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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · promover a intertextualidade entre obras clássicas como Dom Casmurro, Otelo e Fedra, cuja temática comum é o ciúme e a suspeita

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

Título: Reflexões sobre o ensino da literatura no Ensino Médio

Autor Beatriz Marques Bartholomeu Corrado

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal

Rua Líbero Badaró, nº 252, bairro Zona Sete

Município da escola Maringá

Núcleo Regional de Educação

Maringá

Professor Orientador Aécio Flávio de Carvalho

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual de Maringá

Relação Interdisciplinar

-

Resumo

Esta produção didático-pedagógica nasceu a partir da necessidade de se priorizar a leitura no ensino de literatura. Enfatizando o texto literário, pretende-se promover a intertextualidade entre obras clássicas como Dom Casmurro, Otelo e Fedra, cuja temática comum é o ciúme e a suspeita de adultério. As DCE’s de Língua Portuguesa sugerem que se apliquem os pressupostos básicos das teorias de Jauss e Iser, onde se fundamenta o Método Recepcional, proposto pelas professoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar. Tal método será desenvolvido nas cinco etapas seguintes: 1) Determinação do horizonte de expectativas – quando o professor verificará os interesses dos alunos; 2) Atendimento ao horizonte de expectativas – momento em que se proporcionará à classe experiências com textos literários, ou não, que satisfaçam suas necessidades; 3) Ruptura do horizonte de expectativas – etapa em que serão introduzidos textos e atividades de leitura que abalem

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as certezas dos alunos; 4) Questionamento do horizonte de expectativas – fase em que serão comparados os dois momentos anteriores, verificando em que os conhecimentos escolares ou vivências pessoais se relacionam; 5) Ampliação do horizonte de expectativas – Conscientes de suas novas possibilidades de manejo com a literatura, partem para a busca de novos textos, temas e composições mais complexos.

Palavras-chave Literatura – leitura – Método Recepcional

Formato do Material Didático

Unidade Didática

Público Alvo

Alunos do 2º ano do Ensino Médio

1. APRESENTAÇÃO

Esta produção didático-pedagógica nasceu a partir da observação de uma

certa resistência dos alunos do Ensino Médio em relação às aulas de literatura,

raramente capazes de estimular a leitura, assim como formar leitores críticos e

habituais.

Em geral, essas aulas são fundamentadas na historiografia literária,

apresentada em aulas exclusivamente expositivas e teóricas, razão pela qual os

alunos não se sentem estimulados para vivenciar a literatura através da leitura

literária ou ainda da leitura de outros tipos de textos.

Enfatizando o texto literário pelo viés de textos míticos e o quanto

possível, de outros textos que despertem o interesse dos alunos, pretende-se

promover a intertextualidade entre obras clássicas como Dom Casmurro, Otelo e

Fedra, cuja temática comum é o ciúme e a suspeita de adultério.

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Espera-se que as atividades propostas contribuam para a formação de

leitores críticos e competentes para a leitura, não apenas de textos literários, mas

também de outros tipos de textos e do mundo que os cerca.

2. MATERIAL DIDÁTICO

2.1. FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA

2.1.1. A literatura

O direito à educação implica em uma boa formação literária.

É na experiência da leitura que as potencialidades do texto literário se

concretizam e ampliam, sensibilizando, humanizando as pessoas, influenciando na

visão de mundo e na forma de organização da própria vida.

Através da leitura literária o indivíduo imagina a própria vida de um jeito

diferente e supõe uma vida diferente, mas possível de vir a ter.

Essa humanidade se encontra também nos textos míticos que despertam a

criatividade para uma vida mais intensa neste mundo e não o distanciamento dele.

2.1.2. O ensino da literatura

É importante que se faça uma reflexão sobre o ensino de literatura, uma vez

que os alunos saem do Ensino Médio sem dominar satisfatoriamente as habilidades

de análise e interpretação de textos e principalmente sem o menor prazer e

interesse pela leitura literária.

Várias razões explicam essa crise no ensino da literatura:

A historiografia literária como foco das aulas;

A solicitação da leitura de obras literárias indicadas nos programas dos

concursos vestibulares;

O uso do texto literário como pretexto para o ensino da Gramática;

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A leitura de textos literários com a finalidade de reconhecimento de

características de estilos de época ou de autores determinados.

2.1.3. Formação do leitor

O objetivo principal do ensino da literatura deveria ser a formação do leitor

crítico e competente.

O contexto escolar deveria propor atividades de literatura que contemplassem

não só a leitura literária, relacionada à compreensão do texto e à experiência do

leitor durante a leitura, mas também o trabalho com a literatura do ponto de vista

estético, capacitando os alunos a identificarem nas obras literárias as marcas de

estilo dos autores e épocas.

É um grande desafio para o professor promover o ensino de literatura

considerando a interação entre professor, aluno e texto, consciente de que quando o

papel do leitor é valorizado, o mesmo responde ativamente ao texto e redescobre a

própria realidade no ato da leitura, tornando-se mais humano, crítico e criativo.

2.1.4. Propostas das DCE’s de Língua Portuguesa para o ensino de literatura

Para se alcançar êxito na formação de leitores através do ensino da literatura

focado na leitura, as DCE’s de Língua Portuguesa sugerem que se apliquem os

pressupostos básicos das teorias de Jauss e Iser, onde se baseia o Método

Recepcional, proposto pelas professoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de

Aguiar.

