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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
LER É UMA AVENTURA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE LEITORES
SIQUEIRA, Renata Ribeiro de 1
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDETrabalho orientado pela Profª. Ms. Cristian Pagoto2
RESUMOSabemos que nem sempre a leitura recebe o sua devida importância e o merecido espaço nas salas de aulas e que muitos alunos não têm estímulos e exemplos de leitores no ambiente familiar, por isso, infelizmente, é comum que os alunos não desenvolvam a prática e o prazer pela leitura. Muitos alunos passam pela escola sem ler, chegam às Universidades sem ter desenvolvido o gosto pela leitura, ou seja, jamais estabelecem uma relação completa com um livro de histórias. Este artigo tem por finalidade favorecer o desenvolvimento pelo prazer da leitura através dos Clássicos da Literatura Infantil, explorando o gênero narrativo de aventura, bem como desenvolver habilidades básicas de leitura e de interpretação; dialogar a respeito das práticas de leitura em sala de aula e discutir a compreensão da leitura como objeto de conhecimento em si mesmo, tendo em vista aumentar o horizonte de leitura dos alunos através do Método Recepcional, para que não fiquem limitados ao que já são capazes de compreender e, ainda, apresentar formas diferenciadas para práticas de ensino da leitura que visam a uma evolução dos conceitos tradicionais do processo de interação entre o leitor, o texto e principalmente o contexto.
Palavras-chave: Clássicos. Leitura. Aventura. Método Recepcional.
1. INTRODUÇÃO
"O que um menino faz no sonho faz também quando está acordado." As Aventuras de Tom Sawyer - Mark Twain
Antes de iniciarmos a apresentação do tema deste trabalho, faremos uma
breve reflexão sobre a função da literatura na sociedade humana e porque se deve
ensiná-la. Segundo Antonio Candido (1995), a função primordial da literatura é a
psicológica, pois todos nós temos uma necessidade inata de sonhar. Ninguém
consegue passar um dia todo sem alguns momentos de entrega ao universo dos
1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, 2013, do Colégio Estadual Professora Sully da Rosa Vilarinho, pertencente ao NRE de Paranaguá – PR. Graduada em Letras – Português-Francês, com especialização em Literatura e Língua Portuguesa, pela UNESPAR – Campus Paranaguá.
2 Professora Ms. Cristian Pagoto, professora assistente da UNESPAR - campus de Paranaguá.
sonhos. Seja através do sono ou da vigília, a criação ficcional ou poética está
presente em cada um de nós, analfabeto ou erudito, como anedota, causos, história
em quadrinho, noticiário policial, canção popular, entre outras formas. (CANDIDO,
1995.)
Dessa forma ela contribui para o equilíbrio psicológico e social do ser humano
nas suas interações sociais, contribuindo com a noção de estar no mundo e fazer
parte dele. Sendo assim, a literatura também é humanizadora, como afirma Cândido
(1995, p. 243):
Deste modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente. Neste sentido, ela pode ter importância equivalente à das formas conscientes de inculcamento intencional, como a educação familiar, grupal ou escolar.
Assim, a literatura tendo sua função psicológica e humanizadora é, também,
um elemento formador da personalidade, pois camadas profundas do nosso ser
podem ser muito influenciadas pelas obras que lemos e atuam de maneira que não
podemos avaliar. Talvez os contos populares, as histórias ilustradas, os romances
policiais ou os de aventura, os filmes podem atuar tanto quanto a escola e a família
na formação de uma criança ou de um adolescente.
Seguindo essa linha de reflexão, considera-se a literatura um direito
indispensável do ser humano. Conforme define Candido (1995) ela faz parte da
categoria dos bens incompressíveis, os bens de necessidades básicas que não
podem deixar de ser satisfeitas sob pena de desorganização pessoal ou frustração.
A literatura nos faz ver o mundo com um olhar transformador, pois
proporciona ao ser humano a capacidade de ver e sentir a realidade com um olhar
mais generoso, de maneira mais sensível, inovadora, que ao mesmo tempo permite
uma interatividade com a sua existência concreta e objetiva, uma vez que somos
transportados ao mundo das histórias vivenciando os fatos, as ações e as emoções
sentidas pelos personagens, lembrando que os enredos falam de sentimentos
comuns a todos nós, como: ódio, inveja, ciúme, ambição, rejeição e frustração, que
só podem ser compreendidos se vivenciados, e o mundo da ficção proporciona a
vivência dessas emoções que, muitas vezes, já fazem parte do cotidiano de muitos
alunos.
Segundo Bruno Bettelheim (1980) as historias infantis funcionam como
instrumentos para descoberta desses sentimentos dentro da criança (ou até mesmo
do adulto), pois as mesmas são capazes de nos envolver em seus enredos, nos
instigar a mente e comover-nos com a sorte de seus personagens. Causam
impactos em nosso psiquismo, porque tratam de experiências cotidianas, permitindo
que nos identifiquemos com as dificuldades ou as alegrias de seus heróis, cujos
feitos narrados expressam, em suma, a condição humana frente às provações da
vida.
