17
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · primeira é iniciada em 1915, pela publicação da revista Orpheu. O lançamento O lançamento da revista Presença, em 1927, dá

Embed Size (px)

Citation preview

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A SEMANA DE ARTE MODERNA EM NOVA PERSPECTIVA Brigida Rodrigues Lopes Sturm1

Fausto José da Fonseca Zamboni2

RESUMO

Este trabalho relata os resultados do processo da implementação do projeto “A Semana de Arte Moderna em Nova Perspectiva”, aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio, do Colégio Estadual Bom Jesus – EFM, do município de Bom Jesus do Sul – PR, Núcleo Regional de Francisco Beltrão – PR. Vinculado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná. Tem como objetivo, proporcionar aos educandos alternativas de conhecer e vivenciar aspectos literários, históricos, artísticos e culturais da Semana de Arte Moderna, construir instrumentos e discussões pedagógicas que visam mudar/transformar o conceito preestabelecido. A Semana de Arte Moderna é um grande desafio a ser estudado em sala de aula, verificar sua origem e seu legado para a posterioridade. Todavia, a identidade brasileira atual não seria a mesma sem a Semana de 22. Este artigo buscou trabalhar essa temática de forma diferenciada, fazendo com que os alunos interagissem com os objetos de estudo através de textos, músicas, vídeos e imagens de esculturas e da arquitetura. A Produção Didático-Pedagógica construída no formato de uma unidade didática consiste em oferecer um material de consulta e referência ao Movimento Modernismo aos professores de Língua Portuguesa e Literatura. Os resultados da aplicação da proposta com alunos mostraram-se bastante positivos, compreenderam o assunto com maior facilidade, sendo que a utilização de recursos de multimídia tornaram o trabalho mais eficaz. PALAVRAS-CHAVE: Modernismo, Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade

INTRODUÇÃO

Este estudo surgiu a partir da prática pedagógica da grande maioria dos

professores de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino do Estado do

Paraná que, ao iniciar o trabalho com a literatura, se deparam com a grande

dificuldade de relacioná-la com os demais acontecimentos históricos da

sociedade. Por meio do Projeto “A Semana de Arte Moderna em Nova

1 Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Educação. Participante do Programa

de Desenvolvimento Educacional. PDE-2013. Col. Est. Bom Jesus – EFM, Bom Jesus do Sul – PR, Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão – PR. 2 Doutor em Literatura, Professor de Língua e Literatura Italiana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Perspectiva”, apresentado ao PDE – Programa de Desenvolvimento

Educacional, buscou-se proporcionar aos educandos alternativas de conhecer

e vivenciar aspectos literários, históricos, artísticos e culturais da Semana de

Arte Moderna, construir instrumentos e discussões pedagógicas que visam

mudar/transformar o conceito preestabelecido.

O início de uma literatura efetivamente brasileira é de difícil

identificação, pois o conceito de “começo” nela é muito relativo. Até porque as

literaturas que antecedem a brasileira, como a portuguesa e a francesa, foram

se constituindo concomitantemente com a formação dos respectivos idiomas.

Além da língua, vieram com os portugueses as leis, costumes e valores de sua

sociedade, marcados pela forte influência do cristianismo.

Portanto, neste estudo procurou-se discutir sobre Literatura – em linhas

gerais a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, seguida do movimento

literário modernismo.

Oliveira (1993) diz que o caráter da literatura não é somente resultado

do fato dela ocorrer num determinado contexto histórico; o passado artístico e

literário representa “recordações da humanidade”. Se nas mãos do historiador

esse passado não se tornar contemporâneo, a história da literatura e da arte

pode morrer. A história literária só nos interessa se permanecer viva, sendo a

única forma de fazer o passado ser lembrado. Por esse motivo que em todas

as épocas cada geração sente a necessidade de reescrever a história.

O modernismo adquire visibiliade a partir da Semana de Arte Moderna,

um evento crucial para a ampliação do movimento. Porém, o movimento não

trouxe a clareza de seus objetivos, mas o que sem dúvida ocorreu foi uma

transformação na história do Brasil, em muitos aspectos, desde a literatura até

a economia.

