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Os atos explícitos do racismo são proibidos por lei, contudo, existe na sociedade moderna um discurso contraditório onde se reconhece a existência do racismo, mas individualmente não se assume a responsabilidade pelo mesmo. O que ocorre é uma mudança nas formas de expressão e conteúdo do preconceito, alterando, por conseguinte, a expressão de um racismo aberto e agressivo para outro que desafia as normas sociais. “nos últimos 30 ou 40 anos as sociedades vêm desenvolvendo restrições institucionais à pratica discriminatória baseada na diferença de raça. Tais abordagens consideram que a diminuição do racismo é um fenômeno aparente, uma vez que as atitudes preconceituosas permaneceriam presentes em cada indivíduo, o que ocorreria é que a discriminação manifesta estaria sendo substituída por outras formas mais sutis. Há então um racismo simbólico, cujo núcleo será a firmação de valores igualitários (de acordo com o pós-modernismo) e, simultaneamente, a oposição às políticas que estariam de acordo com esses referidos valores. Exemplo é a política de cotas para ingresso na universidade, cujo ataque teria por base argumento de uma igualdade de direitos para todas as pessoas independentemente de sua origem. As pessoas experimentam, consciente ou inconscientemente “um conflito psicológico devido ao confronto entre suas atitudes íntimas preconceituosas e as normas sociais contra o preconceito. O que levaria à construção de formas adequadas e capciosas de preconceito, este com origem nos argumentos que circulam na própria sociedade e não nos processos psicológicos individuais. Todavia, as concepções atuais sobre o preconceito utilizam um a abordagem individualista e processual, não adaptada aos fenômenos sociais ligados aos processos de exclusão, o que se configura num empecilho para a elucidação do problema. O processo de globalização e a consequente intensificação da relações entre diferentes culturas e etnias produz um fenômeno ambíguo: por um lado maior respeito à diversidade dos valores culturais, e por outro lado, o crescimento dos movimentos nacionalistas, provocando fenômenos de fanatismo e discriminação contra etnias e grupos minoritários. Além disso, o desenvolvimento

Os Atos Explícitos Do Racismo São Proibidos Por Lei

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combate ao racismo

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Os atos explícitos do racismo são proibidos por lei, contudo, existe na sociedade moderna um discurso contraditório onde se reconhece a existência do racismo, mas individualmente não se assume a responsabilidade pelo mesmo. O que ocorre é uma mudança nas formas de expressão e conteúdo do preconceito, alterando, por conseguinte, a expressão de um racismo aberto e agressivo para outro que desafia as normas sociais.

“nos últimos 30 ou 40 anos as sociedades vêm desenvolvendo restrições institucionais à pratica discriminatória baseada na diferença de raça. Tais abordagens consideram que a diminuição do racismo é um fenômeno aparente, uma vez que as atitudes preconceituosas permaneceriam presentes em cada indivíduo, o que ocorreria é que a discriminação manifesta estaria sendo substituída por outras formas mais sutis.

Há então um racismo simbólico, cujo núcleo será a firmação de valores igualitários (de acordo com o pós-modernismo) e, simultaneamente, a oposição às políticas que estariam de acordo com esses referidos valores. Exemplo é a política de cotas para ingresso na universidade, cujo ataque teria por base argumento de uma igualdade de direitos para todas as pessoas independentemente de sua origem.

As pessoas experimentam, consciente ou inconscientemente “um conflito psicológico devido ao confronto entre suas atitudes íntimas preconceituosas e as normas sociais contra o preconceito. O que levaria à construção de formas adequadas e capciosas de preconceito, este com origem nos argumentos que circulam na própria sociedade e não nos processos psicológicos individuais. Todavia, as concepções atuais sobre o preconceito utilizam um a abordagem individualista e processual, não adaptada aos fenômenos sociais ligados aos processos de exclusão, o que se configura num empecilho para a elucidação do problema.

