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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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FICHA PARA CATÁLOGO ARTIGO FINAL

Título Uma abordagem histórica da Educação Especial no Brasil e no Município de Reserva – PR

Autora Luciane Fernandes Vieira

Disciplina/Área (ingresso no PDE) Gestão Escolar

Escola de implementação do projeto e sua localização

Escola Mãos de Luz. E. I. e E. F. na Modalidade Educação Especial – Rua: Valdomiro Taborda Rocha, 1780 – Bairro São José – Reserva - PR

Município da escola Reserva – Paraná

Núcleo Regional de Educação Telêmaco Borba

Professor Orientador Profª Drª Maria Isabel Moura Nascimento

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Ponta Grossa

Relação interdisciplinar Todas as Disciplinas

Resumo Este Artigo é resultado do trabalho desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE e visa relatar a experiência do Projeto intitulado “Uma abordagem Histórica da Educação Especial no Brasil e no Município de Reserva – PR”, desenvolvido nas seguintes etapas: elaboração do Projeto, Produção Didático Pedagógico e Implementação, cuja finalidade era levar a comunidade escolar conhecer e discutir assuntos relacionados à Educação Especial desde sua trajetória histórica, legislação, inclusão e os atendimentos oferecidos no Município de Reserva – PR. O material didático pedagógico apresentado foi em formato de Caderno Pedagógico, distribuído em oito encontros temáticos, que objetivam o aprofundamento teórico metodológico acerca da História da Educação Especial no Brasil sendo eles: Encontro 01– A trajetória da Educação Especial no Brasil; Encontro 02 – Legislação e Educação Especial; Encontro 03 – Educação Inclusiva no Município de Reserva – PR; Encontro 04 – APAE de Reserva e a Escola Mãos de Luz; Encontro 05 – Inclusão x Exclusão; Encontro 06 - Preconceito e discriminação no ambiente escolar; Encontro 07 – Cinefórum: “Como Estrelas na Terra, toda Criança é Especial”; Encontro 08 - Avaliação e Resultados.

Palavras- chave Educação Especial. História. Diversidade

Produção Final

Artigo

Público Alvo Comunidade Escolar em Geral

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UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNICIPIO DE RESERVA-PR

Autora: Luciane Fernandes Vieira1 Orientadora: Profª Dra. Maria Isabel Moura Nascimento2

Resumo Este Artigo é resultado do trabalho desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE e visa relatar a experiência do Projeto intitulado “Uma abordagem Histórica da Educação Especial no Brasil e no Município de Reserva – PR”, desenvolvido nas seguintes etapas: elaboração do Projeto, Produção Didático Pedagógico e Implementação, cuja finalidade era levar a comunidade escolar conhecer e discutir assuntos relacionados à Educação Especial desde sua trajetória histórica, legislação, inclusão e os atendimentos oferecidos no Município de Reserva – PR. O material didático pedagógico apresentado foi em formato de Caderno Pedagógico, distribuído em oito encontros temáticos, que objetivam o aprofundamento teórico metodológico acerca da História da Educação Especial no Brasil sendo eles: Encontro 01– A trajetória da Educação Especial no Brasil; Encontro 02 – Legislação e Educação Especial; Encontro 03 – Educação Inclusiva no Município de Reserva – PR; Encontro 04 – APAE de Reserva e a Escola Mãos de Luz; Encontro 05 – Inclusão x Exclusão; Encontro 06 - Preconceito e discriminação no ambiente escolar; Encontro 07 – Cinefórum: “Como Estrelas na Terra, toda Criança é Especial”; Encontro 08 - Avaliação e Resultados. Palavras - chaves: Educação Especial. História. Diversidade.

1 Professora de Educação Especial da Rede Estadual de Ensino do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE- 2014, lotada na Escola Mãos de Luz. Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade Educação Especial no Município de Reserva – PR.

2 Professora Doutora em História, Filosofia da Educação, Orientadora do PDE, Coordenadora do

Grupo de Pesquisa “História, Sociedade e Educação nos Campos Gerais – PR” HISTEDBR, professora do Departamento de Educação e do Curso de Pós-Graduação em Educação – UEPG – PR.

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Introdução

O presente artigo resulta de uma pesquisa bibliográfica e de campo acerca

da história da Educação Especial no Brasil e no Município de Reserva - PR e

consistiu na análise, seleção de artigos e documentos legais, bem como a busca

em sites relacionados ao tema.

A pesquisa partiu da realidade vivenciada, pois somente quem está em

contato constante com pessoas com necessidades educacionais especiais, percebe

o desconhecimento da população em geral e da comunidade que os cerca a

respeito do assunto.

