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OSCIP: Do Marco Regulatório no Terceiro Setor à Desorganização.
Introdução
O conhecimento sobre o Terceiro Setor é primordial para o entendimento do processo de
crescimento e fortalecimento da participação atuante da sociedade civil na composição de um
Estado de Direito. Partindo da economia clássica, buscando a conceituação de Terceiro Setor,
vemos estabelecida uma divisão para a realidade social em setores a saber: Primeiro Setor (Estado),
Segundo Setor (Mercado) e Terceiro Setor (Sociedade Civil). Por exclusão, obviamente, temos no
terceiro grupo todas as organizações e entidades públicas ou privadas, não presentes nos dois
primeiros, como: sindicatos, associações diversas, fundações, movimentos sociais dos mais
diversos, organizações sem fins lucrativos de interesse mútuo, organizações privadas, não lucrativas
e de fins público como as ONG’s, OS’s e as OSCIP’s. (ZAPE, 2007)
Para esta definição de que todas as organizações que não estão no Primeiro ou no Segundo
Setor, estão no Terceiro, MÂNICA, tece um comentário mais áspero:
“Dessa forma, o uso indiscriminado da expressão acabou por tornar o conceito de Terceiro Setor, „albergue‟ para todos os modelos de entidade que não se enquadrem no conceito dos outros dois setores. Essa ausência de uma definição precisa da expressão faz com que sua utilização muitas vezes mais confunda do que explique.”
MÂNICA (2007)
Retrocedendo um pouco no tempo, nos anos 60 e 70, vimos o surgimento mundial de um
movimento organizado de entidades não-governamentais, que buscam preencher as lacunas
deixadas pelos entes públicos, aperfeiçoar as atividades executadas por estes e melhorar os
resultados sociais e ambientais, buscando atender os anseios da sociedade de suas relações, em seu
trabalho, ZAPE, cita:
“Durante os anos 60 e 70 as ONG‟s tinham sua origem no contexto dos regimes militares e caracterizavam-se por representar formas de ação política que se opunham ao autoritarismo tendo como propósito manter espaços de ação cidadã e de defesa de valores democráticos, de caráter transitório, com o término previsto com a retomada da democracia. Tinham como objetivo o favorecimento e a participação dos excluídos e eram dotadas de uma forte identificação com os setores populares, as „bases‟ sociais. Caracterizavam-se, por sua autonomia em relação ao Estado e a capacidade de fazer política utilizando a estreita vinculação com os novos movimentos sociais como os da mulher, os direitos humanos, etc. Estas organizações não-governamentais, não-lucrativas e de oposição diferenciavam-se daquelas entidades, que mesmo tendo surgido antes, não possuíam estas características, como as beneficentes, as quais também formavam parte da estrutura institucional da sociedade civil, como bem destaca Thompson (2005).”
ZAPE (2007)
Com o final da ditadura militar, e em virtude dos reflexos de uma crise econômica que
iniciou no final dos anos 70, bem como a onda crescente de entidades do Terceiro Setor atuando nos
países centrais (países desenvolvidos, chamados de primeiro mundo), no Brasil, as entidades
começam a criar corpo e a participar mais ativamente do contexto social brasileiro. (THOMPSON,
2005)
Com o agravamento dos reflexos da crise, e a redução nos investimentos sociais, o Terceiro
Setor se transforma de forma atabalhoada e desorganizada, desaparecendo a estrutura, até então,
formada por dois blocos preponderantes de instituições: um mais tradicional, histórico e
conservador, composto por organizações de caridade e filantropia relacionadas com a execução de
serviços sociais, e outro, formado pelas novas ONG’s, guiadas por uma lógica de gestão política
alternativa, na maioria das vezes de oposição ao regime instituído, com suas estruturas funcionais
mais modernas e voltado para o desenvolvimento social sustentável. THOMPSON (2005) aponta
que neste momento passamos a falar efetivamente sobre o “Terceiro Setor”.
Ao falarmos em Terceiro Setor, devemos nos preocupar com o sentido exato de sua
terminologia e conceito, e evitar a assimilação de conceituações enfadonhas e pejorativas que
trazem uma negatividade interpretativa, como um setor “não governamental” e “não lucrativo”. A
condição de “não governamental” nos traz a imagem de uma organização anárquica ou de política
não persuasiva e não compulsória, onde prevalece a desordem. A condição de “não lucrativo” nos
traz a imagem do assistencialismo puro, onde todos os investimentos não geram retorno financeiro,
afinal não são lucrativos. Pois bem, o Terceiro Setor, como numa situação típica de Segundo Setor,
pode ser de alta lucratividade, ou não. Caso seja lucrativo, seus dividendos retornam à sociedade em
ações sociais e não como lucros e dividendos distribuídos a acionistas. Os profissionais contratados
e atuantes no Terceiro Setor, percebem remunerações semelhante a dos trabalhadores do Primeiro e
do Segundo Setor.
Quanto a terminologia Terceiro Setor, ZAPE discorre:
A tentativa de entender o que é o Terceiro Setor, qual sua abrangência e seu papel perante a sociedade tem gerado intensa discussão e respaldado diferentes posicionamentos. O primeiro conflito, e talvez o provocador de todos os demais, é a ausência de uma terminologia unânime capaz de denominar e representar terminologicamente este fenômeno. Apesar de existir uma grande utilização e aceitação do termo Terceiro Setor por parte dos autores e estudiosos do tema, deve-se destacar que ela não é unânime. Assim, enquanto alguns o defendem e colaboram em sua propagação, outros o rejeitam por acreditar que a sociedade teria surgido antes do Estado e do Mercado, devendo, portanto ser denominada primeiro setor, Rifkin (2005); outros por visualizar que esta denominação poderia ser confundida com setor terciário da economia, Coelho (2000); por identificarem nesta estrutura o reflexo do modelo da sociedade americana – onde o nascimento do Terceiro Setor caracterizou-se pela tentativa de demarcar a diferença e proclamar independência dos outros setores, enquanto no Brasil nasceu sob o signo da parceria intersetorial – Falconer (1999) ou ainda, por abominarem uma divisão da realidade social em setores e não representar o menor consenso, sobre sua origem, nem sobre sua composição ou suas características Barreto, (2005).
ZAPE (2007)
Segundo as Organização da Nações Unidas (ONU), em seu Manual sobre as Instituições
sem Fins Lucrativos no Sistema de Contas Nacionais, conjuntamente com a Universidade John
Hopkins, fazem parte do Terceiro Setor as entidades que possuam as seguintes características
cumulativamente:
a) caráter de natureza privada;
b) sejam regidas pela ausência de finalidade lucrativa;
c) tenham sido institucionalizadas;
d) possuam auto-administração;
e) tenha sido criada voluntariamente.
Analisando as características dos itens acima, o item “c)”, aponta para a existência formal da
entidade, já os itens “a)”, “d)” e “e)” mostram que a entidade não faz parte do Estado, sendo sua
natureza de direito privado, com administração própria e de criação espontânea, por fim, o item “b)”
demonstra que a entidade não pertence ao Mercado privado competitivo.(MÂNICA, 2007)
Nas palavras de CARDOSO, temos:
“...o conceito de Terceiro Setor descreve um espaço de participação e experimentação de novos modelos de pensar e agir sobre a realidade social. Sua afirmação tem o grande mérito de romper com a dicotomia entre o público e o privado, na qual o público era sinônimo de estatal e o privado, de empresarial”
CARDOSO (2000)
Temos assim, que o Terceiro Setor, na verdade, é o intermediário entre o Primeiro Setor e o
Segundo Setor. Com certo sarcasmo, poderíamos admitir que o correto seria adotar a denominação
de “Primeiro Setor mais Meio”, por estar entre o Primeiro e o Segundo.
Numa busca por entendimento sobre o Terceiro Setor, temos algumas definições
interessantes que seguem:
“trata-se de um setor intermediário entre o Estado e o Mercado, entre o setor público e o privado, que compartilha de alguns traços de cada um deles”
MOREIRA (1997)
"conjunto de organizações de origem privada e finalidade não lucrativa, cujo objetivo é promover o bem estar social através de ações assistenciais, culturais e de promoção da cidadania”
NUNES (2002)
“conjunto das pessoas jurídicas de direito privado, constituídas de acordo com a legislação civil sob a forma de associações ou fundações, as quais desenvolvam [a)] atividades de defesa e promoção de quaisquer direitos previstos pela Constituição ou [b)] prestem serviços de interesse público”
MÂNICA (2005)
“...toda ação, sem intuito lucrativo, praticada por pessoa física ou jurídica de natureza privada, como expressão da participação popular, que tenha por finalidade a promoção de um direito social ou seus princípios”
SOUZA (2004)
“Terceiro Setor é aquele que congrega as organizações que, embora quase sempre prestem serviços públicos, produzam ou comercializem bens e serviços, não são estatais, nem visam lucro financeiro para os associados ou administradores com os empreendimentos efetivados, estando incluídas aqui, portanto, as associações e fundações”
RESENDE (2003)
“os entes que integram o Terceiro Setor são entes privados, não vinculados à organização centralizada ou descentralizada da Administração Pública, mas que não almejam, entretanto, entre seus objetivos sociais, o lucro e que prestam serviços em áreas de relevante interesse social e público”
ROCHA (2003)
Inclui o amplo espectro das instituições filantrópicas dedicadas à prestação de serviços nas áreas de saúde, educação e bem-estar social. Compreende também as organizações voltadas para a defesa dos direitos de grupos específicos da população, como as mulheres, negros e povos indígenas..., engloba as múltiplas experiências de trabalho voluntário, pelas quais cidadãos exprimem sua solidariedade através da doação de tempo, trabalho e talento para causas sociais
CARDOSO (2000)
“um conjunto de iniciativas particulares com um sentido público (...) encontramos uma variedade de prestadores de serviços que não costumam ser incluídos nos diretórios convencionais dos „agentes não-governamentais‟. Muitos não estão sequer registrados em qualquer instância jurídica. Trabalham à margem dos controles formais. Outros têm registros institucionais, mas não distinguem entre os serviços com a clareza analítica que se espera das agências civis.”