Cabe ao professor mediar o ensino, considerando o leitor e a sua

sensibilidade, suas vivências, opiniões, preferências, oportunizando reflexões,

comparações, identificações, rejeições; enfim, estimulando o olhar crítico dos alunos

sobre os textos lidos.

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O professor deve ser flexível, não se limitando à historiografia, mas também

considerando a historicidade, o que permite o acesso a múltiplos recursos culturais

para mediar o ensino de literatura.

2.1.5. Teoria da Estética da Recepção

Hans Robert Jauss expôs os princípios da a Teoria da estética da Recepção

em 1967, na Universidade de Constança, na Alemanha. Em palestra intitulada O que

é e com que fim se estuda a história da literatura? Momento em que refletiu

criticamente sobre os modelos tradicionais de ensino da história da literatura.

Jauss(1994) não concordava com um ensino da literatura baseado apenas na

historiografia, desconsiderando o aspecto estético da obra.

Em busca de conciliar os aspectos históricos e estéticos na forma de

conceber a literatura, Jauss reflete sobre as teorias marxista e estruturalista e

conclui que ambas atribuem ao leitor um papel passivo, a quem cabe perceber

apenas a forma e o procedimento; enquanto ele considera que a obra literária é

concretizada não apenas no momento de sua criação, mas também no momento em

que é lida.

Por outro lado, a obra literária deve ser apreciada quer pelo caráter estético,

comprovado na comparação com outras leituras; quer pelo caráter histórico,

comprovado na recepção do texto, tanto no momento de sua publicação quanto

posteriormente.

Jauss desenvolveu sete princípios em sua teoria a respeito da Estética da

Recepção:

1ª tese: É a relação dialógica entre texto e leitor, uma vez que o texto sempre

será atualizado no momento da leitura.

2ª tese: Jauss fala do “saber prévio”, despertando expectativas no leitor, que

relaciona a obra em questão com outras obras, por exemplo.

3ª tese: Trata da reconstrução do horizonte da expectativa, que pode ser

satisfeita, frustrada ou rompida. A reação do público é que determina o valor da obra

literária.

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4ª tese: Refere-se à relação dialógica que dá a entender que um texto é

entendido quando se compreende a pergunta para o qual ele é a resposta que é

equivalente ao que queria dizer quando foi escrito e o que diz hoje.

5ª tese: Relaciona-se à linha do tempo, o enfoque diacrônico.

6ª tese: Refere-se ao enfoque sincrônico, isto é, à possibilidade de ser

entendido de modo diferente em cada época, inclusive tendo mais importância numa

época do que na outra.

7ª tese: Refere-se ao caráter emancipatório do texto literário, que,

apresentando uma nova realidade para o leitor, rompendo com suas expectativas e

podendo formar um leitor crítico.

Observa-se que a estética da recepção, tal como proposta descrita por Hans

Robert Jauss, reflete sobre o impasse entre a história e a estética. E propõe uma

história da arte e da literatura fundada no princípio de que as análises literárias

deveriam centralizar-se no que denominou de “terceiro estado”, o receptor.

Portanto, para Jauss, o texto literário tem um valor estético e social que só é

concretizado na hora da leitura, cujas interpretações, por sua vez, dependerão do

conhecimento de mundo de cada um.

2.1.6. Teoria do Efeito

Wolfgang Iser (1925-2007), analisou os efeitos da obra literária no leitor, cuja

consciência é ativada, ampliando os significados do texto. Dessa análise, deriva-se

a sua Teoria do Efeito.

Essa teoria considera as várias possibilidades de interpretações de um texto

que o leitor pode fazer, uma vez que, para Iser, o texto literário só se completa no

momento da leitura.

Enquanto, tradicionalmente, a obra literária só teria uma única interpretação

correta que seria a do professor, Iser chama a atenção para a construção dos

sentidos do texto pelo leitor, que participa ativamente, ultrapassando a decodificação

padrão e preenchendo os vazios, as indefinições no momento da leitura.

À medida que o texto exige mais do leitor, a obra literária cumpre melhor o

seu papel primeiro, que é, justamente, o de causar estranhamento, ativar a

criatividade e a capacidade leitora do indivíduo.

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Entretanto, apesar de o texto ativar as vivências subjetivas dos leitores, o

próprio texto oferece condições para que ocorra uma interpretação coerente com a

intenção do autor.

É importante salientar que essa teoria tem um alcance relativo, pois supõe um

leitor ideal, capaz de realizar a interpretação coerente, o que nem sempre ocorre.

No entanto, o efeito que a leitura da obra literária provoca, pode ser

comparado a uma “viagem” para outra situação, tempo e lugar. Essa “viagem”

sempre enriquecerá o leitor, seja pela identificação, seja pelo distanciamento, o que,

além de ensiná-lo sobre a vida e sobre si mesmo.

Dessa forma, o papel do professor no ensino de literatura é fundamental

como provocador da interação da obra literária com o leitor.

2.2. UNIDADE DIDÁTICA

Com base no Método Recepcional, o trabalho será desenvolvido em cinco

etapas:

2.2.1. Determinação do horizonte de expectativas

Para a determinação do horizonte de expectativas o professor deve conversar

com os alunos sobre o projeto a ser implementado.

