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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · O momento leva novos desafios para a educação (ORLICK, ... importância do cooperativismo enquanto participação

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

JOGOS COOPERATIVOS: UMA FERRAMENTA COMO MEIO PARA

MINIMIZAR A VIOLÊNCIA E A INDISCIPLINA NA ESCOLA

Leocir Hartwig1

Ms. Bruno Sergio Portela2

RESUMO

No contexto atual a Educação Física se encaixa como uma disciplina de extrema relevância no que se refere a práticas pedagógicas capazes de minimizar as atitudes de violência e indisciplina dos alunos em sala de aula. Assim sendo, este estudo sobre: Jogos cooperativos, violência e indisciplina se justificam pelo fato de buscar e analisar por meio da prática pedagógica dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física minimizar a violência e a indisciplina, desenvolvendo assim uma cultura de paz na escola, sabendo que os jogos cooperativos apresentam uma nova tendência no que se refere ao trabalhar com as diferenças encontradas no ambiente escolar. Muitas vezes os alunos são encaminhados à Equipe Pedagógica, onde os professores acabam exigindo que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes. Neste sentido questiona-se: De que maneira a Educação Física pode ajudar para minimizar as atitudes indisciplinares e violentas em sala de aula? E para responder ao problema tem-se como objetivo geral analisar por meio da prática pedagógica dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física se é possível minimizar a violência e a indisciplina dos educandos nestas aulas, desenvolvendo assim, uma cultura de paz na escola. Palavras-chave: Jogos cooperativos, violência e indisciplina

INTRODUÇÃO:

No momento atual há várias discussões sobre a importância de práticas

educacionais que desenvolvam e estimulem valores, como solidariedade, respeito

mútuo e cooperação. Portanto, essas discussões vêm crescendo e ganhando

maiores proporções à medida que se evidencia o caráter competitivo e individualista

da sociedade atual. O momento leva novos desafios para a educação (ORLICK,

1989).

1 Professor do Estado do Paraná – Aluno do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional PDE –

UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste – Guarapuava – PR. Professor pós – graduado em Educação Física.

2 Professor Orientador- Mestre em Educação Física e professor titular da UNICENTRO –

Universidade Estadual do Centro-Oeste de Guarapuava.

Conforme Darido (2001), os jogos cooperativos apresentam-se, na área da

Educação Física, como uma nova tendência e como uma proposta diferente das

atuais, já que valorizam a cooperação ao invés da competição. Os profissionais da

área vêm se mostrando preocupados com o uso dos jogos em suas aulas, visto que

a Educação Física é influenciada historicamente pela competição, através dos

esportes de rendimento. Assim, a proposta dos jogos cooperativos “vem se

revelando como a mais nova e mais adequada tendência ou concepção da

Educação Física Escolar na busca por projetos educacionais não competitivos”

(CORREIA, 2006, p. 150).

Neste sentido, percebe-se a contradição do próprio sistema em que estamos

inseridos e a escola encontra-se como um espaço para repensar sua estrutura, seus

fins e seus modos de ser e agir. E é neste contexto que a Educação Física se

encaixa como uma disciplina de extrema relevância no que se refere a práticas

pedagógicas capazes de minimizar as atitudes de violência e indisciplina dos alunos

em sala de aula.

Assim sendo, este estudo se justifica pelo fato de buscar analisar por meio

da prática pedagógica dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física

minimizar a violência e a indisciplina, desenvolvendo assim uma cultura de paz e

harmonia na escola, sabendo que os jogos cooperativos apresentam uma nova

tendência no que se refere ao trabalhar com as diferenças encontradas no ambiente

escolar.

Para Orlick (1989), ainda, que os jogos cooperativos permitem desenvolver

uma nova lógica quanto à utilização destes para o desenvolvimento psicológico e

social dos sujeitos, já que não apresentam o objetivo de diferenciar os ganhadores

dos perdedores:

Se fizermos com que cada criança se sinta aceita e dermos a cada uma um

papel significativo a desempenhar no ambiente de atividade, estaremos

bem adiantados em nosso caminho para a solução da maioria dos sérios

problemas psicossociais que atualmente permeiam os jogos e os esportes.

Essa é uma das razões por que é tão importante criar jogos e ambientes de

aprendizado onde ninguém se sinta um perdedor (p. 104).