Com base nas reflexões apresentadas, concebeu-se um Projeto de
Intervenção Pedagógica com a finalidade de favorecer o desenvolvimento pelo
prazer da leitura através dos Clássicos da Literatura Infantil, explorando gênero
narrativo de aventura, bem como desenvolver habilidades básicas de leitura e de
interpretação; dialogar a respeito das práticas de leitura em sala de aula e discutir a
compreensão da leitura como objeto de conhecimento em si mesmo, tendo em vista
aumentar o horizonte de leitura dos alunos para que não fiquem limitados ao que já
são capazes de compreender e, ainda, apresentar formas diferenciadas para
práticas de ensino da leitura que visam a uma evolução dos conceitos tradicionais
do processo de interação entre o leitor, o texto e principalmente o contexto.
O presente artigo é resultado da implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica e da Produção Didático-Pedagógica, elaborados por esta autora, com o
objetivo de desenvolver o prazer pela leitura nos alunos do 6º ano do Ensino
Fundamental, utilizando da Estética da Recepção, focando a transformação dos
horizontes de expectativas através dos textos narrativos, em que a utilização do
Método Recepcional, de Bordini & Aguiar (1993) mostrou-se uma contribuição
valiosa para a consecução deste trabalho.
2. FORMAÇÃO DE LEITORES
“Há um momento na vida de todo menino normal em que surge um desejo furioso de ir a algum lugar e descobrir um tesouro enterrado."
(Mark Twain)
Geralmente, deparamo-nos com os caminhos da leitura motivados por
situações de necessidade, conhecimento, prazer, obrigação, divertimento ou
somente para passar o tempo. Nesta expectativa, podemos garantir que a leitura é
essencial para construção da personalidade e para o desenvolvimento intelectual,
ético e estético da criança como ser humano. Se considerarmos que a escola tem
como um de seus papéis fundamentais a formação da personalidade da criança, a
literatura é de extrema importância para auxiliar nessa construção, pois nela a
criança ocupa o espaço privilegiado de acesso à leitura. É imprescindível que ela
crie possibilidades para o desenvolvimento do gosto pela literatura por intermédio de
livros significativos.
Na escola existem várias formas de realização de leitura. Ela pode ser
realizada como forma de aquisição de informações, conceitos ou conhecimentos. A
leitura perpassa todas as disciplinas, entre elas é nas aulas de Língua Portuguesa
que se encontra uma maneira privilegiada de ler: a literatura.
É através da literatura que a criança desperta uma nova relação com
diferentes sentimentos e visões de mundo, adequando, assim, condições para o
desenvolvimento intelectual e a formação de princípios individuais para medir e
codificar os próprios sentimentos e ações. Dialogando sobre esse assunto Bruno
Bettelheim (2002) afirma que a criança desenvolve por meio da literatura, o potencial
crítico e reflexivo. Afirma que a partir do contato com um texto literário de qualidade,
a criança é capaz de refletir, indagar, questionar, escutar outras opiniões, articular e
reformular seu pensamento.
Para dominar os problemas psicológicos do crescimento – superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis; obter um sentimento de individualidade e de autovalorização, e um sentido de obrigação moral – a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas, não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados – ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a pressões inconscientes (BETTELHEIM, 2002, p. 8).
Podemos observar que muitos alunos modificam o seu jeito de pensar e agir
ao ter o contato com a literatura, passando, assim, a adquirir mais confiança à
medida que se sentem capazes de criar e dominar sua emoção e sua imaginação.
Para a criança, a literatura pode ser uma boa forma para se expressar, pois é
através dela que demonstra a sua realidade em forma de fantasia, através dos
desenhos, das brincadeiras, das histórias, das músicas.
O contato com a leitura inicia-se através do ouvir e contar histórias para
dormir, o que é a raiz da formação do leitor. A escola, neste contexto, vem para
aperfeiçoar e dar continuidade a essa formação. Segundo Ricardo Azevedo (2004),
o leitor é aquele que sabe usufruir de diversos tipos de livros, ou seja, as diversas
literaturas como a científica, a artística, a religiosa e muitas que fazem parte do
mundo dos leitores. Também é um leitor aquele que seja capaz de diferenciar as
obras literárias, científicas, filosóficas e informativas, pois cada uma tem sua
característica e sua finalidade.
Para introduzir o gosto pela leitura o professor pode direcionar alguns
procedimentos, como as estratégias propostas neste projeto, que conduza o aluno a
ler por prazer. É o que indica Izabel Solé (1998) quando menciona a importância dos
propósitos implícitos e explícitos, dos pressupostos indicados pelo texto em torno da
consistência interna, das previsões e conclusões, etc.
Assim sendo, vemos na leitura literária uma luz para que o educando
aproxime-se da leitura, pois “A literatura constitui modalidade privilegiada de leitura,
em que a liberdade e o prazer são virtualmente ilimitados” (LAJOLO, 2000, p. 105).
