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Otávio Dias ∞ Bradesco - bancariosdecuritiba.org.br · Carlos Francisco Liparotti Deflon ... Sonia Regina Sperandio Boz - Caixa Tarcizo Pimentel Junior ... propôs que quem quisesse

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Otávio Dias ∞ BradescoPresidê[email protected]

Antonio Luiz Fermino • CaixaSecretaria [email protected]

Carlos Alberto Kanak • HSBCSecretaria de Finanç[email protected]

Audrea Louback • HSBCSecretaria de Organização e Suporte Administrativo [email protected]

André C. Branco Machado • Banco do BrasilSecretaria de Imprensa e Comunicaçã[email protected]

Genésio Cardoso • CaixaSecretaria de Formação Sindical [email protected]

Cristiane Zacarias • HSBCSecretaria de Igualdade e da [email protected]

Karla Cristine Huning • BradescoSecretaria de Assuntos Jurídicos Coletivos e [email protected]

Ana Maria Fideli Marques • ItaúSecretaria de Saúde e Condições de [email protected]

Marcio M. Kieller • ItaúSecretaria de Políticas Sindicais e Movimentos [email protected]

Ana Luiza Smolka • Banco do BrasilSecretaria de [email protected]

Júnior César Dias • Itaú UnibancoSecretaria de Mobilização e Organização da [email protected]

Pablo Sérgio M. Ruiz Diaz • Banco do BrasilSecretaria de Ass. de P. Sociais e E. Socioeconô[email protected]

Lilian de C. Graboski • SantanderSecretaria de Assuntos do Ramo Financeiro*Aguardando liberação

Genivaldo A. Moreira • HSBCSecretaria de Esportes e [email protected]

Ademir Vidolin - BradescoAlessandro Greco Garcia - BBAna Paula Araújo Busato - BBAnselmo Vitelbe Farias - ItaúArmando Antonio Luiz Dibax - ItaúCarlos Francisco Liparotti Deflon - CaixaClaudemir Souza do Amaral - SantanderClaudi Ayres Naizer - HSBCClovis Alberto Martins - HSBCDarci Borges Saldanha - ItaúDavidson Luis Zanette Xavier - BBDébora Penteado Zamboni - CaixaDenívia Lima Barreto - HSBCEdison José dos Santos - HSBCEdivaldo Celso Rossetto - HSBCEustáquio Moreira dos Santos - ItaúGerson Laerte da Silva Vieira - BB

Efetivos

Herman Felix da Silva - CaixaJoão Paulo Pierozan - CaixaJorge Antonio de Lima - HSBCJosé Carlos Vieira de Jesus - HSBCJosé Carneiro Ferreira - HSBCKarin Tavares - SantanderKelson Morais Matos - BradescoNilceia Aparecida Nascimento - BradescoOrlando Narloch - HSBCRodrigo Pilati Pancotte - BBSélio de Souza Germano - ItaúSidney Sato - ItaúSonia Regina Sperandio Boz - CaixaTarcizo Pimentel Junior - HSBCUbiratan Pedroso - HSBCValdir Lau da Silva - HSBCVanderleia de Paula - HSBCVandira Martins de Oliveira - Itaú

Ivanício Luiz de Almeida - Itaú UnibancoDenise Ponestke de Araújo - CaixaMargarete Segalla Mendes - HSBC

SuplentesTânia Dalmau Leyva - Banco do BrasilEdna do Rocio Andreiu - HSBCCarolina M. Mattozo - Banco do Brasil

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Cartas do leitorEditorialBancosConjunturaEntrevistaCapaVida sindicalCidadaniaCulturaFormaçãoOpiniãoJurídicoSaúdeAconteceuMemórias da lutaHumor

14 Dados alarmantesDados do INSS revelam que afastamentos por transtornos

mentais e comportamentais crescem anualmente, sem perspec-tiva de mudança.

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Fundado em 06 de julho de 1932, Sindicato dos Bancários de Curitiba e região completa 80 anos de história, lutas e conquistas.

Memórias da luta

EntrevistaAutor do livro “A Privataria Tucana” fala com exclu-

sividade sobre o papel do Banestado na trama das priva-tizações da Era FHC.

A voz do morroEm visita ao Rio de Janeiro, jornalista Paula Padilha

faz o perfil do cineasta, escritor e morador da favela San-ta Marta, Repper Fiell.

fevereiro 2012 03

Conselho Editorial: Ana Smolka, André Machado,Carlos Kanak, Genésio Cardoso,

Eustáquio Moreira Santos e Otávio DiasJornalista responsável: Renata Ortega (8272-PR)

Redação: Flávia Silveira, Paula Padilha e Renata OrtegaProjeto gráfico: Fabio Souza e Renata Ortega

Diagramação e Capa: Fabio Souza Revisão: Maria C. Périgo

Impressão: Multgraphic • Tiragem: 8.200 Contato: [email protected]

A revista Bancári@s é uma publicação bimestral doSindicato dos Bancários de Curitiba e região,

produzida pela Secretaria de Imprensa e Comunicação.Presidente: Otávio Dias • [email protected]

Sec. Imprensa: André Machado • [email protected]

Rua Vicente Machado, 18 • 8° andarCEP 80420-010 • Fone 41 3015.0523

www.bancariosdecuritiba.org.brOs textos assinados são de inteiraresponsabilidade de seus autores.

CSO Shopping Palladium

Em dezembro de 2011, o Banco do Brasil tomou a de-cisão unilateral de proibir que os bancários utilizem as can-tinas e refeitórios que ficam no Centro de Suporte Operacio-nal (CSO Shopping Palladium). Segundo o BB, a ordem de fechamento partiu da diretoria, sob alegação de ser proibido que o trabalhador se alimente no local de trabalho. O Sin-dicato dos Bancários de Curitiba e região recebeu diversas reclamações:

“Os funcionários CSO do Banco do Brasil estão vivendo a ‘era do chicote’ e do ‘feitor’. Não sei onde esses gerentes aprenderam administração. Numa época em que as empresas lançam mão de estímulos e apoio aos funcionários, o BB fica cada vez pior. Chamam a atenção de todos em público, mui-tas vezes sem motivo, expondo as pessoas ao ridículo. Onde já se viu proibir os funcionários de almoçar na cantina? Tem um refeitório, onde quase cem pessoas almoçavam todos os dias e agora nem isso. Cobram produção e metas abusivas lançando mãos de desestímulos? Em que era estas pessoas estão vivendo?”

Bancária do BB

Assim que ficou sabendo da situação, o Sindicato exigiu uma reunião com a diretoria do BB para esclarecer o as-sunto. Ainda no mês de janeiro a situação foi resolvida e o refeitório reaberto.

Os últimos soldados da Guerra FriaAutor: Fernando MoraisPáginas: 416Editora: Cia das Letras

Tudo pelo poderGênero: DramaTempo de duração: 101 minAno de lançamento: 2011

O livro narra a aventura de um grupo de espiões cubanos em território americano e revela os tentáculos de uma rede ter-rorista com sede na Flórida e ramificações na América Central, e que conta com o apoio tácito nos Estados Unidos.

A história se passa algumas semanas antes do partido democrata escolher seu candidato à presidência dos Estados Unidos, quando um jovem diretor de comunicação desnuda as trapaças do jogo da política em que ele precisa se meter para conseguir uma indicação.

fevereiro 201204

2012: Da saúde à políticaNo final de 2011, Roberto Setúbal,

executivo do Itaú, anunciou que a es-tratégia da empresa para o próximo ano seria de melhorar de forma “agressiva” os índices de eficiência operacional para elevar a lucratividade. Em outras palavras, o que Setúbal pretende é diminuir ain-da mais os custos do banco com a folha de pagamento e aumentar a pressão por produtividade sob os trabalhadores. Para isso, demitiu mais de 4 mil trabalhadores em 2011 – somente em Curitiba e região foram desligados 202 bancários – e tor-nou seu programa de metas, o Agir, ainda mais agressivo.

Talvez não seja explícito a primeira vista, mas a realidade do Itaú importa para todos os bancários, pois as inovações na gestão no banco de Setúbal têm sido refe-rências para as demais instituições finan-ceiras. Um exemplo é a individualização das metas, adotada pelo Banco do Brasil no programa Sinergia em 2012, que busca se assemelhar cada vez mais ao Agir. O que a classe patronal tem fingido não ver, no entanto, é que esse modelo de gestão leva,

cada vez mais, bancários ao adoecimento.É por isso que, nesta edição da Revis-

ta Bancári@s, o apelo do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região a todas as instituições financeiras é de PARE. A ma-téria de capa traz índices alarmantes de afastamentos pelo INSS e adoecimento da categoria em 2011, números que não param de crescer a cada ano. Embora as doenças relacionadas às LER/Dort ainda afetem muitos trabalhadores, os dados apontam para um aumento desenfreado de doenças de transtornos mentais e com-portamentais, fruto de uma organização do trabalho deficitária. O número de bancários que utilizam ansiolíticos para encarar a rotina nos bancos é assustador.

O segundo tema de destaque nesta edição é o das privatizações em âmbito nacional e estadual. Em decorrência da aprovação da legislação que prevê a ad-ministração de serviços públicos por Organizações Sociais no Paraná e das concessões privadas para administração dos principais aeroportos do país, que ressuscitam o Plano Nacional de Deses-

tatização do governo FHC, o debate cha-mou a atenção dos movimentos sociais e sindical. Considerando o ano eleitoral, é chegado o momento de pensar quais os rumos desejados para as administrações municipais nos próximos anos.

Por fim, na sessão de entrevistas, uma conversa exclusiva com o jornalista A-maury Ribeiro Júnior, autor do livro “A Privataria Tucana”, lançado no final de 2011 e já entre os mais vendidos. Um dos principais temas da obra é a privati-zação do Banestado, que, segundo o au-tor, foi a “maior lavanderia de dinheiro do mundo”. Ribeiro Jr passou 12 anos perseguindo o caminho que o dinhei-ro sujo das privatizações percorreu em paraísos fiscais antes de voltar para o Bra-sil. Agora, após todas as denúncias, aguar-da a abertura de processo judicial contra os responsáveis pelas mais de mil páginas de documentos que entregou ao Minis-tério Público Federal e à Polícia Federal. Boa leitura!

