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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2014

Título: Leitura e interpretação de textos interdisciplinares no ensino da Língua Inglesa.

Autora: Marilda Aparecida Martins da Costa.

Disciplina/Área: Língua Inglesa.

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Antônio Moraes de Barros.

Rua Serra Roncador, 574. Jardim Bandeirantes. Londrina – PR.

Município da escola: Londrina.

Núcleo Regional de Educação:

Londrina.

Professora Orientadora: Ms. Denize Lazarin.

Instituição de Ensino Superior:

Universidade Estadual de Londrina – UEL.

Relação Interdisciplinar: Arte, Geografia, História, Português, Sociologia.

Resumo:

O presente trabalho foi elaborado a partir da reflexão sobre as dificuldades demonstradas pelos alunos do EJA em relação à aprendizagem de Língua Inglesa. A proposta faz uso de uma metodologia de ensino de Língua Inglesa capaz de proporcionar a abordagem do ensino de leitura por meio da interdisciplinaridade. Duas questões norteiam esse trabalho: a condução das aulas de forma que os alunos possam sentir-se mais motivados a aprender uma outra língua e qual metodologia é possível utilizar para a promoção da aprendizagem de conteúdos da Língua Inglesa. O objetivo principal desse trabalho é propor aos alunos a leitura e interpretação de textos em gêneros variados, levando-os a vivenciarem a interdisciplinaridade na Língua Inglesa.

Palavras-chave: Leitura; Interdisciplinaridade; Língua Inglesa.

Formato do Material Didático:

Unidade Didática.

Público:

Alunos do EJA, Ensino Médio da rede pública.

1 APRESENTAÇÃO

1.1 TEMA

Leituras interdisciplinares em Língua Estrangeira.

1.2 TÍTULO

Leitura e interpretação de textos interdisciplinares no ensino da Língua

Inglesa.

1.3 JUSTIFICATIVA

Devido às dificuldades demonstradas pelos alunos do EJA em relação à

aprendizagem de Língua Inglesa, faz-se necessário elaborar, selecionar e planejar

aulas com leituras e produções de textos, numa proposta interdisciplinar que leve os

alunos a reconhecerem a influência e incidência da Língua nos diversos textos que

leem e produzem em seu dia a dia.

Minha experiência como professora de Língua Inglesa mostrou que os alunos

têm resistência em aprender Inglês porque não reconhecem a importância desse

aprendizado para suas vidas e também não compreendem o uso e a influência desta

nos textos que fazem parte do seu cotidiano. Não percebem o quanto a língua está

próxima deles, nas propagandas, nos filmes, nas músicas, na tecnologia, nas redes

sociais, nas áreas de estudo como a geografia, a história, a sociologia, entre outras.

Assim, pretendo com este projeto selecionar materiais que os levem a

reconhecer a importância do Inglês não só como uma linguagem formal, mas

também como uma língua utilizada no cotidiano das pessoas para uma comunicação

com todo o mundo e que está próxima deles e que faz parte das outras disciplinas.

Aproximá-los por uma didática de leitura por meio de textos variados e integrá-los

com um mundo globalizado.

1.4 PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO

Alunos do Ensino Médio do EJA, do Colégio Estadual Antônio de Moraes

Barros, localizado no município de Londrina – PR.

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 OBJETIVO GERAL

Propor aos alunos a leitura e interpretação de textos em gêneros variados,

levando-os a vivenciarem a interdisciplinaridade na língua inglesa.

