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Ano XXIV Nº 294 fevereiro de 2014 O poeta Judas Isgorogota traba lhou umas quatro décadas no jor- nal A Gazeta, de São Paulo, fun- dada por Cásper Líbero, e de lá saiu, não aposentado, mas atra- vés de um “acerto” com a direção da empresa, então falida e em mãos de outro grupo, que lhe deu uma importância irrisória pelos anos de trabalho, pago em par- celas mensais. Quando se aposentou como escritor, com a minha ajuda e a ajuda de Antônio Carlos Augusto Bonafé, a Previdência descobriu o “acerto” grosseiro e forçou o jor- nal a aposentá-lo como devia. Ele nos ficou grato pelo res- to da vida e me deu meia dúzia de bom uísque estrangeiro, para que eu me embebedasse à von- tade. Judas não era bem um espí- rito vingativo, mas quando não gostava de um escritor ou de sua obra, sai da frente ... Descia a le- nha através da sua página literá- ria d’ A Gazeta. Arrasava com o sujeito. Almoçava todos os dias no restaurante da UBE, e nas rodas de amigos não deixava de relembrar coisas de sua terra, Maceió. Veio de lá em 1927, mui- to moço, e nunca mais voltou para revê-la. Eu não me conformava: - Por que não vai rever sua terra, Judas? É tão fácil... Voo de poucas horas. Punha sempre obstáculos, nenhum deles convincente. Gos- tava também de relembrar os anos de trabalho na editora de Monteiro Lobato. Lobato quem leu os seus primeiros versos e as- sombrou-se com o seu talento. Nessa época ainda não adotara o pseudônimo de Judas O POETA JUDAS ISGOROGOTA Caio Porfírio Carneiro Caio Porfírio Carneiro é escritor, historiador, crítico literário e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. di vulg aç ão Judas Isgorogota Isgorogota. Assinava o seu nome verdadeiro: Agnelo Rodrigues de Melo. Contava-me que quando passou a adotar o nome de Judas Isgorogota, ainda solteiro, mora- va numa pensão, e foi expulso de lá . - Por que, dona fulana? Não pago em dia? - Paga. Mas eu não quero nem um judas na minha pensão, nenhum inimigo de Nosso Senhor Jesus Cristo. E se fez poeta de renome as- sinando sempre Judas Isgorogota. Agnelo Rodrigues de Melo só em documentos oficiais. Como aconteceu com o escritor Marcos Rey, que nasceu Edmundo Donato. Eu colaborava semanalmen- te na sua página literária, rese- nhando livros. Brigávamos sem- pre. Quis modificar um texto meu, porque elogiei um livro de José Mauro de Vasconcelos. Ele de- testava o Zé Mauro. Eu ameaça- va de não escrever mais nenhu- ma linha para o suplemento dele. Ele recuava e me dava presentes. Tenho ainda comigo uma bela ca- misa vermelha, importada, carís- sima. Um dia, eu, Volney Milhomem e Clóvis Moura resol- vemos fundar uma editora. Chan- cela bonita: Editora Pasárgada. O primeiro livro, belamente im- presso e pago totalmente pelo autor, claro, porque não tínhamos nenhum dinheiro e nem distribui- dor, foi Noite Azul , excelente obra poética de Aluysio Mendonça Sampaio. Até o coquetel de lan- çamento muito concorrido, na Li- vraria Teixeira, foi pago pelo Aluysio. Passamos a ser procurados. Cobrávamos uma faixa de lucro, porque queríamos ficar com al- gum... Pois o Judas, para nos prestigiar, porque ele tinha edito- ra de graça, a Saraiva, que lan- çava todos os seus livros, publi- cou pela Pasárgada uma seleção dos seus poemas: XXX Poemas de Judas Isgorogota, em 1973. Ele escolheu até a gráfica e de- sembolsou tudo. Foi o último livro dele publicado em vida. Em Cantos da Visitação, de 1970, dedicou-me a segunda par- te da obra, dividida em cinco. Nascido em 1901, em Alagoas, esse poeta notável dei- xou-nos em 1979, marchando para os oitenta anos. Não era um espírito religio- so, mas admirava muito a figura de Cristo e muitas passagens da Bíblia, presente em vários dos seus poemas. No fundo, um artis- ta e um cético. Sem pre bem ves tido e de chapéu, pasta debaixo do braço, naquele andar meio bamboleante, estatura mediana e magro, m eio encurvado nos seus mais de setenta anos, ócu- los e olhar voltados para o chão.

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Ano XXIV Nº 294 fev ereiro de 2014

O poeta JudasIsgorogota trabalhou umas quatrodécadas no jor-

nal A Gazeta, de São Paulo, fun-dada por Cásper Líbero, e de lásaiu, não aposentado, mas atra-vés de um “acerto” com a direçãoda empresa, então falida e emmãos de outro grupo, que lhe deuuma importância irrisória pelosanos de trabalho, pago em par-celas mensais.

Quando se aposentou comoescritor, com a minha ajuda e aajuda de Antônio Carlos AugustoBonafé, a Previdência descobriuo “acerto” grosseiro e forçou o jor-nal a aposentá-lo como devia.

Ele nos ficou grato pelo res-to da vida e me deu meia dúziade bom uísque estrangeiro, paraque eu me embebedasse à von-tade.

Judas não era bem um espí-rito vingativo, mas quando nãogostava de um escritor ou de suaobra, sai da frente ... Descia a le-nha através da sua página literá-ria d’ A Gazeta. Arrasava com osujeito.

Almoçava todos os dias norestaurante da UBE, e nas rodasde am igos não deixava derelembrar coisas de sua terra,Maceió. Veio de lá em 1927, mui-to moço, e nunca mais voltou pararevê-la. Eu não me conformava:

- Por que não vai rever suaterra, Judas? É tão fácil... Voo depoucas horas.

Punha sempre obstáculos,nenhum deles convincente. Gos-tava também de relem brar osanos de trabalho na editora deMonteiro Lobato. Lobato quemleu os seus primeiros versos e as-sombrou-se com o seu talento.Nessa época ainda não adotarao ps eudônim o de Judas

O POETA JUDAS ISGOROGOTACaio Porfírio Carneiro

Caio Porfírio Carneiro éescritor, historiador, crítico

literário e membro do InstitutoHistórico e Geográfico

de São Paulo.

di vulgação

Judas Isgorogota

Isgorogota. Ass inava o seu nomeverdadeiro: Agnelo Rodrigues deMelo.

Contava-me que quandopassou a adotar o nome de JudasIsgorogota, ainda solteiro, mora-va numa pensão, e foi expulso delá .

- Por que, dona fulana? Nãopago em dia?

- Paga. Mas eu não queronem um judas na minha pensão,nenhum inimigo de Nosso SenhorJesus Cristo.

