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JOSÉ BRAGA PERIARD OTIMIZAÇÃO NO PROCESSO DE ALVEJAMENTO TÊXTIL BASEADO NO INDICADOR DE EFICIÊNCIA GLOBAL DOS EQUIPAMENTOS - OEE Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Engenharia de Minas Gerais - FEAMIG, sob a orientação do Professor Leandro Pinheiro Cintra, MSc. para obtenção do grau de Especialista em Engenharia da Qualidade – Black Belt. BELO HORIZONTE Setembro de 2010

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JOSÉ BRAGA PERIARD

OTIMIZAÇÃO NO PROCESSO DE ALVEJAMENTO TÊXTIL BASEADO NO INDICADOR DE

EFICIÊNCIA GLOBAL DOS EQUIPAMENTOS - OEE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Engenharia de Minas Gerais - FEAMIG, sob a orientação do Professor Leandro Pinheiro Cintra, MSc. para obtenção do grau de Especialista em Engenharia da Qualidade – Black Belt.

BELO HORIZONTE

Setembro de 2010

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

Aos meus pais,

Aos meus filhos,

À minha mulher,

Ao Professor Leandro Pinheiro Cintra.Msc.,

amigo e orientador, pelo conhecimento e dom de ensinar.

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por guiar meus passos e por me permitir mais esta conquista. À empresa e colegas de trabalho que contribuíram nesta oportunidade de crescimento profissional. Aos parceiros Paulo Roberto e Sérgio Guerreiro que muito colaboraram com seu conhecimento técnico. Ao professor Leandro Pinheiro Cintra - Msc. pela atenção, paciência e compreensão na orientação do trabalho.

Muito se pode criar, Tudo se pode mudar.

Alfredo Assumpção

RESUMO

A demanda por melhorar os produtos e processos no ambiente organizacional é cada vez mais crescente, em razão da competitividade das empresas. Por outro lado, saber definir qual é a melhor atitude a ser tomada, para termos resultados que confirmem a otimização do processo, acaba gerando incerteza em função da diversidade de metodologias de gestão existente. O mapeamento de processos permite identificar os gargalos produtivos e direcionar ações que aperfeiçoem a eficácia do equipamento, identificando e eliminando as perdas. Este trabalho identifica os fatores limitantes de um processo de alvejamento contínuo de tecido plano em uma empresa do ramo têxtil para atingir melhores resultados e, em seguida, utiliza ferramentas para a melhoria e aumento da eficiência produtiva. Com a aplicação de ferramentas estatísticas simples às mensurações diárias do processo fabril foi possível monitorar as atividades do processo em estudo. Visando gerenciar estes fatores que colaboram para desperdícios no processo, foi utilizado o indicador de eficiência global dos equipamentos – OEE (Overall equipment effectiveness). O objetivo desse trabalho consiste em analisar os fatores envolvidos no cálculo do indicador de eficiência global dos equipamentos – OEE, de modo que ações de melhoria sejam implementadas com eficácia, visando reduzir as perdas do processo e elevar o índice. No momento em que se iniciou o estudo de caso, havia uma demanda maior, da ordem de 60.000 metros por dia; mas que foi adequada ao mix produtivo do ano em curso, em razão do potencial de mercado. É necessário identificar as perdas existentes no processo fabril e avaliar o comprometimento dos índices de disponibilidade do equipamento, performance e qualidade; além de reavaliar o percentual de perdas, takt-time, setup, volumes em estoque, etc. Evidenciou-se que é possível aplicar o indicador de OEE à gestão de processos industriais sem a necessidade de grandes investimentos, mas sim com o direcionamento de ações que agilizem o retorno e o resultado esperado. A realização das propostas está a cargo da empresa, em seu devido tempo, mas os resultados serão por certo melhores que o momento atual. Palavras-chave: Têxtil. Alvejamento. Manufatura enxuta. Melhoria Contínua. Eficiência global dos equipamentos (OEE).

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ABSTRACT

The demand for better products and processes in the organizational environment is increasingly growing due to the competitiveness of enterprises. On the other hand, know how to define what is the best course of action to be taken in order to have results that confirm the optimization process, leading to uncertainty due to the diversity of existing management methodologies. The mapping process allows us to identify production bottlenecks and guide actions that improve the effectiveness of the equipment, identifying and eliminating the losses. This work identifies the limiting factors of a process of continuous bleaching of woven fabrics in a textile company to achieve better results and then uses tools to improve and increase production efficiency. With the application of simple statistical tools to daily measurements of the manufacturing process could monitor the activities of the process under study. In order to manage these factors that contribute to waste in the process, we used the indicator of overall efficiency of the equipment - OEE (Overall Equipment Effectiveness). The aim of this study is to analyze the factors involved in calculating the indicator of overall efficiency of the equipment - OEE, so that improvement actions are implemented effectively in order to reduce the losses of the process and raise the index. The moment that started the case study, there was a greater demand in the order of 60,000 meters per day, but it was appropriate to mix productive this year, because of market potential. It is necessary to identify existing losses in the manufacturing process and evaluate the commitment of indices equipment availability, performance and quality, in addition to re-evaluate the percentage of losses, takt-time, setup, volumes in stock, etc.. Showed that it is possible to apply the indicator OEE management of industrial processes without the need for large investments, but with the direct actions that would speed up the return and the expected result. The implementation of the proposals is the responsibility of the company in due course, but the results are certainly better than the present. Keywords: Textile. Bleaching. Lean manufacturing. Continuous Improvement. Overall equipment effectiveness (OEE).

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Estrutura do indicador de Eficiência Global dos Equipamentos – OEE...... 13

Figura 2- Evolução do conhecimento e atitudes individuais...................................... 21

Figura 3- Modelo de redução de perdas...................................................................... 26

Figura 4- Amostra de um tecido na condição de “pré-alvejado” e “alvejado”............

30 Figura 5- 54-

Unidade de introdução - Entrada do Alvejamento Contínuo....................... 34

Figura 6- Caixas de lavagem e impregnação............................................................... 35

Figura 7- Vaporizador combinado de pré-tratamento................................................. 36

Figura 8- Compartimento de lavagem fechado........................................................... 38

Figura 9- Secadeira de cilindros vertical................................................................... 39

Figura 10- Saída do Alvejamento Contínuo................................................................. 39

Figura 11- Mercado de atuação da empresa XY Ltda (%)...........................................

42 Figura 12- A - B

Índice de Takt-time analisado no processo de Beneficiamento................

44

Figura 13- Gráfico de Pareto mensal dos motivos de parada de máquina...................

47

Figura 14- Evolução mensal dos índices de horas parada por motivos.......................

49

Figura 15- Evolução mensal do índice geral de horas parada......................................

50

Figura 16- Processo de lançamento de motivos de parada de máquina no terminal...

50

Figura 17- Equipamento ( máquina de costura) e amostra das condições de costura 51

Figura 18- Estudo de tempo e movimento relativo a atividade de troca de rolo-setup 52

Figura 19- Quadro de mapeamento de setores e layout................................................ 53

Figura 20- Quadro de KANBAN do setor de Alvejamento Contínuo......................... 54

Figura 21- Circuito interno de TV para controle de saída de máquina e Andon.......... 54

Figura 22- Tela “Monitor de Consulta da Programação” do aplicativo SGT............. 55

Figura 23- Relatório de produção geral e por turno do processo de Alvejamento..... 56

Figura 24- Comparativo de produção por turnos - Alvejamento Contínuo............. 58

Figura 25- Célula de Comunicação das informações ao nível operacional................

59

Figura 26- Gestão visual de medidores no equipamento............................................ 60

Figura 27- Carta de controle do registro de concentração de Peróxido......................

61

Figura 28- Planilha para controle diário do indicador de OEE.................................... 63

Figura 29- Evolução dos indicadores de disponibilidade, performance e qualidade 64

Figura 30- Gráfico de evolução dos indicadores do Alvejamento Contínuo..............

65

Figura 31- Gráfico de evolução do indicador – percentual de Disponibilidade......... 66

Figura 32- Gráfico de evolução do indicador - percentual de Performance.............. 67

Figura 33- Gráfico de evolução do indicador - percentual de Qualidade..................

68

Figura 34- Gráfico de evolução do indicador - percentual de OEE ...........................

69

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LISTA DE ABREVIATURAS

OEE Eficiência global dos equipamentos ( Overall equipment effectiveness)

ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil

TPM Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance)

GEQ Gestão Estratégica da Qualidade

DS Câmara de reação e repouso

FDG Fundação de Desenvolvimento Gerencial

PAEX Programa “Parceiros para a Excelência”

FDC Fundação Dom Cabral

SGT Sistema de Gestão Têxtil

OB Ordem de Beneficiamento

ETE Estação de tratamento de efluentes

POP Procedimento operacional padrão

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 10

1.1 Contextualização............................................................................................... 15

1.2 Problema da pesquisa........................................................................................ 15

1.3 Objetivos........................................................................................................... 16

1.3.1 Objetivo geral................................................................................................... 16

1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 16

1.4 Justificativa....................................................................................................... 17

1.5 Limitações......................................................................................................... 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 18

2.1 Sair da caixa de nosso atual modo de raciocinar............................................. 18

2.2 Desperdícios no sistema produtivo ................................................................. 22

2.3 O processo de melhoria contínua ..................................................................... 27

2.4 Origem e evolução da indústria têxtil .............................................................. 28

2.5 O processo de Alvejamento Contínuo ............................................................. 30

2.6 Componentes do equipamento Alvejamento Contínuo.................................... 33

3. METODOLOGIA.............................................................................................. 40

3.1 Descrição da metodologia utilizada.................................................................. 40

3.2 Apresentação da “Empresa XY Ltda”............................................................. 41

3.3 Implementando o indicador de OEE no setor de Alvejamento Contínuo........ 43

3.4 Coleta de dados................................................................................................. 45

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................... 46

4.1 Analisando o indicador de disponibilidade do equipamento........................... 46

4.2 Analisando o indicador de performance do equipamento............................... 56

4.3 Analisando o indicador de qualidade do equipamento.................................... 60

4.4 Analisando o indicador de OEE do equipamento............................................

62

5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 71

APÊNDICES................................................................................................................. 73

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1. INTRODUÇÃO

A indústria têxtil se caracteriza por ser um dos ramos mais tradicionais e tem seus

primeiros passos no último decênio do Império (1880-89); destacando-se por utilizar mão-de-

obra sempre abundante e de baixa especialização. Numa economia escravista e agrária estes

foram fatores favoráveis, acrescido da oferta de matéria-prima nas grandes lavouras de

algodão. Este quadro se mantém em evolução nos períodos posteriores destacando a entrada

de equipamentos e tecnologia estrangeira; mas sendo sempre evidente a necessidade de

adequação das empresas às modernidades do setor (PRADO JUNIOR, 1976).

A modernização das empresas do ramo têxtil é fato, num momento em que a

competitividade é muito grande, seja no mercado interno ou externo; e para a indústria

brasileira em geral, que se encontra com o maquinário defasado tecnologicamente, assim

como sua equipe técnica.

Com a entrada de produtos importados, a um custo bastante reduzido; não restou

outra opção aos nossos empresários; senão rever sua postura tanto no quesito evolução

tecnológica quanto na questão de gestão de seus empreendimentos. Abre desta forma espaço

para questionamentos diversos tanto na utilização dos equipamentos e produtos, mas

principalmente na potencialidade alcançada com os mesmos. Não é mais suficiente e nem

possível, conseguir vender e recuperar os custos, mas sim manter-se competitivo.

