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FACULDADE BOA VIAGEM DeVry Brasil CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (CPPA). MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL BRÁULIO MEIRA DE ALMEIDA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE SERVIÇO E SUA INFLUÊNCIA NA MUDANÇA DE ATITUDE DO CANDIDATO À PRIMEIRA HABILITAÇÃO DE CONDUTOR: CASO DE CENTROS DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES NO BAIRRO DE BOA VIAGEM, RECIFE-PE Orientador: James Anthony Falk, Ph.D. RECIFE PE 2012

Orientador: James Anthony Falk, Ph.D.imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2015/01/... · DE ATITUDE DO CANDIDATO À PRIMEIRA HABILITAÇÃO DE CONDUTOR: ... RESUMO

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FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (CPPA).

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

BRÁULIO MEIRA DE ALMEIDA

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE SERVIÇO E SUA INFLUÊNCIA NA MUDANÇA

DE ATITUDE DO CANDIDATO À PRIMEIRA HABILITAÇÃO DE CONDUTOR: CASO DE CENTROS DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES NO BAIRRO DE BOA

VIAGEM, RECIFE-PE

Orientador: James Anthony Falk, Ph.D.

RECIFE – PE 2012

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BRÁULIO MEIRA DE ALMEIDA

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE SERVIÇO E SUA INFLUÊNCIA NA MUDANÇA DE ATITUDE DO CANDIDATO À PRIMEIRA HABILITAÇÃO DE CONDUTOR:

CASO DE CENTROS DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES NO BAIRRO DE BOA VIAGEM, RECIFE-PE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial, do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, da Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil, para obtenção do título de

Mestre em Gestão Empresarial.

Orientador: James Anthony Falk, Ph.D.

RECIFE – PE 2012

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BRÁULIO MEIRA DE ALMEIDA

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE SERVIÇO E SUA INFLUÊNCIA NA MUDANÇA DE ATITUDE DO CANDIDATO À PRIMEIRA HABILITAÇÃO DE CONDUTOR:

CASO DE CENTROS DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES NO BAIRRO DE BOA VIAGEM, RECIFE-PE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial, do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, da Faculdade Boa Viagem – DeVry

Brasil, para obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial

______________________________________ James Anthony Falk, Ph.D. Orientador

______________________________________ Elizabeth R. Tschá Membro Interno da banca

______________________________________ Luiz Cavalheira Membro Externo da banca

3

DEDICATÓRIA

A Paula, minha parceira, minha amiga, meu amor. Aos meus filhos, Giovana e Breno, que são a fonte de minha vida.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, por ter me dado vida, saúde e capacidade

para escrever esta dissertação. Sem ela, nada é possível.

Agradeço imensamente a minha esposa, Paula. Sem ela não teria chegado

onde estou. Com ela, os dias se tornam leves, pois é uma mulher fiel, bondosa,

amiga, amorosa, companheira que Deus colocou em minha vida.

Agradeço aos meus filhos, Giovana e Breno, a quem peço desculpas pelos

finais de semana ocupados. Sem vocês, meus amores, eu não teria chegado ao fim

dessa caminhada.

Agradeço aos meus pais, por terem proporcionado minha formação sólida de

vida, de família e de pessoa.

Agradeço à Faculdade IBGM – Instituto Brasileiro de Gestão e Marketing – e

a seus docentes, pelo apoio incondicional.

Agradeço à Paróquia Anglicana do Espírito Santo (Paes), em que me reporto

ao pastor Ricardo Melo, pelas orações e incentivo.

Agradeço ao professor James Anthony Falk, pelo seu interesse, paciência e

atenção. Um incentivador. Sem sua ajuda, não teria chegado até o fim desta

dissertação.

Aos colegas do mestrado, pelo apoio, troca de experiências e solidariedade.

5

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo investigar a percepção da qualidade de serviço e sua influência na mudança de atitude do candidato à primeira habilitação de condutor. Foram avaliados 79 indivíduos: 43 homens e 36 mulheres, candidatos à primeira habilitação, de dois centros de formação de condutores do bairro de Boa Viagem, no Recife-PE. A pesquisa foi feita por abordagem quantitativa e qualitativa, com método descritivo, em que o instrumento utilizado foi um survey, por meio de questionário para coleta de dados, constituído por uma série de questões objetivas e subjetivas, agrupadas em três blocos. O primeiro teve o foco no perfil dos alunos. No segundo, foi aplicada a Escala Servqual das dimensões da qualidade e Intervalo de Confiança, para obter a percepção do candidato sobre os serviços prestados. E, no terceiro bloco, foram utilizados como base o questionário, o modelo elaborado por Ulleberg e Rundmo, para verificar atitudes, e o Teste de Wilcoxon, para analisar as mudanças de atitudes. Quanto ao perfil, os homens são mais impacientes e as mulheres mais tranquilas. Em relação aos valores individuais, as mulheres buscam mais uma vida ativa e estimulante, enquanto os homens a defesa de suas próprias ideias. Das cinco dimensões da qualidade de serviços, os candidatos sinalizam que devem ser melhorados a infraestrutura, máquinas, e o que está ligado aos pontos tangíveis. Quanto à mudança de atitude, só no item relacionado com machucar outro, há uma alteração significativa. Cruzando os resultados do Intervalo de Confiança com os do Teste de Wilcoxon, percebe-se que não há influência da percepção da qualidade do serviço com a mudança de atitude.

Palavras-chave: Educação de motoristas. Qualidade de serviço. Mudança de atitude.

6

ABSTRACT

This dissertation aims to investigate the perception of service quality and its influence

on the change of attitude for candidates who have taken a course in driver’s education

for the acquisition of their first driver’s license. In this study 79 students were

evaluated, 43 men and 36 women, candidates from two centers for driver’s education

located in the neighborhood of Boa Viagem, Recife. The data of this research were

collected by means of a survey, composed of a series of objective and subjective

questions, grouped into three specific blocks and analyzed by means of quantitative

and qualitative approaches. In the first block, the focus was on the students' profile. In

the second block the Servqual dimensions of quality and confidence interval were

applied for the candidate’s perception on the quality of the services provided by the

two training centers and the third block was based on a copy of the questionnaire

prepared in an earlier research done by Ulleberg Rundmo for the establishment of

attitudes regarding traffic. This block was analyzed by means of a Wilcoxon Test for

the analysis of change in attitudes toward traffic variables. The data demonstrate that,

among the students surveyed, men are more impatient and tranquil and women, in

relation to individual values, seek a more active and stimulating life whereas men

prefer to defend their own ideas. Of the five dimensions of service quality, candidates

indicate that especially the infrastructure and machinery, which is linked to tangible

aspects of quality, should be improved. Regarding the change of attitude, only one

item suggested that a significant change had occurred after the taking of the course,

that being in regards to being at peace with oneself after hurting someone in an

automobile accident. Crossing the results of the confidence interval with the d statistics

of the Wilcoxon test, the data demonstrate that there is no influence of the perceived

quality of service on the change of attitude.

Keywords: Driver’s Ed. Service Quality. Attitude Change.

7

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo sexo e idade........................................................... 52

Gráfico 2 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo sexo e tipo de habilitação....................................... 53

Gráfico 3 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo idade e tipo de habilitação.......................................53

Gráfico 4 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo instrução e sexo..................................................... 54

Gráfico 5 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo instrução e renda.................................................... 55 Gráfico 6 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo instrução e idade..................................................55

Gráfico 7 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo mobilidade e sexo.................................................. 56

Gráfico 8 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo mobilidade e idade................................................. 57 Gráfico 9 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo estresse no trânsito e sexo.................................... 57

Gráfico 10 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de

condutores, segundo estresse no trânsito e idade................................... 58

Gráfico 11 – Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo estresse no trânsito e instrução............................. 59 Gráfico 12 – Distribuição dos valores individuais dos alunos de centro de formação de condutores, segundo o sexo................................................ 59

Gráfico 13 – Distribuição dos valores individuais dos alunos dos centros de formação de condutores, por idade......................................................60

8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Lista de Valores de Rokeach..................................................... 43

Quadro 2 – Escala ordinal teste de Wilcoxon e significado de letras........... 51

Quadro 3 – Matriz de correlações de Pearson entre os fatores de qualidade dos serviços prestados pelos centros de formação de condutores..................................................................................................... 64

Quadro 4 – Movimentação de mudança de atitude quanto a andar com motorista que não oferece segurança, nível geral, segundo sexo............................................................................................................... 65

Quadro 5 – Movimentação de mudança de atitude quanto a não poder viver em paz se tivesse machucado outra pessoa em um acidente, nível geral, segundo sexo................................................................................................ 66

Quadro 6 – Movimentação de mudança de atitude quanto a entrar em um carro com um motorista bêbado, nível geral, segundo sexo........................ 68

Quadro 7 – Movimentação de mudança de atitude quanto a dirigir de forma diferente e não um motorista comum, nível geral, segundo sexo............................................................................................................... 69

Quadro 8 – Movimentação de mudança de atitude quanto a exagerar na velocidade e se divertir, nível geral, segundo sexo...................................... 71

Quadro 9 – Movimentação de mudança de atitude quanto a andar acima da velocidade permitida numa estrada reta sem movimento, nível geral, segundo sexo................................................................................................ 72

Quadro 10 – Movimentação de mudança de atitude quanto a infringir regras de trânsito e não ser um motorista imprudente, nível geral, segundo sexo............................................................................................................... 74

Quadro 11 – Movimentação de mudança de atitude quanto a entrar em um carro que está exagerando na velocidade, nível geral, segundo sexo............................................................................................................... 75

Quadro 12 – Movimentação de mudança de atitude quanto a ignorar morrer jovem num acidente de trânsito, nível geral, segundo sexo......................... 77

Quadro 13 – Movimentação de mudança de atitude quanto a seguir as regras do trânsito independentemente das condições de dirigir, nível geral, segundo sexo................................................................................................ 78

Quadro 14 – Movimentação de mudança de atitude quanto às fatalidades, nível geral, segundo sexo............................................................................. 80

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a confiabilidade............................................................................................ 61

Tabela 2 – Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a responsividade.......................................................................................... 62

Tabela 3 – Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a segurança................................................................................................. 62

Tabela 4 – Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a empatia..................................................................................................... 63

Tabela 5 – Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a tangibilidade.............................................................................................. 63

Tabela 6 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação dos condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: andar com motorista que não oferece segurança................................................................................................. 64

Tabela 7 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: considerações sobre machucar os outros........................................................................................................ 66

Tabela 8 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude do aluno dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: dirigir e beber.............................................. 67

Tabela 9 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: mostrar as habilidades para os outros........................................................................................................ 69

Tabela 10 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: andar para se divertir....................................................................................................... 70

Tabela 11 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: excesso de velocidade................................................................................................. 72

10

Tabela 12 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: obediência às normas de trânsito...................................................................................................... 73

Tabela 13 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: coragem de expor opiniões..................................................................................................... 75

Tabela 14 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: riscos e acidentes................................................................................................... 76

Tabela 15 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: infrações............................................ 78

Tabela 16 – Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: fatalidades......................................... 79

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de qualidade de serviços_ Análise de GAPs.........................

46

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACC: Autorização para Conduzir Ciclomotor

ACP: Análise de Componentes Principais

CFC: Centro de Formação de Condutores

CNH: Carteira Nacional de Habilitação

Contran: Conselho Nacional de Trânsito

CPF: Cadastro de Pessoa Física

CPPA – Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

CTB: Código de Trânsito Brasileiro

GQT: Gestão da Qualidade Total

LADV: Licença para Aprendizagem de Direção Veicular

LOV: Lista de Valores

Renach: Registro Nacional de Condutores Habilitados

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1.1 PERGUNTA DA PESQUISA.............................................................................. 1.2 OBJETIVOS.................................................................................................. ..... 1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................. 1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 1.3.1 Justificativa Prática.......................................................................................... 1.3.2 Justificativa Teórica......................................................................................... 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................ 2.1 TRÂNSITO......................................................................................................... 2.1.1 O que é trânsito? ......................................................................................... ... 2.1.2 Processo de habilitação.................................................................................. 2.1.3 Psicologia do Trânsito..................................................................................... 2.1.4 Dimensões do trânsito e dos motoristas......................................................... 2.1.5 Educação como promotora de comportamentos no trânsito........................... 2.1.5.1 Educação para o trânsito no âmbito social................................................... 2.1.5.2 Conflito no trânsito............................................................................. ........... 2.2 EDUCAÇÃO....................................................................................................... 2.2.1 O que é educação........................................................................................... 2.2.2 Concepções construtivistas do processo de ensino-aprendizagem................ 2. 2.3 As situações de ensino-aprendizagem........................................................... 2.2.4 Valores e objetivos na educação..................................................................... 2.2.5 Escola e cidadania ......................................................................................... 2.2.5.1 Cidadania e relação com o saber.................................................................

2.3 APRENDIZAGEM E COMPORTAMENTO ........................................................ 2.3.1 O senso comum: conhecimento da realidade................................................ 2.3.2 O estudo do comportamento: Behaviorismo................................................... 2.3.3 Fundamentos sociológicos do comportamento............................................... 2.3.4 Aprendizagem................................................................................................. 2.3.4.1 Teorias do condicionamento........................................................................ 2.3.4.2 Teorias cognitivas......................................................................................... 2.4 QUALIDADE....................................................................................................... 2.4.1 Conceito de qualidade.................................................................................... 2.4.2 Qualidade de serviço...................................................................................... 2.5.3 Criando valor por meio dos serviços.............................................................. 2.5.4 Percepções dos clientes acerca dos serviços.................................................

15

16

16 16 16

16 16 17

19

19 19 19 21 22 23 24 24

27 27 28 29 30 31 33

34 34 35 36 39 39 39

40 40 41 42 44

14

3. METODOLOGIA..................................................................................................... 3.1 Coleta de dados................................................................................................... 3.2 Método de aplicação............................................................................................ 3.3 Análise dos dados............................................................................................. 4.RESULTADOS...................................................................................................... 4.1 Perfil dos alunos................................................................................................. 4.2 Qualidade da prestação do serviço.................................................................... 4.3 Mudança ocorrida nas atitudes dos candidatos................................................. 4.4 Limitações da pesquisa...................................................................................... 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. REFERÊNCIAS........................................................................................................ APÊNDICES............................................................................................................ Apêndice A............................................................................................................... Apêndice B............................................................................................................... Apêndice C............................................................................................................... Apêndice D...............................................................................................................

48 48 49 49

52 52 61 64 81

82

88

91 91 92 93 96

15

1 INTRODUÇÃO

Os problemas no trânsito são inúmeros nas últimas décadas, devido ao

crescimento sociodemográfico e às novas oportunidades de obtenção de veículos, em

função do melhoramento das condições sociofinanceiras da população em geral.

Embora muitos desses problemas sejam conhecidos por todos, as propostas

preventivas não são efetivas. Discorrer sobre o trânsito é uma questão difícil, pois

envolve vários fatores, como sociais, culturais, econômicos, políticos e psicológicos,

havendo assim uma dificuldade para explicar a situação do grande volume de

acidentes e infrações.

O trânsito, hoje, é uma questão social que compreende uma luta pela

sobrevivência e a impunidade favorece a revelação de valores e atitudes que nada

ajudam a melhorar o cenário. O trânsito, então, passa a ser uma questão de

comportamento social, que varia de acordo com a personalidade, valores, intelecto e

cultura do indivíduo. Educar para prevenir passa a ser uma estratégia na luta pela

construção de novos valores, crenças e atitudes.

Diante desses fatos, os centros de formação de condutores já perceberam a

importância da qualidade dos serviços prestados e a necessidade do conhecimento

do comportamento dos futuros condutores, como resultado da consciência da

existência de situações indesejáveis, caso não reavaliem os seus conceitos e

práticas. Por conta desta percepção, existe a intenção de se prepararem a favor da

melhoria da qualidade dos seus serviços, aliada à satisfação de seus clientes.

A partir da Escala Servqual, modelo conceitual desenvolvido por Parasuraman

e outros (1992), para mensuração das percepções dos clientes sobre a qualidade de

serviços, que se baseia na comparação entre as expectativas e percepções de

desempenho do serviço, derivando-se então cinco dimensões da qualidade de

serviços: confiabilidade, responsividade, empatia, segurança e tangibilidade. Este

trabalho terá foco na percepção dos alunos em centro de formação de condutores, e

na análise de comportamento/atitude do condutor de primeira habilitação.

A pesquisa visa fazer um paralelo entre a percepção do condutor junto à

qualidade dos serviços prestados nos centros de formação de condutores e a

influência no modo de conduzir veículo no trânsito.

16

1.1 PERGUNTA DA PESQUISA

Qual é a percepção dos candidatos de primeira habilitação sobre a qualidade

dos serviços prestados pelo Centro de Formação de Condutores e sua influência na

mudança de atitudes ao conduzir veículo automotor?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar a percepção da qualidade do serviço prestado por um centro de

formação de condutores e sua influência na mudança de atitude dos candidatos à

primeira habilitação, no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife, Pernambuco.

1.2.2 Objetivos Específicos

Junto aos clientes de Centros de Formação de Condutores localizados em Boa

Viagem, este trabalho procura:

Identificar o perfil dos clientes candidatos à primeira habilitação para

condutores;

Mensurar a percepção dos clientes com relação à qualidade dos serviços

oferecidos;

Descrever a(s) mudança(s) ocorrida(s) nas atitudes dos candidatos à

primeira habilitação do começo ao fim do curso de formação teórica.