Segundo Nascimento (2012, p.5) “é a realidade que determina as ideias e

não o contrário”, portanto é de suma importância o contato para conhecer essa

realidade ou as pessoas que vivenciam situações de discriminação e preconceito,

por que o distanciamento pode permanecer, mas nossa condição física ou

intelectual não.

Desta forma, o problema objeto da pesquisa consiste em que as pessoas

conheçam e compreendam a trajetória histórica da Educação Especial no Brasil e

no Município de Reserva-PR.

Essa situação se reforça pelo resultado da pesquisa realizada em 2009 pela

Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE em 501 escolas públicas do

país, envolvendo 18.500 pessoas da comunidade escolar, apresentando como

resultado a existência de 99,3% de preconceito no ambiente escolar, que pode ser

observados nos seguintes dados:

Dados específicos demonstraram que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de manter algum nível de distanciamento social das pessoas com necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros. Focalizando as pessoas com necessidades especiais, os índices revelam que 96,5% são alvos de preconceito. Desse grupo, aquelas identificadas com deficiência intelectual são as que sofrem maior preconceito, representando 98,9% das pessoas entrevistadas que preferem ter, em relação a elas, algum nível de distância social, seguido pelos deficientes físicos (96,2%). (FIPE, 2009)

Considerando os dados apresentados percebe-se a necessidade de

discussão do assunto, tendo em vista a presença de modo generalizado do

preconceito no ambiente escolar devendo começar pela realidade que nos cerca.

Por isso, rever o que ocorreu no país e em nosso município nos leva á uma

proximidade maior com o tema relacionado.

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2 Desenvolvimento

2.1 Trajetória da Educação Especial

Desde a antiguidade as pessoas com deficiência eram mencionadas como

subumanas e eram abandonadas ou exterminadas. Acreditavam que essas

atitudes contribuiriam para o equilíbrio demográfico, pois essa pessoa dependeria

economicamente da família.

Na Idade Média na Europa essas práticas eram parecidas até o Cristianismo,

devido ao surgimento de milagres resultando na cura de deficiências física, auditiva

e visual, surgem então por influência dos ideais cristãos os primeiros abrigos de

crianças e adultos que tinha algum tipo de deficiência acentuada.

No século XVI na Idade Moderna, passaram a considerar as deficiências

como causa médica ou como um problema cerebral.

Depois do século XVIII na Idade Contemporânea, fala-se sobre a

possibilidade da deficiência ser hereditária. Já o século XIX foi assinalado por

vários autores como Itard que criou o primeiro programa sistemático de Educação

Especial em 1800.

Para Philippe Pinel as deficiências tinham uma única causa, mas se

manifestava de graus diferentes, desconsiderando que fossem possessões

demoníacas. Esquirol, a partir de Pinel, propõe que as deficiências eram resultados

de carências infantis ou condições pré e peri-natais problemáticas.

Com a influência desses autores surgiram instituições educativas para

crianças com deficiência mental. Uma delas criada em 1840, a Escola de

Abendberg, tendo como objetivo a aprendizagem da autonomia e independência. O

fundador, Guggenbuhl, não tinha uma visão sistemática educativa, porém visava à

ideia de educação dessas crianças.

Nesse período, surge Johann Heinrich Pestallozzi, para ele a escola deveria

se parecer com um lar, que é a base educacional de uma criança para ter princípios

de religiosidade, de moral e política. Froebel, frequentando uma escola do seu

mestre Pestallozzi, começa a se especializar em seus estudos em relação à

Educação Especial, criando um sistema a partir de materiais e jogos específicos,

simples e eficazes de forma concreta tornam o ensino mais produtivo. No século

XX, aparecem as primeiras escolas montessorianas cujo método criado pela

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educadora italiana Maria Montessori parte do concreto paro o abstrato. Além disso,

seu método se dá por meio de descobertas e os materiais didáticos simples para

desenvolver o raciocínio para crianças com deficiências.

Em nosso país, o debate sobre a historia da Educação Especial é um

fenômeno recente, ocorreu a partir do século XIX, relacionando conceitos teóricos e

práticos conjuntos.

Baseou-se nos modelos norte-americanos e europeus, e não estavam

integradas as políticas públicas de educação, somente depois de um século

denominou-se a “educação dos excepcionais” (SASSAKI, 2002).

De acordo com Ferreira (2006), no Brasil o marco da Educação Especial

ocorreu no período imperial, em 1854, com D. Pedro II, influenciado pelo ministro

do Império Couto Ferraz, admirado com o trabalho de um jovem cego, foi criado

então o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Em 1891, a escola passou a se

chamar Instituto Imperial dos surdos-mudos, que em 1957, foi denominada Instituto

Nacional de Educação de Surdos.