E assim, desenvolver a interação e a cooperação a fim de que se estabeleça

um viver harmônico, que seja capaz de estender-se a todos os segmentos sociais,

como a escola, família, trabalho, comunidade.

No contexto atual a indisciplina tornou-se um problema ao trabalho

pedagógico e os professores ficam vulneráveis, com as atitudes dos alunos em sala

de aula. Os quais representam um transtorno ao andamento da prática pedagógica

chegando muitas vezes retirar alunos da sala de aula. Muitas vezes os alunos são

encaminhados à Equipe Pedagógica, onde os professores acabam exigindo que

sejam aplicadas punições severas a esses estudantes. Então, questiona-se: O que

fazer nessa situação? De que maneira a Educação Física pode ajudar para

minimizar as atitudes indisciplinares e violentas em sala de aula?

Para responder as questões têm-se como objetivo geral levar os alunos a

apropriação do conhecimento socialmente produzido para se tornarem capazes de

ao dominar este, dar um direcionamento as suas vidas tornando-se cidadãos críticos

e conscientes inseridos na sociedade, bem como analisar por meio da prática

pedagógica dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física se é possível

minimizar a violência e a indisciplina dos educandos e desenvolver assim uma

cultura de paz e harmonia na escola. E objetivos específicos, descrever sobre os

jogos cooperativos como modalidade desportiva. Relatar sobre o histórico dos jogos

cooperativos e como estes podem ser aplicados para desenvolver uma cultura de

limites nas relações interpessoais. Descrever sobre a violência nas escolas e a

indisciplina, e como estas têm influenciado no desenvolvimento do conhecimento e

na aprendizagem dos educandos. Prover o conhecimento sobre os fatores que

geram a indisciplina e a violência na escola pesquisada, para assim propor

metodologias diferenciadas, especificamente as utilizadas nos jogos cooperativos

aplicados envolvendo toda a comunidade escolar com intuito de minimizar e

desestimular estes.

Neste sentido, observa-se que os jovens estão vivenciando um momento

onde não há limites ou respeito a regras de convivência, assim faz-se necessário

buscar por meio de alternativas diversas, algo que venha formar nesses educandos,

atitudes de passividade e cooperação com as pessoas que convivem e em especial

na sala de aula, pois a falta de limites tem levado a indisciplina e ao baixo índice de

aprendizagem.

Assim, esse estudo justifica-se pelo fato de levantar a importância de buscar

por meio dos jogos cooperativos, formar cidadãos capazes de compreender a

importância do cooperativismo enquanto participação social e política,

desenvolvendo nestes o senso crítico e o uso do diálogo como forma de mediar

conflitos e tomar decisões coletivas. No campo educacional, a disciplina de

Educação Física tem papel relevante na formação integral dos educandos.

O objeto de estudo deste artigo é analisar por meio da prática pedagógica

dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física minimizar a violência e a

indisciplina. Desenvolvendo assim, uma cultura de paz e harmonia na escola,

sabendo que os jogos cooperativos apresentam uma nova tendência no que se

refere ao trabalhar com as diferenças encontradas no ambiente escolar. E assim,

desenvolver a interação e a cooperação, a fim de que se estabeleça um viver

harmônico, que seja capaz de estender-se a todos os segmentos sociais, como a

escola, família, trabalho, comunidade, entre outros.

DESENVOLVIMENTO

DEFININDO OS JOGOS COOPERATIVOS: ORIGENS E PRESSUPOSTOS

Os Jogos Cooperativos surgiram há milhares de anos, quando membros das

comunidades tribais se uniam para celebrar a vida. Em 1950 através do trabalho de

Ted Lentz nos Estados Unidos, os jogos cooperativos começaram a se

sistematizados. Um dos maiores estudiosos do tema é sem dúvida o professor Terry

Orlick da Universidade de Ottawa no Canadá, que pesquisou a relação entre jogos e

sociedade defendendo que: “Quando participamos de um determinado jogo,

fazemos parte de uma mini-sociedade, que pode nos formar em direções variadas”

(ORLICK, 1989).