A Direção

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Projeto piloto do Itaú, que prevê funcionamento de agênciasdas 8h às 20h, motivou manifestação do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região no dia 27 de janeiro. Preocupação domovimento sindical é com as condições de trabalhoe segurança dos bancários. SE

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fevereiro 2012 05

Itaú: Política dedemissões continua

Em maio do ano passado, o Itaú anun-ciou que iria extinguir a Superintendên-cia de Desenvolvimento Industrializado de Sistemas (SDIS) em Curitiba, sem nenhuma justificativa. Seis meses após o comunicado, o banco cumpriu seu obje-tivo: o fechamento da SDIS foi concreti-zado no dia 24 de novembro de 2011, deixando à deriva 55 bancários, especia-listas na área de Tecnologia da Informa-ção – trabalhadores oriundos do antigo Banestado, incorporados ao Itaú após a privatização, ocorrida no ano 2000.

De acordo com Sidney Sato, dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, que trabalhava na Superintendên-cia, a situação foi desastrosa. “O Itaú propôs que quem quisesse continuar no banco deveria se mudar para São Paulo. Quem escolheu essa opção teve que se virar com transporte, mudança, mora-dia. Os salários ficaram com os mesmos valores e não há garantia de manutenção

BANCO FECHOU SDIS NO DIA 24 DE NOVEMBRO, DESCARTANDO A MAIORIA DOS FUNCIONÁRIOS.CPSA SE ENCONTRA PRATICAMENTE NA MESMA SITUAÇÃO

do emprego no próximo ano”, salienta o dirigente. Ele destaca ainda que a maioria dos bancários da SDIS tem, em média, 25 anos de profissão, portanto, está em vias de se aposentar.

Do total de trabalhadores do setor, 21 bancários se transferiram para São Paulo. Outros 26 bancários, na faixa de 45 a 50 anos de idade, ficaram desemprega-dos. “Poucos foram beneficiados com o pagamento de estabilidade pré-aposenta-doria”, acrescenta Sidney Sato.

CPSAOutro setor de Curitiba que está

fechando e possui funcionários na mesma situação é o Centro de Proces-samento de Serviço de Agência (CPSA). No mês de novembro, o Itaú realizou uma reunião com os representantes dos trabalhadores e se comprometeu a realo-car o maior número possível de bancári-os em outras unidades, até o dia 31 de

dezembro de 2012. Contudo, a maioria dos bancários também foi demitida e o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) prometido pelo banco – compos-to por 12 meses de vale-refeição e até três avisos prévios, além de 24 meses de plano de saúde para todos – foi apenas parcialmente cumprido.

Política de demissõesAo longo de 2011, o Itaú manteve

a prática de alta rotatividade entre os bancários, com demissões em todo Bra-sil. As estimativas são de que cerca de 100 trabalhadores sejam desligados do banco diariamente no país. Somente em Curitiba e região, no ano passado, 202 bancários foram demitidos, 146 deles sem justa causa. Outros 55 trabalhadores pediram demissão, por não suportarem as condições de trabalho. Enquanto isso, entre os meses de janeiro e dezembro, o Itaú lucrou R$ 14,6 bilhões.

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BB investe empropaganda doBanco Postal

Sindicalizações no Bradesco

Com a grande quantidade de contas abertas no país nos primeiros dias de 2012, o Banco do Brasil está investindo pesado em propagandas sobre seu novo correspondente, o Banco Postal, que ini-ciou suas atividades no dia 02 de janeiro em todo o país. Já no dia 14, o BB es-cancarou em rede nacional de televisão uma de suas intenções: tirar idosos de dentro das agências bancárias e empurrar para dentro dos Correios.

A inserção foi feita na novela das 18h, com um diálogo entre dois ido-sos sobre os serviços prestados pelo Banco Postal: pagar faturas, abrir conta bancária, realizar saques e demais ser-

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região quer trazer mais bancários do Bradesco para fazer parte da entidade e contribuir nas mobilizações e lutas da cate-goria. Por isso, começou a realizar, em ja-neiro, reuniões por locais de trabalho nas agências e departamentos do banco. O ob-jetivo é dialogar com os bancários, contar um pouco da história do Sindicato e das lutas da categoria, falar sobre a importân-

viços prestados pelos correspondentes bancários. Tudo isso, reforçando a forma rápida e sem filas.

Outra propaganda comercial que apa-rece no horário nobre da televisão é um clipe musical sobre o correspondente nos Correios, utilizando uma canção que se popularizou na voz da cantora Paula Fer-nandes. No melhor estilo “comercial de margarina”, pessoas sorrindo passeiam em frente a uma agência dos Correios, ao som de “Quero ser pra você...”.

E os bancários?O movimento sindical denuncia des-

de julho de 2011, com a assinatura do

cia da união e angariar novas filiações. “O Sindicato pretende visitar todas as

agências até o final do ano para estabe-lecer uma proximidade, de fato, com os trabalhadores”, salienta Otávio Dias, presi-dente da entidade. “O Bradesco ampliou o número de agências em Curitiba e região e queremos que os novos funcionários en-tendam que o Sindicato é uma ponte entre eles e o banco”, explica Elias Jordão, presi-

BANCO COMPRA ESPAÇO EM NOVELADA GLOBO PARA SUGERIR MOVIMENTAÇÕESBANCÁRIAS PELO CORREIO

EM 2012, O OBJETIVO DO SINDICATO É VISITAR TODAS AS AGÊNCIAS DO BANCONA BASE PARA APROXIMAR-SE DOS BANCÁRIOS

acordo, que o BB quer o Banco Postal para “ampliar o atendimento bancário” e que o principal problema desta parceria é a precarização das relações de trabalho, já que utiliza funcionários dos Correios para prestar serviço bancário sem a equi-paração salarial, por exemplo. No Banco Postal, os salários chegam a ser 80% menores que dos bancários e não há di-reitos assegurados pela Convenção Cole-tiva de Trabalho.

O outro problema é a falta de se-gurança. Nas agências bancárias, portas com detectores de metais e vigilantes são obrigatórios. Já nos Correios, todos ficam expostos.

dente da FETEC-CUT-PR.As primeiras reuniões foram realiza-

das nas agências das cidades de Araucária e São José dos Pinhais. “Nós queremos destacar a importância da nossa represen-tatividade. Que quanto mais apoio temos dos bancários, maior é a facilidade de ne-gociação com o banco”, completa Karla Huning, diretora da Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato.

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fevereiro 2012 07

Caixa: Problemas no ponto persistem

No final de 2011, a Caixa Econômica Federal anunciou a proibição do registro de horas

extras de seus funcionários, sob o argumento de cor-tar custos. O problema é que a empresa pos-sui número reduzido de empregados em relação à quantidade de serviço a ser realizado durante o expediente. Com isso, os bancários passaram a

ser pressionados a finali-zar o ponto e continuar

trabalhando, quando as ati-vidades extrapolam a jornada

diária de 6 ou 8 horas.Na opinião do secretário-geral

do Sindicato dos Bancários de Curi-tiba e região, Antonio Luiz Fermino, a-

gindo desta forma, os bancários ajudam a Caixa a omitir a falta de funcionários e

a sobrecarga de trabalho a que estão submetidos. “Trabalhar após o fim

da jornada sem marcar o ponto é um risco para o trabalhador.

Se, por exemplo, acontecer um acidente de trabalho no retorno à residência após uma hora do fim da jornada, o banco não vai reconhecer”, alerta o dirigente.

As denúncias que chegaram ao Sindicato, relatando que em deter-minados setores como

o de retaguarda (redimensionada com quadro redu-zido) há trabalho depois do expediente, sem registro de hora extra, são uma clara demonstração de assé-dio moral, de que gestores fazem pressão velada para que o trabalho seja realizado. “Esse tipo de atitude vai contra nossa campanha de mais contratações na Caixa, pois, assim, com o mesmo número de funcionários o trabalho é realizado e sem os custos de horas extras. O que precisamos é mostrar para a empresa que precisa-mos de mais empregados”, finaliza Fermino.

O Sindicato orienta todos os bancários a não re-alizarem esse tipo de procedimento. Caso os gestores estejam coagindo os funcionários a trabalharem além do expediente, essa situação deve ser denunciada.

COM A PROIBIÇÃO DAS HORAS EXTRAS, GESTORES PRESSIONAMPARA QUE TRABALHO SEJA REALIZADO SEM REGISTRO DE JORNADA

Reestruturação no Paraná

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região está acompanhando a situação dos funcionários da Caixa Econômica Federal que tiveram sua função al-terada pelo projeto piloto de reestruturação do ban-co, que começou no início de 2012 no Paraná e, até o fechamento desta edição, estava temporariamente suspenso. Enquanto a reestruturação permanece suspensa, bancários da Reret que ficaram sem fun-ção aguardam um posicionamento da empresa.Por pressão do Bacen, a Caixa teve que recriar as re-taguardas que haviam sido extintas em meados do ano passado, sob protesto do movimento sindical. Contudo, elas foram recriadas sem a quantidade necessária de pessoal, com a proibição de horas extras e a orientação de “driblar o dia a dia”, que está sendo entendida como driblar o Sipon. Com o projeto piloto de reestruturação, algumas gerên-cias e cargos de assistente dentro das agências tam-bém foram extintos. O Sindicato está exigindo que todos os comissionados sejam realocados.

fevereiro 201208

Cenário no HSBCé de reivindicações

No dia 31 de janeiro, foi retomada a mesa de negociação permanente entre a Contraf-CUT, federações e sindicatos fili-ados e o HSBC, para reivindicar alterações nos programas próprios do banco (PPR/PSV), discutir previdência complementar, saúde e condições de trabalho e emprego. A diretora de Recursos Humanos do HSBC, Vera Saikali, participou da reunião e admitiu falhas no programa do banco, mas salientou que nada será alterado para o pagamento do PPR 2011. Para a direção do HSBC, não basta atingir as metas, os bancários precisam prestar esclarecimen-tos de como e o que está sendo feito para o cumprimento.

Metas e remuneraçãoNa avaliação do movimento sindical,

os bancários se esforçam e adoecem para atingir metas e garantir o pagamento do PPR, mas, no final das contas, a com-

pensação com a PLR acaba gerando uma insatisfação generalizada, pois os fun-cionários se sentem enganados.

