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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

    Instituto de Economia

    GABRIEL PETRINI DA SILVEIRA

    RESUMO P1 INTERNACIONAL

    CAMPINAS 2015

  • Sumrio

    Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o modelo ricardiano .......... 3

    O conceito de vantagem comparativa ............................................................... 3

    Economia de um s fator .................................................................................. 3

    Possibilidades de produo ........................................................................... 4

    Preos relativos e oferta ................................................................................ 4

    O comrcio em um mundo de um s fator ................................................... 5

    Determinando o preo relativo aps o comrcio .......................................... 6

    Os ganhos do comrcio ................................................................................. 7

    Um exemplo numrico (passos) ................................................................... 7

    Idias equivocadas sobre vantagem comparativa ............................................. 8

    Produtividade e competitividade .................................................................. 8

    O argumento do trabalho miservel .............................................................. 9

    Explorao .................................................................................................... 9

    Vantagem comparativa com diversos bens (?) ................................................. 9

    Recursos e comrcio: o modelo de Heckscher-Ohlin ......................................... 10

    O modelo de uma economia com dois fatores .................................................... 10

    Hipteses do modelo ....................................................................................... 10

    Preos de fatores e preos de bens .................................................................. 11

    Recursos e produto ......................................................................................... 12

    Efeitos do comrcio internacional entre economias com dois fatores ............ 13

    Preos relativos e o padro do comrcio .................................................... 13

    Comrcio e distribuio de renda ............................................................... 14

    Equalizao dos preos de fatores .............................................................. 15

    O modelo-padro do comrcio ........................................................................... 16

    O modelo-padro para uma economia com comrcio ........................................ 16

    Possibilidades de produo e oferta relativa ............................................... 16

    Preos relativos e demanda ......................................................................... 17

    O efeito das mudanas nos term os de troca sobre o bem-estar ................. 17

    Crescimento econmico: a curva OR se desloca ........................................ 18

  • Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o modelo ricardiano

    Os pases participam do comrcio internacional por dois motivos bsicos, e

    cada um deles contribui para seu ganho do comrcio. Primeiro, os pases fazem comrcio porque so diferentes uns dos outros. As naes, como os indivduos, podem se beneficiar de suas diferenas chegando a um arranjo em que cada uma produza as coisas que faz melhor em relao aos demais. Segundo, os pases fazem comrcio para obter economias de escala na produo. Isto , se cada pas produz somente uma gama limitada de bens, pode produzir cada um desses bens em uma escala maior e, portanto, mais eficientemente do que se tentasse produzir tudo. No mundo real, os padres do comrcio internacional refletem a interao de ambos os motivos.

    O conceito de vantagem comparativa

    O conceito introduzido por meio de um exemplo

    Essa diferena entre custos de oportunidade permite um rearranjo mutuamente benfico da produo mundial. Os Estados Unidos devem parar de cultivar rosas no inverno e dedicar os recursos liberados desse cultivo fabricao de computadores, ao passo que a Amrica do Sul deve cultivar as rosas, deslocando os recursos de sua indstria de computadores.

    No final, olhe o que aconteceu: o mundo est produzindo tantas rosas como

    antes, mas est fabricando mais computadores agora. Logo, esse rearranjo da produo, com os Estados Unidos se concentrando na fabricao de computadores e a Amrica do Sul se voltando para a produo de rosas, aumenta o tamanho do bolo econmico mundial. Dado que o mundo como um todo est produzindo mais, possvel, cm princpio, elevar o padro de vida de cada indivduo.

    O comrcio internacional produz esse aumento do produto porque permite que cada pas se especialize em produzir o bem no qual possui uma vantagem comparativa. Um pas possui uma vantagem comparativa na produo de um bem se o custo de oportunidade da produo desse bem em relao aos demais mais baixo nesse pas do que em outros.

    Isso nos leva, portanto, a uma concluso essencial sobre vantagem comparativa e comrcio internacional: o comrcio entre dois pases pode beneficiar a ambos se cada pas exportar os bens em que possui uma vantagem comparativa. Esse enfoque, em que o comrcio internacional se deve somente a diferenas internacionais na produtividade do trabalho, conhecido como modelo ricardiano.

    Economia de um s fator Notao:

    alv - horas de trabalho necessria para se produzir vinho alq horas de trabalho necessria para se produzir queijo L oferta de trabalho da economia

    PatriciaTextboxRazes para o comrcio internacional:- Diferenas- Economias de escala

    PatriciaTextboxPossui vantagem comparativa se o custo de oportunidade da produo desse bem for menor que de outro pas

    PatriciaTextboxSe cada pas se especializar no bem que possui vantagens comparativas, o montante produzido maior

    PatriciaTextboxPode beneficiar ambos os pases

    PatriciaTextboxComrcio internacional devido diferenas de produtividade

    PatriciaRetngulo

  • Qv e Qq respectivamente produo de vinho e queijo da economia (*) se refere economia estrangeira

    Possibilidades de produo Quando h apenas um fator de produo, a fronteira de possibilidades de

    produo de uma economia simplesmente uma linha reta. Podemos derivar essa linha como segue: se Qv e a produo de vinho da economia e Qq sua produo de queijo, ento o trabalho utilizado na produo de vinho alvQv , e o trabalho utilizado na produo de queijo alqQq. A fronteira de possibilidades de produo determinada pelos limites dos recursos da economia nesse caso, o trabalho. Como a oferta de trabalho da economia L, os limites da produo so definidos pela desigualdade:

    A linha PF mostra o montante mximo de queijo que a economia Local pode produzir, dada uma determinada produo de vinho, e vice-versa.

    Preos relativos e oferta A fronteira de possibilidades de produo ilustra as diferentes combinaes

    de bens que a economia pode produzir. Para determinar o que a economia efetivamente produzir, contudo, precisamos examinar os preos relativos. Em nossa economia simplificada, uma vez que o trabalho o nico fator de produo, a oferta de queijo e vinho ser determinada pelo movimento do trabalho para qualquer setor que pague o maior salrio.

    Sejam Pv e Pq preos do queijo e do vinho, respectivamente. Leva alq homens-horas para produzir um quilo de queijo. Visto que no h lucros em nosso modelo de um s fator, o salrio por hora no setor de queijo ser igual ao valor daquilo que um trabalhador pode produzir em uma hora, Pq/alq. Visto que leva alv homens-horas para produzir um litro de vinho, o salrio por hora no setor de vinho ser Pv/alv. Os salrios no setor de queijo sero maiores se PQ/PV > alq/alv; os salrios no setor de vinho sero maiores se PQ/Pvalq/alv, ou na de vinho, caso Pq/Pv

  • Na ausncia do comrcio internacional, a economia Local teria de produzir

    ambos os bens para si mesma, mas os produziria somente se o preo relativo do queijo fosse exatamente igual a seu custo de oportunidade. Visto que o custo de oportunidade igual razo entre as necessidades unitrias de trabalho para o queijo e o vinho, podemos resumir a determinao dos preos na ausncia do comrcio internacional com uma simples teoria do valor trabalho: na ausncia do comrcio internacional, os preos relativos dos bens so iguais s suas necessidades unitrias de trabalho relativas.

    O comrcio em um mundo de um s fator Suponha que haja dois pases. Chamaremos um deles novamente de Local e o

    outro de Estrangeiro. Cada um desses pases possui um fator de produo (trabalho) e pode produzir dois bens, vinho e queijo.

    Em geral, as necessidades unitrias de trabalho podem seguir qualquer padro. Por exemplo, o Local poderia ser menos produtivo do que o Estrangeiro cm vinho e mais produtivo em queijo, ou vice-versa. No momento, faremos somente uma suposio arbitrria: que

    < ou <

    Expressando em palavras, estamos supondo que a razo entre o trabalho

    necessrio para produzir um quilo de queijo e aquele necessrio para produzir um litro de vinho menor no Local do que no Estrangeiro. De modo ainda mais conciso, estamos dizendo que a produtividade relativa do queijo do Local maior que a do vinho.

    Mas lembre-se que a razo entre as necessidades unitrias de trabalho igual ao custo de oportunidade do queijo em termos de vinho. Lembre-se tambm que definimos vantagem comparativa precisamente em termos de tais custos de oportunidade. Portanto, a hiptese sobre as produtividades relativas incorporada s equaes equivale a dizer que o Local tem uma vantagem comparativa em queijo.

    Visto que a declividade da fronteira de

    possibilidades de produo igual ao custo de oportunidade do queijo em termos de vinho, a fronteira do Estrangeiro mais inclinada que a do Local.

    Um ponto deveria ser notado imediatamente: a condio sob a qual o Local possui essa vantagem comparativa envolve todas as quatro necessidades unitrias de trabalho, e no somente duas. Voc pode pensar que, para determinar quem produzir queijo, tudo o que precisa fazer comparar as necessidades unitrias de trabalho dos dois pases para a produo de queijo. Se o, alq < alq*, o trabalho do Local mais eficiente que o do Estrangeiro na produo de queijo. Quando um pas pode produzir uma unidade de um bem com menos trabalho que outro pas, podemos dizer que o primeiro pas possui uma vantagem absoluta na produo desse bem.

    PatriciaTextboxSem comrcio internacional, teria que produzir os dois (somente se Prel = COp

    PatriciaTextboxPreos relativos = necessidades unitrias relativas

  • No entanto, uma vez permitido o comrcio internacional, os preos no

    sero mais determinados puramente por consideraes domsticas. Se o preo relativo do queijo for maior no Estrangeiro que no Local, ser lucrativo levar queijo do Local para o Estrangeiro e vinho do Estrangeiro para o Local. Entretanto, isso no pode continuar indefinidamente. Vai chegar um momento cm que o Local exportar queijo o suficiente e o Estrangeiro exportar vinho o suficiente para igualar os preos relativos.

    Determinando o preo relativo aps o comrcio Os preos dos bens comercializados internacionalmente, assim como outros

    preos, so determinados pela oferta e pela demanda. Porm, quando discutimos vantagem comparativa devemos aplicar a anlise de oferta e demanda com cuidado. Uma forma til de acompanhar dois mercados de uma s vez enfocar no apenas as quantidades de queijo e vinho ofertadas e demandadas, mas tambm a oferta e a demanda relativas, isto , o nmero de quilos de queijo ofertados ou demandados dividido pelo nmero de litros de vinho ofertados ou demandados.