1.5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Selecionar textos e materiais didáticos para a leitura e a interpretação de

textos de diversos gêneros que promovam a reflexão crítica sobre o uso da língua

inglesa no cotidiano do aluno;

▪ Facilitar a aprendizagem da língua Inglesa por meio da leitura e

interpretação de textos acessíveis;

▪ Utilizar uma metodologia de ensino que favoreça aprendizagem da língua

inglesa por meio de uma didática voltada para a prática social.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O uso da interdisciplinaridade no ensino da Língua Inglesa por meio da leitura

pode vir a possibilitar uma melhor compreensão dos alunos em relação aos textos a

serem lidos e interpretados por eles. A interdisciplinaridade visa superar os sistemas

de exclusão e marginalização social daqueles que estiveram por muito tempo

afastado de um processo educacional. Uma ação conjunta de diversas disciplinas

em torno de temas específicos resulta no enfoque interdisciplinar, o que geralmente

não ocorre na grande maioria das escolas, onde a leitura é trabalhada de forma

fragmentada voltada especificamente para cada disciplina.

Segundo Jupiassu (1976, apud PEREIRA, 2007, p.32):

[...] a interdisciplinaridade também é um método para responder à demanda da ciência por conciliar fundamentos à criação de novas disciplinas, dos estudantes, por um conhecimento global e multidimensional; dos profissionais, por uma formação generalista; da sociedade pela discussão de novos temas que extrapolem os estreitos compartilhados das disciplinas convencionais. Trata-se pois, de uma mudança simultaneamente epistemológica e metodológica, que evidencie a mutualidade das significações e resgate, o fenômeno humano na totalidade da sua significação ( p.66). A visão uni/mono disciplinar parcializa, limita, reduz e fragmenta; a interdisciplinar integra, une, amplia, fornece um conhecimento mais inteiro e concertado do fenômeno humano. (p.71)

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná

recomendam que é necessário explicitar qual concepção de interdisciplinaridade e

de contextualização o trabalho está fundamentado, uma vez que a opção seja por

um currículo organizado em disciplinas que devem dialogar numa concepção

interdisciplinar.

Conforme os PCN a interdisciplinaridade é uma perspectiva e uma exigência

que se coloca no âmbito de um certo tipo de processo, procurando um equilíbrio

entre a análise fragmentada e a síntese simplificadora é uma ação de alteração do

saber posto na exterioridade para as estruturas internas do indivíduo, constituindo

assim o conhecimento. Esse conhecimento é mediado pela linguagem como

instrumento simbólico para novos pontos de vista sobre o mundo. A aprendizagem

se dá dentro de contextos históricos, sociais e culturais a partir do conhecimento do

aluno em seu cotidiano. Apostar na interdisciplinaridade, acreditar na possibilidade

de integração das diferentes áreas de saber, agregando-as às diversidades

culturais, “significa defender um novo tipo de pessoa, mais aberta, flexível, solidária,

democrática e crítica”.

A interdisciplinaridade será articuladora do processo de ensino aprendizagem

na medida em que se produzir como atitude, como modo de pensar, como

pressuposto na organização curricular, como fundamentos nas opções

metodológicas de ensinar ou ainda como elemento orientador na formação dos

profissionais da educação. A interdisciplinaridade impulsiona transformações no

pensar e no agir em diferentes sentidos. Resgata a visão de contexto da realidade,

visando que vivemos numa grande rede de interações complexas e que todos

conceitos e teorias estão conectados entre si. É um movimento que acredita na

criatividade das pessoas, na problematização, na atitude crítica e reflexiva, enfim,

numa visão articuladora que rompe com o pensamento disciplinar, fragmentado que

marcou muito tempo a concepção do mundo.

Portanto, a interdisciplinaridade é um movimento importante de articulação

entre o ensinar e o aprender. Compreendida como formulação teórica e assumida

enquanto atitude, tem a potencialidade de auxiliar os educadores e as escolas na

ressignificação do trabalho pedagógico em termos de currículo, de métodos de

conteúdos, de avaliação e nas formas de organização dos ambientes para a

aprendizagem.

A leitura e a escrita são atividades que permitem a união dos elos, cujos

temas não conseguem interligá-los e uni-los a novos conhecimentos. A concepção

de leitura privilegia o ensino cognitivo, uma vez que o texto escrito ou falado, exige o

envolvimento da percepção e da atenção da memória e do pensamento. Esses

processos mentais ativam durante a leitura, aspectos importantes para a

compreensão como a capacidade de inferir, baseado no conhecimento de mundo,

no raciocínio dedutivo e indutivo e, além disso, podem desenvolver outras

competências necessárias para compreensão do texto pelo leitor.

