Os Pequenos Burgueses 2013

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  • 8/12/2019 Os Pequenos Burgueses 2013

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    Os pequenos burguesesDe Mximo Gorki - Verso livre de Otten Severonoe

    Elenco

    Marta atiVasco MarcoEste!"nia #ara$atiana #o%ann&'elena 'el(aulo #ucas)ilo Vicenteaola #aura*atarina +ia

    Personagens

    Vasco, . anos, pequeno burgu/s acomodado, dono de uma pequena lo0a demateriais de constru1o2Marta, sua esposa, de 3 anos2

    Paulo, ex-estudante, de .4 anosTatiana, pro!essora de escola primria, de .5 anosNilo, motorista, de .6 anosPaola, prima de Vasco, empregada em uma lo0a, de .7 anosHelena, vi8va de um policial que aluga um quarto na casa de VascoCatarina, cantora de coroEstefnia, co9in%eira

    TATIANA: (L) ;Saiu a lua2 E era estran%o v/-la assim, pequena e triste,

    derramar sobre a terra tanta lu9 a9ul, bril%ante e carnudaTATIANA: )o precisa2 Me cansei de ler222PAOLA: $o triste222 Da vontade de saber o ?nal222 Vo se casar222>TATIANA:Essa no @ a questo222PAOLA: )unca poderia me apaixonar por algu@m como esse2TATIANA: or qu/>PAOLA: )o !a9 mais que se queixar222 E to inseguro222 Am %omem tem quesaber o que !a9er na vida222TATIANA: Buem sabe>

    PAOLA: Vasco sabe2TATIANA: Sabe>

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    PAOLA: +om, no me importa2222 )a realidade a vida dele @ simples2 Esse livro@ bom>TATIANA: Cala de coisas trgicas222 e nossa vida passa lenta e montona222PAOLA: Gostaria de con%ecer o escritor2TATIANA: morreu222PAOLA: Bue penaF222 Ca9 tempo> Morreu 0ovem>

    TATIANA: )o tanto2 $eve tuberculose, eu ac%o222PAOLA: Bue doen1a antiga2 =lgu@m ainda morre disso>TATIANA: Devia estar cansado da vida222PAULO: O que voc/s esto !a9endo aqui>PAOLA: Des!rutamos do crep8sculo222 Vou tomar um c%222TATIANA: Voc/ est decado, aulo222 Ca9 mal viver assim222PAULO: *omo>TATIANA: Voc/ e suas noitadas com essa 'elena2 Estou cansada dessa rotina222)a escola me cansam o rudo e a desordem222 e aqui a ordem e o sil/ncio2ESTEFNIA: Ordem e sil/ncio> Desculpa me meter, mas, onde voc/ viu isso>Essa casa @ cada ve9 mais um poleiro de todo tipo de gente2PAULO: Este!"nia, voc/ est cada ve9 mais intrometida2 Hsso um dia ainda vaite custar o emprego2VASCO: aulo tem ra9o Este!"nia2 Ol%a, presta aten1o nisso2ESTEFNIA: )o @ reclama1o2 S estou !alando o que ve0o2VASCOVoc/ no !e9 o que eu te pedi de novo>PAULO: Ci9, eu ?9222VASCO: +em, ?nalmente, mas custou222TATIANA: O que voc/ !e9>PAULO: *obrei a dvida do =!onso2 )osso irmo @ o dono da lo0a, mas no sabecobrar seus devedores2

    MA!TA: *%ove de novo2 Ca9 !rio2 Vasco voc/ est c%ateado> $em dor nascostas> Buer um c%> Este!"niaFTATIANA: (A Paulo seu irmo.) Ontem de noite voc/ esteve no quarto de'elena>PAULO: Sim222TATIANA: E>PAULO: *omo de costume222 tomamos vin%o222 discutimos222TATIANA: Buem estava l>PAULO: )ilo, Sergin%o e eu2 $odo mundo, como usual2TATIANA: Sempre a mesma coisa222PAULO: Sim2 )ilo como sempre eu!rico com sua ideia do !uturo, e o sentido

