantes – Diagnóstico bucal

CIRURGIA ORTOGNÁTICA

O que é?

A cirurgia ortognática é um conjunto de procedimentos cirúrgicos que tem o objetivo

final de melhorar o posicionamento dos maxilares, colocando-os em relação adequada,

corrigindo os problemas dentários (oclusão e mastigação) e esqueléticos (faciais). Desta

forma, elimina as deformidades dentofaciais, o que favorece a harmonia facial, e com

isso, normalmente há uma grande melhora na estética da face.

As deformidades dentofacias podem ser congênitas ou adquiridas, ou seja:

Congênita é quando ela é causada pelo fator hereditário (genético), passa dos pais

para os filhos.

Adquirida é quando ela é causada por um outro fator externo, por um distúrbio no

crescimento e desenvolvimento do esqueleto crâniofacial (ex: uso prolongado de chupeta,

respiração bucal entre outros).

A deformidade dentofacial é facilmente detectada, pois traz alterações funcionais e/ou

estéticas. Esta deve, preferencialmente, ser identificada e tratada precocemente pelo

ortodontista, que em alguns casos pode eliminar a necessidade de uma futura cirurgia

ortognática (caso o paciente ainda esteja na fase de crescimento). Nos pacientes adultos,

a correção da deformidade é feita por meio de cirurgia ortognática.

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Classe I (mordida normal)

De acordo com a classificação das má-oclusões realizada por Angle, a classe I é uma

relação dentária correta em que os dentes superiores encontram-se perfeitamente

encaixados aos dentes inferiores. Normalmente, este equilíbrio entre as arcadas vem

acompanhado de simetria facial, o que garante a harmonia dos traços do rosto.

PERFEITA RELAÇÃO ENTRE AS ARCADAS

SUPERIOR E INFERIOR CONTRIBUINDO PARA A

MANUTENÇÃO DA HARMONIA FACIAL

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Veja os diferentes tipos de deformidades:

Classe II

De acordo com a classificação das mal-oclusões feita por Angle, a classe II é uma

relação dentária errada onde os dentes superiores encontram-se muito a frente dos dentes

inferiores. Em muitos casos esse problema dentário vem acompanhado de um problema

esquelético, tendo uma relação maxilo-mandibular alterada, onde a maxila encontra-se á

frente da mandíbula, caracterizando a deformidade dentofacial.

É importante ressaltar que existem diferentes deformidades com a má-oclusão de

classe II, podendo ser:

Prognatismo maxilar (maxila para frente, mandíbula bem posicionada)

Retrognatismo mandibular (mandíbula para trás, maxila bem posicionada)

Ambos associados (maxila para frente e mandíbula para trás)

Outros problemas podem estar associados a este, como: Mordida aberta, face longa,

face curta, etc.

MORDIDA CLASSE II COM POSICIONAMENTO

POSTERIOR DE MANDÍBULA E ANTERIORIZAÇÃO DA

MAXILA.

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Classe III

De acordo com a classificação das mal-oclusões feita por Angle, a classe III é uma

relação dentária errada onde os dentes inferiores encontram-se muito a frente dos dentes

superiores. Em muitos casos esse problema dentário vem acompanhado de um problema

esquelético, tendo uma relação maxilo-mandibular alterada, onde a mandíbula encontra-se

á frente da maxila, caracterizando a deformidade dentofacial.

É importante ressaltar que existem diferentes deformidades com a má-oclusão de

classe III, por exemplo:

Prognatismo mandibular ( mandíbula para frente, maxila bem posicionada)

Retrognatismo maxilar ( maxila para trás, mandíbula bem posicionada)

Ambos associados (mandíbula para frente e maxila para trás)

Outros problemas podem estar associados á este, como: Mordida aberta, face longa,

face curta, etc.

MORDIDA CLASSE III COM POSICIONAMENTO

ANTERIOR DE MANDÍBULA E POSIÇÃO RETRAÍDA

DA MAXILA.

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Mordida Aberta

A mordida aberta anterior é uma deformidade dento facial caracterizada pela

ausência de contato dos dentes anteriores, deixando um espaço entre os incisivos

superiores e inferiores, gerando a impressão que o paciente não consegue fechar a boca.

Esta deformidade normalmente vem associada a problemas respiratórios e dificuldade de

mastigação, manifestando-se especialmente a dificuldade de uso dos incisivos centrais

para o corte dos alimentos (como comer uma maçã ou morder um pão).

MORDIDA ABERTA ANTERIOR CAUSANDO

DIFICULDADE DE CORTE DOS ALIMENTOS E

PROJEÇÃO ANTERIOR DOS DENTES DA FRENTE

DA MAXILA.