FERNANDES (1994)
Concluindo em nossa interpretação e entendimento de Terceiro Setor, sob a luz de teorizações de
CARDOSO(2000), MÂNICA (2007), ZAPE (2007), MOREIRA(1997), FERNANDES (1994),
NUNES (2002), SOUZA (2004), RESENDE (2003), ROCHA (2003), deduzimos que o:
“Terceiro Setor é um elo de ligação entre o Primeiro e o Segundo Setor, composto de pessoas
jurídicas de direito privado com finalidades filantrópicas, sem fins lucrativos, suprindo
carências e necessidades do Estado na promoção dos direitos previstos em sua Constituição e
nos demais dispositivos legais com relação à prestação de serviços públicos”.
Classificação das Organizações do Terceiro Setor
No quadro 1.1, tocante à classificação, A FASFIL - Fundações Privadas e Associações Sem
Fins Lucrativos no Brasil, adotou como parâmetro a “Classificação dos Objetivos das Instituições
sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias” (“Classification of the Purpose of Non-Profit
Institutions Serving Households – COPNI”), cuja classificação tem ratificação e reconhecimento
pela Divisão de Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU), e divide nos seguintes
grupos e sub-grupos:
Habitação: Habitação. Assistência Social: Assistência social.
Saúde: Hospitais, Outros serviços de saúde. Religião: Religião.
Cultura e Recreação: Cultura e arte, Esportes e
recreação.
Associações Patronais e Profissionais:
Associações empresariais e patronais, Associações profissionais, Associações de produtores rurais.
Educação e Pesquisa: Educação infantil, Ensino
fundamental, Ensino médico, Educação superior, Estudos e pesquisas, Educação profissional, Outras formas de educação/ensino.
Meio Ambiente e Proteção Animal: Meio ambiente e
proteção animal.
Assistência Social: Assistência social. Desenvolvimento e defesa de direitos: Associação
de moradores, Centros e associações comunitárias, Desenvolvimento rural, Emprego e treinamento, Defesa de direitos de grupos e minorias, Outras formas de desenvolvimento e defesa de direitos.
Outras instituições privadas sem fins lucrativos não especificadas anteriormente:Outras Instituições
privadas sem fins lucrativos não especificadas anteriormente.
Quadro 1.1 - Classificação dos Objetivos das Instituições sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias. Fonte: COPNI, Divisão de Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU), citado no trabalho de PEREIRA (2007).
Já o Mapa do Terceiro Setor (MAPA), do Centro de Estudos do Terceiro Setor (CETS) da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), adotou como parâmetro a “Classificação Internacional de
Organizações Não-Lucrativas – ICNPI”, que foi desenvolvida por uma equipe acadêmicos da CNP
– Johns Hopkins Comparative Nonprofit Sector Project. Essa classificação organiza as atividades
do Terceiro Setor numa estrutura básica de doze grupos subdivididos em trinta sub-grupos:
Grupo 1: Cultura e Recreação: Cultura e artes, Esportes
e recreação, Outras em recreação e clubes sociais.
Grupo 7: Serviços Legais, Defesa de Direitos Civis e Organizações Políticas: Organizações cívicas e de
defesa de direitos civis, Serviços legais, Organizações Políticas.
Grupo 2: Educação e Pesquisa: Educação fundamental
e médica, Educação superior, Outras em educação, Pesquisa.
Grupo 8: Intermediárias Filantrópicas e de Promoção de Ações Voluntárias: Fundações
financiadoras, Outras intermediárias e de promoção do voluntariado.
Grupo 3: Saúde: Hospitais e clínicas de reabilitação,
Casas de saúde, Saúde mental e intervenção em crises, Outras em saúde.
Grupo 9: Internacional: Atividades internacionais.
Grupo 4: Assistência e Promoção Social: Assistência
social, Emergência e amparo, Auxílio à renda e sustento.
Grupo 10: Religião: Associações e congregações
religiosas.
Grupo 5: Meio ambiente: Meio ambiente, Proteção à
vida animal.
Grupo 11: Associações Profissionais, de Classes e Sindicatos: Organizações empresariais e patronais
Associações profissionais, Organizações sindicais.
Grupo 6: Desenvolvimento e Moradia: Desenvolvimento
social, econômico e comunitário, Moradia, Emprego e treinamento.
Grupo 12: Não Classificado em Outro Grupo: Não
classificada anteriormente.
Quadro 1.2 - Classificação dos Objetivos das Instituições sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias. Fonte: Classificação Internacional de Organizações Não-Lucrativas – ICNPI, CNP – Johns Hopkins Comparative Nonprofit Sector Project, citado no trabalho de PEREIRA (2007).
Um breve Histórico do Terceiro Setor no Brasil
Ano
Fato ou acontecimento Relevante
1543 Fundação da Santa Casa de Misericórdia na Vila de Santos
1863 Criação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha por 16 países e 4 Instituições Filantrópicas em Genebra, Suíça
1908 A Cruz Vermelha Brasileira é fundada em 5 de dezembro
1910 Em 14 de Junho é fundado, no Rio de Janeiro, o “Centro de Boys Scouts do Brasil”, que mais tarde se transformaria em União dos Escoteiros do Brasil (UEB)
1934 O Estado Brasileiro, assume o modelo de Estado Social
1935 Promulgada a Lei de Declaração de Utilidade Pública que regulamenta a colaboração do Estado
1938 É criado o Conselho Nacional do Serviço Social (CNSS),consolidando a aliança entre o Estado e a as entidades prestadoras de serviços de interesse público nas áreas da assistência social, saúde e educação
1942 Getúlio Vargas cria a Legião Brasileira de Assistência (LBA) com o objetivo de prestar, diretamente ou em colaboração com outras entidades, serviços de assistência social
1945 A Fundação Dorina Nowill Para Cegos, cuja atuação voluntária foi primordial para a confecção de livros em Braille e educação para cegos.
1950/60 A Era Damista – Movimento voluntário e filantrópico de pessoas de destaque na sociedade (na maioria mulheres) que lideravam ações sociais específicas.
1954 Surge no Rio de Janeiro, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE‟s)
1962 Criação em São Paulo do Centro de Valorização da Vida (CVV)
1967 Criação do Projeto Rondon, cujo objetivo era levar os universitários para prestação de serviços comunitários às populações carentes do país.
1970 Surgimento de ONG‟s
1983 Criação da Pastoral da Criança para promoção da qualidade de vida das crianças brasileiras.
1988 A Constituição Federal, de maneira expressa, atribui à sociedade civil, por meio de organizações privadas sem fins lucrativos, o dever de contribuir para a consecução dos objetivos do Estado brasileiro.
1990 Começa a busca por parcerias de forma mais aguda, devido a redução dos programas estatais na área social, decorrente da crise econômica iniciadas no final da década de 70.
1993 Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e pela vida – Campanha articulada por Herbert de Souza (Betinho) O CNSS é extinto, tomando o seu lugar o Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS)
1995 Criação, em 12 de janeiro, do Conselho da Comunidade Solidária, cuja presidenta nomeada é Ruth Cardoso, na época primeira dama.
1996 Lançamento do Programa Voluntário criado pelo Comunidade Solidária, juntamente com a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança
1997 Criação do primeiro Centros de Voluntariado do Brasil em São Paulo para atuação em captação de recursos e capacitação de entidades e voluntários.
1998 Promulgada a Lei do Voluntariado
1999 Promulgada a Lei das OSCIP‟s
2009 Falta de Entendimento da legislação e aplicabilidade de conceitos relativos ao Terceiro Setor.
Quadro 2.1 Evolução do Voluntariado no Brasil Fonte de dados: PORTAL DO VOLUNTÁRIO (2007), CENTRO CULTURAL DO MOVIMENTO ESCOTEIRO (1999), GROPPO (2009), MÂNICA (2007), PEREIRA (2007),
O Marco Legal no Terceiro Setor
Para adentramos na explanação sobre o Marco Legal, é necessário retroceder um pouco no
tempo, até o ano de 1995, que é quando foi criado, em janeiro, o Conselho da Comunidade
Solidária, responsável pelos estudos e pela implantação do Marco Legal . O Conselho da
Comunidade Solidária era uma inovação para o enfrentamento da pobreza e a exclusão social no
Brasil e tinha como objetivo a melhoria da mobilização dos esforços disponíveis no governo e na
sociedade para impingir às castas mais humildes e carentes da sociedade brasileira uma maior
qualidade de vida e de bem-estar, ou seja, não bastava somente o exercício de práticas
assistencialistas. Diante do crescimento e desordem das ações empreendidas na filantropia, era
necessária execução de um plano para a articulação política e a criação de um pólo para canalizar
iniciativas inovadoras e transformá-las em programas sociais nos níveis federal, estadual e
municipal. (TRANSPARÊNCIA, 2006)
Para conseguir seu intento, o Conselho da Comunidade Solidária, buscou somatório de
esforços, do governo e da sociedade civil, no sentido de direcionar recursos humanos, técnicos,
administrativos e financeiros para ações sociais e para efetivação de programas, principalmente
voltados ao combate à fome, à pobreza e o analfabetismo. Juntamente com o Conselho da
Comunidade Solidária, surgiram os estudos sobre a aplicabilidade do conceito “Parceria”, entre
entes públicos e entre entes públicos e privados. Parceria do Governo Federal com os Estados e
Municípios, foram realizadas sob orientação da Secretaria Executiva do Conselho da Comunidade
Solidária, e Parceria das ações governamentais com as iniciativas geradas pela sociedade civil,
foram realizadas sob orientação do Conselho Consultivo do Conselho da Comunidade
Solidária.(COMUNIDADE SOLIDÁRIA, 1995)
Princípios do Conselho da Comunidade Solidária:
Primeiro – “Parceria”: Para combater a fome e a miséria, as ações não podem ser isoladas e
desarticuladas. As diversas instâncias, sejam os órgãos públicos, ou representantes da
sociedade civil, devem unir forças. Mediante uma parceria, um nível inteligível e consensual
de relacionamento é almejado, para que ocorra o tratamento adequado e a busca da solução
indicada para cada assunto específico.
Segundo – “Solidariedade”: Este princípio repousa na conclamação das partes para que
atuem respeitando a ética, e que este respeito seja canalizado para a erradicação definitiva
das situações de fome e miséria existente no Brasil.
