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ORIGENS DA DANÇA NO BRASIL Na construção histórica do esporte e da Educação Física, a dança ocupa um lugar central, pois dela se origina a arte do movimento. E esta manifestação artística acompanha a vida humana na Terra desde seus primórdios. Por esta razão, Pierre de Coubertin, ao restaurar os Jogos Olímpicos a partir de 1896, procurou sempre prestigiar a dança e desde a década de 1920 ela tem sido parte fundamental dos Jogos Olímpicos de Inverno, esperando-se que seja incluída, em algumas de suas versões, nos Jogos de Verão a partir de 2012. Em termos de Educação Física, nas décadas de 1920 – 1930, na Europa, os grandes nomes da dança foram também os renovadores dos métodos ginásticos. Entre estes, cita-se Rudolfo Laban que coreografou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Berlin, em 1936. Já nas últimas Olimpíadas de Sydney, culminando em 2000, a dança constituiu a base do programa cultural do evento. Em resumo, a dança é um fenômeno originário na cultura de todos os povos, que se manifesta em outras atividades corporais entre as quais incluemse os esportes e a Educação Física, quer visando-se ao lazer, à saúde, à formação educacional, ou a todos estes em conjunto. Década de 1920: No Brasil, a vertente da dança ligada à Educação Física surge neste período, por agregação de movimentos ginásticos às suas bases elementares, constituindo práticas ofertadas pelas então denominadas “academias”, geralmente conduzidas por bailarinas vindas do exterior. Nas décadas seguintes, tal procedimento híbrido incorporou-se à formação de professores de Educação Física e de suas conseqüentes práticas docentes. Um marco pioneiro desta vertente ocorreu em 1925, ao serem oferecidas lições de balé clássico em conjunto com dança moderna, sapateado, ginástica rítmica e ginástica acrobática. O local em foco foi o Rio de Janeiro – RJ, capital e centro cultural do país, à época. A direção do empreendimento foi de Naruna Corder, brasileira de nascimento e egressa do Royal Ballet de Londres. Década de 1940: Inclusão da dança por Helenita Pabst Sá Earp na formação de professores de Educação Física, na antiga Escola Nacional de Educação Física – Universidade do Brasil, na Urca, Rio de Janeiro – RJ (hoje UFRJ). Esta disciplina tornou-se influente ao longo da década, gerando um núcleo que liderou a disseminação da dança em diferentes modalidades, pelas demais faculdades e escolas de Educação

Origens Da Dança No Brasil - Ana Cristina

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Construção Histórica.

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ORIGENS DA DANÇA NO BRASIL

Na construção histórica do esporte e da Educação Física, a dança ocupa um lugar central,

pois dela se origina a arte do movimento. E esta manifestação artística acompanha a vida

humana na Terra desde seus primórdios. Por esta razão, Pierre de Coubertin, ao restaurar os

Jogos Olímpicos a partir de 1896, procurou sempre prestigiar a dança e desde a década de

1920 ela tem sido parte fundamental dos Jogos Olímpicos de Inverno, esperando-se que seja

incluída, em algumas de suas versões, nos Jogos de Verão a partir de 2012. Em termos de

Educação Física, nas décadas de 1920 – 1930, na Europa, os grandes nomes da dança

foram também os renovadores dos métodos ginásticos. Entre estes, cita-se Rudolfo Laban

que coreografou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Berlin, em 1936. Já nas

últimas Olimpíadas de Sydney, culminando em 2000, a dança constituiu a base do programa

cultural do evento. Em resumo, a dança é um fenômeno originário na cultura de todos os

povos, que se manifesta em outras atividades corporais entre as quais incluemse os esportes

e a Educação Física, quer visando-se ao lazer, à saúde, à formação educacional, ou a todos

estes em conjunto.

Década de 1920: No Brasil, a vertente da dança ligada à Educação Física surge neste

período, por agregação de movimentos ginásticos às suas bases elementares, constituindo

práticas ofertadas pelas então denominadas “academias”, geralmente conduzidas por

bailarinas vindas do exterior. Nas décadas seguintes, tal procedimento híbrido incorporou-se

à formação de professores de Educação Física e de suas conseqüentes práticas docentes.