Este trabalho destinou-se aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio,

do Colégio Estadual Bom Jesus – Ensino Fundamental e Médio, do município

de Bom Jesus do Sul – PR, Núcleo Regional de Francisco Beltrão – PR.

O referencial teórico utilizado está embasado em obras Carpeaux,

Amaral, Bosi, Cândido, Coutinho, Oliveira, DCEs e sites para propor as

atividades. A Produção Didático-pedagógica é uma Unidade Didática, a qual foi

dividida em onze etapas, enriquecidas com trechos musicais, pinturas,

esculturas e arquitetura, para ambientar os alunos no contexto artístico do

Modernismo.

LITERATURA: DA SEMANA DE ARTE MODERNA AO MODERNISMO

De acordo com Fabris (1994 p. 16), o processo de modernização iniciou

no Brasil no final do século XIX. Apesar de modernidade e vanguarda não

serem sinônimos, a vanguarda, entretanto, não pode ser pensada fora do

quadro de uma sociedade política e economicamente moderna.

Para Carpeaux (1959, p. 155):

A literatura não existe no ar, e sim no Tempo, no Tempo histórico, que obedece ao seu próprio ritmo dialético. A literatura não deixará de refletir esse ritmo – refletir, mas não acompanhar. Cumpre fazer essa distinção algo sutil para evitar aquele erro de transformar a literatura em mero documento das situações e transições sociais. A repercussão imediata dos acontecimentos políticos na literatura não vai muito além da superfície, e quanto aos efeitos da situação social dos escritores sobre a sua atividade literária será preciso distinguir nitidamente entre as classes da sociedade e as correspondentes “classes literárias”. A relação entre literatura e sociedade – eis o terceiro problema – não é mera dependência: é uma relação complicada, de dependência recíproca e interdependência dos fatores espirituais (ideológicos e estilísticos) e dos fatores materiais (estrutura social e econômica).

Foi preciso negar a cultura europeia que impressionava os burgueses,

em 1924. É inquestionável a influência francesa na formação do intelectual

brasileiro. Os modelos de conduta social, a moda e o comportamento moderno

vieram predominantemente da França. A própria fundação da Academia

Brasileira de Letras foi moldada conforme a Academia Francesa. Os

modernistas ao negar a Europa estavam negando o gosto e o ambiente

burguês dos quais faziam parte (SILVA, 2006).

A Semana de Arte Moderna foi realizada no Teatro Municipal de São

Paulo, nos dias 13,15 e 17 de fevereiro de 1922, sendo a primeira

manifestação de impacto geral do modernismo brasileiro. A Semana foi o

estopim de um processo, que havia sido iniciado antes dela, se consolidando

apenas posteriormente, através dos manifestos, revistas e obras que lhe deram

seguimento (HELENA, 2000, p. 45).

Para oficialização da Semana de 22, a agregação de Graça Aranha,

recém-chegado de Paris, foi fundamental. Projetaram, desde o início, um

evento grandioso, um presente para o Brasil, pois seria o ano do Centenário da

Independência. Graça Aranha surgiu como um nome de respeito pela sua

dupla autoridade de diplomata e de membro da Academia Brasileira de Letras.

O fato de ser um membro da Academia facilitou a realização da Semana no

Teatro Municipal. A Semana de 22 foi bancada pela burguesia cafeeira, devido

à confiança assegurada pelo nome de Graça Aranha (SILVA, 2006).

Nas décadas de 50 e 60, as obras modernistas começaram a ser

avaliadas. Wilson Martins escreve uma das obras mais polêmicas. Os próprios

idealizadores tiveram a noção de que ainda seria necessário maior

distanciamento para reconhecer os limites do movimento, a única certeza que

era possível ter é que havia sido um divisor entre a estética do século XIX e a

do século XX (SILVA, 2006). Ainda para Silva (2006):

A bipolaridade estava expressa nos binômios afeto-sarcasmo e inovação-convencionalismo. A crítica literária do período, interessada em sistematizar o movimento e as obras dos autores modernistas, encarava as bipolaridades como um defeito, sintoma de uma obra desorganizada e de um escritor que ficou na promessa. Para Wilson Martins, estas ambivalências demonstravam um homem e um artista contraditórios.