Terceiro – “Descentralização das Ações”: Este princípio visa a estimulação da efetiva
participação da sociedade e melhoria na eficiência e na eficácia das ações. Através deste
princípio as ações podem obter maior abrangência territorial.
Quarto – “Integração e Convergência das Ações”: Sinergia, e potencialização de resultados.
O impacto global da implementação simultânea das ações, em programas desenvolvidos em
níveis federais, estaduais, e municipais, são muito mais potentes que o somatório dos efeitos
dispersos e isolados dessas mesmas ações. (PELIANO, 1995)
Em curto período de tempo, o Conselho da Comunidade Solidária desenvolveu e
empreendeu diversos programas sociais, que deram origem a outras organização autônomas, com
administração própria e independente, organizações como: Capacitação Solidária, Alfabetização
Solidária, Universidade Solidária, Artesanato Solidário, Rede de Informações do Terceiro Setor –
RITS e Rede Jovem.(TRANSPARÊNCIA, 2006)
Porém, um dos mais importantes trabalhos desenvolvidos pelo Conselho, sem dúvida, cujos
estudos e tratativas iniciaram em 1997, foi o chamado Marco Legal no Terceiro Setor. Naquele
período, diante do crescente surgimento de entidades, diante da imensa desorganização que ocorria,
onde um Setor, o Terceiro, praticamente sem Leis e sem regras, abria espaço para o atendimento
dos interesses particulares de poucos em detrimento dos interesses coletivos da sociedade, num
cenário de negociatas e desvios de recursos, era necessário um ordenamento jurídico que
procurasse minimizar as ações espúrias de pessoas e entidades que usurpavam e lesavam a
sociedade, principalmente as camadas mais carentes da população.
O resultado desse extenuante trabalho foi um anteprojeto coordenado pela Casa Civil da
Presidência da República e encaminhado no dia 24 de julho de 1998 para o Presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso, acompanhado das justificativas e da exposição de motivos
na qual era ressaltada a importância do fortalecimento do Terceiro Setor. O anteprojeto iniciava
com a proposição de definir a própria abrangência do conceito de Terceiro Setor que, segundo o
texto “...inclui o amplo espectro das instituições filantrópicas dedicadas à prestação de serviços nas
áreas de saúde, educação e bem estar social. Compreende também as organizações voltadas para a
defesa dos direitos de grupos específicos da população, como mulheres, negros e povos indígenas,
ou de proteção ao meio ambiente, promoção do esporte, cultura e lazer. Além disso, engloba
experiências de trabalho voluntário, pelas quais cidadãos exprimem sua solidariedade através da
doação de tempo, trabalho e talento para causas sociais...”. O anteprojeto visava a simplificação dos
procedimentos de registro, a desburocratização e o fim da apreciação discricionária da autoridade
quanto ao ato de qualificação. Apontava que a legislação vigente era insuficiente para exercer o
controle sobre a utilização de recursos públicos e assegurar sua aplicação segundo critérios de
eficácia, eficiência e transparência.
Sobre os contratos e convênios, a exposição de motivos assim discorria: “Do ponto de vista
da agilidade operacional para a formalização de parcerias, a Interlocução Política do Conselho da
Comunidade Solidária identificou que os contratos e convênios não são considerados adequados às
especificidades das organizações privadas com fins públicos e não apresentam critérios objetivos de
identificação, seleção, competição e contratação da melhor proposta”. Uma indicação que resultou
na modalidade de Concurso de Projetos, onde é privilegiado o melhor projeto. Além disso, o
documento ressaltou a necessidade de avaliação das parcerias pelos resultados obtidos. O Executivo
encaminhou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 4.690/98, que, aperfeiçoado mediante
substitutivo de origem parlamentar, deu origem à Lei Federal nº 9.790/99. (LEITE, 2003)
Com a colocação em prática do Marco Legal no Terceiro Setor, ocorreu uma maior utilização de
titulações para entidades, a própria Lei das OSCIP’s estabelece que OSCIP é uma titulação a ser
conferida pelo Ministério da Justiça. Com isso, associações, fundações, institutos, e demais
entidades, passaram a requerer titulações, certificações e qualificações jurídicas para se
distinguirem das demais organizações. Titulações que não se restringiam a de OSCIP’s, mas outras
como: Título de Utilidade Pública Federal, Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
Social – CEBAS (antigo certificado de fins filantrópicos) e Certificado do Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS), Título de OS, etc.
Apesar da instituição do título de qualificação de OSCIP (que não permite acumulação de
títulos), é importante destacar que a titulação de Utilidade Pública Federal continua sendo a mais
procurada pelas organizações. (ZAPE, 2007)
Juntamente com a implantação do Marco Legal no Terceiro Setor, com o objetivo de
redefinir a forma de estabelecimento de relações entre o Estado e as entidades prestadoras de
serviços de interesse público, foi realizado um Plano de Reforma do Estado, onde foi prevista a
criação de entidades denominadas Organizações Sociais – pessoas jurídicas de direito privado,
também, sem fins lucrativos, para atender o quesito de publicização. A intenção era a de que
universidades e hospitais públicos, centros de pesquisa, bibliotecas e museus estatais fossem
publicizados, ou seja, fossem transformados em entidades de natureza privada, recebessem
qualificação de Organização Social e celebrassem contratos de gestão com o Poder Público, para
assumir atividades que o ente público não conseguia atender a contento.
No decorrer deste tratarmos, iremos tratar de forma mais detalhada, esmiuçando o
entendimento e a definição do conceito de publicização, importante para desvendarmos um grande
equívoco que permeia o universo do Terceiro Setor.
Panorama das OSCIP’s em São Paulo - 2006
Em levantamento realizado pela Fundação Prefeito Faria Lima CEPAM Centro de Estudos e
Pesquisas de Administração Municipal, o Estado de São Paulo possuía, em maio de 2006, 1.118
(um mil cento e dezoito) entidades qualificadas como OSCIP’s no Ministério da Justiça (Tabela 1).
Essas instituições estavam distribuídas em 163 (cento e sessenta e três) municípios paulistas (25%),
sendo que a maioria dos municípios possuía pelo menos uma OSCIP atuando no município. Alguns
desses municípios, chegam a ter mais de dez OSCIP’s, são os municípios de Campinas, Franca,
Limeira, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São
José dos Campos e São Paulo (Figura 1). A maior parte das OSCIP’s estava atuando na área de
assistência social (37,75%), seguida pela ambiental (12,61%), cultural (8,68%), de pesquisa
(7,87%) e educacional (6,08%).
Figura 1: Quantidade de OSCIP‟s, qualificadas pelo Ministério da Justiça, distribuídas por município paulista
Área de Atuação
N° OSCIP’s
Percentual (%)
Ambiental 141 12,61
Assistencial 422 37,75
Beneficente 7 0,63
Cidadania 43 3,85
Creditícia 41 3,67
Cultural 97 8,68
Ecológico 1 0,09
Educacional 68 6,08
Esportista 6 0,54
Ética 3 0,27
Integração 2 0,18
Jurídica 20 1,79
Nutrição 1 0,09
Outros 6 0,54
Pesquisas 88 7,87
Saúde 58 5,19
Tecnologias alternativas 2 0,18
Voluntariado 8 0,72
Não há informação 104 9,30
TOTAL
1118
100,00
Tabela 1: Número de OSCIP‟s existentes nos municípios paulistas, discriminadas por área de atuação Fonte: Ministério da Justiça, maio/06.
A maioria dos municípios constantes da tabela e da figura, possuía parceria com uma única
OSCIP podendo, esta pactuação, ocorrer com várias áreas/setores da administração municipal, e em
outras localidades essa relação acontece com mais de uma instituição.
OSCIP’s e seus Princípios e Quesitos Legais
Fundamentada na Lei Federal nº 9.790/99 e Decreto Federal nº 3.100/99, as OSCIP’s devem
atuar na: promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; (c)
promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei; (d) promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; (e) promoção da segurança
alimentar e nutricional; (f) defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável; (g) promoção do voluntariado; (h) promoção do desenvolvimento
econômico e social e combate à pobreza; (i) experimentação, não lucrativa, de novos modelos
sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; (j) promoção
de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar; (k) promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de
outros valores universais e; (l) estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às
atividades mencionadas neste artigo.
A legislação especifica que as atividades podem ser desenvolvidas mediante execução
direta, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de
serviços intermediários.
Vantagens:
A - oferecer dedutibilidade parcial do valor doado no Imposto de Renda das pessoas
jurídicas;
B - possibilitar a remuneração de dirigentes (porém com perda dos benefícios fiscais);
C - celebrar Termos de Parceira com o Poder Público, através de processo mais
simplificado, Concurso de Projetos; (OAB, 2006)
Nos âmbitos Estaduais e Municipais podem haver Leis complementares que visem
subordinar as entidades a especificidades de uma localidade ou visando a adequação a política
pública existente. Abaixo relacionamos alguns desses casos:
Ente Político
Lei de criação Regulamentação
Pernambuco Lei 11.743/00
Acre Lei 1.428/02
São Paulo Lei 11.598/03
Minas Gerais Lei 14.870/03 e Lei 43.749/04
Pedro Leopoldo/MG Lei 2.810/05
Rio Grande do Sul Lei 12.901/08
Quadro 2.1 Evolução do Voluntariado no Brasil Fonte de dados: Comissão do Terceiro Setor de São Paulo – OAB/SP (2008)
Um dos quesitos mais contestados pelas entidades certificadas e dotadas da Titulação de
OSCIP, é a proibição legal restritiva de acumulação de titulações, o que proporciona empecilhos na
obtenção de recursos financeiros para atuação em programas de governo específicos que exijam
outros tipos de titulação.
Para a obtenção da qualificação de OSCIP’s na esfera Federal, de acordo com a Lei Federal nº
9.790/99, a OSCIP deve atender as seguintes finalidades:
I – promoção da assistência social;
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de
participação das organizações de que trata esta Lei;
IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação
das organizações de que trata esta Lei;
V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII – promoção do voluntariado;
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica
gratuita de interesse suplementar;
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de
outros valores universais;
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito
às atividades mencionadas neste artigo.
