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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
AS GEOTECNOLOGIAS COMO RECURSO DIDÁTICO- PEDAGÓGICO DA
GEOGRAFIA: ESTUDO DE CASO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS (EJA)
Autora: Osnélia Ribeiro de Souza1
Orientador: Elaine de Cacia de Lima Frick 2
Resumo
O presente artigo traz inicialmente abordagens, sobre a importância das Geotecnologias ou tecnologias espaciais e da Alfabetização Cartográfica na disciplina de Geografia. A partir da análise e interpretação das imagens adquiridas com os recursos das geotecnologias, pôde-se trabalhar o conceito de espaço geográfico, de paisagem, lugar, região, território e possibilitar ao aluno construir conceitos de mapas, legenda, projeções cartográficas, coordenadas geográficas e convenções cartográficas, conceitos básicos da cartografia. A intervenção pedagógica foi desenvolvida através de atividades contextualizadas, indicando a possibilidade de uso dos produtos das geotecnologias no processo educacional, como as imagens de satélites, mapas locais e atividades desenvolvidas no Laboratório de Informática. Este projeto de intervenção pedagógica teve como meta a Alfabetização Cartográfica do público da modalidade de ensino EJA (Educação de Jovens e Adultos) do Colégio Estadual Conselheiro Carrão - Ensino Fundamental, de modo que por meio da metodologia empregada possibilitou ao aluno compreender os conceitos básicos da cartografia e relaciona-los com os conteúdos da geografia e com seu espaço local.
Palavras-chave:EJA; Geografia; Alfabetização Cartográfica; Geotecnologias
1. Pós-graduação: Mídias Integradas na Educação; UFPR.
2. Professora Mestre; Departamento de Geografia; UFPR.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo relatar o desenvolvimento e os resultados
da implementação do Projeto de Intervenção elaborado para o Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE/2013), política pública da Secretaria de
Estado da Educação do Paraná. O projeto: As geotecnologias como recurso
didático-pedagógico da Geografia: Estudo de caso na Educação de Jovens e
Adultos (EJA) foi desenvolvido para apontar sugestões de como trabalhar os
conceitos básicos da cartografia, utilizando como recurso as geotecnologias na
disciplina de geografia.
A aprendizagem torna-se mais eficaz quando parte-se do concreto, do
visual, portanto utilizar imagens de satélites (por exemplo) da sua própria
região auxilia na aprendizagem, o professor atua como mediador do
conhecimento. Através das atividades desenvolvidas, o educando da EJA pode
agregar conhecimentos partindo desta imagem local, alisando as mudanças
ocorridas, construindo os seus conceitos.
A primeira parte do texto realizada através de pesquisa bibliográfica
descreve a importância da cartografia no ensino da geografia, considerando
que o objeto de estudo da Geografia, é o espaço geográfico, entendido como
espaço produzido e apropriado pela sociedade. Por esta definição de espaço
geográfico percebe-se a importância da disciplina de Geografia e da
Cartografia, elas permitem ter domínio espacial e fazer a síntese dos
fenômenos que ocorrem num determinado espaço. Neste sentido justifica-se a
“Alfabetização Cartográfica” problemática levantada no projeto e a escolha
pelas Geotecnologias ou tecnologias espaciais por ser um conjunto de técnicas
que tem como função coletar informações com referência geográfica e permitir
a análise espacial. A partir da análise e interpretação das imagens adquiridas
com os recursos das geotecnologias, pode-se trabalhar o conceito de espaço
geográfico e conceito básicos da cartografia.
Para finalizar são apresentados os itens 4- Resultados e Discussões e 5-
Considerações finais e Sugestões, nos quais são relatados os resultados das
atividades realizadas com os alunos da modalidade EJA Ensino Fundamental
do Colégio Estadual Conselheiro Carrão, período noturno.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
O objeto de estudo da Geografia é o espaço geográfico, entendido como
espaço produzido e apropriado pela sociedade, partindo deste conceito o
ensino da geografia têm buscando explicações mais plurais, uma Geografia
que não seja apenas centrada na descrição das paisagens, tampouco pautada
exclusivamente pela explicação política e econômica do mundo; que trabalhe
tanto as relações socioculturais da paisagem como os elementos físicos e
biológicos que dela fazem parte, investigando as múltiplas interações entre eles
na constituição dos lugares e da paisagem (DCE/SEED/PR, 2008).
