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OS PARTIDOS POLÍTICOS DA BAHIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA CONSUELO NOVAIS SOARES DE QUADROS Trabalho apresentado ã Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA., para o •Mestrado eu Ciências Humanas. BAHIA 1973 SALVADOR

Os Partidos Politicos na Primeira Republica - ppgh.ufba.br · ou dominação des3es partidos? De que recursos 3e valeram para con quistar e/ou para não serem alijados do poder?

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OS PARTIDOS POLÍTICOS DA BAHIA NA

PRIMEIRA REPÚBLICA

C O N S U E L O N O V A IS S O A R E S D E Q U A D R O S

Trabalho apresentado ã Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da U FB A ., para o •Mestrado eu

Ciências Humanas.

BAHIA1973SALVADOR

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Universidade Federal da Bahia - UFBA Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

Esta obra foi digitalizada no Centro de Digitalização (CEDIG) do

Programa de Pós-Graduação em História da UFBA

Coordenação Geral: Carlos Eugênio Líbano

Coordenação Técnica: Luis Borges

Junho de 2005 Contatos: [email protected] / [email protected]

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O S P A R T I D O S P O L Í T I C O S D A B A H I A

------------------ N A -----------------------P R I M E I R A R E P Ú B L I C A

¡ r

CONSUELO NOVAIS SOARES DE QUADROS

TRABALHO APRESENTAVO X FACULVAVE VE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS PA UNI l/ERSJVAVE FEDERAL VA BAHIA, P/0 MESTRAP0 EM CIENCIAS HUMANAS.

SALVADOR 1973 BAHIA

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S U M A R I O

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a p r e s e n t a ç ã o

I . INTRODUÇÃOI I . PASE "MULT!PARTIDARISTA“ 1890/9S ...................................

1. Fundação áo Partido Nacional : dieputas ־em torno decargos e le tivo s .............................................................. .

2. 0 nati-morto Partido Católico funde-8e com o P.N.3. 0 Partido Nacional Democrata ....................... ...............4. 0 Partido Republicano Fed e ra lis ta ........................... ..5. 0 Partido Operário. 0 Centro Republicano Democrata

I I I . FASE " BIPARTI i) ARI ST A" : 1894/19011. A cisão do P .R .F . - "v ia n is ta s " e "g o n ça lv is ta s "..2. 0 Partido Republicano Federal da Bahia - "v ia n is ta "3. 0 Partido Republicano Constitucional "Gonçalvista"4. A duplicata do Leg is la tivo em 1895. Uma p o lít ic a de

acomodação ............................... ...........................................5. Reorganizações partidá rias era 1897. Repercussões da

p o lít ic a federa l e da rebelião de Canudos ................

IV . FASE UN !PARTIDARISTA : 1901/19061. Fundação do Partido Republicano da Bahia: a3piração

da burguesia agrocomercial .............................................2. Qa órgãos de atuação e a composição sócio-econômica

do P .R .B ..................................................................................3. Um "intermezzo" s eab ris ta : o Partido Republicano Dis

sidente. As e le ições federa is de 1906 ........................

V. FASE "BIPARTIDARISTA COM DISSIDÊNCIA" : 1907/19111. 0 grande cisma de 1907 : as facções "seve r in is tas " e

"m arce lin ista8" do P .R .B ...................................................2. A 8uces6ão governamental de 1908. Uma disputa de

p res tíg io ..............................................................................3. Conflito "c iv ilism o " e "m ilita rism o". A Junta Repu

b licana pro-Hermes /Wenceslau.......................................4. Fundação do Partido Democrata .......................................5. C Acordo de Março de 12U.0"seabrismo" em ascensão..

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6. A sucessão governamental de 1912. A8 candidaturasSeabra e Domingos Guimarães ............................... 60

7. A renúncia Araujo Pinho. 0 bombardeio de Salvador.Seabra no poder ................................................................ 63

V I. FASE DE "FARTIDO DOMINANTE": 1912/22 66

1. 0 Partido Republicano Conservador e sua ram ifica-ção baiana no p o d e r ....................................................... 67

2. Rompimento Seabra-Luiz Vianna, Dimensão das fo r-ças era antagonismo. Expurgo dos !'v ia n is ta s " .......... 70

3. D ia lé t ic a das forças p o lít ic a s lo ca is . Desafio ao"seabrismo" ...................................................................... 72

4. Seabra expulso do P.R.D . A facção governista àprocura de um ró tu lo ..................................................... 75

5. Recuo da candidatura Ruy Barbosa. A " t r ip l i c e a-lian ça " oposic ion ista . Duplicata do L e g is la t iv o .. Estadual ............................................................................ 77

6. Domínio pleno do seabrismo: controle do Leg is la-t iv o ; domesticação dos coronéis ............................... G0

7. 0 problema sucessório. Antagonismos in tra-partidár io s . Antonio Moniz no governo ................................. 03

8. Sintomas de enfraquecimento no partido dominante. Repercussões da 19. Guerra Mundial. Impopularidade do governo Antonio Moniz ....................................... 87

9. As forças oposicionistas ensaiam nova composição. 9010.Tentativa de re v ita liz ação do P.R.D . Agitações 80

c ia is ................................................................................ 9411.A campanha sucessória de 1919/20. A "reação ser-

taneja" e a intervenção federa l ............................. 10012.0 dec lín io do domínio seab rista . Acentuam-se as

dissensões internas do P .R .D ..................................... 10713.*'Reação Republicana" : 0 canto de cisne do seabris

m o .............................. ............... ................ ...................... 114

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V I I . FAÍ E DE RESTAURAÇÃO DO "EIPARIIHARISMO COM .DISSIDÊNCIA":1923/27 1181. Reorganização da oposição. A Concentração Republica-

na da B a h ia ............................................................................ 1197. As facções seabristaa A duplicata do Le g is la tivo es-

tadual: primeira v itó r ia da oposição ............................ 1223. Negociações em torno da sucessão governamental: uma

chance de sobrevivência para 0 seabrismo .................... 1254. Uma "ju s ta e le ito ra l" : preenchimento de vaga no Sena

do ............................................................................................. 1295. Apresentação formal da candidatura Goes Calmon. Rea

ção das d issidências p a rtid á ria s .................................. 1306. 0 Recuo de Seabra. Esfacelamento do P.R .D ...................... 1327. IX ip licata das ele ições governamentais. 0 reconheci-

mento. A posse de Goes Calmon sob estado de s ít io .. 134C. As forças no poder: " calmonistas" e "mangabeiristas" 1389. A sucessão p residencia l: uma £órmula"democrática". . .

V I I I . EASE DE RESTAURAÇÃO DO UNIPARTIDARISMO: 1927/30 151

1. l1'undação do Partido Republicano da Bahia. 0 acordop o lít ic o de janeiro de 1927 ............................................. 152

2 . Surgimento de uma mentalidade empresarial nos seto-res adm inistrativo e p o lít ico do Estado ................... 159

3. Domínio pleno do P .R .B . As correntes dominantes . . . 1674. I 93O: a sucessão governamental ..................................... 1715. 1930: morte melancólica da 1& República na Bahia . . 177

IX . CONSIDERAÇÕES FINAIS 182

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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AFKTSENTAÇXO

Seja qual fo r o regime p o lít ico do טט país —- democrático ou au to ritá rio — é do importancia s ig n if ic a tiv a o papel que ca'be aos partidos p o lít ic o s , 11 cono expressão d irecta das forças soei- a is ( . . . ) e cono base indispensável para a educação p o lit ic s ’" de un povo (1 ). Atrave3 da evolução dos partidos pode-se acompanhar a evolução p o lit ico -so c ia l de tin paí3, de forma global, ou de de- terminada sociedade, de maneira específica .

A h isto riog ra fia *.,a s i le ir a não ten dispensado aos p a rti - dos p o lít ico s , que se formaran e desapareceran ao longo da Prinei, ra República* o tratamento que está a nerecer. \ certo que esses partidos, pelo acentuado personalisno que os caracterizam, desem- penharam papel relativamente marginal na lu ta pelo poder, durante aquele período da H istória do B ra s il. Contudo, apepar da ênfase dada à atuação ind iv idua l dns chefes p o lít ico s , nacionais ou lo - ca is , acreditamos que estudos sistemáticos e mais cuidadosos, era relação àquelas organizações p o lít ic a s , contribuirão não 30 para um entendimento mais f i e l do processo p o lít ic o , como também para! melhor compreensão da evolução soc ia l b ra s ile ira .

Os atados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Mnas Gerais , por terem sido, durante a Prim eira Republica•, 03 centros de deci- soes p o lít ic a s , tem exercido maior atração sobre os historiadores. É possível que essa in fluênc ia tenha contribuido para uma visao 1 , cunosa• — dada às generalizações fe ita s — do sistema po lítico-par t id á r io do B ra s il, nos quarenta anos que se seguiram a derrocada! do Império. 3ão Paulo e no ^io Grande do Su l, por exemplo, "re- publícanos h is tó r ico s " lograram enraizar organizações partida rias mais fo rte s , enquanto no "outro B ra s i l" , o do Norte e Nordeste, o movinento republicano fo i ouvido através de fraco eco que apenas tangenciou sua e l i te p o lít ic a , con3equência, foram L ibera is ou Conservadores da Monarquia que continuaram a comandar a vida po li- t ic a lo ca l, até dela serem afastados pela inexorável lim itação do c ic lo v i t a l humano.

(1) TSnclclapédia Meridiano/Fischer. H is tó ria , sob coordena- ção do Prof• Waldemar Besson. Lisboa, *ü. Meridiano Ltda., 1965,p•380• T ítu lo orig ina l* Ge3ch ichte.

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Na Bahia, universo específico do nosso estudo, 03 mais ar dorosos defensores da Monarquia aderiram às prossas ao novo regi- me, quando ele já se manifestava ir re v e rs iv e l, 0 tomaram a 9i a tarefa de organizar, p o lít ic a e administrativamente, o Estado. Aqui, os choques entre os interessses ind ividuais são mais aeentji ados. A mentalidad provinciana — esmerilada pelo federalismo re- publicano, que contribuiu para reforçar o isolacionismo geográfi- co — conduziu a e l i t e p o lít ic a , ao formar seus partidos, à olabo ração de um fechado esquema o fensivo-defensivo para a conquista do poder. Acentuou-se, em consequencia, o carater oligárquico dos organismos p o lít ico s .

A diversidade de condições econômicas e socia is entre as v á r ia 3 regiões do 3 ra s il, a liada ao peso de um passado h istó rico específico e das peculiaridades geográficas, por certo conduziúי cada uma dela3 a manifestações diversas no comportamento p o lít ico . Acreditamos, portanto, que para se chegar a uma ־־analise de ordem geral sobre a composição, atuação e significado dos partido3 p o li tico s do B ra s il, na Prim eira República, há que se recorrer a estu dos monográficos referentes ao processo p o lít ico-p artid a rio nos diversos 1*¡stado3. ^sta dissertação visa a dar uma contribuição nesse sentido.

Que eram os partidos p o lít ico s da 3ahia, na Prim eira Repu b lica ? Quais os estímulos que lhes deram origem? Qual a composi ־ ção soc ia l de cada um deles? Quiis os seus chefes? Que dinamica impulsionava es3as organizações? Que relação havia entre 03 part£. d03 p o lít ico s e o povo? Que determinava a maior ou menor atuação ou dominação des3es partidos? De que recursos 3e valeram para con quistar e/ou para não serem a lijad os do poder?

V3״tas 3ão algumas das indagações que motivaram e3t® traba lho e que a3 páginas seguintes pretendem responder.

Focalizando as origens, a composição socia l e atuaçao do3 partidos p o lít ico s da Bahia, na Primeira Republica, esforçamo-nos por re a liz a r um estudo sistemático e*objetivo• Contudo, esta dis- sertação v isa tão 30mente a abordagem in ic ia l de um tema constan- temente envolvido pela paixão e facáiosidade. Não pretendemos,por tanto, 0 preenchimento de uma lacuna. Bem ao contrario , confiamos— sendo esta uma primeira tentativa ' de análise h is tó rica dos par

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tidos p o lít ico s da Bfihia* niquele período — que estudos posterio re s , mais profundos e in te rp re ta tivo s , confiram ao toma o desta - que e tratamento que 03tá a reclamar.

Fa la r de partidos p o lít ico s , sem fa la r dos p o lít ico s e do procesáo e le ito ra l, pnrece impossível. Contudo, na medida do po3- s ív e l, evitamos considerações em torno do carater ou da personal^, dade dos homens que neles 0U atraves deles atuaram, movidos, ta l- vez, pelo pretensioso anseio de nos mantermos axiologicamente ueu tro s. Por outro lado, as ele ições estão nas origens dos partidos e são elas que determinam todo o desenrolar dessas agremiações.Im prime-lhes v ida, ou lança-os a morte. Apesar de constituírem o p^ no de fundo deste trabalho, não nos referiremos ao processo e le i- to ra l, especificamente.

0 t ítu lo desta dissertação revela o sou universo temporal. Proclamada a República, é em 1890, quando se realizam as eleiçõos pgra a composição da Assembleia Constituinte Nacional, que 3urgem os primeiros partidos na Bahia» Os decretos do Governo Provisória, regulamentando aquelas elftições, contribuem oara o rompimento de uma precária coesão a que tinha sido conduzida a e l i te p o lít ic a lo ca l, face à efetivação da ״ameaça republicana". ^ consequência desses primeiros a tr ito 3 , sempre em torno do interesses individu- a is , proliferam os partidos p o lít ico s na Bahia.

I 93O assinala a v ito r ia da "Revolução Liberal"• Com ela,o proce3so po litico-p n rtid ário da Prine ira Remíblica é interrompido. Se bem que a nova ordem in s titu id a pretendesse a morte da Repúbl¿ ca Velha, seus tradáeionais p o lít ico s , cora maior vivência do jogo p o lít ico -p artid á r io , serão convocados, passada a euforia revo luci onaria, para compor os quadros dos partidos que então se oonstitu em. Não avançaremos, no entanto, alem dos anos 30. ^ trabalho posterio r, projetamos re a liz a r ura confronto entre a Primeira Repu b lica e a nova ordem que a Revolução de 30 pretendeu estabelecer.

Na h is to rio g ra fia baiana, apenas duas obras tratam de fo r ma mais abrangente sobre a Prim eira Republica. A p rin c ip a l, contu do ainda inéd ita entre nós, é a de 1 ul-Soo Pang, O ligarch ica l Ru- le in B r a s i l . The P o lit ic s of Coronellsmo in Bahia. 1889-19^iu Berkeley, U n ive rs ity of C a lifo rn ia , 1970. Fazendo ênfa3e na atua- ção dos coronéis, como manipuladores do poder, tra ta também, este

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trabalho, de maneira sistem ática e fartamente documentadaJ do pro cesso po lítico-pa1*tidário da Bahia, eâtendendrwo alem da RevolU •* ção de I 93C׳*

0 segundo liv ro e de autoria de vim ex-governador da 3ahia 0 f i e l '1seab ris ta ", Antonlo Ferrãò*5־e Iragão, A Bahia e seus Go - vernadores na República. 3ahia, Imprensa O f ic ia l, 1983« Como 0 t í tu lo reve la , cuida da evolução p o lít ic a da Bahia, através da atua ção dos seus governadores, ate 1920. Neste trabalho, os partidos p o lít ico s aparecem na medida em que o desenrolar factua l da h is t ¿ r ia assim o exige.

Outros depoimentos de contemporâneos, como o de Jose de Sa, 0 Bombardeio da Bahia e seus e f fe ito s . ou A Scjsão. de Lemos B r lt to , por exemplo, contem todo o peso da subjetividade dos seus autores. Como nruitos outros, foram escritos com o objetivo deen^l tecer ou de despejar rancores sobre determinado p o lít ico ou fac - ção p o lít ic a .

A exigüidad e de estudos re la tivo s à Primeira República na Bahia, fo i, sem duvida, o maior obstáculo que encontramos para a realização deste trabalho. A grande maioria dos materiais historl_ cos que fundamentam esta dissertação constituem fontes prim arias. São documentos diver303, encontrados no Arquivo Publico do Estado^ no Arquivo do In s titu to Geográfico e H istó rica da Bahia, era a l guns arquivos particu lares e nos varios jornais da epoca• Essas fontes variadas, ainda que in su fic ien tes , forara generosas ao da - rem vida aos partidos, ao homons que os criamm e os fizeram mor- re r , enfim, foram generosas ao permitirem, de certa forma, a capta ção do esp írito e do acontecer humano de um período da h is to r ia baiana.

Os arquivos p articu lares forneceram-nos subsidios precio-sos. Consultamos o de Otavio Mangabeira, que esta, no Rio de Ja -neiro, 30b a zelosa custodia do casal María Helena e Iv a l PinhoGama} o de José Wanderley de Araujo Pinho e o de Francisco Marques de Goes Calmon, no Arquivo Publico do Estado; o de V irg i l io

/ do-- ,Damaslo e o de Braz 1Amaral, no Arquivo do I.G .H .Ba ., bem como osde Aloysio de Carvalho F ilho e ^)amlnondas 3erb«*t de Castro, res-pectivamente sob a guarda da vlúva Aloysio de Carvalho F ilho e doDr• Renatc-Berbert de Castro•

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A grande maioria de testemunhos pessoais, como por e;:era- pio os que integravam o fañoso arru ivo particu la r de r’edro Lago e os de muitas outras figuras de a lto relevo na.época, perderam- se no tenpo ou foram deliberadamente destruídos. Impossível, por tanto, seria encontrar resoostas a todas as ind&gacões levantadas sem a consulta aos jornais. É verdade one a p o lít ic a r tida r ■־.ד ia é 2 grande responsável .״a s ta:-־.só pelo aparecimento, n :־־ ׳ v׳én pela a_ tuarao e pela morte de quase todos ns or gr .ר s de imprensa ds énoca. Ge 0 "Jo rn a l de Notic ias" e o "D iário de Po tíc ia s " pretende״ man ter certo distanciamento das auestoes p artidá rias , os dedais י or- n0 is , como o "D iário da Ba’־ia " , a "Gazeta do r ovo", :l0 Democrata", "A Tarde", para re fe r ir apenas aos que co־:sultamos cor maior fre quencia, nao esconden suas vinculaçoes p o lit ico - p :rt id a r ia s — o que de certa forma fa c i l i t a o traba lvo do pesquisador. ״vidertemei to , fo i com atitude c r it ic a consciente que búscanos na imobilida- de de suas le tras toda a dinamica de uma vida p re té rita .

Esta d issertação, nso só por r;ua fina lidade imediata, mas também por suc!s origens, está ligada ao Mestrado em Cio.nci?s Iluma nas da Universidade Federal da Da!׳ia . m ateodi ento a d isc ip linas entregues aos cuidados da Trof^ ZaMdé Maceado Teto e do Prof. Jo- se Calasans Brandão da S ilv a , e laboraos dois "papers" oue, sob en foques d iferentes, versavam sobre 0 sistema de representação ponu- la r nc Ba'*ia, durante a Primeira República. Fomos então motivados pela necessidadé de proceder a uma i.nvestigaçao mais cuidadosa em torno dos partidos p o lit ico s , se 0 י que, qualquer tentativa de a- bordagem da vida p o lít ica daquele período da nossa M sto ria seria in sa t is fa tó r ia .

Sao, portanto, para 0 Mestrado em Ciencias Humanas ds U .F .B a ., pelo muito que s ign ificou em minha formação p ro fiss iona l, e para aqueles dois mestres, em p articu la r , mevs primeiros agrade cimentos.

Se ao contrario do pesquisador estrangeiro, estaños libera dos — ainda que contristadamente — de d ir ig ir agradecimentos a entidades que generosamente estimulam os estudos soc ia is , em com pensaeao, ficamos muito פ dever a snigos que, de uma forma ou de outra, são responsáveis por ternos chegado ao fim desta disserta- ção. Nesse sentido, agradecimento bastsnte s ig n if ic a tivo d ir i jo ao Prof. Luis Henrique Dias Tavares, orientador deste trabalho em

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sua fase de redação fina l• Muito devo tamben ao Prof• Eul-Soo Pang, pela colaboração que dele recebi na montagem do plano de pesquisa deste trabalho•

Valho-me do Dr. lenato Berbert de Castro e de Arlete Costa V ie ira , respectivamente D iretor o Chafe da 3eção de Documentação Administrativa do Arquivo do 7,stado da Bahia, bem como do Prof.Fre derico 15Helweiss, Presidente do In s titu to Geográfico e H istórico da Bahia, e do 3r. 3ena, seu zeloso guardião, para, tributando-lhes meu reconhecimento nela colaboração recebida, estende-lo a todo o corpo de funcionarios daquelas duas casasl

Ao ca3a l Iv a l Pinho Gama, à viúva Aloysio de Carvalho F i - lho, aos Drsl Jayme 3a le e i1*o e CÍcero Ma1*tins Dantas, e ao unlver- s ita í io Raimundo Matoa de Leao -*־■* inéaháável na pesquisa de doeu - mentos — entre muitos outros amigos, agradeço a ajuda recebida du rante a realização desta dissertação.

Reconhecimento isolado, e sem dimensões, presto a Dulce No va is e a Niva Novais•

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I* INTRODUÇÃO - Os partidos p o lít ico s

Somente a 17 de novembro, dois dias de proclamado a Repúbli- ca no B ra s i l, a Bahia deixou de ser Provincia de Monarquia unitá r ia , para tornar-se 1?stado de República federa tiva . A e l i t e p o li t i ca lo ca l mantev^e-se a lhe ia ao movir^nto republicano que, na ¿hhia? restringiu-ae a- um diminuto grupo de jovena entusiastas, liderados por V irg il io Damásio, Deocleciano Ramos, Còsme Moreira, V irg i l io de Lemos, entre outros. Os p o lít ico s do Imperio não escondiam a re pugnância que sentiam por aquelas ,'subversivas id e ia s " de p a r t id - pação ig u a litá r ia do povo no plano p o lít ic o , de nivelamento social, etc« Foi!. a ccntra-gosto que abandonaram a Monarquia e, prudente - mente, so acolheram o novo regime quando ele já' se tornara■ fata con sumado* 3ntãof como numa revoada, as adesõe3 partiram de todos os lados. L iberáis e Conservadores, com a mesma presteza e habilidade amoldaram-se às novas in stitu içõ es republicanas. Com maior destre- za. fizeram com que elas também se ajustassem aos seus trad ic io - nais padrões de comportamento. I

Como em toda fase da vida humana5 tambem nesta, mais caracte rizadamente por ser un n ítid o período de transição, o trad ic ion a l e o novo coexistem. 0 presente republicano, contudo, esta profunda, mente marcado pelo peso do passado h is tó r ico 0 A Monarquía continua vivar na República, através da atuação e do comportamento dos seus homens0 ,׳ movimento m ilita r que inaugurou o novo regime assentou suas in s titu içõ es sobro a mesma base estru tu ra l da sociedade monâr quica, tornando in ev itá ve l a supremacia dos p o lít ico s do Imperio » Além do mais, o movimento republicano na Bahia, ou mais precisamen te an Salvador, não durou o su fic ien te para preparar uma nova1 gera; ção que estivesse pronta a assumir os postos do comando do novo re gime״ No ano da proclamação, a 12 de jane iro , o Clube Republijano Federal de Salvador (fundado em 2k de maio de 1888) fo i transform^ do em Partido Republicano da Bahia (1 ).

(1) Blilcão Sobrinho. n0 Pregoeiro da República^na B^hia" in A Tarde. 27 out. 1953• George Boehrer. Da Monarquia a Republica His corlando Partido Republicano do B־ ra s i l, 187C/1889, M in isterio de k ducação e Cultura, 195&, PP 150/15U faz uma breve analise d e sc r it¿ va do movimento'republicano na Bahia.

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2.Tovg v ido ofênora, não subsistindo à in s ta lação dn Ropublica. "Ro- publicónos h is t é r ic o s " , cono V i r g i l io Damásio, por exemplo, vendo frustadas suas asp irações do lid e ra n ça no regime rocen inaugurado,— onto a pressão da o l i t e p o l í t ic a p rov inc iana , da qual Rui Barbo so ora o porta-voz, condutor 0 mandatário —suhnoteran-se aos vo - lhos monarquistas rocon convertidos 0 aconodaran-so nas f i le i r a 3 dos partido s p o lít ic o s quo foran sondo organizados por Liberais ou Conservadores do antigo rogine.

A leg is lação e lo ito ra l, posta en vigor desdo os primeiros : dins do Govomo Provisó rio , não cuidou da organização dos partidos. Pornaran-so, portonto, aloatorianente, ao sabor dos interesses in- d iv idua is. Não era necessário muito pora quo ur. partido so organi- zasse. Era preciso openas quo ur:. chafo p o lít ico dc re a l p restíg io ' assin o decid isse, congregando n sua vo lta elenentos representati- vos do sociedade, nones do prestig io no neio p o lít ico e socio-eco- nônico. Conproondo-se facilmente ossa foma de organização partida r ia , nuna sociedade que pornanocia oninentenente agraria o conser- vadora, no qual a participação dos setores intermediários o popula, ros praticanente in ex is tia no plono p o lít ic o .

Assonelhavan-se ossos agrupamentos p o lít ico s a claques orgo- nizadas, prontos a aplaudir as decis~os do chofo. Na na ioria das vezes, dado o nivelamento das in fluencias p o lít ica s que os cons t i- tu ian, oran un anolganado do poquonas claques individualizados, quo atuavan isolndanonto, sob una nosna capa, ato o nononto er. que disputas en torno do interesses pessoais viossen a ronpe-la 0 , de- pendendo do grau de in fluência da claque descontonte, dar surginen to n tn novo partido. Contudo, essos agrupamentos primarios e sin- p ies ' , verdadeiros "protozoários" — para lenbramos a figura usa da por Maurice Duverger quando distingue as organizações p o lít ic a s in ic ian tes dos organismos complexos e diferenciados que hoje são os partidos nodemos (2 ) — nantinhan una precária coesão. Inte resses ind iv iduais nomentanoanonte convorgentos, somados ao caris- na que enana•do chefe, conferian una solidariedade temporária aos seus nenbros.

(2 ) Maurixio Duvexgojr. Os Partidos P־>lí t ic o s . R io , Zahar,

1970, p. 15.

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F־>r isso nesno, osscs partidos da República Velha são conhecidos o identificados nuito nais através dos nonos dos sous chefes que do rotulo que ostentan. 0 Partido Republicano da Bahia, por exenplo , fundado en 1901, c o partido evontualnento "govern ista ", parque Se vorino V io ira e o Governador do Estado. Mas tanbén 0 o partido ,'se v e r in is ta " . A p a r t ir da c isão , ocorrida er. 1907, ninguén se refere ao P .R .B . , nas tão somente a ״ severin istas״ ou a "n a rc e lin is tas״ . 0 Partido Republicano Den-crata, outro oxanplo, c o partido de Sea, bra. Seus adeptos são chañados de ״ se abris tas” 0 nã־־ do ״ denocra - tas״ .

A fide lidade, portanto, existe não cn relação ao partido, nas ao chefe do partido 0 , dependendo do seu poder ca risn a tico , pn do ser incondicional o v i t a l í c ia . Adeptos do Severino V ie ira , e^׳־> Pedro Laço (3)> por exenp lo , depois da norte do "chofe" e onVra ja f il ia d o a outro partido, continuava ״ seve rin is ta ". Mesno ao con siderar-se so o abandonado er. 1923, Seabra conservou una "entouragcF de f ie is "seab ris tas״ , nuitos dos quais assin se nantiveran até o f in de seus d ias. 0 "ru isn o ", enbora esse terno tenha não só unn conotação p o lít ic a , nas tanbén ideológica, não teve f in con a nor- te dc Rui Barbosa, on 1923. En verdade, "ru is ta s -atravessaran to ״da a Re-iublica Velha o chegaran ate os nossos tenpos.

Esses partidos — porque todavia são partidos, no sentido anpio da palavra, in stitu ições que ten cono fina lidade a conquista o o exercício do poder p o lít ico (1f) — atuan intern itentcnente. Sur- gen e funcionan apenas na ep^ca doéLoições. Passado esse período ־ de dinanização a r t i f i c i a l , in tensificada pelas disputas en tomo dc •argos e le tivo s , entran nun conpasso de espera, hibernan, ato que novas eleiçõos in joten-lhes outra v ida . So estão presentes en todo o desenrolar da Prino ira República, e porque nela as eleiçõos são va r ia s , constantes e ocunan o contro da vida p o lít ica» o lo i - ções para a Presidencia da República: eleiçõos para o Congresso

(3) ,Podro Lago fo i un dos p o lít ico s de nais intensa e agita-da vida pública, durante a Prino ira Rçpublicg. Senpre v ito r io so , fo i e le ito deputçdo estadual, graças â in fluencia do Severino Vioj^ ra . Ingo passou a Cañara Federal o dai ao Senado. E le ito governa - dor or.1 1930 , não,chegou a exercer o cargo, en docorroncin do n.-vl- nonto revolucionario de outubro drqTicle ano.

(b ))iç frk u t. )3

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Federal; eleições para o Leg is la tivo Estadual* Conexa ט Senado que se renovar bienalnente (a prineira-, na totalidade dos rieus nenbros;o Senado, pelo te rço ); eleições para intendentes e ccr.relheiros nu n ic ip a is , na naior parte da República, tanbén b ienais; .oleições pa ra o preenchinento de vagas nos diversos postos, desde k גד ando a P rine ira República não conheceu o sistena de suplencia.

São as e le ições, portanto, principalnente aquelas destinadas ao preenchinento do cargos federa is, que r.otivan o surginento dos p a r t i ,os e ju s tif ic a n suas oxisténcias. Todos os interesses conver gon, nessa ocasião, para a confecção das chapas govem istas, por - que ^ nivclando-se as lideranças p o lít ic a s en grau de in fluencia i* a força preponderante, o poder de decisão e de doninação, esta- rá senpre con o Executivo.

Ter o none na chapa elaborada pelo governo s ig n if ic a te r ga- rantido o posto no le g is la t ivo ou na náquina adn in is tra tiva do Es- tado. Ante a inpossib ilidade da chapa s ituac ion is ta abrigar todas as "in flu en c ia s " que a e la so julgan con d ire ito , surgen as dispu tas, as divergencias, as c isões. Janais serão en. tomo de ideias ou p rin c ip ios , nas de interesses porsonalístlcos# Conpreende-se que suseetib ilidades feridas geran a desconfiança, conduzen a dis- cussão, ao ronpinento e à fomação de novos partidos. Contudo, en consecuencia de un entendinonto tá c ito , que se estabelece entro o G^vemo Federal e o Estadual, entro este e o Municipal, o partido* que se organiza en oposição a situação estabelecida pouca ou nonhu na chanco ten de ser v ito rio so nas e le ições, o que va le d izer, de sobreviver. Apenas quando aquele entendirento é ronpldo ־— o que con stitu i una exeeção no conportanento p o lít ico — pode o partid ,־׳׳oposicionista galgar o poder, cono aconteceu con o "se a b ris ta ", en 1912, por exonplo. No entanto, o nais das vezes, apresentando-se circunstancias favorávois, as lideranças p o lít ica s rearticu lan-se entabolan acordos e arranjós, de nodo a e v ita r quo se jan oxcluidac do poder. Esta p o lít ic a de aconodação aconpanha todo o processo pç. lít ic o - p a rt id á r io na Bahia. E la explica a flu idez do conportanento p o lít ic o , o trânsito l iv r e dos nenbros de un partido a outro. E la faz eon que as dis^nsões e as fusões "p a rt id á r ia s " estejan presen- tes, en dosageos equiparáveis, en toda a vida desses partidos, a - través da Velha República.

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En sua conposição so c ia l, ns partidos revelan as condignas י in fra estru tura is da sociedade. São os grandes pro p ri e tá rio s , agri- cultores ou criadoros de godo5 conorciantes, doutores 0 aristocra-l tras do Ihpério que cnnpñon ns seus quadros. As duas ú lt im s cate-' gnrias, on grande parte tanbén vinculadas ao la tifund io ou ao co - nérc io , garanten o prestig io socia l dn partido . 0 visconde de C li- vo ira e o barão do Sãn Francisco, por exer.plo, durante toda suas 4 vidas foran nonbros dns cnbrian־!rios órgãos adm inistrativos de al- guns partidos — a Conissão Executiva o o Conselho Geral. C viscojj dc norre cn 1920 e o barão de Sãn Francisco en 1913, cnn 81 anos* As vesperas do norror, ocupava este u lt in r a presidência do Senado Estadual. Foi substituido neste posto por nutro ” seab ris ta ", o Vi- ce-Alr.irnnte Francisco Moniz Ferrão de Aragão que, aos 64־ anns, norre no ano seguinte• É , portanto, n suceder das gerações que in- tmduz rennvações nos quadros pnrtidários. Renovação nn sentido b¿ alógico, cnnven f r is a r , desde quando ns jovons que gradativanonto: I vão substituindo as velhas lideranças p o lít ic a s , presos por suas o rigens 0 fomação aos p o lít ico s trad ic iona is , não sonente herdan * seus •redutos e lo ito rn is , nas in itan-lhes ns neias e ־׳*s o s tilo s de ação•

A disputa de reduzido núnero de figuras in fluentes polos di- versos partidos, explica-se nãn só pela projeçã״ soc ia l quo confe- ron a essas agrenlações, nas pela própria fina lidade dos partidos, que ó a do assegurar a eleiçã~ dos sous nonbros aos pnstos le g is lg tivos e administra tivo s. E é a e l i te p o lít ic a s riunda do Ih«־׳ rerio que nais firoonente ton o contrnle dos redutos o lo ito ra is , conquig tados através do una longa vivência p o lít ic a * .Esse controlo tornou se, na República, necessidade prenente para a sobrovivência p o l i t i ca. Na realidade, a anpliação dos pnstos po lítico-adn in istra tivos do Estado, sob o novo rogino, não fo i aconpanhada de un crescinon- to correspondente do ele itorado* Enbora o d ire ito de voto tivesse* sido estendido aos cidadãos nalores de 21 anos, a exclusão dos a - nalfabetos — para não nos re fe rim os a das nulheres, praças de pret 0 ro lig iosos — inpedia a esnagadora na io ria da população de nanifestar-se po liticanente*

A quase totalidade da população baiana, en 1890, era cnnsti- tuida de analfabetos* Apenas cerca de 8# sabiar. le r e escrever. En

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1920, ossn porcentagon deseo poro 5# (?)• A realidndo oconônico-so c ia i , portanto, tnmova in ev itáve l quo esses partidos, prirtnrios o sinp les, nã־' possasson do ',conitês e le ito ra is ״ , integrados pela I ¿ n itada o lito lo c a l.

A despreocupação en relação o olaboração de prognnas quo a- tandnr. as nccossidndes ou nesno as lin itad as aspirações do una po- pulação inobilizada polo anplfabetisno 0 senpro alhoia o indiforen te às questões p o lít ico s , conprccnde-se pel- ob jetivo con que oran fomados os partidos. I^ r conser;uinto, os progranas partidários são elonontos accossórios 0 dispensáveis. Monotonanento ro p e tit i ־ vos, continúan a sor escritos c־n a t in ta do In fe r ió . 0 " fe d e ra lis no״ , por exenplo, defendido agora con tanta ênfase o ontusiasno — sob novas circunstâncias h is tó r icas , é claro — já estava no Ato A ¿ ic io n n l de 183^, con o seu orgulho 0 pudor regional. Tanbon a bus ca da "verdade e le ito ra l" , tona constante dos progranas partida - r io s , senpro fo i una constante no Ihpcrio , assin erno preocupações vagos e indefin idas en relação ao bon estar das "c lasses laborio -s a s "; a necessidade de n o d ifica r a Constituição ou do intransigen-tenente prosorva-la, e tc .

Para nolhor conpreensão da evolução po lítico-p artid aria da Bahia, na Prine ira Repúblico, sugeriros seja esse período subdivi- dido en 7 fases:

I . Fase "n u lt ln a r t ld a r ls ta 11: 1890/18931 1. Partido Nacional - José Antonio Saraiva

2• Partido Nacional Donocrato - Alneidn couto3. Partido Republicano Federa lista - José Gonçalves da

S ilvoM-. Partido Católico - D. Antonio do Macodo Costa 5• Contro Republicano Dcnoerata - V irg il io C liiaco Dano -

sio6 . Partido Cporário - Gonçalo Jose Pereira Espinheira.

( 5 a população to ,בלע 1890 ( ta l do Bahia oro de 1 . 379 • 616 hab*. dos quais 1 . 1 30 . 480 oran anàlfabotos; en 1920, para una po pulação do 3• 33^» hab.. 2 . 720. 990 eran analfabetos. Sinopse E s ta t ís t ic a do Estado» In s titu to B ra s ile iro de Geografia 0 E s ta t is t ic a . Çopartanonto Estadual do E s ta t is t ic a . N0 3, Salvador, C fic i- nas G ráficas Era Nova L tda ., 1939, p. 63•

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I I . Fase ” !:)!partidarista” : 189V19001. Partido Republicano Fe 1.oral - Luiz Vi^ma2• Partido Republicano Constitucional - José Gonçalves da

S ilv a .I I I . Fase "uni par t i :!arista” : 1901/1906

- Partido Republicano da Bahia -)Severino V io ira/ יJose Marcelina de SousaIV . Fase ” b lp a rtid a ris ta con d issidenéia” : 1907/1911

1. Partido Republicano da Bahia - í ” severin istas”I ” n a rce lin is tas "

2. Partido Demócrata - J . J . Soabra.:.!arcelin istas”

V. Faso de ” ^artido dominante” : 1912/19221. Partido Republicano Democrata - J . J . Seabra

[Partido Republicano Conservador- ) Luiz Vianna (ató 1915)

2 correntes do ex- P .R .B .: ” severin istas”"na re e l i ni s ta s”

- arjrupancntos p o lít icos nonoros

V I. Fase do ” restauração do bipartidnrisr.o con d issidências” : 1923/19271. Partido Republicano Dcmcrata - "seab ris ta ” :^Ant">nio

\ Mnniz Frederico ץ^Costa

2. Concentração Republicana da Bahia -I Miguel Cal־'.on(Ctavio Mangabeira

V I I . Faso do restau rado do un inartidarlsno” : 1927/30- Partido Republicano da Bahia - Goes Calmn

Cono toda tontativa de periodização, o evidonto que tanbén esta ó una d ivisão a r t i f i c i a l , qua inpõe cortes e interrupções a un nesno e contínuo processo h is tó r ico . Cs rétu los que su~orinos : poderian ou nesno deverian ser substituidos pr-r outros de cunho personalist ico s , o que por corto re ve la r la con na ior fide lidade a realidade p o lít ico -p a rtid a r ia baiana. Contudo, osse recurso resul- ta r ia nuna subdivisão re p e tit iva e nonos abrangente do que a aqui

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״ roposta, considerando-se a lin ita çã o ’.as lideranças p o lít ic a s , en função das dissons~es internas — geradoras do n^vos agrupanentos— o da flu idez dos e o lít ic o s que conpõen essas agreniaçõos. As sir;, e que, onbora ha Ja so; ,.pro un partido ׳!orinante׳ , o g^vom lsta, ou- tros tanbon estão presuntos na fase en que ele doten o poder•

VaJLo ainda acentuar quo s rétu los que oferecenos ס cada una dessas fases não deven sor in terpreta 1׳.os à luz exata da ciencia po l í t ic a » Trata-so a־ onas do un recurso!, que visa a caracterização o •׳olhor conproonsão da vida p artida ria na Bahia• Assin c que c fa se n u lt ip a r t id a r is ta" não fo i ׳־;arenda pola atuação de divorsos pa_r tidos estruturalnonto constitu idos. Essa o ה fase de organização _i n ic ia l do Estado sob o novo rebine o os partidos que então so for-

A ^nan sao agrupanontos in / ״י״ stáve is , cfoncros o flu idos, nao correspon- dondo a noçao vordadeira de riu ltipartidarisno* Devon ser antes _on- quadrados na " iro-h is tó ria " dos partidos republicanos (6 )• M ulti - plican-so porque as lideranças p o lít ic a s , ainda atordoadas o desar ticu ladas con a nudança do r ir1e,״:0 , quero:ן conpor o quadro do podar atravos do un lugar no le g is la t ivo ou nos postos adm inistrativos /.o govemo.׳1

Do fom c igua l, a segunda fase, que chañaros " b ip a rtid a ris - ta״ , não so caracteriza pola existencia de dois grandes partidos en corpotição p o lít ic a (cono nos E.U .A . 0 Canadá). Trata-se de fa- sc en que o grupo liderado por Luiz Vianna, os " v i an ista s " , doten o poder, através do Partido Republicano Federal, .onquanto o Parti- do Republicano Constitucional, fruto da d issidência daquele parti- do, on 1893, reúno os conandados do José Gonsalves •os **gonçalvig - tas" que c.tuan na oposição.

A nodida quo o sistona p o lít ico ovo lu i, os partidos pequenos vão desaparecendo, através de conposições e arranjos con o grupo p o lít ico doninante , visando, nesso procosso do aconodação, r 'A •?ft 8. poder. Assin 0 que, na te ז־ rce ira fase, "n n ip a rti

d a r is ta ", observa-so a existência do un único partido — Partido Republicano da Bahia — que- conandou a vida p o lít ic a lo ca l de 1901 a 1906.

(6 ) Kaurico Duvcrgor, op. c i t . p. 256.

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So bon quo o Partido Ropublicano Dissidente, organizado por '1soa - b ris tas ” , on 1906, tonha aparecido cono novo clcnonto on jogo, a doninoção do P .R .B . não fo i intorronpida até o f in a l dessa fase.

Evidentcnonto, não f i־1 ola na rea da pela atuaçãc de un parti-do ileologicanonte fundanontado, coco a ciencia p o lít ic a carácter!.za os partidos únicos, do di re i ta ou do esquerda. Cs ansoins doP.R .D ., cono o los donáis partidos, são be״ ñañaros. Aqui o p arti- / / ^lo G ún׳ ico , porque nolc se fund irán c sg neo::ociaran as faegeos opos ic io n is ta s do período an terio r, assir'. d ificu ltando — dada a 1 1 1 ך־tação do líd e res p o lít ico s — a existencia do outras organizaçõesp a rtid a ria s .

Na quarta fase que rotúlanos "b ip a rt id a r is ta cor׳, dissiden c ia ” , o Partido Republicano da Bahia» s itu ac io n is ta , está d iv id ido on duas facções j a יי sevorin ista ” que reúno os seguidores do Sever¿no V ie ira , o a ״n a rco lin is ta ” , de José M a rc e lin o , Enbora o Par-tido Do ״crata so venha a so co n s titu ir on 1910, tendo cono ponto’ do ־־׳rigon a "Jun ta Republicana Pro-HemesA-fcnceslau” , esta fase assina la a rápida ascensão do "seabrisno” , coi: a canpanha 0 ב v ita r ia do "hem isno” •

0 partido ” seabrista” do ton o poder na faso so;:uinto, ״do partido doninanto״ , quo so estende do 1912 a 1922. Enbora exista!.־: outros agrupanentos nonores, as facçõos ״ sevorin ista״ e ״n a rce li - n is ta ” do ox- P .R .B . e o Partido Republicano Conservador, conduzi- do por Luiz Vianna 0 que choga a f im a r acordo con aquelas luas facções, o partido ” soabrista" o o deninanto. Mais do que en re la- çao às outras fases, esta, para reve la r a roalida.de p o lít ic a , devo r ia sor ” faso 10 donínio soabrista” , porque g nela que as organiza., LA 6•«* »■י * ,ções partida rias rovolanytoda sua inconsistencia. De in ic io o Par- tido Donocrata do Seabra idun tifica-so con o partido de Pinheiro Machado e passa a chanar-so P.R.C . Depois do r npir.cnto ostensivo ־de Seabra con Luiz Vianna e o senador gaucho, o partido seabrista ' f ic a son none e e, então, que sen qualquer nascaranonto, o partido encama-so no sou chofo, o partido e Soabra.

Vorifica-so , na sexta faso, una ” restauração do b ipartidar is no cor.1 d issidências” , provocadas pola candidatura de Francisco Mar ques do Goes Calnon ao Governo ■lo Estado. Duas organizaç~es parti, darias so co n flitan : o Partido Republicano Donocrata que, congro -

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gánelo os "so ah r is ta s ", sutge agota divid ido en duas facções: os so guidoros de Antonio Honiz e rs el© Cel. Frederico Costa; 0 a "C^n - contração Republicana cía Bahia״ cjuc, arreginentרndo as forças opo- s ic io n is ta s , nanifosta duas tendencias: a "cn lnonista" (Miguel Cal non) e a "nangaboirtsta" (Octavio Hanjabeira)• Con a instalação do Governo Goos Calnon, passa o Exocutivo a lic lo rar a corrente "caluo, n is ta ״ . lío entant־׳!, a f?cção ” nangabeirista" pomanoce atuando v i- v?ncnto o a ,'seabris ta ” tar.bén subsisto.

é na ú ltilia fase p o lít ico -p artid a ria da ítapública Volha, ,1restauração de unipartidarisno” uo o Executivo, atraindo a sua.׳ ,corto os diversos poderos lo cá is que atuava;: de f ma independente״— tondo o nunicíp io a dinensao de un Estado, dentro do autro Esta, do — acalora docisivaí'.ento a !,.archa para a c o n tra liz a ç ã o do po dcr. C secundo Partido Republicano da Bahia, fundado on 1927 ל ó o instrumento u tilizado para o estabolecinento des so equ ilib rio na ba, lança de poder. A p o lít ic a do ״c lien to lisn o ¿agora nais burilada, pola participação cresccnto le jovens nos po»״«**•*ó formalizada o surge■ft ״tos le g is la t ivo s o a In in is trr tivos do E s ta d o . O ve mador Gees Calnon (1924/28), fin an c is ta e advo;;n ’o, inprine una nentalidade enprosaria l, não sr n set^r ecõnôr.ico, nas tamben no setor p o lit i, co da sociedade#

A Revolução do 30 intcrronpe bruscamente o ״ rocesso p o l i t i - co-partidário da P r ir׳o ira Republica. Contudo, passada a tomonta revo lucionária , a ״nova orden" in s titu id a pronevoria una reconci - liação con a Velha República, apelando para c s seus honens e os seu* nótodos de ação.

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IL . Fase "n u lt in a r t id a r is ta " : 1890/189.3

Não fo i un "republicano h is tó rico " o p rinairo governador do Bahia. Toda a provincia espera quo V irg il io Danasio — vice-pre sidenta do d ire tó rio do Partido Republicano da Bahia, elenent־׳' de ligação entre o Rio de Jane iro , onde atuavan nais intensanentc as novas forças, c a Bahia (1 ), onde se t^mou líd e r inconteste — fosse o cscolhid^. No entanto, Rui Barbosa, então M inistro das Fi- nanças do Governo Provisório , preferiu que Manoel V itorino Porei - ra , para suprosa geral dos baianos, fosse nonoado Governador (2) . V irg il io Danasio, apenas por cinco d ias, atendendo ainda a una de- teminação de Rui Barbosa, cxcrcou inteUVanente o Governo (3 ).Esse f ' i ,tenpo que durou o inpasse de consciencia do nrnarquista Mano י׳ e l V itorino que, reconhecendo cabor ao proclanador da República na Bahia, "de d ire ito " , a chefia do Executivo lo ca l, "por cinco vezes sucessivas (recusou) ta l honra" (1O . Contudo, os insistontes pedi- dos "da classe o associação c-nerc ia is" fizoran-no nudar de idéia o ace ita r o posto de prinairo governador do Estado (5 ).

Logo no ato de sua posse, Manoel V itorino considerou dis sOÜdos os partidos do antigo regina. Para tanto, ponderou que as antigas agroniaçõos p o lít ic a s , "con as suas organizações in feccio- nadas, con os seus oíanos de ogoisno o corrupção para o assalto e gozo do poder, con as suas p o lít ica s da filh o tis r.o , patronato, per soguiçõos, in tr ig as , odios o principalnonto do subservicncias ( . . . ) mataran a nonarchia". Era portanto neccssario, "para honra da na - ção, para garantia, estab ilidade e e f ic ie n c ia do novo regine" que

(1) Annibal Falcgo a V irg i l io Danasio. Rio, 13 junho 1889» Arauivo V irg i l io Danasio in Arquivo d11״ I.G .H .Ba ., pasta 32 •

(2) Manoel V ito r in ־׳ en Manifesto Pn׳ lít ico - C Dr. ManoelV ictorino Vlco-Presldcnte da República ־- A Nacao. Bahía. Typ. o En cadomaçao Énprcza fid. 189&» p. 1 9 , diz quo dove sua noneaçao ao Govorno do Estado a Quintino Brcayuva e a A ristides Lobo o na״ a Rui Barbosa¿ cono chcgara a ponsar, durante algún tenpo. No entan- to, a posição quo Rui Barbçsn a^sunia no Governo Fodoral o o conan do quo^exercia onçelação a p o lít ic a estadual, torna d i f í c i l a a - ceitação desta hipótese. f

(3 ) telegrana de Rui a V irg i l io Danasio. R io , 17 nov. 1889. Arauivo V irg il io C. Danasio. in Arquivo I.G .H .B a ., pasta 32, doc. 1f. V irg i l io Danasio ocupou ainda, in te iranente o Governo, por un nes e 15 d ias, quando do afastanantr do Mal. Horr.es da Fonseca‘ daquele posto.

(1t) Manoel V ictorino Poroira, op. c i t . ! p. 19.(5 ) lb ld on .

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12 .

aqueles partidos morressetn com a monarquia (6 ) .Continuaram, no entanto, bem vivos e com todas as ca rac te r í¿

ticas acima enumeradas e Condenadas: gozo do poder, filhotism o, pa trona to, perseguições e subserviência. Apenas cresceram em número, e envolveram-se, lib e ra is 0 conservadores, sob novos ró tulos. Pas- saram os novos partidos a ostentar om suas sig las o R de república, como a mascarar atitudes não in te rio rizadas. Continuaram monarquis tas om sua essência. Foram lib e ra is ou conservadores que os organ¿ zaram. Homens que tinham nascido, crescido e amadurecido sòb o re- gime monárquico. Carregavam todo o peso de um passado 0 de uma vi- vencia monarquica. Aderiram ao novo regime, porque a Monarquia tinha morrido e a eles importava sobreviver. Fbr outro lado, o mo- vimcnto republicano na Bahia fo i fraco e não sensib ilizou a e l i te d irigente, que v ia , nas "subversivas ide ias" (7 ) republicanas,mais um elemento de inquietação entre as a flições que vinha experimen - tando com a crise econômica dos fins do sec. X IX , que fazia seus negocios decrcscerom.

\ \Devido, portanto, a repulsa da e l i t e provinciana, a improvi-sação c a imaturidade do movimento republicano na Bahia, ainda que um "republicano h is tó rico " tivesse assumido a chefia do Executivo, o seu governo, forçosamente, seria integrado por monarquistas re - cem convertidos. Alem do mais, não fo i o próprio proclamador da Re pública no B ra s il um ״monarquista confesso"? (8 ) Não fo i toda uma legião do ex-monarquistas, deputados o conselheiros do Imperio,que ocupou a presidencia do B ra s i l, pelo menos ate quaso às vésperas da Primeira Guerra Mundial?

1. Fundação do Partido Nacional : disputas em torno de cargos e le t ivo s .

Ante a situação de crise econômica e a insegurança p o lit ic a , gorada pela mudança de rogime, os velhos monarquistas, ao aderirem ao novo sistema de governo, solenemente prometeram que todos se manteriam firmemente unidos, com»um só exército , para a consolida- ção do governo republicano (9 ). Era de se supor que essa união pej;;

, (6 ) A .F . Moniz do Aragão. A Bahia e seus Governadores na Re-publica. Bahia, Imprensa O f ic ia l do festado, 1923, p• 15•

$7) QfllP.ta da Bahja, 8 jun 18§9., (8 ) Haul Alves ao Souza. H isto ria fb lit ic a dos Governos da

República• R io , Empreza Graphica Ed ito ra , 1927, p. 25•(9) Jo rnal de N o tic ias . 24 ju l . 1890•

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nancccsso, polo nonos, ate 0 vo tação das Constituições Nacional o Estadualj aros o quo, legalizadas as bases do regina, novos parti- dos torian nascinonto. No cntanto, ת procariodada dessa c^osan, "determinada por un p a tr io tism repentino" (1 0 ), não esperaria nui to para tornar-so evidente. A apresontação da l is t a dos candidatos, quo devorian concorrer às eleiçõos de 15 do setonbro do 1890, para a Assenbleia Constituinte Nacional, ronpeu os frágeis olos do uni- ão. Na chapa elaborada polo govem o não fo i dado lugar a todos que a ola se julgavan con d ire ito s .

A reação partiu do Cons. José Luiz de Alncida C-uto, lib e ra l que até o ú ltino instante opusera-se a derrocada des in stitu ições monárquicas. A " in te rfe ren c ia ostensiva de agentes do poder públi- coM na organização da chapa, da qual foran excluidos "cidadãos dos antigos partidos, tão dignas quanto os que ne lla figurão ", levou o ex-Presidente da Provincia à confecção de una l i s t a que fosso a expressão conbinada dos nelhores olenentos dos antigos partidos, '■ tondo nela tanbon ingresso os nais antigos republicanos" (1 1 ).

As declarações de Alncida Couto 0 de Anphilophio B o te lho 1 Fre ire do Carvalho (12) do rerudio à l i s t a -rganizada con o inge - rencia ostensiva do Executivo, d a r ian surginento ao Partido Nacio- na l, en 2^ do julho do 189C.(13). Logo na p rine ira reunião, no an- tigo palacete Devoto, a rua Carlos G^nes, os ox-nonarquistas, sob1 a presidencia do ex-senador Jose A nton io Sara iva , revelaran o e s t í nulo que dava origen ao novo partido! "fo m a r una cha0 de acordo ,י־יcon oS dois partidos ( l ib e ra l e conservador) para ver se se conse- guia a ele ição de diversos cavalheiros pertencentes aos antigos י partidos" (14) 0 quo contrabalançasse a "indecente cabala p o lic ia l quo estava revoltando a população1 5 ) (״ .

(1 0 ) ibidon״ (11) Declaração do S r . Conselheiro Alncida C־~uto", D iario ’

a Bahia 17 Ju.,׳ l. 1890.TT2) "Declaração do S r. A m h ilo p h io Bo te lho Fre ire do Carva-

l h o " , ib iden .lift ) jo rn a l de N o tic ia s . 2^ ju l . 1890.(14) Discurso do Cons. F re ire do Carvalho, chefe dos conser-

vadoros, na reunião do fundação do P .N ., en 24 ju l. 1890. Jornal de N o tíc ias . 2 ago. 1890.

(15) Telegrann do V irg il io a Ruy Barbosa. Bahia, 15 ago.1890.Arquivo V irg i l io Clinaco Danasio in A .I.G .H .Ba . t pasta 32, ¿Joc. M-.

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No’*Fblytheana Bahian־׳!", toatro de tontos o in fartan tes nani- festaçõos po lítico s na P rine ira República, cu id a se , a 17 de ages- to de 1890, do elaboração do progra.no e do estruturação do partido (1 6 ) . O prograna, "ontes de tudo", quería " o ropública federativa conn fnma d e fin it iva do govamo de nação b ra s ile ira " (1 7 ) ; onfoti zava a necessidade do substitu ir-so a leg is lação e le ito ra l en v i - gor (docroto n ° 511» do 23 do junho de 1890, tanbén conhecido cono "Regulamento A lv in " ) pola leg islação an terio r (Lei Sara iva , ou "L e i do Conso", do 1881), "onqunnto os poderes federáis o os esta- dos não organisão le is e le ito ra is que pos são ser dignas de una re- pública" (1 8 )•

0 foto de o próprio Saraiva, on 1889, ter-se confessado desi_ ludido con os resultados da oplicaçoo da le i quo tonara sou nono , "porque o prazo curto nondara a Canoro dos Deputados representa çÕGs unánimes, cada quol f i l ia d a ao partido no poder" (1 9 ) o agora pedir que voltasse ola a v igorar, é bon revelador das falhas da no va logislação republicana, que favorecia a in te rferencia do gover- nn no processo e lo ito ro l.

0 D iretório o o Conselho do Partido eran os órgãos de atuo - ' ção do P.N. 0 p rineiro conpunho-se do Cons. José Luiz de Alneida ז Couto, José Eduardo F ro ire de Carvalho, Cameiro da Rocho e dos Drs. Augusto França, J . F . de Araujo Pinho, Teixeira Sooros o Anér¿ co de Souza Gnnes (20).

C Conselho do Partido, tanbén revelava en sua couposição a predominancia absoluta do reprosentantos do "oncion regime": ero uma mistura de barões (do Guahy, de Gorenoabo, do Rio de Contos, de São F ra n c is c o , de Santiago, de Fbjuca); de doutores (Do-iingos Guimarães, Cesar Zana, José C linpio do Azevedo, Idelfonso do Arau- jo , Augusto P. da S i lv o ) ; des .־!nbargadores (Thonaz Montono¡־;ro, Es - p inhoira, Afonso do Carvalho, Berenguor Cesar, Rodrigues Chaves) , olén de contar con o Cons• João Ferre ira do Moura, o Comendador Au gusto S ilve s tro de Foria e o Coronel Thenistoclos da Rocha Possos (2 1 ).

g p j s f á v ñ i _(1 8 ) Propunha ainda o "programa", diversas alterações ao "ro-

jeto constitucional do Govemo Proviso rio , ibidem.(19) A Tarde. 23 maio 1930.(20) D iario do Bahia, 19 ago. 1890(21) fblcicm.

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0 Partido Nacional, que surgia cono uma ,,aliança hybrida ( . . . ) , modelada, firmada e sellada segundo os mesmos moldes o ca - rimbos usados em voga nos bons tempos imporiaes" (22 ) , não passava de um ״comité e le ito ra l״ , que antes de nascer ja estava fraciona - do. Rui Barbosa esta na linha de d iv isão . Almeida Couto, atraves do ״D iario da Bahia", orgão dos lib e rá is desde 1868, defende e ol£ gia a atuação de Rui, no Governo Proviso rio ; Fre ire de Carvalho , p rin c ipa l representante da rtGazcta da Bahia״ , orgão dos conservado res, condena e acusa, veementemente, o então M inistro das Finanças (23).

Buscou-sc un ir sentimentos tão divergentes, atraves da sim - pies mudança de t ítu lo de un jo rn a l. A 21 de agosto do 1890, a "Ga zeta da Bahia״ ó substituida pelo ',Estado da Bahia", que então co- moça a c ircu la r cono orgão o f ic ia l do Partido Nacional. A substi - tuição do un rotulo por outro tinha por objetivo "passar não só una esponja entro as divergencias que colaboravam no passado en campos opostos ( . . . ) " , mas tanbon tornar evidente que entre "os nembros do novo partido ( . . . ) cessarão todos os ressentimentos o rivalidades que as paixões partidarias aconden entre os adversa rios em crenças p o lít icas ( , . . ) " , unindo numa "p e rfe ita harmonia de v is tas e íntima solidariedade todos os cidadãos, quaisquer que fossem suas crenças p o lít icas antes do dia 15 de novembro", (24).

2 . 0 na ti-morto Partido Católico funde-se com o Pa tido Nacio- n a l.

As f i le i r a s do Partido Nacional, nas quais transitavam, l i - vromente, conservadores, l ib e ra is c republicanos, foram engrossa - das com a adesão do Partido Católico que, impedido de atuar polity, camcnto, graças as restrições constitucionais (2 5 ) 0 a proibição papal, nelas buscou e encontrou refugio.

0 an tic lcrica lism o republicano atin g im -em cheio o meio ca ־tó lico b ra s ile iro . A reação fo i fo rte 0 ined iata . Mais de 200 pes- soas, com o objetivo de organizar un Partido Cato lico , reuniram-se^ a 28 de maio de 1890, na Cap ita l Federal (26).

(22) V irg il io Damasio. "Organização de um Partido Nacional", Federa l. 24 ju l. 1890.Jo rnal do N o tic ias , 2b ju l . 1890.Estado da Bahia. 21 ago.^1890•0 A rt. 129 da Constituição Estadual de 1891, cono a Fo-

doral, ex c lu ía , do d ire ito de voto, alem dos analfabetos, mendigos e praças do pro, "os re lig iosos de ordem monastica, companhias,con grogaçõos ou comunidades de qualquer denominação, su je itos a voto de obediencia, regra ou estatuto, que inporte renuncia da liberda- de individual*;•

(26) D iario da Bahia. 4 ju l . 1890.

15«

(§t)(25)

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D. Antonio do Macedo Costa, arcebispo da Bahia e presidente dn Co- nissão Central do partido, procurando ganhar o beneplácito do Papa Leão X I I I , inediatnnonte conunicou-lho a fundação do partido (27)»

Quando da elaboração do projoto constituc ional, vecnente pro tosto fo i d irig ido ao Mal. Doodoro, redigido por una conissao con- posta do arcebispo da Bahia, dos bispos do Pará e do Olinda. Opu - nhan-so a "clanorosa in ju s tiça praticada centra a Ig re ja Cató lica , excluida do fcoda relação o f ic ia l con o Estado, banida dae escalas, dos colegios, do todos os cstabclecinentos do govemo (*. i ) ' * (28 ) . Cpunhan-se ao casanonto c i v i l 0 , nais do que tudo, à in e leg ib ilid ^ de dos padres, ostabolecida no projoto o confirnada na Constitu i - ção republicana.

A divulgação da fundação do Partido Católico fez surg ir pro- tastos nos diversos Estados, contra os preceitos constitucionais ro s tr it iv o s , não so confornando o noio c le r ic a l — nostálgico das benonorencias quo gozara na Monarquia — con o desprestigio e anar guras que agora experiiontnva sob o novo repine.

En Rocifo, a 1*+ de julho de 1890, coneçou a c irc u la r a ’1Nova Era” , orgão do Partido Católico pemanbucano, que tanbén so insur- gia contra as nodidas adotadas pelo Governo Provisório , no quo se refere às relações entre a Ig reja o o Estado (29)• Na Bahia, a r t i- culou-se, tanbén, a organização de un Partido Cató lico , fundado s 27 do julho do 1890, na casa do nonsenhor Santos Poroira, coadjun- tor do arcebispo dn Bahia (30). Seu ob jetivo ora in te r f e r i r , con a apresentação do una chapa propria, no p le ito de 15 de setenbro. Na chapa figurava o none de D. Antonio do Macedo Costa, ao lado do Crns. Antonio Saraiva e de Jose Eduardo Fre ire de Carvalho, cono candidatos ao Senado (31)•

(27) F " i o seguinte o teor do telegrana: "Ror.a-Leone X II I•Pa rtito Catto lico fundato oggi n ia prosidenza supplica benodiziono Vossa San tita ” • lb ldon• .

(28) D iario da Bahia• 17 ago. 1890. 0 docunonto, cujo t itu lo era "Reclanaçao do episcopado b raz ilo iro d irig ido ao chefe do go - vomo p rov iso rio ", fo i elaborado, no Rio do Jano iro , a 6 de agosto de 1890, e levava a assinatura do arcebispo da Bahia, D. Antonio de Macedo Costa, do arcebispo de Chalcide, D. Lu iz, resignatorio da Bahia e de nais 1*+ bispos•

(29) 30 } 89? S ™(30) Jo rna l de N o tic ias• 28 ju l . 1890•(31) ib ldon•

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A 2 de agosto do 1890, ״ C Paiz" divulgava a desaprovação ab- soluta do Papa, em relação a *organização de um partido c le r ic a l não alheio aos intoressos p o lít ico s ” (32). C Papa jamais favorece- r ia qualquer atitude do c le ro , que fosso h o s t il ao governo brasi - lo iro , porque ״ ta l procedimento seria contrário aos sentimentos de Sua Santidade, que muito espera da sabedoria do governo da rcpi¿ b lic a , e que sempre vê com tris teza a confusão dos intoressos ro l¿ giosos com os da p o lít ic a 11 (3 3 )•

Em consequência, o nati-morto Partido Católico fundiu-se com o Partido Nacional. Comungavam seus membros interesses idênticos í a não exclusão, na máquina po lítico-adm in istrativa do governo, que ontão se organizava. Apesar do banimento papal e do preceito cons- titu c io n a l p ro ib it ivo , a República não dcsconhcccu a força do po - dor cató lico 0 , em consequência de uma p o lít ic a de recíproca acomo dação, a batina sempre estovo presente nos le g is la tivo s republica- nos. Monsenhores, •,conogos o v igários repartiram sous lugares com os coronéis 0 os doutores da República Velha.

A chapa de senadores e a do deputados, do Partido Nacional fo i a mesma que tinha sido apresentada pelo Partido Católico (3*0• Apesar de alguns de seus candidatos torem sido e le ito s para o Con- grosso Constituinte Estadual (e le ições de 5 de fevere iro do 1891), não lograram o "reconhecimcnto״ no Senado, graças à intorvonção do Governador Josó Gonçalvos quo, alem de apresentar chapa completa , in te rve io no sentido do que fosse e la integralmente reconhecida י(35).

3• C Partido Nacional Domoerata .Organização p o lít ic a , que acomodava elementos de interessoâo

origens as mais variadas, somento a fidolidado ao chefe conferia ao P.N. uma procária coosão. Com o afastamento d e fin it ivo do Josó

(32) '*0 Pa iz ", R io , 2 ago. 1890, in Jo rna l do N o tíc ia s . 8 ago.1890.

(33) Doçlaração do Cardeal Rampolla, porta-voz do Leão X I I I . ibidem; a Republica Federa l. ago. 1890, publica o f ic io da Loga- çao do B ra s il junto a Santa So, do 3 do julho do 18^0, d irig ido ao M inistro das RolaçÕes Extorigros, desmentindo a no tic ia de te r o Papa abençoado o Partido Cato lico .

O 1*) Jo rna l do N o tic ias . 28 ago. 1890. Dos 19 candidatos a deputados, a ponas •f nomos n§o figuravam na l i s t a anteriormente a - presentada pólo Partido Cato lico .

(35) A.A.A. Bulcão Sobrinho. Rolombrando o Velho Sonado Bahl ano. Bahia, 191+6j p• 5•

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Antônio Saraiva (36), essa união a r t i f i c i a l fo i ronpida o ר׳ P.N. entrou nur: rápido processo de dissolução. A 25 de a b r il de 1892,de suas cinzas, surgiu o P a rt i 10 Nacional Donocrata (37), constituido do rcnanoscentos do ex-P.N. 0 rio clonentos quo fazian opo3׳ição ao gr: VG mo •

0 prograna do n^vo partido abrangia quatro prnt^s principais: 1) a revisão da Constituição Federal; 2) a pronulgação de lo is fc - .1.orais, garantido ras do autononia estadual, fazendo enfase na orga nização da justiça e da guarda nacional; 3) rovisão da Constitui *־ ção Estadual, a f in do que fosse criado o cargo do Vico-G^vernador, ״ o lo ito dirotanente polo povo״ o suprinido o Sonido, ״ disponsávol no regino foderat ivo4 ; ״■) promulgação de le is estaduais, assegura- doras da "verdade e lo ito ra l" 0 da autononia nunicipal (3 8 ) .