    da vida222 Hnsuportvel2 Enquanto isso, Sergin%o tentava nos convencer dos%orrores do cigarro222 e logicamente, os dois me acusavam de ter ummentalidade burguesa2TATIANA: Sempre a mesma coisa222PAULO: *omo sempre222TATIANA: Voc/ gosta de 'elena222> Gosta222 =ssim, como mul%er> Digo222PAULO: I alegre222MA!TA: Ama biruta, isso sim2 Se veste com roupa usada222 como se !osse umamocin%a, ainda2PAULO: Marta, basta222TATIANA: Buando aulo est aqui no se pode !alar nada de 'elena222ESTEFNIA: Onde a sen%ora quer que eu pon%a isso> )o sei porque !a1o c%,quase ningu@m toma isso2 I porque @ elegante, no @>PAULO: $oda noite o mesmo tema, Este!"nia2

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    ESTEFNIA Mas @ verdade aulo2 Voc/ mesmo nem trisca nessas xcaraselegantes222 s gosta das ta1as de vin%o, no @>MA!TA: Este!"nia2 Js ve9es, penso se precisamos de uma empregada, se noestamos gastando demais222PAULO: Hsso se c%ama avare9a2 I ser muito mesquin%o pensar nisso tendouma conta como a sua no banco222

    ESTEFNIA Dona Marta, a sen%ora sempre com essas amea1as2 'o0e oSen%or Vasco 0 me amea1ou2 Am dia eu vou embora e a sen%ora vai ver comoest di!cil conseguir uma empregada %onesta como eu2 )o @ !cil no2 =sen%ora est ac%ando o qu/>MA!TA: Este!"nia, t bom2 Vai preparar alguma coisa para comer2 aulo se teuirmo te escuta, se escuta tuas crticas a coisa vai ?car muito mal2ESTEFNIA =l@m do mais a sen%ora sabe que eu atendo esse mundar@u depessoas nessa casa2MA!TA: Este!"nia, 0 sei2 sei2PAULO: $odos os dias o mesmo2 So estas brigas as que terminam oxidando-me a alma2222MA!TA: Vasco222 O c%222PAULO: =penas termine estas !@rias eu volto para a universidade2 S volto aquicada tanto2 Desacostumei dessas bobagens, esta mesquin%aria222 or Deus,que bom @ viver so9in%o, sem as delcias da casa natal222TATIANA: Se eu pudesse222PAULO: )o me !a1a di9er novamente2 Voc/ poderia !a9er uma !aculdade222TATIANA: ara que necessito um curso superior> Buero viver222 Viver, noestudar222 )em imagino mais o que quer di9er ;viver

    MA!TA: )o, a Este!"nia vai preparar uma sopa2 Ela !a9 uma sopa muito boa2VASCO: Outra ve9 compraram a18car re?nado> Buantas ve9es ten%o quedi9er222TATIANA: Bue importa, Vasco>MA!TA: Coi Este!"nia2ESTEFNIA: *omprei s um pacote2MA!TA: )o ?que c%ateado222VASCO: Eu estou c%ateado> =penas digo que o a18car re?nado ado1a menos222Bual @ a vantagem> (Para Tatiana) O que voc/ tem> Suspirando e !ran9indo acara>TATIANA: )ada2222

    VASCO: Se @ por nada no vale a pena suspirar2 I to c%ato escutar aspalavras de teu irmo mais vel%o>PAULO Meio irmo2VASCO Se papai estivesse aqui no diria o mesmo> Eu ten%o a min%a vida2Ol%o voc/s dois e no entendo como pretendem viver2TATIANA: Buantas ve9es voc/ 0 me disse isso>VASCO: E vou seguir di9endo2 =t@ o momento da tumba vou seguir di9endo222orque isso me preocupa muito, no sei se voc/ se d conta2 Voc/s estudarame eu no2 E o que conseguiram> Ele nunca termina a universidade, e voc/segue sendo uma pro!essorin%a2TATIANA: I o meu trabal%o222VASCO: Ouvi !alar disso2 odia pelo menos se casar222MA!TA: Sobraram bolin%os do meio dia222