É preciso ressaltar que a PLR é ga-rantida em aditivo na Convenção Co-letiva de Trabalho. A Lei Federal n.º 10.101/2001 prevê a possibilidade de compensação com programas próprios das empresas, não sendo necessaria-mente obrigatória. Ainda conforme o contrato do PPR, o CEO pode fazer al-terações. “Cabe lembrar também que o movimento sindical conquistou a PLR adicional, que privilegia o pagamen-to linear, valorizando o coletivo, que precisa ser melhorada no HSBC, por estar relacionada diretamente à lucra-tividade do banco”, destaca Carlos Al-berto Kanak, coordenador nacional da Comissão de Organização dos Emprega-dos (COE/HSBC) e dirigente do Sindi-cato dos Bancários de Curitiba e região.

BANCÁRIOS EXIGEM ALTERAÇÕES NO PPR E NÃO COMPENSAÇÃO DA PLR

Reivindicações e melhoriasOs bancários reivindicam garantia de

pagamento do PPR para todos; não com-pensação com a PLR; negociação com o movimento sindical, com o objetivo de eliminar as metas abusivas; e fim do CDP como critério individual. “Atualmente, o programa próprio do banco é unila-teral, com metas inatingíveis e com situ-ações em que as próprias decisões do banco dificultam o cumprimento dessas metas, como decisões financeiras, ju-rídicas e regras de mercado, por exem-plo. Nós não vemos outra saída ao banco que não seja separar o PPR da PLR, dei-xando mais claras as regras e critérios”, critica Kanak.

Na reunião com os representantes dos trabalhadores, o HSBC se comprometeu a manter as negociações permanentes, com um calendário que será definido pela Contraf-CUT.

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fevereiro 2012 09

A retomada dasprivatizaçõesCONCESSÃO DE AEROPORTOS E DENÚNCIAS SOBRE PRIVATIZAÇÕES OCORRIDASNA ERA FHC TRAZEM À TONA OS FANTASMAS DA VENDA DE BENS PÚBLICOS NO PAÍS

O leilão de privatização dos aeroportos de Bra-sília, Guarulhos e Viracopos foi realizado pelo Go-verno Federal no dia 06 de fevereiro. E as empresas vencedoras nas concessões ainda terão acesso a em-préstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com até 80% do valor do investimento total. As empresas privadas que le-varam as concessões terão que administrar (e colher os lucros) pelo período de 20 a 30 anos, dependendo do aeroporto. E tudo isso para locais que já foram construídos com dinheiro público, ficando para as

empresas apenas despesas de manutenção e reformas. Outro aeroporto também já está no caminho da

privatização: em novembro de 2011, a presidente Dilma esteve em Natal, no Rio Grande do Norte, inaugurando a nova modalidade de administração de aeroportos, através de empresas privadas. O dife-rencial é que, nesse caso, a construção da estrutura precisa ser finalizada. O aeroporto, localizado na ci-dade de São Gonçalo do Amarante, só tem uma pista de pouso, mesmo depois de mais de 10 anos do início da construção.

fevereiro 201210

“ O GovernoFederal justifica asprivatizações com o argumento dos grandes eventoschegando ao Brasil, contudo o períodode exploração das atividades pelainiciativa privadasupera em muitos anos essesacontecimentos.”

A privatização destes aeroportos brasileiros foi regulamentada pelo Decreto nº 7.531, publicado dia 22 de julho de 2011, no Diário Oficial da União. O Decreto incluiu os aeroportos de Brasília, Guaru-lhos e Campinas no Programa Nacional de Deses-tatização (PND), que jamais foi revogado. O PND foi criado no ano de 1990, pela Lei nº 8.031, que posteriormente foi substituída pela Lei nº 9.491, de 9 de setembro de 1997, em vigor até hoje, e que incluiu os aeroportos, como já citado, no segundo semestre do ano passado.

O Governo Federal justifica as privatizações com o argumento dos grandes eventos chegando ao Brasil, como a Copa do Mundo de futebol, em 2014, e as Olimpíadas de 2016, na cidade do Rio de Janeiro. Já o período de exploração das atividades pela iniciativa privada supera em muitos anos esses acontecimentos.

O Brasil está à venda?O fantasma da privatização volta ao Brasil durante

um período curioso, já que foi recém lançado o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, que investigou e publicou denúncias de lavagem de dinheiro na época das privatizações ocorridas nos governos de Fernando Henrique Cardoso. Cópias de documentos do que ele chama de “caminho do di-nheiro sujo” foram inseridas na obra. O jornalista está percorrendo diversas cidades do país para divul-gar essas denúncias e, até o fechamento desta edição, ainda aguardava a abertura de processo judicial ori-unda das mais de mil páginas de documentos que disse ter entregado para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal (saiba mais sobre o livro na entrevista exclusiva com o autor, publicada nas pági-nas 12 e 13 desta edição).

Em outra instância, o país também poderá acompanhar os desdobramentos da CPI da Priva-taria, que será aberta este ano na Câmara Federal, sob a relatoria do deputado Protógenes Queiroz. O jornalista Amaury Ribeiro Jr acredita na eficiência da CPI, como uma forma mais rápida de punição, e também na relatoria do ex-delegado da Polícia Fe-deral, já que ele saberia exatamente como seguir o caminho do dinheiro sujo.

E o Paraná?Todas essas denúncias, que respingam em fa-

miliares e aliados de José Serra, que era ministro

de FHC, estão embasadas principalmente em do-cumentos sigilosos das investigações da CPMI do Banestado, o banco paranaense que foi privatizado e está sob o comando do Itaú. O jornalista que inves-tigou as privatizações afirma que o Banestado foi “a maior lavanderia de dinheiro do mundo”. Os em-presários beneficiados com as privatizações na era FHC teriam utilizado o banco para mandar dinheiro para paraísos fiscais.

Assim como no resto do Brasil, em que os aero-portos começaram a ser vendidos com autorização do Governo Federal por meio de um decreto pu-blicado no Diário Oficial, os paranaenses também se sur-preenderam com a entrega da estrutura de hospitais públicos pelo governo es-tadual para as chamadas Or-ganizações Sociais (OS). Em dezembro de 2011, no fim das atividades parlamentares, a base aliada de Beto Richa na Assembleia Legislativa passou por cima de protes-tos da sociedade e aprovou, durante a noite, a criação das OS e a possibilidade des-sas empresas administrarem bens públicos.

A pá de cal que culminou na criação das Organizações Sociais e no início da gestão de hospitais públicos por estas organizações, claramente uma forma de priva-tização, terceirização e precarização dos serviços públicos, ocorreu na noite do dia 05 de dezembro, quando os deputados estaduais aprovaram, durante a madrugada, a lei das OS.

A Assembleia Legislativa do Paraná, formada pela maioria da base aliada do governador Beto Richa (PSDB), acelerou a votação. As manifestações foram acompanhadas pelo Sindicato dos Bancários de Curi-tiba e região. Os manifestantes queriam a retirada do projeto de lei da pauta de votações, para que ele fosse discutido com a sociedade, que audiências públicas fossem realizadas. Mas o rolo compressor do Gover-no Estadual impediu qualquer medida democrática com participação popular.

fevereiro 2012 11

Banestado, umalavanderia de dinheiro

O jornalista Amaury Ribeiro Jr foi o primeiro a publicar uma matéria de denúncia de lavagem de di-nheiro no Banestado. Passou 12 anos, como ele mes-mo define, “seguindo” o caminho que o dinheiro sujo das privatizações percorreu em paraísos fiscais antes de voltar para o Brasil. Foi réu em mais de 30 pro-cessos judiciais contra as denúncias que publicou em grandes jornais e não perdeu nenhuma dessas ações.

Em 2011, publicou o livro “A Privataria Tucana”, com farta documentação que incrimina pessoas próximas a José Serra, inclusive seus familiares. En-tregou mais de mil páginas de documentos para o

Ministério Público Federal e a Polícia Federal para que as denúncias sejam investigadas. E, até agora, não recebeu ne-nhuma notificação judicial.

Ele acredita que a CPI da Privataria, que foi pedida pelo deputado federal Pro-tógenes Queiroz, pode ser o caminho mais ágil para punir os responsáveis pelos desvios. E espera que as investigações da CPI do Banestado sejam retomadas. Leia a entrevista exclusiva de Amaury Ribeiro

Jr para a Revista Bancári@s. Bancári@s: No livro, os documentos sigilosos da

CPMI do Banestado são citados diversas vezes como fonte de suas investigações sobre as empresas ligadas aos familiares de José Serra, que utilizaram doleiros que agiam através das contas CC-5 para lavagem de dinhei-ro. A que você atribui a condenação de vários doleiros do caso Banestado pelas Varas Federais Criminais e, ao mesmo tempo, a falta de responsabilização dos em-presários envolvidos, como a filha e o genro de Serra?

Amaury Ribeiro Jr: Houve um acordo entre o

Governo Federal e a base oposicionista. Quando as denúncias (da CPMI do Banestado) começaram a chegar no presidente do Banco Central, o governo FHC não só fez um acordo, como blindou o Henrique Meirelles. Fazendo isso, a investigação não poderia continuar. A que ponto a gente chegou. Num país em que o presidente do Banco Central, que deveria coibir os ilícitos financeiros, usava o mesmo duto de dinheiro sujo do Banestado. A investigação não agra-dava. Foi por isso que pegaram os doleiros, alguns até acabaram falando alguma coisa. Pelo menos teve um consolo nas duas CPIs do Banestado, porque teve uma aqui no Paraná também e outra em Brasília. Através de multas e condenações, muito desse dinheiro (das lavagens) foi repatriado.

Bancári@s: Houve envolvimento do Governo Es-tadual na lavagem de dinheiro?

A. R. J.: O Governo do Paraná deixou que um banco estatal, que serve para atender os interesses do estado, se transformasse numa mega lavanderia. Os funcionários do banco estavam envolvidos com esses doleiros. A agência do Banestado em Nova Iorque foi a maior lavanderia de dinheiro do mundo. Foram o Governo do Paraná (de Jaime Lerner) e o Governo Federal dos tucanos que fomentaram essa lavanderia. O Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-tesoureiro de FHC e Serra, apontado como o responsável e articulador dos desvios quando assumiu um cargo na área interna-cional do Banco do Brasil) baixou uma portaria que possibilitou tudo. Eles usaram um esquema criado com o pretexto de facilitar a vida dos comerciantes para gerar um esquema muito maior. O Governo do Paraná também facilitou essa lavanderia. Porque os doleiros não iam conseguir se não tivesse conivência.