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Face Longa

Neste caso o portador da deformidade possui o terço inferior da face aumentado,

dando a impressão de que a face é alongada. Pode-se detectar vários componentes que

geram a face longa:

Excesso vertical da maxila (sorriso gengival, maxila grande no sentido vertical)

Excesso vertical de mandíbula (queixo alto, mandíbula grande no sentido vertical)

Mordida aberta (o espaço entre os incisivos deixa o terço inferior da face

aumentado)

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Face Curta

Neste caso o portador da deformidade possui o terço inferior da face diminuído,

dando a impressão de que a face é encurtada. Pode-se detectar vários componentes que

geram a face curta:

Altura maxilar diminuída (mostra pouco os dentes ao sorrir, maxila pequena no

sentido vertical)

Altura mandibular diminuída (queixo curto no sentido vertical)

Sobremordida (a sobreposição dos incisivos deixa o terço inferior da face diminuido)

FACE CURTA CAUSANDO PREJUÍZO

ESTÉTICO E MORDIDA PROFUNDA

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Assimetrias

A assimetria é uma deformidade dentofacial que é notada quando observamos o

paciente de frente. Neste caso, a maxila ou a mandíbula estão posicionadas de maneira

assimétrica, dando a impressão de queixo torto (para o lado) ou sorriso torto. Quando a

mandibula é rotada para o lado chama-se de laterognatismo. A assimetrias podem ser:

de maxila

de mandíbula

de maxila e mandíbula

de mento (queixo)

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Diagnóstico

A cirurgia é necessária sempre que houver algum problema grave de natureza

esqueletal ou dentoalveolar que não possa ser corrigido somente pela ortodontia.

Se a discrepância está presente, há somente três tratamentos alternativos:

Modificação do crescimento

Compensação ortodôntica (deslocamento dos dentes para obter relações dentárias

corretas, a despeito das deformidades maxilomandibulares), cujo objetivo é

mascarar a discrepância esqueletal

Reposicionamento cirúrgico maxilomandibular

A ortopedia funcional dos maxilares pode, até certo ponto, alterar a expressão do

crescimento e melhorar as relações maxilomandibulares, porém não existe previsibilidade

no tratamento e o insucesso irá ocorrer se o paciente não possuir um potencial de

crescimento favorável. Após a fase de crescimento, a cirurgia é a única forma de corrigir

discrepâncias maxilomandibulares.

Uma relação esquelética tecnicamente fora dos padrões, além dos prejuízos

estéticos, pode produzir também sérios problemas funcionais, como a falta de engrenagem

dos dentes (ocasionando dificuldade mastigatória e/ou dores na articulação

temporomandibular), um posicionamento errôneo da língua, com a conseqüente

modificação da voz e da pronúncia de determinadas sílabas.

A respiração também pode ser prejudicada em menor ou maior grau, como no caso

das micrognatias mandibulares (mandíbula pequena), que provocam a redução das vias

aéreas superiores e contribuem para o conhecido ronco noturno ou apnéia do sono.

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Planejamento

Para o planejamento são necessários alguns exames rotineiros e uma avaliação criteriosa

da face e oclusão, buscando também informações quanto à saúde geral do paciente, seu

histórico médico e família, além de exames laboratoriais. Nesta fase, deve-se buscar os

desejos do paciente, relacionando suas queixas iniciais às expectativas quanto ao

resultado cirúrgico. Desta forma, o cirurgião tem a capacidade de avaliar as necessidades

cirúrgicas, bem como, de fornecer ao paciente alguma previsão dos resultados.

Para a realização deste planejamento, o paciente precisa ter em mãos a documetação

composta de:

Rx Perfil Cefalométrico

Rx Panorâmica

Fotos intra e extra bucais

Modelos de gesso para estudo

(zocalados).

Análise cefalométrica

Rx de punho e mão para pacientes em fase de crescimento

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Consulta Inicial

Devido à maloclusão ser uma característica da maioria dos casos, os ortodontistas,

que são responsáveis pela colocação do aparelho dentário, geralmente, são os primeiros a

receberem os pacientes com deformidades. Estes pacientes procuram este profissional,

pois acreditam que a correção do mau posicionamento dentário irá também corrigir a sua

deformidade estética, porém se deparam com a necessidade de um procedimento

cirúrgico para que a devida correção da deformidade seja realizada.

Após a identificação da deformidade, o paciente deve procurar o cirurgião

bucomaxilofacial e fazer a consulta inicial, onde se define o plano de tratamento com o

ortodontista, e todas as dúvidas a respeito do tratamento são esclarecidas. A relação entre

cirurgião e ortodontista é de suma importância para um caminhar adequado do tratamento,

visto que existe uma interdependência entre os dois para resolução do problema.