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    VASCO: +om222 Seria bom222 Ela trata de mudar de assunto2 De!ende voc/s demim como se eu !osse morder222TATIANA: E o )ilo222>PAULO: Coi para um ensaio2VASCO: E onde vo representar desta ve9>PAULO: Em um clube2 Am espetculo de bairro2 $eatro comunitrio2 Sei l uma

    porcaria dessas que eles gostam, que ac%am importante2 Kpara CatarinaL Voc/no ia cantar com eles>CATA!INA: )o podia2 $in%a um !uneral222 Sen%ora, no sobrou algo doalmo1o>MA!TA: Sim, querida, como no222 Este!"nia voc/ pode tra9er algo222CATA!INA: =grade1o muito2 'o0e no almocei: um enterro e um casamento222MA!TA: *laro222VASCO: Gan%ar bem esta semana2 $odos os dias um morto2CATA!INA: Ama semana de sorte, sim222 nada mal2VASCO: $amb@m muitos casamentos222CATA!INA: Sim, as pessoas se casam muito2VASCO: oderia poupar um pouco de din%eiro e, aproveitar para se casartamb@m2 =c%ar um %omem trabal%ador222CATA!INA: =%, isso no me interessa222 eu gostaria de via0ar2VASCO: Bue linda coisa via0ar222 =s grandes cidades2 Hsso alegra a almaF Miami,por exemplo, tem uns s%oppings2 ena que t c%eio de brasileiros222CATA!INA: Muito bom uma viagem dessas para ir a s%oppings2MA!TA: Ele @ como uma crian1a222 Gosta desses lugares divertidos2PAOLA: Deve %aver outros lugares no mundo mel%ores que Miami, no>CATA!INA: O sen%or nunca via0a2 )o gasta seu din%eiro2VASCO: S sei trabal%ar, no sei !a9er outra coisa2 $en%o muitas bocas

    parasitas para alimentar2MA!TA: =%222 Meu amor, voc/ sempre igual2 Eu sempre ?co c%ateada nasnoites222 *atarina porque voc/ no pega seu violo e toca um pouco222CATA!INA: Buando aluguei o quarto, sen%ora, no !oi com a obriga1o dediverti-la222MA!TA: *omo disse>CATA!INA: Eu !alei em vo9 alta, e muito claro2ESTEFNIA: Bue grosseira, ser assim com a dona da casa2VASCO: Eu estou ol%ando para voc/ *atarina, e ve0o que @ um pouco rara2 Iuma pessoa222 desculpe pela expresso222 absolutamente desnecessria222 in8til,e com um ar de grande sen%ora2 De onde vem isso, posso saber>

    CATA!INA: De nascimento222MA!TA: E de que voc/ est to orgul%osa>PAOLA: MartaFMA!TA: O que222> Disse algo errado> Me calo222VASCO: Sim, parece que @ preciso se expressar com muito cuidado na !rentede voc/s222 Marta, estamos vivendo entre gente muito re?nada e somos unsbrbaros, eu um mero comerciante222PAULO: Calou muito bem2 Ama boa piada222 mas muito exata222VASCO: )o, no disse como piada222PAULO: #gico, @ verdade2VASCO: Ento se somos to grosseiros teremos que aprender de novo ascoisas222TATIANA: ara qu/> Hsso @ perder tempo222

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    VASCO: )o me interrompaF Devo ser muito idiota para ?car na compan%iadessa gente 0ovem to inteligente e educada222MA!TA: (Para Paulo e Tatiana.) orque voc/s provocam o irmo de voc/sassim>PAOLA: Me parece que no !oram eles222TATIANA: Deixa pra l2

    CATA!INA: Ele me c%amou de in8til> Eu nunca o!endi a ningu@m nesta casa222MA!TA: Era necessrio insult-lo assim> $odos aqui so muito vaidosos,descontentes222 O que ele necessita @ que o respeitem2 )o se do conta>222 Elemant@m essa casa222ESTEFNIA: )o meio de todas essas brigas ainda @ preciso lavar os pratos222Voc/s discutem a vida e na co9in%a sempre tem lou1a su0a2TATIANA: Este!"nia, voc/ busca problemas2 *atarina, me di9, por que ele sec%ateou>CATA!INA: E ainda me pergunta>PAOLA: (Para Catarina) orque voc/ me ol%a assim>CATA!INA: orque sim 222TATIANA: aulo, em que voc/ est pensando>PAULO: Em um lugar, para onde eu possa ir222 essa casa me cansa2 $odo dia @um in!erno novo, e sempre o assunto do din%eiro2PAOLA: O )ilo e 'elena esto demorando222CATA!INA: Bue ol%os bonitos voc/ tem22PAOLA: me disse isso ontem222CATA!INA: E vou repetir aman%222PAOLA: ara qu/>CATA!INA: )o sei222 =ssim, talve9 voc/ pense que estou apaixonada porvoc/222