Assim, o objetivo é adaptar-se aos novos mercados e sua competição. Há que se rever

o realinhamento dos métodos gerenciais e seus processos internos de fabricação. Fazer

investimentos em maquinários mais modernos, que permitam uma produtividade adequada

aos novos tempos é uma tarefa mais bem delineada, face às linhas de financiamento praticadas

por entidades financeiras e governo; e isto tem ocorrido com significativa expressão face aos

11

indicadores de importação de equipamentos referente ao balanço 2009 e perspectivas para

2010 para o setor têxtil e de confecção brasileira demonstrarem que nos anos de 2008/09 as

importações atingiram o valor de US$ 1.160.000,00. O Brasil de acordo com os mais recentes

estudos, é o sexto maior produtor têxtil do mundo, com um faturamento da ordem de US$ 47

bilhões em 2009. O setor envolve 30 mil empresas que representam 17,5% do PIB da

indústria de transformação e cerca de 3,5% do PIB nacional e que emprega diretamente mais

de 1,7 milhões de trabalhadores e, aproximadamente, oito milhões indiretos. No mundo, este

setor movimentou US$ 612 bilhões no comércio internacional em 2008, representando o

quarto lugar entre os manufaturados. No entanto, o Brasil ainda está aquém de sua

potencialidade como exportador, ficando com menos de 1% de participação no comércio

mundial (ABIT, 2009).

Com base neste cenário, não houve a princípio uma grande preocupação com novas

técnicas de gestão estratégica da empresa, entendendo-se que a simples modernização do

equipamento resultaria em grandes e expressivos ganhos; mas bastaram alguns anos e

balanços financeiros insatisfatórios e detectou-se um gap nos resultados esperados, visto que

a utilização dos equipamentos mais modernos requer uma evolução também em

conhecimentos técnicos, ou seja, a força trabalhadora disponível precisa ser especializada e

não somente em procedimentos operacionais do equipamento, mas em gestão estratégica do

equipamento e processos.

Para uma indústria conseguir ser competitiva, do ponto de vista de maquinário é

suficiente adquirir os mesmos equipamentos que a concorrência possui, podendo inclusive

fazer os mesmos produtos ou melhorar os processos. Mas é internamente, que se perde a

competitividade ao permitir desperdícios e perdas no processo, que até que se faça um estudo

bastante profundo pode estar acumulando ao produto um valor negativo que o cliente não tem

interesse em pagar por isso.

12

Estando o mercado consumidor cada vez mais exigente, temos que produzir

agregando valor ao produto pelas inovações implantadas, tornando o produto e a empresa

competitiva. Saber o que o cliente entende e aceita como valor ao produto, é fundamental.

Mas o grande desafio do setor está na questão cultural de gestão de empresas, a partir

de ações consistentes em análise de resultados e bons indicadores gerenciais. Infelizmente,

talvez seja possível afirmar que a discussão a respeito da eficiência ou ineficiência na

utilização dos equipamentos e processos industriais nas empresas brasileiras, seja de qual

porte for, visando identificar e analisar suas restrições, parece não estar sendo considerado do

ponto de vista estratégico como uma vantagem, como uma etapa do planejamento tão

difundido nos estudos de PDCA, mas ainda sim como perda de tempo, demora e custo.

(AGUIAR, 2006).

De acordo com HANSEN (2006) as empresas que conseguem atingir um alto nível

de produtividade e obter baixos custos produtivos, utilizam com certeza uma abordagem de

identificação de possíveis melhorias a serem implementadas no processo e estimulam o foco

de eliminação da causa raiz dos problemas, para que desta forma a evolução obtida seja

crescente e estável; evitando um desenvolvimento irregular que possa obstruir o alcance de

níveis de eficácia de equipamento e processos mais elevados. Ainda que existam resistências,

esta parece ser uma alternativa adequada, de baixo nível de investimento (muita análise e

esforço mental) e passível de ser adotada no curto prazo, desde que as ações tenham sido bem

direcionadas, podendo elevar a competitividade das empresas brasileiras.

Neste sentido, as empresas precisam trabalhar focadas em identificar e mensurar os

potenciais focos de desperdícios, eliminarem as causas raízes dos problemas e das atividades

que não estão agregando valor ao produto; e estimular a aplicação do conceito mais atual de

manufatura enxuta aos processos fabris.

13

Ainda segundo HANSEN (2006) conclui que a partir da identificação e mensuração

dos seus processos “gargalos” em termos de eficiência podem ter uma visão do baixo

aproveitamento do equipamento; permitindo desta forma vislumbrar um universo de

prováveis melhorias a serem implementadas tanto no aumento dos valores obtidos, na

utilização do equipamento e na necessidade de conhecimento técnico do processo. Um

sistema de medida eficaz e o gerenciamento dos indicadores por um staff capacitado

contribuem para aumentar a produtividade tanto no processo em estudo, como no conjunto.

A partir do início dos anos 90, surgiu o indicador de OEE – Eficiência global dos

equipamentos (Overall Equipment Effectiveness) ainda que ligado ao TPM – Manutenção

produtiva total e inicialmente usado como apenas um índice de gestão dos equipamentos

(TAVARES, 1996); mas que gradativamente começou a ser apresentado e utilizado por

profissionais como uma ferramenta autônoma para medir o real desempenho de um

equipamento, por meio do inter-relacionamento dos índices de disponibilidade, eficiência e

qualidade (NAKAJIMA, 1989)

Figura 01 – Estrutura do indicador de Eficiência Global dos Equipamentos - OEE Fonte: Adaptado de HANSEN, R.C., (2006)

14

Utilizar as medidas da OEE e implementar um sistema de relatório de desempenho

de equipamento irá auxiliar a empresa a focar os parâmetros críticos de sucesso, a entender

melhor como está o desempenho do equipamento e identificar qual a capacidade esperada.

Analisar os valores inclusos no indicador de OEE permitirá investigar a causa raiz do

problema e direcionar ações de melhoria visando minimizar os efeitos, gerando desta forma

ganhos reais e sustentáveis ao processo produtivo.

Sendo assim, este trabalho mostra através de uma pesquisa, como o indicador de

OEE pode ser utilizado como ferramenta gerencial no sentido de mensurar o resultado das

otimizações implementadas em um processo que esteja sofrendo restrições físicas, já que o

mesmo auxilia na identificação de desperdícios, estimula a busca por melhorias contínuas e

mensura os ganhos obtidos.

A principal justificativa está na dificuldade de analisar as condições reais de

utilização dos recursos produtivos através de um indicador que consiga avaliar as inter-

relações de várias atividades que em última instância focam a melhoria do equipamento e

possam através de projetos de melhoria da eficiência do equipamento compensar a questão de

demanda variável e escassez de investimento.

15

1.1 Contextualização

O desenvolvimento deste trabalho ocorre dentro de uma linha de produção com fluxo

contínuo em uma empresa de grande porte do ramo têxtil denominada de “Empresa XY

Ltda.”1 na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais; produtora de tecido plano2 tinto ou

estampado e malha3 para as indústrias (Apêndice A). A base deste estudo se restringe a

analisar o equipamento que promove o processo de alvejamento4 e suas etapas, a gestão de

perdas através de relatórios gerenciais, as prováveis causas e efeitos das perdas, ações de

melhorias implementadas e o retorno das melhorias através da elaboração e manutenção dos

índices de eficiência do equipamento.

1.2 Problema da pesquisa

Qual a contribuição que a mensuração diária do indicador de OEE - eficiência global

dos equipamentos, pode oferecer para a otimização do processo de alvejamento de tecido

plano de uma indústria têxtil ?

____________________

1 Nome fictício 2 Tecido plano - produto industrial que resulta do entrelaçamento regular entre dois fios: de urdume – sentido do comprimento do tecido – e fios de trama – sentido da largura do tecido. 3 Malha - são tecidos produzidos com base em métodos de formação de laçadas. 4 Alvejamento - é o nome dado à operação química de beneficiamento primário que visa eliminar do tecido pré-alvejado as impurezas elementares que lhe proporcionam coloração pardacenta. É aplicado produto químico alvejante como peróxido de hidrogênio, que reage com a fibra. O processo de reação pode ser acelerado com a adição de vapor. Prepara o aspecto do material para processos subsequentes de branqueamento óptico, tingimento ou estampagem. É necessário uma lavagem posterior para remoção dos produtos químicos.

16

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Evidenciar através do indicador de OEE a eficácia das otimizações implementadas ao

equipamento e processo de Alvejamento Contínuo de tecido plano.

1.3.2 Objetivos específicos

• Analisar a gestão de falhas do equipamento através da identificação diária das

paradas;

• Analisar a capacidade produtiva do equipamento, ou seja, o atendimento à

demanda existente de produto a ser manufaturado;

• Demonstrar o atendimento às características específicas do processo, através do

índice de qualidade.

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1.4 Justificativa

Atualmente, em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado, as empresas

podem ter acesso às novas tecnologias e inovações de produtos, desde que possam ter recursos

financeiros; sendo assim somente resta uma alternativa para realizar estas ações: a geração de

recursos no próprio negócio. Produzir cada vez mais com menos recursos e adequar às

exigências do cliente/mercado se torna um grande desafio. A diferenciação pode ser alcançada

por aquela empresa que desenvolver ações voltadas para a otimização de seus processos,

sendo assim a implantação de ferramentas de gestão, tal como, melhorias contínuas, servem

para desenvolver o know-how - conhecimento na organização, estimular a troca deste

conhecimento entre as equipes, desenvolver o aprendizado em termos estratégicos, de gestão e

até mesmo pessoal.

Através da gestão organizada podemos com apenas um indicador, se bem escolhido e

analisado, promovermos uma inserção no processo ao focarmos os pontos de real criticidade.

Com o indicador de OEE – eficiência global dos equipamentos – isto se torna possível, ao

termos em mãos uma ferramenta para medir as principais perdas do equipamento, o retorno

das melhorias contínuas implementadas e a condição de analisar as reais implicações do

equipamento no cumprimento de metas.

1.5 Limitações

Este trabalho foi elaborado através de um estudo de caso realizado em uma única

empresa do ramo têxtil no mercado mineiro, e em apenas uma linha de produção, resultando

na limitação de modelos para a análise pretendida. Acresce ainda nas limitações, o fato de que

todos os resultados obtidos se restringem ao equipamento de estudo e ao período de tempo

avaliado.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Sair da caixa de nosso atual modo de raciocinar

Uma empresa é um processo e dentro dela existem vários processos: seja ele de

produtos ou de serviços (CAMPOS, 1992) os quais precisam ter uma dinâmica que permita

entendermos a inter-relação entre entres. Assim estaremos observando sempre que algo

aconteça, o efeito e seus resultados; mas também devemos voltar nossa atenção às causas que

possam ter influenciado direta ou indiretamente. Neste contexto, visualizamos a empresa

como um macro-processo onde temos as entradas – input – e as saídas – output – que

juntamente com as características específicas de cada processo estarão impactando no efeito

principal esperado. Sempre que existir causa e efeito, estaremos diante de um processo.

Mas ocorre que todo processo não é auto-gerenciável, ele não se posiciona para

atender ao resultado esperado, até que seja determinado o que se espera do processo; e desta

forma definir as características específicas para que possamos ter o que se considera o

controle do processo.

Ao aceitarmos os vários resultados que um processo pode nos ofertar, estamos

evidenciando os efeitos proporcionados por causas não mensuradas. Ao definir para cada

processo as características do processo, seja no que tange os aspectos de matéria-prima,

máquinas, medidas, mão-de-obra, método, etc, estaremos iniciando o controle gerencial sobre

o processo e/ou equipamento.

Neste ponto destaco a necessidade de implementar o conceito de “domínio

tecnológico” (CAMPOS, 1992) quando da definição de padrões para assegurar a

conformidade de processos, ou seja, padronização tanto no desenvolvimento de processos ou

produtos, na execução de tarefas, no atendimento dos objetivos da qualidade em relação à

qualidade, custo entrega; e na manutenção e melhoria de processos.

19

Estabelecido os padrões, temos que o gerenciamento da rotina diária se faz pela

manutenção do nível de qualidade do equipamento/processo uma vez que haja a intervenção

do operacional na solução de problemas ocasionais, mas o que permitirá elevar os níveis de

qualidade será definido pela intervenção de fato, nos problemas crônicos (DELLARETTI,

1994).

