OSegredoDaVerdadeiraDevocao

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    Nihil ObstatNihil ObstatNihil ObstatNihil ObstatNihil ObstatManhumirim, 6 decembris, 1942

    Pe. Dr. Jos de CastroCensor

    ImprimaturImprimaturImprimaturImprimaturImprimaturCaratingen, 11 februari, 1943

    + Joannes CavatiEpisc. Caratingensis

    ReimprimaturReimprimaturReimprimaturReimprimaturReimprimaturCaratinga, 13 de maio de 1961

    + Jos EugnioBispo de Caratinga

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    O SEGREDO DO SEGREDO DO SEGREDO DO SEGREDO DO SEGREDO DA VERDA VERDA VERDA VERDA VERDADEIRAADEIRAADEIRAADEIRAADEIRADEVDEVDEVDEVDEVOO POO POO POO POO PARA COM AARA COM AARA COM AARA COM AARA COM A

    SANTSSIMA VIRGEM MARIASANTSSIMA VIRGEM MARIASANTSSIMA VIRGEM MARIASANTSSIMA VIRGEM MARIASANTSSIMA VIRGEM MARIA

    CO-EDIO:EDIES SANTO TOMS

    FRATERNIDADE

    ARCA

    DE

    MARIA

    SERVIODE ANIMAO EUCARSTICAMARIANA

    SegundoSo Lus Maria Grignion de Montfort

    PeloPe. Jlio Maria de Lombaerde, S. D. N.

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    FICHA TCNICAFICHA TCNICAFICHA TCNICAFICHA TCNICAFICHA TCNICA

    Ttulo original O Segredo da Verdadeira Devoo paracom a Santssima Virgem Maria

    Autor Pe. Jlio Maria de Lombaerde, S.D.N.

    Projeto Prof. Edson Jos ReisGrfico / Editorial (62) 8404-8890

    Diagramao Marcu Tlio C. de Oliveira

    Reviso Daniella Faria Bernardo

    Capa Desenho de J. Bleue

    Formato 140x210 mm

    Nmero de pginas 288 pginas

    Impresso e Mltipla Grfica e Editora Ltda.

    Acabamento

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    DECLARAO DO ADECLARAO DO ADECLARAO DO ADECLARAO DO ADECLARAO DO AUTORUTORUTORUTORUTORConforme os decretos da Santa S, declaro que, se

    neste livro, dei a alguma pessoa virtuosa o ttulo de Santaou Bem-Aventurada, foi, unicamente, em testemunho devenerao, e no com a inteno de prevenir o julgamentoda Santa Igreja.

    Do mesmo modo, as graas ou fatos extraordinrios

    citados tm, apenas, autoridade humana, fora do que foiaprovado pela mesma Santa Igreja, a cujo juzo infalvelsubmeto sem reserva alguma, minha pessoa, minhas pa-lavras e meus escritos.

    Pe. Jlio Maria de Lombaerde, S.D.N.

    PPPPPARECER DO EXMOARECER DO EXMOARECER DO EXMOARECER DO EXMOARECER DO EXMO.....SRSRSRSRSR. CENSOR D. CENSOR D. CENSOR D. CENSOR D. CENSOR DA DIOCESEA DIOCESEA DIOCESEA DIOCESEA DIOCESE

    Lendo atentamente a obra: O Segredo da Verdadei-ra Devoo para com a Santssima Virgem, da autoria deRevmo. Sr. Pe. Jlio Maria, S. D. N., no somente nadaencontrei na mesma de censurvel quanto doutrina e

    aos costumes, como tambm pude julgar sobre sua gran-de atualidade e o grande proveito que de sua leitura e me-ditao pode advir s almas.

    Portanto, com toda a conscincia e imenso prazer,dou mesma o meu Nihil Obstat.

    Pe. Doutor Jos Rocha de CastroCensor

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    AGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTO

    Agradecemos vivamente aos Sacramentinos pelapermisso concedida para a impresso desta obra.

    DEDICADEDICADEDICADEDICADEDICATRIATRIATRIATRIATRIA

    A todos os escravos de amor de nosso pas, que a cadadia se esforam para melhor conhecer e assim melhor

    amar a Santssima Virgem Maria.

    DECLARAO DOS EDITORESDECLARAO DOS EDITORESDECLARAO DOS EDITORESDECLARAO DOS EDITORESDECLARAO DOS EDITORES

    Os editores tm imensa satisfao em dedicar estaedio de O SEGREDO DO SEGREDO DO SEGREDO DO SEGREDO DO SEGREDO DA VERDA VERDA VERDA VERDA VERDADEIRA DEVADEIRA DEVADEIRA DEVADEIRA DEVADEIRA DEVOOOOOOOOOO

    do saudoso Pe. Jlio Maria benemrita Legio de

    Maria, que em to poucos anos tanto bem vemrealizando no Brasil e no mundo.

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    INTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUO

    Destina-se o presente livro s almas, sinceramente desejo-sas de se santificar de modo eficaz.

    H, infelizmente, vrias iluses a respeito da santidade.Uns pensam que ela consiste na durao das oraes e no

    nmero delas... Outros pem-na nas grandes obras, que se em-preendem. Outros, ainda, fazem-na estar numa espcie de iso-lamento de tudo e de todos... Outros, afinal, pensam que reside

    em tal devoo, em um determinado exerccio, nesta confrariaou naquela leitura...Tudo isto pode ser bom, porm conveniente lembrar-se

    do velho adgio: In medio stat virtus. A santidade no est emtudo isto; mas tudo isto pode ser um meio de alcanar a santi-dade.

    I. DevoesI. DevoesI. DevoesI. DevoesI. Devoes

    A respeito das devoes, outra iluso existe.Pessoas h que atribuem a tal ou tal devoo um poder ex

    opere operato, isto , uma virtude prpria que sempre produzseu efeito, como uma determinada planta medicinal tem sua efi-ccia especial.

    A devoo no isto; uma disposio da alma, que nosleva a dedicar-nos ao servio de Deus, pelo cumprimento donosso dever.

    A devoo tem por objeto imediato a prpria divindade,sendo objetos mediatos a Santssima Virgem, os santos, etc., demodo que toda devoo verdadeira nos deve aproximar de Deuse tornar-nos mais decididos no servio dEle.

    Entre as devoes mediatas ocupa lugar de destaque a de-voo Santssima Virgem: a devoodas devoes.

    Pode ela revestir-se de um nmero infinito de aspectos, con-forme os tempos, a situao e as disposies das pessoas.

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    II. A escolhaII. A escolhaII. A escolhaII. A escolhaII. A escolha

    H na Igreja muitas devoes, todas dimanadas do corao

    dos santos, e muitas vezes, ensinadas por Jesus Cristo ou Ma-ria Santssima.Sendo aprovadas pela Igreja, Mestra infalvel da verdade,

    todas elas so boas, santas e santificantes, em geral; nem sem-pre, porm, se adaptam s situaes ou disposies particula-res de cada um.

    No se podendo adotar tudo, impe-se a necessidade deuma escolha judiciosa.

    Em tal escolha, preciso procurar principalmente a santi-

    ficao pessoal ou a alheia.Tanto melhor uma devoo, quanto mais nos ajude a san-

    tificar-nos e a glorificar a Deus.No o sentimentalismo que devemos consultar; o bem

    da nossa alma.Examinando a devoo Me de Jesus, encontramos um

    nmero quase incalculvel de invocaes.Maria Santssima uma s, mas invocada sob centenas

    de ttulos, sendo cada ttulo a expresso de um privilgio seu,de alguma virtude ou ofcio.Para os que sofrem, Ela Nossa Senhora das Dores.Para os pecadores, refgio dos pecadores.Para os desesperados, a Me da misericrdia.Para as criancinhas, a Me da bondade, a Rainha das Vir-

    gens, e nos tempos de perturbao, Ela a Rainha da paz.

    III. A Santa EscravidoIII. A Santa EscravidoIII. A Santa EscravidoIII. A Santa EscravidoIII. A Santa Escravido

    Precisamos de todos estes ttulos, por serem a expressodas necessidades dos cristos; mas precisamos sobretudo da-queles ttulos, que nos estimulem na luta contra os inimigos daalma.

    Hoje em dia um sopro de sensualidade e de independnciaperpassa pelo mundo, ameaando fazer ruir tudo, desde as ins-

    tituies seculares, nacionais e universais, at as virtudes do-

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    msticas e pessoais mais sagradas.Perante este vendaval de revolta e lamaal de impureza pre-

    cisamos de uma devoo a Maria Santssima, que pureza ide-al e submisso perfeita; precisamos de um meio que nos arran-

    que s sedues da independncia e da carne.Devoo assim parece ser a que nos legou o grande cora-o e o zelo intrpido de So Lus Maria Grignion de Montfort,que a intitulou: Santa Escravido.

    Aescravido um estado de rebaixamento da dignidadehumana. A palavra Santa, porm, corrige a dureza do nome, ele-

    vando o estado s alturas da virtude sublime, que chamamos asujeiototal de ns mesmos a Deus, ou abnegao.

    esta dependncia total, que forma a base de toda a per-

    feio e que o santo indica como segredo de santificao.Tal devoo, diz ele, um segredo que relativamente pou-cas pessoas ho de descobrir, e que de fato poucos descobrem,porque somente um pequeno nmero tem a coragem de pr emprtica a doutrina em que ela baseada.

    IVIVIVIVIV. O segredo. O segredo. O segredo. O segredo. O segredo

    O motivo desta incompreenso o seguinte:Em geral as pessoas piedosas consideram a devoo a Vir-

    gem Santssima como exclusivamente afetiva, tendo s em vis-ta as consolaes que dispensa.

    O esprito encontra na Me de Jesus tantas perfeies e be-lezas, tantas grandezas e tanto amor, que a imaginao ficacomo deslumbrada...

    O entusiasmo apodera-se da nossa alma, nos faz exaltar as

    suas grandezas e cantar suas glrias, ao ponto de nos fazer es-quecer que o resumo da religio consiste em imitar o que hon-ramos, como diz Santo Agostinho.

    uma devoo incompleta, falta-lhe a prtica.So Lus Maria Grignion de Montfort, querendo estabele-

    cer uma devoo efetiva, e no somente afetiva, no receia em-pregar um termo duro para nossos ouvidos comodistas, mas queexprime a verdade salientada: a Santa Escravido de Jesus emMaria.

    A Santa Escravido no consiste em palavras e afetos, mas

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    na abnegao de ns mesmos, na dependncia da vida, da von-tade e dos sentidos, em outros termos: na prtica decidida da

    virtude.Assim considerada, a Santa Escravido um verdadeiro

    exerccio de perfeio, e, como diz So Lus Maria Grignion deMont-fort, uma Verdadeira Devoo.Os sentimentalistas nada compreendero da exposio des-

    te segredo. Para eles tudo ser e ficar um segredo.S quem puser as mos obra e procurar assimilar o esp-

    rito desta devoo e reduzi-lo prtica ter a felicidade de des-cobrir o segredo, de aproveit-lo para a sua santificao.

    VVVVV. Apresentao. Apresentao. Apresentao. Apresentao. Apresentao

    O presente livro um comentrio da doutrina exposta porSo Lus Maria Grignion de Montfort em seu livro: Tratado daVerdadeira Devoo.

    Procuramos explanar, esclarecer e, aplicar seus ensinamen-tos, onde o julgamos oportuno, para melhor destacar sua im-portncia e prtica.

    Almas queridas da Santssima Virgem, que sentis necessi-dade de amar sempre mais esta Me querida e por Ela a Jesus, para vs que este livro foi feito.

    Almas frvolas nada compreendero da doutrina e das pr-ticas aqui expostas. Para estas tudo isso ser um enigma.

    Para as almas piedosas ser um tesouro, onde encontraroriquezas para si prprias e luz para o corao.

    Todo este livro no mais que a explicao da obra de SoLus Maria Grignion de Montfort.