    PAOLA: or DeusF )o penso nada2CATA!INA: )ada> Bue penaF ense222PAOLA: Bue>CATA!INA: elo menos porque a estou incomodando222 ense e me !ale222PAOLA: Bue estran%a que voc/ @2222CATA!INA: me disse ontem222 E para seguir com todas estas repeti1esvoltarei a repetir o mesmo: V embora daqui2 Viver nesta casa l%e !a9 mal222PAULO: Voc/ est se declarando> Se quer, vou embora2CATA!INA: )o se preocupe2 Eu no o ve0o como um ob0eto animado222PAULO: )o @ engra1ado222PAOLA: (Para Catarina.) Bue briguento222

    TATIANA: )ilo no c%egou>PAOLA: )o222PAULO: aola, que %oras voc/ vai sair>PAOLA: Daqui a pouco222TATIANA: *atarina222 vamos tomar uma cerve0aFCATA!INA: )o ten%o vontade222TATIANA: )os bares todo mundo est alegre2 =qui a gente pode morrerboce0ando222 E 0ogar cartas222> Somos quatro222 )o esto interessados> +om,como queiram222*omo o )ilo demora222PAULO: )ingu@m c%ega222TATIANA: Est esperando 'elena>PAULO: Bue c%egue algu@m de uma ve9222CATA!INA: )o vir ningu@m222TATIANA: Bue melanclico est sempre222

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    CATA!INA: )ingu@m vir a visitar porque ningu@m espera nada de voc/s222PAULO: Eu gosto do seu estilo2 Gosto desse papel de 0u9a encarregada de nos0ulgar222 Essa maneira de !alar como se nos estivesse recitando um r@quiem222CATA!INA: Am r@quiem no se recita222PAULO: )o @ esse o tema2 O que quero di9er @ que voc/ no gosta da gente222CATA!INA: )o gosto mesmo222

    PAULO: Obrigado pela sinceridade2Entra Paola.CATA!INA: De nada222PAOLA: O que est acontecendo>TATIANA: Hnsultos222CATA!INA: = verdade222PAOLA: $en%o vontade de ir ao teatro %o0e222CATA!INA: oderia ser222TATIANA: )o gosto do teatro2 Me enc%e a paci/ncia essas pecin%as de genteque se cr/ muito culta e so?sticada, ou essas coisin%as pra !a9er rir2 $udo !also2= vida real quebra as pessoas sem rudos, sem gritos, sem pro0e1es222 D pararir da vida real>PAOLA: Eu gosto muito do teatro222 )o sei222 Essas personagensincompreensveis222CATA!INA: Me pare1o a alguma>PAOLA: )o, nem um pouco2CATA!INA: Bue penaFPAOLA: +om, ac%o que vou indo ento222 (Para Catarina.) Voc/ vem tamb@m>CATA!INA: )o, no vou te acompan%ar porque voc/ no v/ em mim nadaem comum com essas personagens que voc/ gosta222PAOLASo9in%a no quero ir2 Droga2

    PAULO: O que voc/ v/ nesses personagens>TATIANA: = aola no sei, mas eu s ve0o gente vestida de !orma estran%a,coisas cultas e complicadas222 Ou alegre demais2CATA!INA: *oncordo2 Esse pas tem uma lei que obriga a gente a ser !eli9,divertido>PAOLA: O que voc/ tem contra a alegria>CATA!INA: Malditos se0am222F Ama estupide92 Voc/ segue essas regras> $odobrasileiro @ !eli9222 sempre>PAULO: Eu no2 )o sou obrigado a me submeter a issoFCATA!INA: oderia cantar para !a9er um acompan%amento musical aopequeno burgu/s que se sentiu %eri222 Durante quanto tempo> Am minuto>

