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Os contrastes sociais que caracterizam o Brasil foram … · 2019-08-12 · contrastes: a pobreza e a riqueza, o desenvolvimento e o atraso, a abundância de recursos e a estagnação

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Os contrastes sociais que caracterizam

o Brasil foram representados em

diferentes épocas.

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A realidade brasileira é historicamente

caracterizada pela convivência de

contrastes: a pobreza e a riqueza, o

desenvolvimento e o atraso, a

abundância de recursos e a

estagnação econômica, o acesso à

educação e a exclusão cultural.

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O poema a seguir, de Oswald Andrade, descreve essa permanente polaridade.

Pobre alimária

O cavalo e a carroça Estavam atravancados no trilho E como o motorneiro se impacientasse Porque levava os advogados para os [escritórios Desatravancaram o veículo E o animal disparou Mas o lesto carroceiro Trepou na boleia E castigou o fugitivo atrelado Com um grandioso chicote

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Contexto:

Mudanças políticas (Abolição da

Escravatura e a Proclamação da

República) não provocam alterações

significativas na estrutura econômica do

país:

café = base da economia brasileira =

política do café com leite (SP + MG).

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Contexto:

Mudanças que começavam a modificar a

fisionomia da sociedade brasileira:

urbanização das metrópoles + a imigração +

o crescimento industrial + a emergência de

uma classe média reformista e uma nova

geração de militares influenciados pelo

ideário positivista + massa popular insatisfeita.

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Pré-modernismo: época eclética (de

mistura de tendências, estilos e visões) =

impossibilidade de considerá-lo uma

escola literária.

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Desmistificação do texto literário e

utilização de um português mais

“brasileiro”.

Resquícios culturais do século XIX x busca

de novas formas de expressão.

Desejo de uma redescoberta crítica à

realidade social e econômica do Brasil:

revelar o verdadeiro Brasil aos brasileiros,

mas desmistificando o Romantismo, com

seu nacionalismo ufanista, idealizador.

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Parnasianos = influentes com ideias

formalistas e uma concepção da

literatura como “sorriso da sociedade”

(estilo artificial). Destaques: Olavo Bilac

(na poesia). Influência sobre a poesia

de Augusto dos Anjos.

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Língua portuguesa

(Olavo Bilac)

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga* impura [parte rejeitada de um minério]

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor*, lira singela, [som alto e estridente]

Que tens o trom* e o silvo da procela [tempestade marítima] [*estrondo]

E o arrolo* da saudade e da ternura! [cantiga de ninar]

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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VERSOS ÍNTIMOS

(Augusto dos Anjos)

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera*. [fantasia, sonho, ilusão]

Somente a Ingratidão — esta pantera —

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

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Simbolistas = estímulo dos sentidos humanos

para atingir uma transcendência.

Inexpressivos, pouca ressonância de sua

arte, fortemente vinculados à matriz

europeia do movimento. Destaques = Cruz

e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, que

também influenciam Augusto dos Anjos.

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Aspiração Suprema (Cruz e Sousa)

Como os cegos e os nus pede um abrigo

A alma que vive a tiritar de frio.

Lembra um arbusto frágil e sombrio

Que necessita do bom sol amigo.

Tem ais de dor de trêmulo mendigo

Oscilante, sonâmbulo, erradio.

É como um tênue, cristalino fio

D'estrelas, como etéreo e louro trigo.

E a alma aspira o celestial orvalho,

Aspira o céu, o límpido agasalho,

sonha, deseja e anseia a luz do Oriente...

Tudo ela inflama de um estranho beijo.

E este Anseio, este Sonho, este Desejo

Enche as Esferas soluçantemente.

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Realistas = Utilizam uma técnica literária

marcada pela objetividade,

verossimilhança, crítica social, análise

psicológica. Destaque para Machado de

Assis, que influencia:

- Monteiro Lobato = com a reabilitação do

caboclo paulista;

- Lima Barreto = fixação do universo

suburbano carioca.

