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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · seguir, quais são os conteúdos e atividades possíveis de ser trabalhadas em sala de aula com os seus educandos, na sua disciplina

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIDADE DIDÁTICA

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Janete da Silva Melo

Área PDE: Pedagogia

NRE: Curitiba

Professor Orientador: Prof. Dr. Gracialino da Silva Dias

IES Vinculada: Universidade Federal do Paraná - UFPR

Público Objeto da Intervenção: Educandos e Educadores

Título do Material Didático: A Alimentação Escolar na percepção dos

Educandos e Educadores da EJA, possibilidades de inclusão desta

temática como categoria geradora da base curricular.

Curitiba – PR

2013

JANETE DA SILVA MELO

UNIDADE DIDÁTICA

Material Didático apresentado pela

professora PDE Janete da Silva Melo,

ao Programa de Desenvolvimento

Educacional, da SEED/PR, vinculada a

UFPR, sob orientação do professor Dr.

Gracialino da Silva Dias, da UFPR.

2013

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO..................................................................................... 4

Iniciando a conversa.....................................................................................

6

Primeira Etapa

Documentário: “Muito Além do Peso”..............................................................

7

Segunda Etapa

A alimentação Escolar....................................................................................

9

Terceira Etapa

O Projeto Pedagógico na Educação Básica....................................................

19

Quarta Etapa

O currículo da Educação Básica .....................................................................

25

REFERÊNCIAS................................................................................................

29

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APRESENTAÇÃO

Este Material Didático Pedagógico em questão faz parte da implementação

pedagógica do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

A intenção é ampliar os conhecimentos dos Educandos e Educadores da

Educação de Jovens e Adultos, relacionados à temática nutrição e para isso

utilizaremos a Alimentação Escolar como base. Trabalhar com esta temática

significa aproveitar por meio de discussões interdisciplinares, ou seja, alimentação

adequada, saúde, qualidade de vida, que podem ser trabalhadas em todas as

disciplinas.

O objetivo é conscientizar os educandos com relação à alimentação,

proporcionando-lhes conhecimentos e capacidades que os tornem aptos a

discriminar informações, identificar valores agregados à publicidade dos

alimentos, e dessa forma, realizar escolhas sensatas e importantes para o próprio

desenvolvimento como seres humanos.

Iniciei minha caminhada profissional na área do magistério em 1996, na

Prefeitura Municipal de Curitiba, como professora docente de uma turma de 1ª

série, atual 1º ano do Ensino Fundamental de 9 anos. Neste mesmo ano ingressei

no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná.

Em 2000 já formada em Pedagogia, fui aprovada no concurso do Serviço

Social Autônomo - ParanaEducação, como Pedagoga, escolhi para atuar numa

escola na modalidade do Ensino Regular, para Ensino Fundamental e Ensino

Médio. Permaneci nesta referida escola até o ano de 2003, quando busquei

trabalhar no período noturno.

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Então em 2003 buscando uma escola que ofertasse o período noturno,

encontrei o CEEBJA CIC, escola que trabalha especificamente com a modalidade

de ensino voltada para Jovens e Adultos, que por diversas situações ainda não

concluíram o Ensino Fundamental ou o Ensino Médio.

Em 2005 assumi como concursada no quadro próprio do magistério e

continuei na mesma escola, como professora pedagoga.

No ano 2009 fui convidada a fazer parte da equipe de direção desta escola,

e desde então atuo como Diretora Auxiliar neste referido Centro Estadual de

Educação Básica para Jovens e Adultos.

Uma das questões que bastante me inquietavam eram referente à

alimentação escolar, como estes educandos e educadores se alimentam? Qual o

papel que a alimentação escolar exerce na vida deles?

Considerando estas colocações em 2012 me inscrevi para o PDE –

Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED/PR, e fui aprovada, então

me propus estudar e pesquisar um pouco mais sobre esta temática.

Ao longo deste material didático apresento questões e temas importantes a

serem discutidos, tendo como base a Alimentação Escolar.

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Nesta primeira etapa do material didático, e a partir do filme documentário:

“Muito Além do Peso”, refletiremos sobre a obesidade, e o sobrepeso em crianças

e adolescentes. Priorizamos a discussão sobre as consequências na vida destas

crianças, as diferentes facetas desse problema que os nossos escolares estão

imerso, tomando como foco este documentário e as diversas possibilidades de

trabalho com ele e a partir dele nas diferentes disciplinas que compõe a grade

curricular do Ensino Fundamental e Ensino Médio, nas modalidades de ensino.

Partimos do pressuposto que este documentário apresenta questões relevantes a

ser discutido na escola, espaço este que tem a função de promover o

conhecimento e levar os educandos a uma formação integral e a construção de

sua cidadania plena.

Nesta etapa, temos, portanto como objetivos:

Assistir ao filme documentário: “Muito Além do Peso”.

Compreender a importância de darmos subsídios aos educandos para que

possam fazer uma leitura para além do que está explícito, e assim possam fazer

escolhas conscientes.

Identificar os conteúdos que poderão ser abordados através deste

documentário, nas diferentes disciplinas que compõe a grade curricular.