Bancári@s: Você citou no livro que os dados sigilosos seriam entregues para a Justiça assim que esse material fosse publicado. Você acredita que suas denúncias contextualizadas no livro possam acarretar

AMAURY RIBEIRO JR, AUTOR DE "A PRIVATARIA TUCANA", AFIRMA QUEBANCO PARANAENSE FOI O PRINCIPAL DUTO DE DINHEIRO SUJO DAS PRIVATIZAÇÕES

“ A que ponto a gente chegou. Num paísem que o presidente do Banco Central, que deveria coibir os ilícitos financeiros, usava o mesmo duto de dinheiro sujo do Banestado.”

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em algum tipo de punição?A. R. J.: Eu entreguei toda essa docu-

mentação para o Ministério Público Fe-deral e para a Polícia Federal depois que o livro foi lançado. Agora, você apurar ilícito financeiro não é uma coisa fácil. Eu apren-di porque foram anos de trabalho (12 anos de investigação para o livro), 3 ou 4 no Brasil. E agora a Polícia Federal tem que apurar, tem que seguir esse caminho. O que conta não é o documento isolado. No ilícito financeiro você tem que acom-panhar as várias fases da transação. A pes-soa que quer lavar dinheiro, o que ela faz, qual é o objetivo. É dissimular a origem do dinheiro. Então o dinheiro começa a ro-dar, rodar, rodar e você tem que seguir. No caso do dinheiro sujo do Banestado, antes de sair do banco ele ficava rolando por dez contas diferentes no próprio Banestado em offshores. As contas eram abertas em offshores com os mesmos nomes lá nos paraísos fiscais, depois voltavam. Mas tem gente com competência na Polícia Federal para apurar isso. Essas pessoas precisam ser provocadas para investigar.

Bancári@s: Você cita que a meta do governo do PSDB nos oito anos sob a presidência de Fernando Henrique Car-doso era “vender tudo o que der para vender”, e que havia a intenção de fazer o mesmo com o Banco do Brasil e a Caixa

Econômica Federal, privatizando ou tor-nando esses bancos de “segunda linha”. Por que esse projeto não foi concretizado?

A. R. J.: Se não fosse a pressão dos movimentos populares, dos sindicatos, eles teriam feito isso com certeza. Esse é o grande mérito, os movimentos popu-lares conseguiram interromper as priva-tizações. Mas nesses setores, a força dos movimentos sociais conseguiu evitar. A reação da sociedade impediu a venda desses bancos públicos.

Bancári@s: Você afirma em alguns trechos do livro investimentos de fun-dos de pensão em empresas privadas que usaram essa verba para participar dos leilões de privatização, como no caso da Previ, mas sem o controle acionário desse fundo mantido por funcionários do Banco do Brasil na gestão das em-presas privatizadas. O dinheiro público desses fundos ainda fomenta interesses privados, sem interferir na gestão ou essa prática não existe mais?

A. R. J.: Os fundos de pensão entra-ram como sócios. Isso não acabou. É uma briga para ter o controle dessas empre-sas (privatizadas). Por exemplo, o Dan-tas (Daniel Dantas, sócio de empresas de telefonia) começou a brigar com os só-cios italianos pelo controle da empresa, e quem ia decidir essa questão? Era a Previ.

As cotas da Previ é que decidem quem manda no conjunto. É muito dinheiro que tem nesses fundos de pensão.

Bancári@s: Qual desfecho você acha que terá a CPI da Privataria, que teve assi-naturas recolhidas na Câmara Federal após o lançamento do livro com as denúncias?

A. R. J.: Com a CPI é o jogo mais rápi-do. Você pode ter os maiores técnicos do Brasil lá dentro (investigando). Você pode ir para os Estados Unidos checar docu-mentos. Pode quebrar as operações de câmbio, pode quebrar o sigilo financeiro, o sigilo fiscal. Quando quebrarem o sigi-lo dessas empresas, eu não tenho nenhu-ma dúvida de onde vai chegar. Vocês vão ver. Por isso que eu acredito que a CPI da Privataria vai ajudar muito. Vai mostrar, vai mapear o dinheiro da privatização. Eu conheço várias pessoas do setor público que já falaram que querem colaborar com a CPI, com o delegado Protógenes (deputado federal que está colhendo as-sinaturas para abertura da CPI da Priva-taria na Câmara Federal). Ele tem muita experiência e vai ser o relator da CPI.

“ A agência doBanestado emNova Iorque foi a maior lavanderia de dinheiro do mundo. Foram o Governo do Paraná (de Jaime Lerner) e o Governo Federal dos tucanos, que fomentaramessa lavanderia.”

A Privataria TucanaAutor: Amaury Ribeiro Jr.Páginas: 344Editora: Geração Editorial

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Que os trabalhadores do sistema financeiro estão entre as categorias que mais adoecem em virtude do trabalho, não se trata de novidade. O fato preocupante, desta vez, é que o número de adoecimentos mentais não para de crescer a cada ano em todo o Brasil, sem uma perspectiva de mudança. Segundo dados do Ins-tituto Nacional do Seguro Social (INSS), foram 3.398 afastamentos (trabalhadores em geral) por depressão entre os meses de janeiro e outubro de 2011, mais 449 casos em virtude de transtornos de comportamento.

Se comparado com 2010, nos dez primeiros meses daquele ano, haviam sido 3.294 casos e 397, respectivamente.

Esses números indicam um crescimento, no período, de 3,5% nos afastamentos provocados por doenças rela-cionadas à depressão e 13% naqueles ligados a transtornos de comportamentos. Ainda conforme o INSS, os números de beneficiários por acidentes como traumatismos, quei-maduras e fraturas, em geral, tiveram uma diminuição. “To-dos estes dados nos mostram que o mercado de trabalho já

se tornou um dos principais causadores de doenças psicossomáticas, pois nenhum outro grupo de doen-ças apresentou crescimento tão grande nos benefícios de auxílio-doença concedidos”, analisa Ana Fideli, se-cretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

Os números comprovam a validade da preocupa-ção do movimento sindical: no primeiro semestre de 2011, o aumento das concessões de auxílio-doença

acidentário para casos de transtornos mentais e com-portamentais foi quatro vezes maior que a expansão no número total de novos afastamentos autorizados. É importante lembrar que existem dois tipos de auxí-lio-doença concedidos pelo INSS: os acidentários, que representam cerca de 16% do total e incluem os casos em que o médico perito identifica o vínculo entre o problema de saúde e a atividade profissional (e garante estabilidade por até um ano após o retorno ao emprego); e os previdenciários, quando essa liga-ção não é clara.

A raiz do problemaSegundo o diretor de Saúde e Segurança Ocupa-

cional da Previdência Social, Remígio Todeschini, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o crescimento econômico acelerado dos últimos anos somado ao sur-gimento de tecnologias mais avançadas de comunica-ção são algumas das causas da expansão desmedida do número de adoecidos pelo trabalho. Para ele, a forma como a organização do trabalho evoluiu está exigindo mais dos trabalhadores, principalmente no que diz res-peito ao envolvimento mental. Conforme Todeschini, o Governo estuda, inclusive, a adoção de medidas para intensificar a fiscalização das condições de trabalho.

Embora os dados do INSS sejam gerais, um le-vantamento realizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo atesta que as condições de trabalho em instituições financeiras têm gerado, cada vez mais, adoecimento: entre os bancários da base da entidade, mais de 65% afirmam já ter sofrido estresse. De acor-do com os trabalhadores, ainda, parte considerável das doenças está relacionada a cobranças excessivas. Para 65% dos funcionários de agências e 52% dos de centros administrativos, a pressão excessiva por cum-primento de metas é um grande problema; 72% dos caixas e 63% dos gerentes declararam sofrer pressões

Saúde bancária:dados alarmantesNÚMEROS DOS INSS MOSTRAM QUE AFASTAMENTOS PORTRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS NÃO PARAM DE AUMENTAR

“ Apesar dos registros de LER/Dort ainda serem superiores,o número deadoecimentospsicossomáticos cresce a cada ano,assim como apré-disposição dos adoecidos em buscar atendimento.”

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Em 2007, o Ministério da Previdência Social adotou novas regras para o diagnóstico das doen-ças provocadas pelo trabalho. Com a criação do chamado Nexo Técnico Epidemiológico, passou a ser calculada a frequência de determinadas doenças por grupos de atividade. Isso facilitou para o traba-lhador provar para o médico perito que seu proble-ma de saúde foi provocado pelo trabalho. Se antes, era o trabalhador que devia provar como adquiriu a doença, depois das mudanças, foi a empresa que passou a ter que comprovar que o trabalho não

adoeceu o funcionário. Conforme os números do INSS, a adoção das no-

vas regras levou a um forte aumento nas concessões de benefícios acidentários para todos os tipos de doença em 2007 e 2008. Os afastamentos provo-cados por casos de transtornos mentais e compor-tamentais, por exemplo, passaram de apenas 612, em 2006, para 12.818, em 2008. Após este ajuste inicial, o crescimento foi de 5%, em 2009, e, em 2010, houve um recuo de 10%. Por isso, o aumento registrado em 2011 causou tanta preocupação.

abusivas para superar as metas; e 42% dos bancários afirmaram ter sobrecarga de trabalho.

Curitiba e regiãoDurante o ano de 2011, a Secretaria de Saúde e

Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região realizou 732 atendimentos. Deste total, 427 bancários foram atendidos pela primeira vez e 305 já faziam acompanhamento permanente. Neste universo, 368 trabalhadores apresentaram sin-tomas de adoecimento por LER/Dort, 333 com sin-tomas relacionados a doenças psicossomáticas e 31 com ocorrência de ambos. “Assim como os números do INSS, os atendimentos da Secretaria de Saúde re-fletem o aumento dos adoecimentos por depressão, transtornos mentais e comportamentais na categoria bancária”, acrescenta Ana Fideli.

No que diz respeito à Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), durante 2011, foram registradas, na base de Curitiba e região, 120 casos de acidente do trabalho ou doença profissional de bancários. Destas, 62 CATs informavam o INSS sobre doenças de LER/Dort e 50 delas sobre transtornos mentais e comportamentais. “Apesar dos registros de LER/Dort ainda serem superiores, o número de adoe-cimentos psicossomáticos cresce a cada ano, assim como a pré-disposição dos adoecidos em buscar atendimento”, finaliza Ana Fideli.

Compõem esse quadro, ainda, os dados obtidos em um levantamento realizado com 385 trabalhadores do Banco do Brasil: destes, 30,6% (118 bancários) se disseram vítimas de assédio moral em seu ambiente de trabalho. E, mais preocupante, 28,5% (110 bancários) declararam utilizar ansiolíticos.

