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1 OS ACAMPADOS DA TO-050 E A LUTA PELA TERRA Marta Sônia Alves Lima Silva Universidade Federal do Tocantins-UFT Campus de Porto Nacional [email protected] Ariovaldo Umbelino de Oliveira - Orientador Resumo O objetivo deste artigo é revelar a realidade das famílias acampadas no Acampamento Sebastião Bezerra da Silva, do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Movimento dos Atingidos por Barragens, localizado às margens da TO-050, entre Porto Nacional e Palmas-TO. Busca-se identificar o nível de organização em que se encontram os acampados e quais suas perspectivas em relação à luta pela terra e a desapropriação da Fazenda Dom Augusto, para o futuro assentamento. Para tanto, a pesquisa a campo se fez necessário, visando à identificação do espaço ocupado, e como os movimentos MST/MAB, estão articulados na constituição do acampamento. Nesse sentido, foi necessário realizar entrevistas com militantes e acampados, as quais foram de fundamental importância no entendimento do processo de luta dos movimentos sociais pela conquista de direitos. Palavras- chave: Acampamento. Camponeses. Movimentos Sociais e Luta pela Terra. Introdução Historicamente a luta pela terra tem sido marcada por vários conflitos e por apropriação de grandes áreas do território por uma pequena parcela de privilegiados. Ao longo do tempo, os camponeses a partir de suas lutas, conquistas e resistência têm construído seu lugar na sociedade como classe social dotada de direitos garantidos pela Constituição, e que devem ser respeitados. Dessa forma, o objetivo deste artigo é revelar a realidade das famílias acampadas no Acampamento Sebastião Bezerra da Silva, e suas constantes lutas pela terra, movidos pela certeza de um dia conquistá-la. O acampamento é articulado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e, está localizado às margens da rodovia TO- 050 entre a cidade de Porto Nacional e a capital do Estado do Tocantins, Palmas. Os problemas evidenciados nos conflitos pela terra mostram a necessidade de um III Plano Nacional de Reforma Agrária, visando uma maior distribuição de terra a quem de

OS ACAMPADOS DA TO-050 E A LUTA PELA TERRA · Pesquisa de campo: em que o universo de estudo constituiu-se junto ao Acampamento Sebastião Bezerra da Silva, localizado na TO-050,

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OS ACAMPADOS DA TO-050 E A LUTA PELA TERRA

Marta Sônia Alves Lima Silva Universidade Federal do Tocantins-UFT

Campus de Porto Nacional [email protected]

Ariovaldo Umbelino de Oliveira - Orientador

Resumo O objetivo deste artigo é revelar a realidade das famílias acampadas no Acampamento Sebastião Bezerra da Silva, do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Movimento dos Atingidos por Barragens, localizado às margens da TO-050, entre Porto Nacional e Palmas-TO. Busca-se identificar o nível de organização em que se encontram os acampados e quais suas perspectivas em relação à luta pela terra e a desapropriação da Fazenda Dom Augusto, para o futuro assentamento. Para tanto, a pesquisa a campo se fez necessário, visando à identificação do espaço ocupado, e como os movimentos MST/MAB, estão articulados na constituição do acampamento. Nesse sentido, foi necessário realizar entrevistas com militantes e acampados, as quais foram de fundamental importância no entendimento do processo de luta dos movimentos sociais pela conquista de direitos. Palavras- chave: Acampamento. Camponeses. Movimentos Sociais e Luta pela Terra. Introdução

Historicamente a luta pela terra tem sido marcada por vários conflitos e por apropriação

de grandes áreas do território por uma pequena parcela de privilegiados. Ao longo do

tempo, os camponeses a partir de suas lutas, conquistas e resistência têm construído seu

lugar na sociedade como classe social dotada de direitos garantidos pela Constituição, e

que devem ser respeitados.

Dessa forma, o objetivo deste artigo é revelar a realidade das famílias acampadas no

Acampamento Sebastião Bezerra da Silva, e suas constantes lutas pela terra, movidos

pela certeza de um dia conquistá-la. O acampamento é articulado pelo Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Atingidos por Barragem

(MAB) e, está localizado às margens da rodovia TO- 050 entre a cidade de Porto

Nacional e a capital do Estado do Tocantins, Palmas.

Os problemas evidenciados nos conflitos pela terra mostram a necessidade de um III

Plano Nacional de Reforma Agrária, visando uma maior distribuição de terra a quem de

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fato necessita trabalhar e produzir alimentos para sua família e também suprir as

necessidades da sociedade com a venda dos excedentes produzidos. Como é do

conhecimento geral a maioria dos produtos que chegam à mesa da sociedade brasileira é

produzida pelo pequeno agricultor.