Segundo Kleiman (1999), a leitura em sala de aula não tem sido uma

atividade prazerosa, tornando-se difícil por não fazer nenhum sentido aos alunos. O

fracasso da leitura na escola tem sua origem nas concepções errôneas de texto e

leitura. Geralmente a escola utiliza o texto como um conjunto de elementos

gramaticais, onde o professor o utiliza para desenvolver uma série de atividades,

levando em conta a língua enquanto conjunto de classes e funções estruturais,

frases e orações como um depósito de mensagens e informações. O papel do leitor

consiste em somente absorver tais informações, através de palavras e com essa

atitude traz como consequência a formação de um leitor passivo.

Ainda de acordo com Kleiman (1999) a leitura enquanto atividade de

decodificação é uma atividade empobrecedora com vocábulos idênticos numa

pergunta ou comentário, que, para responder só precisa passar os olhos pelo texto à

procura de trechos que repitam o que já foi decodificado na pergunta.

Os alunos possuem um conceito de que o texto é um aglomerado de palavras

que associam a dificuldade de compreensão ao desconhecimento de palavras do

texto e que a atividade de leitura em Língua Estrangeira está associada à atividade

de tradução onde o professor comanda e o aluno executa, sem qualquer tipo de

questionamento ou dúvida. Para a formação de cidadãos críticos e transformadores,

faz necessário promover mudanças nas práticas escolares ampliando o papel de

leitura (BURANELLO, 2007).

É a diversidade de leituras que deveria ser a responsável por diferentes

abordagens e interpretações de um mesmo texto para que os alunos percebessem

que não existe uma só leitura, nem um significado já dado para um texto e fossem

incentivados a não se comportar como meros reprodutores de processos de

significação criados pela escola (FRUTUOSO, 2011).

De acordo com a DCE, o ensino de língua estrangeira deve contemplar os

discursos sociais que a compõem afim de desenvolver pedagogicamente maneiras

de construção de sentidos, de relação com textos, não para extrair deles significados

que estariam em sua estrutura, mas para comunicar-se com ele e para lhes conferir

a essência. Entende-se desta forma que as reflexões discursivas e ideológicas

dependem de uma interação com o texto, uma vez que o trabalho com a escrita, fala

e leitura vincula-se, de forma marcada, ao contexto e aos textos selecionados

(PARANÁ, 2008, p. 57).

De acordo com os PCNs-LE, o ponto de partida para o ensino da leitura em

LE deve se apoiar no pré-conhecimento que o aluno tem de sua língua materna e na

organização textual com a qual esteja mais familiarizado.

As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM-LE) retratam que a

leitura como prática social diz que o aprendizado em leitura e escrita é considerado

um conjunto de conhecimentos, habilidades e estratégias que os indivíduos

constroem ao longo de sua vida, em diversas situações e por meio da interação com

seus pares e com a sociedade da qual participam, enfim, ”são modos culturais de

usar a linguagem” (OCEM-LE, 2006, p. 98).

A leitura, enquanto processo de atribuição de sentidos aos textos, estabelece

relações entre sujeito e o texto, de acordo com as concepções de texto e sujeito em

que se apoie. Tratando-se de aula de leitura, deve-se estabelecer uma relação entre

leitor e texto, leitor e autor onde o professor tem a competência linguística para

revelar o sentido do mesmo, para dar a resposta certa, de fixar o sentido correto

(BURANELLO, 2007).

No entanto é necessário pensar no desenvolvimento da consciência crítica

que implica em levar o aluno a perceber que há sentidos previstos para um texto e

que a sua leitura particular pode ter um espaço menor na aula, que quando lemos

um texto incluído em um determinado livro, revista ou jornal, devemos fazer uma

interpretação acerca dos sentidos que julgamos previstos, tendo em vista, nosso

conhecimento ou a ideia que fazemos dos objetivos e finalidades da publicação, a

ideologia a ela subjacente e do tipo de leitor a quem se destina (BURANELLO,

2007).