    A Figura mostra a oferta e a demanda mundiais de queijo cm relao ao vinho como funes do preo do queijo em relao ao do vinho. A curva de demanda relativa indicada por DR, e a curva de oferta relativa, por OR. Para haver um equilbrio geral mundial, preciso que a oferta relativa seja igual demanda relativa logo, o preo relativo mundial determinado pela interseo entre DR e OR.

    Primeiramente, conforme desenhada, a curva OR mostra que no h oferta de

    queijo se o preo mundial cai abaixo de alq/alv. Para entender por qu, lembre-se de que mostramos que o Local vai especializar na produo de vinho quando Pq/Pv < alq/ alv. Dc forma anloga, o Estrangeiro vai especializar-se na produo de vinho quando PQ/PV < al*Q/al *v. No incio partimos da hiptese de que alq/alv

  • O efeito dessa convergncia nos preos relativos que cada pas se

    especializa na produo daquele bem em que possui a necessidade unitria de trabalho relativamente menor. O aumento do preo relativo do queijo no Local o levar a se especializar na produo dc queijo, produzindo no ponto F' da Figura 2-4a. A queda no preo relativo do queijo no Estrangeiro levar o Estrangeiro a se especializar na produo de vinho, produzindo no ponto F* da Figura 2-4b.

    Os ganhos do comrcio A primeira forma de mostrar que a especializao e o comrcio so benficos

    considerar o comrcio como um mtodo indireto de produo. O Local poderia produzir vinho diretamente, mas o comrcio com o Estrangeiro lhe permite produzir vinho ao produzir queijo e, depois, trocar o queijo pelo vinho. Esse mtodo indireto de produzir um litro de vinho mais eficiente que a produo direta.

    Outra forma de visualizar os ganhos mtuos do comrcio examinar como ele afeta as possibilidades de consumo de cada pas. Na ausncia de comrcio, as possibilidades de consumo so iguais s possibilidades de produo. Uma vez que o comrcio permitido, contudo, cada economia pode consumir uma combinao de queijo e vinho diferente da combinao que produz. As possibilidades de consumo do Local so indicadas pela reta cinza TF na Figura 2-4a, enquanto as possibilidades de consumo do Estrangeiro so indicadas por T*F* na Figura 2-4b. Nos dois casos, o comrcio aumentou a gama de escolhas e, portanto, deve proporcionar aos residentes de cada pas uma situao melhor.

    O comrcio internacional permite que o

    Local e o Estrangeiro consumam uma quantidade representada por qualquer ponto sobre as retas cinzas, que se localizam fora das fronteiras de possibilidades de produo de cada pais.

    Um exemplo numrico (passos)

    QUEIJO VINHO

    LOCAL alq = 1 alv = 2

    ESTRANGEIRO a*lq = 6 a*lv = 3

    A primeira coisa que precisamos fazer determinar o preo relativo do queijo PQ/PV. Como o preo relativo efetivo depende da demanda, sabemos que ele deve estar entre o custo de oportunidade do queijo nos dois pases. Em nosso exemplo, supomos que no equilbrio mundial um quilo de queijo trocado por um litro de vinho nos mercados mundiais, dc modo que PQ/PV = 1.

    Se um quilo de queijo for vendido pelo mesmo preo de um litro de vinho, ambos os pases vo especializar-se. No pas Local, a produo de um quilo de queijo exige apenas metade dos homens-horas de trabalho que a produo dc um litro dc vinho (I versus 2); logo, os trabalhadores do Local recebero maior remunerao ao produzir queijo e o Local vai especializar-se na produo desse produto, inversamente, no Estrangeiro a produo de queijo exige o dobro de homens-horas em relao s necessrias para a produo de um litro de vinho (6 versus 3); portanto, os trabalhadores no Estrangeiro podem receber maior remunerao ao produzir vinho e o Estrangeiro vai especializar-se na produo dessa bebida.

    PatriciaTextboxRazo dessa convergncia

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    PatriciaTextboxO comrcio internacional permite consumir em um ponto fora de sua fronteira de possibilidade de produo

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    PatriciaTextbox1-) determinar preos relativos

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  • Vamos confirmar se esse padro dc especializao produz ganhos do comrcio.

    Primeiramente, queremos mostrar que o Local pode produzir vinho mais eficientemente ao fazer queijo e troc-lo por vinho do que pela produo direta. Na produo direta, uma hora de trabalho do Local produz apenas meio litro de vinho. A mesma hora poderia ser utilizada na produo de um quilo de queijo, que pode ser trocado por um litro de vinho. Fica claro que o Local ganha com o comrcio. De forma semelhante, o Estrangeiro poderia utilizar uma hora dc trabalho para produzir 1/6 de quilo de queijo; se, contudo, utiliza essa hora para produzir 1/3 de litro de vinho, pode ento trocar 1/3 de litro de vinho por 1/3 de quilo de queijo. Isso duas vezes mais que o 1/6 de quilo de queijo que obteria utilizando a hora de trabalho para produzir o queijo diretamente.

    Salrio relativo: O salrio relativo dos trabalhadores de um pas o montante que recebem por hora, comparado com o montante que os trabalhadores de outro pas recebem pelo mesmo perodo. O salrio relativo dos trabalhadores do Local ser, portanto, igual a 3.

    Fica claro que esse salrio relativo no depende do preo de um quilo de queijo ser US$ 12 ou USS 20, desde que um litro de vinho seja vendido pelo mesmo preo. Caso o preo relativo do queijo o preo de um quilo dc queijo dividido pelo preo dc um litro dc vinho seja igual a um, o salrio dos trabalhadores do Local ser trs vezes o dos trabalhadores do Estrangeiro.

    Note que esse salrio se situa entre as razes das produtividades dos dois pases nas duas indstrias. O Local seis vezes mais produtivo que o Estrangeiro cm queijo, mas apenas uma vez e meia mais produtivo em vinho e, assim, acaba com um salrio trs vezes maior que o do Estrangeiro. precisamente porque o salrio relativo est entre as produtividades relativas que cada pas termina com uma vantagem de custo em um bem. Por causa de seu salrio mais baixo, o Estrangeiro apresenta uma vantagem de custo no vinho, mesmo que tenha uma produtividade menor. O local possui uma vantagem de custo cm queijo, apesar de seu salrio maior, porque este mais do que compensado pela maior produtividade.

    Idias equivocadas sobre vantagem comparativa

    Produtividade e competitividade Mito 1: o livre comrcio benfico somente se o pas suficientemente forte

    para resistir concorrncia estrangeira. Esse argumento parece extremamente plausvel para muitas pessoas.

    Os ganhos do comercio dependem da vantagem comparativa, e no da vantagem absoluta. Ele est preocupado com o fato de seu pas no conseguir produzir nada de maneira mais eficiente que algum outro isto , no ter uma vantagem absoluta em nada. sempre tentador supor que a capacidade para exportar um bem depende de o seu pas apresentar uma vantagem absoluta na produtividade. Mas uma vantagem absoluta na produtividade sobre outros pases ao produzir um bem no condio nem necessria nem suficiente para ter uma vantagem comparativa nesse bem. as vantagens competitivas de uma indstria dependem no s de sua produtividade em relao a essa indstria estrangeira, mas tambm do salrio domstico cm relao ao salrio estrangeiro. O salrio de um pas, por sua vez, depende da produtividade relativa de suas outras indstrias.

    PatriciaTextboxDemonstrao dos benefcios do comrcio internacional

    PatriciaTextboxImportante

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    PatriciaTextboxVer melhor

  • O argumento do trabalho miservel Mito 2: a concorrncia estrangeira injusta e prejudica outros pases quando se

    baseia em salrios baixos. Esse argumento, algumas vezes chamado de argumento do trabalho miservel. Quem pensa assim argumenta que as indstrias no deveriam ter de enfrentar indstrias estrangeiras que so menos eficientes, mas pagam salrios mais baixos. H algo de errado em basear as exportaes de um pas em salrios baixos? Certamente no uma posio desejvel, mas a idia de que o comrcio bom somente se voc recebe salrios altos a nossa falcia final.

    Explorao Mito 3: o comrcio explora um pas e o torna pior se seus trabalhadores recebem

    salrios muito mais baixos que os trabalhadores de outras naes. Esse argumento freqentemente expresso de forma emocional.

    Se indagarmos sobre o desejo de livre comrcio, porm, o ponto central no perguntar se os trabalhadores de baixos salrios merecem receber mais, mas sim se eles e seu pas esto piores exportando bens baseados em baixos salrios do que estariam caso se recusassem a entrar nesse comrcio depreciativo.

    Vantagem comparativa com diversos bens (?)

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  • Recursos e comrcio: o modelo de Heckscher-Ohlin

    Se o trabalho fosse o nico fator de produo, como o modelo ricardiano supe, a vantagem comparativa s surgiria em decorrncia de diferenas internacionais na produtividade do trabalho. No mundo real, entretanto, embora o comrcio seja parcialmente explicado por diferenas na produtividade do trabalho, ele tambm reflete diferenas nos recursos dos pases.

    Esse modelo mostra que a vantagem comparativa influenciada pela interao entre os recursos das naes (a abundncia relativa dos fatores de produo) e a tecnologia de produo (que influencia a in te n s id a d e relativa com que fatores de produo diferentes so utilizados na produo de bens diferentes).

    Uma das principais teorias em economia internacional a de que o comrcio internacional condicionado, em grande parte, pelas diferenas entre os recursos dos pases. Costuma ser chamada de teoria de Heckscher-Ohlin . Com o a teoria enfatiza a inter-relao entre as propores em que fatores de produo diferentes esto disponveis em diferentes pases e as propores em que eles so utilizados na produo de diferentes bens, ela tambm chamada de teoria das propores de fatores .

    O modelo de uma economia com dois fatores Supe-se que cada economia possa produzir dois bens e que a produo de cada

    bem exija o uso de dois fatores de produo. Nesse caso, contudo, no vamos supor que um dos fatores utilizados em cada indstria seja especfico dessa indstria. Em vez disso, os mesmos dois fatores sero usados em ambos os setores. Isso leva a um modelo um pouco mais complexo, mas tambm a algumas percepes novas e importantes.