    Esta obra, que j levou tantas almas aos ps da Virgem Ima-culada, continuar, por nosso intermdio, o seu fecundo apos-tolado. apoiado sobre ela e escondido sob sua sombra quenosso livro ir mais confiante s almas piedosas, e lhes falarcom mais penetrao e autoridade.

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    de Jesus por Maria.Para realizao de seu ideal, cada um dos trs exige das al-

    mas piedosas o que constitui a base de toda santidade: a humil-dadeperfeita.

    Ora, h trs modos de praticar a humildade:1.1.1.1.1. Entregando-se, com abandonototal, pessoa, que manda;2.2.2.2.2. Ficando em uniode vontade com quem manda;3.3.3.3.3. Permanecendo na dependncia completa de quem manda.

    Abandono, unio e dependncia, so manifestaes de umas virtude: a humildade.

    O abandono mais filial e mais suave,A unio mais amorosa e mais ntima,

    A dependncia mais radical e mais humilde.Santa Teresinha escolheu oabandonode si mesma, enquan-

    to Santa Margarida adotou a unioamorosa e So Lus MariaGrignion de Montfort recomendou adependncia.

    O abandonode si constitui a via da santa infncia.Auniorealiza o esprito de reparao e expiao.Adependncia concretiza a Santa Escravido.So os mtodos dos trs santos.

    II. Mtodo de Santa TII. Mtodo de Santa TII. Mtodo de Santa TII. Mtodo de Santa TII. Mtodo de Santa Teresinhaeresinhaeresinhaeresinhaeresinha

    A humildade de corao forma a base da infncia espiritu-al promulgadaporSanta Teresinha.

    Pode-se de fato distinguir: humildade de esprito, humilda-de de vontade e humildade de corao.

    A santinha escolheu a humildade de corao, para patente-ar que sua humildade no simplesmente o estado da alma, que

    v que nada e nada pode, mas ainda o estado de amor a estanulidade.

    Averiguar que nada somos o primeiro passo; amar estacondio o segundo.

    Aceitaruma humilhao com calma a humildade de esp-rito.

    Procuraraquilo que humilha a humildade de vontade.

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    Amara humilhao e nela comprazer-se, eis a humildadede corao.

    Ser pequeno diz a amvel santinha no atribuir a simesmo as virtudes praticadas, nem reputar-se capaz de qualquer

    coisa; , sim, reconhecer que o bom Deus, que pe nas mos deseus filhinhos o tesouro da virtude, de que Ele se serve quandoprecisa, porquanto a virtude permanece sempre tesouro de Deus.

    O que agrada a Jesus em minha pequenina alma ver queamo a minha pequenez e minha pobreza, a cega esperanaque tenho em sua misericrdia.

    Estas palavras resumem toda a espiritualidade de Teresi-nha. No somente ela se julga pequena, fraca e inconstante, masama esta pequenez, compraz-se nela e nela acha a sua riqueza.

    Continua Santa Teresinha: Para sermos humildes, pre-ciso que consintamos alegremente em tudo o que os outros nosmandam.

    Quando algum vos pedir um servio, considerai-vos umpequeno escravo, a quem todos possam dar ordens.

    o caminho do santo abandono nas mos de Deus. Con-siste em considerar Deus como pai carinhoso e aceitar com amortudo o que Ele nos manda.

    A santinha de Lisieux deu a esta prtica o nome de infn-

    cia espiritual.Veremos depois como esta convico e amor da prpria

    pequenez redunda no que So Lus Maria Grignion de MontfortchamaSantaEscravido.

    III. O mtodo de Santa MargaridaIII. O mtodo de Santa MargaridaIII. O mtodo de Santa MargaridaIII. O mtodo de Santa MargaridaIII. O mtodo de Santa Margarida

    Santa Margarida, cujas revelaes foram o mais belo e com-pleto cdigo da santidade, trilhara o mesmo caminho e ensina-ra a mesma prtica de Santa Teresinha. Deu-lhe apenas umnome diferente, por t-la considerado sob outro prisma.

    Santa Teresinha concentra-se na unio com Jesus sob onome de dependncia filial, e termina na prtica da Santa Es-cravido.

    A vidente de Paray-le-Monial exalta a mesma uniosob aforma de unio amorosa; e termina, como Santa Teresinha, na

    Santa Escravido.Na primeira e solene apario do Corao de Jesus 1674

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    o divino Salvador disse Santa: At ento tomaste o nomede escrava; de agora em diante te dou o nome de discpula que-rida de meu corao.

    Mais tarde Jesus lhe disse 1688 : Enfim s inteiramente

    minha, vives para mim, vives para fazer tudo o que eu desejar,filha minha, como minha esposa, minha escrava, minha vtima,dependente em tudo do meu corao.

    E por isso que, em suas cartas, na narrao de sua vida eem vrias de suas consagraes, a santa se declara escrava doCorao de Jesus. Deseja ela com este ttulo, exprimir a suasubmisso total ao Corao de Nosso Senhor e aos deveres im-postos por esta devoo.

    Escreve alhures: Quero fazer consistir toda a minha gl-ria em viver e morrer na qualidade devossa escrava.

    No retiro de 1672, inspirada pelo Sagrado Corao, escre-veu em suas resolues o seguinte:

    Eu, nfima e miservel criatura, protesto, diante de Deus,submeter-me e sacrificar-me em tudo o que Ele pedir de mim,imolando o meu corao no cumprimento de sua vontade, semreserva de outro interesse que sua maior glria e seu puro amor,ao qual consagro e entrego todo o meu ser e todos os meusmovimentos. Perteno para sempre ao meu bem-amado, comosua escrava, sua serva e sua criatura.

    V-se, claramente, atravs destes sentimentos e expressesda santa, que o ttulo deescravono uma novidade na vidaespiritual; , sim, para ela a expresso adequada de sua com-pleta entrega a Jesus Cristo.

    Margarida Maria, que muito bem soube interpretar os dese-jos do Corao de Jesus, no ignorava, por certo, as suaves intimi-dades da infncia espiritual. Mas compreendia tambm que entreos dois termos escravidoe confiana no havia nenhuma incom-patibilidade, e, mais perfeita harmonia de doutrina e de prtica.

    IVIVIVIVIV. A Santa Escravido. A Santa Escravido. A Santa Escravido. A Santa Escravido. A Santa Escravido

    Ensina-nos So Lus Maria Grignion de Montfort as virtu-des, obras a praticar e as disposies de que devemos nos re-

    vestir, para alcanar esta Santa Escravido ou dependncia com-pleta de Jesus por Maria ou de Maria por Jesus.

    Por ora no vamos insistir sobre estes pontos, pois sero

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    longamente desenvolvidos no correr do livro. Mostremos ape-nas a unio de esprito entre Jesus e Maria; sem isto no pode-remos compreender os termos que Montfort emprega.

    So Francisco de Sales diz a respeito:

    A Virgem Santssima tinha uma s vida com seu divinoFilho. Jesus e Maria eram, de certo, duas pessoas, mas tinhamum s corao, uma s alma, um mesmo esprito, uma vidaidntica.

    Se o Apstolo pde dizer que a sua vida era a vida de Cris-to, com mais razo podia dizer a Santssima Virgem que a suavida era a vida de Jesus.

    Ora, sendo assim to unidos Jesus e Maria, a ponto de te-rem uma s vida, podemos, logo, chamar-nos, indiferentemen-

    te: escravos de Maria ou escravos de Jesus.Montfort insiste muito sobre este ponto. Repete, a cada pas-so, que h a mais ntima unio entre Jesus e Maria. To intima-mente so unidos, que um se acha inteiramente no outro.

    Jesus est inteiramente em Maria. Maria Santssima estinteiramente em Jesus.

    Ou, antes, ela no mais ela, mas Jesus tudo nela; a talponto que diz ser mais fcil separar a luz do sol do que separarMaria de Jesus.

    Maria Santssima torna-se, deste modo, um caminho fcilpara irmos a Jesus. E isto porque um caminho preparado peloprprio Deus; caminho pelo qual Jesus Cristo veio ate ns e ondeno h estorvo ou obstculo.

    Da resulta, continua Montfort que a devoo que maisintimamente nos une a Maria pode ser considerada como o ca-minho fcil, curto, perfeito, para conduzir unio divina, na qualconsiste a perfeio crist... Alm disso, este caminho muitofcil por causa da plenitude da graa e da uno do Esprito

    Santo de que est repleto.Neste caminho completa o Santo no h nem lodo nem

    poeira, nem a menor mancha de pecado, pois a Virgem Imacu-lada a mais perfeita e a mais santa das criaturas, de modo queJesus Cristo chegou perfeitamente at ns, sem tomar outrocaminho em sua grande e admirvel viagem do cu terra.

    Maria um caminho seguro, porque seu ofcio prprio conduzir-nos a Jesus Cristo; como o ofcio prprio de JesusCristo conduzir-nos ao Pai Eterno.

    No h, pois, e nunca haver, criatura que nos ajude mais

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    eficazmente do que Maria, para chegarmos unio com Deus; eisto tanto pelas graas que nos comunica para esse fim, quanto

    pelo afastamento de toda iluso e de todo erro de que ela nos pre-serva.

    VVVVV. Comparao entre os mtodos. Comparao entre os mtodos. Comparao entre os mtodos. Comparao entre os mtodos. Comparao entre os mtodos

    As idias de Santa Teresinha e de Santa Margarida Mariaconcretizam-se admiravelmente na Santa Escravido, ensina-da por Montfort.

    J dissemos, precedentemente, que estes santos tm a mes-ma concepo da vida de intimidade com Jesus e Maria.

    A unio amorosa e a dependncia ou infncia espiritual reu-nem-se e formam o abandono total ou Santa Escravido.Estenovo modo de dizer significa algo de mais humilde ainda que aexpresso de Santa Teresinha e Santa Margarida Maria.

    H, de fato, duas criaturas neste mundo que vivem sob opoder de outrem: a criana e o escravo.

    A criana nada pode. Tudo recebe dos pais. a impotnciaradical.

    O escravo no se pertence. um bem do senhor que opossui.Santa Teresinha queria ser pequenina, como uma crianci-

    nha, para atrair o olhar de Jesus.Santa Margarida queria ser pequenina, para poder perder-

    se no Corao amoroso de Jesus.Montfort queria ser pequeno, como um escravo, para ser

    propriedade de Jesus.Todos trs querem pertencer a Jesus, unir-se a Ele, viver

    dEle e nEle; e, para se elevarem, ou, melhor, serem elevados aestas alturas, procuram abaixar-se, humilhar-se, ser um nada,um pequeno escravo de amor!

    Na base, esto de acordo os trs. Somente escolheu cadaum, para exprimir a mesma verdade, o termo prprio, que com-bina melhor com seu esprito e com a graa particular recebidade Deus.

    Santa Teresinha a meiguiceda criana, Santa MargaridaMaria a chama da esttica. So Lus Maria de Montfort ozelodo conquistador.

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    O primeiro caminho a infncia espiritualde Santa Te-resinha.

    O segundo, aimolaoamorosa de Santa Margarida.O terceiro, o zelo apostlicode Montfort.

    So trs chamas, proveniente de um nico amor o amorde Jesus considerado como Pai, como Rei, como Senhor.Aqui a espiritualidade de Montfort toma a sua feio parti-

    cular, o seu cunho prprio, a sua base mariana.Santa Teresinha apstola da bondade de Jesus; Santa Mar-

    garida apstola do Sagrado Corao de Jesus; Montfort aps-tolo de Maria Santssima.

    Do lado doutrinal, os trs ensinam a mesma doutrina dahumildade.

    Do lado devocional, eles se dividem: Santa Teresinha pre-coniza o seu caminho da santa infncia e a devoo ao Menino

    Jesus, ao passo que Santa Margarida penetra no Corao deJesus, e dedica-se a esta devoo consoladora; Montfort nosrevela o seu segredo da Verdadeira Devoo, e concentra-se so-bre a devoo a Maria Santssima como Rainha dos coraes.