O objetivo da leitura em Língua Estrangeira é permitir ao leitor um modo

diferente de ver o mundo. O aluno deve ser subsidiado com conhecimentos

linguísticos, culturais e discursivos para que realmente haja uma interação com a

leitura, constituindo-se como um sujeito crítico (NOGUEIRA, 2010).

A leitura sempre foi uma habilidade fundamental para a aprendizagem da língua. Os diferentes tipos de textos podem oferecer linguagem formal ou informal, conversação ou narrativa, opiniões ou fatos. Assim, a exposição a uma variedade ampla de textos pode fazer com que os alunos se familiarizem com a diversidade de tipos de inglês. (HOLDEN 2009)

Desse modo, existe uma dificuldade grande com a leitura: Muitos alunos não

leem o bastante em português e, assim, sentem que ler um texto num idioma

estrangeiro será duas vezes mais difícil. Essa é a reação imediata deles quando se

defrontam com um texto no livro didático. Porém, muitos desses mesmos alunos

conseguirão entender um texto em inglês se o assunto for interessante ou se houver

uma razão real para a tal leitura (SÃO PAULO, 2010).

“A leitura é uma das habilidades linguísticas mais “pessoais”. Na vida real,

quase sempre é uma atividade solitária. Podemos ler algo por prazer ou em busca

de informações, mas só fazemos por motivação pessoal e própria”. Assim a

habilidade de ler em inglês é uma das coisas mais úteis que eles podem aprender. É

a habilidade que usam fora da sala de aula, e que permanecem com eles, após

deixarem a escola, pelo resto da vida. O problema é que muitos não leem na língua

materna, a não ser que precisem, não adquirindo assim essa habilidade (HOLDEN,

2009).

Para compreender um texto escrito, em geral o leitor se vale de diferentes

tipos de conhecimento e percepção pessoal. Se lê um artigo de revista, notará que

muitas vezes traz as opiniões pessoais do escritor com a intenção de influenciar o

leitor, uma receita conterá tanto uma lista de ingredientes quanto instruções.

Dependendo do tipo de texto a ser lido, vai saber o que esperar quando ler algo em

inglês (HOLDEN, 2009).

A mesma autora explicita que os alunos que não estão acostumados a ler

bastante em sua própria língua tendem a olhar para um texto em língua estrangeira

e ver apenas um amontoado de palavras, que eles podem ou não sentir que

entendem. Mesmos leitores mais experientes muitas vezes deixam de aplicar as

habilidades que usam para interpretar textos em português às tarefas que fazem em

inglês. É importante mostrar aos alunos uma variedade de estratégias de leitura que

irão ajudá-los a “decifrar” as palavras, a apresentação, as ideias, enfim, a entender a

mensagem do autor e reagir a ela de acordo com o seu ponto de vista e sua

experiência pessoal.

Ainda, Holden (2009) expõe que diferentes textos e diferentes mídias exigem

estratégias diferentes para ajudar o leitor a se concentrar no essencial. Às vezes, só

as palavras e o estilo do título já oferecem uma particularidade. Outras vezes, uma

foto pode focalizar a atenção do leitor numa disposição ou num contexto. O aluno

pode entender um texto por diversas formas de relacionar características àquilo que

revelará facilmente o seu significado. Ao ler um texto o aluno deve concentrar-se no

propósito do autor procurando compreender que o texto é uma comunicação escrita

entre autor e leitor.

Os conteúdos programáticos de todas as disciplinas contemplam diferentes

modos de aprender, tais como: a escrita, a fala, a compreensão de textos e a leitura.

As práticas indisciplinares faz com que seja necessário buscar o diálogo, a troca de

ideias, reflexões, promovendo a superação da fragmentação do saber (LOPES,

2014).

