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UNIVERSIDADE VILA VELHA
DAIANE KLEIN
DIEGO PINTO
FRANCISCO AUGUSTO
NILTON TERRA
ROBERTA SANTANA
WAGNER BARBOSA
OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO
VILA VELHA
2012
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DAIANE KLEIN
DIEGO PINTO
FRANCISCO AUGUSTO
NILTON TERRA
ROBERTA SANTANA
WAGNER BARBOSA
OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO
Trabalho apresentada à disciplina Traumatologia, Ortopedia e Reumatologia do Curso de Fisioterapia da Universidade Vila Velha, como requisito para avaliação.
Orientador: Profª Drª Maria Angélica Pupim.
VILA VELHA
2012
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1 INTRODUÇÃO
A Osteocondrite Dissecante do Joelho se enquadra dentro de um grupo de
condições nosológicas idiopáticas e autolimitantes caracterizadas por um distúrbio
na ossificação endocondral em que se evidenciam, nos exames de imagem, um
distúrbio no processo de condrogênese e/ou osteogênese. Este distúrbio pode
acometer a epífise, a apófise ou a fise. A partir de exames complementares a
mesma pode ser diagnosticada para que assim o cirurgião ortopedista possa intervir
com o melhor tratamento possível.
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2 OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO
A Osteocondrite Dissecante do Joelho caracteriza-se pela presença de área de
cartilagem ou osso subcondral que poderá permanecer no seu leito ou se destaca
por completo do côndilo femoral, tornando-se um corpo livre intra-articular.
Está lesão pode ocorrer no sulco intercondiliano, no côndilo femoral lateral e no
côndilo femoral medial.
A lesão também é conhecida como Lesão de Koning, pode ser encontrada em
qualquer articulação (tálus, capítulo do úmero e região superior do quadril), mas é
característica do joelho, onde comumente é unilateral, podendo ocorrer, entretanto,
lesões bilaterais e simétricas.
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3 EPIDEMIOLOGIA
É uma lesão rara (15casos/100.000 habitantes), a osteocondrite dissecante é uma
lesão que atinge a cartilagem e o osso logo abaixo dela (osso subcondral). Essa
patologia possui relação íntima com a prática esportiva. Acometem mais
frequentemente as crianças, adolescentes e adultos jovens. A faixa etária
predominante encontra-se entre os 10 e 20 anos de vida, sendo o pico ao redor dos
18 anos.
Quando acomete crianças abaixo dos 10 anos de idade o prognóstico de cura é
muito favorável.
O local mais comumente envolvido é o côndilo femoral (Figura 1), seguido pelo tálus
(Figura 2), o capítulo do úmero (Figura 3) e a superfície superior do quadril. No
fêmur, a face lateral do côndilo medial é acometida em 85% dos casos e o côndilo
lateral em 15%. No tálus, as superfícies mais envolvidas são a medial e lateral do
dômus, e menos comumente a central. Locais raramente comprometidos são a
cabeça do I metatarso, cabeça umeral, escafoide e a cavidade glenóide.
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4 ETIOLOGIA
A Osteocondrite Dissecante do Joelho é uma condição adquirida de etiologia
desconhecida, caracterizada pela necrose focal do osso subcondral de articulações.
A importância do diagnóstico precoce desta entidade deve-se ao potencial de cura
espontânea num momento inicial. Ocorre geralmente em adolescentes e adultos
jovens do sexo masculino, sendo o joelho o local mais acometido, seguido pelo
tálus.
O termo mais adequado para esta alteração é osteocondrose dissecante, pois se
sabe que não há processo inflamatório local. Existem duas teorias quanto à
etiopatogenia, são elas: a teoria traumática/mecânica, relacionada com o aumento
da atividade e microtraumas repetitivos, e a predisposição familiar/hereditária.
Entretanto, a correlação anatomopatológica e o curso in vivo da OCD ainda são
baseados em observações cirúrgicas e histológicas, e em estudos experimentais.