Para sabermos se a intervenção é eficaz precisamos estar medindo o resultado, e desta

forma é preciso definir os itens de controle que permitirão encontrar os responsáveis e aqueles

que têm autoridade para gerenciar estes itens, de maneira a garantir o resultado esperado.

Mas todo este processo de investigação visa encontrar o ponto ideal, que é almejado

pelo cliente no atendimento de suas necessidades e definições de valor pelo produto / serviço

recebido; se faz necessário refletir sobre o que é qualidade, e mais, o que é qualidade no ponto

de vista de cada cliente. Temos o caso de um produto, com todas as características definidas e

atendidas, mas direcionado para um número imprevisível de clientes com as mais diversas

necessidades e expectativas.

Segundo QUEIROZ (1995) ao analisar os estudos de DAVID A. GARVIN a respeito

da qualidade temos que para definir o termo qualidade, será preciso identificar em qual

abordagem estaremos aplicando-a; visto termos a: definição transcendental (algo utópico,

etéreo), a definição baseada no produto (entendendo que tem mais qualidade aquele produto

que teve mais aporte de materiais de alto valor), definição baseada no usuário (parte do

pressuposto que qualidade está nos olhos do cliente, e visa ser possível encontrar uma forma

de satisfazer ao universo de expectativas dos clientes), definição baseada na produção (uma

vez atendendo às características desenvolvidas para o produto, não importa a opinião do

cliente) e por último, a definição baseada no valor (onde qualidade está sendo percebida e

discutida em relação ao preço).

20

A adoção de somente um dos focos acima, não tem surtido o resultado esperado, que

seria o atendimento eficaz às necessidades dos clientes (não apenas um cliente); assim temos

que a qualidade tem evoluído com as seguintes perspectivas: primeiramente temos a era da

inspeção, seguida pela era do controle estatístico, da garantia da qualidade e por último da

gestão estratégica da qualidade.

Ainda conforme os estudos de QUEIROZ (1995) a respeito de GARVIN temos que a

Gestão Estratégica da Qualidade (GEQ) se baseia na incorporação de elementos das fases

anteriores, mas objetivando que a organização faça exatamente o que vai trazer satisfação ao

seu cliente. Para isto é necessário estabelecer um elo entre qualidade e lucratividade, definir

qualidade do ponto de vista das expectativas e necessidades do cliente e comprometer a alta

direção com este foco de gestão estratégica da qualidade.

Para isto foi definido oito dimensões que podem ser trabalhadas individualmente, mas

que se inter-relacionam e promovem melhorias no conjunto, que são: desempenho,

características secundárias, confiabilidade, conformidade, durabilidade, eficiência no reparo,

estética e qualidade percebida.

Neste trabalho, o foco será na dimensão conformidade, que tem bastante influência da

confiabilidade, visando implementar melhorias de forma que o equipamento não falhe com

muita freqüência, identificar os reflexos das quebras e falhas no equipamento, ou que seja

identificável a causa com mais assertividade; e permitindo que o custo envolvido no processo

seja justo ao final da linha produtiva, gerando em última instância a satisfação do cliente.

Para conseguir atuar de maneira diferente em relação aos problemas comuns do dia-a-

dia nas organizações, precisamos adotar uma postura de “sair da caixa de nosso atual modo de

raciocinar” conforme JANOV (1996) cita em seu livro Organização Inventiva, pois ao

escolhermos um terceiro caminho não estamos fazendo mais do que já fazemos; mas sim

permitindo-nos raciocinar sobre as nossas atividades diárias em função das variações de

21

exigência do cliente, das questões econômicas do processo e do ritmo acelerado de

desenvolvimento tecnológico. Para garantir a nossa competitividade precisamos, segundo ele,

repensar aquilo que criamos, os processos que utilizamos para produzir, as estratégicas que

usamos para afirmar nossa organização, e os meios pelo qual achamos que estamos atendendo

nosso cliente. Neste momento realizamos um exercício no processo de aprendizado, tanto

pessoal quanto profissional, quando temos as fases de rompimento com o status quo ou zona

de conforto e partimos para a assimilação de conhecimento ainda que teórico apenas, e

enfrentamos todo o processo de resistência e de negação, para podermos convencer a si

próprio e à equipe em relação a uma nova maneira de encarar a situação cotidiana na empresa.

Até chegarmos no momento de demonstrar uma atitude diferente é preciso vencer as

dificuldades impostas no processo, abrindo a mente para refletir e questionar todos os

métodos atuais diante de qualquer situação. Isto se retrata na figura 02 conforme estudo

detalhado por HERSEY, P., BLANCHARD, K. H.. (1986) no seu livro “Psicologia para

Administradores a respeito da liderança situacional”.

Figura 02 - Evolução do conhecimento e atitudes individuais Fonte: Adaptado de HERSEY, P., BLANCHARD, K. H..

A teoria e as técnicas da liderança situacional. 1986

22

2.2 Desperdícios no sistema produtivo

Ao tentar aprender com o modelo Toyota de produção, nos deparamos com um termo

que tem aplicação muito subjetiva: “Temos que ser enxutos para sobreviver no mercado

competitivo” (LIKER; MEIER, 2007). Mas como saber o que é enxuto para a Toyota e para

minha realidade profissional? Temos em vários treinamentos a oportunidade de aprender

técnicas de kanban5, Andon6, Takt-time7, Lead-time8, etc mas o problema que nos desafia é

como aplicar ou por onde começamos a aplicar aquelas técnicas que parecem tão distante de

nosso meio cultural. Vem então o questionamento: será que este sistema enxuto funciona

conosco?

Mas refletindo sobre tudo isto, vem uma luz que me direciona a questionar: Meu

sistema produtivo tem perdas, desperdício? Talvez seja uma pergunta mais fácil de responder.

Para isto começo a pensar no meu sistema produtivo como uma seqüência de etapas ou

processos a serem bem realizados, para que o conjunto seja perfeito.

A melhor maneira de fazer isso, é rascunhar no papel um fluxograma do meu sistema

produtivo, seja ele macro ou específico. Entender perda em relação ao tempo previsto e tempo

realizado, pois se o tempo for maior que o previsto estará perdendo tempo que deveria estar

sendo gasto em outro lote de produção. Temos aí uma oportunidade de medir nosso lead-time.

____________________

5 Kanban - é um dispositivo sinalizador que autoriza e dá instruções para a produção ou para a retirada de itens em um sistema puxado. O termo significa "sinal" em japonês 6 Andon – ferramenta de gerenciamento visual que mostra o estado das operações em uma área e avisa quando ocorrer algo anormal. 7 Takt-time – Tempo disponível para a produção dividido pela demanda do cliente. O objetivo do tempo takt é alinhar a produção à demanda, com precisão, fornecendo um ritmo ao sistema de produção lean. 8 Lead-time -Freqüência com que uma peça ou produto é completado por um processo, conforme cronometrado por observação.

23

Ao imaginar o nosso processo em uma linha de tempo, que tem ponto inicial, estoque

de material inicial e intermediário, atividades, ritmo de produção, balanceamento de

capacidade produtiva de equipamentos e o mapeamos do início ao final, podemos enxergar

uma diversidade de pontos que precisam ser otimizados de forma a garantir um fluxo

produtivo enxuto. Temos então uma batalha a ser vencida, com a aplicação de ferramentas

adequadas a cada processo objetivando a melhoria contínua; mas não temos a certeza de que

estaremos eliminando a causa raiz do problema, e com isto garantindo um processo melhor,

mais enxuto.

Podemos gastar um esforço, em uma atividade que não resultará em ganhos

significativos; mas somente assim estaremos buscando a ação eficaz. O desconforto, a

insegurança, a luta apenas nos garante que precisamos repensar sempre se estamos adotando a

melhor estratégia; pensar nos conceitos e escolher uma ferramenta para analisar o problema,

aceitar o resultado obtido e implementar novas ações visando eliminar as perdas é a fórmula

que nos garante sucesso.

A Toyota identificou sete tipos de atividade sem valor agregado no processo

produtivo, e entendo que desta forma temos um direcionamento para iniciar nossa luta por

redução de desperdícios, ao analisar como nosso sistema se encontra em relação a:

superprodução, espera (tempo à disposição), transporte ou transferência, super-processamento

ou processamento incorreto, excesso de estoque, deslocamentos desnecessários e defeitos.

Imagine conseguir analisar um destes itens detalhadamente, e implementar melhorias

contínuas que resulte em valores mensuráveis de ganhos, de redução de desperdícios. Qual

escolher para atuar em primeiro lugar? Sugerem que seja “superprodução” já que causa a

maioria dos outros tipos de perda.

Apesar da acirrada competitividade que nos deparamos no mercado, a busca por

condição de empresa enxuta em curto prazo, me parece inviável, pois este processo de

24

melhorias evidentemente não tem início e fim, mas sim um processo cultural a ser desenhado.

Caso se tenha interesse por resultado em curto prazo, deve-se optar por ações de kaizen-blitz9

ou relâmpago, que tem focos mais específicos, e tempo e equipe definida.

A melhoria nos processos visando a análise do quanto “enxuto” ele é, baseia-se no

detalhamento através de um mapeamento das etapas que agregam valor ao produto. Se

andarmos na empresa partindo do início do processo, estaremos nos deparando com o estoque

de matéria-prima, seguido de um primeiro processo, outro estoque, o segundo processo, outro

estoque e por aí adiante. Podemos saber se está enxuto, somente com esta análise?

Precisamos neste momento utilizar duas ferramentas que auxiliam a visualizar o processo, que

são: qual o lead-time e o takt-time praticados. Estaremos aplicando-as por necessidade de uma

resposta, não por aquisição de conhecimento. Ao analisar este processo a partir deste

mapeamento estará sendo possível ver o valor agregado às atividades realizadas, e entender se

o processo está sendo empurrado ou puxado, se a formação de estoque é prevista ou

excessiva.

Ao identificar etapas do processo produtivo que resultam em takt-time que provocam

gargalos, temos o direcionamento de trabalho, e a aplicação das ferramentas que forem

necessárias para ajudar a esclarecer melhor como interferir e provocar melhorias. Qual a

ferramenta que deve ser usada, é uma questão a ser discutida.

Temos talvez a necessidade de implantar ou revisar o kanban, melhorar a comunicação

interna, gerenciar os índices de produtividade, ocupação e perdas do equipamento, avaliar a

manutenção do equipamento, melhorar setup, reduzir seus estoques, etc.

____________________

9 Kaizen - Melhoria contínua de um fluxo completo de valor ou de um processo individual, a fim de se agregar mais valor com menos desperdício.

25

Muitas vezes, a falha na implementação se deve a aplicação de ferramentas

inconsistentes e na ausência de conexão e dependência com o processo-problema. A

compreensão de como uma ferramenta pode auxiliar efetivamente no alcance de objetivos, é

um grande passo para uma ação de sucesso. Exemplificando: um mecânico experiente não

leva uma determinada ferramenta (chave de fenda) para utilizar em um reparo e depois

procura um parafuso. Ele inicialmente deve determinar a complexidade do problema, definir o

que precisa ser feito para a correção e então seleciona as ferramentas necessárias para utilizar.

É muito comum vermos organizações colocarem as ferramentas antes da compreensão, como

se fosse didaticamente melhor aprender utilizando a ferramenta, mesmo que

inapropriadamente.

É extremamente positivo aplicarmos as ferramentas, em um fluxo produtivo que esteja

comprometendo o complexo contínuo; pois ao identificar e trabalhar na redução de perdas –

que são condições básicas, estaremos verificando a inter-relação dos processos/equipamentos.

Na figura 03 a seguir, vemos um modelo de redução de perdas, que apresenta uma

estrutura de gestão e implantação das técnicas adequadas, considerando o propósito e não o

modismo, para aplicação de ferramentas que permitirão dar uma diretriz na escolha do

processo-problema, como estabelecer uma medida de desempenho, avaliar sua inter-relação,

controlar seus estoques intermediários para trazer à tona suas deficiências e estabelecer gestão

de indicadores que permitam visualizar a evolução dos resultados em relação às metas

definidas, para tornar cíclica a busca por melhorias contínuas.