No cenário de luta pela terra, os acampados do referido acampamento desde o inicio de

sua formação estão organizados politicamente e socialmente, e, a partir do primeiro

contato com a realidade desses sujeitos sociais foi possível aferir que suas ações se

constroem de forma coletiva e suas estratégias de luta e organização poderão possibilitar

o acesso a terra.

Nesse contexto a formação do acampamento configura-se como espaço de luta onde os

acampados reúnem forças e lutam coletivamente de forma organizada na reivindicação

da terra para o futuro assentamento, rompendo assim, o domínio dos pretensos donos da

terra, pois, trata-se de área grilada.

Como os procedimentos téricos-metodologicos norteiam os caminhos a serem seguidos

na pesquisa, neste trabalho foram desenvolvidos dois tipo de pesquisas:

Pesquisa teórica: em que os aspectos abordados neste trabalho tiveram como

procedimentos e técnicas, primeiramente o embasamento teórico, parte fundamental da

pesquisa, realizada a partir de autores que se dedicam a pesquisar e entender a luta pela

terra. Dentre eles, destaca-se Ianni (2004), Fernandes (2008), Oliveira (2002, 2007,

2010).

Pesquisa de campo: em que o universo de estudo constituiu-se junto ao Acampamento

Sebastião Bezerra da Silva, localizado na TO-050, entre Porto Nacional e Palmas,

capital do Estado do Tocantins. A coleta de dados foi feita em dois momentos distintos:

o primeiro realizado no dia 04 de maio e o segundo no dia primeiro de agosto de 2011.

Também nas técnicas de pesquisa, contou-se com entrevistas realizadas com militantes

dos movimentos, MST e MAB, coordenador do MST no Tocantins e vários acampados, as quais foram de fundamental importância no entendimento do processo de luta dos

movimentos sociais pela conquista de direitos, bem como a formação do acampamento e como

tem transcorrido a luta pela terra às margens da TO-050, no acampamento Sebastião Bezerra

da Silva. Foi utilizado recurso fotográfico, através de fotos, para registro e visualização

de pontos importantes da pesquisa.

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Referencial Teórico

A luta pela terra tem se configurado ao longo do tempo em um grande desafio, campo

de forças onde se insere um clima de tensão sempre conflituoso, entre aqueles que não

possuem terra e os grandes latifundiários que detém o poder sobre a mesma. Cabe

destacar que grande parte destas terras foi adquirida ilegalmente, ou seja, pela forma da

chamada “grilagem”.

As lutas camponesas sempre estiveram presentes na história do Brasil, visto que a sua

formação sempre foi marcada pela invasão dos territórios indígenas, pela escravidão e

pela produção do território capitalista. Esse processo foi também marcado pela grande

concentração de terra nas mãos de poucos, originando assim os grandes latifúndios. De

acordo com dados apresentados pelo MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra (2010, p. 8):

O Brasil é um dos países com maior concentração de terra do mundo. Em nosso território, estão os maiores latifundiários. Concentração e improdutividade possuem raízes históricas, que remontam ao início da ocupação portuguesa deste território no século XVI. Combina com a monocultura para exportação e a escravidão, a forma de ocupação de nossas terras pelos portugueses estabeleceu as raízes da desigualdade social que atinge o Brasil até os dias de hoje.

Essa realidade construiu uma formação territorial que se encontra em ininterrupta

disputa. Uma das frentes dos movimentos sociais no campo que tem desempenhado

papel fundamental face à luta pela terra e que ganhou destaque nacional é o Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Foi fundado em 1984 em Cascavel - PR, durante o

Primeiro Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. (OLIVEIRA, 2002,

p. 83).

A forma de organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e sua

própria história de luta geraram condições de tomada de consciência dos sujeitos sociais

envolvidos, e assim, abriu caminho por onde enraizaram suas estratégias e

concretizaram-se seus propósitos que são a luta pela terra, conseqüentemente a reforma

agrária, bem como a construção de uma sociedade mais justa.

A partir desse movimento, Oliveira (2002, p.83) escreve que “os acampamentos têm se

constituído numa espécie de nova forma de luta pela terra no país”, congregando em

nível nacional a ação de organização desses acampamentos. Uma vez que o Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é fruto das lutas pela democratização do acesso a

terra como também da sociedade brasileira. Portanto, a luta pela terra e pela reforma

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agrária são fatores importantes para a territorialização do campesinato brasileiro

(FERNANDES 2008, p. 86), uma vez que a posse da terra e o desenvolvimento dos

assentamentos são partes intrínsecas desse processo.