Na modalidade EJA os conteúdos estruturantes são os mesmos do
ensino regular, nos níveis Fundamental e Médio, porém, com encaminhamento
metodológico diferenciado. Por meio desta definição de espaço geográfico e
dos conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares da Educação Básica e
das Diretrizes Curriculares da EJA, percebe-se a importância da disciplina de
Geografia e do conteúdo de Cartografia, elas permitem ter domínio espacial e
fazer a síntese dos fenômenos que ocorrem num determinado espaço.
Portanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o
professor organizar seu trabalho. A Cartografia constitui-se uma opção
metodológica, podendo ser utilizada em todos os conteúdos da Geografia, no
currículo escolar a cartografia enquanto conteúdo é trabalhado no 6º ano (5ª
série) e no 1º ano do Ensino Médio, mas deve ser abordada em todas as
séries. De acordo com a Associação Cartográfica Internacional (ACI/1966) a
Cartografia compreende “o conjunto de estudos e operações científicas,
artísticas e técnicas, que permite a partir dos resultados de observação direta
ou de exploração documental, a elaboração de cartas, plantas e mapas, [...]”
(1ACI, apud JOLY 1990, p.8).
Tendo como referencia essa definição de Cartografia, pode-se afirmar
que a cartografia representa um recurso fundamental para o ensino da
geografia, pois possibilita à representação dos diferentes recortes do espaço,
local, regional ou global, em diferentes escalas o que cria oportunidade para o
1 ACI Associação Cartográfica Internacional, Comissão para a Formação de Cartógrafos; Reunião na
UNESCO, Paris, abril de 1966.
aluno entender como está inserido no espaço, através das imagens de satélites
do espaço local, obtidas através do Google Earth, o aluno saberá distinguir os
mais diferentes espaços, desde que consiga ler e interpretar as imagens.
Imagens de satélites correspondem a um dos produtos do
Sensoriamento remoto, definido segundo Florenzano (2011, p.9)
“Sensoriamento remoto é a tecnologia que permite obter imagens, e outros
tipos de dados, da superfície terrestre, por meio da captação e do registro da
energia refletida ou emitida pela superfície”.
Com o avanço das novas tecnologias Geotecnologias entendida como
novas tecnologias ligadas às geociências e correlatas, as informações para
compreender o espaço geográfico como este é construído, organizado, e
modificado tornou-se mais acessível, sobrepondo-se ao simples uso dos
mapas (FITZ, 2010). As imagens de sensores remotos, como fonte de dados
da superfície terrestre, são cada vez mais utilizadas para a elaboração de
diferentes tipos de mapas, entretanto os mapas contêm informação, as
imagens obtidas de sensores remotos contêm dados, que se tornam
informações somente depois de interpretados, para interpretar as imagens são
necessários conhecimentos básicos da cartografia (FLORENZANO, 2011).
Tereza Gallotti Florenzano indica caminhos para interpretar as imagens
de satélites:
[...] Como ocorre quando aprendemos a utilizar mapas, a interpretação ou o uso de imagens requer inicialmente a definição dos seguintes conceitos básicos: visão vertical, visão oblíqua, imagens em 3D e estereoscopia, escala e legenda (FLORENZANO, 2011, p. 42).
A partir da análise e interpretação de imagens de sensores remotos, os
conceitos espaço geográfico, paisagem, lugar, localização, interação homem e
meio, local, regional e global (dinâmica) podem ser articulados.
