Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

ENSINO DE GENÉTICA COM UM OLHAR PARA A BIOÉTICA

JACIK, Maria Zilda Carlos1

ZILLY, Adriana2

RESUMO

Este artigo aborda a importância da bioética no ensino de genética na disciplina de Biologia, tendo como justificativa o fato do ensino de ciências, que vem sendo desenvolvido na educação básica, se resumir à discussão do que é veiculado na mídia, ou por verdades pré-construídas nos livros didáticos. Assim considera-se essencial a discussão dos aspectos éticos e sociais desse ensino, principalmente na área da biotecnologia. A pesquisa investigou o ensino de Biologia e suas contribuições para o desenvolvimento crítico a respeito da bioética nos estudos e pesquisas da genética. O objetivo foi desenvolver estudos sobre a importância da bioética para o conhecimento de genética com os alunos do 3º ano do Ensino Médio. Foram analisadas bases teóricas que apresentam a importância da bioética no desenvolvimento de pesquisas genéticas, identificado as implicações biológicas das pesquisas em organismos geneticamente modificados e desenvolvido projeto educativo que ressaltou a validade da bioética no ensino de Biologia. Diante disso, a fundamentação teórica do projeto voltou-se para o conceito de bioética, as implicações das modificações genéticas na biodiversidade e os princípios éticos que devem permear as pesquisas científicas. O desenvolvimento da intervenção pedagógica obteve a participação e o interesse dos alunos na formação de conceitos e conhecimentos a respeito da necessidade de se desenvolver pesquisas e conhecimentos que sejam adequados à preservação da vida.

Palavras-chaves: Biologia; Genética; Bioética.

1 INTRODUÇÃO

A temática relacionada a importância da bioética no ensino de genética teve

como justificativa a análise do contexto da educação paranaense, onde as Diretrizes

Curriculares orientam a manipulação genética como conteúdo estruturante na

disciplina de Biologia. Ao propor esse conteúdo considera-se a possibilidade de

ampliar os conhecimentos sobre genética ampliando as explicações sobre como

novos sistemas orgânicos tem origem e como esse conhecimento interfere e

modifica o conceito biológico da vida. É necessário considerar que a ciência e a

tecnologia são conhecimentos produzidos pelos seres humanos e interferem no

1 Professor PDE – Docente da Disciplina de Biologia no Colégio Estadual Bartolomeu Mitre- Ensino Fundamental

e Médio- Foz do Iguaçu- PR. 2 Docente da Unioeste, Foz do Iguaçu/PR.

contexto de vida da humanidade, razão pela qual os cidadãos têm o direito de ser

esclarecido sobre como as tecnologias afetarão suas vidas (PARANÁ, 2008).

Neste contexto, a bioética surge como uma necessidade na formação dos

estudantes, tendo em vista que este tipo de reflexão contribui para desenvolver a

percepção de que o conhecimento biológico utilizado de maneira inadequada coloca

a vida em risco, requerendo a participação responsável de todos os cidadãos nesse

processo de desenvolvimento científico (VIEIRA, 2006).

O ensino de ciências da maneira como vem sendo desenvolvido na educação

básica se resume à discussão do que vem sendo veiculado pela mídia, ou pelas

verdades prontas contidas nos livros didáticos, no entanto é necessário considerar

que é muito valiosa e essencial a discussão dos aspectos éticos e sociais desse

ensino, principalmente os assuntos relacionados à biotecnologia. Conforme Silva

(2010), o ensino da bioética no Brasil tem se restringido à área de saúde. Discute-se

a importância da bioética, em seu caráter interdisciplinar, ultrapassando a ética

deontológica, marcada pelos códigos profissionais.

Assim, diante do contexto atual do ensino e da aprendizagem da ciência,

demonstra-se ser evidente a necessidade de contar com princípios morais que, com

o respaldo de toda a humanidade, permita o enfrentamento dos problemas

relacionados à preservação da vida.

Desta forma, o objetivo da pesquisa foi desenvolver estudos sobre a

importância da bioética para o conhecimento de genética com os alunos do 3º ano

do Ensino Médio, tendo como objetivos específicos analisar bases teóricas que

apresentem a importância da bioética no desenvolvimento de pesquisas genéticas,

identificar as implicações biológicas das pesquisas em organismos geneticamente

modificados e desenvolver projeto educativo que comprove a validade da bioética no

ensino de Biologia.