    Hipteses do modelo A economia que vamos analisar pode produzir dois bens: tecidos (medidos em

    metros) e alimentos (medidos em calorias). A produo desses bens requer dois insumos que tm oferta limitada: trabalho, que medimos em horas, e terra, que medimos em alqueires. Assim, vamos definir as seguintes expresses:

    AST = alqueires de terra utilizados na fabricao de um metro de tecido. ALT = horas de trabalho utilizadas na fabricao de um metro de tecido. ASA = alqueires de terra utilizados na produo de uma caloria de alimento. ALA = horas de trabalho utilizadas na produo de uma caloria de alimento. L = oferta de trabalho da economia. S = oferta de terra da economia. Vale notar que falamos na quantidade de terra ou trabalho utilizada na

    produo de dada quantidade de alimentos ou tecidos, em vez da quantidade necessria para produzir tais bens. O motivo para essa mudana em relao ao modelo ricardiano que, em uma economia com dois fatores, certamente haver algum espao para a escolha de insumos.

    Mas qual escolha de insumos os produtores de fato faro? Isso depende do custo relativo de terra e trabalho. Se as rendas produzidas pela terra forem altas e os salrios forem baixos, os agricultores escolhero produzir utilizando relativamente pouca terra e muito trabalho; se as rendas forem baixas e os salrios forem altos, eles pouparo trabalho e utilizaro muita ter ra. Se w o salrio por hora de trabalho e r o custo de um alqueire de terra, a escolha de insumos vai depender da razo entre os dois preos de fatores, w/r.

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    PatriciaTextboxComrcio internacional devido diferenas de recursos na economia

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    PatriciaTextboxEscolha depende do custo relativo, da razo entre os preos

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  • Em cada setor, a razo entre terra e trabalho utilizada na produo depende do

    custo do trabalho em relao ao custo da terra, w/r. A curva AA mostra as escolhas da razo terra-trabalho na produo de alimentos, e a curva TT, as escolhas correspondentes na produo de tecidos. Para qualquer razo salrio-renda da terra, a produo de alimentos utiliza uma razo terra-trabalho mais alta; por conta disso, dizemos que a produo de alimentos terra-intensiva e que a produo de tecidos trabalho-intensiva.

    Conforme desenhado, TT encontra-se

    esquerda de AA, indicando que, para quaisquer preos de fatores, a produo de alimentos sempre utilizar uma razo entre terra e trabalho mais alta que a verificada na fabricao de tecidos. Por conta disso, dizemos que a produo de alimentos terra-intensiva, enquanto a fabricao de tecidos trabalho-intensiva. Note que a definio de intensidade depende da razo entre terra e trabalho usada na produo, no da razo entre terra (ou trabalho) e produto.

    Preos de fatores e preos de bens A importncia do preo de um determinado fator para o custo de produzir um

    bem depende, todavia, da quantidade desse fator envolvida na produo do bem. Se a fabricao de tecidos utilizar pouca terra, um aumento no preo da terra no ter muito impacto sobre o preo dos tecidos; de maneira anloga, se a produo de alimentos utilizar uma grande quantidade de terra, um aumento nos preos da terra ter grande impacto sobre o preo dos alimentos. Podemos, portanto, concluir que h uma relao unvoca entre a razo salrio-renda da terra, w/r, e a razo entre os preos de tecido e de alimento, PT /PA. Essa relao ilustrada pela curva SS positivamente inclinada.

    Como a produo de tecidos trabalho-intensiva e a produo de alimentos terra-intensiva, h uma relao unvoca entre a razo de preos de fatores w/re o preo relativo de tecidos PT/PA quanto maior o custo relativo do trabalho, maior deve ser o preo relativo do bem trabalho-intensivo. A relao ilustrada pela curva SS.

    possvel unir as figuras 4-2 e 4-3.

    PatriciaTextboxEixos

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    PatriciaChamadaIMPORTANTE

  • Reunindo esses dois diagramas, vemos o que a princpio parece ser uma

    surpreendente ligao entre os preos de bens e a razo entre terra e trabalho utilizada na produo de cada bem. Suponhamos que o preo relativo de tecidos seja (PT/PA)1; se a economia produz ambos os bens, a razo entre salrio e renda da terra deve ser igual a (w/r)1. Essa razo implica, ento, que as razes entre terra e trabalho empregados na produo de tecidos e alimentos devem ser (ST/LT.)

    1 e (SA/LA)1, respectivamente

    (painel da direita). Se o preo relativo de tecidos aumentasse at o nvel indicado por (PT/PA)2, a razo entre salrio e renda da terra crescera para (w/r)2. Como a terra agora relativamente mais barata, as razes entre terra e trabalho empregados na produo de tecidos e alimentos aumentariam para (ST/LT.)

    2 e (SA/LA)2.

    Quando PT/PA aumenta, a razo entre terra e trabalho tambm aumenta na produo de ambos os bens, tecidos e alimentos. Quando a razo entre terra e trabalho aumenta na produo de qualquer um dos bens, o produto marginal do trabalho em termos daquele bem tambm aumenta logo, os trabalhadores descobrem que seu salrio real est mais alto em termos de ambos os bens. Por outro lado, o produto marginal da terra cai em ambas as indstrias e, assim, os proprietrios de terra descobrem que sua renda real est mais baixa em termos de ambos os bens. Fica evidente neste modelo que mudanas nos preos relativos tm forte impacto sobre a distribuio de renda.

    Recursos e produto Podemos agora completar a descrio da economia de dois fatores ao estabelecer

    a relao entre preos de bens, ofertas de fatores e produto. Para analisar a alocao de recursos em uma economia com dois fatores, conveniente usar um diagrama de caixa como o da Figura 4-5. A largura da caixa representa a oferta total de trabalho da economia, enquanto sua altura representa a oferta total de terra. A alocao de recursos entre duas indstrias pode ser representada por um nico ponto dentro da caixa, como o ponto 1. Desse modo, a alocao de recursos da economia identificada pelo ponto no qual as duas linhas que representam as razes terra-trabalho se cruzam aqui, no ponto 1.

    Dados os preos de tecidos e alimentos e as ofertas de terra e trabalho possvel, ento, determinar quanto de cada recurso a economia destina produo de cada bem; desse modo, possvel determinar tambm a produo de cada bem na economia.

    Uma oferta de terra maior torna a caixa que representa os recursos da economia mais alta; os recursos alocados na produo de alimentos devem agora ser medidos a partir de OA

    2. Se os preos de bens permanecem inalterados, e desse modo os preos de fatores e as razes terra-trabalho tambm, a alocao de recursos muda do ponto 1 para o ponto 2, com mais terra e mais trabalho destinados produo de alimentos. A

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    PatriciaTextbox1 CONCLUSO DO MODELO: preos relarivos => distribuio de renda

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    PatriciaTextboxAlocao => Diagrama de caixa

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    PatriciaChamadaEixos certos?

  • fabricao de tecidos cai, enquanto a produo de alimentos aumenta mais que proporcionalmente ao aumento na oferta de terra.

    A melhor forma de refletir sobre esse resultado em termos de como os recursos afetam as possibilidades de produo da economia. Na Figura 4-7, a curva PP1 representa as possibilidades de produo da economia antes do aumento na oferta de terra. A produo est no ponto 1, onde a declividade da fronteira de possibilidades de produo igual ao negativo do preo relativo de tecidos, -PT/PA, e a economia produz QT

    1 e QA1 de tecidos e alimentos. A curva PP2 mostra a fronteira de possibilidades de

    produo aps um aumento da oferta de terra. A fronteira de possibilidades de produo desloca-se para a direita e para cima at PP2, isto , a economia pode produzir mais tecidos e alimentos do que antes. O deslocamento para a direita para cima da fronteira , porm, muito maior na direo dos alimentos do que na dos tecidos, isto , h uma expanso viesada das possibilidades de produo, que ocorre quando a fronteira de possibilidades de produo se desloca para a direita e para cima muito mais em uma direo do que em outra. Nesse caso, a expanso to fortemente viesada para a produo de alimentos que, a preos relativos inalterados, a produo muda do ponto 1 para o ponto 2, o que produz uma queda efetiva na fabricao de tecidos, de QT

    1 para QT

    2, e um grande aumento na produo de alimentos, de QA1 para QA

    2. Desse modo, uma economia com razo entre terra e trabalho elevada estar

    relativamente melhor na produo de alimentos do que uma economia com razo entre terra e trabalho baixa. Em geral, uma economia tender a ser relativamente eficaz na produo de bens cujos sejam intensivos nos fatores dos quais o pas relativamente bem dotado.

    Efeitos do comrcio internacional entre economias com dois fatores Como sempre, Local e Estrangeiro so semelhantes em muitos aspectos. Eles

    tm os mesmos gostos e, portanto, possuem demandas relativas por alimentos e tecidos idnticas quando se defrontam com o mesmo preo relativo dos dois bens. Tambm tm a mesma tecnologia: dada quantidade de terra e trabalho gera a mesma produo de tecidos e alimentos nos dois pases. A nica diferena entre os pases est em seus recursos: o Local possui uma razo entre trabalho e terra mais alta que a do Estrangeiro.

    Preos relativos e o padro do comrcio Como o Local tem uma razo entre trabalho e terra mais alta que a do

    Estrangeiro, ele trabalho-abundante e o Estrangeiro terra-abundante. Como o tecido um bem trabalho-intensivo, a fronteira de possibilidades de produo do Local em relao do Estrangeiro desloca-se para cima e para a direita mais na direo dos

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    PatriciaTextbox2 CONCLUSO DO MOEDLO: Fator mais dotado => produo mais eficaz nesse bem

  • tecidos do que na direo dos alimentos. Assim, permanecendo tudo o mais constante, o Local tende a produzir uma razo entre tecidos e alimentos maior.

    Como o comrcio leva convergncia dos preos relativos, uma das outras coisas que sero iguais o preo de tecidos em relao ao de alimentos. Contudo, como os pases diferem em sua abundncia de fatores para qualquer razo dada entre preo de tecidos e de alimentos, o Local produzir uma razo mais alta entre tecidos e alimentos que o Estrangeiro: o Local ter uma oferta relativa de tecidos maior. A curva da oferta relativa do Local situa-se, portanto, direita da do Estrangeiro.

    Na ausncia de comrcio, o equilbrio do

    Local ocorreria no ponto 1, onde a curva de oferta relativa domstica OR intercepta a curva de demanda relativa DR. Da mesma forma, o equilbrio do Estrangeiro ocorreria no ponto 3. O comrcio leva a um preo relativo mundial que se situa entre os preos antes do comrcio, por exemplo no ponto 2.