Da Conissão Executiva faziar. parte, alen dos Cons. J . L . do Alr.oida Couto, J . E . F re ire de Carvalho, J . F . do Araújo Pinho, doz. Thonaz Montenegro, nenbros do ox-P.N. o n^vos elenentos, cono V ir- g ilir i Danasio, Luiz Antonio Barbosa de Alr'.oida e Josá Augustodo F re ita s (39).

Enquanto o D iretorio co::1punha-se de 18 nenbros (1+0), o Conse, lho Geral do Partido contava cor. V7: 18 doutores, 8 n i l i t a r e s , 6 conselheiros, 5 conegos, 3 barões, 2 c^ncndadores, 2 defcenbargado- ros o 2 negociantes (1* l) todos intograntos da velha order:.

Foi brovo a vida do Partido Nacional Dor.ncrata. Acolhondo as nais diversas tendencias ideológicas, revelando en sua conposição interesses antagónicas, e enfraquecido con a porda da liderança do Cons. Sara iva , não tardaria nuito para quo sobreviesse a "diáspo - ra " . A cisão do Partido Republicano Federa lis ta , on 1893, notivou'

a dispersão de sous nonbros que, en nanifostaçres de apoio as duas#י״ '

(37) Jo rna l do N o tíc ias« 25 a b r il 1892.(38) Jo rna l de N o tic ias . 27 abr. 1892.8 § J 1 8 S s s nenbros da Conissão Executiva, dele faziar. par

te Cesar Zana, Anerico do Sousa Gonos, Francisco dos Santos Perei- ra . Augusto Fe rre ira Franca. Manrel Teixeira So_g.ros ! Carneiro da Rocha« Pires do Carvalho e Albuquerque, Sobastiao Landulpho da Ro- cha Hodrado, Francisco Prisco de Souza Paraíso, Col. Francisca de Paula Argollo e o barão de V i l la Viçosa (os grifados fazian parte do extinto P .N .) .

(4-1) ib idon. ״( 9 b ) J j ^ d * A t j I , < S o a k׳nXa. c׳ cuso

^ í otlA <*1, Usa. ^ C J sY U io C a , J^ o i:J i 4} 0U »£ *1

ó \ jfo>O^CXJ oC׳« •

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facções que então se caracterizaram — a "v ia n is ta " e a "gonçalvis ta" —!־ aderiram, conforme suas simpatias e in teresses, a cada uma d e la s ..

4. C Partido Republicano Fed era lis ta .0 grupo "govern ista" ganharia uma estrutura partidária quase

dois anos depois de organizada a oposição, mas nem por isso doixou de ser o vencedor nos ele ições do 5 de fevere iro de 1891, para a composição do Congresso Constituinte do Estado. Então, tres grupos, não muito bem definidos, concorreram ao p le ito : o "g o vem is ta ", l i dorado pelo governador Jose Gonçalves da S ilva (42 ), o Partido Na- c ion a l, rocem fundado, e o "Monarquista” , integrado, como os de *• mais, de remanescentes dos velhos partidos do Imperio, mas que se conservaram f io is a Monarquia (43). Recusaram-se, ate então, a nc£ gulhar na onda adesista que assolava a provincia»

Foi ostensiva a intervenção das o ligarquias governamentais nas e le ições, o que resultou na constituição do um le g is la t ivo un¿ formomente domesticado. Pa tenteava-se) essim! a máquina do sistema representativo na Primeira República. C poder de decisão estava com o grupo oligárquico alojado no Executivo, c não se submeter ao seu comando, não se acomodar aos acordos entabolados e a situação estabelecida, poderia s ig n if ic a r a decadência ou o aniquilamento po litico .D a í a flu idez e n instab ilidade do comportamento. p o lit ico ; o tran s ita r •com passe l i v r e — som qualquer .preconceito otico-polí

ê í S l ^ n ! « , pHSt^ Sd ?0 :385r? } a ê r ^ es5os>o.-־comDf,-''"cnto> ׳י1״״»10 ״ •aApesar de te r concorrido as eleições de 1891} o do contar

com um orgão de divulgação, "C Alabama", o prupo "Monarquista" sur gia como um anacronismo. Melhor pareceu aos seus integrantes tro - car a coroa im perial pelo barrote f r ig io , ainda que isso não irnpli casso na abdicação dos seus t itu le s nobi]íaí!uicos. Barões c viscon- des também ostentavam seus brazões nos demais agrupamentos p o lit i- cos. A República deu boa acolhida a todos. Conpuseran-se, portan - to, e acomodaram-so os "Monarquistas", nos outros dois partidos que passaram a dominar a vida p o lít ic a lo ca l: o Partido República- no Federal e o Partido Nacional, depois Partido Nacional Demócrata.

19.

(42) contava ontre seus membro§ com: Luiz Vianna, Manoel Vi- torino Poroira¿ Severino V ie ira , Jose Marcelino e Luiz Antonio. ( A.A.A. Bulcao Sobrinho, op. c i t . p. 4

(43) ibidem.

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Fundado a 16 de naio de 1892, o Partido Republicano Fedors - l is t a passou o sor o partido do Govemo, Presidido par Josó Gonçal ves da S ilv a , sou D iretorio contava ainda con Severino V ie ira , Au-׳ gusto A. Guiñaraes, Luiz Vianna e Satyro de C liv c ira Dias. A esson c ia do seu pmgrana ó o nfederalismo" que traz no none o que tonto sensib ilizou a e l i te p o lít ica que vinha de un extronado con tra lis- no nona׳rquicos "Assentar or. bases seguras o duradouras a autononin a a p1Dsporida.de da Bahia, des enfeuda.-la do jugo contrai o não con sen tir que a roescravizen" (44), d^nbator por todos os neios " a in te rferenc ia da União nos negocios p o lít ico s do Estado ( . . . ) 10 - ventar o anir.o e a consciencia das populações" 5 fazer do ״ ben-es - ta r das classes laboriosas, o partícu la monto do operario, preocu- poção seria das sociedades p o lít ica s " 5 re iv in d ica r , " so para tan- to podoron nossos esforços, a organização da volha 0 p a trió tica ins t itu ição quo fo i ser.pre nos paisos denocraticos O paladio das con quistas liberaos o dos d iro itos populares, a guarda nacional." (45).

Cono os progranas dos donáis partidos da República Velha, o do P .R .F ., ao ser e sc rito , ja era le tra norta. Seu "eontoudo ideo- lógico" — defosa do federalismo־, conscientização do una população inom e, nostálgico saudosisno er. re la ç ã o oos tempos in peria is e tc .— não ton outro sentido senão o do compor o arcabouço do partido. Ej eno de contradições e inpreÇisõos, sous princip ios rotóricos!..nq¿. caravan o proposito roa l dos sous organiza lores e integrantes: re¿ grupar, on torno do una legenda,os lide res p o lít ico s que, contando con "vasto p res tig io ", nog municipios do in te r io r e do Recôncavo - e atuando na organização de "cor.iss.~es pnr*־ q u iñ is ", ñas "froguesi- as da C ap ita l" (46) — pudosson conandar, de forna nelhor estrutu- rada, un ele itorado ainda difuso e carente do orientação. !

Os elenentos do naior p restig io er. toda a provincia ״concea - trarj2n-so no p a r t ido govem ista. Alen dos nenbros de sun conissão d iretora que, cono Luiz Vianna, no s e r tã o , contnvan con un e le i t o - rndo senpro f i e l , destacava-se o barão de Gererioabo, d is p ú ta lo tan to pelos "nacionais" cono pelos " fe d e ra lis ta s " , ta l o seu p restí -

(44) D iario da Bahia. 31 naio 1892.(4-5) *,Manifesto do Partido Republicano Fed e ra lis ta ". " D iario

da Bahia. 19 de naio 1892•(46) D iario da Bah ia. ib iden.

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21 .

gio socia l e força c lc ito ra l j l Preferiu o barãoficnr entre oslfeder.q li¿ tas11 (1*7 ) , conformo ditara-lho o bon senso de velho o tarimbado po l í t i c o . Outros elementos de " re a l p restíg io״ , na época, como o mi- l i t a r Innoconcio do Queiroz, Arthur R ios, Leal Fe rre ira , Leovig il- do F ilg u e iras , Paula Guimarães, Emydio dos Santos, Eduardo Ramos , entre outros, compunham as f i le i r a s do Partido Republicano Federa- l i s t a 8 (״ (1* .

5. C Partido Operario. C Centro Republicano Democrata.Ainda no período de 1890 a 1893, além dos partidos já re fe r i

dos, outras agremiações menores surgiram, pretendendo também par- t ic ip a r do jogo p o lít ic o .

Com o alargamento do d ire ito de veto, sob o novo regime, ascamadas populares tambem se manifestam, procurando " in te rv ir maisdiretamente nos negócios po líticos do paiz" (1+9 ). Crganiza-se, emconsequência, o Partido Operario. com um D iretório sob a presiden- /c ia de Gonçalo Jose Pereira Espinheira e mais 9 membros, entre os quais Manoel Querino (50). Agrupando os "a r t is ta s e operários da Capital (51) que se reuniam na Sociedade musical ״Luzo-Guarany", no Pelourinho, o Partido Operario não se descuidou da fundação de um orgão de divulgação do nartido. No entanto, se impossivel tomou - se a sobrevivencia de um jornal d irig ido a "a r t is ta s e operários", do lim itadas aspirações e om grande parte analfabetos, mais d i f i - c i l fo i para o partido continuar a e x is t ir como organismo político .

Do suas reuniões participavam não só o operariado, mas tam - bem os proprietários das fabricas ( 52) , o que não deixava do fun - cionar como um fre io a qualquer investida mais audaciosa dosse ln- c ip ien te pro letariado. Além do contar com um orgão d irigente e um veículo de divulgação, o Partido 5. 0rá rio tinha ainda uma insignia e um lema de cunho p o s it iv is ta (53) qae nada d iz ia aos seus mom - bros. Na verdade, o Partido Operario surgia extemporaneamente, nu- ma sociedade estruturalmente arcaica e ancilosada, cuja e l i te d ir l gente — lim itada e disputada pelos outros dois p rincipais p a rti -

(*+7) A ,A .A. Bulcão , Sobrinho, op. c i t . p. 5«(1+8 ) Jo rna l de N o tic ias . 6 jun. 1893•

1890.1890; Jo rnal de N o tic ias . 3(50) Republica Federa l, __ __

set• 1890: 9 sot. 1890; !3 dez. 1890.(51) Jo rna l de N otic ias . 15 dez. .(52) Jo rna l de N o tic ias . 9 ago. 1890.

7 oüv. 1U7U, UC¿. 1U7U.(51) Jo rna l de N otic ias . 15 dez. 1890.(52) Jo rna l de N o tic ias . 9 ag°• 1890.(53) Ó lema do partido era: Com ordem, Çirmeza 0 trabalho

chegaremos ao termo de nossas aspirações". Republica Federa l. 6 ago. 1890.

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dosj o P.N. o o P .R .F opunha res •־— . is tenc ia a organização de un partido que pudosse fazer ouvir a voz de una canada da sociedade a té então onudocida.

Não donorou nuito para quo o próprio presidente do Partido Ç porario donesticasso seus f il ia d o s , declarando quo aquela or^aniz^ ção "não cogitava de p o lít ic a ” 0 que cada un dos nenbros te r ia . ” an pia liberdade prra suffrager as candidaturas que ontondessen (...)• (5*0• Terr.inou, !501,tanto, o Partido Operario por asser.elhgr-se nais a una associação do classe p ro fiss iona l que a un organisno jn l í t i c o . L^go a seguir transfornou-se en ,'Centro Cporário” .

0 nesno não so pode dizor en relação ao Contro Republicano • Dc:־y c ra ta , fundado por V irg il io Danasio, a 5 de janeiro de 1890 י (55)* Teve intonsa atuação p o lít ic a durante algun tonpo, chegando' nesno a apresentar sua chapa do candidatos ao Congtfesso Nacional*

Outros partidos nonores ex istirán espalhados pelo in te r io r * do Estado, ccnoj por cxenplo, o P a r t ido P^pular^ da cidade 10:׳ Va ־ lença (56h No ontantoj passadas as ele ições de 15 de setenbro, osses pequonos organisnos p o lít ico s doixaran do e x is t ir . Fomanoce ran inpotontes 0 sen condições de atuação e fe t iv a , face às organi- zações p o lít ic a s que, nelhor estruturadas, reunion as "in flu onc iaá ’ lo ca is quo tinhan sob sou controle un nunero s ig n if ic a tivo de e le ¿ toros• \

Todrvs os recursos são vá lidos, para que os partidos quo dis- putan as ele ições sejan vitoriosos• '*Ffion en j °C ° 3 conplicada na- quina da in tr ig a , incunbon-so do explorar a boa fé , as crenças re- lig i^ sa s , as relações do f a n í l ia , as circunstancias especiais da ל vida a lhe ia , a docilidade do uns 0 o so rv ilisn o de outros.” ( 5 7 ) • Tudo sorvo, nada so pordo, para que a v itó r ia soja conquistada•Ten ainda o cuidado do fazer constar en suas chapas os nones de naior oxpressão na provincia 0 na esfora nacional. Assin 0 que Rui Barbo sa surge cono candidato à senatoria, na chapa "govem ista” , ao la- do do visconde de Guahy; na apresentada polo Centro Republicano Do m era ta! ao lado do republicano V irg il io Danasio (58); o visconde

(? 1f) República Federa l« 4■ sot. 1890•(55) jo rna l de N o tic ias« 8 ago 0 19 sot. 1890.״ ago e 19 sot. 1890.

c la s . 18 fov. 1892.c ía s , 29 ago. 1890.c la s « 30 ago, 1890 e Jo rnal de Noticias ,

( 56) Jo rna l ¿e tfot( 5 7 ) J o r n a l J o M ó t

(58) D iario do Not 19 ago. 1890.

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do Guahy, a ris to cra ta conorciante, apareço tanbén oono candidato a doputado pelo Partido Nacir■ nal ן o &־e$k Thonaz Paranhos Montenegro c apresentado candidato a deputadr. pelo Partido Nacional e pelo Centro Republicano Denrcrata, r.ssin cono José Joaquin Seabra é can didato ao nesno posto, tanto pola chapa 1,govemista'* c״׳>r.o pela do Centro Republicano Denocrata; o barão de Gerenoabo fo i candidato ao Sonado Estadual polo Partido Nacirnal e pelo grupo ״ govomista'J

Era in ov itave l essa disputa en tomo dos nones de ״ re a l in - fluencia“ na p rovincia. A Bepública ar.j^Lou o d ire ito do voto, nos os radutos o le ito ra is po mano ce ran sob o controle dos nosnos cho - fos p o lít ico s do antigo rebino. Alén !lo n a is , osso alarganento do voto, resultou nun recrudescinento do controle dos chefes p o l i t i - cos lo ca is , “ doutores״ e "co ronéis", s<~!bro o e le ito rado . Aos e le i- tores do Inpério , selecionados pelo sistena ,*consitério11 das ron - das, juntava-se, agora, una nassa, predoninnntenente ru ra l, nenta¿ nonte paralizada pelo anal fabo t i sr.o, enronte, faco no complicado processo de votaçao, de quon as protejesse e as conduzisse ate as umas. Os grupos o ligárquicos, n u n ic ira is e estaduais forta lecen - se — favorecidos pelo iso lac irn isno geográfico — c a "p o lít ic a dos govomadoros" não tardaria a i r a^ encontro da realidade brasi le i r a , socio- p o lít ico o economicanente osclerosada.

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2b.

I I I . Fase "b in a r t id a r is ta " : 189^/1901

So são as ele içõos, para os quais convergen os interesses מן l í t ic o s pessoais, que dão origem aos partidos na Primeira Repúbli- ca, tanbem são olas e todo o processo a elas ligado quo, acirrando os ánimosj motivando descontentamentos o ferindo pudores, geram o d ivis ion isno entre seus membros, provocam cisões partidárias e dão origem a novas agremiações p o lít ic a s .

Divorgências entre dois membros do D iretório do Partido Repu blicano Fed era lis ta , Luiz Vianna e Josó Gonçalves, provocaram a c i são do P .R .F ., dando origem a dois novos partidos r iv a is : o Parti- ן

do Republicano Federal, abrigando os "v ian is ta s " e o Partido Repu- blicano Constitucional, agasalhando os "g onça lv is tas"•

1. A cisão do P .R .F . - “ v i anis ta s'* e" gonca lv istas".Embora aparentasse coesão entre sous membros, o antagonismo

dentro do Partido Republicano Federa lista manifestara-se latente , antos mesmo de sua fundação.

Conquanto Luiz Vianna fosso o responsável pela noneação de Jose Gonçalves para o Governo do Estado (1 ), o ,,flo r ian isno " do primeiro opunha-sc ao "anti- flo rian ism o" do segundo. Cs adversá rios de Jose Gonçalves censuravam-no por te r recusado a pasta de Ministro das Relações Exteriores que lho fora oferocida pelo Prcsi dente , Mal. Floriano Peixoto e, nais do que isso , aousavam-no por não havor sequer "indicado outro cidadão quo pudesse ocupa-la"(2 ) . Luiz Vianna, por sua vez, considerava indispensável que o segundo Presidente do B ra s il fosso um m ilita r , "como medida de ordom públ¿. ca ", enquanto o vico-presidonto poderia ser un c i v i l , ״ cono nodida de transição" (3 )•

As eleiçõos municipais que en 1893 se realizan en Salvador , marcam a retomada do processo de desagregação do P .R .F . Ao Conso - lho Municipal cabia o roconhecimonto do poderes do seus membros e os do intendente municipal (1O , porem, a decisão de sua Conissão

C l Jo ג rna l do N o tic ias . 6 ju l . 1893.(2) ibidem e A.A.A. Bulcão Sobrinho, op. c i t . p. 38(3) telegrana do 25 do fevere iro , nul(3) telegrana do 25 do fevere iro , publicado no " Jo rn a l do C<2

2 de julho 1891» A rt.mórcio", in Jo rna l de N o tíc ias . 1+ mar. 1893.

(5-) Constituição do Estado da Bahia.109, § 8 a.

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25*

Vorificndora do Ibdorcs nao agradara aos "nac iona is", net! nos "fo- deralistas^ quo concorroran aquelas e le ições. Anbos apelaran para o Sonado, da sentença do Consolhc Municipal. Cs ״nacionais״ onvin- ran un protesto contra a ele ição do 5 " fe d e ra lis ta s " e estes envi^ ran outro contra a ele ição de 6 "nacionais" ( 5 ) .

Na Cañara dos Deputados, a "dogrla" de 3 dos 5 dermtados opo s ic ion is tas (P .N .D .) c le ito s , fo i nais un olonento quo contribuiu ' paro fazor crescer a tonsao no noio p o lít ico lo ca l (6 ) .

En junho do 1893, o Senado passou à discussão do projeto n °6 , que estabclecia recursos para as eleiçõos nun icipa is, nanifes - tando-so, en tomo do nesno, divergencias de pontos do v is to . En - quanto alguns senadores opunhan-se a ingerência nos negócios nuni- c ip a is (7 ) , outros oran favor•׳'vo is ao recurso, c-nsiderando que, sc en relação oo podor ju d ic iá r io , "cu ja nissão ó quase d iv ina , há apolaçã״׳! e recurso para tribunaos superiores ( . . . ) , por que razão, do poder nun ic ipa l, que é o grao in f in na h ,״ ierarquia do poder ad- n in is t ra t iv o , não se há do recorrer?8 ) (״ .

Na sessão do 3 do junho, Jose Gonçalves oferecou onenda ao A rt . 3 do ro fcrido projeto, estabelecendo que "das decisões dos conselhos na verificação dos podares do seus nenbros, não ha outro recurso ( senão ) o de que tra ta o A rt. 11^ da Constituição do Es- ta do" (9 ) . A onenda, considerada "inofensiva e inreento" por seu autor, in p o ss ib ilita va , na verdade,a pretondida intervenção na de- cisão do Conselho Municipal. Aprovada na r.esna sessão, na qual Luiz Vianna não estive ra presente, a Enenda fo i por ele conbatida,

(5) Jo rn a l de N o tíc ia s« 19 jan. 1093•(6 ) os "degolados" foran: Joaquin Alvos de Cruz R ios, Ubaldi

no de Assis e Jayne V i l la s Boas. A n inoria ficou reduzida a Anto - nio P ires de Carvalho 0 Albuquorquo o Francisco Bulcão. Jo rn a l de Notícias* 29 de narço e 1ט a b r il 1893• ,

—C7) J . L . de Alneida Couto era o intendente de Salvador, na e

(8 ) Pronuncianento de J-sé Marcelino. Jo rnal de Notícias« 3jun. consi ¿ erava a possib ilidade de anulação de *nostuyns e decisões dos Conselhos Municipais, quatido fossen contra r ia s os le is federais e estaduais; ofensivas aos d ire ito s de ou ,־ tros nun ic ip ios, ou quando fossen "nanifestanente gravosa en nate- r ia de inpostos". Constituição do Estado da Bahia, 2 de julho 1891■

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na sessão seguinte, através de una declaração de voto, na qual a - fim ava que, se estivesso presente, " te r ia votado contra e la1 0 .(״ (

As discussões entre os dois antigos "conservadores” , nas sos, sõos subsoquentes, fizoran "a temperatura parlamentar subir muito"(11), o a ta l ponto, que dissolveu o partido• Ao retornar o ambien te p o lit ico a temperatura normal, o P .R .F . estava d ivid ido en duas facções r iv a is : a ״v ian is ta " e a ״gonçalvista״ .

A cisão do Partido Republicano Federa lis ta trouxe à tona os antagonismos internos do Partido Nacional Democrata, 1*evolando a precariedade dossa organização, após a perda da liderança Sara iva i C P.N:D» também se dissolveu• Sou membros dispersaram-se em nani “ festação de apoio a Luiz Vianna ou a José Gonçalves, aderindo a c§ da una das correntes que então se formavam.

C meio p o lít ico lo ca l transfornou-se num amplo cadinho, onde se debateram, fundiram-se e rearticularam-sc seus elementos. Da com posição ” docantada", surgirán duas novas agremiações p o lít ic a s , an tagânicas: o Partido Republicano Federal, agora reorganizada agru- pando os ״ v ian is ta s ” e Partido Republicano Constitucional, congro- gando os "g onça lv is tas".

2. C Partido Republic ano Federal da Bahia - ״v i a r. is ta"A reorganização do Partido Republicano Fodoral teve lugar a

15 do a b r il de 18ל'+, nos salões do antigo Club M il i ta r , à rua de S. Pedro, sob a presidência de Manuel V itorino Pereira (12). Cs nen - bros do sou antigo D ire tó rio , a excoção do José Gonçalves e Augus- to Guinarãos, permaneceram ״v ian is ta s ” . Do Partido Nacional Domo - c ra ta , o £k<39• Thomaz Montonegro, Francollino Guimarães, barão de S Francisco, Francisco Bulcão, aliaram-se a Luiz Vianna (13)•

Embora a reforma do Partido Republicano Federal implicasse a ponas nun remanejanonto da e l i t e p o lít ic a lo ca l, sua linha de atua ção atendia , agora, a modificações p o lít ica s no plano nacional»

(10) Jo rna l de N o tic ias . 6 jun. 1893•(11) Jo rna l de N o tic ias . 9 jun• 1893•(12) Gazeta de N o tíc ia s . 16 a b r il 189^•(1 3 ) Fizeram parte da convenção de 15 dç a b r il , entre outros

os barões de Camaçary e de Assu da Toçre; Jose Marcelino, Doocloôi. ano To ixeira , Vergne de Abreu, os vigarios-deputados Pereira Cou - tinho Tobias, Hemelino Marques de Leão e João Paranhos da S ilv a • ibidem.

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27.Aposar da cisão do Partido Republicano Federa lista (junho י

1893) ter-se seguido a fundação do Partido Republicano Federal (a- b r i l 1893) , não há ind ícios evidentes do que a fundação do partido liderado pelo Gal. Francisco G licé rio tenha influenciado diretanon te naquela c isna. Contudo, não se pode d izer 0 nesno en relação à sua reorganização, en 189*+. Passou, então, a chanar-se o partido do Luiz Vianna, Partido Republicano Federal ( l 1*•) da Bahia, surgin- do cono un dos ranos estaduais do P.R .F . Apesar de não te r perdido o prineiro sua feição lo ca lis ta c de o segundo não te r logrado un controlo e fe tivo dos P.Rs• existentes nosdiversos Estados, identi- ficavan-sc por suas aspirações gera is, pelo an ti- flo rian isno , nanifostado agora tanbén polo chefe p o lít ico baiano — pela defe- sa das libordades constitucionais c outros propósitos republicanos vaganente definidos.

Con a nudança p o lít ic a no plano federa l, 0 P iR íF i da Bahia ¿ conodou-se a nova situação. Sintonizou-se con o sentinento an ti—— f lo r ia n is ta , que na Cap ita l Federal dera surginento ao Partido Re- publicano Federal, e passou a fe s te ja r o advento do governo c i v i l na República. Enfatizou o P.R .F . da Bahia a necessidade de "consti tuir-se solenenonto en unidade con a Convenção Nacional, para o f in de fom ar con ela בעז só partido unido aos dGnais de todos os estados que assuniran a responsabilidade da nova fase p o lít ic a enque entra a república con o seu prineiro governo c i v i l 1 (?״ ( .

3• 0 Partido Republicano Constitucional - " goncalvista”Cerca do quatro neses depois de reorganizado o P .R .F . da Ba-

h ia , a 19 agosto de 189*+, reuniran-se no "Pblytheana Bahiano", soba presidência do barão de Gerenoabo, a facção dissidonte do P .R .F . e a na io ria dos ״nacionais״ con o f in do fundaren o Fàrtido Repu - blicano Constitucional (16).

( I 1*•) A.A.A. Bulcão Sobrinho. "V\p.tos do Passado P o lít ico da Bahia” in Revista do In s titu to Genealocico da Bahia. . .t>. 138 .ני199

(1 ? ) gazeta ־do"־N o tic ia s . 15 ^ a־ t r i l l t f lV T Trfárlo ¿ e N o t í - c í a s . 16 a b r il 189^.

(16) Alnelda Couto, J . E . Fre iro dç Carvalho F ilh o , J . F . de A raujo Pinho, João Ferre ira de Moura, alen dos deputados estaduais' Piros de Albuquerque e Ubaldino Assis, foran os p rincipáis repre - sentantes do P.N.D. Eijtre os ex-federalistas, alen do bario de Ge- renoabo, ligado a Jose Gonçalves por laços de anizade, contava-se: Enygdio Joaquin dos Santos, Leovigildo F ilgue iras e Augusto Guiña- raes, entre outros. P ia r lo da Bahía. 21 ago. 189^.

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284

A defosa da Constituição de 2b do fevere iro fo i o princip io ro tó !¿ co quo deu none ao partido* corpo

Objetivava o novo partido fom ar "unyforto o harmonice para r e s is t ir ao desmandos da p o lít ic a lo ca l ( * * . ) ” (1 7 ) e atuar na defe sa do federalismo, mantendo a autonomia dos Estados e dos nunieí - pios (1 8 ) .

A nova aliança •do ex-federalistas o nacionais mantinha**se, na vordade, ” no torreno do urna mera coligação o lo ito ra l" (19) i São as eloições que continuam a constituir o p rin c ipa l estímulo para a formação dos partidos* Alom de condonar rta transação fe ita peló grupo da convenção para•os cargos de presidente e vice-prosidonte da república" (20)ן o P.R*C* considerava ^porniciosa^ a atitude do partido governista quo "continuava a fraudar os votos o a pertubar a paz! anarquisando os sertões ” (21). Cs ״gonçalvistas" não perdog, vam o fato de te r sido Manoel V itorino reo le ito para o Sonado Fedo r a l , em detrimento do seu chefe, que lograra grande votação (22 ) , e quo, apesar do diplomado pela Junta Apuradora, não obteve o reco nhecimento no Senado.

1f. A duplicata do Leg is la tivo om 1895. Ut*/* p o lít ic a do aconodacio.

0 re la t ivo eq u ilib rio de forças de ambas as agreniaçõos poli, ticas e o sistema e le ito ra l brochado de falhas que estimulavam as fraudes, resultaram num impasse, quando da organização do Fbder l£ g is la t iv o . Gradativamente, da duplicata do atas e le ito ra is , lavra- das a "b ico de pena", passou-se à duplicata de Juntas Apuradoras*que, por sua vez, geraram a duplicata de diplomas, chegando-so a duplicata do Leg is la tivo . Tal aconteceu na Bahia om 1895 envolta - r ia a ocorrer em outros dois momentos h is tó r ico s , 1915 e 1923.

Valo assina lar que ossa osdruxula d ivisão equ ita tiva do po - der não se faz de maneira agressiva, mas dentro do ritmo acomodat£

(17) fa la do barão de Geienoabo, abrindo a reunião, lbldem .(18) "Manifesto do Partido Republicano Constitucional״ , lb l-

dem.(19) fa la de Almeida Cguto. ibidem.(20) Almeida Couto¿ D iario da Bahia. 21 ago. 189^. Refere-so

ao fato de na 1 » Convenção PedtórãT^3õ2j a 25 de set. 1893 j te r havido uma disputa entre as candidaturas do Manuel Vitorino^e de Paes dg Carvalho, ex-govemador do Para, para a vice-presidência da Republica* Manuel V itorino saiu venceador o a 15 de nov. 189*+ assuniy a vice-presidência, no governo Prudente de Morais (1894/98)1 Foi o unico baianQ a ocupar e^se posto, chegando a exercer, in te r¿ nanente, a Prçsidencia da Republica*

(21) D ia rló da_ B ah ia . 21 agó. 189^•(22) A»A.A, Bulcão Sobrinho* Relembrando o Velho Senado

BafcLano, p. 38*

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c io d•!! p o lít ic a baiana• "Nonhun los partirlos ligou a nínina inp-r- tância a c lo ição" de 189^ (** de novenbro), para a renovação da Ca- nora e do torço d° Senado. ״ Cada qual lavrou suas atrs c^no enten- .leu, enpanturrando de votos os seus candidatos, e dando-׳׳>s cono c- l e i tos23) (״ . Chogc^Jh o nonentr da "ve rif ica ção de j-oderos", os candido tos dipl^nados trataran de co n s titu ir a r.esa da Cañara, מי־- ra que fosso noneada a conissã־׳' encarregada de considerar seus di- plonaw liqu idos ou não. De acordo con o Roginento, caberia ao nais volho donutad^ a presidência da nesa. Arrosentam1.־׳' certidão de ido, do, o deputado "g o n ça lv is ta " , Cel. Martins Duarto, passou a presi- d ir os trabalhos. A bancada g^vernista protestou, dizendo caber a- quelc posto ao Tunente-Coronol Po Iro Ribeiro que, na ú ltin a leg is-tura, p י־ 1 res id ira os traba lh 's preparatorios, cono deputado nais velho. A oposição in s is to en ex ib ir a certidão de idade do sou pro s ilen te 0 , anto o inpasso, os ״v ian is tas" organizan sua nosa e ele gen tanbén sua conissã־־■ verificadora de poderos. No nosno recin to , passeran a funcionar as duas Cañaras, ״cada qual dizendo-se repre- sentante do povo, quo a lia s brilhava pola ausencia nas ga le rias" (2^ ).

Para a sessão seguinte, os deputados de ar.bas as facções po- l í ticas entraran no recinto de reuniões a neio dia en ponto, e o- cuparan suas respectivas nosas. Prine iro os "gonçalvistas" fizeran a chanada dos seus deputados, •'pos o quo a nesa ״v ia n is ta ” proce - dou à chanada dos doputados governistas. 0 2 o secretario da u ltin a nosq. esperou quo o da p rin e ira fizesse a le itu ra da sua ata , para ontão passar a le r a sua (25). C parecer da Conissão do V e rif ica - ção do Pudores ״v ian is ta " fo i lid o pelo deputado A'ierico Barreto , sendo roconhocidos 38 "fed e ra is " e "co n stitu c io n a is ". En seguida o re la to r da Conissão "g o n ça lv is ta ", Podro Lago, leu sou parecer , roconhecondo todos os 27 deputados "co n stitu c io n a is ". Depois, apro sentou a l i s t a dos diplonas considera los ilíqu id os e contestados . Conpunha-so a l i s t a do 15 doputados "v ia n is ta s " (26).

(23) A .F . Moniz de,Aragão, op. c i t . p. 101. (2*0 D iario do N o tic ia s . 28 nar. 1895•(25) ib lden, 29 nar. 1895«(26) ib lden . 8 abr. 1895•

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Terminada a ve rif icação , ambas as fa e ce s comunicaram ao go- vemo que estavam prontas para a abertura da Assembléia Geral.

fío dia designado para a inauguração dos trabalhos le g is la t i- vos, 7 de a b r i lr o barao de Geremoabo, presidente do Senado Esta - du*l, aguardava o envio da Mensagem governamental, para ab r ir o Congresso» Após demorada espera, e recusando-se o Secretário do Go vemo a entregar-lhe a referida liens^gem, o presidente ',gonçolvis- ta" declarou, de qualquer sorte, os trabalhos inaugurados.

Do outro lado do recin to , com as gclerias vaz ias, c*s senado- res o deputados govornistas tomaram sous lugares. C barão de Cam'׳- çary, ate então Secretario do Senado, mas agora presidente da As - soíabléia Geral govem ista, abriu a sessão e fez a le itu ra de Mens¿ gum enviada pelo Governador Rodrigues Lima, declarando in iciados os trabalhos le g is la t ivo s .

Estava consumada a duplicata do Leg is la tivo que gerou, tompo rariamentCj urna "su i generis '1 dualidade no Executivo. Deis c lass :- cos represent.antes da a ris to crac ia açucareira disputaram sua che - f ia , quando do afastamento provisorio de Rodrigues Lima (18 do ou- tubro a 20 de dezembro do 1895). C barão do Camaçary, na qualidade de presidente do Senado *v ian is ta ״ , assumiu interinamente o gover- no• No dia imediato (19 de outubro), o barão de Geremoabo, contos- tando a logitimldado daquele Senado, considerou ile g a l a invostidu ra do barão do Camaçítry no cargo de governador. Declarando, a tra - ves do manifestó, ser o presidente do Senado ״c le ito legitim a c e^nstitucionalraonte" (27), in sta lou-se tanbon na chefia do Exocuti_ v<ij chegando a fazer "nomeações de chefe de p o llc ia , secretarios o delegados28) Comunicou a Prudente de Morais as razões da sua _a .(״ titude! porém, o Presidente* cautelosamente, remeteu a decisão da questão ao Congresso Nacional.

Apesar da atuação do barão de Cano çary a frente do Gcvem־׳■ v i r tierocondo a reprovação do partido s itu ac io n is ta , era evident( quo o barão do Geromoabo, ligado a Jcsé Gonçalves, cuja saida do governo deveu-se ao apoio manifesto ao Mal, Deodoro, não to r i י־ o beneplácito do G-vcmo Federal. Ante o impasse, a crise fo i cantor

(2 7) ib idenT 18 a 22 out. 1895״(28) A*׳F«׳ M־>niz do A ragão, op. c i t . , p. 113.

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31.nada con o regresso antecipado de Rodrigues L ina ) que reassuciu o seu posto no Executivo.

5• Reorganizações partidárias en 1897. ■Repercussões da 1x ) l í t i ca federal e da rebelião de Canudos.

En 1897» tanto o P .R .F . da Bahia, cono o Partido Constitucio n a lis tr sofren novas nodificações nos seus quadros, intinancntc vinculadas a reorganização político-pai*^J.dária no plano federal oא \a rebeliao de Canudos.

No anbito federa l, a Convenção do P .R .F ., realizada a 25 dejunho de 1897j patenteia a cisão do partido. Enquanto a na ioria dopartido apoia a p o lít ic a desenvolvida por Prudente de Morais, a outra ala, constitu ida dos seguidores de Francisco G lic e r io , enbora

/ \ f n in o r ita r ia , nanifesta a nais v iva oposição a p o lít ic a presiden. -c ia l (29)• Consunava-se o cisna que vinha-se desenvolvendo ao Ion-go do Governo Prudente de Morais, ostinul.ndo pelas nan ifestaçõesde apoio ou de condenação a p o lít ica govcrnista, nos levantes e revo ltas — entre elas a de Canudos — ocorridas noste período.

As frequentes\j£?'r1ñts pelos contingentes n i l i t a r e s , envia - dos para conbater os jagunços fanatizados pola n is t ic a de Antonio Conselheiro, c as nais inaginosas vinculações dessa rebelião con una ten tativa de restauração nonarquista, tornaran cada vez nais v io lentos os ataques oposicionistas ao governo Federal e ao Esta, dual da Bahía, acusados de fonentaren, pelo ind iferen tisno , a re - sistoncia dqquele núcleo sortanejo*

No entanto, se a rebelião de Canudos, por longo tenpo, desa- fiou e fez perigar a segurança daqueles governos, a liquidação do reduto "co n se lh e iris ta ” contribuiu para o forta lecinento do poder cen tra l, A v itó r ia f in a l das forças le g a lis ta s en Canudos e a con- firnação da norte do Antonio Conselheiro, foran efusivanente cone- noradas. De varios pontos do país partirán nanifestações de regozi- jo pelo extem ín io daquela forta leza de "fanáticos jagunços", acu- sados — infundadamente, é certo — de monarquistas (3 0 ).

Forta lecida con a v itó r la de Canudos, a facção govem ista do P .R .F . reune-se em convenção, na Cap ital Federal, a 10 de outubro

(29) Correio de N o tíc ias . 26 out• 1897•Q 0 ) 0 Correio de N o tic ias , de 7 e 8 de outubro de 1897, pu-

b lica varios telegramas nesto sentido, inc lus ivo os do M al.Bitten- court ( M inistro da Guerra ) , de Prudente de Moráis, da bancada baiana no Congresso e tc . , d irig idos ao Govemo da Bahia.

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do 1897, apontaado» o fic ia ln o n to , Canpos Sales e ח Cons. Rnsn c S i l va cono sous candidatos à Presidencia e à Vice-Presidência da Repú- b lica (31)* Novo dias depois, voltando ח reunir-se, na Cariara ios Deputadosj para ouvir a le itu ra da plataforma do seu candidato, a Convenção docidiu que o partido passaria a chañar-se, sinplosnente, Partido Republicano (32)• " Constituido polo que (havia ) de nais a- centuadanente conservador na oninião republicana do paiz "(•••) o partido continuaria a "representar os princip ios estáticos da socio dado b ra s ilo ira (•••) 0 a sustentar, cor. decisão, os interesses p ri ordiais da Ordon, para a segura garantia da Liberdade", re^olindo.־־qualquer idé ia de rovisão constitucional (3 3 )•

Tanbén a facção oposicionista do P.R.F• nanifostou o nesno an soio do ir.obilisno so c ia l, através da preservação da orden ostabele c ila• De ־־■o is de un período de intensa agitação p o lit ico -so c ia l, que contribuiu para tornar nais ar׳uda a crise econoriica que ancaçava a- vançar o século XX, a burguosia agro-conereial, representada ñas duas facções, desejava a paz e a orden, a s s o gura do rn s do bons negó- cios o naiores lucros*

A ala oposicionista do P .R .F . en Convenção realizada a 30 de setenbro u a 6 de outubro do 1897» proclanou Lauro Sodré (senador pelo Para) e Femando Ipbo, rospectivanente, candidatos a Presiden- c ia o à Vico-Presidencia da República•, enfatizando as nosnas aspi- rações do orden c paz (3 *0 • I

Na Bahia, o Partido Ropublicano Federal, respondendo a Convey ção do 10 de outubro, t iro u o "Federa l״ do none o deu o nais vivo p poio rs candidaturas Canr^s Sales 0 Rosa 0 S ilv n . ,

0 Partido Republicano Constitucional, que atravos do sou or * gão de divulgação 0 יי Republicano", fo m ula va os ;:ais ferrenhos ata ques aos governos Prudente do Moráis e Luiz Vianna, estre itou suas ligaçõos con <1 facção "g l ic e r is ta •do P.R.F• apoiando as can lida tu ״ras por 01a aprosontadas*

G l ) Córroio do N o tíc ias . 11 out. 1897 e Jo rnal de Notícias :11 out. 1 8 9 7 * 7

(32) Correio do N o tic ias . 26 out. 1897• Con exceção do Çio Grande do Su l, todos os Estados enviaran seus representantes a con• venção. Artur Rios e Severino V ie ira foran os de legados da Bahia.

(3 3 ) ibidon*(3*+) 0 Rcnublicano. 16 out*, 5 o 6 nov. 1897•

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Na ronlidade, a reorganização dos d ris partidos, neo tendo outro objetivo que o lançanento dos seus candidatos à Presidência da República, não inp licou cr. revigoranento de suas atuações. Tan to o Partido Republicano Foderal, atrofiado pelas dissensões in - tem as, quanto suas ran ificações estaduais, tomaran-se anadinos o obsoletos, nos ú ltinos anos do sec• XIX• A ascensão de Car.pos Sales a Presidencia da República acabaria por condenar as agreniaj ções partidárias a nais cor.pleta inação po lítica•

0 f e ’.eralisr.io, propugnado con tanto ardor, va i deixando do | fig u ra r nos "progranas" c ñas legendas partida ria s , a nedida en | que o grau de dependencia das econonias estaduais subnete tanbén os partidos a una o s tre ita dopondóncia do poder cen tra l, aceleran do a in stituc iona lização da "p o lít ic a l^s governadores״ •

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3k.

IV . Fase "u n ip a rt id a r ls ta" : .1901/1906

Quando Severino V ie ira assumiu o governo (28-5-1900), fa lava se abertamente na inevitab ilidade de uma cisão entre ״v ian is tas" e *'severin istas"♦ A riva lidade entre as duas facções no Partido Repu blicano mantinha-se la tente desde o afastamento do "severan ista" Barbosa de Souza —־ fe ito bode espiatório da crise p o lít ic a de 1893 —- da chefa tura de p o líc ia ,, no in íc io do governo Luiz Vianna. Cs "v ia n is ta s " , por sua vez, nio esconderam seu desagrado, por te r a escolha do novo Governador partido do proprio Luiz Vianna, que enviara a Campos Sales l is t a t r íp l ic e encabeçada por Severino, a fim de que o Presidente escolhesse aquele que lhe parecesse ״ mais conveniente no momento para governar a Bahia" (1 ).

As manifestações de desapreço a Luiz Vianna, quando do seu regresso da Europa (setembro de 1900), selaram 0 rompimento entre os dois chefes do já morimbundo Partido Republicano (2 ). C ״ Diário de N o tíc ias ", órgão "v ia n is ta " atacou violentamente Severino V ie i- ra , responsabilizando-o pelos "actos de selvageria״ praticados co¡! tra o ex-Governador (3 ). A oposição, tambem ja combalida, tratou de a lia r-se à corrente "s e v e r in is ta " . Deste con flito interno, sur- g iria a prim e ira grande agremiação p o l i t ic do Estado, o "Fa !׳ '- tido Ropublicano da Bahia" cm 1901.ץ

1. Fundação do Partido Republicano da Bahia : aspiração da bar guesia agrocomercial.

Até o in íc io do séc. XX, diversos fatores tinham atuado no ambiente lo c a l, protelando a organização de um partido coeso: afa lta de interesse manifestado pelos líd e res em relação ao movimen to republicano; a herança de um sistema v ic io so , que contribuiu pa, ra d e b ilita r uma p o lít ic a personalis t ic a , que se enraizara na Ba - h ia , além da romoção, por morte ou afastamento compulsivo, de líd e res monarquistas capazes (1O .

Rui Barbosa e J . J . Seabra, vítim as das perseguições f lo r ia - n is tas , foram afastados temporariamente da p o lít ic a . Enquanto Rui despojado das honras de general de brigada (5 ), exercia em Londres a advocacia, trabalhando pelos interesses comerciais ingleses no

(1) A .F . Moniz de Aragão, opi c i t . p» 127»(2) A Bahia V e 10 out. 1900.

of Coronelismo in Bahia-1S U n ivers ity o ínia 1970 . p. 100. ,

(5 ) Boletim assinado por Floriano e Antonio Eneas Gustavo Galvão. R io , 2** nov. 1893• Arauivo I.G .H .Ba-.. pasta 7, doc 10.

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B ra s i l ; ך¿• • , j . j . Seabra atuava como jo rn a lis ta en Montevideo (6X. Cesar Zama, l íd e r l ib e ra l mais atuante, ligado a Floriano, começa a c a ir após 189^• Saraiva e Almeida Couto, muito velhos, não ultra, passam o século XX, enquanto "conservadores", comó o barão de Cote gipe e Inocencio Goes, também afastam-se do meio p o lít ic o . Contu - do, ״ líderes de um escalão médio", como Araújo Pinho, José Mareei¿ no, o barão de Gcremoabo, Luiz Vianna e Severino V ie ira , que "tam- bem transitaran da monarquia para a república, continuam ativos na p o lít ic a estadual e nacional" (7 ).

Pbr outro lado, o séc. XX fo i saudado por uma crise econômi - co-finaceira que, assolando o país, provocou, também na província, descontaUmentos do conércio e da indústria , que não pouparam cen- suras à atuação de Joaquim Murtinho, o "f in a n c is ta honeopata" do Governo Canpos Sales (8 ). As constantes campanhas movidas pela As- sociação Comercial e pelo jo rnal " A Bah ia", órgão das classes co- n e rc ia is e in d u str ia is , contra a p o lít ic a financeira do governo r recrudescen no in íc io de 1901 (9 ). Sentindo-se desamparadas pelo Governo Federal (10), saindo de una lu ta aberta com o Governo Luiz Vianna, as classes conercia is da Bahja. e con ela os elementos con- servadores da sociedade, de mndo gera l, necessitavam de alguen quoas socorresse, de alguém en quen pudessen con fia r. A_süua.ção de cri- se, nais uma vea, ag ir ia cono fa to r de coesão, estimulando a união de interesse ind ividuais divergentes.

Se desta vez o bode expiatório fo i Luiz Vianna, - contra o qual se acumularen os rancores que, inabilidosanente, despertara na classe conerc ia l, - Severino V ie ira surgia cono a tábua de sàl- vação (11).

Severing deixara a Pasta da Viação para assumir o Governo do

(6) Eul-Soo Pang,_op. c i t . , p. 93.(7) ib lden . 0 barão de Gerenoabo morreria pouco depois, em

1903, aos 651 anos•(8) A Bahia. 2b jan. 1901.(9) A Bah ia, jan. a jun. 1901. ,

(}O ) telegrama de Thomaz Cockrane, secretario do Presidente da Republica, a Associação Comercial da Bahia. A Bahia, 1 ° FevJ909

(11) A Bahia. 27 set• 1900• Tanto a Associação Comercial da Bahia, como o Club Caixeral recusaram-se a p a rtic ip a r da recepção a Luiz Vianna, quando de sua chegada da Europa• As manifestações £ gressivas que recebeu o ex-govemador, são reveladoras do desagra- do que inspirava a burguesia comerciai.

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Estado, por indicação do Presidenta da Rapública. Assin agindo,Can pos Sale^Lograra t r íp l ic e ob jetivo : dentro dos moldes ds "po li- t ica dos governadores", escolhia o candidato que encabeçava a l is - ta enviada por Luiz Vianna, que tanto se enpenhara por sua eleição a Presidenciaj pronovia politicanente seu M inistro da Viação, ele- vando-o ao Governo da Bahia, ao tenpo en que dele se lib e r ta v a ,vis, to estaren-se agravando os desentendinentos entre Severino e seu colega das Finanças, Joaquin Murtinho. Este último fa to , certamen- te , id en tificava nais de perto Severino con as classes c^nercia is,

f&penitn crescer as esperanças que denositavan elas no novo Govemo• Incentivaran 0 doran todo apoio ao Governador, no sentido de que se organizasse un partido, en tomo do aual se congregassen os "e- lenentos representativos da sociedade” , isto é, o pequeno grande mundo agro-comercial da provincia.

Desde a cisão de 1897, o Partido Republicano lo ca l, '1diante das dificuldades do nonento" (1 2 ) , estava acéfalo , deixara de fun- ci•״nar— posto em quarenta pelo Govemo Campos Sales— -ן nãn tendo soquer uma Comissão Executiva organizada•

A convenção de 15 de a b r il de 1901 marco, portanto, o surgi- mentó do um novo partido - o Partido Republicano da Bahia»

Embora se acreditasse que a fundação do P.R.B. obedocesse a uma crientação do Presidente Campos Sales que, através daquele par tido— o com o desaparecimento do Partido Republicano Federal e das convenções destinadas a esco lha a apresentação dos candidatos a* Presidência da República— indicara o seu sucessor (13), 0 Par- tido Republicano da Bahia surgia muito nais ccno um instrumento do coesão da burguesia agrocomercial om eriso , un cata lisador dos seus anseios e aspirações-*^

Na reunião prelim inar do partido, a 1Q de narço de 1901, f i- cou dccidid? ao contrário do que queriam alguns do seus componen - tes, qu® não se procederia a tina revisão do Partido Republicano. P^ tenteou-se, através de moções aprovadas, antes e d e ^ is da Conven- çãoa"in te ira e plena confiança que 35 classes conservadoras depos_4

(13) D iário .da Bahia. 10 mar. 1901; "0 Pa iz ". 3 de narço 1901 in Jo rnal de N o tic ias . 1? nar• 1901; Jo rna l do N o tíc ias , 5 nar. 1901: .

(12) Jo rna l de N o tíc ias ! 2 nar• 1901.

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tavan no Governo Severino V ie ira (1*+), ao tempo en que se consuna- va o a lijanento p o lít ico de Luiz Vianna, considerado 1*não cono un dissidente que se r e t i r o u ( . . . ) nas sinnlesmente un 01115) מ&מ090־?י )■

Da convenção partidária (15 de a b r il do 1901) fa rian parte 09 nenbros da renanescente Conissão Executiva e do Conselho Geral do já finado P .R sex1aôcrr«se deputados federais e estaduajs׳< 08, (16) .os membros do Conselho Municipal da C an ita l, 2 representantes de cada nunicípio 0 un de cadad istrito da Capital (17).

Os delegados m unicipals-— fazendeiros de gado, la tifu n d iários do açucar e do cacau, intendentes municipais, en sua maioria-deverian estar munidos de instrumentes de mandato "assinados pelasin fluencias lo ca is e (pelo) naior núnero possível de e le ito res aelos f ilia d o s ( . . . ) " (18). En diversos nunicíp ios, não só in te rio-ranos, nas tamben do Reconcavo, grupos r iv a is , que ainda se defrontavan na lu ta pelo controle do poder lo c a l, não querian deixar 'escattar-lhes a oportunidade de "demonstrar Junto à Convenção (oque vale d izer, ao Executivo ), suas v ita lid ad es" (19), seu prestí-gio e o alcance do seu nando. Esse choque de in fluencias lo ca is refle tiu -se na Convenção, sob a forma de dunlicata de representaçõesmunicipals (2a) .Para reso lver o impasse, a Conissão de Verificaçãode Ibderes resolveu ag ir ec le ticanen te , escolhendo "un renresentan dete cada grupo das duplicatas porque, embora desavindos nas ques tões locaes ( . . . ) estavam unidos solidamente no nesno pensamento da causa geral do Partido e do bem estar público ( . . . ) " . Alér.1 do mais, o objetivo da Convenção era "angariar todos os elementos bons que porventura ex is t(is sen ) esparsos nas localidades" e, se entre eles havia divergencias, e acrnselhavel seria que a guarda 3938 a realização das próximas eleições municipais, "0 c.nS Í O oparTVVfi de experimentarem (suas) forças" (2 1 )

(l*f) D iario da Bahia. 3' uar. o 17 abr. 1901.(15) D iario da Bahia. 10 nar. 1901.(16) con^unha-se a Conissão,Executiva do des. Thonaz Ç. Pa-

ranhos Montenegro, V irg il io C. Dangsio, Francisco Maria 80dre Pe - re irá e Aun&to Ferre ira França. D iario da Bahía. 3 nar. 1901.a117 J lb lden .

(18JÜ iario־ da Bahia« 16 abr. 1901(19) ib ldeñ(20)os nunicip iós de Maragogipe, Conquista, Anargosa, Je

qoíç.Condeuba, Belnonte, Areia e Valença foran os que tiveran representações en duplicada.

t (21) "Parecer da Cinissão de Verificação de Fbderes", in Diárlo da Bahia; 16 abr. 1901.

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38.Tratou a Convenção de organizar o novo partido, elegendo sua

Mesa, os membros da Comissão Executiva e do Conselho Geral, bem co mo delegados que representassem o partido nos assuntos re la tivo s a p o lít ica fed era l. A despreocupação em torno da elaboração de um n£ vo programa ou da fixação de uma linha ideológica que pudesse Indi, car ao menos uma abertura na visão lim itada e voltada para s i mes- ma da e l i t e p o lít ica lo ca l, obedecia a uma constante da época. En- fatizou-se, apenas, mais uma vez, a necessidade urgente de regene- ra r-se -0 regime e le ito ra l vigente.

2 . 09 orgãos de atuação e a composição socjo-economica do ERB.A Comissão ExccUtiva o o Conselho Geral, órgãos de atuação

do partido, foram ampliados para dar abrigo aos grupos que faziam oposição ao governo precedente. C primeiro presidido por José Mar- celino de Souza (22 ) , e le ito por 218 votos, passou a contar com 11 membros (23), enquanto o segundo, presidido pelo ex-governador Joa quim Manuel Rodrigues Lima, cresceu de 30 para 50 integrantes. Se- verino V ie ira , apesar de não fazer parte de nenhum dos órgãos prirj־ c ipa is do P .R .B . — possivelmente por uma questão de é tica p o lít i* ca, nem sempre observada poios governadores da Primeira República -— permanecia no comando do partido, por detrás dos bastidores.

C Conselho Geral, abrigando chefes p o lít ico s de diversos mu- n ic íp ios do Estado, era um conglomerado de "brazões": barões de S. Miguel, de Camaçary, de V ila Viçosa e de S. Francisco, (represen - tantes da zona açucareira do Recôncavo); de ״batinas": Mais. Mano - e l José de Novaes, v igário José Cupertino de Lacerda (de Salvador), conego Manoel Leoncio Galrão, (chefe p o lít ico do Municipio de A r e ia ) ; de "patentes״ : dez coronéis, entre os quais, Augusto Lan - dulpho da Rocha Medrado (Lavras Diamantina, Mucugê, Andarahy), Jo- sé Abraham Cohim (Mundo Novo), Francisco Joaquim Flores (Alto S . Francisco ); de"comendas": João Augusto Neiva e Laurindo Alves de Ç l iv e i r a Reg is ; de "doutores": 29, entre os quais, Pedro Vergne de Abreu, Leovigildo F ilg u e ira s , Bernardo José Jambeiro, Deocleciano

(22)Juntamente com Leovigildo F ilgue iras e Domingos Guima raôs, Marcelino de “ ousa chefiava a oposição no Governo Lwiz Tlanna (A .F. Moniz dg Aragão op. c i t . , p. 128).

(23) alom do seu presidente, os drs. A ristides Augusto Mil - ton, Arthur Cezar R ios, Augusto Ferre ira^Franca, Satyro de ( l i/ o i- ra Dias, Antonio V ic to rio de Araujo Falcão, Jose Clympio dé Azove- do, farmacêutico,Leopoldino Antonio de F re ita s Tantu, Cons• Fran - cisco Maria So<Jre Pe re ira , V irg il io C. Damasio e Des. T.G. ParaiMs Montenegro, D iario da Bah ia . 17 abr. 1901.

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39.

Ramos; alera dG contar con un professor, Odalberto Pe re ira , c un se. nador, João Moreira de Pinho ( 2/1).

Todos os membros da remanescente Conissão Executiva foran re conduzidos, ben como cerca de dois terços ( 19 menbros) do an terior Conselho Geral (25).

A convenção inovou, no sentido de formalmente ind icar ddega- dos que, na Cap ita l Federal, representassem os interesses do parti, do. José Joaquin SGabra ( 19U votos) 6 Francisco de Paula O live ira Guimarães (213 votos) foran os escolhidos para o exerc id o daquela função.

Indo ao encontro dos desejos da burguesia agroconercial 6 a- brigando as mais variadas tendências — conservadora, l ib e ra l, fede r a l is t a , con stitu c iona lis ta — o Partido Republicano da Bahia sur- ge, no in ic io do s g c . XX, cono o prineiro grande partido fomalmon- te estruturado 6 , ao contrario dos outros até então existentes, pas. sa a penetrar ainda que tinidanente, no in te r io r do Estado, convoca^, do coronéis 6 doutores para conporen seus orgãos de atuação. Ganha una dimensão mais anpla, não apenas no sentido do alargamento dos seus quadros, mas no ra io de sua ação. No entanto, identificando-se com os demais partidos, no atend6r a interesses personalis ticos 6 in e d ia t is ta s , s6us métodos de atuação não seriam renovados com o des. pontar do novo século. Continuaria o P .R .B . a seguir as velhas tá t i- cas e prax6s h6rdadas do sec. XIX.

Acomodando os elementos oposicionistas do governo an terior 6n suas f i le i r a s , o P .R .B . tornou-se un instrumento d6 centralização do poder, através de sua manipulação pelo Executivo estadual. As re presentaçõ6s unânimes no Leg is la tivo são un reflexo da e fic á c ia de¿ sa organização p artid á ria centrípeta. Os "v ia n is ta s foram cortados ״das chapas o f ic ia is , dando lugar aos seus antigos opos! to re s .(26) .

(2Z!) 0 D iário da Bahia. 17 abr. 1901, dá a relação completa(25) ib ld e n .17 fev. 1 9 0 1 ,re laciona os membros 00 remanescente

Cons61ho G e ra l.(26) Eugenio Tourinho, F61iz Gaspar, Francisco Sodré, Manuel

Ca6tano e M arcolino Moura não foram in c lu íd o s na chapa de deputados fe d e ra is 61aborada pelo governo. Os dois últim os não se candidataram à re e le jç ã o . Os outros apr6sentaram-se avulsos 6 foram r6conhecidos, graças à in lfu e n c ia do 6ntã> M in is tro da Ju s t iç a do governo Rodrigues A lv6 s , J . J . Seabra. ( A . F.Moniz de Aragão, op, c i t . , p. 147).

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Uo.

Arthur Rios só fo i reconduzido ao Senado depois de muitas "démar ־ ches" e de ter-se submetido a condição ״ sine qua non״ de declarar, através da imprensa, seu apoio ao governo e a p o lít ica severin is - ta (27).

Na sucessão do Governo estadual, Jose Marcellino de Souza , candidato governista e presidente da Comissão Executiva do P .R .B ., transitou livremente deste posto para a chefia do Executivo, em 190^. Além do respaldo do Governo, contava com o apoio ostensivo das classes comerciais, o que, em parte, explica a ten tativa frus- tada da candidatura Rui Barbosa, lançada por Seabra, om oposição a m arcelin ista (28) .

A atuação da Associação Comercial, como órgão de pressão das classes coservadoras — em grande parte responsável pela derrocada do Governo Luiz Vianna — fez-se sen tir , mais uma vez, nos últimos dias do governo Severino V ie ira . A confiança que nele depositara , no in íc io de sua gestão, era agora re tirada e substituída pelo re- púdio. C imposto de consumo sobre o a lcoo l, estabelecido pelo go - verno e referendado pelo Leg is la tivo , contrariava os interosses dos que produziam o comercializavam com aquele produto. Em s ina ldo protesto, a Associação Comercial determinou que o comércio fe -chasse suas portas por 3 d ias, até a p o s s e (2 8 - 5 - 1 9 0 M ■ ) do governa- dor já e le ito , José Marcelino (29). Este era agora o novo deposit^ rio das aspirações da burguesia comercial. \

3. Ujn ״ interaozzo״ seabrista : 2 Partido Republicano D iss ldeaJ£ . As eleições federais de 1906.

De I 90I a 1907» a Bahia viveu sob o regime do partido único. A dissidência seabrista, em 1906, não impôs uma solução de conti - nuidade no domínio do P .R .B . E la só se tornou possível, graças à entrada de Seabra no Governo Rodrigues Alves (1902/06).

A incompatibilidade p o lít ic a ontre Seabra 0 Soverino ,,quo se manifestara quando da indicação de Seabra para M inistro da Ju s tiça no Governo Rodrigues A lves, foi-se agravando, a medida que a condu ção dos negócios p o líticos do Estado se concentrava nas mãos de Se

(21) ibidem, p. l*+8 .(28) Ao passar a in te lectualidade e a ״mocidade acadêmica”

que vinham de uma manifestação a Rui, no Po liteana, frente ao Club C aixera l, foram surpreendidos com "cacetadas e t iro s ״ , tendo um "grupo numeroso avançado par^ o andor em que vinha o re trato do se nador baiano, para estraça lha-10" ( ibidom. p. 152/1 5 5 ).

(29) ibidem, p# 117•

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verino, ao inves de nas do governador, conforne noma ditada pela tradição (30). A confecção da chapa govemista pera as eleições fo derais de 30 de janeiro de 1906, tornaria a situaçã׳' incontomável, dando surginento a un novo agrupanento p o lít ic o , o ״. Partido Repu - blicano Dissidente” .

Na chapa elaborada pelo governo, foran oxcluídos os "seabris t ra s " , porque, ״na questão da divisão e le ito ra l do Estado, não vo- taran de acordo con os desejos do governador ( . . . ) " (31). sendo in possivel, portanto, contemporizar-se con "pândogos " que assim ag¿ ran "para sa tis faze r os planos p o lítico s do Seabra na Bahia32) ״) .

No palacete do Cons. Antonio Carneiro da R׳ cha, a 22 de ja - neiro de 1906, à véspera das e le ições, organizaran os "anigos p o li ticos" de Seabra (33), o novo partido. Sou D ire tó rio , conposto de11 nenbros, era comandado por Satyro Dias (3*+); "C Norte" fo i o jo rnal furdado nelos d issidentes, para daren conbate ao s ituacio - nisno (3 5 )• \

Apesar da nova l e i , a "Rosa e S ilv a " (nQ 1.269 de 15 de no - vembro de 190*0, garan tir a ele ição de representantes das minorias, o governo elaborou chapa connleta, não deixando sequer un lugar pa ra a oposição. Isto acontocGU não só na Bahia, nas nos d iversos E¿ tados b ra s ile iro s . "EbFKÍrrys-G&tais, una das poucos exceções, o go­vemo deixou apenas dois lugares p.־>ra a oposição (3 6 ).

A "desmonta o remonto e le ito ra l" is to é, a substituição de funcionários governamentais, principalmente de delegados de pò lí - c ia as vésperas das e le içõos, continuou a sor fe ita com toda inteij

(30) Carta de Seabra a Jose M arce lino . R io , l fl fe v . 1905, in Francisco Botges de Ba rro s . Dr. J . J . Seabra . sua vida» sua obra na Repub lica• Bah ia , Imprensa O f f ic ia l do Estado, 1931, p. 220/227•

(31) ibidem , p* 228•(32) Carta de Leo v ig ildo F i lg u e ira s a Jose M arce lino , ibidem.(33) C N orte . 23 jan . 1906 e A .A .A . Bulcão Sobrinho, "V u lto s

do Passado F b li t ic o da Bah ia" in Rev. I . G . B . , hno X I . n c 11 p. 138•(3*0 F e liz Gaspar de Barros e A ine ida* Eugenio G. Tourinho ,

Joaquim P iro s Muniz de C arvalho , Rodrigo Antonio Falcão^Brandão , Jose de Aquino Tanajura. Francisco Muniz Ferrão^de Aragão, J . E . F re ire de C arvalho , Carlos Arthur da S i lv a L e itã o , Francisco dos Santos Pq re ira o Mons• Tobias Pe re ira Coutinho, eram os donáis mem bros. D ia rio de N o t ic ia s . 23 ja n . 1906•

(35' A#F• Moniz de Aragao )p. 185) o Borges de Barros (p.228) op. cit•,datam o aparecimento de "C Norte", a o de outubro de 1906> embora já circu lasse en Janeiro daquele ano•

(36) Jo rn a l de N o t ic ia s . 29 jan . 1906

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sidade. Juntrnente con <ר Ju iz g o Coletor, ero o Delegada peça c o — e rc it iv a fundamental no processo e le ito ra l. Fbr outro lado, como a contagem de votos continuava a ser feitaymesas e le ito ra is , seus íq tegrantes, 0 mais das vezes é que decidiam a v itó r ia da oposição ou da situação. Em Ilheus, por exemplo, o mesário era um dos ele - mentos ôo chefe oposicionista lo ca l, Cel. Augusto Sá. Depois de terem garantido a derrota dos s ituac ion is tas , econtravam-se ambos conversando na casa do Cel. Sa, quando por ela penetrou o subdele- gado de p o líc ia , cercado de vários capangas e à força, arrastou o mesário, para que também assinasse a ata que já tinha sido lavra - da pelo "b icó rio " governista (37)• Em Itaparica , o secretário da mesa, pretextando fome e o presidente, d i2endo-se n e fr ít ic o , re ti- ram-se com o l iv ro de atas, negando-se a dar aos f is c a is oposicio- n istas o boletim dos resultados f in a is , conforme determinava a le i (38),

Através de vários recursos, governo e oposição condensavam a abstenção, por coação ou indiferentism o, do extremamente reduzi- do e le ito rado . Contando com uma população de aproximadamente2.500.000 hab., a Bahia possuia em 1906 apenas 68.068 e le ito re s . A Cap ita l, com cerca de 7*805 votantes, tinha o maior contigente e - le l to r a l (39)• No decorrer da Primeira República, as forças oposi- c io n is tas , apesar de derrotadas no 2stado, conseguiram, com fre - quência, a v itó r ia na Capital• Daí a necessidade, tambem sentida em 1906, de tomarem-se modidas de precaução, reforçando-se os des- tacamentos p o lic ia is » Nas imediações de cada secção, fo i posta uma "força ar-mada", pronta a in te rv ir a primeira so lic ita ção do pres¿ dente da mesa» A p o líc ia fo i instru ida no sentido de re v is ta r cada eleitor-visando à apreensão do supostas armas-e de dar ordem de prisão a qualquer pessoa que "a lte rasse a ordem publica" (1KD). É 0 vidente que, sob esse pretexto, qualquer e le ito r podoria. ser doti-

(37) D iário de N o tíc ias . 31 jan. 1906.(38) ibidem. 1 ° fev• 1906.(39) EnT"sêgundo lugar vinha Santo Amaro, com 2.662 e le ito res.

