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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · REPENSANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO Autora: Joseane de Fátima Muller Orientador: Professor

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · REPENSANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO Autora: Joseane de Fátima Muller Orientador: Professor

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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REPENSANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO

FÍSICA DO ENSINO MÉDIO

Autora: Joseane de Fátima Muller

Orientador: Professor - Doutor Alfredo César Antunes

RESUMO Este estudo teve como objetivo compreender os motivos que levam ou não o aluno a participar das atividades que são propostas nas aulas de Educação Física do Ensino Médio. Muitos motivos foram elencados no decorrer do estudo, esclarecendo por que os alunos participam, quando gostam e quando não gostam das aulas de Educação Física. Através de uma perspectiva histórico - crítica teve-se a intenção de transformar a situação atual através de diversas práticas pedagógicas que estimularam uma maior participação e envolvimento nas aulas. Constatou-se que tantos os motivos intrínsecos como os extrínsecos influenciam o aluno na sua participação ou não. Entendeu- se que a forma como a aula é organizada, a maneira como a mesma é conduzida e a interação entre os envolvidos faz toda a diferença. Palavras- chave: motivos, participação, atividades propostas, prática pedagógica.

PONTA GROSSA 2014

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INTRODUÇÃO

Freire e Scaglia (2009, p.32) afirmam que: “Se a Educação Física

pretende ser uma disciplina escolar com status semelhante ao adquirido pelas

demais, precisa dizer a que veio, o que ensina”.

Infelizmente, o dia a dia na escola tem feito com que ainda seja

necessário justificar a disciplina de Educação Física, esta situação deixa nítido

que a incompreensão tem feito com que os alunos simplesmente não vejam

sentido na sua importância e prática.

Segundo Atalla (2012, p.13), “Ao longo dos séculos, o que mudou não

foi nosso corpo, mas o ambiente que vivemos”. Nos dias de hoje não há

necessidade de caçar nem de lutar para sobreviver, as facilidades tem

acomodado as pessoas e consequentemente diminuído seus movimentos.

A apatia, o desânimo para as atividades do dia a dia desta geração é

preocupante. Parece que o sedentarismo está no DNA das pessoas, os

avanços tecnológicos têm contribuído para isto.

A cultura tecnológica tem substituído o movimento, o esforço, pela

acomodação, pelo apertar de um botão, cultura esta que veio devagar e tomou

conta do dia a dia, todos querem esta praticidade.

Implantar a cultura do movimento requer: paciência, insistência e

práticas pedagógicas dinâmicas, que incentivem uma maior participação.

Para Santos (2002), o movimento utiliza o corpo como o veículo do ser

no mundo, o corpo nos comunica com outras pessoas e, permite à construção

do conhecimento, este movimento corporal humano tem a capacidade de

relação, interação e expressão.

A Educação Física precisa ser entendida de forma mais ampla, ela

interage com as questões sociais, políticas, econômicas e culturais dos povos.

Com toda esta problemática se fez necessário: identificar os principais

motivos que levam os alunos do Ensino Médio a participar ou não das aulas de

Educação Física, oportunizar a diversidade de conteúdos e de metodologias,

proporcionar momentos de reflexão sobre as atividades propostas, dinamizar a

prática pedagógica e incentivar a busca pela autonomia corporal.

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REVISÃO DE LITERATURA

Segundo Coletivo de autores (1992, p.50), “Sendo a Educação Física

uma prática pedagógica, podemos afirmar que ela surge de necessidades

sociais concretas que, identificadas em diferentes momentos históricos, dão

origem a diferentes entendimentos do que dela conhecemos".

Compreender o tipo de homem que vem sendo formado ao longo da

história, é extremamente necessário para que este estudo tivesse sentido.

No Brasil no início do século XIX, o homem deste momento deveria ser

forte, ágil, empreendedor e saudável, para formar a força de trabalho.

No século XX, o homem desta época devia ser disciplinado, obediente,

submisso e respeitador da hierarquia social.

Após o golpe militar de 1964, sobressai-se o professor- treinador e o

aluno- atleta, valoriza-se o homem racional, eficiente e produtivo.

Nas décadas de 70 e 80 surgem os movimentos renovadores na

educação física tendo como destaque: a psicomotricidade, que estimulava o

desenvolvimento psicomotor, a abordagem desenvolvimentista que defende a

ideia de que o movimento é o principal meio e fim da Educação Física. As

aptidões motoras seriam desenvolvidas pela prática do movimento, objetiva-se

aqui um homem que vai através do exercício desencadear mudanças de

hábitos, ideias e sentimentos.