    Quando o Local e o Estrangeiro fazem comrcio entre si, seus preos relativos convergem. O preo relativo de tecidos aumenta no Local e declina no Estrangeiro, e um novo preo relativo mundial de tecidos determinado em um ponto entre os preos relativos antes do comrcio, digamos no ponto 2. No Local, o aumento no preo relativo de tecidos leva a um aumento na produo de tecidos e a um declnio no consumo relativo, de modo que o Local se torna um exportador de tecidos e um importador de alimentos. Inversamente, o declnio do preo relativo de tecidos no Estrangeiro leva-o a se tornar um importador de tecidos e um exportador de alimentos.

    Resumindo o que aprendemos sobre o padro do comrcio: o Local tem uma razo entre trabalho e terra maior que o Estrangeiro; isto , o Local abundante em trabalho e o Estrangeiro abundante em terra. A produo de tecidos utiliza uma razo entre trabalho e terra maior que a verificada na produo de alimentos; isto , tecidos so trabalho-intensivos e alimentos so terra-intensivos. O Local, pas trabalho-abundante, exporta tecidos, o bem trabalho-intensivo; o Estrangeiro, pas terra- bundante, exporta alimentos, o bem terra-intensivo. Logo, a concluso geral : os pases tendem a exportar bens cuja produo intensiva em fatores dos quais so dotados abundantemente.

    Comrcio e distribuio de renda O comrcio leva convergncia dos preos relativos. Mudanas nos preos

    relativos, por sua vez, tm fortes efeitos sobre a remunerao relativa do trabalho e da terra. Um aumento no preo de tecidos aumenta o poder de compra do trabalho era termos de ambos os bens, enquanto reduz o poder de compra da terra tambm em termos de ambos os bens. Um aumento no preo de alimentos tem o efeito inverso. Portanto, o comrcio internacional tem um forte impacto sobre a distribuio de renda. No Local, onde o preo relativo de tecidos aumenta, as pessoas que auferem sua renda do trabalho saem ganhando como comrcio, mas aquelas que extraem sua renda da terra saem perdendo. No Estrangeiro, em que o preo relativo de tecidos cai, ocorre o oposto: os trabalhadores saem perdendo e os proprietrios de terra saem ganhando.

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    PatriciaTextboxNa ausncia de comrcio internacional

    PatriciaChamadaImportante

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    PatriciaTextboxCONCLUSO GERAL: Produo intensiva + fatores mais dotados = Exporta esse bem

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  • O recurso em determinado pas cuja oferta relativamente grande

    (trabalho no Local, terra no Estrangeiro) o fator abundante daquele pas, ao passo que o recurso cuja oferta relativamente pequena (terra no Local, trabalho no Estrangeiro) o fator escasso. A concluso geral acerca dos efeitos do comrcio internacional sobre a distribuio de renda : os proprietrios dos fatores abundantes de um pas obtm ganhos do comrcio, mas os proprietrios dos fatores escassos desse pas saem perdendo.

    Equalizao dos preos de fatores Na ausncia de comrcio, o trabalho seria menos remunerado no Local do que

    no Estrangeiro e a terra seria mais remunerada. Sem comrcio, o Local, um pas trabalho-abundante, teria um preo relativo menor de tecidos que o Estrangeiro, um pas terra-abundante, e a diferena nos preos relativos dos bens implicaria uma diferena ainda maior nos preos relativos dos fatores.

    Quando Local e Estrangeiro fazem comrcio, os preos relativos dos bens convergem. Essa convergncia, por sua vez, leva convergncia dos preos relativos de terra e trabalho. Dessa maneira, delineia-se claramente uma tendncia equalizao dos preos de fatores.

    Para compreender como se d essa equalizao, temos de entender que, quando o Local e o Estrangeiro fazem comrcio entre si, ocorre mais do que uma simples troca de bens. Indiretamente, os dois pases esto negociando fatores de produo. O Local permite que o Estrangeiro utilize um pouco de seu trabalho abundante, no pela venda direta de trabalho, mas ao trocar bens produzidos com uma razo entre trabalho e terra alta por bens produzidos com uma razo trabalho-terra baixa. Os bens que o Local vende necessitam de mais trabalho para serem produzidos que os bens que o Local recebe em troca; isto , mais trabalho est incorporado nas exportaes do Local do que em suas importaes. Portanto, o Local exporta seu trabalho, incorporado em suas exportaes trabalho-intensivas. Inversamente, as exportaes do Estrangeiro incorporam mais terra do que suas importaes, portanto o Estrangeiro est exportando indiretamente sua terra.

    Na realidade, trs hipteses cruciais para a previso da equalizao dos preos de fatores so, com certeza, falsas: (1) ambos os pases produzem ambos os bens; (2) as tecnologias so as mesmas, e (3) o comrcio realmente equaliza os preos de bens nos dois pases.

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    PatriciaTextboxGanhos dos proprietrios dos fatores abundantes

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  • O modelo-padro do comrcio Nossos modelos anteriores tm vrias caractersticas em comum, apesar das

    diferenas em seus detalhes: 1. A capacidade produtiva de uma economia pode ser resumida por sua fronteira

    de possibilidades de produo, e as diferenas nessas fronteiras aumentam o comrcio; 2. As possibilidades de produo determinam a curva da oferta relativa de um

    pas. 3. O equilbrio mundial determinado pela demanda relativa mundial e por uma

    curva de oferta relativa mundial que se situa entre as curvas de oferta relativa nacionais. Por causa dessas caractersticas em comum, os modelos que estudamos podem

    ser vistos como casos especiais de um modelo mais geral. Desenvolvemos um modelo-padro de uma economia mundial com comrcio, do qual os modelos dos captulos 2, 3 e 4 podem ser considerados casos especiais.

    O modelo-padro para uma economia com comrcio

    O modelo-padro do comrcio fundamentado em quatro relaes principais; (1) a relao entre a fronteira de possibilidades de produo e a curva de oferta relativa; (2) a relao entre preos relativos e demanda relativa; (3) a determina do equilbrio mundial pela oferta relativa mundial e pela demanda relativa mundial, e (4) o efeito dos termos de troca - preo das exportaes de um pas dividido pelo preo de suas importaes sobre o bem-estar da nao.

    Possibilidades de produo e oferta relativa Para os propsitos de nosso modelo-padro, vamos supor que cada pas produza

    dois bens, alimentos (A) e tecidos (T), e que a fronteira de possibilidades de produo de cada pas seja uma curva suave, como a ilustrada por TT.

    O ponto em que a economia efetivamente produz sobre a fronteira de possibilidades de produo depende do preo dos tecidos em relao ao dos alimentos, PT/PA. Podemos indicar o valor de mercado do produto desenhando vrias linhas de isovalor, isto , linhas ao longo das isovalor da produo constante. Cada uma dessas linhas definida por uma equao na forma PTQT + PAQA = V ou, rearranjando, QA = V/PA- (PT/PA)QT, onde V o valor do produto. Quanto mais alto for V, mais para fora a linha do isovalor ser; desse modo, as linhas de isovalor mais distantes da origem correspondem a valores mais altos da produo. A declividade uma linha de isovalor simplesmente o negativo do preo relativo de tecidos. A economia produzir o valor

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    PatriciaTextboxA economia efetivamente produzir quando a fronteira de possibilidade de produo for tangenciada pelo negativo do preo relativo.

    OBS: os eixos so as quantidades produzidas Q1 e Q2

    PatriciaChamadaDetermina oferta

  • mais a produto possvel, o que pode ser obtido no ponto Q, onde TT exatamente tangente a uma linha de isovalor.

    Preos relativos e demanda A Figura 5-3 mostra a relao entre produo, consumo e comrcio no modelo-

    padro. O valor do consumo de uma economia igual ao valor de sua produo:

    onde DT e DA so o consumo de tecidos e alimentos, respectivamente. Essa equao indica que a produo e o consume estar sobre a mesma linha de isovalor.

    Na Figura 5-3, mostramos um conjunto de curvas de indiferena para a economia. A economia escolher consumir no ponto sobre a linha de isovalor que produza o maior bem-estar possvel. Esse ponto est onde a linha de isovalor tangencia a curva de indiferena mais alta, mostrado aqui como ponto D. Note que, nesse ponto, a economia exporta tecidos (a quantidade de tecidos produzida excede a quantidade de tecidos consumida) e importa alimentos.

    Agora, considere o que ocorre quando PT/PA aumenta. Na Figura 5-4, mostramos os efeitos. Primeiro, a economia produz mais T e menos A, deslocando a produo de Q 1 para Q2. Isso desloca a linha de isovalor, sobre a qual o consumo deve estar, de VV1 para VV2. Logo, a escolha de consumo da economia tambm se altera, de D 1 para D2.

    Na teoria econmica bsica, esses dois efeitos

    so bem conhecidos. O aumento do bem-estar um efeito-renda o deslocamento do consumo para qualquer nvel dado de bem-estar um efeito-substituio. O efeito-renda tende a aumentar o consumo de ambos os bens, enquanto o efeito-substituio faz com que a economia consuma menos T e mais A.

    O efeito das mudanas nos termos de troca sobre o bem-estar Quando PT/PA aumenta, um pas que inicialmente exporta tecidos sai ganhando,

    conforme ilustrado pelo movimento de D1 para D2 na Figura 5-4. Inversamente, se

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  • PT/PA declina, o pas sai perdendo; o consumo pode diminuir, por exemplo, de D2 para D1. Abrangemos todos os casos definindo os termos de troca como o preo do bem que um pas inicialmente exporta, dividido pelo preo do bem que ele inicialmente importa. Assim, a proposio geral a de que um aumento nos termos de troca menta o bem-estar de um pas, enquanto um declnio nos termos de troca reduz o bem-estar de um pas.

    Crescimento econmico: a curva OR se desloca Por um lado, o crescimento econmico no resto do mundo pode ser bom para

    nossa economia porque significa mercados maiores para nossas exportaes. Por outro, o crescimento em outros pases pode significar um aumento da concorrncia para nossos exportadores.

    Ambigidades semelhantes parecem estar presentes quando examinamos os efeitos do crescimento local. Por um o crescimento da capacidade de produo de determinado pas bem-vindo, na medida em que esse pas pode vender parte seu aumento de produo ao mercado mundial. Por outro, os benefcios do crescimento podem ser repassados aos estrangeiros na forma de preos mais baixos para as exportaes do pas, em vez de ficarem retidos localmente.