    Para Montfort a virtude bsica tambm a humildade, ex-pressa pelo termo escravo. A devoo Virgem Santa, comoSoberana dos coraes. E o fim de tudo Jesus Cristo; dondeas expresses empregadas indiferentemente pelo Santo: escra-

    vido de Jesus em Maria e escravido de Maria em Jesus.

    VI. O Segredo de MariaVI. O Segredo de MariaVI. O Segredo de MariaVI. O Segredo de MariaVI. O Segredo de Maria

    Montfort apresenta a Santa Escravido como um segredo.Esta palavra excita curiosidade. E no h leitor do livro da

    Verdadeira Devoo que no o procure logo descobrir.O segredo, porm, no consiste na teoria, e simna prtica

    desta devoo.A prtica consiste em entregar-se inteiramente, na qualida-

    de de escravoa Maria e, por Ela, a Jesus, e em procurar fazertodas a aes com Maria, em Maria, por Maria e, para Maria,no intuito de faze-las mais perfeitamente com Jesus, em Jesus,por Jesus e para Jesus.

    Comps o santo uma frmula de Consagrao. a parteexterior.

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    A parte interior no mais que a aplicao constante a vi-ver como um escravo, dependente em tudo da vontade de Ma-ria Santssima.

    O segredo est, pois, nesta nossa dependncia amorosa, fi-

    lial e humilde da Virgem Santssima. uma espcie depresena de Maria, semelhante presen-a de Deus.

    Tal presena no esforo de imaginao ou de vonta-de, mas, sim, uma certa ateno de esprito em procurar oca-sies de fazer algum sacrifcio por amor da Santssima Vir-gem. , por outra, vivermos espreitando as ocasies favor-

    veis de praticar a virtude.Tal disposio nos conserva num estado de dependncia

    total, num abandono completo vontade de Maria. E, destarte,tudo aceitamos dEla, para Ela nos volvemos constantementepara vermos sua mo em tudo, e procurando em tudo, confor-mar-nos a seu alvitre.

    aqui que est o segredo.Consagrar-se Virgem Santa como escravo um ato pas-

    sageiro que qualquer um pode fazer. E, de fato, muitos o fazem,sem depois aplicar-se a viver esta Consagrao.

    Viver esta Consagrao este o segredo. E a medida que

    tal vida se desenvolver em ns, o segredo descobrir-se- mais emais, at que o possuamos completamente.Deste modo, a Santa Escravido de Montfort no simples-

    mente uma devoo; mais que isso: um mtodo eficaz de san-tificao.

    A devoo por muitos conhecida e praticada. O mtodode santificao porm o muito pouco. Entretanto, os dois de-

    vem dar-se as mos, devem ser ambos praticados para produ-zir o que devem a santidade, como teremos ocasio de averi-

    guar mais adiante.

    VII. A Devoo mais PVII. A Devoo mais PVII. A Devoo mais PVII. A Devoo mais PVII. A Devoo mais Perfeitaerfeitaerfeitaerfeitaerfeita

    Qual a devoo mais perfeita, ou o mtodo mais prticodos trs acima citados?

    A resposta difcil, porque a superioridade de um mtodo,

    duma devoo, no somenteobjetiva, mas, tambm subjeti-

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    va, isto , no depende s do valor intrnseco da devoo, mastambm da disposio pessoal de quem pretende adot-la.

    Pode-se pr um princpio, nesta maioria; o seguinte: queuma devoo tambm mais perfeita, quanto mais intimamen-

    te nos une a Jesus Cristo.Ter uma confiana ilimitada em Nossa Senhora, dar-se a ela,numa expanso de amor ardente, como Santa Teresinha, su-blime, divinamente belo...

    Penetrar no Corao de Jesus, e ali consumir-se nas cha-mas de seu imenso amor, como Santa Margarida Maria, do-cemente exttico...

    Mas, entregar-se nas mos de Jesus e Maria, como escra-vo, no simplesmente para amar e ser amado, mas para traba-

    lhar, lutar e sofrer para Aquele e Aquela que amamos, comoensina Montfort, eis o que simplesmente herico! imitar odivino Salvador, quepor amor de ns se entregou a si mesmocomo oblao.

    Para bem acentuar esta dependncia total, que constitui oesprito de sua devoo, So Lus Grignion de Montfort faz dis-tino entre escravoeservo.

    Um servo ou criado d apenas uma parte de seu tempo ede seu trabalho, recebendo em retribuio um salrio combi-

    nado, que lhe devido em justia. O escravo, porm, vive e tra-balha para o senhor sem ter direito a remunerao alguma. Suadependncia absoluta, para sempre, sem direitos nem conces-ses, a no ser no que espontaneamente lhe permitido peloamo.

    a imitao de Jesus Cristo, de quem So Paulo disse: Ani-quilou-se a si mesmo, tomando a forma de um escravo.

    Sob este ponto de vista, podemos pois dizer, que a santaes-ravidoencerra tudo o que as outras devoes tm de mais ele-

    vado. E, como impossvel algum rebaixar-se mais do que setornando escravo, tambm impossvel que se eleve mais altona generosidade para com Deus, consoante a palavra do divinoMestre: Aquele que se humilhar ser exaltadoLc4, 11.

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    CAPTULO IICAPTULO IICAPTULO IICAPTULO IICAPTULO II

    O CULO CULO CULO CULO CULTO DE MARIATO DE MARIATO DE MARIATO DE MARIATO DE MARIA

    Devemos honrar Maria Santssima: ningum pode duvidardisto. Nossos irmos separados da verdade catlica, os protes-tantes, tm sido bastante ilgicos recusando Me de Deus a

    honra e o louvor que sua dignidade e suas virtudes exigem.O culto de Maria est baseado em razes to transcenden-

    tes, que quem sabe e procura refletir prostra-se necessariamenteaos ps desta sublime criatura, para redizer, ou, melhor, pararealizar a grande profecia que o Esprito Santo ps nos lbiosdEla um dia: Beatam me dicent omnes generationes To-das as geraes me proclamaro Bem-aventurada!.

    I. Dignidade de MariaI. Dignidade de MariaI. Dignidade de MariaI. Dignidade de MariaI. Dignidade de Maria

    Devemos honrar Maria Santssima. Somos-lhe devedoresde um culto, que, embora infinitamente inferior ao que presta-mos a Deus, completamente superior ao que devido a umasimples criatura.

    Maria uma criatura exaltada, glorificada, Bem-Aventu-rada mais que todas as outras, elevada a uma dignidadequa-

    se infinita.A maternidade divina, de fato, pertence a uma ordem par-te, chamada Ordem Hiposttica, e tem com esta ordem uma re-lao necessria, diz o grande telogo Suarez.

    Santo Toms chega a dizer: A dignidade de Me de Deus uma dignidade infinita Beata Virgo, ex hoc quod est MaterDei, habet quamdam dignitatem infinitam, ex bono infinito quodest Deus.Summ. I part. XXV. Art. VI.

    Pois a esta dignidade, nica em sua espcie, corresponde

    um culto, nico tambm: o culto de hiperdulia que a Igreja s

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    presta Virgem Santssima.Mas no basta honrar Maria... como tambm no basta so-

    mente honrar a Deus.Contentar-se em prestar a Deus somente um culto de lou-

    vor seria cair no erro protestante, que coloca a salvao apenasna f e ensina que basta crer em Deus e louv-lo, para ser per-feito cristo.

    O bom senso j fez justia a essas asseres luteranas.Crer o alicerce; o edifcio so as obras. Querendo construir um edi-fcio, quem se contenta s com os alicerces?

    A f uma semente lanada em nossa alma.Mas toda semente destinada a germinar, a crescer e pro-

    duzir flores e frutos. Do mesmo modo, a f deve crescer e pro-

    duzir frutos, que so as obras da justia. No somente a fque salva, mas as obras produzidas pela f.Este raciocnio se aplica tanto ao culto devido a Jesus Cris-

    to quanto ao culto devido Maria Santssima.Devemos um culto Me de Deus. a semente. E esta se-

    mente deve produzir flores e frutos. Isto , este culto deve ma-nifestar-se por obras.

    Continuando a comparao, digo que a flor que vamospresentemente estudar, reservando para um outro estudo o fru-to bendito.

    Qual esta flor, e qual este fruto?AFlordo culto de Maria o Dom de si mesmo a esta boa

    Me.O Fruto a Imitaode suas virtudes.

    A prova de fcil compreenso para todos, e serve de basea toda a Mariologia.

    II. Lei CircularII. Lei CircularII. Lei CircularII. Lei CircularII. Lei Circular

    Existe na religio catlica uma lei fundamental, chamadapelos telogos: lei circular. ela que preside a tudo e tudo ex-plica. Esta lei o dom de si.

    Como dizem os telogos, uma leicircular: Deus se d aohomem; o homem deve dar-se a Deus.

    Tudo procede de Deus; tudo deve voltar para Ele.

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    Deus se deu a ns, para nos mostrar como devemos dar-nos a Ele.

    E como foi que Ele se deu a ns?Por Maria.

    Como devemos dar-nos a Ele?Por Maria.Em Maria est, pois, a mais bela aplicao desta lei

    circular.Por meio dEla, o dom vem do alto do cu terra; e, ain-

    da por meio dEla, volta da terra para o cu. o papel mediador de Maria entre Deus e os homens.Por criao e por natureza, somos de Deus e para Deus. E

    Deus quer que, por nossa espontnea vontade, renovemos estedom de ns mesmos, na forma por ele prescrita.Ora, Ele se deu a ns Por Maria.Logo, Ele quer que, nos demos a Ele tambm Por Maria.Deste modo, o dom de si verdadeiramente uma flor, que

    desabrocha sobre a haste do culto da Me de Deus.A flor desabrocha antes do fruto. No , pois, o fruto. Mas,

    sem ela, no haveria fruto; seria a esterilidade.

    Para darmos ao culto de Maria toda a fora e toda a expan-so, para recolhermos desta bela haste o desejado fruto da vir-tude e da santidade, preciso que faamos desabrochar a flor.

    Em outros termos:Para dignamente honrarmos Virgem Santa, como Deus

    quer que Ela seja honrada, mister que nos demos a Ela, e, porEla, a Jesus Cristo, seu filho. Sem isto, sem este dom espont-neo e voluntrio, a graa divina no circular em nossas almas;mais abundante e mais ativa, para nos facilitar a reproduo dos

    exemplos do Salvador, de quem a Virgem Imaculada a cpiasuave e sem mancha. o que queremos estudar nestas pgi-nas.

    * * ** * ** * ** * ** * *

    Firmados nos princpios mais slidos da teologia e nos en-sinamentos dos santos, faremos todo o possvel para ficar sem-pre ao alcance de todas as inteligncias.

    Entretanto, cumpre not-lo, para serem bem compreendi-

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    das e bem apreciadas, estas pginas exigem uma leitura repeti-da. No basta l-las de um s folego; preciso rel-las, medit-las, assimil-las.

    Para as almas piedosas, que buscam aperfeio, elas ho

    de ser um feixe luminoso, ho de descortinar-lhes aos olhos umhorizonte talvez desconhecido, e, ao corao, um verdadeiro se-gredo, o segredo do amor Santssima Virgem.

    Mas torno a repetir: Estas pginas se dirigem s almas s-rias, piedosas, ou, ao menos, desejosas de o serem. s que sofrvolas, elas ocultaro o segredo... Porque em almas que socomo a terra das estradas, no pode germinar uma sementedivina, disse Nosso Senhor Mt 13, 18.

    Felizes os coraes que tudo compreenderem!...

    E mil vezes mais felizes os que a praticarem com fervor!...Os anjos ho de inclinar-se, radiantes e alegres, reconhe-cendo nestes coraes justos a imagem e o sorriso de sua Rai-nha celestial.