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Vanguardas

Européias

Pré-Modernismo

Localização: Não constitui uma escola literária, mas um

período de transição para o modernismo.

Realismo

Naturalismo

Parnasianismo

Simbolismo

Pré-

Modernismo

1902

Os Sertões

Canaã

1922

Semana

de Arte

Moderna

Modernismo

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Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e

Graça Aranha = Ambos valem-se da

literatura, o primeiro, com uma linguagem

literária refinada, e o segundo, com a

utilização da estrutura ficcional do romance,

para questionar a realidade brasileira e

debater o futuro da nação. Suas obras estão

muito próximas do ensaio.

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Intérpretes do Brasil = Especialmente Os

sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se

um divisor de águas na imagem que a

intelectualidade nacional tinha a

respeito de país e de seu povo.

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Pré-Modernista: o único pré-modernista propriamente dito, no sentido de empregar recursos técnicos ou temas inovadores, antes da Semana de Arte Moderna é, até certo ponto, o poeta Augusto dos Anjos = em sua obra, apesar das influências cientificistas, parnasianas e simbolistas, há também um inesperado gosto pelo coloquial e pela “sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre os precursores de uma das correntes da poesia moderna.

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Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha

nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de

janeiro de 1866. Foi escritor, professor,

sociólogo, repórter jornalístico e

engenheiro, tendo se tornado famoso

internacionalmente por sua obra-prima, Os

Sertões, que retrata a Guerra dos Canudos.

Principais obras: Os sertões (1902);

Contrastes e confrontos (1907); À margem

da história (1909).

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Em 1897, graças a artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, recebe um convite para ir ao front de Canudos (no sertão baiano), como correspondente de guerra. Assistiu aos últimos dias da resistência do arraial sertanejo e escreveu suas reportagens ainda dentro de uma ótica republicana radical. Nos anos seguintes, refletiu melhor sobre o que havia presenciado e o resultado = um livro monumental cheio de paixão, ciência e amargura: Os sertões (1902).

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“Quem volta da região assustadora

De onde eu venho, revendo inda na mente,

Muitas cenas do drama comovente

Da guerra desapiedada e aterradora [...]”

[Euclides da Cunha]

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Proposta: explicar racionalmente a

“grande tragédia nacional” que

observara. Pede ajuda à ciência da

época. Estuda geografia, botânica,

antropologia, sociologia, etc. Fontes

exclusivamente europeias, impregnadas

da perspectiva colonialista (Europa

imperialista).

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VISÃO DETERMINISTA:

Determinismo geográfico:

O homem é produto do meio natural.

O clima desempenha papel

preponderante na formação do meio.

Existe a impossibilidade de se constituir

uma verdadeira civilização em zonas

tórridas como o sertão.

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Determinismo racial:

Os cruzamentos raciais enfraquecem a

espécie.

O sertanejo é caso típico de hibridismo

racial (composto de elementos de

origem diversa).

A miscigenação induz os homens à

bestialidade e a toda espécie de

impulsos criminosos.

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Conclusão = Contradição entre as

teorias e alegações do governo

republicano sobre os revoltosos e o que

Euclides da Cunha constatava em

campo.

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Situa-se entre o ensaio, a narração e a

poesia lírica.

Obedecendo a um típico esquema

determinista divide-se a obra em três

partes:

A TERRA – O HOMEM – A LUTA

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Predominância da visão cientificista e

naturalista.

Leitura difícil = informação científica & estilo

barroco.

Descrição do meio físico opressivo feita com

detalhes: a vegetação pobre, o chão

calcinado, a imobilidade e a repetição da

paisagem árida.

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A linguagem é poderosamente retórica e transforma a natureza em elemento dramático:

“Ajusta-se sobre os sertões o cautério das secas; esterilizam-se os ares urentes, empedra-se o chão, gretado, recrestado; ruge o Nordeste nos ermos; e, como um cilício dilacerador, a caatinga estende sobre a terra as ramagens de espinhos...”

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Visão determinista = formação racial do

sertanejo e os males da mestiçagem;

impacto do meio sobre as pessoas.