Nesse contexto o jogo cooperativo nos ajuda a ensinar e aprender a viver

uns com os outros ao invés de uns contra os outros. Quando se joga

cooperativamente, cada pessoa é responsável por contribuir com o resultado bem

sucedido do jogo e assim cada um se sente co-responsável e co-participante. O

medo da rejeição é eliminado e aumenta o desejo de se envolver, de fazer parte do

grupo. A proposta dos jogos cooperativos deve estar acompanhada de atitudes que

favoreçam o respeito, a valorização e a integração de todos (ORLICK, 1989).

O principal objetivo é jogar “com” e não “contra” os demais participantes.

Esse tal jogo cooperativo, tem como finalidade considerar o outro que joga como um

parceiro e não como um adversário, um inimigo. O aluno quando joga aprende a se

colocar no lugar do outro, dando prioridade sempre aos interesses coletivos. Estes

jogos foram feitos para unir as pessoas, transmitir confiança em si próprio e nos

demais que jogam. As pessoas participam, pois ganhar ou perder são apenas um

mero aperfeiçoamento tanto pessoal quanto coletivo. Nos jogos cooperativos há

sempre uma vontade de continuar jogando (SOLER, 2008).

Orlick (1978) lembra que é muito comum associarmos à ideia dos chamados

“selvagens primitivos” a imagem de criaturas subumanas, sedentas de sangue,

agressivas e competitivas, e que o “homem moderno” é considerado evoluído desse

tipo de criatura e geneticamente herdeiro de algumas dessas assustadoras

características.

Portanto, um conjunto amplo de evidências indica que os homens pré-

históricos, que viviam juntos, colhendo frutas e caçando, caracterizam-se pelo

mínimo de destrutividade e o máximo de cooperação e partilha de seus bens.

Um dos objetivos dos jogos cooperativos propostos, referente ao ensino

aprendizagem da prática pedagógica em questão é:

Os objetivos dos jogos cooperativos no contexto educacional e social

conforme Orlick (1989, p. 123):

Perceber se os jogos cooperativos contribuíram para a melhora de

comportamento do aluno;

Desenvolver o senso crítico e através da socialização e cooperação

minimizar conflitos e resolver coletivamente as decisões tomadas;

Formar o cidadão e fazer com que ele compreenda o exercício da cidadania

enquanto agente social e político;

Segundo Orlick (1989, p. 123) o principal objetivo dos jogos cooperativos é

“criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação prazerosa”.

É necessário que os conteúdos atitudinais e a reflexão dos valores que

regem a conduta humana no meio social se constituam em uma importante

preocupação para a organização das atividades pedagógicas, ocupando um papel

de destaque no trabalho desenvolvido pelos educadores. Assim sendo, o estudo dos

objetivos e finalidades dos jogos cooperativos, pelos professores, contribui para o

desenvolvimento de novas práticas no contexto escolar, voltadas à transformação

das relações sociais.

Neste contexto, Brotto (1999) auxilia na compreensão desses objetivos,

assegurando que os jogos cooperativos possuem o propósito de transformar as

relações sociais competitivas, despertando nas pessoas o desejo de correr riscos,

sem se importar com o fracasso ou o sucesso propriamente dito. Dessa forma, o

ganhar ou perder configuram-se apenas como referencial para o contínuo

aperfeiçoamento pessoal e coletivo.

Ainda, Brotto (1999, p. 68), enfatiza que é pela participação nesses jogos

que “tocamos uns aos outros pelo coração. Desfazemos a ilusão de sermos

separados e isolados. E percebemos o quanto é bom e importante ser a gente

mesmo e respeitar a singularidade do outro”. Fica claro que os jogos cooperativos

podem ser entendidos como uma forma de união entre os valores humanos e a

convivência dos indivíduos.

Para Orlick (1989, p. 123) percebe-se que o principal objetivo dos jogos

cooperativos é “criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação

cooperativa prazerosa”. Nos jogos cooperativos conjetura-se que o outro seja

considerado, já que os sujeitos dependem da ação do companheiro para que os

objetivos possam ser atingidos, alcançando-se resultados qualitativamente

superiores se os compararmos aos obtidos por meio dos jogos competitivos.

INDISCIPLINA E A VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Nos dias atuais, a indisciplina é uma das maiores dificuldades no trabalho

escolar. Tem como definição: bagunça, tumulto, falta de limite, maus

comportamentos e desrespeito às figuras de autoridades.

A indisciplina, a violência e a desordem são frutos da sub-educação,

principalmente desses pais ausentes, que têm contribuído muito na formação de

cidadãos displicentes.

