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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Governo do Estado do
Paraná
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SEED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS –
DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO ARTIGO FINAL
PROFESSOR - PDE/2013
Título Possibilidades de leitura e escrita na Sala de apoio à aprendizagem
Autor Cecilia Aparecida Silvestre Borges
Disciplina da área Língua Portuguesa
NRE Ponta Grossa
Escola de implementação Colégio Estadual Professor Carlos Ventura -Carambeí- PR
IES Universidade Estadual de Ponta Grossa
Professor orientador Profª Drª Silvana Oliveira
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa que foi desenvolvido no período de 2013 a 2014, tendo como título POSSIBILIDADES DE LEITURA E ESCRITA NA SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM, aplicado na disciplina de Língua Portuguesa, no Colégio Estadual Carlos Ventura. A produção didático-pedagógica buscou metas alternativas para dinamizar a Sala de Apoio, com atividades lúdicas para o ensino da disciplina de Língua Portuguesa, no que se refere à escrita e à leitura, oferecendo aos alunos atendimento diferenciado por meio de atividades que chamassem a atenção dos alunos para o ato de ler e escrever. Uma vez que os alunos chegam ao 6° ano do Ensino Fundamental com deficiências nessa área e que em algum momento das séries iniciais, sofreram algum tipo de bloqueio. Faz-se necessário, portanto, uma intervenção pedagógica a fim de procurar sanar essas dificuldades, partindo do princípio que, muitos deles afirmam não gostar de ler, por não terem sido incentivados. Nesse sentido, propomos uma tentativa de mudar essa concepção, mostrando que estamos inseridos numa realidade em que precisamos ler a todo o
momento. Uma mensagem de celular, o livro didático, o regulamento da escola, ler a fala de um colega e assim por diante. O objetivo é mostrar aos alunos que a leitura é interessante, necessária e não poucas vezes, prazerosa. Ler por prazer, ler porque é necessário, ler para viver e sobreviver, para não ser ludibriado, enganado. Ler para ser feliz.
.
Palavras-chave Palavras-chave: leitura – escrita – sala de apoio
POSSIBILIDADES DE LEITURA E ESCRITA
NA SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM
Cecília Aparecida Silvestre Borges1
Silvana Oliveira2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa e suas etapas de realização pelo
período compreendido entre os anos de 2013 a 2014, tendo como título POSSIBILIDADES DE
LEITURA E ESCRITA NA SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM, aplicado na disciplina de
Língua Portuguesa, no Colégio Estadual Carlos Ventura. A produção do Material Didático
Pedagógico e a posterior implementação buscou metas alternativas para dinamizar a Sala de Apoio,
com atividades lúdicas no que se refere à escrita e à leitura, de modo a oferecer aos alunos
atendimento diferenciado por meio de atividades que chamassem a sua atenção para o ato de ler e
escrever. Uma vez que os alunos chegam ao 6° ano do Ensino Fundamental com deficiências nessa
área e que em algum momento das séries iniciais, sofreram algum tipo de bloqueio. Faz-se
necessário, portanto, uma intervenção pedagógica a fim de sanar essas dificuldades, pois muitos
deles afirmam não gostar de ler, por não terem sido incentivados. Propomos ações para mudar essa
realidade, mostrando que estamos inseridos numa realidade em que precisamos ler a todo o
momento. Uma mensagem de celular, o livro didático, o regulamento da escola, ler a fala de um
colega. O objetivo é mostrar aos alunos que a leitura é interessante, necessária e não poucas vezes,
prazerosa. Ler por prazer, ler porque é necessário, ler para viver e sobreviver, para não ser
ludibriado, enganado. Ler para ser feliz. Foram trabalhadas estratégias de leitura, visando atrai-los
a participarem, provocando assim o hábito de leitura, vivenciando a aplicação de conteúdos
integrados à ludicidade, presente nos clássicos infantis, trava-línguas, poemas, tiras e outras
atividades que despertem o interesse e a curiosidade. Compreender uma bula de remédio, uma
receita, um rótulo ou embalagem ou uma notícia de jornal, um romance, um conto, enfim, sentir
prazer na leitura escolhida.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura – Escrita - Sala de Apoio
1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2013 do Colégio Estadual Carlos Ventura - Caram-
beí - Pr 2 Professora-Doutora da Universidade Estadual de Ponta Grossa- Departamento de Letras
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo apresentar o projeto que foi desenvolvido no período de 2013
a 2014, tendo como título POSSIBILIDADES DE LEITURA E ESCRITA NA SALA DE APOIO À
APRENDIZAGEM, na disciplina de Língua Portuguesa, no Colégio Estadual Carlos Ventura,
aplicado nos 6ºs anos do Ensino Fundamental, mais especificamente na Sala de apoio à
aprendizagem. Apresenta diferentes práticas de leitura por meio de diversos gêneros, entendendo
que é preciso lançar mão de estratégias que permitam aos alunos ler, interpretar e produzir textos.
As dificuldades na leitura e escrita dos alunos que chegam à sala de apoio à aprendizagem
fizeram com que emergissem ações concretas, objetivando a quebra de barreiras, no que diz respeito
ao hábito da leitura. Pretendeu-se com esse projeto delinear caminhos, traçar metas definidas, criar
estratégias e consolidar métodos eficazes para que os alunos desenvolvessem o gosto pela leitura.