O processo de globalização e a consequente intensificação da relações entre diferentes culturas e etnias produz um fenômeno ambíguo: por um lado maior respeito à diversidade dos valores culturais, e por outro lado, o crescimento dos movimentos nacionalistas, provocando fenômenos de fanatismo e discriminação contra etnias e grupos minoritários. Além disso, o desenvolvimento econômico e tecnológico do neoliberalismo acentua a diferença entre ricos e pobres no âmbito individual e político.

Nos países ocidentais o preconceito se expressa pela negação de traços positivos ao grupo-alvo, ao invés de atribuição de traços negativos ao mesmo.

89% dos brasileiros reconheciam a existência de preconceito racial no Brasil, apesar dessa consciência, só 10 por cento admitia ser pessoalmente preconceituoso. O fato do individuo não se reconhecer preconceituoso, não exclui a demonstração desse mesmo preconceito. Esse racismo engenhoso e mascarado é mais eficiente em sua função de discriminar e mais difícil de erradicar.

Essa contradição, tão comum no período pós-moderno que se configura após a derrocada do muro de Berlim, onde as dicotomias entram em declínio e a cultura ocidental abre espaço a uma realidade cada vez mais dialética coaduna com o conflito que o brasileiro vive: a consciência da discriminação que o negro sofre e os laços criados pela miscigenação e as pressões politicamente corretas que impedem que o papel de cada um nesse processo seja elucidado.

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Fica claro o consenso de que a discriminação existe e que a mesma passa ter novas justificativas socialmente aceitáveis. Há que se destacar, contudo, a formação de uma nova categorização social que vai substituir o conceito de raça e que seria fruto desse processo dissociativo: a adaptação aos valores modernos e progressistas (neoliberalismo, individualismo, Joaquim Barbosa, exceção) a ideologia neoliberal, portanto, nega a existência de uma hierarquia de raças, mas pressupõe a existência de diferenças no sentido do progresso econômico e social.

A cor da pele estaria associada a esse progresso: a cor branca estaria ligada aos valores progressistas, o primeiro mundo (vide a cor de nossas universidades) e a cor negra aos valores tradicionais e menos avançados, no terceiro mundo. Da mesma forma os negros teriam aptidões naturais relacionadas ao esporte ou às artes (negro só tem cultura popular) enquanto brancos teriam aptidões intelectuais para atividades ligadas ao poder (quantos negros nos temos no supremo, já tivemos um presidente negro, e temos algum professor negro?) essa nova forma de categorizar estaria de acordo com as normas anti-racistas, pois angariadas numa perspectiva neoliberal e individualista de direitos humanos, culminado na facilitação dos processos de exclusão, na preservação da discriminação social e na retirada do sentimento de responsabilidade individual (entra aí o papel do estado enquanto instância reponsabilizadora coletiva)

Os negros são aqueles que moram em situações menos favoráveis, os que possuem empregos com remuneração baixa, que dependem do SUS, que sofrem com as epidemias de HIV/AIDS.

HOJE É DIA DE CONSCIÊNCIA!

OS INVISÍVEIS

LUZ SOBRE OS QUE SE DESVIAM DAS REGRAS DO SISTEMA QUE ENGOLE QUANDO PROMETE ACOLHER. OLHOS ÀQUELES E ÀQUELAS QUE FAZEM DO CAMINHO PÚBLICO SUA CASA, SEM LENÇO NEM DOCUMENTO. LUZ SOBRE OS EXCLUÍDOS QUE EXISTEM E, AINDA, RESISTEM.

QUEM SOBREVIVE DE MANEIRA MAIS DIGNA, OS QUE OBEDECEM SEM QUESTIONAMENTO UM SISTEMA INJUSTO, OU QUEM, A SEU MODO, NEGA TUDO QUE ESTÁ AÍ, AQUI?