Assim, desenvolver atividades, em sala de aula, com fotografias
horizontais, fotografias aéreas e imagens de satélite, mapas e cartas,
proporciona ao educando um melhor entendimento dos conceitos propostos,
possibilitando a alfabetização cartográfica por meio da localização/análise e
correlação de informações nos diversos produtos da geotecnologia.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A implementação do projeto ocorreu no Colégio Estadual Conselheiro
Carrão, situado na Rua Doutor Simão Kossobudiski nº 151 no bairro Uberaba
em Curitiba. O Colégio (Figura 1) localiza-se próximo do Rio Belém, fato que
acarreta problemas com inundações quando ocorrem chuvas intensas, não
somente para a escola, mas para toda a população da área.
Figura 1 – Localização do Colégio Estadual Conselheiro Carrão Fonte: Google Earth (2012)
3.2 MATERIAIS
3.2 MATERIAIS
Para desenvolver as etapas do projeto foram utilizados diversos
materiais. Para as aulas expositivas textos impressos, mapas impressos do
Figura 1 – Localização do Colégio Estadual Conselheiro Carrão Fonte: Google Earth (2012)
IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) e Atlas do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Teve Multimídia para
apresentação de imagens e vídeos. Nas aulas no Laboratório de Informática a
internet como fonte de pesquisa e localização de espaços pelo Google Maps.
Para a construção dos mosaicos do recorte espacial dos anos 2004/2012
imagens impressas do Google Earth e os materiais de expediente necessários.
3.3 METODOLOGIA IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA
O objetivo principal deste Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola
aborda a importância da Alfabetização Cartográfica na disciplina de Geografia
e como utilizar as Geotecnologias ou tecnologias espaciais como recursos
didáticos. A intervenção pedagógica foi desenvolvida através de atividades
contextualizadas, indicando o uso dos produtos das geotecnologias no
processo educacional, como as imagens de satélites, mapas locais e atividades
desenvolvidas no Laboratório de Informática, todas as atividades foram
relacionadas aos conteúdos da disciplina, com a meta de possibilitar aos
alunos compreender o seu espaço local, interpreta-lo e relaciona-lo a outros
espaços, articular o conteúdo da disciplina ao seu espaço cotidiano.
Atividade 1- Reconhecendo seu espaço de vivência – Avaliação Inicial.
Teve por objetivo diagnosticar o conhecimento dos alunos sobre o seu espaço
de vivência. Esta atividade iniciou-se com uma conversa informal e realização
de uma entrevista serviu como ponto de partida para discutir com os alunos o
seu espaço de vivência, o intuito era saber o quanto cada aluno conhece sobre
seu bairro. A realização do “Mapa Mental” do percurso casa/trabalho/escola ou
casa/escola teve como intenção avaliar como cada aluno vê seu espaço de
vivência, seu conceito de mapa.
Na modalidade EJA, depara-se com alunos de diversas faixas etárias e
com conhecimentos variados. Muitos alunos são moradores antigos do bairro e
sofrem com problemas recorrentes de inundações neste espaço, o tema foi
abordado no começo do ano e no dia 09/06/2014, onde muitos alunos tiveram
suas casas inundadas em consequência das chuvas e pelo fato de morar
próximo do rio Belém.
Atividade 2- Construindo a planta baixa da sala de aula. Teve por
objetivo compreender o conceito de escala. A atividade foi desenvolvida em
três etapas intercalando aula expositiva, com conteúdos da disciplina e
conceitos básicos da cartografia, atividades com mapas e a construção da
planta baixa. A intenção principal desta atividade foi levar o aluno a ter a real
noção de razão e proporção. Visto que muitos alunos apresentavam
dificuldades em absorver a ideia de que todos os centímetros representados no
papel, pelo mapa, correspondem os quantos quilômetros na realidade, além de
possibilitar a compreensão de legenda, orientação e localização.
Portanto inicialmente, na primeira etapa desta atividade foram
trabalhados com os alunos os conceitos de escala, tipos de escala, legenda e
unidade de medidas.
Na segunda etapa foram realizadas atividades com mapas de diferentes
escalas, como por exemplo, o mapa do arruamento do bairro, região
metropolitana de Curitiba e administrações regionais disponível no site do
IPPUC e mapas do Atlas do IBGE os quais se se encontrara disponível na
Biblioteca da escola.