De acordo com Fernandes (2001 p.11-12): Os acampamentos são espaços e tempos de transição na luta pela terra. São, por conseguinte, realidades em transição. São forma de materialização da organização dos sem-terra e trazem em si, os principais elementos organicionais do movimento. Predominantemente, são resultados de ocupações. São, portanto, espaços de luta e de resistência.

Nesse contexto, tanto a ocupação como a formação do acampamento se configuram

como forma de enfrentamento e contestação, primeiro passo de conquista da terra.

Frente à questão da luta pela terra, desencadeiam-se os conflitos e a violência constitui

sua principal característica no campo brasileiro, de acordo com Oliveira (2007, p.135).

Tanto os conflitos como a violência não são características exclusivas do século XX,

“são, marcas constantes do desenvolvimento e do processo de ocupação do país. Os

povos indígenas foram os primeiros a conhecerem este processo”.

Esses conflitos têm levado à morte muitos camponeses que anseiam de certa forma, pelo

seu único meio de produção, a terra. Juntamente com eles são sacrificados os que se

constituem como líderes sindicais, religiosos, agentes pastorais entre outros

(OLIVEIRA, 2002 p.13).

Todavia, mesmo com tais perdas pode-se dizer que até mesmo a partir delas, os

camponeses vêm construindo outros/novos espaços de luta. De acordo com os dados do

MST (2010, p. 09) desde a metade do século XX, surgiram novas feições e formas de

organização na luta pela terra e também pela reforma agrária. Ou seja, a partir de

contínuos conflitos e eventos se deu a formação do campesinato em várias regiões do

Brasil.

O MST, em relação aos demais movimentos sociais de luta pela terra, tem ocupado um

lugar de destaque, (OLIVEIRA, 2007, p.139) e, isso se deve ao fato de que sua forma de

organização foi sendo construída no decorrer do tempo. De acordo com o autor, “O

MST como movimento socio-territorial rural mais organizado no final do Século XX e

inicio do Século XXI, representa no conjunto da história recente do país, mais um passo

na longa marcha dos camponeses brasileiros em sua luta cotidiana pela terra”.

No contexto das lutas sociais no campo, onde se insere diferentes manifestações e

sujeitos sociais, do ponto de vista da própria luta pela democracia é importante salientar

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que no Brasil, segundo (IANNI, 2004 p. 155): “[...] a democracia nunca chegou ao

campo, nem como ensaio; apenas como promessa. O pouco que fez, em favor da

democracia, foi e continua a ser o resultado das lutas de camponeses, operários rurais e

índios”.

Dessa forma, pode-se constatar, portanto, a imprescindível participação da luta

camponesa na conquista dos direitos da sociedade brasileira. Essa situação nos dias

atuais é fortemente visível, devido o estabelecimento dos grandes projetos e o avanço do

agronegócio.

No Brasil, a cada dia as lutas crescem, de um lado estão os indígenas (comunidades

originárias) que buscam a defesa de seus territórios. De outro, estão os trabalhadores

rurais sem terras e, somados a eles estão outros sujeitos sociais, também chamados de

(comunidades tradicionais) que lutam por um pedaço de chão para trabalhar, entre

outros que lutam para sobreviver em meio à desigualdade e injustiças que predominam

sobre a parcela do território capitalista no Brasil.

De acordo com Oliveira (2007 p. 09) os estudos clássicos sobre o campesinato teorizam

sobre a extinção dessa classe social, que se daria pela transformação do camponês em

pequeno capitalista ou proletário. Há que se destacar nesse ponto que tais teorias não

conseguiram abarcar todas as especificidades do campesinato existente em diferentes

regiões do planeta. No entanto, números bem mais significativos de estudiosos da

agricultura buscam explicar não só a permanência como também o aumento do

campesinato na agricultura. (OLIVEIRA, 2007, p.09).

Dessa forma, Oliveira (2007, p.09) afirma que: “é o próprio capitalismo dominante que

gera relações de produção capitalistas e não-capitalistas”. Ou seja, isso implica ressaltar

que tanto o campesinato como o latifúndio deve ser considerado de dentro do

capitalismo e não fora dele. Nesse contexto, a formação de acampamentos atualmente

em vários estados, e de forma particular no Tocantins, tem mostrado que a luta pela

terra se fortalece e o campesinato continua existindo e resistindo.

Várias são as formas de manifestação que no século XXI continuam a ser produzidas e

reproduzidas no território nacional, como fruto do descontentamento dos subjugados

pelo modo capitalista de produção, especificamente da contraditória relação entre o

capital e a produção camponesa, indispensável para manutenção e sobrevivência da

sociedade brasileira.