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PRIMEIRA ETAPA

A ideia de trabalhar com filmes como recursos didáticos não é uma

novidade que apresentamos aqui, na maioria das escolas públicas paranaenses,

existe televisão, aparelho de DVD, laboratório de informática, equipamentos e

espaços que podem ser bem utilizados em favor do desenvolvimento da

aprendizagem dos nossos educandos. É bem comum ver os professores

utilizando o cinema em sala de aula, mas a questão não é usar ou não usar o

cinema, mas sim: os vídeos estão sendo selecionados e planejados com intuito

de promover uma discussão relacionada ao conteúdo que está sendo trabalhado?

Quando pensamos em trabalhar com filmes, os objetivos devem ser bem

claros e delineados com antecedência, e devem estar sempre voltados para a

apresentação ou complementação de conteúdos.

Sem dúvida que bem trabalhado, um filme, será uma atividade dinâmica, e

muito enriquecedora da prática pedagógica.

Sendo assim, o filme que propomos aqui é um documentário, que permite

uma boa discussão relacionada a diversos conteúdos do currículo escolar, nas

diversas disciplinas.

SINOPSE DO FILME MUITO ALÉM DO PESO

Documentário 84 min

Dir: Estela Renner

O documentário mostra que as crianças

estão cada vez mais obesas, e possivelmente

carregaram este estigma para a vida adulta. Diz o

documentário que 33% das crianças no Brasil estão

com peso acima dos padrões saudáveis. Isto

acontece por falta de conhecimento sobre nutrição

e também é resultado das campanhas maciças de

publicidade de alimentos poucos nutritivos e

geralmente associados a brinquedos, estimulando o

consumo e o desejo das crianças, adolescentes e

do público em geral. planetasustentavel.abril.com.br/inc/pop_print.html

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Isto acontece devido à disponibilidade e no preço relativamente mais

barato de alimentos de altas calorias, e pouco valor nutritivo. A urbanização

também contribui para o acumulo de peso, quando leva as pessoas a um gasto

cada vez menor de calorias e à uma vida cada vez mais sedentária.

A obesidade também impõe altos custos aos sistemas públicos e privados

de saúde, e deverá em pouco tempo responder por 44% dos custos com diabetes

e 23% dos custos com doenças do coração, de acordo com dados do Fórum

Econômico Mundial.

Este documentário mostra também, entrevistas com educadores,

terapeutas, sociólogos, personalidades que expõe o nome de grandes empresas

no ramo alimentício, que compõe um exército de pessoas bem treinadas para,

com meios ardilosos, vender seus produtos e, além disso, viciar as crianças

nestes produtos, seja associando a um brinquedo, um herói, um personagem de

desenho.

O documentário Muito Além do Peso está disponível no YouTube e

também no site da iniciativa. http://www.muitoalemdopeso.com.br/

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

1) Acesse o site sugerido do documentário e assista ao filme, para posterior

debate.

2) Este documentário possibilita o trabalho interdisciplinar, após a discussão das

ideias que o filme apresenta, os professores deverão elencar no formulário a

seguir, quais são os conteúdos e atividades possíveis de ser trabalhadas em

sala de aula com os seus educandos, na sua disciplina.

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SEGUNDA ETAPA

Nesta Segunda Etapa, vamos aprofundar um pouco mais o tema:

“Alimentação Escolar”, seu significado, o que ela representa para educandos e

educadores. Vamos também conhecer um pouco da história do Centro Estadual

de Educação Básica para Jovens e Adultos – CEEBJA CIC, escola onde

acontecerá a implementação deste Projeto de Intervenção Pedagógica. Tal tema

será discutido tendo como ponto de partida as reflexões iniciadas na primeira

etapa. O pressuposto, portanto, é que necessitamos ter clareza daquilo que

queremos ensinar e o que os educandos pensam sobre o que se pretende

ensinar.

Desse modo, os objetivos da 2ª etapa são:

Identificar qual o significado da Alimentação Escolar para os educadores e

educandos.

Aprofundar os conhecimentos sobre a política social da Alimentação

Escolar, na perspectiva de política pública.

Planejar situações de ensino tendo a Alimentação Escolar como categorias

geradoras da base curricular.

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Alimentação Escolar

"A alimentação constitui a força mais tenaz que liga o grupo

humano ao meio natural que lhe fornece os meios de subsis-

tência." Josué de Castro.

Josué de Castro (1908-1974)

CTECSAN – Centro de Tecnologias Sociaise Educação

em Segurança Alimentar e Nutricional

A história da Alimentação Escolar no mundo e no Brasil está ligada a

expansão da rede pública de ensino para os segmentos da classe trabalhadora

mais pobre, ou seja, historicamente a Alimentação Escolar oferecida, dependendo

das regiões do Brasil recebeu o nome de “lanche” (nome predominante na região

Sul), ou “merenda” (termo mais usual na região Norte e Nordeste do Brasil), teve

um caráter compensatório e assistencialista. É muito comum ouvir se falar “o

aluno só vem para escola para comer”, ou então, “é a comida que atrai o aluno

para escola”. Essas afirmações têm muito de verdade em função da pobreza, da

miséria e da fome que atinge milhões de brasileiros.