26

Figura 03 – Modelo de redução de perdas Fonte: LIKER, J.K., MEIER, D. (2007)

A escolha de um indicador eficiente, e que tenha uma métrica simples, clara e global

e que gerencialmente permita uma visão de estratégia aplicada a questões pontuais e de

análise breve e eficaz, determina que focos agregados ao equipamento/processo devem ser

discutidos visando identificar as causas com profundidade.

27

2.3 O processo de melhoria contínua

Kaizen significa melhoramento. Mais ainda, Kaizen significa contínuo

melhoramento, envolvendo todos, inclusive gerentes e operários. A filosofia do Kaizen afirma

que o nosso modo de vida - seja no trabalho, na sociedade ou em casa - merece ser

constantemente melhorado.

O recado da estratégia do Kaizen é que nenhum dia deve passar sem que algum tipo de

melhoramento tenha sido feito em algum lugar da empresa.

Uma vez identificados, os problemas devem ser resolvidos. Assim, o Kaizen também é

um processo de resolução de problemas. De fato, o Kaizen exige o uso de várias ferramentas

de resolução de problemas. O melhoramento atinge novas alturas com cada problema que é

resolvido. No entanto, para consolidar o novo nível, o melhoramento deve ser padronizado.

Assim, o Kaizen também exige a padronização. O primeiro pilar do Kaizen é o Kaizen

orientado para a administração. Ele é o pilar crucial, já que o Kaizen orientado para a

administração se concentra nas mais importantes questões logísticas e estratégicas e oferece o

incentivo para manter o progresso e o moral.

Kaizen é tarefa de todos, o gerente deve envolver-se no melhoramento do seu próprio

serviço. A administração japonesa, geralmente acredita que o gerente deve dedicar pelo menos

50% do seu tempo ao melhoramento. Os tipos de projetos de Kaizen, estudados pela

administração, exige experiência sofisticada em resolução de problemas, bem como

conhecimento profissional e de engenharia, embora as simples Sete Ferramentas Estatísticas

possam ser suficientes às vezes. Eles são claramente uma tarefa da administração e com

freqüência envolvem pessoas de diferentes departamentos, que trabalham juntas nos

problemas multifuncionais como equipes de projeto, segundo HATAKEYAMA (1995)..

28

2.4 Origem e Evolução da Indústria Têxtil

Uma das mais antigas formas de trabalho humano é a fiação10 e tecelagem11, sendo

que a evolução da técnica da produção de tecidos plano liga-se fundamentalmente à evolução

das sociedades. Por outro lado, a obtenção da matéria prima e sua produção eram de grande

dificuldade. Na Antiguidade já se nota, porém, variado cultivo de fibras, ressaltando-se o

linho (Países nórdicos e Egito) e o algodão12 (Índia), no campo vegetal, e a seda (China) e a lã

(Ásia), no campo animal.

A Revolução Industrial em terras inglesas realizou melhor que os outros países a

acumulação de capitais, assim permitindo a introdução contínua de inovações técnicas e de

novas formas fabris de produção. O caráter verdadeiramente revolucionário desse processo,

que levou o homem a tornar-se independente das forças da natureza para realizar suas tarefas

produtivas, localiza-se na força motriz. Até então, qualquer mecanismo tinha sua propulsão

dependente ou da força humana e dos animais, ou das forças naturais, ventos e rios. Esta

situação mudou completamente com a introdução da máquina a vapor - como fonte de força

motriz - por James Watt, tornando a indústria uma realidade palpável.

O primeiro ramo da indústria a ser mecanizado foi a manufatura de teares, por volta de

1767 - Hargreaves. Em 1785, Edmond Cartwright inventa o tear mecânico, que se popularizou

tear de Cartwright era movido por bois, logo utilizando a força motriz gerada pelo vapor,

invenção demandada pela tecelagem. Com a colonização portuguesa entram no Brasil o

descaroçador, a roca e o tear manual, a partir de 1820, permitindo o aparecimento de

modernas fábricas de tecidos (PRADO JUNIOR, 1976).

____________________ 10 Fiação - processo final de transformação das fibras individuais em um fio contínuo coeso e maleável. 11 Tecelagem - transformação do fio em tecido, através das operações de entrelaçamento regular dos fios. 12 Algodão - fibra natural de origem vegetal procedente do algodoeiro.

29

A excelência do algodão do norte do Brasil e a importância da produção de tecidos de

forma doméstica levaram Portugal a fomentar e organizar bases mais amplas para a expansão

desta atividade.

Em 1837, organiza-se a Companhia Industrial Mineira, para uso de máquinas de fiar e

tecer e que, em 1839, trabalhou em Neves, então distrito de Sabará, com três máquinas de

"aprontar algodão", vinte e oito fusos para fio grosso e seis teares. Mas a moderna indústria

têxtil surgiria em Minas Gerais no início da década de 1870, com a instalação da Fábrica do

Cedro em Tabuleiro Grande, município de Sete Lagoas (PRADO JUNIOR, 1976).

30

2.5 O processo de Alvejamento Contínuo

Alvejamento é o nome dado à operação química de beneficiamento primário que visa

eliminar do tecido pré-alvejado as impurezas elementares que lhe proporcionam coloração

pardacenta, conforme ilustrado na figura 04. Após a destruição destas impurezas, o substrato

(tecido alvejado) torna-se hidrófilo e pronto para os processos de tingimento e estamparia, e

para se obter o substrato na forma branca é necessário aplicar branco óptico. Os pigmentos

encontrados podem ser naturais e/ou adquiridos durante a operacionalização industrial, sendo

que ambos devem ser eliminados durante o alvejamento.

Figura 04 – Amostra de um tecido na condição de “pré-alvejado” e “alvejado” Fonte - elaborada pelo autor (2010)

O alvejamento pode realizar-se por meio de oxidação ou redução química.

O alvejamento com peróxido de hidrogênio - agente oxidante - é empregado em

substratos compostos de matéria prima de origem natural celulósica, natural animal, artificial

e para as misturas entre fibras sintéticas e naturais celulósica. Sua ação oxidante baseia-se no

fato desta decompor-se havendo com isto a liberação do gás oxigênio. Água oxigenada, como

é conhecida comercialmente o peróxido de hidrogênio, é apresentado no mercado com a

indicação em volumes de oxigênio contidos num litro de insumos; dessa forma entende-se por

Tecido pré-alvejado

Tecido alvejado

31

“água oxigenada 100 volumes” aquela na qual um litro libera 100 litros de oxigênio. Este

processo é o mais utilizado na indústria têxtil em função de seus benefícios técnicos e custos.

Outra vantagem que o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) apresenta é capacidade de

poder ser empregado conjuntamente com insumos utilizados para dar outras características ao

substrato, realizando-se assim duas operações no mesmo tempo.

Um dos fatores importante para a obtenção de um bom alvejamento com peróxido de

hidrogênio é encontrar o “ponto de estabilidade ideal”, pois se o insumo for pouco estável, o

oxigênio é desprendido muito rapidamente para a atmosfera não permanecendo o tempo

suficiente para alvejar o substrato; se o insumo for demasiadamente estável não haverá

liberação de oxigênio e, portanto também neste caso não haverá alvejamento. Vários são os

fatores que influenciam o alvejamento com água oxigenada, são eles:

• Resíduos de ferro: Deve-se ter cautela com resíduos de ferro no banho de alvejamento,

pois se sabe que este íon exerce efeito catalítico de oxidação da celulose em presença

de peróxido, chegando a destruí-la. Sequestrante de ferro são usados para controlar ou

eliminar excesso de resíduo de ferro do substrato e na própria água usada para

preparação do banho.

• Resíduos de cálcio e magnésio: A presença de íons de cálcio e/ou magnésio no banho

de alvejamento exerce ação reguladora nos peróxidos, daí é recomendável “endurecer”

a água do banho de alvejamento com adição de pequenas quantidades de sais que

contenham os referidos metais. Sequestrante de cálcio e magnésio são usados para

controlar ou eliminar excesso de cálcio e magnésio do substrato e na própria água

usada para preparação do banho.

• pH: O peróxido de hidrogênio é bastante estável em pH inferior a 10 e pouco estável

em meio fortemente alcalino. O valor de pH ideal para o alvejamento está

compreendido entre 10 e 11 sendo ajustado neste valor pela adição de hidróxido de

32

sódio. Ocorre, porém que sempre existe o perigo de variação de pH durante a

operação. Se isto ocorrer há um desprendimento irregular de oxigênio acarretando um

alvejamento deficiente sendo recomendável a adição de um estabilizador que no caso é

o orgânico ou, menos usado, o silicato de sódio (inorgânico) . O estabilizador orgânico

ou inorgânico (silicato de sódio) tem a propriedade de formar juntamente com os

peróxidos compostos mais estáveis e também ele se aglutina aos metais catalíticos

diminuindo sua ação danosa, além disso, exerce ação protetora através de atenuação

das manchas de ferro que porventura o substrato apresente. Quando há necessidade de

adicionar estabilizador e hidróxido de sódio ao banho de alvejamento é importante que

o estabilizador seja adicionado em primeiro lugar antes do hidróxido, pois de outro

modo o peróxido decompõem-se. Ocorre, porém que muitas vezes o silicato

(estabilizador inorgânico) não pode ser utilizado em substrato que exijam toque macio,

isto, pois o silicato torna o toque áspero, neste caso pode-se usar como estabilizador

uma mistura de oxalato e pirofosfato de sódio (estabilizador orgânico).

• Temperatura e tempo: O melhor efeito de alvejamento é obtido em temperaturas

localizadas entre 80 e 95 ºC não sendo aconselhável atingir a ebulição. O tempo de

duração do alvejamento varia de 20-40 minutos no caso de alvejamento contínuo com

sistema de vaporização.

• O controle de processo se faz observando os seguintes pontos, visando uma

estabilidade no processo:

� Alinhar os rolões (entrada e saída) evitando quebradura e skew,

� Aquecer a máquina, dentro dos parâmetros do controle de processo,

� Acionar o nível de banho de soluções para evitar desperdício e manter

uniformidade do processo,

� Conferir se tem água no DS, observando a saída inferior,

33

� Conferir a pressão de vapor no DS (2,0Kgf./cm2),

� Temperatura do DS equivalente a 85-95ºC,

� Temperatura das caixas de lavagem: 85 a 95ºC,

� Temperatura da solução alvejante: ambiente,

� Teste de Pick-up para aferir a pressão dos cilindros espremedores com

diferencial de 25 a 30%.

� Análise da solução alvejante a cada 1 hora,

� Velocidade e carga de tecido no DS de acordo com o artigo e tempo de

permanência,

� Retirada de amostra no final para teste de centro-ourela, hidrofilidade, residual

de goma e grau de alvejamento.

2.6 Componentes do equipamento: Alvejamento Contínuo

Com relação às funções do equipamento em estudo, temos um detalhamento no

Apêndice B – Análise das etapas e funções no equipamento Alvejamento Contínuo,

explicitando a sua função principal e suas etapas de processamento e funções secundárias.

a) É composto de castelo de entrada com quatro conjuntos de abridores de ourela

pneumáticos em aço inoxidável, cilindro puxador de tecido revestido de borracha,

acumulador de tecido J-box e castelo de saída do acumulador com esticadores de

tensão com compensadores e abridores de ourela. Sua função é de proporcionar a

entrada correta do tecido, mantendo o alinhamento uniforme através dos abridores

de ourela. Para permitir um bom setup faz-se o uso do acumulador para

proporcionar a costura sem a necessidade de parar o equipamento, ficando o tecido

34

acumulado no J-box, aumentando a produtividade e garantindo melhoria de

qualidade. Item “a” é detalhado na figura 05 a seguir.