1ªAtividade

Promover a audição da música “Ciúme”, da banda Ultraje a Rigor, à

disposição no link http://youtu.be/ex6KR4rouxl

Ciúmes (Letra)

Eu quero levar uma vida moderninha Deixar minha menininha sair sozinha Não ser machista e não bancar o possessivo

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Ser mais seguro e não ser tão impulsivo (Refrão) Mas eu me mordo de ciúme Mas eu me mordo de ciúme Meu bem me deixa sempre muito à vontade Ela me diz que é muito bom ter liberdade Que não há mal nenhum em ter outra amizade E que brigar por isso é muita crueldade Mas eu me mordo de ciúme Mas eu me mordo de ciúme Eu quero levar uma vida moderninha Deixar minha menininha sair sozinha Não ser machista e não bancar o possessivo Ser mais seguro e não ser tão impulsivo Mas eu me mordo de ciúme Mas eu me mordo de ciúme O ôôô O ôôô Mas eu me mordo de ciúme Mas eu me mordo de ciúme Ciúme, ciúme Eu me mordo de ciúme Eu me mordo, eu me mordo de ciúme Eu me mordo, eu me rasgo, eu me acabo Eu falo bobagem, eu faço bobagem, eu dou vexame Eu faço, eu sigo, eu faço cenas de amor Ciúme, ciúme, eu me mordo

O professor pode fazer um breve comentário sobre a música, lembrando aos

alunos que após os anos 70, a sociedade se tornou mais liberal (tanto na forma

como via as relações amorosas como as de pais/filhos). Porém, essa transição não

foi suave e fácil para todos. É desse conflito que fala a música, uma vez que trata de

um homem que sentia a necessidade de ser mais moderno e liberal em seu

relacionamento, mas morria de ciúme (fruto dos resquícios da educação machista da

sociedade patriarcal).

Após a exibição da música, oportunizar uma discussão entre a turma,

norteada pelas questões abaixo:

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1) De que a música fala?

2) O que significa a expressão “me mordo de ciúme”?

3) Você já se sentiu tomado por ciúmes? Em que situação?

2ª Atividade

Realizar a leitura do texto e responder o questionário abaixo para verificar se

são ou não ciumentos em seus relacionamentos afetivos, disponível no link

www.horademudar.com.br/?p=1549 (com algumas adaptações para a faixa etária

dos alunos)

Ciúmes

Quem ainda não sentiu ciúme que atire a primeira pedra. O ciúme é a outra ponta da ferradura do amor.

Pode haver ciúmes por várias razões ou em diversas situações, mas o mais comum é ocorrer dentro de um relacionamento amoroso.

É normal sentir ciúmes, vivê-los em segredo e sem obsessão, ficando só para si até que demonstrações de afeto do namorado (a) a fazem esquecer. Sente necessidade de se expressar, mas quando o faz, fala em tom de brincadeira ou até com vergonha do seu namorado (a).

A maior parte das vezes os motivos pelos quais se tem ciúmes do namorado (a) não são os melhores, são exagerados, não têm fundamento… em suma, são motivos ridículos para ter ciúmes. Mas. . . .

Pensei e coletei esses motivos para que você procure analisá-lo e tente guardar esses ciúmes para si, controlando-os da melhor forma possível… para o bem da sua relação.

Vamos lá:

1. Você tem ciúmes do tempo que o seu namorado (a) passa com a mãe/o pai/a irmã ou familiares?

Vamos pensar juntos: Por que motivo deveria ter ciúmes da mãe, do pai ou de outro familiar qualquer do seu namorado (a)? Quando você surgiu na vida dele (a) a família já existia, e família é família. Vai gostar se a situação se inverter? Para que

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sofrer com isso, coloque no lixo esse ciúme e nunca o verbalize para seu namorado (a). A melhor maneira de vencer esse tipo de ciúme é criar uma forte relação com eles porque aí vai conhecê-los melhor e vai chegar à conclusão que “não tem nada a ver”.

2. Você sente uma pitada de ciúme quando vê o seu namorado (a) cumprimentar um amigo (a)?

Ele (a) apenas está sendo educado (a). Ele(a) está ou não com você, afinal? Deveria pensar assim: “que legal, quanta gente gosta dele (a) e ele (a) é meu (minha)”. Das duas uma, ou você não está segura (o) no relacionamento ou os motivos já são vários e aí é melhor pensar se não está na HORA DE MUDAR.

3. Ela (e) passa muito tempo com as amigas (os) e sente ciúmes disso?

O mundo mudou e hoje cultivar os relacionamentos faz parte do nosso dia a dia. As distâncias diminuíram com as redes sociais (Facebook, MSN, Skype, etc.). Não pode mais continuar pensando que ela (e) deve passar o tempo todo livre com você. O tempo que se passa com as amigas (os) é superimportante para uma vida saudável e equilibrada. Por isso, não adianta ficar em casa chateado (a) e sofrendo com ciúmes. O melhor a fazer é organizar saídas com as amigas e/ou amigos e aproveitar.

4. Quando ele (a) for viajar, não vai falar em tom de brincadeira “divirta-se sem mim” e depois fazer cara de triste?

Você se viu ao ler a frase acima? Cuidado! Esse ciúme pode parecer inocente, mas faz o seu namorado (a) ficar incomodado de estar indo e você vai ficar sofrendo.

5. Você tem ciúmes do tempo que seu namorado (a) dedica a outras atividades que não o (a) incluam?

A realização pessoal que se conquista através de cuidados com o corpo, de estudos de línguas estrangeiras, cursos profissionalizantes e outras atividades sociais é hoje tão importante. Por que ter ciúmes de algo que realiza tanto a pessoa que você ama? Não confunda essa dedicação com negligência, falta de prioridades, não querer estar numa relação, querer arranjar motivos para terminar a relação. Aproveite toda essa energia ciumenta para fazer algo que os dois curtem e aproveite ao máximo o tempo em que estão juntos.