Mistura de raças = retrocesso:

“De sorte que o mestiço – traço de união

entre as raças – é quase sempre um

desequilibrado (...) sem a energia física

dos ascendentes selvagens, sem a altitude

intelectual dos ancestrais superiores.”

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Entretanto, contrastando com essa

incapacidade do mestiço para a civilização

moderna, os sertanejos nordestinos seriam

diferentes por ter há muito se isolado no

amplo interior do país. Abandonados há três

séculos, sem contatos maiores com o litoral

desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do

que ocorrera com os mestiços urbanos –

não haviam sido corrompidos.

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Por isso, apesar de seu atraso mental, o

sertanejo surge como um titã:

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não

tem o raquitismo exaustivo dos mestiços

neurastênicos do litoral. A sua aparência,

entretanto, ao primeiro lance de vista revela

o contrário. (...) É desgracioso,

desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo.”

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O isolamento do sertanejo o mantém preso

a valores arcaicos como o messianismo. A

“tutela do sobrenatural” rege a vida

cotidiana, e as vicissitudes do meio

intensificam a religiosidade e a consciência

mágica do mundo. Um mundo de profetas,

de iluminados, de místicos que se tornam

líderes naturais, expressando os valores da

comunidade.

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Antônio Conselheiro = O chefe dos

fanáticos é um personagem-síntese: figura

bizarra para os padrões urbanos, com

uma oratória impressionante. Para

Euclides, Canudos era apenas o produto

previsível do fanatismo religioso e do

arcaísmo do pensamento sertanejo, que o

Conselheiro traduzia.

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É a parte mais importante e dramática da

obra. Euclides não esconde a comoção

diante da violência de parte a parte, que

gera banhos diários de sangue. Não

consegue deixar de admirar a tenaz

resistência de uma cidade (“Jerusalém de

taipa”), que logo se transforma em uma

“Tróia de taipa”. Passa a ver os “titãs de

cobre” que a defendem o “cerne rijo da

nacionalidade”.

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Percebe que o meio é o principal aliado do

sertanejo: “As caatingas não o escondem

apenas, amparam-no”. Compreende a

inutilidade dos métodos clássicos de

combate, usados pelo Exército, diante da

mobilidade e da luta não-convencional dos

inimigos. Espanta-se diante da guerrilha

sertaneja e das sucessivas derrotas que ela

impõe às tropas legais, superiormente

armadas.

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Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos

que emergem do arraial bombardeado, ao

anoitecer, quando todo o Alto-Comando

julgava Canudos já sem resistência. A obra

adquire então uma grandeza sombria e os

últimos momentos do confronto apresentam

uma terrível dramaticidade. Com dinamite,

os soldados atacam os casebres ainda em

pé, explodindo e queimando seus

moradores.

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“Canudos não se rendeu. Exemplo único em

toda a História, resistiu até o esgotamento

completo. (...) caiu no dia cinco, ao

entardecer, quando caíram os seus últimos

defensores, que todos morreram. Eram

quatro apenas: um velho, dois homens feitos

e uma criança, na frente dos quais rugiam

raivosamente cinco mil soldados.”

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Conjunto de equívocos, demências e

crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra

civil e não um conflito entre a reação e o

progresso, entre a Monarquia e a República,

como as elites intelectuais, políticas e

militares, bem como a opinião pública do

país, acreditavam.

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Tragédia de erros resultantes de uma

profunda cegueira de ambos os lados. Para

os adeptos de Conselheiro, os soldados eram

agentes do demônio e deveriam ser

destruídos. Para o Exército, os sertanejos eram

jagunços primitivos a serviço da causa

monárquica e tinham de ser exterminados.

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Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três séculos. Precisavam de professores, não de tiros de canhão. Já as tropas do governo, que representavam a civilização moderna do país, foram incapazes de perceber a verdadeira natureza dos inimigos e trataram de destruí-los com barbárie e horror.