Regras facilitam diagnóstico de doenças do trabalho

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Em 2012, será realizada a 14ª edição da Con-ferência Nacional dos Bancários, evento que reúne representantes dos trabalhadores do Brasil inteiro para discutir e deliberar sobre as reivindicações da categoria. Neste ano também, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região celebra 80 anos de fundação, se firmando entre as entidades repre-sentativas mais antigas do país. Diante destes dois importantes acontecimentos, a direção do Sindicato paranaense pleiteou, em 2011, a realização do en-contro nacional de bancários em Curitiba. “E, para nossa alegria, a proposta foi aceita. Assim, desde os primeiros dias do ano, estamos nos preparando para recepcionar os dirigentes sindicais e delegados de todo o país”, comemora Otávio Dias, presidente do Sindicato anfitrião.

A Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada pela primeira vez em Curitiba, já tem data marcada: 20, 21 e 22 de julho. Além dos debates e grupos de trabalho para discutir e votar as demandas que irão compor a minuta 2012 de negociação com a Fenaban, bem como a plenária deliberativa final, a programação do evento vai incluir uma festa come-morativa aos 80 anos. “Queremos que os partici-pantes da Conferência conheçam a cidade e entrem em contato com a realidade da capital paranaense, onde se concentram mais de 18 mil bancários”, completa Otávio Dias.

Calendário de comemoraçõesAlém da Conferência Nacional dos Bancários, que

se realizará no mês de julho, o Sindicato está prepa-rando um calendário especial de comemorações para festejar suas oito décadas de história. Ainda no dia 06 de julho, data em que se comemora a fundação oficial

EM COMEMORAÇÃO AOS SEUS 80 ANOS,SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE CURITIBAE REGIÃO SEDIA 14ª CONFERÊNCIANACIONAL DOS BANCÁRIOS

da entidade, no ano de 1932, deve acon-tecer o lançamento do livro de memórias, fruto do trabalho de pesquisa e levantamento bibliográfico do projeto Memória e História do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. A obra resgata toda a história da entidade, através de documentos históricos e de-poimentos de dirigentes sindicais. Para completar os festejos, deve ser realizada também uma festa especial para o dia 28 de agosto, Dia do Bancário.

Campanha de filiaçãoEm 2012, o Sindicato também retoma sua Cam-

panha de Filiação, desta vez, em caráter permanente. Em uma data tão especial, a entidade não poderia dei-xar de premiar aqueles que contribuem cotidiana-mente com o fortalecimento das lutas e conquistas da categoria. Os bancários que indicarem colegas de trabalho para sindicalização poderão trocar as indi-cações por camisetas do Sindicato (06 indicações) ou iPod nano (10 indicações). Serão realizados ain-da, entre todos os filiados, três grandes sorteios: 30 de abril (01 iPad 2 32GB), 28 de agosto (06 iPad 2 32GB) e 20 de dezembro (06 iPad 2 32GB). Con-fira o regulamento e saiba como participar acessando www.bancariosdecuritiba.org.br.

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A favela Santa Marta é localizada no morro mais íngreme do Rio de Janeiro. Para chegar até o topo, os moradores subiam 788 degraus há até pouco tempo. Mas o local passou a ser ponto turístico após a pacificação prometida pela Uni-dade de Polícia Pacificadora (UPP), que subiu o morro em 2008. Desde então, a favela é marcada por um oponente prédio dividindo a área de moradia e a área de mata. E lá de cima a vista é indescritível.

A ocupação trouxe o bondinho, os turistas, a conta de luz e a água regula-rizada. Tirou as armas das mãos dos civis. Mas trouxe a temida desocupação no alto do morro, a especulação imobiliária, e, recentemente, calou a voz da rádio co-munitária, liderada pelo Repper Fiell, (descrito por ele como uma designação de repentista, como se autodenomina), que conta aqui o posicionamento de um dos seis mil moradores. Ele destaca que não fala em nome da comunidade. Fala seu ponto de vista, de um morador da Favela Santa Marta.

Fiell faz questão de dizer que mora numa ‘favela’. Porque ‘comunidade’ é mais uma forma de embelezamento para turis-

tas. Mas a beleza do Santa Marta está em suas escadarias, em seus moradores, numa surpreendente organização se encarada por quem não mora no Rio de Janeiro.

Nos dias 18 e 19 de novembro de 2011, Repper Fiell foi o guia de um gru-po de sindicalistas e jornalistas de todo o Brasil, que foram visitar seu reduto du-rante a noite. O trajeto foi simples: 100 degraus, bar do Zé Baixinho e o espaço Coletivo Visão da Favela Brasil, que reúne uma biblioteca, uma rádio comunitária e equipamentos utilizados para captação e edição de imagens. Fiell faz lá seus clipes musicais. E também faz filmes.

O seu curta de 12 minutos, intitulado “788” (Núcleo de Cinema Cria Filme e Lá Casa Loca, 2008), retrata a dificuldade de locomoção dos moradores no Santa Marta, de uma forma que não é vista em outros filmes sobre as favelas do Rio de Janeiro. E o resultado foram duas premiações: no Brasil (Melhor Imagem – Festival Favela É isso aí) e na Holanda (Festival Câmera Mundo), como melhor filme de ficção.

Alan, ator que protagoniza “788”, é também um dos comunicadores da rádio comunitária Santa Marta (FM 103,3),

REPPER FIELL: CINEASTA,ESCRITOR E RESPONSÁVEL PELA RÁDIO COMUNITÁRIA DO MORRO QUE É MUITO MAIS DO QUEA FAVELA DO MICHAEL JACKSONE DA MADONNA

Umavoz no SantaMarta

Por Paula Zarth Padilha

“ Eu quero passar a minha mensagem, dizer para todosaqui que nós temos direitos, não sódeveres, e que nós temos uma opção que não é o tráfico, não é o subemprego. E essa opçãocomeça pela leitura, pela politização.”

Contribuições midiáticas do Repper Fiell

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Livro: Da favela para as favelas – História e experiên-cia do Repper Fiell (2011)DVD: O trabalho é sério (2008)Curta metragem: 788 (2008)CD: Árbitro da própria vida (2006) Mundo Cão (2002)Coletivo Visão da Favela Brasil(www.visaodafavelabrasil.com.br)Rádio Comunitária Santa Marta/103,3 FM(www.radiosantamarta.com.br)Contato: [email protected]

que sobrevive com doações dos moradores que co-laboram com a programação. A rádio foi fechada pela Polícia Federal e pela Anatel no dia 3 de maio de 2011. Agentes dos dois órgãos foram até o local, um pequeno espaço entre as escadarias do morro, e apre-enderam o transmissor do único veículo de comu-nicação que falava com os moradores sobre notícias locais e de interesse da favela.

Fiell garante que a voz do Santa Marta não será ca-lada. Além de suas músicas e filmes, do espaço na rádio e do grande traquejo que tem em levar sua mensagem, ele também é escritor. O livro “Da favela para as favelas – História e experiência do Repper Fiell” (uma rea-lização do Coletivo Visão da Favela Brasil, agosto 2011) é um guia para o morador do Santa Marta e de outras favelas que não quer somente ser mais um dentro das “comunidades”. O Repper conta sua trajetória, mas sua biografia tem um diferencial: ele alerta e mostra os caminhos para todos que querem uma alternativa para a falta de estudo, de trabalho decente, para o tráfico. E, ao mesmo tempo, o livro conta como Fiell se politizou contra a mídia consumista, “que diz o que você quer usar, o que você quer vestir”.

Ao ser questionado se sobrevive da arte ou precisa de um emprego com carteira assinada para manter suas produções, Fiell respondeu: “Eu sou um came-lô. Vendo meus CDs e DVDs, produzo filmes a custo zero, vendo as camisetas do Santa Marta”.

O espaço onde funciona toda a estrutura do Visão Favela e da rádio comunitária é alugado. Fiell paga R$ 350 por mês num local que não deve ter mais do que 30 metros quadrados. A questão de espaço e moradia piorou muito depois da ocupação pela UPP. “Aqui não tem mais lugar para morar. O governo chegou aqui e quer tirar os moradores que têm suas casas lá na parte de cima do morro. Mas ninguém sabe onde essas pes-soas serão realocadas. Elas não querem sair, elas querem melhor estrutura onde elas estão”, manifesta-se Fiell.

Ele conta que a questão habitacional na favela Santa Marta está perto do limite. Em outras experiências, o governo construiu predinhos para os moradores re-alocados, mas com espaços menores. E isso ninguém lá quer trocar o seu espaço por um outro bem menor.

O que o morador do Santa Marta quer?“Eu falo por mim. Eu sei o que eu quero. Eu quero

passar a minha mensagem, dizer para todos aqui que nós temos direitos, não só deveres, e que nós temos

uma opção que não é o tráfico, não é o subemprego. E essa opção começa pela leitura, pela politização. Não falo em nome da comunidade, mas se tem uma coisa que todo mundo aqui precisa é de escola”.

Fiell conta que começou a ler no trajeto entre casa-trabalho. Lia os principais jornais da categoria sensa-cionalista do Rio de Janeiro. E achou que algo estava errado. Que ele não precisava de tênis caro, de corrente de ouro no pescoço. E que es-ses jornais influenciavam para isso. Então ele começou a ler. Um amigo indicou o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e Fiell, que não tinha completado os estudos, foi até lá fazer cursos.

Atualmente, ele é pa-lestrante e dá seu depoimento nas edições anuais do curso de comunicação do NPC, co-ordenado por Vito Giannotti e Claudia Santiago. No encer-ramento do seu livro, faz indicações de leitura que in-cluem biografias de Che Gue-vara, Carlos Mariguella, Flo-restan Fernandes, Malcolm X. E também estudos de linguagem, sobre o capitalismo e o comunismo.

E enquanto os governos e empresários possuem ple-nas condições de investimento em cultura, educação, saúde e deixam as favelas por sua própria conta, pessoas como o Fiell passam sua mensagem: com tão pouco fazem muito pelos moradores do morro Santa Marta.