É na família que tem como papel de primeira escola, o dever de ensinar

subsídios morais e éticos e a escola deve dar continuidade, mostrando o que é ou

não correto e formar assim o caráter do indivíduo que vai compor e viver em

sociedade (FROM, 1971).

A indisciplina representa no momento uma das principais dificuldades no

contexto escolar. É frequente ouvirmos professores se queixarem da dificuldade em

manter a ordem na sala de aula e afirmam que a maioria dos aluno de hoje tem

vontade de desrespeitar regras estabelecidas, o que prejudica o conhecimento e a

aprendizagem dos demais educandos.

A violência e a indisciplina prejudicam sem sombra de dúvidas no bom

andamento das aulas e consequentemente refletem na aprendizagem de todo o

corpo discente até aqueles que são comportados. Desvia a atenção e o foco do

aluno na hora das explicações dos professores, sem contar que os professores

perdem muito tempo tentando acalmar a turma para poder continuar e dar uma boa

aula (FROM, 1971).

From (1971), nos relata que devemos pensar e compreender que a

cooperação é uma arte que seduz, emociona e humaniza.

Ao usarmos os jogos cooperativos, estamos entendendo-o como um

processo educativo baseado na cooperação e na pacificação de conflitos, onde o

objetivo é unir as pessoas.

Acredito que nos jogos cooperativos encontraremos a magia necessária

para modificar nossa sociedade capitalista que é tão individualista e excludente e

assim tornar uma sociedade mais justa e mais fraterna.

A mudança só acontecerá se partir de nós educadores conscientizando

nossos adolescentes e nossos jovens a buscarem alternativos e outros meios e

compreensão, ritualizando a cooperação em todos os lugares e em todos os

momentos. A cooperação é a única opção para as pessoas se tornarem mais

humanas (FROM, 1971).

CONSIDERAÇÕES E RESULTADOS FINAIS

Ao apresentar o Tema, Jogos Cooperativos: Uma ferramenta como meio

para minimizar a violência e a indisciplina na escola, aos alunos do Colégio Estadual

Rui Barbosa E.F.M., do 6º ano na 1ª aula e o trabalho a ser realizado, as reações

foram as mais diversas, tanto para aceitação, como de negação, sendo de certo

constrangimento para alguns, por se tratar de Jogos Cooperativos, supostamente

menos divertidos do que os jogos competitivos do qual eles estavam acostumados.

Com a leitura do texto Jogos Cooperativos, como jogar sem ter um vencedor? E

ainda nesta aula, houve a atividade: abraço musical o que surpreendeu foi o fato de

os alunos participaram e demonstraram alegria de terem cumprido essa atividade

conforme era o objetivo, ou seja, adquirir hábitos saudáveis de relações

interpessoais.

Durante a 2ª aula, fomos à prática com a atividade, Ache seu amigo, onde

após explicar como deveriam realizá-la, os educandos participaram e gostaram,

sendo que o proposto para essa atividade que era desenvolver atitudes de respeito

entre os colegas, foi alcançado,pois a participação e mesmo prevaleceu ao realizar a

tarefa.

Na atividade: Queimada do Rei a qual foi desenvolvida na 3ª aula com o

intuito de levá-los a entenderem que o importante é cooperar e que juntos somos

mais fortes, ficou claro a compreensão e pelas atitudes demonstradas onde

cooperam com prazer na realização da atividade fazendo valer o nome Cooperação.

Em congruência com o que já vinha ocorrendo nas práticas pedagógicas

realizadas até o momento, observou-se na 4ª e 5ª aula nas atividades propostas;

Basquetebol Cooperativo e Bastões equilibristas, a importância para a valorização

de cada um, onde o individualismo cedeu lugar para o coletivo para a alegria de

todos.

O reconhecimento da importância dos jogos cooperativos na 6ª e 7ª aula foi

de extrema relevância, onde os alunos buscaram interagir com os colegas, sendo o

mesmo que aconteceu durante a 8ª e 9ª aula nas atividades dos jogos cooperativos,

Queimada maluca e Pegue-bol, onde os alunos conforme Brotto (1999) entenderam

o quanto é bom e importante ser a gente mesmo e respeitar a singularidade do

outro, deixando claro que os jogos cooperativos devem ser entendidos como uma

forma de união entre os valores humanos e a convivência dos indivíduos e que essa

prática traz sentimentos de bem estar e de paz entre os seres.