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Os sertões adquire, assim, um caráter de

denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à

consciência nacional”. Tal perspectiva é

anunciada na nota preliminar que abre o

livro:

“Aquela campanha lembra um refluxo para

o passado. E foi, na significação integral da

palavra, um crime. Denunciemo-lo.”

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Contradição:

Fervor patriótico com a vitória do Exército x

Trágico fim do povoado de Canudos.

Confronto = divisão estrutural do país.

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Conclusão:

Há dois Brasis completamente estranhos

entre si, o do litoral e o do sertão.

O Brasil do sertão jazia ignorado ou

esquecido pela consciência culta

nacional.

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Ponto de vista:

Para a civilização litorânea, os jagunços

(o povo de Canudos) eram facínoras

(bandidos).

Para Euclides, eram irmãos

(compatriotas) que deveriam ser

integrados à nacionalidade.

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Para Euclides, as duas sociedades brasileiras,

separadas pela raça, pelo meio e pela

história, deveriam se aproximar e se integrar

pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a

perspectiva de aproximação entre os dois

Brasis, defendida pelo escritor na sua obra-

prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto

político nuclear da nação.

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Os sertões é uma combinação única de

ensaio sociológico, estudo científico,

reabilitação histórica, panfleto, reportagem

de guerra e literatura, o que torna

impossível enquadrá-lo nos limites de um

gênero qualquer.

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Senso do dramático.

Confere às ações uma plasticidade vigorosa e assustadora, buscando sempre o contraste violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do ser humano.

Efeito persuasivo (exemplos individuais para reforçar uma ideia geral).

Traduz o horror da guerra.

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Gosto pelo ornamental e pelo excesso vocabular.

Léxico (vocabulário) arcaico.

Presença contínua de antíteses, paradoxos, comparações e metáforas.

Jogo binário entre períodos extensos e períodos curtíssimos e a insistência na frase de efeito, sentenciosa e escultural.

Linguagem com ritmo poético.

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“Escrevi este livro para o futuro” (Euclides

da Cunha) = Pôs em xeque todas as

concepções que a intelectualidade

brasileira tinha a respeito de seu próprio

país, passando a influenciar decisivamente

a discussão política sobre os destinos da

nação. Influencia, de forma marcante, o

chamado “Romance de 30”.

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Afonso Henriques de Lima Barreto, foi

escritor e jornalista.

Nasceu e morreu na cidade do Rio de

Janeiro.

Sofreu com o preconceito racial, ainda

que tenha alcançado certa

estabilidade como jornalista.

Lutou contra o alcoolismo, que acabou

causando sua morte.

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Não foi reconhecido na literatura de sua

época, apenas após sua morte. Viveu

uma vida boêmia, solitária e entregue à

bebida. Quando tornou-se alcoólatra,

foi internado duas vezes na Colônia de

Alienados na Praia Vermelha, em razão

das alucinações que sofria durante seus

estados de embriaguez.

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Faleceu no primeiro dia do mês de

novembro de 1922, vítima de ataque

cardíaco, em razão do alcoolismo.

Principais obras: Recordações do

escrivão Isaías Caminha (1909); Triste fim

de Policarpo Quaresma (1915); Numa e

a ninfa (1915); Vida e morte de M. J.

Gonzaga de Sá (1919); Clara dos Anjos

(1948).

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Retrato de partes dos centros urbanos

ignorados pela elite cultural do país: os

subúrbios cariocas, onde vivem os

funcionários públicos, professores, etc.,

dando voz a uma população esquecida

pelos românticos e realistas.

Painel dos mecanismos de relações

sociais típicos do Brasil do início do

século XX.

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O caráter de denúncia social dos textos de

Lima Barreto tem originalidade: ele vê o

mundo com o olhar dos “derrotados”, dos

injustiçados, dos que são feridos pelo

preconceito. O preconceito de cor,

especialmente, é o motivo central de sua

indignação. Conhecedor da estrutura

discriminatória da sociedade brasileira

sentiu, muitas vezes, a rejeição aberta ou

sutil. Por essa razão protesta com

veemência (Ex.: Clara dos Anjos +

Recordações do escrivão Isaías Caminha).

