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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO

DIDÁTICO - PEGAGÓGICA

Título: O CORTIÇO PARA NEO-LEITORES: Letramento literário para o Ensino Fundamental

em espaço virtual de aprendizagem

Autora Débora Maria Proença

Escola de atuação Escola Estadual Profº Lauro Gomes

Município da escola Londrina

Núcleo de Educação Londrina

Orientador Profª Dra Ana Lúcia de Campos Almeida

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção Didático-Pedagógica Unidade Didática

Interdisciplinar ------------------------------------------------

Público-Alvo Alunos do 9º ano do Ensino Fundamental

Localização Rua Júlio Farináceo, 55

Apresentação Possibilitar o letramento literário a partir de um jogo eletrônico, visando despertar o interesse dos/as discentes para a literatura clássica brasileira. O game apresenta como a tecnologia pode contribuir para a apresentação das obras canônicas nos anos finais do fundamental. Também apresenta virtualmente a realidade da obra “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo.

Palavras-chave Leitura, literatura, letramento; tecnologia; práticas pedagógicas.

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APRESENTAÇÃO

A presente produção didático-pedagógica - O Cortiço para neo-leitores:

Letramento literário para o Ensino Fundamental em espaço virtual de aprendizagem

reflete sobre a importância da leitura nas esferas sociais e no processo de ensino-

aprendizagem. Tal prática engloba um conjunto de habilidades diferentes que

auxiliam na compreensão de textos em suas várias formas de apresentação a partir

das mudanças tecnológicas, culturais e comportamentais.

A sociedade hoje apresenta inúmeras ofertas de informação,

comunicação, aprendizagem, entretenimento e lazer ao alcance de nossas mãos

depois da chegada das TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação, e,

principalmente com a popularização do computador conectado à Internet. É notável

como a tecnologia está interferindo também na maneira de se ler. Os textos

inseridos nos novos suportes digitais suscitaram um novo/a leitor/a1 – o leitor virtual

– com um perfil diferente do leitor da cultura impressa. Equipamentos eletrônicos

como os tablets, e-readers, smartphones estão cada vez mais populares,

intensificando a prática da leitura e escrita em tela.

O contato com a leitura e a escrita por intermédio das tecnologias

acontece com muitas pessoas e em várias práticas sociais, independentemente de

serem alfabetizadas ou não. Ter contato com a escrita e a leitura nos vários espaços

de circulação de um texto é uma prática social de letramento. O letramento é um

conceito dado às práticas sociais da língua escrita que acontece em outros espaços

sociais, além do âmbito escolar.

O mundo contemporâneo exige o uso cada vez mais intenso das práticas

sociais da escrita e da leitura de formas distintas e específicas para cada

interlocutor. Essas exigências sociais permeiam espaços distintos, sendo um deles

a escola que está, a cada dia, mais incorporada em uma sociedade tecnológica.

A geração da era digital está mergulhada nesse universo dominado pelas

novas formas de comunicação, vive uma transformação cultural que interfere na

1 Em determinadas marcas do texto, usarei a anotação o/a, como marca identificadora de estilo de linguagem

que manifesta meu posicionamento político de defesa de igualdade do gênero feminino na linguagem em relação à sobreposição histórica do gênero masculino. Não empregarei em todas as situações possíveis, como gostaria, porque o uso apenas pontual favorece o princípio de “limpeza” do texto, defendido por estudiosos da leitura e produção textual, e porque muitos integrantes da comunidade acadêmica não assimilaram esse uso que já se disseminou nos textos produzidos em diversos ambientes sociais – por exemplo, a administração pública, mas que ainda apresenta resistência no meio universitário.

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forma de produção e apropriação dos saberes e a escola precisa estar atenta e

perceber a contribuição da tecnologia nas práticas escolares. Das mudanças

ocorridas com essas transformações, destacam-se a leitura virtual, a linguagem e

comunicação que ocorrem no ciberespaço. A linguagem e as práticas discursivas

são elementos presentes nas relações sociais em seus vários contextos.

Conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais (2008, p.48),

É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação. Se a escola desconsiderar esse papel, o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de uma sociedade letrada.

Dessa forma, o contato com diferentes gêneros textuais em várias

situações de comunicação, propicia o conhecimento de diferentes linguagens,

códigos e leituras. Soares (2009), afirma que o letramento é prática social da leitura

e escrita em situações cotidianas e diversas, em que a leitura ocupa um lugar de

supremacia para a compreensão das linguagens e das práticas discursivas

presentes nas relações sociais em seus vários contextos.

Assim, a leitura literária na escola perpassa pelas mudanças sociais e

pelo modo como as práticas pedagógicas são aplicadas nos espaços escolares.

Entretanto, as práticas de leitura e letramento no âmbito escolar são, em sua

maioria, direcionadas pelo/a professor/a e variam segundo a situação em que se

realizam as atividades de uso da língua escrita e de leitura.

Dessa forma a presença da Literatura na escola deve permear desde os

clássicos da literatura universal aos mais consagrados da literatura brasileira.

Estudos apontam que a literatura clássica é a base, o fundamento para o estudo, o

aprendizado e construção da intelectualidade em conhecimento de textos e obras da

literatura, sendo a literatura:

[...] todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações. Vista deste modo a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação (CANDIDO, 1995, p.178).

As narrativas encontradas nos livros trazem não apenas grandes

histórias, capazes de levar o leitor a experimentar muitas emoções e sentimentos,

mas, também, uma relação com a escrita, o que implica na participação cooperativa

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do leitor na interpretação e reconstrução de sentido e das intenções pretendidas

pelo autor. Para redimensionar as ações educacionais, de forma que conduzam ao

processo de letramento literário, o ensino de literatura no Ensino Fundamental deve

ter como centro a experiência do literário. Dessa forma, as leituras literárias

oportunizadas aos alunos propiciarão o letramento literário por ser uma prática social

que precisa ser ensinada para garantir a função essencial de construir e reconstruir

a palavra que nos humaniza (COSSON, 2012).

O letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade

da escola. “Os livros, como os fatos, jamais falam por si mesmos. O que nos faz falar

são os mecanismos de interpretação que usamos, e grande parte deles não

aprendidos na escola” (COSSON, 2012. p. 26). Além disso é necessário ampliar as

possibilidades de ensino a partir da leitura literária, evitando a exclusão do

conhecimento universal proporcionado pela literatura.