A terceira etapa da Atividade 2- Foi de construir a Planta baixa da sala
de aula por meio da atividade os alunos perceberam como representar uma
área de dimensões diversas, grandes ou pequenas, em um espaço limitado
como uma folha de papel A4, retomando a questão escala.
Atividade 3- O que é sensoriamento remoto? Sendo trabalhado com os
alunos o termo remoto, que significa distante, sem o contato físico entre o
sensor e o objeto na superfície terrestre. Foi importante repassar aos alunos
informações sobre sensoriamento remoto e como são confeccionados os
mapas atuais. Nesta etapa foram feitas adaptações das atividades sugeridas
na Unidade Didática, pois mesmo com carga horária concentrada o tempo não
foi suficiente não foi viável responder aos exercícios propostos na Unidade
Didática. Portanto realizou-se debate após apresentação dos vídeos interativo
do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) e História da Cartografia no
Laboratório de Informática.
Atividade 4- Aprendendo a visão vertical dos espaços. Tema abordado
através de aula expositiva e apresentação de slides, com o objetivo de
incentivar a percepção da visão vertical, visão horizontal e visão oblíqua que
fazem parte da Alfabetização Cartográfica.
Após trabalhar os conceitos de visão dos espaços, foram retomados
alguns conceitos como relevo, como este se apresenta na paisagem e o que é
curvas de nível, planaltos, planícies, depressão e curso de água conceitos
fundamentais para compreender o relevo de uma paisagem, utilizando
maquete do Paraná e Atlas do IBGE.
Atividade 5 e 6 – Construindo Mosaico. Antes de iniciar a atividade
prática construir um mosaico, foi explicado aos alunos, por meio de aula
expositiva e texto complementar o que é um mosaico e que tipos de mosaico
existem. Foi esclarecido o objetivo da atividade, retomando os conteúdos
apresentados facilitando a compreensão e apreensão dos mesmos por meio da
análise das imagens de satélites do espaço local.
A escolha do recorte espacial analisado foi fundamental para a
construção do mosaico, permitiu aos alunos reconhecer elementos da
paisagem local como: as principais ruas, construções comerciais, áreas
residenciais, córrego e se a área escolhida apresentou alterações significativas
no período entre 2004 a 2012. Nesta atividade o percurso estabelecido teve 2,5
km (quilômetros) foram utilizadas um total de oito imagens de satélites, quadro
de cada ano, 2004 e 2012 as quais foram capturadas no Google Earth e
impressas para a montagem dos mosaicos, partindo do Colégio Estadual
Conselheiro Carrão (ponto A) estabelecido como ponto de orientação Sul (S)
até ao estabelecimento comercial Supermercado Jacomar (ponto B)
estabelecido como ponto de orientação Norte (N).
Para realizar o trabalho a turma foi divida em equipes de modo que cada
equipe trabalhou com anos diferentes, utilizado imagens do espaço-temporal
(2004-2012) obtidas através do Google Earth.
Utilizar imagens de satélites do espaço de vivência dos alunos auxilia
na compreensão dos conteúdos como processo de urbanização das cidades
como ocorre a especulação imobiliária, as áreas de risco o porquê são assim
chamadas, a metodologia empregada permitiu aos alunos ver, analisar,
compreender e questionar os conteúdos apresentados e perceber as
alterações ocorridas no seu bairro.
Após a construção dos mosaicos os mesmos foram dispostos lado a
lado o que ocasionou um debate caloroso entre os alunos.
3.4 METODOLOGIA IMPLEMENTAÇÃO NO GRUPO DE TRABALHO EM REDE
(GTR)
O terceiro período do PDE inclui a implementação do projeto na escola e
também atividades do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) o qual possibilitou a
interação entre os professores PDE/2013 como tutores e dos professores da
Rede Pública Estadual, por meio do Ambiente Virtual da SEED. O objetivo do
GTR é socializar o Projeto de intervenção e a Unidade Didática possibilitando
assim a troca de experiências visto que o processo de implementação ocorre
simultaneamente com o GTR, no entanto não acompanha toda a
implementação do projeto na escola.