    Crescimento e a fronteira de possibilidades de produo Crescimento econmico significa um deslocamento para fora da fronteira de

    possibilidades de produo do pas. Os efeitos do crescimento sobre o comrcio internacional resultam do fato de que tal crescimento normalmente tem vis. O crescimento viesado ocorre quando a fronteira de possibilidades de produo se desloca para fora mais em uma direo do que em outra. O crescimento pode ser viesado por dois motivos principais:

    1. O progresso tecnolgico em um setor expandir as possibilidades de produo da economia mais na direo da produo daquele setor do que na direo da produo de outro;

    2. Se a oferta de um fator de produo de um pas aumentar, ocorrer uma expanso viesada das possibilidades de produo. O vis se dar na direo o bem para o qual o fator especfico, ou do bem cuja produo intensiva no fator cuja oferta aumentou. Desse modo, as mesmas consideraes que ocasionam o comrcio internacional tambm levaro ao crescimento vis em uma economia com comrcio.

    O crescimento viesado quando desloca as

    possibilidades de produo para fora mais na direo de um bem que na de outro.

    Oferta relativa e os termos de troca Suponha agora que o Local tenha um crescimento fortemente viesado para

    tecidos, de modo que sua produo aumente a qualquer preo relativo de tecidos dado, enquanto sua produo de alimentos diminui. Ento, para o mundo como um todo, a produo de tecidos em relao de alimentos aumentar a qualquer preo dado e a curva da oferta relativa mundial se deslocar para a direita, de OR1 para OR2. Esse deslocamento resultar em uma diminuio do preo relativo de tecidos de PT/PA

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    PatriciaTextboxTermo de troca: preo do produto exportado/preo do produto importado

    PatriciaChamadaTermo de troca e bem-estar

    PatriciaTextboxResultados ambguos do crescimento econmico

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    PatriciaTextboxMotivos do crescimento viesado:- progresso tecnolgico- aumento da oferta de um fator

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    PatriciaSeta

    PatriciaChamadaTermos de troca => Oferta

  • para PT/PA2, o que significar uma piora dos termos de troca do Local e uma melhora dos termos de troca do Estrangeiro. Note que a considerao importante aqui no qual economia cresce, mas o vis do crescimento.

    O crescimento que expande as possibilidades de produo de um pas desproporcionalmente na direo do bem que ele exporta um crescimento viesado para exportaes. Da mesma forma, o crescimento viesado para o bem que um pas importa um crescimento viesado para importaes. Nossa anlise leva ao seguinte princpio geral: o crescimento viesado para exportaes tende a piorar os termos de troca de um pas em crescimento, em benefcio do resto do mundo; o crescimento viesado para importaes tende a melhorar os termos de troca de um pas em crescimento, custa do resto do mundo.

    O crescimento viesado para exportaes no resto do mundo bom para ns, melhorando nossos termos de troca, enquanto o crescimento viesado para importaes no estrangeiro piora nossos termos de troca. O crescimento viesado para exportaes em nosso prprio pas piora nossos termos de troca, reduzindo os benefcios diretos do crescimento, enquanto o crescimento viesado para importaes leva a uma melhora de nossos termos de troca, um benefcio secundrio.

    Alguns analistas sugeriram at que o crescimento nas naes mais pobres seria,

    na verdade, autodestrutivo. Seguiu eles, o crescimento viesado para exportaes pioraria tanto os termos de troca dessas naes que elas ficariam em ituao do que se no tivessem crescido. Essa condio conhecida pelos economistas como o caso do crescimento empobrecedor. As condies sob as quais o crescimento empobrecedor pode ocorrer so, contudo, extremas: um crescimento fortemente viesado para exportaes deve estar combinado com curvas OR e DR muito inclinadas, de modo que a mudana nos termos de troca seja grande o suficiente para anular os efeitos iniciais favorveis do aumento na capacidade produtiva do pas.

    Transferncias de renda internacionais: desfocando a curva DR Passemos agora das mudanas nos termos de troca originadas no lado da

    oferta da economia mundial para mudanas originadas no lado da demanda. Na economia internacional, contudo, talvez seja questo mais importante e controversa seja o deslocamento da demanda relativa mundial que resulta das transferncias de renda internacionais.

    Efeitos das transferncias sobre os termos de troca Se o Local transfere parte de sua renda para o Estrangeiro, a renda do Local

    reduzida, e isso deve reduzir seus gastos. De forma semelhante, o Estrangeiro aumenta seus gastos. Essa mudana na diviso nacional dos gastos mundiais pode levar um deslocamento da demanda relativa mundial e, dessa forma, afetar os termos de troca. O deslocamento na curva DR (se ocorrer) o nico efeito da transferncia de renda. A curva OR no se desloca. medida que somente a renda est sendo transferida, e no recursos fsicos, como equipamentos de capital, a produo de tecido alimentos a

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    PatriciaTextboxO que importa o VIS e no QUAL ECONOMIA cresce

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    PatriciaChamadaCrescimento viesado e os termos de troca (TT)

    PatriciaTextboxCONCLUSO: crescimento viesado para exportaes piora os TT

    PatriciaTextboxCondies para o crescimento empobrecedor: - crescimento muito fortemente viesado para exportaes;- Curvas de OR e DR muito inclinadas

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    PatriciaTextboxOs efeitos da mudana dos TT s to grandes a ponte de anular os efeitos favorveis ao aumento de produtividade

    PatriciaChamadaTransferncias => Demanda

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  • qualquer preo relativo dado no mudar em nenhum dos pases. Portanto, o problema das transferncias em questo que afeta to-somente o lado da demanda.

    A curva DR, no entanto, no necessariamente se desloca quando a renda mundial redistribuda. Se o Estrangeiro alocar sua renda extra entre tecidos e alimentos nas mesmas propores em que o Local reduzir seus gastos, o gasto mundial em tecidos e alimentos no mudar. A curva DR no se deslocar e os termos de troca no sofrero nenhum impacto. Entretanto, se os dois pases no alocarem suas mudanas nos gastos nas mesmas propores, os termos de troca sofrero impacto; a direo do impacto depender da diferena entre os padres de gastos do Local e do Estrangeiro.

    H, no entanto, outra possibilidade. Se o Local tem uma propenso marginal

    agastarem tecidos menor, uma transferncia do Local para o Estrangeiro desloca a curva DR para a direita e melhora os termos de troca do Local custa do Estrangeiro. Esse efeito compensa tanto o efeito negativo sobre a renda do Local como o efeito positivo sobre a renda do Estrangeiro. Assim, em geral, uma transferncia piorar os termos de troca do doador se este tiver uma propenso marginal a gastar em seu bem de exportao maior do que o receptor. Se o doador tem uma propenso marginal menor a gastar em suas exportaes, seus termos de troca vo, na verdade, melhorar.

    Tarifas e subsdios s exportaes: deslocamentos simultneos de OR e DR

    Em geral, as tarifas sobre importaes e os subsdios s exportaes no so implementados para afetar os termos de troca de um pas. Essas intervenes governamentais no comrcio so normalmente realizadas para favorecer a distribuio de renda Da promoo de indstrias consideradas cruciais para a economia ou o balano de pagamentos. Todavia, qualquer que seja o motivo das tarifas e dos subsdios, eles realmente tm impacto sobre os termos de troca, o qual pode ser compreendido quando se utiliza o modelo-padro do comrcio.

    Efeitos das tarifas sobre a demanda relativa e a oferta relativa As tarifas e os subsdios colocam uma cunha entre os preos pelos quais os bens

    so comercializados internacionalmente (preos externos) e dentro do pas (preos internos). Isso significa que temos de ser cuidadosos ao definir os termos de troca, que tm como objetivo medir a razo pela qual os pases trocam bens. Os termos de troca so, portanto, coerentes com os preos externos, e no com os internos. Quando analisamos os efeitos de uma tarifa ou de um subsdio s exportaes, desejamos ver de que forma isso afeta a oferta relativa e a demanda relativa como uma funo dos preos externos.

    PatriciaTextboxEfeito das tranferncias sobre os termos de troca depende da propenso marginal a consumir do receptor (Pmgr) em ralao ao doador (Pmgd)

    PatriciaTextboxPmgd > Pmgr => piora dos TT do doador

    Pmgr> Pmgd => melhora dos TT do doador

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  • Se o Local impor uma tarifa de 20 por cento sobre o valor das importaes de alimentos, o preo interno de alimentos em relao ao de tecidos praticado por produtores e consumidores do Local ser 20 por cento mais alto do que o preo relativo externo de alimentos no mercado mundial. Equivalentemente, o preo relativo interno de tecidos, sobre o qual os residentes do Local baseiam suas decises, ser mais baixo do que o preo relativo do mercado externo.

    Seja qual for o preo relativo mundial de tecidos, os produtores do Local vo sempre consider-lo mais baixo e, portanto, produziro menos tecidos e mais alimentos. Ao mesmo tempo, os consumidores do Local deslocaro seu consumo para tecidos, deixando os alimentos de lado. Do ponto de vista do mundo como um todo, a oferta relativa de tecidos cair (de OR1 para OR2), enquanto a demanda relativa por tecidos aumentar (de D R1 para DR2). Fica evidente que o preo relativo mundial de tecidos aumenta, de (PT/PA)1 para (PT/PA)2 e, portanto, os termos de troca do Local melhoram, custa do Estrangeiro.

    Efeitos dos subsdios s exportaes Muitas vezes, as tarifas e os subsdios s exportaes so tratados como polticas

    semelhantes, uma vez que ambas parecem beneficiar os produtores domsticos; entretanto, essas duas estratgias tm efeitos opostos sobre os termos de troca. Suponha que o Local oferea um subsdio de 20 por cento sobre o valor de qualquer tecido exportado. Para quaisquer preos mundiais dados, esse subsdio aumentar o preo interno de tecidos do Local em relao ao de alimentos em 20 por cento de aumento do preo relativo de tecidos levar os produtores do Local a produzir mais tecidos e menos alimentos e seus principais pais consumidores a substituir tecidos por alimentos.

    Resumindo: os subsdios s exportaes do Local pioram os termos de troca do Local e melhoram os termos de troca do Estrangeiro.

    Implicaes dos efeitos sobre os termos de troca: quem ganha e quem perde? Distribuio internacional de renda. Se o Local impe uma tarifa, ele melhora

    seus termos de troca custo do Estrangeiro. Portanto, as tarifas prejudicam o resto do mundo.