Nesse sentido, o ensino de literatura nas instituições escolares precisa

interagir, dialogar com as tecnologias digitais, desenvolvendo diferentes habilidades,

de acordo com as várias modalidades utilizadas ofertadas pelos jogos eletrônicos e

outros recursos midiáticos, criando uma nova área de estudos relacionada aos

novos letramentos, sendo o jogo eletrônico um deles.

Os jogos, sejam eles tradicionais (não-eletrônicos) ou eletrônicos,

apresentam uma característica importante para a capacidade participativa "[...] a

grande distinção do jogo eletrônico em relação a quaisquer outros encontra-se,

antes de tudo, na interatividade e na imersão" (SANTAELLA, 2004). Nesse sentido,

a interatividade propicia a sensação de imersão pela forma como o jogador se

relaciona com o jogo.

Os formatos participativos dos “games”, nos quais a interação e o

agenciamento são palavras-chaves, nos ajudam entender como é a relação dos

jovens com os artefatos culturais. De modo geral, o jogo eletrônico é uma obra

aberta e dinâmica capaz de ser alterada no decorrer da trama digital (Santaella,

2004) e, portanto, apresenta possibilidades criativas e de significativa densidade.

Neste conjunto de tecnologias inovadoras está o leitor contemporâneo e

as múltiplas possibilidades de leitura que há algumas décadas eram inimagináveis.

As revoluções tecnológicas e, mais especificamente, a revolução da cibercultura, do

livro e jogo eletrônico causaram impactos irreversíveis nos comportamentos e nos

modos de leitura.

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A vivência em ambientes diversos e as trocas constantes confirmam

novos modos articulação nas diferentes linguagens em um único suporte – o jogo

eletrônico. Pensando nisso, o gestor cultural Celso Santiago desenvolveu o projeto

Livro e Game adaptando para o universo dos jogos virtuais os clássicos da literatura

brasileira. Disponível no site www.livroegame.com.br, o jogo associa brincadeira e

leitura literária despertando o interesse pelos clássicos nacionais.

A proposta é mostrar aos milhares de jovens internautas que a literatura

por intermédio de jogos além de ser divertida e interessante, é

[...] produção humana, está intrinsecamente ligada à vida social. O entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas, portanto, não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas relações dialógicas com outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros (PARANÁ, 2008, p57)

No site os/as internautas apreendem muito sobre a obra selecionada,

estudam sobre o contexto histórico, conhecem um pouco mais da biografia do autor,

além de aprender sobre o período literário da obra. Também participam das

aventuras, dramas e vida dos personagens e exercitam novos modos da prática

social da leitura e escrita, transitando entre o meio impresso e o virtual.

O game permite que o/a aluno/a tenha acesso a gêneros textuais

diferentes, como a HQ - História em Quadrinhos, a obra completa, excertos sobre o

período histórico da elaboração da obra, aplicando o conceito da multimodalidade de

leitura, requerendo cada vez mais o desenvolvimento de uma leitura em suas várias

linguagens. Além das leituras, acrescenta-se a experiência de imersão - forma de

vivenciar a experiência do personagem - oportunizada pelo jogo eletrônico.

A interação - jogo e literatura - implica na compreensão da

multimodalidade e suas exigências em torno do leitor, que, ao extrapolar o texto

planificado e linear, se confronta com uma justaposição de textos, imagens e sons –

um design diferente que interliga as modalidades, viabilizando por meio de links

sequências e possibilidades de novas trajetórias de leitura.

O letramento literário proposto pelo jogo eletrônico livroegame - é um

convite à participação do/a educando para vivenciar uma nova experiência de leitura,

onde a narrativa não acontece sem a participação do leitor, seja por meio de um click

ou pela escolha dos caminhos a serem percorridos na leitura, mas sempre valendo-

se de seu conhecimento da tecnologia digital.

Nesse trabalho para aulas de língua portuguesa, privilegio um estudo de

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literatura brasileira com a obra “O Cortiço” para turmas de nono ano do Ensino

Fundamental. A abordagem literária será feita através do jogo eletrônico, que oferece

diversão, cultura e entretenimento por meio de adaptação de clássicos da literatura

brasileira, incentivando a leitura por meio da cultura digital e a leitura da obra em

livro físico adaptado para neo-leitores.

Como a tecnologia está cada vez mais “invadindo” as nossas práticas

sociais de leitura e escrita, convido você para participar dessa proposta contribuindo

com sua experiência para que juntas possamos encontrar maneiras novas e

motivadoras que resultem numa melhoria da aprendizagem dos alunos e das

alunas.

E vamos à busca!

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MÓDULO I – Apresentando O Cortiço

Educar em três tempos “Eu educo hoje, com os valores que recebi ontem, para as pessoas que são o

amanhã. Os valores de ontem, os conheço. Os de hoje, percebo alguns. Dos de amanhã, não sei. Se só uso os de hoje, não educo: complico. Se só uso os

de ontem, não educo: condiciono. Se só uso os de amanhã, não educo: faço experiências às custas das crianças. Por isso,

educar é perder sempre sem perder-se. Educa quem for capaz de fundir ontens, hojes e

amanhãs, transformando-os num presente onde o amor e o livre arbítrio sejam as bases.”

Arthur da Távola

A proposta de atividades para essa Unidade Didática é para 20 aulas de

Língua Portuguesa, considerando cinco aulas por semana no Ensino Fundamental e

englobando as práticas sociais de leitura e de escrita em espaço virtual de interação

onde ocorre a circulação de textos, oportunizando o letramento.

Aula de apresentação (1aula)

O/a professor/a fará nesse contato com a turma uma aula de motivação

que consiste em uma atividade de preparação, de introdução ao universo do livro a

ser lido. Ela pode ser feita, a partir de estratégias simples, como o uso de materiais

publicitários retirados de revistas ou jornais, de questões lançadas sobre a narrativa,

para que os alunos busquem a resposta na leitura da obra; também pode ser pela

descrição de características de um personagem; da audição de uma canção

apresentando a temática; enfim, são diversos os modos de motivar a turma para

iniciar a leitura do livro (COSSON, 2012).

Uma possibilidade é o/a docente perguntar à turma o que conhecem

sobre as favelas. Como é composto esse espaço de habitação popular e coletiva,

que também é conhecido como “Comunidade”. Procurar extrair dos alunos

informações que sejam próximas do espaço do Cortiço, de Aluísio de Azevedo.