    III. Diviso geralIII. Diviso geralIII. Diviso geralIII. Diviso geralIII. Diviso geral

    nosso dever honrar a Santssima Virgem. E quo suave

    este dever! J tratamos deste assunto em outro trabalho. Expu-semos ali oprimeiromodode amarmos a Me de Deus. Mas oamor no pode parar a; ele tem asas...

    Quem ama no se contenta com honrar, mas suspira pelaposse do ser amado.

    E quando este ser no um objeto inerte e sim uma pes-soa, a aspirao natural do amor dar-se a ela, ser possudopor ela.

    o segundo modo de amara Virgem Santa.

    Dar-se a ela, pertencer a ela, ser dEla propriedade, da ma-neira mais ntima e irrevogvel eis a aspirao de toda almaapaixonadamente crist.

    Mas como realizar isto?Como identificar-nos com ela, como perder-nos em Maria?Pergunta deliciosa!

    Vamos dar-lhe a resposta neste estudo.Procuraremos, por isso, entre as devoes, a que mais nos

    une a Maria Santssima; e depois de encontr-la estudaremos,

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    at nos pormenores, os seus motivos e a sua prtica.Ser assunto de todo este livrinho.Dividimo-lo em quatro partes:

    I .I .I .I .I . O DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIA,,,,,

    ou osdiversos modosde pertencermos Virgem Santa.

    II.II.II.II.II. O DOM MAIS COMPLETO DE NS MESMOS,O DOM MAIS COMPLETO DE NS MESMOS,O DOM MAIS COMPLETO DE NS MESMOS,O DOM MAIS COMPLETO DE NS MESMOS,O DOM MAIS COMPLETO DE NS MESMOS,ou a Santa Escravidoensinada por So Lus Maria Grig-nion de Montfort.

    III.III.III.III.III. A PRTICA DERIVA PRTICA DERIVA PRTICA DERIVA PRTICA DERIVA PRTICA DERIVANTE DESTE DOM,ANTE DESTE DOM,ANTE DESTE DOM,ANTE DESTE DOM,ANTE DESTE DOM,ou a maneira de viver a Santa Escravido, de percorrer seus

    vrios graus, at a unio mais ntima com a Santssima Vir-gem.

    IVIVIVIVIV..... AS RELAES DAS RELAES DAS RELAES DAS RELAES DAS RELAES DA SANTA SANTA SANTA SANTA SANTA ESCRAA ESCRAA ESCRAA ESCRAA ESCRAVIDOVIDOVIDOVIDOVIDOcom a doutrina da Santa Igreja.

    Aconselhamos a leitura de O Segredo de Maria, de SoLus Maria Grignion de Montfort, que servir a um tempo de

    obra de consulta e base ao sistema de espiritualidade propostapelo mesmo santo.

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    PRIMEIRAPRIMEIRAPRIMEIRAPRIMEIRAPRIMEIRAPPPPPARTEARTEARTEARTEARTE

    O DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIAO DOM DE NS MESMOS A MARIA

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    CAPTULO IIICAPTULO IIICAPTULO IIICAPTULO IIICAPTULO III

    A META META META META META E O CAMINHOA E O CAMINHOA E O CAMINHOA E O CAMINHOA E O CAMINHO

    Antes de entrarmos nos pormenores da doutrina que que-remos desenvolver aqui, mister considerar e determinar teo-logicamente ameta finale o caminhoque nos deve conduzirat l. Evitaremos assim, toda hesitao em questes delica-

    dssimas de to profundo alcance na vida espiritual.Precisemos, pois, rigorosamente,o papel da Virgem Imacu-lada em relao a Jesus Cristo e a nossa alma.

    Este ponto de vista, substancialmente contido no axioma,hoje clssico: Ad Iesum per Mariam A Jesus por Maria a base fundamental da espiritualidade mariana.

    I. PI. PI. PI. PI. Presena de Jesus em nsresena de Jesus em nsresena de Jesus em nsresena de Jesus em nsresena de Jesus em ns por no terem compreendido esta meta e esta via, que cer-

    tos autores, embora louvem e exaltem a Virgem Santssima, nolhe do, entretanto, o lugar que merece e deve ocupar confor-me os desgnios divinos. Receando exagerar, diminuem-lhe o

    valor. E deste modo, mostram-nos Maria diminuda, muito abai-xo do ideal de nossos coraes e da realidade. Oxal possamosevitar este escolho e mostrar Maria tal qual , em todo o esplen-

    dor de seu poder e condescendente misericrdia!Nosso Senhor disse de si mesmo, que Ele para todos: ocaminho, a verdade e a vida .

    So Paulo, na sua linguagem enrgica, nos diz que a suavida sobrenatural Cristo: Mihi vivere Christus est.

    Jesus Cristo deve viver e crescer em ns.Cresamos, diz ainda o grande Apstolo cresamos em

    Cristo, de toda maneira, por toda espcie de boas obras, santi-ficando-nos em todas as coisas.

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    Jesus Cristo vive em ns, porque oprincpioea causa efi-cientede nossa vida sobrenatural, da mesma forma que oexemplarde nosso estado de graa.

    Quem examina a fotografia de algum, diz: ele mesmo!

    De igual modo e com mais razo se pode dizer da alma em es-tado de graa: Cristo mesmo!.Jesus reside em ns pela f e pela caridade, segundo sua

    prpria palavra: Se algum me ama... meu Pai o amar, e vire-mos a ele, e faremos nEle nossa moradaJo 14, 23.

    Mas como entender esta presena de Jesus Cristo em ns?No pode ser pela substncia de sua humanidade. Esta sa-

    grada humanidade s est substancialmente em ns na Comu-nho Eucarstica. Resta apenas um outro meio de sua presen-

    a:pela divindade.E como est Ele em ns pela divindade?Mediante a graa, que uma participao natureza di-

    vina.Pela graa diz So Pedro participamos da natureza di-

    vina Divinae consortes naturae....Escutemos a este respeito o grande Santo Toms I. q.

    XLIII, a. 3.Acima do modo comum, pelo qual Deus habita em toda

    criatura, h um modo especial, por que Ele exclusivamente ha-bita na criatura racional, e como o conhecido est naquele queo conhece, e o amado no amanteSicut cognitum in cognos-cente et amatum in amante.

    Mas, como a criatura que conhece e ama trata-se do co-nhecimento pela f, e o do amor pela caridade alcana Deusmesmo por sua operao, resulta disso que Deus, por este modode presena, no s est presente na criatura, mas nela habita,como em um templo.

    II. PII. PII. PII. PII. Participao da natureza divinaarticipao da natureza divinaarticipao da natureza divinaarticipao da natureza divinaarticipao da natureza divina

    Notemos ainda que a graa no muda a nossa natureza nade Deus. A natureza divina incomunicvel.

    Ficamos totalmente homens. S Deus nos pode dar umaperfeio modelada sobre sua natureza um grande telogo,Franzelin, caracteriza a nossa participao na natureza divina

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    por duas palavras: formaliter et analogice. uma forma demaneira de ser divina. Mas, em Deus, ela a essncia; em ns,acidente. Isto nos permitir operar como Deus, enquanto a cri-atura for capaz de assim agir.

    Qual a operao prpria de Deus? a de conhecer-se e amar-se com um amor corresponden-te a este conhecimento.

    Logo, quando, pela graa, Deus nos faz conhec-lo e am-lo aqui na terra na ordem da f, e no cu, na ordem da glria,participamos, verdadeiramente da natureza divina. Temos emns avidade Deus. Pois, como disse Nosso Senhor, a vidaeterna consiste em conhecer-te, a ti s, Deus verdadeiro, e que-le que enviaste, Jesus Cristo Jo 17, 23.

    Pela f e pela caridade alcanamosa prpria essncia deDeus!No diz So Joo que a essncia de Deus caridade? Deus Caritas est.

    Sem dvida, a f no faz conhecer a Deus seno imperfei-tamente. Ela no-lo mostra, diz So Paulo, como num espelho.Mas, um dia, na glria, a nossa inteligncia poder v-lo face aface.

    E quanto caridade, que sempre acompanha a graa, ela, nesta vida, da mesma natureza que na ptria celeste. um

    amor de amizade, pelo qual Deus e a alma se do mutuamente.PossessioDeifruendum, diz a teologia.Possumos a Deus para dEle gozarmos. Ora, como no se

    pode gozar plenamente seno daquilo que est substancialmen-te presente, preciso concluir que a divindade habita em ns,substancialmente pela caridade.

    Eis o que est slida e irrefutavelmente estabelecido. ofundamento da teologia asctica e mstica.

    Nossa vida Cristo. O aumentoda nossa vida (pois tudo que

    vive deve crescer) ainda Cristocrescendo em ns. Aglria sertambm Cristocoroando-se a si mesmo em ns.Que inefvel bondade de Deus!... Que glorioso destino para

    ns!...A vida de nosso corpo a alma; a vida de nossa alma Cris-

    to. Nossa vida , portanto, verdadeiramente, Cristo.Qual a unio que existe entre ns e a nossa vida, entre nos-

    sa alma e nosso corpo? Tal deve ser tambm a unio existenteentre Jesus e nossa alma.

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    III. Nossa deificaoIII. Nossa deificaoIII. Nossa deificaoIII. Nossa deificaoIII. Nossa deificao

    Assim sendo Jesus Cristo o fim e a via de nossa deifica-o. So Dionsio, o Areopagita, diz de fato: A deificao da cri-

    atura consiste, quanto possvel, na semelhana e na unio comDeus Deificatio est Deo; quantum fieri potest, assimilatio etunio. Hierarch. Ecc. 1,3.

    Quanto mais ntima for nossa unio com Jesus Cristo, tan-to maior ser tambm nossa graa e nossa semelhana com Ele,pois, unio e semelhana com Deus, o resultado da sua pre-sena sobrenatural em ns.

    E tanto nos adiantamos em santidade quanto crescemos emJesus Cristo, ou, melhor, quanto Ele cresce em ns.

    Todos os dons afirma Santo Toms nos advm da unioa Jesus Cristo, da participao sua graa. esta verdade, to consoladora e to slida, que constitui

    a base da nossa dependncia de Maria Santssima.

    IVIVIVIVIV. Jesus e Maria. Jesus e Maria. Jesus e Maria. Jesus e Maria. Jesus e Maria

    At agora s tratamos de Jesus Cristo, de sua vida em ns,

    e de nossa unio com Ele que nosso termoe nosso caminho.Mas de Jesus a Maria a transio fcil e suave. Se entender-mos bem como cresce em ns a graa, ser-nos- fcil deduzir opapel da Santssima Virgem neste divino crescimento; JesusCristo nunca se separa de Maria.

    O fim de nossa devoo vivermos numa completa de-pendncia de Jesus Cristo. Mas para estabelecer esta com-pleta dependncia o meio escolhido pelo prprio Deus MariaSantssima.

    Terminemos com esta verdade profunda e bsica: JesusCristo viveem ns; deve ver coroada em ns sua obra; e pararealizar este mistrio de amor fez-nosparticipantes da nature-za divina, para que fssemos capazes de produzir obras dignasde Deus.

    * * ** * ** * ** * ** * *

    Pedimos aos leitores pouco afeitos a leituras teolgicas nose esmoream diante da aparente aridez deste comeo.

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    necessrio pr um fundamento slido, inabalvel.Depois, preciso mostrar aos homens de estudo e de leitu-

    ras srias, que a devoo Me de Deus se baseia nos dogmasmais sagrados de nossa santa religio, e no , como alguns pen-

    sam, efeito de sentimento, ou de piedoso entusiasmo.Ponderemos este captulo e o que dele deriva e, pouco a pou-co, das aparentes trevas surgir a luz precursora dum incndiode amor, que abrasar nossos coraes em face desta obra-pri-ma das mos do Todo-Poderoso Maria.