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Arte em migalhasViver de arte no Brasil continua sen-

do um desafio. Quem não consegue pa-trocínios, daqueles com números rechea-dos de zero, ou não vem de um “berço” artístico, continua patinando para con-seguir produzir por aqui e dependendo de editais do Ministério da Cultura ou de leis estaduais e municipais. A maior parte destas leis, como a Rouanet, criada no governo de Collor, prevê o patrocínio de artistas através da renúncia fiscal para as empresas que apoiarem os projetos cul-turais. No entanto, esses mecanismos têm sido apropriados pelas grandes empresas, que financiam suas próprias fundações culturais, como fazem os bancos priva-dos, ou têm concentrado os recursos para artistas já consagrados, os quais as em-presas têm maior interesse em vincular sua imagem.

Além do mais, outro problema desse modelo é que muitas empresas desco-nhecem e desconfiam desses mecanismos

EM CURITIBA, ARTISTA TEM DIFICULDADE DE ACESSO ÀS LEIS DE INCENTIVO À CULTURA

de renúncia fiscal e resistem a apoiar os projetos. “A principal dificuldade de par-ticipação nas leis de incentivo é a fase de captação de recursos, pois não fica claro para a empresa que benefício ela pode ter ao vincular seu nome com um pro-jeto cultural”, define Ludmila Nascarella, atriz curitibana que tem uma produtora cultural para realização de eventos. O ex-Ministro da Cultura, Juca Ferreira, tam-bém questionou essa realidade: “Por que submeter os artistas a essa via crucis de ir aos departamentos de marketing das em-presas se o dinheiro é público?”. Esse é o problema central desse modelo.

O governo Lula iniciou uma série de avanços no modelo de fomento à cul-tura do país, com os Pontos de Cultura, Pontos de Leitura, o Mais Cinema, entre outros. Contudo, as mudanças mais pro-fundas na lei Rouanet reivindicadas pela classe artística não saíram do papel.

No Paraná, o governo de Beto Richa,

na contramão de todo debate nacio-nal de mudança nas leis de incentivo, criou nesse ano um Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Pro-fice), que mantém a mesma lógica de patrocínio da lei Rouanet, com isenção fiscal do ICMS. “O Paraná está parado há algum tempo, a lei é de difícil aces-so, principalmente pela dificuldade na captação de recursos, mas é melhor que nada. Infelizmente, os artistas se conten-tam com migalhas”, define Nascarella.

Em Curitiba, o processo para ins-crição nos editais municipais também é um dificultador para os artistas. “En-quanto no resto do país todos os pro-cedimentos para solicitar incentivo para a cultura são realizados de forma on-line, por aqui tem que colocar uma pasta embaixo do braço e gastar até R$ 100 em documentos para protocolar uma requisição de incentivo à cultura”, conclui a produtora cultural.

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O contraponto naimprensa sindical

Os sindicatos de trabalhadores lutam diariamente pela ampliação dos direitos nas categorias que representam, mas ao mesmo tempo, vivem se digladiando com a informação que esses trabalha-dores consomem e acreditam: da im-prensa hegemônica, dominada há anos por grandes grupos de comunicação que atuam no país.

E o que esses grupos menos querem é informar a sociedade. E mais: para Vito Giannotti, coordenador do Núcleo Pirati-ninga de Comunicação (NPC), a impren-sa brasileira presta um desserviço à popu-lação ao defender somente seus próprios interesses. “Eles querem passar os valores deles, para a sociedade deles, a sociedade que está aí. Se nós estamos dizendo que queremos disputar a hegemonia, temos que disputar de forma mais permanente

possível, diariamente. Esse é o ideal”, opina.

O NPC é uma en-tidade que realiza há mais de 20 anos

cursos de comuni-cação para dirigentes

ESCRITOR QUE AJUDOU A FUNDAR A CUT TRABALHA PELA IMPRENSASINDICAL NO NÚCLEO PIRATININGA DE COMUNICAÇÃO

sindicais e jornalistas de sindicatos de trabalhadores. O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região participa, todos os anos, do curso de formação. Em entre-vista exclusiva, Giannotti afirmou que a comunicação sindical teve avanços mas também retrocessos nos últimos anos e que os trabalhadores devem receber in-formação diária, para que haja esclare-cimento sobre os conteúdos veiculados pelos jornais de maior audiência no país, como o Jornal Nacional, por exemplo, ou as novelas e demais programas de en-tretenimento do horário nobre da Rede Globo, que detém a maior audiência no país. “Uma comunicação que não seja chata, enfadonha e repetitiva. Que seja uma comunicação leve, dinâmica, para que a gente coloque aos poucos nossos valores, nossa visão de mundo, nossa perspectiva, como conquistar determi-nadas coisas”, defende Vito.

Novos materiaisVito acredita que a melhora dos ma-

teriais de divulgação facilita a aceitação, assim como a ampliação do alcance dos informativos através das redes sociais.

“Com a internet é possível melhorar a cara de mate-riais, das cartilhas, jornais, revistas, ampliar com o

uso do twitter, do facebook, boletim eletrônico, mas ainda

estamos muito devagar”. Ele acre-dita que tentar divulgar na imprensa

hegemônica assuntos de interesse dos trabalhadores é uma ferramenta enfer-rujada. “Eu não uso, não gosto, não me interessa. É uma ilusão mendigar miga-lhas na imprensa. Nós devemos constru-ir a nossa imprensa. Nós temos capaci-dade, temos profissionais, jornalistas e dirigentes sindicais bons para fazer a nossa mídia”.

O Núcleo Piratininga de Comuni-cação defende em seus debates e cur-sos que os sindicatos de trabalhadores promovam investimentos em mídia própria. “Agora, nossa mídia tem que ser muito bonita, muito bem feita. Se quisermos disputar com o outro lado, temos que ser no mínimo tão bonitos e tão bons quanto ele”, alerta Giannot-ti sobre a diferença de qualidade entre todos os produtos veiculados na mídia hegemônica com relação aos materiais produzidos por entidades sindicais.

E como mostrar para os trabalhadores que a grande mídia não atende seus in-teresses? Vito acredita que comentando diariamente a novela, o Jornal Nacional, o programa de auditório. “Comentando, mostrando, analisando, sem ser de ma-neira chata, de maneira ressentida. Pode ser de maneira alegre”. Ele sugere para a categoria bancária, por exemplo, um bo-letim eletrônico que comente os assuntos tratados nas novelas, nos telejornais. Mas também a produção própria de materiais de rádio e TV, que evidencie os interesses da categoria.

fevereiro 201222

E o emprego bancário?

É comum escutar bancários direcionando os usuários do sistema financeiro para os correspon-dentes. Se não for um cliente com “potencial”, filtra-se a pessoa antes mesmo da porta giratória. Essa é a diretriz dos bancos e muitos bancários sentem-se aliviados com a medida. Compreensível, devido à so-brecarga de trabalho e à cobrança insana de metas de vendas de produtos, as quais dificilmente um bene-ficiário do bolsa-família poderá ajudar a cumprir.

Mas aonde isso vai chegar? Os bancos dizem que os correspondentes não prejudicarão a categoria bancária, nem causarão desemprego. Mas o projeto do setor é transferir todo serviço possível, mantendo internamente somente a parte negocial e o atendi-mento à clientela segmentada. Na realidade, essa redução de funções realizadas por funcionários do quadro próprio dos bancos já está ocorrendo, basta analisar os processos de centralização e enxugamento dos setores de suporte, a terceirização da cobrança, a diminuição dos guichês de caixa.

Todavia, o crescimento vertiginoso do sistema bancário na última década talvez ofusque essa tra-jetória. Afinal de contas, houve um crescimento de 20% no número de bancários e de agências em todo o Brasil na última década. Como falar, então, em ameaça ao emprego, em um cenário de expansão? É necessário que lembremos que o número de clientes dobrou e houve um crescimento de mais de 180% no número de transações bancárias nesse período, muito superior ao crescimento das estruturas própri-as dos bancos. Por isso, as agências continuam lotadas e o volume de trabalho não diminuiu, mesmo com a expansão dos correspondentes.

Os bancos nunca confessarão suas intenções com essa modalidade de expansão. Mas olhemos com mais atenção a esta história: o discurso inicial, a par-tir da metade da década de 1990, foi o da “bancariza-ção”. Ou seja, os bancos diziam querer incluir os ex-cluídos, permitindo que tivessem acesso aos serviços bancários. A Caixa Econômica Federal foi pioneira e

credenciou o primeiro estabelecimento como cor-respondente (uma padaria), em 2001, na cidade de Solidão, no sertão pernambucano.

Curiosamente, nesse mesmo período, os bancos passaram a fechar as agências em cidades mais po-bres. Em 2000, havia no Brasil 1.659 municípios sem agências bancárias. Esse número passou para 1.974 em 2010 (35% dos municípios do país), evidenciando uma contradição entre o discurso e a prática dos ban-cos. As cidades mais pobres ficaram ainda mais soli-tárias, pois sobraram somente os correspondentes.

Em 2000, o Conselho Monetário Nacional, aten-dendo ao pedido dos banqueiros, publicou uma resolução (2.707) acabando com a restrição para o funcionamento de correspondentes nos mesmos municípios onde houvesse uma agência bancária. Daí em diante, os correspondentes proliferaram: em 2000, eram 13 mil locais realizando pagamentos e recebimentos; hoje, são mais de 210 mil, fazendo cadastro, abertura de conta, cartões, operações de crédito e câmbio, entre outras.

Com o tempo, os bancos passaram a contratar correspondentes nas proximidades das suas agências, para migrar o atendimento às pessoas de “chineli-nho” (expressão utilizada por um representante da Febraban para definir os mais pobres). Hoje, há agên-cias e correspondentes funcionando nos mesmos prédios, absorvendo grande parte dos serviços antes realizados por bancários.

Os bancos ainda encontram barreiras para apli-car integralmente seu projeto de terceirização, se-jam pelos entraves legais ou pela grande resistência dos sindicatos. Há um projeto de Decreto Legislativo (214/11), do Deputado Federal Ricardo Berzoini (PT-SP), tramitando no Congresso Nacional, que pretende restringir as funções dos correspondentes e interromper esse modelo de expansão precária e fraudulenta. Apoiar esse projeto e abrir as portas das agências para todos é uma questão de sobrevivência para os bancários brasileiros.

André Machado,secretário de imprensa e comunicação

fevereiro 2012 23

Balançojurídicode 2011ASSESSORIA JURÍDICA DO SINDICATO FUNCIONA DIARIAMENTENA SEDE DA ENTIDADE PARA ORIENTAR OS BANCÁRIOS

Em 2011, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região representou os tra-balhadores em várias ações judiciais. Com a chegada do novo ano, é impor-tante rever o trabalho desenvolvido ao longo de 2011 pela Assessoria Jurídica da entidade, com a intenção de prestar contas aos bancários e deixá-los cientes do andamento das ações. Segue abaixo o levantamento de algumas ações ajuizadas e seus desdobramentos.