Procurar identificar as pessoas que moram nesses lugares, como vivem e se

relacionam com a sociedade.

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Essa conversa é importante para preparar os/as alunos/as para o

ambiente do Cortiço, falar sobre a linguagem, as expressões “novas” para o grupo

que encontrarão na leitura de texto literário. Também é necessário combinar o

período mínimo para leitura (sugere-se de 7 a 10 dias) para começar a interação

com o jogo eletrônico. É importante lembrar que o livro não será lido nas aulas, mas

em casa, pois nas aulas a turma fará atividades de reflexão sobre os variados temas

inseridos na obra e que são pertinentes à sociedade contemporânea.

ATIVIDADE I

Objetivos

- Apresentar a obra para a turma.

- Explicar que a obra é um clássico da literatura brasileira.

- Falar sobre a construção textual do livro.

Nesse momento apresentar à turma o livro “O Cortiço”, de Aluísio de

Azevedo. É importante que os/as alunos/as tenham contato com a obra, pois eles

poderão ler a narrativa pelo computador, mas deve-se permitir o contato com o livro

físico, destacando a linearidade da leitura.

ATIVIDADE II – 2 aulas

Objetivos

- Construir com a turma cartazes sobre residências.

- Refletir sobre as diferenças das classes sociais.

- Abordar sobre o espaço onde vivem.

Para a confecção desse cartaz é necessário levar para sala de aula

revistas, jornais e ou encartes que tenham casas. Investigar com o grupo os valores

desses imóveis, pensando na localização, área construída e outros argumentos que

julgar necessários.

Nesse momento os/a alunos/as já começaram a ler o livro e em sala farão

a leitura da crônica Piscina de Fernando Sabino, disponível em

http://contobrasileiro.com.br/; essa leitura poderá ser feita no laboratório de

informática, recorrendo à tecnologia. Nesse texto o autor faz uma crítica sobre as

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diferenças das classes sociais e condições de moradia. O texto fala sobre um casal

que vivem em uma casa luxuosa que está localizada em um morro próximo a favela.

Uma oportunidade para debater com a classe os fatores que afetam a sociedade

brasileira que é a questão da desigualdade social, que está retratada na obra

literária, onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais

miseráveis. Apontar que os contrastes sociais não mudaram muito do contexto do

livro até os dias de hoje.

Essas reflexões podem ser realizadas de forma oral; divide-se a turma em

grupos e após a leitura e as provocações do/a professora, abre-se para a exposição

e socialização das ideias.

ATIVIDADE III – 2 aulas

Objetivos

- Abordar a linguagem literária

- Contextualizar o período literário

- Informar acerca do movimento literário Naturalismo

Professor/a a abordagem literária para o Ensino Fundamental não é tão

aprofundada como no Ensino Médio, por isso é necessário explicar à turma o que

foi o naturalismo, suas características e abordagem tão presentes na obra O

Cortiço. Ressalta-se que o cenário da obra é uma habitação coletiva e difunde teses

naturalistas que explicam o comportamento dos personagens com base na influência

do meio, da raça e do momento histórico.

Mais do que explicar sobre as características do naturalismo, é

necessário suscitar reflexões sobre as classes sociais que aparecem no romance,

mostrando que, no Brasil do século XIX, as diferenças sociais eram tratadas de

forma diferente dos dias atuais. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador

vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos

pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais

elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o

crescimento do cortiço.

É possível nesse momento, fazer novas reflexões acerca do contexto da

obra com a realidade da sociedade brasileira, como afirma Cosson.

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[...] é preciso compartilhar a interpretação e ampliar os sentidos construídos individualmente. A razão disso é que, por meio do compartilhamento de suas interpretações, os leitores ganham consciência de que são membros de uma coletividade e de que essa coletividade fortalece e amplia seus horizontes de leitura. (COSSON, 2012, p. 85).

Após esse bate-papo, sugere-se que o/a docente proponha uma produção

textual gênero cartaz em que a turma, dividida em grupos elabore as comparações

das realidades do livro e do contexto contemporâneo, destacando as mudanças que

ocorreram ou não nas relações sociais e econômicas. Depois, oportunize a

exposição oral, ampliando as práticas sócias de leitura e escrita. Dentre as ações

educativas dessa unidade pedagógica, a leitura de gêneros diversos leva ao

letramento e ao letramento literário. A diversidade dos gêneros promove a interação

por meio da linguagem, realizada a partir de mecanismos e atribuição de sentidos.

Compreender essa dialética é uma prática educacional que possibilita o

desenvolvimento de um leitor, uma leitora que possa compartilhar com outros

leitores os sentidos iniciais de uma obra, construindo com ela uma relação

particular, gerada a partir de elementos de sua subjetividade.

ATIVIDADE IV – 1 aula

Um pouco de teoria...

Professor/a, a presença cada vez maior da tecnologia nas relações de

comunicação social, sobretudo em sala de aula, está tomando espaços cada vez

maiores na instituição escolar. Essas mudanças no âmbito escolar apresentam

traços que permeiam os impactos das relações sociais – de escrita e leitura, que ora

se articulam com a cultura, ora com o contexto social contemporâneo. A cultura,

assim como os sujeitos, transforma-se cotidianamente. Stuart Hall, na obra Da

diáspora: identidades e mediações culturais apresenta um movimento ininterrupto de

produção cultural. O autor afirma:

A cultura é uma produção. Tem sua matéria-prima, seus recursos, seu “trabalho produtivo”. Depende de um conhecimento da tradição enquanto “o mesmo em mutação” e de um conjunto efetivo de genealogias. Mas o que esse “desvio através de seus passados” faz é nos capacitar, através da cultura, a nos produzir a nós mesmos de novo, como novos tipos de sujeitos. Portanto, não é uma questão do que as tradições fazem de nós, mas daquilo que nós fazemos das nossas tradições. Paradoxalmente nossas identidades culturais, em qualquer forma acabada, estão à nossa

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frente. Estamos sempre em processo de formação cultural. A cultura não é uma questão de ontologia, de ser, mas de se tornar.(HALL, 2003, p.43).

Ao pensar em leitura, letramento e tecnologia, o que primeiro nos vem à

mente é o computador e os aparelhos móveis – celulares e tablets que estão

presentes em diferentes práticas sociais e escolares proporcionando um tipo de

letramento que articula de forma mista e simultânea várias linguagens e leituras. É o

recurso da multimodalidade que faz com que o papel do leitor não se restrinja

apenas à capacidade de compreender e produzir sentido para o texto verbal, mas

implica na necessidade e preocupação de um leitor que inclua os diferentes

aspectos e dimensões do “objeto de leitura” com o qual ele se propõe a interagir.