A ludicidade foi o ponto de partida na produção didático-pedagógica, propositalmente
inserida no contexto das atividades de leitura e escrita a serem oferecida aos alunos, buscando
assim, metas alternativas para dinamizar a Sala de Apoio à Aprendizagem, com atividades
diferenciadas, que chamassem a atenção dos alunos para o ato de ler e escrever.
A metodologia abrangeu os clássicos infantis, trava-línguas, poemas, tiras e outras técnicas
que aguçassem o interesse e a curiosidade. Buscou-se assim, trabalhar as dificuldades ou defasagem
apresentadas na leitura e na escrita, vivenciando uma metodologia diferente, desenvolvendo a
criatividade e estimulando o aprendizado, chegando a um melhor nível melhor de conhecimento.
DESENVOLVIMENTO
A ideia de uma produção didático-pedagógica que envolvesse a leitura e s escrita, no Ensino
Fundamental, não surgiu por acaso, e sim, alicerçada em experiências, ano após ano com alunos que
chegam ao 6º ano, apresentando deficiências nessa área.
É impossível diagnosticar com certeza as razões da causa de tais deficiências. As escolas de
origem nos mandam os laudos dos alunos tidos como “problemáticos”, porém, observamos que há
alunos brilhantes em todas as disciplinas, mas impotentes diante de um livro, no qual ele apenas
soletra as palavras. .
Isso significa que devemos trazer à tona as diversas preferências que estão escondidas,
partindo de uma investigação. Que tipo de leitura lhe interessa? Quais foram os primeiros contatos
com a leitura? O que levou ao bloqueio?
É importante deixar claro como acontece o desenvolvimento das atividades na sala de apoio.
As aulas são em contra turno e a metodologia difere do ensino regular, porque deve visar muito
mais do que apenas as dificuldades de aprendizagem. Procura-se tratar as causas dos bloqueios
ocorridos em algum momento de sua trajetória escolar, a superação de medos, a insegurança, os
complexos. Busca-se a elevação da autoestima, ou seja, o resgate de valores perdidos, esquecidos.
A atividade inicial teve por título “NOMES” e objetivou tratar de questões como a auto-
aceitação e significado dos nomes próprios nos contextos de convívio familiar e social.
No transcorrer da implementação, optou-se por temas que abordassem problemas comuns
entre crianças e adolescentes, o preconceito, o “bullling” e os diversos tipos de complexos.
A Leitura de histórias infantis também foi inserida pela sua riqueza de significados e
ensinamentos. Nesse sentido, inserimos narrativas literárias que trouxessem para a sala de aula o
universo da fantasia dos contos de fadas, dos contos maravilhosos e narrativas contemporâneas.
Trabalhar com a fantasia é fazer com que a criança descubra o herói que há dentro dela,
mergulhando no mundo fantástico e maravilhoso. Segundo Regina Zilberman (2003, p. 49) “a
fantasia é um importante subsídio para a compreensão do mundo, ocupando as lacunas que o
indivíduo tem durante a infância”.
Essa leitura que provoca e aguça a curiosidade contribui positivamente para despertar o
gosto e o hábito da leitura. É interessante trabalhar a temática do bem e do mal, presentes nos
contos infantis. As bruxas más, as fadas madrinhas, as aventuras, os monstros integram a doçura dos
contos de fadas e ajudam a criança a compreender a sua realidade e ajuda na superação de bloqueios
interiores.
Para o aluno com dificuldades na produção de texto e desmotivado para ler, as dinâmicas
desenvolvidas funcionam como um tratamento, uma sementinha que aos poucos vai germinando e
produzindo resultados.
Para Irandé Antunes (2009, p. 72), “O gosto e o encantamento precisam ser cultivados,
estimulados e exercitados.” Quando se trabalha um projeto de leitura com alunos do ensino
fundamental e que fazem parte da sala de apoio, não devemos esperar que se tornem leitores
vorazes, mas que surja um leitor em construção, um leitor que interaja com o texto, estabelecendo
um vínculo de comunicação, cujo fim último, seja a produção textual.
O prazer de ler deve ser disseminado, espalhado. Rubem Alves, por Irandé Antunes, pág.
72,2009, afirma: “são raríssimos os casos de amor à leitura desenvolvido nas aulas de estudo formal
da língua.”
É correto afirmar que o gosto e o prazer de ler não são impostos, devem fluir naturalmente.
É um desafio para os professores de Língua Portuguesa provocar e fazer nascer o hábito da leitura.
É uma tarefa extremamente difícil, uma vez que nossas crianças, adolescentes e jovens se sentem
fascinados e atraídos pela tecnologia das pontas dos dedos. Por outro lado, cada vez mais longe do
velho livro.
É nosso dever mostrar ao aluno a leitura de forma ampla e não restrita às páginas de um
livro. A importância de ler e compreender uma bula, uma receita, rótulos e embalagens, o enunciado
e conteúdos de outras disciplinas, a liturgia na igreja, o cardápio de um restaurante e assim por
diante. Para Ezequiel Theodoro da Silva, pág. 7, 2005, “o único reduto onde a leitura ainda tem a
chance de ser desenvolvida é a escola. O fracasso nessa área significa a morte dos leitores através
dos mecanismos de repetência, evasão, desgosto e/ ou frustração.”