Figura 05 – unidade de introdução - Entrada do Alvejamento Contínuo

Fonte: Detalhe do projeto de instalação de Alvejamento Contínuo OR 1344/83 – TEXIMA SA Ind. Máquinas

b) Compartimento de lavagem fechado a quente: possui uma caixa N.6 com lavagem

dupla, que através da lavagem do tecido desengomado pelo processo anterior, visa

eliminar uma parte da goma proveniente da tecelagem, mais as gorduras, óleos e

graxas e também parte dos ácidos pécticos que dão coloração amarelada as fibras.

c) Banheira de resfriamento: devido ao aquecimento proporcionado nas caixas de

lavagem a quente no processo anterior para retirada da goma, é necessário o

resfriamento do tecido com água em temperatura ambiente, para não alterar a

estabilidade do banho de Alvejamento utilizado na caixa de impregnação

(processo posterior)

d) Foulard espremedor: com dois cilindros com pressão pneumática de até 12

toneladas, com cilindros inferior e superior revestidos de borracha. É utilizado

35

para retenção do excesso de água que está impregnado no tecido ao sair da caixa

de resfriamento no processo anterior, procurando manter um pick-up na faixa de

50 a 60%, para que seja realizada uma troca mais eficiente da água pelo banho de

alvejamento, sem alterar o banho de alvejamento utilizado no processo posterior,

e) Compartimento de impregnação fechado tipo N.4 para dupla passagem com

cilindros KP espremedores: neste processo temos a impregnação do tecido com

uma solução alvejante procurando conseguir manter uma relação de carga de

banho na faixa de 75 a 85%, levando em consideração o percentual obtido no

processo anterior; visando conseguir um diferencial na faixa de 25 a 30% para que

se tenha uma troca eficiente da água pelo banho de alvejamento, e consiga no

processo posterior (câmara de DS) um adequado branqueamento da fibra,

hidrofilidade, qualidade, aspecto e o toque. Itens “b” ao “e” são detalhados na

figura 06 a seguir.

Figura 06 – Caixas de lavagem e impregnação Fonte: Detalhe do projeto de instalação de Alvejamento Contínuo

OR 1344/83 – TEXIMA SA Ind. Máquinas

36

f) Câmara de reação contínua e repouso - DS: Neste processo é feito a introdução do

tecido no DS por baixo, sendo que o tecido sobe e é passado através de roletes

superiores tracionadores cuja finalidade é receber uma vaporização preliminar,

sendo depois depositado enfraldado na esteira de roletes inferiores até a saída. É

importante ressaltar que neste processo existe uma relação entre tempo x

temperatura, que nas condições ideais permitirão um resultado dentro dos

parâmetros exigidos para uma reação química entre o tecido e a solução alvejante

aplicada no processo anterior. O tecido ao ser enfraldado sobre os roletes inferiores

se faz necessário permanecer por um tempo de 20 a 40 minutos com uma faixa de

temperatura entre 85 a 95ºC conseguindo com este procedimento uma melhor

qualidade no grau de branqueamento, hidrofilidade, aspecto, toque e residual de

goma, etc. Item “f” é detalhado na figura 07 a seguir.

Figura 07 – Câmara de reação contínua e repouso – Vaporizador combinado de pré-tratamento modelo DS-50

Fonte: Detalhe do projeto de instalação de Alvejamento Contínuo OR 1344/83 – TEXIMA SA Ind. Máquinas

37

g) Compartimento de lavagem fechado: O conjunto é composto por três caixas, sendo

dois do tipo N.4 e uma do tipo N.6, para dupla passagem, que o tecido é lavado a

quente - 85-95ºC – o banho é reaproveitado da caixa quatro para caixa três e

depois da caixa dois. A caixa assim como todas as peças é de aço especial (aço

inox 316). A parte inferior da caixa, que conduz o banho, está dividida por uma

parede divisória com uma passagem unilateral. Conexões para uma condução total

de banho, para entrada de água fresca, estão do lado do comando.

h) Cilindro guia: A linha de andamento do tecido sucede sobre cilindros de aço

especial, reforçado intermitente com um diâmetro de 1200 mm. Os cilindros

acionadores superiores são fixados em caixas externas especiais de mancal, com

mancais pêndulos de rolos. A vedação da câmara de vapor é através de uma

câmara de ventilação de tal forma, que uma saponificação de graxa do mancal por

vapores penetrantes, seja absolutamente evitada. Os cilindros de guia inferiores

estão apoiados em mancais de deslize, auto lubrificantes, que estão apoiados em

suspensão cardam. Este cilindro pode ser usado novamente depois de rápido e

simples reparo do suporte do mancal.

i) Compartimento de lavagem e de descanso do banho: Todas as peças são

cuidadosamente alinhadas e soldadas, assim como as peças do processo de imersão

são decapadas e passivadas.

j) Cilindros separadores de banho: Reforça a potência de lavagem para todos os

compartimentos de lavagem.

k) Instalação de aquecimento: O aquecimento a vapor, indireto ou direto-indireto

conjunto. Em qualquer um dos casos, existem tubos de aquecimento no chão do

compartimento. O aquecimento direto, a temperatura de banho está restringida a

80°c, por causa do vapor não condensado. Regulagem de temperatura: A

38

regulagem de temperatura é realizada com PT-100, atuando quando excede a

margem de tolerância ±5.

l) Suporte do conjunto espremedor: O suporte é o elemento de apoio de toda a

instalação de lavagem. Sustenta, além dos cilindros espremedores com instalação

pneumática de aperto, o acionamento instalado lateralmente e compartimento de

lavagem anterior e posterior.

m) Disposição dos cilindros espremedores: Estão dispostos horizontalmente,

permitindo uma fácil observação do tecido durante o funcionamento e fácil o

acesso durante a manutenção. Itens “g” ao “m” são detalhados na figura 08 a

seguir.

Figura 08 – Compartimento de lavagem fechado Fonte: Detalhe do projeto de instalação de Alvejamento Contínuo

OR 1344/83 – TEXIMA SA Ind. Máquinas

n) Secadeira de cilindros vertical: este componente permite que o tecido seja

aquecido até a evaporação do excesso de líquido, por meio de cilindros/tambores

secadores com injeção de vapor. Item “n” detalhado na figura 09 a seguir.

39

Figura 09 – Secadeira de cilindros vertical Fonte: Detalhe do projeto de instalação de Alvejamento Contínuo

OR 1344/83 – TEXIMA SA Ind. Máquinas

o) Saída do Alvejamento Contínuo: constituída de cilindro enrolador emborrachado,

cilindro guia-tecido em aço inox (o rolo de tecido plano está sendo enrolado e com

passamento pelo castelo de saída). Item “o” detalhado na figura 10 a seguir.

Figura 10 – Saída do Alvejamento Contínuo Fonte: Detalhe do projeto de instalação de Alvejamento Contínuo

OR 1344/83 – TEXIMA SA Ind. Máquinas

40

3. METODOLOGIA

3.1 Descrição da Metodologia Utilizada

Este projeto pode ser definido quanto aos fins e quanto aos meios de investigação.

Quanto aos fins, ou objetivo específico, ela é exploratória, pois tem como principal

finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, propiciando a resolução e

formulação de problemas mais precisos para estudos posteriores, sendo flexível em seu

planejamento. Mas é também descritiva, ao estabelecer relações entre variáveis, e contribuir

nos processos de aplicação prática (GIL, 2002).

Este projeto quanto aos meios, trata-se de um estudo de caso, com embasamento

documental caracterizado por dados e documentos produzidos na empresa pesquisada.

A caracterização desta pesquisa como um estudo de caso se deu através da realização

do projeto em uma empresa do setor têxtil no mercado mineiro, onde foi efetuada a

investigação de um fenômeno contemporâneo no seu contexto.

A essência de um estudo de caso é que ele tenta esclarecer uma decisão ou um

conjunto de decisões, ou seja, o motivo pelo qual foram tomadas as decisões e como foram

implementadas; baseado em fontes de evidências e dados coletados.

Os dados coletados para este projeto estão restritos ao período de outubro de 2009 a

junho de 2010.

Devido ao fato de que o pesquisador está inserido no quadro de funcionários da

empresa pesquisada, fica caracterizada a pesquisa participante. A pesquisa participante

proporciona adequada participação do pesquisador dentro dos grupos observados,

estabelecendo confiança e condições favoráveis à melhor captação de informação.

41

3.2 Apresentação da “Empresa XY Ltda.”

No mercado desde 1995, a “Empresa XY Ltda.” destaca-se entre as principais

empresas do ramo têxtil no país. Com sede em Belo Horizonte – Minas Gerais, onde realiza

o beneficiamento13 dos tecidos planos, possui ainda outra unidade para fiação e tecelagem

(Apêndice C), localizada no interior do estado. Sua equipe é formada por aproximadamente

1000 colaboradores.

Apresenta como sua Missão o propósito de “Inovar permanentemente com serviços e

produtos têxteis que garantam rentabilidade ao nosso negócio e sucesso aos nossos clientes”.

Acresce em sua Visão: “Ser uma referência no mercado têxtil em inovação e rentabilidade”. E

estabeleceu como seus principais valores os seguintes tópicos: Responsabilidade nas ações,

Comprometimento, Esforço individual e Trabalho em equipe, Respeito às pessoas e ao Meio

Ambiente, Inovação permanente, Liberdade de expressão e Agilidade.

Hoje a capacidade produtiva da Empresa XY Ltda. é de cerca de 18 milhões de

metros lineares / ano. A empresa comercializa seus produtos no Brasil e exterior. Atualmente

exporta para países como Uruguai, Colômbia, Paraguai, Argentina, Bolívia, México, Chile e

Peru.

Em 1999, foi iniciado na Empresa XY Ltda. um programa de gestão de qualidade

total, com orientação da Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), resultando em mais

qualidade nos produtos. E desde 2003, a empresa é participante do programa “Parceiros para

a excelência” - PAEX – programa da Fundação Dom Cabral (FDC) que tem como objetivo o

____________________

13 Beneficiamento - todos os processos a que um tecido é submetido após o tear, e tem como finalidade melhorar as características visuais e de toque, além de poder dar algumas características específicas ao mesmo.

42

desenvolvimento da gestão estratégica da empresa e o intercâmbio entre empresas de diversos

segmentos que buscam a excelência operacional e estratégica. Atualmente implementa as

ferramentas da metodologia Lean Manufacturing14 . Um dos diferenciais da empresa está na

auto-suficiência de energia através da Usina Hidrelétrica localizada em Santana do Riacho. A

usina garante a produtividade com total independência de fatores externos e possibilitando a

redução de custos. A preocupação com os recursos naturais também é uma constante na

empresa com a instalação de ETE e atendimento às obrigações ambientais com a apresentação

das condicionantes exigidas aos órgãos fiscalizadores.

A Empresa XY Ltda. atua na produção de tecido plano tinto ou estampado (sendo

em grande parte 100% algodão) e malhas. O mercado de atuação da empresa principal é o de

confecções de vestuário (60% da produção). Os distribuidores/varejistas representam 29%,

seguidos pelo segmento de indústria com 11% de participação.

Figura 11 – Mercado de atuação da Empresa XY Ltda. (%) Fonte - elaborada pelo autor (2010)

____________________

14 Lean Manufacturing - Sistema de negócios para organizar e gerenciar o desenvolvimento de produtos, operações, fornecedores e relações com o cliente. A produção Lean em comparação à produção em massa, requer menos esforço humano, menos espaço, menos capital e menos tempo para fabricar produtos com menos defeitos de acordo com as especificações precisas dos desejos dos clientes.

43

3.3 Implementando o indicador de OEE no setor de Alvejamento Contínuo de tecido plano na Empresa XY Ltda.

A Empresa XY Ltda. objeto deste estudo, possui no setor de beneficiamento de

tecido plano um maquinário desatualizado tecnologicamente em relação aos concorrentes,

pois não houve investimento em equipamentos nos últimos anos. Além disso, é oriundo de

massa falida, tendo sido adquirido o parque fabril, por novos proprietários que não conheciam

o ramo têxtil, e buscavam a oportunidade como empreendedores; com o intuito de recuperar a

imagem da empresa e reposicionar no mercado.