Em 1930, surgiram às primeiras instituições cujo objetivo consistia em

prestar cuidados aos possuidores de deficiência mental, vale lembrar que eram em

número bem superior considerando as instituições voltadas para as outras

deficiências.

As primeiras entidades privadas alavancam um fato de grande relevância na

historia de nosso país, pois culminaram na filantropia e no assistencialismo. Estes

dois fatores foram ressaltados por Batista (2006), pois o número de atendimentos

era superior ao realizado pelas instituições públicas junto a instâncias

governamentais.

De acordo com o mesmo autor, a história da Educação Especial no Brasil se

divide em dois momentos, a saber:

No primeiro, durante o Brasil Império, as pessoas com deficiências mais acentuadas, impedidas de realizar trabalhos braçais (agricultura ou serviços de casa) eram segregadas em instituições públicas. As demais conviviam com suas famílias e não se destacavam muito, uma vez que a sociedade, por ser rural, não exigia um grau muito elevado de desenvolvimento cognitivo. No segundo momento, ao mesmo tempo em que surgia a necessidade de escolarização entre a população, a sociedade passa a conceber o deficiente como um individuo que, devido suas limitações, não podia conviver nos mesmos espaços sociais que os normais - deveria, portanto, estudar em locais separados e, só seriam aceitos na sociedade aqueles que conseguissem agir o mais próximo da normalidade possível, sendo capazes de exercer as mesmas funções. Marca este momento o desenvolvimento da psicologia voltada para a educação, o surgimento das instituições privadas e das classes especiais. (BATISTA, 2006 p.37).

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A expressão Educação Especial ganhou notoriedade durante o governo de

Médici(1969-1974). No ano de 1978, houve a criação do Programa de Mestrado em

Educação Especial da Universidade de São Carlos (UFSCar) e do Curso de

Mestrado em Educação, em 1979, na Universidade do Rio de Janeiro (UERJ)

(SASSAKI, 2002).

Portanto, a década de 70, pode ser considerada como o marco inicial para o

processo de integração social, já que passou a ganhar destaque, com vistas à

discussão sobre a inserção da pessoa deficiente.

Mas o processo de integração teve maior impulso a partir da década de 80,

segundo Sassaki (2002), com o surgimento da luta pelos direitos das pessoas com

deficiência, que apesar das dificuldades contou com o apoio consistente de

cidadãos conscientes e participativos.

A atuação dos movimentos internacionais traz à tona a educação inclusiva,

apesar de que não possuía tal denominação no período, mas isso fortaleceu a

causa. Pois, para Romanelli (2003) esse movimento cresceu e ganhou adeptos em

progressão geométrica por vários fatores e um deles é a fase pós-guerra, em que

os feridos da guerra tornaram-se deficientes, e sendo reabilitados poderiam voltar a

produzir.

Analisando este período sobre a educação inclusiva que ganhou muitos

adeptos, pode-se considerar que foi em virtude de que aqueles reabilitados

deixariam de depender do governo. Fazendo um recorte histórico no período atual

deve-se perguntar se a intenção da inserção dos alunos com deficiência intelectual

no Ensino Regular não é a mesma, ou seja, de se dizer que estes deixaram de ser

incapazes. Pois, como já bem disse Carvalho (1999) não se deve associar

deficiência a Educação Especial, nem toda deficiência requer atendimento

especializado, e sim alguns recursos pedagógicos e tecnológicos para mediação do

conhecimento.

Por meio de um resgate da história da Educação Especial percebe-se que é

recente a discussão em nossa sociedade, sobretudo em nosso país. Provavelmente

em razão da cultura brasileira que não apreende que as diferenças deixarão de

existir quando houver as mesmas oportunidades para todos, ou seja, na busca dos

seus direitos e um lugar na sociedade.

2.2 Marcos Legais sobre Educação Especial

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Para melhor compreender sobre a Educação Especial e como ocorreu sua

inserção em nosso país é relevante consultar documentos legais, já que estes

apresentam os pressupostos teóricos para sua efetivação.

Há inúmeros instrumentos legais que garantem a promoção da Educação

Especial, pode-se considerar que a base desencadeadora para o princípio de

igualdade foi datada em 1948, por meio de um documento intitulado Declaração

dos Direitos Humanos que tem como princípios gerais:

1. Respeito pela dignidade inerente e autonomia individual incluindo a liberdade para fazer as próprias escolhas e independência das pessoas; 2. Não-discriminação; 3. Participação total e efetiva e inclusão na sociedade; 4. Respeito pela diferença e aceitação das pessoas com deficiências como parte da diversidade humana e da humanidade; 5. Igualdade de oportunidades; 6. Acessibilidade; 7. Igualdade entre mulheres e homens; 8. Respeito pelas capacidades em desenvolvimento das crianças com deficiência e respeito do direito das crianças com deficiência de preservar suas identidades (SDH, 1997, p.10).