1.3 JUSTIFICATIVA

1.3.1 Justificativa Prática

Os problemas existentes no trânsito são inúmeros devido ao crescimento

demográfico, urbano e às facilidades de compra de veículos. Com isso, houve um

aumento considerável da frota de veículos privados. Outros fatores estão ligados

diretamente às ações de trânsito, tais como os sociais, econômicos, culturais,

políticos e psicológicos, de tal forma que discorrer sobre esse tema é complexo,

principalmente na busca da conscientização das pessoas sobre sua participação na

17

gravidade dos acidentes registrados e na seriedade de cada uma delas como

condutor.

Hoje, o trânsito é, basicamente, uma questão de comportamento correto ou

errôneo. Desta forma, a questão do trânsito está intimamente ligada aos homens, já

que são eles que comandam o veículo. Assim, a luta que se estabelece no trânsito é

acirrada, mais ou menos previsível, conforme os sentimentos das pessoas. E à

medida que o tempo passa, os limites do carro vão se confundindo com os do próprio

condutor.

A Resolução n° 33, de 21 de maio de 1998, do Conselho Nacional de Trânsito

(Contran), regulamenta os serviços dos organismos de qualificação de trânsito e

estabelece critérios de credenciamento e funcionamento dos CFCs. Em seu Capítulo

III, estabelece a forma de funcionamento dos CFCs, registrando que deverão possuir

administração própria e corpo técnico de instrutores, com competência e integridade,

para a capacitação teórico/prática de condutores de veículos automotores.

Este trabalho tem como desafio demonstrar a relação de qualidade percebida

dos serviços prestados pelos CFCs, por alunos na obtenção de sua primeira

habilitação, e ilustrar qual a tendência de conduta do motorista.

Desenvolver uma pesquisa no âmbito da educação e percepção dos alunos,

tendo como foco a atuação de CFCs do bairro de Boa Viagem, pode ampliar a visão

de qualidade a ser perseguida como ponto estratégico das instituições e influenciar na

melhoria da condução dos veículos automotores.

1.3.2 Justificativa Teórica

O panorama geral do nosso trânsito é um quadro de caos, de tragédias e de

calamidades. Os números já não sensibilizam. As pessoas correm o risco de se

acostumar com eles, de banalizar a dor, a desgraça e a tragédia, que é perder uma

vida por um problema que poderia ser completamente evitável.

Como então mensurar a qualidade do serviço de educação dada aos

candidatos à primeira habilitação, com a finalidade de mitigar acidentes no trânsito?

O acidente de trânsito é algo que podemos evitar e para tal é necessário

mostrar que as variáveis que envolvem esse fato são perfeitamente controláveis e

estão sob o domínio de qualquer cidadão.

Segundo Vasconcelos (1985, p.23)

18

O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos. É uma negociação permanente do espaço, coletiva e conflituosa. E essa negociação, dadas as características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as pessoas se veem na sociedade e de seu acesso real ao poder.

A preparação das pessoas por meio da educação de trânsito é vital para

habilitar os candidatos a condutor, a não serem meros operadores de máquinas,

comunicando as situações de risco e estimulando posturas adequadas de segurança.

Ao lado de uma postura proativa em relação à educação para o trânsito, a

política de orientação para o condutor, praticada ao longo do tempo, permitiu que

fossem desenvolvidas estratégias de qualidade e de descentralização pelos Centros

de Formação de Condutores, com o intuito de melhorar os serviços prestados, em

agilidade e segurança nos programas de desenvolvimento de competências.

Este trabalho propõe uma abordagem quanto à percepção de qualidade de

serviço junto aos CFCs perante o candidato à primeira habilitação de condutor e sua

intenção de conduta, como fatores convergentes de competências entre educação e

comportamento.

Outra justificativa teórica será apontar em que medida há convergência entre o

processo de educação fornecido nos centros CFCs e a influência na tendência da

atitude do candidato à primeira habilitação de condutor, enaltecendo que

competências terão alinhamento na construção de bons resultados. Cabe analisar o

planejamento futuro junto aos gestores, o qual agregará valor no desenvolvimento do

candidato à primeira habilitação de condutor.

19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TRÂNSITO

2.1.1 O que é trânsito

O Código de Trânsito Brasileiro de 1997 considera como trânsito “a utilização

das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou para

fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga” (p.32).

Rozestraten (1988, p.4) define trânsito, como “o conjunto de deslocamentos de

pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas,

que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes.”

O autor, em uma análise dessa definição, explica o uso de alguns termos: vias

públicas, pois o que ocorre em terreno particular não é trânsito oficial; sistema, pois é

um conjunto de elementos que cooperam na realização de uma função comum, que é

o deslocamento; sistema convencional em oposição a sistema natural, ou seja, foi

criado pelos homens e se trata de um convênio na sociedade; a finalidade é

assegurar a integridade de seus participantes, e cada um deve chegar a seu destino,

são e salvo.

Para Rizzardo (2001), trânsito não significa apenas deslocamento, mas

também parada e estacionamento. Ele também distingue circulação coletiva de

circulação individual. Conforme o autor, se estacionar não fosse elemento inerente à

noção de trânsito, não haveria punição quando o condutor estacionasse no meio de

uma avenida movimentada e congestionasse a via. Quanto à distinção entre

circulação isolada ou coletiva, para Rizzardo (2001), seria ilícito um automóvel

solitário na madrugada desrespeitar os semáforos, alegando ausência de outros

personagens na via, por exemplo.

Conforme disposição admitida acima, para a definição de trânsito almeja-se a

maior amplitude possível. Assim, como não existem divergências importantes entre os

autores mencionados, todos podem contribuir de algum modo com a pesquisa.

2.1.2 Processo de habilitação

O processo de obter a primeira habilitação é regido pela resolução n° 168, de

14 de dezembro de 2004, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que

estabelece normas e procedimentos para a formação de condutores de veículos

20

automotores e elétricos, a realização dos exames, a expedição de documentos de

habilitação, os cursos de formação, especializados, de reciclagem e dá outras

providências.

O candidato à obtenção da Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC), da

Carteira Nacional de Habilitação (CNH), deverá solicitar abertura de processo de

habilitação no órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal do seu

domicílio ou residência, para o qual deverá preencher os seguintes requisitos:

I – Ter 18 anos e ser penalmente imputável;

II – Saber ler e escrever;

III – Possuir documento de identidade;

IV – Possuir Cadastro de Pessoa Física (CPF).

O processo de habilitação do condutor, após o devido cadastramento dos

dados no Registro Nacional de Condutores Habilitados (Renach), seguirá a seguinte

ordem abaixo:

I – Avaliação psicológica;

II – Exame de aptidão física e mental;

III – Curso teórico-técnico;

IV – Exame teórico-técnico;

V – Curso de prática de direção veicular;

VI – Exame de prática de direção veicular.

O processo do candidato à habilitação ficará ativo no órgão de trânsito pelo

prazo de 12 meses, contados da data do requerimento do candidato. E para obtenção

da ACC, obedecerá aos termos e condições estabelecidas para a CNH nas categorias

“A”, “B” e “A e B”.

A formação do condutor tem como estrutura:

Para a prática de direção de veículo, o candidato deverá estar acompanhado

por um instrutor de prática de direção veicular e portar a Licença para Aprendizagem

de Direção Veicular (LADV), expedida pelo órgão de trânsito do Estado ou do Distrito

Federal, com carga horária mínima de 20 horas/aula, sendo que 20% em horário

noturno.

Para o exame teórico-técnico, deverá cumprir uma carga curricular de 45

horas/aula, compreendendo as seguintes disciplinas:

Legislação de Trânsito: 18 horas/aula;

21

Direção Defensiva para Veículos de Duas ou Mais Rodas: 16 horas/aula;

Noções de Primeiros Socorros: 4 horas/aula;

Noções de Proteção e Respeito ao Meio Ambiente e de Convívio Social no

Trânsito: 4 horas/aula;

Noções sobre Funcionamento do Veículo de Duas ou Mais Rodas: 3

horas/aula, para todo o conteúdo relacionado com a realidade do trânsito,

procurando desenvolver valores de respeito ao outro, ao ambiente e à vida, de

solidariedade e de controle das emoções.

O processo de aprovação no exame teórico-técnico, aplicado pelo órgão de

trânsito do Estado ou do Distrito Federal, se dá por prova eletrônica ou em processo

convencional, com no mínimo 30 questões distribuídas proporcionalmente à carga

horária de cada disciplina do curso. O candidato será aprovado com 70% de acertos.

Quanto ao exame de prática de direção de veículo, o candidato deverá se submeter a

um percurso que é determinado e acompanhado por examinadores do órgão de

trânsito do Estado ou do Distrito Federal, podendo ser reprovado se cometer faltas

eliminatórias ou que somem mais de três pontos.

2.1.3 Psicologia do Trânsito

Segundo Rozestraten (2003), a Psicologia do Trânsito nasceu em 1910 com

Hugo Munsterberg, aluno de Wundt. Munsterberg foi o primeiro a submeter motoristas

de bonde de Nova Iorque a baterias de testes de habilidades e inteligência. O autor a

define como:

Uma área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram. Em síntese: é o estudo dos comportamentos-deslocamentos no trânsito e de suas causas (op cit, 2003, p.39).

Para o autor, o objetivo da Psicologia do Trânsito é estudar e analisar todos os

comportamentos relacionados com o trânsito; e, em sentido restrito, o comportamento

dos usuários: o do pedestre, do motorista, do ciclista e do motociclista. Todas as

pessoas são alvo e poderão ter seus comportamentos estudados pela Psicologia do

Trânsito, já que todos são sujeitos, ativos ou passivos, do trânsito.

22

Rozestraten (1988) divide o trânsito em três subsistemas: as vias, os veículos e

o homem. A questão de atribuir maior relevância ao comportamento humano no

trânsito, em detrimento do estudo das vias e veículos, poderia surgir. A resposta pode

ser encontrada em Rozestraten (2003), quando afirma que o homem é o subsistema

mais complexo do trânsito.

Bezerra, Cordeiro e Teixeira (2003) afirmam que, além do funcionamento e da

estrutura física do trânsito, deve-se levar em consideração quem participa dele, suas

individualidades, seus interesses e sua postura perante o mundo. Alguns números

também responderiam prontamente à dúvida: No Brasil, uma pesquisa da Scaringella

Trânsito (2009) constatou que 82,40% dos acidentes ocorrem por responsabilidade do

condutor do veículo, 18,80% dos pedestres, 27,10% da manutenção dos veículos e

37,60% devido às vias e ao meio ambiente.

2.1.4 Dimensões do trânsito e dos motoristas

Para o estudo do comportamento dos condutores, deve-se compreender o

ambiente em que se inserem ao dirigir. Conforme o Código de Trânsito Brasileiro

(CTB), em seu Artigo 1.º, parágrafo 1.º, por trânsito se entende “a utilização das vias

por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins

de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga” (BRASIL,

1997).

O trânsito é considerado um movimento essencialmente social. Rozestraten

(1988) descreve-o como um sistema com a função comum de deslocamento,

organizado por normas que possibilitam a comunicação entre seus usuários e

asseguram a integridade deles. A autora caracteriza três eixos fundamentais no

trânsito: a via, que indica a pista, englobando o tipo de perímetro, a sinalização e todo

o ambiente que rodeia o veículo ou o pedestre; o veículo – caminhão, automóvel,

moto –, com seus dispositivos próprios para determinar direção, regular a velocidade

e frear, e ainda como meio de comunicação, uma vez que o condutor manifesta suas

intenções ao acionar pisca-pisca, luz de freio, buzina etc.; e o comportamento do

participante, o subsistema considerado mais complexo.

Em meio a esse ambiente com normas, procedimentos e deslocamentos, o

Código de Trânsito Brasileiro diz, em seu Art. 28: “O condutor deverá, a todo o

momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados

23

indispensáveis à segurança do trânsito.” Neste contexto, deve ser priorizado o

comportamento adequado e seguro em três dimensões distintas prévias para predizer

a conduta no trânsito:

Grau de conhecimento – conhecimento das regras de trânsito e de

certas leis da física, devendo ser colocadas em prática;

Prática – habilidade adquirida com o tempo;

Atitudes – prontidão, presteza ou disposição na utilização do

conhecimento e na prática em benefício do comportamento no trânsito,

que priorize não pôr em perigo outras pessoas ou prejudicá-las.

As situações de trânsito exigem dos condutores atitudes que demandam

atenção, percepção e habilidades motoras. As leis e as normas são formas de

regulação da vida em sociedade, das condutas individuais e das relações sociais. No

entanto, a norma não se transforma imediatamente em ação pelas pessoas sujeitas a

ela; a percepção da norma vai orientar as decisões acerca do comportamento dos

condutores no trânsito, os aproximando ou afastando do que seria desejável para a

segurança de todos.

2.1.5 Educação como promotora de comportamentos no trânsito

Segundo Hoffmann (2003, p.105), “a educação ético-social engloba a

educação para o trânsito e ambas estão inseridas na educação social.” Estas são

entendidas como um conjunto de disciplinas que constroem o conhecimento sobre o

homem e suas relações sociais, pois com o surgimento de novas tecnologias e sua

imensa possibilidade de informação, permitindo uma situação contínua de escolha

entre distintas opções e tomada de decisão, como, por exemplo, ecossistemas e

mortes constantes no trânsito. Diante destes fatos, será que há discernimento para

uma discussão das causas e consequências de seus efeitos? Estamos preparados

para um julgamento crítico sobre trânsito?

Daí a necessidade de incluir o tema educação para o trânsito no currículo,

envolvendo os conhecimentos da vida social, com a criação e fortalecimento de boas

práticas de hábitos, atitudes e comportamento coerente no trânsito.

24

2.1.5.1 Educação para o trânsito no âmbito social

Na sociedade, existem vários problemas quanto aos sistemas educacionais

voltados ao trânsito. Segundo Hoffmann (2003, p.107), “a educação para o trânsito é

mais um capítulo da educação ético-social que não tem sentido como disciplina de

conteúdo independente.”

Educar um cidadão responsável requer escolhas dentro de vários enfoques

teóricos e metodológicos na busca da correspondência entre a prática e a teoria, na

busca de métodos ativos que envolvam indivíduos e sociedade. No entanto, dentro do

aspecto da educação cidadã, a educação para o trânsito está ausente do currículo

escolar e, quando imposta, passa a fazer parte de um conjunto de matérias ou

disciplinas das ciências sociais e não exclusiva.

O processo de educação não trata apenas de oferecer conteúdos de instrução

e recomendações práticas, mas de criar e exercitar hábitos e atitudes que favoreçam

a convivência correta na sociedade. O objetivo da educação para o trânsito, portanto,

é a formação do cidadão responsável pela própria sobrevivência, respeitando os

demais e as normas sociais em diversos papéis de pedestre, condutor e passageiro.

Segundo Delors (2001 apud HOFFMANN, 2003, p.108), neste século XXI, mais

do que nunca, a instituição educativa terá de assumir a missão de preparar o cidadão

que a sociedade necessita ou, do contrário, atuarão outras instâncias meio-

ambientais, com objetivos e resultados incertos e duvidosos.

2.1.5.2 Conflito no trânsito

Uma das causas para o comportamento falho e causador de acidentes seria a

forma como o homem lida com o sair de sua casa para enfrentar o trânsito: é uma

disputa, na rua. Em casa, o indivíduo é tratado como pessoa única, o estranho não

entra, o elemento principal seria a emoção; já na rua, o indivíduo é mais um cidadão

(qualquer), um estranho para cada um, e o elemento que engloba, e por isso mesmo

tem também o poder de excluir. É a lei em seu discurso rígido e universalista.

A casa é o espaço privado, onde se faz o que se quer. Afinal de contas, é

“seu.” A rua é o espaço público, onde não importa quem ou o que se é, mas sim as

regras e leis, no caso de trânsito, que atingem todos de maneira igualitária. A rua é o

lugar onde se deve abrir mão de “seu privado;” por outro lado, é onde se entra em

contato com o outro e se deve respeitar o espaço privado do outro para o bom uso do

espaço público.

25

Damatta (1985, p.12) esclarece por que se utiliza das expressões casa e rua,

como forma de explicar o comportamento do brasileiro no trânsito:

Casa e rua são categorias sociológicas para os brasileiros (...), estas palavras não designam simplesmente espaços geográficos ou coisas físicas comensuráveis, mas acima de tudo entidades morais, esferas de ação social, províncias éticas dotadas de positividade, domínios culturais institucionalizados e, por causa disso, capazes de despertar emoções, reações, leis, orações, músicas e imagens esteticamente emolduradas e inspiradas.

Assim, a rua, entendida como o espaço público, e a casa, como espaço

privado, representam mais que “espaço propriamente dito.” Revelam como a

sociedade brasileira pensa e vive. Estas categorias determinam formas próprias de

agir do indivíduo em cada uma delas.

De acordo com o autor, qualquer evento pode ser “lido” por meio do código da

casa e da família, que é avesso à mudança e à história, ou pelo código da rua, que

está aberto ao mercado, à história linear e ao progresso individualista. Segundo ele,

na sociedade brasileira, no espaço público, é dominante o discurso da rua, com seus

componentes legais e jurídicos, tornando-se claro o uso das leis impessoais e

igualitárias. Nessa concepção, ficam submersas (ou em segundo plano) as relações

pessoais, ou seja, o discurso da casa.

O problema é que, se submetendo às leis, o indivíduo deixa de ser o “senhor

da casa,” passando a ser qualquer um obediente às leis e regras. Assim, é difundida a

ideia no Brasil de que quem obedece às leis de trânsito é portador de inferioridade

social, um qualquer no anonimato. Além disso, pessoas que se consideram

importantes se sentem mal nos problemas do trânsito, já que essa é uma situação

que iguala todo mundo.