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    CAPTULO IVCAPTULO IVCAPTULO IVCAPTULO IVCAPTULO IV

    O MEIO DE UNIO A JESUSO MEIO DE UNIO A JESUSO MEIO DE UNIO A JESUSO MEIO DE UNIO A JESUSO MEIO DE UNIO A JESUS

    Depois de mostrar a meta e o caminho que conduz at l, preciso indicar o meio.

    Indiquemo-lo desde j. Este meio Maria Santssima.O papel de Maria gerar Jesus Cristo em ns. Provemos

    esta verdade, estudando como se faz tal gestao.Esta funo encerra toda a economia de sua intercesso e

    da sua mediao, e resume as questes mais profundas de nos-sa santa religio.

    Embora seja um ponto um tanto filosfico, no devemos,entretanto, preteri-lo.

    Para mostrar que tudo devemos a Maria, e que tudo nos vempor meio dEla, podemos apoiar-nos sobre este axioma: Causacausae est causa causati. Isto , a uma causa se deve atribuirno somente o que ela mesma opera, mas tambm tudo o queela faz operar pelos outros.

    Jesus feito Homem o Nosso Salvador. E dEle que noschega toda graa. Ele a causa imediata e eficientede nossasalvao.

    Mas foi por Maria que Ele se fez Homem. Foi como Salva-dor e Senhor que Maria O concebeu e O deu luz.

    Logo, Maria a causa mediata e moralde nossa salvao,

    j que, segundo o desgnio divino, sem Ela, estaramos priva-dos do Salvador.Do mesmo modo que Eva pela desobedincia foi causa de

    sua runa e da runa de todo o gnero humano, diz Santo Iri-neu assim Maria, pela obedincia, a causa da sua salvao eda salvao de todos os homens Santo Irineu Adversus ha-Adversus ha-Adversus ha-Adversus ha-Adversus ha-ereseseresesereseseresesereses, III. C. XXXIII.

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    I. O que graaI. O que graaI. O que graaI. O que graaI. O que graa

    Para compreendermos a mediao de Maria e a glria ine-fvel que dEla lhe advm, preciso que tenhamos uma noo

    exata do que seja graa.A graa dizem os telogos no uma substncia. No

    pode subsistir em si mesma, como a brancura de uma casa, operfume de uma flor, a beleza de um quadro, no podem sub-sistir sem esta casa, sem esta flor, ou este quadro, dos quais soqualidades.

    A brancura um acidente, ummodode ser, uma qualidadeda casa; o perfume uma qualidade da flor; a beleza, uma qua-lidade do quadro. Assim, a graa uma qualidade de nossa alma.

    a qualidade que a torna agradvel a Deus. Ou, sob outro pon-to de vista, um acidente que a dispe para operar de modo so-brenatural.

    A graa atual , de fato, qualidade sobrenatural que nos fazagir de um modo sobrenatural; ou, ainda, so atos da Providn-cia divina, dispondo as coisas com o fim de nos proporcionar agraa, e finalmente a salvao.

    Tal a graa, quer santificante tambm chamada habitu-al quer atual.

    Pois bem, todas estas graas, Deus no-las d por Maria San-tssima. a Virgem sem mancha que no-las distribui. umaverdade aceita por todos.

    A razo que a ordem estabelecida por Deus no muda.Aprouve-lhe dar-nos, por Maria Santssima, o autor da graa. preciso, por conseguinte, que todas as graas derivadas des-ta graa primeira e todas derivam dela nos venham por Ma-ria. o raciocnio de Bossuet.

    Montfort diz por sua vez: Quem quer ser membro de Je-

    sus Cristo deve ser formado em Maria, pela graa de Cristo, quenela est em plenitude, para ser comunicada aos membros ver-dadeiros do Salvador cf. Segredo de MariaSegredo de MariaSegredo de MariaSegredo de MariaSegredo de Maria.

    II. Elevao de MariaII. Elevao de MariaII. Elevao de MariaII. Elevao de MariaII. Elevao de Maria

    Maria a tesoureira das graas divinas. Mas, como acabamosde ver, no se distribuem graas como se distribuem moedas. A

    moeda existe em si mesma, independente de quem a distribui: Masa graa no subsiste em si; uma qualidade da alma.

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    Antes, pois, de d-la, mister que o doador a possua pri-meiro em sua prpria alma.

    Maria a dispensadora de todas as graas divinas. elaquem tudo distribui. Logo, dEla esta graa ou vida divina. No

    , sem dvida, uma poro de sua substncia; mas , verdadei-ramente, uma coisa que lhe pertence.Que suave este pensamento que eleva a Santssima Virgem

    a uma altura quase infinita! E no podia ser doutro modo; se,como diz Santo Toms, infinita a dignidade da Me de Deus,infinita deve ser, tambm, a sua elevao, pois uma deve ser pro-porcional outra.

    Sublime elevao!Todas as graas, quer habituais, quer atuaisantes de ador-

    nar nossas almas, adornaram a alma de Maria.A comunicao da graa , deste modo, uma espcie de con-tacto de nossa alma com a alma da Virgem Imaculada. Contac-to dulcssimo em que, nossa alma se aquece, ilumina e divini-za.

    Compreendeis agora a intimidade que existe entre Deus eMaria, entre Maria e nossa alma? Como dissemos acima, umcrculo perfeito:

    De Deus, por Jesus,

    a ns, por Maria.E, nossas relaes com Deus:Por Maria, a Jesus;Por Jesus, a Deus.Depois disso, podemos compreender melhor como a graa

    verdadeiramente umaparticipao da natureza divina; parti-cipao que se faz por intermdio de Maria.

    a essncia mesma da religio. Deus e o homem se en-

    contram. E a Virgem Me o templo em que se efetua esteencontro.Compreendemos, tambm, agora, as expresses dos san-

    tos aparentemente exageradas ao proclamarem a graa da Mede Deus superior de todos os anjos e santos; ao afirmarem queEla mais querida de Deus e ama a Deus muito mais que todasas criaturas reunidas.

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    III. PIII. PIII. PIII. PIII. Papel de Mariaapel de Mariaapel de Mariaapel de Mariaapel de Maria

    Mostremos como se opera a comunicao da graa de Ma-ria Santssima s nossas almas.

    Para compreend-lo, basta que nos lembremos do papel daSantssima Virgem no mistrio da Encarnao; suas funes nadistribuio da graa, so as mesmas que neste mistrio.

    Quando o Verbo se fez carne, foi o Esprito Santo quemformou seu corpo. Maria Santssima forneceu a matria, o san-gue imaculado, depois de ter consentido que o mistrio se rea-lizasse cf. A. Lhoumeau: La vie spirituelle lcole du MonLa vie spirituelle lcole du MonLa vie spirituelle lcole du MonLa vie spirituelle lcole du MonLa vie spirituelle lcole du Mon-----tforttforttforttforttfort, obra de profunda e slida teologia.

    Auxlio e consentimento eis em que consiste, de modo

    principal, sua cooperao. Deus produz a graa, e Maria con-corre como ministro e instrumento; ou, ainda, para nos dis-por a receb-la, ministerialiter et dispositive, segundo o di-zer dos telogos.

    Para receber a graa necessrio o concursoe a vontadede Maria Santssima.

    Disse um dia a Virgem Santssima sua pequena Serva,Maria Lataste: Pede-se uma graa, Deus consente, meu Filhoconcede-a, e eu a transmito.

    Dar-nos a graa, fazer-nos comungar a natureza divina...que isto seno formar Jesus Cristo em ns, faz-lo crescer emns?

    Tudo isto mostra, luminosamente, a funo de Maria San-tssima na obra de nossa santificao.

    Que santidade?A santidade no outra coisa seno a plena conformao

    de nossa vontade com a vontade de Deus.

    Um notvel escritor ampliou esta assero, dizendo:A santidade consiste em aderir a Deus, de maneira a tercom Ele um s e mesmo esprito; de maneira a estar penetradode sua graa, de sua vida, dependente de seus impulsos, con-formando-se a seus pensamentos, abandonando-se a seu bel-

    prazer; de modo enfim, a estar possuda por Ele, e a no ter maisuma vida prpria e independenteMgr. Gay. 105. De la SainDe la SainDe la SainDe la SainDe la Sain-----tettettettettet.

    Eis o fim. Vejamos o meio de alcan-lo.

    Este meio, nos indicado pelas mesmas palavras do virtu-

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    oso Bispo, aplicadas a Maria Santssima.A santidade , assim, aderir a Maria de maneira a ter com

    Ela um s e mesmo esprito; de maneira a estar penetrado desua graa j explicamos no comeo deste captulo, II, em

    que sentido a graa pode ser chamada SUA , de sua vida, de-pendente de seus impulsos, conformado com seus desejos, aban-donado a sua vontade; de maneira, enfim, a estar como possu-do por Ela, e a no ter mais uma vida prpria e independente.

    IVIVIVIVIV. Unio com Maria. Unio com Maria. Unio com Maria. Unio com Maria. Unio com Maria

    A doutrina precedente merece atento estudo, pois demons-tra a necessidade que temos de uma Consagraocompleta dens mesmos Virgem Santssima.

    Nossa perfeio consiste em estarmos unidos a Jesus Cris-topela graa. E a graa est em Maria. Ser pois, mais intima-mente unido a Jesus, e conseqentemente mais perfeito quemmais intimamente se unir Virgem Me. A unio a Maria e amedida de unio a Jesus Cristo, e portanto de perfeio. Quemmais semelhante for Santssima Virgem, mais se parecer com

    Jesus Cristo.

    Modelar-se sobre a Santssima Virgem modelar-se sobreJesus Cristo. Depender de Maria depender de Jesus. Viver paraEla viver para Deus, pois quem vive em Maria Jesus, Jesusque ela faz viver em ns.

    Quanto mais ntima for a nossa unio com Maria, tanto maisJesus Cristo viver em ns, e tanto mais abundante ser a nos-sa graa.

    Aps estas verdades fundamentais, bem provadas, cumpreexaminar de que modo podemos unir-nos a Maria Santssima,e que dentre estes diversos modos o maisprofcuopara nsmesmos. Ser o assunto dos captulos seguintes.

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    CAPTULO VCAPTULO VCAPTULO VCAPTULO VCAPTULO V

    SERSERSERSERSERVVVVVOS DE MARIAOS DE MARIAOS DE MARIAOS DE MARIAOS DE MARIA

    Todos ns pertencemos a Maria Santssima. Por natureza,todos os homens so necessariamente Servos de Maria. Expri-me-o So Bernardino de Sena: Quantas so as criaturas que

    servem a Deus, tantos so que devem servir a Maria. E estandoos anjos, os homens, e todas as coisas que h no cu e na terrasujeitos ao imprio de Deus, submetidos devem estar, tambm,ao domnio desta celeste Rainha.

    Pelo Batismo, que nos faz filhos de Deuse herdeiros do seureino, apertam-se os vnculos de nossa unio Virgem Sants-sima; e nos tornamos seus filhos, mediante a nossa elevao auma ordem superior.

    Comohomens, somos, ento:

    SERVOS de Maria Santssima.Como cristos, somos:SEUS FILHOS.

    I. Ttulo de dependnciaI. Ttulo de dependnciaI. Ttulo de dependnciaI. Ttulo de dependnciaI. Ttulo de dependncia

    Estes ttulos so gerais e convm a todos. Mais, no seriapossvel irmos alm... subirmos ainda mais alto pela doao dens mesmos augusta Me de Deus?

    Mostra-nos o exemplo dos santos que a estes ttulos comuns,a estes laos de afetos podemos juntar outros mais particula-res, mais ntimos, inspirados por um amor intenso.

    Servos, por natureza filhos, pelo Batismo podemos pro-clamar-nos escravosde Maria Santssima por amor.