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A atuação do MST no Estado do Tocantins

Antes de abordar as ações do MST no Tocantins, é necessário lembrar como o MST

vem atuando no Brasil desde a década de 80, como movimento de massa que sempre

contribuiu para a conquista de direitos relacionados à classe camponesa. Em sua recente

história embora tenha enfrentado resistência em relação ao acesso a terra, fortaleceu-se

e conseguiu avançar nos debates sobre a questão agrária tornando-se uma referencia

nacional em termos de conquista e organização.

È importante ressaltar que a luta pela terra por envolver vários sujeitos sociais em vários

estados da federação, configura-se também, em uma série de conflitos cuja distribuição

territorial apresenta-se de forma distinta. O mapa a seguir mostra em 2010, essa

evidência.

Fonte: OLIVEIRA, 2011.

Analisando a ação dos sem terra, os dados do mapa evidenciam os conflitos ocorridos

no Estado do Tocantins, e em outros estados que de acordo com Oliveira (2010 p. 6)

foram 638 conflitos em 2010. Os Sem Terra ocupam a segunda posição com 185

conflitos representado 29% do total de conflitos. Outra questão a ser destacada é que em

2010, ocorreu o retorno dos posseiros no contexto da luta pela terra e conseqüentemente

seu envolvimento nos conflitos. Portanto, é importante a revisão das Medidas

Provisórias 422 (Lei n° 11.763-1°/o8/2008) e depois a 458 (Lei nº 11.952-25/06/2009),

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pois, possivelmente essas políticas possibilitam a regularização das terras griladas na

Amazônia Legal. (OLIVEIRA, 2010).

Obviamente esses dados podem ser claramente entendidos quando se reporta a atual

organização do MST no Estado do Tocantins, onde atua há 13 anos. O MST iniciou

seus trabalhos no Estado em 1998 e tem sua sede localizada na capital - Palmas-TO.

Sua maior área de atuação é a região denominada Bico do Papagaio, com vários

assentamentos, e acampamentos. Esta região é considerada como região de conflitos e

morte de camponeses conhecida em nível internacional. Dessa forma, de acordo com

(CHAVES, 2011):

Nessa região, Os primeiros conflitos se deram durante a abertura de frentes pioneiras, que ali chegaram ocupando as terras de seus antigos habitantes – os povos indígenas – o que provocou inúmeros e intensos confrontos pela posse da terra, entre eles. Posteriormente, foram as políticas públicas de desenvolvimento para Amazônia dos governos que vinham se instalando no Brasil.

Através das palavras da autora pode-se observar que os conflitos pela terra na região

acompanham toda uma trajetória da territorialização dos processos ensejados pela

economia capitalista na região.

O MST no Tocantins atualmente conta com trabalho que vem sendo desenvolvidos na

coordenação geral da Educação no MST no Estado, e desempenha um papel

considerado fundamental junto ao movimento em favor da educação dos sem terra. Seu

objetivo é atingir um modelo de sociedade onde alfabetização e escolarização sejam

metas que pretende alcançar.

A dinâmica de organização do MST no Brasil depende das conjunturas políticas em

nível de Estado, e, mais ainda do Governo Federal. Nessa perspectiva, convém ressaltar

a afirmação de Oliveira (2002, p.54) de que: “A posição do Estado tem sido buscar a

desarticulação dos movimentos [...] o Estado tem atuado de modo a tentar conter seus

avanços.” Mas mesmo assim o movimento tem se destacado em meio à luta pela

conquista da terra.

Segundo também, a coordenação geral da educação no MST, a principal conquista do

movimento no Tocantins, foi à implantação de assentamentos em vários municípios,

como se pode ver no quadro a seguir:

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ASSENTAMENTOS

MUNICÍPIOS-TO

1° de Janeiro e 2 de Janeiro

Palmeiras

Palmares

Araguatins

Osiel

Cachoeirinha

Onalício Barros

Caseara

Che Guevara

Goianorte

Padre Josimo I e II

Nova Rosalândia e Criatalândia

Paulo Freire

Rio dos Bois

Mártires a terra

São Bento

Fonte: Dados da coordenação da educação no MST. (Org.) SILVA, 2011.

A luta do MST no Tocantins segue a linha política construída pela articulação conjunta

com a política nacional e, de outros seguimentos, ou seja, não trabalhar de forma

isolada. Nos últimos anos o movimento tem mudado e vem perdendo força em termo de

luta pela terra, devido às contradições e conflitos existentes entre seus integrantes, mas,

ainda se mantêm como movimento de massa. Essa mudança na postura da ação política

do MST reflete na luta pela terra que de acordo com Oliveira (2010) “[...] desde seu

quinto congresso em 2005, vem sistematicamente adotando novas formas de ação que

demandam a luta contra o capital em geral, admitida como mais importante que a luta

pela terra”.