O próprio Mario de Andrade afirmou que o modernismo significou a

reverificação e mesmo a remodelação da Inteligência nacional. Ou seja, para o

autor, o modernismo significou a transformação da Inteligência nacional,

trazendo-a para uma situação mais contemporânea, mais de acordo com o que

se passa no restante do mundo e com uma visão crítica dela mesma. No

entanto, transformar a Inteligência nacional, por assim dizer, não significava e

não significou absolutamente superá-la ou negá-la (FABRIS, 1994, p. 62).

O Modernismo foi uma fase de contribuição para a formação de uma

consciência crítica brasileira. A história cultural de um povo é melhor realizada

através do livre e de um aberto diálogo de tendências que estão em conflito,

sendo necessário prosseguir na busca de aprofundar este percurso e essa

crítica (HELENA, 2000, p. 82).

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

A Produção Didático-Pedagógica –atividade integrante do Projeto de

Intervenção Pedagógica na Escola –consiste em uma Unidade Didática que

propõe a oferecer um material de consulta e referência ao Movimento

Modernismo aos professores de Língua Portuguesa e Literatura.

O estudo realizado surgiu a partir da prática pedagógica em sala de

aula, ao iniciar o trabalho com a literatura, pois os alunos se deparam com a

grande dificuldade de relacioná-la com os demais acontecimentos históricos da

sociedade.

Ao longo desta produção, buscou-se de diferentes maneiras,

proporcionar aos educandos alternativas para conhecer um pouco mais sobre o

movimento Modernista e vivenciar aspectos artísticos, históricos, literários, e

culturais da Semana de Arte Moderna, construir instrumentos e discussões

pedagógicas que visam transformar o conceito preestabelecido.

Para melhor entendimento, esta Unidade Didática foi dividida em onze

etapas que trazem a fundamentação teórica, sugestões de atividades, vídeos e

sites para aprofundamento do tema. Como as etapas são independentes, elas

podem ser trabalhadas individualmente.

IMPLEMENTAÇÃO

A implementação do projeto foi realizada no primeiro semestre do ano

de 2014 no Colégio Estadual Bom Jesus – EFM. A turma mostrou-se

interessada em estudar o assunto, uma vez que faz parte dos conteúdos

programáticos deste período letivo.

O material de apoio pedagógico utilizado neste trabalho foi enriquecido

com trechos musicais e sites que mencionam pinturas, esculturas e obras

arquitetônicas; que visa ambientar os alunos no contexto artístico da época do

Modernismo.

A Unidade Didática foi organizada em 11 (onze) etapas, assim

trabalhadas:

Primeira etapa, apresentação aos professores: o projeto foi apresentado

aos profissionais da educação e à comunidade escolar do Colégio Estadual

Bom Jesus – EFM, durante as atividades da semana pedagógica de fevereiro

de 2014. O mesmo destacou a importância de trabalhar com o Modernismo na

construção da identidade literária brasileira.

Todas estas informações foram elaboradas em uma síntese do projeto, e

apresentado em formato de slide no Datashow. Após a explanação do trabalho,

foi aberto espaço para debate, em que os profissionais tiveram a oportunidade

de expor suas opiniões e/ou sugestões e contribuições para aprimorar o

trabalho desenvolvido com os alunos.

Segunda etapa, introdução do modernismo em sala de aula:

apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica aos alunos. Para trabalhar

com esta Unidade Didática, inicialmente apresentamos o Projeto de

Intervenção Pedagógica aos alunos, por meio de slides, priorizando que o

Modernismo foi um movimento literário que tinha como finalidade construir a

identidade brasileira. Posteriormente explicou-se que o objetivo desse trabalho

é a elaboração de instrumentos, materiais e discussões que visam trabalhar

com o Movimento Literário Modernismo, proporcionando um olhar sob novo

enfoque, tomando como ponto de partida o contexto artístico do Modernismo.

Para melhor compreensão do Modernismo foi explicado para os alunos

que é preciso conhecer os movimentos que o antecederam, diferenciar as

características, obras e autores de cada um.