Nesse sentido, o jogo desenvolvido no projeto Livro e Game adaptou para

universo dos jogos virtuais os clássicos da literatura brasileira. O letramento literário

proposto pelo jogo eletrônico livroegame - é um convite à participação do/a

educando para vivenciar uma nova experiência de leitura, onde a narrativa não

acontece sem a participação do leitor, seja por meio de um click ou pela escolha dos

caminhos a serem percorridos na leitura, mas sempre valendo-se de seu

conhecimento da tecnologia digital.

A proposta é mostrar aos milhares de jovens internautas que a literatura

por intermédio de jogos além de ser divertida e interessante é

[...] produção humana, está intrinsecamente ligada à vida social. O entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas, portanto, não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas relações dialógicas com outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros (PARANÁ, 2008, p57)

No site os/as internautas aprendem sobre a obra selecionada, seu

contexto histórico e conhecem um pouco mais da biografia do autor. Além de

participarem das aventuras, dramas e vida dos personagens, os/as leitores

apreendem novos modos da prática social da leitura e escrita, que transita entre o

meio impresso e o virtual.

Conhecendo o jogo

Professor/a é hora de interagir como jogo. Nessa etapa você poderá levar

os alunos ao laboratório de Informática e orientar os acessos ao site. Caso as

máquinas da escola não sejam suficientes para toda a turma, faça uso dos

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aparelhos móveis – os celulares e tablets para que todos possam ter acesso ao jogo

e conhecer os recursos propostos. Site www.livroegame.com.br

Na imagem abaixo, apresento a página de abertura do jogo, nesse

primeiro contato deixe os/as alunos/as navegarem pelo site, clicando em todos os

links disponíveis, em um momento de exploração, como se estivessem “folheando” o

livro.

Após esse momento, solicite que acessem o link do livro O Cortiço, que

abrirá a página com uma pequena introdução sobre a obra.

Deixe que a turma explore a página de abertura do jogo, clicando em

cada link e conhecendo a página. Por exemplo, no link - hq - aparecerá a história

dos personagens em quadrinhos: Jerônimo e Rita, João Romão ( o dono do cortiço),

as lavadeiras, a família Miranda, a história de Pombinha, gênero textual muito

conhecido dos/as alunos/a. Destaca-se a não linearidade da leitura nesse recurso do

site.

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Professor/a é muito interessante explorar com a turma o link escritório, lá o/a

aluno/a terá a possibilidade de ler outros textos, tais como a vida do autor ao clicar

na pena, ler sobre o naturalismo ao clicar na cabeça de búfalo pendurada na parede,

e assim explorar as outras informações sobre o contexto da obra e sua relevância

para a literatura.

Nessa aula o contato como espaço virtual jogo eletrônico é uma maneira

de permitir que a turma tenha interação não apenas com as atividades propostas a

partir da leitura do livro, mas que percebam a possibilidade de associar

entretenimento com conhecimento.

ATIVIDADE V – 2 aulas

Após o primeiro contato com o espaço do jogo, a turma irá iniciar a

“brincadeira”, pois o tempo de leitura com o livro já traz informações suficientes para

responder as perguntas. O ideal é jogar em grupos, assim a animação é maior, sem

contar que adolescentes gostam da disputa. Inicia-se o jogo, que é composto de

perguntas sobre a narrativa e a medida que acertam passam por outras etapas.

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A dinâmica do jogo é a mesma da maioria dos jogos, a disputa acaba com

a equipe que conseguir o maior número de acertos, nesse caso de bens, pois a cada

pergunta certa o jogador ganha dinheiro para compor seu próprio cortiço. O

interessante nessa etapa é que o grupo discuta o que comprará com o dinheiro que

ganhou, pois terão que ter cuidado para não perder os bens no decorrer do jogo.

Essa interação entre os grupos vai além da leitura literária, permeia as

relações de trabalho, uso do dinheiro e um excelente exercício de cidadania que

ajuda os/as adolescentes a ouvir, argumentar e respeitar a opinião dos/as colegas.

As leituras oportunizadas pela era digital trouxe mais do que nunca novas

concepções de ensino e aprendizagem voltadas para as práticas educacionais no

âmbito escolar. Diante de tal fenômeno, faz-se necessário pensar nas habilidades

que uma pessoa conectada, em como realiza a leitura em espaço virtual chegando

ao letramento digital. Xavier afirma que o letramento digital é amplo (2011, p.6):

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[...] significa o domínio pelo indivíduo de funções e ações necessárias à utilização eficiente e rápida de equipamentos dotados de tecnologia digital, tais como computadores pessoais, telefones celulares, caixas-eletrônicos de banco, tocadores e gravadores digitais, manuseio de filmadoras e afins. O letrado digital exige do sujeito modos específicos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não-verbais. Ele utiliza com facilidade os recursos expressivos como imagens, desenhos, vídeos para interagir com outros sujeitos.

Professor/a, o reconhecimento das TICs – Tecnologias de Informação e

Comunicação como fator positivo para a educação é um avanço que poderá

promover nas salas de aula práticas pedagógicas que permitam ao/a docente um

contato com a leitura e escrita de multiletramentos, não só o acesso as diversas

informações, mas porque contribuem para a construção do processo ensino e

aprendizagem

ATIVIDADE VI – 2 aulas

Após a disputa, é hora de começar a interlocução de alguns personagens

do romance com a turma. É o momento de fazer a apreensão global da obra, com o

objetivo de levar o aluno a traduzir a impressão geral do livro e o impacto sobre a

sua sensibilidade de leitor, proporcionando o diálogo entre leitor e obra.

[...] é preciso compartilhar a interpretação e ampliar os sentidos construídos individualmente. A razão disso é que, por meio do compartilhamento de suas interpretações, os leitores ganham consciência de que são membros de uma coletividade e de que essa coletividade fortalece e amplia seus horizontes de leitura. (COSSON, 2012, p. 85).

Os encaminhamentos propostos para essa tarefa poderão acontecer em

grupos em sala de aula, pois é mais um momento de interação, onde poderão

expressar seus sentimentos não apenas sobre a obra, mas sobre os personagens.