O GTR (Grupo de Trabalho em Rede) ocorreu no período de 18/03/2014
a 06/05/2014, foram inscritos dezessete professores, e o curso foi dividido em
três Temáticas distintas:
1- Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola – Nesta etapa
ocorreu à apresentação dos participantes professores da Rede Estadual de
Ensino e professor/PDE/tutor, o qual através de mensagem convidou a todos a
participar do curso e socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola,
tendo como meta debater sobre os autores que fundamentaram o Projeto como
também seus objetivos, o uso das geotecnologias como recurso didático-
pedagógico para a disciplina de geografia na modalidade EJA, o papel das
geotecnologias para a alfabetização cartográfica e a importância da
alfabetização cartográfica para a análise espacial.
2- Produção Didático-Pedagógica - Apresentação da Unidade
Didática para os cursistas, objetivo debater a relevância do projeto para a
escola e no processo ensino aprendizagem, sua viabilidade, aplicação e a
metodologia da produção proposta. O grupo participou das atividades relatando
que muitos já fazem uso de algumas das metodologias propostas como a
construção do Mapa Mental e pesquisa no Google Maps.
3- Implementação do Projeto – Nesta etapa foi relatado a
implementação do projeto, as ações até aquele momento realizadas com os
alunos em classe, pois o projeto estava em andamento não concluído.
Os participantes comentaram sobre as atividades realizadas, muitos
declararam que já utilizaram algumas das atividades outros afirmaram que
pretendem utiliza-las, também ocorreu sugestões de encaminhamentos
metodológicos, como indicação de sites oficiais para pesquisa os quais
contribuíram para o aprimoramento das atividades.
Todas as temáticas desenvolvidas durante o GTR no ambiente virtual
contaram com as ferramentas necessárias para o seu desenvolvimento como
Fóruns e Diários, e com feedbacks do professor tutor/PDE.
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1- RESULTADOS E DISCUSSÕES NA ESCOLA
A intervenção pedagógica foi desenvolvida através de atividades
contextualizadas, indicando a utilização dos produtos das geotecnologias no
processo educacional, como as imagens de satélites, mapas locais e atividades
desenvolvidas no Laboratório de Informática, para compreender o seu espaço
local, interpreta-lo e relaciona-lo a outros espaços, possibilitando articular o
conteúdo da disciplina ao espaço cotidiano dos alunos.
A primeira atividade 1- Reconhecendo o espaço de vivencia- foi
realizada com os alunos em fevereiro de 2014, no item 05 da entrevista –
Descreva os maiores problemas do seu bairro. O que você individualmente
pode fazer para amenizar estes problemas? Alguns colocaram em sua
resposta como maior problema a questão da enchente e o lixo nas ruas e no
rio. Realizar esta atividade foi muito produtiva, onde a discussão com os alunos
sobre os maiores problemas do bairro girou em torno dos temas inundações, a
questão do lixo, violência e a questão das drogas em determinados locais do
bairro. Por meio das respostas dos alunos foi possível traçar um perfil da
turma, perceber a maturidade de cada aluno como suas dificuldades. A
atividade 1- (Figura 2) exemplo de mapa mental realizado pelo aluno, no qual
consta legenda identificando pontos importantes do seu espaço de vivência.
Atividade 2- Construindo a planta baixa da sala de aula, foram realizadas
pelos alunos de modo que reafirmassem os conteúdos apresentados. Neste
sentido a atividade foi desenvolvida em três etapas, na medida em que eram
trabalhados os conteúdos. Na primeira etapa foram trabalhos os conteúdos
alunos os conceitos de escala, tipos de escala, legenda e unidade de medidas.
Na segunda etapa foram abordados os temas, divisão regional do
território brasileiro, formação das áreas metropolitanas nas regiões, o processo
de urbanização, temas trabalhados em conjunto com mapas locais como mapa
do arruamento do bairro, divisão administrativa de Curitiba e mapas de Curitiba
e região além de mapas do Atlas do IBGE.