E se fez poeta de renome as-s inando s em pre JudasIsgorogota. Agnelo Rodrigues de

Melo só em documentos oficiais.Como aconteceu com o escritorMarcos Rey, que nasceuEdmundo Donato.

Eu colaborava semanalmen-te na sua página literária, rese-nhando livros. Brigávamos sem-pre. Quis modificar um texto meu,porque elogiei um livro de JoséMauro de Vasconcelos. Ele de-testava o Zé Mauro. Eu ameaça-va de não escrever mais nenhu-ma linha para o suplemento dele.Ele recuava e me dava presentes.Tenho ainda comigo uma bela ca-misa vermelha, importada, carís-sima.

Um dia, eu, VolneyMilhomem e Clóvis Moura resol-vemos fundar uma editora. Chan-cela bonita: Editora Pasárgada.O primeiro livro, belamente im-presso e pago totalmente peloautor, claro, porque não tínhamosnenhum dinheiro e nem distribui-dor, foi Noite Azul, excelente obrapoética de Aluys io MendonçaSampaio. Até o coquetel de lan-çamento muito concorrido, na Li-vraria Teixe ira, fo i pago peloAluys io.

Passamos a ser procurados.Cobrávamos uma faixa de lucro,porque queríamos ficar com al-gum... Pois o Judas, para nosprestigiar, porque ele tinha edito-ra de graça, a Saraiva, que lan-çava todos os seus livros, publi-cou pela Pasárgada uma seleçãodos seus poemas: XXX Poemasde Judas Isgorogota, em 1973.Ele escolheu até a gráfica e de-sembolsou tudo. Foi o último livrodele publicado em vida.

Em Cantos da Visitação, de1970, dedicou-me a segunda par-te da obra, dividida em cinco.

Nas cido em 1901, emAlagoas, esse poeta notável dei-xou-nos em 1979, marchandopara os oitenta anos.

Não era um espírito religio-so, mas admirava muito a figurade Cristo e muitas passagens daBíblia, presente em vários dosseus poemas. No fundo, um artis-ta e um cético.

Sem pre bem ves tido e dechapéu, pasta debaixo do braço,naquele andar meiobamboleante, estatura medianae magro, m eio encurvado nosseus mais de setenta anos, ócu-los e olhar voltados para o chão.

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Página 2 - fev ereiro de 2014

Rosani Abou Adal

Andar descalço era a regra.Regra delic iosa, f es ta da

liberdade, celebração do prazer. Osdedos sor rindo... Caminhar noareião das ruas largas, chapinharna lama, debaixo da chuva f ria. Quedoce aventura!

Ouvir as broncasmaternas e sentir no lombo os“cor retivos ” paternos era umdesafio inocente, quase santo.

Empurrar os aguapés dor io Caiuá, em determinadoslocais, para aumentar o espaçode nossas competições eestripulias aquáticas, às vezesna companhia de cobrasverdes e saracuras , era umaatividade que só poderia mesmo serexecutada devidamente descalço eem trajes de Adão, aquele do Éden.

O suplício acontecia na horade ir para a escola. Instante em queos pés despojavam-se da liberdadegostosa e se submetiam às torturasda botina ou do sapato, este paraos mais abastados do lugar.

As botinas com aquele elásticode cada lado, f abr icadas nasapataria do João Maçarico, eramdotadas de uma sonor idadeescandalosa. Chamavam a atençãocom um som que humilhava ousuár io e incomodava oscircunstantes.

E tome sebo e tome graxa, masnão resolvia. A sinfonia interrompidaretomava seu andamento. A botinavoltava a ringir ! No assoalho dasala de aula então c rescia,assustadoramente, o número dedecibéis do ringido das tais botinas.Pretas, marrons, amareladas , umhor ror. Doiam nos pés e aindafaziam zoada.

E como debochavam dosmeninos de botina . Era demais paranós, piás inocentes vindos do sítio,diante do espetác ulo da vida e dosseus mis térios.

MENINOS DESCALÇOSRaymundo Farias de Oliveira Mas hav ia também os tênis

vendidos na loja da avenida JoãoPessoa. Eram brancos ou marrons.Solas f ininhas. Não tinham canos. Otênis propiciava ao usuário um andarmeio maroto, como que espreitandoalguma coisa... Felino sondando asprimeiras sombras da noite.

Recordo-me de um c idadãocearense que fez omaior sucesso numcarnaval, pulando detênis branco no salãoabarrotado de foliõese folianas enroladosnaquelas serpentinasrosas e azuis .Namorador, lépido,gaiato, salt itava,freneticamente, sem

parar, no assoalho do imenso salão,ao som das marchas e sambasbuliçosos. Um serelepe! Às vezes,parecia levitar com seu tênis branco.

A roda do tempo girou, osamer icanos inc rementaram afabricação de tênis e sofist icaram osmodelos. Agora, vejo a humanidadeandando de tênis (no meu tempo deginásio era quedes – no plural) noviaduto do Chá. Hoje, quem não temum tênis não é gente.

“Geração chulé”? Não vou atanto exagero. Tenho também meutênis para as caminhadas matinais,com a calcanheira de silicone, paranão provocar o “es porão”. Em Caiuá,eu via es porão nos galos “índios” emsuas violentas brigas passionais aoredor das galinhas . E nem sabia queeu tinha meu “esporão”...

Por isso, evoco os meninosdescalços daquele tempo, quandoandávamos nas ruas pisando o areiãomacio, onde os pardaismadrugadores brincavam distraídos,dando cabriolas , para enf eitar apureza de nos sa meninice.

Profa. Sonia Adal da Costa

Revisão - Aulas Particulares - Digitação

Tel.: (11) 2796-5716 - [email protected]

Raymundo Farias de Oliveira éescritor e procurador do

Estado aposentado.

A Literatura está excluída do Prêmio Governador do Estado de SãoPaulo para a Cultura 2013, promovido pelo Governo do Estado de SãoPaulo através da Secretaria de Estado da Cultura, que abrange 10 catego-rias: Destaque Cultural, Dança, Teatro, Música, Circo, Artes Visuais, Cine-ma, inclusão cultural, instituição cultural e fomento.

Segundo o Regulamento (2- do Objeto, item 3), “A edição busca pre-miar e homenagear amplamente o setor cultural e o que de mais signif ica-tivo foi desenvolvido, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2013, nas prin-cipais modalidades artísticas existentes, tais como: Artes Visuais; Cine-ma; Circo; Dança; Música e Teatro.”

Conforme ( 2-do Objeto, item 2), do ref erido regulamento: “Foramestabelecidas 10 Modalidades para o Prêmio Governador do Estado 2013e duas categorias distintas: Júri e Voto Popular.”

Por que a Literatura não se enquadrou nas principais modalidadesartísticas existentes? Se não for uma modalidade principal, é o quê?