A partir de 1985, com a abertura política, surgiram novas concepções

em relação à Educação Física, aqui exige- se um homem que tenha

capacidade de pensar, agir e interagir. (PARANÁ, 2008)

Aparecem no cenário às pedagogias crítico - superadora (Coletivo de

autores- 1992) e a crítico - emancipatória (Kunz - 1998), as quais incluíram o

pensar, o refletir e o analisar sobre o papel das práticas corporais em nossa

sociedade, o ser humano se relaciona com seu meio, tornando-se sujeito a

partir do reconhecimento de si no outro.

No início de 1990, tiveram início às discussões para a elaboração do

Currículo Básico1, que a partir de reflexões históricas e sociais tem a intenção

1 Documento relacionado à Educação Básica no Paraná, nos anos 90.

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de possibilitar a tomada de consciência dos seus próprios corpos, em relação

ao meio social que vivem.

Surgiram os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), que foram

considerados pelos autores das Diretrizes Curriculares da Educação Básica -

DCEs um retrocesso, pois a inclusão dos temas transversais trouxe um

esvaziamento de conteúdos próprios da disciplina, tornando-se um currículo

mínimo.

Os Parâmetros foram elaborados para atender a um artigo da Constituição que prevê o estabelecimento de conteúdos mínimos para a educação (...) não levando em conta a realidade social dos homens, colocando a educação como solução para os problemas sociais e aos homens a responsabilidade de seu sucesso ou fracasso na vida. Esse documento se apresenta como flexível e optativo, embora, pela forma como foi minuciosamente elaborado, se denuncie todo o tempo como descritivo e específico no seu conteúdo, estimulando a sua incorporação e apresentando-se como verdade absoluta (MARTINS E NOMA, 2002, p. 05).

Logo após, surgiram as DCEs (PARANÁ, 2008), que também utilizam

da pedagogia histórico- crítica. Este documento é o que orienta as escolas

públicas do Paraná na atualidade.

A prática pedagógica pode ser comparada a um novelo de lã, que na

medida em que se desenrola vai se transformando na peça desejada2.

Pensar a Educação Física de forma mais ampla, significa entender que

ela é composta por interações que se estabelecem nas relações sociais,

políticas, econômicas e culturais dos povos. A ação pedagógica deve ver na

Cultura Corporal possibilidade de estimular a reflexão sobre o movimento que o

ser humano tem produzido e que são exteriorizadas pela expressão corporal,

jogos e brincadeiras, luta, ginástica, dança e esporte. (PARANÁ, 2008)

O relacionamento interpessoal entre professor e aluno, aluno e aluno, a

infraestrutura da escola, a metodologia aplicada e os conteúdos trabalhados

durante as aulas, influenciarão diretamente na participação ou não dos alunos

nas aulas.

Ao chegar ao Ensino Médio, o aluno já possui experiências

relacionadas ao movimento, vivências que obteve através dos conteúdos

2 Reflexão feita pela autora do artigo.

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trabalhados nas aulas de Educação Física, essas experiências devem ser

ampliadas e contextualizadas com sua realidade.

Freire e Scaglia (2009, p.127) mais uma vez vem colaborar com este

pensamento quando afirmam que:

A ponte entre a escola e outros ambientes, só pode ser feita por meio da tomada de consciência. Se o aluno não puder se conscientizar de suas próprias ações, não haverá nenhuma garantia de que o conhecimento desenvolvido em uma determinada situação se estenderá a outras.

Stramann (2001), deixa claro que a Educação Física tem a tarefa de

desenvolver a complexidade motora, isto é, de possibilitar uma gama muito

grande de experiências diversificadas de movimento.

Nestes mesmos textos, Kant (apud STRAMANN, 2001, p.43) afirma

que “[...] todo o conhecimento começa com a experiência, sem desvalorizar, o

social, a vivência do aluno”, sabemos que as experiências dependem das

condições materiais e sociais de cada indivíduo.

A prática da Educação Física, está longe dos avanços que se tem feito

teoricamente, pois esta prática tem sido travada muitas vezes pela falta de

condições materiais e espaciais encontradas na escola, outras vezes na falta

de domínio prático de alguns conteúdos (dança, lutas), pelo comodismo de

profissionais que não querem sair da zona de conforto, enfim, o promover uma

educação crítica, autônoma e emancipada, exige mudança de postura dos

profissionais do movimento, envolve a abertura de um leque de possibilidades

onde há escolhas, há decisões a serem tomadas.

Para que se transforme a prática, a Educação Física precisa se tornar

um verdadeiro campo de estudo e pesquisa, para que o aluno seja preparado

para agir, interagir e comunicar-se.