Hrvia municipios, como Nova Boipeba, que contava openas com 49 0 - le ito re s . Cutros, cerca de 11, não tinham §oquer um o le ito r . ״ Da - dos E s ta t ís t ico s do Estado da Bahia" in D iario do N o tic ias , 19 jarv 1906.

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to.

A ele ição nas umas c ה ele ição no Congresso, no proccsso de reconhecimento, Gram duas realidades d iferen tes. Dotado de profun- da sensibilidade sociologica, o refinado poeta s a t ír ic o , Lulu Paro la , realisticam ente confessa! ',Creio muito no voto do votante/ Não lhe quero negar o va lim ento .../ Mas... cre io mais no vato trium - phante / Do RECCNHECIMENTC1 ■(*fl) .

Na verdnde, as eleições se decidiam no Sen3do, onde os adver sários p o lít ico s eram sumariamente ״ dcgolodos". Assim a chapa con- faccionada pelo Governo da Bahia, para as ele ições federais de ja- nciro de 1906, fo i integralmente reconhecida no Senado. Para tnnto contribuiu a ntuaçâo de Rui Barbosa, em atendimento a so lic itação de José Marcelino, que lhe recomendou fossem empregados "todos os esforços (afim de serem) proclamados o reconhecidos deputados os nossos amigos, sem exceção alguma ( ,* » ) " (1*■2). Além do n a is , cabia ?. Rui Barbosa a condução das questões p o lít ic a s dn B^hia, como mem bro do ״bloco” p in h e ir is ta .

Também a oposição não desconhecia que a eleição se ganhava no Senado.CWno o Governo, indiedw om sua chapa o nome de Rui para senador fed era l. Além do reconhecerem sua in fluência p o lít ic a , Go- vemo c Oposição viam em Rui a própria encrrnaçan, através da suacapacidade in t e le c tu a l , da grande®da Bah ia . Não se ria l í c i t o ----considoram os seabristas — a menos que se incorra ״ em crime do le sa- p a tr io tism o (...) deixar do contemplá-lo entro os mnis dignas do uma cadeira de representação nacional" (1+3).

Dos novos nomes levados a Camara Federal, dois teriam atua - ção e fe t iv a , durante todo o desenrolar da Primeira RermblicasMigucL Calmon du Pin e Almeida e Pedro Francisco Rodrigues do Lago. Uma ־ nova geração ia despontado no cenário p o lít ic o , nronta a substitu- i r as velhas lideranças que aos poucos foram-se retirando. Antonio Ferrão Muniz de Aragão c Arlindo Leone (candidato avulso) eram tam

I־*1) ) Jo rna l de N o tic ias . 25 Jan. 1906.Õf2) Carta do Jose Marcelino a Rui Barbosa, 30 de mçrço do

1906, in Maria Mercodos Lopes de Souza, Rui Barbosa c Jose Maree 1.1 no. Casa do Rui Barbosa, 1950, p. 120.

(U3) 0 Norte. 18 jan• 1906.

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bom novos roprosentantes da onosição (M+).Entre os f ilia d o s do partido seabrista, estava V irg il io Dama

* lo . Desligara-se da Comissão Executiva do P.R.B• em 1903» P^r di- ve rg ir da orientação p o lít ic a do Severino V io ira (4-5). Ao afastar- se do partido no poder# V irg il io solou o fim de sua ca rre ira no lí- t ic a . Depois dc ocupnr a senatoria federa l por 18 anos (1891/1908), não mr’is se rOGlegeria 0, no f in a l dos seus d ias, não encontmria sequer, entre aquclos para os quais ?roclannro a república, alguém quo se dispusesso a le r o discurso que escrevora para a inaugurp - ção do seu re tr ito na Faculdade do Medicina da Bnhia (4-6).

Apesar dc contar com clemontos dc in fluência na p o lít ic a lo- 0 1 a dissidência seabrista não sobreviveria por s ,י׳ i mcsina. JL _ c l - são do Partido Republicano da Bahia, cm 1907, ofereceu-lhe n opor- tunidade dc recompor-se com a situação• 11*ntão, o "partido" sc dis- solveu e seus membros acomodaram-se na facção "m arcc lin ista " que , defendendo a candidatura J . F . Araujo Pinho ao Governo do Estado , passaria a reger o poder• I

(¥+) 0 D iário de N o tic ia s . 27 jan. 1906, publica as l is t a s de candidatos goyem istas e oposicion ista, bem como os avulsos, qrj tçc os quais ostá um representante das "c lasses coraorciais", Jose Sa • ,

(4-5) Bulcão ^obrinho• «0 Progociro da Republica na Bahia״ , nA Tardo1{ 27 out• 1953• ,

(Ho) Dooclociano Ramos de Carvalho, Bahia, 4־ out. 1913, in Arquivo do A loysio do Carvalho F ilh o •

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V. Fase "b ip a rt ld a r is ta con d issidência ": 1907/1911

Ed 1907! o costuno trad ic io n a l, sogundo o qual no governador ; cabio a indicação do sou succssor, fo i posto on contestação. A di-J vcrgcncia ontrc os dois chofcs do P .R .B . Jose Mnrcolino c Scvcrino V io ira , cn tomo dr sucessão governmental, go rari״ una criso pol£ tica r>tG então sen procondcntcs, cuj•' resultante seria a quebra dr unidade do partido que, desde 1901, centralizava c tumi pula v• o po dar. D ivid ido, en consequência, on duas facções, ר "n a rco lin is to ״ e a "so vo rin is ta , o P .R .B ., gradativanontc, va i definhando c per - dendo su•׳! força de nando, r nodid? que o "seabrisno״ atua na a rt i- 0 0 גו1הר׳ר de un esquena p.׳r a a conquistn do poder, cn '1912.

1• 0 grande cisna de 1907. As ! " cross״ s e v ir in is ta " e "m r c o l i- n is ta " do P.R .B .

Dosde que José Marcelino assunira a chofia do Executivo, una divisão de esferas do atuação tinhr sido fixada entre elo c o ago- ra presidente da Conissão Executiva do P .R .B ., Severino V ie ira : Jo se Marcelino ertregava-se aos negocios adninistr-^tivos do Estado e Sevorino tr^tava das questoos p o lít ic a s , pronriamonto d itas (1) «Estn pnrtilhn tinha o sign ificado de una rutura no conportnnonto p o lít ico trad ic io n a l, ato então observado, segundo o qunl não só as questõos adm in istrativas, ñas trnben a chcfia do partido e a condução dos negócios p o lít ico s do Est.־>do concentravan-so en nãos do governador•

Ao retoñar aquelo conpo^t-inento tra d ic io n a l, decidindo apontar seu sucessor, Josó Marcelino encontrou un Soverino V io ira bastante fo rta lec id o . Vinha o ontao Sonador Federal conduzindo os negocios p o lít ico s do Estado durante seto anos consecutivos, o que lha ga - r-n tira o estabolccincnto de una f im o base p o lít ic a , não so n״ s le g is la t iv o s , ñas tanbén nos pastos רdnin í.s tra tivos c p o lic ia is do Estado (2)• P^r outro lado, ao opor-se ao Govom^dor do Estado, re cusnndo o candidato por e le indicado ( J . F . de Araujo Pinho)-a logag do quo essa indicação ora "função cardcal do partido, cuja cop.ir - são executiva dovia sor ouvida" ( 3 ) ,-Scvorino V ie ira basoava-so O u no ma fo m a l, que carccia do respaldo no confortan onto p o lít ¿ co trad ic io n a l p1־ra so iopor. 0 Executivo não so se sobropunha 1

(1) A.?• Moniz do Aragão, op• c it• p• 177•(2) DJ.gylp. jç . Np.tíqXaai 25 naio 1907.(3) ¿ la r lo de N o tic ias« 11 abr. 1907•

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aos dcnais pulcros constitucionais, nas tr.nbcn ditava ה linha dc conduta do partido s ituac ion is ta . Alón do na is, o próprio Severino tonara parte a tiva na indicação dos govomad״ res an terio res) desdo Rodrigues Lina a José Marcelino, n sen que janais tivesse se proo- cupad- con o orocesso. Sua própria candidatura fo i assentada entro o sou antecessor e o Presidente da República ( . . . ) rt (1+). Tradicio- nalnontc, a Conissão Executiva do partido, a׳'• se pronunciar sobro una candidatura, apenas referendava un ato já consumado, Tentar so bropo-la, agora, à deteminação do Executivo, equ iva lia a desafiar 1 un poder ato ontão inc^ntoste*

As divergências ontro o Governador o o Sonador Federal vinham׳do desenvolvohdo havia algun tenpo. Quando da indicação do un none para ocupar o posto dc M inistro da Viação e Indústria , no Governo• Afonso Pana, Severino roconendara Augusto do F re ita s . Marcelino , contudo, que vacilava entro Leovigildo 0 Miguel Calnon, acabou de- cidindo-so por este ú ltin o , que passou a defender os interesses do seu governo, na osfora f odorai (5 ).

A c r ise p o lit ic a * quo ate então pudora sor d issinulada, fo i - so agravando o ating iu o náxino dc tensão a 10 de a b r il de 1907 ,quando o Presidente da Cañara Estadual, Cel. Manoel Duarte, f e i t o • porta-voz do Governador, conunicou aquela Casa do Leg is la tiva

,fyue uri dos jornais da C ap ita l, dovidanonto autorizarão por S.Exa. ,(o governador), lançaria a candidatura Araújo Pinho n à sucessão estadual (6 ).

A n o tíc ia , que teve a nais anpla repercussão na osfera nacio n a l, provocou, do ined iato, grande agitação no noio p o lít ic o pro - vinciano , que fo i impelido a se d e f in ir — consunada a cisão parti daria — por una das duas facções.

Na Cañara Estadual, onbrra alguns deputados, ev itand o o con- prono tinento , pomanecesson na ante-sala do plonario, não assinas- son a l i s t a de presenças ou uosno la não conparocessen ( do un to- ta l do 4-2, apenas 32 doputados cstivernn prosonte), a votação do noçõos do solidariedade a cada un dos chofos p o lít ic o s , acusou una

( 4• ) A .F . Moniz do Aragao, op. c it . p• 197• ( 5 ) D iario de N o tic ia s . 7 junho 1907.( 6 ) D iario de N o tic ia s . 11 abr• 1907•

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n ítid a i חח r r i so" ם vo rin is ta ". Vinte g •a־׳• is deputadas apelaron Se - verino, enquanto aponos 10 f ie rra n c־־׳n José Marcolino (7 ).

Rb Senado Es t re מ ,dual ר je ição dc una roçã־ de s o li Inriedade a anbos os chafes p o lít ico s , revelava quo n r/'nonto p o lít ico roque rin definições c laras o, onbora trr.bér. alguns senadores p re fe ris - sen aguardar o desenrolar dos ■י c^ntocinento s para se n an if es taren (8 ), por 11 votos centra 4-, f aprovada noção le so !•״ lid a r le lode n Severino V ie ira .

Na Corara Federal, Severino tinho tanbéri a ra ia r ia dos dopu-י tados. Quatorze nanifastaran-lhe ap^io, enquanto Marcelino ficava aoonas cor. sa is , desde quando dois não se Ic fin ira r. (9 ).

C desenrolar da situação era in p rcvls ívc l• Aguardava-se que os "vu ltos nais proeninentes" dr. situação se nanifestasson, 0 f in do se poder a v a lia r 0 intensidade das forças er. co n flito .

Un c ircu ito te leg ráfico focha do — Bahia, R ic—revelava as posições dos a ltos próceres da p o lít ic a nacional, fac ilitand o definições no noio p o lít ico orovinciano. No nesno dia en que a c r i se eclod iu ( 10 de a b r i l ) , Marcelino telegrafou a Rui Barbosa, conu n icai^ lhe o . lançanento da candidatura Araujo Pinho, através de "A Bahia" (10). Respondeu-lho Rui que nao poderia "haver escolha nais digna", expressando o sou desejo de que a nesna fosse "acolhida pe 10 partido" (11). En seguida, Rui te legrafa a Pinheiro Machado, es, clarecendo que Severino ronpora con o Govern ,'״׳ יי pretextando fornu la s do processo convencional" e que sugerira outro none, " cono signal de sua franqueza" (12). Pinheiro Machado, abertar.onto, de - c lara que Severino " não passava do un general son soldados" (13). En resposta a telegrana de Severino, Rui lanonta sua oposição " a adopção de candidatura ta '־ digna o aplaudida assir. na Bahia, cono1 no pais todo" (14■).

( 7 ) ib iden.( o ) itíi'détl. C Senador Baptista do O live ira recusou-se a

vo tar, declarando ״ não sor carne, nen peixe".( 9 ) D iario de N o tíc ias . 13 nbr. 1907. ,(10 ) Maria Mercedes Lnpes de Sousa. Rui Barbosa e Jose

Marcelino, R io , Casa de Roi Barbosa, 1950, p. 1$6•(11 ) ibiden, p. 162.(12 ) U lano de N o tíc ias , 15 abr. 1907•(13 ) listes' 'H ritto . a del sao. Bah ia, Typ, Bahiana, 1908 ,

p. 99• ׳ .(14• ) D iario de N o tic ias . 15 abr. 1907•

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A. 12 So abril, Severino telegrafa ה Miguel Calnon, Instinando a i£ tcrvonção do Ministro da Viação o Industrie, ה frv^r d•״ candidr.tu- ra Araujo Pinho, a tenpo quc afirnava quo, 1'rpcsrr do roc^nhocGr (sun) pndorosa intorvcnr.no״, nao recuaria (15). A rcspost? do Mi - guel Calnon não sc f02 tardar, lcnbrand־' a Sevorinn ה sun declara- ç?o“do.quc npoiarin .ר candid-'turn Araujo Pinh'16) •־)•

2. A sucessão g~vcm ancntnl do 1900, Una dispute do ?rostig jo .En rca lid ?de , no xndr02 d.״ p o lít ic a l~ c a l, ns enxadristas -ר-

ponas troc.רr.מר ns peças on jogo, In ic in ln en te , J~só Marcelino nan¿ fastara-se fav־׳>ravol n candidaturn Ignncio Tostn, ״ p^r lho paro ** ccr quc c^ n e ilia rin ns or>ini~cs divorgontes n׳> soio do partido״(17)• Repelida por Scvorino, fixou-so o G-'varnnd^r n־׳> nono do Arnjj jo Pinho p^ra sou sucessor• Por sua voz, Scvorino, quo do in íc io ^ firn a ra sun sinpatia on relação à candidatura Arnujo Pj.nho (18), a cnbnra p^r in d ica r aquclo p rin o ir1'־ nor'0 quc anteriormente havia re eusnd״ , Ignacio Tosta.

D i f i c i l se ria , por antecipação, ;ifirnar-sc qunl d^s dois cho fos p o lít ico s d׳>ria o "xoque-nate"« Os candidatos n sucessão gover nanontal idontificavan-sa por suas ׳,rigons 0 in toresses. Ign־!cio Tosta, doputndo federa l, era ncnbro da Ass־clação O n o rc ia l e sua in fluencia ostondia-so ao Rec^nciv^ e a Cnpitn l. Araújo PinJv', p״r igua l, tinh r sólida in fluenc ia nr Rceoncnvo, genro quc era do bq - rão de Cotcgipc. Ern presidente do 3r־nc'• dc Credito da Lavoura ,do¿ de sua fundação, cn 1905• Aubos tinhan 3־lid a s m izos n^narquieas o anbos oran f ie is representantes das classes agroconerciais, ן

Sc ben que a balança pnrccosse ponder m is a fnv״r de Jose Mnrcelino, que cont^va c־־>n o apoio ostensivo dos " r ltn s proceres יי da p׳ l í t i c a nacional: Rí/f ^rb- 'sa, Pinhoiro M-chad־־, Miguel Calmn e r> próprio Presidente Afonso Pena (19), Severino tinha ר :•!aioria d? Conissão Exocutiva o do C-nsclho Geral do Partido1 ,״ ב na io ria do Leg is la tivo Estadual o Fedor׳' l , o que poderia sugerir up. eq u ilib ria de f ,rças־׳ considerando-so que as e le ições consunav^r.-so

(14■) D i~rio do N o tic ia s , 15 obr, 1907(15) ib iden(16) ib iden .(17) M־־n i2 dc Aragão, op• c it• p 197(18) Len־־>s B r itto .^ p • c i t . p• 93(19) D iario do N o tic ias , 15 cb r. 1907•

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Leg is la tivo , onde so fa z ia o "rec^nhocinento ele poderes"•lo c. tração» M?. re'׳׳ los ׳''רן En t^rno dos dois ן' c lino-Araujo Pinho

o Sovcrino-I^nncio Tosta! foran-se agregando as forças p o lít ic a s estaduais 0 nacionris» dalincando-se as duas facç~qs r iv a is , à na- didn que nanifostcçÕos chogavan do in te r io r do Estado• /

A atuação persuasiva do chofo do p o lic ia estadual, sen dúvi- da, contribuiu para que chefes n u n ic i 'a is , até ontão indecisos, f i mas sen suas posições* Teve José Maria Tourinho o cuidado de te- leg rn far aos delegados e subdelegados de todo o Estado, aos presi- dentes dos conselhos r.un icipais, conunicando-lhos que a candida tu- ra Araújo Pinho ora " altanento sinpática ao Governador 0 ao Govor- no Federal״ • Dizendo que ״ aguardava adesões", claranente indicava- lhos o caninho a seguir (20).

E as adesões partirán do todos os lados, d irig idas a anbas as facções, cabendo aos "n a rce lin is ta s " a parte do leão: o Club Re publicano Denocrata o, con e le , V irg il io Danasio, expressou, a 16 lo a:׳ b r il , seu apoio a candidatura Araujo Pinho, fe ito sou presiden te honorário (21 ן( os nais poderosos chefes estaduais e r.unicipais cono José Gonçalves, Luiz Viana, Deoclociano Teixeira 0 Ubaldino de A ssis, apoiaran o candidato govemista• "V irtua lnen te , todos os chefes p o lít ico s dos nunicíp ios do vale do S. Francisco 0 das La - vras fica ran con Araujo Pinho22) ״). Eu alguns nunicípios» onde o poder lo ca l estava sendo disputado por grupos r iv a is , d ivid iran-se as nanifostações de solidariedade entre os dois candidatos. Assir. é que en Ilhéus, por exenplo, o C e l, Antonio Passoa e João Manga - beira» intendente m unicipal, apoiaran Araújo Pinho, enquanto os co n n e is F im ino Alvo^ Henrique Alvos solidarizaran-se con o candida to ״ se ve r in is ta ". Os ״ seabristas', do forna geral» apoiaran Aroujaז Pinho. Sendo a riva lidade Marcelino-Seabra reflexo da r iv a lid a de, Seabra-Severino, a clivagen do P.R*.B. agira no sentido de nonenta-7 neanento un ir aqueles dois chefes p o lít ic o s , identificados, agora» no conbato a in in igo conun. (23)*^ !i

As forças da facção "se ve r in is ta " que se concentravan sobre- tudo no le g is la t iv o , tanbén foran acrescidas de adesões nunicipa -

( 20) b iá r lo de W otíé las• 16 abr• 1907• ( 21) in icien , 17 abr. 1907• ( 22) Eul-Soo Pang• op• c it• p• 126. ( 23) Jo rn a l de S o r íe la s . 10 out• 1907•

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5*.

l i s t a s , confome veio a revo lar a convenção de . junho, poren nuna proporção ben in fe r io r as do seu oposicion ista. C barão tie Assu da Torre, p .ex ., chefe p o lít ico do Matr de S. João, nantondo a titu d e ‘ de oposição ao governo estadual, fez declaração pública de apoio à candidatura Joaquin Ignacio Tosta (2*0; Aurelino Leal que fora Se- cro tario do Sogurança Pública, no govern׳’• Marcelino, aliou-se a Se vcrino porque, exonerado daquele posto na crise da nag istratura (dez. IÇO ?), cnnsidorava-se "abandonado pelo governador"» (25).

De t a l foma a questão sucessória tomara-se dec is iva , que Rui Barbosa, designado Embaixador do B ra s il à I I Conferência da Paz, en Haia, telegrafou a 23 de a b r il a Marcelino, propondo-se a "obtor dispensa‘* daquela nissão, caso fosso necessária sua presen- ça para que a situação so defin isse (26). Não fo i necessário, po - rén, quo questões do n íve l in ternacional fossen suplantadas por in terosses lo c a lis ta s . A passagen de Rui por Salvador ( 24• de n a io ), con destino a Haia, fo i su fic ien te para fazer crescer a onda de a- poio a Marcelino (27)•

Para fre a r o ,.,enbalo" da candidatura Araujo Pinho, a Conls- são Executiva do P.R.B. "s e v e r in is ta " , a 1? do a b r il, convocou xana convenção p artid a ria (28 ) , a fin .de reso lver a crise que rapidanen. to extrapolara a esfera estadual. )

Enquanto Severino reconendava ao Senador Estadual, Mons. Cu pertino de Lacerda que conseguisse apoio ind iv idual dos coronéis e "doutores" do P .R .B ., o governador, sinplesnente, lenbrava aos le- gisladores estaduais 0 aos coronéis do P.R .B . que seu prograna do incentivo à ag ricu ltu ra e ao conórcio estadual te r ia prossoguinon- to, sob o seu candidato (29).

Deputados federa is, senadores e deputados estaduais, 170 de legados de 57 nunicíp ios o chefes p o lít ico s de 13 d is tr ito s o le ito

(24•) D iario do N o tíc ias• 16 abr¿ 1907•(25) D iario de N o tic ia s« 11 ábr• 1907•(26) M.M• íepos do èousa, op. c i t . p. 166(27) D iario do N o tíc ia s• 25 naiò 1907¿(20) E S S E rto Noticias, 1$ abr• 1907•(29) J• Ignacio Tosta. Renuncia do nandato: discurso profo-

rido na Cañara dos Deputados, sossão de 29 dex. ^907• R io , pp. 35/37, a pud Eul-Soo Pang, op. c i t . , p. 127• 0 D iario da Bahia. _8 nar. 1910, rononórando aquola Convenção, rofore-so a reprosentaçao de 51 nunicipios•

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•5%.

m is do Salvador, ontrc os quais 3 dos nais populosos — Se, Bro - tas e V itoria. י—• ostivoran presentes à Convenção dc facção "severe n ista *י do P.R .B . quo se reuniu dc 26 a 29 de junho* no o d ifíc io • do "D ia r io da Bah ia", órgão "seve r¿n is ta " . Dentro os 57 r.unlcípios— ríenos da notade do to ta l dos nunicíp ios baianas —36 ־ enviaran1 coronáis con seus delegados. A grande na io ria dos representantes י nunicipais — exceto o barão de Assu da Torro, José Nogueira ( do Castro A lve s ), Eduardo Tude ( Anargosa) e Benjar.in Yaz Irrdo lo (São F e l ix ) , chofos p o lít ico s inerntestes ־— era constitu ida do o-

')lonontos oposicionistas quo aspiravan contro lar a situação en seus nunicíp ן ios ¿ apoiando a candidatura severin ista (30). ! (

A Convonção, presidida por Severino V ie ira , elegeu os nen - bros do Conselho Geral e da Conissão Executiva do partido , conpos- ta osta u ltin a de Soverino V ie ira (presidente), Leopoldina Tantu , Satyro Dias (vico-prosidento) Jnsé Gonçalves de Castro Cincurá, An tonio V ictorino Araujo Falcão, Francisco Vicente Bulcão Vianna, A- driano dos Reis Gordilho e cônego José Cupertino de Lacerda (31).

!,Objetivava a Convenção não só garantir a Severino o contro le do P .R .B ., cono lançar o fic ia lnonto o candidato do partido . Assin é quo, através do Manifesto, Ignacio Tosta fo i apresentado cono o ’ único candidato do P.R.B•* No dia ined ia to no encerranento da Con- venção,- telegrafou e le a Severino aceitando a indicação do -sou no- no (32). ן

Contando con o apoio do Presidente da Ropública e das nais a ltas forças federais o ostaduais, a v ito r ia do candidato govemis ta fo i osnagadora. Cerca do 93 r.unicípios sufragaran o none de A - raujo Pinho, enquanto apenas 34 foran favoráveis a Ignacio Tosta (33).

Considerando que as e le ições, en ú ltin a in stanc ia , decidían- se no Leg is la tivo , onde so realizavan a apuração e o roconhecinen- to , os ״ severenistas" não escondían una osperança de v ito r ia , des-

(30) Eul-Soo P&ng. op. c i t . p. 128.״ (31) D iario da Bahia2 ,״ do ju l . 1907 in Jo rn a l de Noticias«

3 ju l . 1907. ,(32) Ignacio־Tosta a Severino. R io , 30 Jun. 1907 In Jo rna l

30 Noti c ia s . 3 ju l . 1907(33) Leños B r ito , op• c it• p# 128•

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52.

do qunndo dispunham do !הב in !•in tanto na Cañara dns Doputadns, cono no Sonado, Contuda, מ situação tnmava-so a cada dia nais tonsa o o governo valcu-sc da pn lic ia ostadual 0 municipal para pressionar ns logisladoros, enquantn a np״ siçãn guarnccia-so cn.n un oxcrcitn privrdn do jagunçns (34־)• A ostratogia d״• gnvernn ora sinplos 0 di, ro ta: m n ter o le g is la tivn abortn, ate que ura núnem lega l do 10 -% 1! יי ״,gisladoros aparocesso para dar qu#run 0 , entan procodor a v e r i f ie r ção dns resultados 010i t •rais (35)~׳

A 28 do março os gnvom istas, através de estratagemas parla- montares! conseguiram o ״quorum״ desejada e prncodou-so י׳ v e r if ic a ç~n das eloiç~os, rocobcnd'' J . F . Araujo Pinhn 49.4-71 v^tos o J . Ignacin Tosta, 12.102 (36).

3. C-infllto antro **c iv ilism n״o ״m ilitarism o1* • A Junta Rogubli cana prn-Hcrmos/Wonceslau.

Apns agitada campanha sucoss~ria, praclamrtdn Ar^Ujo Pinho Go vomadnr para o norínd׳' de 1908 a 1912» t°m~u-sc patente que a vi, da pn lí tico -partidaria baiana experimentara uri rotrneesso. Lutandn cada una das facçncs dn P.R .B . para firm ar sua in flu en c ia , a unid¿ do p artidá ria codou novnnente lugar a riva lidade entro "claques'* porsonalísticas.l Inapclavolmcnto, o partido fni-so enfraquecendo , preparandn torrono para o plann do conquista do poder, idealizado pnr Seabra 0 sous seguidoras•

A canpanha para a succssão presidancial dc 1910, doixou cia- ramonto defin ida , na p o lít ic a baiana, a oxistencia dc 3 grupos r i- va is quc cr tua van isnladamento na defesa das duas candidaturas quo, dopnis de Auitas marchas o contra-marchas, re ticênc ias 0 vac ilo - çõos - motivadas não sn por intoresso pnlíticn-oc^n^nicn, nas tan- bén ,pnr choques entro velhas o novas geraçnes - surgiram disputan- do a Presidencia da República t Mal. Hermes da Fnnsoca 0 Rui Barbo sa. 0 primeiro fo i nficialmonto lançado, cnn o seu cnnpanhoiro do chapa, Woncoslau Braz, na ” Onvonçan do maio" (22-5-1909), onquan-' to a chapa Rui Raçjbosa - Albuquerque Lins surgiu oficialmonto na Cnnvonção C״ iv i l is t a .(agnsto do 1909 ״ (20

(31*■) NÍiguol Calnon a Afnnsn Pona• Rio 23-3-1908, apud EuiSoo Çhng, op. c it• p• 12^• ,

(35) os "sevor#nistas acusaram seus adversarias do refnma - rom o regimento interno sc*ia presença da n g io ria , o de haverem in- clu ido entre os prescçtos, deputados que la não cnnpnreceran, in - e lusivo alguns "sovorénistas"• (Mnniz de Aragão, op. c i t . p. 213)»

(36) Manocl Duarte do O livo ira a Afonso Fbna• Bnhia, 28 nar- ço do 1908, apud Eul-Soo Pang, op• c it• p• 130•

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5־3•

No in íc io das denarches, São Paulo nanifestara-se, atraves do Partido Ro^ublicano Pau lista , favorável à candidatura David Can p ista (37 )» quo representava a con tinuação da p o lít ic a de va lo riza çã'1 dn café; agora, nã״׳> der.onstra nenhuna sinpntia pela candida tu- ra n i l i t a r (38). Depois de nuitas indecisÕcs e após ter-se f ״ rr.a li zado o ronpinento de Rui con Pinheiro Machado e Hemes do Fonseca, São Paulo adere a candidatura Rui Barbasa-Albuquerque Lins, a tr? - vás da Convenção C iv i l is t a .

Pela segunda vez, desde 1894-, São Paulo e Bahia uninn suas forças para enfrentar o resto do B ra s il (39)• Na verdade, graças a pressão exercida p^r Pinheiro Machado, que faz va le r sua in fluên - c ia na Conissão de Verificação de Poderes, no Congresso, a r.aioria los estados o entre eles tres grandes - Minas Gerais, Rio Granle do Sul e Pornarbuco - adere à candidatura Kernes, que ernta ainda‘ con o beneplácito do Exército e do Governo Federal (40).

Na Bahia, a questão sucessória presidencia l ror.peu a união precária que se tinha estabelecido entre Seabra e Marcelino* quan- do da cisão do P .R .B ., en 1907»_José Marcelino fora o patrocinadorda candidatura Rui Barbosa, enquanto Seabra identificava-se con o"huimisno" o passara a ser o seu na ior representante^ na Se-verino V ie ira , divorciado de José Marcelino e não despreocupado sua reeleição ao Senado Federal, e tanben partidario da candida tu- ra Hemes. No entanto, se a canpanha herr.iistn separara Seabra deMarcelino, não lograra un ir Seabra a Severino. Identificados na de.fesa de una causa conun, conservaran-se, contudo, in inigos irreco a c i l iá v e is até o f in de seus d ias. )

(37) a candidatura David Carp ista, M inistro da Fazenda de A-fonso Pena, fo i conbatida por p o lít ico s trad iciona is que, cono RuiBarbosa, negavan-lhe "experiência, nadureza e autoridade par.? o cargo". (Moniz de aragão, op. c i t . , p. 262).

(38) Edgard Carone. A República Velha - evolução p o lít ica .Sã״׳! Paulo, Difusão Européia do L iv ro , 1971» P• 240

(39) Eul-Soo Pang, op. c i t . p. 132

(40) Edgard Carone, op. c i t . , p. 239 e 24-5.

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Alón ־׳le Seabra, do sonador federal Severiano V ie ira e o depu tado federal Podre■ Lago, que fizeran parte da Convenção de Maio, e lenentos ate então "n a rce ltn is ta s " , cono o deputado federa l Dop.in- gos Guinnraes, que nnis tarde seria candidato à sucessão Araujo Pinho (41), Antonio Calnon, irnãos do até então M inistro de Afonso Pena, Miguel Calnon, e m a l in o de Assis, alón de Raul A lves, tan- ben aderiran a candidatura Heráes (4-2).

Ante a in ^ ss ib ilid a d e de articularen-se con qualquor das duas facçõos do P .R .B ., os ״ seabristas fundaran un centro p o l í t i - co, "Junta Bahiana pro-Hemos-Wenccslau" $ a 9 do Julho de 1909! na "Gazeta do Fbvtf^jque passou a ser o orgão o f ic ia l da Jünta e do "seabrisno". Era a Junta d irig ida poi* una Conissão Contrai, conpo¿ ta do 1 presidente ( J . J .S e a b ra ), 1 vice-presidente (F re ire de Car- valho F ilh o , ex-intendente dc Salvador), 2 secretários (Antonio Mo niz o Octavio Mangabeira) e nr-is 20 nenbros (43).

Tres dias apos a chagala de Seabra a Salvador, 30 de Julho de 1909, instalou-so sol.jnonente, no "P~>lythannn Bahiana", a "Jun- ta Republicana da Bahia pro-Harocs-Wencoslau" (44■) que nanteve o ' nesno corpo d irigente da p r in it iv a "Jun ta Bahiana". En sua esnaga- dora n a io r ia , contava con elonontos da nova geração^ alen do Ccta- vio Mangabeira, então conselheiro nun ic ipa l, dostacavan-se Antonio Mtoiiz, l íd e r da n inoria na Cañara dos Doputados, Moniz Sodró e Si- nões F ilh o , entre outros. Da velha geração , alen de Seabra, so Luiz Viana era olunento in flu en te . /

Pbi tar.bcn no "Ralytheana Bahiano", teatro dos nais s ig n if i- cativos acontecinentos p o lít ico s na Prine ira Rerública, que no dia inediato à sua chegada (15 Jan. 1910) Rui Barbosa leu sua p lata fo r na, onfatizando os "nales do n il ita r is n o " e a necessidade do proce der-se 0 una revisão da Constituição de 24■ do fevere iro .

0 desenvolver da canpanha "hom is ta " o da " c iv i l i s t a " fo i narcado por "neetings" concorridos, tanto na cap ita l cono no inte- riorj* por excursões atravós do Estado, nas quais as paixões revola,

(4-1) en consequência dessa adesão, seu f i lh o , Guilhorr.e Gui- narães, fo i dispensado do cargo de O f ic ia l de Gabineto do Governa- dor, que então ocupava. (Moniz de Aragão, op. c i t . p. 303)•

0+2) Moniz de Aragão, op. c it . p. 264-,(4-3) Ib ld en . p. 284■.(4h ) Borges de Barm s, op. c i t . p• 233•

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var.-so nais acirradas, tornando in ev itáve l r presença dc "p is to las o cocotes" que, en poucos instantes, desfazian os "p rés tito s " org£ nizados pelos adeptos dc qualquer dos candidatos. "H em istas" o " c iv i l i s t a s " lançaran não dos nosnos recursos trad ic iona is do fra j! de o le ito ra l o dc pressão sobro o o le itorado, para seron vencodo - ros. Assin é quo no nunicíp io do Macaúbas, por exenplo, enquanto o Cel. Pedro José dc Souzn pressionava os e le ito ras para assinaron declarações de apoio a candidatura Homcs-Wenceslau, o padre-senn- dor, Hemelino Marques do Leão, que a í conandava o " c iv i l i s n o " , s£ bedor da ntitude do seu adversario, tranquilanento declarou: "Isso não vale nada, porque as nesas são ninhas; o Jose Morcellino orde- nou que o Ruy aqui tenha n i l votos e ou hoi de dar-lh 'os" (4-5). En V i l la Velha (Minas do Rio do Contas), as oleiçõos do 10 do narço já ostavan prontas en fevere iro , garantindo ao candidato c iv i l i s t a 600 votos (1+6).

Cs dois oxenplns evidenciar, a corrupção do processo o le ito - r a l , que as constantes refom as, ignorando as condições in fra - es־tru tu ra is da sociedade, não conseguirán c o r r ig ir , durante toda a República Velha e nasno após a revolução "noralizadora" de 1930.

Era através do Executivo que os deputados, o con naior pres- t ig io , os senadores, conseguían os favores e pequenos enpregos ne- cossários à presorvação dos seus redutos e le ito ra is e era, portan- to, ao conando do Executivo que devian cega obediência. Ser "dono da nesa", is to é, te r anteeipadanente a garantia de que a r״esa que presid ia as eleiçõos soria integrada por "cabras" de confiança,era te r assegurada a v itó r ia , porque, ainda sob a vigência da "L e i Ro- sa 0 S i lv a " ( l e i n0 1.269 de 15 de novenbm de 1904•), a contagen' dos votos continuava a sor fo ita pelas nesas e le ito ra is . Se o nur.e ro de fe ito r e s não correspondia ao "conpronisso" assunido, o rccu j so ora "onpronhar" a urna, cono se faz ia nos ele ições do B ra s il- In pério — faaendo os ausentes votar o os nortos ressusc ita r. Tar.bon cabia às nesas a fe itu ra das atas. C "b icó rio " encarregava-se do " fo b r ic a - la s " , testenunhando a presença desses e le ito re s fantasnos.

(4-5) D iário da Bah ia, 8 fe v . 1910. (W6) D iário da Bah ia. 25 fev . 1910.

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nos “ curra is e le ito ra is " nais d istantes, as e le ições מ "b ico do pona" c^stunavan dispensar o fom alisno do una nesa e le ito ra l constituida» Bastava apenas quo, conodanentc instalado en sua casa, o chefe p o lít ico l^ cn l, cercado dos seus "honens de confiança", f i zesso a ata e le ito ra l, antecipando-se ou não às e le ições, nela ccn¿ tando os v^tos do quen bon quisesse o entendesse. Sabia que a sua força e prestig io crcscorian na razão diroéa do núnoro de votos a- presentados.

Par1׳ os "h e m is ta s " , a lu ta e le ito ra l na Bahia fo i nais ar - dua, desde que não contavan con a naquina govomnnental a sou f a - vor. Contudo, na nedida do possíve l, lançarמה não do recursos id êrj tic- 's. C processo de alistanonto , por exenplo, findo o praso es ti- pulado pola lo i (10 de fe ve re iro ), passou a ser fe ito , clandestine nente, na casa do oscrivao da Junta, Álvaro O va (futuro chofe de

p p líc ia n governo Seabra), que "q u a lifica va a quen bon entendia , fazendo desaparecer as petições dos adversários quc lhe chogavan 's nãos ou fo r j ic a n d o nelas despachos ir r ita n te s , fundados en su - posto inpodir.ento por doença do Ju iz " (4-7).

Enbora na Bahia, onde contava con o apoio do t^da a engrena- gen govemanental, Rui Barbosa fosso vencedor, as e le ições de 12 de narço do 1910 doran a v itó r ia ao Mal. Homes da Fonseca, que ob teve 403.867 votos, centra 222.822 conferidos a Rui Barbosa (48).

.Fundação do Partido Denocrata .־4A ascensão do Mal. Hemos à Presidencia da República^ c^nsu-

nou o esnaganento do P .R .B . que, osfacolado, vinha-se arrastando desde 1907» o tornou possível o surginento do segundo partido tico» o Denocrata, que caracto riza־ o porí^da "b ip a rt id a r is ta " dc1907 a 1911•Jv Anós a׳s ele ições presidencia is , a "Junta Republicaria pro-Her ncs-Wencoslau" convocou a reunião de una asscnbléia para o dia 15 do narço, visando a organização de un partido que, contando con o apoio pres idencia l, passaria a atuar en oposição ao governo do Es- tado. Do asscnbléia fa r ian parte "os representantes da Bahia no parlanonto federa l o estadual} os delegados dos d iferentes d is tr i-

(42) È a s l í^ í r i ê u n a i S ú p e S ô r^ le ít^ ra l. Dados E s ta t ís t ico s eloiçÕGs federá is e estaduais. R io , 1952, p• 19, apud Eul Soo Pang op. c i t . p. 134־•

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tos da C ap ita l, os dolegados dos diversos nunicípios do estado e os cidadãos de reconhecida in fluência p o lít ic a , que foren convida- dos pela Junta" (1+9).

Con o desapareeinento, nos prineiros an״ s do século XX, de Alneida Couto (1900), Manoel V itorino (1902), barão de Gerenoabo ' (1903), Rodrigues Lina (1903), Cesar Zana (1906), Arthur Rios (1906) e tc . , restring ia-se, cada voz na is , as "in flu en c ias p o lít i- cas" da provincia. Elenentos de una nova geração, cono Otavio e Joao Mangabeira, Pedro Lago, Antonio Moniz e tc ., apenas surgian no cenário p o lít ic o . In e v itá ve l, portanto, que para a frm ação do no- vo partido, apelos fossen d irig idos aos chefes e p o lít ico s de pres t ig io das duas facções existentes. A facção "s e v o r in is ta " , contudo recebeu o convite que lhe d ir ig irán s "seab<״׳ ristas" cono un verda- deiro u lt r a je . Julgava-se en "condições de a ttra h ir e não de ser a ttrah ida; de acce ita r collaboradoros e não de (se) deix8r d issol- ver" (50). Ib l ít ic o s que tinhan participado da canpanha "he itiis ta1} cono Doningos Guiñaraes e Antonio Calnon, verdadeira in fluencia o- le i to r a l , recusavan-se agora a fazer parte do novo partido. Jose Gonçalves, confessando-se "un in vá lid o ", dado o seu precario esta- do de saude (51) recusou o convite, cono fizeran rutros chefes po- l í t i c o s .

Seabra viu-se, portanto, inpelido a unir-so con Luiz Vianna. No entanto, apesar de afastado da vida p o lít ic a por cerca de 10 a- nos, o ex-governador da Bahia pemanecia estignatizado nelas cías- sos conerc ia is . A burguesia conercia l não v ia con bons olhos a pa£ ticipação de Luiz Vianna na organização do novo partido, conside - rando-a nesno concuna "hunilhação ao pundonor" dos seus nenbros(52). A exclusão do seu none da Conissão Executiva do partido, fo i o neio encontrado pelos "seab ris tas" para conquistaren as siripa - t ia s da classe conercia l (53)• \

(W?) M ario de N o tic ias . 3 nar. 1910.(50) D iarios da Bahía ~ 6 nar. 1910.(51) D iario de N o tic ias , 17 nar. 1910.(52) A Bahía. 16 nar. 1910.(53) Moniz de Aragao. op. c i t . p. 318.

nar. è Aragao,

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A organização de un novo partido nerecia ainda a repulsa das duas facções do P.R .B . porque julgavan inconcebível, face à dininu ta "população e le ito ra l" da Bahia, o surginento de una te rcc ira a- groniação po lítica•

C nelhor neio de persuasão encontrado pelos "seab ristas" pa- ra conquistaren adesões, fo i to lografar a todos os nun icip ios, co- nunicando que a organização do pnrtido contava con o apoio do Go - vemo Fodoral (5*0 - recurso que não constitu ía una inovação nos costunes p o lít ico s vigontcs.

Tendo, portanto, cono ponto do origen a "Junta Republicana nro-Homes-Wencoslau", fo i fundado, a 15 de narço de 1910} no an ti, go palacete Devoto, o Partido Denrcrata. Tanbén foran lançadas suas bases organcias cujo A rt. 1מ estabelecia cono órgãos do p?rtjL do a Assonbleia Geral, o Conselho Geral, a Conissão Executiva Con- t r a i , os d ire tó rio s nunicipais e d is t r i t a is c os delegados na Copi ta l da Republica. Anbicionando ma atuação que abrangesse todo o 1 Estado, o A rt. 200 dotominava quo on cada nunicípio e en cada dis t r ito da Cap ita l fosso criado un d ire tó rio conposto de 7 nenbros , "noneados pela conissão executiva e ouvidas as respectivas in fluên c ia s " . ( 55 )•

Da Conissão Executiva fazian parte 9 nenbrost Drs. J . J . Sea- bra, Francisco dos Santos Pore ira , João Lopes de CarvalhoJ Jose Bernardo do Souza B rito e J . E . F re ire de Cnrvalho F ilh o , o conenda, dor JoãoUnbelino Gonçalves, os Cels. Fredorico Rodrigues da Costa, Deraldo DLas o o doputado estadual Antonio Ferrão Mdniz do Arngão.

0 Conselho Geral ora constituído de 35 "doutores" (entre os' quais, Sinões F ilh o , Octavio Mangaboira, Lauro V il la s Boas, Costa' Pinto, Antonio Moniz Sodré do Aragão, Raul A lves), 32 coronéis (dostacando-se Antonio Pessoa da Costa 0 S i lv a , Mariano Wanderley, os denais sen verdadeira expressão p o lít ic a ) , 2 conselheiros (Luiz Vianna e Lopes de Vasconcelos), 3 cônegos, 1 conendador, 1 dosen ־ bargadnr, 1 cap itão, 1 farmacêutico e 2 não portadores do t ítu lo s . J . J• Seabra e Ubaldino de Assis foran os indicados para regresen - ta r o partido no Rio , in c lu s ive nas convenções para a escolha do candidatos à Presidência da República (56).

r . 1910.c ia s . 16 nar. 1910.

(56) D iario de N o tic ia s , 17 nar. 1910•

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O Partido Demócrata, solenemente instalado a 18 de narço, no " P — lythoann Bahiana" (?7)» não centava — cxcoto raras exceções<־c^n elementos do verdadeira in fluencia no Estado, os quais pemane coran f l c is no governo, segundo ns vínculos dc lcaldode ostnboleci dos pelo sistema oligárquico vigente* Entretanto, cantando con ' a, יpoio do G^verno Federal, que comanda va as o ligarquias regionais , sua marcha para a conquista do poder, acelerou-sc nos anos seguin- tes , consunando-se en 1912•

5• 0 acordó de Marco dc 1911» Ç "5p¿bvXmo''- en asconsao.As ele ições de 8 do janoiro dc 1911, para a renovação da Co-

r.vara dos Doputados o o terço do Senado, proporcionaran nos ״ sea ־ b ris tas" a conquista do prineiro grondo lance. A c ías c~ncorrornn os 3 agrup^nentos p o lít ico s lo ca is : o "s itu ac io n is ta " ( n a rc e lin i¿ ta en sua n a io r ia , desde quando Arrujo Pinho n~o chcg~u a formar ur!a corrente p o lít ic a ) , o "severin ista." e o "se a b r is ta "• Fo rta lec i dos con ר entrada do sou chefe no M in isterio Homes da Fonsoc־!, os "s c bristas" n~0 so confornaran cor1 o resultado do p<־ le ito c n^str¿ ran-se dispostos n in s ta la r sua. própria. Cânaro, oque re su lta r ia nuna duplicata d־׳ Leg is la tivo (?8 ).

Ante o inpasse estabelecido , o governo fo i conduzido a elabo ra r un acordo p o lít ico con a oposição, o que s ign ificava inverter- se o processô de aconodação quc ate aquela data se v e r if ic a ra no Estado: desta vez era a situaçã '1 que so subnetia às exigencias da oposição*

0 Ju iz Federal, Paulo Fontes, fo i o mediador entre as duas partes• 0 acordo fimndo entro a facção s ituac ion is ta do F .R .B . e o Partido Donocrata, ostabolecia una aliança entro esses dois gru- pos, conpronetendo-se anbos a "não nais se veren cono in in igos"(59 )j reconhecia ao Partido Democrata a representação dc 12 doput¿ dos o un senador no le g is la t iv o estadual, ficando assentado auc não c r ia r ia n eles a nínina d ificuldade à administração estadual $ por outro lado, a deputação baiana na Cañara Federal garan tiria ir! te iro apoio ao governo federa l onqunnto esto, segundo os padrões trad ic iona is da "p o lít ic a dos govomadores", p rostig ia r ia o Govor- no Araújo Pinho (60)•

(57) D iario de N o tíc ias . 19 mar. 1910•(58) Jo rna l de No^ c j ¿ ¿ , 21 mar• 1911•(59) Moniz de Arngao, op• c i t . p• 331*•(60) Jo rna l de N o tic ias , 28 mar. 1911•

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60.Tomando conhecimento dos termos do acordo, Seabra lembrou ao

Ju iz mediador que a Constituição garantia a minoria o terço nas re presentações e que, sendo a Camara constituída de 42 deputados, o terço era 14 e não 12, como queria a situação, ״ assim como de 7 se nadores, o terço é 2 e não 1" (61). Um meio termo fo i encontrado , segundo os moldes estabelecidos pela p o lít ic a de acomodação, fixafl do o 1*Acordo de Março" o terço dos deputados da minoria em 14• e o de senadores em 14

0 acordo, que fora aconselhado por Rui Barbosa e que era v i¿ to pela situação como a única chance de sobrevivência, nas circuns tâncias do momento, contava tambem com o apoio das classes comerci a is , que temiam serem seus interesses "seriamente prejudicados"com uma possível residencia do governo lo ca l . (62).

Esta fo i, 1*possivelmente, a única (vez) em que o p rincip io de representação da minoria se fez va le r, no plano estadual" (63),0 que, no entanto, não s ign ificava uma evolução no sistema p o lit i- co v igente. A minoria "seab ris ta " lograra fazer-se representar,não só porque o chefe do seu partido ocupava o M in istério da Viação e Cbras Publicas, mas tambem porque contava com 0 apoio do Presiden- te da República^que continuava a ser o supremo árb itro nas p o lit i- cas estaduais. \

6. A sucessão governamental de 1912. As candidaturas Seabra 0 Domingos Guimarães.

Preparado o grande degrau para ascender ao poder em 1912,Se¿ ! bra teve a sua candidatura ao Governo do Estado oficialm ente apre-i sentada pelo Partido Democrata, em 8 de junho de 1911 (64).

C lançamento da candidatura Seabra atordoara "s itu ac io n is - tas" e "s e v e r in is ta s " . Na ausência de José Marcelino, Severino Vi- e ira , habilidosamente, através do"Diário da Bahia", lançou a candi datura Domingos Guimarães. Seu nome, dentro das circunstâncias po- lx t ic a s do momento, parecia ser o único que poderia oferecer re -

~ (61) Seabra a Paulo Fontes. R io , 27 mar. 1911• D iario de Np-t íc ia s 28 mar. 1911•

(62) Araújo Pinho fo i aconselhado por Rui Barbosa a finpar o acordq de marçoj mesmo quo para isso tivesse que se submeter as"i- nevitave is exigencias" daquele m om ento.dificil. Preferia o Conse - lh e iro Rui "m elindrar seus sgntimentos" a te r , ta lvez , a perda "to ta l da situação bahiana". D iario do N o tic ias, 22 o 23 m^r. 1911•

(63) Nolson de Souza Sampaio• "Meio Seculo de P o lít ic a Bahig. na", in Revista B ra s ile ira de Estudos Ito lit lc o s « n ° 20. Bolo Hori- zonte, 1966, p• 113•

(64■) Moniz de Aragio, op• c it• p• 351•

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ÒJí•

sistência ao de Seabra. Alón dc nar te r arcas do a tr ito na p o lít i- ca estadual, no plano federa l poderia inpor-sc, desde quando era ¿ nigo de Hornos da Fonseca 0 tinha participado ativanente da sua canpanha e le ito ra l. Contou con o apoio do Governador Araújo Pinho j do qual era anigo ín tin o . Cs "n a rc o lin is ta s " , no entanto* opusoran so a essa candidatura, considerando que não estavan os ,'severin is- tas" on condições■de guiá-los, "no atual e d i f í c i l r.^nont״ da pol£ t ic *baiana" (6?) ר׳

Enquanto a riva lidade entre ^severin istas" e "n a rco lin is tas " atuava conn fa to r de desagregação do partido s itu ac io n is ta , Seabra desenvolvia sou esquena, apoiando-se en Mario Homes da Fonseca¿ f ilh o do Presidente que, o lo ito para o Congresso Federal pela Ba - h ia , logo tornou-se o l íd e r dos deputados baianas do P.R.B» (66).

Novo estínulo su rg iria pnra quo Seabra continuasse a perse— gujr o poder. C Gal. Ehygdio Dantas Barreto, até então M inistro da Guerra de Hemos da Fonseca, con o apoio das forças amadas fedo - ra is , obteve o controle do Pemanbuco en 1911• Era a "p o lít ic a das salvaçõos nacionais" que vinha dando combate às o ligarquias regio- na is. No entanto, se o propósito in ic ia l das "salvações" fo i a l i - j3 r as oligarquias do poder, ela evoluiu p^ra un plano que visavn ' inned ir a candidatura dc Pinheiro Machado na eleição riresidoncial ׳ dc 1914■. Capturando os governos dos Estados, através das "sa lva ções", os an ti-p inho iristas esperavan desencorajar o senador gau - cho, afastando-o do Norte do B ra s i l, onde as o ligarquias regionais através do P .R .C ., poderian lança-lo a sucessão do Hemos, eri 1914־(67).

P^ra Seabra, que se tom ara un dos líd e res an ti-p inhe iris tas o quo há algun tenpo asnirava à govomança da B־?hia, a "p o l i t ic ? ז das salvações" veio favorecer e f a c i l i t a r seus planos•

A a^reeensão c as dissensões dentro do partido situacionistr. aunontavan, na nedida en que a candidatura Seabra recebia apoio de elementos in fluentes do P ,R .B . , cono o Cons. Carneiro da Rocha, in tendonto do Salvador (68), Miguel Calnon, Vorrne dc Abreu, dentro

^ 1bidon, p. 350. , ״(66) Fernando Setenbrino de Carvalho. Menorías. R io , 1952.

p• 106• apud Eul-Soo Pang, p. 137•(67) Eul-Soo Pong, 137 •ס.(68) P ia r lo de N o tíc ia s . 8 ju n . 1911.

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outros (69)» chegando nosno a c^nstitu ir-se , dcntr° cio partido,una córrante declaradamente fav^rávol ה candidatura do M inistro ׳*a Via ção 0 Cbras Publicas•

As divergências internas do P.R .B . tornaran-se nais n ítid a s , e pareciam aesno incontom avois, quando da apresentação do candida, to o f ic ia l do partido à governança estadual.

D^ningos Guinarães, lançado por Severino V ie ira e c^ntand־׳' con a sinpatia e o apoio dos ״govem istas", não fo i aceito por Jo- sé Marcelino, que manifestava suas preferências nelo presidente do Senado, Cônego Leoncio Galrã'1־. Este , por sua vez, não cantava con' as s inpatias de Rui, non cor' o apoio do Severino, o tanben não s - gradava ao ',hemi sno70) ״). Rui, que se recusava a a ce ita r un can- d idat״ "h e m is ta " , cono Dming^â Guinarães, contribuiu oara aunen- ta r a dissensão do partido lançando un te rce ir n^no, o deputado e ■'׳cx-chcfe de po lic ia n״ govern•■׳' Marcelino, J^sé M-iria Tourinho, que não despertou qualquer receptividade.

Depois de te r sido apresentado, no Senado Estadual, un p ro j¿ to sobre inconpatib ilidados e le ito ra is , cujo ~>bjctiv׳' evidente era iOTíedir a candidatura Soabra (71)» a C^nvençã^ do Partido Remibli- cano da Bahia reuniu-sc, no "Theatro Sã־ J ׳ã<״׳ n , a 30 de julho de י 1911» sob a presidencia do senador J^sé Marcelino. O n a presença1 de delegados dos d is tr ito s da c a p ita l, dos municipios do in te r io r , deputados federá is, senadores e deputados estaduais, procedeu-se a votação dos nonbros da Conissão Executiva, do Conselho Geral c do' candidato do partido ao governo da Estado. F^i e le ito Dnnjngos Ro- drigues Guinarães (72), que teminou por surg ir corn candidato de conciliação . Nb entanto, ainda ao escolher seu próprio candidata , o P .R .B . perdia terreno. Tivera que se subnetor a p ' l í t i c a de aco- nodação, ao invés de d ita- la , indicando un none que ia de encontro a batalha que travara em defesa do c iv i l is r r ! . |

(69) Moniz de Aragão, op• c i t . p. 351 0 355»( 7 0 ) lb ldgn, p .3 7 5 ״(71) as discussões en torno do projeto nfi 9> apresentado a 7

do ju lh o> foran as nais agitadas c acirradas possiveis, orolongan- do-se ate 17 de agosto de 1911» quando fo i aprovado•

(72) D iario de N o tíc ias . 31 JpvOL• 1911•

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63.

7. A ronuncla Arau.io Pinho. 0 bonbardeio de Salvndor.Seabra no poder.

Embora Seabra surgisse no cenário p o lit ico cono o nais prová- vg I vencedor, amparado no Govcrno Federal e conquistando ad6sões dG elementos até então ligados ao P .R .B ., o partido governista con tava con a maioria dos leg is ladores, o quo poderia garantir-lhe a v itó r ia , no processo dc reconhecinento. Contudo, inesperada mudan- ça processou-se na p o lít ic a baiana.

A 22 de dezembro, uma semana antes das e le ições, Araújo Pinho renunciou ao governo, alegando precariedade de saúde, pelo que não poderia continuar na chefia do Executivo. Na verdado, Araújo Pinho cansara-se de "ser um governador governado " e a p o lít ic a do con- temporização com o "grupo d irigen te" liderado por Bernardo Jambei. ro , faz ia con que as rédeas do govcrno cada voz nais escapassem- lhe das mãos. A lér do na is, e esta possivelmente t6nha sido a prin c ip a l razão de sua renuncia, Rui Barbosa aconselhara a nudanca do Leg is la tivo para Jequié (73) e queria que as eleições fossen adia- das dc janeiro para maio, época en que v o lta r ia a r6unir־ sG o Con- gresso Nacional. Com o Leg is la tivo nacional en fe rias ,0 Governo Fo. deral te r ia mais liberdade de atuar a favor de Seabra. Ante a recu sa de Araujo Pinho em executar essas mudanças, Jose Marcelino fo i o encarregado de obter a renuncia do governador (7/1).

Ncgando-se 0 substituto leg a l, côncgo Galrão (presidente do Senado), a ocupar a chefia do Executivo, Araújo Pinho fo i in te rin a mente substituido pelo presidente da Cañara dos Deputados, A u re lio ^ Rodrigues. Jíian a .

10 prineiro ato do seu governo, para o qual contava con a au- torização de Rui Barbosa, fo i convocar extraordinariamente a Assqji b lé ia Geral que so reu n ir ia a 15 d6 jane iro , na cidade de Jequié. Embora 6sse ato se bas6asse na necessidade de resolver-se sobre a renúncia de Araujo Pinha e de. f ix a r o .d ia da ele ição do seu suc£g, sor (75), 6stava c la ro , principalmente cansiderandQ-se_.a d lf lc u lr dade de acesso 6 comunicação coa Jegu le , que 6sta fôra a maneira , lega l ou não, encontrada pela situação para e v ita r que as forças federais pudess6m in flu en c ia r no d6senrolar da e le ição . 1

(73) Raul Alves de Sousa, op. c i t . , p. 177•(74) Moniz de Aragão. op. c i t . pp. 398/UOO.(75) ibidem, p. kOT.

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Se os resultados fossen favoráveis a Seabra, a Assenbléia, a tuando livrenento no processo de "reconhecinento", facilnente procedoria

sua "dego la". |Os acontecinentos no cntanto so precip itaran: a nobilização"

das forças "soabristas" no Rio e en Salvador; a dualidade nonen - tanca do Leg is la tivo ; a recusa do governo 0מ atender ao "habeas ־ corpos" concedido pelo Ju iz Federal na Bahia, Paulo Fontes, ?os le gisladores "se a b ris ta s ", liderados 610כי barão de S. Francisco; a requisição dc forças federais *)elo Ju iz Paulo Fontes; פ recusa de Aurelio Viana en se deixar d issuadir, en relação à reunião do lc - g is la t ivo on Jeq u iá ; a proclamação da 7a Região M il i t a r e, f in a l - nonte, o bonbardeio dc Salvador, a 10 dc janeiro de 1912 (76).

Tal o distancianonto c as d ificuldades de corfcnicaçõcs con Jequiá que, nesno após o bonbardeio 0 o governo do estado entregue ao Cons. Braulio Xavier, as sessões nreparatória nara a reunião ox traord inária do le g is la t ivo continuaran a sor realizadas, sob a presidencia do deputado Pacheco de C liv a ira c nais 13 deputados , ate 14• 10׳ janeiro de 1912 (77)•

Seabra chegou à Bahia a 27 de narço, vesnora las elo içõos. A intervenção federa l, cnbora não decretada o fic ia ln o n tc , donara a o posição. A Assembléia Geral, que tin h a oncerrado sous trabalhos a30 do janeiro dc 1912, fo i convocada extraordin?rianento, reunindo se nr dia inodiato (29 de narço). Com a presença de 36 congressis- tas (11 senadores o 25 deputados), prosididos polo barão do São Francisco, rapidanonte procedeu a apuração das ele içõos. Soabra f^ i o vencedor, con una osnagadora n a io ria do 66.956 v^tos, contra 2.695 conforidos a Doningos Guinarães (78).

Tendo capturado o poder através da p o lít ic a das "salvações nacionais", que pretondia o aniquilanonto das o ligarquias regio - na is, Seabra — garantindo o apoio dos "coronéis" 0 estendendo a ¿ ção do seu partido a todo o Estado estabelocou na Bahia un don¿ nio oligárquico cono até ontão ela nã״• conhecera•

(76) José de Sg. 0 Bonbardeio da Bahia 0 seus E f fe ito s . Ba ־h ia , C ffic in as do Di ר r io da Bahia, 191§• PP• *+29'579.

(77) "Actas das sessões proparatorlas". Arouivo do I.G .H .Ba..pasta 7» doe. 7•

(78) Gazeta do P-vo. 29 nar• 1912•

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t í .

Na realidade, durante o oeríodo •íureo das olignrquios no Bra. s i l , a Bahia nao tcvo un chofo p o lít ic o , cuja força do nando c c^n tinuisno no podor pudosscn sor equipirad^s a do un A c io ly ou a do un Rosa e S i l v a , por oxooplo» Agora, quand^ a investida n i l i t a r ia aniquilando o podor oté ontão absoluto desses chofos p r lit ic ^ s oni_ p^tantos, do Norte e Nordosto do B ra s i l , Seabra, reconhecido o pro e l הבזה do govornador, narcaria o apogeo do poder oligárquico na Ba ־ hio.

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vtf• Faso de ״ Partido Dominanto" - 1912/1922

Seabra fo i elevado 30 poder na c ris to da onde "sa lvac io n is - ta״ o nolc se alojou durante 12 anos, pois o quatriênio Antonio Mo niz n~o quebrou essa linha dc continuidade. C longo dominio oligáj; quieo que estabolaceu na Bahia explica-se não só em função de su•־' forte porsonalidade e do seu podar carismático insofism ável.A esse fatores aliam-se a concepção re a lis ta que tinha da p o lít ic a . Torne va-se raalcávcl e f lc x iv c l , quando as circunstancias do momento assim o aconsolhavna. Soube amoldar-se c fazer com que a elo se a - moldassem os rígidos elementos in fra-estru tura is da soeiedado. Com bater, por exemplo, os pequenas, independentes e r iv e is grupos o l¿ gárquicos, disseminados por todo o Estado, equiva leria a abdicar o poder. Como os "salvadores״ dos demais Estados da federação, Sea - bra p referiu conquista-los e a tra i- los para sua esfera de influen- c ia , pois d isto dependeria sua maior ou rac-nor vigencia p o lít ic a . C partido que nele sc person ifica , o toda uma leg is lação cuidadosa - mente elaborada, seriam os instrumentos de que lançaria mão para essa conquista.

C Partido Republicano da Bahia falhara em estender sua açãonos "onclaves^coiVJnclj.ütüíJ do in te r io r c esta fa lencia serv ira deestímulo à consolidação do poder dos coronéis, que nos seus redu -

^ / \tos solidamente ed ificados, exercem funções analogas aquelas do go vemo estadual. As riva lidades entro as claquos personalísticas do P .R .B ., após a cisão de 1907, minguara o mesno anulara a disposi - ção in ic ia l do partido de in tegrar os vários núcleos p o lít ico s in-

* o* *torioranos a C ap ita l. Continuou a pof>ulaçao sertaneja a obedecer a voz de comando dos seus coronéis. !

Também o Partido Democrata, ambicionando uma ação abrangen - te , tratou de disseminar, nos diversos municípios do Estado e em cada d is t r ito da C an ita l, um d ire tó rio do partido. No entanto, es- ta ten tativa de centralização do poder não se fa r ia sem o confron- to com cerradas res is tên c ias . Na verdade, a fase que se estende de1912 a 1922 corresponde à mais turbulenta que a Bahia conheceu na Primeira República.

As velhas lideranças p o lít ic a s — Luiz Vianna, Severino V ie i ra e José M arcelino — articulam -se e desafiam o domínio "seabris- ta ’׳ . Pinheiro Machado e , posteriorm ente, Rui Barbosa já na fase f i

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¿7.

naL desse período, são as grandes molas nestras que impulsionam um sempre improvisado, mas bem elaborado esquema oposicionista.

A p o lít ica de acomodação faz do contrad itório una constante en todo o processo po lítico-p artid ário da Bahia. Cs interesses in- d ividuais conjugan-se as circunstâncias do nonento e os nais ines- perados e incoerentes arranjos p o lít ico s revelam que a é tica p o lity ca tem os seus próprios padrões de nensuração. Assim como Seabra que lid e ra ra o "hem isno" na Bahia, será o patrocinador da candid¿ tura Rui Barbosa à presidência da República, o chefe do " c i v i l i s - no״ tanbén já não se nostrará t io preocupado con os "nales do n i l i ta r isn o ". Esquece antigas desavenças e aceita o patrocín io . In in ir gos p o lit ico s extrenados, os ex-governadores Luiz Vianna, José Mar colino e Severino V ie ira , sentan-se ao redor da nesna nesa, obede- cendo ao toque de reun ir do G e l. Pinheiro Machado. Juntan suas fo r ças o estabelecen uma 1״entente״ que toda a provincia recusava-se a acred itar pudosse algun dia v i r a efe tivar-so . J

1• 0 Partido Republicano Conservador. Sua ran ificacão 1 -ףי1ף^ « no poder.

No plano fed era l, o problena do conbate às o ligarqu ias, for- tenente enraizadas nos diversos Estados,ressurge con naior in tens¿ dado. Os n i l ita r e s que apoiaran Hermes da Fonseca engrossan o coro das oposições que veem no continuisno daqueles grupos dominantes un nal que precisa ser estirpado para a salvação do regine. Na ver dade, desejam apenas substitu i- las no poder. Ante*a in tensificação das investidas do setor n i l i t a r , que ambiciona o controlo da poli- t ic a nacional 0 o aniquilamento das o ligarquias estaduais que res- ponden AP seu comando, Pinheiro Machado coordena a fundação de un partido que, pretendendo ser nacional, pudesse lhe garantir o con- tro le das p o lít icas estaduais e o domínio da situação. Com esse ob je t iv o , una c ircu la r assinada por e le , Quintino Bocayuva e nais 48 hern istas, entro os quais J . J . Seabra o Severino V ie ira , é envia - da, a ? de novenbro do 1910, aos chefos p o lít ico s estaduais que so identificavam con o "hormismo". Contendo as bases do partido que pretendiam fundar, " com os elementos conservadores que apoiaram a candidatura Homes" C l), a c irc u la r marcava para 17 de novembro uma convenção nacional•

Oligarcas estaduais, como Rosa e S ilv a , p»1rcebendo o sentido(1) S ia r io de N o tíc ias . 12 e 17 nov. 1910.