6. Fica com ciúmes com o visual da sua namorada (o)?

Fica com ciúmes de como sua namorada (o) se veste para ir para a academia? Fica com ciúmes de como seu parceiro (a) se veste, arranja o cabelo, maquia? Ela (e) apenas está querendo agradar a pessoa que ama sentir-se bonita (o) e sexy aos olhos da sua cara-metade. Esqueça, este é um ciúme ridículo.. Ah sim, e o ciúme do mural no Facebook do seu namorado (a)?

Estava me esquecendo...Por que falar de forma tímida e aparentemente desinteressada que está a par do mural do Facebook de seu namorado? Se o

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Facebook aproxima as pessoas hoje, também hoje é o culpado por acabar com muitas relações. Não esqueça que o Facebook é um local de encontro e convívio com amigos, e não um site de encontros. Para que ter ciúmes dos posts, das fotografias, dos comentários, da foto do perfil? Se ficar procurando “pelo em ovo”, com certeza vai acabar encontrando, pois ninguém controla o que vai ser lá colocado pelos outros. E não se esqueça de quem sabe aquela “amiga” não está querendo ver o fim da sua relação. Nenhum “ponto de encontro” (barzinho, Facebook, encontro de amigos numa festa) vale uma cena de ciúmes.

Enfim, alguns ciúmes são bons e inocentes e podem ser entendidos como saudáveis para uma relação, como demonstrações de amor, de proteção, deixar transparecer a vontade de estar com seu namorado (a) ou mesmo o medo de o (a) perder. São ciúmes sem más intenções e a pessoa que sente esses ciúmes, vive-os de uma forma secreta e não obsessiva, guardando-os para si até se esquecer; exprime-os em tom de brincadeira ou até de vergonha ao seu namorado (a).

Mas tem aquele ciúme que é destrutivo, pois além de acabar com uma relação, afeta as pessoas. Na maioria das vezes, esse ciúme está relacionado a comportamentos paranoicos, obsessivos, possessivos e de total falta de confiança, pois um dos dois tenta controlar o outro totalmente, colocando limites no que ela (e) pode fazer vestir, com pode falar, para onde pode ir, etc..

Esse tipo de ciúme é perigoso porque pode levar a agressões verbais e físicas. Veja se alguma(s) das situações abaixo diz(em) alguma coisa; se sim, tenha consciência que esse tipo de ciúme não é saudável, nem para você, nem para a relação e é HORA DE MUDAR.

O seu namorado (a) lhe proíbe de vestir determinada roupa ou utilizar determinada maquiagem?

O seu namorado (a) lhe controla com celular, ligando a toda hora, dia/noite para ver onde você está, o que está fazendo e com quem?

O seu namorado (a) não consegue conviver com o seu mural de Facebook e quer saber tudo sobre os comentários?

O seu namorado (a) verifica as chamadas e SMS do seu celular? O seu namorado (a) em crise de ciúmes o(a) ameaça fisicamente?

Se uma destas perguntas tem um SIM na resposta é melhor repensar o namoro e ver se não é HORA DE MUDAR.

Nesse momento, o professor deve abrir um espaço para que os alunos deem

as suas opiniões e comentem as suas respostas.

Atividade extraclasse

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Formação de grupos de umas cinco pessoas para a pesquisa seguida da

escolha de uma música ou poesia cuja temática seja o ciúme para apresentação à

turma na próxima aula.

2.2.2. Atendimento do horizonte de expectativa do aluno

Para o atendimento do horizonte de expectativa do aluno, o professor deve

solicitar aos alunos que leiam, fora do horário de aula, individualmente e na íntegra,

as obras literárias Dom Casmurro, de Machado de Assis; Otelo, de William

Shakespeare e Fedra, na versão adaptada de Millôr Fernandes que envolvem a

temática ciúmes e que podem ser encontrados no setor de cópias do colégio.

1ª Atividade

Apresentação das músicas e/ou poesias pelos grupos.

2ª Atividade

O professor pode fazer um comentário (como um dos textos abaixo) sobre a

obra a ser lida assim como mediar a leitura entre um ato e outro.

Sinopse

Fedra, de Jean Racine, é uma tragédia psicológica sobre um tema colhido por

Eurípedes (tragediógrafo grego do séc.V a.C, contemporâneo de Ésquilo e Sófocles)

sobre a paixão pecaminosa de Fedra(casada com Teseu), pelo seu enteado Hipólito,

sempre maltratado por Fedra, como forma capciosa e virtuosa de ocultação do seu

sentimento de amor por ele. Teseu fica cego de ciúme e provoca uma desgraça.

Resumo detalhado

É a história de um amor incestuoso de Fedra (cujo nome significa “brilhante”),

por Hipólito (cujo nome significa “o que solta os cavalos”), filho de Teseu (cujo nome

significa “homem forte por excelência”), rei grego. A paixão de Fedra foi provocada

por Afrodite, como vingança por Hipólito cultuar a deusa Artemis. De início, Fedra

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luta contra esse sentimento, maltratando seu enteado e exigindo que fosse exilado.