A atividade (Figura 3) oportunizou a compreensão do conceito de escala,
como despertou o interesse dos alunos sobre mapas, considerando que muitos
não tinham conhecimento dos mapas de arruamento do bairro, o qual foi
apresentado aos alunos em forma de banner, o que chamou muito sua
atenção, cada aluno pode localizar sua rua neste mapa como também
compreender a questão da orientação. Os mapas da região metropolitana de
Curitiba e Administrações Regionais oportunizou trabalhar outros conteúdos da
Geografia, como conceitos de limites, região metropolitana, conurbação e
urbanização, conteúdos pertinentes ao módulo da turma de EJA Ensino
Fundamental.
Figura 2 – Mapa mental de aluno
Fonte: a autora (2014)
Os mapas provocaram vários questionamentos dos alunos. “Mas Doutor
Ulysses e Itaperuçu fazem parte da Região Metropolitana de Curitiba” “Pensei
que apenas os municípios próximos como São José dos Pinhais, Colombo e
Pinhas faziam parte da Região Metropolitana de Curitiba”. Foi importante
observar e anotar os comentários dos alunos, além dos exercícios propostos,
pois muitos alunos realizam atividades apenas com o objetivo da avaliação,
com comentários espontâneos foi possível observar o quanto o aluno
compreendeu o conteúdo e como este conteúdo está persente em seu espaço
de vivência.
Na terceira etapa da atividade (Figura 4), foram retomados os conteúdos
de orientação e lateralidade, visto que após construir a Planta baixa da sala de
aula cada equipe respondeu a questões que contempla o tema e desenhou a
Rosa dos Ventos, a atividade atingiu seus objetivos, possibilitando maior
entrosamento entre os alunos.
Figura 3 – Alunos fazendo atividades com mapas do IPUC. Fonte: a autora (2014)
As atividades 3- O que sensoriamento remoto? O tema foi abordado por
meio de vídeos e apresentação de slides na TV multimídia.
Um dos pontos principais destas atividades foi o debate ocorrido após
apresentação dos vídeos no Laboratório de Informática, que possibilitou
esclarecimentos, sobre a utilidade dos satélites artificiais, principalmente
referente às comunicações, nestas aulas também os alunos localizaram suas
casas por meio do Google Maps, refazendo o percurso casa/trabalho/escola ou
casa/escola o que facilitou a compreensão das informações do vídeo
apresentados.
4- Aprendendo a visão vertical dos espaços. Após explicar os tipos de
visão e com o objetivo de incentivar a percepção da visão vertical, foi
apresentado aos alunos imagens por meio do Power Point. Imagens de satélite
obtidas no Google Earth, (Figura 5) do espaço local e pontos conhecidos da
cidade, apresentadas por meio da TV Multimídia, esta estratégia levou o aluno
a pensar sobre a importância dos conceitos de visão vertical, visão oblíqua que
fazem parte da Alfabetização Cartográfica, conceitos necessários para a
interpretação de imagens e mapas, para saber “ler uma imagem” ou “ler um
mapa”.
Figura 4 – Planta baixa da sala feita pelos alunos equipe A e B. Fonte: a autora (2014)
Outro ponto que despertou o interesse dos alunos foi a maquete do
Estado do Paraná (Figura 6), onde cada um pode observar características do
relevo e hidrografia do Estado. As atividades possibilitou aos alunos
compreender o revelo do Estado do Paraná como também a dinâmica deste
espaço geográfico.
Terminal do Carmo. Jardim Botânico
Praça Rui Barbosa. Colégio Estadual Conselheiro Carrão.
Figura 5 – Imagens do Google Earth utilizadas em sala. Fonte: a autora (2014)
Para finalizar foram realizadas as atividade 5 e 6 Construindo Mosaico,
com o objetivo de verificar a compreensão dos alunos sobre os temas
abordados foi construído mosaicos da região próxima a escola, com recorte
espacial entre 2004/2012. Durante a realização da atividade em grupo pelos
alunos, fez-se necessário à intervenção do professor, orientando as equipes na
montagem das imagens, para reconhecer nas imagens os espaços do seu
bairro como ruas, pontos comerciais, áreas de residências, na análise das
imagens e para construir a legenda.