A Lei de Diretrizes e Bases, de nº. 4024 de 1961, consta que os

estabelecimentos de ensino precisam agregar as pessoas deficientes em prol do

processo de inclusão escolar com vistas à integração.

Esse momento culminou no compromisso e na responsabilidade dos

estabelecimentos educacionais, pois esses não poderiam se eximir mais.

Outro período que merece destaque é a década de 70, houve uma emenda

na Constituição Brasileira e o teor dela era o direito a Educação Especial gratuita.

Com isso houve oportunidades educacionais que poderiam levar a ascensão para

uma melhor condição social e econômica deste público.

Vale apontar a Constituição Federal (1988), o direito a inclusão foi

consagrado nos artigos 1º- III, que se refere à dignidade da pessoa humana; no

artigo 227- III aponta a integração social do adolescente portador de deficiência

(BRASIL, 1988).

Deste modo, o direto a Educação Especial está prevista na carta magna que

proíbe a discriminação em ambiente de trabalho, garante saúde, proteção e

integração social, reserva cotas em empregos públicos e prevê salário mínimo

mensal aos que comprovem insuficiência de renda. E, nos casos da criança com

deficiência, o acesso à educação na Rede Regular de ensino na forma do

atendimento especializado passou a ser uma garantia.

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O Decreto nº. 9394 de 1996 define Educação Especial, como modalidade de

educação escolar que deve ser ofertada preferencialmente na Rede Regular de

ensino, para pessoas com necessidades educacionais especiais. O conteúdo

assinala que o ensino deve ser preferencialmente na Rede Regular e para aqueles

que não cumprirem com essa determinação legal será imputada sansões. Os

estabelecimentos de ensino precisam apreender que a Educação Especial deve:

[...] acomodar todas as crianças independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham. Crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalizados (CARVALHO, 1997 p.56).

Já na Lei de nº. 7.853, de 1989, consta como crime a possível recusa por

parte das unidades escolares que não cumprirem com a Educação Especial.

(BRASIL, 1999)

A demanda quanto à Educação Especial fez com que os profissionais da

área de educação repensassem sobre o seu papel e suas práticas, visto que os

direitos são expressivos na Constituição Federal.

Entre 2001 a 2011, percebe-se algumas mudanças em relação à política

educacional do país que direcionam a Educação Especial, sendo um deles os

movimentos de implantação da política de educação inclusiva no Brasil.

Acompanhando esse processo de redefinição na política educacional, as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, definidas para Resolução CNE/CEB n º 2/2001, determinam que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos e que cabe às escolas se organizarem para o atendimento dos alunos com deficiência, assegurando-lhes “as condições necessárias para uma educação de qualidade [...]”. (BRASIL, 2001, art.2º).

Além disso, a resolução a educação especial passa a ser compreendida

como:

[...] um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. (BRASIL, 2001, art.3º).

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No entanto sabemos que somente o aspecto legal não é suficiente para

assegurar que a inclusão aconteça, pois sem as mudanças atitudinais elas não

serão colocadas em prática.

3 Implementação do Projeto

A implementação do projeto foi desenvolvida no período de abril a julho de

2015 na Escola Mãos de Luz. Educação Infantil e Ensino Fundamental na

Modalidade Educação Especial, que tem como mantenedora a Associação de Pais

e Amigos dos Excepcionais – APAE de Reserva – PR.

A proposta de implementação foi lançada a comunidade escolar em geral

com objetivo de atingir pais, professores, acadêmicos e demais interessados no

tema, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Reserva,

responsável pela certificação de 32 horas.

O Grupo de estudo foi desenvolvido em oito encontros temáticos tendo a

duração de quatro horas cada momento que objetivaram o aprofundamento teórico

metodológico acerca da História da Educação Especial no Brasil. Tendo como

objetivo de: promover uma investigação acerca do conhecimento das temáticas

abordadas e a sua relevância na comunidade. Participaram quarenta e nove

pessoas, a maioria dos integrantes eram educadores da Rede Municipal de ensino,

estudantes de licenciatura, professores da Rede Estadual e da Educação Especial.

Os encontros consistiam em promover discussões em grupos menores no

máximo sete pessoas. Cada grupo se dirigia a uma das salas do estabelecimento

para realizar leituras e responder as questões propostas. Após o tempo

determinado, todos voltavam à sala principal onde os integrantes socializavam com

os demais grupos o resultado das discussões, mediados pela coordenadora.