À época da peça, Hipólito já está de volta a casa; Teseu, seu pai, está desaparecido

por seis meses e Fedra está decidida a se matar. Enone, sua serva, tenta de toda

maneira dissuadi-la, mas acaba por ouvir a confissão de que ela está apaixonada

por Hipólito. Por sua vez, o jovem príncipe está decidido a procurar o pai, não só por

ele, mas também para se afastar da casa onde mora Arícia, uma princesa que seu

pai mantém cativa, e que para que seu sangue não se perpetue, proíbe de se casar

e ter filhos. Mas, apesar de ir contra a vontade de seu pai e seu próprio caráter, ele

se apaixona por ela e para não trair Teseu, prefere se afastar. Os amores são

declarados, Hipólito descobre-se correspondido e Fedra ignorada. Ao final da

conversa entre ela e seu enteado, ela decide se matar e fica com a espada de

Hipólito. Mas antes que este parta, ou aquela se mate, a morte de Teseu é

anunciada. Inicia-se uma nova tensão na trama, a sucessão ao trono e há aqueles

que consideram que Arícia, cuja família reinava antes de Teseu, que deveria

sucedê-lo; outros optam pelos filhos de Fedra e por fim, pelo próprio Hipólito. Agora

Enone consegue convencer Fedra a continuar viva, pois precisava pensar nos filhos

que poderiam ser reis, mas que com a sua morte seriam escravos, e além disso,

com a morte do marido, sua paixão não seria mais incestuosa. Contudo, Teseu está

vivo e retornou para casa. Fedra está desesperada com a possibilidade de Hipólito

revelar ao pai o seu crime, mas Enone, para salvá-la, trama uma saída. Ela dirá ao

rei que seu filho, Hipólito, violou a rainha, e ainda mostrará a espada como prova.

O rei acredita, sem muito esforço, porque Hipólito, o bom moço, se recusa a rebaixar

sua madrasta, apenas diz que quer ir embora e depois que ama Arícia, seu único

crime. Teseu, em sua fúria de homem traído, pede aos deuses, em especial ao seu

pai Netuno, que o vinguem, amaldiçoando o seu filho. Enquanto a vingança não

chega, Fedra retoma parte de sua razão e percebe o erro e a baixeza dos atos de

Enone, e pretende puni-la por isso, mas antes, a própria serva se mata. Hipólito vai

ao encontro de Arícia e propõe que fujam juntos, mas que antes devem se casar

escondido, em um templo perto dali, onde marcam um encontro. Enquanto Hipólito

dirige seu carro na praia, Netuno envia um monstro que, além de provocar ondas

imensas, assustando os cavalos, faz o príncipe cair e prender os pés nas rédeas,

ocasionando a Hipólito uma morte terrível, em que seu corpo ficou destroçado.

Fedra toma um veneno, mas antes de morrer, confessa ao rei toda a verdade,

momento em que ele se desespera e pede aos céus que não o tivessem escutado e

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pergunta por seu filho, que já estava morto e de forma bem cruel. A solução que

Teseu encontrou para homenagear o filho foi a de perdoar Arícia e adotá-la. Assim,

com a morte dos dois amantes culpados, Fedra por seu amor incestuoso, e Hipólito

por seu amor por Arícia que contraria o desejo de seu pai, a paz política se

restabelece – e já não há mais luta pelo trono.

Em seguida, 08 (oito) alunos, cada um representando um dos cinco grupos,

assim como um dos 08(oito) personagens, devem proceder a leitura em voz alta dos

cinco respectivos atos da tragédia Fedra, de Jean Racine, traduzida e adaptada por

Millôr Fernandes, e adaptada para o Ensino Médio pelo professor Ariomar Oliveira à

disposição no colégio e no link http://pt.scribd.com/doc/166173200/FEDRA-Peca-

Adaptada

O professor pode abrir um espaço para uma breve discussão, responder

perguntas para sanar possíveis dúvidas e acolher as diversas opiniões dos alunos

sobre o texto lido.

3ª Atividade

Após a leitura, cada grupo deve fazer uma ilustração da cena que mais

gostou do ato que apresentou para a sua turma depois de discutir com seus colegas

as seguintes questões:

1)Qual a maior luta que Fedra travava consigo mesma?

2)Que sentimento fez com que Teseu odiasse Hipólito?

3)Qual a causa da morte de Hipólito?

4)O amor que havia entre Hipólito e Arícia despertou que sentimento em

Fedra?

4ª Atividade

O professor pode falar sobre Shakespeare e na obra que o inspirou para

escrever Otelo:

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William Shakespeare nasceu em 1564, em Stratford-upon-Avon, cidadezinha

no interior da Inglaterra, numa família abastada até os doze anos, quando veio a

falência de seu pai. Viu-se, então, obrigado a largar os estudos e começar a

trabalhar para contribuir com o sustento da família. Como já tinha um pouco de

conhecimento de inglês, grego e latim, continuou, por conta própria, a ler os autores

clássicos, poemas, novelas e crônicas históricas, além de ser um profundo

conhecedor da Bíblia. Casou-se cedo e teve três filhos e aos 23 anos já era

considerado a figura mais expressiva da literatura inglesa, sendo o maior poeta e

dramaturgo do Renascimento Inglês.

Em sua época, o poder da Inglaterra concentrava-se nas mãos da rainha

Elizabeth I, que governou entre 1558 e 1603. Foi durante seu reinado que o país

passou a ter o domínio das rotas comerciais marítimas, ampliando seu império com

conquistas territoriais na América, África e Ásia.