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Desprezando a retórica bacharelesca e parnasiana, escreve com simplicidade, mesmo com certo desleixo intencional, querendo aproximar o texto escrito da linguagem coloquial. Acusado de escrever de forma incorreta e de ser incapaz de lidar com os padrões lingüísticos da elite culta, sua obra é julgada gramaticalmente e condenada por suposta vulgaridade. Décadas depois, é reconhecido como o autor mais importante do período e aquele que mais se aproxima da expressão prosaica, conquistada pela geração de 1922.

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Narrado em primeira pessoa, esse romance relata a trajetória de um jovem mulato, Isaías, que, vindo do interior, cheio de talento e ilusões, procura vencer na capital federal. Mas, sua crença nas possibilidades do saber e seu sonho de conseguir um título de bacharel desfazem-se pouco a pouco. Em parte por causa de sua origem humilde, mas, sobretudo, devido à sua cor: é filho de uma ex-escrava que se amasiara com um padre. Há, portanto, uma nota autobiográfica ilhada e exasperada nos primeiros capítulos; mas tende a diluir-se à medida que o romance progride.

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O drama da pobreza e do preconceito racial constitui o núcleo da obra. Romance inacabado, apresenta o drama de Clara, jovem mulata suburbana de origem humilde, que é vítima de um sedutor profissional, Cassi Jones. Esse grotesco galã dos arrabaldes, apesar de sua extração social mais elevada, cria galos de rinha e aproveita-se de donzelas ingênuas. Sua principal arma de sedução é o violão. Hábil intérprete de modinhas, revira os olhos ao tocá-las e, assim, desperta amores ardentes.

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Criada de forma inocente pela família,

Clara torna-se presa fácil do desprezível

sedutor e termina por engravidar. Sua mãe

descobre a gravidez e, juntas, as duas vão

até a casa de Cassi para exigir o

casamento. Na cena mais forte do relato,

a mãe do rapaz as expulsa. Desoladas,

Clara e a mãe retornam para o subúrbio.

A narrativa é interrompida nesse ponto, e

o autor não a conclui, por razões jamais

esclarecidas.

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O mais lido e conhecido romance de

Lima Barreto.

Seu protagonista, Policarpo Quaresma,

é um nacionalista desmedido,

característica que o leva a ser

ridicularizado e considerado louco.

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Policarpo tem algo quixotesco, e o

romancista soube explorar os efeitos

cômicos que todo quixotismo deve

fatalmente produzir, ao lado do

patético que fatalmente acompanha a

boa-fé desarmada.

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Sua visão ingênua e até bizarra vai

cedendo lugar à percepção de que os

problemas do país são maiores do que

ele supunha – a exemplo da questão da

má distribuição da terra:

“Mas de quem era então tanta terra

abandonada que se encontrava por aí?

(...) Por que estes latifúndios

improdutivos?”

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O caso de Policarpo passa do cômico

ao dramático. Tanto seu sincero desejo

de progresso para a nação quanto a

consciência crítica, que aos poucos vai

adquirindo, lhe dão grande

autenticidade humana e social.

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A mudança que se opera em Policarpo – da alienação ufanista à consciência real do país – constitui o cerne da narrativa. Sua visão final o leva a analisar corrosivamente as mitologias dos grupos dirigentes e as mistificações de que fora vítima. Quando compreende o papel da ideologia no processo histórico, precisa morrer. Antes de morrer, pensa na falta de sentido do conhecimento que alcançara a respeito da realidade nacional. Fica triste por ter transmitido a ninguém sua percepção crítica, e o seu triste fim chega.

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Extraordinária figura de intelectual e

homem de ação (escritor + editor +

empresário + fazendeiro), polemista

de mão cheia, errando e acertando

com a mesma ênfase, Monteiro

Lobato é um dos grandes nomes da

Literatura Brasileira do início do século

XX.