    O efeito sobre o bem-estar do Local no bem definido. A melhora dos termos de troca beneficia o pas; todavia, a tarifa tambm impe custos ao distorcer os incentivos produo e ao consumo dentro da economia do Local. Os ganhos nos termos de troca compensaro as perdas trazidas pela distoro somente quando a tarifa no for grande demais veremos posteriormente como definir uma tarifa tima, capaz de maximizar o benefcio lquido.

    Os efeitos causados por um subsdio s exportaes so bastante claros. Os termos de troca do Estrangeiro melhoram custa do Local, deixando o primeiro em uma situao indiscutivelmente melhor. Ao mesmo tempo, o Local perde com deteriorao dos termos de troca e com os efeitos distorcedores de sua poltica econmica.

    Essa anlise parece mostrar que os subsdios s exportaes no fazem sentido nunca. De fato, difcil pensar em qualquer situao na qual os subsdios s exportaes

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    PatriciaChamadaPreo do bem tarifado maior => aumenta a produo interna e menor o conumo do bem tarifado => aumento da demanda do bem tarifado e diminuio da oferta do bem no tarifado => melhora dos TT do Local s custas do extrangeito

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    PatriciaChamadaAfeta a DR e OR ao mesmo tempo

    PatriciaTextboxO bem subsidia se torna relativamente mais caro e passa a se mais produzido => aumenta a oferta e demanda relativa => piora os TT do Local

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  • serviriam ao interesse nacional. O uso de subsdios s exportaes como uma ferramenta de poltica econmica normalmente tem mais a ver com as peculiaridades da poltica comercial do que com a lgica econmica. Nosso modelo descreve um mundo com dois pases, onde o outro pas exporta o bem que importamos, e vice-versa. No mundo real, formado por muitos pases, um governo estrangeiro pode subsidiar a exportao de um bem que compete com as exportaes de nosso pas; obviamente, esse subsdio estrangeiro vai prejudicar nossos termos de troca. Alternativamente, um pas pode impor uma tarifa sobre alguma coisa que nosso pas tambm importe, baixando seu preo e, assim, nos beneficiando. Precisamos, portanto, qualificar nossas concluses tiradas a partir de uma anlise com dois pases: os subsdios s exportaes de coisas que nosso pas importa nos ajudam, enquanto as tarifas sobre bens que nosso pas exporta nos prejudicam.

    Distribuio de renda dentro dos pases. As tarifas ou subsdios estrangeiros mudam os preos relativos dos bens. Tais mudanas tm um forte impacto sobre a distribuio de renda, por causa da imobilidade dos fatores e das diferenas na intensidade com que os fatores so usados em cada indstria.

    primeira vista, a direo do efeito das tarifas e dos subsdios s exportaes sobre os preos relativos e, portanto, sobre a distribuio de renda pode parecer bvia. Uma tarifa tem o efeito direto de aumentar o preo relativo interno do bem importado, enquanto um subsdio tem o efeito direto de aumentar o preo relativo interno do bem exportado. Acabamos de ver, porm, que as tarifas e os subsdios s exportaes tm um efeito indireto sobre os termos de troca de um pas. O efeito sobre os termos de troca sugere uma possibilidade paradoxal: uma tarifa pode melhorar tanto os termos de troca de um pas isto , aumentar muito o preo relativo do bem exportado nos mercados mundiais que, mesmo depois de a alquota tarifria ter sido adicionada, o preo relativo interno do bem importado pode cair. Da mesma forma, um subsdio s exportaes poderia piorar os termos de troca a tal ponto que o preo relativo interno do bem exportado cairia, apesar do subsdio. Se esses resultados paradoxais ocorrerem, os efeitos das polticas comerciais sobre a distribuio de renda sero exatamente o oposto do que se espera.

    A possibilidade de as tarifas e os subsdios s exportaes causarem efeitos perversos sobre os preos internos de um pas conhecida como o paradoxo de Metzler. Deixando de lado a possibilidade de um paradoxo de Metzler, uma tarifa ajudar o setor que concorre com importaes no mercado domstico, enquanto prejudicar o setor exportador; um subsdio s exportaes ter efeito inverso. Essas mudanas na distribuio de renda dentro dos pases so, em geral, mais bvias e mais importantes para a formulao da poltica econmica do que as mudanas na distribuio de renda entre os pases, tambm resultantes das mudanas nos termos de troca.

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    PatriciaTextboxSubsdio quase sempre prejudicial

    PatriciaTextboxEfeitos paradoxais das tarifas e subsdios

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    PatriciaChamadaParadoxo de Metzler

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    PatriciaTextboxTarifas => concorrer com as importaes; prejudica setor exportadorSubsdios => estimular exportaes; prejudica setor importador local

  • Economias de escala, concorrncia imperfeita e comrcio internacional

    Quando h retornos crescentes, contudo, as empresas grandes normalmente levam vantagem sobre as pequenas, de modo que os mercados tendem a ser dominados por uma s empresa (monoplio) ou, mais frequentemente, por poucas empresas (oligoplio). Dessa forma, quando retornos crescentes passam a fazer parte do comrcio, geralmente os mercados comeam a ter concorrncia imperfeita.

    Economias de escala e comrcio internacional: um a introduo Os modelos de vantagem comparativa apresentados eram baseados na hiptese

    de retornos constantes de escala. Na prtica, porm, muitas indstrias caracterizam-se por economias de escala (tambm chamadas de retornos crescentes), de modo que uma dada indstria to mais eficiente quanto maior a escala na qual ela ocorre. Se cada pas produzir somente alguns bens, cada bem poder ser produzido em uma escala maior do que teria caso cada pas tentasse produzir de tudo, e a economia mundial poder, portanto, produzir mais de cada bem.

    O comrcio internacional desempenha um papel crucial: ele torna possvel que cada pas produza uma gama restrita de bens e que se tire vantagem das economias de escala sem sacrificar a variedade no consumo. Por sua vez, como veremos a seguir, o comrcio internacional normalmente leva a um aumento na variedade disponvel de bens.

    Economias de escala e estrutura de mercado Para analisar os efeitos das economias de escala sobre a estrutura de mercado,

    entretanto, deve-se explicitar que tipo de aumento de produo necessrio para reduzir o custo mdio. As economias de escala externas ocorrem quando o custo por unidade depende do tamanho da indstria, mas no necessariamente do tamanho de uma firma qualquer. As economias de escala internas ocorrem quando o custo por unidade depende do tamanho de uma firma individual, mas no necessariamente do tamanho da indstria.

    A distino entre economias externas e internas pode ser ilustrada com um exemplo hipottico. Imagine uma indstria composta inicialmente por 10 firmas. Cada uma dessas firmas produz 100 manufaturas, para uma produo total da indstria de 1.000 manufaturas. Agora considere dois casos. Primeiro, suponha que a indstria dobre de tamanho, de modo que passe a ser composta por 20 firmas, cada uma ainda produzindo 100 manufaturas. E possvel que os custos de cada firma caiam, como resultado do tamanho maior da indstria; por exemplo, uma indstria maior pode possibilitar uma proviso mais eficiente de servios especializados ou de maquinaria. Nesse caso, a indstria exibir economias de escala externas. Em outras palavras, a eficincia das firmas aumenta quando se tem uma indstria maior, mesmo que cada firma continue do mesmo tamanho.

    Segundo, suponha que a produo da indstria permanecesse constante em 1.000 unidades, mas que o nmero de firmas fosse se cortado pela metade, de maneira que cada uma das cinco firmas remanescentes produzisse 200 unidades. Nesse caso, se os custos de produo carem, teremos economias de escala internas: uma firma mais eficiente se seu produto for maior.

    As economias de escala externas e internas tm implicaes diferentes sobre a estrutura das indstrias. Uma indstria em que as economias de escala so puramente externas (isto , em que no h vantagens para as firmas grandes) ser composta de

    PatriciaTextboxRetornos crescentes - empresas grandes levam mais vantagem, havendo uma tendncia para a concorrncia imperfeita

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    PatriciaTextboxEconomia de escala - uma indstria tanto mais eficiente quanto maior a escala em que ela opera

    PatriciaTextboxProduzir somente alguns bens em escala maior

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    PatriciaTextboxO comrcio internacional permite que cada pais tire vantegem de economias de escla

    PatriciaTextbox... sem secrificar a variedade de consumo

    PatriciaChamadaReduz o CMe

    PatriciaTextboxEcEs externa: o custo unitrio depende do tamanho da indstria (ex tecido) e no da firma (ex lojinha da esquina)

    PatriciaTextboxEcEs Interna: o custo unitrio depende do tamanho da firma e no da indstria

    PatriciaChamadaEx: de 10 firmas produzindo 100, passa para 20 firmas produzindo 100 => pode reduzir CMe

    PatriciaChamadaEx: 10 firmas produzindo 100, passa para 10 firmas produzindo 200 => pode reduzir CMe

    PatriciaChamadaTende concorrncia perfeita

    PatriciaChamadaTende concorrncia imperfeita

  • muitas firmas pequenas e ter concorrncia perfeita. As economias de escala internas, por sua vez, do s firmas grandes uma vantagem de custos sobre as pequenas e levam a uma estrutura de mercado de concorrncia imperfeita.

    A teoria da concorrncia imperfeita Em um mercado com concorrncia perfeita um mercado em que h muitos

    compradores e vendedores e nenhum deles representa uma grande parcela do mercado , as firmas so tomadoras de preo. Isto , os vendedores acreditam que podem vender o quanto desejarem ao preo corrente e no podem influir no preo que se paga pelo produto. Assim, na concorrncia imperfeita, as firmas esto conscientes de que podem influenciar os preos de se produtos e de que podem vender mais somente ao reduzir seu preo. Essa concorrncia caracteriza dois tipos de indstrias, aquelas em que h poucos produtores principais e aquelas em que o produto de cada produtor visto pelo consumidor como bastante diferenciado dos produtos das firmas rivais. Sob essas circunstncias, cada firma considera-se um formador de preo, ao escolher o preo de seu produto, em vez de ser uma tomadora de preo.

    [Reviso de monoplio] Custo mdio e custo marginal: Sua declividade negativa reflete nossa hiptese de que h economias de escala, de modo que, quanto maior a produo da firma, menores seus custos por unidade.