PESSOAS VIVEM A TOTAL NUDEZ DAS RUAS, CAMUFLADAS PELO SEU CABELO, SEU CHEIRO, SUA COR. INVISÍVEIS SOCIALMENTE, MARGINALIZADAS E MARGINALIZANDO O SISTEMA, CONSTITUEM UMA REALIDADE QUE LHES É PRÓPRIA E, CONSEQUENTEMENTE, NOSSA. VIVEM COM POUCAS CONTAS E MUITOS RISCOS, E BEM POR ISSO, ESCAPAM AOS NOSSOS OLHARES, MAS NÃO AOS NOSSOS MEDOS.

MARCADOS PELA INVISIBILIDADE SOCIAL, SUJEITOS A UM SEM NÚMERO DE VUNERABILIDADES, PESSOAS QUE SOFREM TODOS OS PRECONCEITOS ENRAIZADOS EM TODOS OS SETORES DA SOCIEDADES. OS EXCLUÍDOS EXISTEM, PARA ALÉM DE NOSSOS VIDROS ESCUROS, DE NOSSO MEDO DE ATRAVESSAR A RUA, OU SUPERAR AS GRADES DA UNIVERSIDADE.

OS EXCLUÍDOS EXISTEM!

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O QUE NÃO EXISTE É UM MUNDO ONDE SÓ SE VÊ E SE RECONHECE ALGUNS HUMANOS POR MEIO DE FOTOGRAFIAS.

O MOVIMENTO ZOADA CONVIDA A TODA A COMUNIDADE ACADÊMICA DO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DA UFPE A RECONHECER, ATRAVÉS DA ARTE, QUE ALMA NÃO TEM COR.

ATIVIDADES CULTURAIS DESENVOLVIDAS AO LONGO DA SEMANA.

FOTOGRAFIAS DE FELIPE REIS MELO

POESIA DE MAURÍCIO DA FONTE FILHO

“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.

Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:

Que não são embora sejam.

Que não falam idiomas, falam dialetos.

Que não praticam religiões, praticam superstições.

Que não fazem arte, fazem artesanato.

Que não são seres humanos, são recursos humanos.

Que não tem cultura, têm folclore.

Que não têm cara, têm braços.

Que não têm nome, têm número.

Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.

Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”

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A CHIBATA DA SENZALA HOJE AINDA SE FAZ PRESENTE, VEJO CRAVEJADO DE BALA UM CORPO NEGRO INOCENTE!

(A justiça é cega, mas a injustiça todos podemos ver)

Muitos querem ser negro,Mas ser negro não é opçãoSer negro é sentir na peleO chicote da discriminação...A pele do negro, é um manto sagradoOnde se lê, sua negra históriaApesar de trezentos anos de agravoEssa pele nunca perdeu sua glória...Pelo negro não há quem apeleQuem irá reparar sua dor?A pátria que ao negro repeleÉ feita da pele, que por ela um dia sangrou...Oh! Pátria ingrata, que tanto nos fereCom tamanha ingratidãoO suor que o negro expeleRegou a semente, que te formou em nação...Quer saber o que é ser negro?Senta e ouça, que o negro te explica;Buscamos escola e emprego,Porém, quem não é negro complica...Ser negro é diante da mortePermanecer imortalÉ ser lançado á própria sorteÉ não ter direito igual...Ser negro é jamais, perder a esperançaSer negro é viver, sua livre liberdadeÉ trazer no seu corpo uma dançaCoreografia da sua digna dignidade...

Por nossa pele sofremosPor nossa pele lutamosO que nós negros queremosSão nossos direitos humanos...

Há aquele que se auto-intitulaDoutor em negrologiaQue o nosso direito anulaAssim como uma mula,Nada faz, a não ser demagogia...O futuro será diferente,Distante de todo o passadoNão vão mais dominar minha mente,

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Basta! Por hoje já chega!Estão assustados?Calma! É só a (r)evolução da pele negra

(R)Evolução da Pele Negra (Poesia de Luiz de Jesus)