Um marco pioneiro desta vertente ocorreu em 1925, ao serem oferecidas lições de balé

clássico em conjunto com dança moderna, sapateado, ginástica rítmica e ginástica

acrobática. O local em foco foi o Rio de Janeiro – RJ, capital e centro cultural do país, à

época. A direção do empreendimento foi de Naruna Corder, brasileira de nascimento e

egressa do Royal Ballet de Londres.

Década de 1940: Inclusão da dança por Helenita Pabst Sá Earp na formação de

professores de Educação Física, na antiga Escola Nacional de Educação Física –

Universidade do Brasil, na Urca, Rio de Janeiro – RJ (hoje UFRJ). Esta disciplina tornou-se

influente ao longo da década, gerando um núcleo que liderou a disseminação da dança em

diferentes modalidades, pelas demais faculdades e escolas de Educação Física por todo o

país nos anos subseqüentes. Posteriormente, a dança passou a fazer parte dos currículos

das licenciaturas de Educação Física em abrangência nacional. Tal proposta pressupunha

que os alunos, ao explorarem os elementos artísticos e científicos do movimento, relegariam

a segundo plano o aspecto motor, desencadeando um processo que originaria novas

propostas de movimentos corporais com possibilidades criativas, então nomeado de SUD –

Sistema Universal de Dança.

Década de 1980: A partir da Resolução 03 de 1987 do então Conselho Federal de

Educação, que reformulou a Licenciatura e o Bacharelado em Educação Física, inicia-se um

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processo progressivo de adaptação regional dos currículos desta formação profissional em

nível superior. Nesta perspectiva, a dança foi favorecida por já ter uma tradição de meio

século na licenciatura em Educação Física, como também pela maior possibilidade de optar

por práticas de preferência local em comparação com as demais disciplinas. Já na esfera da

aplicação da arte no processo educacional, o novo currículo confirmou a necessidade do

profissional em Educação Física desenvolver competências em termos de dança em suas

diferentes manifestações. Além disso, a dança em Educação Física ressurge na UFRJ como

Dança Rítmica, na Universidade Federal de MG como Ritmo/Movimento e, na Universidade

Gama Filho, como Dança Educacional.

Década de 1990: Em pesquisa de campo com uma amostra de 80 faculdades de

Educação Física de todos as regiões do Brasil – representando cerca de metade do total

existente no país em meados da década, e um quarto do total atual – verificou-se que a

dança constituía a sétima disciplina na ordem de preferências daquelas Instituições de Ensino

Superior – IES, entre 370 opções de disciplinas identificadas no levantamento (DaCosta,

1999). Além disso, a investigação constatou um ecletismo generalizado em todas as

disciplinas em razão da variedade local de adaptações à Resolução 03/87 do Conselho

Federal de Educação, que descentralizou o currículo de formação superior em Educação

Física via autonomia das IES.

Neste período, também surgem evidências de que o método Dança- Educação Física vinha

sendo fortalecido como proposta teórica relacionada ao trabalho corporal, voltada para a

integração do indivíduo como um todo. Este método era comprometido com um trabalho

educativo e formativo de base predominantemente preventiva, visando resgatar, no ser

humano, um trabalho de conscientização corporal. E como tal, a sua versão mais geral, isto é,

a Dança – Educação, tornara-se parte importante da formação do professor de dança stricto

sensu. Neste contexto de sentido formativo e educacional, houve maior valorização de IES

dedicadas ao ensino da dança como profissão de nível superior, coincidindo com a expansão

da oferta de cursos em escala nacional (ver mapa).

Situação Atual: Nos primeiros anos da presente década, assistese à consolidação da

Dança-Educação na ocupação do espaço social em posição privilegiada, numa tendência já

reforçada na década anterior. Esta perspectiva educativa implica em proporcionar, além do

desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social (numa perspectiva da cultura corporal), o

que tem de mais peculiar: expressividade acompanhada do ritmo. Em termos de Educação

Física, tal formulação trata da arte/modalidade/atividade como promotora de desenvolvimento

e autonomia corporal. Parceiros desta idéia estão os Parâmetros Curriculares Nacionais-

PCNs, documento este que classifica a dança como um dos conteúdos da Educação Física,

possibilitando o desenvolvimento da cultura corporal na comunidade escolar. Nestas

circunstâncias, o entendimento da dança na Educação Física hoje, pressupõe a variedade em

suas modalidades de práticas, incluindo desde o ballet clássico às danças folclóricas.