    PAULO: Deixa de enc%erFEntram elena e !ilo.HELENA: O que signi?ca isso> Sobre o que estavam conversando222>PAULO: +obagens222CATA!INA: Elogios ao ser %umano prematuramente acabado222NILO: (Para Paola)$en%o que pedir-l%e algo222 (Sussurra al"o no seu ouvido.).HELENA: essoal, o ensaio !oi muito interessanteF (Para Paulo) =%, !uturoadvogado, conversei muito com o Han2 =c%o que estava dando em cima demim2PAULO: orque voc/ pensa que posso estar interessado nisso>HELENA: Est de mal %umor222PAOLA: aulo sempre est de mal %umor2TATIANA: Seu estado de "nimo %abitual222HELENA: E voc/ $atiana222> Sempre triste>

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    TATIANA: *omo sempre222HELENA: Eu, no entanto, me sinto brutalmente alegre222 orque ser que estousempre alegre>CATA!INA: =qui algu@m em conson"ncia com as leis do pas2NILO: Eu tamb@m sempre estou alegre2PAOLA: Me incluo222

    HELENA: De onde me vem esta alegria>CATA!INA: Voc/ @ o smbolo vivo das coisas levianas, deve ser por isso2HELENA: =% sim>F $e !arei lembrar essas palavras em algum momento222 Estoumorrendo de !ome, sobrou algo da 0anta, Este!"nia> O ensaio !oi puxado %o0e222ESTEFNIA: Eu ve0o isso222 Serve sopa> $em sopa que est muito boa2HELENA: ode ser2 or que brigaram> aulo, por que voc/ no participa emnossos espetculos>PAULO: )o sei atuar, e no gosto dessa coisas comunitrias222HELENA: oderia vir aos ensaios e ver como @2 I uma coisa viva2 Am teatrovivo2PAULO: Hsso @ o que no compreendo de voc/s, o que ac%am de interessanteem !a9er teatro para meia d89ia de pessoas>HELENA: = questo no @ quanto de p8blico, mas, que p8blico2PAULO: Me imagino2 E voc/s vo mudar o mundo, supon%o2 Am bando de%ippies2 Muito bone9in%o andino>HELENA: *omo se pode di9er uma coisa dessas>PAULO: *omo voc/s sabem, sou um pequeno burgu/s222HELENA: Hsso no 0usti?ca o que pensa das pessoas222PAULO: O que no ?ca claro @ porque ?ngem simpatia por essa gente dascomunidades, antes se di9ia !avelas222HELENA: )o estamos ?ngindo222 compartil%amos com eles o que temos222 E

    tem mais222 Gostamos de estar com eles222 )o seu ambiente se respira algopuro222 ara ns intelectuais nunca !a9 mal respirar novos ares222PAULO: *reio que @ mais simples: voc/s gostam de viver de iluses222 E seaproximam dessa gente com uma inten1o clara222 e bem ridcula, me perdoe2orque tomar ar !resco ali na comunidade, isso2 Me perdoe222HELENA: Me di escut-lo !alar assim222 ode-se saber porque voc/ necessitatanto ser considerado mau>PAULO: ara ser original2 $alve92HELENA: )a presen1a das mul%eres todos os %omens tentam ser originais2Ans 0ogam o papel de pessimista, outros o de Me?st!eles222 E na vida real noso mais que uns in8teis222

    CATA!INA: +reve, claro222 e bem expressadoFHELENA: E que esperavam: elogios> Eu con%e1o eles muito bem222 Cicoeno0ada com as besteiras pueris dos %omens2 arece que eles nunca crescem2CATA!INA: E no crescem mesmo2HELENA: De todos os modos esses ol%in%os de menino perdido que o aulotem me comovem2 =c%o uma gra1a2PAULO: )o me trate assim2 )o sou seu bic%in%o de estima1o2HELENA:Cicou sensvel>PAULO: )o me irrite2TATIANA: 'elena, ac%o que voc/ passou dos limites2HELENA: E eu que pensava que a sensvel aqui era voc/2PAULO: )o enc%e2 +asta2TATIANA: Voc/ tamb@m, aulo, c%ega2 )o aguento mais isso tudo2