Assim, o discurso ficcional tem como objetivo provocar emocionalmente o leitor e, a
partir deste provocamento, criar um momento para florescer interesses pela leitura.
2.1. Clássicos da Literatura
No rastro dessas reflexões destacamos a importância da leitura dos Clássicos
da Literatura Infantil desde cedo, pois é imprescindível o resgate da cultura literária
pelos mais jovens a fim de garantir a integridade da essência intelectual, psicológica
e emocional das gerações futuras. Nesse sentido, o encontro com os clássicos nas
séries iniciais será uma contribuição valiosa para manter essa integridade cultural
atualmente ameaçada pelo mundo pós-moderno, onde o entretenimento se resume
em imagem e som, e o consumismo, as amizades virtuais estão cada vez mais
presentes na vida da criança. Como diz Ana Maria Machado (MACHADO,2002, p.
12), estes novos tempos são “da primazia da imagem e domínio das diferentes telas
sobre a palavra impressa em papel” .
Para entendermos o que é um clássico e sua importância na formação
cultural e humana de uma sociedade, precisamos antes refletir sobre o que diz Ítalo
Calvino (1999, p. 11), “os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo
consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que
deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na
linguagem ou nos costumes).
Os clássicos são obras que devem sempre estar presente em nossas leituras,
pois são livros que nunca saem de moda, ou mesmo, sempre se apresentam atuais,
independente da fase de vida em que são lidos. Uma mesma obra clássica pode tem
um sentido bem diferente para a mesma pessoa em momentos diferentes de sua
vida, pois segundo Calvino (1999, p. 11):
De fato, as leituras da juventude podem pouco profícuas pela impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão uma forma às experiências futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude. Relendo o livro na idade madura, acontece reencontrar aquelas constantes que já fazem parte de nossos mecanismos interiores e cuja origem havíamos esquecido. Existe uma força particular da obra que consegue fazer-se esquecer enquanto tal, mas que deixa a sua semente.
O mesmo diz Ruth Rocha no prefácio da adaptação da obra a ser trabalhada
neste projeto:
Há muitos anos, eu li este livro e gostei muito. Gostei tanto, que, na hora em que acabei de ler, comecei tudo de novo. E ainda hoje, quando leio As Aventuras de Tom Sawyer, fico fascinada. Livros assim são chamados de clássicos. Livros que não ficam antigos nem velhos. Livros que podem ser lidos por pessoas de todas as idades e de todos os lugares (ROCHA apud TWAIN, 2003, p. 03).
Os clássicos, por serem portadores da cultura universal, promovem um
diálogo com muitos outros textos e com situações presentes no cotidiano das
relações humanas.
Machado (2002) também argumenta que se familiarizarmos nossos alunos
com os clássicos desde cedo, além do prazer da leitura, eles estarão recebendo aos
poucos, sem pressa, uma enorme riqueza cultural que para se aprender depois de
grande, seria tarefa pesada e sem graça. A nossa linguagem está cheia de
referências que necessitam de um conhecimento prévio para ser totalmente
compreendida e contextualizada. Assim, quando dizemos que uma coisa é "bacana"
ou falamos do "calcanhar de Aquiles", do "sonho de Ícaro" ou ainda de "separar o
joio do trigo", "lavar as mãos" ou até mesmo fazermos uma "mesa redonda",
estaremos nos referindo a algum deus, algum mito, parábola ou fato bíblico que só
quem conhece os clássicos compreenderá. Negar isso às futuras gerações seria no
mínimo um grande desperdício cultural. Dessa forma, como diz George Steiner,
citado por Machado (2002, p. 22):
Defino um clássico, na literatura, na música, nas artes, na argumentação filosófica, como uma forma significante que nos “lê”. […] Mais do que nós a lemos. Não há nada paradoxal nem místico nessa definição. Cada vez que o enfrentamos, o clássico nos questiona. Desafia nossos recursos da consciência e do intelecto, da mente e do corpo [...]. O clássico fica nos perguntando: Entendeu? Está re-imaginando de forma responsável? Está preparado para agir nessas questões, nas potencialidades de um ser transformado e enriquecido que estou colocando diante de você?
A arte literária nos faz ver o mundo com um olhar transformador, pois
proporciona ao ser humano a capacidade de ver e sentir a realidade com um olhar
mais generoso, de maneira mais sensível, inovadora, que ao mesmo tempo permite
uma interatividade com a sua existência concreta e objetiva, uma vez que somos
transportados ao mundo das histórias vivenciando os fatos, as ações e as emoções
sentidas pelos personagens, lembrando que os enredos falam de sentimentos
comuns a todos nós, como: ódio, inveja, ciúme, ambição, rejeição e frustração, que
só podem ser compreendidos se vivenciados, e o mundo da ficção proporciona a
vivência dessas emoções que, muitas vezes, já fazem parte do cotidiano de muitos
alunos. As histórias infantis funcionam como instrumentos para descoberta desses
sentimentos dentro da criança (ou até mesmo do adulto), pois os mesmos são
capazes de nos envolver em seus enredos, nos instigar a mente e comover-nos com
a sorte de seus personagens. Causam impactos em nosso psiquismo, porque tratam
de experiências cotidianas, permitindo que nos identifiquemos com as dificuldades
ou alegrias de seus heróis, cujos feitos narrados expressam, em suma, a condição
humana frente às provações da vida.