(OAB, 2006)
A execução das atividades descritas se configuram mediante a execução direta de projetos,
programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e
financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem
fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins. Além do atendimento ao
disposto acima, exige-se que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos cujas
normas expressamente disponham sobre:
I – a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, economicidade e da eficiência;
II – a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a
obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em
decorrência da participação no respectivo processo decisório;
III – a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para
opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações
patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da
entidade;
IV – a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio
líquido será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei,
preferencialmente que tenha o mesmo objeto social da extinta;
V – a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída
por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos
públicos durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a
outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha
o mesmo objeto social;
VI – a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem
efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços
específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo Mercado, na
região correspondente a sua área de atuação;
VII – as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que
determinarão, no mínimo: a) a observância dos princípios fundamentais de
contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade; b) que se dê publicidade
por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de
atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões
negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
exame de qualquer cidadão; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores
externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do
termo de parceria conforme previsto em regulamento; d) a prestação de contas de
todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo
único do art. 70 da Constituição Federal.
(OAB, 2006)
Apesar de ser permitida a remuneração de dirigentes, vários órgãos públicos estabelecem em
seus Concursos de Projetos a obrigatoriedade de serviços voluntários por parte desses dirigentes, o
que se torna num desestímulo a percepção de pagamentos e remunerações por parte destes. A
remuneração deve estar contemplada no instrumento estatutário da entidade. Apesar destas questões
legais e o incentivo de não se remunerar o dirigente, se o mesmo estiver envolvido com a execução
direta de um trabalho ou atividade, dentro de um projeto, com previsão de remuneração no próprio
projeto, ou se estiver atuando como agente captador de recursos, este dirigente receberá pagamento,
não em função do cargo diretivo que ocupa, mas pela atividade desempenhada dentro de um projeto
específico. Perante a Lei esse tipo de remuneração é possível, e não fere a restritividade estatutária
de remuneração da diretoria colegiada.
Inicialmente, a qualificação de OSCIP não trouxe qualquer benefício fiscal. Somente em
2001, através da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, é que as OSCIP’s puderam ter acesso a
doações dedutíveis do Imposto de Renda de pessoas jurídicas. Apesar dessa extensão de benefícios,
as empresas que queiram fazer doações espontâneas para as OSCIP’s, desde que tenham regime
contábil por lucro real, podem abater somente 30% do valor da doação no imposto de Renda, desde
que não ultrapasse a 2% do valor total de imposto a pagar. Esta medida que a primeira vista pode
parecer um benefício, na verdade não provoca adesões expressivas da iniciativa privada. O
percentual de abatimento é considerado pouco, e então as empresas que possuem disponibilidade de
repasse de valores de impostos, procuram outros projetos para investimento, aonde os percentuais
chegam a 100% (como projetos aprovados pela Lei Rouanet e Lei dos Esportes). Convém ressaltar
que o percentual de 30%, para doações à OSCIP’s, pode ser usado livremente no abatimento do
imposto de renda, com isto, surgem negociatas e desvios financeiros de impostos que deveriam ser
pagos em Imposto de Renda.
Hoje, dentro de critérios previstos na Lei Federal nº 9.790/1999, a certificação de OSCIP, é
uma titulação de renovação anual. A OSCIP, para manter sua titulação, é obrigada a apresentar seu
balanço contábil, financeiro e social para o Ministério da Justiça, responsável pela titulação de
OSCIP, anualmente, através do Sistema Cadastro Nacional de Entidades Qualificadas pelo
Ministério da Justiça (CNEs/MJ Social)., nos termos da Portaria SNJ n° 24 de 11 de outubro de
2007, publicada no DOU de 15 de outubro de 2007. Orientação do MJ: “A renovação da
qualificação como OSCIP está condicionada à prestação de contas anual a ser realizada através do
CNEs/MJ – www.mj.gov.br/cnes”
Para atendimento da demanda de entidades que pleiteiam a renovação da titulação os dados
devem ser inseridos no sistema a data de 30 de junho, em todos os anos. A inserção de dados só é
permitida a um responsável legal da entidade. A Certidão de Regularidade da Titulação de OSCIP,
só será disponibilizada após a aprovação da prestação de contas.
A entidade que não apresenta a prestação de contas anual não perde a qualificação
automaticamente, mas fica em situação irregular, impedida de emitir a Certidão, e com isso,
impedida de participar de Concursos de Projetos. Caso a OSCIP deixe de apresentar por três anos
seus balanços, perderá irrevogavelmente a titulação. (MJ, 2009)
O Termo de Parceria, é um instrumento jurídico firmado entre o ente Público e a entidade
qualificada como OSCIP que regerá e regulará a parceria estabelecida e discriminará direitos,
responsabilidades e obrigações das partes. Todo Termo de Parceria é fiscalizado pelos órgãos
públicos parceiros, pela Comissão de Avaliação do Projeto (formada por dois elementos do órgão
público e um da OSCIP, deve ser publicada sua constituição deve ser publicada em diário oficial),
pelo Ministério da Justiça, em casos de denúncias pelos Ministérios Públicos Federais e pelo
Tribunal de Contas da União, e por fim, nos casos de Termos que excederam o valor de R$600 mil
reais, por uma auditoria externa contratada. (OAB, 2006)
Ao firmar um Termo de Parceria com um Órgão Público, a OSCIP parceira deve propor em
seu projeto a contra-partida que estará disponibilizando ao órgão público, podendo ser em valores
financeiros, em bens ou serviços, atendendo ao disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias
Vigente, quanto aos valores de contra-partida. Cabe ressaltar que nos casos de serviços e bens, os
mesmo devem ser passíveis de aferições e valorações.
Trinta dias após a assinatura do Termo de Parceria, a entidade deverá publicar a metodologia
e procedimentos utilizados em suas contratações de serviços ou compras. É sempre de bom alvitre
quando o Órgão Público não estabelece regras e exigências procedimentais que a OSCIP observe o
estabelecido na Lei Federal nº 8.666/93 quanto a aquisição e compras. Podendo inclusive utilizar-se
da modalidade de pregão eletrônico e presencial.
Com a finalização de um Termo de Parceria, todos os itens patrimoniáveis (de
investimento), deverão ser entregues ao órgão público parceiro.
No caso de dissolução da entidade, todos os bens patrimoniáveis devem ser repassados para
outra entidade com a mesma finalidade estatutária de atuação em procedimento simples de doação.
A Fundação Prefeito Faria Lima CEPAM Centro de Estudos e Pesquisas de Administração
Municipal, através de estudos de casos, direcionou uma equipe para realização dos trabalhos de
identificação e aprofundamento no entendimento sobre a relação do Poder Público e as OSCIP’s,
desses trabalhos surgiram uma série de questões pertinentes que estaremos discorrendo abaixo,
porém, mesclando com o entendimento apresentado pela Comissão do Terceiro Setor da OAB/SP,
que ao nosso ver, completam as lacunas e dúvidas suscitadas pelo primeiro. Os questionamentos
auxiliam na compreensão das relações:
1 – Aprofundar a discussão técnico-jurídica sobre a necessidade de o município criar uma Lei municipal
para regulamentar as parcerias. Alguns municípios paulistas não têm Lei municipal própria e assumem a qualificação federal, estabelecida na Lei Federal nº 9.790/99 e no Decreto Federal nº 3.100/99. O CEPAM sugere Lei municipal para regulamentar a parceria. Nessa Lei, o município pode estabelecer alguns requisitos como: tempo de existência da OSCIP; sua experiência na área de atuação da parceria; entre outros.
2 – Partindo do pressuposto de que a qualificação federal vale para os demais entes federados, é importante que os projetos - objeto do Termo de Parceria – estejam contemplados no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA). Nos municípios visitados, não há a inclusão das parcerias no processo orçamentário.
3 – É necessário regulamentar a escolha da OSCIP. A Lei Federal nº 9.790/99 estabelece que a escolha do parceiro pode ser feita por meio de publicação de edital de Concurso de Projetos, pelo órgão estatal parceiro, para obtenção de bens e serviços e para a realização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica e assessoria. A modalidade não prevê a adjudicação por menor preço, mas sempre por técnica, desde que os valores sejam os estipulados pelo órgão público.
4 – A formalização da parceria exige análise do custo-benefício dos diversos projetos passíveis de atuação conjunta. Conhecer os custos estimados é importante para que os gestores verifiquem os benefícios das propostas, dos planos e seus respectivos custos. Apesar da dificuldade desse procedimento, é um passo inicial importante para racionalizar a ação pública.
5 – O acompanhamento sistemático da parceria deve ser uma prática, nos municípios que optaram por trabalhar com instituições parceiras. O Poder Público e a comissão de avaliação, formada pelo Executivo, pela OSCIP e pelos conselhos municipais das áreas envolvidas, devem acompanhar periodicamente as ações propostas e os resultados obtidos.
6 – Quanto ao sistema de compras, o regulamento para esse procedimento deve ser publicado um mês após a assinatura do Termo de Parceria. É de bom alvitre que a OSCIP atenda preceitos da Lei Federal nº 8.666/93.
7 – É necessário planejar a continuidade da prestação de serviços públicos no longo prazo. Apesar de ser possível prorrogar o termo de parceria e, portanto, a continuidade dos serviços envolvidos, pode haver uma interrupção, seja pela não-prorrogação do ajuste ou mesmo pela vontade de uma das partes em suspender a parceria. Cabe lembrar que a OSCIP, é a entidade que deve trazer inovações para esfera pública e não deve atuar diretamente na gestão, essa atividade é mais adequada, dependendo da área para uma OS, através de contrato de gestão.
9 – Os conselhos setoriais devem analisar, aprovar e acompanhar as parcerias. Essa atuação tem se restringido mais aos procedimentos formais do que aos resultados. É necessário capacitar os conselheiros para essa nova função, pois o desconhecimento sobre a Lei das OSCIP‟s e sua composição estrutural é muito acentuada.
10 – As parcerias exigem preparação, por parte do Poder Público, que deve formar profissionais para planejar, acompanhar e avaliar os processos.