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    PAULO: Voc/ est c%ateada com a vida> Deveria ocupar-se com algo222 Buemtem planos no se c%ateia2 Voc/ no est bem nesta casa> oderia ir emborapara um povoado, viver ali, e ensinar222 ou para a capital e seguir estudando222HELENA:orque voc/ no !oi com a gente222> $atiana222TATIANA: )o tin%a vontade222NILO: )unca tem vontade de nada2 *ada ve9 mais parecida com teu irmo2

    TATIANA: =% sim> E se tivesse muita vontade222 de morrer>HELENA: )o gosto de !alar da morte222 +asta, vamos222 tomar algo222 0 @ %ora2NILO: Eu tomaria algo com voc/2 $en%o mais de uma %ora ainda222TATIANA: )o seria mel%or descansar um pouco>NILO: )o me importa222HELENA: E voc/ aulo, quer>PAULO: Sim222 estou tomando vodka2 Me acompan%a>HELENA: *om ?no pra9er222 E voc/ aola, vai ?car a sentada com cara debunda> Eu gosto de vodka2 Buando estudava, eu e meus colegas tn%amosmania de tomar ViboroNa2 Ama vodka polonesa2VASCO: $odos bebendo de novo2 Calo e !alo e parece que as palavras noc%egam a ningu@m2 $odos me do as costas2 (Paulo sai)aulo volte aqui (Paulovolta, e Tatiana o a#ompan$a).TATIANA: Vou me sentar222HELENA: Eu vou ?car assistindo2 =doro esse espetculo !amiliar2PAULO: O que voc/ quer da gente> Cala diretamente2VASCO: Buero entenderF Entender que tipo de pessoas voc/s so222 Saber queclasse de %omem @ meu irmo mais novo2PAULO: osso te di9er, mas agora>222 =ntes necessito terminar meus estudos222um tempo, necessito222VASCO: Mas que estudos222F Se voc/ vive !altando nas tuas aulas2 Voc/ vai

    acabar sendo 0ubilado da universidadeF Voc/ ac%a que sua vida social @ maisimportante que aprender uma pro?sso2 Devia seguir o exemplo da )adir2 Elasim sabe a import"ncia de ter uma pro?sso2 I dedicada2 )o @ como voc/ e a$atiana2MA!TA: Vasco voc/ no ac%a que @ su?ciente> 'o0e podamos222VASCO: )o te meta onde no te c%amaramF222 (%arta desapare#e) Semprecom medo das coisas que eu digo222 )o quero o!ender ningu@m2 Sou eu quemest o!endido222 Muito o!endido222Vivo para botar din%eiro nessa casa e aindaten%o que alugar quartos para manter essa !amlia de sanguessugas2PAULO: Voc/ no tem direito a nos tratar assimFVASCO: orque>

    TATIANA: or !avor222 aulo222 basta2 Escutem222 no entendo nada...Vascotemos nossa prpria verdade222 ' duas verdades222VASCO: MentiraF ' uma s verdadeF Onde est a de voc/s> Onde est>PAULO: )o griteF $, s existe uma verdade, a tuaF Mas a tua verdade estnos a!ogando2VASCO: *laro222 voc/s so educados, e eu um idiota que s ?ca atrs do balcode uma lo0a medocre222MA!TA: )o discutam2 aulo222F $atiana222VASCO: arasitasF Essa casa @ min%aF =%, se apai estivesse aqui e visse queseus ?l%os mais novos so como duas !eras2TATIANA: )o posso mais222 vou emboraFVASCO: =%%%F Cogem da verdade, como o diabo da cru9FPAULO: =c%o que voc/ teria que descansar, assim vai ter um ataque2MA!TA: Sim, seria bom222

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    NILO: odamos 0ogar cartas2VASCO: O sen%or pode no interromper a conversa dos outros>NILO: Desculpa, s perguntei2MA!TA: O Vasco est irritado com outra coisa2NILO: =%, $ bom, e eu com isso2VASCO: $e probo de !alar com ela dessa maneiraF

