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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · propagandas” desenvolvido em uma escola da rede pública ... desenvolvi o projeto que descrevo neste artigo sobre o estudo do

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS

DE PARANAGUÁ - FAFIPAR SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

O INGLÊS NA PROPAGANDA

Artigo Final apresentado como conclusão do Programa de Desenvolvimento na Educação (PDE) – Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), na Universidade Estadual do Paraná, campus Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (UNESPAR/FAFIPAR). Professora Orientadora: Profa. Me. Alessandra da Silva Quadros Zamboni

PARANAGUÁ, PR

2014

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O INGLÊS NA PROPAGANDA

Patrícia Costa Balan1

RESUMO: Este artigo apresenta a síntese do projeto de intervenção intitulado “O inglês nas

propagandas” desenvolvido em uma escola da rede pública paranaense. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o uso do estrangeirismo nos textos publicitários como forma a estimular o interesse pelo aprendizado da língua inglesa. Para o trabalho aqui apresentado, o corpus é constituído de análise das produções e do resultado das atividades propostas durante as aulas. Com relação ao interesse pelo aprendizado embasei-me no letramento crítico como forma de estímulo ao conhecimento dessa língua, através do caráter interacionista da língua de acordo com Bakhtin.

Palavras chave: propaganda, estrangeirismo, ensino crítico.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, notei alguns alunos desinteressados no aprendizado da

língua inglesa, pois de acordo com os relatos deles, essa não seria de utilidade no

cotidiano de suas vidas e muitos deles achavam que só aprenderiam a língua

inglesa se dominassem a gramática. Diante deste quadro, desenvolvi o projeto que

descrevo neste artigo sobre o estudo do estrangeirismo nos textos publicitários,

como forma a despertar o interesse dos alunos pela língua inglesa.

Percebo no comportamento jovem a preocupação com novas tendências

mundiais, seja com a tecnologia ou com a moda, e diariamente vemos propagandas

lançadas na mídia em que os termos estrangeiros são utilizados

indiscriminadamente. De acordo com Preti (apud por SCALZO, 1997, p. 124),

adotam-se termos em inglês, principalmente, em cartazes e em rótulos de produtos

nacionais para se transmitir a ideia de que o produto é sofisticado.

Segundo Prado e Massini-Cagliari (2011, p. 26), a nova edição do dicionário

Aurélio em comemoração ao seu centenário está com 6% a mais de léxicos

utilizados no diálogo cotidiano, principalmente com estrangeirismos originários da

língua inglesa, ou seja, não podemos mais negar a existência de um bom repertório

de palavras em língua inglesa no nosso cotidiano.

Este projeto de intervenção deve a duração de 8 aulas consecutivas, duas

aulas semanais, em horário normal de aula contando com a presença de todos os

1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, NRE de Paranaguá. Integrante do Programa

de Desenvolvimento Educacional. E-mail: [email protected]

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alunos da turma do 9º ano e foi abordada a publicidade nas revistas e na televisão,

os termos estrangeiros mais utilizados nessas mensagens, as propagandas

enganosas e a produção de um texto publicitário com alguns termos em inglês.

Corroborando essa informação, notei em sala de aula um grande interesse

pelo tema e participação dos alunos nas atividades sugeridas ao longo das aulas

desenvolvidas pelo projeto aqui descrito, pois todos os alunos se empenharam em

executar as tarefas propostas de forma criativa, uma vez que assuntos como

tecnologia e moda estão inseridos no cotidiano desses alunos e o gênero publicitário

aguça a curiosidade dos alunos, principalmente se a propaganda trata de assuntos

relacionados aos seus interesses.

Atuando enquanto profissional na disciplina de língua inglesa há 15 anos,

notei muito poucos alunos interessados pelo aprendizado do inglês e na maioria dos

relatos eles afirmavam que apenas o ensino da gramática era abordado nas aulas.

Apesar deste desinteresse, ainda sim havia alguns alunos que me procuravam para

saber o significado de palavras que estavam estampados em seus vestuários,

materiais escolares e outros meios que fazem parte do cotidiano dos mesmos.

Diante deste fato resolvi partir do dia a dia dos alunos e de seus interesses

como forma a estimulá-los ao aprendizado da língua e foi através das mensagens

publicitárias e do uso do estrangeirismo que encontrei esse caminho a percorrer.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Mesmo tendo nossa língua moderna um vasto e rico léxico, muitas vezes é

necessária a utilização de termos estrangeiros não só por uma simples questão

estética, mas pelo fato de não haver palavras correspondentes na língua portuguesa

que tenham equivalência fielmente ao termo estrangeiro.

