OUROPIGMENTO – As2S3 PARAREALGAR – As4S4

Ouropigmento e pararealgar tem a mesma composição química, o mesmo sistema cristalino, propriedades físicas muito semelhantes e ocorrem juntos na mesma paragênese. Mas pararealgar foi identificado com nova espécie mineral apenas em 1980, portanto todas as descrições de ouropigmento na literatura devem ser vistas com cuidado, porque não se sabia que havia dois minerais diferentes de aparência praticamente igual ocorrendo juntos. Lembra os casos de pirargirita & proustita e hemimorfita & smithsonita.

As informações abaixo são as que constam na literatura sobre ouropigmento. Sobre pararealgar não há praticamente nada em nenhum livro ou banco de dados, nem mesmo em literaturas recentes há alguma orientação sobre seu comportamento ao microscópio.

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Ouropigmento.

O ouropigmento (inglês: “orpiment”) é um sulfeto mais raro. Pode ser usado como minério de As; historicamente foi usado como um importante e insubstituível pigmento amarelo.

Forma massas com diâmetros de até 60 cm, compostos por cristais colunares ou fibrosos. Pode conter Hg, Sb e Ge.

Imaginava-se até pouco tempo atrás que realgar, por ser fotosensível, se transformava em ouropigmento, mas recentemente foi constatado que o material de alteração amarelo do realgar é pararealgar. Em função disso, muitas informações de “associação de ouropigmento com realgar” devem ser revisadas.

Macroscopicamente o ouropigmento pode ser confundido com pararealgar, uzonita e wakabayashilita.

Ouropigmento e seu material de alteração contêm arsênio e são tóxicos. É recomendado lavar as mãos após manusear o mineral, especialmente se pulverulento. Nunca lambe ou ingira. Evite inalar poeira quando estiver manuseando ou quebrando. O cheiro característico do ouropigmento, algo semelhante ao cheiro do alho, provém do arsênio e é tóxico.

Pararealgar.

O pararealgar é um sulfeto mais raro. Provavelmente foi usado como minério de As e como pigmento amarelo, confundido com o ouropigmento e possuindo as mesmas aplicações.

Pararealgar se forma como alteração de realgar (vermelho) quando este é exposto à luz. Pararealgar primário, entretanto, também é conhecido.

Macroscopicamente o pararealgar pode ser confundido com ouropigmento, uzonita e wakabayashilita.

As parcas informações sobre pararealgar são as de que possui cor amarelo claro a laranja e marrom-laranja, brilho vítreo a resinoso, traço amarelo claro, dureza 1 – 1,5, densidade 3,52, é quebradiço e que não apresenta clivagem.

Pararealgar contêm arsênio e é tóxico. É recomendado lavar as mãos após manusear o mineral, especialmente se pulverulento. Nunca lambe ou ingira. Evite inalar poeira quando estiver manuseando ou quebrando. O cheiro característico do pararealgar, algo semelhante ao cheiro do alho, provém do arsênio e é tóxico.

Mais: Bonazzi et al. (1995), American Mineralogist , 80, p.400-403, The crystal structure of pararealgar.

1. Características do ouropigmento:

2. Geologia e depósitos:

Ouropigmento, usualmente com uma composição muito próxima da fórmula ideal, é epitermal, formando-se em veios hidrotermais de baixa temperatura, em fontes quentes e fumarolas vulcânicas (por sublimação).

Mais raramente, em depósitos de boratos em climas áridos e em mármores (rochas calcárias metamórficas).

O produto de alteração de minerais de As, especialmente de realgar, não é ouropigmento, mas sim pararealgar.

3. Associações Minerais:

Ouropigmento associa-se a minerais de ganga comuns como quartzo, barita e calcita.

Também ocorre com sulfetos comuns como pirita, marcassita e calcopirita.

Na paragênese específica ocorrem minerais de As (arsênio nativo, realgar, hutchinsonita, getchellita, lorándita e picropharmacolita), ouro nativo, cinábrio, estibnita, esfalerita, löllingita, enargita e gipso.

A paragênese de pararealgar é essencialmente a mesma. Há registros confirmados de pararelagar com colemanita, fluorita, dolomita e ulexita, além dos minerais acima citados.

Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Monoclínico prismático,

pseudo-ortorrômbico.

Amarelo claro, amarelo laranja, laranja, laranja vermelho, dourado ou

marrom.

Granular, crostas, pulverulento, foliado, micáceo, colunares, reniforme, botrioidal,

cristais prismáticos raros até 10 cm.

{010} perfeita {100} imperfeita

Tenacidade

Séctil, algo flexível em placas finas.