De acordo com Damatta (1985), para que isso não aconteça, o motorista age

de modo a projetar a casa na rua, recria no espaço público o ambiente caseiro e

familiar e se utiliza dele dessa forma. O indivíduo usa o espaço público da mesma

maneira que o privado. No senso comum, fala-se, por exemplo, que determinado

motorista faz o que quer na rua. Nota-se a preocupação maior consigo próprio e não

com o coletivo.

Não é possível, porém, projetar efetivamente a casa na rua de modo sistemático

e coerente, ou seja, não se pode transformar a casa na rua e nem a rua na casa

26

impunemente. O autor esclarece que, no caso do trânsito, esse movimento é o maior

gerador de conflitos. Oliveira e outros (2003, p.90) afirmam que “é o tratamento

subjetivo e individualizado, portanto ideológico, que transforma o espaço público em

lugar de poucos e/ou de ninguém, propiciando situações de risco, tais como acidentes

e mortes.”

Para Damatta (1985, p.78), outro agravante é que a rua é vista como um lugar

perigoso e assustador: “a rua é um local de individualização, de luta e de

malandragem (...), (na rua) estou em ´plena luta´ e a vida é um combate entre

estranhos. “(...) até hoje a sociedade parece fiel a sua visão interna do espaço da rua

como algo movimentado, propício a desgraças e roubos, local onde as pessoas

podem ser confundidas com indigentes e tomadas pelo que não são” (DAMATTA,

1985, p.50).

Assim, fica clara a necessidade do indivíduo de se comportar no espaço

público (no trânsito) da mesma forma que se comporta no espaço privado, como

forma de se proteger. Esta forma de proteção, porém, além de propiciar o conflito

entre o espaço público e o privado, é ilusória. Não há forma de proteção na situação

do trânsito que não seja a coletividade compartilhada.

Segundo Damatta (1985), a rua é uma zona onde cada um deve zelar por si.

Esta concepção provoca o abandono das leis de trânsito. Para o autor, se “cada um

está por si,” então não há um controle rígido por meio de leis igualitárias,

prevalecendo o individualismo particular de cada camada social.

O autor esclarece esse pensamento quando diferencia três classes de

indivíduos que constituem o trânsito no Brasil e analisa as características de cada

uma delas. A terceira classe, de acordo com Damatta (1985), é composta pelos

pedestres. São os cidadãos desrespeitados, que correm para “pegar o ônibus,”

mesmo fora da faixa de segurança, demonstrando que não há preocupação por parte

destes com quem está nos carros. Estes pedestres são, geralmente, atropelados

pelos cidadãos da segunda classe. Estes são representados pelos motoristas de

carros velhos. Como já possuem um bem material, o automóvel, utilizam-no para

exercitar a impunidade, como forma de se aproximar e, ao mesmo tempo, competir

com as classes superiores, já que são impedidos de competir em outras áreas da

sociedade que já estão predeterminadas.

27

A primeira classe do trânsito brasileiro é composta pelos motoristas de carros

importados e pelos passageiros de carros oficiais. Estes indivíduos geralmente não

são penalizados com multas, mas, se forem, lançam mão de suas posições ou de

suas relações. Analisando o comportamento dessas classes do trânsito, percebe-se

que a utilização do espaço público como espaço privado está em cada uma delas.

Nas três classes descritas, os comportamentos próprios da casa ou das relações são

levados para o trânsito, lugar onde deveria imperar o sentimento coletivo.

Entre os cidadãos da chamada primeira classe, é comum ouvir a seguinte

frase: “você sabe com quem está falando?,” em alguma situação de trânsito. Damatta

(1985) pontua que a pergunta é usada para se defender e não obrigado a cumprir a

lei de trânsito que, como já foi citado, é universal e igualitária. O autor elucida a

utilização de tal comportamento da seguinte forma: “se o indivíduo não possui

nenhuma ligação com pessoa ou instituição (...), é tratado como inferior na sociedade”

(DAMATTA, 1985a, p.68), é visto como um “ninguém.”

As relações pessoais, que denotam uma (suposta) condição social, servem

para invalidar a lei. Isso pode ser comprovado com Damatta (1985), quando afirma

que uma lei deixa de ser universal quando nela interferem fatores, como o parentesco

e as relações. Quando a frase citada é utilizada com o objetivo de romper com as leis,

o indivíduo tenta, e muitas vezes consegue, impor sua vontade, ou seja, transpor

maneiras de comportamento próprias da casa na rua. Mais uma vez, fica evidente a

confusão, geradora de conflitos, entre o espaço privado e o espaço público.

Damatta (1985) afirma que, no trânsito, os que compartilham o direito de usar a

rua são considerados estorvos e não companheiros de cidadania. Apesar da

mudança proposta pelo novo Código Brasileiro de Trânsito, o trânsito ainda é visto

dessa forma. Nota-se que o pensamento coletivo, necessário ao bom funcionamento

do trânsito, ainda está totalmente ausente nos participantes deste.

2.2 EDUCAÇÃO

2.2.1 O que é educação

É o processo de ensinar e aprender que vem da convivência e ajustamento de

um membro no seu grupo ou sociedade, sendo exercida nos diversos espaços de

convívio social.

28

Segundo Brandão (2007, p.26):

A educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar-e-aprender. O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação); cria situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos, e constitui executores especializados. É quando aparecem a escola, o aluno e o professor.

Não há nenhum modelo, nem uma única forma de educação. Não se tem

apenas nas escolas, mas em todos os lugares. A educação é diferente em vários

momentos e lugares, devido a um mundo complexo como o nosso. Da família à

comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as

incontáveis práticas dos mistérios do aprender.

A educação está por toda parte onde haja estrutura social de transferência de

saber. A educação aprende com o homem a criar e transformar as situações sociais

de aprender-ensinar-e-aprender, continuando o trabalho da vida.

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais

que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua

sociedade.

A educação ajuda a criar o pensar dos homens através da disseminação do

saber, produzindo um conjunto de crenças e ideias, que envolvem bens e poderes

que ajudam na construção da sociedade. As pessoas convivem umas com as outras e

o saber flui, pelos atos de quem sabe-e-faz, para quem não-sabe-e-aprende. Os que

sabem, fazem, ensinam, demonstram e premiam. Os que não sabem, observam

exemplos do cotidiano de suas vidas e imitam, pelo exemplo, incentivos e treinos,

com próprio exercício vivo do fazer, em que o principal objetivo a ser alcançado é a

socialização (BRANDÃO, 2007).

2.2.2 Concepção construtivista do processo de ensino-aprendizagem

A escola tem uma missão muito difícil, que é concretizar objetivos claramente

definidos num plano de ação e com um controle social e administrativo importante,

que zela para que estes objetivos sejam atingidos. Isto é educar e cooperar para que

os alunos alcancem os planos estabelecidos no processo de ensino-aprendizagem,

de forma a possibilitar que aprendam e melhorem o seu desenvolvimento pessoal e

social.

29

Segundo Call (1979, p.65 apud BASSEDAS et al., 1996, p.14): “o sujeito

participa ativamente na construção da realidade... e o conhecimento que possuímos

do mundo exterior é, sem dúvida, uma mistura das suas propriedades reais e das

nossas contribuições no ato do conhecimento.”

Do ponto de vista construtivista da evolução e da organização dos seres

humanos, o indivíduo participa ativamente da construção da realidade que conhece e

cada modificação ou avanço que realiza no seu desenvolvimento pressupõe uma

mudança na estrutura e organização dos seus conhecimentos (BASSEDAS et al.,

1996).

2.2.3 As situações de ensino-aprendizagem

O aluno, para aprender, precisa realizar um importante trabalho cognitivo, de

análise e revisão dos seus conhecimentos, a fim de fazer com que os novos

conhecimentos que adquire se tornem realmente significativos e lhe propiciem um

nível mais elevado de competência.

A dinâmica de ensino-aprendizagem envolve processos com interações

complexas e variadas entre, pelo menos, três elementos: o aluno, os conteúdos de

aprendizagem e o professor. O fato de considerá-lo desta forma significa que se deu a

mesma importância e relevância à interação entre a atividade cognitiva do aluno e

determinados objetos de conhecimento e, por outro lado, à interação mais efetiva e

comunicativa entre aluno e professor.

Quando aprende, o aluno constrói significados, e isso ocorrerá quando ele for

capaz de estabelecer relações substantivas e não arbitrárias entre aquilo que aprende

e o que já conhece.

Segundo as teses de Piaget, são construídos significados, relacionando e

integrando o novo conteúdo aos esquemas de compreensão da realidade já

possuídos.

Ausubel e seus colaboradores (apud BASSEDAS et al., 1996, p.18) afirmam:

“Para que um aluno possa adquirir conhecimentos significativos, é necessário que o

conteúdo que se deseja ensinar-lhe seja potencialmente significativo e que o aluno

possua uma atitude favorável para aprender significativamente.“

Um conteúdo será potencialmente significativo se tiver duas condições: deve

haver uma significação lógica, o que depende da estrutura interna do conteúdo e da

forma como será apresentado ao aluno. E, por outro lado, que seja também

30

potencialmente significativo do ponto de vista psicológico, no sentido de que o aluno

possua conhecimentos prévios pertinentes, para ser capaz de integrá-los e relacioná-

los com seus novos conhecimentos e experiências.

Outra condição para que o aluno aprenda de uma forma significativa, é que ele

tenha uma atitude positiva para querer dar significado àquilo que aprende, que esteja

motivado e interessado em integrá-lo às suas redes de conhecimento.

Nesse sentido, tem-se comprovado a grande diferença de rendimento que

pôde ser observada entre diversos alunos, após haverem realizado as mesmas

atividades de aprendizagem.

Quando o aluno tem uma aprendizagem significativa e não meramente

mecânica, significa também que memorizará esse conhecimento de uma forma

compreensiva e o integrará ao seu aprendizado, para usá-lo e recordá-lo no momento

em que ele seja necessário, para atuar ou para adquirir outros conhecimentos

(BASSEDAS et al., 1996).

2.2.4 Valores e objetivos na educação

A reflexão sobre os problemas educacionais inevitavelmente nos levará à

questão dos valores, procurando-se saber o que se visa, ou seja, quais os seus

objetivos. Determinar os objetivos implica definir prioridades, decidir sobre o que é

válido e o que não é válido. Além disso, a educação visa o homem. A educação se

destina à promoção do homem.

Na verdade, que sentido terá a educação se ela não estiver voltada para a

promoção do homem? É a partir do conhecimento da realidade humana, que se pode

entender o problema dos valores.

O homem se apresenta como um corpo e, por isso, existindo num meio que se

define pelas coordenadas de espaço e tempo. Esse meio o condiciona e determina

em todas as suas manifestações.

O homem depende do espaço físico, clima, vegetação, fauna, solo e subsolo,

mas não é só o meio puramente natural que condiciona o homem. Também o meio

cultural se impõe a ele, inevitavelmente. O homem é, pois, um ser situado. Situação é

um efeito. E esta é a nova condição necessária de possibilidade da existência

humana.

A vida humana só pode se sustentar e se desenvolver a partir de um contexto

determinado. É daí que o homem tira os meios de sua sobrevivência. Assim, a

31

situação compõe-se de uma multiplicidade de elementos que, em si mesmos, não

valem nem deixam de valer, simplesmente são; estão aí.

A situação abre ao homem um campo imenso de valores: é o domínio do

prático-utilitário. O homem tem necessidades que precisam ser satisfeitas e este fato

leva à valorização e aos valores. O homem reage perante a situação, intervém

pessoalmente, para aceitar, rejeitar ou transformar.

O homem é capaz de superar os condicionamentos da situação; ele não é

totalmente determinado, é um ser autônomo, um ser livre. E a liberdade abre ao

homem um novo campo amplo para a valorização e os valores.

A promoção do homem, na educação, significa torná-lo cada vez mais capaz

de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela, transformando-a no

sentido de uma ampliação da liberdade, da comunicação e colaboração entre eles.

Daí, percebe-se a função da valorização e dos valores na vida humana. A valorização

é o próprio esforço do homem em se transformar.

A educação visa a promoção do homem. São as necessidades humanas que

irão determinar os objetivos educacionais. E essas necessidades devem ser

consideradas em concreto, pois a ação educativa será sempre desenvolvida num

contexto existencial concreto. Os objetivos indicam os alvos de ação (SAVIANI, 2002).

2.2.5 Escola e cidadania

O termo cidadania tornou-se uma palavra perigosamente conceitual, podendo

buscar atender os sonhos de uma sociedade de iguais, uma sociedade de direitos e

deveres, tanto quanto uma sociedade dividida por interesses adversos. Nela cabem

todos os sonhos e todas as realidades.

A educação para e pela cidadania deve ser entendida a partir de um

movimento educacional concreto, acompanhado por uma particular corrente de

pensamento pedagógico, com a participação democrática, dos dirigentes

educacionais e pela democratização do próprio Estado.

Para se chegar ao significado do que é educar para a cidadania, tem-se que

responder: O que é cidadania?

Na opinião de Gadotti (2008, p.67), pode-se dizer que “cidadania é a

consciência de direitos e deveres e exercício da democracia.” Segundo o autor citado,

o Direito encontra-se assim classificado:

32

Direitos civis – como segurança e locomoção;

Direitos sociais – como trabalho, salário justo, saúde e educação, habitação

etc;

Direitos políticos – como liberdade de expressão, de voto, de participação

em partidos políticos e sindicatos etc.

Hoje, com a ampliação dos direitos, o conceito de cidadania é mais complexo.

De um lado, existe uma concepção consumista de cidadania, direito de defesa do

consumidor; e de outro, uma concepção plena, que, na divisão defendida por Gadotti

(2008), apresenta-se da seguinte forma:

Cidadania política – direito de participação numa comunidade política;

Cidadania social – compreende a justiça como exigência ética da sociedade

de bem viver;

Cidadania econômica – participação na gestão e nos lucros da empresa,

transformação produtiva com igualdade;

Cidadania civil – afirmação de valores cívicos, como liberdade, igualdade,

respeito ativo, solidariedade, diálogo;

Cidadania intercultural – afirmação da interculturalidade, como projeto ético e

político, diante do padrão de uma cultura estabelecida, que se manifesta na

mobilização da sociedade e na participação direta da população na gestão da

vida pública.

Segundo Freire (1997 apud GADOTTI, 2008, p.68-69):

A escola cidadã é aquela que se assume como centro de direitos e de deveres. O que a caracteriza é a formação para a cidadania. A escola cidadã, então, é a escola que viabiliza a cidadania de quem está nela e de quem vem a ela. Ela não pode ser uma escola cidadã em si e para si. Ela é cidadã na medida em que exercita na construção da cidadania de quem usa o seu espaço. A escola cidadã é uma escola coerente com a liberdade. É coerente com o seu discurso formador, libertador. É toda escola que, brigando para ser ela mesma, luta para que os educandos-educadores também sejam eles mesmos. E como ninguém pode ser só, a escola cidadã é uma escola de produção comum do saber e da liberdade. É uma escola que vive a experiência tensa da democracia.

A escola cidadã vem sendo construída no contexto de um movimento de

renovação educacional e de práticas concretas de educação para e pela cidadania,

oferecendo uma resposta concreta à deterioração do ensino.

33

A educação para e pela cidadania, como movimento da própria sociedade, é

mais ampla do que o ensino e a própria escola. Se buscarmos, nas práticas da

educação de hoje, no Brasil, por uma alternativa para a construção de uma sociedade

sustentável, certamente aparecerá em primeiro plano a Escola cidadã (GADOTTI,

2008).

2.2.5.1 CIDADANIA E RELAÇÃO COM O SABER

Não há um mesmo modelo cognitivo. Desta forma, sabendo-se da diversidade

de funcionamentos mentais, é um absurdo impor o mesmo modelo de educação para

todos; a mesma forma de pensar conceitos, de transmitir do particular ao geral, do

concreto ao abstrato, do simples ao complexo, do disciplinar ao interdisciplinar. Isso

não significa que a aprendizagem se realize, mas que todos aceitam curvar-se ao

rigor dos fatos e das teorias, com uma condição: poder colocar as questões,

expressar dúvidas, verificar os dados e os raciocínios e ouvir vários especialistas

quando não existe consenso.

O papel da escola, que constitui um mundo social como os outros, é

igualmente o de estabelecer dispositivos e de formar hábitos favoráveis ao exercício

da razão, ao desenvolvimento de uma relação racional com o saber. Os saberes

ensinados na escola poderiam, em parte, ser tratados desse modo. Em vez de

enfatizar seu grau de certeza, seria preferível apresentar um balanço da situação e

das teorias concorrentes, depois iniciar um debate, não para arbitrar as teses em

questão, mas para identificar suas convergências e divergências.

O debate não é a controvérsia pela controvérsia, é um espaço em que cada

um pode dizer livremente que não está convencido, que tem dúvidas e não

compreende os argumentos em favor de uma tese ou que não consegue

compreender sua coerência. Neste sentido, Perrenoud (2005, p. 35) salienta que:

Ninguém vive durante 10 a 20 anos em uma coletividade sem aprender. Um conjunto de saberes e de habilidades que permitam sobreviver, apropriar-se de um território, de um estatuto, de um papel e, se possível, preservar sua autonomia e eventualmente exercer certo poder.