A estratégia levou os alunos a pensar sobre a importância dos conceitos
de escala, legenda, visão vertical, visão oblíqua que fazem parte da
Alfabetização Cartográfica, para a interpretação de imagens e mapas, estes
conceitos são necessários para saber “ler uma imagem” ou “ler um mapa”,
portanto fundamental para a compreensão do espaço geográfico, visto que o
espaço sempre esta em transformação não somente pela ação humana, mas
também pela natureza.
Enquanto as equipes realizavam a atividade (Figura 7) surgiam as
comparações e questionamentos, os quais foram respondidos e anotados.
[...] “Este Posto de combustível existe ainda, mas está fechado.” “Aqui na imagem aparece um terreno vazio, mas já esta em construção um prédio de apartamentos” “E verdade, mas o córrego passa atrás o que pode ocasionar problemas de inundações no futuro.”“ O preço do apartamento e bem alto para sua localização” “Professora estas imagens são de
Figura 6 – Maquete do Estado do Paraná. Fonte: a autora (2014)
quando? Nesta não tem o Mercado Jacomar” [...]. Comentários e perguntas dos alunos.
Como produto final do projeto foi realizado uma exposição dos trabalhos
em forma de painel (Figura 8) contendo explicações de todas as etapas e
atividades para a construção e analise do mosaico por eles construído.
A construção do painel junto com os alunos foi o desfecho conclusivo
das atividades, pois durante sua realização os alunos perceberam e
visualizaram os conteúdos apresentados e o quanto estes estavam
relacionados com o seu espaço de vivência. Por meio da construção do painel
Mosaico imagens (2012) Mosaico imagens (2004)
Figura 7 – Alunos construindo o mosaico em sala. Fonte: a autora (2014)
constatou-se que o Projeto de Intervenção atingiu seu objetivo, Alfabetização
Cartográfica na disciplina de geografia utilizando as novas geotecnologias.
A integração entre as tecnologias espaciais e a informática possibilitou
realizar um trabalho em diferentes escalas, indo da visão de um continente, de
um Estado, de uma região ou de um lugar, utilizando imagens do Google Earth
puderam observar um determinado lugar e fazer uma análise e interpretação
deste espaço, verificando as mudanças ocorridas neste.
4.2- RESULTADOS E DISCUSSÕES DO GTR
Durante a implementação realizou-se também o GTR (Grupo de
Trabalho em Rede), inscreveram-se dezessete participantes e quatorze
concluíram o curso.
Na Temática 1 do GTR onde foi discutido o Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola, nas atividades fórum e diário as discussões entre os
Figura 8 – Exposição das atividades realizadas pelos alunos. Fonte: a autora (2014)
professores girou em torno do tema a utilização de imagens no ensino da
geografia, o quanto estas podem auxiliar no processo ensino aprendizagem
dos conteúdos da disciplina não somente para a modalidade EJA, mas para o
ensino fundamental e médio. Conforme postado em uma atividade por um
cursista.
“Na atualidade a modalidade Eja na sua maioria vem recebendo alunos jovens e adolescentes que estão mais familiarizados com as novas tecnologias, e com certeza as geotecnologias como recursos didáticos pedagógicos da geografia na Educação de Jovens e Adultos, irá fazer com que desperte o seu interesse dos alunos pelas aulas, facilitando o aprendizado sobre a leitura dos mapas e a compreensão dos mesmos ao analisar o espaço geográfico”. Professor do GTR.
O tema abordado na Temática 2 a Produção Didático Pedagógica, sua
viabilidade de aplicação no espaço escolar. Uma das atividades desta etapa
questionava os professores sobre a relevância da proposta e se utilizariam em
suas aulas as atividades propostas na Unidade Didática, à colaboração do
professor participante na tarefa diário veio a reafirmar o proposito do projeto.