Será que a arte literária não teve nada signif icativo que foi desenvolvi-do no referido período em questão?

Seja o que for, não dá para entender.Barbaridade é única palavra sai da garganta.

A Literatura fora do Prêmio

Rosani Abou Adal é jornalista, escritora e v ice-presidentedo Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo.

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Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra: Livraria virtual TodaCultura: www.todacultura.com.brvia telefax: (11)5031-5463 - E-mail:[email protected] - Correio:

Rua Ática, 119 - ap. 122 - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Antologias:

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Meu nome todo é Jorge Em ílio MedauarFilho de imigrantes árabesTenho ficha na polícia cidadão indesejável elemento agitador

E amo gatos bichinhos miúdos sem importânciaNunca matei passarinho (uma vez fui, a mão tremeu)Amo amizades construídas em bar esquina cabaréO rio da minha terraO mar onde pulo em mergulhosOnde vejo barcos gaivotas penso em piratas heróis da infânciaPenso em viagens conhecer tudo quanto é canto do mundoAmo as noites luarinas gatos miando pelos telhadosAmo meus livros meu quanto os retratos da mãe e do líder que me fitamAmo até porque compreendo os que me magoam

Quando nasci em Água Preta meu pai como qualquer paiSe alegrou deu dinheiro aos pobresFarinha carne seca aos cegos da feiraMinha mãe fez promessa prometeu meu nome a São Jorge meu protetorTambém fui batizado crismado como cristão

Cresci aprendi sofri ameiAmei tanto que virei poeta para amar tambémEssa coisa que me espreme o coraçãoIsso que me dá de noite de manhã a qualquer momentoQue me põe na mesa me obriga a chorarAo ver letras tremendo em minha frenteGota de lágrima escorrendo pelo rosto borrando a página

O vento é tão polifônicoquanto os discursos das pes-soas. Tantas as vozes dovento... Tantos e tão diferen-tes os ventos. A rosa dos ven-tos produz energia à imagi-nação. A natureza vegetal senutre de vento para apolinização. A navegaçãodependeu por milênios dosdesígnios dos ventos. A sen-sualidade se acentua com oembalar do vento nos cabe-los. O vento embala o sonoe o amedronta, sacudindo opavor da insônia. E Gorettide Freitas lança aldraviasaos Ventos e diz:

ventaniachicoteiafolhacopainteiratreme

O medo do vento éimemor ial. No tempo deEow ão, na China dos 781 a770 aC, a canção do VentoLeste (Livro dos Cantares,Macau: Jesuítas, 1979, pág.629) diz que “Às lufadas so-pra o leste / segue o vento ovendaval. / Em toda a classede riscos, / no teu peito metrazias. / Minhas virtudes es-queces, / dos defeitos só telembras.” Na f iguração poé-tica do vento, poetas de to-dos os tempos e de todos oslugares es tabelecem rela-ções metonímicas do ventocom enchimento ou esvazia-mento de continentes, com otrazer e o levar coisas, como sujar e o limpar espaços f i-gurados. Veja, caro leitor,

como as aldravias de Gorettide Freitas passeiam comocanções nesses espaços li-terários:

ventorodopiapalavrasesilênciosescondidos

praiadesertasombriaventovarrendorastros

estaçãoventaniasomentefolhasnessedesembarque

Depois da tempestade,a bonança. Todos os espíri-tos das folhas, das f lores edas peles se renovam com ofrescor deixado pelos ven-tos. Assim é nossa renova-ção após a leitura dasaldravias sopradas da poe-sia de Goretti de Freitas, anos encher os olhos e a almade venturas e prazer.

brisanovanasentrelinhasdemim

Ventos - aldravias deGoretti de Freitas

Andreia Donadon Leal éMestre em Estudos

Literários e Mestre emLetras - Estudos Literáriospela UFV - Univ ersidade

Federal de Viçosa.

Andreia Donadon Leal

AUTOBIOGRAFIA

Jorge Medauar nasceu em 15 de abril de 1918, emUruçuca - Água Preta (BA) e faleceu em

São Paulo, em 3 de junho de 2003.Poeta, contista, romancista, membro da Academia

de Letras de Ilhéus e da Academia de Letras do Brasil.Foi agraciado com o Prêmio Jabuti.

Autobiografia foi declamado por Rosani Abou Adalna homenagem promovida pelo Sindicato dos

Escritores no Estado de São Paulo, noCentro Cultural Árabe-Sírio (notícia na pág. 8).

Jorge Medauar

Jorge Medauar

di vulgação

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Há certos sabores que sóp od e m se r a p re ci a do slentam ente, para que a

líng ua ten ha m ai s va ntag en s emdegustá-los e ganhe tempo para in-formar o cérebro sobre eles. Respei-tad as a s co orde nada s re fere ncia is,é o caso do livro A verdade lançadaao solo , d e Pau lo Ro sen bau m. Éobra que exige lenta leitura, com pau-sas regulares, preench idas por con-templações, reflexões e meditações.Para se aprender, pelos caminhos dorabino Zult Talb, o que é a alma, seela transmigra ou não, onde se podeencontrar Deus, como cheg ar até oCriador (ainda como ser vivo), enfim,para ser saborea do em seus mean-dros místi cos, fi losóficos, ci entíficos,pessoais e universais, este l ivro temde ser l ido lentamente. (Eu levei ummês mais uma semana para te rmi-nar a leitura – pois parei em váriaspassagens, para pensar no que aca-bava de ler…)

É l i vro de nso, po de -se di ze r,enciclopédico pois, ao redor de umverbete – devekut –giram três histó-ria s, u m ep í l og o e u m a p a rteiconográfica. Cada uma das três pri-meiras especula, analisa, questiona,po r pe rso nage ns a tivos e di álog osdinâmicos, o que vem a ser ‘devekut’.Na pri meira narrat iva, que tra nscor-re na cidadezinha de Tisla, em mea-dos do século XIX (mais precisamen-te em 1856, que corresponde ao anoj u da i co 5 .61 6 ), a hi stóri aesclarece dora d e ‘de vekut’ tem i ní-cio numa casa mode sta, adaptadapa ra ser tam bém casa d e oraçõespa ra os ju deu s n aq uel e rem oto eparcamente povoado lugarejo. O ra-bino Zult, líder da comunidade, é vistocom respeito e com desconfiança: nasinagoga, ele dirigia judeus que res-pei tavam a re ligião e eram po ucoafe itos a i nterp retações esotéricas,às quais ele se dedicava de temposem tempos. Não q ue ele fosse umreb elde o u mot ivado r de rebeld iasreligiosas, mas era um homem quenão aceitava a palavra escrita comoprova irrefutável de uma ve rdad e,nem tampouco a interpretação tradi-cional do Talmud (o texto que reúnecódi gos d e com porta men to ét ico,composto por uma sequência de ra-binos a partir do segundo século daEra Comum aos jud eus e cristãos).Na página em que se identifica “ …Zult e ra um iconoclasta” (p. 2 4), se