A partir da 10ª e 11ª aula, principalmente com as atividades ajudando seus

amigos, Bambolê mágico, basquete cooperativos e cestas cooperativas, serviu para

estimular a cooperação e reforçar o trabalho em equipe ficando explícito a

importância destes conforme From (1971), que nos relata devemos pensar e

compreender que a cooperação é uma arte que seduz, emociona e humaniza as

pessoas e ao usarmos os jogos cooperativos, estamos entendendo-o como um

processo educativo baseado na cooperação e na pacificação de conflitos, onde o

objetivo é unir as pessoas a qual é uma das nossas maiores dificuldades em nossas

práticas pedagógicas nas escolas e esse tipo de atividade tem demonstrado uma

melhora significante.

Continuando a aplicação da Unidade Didática ao aplicar a 12ª aula, a

atividade Guardião do Rei, percebe-se que os alunos já não têm reações adversas

aos jogos cooperativos, aceitando essa atividade com empolgação e sentimento de

envolvimento e cooperação com seus colegas. Constatou-se sem sombra de dúvida,

essa foi à melhor de todas, onde eles surpreenderam e sentiu-se nos alunos que

eram os mais agressivos e individualistas da turma, que haviam mudado suas

posturas, demonstrando sentimento de coleguismo, pacificidade e entrega, ou seja,

faziam de tudo para impedir que os demais queimassem o Rei o que significa que o

individualismo havia dado lugar ao cooperativismo. Observou-se também, que os

alunos participantes do GTR relataram que essa atividade é uma prática muito

importante para o desenvolvimento do sentimento de coleguismo e cooperação nas

aulas de Educação Física, sendo a mais aceita pelos alunos e que produz melhores

resultados.

Ao trabalhar as atividades: Cabeça Dragão, Cabo da Paz, nas13ª e 14ª aula,

e Caiu na rede é amigo e Cabeça Pega Rabo, os alunos compreenderam que

durante as aulas de Educação Física foi utilizada várias atividades cooperativas

levando-os a perceberam a diferença entre cooperativo e competitivo, ou seja, nos

jogos cooperativos ninguém fica de fora e ninguém é excluído e em consonância

com Darido (2001), os jogos cooperativos apresentam-se, na área da Educação

Física, como uma nova tendência e como uma proposta diferente das atuais, já que

valorizam a cooperação ao invés da competição.

Na 15ª e 16ª aula: nas atividades, Chapéu mágico, Confraternização dos

bichos, Circuito da bagunça e Corda amigas, percebeu-se que depois de tantas

aulas eles já estavam bem familiarizados e participaram com naturalidade,

comprovando o que diz Orlick (1989), ainda, que os jogos cooperativos permitem

desenvolver uma nova lógica quanto à utilização destes para o desenvolvimento

psicológico e social dos sujeitos, já que não apresentam o objetivo de diferenciar os

ganhadores dos perdedores e que se fizermos com que cada criança se sinta aceita

e dando a cada uma um papel significativo a desempenhar no ambiente de

atividade, estamos adiantados no caminho para a solução da maioria dos problemas

psicossociais que atualmente permeiam os jogos e os esportes ai a grande

importância de criar jogos e ambientes de aprendizado onde ninguém se sinta um

perdedor, mas incluso de todas as atividades desenvolvidas em sala de aula.

A 17ª aula nas atividades Corta arame e Galinha cega, houve muita

cooperação por parte dos alunos, onde eles tentaram ao máximo, dificultar o

pegador para evitar que ele pegasse o fugitivo. Também houve na atividade galinha

cega onde eles vivenciaram a atividade sem utilizar a visão, usando a percepção

tátil.

Como era de se esperar na 18ª e 19º aula, foi repetida a atividade, Guardião

do rei e guias. Como eles já tinham vivenciado e gostaram essa atividade ficou mais

interessante e contagiante, proporcionando a todos uma sensação de satisfação.