34

Independentemente de suas virtudes didáticas no âmbito de cada disciplina, a

experiência do debate de ideias está na base de uma relação crítica com o

pensamento, o seu e o do outro, e de uma cultura democrática, ou seja, da cidadania.

2.3 APRENDIZAGEM E COMPORTAMENTO

2.3.1 O senso comum: Conhecimento da realidade

Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por excelência: é

o cotidiano. É no cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos

vivos, que vivemos a realidade, ou seja, as nossas atividades diárias, que geralmente

se sobrepõem umas às outras, nos denuncia que estamos vivos. Já a ciência é uma

atividade eminentemente reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar o

cotidiano, a partir de seu estudo sistemático.

Quando fazemos ciência, baseamo-nos na realidade cotidiana e pensamos

sobre ela. Afastamo-nos dela para refletir e conhecer além da aparência. O cotidiano

e o conhecimento científico que se tem da realidade aproximam-se e se afastam.

Aproximam-se, porque a ciência se refere ao real; afastam-se, porque a ciência

abstrai a realidade para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se da

realidade, transformando-se em objeto de investigação, o que permite a construção

de conhecimento científico sobre o real.

Ocorre que, mesmo o mais especializado dos cientistas, quando sai de seu

laboratório está submetido à dinâmica do cotidiano, que cria suas próprias regras de

sociabilidade e funcionamento. E o que importa é a praticidade e solução rápida para

os problemas do dia a dia, em que são usados conhecimentos de muitos recursos

construídos no cotidiano. Todos vivem boa parte do tempo esse cotidiano e regras.

Esse tipo de conhecimento, que se vai acumulando em nosso cotidiano, é

chamado de senso comum. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de

tentativas e erros, a nossa vida diária seria muito complicada.

O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que,

quando estabelecida, passa de geração em geração. E nesse tipo de conhecimento

vem a tentativa de facilitar o dia a dia em que o senso comum produz suas próprias

teorias; na realidade, um conhecimento que, em uma interpretação livre, pode se

chamar de teorias médicas, físicas, psicológicas etc.

35

O conhecimento do senso comum, além de sua produção característica, acaba

por se apropriar, de uma maneira muito singular, de conhecimentos produzidos pelos

outros setores do saber humano. O senso comum mistura e recicla esses outros

saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada,

produzindo uma determinada visão de mundo.

Somente esse tipo de conhecimento, porém, não seria suficiente para as

exigências de desenvolvimento da humanidade. O ser humano, desde os tempos

primitivos, foi ocupando cada vez mais espaço no planeta, e somente o conhecimento

intuitivo seria muito pouco para que ele dominasse a natureza, a agricultura etc. Era

uma questão de sobrevivência e, com o tempo, esse tipo de conhecimento foi-se

especializando cada vez mais, até atingir o nível de sofisticação que permitiu ao ser

humano conquistar o espaço sideral. A esse tipo de conhecimento, chamou-se de

ciência (BOCK, 2008).

Quando se discute esta questão em relação ao campo da Psicologia,

efetivamente, é pertinente pensar que uma “mistura” entre o que pertence ao

senso comum e o que é sistematizado pela Psicologia científica, favorece que um

grande número de pessoas considere tudo como sendo uma expressão da

“Psicologia.” Pensa-se que a crença de que há verdade científica em um

conhecimento do senso comum, está de certa forma atrelada à necessidade das

pessoas de acreditar em fórmulas e manuais, especialmente quando estes nomeiam

como científico.

2.3.2 O estudo do comportamento: Behaviorismo

O behaviorismo (o termo inglês behavior significa comportamento), iniciado por

John B. Watson (1878-1958), propõe um estudo completamente objetivo do homem,

em que o comportamento deve ser fonte dos dados psicológicos.

A teoria behaviorista tem como ponto central o conceito de impulso, entendido

como a força que atrai a ação, atribuível às necessidades primárias. Esta abordagem

coloca uma resposta à determinada pelo hábito e o impulso. Os hábitos são as vias

de acesso construídas entre o ponto de partida, estímulo, e o destino, resposta

(BRAGHIROLLI, 2010).

Os psicólogos dessa abordagem chegaram aos termos de resposta e estímulo

para se referir àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem

36

com o sujeito. Para explicar a adoção desses termos, duas razões podem ser

apontadas: uma metodológica e outra histórica.

A razão metodológica deve-se ao fato de que os analistas experimentais do

comportamento tomaram como modo preferencial de investigação o método

experimental e analítico. Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade de

dividir o objeto de estudo para efeito de investigação, chegando às unidades de

análise.

A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram

mantidos posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso

generalizado.

Comportamento, entendido como interação entre indivíduo e ambiente, é a

unidade básica de descrição e o ponto de partida para uma ciência do

comportamento. O ser humano começa a ser estudado a partir de sua interação com

o ambiente, sendo tomado como produto e produtor dessa interação (BOCK;

FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

2.3.3 Fundamentos sociológicos do comportamento

Para estudar e compreender o comportamento, não se pode deixar de

considerar o ambiente social em que ele ocorre. Entende-se por interação social o

processo que se dá entre dois ou mais indivíduos, em que a ação de um deles é, ao

mesmo tempo, resposta a outro indivíduo e estímulo para as ações deste, ou, em

outras palavras, as ações de um são, simultaneamente, um resultado e uma causa

das ações do outro. Sendo assim, é fácil verificar que praticamente todos os

comportamentos humanos são resultantes da convivência com os demais.

Numa tentativa de estruturar o vasto campo de interesse da Psicologia Social,

como pontos facilitadores, Braghirolli e outros (2008, p.67-70) dividem em dois grupos

de estudo: Comportamento social individual e atitudes.

O autor também ressalta as seguintes atribuições no comportamento social

individual, como processo de socialização, percepção social e atitudes sociais:

Socialização – processo pelo qual o indivíduo adquire os padrões de

comportamento que são habituais e aceitáveis em seus grupos sociais. A

cultura da sociedade em que vive, por exemplo, é um meio social marcante

37

que influencia nas características de personalidade, atitudes e valores do

indivíduo.

Percepção social – processo pelo qual se formam impressões a respeito de

outra pessoa ou grupo de pessoas. Sobre as pessoas, nunca se tem

percepções desconexas ou isoladas, mas sempre se integram observações

numa impressão unificada e coerente, mesmo que para isso seja preciso

“inventar” ou “distorcer” características percebidas.

Atitudes – entende-se ser a maneira, em geral, organizada e coerente, de

pensar, sentir e reagir a um determinado objeto, que pode ser uma pessoa,

um grupo de pessoas, uma questão social, um acontecimento, enfim,

qualquer evento importante em Psicologia Social. As atitudes podem ser

positivas ou negativas e são, invariavelmente, aprendidas.

Outro ponto a considerar pelo autor está relacionado com as atitudes,

compostas por três componentes:

Componente cognitivo – formado pelos pensamentos e crenças a respeito do

objeto;

Componente afetivo – sentimentos de atração ou repulsão em relação ao

objeto;

Componente comportamental – tendência de reação da pessoa em relação

ao objeto de atitude. É o único observável diretamente.

Na ausência de qualquer um destes componentes, ou na ausência de um

objeto, não se pode falar legitimamente em atitude. Não se pode concluir, porém, que

atitude seja sinônimo de comportamento, porque, muitas vezes, o comportamento de

alguém, numa determinada situação, não é coerente com a sua atitude.

Há atitudes em relação a quase tudo, exceto em relação a dois tipos de

objetos: os que não se conhece e os que são de pouca ou nenhuma importância. A

importância das atitudes reside no fato de o comportamento ser, em geral, gerado

pelo conjunto de conhecimentos e sentimentos. Se há intenção de mudar o

comportamento das pessoas, deve-se procurar formar atitudes nelas ou alterar as já

existentes.

38

Acrescentam-se ainda comportamentos grupais, como o desempenho de

papéis, liderança e outros, investigando as influências do grupo sobre o indivíduo e

vice-versa. Os componentes do comportamento grupal são grupo, posição, status e

papel. Define-se como grupo uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns

com os outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm

algo significativamente importante em comum.

Para que um conjunto de pessoas possa ser chamado de grupo, é preciso que

atenda, ao mesmo tempo, a três critérios: estar em contato, considerarem-se

mutuamente como membros de um grupo e ter algo importante em comum

(OLMSTED, 1970, p.12 apud BRAGHIROLLI, 2008, p.74).

Ainda neste contexto, fazendo uma livre interpretação de Braghirolli

(2008, p.74), completam-se os conceitos de posição, status e papel, da seguinte

forma:

Posição – definida pelo conjunto de direitos e deveres do indivíduo no grupo,

os quais são bastante diferentes. Dentro de cada grupo ou instituição, cada

membro possui uma posição, determinando a obediência, respeito e hierarquia

formais e informais;

Status – conceito bastante relacionado com o de posição. Pode-se

estabelecer uma diferença entre eles, dizendo que status se refere mais ao

valor diferencial de cada posição dentro do grupo ou instituição, diferenciando a

importância do poder de ação e responsabilidade;

Papel – comportamento esperado da pessoa que ocupa certa posição com

determinado status. O papel existe independentemente do indivíduo que o

desempenha. O desempenho do papel faz muito pela relativa informalidade e

coerência da maioria dos processos sociais para compreender o

comportamento, porque todos têm tendência para corresponder às

expectativas dos outros a seu respeito. Assim sendo, conhecendo-se o papel

que será desempenhado por uma pessoa, pode-se até certo ponto prever e

compreender o seu comportamento.

Esses fenômenos só existem porque existe um grupo, podendo aparecer

formas de comportamento, sofrendo influências importantes que, tomando como base

39

os itens descritos, devem ser estudados na busca de entendimento de sua dinâmica

com o grupo.

2.3.4 Aprendizagem

Aprendizagem é um dos temas mais estudados pela Psicologia, pois,

praticamente, todo comportamento humano é aprendido, estabelecendo interação do

indivíduo com o ambiente físico e social. É a capacidade de aprender que torna

possível às gerações tirar proveito das experiências e descobertas das gerações

anteriores (BRAGHIROLLI, 2010).

“A aprendizagem leva o indivíduo a viver melhor ou pior, mas indubitavelmente,

a viver de acordo com o que aprende“ (CAMPOS, 1976, p.8).

Segundo Santos (2002, p.10): “Aprendizagem é um processo inseparável do

ser humano e ocorre quando há uma modificação no comportamento, mediante a

experiência ou a prática, que não podem ser atribuídas à maturação, lesões ou

alterações fisiológicas do organismo.”

Tradicionalmente, a psicologia trabalha com duas grandes correntes no campo

da aprendizagem: as teorias do condicionamento e as teorias cognitivas.

2.3.4.1 Teorias do condicionamento

Definem a aprendizagem por suas consequências comportamentais e

enfatizam as condições ambientais, como força propulsora da aprendizagem. Uma

conexão entre estímulo e resposta. Aprende-se a associação entre um estímulo e

uma resposta, e só se aprende, praticando.

Para os teóricos do condicionamento, a transferência da aprendizagem, que

permite solucionar novas situações, é realizada quando se evocam hábitos passados

apropriados para o novo problema e se responde de acordo com os elementos que o

problema novo tem em comum com os outros já aprendidos ou de acordo com

aspectos da nova situação semelhantes aos da situação encontrada (BRAGHIROLLI,

2010).

2.3.4.2 Teorias cognitivas

Definem a aprendizagem como um processo de relação do sujeito com o

mundo externo, com a consequência no plano da organização interna do

conhecimento. A aprendizagem é um elemento que provém de uma comunicação

40

com o mundo e se acumula sob a forma de uma riqueza de conteúdos cognitivos. O

indivíduo adquire, assim, um número crescente de novas ações, como forma de

inserção em seu meio.

Os comportamentos ou conceitos aprendidos são mantidos por processos

cerebrais, como a atenção e a memória, que são integradores dos comportamentos e

dos pensamentos.

A abordagem cognitiva diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem

significativa.

Aprendizagem mecânica – refere-se à aprendizagem de novas informações

com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura

cognitiva. Exemplo: repetição de escrita de um texto. O conhecimento assim adquirido

fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem se ligar a conceitos

específicos (BOCK, 2008).

Aprendizagem significativa – processa-se quando um novo conteúdo se

relaciona com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo

assim assimilado. Esses conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem para a

aprendizagem (BOCK, 2008).

2.4 QUALIDADE

2.4.1 Conceito de Qualidade

O conceito de qualidade tem sofrido mudanças durante os últimos anos. Na

década de 1970, a ênfase era nos produtos, ou seja, na capacidade do produto de

estar em conformidade com suas especificações. Na década de 1990, esta ênfase

mudou de foco, passando para serviços.

O conceito da Gestão da Qualidade Total (GQT) teve suas raízes no Japão e

depois se espalhou para os outros continentes, surgindo a partir de nomes, como os

dos gurus, Deming, Juran e Crosby. No Japão, a dificuldade de compreensão da

lógica estatística retardou a introdução do controle de qualidade. Seguia-se o modelo

Taylorista, em que a inspeção ocupava lugar de destaque.

Em 1950, criou-se um grupo de pesquisas em controle de qualidade, que

contratou W. Edwards Deming, estatístico americano reconhecido pelo estudo de

amostragem. Este profissional acabou de introduzir no Japão as práticas de gestão da

41

qualidade, conforme são conhecidas atualmente, e se tornou um dos autores mais

versados da área.

No que diz respeito ao controle de qualidade, teve início nos anos 1930, com a

aplicação do gráfico de controle desenvolvido por W. A. Shewhart, da Bell

Laboratories. Durante a Segunda Guerra, por meio da utilização desse método, os

Estados Unidos conseguiram suprimentos militares mais baratos e em grande

quantidade. A produção americana apresentou características de qualidade,

quantidade e baixos custos. Na Inglaterra, berço da estatística moderna, foram

adotados os padrões normativos britânicos 600, a partir de 1935.

O controle de qualidade, ao mesmo tempo em que se preocupa com o

conhecimento dos custos, pretende se antecipar aos defeitos e reclamações

potenciais, por meio da implementação das medidas necessárias e eficazes para

atingir os padrões almejados.

2.4.2 Qualidade em Serviços

Serviços são atos, ações, desempenho. Esta é uma definição ampla de

serviços, uma vez que engloba de forma simples e objetiva todas as categorias de

serviços, quer sejam agregados ou não. Desta forma, Las Casas (1996, p.14)

referencia que:

A partir do momento em que se considera serviços como atos, fica claro definir e diferenciar o objeto de transação: comercializar atos, ações e desempenho. O enfoque é naquela parte intangível que acompanha ou não o bem, igualmente objeto de uma transação comercial.

O produto final de um serviço é sempre um sentimento. Os clientes ficam

satisfeitos ou não, conforme suas expectativas, variando de acordo com o

comportamento do cliente.

No entanto, pode-se definir Qualidade de Serviço como sendo a capacidade de

uma experiência ou qualquer outro fator que tenha para satisfazer uma necessidade,

resolver um problema ou fornecer benefícios a alguém. Em outras palavras, serviço

com qualidade é aquele que tem a capacidade de proporcionar satisfação (LAS

CASAS, 1996, p.16).

42

Por sua natureza, os serviços apresentam características intangíveis,

inseparáveis, heterogêneas e simultâneas. Tal aspecto de intangibilidade requer que

exista um tratamento especial ao compará-lo com outras atividades. Em relação ao

aspecto da inseparabilidade, este se refere à não produção ou a estocar serviços.

Já a heterogeneidade, refere-se à importância de se manter a qualidade do

serviço. A simultaneidade dos serviços mostra que produção e consumo ocorrem ao

mesmo tempo e, sendo assim, será necessário sempre considerar o momento de

contato com a clientela, como fator principal de qualquer esforço (LAS CASAS, 1996,

p. 24).

2.4.3 Criando Valor por meio dos Serviços

De acordo com Rokeach (apud SOLOMON, 2002), valor é uma crença que

guia ações e julgamentos através de específicos objetivos e situações, além dos

objetivos imediatos para estados finais de existência mais profundos. Uma vez

internalizados, estes valores se tornam, conscientemente ou não, um padrão de

critérios que guia a ação e desenvolve e mantém atitudes em direção a objetos e

situações, para justificar ações e atitudes pessoais e dos outros, para julgar

moralmente a si e aos outros e para se comparar aos outros.

As pessoas usam valores aprendidos culturalmente para criar e utilizar

condições de moralidade e competência, para criar interação social e para apoiar a

racionalização de crenças, atitudes e comportamentos, sendo determinante nestes

dois últimos (SOLOMON, 2002).

Pode-se ainda dividir os valores em terminais e instrumentais, sendo os

primeiros a representação da preferência de estados finais de existência, e os

segundos, os modos de comportamentos preferenciais para se chegar a estes valores

terminais.

Para o estudo de comportamento do consumidor, os valores pessoais se

tornam os mais importantes, por serem orientados pelo indivíduo, que representa a

unidade de consumo (LEÃO; SOUZA NETO, 2003).

Para Rokeach (1973), um valor é uma crença única que conduz as ações e os

julgamentos por meio de situações específicas, internalizado, tornando-se um padrão

ou critério que pode guiar uma ação, para a justificativa das ações e atitudes próprias

de si e dos outros, para o julgamento moral de si e dos outros, e para comparar-se

com os outros. São registros das atitudes plenamente consideradas que se sustentam

43

segundo as crenças das pessoas diante de uma determinada situação, Sendo assim,

os valores não se manifestam isoladamente, mas articulam-se entre si, constituindo

um sistema.