Resenha do livro “A Verdade Lançada ao Solo”Regina Igel encontra o cerne desta narrativa, que

é a i mersão na ‘d eveku t’. O autorcoloca uma nota explicativa ao pé dotexto (como faz com quase todas aspa la vras de o rig em h eb rai ca , emtra nslite ração ao português), escla-re ce n d o q u e ‘d eve ku t’ sig n i fi ca“a proxim ação , ad erên ci a, a pe go .Termo místico que define proximida-de com Deus. Estado modificado deconsciência, no qual os homens po-dem experimentar no corpo a própriaenergia de Deus.” No mister de pro-var tal experiência, o rabino pode serob servad o como se fo sse um su b-ma rino co rtan do águ as p rofunda s,intercep tado por d iversas corren tes(as perguntas, os comentários e ob-se rvaçõe s de seu s ou vi ntes), m ascom uma trajetória firme, articuladapor sua vontade de experimentar umfenômeno místico, arrebatador, quese manifestaria nele num delírio deintegração ao Divino e do qual elelançaria luzes a seus seguidores. En-tender os caminhos de Zult é um de-safio – não só para a sua plateia, masp a ra o s l e ito res tam bém. Oiconoclasta – na verdade, um homeminteressado no diálogo, numa discus-são esclare cedo ra, numa dia léti caqu ase platôni ca (talvez) – tenta vaarrancar dos ouvintes a capacidadelatente deles em argumentar, discu-tir, trocar id eias. Seus discurso s de-saf iava m a crosta con serva dora dasua co mu ni d ad e e d e con sel ho srabínicos, quando defendiam a ideiade q ue a Diáspora ou o Exíl io erame lh or pa ra os ju de us do qu e seaglomerarem em Israel, como queri-am o s sonh adores do se u temp o –que se tornou realida de pela forçasionista. Como era formado em Filo-sofia, po r uma universidad e não-ju-daica, Zult trazia para suas prédicasa ideia de que as ciências eram be-néfica s para todo s e que os judeusre li gi oso s não deveria m se fi ncarapenas na fé ou na espera de mila-gres, poi s a medicina (su a vocaçãofrustrada), por exemplo, era um pilarde suma importância na p revençãoe na cura de doenças. Um de seusmuitos fi lhos, o Nay, era um atentointerlocutor e provoca dor, que mui-tas vezes substituía um público deouvi dos um tanto mouco s em suasprédicas, pois o menino de 14 anoslh e fa zia perguntas, aprese ntan dodesafios e sugestões. E também hou-ve o ca si õe s e m q u e Zu l t, oiconoclasta, não tinha público nemfil ho pa ra co ntestar suas verdad es;mesmo assim, ele falava, ou se cala-

va , prepa ra ndo -se para receb er a‘devekut’ – e a recebia, gerando emsi m e sm o um a en e rgi a de a ltafrequência, de pulsação insól i ta, queo levava a pensar que se impregna-va da energia div ina. Não que qui-sesse se igualar a Deus, mas queriausufruir da divindade o que a pato-logia de ser um ente humano não lhepermitia.

Se a ‘devekut’ foi definida no iní-cio da primeira narrativa e gradual-mente explicada ao longo das primei-ras cem páginas, o título da obra sóvai receber esclarecimento para alémda pági na 10 0, como se fo sse ne-cessá rio prepa rar os l eitores p ara aessên cia de u ma escri ta laica numcontexto carregado de religiosidade.“A verda de l ançad a ao solo ” (frag-mento que se encontra no Livro deDaniel 8:12) se tornou uma espéciede mantra ou bússola para o pensa-mento, uti l izada por Zult, na sua bus-ca p o r u m a i n te rp re tação d oversículo em todas suas possibil ida-des semânticas ou racionais e místi-cas ou movi das pelo sup erna tura l.Em resumo , a verdade está diluídano pó ou é o pó que se alimenta daverdade? O livro se apropria dessas(en tre ou tras) versõe s para expli carDe us, o m al, o b em, a doença, acura, o êxtase, o milagre, a indiferen-ça, a alma, o espírito, indo do geralao particular, ao mencionar a neces-sidade de se estud ar textos bíblicosem d uplas (como o faze m os e stu-d an te s d os se mi ná ri o s ju d ai co s),pois uma leitura individual não é acei-tável – faz-se necessá rio discu ssão,apresentação de ideias conflitantes,diálogo, é preciso liberar o epílogo,a conclusão, de todo o emaranhadoque nos desafia.

O diálogo vem a ser o cerne dasegunda narrativa, “A balada de Yane Sibelius”. Os personagens são dois

homens perdidos nos Alpes, em meioa uma nevasca. Um deles é médico,o outro é seu ex-paciente; um delesé o Dr. Talb, descendente do Zult Talb,person agem proem inente na narra-tiva an teri or. Numa áre a escava danu ma mon tan ha g ela da, qu e m alabriga os dois, à espera de não sesabe o quê, ou que o tempo melhoreou que eles se entendam, discorremsobre a ó tica médica e a ótica dospacientes que não só podem diferiruma da outra , ma s ch ocar-se tam-bém. Fé e razão passam a ser ele-me ntos de f ri cção e po nde raçõespara os doi s pe rdid os n a brancu rada ne ve e n a n egri tud e d a n oite.Ambos mantêm o fogo do conheci-men to a ceso e re ciprocame nte so-pram a s cha ma s, co mo qu eren doqu e um se ap agasse para o out rocontinuar a existir.

Como o fez na primeira história,o n arrad or in terpõe ao texto ‘re ca-d o s’ o u i n te rcal açõe s de cun h oexplan atório sobre a religião, hábi-tos dos judeus ao longo dos séculose outros temas. Imitariam os ‘comen-tários’ ou ‘ridushim ’, notas ou obser-vações marginais ao texto do Talmud.Nesta n arra ti va , as i nterfe rência sexplicam certas reações orgânicas aalgu ns rem édios, os efei tos da sua‘produção industrial ’, a manipulaçãodo corpora tivismo , o darwinism o, ocong elamen to dos órgãos internos,a fome contínua, o perigo da mortepela inércia física no panorama con-ge lad o – e m e nun cia dos breve s,não-invasivos, que complementam odesenrolar dos eventos. Com a pre-cariedade da situação, o judeu im-pul sion a o tema da ‘devekut ’, q uepassa a ser o jogo dialético entre osdois alpinistas. El a é então pratica-da: os sentidos se renovam, os mem-bros congelados se movem, a cabe-ça se esvazia do medo e da incerte-

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za, a “Presença” penetra pe-los olhos dos seus praticantes.“… não tem como compa rarcom droga nenhuma. Nem alu-cinógenos, nem estupefacien-tes, ne m na d a d afarm acopeia ”(p. 4 79). É a féou é a alucinação dos corposde teriorado s?