A consulta inicial com o cirurgião deve ser feita idealmente antes do início do

tratamento ortodôntico, ou logo no seu início. Assim o ortodontista e o cirurgião podem

discutir antecipadamente aspectos importantes para o sucesso do tratamento, bem como

agilização do mesmo.

Pré-Operatório

Para que o paciente possa ser submetido à Cirurgia Ortognática é necessário a

realização de exames pré-operatórios de sangue, urina, coração, exame médico e exames

radiográficos. A internação ocorrerá no dia da cirurgia ou noite anterior, devendo o

paciente estar em jejum absoluto por 10 horas antes do procedimento. O tempo médio de

cirurgia é variável de acordo com a necessidade cirúrgica (maxila ou mandíbula; cirurgias

combinadas; mentoplastia), indo de 1 hora a até 6 horas, com tempo médio de 3 horas. O

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paciente normalmente permanece internado por 24/48 horas após a cirurgia.

Antes do procedimento cirúrgico é realizado um traçado predictivo (visualização da

movimentação cirúrgica) por meio de avaliações e estudo das características clínicas e

radiográficas do paciente. Após a decisão dos movimentos a serem realizados, faz-se uma

cirurgia em modelos de gesso, buscando a simulação do procedimento, com confecção

final de “splints cirúrgicos” (guias para reposicionamento da oclusão) que serão

extremamente úteis durante a cirurgia.

Cirurgia

A cirurgia é feita sob anestesia geral, onde a pessoa dorme e não sente nada. A

operação consiste em cortes realizados no osso com acessos por dentro da boca, não

deixando cicatriz na face. O osso é fixado com placas e parafusos de titânio, sendo estes

totalmente biocompatíveis (não provocam rejeição), ou seja, podem permanecer para

sempre na boca e serem removidos apenas caso haja necessidade.

Com o uso de técnicas cirúrgicas modernas (osteotomia sagital bilateral do ramo

mandibular) e a fixação interna rígida, o paciente não fica com a boca bloqueada,

amarrada, no pós-operatório, fazendo apenas o uso de elásticos para guiar a nova

mordida para a posição correta.

Pós-Operatório

O paciente deverá permanecer em repouso absoluto, durante 5 dias, e após 10 dias

poderá ter suas atividades normais reestabelecidas, evitando o esforço físico e a

exposição ao sol por aproximadamente 60 dias.

O "inchaço" (edema) é uma reação normal devido ao trauma cirúrgico e faz parte do

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processo de cicatrização, variando muito a intensidade de sua manifestação de paciente

para paciente e de caso para caso. O edema perdura por bastante tempo, com 3-4

semanas cerca de 60% do edema desaparece deixando o rosto mais natural, porém o

resultado final só será visto 6 meses após a cirurgia. Pode ainda, aparecer manchas roxas

na face, que desaparecerão em aproximadamente 15 dias.

Finalização Ortodontia

Após aproximadamente dois meses da cirurgia, o paciente é encaminhado de volta

ao ortodontista e este fará o "acabamento ortodôntico", onde são realizadas pequenas

correções dentárias para o refinamento oclusal do caso e alta definitiva.

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Dúvidas?

ALIMENTAÇÃO - Deverá ser líquida e pastosa, durante, aproximadamente 15 dias,

pois o paciente não pode mastigar neste período. Após este periodo o paciente poderá se

alimentar com uma dieta macia, como pasta, fejão bem cozido, purê ....(nada duro ou

crocante). A dieta é liberada normalmete 60 dias após a cirurgia.

Uma alimentação equilibrada nutricionalmente é fundamental em todas as fases da

vida. Após uma cirurgia, ela torna-se imprescindível na recuperação, pois bem alimentado

acelera-se o processo de cicatrização e restabelece-se o bem-estar e o estado nutricional,

refletindo diretamente na rapidez da recuperação da saúde.

Na primeira semana depois da cirurgia, o paciente pode sofre uma pequena

depressão, como em qualquer tipo de cirurgia, mas que depois passará dando lugar a uma

euforia (alegria intensa) e recuperação da auto-estima, podendo ocorrer grandes

mudanças psicologicamente positivas.

Depois da cirurgia, principalmente na região inferior, perto do queixo e na região

abaixo dos olhos, o paciente poderá ficar com hipoestesia (perda temporária da

sensibilidade sem perda da função motora). A sensação de anestesia nestas regiões

normalmente dura algumas semanas ou meses (muito raramente pode ser permanente).

Em média a hipoestesia desaparece entre 02 e 12 meses, sendo observados casos onde

a reversão do quadro de hipoestesia ocorreu até 3 anos após.