Em entrevista realizada com as lideranças do MST, pode-se verificar que a coordenação

regional do MST no Tocantins, tem estado presente nestes últimos anos colaborando na

formação de militância. Conforme lideranças, o Estado do Tocantins, foi dividido em

duas regionais: Regional Padre Josimo, com acampamentos no Bico do Papagaio,

União e Bom Jesus e, a regional Sebastião Bezerra da Silva, com o acampamento que é

o objeto deste estudo.

Uma das dificuldades do movimento no Tocantins é não possuir a estabilidade existente

em outros Estados, além dos problemas de relacionamento com o Sindicato de

Trabalhadores Rurais e a falta de apoio do governo do Estado.

O movimento procurou expandir-se, formar alianças, mas, no Estado essa questão é

bastante complicada. Dessa forma, o que se conseguiu foi apenas uma articulação com

outros movimentos: Movimento de Luta pela Moradia em Palmas, Comissão Pastoral

da Terra - CPT e MAB- Movimento dos Atingidos por Barragem. Com esse último

movimento, o MAB, tem sido possível manterem-se relações mais próximas.

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Também foi mencionado em entrevista, que no governo Luis Inácio não teve muita

conquista, mesmo sendo ele “defensor” da reforma agrária. Isso se deve ao fato de que

na presidência de Luis Inácio, em seu primeiro mandato criou-se a expectativa de que

aconteceria a reforma agrária, mas isso não aconteceu. No entanto, para Oliveira (2010)

o que houve em seu segundo mandato foi o início de uma contra-reforma agrária

conectada à expansão do agronegócio no Brasil.

Torna-se conveniente ressaltar que, o agronegócio não produz alimentos para a

população brasileira e sim o pequeno agricultor. Nesse contexto, Oliveira (2007, p.135)

afirma que os camponeses “São, portanto uma classe em luta permanente, pois os

diferentes governos não lhes têm considerado em suas políticas publicas.”

Segundo a coordenação da educação do MST no Tocantins, o movimento possui os

seguintes setores de atuação: educação, produção, e frente de massa, e, outros como:

juventude, saúde. Estão também articulando a criação de setores como comunicação e

direitos humanos.

O movimento tem discutido também, uma parceria com a UFT - Universidade Federal

do Tocantins, articulada em Porto Nacional, sobre a possibilidade de se criar um projeto

que possa contemplar o ensino no campo. Há também outra parceria que está em

andamento com o Campus de Tocantinópolis da UFT, onde a idéia é implantar um

curso de graduação - licenciatura em educação no campo até 2012 via PRONERA-

Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Essa parceria representaria uma

das conquistas do movimento junto à luta pela reforma agrária.

Realidade do Acampamento Sebastião Bezerra da Silva

A formação do acampamento Sebastião Bezerra da Silva, nasceu com o intuito de se

promover a Reforma Agrária em terras da União que foram griladas. De acordo com a

coordenação do MST no Tocantins, a área em questão é fragmentada e diz respeito à

fazenda conhecida como Dom Augusto, reivindicado como de propriedade de Alcides

Rebeschini, e está localizada entre Palmas e Porto Nacional.

De acordo com a coordenação do MST, o proprietário não possui a documentação de

toda a área, e sim de apenas 1.200 hectares de um total de aproximadamente 6.000

hectares. Mas, de acordo com os dados do INCRA, a propriedade está dividida

conforme quadro 2, da seguinte forma:

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NOME DO IMÓVEL

ÁREA CATEGORIA FUNDIÁRIA

NOME DO DECLARANTE

Fazenda Novo Horizonte

3.194 ha

Grande propriedade produtiva

Frigovale Norte Agropecuária Ltda.

Fazenda Chupé

968 ha

Média propriedade produtiva

Frigovale Norte Agropecuária Ltda.

Fazenda Taquary

48 ha

Minifúndio

Frigovale Norte Agropecuária Ltda.

Fonte: INCRA, 2011. (Org. SILVA, 2011)

A área reivindicada pelos acampados de acordo com a coordenação do MST , possui

características que favorece a desapropriação tais como: consta na lista suja do

Ministério do Trabalho pela pratica de trabalho escravo, além do que a propriedade não

cumpre a função social.

As figuras 1 e 2 apresentam a área ocupada pelo acampamento do Movimento Sem

Terra e Movimento de Atingidos por Barragens, ao longo da rodovia TO-050.

Figura 1 e 2.: Acampamento Sebastião Bezerra da Silva. MST/MAB à margem direita e esquerda da Rodovia TO-050, no sentido Palmas - Porto Nacional.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, capítulo III que dispõe sobre a Política

Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária, em seu Art.184: “Compete a União

desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não

esteja cumprindo sua função social [...]”. Portanto, a propriedade deve seguir os

Fonte: SILVA, Agosto de 2011.