Cabe a pedagogia progressista não a mera constatação do caráter

assistencialista, nem tão pouco a recusa da Alimentação Escolar sob o pretexto

de que “a escola não é uma entidade assistencial”. À pedagogia progressista

cabe trabalhar de modo práxico com a realidade objetiva. Sobre a Alimentação

Escolar esta práxis se traduz na sua incorporação ao Projeto Político Pedagógico

da escola e ao currículo como instrumento formativo de educadores e educandos.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) política social

pública, que atende em caráter suplementar, a toda rede de educação básica no

Brasil, estendida também aos alunos das escolas filantrópicas, correspondentes a

45 milhões de estudantes, mas como ele é percebido pelo seu público alvo e

pelos educadores? Como é tratado na sua escola? Parte-se da compreensão de

que o programa articula-se com o emergente direito alimentar e com os princípios

que regem a educação brasileira, especialmente o de igualdade de condições de

acesso e permanência na escola e a oferta de padrões de qualidades na

educação.

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Ainda temos em todo o mundo, pessoas que não tem acesso a alimentos

em quantidade ou qualidade necessária para a manutenção da saúde. A fome e a

desnutrição juntas são um risco para saúde no mundo, ela mata mais pessoas

anualmente do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas, (UNAIDS, Relatório

Global, 2010).

A fome é a situação em que o indivíduo não se alimenta suficientemente

para suprir os gastos energéticos com as atividades básicas diárias. Já

desnutrição éo caso da pouca ou nenhuma ingestão de alimentos saudáveis,

fonte de minerais, vitaminas e energias necessárias para que o corpo e o cérebro

se desenvolvam. Esta carência de nutrientes deixa o organismo suscetível a

doenças e dificuldades mental, quão séria é esta questão.

Ouvimos falar quase que diariamente sobre a importância de hábitos de

alimentação saudáveis para manutenção da saúde e qualidade de vida. Porém

pesquisas revelam que os brasileiros estão cada vez mais obesos e outra parcela

da população estão desnutridos. É um paradoxo falar que a população está

engordando e ficando desnutrida ao mesmo tempo, pois há uma discrepância

entre a quantidade e a qualidade do que se come. Segundo a (FAO, 2012)

aproximadamente 925 milhões de pessoas no mundo não comem de forma

adequada para serem consideradas saudáveis.

No Brasil, convive-se com doenças inteiramente associadas à fome, e à

desnutrição, assim como doenças desenvolvidas por hábitos alimentares

inadequados, que afetam não só a classe dos menos favorecidos, mas também

outros segmentos da população que não estão imunes às distorções impostas

pelas mudanças do modelo de desenvolvimento econômico dominante.

Podemos observar isto claramente no documentário: “Muito Além do Peso”,

a influência da grande mídia, retratando a infância perdida. Mexendo com a

cabeça imatura e vulnerável das crianças, a mídia usa a criança para afetar

adulto, com uma publicidade focada nas crianças, ensinando valores fúteis, e

estimulando apenas a competição não saudável. O documentário traz um alerta

acerca da forma como as crianças são usadas pela publicidade para obter lucros.

Assim, visualizam-se produtos gordurosos com alto teor de açúcares e gorduras

incessantemente sendo oferecido ás crianças. Ao invés de alimentos saudáveis e

nutritivos, prejudicando deste modo, á saúde das mesmas e confrontando as

diretrizes alimentares brasileiras que não deveria pertencer a uma criança.

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Há que se refletir sobre como a sociedade de consumo e as mídias de

massa impactam na formação de crianças e adolescentes, nos dias de hoje,

porém os pais não devem esquecer o seu importante papel, educar é também

dizer não.

Josué de Castro, destacado médico, nutrólogo, cientista social, escritor,

ativista brasileiro que dedicou sua vida ao combate à fome, em 1939, escrevendo

sobre este tema, já a considerava não como um problema de limites na produção

de alimentos, por força da natureza, mas sim, como problema de distribuição de

tudo o que o homem produzir. (CASTRO, 1939). O alimento não é apenas uma

necessidade para a manutenção da vida, mas também uma mercadoria e está,

portanto, indissoluvelmente ligado às formas de organização econômica.

(ROSEN, 1994).

Há história do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos

CIC, surgiu a partir de parceria entre a SEED e o SESI – Departamento Regional

do Paraná, firmando Termo de Acordo para Programa em Parceria, a fim de levar

o aluno jovem e adulto, trabalhador da Cidade Industrial de Curitiba, a

oportunidade de escolarização e de educação básica, facilitando o acesso a uma

escola geograficamente mais próxima de seu universo de trabalho, bem como a

apropriação de conteúdos voltados à construção de seus conhecimentos.

Assim, em 1997 foi criado e autorizado o funcionamento do então Centro

de Estudos Supletivos do SESI CIC, iniciando o atendimento de alunos de 1º e 2º

graus, nos períodos vespertino e noturno. No ano de 1998, o crescimento

quantitativo e qualitativo da Escola foi se estabelecendo, tendo sido assumidos

novos programas como os Exames Supletivos, os Termos de Cooperação

Técnica (TCT) e os Postos Avançados do CEEBJA (PAC´s).