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Tendo vivido no interior pôde observar

as dificuldades e os vícios

característicos da vida rural. Suas

observações dão origem a uma

longa carta , enviada ao jornal O

Estado de S. Paulo. Inicia-se, assim

uma série de artigos publicados no

jornal.

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Nesta carta, pela primeira vez, é

citado o nome da personagem a que

ele ficará associado para sempre:

Jeca Tatu.

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Politicamente, teve postura de

vanguarda, fundando companhias

editoriais e lutando pela moralização do

Estado.

Em 1941, durante a ditadura de Vargas,

foi preso por ataques ao governo, o que

provocou intensa comoção no país.

Do ponto de vista estético, não pode ser

considerado inovador, ainda que tenha

usado da linguagem coloquial e dos

neologismos em dados momentos.

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Em 1917 envolveu-se numa polêmica:

escreveu um artigo jornalístico em que

criticava severamente a exposição

expressionista da modernista Anita

Malfatti.

Sua obra infantil, tão marcante na

cultura brasileira, deu-lhe um prestígio

singular. Além de divertir, essa literatura

era altamente educativa. O livro

“Reinações de Narizinho”, por exemplo,

deu origem à série de televisão

intitulada “Sítio do Pica-pau amarelo”.

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Sua produção adulta trata, com ironia

fina e de forma crítica, dos problemas

sociais, principalmente daqueles

relacionados ao interior paulista e à vida

no campo.

Criticava, ainda, certos hábitos

brasileiros, como a obediência a

modelos estrangeiros, a subserviência

ao capitalismo internacional, a

submissão das massas eleitorais, etc.

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Trata do caboclo que vivia no interior de

São Paulo, nas fazendas de café, mas

usando a terra de modo errado, já que

esgotava seus recursos e depois se

mudava para repetir o comportamento.

O livro é uma reunião de contos e de

dois artigos, um dos quais dá nome ao

livro. Neste artigo, Urupês, Monteiro

Lobato apresenta pela primeira vez o

Jeca Tatu, caipira indolente e

preguiçoso, protótipo do caipira

brasileiro.

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Por meio do Jeca Tatu, Lobato criticava

a face de um Brasil agrário, atrasado e

ignorante. Seu ideal era uma país

moderno, estimulado pela ciência e

pelo progresso.

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Livro também de contos, caracteriza a

devastação e a tristeza nas pequenas

cidades do Vale do Paraíba, que

perdem seu lugar como grandes

produtoras de café para o oeste

paulista.

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Livro em que denuncia o jogo de

interesses relacionados com a extração

do petróleo e a ligação das autoridades

brasileiras com interesse internacionais.

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Autor de uma obra só, intitulada “Eu”, a

qual trouxe inovações no modo de

escrever , com o emprego de termos

científicos e temática influenciada por

sua multiplicidade intelectual (ciências

naturais, química, matemática,

mitologia, religião, geografia, filosofia e

física).

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Tinha obsessão pela temática da morte,

que o impressionava por seus aspectos

materiais: o verme, a decomposição do

corpo. Isso lhe causava uma

perplexidade extravasada em versos

escatológicos, em que o verme é

apontado, muitas vezes, como deus,

pois, responsável pela decomposição, é

quem conduz os seres ao fim, ao nada

absoluto.

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Recebeu influências do:

Naturalismo: emprego de termos

científicos, cientificismo;

Parnasianismo: preferência pelo

soneto e cuidado formal;

Simbolismo: imagens fortes,

preocupação formal, angústia

existencial.

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Sua poesia é enigmática e sombria,

marcada pela angústia existencial e

moral.

Emprega um vocabulário agressivo e

antipoético (escarro, verme, germe,

etc.)

Temas: substâncias químicas que

compõem o corpo humano, a

decrepitude dos cadáveres, os vermes,

etc.

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Em sua obra, percebe-se o conflito

entre a objetividade do átomo e a dor

cósmica.

Deu início à discussão sobre o conceito

de boa poesia, preparando o plano

literário para a grande renovação

modernista a partir de 1920.