O/a leitor/a tem a necessidade de dizer algo a respeito do que leu, de compartilhar

seus sentimentos, emoções, além de ser um momento em que o/a discente

perceberá a importância de sua leitura individual dentro do processo de letramento

literário, pois

[...] o contacto com o texto literário constitui mais uma possibilidade rara de viver, em alteridade, situações, valores e experiências que moldaram as comunidades humanas ao longo dos séculos, instituindo referências basilares de que nunca poderemos prescindir. (BERNARDES, 2005, p. 125 apud COSSON, 2012)

As atividades desse trabalho propõem uma leitura como ato de

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desenvolvimento político diante do mundo, permitem uma experiência de leitura em

que o/a leitora tem papel dinâmico nas redes de significação do texto, ou seja, a

troca de conhecimentos e informações realizadas a partir da leitura, as discussões e

a valorização das interpretações tornam as atividades de letramento literário mais

uma oportunidade de ampliar a experiência de leitura, saberes e práticas sociais.

Professor/a, essas reflexões são necessárias para dar continuidade às

atividades de produção textual proposta para a prática social da escrita; cada grupo

escolherá um personagem para reescrever a sua história. Deverão considerar a

maneira como cada personagem apareceu na obra, se conhecem pessoas que se

pareçam com a personagem selecionada. Explicar porque escolheram tal

personagem. Qual a opinião sobre o “fim” de cada personagem e, por último como

reescreveriam a história do personagem escolhido.

Nessa etapa não é necessário levantar características psicológicas ou

físicas, e sim considerar a vivência do personagem na narrativa, comparando a vida

urbana do século XIX com a do século XXI, principalmente nas diferenças sociais.

Essa provocação é necessária para que os/as alunos/as reflitam sobre a classe

trabalhadora retratada na narrativa, as diferentes profissões que são reflexo das

transformações sociais e econômica que o pais enfrentava.

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MÓDULO II – Produção textual colaborativa

A essência lingüística das coisas é a sua linguagem. Esta frase, aplicada ao homem,

significa: a essência lingüística do homem é a sua linguagem. Isto é, o homem comunica a sua

própria essência espiritual na sua linguagem. Mas, a linguagem do homem fala por palavras. O

homem comunica, pois, a sua própria essência espiritual (na medida em que é comunicável),

denominando todas as coisas. (BENJAMIN, 1992)

A escrita é uma das modalidades de uso da língua e existe para cumprir

diferentes funções comunicativas. Tem, em suas concepções teóricas, a dimensão

interacional e discursiva da língua, definindo o domínio dessa língua como uma das

condições para a plena participação do indivíduo em diversas práticas sociais. Além

disso, estabelecem que “os conteúdos de Língua Portuguesa devem se articular em

torno de dois grandes eixos: o do uso da língua oral e escrita e o da reflexão acerca

desses usos” (ANTUNES, 2003, p. 22).

Os textos, sejam eles orais ou escritos, sempre desempenharam um

papel vital na história da humanidade, não só em conteúdo mas, também, na forma.

[...] nas sociedades letradas, a escrita está presente, como forma constante de atuação, nas múltiplas atividades das pessoas – no trabalho, na família, na escola, na vida social em geral – e, mais amplamente como registro do seu patrimônio científico, histórico e cultural. Dessa forma, toda escrita responde a um propósito funcional qualquer, isto é, possibilita a realização de alguma atividade sociocomunicativa entre as pessoas e, está inevitavelmente ligada com os diversos contextos sociais em que essas pessoas atuam. (ANTUNES, 2003, p. 47).

Da leitura para a atividade de produção escrita é necessária uma

interação entre a decodificação de sinais gráficos, a construção de significados para

além da superfície do texto, observando-se as funções sociais da leitura e da escrita.

Produzir um texto é uma atividade complexa, que pressupõe uma atenção não

apenas às exigências e aos propósitos requerido pelo seu contexto sócio-histórico e

cultural, mas, também, exige que o sujeito seja capaz de realizar diversas ações e

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projeções de natureza textual, discursiva e cognitiva, antes e no decorrer da

elaboração textual (MARCUSCHI, B., 2010).

A produção textual proposta para essa unidade didática é a escrita

colaborativa em espaço virtual, a partir da releitura de alguns personagens do

Cortiço. É uma forma de exercitar a multimodalidade de leituras e escritas

apresentadas pelo jogo e porque permite ao/a educando o exercício de apropriação

do discurso.

O uso das novas tecnologias na produção textual escrita a partir do vários

modelos de redes sociais, por onde circulam os mais diversos gêneros textuais que

utilizam boa parte do potencial da Internet/Web agregam outros recursos a essas

produções, como a utilização de mídias, onde são criadas comunidades virtuais

propiciando a interação entre várias pessoas colocando constantemente a língua em

funcionamento.

A escrita colaborativa por meio de ferramentas digitais tem ressignificado

a produção textual na sociedade e nos espaços de interlocução entre docentes e

discentes. Visível em espaços digitais diversos como Blogs, Redes Sociais,

Wikipédia, Fanfic entre outros, a ideia de compartilhamento de informações e

conhecimento é um modo a usufruir atributos da cultura digital e as habilidades da

geração que nasceu imersa no contexto das tecnologias da informação e

comunicação.

A Fanfic, produção textual colaborativa, selecionada para as atividades

dos/as alunos/as é um gênero textual que usa a metalinguagem e o pertencimento a

uma base de fãs (fandom)2 em meios eletrônicos. Uma fanfic é uma história escrita

por fãs a partir de um livro, quadrinhos, filme e série de TV. Fanfic é o termo reduzido

de fanfiction – ficção de fã (temo em inglês) são discursos apropriados de palavras

alheias que se tornam palavras próprias quando seus escritores hibridizam o

discurso do autor e do sujeito ao recontar a estória. A re-escrita perpassa por

enunciados comunicativos que movem o sentido e/ou finalidade da narrativa para

além do que está registrado no texto original.

A Fanfic é uma experiência de escrita colaborativa em ambiente escolar

2 Fandom ou “domínio dos fãs” é a denominação usada pelas comunidades na internet, que recriam, a partir

de uma obra e mídia precedentes, um novo registro textual, utilizando os suportes hipermidiáticos. Maiores informações sobre a Fanfic estão na obra de Henry Jenkins ( 1992), que fornece um histórico completo das fanfics.