Em 2002, o CEEBJA SESI CIC, inicia o trabalho descentralizado nos

PAC´s -Postos Avançados do CEEBJA,atualmente denominados de APED´s -

Ações Pedagógicas Descentralizadas, prioritariamente em locais de grande

população de jovens e adultos interessados na elevação de sua escolarização,

mas com dificuldades de deslocamento até a sede do CEEBJA. Além do

deslocamento, tais dificuldades caracterizavam-se também pela falta de recursos

para o transporte, questõesde trabalho, tempo e, porém destacava-se a facilidade

de estudar próximo a sua residência.

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As APED´s, caracterizam-se pelo atendimento descentralizado, nos bairros

do entorno à escola, funcionando a escolarização em salas de aula no período

noturno em espaços cedidos pelas escolas da rede municipal de ensino, as quais

estão ociosas neste período.

No ano de 2008 com o fim da parceria entre a Secretaria de Estado da

Educação-SEED e o SESI DR PR – Departamento Regional do Paraná, houve

necessidade de encontrar-se outro espaço físico, para continuidade dos

trabalhos. Depois de uma cuidadosa busca por imóveis que pudessem acomodar,

pelo menos minimamente, as demandas específicas de nossa escola, nos

estabelecemos na antiga sede administrativa da empresa Berneck Aglomerados

S/A. Sendo assim, em julho de 2009, o CEEBJA SESI CIC reiniciou suas

atividades na Rua Pedro Gusso, 1259, e passou a denominar-se CEEBJA CIC.

O CEEBJA CIC tornou-se referência na Educação de Jovens e Adultos em

Curitiba, buscando espaços para agregar qualidade formal e política ao trabalho

como princípio norteador de sua ação, o que garante um crescimento também do

ponto de vista qualitativo, pois se entende que a EJA não é suplementar, mas

básica, fundamental, essencial para aqueles que apenas não tiveram a

oportunidade de concluir sua escolarização em idade apropriada e hoje têm esse

direito garantido através dos CEEBJA`s.

O CEEBJA CIC Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos

CIC, Ensino Fundamental Fase II e Ensino Médio, está localizado na Rua Pedro

Gusso, n.º 1259, bairro CIC, no município de Curitiba, tendo como mantenedor o

Governo do Estado do Paraná, funcionando em espaço físico locado. Já

decorridos quatro anos de instalação neste espaço locado, ainda a escola passa

por adaptações dos espaços para transformar em espaço educativo. As salas de

aula foram adaptadas, e não há uma medida padrão, portanto temos salas de

aula que comportam quantidade diversas de educandos, assim como os demais

espaços (laboratórios, secretaria, coordenação pedagógica, cozinha, refeitório)

estão passando por transformações.

Sua área de atuação corresponde ao município de Curitiba e do Núcleo

Regional de Educação de Curitiba, Setor CIC. Atualmente o CEEBJA CIC tem

matriculados na sede em torno de 1.250 educandos, do Ensino Fundamental

Fase II e Ensino Médio, e conta com um quadro de 156 educadores, entre:

professores, pedagogos, agentes educacionais e coordenadores.

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Iniciei como pedagoga nesta escola no ano de 2003, no período noturno, e

dentre tantas problemáticas que a EJA enfrentava, uma delas saltava aos meus

olhos, que era a questão dos educandos não serem contemplados com a

alimentação escolar, situação esta que permaneceu até 2011.

Em 2009, ano em que a parceria entre o SESI e a Secretaria do Estado da

Educação foi cancelada, fui convidada a compor a equipe diretiva, na função de

diretora auxiliar, função ocupada até a presente data, e a questão da alimentação

escolar passou a me inquietar ainda mais. Após inúmeras reuniões e conversas

com a mantenedora e diversas adequações de espaços no interior da escola,

como almoxarifado, cozinha e criação do espaço refeitório, o CEEBJA CIC

passou a receber a alimentação escolar destinada aos educandos, porém com

um cardápio diferenciado, considerando que as condições de espaço físico do

prédio, não comporta uma cozinha equipada e em condições de preparar os

alimentos a serem servidos, atualmente a cozinha do CEEBJA CIC atende às

normas da vigilância sanitária e serve para separação e preparo da distribuição

aos educandos, destes alimentos prontos ou semi-prontos que compõe o

cardápio.

Atualmente um discurso bastante presente entre educadores, políticos, e a

sociedade em geral é a luta por uma educação de qualidade, e para trabalhar em

prol disso, dentre outros requisitos, é necessário entender como as políticas

governamentais interferem neste meio. Sendo o pedagogo, o profissional que tem

a função de articular o trabalho pedagógico no interior da escola, cabe a este

profissional conhecer e tornar conhecida as políticas governamentais, dentre elas

a política pública da alimentação escolar.

A alimentação escolar no Brasil, como instrumento de política pública de

alimentação e nutrição, originou-se a partir de uma necessidade maior do Estado

de solucionar o problema da fome, embora de maneira suplementar e setorial.

Segundo afirmava Josué de Castro, já na primeira metade do século XX, a fome

era um problema endêmico, e não epidêmico, pois se associava à pobreza

extrema e a práticas alimentares e serviços públicos inadequados. Logo, sua

natureza era política e econômica (Castro, 1984).