A tercei ra e úl tim a d asnarrativas, “Sonho não in ter-preta do”, concerne tratamen-tos de dependentes químicos,na época contemporânea. Umjogo de xadrez se coloca en-tre médico e paciente e mais:doutrinas espíritas, um papiroque contava vi das d os an te-pa ssad os d o médi co (en treeles, o rabino Zult Talb), tran-ses, incursões a cemitérios deju deus po lone ses dep ois doHolocausto, perspectivas parao mundo sob o comando dosnorte-americanos, terrorismo,Al-Qaeda, a destruição das vi-das e das torres gêmea s emNova York, exorcismo, os jus-tos em cada geração judaica…um repertóri o que instala perso na-gens e questões dentro de uma mol-d ura atu a l, a tra vessa nd o Isra el ,Grécia, Egito, o Brasil e a inclusãodo velho Zult Talb, que reaparece eme spí ri to . Atm o sfe ra su fo ca nte ,pe rtu rb ado ra e l ib era dora, in sti gap ergu ntas q ue e xig em respo stas,como se indicassem que, no mundocaó t i co e m q u e vi ve m o s, só oque stion amento pod e nos enca mi-nhar para o conhecimento.

O Epí logo é um a tentati va deamarrar os eventos principais, trans-corridos pelas três narrativas mas, naverdade, são os leitores que devemfazer o acerto das circunstânci as li-das, visualizadas e imaginadas, como roteiro forn ecido pe lo autor. Estetam bém insere fotos d os ‘p erga mi-nhos’ deixados por Zult (em papel bri-lha nte, de u m co lori do esmaecidocomo num daguerreótipo, em escri-ta artística), para que as futuras ge-rações soubessem que a ‘devekut’ éuma atividade que pode e deve serexperimentada para uma aproxima-ção real com Deus, ainda que para-doxalmente seja abstrata, como par-te do absurdo da existência h uma-na.

Pa ra q ue m eu re co me nd ariaeste livro? Para aqueles que não sa-bem absoluta mente na da sobre ju-daísmo, para aqueles que, como eu,sabem um pouquinho e para aque-les que sabem bastante. Esta obra,imersa em conhecimento, divulgadopor diálo gos e meditações dos per-sonagens, é inédita no repertório de

obras brasileiras de ficção, pois mos-tra intenções implícita e expressas deprovocar no ssa curiosida de inte lec-tual, espiritual e emocional. Quem aler, ganhará em conhecimento sobrea religião judaica, seus mitos, rituais,tradi çõe s, transgre ssões e ace rto s;sobre alma, Deus, julgamentos hu-manos e divinos mas, principalmen-te, ganhará em conhecimento de sim esm o . O est il o da escrita te mvolteios e sinuosidades, trazendo àsna rra tivas possib il i dad es de cam i-nhadas mentais, por uma leitura len-ta e gradual. Dêem o tempo neces-sário para seu cé rebro e sua s emo-ções procurarem ‘a verdade lançadaao solo’.

Um tre cho desta re senh a se ráp ub li cad a no Ha nd b oo k of La ti nAmerican Studies, uma publicação daBib lioteca do Congresso, Washi ng-ton, D. C. que está programado parasair em 2015 (Vol. 60).

Regina Igel (Univ ersity of Maryland,College Park) é professora titularde Literaturas e Culturas em Lín-

gua Portuguesa no Departamentode Espanhol e Português da Univ er-sidade de Maryland. É encarrega-da da seção Brazilian Nov els do

Handbook of Latin AmericanStudies, uma publicação da Biblio-teca do Congresso, em Washing-ton, D.C., e colabora para esta

publicação com cerca de 70 rese-nhas de romances publicados num

período de dois anos no Brasil.

Jornalista, esc r itor eparlamentar, ele foi um guerreiro, umcombatente pac íf ico da liberdade;nos anos da reconstrução. Sabiavalorizar o diálogo e a negociação.

“Somos nossa memória”, diziao mago Jorge Luis Borges. E nossamemória nos fala sempre de umFreitas Nobre que jamais sedeixou int imidar pelosmastins da ditadura erguidaa par t ir de 1964. A ocontrário aponta-o como umdos corajosos fundadoresdo MDB, par t ido daopos ição, naqueles anosescuros, para alguns quaseesquecidos. Mesmo a estes,porém, lembramosnovamente Borges : “oesquec imento é uma dasf ormas da memór ia. Seuvago porão”.

Freitas Nobre erafranz ino, magro, e baixo.Usava óculos. Parecia f rágil.Quem o conhecia, no entanto, sabia-o um homem de ferro. Ninguém podiahumilhá-lo, porque era feito de raraf ibra nordestina, inquebrável, curtidana sequidão do agreste.

Foi dirigente sindical e políticodestacado. Conquistou o respeito eadmiração mesmo de quemdiscordava dele. Por quê? Porquejamais se recusava ao bom combate.Nem ao entendimento necessár io.Nunca deu o troco errado por baixoda mesa. Nem tropeçou empromessas vãs ou nas palavrasjogadas a esmo. Marcava-o oespírito público, qualidade ainda raraentre os políticos brasileiros.

Es tive com ele no início dosanos 80, para convidá-lo a ser umdos f undadores da A nistiaInternacional no Brasil. Ele aceitouo convite, sem hes itar. Em 1983, jáv iv íamos ao sol da democraciarecém-conquistada, em São Paulo,com o Governo de André FrancoMontoro, base sólida para o resgatedemoc rát ico de toda a nação.Acabávamos de inaugurar a sedebrasileira da Anistia Internacional, naVila Madalena, quando os esbirrosacuados da ditadura militar aindainstalada em Brasí lia nos atacaram,incendiando a casa alugada. Ao ladode José Carlos Dias, Secretário deJustiça do Governo Montoro, FreitasNobre foi dos primeiros a semanif es tar, solidário e dispos to.Assim era ele.

Rodolfo Konder

Rodolfo Konder é diretor daAssociação Brasileira de Imprensa

em São Paulo e membro doConselho Municipal de Educação.

Freitas Nobre, um homem valenteSe nos tempos nebulosos e

censurados dos senhores da guerrainterna Freitas foi um guer reiro, umcombatente pac íf ico da liberdade,nos anos da recons trução sabiavalorizar o diálogo e a negociação.As perseguições, as ameaças e acassação de antes não otrans f ormaram num sec tár ioressentido. Costurava, amarrava,ar ticulava. Nunca recor reu à

violência, mas faziatremer os violentos,com a tenacidade, af irmeza de suasc o n v i c ç õ e slibertárias.