Ao contrário de que se pensa o estrangeirismo enriquece o nosso vocabulário

e também há o fato de que estes termos chamam mais a atenção e trazem maior

credibilidade das pessoas, principalmente tratando-se de mensagens publicitárias.

Para Faraco apud Zanella (2014), em tempos de desenvolvimento e

descobertas científicas, de computadores com internet cada vez mais presentes em

nosso dia a dia, nada mais comum do que uma avalanche de palavras de outra

língua em nosso meio.

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É inegável que com o advento da globalização o empréstimo de termos

estrangeiros tornou-se uma constante nos processos culturais de todo o mundo.

Define Gois (2008, p. 02):

Se entre duas línguas, entre povos diferentes, ocorre imposição de um determinado termo, a coexistência entre ambas acaba por modelar o léxico da língua receptora. Há nesse caso um recorte analógico do mundo objetivo, inserindo-se num determinado contexto traços da língua-fonte, mesmo que esse traço não seja espacial, mas apenas linguístico. Essa ascendência de uma nação sobre a outra, caracterizadora do empréstimo, deixa marcas na língua, de modo que se promova uma conexão entre identidades culturais distintas, entre indivíduos e estruturas sociais, sob forte influência da base material da sociedade – muitas vezes associadas ao poder político e econômico.

Nos textos midiáticos muitas palavras de origem inglesa já estão inseridas de

forma a contribuir ainda mais ao apelo ideológico presente nestes, uma vez que o

uso é justificado pela sofisticação do mercado, a falta do termo vernáculo

correspondente, a consagração internacional do termo em inglês, o status que o

termo sugere, imprimir um caráter de novidade no texto e tornar, em muitas vezes, o

texto publicitário mais preciso.

Para Garcez e Zilles (2004, p. 23) indicam que “em uma sociedade como a

brasileira, na qual é imensa a disparidade na capacidade de consumo dos cidadãos

e na qual a classe social consumidora sofre de grande insegurança social e se mira

em modelo externo de consumo, norte-americano ou europeu, não surpreende que

o anglicismo se preste para marcar a diferenciação competitiva entre quem dispõe

desse capital simbólico e a massa não-consumidora”.

2.1 A INTERAÇÃO E O CONTEXTO SOCIAL

Por muito tempo, o ensino de uma língua pautou-se no modelo reprodutivo e

repetitivo, com professores preocupados apenas em informar o conteúdo, muitas

vezes descontextualizado, sem se preocuparem se o aluno havia assimilado o

assunto, ou ainda, se aquilo era relevante em sua vida. Era o estudo da língua pela

língua, pautada no pressuposto de Saussure de que a língua é um fato social

fundado na necessidade de comunicação. Segundo o mesmo autor (2006, p.92), o

estudo da linguagem comporta duas partes: uma tem por objeto a língua (langue) e

outra, a fala (parole); assim, a primeira seria social em sua essência, em

contrapartida à segunda que se apresenta como parte individual da linguagem.

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A interação humana é fator primordial na formação do indivíduo, deste modo

o ser humano possui diferentes maneiras de relacionamento social pautado não

somente por fatores biológicos, mas também por outros elementos e ações

construídos ao longo da vida. Num processo de aprendizado eficiente é fundamental

que haja uma interatividade abrangendo os mais variados recursos disponíveis no

mundo atual, principalmente com o advento da internet.

O que podemos dizer também é que com a globalização abriu-se um leque de

opções para a comunicação entre as pessoas, o que tem contribuindo muito para o

processo de ensino-aprendizado e de certa forma para o desenvolvimento dos

sujeitos, pois como afirma Vigotski (2001, p.63) o comportamento do homem é

formado por peculiaridades e condições biológicas e sociais do seu crescimento.

Portanto, a eficácia do aprendizado será válida, ou seja, passa a ser

significativa para o aluno, quando aquilo que se ensina estiver norteado pelas

relações sociais e pelo contexto socioeconômico e cultural ao qual o estudante está

inserido, valorizando assim o processo interacional que o aprendizado da língua

inglesa proporciona aos seus interlocutores. Segundo Bakhtin, “é por essa razão que

um aprofundamento da introspecção só é possível quando constantemente

vinculado a um aprofundamento da compreensão da orientação social.” (BAKHTIN,

2012, p.63)

2.2 O GÊNERO PUBLICITÁRIO

A propaganda é uma tática mercadológica que envolve arte, criatividade,

raciocínio, moda, psicologia, tecnologia, enfim, um complicado composto de valores

e manifestações da capacidade humana e que nos últimos tempos diariamente

somos bombardeados por propagadas em que se vê um grande uso de termos

estrangeiros. De acordo com Veríssimo (2013, p.19), a publicidade é um fenômeno

econômico, político, social, ideológico, cultural que visa estimular adesão de

determinados públicos, a cerca de ideias, produtos, serviços ou marcas.