Sempre utilizando um texto base, vídeos, slides ou relatos de experiências.

No primeiro encontro, após a apresentação da proposta de trabalho foi

realizado a abordagem da Trajetória da Educação Especial no Brasil através do

artigo: Cinquenta anos de políticas de educação especial no Brasil (MENDES JR;

TOSTA, 2012). Em seguida, houve a socialização do assunto proposto no artigo,

sendo que questionados anteriormente sobre o tema, parte dos participantes não

demonstraram ter conhecimento prévio sobre o assunto. Os comentários mais

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frequentes foram a respeito das dificuldades dos professores em ensinar alunos

com necessidades especiais e finalizando os trabalhos com o vídeo: Breve

trajetória da Educação Especial no Mundo e no Brasil (ALBINO, 2013).

O segundo encontro trouxe a discussão sobre a Legislação e Educação

Especial onde foram analisadas algumas das Leis vigentes no país, como: a Lei de

Acessibilidade, Lei de Libras, o Estatuto da pessoa com Deficiência, e outras

desconhecidas e de pouco aplicação em nossa realidade.

O terceiro encontro abordou a Educação Inclusiva no Município de Reserva,

que após pesquisa junto as escolas, Secretaria Municipal de Educação e Núcleo

Regional de Educação foram levantados os dados e as informações sobre as

Escolas Municipais e Estaduais do Município de Reserva – PR, conhecendo os

atendimento ofertados no município, bem como as Leis que regulamentam os

mesmos. Antecipadamente, foi levantada a seguinte questão: Em relação à

Educação Especial, que programas ou atendimentos você conhece no município de

Reserva? As repostas evidenciavam o desconhecimento acerca dos profissionais

dos apoios especializados e atendimentos existentes no município.

O quarto encontro teve como tema a APAE de Reserva, ou seja, a Escola

Mãos de Luz, o qual após consulta aos documentos legais e entrevistas junto aos

fundadores a história foi recontada. A necessidade de recontar essa trajetória para

conhecimento da comunidade escolar e da comunidade em geral, pois todos são

agentes dessa história bem como sua fundação e os desafios enfrentados pela

instituição.

No quinto encontro os debates giraram em torno do tema Inclusão x

Exclusão em que foi analisado o artigo: A Educação Especial no Brasil, da Exclusão

a Inclusão Escolar (MANTOAN, 2002). Nesse encontro, também foi analisado o

vídeo: Por dentro da Escola, Educação Especial-Inclusão (TV Paulo Freire, 2010),

trazendo a fala acerca da Inclusão pela professora Angelina Carmela Romão Mattar

Matiskei.

O sexto encontro foi referente ao Preconceito e Discriminação no Ambiente

Escolar em que foram trabalhados com dicionários para a busca da terminologia

das palavras preconceito e discriminação. Foi apresentado também o resultado da

pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE

realiada em 2009. Em seguida foi exibido um documentário intitulado: Uma lição de

discriminação o qual mostra uma estratégia da professora para despertar de forma

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prática uma reflexão nas crianças sobre os temas citados.

No sétimo encontro aconteceu o Cinefórum: “Como Estrelas na Terra, Toda

Criança é Especial”, do diretor Aamir Khan, o filme indiano trata de uma criança que

é julgada pelos familiares, professores e colegas como rebelde, resistente e

descompromissado para com os estudos e como punição é matriculado num

colégio interno. O filme mostra a discriminação da sociedade aos alunos que não se

adaptam ao sistema.

No último encontro foi realizada uma discussão com apontamentos sobre o

Grupo de Estudo, esclarecendo dúvidas e relatando os resultados obtidos. Dos 38

cursistas que realizaram a avaliação dos encontros por escrito, o resultado foi de

bom a excelente entre os participantes. Como pontos positivos foram mencionados:

a dinâmica e a organização dos encontros; o bom desempenho da coordenadora; o

conhecimento e a troca de experiência entre os participantes; os conteúdos e as

leis trabalhadas; o filme escolhido que despertou o interesse de todos. Como

pontos negativos foram apontados: os problemas técnicos de áudio e imagem e os

textos extensos. E como sugestões: a sequência dos encontros com novos temas;

maior duração dos encontros; novos filmes e aulas de Braile e LIBRAS. Houve

também diversas observações sobre a pouca procura dos profissionais de

educação sobre o assunto; a desinformação e a inexperiência em trabalhar com

pessoas com necessidades especiais.