Terceira etapa, o Modernismo em Portugal: foi apresentado dois textos,

contendo informações sobre: o que foi este Movimento Literário, a época em

que ocorreu, as fases e os autores. O primeiro texto se remete ao Modernismo

num contexto geral, faz a divisão deste período em três diferentes gerações. A

primeira é iniciada em 1915, pela publicação da revista Orpheu. O lançamento

da revista Presença, em 1927, dá início à segunda geração. A terceira, a

geração neorrealista, começa a surgir a partir de 1940 (MARIA, 2010).

O segundo texto apresenta uma síntese sobre as grandes revelações

literárias desse período, Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) e Fernando

Pessoa (1888 – 1935) (EDITORA ABRIL, 2010).

Quarta etapa, a obra de Salvador Dali: iniciamos com o estudo de

Salvador Dalí (1904 – 1989), pois é um dos mais importantes artistas plásticos

(pintor e escultor) surrealistas da Espanha. O surrealismo foi melhor

expressado através da pintura, onde os artistas plásticos colocavam suas

emoções para representar o mundo concreto. A obra apresentada é

“Construção mole com feijões cozidos” de Salvador Dali, como também os

dados sobre a constituição da mesma, os detalhes e a sensação do autor

frente sua criação.

Em comparação com esta obra, utilizamos “Impressão: O Sol Nascente”

de Claude Monet (1840 – 1926), uma obra que marcou o início do

impressionismo, a qual pode ser visualizada e compreendida. É importante que

os alunos conheçam as características de cada um dos movimentos

apresentados; para tanto, trabalhamos com as características da pintura

impressionista que procuram refletir a luz do Sol variando com sua intensidade;

as figuras não devem ter contornos nítidos, a luminosidade, o colorido e os

contrastes demarcando a luz e a sombra devem estar presentes. Sobre Claude

Monet é possível destacar que além de pintor é um pesquisador que se

dedicou em estudar sobre a luz e seus efeitos. Além desta, podemos observar

as dez pinturas escolhidas para falar sobre a sua biografia (BASTOS [s. d]).

Quinta etapa, o Modernismo no Brasil: primeiramente os alunos foram

convidados a realizar um breve questionário oral com a intenção de verificar se

os mesmos trazem conhecimento prévio sobre o Modernismo ou a Semana de

22, seguindo o seguinte roteiro:

Você já ouviu falar da Semana de Arte Moderna?

Em que época aconteceu?

O que se esperava e qual a importância da Semana de Arte Moderna

para o Modernismo?

Qual a relação que os modernistas tinham para com os artistas que os

precederam?

Quais os aspectos fundamentais da arte modernista?

Qual a relação entre identidade nacional e arte modernista?

Se você tem conhecimento deste fato, faça um breve comentário.

Por meio do questionamento foi possível constatar que os alunos

possuíam pouco conhecimento sobre o assunto. As respostas foram vagas e

sem muita informação.

Após essa atividade, foi proposto aos educandos para assistir ao vídeo

“Modernismo - Semana de Arte Moderna”. Neste vídeo são citados dados

sobre o período Modernista, bem como informações da Semana de Arte

Moderna, os alunos falaram e anotaram sobre os principais tópicos que

caracterizam esse período.

Ao término da atividade, foi proposto aos educandos para assistir o

vídeo “História da Arte 15 – Modernismo Brasileiro”, com duração de 6 minutos,

o qual faz referência ao Modernismo e seus principais representantes;

procurou-se apresentar o recurso visual para uma melhor memorização e

compreensão do assunto abordado.

Os alunos foram convidados a acessar o texto “O Modernismo no

Brasil”3. Esse texto faz referência ao Modernismo como um movimento artístico

que propunha uma renovação na linguagem e nos formatos, marcando a

ruptura definitiva com a arte tradicional, faz apontamentos sobre a Semana de

Arte Moderna, a primeira fase do Modernismo, e o lançamento de quatro

movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a

Anta.

Junto às obras, nascia o desejo de explicá-las e justificá-las. Os

modernistas fundavam revistas e lançavam manifestos que iam delimitando os

subgrupos, inicialmente apenas estéticos e posteriormente portadores de

matrizes ideológicos mais ou menos precisos, conforme afirma BOSI (1974).