Shakespeare iniciou a sua carreira como ator na companhia teatral do Conde

de Leicester. Pouco tempo depois começou a adaptar textos alheios para o teatro e

teve tanto sucesso que não demorou a escrever as suas próprias peças com (Sonho

de uma noite de verão, A megera domada, Muito barulho por nada, Ricardo III e

Romeu e Julieta). A partir de 1601, elaborou a maior parte de suas tragédias, como

Otelo, Macbeth, Hamlet e Rei Lear.

Otelo, escrita entre 1602 e 1604, é baseada na novela Il moro di Venezia, do

italiano Giraldi Cinthio, incluída em sua obra Hecatommith (que significa “cem

mitos”). Esse drama passional continha certos aspectos que seduziram

Shakespeare: o contraste entre a realidade e as aparências; o ciúme injustificado; a

união de uma mulher branca com um mouro, situação singular para a época e, por

isso mesmo, repleta de possibilidades dramáticas; e a tragédia implícita na atitude

de um homem que destrói o objeto do seu amor. O dramaturgo inglês seguiu de

perto a novela em que se baseou, fazendo, contudo, algumas modificações: atribuiu

ao mouro um caráter mais nobre e refinado, e também uma função de destaque em

Veneza; aumentou a importância de Emília na trama; acentuou a malignidade de

Iago; criou novos personagens e eliminou outros. Existem controvérsias quanto à

versão definitiva do texto; assim, ainda hoje, certas passagens são interpretadas de

modo diferente.

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Morreu aos 46 anos em sua cidade natal, depois de ter escrito mais uma

obra-prima: Henrique VIII.

Vale lembrar que uma peça de teatro é mais bem apreciada quando

encenada, e não lida pelo público. Nesta adaptação o texto original foi transposto

para a forma de narrativa, de modo a facilitar a compreensão da obra e tornar a

leitura mais fluente.

Solicitar a leitura em duplas de um capítulo da tragédia Otelo, de William

Shakespeare, adaptada na forma de prosa, disponível no colégio nos respectivos

21(vinte e um) capítulos seguida da exposição oral, narrando o enredo de seu

capítulo para a turma, de modo que todos conheçam a obra integralmente.

2.2.3. Ruptura do horizonte de expectativas do aluno –

Para a ruptura do horizonte de expectativas do aluno é importante o professor

fornecer subsídios sobre as obras lidas, seus respectivos estilos e autores.

Se os alunos ainda não conhecem Machado de Assis, é importante que o

professor o apresente.

Uma sugestão é exibindo o vídeo, acessando o link

http://www.youtube.com/watch?v=s2R7-qUVhlQ (acesso em 04/10/2013 às 23:50)

Ou a biografia resumida acessando o link

htpp://www.machadodeassis.net/índex.htm (acesso em 05/10/2013 a 01.00)

Comentário

Vida

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) teve uma infância tão difícil

quanto qualquer outro menino pobre e mulato do Rio de Janeiro nos idos de 1840.

Era também gago e epilético. À custa de muito esforço pessoal acumulou uma sólida

formação cultural. Aos 29 nos casou-se com Carolina, a adorada esposa

imortalizada nos versos que compôs para homenageá-la quando morreu, em 1904.

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Apesar de todas as dificuldades, Machado de Assis foi um intelectual

respeitado e influente. Em seus 69 anos de vida, nunca se afastou mais que 120

quilômetros do Rio de Janeiro. No entanto, criou uma obra que retrata com perfeição

a sociedade brasileira do Segundo Reinado. Fundou a Academia Brasileira de

Letras, da qual foi aclamado presidente perpétuo.

Estilo

Insere-se na Escola Literária Realista, cujo romance Memórias Póstumas de

Brás Cubas marcou o início e fez uma análise ferina da alma humana que se

relaciona com qualquer época e qualquer povo. É o autor da polêmica obra Dom

Casmurro, além de outros romances como Quincas Borba, Esaú e Jacó e Memorial

de Aires, além dos inúmeros contos que são, segundo a crítica, a sua melhor

produção. A trama de todos desenvolve-se durante o Segundo Reinado, tendo como

cenário a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império.

Os romances da segunda fase machadiana concentram-se na falsidade da

vida após o casamento, marcado pela traição. A insistência nesse tema parece ter

origem no pessimismo do autor, que vê as relações humanas sempre marcadas por

interesse. Tal visão faz com que os personagens, reflexo das camadas dominantes,

busquem o proveito próprio, sem espaço para as ações desinteressadas.

Devido às características realistas, cujo foco é um retrato fiel e minucioso da

realidade, Machado de Assis passa a se concentrar nos personagens, buscando

inspiração nas ações cotidianas do homem comum. Parte para a análise psicológica,

observando a consciência do personagem, transferindo muitas vezes para o leitor as

suas próprias reflexões, dialogando com ele, quebrando o envolvimento emocional e

a ordem cronológica da narrativa, denunciando, com uma visão de mundo

pessimista e irônica, a face oculta das ações humanas – os interesses que se

escondem sob as ações nobres: a inveja, a hipocrisia, a vaidade, o egoísmo, a

ambição, a injustiça, o ciúme e a traição.

Esse importante autor realista, portanto, descreve a sociedade de seu tempo

de maneira objetiva, fiel e cruamente, tratando de importantes questões sociais e de

comportamentos condenáveis de membros da elite.

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Além disso, Machado de Assis costuma fazer citações bíblicas ou de

celebridades como filósofos, escritores e cientistas e utilizar um enredo não-linear, a

metalinguagem e microcapítulos.