No GTR (Grupo de Trabalho em Rede) tiveram 20 cursistas inscritos dos

quais 15 concluíram com excelente desempenho e participação, 2 nunca

acessaram e 3 deixaram de concluir alguma atividade. As trocas de experiências, a

chance de conhecer as diversas realidades do Estado e a possibilidade de interagir

com pessoas da área foi sem dúvida uma oportunidade única pra todos os

cursistas. O referencial teórico sugerido, as metodologias e interações realizadas

no GTR, mostraram o quanto o estudo dessa temática pode ser aproveitado por

todos os profissionais da educação. As atividades desenvolvidas on line seguiram

o mesmo roteiro do Grupo presencial, com o diferencial de que o estudo foi através

de fóruns de discussão, diários ou apresentação de outras propostas de atividade.

Pudemos perceber através das interações alguns relatos, a respeito do

processo de inclusão em suas realidades:

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Para que a inclusão escolar seja efetiva com êxito, não basta que apenas alguns professores de uma escola acreditem nela. Pelo contrário, é necessário que toda a comunidade escolar, incluindo familiares e alunos, confiem e sigam os princípios básicos da inclusão, ou seja, democracia, igualdade, busca de uma educação de qualidade para todos os alunos e também nos benefícios que todos irão alcançar com a inserção dos alunos com necessidades educacionais no ensino regular. (P

3)

[...] inclusão é uma tarefa de toda a comunidade escolar. O que percebe -se é um grande despreparo não só do professor em sala de aula, mas de todo um sistema educacional em âmbito nacional, pois as politicas educacionais para inclusão insistem e apoiam a matricula de estudantes com deficiência no ensino comum, mas não dá subsidio suficiente para que a inclusão se efetive. Por exemplo, seria imprescindível formação continuada para todos os professores acerca do tema da inclusão, deficiências, distúrbios de aprendizagem, funcionamento cerebral, etc. (P

4).

Quando questionados sobre a efetividade do projeto alguns, relataram suas

observações:

A ação de implementação contida no seu relato atendeu plenamente o contido no seu Projeto de Intervenção Pedagógica. O material organizado para o estudo e debates em grupos foi muito apropriado, e mostrou de forma clara a História da Educação Especial no Brasil. Os relatos da comunidade sobre a criação da APAE e seu trabalho atualmente foi importante, pois repassou informações que muitos da comunidade desconheciam. Sem dúvida para que uma escola seja realmente inclusiva se faz necessária essa abertura para a comunidade de forma efetiva, fazendo um resgate da verdadeira história com suas legislações, direitos e deveres promovendo assim mudanças que levem à valorização da diversidade. (P

5)

[...] o que foi relatado no projeto vem de encontro com a necessidade da democratização escolar, não só para Educação Especial, mas sim para todas as pessoas, principalmente àqueles que estão à margem da sociedade. (P

6)

Os documentos de legislação auxiliam no entendimento de como atuam as instituições de Educação Especial, e ainda o trabalho com o filme e as discussões sobre o preconceito e discriminação no ambiente escolar trazem uma reflexão sobre como é ser uma pessoa deficiente em nossa sociedade, seus desafios e potencialidades. Certamente todos os envolvidos no projeto sejam eles professores, acadêmicos, comunidade em geral poderão dividir experiências e tornarem-se agentes da inclusão responsável. (P

7)

De acordo com os depoimentos acima dos participantes do GTR (Grupo de

Trabalho em Rede) ficou evidente a necessidade de trabalhar a trajetória histórica e

legal à respeito da Educação Especial com toda comunidade escolar: pais, alunos,

professores e comunidade em geral, para que se conheça e garanta a efetividade

3 Os participantes do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) foram nomeados aleatoriamente de P

3, P

4,

P5, P

6, P

7.

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das conquistas ao longo dos anos.

4. Educação Especial no Município de Reserva - PR

Segundo Schraier (2015), em 1988 a Pastoral da Criança teve início no

município de Reserva. A ideia de criar a Pastoral surgiu após o primeiro encontro

de sensibilização da Pastoral da Saúde, ocorrido no CEPAR (Centro Pastoral de

Reserva). Neste encontro ouviu-se falar de um programa cujo objetivo era dar

atendimento as crianças. A partir disso, duas pessoas foram encaminhadas para

realizar treinamentos em diversas cidades em que receberiam instruções de como

implantar a Pastoral da Criança em Reserva foram elas: Rosane de Jesus Rocha e

Etelvina Terezinha Viana Schraier. Após a realização de todos os treinamentos,

passaram a formar as Líderes Comunitárias para os atendimentos e os encontros

de lideranças passaram a acontecer toda segunda terça-feira de cada mês.