Disponibilizaremos, também, o link4 contendo informações mais

específicas sobre os artistas que participaram da Semana de 22. Os alunos

realizaram leitura conjunta dos textos, posteriormente fizeram uma reflexão e

sanaram algumas dúvidas.

Sexta etapa, a música Romântica de Piotr Tchaikovisk e a música

Modernista de Igor Stravinsk, Alberto Nepomuceno e Heitor Villa Lobos:

sabendo que a música é a manifestação cultural e artística de um povo e usada

3 Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/o-modernismo-no-brasil.htm . 4 Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=359

para expressar os sentimentos de uma determinada época ou região, dessa

maneira iniciamos a aula, apresentando Piotr Tchaikovisk (1840 – 1893),

compositor do século XIX com toda a sua vitalidade popular. Sua obra de

inspiração ocidental contém elementos exóticos. Após compreendermos a

importância do referido compositor para a música romântica, apresentamos a

música “O Lago dos Cisnes” de Piotr Tchaikovisk para que os alunos possam

visualizar e sentir os efeitos que a melodia romântica nos proporciona.

(ALTMAN, 2012)

Foram apresentadas as características da música romântica, contendo

informações que nos revelam as profundas transformações que a Revolução

Francesa causou, abalando o campo das artes, da cultura e da filosofia;

alterando a mentalidade europeia e modificando os seus critérios de valor.

Para contrapor com a música romântica, estudou-se a música

modernista, para que os alunos pudessem perceber suas características e

diferenças. A aula teve início com informações sobre Igor Stravinsk (1882 –

1971) e sua música “O Pássaro de Fogo”, como também a versão original,

regida pelo próprio Stravinsky; e em seguida a execução mais recente, na qual

é possível ver melhor a atuação de cada musicista. (INFOPÉDIA,2013)

Nesta etapa foi estudado sobre Alberto Nepomuceno (1864 – 1920), o

qual foi o primeiro compositor brasileiro a se utilizar da bitonalidade, o sétimo

grau abaixado e o 4º grau aumentado na sua última composição “A Jangada”.

Como forma de ampliar os conhecimentos disponibilizou-se o vídeo com a

música “Serenata para Cordas” de Alberto Nepomuceno, como vimos acima,

Nepomuceno influenciou muito nas composições de Villa Lobos (1887 – 1929).

Dessa forma, apresentou-se também uma de suas composições: a “Dança

Africana – Farrapos” de Heitor Villa Lobos que traz para a Semana de Arte

Moderna a música erudita modernista, procurado romper as formas harmônicas

convencionais; posteriormente um trecho da música “Uirapuru” de Villa Lobos,

pois essa composição musical sintetiza os momentos de estruturas formais,

estéticas e ideológicas, que pretendem equacionar a alma brasileira (BRAZ,

2000).

Sétima etapa, a Pintura Modernista: apresentou-se a pintura acadêmica.

Podemos destacar que, no Brasil, ela demonstrou características europeias. A

pintura plástica brasileira até o início do século XX mesclou características do

Realismo e do Simbolismo. Para representar a pintura acadêmica,

apresentamos a pintura de Vitor Meireles (1832-1903) “A Primeira Missa no

Brasil” (1861).

O modernismo foi um movimento literário e artístico do início do século

XX, tinha como objetivo o rompimento com os modelos tradicionais do

Parnasianismo, Simbolismo e a Arte Acadêmica. Almejavam a libertação

estética, a experimentação e a independência cultural do país. No que se

refere à pintura modernista, os artistas também não compartilhavam de uma

estética em comum, negando a arte como reprodução da realidade, buscando

maior expressividade, utilizando-se do estilo dramático para demonstrar o

tempo em que vive (ABSTRAÇÃO COLETIVA, 2013). Para uma melhor

visualização das características da pintura modernista, apresentamos o quadro

“Abaporu” pintado por Tarsila do Amaral.

Apresentamos também a pintura de Candido Portinari (1903-1969), a

qual reflete as questões sociais do Brasil e os elementos artísticos da arte

moderna europeia, utilizando-se do surrealismo, cubismo e da arte figurativa,

de forma a valorizar a pintura. Para continuar os estudos sobre Portinari,

dispomos a obra “O Lavrador de Café e O Mestiço”, proporcionou-se

momentos de estudos, tecendo comentários e afirmações sobre as mesmas.