Bancário, se você tiver alguma dúvi-da ou necessitar de assistência, entre em contato com a Secretaria de Assuntos Ju-rídicos Coletivos e Individuais do Sindi-cato. O telefone é (41) 3015-0523 e o e-mail [email protected]. A equipe de advogados também faz atendimento diário aos sindicaliza-dos, das 10h às 12h, na Sede Administra-tiva (Av. Vicente Machado, 18, 8° andar), basta agendar seu horário.

BB: 7ª e 8ª horasEm 2011, as ações de 7ª e 8ª horas

movidas pelo Sindicato contra o Banco do Brasil e a Caixa obtiveram êxito. Em relação ao BB, as ações foram ajuizadas em três momentos: o primeiro em 2006, com a maior parte destas ações em fase de

execução de pagamento. Muitos bancá-rios beneficiados nestas ações receberam ao menos parte dos valores pretendidos e já trabalham com jornada de seis horas diárias, sem redução de salários.

O segundo grupo teve suas ações ajuizadas em 2010. Neste caso, já houve julgamento em primeira instância, com os recursos tramitando no Tribunal Re-gional do Trabalho do Paraná (TRT-9) ou no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, todos aguardan-do julgamento. O terceiro grupo teve ajuizamento de ação em 2011, também pedindo o reconhecimento da 7ª e 8ª horas como extras e a redução de jor-nada sem redução salarial.

Caixa: 7ª e 8ª horasOs processos foram distribuídos

no final de 2010 e foram julgadas em primeira instância, aguardando julga-mento de recurso no TRT ou TST. Con-tudo, o dirigente do Sindicato Antonio Luiz Fermino, funcionário da Caixa, afirma que o problema, nestas ações, é que a Caixa está usando todos os recur-sos disponíveis. “O objetivo da Caixa é atrasar os pagamentos devidos. O banco questiona, por exemplo, vícios de exe-

cução. E faz quase um ano que o Sindi-cato aguarda decisão desses recursos na Justiça do Trabalho”, afirma.

As ações em execução incluem a que contempla as horas extras dos analistas (RT 20581-2004). Neste caso, a res-cisória ajuizada pela Caixa foi julgada im-procedente. Na execução, a impugnação apresentada pelo Sindicato foi parcial-mente acolhida e o recurso da Caixa foi rejeitado. O processo aguarda julgamento pelo TRT.

Besc/BB: Plano de Saúde Em 2011, o Sindicato também ajuizou

ação contra o Banco do Brasil para prote-ger os interesses dos bancários oriundos do antigo BESC, especialmente em rela-ção ao Plano de Saúde. Isso se deu porque o BB não permite que tais empregados possam usufruir do plano da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), deixando muitos sem cobertura médica, dependendo do Siste-ma Único de Saúde.

A ação, que visa à obrigação do banco em estabelecer um critério para permitir a adesão dos interessados na Cassi, foi julgada procedente em primeira instân-cia e no TRT.

fevereiro 201224

A Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região elaborou uma série de questões que reúnem as principais dúvidas sobre saúde e condições de trabalho na categoria bancária. Na edição 47 da Re-vista Bancári@s, você ficou sabendo como identificar quando é a hora de parar, refletir sobre sua condição e procurar ajuda. O texto também explicou sobre atesta-dos, Código Internacional de Doenças (CID) e regras

do INSS. Após reconhecer se você precisa de ajuda, nesta edição, saiba quando você tem direito à abertura da Comuni-cação de Acidente de Trabalho (CAT) e à realização de perícia médica para afastamento por acidente de trabalho.

Quando a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é emitida?

A CAT é um documento que notifica o acidente de tra-balho, incluindo as doenças ocupacionais e profissionais. Em caso de acidente típico, dentro do posto do trabalho, o banco é obrigado a emitir a Comunicação, mesmo que o atestado seja inferior a 15 dias. Vale lembrar que assal-

tos são considerados acidentes típicos, com ocorrên-cia dentro dos locais de trabalho. A CAT deve ter o carimbo do banco e avaliação do médico do trabalho para ter validade. Solicite também uma cópia do Bo-letim de Ocorrência (BO).

Em caso de acidente de trajeto (de casa para o trabalho e do trabalho para casa), o banco também

O que fazer em caso de doençaSINDICATO ORIENTA TRABALHADORES EM SITUAÇÃO DE RISCO,SOBRE DIREITO À ABERTURA DE CAT E REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA

é obrigado emitir CAT, mesmo que o atestado seja inferior a 15 dias. Nestes casos, o banco tem o prazo de 48 horas para emitir a Comunicação. A notifica-ção é importante, mesmo que não gere estabilidade de emprego.

Quando eu tenho direito à estabilidade no em-prego após emissão da CAT?

A estabilidade de emprego só acontece se o tra-balhador se afastar pela Previdência Social e se o perito reconhecer como acidente de trabalho medi-ante apresentação da CAT (benefício espécie B91). Ao retornar ao trabalho, o funcionário tem 12 meses de estabilidade de emprego.

Em casos de doenças que possam ter nexo com o trabalho, é preciso verificar o Código Internacional de Doenças (CID) e se este está relacionado na lista de doenças do trabalho. O trabalhador pode enviar uma carta por escrito ao banco, enquanto estiver nos 15 primeiros dias de atestado e solicitar a emissão da CAT. Se o banco se recusar a emitir a Comunicação, denuncie ao Sindicato.

Nestes casos, os bancos deveriam fornecer um documento por escrito informando ao trabalhador sobre o motivo da negativa da emissão de CAT, mas na prática isso não acontece. É importante ressaltar que as notificações dos acidentes e das doenças do trabalho são importantes, pois além de entrar para as estatísticas da Saúde Pública, podem te ajudar futura-mente numa ação judicial contra o banco.

Como acontece o afastamento pelo INSS?O afastamento do trabalhador pela Previdência

Social deveria ser requisitado pelo próprio banco, mediante apresentação dos atestados médicos, após o décimo sexto dia de afastamento. Como na práti-ca isso não acontece, com o seu atestado em mãos, apresente em 48 horas no banco e agende sua perí-

“ A CAT é umdocumento quenotifica o acidentede trabalho,incluindo as doençasocupacionais eprofissionais. Vale lembrar que assaltos são consideradosacidentes típicos,com ocorrênciadentro dos locaisde trabalho.”

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cia no INSS pela internet. Utilize o endereço www.mpas.gov.br; acesse Agência Eletrônica do Segurado/Requerimento de Auxílio Doença. O procedimento também pode ser agendado pelo telefone 135. O número de protocolo do requerimento do auxílio-doença deve ser guardado e apresentado ao banco. O Sindicato também pode fazer isso por você, basta entrar com contato com a Secretaria de Saúde.

Com o requerimento do auxílio-doença em mãos, ele deve ser encaminhado imediatamente ao banco, junto com atestado de afastamento. O banco deverá assinar o requerimento ou fornecer documentação de encaminhamento para o INSS.

E eu corro o risco de ficar sem receber enquan-to espero a concessão do benefício?

A Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários garante a todos os afastados que o banco antecipe os salários até o dia da perícia. Com isso, depois de passar pela perícia médica do INSS, o perito deverá te fornecer o Comunicado de Decisão. Com este docu-mento em mãos, tire uma cópia e leve para o banco.

Lembrando que após receber os valores retroativos do INSS, você deverá devolvê-los ao banco, através de depósito em conta corrente. Esse procedimento deve ser informado ao banco formalmente.

É muito importante, logo após perícia médi-ca no INSS, comunicar o resultado ao banco. Solicite um protocolo da documentação entregue. Se o banco prometer dar retorno e isso não ocorrer após uma semana, envie uma declaração, solicitação ou ofício por escrito, através de AR nos Correios, pois assim você tem um comprovante que en-viou a documentação.

O que eu faço se eu tiver alta do INSS mas continuar sem condições de trabalho?

O Sindicato alerta que, se você recebeu alta do INSS após passar por perícia, você deve comunicar o banco o mais rápido possível. Você tem o direito de recorrer ao INSS na Junta de Recursos, mas não fique aguardando essa decisão, pois a Previdência de-mora para agendar e o resultado pode demorar de 3 a 6 meses. Neste período, você pode entrar com novo pedido de benefício ou recorrer judicialmente, com uma ação na Justiça Federal (doença comum) ou Justiça Estadual (acidente de trabalho).

Ainda tem dúvidas? Procure o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

O Sindicato disponibiliza a toda categoria plantão social na Secretaria de Saúde, além de advogados trabalhistas e pre-videnciários na Secretaria Ju-rídica. Não deixe a situação se arrastar para procurar ajuda. Sempre tire cópia de toda a documentação fornecida ao banco e ao INSS. Você tam-bém pode encaminhar suas dúvidas pelo e-mail [email protected] ou ligando para o Sindicato no telefone (41) 3015-0523.

27.10.2011

11.11.2011

03.11.2011

BB: Sindicato fechaagência Novo Mundo

Na manhã do dia 03 de novembro, a Agência Novo Mundo do Banco do Bra-sil amanheceu fechada em virtude das inúmeras denúncias recebidas pelo Sin-dicato de assédio moral, até mesmo du-rante a greve, violação do ponto (acarre-tando desvio de função) e afastamentos significativos no quadro de funcionários devido às precárias condições de traba-

lho. Um representante da Superin-tendência Estadual, o gerente regional do BB e mais dois representantes da Rede de Gerências Regionais Gestão de Pessoas (Gepes) compareceram ao local para uma reunião com os representantes do Sindicato. Foi solicitada oficialmente ao BB a apuração dos fatos denunciados e a verificação do ponto eletrônico.