    E no s. Impulsionados pelo ardor de torn-la conheci-

    da e amada, podemos fazer-nos seus apstolos. E, muito mais

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    ainda, almejando participar plenamente de sua vida de imola-o, poderemos ofertar-nos a ela comovtimas.

    E por que no dizer tudo? H um derradeiro ttulo, maissagrado ainda que os outros, e que parece reuni-los todos numa

    intimidade de vida e de ao; ttulo que ultrapassa todas as nos-sas humanas e nfimas concepes; o de esposo espiritualdaVirgem Imaculada.

    Este grau no convm a todas as categorias de pessoas, con-quanto todos a ele possam aspirar. Somente as almas superio-res que se sentirem apaixonadas por Maria Santssima pode-ro tom-lo sob o impulso da graa e consentimento de um com-petente diretor espiritual.

    Em resumo: acima do que j somos por natureza e em vir-tude do Batismo, podemos declarar-nos por amor:

    ESCRAVOS de Maria;APSTOLOS de Maria;VTIMAS de Maria;ESPOSOS ESPIRITUAIS de Maria.Ponderemos cada um destes modos de dependncia, assim

    como as obrigaes que cada um contm.Por fim, concentremo-nos sobre o modo que parece ser, h

    um tempo, princpio e base dos outros: a Santa Escravido. ela a Verdadeira Devoo ensinada por Santo Lus Maria Grig-nion de Montfort So Lus Maria Grignion de Montfort, nas-ceu em 1673, em Montforf-sur-mer Frana, e morreu em 1716,em Saint Laurent-sur-Svre, depois de uma vida maravilhosa,toda dedicada Virgem Santssima, com o auxlio de quem fezinumerveis converses. Pode ser colocado na galeria dos gran-des apstolos da Frana. Escreveu diversas obras. A principalintitula-se: Tratado da Verdadeira Devoo Santssima Vir-gem Maria. Obra que parecendo inspirada, serve hoje de base

    a todos os estudos referentes Me de Deus. Foi canonizado a20 de julho de 1947.

    II. Deveres de um servoII. Deveres de um servoII. Deveres de um servoII. Deveres de um servoII. Deveres de um servo

    Principiemos pelo ttulo deservo.J dissemos que todos ns somos servos da Santssima Vir-

    gem, pois, como diz So Bernardino de Sena, a soberania daMe de Deus no tem limites nem no cu nem na terra.

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    ditaesditaesditaesditaesditaes, P. 240 nossa devoo deve sersincera e crist.E para ser sincera, preciso que o corao deseje, verda-

    deiramente, honrar Maria e testemunhar-lhe confiana.Nenhuma prtica particular exigida para isso. Entretan-

    to, a que se adotar seja significativa e exprima uma verdadeiraconfiana nesta boa Me.Nossa devoo deve ser crist, isto , em ordem nossa san-

    tificao.

    III. O estado de graaIII. O estado de graaIII. O estado de graaIII. O estado de graaIII. O estado de graa

    O estado de graa indispensvel. Ora, o pecador pode re-cobrar, por Maria, a graa e amizade de Deus e chegar ao ter-mo da predestinao Bordaloue: Sermo sobre a devoo aSermo sobre a devoo aSermo sobre a devoo aSermo sobre a devoo aSermo sobre a devoo aMaria SantssimaMaria SantssimaMaria SantssimaMaria SantssimaMaria Santssima, 2. parte.

    Mas preciso ao menos um certo desejo de recuperar a gra-a de Deus, uma vontade de proceder melhor. E a isso quedevem tender as prticas de devoo a Santa Me de Deus.

    No basta a inteno de agradar Santssima Virgem. Deve-se pr como princpio de boa vontade, a fuga do pecado e a vol-

    ta completa para Deus. S deste modo poder-se- obter, porintermdio da Me celestial, a misericrdia divina.Portanto, absolutamente necessrio banir da alma a te-

    meridade estulta de procurar, numa prtica de devoo, um meiode continuar a pecar impunemente. Maria quer levar-nos a Je-sus Cristo; impossvel, pois, que Ela satisfaa intento to cri-minoso como seria honrar a Me para mais facilmente ofendero Filho!

    Esta condio essencial. No se pode duvidar, entretan-

    to, que a devoo produzir tanto mais segura e magnifica-mente seus efeitos em ns, quanto maior e mais sincera fornossa dedicao.

    Ser servo de Maria , pois, uma garantia de salvao. Noentanto, esta dependncia no muda nenhuma das condiesde salvao, estabelecidas por Deus. Seremos salvos pela gra-a de Deus. E alcanamos esta graa mediante os merecimen-tos de Jesus Cristo e nossa cooperao.

    Mas esperamos um auxlio de Maria Santssima, uma ora-

    o sua que faa descer sobre ns favores mais abundantes dagraa, e assim teremos a certeza de morrer bem. , pois, em

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    razo de nos assegurar tal auxlio, que a devoo Me de Deus sinal e penhor de eterna salvao.

    IVIVIVIVIV. A salvao por Maria. A salvao por Maria. A salvao por Maria. A salvao por Maria. A salvao por Maria

    Mas, se assim , dir algum, porque celebrar esta segu-rana de salvao como sendo um apangio da devoo Mede Deus?Ora, ser reprovado aquele que verdadeiramente de-dicado a Deus? Evidentemente, no!

    Como poderamos duvidar do poder e da bondade do Sal-vador de nossas almas, dAquele que criou Maria Santssima eque sempre, com tamanha ternura, acolheu os pecadores dese-

    josos de converso?Acharemos resposta dificuldade, se ponderarmos que,

    para alcanar um fim, no basta possuir os meios: precisosaber empreg-los.

    Jesus Cristo Juiz e Salvador.Ora, como ser possvel, em face disto, que o pecador te-

    nha por Ele uma devoo inspirada pela confiana?Aps o pecado, o grito natural da alma o grito de So Pe-

    dro: Senhor, afasta-te de mim que sou um pecador.Este obstculo confiana desaparece somente quando po-demos apresentar-nos a Jesus Cristo apoiados nesta Rainha pu-rssima, toda misericordiosa.

    Eis o socorropor que Mariacompletaacidentalmente o de-sgnio divino da redeno. Eis como, sem nada subtrair glriado Filho primognito, Ela salva a todos os outros filhos que Deuslhe deu.

    Pobres pecadores! A justia do Filho pode espantar-vos e

    ameaar-vos! Mas, que a misericrdia da Me vos atraia!Quando uma criana incorre na indignao do pai, e este a

    ameaa, ela se lana nos braos da me, no para afrontar opai, mas para receber o perdo por meio dela que, com certeza,h de sentir-se comovida ante este ato de confiana.

    Assim deve ser conosco.Digamos, ento, muitas vezes, a esta boa Me que no ces-

    se de implorar por ns diante de seu Jesus, de seu Filho, deNosso Senhor. Assidue pro nobis precare Iesum, Filium tuum

    et Dominum nostrum. Dizia So Joo Crisstomo. E teremos

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    certa a nossa salvao. o que diz Santo Agostinho: Aquelepor quem a Me de Deus reza ainda que s uma vez, salvar-se- irrevogavelmenteCf.. muitos textos dos Santos Padres so-bre o assunto em nossa obra: PPPPPorque amo Mariaorque amo Mariaorque amo Mariaorque amo Mariaorque amo Maria, cap. XIV.

    Feliz aquele que se mostraverdadeiro servo de Maria!Pode ter fraquezas e at cair, mas contanto que desejesairdeste seu estado e que invoquea Maria, alcanar a fora de

    viver como bom cristo e de no ser indigno da proteo da Ra-inha do cu.

    Postas estas condies, ele poder pretender, com sua de-dicao Santssima Virgem, uma garantia de perdo e desalvao.

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    CAPTULO VICAPTULO VICAPTULO VICAPTULO VICAPTULO VI

    OS FILHOS DE MARIAOS FILHOS DE MARIAOS FILHOS DE MARIAOS FILHOS DE MARIAOS FILHOS DE MARIA

    Aps o ttulo de servo de Maria, comum a todas as criatu-ras, existe um outro, mais ntimo, mais consolador, mais fecun-do em graas, e que no constitui apenas uma garantia de sal-

    vao, mas um penhor de perfeio. aquele que nos confe-rido pelo Santo Batismo: filhos de Deus e de Maria Este cap-tulo, embora trate em geral dos filhos ou filhas de Maria, con-vm, de um modo especial, s FILHAS DE MARIA, que ao seuttulo comum ajuntam o ttulo particular de Pia Unio, exter-nando assim uma dependncia mais amorosa da Virgem Ima-culada.

    Sejam estas almas ESCOLHIDAS dignas deste nobre ttu-lo... Para elas, sobretudo, a Santssima Virgem ser sempre Me

    cheia de ternura.Ser SERVO de Maria j esplndido e consolador! Mas ser

    FILHO ou FILHA de uma tal Me ter com segurana, semprea nosso servio:

    Seucorao, para compadecer-se de nossas penas;Seu olhar, para seguir-nos em toda parte;Suas mos, para comunicar-nos os tesouros de seu Filho;Seusbraos, para sustentar-nos no caminho;

    Suaalma, sobretudo, para nela acharmos com que cobrirnossas misrias e adornar a nossa alma com seus merecimen-tos.

    E no temos ns necessidade de tudo isso?O servo trabalha por interesse; seus servios so devida-

    mente remunerados. na recompensa que o servo encontra o maior motivo de

    dedicao.O filho nada espera; seus servios so prestados sem recom-

    pensa convencionada.

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    Trabalhando para seus pais, sabe que trabalha para si. um membro da famlia, a ela est ligado pelos laos mais nti-mos de amizade e de afeio... dedica-se unicamente por amor.

    Tambm ele, servo. Porm, mais que isso: filho; ser-

    ve... mas serve por amor. Maria, doce e incomparvel Virgem, tu s verdadeiramen-te nossa Me!... Faze que sejamos teus dignos filhos! Dignos deteu corao dignos de teus cuidados, de tua solicitude; dignossobretudo, de tua bondade!

    I. Grandeza deste ttuloI. Grandeza deste ttuloI. Grandeza deste ttuloI. Grandeza deste ttuloI. Grandeza deste ttulo

    Maria nossa Me! Doce e consoladora verdade!Pensemos com amor na conseqncia: Somos seus filhos!Confiana preciosa! Refgio seguro! exclama Santo An-

    selmo a Me de Deus minha Me! Mater Dei est Mater mea.Ah! Minha alma acrescenta So Boaventura diz com

    toda a segurana: Alegrar-me-ei, exultarei de prazer, porque,seja qual for o julgamento que merea, minha sentena depen-de de meu Irmo e de minha Me.

    No o esqueamos, porm: Nobreza obriga.Os filhos, geralmente, se comprazem em ouvir falar que so

    dignos de seus pais, que tm traos de semelhana com eles,etc.

    Filho e filha de Maria, no sejais estranhos a este justo sen-timento!

    Umservo de Maria pode adiar na dependncia da VirgemSanta uma garantia de salvao.

    Um filho de Maria deve nela achar um penhorde perfei-o.Que fazer para consegu-lo?Ser um verdadeiro filho de Maria!

    II. Deveres de um FilhoII. Deveres de um FilhoII. Deveres de um FilhoII. Deveres de um FilhoII. Deveres de um Filho

    Um filho deve sua me: obedincia, honra e amor.

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    Jesus Cristo cumpriu este trplice dever para com Aquelaque Ele chamava sua Mee que, na verdade, o era. Seria pos-svel haver hesitao para seguirmos seus passos e prestarmos Virgem-Me homenagens, de que Ele prprio nos deu o exem-plo?

    Obedincia a Maria, para cumprir os mandamentos da leide Deus e da Igreja, e nossos deveres de estado.

    Honra, para prestar, com sinceridade, o culto que lhe de-vido.

    Amor, invocando-a e esforando-nos para nos assemelhar-mos a Ela, tanto quanto possvel.