Oitava etapa, a Escultura Modernista: vimos que a arte acadêmica no

Brasil teve início no século XIX. Nesse período Rodolfo Bernardelli se destaca

na escultura. Iniciamos a aula disponibilizando a pesquisa referente às

informações descritas acima, apresentando as esculturas de Rodolfo

Bernardelli para que os alunos consigam compreender um pouco mais sobre a

arte acadêmica e tenham acesso aos outros monumentos de Bernardelli (DIAS,

2011).

Com a finalidade de compararmos a arte Acadêmica com a modernista,

apresentamos a escultura de Vitor Brecheret (1894-1955). Sendo que o mesmo

faz parte do modernismo brasileiro e é um de seus principais representantes.

Suma é sua importância que há vários monumentos na cidade de São Paulo

com o seu nome, sendo destacado o “Monumento às Bandeiras”, o qual retrata

um líder onipotente, que lidera um grupo que o segue e o respeita. A obra

procura colocar São Paulo como líder do Brasil. Foi proporcionado aos alunos

as fotos detalhadas do monumento, algumas características como: estátuas

representando homens de raça e condições diversas; sensações de apatia e

esperança; valores de dominação, subordinação, liderança, união e respeito

(MUNHOZ, 2009).

Nona etapa, a Arquitetura Modernista: iniciou-se levando para a sala de

aula materiais informativos sobre a Art Noveau, que é um estilo artístico que se

inicia por volta de 1890 na Europa e nos Estados Unidos, se espalhando pelo

resto do mundo, inclusive no Brasil. Esse modelo é considerado o centro da

arte moderna, visando adaptar-se às transformações sociais e ao novo ritmo da

vida moderna. Essa arte prioriza a beleza, dispondo a todos, pela estreita

relação entre arte e indústria.

Na arquitetura esse estilo pode ser visto nas cidades de Belém, Manaus

e São Paulo. Comentamos sobre a Vila Penteado5 que também representa a

arte nova em São Paulo. Foi projetada pelo arquiteto Carlos Ekman6 (1866 –

1940) (ITAU CULTURAL 2012).

Foram apresentadas inúmeras fotos da Art Noveau da arquitetura de

São Paulo, para que os alunos pudessem visualizar e observar os detalhes que

deram forma a esse estilo.

Para fazer um comparativo com esta, apresentamos a arquitetura

modernista, demonstrando algumas obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer,

de grande importância e grandiosidade para a arquitetura nacional e

internacional. Apresentamos, a “Fundação Oscar Niemeyer” para que os

alunos conheçam algumas de suas obras e percebam seu estilo diferenciado

dos demais arquitetos.

Décima etapa, a Poesia Modernista: a Poesia Parnasiana de Olavo

Bilac. Nesta aula foi explicando aos alunos sobre o Parnasianismo. É de

fundamental importância destacar que Olavo Bilac (1865-1918) fez parte desse

movimento estético anterior ao Modernismo. Assim como os poetas

parnasianos, ele também valorizava a forma, a estrutura, a construção dos

versos.

Apresentamos o Poema “Ora (direis) ouvir estrelas!” de Olavo Bilac

(1865-1918). Para concretizar o comparativo com a Poesia Parnasiana,

5 Prédio pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP. 6 Carlos Ekman emigra da Suécia para o Brasil no fim do século XIX, atraído pelas grandes oportunidades profissionais oferecidas pelo país.

apresentamos a Poesia Modernista. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi o

marco principal, todavia, o espírito literário já havia começado um processo de

preparação nos anos anteriores. Um dos principais representantes da poesia

modernista foi Manuel Bandeira (1881 – 1968). Devido a sua grande

importância nesse contexto histórico é que apresentaremos o Poema “Irene do

Céu” de Manuel Bandeira.