Assim, a partir dessa percepção, o combate à fome passou a ser objeto de

políticas governamentais com a elaboração de diversos planos e programas

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visando implantar uma política nacional de alimentação e nutrição que sanasse,

pelo menos em parte, os problemas na área social e de saúde pública.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) merece destaque

por seu caráter histórico e por sua abrangência. Pode ser considerado um dos

maiores programas de alimentação escolar do mundo, considerando o tempo de

atuação, a continuidade, o compromisso constitucional desde 1988, o caráter

universal, o número de alunos atendidos e o volume de investimentos já

realizados.

A política de alimentação e nutrição no Brasil tem suas origens na década

de 1930. A realização do primeiro inquérito sobre alimentação, orçamento familiar

e condições de vida da população data dessa época.

Conforme relata o art. 4º da lei 11947/09, “O Programa Nacional de

Alimentação Escolar - PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o

desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a

formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de

educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas

necessidades nutricionais durante o período letivo.”

Este Programa prevê também entre seus benefícios indiretos, a

contribuição para a mudança no hábito alimentar dos beneficiários do programa e

de suas famílias. O PNAE tem por finalidade atender a 15% das necessidades

nutricionais diárias de crianças, da rede pública e filantrópica de todo o Brasil,

inclusive nas que abrigam alunos indígenas e quilombolas.

No entanto, a alimentação na escola pode representar acesso a alimentos

que a família do estudante não pode ofertar por apresentar renda insuficiente para

sua aquisição; e também pode complementar em termos nutritivos os lanches

trazidos de casa, que são muitas vezes inadequados quantitativamente e

qualitativamente. Enfim, o ato de comer na escola pode adquirir uma

representatividade em termos alimentares para os educandos.

Para Josué de Castro, o Programa Nacional de Alimentação Escolar é um

elemento essencial para a luta contra a fome e subnutrição. O estabelecimento

desse Programa, segundo ele, permitiria racionalizar os programas de

alimentação escolar já existente e estendê-los a todo o país, dando-lhes

orientação técnica e assistência econômica. Além da suplementação alimentar, a

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alimentação serviria para o desenvolvimento de atividades educacionais

(CASTRO, 1954).

A descentralização da merenda escolar foi concretizada em julho de 1994,

por meio da Lei Federal 8.913de 12/07/1994. Essa lei, em seu Artigo 4º,

determina que a elaboração dos cardápios dos programas de alimentação

escolar, sob a responsabilidade dos estados e municípios, através de

nutricionista, seja desenvolvida em acordo com o Conselho de Alimentação

Escolar (CAE) e considerando as preferências alimentares locais e incentivasse a

formação dos hábitos alimentares sadios, valorizando os espaços educativos.

Tem como uma de suas diretrizes “o apoio ao desenvolvimento sustentável, com

incentivos para aquisição de gêneros alimentícios diversificados,

preferencialmente produzidos e comercializados em âmbito local” (Resolução

FNDE/CD nº. 32, de 10/08/2006).

Essa Lei define ainda, em seu Artigo 2º a composição dos Conselhos de

Alimentação Escolar (CAE), inicialmente formado por representantes da

administração pública local, responsável pela área da educação; dos professores;

dos pais de alunos; e de trabalhadores rurais, que teria que elaborar o seu

regimento interno e cuja função principal seria fiscalizar e controlar a aplicação

dos recursos do PNAE, formalizando denúncias no caso de irregularidades.

Ainda que o apoio à pequena produção não esteja explícito, a

representação dos trabalhadores rurais no CAE bem como as determinações de

respeito aos hábitos alimentares de cada localidade e à sua vocação agrícola,

além da recomendação de dar preferência aos produtos in natura, priorizando a

produção local, que já vinham sendo introduzidas nos anos anteriores de forma

isolada e algumas vezes indireta, acabaram se perpetuando na legislação até os

tempos atuais e transformaram-se em elementos cruciais para estimular,

principalmente os gestores municipais, a usar o PNAE no apoio à produção

familiar.

O Conselho de Alimentação Escolar (CAE) atua como colegiado

deliberativo, instituído no âmbito dos estados, do Distrito Federal e dos

Municípios.

A exigência da criação legal do CAE em todos os municípios foi ratificada

por meio da MP nº. 1.979-19/00, que instituiu, em cada município brasileiro, o

CAE não só como órgão fiscalizador, mas também deliberativo e de

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assessoramento, responsável por zelar pela qualidade dos produtos da

alimentação escolar.

Em outubro de 2005 o modelo do PNAE começou a ser disseminado nos

países em desenvolvimento em que a FAO atuava com o objetivo de criar

condições de combate à fome e à desnutrição por meio da alimentação escolar.

Pelo acordo, o FNDE deveria enviar aos países equipes técnicas da instituição

para auxiliar na construção do modelo do programa e para capacitar

nutricionistas, gestores, atores de controle social e merendeiras sobre temas

como: a dimensão sistêmica da horta escolar, a gestão e a organização

participativa, a transparência e o controle social, a produção de refeições para

atender à clientela escolar, noções de higiene pessoal, higiene dos alimentos e

promoção da saúde.