2.2. Genero Aventura
O gênero narrativo de aventura se torna interessante para os alunos do 6º
ano, pois segundo Jean Piaget (1999) este período é denominado período de
operações formais, no qual a criança é capaz de lidar com conceitos como
liberdade, justiça, etc. É capaz de tirar conclusões a partir de puras hipóteses. O
alvo de sua reflexão é a sociedade, quase sempre analisada como possível de ser
reformada e transformada ou como passível de uma reflexão de seu status quo,
permitindo à criança adquirir capacidade de criticar os sistemas sociais e de propor
novos códigos de conduta, de discutir valores morais com seus pais e de construir
os seus próprios, adquirindo, portanto, autonomia.
Seguindo as orientações de Antônio Houaiss (2001, p. 64), a palavra aventura
tem sua origem no latim adventura - que significa o que vem pela frente,
circunstância ou lance acidental, inesperado; peripécia, incidente. Aventura refere-se
a uma ação em que se corre perigo. Uma pessoa aventureira passa por situações
em que sua vida passa por riscos, andando sempre ao lado da morte. Dessa forma,
o personagem de uma narrativa de aventura passa por diversas atividades, viagens,
desafios excitantes e difíceis. Nestes casos, a aventura está intimamente
relacionada com o ato de explorar e desafiar o perigo.
No romance de aventura o herói é, em geral, um personagem simpático, um
jovem que é arrancado da sua vida cotidiana e se vê obrigado a confrontar
circunstâncias extraordinárias de grande perigo. Ele é capaz de dominá-las com
certas qualidades (coragem, astúcia, inteligência) que, muitas vezes, ignorava
possuir. Mas, regra geral, não é um personagem solitário, acompanha-lhe um amigo
fiel, que lhe obedece cegamente. Ou, então, é apoiado por uma figura de autoridade,
geralmente paterna. No final, o herói é recompensado com valores espirituais ou
materiais e regressa ao ambiente doméstico. Como aponta Machado (2002, p. 102),
“Todas essas aventuras sempre empolgaram os leitores com a possibilidade de
transportá-los a terras exóticas e situações mirabolantes, em que a diversão era
garantida”.
De acordo com a definição de Maria Margarida Morgado, no verbete
“Romance de Aventura”, presente em E-Dicionário de Termos Literários, o romance
de aventura se caracteriza dessa forma:
Apesar do arrastamento do romance de aventuras para a esfera do entretenimento, ele partilha, porém, com o mito, a epopeia e o romance medieval, a acção heróica e cavalheiresca de um herói errante, envolvido na aventura que é a sua auto-descoberta, deslocando-se geograficamente no mundo concreto, detalhadamente descrito. Arquetipicamente, o romance de aventuras realça o carácter do herói, super-humano ou igual a todos nós, e narra a sua vitória sobre os obstáculos que enfrenta, numa sucessão de espaços de aventura, cultural e historicamente variáveis, que tanto incluem buscas do Santo Graal, como missões de espionagem, ou viagens no tempo3.
A escolha da obra de Marck Twain para a realização deste projeto se deve à
característica de aventura da narrativa que é contada com muito humor e lirismo,
prendendo a atenção dos alunos do começo ao fim. Esse clássico da literatura
infantil encanta jovens e adultos, pois aborda temas ainda muito presentes nas
relações humanas atualmente. Segundo Machado (2003, p. 102) o que faz dessa
obra um dos mais encantadores clássicos da Literatura Infantil é a leveza com que
são tratadas experiências intensas que dão significado à vida:
Um dos maiores autores da literatura juvenil, Mark Twain, não precisou fugir para bem longe a fim de fazer seus personagens conquistarem o coração dos leitores. Bastou soltar dois meninos na sua paisagem natal, às margens do rio Mississipi e contar suas aventuras por ali mesmo. A força toda de sua obra vinha do sentido de observação crítica da sociedade em torno, feita de um ponto de vista colado nos protagonistas jovens, de uma forma que ninguém ousaria fazer até então.
3 Informação disponível em: <http://www.edtl.com.pt >. Acesso em 15 Maio 2013.
A obra a ser utilizada para este projeto é uma adaptação de Ruth Rocha,
pois apresenta uma linguagem mais acessível aos alunos, tornado a leitura
agradável e estimulante. As ilustrações de Pinky Wainer tornam o livro divertido,
oferecendo aos alunos uma ideia das personagens e de suas ações.