Décima primeira etapa, a Música Popular Brasileira (MPB): durante a

passagem para o século XX, as atividades artísticas musicais brasileiras se

utilizavam dos modelos europeus, na sequência, essas atividades se

identificaram com os modelos religiosos, passando pelos poemas sinfônicos,

óperas e modinhas trazidas da Alemanha, Itália e França. Porém, com o passar

do tempo, surgiram as concepções nacionalistas incorporadas pelos

modernistas, durante a década de 40, que objetivavam criar e elaborar obras

de caráter específico brasileiro.

Durante a década de 1950, a música brasileira sofria influência da

americana, surgindo a Bossa Nova que era uma mistura do samba com o jazz.

Nesse período alguns compositores brasileiros estavam buscando uma nova

forma musical (BOSSA NOVA NA HISTÓRIA, 2011). Apresentamos aos alunos

as “Músicas e os Precursores da Bossa Nova” como: João Gilberto, Tom

Jobim, Vinícius de Moraes, Nara Leão, dentre outros.

Em todas as etapas descritas acima, foi proporcionado aos alunos várias

atividades, tanto de estudo e pesquisa, quanto de produção individual e

coletiva. Como forma de auxílio estudos, houve as atividades complementares,

para serem realizadas como atividades extraclasse.

Simultaneamente ocorreu o Grupo de Trabalho em Rede – GTR, na

modalidade de Educação à Distância que é uma alternativa interessante de ser

utilizada como formação continuada, pois além de estudar um tema específico,

o qual envolve todo o estudo realizado na pesquisa, sendo o projeto, a

produção, a implementação e os resultados; é possível interagir com os

colegas, trocar experiências com professores de todo o estado.

A turma era composta por dezoito professores participantes, o professor

orientador e eu como tutora, totalizando vinte profissionais. Destes somente

uma professora não foi concluinte. O curso contou ainda com a participação de

alguns professores da disciplina de Arte o que tornou o trabalho mais rico. Ao

analisar-se os relatórios de participação, as atividades postadas e as

interações, constatou-se desde o início do curso eles foram participativos,

coerentes e convictos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A identidade brasileira atual não seria a mesma sem a Semana 22. Além

das ideias revolucionárias dos modernistas, a originalidade do modernismo

teve influências europeias.

O maior desafio para os Professores de Língua Portuguesa, no Ensino

Médio, ao trabalhar com Literatura, tanto a Portuguesa quanto a Brasileira, está

no fato de demonstrar para a turma a relevância desse estudo. Porém, surge o

primeiro obstáculo: o descaso e a falta de interesse pela leitura, principalmente,

em se tratando dos livros de autores consagrados pelo cânone literário.

Diante dessa realidade, é preciso muita dedicação e criatividade para

motivar os alunos e despertar o interesse deles para os estudos em torno da

literatura. Fato este que deu origem ao trabalho, que é o de levar para a sala

de aula uma Produção Didático-Pedagógica produzida no viés da inovação,

amparada na busca de tornar o conteúdo atrativo, por meio dos recursos de

multimídia.

A participação no programa PDE, possibilitou a intervenção na prática

pedagógica visando melhorar a relação entre ensino e aprendizagem na sala

de aula por meio da leitura. A implementação da proposta possibilitou conhecer

melhor a realidade no ambiente de trabalho e permitiu ainda utilizar ações

buscando ampliar os conhecimentos dos educandos com relação ao

Modernismo e a Semana de Arte Moderna, relacionando o conteúdo com a

aplicação direta, seja na sociedade, seja na concretização dos anseios

pessoais, o aluno poderá encontrar a motivação necessária para que o estudo

produza sentido e garanta a aprendizagem.

Ao longo da implementação da Produção Didático-Pedagógica surgiram

dificuldades, principalmente em relação a tecnologia. Houve problemas quanto

ao uso da internet, pelos poucos computadores funcionando no laboratório de

informática. O uso do Datashow também foi prejudicado pela claridade que

existia na sala aula. A solução foi o uso dos recursos que os alunos puderam

trazer para a escola, sendo notebook, tablete ou smartphone. Devido à pouca

estrutura disponível na escola foi necessário a busca de outras alternativas, o

importante é que os alunos colaboraram diretamente e fizeram o possível para

que as aulas saíssem como o panejado. O fato dos alunos terem o conteúdo

em mãos auxiliou na aprendizagem fez com que todo o processo se tornasse

mais interessante.