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seguintes critérios que constam nos ínscios I, II, III e IV do art. 186 da Constituição (

OLIVEIRA 2007) que são:

I- Aproveitamento racional e adequado;

II- Utilização adequada dos recursos; naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III- Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV- Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Atualmente de acordo com do MST (2010) no Brasil, 90 mil famílias estão acampadas

em mais de mil acampamentos distribuídos em 23 Estados e no Distrito Federal. Eles

constituem-se em camponeses, trabalhadores rurais, arrendatários, bóias frias, meeiros

que lutam pela terra. Também fazem parte dos acampados famílias que foram

desapropriadas do meio rural e tentam retornar ao campo, encontrando no movimento a

única alternativa de conseguir a terra para trabalhar.

Diante do exposto, atualmente conforme metodologia e conceitos utilizados pela CPT -

Comissão Pastoral da Terra, “Acampamentos são espaços de luta e formação, fruto de

ações coletivas, localizados no campo ou na cidade, onde as famílias sem terra,

organizadas, reivindicam assentamentos”.

No inicio houve a ocupação da fazenda em questão, porem, as famílias foram expulsos

do local formando-se então o acampamento. Conforme Fernandes (2001) “A ocupação,

como forma de luta e acesso a terra, é um contínuo na história do campesinato

brasileiro”.

O nome do acampamento foi escolhido em homenagem ao militante Sebastião Bezerra

da Silva, coordenador do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia-TO e secretário

do Regional Centro-Oeste do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH),

defensor dos direitos humanos que foi assassinado em Gurupi-TO.

No primeiro dia de visita ao acampamento, constatou-se que, apenas vinte e cinco

famílias estavam cadastradas pelo MST e a estrutura do acampamento estava ainda em

processo de formação. No entanto foi possível observar nesse primeiro momento a luta

pela sobrevivência, pois, os acampados com toda sua humildade e simplicidade, falaram

expondo suas histórias de vida, suas angustias e anseios a respeito da terra que estão

aguardando a liberação para o futuro assentamento. Alguns já estão no movimento há

bastante tempo e outros entraram no movimento por influencia de familiares que foram

acampados em outros momentos e hoje se encontram assentados.

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No segundo momento da pesquisa, o acampamento já apresentava outra estrutura e o

número de famílias aumentou consideravelmente nos últimos meses. Já eram

aproximadamente 670 famílias, e a cada dia várias famílias chegam ao acampamento,

vindas de várias localidades do Tocantins e de outros Estados. Esta realidade pode ser

visualizada na Figura 3.

Figura 3.: Interior do Acampamento MST/MAB Sebastião Bezerra da Silva, à

margem da Rodovia TO-050.

Esse aumento rápido no número de famílias deve-se ao fato de que as informações de

que a terra será desapropriada de fato, se espalhou por várias regiões do Estado, fazendo

com que muitas famílias se destinassem ao local para construir seu “barraco” na

esperança de conseguir a terra para trabalhar.

Um ponto importante que foi destacado no acampamento, diz respeito ao processo de

desapropriação da fazenda que foi renovado no INCRA e que agora é uma questão de

tempo e “boa vontade” do INCRA em liberar a terra que já foi vistoriada. A expectativa

é de cadastrar todas as famílias que estão no acampamento.

Outra questão que chamou a atenção foi a respeito da alimentação, quando informaram

que possui um fomento e as vinte e cinco famílias que se encontrava no acampamento

no primeiro dia de visita, já estavam cadastrados para receber a cesta básica, porém,

essas cestas ainda não tinham chegado.

Esse problema só se agravou, pois com o passar do tempo o numero de famílias

aumentou, e, a situação estava complicada, pois o governo ainda não tinha liberado a

Fonte: SILVA, Agosto de 2011.

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distribuição das cestas aos acampados. Segundo as lideranças do MST, as cestas básicas

estavam retidas na CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento.

Diante dessa situação, os militantes do movimento acreditam que seja uma forma de

repressão para frear o avanço do acampamento, pois o mesmo se configuram como

forma de afrontar e pressionar o governo que de qualquer forma terá que atender os

anseios dos acampados.

Essa questão das cestas básicas estava na pauta de uma reunião que se realizou dia

02/08/2011, como também a questão do cadastramento das famílias no acampamento,

que muitas delas não estavam assentadas, mas constam nos dados do INCRA como

assentadas. Conforme as lideranças do acampamento sobre estas questões, até o

presente momento nada foi resolvido devido o não comparecimento dos órgãos

envolvidos (INCRA e CONAB) nessa reunião.