    NILO: H%, 0 vi que a coisa est p@ssima2ESTEFNIA Buerem que eu traga a sopa> Outra discusso2 Ama sopa ia bem2VASCO: Este!"nia, voc/ @ uma inconveniente2ESTEFNIA S !a1o o que ten%o que !a9er2 Ca9 mal perguntar> )o gosta damin%a sopa>VASCO: S preciso de um momento de calma, relaxar2 = vida poderia ser mais!cil, e al@m disso acordo muito cedo aman% pra trabal%ar2TATIANA: S para os idiotas a vida parece !cil2PAOLA: or que voc/ est to agressiva $atiana>TATIANA: Hsto te parece duro>PAOLA: *ruel222 Voc/ se contagiou com as coisas da *atarina que odeia todomundo e no se sabe o porqu/2 Ela no tem pena de ningu@m2 Sempre crtica2TATIANA: )o ac%o, nem percebo isso2 Voc/ ac%a que !ui agressiva> =c%amesmo>VASCO: Coi2HELENA: vi que no vamos 0ogar2 $odos aqui bebendo e ningu@m se anima2=c%o que estou incomodando algu@m nessa casa2PAOLA: Esto todos muito incomodados2PAULO: Sempre a mesma coisa2HELENA: odemos"ogar> Kara auloL =inda ten%o aquele bom *abernet2Mas, como voc/ no gosta de 0ogar222 no sei2

    PAULO: Eu tomo um vin%o2 Voc/ vem>TATIANA: odem ir2 Eu vou em seguida222HELENA: $atiana, $atiana222 no !u0a da gente2!ilo, Paulo e elena saem.PAOLA Voc/ est abatida2 $riste> Voc/ est sempre deprimida2 )o ?cao!endida2TATIANA: )o se preocupe2 )o me o!ende2 Ca9 tempo que perdi asensibilidade dor2MA!TA: )o gosto dessa 'elena2 Me arrependi de ter alugado o quarto paraela2 Ela ainda vai !a9er aulo perder a cabe1a2 Voc/s consomem drogas comessa mul%er> *onsomem> Se Vasco imaginar isso vamos ter uma morte nesta

    casa2 Eu pressinto algo ruim222 Voc/ tem que !alar com ele2TATIANA: Marta, voc/ no @ a me do aulo, @ s a cun%ada222 =l@m disso,ningu@m consome drogas aqui, absolutamente222MA!TA: 'elena @ uma !alsa2TATIANA: E que importa> (sai)VASCO: Outra briga>MA!TA: )o, nada222 Ama222VASCO: Mentira222MA!TA: uro222FVASCO: Sempre mentindo por eles222Coi a educa1o que separou meus irmosde mim222CATA!INA: (entra. Para Paola) Oi, no ten%a medo222 )o direi nada mais222orque 0 sei tudo222PAOLA: Sabe o que222>

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    CATA!INA: Voc/ tamb@m gosta de mim2 E voc/ sabe que eu gosto muito devoc/2 Gosto mesmo2PAOLA E quem te disse que euPCATA!INA Voc/ no pode esconder2 =%, @ um segredo que todos con%ecem2NILO: (Entrando.) aola> (Para Catarina)Oi *atarina2 Vodka>CATA!INA: Gosto de vodka, o vin%o da 'elena no @ bom2

    ESTEFNIA Vai 0antar, )ilo>NILO: Am prato pode ser2 Voc/ pensou naquilo>PAOLA: Sim, mas no agora222 no na !rente de todo mundo222ESTEFNIA aola, voc/ tamb@m quer>PAOLA )o, perdi a !ome2ESTEFNIA Voc/ precisa comer2 $em que parar com essa mania de regime2Cicar perdendo peso no @ bom pra sa8de2 Ol%a, eu ten%o uma prima que eraassim como voc/2 Am dia caiu doente e no teve 0eito2PAOLA Buerida no insiste nisso2NILO: E ento, pensou>CATA!INA: O que !oi> O que est acontecendo aqui> =%, agora entendo222Sinto muito, aola2PAOLA: Entende o que> Sente muito o qu>NILO: Era pra ser um segredo>PAOLA: )o @ segredo nen%um2 )o tem import"ncia nen%uma2 )ilo, pra deinventar coisas2 *atarina voc/ com suas !rases cortadas222 seu ol%ar, pareceque est conspirando222 E o bobo ali, sem compreender nada222 E eu acaboacreditando em voc/222CATA!INAMas @ para acreditar2 E o )ilo> Do que voc/ estava !alando> Estacontecendo algo de especial aqui>PAOLA: )ilo222 me disse222 ontem de noite222 me perguntou222 se222