A unidade de beneficiamento de tecido, é uma das unidades da empresa onde se

realizou este estudo – processo de alvejamento de tecido plano – no qual se realizou

interferências visando otimizar o processo e mensurar com a aplicação do indicador de

eficiência do equipamento - OEE. No Apêndice D, temos o posicionamento do processo em

estudo dentro do macro-fluxo produtivo de beneficiamento de tecido plano.

Este setor na época de implantação do indicador de OEE tinha a seguinte estrutura:

gerente de produção, supervisor geral, líder de turno A, B e C, operadores de produção

(Apêndice E).

O primeiro passo para este trabalho foi a elaboração do mapa de valor apresentado

detalhadamente no Apêndice F – Mapa de valor do processo de Beneficiamento de tecido

plano na Empresa XY, no qual é montada a seqüência de processos subseqüentes que o tecido

plano percorre, levantado as capacidades produtivas de cada processo e seus estoques

intermediários; a partir deste levantamento podemos caracterizar a questão de atendimento à

demanda, através do índice de takt-time calculado e apresentado na figura a seguir.

A implementação do indicador de OEE foi realizada na condição de projeto-piloto na

empresa, no equipamento denominado de Alvejamento Contínuo, em função da condição de

prioridade detectada na análise feita pelo mapeamento de processos, consolidando a situação

44

de “gargalo”; e a gestão deste indicador foi realizada diariamente pelo Analista de Gestão da

Qualidade, no caso, o autor deste trabalho.

Na figura 12 temos que o processo inicial – Chamuscadeira – apresentou um valor de

takt-time abaixo do previsto, mas no processo de Alvejamento Contínuo tal fato não ocorreu,

pois temos uma relação demanda x capacidade inadequada, o que certamente provoca um

gargalo produtivo. Sendo este o primeiro gargalo determinado pela análise do mapa de valor,

resultou em definir este processo como o foco deste estudo, e a implementação de uma gestão

através do indicador de OEE, como sendo uma estratégia de gestão bastante abrangente.

Figura 12 – Índice de Takt-time analisado no processo de Beneficiamento Fonte - elaborada pelo autor (2010)

45

3.4 Coleta de dados Por se tratar de um estudo de caso exploratório, a aplicação do indicador de OEE se

restringiu a um equipamento alocado no setor de Preparação da unidade de Beneficiamento de

tecido plano da indústria têxtil denominada Empresa XY, em Belo Horizonte/MG e este

trabalho foi restrito, para questão de análise ao período de outubro de 2009 a junho de 2010.

Para o objetivo deste trabalho foram analisados os aspectos de Disponibilidade do

equipamento através da análise diária do registro de parada de máquina e seus motivos, a

questão da Performance do equipamento através de relatórios diários de produção realizada

por turno e o aspecto de Qualidade gerada no produto através dos índices de controle do

processo.

46

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Analisando o indicador de disponibilidade de equipamento

Através de relatórios emitidos pelo sistema de gestão têxtil – SGT, aplicativo

específico para gestão de produção, é realizado inicialmente uma análise dos motivos de

parada do equipamento indicado e do volume de horas restrito a estes eventos. Para permitir

uma gestão visual do indicador é feito a inserção dos dados em uma planilha do Excel, e

elaborado alguns gráficos para complementarem a análise, conforme ilustrado no Apêndice G

- Análise de paradas de máquina – mês: Outubro de 2009

Além disso, foi elaborado a cada mês o respectivo gráfico de Pareto através do

aplicativo Minitab R13® com as seguintes saídas de gráficos apresentadas nas figuras 13 - A –

B - Gráfico de Pareto mensal dos motivos de parada de máquina, relativo aos motivos de

parada de máquina para evidenciarmos aqueles que mais se destacaram (Apêndice H).

Ressalta-se entre os principais motivos causadores de parada do equipamento

apresentados nos gráficos as questões de: deficiência de manutenção falta de vapor, parada

programada e setup; as quais devem ser monitoradas e implementadas ações de melhoria

focando otimização de processos.

47

Figura 13 - A – Gráfico de Pareto mensal dos motivos de parada de máquina Fonte - elaborada pelo autor (2010)

48

Visando monitorar os motivos de parada de máquina destacados no gráfico de Pareto,

temos nas figuras 14 e 15, a evolução mensal dos mesmos dentro do período de estudo; e

ressalta-nos que quanto à questão inicialmente diagnosticada de elevado índice de “parada

programada” (acima de 45 horas) no mês de outubro de 2009, resultou numa inferência junto

aos líderes de produção quanto a diagnosticar corretamente este fato, e constatou haver uma

conceituação equivocada deste motivo, sendo realizada uma ação de treinamento junto à

equipe produtiva e evidenciada a melhoria com os índices dos meses subseqüentes.

3:02:00

17:13:00

8:35:00

45:56:00

34:58:00

32:34:00

1:22:00

44:44:00

9:57:00

4:05:00 12:00:00

27:29:00

2:07:00

13:01:00

5:39:00

6:06:00

18:45:00

11:38:00

0:51

:00

17:0

2:00

40:3

0:00

7:29

:00

13:5

1:00

15:1

0:00

07:1

3

15:5

0

4:26

:00

8:13

:00

87:4

9:00

08:4

9

10:4

3

07:4

6

0:00

:00

0:00

:00

0:25

:00

05:1

4

0:00:00

12:00:00

24:00:00

36:00:00

48:00:00

60:00:00

72:00:00

84:00:00

96:00:00

Defeito Man Elétrica

Defeito Man Elétrica

Defeito Man Elétrica

Defeito Man Elétrica

Defeito Man Elétrica

Defeito Man Elétrica

Defeito Man Mecânica

Defeito Man Mecânica

Defeito Man Mecânica

Defeito Man Mecânica

Defeito Man Mecânica

Defeito Man Mecânica

Manutenção Mecânica

Manutenção Mecânica

Manutenção Mecânica

Manutenção Mecânica

Manutenção Mecânica

Manutenção Mecânica

Parada Program

ada

Parada Program

ada

Parada Program

ada

Parada Program

ada

Parada Program

ada

Parada Program

ada

Falta de Vapor

Falta de Vapor

Falta de Vapor

Falta de Vapor

Falta de Vapor

Falta de Vapor

Troca de Rolo (Ent/Saida)

Troca de Rolo (Ent/Saida)

Troca de Rolo (Ent/Saida)

Troca de Rolo (Ent/Saida)

Troca de Rolo (Ent/Saida)

Troca de Rolo (Ent/Saida)

70 70 70 70 70 71 71 71 71 71 81 81 81 81 81 41 41 41 41 41 62 62 62 62 62 2 2 2 2 2

horas paradas

Mot

ivo

Evolução mensal de horas paradas -Alvejamento Contínuo

out/09

nov/09

fev/10

mar/10

abr/10

mai/10

Figura 14 – Evolução mensal dos índices de horas parada por motivos

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

49

195:14:00

145:14:00

67:58:00

149:22:00

162:44:00

56:29:00

0:00:00

24:00:00

48:00:00

72:00:00

96:00:00

120:00:00

144:00:00

168:00:00

192:00:00

216:00:00

out/09 nov/09 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10

horas paradas

Comparativo mensal de horas parada total Alvejamento Contínuo

Figura 15 – Evolução mensal do índice geral de horas parada Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Além disso, foi implementado um sistema de código de barras identificando o motivo

da parada ao coletor ótico, evitando a digitação pelo operador do código relativo ao motivo

de parada e suas possíveis falhas na operação. Temos na figura 16, o operador junto ao ponto

de coleta de dados fazendo a inserção de dados através do sistema de gestão têxtil – SGT.

Figura 16 – Processo de lançamento de motivos de parada de máquina no terminal, utilizando-se dos códigos de barra e coletor ótico

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

50

Em relação ao índice mensurado de “setup” (troca de rolo entrada/saída) com valor

acima de 32 horas, foi analisado a questão operacional que envolvia o equipamento –

máquina de costura Merrow utilizada para a atividade de costura (emendar as pontas de

dois rolos de tecido a ser alvejado) apresentava falhas mecânicas freqüentes e número de

equipamento insuficiente, o que gerava um deslocamento do operador até um local distante

de seu processo principal para transportar a máquina até onde seria feito a atividade de

costura (evento analisado através do estudo de setup com levantamento de tempos e

movimentos – planilha de setup – Tempo da tarefa – Gantt, conforme na figura 18A a

seguir; e através da planilha de transporte com o tracejamento do percurso e a evidência do

deslocamento improdutivo – ver figura 18B), e optou-se por realizar um investimento na

aquisição de equipamento (máquina de costura) mais moderno e em número mais

adequado às necessidades produtivas do setor (ver figura 17) para a otimização do

processo.

Figura 17 – Equipamento (máquina de costura) e amostra das condições de costura

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

ANTES DEPOIS

51

Area / Time: Alvejamento Contínuo - Troca de rolo entrada ou na saídaSETUP - PLANILHA DE TEMPOS DE TAREFAS - GANTT

Tarefas No. Descrição das TarefasDuração

(00h:00min:00s)

1 tirar cavalete e agulha (P) 00:01:15

2 Buscar máquina de costura (P) 00:01:07

3 costurar tecido (P) 00:02:32

4 acertar cavalete entrada (P) 00:01:15

5 cortar tecido na saída máquina (P) 00:01:34

6 chamar empilhadeira (P) 00:15:24

7 colocar cavalete (P) 00:02:05

8 anotar nº da OB no tecido (P) 00:00:24

9 tirar amostra (P) 00:00:58

10 trocar banho - Capri (P) 00:07:43

11 colocar cavalete na saída (P) 00:02:04

12 ajustar cavalete entrada e saída ( R ) 00:01:12

13

14

Período: 28/09 a 01/10/09

Setup - Tempo das Tarefas - GanttData

Criado por

Area/Time

Ref

Area / Time: ALVEJAMENTO CONTINUO - TROCA DE ROLO ENTRADA E SAÍDAPERIODO: 28/09 A 02/10/2009

Escala:

Setup - Planilha de TransporteData

Criado por

Area/Time

Ref

ALVEJAMENTO CONTINUO

CHAMUSCAD

0

1

2

3

4

5

6

7

8

01 = Ponto inicial relativo a máquina de costura do Alvejamento e demais posições que o equipamento percorre

Figura 18 A – Estudo de tempos e movimentos relativo a atividade de troca de rolo - setup Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Figura 18 B – Estudo de tempos e movimentos relativo a atividade de troca de rolo - setup Fonte - elaborada pelo autor (2010)

52

Mantendo o foco em otimizar o processo e interferir para a redução do índice de setup

elevado, foi realizada uma reavaliação do sistema de gestão de produção através do controle

de estoque intermediário, visando adequar o estoque de tecido à capacidade produtiva dos

equipamentos, redefinindo as áreas de estoque através de um mapeamento de áreas, o qual

permitiu dividir o setor de beneficiamento em sub-setores gerenciado através do quadro de

mapeamento de setores, conforme ilustrado na figura 19.

Figura 19 – Quadro de mapeamento de setores e placas suspensas sobre as áreas demarcadas para alocação dos rolos de tecido, dentro do volume de estoque intermediário calculado.

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Outra ação implementada no setor foi a revitalização do Quadro Kanban para o

processo de movimentação puxada da produção, revisando a formatação de placas e

capacidade do quadro em relação às ordens de produção (OB´s) emitidas diariamente, além

da embalagem plástica utilizada para colocação da ordem de produção funcionar também

como um veículo de comunicação da necessidade de produção, ao ser usado com cores

diversas que foram padronizadas da seguinte forma, ilustrada na figura 20.