Juntamente as Ações Básicas de Saúde deu-se enfoque à Medicina

Alternativa e para viabilizar esse trabalho foram realizados mais cursos sendo esse

trabalho desenvolvido no município até os dias atuais.

Em seguida iniciou um trabalho na Prevenção de Deficiências,

acompanhamento com as gestantes e acompanhamento mensal com as crianças

de 0 a 5 anos, com dezenas de encaminhamentos cirúrgicos de lábio leporino,

deformações ósseas, catarata congênita e demais casos na Área da Visão e outras

deficiências.

Após os levantamentos sobre a situação real em relação à saúde, constatou-

se a ausência completa de atendimento na área de prevenção e escolarização

dessas crianças. Com isso, deu-se início a criação dos primeiros atendimentos na

área de Educação Especial no município. E o primeiro a ser criado foi o centro de

prevenção e reabilitação na área da visão: Centro de Atendimento Especializado

para Deficientes Visuais (CAE-DV) em 1990, em seguida a abertura do Centro de

Atendimento Especializado para Deficientes Auditivos (CAE-DA) em 1991.

Posteriormente houve a criação da APAE em 1996, e a Escola Mãos de Luz em

1997, assim a Educação Especial iniciou os primeiros passos no município de

Reserva – PR, sendo que as Salas de Recursos surgiram a partir de 2001.

Segundo os dados de 2014 da Secretaria Municipal de Educação, o

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município de Reserva possui 06 Centros de Educação Infantil, 14 Escolas de

Ensino Fundamental anos iniciais, dos quais 05 instituições ofertam algum tipo de

atendimento educacional especializado. Sendo eles: 02 professores de apoio

especializado, para 02 alunos com diagnóstico de transtorno do espectro autista no

Centro Municipal de Educação Infantil Pingo de Gente; 02 turmas (turnos: matutino

e vespertino) de Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, na Escola Municipal Frei

Thomaz e Escola Municipal Elvira Rosas; 01 Sala de Recurso Multifuncional no

período matutino na Escola Municipal Evangelina Bittencourt dos Santos; 02 Salas

de Recursos Multifuncional Tipo I, 01 Sala de Recurso Multifuncional CAES no

turno da manhã e 01 professor de Apoio à Comunicação Alternativo no turno da

manhã na Escola Municipal Coronel Rogério Borba atendendo Educação Infantil e

Ensino Fundamental.

Assim, totalizam no município de Reserva-PR: 07 Salas de Recursos

Multifuncional Tipo I, 01 Sala de Recursos Multifuncional – CAES, 02 professores

de apoio educacional especializado e 01 professor de apoio à comunicação

alternativa.

No início de 2014 foram transformadas em Salas de Recursos

Multifuncionais- SRM, todos os serviços de apoio especializado no contra turno da

escolarização do aluno. Assim CAE- DV e CAES passaram a ser Sala de Recursos

Multifuncionais (SRM) nas diferentes áreas. Cabe ressaltar que foram realizadas

diversas adaptações para melhor atender esses alunos como: reformas para

acessibilidade, recebimento de carteiras adaptadas, adaptação na sala de jogos,

adequação do transporte escolar, disponibilização de profissionais para atuarem

como professor de apoio, suporte pedagógico, capacitações e contratações de

psicólogos.

Segundo os profissionais da Secretaria Municipal de Educação a escassez

de profissionais especializados dispostos a assumir os serviços ofertados é um dos

entraves na oferta do atendimento especializado na Rede Municipal, sendo

necessário diálogo, reuniões e capacitações para amenizar a resistência quanto ao

trabalho junto aos alunos com necessidades educacionais especiais.

A Rede Estadual de Ensino possui 08 escolas de Ensino Fundamental anos

finais no Município de Reserva – PR, das quais 04 escolas, segundo o Núcleo

Regional de Educação, possuem atendimento Educacional Especializado, com 01

turma de Sala de Recursos Multifuncional situadas nas escolas: Colégio Estadual

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Manoel Antonio Gomes (turno: vespertino); Colégio Estadual Professora Helena

Ronkoski Fioravante (turno: vespertino); Colégio Estadual Gregório Szeremeta

(turno: matutino); Colégio Estadual do Campo Teófila Nassar Jangada (turno:

vespertino). Há também a oferta de 01 professor de Apoio Educacional

Especializado (PAEE) no Colégio Estadual Professora Helena Ronkoski Fioravante

e profissional interprete de LIBRAS no Colégio Estadual Manoel Antonio Gomes e

no Colégio Estadual do Campo Teófila Nassar Jangada.

Estes apoios estão regidos pelas Instruções: Instrução 002/2008; Instrução

nº 016/2011 – SEED/SUED; Instrução nº 002/2012; Instrução 003/2012; Instrução

nº 004/2012; Instrução 007/2014 todas da SEED/SUED – PR.