    CATA!INA: erguntou o qu/222>NILO: S perguntei se ela queria se casar comigo222 Mas, ela me disse que meresponderia %o0e222 Hsso @ tudo222CATA!INA: Ama coisa simples222NILO: Sim222 Muito simples222 realmente222CATA!INA: Simples222 Ama cena interessante2ESTEFNIA Am casamento> Bue bom, que maravil%aF Voc/s vo !ormar umacasal muito bonito2 )o @ *atarina> aola, eu posso a0udar com o vestido, temuma mo1a perto de casa que222NILO: =c%o que coloquei aola em uma situa1o meio222 di!cil2 Se assustouquerida>

    PAOLA )o @ isso2 =contece que no esperava por isso2 Ciquei surpresa, !oiisso2ESTEFNIA ara quando @ o casrio>PAOLA Este!"nia quer parar de !alar disso2 #eva esse prato2Tatiana entra.CATA!INA: I 0 sabem como ser tudo isso>NILO: Gostaria que !osse o quanto antes222 Mas ela ainda no me respondeu222CATA!INA: Hnteressante222 E voc/ aola, o que pensa disso>NILO: Ora, isso no @ assunto para a gente discutir aqui2CATA!INA: Mas !oi voc/ que anunciou tudo2NILO orque sou um imbecil2 =c%o que bebi um pouco demais2CATA!INA: Est desorientado222PAOLA Vamos acabar com esse assunto2 Estou muito descon!ortvel2

  • 8/12/2019 Os Pequenos Burgueses 2013

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    CATA!INA: Vou dormir2 = vida est mal con!eccionada222 = gente trata dea0ustar, cortar, remendar222 mas o resultado @ uma coisa mal a0ambrada222 e eusou uma prova material disso222NILO: Eu vou me arrumar pra deitar2 $rabal%o cedo aman% 222 aola222PAOLA: Vai, ac%o que @ %ora2 Depois conversamos2 t tarde2!ilo sai. Paola #om Catarina.

    CATA!INA: $e dese0o um mar de !elicidades2 (sai)PAOLA *atarina, escuta222 (A a#ompan$a).Pausa lon"a. Siln#io. Sala va&ia.VASCO: (Entra, senta, de repente apare#e Paulo.) Outra ve9 b/bado222PAULO: Bue alegria222ainda acordadoF =c%o que aola se casa com )ilo2 Sabia>VASCO: )o me interessa222PAULO: E eu que estava seguro de que )ilo tin%a a inten1o de se casar com$atiana222F uro pra voc/F222 Era evidente que ela estava interessada, e pareciaque ele tamb@m tin%a uma queda por ela2 E de repente222VASCO: Vou te di9er uma coisa aulo222 Eu estou !arto de voc/ e da suaindol/ncia2MA!TA I tarde, voc/ no devia estar acordado2VASCO: $e escutei c%iando como uma cobra> O que voc/ estava !a9endo, umamaldi1o222>MA!TA: Estava re9ando222 re9ando222VASCO: Ento re9a para a0udar na min%a elei1o2 arece que vou mecandidatar de novo2MA!TA: Mas por qu/> Voc/ 0 perdeu essa elei1o duas ve9es2 $alve9 no teescol%am no partido222 mas no ?que nervoso222VASCO: Vo me escol%er, @ evidente2 O outro lado est con!uso2(Passa #orrendo Paulo se"uido por elena)

    VASCO: O que @ isso>HELENA: $atiana222'ritos, #orrerias. Lon"a pausa.ESTEFNIA: =%, $atiana outra ve92 or qu/>HELENA: )o deve ser nada s@rio, ac%o que ela engoliu s um pouco222ESTEFNIA: Essa menina222 podia ser to !eli9, @ to bonita2 obre $atiana222Deve ser muito doloroso isso de beber soda custica222CATA!INA: )o sei2 =inda no experimentei222HELENA: *omo voc/ pode brincar com isso>CATA!INA: )o brinco222HELENA: E vou para o %ospital tamb@m2

    ESTEFNIA: Ela vai morrer dessa ve9>PAOLA: Vira essa boca pra l, Este!"nia2 (Para Catarina.) or qu/ voc/ me ol%aassim>CATA!INA: Buantas ve9es 0 me perguntou isso>

    CHM