2.3. Método Recepcional
Apoiada na Estética da Recepção de Jauss, o Método Recepcional
apresentado por Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar (1988), e
mencionado nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a Língua
Portuguesa, apoia a formação de leitores a partir do seu horizonte de expectativa
(PARANÁ, 1998).
Na concepção de Jauss (1994), o leitor é quem se torna encarregado de
modificar e atualizar os textos, de criar uma situação de informações e ampliar os
seus conhecimentos. Também relata que os conhecimentos prévios do leitor devem
ser levados em conta para que ocorra aprendizagem. Tanto o autor quanto o leitor
passam pelo horizonte de expectativas ao trabalharem com os textos. O texto acaba
sendo o lugar de encontro dos dois horizontes, havendo assim uma relação entre as
expectativas do leitor e a obra (PARANÁ, 1998).
O interesse parte do aluno quando ele já participa indiretamente com o texto.
A distância de uma a outra se denomina estética, o novo trará mudanças enquanto
as expectativas permanecem estáveis. Isso confirma: “Quanto mais leituras o
indivíduo acumula, maior a propensão para a modificação de seus horizontes,
porque a excessiva confirmação de suas expectativas produz monotonia, que a obra
“difícil” pode quebrar” (BORDINI; AGUIAR, 1993, p.85).
Ainda convém lembrar que o processo de recepção acontece até mesmo
antes de o leitor ter o contato com o texto, muitas vezes o leitor se limita em seu
horizonte, mas podendo abrir para outros horizontes.
A Estética da Recepção e a Teoria do Efeito são teorias que buscam formar
um leitor capaz de sentir e expressar o que sentiu, com condições de reconhecer,
nas aulas de leitura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela
tríade obra/ autor/ leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de
leitura. Portanto, a escola deve trabalhar a leitura em sua dimensão estética.
Nesse sentido, ressalte que o método recepcional de ensino leva o aluno a ter
contatos com diferentes tipos de textos, pois o professor tem como meta
proporcionar esse meio, levando o aluno a ter uma visão mais crítica do mundo
cultural e social. Pois esse método “enfatiza a comparação entre o que é familiar e o
novo, entre o que está próximo e distante no tempo e no espaço” (BORDINI;
AGUIAR, 1993, p. 86).
Para que o processo de recepção aconteça são necessários dois momentos:
a determinação do horizonte de expectativa e o atendimento do horizonte de
expectativa. Com vários estudos, Bordini e Aguiar acrescentam mais três momentos:
ruptura do horizonte de expectativas; questionamento de horizonte de expectativas e
ampliação do horizonte de expectativas.
Assim sendo, o Método Recepcional acontece em função da formação de
leitores e, a partir do conhecimento adquirido, tenham interesse em ampliar seus
horizontes de expectativas tornando-se leitores interessados em enriquecer sua
leitura literária, com o pensamento voltado para as diversas leituras que farão parte
de sua rotina, tendo em vista que ganharão argumentos suficientes para tornarem-
se pessoas com poder de criticidade inseridas em um mundo inteiramente
globalizado. Pois como dizia Lobato “Um país se faz com homens e livros”. Neste
sentido concluimos que a formação do leitor corresponde aquilo que ele lê e uma
boa leitura contribui para a formação cultural e humana, para o ensino e a
aprendizagem.
3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
Tendo por base os fundamento teóricos acima apresentados, o projeto foi
desenvolvido em contraturno com os alunos do 6º ano do ensino fundamental do
Colégio Estadual Professora Sully da Rosa Vilarinho, de Pontal do Paraná.
Trabalhamos os clássicos literários do gênero aventura, seguindo as etapas do
Método Recepcional.
Sendo assim, dentro das ações previstas na primeira etapa, foi apresentada
uma imagem de três meninos numa jangada e um vídeo de um trailer de uma
adaptação moderna para o cinema da obra As viagens de Gulliver, de Rob
Letterman. Tanto a imagem como o vídeo evocam a ideia de aventura, dessa forma
os dois seviram de base para introduzir o assunto sobre histórias de aventuras que
foi amplamente discutido com os alunos. Todos tinham uma história de aventura
para contar, real ou imaginária, e foi dada a oportunidade a cada um que quisesse
contar a sua aventura preferida para os colegas. Após esse momento, os alunos
produziram pequenos textos com ilustrações sobre as aventuras vividas por eles.
Esta etapa foi importante para introduzir o tema “histórias de aventuras”, o qual seria
a base do trabalho na formação de leitores. Como foi fundamentado acima, o
trabalho com o gênero narrativa de aventura, com alunos do 6º ano, deve-se ao fato
de ser este um gênero discursivo que proporciona maior identificação e gosto por
parte da faixa etária dos educandos – crianças e adolescentes gostam da aventura,
da fantasia, de sentir-se personagem da história e identificam-se com o herói
aventureiro.