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

Em {100} Irregular 1,5 - 2 não.

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Amarelo limão claro Resinoso a perláceo. Transparente. 3,4 – 3,5

4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA: Ouropigmento:

Índices de refração: nα: 2,400 nβ: 2,810 nγ: 3.020

ND Cor / pleocroísmo: cor X = amarelo, Y = amarelo, Z = amarelo esverdeado.

Relevo: muito alto.

Clivagem: {010} perfeita e {100} imperfeita.

Hábitos: Granular, crostas, pulverulento, foliado, micáceo, colunares, reniforme, botrioidal, cristais prismáticos raros.

NC Birrefringência e cores de interferência:

birrefringência máxima de 0,620: muito alta, resultando em cores de elevadas ordens, perláceas a pretas.

Extinção: provavelmente oblíqua, como se espera de um mineral monoclínico.

Sinal de Elongação: sem informações.

Maclas: por {100}, possíveis.

Zonação: sem informações.

LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 30 a 76º.

Alterações: sem informações.

Pode ser confundida com: pararealgar.

4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Pararealgar:

Ao microscópio de luz transmitida, é pleocróico entre laranja-amarelo, amarelo-claro e vermelho-laranja. Deve ser biaxial.

5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

É provável que muitas das características abaixo, retiradas da literatura clássica de Minerais Opacos,

se refiram na realidade a pararealgar e não a ouropigmento. Nem mesmo literaturas recentes abordam as

características do pararealgar ao microscópio, muito menos listam as diferenças ópticas entre ouropigmento

e pararealgar.

Preparação da amostra: o ouropigmento adquire polimento com rapidez, tingindo o pano de polimento com uma cor dourada intensa. A dureza ao polimento do ouropigmento é maior que a dureza do realgar, menor que a dureza da esfalerita e muito menor que as durezas de arsenopirita e estibnita.

ND Cor de reflexão: Branco-cinza a cinza médio.

Comparada com a cor do realgar, a cor do ouropigmento é um pouco mais clara.

Comparada com a cor da esfalerita, a cor do ouropigmento é mais clara.

Pleocroísmo: Muito forte, lembra o pleocroísmo da molibdenita:

// a = branco intenso;

// b = cinza fraco com tons avermelhados;

// c = branco acinzentado fraco.

Refletividade: 19,57 – 26,18%. Birreflectância: Não.

NC Isotropia / Anisotropia: Anisotropia forte em cores cinzas, geralmente mascarada pelas fortes reflexões internas.

Reflexões internas: Reflexões internas muito claras, brancas, amarelo-limão e laranjas. As reflexões internas se tornam mais intensas em seções de baixa qualidade.

Pode ser confundida com: poucos outros minerais. A cor amarela é muito típica do ouropigmento, sua associação quase constante com realgar tornam seu reconhecimento muito fácil.

Pararealgar é muito semelhante.

Enxofre nativo não possui clivagem e tem um cheiro diferente.

Autunita forma em ambientes diferentes, possui cores esverdeadas e é intensamente radioativa.

Forma dos grãos: ocorre em massas compostas por cristais aciculares ou tabulares segundo (010). Frequentemente ocorre em tufos, massas radiais ou esferas com estrutura rítmica.

Sulcos de polimento são inevitáveis devido à baixa dureza. Porções com relevo negativo sempre haverá devido às diferenças de dureza segundo as várias direções. Clivagem segundo {010} quase sempre é visível, assim como deformações ondulantes sob [100] neste plano. Maclas não ocorrem. Translações segundo (010) são facilmente observado em deformações. Recristalizações são observáveis com frequência. Pseudomorfoses de ouropigmento sobre realgar podem ocorrer.

Versão de janeiro de 2021

Esquerda: a ND, ouropigmento (cinza-branco), ganga (cinza escuro) e pirita (amarela). O contato entre dois grãos de ouropigmento mostra bem as cores do forte pleocroísmo que o mineral possui. Direita: a NC, o ouropigmento mostra reflexões internas amarelas. Minerais da ganga, como são transparentes, acabam mostrando também cores amarelas em função dos grãos de ouropigmento ao seu redor. Pirita (à direita em cima), em preto (isótropa).

Esquerda: a ND, ouropigmento (cinza-branco) com lamelas de deformação, que tornam-se muito bem visíveis em função do pleocroísmo forte que o ouropigmento apresenta. Ganga em cinza escuro. Direita: a NC, a mesma imagem. As lamelas tornam-se menos visíveis devido às reflexões internas do ouropigmento, mas continuam bem definidas.