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do novo organismo p o lít ic o , manifestaram-se contra sua fundação ,não so porquo "poderia enfraquecer a ação e a autoridade" do pres¿dente, mas porque in te rv ir ia nas p o lít ica s dos Estados, aos qu״isera necessário "assegurar a l iv r e escolha dos seus renresentantes"(2)0 Repelindo qualquer especio de in te rferência nos negócios poli,ticos do seu domínio, o fnmoso caudilho pernambucano recusa-se a a

// " d e rir ao partido pinheirista•Apesnr do manifcstaçõos como osta, o Partido Republicano Con

servador fo i fundado o e le ita sua Comissão Executiva presidida por Quintino Bocauyva, se bem que Pinheiro Machado fosse, de fa to , o chefe do partido*

Com a intervenção m ilita r no Estado do Rio de Jane iro , tin h a in íc io a p o lít ic a das "salvações" — a derrubada dos partidos esta, duais que não apoiaram o "hormismo", sob o pretexto de, orradicar- da as o ligarqu ias, proceder-se a uma regeneração no regime re- publicano* Essa intervenção do governo federa l nas disputas parti- darias estaduais, fo i responsável pela grande instab ilidade do Mi- nistwíeHermes da Fonseca, conduzindo ao afastamento e substituição de vários dos seus colaboradores: Dantas Barreto (M inistro da Guer ra ) que surge como a figura com o prestíg io necessário para liq u i- dar o "rosism o", instala-se no governo de Pernambuco; Seabra, do M in isterio da Viação, preparou cuidadosamente seu plano o logrou capturar o governo da Bah ia ; Marques de Leão (M inistro da Marinha), opondo-se tenazmento ao bombardeio da Bahia, demite-so do gabinete m in is te r ia l! Mena Barroto que substitu irá Dantas Barreto, não tar- dando a enredar-se na to ia das "sa lvações", no Rio Grande do Sul , fo i levado a demitir-so*

Espraiando-so por todo Norte do B r a s i l , as "salvações" atin- giram alguns adversários de Pinheiro Machado, como Rosa o S ilv a , mas, com maior peso, co n tr ib u iráp ara a perda dc muitos dos va lió- sos redutos oligárquicos que o general gaucho ajudara a levan tar , graças a posição proeminente que conquistara no Senado, controlan- do o processo do "reconhecimento de poderes" c im prim indo um cara- tor monolítico aos seusc׳aJnond¿d0c .Necessário so tom ava, portanto, e v ita r que a avalanche "salvadora" prosseguisse esmagando as o l i -

(2) Rosa o S ilv a a Quintino BocatfjRra. Pa ris , 15 de novembro do 1910, in P ia r lo do N o tic ia s« 14■ doz. 1910.

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garquias que como a dos Maltas (Alagoas), A c io lis (Ceará), Lomos (Pa ra ), eram-lhe solenemente f ié is .

Com a morte do barco do Rio Branco (M inistro das Relações Ex torioros)e-do Q u intino Bocauyva, cm 1912, Pinhoiro Machado concen- tra em suas mãos a condução da p o lít ic a nacional. So dc imediato não conseguiu e v ita r que ־׳ . sous amigos do Norte fossem substitu i- dos pelo m ilitarism o v ito r io so , soube aguardar que as condições ir! fra -estruturais da socicdado b ra s ile ira tomassem in ev itáve l o ro- tomo ao"status quo an te". Entño, o seu poder chegou a r iv a liz a r com o do Presidente da República. Tratou dc in je ta r nova vida às ramificações do P .R .C. nos diversos Estados, firmando, atraves do controle das p o lít ica s estaduais, uma base que assegurasse sua ele vação à Presidencia, cm 1914•.

Com a instalação do P.R.C. da Bahia, o Partido Democrata per dc sua individualidade, confundido-se com o partido p in h c ir is ta . A

1-on t e l « 0 « c־ ft ,Comissão Executiva do Pa rtido "Republicano! o a mesma do Partido Do- mocrata do 1910, sofrondo apenas uma pequena, mas substancial modi ficação . Luiz Vianna passa a ocupar o lugar do comendador João Um- belino Gonçalves. Esto publicamente declara que se recusava a inte grar um partido cuja fina lidade ovidonto era s e rv ir interesses ה ind ividuais (3 ). Nostc p a rticu la r , o P.R.C . mantinha uma linha dG cocrcncia cm relação aos domais partidos republic .ר nos. Tambem a %sua e l i te d irigente ora constituida do elementos pcrtcncentes as mesmas camadas socia is c económicas que integraram os organismos p o lít ico s an terio res.

A Comissão Executiva do P.R.C . ficou reduzida a 3 membros , com מ saida de Seabra, que as vosperas das e le ições surge como can didato ao Governo do Estado, apresentado pelo comité do P.R.C. (4•), apesar do sua candidatura já te r sido lançada pelo Partido Dcmocra ta em junho de 1911.

Numa fase em que as relações dc Seabra com Pinheiro Machado eram forçosa 0 aparentemente co rd ia is , chefes p o lít ico s provincia nos cuidam de m anifestar, diretamonto no senador gaucho, o anoio que oferecem à candidatura Seabra, num esforço de auto-projcção no

(3) Doclaração p o lít ic a dc João Umbclino Gomçalvos, 28 nnrço 1911, in Jo rnal dc N o tíc ias . 30 mar. 1911.

(4•) Gazeta do Fbvo. 10 jan. 1912.

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cenário nacional (5)• No entanto, nessa busca de afim ação de pre¿ t íg io pessoal a lu ta nais surda o in tensiva fo i a travada por Luiz Vianna. Relegado a מגז longo ostracismo! soube perceber o in tricado da questão p o lít ica 0 tratou de e s tre ita r suas ligações con Pinhe¿ ro Machado que, por sua vez, v ia no ex-governador o elenento capaz de inpedir o avanço do "scabrlsno״ na.Bahia» I

2. Rnnninento Seabra-Luiz Vianna. Dinensão das forcas en anta gonisno. Expurgo dos v ia n ls ta s .

Patrocinando a candidatura Seabra, os "v ian is ta s - alinenta ״van a esperança de, chegado o nonento oportuno, seu chefe ser ele- vado ao gQvemo da Bahia• Não dasconhecian que Pinheiro Machado a- poiaria qualquer ncdida que resultasse no afastancnto de Seabra do M in istério , nas tanbén confiavan — ante a recusa do chefe do ERjQ en ace ita r a indicação do Otávio Mangabeira para su b stitu ir o en - tão M inistro da Viação —־ que Seabra não viesse a ab r ir não do Mi- n is torio e, en consequência, apontasse Luiz Vianna para a chefia do Exocutivo baiano (6 ). Falhando essa previsão, un segundo lanco fo i tentado, con a apresentação do projeto das incompatibilidades e le ito ra is . Nenhuna evidência indica a atuação do ex-governador Luiz Vianna nessa trana, cujo objotivo era a fastar Seabra do Gover no. Contudo, não deixa do ser sintonático o fato do, no decorrer das discussões en torno do referido projeto, Luiz Vianna achar-se ausente, en viagen pela Europa. Desta forna, não so abstinha-se de qualquer nanifestação ou conpronetinento , cono oferecia às oposi - ções condições do atuaron nais desenbaraçadanonto.

Assunindo o posto de governador, Seabra tornou-se o chefe e_s tadual do P .R .C ., segundo noma vigente e constantonente por e le enfatizada. Luiz Vianna era menbro da Conissão Executiva ostadual e do conité cen tra l do partido. A riva lidade entre Seabra c Lu iz Vianna, que se mantinha de forma la tente e mascarada pela aliança fim ada em 1910, prosseguiu nun crescendo — enrijec ida agora pelo desejo ostensivo de nando — até a t in g ir o ápice, nun ronpinento tonpostuoso.

As divergências entre os dois p o lítico s baianos ganhan naior n itidez após as e le ições federais de 1912, no processo de roconhe- cinento de poderes e agravan-se quando a bancada baiana se reune

(5) A Gazeta do íbvo. 11 nar. 1911» publica, p. ex ., telegr§ na do barão Assu da Torre, chefe p o lít ico de Mata de São João, di- zendo-se o lançador da candidatura Seabra. Pinheiro Machada res por! de, en ternos de agradeçinento•

(6 ) Jo rna l de N o tic ias . 20 naio 1911•

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p-ra a escolha do sou l id o r . Numa atitude do independência, LuizVianna osc^lho Joaquim Piros Moniz do Carv־־lho o simplesmente conunica sua escolha no Governador da Bahia. Seabra quoria quo ה lide- /rança coubesse a Mario Hornos, no quel so apoiara on sua escalada governo 0 הר. , numa franca desaprovação, nem sequer responde ao te- legrama do Luiz Vianna. 17). A tensão chegou ao seu climax, quando Seabra resolveu a lte ra r a constituição da Conissão Executiva do Partido, dela excluindo aquoles que passaram a ocupar postos no Congresso, entre os quais Luiz Vianna c Antonio M^niz (8 ).

Ubia inesperada c intempestiva en trevista concedida por Luiz Vianna a ״ C Im parcial” do R io , a 2 de janeiro de 1913j criticando o governo da Bahia e fazendo severas restrições a atuação de Se.n - bra, consumou o divórcio de un.״ uni~o o re c ír ia por sua prónria for mação.

Antccipando-se a decisão da Comissão Executiva do Partido , Seabra respondeu cor um telegrama d irig ido a Luiz Vianna e a todos os deputados da bancada baiana, dcdl irando o senador desligado do Partido Republicano Conservador, do qual e le , " cono governador11 , era chego (9)• A Comissão Executiva do partido reuniu-se na mesmo dia (1+ de jane iro ) o referendou a decisão do governador, presente ' reunião• Rar proposta do Cel. Frederico Costa, o senador LuizVianna fo i expurgado, vez que seu procedimento " importava om trai.ç~o ao partido c a Bahia•״ A no tíc ia fo i transmitida aos senadores Pinheiro Machado 0 Urbano Santos* ao debutado Mario Hermes c do mais membros da bancada baiana c f ilia d o s ao partido (10).

]mediatamente a bancada baiana afirmou sua " in te ira solida - riodade moral o p o lít ic a " a Seabra (11 ) 0 telegramas chegaram dos diversos d ire tó rio s municipais — Canaviciras, Belm־׳nte, Camamu , Mata de São João, Pilão Arcado, Carinhanha, Remanso, Lenço¿.s, I - lheus etc• — taxativamente assegurando que "continuavam firmes 'י

(7) Moniz do Aragão, op. c i t . , p• 1+91*•(8) En trev ista de Seabra ao jornal ,*A Noite", do Rio in Jo r-

nnl de N otic ias . 11 jan . 1913•do NotAçl.aa, b jan 1913•

Q0) Gaceta do Rayo» 5 jan• 1913j telegrama de Seabra e Luiz Vianna. Bahia, 8 Jan• 1913» in Jo rna l de N o tíc ias . 11 jan. 1913•

a l) telegrama d6 Antonio Moniz, C^mp s França e tc . a OtavioMangabeira• Bahia, 7 Jan• 1913• Aroulvo Ctavio Mangabeira.

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ao lado do Governador (12).Provocando, no entanto, a defecção de alguns elenentos do

partido, a c rise p o lít ic a anunciava que a p o lít ic a baiana tonaria novos runos. Na Cañara Federal, Luiz Vianna arreginentou sete se - guidores — Fre ire de Carvalho F ilh o , Joaquin P ires , Deraldo Dias, Fe lin to Sanpaio, Carlos Le itão , Raphael Pinheiro e Pedro Mariani— na Cañara Estadual apenas quatro e no senado estadual dois.

Sinões F ilh o , 1 ° Secretário da Conissão Executiva do partido, recusou-se a partic ip a r da reunião que exclu irá Luiz Vianna do P.R .C ., conunicando a Seabra sua decisão de ״ deixar a atividade po l í t i c a Desligava-se, portanto, o d •(״ (13 ire to r de nA Tarde" do grupo "seab ris ta " 0 , gradativancnto, v a i assunindo atitude oposici on ista , chegando a in tegrar as facções da oposição, coligadas en 1919.1

Fbr outro lado, todos que aguardavam un pronuncianento de Rui Barbosa para defin iren suas posições, decepcionaran-se. Rui re cusou-se, torninantenonte, a e n it ir qualquer opinião en relação à questão. En consequência, con a nesna prudência procederán os "nar c e lin is ta s " . A facção "s e v e r in is ta " , inconpatib ilizada con as duas partes, tanbón preforiu nantor-se a lhe ia à disputa, ainda en ní ve is estritanente pessoais. Pinheiro Machado, depois de duas entre v is ta s con o Mal. Hemes, nanifestou claranente sua desaprovação em relação ao expurgo que v it in a ra o senador Luiz Vianna (1*0.

3• D ia lé tica das forcas P o lít ic a s lo ca is . Desafio ao Seabris-30.

A 6 de fevere iro , reunido en Assenbléia Geral, presidida pe-lo Cel. João Lopes de Carvalho, o Partido Republicano Conservador da Bahia, ainda sob o conando de Seabra cuidou de reestru turar seus quadros. A Conissão Executiva fo i anpliada para 11 nenbros,no entanto, do prim itivo con ité, apenas J . J . Seabra, o Cel. João Lo ־ pes de Carvalho e o Cel. Frederico A.R. da Costa pernaneceran. Cs "v ia n is ta s ״ , como o Cel. Deraldo Dias e J . E . Fre ire de Carvalho F i lho , foran excluidos, juntamente con seu chefe. Outros, porque ocu pavam lugares na Câmara Federal, deixaran de fazer parte da Conis- são* 0 deputado Antonio Ferrão Moniz de Aragão, por exenplo, cedeu

(1 2 ) JçraaA N o tic ia s . 8 jan . 1913 Q Gazeta do Fbvo. 15 jan . 1913.

(13) carta de Sinões F ilh o a Seabra. Jo rnal de Notíolãg. 7 jan . 1913•

(1*0 Jo rn a l de N o tíc ias . 13 Jan . 1913

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lugar ao seu pai, o Vice - Almirante Francisco Moniz Ferrão de Ara gao.

0 novo comité surgia forta lecido con a presença de chefes po l í t ic o s in fluentes cono o Cel. Antonio Pessoa da Costa e S i lv a , in tendente e chefe p o lít ico de Ilhéus, antigo menbro do Conselho Ge- ra l do Partido ; o barão de São Francisco, então presidente do Sen¿ do Estadual e Lauro V illas-Boas, agora secretario do partido (15)• C Conselho Geral, que tanbén fo i depurado, cresceu con nais 21 no- vos lugares que foran concedidos a chefos po lítico s do in te r io r que, durante a c r ise , prenaneceram f ié is a Seabra.

Mario Hermes, que pouco depojs seria reee le ito l íd e r da ban-cada baiana no Congresso, e Ubaldino de Assis, foran apontados co-no representantes do partido na Capital Federal. Seabra, que vclta, ra a ocupar o seu posto no c-mite p artid a rio , surgia, ostensivamen te, cono chefe do P.R.C. da Bahia•

Em consequência desse con flito de in fluencias pessoais, de a,ñor próprio ferido c de desejo crescente de mando, o donínio do Seabra seria desafiado durante a naior parto do seu nrineiro gover no e so v ir ia a afirmar-so plenamente, en 1915» apás o osfacolanen to da oposição v ia n is ta , con a morte de Pinheiro Machado, e após o controle e fe tivo por Seabra dos redutos c ro n c l is ticos do io to rio a

C lançanento do questão sucessória presidencia l impulsiona - r ia as quatro claques p o lít ic a s então existentes na R-3hin — 3

"scab ris ta ” , a 11v ian is ta ״ , a "seve r in is ta ” e a ” n a rcc lin is ta " — ft urna nova rcarticu laçSo#

Con o p rin c ipa l ob jetivo de impedir a candidatura Pinhcjro Machado, quo conta a p rin cíp io com a preferencia do Mal• Hemes,os Estados de Minas, Pernambuco, Rio de Jane iro , Bahia, Alagoas e Cea rá forman, com o beneplácito de São Paulo, a ” Coligação Republica- na” . C nono de Rui 0 apontado como o único que poderia desafiar o do General gaucho. Seabra não desconhecia que a maioria dos coliga dos era constituida das op:'sições estaduais, sem grande p o ss ib ili- dado! portanto, de acionarem a máquina e le ito ra l a favor do sou candidato. Contudo, já não nais gozando das boas graças de Homes

n 3 T W Uomissão Executiva ainda faziam parte o Col. C1־rlos Alves Gujm-rãos e o Dr. Aurelio Velloso, antigos membros do Consc- lho Geral, o novos elementos como Eugonio Gonçalves Tourinho e An- tonio Pacheco Mendos. Gazota do Fbvo. 6 fc v . 1913

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da Fonseca e incompatibilizado com Pinheiro Machado, assegurou-se do aPoio de Dantas Barreto (Pernambuco) (16) e apresentou o nome de Rui, contra c qual ha tão pouco tempo enpenjiaiihara suas for- Ças•

Na Bahia, fo i logo instalada a "Liga Popular Ruy Barbosa", presidida pelo capitão Cristovam Guimarães, com o objetivo de pro- mover "meetings" c iv i l is t a s , na Capital e no in te r io r . 0 orador era o major Cosme de Farias (17).

A 26 de ju lh o reuniu-se a 2& Convenção nacional dos c iv i l is - tas (a primeira em 1909)» que oficialm ente lançou, pela segunda vez agora, a candidatura Rui Barbosa à Presidencia da República. A31 de agosto de 1913, era reunião presidida por Barbosa Lima, fo i organizado o Partido Republicano L ibera l, com o objetivo de estimu la r aquela candidatura• Foi escolhida a chapa Rui Barbosa-/.lfredo E l l i s (senador por São Paulo), sendo Rui aclamado "primus in te r pa res" e chefe do partido ( 18) ,

Depois de muitas demarches, Pinheiro Machado termina por re- t ir a r sua candidatura, ante a recusa dos grandes Estado em-aceita- la• Campos Sales é agora o candidato preferido pelo Catete. Contu- do,es£a candidatura desapareceria com a morte do ex-Presidente em junho de 1913 e, então, as forças decisivas da p o lít ic a nacional — o governo federa l e as oligarquias dos grandes ostados — concen - tram-se no apoio às candidaturas Wenceslau Braz — Urbano Santos , oficialm ente lançadas na Convenção Federal que so reuniu no Senado a 9 de agosto (19). Não somente o P .R .C ., mas tambóm os "coligado^• que apoiaram Rui Barbosa aderiram a nova chapa, única que tinha vi, to r ia assegurada•

Na verdade, excetuando-se Pernambuco e Bahia, os partidários de Rui eram minorias estaduais, carentes de qualquer poder de deci são• Pareceu-lhes, portanto, ser p re fe r ive l acomodarem-se a nova situação do que amargar os dissabores do ostracismo. A Bahia ficou ; sozinha amparando a candidatura>Rui, considerada fruto de um9 " in - i genuidade p o lít ic a " ( 20)•

(16) Gazeta do ?ovo. 9 ju l. 1913•(17 ) Gazeta do ?ovo. 11 jü l . e 16 dez. 1913.( 18 ) a Tarde. 2 set. 1913•(19) Telegrama de Bias Fortes a Seabra. Gazeta do ft>vo. 10

set. 1913.(20) expressão do senador Antonio Azevedo in Mòniz de Aragac^

op. c i t . p. 517.

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A campanha sucessória presidencial causou profundas a lte ra - çÕqs na p o lít ic a interna da B^hia, onde as mais estranhas combina- çoes foram realizadas. Rui Barbosa deixnVa-so l ig a r ao governo Se¿ bra, contra o qual lu ta ra tão ardorosamente para que não se estabe lecesse. Aceita a acolhida e acomoda-sea situação, que lhe aceña- va aora a mais a lta magistratura do pais. Seabra, ate às vésperos , defensor do "hermismon, id e n tif ic a ־ se agora com o líd e r do "c iv i - lism o".

Através de Rui Barbosa» Seabra e José M arcelino,. que ha pou- co defrontavqm-se em campos opostos, entabolam aliança. Se bcm que Marcelino fizesse questão de acentuar a não fusão das duas facções p o lít ic a s ( 2 1 ), "m arcelin istas” e "ru is ta s " acomodaram-se ñas f i - le ira s "seab ris tas", o encontraram lugar na chapa e le ito ra l clabo- rada pelo governo: Alfredo Ruy, Leão Velloso, José Maria e J . J . P a l ma» como deputados federa is, o João Ruy, outro f ilh o do senador baiano, como deputado estadual ( 22) .

Se inverossive l parecia a união de Seabra com Rui e Marceli- no, maior surpresa despertou nos a r ra ia is p o lít ico s da Bahia a pos. s ib ilidade de uma"entente" entre Luiz Vianna 0 Severino V ie ira . Fto rém, ante 0 apaziguamento das forças "seabristns0 ״ "m arcelin is - tas", Pinheiro Machado fez ver as claques r iv a is , ” severin istas" 0 "v ia n is ta s " , a necessidade do estabelecer-se uma p o lít ic a mais la r ga que p o ss ib ilitasse a arrcgimentação de todas as forças disponí- vois, no combate a Seabra (23). Para tanto, 0 primeiro passo a dar seria a reorganização do partido, formalizando-se a exclusão dc Seabra de suas f i le i r a s . J . . .

11• Seabra expulso do F.R .C . A f.qccão governlstp % procura de um ró tu lo .

0 re tra tos de Pinheiro Machado e Luiz Vianna ladeando o do Mal. Hermes, na parede da sala onde se realizou a convenção do P^r tido Republicano Conservador, a 29 de agosto de 1913, ofereciam uma dimensão das forças que se congregavam no combate ao "seabris- mo".

Luiz Vianna, como o agente de confiança de Pinheiro Machado,

(2 1 ) A Tarde. 21 ago. 1913.(22) Moniz de Aragao, op. c i t . p. 518.(23) A Tarde. 23 e 28 ago. 1913 e Gazeta do Povo. 23 dezJ.913.

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presid iu a convenção que, em primeiro lugar, tratou de formular um duplo protesto: contra a tentativa de exclusão do Senador Luiz Vianna do P.R.C . e contra a atitude oposicionista assumida pelo go vernador da Bahia, em relação ao Presidente da República 0 ,?o Gal״ Pinheiro Machado.

Em seguida, os convencionais estabelecerajn um compromisso de "solidariedade in d e fe c tiv e l״ com o Cons. Luiz Vianna e o Gal. Pinheiro Machado, na defesa das candidaturas Wenceslau Br^z- Urba- no Santos (210. Uma nova Comissão Executiva fo i designada, compos- ta de 9 membros, entro os quais Alfredo Cabussu, presidente da Asso ciação Comercial, e /1ntonio Callón du Pin e /lmeida, chefe p o li ti- co de larga in fluênc ia no d is tr ito de Nazaré (25).

0 Conselho Geral do partido, ainda aristocratizado com a pre sença do Visconde de O liv e ira , contava com 25 membros, entre os quais predominavam os coronéis (onze), a seguir os doutores (o ito ) e em menor número os deputados (dois) e v igários (d o is ). Tendo ain da u/n conselheiro, a maioria dos seu membros carecia de expressiva represen ta tividade na época. 0 deputado federa l, Joaquim Pires Mo- niz de Carvalho e o Senador Luiz Vianna, chefe de fato do partido, foram indicados para representarem o P.R.C . na Cap ita l Federa l(26),

A p o lít ic a de acomodações, dinamizada pela inconstancia dos interesses ind iv idu a is , movia-se contra Seabra. /1gora, era ele c os "seabristas" os a lijados do partido. No entanto, desde a eclo - são da c r ise , perdido o apoio do Governo Federal e dos seus arau - tos, Seabra encontrava-se numa situação pendente dentro do partido. 0 fato de tão repetidamente afirmar sua condição de chofe do p a rti do, como a tentar convencer a s i mesmo, é bem revelador da preca - riedade de sua posição. A Convenção de 29 de agosto apenas formali zou umexpurgo que já se consumara havia algum tempo ( 2 7 ) .

(2U) A Tarde. 29 ago, 1913.(25) Landulpho Caribe de Araujo Pinho, /dolfo Viana (senado-

res estaduais), Fernando de Castro Rebello Kock, Eduardo D iniz Gon çalves (deputados estaduais), comendador João Um belino Gonçalves ,Amaral Muniz (chefe p o lít ico em Brotas), Guilherme Moniz (advoga - do), foram os demais membros.

(26) A Tarde. 30 ago. 1913.(27) A "Gazeta do Povo", jo rnal seabrista, ate 3 de agosto de

1913» in s is te em se id e n t if ic a r como "orgam do Partido Republicano Coservador״ Depois desta data, abandona essa inscrição .

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Com a expulsão de Seabra do P .R .C ., a facção govcrnista f i - cou sem urn partido formal• É então,que de modo mais palpável reve- la-se toda a a r t if ic ia lid a d e e inconsistencia dos partidos da Pri- meira República• Carente de um rótulo que nos demais organismos partidários tentava mascarar o personalismo dominante dos seus che fes, a fneção seabrista mostra-se a descoberto.» •״través de sua Co- missão Executiva que, passado o agudo da c r is c se recompõe, o par- tido governista, tateando à procura de um rótu lo , titubeia» o cha- ma a s i mesmo de "partido s ituac ion is ta , "partido republicano ״ ,""partido republicano da Bahia" e, finalmente, deixa-se rebatizar com o nome do Partido Republicano Democrata da Bahia (28). Contudo, pouca importância tem o nomo que ostenta. 0 partido permanece en— carnudo no sou chefe e ainda que, nominalmente, seu presidente se- ja o Cel• João Lopes de Carvalho, a lto representante da. burguesia comercial, o chefe é Seabra• Seabra e o partJLda•.

0 ob jetivo do P.R .C ., como o dos demais partidos república - nos, é vencer as ele ições, E a v itó r ia só estaria assegurada com o controle dos "curra is e le ito ra is " do in te rio r do Estado, Ambas as facções desenvolvem uma lu ta nosso sentido. Os "v ian is ta s ", a cada d ia , proclamam a conquista de novas adesões• Seabra trata, de asse- gurar-se da fidelidade dos seus "amigos", conduzindo-os, através dos jo rnais, a fazerem nova "profissão de fé " (29)•

5• Recuo da candidatura Rui Barbosa- A " t r íp l ic e .a liança" opo s lc lo n ls ta . Duplicata do le g is la t ivo ostadual.

Enquanto a disputa prossoguo neste terreno, inesperadamente, Rui Barbosa re t ir a sua candidatura• A 28 de dezembro de 1913» jun-tamonte com Alfredo E l l i s , lança um manifesto, alegando que a cri-

(28) Gazeta do Povo. 16 set. 1913 a 22 do dez. 191,4• A Comis.são Executiva do P.R,D. e a mesma indicada pela Assembleia Geral do P*R.C. de 6 de fev, de 1913, com algumas modificaçõesי Seabra deixa de fig u ra r nominalmente no comité p artid a riç e Jose /lvaro Cova, chefe de p o lic ia do seu governo e Pedro Tenorio Carneiro dftl buquerque,^substituem, respectivamente, o Vice-^lmiranto Francisco Moniz Ferrão de flrag׳ão e o barão do São Francisco• 0 primeiro f a l¿cera a 28 de ju lh o de 1914 (64 anos) e o segundo a 8 de junho de1913 (81 anos).

(29) telegrama de Seabra a íferio Hermes• Bahia, 13 set, 1913•Arquivo Otavio Mangabeira.

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se financeira quo assolava o pais faz ia -0 d e s is t ir de concorrer àpresidência (29)• No mesmo dia telegrafa a Seabra, reafirmando quea Situação (de) fa lência (do) país não comporta(va) candidatura p a rtid á ria " (30)•

Apesar da renuncia de Rui, Seabra manteve sua candidat-ura.No entanto, ao mesmo tempo em que se declarava disposto a sustentar sozinho|o|senador baiano, Seabra rendi״ homenagens a Wenceslau Braz cuja v itó r ia estava assegurada. (31)• Lançado a um verdadeiro pur- gatório p o lít ic o , por ter perdido o *poio do governo federa l, o governador da. Bahia julgou prudente acender uma vela a Deus e outraao Diabo.

r• acomodação dos d ive rsos setores o p o s ic io n is ta s , que prefe- riram ceder e incorporarem-se a candidatura Wenceslau Braz, em to r no da qual se aglutinavam as fo rças d e c is iv a s do p a ís , co n tr ibu iu Para que, tranquilam ente, o candidato m ineiro passarela v ico- jires i- àência à suprema m agistratura"d^ nação, ñas eltfcçõos dG 1Q de março de 19111•

No plano lo c a l , a re tira d a da candidatura Rui Barbosa resu l- tou na lib e ra ção das fo rças "m a rc e lin is ta s " , que agora já se apre- sentavam d isp o n íve is para novos a rran jo s .

Não demorou muito par» que, ao apelo de P inhe iro Machado, os grupos que faziam oposição ao governo Seabra e que entre s i mostra, vam as mais profundas incom patib ilidades — "m a rc e lin is ta s ״ , "seve. r in is t a s ” e "v ia n is ta s " — entabolassem uma " t r íp l i c e a lia n ç a " , a mais in con ceb íve l que se poderia supor v ie sse a o co rrer na p o l i t i- ca baiana*_\

As negociações que se vinham desenvolvendo desde os primei - ros meses de 191/i, ganham forma quando, a convite de P in h o iío Ma - chado, comparecem à sua casa, para uma reunião p o lít ic a , Luiz Tnannij josé Marcelino de Soúza e o deputado Augusto de Fre ita s (representando Severino V ie ira )• Observando que não desconhecia a incompatibilidade existente entre os tres ex-governadores, Pinhei- ro Machado concita-os a uniao e a execução de um plano, cujo p r i -

(29) Gazeta do Povo, lf i jan• 1911!•(30) ¿ Tarde. 2 jan. 191¿U(3 1 ) Gazeta do Povo, le f GV. 1912;.

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meiro passo seria a elaboração do uma chapa conjunta p.?ra deputa - dos federa is: Luiz Vianna daria 8 candidatos:os sete já f ilia d o s ao P.R.C. e que o acompanharam na Camara e mais Antonio Calmon,pr¿ ciosa conquista, dada à sua força e le ito ra l no 1C d is t r ito ; Severi. no apresentaria 5 candidatos à sua l i v r e escolha e José Marcelino também 5, entre os quais João Mangabeira, para contrabalançar a in fluência do irmão Otávio (3 ? ).

A 20 de dezembro de 1914, o ״D iário da Bahia" estampa um ma- n ifesto , explicando a necessidade de organizar-se entre os elemen- tos oposicionistas "uma res is tênc ia única, harmônica, tenaz e d e c i dida às incursões indébitas do detentor do governo do Estad o (.. . ) ? Para que se evitasse a formação do um le g is la t ivo unânime.

Nas ele ições federais (30 de janeiro de 1915), o F .R J } , ele- geu 14 dos 22 deputados, entre os quais Otavio Mangabeira, .Antonio Moniz, M&niz Sodré 6 Mario Hermes. Dentr6 os oposicionista coliga- dos foram reconhecidos Antonio Calmon, P ires de Carvalho, Carlos Leitão (v ia n is ta s ), João Mangabeira (m arce lin ista ) c Pedro Lago (seve rin is ta )*

Nas eleições estaduais (10 de janeiro de 1915) , o confronto das forças oposicionistas, que obedeciam ao controle remoto do Pinheiro Machado, com as engrenagens da máquina político-adm inis - t ra t iv a estadual, acionada por Seabra, resultou num inpasse: a du- p lic a ta de câmaras.

Tanto a Câmara governista, presid ida pelo deputado Pamphilo Dultra F re ire de Carvalho, quanto a oposicion ista, sob a presiden- c ia do deputado Ildefonso Ba tis ta de O liv e ira , funcionaram durante todo o período le g is la t ivo , do 29 de março a 7 de julbo de 1915 (33 ). Enquanto a primeira se reunia no prédio próprio, destinado ao Leg is la tivo , a segunda funcionava no cartó rio do Tabelião Afon- 30 Pedreira de Cerqueira, situado à antiga rua do T ijo lo (hoje 28 de setembro), nC 49• Em decorrência, ficou conhecida como a câmara do 49 (34 ).

Findo o período le g is la t iv o , a câmara oposicionista d ir ig iu

(32) Jo rn a l de N otíc ias . 17 e 29 dez. 1914 e Gazeta do Povo. 22 dez. 1914. “

(33) Bulcão Sobrinho "0 Homem do Norte - Luiz Vianna" in Re- v is ta fl? I.G .H ,B . . R io , Imprensa Nacional, 1963• v . 261, p . 30.

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tuna representação no Governo Federal, no sentido dc quc fosse re- conhecida sua legitim idade. Tal apelo fo i in fru t ífe ro . 0 panorama, p o lít ico metamorfoseara-se, recuperando suns cores antigas. Com a ascensão de Wenceslau Brqz à Presidência da República, o F.R.C. , gradativamente, fo i perdendo a situação p riv ileg iada que chegara a gozar no período presidencial an terio r. Po lít ico trad iciona l e conservador, ligado ao F .R .M ., Wenceslau Bra.z fez questão de de - c la ra r que, em questões p o lít ic a s , deixar-so-ia conduzir pelas preferências dos governadores estqduris (3 5 )•

6. Domínio pleno do Seabrismo: controlo do Leg is la tivo - do ־:mestlcacão dos coronéis.

A "p o lít ic a dos governadores״ retornava revigoradaJ>eu a Seabra novo alento, n0 tempo em que contribuiu para 0 arrefecimen to do F .R .C ., cuja morte coincid iu com a de Pinheiro Machado, ss- sassinado a 8 de setembro dG 1915• / oposição baiana desarticu lou se e,entrando num poríodo de hibernação, deixou campo l iv r e a Sea bra, que passaria a desenvolver seu esquema de domínio absoluto dn p o lít ic a estadual. 1

A concepção seabrista de governo desdobrava-se em dois n í - ve is , intimamente relacionados* o controle do le g is la t ivo e a do- mes t ic a ção dos coronéis do in te r io r . /

0 controlo do le g is la t ivo vinha sendo conquistado lentamen- te, desde o acordo de março de 1911, quando li!, lugares da câmnr^ foram concedidos aos seabristas. Esse número rapidamente "elevou- se a 18 e logo dais a 20, fora os indecisos, que estudavam 0 fluxo dos acontoaittentos" (36). Com o fortalecimento do governo estadu- a l, face 9 retomada da tra d ic io n a l״p o lít ic a do governadores", pas. saram os indecisos a entoar o canto da clique "seabrista״•

Os׳ senadores, que representavam regiões mais amplas, esta - vam mais su je itos que os deputados —־ lim itados aos seus d is t r i - tos — aos caprichos dos coronéis. Para e les, portanto, o meio mais seguro de conservarem seus postos era e s tre ita r suas re la ções com o governo,,que tin h a o controle do patronato e da p o li - c ia estadual (37)1 á certo que a Constituição Estadual dava ao Se

(35) A Tarde. U Jan. 1915•(36) Raul A lves , op• c i t . , p. 176.(37) Eul-Soo Pang, op. c i t . , p. 1U5•

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nado um importante instrumento de pressão sobre os coronéis, atra- ves da "verificação de poderes", mas sem o apoio do govcrno, como ficou patent6 G/n 1908 e 1912, os senadores mostravara-se impotentes. Compreendendo esta fraqueza inerente do Senado, Seabra a tra iu a maioria dos seus 21 membros p^ra o P.R.D. (38).

0 ano de 1915 assinala o dominio inconteste do poder ״sen b r is ta " , cuja escalada se fez tres lances, quasc simultáneos: aconsumação do controle absoluto do le g is la t iv o ; a reform? da Consti tuiçao Estadual e a promulgação da le i de organização municipal.

A 27 de maio de 1915» o Cel. Frederico Costa fo i elevado à presidencia do Senado Estadual. Era o homem de confiança de Seabra. De conselheiro e intondstlte municipal, passar׳« a senador estadual (1912), graças ao apoio de Seabra, 0ר׳ lado do qual p artic ip ara da campanha presidencia l pro-Berm6s/Wenceslau e da fundação do Par ti- do Democrata da Bahia, sendo um dos membros de sua Comissão Execu- t i va (39)• Com Frederico Costa a frente do Senado, Seabra consuma- ra o processo de domesticação do le g is la t ivo , ao tempo em que, in- diretamente, enfeixava em suas mãos — atraves do "reconhccim6nto de poderes" — poderoso instrumento do pressão sobre os até então indomáveis coronéis do in te r io r .

A reforma constitucional de 211 de maio de 1915 preparou o c ¿ minho para a le i de organização municipal, que seria o instrumento decisivo para a integração doincontrolável e desarticulado in te r i- or à Cap ita l do Estado. \

A Assembleia Geral, convocada extraordinariamente com esse objetivo (110), cuidou de reformar vários artigos da Constituição do 2 de julho de 1891, entre os quais o A rt. 65 que tratava da ad- ministração da ju s tiç a . As alterações introduzidas neste artigo es. treitaram a dependencia do poder Ju d ic iá r io , cm rolação ao Executi vo. Os juizes dos tribunais de comarca perderam a v ita lic ied ad e ; o

(38 ) ibidem.(39) Excetuando-se o pequeno in te rva lo de agosto deA1918 a a.

b r i l de 1919, o Cel. Frederico Costa permaneceu na presidencia do senado estadual de 1915 a 19B0 , ocupando por d iversas vezes, inte- rinamente, a cheÇia do Executivo, f revolução de 30 encontrou-o exercendo,_pela ultima vez, interinamente, o governo do Estado, em substituição a V ita l Soares. Bulcão Sobrinho. Relembrando o Velho Senado Bahlano. p. 21.

(Ü0) Gazeta do Povo. 14 out. 1914•

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Tribunal de Apelação fo i substituido ממן um Tribunal Superior do Ju s tiç a , perdendo também seus magistrados as prerrogativas de v it^ lic iedade e inamovibilidade (§üc)• Foi criado o Tribunal de Contas, composto de 5 membros v ita l íc io s inamovíveis, nomeados polo Gover- nador (A rt .7 1 ) .

Alterações bastante sensíveis foram também introduzidas 11o T ítu lo V da Constituição, referente aos Municípios. 0 Conselho mu- n ic ip a l continuava a sor escolhido por eleição popular d ire ta , mas seria agora renovado bienalmente pela metade, permanecendo o mand to de ¿1- anos. Se bem que o Art. 109, §8c, continuasse a reservar ao Conselho Municipal o d ire ito de reconhecer os poderes dos seus membros e do intendente municipal, o Art. 115 determinava que em caso de contestação de diploma, após a verificação de poderes pelo Conselho Municipal, haveria recurso pnra o Senado.

Nenhuma alusão fo i fe ita , na reforma constitucional, a e l6i- ção dos intendentes. Disto t ra ta r ia , logo a seguir, a l e i 1.102 de11 de agosto do 1915 (¿11) .

0 Art. 1L1 da le i de organização municipal confirmava o A rt a IO 5 § 1c da Constituição reformada, que garqntia aos mombros do conselho municipal, ao administrador e aos membros do conselho de administração d is t r i t a l a eleição pelo sufrágio d ireto e a duração de seus mandatos por h anos, renovando-se o conselho municipal, bi£ nalmente, pela metade dos seus membros. Introduzia, no entanto, substancial modificação no relacionamento de poder, passando os in tendentes a serem nonoados pelo governador, n com a aprovação do Senado10 § ) ״, A rt. l i ; ) . Estreitando, ainda mais a dependência das e lite s in terio ranas em relação ao poder cen tra l, o Art. 22 da nova le i confirmava o Art. 115 da Constituição, que faz ia do Sena- do um tribunal de última instância , também em relação às eleições pare os órgãos municipais# '

Cuidadosamente, Seabra preparou e engrenou todas as peças da*maquina po litico-adm in istrativ* do Estado, para o estabelecimento de uma firme centralização do poder. A le i 1.102 fo i a arrancada decis iva , firmando uma dependência d ire ta das e lite s in terio ranas, em relação ao Executivo.

, (Ü l) A lei^de organização municipal está publicada no prime¿, ro numero do "D iario O f ic ia l do Estadon, 1 e de outubro de 1915•

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Efetivamente, a l e i de organização municipal — antecedida por s ig n if ic a tive reforma constitucional — tornando o posto de in tendente de nomeação do Governador, p o ss ib ilito u a Seabra o contro le absoluto da maioria dos 8 * v * i c í p i o ? forneceu-lhe meios de contrabalançar as forças oposicionistas, nos municipios onde o F.R.D. era m inoritário ; tornou o leg is lador menos dependente do co ronel do in te r io r , desde quando estavam ambos ligados por vinculos de lealdade a um mesmo partido. De certa forma, reduziu t mbem o poder dos leg is ladores, pois sob a nova le i , a comunicação entre os chefes p o lít ico s e os leg is ladores, que anteriormente era dire- ta, agora se fazia a través do governador, o que, cm última analiso, s ign ificava o advento de urna d isc ip lin a p artida ria e urna re la t iv a minimização de atuação in d iv idu a l (h 2 ).

Para um to tal de 1/!1 municipios baianos, Seabra nomeou, de dezembro do 1915 a março de 1916, 135 intendentes. Dentre est6s , cerca de 65# eram coronéis e majores da Guarda Nacional, rauitos dos quais tinham recebido suas patentes entre 1902 a 1906, quando Seabra, como M inistro da Ju s t iç a , era quem as concedia 0x5)•

Certamente, as modificações na esfera federal forneceram a Stabra as condições necessárias para a execução de um esquema de dominação que não deveria fa lh a r. Introduzindo inovação substanci- a is no plano po lítico-adm in istrativo , ja na fase f in a l do sou qua- tr ien io , Seabra deixa evidente sou objetivo dc retornar ao Governo. oCi Ojjftc׳do Estado.B verdade que d ispositivo conát(/T¿• Z!8) impedia-o de re- eleger-se. Contudo, consolidada sua in fluênc ia pessoal, atrpves da atuação abrangente do P .R .P . , apontaria um candidato de ״bolso de co le te״ para sucede-lo, através do qual continuaria a conduzir a p o lít ic a baiana, garantindo a sua vo lta à chefia do Executivo, qu^ tro anos mais tarde.* J

7. 0 problema sucessório, antagonismos ln tra-p artid a rio s . ¿n- tonlo Moniz no Governo.

As facções oposicionistas — severin istns, m arcelin ista, via. n is ta — combalidas e desagregadas, não apresentaram candidato ao

(¿12) Eul-Soo Pag, op. c i t . p. 157

(U3) ibidem, p. 158.

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governo do Estado. Ante o fo rte controlo estabelecido por Seabra na p o lít ic a estadual, preferiram, prudentemente, não h o s tiliz a r o candidato governista. A oposição, no entanto, partiu de dentro da / wpropria agremiaçao s ituac ion is ta , corporificando disputas pessoais que até então se mantinham difusas e In ten tes.

A grande maioria do P.R.D. era constituida de f ié is seguido- res de Seabra, porem, outros dois agrupamentos podiam ser id e n tify cados dentro do partido: os seguidores de Otávio Mangnb6i r a , l íd e r da bancada boiana, e os de Rui Barbosa, cuja candidatura ao Senado Federal fora patrocinada pelo P.R.D. (/|/1) .

Embora Antonio Moniz fosseo e11׳»di3ato proferido, por^SGafora por dos seus melhores, mais dedicados 0 antigos amigos” (¿15) & cuja 10 aldade por certo garantiria o seu retomo ao governo em 1920, as outras duas aulas do P.R.D. opunham forte resis tênc ia a essa. Candi datura.

Rui Barbosa, considerando "r id ícu lo o partido não-ter outro nome" a apresentar senão o de 1׳ntonio Moniz (¿16) , indica, por ln - termedio de Alfredo Ruy, o desembargador J . J . da Palma, seu velho amigo. A carencia de líd e res e^uto-valorização dos integrantes de cada facção, contribuiram para aumentar as dissensões. Assim é que Jose Maria, anteriormente apontado por Rui à sucessão /1.rau jo Pinho, sentia-se agora melindrado por não ter merecido as proferências do senador baiano (¿17).

Otávio Mangabeira recorreu ao nome do ju iz federal Paulo Fon tes, que apesar de contar com as simpatias da bancada federa l, não encontrou receptividade no meio p o lít ico estadual» Sempre atuando na ״demarche" sucessória em conexão com Rui Barbosa, o líd e r da bancada baiana acaba por apresentar o nome do próprio senador, co- mo o unico em condições de opor res is tênc ia a um candidato apoiado por Seabra. Enquanto Rui t itub e ia , Seabra pondera não ser corwcni- onto afastar da cadeira do Senado qu®a " ocupava com g ló ria incom parável" (¿;8 ) . . .

(¿4¿4) Gazeta do Povo. 27 dez. 191¿! e A/Ta rde. 8 jan. 1915•(¿45) Seabra a Macedo Soares, in Moniz de Aragao, op. c i t . ,p .

538.(¿4.6) Moniz de Aragao, op. c i t . , p. 5¿48.(¿47) ibidem. , p. 5Í46;(¿48) ibidem, , p. 538.

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Habilidosamente, Seabra deixa a questão sucessória deslisa ran dois planos: no n íve l federa l, estimula as dissonsões, permitindo que a bancada federal so degladie, tornando cada vez mais d if i-c i l a fixação de um nome à sua sucessão. 0 tumulto aumenta, quandoSeabra, dizendo-se pressionado pela liderança estadual em Salvador,in s is te na realização de uma convenção partidária para a escolha.do candidato• Enquanto Rui objeta, julgando que a convenção deve -r ia ser homologadora e não e le ito ra , Seabra faz ver à bancada fedçrn l a necessidade de fixarem-so logo em taroc de um candidato, sobo risco de perderem o controle da convap^o. ^

No plano estadual, o Governado »■ condiciona sua sucessão a a-provação da le i de organização municipal. Ga.ranf^ aos seus partida.rio s que apontaria os intendentes recomendados pelos chefes p o lit i.cos lo ca is , tão logo a l e i 1.102 fosse aprovada. Em troca, pediria.apenas aos coronéis e doutores da p o l í t i c a e s tad u a l que apoiassemo candidato por ele^ndicado à sua sucessão (¿19)•

Garantindo o apoio estadual, através do controle das lideranças municipais, Seabra lança seu candidato, na Convenção do P.R.J).,reunida a 28 de agosto de 1915, sob a presidência do Cel. Frcderi-co Costa• A convenção fo i homologadora, conforme praxe p o lít ic aG como queria Rui, mas sancionou a candidatura Antonio Moniz, comoqueria. Seabra, 1

A questão sucessória lançou a primeiro plano a rivalidadeque, de forma crescente, o׳, se estava desenvolvendo o n tre í»#eaa e Ru! t><*< e Barbosa!que sempre fora o condutor e manipulador da p o lít ic a baia-na, através da sua atuação na esfera federal, via sua in fluenci a, aP a r t ir da campanha heraista, ser gradativamente subropujada pelade Seabra, que passara a dominar a p o lít ic a baiana. Seabra n~o desconhecia o p restíg io de Rui. Recomendara a *ntonio Moniz, nas a r t iculações in d ic ia is da campanha, que ח não deixasse de i r ao Ruy"(50) ,no que evidenciava o valor que dava ao apoio do senador baiano.Rui Barbosa, por sua vez, sentia o desafio do prestig io de Seabra.No desenrolar da campanha sucessória, ironicamente negava-se a re-conhecer que o partido estivesse d iv id ido , considerando que uma d i

(¿4-9) Eul-Soo Pag, op• c i t . , p. 163. (50) 1'foniz de Aragão, op• c it . p. 5U0.

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visão partid á ria só acorreria sc Seabra não fosse " o chefe podero- so do Partido Democrata, como dizem" ( 51) ״.״

Acusando Seabra de sozinho tGr manipulado e dominado a poli- tica baiana, Rui recusou-s6 a ace itar o candidato escolhido para ה sucessão estadual; chamando Seabra de usurpador da p o lít ic a baiana, formalmente rompeu suas ligações p o lít ic a s com o governador e o í.R .D . Parecia d i f i c i l a Rui suportar a cresccnte projeção que Se , bra conquistara na p o lít ic a estadual, atreves do P.R.D. For outro lado, com um governador subserviente, Seabra poderia v ir a substi- tu i- lo como o porta-voz da Bahia, também no plano federal (52), o que par certo seria in to le ráve l para o velho senador.

Otávio Mangabeira, ainda que se tivesse submetido \ decisão p artid á ria , acatando a candidatura Antonio Moniz, pouco depois do- cionstrou, ostensivamente, seu descontentamento, renunciando a lide- rança da bancada baiana• A 16 de outubro, Antonio Moniz passou ר lid e ra r os deputados federais da Bahia (53), sendo depois substi - tuido por seu primo, Moniz Sodré.

0 problema sucessório revelou não 9ó a precariedade de lide- res na p o lít ic a baiana, como tornou manifesta as.disputas, sempre em torno do interesses pessoais, dentro do P .R .D ., abrindo o cami- nho para futuras deserções, que o poder carismático e a habilidade p & ít ic a de Seabra conseguira contor• Ao seu sucessor faltavam es - ses dois requ isitos necessário à preservação da coesão nos p a rti - dos da Primeira República•

A 29 de março de 1916, Antonio Moniz assumiu o Governo do Es. tado, depois de ter sido sua candidatura referendada nas eleições de 29 d6 dezembro de 1915• A 31 de outubro do mesmo rno, Seabra se r ia e le ito deputado federa l. Num conchavo amigável, trocaram de posto• Contudo, o governador não herdaria o poder de Seabra• Este continuava como o supremo chefe do P.R.D• A aceitação de candida tu ra_ Antonio Moniz repousava na certeza de que Seabra permaneceria com as rédeas da p o lít ic a baiana. 0 próprio governador recem-enpos sado declarou que ״ não poderia jamais ser chefe de um.partido, ao qual se acha(va) f il ia d o o seu querido mestre. 0 P.R.D. encama(va)

(52) Éuí-Soo Pang,_op. c i t . p. 164.(53) Moniz de Aragão, op. c i t . p. 561

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as idé ias e os sentimentos do seu fundador. Por consequência, seu chefe, somente pode (r ia ) ser José Joaquim Seabra54) ״)•

Antes mesmo da posse de *ntonlo Moniz, o P.R.D. da Bahia rou niu-se em Assembléia Gernl e reelegeu sua Comissão Executive e o Conselho Geral. A Comissão Executiva ganhou mais um lugar que fo i dado ao l íd e r da maioria da bancada da Camara Federal, Antonio Mo- niz Sodré de Aragão. Apenas garantia ele o lugnr que lÔgo ה seguir seria ocupado por seu primo governador. Nesta mesma reunião de 23 de março, ficou resolvido que "0 Democrata" passaria a ser o "or - gão de publicidade" do partido (55), em substituição à "Gazetg do Povo", que deixava do c ircu la r .

Na primoira página, do seu primeiro número (16 de a b r il de 1916), "0 Democrata" traz estampados os re tratos dos mcr.bros da Co missão Executiva do P.R .D ., que apnrece m^is fo rta lec id a do que nunca, com Seabra na presidência. 0 governador, que mesmo através de a r t i f íc io s , sempre ocupara este posto, surge agora num segundo plano, como vice-presidento; o Cel. Joño Lopes de Carvalho, presi- dente formal da comité an terio r, é o segundo vice-presidente, en - quantoLáUPoVillas Boas cede o lugar de 1® secretário no presidente do Senado Estadual, Cel. Frederico Costa, passando às funções de secretário (56).

8. Sintomas de enfraquecimento no partido dotnlnantG. Repcrcus sões da !a Guerra M undial. Impopularidade do governo Anto- nio Moniz.

Ao co n s titu ir seu Secretariado, de acordo com le i votada nos últimos dias do governo Seabra, (57) ׳,ntonio Moniz deu à oposição os primeiros s ina is de a le rtn . Alvaro Cova que fo r׳» o "pombo-earrcio"

(54) ibidem, p. 602.(55) D iário O f ic ia l do Estado. 24 de março de 1916.

, (56) os demais memoros eram os Drs. ׳,ntonio Pacheco Mendes,Jose Alvaro Cova, Pedço Tenorio de Albuquerque, Campos França, Aure - l ig Velloso e os f ie is coronéis Antonio Pessoa e Carlos Guimarães . D l-rio O f ic ia l do Estado. 18 a b r il 1916, p . 3205.

(57) A le i 1• 129, de 23 de março de 1916, restabelecia a pltw ra lidade dos Secretarios de Estado: Secretaria do In te r io r , Ju s tiçae Instrução Pu b lica } Secre ta ria da Agricu ltura, Indústria , Comércio, Viação e Obras Pub licas} S e c re ta íia da Fazenda e Tesouro do Estado. D ia rio O fic ia l. 24 março 1916.

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m s articu lações da campanha sucessória, permaneceu como Secreta - r io de Po lícia• Raul Alves, indicado pnrn ?ז Secretaria do Interior, depois de tres meses voltou ה câmara Federal, sendo substituido por Gonçalo Monis, que "além de cunhado e primo, era intimo ״migo” do Governador (58), Outro Secretário , o Cel. Jeronimo Sodré, tam - bém párente do governador, p*ssou a ser Deputndo Estadu.nl, cedendo seu posto a Egas Carlos Moniz Sodré de Aragão, f ilh o do Governadon

0 nepotitoo posto eip p rá tica por Afttoniç Konlz, sem qualquer veleidade, ' , fo i um dos fatores que fez .rev ive r 1as forças oposicion istas, incubadas desde a queda do P.R.C.

f c r ise econõm¡co-financeira que na 3ahia, como no B ras il,d e forma geral, fo i profundamente agravada com o dcflagar da l c Guara M undial, contribuiu para a deb ilitação do governo e o fortalecim en to da oposição•

0 cacao e o fumo, p rin c ip a is fontes de re ce ita da Bahia, er^m maciçamente exportados para a Alemanha, assim como procediawda 1׳le manha quase todos os produtos importados pelo Estado* Também os banqueiros alemães eram os maiores financiadores dos grandes comear ciantes bainnos.Coin affilosão da guerra, o comércio da Bahia ficou praticamente paralizado, aumentando o descontetamento das classes agro-comerciáis o as a fliçõ es do povo em gera l. elevação constan t6 dos preços dos generos de primeira necessidade fo i o prato de quo melhor se serviu a oposição para atacar o governo Antonio Mo - n iz ״

A "carestia de v id a" e a penuria da população, no entanto , não or am fenomenos novos, aparecem em todo o doscnvol vimento da H istó ria do B r a s i l . Contudo tornaram-so bastante grav6s, ainda no governo Seabra, quando eclodiu a 1C Grande Guerra. Então, comités e "meetings" foram organizados contra a elevação do preço do pão , da carne verde, do xarque e de outros géneros de primeira necessi- dado, f multidão, bradando assustadoramente, postou-se frente ao Palacio do Governo. No entanto, para cont6r o sou ímpeto, fo i su fi c iente que Seabr* aparecesse numa das sacadas do palácio e fa lasse a multidão, prometendo fazer em seu benefício tudo que lhe fosse possíve l. 0 poder carismático que emanava do governador abrandou a multidão, qu6 terminou por aclama-lo, delirantemente (59í Estava ,

(58) Moniz de Aragão, op. c i t . p. 605(59) lbldem p. 587.

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pelo monos momentaneamente, contornada a crise*A personalidade e a popularidade de Antonio Moniz tinhaO di-

mensões muito pequeñas para conter a fú r ia da multidão esfomeadq pelo aumento crescente dos generos a lim entic ios. Para agravar a si_ tuação, a oposição, começando a sair da le ta rg ia em que se 6ncon - trava, promoveu uma série de "meetings", insuflando a população contra o governo constituido. Como no período governamental ante - r io r , a multidão também postou-se frente ¡30 Pqlácio do Governo, om "g ritos sediciosos". Porém, d iferente de Seabra, Antonio Moniz não fo i a una das janelas do Pa lác io , nem disse ao povo o que ele deso java ouvir. Garantiu apenas que não consentiria " na perturbação da ordem 6 no desrespeito % propriedade" (60). t multidão, ao in - vés de afastar-se aclamando o Governador, como fize ra com Soabm , fo i dispersada pela intervenção da força p o l ic ia l . Dessa recorren- 1 c ia à v io lênc ia , resultaram " alguns ferimentos o uma. morte" (61).

Se as classes conservadoras, através da Associação Comercial» aprovaram ״ por unanimidade", moção de apoio ao Governador, por ter "garantido a ordem e a tranquilidade62) (״ , a impopularidade do Governo Antonio Moniz cresceu de forma galopante. Em brGve, tam bem aquela demonstração de aPoio das classes conservadoras seria substituida pelas mais contundentes c r í t ic a s . continuação da guerra, o embargo de mercadorias^exportadas a duras penas} por n ¿ vios inglesas, atingiram profunda e diretamente os in teresses da burguesia agro-comercial que, sem re s is tên c ia , se d6ixaria seduzir pelas forças oposicionistas• A

A l e i 1,10/4., de 9 de maio de 1916 ( 63) , introduzindo modifi- cações na l e i de organização municipal, contribuiu para espraiar o descontentamento pelo in te r io r do Estado^ Perdeu o governador o a- poio de muitos coronéis e, em consequência» afrouxaram-se os laços do P.R .D ., no n iv e l m unicipal• 0 ob jetivo da le i era o inverso. R£ duzindo o mandato dos intendentes de U. para 2 anos (Art• l c)j_ a l e i visava fo rta lece r o controle do P.R.D. sobre os coronéis poten

(60) ibidem, p. 618• B(6 1 ) ibidem.(62) ibidem, p. 6}8 D.(63) Esta l e i esta publicada no D iario O f ic ia l do Estado de

U de maio de 1916.

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c la lm6nte rebeldes» Com o partido firmemente controlado por Seabraj não haveria perigo real em perm itir que *ntonio Moniz nomeasse os intendentes em 1918 (610, considerando-se ainda que as nomeações seriam referendadas pelo Senado Estadual, presidido pelo C61. Fre- d6rico Costa, "seab ris ta " fie l•

0 /*rt. 30 da re fe rida l e i obrigava os intendentes "a remeter ao governador, ate o d ia 15 de janeiro de cada ano, urna copia ?u - ten tica do orçamento municipal em v igo r", o que s ign ificava o est^. belecimento de um controle estadual sobre os assuntos f is c a is dos municipios• Essa inovação aumentou o descontentamento dos chefes p o lít ico s lo ca is , gerentes absolutos dos negócios municipais• Re - flo tiu -se , em consequência, no r e lקcioñamento de poder entre a ca- p ita l e o in te r io r , cuja base era a confiança incondicional•

Introduzidas pouco após o advento do Governo Antonio Moniz , é bem provavel quo ta is medidas re s t r it iv a s tivessem sido concebi- das por Seabra, para melhor controlar o poder dos coronéis do in te rior• Poderiam ter sido inc lu idas no corpo da l e i de agosto de 19& no entanto, provavelmente Seabra tu . . considera»*, que seria a r r i ¿ car muito valer-se, em 1915, de " ta is meios abrasivos״ , para domar os coronéis (65)•

Para amenizar a forte reação, /ntonio Moniz, de mão aberta , d is tr ib u iu o patronato que Seabra não tin h a esgotado, fazendo in d i Cações para postos no Ju d ic iá r io estadual e concedendo inúmeros em pregos na burocracia federal e estadual• Muitos chefes p o lít ico s do in te r io r tomaram-se juizes substitutos, coletores 6staduais ou federa is, d ire to res de correios, inspetores de saúde etc• Mulheres e f i lh a s de coronéis foram tambem recompensadas com o cargo d6 pro f 6ssoras, d6 inegável p restig io no in te r io r ( 66)•

9• As forcas oposicionistas ensaiam nova composição•0 ano de 1917 trouxe consigo um t r íp l ic e desfalque na já l i -

mitada liderança p o lít ic a da Bahia• ts forças oposicionistas — vi& n is tas , m arce lin istas, severin istas e ru istas — perdem dois dos seus grandes chefes: José Marcelino e Severino V ieira• Também Arau jo Pinho morre em 1917 (23 de ju lh o ).

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Cora o desaparecimento de José Marcelino ( 26 d6 a b r i l ) , o lu gar por ele deixado vago, no Senado Federal, p1־s»1a ser ocupado 1 por Seabra (26 de ju lh o ), que vence nas eleições e no roconheclmen to o seu concorrente, Severino V ieira• Por un erro de estrateg ia p o lít ic a , na sucessão José Marcelino, Soverino V ie ira amargou o os tracisrao até o fim dos seus dias (27 dG setembro). tendo contudo , durante esses 10 longos anos, pemanecido como a figura mais comba- t iv a e do maior p restig io no meio oposicionista (67)•

Tornando-se companheiro de bancada do Rui Bprbosa, Seabrn passou a enfrentar seu r iv a l , f*ce מ face. 0 desejo de prestig io cresconto alimentado pelos dois velhos p o lít ico s , tornam as dispu- tas cada vez mais ásperas, «tingem o climax quando, no "Thoatro r ic o do Rio de Jane ״ iro , a 20 de setembro de 1917, Ru i pronuncia ura dos seus mais veementes discursos, criticando violentamente o governo d« Bahia e atingindo diretamente a Seabra e a Antonio Mo - niz (68)*

A reunião no "Theatro Ly rlco " tin h a por ob jetivo homenagear o "Batalhão dos Atiradores Bahianos" que <־ f 'o AA ao Rio tomar parte na parada de 7 de setembro, 0 cunho p o lít ico dado a_o discur- so, que deveria ser de saudação ao batalhão baiano, teve um duplo 6f61 to t provocou a mais profunda repulsa no situacionismo baiano q de modo inverso, despertou da le ta rg ia as facções oposicionistas do Estado,

Negando a Rui autoridade para " fa la r em nome da Bahia״, a maioria da bancada baiana federa l, em telegrama d irig ido à "Comis- são Central da Colonia Bahiana", protestou contra o discurso de ve lho senador (69), Os deputados Alfredo Ruy, J . J . da Palm a e Perci- ra Teixeira, não assinaram o telegrama, encabeçado por Seabra, Ot¿ vio Mangabeira assinou^o, mas certamente a contra-gosto. As e lo i - ções federais estavam-se aproximando, e como aqueles tres deputa - dos, que também não romperam com a situação, Otavio Mangabeira queria ter assegurada a renovação do seu mandato,

, (67) 0 Jo rna l de N otíc ias. 28 set, 1917• Os demais jçrna isda época, nas datas acima, re fe ridas, fornôcem dados biográficos dos tres ex-governadores falecidos em 1917,

(68) a Tarde. 21 set. 1917•(69) Ibidem . 26 e 27 set, 1917•

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A oposição, de forma contraria , através de Severino V ie irn , já no seu le ito de morte, manifestou todo apoio a Rui Barbosa, con siderou, de maneira quaso patética» o Senador baiano cdítío "figura mais representativa de todo o B ra s il ( . . . ) e da raça ln tin a " (70)•

Contagiada pola causticante o rató ria de Rui Barbosa» a oposi ção in ic ia nova rearticu lação de suas forças. Luiz Vianna é o coor denador. Do Rio, em outubro de 1917» envia telegrama a membros das várias facções oposicionistas, concitando-os ao estabelecimento do urna frente única, sob a liderança de Rui Barbosa. Par,» melhor rea- nima-los, lembra-lhes que o Presidente Wenceslau Bras apoiaria um candidato pau lista para sucede-lo no próximo quatriênio (1918-22) e que os líd e res do Partido Republicano de São Paulo tinham-se mani- festado favoráveis à união das forças oposicionistas da Bahia (71).

A situação de c rise , que se agravava com o prosseguimento da guerra fez crescer o descontentamento da classe comercial que v ia suas mercadorias serem embargadas, sem que o governo tivesse meios de contornar a situação. Atingida diretamente em seus interesses , deixa que a oposição conduza a hostilidade dos seus sentimentos contra o govemo. \

Por outro lado, a inab ilidade p o lít ic a e o desejo crescente' de mando de Antonio Moniz, tornam epidêmico o descontentamento deji tro do P.R .D ., *,largando a brecha para próximas deserções.

.'Resolvido a governar por s i mesmo, Antonio Moniz começou a remover os intendentes menos dóceis» que haviafi sido nomeados por Seabra, e substitu id los por homens de sua confiança. Tal p o lít ic a fo i urna faca de dois guines: se forta leceu a posição pessoal do go- vernador, provocou de imediato a ir r ita ç ã o de muitos chefes p o l i t i cos do P.R .D ., por não haverem sido previamente consultados (72). j

A tá t ic a que Seabra usara para dominar o in te r io r — apoiar, nas lu tas in te r- c lãs , o vencedor — fo i abandonada• A fa lta de ha- b ilid a d e p o lític a , e as desastrosas intervenções armadas, enviadas por Antonio Moniz em apoio aos seus co rre lig ionário s, transformou

(70) lbldem. 26 set. 1917• Telegrama de Severino V ie ira e P¿ dro Lago a Rui Èarbosa.

(7 1 ) Eul-Soo Pang. op. c i t . p. 169.(72) lbldem. pp. 171/7U» ana lisa o desastre da p o lít ic a nto,׳

nio M oniz. nos diversos redutos coronelistas.(73) A Tarde. 26 dez. 1918.

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o in te r io r numa cidadel^anti-P,R,D. e valeu-lhe a conquista de in i. j migos do porte de um Horacio de Matos, nas Lavras, e de um Franklin de Albuquerque, no médio São Francisco♦ 1

A oposição fomentou o descontentamento reinante no P.R .D ., a poiando aqueles chefes p o lít ico s que haviam sido desprestigiados e criticando acerbamente o Governqdor, que n de comensal que era do Sr. J . J . Seabra, passava agora a se mostrar independente" (73).

0 descontentamento do alto "s ta f f " do P.R.D. agravou-se qunndo Antonio Moniz, por ocasião da elaboração das chapas para o le g i¿ l ? t iv o estadual de 1919, impediu que Dantas Bião, trad ic iona l che-fe p o lít ico de Alagoinhas, fosse incluido entre os candidatos aoSenado Estadual. 1

Rejeitando a reeeleição de Dantas Bião, indiretamente, Anto- nio Moniz visava a tin g ir a Otávio Mangabeira e ao Cel. Frederico Costa•

0 presidente do Senado estadual, trad ic iona l amigo do chefe p o lít ic o de Al^goiçhgs, op\jnha-s®, abertamente, à maneira como An- tonio Moniz vinha conduzindo as questões p o lít ic a s . A cooperação mutua que e x is t ira entre e le e Seabra, nas nomeações e d is tr ib u i - ÇaO do empregos, bem como na "degola" de adversários no Leg is la ti- vo, cessara de e x is t ir no Governo Antonio Moniz, que p re fe ria a - poiar-se no l íd e r da bancada baiana federa l, Moniz Sodré, para con duzir a p o lít ic a estadual.

A lijado da chapa governista, o senador Dantas Bião telegrafa a Seabra, desligando-se do partido (7Ü). Otávio Mangabeira, bem co mo Mario Hermes, que na época das eleições recebiam, maciçamente , os votos que o chefe p o lít ico de Alagoinhas arrebanhava no seu mu- n ic íp io , ameaçam também abandonar o P.R.D. (75).