A leitura visa essa perspectiva permitindo a compreensão de vários pontos

que apontam para outros campos do conhecimento.

Sabendo-se que a realização de práticas de leitura que envolva vários

aspectos, não é tão simples, há uma série de fatores que devem ser levados em

consideração como a realização de projetos, planejamento e estudo sobre o tema

pelos diferentes professores, mudando o paradigma, a colaboração dos professores,

para que as propostas possam envolver alunos e professores na sua realização.

Realizada numa perspectiva interdisciplinar, pode tornar-se um recurso muito

importante, de forma mais integradora com outras áreas. É uma atividade-elo entre

todas as disciplinas do currículo escolar e permite a interdisciplinaridade entre os

trabalhos pedagógicos (GOMES, 2005).

Todo professor é formador e também professor de leitura. Se a escola é a

mais importante instituição na introdução do aluno nas práticas de uso da escrita na

sociedade é evidente que todos os professores juntos valorizem e ensinem a leitura

para a formação de novos leitores (GOMES, 2005).

Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa construir

uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é. O ato de ler

deve ter caráter libertador, pois o leitor obtém a capacidade de perceber que o

exercício de sua consciência sobre o material escrito, não é simplesmente reter ou

memorizar, mas compreender e criticar. Dessa forma, ele é capaz de reagir,

questionar, problematizar, apreciar com criticidade (SANCHES, 2009).

O desenvolvimento da capacidade de leitura de textos em Língua Inglesa,

para qualquer proposição, concede a possibilidade de aumentar a gama de

conhecimentos de cada indivíduo. Por esse motivo, a leitura configura-se como uma

habilidade que recebe uma atenção especial dos estudantes, “já que estes têm por

objetivos, nem sempre desenvolver uma proficiência na língua-alvo, mas sim se

tornarem aptos a ler textos neste idioma, seja por lazer, trabalho ou estudo”

(IBIAPINO, 2010).

Segundo Medina (1998) e Grabe (2002 apud IBIAPINO, 2010, p.7):

Atualmente, para a maioria dos estudantes, aprender inglês não é um fim em si mesmo, pois se constitui em uma forma de adquirir conhecimentos acerca de diversos assuntos. Sendo assim, desenvolver estratégias de leitura é de grande ajuda aos estudantes, pois é necessário que eles, em algum ponto da vida acadêmica, passem do patamar onde aprendem a ler para um nível onde lêem para aprender.

Desde meados do século XVIII, a leitura em LE vem sendo trabalhada em

sala de aula por meio do método de gramática-tradução, predominando atividades

de tradução literal, tendo o aluno a necessidade de decorar regras gramaticais e

vocabulário desta LE. Entretanto, é certo que este método ocupa tempo em demasia

do aluno e por muitas vezes não apresenta um resultado satisfatório, já que no

inglês, como em todas as outras línguas, o sentido da palavra depende do contexto

no qual ela está inserida. Logo, a melhor maneira para se tornar apto à leitura, não é

decorando vocabulário e regras gramaticais, mas sim lendo com frequência

(IBIAPINO, 2010). Nós aprendemos a ler, lendo muito, porém, leitura extensa não é

a ênfase da maioria dos currículos escolares, segundo Grabe (2002).

Ensinar estudantes a fazer uso de estratégias de leitura é considerado

atualmente como de crucial importância, mas ajudá-los a desenvolver um conjunto

de operações independentes, de estratégias eficientes de leitura que sejam

relevantes para as variadas necessidades e contextos é extremamente difícil. Os

professores que modelam as habilidades de leitura e estratégias declaradamente

facilitam o desempenho nos estudantes destas habilidades em compreender textos

e oferecem “a eles muitas oportunidades para prática e são encorajadas em muitas

pesquisas sobre compreensão” (GRABE, 2002).

A compreensão do texto em um trabalho de desenvolvimento à leitura é

importante, promovendo a interpretação e a crítica para a promoção e formação das

pessoas (SÃO PAULO, 2010).