Inicialmente há demarcação do osso subcondral com necrose, sem
comprometimento macroscópico da cartilagem sobrejacente. Posteriormente,
adjacente ao osso necrótico, forma-se uma zona de transição, que é preenchida por
tecido de granulação, composta por tecidos fibrocartilaginosos e capilares
vasculares. Nesta etapa, a lesão pode ter cura espontânea, ou evoluir com
separação do fragmento ósseo com ou sem alteração cartilaginosa. Por fim, há
extrusão do fragmento, com formação de corpo livre intra-articular e cratera na
superfície óssea.
A teoria vascular explica que uma pequena artéria estaria obstruída, interrompendo
o fluxo sanguíneo para o osso, causando um sofrimento dos tecidos ao redor.
Há autores que separam a OCD em duas entidades, a OCD juvenil e a OCD do
adulto, diferenciadas pelo início dos sintomas com relação ao fechamento da placa
epifisária. O motivo dessa distinção deve-se ao melhor prognóstico das lesões na
forma juvenil. Como também, em longo prazo, a OCD do adulto predispõe a
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alterações degenerativas secundárias, com antecipação dos sintomas em cerca de
10 anos quando comparado a indivíduos sãos.
FIGURA 1– Osteocondrite dissecante no côndilo femoral medial
FIGURA 2– Osteocondrite dissecante na superfície medial do dômus talar.
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FIGURA 3– Osteocondrite dissecante com centro radiodenso no côndilo femoral medial.
A B FIGURA 4– Tomografia computadorizada do tálus mostrando lesão heterogênea predominantemente radioluzente, ovalada, na porção medial do dômus. a) Corte no plano coronal. b) Corte no plano axial.
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5 SINTOMAS
Os sinais e sintomas clínicos da Osteocondrite Dissecante do Joelho variam com a
idade do paciente e com as características morfológicas da lesão.
Nem sempre conhecemos o início da lesão, pois a cartilagem de uma articulação
não tem inervação, portanto o que dói não é a cartilagem e sim o osso que está logo
abaixo dela (osso subcondral). Para que uma OCD cause dor o osso deve ter sido
afetado.
Os sintomas podem variar desde uma dor de instalação progressiva que piora com
algumas posições de flexão e rotação do joelho, até o derrame articular (aumento da
produção do líquido de lubrificação) e por último uma complicação mais grave que
seria o destacamento parcial ou total de um fragmento de osso e cartilagem,
formando aquilo que conhecemos como “corpo livre”. O corpo livre pode causar
sensações de “algo se movendo” no joelho, provoca estalos por vezes dolorosos e
pode causar até episódios de bloqueio da articulação.
O quadro clínico pode ser assintomático, ou determinar sintomas intermitentes como
dor em movimento dependente ao saltar, agachar ou subir escadas; limitação do
movimento e estalidos. Algumas vezes está associada a edema discreto, mas nunca
a hematoma. Caso haja corpos livres, pode haver travamento do joelho. Em razão
dos sintomas frustros, o diagnóstico é feito frequentemente após vários anos do
início do quadro ou de forma incidental em estudos radiológicos.
Gulh, em 1982, propôs uma classificação artroscópica das alterações morfológicas
no joelho em quatro estágios. No primeiro estágio, a cartilagem está intacta,
parcialmente amolecida e abalada. No segundo, nota-se lesões/fissuras incipientes
na cartilagem. No terceiro, há fragmento ósseo parcialmente destacado; e no quarto
observam-se cratera e corpo livre. Novos e complexos esquemas foram criados,
mas não têm relevância terapêutica.
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5.1 TABELA DE CLASSIFICAÇÃO INTRA-OPERATÓRIO DE GUHL.
Grau Avaliação artroscópica
I Cartilagem normal
II Fragmentação da cartilagem
III Descolamento parcial da cartilagem
IV Corpo livre
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6 DIAGNÓSTICO
O exame físico do joelho pode ser pouco específico para estas lesões mesmo nas
mãos de um especialista, portanto é importante que se identifique a lesão através de
radiografias simples complementadas pela ressonância magnética ou tomografia
computadorizada. Tais exames não só identificam a lesão, como possuem a
propriedade de avaliar as características do fragmento. Um dos achados clínicos
mais frequentes é a atrofia muscular da coxa associada ou não a derrame articular.