Atividade

O professor deve organizar a turma em um grande círculo e numa carteira no

centro da sala um aluno ficará encarregado de facilitar o acesso às perguntas

(numeradas e impressas em tiras de papel). Em seguida, o professor pede que um

aluno retire aleatoriamente um papel e dirija a pergunta a outro aluno determinado

também pelo professor não só sobre a análise literária do romance Dom Casmurro,

mas também sobre as relações intertextuais possíveis entre essa obra e Fedra e

Otelo.

As perguntas são as seguintes:

1- O tipo de narrador em Dom Casmurro contribui de que forma para manter

o grande segredo da história?

2- Por que o romance recebeu o título Dom Casmurro?

3- Por que podemos afirmar que a história se caracteriza por uma narrativa

não-linear?

4- Explique a origem da amizade entre Bentinho e Escobar.

5- Como, efetivamente, Bentinho deixou a vida eclesiástica, isto é, do

seminário?

6- Cite uma situação que mostre o quanto Bentinho sentia ciúmes de Capitu.

7- Em vários momentos do romance, o narrador cita Otelo, tragédia de

Shakespeare, comparando o teatro com a vida. Bentinho (o narrador),

afirma ser, ao mesmo tempo, Otelo e Iago. Por quê?

8- Você poderia enumerar alguns argumentos que levem à inocência de

Capitu quanto à suspeita de adultério?

9- Certa vez, enquanto Capitu chora por pensar que Bentinho não ia sair do

seminário, passou um escravo vendendo cocada e cantando: ”Chora,

menina, chora, porque não tem vintém.” Qual a ironia presente nesse

fragmento?

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10- Comente: “O resto é saber se a Capitu da praia da Glória (adulta), já

estava dentro da de Matacavalos(adolescente).” “Se te lembras bem da

Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como

a fruta dentro da casca.”

11- Por que Bentinho diz que José Dias tem um aponta de Iago (personagem

da tragédia Otelo) durante uma visita no seminário, quando pergunta

sobre Capitu e ele o informa que ela está alegre e que não vai sossegar

enquanto não pegar um peralta da vizinhança que se case logo com

ela...?

12- Para Bentinho, quais os dois principais fatos que evidenciam a traição de

Capitu?

13- Quais as possíveis causas da personalidade insegura e dependente de

Bentinho?

14- Dê um exemplo da influência da religião/Igreja na vida cotidiana das

personagens em dom Casmurro.

15- Podemos afirmar que em algum momento a religião foi alvo de ironia ou

alguma ambiguidade?

16- Qual a analogia possível entre Hipólito, Otelo e Bentinho?

17- Como a amizade de Capitu e Sancha iniciou?

18- Como a amizade de Bentinho e Escobar começou?

19- O Sr. Pádua, Dona Fortunata e Capitu representavam que classe social?

20- Dona Glória e Bentinho representavam que classe social?

21- Como José Dias, o agregado, se aproximou da família de Bentinho?

22- Podemos considerar a Prima Justina como uma agregada?

23- De quem Ezequiel poderia ter herdado os seus olhos claros?

24- Por que a casa da Dona Glória era chamada de casa dos três viúvos?

25- Como se chama a personagem que é viúva, morava de favor e falava

demais?

26- Viúva, usava sempre traje escuro, xale preto, cabelos presos e cuidava da

casa. De quem se trata?

27- Que personagem era morena, olhos grandes e claros, nariz reto e

comprido, boca fina. Estrategista, obstinada, insistente e semelhante à

mãe de Sancha, segundo o Seu Gurgel?

28- Por que Bentinho pôs o nome Ezequiel em seu filho?

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29- A que peça de teatro Bentinho assistiu e se identificou com o personagem

principal?

30- Bento se separou de Capitu, mas não quis que os conhecidos ou

familiares tomassem conhecimento do fato. Que crítica Machado de Assis

faz à sociedade nessa situação?

31- O que fez com que Dona Glória, mãe de Bentinho, fizesse uma promessa

para o filho cumprir? E qual era a promessa?

32- José Dias define os olhos de Capitu como de uma “cigana oblíqua e

dissimulada”. Oblíqua quer dizer enviesada(que não olha nos olhos

diretamente). Que característica o narrador quer destacar e que atitude da

personagem descrita reforça essa característica?

33- Durante o velório de Escobar, o narrador descreve os olhos de Capitu

como “de ressaca”. A que ressaca o narrador se refere? Explique.

34- De quem Ezequiel poderia ter herdado os olhos claros?

35- O que Bento fazia para que conhecidos não soubessem que ele e Capitu

haviam se separado?

36- Trabalhava no fórum, era advogado criminal e batizou Ezequiel. De quem

se trata?

37- Qual o epitáfio que Bento mandou colocar no túmulo de sua mãe?

38- “Tu eras perfeito em teus caminhos” – inscrição feita no túmulo de que

personagem?

39- Qual a intenção do narrador personagem ao escrever o livro?

40- Comente alguma característica própria do estilo machadiano em algum

momento da leitura.

2.2.4 – Questionamento do horizonte de expectativas do aluno –

Para o questionamento do horizonte de expectativas, o professor deve

promover uma reflexão, uma discussão que possibilite uma troca de

experiências a fim de que ele se auto-avalie, assim como a metodologia

utilizada.

1ª Atividade (oral)

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1. Considerando as leituras realizadas, qual exigiu mais atenção e

concentração para a compreensão? Por quê?

2. Qual leitura trouxe maior satisfação? Por quê?

3. A partir da análise da temática abordada nos textos, a que conclusão você

chega sobre o assunto tratado?