OAB, 2006 e ARAUJO(2007)
Estrutura Funcional Mínima
A obrigatoriedade estatutária é de manter no quadro diretivo de uma OSCIP, as seguintes
funções principais:
1- Um Diretor Executivo, responsável direto pela Instituição e pelas ações demandas por
esta;
2- Um Tesoureiro, responsável pelo fluxo financeiro da Instituição;
3- Um Secretário, responsável pela comunicação e redação dos atos administrativos
emanados;
4- Um Conselho Fiscal, responsável pela auditoria e fiscalização de contas e Termos de
Parceria.
Lembramos que, para todas as funções acima descritas é necessária a figura de um segundo
elemento com plena capacitação e poderes para assumir as funções na ausência do titular., além
disso, é de bom alvitre manter a figura de um terceiro elemento, na condição de suplência.
OS’s e OSCIP’s
A Fundação Prefeito Faria Lima CEPAM Centro de Estudos e Pesquisas de Administração
Municipal apresenta na “figura 1”, um panorama de como estão distribuídas as entidades OS’s e
OSCIP’s no Estado de São Paulo em 2006:
Figura 1: Municípios paulistas com OS‟s e OSCIP‟s - 2006 Fonte: Pesquisa SEP/Cepam, Novas formas organizacionais, 2006.
Para verificarmos a fronteira que separa o escopo de atividades executadas por uma OS e
por uma OSCIP, temos que ir mais a fundo na questão da “publicização”, termo que está na
definição e no corpo da Lei Federal das OS’s nº 9.637/98 e não consta na Lei Federal das OSCIP’s
nº 9.790/99. Não é por acaso que o termo “publicização” surge numa Lei com ênfase e na outra nem
sequer é mencionado.
Publicização, segundo MORALES(1999):
“...publicização refere-se à produção não-estatal de bens e serviços públicos por entidades do Terceiro Setor. No Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado do governo brasileiro, é a forma pela qual atividades não exclusivas do Estado são transferidas para organizações não estatais, sem implicar privatização.”
MORALES (1999)
Verificando a fundo a questão de publicização, encontramos dois significados atribuídos ao
termo. O primeiro significado estabelece que é a transferência da prestação de serviços de interesse
público para entidades do Terceiro Setor, formadas pela sociedade civil e com apoio do Estado. O
segundo estabelece que é o processo de transformação de entidades públicas em entidades privadas
sem fins lucrativos. Para grande parte da doutrina pátria, a segunda opção, defendida e apoiada pelo
Plano Diretor de Reforma do Estado brasileiro.
Apesar de contestações jurídicas quanto a aplicabilidade do conceito de publicização, a Lei
das OS’s a de n.° 9.637/98, é mais atacada por grande parte da literatura jurídica pátria por reunir
em seu texto algumas inconstitucionalidades apontadas, a saber: referentes à ausência de critérios
claros para a escolha da entidade a ser qualificada como Organização Social, cujo ato de
qualificação é discricionário; a celebração de contrato de gestão sem procedimento licitatório; e à
inexistência de limites salariais e regras para pagamento de empregados com recursos públicos.
Contudo fica evidente a distinção de atuação de uma entidade e outra.
A Organização Social - OS, deve através de contratos de gestão, assumir a gestão de
atividades executadas pelo serviço público, existentes e ineficientes, u ainda, deve assumir a gestão
de um bem público, para o qual o órgão público venha se desvencilhando da administração. Como
exemplo citamos: administração de postos de saúde, administração de hospitais, administração de
clubes desportivos comunitários, administração de parques, administração de museus, etc.
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, tem suas atribuições
determinadas no viés das OS’s, ou seja, a OSCIP deve levar ao órgão público atividades inovadoras,
propostas de melhorias, novas tecnologias, fornecimento de treinamentos dos mais diversos, enfim,
levar o que de melhor a iniciativa pode fornecer ou ofertar, para a esfera pública. Exemplos:
treinamento e capacitação de professores em modalidades diferenciadas como ensino de Xadrez,
implantação de programa de fornecimento de serviços de patologia clínica aos munícipes com
gratuidade, elaboração de projetos de interligação de rede de computadores, voltados para a
promoção social e inclusão digital, elaboração de projeto de revitalização de parques, elaboração de
projetos para recuperação de patrimônios públicos, fornecimento seminários e eventos diversos de
capacitação, implantação de sistemas e métodos administrativos que busquem a excelência da
gestão pública, porém com capacitação de artífices, e etc.
A OSCIP, em casos que o órgão público necessite de novos métodos de gestão, elaborar um
projeto onde seja previsto que o órgão público assuma a atividade, ou que a mesma seja repassada a
uma OS, via contrato de gestão. Não é admissível que uma OSCIP perdure suas atividades para
suprir necessidades de gestão do órgão público.
Diferenças Básicas e Convergências entre OS e OSCIP
Comparativo entre as Leis Federais de OS e OSCIP
OSCIP
OS
Natureza jurídica Associação ou fundação privada, sem fins lucrativos, constituída de acordo com o Código Civil.
Obtenção Vinculada ao cumprimento dos requisitos legais peculiares. Não decorre de serviços prestados.
Prazo para obtenção Simples. Ato vinculado Discricionária
Legislação Leis 9.790/99 e 10.637/02; Decreto 3.100/99; MP 2.158-35/01; Portaria MJ 361/99; outras leis estaduais e municipais
Lei federal 9.637/98 e outras estaduais e municipais
Ente Expedidor e Revogador Poder Executivo (Somente Federal) Poder Executivo
Prestação de contas e renovação
Anual Anual
Publicidade Deve haver publicidade do relatório de atividades e da demonstração financeira.
Cassação, revogação ou desqualificação
Poderá ocorrer, caso sejam descumpridos os requisitos legais para sua manutenção e na hipótese de a entidade deixar de cumprir suas finalidades sociais, sempre precedido de processo administrativo.
Cumulação com outro título Não pode Pode
Áreas de atuação (gênero) Assistência social, educação, saúde e novos movimentos sociais: ambiental, creditícia, cultural, jurídica, pesquisa, defesa do consumidor etc.
Áreas de atuação (espécies) Áreas mais amplas. Vide legislação e a resposta à pergunta no. 12 na página 24 desta cartilha.
Áreas mais restritas: ensino; pesquisa científica; desenvolvimento tecnológico; proteção e preservação do meio ambiente; cultura; saúde.
Controle Governamental Por resultados atingidos
Controle interno Conselho Fiscal Conselho de Administração
Controle externo (auditoria independente)
Recursos recebidos acima de R$600 mil
Sem previsão
Forma de contratação Termo de Parceria Contrato de Gestão
Licitação Não há legislação dispensando a licitação. Pode-se selecionar a entidade por meio de concurso de projetos.
Dispensada pelo art. 24, XXIV, da Lei Federal nº 8.666/93.
Remuneração de Dirigentes Opcional
Incentivo fiscal Sim, aos doadores Não
Dedução das doações É possível Não é possível
Quadro 3.1 Diferenças e igualdades conceituais entre OS‟s e OSCIP‟s Fonte de dados: Portal da OAB/SP – Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, Comissão de Direito do Terceiro Setor.
Confusões e entendimentos e assertividade
Com o crescimento expressivo do número quantitativo de entidades e a diversificação de
suas áreas de atuação, estabelecidas na própria Lei, exigiram do Estado a adoção de mecanismos de
apoio ao próprio Estado e ao Terceiro Setor. Seguindo o mesmo sentido orientativo do uso de
titulações, como o caso do Título de Utilidade Pública, o registro no CNAS e o Certificado de
Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), que eram passaportes para uma série de
benefícios estatais e qualificações necessárias para o repasse de recursos, a Lei das OSCIP’s, optou
por trazer uma lista de entidades cuja natureza impede a obtenção da qualificação, da titulação de
OSCIP e uma outra lista com todas as atividades cujo desenvolvimento possibilita a qualificação.
Com isto, a Lei das OSCIP’s oferece critérios objetivos, amplos e suficientes para o enquadramento
das pessoas jurídicas de direito privado em tal conceito, e pode-se concluir que a Lei das OSCIP’s
oferece critérios legais para a uma melhor regulação do Terceiro Setor. (MÂNICA 2007)
Seria utópico admitir que a afirmação de que a Lei das OSCIP’s é suficiente para resolver a
desordem que se instalou no Terceiro Setor. Conforme dados da Fundação Prefeito Faria Lima
CEPAM Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal, menos da metade das
localidades que pactuaram com OSCIP’s, até 2006, conforme informado pelos municípios,
utilizava-se de Termo de Parceria, instrumento legal, obrigatório, para firmar o compromisso entre
o órgão público e a OSCIP. Vários municípios, de forma equivocada, utilizam o contrato ou
contrato de gestão para firmar compromisso com uma OSCIP.
Quanto às OS’s identificadas, a constatação foi menos incisiva, pois a maioria dos
municípios utiliza o contrato de gestão como instrumento firmado entre o Poder Público e a
entidade qualificada, porém houveram incidências de outros modelos como contrato administrativo
e o uso da nomenclatura Termo de Parceria.
Inegavelmente o contrato de gestão é um poderoso instrumento na regulação das relações da
Administração Municipal e o Conveniado, porque o controle da entidade qualificada como OS não
se restringe somente aos recursos financeiros repassados, mas também às metas, aos prazos de
execução, à qualidade e à produtividade firmados e negociados.
Quando a CEPAM levantou os fatores que motivaram a assinatura de um Termo de Parceria
com uma OSCIP, os motivos foram diversos e variaram muito entre os municípios, na seqüência
estaremos mostrando dois dos motivos apurados nos estudos, e logo abaixo um comentário desses
casos concretos para reforçar o estudo da CEPAM:
Primeiro Caso - A partir de uma informação de que algumas empresas privadas preferiam apoiar entidades do Terceiro Setor e não a prefeitura, o próprio Poder Público orientou uma entidade já existente e com qualidade na execução dos serviços para obter sua qualificação como OSCIP, junto ao Ministério da Justiça. Acreditavam que o Poder Público deveria atuar de forma articulada com o Terceiro Setor, valorizando as competências existentes e possibilitando a ampliação dos serviços.