E s t u d i o s o ,d e d i c a d o ,empenhado, lia erelia, regis trava ebrandia seusconhecimentos comoarmas letais contraqualquer f orma deautor itar ismo. Porisso mesmo, jamais oatraíram os

extremos, de direita ou de esquerda.A def esa da democ rac ia, dopluralismo e dos direitos humanosera o seu norte.

Também era grande no dia-a-dia. Lembro- me de sua emoçãoquando me acompanhou num gestode protes to, em apoio a AlbertoHelena Junior, demitido de maneiratorpe da TV Gazeta, nos dias f lácidosde Ferreira Neto. Demitimo-nostodos, no ar, ao vivo. Freitas malconseguia falar, de tão emocionado.Com essa mesma grandeza buscousua reintegração na Universidade deSão Paulo e voltou a competir nasurnas, por um mandato.

Ali, creio, começou a morrer.Derrotado, não realizou o sonho dese tomar um cons tituinte.Seguramente ter ia s ido dosmelhores . Não chegou lá, e naseleições sofreu uma nova derrota.Um golpe a mais afrouxou suaresistência à doença. Tomou lassosmúsculos da sua vontade. Até davontade de viver. E ele se foi. Maseu quero lembrá-lo c itando, maisuma vez, o genial Jorge Luis Borges:“que importa a nossa covardia, sehá na terra um só homem valente?”Freitas Nobre era um homemvalente.

di vulgação

Freitas Nobre

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ConcursosLiga a chave,o homenzinho,daquela Roda,Roda-Gigante,que vai girando,girando bancosbalançantes,irreverentes,que tem, por moldura,a amplidão.

Balança a moça,balança o menino,o casal de velhinhos,e os namorados,que em busca de estrelas,lá em cima no alto,num beijo roubado,entrelaçam as mãos.

Continua o seu giroa Roda-Gigante,girando sonhos,levando ilusões,até que o homenzinho,que não olha estrelas,desliga a chaveda Roda-Gigante,e todos descem,descem das nuvense pisam o chão.___Menção H onrosa - II Encontro deArtes -1984 - Biblioteca PúblicaMunicipal “Adelpha Figuei redo”- B.Par i-São Paulo-SP

Débora Novaes de Castro, Mestre emComunicação & Semiótica:Intersem iose na Literatura e nasArtes. Pertence: ACL, APEL, UBE,UBT, GEH , Casa do Poeta “Lampiãode Gás”, entre outras Inst ituições.

RODA GIGANTEDébora Novae s de Castro

I Concurso de Resenhas do Sindicato dos Escritores do Distri-to Federal está com inscrições abertas até o dia 20 de março para rese-nhas de livros com até 3.500 caracteres, incluindo espaços. As obras quepoderão ser resenhadas estão disponíves em w w w.sindescritores.com.bre w w w.paginadosconcursos .com.br. Premiação: Um E-book Readee eum exemplar da antologia com os trabalhos premiados.

Concurso Nacional de Literatura Prêmio Cidade de Belo Hori-zonte, promovido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, por meio daFundação Municipal de Cultura, está com inscrições abertas para a edi-ção 2013/2014 até o dia 25 de abril. Essa é a mais antiga premiaçãoliterária do país. Categorias: conto, dramaturgia, poesia e romance. Osinteressados poderão inscrever originais inéditos sob o uso de pseudôni-mo. Premiação: R$ 50 mil para o vencedor de cada categor ia. Edit al:http://ow .ly/rNM0q

VII FESTIVAL DE POESIA FALADA DO RIO DE JANEIRO - PRÊ-MIO FRANCISCO IGREJA , promovido pela APPERJ - Associação Profis-sional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro, com apoio cultural da OFI-CINA Editores, está com inscrições abertas até o dia 31 de julho. Os inte-ressados poderão enviar até três poemas inéditos, sob o uso de pseudô-nimo, em língua portuguesa, digitados, com no máximo 30 linhas (espa-ços inclusive), em três vias, acompanhados da taxa de inscrição no valorde R$ 10 por poema (cópia do depósito feito em nome de A PPERJ).Premiação: Os 20 melhores textos receberão certif icado de Menção Hon-rosa e para o 1° lugar: R$400,00; 2° lugar: R$300,00; 3° lugar: R$200,00 emelhor intérprete: R$100,00. Edital: http://w w w .apper j.com.br /regulamento_festival_poesia_faladarj.htm Informações: Sérgio Gerônimo(21) 3429-1233 ou com Glenda Maier (21) 3392-2576.

O 12º Prêmio Literário Livraria Asabeça 2013, promovido pela Li-vraria Asabeça, laureou o escritor José de Paiva Rebouças, da cidade deMossoró, Rio Grande do Norte, com a obra Catálogo Maçante das CoisasComuns, que receberá como prêmio a publicação da obra pela ScortecciEditora. Também f oram agrac iados com Menções Honrosas V ic torMedeiros Costa, da cidade de Araranguá/SC, com Alphonsus em Cantosde Cigarra. e Eduardo Alves Siqueira, da cidade de Maringá/PR, com Ci-dade/fantasma.

Sabia-se e sentia-seQue o rojão cairia

Na cabeça dos inocentesMais dia menos dia.

O rojão da impunidade,Da corrupção,

Do desgoverno,Das omissas otoridades.

E caiu em um cinegrafis ta,Olho livre da sociedade.

A gota dáguaEm nosso pote

Já tão cheio de revolta e mágoa.Quem não é bandido

Chora,Só a bandidagem com em ora.

Paz, antes que seja tarde dem ais .Vem mais rojão por aí, a m il,

Aceso pelo lado podre do BrasilQuem segura essa gente ruim

Essa tralha?Jus tiça, por que tarda e falha?

Quem seguraesse rojão?

Ulisses Tavares

(Para Santiago Andrade e parao que resta de esperança)

Ulisses Tavares é professor,publicitário, marketeiro, jorna-lista, dramaturgo, compositor,

roteirista, ator e poeta.

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Indicador Profissional

Fazer a apresentação da pes-soa linda que é minha amiga Luzia éuma honra e também uma granderesponsabilidade, pois ela é agraci-ada com tantos talentos, que pode-mos correr o risco de não mencio-nar boa parte deles. Sempre asso-ciando a versatilidade que possuipara a escrita a outras artes, teatro,música (coral) estamos diante deuma artista completa. Atendo-nos naarte teatral tivemos o priv ilégio devê-la representar um dos papéis de“Lugar onde o peixe para”, do Gru-po Andaime, do qual fez parte porquase quinze anos. Sua interpreta-ção foi perfeita. Lendo depois suaobra autobiográf ica “A menina doBairro Fria”, pude entender e maisainda admirar como ela transpôspara a personagem, sua trajetóriarural até os 11 anos, “ em meio àf lora e um belo riacho”... Ac reditoque a vivência no campo, aprenden-do a cuidar da horta, corte da canae todos os afazeres domésticos, emais tarde na cidade, como pajem,operadora de caixa, auxiliar de pes-quisa, contribuíram para torná- ladesde adolescente, a mulher guer-reira, determinada, sempre vencen-do os obstáculos tanto de ordemmaterial como afetiva, fazendo-adesabrochar para uma vida rica emexperiências artísticas e educacio-nais. No seu livro “Valentine”, contoinfantil, reúne todo esse aprendiza-do e com grande sabedoria trans-mite às crianças e adolescentes avida em contato com a natureza e oque o planeta terra oferece de bomaos homens, por meio da fauna ef lora.