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feita com o suporte do Google Docs. Esse espaço de escrita exige uma linguagem

metalinguística porque os autores começam a pensar sobre como escrevem, sobre

seu domínio da língua, especialmente a partir de comentários que recebem a cada

capítulo publicado e que vão moldando o texto de maneira colaborativa

(BLACK,2005).

Corroborando a premissa de que o trabalho com gênero textual deve ser

diversificado, as Diretrizes Curriculares do Paraná afirmam:

O aperfeiçoamento da escrita se faz a partir da produção de diferentes gêneros, por meio das experiências sociais, tanto singular quanto coletiva vividas. O que sugere, sobretudo, é a noção de uma escrita como formadora de subjetividades, podendo ter um papel de resistência aos valores prescritos socialmente. A possibilidade de criação no exercício desta prática, permite ao educando ampliar o próprio conceito de gênero discursivo. (PARANÁ, 2008, p. 56).

A prática colaborativa na escola em ambiente virtual é algo muito novo,

pois os/as educandos estão acostumados com a escrita nas redes sociais não se

dando conta que essa prática é uma forma de aprofundamento do processo ensino e

aprendizagem, porém ao de deparar com a escrita colaborativa em uma prática

pedagógica poderão perceber que sua participação no mundo digital requer

competências e habilidades escolarizadas.

A produção textual colaborativa, será feita em ambiente escolar a partir da

ferramenta Google Docs, onde cada grupo escolherá um personagem e fará a

releitura das experiências apresentada na obra literária. Por ser uma produção

textual da contemporaneidade a turma deverá considerar a possibilidade desse

personagem viver na comunidade, no bairro e vivenciar os problemas sociais

presentes na sociedade atual.

ATIVIDADE I – 1 aula

Objetivos

- conhecer o universo da fanfic

- visitar sites de fanfics

Caro/a professor/a, os encaminhamentos dados nessa unidade didática

até aqui, estão relacionados com as atividades de leitura e interação com o jogo

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eletrônico, destacando as multimodalidades presentes no letramento digital.

Contribuindo ainda mais com a prática da leitura no espaço virtual, navegaremos

nas Fanfics, espaço destinado para depósito do texto colaborativo que a turma

produzirá como avalaiação final desse produto educacional.

Com a turma navegue pelo site http://fanfics.com.br/, para ter acesso aos

conteúdos e as fanfics já cadastradas. Mas atenção, você profeddor/a, deverá

cadastra-se antes de iniciar a navegação. É interessante fazer isso antes da aula,

pois há a necessidade de confirmação do email. Tal procedimento é normal em

sites que apresentam conteúdos diversos e diversificados. O site selecionado é um

dos mais usados pelos “fanfiqueiros” brasileiros,por ser escrita em português, mas

existe um grande número de Fanfics com conteúdos em inglês, espanhol e francês.

Após esse procedimento, poderão explorar as possibilidades de leituras e

descobrir as muitas manifestações de fãs nas diversas formas artísticas e literárias.

Na página inicial, no canto esquerdo você encontrará um link sobre ter fanfics já

produzidas, click na categoria livro e terá acesso aos textos registrados.

Nessa etapa é interessante eleger um coordenador em cada grupo, que

deverá fazer o registro no site da fanfic, pois para inserir o texto final é necessário

ser cadastrado no site. Ou ainda, o/a professor/a, poderá ser o responsável para

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enviar todos os texos produzidos. Mas é muito importante fazer esse passo-a-passo

com os/as discentes para motivar e incentivar outras leituras e quiçá outras fanfics.

Professor/a, como pode observar na lista de textos cadastrados existem

algumas informações como a categorialivros, logo abaixo as seguintes solicitações –

Fanfic, tema, atualização capítulo, autor/a do texto. Depois click em um título e

explique para a turma que é necessário fazer a sinopse da obra para chamar

atenção do interlocutor. Em seguida deixe a turma explorar os textos, perceber as

modalidades de gêneros disponíveis para leitura, como é possível observar na

listagem abaixo.

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ATIVIDADE II – 4 aulas

Objetivos

- iniciar a produção textual

- conhecer melhor a ferramenta Word

Professor/a, chegamos a proposta de produção textual, essa prática

escolar é “interativa de expressão, de manifestação verbal das idéias, informações,

intenções e crenças ou do sentimento que queremos partilhar com alguém, para de

algum modo interagir com ele” (ANTUNES, 2003, p. 45), por isso é necesário

retomar alguns pontos já apresentados, como a escolha do personagem pelo grupo.

Nesse momento é interessante pedir para os grupos socializarem a

seleção dos personagens e explicarem para a turma os motivos dessas escolhas.

Também poderão voltar ao site do jogo e navegar no link - história em quadrinhos

para reviver um pouco da trajetória de cada personagem.

Após essa interação, iniciar o exercício da escrita na ferramenta Word.

Embora muitos alunos pensam conhecer muito sobre o computador, ainda não

sabem manusear as ferramentas textuais disponíveis nessa máquina. É importante

esse contato, pois o programa Word apontará a necessidade de ajustes ortográfica e

de acentuação quando necessário.

Dê liberdade ao grupo, deixe-os discutir sobre como reescreverão a

história do personagem selecionado. Faça mediações pontuais acerca das

adequações na escrita e no contexto histórico, pois mesmo sendo uma escrita

colaborativa, deverá ajustar-se a linguagem formal, pois ficará exposta na internet e

ao acesso de milhares de pessoas, pois no texto colaborativo “a visão interacionista

da escrita que supõe a parceria, o encontro, o envolvimento dos sujeitos para que

aconteça a comunhão das ideias” (PARANÁ, 2012, p. 45)

Da leitura para a atividade de produção escrita é necessária uma

interação entre a decodificação de sinais gráficos, a construção de significados para

além da superfície do texto, observando-se as funções sociais da leitura e da escrita.

Produzir um texto é uma atividade complexa, que pressupõe uma atenção não

apenas às exigências e aos propósitos requerido pelo seu contexto sócio-histórico e

cultural, mas, também, exige que o sujeito seja capaz de realizar diversas ações e

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projeções de natureza textual, discursiva e cognitiva, antes e no decorrer da

elaboração textual (MARCUSCHI, B., 2010).

Por isso é necessário o acompanhamento e direcionamento do/a

professor/a no sentido de contribuir para a organização das ideias e elaboração do

texto na linguagem formal, pois o grupo não está habituado a desenvolver essa

prática social da esccrita na escola. Para alguns alunos/as habituados a escrever

nas redes sociais, o cuidado com a norma padrão inexiste porque na concepção

do/a adolescente a rede social é um entretenimento, uma diversão que, nas maioria

das vezes não combina com uma linguagem muito “adequada”.