Na 20ª aula, jogo das Cadeiras cooperativas, para alguns, um estímulo

extra, porque eles nunca saiam da brincadeira, ou seja, eles permaneciam até o final

e consequentemente eles socializaram-se naturalmente. Assim, durante a 21ª aula,

Lápis na garrafa e Nunca só, nessas atividades houve uma entrega por parte de

todos, por isso ela foi um sucesso e a sociabilidade permaneceu até o término das

mesmas.

A 22ª aula, Nunca três, nessa atividade houve uma pequena mudança, as

duplas ou os pares ficaram de mãos dadas, a brincadeira ficou mais cooperativa e

interessante, por ser de mãos dadas, o fugitivo para se salvar tinha que pegar na

mão de um dos colegas que estavam em duplas e assim proporcionando a dinâmica

mais prazerosa e perceberam que sem cooperar não realizariam o que foi proposto.

Na 23ª e 24ª aula, Passeio do bambolê, Quente ou frio, Salada de frutas e

Tapete de braços, eles participaram com naturalidade e com segurança enfatizando

a importância do trabalho em grupo e aprimorar a capacidade de liderança

demonstrando que já tinham outra postura diante das situações que se apresentam

no dia a dia.

Durante a 25ª e 26ª aula foram realizadas as atividades, Volençol e Anjo da

guarda, as mesmas serviram para os alunos aprimorar a relação interpessoal,

reforçando o trabalho em equipe e fazer com que os alunos reflitam sobre a

necessidade de se colocar no lugar do outro e assim, mudar de postura diante das

coisas.

Na 27ª e 28ª aula, As iniciais e Bola no ar, serviu para reforçar a ideia de

que somos um grupo e estimular a criatividade e cooperação e descontrair o grupo.

Enquanto, na 29ª e 30ª a 31ª aula, Bola quente, Cadeiras musicais, Cadeira amiga e

Vaqueiro laçador, nestas atividades, eles vivenciaram a integração ao meio social e

a importância dos valores e aprimorar o trabalho em grupo.

Nesta 32ª aula, foi feito um feedback abordando todas as aulas, onde os

alunos comentaram sobre as atividades aplicadas dentro da Unidade Didática, tendo

como tema, Jogos Cooperativos: Uma ferramenta como meio para minimizar a

violência e a indisciplina na escola, pode constatar que estes concordaram que

houve uma grande mudança em suas posturas, comportamento e visão diante das

diferentes situações das relações sociais de convívio, bem como, no

comportamento, quanto no relacionamento entre eles na sala, escola e na sociedade

onde estão inseridos, o que foi percebido por todos os membros da comunidade

escolar, onde a violência em suas relações já não mais se observa no contexto

escolar, ficando claro a mudança e o crescimento nas atitudes comportamentais, de

postura e melhora na convivência entre todos.

O tema proposto foi desenvolvido com sucesso, sendo o objetivo principal

alcançado, ou seja, prevaleceu a cooperação e consequentemente diminuiu a

violência e proporcionou um novo olhar nos educandos servindo para fortalecer a

autoestima e estimulando nas atividades de cooperação e de relacionamento entre

colegas, professores e demais membros da comunidade escolar.

Após a realização desse estudo pode-se constatar que é possível encontrar

nos jogos cooperativos a magia necessária para modificar nossa sociedade

capitalista que é tão individualista e excludente, assim tornar nossa sociedade mais

justa e mais fraterna, portanto essa mudança só acontecerá quando essa partir de

nós educadores conscientizando nossos alunos a buscarem alternativas e outros

meios de compreensão, onde a cooperação é a única opção para as pessoas se

tornarem mais humana, fraternas, pacíficas e cooperativas.

Este estudo comprova que por meio dos jogos cooperativos é possível

formar cidadãos capazes de compreender a importância do cooperativismo

enquanto participação social e política, desenvolvendo nestes o senso crítico e o uso

do diálogo como forma de mediar conflitos e tomar decisões coletivas

desenvolvendo assim, uma cultura de paz e harmonia na escola.

No campo educacional tem papel relevante na formação integral dos

educandos, levando-os a desenvolver a interação e a cooperação, a fim de que se

estabeleça um viver harmônico, que seja capaz de estender-se a todos os

segmentos sociais, como a escola, família, trabalho, comunidade, entre outros.

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Edição 1 II de Agosto/Setembro de 2002 da Revista Jogos Cooperativos, p. 19 (Da

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creação a partir do Jogo Cooperativo de Tabuleiro Juntos (Together) de Jim

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