O assunto trabalhado no cotidiano escolar não é algo interessante aos

olhos dos alunos, eles apenas estudavam por estudar, mas pela forma como

foi proposto eles passaram a se interessar mais, questionar, pesquisar, refletir

sobre a maneira pensar e se expressar dos idealizadores do movimento.

Compreenderam os momentos importantes do Modernismo e estudaram

aspectos primordiais da Semana de Arte Moderna. Através dos

questionamentos respondidos com propriedade deixou visível a aprendizagem

adquirida.

Este trabalho demonstrou que é possível trabalhar literatura de uma

forma objetiva e atrativa. O modelo utilizado na Produção Didático-Pedagógica

pode e deve ser usado para trabalha com os demais estilos literários.

REFERÊNCIAS

ABSTRAÇÃO COLETIVA. Modernismo Brasileiro: A técnica modernista. Disponível em: <http://abstracaocoletiva.com.br/2013/04/11/modernismo-brasileiro-tecnica/>. Acesso em: 31 ago. 2013. ALTMAN, Max. Hoje na Historia: 1893 – Compositor Russo Piotr Tchaikovsky morre em São Paulo. Disponível em: < http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/25267/hoje+na+historia+1893+-+compositor+russo+piotr+tchaikovsky+morre+em+sao+petesburgo.shtmlhttp://educacao.uol.com.br/biografias/piotr-tchaikovski.jhtm >. Acesso em: 24/08/13. BASTOS, Nuno. Artes Plásticas e História da Arte. Disponível em: <http://artesplasticasehistoriadaarte.blogspot.com.br/2013/01/claude-monet-impressao-nascer-do-sol.html >. Acesso em: 14/08/13.

BOSI, Alfredo. Historia concisa da literatura brasileira. São Paulo. Cultrix, 1974. BOSSA NOVA NA HISTÓRIA. Antes da Bossa (curiosidades). Disponível em: <http://mpbossanova.blogspot.com.br/2011/12/antes-da-bossa-curiosidade.html>. Acesso em: 28 out. 2013. BRAZ, Caio Sílvio. A linguagem musical de Alberto Nepomuceno. Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/ag2nepomuceno.htm>. Acesso em: 02 set. 2013. CARPEAUX, Otto Maria. História da literatura ocidental. Rio de Janeiro. O Cruzeiro, 1959. ___________________ . Ensaios reunidos. v. 2. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005. COUTINHO, Afrânio (Org.). A literatura no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Sul Americana, 1971. EDITORA ABRIL S. A. Modernismo (Portugal) – resumo, autores, dicas e questão comentada. Disponível em: < http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/modernismo-portugal-autores-dicas-questao-comentada-598920.shtml >. Acesso em: 14/08/13. FABRIS, Annatereza (Org.). Modernidade e modernismo no Brasil. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1994. FARIA, Daniel. Realidade e consciência nacional. O sentido político do modernismo. História, v.26, n.2. Franca: 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742007000200019&lang=pt>. Acesso em: 10 de junho de 2013. HELENA, Lucia. Modernismo Brasileiro e Vanguarda. São Paulo, Ática, 2000. INFOPÉDIA. Igor Stravinsky. Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$igor-stravinsky;jsessionid=LXL+KH9yUJQ4IEI+GNFgAw__>. Acesso em: 12 ago. 2013. ITAU CULTURAL. Art Nouveau. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=909.>. Acesso em: 30 set. 2013. MARIA, Helena. Modernismo em Portugal. Disponível em: <http://auladeliteraturaportuguesa.blogspot.com.br/2010/02/modernismo-em-portugal.html>. Acesso em: 20 set. 2013. MUNHOZ, Regis. Monumento as Bandeiras. Disponível em: <http://mbandeiras.zip.net/>. Acesso em: 01 out. 2013.

OLIVEIRA, Franklin de. A Semana de Arte Moderna na contramão da historia e outros ensaios. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993. SILVA, Anderson Pires. Mário & Oswald: Uma história privada do Modernismo. Rio de Janeiro: Março de 2006. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp007983.pdf> Acesso em: 13 de maio de 2013.