A produção didático-pedagógica foi a segunda etapa de desenvolvimento do nosso projeto
de estudos e intitulou-se “Brincando se leva a sério a escrita e a leitura na sala de apoio à
aprendizagem”. Este material aborda vários gêneros textuais, estrategicamente escolhidos,
contemplando temas polêmicos que estão no cotidiano de nossos alunos.
Elencamos a seguir cada uma das seções do material didático-pedagógico com uma breve
descrição da proposta de trabalho e dos objetivos pretendidos em cada uma delas:
1) TRABALHANDO O PRECONCEITO E AS DIFERENÇAS
Um bom exemplo é o conto “Nhá Dita contou” (lido aos cinco anos), e escrito há mais de
20 anos, na década de 40, trazendo como temática o preconceito racial, tão discutido ainda em
nossos dias.
Para trabalhar as diferenças e falar de complexos, medos e heróis, o clássico “O pequeno
polegar”. Nele, um campo fértil para se trabalhar os temas citados, além da leitura interessante e
atrativa, mexendo com a imaginação dos alunos pelo seu lado fantástico e mágico.
2) O PODER DAS FÁBULAS
Optou-se também por trabalhar o gênero fábula porque vai ao encontro de nosso aluno,
aguçando o seu paladar de leitura. Um dos motivos são os personagens em sua maioria serem
animais. Esse tipo de leitura traz sempre um fundo moral, abrindo um leque para se trabalhar os
valores. “A cigarra e a formiga”, fábula escolhida, pelas vertentes de que ela proporciona. Pode-se
trabalhar o trabalho, o lazer e os benefícios e malefícios de ambos, se executados de forma errônea.
3) RÓTULOS, EMBALAGENS, BULAS E RECEITAS, A LEITURA NECESSÁRIA
Outros gêneros escolhidos, uma vez que fazem parte do dia a dia das famílias. A importância
de saber interpretar uma bula, ingredientes de receitas, de conhecer rótulos, verificar itens
importantes como fabricação, validade, componentes, vitaminas presentes, gorduras, teor de sódio...
Fez-se o levantamento dos produtos mais consumidos nas famílias. Em relação ao gênero receita,
propôs-se aos alunos que elaborassem uma receita poética de felicidade. Finalmente, a atividade
terminou com os alunos buscando em suas casas os produtos citados, pondo em prática o
aprendizado.
4) TRAVA-LÍNGUAS
Não se pode trabalhar leitura sem falar dos “trava-línguas”, poderoso e divertido ingrediente
da cultura popular. Não poderia ficar de fora da produção didático-pedagógica, portanto, esse tipo
de leitura o qual alia o lúdico com a aprendizagem e favorece a dicção e fluência, contribuindo para
a superação das dificuldades em relação à pronúncia. Num primeiro momento, fez-se a leitura
devagar pronunciando bem as sílabas e posteriormente uma leitura mais rápida, tornando o
momento divertido, incitando todos a participar.
5) OS DIAS DA SEMANA NA POESIA
A poesia deve sempre estar presente em aulas de Língua Portuguesa, ainda mais quando se
fala em despertar no aluno o hábito da leitura. Geralmente, os livros didáticos trazem poemas em
seu contexto. Dessa forma, a poesia elencou as atividades na sala de apoio à aprendizagem. Os dias
da semana foram personagens do poema “A semana inteira”, ( poemas para crianças. Porto Alegre:
L&PM, 2003, p. 17), cujo tema e personagens são os dias da semana. Poema lúdico, leitura de fácil
compreensão. Abriu um leque para se trabalhar a prosopopeia, além da produção individual.
6) HAI KAIS
Ainda, no gênero poesia, os alunos conheceram o “HAI KAI”, poema de origem japonesa,
sem rimas e de três versos. O trabalho constituiu-se de leitura e produção de poemas com diversos
temas. Atividade bem acolhida pelos alunos pelo fato do pequeno número de versos.
7) NOSSOS NOMES
É muito comum em nossas escolas, encontrar alunos que não gostam de seu nome. Pensando
nisso, foi proposta a leitura de um poema lúdico sobre os nomes das pessoas e as rimas dos nomes.
A partir dessa leitura, comentou-se sobre a importância dos nomes e fazendo os seguintes
questionamentos: “Você gosta de seu nome? “Quem da família escolheu seu nome?” “Qual o nome
gostaria de ter? ”Finalmente, pediu-se que cada um representasse o seu nome através de uma arte.
Atividades que envolvem questionamentos são fundamentais para que o aluno se sinta à vontade em
relação às atividades propostas. Num projeto que envolva a leitura, é muito importante o
envolvimento total e isso só acontece quando ganha-se a confiança do aluno.
8) A INFÂNCIA RETRATADA ATRAVÉS DE VERSOS.
Impossível desenvolver um trabalho com crianças sem falar de seu mundo, a infância. Já se
comentou anteriormente sobre as estratégias de leitura, pois bem, propositalmente escolhido, o
poema “Infância 2” traz em seu contexto brincadeiras, travessuras próprias do mundo infantil, além
da leitura prazerosa e divertida. Após a leitura e os primeiros contatos, a identificação com as
brincadeiras do poema, o aluno foi instigado a fazer seu próprio poema.