2 BIOÉTICA: UM CONHECIMENTO A SER CONSTRUÍDO

A Bioética é um ramo da Biologia que surgiu na década de 1970 com o

avanço das pesquisas genéticas. A Bioética está relacionada de forma

transdisciplinar com a Biologia, o Direito, a Ética, a Medicina e até mesmo com

questões religiosas. É uma importante área do conhecimento, pois visa discutir

limites e parâmetros éticos e morais para o avanço das pesquisas científicas

(PARANÁ, 2008).

Segundo Pessini; Barchifontaine (2001), a bioética global, como uma nova

ciência ética, é uma necessidade para a sobrevivência humana a longo prazo. A

bioética era vista inicialmente como uma disciplina que construiria uma ponte entre

ciência e humanidades, ou seja, uma ponte entre a ciência biológica e a ética, no

entanto, a bioética não se aplica apenas nas ciências médicas, pelo contrário ela

incide de maneira multidisciplinar em todas as áreas do conhecimento.

A relação entre a bioética e as ciências médicas está no fato de que a

medicina tem como característica o cuidado com a saúde e, consequentemente,

com a preservação da vida, assim a bioética se insere primeiramente nas questões

ligadas às experiências das ciências médicas envolvendo seres humanos, com a

eutanásia, com cuidados paliativos em doentes terminais e outras ações (SGRECIA,

1996).

As pesquisas genéticas divulgadas atualmente vão de encontro aos valores

morais impostos pela ética humana, o que dizer sobre as pesquisas que controlam a

fertilização, a esterilização de mulheres férteis, das mutilações e implantes em busca

da beleza ou da imagem ideal, medicamentos que modificam o metabolismo

humano, e transplantes de órgãos, que tipo de moral permeia tais acontecimentos?

Atualmente, fala-se em ética social, religiosa, jurídica e ambiental (PESSINI,

BARCHIFONTAINE, 2001).

No entanto, a bioética insere-se também em outros campos da ciência

envolvendo principalmente o meio ambiente, pois as pesquisas genéticas são

promovidas com a intenção de melhorar a produtividade, modificando os genes de

sementes e de animais para abate. Os conhecimentos científicos são desenvolvidos

tanto para melhorar a qualidade e a quantidade quanto abreviar o tempo de

produção de alimentos. No entanto, toda mudança genética é definitiva e pode afetar

a qualidade da vida (VIEIRA, 2006).

Segundo Silva (2010), a bioética divide-se em duas, a seguir:

a. Microbioética: está relacionada às pesquisas voltadas para vida humana,

insere-se nas pesquisas de fertilização in vitro, transplantes, implantes e

células tronco.

b. Macrobioética: envolve a ecologia e tem como objetivo a preservação da

espécie humana no planeta ou o desenvolvimento da medicina sanitária,

sendo dirigida para a saúde de algumas populações.

Os avanços tecnológicos acontecem diariamente e a possibilidade real de

manipular basicamente qualquer forma de vida, pode significar um inestimável

tributo para a Humanidade, colocando ao serviço do ser humano novas perspectivas

para a resolução de problemas no campo da medicina, da agricultura, entre outros,

porém também coloca em confronto com novas questões de natureza social e

ecológica, exigindo uma ética global para a ciência (PARANÁ, 2008).

No campo da genética e biotecnologia vegetais, apresenta-se uma revolução

maior principalmente pela manipulação genética de alimentos, sendo hoje um fato

adquirido na cadeia alimentar, não sendo mais possível monitorar seus impactos

ambientais, uma vez que no mundo todo existe a livre comercialização destes

alimentos, da mesma forma também não se estuda a dimensão que o seu risco

ecológico exige. Por outro lado, a vigilância é também necessária nos domínios

sociais e econômicos, pois não se pode entregar a diversidade alimentar das

sociedades humanas ao monopólio alimentar de interesses das grandes

corporações nacionais e internacionais (VARGA, 2001).

Os valores da bioética na engenharia genética vêm sendo amplamente

discutidos, principalmente porque toda e qualquer alteração na biologia celular afeta

principalmente os seres humanos. Atualmente os grandes avanços na área da

engenharia genética residem no melhoramento genético de animais e de plantas,

procurando adaptar as plantas ao ambiente. Em lugar da dependência de adubos,

de inseticidas, a biotecnologia possibilita mais proteção biológica das plantas e

melhoria das espécies. Não há estudos que confirmem a transferência de genes

de plantas transgênicas para o meio ambiente. Além disso, eventuais problemas

com alimentos transgênicos levariam a que os mesmos fossem retirados do

mercado. O menor custo nos gastos de produção agrícola se associa à maior

produtividade e rentabilidade das lavouras e ao crescimento uniforme das plantas.