Segundo Rokeach (1973), os valores podem ser divididos em dois conjuntos,

descritos a seguir:

Valores instrumentais – são modos de conduta ou de comportamento para

alcançar os valores terminais. Dividem-se em dois grupos: Os Morais, como

generosidade e honestidade, e os de Competência, como inteligência.

Valores terminais – são o resultado da aplicação dos valores instrumentais.

Dividem-se em dois grupos: Valores Pessoais, referem-se à própria pessoa, e Valores

Sociais, referem-se às relações interpessoais.

Uma das formas mais utilizadas para se identificar valores é através da Lista de

Valores (LOV), desenvolvida na University of Michigan Survey Research Center,

conforme o Quadro 1.

Quadro 1 Lista de Valores de Rokeach

– Tipos de Valores na Escala de Rokeach Valores Instrumentais

Valores Terminais

Ambicioso (trabalho árduo, aspirações) Uma vida confortável (vida próspera)

Mente Aberta Uma vida emocionante (vida ativa, estimulante)

Capaz (competência, efetividade) Um senso de realização (contribuição duradoura)

Alegre (alegria, contentamento) Um mundo de paz (livre de guerras e conflitos)

Limpo (livre de guerras e conflitos) Um mundo de beleza (da natureza e das artes)

Corajoso (defesa das próprias ideias) Igualdade (irmandade, oportunidade para todos)

Magnânimo (querer perdoar os outros) Segurança da família (cuidado com as pessoas próximas)

Útil (cuidado com as pessoas próximas) Liberdade (independência, livre escolha)

Honesto (sinceridade, confiança) Felicidade (contentamento)

Imaginativo (criatividade, ousadia) Harmonia Interior (livre de conflitos internos)

Independente (autorrealização, autossuficiência) Amor maduro (intimidade sexual e espiritual)

Intelectual (inteligência, reflexão) Segurança Nacional (proteção contra ataques)

Lógico (consistência, racionalidade) Prazer (vida com diversão e descanso)

Amoroso (afetividade, ternura) Salvação (vida eterna)

Obediente (deveres, responsabilidade) Autorrespeito (autoestima)

Gentil (cortesia, boas maneiras) Reconhecimento social (respeito, admiração)

Responsável (confiança, realização) Amizade verdadeira (proximidade dos companheiros)

Controlado (autodisciplina, restrito) Sabedoria (maturidade para entender a vida)

Fonte: Solomon (2002, p.159)

44

Rokeach (1973) relata que os valores são percebidos principalmente pela

cultura, pela sociedade e pela personalidade, que são fatores que influenciam a

criação dos valores de cada pessoa. E a atitude e o comportamento são um resultado

da cultura, da sociedade em que a pessoa vive, da personalidade e dos valores da

pessoa.

2.4.4 Percepções dos clientes acerca dos serviços

O modo como os clientes percebem os serviços, como determinam se tiveram

uma experiência de serviço de qualidade e se estão satisfeitos com essa experiência,

é o foco centrado no serviço percebido, um dos quadros que constituem o modelo das

lacunas. À medida que os serviços são caracterizados, é importante relacioná-los com

a atenção ao fato de que a percepção é levada em consideração com respeito às

expectativas.

Sendo as expectativas algo dinâmico, as avaliações também podem sofrer

alterações ao longo do tempo; variam de pessoa para pessoa e de cultura para

cultura. Aquilo que hoje é considerado serviço de qualidade ou o que atualmente

satisfaz os clientes, amanhã poderá ser diferente. Também se deve atentar para o

ponto de que toda discussão sobre qualidade e satisfação está baseada na

percepção dos clientes de serviços, e não em critérios objetivos previamente

determinados de como um serviço deveria ou não deveria ser.

Os clientes percebem os serviços em termos de sua qualidade e de quão

satisfeitos eles estejam com respeito ao conjunto total de suas experiências de

serviços. Os parâmetros de orientação para o cliente, qualidade e satisfação, são

reconhecidos pelas empresas como fatores que distinguem, de modo eficaz, a maior

satisfação de seus clientes (BITNER, 2002, p.86).

Ao se referir às percepções dos clientes, consideram-se as dimensões dos

serviços e as formas pelas quais os clientes os avaliam. A expressão clientes

externos refere-se àqueles indivíduos ou empresas que compram bens e serviços da

organização (BITNER, 2002)

A existência da qualidade, tanto no processo quanto no resultado, pode

explicar por que um profissional, com grandes habilidades técnicas e titulações, pode

falhar ao concorrer com outros profissionais, que também conseguem fornecer uma

maior qualidade em seus contatos interpessoais.

45

Neste exemplo, se os clientes não podem julgar de modo eficaz a qualidade

técnica do resultado, ou mesmo se puderem, mas acreditam que há outros

profissionais igualmente competentes disponíveis, eles fundamentarão seus juízos de

qualidade sobre dimensões do processo, tais como a habilidade do profissional em

resolver problemas, sua habilidade para ter empatia, seu cumprimento dos prazos e

sua simpatia.

Segundo Bitner (2002), os clientes não percebem a qualidade de serviço como

um conceito unilateral, ou seja, as avaliações dos clientes acerca da qualidade

incluem as percepções de múltiplos fatores, a saber:

Confiabilidade – a habilidade para executar o serviço prometido de modo

seguro e preciso;

Responsividade – a vontade de ajudar os clientes e de prestar serviços

sem demora;

Segurança – o conhecimento dos funcionários aliado à simpatia e à

habilidade para inspirar credibilidade e confiança;

Empatia – cuidado, atenção individualizada dedicada aos clientes;

Tangíveis – aparência das instalações físicas, equipamento, pessoal e

materiais impressos.

Bitner (2002) ressalta que, para uma melhor compreensão da qualidade em

serviços, é fundamental definir mais detalhadamente cada uma das suas dimensões:

Confiabilidade – no seu sentido mais amplo, significa que a empresa

fornece o serviço com base naquilo que foi prometido sobre a prestação

de serviço;

Responsividade – enfatiza a atenção e a prontidão no trato com as

solicitações, questões, reclamações e problemas dos clientes. A

responsividade é comunicada aos clientes pelo tempo que eles devem

esperar por uma ajuda, das respostas às perguntas ou da atenção aos

problemas. Também compreende a noção de flexibilidade e habilidade

para a individualização da prestação do serviço, em conformidade com

as necessidades dos clientes;

Segurança – compreende o conhecimento dos funcionários e a simpatia,

bem como a habilidade da empresa e de seus funcionários para inspirar

credibilidade e confiança;

46

Empatia – é definida como a atenção individualizada e o cuidado que a

empresa oferece a seus clientes. A essência da empatia é assumir que

os clientes são inigualáveis e especiais, por meio de um serviço

personalizado ou formatado individualmente às necessidades de cada

um;

Tangíveis – compreende a aparência das instalações físicas, do

equipamento, dos funcionários e dos materiais de comunicação.

Com base em considerações teóricas e em insights obtidos por meio de

pesquisas qualitativas, entrevistas com executivos e grupos de foco com clientes,

criou-se o modelo de qualidade de serviço, conforme Figura 1.

Figura 1 – Modelo de qualidade de serviços_ Análise de GAPs

Fonte: Spiller e outros (2006, p.26)

O modelo mostra que a qualidade de serviços notada pelo cliente depende do

tamanho e direção entre as expectativas e os serviços percebidos que, por sua vez,

dependem da natureza dos itens associados, como o design, marketing e entrega do

serviço. Assim, a magnitude e direção de cada item irão contribuir para impactar a

qualidade.

47

A qualidade de serviços observada, contudo, depende diretamente da

comparação entre serviço esperado e serviço percebido. A posição da percepção do

cliente sobre a qualidade de serviço da empresa depende da natureza da

discrepância entre a expectativa de serviço e o serviço percebido.

Desta forma, quando a expectativa é maior do que a percepção de qualidade,

a qualidade percebida é menos do que satisfatória. Quando a expectativa é igual à

percepção, a qualidade percebida é satisfatória, e, por fim, quando a percepção é

maior do que a expectativa criada, a qualidade de serviço percebida tende a se

aproximar da ideal.

A partir do modelo conceitual, Parasuraman e outros (1992) desenvolveram a

Escala Servqual para mensuração das percepções dos clientes sobre a qualidade de

serviços. Tal escala baseia-se na comparação entre as expectativas e percepções de

performance do serviço, derivando daí cinco dimensões da qualidade de serviços:

confiabilidade, responsividade, empatia, segurança e tangibilidade.

Por meio desta escala, as empresas podem não apenas avaliar como seus

clientes percebem a qualidade dos serviços prestados como um todo, mas também

verificar que dimensões dessa qualidade requerem maior atenção por parte dos

administradores no sentido de melhorá-las.

48

3 METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa de abordagem quantitativa e qualitativa, com o método

descritivo. Para os autores estudiosos de metodologia, este método consiste em

utilizar a técnica de preenchimento de questionário, previamente formulado

(observação direta extensiva, com uso de questionário e com interferência reduzida

do pesquisador) para ter, posteriormente, as respostas dadas pelos pesquisados,

tabuladas e analisadas (LAKATOS; MARCONI, 1992).

3.1 Coleta de dados

Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um survey, através de

questionários constituídos por uma série ordenada de questões objetivas e

subjetivas, agrupadas em três blocos:

Para o primeiro bloco de questões, tomou-se como base aspectos de perfil dos

alunos à primeira habilitação, quanto a fatores demográficos. O questionário, que se

encontra no apêndice B, foi aplicado no primeiro dia das aulas teóricas.

Para o segundo bloco de questões, foi escolhida a Escala de Servqual,

distribuída nas cinco dimensões da qualidade de serviços: confiabilidade,

responsividade, segurança, empatia e tangibilidade, tendo cada dimensão da escala

cinco perguntas com peso um para a menor pontuação e dez para a maior pontuação.

Foram coletadas informações sobre a percepção dos serviços prestados. O

questionário, que se encontra no apêndice C, foi aplicado no último dia das aulas

teóricas.

No terceiro bloco, será utilizado como base o questionário, o modelo elaborado

por Ulleberg e Rundmo (2002 apud FLEISCHFRESSER, 2005) que, por sua vez,

usaram parte do instrumento criado por Malfatti e outros (1989 apud

FLEISCHFRESSER, 2005), denominado The Young Driver Attitude Scale (YDAS).

Fleischfresser (2005) aponta, inclusive, que o questionário aplicado é resultado de

uma pesquisa em 3.942 adolescentes e 66 jovens adultos noruegueses, com idade

entre 16 e 23 anos. A autora afirma que para a construção do questionário por

Ulleberg e Rundmo (2002), foram utilizadas 41 das 87 perguntas do instrumento

criado por Malfatti e outros (1989).

O objetivo de Ulleberg e Rundmo (2002 apud FLEISCHFRESSER, 2005, p.92),

autores do instrumento, era “[...] testar as qualidades psicrométricas de um

49

instrumento capaz de mensurar as atitudes de risco dos jovens motoristas.” Os

autores, de acordo com Fleischfresser (2005), incluíram 42 itens (avaliados em uma

escala de 5 itens – desde “concordo totalmente” até “discordo totalmente,” com base

em pesquisas anteriores, com o objetivo de medir as atitudes com relação à violação

de leis, causas de acidentes e também ao risco deles), além de 15 itens medindo a

“relação entre os atos para melhorar a reputação e as atitudes de risco.”

Nesse instrumento de survey, a escala foi invertida para “discordo totalmente”

até “concordo totalmente.” Questionário que se encontra no apêndice D, aplicado em

dois momentos junto aos alunos candidatos à primeira habilitação, no primeiro e no

último dia das aulas teóricas.

3.2 Método de aplicação

A aplicação dos questionários ocorreu em dois Centros de Formação de

Condutores no bairro de Boa Viagem, com tradição de mais de 15 anos na atividade

de ensino para formação de condutores. Os questionários, com 79 indivíduos,

distribuídos em 36 mulheres e 43 homens, e aplicados em duas etapas na seguinte

ordem: questionários de perfil e tendência de atitude no primeiro dia das aulas

teóricas e o de percepção de serviço, com a repetição do questionário de tendência

de atitudes, no último dia das aulas teóricas.

Foram aplicados no período de 4/5/2012 até 2/6/2012. A abordagem escolhida

para aplicação foi a de distribuição dos formulários aos clientes/alunos, seguidos de

explicação ampla do objetivo da pesquisa e instruções para o preenchimento correto.

3.3 Análise dos dados

Os dados quantitativos coletados foram trabalhados em termos globais. Cada

um dos questionários foi analisado da seguinte forma:

1) Questionário sobre perfil dos alunos: os dados demográficos dos alunos foram

analisados mediante utilização de análise descritiva. Os dados do perfil podem ser

utilizados posteriormente, como variáveis moderadoras para explicar as possíveis

diferenças encontradas no que diz respeito à percepção do serviço prestado pelo

centro de formação de condutores e as mudanças de atitude dos alunos.

50

2) Questionário sobre a qualidade da prestação do serviço: analisado por dados

descritivos, através da Escala Servqual, dimensões da qualidade, em que foi usada a

pontuação do número 1, como a menor avaliação quanto à percepção dos serviços

prestados, até 10, como a maior avaliação quanto à percepção dos serviços

prestados pelos centros de formação de condutores. Calculou-se a média de

pontuação de cada tipo de percepção, para cada indivíduo. Em seguida, foram

construídos intervalos de confiança. Tal técnica permite que, a partir dos dados

amostrais, seja possível obter-se a média populacional, na forma de intervalos.

Entretanto, por se trabalhar com dados da amostra, o pesquisador está sujeito a um

erro, chamado, tecnicamente, de nível de significância (α). Em estudos de

comportamento (ciências humanas), costuma-se utilizar uma significância de 5%.

Procurou-se, ainda, investigar possíveis associações entre as percepções dos

alunos nas dimensões de qualidade. Para isso, foi calculado o Coeficiente de

Correlação de Pearson, que procura medir o grau da relação entre duas variáveis

quantitativas. Esse coeficiente varia de –1 até 1, sendo que, quanto mais próximo de

1 ou – 1, mais forte é a relação.

3) Questionário sobre a mudança de atitude ao dirigir. Os dados do questionário

foram trabalhados por Análise de Componentes Principais (ACP), com o intuito de

tornar o estudo mais objetivo. A ACP é associada à ideia de redução de massa de

dados, com menor perda possível de informação. A técnica agrupa as variáveis,

segundo a variação de suas características (JOHNSON,1999).

Após a filtragem da base de dados, pelo método ACP, utilizou-se o Teste de

Postos de Wilcoxon, em sua versão para amostras emparelhadas. Este teste é

construído com base nos postos das observações, possuindo as seguintes

propriedades (JOHNSON,1999).

O posto (rank) de uma observação é o número de ordem da observação,

estando as observações ordenadas;

Quando há empates, toma-se como posto de cada observação a média dos

postos que seriam atribuídos às observações, caso os empates não

existissem.

O Teste de Wilcoxon é aplicado quando estão em comparação dois grupos

relacionados e a variável deve ser de mensuração ordinal.

51

Procedimentos para a realização do teste:

a. Para cada par, determinar a diferença (d), com sinal;

b. Atribuir postos a essas diferenças, independentemente de sinal. Em caso de

empates, atribuir a média dos postos empatados;

c. Para cada posto, atribuir o sinal + ou o sinal – do d que ele representa;

d. Obter o valor T que representa a menor das somas de postos de mesmo sinal;

e. Determinar N, que é o total das diferenças com sinal.

A escala ordinal utilizada procurou medir o nível de concordância dos alunos

em algumas situações, relacionadas às suas atitudes ao trânsito. A escala é

apresentada no Quadro 2.

Quadro 2 Escala ordinal teste de Wilcoxon e significado de letras

Letra I DS D C CS

Significado Indiferente Discordo Sempre

Discordo Concordo Concordo Sempre

Valor ordinal

1 2 3 4 5

52

4 RESULTADOS

4.1 Perfil dos alunos

Os dados demográficos dos alunos foram analisados mediante utilização de

análise descritiva, transcritos abaixo:

Gráfico 1 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo sexo e idade

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa

Os dados colhidos indicam que a maioria dos alunos dos centros de formação

de condutores está nas faixas etárias entre 18 e 24 anos e 25 e 34 anos, podendo ser

considerados como indivíduos jovens. Desse total, há uma parcela grande na faixa

inicial quando o aluno completa a idade legal para poder tirar sua carteira de

motorista. Uma faixa um pouco mais velha está tirando sua primeira carteira, hoje em

dia, mas, conforme o sistema de pagamento para o curso, pode tirar carteira, tanto

para moto, como para carro.

53

Gráfico 2 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo sexo e tipo de habilitação

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

Os dados obtidos demonstram que a procura, na primeira habilitação, está

entre carro e moto e carro. Nota-se que a habilitação tipo carro tem como maior busca

as mulheres, enquanto moto e carro, os homens. Conforme a tabela de custo dos

centros de treinamento,é mais barato participar do curso conjunto de moto e carro, do

que fazer cada um separadamente.

Gráfico 3 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo idade e tipo de habilitação.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

54

Os dados colhidos indicam que os alunos dos centros de formação de

condutores estão predominantemente nas faixas etárias entre 18 e 24 anos e 25 e 34

anos, na modalidade de curso Carro e de forma igual, com a participação das demais

faixas quase despercebidas. Enquanto isso, na modalidade de curso Moto e Carro, a

faixa etária predominante é aquela de 18 a 24 anos, seguida pelas demais faixas em

ordem decrescente, embora sem participante acima de 44 anos. A procura dos alunos

para os tipos de habilitação de Carro e Moto e de Carro são quase iguais, em torno de

50% cada um.