É fundamental que a linguagem publicitária busque o estímulo e a atenção do

receptor. Segundo Batten apud Alves (1984, p. 97) o anúncio deve chamar a

atenção do receptor, despertar sue interesse e desejo a fim de incitá-lo à ação.

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A propaganda é talvez o processo mais forte de alienação, pois possui uma

força semiótica que molda nossos hábitos diários e opiniões, pois, de acordo com

Veríssimo:

Apresenta-se a publicidade como uma das formas midiáticas mais propícias ao agenciamento persuasivo e à articulação de sentidos; também a importância da comunicação na vida do ser humano, buscando compreendê-la como um fenômeno cultural, sobretudo vital para a sobrevivência da espécie. Esse percurso é fundamental para se entender a função da publicidade na vida social, visto que é um discurso que atua sobre os indivíduos, informando, agenciando, argumentando, utilizando apelos emocionais, racionais, de forma explícita ou implícita, oferecendo não apenas produtos, serviços ou ideias, mas também, estimulando diferentes formas de entender o mundo, estabelecendo uma situação dialógica que varia de acordo com o interesse do enunciador e da relação que esse pretende ter com seu destinatário (VERÍSSIMO, 2012, p. 18).

No discurso midiático é fundamental a escolha de léxicos, imagens e frases

adequadas no intuito de levar o consumidor a adquirir o produto e/ou o serviço, por

isso o autor deverá levar em conta o público alvo que deseja atingir.

A criação de um bom anúncio deve valer-se não só de mitos, ideias ou

valores, mas também de recursos fonéticos, léxico-semânticos e morfossintáticos

presente na língua veiculada.

Pelo fato de a publicidade induzir a uma visão dinâmica do social, ideias

atuais e inovações tecnológicas, não era de se estranhar a grande influência da

língua inglesa na elaboração de textos publicitários. O estudo da exploração deste

recurso na linguagem publicitária revela-nos a amplitude de valores e cargas

culturais que a cada dia passam a incorporar-se ao nosso léxico e,

consequentemente, à nossa cultura.

3 O PROJETO DE INTERVENÇÃO

O projeto aqui descrito foi executado no colégio Estadual Sertãozinho, em

Matinhos, ao longo de 8 aulas nos meses de março e abril de 2014 com duração de

50 minutos cada aula e estiveram envolvidos neste projeto cerca de 35 alunos dos

9º anos matutino. À medida que os assuntos inerentes ao tema iam sendo

apresentados em sala, era crescente a participação de todos os alunos na execução

das atividades sugeridas, sendo que um dos textos propostos foi utilizado como

forma de avaliação bimestral, em que a grande maioria deles obteve uma excelente

nota na execução do mesmo.

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O Quadro 1 apresenta, resumidamente, os conteúdos trabalhados.

Aula Descrição

1 Questões iniciais sobre o conhecimento prévio dos alunos a respeito do tema. Trabalho com a propaganda da black music e a da Nike com Jardel Gregório. Análise da propaganda do CCAA

2 Exercícios sobre o gênero propaganda.

3 Trabalho com a propaganda da Rip Curl e com a música de Israel Kamawiwole.

4 Trabalho com propagandas enganosas. Listagem de termos em inglês de algumas revistas.

5 Trabalho com texto jornalístico sobre propaganda enganosa.

6 Análise de outdoors e estabelecimentos comerciais de Matinhos. Explicação do caso genitivo.

7 Vídeo sobre os delírios de Beky Bloom e produção de texto sobre propaganda enganosa e consumismo exagerado.

8 Produção de propagandas utilizando termos em inglês Quadro 1 - Síntese das aulas

Para a produção de uma mensagem publicitária elaborada pelos alunos,

imprimi da internet algumas imagens de objetos bem criativos para que eles

pudessem fazer a atividade utilizando os itens corretos para a criação da

propaganda, como slogan, marca, texto, preço e o termo estrangeiro. Até mesmo na

escrita de um texto com o tema “propaganda enganosa e consumo exagerado” a

grande maioria se empenhou em deixar sua opinião a respeito do assunto.

4 Experiências com o grupo GTR: o olhar dos colegas sobre o projeto

Durante a 2ª etapa do programa PDE, coordenei uma experiência de

interação on-line com 18 professores de diversas regiões do Estado, que

conheceram o projeto e apresentaram seus pontos de vista sobre ele. No total foram

5 etapas entre fórum de discussão e relato de experiências em que pude observar

um grande interesse por estes professores participantes.