4. Você ou alguém próximo já vivenciou algo semelhante às histórias da

ficção?

2ª Atividade (escrita)

1. Qual a diferença do tratamento da linguagem nos textos lidos? Qual mais

o agradou?

2. A suspeita de adultério está relacionada ao ciúme nas leituras realizadas?

Justifique.

3. Você se assemelha mais a Bentinho/Otelo/Teseu ou a

Capitu/Desdêmona/Fedra em suas relações amorosas? Por quê?

4. Poderíamos considerar que a classe social, raça ou religião foram

determinantes para o desfecho dos textos lidos?

5. A traição foi comprovada em todas as histórias em questão?

6. O que poderia ser feito para evitar tragédias causadas por ciúmes?

2.2.5 – Ampliação do horizonte de expectativas

Para a ampliação do horizonte de expectativas, o professor pode verificar com

a turma se gostariam de assistir ao filme Dom, baseado no enredo de Dom

Casmurro ou Capitu, a minissérie.

Atividade

Solicitar pesquisas em sites, livros, revistas ou ainda outros gêneros

literários, como: músicas, poesias, crônicas, contos e até mesmo textos não-

literários como os informativos (por exemplo, as reportagens), científicos (por

exemplo, os médicos) que abordem a temática do ciúme para uma grande

exposição na sala de aula.

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Observação importante: Todo o texto em itálico refere-se às orientações para

o professor.

3. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Conforme já foi dito anteriormente, toda a produção didática se apoia no

Método Recepcional que pode ser assim explicitado:

1- Determinação do horizonte de expectativas – Antes do sujeito ler o texto

ele já possui um horizonte constituído de sua visão pessoal, cultural,

história, ideológica, filosófica, jurídica, religiosa, social, estética, etc.,

porém, esse horizonte pode se transformar, ampliar-se.

2- Atendimento do horizonte de expectativas - O leitor tende a inserir o texto

em seu horizonte de valores. Se ocorre uma identificação, seu horizonte

de expectativas permanece inalterado.

3- Ruptura do horizonte de expectativas – É importante que o texto aguce a

curiosidade do leitor, distanciando-se um pouco do que para ele é

habitual, modificando o seu horizonte.

4- Questionamento do horizonte de expectativas – Análise comparativa da

classe sobre os materiais literários trabalhados, qual exigiu mais reflexão,

qual agradou mais. A classe dará depoimentos sobre os desafios

enfrentados, sobre a forma como foram resolvidos, as relações feitas com

a vida real, sempre dentro de uma discussão participativa, onde se trocam

experiências.

5- Ampliação do horizonte de expectativas – Corresponde à alteração da

visão de mundo resultante da relação feita entre a leitura e a vida.

4. REFERÊNCIAS

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ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela.

Português: Contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2008.

AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura: a formação do

leitor - alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

ARMSTRONG, Karen. Trad. Celso Nogueira. Breve história do mito. São

Paulo:Companhia das Letras, 2005

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Moderna, 2006.

BAKTHIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 11ª ed. Trad. Michel Lahud

e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1999.

BARTHES, Roland. Aula. Trad. Leyla Perrone – Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978.

BEACH, R. MARSHALL, J. Teaching Literature in the secondary school.

BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. Vol.I. Petrópolis. Vozes, 1994.

BRUNEL, Pierre. Dicionário de mitos literários. Rio de Janeiro: José Olympio/UnB, 2000.

CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In: FESTER, A.C.Ribeiro e

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CAMPBELL, Joseph. Mitologia na vida moderna. Trad. Luiz Paulo Guanabara. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2002.

CARVALHO, Aécio Flávio de. A Educação na Antiguidade Clássica: Grécia. In Fundamentos Históricos da Educação, org. SETOGUTI, Ruth Izumi. 2ª ed.

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CEREJA, William Roberto. Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com literatura. São Paulo: Atual, 2005.

ISER, Wolfgang. O ato de leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução:

Johannes Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1996, v. 1.

ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1999, v. 2.

LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Col. Primeiros Passos)

PINSENT, John. Mitos e lendas da Grécia Antiga. São Paulo:Editora da

Universidade de São Paulo, 1976.

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_________. Estética da criação verbal. 4ª ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo:

Martins Fontes, 2003.

SEED, Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa. Curitiba: Imprensa oficial, 2008.

SEED, Diretrizes Curriculares Estaduais Da Educação Básica - Língua Portuguesa. Disponível em: <http:www.diaadiaeducacao.pr.gov.br> 2009.

SHAKESPEARE, William. Otelo. 10ª ed.Trad. e adaptado Hildegard Feist. São

Paulo: Scipione, 1995.

OBS – Registro também o aproveitamento de anotações do curso “Mito e ensino”, ministrado aos professores PDE, pelo Prof. Dr. Aécio Flávio de Carvalho, em 29 de abr. de

2013, Maringá: UEM.

Sitografia:

<http://www.youtube.com/watch?v=ex6KR4rouxI> Acesso em: 10 out. 2013, 15:55.

<www.horademudar.com.br/?p=1549> Acesso em: 10 out. 2013, 13:39.

<http://pt.scribd.com/doc/166173200/FEDRA-Peca-Adaptada> Acesso em: 10 out.

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<http://www.youtube.com/watch?v=s2R7-qUVhlQ> Acesso em 04 out. 2013, 23:50.

<htpp://www.machadodeassis.net/índex.htm> Acesso em 05 out. 2013, 01.00

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