Diminuição de herbicidas e inseticidas. O que mais agride o meio ambiente e a

saúde humana é a excessiva aplicação desses produtos. As plantas transgênicas

permitirão reduzir drasticamente essa prática. Diminuem os custos, aumenta a

produção e se eliminam problemas ambientais (SEGRE, COHEN, 1999).

Boff (2005) comenta que o sucesso da nova perspectiva de desenvolvimento

sustentável só será possível nesses diferentes campos de batalha se uma política

ambiental for efetivada, ou seja, se a política ambiental for além da denúncia ou de

um conjunto de diretrizes abstratas, ou de intenções.

A ideologia do progresso, que tende a resistir e a negar as evidências da

necessidade da reversão do atual quadro de destruição sócio-ambiental, promovida

pelo modelo de desenvolvimento econômico, porém é necessário que esse grupo

social e ideológico se dê conta de que o próprio modelo econômico não resiste e

tende ao declínio, se forem mantidos os atuais índices de destruição e de

degradação ambiental. As tendências negativas que comprovam essa afirmação são

as seguintes: redução dos níveis do lençol freático, deterioração da qualidade da

água subterrânea, encolhimento das áreas cultivadas, redução da pesca oceânica,

demanda crescente dos produtos florestais, urbanização crescente, população

crescente, padrões de consumo dispendiosos, extinção acelerada de espécies

vegetais e animais, analfabetismo ambiental e outros mais (GONÇALVES, 2005).

Neste contexto, torna imprescindível realizar estudos que conduzam à

reflexão sobre as condições de responsabilidade ética em relação às modificações

genéticas, pois atualmente produz-se Organismos Geneticamente Modificados

(OGMs), tão discutidos nos meios acadêmicos e sociais, devido aos imprevisíveis

efeitos que podem causar. Eles englobam desde vegetais, plantas, animais e

humanos. Já temos milho, soja, feijão, tomates, ovelhas (Dolly), porcos modificados

geneticamente. Seleciona-se geneticamente um embrião humano e, dependendo

do caso, implantá-lo ou eliminá-lo a partir do seu DNA (SILVA, 2010).

3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

O estudo realizado no projeto de intervenção pedagógica, realizado no

Colégio Estadual Bartolomeu Mitre em Foz do Iguaçu/PR, abordou como temática a

importância da bioética no ensino de genética na disciplina de biologia.

Essa escola situa-se em Foz do Iguaçu/PR, localizada no extremo oeste do

Paraná, reconhecida como região de tríplice fronteira, pois faz divisa com Paraguai e

Argentina de modo que tem relevante papel no estado e no país. Possui área total

de 617,7 km2, sendo a quarta cidade mais populosa do Estado (estimativa de

263.508 habitantes), com uma população de adolescentes estimada em 46.962

habitantes (IBGE, 2010).

O Projeto de Intervenção foi desenvolvido em forma de unidade didática

durante 32 aulas, dentro da disciplina de biologia no conteúdo de genética, no 1º

semestre do ano letivo de 2014 e foi dividido em três módulos.

Inicialmente fez-se a apresentação do projeto e a população participante foi

de 40 professores, 15 funcionários, 04 supervisoras e 03 gestores do Colégio,

durante reunião pedagógica inicial do ano letivo.

Após, realizou-se em duas aulas, uma socialização do projeto com os alunos

do 3º ano ‘A’ do Ensino Médio, formada por 35 alunos com faixa etária entre 17 a 20

anos. Assim, completou-se o primeiro módulo realizando a discussão sobre os

primeiros conceitos da bioética.