Na segunda etapa foi explorada a figura desse herói, apresentando o clássico
Os doze trabalhos de Hércules – O leão de Neméia. A leitura do texto, através do
projetor de multimídia, deu possibilidade a todos os alunos acompanharem o texto e
a imagem representando o herói lutando com o leão. Como os alunos dessa faixa
etária são muito visuais, esta imagem contribuiu para que todos se interessassem
pela história, aguçando a curiosidade, pois todos queriam saber quem seria o
vencedor da luta. Após a leitura, os alunos foram incentivados a falar sobre seus
heróis favoritos. Foi comentado que a ideia de herói não está relacionada somente
com o gênero masculino, que muitas mulheres também são heroínas, não só na
história, como no dia a dia. Aproveitando as características visuais dos alunos, cada
um deveria fazer uma ilustração do seu herói ou heroína favoritos, real ou
imaginário. Após o término da atividade, as ilustrações foram fixadas no mural da
escola.
Dando continuidade ao tema do herói, na etapa de ruptura de expectativas,
foram trabalhados três textos, ao invés de apenas os dois propostos: Aladim e a
Lâmpada maravilhosa e o cordel A história de Aladim e a Lâmpada maravilhosa –
Patativa do Assaré. Como na etapa anterior foi levantada a questão da figura
feminina como heroína, achamos interessante, ler com os alunos a história de
Xerazad de As mil e uma noites, antes de ler os textos acima, pois além de explicar
porque esta obra da cultura universal recebe esse nome, também apresenta uma
figura feminina de grande inteligência e perspicácia que se torna a grande heroína
desta obra. O texto, que faz parte da coletânea organizada por Paulo Sérgio de
Vasconcelos, é ricamente ilustrado e foi apresentado no datashow para que todos
acompanhassem a leitura. Após a leitura e muitos comentários, foram apresentados
os outros dois textos.
Ainda nesta etapa, foi realizada a leitura do cordel que ocorreu em dois
momentos. Fiz a primeira leitura mostrando aos alunos a entonação de voz que
deve ser feita neste tipo de texto. Após a leitura, explicações sobre o que é um
cordel, como surgiu esta modalidade de texto em nosso país e quem foi Patativa do
Assaré. Depois disso, o texto foi dividido em partes, cada aluno ficou com uma parte
para estudar e posteriormente ler para os colegas. Alguns alunos conseguiram
apresentar uma boa leitura do cordel, alguns ficaram com vergonha e não
conseguiram, porém o objetivo foi atingido, uma vez que todos conheceram um
pouco dessa cultura popular.
Na quarta etapa seguimos o que havia proposto: os alunos desenvolveram
atividades de interpretação com base no texto em quadrinhos de Calvin e Haroldo O
mundo é mágico. Apresentamos aos alunos o criador desse personagem e suas
histórias em quadrinhos, William B. Watterson, e trabalhamos um pouco sobre os
elementos que compõem as historias em quadrinhos. Após a atividade foi
apresentada a canção João e Maria – Chico Buarque.
Após realização de todo o processo, sugerido pelo Método Recepcional,
chegamos à etapa final: a apresentação da obra Tom Sawyer – Mark Twain
(adaptação de Ruth Rocha). A obra de Mark Twain foi a inspiração para escrever
este projeto de leitura, pois essa história de aventura é contada com muito humor e
lirismo, prendendo a atenção dos alunos do começo ao fim. Esse clássico da
literatura infantil encanta jovens e adultos, pois aborda temas ainda muito presentes
nas relações humanas atualmente. Segundo Machado (2003, p. 102) o que faz
dessa obra um dos mais encantadores clássicos da Literatura Infantil é a leveza com
que são tratadas experiências intensas que dão significado à vida, como por
exemplo: a amizade entre Tom Sawyer e Huckleberry Fin, um menino ófão, que
mesmo sem ter alguém que lhe desse educação e cuidado, foi capaz de defender a
Srª Douglas da vingança de criminosos, demonstrando caráter, bravura e lealdade; o
depoimento de Tom no Tribunal de Justiça que, mesmo com medo, foi capaz de
contar a verdade, livrando um inocente da morte na forca.
Para a leitura desta história, cada aluno recebeu um exemplar da obra
adaptada. Primeiro foi feita a leitura em voz alta, enquanto os alunos
acompanhavam em seus livros, quando surgiam dúvidas a leitura era interrompida e,
em muitas ocasiões, os alunos tiveram acesso à internet para pesquisar alguma
palavra ou conceito que precisavam ser esclarecidos. Desse modo, também foram
apresentados mapas dos Estados Unidos e imagens das cidades e do rio que
constituem os locais citados na narrativa. Este procedimento ocorreu com todas as
leituras realizadas neste trabalho, o que contribuiu muito para o enriquecimento da
leitura e, consequentemente, para a aprendizagem.
Ao terminar a leitura, todos queriam saber como se pareciam os personagens.