No intuito de ofertar atividades de leitura proveitosas, segundo Holden (2009,

p.64) deve-se pensar nelas em três fases: “atividades antes da leitura”, ”atividades

durante a leitura”, “atividades após a leitura”.

As atividades que antecedem a leitura são exercícios que o professor faz

antes da leitura inicial do texto pelos alunos objetivando ”apresentar o assunto e

estimular o interesse dos mesmos”; “dar-lhes um motivo para ler o texto, tal como o

que teriam na vida real”; “oferecer preparação e apoio linguístico; para que possam

entender os pontos mais importantes”; “deixar os alunos cientes sobre o tipo de texto

que irão ler e dar-lhes estratégias para entendê-lo” (HOLDEN, 2009).

Então, de acordo com a mesma autora, o professor deverá investigar o que

os alunos sabem sobre o apresentado e incentivar os alunos que conhecem o

assunto a falarem, dando suas opiniões. Ainda antes de iniciarem a leitura, o

professor deve averiguar se sabem o significado das palavras necessárias à

compreensão do texto, ensinando-os aquelas que eles não conhecem, no intuito de

desenvolver a autoconfiança deles.

A realização das atividades durante a leitura tem por objetivo compreender a

intenção do autor e a linguagem, esclarecendo o conteúdo e as ideias, além de fazer

a interpretação do texto segundo o tipo, o propósito e o conteúdo social em que foi

escrito (HOLDEN, 2009).

Primeiramente, os alunos devem compreender, por exemplo, se o texto foi

escrito para informar ou entreter o leitor; se descreve algo ou narra uma história.

Logo após, os alunos devem entender como o texto está organizado, averiguando

se o mesmo apresenta alguns fatos, se é uma escrita emotiva, se o autor apresenta

um resumo da história no início, entre outros. Finalmente, deve-se solicitar aos

alunos que leiam o texto, com muita atenção, na tentativa de buscar informações.

Ainda os alunos devem tentar interpretar as opiniões do autor e identificar o seu

propósito ao escrevê-lo (HOLDEN, 2009).

No caso dos alunos considerarem o texto interessante, o professor pode dar

prosseguimento às atividades após a leitura com o objetivo de consolidar o que os

alunos leram, de discutir o conteúdo e a forma do texto, de relacionar o conteúdo às

ideias e experiências próprias dos alunos. Essa é uma oportunidade para que os

alunos utilizem suas descobertas e a imaginação, além de relacionarem o texto com

a sua própria experiência (HOLDEN, 2009).

3 PROCEDIMENTOS

Os alunos serão organizados em equipes com no máximo, dois integrantes,

para que ocorra uma melhor interação entre eles, além de favorecer a troca de

conhecimentos.

A proposta de trabalho a ser desenvolvida na escola, durante o primeiro

semestre do ano de 2015, e suas etapas estão explicitadas a seguir:

1ª etapa: Exposição aos alunos da metodologia a qual serão submetidos e

dos critérios de avaliação a serem utilizados;

2ª etapa: Seleção e reprodução de textos que serão retirados de jornais,

revistas, redes sociais, propagandas, internet, entre outros;

3ª etapa: Leitura dos textos selecionados pelos alunos, individualmente e, em

uma segunda etapa, coletivamente;

4ª etapa: Reflexão e discussão sobre os temas interdisciplinares abordados

nos textos;

5ª etapa: Confecção de histórias em quadrinhos e atividades de produção de

textos, coletivamente.

As produções, falas e os depoimentos dos alunos durante a implementação

do projeto de intervenção serão sistematizadas pela professora PDE, dando origem

ao artigo final, que será elaborado durante o segundo semestre de 2015.

4 ATIVIDADES

4.1 ATIVIDADE 1

Fonte: <http://g1.globo.com/platb/files/2165/2012/09/cango.jpg>. Acesso em: 17 nov.2014.