Antunes (2009), em seu artigo, lembra que os educadores físicos

devem ter em mente que a prática de atividades físicas deve ser planejada de

acordo com o objetivo desejado, que podem estar relacionados à aptidão física,

a estética, a saúde, ao lazer, a reabilitação ou a educação. No caso da escola

e do professor, a educação deve ser o foco principal, apesar de não ser o único

se realmente objetivar formar cidadãos críticos em busca de autonomia e

emancipação.

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Para que a prática corresponda aos anseios de quem as objetiva, é

relevante levar em consideração o que Rossetto Júnior (2008, p.29) conclui

sobre a importância do planejamento.

O planejamento pedagógico é fundamental para sistematizar e organizar as ações educativas, definir as intenções, escolher os melhores caminhos e caminhar em busca de objetivos e metas não apenas distribuir objetivos e conteúdos no tempo disponível.

Galvão (2002), em seus estudos defende que o professor que se

destaca em sua prática pedagógica é portador de algumas características que

se revelam importantíssimas para o sucesso profissional, ele precisa: ter

domínio dos conteúdos e dos métodos que utiliza, refletir sobre sua prática

pedagógica, usar eficientemente o material didático, relacionar a teoria com a

prática, estabelecer objetivos claros, integrar seu ensino com outras áreas, ser

motivado, atualizar-se constantemente, conhecer e demonstrar interesse por

seus alunos, adaptar o ensino as suas necessidades, manter um bom

relacionamento, desenvolver um laço afetivo respeitoso com os alunos, ser

afetivamente maduro, possuir visão crítica da sociedade, da escola e dos

conteúdos.

A motivação é outra questão pertinente ao se tratar de metodologia de

ensino, partindo do princípio que ela favorece a aprendizagem, portanto, não

pode ser ignorada.

Como explica Kobal (1996) a motivação é um aspecto específico de

cada indivíduo, onde fatores tanto internos, quanto externos à aula podem

influenciar, e há três variáveis nela envolvidas: o indivíduo (aquele que recebe

a proposta pedagógica) , a tarefa (a atividade que está sendo proposta) e o

ambiente (onde e como a atividade proposta será conduzida).

Kobal (1996, p.48-49), esclarece os conceitos de motivação:

A motivação intrínseca envolve fazer uma atividade por si mesma, isto é, por seu interesse inerente e pelos afetos e cognições espontâneos que a acompanham. Por outro lado, o indivíduo que realiza uma determinada tarefa visando uma recompensa exterior à mesma, isto é, esperando um retorno que está fora da vivência da própria atividade, está extrinsecamente motivado.

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A motivação na escola envolve toda sua estrutura: organização,

número de alunos, valorização profissional, espaço para se desenvolver as

práticas pedagógicas, alcançam todas as faixas etárias e de escolaridade, não

se limita aos alunos, atinge também aos professores, equipe pedagógica,

agentes educacionais e diretores.

Para que a motivação faça diferença ela precisa atingir a todos que

participam do ambiente escolar: professores, alunos, equipe pedagógica e

agentes educacionais, assim a escola será mais eficiente e dinâmica. Como os

alunos que responderam o questionário tem motivos internos e externos fortes

que os fazem interagir no processo ensino aprendizagem, os demais

profissionais da escola também precisam de motivos sejam eles internos ou

externos, para interagir e fazer a diferença em suas funções.

Compreende-se, portanto, que todos precisam ser motivados para que

saiam de sua zona de conforto, para que produzam com mais qualidade e

sintam mais prazer em suas atividades.

Em relação às práticas pedagógicas na Educação Física, Chicati

(2000), considera que pelo menos quatro itens são essenciais, sendo: os

conteúdos diversificados (não focar somente no esporte, incluir a ginástica, a

luta, o jogo, a expressão corporal e a dança), a relação interpessoal harmônica

(a interação entre aluno x aluno, professor x aluno, deve ser agradável e

respeitosa), a atualização constante do professor (importante para acompanhar

as transformações sociais, comportamentais e tecnológicas que ocorrem) e o

planejamento (fundamental para que ocorra a ação pedagógica, pois aqui se

escolhe, se define, se organiza os objetivos e metas).

RESULTADOS

Foi realizado um questionário elaborado por Marília Corrêa Kobal

(1996) sobre motivação, com ele foi possível perceber algumas

particularidades em relação à participação, a gostar ou não das aulas de

Educação Física.

Responderam a este questionário 64 alunos de duas turmas dos 3º

anos do Ensino Médio de um Colégio Estadual no município de Castro, cada

aluno podia marcar mais de uma alternativa se achasse necessário.