Diante do exposto, fica visível a falta de compromisso na busca de melhores condições

de vida para os acampados que sãos constituídos de homens mulheres e crianças. O

MAB tem ajudado na questão da alimentação, os acampados pedem ajuda à própria

família, e, como dizem os acampados “um companheiro ajuda o outro”, e nessa questão

a união do grupo é fundamental.

Com relação à organização do acampamento, segundo Fernandes (2011): Ao organizar um acampamento, os sem terra criam diversas comissões ou equipes, que dão forma à organização. Participam famílias inteiras ou parte de seus membros, que criam as condições básicas para a manutenção das suas necessidades: saúde, educação segurança, negociação, trabalho etc.

No acampamento Sebastião Bezerra da Silva, a organização é constituída a partir de

uma divisão do trabalho, que se encarrega da organização interna do acampamento, na

qual é escolhido entre um grupo de 10 famílias, um coordenador para fazer parte da

organização da infra-estrutura do acampamento que é dividida em quatro setores: saúde,

educação, finanças e segurança.

Há também o remanejamento das lideranças em termos de trabalho, pois a liderança

exige tempo integral e trabalhar se torna difícil, por isso há um acordo entre os

“companheiros”, que enquanto uns ficam na liderança outros vão à busca de empregos

para manter a família.

É importante ressaltar que dentro dessa divisão do trabalho há a equipe que trabalha na

segurança do acampamento como guarda não armada, devido às ameaças as lideranças,

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pelo fato de que o acampamento está incomodando não somente o governo, mas

também empresas e fazendeiros da região.

Quanto à formação política dos acampados, segundo um dos líderes, a consciência

política é livre, a liderança apenas busca fazer um trabalho mostrando quem de fato irá

apoiar o movimento. O acampamento também conta com uma liderança feminina tendo

como represente a coordenadora Estadual do MST, que desenvolve trabalho na frente de

massa. De acordo com seus dados no acampamento hoje existem aproximadamente 230

mulheres e 110 crianças, podendo esse número ser bem maior, devido à permanência só

do marido no acampamento.

De acordo com as lideranças, o plano de trabalho para o futuro assentamento, ainda não

está determinado, porém já existe a organização de três projetos (lavoura, gado e

piscicultura) que será discutido com as famílias depois da criação do assentamento. A

esperança de um dia conseguir um pedaço de terra é o que os faz resistir frente a todas

as dificuldades, e, a idéia de desistir às vezes se faz presente, mas a certeza da conquista

da terra é o que os faz lutar cada vez mais.

Quanto à violência, de acordo com as lideranças do acampamento, até o presente

momento a situação está sobre controle, foram registradas apenas algumas violências

verbais por pessoas que passam pelo acampamento. No período noturno os acampados

ficam em alerta para manter a segurança do acampamento.

Também já se fez presente no acampamento a Policia Militar, o IBAMA - Instituto

Brasileiro de Meio Ambiente, CIPAMA - Companhia Independente de Policia Militar

Ambiental, NATURATINS - Natureza do Tocantins, com o objetivo de analisar e

averiguar questões ambientais.

De acordo com as lideranças do acampamento, quando a terra for liberada e o

assentamento formado, representará uma conquista muito importante do movimento,

devido à ocupação de um espaço próximo ao centro administrativo do Estado,

quebrando a lógica da ocupação que tenta manter as pessoas pobres longe dos centros

urbanos, para não afrontar a especulação imobiliária.

Sobre o número de famílias previsto para a área escolhida, a expectativa é de que sejam

assentadas em torno de 250 famílias. Mas para que essa estimativa concretize-se, os

acampados devem permanecer unidos no acampamento como forma de acelerar o

processo de desapropriação. Conforme Fernandes (2011) “A sustentação dos

acampamentos é uma forma de pressão para reivindicar o assentamento. E essa é uma

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pratica do MST, garantir o acampamento até que todas as famílias sejam assentadas”.

No referido acampamento, existe a atuação apenas do MST (Movimento dos

trabalhadores Rurais sem Terra) e do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)

que trabalham em conjunto na luta pela terra, buscando da melhor forma possível a

articulação com o INCRA e demais órgãos envolvidos, isso mostra a relevância dos

movimentos no processo de luta e conquista da terra.

No acampamento de acordo com os militantes do MAB, o objetivo do movimento é em

conjunto com o MST assentar famílias que foram atingidas e não receberam o beneficio.

No acampamento existem duas famílias que foram atingidas por barragem, uma de São

Salvador-TO e outra de Estreito-MA, mas, a expectativa é de que mais famílias

cheguem. Um dos objetivos do MAB é a formação de militantes.

Na perspectiva da conquista pela terra, famílias de diversas regiões sejam do campo ou

da cidade passam a viver em acampamentos na beira de rodovias, enfrentando

dificuldades, discriminação, mas encontram apoio nos movimentos, pois todos

enfrentam os mesmos problemas.