A fragmentada oposição baiana, que ja se vinha articulando , estimulada pelo descontentamento epidêmicctysituacionista e pela si_ tuação de c r ise generalizad^,recebe o apoio declarado de Rui Barbo saj que aplaude a fusão dos vários agrupamentos lo ca is (76) . Entu- siasticam ente, as rodas oposicionistas passam a fa la r no 1״renasci- mento״ do civismo baiano (7 7 )•

T O A Tarde. 26 de¿. 1918,(7h) ibidem. 21 dez. 1918.(7 5 ) ibidem. 31 dez. 1918.(76) telegrama de Rui a Pedro Lago, Rio , 30 de dezembro de

1918, 177i iK íá lm 31 d8Z* 1918״

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0 controle oligárquico estabelecido pelos Monizes, não só v iv i ficou a inanimada oposição, como tomou iminente a cisão do par- tido s itu ac ió n !st«, Procurando e v ita r deserções, que a custo vinha contendo, dramaticamente, Seabra ameaça renunciar a chefia do par- tido " se os Monizes não retrocedessem" (78), na maneira como vinham■manipulando a p o lít ic a baiana,

10, T en ta tiva de re v ita liz a ç ã o do P .R .D , Agitações S o c ia is .Não demoraria muito para que Seabra tentasse retomar com

firmeza as rédeas da p o lít ic a estadual. No momento, porém, todos os interesses convergiam para a solução da c rise p o lít ic a aberta com o falecimento de Presidente recem-eleito, Rodrigues Alv6s, em janeiro de 1919•

Embora ausente do B ra s i l , chefiando a delegação b ra s ile ira na Conferência de Paz, em Versalhes, Ep itác io Pessoa fo i o candida to de conciliação, indicado à ultima hora, pelas forças oligarqui- cas dos tres grandes Estados: Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul. A convenção s ituac ion is ta , reunida a 25 de fevere iro , no Sanado da República (79)» referendou a candidatura do p o lit ico paraibano, a£, tigo M inistro de Campos Sa les,

Rui Barbosa, que recusara o convite de Rodrigues Alves para chefiar a delegação do B ra s il, nas conversações do apos guerra» em Pa ris , nas marchas e contra-marchas in ic ia is para a sucessão, fo i o primeiro nome lembrado para p res id ir o país, até o termino do quatriênio (1922), No entanto, a ênfase que fazia na necessidade de ravisar-se a Constituição, e suas id é ia s , consideradas demasiado l ib e ra is e perigosas pelos que detinham o controlo do país,- fiz e - ram-no perder o apoio dos o ligarcas republicanos. Contudo, aposar de derrotado na Convenção de 25 de fevere iro , o senador baiano, mais uma e pela última vez, concorreria a presidência, apoiado por Nilo Peçanha e pelas minorias oposicionistas de Minas, São Paulo e Bahia, principalmente,

Na Bahia, enquanto as forças governistas, com Seabra à fren- te, desenvolvem intensa campanha a favor do senador da Paraiba, a oposição aglutina-se em tomo do já septuagenário, mas sempre com-

(78) declaração do deputado Ubaldino de Assis. Ibidem. 28 dez, 1918,

(79) Edgard Carone, op. c i t , , p, 320,

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bativo, Rui Barbosa•Dos velhos líd e re s , apenas Luiz Vianna, com seus 73 anos,par

t ic ip a da campanha. Os jovens doutores da C ap ita l, Pedro Lago (her delro do severinismo), Miguel Calmon, Simões Filho g João M-mgabei ra , são os grandes impulsionadores do "rulsmo". Com a in tensifica- ção da campanha, Otávio Mangabeira é convocado (80) e, com armas e bagagens, incorpora-se ao grupo oposicionista• Em inflamado discur so no "Polytheama", lança o "slogan" da campanha: n Rui ou a Revo- lução" (81)• A lu ta sucessória fo i conduzida, intensivamente, pelo verbo candente do velho Rui e dos jovens doutores da Capital•

0 l iv r e manuseio da coerc it iya maquina governamental garan -״ t c íás .T

t iu , nas eleições , a vitoriaVém todo o Estado, exceto.na C ap ita l, onde a oposição conquistou expressiva oa lo ria de votos« 0 governo ju s t if ic o u essa derrota na C ap ita l, pela ineficaz atuação do.chefe de p o líc ia , Alvaro Cova, n simpático à candidatura R u i" (8Z ). Esta explicação é bem reveladora dos métodos empregados para a garantia da v itó r ia nas eleições# No entanto, mesmo na C ap ita l, onde os meios de comunicação e o menor índ ice de analfabetismo tendiam a re s tr in g ir a miopia do ele itorado, fo i também o p a te rn a l!300, a d istribu ição de chapas na boca das urnas e outros recursos coercí- tivos que, como no in te r io r , impeliu o e le ito r a votar•

Ganha a b^talha no plano federa l, Seabra cuidou, a seguir,de "arrumar a casa", para garantir o seu retorno ao Governo do Estado. Em monumentosa Assembléia Geral, o P.R.D• reuniu-se a 17 de junho de 1919• (83)• Substanciais modificações foram então introduzidas no partido .

0 Governador Antonio Moniz e seu primo Moniz Sodre foram ex׳• clu idos da Comissão Executiva do partido, embora tiv6sse sido ela ampliada para 15 membros, com a admissão do presidente da Câmara Estadual, Pampfcilo D 'U ltra F re ire de Carvalho e dos deputados José Alfredo de Campos França e José Eduardo Fre ire de Carvalho Filho .

(80>) Telegrama de Pedro Lago, Luiz Vianna, !־liguei Calmon, Si mões F ilho e Joao Mangabeir* a Otavio Mangabeira. Bahia, 20 mar. 1919, in Araulvo de Otavio Mangabeira.

(81) Otavio Barreto rememorando a campanha. 0 Democrata. 16jun. 1919.

(82) Moniz de Aragao, op. c i t , p. 653•(8 3 ) 0 Democrata. 17 Jun• 1919•

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Sem àúvlda^b jetivaVa opor um fre io à independência p o lít ic a dos Monizes• Bem melhor se ria que Moniz Sodré, juntamente com ele , fos. se delegado do partido na Capital Federal e que o Governador conti nuasse simplesmente no seu posto, garantindo-lhe a transmissão do mandato governamental•

0 Conselho Geral do partido cresceu para 132 membros, aumen- tando-se o número de chefes p o lít ico s do conturbado in te r io r , Maci. çamente constituido de doutores e coronéis, muitos dos seus mem - bros, como J . J• SeabraFilho, F ie l Fontes, Ubaldino de Assis F ilh o , João Pacheco de O liv e ira F ilh o , como os nomes indicam, eram filh o s de p o lít ico s in fluentes que a l i faziam sua in ic iação p o lítica• Ou- tros eram parentes ou porta-vozes de poderosos chefes interioranos.

Entre os 51 coronéis que integravam o Conselho, estavam "no- mes de respe ito״, como os coronéis Misael Tavares, Antonio Balbino de Carvalho, Cezar sá, e tc ., para não fgzer referencia ao Cel, An- tonio Pessoa, que permanecia como membro do Comité partidário .O cg. p itão Mário Hermes da Fonseca continua como membro do Conselho, ao e o״í-i *o «*«• Otávio Mangabeira, que já havia abandonado o partido, engrossando as f i le i r a s oposicion istas. Em compensação, o herdeiro do "marcelinismo", o Conego Leoncio Galrão, prestig ioso chefe p o li tico de Areia, estava entre um dos seis ec les iásticos que formavam no Conselho• (84)•

Até 1914, Leoncio Galrão lid e ra ra no Senado a mais fOrte opo sição a Seabra• Em 1915, candidatou-se a deputado fed6ral, não con 3eguindo ser "reconhecido". Depois de forçada quarentena p o lít ic a , confinado no seu município, p re feriu acomodar-se na falang6 gover- nista• Nas eleições de 1918, lançou-se como candidato avulso, is to e, formalmente desvinculado de qualquer agremiação p artidá ria (85)1 Contava, contudo, com o respaldo do governo, o que explica ter si- do e le ito deputado federal• Como membro do Conselho, é evidente que tinha sua reele ição assegurada•

(84) ibidem. 12 set, e 20 nov. 1919•( 85) Bsse era um dos recursos de que se valiam muitos candi-

datos para mascgrar o adesismo, ou para garantir — quando na' cha- pa,governista nao havia lugar para eles — que seriam e le ito s , A - tras do M$vulso" estava, na grande maioria das vezes, o seguro a - polo da maquina governamental•

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Enquanto o P.R.D, está sendo reorganizado e Seabra s o lid if i- ca sua posição, substituindo em varios municípios elementos "moni- z is ta s " por homens de sua confiança (86), intensa agitação socia l toma conta da C ap ita l, contribuindo para o fortalecimento da oposi ção que explora a incapacidade do Governo em solver a c r is e ,

A perturbação soc ia l é reflexo da c r ise economica que se a - grava com o prolongamento da Prim eira Guerra >íundial, atingindo a todos as camadas socia is e, mais impiedosamente, os trabalhadores, de modo gera l. Enquanto seus sa lá rios permanecem congelados, os g£ neros alim entíc ios aumentam assustadoramente; o número de descmpre, gados cresce, conduzindo o operariado a movimentos de pr0 t 6st0 s,es> timulados ainda pelas repercussões da Revolução Russa de 1917• 0 o perariado b ra s iíe iro , de forma gera l, desperta da profunda apatia que o dominava, e, em movimentos grevistas, demonstra sualüsatisf^ ção e faz com que sua voz seja ouvida por uma sociedade essencial- mente conservadora que, atemorizada ante o fantasma de uma even - tual mudança de estrutura, p refere, o mais das vezes, recorrer à coação policial••Hos anos de 1917 a 1919 as greves tornam-se cons- tant6s no Brasil•

Na Bahia, os movimentos de protestos dos trabalhadores foram fre iados, em agosto de 1917» pela v io lenta intervenção da força P2. ü c i a l .

Em 1919» repercutem na Bahia os movimentos paredistas do Rio eSão Paulo• A agitação é mais abrangente, atinginflò a todos os rg. mos do trabalho*

A 2 de junho, no "S ind icato dos Pedreiros, Carpinteiros e de mais c la sses", no Maciel de Baixo, o operariado baiano declara-se em greve# Organiza-se em s e is comissões: a prim eira, com o ob jeti- vo de entender-se com os em preiteiros; a segunda, com os poderes públicos, a te rce ira com a imprensa, enquanto as outras tres t in h * a incumbencia de percorrer os b « ir^ 0 comerciais, faz6ndo p ara li- zar todas as obras que fossem encontrando ( 8 7 )•

Comakdesão d 03 operários das fáb ricas de Itapagipe, cerca de "2 m il homens, além de 2 bondes repletos de operários" (88), d ir i-

(86) 0 Democrata de set./dez• 1919 publica reformulações nos div6rsos d ire to r io sm unicipais•

(87) Jo rn a l de N o tíc ia s , k jun . 1019•

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gem-se ao Palácio da Aclamação, em atitude pacifista• Através do advogado Agripino Nazareth, que tambem e l íd e r do movimento, ex - põem suas reinvindicações ao Governo quo, compreensivamente, pro- mete atende-las• A obtenção de aumento s a la r ia l e a redução da jo r nada de trabalho de 10 a 12 para 8 horas é o p rin c ip a l objetivo da greve que se a las tra pela cidade, com a adesão dos trabalhadores de todos os ramos! padeiros, açougueiros, a lfa ia te s , garçons, cho- feres, te le fon is tas, mo torneiros e condutores de bonde, etc• 0 co- merclo f ic a paralizado e é obrigado a fechar suas portas•

0 movimento g revista dura cerca de uma semana• Mediante acor do firmado entre patrões e operários, através da Associação Comer- c ia i , a situação se normaliza, ainda que momentaneamente• A 9 de junho, Rodolpho Martins, presidente da Associação, envia ao Gover- nador copia do re fe rid o acordo, mediante o qual, entre outros í - tens, ficou estabelecido o d ia de 8 horas de trabalho regular em todas as fáb ricas; a igualdade de sa lá rio s para homens e mulheres, em s6rviços idénticos; aumento s a la r ia l, sem qualquer penalidade , comprometendo-se os patrões a não considerarem os manifestantes co mo grevistas (89).

Alegando os operários o não cumprimento do acordo pelos pa - trões, o movimento grevista ressurge, quatro meses mais tarde. Rei nielado pelos operários das fáb ricas de tecidos, assume agora ton¿ lidade d iferente, 0 pacifismo de junho cede lugar a manifestações violentas^ ^reiw iild icações mais audaciosas.

Através da "União Geral dos Tecelões״, os operários exigem a readmissão de todos os seus companheiros que foram despedidos por haverem tomado parte na greve de junho, bem como a dos que foram dispensados por se reousarem a trabalhar mais de 8 horas por dia "sem renumeração pelo dobro do trabalho extraord inário "; demissão de determinado ♦ igia, porque "maltratou fisicamente uma criança, chegando mesmo a arranhá-la com punhal"; "respeito absoluto ao di- re ito de associação, ficando desde já reconhecido como único in te r mediario entre os operários de tecidos e os respectivos patrões, a "Sociedade União dos Tecelões" (9 0 ),

(B9) ib láem .12 Jun• 191$, pub lica integralm ente o acordo.Essa greve gera l de junho de 1915 e tema dog cap ítu los fin a is da famosa obra de Jo rge Amado, Jublába 22® ed• Sao Paulo, Ed, M artins, 1970, pp, 268/305. 0

(90) D ia rio da Bahia. 9 get. 1919, pub lica na in tegra o memo r ia l da "União Geral aos Tecelões".

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Os termos do memorial são considerados insultuosos pela pe - quena burguesia in d u str ia l e o movimento liderado por Agriplno Na- zareth, que procura obter apoio dos líd e re s grevistas do Rio e Sao Paulo, é tachado de anarquista• A e l i te conservadora, ante a pers- pee tiva de generalização da greve, com a adesão da "Sociedade dos Sapateiros" (91), teme o levantamento das camadas mais baixas da sociedade e reage violentamente• A projetada greve geral* que poda, r ia abalar a segurança e estabilidade das classes conservadoras , não chegou a se re a liz a r, ante a ameaça do governo de fazer com que a força pública "varressse" o operariado " a patas de cavalo " (92).

0 movimento paredista de setembro coincid iu com o recrudesci mento das v io lentas disputas in ter-clãs nos municipios do in te rio r. A intervenção governista em Barra do Mendos e Campestre, a favor dos chefes governistas, Fabricio e M ilitão , resultam em completo fracasso. Os soldados derrotados estão famintos, o número de bai ־ xas cresce, pela doença e pelo cansaço ( 93).Cc»10 ea outros munici- pios, a situação em Carinhanha não é d ife ren te . 0 destacamento po- l i c i a l , enviado pelo governo em auxílio aos seus co rre lig ionario s, fo i expulso om poucas horas, a 6 de outubro, pelo Cel. João D íjue (9Ü).

Na Camara Federal, Pedro Lago faz urna serie de discursos so- bre a "conflagração dos sertões baianos", acusando veementemonte o governo de gerador da incontro lável inquietação socia l que sacode o Estado (95)•

Surtos epidêmicos de febre amarela, no in te r io r , e de varío- la , na C ap ita l, compõem a situação calamitosa• em que o Estado se encontra às vésperas da eleição governamental. Apenas 6m 15 dias a va r ío la mata 513 pessoas em Salvador (96).

(91) Ib idem C s־1. e t . ,1919,t. ‘ , • ' '(92) ib idoa. 11 a a t í 1919• .(93) Ibidem. 10 e 16 S e t . .1919.(9ü) ibidem. 111 out. 1919.(95) ibidem; 16 §et. 1919. , '(96) 0 to ta l de óbitos nesse periodo _ 23 de nov, a 6 dez •

1919 — fo i de 776, Depois da va r ío la , a tuberculose yem em 2® ly-gar: "Boletim semanal de E s ta t ís t ic a Demographo San ita ria " in Dia-rio O f ic ia l do Estado, 13 e 16 jan. 1920,

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A oposição aponta o governo como o responsável por todos os males que afligem a sociedade, explorando om seu proveito o d6scon tentamento que atinge a e l i te comercial-financeira , os p ro fiss io - nais l ib e rá is , o funcionalismo público, o operariado, enfim, todas as camadas que compõem a sociedade, e ativamente, passa a arregi - mentar as forças p o lít ic a s da cap ita l e do in te r io r ,

11• A campanha sucessória de 1919/20. A "reacão sertane.ia11 e a intervenção fed era l»

A atitude de Ep itac io Pessoa, de não intervenção nas questões p o lít ic a s estaduais — que implicava num relaxamento da trad ic io - nal "p o lít ic a dos governadores" — contribuiu também para levan. - tar o ânimo da oposição, que se tornava mais confiante, na modida em que funcionários federais "seabristas" eram demitidos às véspo. ras do p le ito , A mais importante substituição fo i a do *1monizista" Gal. João Emydio Rgmalho, comandante da 5® Região M ili ta r , pelo- Gal. Alberto Cardoso de Aguiar, antigo M inistro da Gu6rra, nomeado por Rodrigues Alves em 1918, considerado elemento ap o lítico (97$•

Em setembro o Presidente convida Rui Barbosa para o posto de embaixador do B ra s il na Liga das Nações e o velho estad ista recusa a honra» por te r um último dever a cumprir: vencer as eleições pa- ra o governo da Bahia em dezembro daquele ano (98)• É certo que Rul -não se re fe r ia a sua candidatura, mas sabia ser a força cen trí peta que un iria os vários grupos esparsos da oposição baiana•

A 30 de setembro, fo i lançado um m anifesto-circular — assl- nado por Rui Barbosa, Luiz Vianna, Rodrigues Lima, Leão Velloso , João e Otavio Mangabeira, P ires de Carvalho e Pedro Lago — conci- tando todos os elementos oposicionistas e formaram uma frente úni- ca, para a escolha daquele que deveria governar a Bahia no próximo quatriênio (99), 1

Cercada de intensa publicidade, a chegada de Rui Barbosa à Bahia fo i saudada pela oposição como a vinda do "lib e rtad o r", a vinda do ,,messias" (100),

(97) Eul-Soo Pang, op, c i t , p. 202. Mjnlz de .׳,ragao, op. c it . p, 668, d iz que Cardoso de Aguiar era favoravel aos oposicionistas.

198) Eu^-Soo Pang, op, c i t , p, 195,(99) D iario da Bahia. 12 out, 1919.OCO) lbldem. 18 nov, 1919•

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Sob a presidencia do velho senador baiano, a 20 de novembro, reuniu-se no "Polytheama", a"Convenção Estadual do Povo Bahiano" , como ostentosamente a batizou Rui. Referendou a candidatura do Ju iz Federal, Paulo Martins Fontes (101), antecipadamente escolhi- do pelas ״classes conservadoras", ao Governo do Estado,

A "Convenção Fbpular", na verdade, não tinha nenhum vínculo com as massas, Era uma assembléia formada pela identidade de inte- resses das classes com ercial-financeira 0 dos doutores oposicion i¿ tas da C ap ita l, Delegados das várias regiões da Bahia, a í estavam presentes ou representados: o Cel. A n filo fio Castelo Branco, chefi ando a delegação do Medio São Francisco; representando o Recôncavo açucareiro, o Visconde de O live ira (Antonio da Costa P in to ); o Cel. Domingos Adami de Sa,a região cacaueira; chefes p o lít ico s oposicio n istas , como o Cel, João Duque, do Carinhanha, ainda em lu ta com a p o lic ia estadual e os coronéis do P.R .D ., foram representados por coronéis dos municipios vizinhos ou por p o lít ico s de Salvador, co- mo Luiz Vianna e Pedro Lago, Dos tres coronéis que chefiariam a'^e. volução Sertaneja": fforácio de Matos, das Lavras Diamantinas; Mar- c io n illo de Souza, de Maracás e A n filo fio Castelo Branco, do Médio São Francisco, só este último esteve presente na Convenção (102)«

A Convenção reviveu, com maior brilhantismo, graças à orató- r i a dos jovens doutores, a "Campanha C iv i l i s t a " de dez anos atras. Terminada a reunião, Rui comunicou a Ep itácio Pessoa não só a esco lha do candidato, mas também que na ata da Convenção tinha sido In serido vim voto de confiança no Presidente da República (103), 0 in diferentismo ou a imparcialidade que pretendia demonstrar Ep itácio Pessoa confundia os p o lít ico s , que viam no comportamento do presi- dento a rutura de velha praxe p o lít ic a . Também o Governo, ao re a ll zar sua Convenção, votou moção de solidariedade a Ep itác io Pessoa, 0 Presidente agradeceu, formalmente, como fize ra em relação aos o- posicion istas (10¿!.)•

(101) lbldem. 20 e 21 nov. 1919,(102) Eul-Soo Pang, "The Revolt o f the Bahian 1Coronéis* and

the Federal Intervention o f 1920" in Luso B raz ilian Review. Univ6r s it y o f Wisconsin Press, vo l V I I I , nc 2, 1971, P•,12•

(103) telegrama de Rui ao Presidente dg Republica, Bahia, 20 nov, 1919 in P ia r lo da Bahia. 21 nov, 1919,

(lO ii) 0 Democrata. 21 nov, e 26 nov, 1919•

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Presid ida pelo Cel. Frederico Costa, no dia imediato ao da ' convenção oposicionista, reuniu-se, no salão nobre dc "0 Dcmocra- ta ", con menos pompa: e ressonância, a Convenção do Partido.Repu - bllcano Democràta, que homologou a candidatura Seabra (105)• De - pois de especulações em torno de alguns nomes, Seabra surgia como o unico homem com possibilidade de recuperar o p restig io do P.R.D. e de apaziguar os coronéis do in te r io r , |

Como Paulo Fontes, Seabra também não esteve presente à Con - venção. Do Rio, telegrafou agradecendo a "indicação" do seu nome . Como o outro candidato, nenhuma referência fez aos angustiantes problemas socia is e economicos da Bahia. No e s tilo dos mais famo - sos caudilhos americanos, confessou que não precisava apresentar programa de governo, porque "minha te rra Sabe que só tenho alm& para, adorando Deus sobre todas as coisas,ama-la até a morte"(106i

A campanha para a sucessão governamental fo i a mais ferrenha que a Bahia c3nheceu na Velha República. Apesar do candidato oposi c ion is ta ser Paulo Fontes, a lu ta estava sendo travada, em campo ^ berto, entre os dois velhos e r iv a is senadores: Rui Barbosa e J . J , Seabra. Mais do que nunca, tanto no in te r io r , como no Recôncavo, todos os recursos tornaram-se válidos para a garantia da v itó r ia , nas ele ições de 29 <36 dezembro.

No Recôncavo, enquanto muitos p o lít ico s recusavam-se a a le r ir a oposição, preferindo nao se comprometer devido a "posição que o- cupava(vam) na p o lít ic a dominante o no Estado" (107), ou por esta- rem atravessando "c r is e muito d i f í c i l 108) ״ ) , outros, como 0 a r is - tocrata usine iro , Visconde de O liv e ira , fam iliarizado com as lu tas e le ito ra is , procuravam apenas saber qual das a lte rn a tivas deveria seguir: se devia ״i r as urnas com os e le ito res p le ite a r a Eleição no d ia 29", ou se, deixando em paz seu manso rebanho de e le ito re s , seria "bastante fazer (a ele ição) a bico de penna em casa", ou ain da para tranquilidade sua "**se incaregão ahi em Sto Amaro de faze- rem a d ie ta Ele ição a bico de penna ( . . . ) 1 0 9 ) (״ , A oposição esta- va mesmo disposta a "a rrastar os mesarlos a punhal", porque se es-

"•"105) •ibidem. 21 no v. 1919 (י (106) 0 Democrata. 23 nov. 1919•

IO7) ״ ) Pere ira Marques aos membros da Comissão Central de Re- cepçao ao Cons. Ruy Barbosa• Sto, Amaro, o dez* 1919• in Aroulvo Jose Wanderley de Arau.lo Plnhtjt. daqui por d iante, AJWAP.

(108) Arthur Rios a Jose Pinlio. St, Amaro, ¿4. dez. 1919• in^ ^ • (1 0 9 ) Visconde de O liv e ira a José Pinho. S t. Amaro (Outeiro) 22 dez. 1919, in AJWAP•

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condiam pafa não receberem os votos dos seus e le ito re s (110), Mas os chefes p o lít ic o s govern istas apelavam de ig u a l modo para a frau do, lavrando de antemão suas atas e le i t o r a is , e para a v io lê n c ia • A través do delegado, peça c o e rc it iv a fundamental no processo e le i- to r a l , principalm ente em sua ú ltim a etapa, saiam de porta em po rt^ ameaçando os e le ito re s de p risão , caso votassem com seus adversa - r io s (111),

A estrutura da sociedade, em decorrência da qual o e le ito r era a peça menos s ig n if ic a tiv a no processo e le ito ra l; a leg is lação e le ito ra l crivada de falhas, que quase "sugeriam" a fraude; o en - carniçado da luta» alimentado pela desconfiança de parte a parte , faziam com que governo 0 oposição garantissem a v itó r ia através do ,bicorio". A composição da mesa e le ito ra l era ainda o grande trunfo. Não só porque a ela cabia a contagem dos votos, mas também porque, não comparecendo os mesarlos, não haveria ele ição. Esse era um dos recursos mais comuns de que se v a lia a situação para diminuir ou a. nular os votos dos seus opositores. Daí o frequente apelo à v io len c ia . 0 mais aconselhável, portanto', era fazer-se a eleição a ״bico de pena", no tranquilo ambiente doméstico.

No sertão, a anarquia e a revo lta generaliza-se* A op3sição explorava a seu favor 0 descontentamento dos chefes sertanejos con tra a inger1 "׳:cia$fóverno nas lu tas inter-clãs• A 19 de dezem -bro, Rui Barbosa escreve ao poderoso chefe das Lavras Diamantinas, Cel* Horácio de Matos, pedindo seu apoio. A palavra de honra dada por Horacio ao l id e r oposicionista, fo i a garantia de que Seabra não te r ia votos naquela região (112). Otávio Mangabeira, Simões F i lho, e V ita l Soares, participam ativamente da carnpanha» espalhando pelo sertão 0 pelo Recôncavo que Ep itác io Pessoa era inimigo de Seabra (113)» e que interessava ao Presidente sabor em que Municí- p io3 o candidato da oposição fora vencedor, A-23 de dezembro o Cel. A n filo f io Castelo Branco ocupou Remanso, com o seu exercito de ja- gunços, prendendo coronéis do P,R,D , e funcionários públicos

(110) Romulo Moraes a José Pinho, St® . Amaro (Acupe) 26 dez, 1919 in AJWAP.

(111) José Moraes a José Pinho, Stc, Amaro, 30 dez, 1919 AJWAP, (112 ) Eui-Soo Pang, O ligarch ica l Rule l n B ra s il? The Politics

c i t , p, 675•ongliagp in B a h W e- 203•(113) Moniz de Aragao, op.

o f Coron

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que se estavam preparando para a ele ição. O jp le ito fo i cancelado e a revolta logo se alastrou pelas cidades vizinhas e municipios do vale (11/1). \

A opo3ição sabia que poderia ser derrotada, atraves das mesas e le ito ra is controladas pelo P.R.D. ou no processo de reconheciraen- to, no Leg is la tivo estadual. A 1׳dego.la" seria inapelave l, desde 1 quando o Leg is la tivo era esmagadoramente ^seabrista", 0 Único re - curso, portanto, que lhe restava era fomentar o estado de anarquia que dominava o sertão j in cen tivar o descontentamento e a agitação soc ia l »a Capital para, tornando in ev itáve l a intervenção federa l, impedir a posse de Seabra, e forçar a realização de novas eleições. 1

" A medida que sr processa a apuração e le ito ra l,a oposição pro. clama a v itó r ia do seu candidato, enquantr^?es?eja a de Seabra. A 1/1 de Janeiro , os "resultados rea is da e le ição ", anunciados pela pm posição, conferem a Paulo Fontes 25.87/1 votos, contra 122/10 י dados a Seabra. No mesrao d ia, o governo anuncia a retumbante v ito r ia d״ Seabra, *ora /15.585 votos, contra 10.37/1 Jnputados ao candidato opo

j s ic io n is ta . (115).0 prosseguimento da contagem de votos cada vez mais d is ta n -

c ia o Ju iz Paulo Fontes de Seabra, e a oposição acusa o governo de " tran ca r a f chaves" as a tas do p le ito , na *Escola de Be las A rtes , onde funcionava o Senado Estadua l, a fim de impedir que a oposição p a rtic ip a sse das apurações f in a is (116). $ então que mais acentua- damente as esperanças da oposição concentram-se na ação dos coro - n e is an ti- P .R .D . do in te r io r•

Enquanto o governo envia reduzidos e pouco entusiasmados con- tingentes m il it a re s para dominar o conturbado se rtão , a oposição a plaude a "epopeia se rtan e ja e traba ״ lha no sentido de a l i c i a r ele- mentos g overn istas . Nas c la sses do trem em que embarca minguada tropa para dar combate aos "bandidos" de Jo a z e iro , são espalhados fo lhe t® 3 , concitando os soldados et não trucidarem seus irmãos ser- tan e jo s , porque ״ o governo nada dá aos sertaneJ03. Não dá escolas.

(11/1) EUl-Soo Pang, op. c i t . p. 2911•(115) 0 Im parcial e D iários O f ic ia l do Estado, de 1h jan.

192••(116) 0 Im parcia l. 6 fev . 1920•

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Não da estradas, fjuer entretanto derramar-lhe o sangue, para perpe tuar-se no poder ( . . . ) 117) - guando os soldados ohegam a Joazei• •(י״ ro, recusam-se, formalmente, a atacar os rebelados (118) e o gover no o comandante da expedição de tra id o r, por se te r deixadoa l ic ia r pelos oposicionistas (119)• 0 Cel. Horacio de Matos avisa que, terminando a lu ta em Campestre, se unira ao Cel. A n filo fio Castelo Branco (120), e a oposição vibra de entusiasmo, anunciando que ״ os sertões quebrarão as algemas da Bahia" (121)• I

0 governo, procurando mascarar sua impotência em conter a a. gitação so c ia l e p o lít ic a que se a la s tra , continua a assegurar e a anunciar através dos Jo rn a is , que o sortão esta calmo e que a paz reina no Fstado. No entanto, o Cel. M arc ion illo , depois de ocupar as v ila s de Poções e Boa Nova, as cidades de Jaguaquara e Jequie , prepara-se para marchar com cerca de 800 homens para Nazaré (122).

,'!!nquanto a lu ta prossegue no in te r io r , a chegada de Seabra a Bahia (2 de fevere iro ) provoca sério con flito entre governistas— que querem dar ao acontecimento o maior brilhantismo — e oposi. c ion is tas, que tem objetivo contrario . A recepção ao governador e- le ito termina em t iro te io s , feridos e morte. No dia imediato, a 1 Associação Comercial convida o comercio a cerrar suas portas. 0 presidente da entidade, Rodolfo Martins, te legrafa ao Presidente da República e à Associação Comercial do Rio, comunicando que fora levado a assim proceder, face à insegurança e fa lta de garantias do governo (123)•

Interessava à oposição fomentar e propagar a ag itação, acen- tuando a instab ilidade do Governo, porque assim fo rçaria a in te r - venção fed era l, Q que poderia dar-lhe chance de novas ele ições.Bas tante s ig n if ic a tivo e o telegrama de Rui Barbosa ao presidente da Associação Comercial, Julgando contraproducente a reabertura do co mercio, porque poderia ser interpretada como um s in a l de fraqueza da oposição e, mais do que isso , poderia dar a ״ impressão (de que o) comercio ja estava garantido״. No entanto^de forma desanimadora

f r lg j Lbldem, 1h Jan. 1920.(118) lbldero, 2U Jan. 1920.(119) Moniz de Aragão,,op• c i t . p. 677.

״ . 112 * i telegrama de Horacio de Matos a Simões F ilh o . Barra do Mendes, 11 Jan . l$2 t, in 0 Im parcia l. 16 Jan. 192כ.

)}21 ) ibidem, ±7 Jan. 1920.(122 ) A_ Tarde 21 e 23 fe v . 1020.--- ?3 fe v Im 0 (123)־®192 * parcia l. U fev . 192*.

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para os oposicionistas, o Presidente da República " s o lic it a " que o comercio reabra suas portas (12¿1).

Pace ao empenho do governo em concentrar seus minguados re - cursos no combate à revolta coronelista e à agitação p o litico-soc i a l em Salvador (125), a oposição reage, organizando um comité che- fiado por Pedro lago, João Mangabeira, Simões F ilho e Rodolfo Mar- t in s , com a tarefa de fazerem os coronéis e seus jagunços marcha ־ rem para a Capital (126)• J

Com as tropas sertanejas a caminho de Salvador, mais uma vez Antonio Moniz pede a intervenção federa l, invocando agora o f ic ia l- mente o A rt. V I n ° 3 da Constituição Federal. Alegava a necessida- de de restabelecer a ordem e a tranquilidade no 17״stado, pois as forças oposicionistas continuavam a fornecer "armas, munições e di. nheiro aos coronéis rebelados" (127)• ?üpitacio Pessoa parece irredu t iv e l em sua p o lít ic a de não envolvimento e o pedido do governador não e Imediatamente respondido.

A 19 de fevere iro , sob a coordenação de Cordeiro de Miranda, A n fllo f io Castelo Branco, Rosalvo Teixeira e A b ilio Araújo, organl zou-se em Remanso a "Junta Revolucionária^do São F r a n c i s c o em reunião que contou cora representantes de 11 dos municipios espalha dos pelo vale do grande r io (128)• Acentuando-se o carater revolu- cionário do movimento, o Gal. Cardoso de Aguiar informa ao Pres i - dente que, em virtude de ter-se espalhado pelo sertão boatos de que 0governo federa l apoiava a reação, o movimento alastrava-se 0291

Por outro lado, as o ligarquias dominantes do país, temendo que a v itó r ia da oposição na Bahia pudesse repercu tir em seus res- pectivos *ístados, abalando suas posições, passam a atuar junto ao Presidente, para que decrete a intervenção.

Com o ob jetivo p o lít ic o de p a c if ic a r o sertão, a 23 de feve

(12Ü) telegramas de Rui a Rodolfo Martins. Rio , 8 fev. 1920 e de Rodolfo Martins a Rui. Bahia, 9 fev. 1920, in Moniz de Aragão, op c i t . 672 e 67Zi.

( I2 f ) feve re iro , cerca de 500 operários estavam em greve na Cap ita l. « Im perial. 1ד fev . 1Q9D.

(126) Eial-Soo pag• "The Revolt of the Bahian Coronéis and the Federal In tervention of 1920" , p. 15•

(127) Moniz de Aragao, op• c i t . p. 681.(128) telegrama de Remanso. 19 fev. 1920. in 0 Im perial. 21

fev• 192• e A Tarde. 2/1 fev . 192* ----(129) Moniz de Aragão, op. c i t . p. 631

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re iro ^ )ita c i• Pessoa decreta a intervenção federa l no 1?stado da Bahia, t in terventor. Gal. Cardoso de Aguiar, responsável apenas perante o M inistro da Guerra e o Presidente da República, negocia a paz diretamente com os coronéis rebeldes, Envia seus emissários, sob escolta armada, para tratarem d ire ta e separadamente com cada um dos tres grandes líderes do movimento. A primeira reação dos co roneis f * i um n misto de reserva e ind iferença". DepoiSj os coro neis do Vale do São Francisco concordaram em manter um entendimen- to, enquanto • Cel. Horácio de Matos mantem-se arredio. Evitando encontrar-se pessoalmente com os emissários federa is, envia seus representantes. * Cel. M arcion illo de Souza responde aos emissa rios que lu tará até a morte". 0 Gal. Cardoso de Aguiar adverte ״ ao re ca lc itran te coronel que qualquer adiamento na pacificação for çaria o exército a usar aeroplanos. A advertencia su rtiu o e fe ito psicológico desejado• Impressionado ante a possibilidade de ser a- tacado pelos te r r iv e is monstros voadores, e informado por fontes próprias que o General reunia cerra de 5.00ל homens em Bonfim, Ca- choeira e Castre Alves ( na vdflade eram cerca de 2.000 homens ),Mar c io n illo mostra -se disposto a conversar (130).

A 2• de março de 192•, tres tratados era separado foram con - cluidos com os coronéis do Medio Sao Francisco, das lavras Diaman- tinas e de Maracás. No vale do Sao Francisco, os municipios aforam d isid idos entre os coronéis rebeldesj em Maracas, o Cel. Marcio - n i l lo fo i reconhecido como su^rano absoluto no seu pequeno feudo, enquanto em Lavras, Horácio de Matos recebeu o controle de 12 nruni c ip ios. Foi-lhe permitido eleger — o que s ign ificava nomear —à is deputados e um senador estaduais* exclusivamente para representa - rem seus in teresses pessoai3 o regionais (131)* J

12• t d ec lln io do dominio Seabrista. Acentuam-3e as dteensões Internas ».0 P.R.D .

^ intgrvençao federa l, na verdade, decretou nao so a fa len -I c ia oposicionistas da Cap ita l, mas também a do governo• Anunciou » não apenas o fim da rebelião coronelista , mas tambora, e de modo ע mais s ig n if ic a t ivo , o começo do fim do dominio seabrista, bem comol

03• ) Bul-Soo Pang, op• c it• pp. 20/23•( I 3 I ) Américo Chagas• 0 Chefe Horacio de .Matos,, São Paulo,

1961, p* 1«1 c ita a3 clausu las ao acó ra o ,, tambera divulgado por ou- tro s autores e pelos d iversos jo rn a is da época.

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o fracasso de Seabra em estabelecer o dominio de um vínico partido no Estado. • grande vencedor foram 03 coronéis que, após 1920, f 0£ talecidos pelo governo federa l, estabelecem comunicações d ire tas com o Presidente da República, muitas vezes atraves dos seus depu- tados, mas quase sempre sobrepondo-se à autoridade do governo esta, dual. \

A opo3ição, lamentando ter-lhe escapado a unica chance de v i tó ria ( I 32) , acusa o governo de ״acocorar-se״ diante dos seus "ami. gos do sertão133) ״)• Na verdade, para angariar adesões, Seabra curvava-se ante o sertão, apontando coronéis rebeldes para cargos p o lít ico s . Um dos seus primeiros atos, apó3 assumir o Governo ( 29 de março) fo i nomear o Cel. Horacio de Matos para Delegado Regio - na l, das lavras ao São Francisco, abrangendo os 12 municipios que Ja estavam sob o controle do poderoso chefe p o lít ic o . Logo a se gu ir, Seabra restauraria a autonomia e le ito ra l no sertão, voltando os postos de intendentes a serem e le tivo s , o que equivale d izer, a serem indicados pelos chefes p o lít ico s municipais•

Dentro de uma perspectiva abrangente, a revo lta coronelista fo i um movimento contra a in terferência da Cap ita l, ou melhor, do Executivo Estadual, nas questões lo ca is , mas nao necessariamente uma reação contra o partido governante como um todo• Ocorreu que naquele momento h istó rico a ingerência nas disputas coronelistas partiu de um grupo específico , o dos Monizes, e contra e le se vol- tou a reação 3ertaneja. Contudo, a questão colocada em primeiro plan8eÍ8s coronel3 não era quem governava, ma3 sim quem a eles se opunha (13l i ) . V

Com a restauração da balança de poder entre o l i t o r a l e o sertão, dosvanecia-se o sonho de Seabra de estabelecer o governo de um partido dominante no Estado. Apos 1®20 03 coronéis servem aos intere3ses do partido governante, mas como colaboradores. Dei-

״(132 ) fc :Celc%H5haqie.de_Matos e outros coronéis deram pouca atenção aos pedidos da oposição para que rejeitassem o tratado de paz. especialmente aquelas condições que não Incluíam 0 grupo opo- sic ion lsta• 3tl~Soo Pang, O ligarch ica l Rule in B ra s il The P o lit ic s

(1 33 ) telegrama de Pedro lago a Otavio Mangabeira. Bahia, 3 a b r i l de 192•. comunicando que o governo in s is t ia para que Horacio de Matos aceitasse sua nomeação para Delegado Regional• in Arquivo Otjnrjo Manga beira .

U3u) Eul-aoo Pang, ״The Revolt of the Bahian Coronéis and the Federal In tervention of 1920״ , p• 23•

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xam de ser so lic ita n te s , para serem so lic itados.״Como em 1912, Seabra assumia agora « governo graças à in te r-

venção federal* Não cedera, no entanto, a proposta acomodaticia que lhe fizera o Presidente, no sentido de que rennñciasse e ind i- casse um candi<tá<h״ que pudesse ser aceito por arabos os lados. In - s is te no seu d ire ito de governar e lamenta a deliberada negligén -cia de Esp itad • Pessoa em relação às regras da ״p o lít ic a dos go -vernadores". Lembra ao presidente — como a esperar a retribu ição de um favor — que f*ra e le , Seabra, que recusando a candidatura do seu conterránea Rui Barbosa, contribuirá de modo decisivo para sua v ito r ia , nas eleições de a b r i l ultimo (135)• Ao contrario de I 9I 2 , quando c*ntara com o apoio declarado de Hermes da Fonseca , Seabra encontrava agora um Presidente ind iferente à sorte dos go - vernadores• N* quatriênio p residencia l seguinte, defrontar-se-ia com um dos seus mais ferrenho inimigos, Arthur Bernardes.

A perda d« apoio federa l, a herança do impopular e desgasta- do govern• Antonio Moniz, bem como suas próprias aspirações — ag£ ra mais elevadas, visando à Vice-Presidência da República — expli. cam em g rande parte o acelerada declín io de Seabra, no seu segun- do período governamental• Bn consequência do seu desgaste p o lít ico , segue-se a decadência do Partido Republicano Democrata. A atuação mais ou menos dominante do partido é reflexo da maior ou menor in-fluência e p restig io do seu chefe. Ao apagar-se Seabra, o P.R2D.exala também seus últimos suspiros• 1

No entanto, antes mesm* de ser empossado pela segunda vez no governo da Bahia, Seabra tenta retomar as rédeas da p o lít ic a esta- dual e recuperar 0 seu p restíg io já bastante avariado. Para tanto re a liz a um expurgo na a lta cúpula do P.R .D ., procurando revigorar• 3BU partido-* agastado pelos desafttre9 sucossivo3 da administração Antonio Moniz e, ao mesm* tempo, arre fecer os constantes ataques o posic ion i3 tas. Alvaro Cova, Secretário da Segurança Publica, fo i o bode expiatóri•• Os ״seabristas" da Camara Federal ponderaram que a impopularidade do govern1״׳ Antonio Moniz estava intimamente re la-

(135) Carta de Seabra a Sp itác io Pessoa. Bah* ,״ 9 ׳ *e m״rço de 1920 apud Eul-Soo Pang, O lig arch ica l &eule tàlBrSsil^ThèiPol¿*■¿ t ic s of : Corofifilislnô ^n1 Db Íi ü , p. 211•

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clonada à atuação do sou chefe de Pw líc ia , na repressão das agita- ções socia is na Capital e nas ruinosas intervenções no in te r io r . Consideravam ainda indispensável !רוע־ só a substituição do f i e l e dedicado seabrista chefe de P o líc ia , mas também a do Secretário do In te r io r , Gonçal• Muniz, a fira de fcornar menos evidente o deixar relegadr ao passado, o domínio oligárquico dos Monizes. Caso con - tra r io , a situação seabrista tornar-se-ia indefensável, não só pe- rante o mundo p o lít ic o , mas frente ao Governo Federal o à opinião publica do país (136)• Ainda para apagar as profundas escaras da face do p artid *, era necessarie romper o dominio da pequena o ligar quia dos Tourinho (137), alvo de constantes ataques dos grupos opo s ic io n is ta s . Para tanto, João Tourinho fo i afastado da Secretaria da Fazenda, responsabilizado pela situação de descalabro financei-

§/ro em que se encontrava o Estado. 0 monlzista Jix lio Rocha Leal, In tendente de Salvador, culpado pelas frequentes agitações socia is e pela fa lênc ia adm inistrativa e financeira do municipio, fo i sUbsti. tuido pel• senador Manoel Duarte de O liveira^chefe p o lít ic o da Vi- la de São Franpisc* e Coronel da Guarda Nacional (138)•

Moderada • ímpeto oposicionista na Capital com 0 expurgo in- tra-p artid árlo , e com formação de um Secretariado, constituido do elementas -*s mais conservadores e acatados da província (139), Sea; bra entregou-se à reforma adm inistrativa de 2h de maio de 1920 ( le i n0 1387) , que anulava a de 1915* Os intendentes voltavam a ־_ ser e le ito s por 2 anos, podendo ser reconduzidos no período seguln te» 0 senado estadual, como em 1915, continuava a funcionar como um tribuna l de ultima instância’, era Klação às contestações e le ito- rais• •s intendentes nomeados por Moniz em 1919 foram rapidamente

(136 ) A Tarde. 22 março 1920.(1 3 7 ) Eugenio Tourinho era deputado federa l por 5 leg is la tu -

rgsj Jrs e Maria Tourinho, que fora chgfe de p o líc iç no governo Jo- se hfercellno e Araújo Pinho, era tambem deputado ja por 3 leg is la- turas, enquanto João Tourinho, era o Secretario de Fazenda, no go- verno Antonio Moniz.

(138 ) A Tarde. 25 mar. 1920.(139) 0 Secretariado de Sçabra׳ ficou assim constituidos S־egu

rança Pub lica , Des. Antanio J03e Seabra1} In te r io r . Cons. J . J . Lan- dulph* Medçadoj Agricultura־, Sergio de Carvalho, *depois substitu i d» por Jose Barbosa) Fazenda, Cons. Manuel Correa de Menezes, (de- pois susbstítuido pelo Col• Manoel Duarte de O liveira• Epaminondas• Torres passou a sero Intendente da Capital e d ire to r da Imprensa 0- f i c i a l ) . Seu o f ic ia l de gabinete era Francisco Borges de Barros.

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111.

afastados por Seabra, antes quo a nova l e i fosse votada. Quando•da prim eira e le ição para in tendentes, em agosto de 1920, Seabra já tinha escolh ido p a r t id a r io s seus para a m aioria dos m unicip ios. Na quoles controlados por fo rças a n ti- se a b r is ta s , habilidosam ente, a- poiava coronéis que eram seus r i v a is . Contudo, as e le içõ es não fo- ram totalm ente favo rave is a Seabra. ^ algunas reg iões, chefes sea. b r is ta s foram derrotados e em outras, como nas Lavras Diamantinas, em consequencia do tratado de 1920, tornou-se im possível manter no poder le a is seab ris tas como o Cel. Cesar S a , Mons. Hermelino Leão, M ilitã o Coelho e Manoel F a b r ic io , aos quais o P .R .D . d ev ia muitè3 ז v i tó r ia s (l/ l• ).

Ao r e a liz a r a reforma adm in is tra tiva de 1920, Seabra atendia a uma situação de fa to , estabe lec ida pelos tra tados de 192n , entre o governo fe d e ra l e os coronéis, embora o b je tivasse desfazer a ima. gem desgastada do seu partido e melhorar suas re lações com os che- fes p o lít ic o s se rtan e jos. Inad m iss íve l s e r ia , depois de 1920, que os coronéis continuassem a a c e ita r que seus intendentes fossem no- meados pela C a p ita l.

0 ano do 1921, que so in ic io u com ag itações so c ia is e e le i - ções, para o L e g is la t iv o estadxial e fe d e ra l, deixava transparecer que o segundo governo Seabra se ria ainda mais d i f i c i l que 0 primei.

A questão operaria que novamente ressurg ia com a greve dos c carregadores das docas, fo i temporariamente afastada com a deporta ção do advogado e l id e r g re v is ta Agripino Nazareth, que ja se en - contrava preso. A greve fracassou ( l ü l ) , mas a ag itação continuou, tendo agora como estim ulo as e le iç õ e s para deputados e senadores estadua is, a 9 d׳? ja n e iro , logo seguidas das e le içõ es para senador e deputados fe d e ra is , a 20 de fe v e re iro .

Se o partido governista mostrava-se enfraquecido pelas dis - sensões in ternas, também a oposição esta^fragmentada em claques i- soladas. 0 afastamento de Rui Barbosa (1/12), e a perda de mais duas

(liíft) Eul-Soo Pang, op. c i t . pp. 225/223 analisado novo rea- justamento do poder nas d iversas regiões do 1?stado, apos 1920.

( l i l i ) D iario de N otic ias . 29 .1an. 1921 e A Tarde. 29 .1arr.1921.

(1/12) a 10 de março de 1921, já de^encantgdo com os rumos da1 p o lít ic a nacional, Rui Barbosa renuncia■ a Senatoria, prometendo deixar a vida p o lítica• A Tarde. 12 mar. 1921•

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forças oposicionistas da velha guarda, ocasionou a consequente dis. persão dos seus seguidores, que passaran a ag ir politicamente como l iv r e atiradores.

A 6 de julho de 1920, o prestig ioso chefe p o lít ico do sertão e Senador federa l, Luiz Vianna, morre a< bordo de un navio, en via- gcm para a Europa׳. Na região do Recôncavo, a norte do visconde de O live ira , en dezenbro do mesno ano, deixou também imenso vazio. 0 eleitorado que o aris to cra ta usine iro tangia con un breve o lhar, estava agora cono ״ un gado sem pastor" (1/13). Contudo, a campanha oposicionista, ainda que desartic iliada, fo i in tensiva , e todos a - guardavan ansiosanente que a Junta Apuradora se reunisse, na Capi- t a l , para que fossem proclamados os e le ito s .

De acordo cora a leg is lação e le ito ra l, 30 dias após o p le ito deveriam ser processadas as apurações. Alegando que o sonador Fre- derico Costa, presidente nato da Junta, estava doente, o governo vinha protelando os trabalhos de apuração, possivelnente para po - der contar com o apoio de todos, deputados diplomados ou não, ate as eleições federa is que teriam lugar dentro de poucos d ias, a 20 de fevere iro (1/1/!)• Conveniente, portanto, era esperar que o velho senador se recuperasse para, nais fo rta lec ido , proceder à "degola", sem qualquer prejuizo para o governo.

Tambera para garantir a v itó r ia nas ele ições federa is, o es -sencia l ׳* aihdíi era ״ ”te r " bons mesários e bons f is c a is " , para que individuos especialmente treinados •־ ־ no "roubo de chapas",pu dessem " empalmar" as do adversários e substitu i- las pelas do seu candidato (1215)4 Por outro lado, a p o lít ic a de acomodação conduziu muitos elementos oposicionistas — que atilando isoladamente esta - vam liv r e s para ag ir como qui3essem-a entabolar aaordÒB con o gover no, para assegurarem-se da v itó r ia (1116) .

Ha C ap ita l, mais uma vez, a oposição manteve a d ian te ira .Seucandidato ao Senado Federal, Aurelio Vianna), obteve 7• 156 voto3

(1/13) Theotonio de Moraes a José Pinho. S. Bento, 5 fev . 1921,AJWAP.

(liU i) A Tarde. 9 e 11 fe v , 1921(1/15) Joaquim Pinho a Jose Wanderley. Bahia, l/l fev. 1921.

AJWAP.(1/16) Fe lip e Pinho a Jose Pinho, Bhhia, l/l fev. 1921, re la ta

acordo fe ito com o Cel. Frederico Costa e Manoel Duarte, AJWAP.

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contra 21.628 dados a Antonio Moniz (1117)• No roàto"־do Estado, con- tudo, o governo continuava a ser o grande vencedor (1/18)• No inte- r io r , o alargamento da autonomia p o lít ico -ad n in is tra tiva , conferi- da aos municipios pela le i 1 . 3 8 7 , contribuiu para• in te n s if ic a r os con flitos entre seus chefes p o lít ico s , principalmente entre os Co- roñéis Horacio de Matos e Cesar Sá. Objetivando p ac if ica r o sertão, ou pelo menos ouvir diretamente as queixas dos seus diversos che - fes p o lít ico s , Seabra reiiniu na Capital os intendentes dos varios municipios, realizando o primeiro Congresso de Intendentes na his- to ria da Bahia.

A 15 de março de 1921, os congressistas, retinidos na B ib lio- teca Publica, foram concitados a trabalhar ״ sob uma mesma bandei- ra e em uma 30 d ireção", acentuando-se a necessidade de serem in - crementados o comercio, a agricu ltura e a instrução publica em sais respectivos municipios. % 1bora &9ses propositos permanecessem ape.;׳>־■ nas no campo da re tó rica , não chegando ao terreno das realizações, o Congresso propiciou a Seabra não apenas contato d ireto com a e l i te in te rio rana, mas também com os intendentes rêceivtaánente ele itos, Os coronéis A n filo fio Castelo Branco, de Remanso; Douca Medrado,de Mucugê; Franklin Lins de Albuquerque, de P ilão Arcado; M arcionillo de Souza, de Maracas; Manoel Alcântara, de Lençóis־} Rafael Jambei- ro, de Castro Alves estavam, entre muitos otitros ilu s tre s represen tantos das diversas regiões do Estado (1119) 9 presente ao Congresses

Na• semana seguinte (23 de março), os diversos chefes p o lit i- cos do in te r io r , reuniram-se no Pa lacio da Aclamação, a fim de a - certarem com o Governador a pa~z d e f in it iv a nas lavras Diamantinas e no Centro do Estado. Presente também o Cel. Cesar Sá, mais uma vez Seabra resolveu enviar seu Secretario do In te r io r , Cons. Lan - dulfo Medrado, para negociar acordos entre as facções em lu ta . Por seu lado, os intendentes comprometeram-se a ”promover e tomar to - das as medidas e providências necessárias para o estabelecimento da paz nos sertões15) •(•״

(1117) A TaTde. 23 fev . 1921.(111•) ríoniz de Aragão, op. c i t . p. 695, conta que dos 139 nu

n ic ip ios existentes ntí^-^átado, apenas em 21 o candidato da oposição teve vetacão superior a sua.

(1119) A Tfrrde. 12 e 16 mar. 1921.(15*) ibidem. 23 mar. ־•!?#ל

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11li,.

Furtando-se ה qualquer conpronisso de orden m ateria l, e depo sitando ir r e s t r i t a confiança na atuação doâ coronéis on suas res - pectivas zonas, Seabra ,tentava acobertar a sitiiação de fa lência do Estado¿ Ha nruito que a rece ita arrecada pelo Estado caia vertig ino sámente, enquanto as despesas crescentes levavam a Bahia a uma sí- tuaçao de d e f ic it permanente* (}liando se reuniu o Congresso, Seabra tentava eq u ilib rar a balança financeira do Estado, apelando para a demissão em massa de funcionarios públicos estaduais, alimento de impostos (151), e vultuosos emprestimos externos que, se equilibra■- ram o orçamento, terminaram por conduzir o Estado a uma situação de insolvencia da sua di vid*'externa■. (152). A fa lta de incentivos ao setor economico do Estado, bem como a p o lít ic a financeira־ posta em execução, fez com que Seabra conhecesse o sabor amargo da impo- pularidade. Contudo, a confiança que os chefes p o lít ico s do in te r i or pareciam demonstrar em relação ao seu governo, deixava-o liv r e para concentrar seus esforços na conquista de sua grande aspiração p o lít ic a , a Vice-Presidência da República׳. \

13. "Reacão Republicana: 11 o canto de cisne do seabrlsno,Depois de te r percorrido os mais a lto s postos na carre ira pío

l i t i c a — deputado federa l, M inistro de Estado, Governador, Sena - dor Federal e Governador novamente — a vice-preéidência era o nnis

(151) U Tarde. 7 e 11 mar.r 192l.(152) a tabela abaixo mosta a situação d e f ic ita r ia do Estado

nos primeiros anos do Governo Seabra, e sua posterior recuperação.

Anos rece ita arrecadada despesa efetuada em contos de re is

d e f ic it ou saldo

192• 30.182. 36.107 5.9251921 26.655 32.618 5.9631922 33-050 31.3211 10 726

Fonte: ',Resumo da situação da Bahia de 1920 a 1932"• Arquivo Nació n a l. Secção Presidência da República. Lata 2, pasta 9־

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Seahraa lto cargo queVpoderia asp ira r. Rui Barbosa demonstrara muito bemque a Bahia não era bastante fo rte para dar um presidente, nem pordemais fraca para deixar de concorrer com um candidato à siipremamagistratura do país (153)« Poderia portanto, fornecer agora um v!_ce-presidente, pois desde Manoel V itorino ( I 89Í1/98) , nenhum baianovoltara a- ocupar esse posto*

Ao receber telegrama de Raul Soares e Bueno Brandão comuni *־cando-lhe que o P.R*M* levantara a candidatura Bernardes, Seabfra1reuniu a Comissão Executiva do P.R.D» e ímediatanehte respondeu qUco Partido e o Governador 3ustd3te.riatn o candidato mineiro (Í?íl)lMafetinha a esperança de que Viesse a compor s chapa} como Triüe-presi-dente» Na verdade, ele e 0 governador de Pernambuco, José Bezerra,eram od maid prováveis tíandidatod* apontados pelas bancadas dosseus respectivo¿ Estados•

Ante o impasse entre os grandes Estados em se fixarem em torno de um nome, e face ר׳ recusa de Ep itácio em ser o árb itro na quês.tão, Artur Bernardes, alegando ser amigoaâo°governador da Eahia ,quanto do de Pernambuco e não desejando incom patib iliza-los, mani-foBtando preferencia por un dos dois, escolheu o maranhense UrbanoSantos, que já ocupara a vice-Presidência no üoverno Wenceslau Oras.

/ /• proposito de Bernardes, se sincero, teve e fe ito contrario .Feridos em suas anscetibilidades por terem sido ultrapassados, osgovernadores de Pernambuco e da Bahia uniram-se em oposição à cha-pa Artur Bernardes — Urbano Santos, referendada' pela Convenção de8 de junho. Jimtamento com o Rio de Jane iro e o Rio Grande do Su l,organizaram vim novo partido, a "Reação Republicana", que em cara' -te r oposicionista lançou as candidaturas N ilo Peçanha e J . J . Sea -bra, respectivamente, à Presidência e à Vice-Presidencia da Repu -b lic a .

Os vibrantes discursos pronunciados por Seabra, no decorrer da campanha, poderiam ser ouvidos como o canto do cisno• 0 sou po- ríodo de dominio estava perto do fim. No plano estadual, suas au - sências constantes, em virtude da campanha, aprofundaram a c liv a - gem do partido, na medida em que o Cel. Frederico Costa, presiden-

(153) Eul-Soo Pang, op. cit• p. 223•(15h) F. Borges de Barros, ,op. c i t . p. 509•

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te d• SoBador esta dual e, portanto, vice-governador, assumia o go - vern* (155)• A• grupo m*nizista desagradava ver o Coronel no posto de governador — o riume ou o despoit» oontribuiu para aumentar a־ riva lidade entre •s seguidoros de ambas as facções.

Apr»veitand«־ se da c r ise interna no partido governante e das frequentes ausencias de Seabra, a oposição, ainda que dispersa em claques ind iv idu a is , ataconvripilamente o P.R.D. em sua área mais vu lnerável: os municipios (156). As eleições do outubro de 1921, !>2. ra o perí»d• H22/2Zi, ainda que no balanço f in a l tivossom recondu- zido •s intendentes seabristas ao poder, dou a oposição a conqujs- ta de importantes munJoipi*s no Recóncavo, como Cachoeira, M uriti- ba, S. F e lix e Sto Amaro; na região Centro-Oeste, o importante mu- n ic ip i• de Itaberaba estava a'gora em mãos da oposição} om Carinhaa nha, • Cel. J«ã• JViquo, afastado do poder־ desdo a intervenção fodj3 r a l, rot»rn«u em 1921 e fo i o le ito intendente (157)•

É verdade que no problema da sucessão presidencia l os princi_ pais c*ndut«res da oposição baiana — João o Otavio Manga boira, Mi_ guol Calmon o Pedro Lago — depois de ouvirem Rui Barbosa, delibe- fcaram apoiar a candidatura J . J . Seabra1 à Vice-Presidência da Repú- b lica , ainda que esse apoio não implicasse modificação nas suas fr- titudcs de po lítioos oposicionistas. Tratava-se apenas de uma tro- gua momentânea. Procuravam desta forma re tr ib u ir ao governo da 3a׳- hia a atuação decisiva que tive ra na recondução do Rui Barbosa, o maior dos b״ ra s ilo iro s ao Senado da República (158)• Cerca de ,״dois meses atras , em março daquele ano, Rui Barbosa, dramaticamon- to, havia devolvido à Bahia sua cadeira no Senado Federal*

®utro grupo de oposicionistas, comandado*por Aurolino־ Leal, que mantinha íntimas relações• com Artur Bernardos, conduàiu inten- sa camp»Mha oontra a׳ chapa N ilo Pecanha — J . J . Seabra• No entanto,

(155) • Cel* íYederioo Costa assumiu a chefia do Executivo no governo Seabra nos seguintes períodos: de 12 de julho a 31 de outubro do 1921} do 3 de janeiro a 16 do março do 1922 o de 21 de a b r i l a 3• de Julho do 1922• Bulcão Sobrinho, op. cit• p. 22.

(156) Eul-Soo PP.ng, or. c i t . p. 233•(157) ibidem.(lJjO) Nota d istribu ida pola *' minoria da deputação baiana" ,

de reunião, no Rio do Jan e iro , om 27 do maio do 1921, in Hamilton Loal, Aurelino Leal, sua v ida, sua onoca. sua obra. Rio , Ed. Agir, 1968, p. 395.

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apossr do osforço3 do ilu s tre s bornardis^asj' como V" ־ irg i l io do Le- mos, Aurelio Vianna, Ubaldino do Assis,^Scavíor (159) o da grande abstenção do o íftorado, a v itó r ia do Seabra na Capital fo i osmaga- dora (16•), bom como no rrsto do ^,stado. Contudo, no cómputo fina l, Artur B0rnardc3 fo i o ganhador♦ A ra tif icaçã o do resultado das o - lo ições do 10 dr março polo Congrosso srlou a carre ira p o lít ic a de Seabra. 0 P .R .* . acompanharia a vortiginosa derrocada do sou chef o.

Ao assumir o poder om novnmbro de 1922, Artur Bernardos nãoprocurou dissimular que para seus inimigos não haveria salvação. Aindicação do oposicionista Miguel Calmon para o M in isterio da Agri. cu ltu ra, om que peso o acorto da escolha (161), visava a t in g ir di- rotamente a Seabra. Na roalidado, a entrada do Miguel Calmon no ga binóte m in is te ria l dou nova vida e onchou do otimismo os dispersosgrupos oposic ion i3 ta3 . Bois mosos dejiois, ja unidos, formariam umnovo pprtido p o lít ic o om oposição ao governo estadual — a Concon- tração Ropublirana da ^ h ia .

Ao ambicionar um posfcik^mais elevado na escala do poder, Sea— fcra caiu e rom ele o dominio conturbado do P.R.D. que, já onfraque cido polas dissonçõos in ternas, acabou por desifctegrar-se nos p ri- moiros anos do governo ״bernard ista".

(15$) ibidem, p• 397 e D iario do N o tic ias , 2 fev• o h mar »1922.

(16•) Contando a Cap ita l com cerca do 18.OOOoloitoros, apo - ñas 9*••• votaram• Nilo Peçanha obteve í.260 votos e Seabra 6*917, enquan״o Artur Bternardes^e Urbano Santos tiveram, respectivamente, apenas 1.^96 e 1.278• M ario de N otic ies . 2 mar. 1922.

(161) Miguel Calmon, membro de גז¿ ? da3 fam ilia s de maior in- fluencia economica e p ç l ít lc a da Bahia, fo i Secretario de Agricul- tura, Viççao e fbras Publicas da Behia, nos governos Severino V ie ¿ ra e Jose Marcelino• EÍLelto Reputado federa l em 19°6, fo i nomeado M inistro Viação na Presidencia Afonso Pena. A sçguir fo i sena - dor da República e agora passava a ©rapar o M in isterio da Agricul- tu ra, no Governo fcrnardes»

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V I I . Fase de rostatiracão do b ipartidarispo com dissidência : 19&/Ê7.

Se ao homem fosse dado prever o desenrolar dos acontecí - lentos, certamente Seabra não se te׳.. ria oposto פ candidatura Artur Bernardos. Agora, irónicamente, o destino fazia. com que se lhe es- capasse por entre os dedos, a realização de sue mais a lta aspira - çãc■: a vi«o-presidéneia da República.

Antes mesmo de sor "reconhecido", o vice-presidente e le i- to, Urbano Santos, morreu repentinamente (7 do maio de 1922)• Pou- cc antes, (27 de março de 1922), havia morridn Jnsé Bezerra, govejp nadar de rernanbuen. Ele e Seabra, nas articu lações in ic ia is para sucessão p ר res id en tia l, eram os !nais cotados candidatos à vice-pre siden«ia na chapa Bernardes. Se não tivesse combatido o candidato mineiro, provaielmente Seabra te r ia sido o escolhido para. ocupar a. gora 0 lugar deixado vago por Urbano Santos. Contudo, o "se" está excluido da realidade h i3 tó rica . Esta fo i bem diferente e de nada valeu a Seabra p le ite a r Junto ao Supremo Tribunal Federal que a vj, ce—presidencia fosse-lhe reconhecida. 0 S .T .F . negou-lhe o pedido. 0 Congresso determinou a realização de novas eleições e o pernambu cano Bstácio de Albuquerque Coimbra passou a ocupar o posto ambi - clonado pelo governador baiano.

A posse de Artur Bernardos tem lugar sob vir.; c liua de con- testação tão intensivo quanto aquelo que envolveu o desenrolar de 3ua -•anpanha à presidencia da República. As medidas punitivas ao movimento tenentista de Julho de 1922 estão em pleno andamento. 0 estado de s ít io , porém, •ontem a agitação p o lit ico -so c ia l e garan- te e posse de novo Presidente. A ordem e a autoridade são rustabe- lecidas de forma p recária , porque resultantes da recorrência à fox, ça p o lic ia l , fj esse estado de precariedade que fará com que no go- verno Artur Bernardes as medidas d iscr ic io n ár ias sejam uma constan te• A atitude defensiva que assume para afirmar-se no poder Teves- te-se de a lta agressividade, porque as forças em antagonismo perma. necem latentes na so«iedaàe, ameaçando manifestaTem-se a qualquer nomento.

A primeira atitude de defesa de Artur Bernardes fo i ata - car aqueles que repudiaram sua candidatura. As o ligarquias dominan tes do Estado do Rio de Jan e iro , do Rio Grande do Sul e da Bahia

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fo ra n eonbatida3 e subjugadas, (}uando p o s s ív e l , cono aconteceu coc o ,'n i l is n o e p o s te r io rn o n te con o 3״e a b r is n o " , p ra t ic a n e n te a té o e x te m ín lo .