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O número que aparece ao lado da (ME) motivação extrínseca e (MI)

motivação intrínseca indica o número de alunos que marcaram esta opção.

1) Participo das aulas de Educação Física por que:

Respostas Nº de alunos %

Gosto de atividade física (MI) 39 61

Sinto-me saudável com as aulas (MI) 31 48

Faz parte do currículo escolar (M E) 29 45

Gosto de aprender novas habilidades (MI) 24 37

Estou com meus amigos (ME) 21 33

As aulas me dão prazer (MI) 21 33

Preciso tirar boas notas (ME) 19 30

Acho importante aumentar meus conhecimentos (ME)

18 28

Meu rendimento é melhor que de meus colegas (ME)

0 0

2) Eu gosto das aulas de Educação Física quando:

Respostas Nº de alunos %

Compreendo os benefícios das atividades propostas. (MI)

37 58

Movimento o meu corpo. (MI) 28 44

Aprendo uma nova habilidade. (MI) 25 39

Sinto-me integrado ao grupo. (ME) 23 36

Esqueço- me das outras aulas. (ME) 22 34

Dedico-me ao máximo nas atividades. (ME) 20 31

As atividades me dão prazer. (MI) 19 29

Reconhecem minha atuação. (ME) 16 25

O que aprendo me faz querer praticar mais a atividade. (MI)

15 23

Minhas opiniões são aceitas. (ME) 07 11

Saio-me melhor que meus colegas. (ME) 0 0

3) Não gosto das aulas de Educação Física quando:

Respostas Nº de alunos %

Alguns colegas querem demonstrar que são melhores. (ME)

40 62

Não consigo realizar bem as atividades. (MI) 39 60

Meus colegas zombam de minhas falhas. (ME) 21 33

Não há tempo para praticar tudo que eu gostaria. (MI)

21 32

O professor compara meu rendimento com meus colegas. (ME)

19 29

Não me sinto integrado ao grupo. (ME) 18 28

Não sinto prazer na atividade proposta. (MI) 17 26

Minhas falhas fazem com que eu não pareça bom. (ME)

14 22

Tiro nota ou conceito baixo. (ME) 12 19

Quase não tenho oportunidade de jogar. (MI) 08 12

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Não simpatizo como professor. (ME) 08 12

Exercito pouco meu corpo. (MI) 01 1

Ao analisar este questionário, é importante ressaltar que 60% dos

alunos participam das aulas de Educação Física, porque gostam de atividade

física (MI), 48% reconhecem que a atividade física proporciona saúde (MI),

57% gosta das aulas de Educação Física quando compreendem os benefícios

das atividades propostas (MI), 43% quando movimentam seu corpo (MI) e 62%

não gostam de Educação Física quando alguns colegas querem demonstrar

que são melhores que os outros (ME) e 60% quando não conseguem realizar

bem as atividades (MI).

Ainda em tempo é preciso esclarecer que este grupo não está

preocupado em comparar seus rendimentos com seus colegas, que sair melhor

que seu colega não é prioridade e que realmente o importante é participar.

Percebeu- se com isso que neste grupo de alunos a motivação interna

é forte e que a externa precisa ser otimizada. O professor neste contexto faz

toda diferença, pois ele é o que tem a intenção ao ensinar, é o que sistematiza,

organiza, conduz e promove a interação em suas aulas para que seus objetivos

sejam alcançados como já foi mencionado por Galvão (2002).

Segundo Kobal (1996), os professores podem desenvolver um bom

relacionamento com os alunos, criando assim um ambiente de aprendizagem:

promovendo desafios, levando- os a sério, confiando e tratando- os de forma

igualitária, sendo sensível aos seus comportamentos, aceitando- os como são,

sendo um bom ouvinte e sempre disponível mesmo que não concorde ou

interfira nas situações.

Rossetto Júnior (2008, p.23) nos faz compreender então que “[...] teoria

e prática são faces da mesma moeda”, assim como o ensinar e aprender são

indissociáveis.

Com o intuito de diferenciar a prática pedagógica até então trabalhada

nesta disciplina, foi planejado um cronograma de atividades extras, para que

assim ocorresse uma aprendizagem realmente significativa.

No cronograma estava incluso uma gincana para os 6º anos do Ensino

Fundamental, uma apresentação de ginástica aeróbica, uma apresentação de

taekwondo, uma mostra de dança, a confecção de folders sobre atividade física

e qualidade de vida (para distribuir à comunidade) e um painel do bem- estar.