No módulo seguinte, foram realizadas atividades conceituando a visão social

da bioética, a partir do filme “O Jardineiro Fiel”, que aborda as experiências que

utilizam cobaias humanas. O filme, foi lançado em outubro de 2005, caracteriza-se

como um drama de suspense que contou com a direção do brasileiro Fernando

Meirelles. O enredo conta a história de um diplomata inglês que, ao ter a mulher

assassinada na África, passa a conviver com o drama de descobrir a verdade sobre

o que aconteceu, pois aparentemente fazem-no crer numa traição, mas ele

permanece na África e cuida do jardim de sua esposa até descobrir que ela foi

assassinada por pessoas ligadas à indústria farmacêutica após descobrir que tais

indústrias faziam experiências com cobaias humanas. Após a apresentação do filme,

abriu-se o debate para as questões da bioética, foram levantadas polêmicas em

relação ao assunto, especialmente, envolvendo o valor que a vida tem para as

outras pessoas.

O terceiro módulo abordou um estudo sobre transgênicos e realizou-se um

júri simulado sobre o assunto, a montagem do júri foi realizada em sala de aula e

contou com a participação de todos os alunos assumindo os seguintes papéis: juiz,

advogados de acusação e defesa, testemunhas de acusação e de defesa e júri.

Todos os alunos participaram pesquisando com maior aprofundamento o tema, o

que envolveu inclusive a análise da legislação voltada para a preservação da ética

em relação às pesquisas biológicas. O veredicto final do júri, após todos os debates

realizados, foi de que a ética atual ainda é condenável em relação à preservação do

meio ambiente e determinou que sejam realizadas pesquisas éticas que

desenvolvam produtos sem colocar em risco a vida no planeta, principalmente a

saúde das pessoas.

Os alunos apresentaram um seminário final dos resultados de toda a

intervenção como uma resposta para a comunidade escolar, primeiro em forma de

seminário mediado pela professora PDE e assistido pelos alunos de outras turmas

do Ensino Médio e depois expondo cartazes e o material produzido pelos alunos na

escola em forma de textos, imagens da intervenção e banners com informações das

descobertas dos alunos (Figura 1 a 3).

Figura 1: Exposição de banners no Colégio Est. Bartolomeu Mitre, 2014.

Figura 2: Exposição de banners sobre bioética no Colégio Est. Bartolomeu Mitre, 2014.

Figura 3: a. Apresentação do tema Bioética no Colégio Est. Bartolomeu Mitre, 2014.

b. Apresentação sobre transgênicos no Colégio Est. Bartolomeu Mitre, 2014.

O quadro a seguir apresenta o resultado de uma verificação sobre os

conhecimentos construídos com os alunos, vários conceitos/frases foram

apresentadas para que os alunos apresentassem as suas considerações e

indicassem se concordavam ou não com as frases apresentadas.

AFIRMAÇÃO CONCORDO DISCORDO POR QUÊ?

O futuro da humanidade depende da capacidade do homem de selecionar, cruzar e obter variedades de plantas para a alimentação.

36 % 64% 36% afirmam que é preciso alimentar as pessoas e extinguir a fome no mundo. 64% afirmam que já existe uma variedade de plantas bem grande e não é preciso correr o risco de criar plantas que façam mal à saúde das pessoas, bastando distribuir melhor o que se produz.

As tecnologias permitiram o melhoramento das plantas cruzando espécies diferentes

42% 58% 42% acreditam que as pesquisas levaram ao combate de pragas e fortalecimento da produção. 58% acreditam que as pesquisas foram movidas pela ganância dos produtores sem pensar no risco par a vida e o ambiente.

O conhecimento do 61% 39% 61% relatam que é importante

código genético permite determinar as características das plantas

conhecer as plantas para produzir melhor 39% relatam que esse conhecimento não é usado de maneira ética.

Há indícios de que o melhoramento genético possa trazer riscos à saúde dos consumidores e impacto ambiental dos seres modificados.

64% 36% 64% acreditam que não se justifica realizar pesquisas trazendo riscos para as pessoas e meio ambiente e 36% afirmam que para que haja avanços na tecnologia agrícola as pesquisas precisam ser realizadas independente das condições de sua realização mesmo que passe sobre a ética.

Há que se empreender responsabilidade dos pesquisadores a respeito das pesquisas, dos usos de transgênicos e cuidados de biossegurança.

83% 17% 17% declaram que o desenvolvimento da ciência é um risco necessário e 83% concordam que os pesquisadores devem ser responsabilizados pelas suas pesquisas e pelos danos que estas possam causar, especialmente se colocar a vida em risco.

Quadro 1: Resultado da percepção dos alunos sobre os conhecimentos construídos

com esta intervenção, 2014.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O objetivo de despertar nos alunos uma visão ética do desenvolvimento da

ciência genética contribui para que os conhecimentos sejam desenvolvidos de uma

maneira mais crítica.