Exemplificação: para este caso houve um contato entre a OSCIP INTEGRA com um representante de uma entidade Italiana, a AMMA, e durante as conversações foi informado que no Brasil, a AMMA só entra através de uma OSCIP, pois já teve experiências amargas quanto a aplicação de recursos através de entidades brasileiras. Segundo Caso - Foi levantada a dificuldade de gerenciamento de pessoal da área da saúde, em especial para contratar rapidamente e demitir funcionários estáveis ineficientes; a burocracia e lentidão do processo licitatório para compras de medicamentos e insumos, dentro dos procedimentos da Lei Federal nº 8.666/93; e a desorganização da gestão, a inexistência de planejamento, controle e avaliação das ações, com a conseqüente precariedade do atendimento, entre outros. A parceria com a OSCIP é uma forma de flexibilizar a gestão. Neste caso, a ação foi errada, pois deveria ter sido repassada a atividade para uma OS, através de Contrato de Gestão. Agora, se o órgão público queria uma melhora nos procedimentos e na gestão, aí sim poderia ter encomendado um projeto de melhoria operacional, ou suporte a gestão, porém as contratações continuariam por conta do ente público
ARAUJO (2006)
Logo após o Plano de Regulamentação do Terceiro Setor empreendido pelo governo
brasileiro, o jurista MODESTO, acabou, em 1999, profetizando a desorganização que poderia advir
com o uso indiscriminado e desordenado das titulações. Ele apontou desvantagens no uso de
titulações, com possibilidade de sua aplicabilidade indevida, realizada sem critérios, por ato
administrativo ou Lei. Ele dizia que a concessão gratuita e indevida de um título poderia revelar a
“frouxidão” dos critérios e abrir caminhos para a fraude, e se esse fato for reiterado diversas vezes,
o tempo trará uma “erosão da credibilidade do título”, pois estará deixando de servir como
instrumento de identificação de uma entidade, e será confundido com uma simples exigência legal.
Uma outra desvantagem foi a de massificação e padronização excessiva, não denotando as
especificidades das entidades, neste caso, o título deixa de ser visto como útil ou adequado. E por
fim a insegurança jurídica que a técnica embute, por manter a concessão de um título condicionado
ao cumprimento continuado de exigências, deixando as entidades periodicamente sujeitas a
eventuais ocorrências de desvios nos sistemas de controles. (MODESTO, 1999)
Um outro depoimento interessante, sobre a desorganização, a heterogeneidade e as
contradições do Terceiro Setor foi dado pela pesquisadora GOHN, M. da G. M., pesquisadora da
UNICAMP, citada na dissertação de mestrado de CARVALHO (2002) e da qual foi a orientadora,
elabora a seguinte caracterização que se torna adequada para definir o Terceiro Setor e a confusão
instaurada:
“o Terceiro Setor é um tipo de „Frankenstein‟: grande, heterogêneo, construído de pedaços, desajeitado, com múltiplas facetas. É contraditório, pois inclui tanto entidades progressistas como conservadoras. Abrange programas e projetos sociais que objetivam tanto a emancipação dos setores populares e a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, com justiça social, como programas meramente assistenciais, compensatórios, estruturados segundo ações estratégico-racionais, pautadas pela lógica de Mercado. Um ponto em comum: todos falam em nome da cidadania.(...) O novo associativismo do Terceiro Setor tem estabelecido relações contraditórias com o „antigo‟ associativismo advindo dos movimentos sociais populares (na maioria urbanos) dos anos 70 e 80”
GOHN (2000)
Não há como negar que os modelos de relações e de ajustes entre Órgãos Públicos, sejam
com OS’s ou com OSCIP’s, após cerca de dez anos decorridos, mostra que ainda não foi
plenamente assimilado pelas partes. Isso se deve, sobretudo, às numerosas dificuldades práticas que
derivam da própria natureza dos serviços prestados por entidades desse Setor, mas também do erro
em se adotar uma estratégia errada de implementação de uma política pública, sem a devida
disseminação do conhecimento. As Agendas políticas se abriram no final dos anos 90, onde uma
onda de problemas percorria o chamado Terceiro Setor, uma onda de desorganização que
necessitava de soluções, então, toda a questão de regulamentação (o Marco Legal), pairou como
solução e ocupou o topo da agenda, as políticas foram aceitas e aprovadas, as soluções foram
implantadas (KINGDON, 1995). Porém, o que se viu daí por diante, foi um total descaso com a
disseminação das Leis, que convergiam e davam margens a dúvidas, denotando a dificuldade
quanto à definição das fronteiras que separam os escopos de atividades das entidades (OS’s e
OSCIP’s), a convergência nas duas Leis sobre os campos de atuações específicos, geraram e geram
um mal entendimento e a idéia de que a legislação está sendo repetitiva, vide quadro 3.1, onde são
inúmeros os pontos de convergência das duas Leis. Faltou por parte do Poder Público, algo que é
essencial na implantação de qualquer projeto, a fase de avaliação, onde arestas são acertadas e onde
você opta pela continuidade ou não da solução que empreendeu, caso opte pela continuidade, os
ajustes são invariavelmente necessários. (RIPLEY, 1995)
O Terceiro Setor e as Leis que envolvem OS’s e OSCIP’s serão ainda por muito tempo pauta de
embates jurídicos na área do Direto Público Pátrio, enquanto não houver o emprego de ações para
que haja a disseminação da interpretação correta das Leis, ou estabelecimento de regras
interpretativas. Quanto a isso MÂNICA diz:
“A solução do problema não deve ser buscada na mera crítica à ausência ou insuficiência de regulamentação do Terceiro Setor e de suas relações com o Estado. Mais do que isso, as dificuldades que hoje existem derivam: da ainda não superada sobreposição de Leis e de qualificações que definem modelos conflitantes de relações entre as entidades do Terceiro Setor e o Estado; e da necessidade de maior estudo, discussão e implementação do modelo de ajuste entre o Estado e as entidades do Terceiro Setor previsto pela Lei Federal n.º 9.790/99”.
MÂNICA (2007)
Concluindo, a ação de disseminação gera frutos, e faz com que o Terceiro Setor fique mais
ordenado, abaixo mostramos uma experiência, em Minas Gerais, que tem sido refletida nos índices
de aplicabilidade dos programas sociais federais e estaduais nos municípios mineiros.
A disseminação em Minas Gerais O Ministério Público de Minas Gerais e a OSCIP CEMAIS - Centro Mineiro de Alianças
Intersetoriais, realizaram em agosto de 2008, em Pouco Alegre, um encontro para promoção do
Terceiro Setor e sobre as parceiras com municípios mineiros, foi o “I Encontro das Alianças
Intersetoriais da Regional Sul e o V Ciclo de Fomento de 2008”. Durante o evento, foram envidados
esforços para o fortalecimento da aliança intersetorial e o atendimento das necessidades dos
municípios mineiros.
Contando com o apoio do CAOTS – Centro de Apoio Operacional ao Terceiro Setor do
Ministério Público de Minas Gerais, o evento foi idealizado pelo Dr. Tomáz de Aquino Resende,
Procurador de Justiça e coordenador do CAOTS.
O evento fomentou as alianças positivas entre os três setores que compõem o Estado,
buscando catalisar as forças do Governo, do Mercado e das Organizações sem fins lucrativos
visando a potencialização dos resultados das ações de cada um na busca de melhorias sócio-
ambientais.
Participaram do evento representantes, como: o Procurador de Justiça e Coordenador do
Centro de Apoio Operacional à Saúde, Dr. Antônio Joaquim Fernandes Neto; o Promotor de Justiça
de Sete Lagoas, Dr. Eduardo Henrique Soares Machado; a Promotora de Justiça da Comarca de
Itabirito, Dra. Cláudia de Oliveira Ignez; o Professor da Faculdade de Direito Sul de Minas, Carlos
Alberto Conti Pereira; além de Prefeitos da região, Vereadores, lideranças sociais, empresas dos
municípios, acadêmicos, representantes do Terceiro Setor, OSCIP’s, Associações, Fundações e
Conselhos de Políticas Públicas.
Os Ciclos de Fomento de Alianças Intersetoriais realizados nas cidades de Manga, Juiz de
Fora, Montes Claros e Sete Lagoas (MG), reuniram mais de 700 participantes, discutiram as
necessidades locais e desenvolveram novas ações que colaboram atualmente para o crescimento do
setor e da qualidade de vida de todos que moram na região. (IGS, 2008)
Ressaltamos que os ciclos de fomento estão acontecendo ininterruptamente, e o objetivo é
disseminar entendimentos a todos os municípios em Minas Gerais.
O caso mineiro é tipificado pela fase posterior a implantação de uma política pública, onde o
Poder Público realiza a avaliação da política implantada. No caso de Minas, a sociedade diante da
desordem, reagiu no sentido de aparar as arestas. Havia uma falta de disseminação que
proporcionasse um melhor entendimento e maior eficiência e eficácia das Leis que vieram para
regulamentar o Terceiro Setor, então, numa mobilização que envolveu Sociedade Civil e Poder
Público foi feita a opção pelo uso de ciclos de fomento. O caso de Minas é um paradigma a ser
seguido pelos demais Estados da Federação. (RIPLEY, 19995)
Casos de Ilegalidades (Um Apêndice dentro do Trabalho)
1 - São Borja - RS
Município de São Borja, em consulta ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do
Sul, questiona sobre a possibilidade de firmar termos de parceria com Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público (OSCIP’s) de que trata a Lei Federal nº 9.790/99, para a execução dos
serviços de municipalização plena da saúde, em especial, programas como o Programa Saúde da
Família. No questionamento também são indagados: a necessidade de licitação prévia para firmar
Termo de Parceria e como devem ser realizadas as contratações e compras pela OSCIP parceira.
(TCE/RS, 2007).
Em resposta no parecer 20/2007, Processo nº 10798-0200/06-0, o Tribunal estabelece que:
- Deve ocorrer licitação baseada na Lei Federal nº 8.666/93 e pelas disposições da Lei Federal nº
9.790/99 e Decreto Federal nº 3.100/99;
- A OSCIP deve efetuar suas contratações e compras observando os princípios da igualdade,
moralidade;
Análise:
- OSCIP administrando a saúde municipal e não uma OS;
- Recomendação por procedimento licitatório baseado na Lei Federal nº 8.666/93 (apesar de citar
disposições da Lei Federal nº 9.790/99);
- Não especificação da obrigatoriedade de publicação do procedimento de compra da OSCIP e
recomendação para uso dos preceitos da Lei Federal nº 8.666/93
Conclusões:
- Os profissionais do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul desconhecem a Lei das
OSCIP’s, além é claro dos representantes do Município de São Borja.