ATIVIDADE III – 1 aula

Objetivos

- trabalhar conceitos de norma padrão

- diferenciar o internetês usados nas redes sociais

Professor/a, apresenta uma condição de produção da escrita, com a

possibilidade de rever e recompor o texto sem que as marcas dessa revisão

apareçam no texto final é um exercício bastante significativo para o grupo de

alunos/as acostumados/as a correção apenas do/a professor/a. Marcuschi (2008),

ressalta que os textos situam-se em domínios discursivos que produzem contextos e

situações para as práticas sociodiscursivas, das esferas da vida social ou

institucional na qual se dão práticas que organizam formas de comunicação e

respectivas estratégias de compreensão (MARCUSCHI, L. A., 2008).

Produzir um texto é uma atividade bastante complexa e pressupõe

conhecimentos diversos, além de projeções de natureza textual, discursiva,

cognitiva, ou seja, é necessário oportunizar atividades com gêneros textuais distintos

para desenvolver habilidades da escrita no processo interlocutivo em sua

interrelação com as práticas pedagógicas.

Corroborando a premissa de que o trabalho com gênero textual deve ser

diversificado, as Diretrizes Curriculares do Paraná afirmam:

O aperfeiçoamento da escrita se faz a partir da produção de diferentes gêneros, por meio das experiências sociais, tanto singular quanto coletiva vividas. O que sugere, sobretudo, é a noção de uma escrita como

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formadora de subjetividades, podendo ter um papel de resistência aos valores prescritos socialmente. A possibilidade de criação no exercício desta prática, permite ao educando ampliar o próprio conceito de gênero discursivo. (PARANÁ, 2008, p. 56).

Professor/a, é importante destacar que a prática da escrita no âmbito

escolar e outros espaços formais deve obedecer critérios e normas linguísticas

sistematizados e diferenciados da linguagem usada nas redes sociais como

Facebook, onde uma grande parte dos participantes da comunidade não se

preocupa em fazer uso consciente da linguagem.

Nesse momento pode solicitar para algum aluno/a abrir sua página no

face e terá exemplo real das diferenças de linguagem nesse espaço virtual. É um

exercício bastante proveitoso, pois mostrará na prática o que não se pode fazer com

a lingua brasileira, que é um patrimônio nacional.

UNIDADE IV– 1 aula

Objetivos

- apresentar mais informações sobre a escrita colaborativa

Professor/a, a proposta de incentivar a escrita colaborativa a partir da

leitura da obra o Cortiço é uma forma de exercitar a multimodalidade de leituras e

escritas apresentadas pelo jogo e porque permite ao/a discente o exercício de

apropriação do discurso. Das novas tecnologias da comunicação e informação

emergem, conforme Marcuschi (2005), novos gêneros textuais, os quais

incorporam uma gama de semioses, o que sem dúvida interfere na natureza e

escolha dos recursos linguísticos. A cultura digital modifica o ritmo

comunicacional, altera as relações de tempo e espaço, providencia novas

linguagens e inaugura hábitos de leitura e escrita.

O texto colaborativo em espaço virtual como prática escolar é algo

muito novo, os/as educandos/as estão acostumados/as com a escrita nas redes

sociais e não percebem que essa prática social da linguagem é uma forma de

aprofundamento do processo ensino e aprendizagem, porém ao conhecer a

escrita colaborativa em uma prática pedagógica poderão perceber que sua

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participação no mundo digital requer competências e habilidades escolarizadas,

pois na escrita colaborativa

[...] a remixagem de diferentes textos, a circulação em rede desses enunciados, com uma nova função autor é apontada e atrelada à noção do nascimento do leitor como sujeito engajado, com mais possibilidades de leituras, debates e produções que podem promover seu protagonismo (AZZARI e CUSTODIO, 2013, p.84).

É perceptível como a comunicação mediada pelas Tecnologias da

Informação e Comunicação - TICs exercem papéis diversificados em um

momento ou outro e mesmo simultaneamente durante as interações

estabelecidas entre os seus participantes. O texto transformou-se em hipertexto,

adquirindo o caráter de mobilidade, não-linearidade, transitoriedade,

instantaneidade, conexão e contínua construção. Esses conceitos ainda são

pouco esclarecedores para os/as educandos/as por isso a necessidade de

extensiva explanação para a melhor compreensão dos conceitos sobre as

práticas sociais de leitura e escrita diante da realidade digital.

Um excelente exemplo de construção textual coletiva é a plataforma

Wiki, conhecida dos/as alunos/as como fonte de pesquisa. É um ambiente onde é

possível realizar trocas e comentários de textos, caracterizando a escrita

colaborativa, já que essa é uma das funcionalidades da wiki. A wiki pode ser

utilizada como repositório e registro de atividades, mas também como um espaço

para a articulação de diferentes usuários na produção de um mesmo objeto (texto,

pesquisa, artigo), (NOTARI apud Schmitt, 2006).

Professor/a destaca-se a importância de explicar a turma que na Wiki

os participantes relacionam-se virtualmente a partir de um objetivo comum,

estando sujeitos a interações as quais exigem o confronto de diferentes pontos de

vista e a constante negociação. A autoria, na wiki, é coletiva, ou seja, os

participantes podem alterar as postagens uns dos outros, por isso é considerada

uma fonte com pouca credibilidade científica em suas informações. Justificando a

necessidade de pesquisas em outras fontes, outros sites.

Essa aula é destinada a exploração da escrita no espaço virtual, por

isso é necessário acessar site http://fanfics.com.br clicar no link Dicas e começar

a explorar os caminhos da escrita colaborativa, como mostram os quadros abaixo.

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UNIDADE V– 1 aula

Objetivos

- explicar um pouco mais sobre a sinopse

Professor/a, a proposta de escrita a partir da releitura de um personagem

da obra O Cortiço em um gênero da esfera narrativa como o romance, em uma

Fanfic,requer alguns cuidados, como por exemplo a elaboração de uma sinopse.

Veja na figura abaixo:

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O estudo dos gêneros discursivos é uma prática reflexiva para o ensino e

aprendizagem da língua materna, a proposta desta unidade didática – a escrita

colaborativa, funda-se com a produção textual de uma sinopse, que é comumente

entendida como um resumo. Há uma linha tênue entre esses dois gêneros – resumo

e sinopse, por isso é importante uma pequena explanação sobre os textos.