É preciso criar em nossas escolas, um ambiente favorável à leitura e à escrita. Bakhtin, apud
Faraco, 2007 pág. 174, afirma: “A escola parece estar na contramão, ao se preocupar apenas com o
lado profano da leitura, eliminando a sua relação com o mágico e, assim, faz da leitura uma técnica
que alimenta a construção de palavras e de frases absolutamente assépticas, sem cor, sem
sonoridade ou sabor”.
O trabalho com alunos que fazem parte do programa Sala de apoio à aprendizagem deve ser
um trabalho diversificado, que envolva ações que objetivem melhorar o aprendizado, preencher
lacunas deixadas por falhas nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Portanto, se faz
necessário, métodos eficazes no combate às deficiências de aprendizagem no que diz respeito à
leitura e à escrita.
Há alunos e alunos quando se fala em ler e escrever. Uns têm mais facilidade, outros, mais
dificuldade. Por isso a necessidade de várias esferas de leitura e escrita com o propósito de atingir a
todos os alunos e que venham de encontro as suas necessidades. No livro “Aprender e ensinar com
textos”, pág. 21 (2004), J. Wanderlei Geraldi, Beatriz Citelli e outros autores concebem a sala de
aula como lugar de interação verbal, diálogos entre sujeitos, ambos portadores de diferentes saberes.
Esses saberes se confrontam com outros saberes, produzindo o conhecimento.
É isso que acontece na sala de apoio. Nesse contexto, a participação do professor na
canalização dos saberes, na valorização dos conhecimentos trazidos pelos alunos. Sendo um
universo de, no máximo 20 alunos, fica mais fácil a interação e, inclusive conhecer gostos e
preferências de cada um e aliar o prazer à realização das atividades.
9) BEXIGAS
Quem nunca estourou uma bexiga? Brincar de estourar bexigas foi a estratégia escolhida
para que os alunos “brincassem” de fazer poesia. Uma metodologia simples, mas que provoca o
aluno, fazendo com que o trabalho flua com alegria. Assim, colocou-se no interior das bexigas
pedacinhos de papel com fragmentos de poemas para serem completados. À medida que iam
estourando e se divertindo, faziam as atividades.
Na era das tecnologias que atraem pessoas de todas as idades e classes sociais, o professor
surge como uma ponte para resgatar a relação do aluno com a leitura. Hoje, muito se fala em “fazer
os alunos lerem” e isso pode representar nadar contra a correnteza. Aquele contato prazeroso existia
no tempo que muitas famílias ainda não tinham TV em suas casas e as crianças vibravam quando
ganhavam um livrinho de história e a literatura estava no seio das famílias: livro de interpretação de
sonhos, revista Cruzeiro, Seleções, Capricho e histórias em quadrinhos. Por outro lado, a livraria
digital é opção para os internautas e programas de computador que permitem baixar livros sem
custo nenhum.
10) BILHETES
Quem nunca recebeu um bilhete de um coleguinha na escola? É comum em sala de aula os
alunos se comunicarem através de bilhetes. Nas famílias, os bilhetinhos são colocados na porta da
geladeira. Esse tipo fácil de comunicação fez parte da produção didático-pedagógica. Dessa forma,
orientados na redação e ortografia, os alunos produziram bilhetes para a família e colegas com
assuntos variados e o objetivo mais importante do trabalho, auxiliar a produção de textos.
11) LINGUAGEM MINEIRA
Todo mundo sabe que o mineiro tem um jeitinho todo especial de falar. A linguagem mineira
também se fez presente na unidade temática, em forma de uma receita engraçadíssima: “Moi di
repoi nu ai e oi” (Molho de repolho no alho e óleo). Após a leitura feita pelos alunos e que provocou
muitas gargalhadas, eles reescreveram na linguagem culta.
Para Angela kleiman, os saberes envolvidos na atuação docente envolvem estratégias de
ação pela linguagem, adquiridas na e pela prática social. Eles estão relacionados com habilidades
para usar códigos, com técnicas de leitura e de escrita e com conhecimentos teóricos sobre textos,
estilo e gêneros e, acima de tudo, com a prática social de uso da linguagem (tanto práticas orais
como escritas), isto é: com estratégias e modos de acessar diversos mundos culturais, de comunicar-
se com o outro e, assim, continuar seu processo de letramento ao longo da vida.
É importante apresentação de vários gêneros nas séries fundamentais para desenvolver as
habilidades de letramento, efetivando assim o processo de comunicação, reiterando a fala de
Kleiman e partindo do princípio que os hábitos de leitura e escrita devem começar desde a tenra
idade, sendo aprimorados em toda a vida escolar.
A Secretaria da Educação do Estado do Paraná chegou à conclusão, a partir das últimas
pesquisas que o baixo rendimento dos alunos, deve-se à carência de leitura e dificuldade de
interpretação de textos. Para a SEED, no documento Formação em ação 2014, “é fundamental que a
leitura e a problematização se efetivem como instrumentos da ação docente, o que atribui ao
professor um papel fundamental, na medida em que ele é que mediará esse processo.” Na verdade,
uma é pré-requisito da outra. A falta de leitura interfere na interfere na aprendizagem de outras
disciplinas, na compreensão dos textos, na interpretação de enunciados e no desenvolvimento do
raciocínio.
A proposta é que todas as disciplinas incentivem a leitura e que os professores em suas
aulas, se revistam de estratégias, inovando a sua prática e melhorando o rendimento dos alunos.