Mesmo ocupando um lugar de destaque entre as políticas públicas, este

programa não tem sido acompanhado e passado por avaliações contínuas, com o

intuito de reorienta-lo, reformulá-lo ou mesmo reforçá-lo, de maneira a otimizar os

recursos utilizados.

O PNAE pode utilizar o espaço educativo em que está inserido, no sentido

de promover o diálogo com a comunidade escolar sobre os fatores que

influenciam suas práticas alimentares diárias, possibilitando questioná-la e

modificá-las, por meio de temas incorporados no currículo das escolas. Criando

assim um ambiente estimulador e favorável ao desenvolvimento de práticas de

alimentação que levem a uma vida mais saudável.

Sugestão de leitura

1. Acesse o site sugerido e saiba mais sobre a fome:

http://www.josuedecastro.com.br/port/fome.html

2. Quer saber mais sobre PNAE – Programa Nacional da

Alimentação Escolar, então acesse:

http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-

escolar-apresentacao

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

1) Aplique um instrumento de pesquisa à seus educandos e educadores, que

mostre qual a percepção que estes sujeitos tem referente à Alimentação

Escolar?

2) Converse com a pessoa responsável pela Alimentação Escolar da sua

escola e verifique como o PNAE está sendo desenvolvido, neste

estabelecimento.

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TERCEIRA ETAPA

O Projeto Político Pedagógico é o tema principal desta etapa. Será foco

das reflexões temas, como: o PPP como identidade coletiva, que expressa o

desejo de uma sociedade democrática e também a gestão democrática, sem esta

não será possível construir um PPP com autonomia e voltado não só para as

questões pedagógicas, como também ao papel desempenhado pela escola na

sociedade.

O pressuposto, portanto, é que sem a coletividade na construção do

Projeto Político Pedagógico, não será possível caminhar para a construção de

uma gestão democrática.

Desse modo, os objetivos da 3ª etapa são:

Aprofundar os conhecimentos sobre a construção do Projeto Político

Pedagógico na perspectiva de uma construção coletiva;

Compreender a importância da gestão democrática, na educação básica,

para efetivação do Projeto Político Pedagógico.

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O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Entende-se que o Projeto Político-Pedagógico é uma ação intencional e o

resultado de um trabalho coletivo, que busca metas comuns que intervenham na

realidade escolar. Traduz a vontade de mudar, pensar o que se tem de concreto e

trabalhar as utopias; permite avaliar o que foi feito e projetar mudanças.

Consideramos que o Projeto Político-Pedagógico prevê todas as atividades

da escola, do pedagógico ao administrativo, devendo ser uma das metas do

Projeto construir uma escola democrática, capaz de contemplar vontades da

comunidade na qual ele surge tanto na sua elaboração quanto na sua

operacionalização, desde professores, técnicos pais, representantes de alunos,

funcionários e outros membros da comunidade escolar.

A sociedade vem passando por transformações tanto sociais, como

políticas e econômicas. Somando-se a isso, temos um avanço tecnológico

bastante grande nos últimos anos, fazendo surgir uma sociedade na qual os

cidadãos necessitam interagir com o que vem acontecendo no mundo e, a escola

precisa possibilitar a seus participantes um desenvolvimento integral e que não

seja apenas transmissora de conteúdos, e sim que prepare os cidadãos para

resolver os problemas do cotidiano, preparando-os para o exercício da cidadania.

Para a escola alçar esta educação que seja capaz de formar um cidadão

consciente, que procure no desenvolvimento social e intelectual o respeito ao ser

humano, é necessário que ela elabore com a participação de todos os agentes da

educação a proposta pedagógica, conforme prevê o artigo 12 da LDB 9394/96:

Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do

seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I – elaborar e executar sua proposta pedagógica.

Um caminho para efetivar a proposta é o Projeto Político Pedagógico,

documento de identidade da escola, que retrata o modelo de sociedade que esta

escola quer construir. É um projeto em que um desejo, um sonho coletivo é

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transformado em uma ação. O PPP é mais que conjunto de documentos isolados,

conforme Veiga (2002) “o projeto pedagógico da escola é também político”. Já

para Freire (2005), todo ato educativo é também um ato político, no sentido de

que não é neutro, mas que envolve o ser humano e o mundo.

Para construção do PPP todos os segmentos da escola devem participar,

conforme prevê o artigo nº 13 da LDB 9394/96:

Os docentes incumbir-se-ão de:

I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento

de ensino.” Deverão tomar como base o momento histórico em que a sociedade

está vivendo e observar os atuais paradigmas educacionais, buscando uma

aprendizagem voltada à significação do contexto, dessa forma, Veiga (2004)

coloca:

Pensar o PPP de uma escola é pensar a escola no conjunto

e a sua função social. Se essa reflexão a respeito da escola

for realizada de forma participativa por todas as pessoas

nela envolvida, certamente possibilitará a construção de um

projeto de escola consistente e possível.

A que se propiciarem momentos de reflexão na escola com todos os

sujeitos envolvidos sobre o papel social que esta desempenha na comunidade em

que está inserida, isso legítima o PPP como identidade coletiva, que expressa o

desejo de uma sociedade democrática.