Sendo Luzia pr iv ilegiada emdons art ís ticos , o seu ladohumanístico não f ica aquém. Sem-pre pronta para servir, já aliviou mui-tas dores dos moradores do Lar Betelcom massagens, e em outros luga-res a aplicação do reiki. Por com-paixão aos animais, tornou-se vege-tariana.

Educadora por excelência, for-mada em nível superior na cadeirade História dinamizou o trabalho edu-cacional junto aos adolescentes, nasescolas por onde lecionou e foi co-ordenadora pedagógica, criandoprojetos culturais, entre eles a Ex-plosão Cultural, que incluía show detalentos, concurso de dança, cantoe poesia interpretada. Também diri-giu vários grupos de teatro promo-

Apresentação

vendo o intercâmbio entre várias es-colas. Participou do Projeto Plantan-do Sonhos, coordenando of icinas deteatro às crianças das escolas muni-cipais, parceria do Grupo Andaime deTeatro Unimep com a Secretaria Mu-nicipal de Educação.

Lembra com muito carinho o pe-r íodo em que como paciente dearteterapia e por meio doautoconhecimento despertou e desa-brochou para a literatura, quandoentão escreveu seu primeiro livro em2008 e publicado em 2010 “A meninado Bairro Fria – sonhos e desabro-char.” Outros se seguiram em 2011,2012 e 2013, entre histórias e contosinfantis, de adultos e poesias. Acres-cente-se ao seu currículo literário,importantes prêmios em concursosnacionais e estaduais. Merece des-taque especial esta coletânea de po-esia “Atemporal”, selecionado peloFac (Fundo de Apoio à Cultura Muni-cipal), onde Luzia de modo espontâ-neo escreve ricos versos e materiali-za em palavras os seus sonhos, pen-samentos e sentimentos.

Como disse inicialmente, ter iamuito ainda para escrever sobre a au-tora de “Atemporal”, mas convido oleitor(a) a penetrar no mundo mágicoda sua poesia a tenho certeza usu-f ruirá momentos inesquecíveis de cul-tura, entretenimento e bem viver.

LedaColetti é professora,escritora e membro da AcademiaPiracicabana de Letras. Participado Clip, Golp, Clube dos Escritorese do Sarau Literário Piracicabano.

LedaColettiA Maçã Que Guardo na Boca, poesia deJoão Scortecci, Scortecci Editora, 88 páginas,1ª edição - 2014, São Paulo, ISBN 978-85-366-3574-3. O autor é escritor, editor, gráf ico, livrei-ro e Diretor Presidente do Grupo Editor ialScortecci desde a sua fundação, em 1982. Aobra, erótica e de poética sensual, foi escritano corpo de todas as mulheres (as que san-gram e as que não sangram mais). Nas Esta-ções de Amora (subtítulo) o autor vivencia diasde fúria, pecando seus pecados vermelhos, ede cio, explorando Afrodite e os lúdicos peca-dos da carne.

Livr ar ia V ir tual As abe ça: http://w w w.livrariaasabeca.com.br/

Lançamentos e Livros

Coletânea do Mutirão Cultural da União Brasi-leira de Escritores - UBE, volume I, Comissão Diretorado Mutirão Cultural da UBE, organizado por Sueli Carlos,Expressão & Arte Editora, São Paulo, 64 páginas. Parti-cipam da obra Alberto Alves de Souza, Almir de AlmeidaCarvalho, Ana Paula Carvalho, Ana Paula Hassan Jalloul,Carlos Frydman, Clóvis Reis Araujo, Eliana WissmannAlynak, Eliane da Silva, Gilda Pereira de Souza, IldaSuzue Myagusuku, Joana Simas de Oliveira Scarparo,João Meireles Câmara, Joaquim Maria Botelho, JoséDonizetti Nicolini Gonçalves, José Pereira Alves, LuizCarlos Florentino Silva, Luis Sombra de Silva, ManoelSantan Câmara Alves, Márcia Moreira, Mari lu F. Queiroz,Odila Placência, Olga Figueiredo Augusto, Pedro PiresBessa, Regina Y. Komatsu, Rita de Cássia Dantas Silva,Selma Ramos de Oliveira Carvalho, Sueli Carlos, KumikoArimori e Wilson de Oliveira Jasa.

Mutirão Cultural da UBE: Sueli Carlos - [email protected]

Proclamaçõe s, de Anderson Braga Hor ta,Thesaurus Editora, 192 páginas, Bras ília, DF. Oautor é escritor, poeta, cofundador da AssociaçãoNacional de Escr itores e membro da A cademiaBrasiliense de Letras e da Academia de Letras doBrasil.

A obra reúne textos manifestados em forma deensaios e conf erências sobre poetas brasileiroscomo Castro Alves, Olegário Mariano, Guilherme deAlmeida, Menotti Del Picchia, Cassiano Nunes, Ma-ria Braga Horta, Anderson de Araújo Horta, WaldemarLopes, Lêdo Ivo, Fernando Mendes Vianna e Joanyrde Oliveira.

Thesaurus Editora: w ww.thesaurus.com.br

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LinguagemViva

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Prof. Sonia

Notícias

O Sindicato dos Escritores no Estado deSão Paulo publicou em w w w.escr itorsp.org/matéria e vídeo do evento em homenagem a JorgeMedauar, realizado com apoio do Centro CulturalÁrabe-Sírio no iníc io do mês. Nathaniel Braia,diretor do sindicato, conduziu a cerimônia. Foiexibido um v ídeo, produzido pela TV Cronópios,com depoimentos de ar tis tas, escr itores ,empresários, editores e amigos de Medauar. Dr.Fuad Achcar, advogado do Centro Cultual ÁrabeSír io, Eyad Murched, presidente do CentroCultural Árabe-Sírio, o publicitário Roberto Duailib,Agnaldo Loyo Bechelli, Jorginho Medauar (f ilho),Caio Medauar (Neto) e Nilson Araújo de Souza,presidente do Sindicato dos Escritores no Estadode São Paulo. Rosani A bou A dal apresentouperf ormance com poemas do homenageado.Estiveram presentes Eduardo Elias, presidente daFearab, Elias Bára, Cônsul da Sír ia, CarlosTebecherani, engenheiro e empresár io, CloudeHajad, diretora da Fearab América, Ana Rodrigues,da Federação Democ rát ica Internacional deMulheres (FEDIM), Maria Aparecida Pinto, daFederação das Mulheres Paulistas (FMP), MariaPimentel, diretora de relações internacionais daCGTB, Gabriel Sayeg, do Esporte Clube Sír io,entre outras personalidades.