Certo de que não'escaparia ao esnagnnento, Seabra tenta una p o lít ic a de nconodação con asforças oposicionistas da Bahia, procu— rando a l iv ia r a ira p residencia l, que transfornou 3eus ú ltinos a - nos de governo nun verdadeiro pesadelo. A oposição, no entanto,for to lecida non o ostensivo apoio federa ], esquiva-se a qualquer ten- ta t iv a co n c ilia to r ia . A derrocada de Seabra torna-se inevitável•Nos u ltinos dias do seu governo, abandonado pelos seus nais f ié is seguidores, patética e nelancolicanente, confessara estar ״ solus, totus et unus" (1 ).

1 . R eorgan ização da O noslcão. A Concentração Repub licana da B a h ia .

Antes nesno de ser enpossado na Presidência da Republica, Ar tu r 3ernardes a rticu lava planos revanchistas. 0 quase pemanente estado de s ít io en que governou fac ilito u - lh e a tare fa . A Bahia fo i objeto dc 3eus prineiros cuidados. B1seando-se na situação de insolvência das d ívidas externas do Astado, Bernardos aconselhou a oposição a "so lid a r iz a r todos os seus esforços ( . . . ) " , a f in de salvar-se "o decoro da (Bahia) e 0 bon none do B ra s i l" . Essa rege- neração noral 0 financeira só poderia ser conseguida con o aniqui- lanento do 3eabrisno e para isso a nedida adequada seria una inedJL ata intervenção federa l. Con esse ob jetivo, en agosto de 1922, Au- re lino Leal, en ín tina colaboração con o Presidente, chegou a ela- borar un projeto de intervenção federa l (2 ) . 0 desenrolar dos acón tecinentos aconselhou o arquivanento do projeto, ate oportunn ap li cação»

Por outro lado, os uesnos elenentos oposicionistas que tlrinn apoiado a candidatura Seabra a vieo-presidéncia — ante as novas circunstancias p o lít ic a s — nanifestán agora disposições d iferen -

%(1) "A Dnhia - Manifesto do Dr. J . J . Seabra׳ recusando seu a- polo a candidatura Goes Calnon", 26 de novonbro de 1923 ! Apmilvn מdo I.G .H . 3a. . pasta 17, doc. /13.

(2) Carta de Artur Bernardes a Aurellno Leal. Belo Horizonte,$ de agosto de 122ל in Hnnilton Leal. Aurellno Leal, sua v ida, sua opoca. sua obra. R io . Ag ir, 1?68. pp. I1O2/UO3 .

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126,

tes* Dois g^nndeá estímulos oonduzen as d iversas cloques 0p03ici0- nistas a uniíem áuas f*orçaát a entrada de Miguel Calman no Ministé. r io Artur Bernardos deu-lhes o necessário "é lan" o dinamismo: a ifi tervenção federa l no S3tado do Rio (1# de janeiro de 1923)» con ob je tivo s nitidamente p o lít ico s — o esmagamento do "n ilism o" — deu lhes a corteza da implacabilidade de Bernnrdes para com os sous i- nimigos.

A estrategia dos oposicionistas baianos visando ao dosmorona mentó do "seabrisno" fo i 'a mesma usada polos fluninonses: promover a duplicata do Leg is la tivo estadual; nas e le ições governamentais , proclamar a v ito r ia do seu candidato, mesmo que o apresentado pelo governo fosse o vencedor; enfim, in te n s if ic a r as agitações no 1Ssta do, tornando o ambiente de ta l forma convulcionado que só a in te r- venção federa l pudesse reverte-lo n normalidade.

A 1• de Janeiro — no mesmo dia em que era decretada a in te ¿ venção no ^.stado do Rio — sob a presidência de Pedro Lago, no 3a- ião nobre do jo rna l "A Tardo", a oposição baiana fundou um novo partido p o lít ic o . Bhtizou-o com o nome de Concentração Republicana da Bahia. As e le ições, mais uma vez, foram o estímulo que tambem lhe deu origem» Seu objetivo maior era un ir qs diversos grupos opo s ic io n i3 tas , para a lu ta que se i r i a travttFYua sucessão governanen tal• Seu objetivo imediato, como una especie de prólogo ־àquela d is puta, era organizar as chapas de candidatos n Cañara de Deputados Estadual 0 à renovação do terço do Senado, para as eleições de de fevere iro .

Da a lta •úpula oposicionista apenas Pedro Lago, V it a l Soares e Simões F ilh o participaram pes30alnente da organização do novo partido . Seus demais membros, Miguel Calmon, os irmãos Mangabeira, Aurelino Leal (então na in te rventoria do Estado do R io ), ausentes na Cap ita l Federa l, foram logo comunicados da fundação do partido, bem como o Presidente Artur Bernardes, para o qual fo i votada mo - ção de solidariedade (3 ).

No véspera da fundação da C .R .B ., Pedro Lago encontrou-se com Seabra, na Ponta de Nossa 3enhora, ilh a dos Frades, numa tenta, t iv a de acordo po lítico• Para que se '1evitasse nova luta p o lít ic a

(3) A Tarde. 11 Jan. 1923•

I

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no Estado", Pedro Lago propunha que nas e le ições estaduais 1/3 dos dcputndos e dois 3enadores fossen dndos n oposição (¿i). Ha cerca de doze nnos a tras , forn Seabra quen inpusern n situação donlnante acordo senelhante. Agora, tanben en consequência de nudança no pl^ no federa l, as peças do .logo p o lít ico estavnn in ve rtid as . D i f í c i l , no entanto, seria av^liar-se se o apetite oposicionista f ic a r ia sa_ t is fe ito con a aceitação daquela proposta. 0 fato é que a negativa de Seabra deu a oposição condições de atuar desenbaraçadanente, a- presentando chapa própria, na convicção do que as eleições de h de fevere iro resu lta rían nuna duplicata do Leg is la tivo — conquista do p rine iro lance de un plano previanente arquitetado•

Rapidanente as f i le i r a s da C.R«3. foran reforçndas con a ad_e são de elenentos cono Antonio Calnon, que pnssou a ser un dos nen* bros do seu d ire tó r io ; con a f i l ia ç ã o de ex-seabristas, cono o CeL Cesar sá o Alvaro Cova, este, cono aquele, anargurado por tor sido por Seabra. Entre outras, una das ״tão rudenente desprestigiado ״naiores aquisições da C.R.B. e, en contrapartida, uri dos nalores desfalques que sofreu o P .R .D ., fo i a de Geraldo Rocha, la tifu n d io r io de grande in fluência no sertão, nonbro destacado da e l i t e po li t ic a de Barre iras. Geraldo Rocha ora una das figuras responsáveis pela preservação do P.R.D. cono partido doninante. Advogado o «rrla, dor do gado, 3ua in fluenc ia , ben cono a dos seus cunhados F ranc is־• co Rocha e Antonio Balbino de Carvalho, espraiva-so por quaso todo o in te r io r do Estado; cono honon de negocios, sua atuação estendia, se por qua3e todos os Estados do B ra s il, do Anazonns no Rio Grande do Su l; cono honen de finanças, contava con in fluentes anigos na3 casas bancárias da Europa, especialnente no Banco de Paris• Nesse seu relacionanento con banqueiros ouropeus estava sua grande força 0 p re3tíg io . Seabra ben sabia da atuação de Geraldo Rocha, no sen- tido de aneniaar as presiões dos credores europeus sobre 0 seu go- verno, cuja situação financeira parecia incontornável (5)• Dosne - cessario r e fe r ir o que s ign ificou a deserção dos Rocha eu temos de adesões arrebanhadas para o novo partido oposicionista•

(Zl) D iário da Bahia. 12 jan . 1 2 3 •ל(!>) Carta do Geraldo Rocha a Seabra. Rio , 22 janeiro de 1923,

A Tarde. 29 jan• 1 2 3 •ל

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Rui 3nrbosa e o n t i nun v a ser nño.isó o mentor, mas a força c o r

trípe ta que vino os individualizados grupos oposicionistas. Logo a - pos a formação do novo partido , lançn nanlfosto recomendando no e - loitorndo quo vote na chapa oposicionista, 1 ta era integrada por tarimbados p o lít ico s da volha guarda, cono Medeüsas Noto, Alfredo Mascarenhas, Pedreira Mala, José B ittencourt, e tc ., o por jovens e lenentos representativos da in te lectualidade baiana, cono os pro - fessores Alvaro de Carvalho, Fernando Sao Paulo e Mario Lea l, da Faculdade de Medicina; V irg i l io de Leños e Homero P ire s , da Facul- dade de D ire ito , entre outros (6 ).

2• A3 façções seabrlstas. A duplicata do Leg is la tivo i :primeira v ito r ia da oposição.

Con a modificação p o lít ic a na esfera federa l e n rapida orga- nlzação da oposição, Seabra sente que o terreno coneça a fa lta r- lh e sob os pés. NUm penoso esforço de afirmação, reune seus partidários e declara-se disposto a ace ita r as ameaças dos 3eus adversarlos e do Presidente da República, •rdena-lhes qvic enpregue tocias as for - ças na «anpanha e le ito ra l. K o in íc io de una lu ta aberta e 30 a l - guen quiser abandona-lo, que o faça, porque e le , Seabra, permanece- ra , mesmo só, até o fim (7 ). No fund o, e en temos re a lís t ic o s , de- seja um aeordo com a oposição (8 ), porque sabe ser essa sua única chance de sobrevivência p o lít ic a . No entanto, o P.R.D•, ou o "sea - brismo" — um mesmo e único organi3no — ja esta nitidamente d iv id i do em duas farções r iv a is : a dos "nonizes", conduzida pelo ex-gover nador Antonio Moniz e sev primo Moniz Sodré e a dos f ié is soabris־ - tas , liderada pelo Cel. Frederico Costa, da qual fazem parte entre outros, Moncyr Pere ira e Batis ta Marques, ^quanto a primeira se o- põe a realização de qualquer acordo com a oposição, a segunda, bem mais re a lis ta , manifesta-se favorável e uma acomodação com os gru - pos oposicionistas.

(6) A Tarde. 13 jan. 1923•(7) A Tarde e 0 Democrata. 30 jan. 1923•(8) t PemoçrataT 1ד .lan. 192־ nega que os Monlzes estivessem

coagindo Seabra a lu ta e, em conseqUBntia, ^mped^ndo-o de re a liz a r um acordo p o lít ic o com a oposição. Ver tamben P ia r lo de N otic ias , 3• j •m. 1923־

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ífa* constitu iu surpresa para ninguen que as e le içoe 3 estadu- a is de h de fevere iro resultassen nuna duplicata do Logi31ativolAn tea que áe procedesse a apuração e le ito ra l, una peça indispensável a execução do esquina de nudança da situação p o lít ic a f ׳ o i posta en jogol A 22 de feVereiroJ o Governo Federal noneoü 0 Cul. Marcai lío nato de Fn^ia para aáâunij1 a Conando ,da >3 Rogião M il i ta r (9)• A subétituição do conando n i l i t a r na Shhia tinha feição rlaranonte p o lít ic a . S iis s á r io da confiança do Presidente da República, o CeL Marçal de Faríii■׳^onfessou que não poderia f ic a r inpnssive l e ״ind¿ ferente a luta que se trava (va ) no Estado, principaInente porque nela esta (va) envolvida a grande na io ria dos baianos(,,• ) que apoia(van) o governo do honrado Arthur Bernardos (*••)" (10). Kao procurou d iss im ila r o ob jetivo de sua nissão, que tinha carater não sinplosnente n i l i t a r , ñas altanente po lítico•

j Seguimdo as regras costuneiras, a duplicata do Leg is la tivo coneçou con a duplicata de Juntas Apuradoras. Para que o plan• opo, s ic io n is ta funciona3se com perfeição, • Ju iz Federal Paulo Foatoa fo i afastado do sou posto, que passou a sor ocupado pelo Ju iz Subs t i tuto, Caetano ,Sstc lita Peasoa. Münidos do 1״habeas corpus", duvi- dosos quanto à sua legalidade, concedidos por esse Ju iz , quatro nenbros da oposição — o ju iz Jüvenal Alves da S ilv a , JVristidas A l ves Ca>saes, Antonio F re ita s da S ilva e Antonio França Jun io r, con- selheiros nu n id pa is — sob a orientação do jornnlisno Slnoes Fi - lho, constitu irán a Junta Apuradora da oposição•!

A junta apuradora governlsta, tanben fornada por quatro nen- bros, 3«b a presidencia do Cel• Frederico Costa, rov.niu-se no nos- no lo ca l (sa la das sessões do Conselho M unicipal), no nesno dia (f> de narço) e na nesna hora (13••^ h•) en que se reunia a Junta •po- s ic io n is ta . Instaladas face a face, cada qual proclanou a v itó r ia d«s seus candidatos• A J\1nta Oposicionista denonstrou naior ״e f ic ¿ encia״ , apurandoe$penas 3 horas 03 resultados e le ito ra is dos 1ÍL2 municipio» d• Estada. Diplonou seus ¿12 deputados o os 7 sonadoras

(9) Pedro lago a Octavio Mangabeira. R io, 25 fev• 1923, in Ar guivo •tavl• Mangabeira.

CM) Telegrama de J.J.^ Seçb ra ao_Pre3idente da República, pe - dindo providencias em relação a atuação do Conandante M ili ta r , "nq\x lador" da oposição contra o governo constituido• in O Denoerata. 10 mar• 1*23.

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do torço renovndo• übbora a Junta govemista fo330 n a i3 noro3a ,to r nlnou tanben por diplonar 3® dos candidatos quo intogravnn sun chi pa 0 unis 12 avulsos ־— o quo no caso equivale ה dizor govornistns— perfazendo o to tn l do deputado3 quo conpunha a Cañara "!stadual (11).

£eputado3 e son1־doro3 oposicionista 3, nunidos dos sous diplo no3 o garantidos por novos "hnbeas corpu3 ", quoron 0nt1*ar no o d ifi cio en que 30 reune a Cañara dos Deputados, no Cu.po Gr.'.ndo, a f in de conoçaren sous trabalhos» Contudo! o predio onde finciomvp. ft Canada havia sido in te rd itado j 30b pretexto do encontraí-So en 0 - bras de renodolaçãol Seabra apela patfa 0 Suprono Tribunal Forler־*! e parn o Presidente da República, pedindo-lho una solução urgente pnrn o enso baiano (12). • inpasse o ronoido polo f nntn3.:n d5־ ln'•-7’ tervenção federal• 0 Presidente do Supreno Tribunal Federal renete a decisào da questão ao M inistro da Ju s tiçn . Tiste, inedin t.׳r30ntc , telegrafa ao Governador., advertindo-o quG, se fosso negado o in - gresso dos deputados oposicionistas no e d if ic io dr Ca! nra — nesno׳que- osta Gstivosse en obra3 — pori*' en o«ocuçã־׳> o Art• 6 da Cons פt itu iç ã o Federal (13)•

Ante tão convincente adnoestnçãn, Soabra deixa-30 vencer.Trr ninadas as sessões preparatorias, , ר ר י 7 *••י׳ ,!!יזיי :•esna hora, 3י־ Assenbléia3 governista e oposicionista ׳ião in ic io ao3 sous t r b3-׳ - lhos, A p rln o ira , presidida polo Col. Frederico Costa, ru־an0-30 nu na das 3alns da B ib lio teca Pub lica, In ic iando suas atividades con a le itu ra da Mensagen governnnentnl, conforuo dotom im va a Con3t ¿ tuição• A Aasonbléia oposicion ista, reunida no e d if ic io do Canpo Grande, sob a presidência do Sonador Cesar Sa, tanbén declara n n- bertura dos 3eus trabalhos. Hibora 03tranha33e "que o governador não (lhe) houvesse renetido a Mensagen", sua leg itin idado ostfevaben garantida pela presença s ig n if ic a tiv a de n i l ita re 3 que e ss is t iran %aquele ato in au g u ra l.(lk ).

Enquanto o Leg is la tivo governista v ia o 30u p restig io decre¿ cer, ante a osten3iva recusa do governo federa l de con ela corres-

(11) # Panocrata. 7 6 1• nar• 1923• > P״l z . do Rio, 13 nar •1923•

(!2 ) • Ip o a rc la l. 27 nar. 1*23•} A Tarde, 69 Dar. 1923•) ¿ la r io da Bahia. 8 a b r il 1923•

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125.

¡pondaj״-se, n "Cañara ItL rin ", conn. 3c tornou conhecida ז1י׳ épocח n o po3ic lo n i3tn , sob a presidência do deputado ^ncsto Sinões F ilho (1 5 ) funoionn nomalnonte, graças a iiroteção do governo da Reoúbl¿

lea.3• Heg<3»lncõe3 en torno da sucessão covernanentalt תנעז chance

do sobrevivencia para o soabrlsno.Procurando e v ita r que a espada da intervenção fed era l, que

desde a v ito r ia de Artur Bernardes pendia sobre 3ua cabeça, viesso a golpeailo nortalnente, Seabra concentra 3eu3 esforços no sentido de eneontrar una formula de aconodação '1honrosa" cor! a oposição , firnenente anparada pelo Presidente da Republica. Se nanipula330 ben as peças do Jogo p o lít ic o , sua chance do sobrevivencia podarla estar na sueessão estadual. E portanto estimulado por una necessi- dade v i t a l , que Seabra propõe a Rui Barbosa, chefe do estado naior da Concentração Republicana da Bhhia, un acordo, sugerindo o nono

S ~de Arlindo Leoni para sucede-lo no governo o oferecendo a oposição 12 lugares ya Cañara estadualt Seabra, contudo, não esta en condi- çõe3 de fa'zer qualquer proposta, nas tão sonento de a ce ita r a que lhe fosse of©retida. A resposta de Rui não se fez denorar. Nuna longa carta , inpunha a Seabra a aceitação de tres condiçoos indis- pensáveis n nego*lação de un acordo p o lít ic o : a_prineira_ Soriarenuncia de Seabra, a f in de que pudesse, cono sinples chefo dopartido, d is tu t ir o problena 3uces3ório; a segunda oxigia que nao apenas dóze, ñas notado dos lugares na Chnara estadual fosse dada a oposição; e finalnonto, que para governador do Estado fosse indi,cado un dos nenbros da Concentração, ou pelo nenos, un nono os -tinnh» à p o l í t i f a seab״ ris ta״, entre 03 quais Miguel Calnon, João Mangabeira, Pedro Lago, Aurelio Vinnna, Aurellno Leal, Sinõ03 F i - lho , Antonio Calno^ Otavio Mangabeira e o de3enbnrgador J . J . Pal- na (1-4)«

A ageitação de ta is condições s ig n if ic a r la para Seabra a per

(15) A 1 ° Secretarlo da Cenara oposicionista ora o deputado Ronero Ba teX lta ,Nirnão do Ju iz E s te lita Pes30a, que conceder^ os ?!habeas •orpus״ a Junta Apuradora oposicion ista; o 2 ° secretario e rn o deputado Wen*eslau G allo , ele®ellto״sinon i3ta •״

.. a< ) A ra i flgj 87 fev . 1923; D iario da Bahía e Jo rna l do Bra-31J., ttlo-j nar• 4523■* rt3nonarando o desenrolar tíbva negociaçoes.

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da to ta l do poder p o lít ico que durat»íífc׳conqui3t-arn e rue pe nr- ar-.uoft te vinha procurando prc3ervar nesse verdadeiro jogo de capoeira po l í t i c a . Sabia que ao nais hab il capoeirista caberia a v itó r ia e quo esta dependeria da astucia e rapidez enpregada na lutn• Fo i, portanto, através des3as dua3 arnns, que Seabra procurou confundir o adversario, atacando-0 sirrultaneanente eu dois "fronts"» ao Rio enviou o deputado Pereira Teixeira, con a incunbência de entregar a Rui Barbosa una carta, na qunl indicava 0 do3enbargndor J . J . Pa l na cono candldâ^p de conciliação (17)• A a lta cupula oposicionista, reunida en Petrópo lis , na residência de verão do senador Rui Barbo sa, discute en torno da nova siiuação, atordoada ainda eou ר nno conpareciuento de Aurelino Leal, que através de una c; r ta , torna claro que a escolha do candidato deve ser subnetida a apreciação do Presidente da República (13)• Na verdade, o então in terventor no Estado do Rio deseja e nutre a esperança de que venha a 3er o candidato escolhido, cono chefe que fora da canpahha "bernardi s ta " na Bahia <1•). mé 'Eaquanto a oposição acred ita que Seabra i'e ,flütoaeterr. **פ con- dições draconianas que lhe foran inpostas, na Bahia, o governador nanifesta sua destreza de autêntico capoeiri3ta p o l i t i c -ftuun jo .»־־gada decisiva» propõe a Francisco Marques de Goes Calnon, rono:.náo banqueiro e advogado e nais significativam ente ainda, irrião do Mi- n istro Miguel Calnom^ que seja candidato ao governo do Estado•Braz Hcmenegildo do Anaral, conceituado nédico, p o lít ic o e historiador, fo i o in toroedi׳a rio nessa negociação (2#)•■•

Não tendo v in *u lo a 1 de naior aproxinação cou aquele sou ex-?_ luno na Faculdade de D ire ito de Rocife , Seabra, nais una vez, pare, c ia querer antepor-se aos acontecinentos• Na candidatura Goes Cal- non v ia a possib ilidade do a fasta r a sonbra da intervenção federa l que o pe rseguia. Poderia ganhar tenpo o nesno fazer cou quo a s i- tuaçao revertesse a seu favor, pois, na verdade, colocara 3eus nd- versarlos fren te a un inpasse: re p e lir o none de Goes Cnlnon seria

(17) Telegrana do Pedro lago a Otavio Mangabeira• R io , 27 fev• 1923. in Araulvo ttav lo Mangabeira.

( lo ) Telegrana de Sinóes F i lh o a Otavio Mangabeira• R io , 27 fev• ׳ 1923י i * Arquivo Otavio Mangabeira.

(19) Carta de Aurelíno Lea l a Rui 3arbo3a . H ite ro i, 27 fQv . 1923» in Ifen llton Lea l, op. c i t * . p• h5k/h55•

(2•) A TardeT 28 fe v . If23•

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tanto por parto do Presidente, c^no dos "concentrlstas", senão uin afronta, polo nonos una desconsidera ção a Miguel Calnon. Acal ta-1 .י, sc-ria de corta forna fo rta lece r o "seabrisno", que querían derrotado, \

íbbora G003 Calnon condicionasse a a c « itacão do sr.־* candida- tura a aprovação do3 seus im ãos p o lít ico s , Miguel o Antonio, ola ja ora un fato nonsunado• A 29 do fevere iro , apos c׳vrmicação te le fónica ron Goes Calnon, Reabra anunci1 זח ao Presidente da República tor lembrado ao seu "digno M inistro da A g ricu ltu ra ", <jue ־ו¿: "¿!cor- tío digno poderia ser realizado en torno do none d«atado do Dr.Goes Calnon, nenbro proeninonte das classes conservadoras (•••)"• A Rui Barbosa passou ■־. telogmna senelhanto, acentuando que sua escolha era fru to de "una p o lít ic a do congraçanento” , cujo objetivo ora e- v it a r una lu ta p o lít ic a no Estado (21). Esta arri3cada c ■rtada po- l í t i c a , que parecía ser a salvação do "seabrisno” , t r zi־1 •־ 1׳־ tunta o peso de sua Condenação. A norte iupediu quo Rui -tarbTS־' lesse כ telegrana que trnzia o gernen da v itó r ia con ׳¿’ic t nto sortfrra* a׳־queda do Seabra,

No entanto, dentro das circunstancias h is té r icas do Lidien to, n~o poderia haver escolha nais f e l iz quo a do Goe3 Calnon, Prcs i - dentó do Banno !¡•onónico da 3ahia e do In s titu to da Orden dos Advo gados, Seção da Bahia, Goes Calnon era nenbro de una das n־>is i ln s tres e trad ic iona is fa n i l ia s baianns e tauber un d״»s elementos l á S 1; representativos da e l i te o canónico-financeira do Estado, (22). Apr\ rentenonte isento de vlnculações p o li t i co-p־׳rtld a r ia s e, partanto, sen conpronisso do orden p o lít ic a a sati3 fazer, d if ic iln e n te seu * ־ י nono poderla ser re je itado , querpela e l i t e econonica donlnanto, ־ ■ quer pelos oposicionistas lo ca is .

A oposição, tonada de stirpresa con a háb il jogada p o lít ic a do Seabra e desnorteada con a norte de R»1i Barbosa, 3un grande fo r ç ׳ aglutinadora, tenta p ro te lar qualquer defin ição a respeito da questão sucessória (23). Sabia que a npresantação da candidatura

,(21 ' Telegrana de Seabra a Arthur Bernardos g a Rui Barbo3a, in D iario da Bahia, 10 narço 19S3 Q • Douocr^ta, 3 e 1/4 nar. 1923•

(12) Afranio Pelxotg et a׳l l l . Gogs Cannon, in MonorlanT Rio, 1923* oferece dados biográficos sobre o entao candida to ao governo do Estado•

(23) "Nota O f ic ia l da Concentração Republicana da Bnhia" in A Tarde. 17 nar. 1923•

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Goes Calm•* f urn plan* emgenho3aoerrte arqui tetado por Seabra pa־ ra<׳ra desarma-la. Não a aceitou de imediato, parque considerava one a indicaçao d• futur# governador deveria p a r t ir da •posição, com a a, provação do Presidente da República, é evidente. Demorará 7 meses para decidir-3e, parque na• juer f^zer o jogn T3eabra.

Tateando era busca de una solução, Otavi• Mangabeira va i a3a• Paul• eenferer.ciar con ,Washington D iis , en t*rn• da suces>nobaiana (2¿1). A\1re lino Leal continua a aca lentar a esperança de v i r a ser o candidat• indicad• por Artur Ornardes. Deixor a interven-to ria d• Rio para governar seu Astado na ta l, é se'' grande 30,־!he (?ל“).

Enquanto a oposição esta mergulhada na nais plena c^rfusão .׳ - % *a procura de un rum• a segriir, manifestações de apoi• a candidatv-

tura Goes Calmon começam a surg ir de todos 03 pontos do Ostade * de todas as camadas soc ia is : O Arcebispo da Bahia e P r io ”׳ ! do 3ra- s i l , e com ele o mundo ca to líeo , apoia entusiasticamente a candida; tura Calmon (26) , a burguesia comercial ve e;n Goe3 C^l&on, '1emines te figura . das classes conservadora 3 a ״garantia da orden socia l e do progre3>o económico do ^3tado ( . . . ) 2 7 (״ ( ; funcionários púbii. cos, eorretore3, medico3, professores, enfim todo3 03 setores da sociedade manifestam apoio ר candidatura Goe3 & 28) 011 י1ב־ ) • Dos vá- r io s municipios interioranos partem, er. igua l escala, demonstra çíes semelhantes: Morá'cio de Matos, da3 Lavras D laaantin '3 , hipóte, cando solidariedade ao P .R .D ., apoia a candidatura Goes C־׳.lmon(29); F rnnk li» de Albuquerque, de P il»o Arcado; D#uca Medrado, de Mu cm - gê; M arcion illo dp 3#uza, de Mnracás; João Duque, de Carinhanha (3#), tfntre muit03 •utros chefes p o lít ico s p restig iosos, como Ra - fa e l Jambeiro, de Castro Alves e Durval Fraga,de Sao F e lix e Muí i- t ib a , garantem a v itó r ia da candidatura Cnüion ñas suas zon^s de in fluencia (3 1 ) .

(2/1) A Tarde. 1• mar. 1923.(25) Hamilton Lea l, op c i t . pp ldil/h.75»(26) r ia r io de H b tíc las . 8 m׳ar. 1923•

, (27) Telegrama das ״classes comerciáis” ao Presidente da Re-publica, in D iario da Bahía. • mar. 1923•

(28) P ia r lo de N o tic ias . 10 mar. 1923•,(29) Telegrama de Horacio de Matos ao Cel. Frederico C03ta ,

in D iario O f ic ia l . 11 mar. 1 2 3 •ל(3>) A TardeT 28 abr. 1923•(31) D iário de N o tic ias . 6 e 15 mar. 1923•

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129•

It* Pina־’*Tinst*יי e le ito r a l : preenchimento de vaga no ־ .n«do.

Aprser das manifestações d« 1־׳poio que continu»!n a surg ir nr- cíç^raonte, o lançamento d ■י׳ candiel1׳ ti ira 0ó3<=׳ Calnon r¿~o d׳?u a 30 a - Ir a cooperação que el© e3peravr! obter do President© da República מ e dos p o lít ic o ¿ opoáicioni3tr.S4 A certera d״ que e3 -!r aproriv.^ão permaneceria no plano da3 aápiíbçofâ v»ío coa 013 3י־i ç03s d9 ?..ד־ d״ ju lho, pnrn o preenchimento da v׳iga aberta no j^neiio cn;a י׳ moi*'*־־־ de Rui Barbosa• Elas ben poderi•*'” 3er tonadas cono urr. "p rov ia do ייque seriam as eleições governamentais de 29 de dezenbro• 0 P.R,*?•, lançando a ©andidaturn A rlirdo LeorJ. ( e a C.R. 3•, apre3entar'J0 (קדa de Pedro Lago, como num torneio medieval, neder:: 3ua3 forças, E1־־- quanto o governador aciona a máquina estadual a favor do seu cam ¿ dato, a oposição lembra ao3 chefes p o lít ico s lo ca ls , através de c ircu la r enviada aos diversos d is tr ito s e le i to ra l s״ qu.e o seu can- didato conta, com o "pleno apoio das forças s itu ac io n is ta3 da po li- t ic a fed era l" (33)• Mais um ve•«, o resultado da ,,.lu-ita e le ito r a l” 30 poderia ser a dupli ca ta , Enquanto o governo comemorc o sucos.*o do 3eu •andidato, a oposição anuncia o de redro Lago• Antecipando decisão f ח in a l , que deveria caber *o 3enado, Ar¿ur !•?rnard^s te le grafr\ a Pedro Lago, fe lic itando-o pela v i t ó r i 3 ;pér׳r״ (.?,11)• ] io se- r ia r e fe r ir que o Senado declerou Pr-dro L״go vencedor• A oposição proclama o re3\11tado f in a l do p le ito : Pedra Lago, 18. ¿:03 voto3 e Arlindo Leoni, 16.328 (35)

A v itó r ia da oposição pyernaiolava a derrocada inape lave l do. "seabrlsmo״ e con ele 03 momentos f in a ls do P .R .?)., one h׳׳:v ia mui״- to p״rdera sua posição de partido dominante•1

A f^eção !,monizistaw, num impulso rovnnchista, pede o cance- lamento da •andidatura de compromisso Go©3 Calmon• Saabra, numa ten tativa de abrandar o ímpeto dos 30113 co rre lig ionario s, e ao nrs mo tempo •»ntrn-ataear a oposição, far! cor.־! •que o Cel• Cesar Sa, a- gora nns hostes oposicion istas, 3eja afa3tado do Senado Estadvwl e

, (32) Q Perno«rata. 26 malo 1923•״A candidatura Arlindo Leonie formalmente apresentada pela Comissão Executiva do partido em 13 de julho de 1923•

(33) lá L á ía , 16 Jun. l«23(3ti) Telegrama de Artur Bernardes a Pedro La1;o. in A Tnrde .

26 ju l , 1Q23 . b ’ ' ״! .Telegrama de Pedro Lago a Otavio Mangabeira» Bahia ל35) c

3©t. 1523, in Argulvo Otavio ?tongabelra.

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o san lugar "entregue״ ao Cel. Horacio de Hatos.0 governador precisava reassegurar-3e do apoio doâ tíorottaií!

e para isso era necesiario que lhe3 de33e רבען ״ demonátrnçao (de) apreço e consideração"* Nesse sentido; nada melhoi* qua tíolocar no Senado E3tadual um dos áeus mais a ltoâ 1*ep1*esr5ntanteá, o seu "que rido amigo" Celi Horacio de MatoS (36). Tudo tinha sido arquiteta dol 0 Senado governistas, antes de encerttn־ seus trabalhos (28 de agosto)! declarou a perda do mandato ■ do Cel. Cesar Sa, um dos seus mais antigos membros, "não por sua qualidade de oposicionis- ta " , mas porque deixara de comparecer 3ר׳ sessões do " imico Sena- do existente no Estado da Bahia ( . . . ) " - נ& Agora bastava à •(י17) missão Executive do P.R .D ., reafirmando os contat03 quo Seabra mantivaracsom a e l i t e in te rio rana, apresentar o Cel. Horacio da Matos como •andidato ao Senado Estadual (38), nas eleições de 7 de outubr•. Tranquilamente Horacio de !׳latos fo i "e le ito " senador estadual, representando as Lavras Diamantinas; 0 P.R.D. parecia revigorar-3e «ora a presonca do poderoso representante dos sertões na mais a lta C<1־sa do Leg is la tivo Estadual.

5• Apresentação fomal da candidatura Goos Calmon: BaagflfldaA dissidência3 partidárias.

A 15 de outubro de lf«?3» Sí>b a presidência do Senador Pred£ r ico Costa, 0 P.R.D . reüniu-se en convencao, à qual estiveram pr<¿ sentes •ersa de 13• delegados dos diversos municipios do ?stado . Seu objetivo era apresentar formalmente a candidatura Goes Calmon a sucessão estadual (3$). Os senadores Antonio Moniz ( já üo comi, te p artida rio ) e Moniz Sodre, bem como 03 deputadas federais Raul Alves e Arlindo Leoni, não compareceram à reunião. Opunham-s0 _à_ candldatasa Goes Calmon, 0 resolveram, portanto, boicotar ?. con - vençãa^XÜ•). -

A oposição tive ra varios problemas e enfrentar, quanto a sj¿ cessão governamental. Para a p e rfe ita execução do sou esquema de an iqu ilamento do seabrismo, era necessário quo indicasse um cand!.

(36') Telegrama de Seabra a Horacio de líat03. Bahia, 2 set. D ־ 19230 ^ e r n t , . » •198 י. ־ ״

M 1923 • ״ ׳“ ״ -(2Í•; rilarlo ' de N o tic ias . 26 out. e O Democrata. 18 nov. 1923•

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dato que 30 opusesse aquele aprosontado por Seabra• Contudo, erarente de coesão e constituida de elementos que se nlvelnvnm em in flu -A / C0ns0£uíraencia e p restig io po 'litíco , a C.R.B. nã0־Vãe f ix a r ea torno de unnomo saido de suas f i le i r a s . $ verdarle que Aurellno Leal aspirnvaardentemente a chefia do E jecu tivo estadual 0 contava com as bonsgraças do Presidente da Republica־• Porem, seu nome encontrava áreas de a t r ito dentro da prónria C.R.B. Acabou por perder toda aconsistência’, quando seus oponentes, baseando-se na carta que en -viara a Rui Barbosa, na reunião de Petropo lis , passaram a■ responsa.b lliz a- lo — mama atitude exploratoria ou não — pola morte do se-nador baiano.

Por outro Lado, o impasse gerado pela apresentação da candi- datura Goes Calmon era incontornavel. Recusa-la 3eria dar un ates- tado de dupla inab ilidade p o lít ic a : om p rine iro lugar, seria uma desconsideração" a Miguel Calmon, que alem do M״ inistro de Artur Bernardes, passara a su b stitu ir Rui Bhrbosa no comando da■ Concen - tração Republicana; em segundo lugar, mas não en plano in fe r io r ,se ־r ia l r de encontro às diversas manifestações pro-Goes Calnon, e e_s pecialnente à determinação da burguesia׳ com ercial-financeirn que tão vivamente demonstrara apoio àquele seii i lu s t re o legítim o re - presentante.

Combater 0 governo, mas não o candidato por ele apresentado, fo i a única saída que restou à C.R.B. Assim, ao mesmo tenpo em que 0 P .R .B . homologava a candidatura Goes Chlrion, a oposição lançava: um nanifesto, apresentando-o oficialm ente, como ©ndidato da C.R.B. ao governo do Estado (Z il).

No panorama p o lít ico da- Bahia esta fo i uma situação impar. Concentrando suas forças em torno da v ito r ia de un mesmo homem, gr5 verno e oposição permanecem divorciados, um lutando pela derrocada do outro. 0 Presidente da República apoia agora a candidatura do irmão do seu M inistro da Agricu ltu ra, e as adesões do mando p o lity co e económico-social da província crescen aos borbotões (.112)•

A i§ de novembro, a corrente ortodoxamente "bernard ista",na3 nem por isso ealmonista, da C .R .B ., rompe com o partido , apresen - tando ao governo do Estado a candidatura do ex-deputado federa l ,

( il l) A TardeT 18 out. e 0 Democrata. 19 out. 1 2 3 •ל(¿12) D iá rio da 3ahia. 27 out. 1923•

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Francisco Prisco Paraíso• Argnmentavan os dissidentes "concentris" tas ", liderados por -,H irelío Vianna- e Medeiros Neto (Ü3), que Mi ־ guel Calmon conspirava cora seus irmão Antonio e Francisco, no sen- tido de p res tig ia r o "seabrismo". Dera instruções a Francisco, pa- ra que ra t if ic a s se todos os compromissos assumidos com o governa - dor* Isso parecia aos dissidentes uma forma de subserviência ao " 3eabri3mo" e, ao mesmo tempo, umn deslealdade para com o Presiden te da Republica. Alem do mais — continuam a argumentar — Goes Calmon vinha hostilizando os mais f ie is "bernard istas". 1ün Santo A maro, seu genro, Jose Wanderley de Araújo Pinho, menosprezava aber tamente os "bernard istas", o que lhes parecia vim claro in d íc io da in fide lidade calmonista. (¿111) .

F o i com entusiasm o que a fa cçã o "m o n iz is ta " do P .R .D . a d e r iu a Cand idatura P r is c o P a ra ís o (115)• Os d o is campos em lu ta surgen então c laram ente d e f in id o s , quando cerca de una semana d ep o is , a m ais estrondosa confusão en vo lve a v id a p o l í t i c a da p ro v in c ia •

(• 0 Rrcuo de Seab ra . Esface lam ento do P .R .D .Inopimadamente, a 26 de novenbro, Seabra re t ira seu apoio à

candidatura Goes Calmon. Esse retrocesso seabrista teve e fe ito bom bastico no mundo p o lít ico provinciano e mesmo na esfera nacional • Ninguém podia entender que Seabra, o lançador da candidatura Goes Calmon, retroagisse agora, quando a v itó r ia do ilu s tre banqueiro era praticamente fato consunado. Na longa viagen q u e^ ea lK a& ^ ^ ío Estado, às vésperas das ele ições municipais (11 de novembro), Goes Calnon teve a opostunidade de trava r conhecimento com diversos che fes sertanejos, e sua v itó r ia surgia antecipadamente confirmada.

Para ju s t i f ic a r sua atitude, Seabra baseia-se numa carta que o d issidente Medeiros Neto enviara ao senador Moniz Sodré (23 ^e novenbro), segundo a qual Goes Calmon, através do seu irmão Minis- tro , te r ia assegurado ao Presidente da República que sua "v itó r ia seria a liquidação do seabrismo (•••)״• Por una questão de sobrevi_

'(fc3) Os denai3 d issidentes da C .R .3. eram: Jose B ittencourt, Ajuricaba Menezes e Raul Passos. Aurelino Leal, desde que A rtyr Bernardes apoiara a candidatura Goes Calnon, manteve-se f i e l a mes na. A Tarde. 2t nov• 1923•

y ( j j iD l.bidem(li5) ibidem: 0 Democrata. 22 nov. 1 2 3 .Hamilton Leal, op «ל

d t « , p. ¿1*9•

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vência p o lít ic a , portanto, Seabra negava ”pos itiva o francamente a continuação do seu apoio” à candidatura Goes Calrnon. Pro feria no ׳f in a l das contas, "a lu ta an s u ic id io ” (¿16) . Não nos cabe especu - la r se a carta fo i espontanea ou "encomendada"; se o sou objetivo era dar ou nao a Seabra ־ ׳״« argumentos" que Justificassem o seu recua 0 oerto é que o Presidente da República já havia selado o destino de Seabra. Possivelmente, mais urna voz, Seabra tenha corrido à fren te dos acontecimentos. Indiscutivelm ente, ao p ro fe r ir a lu ta , e le abreviou os seus d ias, que ja estavam contados.

Comunicando a Artur Bernardes sua decis ão, o Presidente se- camente respondeu-lhe que não desejava "descer as in tr ig as lo ca is em efervescência na Bahia ( . . . ) " (U7)• A lu ta agora despojava-se de todas as simulações. As mascaras caem e o embate f in a l é quase um corpo a corpo. Ante a resposta de Artur Bernardos, Seabra não 30 reafirma a re tirada do seu apoio a ^oes Calmon, como culpa octe fe da Nação de inconstitucionalmente in te r fe r ir na p o lít ic a p arti- daria dos ,Estados (.118) ,

A 29 de novembro, Seabra reune a Comissão Executiva do Parti, do, a fim de reformular o esquema sucessório que ele mesmo havia montado# A ala anti-Moniz do P .R .D ., liderada pelo senador Freder¿ co Costa, nem sequer comparece à reunião. Através do uma c a r ta ,rom pe com o seu chefe e desliga-se do partido. A defecção da corrente conduzida pelo Presidente do Sena-do • provocou o esvaziamento do P.R.D* e, em consequência, do "seabrismo". Do comité p artid a rio , a penas Antonio Moniz, Lauro V il la s Boas e Alexandre Evangelista de Castro, acompanharam Sea;bra. Seus demais membros, Baptista Marques, Pere ira Moacyr, João Martins, Eduardo F re ire de Carvalho F ilh o , J£ sé Abraham Cohim, Antonio Pessoa, além do Cel. Frederico *׳־osta, u- niram-se, embora não formalmente, à Concentração Republicana da h ia . No Senado, o p restig io e in fluência do seu presidente sobre - põe-se à do governador, *ta sua quase totalidade, os senadores acom panham Frederico Costa. A câmara Estadual está d iv id ida entre as duas tendências. De forma gera l, os "seabristas" estão a braços com um dilema: manterem-se f ié is ao chefe e recuar no compromisso

$i6 ) "À Bahia — Manifesto do Dr. J . J . Seabra recusando seu? a?poJ.o a candidatura Goes Calmon", 26 de nov. 1923 in Aroulvo do

pa§ta 17. doc. 213•B ja r lo O f ic ia l, 28 nov 1923• lbldem•

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13h•

assumindo em re la ç ã o a cand'iclVturE1G0(53 Calnon, ou r e s i s t i r à p a la- v ra de ordem de Seabra e conservarem o apo io ao cand id ato lançado p e lo p ro p r io governador.

No computo f in a l, não so por una questão de coerência, mas principalmente, porque o apoio do governo federa l garante a v ito - r ia Goes Calnon, o " generalissimo ( fo i) abandonado pela maioria do seu estado maior e por outros generais do seu exercito p o lít ico ( . . . ) " (¿19).

A f id e l id a d e a can d id a tu ra Calnon t r a z , p o rta n to , como con - t r a p a r t id a , a deserção dn "s e ab r ism o ". Manoel de O l i v e i r a , S e c re t£ r io da Fazenda, e Jo sé Barbò9a״>de Sousa, da A g r ic u ltu ra , decidem - se pe lo "calm onism o" e são exonerados dos seus p o s to a . (50)•

As adesões crt^fem em ritm o a ce le ra d o à medida que a concen - tra çã o das fo r ç a s fe d e ra is — de mar e te r r a — na C a p ita l (51)י a nunciam os u l t in o s d ia s do "s e a b r is n o " .

No in te r io r , embora de in lc ío os chefes p o lít ico s se vissem atordoados com a fo rte guinada de Seabra, a tendência geral fo i a manutenção da fide lidade en re lação ao compromisso assumido com a candidatura Calmon. Os coronéis Francisco Leobas, da zona do São Francisco; João Duque, de Garinhanha; M arcion illo de Souza, de Ma- racas, definon-se claramente pro-Calnon (52).

0 candidato esAolhido pela remanescente Comissão ^ ecu tiva do P.R.D. para concorrer às eleiçõe3 de 29 de dezembro, fo i o depu tado federa l Arlindo Leoni (53)• Derrotado ha quntro neses atras por Pedro Lago, quando concorreu a senatoria federa l, Arlindo Loo- n i era, na verdade, um candidato simbólico, lançado às vésperas das e le ições. Sen chance possível de v ito r ia , ajudaria seu partido a arrastnr-se até os nonentos f in a is .

7• Durllcata das ele ições governanentals. 0 reconhecimento. A posse Goes Calnon sob estado de s í t io .

As ele ições de 29 de dezembro, de acordo com as expectativas

, (119) ”Ultima Verba % manifesto de Seabra, 3 dez• 1923» in Diarlo O f ic ia l , k dez. 1923•

(50) A Tarde. 1ס dez. 1923•(51) Ibidem. 3 » h e 8 dez. 1923•(52) A Tarde. 5 e 18 dez. 1923•(53) A Tarde. 13 dez• 1923• Como GoeslCalnon, Arlindo Leoni

era bacharel em ^ lre ito pela Faculdade de Rec ife . Senador estadual em 19*9 a1912 ־. fo i deputado federa l durante todo o período seabrJa ta , de 1912 a 1923» quando fo i fe ito candidato ao governo do 3sta- do•

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gera is, terminaram em duplicata• A Concentração Republicana anun - ciou a v itó r ia de Goes Chlmon: $Oí 757 votos contra apenns 11.1179 conferidos a Arlindo Looni (511), enquanto מ última ',contagem o f ic ¿ a l " assegurava a v itó r ia do candidato seabrista por ¿16.686 votos , contra 2é.711i computados a Goes Calmon (55)• /

Como em todas as e le ições, nesta, de formn especia l, o papel do Leg is la tivo o-wapa o primeiro plano. Os votos conferidos perdem seu s ign ificado , porque ao Poder V erificador cabe a última pnlavra. Ter a maioria no Leg is la tivo , portanto, s ig n if ic a te r a v itó ria• Mas não apenas isso• Acima da decisão do Leg is la tivo sobrepõe-se o poder federa l. 0 Presidente da República desempenha o papel de ár- bitro• Porém, Artur Bernardos não se preocupa em demonstrar impar- c ia lid ad e . Ao contrário , sua tendenciosidade não se reveste de quel quer mascaramento• Antes que a Assembleia se pronuncie, Artur Ber- nardos te legrafa a Goes Calmon, fe lic itan d o o pela v־ ito r ia (56).

A Assembleia Geral Legislativa que fora convocada extraordi-napiamente, a fim de proceder à aouraçao da eleição governamentale dar posso ao governador e le ito ( 57) , deveria agora, obedecendo aordem ju d ic ia l (58), reunir-se era um só corpo. No entanto, o Legisla t iv o ainda está de ânino tenso o na data p revista (âl de feverei,ro ) não se reune por fa lta de número. No dia seguinte, Seabra, a -través de manifesto dirigido "A Nação Brasileira e especialmenteao Povo Bahiano", investe furiosamente contra a Camara apoalcionijsta , n prestig iada pelos a lto s poderes da União” (59)• A3 pres3ões _ / sobre o Leg is la tivo crescem de ambas as partes. 13n.quantg!_0 exerci-to federa l continua patrulhando a cidade e estreitando o cerco emtorno das repartições federa is, Seabra convoca o chefe da p o lic iaestadual e da-lhe instruções no sentido de que ,’v ig ie " os le g is la -dores, quando se reunirem para rever os resultados das eleições

(511) A Tarde. 7 Jan . 192/i.(55) b la rlo O f ic ia l. 15 jan . 1 2 ל l i .(56) Telegrama de Arthur Bernardes a Goes Calmon• R io , 11

jan• 1921i, in A Tarde. 12 jan . 1921i.(57) Decreto n ° 3»u92, de 3* d(57) Decreto ¿0 3 * « 2 de 3* de janeiro ,ל de 192üi, in A Tardo.

10 fe v . 19211•(58) Ordem ju d ic ia l de dezembro de 1923 ל apud 1 י5ג -Soo Pang ,

op• c lt• , p• 2115•(59) D iá rio O f ic ia l. 22 fe v . 19211 •

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(27 de fo vo re iro ). A p o líc ia estadual quo senrnrc funcionara cono ־urn exercito privado rio governador, agora esta d iv id ida e questiona a ordem recebida. Depois de muitos debates, 03 0f i c i a i 3 m ilita res de cidem desobedecer ao seu comandante constitucional o permanecem neutros (6«).

Sen duvida essa fo i uma atitude d i f i c i l , porem re a lis ta da p o lic ia estadual» Seabra esta inpotonte. Contudo, não ace ita a der rota con a resignação própria dos homens que vão avançando en ida- de e manda a fix a r pelo3 postes 0 esquinas da Capital sua célebre frase 1 ,’Povo que corre não é homem” (61). ura brado sem eco por - que! atendendo a pedido do presidente da Assembléia Gorai, C e l.F r¿ derico Costa, o M in istério da Guerra da instruções de a le rta ao Co mando da 6a Região M ilita r , a fim de que os trabalhos de reconheci nento do governador sejan fe ito s em liberdade e boa ordem” (62) י׳ ״

Finalmente, a 29 de março, a Assembléia Geral Leg is la tiva proclama Goes Calnon governador legitimamente e le ito , por 70.CO? votos, contra 12.72? conferidos a Arlindo Leoni. Na Camara dos De- putados, os votos dividiram-se entre calmonistas e seabristas, con tudo, no Senado, então com 18 membros (existiam 3 vagas), cerca de 15 senadores, in c lus ive o Cel. Cesar Sa, votaram contra Seabra (6 . 0 monstro sagrado criado por Seabra — o Cel. Frederico- Costa — voltava-se agora contra e le . No entanto, enquanto Goes Calnon e proclamado1governador pela Assenbléia Geral, Arlindo Leoni, em reu nião secreta d irig id a por Antonio Moniz, tambem e fe ito governador do Estado (4ü). |

Considerando que a ״dualidade de governadoras (era) una vio- lação à forma Republicana Federativa” ; qu׳í a maioria da Assembleia Leg ià la tiva reiteradamente, vinha requisitando a intervenção do ״ ,governo fed era l, para assegurar o seu l iv r e funcionamento (•••)” o Presidente da República decretou o estado do s ít io em todo o te r r ¿ tó r io da ífehia, pelo prazo de 3® d ias. 0 Cel. Marçal de F a r ia , co- mandante da é a Região M ili ta r , fo i encarregado, " como representa^

(60) Eul-Soo Pang. op. c lt• , pp. 2hS/2h7•Ç6l) A Tarde. 23 fev. 1*2/1•(62) lb ldem. 27 fe v . 19211•(í3 ) lbldem . 29 fev• 1921;•(6h ) lbldem e D iário O fic ia l. ! narço l?2 ס ii.

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to do GOverno da União״ , de assegurar o " l i v re funcionamento" drr־A3sembleia o a posse do Governador por eln roconhecido (65)•

Enquanto Arlindo Leoni telegrafa ao Presidente da República, desistindo de p le ite a r a posse do governo do Estado, devido ao ״am biente de te rro r, oriundo das providências do Governo federa l L . .)"(66), Seabra, apesar de derrotado, nao se dava por vencido• Pensa em deslocar־־so para o in te r io r do Estado, a fim de não sofrer a su prerna humilhação de transm itir o governo a Goes Cnluon. No entanto, seus passos são barrados pelo Comandante da 6a Rogião M il i ta r . Re- quer, em consequência, un ״habeas corpus" ao Ju iz Federal. Contudo, o Col. Marçal de Faria deve informar sobre o pedido do governador. Nega-lhe imunidade e so permite que se afaste do Estado a 28 de março, depois de te r passado 0 governo ao seu substituto leg a l (67\ o presidente do Senado. \

Nesse mesmo dia, "calado e visivolmente abatido", acompanha- do dos senadores Antonio Moniz e Moniz Sodro, do candidato dettota do Arlindo Leoni e de seus fam ilia res , J . J . Seabra׳ embarcou com destino ao Rio do Jane iro , de onde seguiria (1ב de a b r i l ) para a Argentina (68). Obedecidos os tramites constitucionais, a 29 de março,'graças à "medida sa lu ta r" da intervenção federa l, Goes Cal- mon perante a Assembleia Geral Leg is la tiva , presid ida pelo senador Frederico Costa, o " sob a proteção do exercito fe d rrà l" , fo i em - possado no Governo do Estado (6 ? ).

Consumado a queda de Seabra, nova onda de adeSlsmo assolou a provincia. Intendentes e conselheiros municipais, que cuidadosamen te fabricaram estas e le ito ra is para testemunharem a v itó r ia de Ar- lindo Leoni, agora, con entusiasmo, hipotecan solidariedade ao no- vo governador e ao Presidente da República70) ־) . Adesisno? Mudarajn se os homens, mas as condiçÕe3 in fra-estru tu ra is da sociedade são asranl&sv 0 *tiieulosde׳• lealdadé entré o governo’nmnicipal e o es- .

(65) Decreto 16./122, de 19 de março de 1®2¿I, baseado no A rt. 48, n0 15 e no A rt. 80 da Constituição fed era l, in A Tarde. 20 mar.192b• Carta de Arlindo Leoni ao Presidente da República, 21de março de 1921i, in Hamilton Leal, op. c i t . , p. 1x72•

(6 7 ) Hamilton Leal. op. c i t . , pp. U72/R73•(65) l i a r lo de N o tic ia s . 29 mar. 19221 o 0 Im parclalf 2 a b r il

b ( ^ ) *1Mensagem do Governador Goes Calmon", in 0 DemocrataT 8

(7•) 0 Democrata, 11 a b r i l 192/i•

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tadual, portanto, permanece, na medida do possivol• So parece 30- f r c r certo afrouxamento no governo Goes Calnon, e porque as fo r - ças que 0 elevaram ao poder estão era antagonismo dentro do parti- do e, em c־׳>n3equôncia, os compromissos do lealdade d iversificara -' se•

8• As forcas no poder: 11 ca !monistas11 e ״nanga bei rlstas11.A debandaide ״f ie is seabristas״, a p a r t ir da• ascensão de Ar

tur Bernardos a Presidencia, apenas tornou patente um fato consu- mado: o P.R.D. não mais governnva. O divisionismo interno gerou seu enfraquecimento. As disputas constantes entre as facções lid £ radas por Antonio Moniz e pelo Cel. Frederico Costa desgastaran o prestig io do partido, tornando d i f í c i l para Seabra manter a coe - são dos seu3 membros. Ao assumir o poder־, Artur renardes já encon trou um P.R.D. enfraquecido, o que fa c ilito u - lh e a tarefa de gol- pea-lo mortalmente.

A Concentração Republicana da Bhhia já surgiu dividida• Nuji ca fo i un organismo p o lít ico consistente, in c lu s ive na estrutura- ção dos seus quadros. Sua força vinha do fo ra, do apoio 03tensiv0 do governo fed era l. A unidade de ação que aparentava era suporfi- c ia i . *¡nglobnndo herdeiros do "severinlsmo״ , do ״maTcelinismo" © ex-seabristas, uniu-os a p rin c ip io o mesmo ״id ea l" de aniquilamen to de Seabra, que os conduziria ao gozo do poder•

De in ic io , Rui Bftrbosa, por tudo aquilo que seu nome signi-f ic a , logrou uma re la t iv a coesão entre as d iversas claques oposi-cionistas• Morrendo o mentor in te le c tu a l da oposição, em março de 1923» 03 antagonismos que internamente agitavam o partido vierama tona• A Miguel Calnon, que assumiu o comando do partido, fa lta -va a força aglutinadora do velho senador baiano. D ir ig ia o p arti- do apenas nominalmente• 0 lançamento da candidatura־ Goes Calmon fo i su fic ien te para reve la r que ״bemardl3mo״ e ״calmònismo״ eram duas forças em conflito•

Miguel Calmon, pela posição que assume no Governo Federal 0 pelo menosprezo que seu Irmão governador pretende demonstrar em r ־׳ relação às questões p artid á ria s , é o comandante da1 a la "calmonis- ta w da C.R.B. 03 ״bem ard istas", que a p rin c ip io eram liderados por Aurelino Lea l, passam a ser conduzido3 , com a norte do ex-in- terven tor no Estado do Rio (junho 192/!), por Otávio Manga be ira .

Como una constante durante toda a República Velha, são as £

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le i ç õ e s , p r in c ip a lm e n te as fe d e r á is que re v e la n os antagonism os in te rn o s nas agrem iações p a r t id á r ia s . As e le iç õ e s fe d e ra is de fe v e - r e i r o de 192Ü põem a descoberto as d is p u ta s , sempre em to rno do in te re s s e s p e s s o a is , que agora dinamizam o nnvo agrupamento dominan- to• A u re lin o L e a l, que v i r a fr u s t r a d a s suas a s p ira ç õ e s à governan-ça da B a h ia , quer se r ag o ra , como ״ le g ít im o b e r n a r d i s t a '3 ״, enador/ M da Repub lica• Pedro lag o , contudo, nao se m ostra d isp o sto a ceder-lh e um posto que apenas gozarra em tão cu rto s meses e d ese ja se rr e e l e i t o . A s e n a to r ia acaba por escap ar das mãos de A u re lin o quose to rna deputado fe d e ra l e , para m elhor conform nr-se com a d e rro -ta , é f e i t o l i d e r da bancada, por vontade expressa de A r tu r B e rn a rdes (7 1 ).

Na e lab o ração da chapa de deputados f e d e r a is , as d isp u ta s p e sso a is são m ais a c ir r a d a s . A pas3agem de elem entos s e a b r is ta s _pa ־ra as hostes g o v e rn is ta s é רען t e r c e i r o elem ento em jogo que vem d i m in u ir a quota que d e v e r ia caber aos ״c o n c e n t r is ta s No en •״ tan to , também na esco lha dos cand id a to s à Camara F e d e ra l, Bernardos in t e r vem d ire ta m en te , Essa ta r e fa que sempre fo ra da ״com petencia״ dos governadores e s ta d u a is era agora açambarcada p e lo P re s id e n te da Ro, p u b lic a . E le d iz 03 nomes que devem ou não perm anecer na chapa e - le i t o r a l• Pondo fim às d isp u ta s en tro c״ 03 o n c e n t r is ta s que conbi ״deram os e x - s e a b r is ta s como ״p a rven u s״ A r tu r Bornardes reconhece que o C e l. F re d e r ic o Costa tem ״d i r e i t o (de ) co la b o ra r na o rg an iza çao da chapa, c o n tr ib u ( in d o ) para a mesma com a lguns cand id ato s (• • • Não so porque ab •״( ju ro u o "seab rism o ", mas porque d ispõe da״

m a io r ia do Senado E s ta d u a l, elem ento im portan te no reconhecim ento de poderes dos can d id a to s à sucessão e s ta d u a l" (7 2 ).

Os ex-seabristas, portanto,reepohaaT0i• em grande parte pela mudança da situação p o lít ic a que elovou Goes Calmon ao poder, con- tribuom para a c ir ra r 03 descontentamentos. Conscientes do papel do c is ivo que desempenharam, não querem estar excluidos da partilh a dos cargos e le tivo s e adm inistrativos sob o novo governo. 0 Gover-

(71) Com a morte de Aurelino, V irg i l io de Lemos passa a l id ¿ ra r a bancada baiana e Afranio Peixoto, ocupando a sua ־vaga־, garajj t i r i a o renoraado ״brilhantism o״ da bancada. 0 Democrata. 22 de ju- lho e 11 de outubro 192/J.

(72) Carta de Artur Bernardos a Aurelino Leal, 2k de fevero¿. ro de 1Í211• in Hamilton Leal, op• c i t . , pp. k7k/U75•

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nndor tamben reconhece o poder do "nonstro sagrado” criado por Sea bra e, quando assume a chefia do ^ ecu tivo , Frederico Costa volta a gozar a posição p riv ileg iada que conhecera nos áureos tempos sea_ b ris tas . 1925 e reconduzido a presidencia do Senado pela 11ג vez e neste posto permanecerá até que a Revolução de 30 venha des- t i tu l- lo .

Tambem na d istribu ição do patronato p o lít ic o o Governador não dispensa a colaboração do coronel-senador. A nomeação de ex-sea b ristas para a maquina burocrática dos municipios estaduais repor- cute de modo desfavoravel entre os "v ito rio so s״, que ambicionan não so o dominio to ta l da praça conquistada, mas uma participação tr iu n fa l na organizaçao do novo aparato po li tico-burocrático do Ti¿ tado• Todos desejam sor suseranos absolutos em seus pequenos feu - dos e le ito ra is e para isso e necessário garantir a nomeação de am¿ gos e parentes e não perm itir que adversarios ocupen quaisquer po- siçops dentro do seu reduto, quer sejan cargos federáis ou estadu- ais* Assira é que, por exemplo, ao deputado Simões F ilho desagrada- ra profundamente a no««acão de un Vilasboas, c lã tradicionalmento seabrista, para o seu município. "Depois de doze anos de áspero o¿ trac isn o ", argumenta o deputado-jornalista, ״ não seria ambição de masiada de mando querer d ir ig i r integralmente o pequeno municipio em que ninha fa n i l ia e, sen favor, uma tradição de fe e honradez p o lít ic a e pessoal ( . . . ) " (73)• A nomeação fo i d esfe ita , mas o pre tenso alheiamento do Governador em relàtac^às questões partidárias, a f in de poder dedicar-so mais cuidadosamente aos graves problemas adm inistrativos do !2stado, faz con que as queixas neaai sentido se avolumem, tornando ben n ít id a , no fim do primeiro ano do seu gover no a cisão entre "calmonistas" e״mangabeiristas0 •״ próprio Otavio Mangabeira,?para as eleições municipais de Salvador ( 2 O - 7 0 ־192¿ , in d icara tres coronéis que, pelos serviços "prestados era circunstan- cias ex«epcionais ( . . . ) " , deveriam compor a chapa de conselheiros. Não escondeu seu profundo aborrecimento ao saber que a chapa tinha sido organizada som levar em conta suas indicações (7Ü)•

(73) Telegrama de Simões *,ilho a Goes Calnon. Rio 2 (maio) 192/1 in Araulvo de Francisco Margues de Goes Calnon. daqui por diaa te AFMGC.

(7a) Telegramas de Octavio M a n g abeira a Goes Calmon. Rio, 13 e 15 jul. 192k , in AFMGC.

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A lealdade dos Calinons para con Artur Bernardes que vlnha sen do questionada desdo o lançamento da candidatura Goes Calnon, é a - gora abertamente contestada — segundo o angulo de visão dos p o lity cos menos aquinhoados — em virtude do apoio que claramente o Govej: nador manifesta em relação aos antigos seabristas liderados polo presidente do Senado estadual, 1lia ronsequencia, portanto, dos des - contentamentos provocados pela d istribu ição de cargos e le tivo s o ad n in is tra t ivo s , as relações entro "calm onistas” e "mangabeiristas" tornamos©'perigosamente asperas.

Na Camara Federal, ao lado de Mangabeira, que con a morte de Aurelino passa a ser o porta-voz dos "bernard istas" baianos, estão entre outros, V irg i l io de Lemos, Ubaldino de Assis, Alfredo Ruy, Si mões F ilho , João Mangabeira, Sa F ilho (75)• Num balanço f in a l , cer• ca de 18 dos 22 deputados acompanhariam nas votações o chefe da cor íonte anti-cnlmonista (76).

0 L e g is la t iv o E s ta d u a l tambom está d iv id id o em t r o s co rren te s ; m a n g a b e ir is ta ^ c a ln o n is ta s , e e x - so a b r is ta s . Enquanto e s te s ú lt im o s parecem acomodar-se p e rfe ita m e n te nas f i l e i r a s dos lid e ra d o s por Mi gue l Calmon, a r iv a l id a d e e n tre n a n g a b e ir is ta s , que m ais de p o rto i d en tif ica m - se com o "b e rn a d is n o ", e c a ln o n is ta s c resce na proporção en quo se e 3 tre ita m as re la ç õ e s en tre os d o is u l t in o s grupos.

No in te r io r do Estado o balanço da situação não parece sor fa voravel a Goes Calnon.

No sul cacaueiro, o Cel. Antonio Pessoa, apesar de te r repu - diado o soabrismo o votado com Goos Calmon nas eloições e no ro - conhecimento, e companheiro de longos anos do Cel. Fredorico Costa, no Senado, e com ele mais de perto se id e n t if ic a . João Mangabeira , que na Cañara Federal representa o sul da Bahia, arrebanha nuitos seguidores paraaala da C .R.B. liderada por seu irnão Otávio. (77)• Nos municipios do Sao Francisco, a situação dos calnonistas não o nais alentadora, fin Sento SÓ, cidadela seabrista representada na Ca mara Federal pelo deputado Raul Àlves , a intervenção do governador

(75) 0 Democrata. 5 nov. 192/1.(76) Telegrama de Otavio Mangabeira a1 Raul Soares. R io , 26

malo 192/1, in Araulvo Otavio Mangabeira.(77) 1?ul-Soo Pang, op. c i t . p. 251.

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/ ^ ץ Ae d ir e ta « As -ele ições que conduzem a int-endoncia do m u n ic ip io un s e a b r ls ta são anu lados o un ca lm on lsta é f e i t o In tend en te (7 8 ). 0 p r e s t ig io de R au l A lve s d eca i e o m un ic ip io o n tra no r a io de in - f lu e n c ia do C e l. Chico Leobas, de Remanso, lío en ta n to , o Cel• Ch¿. co e a l ia d o p o l í t i c o de F ra n c is c o Rocha, um m angabe irista• Sua a- t i tu d e em re la ç ã o ao governo é sempre a u t o r i t á r i a . Tomando conho- c im ento , por exomplo, que o c o le to r de 3ua c idade s e r ia rem ovido, com firm eza pede ao governador 11 para que is s o não so d ê " (79).Em P i lã o A rcado, reduto do C e l. F r a n k l in de A lbuquerque, in ten d en te de 192• a 2/1, e em seguida p re s id e n te do Conselho M u n ic ip a l, o go vernador é im po ten te . 0 C e l. F r a n k l in do ixa-se a t r a i r p e la a la m an g ab e iris ta da C .R . B . e a té os ú lt im o s d ia s da P r im e ira Repúbli. ca perm aneceria anti-Calm cm fci B״ . a r r e i r a s , o C e l. Antonio B a lb in o de Carva lho e seu cunhado F ra n c is c o Rocha contro lara o m un ic ip io desde 1 2 ל §• ün 1922, Chico Rocha é e le i t o deputado f e d e r a l , Anto- n io B a lb in o assurae o seu lu g a r na in te n d e n c ia m u n ic ip a l, enquanto o C e l. A b il io W d n e y passa a ocupar o posto de B a lb in o na p re s id e n c ia do Conselho M u n ic ip a l, ,üsta e l i t e p o l í t i c a que c o n tro la o nu- n ic ip io o seus a rre d o re s a te a dec ר*193 id idam ente m an g ab e iris ta(80) .