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Todas as atividades mencionadas acima estão detalhadas no caderno

pedagógico que foi elaborado e apresentado anteriormente, estas atividades

foram realizadas para concluir as unidades que foram escolhidas e trabalhadas

na prática: jogos (recreativos, cooperativos, competitivos e cognitivos),

ginástica (aeróbica, geral e laboral), lutas (boxe e taekwondo) e a dança

(tarantela e maculelê), além do caderno pedagógico, foi montada uma apostila

com atividades práticas de todas estas unidades.

O esporte apesar de não estar previsto nesta implementação não

deixou de ser trabalhado, pois sabe- se da sua importância.

Toda esta preocupação com a metodologia fez com que os alunos

participassem mais, demonstrassem maior interesse e prazer ao realizar as

atividades propostas.

Sempre refletindo sobre as diferentes motivações que atingem os

alunos, as aulas foram planejadas para tornarem- se um espaço intencional,

visando aproximar os envolvidos no processo educativo, possibilitando a eles

uma percepção melhor da totalidade de suas atividades, permitindo- os a

articular uma ação (o que faz), com o pensamento (o que pensa), com o

sentido que ela tem (o que sente).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação do projeto contribuiu de forma efetiva para a motivação, o

aprendizado e a participação dos alunos nas aulas de Educação Física, saber

o que os motiva e também o que os desmotiva, fez diferença no planejamento

do mesmo, possibilitando assim o sucesso na aplicação das atividades

propostas.

Tudo o que foi planejado foi concluído, apesar de algumas alterações

(na ordem dos conteúdos a serem trabalhados) terem sido necessárias, não

acarretou perda ou mudança de no que diz respeito aos objetivos, conteúdos

escolhidos, metodologia e avaliação.

Os objetivos aqui mencionados foram alcançados, sabendo que os

itens como autonomia e a reflexão devem continuar no decorrer de suas vidas.

Os conteúdos que foram selecionados, organizados e sistematizados

promoveram a formação de um leque muito mais amplo e atraente para todos.

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Os métodos utilizados para as práticas foram satisfatórios, pois

envolveram pesquisas e leituras referentes aos conteúdos escolhidos,

atividades em grupo, circuitos, confecção de materiais, criação e alimentação

do blog e realização de atividades extras.

Na avaliação foi possível analisar melhor o conhecimento já existente e

o adquirido, dando mais possibilidades à professora de perceber se houve ou

não aprendizagem e se a mesma foi ou não significativa.

Sugere- se então que, todos os profissionais que trabalham com o

corpo planejem suas aulas conscientes que o homem de hoje é um ser que

pensa, age e interage e que precisa estar motivado (MI) e ser motivado (ME),

portanto entende- se que a metodologia a ser utilizada deve sempre levar em

consideração as diversas formas de se aprender (cinestésica - fazendo,

auditiva - ouvindo e a visual - observando).

Desta forma espera- se que os alunos levem para séries sequentes

(quando for o caso) e para a vida (neste caso) o conhecimento que adquirem

na escola, tornando- se assim seres autônomos que irão interferir no meio em

que estão inseridos.

REFERÊNCIAS:

ANTUNES, Alfredo Cesar. Educação Física, Saúde e Qualidade de Vida: componentes. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/educacao-fisica-saude-e-qualidade-de-vida-componentes/29653/#ixzz2REYgQ1eU> Acesso em: 16 mai 2013. ATALLA, Marcio. Sua vida em movimento. 1ª edição - São Paulo: Paralela, 2012.

CHICATI, Karen Cristina. Motivação nas aulas de educação física no ensino médio. Revista de Educação Física – UEM. Maringá, v.11, n.1, p.97-105, 2000.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. (Coleção Magistério 2º grau. Série Formação do Professor).

FREIRE, João Batista, SCAGLIA, Alcides José. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2009.

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GALVÃO, Zenaide. Educação Física Escolar: A Prática do Bom Professor. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Ano 1, n.1, 2002.

KOBAL, Marília Corrêa. Motivação intrínseca e extrínseca nas aulas de Educação Física. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Campinas, UNICAMP, 1996. KUNZ, Eleonor. Transformação didático-pedagógica do Esporte. Injuí: Unijuí, 2003. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física. Curitiba: SEED, 2008.

ROSSETTO JUNIOR, Adriano José; COSTA, Caio Martins; D’ANGELO, Fabio Luiz. Práticas Pedagógicas Reflexivas em Esporte Educacional: Unidade Didática como instrumento de Ensino e Aprendizagem. São Paulo: Phorte, 2008. 176 p.

SANTOS, Sergio Oliveira dos. Educação Física: Diversidade da Cultura Corporal. São Bernardo do Campo: UMESP, 2002.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.