Entendemos que somente com uma gestão democrática será possível

construir um PPP com autonomia e voltado não só para as questões

pedagógicas, como também ao papel desempenhado pela escola na sociedade.

Falando sobre gestão democrática nos reportamos a Paro (2000) quando diz que

uma educação pública de qualidade só é possível se os fins sociais da escola

estiverem presentes no dia-a-dia, efetivando a formação do cidadão. Pensando

assim é imprescindível que o PPP relacione as questões didático-pedagógicas

com a função social que a escola deve desempenhar na sociedade. Ainda, Paro

(2000) afirma:

22

Se a verdadeira democracia caracteriza-se, dentre outras coisas, pela

participação ativa dos cidadãos na vida pública, considerados não

apenas como titulares de direito, mas também como criadores de novo

direitos, é preciso que a educação se preocupe com dotar-lhes das

capacidades culturais exigidas para exercerem essas atribuições,

justificando-se, portanto a necessidade de a escola pública cuidar, de

forma planejada e não apenas difusa, de uma autêntica formação do

democrata.

Acreditamos que o processo democrático no cotidiano escolar se tornarão

efetivos e reais se contar com a participação de toda a comunidade, opinando,

discutindo, refletindo e interferindo como sujeito participativo e democrático.

A Constituição Federal de 1988 foi um importante marco para a

democratização da educação. Reforçou o movimento de gestão democrática da

educação que teve um grande avanço na década de 90, quando foi, então,

promulgada a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96)

– LDB, que contemplou em seus art. 14 e 15 os princípios norteadores da gestão

democrática:

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão

democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as

suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos

escolares ou equivalentes.

Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares

públicas de educação básica que os integram progressivos graus de

autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,

observadas as normas gerais de direito financeiro público.

23

Como vemos a Constituição Federal de 1988 já apontava para modificações

necessárias na gestão educacional, com vistas a imprimir-lhe qualidade.

Refletindo a partir destas considerações, pergunta-se: será que realmente os

cidadãos estão preparados para viver uma verdadeira democracia? Se

pensarmos na democracia que vivemos hoje no Brasil percebemos que ainda não

estamos preparados para escolher e fiscalizar nossos governantes, visto que

nossas políticas públicas nem sempre visam à melhoria da sociedade, muitas

vezes concorrendo para consolidar uma sociedade elitista.

A gestão democrática fortalece a reflexão da prática educativa no contexto

em que a escola está inserida e por todos que a compõe, no sentido de que assim

estejam envolvidos no processo de construção, realização e avaliação do PPP é

fundamental que as concepções e finalidades da educação sejam refletidas em

relação à sociedade e ao sujeito que será formada a consciência crítica e a

cidadania. Portanto, cada escola deverá construir seu PPP, contemplando sua

história e fortalecendo sua identidade.

Para tanto Veiga (2002) nos orienta para compor ao PPP, três marcos:

Marco Situacional que é a percepção do grupo em torno da realidade em que a

escola está inserida: como a vê, quais seus traços mais marcantes, qual a relação

do quadro sócio-econômico, político e cultural mais amplo e o cotidiano da escola.

Sua importância se deve ao fato de que pode desvelar os elementos estruturais

que condicionam a instituição e seus agentes. Neste marco o que se pretende é a

explicitação de uma visão geral da realidade e não apenas uma análise da

instituição na perspectiva micro. Marco Conceitual que se refere aos princípios

norteadores do ideal geral da instituição escolar. Fundamenta a concepção de

sociedade, homem, escola, currículo e educação, assumida pelo grupo que

compõe a equipe escolar e sua comunidade. Embora toda educação se baseie

numa visão de homem e de sociedade, nem sempre as escolas explicitam ou

discutem consciente e intencionalmente as concepções subjacentes às suas

práticas. O processo de elaboração do Marco Conceitual dá esta oportunidade

tanto de explicitação, quanto de debate e busca de um consenso mínimo em

torno de conteúdos epistemológicos, éticos, políticos-pedagógicos e

metodológicos. Marco Operacional é a explicitação do ideal da instituição

escolar, tendo em vista aquilo que queremos ou devemos ser. A elaboração do

Marco Operacional deve ser compatível e coerente com o Marco Situacional e,

24

em especial, com o Marco Conceitual, pois, caso isso não ocorra, pode haver

desarticulação entre a realidade geral e as finalidades assumidas.

Sugestão de leitura

1. Sobre a construção do Projeto Político Pedagógico, leia:

http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v23n61/a02v2361.pdf

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Conforme explicitado no texto, a escola precisa possibilitar a seus participantes

um desenvolvimento integral e que não seja apenas transmissora de conteúdos,

e sim que prepare os cidadãos para resolver os problemas do cotidiano,

preparando-os para o exercício da cidadania, sendo assim:

1) Procure conhecer o Projeto Político Pedagógico da sua escola.

2) Identifique no Projeto Politico Pedagógico da sua escola, alguma referência

sobre a Alimentação Escolar. Há alguma citação sobre esta temática? De que

forma?