    Concorrncia monopolista Duas hipteses principais so feitas em modelos de concorrncia monopolista

    para tratar o problema da interdependncia. Primeiro, supe-se que cada firma possa diferenciar seu produto em relao ao produto de seus rivais. Isto , como os clientes desejam comprar o produto particular de determinada firma, eles no correro para comprar os produtos de outras, mesmo se elas oferecerem preos um pouco mais baixos. A diferenciao de produtos assegura que cada firma detenha o monoplio em seu produto dentro de uma indstria e esteja, portanto, de certa forma isolada da concorrncia. Segundo, supe-se que cada firma tome os preos cobrados por seus rivais como dados isto , que cada uma delas ignore o impacto de seu prprio preo sobre os preos de outras firmas. Como resultado, o modelo de concorrncia monopolista supe que, mesmo que cada firma esteja na verdade enfrentando a concorrncia de outras, ela se comporte como se fosse monopolista da o nome do modelo.

    Entretanto, antes de dar incio anlise, precisamos desenvolver um modelo bsico de concorrncia monopolista. Vamos, portanto, imaginar uma indstria composta de diversas firmas. Essas firmas fabricam produtos diferenciados isto , bens que no so exatamente iguais, mas so substitutos uns dos outros. Cada firma , ento, um monopolista no sentido de ser a nica a fabricar um determinado bem. No entanto, a demanda por esse bem especfico depende do nmero de outros produtos semelhantes disponveis e dos preos praticados pelas outras firmas da indstria.

    Para descobrir essa demanda, levando em conta tais hipteses, podemos usar a seguinte equao:

    onde Q representa as vendas da firma, V simboliza as vendas totais da indstria, n o nmero de firmas na indstria, b uma constante que representa a resposta das vendas de uma firma a seu preo, P o preo cobrado pela prpria firma e P o preo mdio cobrado pelos concorrentes.

    Equilbrio de mercado. Para descrever o comportamento dessa indstria, marcada pela concorrncia monopolista, vamos supor que todas as firmas nela atuantes

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    PatriciaChamadaCMg e CMe tem inclinao negativa

  • sejam simtricas, isto , a funo demanda e a funo custo so idnticas para todas as firmas (mesmo que elas produzam e vendam produtos com alguma diferenciao). Quando as firmas individuais so simtricas, podemos descrever o estado da indstria sem ter de enumerar as caractersticas de todas as firmas em detalhes: tudo o que realmente precisamos saber para descrever a indstria quantas firmas existem e qual o preo que a firma tpica cobra. Assim, para analisar uma indstria a fim de, por exemplo, avaliar os efeitos do comrcio internacional , precisamos determinar o nmero de firmas n e o preo mdio P que elas cobram. Uma vez que tenhamos um mtodo para determinar n e P, poderemos perguntar como essas variveis so afetadas pelo comrcio internacional.

    Nosso mtodo para determinar n e P envolve trs passos. Em primeiro lugar, estabelecemos uma relao entre o nmero de firmas e o custo mdio de uma firma tpica. Mostramos que essa relao positivamente inclinada; isto , quanto mais firmas houver, menor ser a produo de cada uma e, portanto, maior ser o custo por unidade de produo. Em seguida, mostramos a relao entre o nmero de firmas e o preo que cada uma cobra, o qual, em equilbrio, deve ser igual a P. Mostramos que essa relao negativamente inclinada: quanto mais firmas houver, mais intensa ser a concorrncia entre elas e, assim, menores sero os preos por elas cobrados. Finalmente, argumentamos que, quando o preo exceder o custo mdio, firmas adicionais entraro na indstria, ao passo que, quando o preo for menor que o custo mdio, firmas sairo da indstria. Assim, no longo prazo, o nmero de firmas ser determinado pela interseo da curva que fornece a relao entre custo mdio e n com a curva que fornece a relao entre preo e n.

    1- O nmero de firmas e o custo mdio. O primeiro passo para determinar n e Pm perguntar como o custo mdio de uma firma tpica depende do nmero de firmas em sua indstria. Como nesse modelo todas as firmas so simtricas, em equilbrio, todas elas vo cobrar o mesmo preo. Mas, quando todas as firmas cobram o mesmo preo, de modo que P = P, a equao (6-5) nos diz que Q = V/n; isto , o produto de cada firma, uma parcela 1(n das vendas totais da indstria, V. No entanto, vimos na equao (6-4) que o custo mdio relaciona-se inversamente ao produto de uma firma. Conclumos, portanto, que o custo mdio depende do tamanho do mercado e do nmero de firmas na indstria:

    A equao (6-6) nos diz que, permanecendo tudo o mais constante, quanto mais firmas houver na indstria, maior ser o custo mdio.

    2- O nmero de firmas e o preo. Enquanto isso, o preo que a firma tpica cobra tambm depende do nmero de firmas na indstria. Em geral, poderiamos esperar que, quanto mais firmas houvesse, mais intensa fosse a concorrncia entre elas e, portanto, menor fosse o preo. Descobre-se que isso verdadeiro nesse modelo, mas prov-lo demora um pouco mais. O truque bsico imaginar que cada firma se defronta com uma curva de demanda reta.

    Se colocarmos esses valores de volta na frmula da receita marginal, teremos

    uma receita marginal para uma firma tpica de RMg = P - Q/(V x b)

    As firmas que maximizam os lucros faro a receita marginal coincidir com seu custo marginal c, de modo que

    RMg = P - Q/(Vx b) = c

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  • que pode ser rearranjado para produzir a seguinte equao, a qual nos fornece o preo cobrado por uma firma tpica: P = c + Q/(Vxb) P = c + l / ( b x n ) quanto mais firmas houver na indstria, menor ser o preo que cada firma cobrar. Na Figura 6-3, essa equao representada pela curva negativamente inclinada PP.

    As duas curvas interceptam-se no ponto E, que corresponde ao nmero de firmas, n1. O que significa n2? o nmero de firmas na indstria com lucro zero. Quando h n2firmas na indstria, o preo que maximiza o lucro P2 que exatamente igual ao custo mdio, CMe2. O que discutiremos agora que, no longo prazo, o nmero de firmas na indstria tende a se mover para n2 de modo que o ponto E descreve o equilbrio de longo prazo da indstria.

    [Limitaes do modelo de concorrncia monopolista] Dois tipos de comportamento que surgem no cenrio do oligoplio em geral no

    se encaixam, por definio, no modelo de concorrncia monopolista. O primeiro o comportamento de cartel. Nele, cada firma mantm seu preo mais alto do que o nvel que aparentemente maximiza o lucro como parte de um acordo informal em que as outras firmas faro o mesmo; como os lucros de cada firma so mais altos se seus concorrentes cobram preos altos, tal acordo informal pode elevar os lucros de todas as firmas ( custa dos consumidores). O comportamento de cartel na determinao de preos pode ser administrado por meio de acordos explcitos (ilegais na maioria dos pases) ou por meio de estratgias tcitas de coordenao, como a permisso para que uma firma aja como lder de preos na indstria. As firmas tambm podem engajar-se em comportamentos estratgicos; isto , podem fazer coisas que parecem diminui; os lucros, mas que na verdade afetam o comportamento dos concorrentes de uma maneira desejvel.

    Concorrncia monopolista e comrcio A idia de que o comrcio aumenta o tamanho do mercado est subjacente na

    aplicao do modelo de concorrncia monopolista. Nas indstrias em que h economias de escala, tanto a variedade de bens que um pas pode produzir como a escala de sua produo so limitadas pelo tamanho do mercado. Ao fazer comrcio entre si e, portanto, ao formar um mercado mundial integrado que maior do que qualquer mercado nacional individual, as naes podem afrouxar esses limites. Cada pas pode especializar-se na produo de uma gama menor de produtos do que faria na ausncia do comrcio; alm disso, ao comprar de outros pases bens que no produz, cada nao pode aumentar simultaneamente a variedade de bens disponveis a seus consumidores. Em consequncia, o comrcio oferece uma oportunidade de ganhos

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    PatriciaTextboxO comportamento de cartel e comportamentos estratgicos limitam o modelo de concorrncia monopolstica

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  • mtuos, mesmo quando os pases no diferem em termos de recursos nem de tecnologia.

    Efeitos do aumento do tamanho do mercado O nmero de firmas em uma indstria com concorrncia monopolista e os

    preos que elas cobram so afetados pelo tamanho do mercado. Em mercados maiores, em geral, haver tanto mais firmas como mais vendas por firma; aos consumidores, sero oferecidos tanto preos mais baixos como uma variedade maior de produtos.

    Um aumento nas vendas totais V reduzir os custos mdios para qualquer dado nmero de firmas, n. O motivo que, se o mercado aumenta enquanto o nmero de firmas permanece constante, as vendas por firma aumentam e o custo mdio de cada firma diminui. Desse modo, se compararmos dois mercados, um com V maior do que o outro, a curva CC no mercado maior estar abaixo daquela do mercado menor. OBS: um aumento em V no desloca a curva PP.

    Um aumento no tamanho do mercado permite que cada firma, permanecendo tudo o mais constante, produza mais e, desse modo, tenha um custo mdio menor. Isso est representado por um deslocamento para baixo, de CC, para CC2. O resultado que, simultaneamente, ocorre um aumento no nmero de firmas (e, portanto, na variedade de bens disponveis) e uma queda no preo de cada bem.

    Economias de escala e vantagem comparativa Para ir alm do conhecimento de que o mercado comportar dez firmas,

    necessrio ir alm da estrutura de equilbrio parcial considerada at aqui e refletir sobre como as economias de escala interagem com a vantagem comparativa, a fim de determinar o padro do comrcio internacional.

    Vamos, portanto, imaginar agora uma economia mundial que consiste, como sempre, em nossos dois pases, Local e Estrangeiro. Cada um desses pases possui dois fatores de produo, capital e trabalho. Suponhamos que o Local possua uma razo capital-trabalho total maior do que a do Estrangeiro, isto , que o Local seja o pas capital-abundante. Vamos tambm imaginar que haja duas indstrias, de manufaturas e de alimentos, sendo a de manufaturas a indstria mais capital-intensiva.

    A diferena entre esse modelo e o modelo das propores de fatores do Captulo 4 que, agora, estamos supondo que a indstria de manufaturas no tenha concorrncia perfeita, pois no fabrica mais um produto homogneo. Trata-se, isso sim, de uma indstria com concorrncia monopolista em que muitas firmas produzem produtos diferenciados. Por causa das economias de escala, nenhum pas pode produzir a gama total de produtos manufaturados por si prprio; desse modo, embora ambos os pases possam produzir algumas manufaturas, eles produziro coisas diferentes.