As ilustrações apresentadas na obra de Ruth Rocha ajudaram no decorrer da leitura,
porém os alunos queriam mais. Aproveitamos essa curiosidade para trabalhar a
formação de imagens mentais sobre as personagens e os locais da narrativa, a
partir daí foi sugerido que eles produzissem ilustrações sobre as partes que mais
gostaram. Os alunos também produziram textos sobre a história e todas as
produções foram expostas no mural. Contribuindo para a ampliação dos horizontes
de expectativas dos alunos, apresentamos o filme adaptado da obra de Marck
Twain, As aventuras de Tom Sawyer – 1938 (Norman Taurog).
Outra obra do cinema moderno foi apresentada aos alunos: o filme As
aventuras de Pi (2012) de Ang Lee. Este momento serviu como uma forma de
extrapolação dos horizontes de leitura, pois os alunos puderam fazer a relação do
tema estudado ao mundo da ficção presente nas telas de cinema atualmente. Além
disso, foi explicado aos alunos que este é um filme estadunidense, baseado no
romance de 2001 de mesmo nome de Yann Martel.
Depois dessa etapa os alunos foram levados à biblioteca da escola, onde
tiveram contato com outros livros de aventuras, cada um fez a sua ficha de leitura e
puderam escolher livros para ler em casa.
4. AS CONTRIBUIÇÕES DO GTR
Simultaneamente à implementação do projeto junto aos alunos, ocorreu a
participação dos professores da rede estadual de ensino, através do GTR (Grupo de
Trabalho em Rede). Participaram quinze colegas, os quais compartilharam anseios,
apontaram sugestões e relataram experiências ao aplicarem em sala de aula as
mesmas atividades do projeto. O grupo do GTR/2014, ao oportunizar a interação
entre o professor PDE e os demais professores participantes, cumpriu com o
objetivo de socializar e discutir o Projeto de Intervenção Pedagógica, a Produção
Didático Pedagógica e a Implementação do Projeto na Escola.
Na apresentação do Projeto Pedagógico aos cursistas foram discutidas as
problemáticas envolvendo a falta do desenvolvimento do hábito de leitura nos
alunos, tanto na escola como no ambiente familiar, e as consequências negativas
que a falta de desenvolvimento deste hábito podem trazer para a aprendizagem
global dos alunos.
Nesta primeira temática pude constatar que todos os participantes, como todo
professor de Língua Portuguesa, são apaixonados por leitura e sabem da sua
importância para a aprendizagem, muitos desenvolvem atividades de leitura em
suas aulas, as quais foram relatadas nas interações realizadas no fórum.
Certamente, as sugestões compartilhadas farão parte das aulas futuras.
Ao socializar a Produção Didático Pedagógica, todos puderam ter a dimensão
exata de todas as ações que serão desenvolvidas no Projeto. A opção pelo Método
Recepcional foi pertinente para o tema escolhido, uma vez que o método
recepcional de ensino leva o aluno a ter contatos com diferentes tipos de textos, pois
o professor tem como meta proporcionar esse meio, levando o aluno a ter uma visão
mais crítica do mundo cultural e social. Esse método “enfatiza a comparação entre o
que é familiar e o novo, entre o que está próximo e distante no tempo e no espaço”
(BORDINI; AGUIAR, 1993, p. 86).
Na terceira temática, discutiu-se a aplicabilidade das ações em sala de aula.
Muitos colegas implementaram algumas das ações em suas práticas de leitura com
seus alunos e, aqueles que o fizeram, afirmaram que gostaram de trabalhar dessa
forma. Como afirmou Salete Costa: “Este é um grande projeto, com excelentes
condições de ser aplicado. Os segmentos e passos estão muito bem elaborados. Há
uma sequência de trabalho, já apresentando as características dos passos
desenvolvidos, como se já tivéssemos a aula preparada, apenas para ser
desenvolvida e no final a avaliação da aplicabilidade”.
No Fórum Vivenciando a Prática, foram apresentadas muitas sugestões de
trabalho com a leitura desenvolvido pelos professores deste curso. Certamente vou
utilizar essas sugestões nas minhas aventuras literárias com meus alunos, pois tais
sugestões serão aplicadas e contribuirão para novas práticas docentes. Sem
esquecer, é claro, que a proposta aqui apresentada é uma das aventuras literárias
possíveis, e que cada um poderá encontrar o seu próprio caminho nessa fantástica
viagem ao mundo literário, e o que é melhor, na companhia dos seus alunos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo procurou contribuir na busca de alternativas que
possibilitem ao professor de Língua Portuguesa, trabalhar com a leitura de modo
diferenciado, proporcionando ao aluno a oportunidade de perceber nesta uma
atividade prazerosa e significativa.
Os novos tempos da educação exigem um repensar do fazer pedagógico do
ensino de leitura literária e consideram-se válidos todos os esforços que sejam feitos
em prol de uma nova forma de encarar a leitura literária no ambiente escolar. Sabe-
se que utilizar vídeos, imagens, músicas auxiliam no ato de ler e compreender o
texto lido. Com o auxílio destas ferramentas visuais, é possível direcionar as
atividades de modo interativo, levando os alunos a refletir, questionar e emitir
opiniões.