A previsão da duração dessa atividade é de 240 minutos uma vez que no EJA

os alunos fazem 4 aulas de 60 minutos cada, da mesma disciplina e em um único

dia.

O texto a ser apresentado aos alunos proporciona uma relação interdisciplinar

com as disciplinas de Português, História e Geografia, rompendo com o pensamento

disciplinar.

Atividades antes da leitura

Antecedendo à leitura do texto, os alunos serão estimulados a falarem (em

português ou em inglês) sobre o texto apresentado discutindo, por exemplo: quem

frequenta um evento como este; como é feito o legítimo churrasco das serras

gaúchas; o que foi a Revolução Farroupilha, em que década ocorreu e em qual

localidade; o que é um Centro de Tradições Gaúchas e se eles participam das

atividades de um CTG; o cardápio desse tipo de evento; entre outros que possam vir

a surgir durante as discussões e reflexões iniciais.

Ainda antes de iniciarem a leitura, a professora irá averiguar se os alunos

sabem o significado das palavras necessárias à compreensão do texto, fazendo-os

compreendê-las por meio do contexto e não traduzindo.

Atividades durante a leitura

Depois de todas as explorações e discussões possíveis os alunos realizarão a

leitura individual do texto apresentado e logo após realizarão a leitura em duplas. A

seguir, a professora fará os alunos entenderem a forma mais adequada de

construção desse tipo de texto, qual sua finalidade, identificar o propósito do autor

ao escrevê-lo, que serão as atividades desenvolvidas durante a leitura.

Atividades após a leitura

Dando prosseguimento às atividades, a professora solicitará aos alunos que

construam um cardápio em inglês de um churrasco farroupilha, utilizando suas

descobertas e a imaginação, que será a atividade a ser desenvolvida após a leitura

do texto.

4.2 ATIVIDADE 2

Fonte: <http://ndvo.blog.br/pt-br/linux/hist%C3%B3ria-em-quadrinhos/>. Acesso em:10 out. 2014.

A previsão da duração dessa atividade também será de 240 minutos, pois na

modalidade EJA os alunos frequentam 4 aulas de 60 minutos cada, da mesma

disciplina e em um único dia.

A história em quadrinhos apresentada aos alunos proporcionará uma relação

interdisciplinar direta com a disciplina de Português, pois possibilitará explorar as

características linguísticas desse gênero textual. E durante a elaboração das

histórias em quadrinhos os alunos irão expressar sua criatividade por meio de

desenhos e diálogos, ocorrendo uma relação interdisplinar com as disciplinas de

Arte e Português. Dessa forma, é possível romper com o pensamento disciplinar no

ensino da Língua Inglesa.

Atividades antes da leitura

Inicialmente, a professora irá conversar com os alunos sobre o que é uma

história em quadrinhos e quais são as preferidas de cada um. A seguir, será feito

um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos em relação à estrutura e

características linguísticas desse gênero textual como, por exemplo, diálogos,

onomatopeias, expressão dos personagens, entre outros.

Ainda, antecedendo à leitura a professora irá listar na lousa o nome dos

personagens do “Garfield” que os jovens e adultos conhecem, discutindo com eles

as características de cada personagem bem como suas histórias. Também será

averiguado se os alunos sabem o significado das palavras necessárias à

compreensão do texto, fazendo-os compreendê-las por meio do contexto e não

traduzindo.

Atividades durante a leitura

Após todas as explorações e discussões oportunizadas os alunos farão a

leitura individual do texto apresentado e logo após realizarão a leitura em duplas. A

seguir, a professora perguntará aos alunos qual o entendimento deles em relação a

história em quadrinhos. Também será solicitado aos alunos que façam o

levantamento das diferenças em relação às tirinhas em português.

Atividades após a leitura

A professora solicitará aos alunos que pesquisem outras tirinhas desse

personagem (em português e inglês) para que percebam se há alguma diferença

entre elas. E, ao final, será solicitado aos alunos a contrução de uma história em

quadrinhos, em equipes, com os diálogos escritos em inglês, que serão as

atividades desenvolvidas após a leitura do texto.