Gráfico 4 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo instrução e sexo.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

Os dados colhidos na pesquisa mostram que a maior quantidade de candidatos

está com o grau de instrução entre ensino médio, independentemente do gênero dos

candidatos, seguida pelo Ensino Superior. Em termos de gênero, o homem está com

uma instrução maior do que as mulheres (ensino médio). Vale destacar na tabela a

pouca presença de alunos nas turmas estudadas com nível superior (8,8%).

55

Gráfico 5 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo instrução e renda.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

Dados colhidos demonstram que renda se encontra com maior concentração

no intervalo de R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00, e que o perfil nessa faixa de renda está

relacionado com o nível educacional do ensino médio. Isto indica que 54,4% dos

alunos com o ensino médio completo recebem uma renda neste intervalo. A faixa de

renda está bastante baixa, uma vez que os poucos alunos de nível superior estão

distribuídos nas diversas faixas de renda.

Gráfico 6 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo instrução e idade.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

56

Observando os dados de nível de instrução e nível educacional, verifica-se que

os alunos concentrados no ensino médio completo estão na faixa de 18 a 24 anos,

seguido pelo grupo de 25 a 34 anos, em que foi encontrada na tabela anterior uma

renda entre um e dois mil reais, sendo, portanto, alunos em fase do seu primeiro

emprego ou aqueles que já estão ajustados nos seus empregos. Os alunos de nível

superior apresentam idades diversas, a maior parcela participante da faixa etária mais

velha.

Gráfico 7 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo mobilidade e sexo.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

Quanto às dificuldades expressas em termos de mobilidade no trânsito, há um

empate entre homens e mulheres quanto à indicação de falta de investimento em

transporte público, mas uma predominância dos homens no item engarrafamento. Os

homens superam as mulheres em quase 42%, em conformidade com os dados

contidos no Gráfico 9, em que os homens se consideram mais impacientes do que as

mulheres.

57

Gráfico 8 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo mobilidade e idade.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

O Gráfico 8 demonstra que o principal ponto obtido na pesquisa quanto à

dificuldade de mobilidade (engarrafamento) diminui de forma constante da faixa mais

jovem até a mais velha, mas é predominante em todas as faixas etárias.

Definitivamente, contudo, os jovens são os mais impacientes. Em contrapartida, a

falta de investimento em transporte público aumenta até atingir a faixa de 25 a 34

anos, quando há uma diminuição expressiva.

Gráfico 9 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo estresse no trânsito e sexo.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

58

Foi feita pergunta aos alunos dos centros de formação de condutores, que ao

obter a licença para dirigir e supondo que passarão por situações de estresse, que

atitude teriam? Nota-se que os homens, somando 28 indivíduos (65,1%), estão mais

propensos a ter atitudes relacionadas aos quesitos agressividade, intolerância e

impaciência, do que as 17 mulheres (47,2%). Quanto aos quesitos de tranquilidade,

solidariedade e reconhecimento da igualdade de direitos dos outros, as mulheres são

mais propensas a tomar essas atitudes, com 19 indivíduos (52,8%) contra 15 homens

(34,9%).

Gráfico 10 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo estresse no trânsito e idade.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

Os dados coletados indicam que há mais alunos das faixas de 18 a 24 anos do

que das faixas de 25 a 34 anos com atitudes de intolerância e impaciência, com um

total geral de 37 indivíduos. Um contraponto nos dados é que os itens de

tranquilidade e solidariedade, com 28 indivíduos, estão quase iguais para as duas

faixas de idade, com uma ligeira maioria não significante na faixa de 25 a 34 anos.

59

Gráfico 11 Distribuição dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo estresse no trânsito e instrução.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

Os dados coletados no Gráfico 11 indicam que os candidatos com instrução de

ensino médio completo são os que teriam atitude mais relevante, de impaciência, mas

ao mesmo tempo seriam capazes de ser solidários em uma situação de estresse.

Vale destacar, embora pouco significante, o total de alunos de nível superior nos

grupos de agressividade, intolerância e impaciência.

Gráfico 12 Distribuição dos valores individuais dos alunos de centro de formação de condutores, segundo o sexo.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Sereno Agitado Ambicioso Menteaberta

Lógico Obediente Capaz Corajoso

33%

100% 100%

57%67%

0%

55%

0%

Feminino

Masculino

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

60

Nos dados colhidos, não há nenhuma indicação de os candidatos à primeira

habilitação de condutor se considerarem agressivos ou dispersos.

Os itens de ambição e agito são formados integralmente por mulheres.

Tomando como referência a Lista de Valores de Rokeach, pode-se comentar como

tendência, como valor instrumental a ambição, em que as mulheres buscam uma vida

confortável e próspera como valor terminal. Pode-se comentar, neste momento, que a

indicação de agito estaria alinhada com o valor instrumental de mente aberta, que

representa 57% da indicação da pesquisa, em que o valor terminal indica que as

mulheres buscam uma vida ativa e estimulante.

Os itens coragem e obediência foram formados integralmente por homens.

Novamente, tomando como referência a Lista de Valores de Rokeach, pode-se

comentar que os valores instrumentais de coragem, expressos por defesa das

próprias ideias, buscando como valor terminal a igualdade e oportunidades para

todos. No item de valor instrumental obediência, que expressa deveres e

responsabilidade, busca como valor terminal o autorrespeito e a autoestima.

O ponto com maior aproximação entre homens e mulheres é o valor de

capacidade. Na Lista de Valores de Rokeach, valor instrumental representa

competência e efetividade, tendo como valor terminal um senso de realização.

Gráfico 13 Distribuição dos valores individuais dos alunos dos centros de formação de condutores, segundo os anos de idade.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Serena Agitada Ambiciosa Mente aberta

Lógica Obediente Capaz Corajosa

67%

100%

50%43%

17%

42%50%

0%

13%

0%

50%43%

67%

33% 35%

100%

13%

0% 0% 0% 0%8% 5%

0%

18 a 24

25 a 34

35 a 44

>= 45

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

61

Os dados colhidos indicam que a serenidade está mais evidente como valor

individual para indivíduos do grupo mais jovem, de 18 a 24 anos. Na Lista de Valores

de Rokeach, pelo conceito de ser uma pessoa serena está ligado ao item limpo, livre

de guerra e conflitos e como valor terminal a produção de um mundo mais belo.

No item de valor individual pessoa agitada, esse mesmo grupo, ou seja, de 18

a 24 anos, e apenas ele, indica ter esse valor. Na base do conceito de agitado, pode-

se alinhar com o valor instrumental de imaginação, que busca como valor terminal

uma harmonia interna, livre de conflitos.

A ambição que se caracteriza, na Lista de Valores de Rokeach, como trabalho

árduo na busca de uma vida confortável, próspera, está distribuída no grupo de 18 a

24 anos e 25 a 34 anos. Pode-se referenciar a um momento de vencer novos desafios

pessoais e profissionais; no entanto, essa visão de valor individual não foi percebida

em indivíduos acima de 35 anos.

O item pessoa corajosa, como valor instrumental, na Lista de Valores de

Rokeach, procura trabalhar a defesa das próprias ideias, tendo como valor terminal a

igualdade, oportunidade para todos, que está evidenciada no grupo de 25 a 34 anos.

4.2 Qualidade da prestação do serviço

A análise da qualidade da prestação de serviço será apresentada pelas

dimensões de qualidade, confiabilidade, responsividade, segurança, empatia e

tangibilidade, em seus respectivos intervalos de confiança para a nota média dada

pelo aluno, conforme questionário aplicado. Em seguida, têm-se os resultados para as

relações entre as dimensões de qualidade, por meio do Coeficiente de Pearson.

Tabela 1 Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a confiabilidade

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa

*IC – Intervalo de Confiança

Estatísticas Valores

Confiabilidade Média amostral

8,25

Capacidade de desempenhar o serviço *IC (95%) [7,82; 8,67]

prometido de modo confiável e preciso Margem de erro

0,213

62

Na análise, os dados colhidos demonstram que as promessas de serviço dos

centros de formação de condutores pesquisados, quanto ao interesse de resolver

problemas de forma sincera, execução do serviço contratado corretamente, no prazo

determinado, itens que fazem parte da dimensão confiabilidade, considerada alta, já

que o Intervalo de Confiança obtido para a nota média dos alunos, nessa dimensão,

foi de 7,82; 8,67.

Tabela 2 Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a responsividade.

Estatísticas Valores

Responsividade Média amostral 8,41

Ajudar os clientes e prestar serviços sem *IC (95%) [7,98 ; 8,84]

demora e com motivação Margem de erro 0,216

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa

*IC – Intervalo de Confiança

Na análise dos dados colhidos, a Tabela 2 demonstra que os centros de

formação de condutores estavam sempre dispostos a ajudar e prestar os serviços

com habilidade, sem medir esforços no atendimento na busca de solução dos

problemas, itens que fazem parte da dimensão responsividade, considerada alta, já

que o Intervalo de Confiança obtido para a nota média dos alunos, nessa dimensão,

foi de 7,98; 8,84.

Tabela 3 Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a segurança.

Estatísticas Valores

Segurança Média amostral 8,73

Conhecimento, cortesia dos funcionários e *IC (95%) [8,36 ; 9,09]

sua capacidade de transmitir confiança. Margem de erro 0,184

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

*IC – Intervalo de Confiança

63

Na análise dos dados colhidos, a Tabela 3 demonstra que o ambiente dos centros de formação de condutores inspira confiança nos aspectos de negociação, no relacionamento com os funcionários que mostravam conhecimento para atender as necessidades que surgiam, itens que fazem parte da dimensão segurança, considerada alta, já que o Intervalo de Confiança obtido para a nota média dos alunos, nessa dimensão, foi de 8,36; 9,09.

Tabela 4 Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a empatia.

Estatísticas Valores

Empatia Média amostral 8,24

Atenção individualizada e cuidados a que IC (95%) [7,83 ; 8,64]

as empresas proporcionam aos clientes. Margem de erro 0,203

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

*IC – Intervalo de Confiança

Na análise dos dados, a Tabela 4 demonstra que nos centros de formação de

condutores existia uma efetiva atenção e vontade de resolver os problemas de forma

individualizada, itens que fazem parte da dimensão de empatia, considerada alta, já

que o Intervalo de Confiança obtido para a nota média dos alunos, nessa dimensão,

foi de 7,83; 8,64.

Tabela 5 Percepção dos alunos dos centros de formação de condutores, em relação ao serviço contratado, segundo a tangibilidade.

Estatísticas Valores

Tangíveis Média amostral 7,35

Aparência física das instalações, equipa- * IC (95%) [6,87; 7,83]

mentos pessoal e material de comuni- Margem de erro 0,243

cação.

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa.

*IC – Intervalo de Confiança

Na análise dos dados colhidos, a Tabela 5 demonstra que nos centros de

formação de condutores quanto à aparência dos equipamentos, instalações, materiais

usados, de um modo geral, o modo de se apresentar, itens que fazem parte da

64

dimensão tangíveis, considerada a menor avaliação entre a associação dos demais

itens de dimensão, pelos alunos, já que o Intervalo de Confiança obtido para a nota

média dos alunos, nessa dimensão, foi de 6,87; 7,83.

Quadro 3 Matriz de correlações de Pearson entre os fatores de qualidade dos serviços prestados pelos centros de formação de condutores.

Confiabilidade Responsividade Segurança Empatia Tangíveis

Confiabilidade - 0,76 0,63 0,73 0,53

Responsividade 0,77 - 0,60 0,70 0,61

Segurança 0,63 0,61 - 0,75 0,68

Empatia 0,73 0,70 0,75 - 0,60

Tangíveis 0,53 0,60 0,68 0,60 -

Fonte: Elaboração própria, conforme dados da pesquisa. Legenda: Valor da Correlação de Pearson de 0,40<|ρ|<0,69 = Correlação moderada; Valor de Correlação de Pearson de 0,70<|ρ|<0,99 = Correlação forte.

As correlações de notas entre todas as dimensões de qualidade foram

positivas. Os maiores valores foram encontrados para confiabilidade, responsividade

e empatia, e os que tiveram menores valores, segurança e tangíveis.

4.3 Mudanças ocorridas nas atitudes dos candidatos

A análise das mudanças de atitude dos candidatos será apresentada pelo

Teste de Wilcoxon, pela movimentação ordinal de intenção dos indivíduos envolvidos.

Em seguida, fez-se uma relação de significância quanto à população.

Tabela 6 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação dos condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Andar com motorista que não oferece segurança.

Fonte: Elaboração própria. Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * P-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na

Variável representativa

Nível Gerall

Eu poderia entrar num carro Negativo Positivo SM

com amigos que sei que dirigem I DS D C CS 16 15 43

de maneira perigosa 6 37 25 6 1

I DS D C CS

4 42 28 3 1

p-valor = 0,898*

Situação: Andar com motorista que não oferece segurança

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = 0,13 ( T+)

65

população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

Quadro 4 Movimentação de mudança de atitude quanto a andar com motorista que não oferece segurança. Nível geral, segundo sexo.

Observa-se com os dados colhidos uma tendência, de modo geral, de maior

conscientização de segurança quanto a esse item, em que, por exemplo, no início do

curso 37 indivíduos discordavam sempre em andar com motorista que não oferece

segurança, para 42 discordando sempre no final do curso, em que, ainda no nível

geral, as mulheres são as que apresentam o maior nível de conscientização.

No âmbito individual, também houve uma maior conscientização nesse item,

em que houve uma movimentação de 16 indivíduos para indicadores de ponto ordinal

mais baixo, ou seja, se antes de iniciar o curso havia a concordância de andar com

motorista que não oferecesse segurança, que agora discordam: as mulheres

demonstram um maior grau de conscientização. No entanto, não se pode generalizar

o resultado do Teste para a população, já que o p-valor foi maior que 5%.

66

Tabela 7 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Considerações sobre machucar os outros.

Variável representativa

Nível Geral

Eu não poderia viver em paz se eu ti- Negativo Positivo SM

vesse machucado outra pessoa em um I DS D C CS 19 11 42

acidente 2 3 10 38 21

I DS D C CS

6 6 11 34 19

p-valor = 0,029

Situação: Considerações sobre machucar os outros

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 2,19 ( T+)

Fonte: Elaboração própria. Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

Quadro 5 Movimentação de mudança de atitude quanto a não poder viver em paz se eu tivesse machucado outra pessoa em um acidente. Nível geral, segundo sexo.

Ressalta-se, com base nos dados colhidos, uma tendência, de modo geral, de

uma redução quanto à conscientização de machucar em todos os pontos de

mensuração. Por exemplo, no início do curso, 38 indivíduos concordavam que não

poderiam viver em paz se tivessem machucado outra pessoa em um acidente. Após o

curso, esse valor baixa para 34 indivíduos. Antes do curso, 3 indivíduos discordavam

67

sempre, ou seja, que poderiam viver em paz se tivessem machucado outra pessoa

em um acidente.

Após o curso, esse valor sobe para 6 indivíduos, ou seja, houve um aumento

de 100%. As mulheres são as que mais discordam dessa afirmação, ou seja, viveriam

em paz se tivessem machucado outra pessoa em um acidente. Os homens buscam

concordar mais com essa afirmação.

No nível individual, também houve uma menor conscientização nesse item, em

que a movimentação de 19 indivíduos para indicadores de ponto ordinal mais baixo,

ou seja, se antes de iniciar o curso havia concordância que não poderiam viver em

paz se tivessem machucado outra pessoa em um acidente, que agora discordam.

Neste caso, pode-se generalizar o resultado do Teste para a população, já que o p-

valor foi menor que 5%.

Tabela 8 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude do aluno dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Dirigir e beber.

Variável representativa

Nível Geral

Eu entraria em um carro com um mo- Negativo Positivo SM

torista bêbado I DS D C CS 12 18 45

1 55 16 2 2

I DS D C CS

4 46 25 3 0

p-valor = 0,556

Situação: Dirigir e beber

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 0,59 ( T-)

Fonte: Elaboração própria. Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

68

Quadro 6 Movimentação de mudança de atitude quanto a entrar em um carro com um motorista bêbado. Nível geral, segundo sexo.

Nota-se, com os dados colhidos em nível geral, uma preocupação quanto à

conscientização do indivíduo no item beber e dirigir. No início do curso, 16 indivíduos

discordavam em entrar em um carro com um motorista bêbado, e, ao final do curso,

houve um aumento para 25 indivíduos, discordando em entrar em um carro com um

motorista bêbado. No entanto, no início do curso, dois indivíduos concordavam em

entrar em um carro com um motorista bêbado, e ao final do curso três indivíduos

entrariam no carro.

Ainda pode-se informar que no início do curso 55 indivíduos discordavam em

entrar em um carro com um motorista bêbado. Ao final do curso, este valor baixou

para 46 indivíduos, ou seja, um aumento de mais de 16% em um ato de imprudência.

Tanto para os homens como para as mulheres, há uma movimentação de concordar

com a afirmação de entrar em um carro com um motorista bêbado, pois a

percentagem de indivíduos que discordam sempre diminui ao final do curso.

Em relação ao nível individual, também há uma preocupação quanto á

conscientização em que houve uma movimentação para indicadores de ponto ordinal

para alto de 18 indivíduos, ou seja, antes do curso discordavam em entrar em um

carro com um motorista bêbado, para concordarem. No entanto, não se pode

generalizar o resultado do teste para a população, já que o p-valor foi maior que 5%.

69

Tabela 9 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Mostrar as habilidades para os outros.