Abreu, 1963, p. 31, citado por Sheila Elias Oliveira e Josalba Fabiana manancial de ideias
que fecundam e disciplinam a inteligência. Sheila e Joselba ainda situam a leitura como uma prática
que enfatiza o caráter preventivo em relação às futuras dificuldades de escrita. Saber escrever torna-
se, portanto, uma questão de apropriar-se de sentidos de leituras pré-determinadas e do vocabulário
implicado em tais leituras e dominar regras gramaticais”.
12) NOTÍCIA DE JORNAL
Pouquíssimos alunos costumam ler jornais. Na verdade, poucas famílias inserem esse tipo
de leitura em suas casas. Pensando nisso, foi sugerida uma reportagem escolhida aleatoriamente,
objetivando o contato do aluno com o gênero notícia, enfatizando a importância dessa leitura. As
leituras e atividades com os textos jornalísticos culminam nas produções textuais narrativas,
informativas e críticas. Nelas, os alunos colocam em discussão as temáticas encontradas nos jornais,
o que faz com que ampliem seu conhecimento: gêneros textuais, estudo da linguística, ortografia,
pontuação e a própria construção do elemento comunicativo, o jornal.
CONTRIBUIÇÕES DO GTR
O GTR (grupo de trabalho em rede) que ocorreu paralelo à implementação do material
didático-pedagógico) contou com a participação de professores da rede pública estadual e foi
significativo no desenvolvimento do trabalho. Os colegas participaram, interagiram e,
principalmente, deram suas contribuições, por meio do relato de suas práticas e testemunhando o
trabalho que desenvolveram a partir das sugestões da Produção Didático-Pedagógica.
A seguir apresentamos relatos de alguns professores participantes que deram sua valiosa
contribuição.
Re: Fórum 3 por MARCO ANTONIO BARCELAR - terça, 22 abril 2014, 09:01
OI professora Cecilia, assim como você acredito que a ludicidade é chave para atrair a
atenção de nossos alunos, o que nem sempre é uma tarefa fácil, trabalho na Apae, e tenho uma
turminha de tempo integral, na parte da manhã trabalham as partes acadêmicas com uma professora
e a tarde trabalham psicomotricidade comigo, o que percebo é que mesmo trabalhando só com
movimentos durante a tarde para eles é cansativo, e ai esta o porém ao qual você se referiu, também
passo por muitas dificuldades, penso que com a leitura deve ser ainda mais estressante, pois temos
fortes concorrentes hoje, como a televisão, os jogos de computador e as redes sociais, fazer com que
os alunos adquiram o hábito da leitura é sempre uma tarefa muito árdua...
Jornal e trava-língua por MARIA APARECIDA MONTEIRO - sexta, 25 abril 2014,12:22
Escolhi a atividade número 1 que pede para selecionar pelo menos uma ação da
Implementação, aplicar na escola em que trabalhamos (adaptando-a quando necessário) e relatar.
Selecionei a ação 12 prevista para 17/04/2014, duas aulas de 50 min cada oficina Notícia de jornal,
explorando o jornal em sala de aula, interpretando a notícia e a ação 13 prevista para 22/04/2014,
duas aulas de 50 min cada Oficina Trava-língua? Várias leituras objetivando melhorar a pronúncia
das palavras. Apliquei as duas atividades em duas turmas e, tanto o trabalho com jornal quanto com
trava - língua surtiram efeitos positivos. Vou aplicar todas as ações propostas da sua Implementação
porque achei todas muito criativas. Parabéns!
Re: Vivenciando a Prática
por JOSIANE BLUM CHINATO - sábado, 26 abril 2014, 18:12
Realmente, professora Antônia, os textos poéticos são um chamariz para os alunos,
principalmente quando apresentam rimas. Percebe-se que os mesmos ficam encantados,
demostrando um interesse maior pela leitura. Eu sempre inicio o trabalho com leitura, partindo
deste gênero textual.
Re: Cartas
por JOSIANE BLUM CHINATO - sábado, 26 abril 2014, 18:01
Oi, Selma, eu também já desenvolvi atividades que envolviam cartas, levando os alunos a se
corresponderem com outros alunos de escolas de outras cidades e, realmente, o envolvimento e a
empolgação ao escreverem para alguém fazia com que o trabalho fosse prazeroso. Hoje, passados
mais de dez anos, quando encontro os alunos que participaram do projeto, todos afirmam que não
esqueceram e que gostavam muito.
Re: Cartas
por ANTONIA PEREIRA LIMA - sexta, 25 abril 2014, 12:22
Legal o seu trabalho! O gênero textual Carta é muito interessante para se trabalhar com
alunos produz ima interação e estabelece uma interlocução, a escrita com finalidade, escreve-se
para alguém que com certeza irá ler, questionar, apoiar, dar uma resposta. "E as cartas de amor"? O
gênero epistolar é pioneiro dos gêneros. Desde datas remotas tem se notícia do seu emprego. O
apóstolo Paulo que após suas pregações em comunidades distantes, ele enviava cartas para dar
notícias, fortalecer sua pregação e saber como as pessoas estavam vivendo depois da sua passagem,
como as pessoas tinham absorvido seus ensinamentos. Dá para sugerir aos alunos que leiam as
cartas de São Paulo.