Segundo informações do Núcleo Regional de Educação de Telêmaco Borba,

a região possui número suficiente de profissionais habilitados para atuar nos

serviços ofertados, somente a escassez de profissional intérprete em LIBRAS.

Apesar da garantia da adaptação curricular estar prevista em Lei, há uma grande

resistência dos docentes no Ensino Regular em realizar estas adaptações aos

alunos com necessidades educacionais especiais.

Além dos atendimentos ofertados na Rede Municipal e Estadual de ensino o

município de Reserva-PR, conta com uma escola na modalidade Educação

Especial vinculada a rede apaeana.

Segundo a documentação da Associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais de Reserva (APAE, 1996) teve sua fundação em 27 de agosto de

1996, e surgiu a partir da constatação da Pastoral da Criança do grande número de

pessoas com necessidades especiais no Município, que após a oferta dos

atendimentos na área da surdez e deficiência visual, via-se a necessidade de

atender as pessoas com deficiência mental e múltipla. Sendo assim foi criada a

Escola de Educação Especial Mãos de Luz, hoje denominada Escola Mãos de Luz

– Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade Educação Especial, que

atende cerca de 110 alunos com deficiência intelectual e múltipla de 0 a 70 anos.

Fundada em 13 de fevereiro de 1997 tendo como mantenedora a APAE de

Reserva. A idealizadora desse projeto foi a senhora Etelvina Terezinha Viana

Schraier que como coordenadora da Pastoral da criança verificou a necessidade

em atender as crianças especiais existentes na comunidade que não recebiam

nenhum tipo de atendimento. Ela foi a primeira presidente da APAE e a primeira

diretora da escola, muitos outros ajudaram na concretização desse projeto. A

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sugestão do nome foi da senhora Tereza Sueli Cionek por tudo que a palavra

“Mãos” pode significar: mãos que acariciam, que acolhem, protegem e que

conduzem a um caminho, assim o nome Mãos de Luz, foi aceito por todos, sendo

um sonho construído por várias “mãos”, como relata: “não tinha nada, começamos

com a cara e a coragem,... nem uma colher existia...” (CIONEK, 2015). Logo, o

objetivo de ter um atendimento especializado no município de Reserva-PR foi

atingido e desde então vem realizando um trabalho voluntário e muitas vezes o

único apoio às famílias de crianças com necessidades especiais.

De acordo com Mantoan (2002), no Brasil acontece um movimento contrário

do restante do mundo no que diz respeito à Inclusão, pois no exterior são os pais

que lutam para inserção de seus filhos no Ensino Regular, no Brasil são os pais que

saem em defesa da Escola Especial.

Considerações Finais

“Preconceito e discriminação são fatores presentes em qualquer setor da

sociedade, não seria diferente no ambiente escolar” (E5), na fala de uma

participante do Grupo de Estudo Presencial como nas discussões dos demais

cursistas do Grupo de Estudo Presencial e também do GTR (Grupo de Trabalho em

Rede) ficou evidente o apontamento dos obstáculos encontrados na inclusão ou

participação da pessoa com necessidades especiais. Começando na resistência

dos pais na participação dos serviços ofertados, a falta de conhecimento dos

profissionais, a precariedade da estrutura para atender a demanda e até o não

cumprimento da legislação. E isto ultrapassa os muros da escola com

questionamentos como “deficiência é transmissível” (questionamento de um pai de

aluno), levando os próprios alunos resistirem aos apoios ofertados.

A Educação Especial é sem dúvida, uma das áreas de maior desafio no

âmbito escolar. Sabe-se que as Leis, Diretrizes, Currículos, Metodologias e

Políticas afirmativas, procuram atender e garantir esses direitos, inserindo ou

incluindo esse grupo, no entanto ficou comprovado que somente o aspecto Legal

não basta, portanto há necessidades de mudanças atitudinais para que essa

infinidade de recursos possa ser colocada em prática. É preciso mais do que

conhecimento, é necessário à sensibilização e a mobilização da comunidade em

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geral para minimizar atitudes reprodutivas de discriminação, preconceito e violência

no âmbito escolar e na sociedade.

Sendo assim: estudar, pesquisar, levantar hipóteses, apresentar

metodologias e ações a serem desenvolvidas no enfrentamento ao preconceito e a

discriminação é um trabalho árduo e deve ser contínuo, já que o princípio

democrático da educação para todos garante isso, desconsiderando os diversos

problemas existentes.

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5 Participante do Grupo de Estudo Presencial nominado como E

5.

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