Variável representativa

Nível Geral

Quando as pessoas dirigem, elas gos- Negativo Positivo SM

tam de ser diferente e não um motoris- I DS D C CS 18 17 38

ta comum 15 8 16 31 4

I DS D C CS

16 7 11 37 6

p-valor = 0,465

Situação: Mostrar as habilidades para os outros

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 0,73 ( T-)

Fonte: Elaboração própria Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

Quadro 7 Movimentação de mudança de atitude quanto a dirigir de forma diferente e não um motorista comum. Nível geral, segundo sexo.

Assim, com os dados colhidos em nível geral, nota-se uma preocupação

quanto à conscientização do indivíduo quando mostrar habilidade de dirigir aos

outros. No início do curso, 31 indivíduos concordavam na visão de que as pessoas

gostam de ser diferentes ao dirigir, e ao final do curso 37 tinham a mesma visão, um

aumento de mais de 19%. Colaborando com essa informação, no início do curso, 16

70

indivíduos discordavam que as pessoas gostavam de dirigir diferente. Ao final do

curso, este valor baixou para 11 indivíduos, uma redução de mais de 31%.

Tanto para homens como para mulheres, há uma movimentação de concordar

com essa afirmação, quando no homem há uma diminuição de 10% no quesito

discordar, e nas mulheres um aumento em concordar, em quase 15%. No nível

individual, houve uma movimentação para indicadores de ponto ordinal mais baixo,

em que 18 indivíduos, que antes de iniciar o curso haviam concordado com a

afirmação de que as pessoas quando dirigem gostam de ser diferentes e ao fim do

curso discordavam.

No entanto, também houve uma movimentação de 17 indivíduos para

indicadores de ponto ordinal mais alto, ou seja, que antes discordavam com a

afirmação de que as pessoas quando dirigem gostam de ser diferentes e ao fim do

curso concordavam. Contudo, não se pode generalizar o resultado do Teste para a

população, já que o p-valor foi maior que 5%.

Tabela 10 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Andar para se divertir.

Variável representativa

Nível Geral

Dirigir é mais do que um transporte, é Negativo Positivo SM

também exagerar na velocidade e se I DS D C CS 13 18 43

divertir 4 39 27 5 0

I DS D C CS

6 32 33 5 2

p-valor = 0,332

Situação: Andar para se divertir

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 0,97 ( T-)

Fonte: Elaboração própria. Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre. Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

71

Quadro 8 Movimentação de mudança de atitude quanto a exagerar na velocidade e se divertir. Nível geral, segundo sexo.

Observa-se, com os dados colhidos em nível geral, a preocupação quanto á

conscientização do indivíduo em andar para se divertir. No início do curso, 39

indivíduos discordavam sempre em exagerar na velocidade. No final do curso, houve

uma redução para 32 indivíduos, aproximadamente 18%. No início do curso, não

havia nenhum indivíduo que concordasse sempre com a afirmativa de exagerar na

velocidade, e no final do curso, dois indivíduos já concordavam sempre em exagerar

na velocidade.

Quanto aos homens, há uma preocupação de observar que houve uma

movimentação, mesmo que pequena, em concordar com a afirmação. No entanto, as

mulheres apresentaram o maior percentual de movimentação, em que houve uma

redução de quase 23% no quesito discordar sempre, havendo assim um movimento

para concordar com a afirmação de que dirigir é mais que um transporte. É também

exagerar na velocidade.

No nível individual, houve uma movimentação de 18 indivíduos para

indicadores de ponto ordinal mais alto, que reforça a preocupação no andar para se

divertir. Por exemplo, no início do curso, discordavam em exagerar na velocidade,

mas ao final do curso, concordavam. No entanto, não se pode generalizar o resultado

do Teste para a população, já que o p-valor foi maior que 5%.

72

Tabela 11 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Excesso de velocidade.

Variável representativa

Nível Geral

É aceitável andar acima da velocidade Negativo Positivo SM

máxima permitida numa estrada reta I DS D C CS 16 17 40

sem movimento 8 18 32 14 1

I DS D C CS

9 23 32 13 2

p-valor = 0,815

Situação: Excesso de velocidade

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 0,23 ( T+)

Fonte: Elaboração própria Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

Quadro 9 Movimentação de mudança de atitude quanto a andar acima da velocidade permitida numa estrada reta sem movimento. Nível geral, segundo sexo.

Com os dados colhidos em nível geral, pode-se considerar uma

conscientização quanto ao excesso de velocidade. No início do curso, 18 indivíduos

discordavam sempre em andar numa velocidade acima da permitida em uma estrada

reta sem movimento. Ao fim do curso, já eram 23 indivíduos discordando dessa

afirmação, aumento aproximado de 28%. Os homens demonstram uma atitude em

73

discordar dessa afirmação, mas 6,9% discordam sempre, enquanto há um movimento

nas mulheres em concordarem com essa afirmação, fato visto na diminuição de

indivíduos discordando com essa afirmação e aumento de indivíduos concordando

sempre.

No nível individual, há uma tendência discreta de movimentação para

indicadores de ponto ordinal mais alto, ou seja, no início, o indivíduo indicava

discordar em exagerar a velocidade numa estrada reta sem movimento. No entanto,

ao final do curso, concordavam. No entanto, não se pode generalizar o resultado do

Teste para a população, já que o p-valor foi maior que 5%.

Tabela 12 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Obediência às normas de trânsito.

Variável representativa

Nível Geral

Quem infrigir algumas regras de trân- Negativo Positivo SM

sito não é necessariamente um moto- I DS D C CS 18 21 31

rista imprudente 8 15 28 17 2

I DS D C CS

6 17 30 18 7

p-valor = 0,254

Situação: Obediência às normas de trânsito

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 1,14 ( T-)

Fonte: Elaboração própria. Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

74

Quadro 10 Movimentação de mudança de atitude quanto a infringir regras de trânsito e não ser um motorista imprudente. Nível geral, segundo sexo.

Percebe-se, com os dados colhidos em nível geral, a preocupação quanto à

conscientização do indivíduo em relação à obediência às normas de trânsito. No início

do curso, dois indivíduos concordavam sempre que infringir alguma regra de trânsito

não coloca o motorista como imprudente. No final do curso, sete indivíduos

concordavam sempre com essa afirmação, um aumento de 250%. No ambiente

masculino, há uma movimentação em discordar dessa afirmação, sendo visto um

aumento de 7,1% dos indivíduos que discordam dessa situação.

Existe uma movimentação nas mulheres de concordarem com essa afirmação

constatada na diminuição de 11,6% dos indivíduos que discordam e o aumento de

13,6% de mulheres concordando com essa afirmação. Colaboram para essa

preocupação os dados do nível individual. Houve movimentação para indicadores de

ponto ordinal mais alto de 21 indivíduos, ou seja, antes do curso discordavam que ao

infringir algumas regras de trânsito, o motorista não é necessariamente imprudente, e

agora concordam. No entanto, não se pode generalizar o resultado do Teste para a

população, já que o p-valor foi maior que 5%.

75

Tabela 13 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: coragem de expor opiniões.

Variável representativa

Nível Geral

Rapazes preferem moças que têm co- Negativo Positivo SM

ragem de entrar no carro quando está I DS D C CS 23 14 30

exagerando na velocidade 9 21 27 10 0

I DS D C CS

11 32 28 7 0

p-valor = 0,167

Situação: Coragem de expôr as opiniões

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 1,38 ( T+)

Fonte: Elaboração própria

Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

Quadro 11 Movimentação de mudança de atitude quanto a entrar em um carro que está exagerando na velocidade. Nível geral, segundo sexo.

No intuito de colaborar para uma maior abrangência, segue mais uma pergunta

que compõe esse grupo de situação de opinião: Seria muito impopular se pedisse à

pessoa que está dirigindo para dirigir com mais cuidado.

76

Então, com os dados colhidos em nível geral, com relação à conscientização

do indivíduo quanto à coragem de expor as opiniões, no início do curso, 10 indivíduos

concordavam com essa afirmação. Ao final, houve uma redução para 7 indivíduos,

30% a menos de indivíduos que concordam em entrar em um carro quando está

exagerando na velocidade.

No início do curso, 21 indivíduos discordavam sempre que entrar no carro

quando está exagerando na velocidade indicava coragem. Ao fim do curso, os que

discordavam sempre com essa afirmação eram 32 indivíduos, um aumento de mais

de 52%. Mesmo com as indicações de maior conscientização, ao analisar as atitudes

individuais de homens e mulheres, é preciso cuidado quanto a esse item, pois em

ambos há uma tendência de diminuição da discordância nesse quesito.

Colaboram também para essa conscientização os dados do nível individual, em

que 23 indivíduos, numa movimentação para indicadores de ponto ordinal mais

abaixo, ou seja, ao iniciar o curso concordavam com a afirmação de que entrar em um

carro que está exagerando na velocidade representava coragem, agora discordam.

No entanto, não se pode generalizar o resultado do Teste para a população, já que o

p-valor foi maior que 5%.

Tabela 14 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Riscos e acidentes.

Variável representativa

Nível Geral

O risco de morrer jovem num acidente Negativo Positivo SM

de trânsito é tão baixo que você pode I DS D C CS 5 12 52

ignorá-lo 2 49 15 3 0

I DS D C CS

1 49 24 5 0

p-valor = 0,099

Situação: Riscos e acidentes

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 1,65 ( T-)

Fonte: Elaboração própria Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre. Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

77

Quadro 12 Movimentação de mudança de atitude quanto a ignorar morrer jovem num acidente de trânsito. Nível geral, segundo sexo.

Desta forma, com os dados colhidos em nível geral, a conscientização do

indivíduo quanto aos riscos e acidentes, no início do curso, 15 indivíduos discordavam

quanto ao risco de morrer jovem num acidente de trânsito. Isto é tão baixo que pode

ser ignorado. No final do curso, houve um aumento de 24 indivíduos que discordavam

dessa afirmação, um aumento de 60%.

Os dados também apontam para uma movimentação dos homens em

concordar com essa afirmação, evidenciada no aumento de 6,2% no item de

concordância e uma redução de 11,8 % no item de discordância. Para enfatizar os

cuidados, os dados do nível individual preocupam, pois há uma movimentação para

indicadores de ponto ordinal mais alto de 12 indivíduos, ou seja, no início do curso

discordavam que o risco de morrer jovem num acidente de trânsito é tão baixo que se

pode ignorar essa opção, mas, ao fim do curso, concordavam com essa afirmação.

No entanto, não se pode generalizar o resultado do Teste para a população, já que o

p-valor foi maior que 5%.

78

Tabela 15 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Infrações.

Variável representativa

Nível Geral

Você deve seguir sempre as regras de Negativo Positivo SM

trânsito independentemente das con- I DS D C CS 15 16 37

dições de dirigir 6 1 3 40 19

I DS D C CS

6 4 5 40 23

p-valor = 0,887

Situação: Infrações

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 0,14 ( T+)

Fonte: Elaboração própria Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

Quadro 13 Movimentação de mudança de atitude quanto a seguir as regras do trânsito independentemente das condições de dirigir. Nível geral, segundo sexo.

Com os dados colhidos em nível geral, a conscientização do indivíduo quanto

às infrações, no início do curso, 19 indivíduos concordam que devem seguir sempre

as regras de trânsito independentemente das condições de dirigir. Ao final do curso,

este número aumenta para 23 indivíduos, um aumento de quase 23%. Ainda no nível

geral, deve-se manter uma preocupação, pois, tanto para homens como para

mulheres, há uma movimentação em discordar da afirmação de seguir sempre as

regras de trânsito.

79

Nos homens, evidenciada na diminuição de 8,5% dos indivíduos que

concordavam e, mais forte, nas mulheres, com aumento de 8,6% de indivíduos,

discordando sempre, e diminuição de indivíduos, concordando sempre. Colaboram

para a conscientização quanto às infrações os dados do nível individual. Em 16

indivíduos, há uma movimentação para indicadores de ponto ordinal mais alto, ou

seja, no início do curso havia a tendência de discordar em seguir sempre as regras de

trânsito independentemente das condições de dirigir, mas ao fim do curso

concordavam com essa afirmação. No entanto, não se pode generalizar o resultado

do Teste para a população, já que o p-valor foi maior que 5%.

Tabela 16 Teste de Wilcoxon para a comparação da atitude dos alunos dos centros de formação de condutores antes e depois da realização do curso teórico, segundo a situação: Fatalidades.

Variável representativa

Nível Geral

A maioria dos acidentes poderiam ser Negativo Positivo SM

prevenidos se as autoridades aumen- I DS D C CS 20 15 37

tassem os esforços em medidas pre- 2 2 3 37 27

ventivas

I DS D C CS

1 2 8 39 29

Nível Geral

Os acidentes de trânsito são ocasio- Negativo Positivo SM

nados pela precariedade das estradas I DS D C CS 19 18 32

13 5 10 29 13

I DS D C CS

15 1 14 40 8

Nível Geral

O número de carros velhos no Brasil Negativo Positivo SM

torna os acidentes inevitáveis I DS D C CS 12 17 42

21 10 23 16 2

I DS D C CS

20 11 23 18 6

Antes

Depois Estatística de teste = - 0,83 ( T-)

p-valor = 0,409

Depois Estatística de teste = - 0,02 ( T-)

p-valor = 0,988

Nível Individual

p-valor = 0,631

Situação: Fatalidades

Nível Individual

Antes

Antes

Mudanças de Atitude

Nível Individual

Depois Estatística de teste = - 0,48 ( T+)

Legenda: I= Indiferente; DS=Discordo Sempre; D=Discordo; C=Concordo; DS=Discordo Sempre Nota: SM= Sem mudança de comportamento. * p-valor foi usado para avaliar se o resultado fornecido pelo Teste de Wilcoxon apresentaria validade populacional. Caso o p-valor seja maior que 5%, não há mudança de comportamento na população, ou seja, os resultados encontrados são verdadeiros apenas para a amostra considerada.

80

Quadro 14 Movimentação de mudança de atitude quanto às fatalidades. Nível geral, segundo sexo.

81

Nesse item, não houve a possibilidade de junção de um componente principal

que representasse o grupo de perguntas pela utilização da análise de componentes

principais.

Quanto à análise de que os acidentes de trânsito poderiam ser prevenidos se

as autoridades aumentassem os esforços em medidas de prevenção, no nível geral,

há a tendência de os indivíduos concordarem com essa afirmação. No entanto, nos

dados do nível individual, há uma movimentação para indicadores de ponto ordinal

mais baixo, ou seja, existe uma discordância com essa afirmação.

No que se relaciona à análise de que os acidentes são ocasionados pela

precariedade das estradas, há uma tendência de concordância dos indivíduos que

participaram da pesquisa. Quanto aos dados do nível individual, há uma estabilidade.

Quanto ao número de carros velhos no Brasil fazerem os acidentes inevitáveis,

não houve, no nível geral, uma tendência de concordância, mas sim de indiferença e

discordância. No entanto, nos dados do nível individual há uma tendência de

movimentação para indicadores de ponto ordinal mais alto, com uma tendência de

concordar com essa afirmação. Em todas as situações de fatalidade, há uma

movimentação de homens e mulheres em discordar, sendo mais evidente os homens,

quanto à precariedade das estradas, e as mulheres, quanto ao número de carros

velhos.

No entanto, em todas as situações de fatalidades não se pode generalizar o

resultado do Teste para a população, já que o p-valor foi maior que 5%.

4.4 Limitações da pesquisa

Trata-se de um estudo de caso múltiplo de centros de formação de condutores

localizados no bairro de Boa Viagem, Recife, PE. Como tal, os resultados não podem

ser generalizados para todos os centros de formação do Estado e muito menos para o

país. A metodologia aplicada, porém, se for indicada como adequada para justificar o

estudo, pode ser replicada em outras instituições do país para averiguar a

consistência dos resultados.

82

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou verificar a percepção da qualidade de serviços e sua

influência na mudança de atitude com candidatos à primeira habilitação.

Foi realizado com alunos de dois centros de formação de condutores, junto a

79 indivíduos, sendo 43 homens e 36 mulheres, com idades acima de 18 anos.

O primeiro aspecto a ser analisado corresponde ao perfil dos alunos dos

centros de formação de condutores, através de dados demográficos por análise

descritiva.

Os participantes da pesquisa quanto à idade estavam, em sua maioria, entre

18 e 34 anos, 83% do total de alunos. Deste total, as mulheres representam 39%,

com 31 indivíduos, e os homens 44%, com 35 indivíduos.

Quanto ao aspecto de escolha de habilitação, as mulheres buscam habilitação

em carro, com 31% dos indivíduos, e os homens buscam habilitar-se em moto e carro

ao mesmo tempo, com 37% dos indivíduos. Ainda no item habilitação, existe um

equilíbrio na idade entre 18 e 24 anos na escolha de apenas o carro como habilitação,

e na escolha de habilitação moto e carro, ainda há uma procura representativa dos

indivíduos entre 18 e 24 anos, cerca de 54%.

O grau de instrução se concentra no ensino médio, com 54% do total de

indivíduos: os homens representam 56% do total, com 24 indivíduos, e as mulheres

44%, com 19 indivíduos. O grau de instrução é o de ensino superior, com 29% do

total dos indivíduos. Os homens representam 43%, com 10 indivíduos, e as mulheres

56%, com 13 indivíduos. Houve registro de sete indivíduos com pós-graduação,

quatro homens e três mulheres.