Essa questão foi evidenciada no acampamento Sebastião Bezerra da Silva, pelo contato

direto com a realidade das famílias que se sujeitam a viver em “barracos” em condições

que demonstram a capacidade de resistir para continuar sobrevivendo, cujo único

objetivo é a conquista da terra. Uma vez que, é a partir dos movimentos que os

acampados encontram apoio e lutam na certeza de serem assentados.

A realidade do acampamento mostra que há famílias de diferentes lugares do Estado,

como Palmas onde moravam de aluguel, alguns desempregados, outros trabalham de

pedreiro, pintor, e outros fazem bicos, alguns com filhos outro não, e vem também de

outros Estados como Maranhão, Brasília, Goiás. Alguns já fizeram parte de outros

acampamentos e não foram assentados, em fim, são várias situações distintas, mas com

um objetivo em comum, conseguir terra para trabalhar com a família. De acordo com

Fabrine (2004) “A força de trabalho da família é o elemento mais importante no

reconhecimento da unidade campesina”.

Considerações finais

Diante da realidade encontrada no acampamento Sebastião Bezerra da Silva, ficou claro

que a luta pela terra através de uma reforma agrária é fundamental e urgente. Tal

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realidade semelhante à de outros acampamentos do Estado, merecem atenção da

sociedade, mesmo por que em todos os governos já existente no Brasil, não foi feita

uma reforma agrária de fato.

A luta pela terra sempre existiu em meio ao avanço do capitalismo, que em toda sua

história encontrou formas de se fortalecer e se expandir, e atualmente o agronegócio

está se mostrando como uma dessas formas, pois avança e ocupa áreas que deveriam ser

destinadas para a reforma agrária.

A resistência na luta sempre foi uma das características dos sem terra e de outros

sujeitos sociais frente aos problemas agrários, cujo objetivo principal é a luta por uma

sociedade mais justa onde realmente haja cidadania.

Atuar coletivamente também é uma característica marcante, pois o individualismo não

faz parte da rotina dos acampados, que possuem uma relação social baseada no

companheirismo e solidariedade, e mesmo diante de todas as dificuldades, a maioria dos

integrantes não desistem da luta pela terra.

A vida no acampamento Sebastião Bezerra da Silva, representa a realidade de milhares

de brasileiros que juntamente com suas mulheres e filhos, em condições de

vulnerabilidade e exposto a um clima de tensão e violência, ficam por tempo

indeterminado aguardando a liberação da terra.

Neste acampamento, são várias história de luta, dias de incertezas e preocupação, em

meio à precariedade das habitações que não oferece nenhuma segurança, mas mesmo

assim resistem, e, encontra nos companheiros força para seguir a diante e “desistir da

luta” não faz parte do cotidiano dos acampados.

A área a ser ocupada se configura como fração do território importante para a produção

de alimentos, cujo excedente da produção poderá abastecer a cidade de Palmas, pois a

mesma se localiza em uma área estratégia devido à sua localização e facilidade de

escoamento da produção pela TO-050. Dessa forma, essa é atual realidade do

Acampamento Sebastião Bezerra da Silva, onde camponeses constroem suas esperanças

de sobrevivência, na beira do asfalto, ás margens da TO-050.

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Referências

CHAVES, Patrica Rocha. Projeto de pesquisa. A luta pela terra e as transformações territoriais no Bico-do-Papagaio: expropriação e reconstrução da fração camponesa do território. 2011. CPT – Comissão Pastoral da Terra. Conflitos no campo Brasil 2010. CPT: Goiânia, 2011. FABRINI, João Edmilson. A contradição como parâmetro de compreensão da resistência camponesa. Geografia-Volume 13- nº 2 Jul/Dez. 2004. Disponível em http://www.geo.uol.br/revista FERNANDES, Bernardo Mançano. Território da Questão Agrária: Campesinato, reforma agrária e agronegócio. Associação Brasileira de Reforma Agrária, São Paulo: 2008. ______,Ocupação como forma de acesso à terra. Disponível em: http://www.2.fct.unesp.br> Acesso em 03 mar. 2011. IANNI, Octávio. Origens Agrárias do Estado Brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 2004. MST: Lutas e Conquistas. Reforma agrária: Por justiça social e soberania popular. 2ª Ed. São Paulo: 2010. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Geografia da lutas no campo. 11ª Ed. São Paulo: Contexto, 2002. _______, Modo capitalista de produção, agricultura e reforma agrária. São Paulo: FFLCH, 2007. ________, Os Posseiros voltam a assumir o protagonismo da luta camponesa pela terra no Brasil. 2010.