Despertar na criança o gosto pela leitura é um desafio para o professor de língua portuguesa,
uma vez que um número significativo de crianças chegam às series finais do Ensino Fundamental e
não dominam a leitura e a escrita. Conhecer a criança saber quais os temas de seu interesse e partir
daí sugerir leituras prazerosas para a criança.
Re: Fórum 2
por ENOEMIA JOSEFINA PILATTI - quarta, 30 abril 2014, 15:18
Olá professor Marcos,
Concordo com a sua contribuição, trabalhar com a diversidade de textos como receitas culinárias,
bulas de remédios, poesias, contos, histórias contadas pelos pais e avós, torna as aulas mais ricas,
significativas e dinâmicas. Os alunos ficam motivados quando os textos são adequados aos seus
interesses.
por JOSIANE BLUM CHINATO - segunda, 28 abril 2014, 22:03
Professora Cecília, após a leitura das propostas de atividades do teu projeto, escolhi as
fábulas para serem trabalhadas, claro que com algumas adaptações pelo fato de eu não estar
trabalhando com salas de apoio neste ano. Como as fábulas dividem-se em duas partes: a história
propriamente dita e o ensinamento a seguir, qual se refere a comportamentos ou situações comuns
aos seres humanos, que nos fazem refletir sobre os mesmos, é portanto, um gênero sempre bem
vindo para todas as idades.
Com os alunos do 7º ano, acrescentei à proposta de criação de um final feliz, uma versão de Nunes
Vaz, adaptando a mesma aos tempos modernos, com este final:
“A formiguinha exausta entrou na sua singela e aconchegante toca, repleta de comida.
Entretanto, alguém chamava pelo seu nome do lado de fora e, quando abriu a porta, ficou surpresa:
era sua amiga cigarra, vestida com um maravilhoso casaco de lã, com uma mala e uma guitarra nas
mãos.
-Olá, amiga! - cumprimentou a cigarra.
- Vou passar o inverno em Paris. Será que você podia cuidar da minha toca?
- Claro! Mas o que aconteceu para você ir para Paris?
A cigarra respondeu-lhe:
- Imagine você que, na semana passada, eu estava a cantar num restaurante e um produtor gostou
tanto da minha voz que fechei contrato de seis meses para fazer espetáculos em Paris. A propósito,
amiga, deseja algo de lá?
- Desejo, sim: se você encontrar por lá um tal de La Fontaine, o que escreveu a nossa história,
mande-o esfregar-se em urtigas.
Para os alunos dos 8º anos, adaptei a proposta, baseando-me nos textos abaixo, do professor
Donizete Aparecido Batista, propondo a escrita de uma notícia sobre a morte da cigarra.
Texto 1
CIGARRA ENCONTRADA MORTA
A polícia encontrou, ontem à tarde, o corpo da Cigarra já sem vida, próximo a um pé de
carvalho. O cadáver foi levado para o Instituto Médico Legal da Floresta. Lá, os legistas
constataram que a causa mortis foi hipotermia (queda brusca da temperatura do corpo). Durante a
noite de ontem, a polícia recebeu uma denúncia anônima acusando a Formiga de ser a responsável
pela morte da Cigarra. Na manhã seguinte, os policiais estiveram nas proximidades interrogando
testemunhas. Muitos insetos disseram que viram a Cigarra bater à porta da casa da Formiga. Essa
foi a última vez, segundo eles, que a Cigarra foi vista com vida. Se ficar provado que houve crime
de negligência, a Formiga poderá ser autuada e, se condenada, poderá pegar de 3 a 4 mês de prisão.
Texto 2
MUITA COMOÇÃO E TRISTEZA NO ADEUS À CIGARRA
“Milhares de insetos compareceram, ontem, ao enterro da Cigarra. Muita tristeza e revolta
marcaram o adeus à maior cantora que a Floresta já teve. Várias manifestações de carinho
aconteceram durante a cerimônia. O prefeito Lagarto e a primeira dama Borboleta compareceram ao
funeral. Eles pediram às autoridades pressa nas investigações para que o verdadeiro culpado pela
morte da cantora seja punido. O público não deixou de homenagear sua querida artista. Os fãs
entoaram os sucessos da Cigarra que faziam a alegria dos habitantes da Floresta durante o verão.
Um grupo erguia faixas de protesto chamando a principal suspeita da morte, a Formiga, de cruel e
de egoísta. Nenhuma formiga foi vista no enterro.”
E, para os alunos do 9º ano, aproveitando a versão de Monteiro Lobato que acrescentou um novo
final ao texto original, temos a opção de propor aos alunos uma atividade onde metade da turma
seja advogado de defesa e a outra metade, advogado de acusação, realizando na sequência a
simulação de um júri. Após esta atividade, a proposta seguinte é a escrita de um texto argumentativo
para que o aluno reflita e analise a situação e coloque o seu posicionamento.
O acréscimo ao final do texto, na versão de Monteiro Lobato, é o seguinte:
- Cantava? Pois dance agora, vagabunda! - e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha, e quando voltou a primavera, o mundo apresentava
um aspecto mais triste, que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por
causa da avareza da formiga.