15In Lapa, por ou tro la d o , o c l ie n te l is r a o p o l í t i c o g ir a em to rno d03 irraão P e r e ir a M oacyr, que co n tro la n a re g iã o desde 1920.

I 92/1, como compensação por t e r ab ju rado o '1seab rism o ", f o i f e i to re p re se n ta n te do governador na re g iã o , esp ra iando o r a io de sua in f lu e n c ia p o l í t i c a . Também era Carinhanha, a a t itu d e do C e l. João Duque, que con tinua como in te n d e n te a té 1928, serapre m ais lig a d o p o lit ic a m e n te aos m in e iro s , é am istosa em re la ç ã o a Goes Calmon (81) .

Nas La vra s D iam an tinas , a p o l í t i c a de Goes,Calmon de d e sa fio ffllls_ י ״ , ao en ra izado poder de H o rac io de M atos, nao fo i^ T e llz ; que a doex-governador A nton io M oniz. F ind o o p e río d o le g i s l a t i v o de 192/1(apesar do e le ito em outubro de 1923» Horácio de Matos só tomou

(78) Francisco Leobas da França Antunes a Goes Calraon. Reman so, 6 fev . 1926, ln AFMGC.

(79) lbldem.(8•) 1?ul-Soo Pang, op. c i t . p. 252.(81) lbldem. p. 253•

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posso no senado em junho de 1*2¿0, Horá-cio de Mitos voltn às La vras e espera como certa a nomeação de amigos pnra os cargos nuni- cipais• Confiava na promessa do governador} pois ao re tira r- se da Capital fo i a Palacio despedir-se de Goes Calmon e esto assegu- rou-lhe que não fa r ia p o lít ic a com o seu adversário, 0 Cel. Cesa׳r Sn, E mais do que isso , pediu-lhe que indicasse nomes de amigos seus pnra os cargos municipais de sua esfera de in fluência — cer- ca de 12 municipios. Horacio d itava os nomes e o Governador escre- via-os. Mas para surpresa do Coronel-Senador, nenhum deles chegou a figu rar nas l is ta s de nomeações. Ben ao contrário . Ao chegar en Lençóis, por exemplo, fo i com surpresa que soube da no tíc ia de que o delegado de p o líc ia , vim "horacista" exaltado, seria substituido pelo Cel. Otavio Passos, elemento estreitanente ligado ao Cel. Ce- sar Sa. Rapidamente Horacio concluiu que a nomeação do Cel. Otávio Passos •ni. a primeira ten tativa do governador para derruba-lo. Nn verdade, se Goes Calmon quebras3e o poder de Horácio de Matos, que dominava uma região de importancia p o lít ic a e econômica como La vras, poderia mais facilmente 1,domar" outros coronéis do in te r io r . Alem disso, o apoio do Cel. Cesar Sa ao estabelecimento da nova sjl tuação fo i decis ivo . Não só presid iu a Assembléia Geral oposicio - n is ta em 1923» nas também, munido de "habeas corpus", contribuiu , no Senado, com o seu voto, para o reconhecimento de Goes Cnlraon. Diante desse quadro, a guerra in te r-c lãs , em Lençóis tornou-se ine v ltá v e l. Para re fo rçar a posição do Cel. Passos que ainda não toma ra posse do seu cargo e ansioso em por fim às hostilidades, Goes Calmon enviou um reforço da p o líc ia estadual, sob o comando do Ma- jo r Coelho. Na afamada " batalha de Lençóis", as forças governamen ta is foram disimadas e o Major Mota Coelho, comandante da expedi - ção, morto em combate. Mai3 uma vez 9■ desastrosa p o lít ic a de in - tervenção nas lu tas in te r-c lãs do in te r io r teve que ser abandonada. A 2 de fevere iro Horacio *omunicott^aodiretamente com o Presidente Artur Bernardes, dizendo te r sido atacado "furiosamente" por seus adversários. A lu ta nas Lavras repercute em todo o B ra s il e no Rio Grande do Su l, já em revolução, Assis Btrasil lembra que o sertão da a*hia se levantava em armas contra a t ir a n ia . Artur Bernardos envia imediatamente o deputado Francisco Rocha para induzir o Cel. Horacio de Matos a " su3tar as suas hostilidades contra o governa-

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dor Goes Calmon, n f in do e v ita r n sun ndesão no revolucionario do su l" (82) .

A comissão de paz integrada pelo deputado federa l Francisco Rocha, pelo presidente do Tribunal de Ju3tiçn da Bahia, Des• Brau- l io Xavier e pelo presidente da Associação Comercial da Bahia, Ar- tu r Fraga, firmou com Horacio de Matos o "Acordo de Mucuge", medi- ante o qual a paz fo i definitivam ente estabelecida o a autoridade do Col. Horacio nos 12 municipios sob 3un chefia plenamente nsseg]¿ rada (83) .

0 "Acordo de Mucugê", por outro lado, pondo fim à tentativa do governo estadual de submeter no sou controle os coronéis do in- te r io r , assina la , na h is tó ria p o lít ic a da Bahia, o in ic io do uma nova ora, o período de uma "entente cord in le" entre 03 doutores do l i t o r a l e os coronéis do in te r io r , 1?nqunnto os vários grupos lo - Cai3 govemam autonomamente, o governo mantem a fachada de ser a autoridade organizada do ?,stado. De 1925 a 1^30, nenhum coronel im portante fo i molestado pelo governo estadual e t do maneira recípro •a, nenhum coronel desafiou o governo estadual, Investindo contra sua nutoridade, como em 1920 (&/!)*

Na esfera estadual, pcrtanto, um balanço f in a l das forças que fompunham o poder re ve la ria que 0 "mangabeirismo" oferecia se- r ia re s is ten fia ao avanço do "calmonismo". Contudo, as eloições prj, ra a sucessão p residencia l poderia dar ao grupo dos Cnlnons a chàji ce de firm ar seu prestig io a p a r t ir do piàno fed era l.

9• A sucessão p res idencia l. Uma fórmula "democrática" .Segundo » praxe de a lternância entre 03 dois grandes estados

da Federação (85), depois do mineiro Artur Biernardes, Washington

(82) Américo Chagas, op. c i t . , p. 156/176•C§3) Ibidem, p. 177.(8ü) Eul-Soo Pang, op. c i t . p. 259* *(85) ,A despeito da constanjje referencia^ que se fez a p o li t i-

ca do )Jcafe com le^ te ", a a lternancia entre São Paulo e Minns na presidência da Republica não fo i tão ritmqda como se enfatiza. A p a r t ir de Prudente de Morais (189Ü/98) ate Rodrigues Alvos (1906) São Paulo deu presidentes ao B ra s i l ( t re s ) , porem, somente depois de um longo ״intermezzo" de Tfò anos, em 1926 a presidencia vo lta - r ia a ser ocupada por um p o lit ic o de São Paulo. Minn3 Gerais forne ceu 3 presidentes, sendo que Wenceslau Bras sucedeu a um g§ucho (Hermes da Fonseca) e Artur Bernardes a בעז paraibano (^ i t a c io Pe¿ soa)•

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Luiz era o candidato natural a sucessão p residencia l. Para a vice- presidencia o problen&?¥nais complicado. Cono outros presidentes que o antecederán, Bernardos escolheu para a v i ce-prosidenéla do scu governo un representante do ?ínrd>3׳ste. Desta forna, pelo menos aparentemente, a balança do poder parecia despencar menos vio lenta mente para o Centro-Sil, p o lit ic a e economicamente dominante. Ago- ra , para conpor a chapa sucessória, Miguel Calmon, seu M inistro da Agricu ltura, parecia ser una escolha adequada. Porem, ante a pres- sao do governador mineiro, Fernando Melo Viannar, Artur Bernardes doixa-se conduzir 0 acaba por escolho—lo para conoanheiro de chapa do Washington Luiz.

Certamente para dissim ular atitude do quem batalha em causa própria, Melo Vianna propõe que as trad ic iona is convenções partida r ia s fossem substituidas por tuna formula יי mais democrática״ para a indicação dos candidatos à sucessão p residencia l: cada Fstado da Federação re a liz a r ia \1na convenção com representantes de todos 03 3eus municipios, com o objetivo de ind icar 3 delegados estaduais que, na Capital Federal, fariam parte de una Convenção Nacional,da qual sairiam os candidatos a sucessão p res idencia l. A convenção te. r ia caráter não partidario o todos os ^stadns, grandes 0 pequenos, teriam igual numero de votos, através dos sous 3 representantes. /I convenção ob jetivava, portanto, a " mais larga e sincera consulta à opinião nacional" (86), devendo, teoricamente, perm itir que a o- posição partic ipasse na escolhia dos governantes do país•

Na Bahia, não fo i sem surpresa que os chefes municipais reco beram a comunicação do governador, para que enviassem representan- tos à convenção municipal que, reunindo-se na Capital do Estado de 29 a 31 de agosto, escolheria os delegados baianos à convenção na- cional. Tira a primeira vez que os municipios eram chamados a parti cipar no encaminhamento do tão s ig n if ic a tiv a decisão, como a esco- lha dos governantes do pa ís . Tudo, porém, não passava do uma pato- mima• Prim eiro, porque as o ligarquias que dominavam o país tinham escolhido previamente os candidatos à sucessão e,em ccEfioquencia,as convenções municipais não passaram do una grotesca ¿meenação "domo crática"• T5n segundo lugar, va le lembrar que a " consulta à opini-

(36) Telegrama de Goes Calnon a 17,staçio Coimbra. Antonio Aze vedo et a l l i . Bahia, 13 agosto 1925, in D iario da Bahía. 27 ago. 1925.

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ao nacional" fo i fe ita sob estado de s ít io que, decretado ern jane¿ ro, fo i prorrogado até dozonbro de 1925 (8 7 ) .

Os conselhos e intendentes municipais deveriam nomear ou e l¿ ger seus representantes a convenção estadual, 0 governo porem, in- terveio diretamente na decisão da convenção, a p a r t ir da seleção dos delegados municipais — o que lhe asseguraria a indicação, pa- ra a convenção nacional de delegados adredamente escolhidos. 0 in- tendente Leonidas Torres, por exemplo, que em Joazeiro substitu irá o seabrista Aprigio Duarte F ilh o , " obedecendo (ao) pedido (do)Dr. Madureira Pinho", Secretário da Segurança Publica, deixou de repre sentar seu município, enviando en! seu lugar o Dr. M ilton Lacerda , pronto " a obedecer a orientação do governador" (88) .

Cerca de 131 municipios estiveram presentes à convenção, a - traves dos seus 70 delegados. Apena3 13 não enviaram representan - tes à convenção, suspeitos de não simpatia pelo governo• A grande maioria dos delegados era constituida de jovens deputados estadu - a is que representavam 2 ou mesmo 3 municipios. 0 deputado Wences - lau Gallo , por exemplo, representou os munlôiiblos de Bonfim e Cam- po Formoso (89) , Cicero Dantas Martins, representou os municipios do 30m Conselho o Geremoabo (90)• ^quanto Arthur Fraga, secreta - r io da Associação Comercial, representnva Lençóis, V it a l Soares,do acordo eon orientação do governador fo i o delegado de Macaubas (9!)•

(8 7 ) • estado de ç ít io decretado novamente a 12 de janeiro de 1925, fo i estendido a Bahia pelo decreto 16.816 de 21 de fo- vere iro do 1925• 15In a b r il, fo i prorrogado ate o fim daquele ano,p& ra o D is tr ito Federal,^e os Estados do Amazonas, Coara, Sergipe,B^ h ia . Rio de Jane iro , São Paulo. Mato Grosso, St ב׳. Catarina, Parana, e Rio Grande do Su l. 0 Democrata. 26 fev . e 26 a b r il 1925•

(88) Telegrama de Leonidas Torres a Goes Calnon• Joazeiro,26 ago• 1925 in AFMGC. 0 Dr. Bernardino Madureira do Pinho substitu iu na Secretaria de áegurança Publica o Dr. João Marques dos Rois que, divergindo do governador no encani nhameçito dos a3.׳runtos referentes a sua pasta, demitiu-se (16 do agosto) as vesperas da convçnção por considerar ','incompatível com a sua dignidade" a permanencia na quele cargo. D iario da Bah ia . 17 e 18 ago. 1925•

(89) Telegrama de Raynundo Gonçalves a Goes Calnon• 30nfin s/d, in AFMGC.

» • y Carta de Francisco de Sousa a Goes Calmon. Bom Conselho, 20 ago. 1925» in AFMGC.

(91) Telegramas de V icente Pina a Arthur Fraga. Lençoi3 21 ago• 1925 <3 de Pedro Souza Borges F ilho a Goes Calmon• Macaubas,21ago• 1925, in AFMGC.

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Xli7.

C״ ״ oudc. r. c próprio chefc p o lít ico de Maracas, Cel, M areian illp de Sousa ^ 1e , nüna clinxmstração de mando, doleg־. poder•? ־o in ten dente do seu municipio para representa-lo . convenção0 0 ״ l.Mar c ie n i l1o não mantinha toas rclar.ocs con e G •• -.rn.Tdor, susj. tando que Goes r.aluion queria •3 rיי .itu i10*־ das funç« do chcíe poli.Vco lo ca l ; 9 0 ״)» presidente do Senado Estadual, Fred ״ico Costas o da Canora Estadual- ׳Pr, Celso Spinola. rep. itan.., respcc. vament6 0.-5 nuri■4.cxp<o% do Ilhéus ״, Itabuha e o•׳ d« Guanamby e J a * guaquara <93).

A àsseníbleiã int.crrr.mici p<il, e.a» p re to r ia ser conpost? de ',genuino. r i ד it־.־1 1¡» novo?1 (94) .• escolher livremente os ״delegados da tíahia à oon־.renr,ão nacional, fo i u_r. combinação perfe i ta do r -i ,:ador autori•i ־r ic io do ExecúivLvo 5 da sübserviencia dos

muni - ¿ j i i s . 1 .1 aos delegados, fe lto ^orea-voz do Cover- nador¡ propos que V it a l Soares, senador estadual, Celso Sp ino la, presidente da Câmara E ר t.ו dual e Antonio Cal ״¡on, ir.v־ão do governa dor . i'ossea 03 representantes da Bahia na convenção nacional. En seguida, uropos que fosse dispensada a votação Stocreta a que os candidatos por olü apresentados ¿ossem c ׳5י 1 tos ^or aclamará׳: da assembléia. Depois de trocados a 1 g'uns apartes} decidiu-so nue a votação terlfc. "sc.c:־cta" e V ita l Soares, por רי ~votos, Celso Spi יño la, '12J> e Antonio Calmon, 12.3, indicados para, na C ap ita lFederal, esco lher ״n os homens n?i s adeoiutdcs para d ir ig ir o Pais no próximo quat־: i ñnic ■׳’95’׳ ¿

A Conven!10 ־ Nacional, contando con "representantes" das nuni cipalidadc.s :os 21 Estados do B r a s i l , reuniu-36־, sob a presidencia de Estácio 'oir.Lxa, dü 1? a 121 de setembro, na C=” "* ta l Federal.

A B?h ia fo i dos poucos Estados que observou a r « rição fe+־ ita por seu próprio Governador e sv$*1*ida aos organizadores da Conven- ç ã o de nao c1-־v־ ar Sev4. d&iegados à Convenção nerabret do Congresso Nac:ov»dl. C^txorme sugeriu <50t>s Calmen aos organizadores da Conven c~o, não se ria l í c i t o que deputados e senadores federá is , que oostG

t (9 ¿) Telegramas de ’¡arc.01¿ . - . , d e Souz?. a G06s Calmon. Ma- iv.oas, 26 ago. 1Ç25, s !iostor 3á a Ilormes. Maracas, 3 jan .1926. ií . *.F.M.G,tr .

T93) Tt •1 ־ ״. ñ de Fvancisco Fernandes a C61so Spinola. Gua - naaby. 25 a? -. 1925 in A.r.'vC,_C. o D iário da Bah ía> ¿0 ago.1925.

T9¿;) F la ־ de Goes Calmon, na abertura da Convcncac. D iario da Ba!!״a , ago. 19*—ע•

C957 I bidem,.

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rioraente formarían o podar ve rif icad o r, nciirmlassen 03 ״papéis de presentantes 0 de julgadores da ele!־ ição do seu apresintado" (96). A sugestão do governador baiano mo fo i levada en consideração, porquanto a íjuase totalidade dos Estados foran representados na Convenção por aqueles que depois reconhecerian no Congresso os can didntos por eles apresentados• Estácio Coinbra, por exenplo, alén de Vice-Presidente da Repúblico, era o presidente da Convenção e um dos representantes de Permnbuco.

A oposição, por outro lado, através do senador Lauro Sodré , julgou in ú t i l a apresentação de qualquer candidato oposicionista(97)f Deste modo, tranquila e pacificamente foran escolhidos os fu turos d irigentes do B ra s il JJñanimements, a Convenção "repre senta t i- va da opinião nacionnl", lançou as candidaturas de Washington Luiz e Melo Vianna, respectivanente à Presidência e à Vice-Presidência da República. $ evidente que esse resultado não surpreeendeu ר nin guen, apesar da intenso propaganda fe ita en torno da ״ denocratica formula. Melo Vianna. Apenas ganhara un pouco nais de sofisticacão a tra d ic io n a l praxe observada pelas o ligarquias dominantes nosgraj! des a tad o s .

3n relação à p o lit ic a baiana, a convenção nun ic ipa lis ta de a gosto deu novo alento aos "ca lnon istas", cujo p restig io declinara con a 1,rendição" forçada, resultante da derrota na "batalha do Len ço ls ", cinco neses atras. A assènbièiâ dera ensejo a Goes Calnon de, mesmo indiretamente, entrar em contato com os diversos nunici- pios do Estado e sobre eles t ra ta r de fazer va le r sua in fluencia . Por outro lado, sendo uma das peça3 do jogo p o lít ic o das o lig a r - quias que comandavam o país, ao governador baiano cabia tamben una parcela da v itó r ia de Washington Luiz• Contudo, 0 progresso "calmo n is ta " fo i um progresso contido• A nomeação de Otávio Manga beira , então vice-presidente da Caraara Federal, para o M in istério das Re- lações Exterio res, de certa forma bloqueou o avanço cálmonista. A riva lid ad e entire as duas facções da C.R.B• parece ganhar intensida de, vislumbrando 03 ״mangabeirista3" a possib ilidade de controla - ren a p o lít ic a estadual. 0 "Centro P o lít ic o Dr. Octavio Mangabeira"(98) não perde ocasião de fe s te ja r e ena ltecer os fe ito s do seu

(9 ¿) Telegrama de Goes Calmon a Otávio Manga beira. 28 ago. 1925 in AFMGC¿

(*T T P la r lo da Bah ia• 13 e 15 se t. 1925•C 9 0 ><>C0U4m. * S * .©g*»־ * » S ' .

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fe• No entanto, tin fa to r externo — o avanço da coluna Preste3 agí. r ia no sentido do nnortecer, momentaneamente, as riva lidades entre asiduas facções do partido no poder.

Sufocado pela v io lência en 1922, o novinento revolucionário tenentista ressurge, depois de dois anos de incubação, no nesno 5 de julho• 192 י5ב Í1, arrebentou nais v io lento , respondendo ao estínu lo do autoritarism o desenfreado do Governo Bernardes. ,*Inpregando a ta t ica de guerrilhas, a Coluna Preste3 (99) varou o B ra s il do Sul ao Norte, do Nordeste ao Sudoeste, ziguezagueando en cerca de 25 n i l quilómetros do te r r ito r io nacional. narço de 1926, penetrou en terras baianas• Cono em outros Estados da Federação, tambén na Bahia o Governo Federal siabvencionou a organização de batalhões c i v i s • Nenhum 7?stado, porém, teve batalhõe3 tão afanados quanto os baianos. Frank lin do Albuquerque, eu P ilão ArcadoJ Castelo Branco, eu Renanso; Douca Medrado, em Mucugê e nuitos outros chefes serta- nejos organizaram seus ״batalhões p a tr ió tico s ", atendendo ao apelo do governo federa l. 0 naior (625 honens) e nais famoso, sen duvida,?, fo i o "Lavras Diamantinas", sob o comando do Cel. Horacio de Matos, cujo au x ilio fo i diretamente so lic itado por Artur Bernardes e, de- pois, por Washington Drlz.

Organizados pelos chefes sertanejos en suas próprias zonas ,os "batalhões p a tr ió t ico s " iainaran os sertões por onde deveriam sedeslocar a coluna revo lucionária e onde a atuação das forças lega-lis ta s era d i f i c i l , dado às condições inóspitas do meio ambiente .Chefes p o lít ico s lo ca is , calnonistas e nangabeiristas e3tavam, portanto, igualmente empenhados numa guerra contra דעו in iu igo " de fo

respeito v , * /״ ־ra " que, apesar' de proclanar ״a ordem, a propriedade e a fani-l i a " (1®0), vinha devastando suas propriedades, atacando suas mui*?־lheres e seus f ilh o s , perturbando a paz do sertão, através das od¿.entas "requisições" (101). A velocidade con que a Coluna Prestes

(99) Víbora nominalmente comandada por Miguel C03ta a r e fe r ! da, principalmente em depoimentos recentes como Colima Prestes-Mi- guel Costa, fo i o Cap• Luiz Carlos Prestes que, ainda ngs anos de combate, 1925/27, deu nome e renone a coluna revo lucionaria. Nesse sentido, excelente e insuspeito depoimento contemporáneo e o do his toriador Affonso Ruy qye sob o pseudónima de Tenente A. B• Gano des- creve a marcha e os fe ito s tenentistas en Colunna Prestes. Bahia , OF• Graphicas de Fonseca F ilh o , 1927•

(10•) Do manifesto do Cap. Luiz Carlos Prestos ao ',Povo de Santo Angelo", 29 out. 19211, in Tenente A.B. Gama, op. c i t . , pp.27/30• ( ! 0 1 pática׳ ( de abastecimento empregada pelo3 revo lu c io n ár io s que "requ? s ita v a n ״ ,nas cjdades e v i l a s Aque atravessavam 03 alimón - tos e armas n ecessarias a sua sobrevivencia•

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se deslocava atordoava o comandante-chefe das operações na região,o Gal. Alvaro !feriante e tamben os ״batalhões p a tr ió tico s ” , não fa־n ilia r izad o s con a lu ta de guerrilhas. Os coronéis baianos, contu-do, através de un destacamento do batalhão "Lavras Dianantinas" edas forças do Cel. Franklin de Albuquerque , já na fase f in a l dacanpanha, era perseguição aos revoltosos, chegan a atravessar a fronte ira 3rasil-301ivia (fevere iro de 1927). Voltan engrandecidos.Croscem en prestig io junto no governo, federa l, enquanto o estadual,r c ^ r׳ sona is vez, sente que a balança aõYpoderia ser equilibrada con o מרעו reconhecimento das forças que independentemente atuavam no in te r io r do Estada.

f in s de 1926, as circunstancias parecen favorecer o Execu tivo no sentido de tentar vina reorganização das forças p o lít ic a s estaduais. As claques p o lít ic a s donesticas, que tinham suas aten - ções concentradas nun ob jetivo común — o combate à coluna Prestos —- ansiosamente aspiravan pela orden e pela paz. No plano federal, as nodifi«açÕes p o lít ic a s tanbém estiaulavam o nesno pareciam acoQ selhar un reajustanento entre a e l i te no poder. A fundação de un no! vo partido, reunindo calmonistas, mangabeiristas e mesno ex-seabris tas , seria o melhor instrumento para o apaziguanento p o lít ic o e ao , nesmo tenpo para una ten tativa de afirmação do poder central•

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V I I I . Fase do ״restauração do unl:)nrtldnrisrao"; 1927/^0.

Enquanto os demais governadores 0 p o lít ico s em gorai, para ה t in g ir os mais a lto s postos da carre ira p o lít ic a , fizeram,na maio- r ia das vezes, uin penoso noviciado, Goes Calmon assumiu a mais al- ta magistratu» do Estado sem que tivesse antes ocupado qualquer cargo e le tivo . Os quatro anos que passou no Govern (192Ü/28) fo ־ ram sua primeira e única experiência p o lít ic a d ire ta .

Ao •ontrário dos seus irmãos Miguel o Antonio, p o lít ico s a - tuantes no decorrer da República Velha, Goes Calmon realizou-se profissionalmente mantendo un re la t ivo distanciamento dos meios p2 l í t i cos. Vivendo roma época en que o t ítu lo de bacharel era quase que um passaporte para o ingresso na carre ira p o lít ic a , Goes Cal - mon preferiu exerce», nn ״banca de advocacia״ herdada do t io Ino - cencio de Araujo Goes, a profissão de advogado, especializando-se cm D ire ito Comercial. Ainda recem-fornado, introduziu-se no circu- 10 financeiro da provincia', exercendo, en 1897 o cargo de f is c a l do Governo Federal Junto ao Banco da Bahia e, era 1909 0 de d ire to r- f is c a l do Ban«o da Lavoura do Estado da Bahia. Dois anos de pois, assumiu a presidência do Conselho Administrativo da Caixa E- conômica e Monto do Soeorro Federal da Bahia. ^ 1922, tornou-se d ire to r do Banco Econômico da Bhhia (1 ).

Contava Goes Calnon meio século de vida quando fo i conduzido a direção do Executivo, pelas mãos da burguesia comorcial-financoi, ra , da qual era um dos mais legítim os representantes, ,*hbora se possa d izer te r sido e le כעז "p o lít ic o não p ro fiss io n a l2) ״) , não lhe fo i d i f í c i l , mormente se se considera sua vivência administra- t iv a , tornar-se un p o lít ico -p a rtld á r io , É verdade que, como honon de empresa, sua visão estava m is voltada para os problemas adni - n is tra tivo s 0 para o eq u ilib rio das finanças do Estado do que para as que3tões p artid a ria s , o !¡ue porén não s ig n if ic a que se mantives, se alheio a e la s . Sabia que baseando .־eu poder em ligações partid£ r ia s , te r ia um controle mais e fe tivo sobre as p rin c ip a ls facções

(1) A fran io Peixoto e t a m . Goes Calnon ln meraorian. p. 97 D iario de N o tic ias 2f mar. 192/i, apresentam dados b iog rá ficos.

(2) Segundo o sentido que a e93e terno a trib u iu Wrigh M ills ao estabelecer uma tip o lo g ia de p o lít ic o s . A 311te do Poder. 2^ ed. R io , Zahar, 19*8, pp. 2717273•

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p o lít ic a s lo ca is . 0 segundo Partido Republicano da Bahia, fundado em 1927, seria o instrumento que lho perm itiria una melhor rnanipu lação e centralização do poder• !

1• Eundacão do Partido Itonublicano da Bahia. 0 acordo no li t i co de .janeiro de 1937»

A organização do último partido p o lít ic o da Bahia, na Repú- b lica Velha, surge como^nrignecessidade de anaziguar-se os aninos entre os tres p rincipals p o lit ico s lo ca is : calnonistas, mangabei‘»־' r is ta s e ex-seabristas. ^ssa necessidade responde ao estímulo que, de forma analoga aos partidos que 0 antecederam, dará origem ao segundo Partido Republicano da B&hia: a elaboração das chapas nara as eleições estaduais e federais que se aproximan.

Depois de previo entendimento com a e l i t e p o lít ic a lo ca l , Goes Calmon, como fizera en 192?, convoca una convenção das muni- cipalidades, que te ria dupla fina lidade: 1) organizar o Partido Republicano da Bahia e escolher seus orgãos d irigentes; (2) proce, der a organização das chapas dos candidatos a renovação da repre- sentaçao da Bahia no Congresso Nacional e na Assembleia Leg is la ti vn do 1׳Is ta do (3 ) .

Todos os intendentes o Conselhos Municipais, independente de suas posições p o lít ic a s , foran convidados a enviar a convenção un delegado, "escolhido en reunião conjunta do Intendente e cons_e lhe iros nunicipais por maioria de votos" (/j).

Inaugurada pelo Governador, a Convenção das Municipalidades reuniu-se na câmara dos Deputados, de 121 a 16 de janeiro* Por in- dicação do ccnego Leoncio Galrão, fo i "aclamada" a mesa diretora que, presidida por Miguel Calmon, tinha Pedro lago e Frederico Costa como vice-presidentes e Francisco Rocha, Celso Spinola e o a lto conerciante J . Barreto de Araújo cono secretários (5)•

Todos os 151 municipios do Fstado estavan a l i representados. Apesar de te r sido este un fato único na p o lít ic a baiana, e ape - sar da grande ressonância que teve na época, não s ig n ifica que à convenção estivessem presentes 151 delegados dos seus respectivos

(3) Telegrana de Goes Calnon a Otavio I^angabeira• Bahia 27 dez. 1926, in Arquivo Otavio Mangabeira o D iario O f ic ia l do ^sta- do da l& h ia . 28 dez. 1928.

(21) Ibidem.(5) 1 bid en. 15 e 16 jan. 1927 e A Tarde, li l jan. 1927.

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1:3•

m u n ic ip io s . ^ sua esnagadora n a io r ia , os m u n ic ip io s estavam a l i י rep resen tados por le g is la d o r e s , a n t ig o s ou novos, a lçun3 repre3en- tando d o is , t r e s ou m ais m u n ic ip io s , mas todos d ire tam en te Ín t e r e s ׳sados na o rgan ização do p a r t id o .

Sao poucos os chofes p o lit ico s trad ic iona is quo como o sena- dor estadual Antonio Pessoa, de Ilheus, e o conego Leoncio Ga Irão , dc Areias, estao presentes a convenção. A tendência dos velhos che fes p o lit ic o s , cada vez mais acentuada, e internarem-se nos seus nuncipios, onde se entregara aos negocios p o lít ico s lo ca is , e con - fiarem a jovens doutores e leg isladores o encaminhamento das ques- tões de seus interesses^ no âmbito estadual e federa l. 0 p restig io do velho Deocleciano Teixe ira , por exemplo, chefe p o lít ic o de Cae- t ito , esta ben representado na Convenção nor seus dois f ilh o s dou- tores, Anisio e Mario Spinola Teixeira, cada tom con poderes delega_ dos por 3 municipios. 0 deputado federa l Francisco Rocha represen- ta na convenção nada menos que 10 municipios sanfraneiscanos, en - tre os quais ¥a rre iras, Brotas de Macaubas, Lençóis e tc . Tanto o deputado federa l V ita l Soares, líd e r da bancada baiana na Cañara Federal, quanto o jovem deputado estadual, Jayme Baloe iro , por e - xemplo, representam 2 municipios; o senador federal Pedro Lago re- presenta Conquista e *incruzilhada, enquanto o tanbém senador fede- r a l Miguel Calnon, presidente da convenção, representa a Cap ital.

íSob uma outra perspectiva, a Convenção Municipalista poderia sugerir una ampla reunião f a n i l ia r , onde pais e f ilh o s estão pre - sentos, os primeiros velando cuidadosamente pela afirmação p o lit i- ca dos seus descendentes« l 0 velho Cel. José P ires de O live ira , por exenplo, representa o municipio de Livranonto, enquanto o deputado Homero P ire s , por doação paterna, representa Condeuba e Ituassu, este último seu municipio de origem; o Cel. Frederico Costa (Ria - chão do Ja culpe e Tucano) cedendo ao Cel. Fabio Costa a representa ção de Igrapiuna, vela pela carre ira p o lít ic a do sou não muito bem dotado f i lh o ; o senador João da Costa Pinto Dantas contenta-se com representação de un municipio (Cicero Dantas), porque seus f פ i l - lhos, os doutores Cicero Dantas e João da Costa Pinto Dantas Ju J״ ‘* n ior foram bera aquinhoados cora a representação, respectivamente,de 5 e 3 municipios, o que torna patente o p restig io p o lít ic o dos des cendentes do barao de Geremoabo. 0 deputado federa l Jose Wanderley de Araújo Pinho, genro do Governador, e seu irmão Felipe Wanderley

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do A. Pinho, sao tamben, entro outros aparentados, representantes municipais (6 ).

Segundo praxe trad ic io n a l, a fundação do Partido Republicano da Bahia fo i coroada com moçoes de aplauso o solidariedade ao Pro- sidente da Republica e ao Governador do Astado. Contudo, pode-so porceber agora que o esp irito de una nova geração se manifesta, a- traves de jovens bacharéis, inbuidos de concoitos lib e rá is nais a- vançados» Asslm e que em relação ao programa partida rio , por exem- pio, Anisio Teixeira sugore que seja melhor exp lic itado. Atrnves de urna emenda, desenvolve-o om 6 itcns que, abrangendo os proble - nas gerais do Astado, fazem enfase na instrução, nas comunicaçõe3 e na valorização do trabalhador• (7)» A mentalidade conservadora , no entanto, e a doninante 0 a ela repugna qualquer tentativa do Ij» novaçao, principalmente no campo social• A incursão do jovem bach¿¡, r e l Anisio Teixeira fo i bloqueada, sob a alegação de que a emenda apresentada aekava-s e " im p líc ita " no A rt. 10 das Bases Orgánicas do partido: "propugnar para que seja praticado efetivamente no Iaiz, o governo do Povo pelo Povo e, particularmente, estimular a cultu- ra c iv ica e o progresso economice da Bahia". Com esse objetivo o partido lu ta r ia "pela verdade e le ito ra l e pela representação, no governo, de todas as classes soc ia is , notadamente das conservado - ra s» in c lus ive o operariado" (8)• As palavras f in a is , que poderiam pretender dar ao partido ,una maior dimensão so c ia l, soam como un a, pendice perfeitamente dispensável, como se t iv e s 3e sido colocado a׳ u lt in a hora, por lembrança de algum dos convencionais e concessão magnânimo dos demais. A consciência de c lasse, se Inexistente nos setores interm ediários e in fe rio res da sociedade, é profundamente marcante na camada superior, o ■que facilmente se compreende pelo reduzido numero de seus conponentes e pela afinidade de interesses

que uno uns aos outros. A onfase dada a representação das "classes'!ן *conservadoras", portanto, revela não só o horizonte lim itado da e- l i t e d irigen te , nas tamben que o partido existe para se rv ir aos seus in teresses.

fo jD lá ri^ O fic ia l de 16 jan. 1927 relaciona os diversos con- vencionais.

(7 )lbldem.(8)"A~Lei Organica do Pa rtid o ", A^t. 1Q. de janeiro de

1927, in D iario O f ic ia l . 27 jan . 1927• 0 g rifo e nosso•

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A Comissão Executiva, como orgão centra l do partido, era o partido em si mesmo, A ela cabia todas as decisões p o lít ic a s impor tantes, entre as quais apresentar candidatos a Presidência e a Vi- ce-Presidencia da Republica o ao Governo tio Estado; apresentar can didatos a senadores e a deputados federais e estaduais, "atonden - do, quanto p o a íívá l, às indicações das in fluências lo c a is " ; apre - sentar candidatos a conselheiros municipais da Cap ita l; "aconse - lh a r" e "recomendar" aos d ire tó rio s municipais o que considerar ״ a ben do Partido" (9)•

Compunha-se a Comissão Executiva de 8 membros, que deveriam ser e le ito s por h anos. Fo i, no entanto, constituida por "aclama- çao", segundo l is t a apresentada pelo chefe p o lít ico de Muritiba , Durval Fraga: Miguel Calnon du Pin e Almeida e Pedro Francisco Ro- drigues do lago, 3enadores federa is ; Otávio Mangabeira, M inistro das Belações Ex terio res; Antonio Pereira da S ilva Moacyr, Ernesto Sinões F ilh o , Francisco Rocha, deputados federa is; Cel• Frederico Augusto Rodrigues da Costa, presidente do Senado Estadual e Joa quin Qelso Moreira Spinola, presidente da Cañara Estadual. 0 Gover nador do *Sstado, "como membro nato da Comissão", e o presidente do partido (A rt. 112), cabendo-lhe o preenchimento de vagas no comitê pa rtid a rio .

Os d ire tó rio s municipais, compostos de 7 membros, estavam in timamente vinculados ao comité partidario sediado na Cap ita l. Com- petia-lhes d ir ig i r os p le ito s municipais, "observando as bases or- ganicas do Partido e as instruções da Comissão Executiva ( . . . ) " , ¿ presentar candidatos aos cargos e le tivos e adm inistrativos loca is (A rt. 130) .

relação à composição soc ia l do P .R .B . , se a Comissão Exe- cutiva' é o domínio dos doutores, o Conselho Geral e o reduto dos coronéis. Dos seus 90 membros, 1 e cônego, 3 são comerciantes som t ítu lo s , 21 são doutores e 65 são coronéis. Os mais destacados co- roneis como Antonio Honorato de Castro (Casa Nova), Francisco Leo- bas de FVança Antunes (Remanso), Franklin Lins de Albuquerque (P i- ião Arcado), Horacio de Jueiroz Matos (I/flfois), João Correia Duqae

(9) Ibidem. A rt. 12.

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(Carinhanha), M arcionillo Antonio de Souza (Maracas), e tc . , tom ant m31 ssento no Conselho Geral (10). Esse numero poderia ser ainda signi-fica t i vo, se considerarmos que entre os "doutores11 estão Deocloci^. no Pires Teixe ira , Raphael Jambeiro, Luiz Regis Pacheco, Antonio Gonçalves e tc ., aue, como chefes po lítico s trad ic io n a is , recebiam com mais frequencia o tratamento de coronéis que o de doutores,con fundindo-se, o mais das vezes, um com o outro. , .

Numa primeira ava liação, a criação do P .R .B . conferiu a Goes Calmon t r íp l ic e conquista: 1) a presença, ainda que formal,das 151 municipalidades à convenção era uma demonstração de apoio ao seu. governo, simbolizado através de Moção de solidariedade; 2) se bem que a balança pesasse mais favoravelmente para a Capital ou,em ultima ana lise , para o Executivo, o eq u ilib rio de poder entre o l i . to ra l e o in te r io r parecia estar estabelecido. Na verdade, a auto- nomia dos chefes p o lít ico s lo ca is estava agora lim itada pela obser vância das bases organicas do partido e pela e s tre ita dependência dos d ire tó rio s municipais em re lação à Comissão Executiva, órgão centralizador do partido . A participação dos coronéis, ainda que esmagadora, no Conselho Geral, dava-lhes, em relação a atuação do partido, um poder mais simbólico que e fe tivo , desde quando.o or^ão de decisão era a Comissão Executiva. 3) absorvendo o P .R .B . as tres p rin cipa is facções p o lít ic a s do Estado, as lealdades in d iv i - duais deveriam ganhar uma dimensão partidária* As constantes c r i - ses p o lít ic a s , geradas pelos esp írito in d iv id u a lis ta , deveriam ser amortecidas, dando lugar a um esp írito colaboracionista, no plano político-adm in istrativo .

No entanto, em que pese a conquista do Governador, estabele- cendo no Estado a atuação de um único partido, a acomodação entre as tres facções que concordavam em unir suas forças para o estabe- lecimento da ״ paz e da ordem" na Bahia, não se fa r ia sem a in ter- vençao do Governo Federal. A grande auestao era como•proceder-se a d istribu ição do poder entre os tros grupos p o lít ic o s . A p rin c ip a l área de a tr ito era não só a atribu ição de in fluências nos d ireto - rio s municipais mas, de forma mais angustiante, a d istribu ição dos

(10) 0 D iário O f ic ia l de 27 de janeiro de 1927 relaciona to-dos os integrantes do Conselho Geral do P ,R .3 .

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cargos e le tivos entre os tres grupos representativos de uma mesma camada so c ia l,

J*ão Mangabeira» porta-voz do seu irmão M inistro do Exterior, sustentava que a Bahia tinha apenas duas facções p o lít ica s s ign ifi. ca tivas: a mangabeirista e a calnonlsta 0 que todos03׳ outros gru- pos deveriam ser considerados "subcorrentes" d• P .R .3 ., carentes , portanto, de voz na hierarquia p a rtid á ria . Goes Calmon, por outro lado, argumentava que de fato existiam tres grupos na p o lít ic a baiana: os mangabeiristas, os calmonistas e os ex-seabristas. De - ver-se-ia, portanto, proceder a uma d istribu ição equ ita tiva dos cargos e le tivos e adm inistrativos entre esses tres grupos (11).

Aproximando-se a data prevista para as ele ições, sem que as discussões resultassem num ajuste s a t is fa tó r io , a a lta cupula do P.R .B . recorre à arbitragem do Presidente Washington Luiz que, por sua vez, delega poderes de mediador ao M inistro da Ju s tiç a , Vianna do C aste ll* .

A 29 de janeiro de 1927, Otavio Mangabeira e Miguel Calmon enviam.ao Governador Goes Calmon, presidente da Comissão Executiva do P .R .B . , as bases.para um acordo p o lít ic o , que visava "assegurar a paz no Estado ( . . . ) através da reintegração das forças componen- tes do situacionismo baiano" (12).

Esse novo processo de acomodação p o lít ic a far-se-ia mediante a observação de 5 itens constantes do acordo: 1) a Comissão Execu- t iv a do P .R .B ., composta de 8 membros, se ria acrescida com mais um lugar, para o qual seria " indicado o nome de um dos amigos polít¿. cos" de Otavio Mangabeira que, desta forma, f ic a r ia com 3 lugares no •rgão central do partido ; 2) aos mangabeiristas caberia a indi- cação de 11; nomes (1/3) para a chapa de deputados estaduais; 3 )nas próximas e le ições, Miguel Calmon seria o candidato ao Senado Fede- r a l ; U) cerca de 1/3 dos deputados federais (8 dentre 22) seriara indicados pela facção mangabeirista; 5) 0 candidato à sucessão go- vernanental soria um calmonista, V ita l Soares, cujo nome seria o -

(11) Eul-Soo Pang, op• c i t . p. 270.(12) Telegrama de Otávio Mángabeira e Miguel Calmon a Goes

Calman, in A TardeT 31 jan• 1927• Telegrama de Miguel Calmon ao G& vernador para o sénador Pedro Lago• Rio , 12 fev• 1927, in Ari¡uivootavio MangafesLcft»

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portunamente indicado pela Comissão Executiva do P.R .3 . (13).Mais una vez, graças à intervenção do Presidente da Repúbli-

ca, chegava-se a un apaziguamento p o lít ico na provincia, a um.rela tivo eq u ilib rio de poder, resu ltante de concessões recíprocas. Se nenhuma das facções ganhou "tudo o que p retend (ia ), cada qual ganh(ou) alguma coisa" ( l i| ) e embora o prazo do acordo não tivesse sido formalmente estipulado, a todas as facções interessava que e- le tivesse a nais longa vigencia , una vez que, garantida a hamo - nia dentro do partido e 3 preservação do "sta tus quo", continua -riam a manipular o poder.

As eleições de 2¿| de fevere iro , para o Congresso Federal, f£ ram o coroamento dessa p o lít ic a de acomodação. 0 c r ité r io estabele cido pela Comissão Executiva do P .R .B ., presidida pelo governador, para a escolha dos candidatos, fo i o da reele ição dot membros da bancada an terio r, preenchendo-se com novos nomes as vagas existen- tes (1 5 ) . A resu ltante fo i a apresentação pelo Governo de uma cha- pa completa, ferindo frontalnentc preceito constitucional assegura, dor do d ire ito de representação,das minorias (16). Defendendo-so das c r ít ic a s da oposição, n P .R .B . considera que, se " ao invés de eleger toda a deputação federa l reservasse lugares o oposição, o seu procedimento não s ig n if ic a r ia respeito a d ire ito desta, mas emúltima aná lise , (s e r ia ) una cessão de d ire ito seu a adversários ״ das suas ideias e da sua atuação na p o lít ic a bahiana ( . . . ) " (1 7 ) .

Também no Leg is la tivo Estadual, a medida.que.a máquina govoj. namental va i vencendo fracas res is tenc ia s , o P .R .B . afirma o seu domínio. As representações dos sete d is tr ito s e le ito ra is em que se

(13) AMáem. ־ !(14) Wright m i s , op. c i t . p. 293»(1 5 ) Miguel Calnçn, segundo estipulava o acordo, fo i fe ito

senador, enquanto na Camara Federal os lugares deixados vagos por Otávio Mangjjbeira. Clenentino Fraga, Marcolino de Barros e Albu - querque L iborio {afastado por doença) foran ocugados por Teodoro Sanpaio, Ubaldino Gonzaga, Adriano Gordilho e Américo Barreto. 4Tatá¿, 5 fe v ״ .1927 .

,(16) A Constituição da Republica de 24 de fevere iro de1891׳, através do seu A rt. 28 garantia a representação das m inorias. Re - fornada a 7 de setembro de,1926, aquele d ire ito das minorias cont¿ nuava a ser preservado, alem do que o A rt. 62 fo i acrescido da lo- tra h que permiti^ a intervenção do Governo Federal nos Egt.ádos, a fim de asseguraç as minorias o seu d ire ito de cepresentaçaó.

(1 7 ) Sota do P .R .B . assinada pela Comissão Executiva. A Tar- 5 fe v . 1927.

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divide o Estado passam a g ravita r en torno do novo polo do atração en que se constitu i o partido. As últimas Camaras da República Vc- lha são unanimemente P .R .B ., o que vsle d izer, governistas.

2. Surgimento de uca mentalidade empresarial nos setores adml n is tra t ivo e p o lít ico do Estado,

á a p a r t ir da segunda etapa do governo Goes Calmon, quando a vida p o lít ic a se encaminha para una acomodação interna, que os di- versos setores econoraico-adninistrativos do Estado serão cuidadosa, mente regulamentados. Os graves problemas que aflig iam a Bahia não escaparam à sensib ilidade de administrador de Goes Calmon. Procura ataca-los quase que simultaneamente, através de una série de le is que estabeleceram no Estado o imposto t e r r i t o r ia l , a reforma da instrução pública, a p o líc ia de ca rre ira ; que regulamentaram.a oan¿ truçao de estradas e estimularan a ag ricu ltu ra e כ indústria .

Não se tra ta de um "boon" progressista, mas da ordenação do desenvolvimento do Estado, fru to da .mentalidade empresarial consej? vadora do chefe do Executivo.

Apesar do imposto t e r r i t o r ia l co n stitu ir desde a primeira d£ cada da República a p rin c ipa l fonte de arrecadação dos grandes Es- tados da Federação, a Bahia só veio a conhece-lo em 1926 (18).Sub¿ t itu iu , então, o imposto venal, que in c id ia sobre os imóveis e cu- jo valor era quase simbólico, contribuindo de maneira insignificant te para a re ce ita do Estado. Institu indo o imposto t e r r i t o r ia l , Goes Calmon atendia aos interesses da burguesia comercial-export¿ dora e, mais diretamente, ao setor ligado à exportação do cacao que, desde 1922, pedia a substituição do imposto de exportação pe- 10 t e r r i t o r ia l (19)• De acordo com essa sugestão, a nova l e i pre - v ia a diminuição progressiva do imposto de exportação que, gradat¿. vãmente, até sua total•abolição, deveria ser substituido pelo im - posto t e r r i t o r ia l (20). No entanto, apesar da íntima ligação entre os proprietários ru ra is 0 a burguesia comercial-exportadora,•a rc- pulsa contra o imposto t e r r i t o r ia l fo i geral e incontornavel. De

(18) Criado pela Le i 1.815 de 31 de julho de 1925» o imposto t e r r i t o r ia l so começou a se i cobrado no ano seguinte. Leis do Esta do da Bahia, de 1924 a 1927• Bahia, Imprensa O fic ia l do Estado,19E7•

(191.0 Imparcial. 21 maio 19c/i, publica entrevista de Goes Calmon sobre o.imposto te r r ito r ia l#

(20) Art. lia da referida Lei 1,815.

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quase todos os municipios do in te r io r surgiram violentos protestos, 0 que fez com que a pretendida substituição fosse interrompida. 0 imposto de exportação, que entre os p rin c ipa is produtos destinados ao comércio exterio r, in c id ia mais fo rtemente sobre o cacao, con- tinuou a figu rar como a p rincipal fonte de rendas do Estado.

Além da construção de rodovias que, numa medida, iam ronpen- do o isolacionismo geo-econômico entre algumas regiões do Estado(2 1 ) , e além de especial atenção dada ao problema san itário (22 ) , a reforma da educação fo i un dos marcos sa lientes do governo Goes Calmon. Pormenorizadamente regulamentada através dos 268 artigos da Lei 1.846 (23), tornava obrigatória a frequencia escolar gratu¿. ta de crianças entre 7 e 12 anos (A rt. 92) e, entre outras inova - ções, obrigava os estabelecimentos in du stria is a manterem às suas custas uma escola para a alfabetização dos operários e dos seus f¿. lhos (A rt. 32 ) , Cada municipio deveria destinar 6% da sua renda ao "serviço da instrução prim aria", podendo para tanto c r ia r impostos especiáis (A rts . 71 e 72). A dotação orçamentária do Estado desti- nada ao ensino, que nos anos de 1924 e 1925 era de 6,98/5, cresceu em 926 para 17,¿j4# (24).

A p o líc ia de ca rre ira (25), recebida de in ic io con reservas

(21) Ató f in s de 1924 existiam em trafego e em,construmao noEstado, apenas'765 kn'de estradas de rodagem. Esse numero aumentou em'1927 para 5.603 1בם. , atingindo en f in s de 1928 cerca dex7»774 km* V ita l Henriques Baptista Soares. Mensagen ¿presentada a Assem- b le ia Geral L eg is la tiv a , en 7 de a b r il de 1929. Bahia. Inprensa 0- f i c i a l do Estado, 1929• ״ ,

(22) Visando melhorar as condições san ita rias do Estado e combater as doenças epidêmicas. Gçes Calipon criou em julho de 1925 a sub-secretaria de Saude e Assistência Publica, transformada pela l e i 1*993 dê 21 de julho de 1927 em Secretaria de Sáude e Assistcj! c ia Publica. Leis do Estado da Bh ia. do 1924 a 1927•

(23) A Le i I . 8Z4.6 de 1£| de agosto de 1925 fo i posta e/n vigor no ano seguinte.

(24) Os anos de 1895/96 assinalam um período de desenvolvi - ment<5 do ensino na Bahia, quando cerça de 16.25# dos recursos orça. dentarios do Estado eram destinados aquele fim. Esse Índice declí- na gradativãmente nos anos seguintes, coincidindo 03 percentuais mais baixos, que oscilam entrç 9*7 3 % e 6 . 19# ' (ponto mais baixo, en 1921), com o período de in fluenc ia seabrista. "Grafico demonstrate, vo" ii) Francisco Marques de Goes Calmon. Mensagem־apresentada a A¿ sembleia Geral Le g is la tiv a , em 7 de a b r il de 1927• Bahia, Imprensa O f ic ia l do Estado, 1927•

(25) Criada pela Lei 1.89T de 2 ã e agosto de 1926. in Leis dn Estadó An Rnhla do ano de 1926. Bahia, Imprensa Oficial do Esta,do, 1927.

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pelos chefes p o lít ico s do in te r io r , tinha por objetivo lib e r ta r a autoridade p o lic ia l das in fluências p o lit ic a s lo ca is . 0 delegado de p o lic ia deveria ser una autoridade isenta de ligações partida - r ia s , 11 pronta a não só reprim ir o crime mas, principalmente, a p reven i-lo". 0 desempenho de ta is funções, portanto, não poderia caber a " homens som cultura e sem preparo técn ico", muito menos ao "sertanejo , honesto.e rude", que se deixava mover pela paixão e pelo partidarismo (26). Ninguém melhor que o bacharel, imbuido do esp írito da l e i , poderia exercer com sucesso as funções de delega- do a u x ilia r e delegado de p o lic ia . Daí ar nomeações para ta is car- gos recairem "exclusivamente em doutores ou bacharéis em ciencias ju rid icas e soc ia is" (A rt. 9C) .

A rig idez das condições in fra-estru tu ra is da sociedade, con- tudo, impediram que ta is medidas normativas, cuidadosamente.traça- das, resultassem num surto desenvolvimentista para o Estado.

A v io len ta reação dos proprietário ru ra is contra o imposto lançado sobre suas terras e que ia de encontro aos mais arraigados costumes, tornou le tra morta a leg is lação espec ífica . A t ítu lo de ilu stração , o Cel. João Borges, Intendente e chefe p o lít ic o de Je- quié, não só se negou a pagar o imposto, como fez com-que a popula, ção lo ca l se levantasse em protestos contra o governo. Ante a in - s istência do coletor em efetuar a cobrança, o chefe p o lít ico prev¿ ne-o que "va i impor" ao governador a sua transferência (27)• 0 co- ronel perdeu a batalha, porque seis meses depois o governador, a - través do P .R .B ., impos o seu afastamento da Intendencia e do par- tido , indicando para substitu i- lo o deputado estadual Otaviano Sa- bak (28) . Os la t ifu n d iá r io s , no entanto, ganharam a guerra, porqueao a tin g ir a propriedade fund iária , o inposto fe r ia a classe econg, micamente dominante. Em 1929» o governador V ita l Soares considera prudente a suspensão temporária do imposto t e r r i t o r ia l , por ser ainda "inadaptavel ao meio״ , indo de encontro a costumes tra d ic io ­

(26) Madureira <Je Pinho. OrleAtação 0 P rá tica da Po lic ia aa.Bahia. Bahia, Nova G rafica , 1930» P* 96.

.(27 ) Telégrama de Juvenal Montanha (co le to r) a Goes Calmon . Jeq u ie , 23 se t. 1926, in AFMGC. ׳

(28) A Tarde21 ז mar. 1927•

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nais da população (29)*Era relação ao ensino, muitas das inovações tornaram-se inope,

rantes, e as medidas punitivas previstas na leg is lação , anodinas e ineficazes. A penúria financeira dos municipios, por exemplo, imp£ dia que 6% de suas rendas fossem destinados à■instrução, ainda que a le i previsse a suspensão do Intendente (A rt. 75, § l 2) , caso não observasse aquela determinação. No que se re fe re ao interesse espe c íf ic o dos p o lít ico s , a nova l e i favorecia-os com o grande aumento de cargos, fac ilitando- lhes o atendimento de suas c lien te las e le i- to ra is . Por outro lado, a mancha negra do analfabetismo não lhes tocava a sensib ilidade. Ao invés de obscurecer-lhes a carre ira po- l í t i c a , 0 analfabetismo tornava-lhes o caminho mais claro e a esc¿ lada mais segura. Interessava ao p o lít ico que o individuo apenas pudesse "arranhar" o nome, condição essencial para exclu i-lo do ro l dos analfabetos e torna-lo, em consequência, apto a votar. 0 e. le i to r " ilu strad o " tendia a tornar-se mais exigente e não merece - dor de confiança. 0 alargamento do horizonte mental de uma massa ru ra l esmagadoramente analfabeta s ig n if ic a r ia , portanto, para o chefe p o lít ico lo ca l e, num ricochete io , para o p o lít ico atuante nos Leg is la tivo s , a perda das rédeas de um passivo rebanho de elo¿, tores.

0 setor p o lic ia l , apesar de submetido a rigorosa centraliza- ção, também não poderia escapar a in fluência dos chefes p o lít ico s m unicipais. Peça co e rc it iva indispensável no processo e le ito ra l, o delegado — ao contrário do modelo concebido pela leg is lação — ao atender os in teresses da e l i t e p o lít ic a lo c a l, v a i ao encontro dos anseios do Executivo. As nomeações, portanto, são fe ita s depois de previo entendimento do Secretario de P o lic ia com os chefes p o lít i- cos, que indicam os nomes de׳amigos que possam garantir-lhes o coj¿ tro le da situação lo ca l (3 0 ) .

Num balanço f in a l , pode-se concluir que sementes s ig n if ic a t¿ vas para o desenvolvimento do Estado foram lançadas no governo Goes

(295 V ita l Soarés. Mensagem à Aasmbléia Geral Legislativa,em7 de a b r il de 19^9» P• 10ò.

(3 0 ) São varios ôs documentos nes^e sentido nos AFMGC e ATWAP. No prim eiro, ver p . ex., á cartá de José Clementino F ilho a Goes Calmon. Jaguarary, 17 set. 1920. Fa la dos entendimentos mantidos com o Secretario de P o lic ia e pede ao governador para que "tudo s£ ja fe ito ao meu contento1.״

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Calmon. Se no campo socio-econômico elas apenas ameaçaram germinar, permitindo com otimismo prever-se uma co lhe ita a longo prazo, na seara p o lít ic a os frutos colhidos foram abundantes e imediatos.

A primeira consequência da ordenação adm inistrativa do Estado fo i a p ro liferação de cargos burocráticos. 0 Estado continuava a ser, agora numa maior escala, o mais atraente dos empresarios. Como detentor e d istribu idor de empregos c favores, é por todos corteja- do. Contando com uma força p o lic ia l melhor estruturada e aparelhada, esta em condições de se impor aos pequenos "exércitos" de jagunços comandandos pelos chefes p o lit ico s lo ca is .

à medida, portanto, que as forças de decisão do poder concen- tram-se em nãos do Executivo, observa-se un enclausuranento espon - taneo dos•chefes p o lit ico s lo ca is nos seus municipios e d is tr ito s de origem. Se bem que o casamento de interesses entre o Executivo 0 as lideranças lo ca is permaneça ind isso lúve l, são os chefes p o lit i- cos municipais a parte mais interessada na manutenção do compromis- so. Não que o Executivo possa prescindir da aliança com os chefes lo ca is , responsáveis pela condução do eleitorado às ־ornas; contudo, é a e le que cabe o manejamento das peças que compõem o jogo p o lit i- co. Se um chefe p o lít ic o , por exemplo, compromete-se a "apoíí^v^com toda lealdade e sinceridade (seu) concurso p o lít ico ao Governador ( . . . ) " , cabo-lhe pedir em contra-partida, que o governador também o "p res tig ie , dando-(lhe) todas as posições o ff ic ia e s , in c lus ive a poio aos (seus) amigos ( . . . ) " (3 1 ) . Tor outro lado, se a reciprocid¿. de de interesses pers is te , a barganha entre o poder lega l e.o poder de fato dos chefes lo ca is ten agora uma conotação d iferente.

A nova leg is lação , além da abertura de vários cargos, deu no- va feição e tornou mais sofisticados aqueles que como os de ju iz , delegado e coletor constituem nas disputas de nando lo ca l a t r i lo - gia asseguradora do poder. Aos chefes p o lit ico s lo ca is fa lta a rou- * * pagen necessaria para barganha-los. Alem dos elementos acima re fe r¿ dos, a aura de a r is to cra c ia que envolve a figura do governador fun- ciona como fa to r psicológico in ib ido r na mente simplória do sertan£ jo . Unindo-se todas as peças que compõem o novo quadro p o lít ic o , ob

(31) Carta dc Alfredo Barbosa a Goes Calmon. J nguarary, 18 out.1926, in AFMGC.

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serva-se que nele cresce a participação dos p rofiss iona is lib e ra is j notadamente dos bacharéis, nos postos adm inistrativos 0 e le tivo s do Estado. Sc para compor seu secretariado Goes Calmon fez apelo a ve- lhos companheiros da Faculdade de D ire ito de Recife , para outras funções adm inistrativas 0 principalmente para compor o Leg is la tivo , recruta os jovens bacharéis recem saidos da Faculdade de D ire ito da Bahia. Dos 15 bacharéis, por exemplo, que compunham a câmara Estndu a l de 1929/3 0» no governo V ita l Soares — ele próprio um advogado c produto do calmonismo — 13 eram remanescentes do governo Calmon (32).

Em termos amplos, poder-se-ia concluir que o recuo do "corone lismo" resultou, em contrapartida, no avanço do "bacharelismo". Não que constituam forças antagônicas; bem ao contrário , uma completa e consolidada a outra. Os jovens doutores e bacharéis são elementos de uma nova geração, mais vibrantes, detentores de fo rte poder per- suasivo, graças ao melhor dominio da palavra. São os porta -vozes,os elementos intermediários entre as e lite s p o lít ic a s lo ca is e 0 Exec!¿ t iv o , na conquista de empregos e favores de cunho pessoal, bem comona defesa dos interesses dos municipios que representam no Legisla- tivo . De formação tipicamente urbana, ainda que vinculados à velha ordem por relações de parentesco e amizade, não contam os jovens "doutores" com uma força e le ito ra l própria. Dos chefes p o lít ic o s .׳12cais dependem os votos que os reconduzirão ou não ao Leg is la tivo .

A mentalidade empresarial conservadora estabelecida no Estado com o advento do governo Goes Calmon, imprime, portanto, nova fe i - ção também no setor p o lít ico da sociedade. 0 p o lít ic o , mais caracte rizadamente agora, assume funções semelhantes ao do advogado em re- lação aos seus c lie n te s , na defesa de causas, cujo sucesso deponde em última an á lise , de um bom relacionamento com as a lta s autorida - des estaduais, com o governador, em p a rticu la r , detentor de emprc -

(32) Numa época em que o bacharelismo é fenômeno não apc -nas nacional, mas in te rnaciona l, o governador Goes Calmon proclama sua crença na advocacia/!.'por ser a profissão que " melhor discipl,¿, na o e sp irito dos homens". Deveria, por isso , "fornecer o maior nu- mero 4 °s d irigen tes, dos que governam, porque ensina a moderação, a tg lerancia* a prudencia re f le t id a , aguça o atilamento, exige persp¿. ca<jia, visao c la ra , prontidão de ra c io c ín io , coijheciáento ae causas praticas da v ida , fcfato com os homens e dos negocios." Francisco Mq? ques de Goes Calmon. Candidatura, éle lcão e nroclamanão. Imprensa 0 f i c i a l do Estado da Bahia, 192Z|, p. 5•

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gos e concessor de favores*Baseada, portanto, numa relação de pessoa para pessoa, a po-

l í t i c a do clientelism o reveste-se de nova técnica: " o emprego de um interm ediário, para conduzir o •dá e toma* na p o lít ic a estadual1 (33)• Os p o lít ico s de maior p restig io representam junto ao.governo e no Leg is la tivo os interesses de vários chefes municipais• 0 depu tado federal Francisco Rocha, por exemplo, é o porta-voz de cerca de 10 municipios, entre os quais P ilão Arcado (Franklin de Albu - querque), Barre iras (Antonio Balbino de Carvalho e A b ilio Wòlney), Remanso (Francisco Leobas) Lençóis, Wagner, Brotas de Macaubas (Ho racio de Matos) (34)• Os irmãos Francisco e Antonio Pereira Moacyr, da ala calmonista, "firmemente entricheirados n a .p o lít ic a de Lapa',' tem uma c lie n te la de cerca de 12 municipios (35)• 0 deputado fede- ra l Homero P ires é o porta-voz, ou o "phonographo" — termo vigen■׳■ te na época — de 7 chefes p o lít ico s lo ca is , entre os quais 0 Cel. M arcion illo Antonio de Souza (Maracás) e o Dr• Lauro Baleeiro (U- randy). Como 0 bom advogado que vela pelos interesses de sua c l i 0£1 te la , pede ao governador que não faça nomeações para aqueles nuniçi pios, sem que antes seja consultado (36 ) .

0 p restig io do p o lít ico <3 revelado não sé pelo número de c l ¿ entes que possui, nas também pela presteza com que sua causa é a - tendida. Enquanto o senador Pedro Lago, por exemplo, obtem de ine- diato a nomeação de un cunhado para o cargo de tesoureiro da In - prensa O f ic ia l (37) e do un outro c lien te para um cargo que i r i a ser extinto, por ser "perfeitamente dispensável" (3 8 ) , p o lít ico s de menor p res tig io , como o deputado Rodrigues da Costa, para obtertambém a noemação de um cunhado, 0 obrigado a re iterada e incansa-velmente s o lic ita - la ao governador (39). Um outro fa to r, portanto,

(33) Eu-jSoo Pang, op. c i t . p. 272.(3 4 ) D iario O f ic ia l dô Estáao'da Báhia, 12 jan. 1927•(35) Eul-Soo Pang, op. c i t . p. 273•(36 ) Telográma de Homero P ires a Goes Calmon. Rio, 16 mar.

192(6)?* in AFMGC. Cinco dos municipios representados por Homero P ires sao chefiados por coronéis.

(37) Pedro Lago a Goes Calmon. Rio, 17 maiór 1924} in AFMGC.(38) Telegrama de Pedro Lago a Goes CalmoniRio. 3Ó mar. 1924

e iden, de 1 a,junho 1924! agradecendo a nomeação,Trata-se •de un ay? go de ve te rinario no In s titu to Osvaldo Çruz que deveria ser extin- to, "porque o numero de animais e avês e reduzido, de modo que me- dicos podem perfeitamente v ig ia- las"• (informação d<> D iretor do In ¿ t itu to . anexo ao primeiro documento acima re fe r id o ). AFMMPC.

C39) Telegramá da Bodrigues da Costa a Goes Calmon. R io , 23 jun. 1924, in AFMGC.

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a sc considerar é que no atendimento das caUsas que lhos são conf¿ adas, os p o lít ico s colocar?, no topo de suas escalas de preferencias aqueles c lien tes aos quais se achan ligados por laços consangui neos. Não se tra ta de una inovação p o lít ic a , vez que o nepotismo está presente em toda a República-Velha. Agora, porém acompanha os novos padrões de atuação p o lít ic a .

Por certo o pedido.e a concessão de favores não se lim itan aqueles de cunho pessoal. Para que o chefe p o lít ico não perca o p restig io no seu municipio é.necessário que obras públicas como e¿ colas, estradas, pontes, e tc ., sejan realizadas e apontadas às po- pulações lo ca is cono beneficios que lhes foran concedidos. Nesse caso tanbén é o leg is lado r, na maioria das vezes o deputado estadj¿ a l ou federa l, quem funciona.como intermediário entre a e l i t e pol£ t ic a municipal e o Executivo. 0 Cel. Horacio de Matos, por exenplc^ que sucessivamente tive ra como seus representantes, na câmara Esta dual, os deputados Manoel Alcantara de Carvalho (1920/73) e 01yn - pio Antonio Barbosa (192/1/28), assume em janeiro de 1928 o cargo de Intendente do municipio de Lençóis e ind ica o dentista Arlindo Sena, seu amigo íntimo, para fa la r por e le e pelo sertão, na Cana- ra Estadual (1928/30). Entre os melhoramentos que o novo intenden- te desoja in troduzir em Lençóis, está a construção de un predio e¿ co la r. Con esse ob je tivo , concede fornalnente una procuração ao d£ putado Arlindo Sena que, en none do coronel, firma contrato con o Estado e recebe-a quantia de quarenta contos de re is destinados aquele fim (¿;0).

A p o lít ic a do c lie n te lisn o , portanto, apresenta-se agora es- tandardizada, submetida a novas nornas de atuação, re flexo de una mentalidade enpresarial que tanbén atinge o setor p o lít ico do Est/j, do. Se 0 personalismo ainda é o traço dominante no relacionamente p o lít ic o , é inegável que a organização de un partido fo rte , cujo ra io de ação estende-se a-todos os municipios do Estado, d is c ip li- nou a vida p o lít ic a lo ca l. As disputas entre as p rincipais facções que intogran o P .R .B . restringe-se, cada vez mais, ao seio da a lta cúpula p a rtid a ria , d ific ilm en te extrapolando-a, de nodo a convul - clonar as populações lo ca is .