53

SACOLA DE

COR: APLICAÇÃO:

CINZA ESTE PRODUTO SE REFERE A PEDIDO DA 1ª QUINZENA

BRANCO ESTE PRODUTO SE REFERE A PEDIDO DA 2ª QUINZENA

AMARELO ESTE PRODUTO É DO DTA (DESENVOLVIMENTO)

VERMELHO ESTE PRODUTO É PARA EXPORTAÇÃO

AZUL ESTE PRODUTO É EXCLUSIVO

PRETO ESTE PRODUTO É PRIORIDADE

Figura 20 – Quadro de KANBAN do setor de Alvejamento Contínuo com a padronização de OB´s

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Objetivando uma gestão visual do equipamento de forma a destacar o equipamento em

caso de alguma parada, para o gestor-líder de turno que supervisiona uma planta de grande

extensão, foi instalado um Andon (mecanismo de gerenciamento visual que mostra o estado

das operações do equipamento em uma área e avisa quando ocorrer algo anormal) conforme

demonstrado na figura 21, além de um monitor de TV para visualização pelo operador, das

condições de operacionalidade do equipamento na saída da máquina, visando manter a

normalidade do processo e produto.

Figura 21 – Circuito interno de TV (A) para controle de saída da máquina e sistema Andon (B) Fonte - elaborada pelo autor (2010)

B

A

54

Com estas medidas implementadas foi possível aumentar a intensidade de supervisão

dos processos através do monitoramento via on-line por um terminal de computador disposto

na sala de supervisão de setor, onde é possível acompanhar o registro operacional de paradas

de máquinas e o tempo de cada parada através de observações on line na tela “Monitor de

Consulta da Programação” disponível pelo aplicativo SGT, conforme na figura 22 abaixo.

Figura 22 – Tela “Monitor de Consulta da Programação” do aplicativo SGT

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Complementando as medidas analisadas visando otimizar o processo, foi realizado

uma reestruturação do programa de manutenção preventiva do equipamento com a elaboração

de um check-list de manutenção preventiva a ser seguido no intuito de garantir uma atividade

mecânica mais eficaz. Houve a listagem de pontos críticos de verificação e identificação dos

pontos de lubrificação do equipamento conforme ilustrado no Apêndice I.

55

4.2 Analisando o indicador de performance do equipamento

Através de relatórios emitidos pelo sistema de gestão têxtil – SGT, para gestão de

produção geral e por turnos, geramos os dados que são transferidos para planilha do Excel,

para elaborar alguns gráficos que complementam a análise, conforme figura 23 a seguir.

Figura 23 – Relatório de produção geral e por turno do processo de Alvejamento Contínuo emitido pelo aplicativo SGT

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

56

Devido às variáveis no processo produtivo, conforme apresentado anteriormente;

temos que a inserção dos dados pelo operador no sistema de gerenciamento têxtil estaria

considerando a capacidade produtiva do equipamento partindo do pressuposto de

aproveitamento integral do tempo de ciclo ideal ou calculado.

Mas é fato, que este aproveitamento incorre em condicionantes que comprometem a

otimização do equipamento, no momento que consideramos que a capacidade produtiva

idealizada está relacionada a uma métrica de velocidade padrão ou média; enquanto na

condição real de processo, devemos entender que qualquer equipamento tem um estágio

crescente e decrescente de aceleração para atingir a velocidade ideal. Este estágio não tem um

período uniforme o que pode provocar uma aceleração crescente mas com fases variáveis.

Ressalto que estas características do equipamento ou processo, precisam ser

consideradas ao estipularmos uma capacidade produtiva e não evidenciarmos nos registros;

sendo possível calcularmos as perdas de velocidade e motivos de paradas de pequena

proporção. Mas para o trabalho em curso, houve neste momento na empresa, a opção de

diagnosticar se havia variação entre capacidade produtiva nos turnos, desconsiderando as

variações de aceleração do equipamento; mas optando por evidenciar variações de

operacionalidade do equipamento.

Com os gráficos da figura 24 temos no período de estudo, o registro mensal da

capacidade produtiva do equipamento separada por turno, e a evidência de redução do

patamar devido à adequação do mix produtivo na empresa; mas sendo relevante a observação

de equilíbrio da produção nos turnos, conseguida ao longo do projeto com os índices de

produção variando inicialmente na ordem de 8% (de 28 a 36%) e ao final do projeto

apresentando uma melhoria na distribuição de produção por turnos, variando na ordem de 5%

(de 30 a 35%), sendo preciso levar em consideração que a jornada do turno C é reduzida.

57

Gráfico de Produção Comparativa por Turno no Alvejamento contínuoReferente: Ano 2009/ 2010

Turno out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Total%

Desempenho do setor

Turno A 417745 352171 183837 162709 316008 333657 291895 274599 327235 2659856 35%Turno B 400309 366934 140065 138878 328700 326336 319954 311100 314645 2646921 35%Turno C 315081 283422 141359 120913 260952 304840 280341 237331 281334 2225573 30%

Total 1133135 1002527 465261 422500 905660 964833 892190 82 3030 923214 7532350 100%Média/dia 43582,12 41771,96 42296,45 30178,57 39376,5217 40201,38 37174,58 31655 38467,25Dias trab. 26 24 11 14 23 24 24 26 24

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

Comparativo de Produção por Turno - 2009/ 2010(metros produzidos)

Turno A

Turno B

Turno C

35%

35%

30%

Produção por turno - Final projeto

1 2 3

4358

2,12

4177

1,96

4229

6,45

3017

8,57

3937

6,52

174

4020

1,38

3717

4,58

3165

5

3846

7,25

0,00

5000,00

10000,00

15000,00

20000,00

25000,00

30000,00

35000,00

40000,00

45000,00

50000,00

Comparativo de Produção média/dia - 2009/ 2010(metros produzidos)

36%

36%

28%

Produção por turno - Início projeto

1 2 3

Figura 24 – Comparativo de produção por turnos - Alvejamento Contínuo

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

58

Visando melhorar a divulgação das metas de produção e qualidade e

consequentemente difundir e compartilhar as ações necessárias para atingir o resultado

esperado, houve neste período a implantação de um sistema de comunicação, denominado de

“Célula de Comunicação” na área de preparação do beneficiamento de tecido plano; dentro

de uma metodologia de produção enxuta “Lean”.

Esta “Célula de Comunicação” conforme ilustrado na figura 25, trata-se de um quadro

disposto estratégicamente em local de fácil acesso e visualização por parte da equipe

operacional do setor, e onde é afixado as informações devidas em formulários padronizados,

sendo transmitidas à equipe pelo supervisor de turno em reuniões relâmpago realizadas em

frente ao quadro com um tempo aproximado de quinze minutos.

A distribuição dos dados segue uma ordem que foca os temas ligados a: Pessoas,

Desempenho e Melhoria Contínua, sendo demonstrado graficamente os resultados obtidos

diariamente em relação à produção e outras métricas e seu status em relação às metas.

Conseguimos com esta medida uma participação mais metódica e organizada, tanto na

apresentação dos dados, quanto na participação dos operadores; mantendo a discussão com

focos pré-determinados evitando a dispersão dos assuntos e sugestões.

Figura 25 – Célula de Comunicação das informações ao nível operacional Fonte - elaborada pelo autor (2010)

59

4.3 Analisando o indicador de qualidade do equipamento

No intuito de garantir o atendimento às características específicas do processo,

definidas quanto aos padrões necessários de velocidades, metragem, temperatura, pressão, etc;

foi implementado um programa de “Gestão Visual” nos equipamentos, de modo que houvesse

uma assertividade operacional ao manusear o equipamento. Este programa trata-se da

identificação de todos os medidores, seja manômetros, termômetros, etc, conforme ilustrado

na figura 26, que impactam na qualidade do produto, quanto aos limites específicos de

operacionalidade do equipamento dentro das margens aceitáveis de confiança (identificado

com a cor verde).

Estes dados constam do POP – Procedimento Operacional Padrão do equipamento e

são alterados sempre que há alguma revisão do documento, garantindo uma padronização da

operação e consequentemente uma estabilidade no indicador de qualidade.

Figura 26 – Gestão visual de medidores no equipamento Fonte - elaborada pelo autor (2010)

60

Além deste programa referente à gestão visual, intensificamos o controle de processo

com o monitoramento de alguns testes que denotam a uniformidade do banho ao avaliarmos

os índices de concentração de Peróxido de hidrogênio e Soda Caústica nos banhos de

alvejamento, através de carta de controle elaboradas no aplicativo Minitab R13® conforme

demonstrado na figura 27 – Process capability sixpack.

Figura 27 – Carta de controle do registro de concentração de Peróxido Fonte - elaborada pelo autor (2010)

61

4.4 Analisando o indicador de OEE do equipamento

A mensuração diária do indicador de OEE foi implementada a princípio através de

uma planilha elaborada no aplicativo Excel conforme detalhada na figura 28, para dar

consistência no projeto e em um próximo passo evoluirmos para a utilização de software

específicos de cálculo, tais como o OEE Toolkit ®. Os dados coletados a partir dos relatórios

diários de parada de máquina e produção foram inseridos na planilha pelo autor deste projeto

visando o cálculo dos indicadores de disponibilidade, performance e qualidade. O principal

foco nesta etapa do trabalho foi o apontamento correto das ocorrências de falhas, da

capacidade produtiva real em termos de metragem e do percentual de produtos que não

atendeu à qualidade requerida; sempre havendo uma análise dos dados que permitissem uma

inconsistência ao controle estatístico.

Quanto aos dados de parada de máquina, adotei uma análise levando em consideração

a proporção de paradas programada (devido a manutenção preventiva, refeição, treinamento e

parada programada) e também a parada não-programada (manutenção corretiva, setup,

aguardando liberação, falta de energia elétrica, falta de vapor, etc) visando dimensionar o

impacto das perdas que poderiam ser melhoradas com algum estudo de métodos de trabalho, e

aquelas que teriam pouca interferência operacional.

Quanto a análise da performance podemos ter diariamente uma posição sobre a média

de velocidade praticada, frente a produção registrada; e também o indicador de takt-time

determinando o cumprimento das expectativas de demanda do processo.

Segue na próxima página, a planilha elaborada para ilustrar o controle dos indicadores

diariamente na Empresa XY Ltda.

62

Figura 28 – Planilha para controle diário do indicador de eficiência global do equipamento - OEE Fonte - elaborada pelo autor (2010)

63

Durante o período deste estudo, compreendido entre os meses de outubro de 2009 e

junho de 2010 foi efetuado o apontamento dos dados diariamente; resultando nesta sequência

de dados (figura 29) que demonstram a evolução dos indicadores com o impacto das

otimizações implementadas conforme detalhado ao longo deste estudo. Identificar qual das

ações permitiu uma contribuição ao processo com maior relevância, não foi o interesse deste

estudo; mas sim, dimensionar a evolução de cada indicador.

Permitiu-nos com esta simples planilha constatar satisfatoriamente o crescimento do

percentual de disponibilidade, evidenciando ser o indicador que tem mais contribuição com o

projeto de otimização do processo; visto que as paradas e seus diversos motivos, passaram a

ser tratadas como problemas que tinham que ser solucionados ou mitigados; e a partir do

envolvimento da equipe no intuito de colaborar foi possível atingir este resultado.