    Somos filhos de Maria!Doce e consolador pensamento!Aqui na terra um filho se orgulha da honra de sua me, da

    bondade, do poder daquela que lhe deu a vida. Oh! Como pode-mos ufanar-nos de Maria!O ttulo de filho de Maria contm entretanto mais que isso.O servo trabalha para seu dono; o filho, ainda fraco, no

    pode trabalhar, por estar na idade de formao... Deve primei-ro ser educado.

    O filho deve ser educado. Palavra profunda e significati-va!

    De fato, a me educa seu filho, em primeiro lugar na vidamaterial, at que, superando sua fraqueza nativa, ele possa sus-tentar-se.

    Verdadeiramente, tudo isso a tarefa da Virgem Me e aimagem de nossa educao espiritual.

    No precisamos ser elevados acima desta vida dos senti-dos; terrestre e animal, na qual fraquejamos e camos a cadainstante?

    Fracos demais para sustentar-nos, temos como as crianas,

    necessidade da mo materna que nos sustenha a cada instante,que nos encaminhe e nos soerga para as coisas elevadas.Mas, se temos as fraquezas e defeitos da infncia, podemos,

    e at mesmo devemos, adquirir as qualidades dEla.O que as crianas so por condio e necessidade, devemos

    serpor virtude.Este o sentido daquela palavra de Jesus: Se no vos as-

    semelhardes s crianas, no entrareis no reino do cu.

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    III. A dependncia dos filhosIII. A dependncia dos filhosIII. A dependncia dos filhosIII. A dependncia dos filhosIII. A dependncia dos filhos

    prprio da infncia, e seu distintivo mais notvel viverem estado dedependncia.

    A quem est entregue a criana? me.De toda crianapode-se dizer o que Monsenhor Gay escreve a respeito do Me-nino Jesus: Sua infncia esteve entregue a sua Santa Me. Du-rante os nove meses que Ela o trouxe em suas purssimas en-tranhas, s pertencia a Ela.

    Todo o tempo de sua meninice, Ele no a deixou. Era nosseus braos que repousava e sobre o seu peito que respirava evivia; era dEla imediatamente que dependia em todas as coi-sas.

    Jos o chefe da Sagrada Famlia; mas durante os primei-ros anos o pai aparece menos que a Me.Mais tarde, em Nazar, sua autoridade se exerce mais visi-

    velmente; a ordem, pois o pai deve dirigir o filho adolescente.Em Belm, no Templo de Jerusalm, e no comeo de sua

    vida no Egito, o primeiro papel cabe a Maria. Somente Ela oenvolve e o veste; somente Ela o alimenta e aquece; e quando

    preciso ir aqui ou ali, Ela quem o levacf. Mons. Gay, XIX,ElevaoElevaoElevaoElevaoElevao.

    Tal deve ser o papel da Virgem Santssima para conosco,seus filhos. Precisamos sereducados na sua escola, pelos seuscuidados, sob o seu olhar... Devemos viver perto dEla.

    Viver perto de Maria, sob seu olhar vigilante, perto, perti-nho de seu corao... eis a vida de um verdadeiro filho de Ma-ria!

    No vivemos de coraoe de espritocom aqueles que nosso caros, mesmo depois de a morte no-los ter arrebatado dosbraos?

    Por que no viveramos deste modo perto de Maria?Sua lembrana seria to suave, to animadora, nas horas

    de fraqueza!... Suas lgrimase seus sorrisos, suavizariam tan-to as revoltas e rebelies dos sentidos!...

    Que irradiao de pazseria para as almas o sentirem-seamadas!

    Que esperana deperdopara o culpado o ver-se prote-gido!

    Ser dirigido, que abundncia de graaspara o corao quedeseja dedicar-se!

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    Que luz nas dificuldades da vida! Uma me est sempre pre-sente.

    Podeis ter amigos, quantos quiserdes diz Monsenhor Pio amigos fiis, ternos quanto possvel; nunca uma criatura vos

    amar como vossa me.Maria nos ama diz Santo Stanislau Kostka como Elaamava a seu Filho Jesus.Ela tem por ns o mesmo interessee nos cerca dos mesmos cuidados, da mesma dedicao. pre-ciso, pois, ir a Ela com a mesma confiana que seu divino Filho.

    Oh! Vivamos perto de nossa Me!Cerquemo-nos da lembrana de Maria, como de um manto

    para abrigar-nos, como de uma luz e de uma fora que no nosdeixem nunca separar de Deus.

    Servos de Maria, devemos-lhe dedicao.Filhosde Maria, devemos-lhe filial amor.

    IVIVIVIVIV. O exemplo do Menino Jesus. O exemplo do Menino Jesus. O exemplo do Menino Jesus. O exemplo do Menino Jesus. O exemplo do Menino Jesus

    Para terminar, escutai esta pgina de So Francisco de Sa-les:

    Se algum tivesse perguntado ao Menino Jesus, durante o

    tempo em que foi levado nos braos de sua Santa Me, onde ia,Ele teria respondido: No vou, minha Me que vai por mim. Mas, ao menos, vais com tua Me? No, se vou onde minha Me me leva, no vou com Ela,

    nem com meus prprios passos, mas vou pelos passos de mi-nha Me, por Ela e nela.

    Mas, ao menos, querido Menino, te deixas levar por tua

    doce Me? No, de certo nada quero de tudo isso; mas como minhabondosa Me anda por mim, tambm Ela quer por mim.

    Deixo-lhe igualmente o cuidado de ir e de querer ir por mim,aonde bem lhe parecer, e, como ando somente pelos seus pas-sos, assim s quero pelo seu querer.

    Eis, em resumo, nossa regra de comportamento como fi-lhos de Maria: a docilidade e a vida de unio.

    Conceda-nos a boa Me viver uma tal vida, pois to suave

    viver perto de um corao de me!

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    CAPTULO VIICAPTULO VIICAPTULO VIICAPTULO VIICAPTULO VII

    ESCRAESCRAESCRAESCRAESCRAVVVVVOS DE MARIAOS DE MARIAOS DE MARIAOS DE MARIAOS DE MARIA

    Entramos no terceiro modo de dependncia da Santssima

    Virgem. No satisfeitos com laos ordinrios que nos unem aEla como criaturas e como cristos, almejamos confirmar esteestado de dependncia, dando-nos, como o amor se d: sem re-servas nem restries.

    O primeiro grau na Consagrao voluntria SantssimaVirgem e que serve de fundamento aos outros graus confor-me a palavra do Evangelho: Quem se humilhar ser exaltado.Devemos humilhar-nos perante a Virgem Santssima, para queEla nos eleve at Jesus. Em outros termos: devemos proclamar-nos seus escravos,para que Ela nos eleve como filhos. Nada demais nfimo, nem de mais humilde que o escravo.

    I. O que a escravidoI. O que a escravidoI. O que a escravidoI. O que a escravidoI. O que a escravido

    Que , em verdade, a escravido de amor?A escravido a dependncia total e absoluta para com um

    senhor, de modo que o escravo no se pertena mais, mas fiquesob o poder de seu dono, para que este se sirva dele vontadee em proveito prprio.

    O escravo diz Monsenhor Pio pertence completamentee para sempre a seu dono, com tudo o que possui, sem exceonenhuma. Trabalha sem exigir nenhum salrio, sem que o Se-nhor tenha sobre ele direito de vida e morteA lei natural comotambm a mosaica e as leis modernas no reconhecem tal po-der a no ser por um mandato especial de Deus, que o Senhorda vida. Montfort se pe aqui simplesmente do ponto de vista

    do fato, conforme as leis civis dos pases onde vigorava em seu

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    tempo a escravido. Seu intento, abstrada a moralidade do ato, dar um exemplo de dependncia totalNota da 4. edio. Oservo, ao contrrio, livre; presta seus servios por um salriodurante um tempo determinado, reservando sempre para si odireito de mudar.

    Basta esta simples definio para convencermo-nos que so-mos no simplesmente servos de Jesus Cristo e de Maria San-tssima, masverdadeiramente escravos. E notai que no umafrmula nova, suspeita ou inspirada por uma devoo repletade entusiasmo sentimental... o pensamento fundamental dareligio; idia do Santo Batismo, que o que h de mais radicalem ns, como cristos, cf. LhomeauLhomeauLhomeauLhomeauLhomeau, op. cit.. Montfort salien-ta trs espcies de escravido, ou, ao menos, trs ttulos que mo-tivam esta dependncia de Deus:

    Oprimeiro diz ele a escravido por natureza; todas ascriaturas so escravas de Deus neste sentido.

    O segundo a escravido por constrangimento, em que al-gum reduzido servido, seja por violncia, seja por uma lei

    justa ou injusta.Tal a escravido dos demnios e dos rprobos.O terceiro, enfim, a escravido por amor, ou por livre von-

    tade. Esta a mais gloriosa para Deus, que v o corao e quese chama o Deus do corao ou da vontade amorosa.

    Em resumo, e como aplicao destas trs espcies de es-cravido: todas as criaturas so escravas de Deuspelo primei-ro modo; os demnios e rprobos, pela segunda; os justos e san-tos, pela terceira.

    II. Significao do termoII. Significao do termoII. Significao do termoII. Significao do termoII. Significao do termo

    Praticamente esta devoo da Santa Escravido no ou-tra coisa, seno a ratificao, por livre escolha, do que j somospor natureza, isto que constitui a glria e a felicidade dos jus-tos e santos.

    O sentido atual da palavra servo recente; antigamente sse conhecia o senhor e o escravo. neste sentido que se devemtomar as palavras latinas: servus ancilla, empregadas outro-ra.

    Quando os profetas designam o Messias como Servus Deiservo de Deus; quando So Paulo nos ensina que Jesus Cristo to-

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    mou a aparncia do servoformam servi accipiens; quando aVirgem Santssima se intitula: aserva do Senhor ancilla Do-mini; quando o grande Apstolo d a si mesmo o nome de servode Cristo, etc..., todos empregam esta palavra no sentido de escravo.

    Soua escrava de Cristo dizia Santa gata e por estettulo me declaro de condio servil.Para ser devoto escravo do Filho escreveu Santo Ildel-

    fonso suspiro por tornar-mefiel escravo da Me.E So Bernardo: Sou um vil escravo, para quem honra

    demais servir, como tal, o Filho de Maria.Assim fala grande nmero de santos e de piedosos, sbios,

    como So Pedro Damio, Santa Teresa, So Joo Eudes, Vene-rvel Olier, Padre de Condren, etc... A to estimada orao de

    Santo Incio: Recebei, Senhor, minha liberdade, bem como ado Pe. Zucchi: minha soberana..., no so mais que frmu-las expressas da Santa Escravido.

    Os soberanos Pontfices sancionaram estas frmulas. Ur-banoVIII, em 1636, aprovava os Cnegos do Esprito Santo, quese consagravam na qualidade de escravos a Jesus e Maria.

    Leo XIII, em 1887 aprovou igualmente os Escravos doSagrado Corao, e enriqueceu de indulgncias uma congre-gao inspirada por Jesus Cristo a Santa Margarida Maria, que

    termina dizendo: Quero fazer consistir toda a minha felicida-de em viver e morrer como sua escrava.

    III. Escravo e amigoIII. Escravo e amigoIII. Escravo e amigoIII. Escravo e amigoIII. Escravo e amigo

    A escravido no est em oposio com o esprito de infn-cia e de amor que anima o Cristianismo. Jesus disse: No vos

    chamarei mais servos, porm amigos.Isto, porm, nada prova contra esta devoo.Quando um prncipe, pela amizade que tem a um de seus

    escravos, cumula-o de benefcios e o chama seu amigo, deixan-do-o no estado onde se acha, no deixa aquele de ser escravo,apesar do ttulo de amigo do prncipe. Seu dono pode libert-lo, sem dvida.