No entender de Pessini, Barchifontaine (2001), as questões ligadas à bioética

vão de encontro aos valores que se deve formar nos seres humanos por meio de

uma educação crítica e reflexiva a respeito da valorização da vida. Atualmente, as

descobertas científicas controlam a reprodução da vida, as mudanças genéticas que

são desenvolvidas para promover a produtividade, as diferentes técnicas de

reprodução humana e o controle de natalidade, a busca da perfeição e da beleza e

da imagem cada vez mais bela, são alguns dos fatores que impulsionam para a

reflexão sobre o papel da bioética no mundo.

O desenvolvimento de ciência genética tem trazido avanços que muitas vezes

são imperceptíveis às pessoas que não detêm conhecimento sobre seu

desenvolvimento e muitos produtos de origem duvidosa passam a ser consumidos

indiscriminadamente pelas pessoas. Neste aspecto, a educação tem a função de

esclarecer para uma formação crítica que permita às pessoas tomarem posição

diante do consumo de produtos de origem não comprovada ou que não estejam

identificadas a sua origem ou a informação de que se trata de produto obtido a partir

de modificação genética.

Assim, Segre, Cohen (1999) propõem uma reflexão sobre a necessidade e a

permissão dada ao homem para extrapolar os limites da bioética, pois se a natureza

não cria essas modificações ou não as seleciona naturalmente, se o homem pode

manipular e alterar a natureza, quais os riscos e os benefícios que essa ação pode

trazer? A interferência na natureza tanto pode deixar melhor quanto piorar a

situação pois ao modificar a constituição genética, os cientistas colocam em risco a

vida de toda a humanidade, sendo necessário promover a reflexão e a formação dos

cidadãos para compreender e se expressar em relação à bioética.

Segundo Sgrecia (1996) o principal alvo da bioética são as questões voltadas

para as experiências da medicina, pois esta envolve a vida humana, especialmente

as questões ligadas à eutanásia, aos cuidados com doentes terminais e ações em

favor da vida e da saúde (SGRECIA, 1996).

Percebem-se nas afirmações dos alunos (Quadro 1) que foram construídos

muitos conhecimentos e houve uma formação de opinião sobre as questões ligadas

à bioética, especialmente porque os alunos passaram a conceber uma ideia sobre o

que se pode e o que se convém fazer, especialmente em relação ao cuidado que se

deve ao meio ambiente e à preservação da vida em geral.

Sendo assim, acredita-se que o maior bem a ser preservado é a vida e o

ensino de biologia tem como dever preparar as pessoas para atuar de forma

consciente em relação à vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo foi elaborado com a finalidade de apresentar os resultados da

implementação que abordou as questões que relacionam o ensino de Biologia com a

bioética, ou seja, foi o desenvolvimento de uma reflexão sobre como a ética atua em

favor da vida e a constatação de que nem sempre a vida é favorecida pelos seres

humanos que agem por impulso ou que disputam dos pequenos aos grandes

poderes e se esquecem que o mundo é formado por bens finitos que precisam de

respeito.

O desenvolvimento deste trabalho permitiu que outros objetivos fossem

estabelecidos para permitir a operacionalização do projeto, que compreendeu

analisar bases teóricas que apresentassem a importância da bioética no

desenvolvimento de pesquisas genéticas como as pesquisas dos alimentos

transgênicos, as pesquisas com células tronco, a fertilização assistida, entre outras

pesquisas que se desenvolvem na atualidade. Também foi necessário identificar as

implicações biológicas das pesquisas em organismos geneticamente modificados,

especialmente os alimentos e, enfim, foi desenvolvido o projeto educativo que

comprovou a validade de se estudar a bioética no ensino de Biologia.

Por tudo o que foi realizado, acredita-se que a intervenção contribuiu para

refletir sobre as realizações da bioética em favor da vida, isto permitiu que os alunos

apresentassem questionamentos que colocaram a escola toda na busca da

compreensão dos valores que a bioética permeia.

Diante de tudo o que se estuda em relação aos avanços da ciência e ao

desenvolvimento tecnológico, acredita-se que este é um campo vasto que ainda

precisa de muitas investigações e que poderá ser mais explorados por outros

professores de Biologia e de ciências que desejem dar continuidade na análise de

tais questões.

REFERÊNCIAS

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