OS ARTISTAS: POETAS, PINTORES, MÚSICOS SÃO AS CIGARRAS DA HUMANIDADE
Finalmente, com os alunos da EJA, encerramos as atividades com a leitura e discussão de um texto
da colunista do jornal Folha de São Paulo, Danuza Leão. A seguir, trechos do mesmo:
A CIGARRA, A FORMIGA E A MONOTONIA
As pessoas nascem cigarra ou formiga, e nunca vão mudar, até o último dia de vida. As cigarras são
simpáticas, alegres, adoráveis, generosas e que ninguém pense em dividir uma conta de bar, quando
estão numa mesa. Nem por hipótese, uma cigarra vai deixar de pagar a despesa é mais forte que
elas.
Uma formiga não joga nada fora, nem comida ela deixa no prato: não pode, com tanta gente
passando fome no mundo. No restaurante, na hora de escolher, as formigas olham primeiro para os
preços, sugerem dividir o prato, já que nunca estão com fome quando estão pagando - e nunca
pedem o mais caro.
As cigarras riem das formigas que são avaras, seguras, que dinheiro para elas é mais importante do
que os afetos, as amizades, o amor, o que nem sempre é verdade. São injustas as cigarras. Mas
como já dizia La Fontaine, um dia elas precisam de ajuda e só tem uma pessoa a quem apelar: a
formiga, aquela de quem falaram mal a vida inteira. Quem não viu este filme? Quem não tem um
amigo cigarra ou formiga? E você, é o quê?
MORAL DA HISTÓRIA: tudo o que acontece é uma repetição de coisas faladas, escritas e vividas
que o mundo chega a ser monótono de tão previsível.
por JOSIANE BLUM CHINATO - segunda, 28 abril 2014, 22:03
Professora Cecília, após a leitura das propostas de atividades do teu projeto, escolhi as
fábulas para serem trabalhadas, claro que com algumas adaptações pelo fato de eu não estar
trabalhando com salas de apoio neste ano. Como as fábulas dividem-se em duas partes: a história
propriamente dita e o ensinamento a seguir, o qual se refere a comportamentos ou situações comuns
aos seres humanos, que nos fazem refletir sobre os mesmos, é, portanto, um gênero sempre bem
vindo para todas as idades.
Com os alunos do 7º ano, acrescentei a proposta de criação de um final feliz, uma versão de Nunes
Vaz, adaptando a mesma aos tempos modernos, com este final:
A formiguinha, exausta, entrou na sua singela e aconchegante toca, repleta de comida. Entretanto,
alguém chamava pelo seu nome do lado de fora e, quando abriu a porta, ficou surpresa: era sua
amiga cigarra, vestida com um maravilhoso casaco de lã, com uma mala e uma guitarra nas mãos.
-Olá, amiga! - cumprimentou a cigarra.
- Vou passar o inverno em Paris. Será que você podia cuidar da minha toca?
- Claro! Mas o que aconteceu para você ir para Paris?
A cigarra respondeu-lhe:
-Imagine você que, na semana passada, eu estava a cantar num restaurante e um produtor gostou
tanto da minha voz que fechei contrato de seis meses para fazer espetáculos em Paris. A propósito,
amiga, deseja algo de lá?
- Desejo, sim: se você encontrar por lá um tal de La Fontaine, o que escreveu a nossa história,
mande - o esfregar-se em urtigas.
Para os alunos dos 8º anos, adaptei a proposta, baseando-me nos textos abaixo, do professor
Donizete Aparecido Batista, propondo a escrita de uma notícia sobre a morte da cigarra.
Texto 1
CIGARRA ENCONTRADA MORTA
A polícia encontrou, ontem à tarde, o corpo da Cigarra já sem vida, próximo a um pé de carvalho. O
cadáver foi levado para o Instituto Médico Legal da Floresta. Lá, os legistas constataram que a
causa mortis foi hipotermia (queda brusca da temperatura do corpo). Durante a noite de ontem, a
polícia recebeu uma denúncia anônima acusando a Formiga de ser a responsável pela morte da
Cigarra. Na manhã seguinte, os policiais estiveram nas proximidades interrogando testemunhas.
Muitos insetos disseram que viram a Cigarra bater à porta da casa da Formiga. Essa foi a última
vez, segundo eles, que a Cigarra foi vista com vida. Se ficar provado que houve crime de
negligência, a Formiga poderá ser autuada e, se condenada, poderá pegar de 3 a 4 mês de prisão.
Texto 2
MUITA COMOÇÃO E TRISTEZA NO ADEUS À CIGARRA
Milhares de insetos compareceram, ontem, ao enterro da Cigarra. Muita tristeza e revolta marcaram
o adeus à maior cantora que a Floresta já teve. Várias manifestações de carinho aconteceram
durante a cerimônia. O prefeito Lagarto e a primeira dama Borboleta compareceram ao funeral. Eles
pediram às autoridades pressa nas investigações para que o verdadeiro culpado pela morte da
cantora seja punido. O público não deixou de homenagear sua querida artista. Os fãs entoaram os
sucessos da Cigarra que faziam a alegria dos habitantes da Floresta durante o verão. Um grupo
erguia faixas de protesto chamando a principal suspeita da morte, a Formiga, de cruel e de egoísta.
Nenhuma formiga foi vista no enterro.
E, para os alunos do 9º ano, aproveitando a versão de Monteiro Lobato que acrescentou um novo
final ao texto original, temos a opção de propor aos alunos uma atividade onde metade da turma
seja advogado de defesa e a outra metade, advogado de acusação, realizando na sequência a
simulação de um júri. Após esta atividade, a proposta seguinte é a escrita de um texto argumentativo
para que o aluno reflita e analise a situação e coloque o seu posicionamento.