    Servindo-nos da comparao, somos como escravos dian-te de Deus. Deus, entretanto, no pode libertar-nos, pois que nos-

    sa escravido est essencialmente ligada nossa condio decriatura. Como o escravo feito amigo de seu prncipe, podemos

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    tornar-nos Amigos de Deus, sem cessar de sermos escravos. cf. Franzelin: De VDe VDe VDe VDe Verbo Incarnatoerbo Incarnatoerbo Incarnatoerbo Incarnatoerbo Incarnato. Thes. 38. teol. 2.

    As odiosas e abominveis lembranas do paganismo desa-creditaram a palavra escravido; mas no queremos dizer que,

    preconizando a idia de nossa servido para com Deus, no re-pudiamos a tirania de muitos donos e a degradao dos escra-vos. Estas foram circunstnciasacidentais, que de nenhummodo entraram na essncia desta condio.

    Coraramos de ser escravos de Deus, escravos de Jesus Cris-to, escravos da ideal beleza de Maria, ns que nos gloriamos deser escravos do nosso dever, escravos dahonra, escravos de umabeleza efmera s vezes?

    Jesus Cristo e a sua Santssima Me no esto infinitamen-te acima de todos esses passageiros encantos, que muitas ve-zes nos atraem para o ilcito, ao passo que a beleza de nossaMe nos atrai para o alto e nos transfigura?

    IVIVIVIVIV. Humildade e elevao. Humildade e elevao. Humildade e elevao. Humildade e elevao. Humildade e elevao

    Mas no se esqueam: o que nos eleva e transfigura o quenos humilha: Qui se humiliat exaltatur. E quanto mais pro-funda for nossa humilhao, tanto maior ser nossa elevao.

    Desejais crescer na intimidade de Deus?... Abaixai-vos ato ltimo grau; tornai-vos escravos...

    Desenvolveremos mais tarde as belas e animadoras conclu-ses que defluem deste princpio.

    Basta, por enquanto, ter indicado e classificado a Santa Es-cravido, seu fundamento e a retido de seus termose de sua

    prtica.

    Concluamos com as palavras de So Lus Maria Grignionde Montfort, o grande Apstolo de Maria Santssima:Atesto firmemente que, tendo lido quase todos os livros que

    se referem Me de Deus e conversado familiarmente com osmais santos e sbios personagens destes ltimos tempos, noconheci nem aprendi prtica para com a Santssima Virgem se-melhante que vou expor, capaz de exibir de uma alma os mai-ores sacrifcios por Deus, desapego de si mesma e de seu amor

    prprio, mais fidelidade na conservao da graa, ou na aquisi-

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    o desta, que a una de modo mais perfeito e mais fcil a JesusCristo, e, finalmente que seja mais gloriosa para Deus, mais san-tificante para a alma e mais til ao prximo(Tratado da Ver-dadeira Devoo).

    Paremos no pensamento da sublimidade desta prtica e pe-amos a Deus a sua compreenso, pois um segredo, e um se-gredo que no se revela seno s almas humildese generosas.

    Oxal sejamos deste nmero!

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    CAPTULO VIIICAPTULO VIIICAPTULO VIIICAPTULO VIIICAPTULO VIII

    APSTOLOS DE MARIAAPSTOLOS DE MARIAAPSTOLOS DE MARIAAPSTOLOS DE MARIAAPSTOLOS DE MARIA

    Pertencemos a Maria e lhe pertencemos sem nenhuma reserva.No rigor do termo de nossa doao, podamos contentar-

    nos em responder fielmente sua voz, servindo-lhe com amor.Mas pode o amor limitar-se estrita e rigorosa observn-

    cia da lei? Se fssemos simplesmente escravos por constrangi-mento, poderamos dizer: Resigno-me; uma vez que precisolevar o jugo, lev-lo-ei. Mas a nossa escravido de amor. oamor, unicamente o amor, que nos inspira esta completa depen-dncia da Me de Jesus.

    Sendo este amor bastante poderoso para que sob sua pres-so nos abaixemos voluntariamente, no ser ele bastante for-te para fazer de nsApstolosda Virgem Santa?

    Todos ns, cristos sinceros, amamos a Santssima Virgem.Ora, o amor, por sua natureza, comunicativo, tem averso aoslimites, tem necessidade da vastido, da expanso. O amor uma chama e as chamas no se podem conter. Deste modo, oesprito de apostolado produto direto do amor.

    I. Em que consisteI. Em que consisteI. Em que consisteI. Em que consisteI. Em que consiste

    Que exigido para ser Apstolo de Maria?Duas coisas so indispensveis: a convicono esprito e a

    chama no corao.Estes dois elementos constituem o que se chamaentusias-

    mo. Pois bem: O entusiasmo a fonte e o alimento do zelo, oudo apostolado. Esta doutrina do entusiasmo, infelizmente esque-cida por muitos escritores e desprezada pelos pessimistas, fi-

    losfica e psicologicamente certa, baseada sobre a s teologiae sobre a vida dos santos. Seria interessante o estudo psicol-

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    gico deste assunto, se estas pginas o comportassem.Considerastes j um homem que tem uma idia?Entreviu um ideal... por ele se apaixona... tem a convico

    de nunca poder realiz-lo... mas quer prosseguir, quer aproxi-

    mar-se do ponto luminoso que o atrai e lhe fascina a alma intei-ra, como que arrastado por um m poderoso... Este homem uma potncia; ser capaz de maravilhas!

    A chama que lhe crepita no peito sustentar sua convicoao mesmo tempo em que esta convico fecundar tal chama.E deste produto do esprito e do amor nascer apaixo, que tantoadmiramos nos santos e homens eminentes.

    Os santos so, em geral, grandes apaixonados da glria deDeus.

    O Apstolo que tudo deixa, que diz adeus famlia, p-tria, e ate sua prpria vida, umapaixonadodos interessesdivinos.

    O Mrtir que afronta o carrasco e seus tormentos, calcan-do aos ps a vida mais atraente, umapaixonadodo amor deseu Deus.

    Gerao de Apstolos de Maria, levantai-vos! Chegou horade mostrardes ao mundo vosso ideal e vossa chama! Levantai-

    vos e hasteai a bandeira azul das glrias de Maria no alto, bem

    no alto de vossos sentimentos!... H mais de dois sculos queMontfort anunciou vossa chegada!O mundo vos espera! A Virgem vos contempla! Jesus Cris-

    to vos anima! Vinde! J o clarim das novas batalhas vos anun-cia o instante supremo... vossa hora! Sois vs que deveis le-

    vantar a f, a esperana e a caridade! por vs que a cruz devetriunfar e que o Corao de Jesus deve regenerar o mundo, queest morrendo nas angstias da indiferena e da blasfmia.

    II. O seu programaII. O seu programaII. O seu programaII. O seu programaII. O seu programa

    Quem sereis? Como o mundo vos reconhecer? Qual sero vosso gnero de apostolado? O proftico olhar do precursordo reino de Maria de antemo delineou a vossa fisionomia; des-creveu at o vossoprograma, vossas lutas e vitrias.

    Reproduzamos esta pgina sublime, e esforcemo-nos por

    no perder dela nenhum dos pormenores.

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    Sero ministros do Senhor, devorados por um fogo arden-te, que alaro por toda a parte o incndio do amor divino, eho de ser sicut sagittate in manu potentis, flechas agudas nasmos de Maria, toda poderosa para transpassar seus inimigos.

    o primeiro trao de sua fisionomia. Sero flechas e fogonas mos da Virgem. Me de Deus.Flechas pelo zelo.Fogo pelo amor.Mas assim como a flecha no atinge o alvo se no lanada por

    mo hbil, assim tambm estes apstolos devem ser nas mos de Mariainstrumentos dceis, completamente entregues ao seu querer.

    Sero filhos de Levi, continua o santo missionrio , bempurificados no crisol das grandes tribulaes, e bem unidos a

    Deus, trazendo o ouro da caridade no corao, o incenso da ora-o no esprito e, no corpo, a mirra da mortificao(Tratadoda Verdadeira Devoo).

    o segundo trao da fisionomia dos Apstolos de Maria;sero submetidos a provas e unidos a Deus.

    Seus coraes transbordaro de amor, e de um amor inces-santemente alimentado pela oraoe pela mortificao.

    O Santo insiste sobre ahumildadee a mortificao, distin-tivos destes homens de Deus: Eles sero pequenos e pobres aosolhos do mundo, pisados diante de todos como o calcanhar emrelao aos outros membros do corpo....

    Mas o sinal distintivo ser, entre todos, sua predileo pelacruze pelorosrio.

    Tero aos ombros o estandarte ensangentado da cruz,tendo, o crucifixo na mo direita, o rosrio na esquerda, no co-rao os sagrados nomes de Jesus e de Maria e a modstia emortificao de Jesus Cristo em todo o seu proceder.

    Oh! Aparecei, apstolos de Maria! Como nosso sculo pre-cisa de vossas enrgicas lies e de vossos exemplos de amor cruz, pois todo ele est mergulhado no oceano do luxo e da sen-sualidade que avassalam o mundo!

    Mostrai-nos outra vez o espetculo daqueles santos que tra-ziam sobre o peito a cruz de pontas agudas, que ensangenta-

    vam seu corpo, que gravavam no peito com um ferro incandes-cente os nomes de Jesus e de Maria, e que procuravam suas maisprofundas delcias em mortificar-se, crucificar-se para assimcompletarem em sua carne o que falta paixo do Redentor!

    Que o espetculo dessa crucifixo de seu corpo nos ensine

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    a amar o crucifixoeorosrio, fontes perenes de tantas e tama-nhas graas!

    Faam ecoar acima de nossa cabea esta palavra inflama-da do Evangelho: Quem quiser me seguir renuncie a si mes-

    mo, tome sua cruz e me siga!.Andem como o deseja Montfort, ensinando o caminho es-treito de Deus na pura verdade, e no segundo as mximas domundo; sem receios, sem fazer acepo de pessoas, sem pou-

    par, sem escutar, sem temer ningum, por mais poderoso queseja.

    Tais sero os grandes homens que ho de aparecer no mun-do. E Maria h de assisti-los por ordem do Altssimo, para es-tender seu imprio sobre os mpios, idlatras e maometanos(Tratado da VerdadeiraDevoo).

    Estas palavras, que mais particularmente se aplicam aos sa-cerdotes, tm, entretanto, plena aplicao nos fiis, e, sobretu-do, nas almas devotas.

    III. Apostolado universalIII. Apostolado universalIII. Apostolado universalIII. Apostolado universalIII. Apostolado universal

    Para ser apstolono mister deixar ptria nem a famlia,isso privilgio de almas superiores, que Deus suscita e eleva atal herosmo.

    Cada um de ns, no crculo de nossas cotidianas relaes,pode merecer este ttulo. Cada alma piedosa pode serApstolade Maria.

    Para isso basta amar verdadeiramente a Virgem Me, es-forar-se por faz-la amada em torno de si, entre os membrosda famlia, pelos amigos e por todos, nos quais possa influenci-

    ar. Falemos muitas vezes de Maria Santssima.Falemos dEla criana inocente, ao enfermo, ao pobre.

    Entremos nas suas Irmandades, sustentemos as obras e propa-guemos os escritos cujo alvo faz-la conhecida e amada. So-bretudo, apliquemo-nos s virtudes que a Virgem pede a seus

    Apstolos: mortificaoe humildade. A mortificao nos desa-pega das coisas desta terra; a humildade nos leva at o cu.

    Ajuntai a isto o sinal exterior do amor a Maria: a recitao

    freqente do rosrio.

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    Oh! Sim! Sejamos Apstolos de Maria!Sacerdotes,Sacerdotes,Sacerdotes,Sacerdotes,Sacerdotes, sede-o em toda a extenso da palavra e se-

    gundo as indicaes de Montfort.Religiosos e Religiosas,Religiosos e Religiosas,Religiosos e Religiosas,Religiosos e Religiosas,Religiosos e Re