[...] Qualquer que seja a modalidade de ensino quando a apresentação do conteúdo é feita da forma o mais concreta possível o ganho em compreensão e participação ativa do educando supera qualquer outra forma de metodologia. Na presente produção didático-pedagógica isso fica claro, o aluno expande seus saberes pessoais acerca de sua área de atuação para espaços outros, além de trabalhar de forma dinâmica com os mais importantes conceitos cartográficos. O aluno passa a ser o agente de sua própria aprendizagem subsidiado pelas orientações de seu professor [..]Professor do GTR .
O relato das atividades aplicadas na escola ocorreu na Temática 3
Implementação do Projeto. Neste momento foi apresentado aos cursistas os
resultados parciais da Implementação do Projeto de Intervenção na escola,
visto que o projeto estava em andamento, tendo sido aplicado integralmente as
atividades 1, 2 a atividade 3 estava em desenvolvimento etapa na qual foi
necessários fazer modificações pois mesmo com carga horária concentrada o
tempo não foi suficiente.
A participação dos cursistas foi muito importante para o
desenvolvimento das atividades na escola, visto que a colaboração dos
colegas auxiliou para a realização de algumas atividades que no período do
GTR ainda não haviam sido realizadas.
As atividades propostas possibilitou uma troca de experiências e
informações entre todos o que tornou os debates ricos e proveitosos para todos
os participantes, visto que nos fóruns a troca entre os professores ocorreu de
forma tranquila e cordial, o que possibilitou a todos os catorze concluintes um
crescimento profissional.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objeto de estudo da Geografia o “espaço geográfico”, está em
constante mudança e nada melhor do que trazer para a sala materiais que,
sendo colocados em sequência, representem essas mudanças ficando muito
mais ressaltado, assim o aluno pode analisar o que de fato acontece nesses
espaços e quais são as principais consequências disso para o ambiente físico
e social em que o educando transita.
As atividades foram organizadas com o objetivo de esclarecer aos
alunos, conceitos básicos da cartografia e também deixar claro o que significa
imagem de satélite. “A imagem de satélite é um registro da superfície terrestre
vista do espaço por meio de sensores que captam o reflexo da luz em
diferentes ondas” procurando aliar a teoria a atividades práticas.
O estudo da realidade do aluno é de fundamental importância, já que o
mesmo pôde relacionar os termos técnicos aprendidos em sala de aula com
termos que façam parte do seu dia a dia. Pôde relacioná-los aos aspectos da
dinâmica populacional, econômica e socioambiental local e global. Esse
conhecimento fica ainda mais rico quando utiliza-se mapas e as imagens de
satélite que possam complementar esse resgate histórico para que o estudo
fique de forma muito mais significativa, pois, muitos nunca haviam estudado e
analisado imagens reais do seu contexto.
Foram enfrentadas dificuldades para desenvolver o Projeto, internet
lenta, queda da rede, mas aos poucos cada dificuldade foi sendo superada.
Propor trabalhar em duplas no Laboratório de Informática e utilizar o projeto
multimídia no Laboratório de Informática auxiliou muito para resolver os
problemas de rede, embora o ideal fosse cada aluno realizar as atividades em
computadores individualmente.
Os resultados obtidos com a execução do projeto demonstraram
que este atingiu o seu objetivo, os alunos comprenderam as noções basicas da
cartografia como aprenderam conteúdos da disciplina com mais facilidade.
Importante relatar que contei com o apoio da Equipe Pedagógica e da Direção
da escola para desenvolver as atividades na reprodução de textos e impressão
de imagens e mapas, saliento que a carga horária concentrada da EJA
favoreceu o desenvolvimento das atividades.
REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de
Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.156p. Diretrizes Curriculares da educação de Jovens e Adultos. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_eja.pdf. Acesso em: 04/04/2013. FLORENZANO, T. Gallotti. Iniciação em Sensoriamento Remoto. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. FITZ, R. Paulo. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de
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