3) Elabore um texto com intuito de incluir a temática Alimentação Escolar, no

Projeto Político Pedagógico da sua escola.

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QUARTA ETAPA

“O Currículo na Educação Básica e o Currículo na EJA – Educação de

Jovens e Adultos” são os temas desta última etapa. Discutiremos sobre a

construção deste currículo como instrumento de formação humana, tratando-o

não como um instrumento pronto e acabado, mas sim um documento vivo,

flexível, possível de ser elaborado e reelaborado de acordo com as

especificidades e objetivos da escola, bem como a legislação vigente, levando

em consideração o cidadão que se pretende formar.

Desse modo, os objetivos da 2ª etapa são:

Aprofundar os conhecimentos sobre o currículo na Educação Básica.

Conhecer alguns referenciais na Lei de Diretrizes e Bases para Educação,

LDB 9394/96, que tratam sobre o currículo.

Planejar uma aula da sua disciplina, tendo como elemento norteador a

alimentação escolar.

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CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

De acordo com o art. 26 da LDB 9394, e redação modificada pela Lei nº

12.796/13,

Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino

médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada

sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte

diversificada, exigida pelas características regionais e locais da

sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.

A elaboração da proposta curricular é, em última instância, competência da

escola e envolve a participação dos professores, pedagogos, equipe de gestão e

demais agentes da educação (art.12 e 13 da LDB). A base nacional comum deve

ser contemplada em sua integridade e complementada pela parte diversificada,

inclusive com a incorporação de projetos próprios da escola, tendo em vista a sua

adequação às peculiaridades regionais e locais. Com esta flexibilidade curricular é

possível à adequação do projeto político pedagógico de cada escola ao seu meio.

É com a liberdade de cada escola elaborar seu PPP, acolhendo os sujeitos que

dela participam que a educação poderá se tornar um ato de liberdade e

instrumento da democracia.

A gestão escolar deve se preocupar em tornar a escola capaz de atender

as necessidades da região, capaz de fazer parte da sociedade. Nas últimas

décadas emergiram políticas voltadas à promoção da educação para os

afrodescendentes, indígenas, pessoas com deficiência, população do campo,

quilombolas e em condições de pobreza. Compreendeu-se que não bastava

garantir acesso à escola se a educação não correspondia a seu universo

sociocultural.

Se tratando da EJA no art. 37 a LDB 9394/96 nos coloca:

A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram

acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na

idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos

adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,

oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características

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do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante

cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência

do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares

entre si.

§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,

preferencialmente, com a educação profissional, na forma do

regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741 , de 2008).

A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram

acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”.

Essa definição da EJA, nos esclarece o potencial de educação inclusiva e

compensatória que essa modalidade de ensino possui. Ao ser estabelecida na LBD a

EJA ganhou força e tornou-se uma política de Estado de modo que hoje o governo

brasileiro investe e incentiva essa modalidade educacional como possibilidade de se

elevar o índice de ensino da população, acabando assim com o analfabetismo.Com

isso vemos que além de ser uma política educacional, a EJA é principalmente uma

política social. Ela dará condições para que os alunos melhorem suas condições de

trabalho, melhorem a sua qualidade de vida e com isso sejam respeitados na

sociedade. Cabe ao governo, de acordo com o parágrafo segundo do artigo 37 da

referida lei, estimular o acesso da população à essa modalidade educacional e

oferecer condições de funcionamento dignas para que sejam de fato efetivados os

seus objetivos que são os de inclusão social e melhoria da qualidade de vida pessoal

e profissional dos educandos. Já o currículo para a EJA no Ensino Médio utiliza como

referência a Base Nacional Comum, que deve ser complementada por uma parte que

atenderá a diversidade dos educandos.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES

1) Tomando por base o texto produzido na terceira etapa e considerando o

currículo escolar, analise até que ponto a Alimentação Escolar pode se

constituir num elemento norteador para o trabalho na sua disciplina de

ensino.

2) Planeje uma aula considerando a Alimentação Escolar como

desencadeadora do um conteúdo proposto na sua disciplina de atuação.

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REFERÊNCIAS

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Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf

Acesso em: 01/04/2013.

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CASTRO, J. de. Geografia da fome. 5ª ed. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1957.

p.124, 292

CASTRO, J. de. A Alimentação brasileira à luz da geografia humana. São Paulo,

Ed. Brasiliense, 1937.

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http://www8.pr.gov.br/portals/portal/diretrizes/index.php acessado em 21/05/2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 40ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática

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OLIVEIRA, J. E. D.; CUNHA, S. F. C.; MARCHINI, J. S. A desnutrição

dos pobres e dos ricos: dados sobre a alimentação no Brasil. São Paulo: Sarvier,

1996.

PAIVA, Vanilda P. Educação popular e educação de adultos. 5a ed. Sao Paulo:

Loyola, 1983.

30

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática na escola pública. São Paulo: Ática,

2000.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político-pedagógico da escola: uma

construção possível.Campinas: Papirus, 1995.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro; RESENDE, Lúcia Maria Gonçalves (Orgs.).

Escola: espaço do projeto político pedagógico. Campinas: Papirus, 1998.