ÍNDICE DE EFICIÊNCIA GLOBAL DO EQUIPAMENTO - OEEout/09 nov/09 dez/09 jan/10 mai/10 jun/10

Data Média Média Média Média Média MédiaPerdas de PP (1) 28%Perdas de PNP (2) 72%Horas de parada/dia 80,53

% Disponibilidade 72,54% 73,16% 71,37% 76,42% 81,36% 83,80%

Horas disponíveis/diaMetros produzido/dia 1133135 874286,3 453753 409730 701791Metros produzido/horaveloc média prv 31,11 32,41 48,61 27,26 29,07 30,67veloc média real 41,98 39,94 38,19 32,73 33,46 28,07takt-time (seg/m) - Prv 1,93 1,85 1,23 2,20 2,06 1,96takt-time (seg/m) - Real 2,29 2,20 3,38 2,75 2,27 2,20

% Performance 84,68% 86,37% 58,93% 82,95% 89,48% 89,76%

% de defeitos setor% de defeitos máquinaMetros efetivos

% de Qualidade 99,67% 99,65% 99,77% 99,82% 99,65% 99,44%

% OEE 61,23% 62,97% 41,96% 63,27% 72,54% 74,46%

Figura 29 – Evolução dos indicadores de Disponibilidade, Desempenho e Qualidade Fonte - elaborada pelo autor (2010)

64

Na figura 30 apresentada abaixo, temos o gráfico de evolução dos indicadores no

processo de Alvejamento Contínuo, destacando em cada linha o respectivo indicador e seu

comportamento ao longo do projeto. Temos que uma meta a nível mundial nos direciona a um

patamar de 85% de OEE, mas diante de nossa realidade enquanto empresa, estabelecemos que

não estaríamos buscando atingir um determinado valor de percentual de OEE, mas sim

implementarmos as melhorias necessárias ao processo, que forem identificadas como

oportunas e de baixo custo de implantação, mantendo a filosofia Lean. O resultado que

conseguimos com as intervenções que foram possíveis implementar, nos motivarão a investir

mais recursos e esforços no intuito de encontrar mais soluções para as adversidades ainda

identificadas no processo, e com isto termos o respaldo da diretoria da empresa para

avançarmos em outros processos com demanda insatisfatória.

Figura 30 – Gráfico de evolução dos indicadores Fonte - elaborada pelo autor (2010)

OEE=85% (Meta Mundial)

65

% D isponibilidade do equipamento

0,73

0,73

0,71 0,76

0,77 0,77 0,79 0,81 0,84

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

out/09 nov/09 dez /09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10média desv Polinômio (média) Polinômio (desv)

Visando analisar os indicadores de forma estatística, através do aplicativo Minitab

R13® foram tabulados os valores obtidos diariamente durante os meses do estudo, no intuito

de definir a média encontrada e o desvio padrão (KUME, 1993), e assim elaborei o gráfico da

evolução do: Indicador do percentual de Disponibilidade do equipamento - figura 31

One-Sample T: C1; C2; C3; C4; C5; C6; C7; C8; C9; C1 0; C11; C12; C13; C14; C15;

Variable N Mean StDev SE Mean 95,0% CI C1 52 0,7255 0,1865 0,0259 ( 0,6735; 0,7774) C5 21 0,7317 0,1619 0,0353 ( 0,6580; 0,8054) C9 11 0,7137 0,2129 0,0642 ( 0,5707; 0,8568) C13 12 0,7642 0,1971 0,0569 ( 0,6389; 0,8894) C17 23 0,7652 0,1613 0,0336 ( 0,6954; 0,8349) C21 22 0,7744 0,1154 0,0246 ( 0,7232; 0,8256) C25 20 0,7882 0,0863 0,0193 ( 0,7479; 0,8286) C29 18 0,8136 0,0618 0,0146 ( 0,7829; 0,8443) C33 11 0,8366 0,0715 0,0215 ( 0,7886; 0,8846)

Figura 31 – Gráfico de evolução do indicador - % Disponibilidade Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Equação 01:

Cálculo da Disponibilidade (%) = TRD x 100, sendo que: TC TC => Tempo de carga = tempo teórico disponível – paradas programadas (h) TRD => Tempo real disponível = tempo de carga – paradas não programadas

66

% P erformance do equipamento

0,85 0,86

0,59

0,83 0,88 0,92

0,88 0,89

0,90

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

out/09 nov/09 dez /09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10

média desv Polinômio (média) Polinômio (desv)

- Indicador do percentual da Performance do equipamento - figura 32 One-Sample T: C1; C2; C3; C4; C5; C6; C7; C8; C9; C1 0; C11; C12; C13; C14; C15; Variable N Mean StDev SE Mean 95,0% CI C2 26 0,8468 0,2111 0,0414 ( 0,7616; 0,9321) C6 21 0,8637 0,1522 0,0332 ( 0,7944; 0,9330) C10 11 0,5893 0,2444 0,0737 ( 0,4251; 0,7534) C14 12 0,8295 0,1863 0,0538 ( 0,7111; 0,9479) C18 23 0,8840 0,1951 0,0407 ( 0,7996; 0,9684) C22 22 0,9244 0,0765 0,0163 ( 0,8904; 0,9583) C26 20 0,8845 0,1397 0,0312 ( 0,8191; 0,9499) C30 18 0,8948 0,1039 0,0245 ( 0,8431; 0,9464) C34 11 0,8976 0,0907 0,0273 ( 0,8367; 0,9585)

Figura 32 – Gráfico de evolução do indicador - % Performance

Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Equação 02:

Performance (%) = Tecido produzido (m/mês) x 100 Tecido previsto (m/dia) x Dias trabalhados (mês)

67

% Qualidade do equipamento

0,997

0,996

0,998

0,998

0,994

0,997

0,993

0,996

0,994

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

0,800

0,900

1,000

1,100

out/09 nov/09 dez /09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10

média desv

- Indicador do percentual de Qualidade do equipamento - figura 33 One-Sample T: C1; C2; C3; C4; C5; C6; C7; C8; C9; C1 0; C11; C12; C13; C14; C15; Variable N Mean StDev SE Mean 95,0% CI C3 47 0,8783 0,1707 0,0249 ( 0,8282; 0,9284) C7 21 0,996481 0,003040 0,000663 (0,995097;0,997865) C11 11 0,997718 0,001447 0,000436 (0,996746;0,998690) C15 12 0,998183 0,001005 0,000290 (0,997545;0,998822) C19 23 0,994426 0,003817 0,000796 (0,992775;0,996077) C23 22 0,996964 0,003888 0,000829 (0,995240;0,998688) C27 20 0,99297 0,01092 0,00244 ( 0,98786; 0,99808) C31 18 0,996472 0,001426 0,000336 (0,995763;0,997181) C35 11 0,99382 0,00596 0,00180 ( 0,98981; 0,99782)

Figura 33 – Gráfico de evolução do indicador - % Qualidade Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Equação 03:

Qualidade (%) = Metros produzidos - Metros refugados x 100 Metros produzidos

68

% OE E do equipamento

0,63 0,65

0,47

0,64 0,

69 0,71

0,70 0,72 0,74

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

out/09 nov/09 dez /09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10

média desv Polinômio (média) Polinômio (desv)

- Indicador do percentual de Eficiência Global do Equipamento - OEE - figura 34 One-Sample T: C1; C2; C3; C4; C5; C6; C7; C8; C9; C1 0; C11; C12; C13; C14; C15; Variable N Mean StDev SE Mean 95,0% CI C4 26 0,6343 0,2473 0,0485 ( 0,5344; 0,7342) C8 21 0,6501 0,2107 0,0460 ( 0,5542; 0,7460) C12 11 0,4650 0,2491 0,0751 ( 0,2977; 0,6324) C16 12 0,6435 0,2462 0,0711 ( 0,4871; 0,8000) C20 23 0,6949 0,2199 0,0459 ( 0,5998; 0,7900) C24 22 0,7088 0,0905 0,0193 ( 0,6687; 0,7489) C28 20 0,6998 0,1663 0,0372 ( 0,6220; 0,7776) C32 18 0,7238 0,0920 0,0217 ( 0,6780; 0,7696) C36 11 0,7446 0,0867 0,0261 ( 0,6864; 0,8028)

Figura 34 – Gráfico de evolução do indicador - % OEE Fonte - elaborada pelo autor (2010)

Equação 04:

OEE (%) = % Disponibilidade x % Performance x % Qualidade

69

5. CONCLUSÃO

O OEE se confirma como uma ferramenta eficaz na identificação de focos de

desperdícios, num ambiente de manufatura enxuta, permitindo uma decisão assertiva e com

mensuração estatisticamente validada das melhorias obtidas com a otimização do processo de

Alvejamento Contínuo.

A contribuição que a mensuração diária do indicador de OEE - eficiência global dos

equipamentos, pode oferecer para a otimização do processo de alvejamento de tecido plano de

uma indústria têxtil, está consolidada quando o indicador alterou o patamar de 61,22% para

74,63%, o que representa um aumento de 21,90% em relação ao mês de Outubro de 2009 em

comparação com o mês de Junho de 2010.

Analisar a gestão de falhas do equipamento através da identificação diária das paradas

permitiu as melhorias acumulativas nos indicadores de Disponibilidade da ordem de 15,33%

em relação aos mesmos meses; e ao gerenciar a capacidade produtiva do equipamento, ou

seja, o atendimento à demanda existente de produto a ser manufaturado com equilíbrio de

produção entre turnos, demonstrou um incremento no indicador de Performance no valor de

6,00%. A estabilidade do indicador de Qualidade evidenciou-se no nível de 99,5%.

O OEE deste equipamento em estudo, consolida as melhorias implementadas e valida

como um projeto-piloto para

Ao finalizar este estudo de caso com uma proposta de trabalho no setor de

Alvejamento Contínuo da Empresa XY Ltda., estou certo de que por este estudo e propostas,

apresento com muito critério e assertividade uma série limitada de ações de melhoria

implementadas que permitirão um avanço ao modelo atual de trabalho; e abrirá oportunidades

para melhorias futuras a serem reaplicadas em estudos futuros, em outros processos e

equipamentos na empresa.

70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIT, Setor têxtil e de confecção brasileiro:Balanço 2009 e perspectivas 2010. Disponível em: http://www.abit.org.br/site/Imprensa/Institucional e dados do setor/Balanço 2009 e perspectivas 2010> Acesso em 02.ago.2010 AGUIAR, S., Integração das ferramentas da qualidade ao PDCA e ao programa seis sigma. Nova Lima: INDG. 2006. 234p. CAMPOS, V.F., Controle da qualidade total (no estilo japonês). Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1992. 218p. CAMPOS, V.F., Padronização de empresas. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. 124p. DELLARETTI FILHO, O., DRUMOND, F.B., Itens de controle e avaliação de processos. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1994. 151p. GIL, A.C., Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002. 175p. HANSEN, R.C., Eficiência global dos equipamentos – uma poderosa ferramenta de produção/manutenção para aumento dos lucros. Porto Alegre: Editora Bookman, 2006. 264p. HATAKEYAMA, Y., A revolução dos gerentes. Belo Horizonte: FCO, UFMG, 1995. 210p. HERSEY, P., BLANCHARD, K. H.. Psicologia para administradores de empresas: a teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: EPU, 1986. 388p. JANOV, J., A organização inventiva: ousadia e dedicação no trabalho. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. 300p. KUME, H., Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. São Paulo: Editora Gente, 1993. 241p. LIKER, J.K., MEIER, D., O Modelo Toyota – manual de aplicação – um guia prático para a implementação dos 4 P´s da Toyota. Porto Alegre: Editora Bookman, 2007. 435p. NAKAJIMA, S.; Introdução ao TPM – Total Productive Maintenance. São Paulo: IMC, Internacional Sistemas Educativos Ltda., 1989. PRADO JUNIOR, C., História econômica do Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1976. 2ªed. 280p. QUEIROZ, E.K.R. de. Qualidade segundo Garvin. São Paulo: Annablume, 1995. 116p. TAVARES, L.A., Excelência na manutenção – estratégias, otimização e gerenciamento. Salvador: Casa da Qualidade Editora, 1996. 147p.

71

APÊNDICE B – Análise das etapas e funções no equipamento Alvejamento Contínuo

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

72

APÊNDICE D – Macro-Fluxograma de produção da Empresa XY Ltda.

Unidade de beneficiamento

Fonte: Elaborado pelo autor (2010)

Local onde foi realizado o

projeto de OEE

73

APÊNDICE F – Mapa de valor do processo de Beneficiamento na Empresa XY

Fonte: Elaborado por Sérgio Guerreiro (2010)