Portanto, os exames (Radiografia, Ressonância Magnética e a Tomografia
Computadorizada) são importantes para se determinar a gravidade da lesão, o
potencial de cura e as complicações. A Ressonância Magnética pode nos fornecer
dados sobre a estabilidade do fragmento osteocondral.
6.1 RADIOGRAFIA CONVENCIONAL
Os exames radiográficos geralmente estabelecem o diagnóstico de OCD
corretamente. Entretanto, não fornecem dados que determinem uma conduta
terapêutica apropriada, já que há frequente discrepância entre os achados
radiográficose os cirúrgicos. O achado radiográfico característico é o foco
radioluzente arredondado ou ovalado do osso subcondral, de contornos irregulares,
que pode apresentar área de esclerose central, relacionada com fragmento ósseo
impactado. As incidências preconizadas para a avaliação de OCD no joelho são a
antero-posterior, lateral e do túnel; e as necessárias para estudar o tálus são a
antero-posterior, oblíqua em 30° e a lateral.
A radiografia ântero-posterior (AP) e perfil(P) do joelho permitem a localização da
lesão e avaliação da fise de crescimento, se está aberta ou fechada. Cahill
descreveu uma classificação em áreas representadas na radiografia AP e P do
Joelho (Figura 1).
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Figura 1. Radiografia AP e perfil do joelho.
Na classificação de Cahill deve ser traçada as bissetrizes dos côndilos e os limites
da região intercondilar. Desta maneira, na radiografia em AP são definidos 5
espaços, cada um recebendo a numeração de 1 a 5 de lateral para medial. Já na
incidência em perfil, uma linha é trassada o teto do sulco intercondilar e a outra na
cortical posterior do fêmur.
6.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM)
A RM demonstra as alterações ósseas e cartilagíneas mais precocemente que a
radiografia convencional. Fornece dados sobre a extensão, morfologia e perfusão da
lesão, além de ser um método não invasivo que avalia a condição local com alta
sensibilidade. O aspecto clássico da OCD à RM corresponde à alteração focal do
osso subcondral, com forma semi-oval ou semicircular. A ressonância magnética é o
exame ouro na avaliação de imagem da OCD. Através deste exame, a qualidade
óssea, lesão osteocondral e condição da cartilagem podem ser avaliadas. A
artroscopia permite uma avaliação direta da lesão. (Figura 2).
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Figura 2. Ressonância magnética do joelho com uma osteocondrite no côndilo femoral medial.
6.3 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC)
A TC permite a análise detalhada da arquitetura anatômica da lesão, mas não é um
método ideal para avaliar a evolução para a cura do processo.
6.4 CINTILOGRAFIA ÓSSEA
O mapeamento ósseo com radioisótopos (tecnécio 99) é um bom método, tanto para
o diagnóstico precoce como para acompanhar a evolução da doença.
6.5 ARTROSCOPIA
A artroscopia é o método mais importante para analisar as características do
fragmento quanto ao tamanho, localização e viabilidade (estabilidade). O aspecto
artroscópico da lesão é caracterizado por uma “quebra” bem definida da cartilagem
articular.
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6.6 TESTE DE WILSON
É um teste para a Osteocondrite Dissecante do Joelho. O paciente posiciona-se
sentado sobre uma mesa de exame, com o joelho a 90º de flexão e com a tíbia
rodada medialmente. O terapeuta pede para o paciente realizar a extensão do joelho
lentamente, para o teste ser positivo, o paciente terá que sentir dor no joelho quando
alcançar 30° de flexão do joelho. Quando o paciente relatar dor ao terapeuta, o
mesmo deve pedir para o paciente interromper o movimento e rodar a tíbia
externamente. Este teste só é válido se a lesão estiver localizada no local clássico
da Osteocondrite Dissecante do Joelho, isto é, no côndilo medial, próximo a incisura
intercondilar.
A dor é explicada pelo impacto da espinha intercondiliana contra o côndilo medial
adjacente (local da lesão).