Ainda no item grau de instrução, a distribuição de renda é mais evidente entre

R$ 240,00 e R$ 2.000,00. Esta distribuição tem maior concentração no grau de ensino

médio, 47% do total de indivíduos, e a faixa de renda mais forte, para esse grau de

ensino, é de R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00, com 72% dos indivíduos. Observa-se ainda

quanto à instrução, que o ensino médio completo está mais evidente na idade de 18 a

34 anos, representando 49% do total de indivíduos, seguido pelo ensino superior, com

25% do total de indivíduos.

Ainda foi questionado aos alunos dos centros de formação de condutores o que

dificultava a mobilidade no trânsito. Foi descrito que os maiores empecilhos estão

relacionados com a falta de investimento em transporte público e engarrafamento, em

83

que na primeira indicação, há um empate entre homens e mulheres, com 18

indivíduos cada. No segundo item, 24 homens indicaram como problema, contra 17

mulheres.

Quanto à idade, nesse item, a faixa de 18 a 24 anos indicou que a falta de

investimento em transporte público é o maior problema, e a faixa de 25 a 34 anos, o

engarrafamento. Estes dados refletem o modo de locomoção dos indivíduos

pesquisados: ônibus urbano, que vive em constante dificuldade de transitar,

evidenciado no segundo problema relatado, que é o engarrafamento.

Abordado também sobre qual seria a atitude dos alunos passando por uma

situação de estresse no trânsito, ao receber a Carteira Nacional de Habilitação, e nos

argumentos de agressividade, intolerância e impaciência, os homens, com 28

indivíduos, são os mais representativos, 35% do total de indivíduos. Nos argumentos

de tranquilidade, solidariedade e reconhecimento de igualdade de direitos dos outros,

as mulheres, com 24% do total de indivíduos, são relevantes.

Quanto aos argumentos: agressividade, intolerância e impaciência,

principalmente este último está na faixa de idade de 18 a 24 anos, e nos argumentos

de tranquilidade, solidariedade e reconhecimento da igualdade de direito dos outros,

está na faixa de idade de 25 a 34 anos. Continua a evidência do ensino médio como

fator preponderante nos alunos dos centros de formação de condutores, em que esse

grau de ensino é mais relevante, tanto na impaciência como na solidariedade.

Outro tema do perfil que foi analisado está relacionado com a Lista de Valores

de Rokeach, em que, segundo o sexo, nenhum aluno se considerou agressivo ou

disperso. Os itens ambição e agito são formados integralmente por mulheres, em que

o valor terminal se relaciona com uma vida confortável e próspera que estaria

alinhado com o fator de mente aberta, em que o valor terminal é a busca de uma vida

ativa e estimulante.

Os itens de coragem e obediência foram formados integralmente por homens,

que são expressos pela Lista de Valores de Rokeach. O valor instrumental coragem

está ligado à defesa de suas ideias, buscando como valor terminal a igualdade e no

valor instrumental obediência, que expressa deveres e responsabilidade, buscando o

valor terminal de autoestima. O ponto com maior aproximação entre homens e

mulheres é o valor instrumental de capacidade, que representa competência e

efetividade, que busca no valor terminal um sentido de realização.

84

Dos indicadores da Lista de Valores de Rokeach, tomando como base os

dados acima descritos, as mulheres são mais mente aberta com agito e ambição,

buscando uma vida mais ativa e estimulante, e os homens mais obedientes, que

expressam deveres e responsabilidade, buscando como valor terminal autoestima, e

ambos com competência e efetividade.

Essas informações são colocadas à prova quando, ao passar por um momento

de estresse no trânsito, os homens são mais impacientes e as mulheres mais

solidárias. Quanto à idade, o item que indica ser uma pessoa agitada foí encontrado

na faixa de 18 a 24 anos, e só nesta faixa. O item corajoso (a), que procura trabalhar

na defesa de suas próprias ideias, está evidenciado na faixa de idade de 25 a 34

anos.

Além de averiguar o perfil dos alunos dos centros de formação de condutores,

este estudo também teve o objetivo de verificar a qualidade dos serviços prestados, e

essa análise foi feita pelas dimensões da qualidade, englobando cinco variáveis, que

são: confiabilidade, responsividade, empatia, segurança e atributos tangíveis.

De modo geral, pelo Intervalo de Confiança, todas as variáveis foram bem

avaliadas, com exceção do atributo tangível, que está relacionado à infraestrutura e

condições gerais quanto ao aspecto físico e de equipamento dos centros de formação

de condutores.

As variáveis confiabilidade, responsividade e empatia foram as de maior

correlação, ou seja, existe uma correlação entre seus objetivos, uma influência junto

aos alunos, como a capacidade de desempenhar o serviço prometido de modo

confiável. Confiabilidade, ligada com ajudar os clientes e prestar serviço sem demora

e com motivação; responsividade, com uma atenção individualizada; e cuidadosa aos

clientes, empatia.

Este estudo também teve o objetivo de verificar mudanças nas atitudes dos

alunos pelo Teste de Wilcoxon e movimentação ordinal de intenção dos indivíduos

envolvidos, seguido pela significância em relação à população.

Nesse item, foram colocadas algumas questões relacionadas ao trânsito para

analisar a atitude dos alunos, como: andar com motorista que não oferece segurança;

machucar outros; dirigir e beber; mostrar habilidade aos outros, ao dirigir; divertir-se

ao dirigir; excesso de velocidade; obediência às normas de trânsito; coragem de se

85

expor; risco de acidentes, Infrações e fatalidades. Em todas as situações, os alunos

poderiam discordar ou concordar com as afirmações.

Na análise das situações, os pontos de aumento de conscientização estão

descritos abaixo:

Andar com motorista que não oferece segurança: Eu poderia entrar num carro com amigos que sei que dirigem de maneira perigosa

No início do curso, no nível geral, 37 indivíduos discordavam. Ao final do curso, houve um aumento para 42 indivíduos, discordando. No nível Individual, 16 indivíduos concordavam no início do curso. Ao final, discordavam.

Excesso de velocidade: É aceitável andar acima da velocidade máxima permitida numa estrada reta sem movimento

No início do curso, no nível geral, 18 indivíduos discordavam. Ao final do curso, 23 indivíduos discordavam. No nível individual, houve um discreto equilíbrio, mas deve haver uma busca de melhoria.

Coragem de expor as opiniões: Rapazes preferem moças que têm coragem de entrar no carro quando está exagerando na velocidade

No início do curso, 21 indivíduos discordavam. Ao final do curso, 32 indivíduos discordavam.

Riscos e acidentes: O risco de morrer jovem num acidente de trânsito é tão baixo que você pode ignorá-lo

No início do curso, 15 indivíduos discordavam. Ao final do curso, 24 indivíduos discordavam.

Infrações: Você deve seguir sempre as regras de trânsito independentemente das condições de dirigir

No início do curso, 19 indivíduos concordavam. Ao final do curso, 23 indivíduos concordavam. No nível individual, 16 discordavam e agora concordam.

Nas análises das situações, os pontos de preocupação quanto à conscientização

estão descritos abaixo:

Dirigir e beber: Eu entraria em um carro com um motorista bêbado

No início do curso, 16 indivíduos discordavam. Ao final do curso, 25 indivíduos discordavam. No nível individual, 18 indivíduos discordavam e, ao final, concordavam.

Mostrar as habilidades para os outros: Quando as pessoas dirigem, gostam de ser diferentes e não um motorista comum.

No início do curso, 31 indivíduos concordavam. Ao final, 37 indivíduos concordavam. No nível individual, 18 indivíduos concordavam e agora discordam.

86

Andar para se divertir: Dirigir é mais do que transportar, é também exagerar na velocidade e se divertir.

No início do curso, 39 indivíduos discordavam. Ao final, 32 indivíduos discordavam. No nível individual, 18 indivíduos discordavam, e agora, concordam.

Obediência às normas de trânsito: Quem infringir algumas regras de trânsito não é necessariamente um motorista imprudente.

No início do curso, dois indivíduos concordavam. Ao final, sete indivíduos concordavam. No nível individual, 21 indivíduos discordavam. Agora, concordam.

Quanto à mudança de atitude dos estudos, só na situação de machucar os

outros é que houve uma mudança significativa em relação à população, pois indica

um p-valor menor que 5%. Os demais itens não podem ser generalizados para a

população. Mesmo assim, existem várias situações, como descrito acima, que

merecem uma atenção especial.

Neste estudo, pôde-se perceber que os homens buscam valores de

obediência, deveres e responsabilidade. E as mulheres com valores alinhados na

busca de uma vida ativa e estimulante, tendo referência à Lista de Valores de

Rokeach, deste estudo. Estes fatos são encontrados na análise de mudança de

atitude dos alunos. Nas mulheres, existe um movimento de maior ousadia, até com a

diminuição do controle quanto à segurança.

Na percepção dos serviços, os centros de formação de condutores estão

dando importância a atender o que foi contratado de um modo rápido e

individualizado e na mudança de atitude. Mesmo tendo pontos a melhorar, não se

pode generalizar uma influência para toda a população.

Assim sendo, fica apontado que, ao cruzar os dados do Intervalo de Confiança,

utilizados na análise da percepção de serviço, com os testes de Wilcoxon, usado na

análise de mudança de atitude, não há como determinar que exista influência da

percepção da qualidade do serviço na mudança de atitude dos candidatos à primeira

habilitação, ou seja, o candidato se dirige ao centro de formação de condutores com

um conceito já formado.

O trânsito é comentado, mesmo sem uma função direcionada para a ação de

dirigir um veículo motor, em todos os ambientes e momentos que estejam

relacionados à movimentação. Cuidado ao atravessar a rua; observar o sinal e os

lados da rua; usar a faixa de pedestre; andar na via correta de direção de veículo etc.

87

O candidato à primeira habilitação já é ciente das atitudes que deve exercer para

manter sua segurança e dos outros, ou seja, o estudo evidencia a execução do curso

como fator obrigatório e não como fator que influencie sua atitude.

Diante disso, sugere-se uma ação mais próxima na formação do indivíduo na

base escolar com conceitos e demonstrações de atitudes junto ao trânsito, tendo um

programa de acompanhamento anual e, com isso, moldar o futuro motorista para

atitude consciente e responsável de uso do veículo motor na sociedade.

Quanto à realidade atual, sugere-se uma maior fiscalização do órgão

responsável no acompanhamento em campo, na rua, quanto às atitudes do candidato

ao dirigir, verificando se está havendo uma correlação entre o aprendido em sala de

aula e o praticado dentro do veículo.

Diante dessa evidência, relatada no estudo, e com o intuito de minimizar os

atos inseguros no trânsito, este trabalho gerou um fruto, e já em funcionamento, o

Centro de Tecnologia de Cursos Especializados (CTCE) para Qualificação de

Mototaxistas, Motofretistas, Condutores, Instrutores, Transporte escolar e afins, com a

missão de contribuir para capacitação e qualificação do condutor de veículo

automotor, promovendo a conscientização e responsabilidade ao dirigir, e a melhoria

da qualidade de vida da sociedade e ser uma empresa reconhecida pela excelência

de seu desempenho e compromisso em manter e executar essa missão.

88

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu_________________________________________ declaro que me disponho

de livre vontade a participar da pesquisa “Percepção da qualidade de serviço e sua

influência na tendência de conduta do candidato à primeira habilitação de condutor:

caso dos centros de formação de condutores,” do pesquisador Bráulio Meira de

Almeida, para fins de mestrado, e preencherei os questionários necessários, sabendo

que será salvaguardada minha identidade e que não correrei nenhum risco ao

participar desta pesquisa.

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APÊNDICE B – Modelo de questionário

Formulário de Pesquisa

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu_________________________________________ declaro que me disponho

de livre vontade a participar da pesquisa “Percepção da qualidade de serviço e sua influência na tendência de conduta do candidato à primeira habilitação de condutor: caso dos centros de formação de condutores,” do pesquisador Bráulio Meira de Almeida, para fins de mestrado, e preencherei os questionários necessários, sabendo que será salvaguardada minha identidade e que não correrei nenhum risco ao participar desta pesquisa.

1) Tipo de habilitação que está pretendendo MOTO ( ) CARRO ( ) MOTO E CARRO ( ) OUTRO ( ) QUAL:

2) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3) Idade: ( ) 18 a 24 anos ( ) 25 a 34 anos ( ) 35 a 44 anos ( ) 45 anos a mais

4) Grau de instrução ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Superior Completo ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Pós-Graduação Completa ( ) Pós-Graduação Incompleta.

5) Principal ocupação ( ) Estudante ( ) Dona de casa ( ) Funcionário de empresa pública ( ) Funcionário de empresa particular ( ) No momento sem emprego ( ) Outros_________________________________________________________________________________________

6 ) Renda pessoal mensal ( ) De R$ 240,00 a R$ 500,00 ( ) De R$ 501,00 a R$ 1.000,00 ( ) De R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00 ( ) De R$ 2.001,00 a R$3.000,00 ( ) Acima de R$ 3.000,00 ( ) No momento, sem renda

7 ) Você se considera (ESCOLHER 1 OPÇÃO ) ( ) Sereno ( ) Agressivo ( ) Disperso ( ) Agitado ( ) Ambicioso ( ) Mente aberta ( ) Lógico ( ) Obediente ( ) Capaz ( ) Corajoso

8) Das indicações abaixo, para você, qual representa a maior dificuldade de mobilidade no trânsito? (ESCOLHER 1 OPÇÃO ) ( ) Falta de investimento em transporte público ( ) Engarrafamento ( ) Custo de estacionamento ( ) Dificuldade de carga e descarga

9) Supondo que você, ao obter a Carteira Nacional de Habilitação, passará por situações estressantes no trânsito, qual das opções abaixo representaria sua atitude? (ESCOLHER 1 OPÇÃO ) ( ) Agressividade ( ) Intolerância ( ) Impaciência ( ) Tranquilidade ( ) Solidariedade ( ) Reconhecimento da igualdade de direitos com os outros motoristas

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APÊNDICE C – PERCEPÇÃO DO SERVIÇO CONTRATADO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu_________________________________________ declaro que me disponho

de livre vontade a participar da pesquisa “Percepção da qualidade de serviço e sua influência na tendência de conduta do candidato à primeira habilitação de condutor: caso dos centros de formação de condutores” do pesquisador Bráulio Meira de Almeida, para fins de mestrado, e preencherei os questionários necessários, sabendo que será salvaguardada minha identidade e que não correrei nenhum risco ao participar desta pesquisa.

Orientação para preenchimento

1 – Considerando o valor 10 (dez) como maior pontuação, estará indicando que os serviços

contratados foram plenamente atendidos, e o valor 1 (um) como a menor pontuação, estará

indicando que os serviços contratados não foram plenamente atendidos. Os valores serão

descritos de 1,2,3,4,5,6,7,8,9 e 10. Para cada uma das afirmações, registre o valor que

representa sua percepção quanto ao serviço.

Modelo: “Pergunta”: (Indique o valor que percebeu do serviço) 6

Caso queira corrigir sua resposta, coloque um risco anterior, e marque outro valor,

conforme indicação

Modelo: “Pergunta” (Indique o valor que percebeu do serviço) 6 5

Confiabilidade: Capacidade de desempenhar o serviço prometido de modo confiável e preciso 1 – Quando lhe prometeram um serviço em um determinado momento, ele foi executado: ____. 2 – Quando você teve um problema lhe mostraram interesse sincero em resolvê-lo: _____ 3 – O serviço contratado foi executado corretamente já na primeira vez: _____ 4 – O serviço contratado foi executado no prazo em que foi prometido : _____ 5 – Foi informado acerca de quando os serviços foram executados: ____

Sugestões para melhoramento:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

______________________

94

Responsividade: Ajudar os clientes e prestar serviços sem demora com motivação 1 – Os funcionários prestaram serviços prontamente: ____ 2 – Os funcionários estavam sempre dispostos a ajudar: ____ 3 – Os funcionários nunca estavam demasiadamente ocupados para atender sua solicitação: ____ 4 – Os funcionários mantiveram o foco nos seus interesses : _____ 5 – Os funcionários tiveram habilidade e facilidade de resolver seus problemas: ____

Sugestões para melhoramento:

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

_________

Segurança: Conhecimento, cortesia dos funcionários e sua capacidade de transmitir confiança

1 – O comportamento dos funcionários inspirou confiança: ____ 2 – Você se sentiu seguro (a) em suas negociações: ___ 3 – Os funcionários foram realmente gentis com você: ____ 4 – Os funcionários demonstraram conhecimento necessário para responder a suas perguntas: ____ 5 – Os funcionários apareceram sempre com boa apresentação: ____

Sugestões para melhoramento:

___________________________________________________________________________

______

Empatia: Atenção individualizada e cuidadosa que as empresas proporcionam aos clientes 1 – Deram a ele atenção individualizada : ____ 2 – Havia funcionários que deram atenção individualizada: ____ 3 – Seus interesses mais importantes foram levados a sério: ____ 4 – Os funcionários compreenderam suas necessidades específicas: ____ 5 – Os funcionários demonstraram real interesse e vontade em resolver seus problemas:

____

Sugestões para melhoramento:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

________________________

Tangíveis: Aparência física das instalações, equipamentos, pessoal e material de comunicação 1 – Havia equipamentos com aparência moderna e adequada: ____ 2 – As instalações apresentam-se adequadas: ____ 3 – Os funcionários estiveram bem apresentáveis e cuidavam de sua aparência: ____ 4 – Os materiais associados com o serviço (panfletos , livros ou frases utilizadas na comunicação) foram visualmente agradáveis: ____

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5 – Havia horário de atendimento conveniente: ___

Sugestões para melhoramento:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____

96

APÊNDICE D – Termo de consentimento e Questionário de Atitude

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