O resumo pode ser uma apresentação abreviada de um texto, conteúdo de

livro, peça teatral, argumento de filme etc; constitui, então, um gênero em que se

reduz um texto, apresentando seu conteúdo de forma concisa e coerente, mantendo

o mesmo tipo textual do texto principal. A sinopse tem a mesma caracterização ou

função enunciativa, pois se trata de uma apresentação breve e concisa de um texto

para dar ao leitor um apanhado geral do texto integral, é colocada entre este e o

titulo (COSTA, 2008).

Destaca-se que na escrita da sinopse, as informações são normalmente

do próprio autor do texto, o que os grupos farão, a partir das novas histórias feitas

para os personagens. Como o exercício da escrita requer uma organização e

elaboração das ideias, as atividades dessa aula será prática social da escrita com o

gênero sinopse, que também será de forma coletiva, pelos grupos.

Para início da atividade, chamar atenção dos/as alunos/as para as

seguintes informações: título do texto, por exemplo Dona Pombinha de volta ao

Cortiço; deve ter um parágrafo; o grupo pode indicar a característica da personagem

como forma de chamar atenção do futuro leitor, é a porta de entrada do texto. Se o

grupo desejar poderá inserir uma imagem que pode ser feita pelos próprios autores.

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A atividade deverá ser escrita na ferramenta Word e após revisão do/a professor/a

ser inserida na plataforma da fanfic.

UNIDADE V – 1 aula

Objetivos

- revisar a versão final da Fanfic

- inserir o texto na plataforma

Caro/a Professor/a, chegamos à última etapa dessa unidade didática, as

vinte aulas dedicadas a formação e aprendizagem dos/as alunos/as e a sua

participação efetiva no processo ensino e aprendizagem é o combustível necessário

para a inovação na prática pedagógica, principalmente em temas que estão muito

pertinentes na sociedade como as tecnologias.

Agora é o momento de finalizar as produções e inseri-las no espaço

virtual. Após reflexões sobre formas e métodos de escrita colaborativa a partir dos

recursos tecnológicos disponíveis e, que podem ser usados como espaço de

interlocução nas práticas escolares foi importante para conhecermos novas formas

de interagir com as práticas digitais. Descobrimos as ferramentas possíveis no uso

da construção do conhecimento em rede a partir do compartilhamento da escrita, e a

usufruir dos atributos da cultura digital e as habilidades da geração que nasceu

imersa no contexto das tecnologias da informação e comunicação.

Após a correção, o passo seguinte é o depósito do texto na plataforma

http://fanfics.com.br, de acordo com as orientações abaixo.

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Lembre-se que sugeri no decorrer do texto que o/a coordenador do grupo

também poderia se cadastrar, caso tenha em sua turma algum grupo cadastrado é

interessante acompanhar esse processo. Observe o quadro abaixo:

Propusemos a concepção de meios de autoria coletiva que privilegiem a

expressão do aluno, favoreçam o acompanhamento de seus modos de pensar e

possibilite a nós, professores/as, a realização de intervenções sobre a escrita,

promovendo-a de um mecanismo de avaliação para um meio de interação social.

Aprendemos juntos/as que o texto transformou-se em hipertexto,

adquirindo o caráter de mobilidade, não-linearidade, transitoriedade,

instantaneidade, conexão e contínua construção. Os novos gêneros textuais, os

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quais incorporam uma gama de semioses, o que sem dúvida interfere na natureza e

escolha dos recursos linguísticos nos mostrou que a cultura digital modifica o ritmo

comunicacional, altera as relações de tempo e espaço, providencia novas

linguagens e inaugura hábitos de leitura e escrita na sociedade e na escola.

A interação – tecnologia, escola pode sim, oferecer subsídios à mudança

das práticas linguísticas escolares convencionais com vistas à apropriação de uma

nova tecnologia da escrita e da leitura, por isso as práticas escolares precisam

mudar o olhar que tem para o mundo e renovar o processo de interação com os/as

discentes.

De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, o

ensino de literatura e de outras artes, visa, sobretudo, ao cumprimento do inciso III

da Lei de Diretrizes e Base (BRASIL, 1996): “o aprimoramento do educando como

pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia

intelectual e do pensamento crítico”. Ainda, o documento ressalta que,

prioritariamente, o ensino de literatura deve formar o leitor literário, “melhor ainda, de

‘letrar’ o aluno, fazendo-o apropriar-se daquilo a que tem direito” (BRASIL, 2006).

Espera-se que as sugestões dessa Unidade Didática Expandida, possam

ampliar as práticas pedagógicas do trabalho docente para o letramento literário,

redimensionar as ações em sala de aula com a literatura clássica brasileira nos

projetos de leitura e, principalmente, despertar, desvelar e informar aos educandos

que não é o direito à educação formal que os tornará mais humanos, mas que, por

serem humanos, têm o direito à educação.

Muito obrigada!

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REFERÊNCIAS

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CANDIDO, Antônio. Literatura e a vida social. In: ______. Literatura e Sociedade. 7. ed. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1985. p. 27-50. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2012. COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de Gêneros Textuais. Autentica Editora, 2008.

MARCUSCHI, Beth. Escrevendo na escola para a vida. In: RANGEL, Egon de Oliveira; ROJO, Roxane Helena Rodrigues (Coords.). Língua Portuguesa: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 65-84. (Coleção Explorando o Ensino; v.19).

MARCUSCHI, Luiz A.; XAVIER, Antonio C. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

PARANÁ. Secretaria do Estado de Educação. Diretrizes Curriculares do Paraná. Curitiba: SEED, 2008. SANTAELLA. Lúcia. Games e comunidades virtuais. 2004. Disponível em: <http://www.canalcontemporaneo.art.br/tecnopoliticas/archives/000334.html>. Acesso em: 23 mar. 2007. ______. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004. SCHMITT, Marcelo A. R. Dificuldades apresentadas pelo modelo wiki para a implementação de um ambiente colaborativo de aprendizagem. Disponível em: http://www.cinted.ufrgs.br . Acesso em: 08.jun. 2015. XAVIER. Antônio Carlos. Letramento digital: impactos das tecnologias na aprendizagem da Geração Y. Calidoscópio. Vol. 9, n. 1, p. 3-14, jan/abr 2011. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/748/149