(/;O) Decreto n2 5*925 de 6 nov. 1928 (a pfocuração está en ¿ nexo), iA "Secre ta ria da A g ricu ltu ra", paeta 50. Apauivo do Estadoda Sania»

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3• Dominio Elcno do P .R .B . As correntes dominantes.Como o homem de empresa, ao afastar-se da direção dos seus m

gócios, tende a ind icar para substitu i- lo o au x ilia r imediato e de confiança, Goes Calmon escolheu V ita l Soares para•sucede-lo na che f ia da grande empresa e s ta ta l. A convenção do P .R .B . de 31 de mar- ço de 1927 ra t if ic o u a escolha do Governador, expressa no item 5° do acordo p o lít ico de janeiro daquele ano.

V ita l Soares não era apenas antigo companheiro de Goes-Cal - mon no Banco Econômico da Bahia e no esc ritó rio de advocacia. Foi líd e r do seu Governo no Senado Estadual e na Câmara Federal. Pene- trou no cenário p o lít ico estadual e na esfera nacional conduzido pelas mãos de Goes Calnon. Partidário fervoroso de Rui Barbosa, o in ic io da ca rre ira p o lít ic a de V ita l Soares fo i assinalado por uma série de frustrações (/ !l). Porém com a ascensão de Goes Calmon ao governo do Estado, sua escalada p o lít ic a torna-se vertig inosa: en1925 é fe ito senador estadual e líd e r da m aioria; em 1926, renun - c ia a esse mandato para ocupar a cadeira deixada vaga na Cañara F£ deral con a morte de Alvaro Cova; re e le ito , renuncia en novembro de I 927, para candidatar-6c ao Governo do Estado, assunindo esse posto no ano seguinte. En 1930» renuncia a chefia do Executivo es- \ tadual, para candidatar-se à Vlce-Prc3idência da República, conpo¡! j do a chapa Ju lio Prestes. En maio o Congresso Nacional reconhece a J v ito r ia da chapa Prestes-V ita l, contra a da Aliança L ib e ra l. / X

0 novimento revolucionário de outubro de 1930» contudo, in - pos•um corte vio lento à meteórica ascensão p o lít ic a de V ita l Soa - res. Os candidatos "reconhecidos" não foran enpossados, e a Bahia, que apenas nos primeiros anos da República dera un Vice-Presidenteao B ra s il (Manoel V itorino Pe re ira , 189Ü/98), v ia agora, quando a República prematuramente envelhecida exalava seus últimos > suspiros, ser-lhe arrebatada mais una chance de ocupar aquele posto.

Ao terminar seu quatriênio adm inistrativo , Goes Calmon reto r na a sua p rim itiva empresa, o Banco Económico da Bahia, e V ita l

(Li1 ) E le ito conselheiro nunicipal (1908AD , depois da vitó- r iá de Hermes da Fonseca sobre Rui Barbosa, não consegue reeleger- se. Em 1915» candidata-se a deputado federa l e, apesar de e le ito , não e reconhecido; en 1919» embora se sa tis faça com uma cadeira na Cânaía Estadual, integra a chapa das oposições coligadas e e derrç. tado. Bulcão SobrinhoT'Relembrando o Velho Senado, pp 63/65, da a¿, guns dados b iográficos,

m_/\_ V/c c*. .

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Soares encarrego-se de dar continuidade às nornas politico-adm ini¿ tra tivas por ele traçadas, garantindo ambos a continuidade da l ig a ção do setor com ercial-financeiro da sociedade a p o lít ic a . 0 ER.B., através de sua Comissão Executiva, que funciona como-urna especie de orgão d ire to r dessa grande empresa que é o Estado, comanda a v¿_ da p o lít ic a lo ca l.

0 desmembramento de municipios,que muitas vezes fora usado no governo Goes Calmon (¿42) como um meio de enfraquecer ou conter׳ a oposição lo ca l, continua a ser posta em pratica por V ita l Soares. Através de um mesmo instrumento leg a l, um povoado ou a r ra ia l era e, levado à condição de v i la e daí à categoria de municipio. Ainda que a carência de recursos financeiros tornasse penosa a sobrevi - vencia dos novos municipios — quando a dos ja existentes era tão d i f i c i l — o divisionismo t e r r i t o r ia l e, em consequência, do poder lo ca l, garantia o dominio do P.R .B . e a consolidação do poder cen- t r a i .

Quando alguma reação mais fo rte se esboçava contra essa p o li t ic a de parcelamento municipal, o mais eficaz meio de persuasão e¡¿ pregado pelo Governo continuava a ser a ameaça de "derrubada" do delegado, do ju iz ou do coletor vinculado ao chefe p o lít ico rebel- de. Por ocasiãoadSrmüÃ?8ipio de Agua Preta, por exemplo, desmenbr•¿, do do de Ilheus em agosto de 1929» o sonador Antonio PessocfSFeenex! cia defendeu a integridade do seu reduto p o lít ic o . No Senado Estadu a l apresentou ao projeto iam parecer cm separado, no qual consider¿ va que a criação do novo municipio representava " a vaidode e o lu xo da prepotencia". No calor de sua defesa, 0 tacou a atuação do Se. c re tá r io de P׳ o lic ia , chegando a declarar que "a p o líc ia de hoje fu z ilava ( . . . ) " , o que ir r ito u profundamente Madureira de Pinho, che fe daquela Secretaria desde o Governo Calmon. Logo a seguir, "o I¡n p a rc ia l" veiculou a n o tic ia da nomeação do bacharel Leoncio de Az£ vedo para delegado de ca rre ira de Ilhéus, o que poderia lançar ao ostracismo o velho senador desde quando*aquela nomeação implicava na remoção do delegado de sua confiança. Indagado pelo deputado E- paminondas Berb^t de Castro, l íd e r da maioria na Câmara, sobrea vg,

(1142) Leis do Estado da Bahia do ano de 1926. Bahia, ImprensaO fic ia l do Estado, 1927• 0 Estado que tinha 1 L\l± municipios passou a contar coa 151• Entre julho e acosto de 1926, 7 novos munici - pios foram criados#

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racidade da nota daquele jo rn a l, o Secretario informou que " o de** ereto naquele sentido estava lavrado (* . . ) '. ', mas que ״ aguardava a marcha dos acontecimentos" para publica-10. 0 vclho p o lít ico de I- lheus compreendeu o alcance da ameaça velada e retrocedeu, ameni - zando a intempestividado de sua defesa. Ao mcsno tempo, V ita l Soa- res garantia-lhe que "continuava o mcsmo" e que " o-negocio a que se re fe r ira "0 Imparcial* não i r ia por d iante" (.1X3)• Uma "entente cord ia le" logo sucederia ao estado de quase beligerancia, garan ti¿ do o prosseguimento das relações amistosas entre o governador e o chefe p o lít ic o , agora com evidente supremacia do Executivo.

0 F .R .B ., como partido único — sufocando, portanto, es gru- pos m inoritarios — conduz a urna certa d iscip linação a vida p o lit ¿ co-portidária do Estado. Inc lusive o Executivo, apesar de sua atu¿ ção ainda ser marcadamente persona lís tica , tende a buscar o respal. do do orgão centra l do partido . Contudo, dentro do partido, os gru pos dominantes permanecem em a t r ito , cada qual tentando projetar - se de forma individualizada — o que se torna mais evidente quando questões, como a sucessão governamental, por exemplo, estimulam as riva lidades la ten tes.

No governo V ita l Soares, enquanto Otavio Mangabeira, na Pas- ta do Ex te rio r, entrega-se por in te iro aos negócios internacionais do Pa is , o calmonismo faz avanços na p o lít ic a estadual. De ta l for ma que os mangabeiristas temem — dado o alheiamento do seu chefe em relação à p o lít ic a lo ca l — que o acordo de janeiro de 1927 não venha a ser obsavado pelo governo atu a l. Embora nenhum dos itens do acordo houvesse sido in fr in g í*^ :', desconfiança, sem dúvida pode ria•conduzir a um solapamento das bases acomodaticias por ole f ix ¿ das. Os mangabeiristas queixavam-se de V ita l Soares, que não lhes concedera nenhum lugar de destaque no Leg is la tivo Estadual ou nos orgãos adm inistrativos do Estado. Na composição dos mesas da Asse¡¡! b le ia Geral, por exemplo, exceto a 3a• vice-presidência da Canora, nenhum posto fo i- lhes conferido. Do forma ig u a l, nenhum nangabei - r is ta fo i escolhido para ocupar una das Secretaria do Estado. Qua¿ do V ita l Soares convoca reunião em Palácio (12 de a b r il de 1928) ,

(Zi3) Episódio narrado em carta de Epaminondas Berbert de Ca¿ tro a Mario . Salvador, h de agosto de 1929 > in Ar a uivo Er.׳amlpopggs Barbert de Oastro.

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para a escolha do l íd e r da bancada baiana no Congresso Nacional e gu gere o none do deputado Sinões F ilh o , os nangabeiristas, que queri an fosse João Mangabeira o escolhido, sonten que o c lina de ncorPç£ dia e harmonia"estabelecido pelo acordo, estava a aneaça-los de a¿ f ix ia (4U)• 0 acordo de jane iro , contudo, en suas linha gerais,per nanece vigente até os ú ltinos instantes da República,Velha.

Enquanto os ex-seabristas, conandados pelo Cel. Frederico Costa — eraaizado na presidencia do Senado Estadual — estão ben identificados con o calnonisno, os "seabristas h ictériaos"fazen a¿, gunas investidas, enbora in fru t ífe ra s , na p o lít ic a lo ca l.

Quando das eleições estaduais de 3 de fevere iro de 1929, Se¿ bra — que de vo lta do e x ilio se rad icara no Rio de Janeiro —veio a Bahia p res id ir a reunião do Partido Republicano Denocrata, cujo ob je tivo ,era organizar sua l i s t a de candidatos para o Leg is la tivo Estadual. Con a presença de Antonio Moniz (tanbém representando M2, niz Sodré), Lauro Lopes,-Vitoriano Tosta, Pacheco de O live ira e Wenceslau Guinarãos, o P.R.D. organizou una chapa con 14 nones(45)• Esse era o terço que, segundo a Constituição, deveria caber à nino r ia . A chapa do partido doninante, portanto, para que fosse respei tado o d ire ito de representação - da n inoria , deveria ser inconple - ta . A conissão d ire to ria do P .R .B ., porén, reunida no Palácio da 4 clanação, indicou seis nones para a renovação do terço do senado (7 lugares) e quarenta nones para a conposição da Cañara dos Depu- tados (42 lugares ).

Às vésperas das e le ições, dois dos candidatos seabristas --Vitoriano Tosta e Landulpho Medrado — ronpen con o partido 0 dec¿ den lançar-se às eleições cono "avu lsos". Sendo 0 p rine iro anigo pessoal do Governador e o segundo, patrocinado pelo Secretário de P o líc ia (46), se ria desnecessário re fe r ir que foran os e le ito s pa- ra ocupar os dois lugares deixados vagos para a n ino ria . Desta f 0£ na, estava garantida a conposição de una Cañara unâninente gover - n is ta . 0 único representante do seabrisno na ú ltin a Assembléia Ge- r a l Leg is la tiva da República Volha fo i o senador Wenceslau Guina -

(¿j4 ) Carta'de Theodoro Sanpaio a Otávio Mangabeira. Bah ia,14 de a b r il de 1928. "Arquivo Theodoro Sanpaio" in AIGHBa. . pasta 33» narço 9•

(45) /Liarás» 8 e 9 jan. 1929•'(46) fila rlo ae N o tic ias . 9 jan. 1929.

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rães, p o lít ico trad ic ion a l, ag ricu lto r, bacharcl on D ire ito pela I&, culdade de D ire ito de Recife (U7) c, nais do que tudo, "persono grata" do Governador. . , ,

Na Cañara Federal, o dominio do P .R .B . às vésperas da Revolu ção de 30 é tanbém absoluto. Ao elaborar a lista-de candidatos pa- ra as eleições de 12 do março, a Comissão do P .R .B . — que agora comodamente se reúno no Palacio da Aclamação — como na leg is la tu - ra an terio r, seguiu o c r ité r io da ree le ição . Era um premio que o governador dava aqueles que tão decididamente defenderam a indica- ção do seu nome à Vice-Presidência da República. In c lus ive o depu- tado João Pacheco de O live ira (/;8), "por sua atitudc do so lidarle- dade à bancada'-1, ׳merocou o reconhecimento do governador que, inco!. porando-o ao P .R .B ., deu-lhe tanbém um lugar na chapa situacion is- ta . 0 único novo lançado pelo governo fo i o deputado estadual Cor- deiro de Miranda, que preenchia a vaga de João Mangabeira, elevado cm I 93O à senatoria (¿19).

Tudo faz ia crer que o "statu, quo", tão firmemente estabele- cido pela atuação do P .R .B . c acomodação das claques dominantes no seio do partido, se prolongaria alén dos anos 30. 0 apoio do Pres¿ dente Washington Luiz à bancada baiana que seria re e le ita (50) co¡1 firmava essa previsão, que a Revolução de 30 transformaria en nais una " iro n ia " da H is to ria .

k . 1910.: a sucessão governamental.0 clima do serena acomodação que envolvia a vida p o lít ic a

baiana, a p a r t ir da fundação do P .R .B . o da "regulamentação" dos interesses das claques p o lít ic a s dominantes, através do acordo de janeiro de 1927» tornou-se tempestuoso, em meados do 1930 , pela a£ttecipação da questão sucessória governamental e polos reflexos do "débacle" econômico de 1929» que também atingiam a Bahia.

(¿J7 ) F iliad o ao 'Partido L ib e ra l, fo i no Lnpério deputado à Assembleia P ro v in c ia l. Proclanada a R epúb lica .,fo i e le ito deputado estadual, passando en seguida a ocupar a senatoria lo ca l (1911A 6 o I 52I / 3O). Ao se tornar v ito r io sa a Revolução de 30, pretendeu,co no único oposicionista na 'Assembleia Geral,assumir o Governo do E ¿ tado. Bulcão Sobrinho, op. c i t . . pp §6/6 7.

(Zj8) Foi'dópütado seabrista ate 9 de agosto de 1929» quando' rogpeu con o P״R .D ., em tórno dá questão sucessória p residencia l .

(50) Telegrama de Washington Luiz ao Governador da Bahia, in A Tardef 18 jan . 1930.

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A campanha pela sucessão presidencia l — passadas as p rine i- ras demarches on torno da conposição da chapa o f ic ia l — não des - pertou nos neios p o lít ico s da Bahia Interesse equiparável ao da su ccssão do governo estadual. Não 30 o arraigado esp irito provincia* ■ no dos p o lít ico s lo ca is , nen a f ra en ou qua se ausente ropercussño n.n ffehia do novlnento revolucionario que se a rt icu la va no país con tribu irán para iáso• O fa^o da chapa Ju lio W eátes-V ita l Soares — que ao lado da de Getulio Vargas Joao Pessoa concorreria às e - le ições de 10 de narço “*» te r o apolo declarado do Presidente Washington Luiz, dava aos baianos a tranquila certeza da V ito r ia .

Cunprindo ñera fornalidade, o P .R .B . reuniu, na Cañara dos Deputados, una Convenção Municipal para a escolha dos delegados baianos■ à Convenção Nacional que oficialm ente lançaria , a 12 de s<3

tenbro, as chapas para a Presidencia e Vice-Presidencia da Republi ca• A 3 ° de agosto de 1929, a Convenção dos Municipios, presidida pelo ex-governador Goes Calnon, ra t if ic o u a chapa Ju lio Prestes-Vi t a l Soares e, en seguida, por "aclamação״ , elegeu o senador Miguel Calnon e os deputados federa is Simões F ilho e João Mangabeira, de- legados da Bahia à Convenção Nacional (51)•

Na data p rev is ta , a "chapa do Catete" fo i referendada pela Convenção Nacional, presidida pelo senador Antonio Azeredo e n22 ׳ de maio seguinte, Ju lio Prestes e V it a l Soares, v ito riosos nns e - le ições , foram "reconhecidos" pelo Congresso Nacional, respectiva—' nente Presidente e Vice-Presidente da República (52)•

A despeito do clima de agitação que rapidamente la envolven- do o Pa ís, com a "degola" sumarla dos e le ito s pela Paraiba, a anpu tação de metade dos membros da bancada m ineira, e com a in te n s if i- cação da campanha da Alianga L ibe ra l, a provincia continuava a ser o p rin c ip a l foco de a־traçã0 dos neios p o lít ico s lo ca ls , Apos as e- le ições de 1ם de narço, as especulações en torno da suces3ao do go verno estadiial ocupam a ordem do dia• Os chefes das- diversas cor - rentes p o lít ic a s em que se d iv ide o T5stado — Miguel Calmon, Ota ־ י־*־ vio Mangabeira, Simões F ilh o , Pedro lago — aspiran a governança . Todos são candidatos em potencia l. Ape.ias o Cel. Frederico Costa

(51) A Tarde. 28/3• ago. 1929•(52) Telegramas de Antonio Azeredo e Pedro Lago a V it a l Soa-

res• R io , 22 de malo de 193•» in A Tarda. 23 malo 1930•

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mostra-se menos ambicioso• Contenta-se com .ר v ita lic ied ad e nr! pro— sidencia do Senado Estadual e não manifesta abertamente preferên - cia por qualquer dos candidatos, porque o seu candidato é aquele que o Presidente Washington Luiz in d ica r (53).

Aberta a lu ta sucessória, o P.R .B . apnreco d ivid ido en duas correntes opostas: de un lado Sinões F ilh o , que surge- como 0 cand¿ dato das preferências de V it a l Soares o, de outro, a׳ oorrente "ca¿ non ista", defendendo a candidatura Miguel Cnlnon. Ao governador, que tamben e o presidente do partido, cabe a decisão do problema.^ embora se in c lin e pelo líd e r de sua bancada, V it a l Soares está ô*en te a בעז impasse: se por un lado a atuação de Simões F ilho junto ao Presidente da Republica fora decis iva na escolha do 3eu nome para compor a chapa Ju lio Prestes, por outro lado, V it a l Soares não po- derla desconhecer que fora fe ito p o lít ico e Governador do Estado por obra e graça de Goes Calmon. 0 p restig io de Simões crescera nn razão d ire ta do êxito obtido na elaboração da chapa presidencial.A melhor naneira, portanto, do Governador testemunhar 3eu reconheci- mento seria outorgar-lhe o Governo do Estado. Contudo, negar apoio a um candidato patrocinado por Goes Calnon, mormente quando esse candidato era um irmão do ex-Governador, seria expor-se a pecha de tra ição e deslealdade.

A reunião realizada no Pa lácio da Aclamação com os patronos das duas correntes resultou em nada• Ante a impossibilidade de uma opção entre os dois aspirantes ao Governo, Simões F ilho lembrou o nome do senador Pedro Lago, nas a candidatura do representante do severinismo fo i logo vetada pelos Calnons (5ü).

Mbora d istante da p rovíncia , nas intinanente ligado ao Pro- sidente da República, o M inistro Otavio Mangabeira guarda a espe - rança de que seu nome venha a ser apontado como uni ca solução para se contornar o impasse.

Em a b r i l , apesar dos estremecimentos in ic ia is entre as cor - rentes p o lít ic a s lo ca is teren passado a d lsp u ta 3 mais agressivas , Simões F ilho fo i novamente escolhido para lid e ra r a bancada balam

(53) Declaração de Frederico Costa ln A Tarde17 ז jun. 193°•

0 Jo (Ü׳5) rn a l. 8 e 12 mar. 1930.

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Integralmente reconduzido nas eleições federa is de 12 de narço (55)• V it a l Soares, discretamente, incumbe o senador Manoel V ilabo ln — lid e r da maioria no Congresso Nacional e baiano de nascimento — de conquistar as simpatias dos lid e res da« várias correntes polítlca-s■ da Bahia para a candidatura Simões F ilho . 0 deputado Antonio 0 1 - רnon, expressando o pensamento da corrente calnonista, de inediato re je ita a possib ilidade daquela candidatura. A frase por e le prof£ rida — ,,Contra a candidatura Sinões F ilho a Governador da Bahia , devem se levantar até as pedras das ruas'1 (56) — passou a ser o refrão daqueles que se opunham à indicação do d ire to r de "A Tarde"

meados de junho, a candida tura Simões F גז®■ ilho está v ir tu a l- mente liquidada•■. Mas, de nanei ra recíproca, a oposição ostensiva׳ que lhe fazen os irnãos Cnlnon, o ronpinento entre Goes Calnon e Sinões (57), ternina por desgastar tanben a candidatura do senador Miguel Calnon.

As denarches en torno da sucessão governanental, portanto, lentanente vão criando ares de a t r ito , que tornan insustentáveis 03 primeiros nones cogitados. V it a l Soares, colocado entre dois fo, gos, prefere aparentar una posição de ne\1tra lld ad e , outorgando a'S lideranças p o lít ic a s en con flito a solução do problema sucessorio.

Na residência do l íd e r da bancada baiana, na Capital Federal, reunem-se varios nenbros do d ire to rio do P .R .B . , en busca de uma solução co n c ilia to r ia . Certo de que o obstáculo criado pela oposi- ção calnonista à sua candidatura é in transponíve l, Sinões :5i lho vo lta à fórmula Pedro Lago, cono candidato de conciliação (58). MI guel Calnon, acompanhando o gesto de renuncia do deputado Sinoes F ilh o , propõe a re tirada do seu nome, porem con a condição de que

(55) A Tarde, 26 abr. 1930. A bançada baiana, recebida en au diencia especial pelo Presidente da Republica, reafirmou-lhe " o seu apreço pessoql e a stja solidariedade ( . . . ) " 1 bid en. 30 abr• 1930• Moniz Sodre fo i o único candidato oposicionista "reconhecido^' afastando Theodoro Sampaio da rupresentaçao baiana, ib id en. 2 nalo 1930.

(% ) 0 Jo rn a l. 8 Junho 193••(57) 1ínquanto Goes! Calmon nega te r apoiado a candidatura S i-

mões F ilh o , este lembrç-lhe que¿ no3 prim eiros dias de jane iro , es pontaneamente aderira a indicação do seu nome, fe ita pelo Governa- dor V it a l Soares e "em termo3 tno honrosos" que, pessoalmente, fo- ra agradecer-lhe. "Telegrama de Sinoes F ilh o a Goes Calmon״, ¿b l - dem. 13 Jun. 193••

(58) 0 Jo rn a l. 13 Junho 1930? A Tarde. 2® Junho 1930•

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Pedro lago e Otavio Mnngnbeirn tamben deixasse de correr no pareo governamental. 0 id ea l para o senador Calmon seria que se bu3ca33e um candidato de conciliação fora das correntes p o lít ic a s dominan - tes• Sua proposta, contudo, fo i formalmente recusada por SimÕeâ F Í lho que se mostrava disposto a a b r ir mao de sua candidatura apenas em favor do senador Pedro Ligo (?9 )i

Finalmente! tendo Miguel Calmon capitulado e concordado em a polar Pedro Lagoj este e o deputado Simõeâ F ilho reunen-se, a 19 de junho, na residencia de M inistro Otavio Mangabeira, ficando de- fin itivam ente acertado o apoio das correntes p o lít ic a s da Bahia a candidatura do senador "seve r in is ta " (60)•

Encontrado un ״modus v ivend l" e nantiefla a integridade do pnr tido , a comissão d iretora do P.R.B• anunciou, logo a 3eguir, a in- dlcação unânime de Pedro I/igo n sucessão governamental (61).

Pedro Ligo fo i um candidato sem competidor ao Governo do Es- tado, nao só porque a "força das c ircunstandas" assim conduziram as correntes p o lít ic a s em co n flito , mas tanbém porque, Impulsiona- do as forças p o lít ic a s , estava o setor economico-financeiro da so- ciedade. 13 a situação de crise que fere a base estru tu ra l da socie dade, fnz com que os interesses ind iv iduais convirjam, momentánea- mente, rruna só direção.

A crise econômico-financeira que abalou o mundo em f in s de 1929» ating iu também profundamente a Bahia, cuja economia era to - talmente dependente do setor exportador e cujas finanças eram a l i- mentadas por emprestimos estrangeiros, como de resto acontecia com o B ra s i l. Se bem que 1932 tenha sido, na Bahia, o ano c r ít ic o da c rise , em 193• ns exportações já apresentam tuna baixa de 1 2 1 9 7. לcontos de re is , em relação a 1928 (62), o que re fle te a redução dos

(5 f) Telegrama de Simões F ilho ao senador Pedreira Mala e ao3 desembargadores Pedro R ibeiro e Ezoqaj-el Ponde. Rio, lh jun. 193®» Arquivo Otavio Mangabeira.

(6•) "0 Estado de Sno Paulo", São Paulo, 2• jan. 1930 in A Tarde. 21 jun. 193•*

(41) A Tarde. 25 jun. 193®.(62) 1ti 1928 o va lo r das exportações fo i de 335*700 contos de

r e is j en 193^» de 2*5.951 contos de re ís . 0 ponto maÍ3 baixo da cr¿ se fo i 1 3 2 quando as exportações caem para 197*91¿. contos de re ,ל is. "Divulgaçao de Informações e Pronaganda", D ire to ria1 Geral de Esta - t ís t ic a do Estado da Bahia, 2 de março de 1933• Arquivo do Estado da Bahia. Gabinete do Governador, Pasta 118•

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p rin c ip a is produtos de exportação do Estado — cacao, funn e café —* quer en quantidade, quer nos seus valores, depreciados pela1 bai xa das cotações mundiais. Tanben o setor de importações, no perío- do acina considerado, sofreu una queda' de 36.792 contos de reis(63i

Sn defesa da burguesia conercia l, asfix iada pela c r is e , a A_s sociação Conercial da Bahia, " legítima representante das classes conservadoras", lidera campanha pela redução dos impostos e prorro gaçao dos prazos para ns respectivos pagamentos en atraso. Do vá - ria s praças do in te r io r ven a Capital enissários rwra se entende - rom con o Governo. Os Jo rna is , in c lus ive os que faz׳en oposição, 3־- pelan para que 0 governo venha ao encontro das "Justas pretensões do ronercio, da indústria e da lavoura" (6Ü). Ainda candidato ao Go verno, Pedro 1/1 go v is ita a> Camara dos Deputados e oede que todos os esforços do Leg is la tivo se concentren na defesa da lavoura e na superação da crise que assola o Estado (65). Todas as atenções es- tao canalizadas na busca de una solução para a profunda inquieta1 - çao que, doninando as " -lasses conservadoras ", fere toda a estru,׳tura socio-político-econõnica do Estado•

Nas ele ições de 7 rte setenbro, Pedro Lago recebeu ] i i l . i l 8 vq tos (66). Governador e le ito , aguarda que a Assenbléia Geral Legis- la t iv a se reunn, dentro de dois neses, a f in de o fic ia lnen te proçe der à apuração das eleições (67) e, logo a seguir, enpossa-lo na chefia do Executivo•

5. 193•: norte melancólica da !a República na Bahia.Reconhecido Vice-Presidente, V it a l Soares renuñcia ao Governo'

Estadual en 1ט de agosto e runa à E^fopa para tratanento nédico, v¿ sando regressar a tenpo para 3 er enpossado/fi^Juntanonte con Ju li'o Prestes, en 15 de novenbro. Hais Una vez, o inamovivel presidente

(63) a va lo r das importações en 1928 fo i de 117*020 contos dere is j em 193•» cae para 8Í.228 contos de re is . No auge da c rise ,1932, des«»e para Ü2. 18Ü contos de re is . lb lden.

(6Z1) D iario da Bahia. 9 ju l. 193•(•5) lbldem.(66) D ia r io O f ic ia l do Estado da Bahia,50u t. 193•* ׳ \(67)^Pelo decreto 7»*53 de 20 de outubro de 193Ó (as vesperas \

da deposição de Washington Lu iz ), o governador in te rin o , Frederico/ jCosta, «•onvoca a Assembléia Geral Leg is la tiva com esse o b je t iv o . í iá / r io O f ic ia l . 2h out. 193•• " /

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177*

.morte melancólica da !3 República na Fahla :ת0>1 •5Reconhecido V ic e - P re s id e n te , V i t a l So a r esUno So v e rno Estadu-

a l ern 1 2 de a go 3 to g nana à Europa para tratam en to m edico, v isand o regl*0Ssa r a tempo para se r empossado, .■juntamente com J u l i o P res t e s , em 15 de novembro• Mais uma vez , o in a m o v ív e l p re s id e n te do Senado E s ta d u a l, C e l. F re d e r ic o C osta , assume in te r im m e n te a d ir e gao do Estado• D e ve r ia perm anecer neste posto a te a nosse do novo governador, contudo, a re vo lu ção de 30 su rp reen d e- lo - ia che fiando 0 Ex ecu tivo baiano•

Conservadora em toda sua e s s e n c ia , a Bah ia e ra le g a l i s t a em 1930• 0 movimento re v o lu c io n á r io conduzido por M inas G e ra is , R io Grande do S u l e P a ra ib a não encontrou guarida em te r ra 3 baianas• A penas um reduz ido grupo de in d iv id u o s , l id e ra d o s a d is ta n c ia p e lo ex-Governador J . J . Seab ra , mostravam-se entusiasm ados p e lo s " id e - a i s " da A lia n ç a L ib e r a l . A tra vé s de "0 J o r n a l " , que v o lto u a c i r c u í l a r em 28 de setembro de 192?, sob a d ire ç ã o de Leopoldo do Amaral, a re vo lu ção e ra de fend ida na B a h ia . No e n ta n to , a m enta lidade " r e - v o lu c io n á r ia " do grupo se a b r is ta - m o n iz is ta — que fa z oposição ao governo desde 19211, quando f o i despojado do poder — e n it id am en te p ro v in c ia n a . Os grandes problem as n a c io n a is escapam -lhes a percep- ção• São os p o l í t i c o s lo c a i s , p r in c ip a lm e n te os C,Tlnon, V i t a l Soa- re s e SimÕes F i lh o , os a lv o s p re fe r id o s de suas c r í t i c a s e a taques co n s ta n te s . Na campanha 3uces30 ria lo c a l , defendera a can d id a tu ra '■־י־ 0 t a v io M angabeira, mas quando Pedro lago surge v i to r io a o y nao lh e 1 negam so lid a r ie d a d e •

Além de S ea b ra , rad icad o na C a p ita l F e d e ra l, de Leopoldo do A m ara l, J o e l P r e s id io , s e c r e tá r io de "0 J o r n a l " , dos Monizes (Mo - n iz Sodré e ra d i r e t o r do "D iá r io da B a h ia " ) e de o u tro s pouco3 e le mentos s e a b r is ta a , a re vo lu ção era "p regada" na B ah ia por um grupo r e s t r i t o de jo vens acadêm icos, quo se encarregavam de romper o ritm o monótono de conservadorism o ba iano , A rna ld o S i l v e i r a d i r ig ia no "0 Jo r n a l " uma secção u n iv e r s i t a r ia que t in h a en tre seus re d a t£ re s Manoel N ova is e N elson C a rn e iro , re sp ectivam en te acadêm icos de M ed ic ina e de D ir e ito • F o i p r in c ip a lm e n te esse grupo de jo ven s u n i v e r s i t á r io s que de c e r ta forma dinam izaram a־ campanha a l ia n c i s t a na B a h ia , a t ra v é s da o rg an ização de a lguns poucos com ic io s , quase sempre d is s o lv id o s p e la fo rç a p o l ic ia l• In tim am ente lig a d o s ao re-

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manescente soabrista, fundaram uma agreninção p o lít ic a batizada con o none de "Partido U n ivers itá rio Denocrático da Bahia", que presidi, do por Gustavo Santos, tinha Seabra cono patrono (68)

Fo i, portanto, a existência e a atuação do "0 Jo rn a l e 0 entu siasno próprio de elenentos de una nova geração que fez con que a revolução não estivesse totalnente ausente na Bahia• No entanto, en que pese a atuação cBesse reduzido grupo de individuos, a sociedade baiana*, de forma global, continuava a manifestar-se re fra ta r ia a quaisquer ideiaà que aneaçassen subverter a orden por ela estabele- cida ou a desvia-la do caninhn da legalidade, asseguradora do poder de sua e l i t e dirigente•

Apesar da no tic ia da eclosão do movinento revolucionario "a - l ia n e is ta " te r chegado a Bahia no nesno 3 de outubro, e a dosoeito do manifestações populares v io len tas , cono o "quebra-bonde" (69)» ה vida po litico-adm in istrativa1 prosseguia cono se nada houvesse acon- tecido. A posse do novo governador já estava programada e a despei- to de una sonbria expectativa envolver a sociedade p o lít ic a , o go - verno continua a assegurar que "a situação na Capital e de perfe ita orden ( . . . ) e no in te r io r ( . . . ) , de tranq iiilidade" (70). Manifesta- ções populares nais exaltadas foran contidas pelo estado de s ít io que, decretado a 11 de outubro para o D is tr ito Federal, 1U.0 de Jane¿ ro , Minas Gerais, Paraiba e Rio Grande do Su l, fo i estendido, no dia seguinte, a todo o te r r itó r io nacional (7 1 ) . Logo a seguir, ain da que de nodo precario, o trafego de bondes fo i restabelecido, e a vida provinciana parecia retornar à sua nomalidade (72)•

(68) 0 Jo rn a l. ט,נ out. 1929• ״ s(69) Manifestações hostis da pçpulação en relação a Cia. Linha

C ircu lar de Carris da Bahia, ligada a "Light and Power", vinhan ocor rendo desde os p rine iros meses de 193®» quando os preços das passa - gens de bonde foran elevados, sob a alegação de que a re fe rida c o e - panhla aunentaria o nunero de v e ietilos em circu lação, a fim de evi - ta r a superlotação. A Cia. não cumpriu o prometido e a 19 de naio houve grave incidente, resultando nun "quebra-bonde", pa Estrada da Liberdade (0 Jo rn a l. 2• maio 193®). A inquietação contida da popula- çao, deu ao "quebra-bonde" de h de outubro propdrções bem maiores . Sob o pretexto de que a bandeira nacional serv ia de tapume nas obras do Plano Inclinado Gonçalves ©•״ . ׳ *«ral i çou-sa o ataque aos bon - des, num quebra-quebra quase incontído. (D iario de Notlc la3 . 7 out .

(7•) D iário O f ic ia l do Estado da Bahia, 7 out• 1930•(71* Telegrama do M inistro da Ju s tiç a , Yiana do Castello ao Go

vernador da B&hia• Rio, ? out• 1930• lbldem•(72' OCiei* do Pre fe ito da Cap ita l, Francisco de Souza 3מ Go-

ve#na<l<-»r. Salvador, 7 out• 1930. lbldem. 8 out. 1930

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Ate a hora f in a l, portanto, a B ih ia deu testemunha do sua "mais completa solidariedade" a ordem constituida (7 3 )• 0 esp írito le g a lis ta dos baianos conduzia a arregimentnção de "batalhões na t r io t ic o s " , comandados pelos seus mais destacados coronéis, pron - tos a defenderem o Governo da investida "a lia n c is ta " . 0 Presidente Washington Luiz, que intransigentemente recusava-se a acred ita r no insustentável de sua situação, tinha toda razão em confiar na fide lidade da Bahia (7h )• No entanto, para a e l i t e d irigente lo ca l,des de que nada havia sido ainda confirmado, o importante era ag ir com cautela. A fide lidade a ordem constituida, portanto, e expressão desse sentimento. Tudo faz ia crer que Washington Luiz te r ia meios de conter esse novo arranco "tenen tista ". E se a ordem fosso sub - vertida , que melhor sentimento para favorecer uma futura acomoda - çao que o da fide lidade? E le era a segurança de que as adesões re- pousavam em base só lid a .. .

0 movimento "tenen tista " que ressurgia em 193*, no entanto ,nao fo i contido, porque soube se a l ia r a poderosas forças o lig a r -quicas do Pa ís . A 2h de outubro, deposto e preso o PresidenteWashington Luiz, e todo o seu M in istério , uma Junta M ilita r chefiada pelo Gal. Tasso Fragoso assume o governo provisório do País• Na Santa׳Bahia, o Gal. Cruz — comandante dag forças que combatiam as colu- nas do Gal. Juarez Tavora no Norte do 3 ra s il — cono un "soldaxio d iscip linado" e "deante da nova orientação dos destinos ( . . . ) " do país, ordenou a imediata suspensão das hostilidade (7 5 ) no setor de Alagoinhas, onde o Cel. A ta liba Osorio, chefe da 6 a Região, a - guardava a coluna rebelde que do Norte se d ir ig ia por v ia ferroa para a Capital (76).

No Palacio Rio Branco, a confusão generalizava-se• Aquilo que

(73) Telegrama de Fr«derico Costa a Washington Lulz. Bah ia ,19 out. 193•, ibidem. 21 out. 1 3 .•ל

(74; Telegrana do Presidente Washington Luiz a Frederico Cos- ta . Rio , 18 out. 1930• ibidem. 19 out• 1933•

(75) "Comunicação do Gal. Santa Cruz־" ao povo da Bahia, in Di ario de N o tíc ias . 2h out. 193••

£76) Com amorte, durante a campanha revo lucionaria, de Joa - quin Tavora, irmão do comandante da Colima do Noçte, Gal. Juarez Ta vora, seus companheiros decidiram que em sua memoria a primeira ci- dade baiana ocupada receberia o seu nome. Alagoinhas, qúe f o i ׳ essa׳ cidade, a 25 de outubro passou a chamar-se Joaquim Tavora (D iario de N o tíc ias . 27 out. 1930). Apesar do ato te r sido confirmado pela Junta Mi l i t a r , o novo nome nao permaneceu.

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o governo se recusara a acred itar — a derrocada da ״lega lidade"— era agora una realidade a enfrentar. Meio ao borborinho reinante , o senador estadual Wenceslau Guinaraes, atribuindo-se mandato popu la r cono o único "a lia n c is ta " no Governo, assune de fato o poder ־ Sua atitude, no entanto nao encontrou receptividade e fo i reoelida, con a chegada a Pa lacio do Major Custódio dos Reis Principe que fo i fe ito governador p rovisorio , enquanto se aguardava a chegada do Cel. At.ר lib a Osório que, logo a seguir, assuniria a suprena di- reção do Estado (7 7 )•

0 poyo que a p rin c ip io , en passeatas e conicios inprovisados nan ifestava seu regozijo peln queda da " t ir a n ia " , passou a demons- trações mais v io len tas . Un grupo de populares, enrunhando ln ta 3 e garrafas de gasolina, atacou o prédio novo do jo rnal "A Tarde",pre tendendo incendiar novéis o naquínas (78 ) . 0 p re fe ito municipal , Francisco de Souza, que rccentenente decretara aunento das ta r ifa s dc bonde e de energia e le tr ic a , e o Secretario de Segurança, Pedro Gordilho, que herdara a impopularidade que o desenpenho do cargo conferiu a Madureira de Pinho (79) foran as figuras particu lam cn- te visadas. Populares exaltados proparavan-se para invad ir o pre - dio da Secretaria de Segurança, quando foran detidos à bala. Mor - tos e feridos fo i o saldo dessa investida popular (80)•

0 rápido desenrolar dos ú ltiuos acontecinento3 con a tonada de poder pelos n i l i t a r e s , fapzia crer que a v itó r ia da revolução era irre ve rs ive l• No dia seguinte, portanto, coneçaran a chegar,de/ Mvarios pontos dos Estados, telegranas de congratulaçoes "pela victo

r ia da •ausa libertadora do querido B ra s il ( • . . ) " ( I I ) . 0 Jo rnal "A Tarde" que a 23 de outubro saudava o entnslasno do3 "ba.talhões p a tr ió tico s " a favor da legalidade, vib ra agora con as nanifesta - ções "nenoráveis" da população que, percorrendo ruas da cidade nela

0?7 ) "Proclanação". Bahia, Palacio Rio Branco. 2h out• 1930 , ins P ia r lo s O f ic ia l do Estado da Bahía, 25 out. 1930•

(78) Jo e l Presidio• "0 começo de una־ anizade" in A Tarde. 13 dez. 1957•

(79) Madureira de Pinho renunciou ao posto de Secretario deSegurança a 8 de ou t., substituido provisorianente pelo Secretario do In te r io r e Ju s t iç a , Dr• Prisco Paraíso que, logo a seguir trans- n l t iu aquele cargo ao Dr. Pedro Gordilho. ,

(80) A loysio de Cnrvalho F ilh o . "Lembranças de un in tino ra - r io " in A Tarde. 25 out• 1955•

(81) P ia r lo s O f ic ia l do E3tado da Bahía, 26 out. 1930•

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mavam os mnes dos chefes íevolucionarioá (82)* י? oá lonços vercc- lhos, que a 2k de outubro apareciam timidamente amarrados ao pesc2 ço, passaram depois a en fe ita r ',uniformes m ilita re s , tra je s c iv is , hábitos re lig iosos ( .* i)* '. Se para alguns serviam de identificação, para outroá tantos eram preciosos ;salvo-condutos (83)• Ao fim de nlgum tempo, a cidade ficou colorida de lenços vermelhos• ',Houve gente que apareceu embrullàdá י nn amplos lençóis encarnados 1 Nao se imnginnva haver tantos ,revo lucionários1 na Bahia J " (8Z1)•

Fra 0 quadragésimo primeiro ano da República e o primeiro da Revolução•

ÇP2) Ajfà rd e . 25 out• 193••Aloysio de Carvalho F ilh o , op. c i t .

(8ü) Joel. Pres id io , op. cit•

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CONSIDERACÕSS FINAIS

O conservadorismo, que repele qualquer ten tativa de a lte ra ção nos valores estabelecidos, e a marca profunda da sociedade lo cal• A Bahia manifestou em relação à Primeira República o mesmo sentimento de fide lidade que a prendeu ao Império. Somente com a partida da fam ilia im perial para a 13)uropa, a Rahia tornou-se repu b licana; em 1930, a deposição e o e x ilio de Washington Luiz des - pertaram-lhe o "e sp ír ito revo lucionário". Fntão, o Fstado fo i as- solado pela mesma onda de adesismo que varreu a Provincia em 188^

0 sentimento de "inquietação" que experimentou a e l i t e d l- rigente era 1889 voltou a domina-la em 1930, assim como a "ind ife- rença" (1 ) envolveu a população, de forma gera l, nos dois momen - tos h istó ricos acima referidos.

Apesar de te r percorrido h0 anos, o c ic lo v i t a l da Primei- ra República fo i irreg u la r e lacunoso. ,5Ila nasceu tardiamente, o envelheceu prematuramente, sem que tivesse chegado ao amadureci - mento• No entanto, a evolução dos partidos polítJicos da Bahia, dj! rante a mais long? República que até hoje conhocemo3 , revela que, no f in a l da segunda década do sec. XX, também a esfera p o lit ic o - p artidá ria fo i atingida pela ten tativa do d iscip linação a que fo ram submetidos os setores económico-administrativo do 1Sstado — sintoma de que re la t iv a maturidade estava para ser alcançada•

De maneira contrastante, observa-se que ao m u ltip artida ris mo dos anos que se seguiram à derrubada da Monarquia, responde o dominio de מעז só partido às vésperas da Revolução de 30• Através de penosa aprendizagem, chegava-se a estab ilização da vida p o l i t i ca lo ca l. ,Estabilização possivelmente excessiva, pois ainda que resu ltante do enrlgecimento da estrutura econômico-social, condu- ziu à fragmentação do sistema n o lit ico -p artid á rio vigente e ao a- n iqu ilamento da Prim eira Republica.

Polo menos 13 partidos p o lít ic o s , excluindo-se as facções e corrente3 personalistas que se conflitavam dentro de cada um de le s , «onheceu a Bahia naquele período de sua H istó ria . Até 1912 .

(1 ) Os termos "Inquietação" e "ind iferença" devem ser aqui entendidos como ç sentido que a eles a tr ib u i Wright m i ls in A I- maelnacão 30ci010glca• Rio , Zahar 13d., 1965, p. 17•

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são monarquistas consrvadores, como Luiz Vianna, Severino V ie ira e José Marcelino de Souaa que comandam',vida p o lit ico-p artid á ria do Estado• Nesse período surgem, atuam desordenada e intermitentemen- te , para logo desaparecerem, cerca de 10 agremiações po líticas•

Os 12 anos que se seguem correspondem ao período de domina - ção "seab ris ta ", dominação fortemente contestada pelas forças opo- s ic io n is ta s , tanto nos anos in ic ia is , como na fase f in a l do perío- do• 0 Partido Republicano Democrata e o partido de Seabra• Qnbora chegue, em determinado momento, a d ilu ir- se no ramo lo ca l do P«R«G "p in h e ir is ta " e embora fracionado nitidamente a p a r t ir da "Reação Republicana", o P.R.D. subsist^, pelo menos até o f in a l da Primei- ra Republica, graças à personalidade e à maleabilidade p o lít ic a do seu chefe, que " até nos erros era inconfundível " ( 2 ).

Nos últimos anos da República Velha, que vão We 192k a 1930, "calmonistas" o "mangabeiristas" são os grupos p o lít ico s dominan - tes• Desde, porém, a fundação da Concentração Republicana da Bahia, Ja detem o poder de fa to , legitimado pelo apoio do Governo Federal. Com a fundação do segundo Partido Republicano da Bahia, em 1927, o processo de centralização do poder se acelera e a vida p o lit ic o ?pa־t id a r ia é cuidadosamente ordenada. 0 personalismo, sem dúvida, pe£ s is te como traço ca rac te rís tico do sistema p artidá rio . No entanto, o choque de interesses ind ividuais se faz agora "intra-muros", d i- fic ilm ente extrapolando a a lta cúpula do P .R .B .

Quanto às suas origens, os partidos p o lít ico s da Bahia, na Prim eira Republica, respondem a dois estímulos imediatos! as e le i- çoes e os con flito s de interesses pessoais, *tabora intimamente re- lacionados, e possivel oerceber-se que na primeira década republi- cana —* quando a " p o lít ic a dos governadores" ainda não fora conf¿ rido carater " in s t itu c io n a l" e quando os componentes da e l i t e po- l í t i c a mantinham certo nivelamento de in fluências — são as e le i - ções, porque conduzem aos postos adm inistrativos 0 le g is la tivo s do Estado, que geram aqueles con flitos ind iv idua is . Os partidos, em consequência, brotam como cogumelos.

À medida, porém,que o regime republicano vai-se afirmando,03

(2) Eíxprsssão de Nestor Duarte, em discurso pronunciado na Câmara dos Deputados da Bahia, em 30 de julho de 1936•

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prim itivos organismos p o lít ic o s , através de singular selação "dar- winiana',' vão sendo eliminados ou tragados por organismos mais for- tes e melhor estruturados. As disputas, agora canalizadas en duas tendencias opostas, tornam-se nais acirradas e, en consequência,as eleições transformam-se, mais nitidamente, no cumprimento de mera fornalidade, perfeitamente dispensável. Quando a " p o lít ic a dos go vernadores" sofre contestações, é o poder legitim o mais a lto que se sobrepõe ao Executivo lo ca l. Então, mesno partidos em oposição, como aqueles que conduziram Seabra e Goes Calmon ao Governo do Es- tado, porque contam com o apoio do Governo Federal, detem o domi - nio da situação p o lít ic a , com razoavel antecedencia das apurações e le ito ra is . Sobrepondo-se, portanto, ao choque entre os grupos po- l í t ic o s r iv a is , e estimulando o nascimento de partidos, está o Pr& sidente da República, legitimador do poder lo ca l, ainda que para isso seja necessário recorrer a força armada, como ocorreu na Ba -h ia , não só em 1912 e 1924, mas ainda em 1920, quando da "reaçãosertanGja".

Foi por ocupar, no governo Rodrigues Alves, o posto de M in i¿ tro da Ju s tiç a , que Seabra reuniu condições para fundar em 1906 o Partido Republicano Dissidente, como fo i sua posição de l id e r da campanha "hermista" na Bahia que perm itiu à embrionária Junta Repü blicana pro-Hermes/Wencoslau transformar-se no Partido Republicano Democrata. Perdido 0 .apoio federa l, a derrocada p o lít ic a de Seabra tornou-se inapeláve l. Ao mesmo tempo, a ascensão de Miguel Calmon ao m in istério Artur Bernardes despertou a oposição da le ta rg ia em que se encontrava. Foi o tônico re v itn liz a d o r•que a conduziu a or- ganizaçãodaConeontração Republicana da Bahia. A força do partido, sua maior ou menor vigência p o lít ic a , decorre, en última análise ,do apoio que lhe empresta o governo federa l.

Os programas partidá rio s, quando existem, repetem as mesmas tec la s : defesa intransigente do federalismo, moralização das e le i- ções, defesa dos interesses das "classes conservadoras" e tc . No 0]1 tanto, quando elenentos de uma nova geração se nanifestam, ainda que sen grandes anbições, no sentido de dotar 0 partido de un con- teúdo que se pudesse chañar programático,.percebe-se que, após U0 anos, aquelas teclas soan desafinadanente. Sen dúvida, no ú ltino lu stro que precedeu a Revolução de 3 0 ideias lib ״ , e ra is nais avaj! çadas" coneçavan a incomodar o conservadorisno da e l i t e dirigante

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lo ca l.Reduzidos, portanto, a conteúdo ideológico nínino, sen qual-

quer preocupação de i r ao encontro dos anseios dos estratos in ter-nediários e in fe rio res da população, esses partidos p o lít ico s nan-ten re la t iv a coesão, não só pela identidade de interesses que une nenbros de una nesna canada so c ia l, nas tanbén graças à personal!- dade do chefe. Tão ín tina 6 a iden tificação dos chefe con os p art¿ dos, que os rótulos destes poderian deixar de e x is t ir , pois é o no ne do chefe que confere autenticidade e prestig io ao partido. En que pese, portanto, a força decis iva do governo ostadual e, pairaji do acina deste, a do poder federa l, a v ita lid ad e do partido é re -flexo da personalidade do seu "dono".

Severino V ie ira , fundador do prineiro Partido Republicano da Bahia, en 1901, nesno após o térnino do seu quadriénio governanen- ta l (1900A90¿].), continuou a conandar a vida p o lít ic a do Estado. 0 grande cisna de 1907 não enfraqueceu sua força. Ao contrário , pro- jetando-a isoladanente no cenário p o l í t i c o , .tornou-a elenento de grande in fluência na balança do poder lo c a l. Até o f in de seus d ias, lutou para prolongar os podores de que fora investido ao as- sunir a chefia do P.R .B . Se o Partido esfacelou-se, o "severin is - no" nanteve-se vivo nesno após a Revolução de 30» graças à f id e li- dade dos seus d iscípu los, conandados agora por Pedro Lago.

Seabra, contrariando o objetivo p rine iro das "salvações na - c ion a is ", estabeleceu na Bahia o nais longo dominio oligárquico de sua h is to r ia . Enaltecido e venerado por seus seguidores, e lançado pelos in in igos às chañas do bonbardeio de Salvador en 1912, enfren tou e soprepos-se às forças coligadas de tres ex-governadores — — Luiz Vianna, Severino V ie ira e José Marcelino — liderados pelo grande e ten ive l condutor da p o lít ic a nacional, o Gal. Pinheiro Mg. chado; sobrepos-se, tanbén, à "entente" firnada entre os "doutoreá' da Capital e os coronéis do in te r io r , conandados por Rui Barbosa , então 0 naior lid e r oposicion ista. Não re s is t iu , porén, a ir a pre- s idencia l e a perda do apoio federa l. Mas, certanente não fo i prea. cupado con a re tó rica que Artur Bernardes — sen dúvida o nais in- p lacavel adversáriô de Seabra — confessaria, cerca de v in te anos depois da queda do seu governo, ser Seabra " un grande bahiano e grande b ra s ile iro , de quen se podia d issen tir , nas a quen se tinha

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quo respe itar" (3 ) .Raros foran os p o lít ico s da P r in e ira República que na Bahia

nao rezaran o credo seabrista — ainda que para isso tenha contr¿ buido seu longo período de in fluenc ia . A grande na io ria daqueles que conandarian a vida do Estado,a p a rtir do governo Goes Calnon! era constituida de ex-seabristas. Alguns já havian abjurado o ere do seabrista desde 1919» outros renegaran-no nais tarde quando,entre a fidelidade ao chefe apelado do governo e a pernanencia no poder, p referirán a ú ltin a opção. No entanto, não foran poucos os po lít ico s da nova geração que poderian, cono Jo e l Presid io , con - fessar: " Nasci e criei-ne *seabrista* por educação paterna" (¿4.)y pois que tanben o culto ao chefe p o lít ico coneçava no anbiente da nético . É, porén, nos nonentos de nais intensa agitação que a ad& ração dos n ilita n te s por seus chefes, que de nodo geral pernançce la ten te , " exterioriza-se con a v io len c ia de un paroxisno" (5 ) . No auge da canpanha sucessória de 1919/20, não foran poucos os cho - ques vio lentos entre "ru is ta s " (defensoras da candidatura Paulo Fontes) e "seab ris tas". A chegada de Rui Barbosa à Bahia fo i sau- dada pela oposição cono a vinda do " lib e rta d o r", a vinda de "mes- s ia s " . Para conter o ínpeto de jovens que se deixavan in flan a r p£ 10 verbo candente de Rui Barbosa, a naldição ou a negação da ben- ção paterna constitu ía , nuna sociedade eninentenente p a tr ia rca l , recurso insuperável. "Não abençoarei o f ilh o que f ic a r contra o Dr. Seabra" (6 ) certanente repetirán , con o pai de Jo e l Presid io , nuitos patriarcas "seab ris tas ".

Arrefecendo o personalisno que caracteriza os partidos p o li ticos da Bahia, na P r in e ira República — organisnos enbrionários e simples, ainda que paradoxalnente׳conplexos — surge a co rd i¿ lidade, narca profunda do povo baiano. No setor p o lít ic o , essa cordialidade conduz à p o lít ic a de acomodação — plano sobre o cjial

(3) Arthur Bernardes a Aloysio de Carvalho F ilh o . R io , 15 fe v . 1945 in Arauivo Aloysio de Carvalho F ilh o .

(¿ ; ) 'Jo e l Pres id io . "0 Coneço de una Anizadft" in A Tarce .l^ dez. 1957•

(5) Robert.M ichels. Os Partidos P o lít ic o s . São Paulo, Ed • Senzala, s/d ., p. 37•

(6 ) Jo e l Pres id io , op. c it•

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deslisa todo o processo p o lit ico -p artid á rio , do forna gcral* Ao contrario do que o termo possa sugerir, é a p o lít ic a de acomodação que confere certo dinamismo aos partidos. Seus membros transitan ¿ l iv r o e desordenadamente, ao sabor de interesses pessoais, e de junções p o líticas» de un partido a outro. 0 "republicano h is to r i **co" V irg il io Damasio, por exemplo, fo i chefe do Partido Republica•״ no da Bahia (1889), e sucessivamente, membro das comissões execut¿ vas do Partido Nacional Dginocrata (1892), do Partido Republicano Federa lis ta (1896), do Partido Republicano da Bahia (1901). Incon- patib ilizando-se con Severino V ie ira , afasta-se desse partido en 1903 e, tres anos depois f i l ia - s o ao Partido Republicano Dissiden- te , que reunia os "seab ris tas ". Rejeitado polo situacionisno no p£ ríodo Araújo Pinho (1 908 /11 ), tanbén nao conseguiu que o Partido Republicano Denocrata, en 1912 indicasse seu none para o Senado F£ dera l. Morreria no ano seguinte, em completo ostracismo.

0 mimetismo p o lít ico do conego Manoel Leoncio Galrao, en que pese o seu prestig io pessoal, nanteve-o politicamente atuante — a inda que su je ito a certo enclausuramento d iscip linador, no nunic¿, pió de Arela ־— de 1892 a 1937» quando o golpe de Estado de 10 de novembro afastou-o, aos 73 anos, do Congresso Nacional.•

Contudo, se o processo de acomodação, em n ive l in d iv idu a l ou de claques personalistas, nostálgicas do prestig io que gozaran en passado recente, se desenrola espontaneamente na provincia, o nes- mo não acontece quando há re la t ivo eq u ilib rio de forças na lu ta pg.lo poder entre grupos p o lít ico s r iv a is , ou nesno entre correntes individualizadas dentro de un nesno partido . Recorre-se, então, a nediação do supreno Magistrado do Pa ís , a f in de que o impasse se- ja ronpido e se chegue ao necessário ajustamento de forças. 0 ac0£ do p o lít ic o de janeiro de 1927, que conferiu aos mangabeiristas s i tuação p riv ileg iad a na conposição do poder lo ca l, fo i resultante de nediação fed era l, graças ao posto do M inistro das Relações Ext$, r io res que Otavio Mangabeira ocupava no governo Washington Luiz • Tanbén o acordo de narço de 1911, que assinala a ascensão do "sea- brisno", teve cono estímulo decisivo a posição p riv ileg iad a de Sea bra Junto ao Presidente Hernes da Fonseca.

Evidentemente, dada à rig idez in fra-estru tu ra l da sociedade lo c a l, as camadas populares estão excluidas da vida p o lit ico - p a rt¿ dária do Estado. Embora desde 1919 já houvesse no B ra s il um P a r t i ­

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do Comunista ( cm 1922 organizar-se-la con o nome de Partido Conu- n ista do B r a s i l ) , e enbora fosse na República Velha o único parti- do que por seu conteúdo ideológico tinha caratcr nacional, a Bahia dele não tonou conhecinento. Na verdade, faltavan-lhe condições há sicas para aperceber-se de um novinento deste tipo . Suas popula - ções urbanas e fab ris eran por denais in c ip ien tes ; nesno na Capl - t a l, a força do conservadorisno f re lava quaisquer nanifestações que pudessen v i r a aneaçar a orden estabelecida, ainda que para tanto fosse necessário recorrer à força p o l ic ia l ; nesno quando os operários são conduzidos a novinentos g revistas, cono os de 1917 e 1919» agen sob os estímulos da fone e da atuação de un nesno lid e r popular. A incapacidade de conscientizar va lo res, o analfabetismo dominante, torna inerte a maioria esmagadora da população. No en - tanto, de forna paradoxàl* é essa apatia que faz con que a nassa popular não seja afastada ״ in lin in e " do processo p o lít ic o : pate£ nal ou coercitivanente una n ino ria , travestida de e le ito re s , é coa duzida até às urnas, durante as ele ições. Contudo, se c o "b icórid ' ou, en ú ltin a instancia , o Leg is la tivo , quen decide as ele ições,os votos desse ninguado eleitorado pouco ou nenhun significado ten no jogo p o lit ico -p artid á rio .

A conposição socia l dos diversos partidos republicanos, tan- to quanto seus programas e objetivos lnediatos, reve la a inpernea- b ilidade desses organisnos a quaisquer in fluências que não sejam a quelas dos setores economicos e socia l doninantes. Os primeiros partidos p o lít ico s são maciçamente constituidos por elementos do "ancien regime": a ris to cra tas do Império, c lé r igos , doutores da Ca p it a i , coronéis do In te r io r . A p a r t ir de 1910, elementos de uma na va geração vão despontando nos postos p o lít ic o s . Coronéis e "douta res" predominam nos quadros partidá rio s. Jovens doutores como S i - mões F ilho e Otávio Mangabeira, que em 1927 comporão a Comissão E- xecutiva do P .R .B ., são agora menbros do Conselho Geral do P .R .D ., onde fazem sua in ic iação p o lít ic a . Mo último partido da Prim eira República, o dominio dos coronéis ainda é esmagador. Contudo, en que pese a posição singular dc Cel. Frederico Costa, estão confina dos no Conselho Geral, orgão carente de poder de lib era tivo , nas que confere aos coronéis a situação de p׳ restig io necessária para o perfe ito andamento do jogo p o lít ic o .

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A a ris to crac ia agro-conercial, que livrenente transitou do Inpério para a Ropública, fo i avidanente disputada para conpor os quadros dos primeiros partidos. 0 Partido Republicano da Bahia, que inaugura o século XX, conta ainda com׳quatro dignos represen- tantes da■nobreza açucareira do Recôncavo. No entanto, à medida que o sec. XX avança, a presença desses elementos, bastante׳ signi f ic a t iv a nos primeiros tempos republicanos, va i decrescendo. Não porque ao afirm ar-3e, a República os houvesse repelido; é a morte que se encarrega de lim ita r a participação de barões e viscondes na vida p o lít ic a do Estado: o barão de Gerenoabo morre em 1903, aos 65 anos; o barão de São Francisco deixa a presidencia do Sena do Estadual as vésperas de sua morte, em 1913j já octogenário, en quanto o Visconde de O live ira , um dos últimos representantes da a r is to c ra c ia açucareira do Recôncavo, mantem-se politicamente a t i- vo até delibro de 1920, quando morre aos 82 anos.

Entre a última década do sec. XIX e primeira do séc. XX, de saparecem lideres p o lít ico s in fluen tes , como em 1895 os Cons• Sa- ra iva (72 anos) e Aineida Couto (62 anos); Rodrigues Lima 0 Mano- e l V itorino morrem em 1903j respectivamente aos 58 e ¿;9 anos; Ce- zar Zama e Artur Rios, já sexagenários, morrem em 1906. Em 1913 desaparecem Sá tiro Dias (69 anos) e V irg il io Damasio (75 anos).Em 19 17» serio desfalque na já lim itada liderança p o lít ic a ocorro com as mortes de Araújo Pinho, José Marcelino 0 Sevorino V ie ira • É, portanto, a ir re c o r r iv e l lim itação do c ic lo v i t a l percorrido pelo homem que, abrindo vagas nos quadros partidários e reduzindo a liderança p o lít ic a trad ic io n a l, permite que elementos do uma n2. va geração surjam e, gradativamente, afirmem-se no cenário p o lít ¿ co da p rovincia. Renovam-se os partidos, novos líd e res aparecem • Supérfluo seria mais uma vez acentuar que essa renovação é mais de cunho biológico que de caráter ideológico cu mesmo de a t itu des. 0 comprometimento dossa nova geração com os padrões p o l í t i - cos trad ic iona is manifesta-se com o r ito de in lò iação p o lít ic a . São dois os canais que conduzem a vida p o lít ic a : as relações de parentesco com chefes p o lít ico s lo ca is e os vinculos de amizade eapadrinhamento com p o lít ico s de p res tig io . Os que combinam essas duas v ia s de acesso a vida p o lít ic a reforçam suas posições e mais *rflnquilamente asseguram a permanência na composição do poder־*■

Swrsrino V ie ira , Seabra e principalmente o Rui Barbosa so -

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c ia l is ta do após-guerra, ,foran os p rincipais elcnentos catalizado- res dessa nova geração. Aperda de Rui Barbosa en 1923 fo i larganej! te oonpensada pelo apoio ind isfarçave l do Presidente Artur Ber - nardes, garantindo a ascensão p o lít ic a dos jovens "doutores" f irn e nente respaldados pela burguesia conercial e financeira da provin- c ia . 0 conservadorisno que lhes garante esse apoio é resguardado con zelo equiparavol ao dos L ibera is e Conservadores ligados a e l i te agro-conercial dos prineiros tenpos republicanos.

Os ¿J-0 anos de vida p artidá ria na Bahia revelan, en suna, a p e rfe ita adequação da super estrutura p o lít ic a as condições in fra- estru tura is da sociedade. Se as nudanças nas organizações partidá- r ia s foran in s ign ifican tes , é porque as transfornações subestrutu- ra is foran quase inpercep tive is . No entanto, pode-se perceber que, na ú ltin a década que precedeu a Revolução de 30, o Estado coneça a desvencilhar-se da rede "senhoria l" de governos lo ca is , acelerando a caninhada para un governo centralizado,

A revolução de 30 , exacerbando a contralização govornanental, inpos una solução׳de continuidade à penosa aprendizagen do jogo po lít ic o - p a r t id á r io . Pretendia a salvação nacional, através de tran ¿ fornações na orden p o lít ic a v igente: conbate às o ligarquias, nora- lização do processo e le ito ra l e tc . 0 suceder dos acontecinentos do nonstrou a inpossib ilidade de una renovação p o lít ic a , sen que a lte rações sensiveis fossen introduzidas nas estruturas econônicas e soc ia is .

Passada a troada revo lucionária, ao reorganizar-se o novo Gç.verno, a República Velha — initando o Inpério — inpos sua presei! \ / / ça a Nova Republica. 0 Partido Soc ia l Denocratico, que en janeirode I 933 0 organizado na Bahia, ten os seus postos chaves ocupadospor,velhos e trad ic iona is p o lít ico s que a Revolução não.pôde rejejLta r . Precisava deles para sobreviver, pois tanbén o P.S.D . surgeen função das eleições de 1933 para a Assenbléia Constituinte.Quen,senão 05 velhos coronéis e p o lít ico s trad ic iona is poderia conduzirate as urnas un eleitorado ainda esnagadoranente ru ra l e analfabe-to?

En que pese, portanto, a nova leg is lação posta en v igor, as nodificações são nuito tênues, no que se re fere às linhas de con - portanento da sociedade p o lít ic a . Os novos elenentos que nela sur- & כ»־זי nais do que injetados pela Revolução de 30 , são frutos de un

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processo que já vinha-se desenvolvendo no período an terio r.0 contraditório, ■ten sua prôsença assegurada en toda a evolu-

ção política da Bahia*,e do BrasilT de forna geral. Aasin e que 0

espírito liberal, par exenploj esteve nenos ausente no período hl¿ tórico que pre«edeu o novinento revolucionário que pretendia a ״r¿ novação denocrática" da sociedade. Se na Sepúhlica Velha o Exccuti vo era o único poder- de ação efetiva, Jiavia a presença de un Legi¿ lativo, donosticado, 4 verdade* nas que dava ao regine a nascara da denocracia* A consequência inediata da Revolução de 3° foi 1 ם ־ por UEj corte violento no siatena de governo representativo* Ao re¿ tabelece-lo — na esfera estadual depois de cinco anos ־״de governo ditatorial *— concedeU»*lhe una breve vida de dois anos• 0 golpe de Estado de 1937 pos fin a essa passageira euforia denocráticai Con a re-denocratização en 19/45* tanbén o aprendizado d.0 jogo político -partidário teve que ser re-iniciado e, nais una vez,.foi à exper¿ ência vivida e conhecida que״os honens tiveran que recorrer para não seren excluidos do poder•

En síntese, con a Revolução de 30, o arcaico não foi desloca, -do pelo novo, Se a principio estranharan-se, logo a seguir reconhfi. ceran-se, aconodaran-se-, e entre si repartiran os novos postos de conando da sociedade*

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