    Mesmo se supusermos que as manufaturas sejam um setor com concorrncia monopolista, o Local ainda ser um exportador lquido de manufaturas e um importador de alimentos. Apesar disso, as firmas do Estrangeiro no setor de manufaturas produziro produtos diferentes daqueles que a firmas do Local fabricam. Como alguns

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    PatriciaTextboxNo preciso ter diferenas de recursos e nem de tecnologia para tirar proveito dos benefcios do comrcio internacional

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  • consumidores do Local preferiro as variedades do Estrangeiro, o Local, embora tendo um supervit comercial em manufaturas, importar e exportar dentro da indstria manufatureira. Com as manufaturas apresentando concorrncia monopolista, o padro do comrcio se parecer com a Figura 6-7.

    Em um modelo de concorrncia monopolista, podemos pensar no comrcio mundial como composto de duas partes. Haver comrcio nos dois sentidos dentro do setor manufatureiro. Essa troca de manufaturas por manufaturas chamada de comrcio intra-indstria. O restante do comrcio uma troca de manufaturas por alimentos chamada de comrcio-interindstria.

    Note esses quatro pontos sobre o padro do comrcio: 1. O comrcio interindstria (manufaturas por alimentos) reflete a vantagem

    comparativa. O padro do comrcio interindstria o seguinte: o Local, o pas capital-abundante, um exportador lquido de manufaturas, capital-intensivas, e um importador lquido de alimentos, trabalho-intensivos. Logo, a vantagem comparativa continua tendo papel fundamental no comrcio.

    2. O comrcio intra-indstria (manufaturas por manufaturas) no reflete a vantagem comparativa. Mesmo se os pas tivessem a mesma razo capital-trabalho total, suas firmas continuariam a produzir bens diferenciados e a demanda dos consumidores por produtos feitos no exterior continuaria a gerar o comrcio intra-indstria. So as economias de escala que evitam que cada pas produza a gama total de produtos por si prprio; desse modo, as economias de escala podem, por si s, estimular o comrcio internacional.

    3. O padro do comrcio intra-indstria em si imprevisvel. 4. A importncia relativa do comrcio intra-indstria e do comrcio

    interindstria depende do grau de semelhana entre os pases. Se o Local e o Estrangeiro forem semelhantes nas razes capital-trabalho, haver pouco comrcio interindstria e o comrcio intra-indstria, baseado fundamentalmente nas economias de escala, ser dominante. Por outro lado, se as razes capital-trabalho forem muito diferentes, de modo que, por exemplo, o Estrangeiro se especialize completamente na produo de alimentos, no haver comrcio intra-indstria baseado em economias de escala. Todo o comrcio vai basear-se na vantagem comparativa.

    Significado do comrcio intra-indstria No decorrer do tempo, os pases industrializados tm se tornado cada vez mais

    semelhantes em termos de tecnologia e de disponibilidade de capital e trabalho qualificado. Com isso, frequentemente no h nenhuma vantagem comparativa dentro de uma indstria, e muito do comrcio internacional toma, portanto, a forma de trocas nos dois sentidos dentro das indstrias provavelmente em grande parte influenciadas pelas economias de escala , em vez da especializao interna da indstria determinada pela vantagem comparativa.

    Por que o comrcio intra-indstria importante Em primeiro lugar, o comrcio intra-indstria produz ganhos adicionais do

    comrcio internacional, alm daqueles propiciados pela vantagem comparativa, pois ele permite que os pases sejam beneficiados por mercados maiores. Como, vimos ao se engajar no comrcio intra-indstria, um pas pode ao mesmo tempo reduzir o nmero de produtos que produz e aumentar a variedade de bens disponveis para os consumidores domsticos. Ao produzir uma variedade menor, pode produzir uma em uma escala maior, com produtividade mais alta e custos menores. Paralelamente a isso, os consumidores so beneficiados pela maior opo de escolha.

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    PatriciaChamadaComrcio interindustrial => vantagens comparativas

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    PatriciaChamadaComrcio intraindustrial => economias de escala => bens diferenciados => imprevisvel

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  • Suponha, entretanto, que o comrcio intra-indstria seja a origem dominante dos

    ganhos do comrcio. Isso ocorrer quando os pases forem semelhantes em termos de oferta relativa de fatores, de modo que no haja muito comrcio interindstria, e quando as economias de escala e a diferenciao de produtos forem importantes, de modo que os ganhos da escala maior e das possibilidades de escolha mais amplas sejam grandes. Nessas circunstncias, os efeitos do comrcio sobre a distribuio de renda sero pequenos e o comrcio intra-indstria gerar ganhos adicionais significativos. Como resultado, pode ser que, apesar dos efeitos do comrcio sobre a distribuio de renda, todos apresentem ganhos do comrcio. Assim, o comrcio sem efeitos marcantes sobre a distribuio de renda provavelmente ocorrer na transao de manufaturas entre os pases avanados.

    Discriminao internacional de preos (dumping) Na verdade, a concorrncia imperfeita tem algumas conseqncias importantes

    para o comrcio internacional. A mais notvel delas que as firmas no cobram necessariamente o mesmo preo para os bens que so exportados e para aqueles que so vendidos aos compradores domsticos.

    A economia da discriminao internacional de preos Nos mercados de concorrncia imperfeita, as firmas s vezes cobram um

    determinado preo quando exportam e um preo diferente quando o vendem no mercado interno. Em geral, a prtica de cobrar preos diferentes de clientes diferentes chamada de discriminao de preos. A forma mais comum de discriminao de preos no comrcio internacional a discriminao internacional de preos (dumping), uma prtica de formao de preos em que a firma cobra um preo menor pelos bens exportados do que o cobrado pelos mesmos bens vendidos domesticamente. A discriminao internacional de preos uma questo controversa na poltica comercial, na qual amplamente considerada uma prtica desleal e est sujeita a regras e penalidades especiais.

    A discriminao internacional de preos pode ocorrer apenas se duas condies forem satisfeitas. Em primeiro lugar, indstria deve ter concorrncia imperfeita, de modo que as firmas determinem os preos, em vez de os tomarem como dados. Em segundo lugar, os mercados devem ser segmentados, de modo que os residentes domsticos no comprem facilmente bens que se pretende exportar. Dadas essas condies, uma firma monopolista pode descobrir que lucrativo engajar na discriminao internacional de preos.

    Como os mercados internacionais so imperfeitamente integrados, por causa tanto dos custos de transporte como das barreiras comerciais protecionistas, as firmas domsticas normalmente detm uma parcela maior nos mercados domsticos do que nos estrangeiros. Isso, por sua vez, significa que suas vendas estrangeiras so mais afetadas por sua formao de preo do que suas vendas domsticas.

    [Exemplo] A Figura 6-8 apresenta um exemplo grfico da discriminao internacional de

    preos. Ela mostra uma indstria em que h uma nica firma domstica monopolista, a qual vende em dois mercados: um mercado domstico, onde ela se defronta com a curva de demanda Ddom, e um mercado de exportao. No mercado de exportao, consideramos no limite a hiptese de que as vendas respondem bem ao preo que a firma cobra, supondo que ela possa vender tanto quanto deseja ao preo PEST. A linha horizontal PEST , desse modo, a curva de demanda para vendas no mercado estrangeiro. Supomos que os mercados sejam segmentados, de modo que a firma possa cobrar um

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    PatriciaTextboxDumping: discrimonao internacional de preos.Cobra mais barato por produtos exportados do que por vendidos domsticamente

    PatriciaTextboxCondies: - Concorrncia imperfeita => determinar preos;- Mercado segmentado => no conseguir comprar produtos que seria exportados to facilemte

  • preo mais alto pelos bens vendidos dom esticam ente do que pelas exportaes. CMg a curva de custo marginal para a produo total, que pode ser vendida em ambos os mercados.

    Para maximizar os lucros, a firma deve buscar uma receita marginal igual ao

    custo marginal em cada mercado. A receita marginal nas vendas domsticas definida pela curva RMgDOM, que se situa abaixo de Ddom. As vendas de exportao ocorrem a um preo constante PEST, de modo que a receita marginal para uma unidade adicional exportada de somente PEST. Para conseguir um custo marginal igual receita marginal em ambos os mercados, necessrio produzir a quantidade Qmonoplio, para vender Qdom mercado domstico e exportar Qmonoplio - Qdom. Nesse caso, o custo de produzir uma unidade adicional igual a PEST, a receita marginal das exportaes, que por sua vez igual receita marginal para as vendas domsticas.

    A quantidade QDOM ser demandada domesticamente ao preo PDOM, que est acima do preo de exportao, PEST. Desse modo, afirma estar fazendo discriminao internacional de preos, vendendo mais barato no exterior do que no mercado local.

    Discriminao internacional de preos recproca (dumping recproco) A anlise da discriminao internacional de preos sugere que a discriminao

    de preos pode, na verdade, estimular o comrcio internacional. Suponha que haja dois monoplios e que cada um produza o mesmo bem, um no Local e outro no Estrangeiro. Para simplificar a anlise, suponha que essas duas firmas tenham o mesmo custo marginal. Suponha ainda que haja alguns custos de transporte entre os dois mercados, de modo que, se as firmas cobrarem o mesmo preo, no haver comrcio. Na ausncia de comrcio, o monoplio de cada empresa seria incontestvel.

    Porm, se introduzirmos a possibilidade de discriminao internacional de preos, o comrcio poder surgir. Cada firma limitar a quantidade que vende em seu mercado local, reconhecendo que, se tentar vender mais, derrubar o preo de suas vendas domsticas. Todavia, se essa firma puder vender um pouco no outro mercado, ela aumentar seus lucros mesmo se o preo for menor do que o praticado no mercado domstico, pois o efeito negativo sobre o preo das vendas preexistentes recair sobre a outra firma, no sobre ela mesma. Logo, cada firma encontra incentivo para roubar o outro mercado, vendendo poucas unidades a um preo que (lquido dos custos de transporte) menor do que o preo no mercado local, mas ainda acima do custo marginal.

    A situao em que a discriminao internacional de preos leva ao comrcio do mesmo produto nos dois sentidos conhecida como discriminao internacional de preos recproca (dumping recproco).

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    PatriciaTextboxDumping recproco: mesmo produto vendido nos dois sentidos, mas existe discriminao de preos. Cada indstria vai tentar "roubar" mercado de outro pais. Reduz a quantidade domstica vendida e aumenta a quantidade vendida no exterior. Esse aumento no quantidade no modifica os preos pois recai sobre o mercado extrangeiro.

  • A teoria das economias externas Por uma srie de razes, frequente a situao em que a concentrao da

    produo de uma indstria