A participação dos professores no GTR foi de muita valia também para a

execução do meu projeto, uma vez que alguns deles também relataram suas

experiências no ensino da língua inglesa através do ensino-aprendizado do

letramento crítico.

Também já trabalhei com rótulos e embalagens em inglês de produtos que a gente compra todos os dias no supermercado e, na correria, nem para pra pensar o que eles significam. A gente fica surpreso mesmo. Os alunos adoram e é uma motivação e tanto pra eles, que se veem totalmente rodeados pelo Inglês. É meio aquela coisa: 'Tá tudo dominado...’ Já que é assim, é melhor eu me juntar a eles! Afinal, estamos em tempos de globalização, não é? (P1)

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Pude observar também o grande interesse pelo assunto do estrangeirismo

nas mensagens publicitárias pelo fato de ser um assunto de interesse da grande

maioria dos jovens atualmente, ainda mais quando o tema abordado são as

diferentes tecnologias constantemente sendo lançadas na mídia, como aparelhos

celulares, vídeo games, tablets, I-phones, entre outros:

O estudo do estrangeirismo nos textos publicitários pode despertar o interesse dos alunos porque os mesmos estão inseridos neste contexto, diariamente acessam facebook, internet, assistem filmes, escutam músicas e usam estes termos para comunicar-se.A partir do momento que o professor coloca isso em sala de aula, os alunos se dão conta do quanto a língua esta inserida em seu cotidiano e assim passam a se interessar mais. (P2)

Em outro momento, uma participante do grupo afirma:

Os alunos estão cada vez mais envolvidos com as tecnologias, sendo assim a língua inglesa está presente na maioria dessas tecnologias, pois tudo o que vem de novo em termos tecnológicos vem de fora do Brasil. Muitas vezes questiono meus alunos que gostam de jogar video games se os jogos que jogam já foram traduzidos para o português e a resposta é sempre negativa, aí aproveito para destacar o uso do inglês não somente em jogos mas em muitos outros seguimentos. Ano passado fiz um trabalho com o terceiro ano do ensino médio que chamei de "Our every day English", os alunos buscavam o uso do inglês um vários seguimentos, produtos de limpeza, produtos alimentícios, produtos de beleza, propagandas, jogos de video game e etc, através desse trabalho pude notar o quanto os alunos não haviam notado a presença tão grande da língua inglesa em seu cotidiano e a partir deste trabalho os alunos começaram a dar mais valor a língua. (P3)

Senti-me muito lisonjeada com os comentários de meus orientandos sobre o

meu projeto ao longo das atividades do GTR. Percebi que é possível sim trabalhar

de forma prazerosa o ensino na língua estrangeira, uma vez que muitos deles

aplicaram algumas atividades deste projeto durante este ano letivo e que também

puderam notar o interesse dos alunos na execução das atividades conforme

estavam na unidade didática.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do projeto de intervenção pedagógica relatado neste artigo, concluí

que é possível despertar o interesse pelo estudo da língua inglesa através de

mensagens publicitárias. Notei também que é de fundamental importância procurar

despertar o senso crítico em nossos alunos como processo no ensino-

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aprendizagem, uma vez que vivemos num mundo globalizando onde é fundamental

o nosso posicionamento como seres atuantes na construção de nosso

conhecimento, ainda mais como coparticipantes na formação de nossos discentes.

Cabe aos professores de línguas estrangeiras aterem-se as novas propostas

de ensino na aquisição de uma segunda língua, de forma a preocuparem-se com um

bom crescimento do interesse pelo aprendizado do inglês na educação básica.

REFERÊNCIAS

ALVES, Ieda Maria. Metalinguagem e empréstimo na mensagem publicitária. São Paulo: Alfa, 1984. BAKHTIN, M.M. Marxismo e filosofia da linguagem.13.ed.-São Paulo:Hucitec,2012.

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SAUSSURE, F. de. Curso de linguítica geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Isidoro Blikstein. 28 ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

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SOUZA, Lynn Mario T. Menezes de. Para uma redefinição de Letramento Crítico: conflito e produção de significação. DLM-USP. Disponível em: file:///D:/Downloads/Letramento%20Critico2010.pdf. Acessado em 18 novembro 2014.

VERÍSSIMO, Fabiane da Silva. Discurso Publicitário da sustentabilidade: um estudo das estratégias persuasivas em anúncios de revista. Dissertação de mestrado da Universidade Federal de Santa Maria. 2012 VIGOTSKY, L. S.Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

ZANELLA,L.F Estrangeirismos. 2014. Disponível em http://www.webartigos.com/artigos/estrangeirismos/120887/. Acessado em novembro de 2014.