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7 TRATAMENTO
O fragmento osteocondral afetado pode apresentar-se fixo, parcialmente deslocado
ou totalmente deslocado, fato este que interfere diretamente no tratamento, além da
idade do paciente.
Muitas são as formas de tratamento. Inicialmente retira-se a carga do paciente,
permitindo que ele caminhe sem o apoio no membro afetado durante algumas
semanas, com o auxílio de muletas. Os imobilizadores do joelho podem ser usados
para restringir os movimentos na fase inicial. A Osteocondrite Dissecante do Joelho
tem um bom potencial de cura espontânea na criança, o que já não acontece no
adulto jovem.
O tratamento conservador é indicado para pacientes antes da maturidade
esquelética com sintomatologia já evidente, quando ainda não ocorreu o
desprendimento do fragmento da osteocondrite. Utiliza-se imobilização tipo tubo
gessado, com grau de flexão tal qual não permite carga no local da osteocondrite,
ocasionando diminuição da pressão entre o côndilo e o platô da tíbia nesse ponto. O
período de imobilização é variável e depende da reintegração do fragmento, em
geral, o tempo de imobilização é inferior a 90 dias.
O tratamento cirúrgico está indicado nos casos onde o tratamento conservador
falhou ou quando o paciente apresenta idade elevada, ou seja, após período de
maturação óssea. Várias técnicas são descritas para reparar a lesão, já que a
superfície da cartilagem de uma articulação deve ser perfeitamente lisa e uniforme
para o seu bom funcionamento. Uma das indicações para este tipo de paciente é a
fixação com parafusos de Smilie, que apresenta bons resultados, além do uso de
fios de Kirchner.
Quando o desprendimento for antigo, deve-se realizar curetagem do osso
subcondral. Nos casos em que a área curetada for muito extensa, será preciso
realizar enxerto com osso esponjoso, e depois tentar reinserir o corpo livre. Caso o
corpo livre se encontre desvitalizado, orienta-se a curetagem no local da lesão,
seguida por períodos de tração balanceada na tentativa de estimular uma
cicatrização/recuperação óssea natural.
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8 CONCLUSÃO
A Osteocondrite Dissecante do Joelho é uma lesão primariamente óssea com
envolvimento da cartilagem articular secundariamente. Há formação de uma zona
transicional após necrose óssea que tem ótimo potencial de cura, mas pode evoluir
para deformidade óssea. Etiologicamente, a teoria mecânica/traumática é a mais
aceita. A predisposição familiar/hereditária pode ser considerada um fator em alguns
pacientes, particularmente em crianças e adolescentes. É grande a diferença no
curso clínico e no prognóstico de pacientes com fise aberta e fechada. A OCD é
geralmente diagnosticada pela radiografia simples, que não fornece dado quanto à
instabilidade da lesão. A RM é o exame de escolha para o diagnóstico. A RM
associada ao quadro clínico determina a conduta terapêutica da OCD. A RM
também auxilia na indicação da realização de artroscopia e/ou artrotomia, bem como
no seguimento da cicatrização, no entanto entende-se que o diagnóstico e
acometimento precoce melhora o prognóstico deste paciente.
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9 REFERÊNCIAS 1 Vaz CES, Guarniero R, Santana PJ, Dal Molin E, Morandini PH. Fixação interna
de fragmento osteocondral originado de osteocondrite dissecante do joelho. Acta Ortop Bras. [periódico na Internet]. 2008; 16(4): 247-249. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob.
2 NAVARO R, et al. Tratamento artroscópico da osteocondrite dissecante do joelho (OCDJ) por meio de “palitos ósseos” autólogos. Rev Bras Ortop. Vol. 32, Nº 12. Dezembro, 1997.
3 SEVERINO N, et al. Osteocondrite dissecante do joelho: estudo retrospectivo com 52 pacientes. Rev Bras Ortop. Vol. 31, Nº 4. Abril, 1996.
4 BRUSCHINI, Sérgio. Ortopedia pediátrica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1998.
5 MAGEE, David J. Avaliação musculoesquelética. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2005. 1014 p.
6 HEBERT, Sizínio (Org.). Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.