Sindicato fecha agênciada Caixa em SJP

O Sindicato dos Bancários fechou, no dia 27 de outubro, a agência Gralha Azul da Caixa Econômica, localizada no bairro Aeroporto, em São José dos Pinhais, devido à falta de condições mínimas de trabalho. Os funcionários foram realocados e o atendimento ao público foi suspenso no local. Diante do fechamento da agência, o superin-

tendente substituto se comprometeu a instalar os caixas no andar de cima da agência, onde a reforma já foi finaliza-da, e a realocar todos os funcionários. Mediante o acordo com o movimento sindical, as condições de trabalho e atendimento foram restabelecidas no dia seguinte, por meio de uma reorga-nização provisória.SE

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Financiários assinamConvenção Coletiva

Foi assinada no dia 11 de novembro, pela Contraf-CUT e a Fenacrefi, entidade patronal das financeiras, a Convenção Coletiva de Trabalho 2011/2012 dos financiários. O acordo garantiu reajuste de 11% no piso, com ganho real de 4,28%, e de 8% nas demais verbas (ga-nho real de 1,47%), acompanhando os aumentos salariais conquistados pelos

bancários. A inflação acumulada até 1º de junho, data-base dos financiários, foi de 6,44% segundo o INPC, enquanto o índice na data-base dos bancários foi de 7,40%. O acordo incluiu ainda a incor-poração da cláusula relativa à prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, conquistada pelos bancários em 2010, que visa combater o assédio moral.

fevereiro 201226

16.11.2011

Bancários do Bradescoaprovam Acordo Coletivo

Em assembleia realizada no dia 16 de novembro, os trabalhadores do Bradesco aprovaram por unanimidade o Acordo Coletivo sobre o Sistema Alternativo Ele-trônico de Controle de Jornada, que faz a marcação do ponto. De acordo com a Portaria 373 do Ministério do Trabalho e Emprego, sistemas alternativos de re-gistro e marcação de entrada e saída dos

funcionários devem estar contemplados nas convenções e acordos coletivos.

No mês de maio, o banco fez uma demonstração do novo sistema à Comissão de Organização de Emprega-dos do Bradesco (COE/Bradesco) e fi-cou constatada sua eficácia. O sistema permite verificar se há extrapolação e se as horas extras são pagas corretamente.

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02.12.2011

Bancários protestam contra privatização estadual

No início do mês de dezembro, Cu-ritiba foi palco de uma grande jogada política: centenas de trabalhadores do serviço público, especialmente da área de saúde, realizaram diversas mani-festações na Assembleia Legislativa do Paraná pedindo a retirada de pauta do Projeto de Lei nº 915/2011, para a criação de Organizações Sociais (OS),

que seriam as instituições responsáveis pela gestão de serviços públicos es-taduais, como escolas e hospitais. En-quanto policiamento foi designado para coibir brutalmente o movimento dos protestantes, estudantes e repre-sentantes dos movimentos sindical e social, os deputados aprovaram na sur-dina o projeto de lei.

05.12.2011

Dia Nacional de Lutano Itaú Unibanco

No dia 02 de dezembro, bancários do Itaú Unibanco de todo país fizeram o Dia Nacional de Lutas por emprego decente. Em Curitiba, o Sindicato fechou os prédios do Centro de Proces-samento de Serviços de Agência (CPSA) e a agência do Itaú na Rua João Negrão, no Centro da cidade.

Apesar do lucro imenso, que bateu

um novo recorde e alcançou R$14,621 bilhões, a ganância dos patrões faz vítimas diariamente. O banco cortou 2.496 vagas nos nove primeiros meses de 2011 e ga-nhou o título de campeão de demissões do sistema financeiro. Em dezembro de 2010, o banco contava com 102.316 tra-balhadores. Em setembro do ano seguinte, o número já havia reduzido para 99.820.

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06.12.2011

12 e 13.12.2011

11.12.2011

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Dirigentes do HSBCreunidos em Curitiba

Foi realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, uma reunião nacional da Comissão de Organização dos Em-pregados do HSBC (COE/HSBC) em Curitiba. Dirigentes sindicais de todo o país estiveram reunidos para debater as principais demandas específicas no banco inglês. Um dos pontos prioritári-os da reunião foi o debate sobre a Por-

taria 1.510 do Ministério do Trabalho e Emprego, de 21 de agosto de 2009, que disciplina o registro eletrônico de ponto e a utilização do Sistema de Re-gistro Eletrônico de Ponto. Também es-tiveram em pauta saúde e condições de trabalho, remuneração variável (PLR, PSV e PPR), previdência complementar e segurança bancária.SE

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Sindicato promove festapara crianças carentes

Mais de 250 crianças da comuni-dade Jardim Colonial, na Fazenda Rio Grande, participaram da Festa de Natal promovida pelo Sindicato dos Bancári-os de Curitiba e região no dia 11 de dezembro. O evento contou com con-tribuições solidárias de diversos volun-tários, que preparam apresentações de teatro – uma peça educativa, inclusive,

contra o uso de drogas –, vinda do Pa-pai Noel, música, artesanato e brinca-deiras. Também teve pintura de rosto para as crianças se divertirem e uma oficina de beleza, com a realização de serviços gratuitos como corte de cabe-lo e manicure. Um dentista voluntário também disponibilizou atendimento móvel para as crianças.SE

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Sindicato fecha agênciado Itaú Unibanco

Após receber denúncias, o Sindicato esteve na agência Batel do banco Itaú no dia 06 de dezembro. Em virtude das obras da reforma que aconteciam no local, foi verificado que não existiam condições de manter bancários traba-lhando e o atendimento de clientes. Por isso, a agência foi fechada e o atendimen-to só foi liberado quando as condições

de trabalho foram restabelecidas.O Sindicato alerta os bancos quanto

ao risco de expor os trabalhadores a esse tipo de situação. Aos bancários e clientes, o pedido é para que, sempre que observarem falta de condições de trabalho ou para o atendimento, entrem em contato com o Sindicato, pelo tele-fone (41) 3015-0523.

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21.12.2011

28.12.2011

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Funcionários da BVFinanceira assinam acordo

No dia 28 de fevereiro, os trabalha-dores da BV Financeira estiveram reuni-dos em assembleia no Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários para discutir e deliberar sobre a proposta de Aditivo ao Acordo Coletivo sobre Jornada de Tra-balho aos Finais de Semana, com perío-do de vigência de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2012. Com a aprovação da

Bancários do HSBCaprovam ponto eletrônico

Em assembleia realizada no dia 28 de dezembro, os funcionários do HSBC aprovaram por unanimidade a auto-rização para a diretoria do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região assinar o Acordo Coletivo de Trabalho sobre o sistema alternativo eletrônico de con-trole de jornada de trabalho (ponto ele-trônico). Na avaliação do movimento

Bancários do HSBCfazem ato nacional

No dia 21 de dezembro, representan-tes dos bancários de todo o país estiveram em Curitiba, sede brasileira do HSBC, para protestar contra as demissões constantes e a falta de efetividade nas negociações específicas com o banco. Os dirigentes sindicais se concentraram, a partir das 7h, no Centro Administrativo HSBC Vila Hauer, que teve a abertura dos portões

retardada. Apesar do maior número de desligamentos se concentrarem na capital paranaense – somente em 2011, já to-talizam 650 demissões –, o HSBC adota como prática em todo o Brasil descartar seus funcionários com frequência. Diante disso, os dirigentes sindicais conclama-ram os bancários para a mobilização por melhores condições de trabalho.

sindical, o acordo assinado possibilita a ação efetiva no controle e fiscalização da jornada dos trabalhadores, além dos bancários terem garantias de controle da jornada realizada.

Durante a assembleia, o Sindicato também reforçou a necessidade do HSBC retomar as negociações permanentes com os representantes dos trabalhadores.

proposta, Curitiba foi a primeira cidade a assinar um acordo que regulariza a situação dos funcionários que tem jor-nada de trabalho aos fins de semana. O documento garante, entre outras, uma folga em sábado e domingo consecuti-vos em no mínimo a cada oito semanas, folgas postecipadas e tíquetes pelos dias efetivamente trabalhados.

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A fundação deuma história

O calendário marcava 06 de julho de 1932. Em todo o país, repercutiam as ten-tativas de criação de entidades represen-tativas da categoria bancária. No Paraná, o descontentamento com as condições de trabalho preparava o terreno para um fato histórico: a fundação do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região – na época, denominado Sindicato dos Bancários do Paraná. Fazia apenas um ano que a Lei Sin-dical (19.770, de 19 de março de 1931) havia sido criada, transformando os sindi-catos em instituição de direito público.

Foi, então, que a categoria organizada começou a participar ativamente dos em-bates decisivos para a conquista e ma-nutenção dos direitos dos trabalhadores. Já em 1934, os bancários contribuíram na organização da primeira grande greve nacional. No calendário, a data era 6 de julho: começava a paralisação que durou três dias e reuniu oito dos 10 sindicatos existentes. Dois meses depois, um decre-

NO ANO EM QUE O SINDICATO COMPLETA 80 ANOS, LIVRO HISTÓRICO RESGATALUTAS E CONQUISTAS DOS BANCÁRIOS DE CURITIBA E REGIÃO

to-lei regulamentou o Instituto de Apo-sentadorias e Pensões dos Bancários, con-solidando o sindicalismo bancário no país.

O momento histórico vivido a partir de 1937, no Estado Novo, determinou o andamento das lutas e conquistas. Greves passaram a ser consideradas uma prática antissocial e a atuação das entidades sin-dicais se restringia a angariação de novos sócios e assinaturas de acordos de revisão salarial. Mesmo com um cenário repres-sor, entre 17 e 23 de dezembro de 1938, o Sindicato representou os trabalhadores do Paraná no I Congresso Brasileiro de Bancário, realizado na cidade de Recife.

O calendário marcava 5 de julho de 1939, quando a Lei n°. 1.402 eliminou o pluralismo sindical e cancelou os regis-tros de todas as entidades oficializadas até então. Para a realização de um novo re-gistro, passou a ser obrigatória a aceitação de novas regras fixadas pela legislação. Assim, foi só em 27 de março de 1942

que o então Sindicato dos Bancários do Paraná conseguiu a emissão de sua Carta Sindical, que determinou o reconheci-mento jurídico e político da entidade. A partir desta conquista, o número de fi-liações dispara. Se em 1937 a entidade somava pouco mais de 500 bancários sindicalizados, na década de 1950, este número vai ultrapassar 6 mil filiações.

Saiba maisSe você se interessou pela história con-

tada aqui, saiba que sua reconstituição é resultado de pesquisas e levantamentos bi-bliográficos do projeto Memória e História do Sindicato dos Bancários de Curitiba. Propondo-se a contar a história da enti-dade com base em arquivos documentais e relatos de dirigentes sindicais, este tra-balho vai sistematizar todas as informações em um livro de caráter histórico. O lança-mento acontece ainda em 2012, na ocasião do aniversário do Sindicato. Aguarde!

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