Sendo assim, ao implementar a Unidade Didática: “Ler é uma aventura: Uma
proposta de formação de leitores”, podemos perceber que a proposta mostrou-se
eficaz, uma vez que levou o aluno a perceber no ato de ler uma ação prazerosa e
produtiva.
Após a apresentação das diversas histórias de aventura, muitos alunos
passaram a procurar pelos livros de histórias infanto-juvenis disponíveis na
biblioteca da escola, o que comprova a identificação da turma com o gênero
trabalhado. As ilustrações presentes nas adaptações dos textos apresentados no
projeto foram importantes, pois contribuíram para a interiorização das histórias no
imaginário dos alunos, e foi imprescindível para uma compreensão plena do texto.
É difícil não achar interessante o método recepcional, se o principal objetivo é
levar o aluno a ter contatos com diferentes tipos de textos, a ter uma visão mais
crítica do mundo cultural e social. Com a aplicação do método pudemos perceber
todo o processo na construção e no desenvolvimento das atividades, ficando
comprovado que o processo de recepção acontece quando ocorrem os cinco
momentos muito bem desenvolvidos: a determinação do horizonte de expectativa e
o atendimento do horizonte de expectativa, acrescidos de ruptura do horizonte de
expectativas, questionamento de horizonte de expectativas e ampliação do horizonte
de expectativas. Em cada uma das etapas, a construção com os mais variados
gêneros textuais, ilustrações e filmes, relato e biografia, narrativa mitológica e cordel,
gibi e música, e finalmente o livro de Mark Twain e o filme baseado na obra, só
poderia criar uma construção riquíssima do conhecimento, ampliando os horizontes
e tornando nossos leitores críticos. Acreditamos que um trabalho desses amplia
enormemente as possibilidades de avaliação, num acompanhar do crescimento a
cada nova atividade. E tudo muito simples, muito plausível.
A leitura é uma atividade que exige estar sozinho, mas não em solidão.
Encontramos muitos parceiros durante a leitura, nos mundos de personagens e
situações inusitadas que serão visitados.
Para leituras mais longas é interessante deixar que a criança desenvolva um
relacionamento com o livro, que tenha liberdade de manuseá-lo sozinha, de folhear
as páginas que mais lhe interessam, de levá-lo para casa, de senti-lo em sua
totalidade. Muitas vezes o objeto livro é considerado como algo de difícil acesso, não
somente por não estar ao alcance das mãos, mas, sobretudo, por ser tido como de
difícil entendimento. Não esquecemos que se aprende a ler, lendo. Da mesma
maneira, aprende-se a ler livros, lendo livros.
É necessário quebrar esse distanciamento entre o leitor e o livro, organizando
visitas a bibliotecas e atividades afins, que possam fazer com que o mundo dos
livros seja mais interessante e acessível às nossas crianças.
6. REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do Leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Alberto, 1993.
AZEVEDO, Ricardo. Formação de leitores e razões para a literatura. In: SOUZA, R. J. de (Org.).Caminhos para formação do leitor. São Paulo: DCL, 2004.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
BRAGATTO FILHO, Paulo. Pela Leitura Literária na escola de 1° grau. São Paulo:Ática, 1995.
CALVINO, Ítalo. Por que ler os Clássicos. Trad. Nilson Moulim. 2ª Impressão. Cia dasLetras, 1999.
CANDIDO, Antonio. O Direito à Literatura. In: ____Vários escritos. 3 ed. Rev. E ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995. p. 235-63.
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LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura de mundo. 5. ed. São Paulo: Ática,2000.
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Janeiro: Objetiva, 2002.
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PARANÁ, Secretaria de Educação do. Diretrizes Curriculares de Português paraEducação Básica. Curitiba 2008.
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D'Amorim ePaulo Sérgio Lima Silva. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
ROCHA, Ruth. Prefácio: O livro mais amado de Mark Twain. In TWAIN, Mark. Tom Sawyer. Adaptação de Ruth Rocha. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003, p. 03-05.
SILVA, Antônio Gonçalves da (Patativa do Assaré). História de Aladim e a lâmpadamaravilhosa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
SOLÉ, Isabel. Estratégia de Leitura. Trad. Claúdia Schlling. 6. ed. Porto Alegre, RS:ArtMed, 1998.
TWAIN, Mark. As aventuras de Tom Sawyer. Adaptação de Ruth Rocha. Rio de Janeiro:Objetiva, 2003.
VASCONCELLOS, Paulo Sérgio de. As mil e uma noites. Contos selecionados. São Paulo: Sol, 2005, v. 1.
ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro:Objetiva, 2002.
_____A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003.
Filmes:
1 - As viagens de Gulliver – Rob Letterman (2011); disponível em :
http://www.youtube.com/watch?v=s1G-K0ArELk
2- As aventuras de Tom Sawyer – Norman Taurog (1938); disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=Nh5C6TKVyIE
3- As aventuras de Pi – Ang Lee (2012)