Obs.: A licitação não ocorreu.
2 – Porto Alegre – RS e o Instituto Sollus
O caso foi notícia em diversos jornais do Rio Grande do Sul e contestado em algumas
esferas políticas como Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, Câmara de Vereadores
e Conselho Municipal de Saúde, foi analisado pelo procurador-geral do Ministério Público de
Contas (MPC), Geraldo Da Camino, que comentou “há muitas falhas no contrato”.
O Instituto Sollus, de São Paulo gerenciou os Postos de Saúde da Família por dois anos, sob fortes
indícios de irregularidades. A começar pela prestação de contas e o uso de notas frias. Por mês, a
prefeitura repassava cerca de R$ 2,6 milhões para o Instituto administrar o trabalho de 89 equipes,
em 65 unidades. (CELESTE, 2009)
Segundo a vereadora Maria Celeste, a Secretaria da Saúde de Porto Alegre não fez licitação
para a contratação da empresa. Ela consultou três entidades para gerenciar o programa: Ulbra,
Interset e Instituto Sollus. Optou pelo último porque este teria apresentado proposta de menor valor
(R$ 2,3 milhões por um ano para gerenciar 84 postos)(ZERO HORA, 2009).
No site do Ministério da Justiça, o Instituto Sollus aparece sem área de atuação definida e
consta como seu endereço Rua Santa Justina, 352/15, cidade de São Paulo. Informa ser uma OSCIP
(Organização de Sociedade Civil de Interesse Público), que não tem fins lucrativo. Segundo
informações da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, no mesmo endereço
funcionaria também outra entidade: a Interset (a mesma que também havia sido consultada pela
secretaria). No site do Instituto Sollus o endereço da matriz era diferente de o que constava no site
do Ministério da Justiça: Rua Vergueiro, 2556/salas 33 e 34, Vila Mariana (DIÁRIO GAÚCHO,
2009)
Análise:
- OSCIP administrando a saúde municipal e não uma OS;
- A vereadora acusou o fato de não ter ocorrido licitação, mas no caso houve Concurso de Projetos,
o que em primeira instância seria legal, mas a prefeitura optou pelo menor preço, um tremendo
equívoco. O concurso de projeto deve privilegiar o melhor projeto, dentro de um valor limite pré-
definido pela entidade pública;
- A participação da OSCIP Interset, que divide espaço e administração com a Sollus, denotando
uma estranha situação.
- No site do Instituto Sollus, vemos a seguinte informação: “Atualmente, nossa atuação é baseada
em termo de parceria realizado com diversas prefeituras dos estados de São Paulo, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul, para a co-gestão de programas de saúde como o Programa de Saúde da Família
(PSF) e o Programa dos Agentes Comunitários de Saúde (PACS)”(SOLLUS, 2008).
Conclusões:
- Os profissionais do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul desconhecem a Lei das
OSCIP’s, além é claro dos representantes do Município de Porto Alegre.
- Na modalidade de Concurso de Projetos, não há a necessidade de um mínimo de participantes,
pode aparecer uma OSCIP ou dez, que o certame é valido, portanto não havia necessidade de
composição entre a Sollus e a Interset.
- A prefeitura de Porto Alegre adotou um procedimento misto entre licitação e Concurso de
Projetos, totalmente irregular.
- O Instituo Sollus não poderia estar atuando em “co-gestão de programas de saúde”.
3 – Caso Souza - PB e Interset
A Justiça Federal em Sousa (PB) deferiu, em parte, pedido de liminar em ação ajuizada pelo
Ministério Público Federal em Sousa (PB) e Ministério Público Estadual da Paraíba (MPPB) contra
o município de Sousa (PB), a União e o Instituto de Desenvolvimento Socioeconômico, Científico,
Ambiental e Tecnológico (Interset) para anular qualquer termo de parceria que tenha sido firmado
entre o município e a entidade privada cujo objeto tenha sido a prestação de serviços públicos de
saúde que, antes do respectivo contrato ou ajuste, fossem prestados diretamente pelo referido local.
A ação é assinada pelo procurador da República Victor Carvalho Veggi e pela promotora de Justiça
Juliana Couto Ramos.
O procedimento administrativo foi instaurado a partir de informações veiculadas na
imprensa local acerca de irregularidades na celebração de termos de parceria com o Interset. Após o
procedimento, ficou claro que os recursos destinados ao Fundo Municipal, provenientes do Sistema
Único de Saúde (SUS), cujo financiamento participa também a União, estão sendo indevidamente
destinados ao Interset em pagamento aos serviços prestados na operacionalização de programas de
saúde.
As irregularidades apontadas dizem respeito à falta do processo de licitação, à utilização
indevida de verbas do SUS, ao afastamento do município nas responsabilidades de oferecer e
operacionalizar a saúde em favor da população e à remuneração de voluntários.
A ação pede que o município reassuma a prestação dos serviços públicos de saúde que
tenham sido objeto de repasse ao Interset em prazo a ser fixado, a fim de assegurar a continuidade
dos serviços, cessando, ao final desse prazo, os repasses de recursos financeiros à entidade, com a
devida comprovação em juízo.
Em sua decisão, o juiz da 8ª Vara Federal da Seção Judiciária da Paraíba, determinou que o
município retome a prestação dos serviços de saúde, bem como, no prazo de 30 dias, suspenda
qualquer tipo de repasse ao Interset.
Auditoria - Para verificar a execução de convênios firmados entre 2001 e 2005 com o
município de Sousa, bem como avaliar a aplicação dos recursos vinculados ao SUS, o Tribunal de
Contas da União (TCU) realizou uma auditoria no município e constatou algumas irregularidades,
entre elas o não enquadramento dos termos de parceria na legislação pertinente, irregularidades na
constituição do voluntariado, tentativa de fugir dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e
afastar a incidência de tributos.Número da ação: 2006-82-02000544-1. (PGR, 2006)
Além disso, em investigações feitas o Tribunal de Contas do Estado, também apurou o uso
da OSCIP, pela prefeitura, para contratações de prestadores de serviço, para as quais foram
repassados grandes volumes de recursos provenientes das áreas de educação, saúde e assistência
social.
Através da OSCIP, a prefeitura ao invés de admitir pessoal, na forma prevista pela
Constituição (através de concurso público), nomeava irregularmente pessoas indicadas pelos
secretários e pelo Prefeito. Um preposto da INTERSET, confessou em depoimento: “que a
Prefeitura encaminha os trabalhadores para a empresa INTERSET para que os mesmos assinem
termo de adesão (...) e fiquem à disposição da Prefeitura para que esta encaminhe para o local de
prestação de serviço; que todos os trabalhadores que assinam o termo de adesão junto à INTERSET
são encaminhados pela Prefeitura; que os trabalhadores procuram a empresa INTERSET a mando
dos secretários e do Prefeito”.(GONZAGA, 2009)
Análise:
- OSCIP administrando a saúde municipal e não uma OS;
- OSCIP deveria estar levando a esfera pública, novos projetos e conhecimento técnico;
- O Termo de Parceria foi firmado por Dispensa de Licitação
Conclusões:
- Segue o desconhecimento da Lei.
- A OSCIP não deveria ser contratada para fornecimento de mão-de-obra, pura e simplesmente, a
OSCIP deveria promover a capacitação de funcionários públicos, levando novos padrões
tecnológicos e inovadores para o funcionalismo público. Este tipo de prática é uma desvirtuação da
Lei das OSCIP’s.
- A dispensa de Licitação é prática constante da Lei Federal nº 8.666/93, não cabendo às OSCIP’s.
OBS: O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba entre os anos de 2005 e 2007, apurou que mais de
sessenta milhões de reais foram repassados pelas prefeituras paraibanas para as OSCIP’s. E a
Prefeitura de Patos, transferiu para a INTERSET mais de vinte milhões de reais. Mas por trás destes
números existe um fato que está intrigando os procuradores do Trabalho e do Estado e os auditores
do Tribunal de Contas. Como as OSCIP’s cobram uma taxa de administração pelos convênios (algo
em torno de 20%) só na Paraíba elas teriam embolsado mais de doze milhões de reais. Mas não fica
aí a curiosidade de procuradores e auditores. Há suspeitas de que parte desse dinheiro está
desembocando nos bolsos de prefeitos, secretários e outros funcionários que têm grande interesse
nos convênios. Soubemos do caso de um secretário patoense que era intermediário entre a mesma
INTERSET e a Prefeitura de Sousa, que já carreou mais de onze milhões para o convênio com a
OSCIP, que levaria daí dois milhões e duzentos mil de taxa de administração. Se o fato é real, não
sabemos qual o interesse do secretário patoense nisto. (GONZAGA, 2009)
OBS: Em consulta ao site do Instituto Interset, não aparecem dentro do escopo de atividades
divulgadas as atribuições para atuação na administração de áreas de saúde, bem como sobre a
contratação de agentes prestadores de serviços para os municípios.(INTERSET, 2008)
4 – Caso da ANVFEB
Um texto divulgado no site do Exército Brasileiro em 27 de Janeiro de 2009, e que diz
respeito a um problema muito sério que vem enfrentando a Associação Nacional dos Veteranos da
Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB), que passa por dificuldades financeiras para manter a
“Casa da FEB”, no centro da cidade do Rio de Janeiro, apontou uma das saídas que é a de aguardar
a aprovação, do Ministério da Justiça, para que se transforme em Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público (OSCIP), de acordo com a Lei Federal nº 9.790/99, pois permitirá o apoio
financeiro por órgãos públicos.(MACHADO FILHO, 2009)
Análise:
- OSCIP deveria ter uma finalidade definida e estar levando a esfera pública, novos projetos e
conhecimento técnico;
Conclusões:
- A OSCIP não deve receber verba de órgãos públicos para manter veteranos de guerra;
- Existem outros caminhos legais para o aporte.