4.3 ATIVIDADE 3

Para essa atividade, a previsão de duração será de 360 horas.

A notícia apresentada aos alunos que traz uma discussão em relação à saúde

tem uma relação direta com a Sociologia, o que traz para a presente atividade um

enfoque interdisciplinar.

Atividades antes da leitura

Antes da leitura pelos alunos da notícia “Health Care’s Next Test: Getting

More to Enroll” sugerida pela professora, eles farão uso do laboratório de informática

da escola para acessar o endereço eletrônico que segue:

•<http://www.nytimes.com/2014/11/15/us/health-care-act-

enrollment.html?rref=homepage&module=Ribbon&version=origin&region=Header&a

ction=click&contentCollection=Home%20Page&pgtype=article>.

Ainda, antecedendo à leitura do texto, a professora irá questioná-los se em

algum momento de suas vidas eles tiveram a curiosidade de fazer leituras de

notícias de jornais americanos por meio da internet. A professora ainda irá

averiguar se os alunos conhecem o significado das palavras necessárias à

compreensão do texto, fazendo-os compreendê-las por meio do contexto.

Atividades durante a leitura

Logo após todas as discussões oportunizadas os alunos farão a leitura inicial

do texto que, em um primeiro momento será individual, e logo após farão a leitura da

notícia em equipes de três ou quatro alunos, por ser um texto mais extenso. Em

seguida, a professora perguntará aos alunos qual o entendimento deles em relação

à noticia, além de incentivá-los a discutir sobre as questões apontadas na mesma.

Atividades após a leitura

A professora irá escolher palavras que serão retiradas da notícia apresentada

aos alunos, escrevendo-as em pequenas tiras. Em seguida, fazendo uso dessas

palavras, será solicitado às equipes que criem narrativas, poemas, canções ou

quaisquer gêneros textuais, como atividade de produção de texto.

4.4 ATIVIDADE 4

A presente atividade terá uma duração aproximada de 240 horas.

A fábula apresentada aos alunos proporcionará uma relação interdisciplinar

direta com a disciplina de Português, pois possibilitará explorar as características

linguísticas desse gênero textual. Além disso, no decorrer da elaboração das fábulas

os alunos irão expressar seu potencial criativo por meio da produção de texto, dessa

forma, rompendo com o pensamento disciplinar no ensino da Língua Inglesa.

Atividades antes da leitura

Antecedendo a leitura, a professora irá dialogar com os alunos sobre o que

seria uma fábula. Logo após, pedirá aos alunos que façam uma lista das fábulas

que eles conhecem, investigando a preferida de cada um.

Atividades durante a leitura

A professora irá distribuir a fábula “THE FOX AND THE GRAPES”, impressa

do seguinte endereço eletrônico: <http://livrointeligente.com.br/livro-fabulas-de-

esopo-aesops-fables-1-volume-i>.

A seguir, os alunos realizarão uma leitura individual e depois em duplas.

Após, farão um quadro onde constem os seguintes itens: título, personagens e

assunto ou tema.

Atividades após a leitura

As duplas de alunos serão incentivadas a elaborarem uma fábula em inglês,

onde poderão utilizar todo o seu potencial criativo na produção textual.

5 AVALIAÇÃO

A avaliação da aprendizagem será realizada no decorrer do desenvolvimento

desse trabalho com a leitura e interpretação de textos interdisciplinares no ensino da

Língua Inglesa, mediante as observações e interferências da professora.

Os alunos serão avaliados através de seus registros escritos, pelas suas

produções, por meio da análise de suas reflexões e discussões sobre os temas

interdisciplinares abordados nos textos, entre outros.

A somatória das notas atribuídas para cada atividade avaliada corresponderá

à nota das unidades I e II da disciplina de LEM Inglês do período letivo do ano de

2015.

REFERÊNCIAS

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