A Casa da Comunicação promoveu oevento SÃ PA, Fel i z Ani versári o, Queri da,coordenado por Ieda Estergilda de Abreu e RenataDi Nizo, que apresentou trecho da ópera Café,de Mário de Andrade (1942), sarau de poesias,e  projeção de fotos da cidade de Jesus Carlos. Oevento contou com as participações da bandaCompulsão Sonora, de Edu Viola, Lou Calheiros,Fátima Silva, Luís Rodolfo Dantas, Ieda Estergildade Abreu, Rosani Abou Adal, Luiz Gonzaga S. Netoe Luiz Roberto Guedes.

Montanha, romance de Cy ro dos A njospublicado em 1956, será lançado pela BibliotecaAzul. A nova edição foi organizada por WanderMelo Miranda.

O Program a de Intercâmbio de AutoresBrasileiros no Exterior, da Fundação BibliotecaNacional, es tá com inscrições abertas até o dia10 de março, para o primeiro semestre, para apoiofinanceiro às editoras e ins tituições culturaisestrangeiras para promoverem a par ticipação deautores bras ileiros em eventos literár ios noexterior. Para o segundo semestre as inscriçõesvão até o dia 9 de junho. http://w w w.bn.br/portal/?nu_pagina=164

Antônio Torres tomará posse na AcademiaBrasileira de Letras no dia 9 de abril para ocupara Cadeira nº 23 que pertenceu ao acadêmico LuizPaulo Horta. Antonio Torres será recebido pelaacadêmica Nélida Piñon.

A XXV II Re união Anual da ABEU -Associação Brasileira de Editoras Universitárias -será realizada de 7 a 9 de maio, em CampinaGrande (PB). ww w.abeu.org.br

O Dr. Prof. Jose Alberto Neves Candeias,escritor, médico, pesquisador, professor titular daUniversidade de São Paulo e esposo da Dra Nelly Ferreira Martins Candeias, presidente do InstitutoHistórico e Geográf ico de São Paulo, faleceu nodia 5 de fevereiro em São Paulo.

O Espaço Scortecci, Rua Dep. LacerdaFranco, 96, em São Paulo, abriga a Escola doEscr itor, TV Liv ro, liv raria com os ú lt imoslançamentos da editora, salão de autógrafos,salas para reuniões e trabalhos, copa equipadapara eventos, sala de imprensa e jardim literáriopara recitais e saraus. Telefone: (11) 4562-5003.

João Scortecci lançou A Maç ã que Guardona Boca, poemas, pela Scortecc i Editora.

A China que eu vi, artigo de Sonia Sallespublicado no jornal Linguagem Viva, edição nº291, novembro de 2013, na página 4, foi traduzidopara o chinês e será publicado lá, conformecomunicação da Associação dos Escritores daChina para a autora do refer ido texto.

Tiago Jos e Berg lança Bandeiras de todosos países do mundo, Panda Books, no dia 22 defevereiro, sábado, às 13 horas , no Ins titutoHis tórico e Geográf ico de São Paulo, RuaBenjamin Constant, 158, 4º andar, em São Paulo.

Gabrie l Kwak proferiu a pales tra RUIBARBOSA, um pouco do que ele foi no Ciclo deestudos Técnicas de Oratória - Dr. João MeirelesCâmara, na Associação Comerc ial de São Paulo– Distrital Centro. O evento é promovido peloMutirão Cultural da UBE.

O 20º Ciclo de Es tudos Técni cas deOratória - Dr. João Meireles Câmara será realizadoaos sábados, nos dias 22 e 29 de março, 5,12 e26 de abril,10, 17 e 24 de maio, das 9 às 12 horas,no AC SP, Rua Galvão Bueno, 83, em São Paulo.O ciclo é promovido pelo Mutirão Cultural da UBE,com apoio da Associação Comercial de São Pauloe Universo da Aquarela. Informações com SueliCarlos: [email protected]

Beatriz Amar al está com o vídeo com aleitura do poema Relâmpagos, que foi incluído naantologia poética É que os Hussardos chegamhoje,Editora Patuá, em http://w w w.youtube.com/w atch?v=J3NzyxQpVo4. A obra foi coordenada porVanderley Mendonça, Eduardo Lacerda, LilianAquino, Ana Erre e Elisa Andrade Buzzo.

O II Prêmio Bras ília de Literatura, gênerosbiografia, conto, crônica, infantil, juvenil, poesia,romance e reportagem, está com insc riçõesabertas até 3 de março. Os interessados poderãoinscrever obras publicadas em 1ª edição no Brasil,de 1 de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de2013. O primeiro colocado de cada categor iareceberá R$ 30 mil e o segundo R$ 10 mil.http://w w w.bienalbrasildolivro.com.br/concursos

A Escola do Livro promoverá o curso LivroDigital e Direitos Autorais, ministrado por GilbertoMariot, no dia 10 de março, das 9h30 às 12h30,na Câmara Brasileira do Livro, R. Cristiano Viana,91, em São Paulo. [email protected].

Heródoto Barbeiro e Br una Cantelelançaram O Renascimento - Explosão Ar tística eCultural, pela Editora Discovery Publicações. Aobra aborda o panorama histórico do períodorenascentista e um capítulo exclus ivo sobre aevolução dos direitos mercantis e internacionais.

A Sala Futura Luz, do Museu da LínguaPor tuguesa, midiateca que disponibiliza oconteúdo audiovisual do Futura, funciona de terçaa sábado, das 12 às 18 horas.

A 2ª edição da revista La ureates, doIns tituto Cultural da Fraternidade de Universal,coordenada por Valdeci A. de Oliveira e Maria dosAnjos Oliveira, poderá ser adquirida no ClubePortuguês, Rua Tur iassú, 59, em São Paulo.mariadosanjos @terra.com.br

Donizete Galvão, poeta e jorna lista mineiro,faleceu no dia 30 de janeiro, aos 59 anos, emSão Paulo. Autor de Azul Navalha, lançado em1998, f oi agrac iado com Prêmio APCA daAssociação Paulista de Críticos de Arte e indicadopara o Prêmio Jabuti. O Homem Inacabado (2010)foi f inalista do Por tugal Telecom e o segundocolocado no Prêmi o da Bienal de Poes ia deBrasília.

Júlia Cruz e Sezário Silv a

Rosani Abou Adal

di vulgação

di vulgação

Donizete Galvão

Sonia Salles

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