- Esta é outra deturpação da Lei das OSCIP’s
5 – Caso do Instituto Acqua
Neste ano de 2009, o Instituto Acqua – Ação, Cidadania, Qualidade Urbana e Ambiental,
uma OSCIP fundada em 1999, assinou no dia 15 de junho um Termo de Parceria com a prefeitura
de Araraquara cujo objetivo é a operacionalização dos serviços em Assistência à Saúde, apoio
diagnóstico e técnico administrativo, com foco na operacionalização da gestão, a execução das
atividades e serviços de saúde no Pronto Socorro Municipal “Amélia B. Cutrale”, localizado na Vila
Melhado. Como parte integrante do projeto estão previstas: a reorganização da execução de todos
os serviços de saúde pública da cidade; a capacitação dos profissionais de saúde; a revisão sistêmica
e fluxo de informações e dados; a criação de processo de referência e contra-referência, visando a
humanização no atendimento. Tudo isto visando a melhoria na qualidade de atendimento.
O Instituto irá gerenciar cerca de 200 funcionários, que já integravam a equipe do Pronto
Socorro. O Pronto Socorro, que terá gestão do Instituto Acqua, está instalado numa área de 2.400
m², distribuídos em blocos com os seguintes serviços: área de urgência/emergência; consultórios;
área de observação (adulto/infantil); área de procedimentos;
No site do Instituto Acqua lemos: “O Instituto Acqua – Ação, Cidadania, Qualidade Urbana e Ambiental, é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), fundada em 1999, que articula e desenvolve projetos e políticas socioambientais voltados para o bem-estar do ser humano e do ambiente. Na área de Saúde, o Instituto Acqua desenvolve ações de prevenção, formação, qualificação, educação, diagnóstico e pesquisa, com o objetivo de contribuir para a melhora dos indicadores socioambientais das regiões em que atua. Possui, ainda, experiência em gestão e capacitação para a formação de equipes de trabalho nas áreas de vigilância ambiental (no combate à dengue e outros vetores transmissores de doenças), saúde da família, educação
para a saúde, qualidade do atendimento, gerenciamento e administração de serviços ambulatoriais e hospitalares. A consolidação e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, como modelo de política pública para o setor, é a fundamentação da nossa atuação na saúde pública. área para exames; Laboratório de análises clínicas; Especialidades odontológicas; Serviço Social; áreas administrativas e área de atendimento (recepção)
(ACQUA, 2009)
Análise:
- A OSCIP administrando um hospital;
- Gerenciamento de funcionário público municipal.
Conclusões:
- A OSCIP não devia administrar o hospital, o correto seria repassar a administração para uma OS,
através de Contrato de Gestão;
- Se o projeto ficasse restrito a melhoria de processos, capacitação de profissionais implantação de
novas técnicas de gestão, o Termo de Parceria estaria justificado, porém na prática não é o que está
acontecendo.
- O gerenciamento do funcionalismo público é totalmente irregular
Obs: A câmara de vereadores contestou a contratação, alegando que a mesma não foi feita com base
na Lei Federal nº 8.666/93, demonstrando total desconhecimento, e criou uma comissão para
averiguação dos serviços prestados no mês de agosto deste ano. A comissão foi e se deparou com
uma melhora significativa dos serviços e uma população satisfeita e cheia de elogios para a nova
administração. Com isto, a comissão de vereadores cedeu e a OSCIP está administrando o hospital.
6 – Caso de Jandira
A Prefeitura de Jandira reassumiu oficialmente em 2009, mediante assinatura de decreto por
Braz Paschoalin, a gestão do Hospital Municipal, que estava sob responsabilidade da Associação
Comunitária de Jandira, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP.
Além do péssimo atendimento, a Maternidade e o Centro Cirúrgico estavam fechados,
deixando de atender a população de Jandira. (DIAS, 2009)
O prefeito alegou que a intervenção ocorreu devido à baixa qualidade no atendimento. A
unidade foi administrada, desde a década de 90 pela OSCIP. Pesquisas da Secretaria Estadual de
Saúde, que envolveu cinqüenta hospitais em São Paulo, apontou o Hospital de Jandira como o pior
no Estado. A OSCIP que recebia R$ 670 mil por mês, e o prefeito não responsabiliza a entidade
pela queda na qualidade do atendimento, por se tratar de um valor baixo. “Ninguém assume um
hospital para fazer um atendimento ruim. Sei da dedicação dos integrantes da OSCIP, e também sei
que o repasse até pode ser insuficiente, mas acredito que o empenho de todos pode fazer com que
resultados melhores voltem a surgir nos próximos meses”, disse Paschoalin. (RAMOS, 2009)
Análise:
- A OSCIP administrando um hospital;
- Os valores informados eram constituídos de repasses do SUS.
Conclusões:
- A OSCIP não devia administrar o hospital, o correto seria repassar a administração para uma OS,
através de Contrato de Gestão;
- Desconhecimento total.
OBS.: A Associação Comunitária de Jandira (OSCIP), foi criada pela Associação Comunitária
Brasileira na Defesa da Consciência da Cidadania (Ascombras), uma ONG de Piracicaba, que foi
apontada com diversas irregularidades em convênio firmado com a Secretaria de Administração
Penitenciária do Estado de São Paulo – SAP, sendo que em um deles foi contratada a administração
de uma Unidade Prisional Feminina em Campinas.
7 – Caso de Maceió
Em 2007, o Ministério Público Federal em Alagoas, recomendou à Prefeitura de Maceió a
suspensão do Termo de Parceria firmado com a OSCIP - Pontual – Pontualidade com
Desenvolvimento Social, para a prestação de serviços de combate a endemias na capital alagoana.
A recomendação foi o resultado de um procedimento administrativo instaurado na
Procuradoria da República em Alagoas para apurar possíveis irregularidades na contratação da
Pontual, denunciadas pelo Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Estado de Alagoas. Por
se tratar de uma OSCIP, o termo de parceria foi firmado sem licitação prévia. E pelos serviços, no
período de 6 de abril de 2006 a 31 de maio deste ano, a Pontual recebeu R$ 4.336.943,10 do
município de Maceió.
Para o MPF, o contrato firmado pela prefeitura é ilegal por não haver no município de
Maceió uma Lei municipal que discipline o funcionamento de organizações da sociedade civil de
interesse público. “O termo de parceria foi firmado com base na Lei Federal nº 9.790/99, que
disciplina as OSCIP’s em âmbito federal, sendo inaplicável em âmbito municipal”, explicou o
procurador da República Rodrigo Telles de Souza, autor da recomendação.
Dessa forma, segundo ele, o termo de parceria em vigor é semelhante a um contrato
administrativo direto com uma pessoa jurídica de direito privado, que não poderia ser firmado sem
licitação.
“Diante de tal quadro, ainda que houvesse legislação do município de Maceió disciplinando
as OSCIP’s em âmbito municipal, não seria lícita a celebração do termo de parceria em questão ou
com qualquer outra pessoa jurídica de direito privado, uma vez que tal ajuste representaria a
indevida terceirização de serviços de saúde prestados por meio do SUS”, justificou o procurador da
República. (BARREIROS, 2007)
Análise:
- A OSCIP deve ser contratada mediante Concurso de Projetos;
- Combate a uma endemia pode ser entendida como uma atividade não executada ou executada sem
a devida atualização técnica;
- A Lei Federal nº 9.790/99 é de abrangência nacional.
Conclusões:
- Firmar o Termo de Parceria com a OSCIP sem o devido Concurso de Projetos é errado.
- Percebe-se o desconhecimento legal por parte do Procurador, não só quanto a Lei das OSCIP’s,
mas em princípios básicos de direito público, em consulta ao site do Ministério da Justiça temos a
seguinte orientação: “Ainda que qualificada na órbita do Ministério da Justiça, vale dizer, no nível
federal, o título de OSCIP tem validade perante toda a estrutura federativa nacional, pelo que não há
necessidade de Lei estadual ou municipal para autorizar a celebração do Termo de Parceria, pois a
Lei Federal nº 9.790/99 tem caráter nacional”.(MJ, 2009)
8 – Caso de Tocantins
A ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal no Tocantins,
verificou que a transferência de gestão de quatorze hospitais comunitários à iniciativa privada gerou
danos à saúde pública e permitiu à prática de outras irregularidades. O governador do Tocantins,
Marcelo Miranda, e mais sete pessoas são citadas na ação. A fraude iniciou com um termo de
parceira firmado em agosto de 2003, com a OSCIP Brasil, valor de 300 mil reais mensais.
O Termo de Parceria assumiu a essência de um contrato administrativo, e não de um
contrato de gestão, porque o valor de 300 mil reais era destinado somente aos gastos administrativos
da entidade. Para os gastos hospitalares, foram firmados convênios para repasse de verbas federais
de mais de 9,5 milhões de reais.
Quanto a experiência, a OSCIP Brasil apresentou um único certificado de serviços prestados
ao Banco do Estado do Espírito Santo na área de tecnologia de processos bancários e solução de
problemas operacionais, portanto não possuía qualquer experiência na área da saúde e
administração hospitalar.
Durante a gestão dos hospitais pela OSCIP, aconteceram diversos problemas operacionais
como o desabastecimento por falta de pagamento a fornecedores. A má gestão foi apontada pelo
próprio procurador-geral do Estado na época, José Renard, que recomendou a não contratação da
OSCIP. O próprio Ministério Público Federal enviou recomendação ao Secretário de Saúde do
Tocantins em 2004, para que fosse rescindido o Termo de Parceria, não acolhido pelo governo.
Depois de quatro anos, com o fim do Termo de Parceria, a OSCIP não prestou contas dos
recursos recebidos, o que impossibilita a apuração do montante real aferido e repassado a entidade.
Além da improbidade administrativa, os responsáveis devem ser responsabilizados pelo
dano moral coletivo causado ao Estado do Tocantins e à população tocantinense.
O Ministério Público Federal irá requerer a condenação de todos os citados na ação e o
ressarcimento integral do dano, além da perda da função pública, suspensão dos direitos políticos,
proibição de contratar com os poderes públicos, proibição de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, e o pagamento de multa civil.
Análise:
- A OSCIP administrando quatorze hospitais;
Conclusões:
- A OSCIP não devia administrar o hospital, o correto seria repassar a administração para uma OS,
através de Contrato de Gestão;
- Desconhecimento total do governo do Tocantins.
- Diferente do Ministério Público Federal em Alagoas, o Ministério Público Federal no Tocantins
agiu corretamente.
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