O acréscimo ao final do texto, na versão de Monteiro Lobato, é o seguinte:
Cantava? Pois dance agora, vagabunda! - e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha e quando voltou a primavera, o mundo apresentava
um aspecto mais triste, que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por
causa da avareza da formiga. Mas, se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?
OS ARTISTAS? POETAS, PINTORES, MÚSICOS SÃO AS CIGARRAS DA HUMANIDADE.
Finalmente, com os alunos da EJA, encerramos as atividades com a leitura e discussão de um texto
da colunista do jornal Folha de São Paulo, Danuza Leão. A seguir, trechos do mesmo:
A CIGARRA, A FORMIGA E A MONOTONIA
“As pessoas nascem cigarra ou formiga, e nunca vão mudar, até o último dia de vida. As
cigarras são simpáticas, alegres, adoráveis, generosas e que ninguém pense em dividir uma conta de
bar, quando estão numa mesa. Nem por hipótese, uma cigarra vai deixar de pagar a despesa. É mais
forte que elas. Uma formiga não joga nada fora, nem comida ela deixa no prato: com tanta gente
passando fome no mundo e na hora de escolher, as formigas olham, primeiro para os preços,
sugerem dividir o prato, já que nunca estão com fome. Quando estão pagando e nunca pedem o
mais caro.
As cigarras riem das formigas que são avaras, seguras, que dinheiro para elas é mais importante do
que os afetos, as amizades, o amor? O que nem sempre é verdade. São injustas as cigarras. Mas
como já dizia La Fontaine, um dia elas precisam de ajuda e só tem uma pessoa a quem apelar: a
formiga, aquela de quem falaram mal a vida inteira. Quem não viu este filme? Quem não tem um
amigo, cigarra ou formiga? E você, é o quê?
MORAL DA HISTÓRIA: tudo o que acontece é uma repetição de coisas faladas, escritas e
vividas que o mundo chega a ser monótono de tão previsível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Sala de Apoio à Aprendizagem foi a essência do projeto Possibilidades de leitura escrita
na sala de apoio à aprendizagem e suporte para produção didático-pedagógica que teve por título
Brincando se leva a sério a leitura e a escrita na sala de apoio. A aplicação aconteceu no Colégio
Estadual Carlos Ventura, na cidade de Carambeí, com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental,
selecionados para participarem do Programa da Secretaria de Estado de Estado da Educação: Sala
de Apoio à aprendizagem.
O objetivo foi auxiliar alunos que, por algum motivo tiveram o seu desenvolvimento
retardado no que diz respeito à aquisição das habilidades de ler e escrever nas primeiras séries do
Ensino Fundamental. O trabalho visou preencher lacunas que se formaram durante a alfabetização
desses alunos, de leitura precária ou incapazes de ler e escrever. E na busca de um resgate desta
perda, fez-se necessário incluir uma dose de ludicidade às atividades norteadoras de forma a
despertar a atenção dos alunos, uma vez que da forma tradicional o objetivo não seria atingido.
Entendemos que a leitura é um processo que vai além da sala de aula. Segundo Marcuschi,
no livro “Da fala para a escrita” pág. 20 e 21 (2005), a leitura e a escrita é interessante proveitosa
em muitos sentidos. ”Há o jornal e a revista para serem lidos, em recados a transmitir, cartões e
cartas para escrever, historinhas para serem contadas, listas de compras a serem organizadas. Fala e
escrita são atividades comunicativas e práticas sociais situadas. Um uso real da língua”.
Assim, diversos gêneros foram escolhidos, promovendo o contato com diferentes leituras,
estratégias na contribuição do letramento nesse processo de implementação. Os gêneros
contemplaram temas que fazem parte da realidade, do cotidiano e vivenciado pelos alunos.
Situações engraçadas que provocassem o riso e um convite à alegria, caminho para que se sentissem
empolgados e envolvidos. Base e alicerce a fim de que a leitura torne uma prática constante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAURRE, Maria Luiza M. Um olhar objetivo para produções escritas: analisar, avaliar,
comentar. 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2012.
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial,
2003.
CAMPOS, Elísia Paixão de. Por um novo ensino de gramática: orientações didáticas e
sugestões de atividades. Goiânia: Cânone Editorial, 2014.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão; CASTRO, Gilberto de (org). BETH, Brait. [et.
al]. Diálogos com Bakhtin. 4ª ed. Curitiba: ed. UFPR,2007.
GERALDI, J. Wanderley, CITELLI, Beatriz. Aprender e ensinar com textos de alunos. 6ª ed.
São Paulo: Cortez, 2004.
MARCUSCHI, Luis Antonio. Da fala para a escrita: Atividades de retextualização. 6. Ed..
São Paulo: Cortez, 2005.
PASSARELLI, Lílian Ghiurro. Ensino e correção na produção de textos escolares. 1ª e. São
Paulo: Telos, 2012.
SILVA, Ezequiel Ferreira da. A produção da leitura na escola; pesquisas x propostas. 2ª ed.
São Paulo, Ática, 2005.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola / 11ª ed., revista atualizada e ampliada.
São Paulo, 2003.