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Padre Abel - agencia.ecclesia.pt · evangélica da hospitalidade e a ... julho de 2014 a julho de 2017, ... O bispo de Setúbal divulgou a mensagem para o próximo ano

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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - A semana de... José Carlos Patrício16 -Entrevista: Paulo Fontes28 - Dossier Padre Abel Varzim

40- Internacional46 - Multimédia48 - Estante50 - Vaticano II52- Agenda54 - Por estes dias56 - Programação Religiosa57 - Minuto YouCat58 - Liturgia60 - Fundação AIS62 - Lusofonias64 -Opinião: Margarida Corsino

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Padre AbelVarzim, 50 anosdepois[ver+]

Igreja atenta àépoca balnear[ver+]

Vaticano destacapotencial doturismo[ver+]

António Soares |Padre Tony Neves |Margarida Corsino | Juan Ambrosio|Nuno Estêvão Ferreira

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No news is good news. Será mesmo?

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA

A convicção de que a ausência de notícias sobredeterminado tema significa que nada de mauaconteceu é, na essência, reflexo de umjornalismo que só ‘vende’ dramas, tragédias,escândalos e notícias tristes. O espaço mediáticopara casos de sucesso, histórias de dedicaçãoao outro ou figuras inspiradoras, pelo seupercurso de vida, é por norma um espaço‘separado’, distinto do tradicional borbulhar dosfactos que se sucedem, catastroficamente,sempre prontos a atropelar um quotidianotranquilo.Não sei o que seria o mundo da comunicação dehoje se optasse, num tempo em que cada vezmais pessoas têm acesso a dados em temporeal, por valorizar mais este lado mais positivo daexistência humana em vez de enveredar – salvoraras exceções, honrosas – pela exploraçãoescandalosa de dramas ou histórias obscuras,sem qualquer filtro ético ou deontológico. Dar aopúblico o que ele ‘quer’ não pode ser nunca opapel de quem se assume como mediador, comoum elemento de confiança e credibilidade nomeio da imensa maré de disparates, banalidadese mentiras que vão poluindo o espaço existencialde cada um.A decisão sobre o que é necessário publicar oudeixar de lado, admita-se, nunca é fácil. Dasacusações de se criarem ‘escândalos seletivos’ao questionamento pela ausência de referênciasmediáticas a factos que alguns julgamrelevantes, tudo tem de ser

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levado em linha de conta edevidamente fundamentado, naaltura de responder perante opúblico. Compreendo, por isso, quemuitos cedam à tentação dosnúmeros – que são os que geramdinheiro, através da publicidade –para mudar linhas editoriais e até aprópria identidade dos meios quedirigem, embalados até na ilusão deseguirem a evolução dos tempos.Por muitas voltas que o mundo dê,não há jornalismo sem jornalistas,não há notícias sem o seu trabalho,não há grandes reportagens semcoragem.

Além da falta de recursos, faltaainda o tempo: para ouvir histórias,para as contar, para descobrirprotagonistas diferentes. Paraescolher o que é bom e o que émau, porque nem tudo é igual e aobjetividade necessária para umprofissional não o exime de avaliar oque deve ou não apresentar comoseu. No fim de contas, para evitarque os jornalistas sejam vistos comoaves de mau agoiro, que sóaparecem quando há tempestadeno horizonte…

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“Todos os estudos demonstram queo nível da fecundidade desejada ébastante superior à realizada, e queas pessoas advogam um conjuntode dificuldades para terem os filhosque desejam ter”Joaquim Azevedo, sobre o relatório“Por um Portugal amigo dascrianças, das famílias e danatalidade”, à Agência ECCLESIA,15.07.2014 "Os depositantes têm razões parater toda a confiança quanto àsegurança que o Banco EspiritoSanto oferece às suas poupanças.Uma coisa são os negócios que afamília Espirito Santo tem e outracoisa é o banco"Pedro Passos Coelho, Conselho deConcertação Territorial, Palácio daAjuda, Lisboa 11.07.2014

“A União Europeia precisa de fazeruma pausa no seu processo dealargamento de forma a consolidar oque já conseguiu com os 28"Jean-Claude Juncker eleito com ovoto de 422 de 751 eurodeputado evai substituir o português DurãoBarroso na presidência daComissão Europeia, 15.07.2014 “O golo da vitória mais importantenão é o golo conquistado durante ojogo, mas o golo da vitória é oaperfeiçoamento da democracia, é aconvivência respeitosa entre aspessoas. É a defesa e a promoçãoda dignidade humana, dos seusdireitos”D. Raymundo Damasceno Assis,presidente da Conferência Nacionaldos Bispos do Brasil, RádioVaticano, 13.07.2014

Conflito Israelo Palestino (@Lusa)

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“Alguns poderiam pensar que esseencontro [8 de junho, com ospresidentes de Israel e da Palestina]foi em vão, mas é ao contrário,porque a oração ajuda-nos a nãonos deixarmos vencer pelo mal nemresignar-nos a que a violência e oódio prevaleçam sobre o diálogo e areconciliação”

Papa Francisco, Ângelus,Vaticano, 13.07.2014

“Que tipo de educação vão dar aestes jovens? Esta é a questão.Onde leva esta educação? Ninguémé feliz. Ninguém. Nem israelitas nempalestinos”

D. Fouad Twal, patriarca latino deJerusalém, Rádio Vaticano,

11.07.2014

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Turismo: Obra Nacional apela aoacolhimento na época balnear

A Obra Nacional da Pastoral doTurismo (ONPT) defendeu que oacolhimento é o "núcleo central" daprática cristã, devendo ser "atitudefundamental" na época balnear de2014. "Antes de atender aquaisquer outras necessidadespessoais de cada visitante, quemacolhe vive a obrigação de atenderà própria pessoa de quem o visita,numa abertura à vivência de umaautêntica e sincera fraternidade",afirma o diretor da ONPT, o padreCarlos Godinho, numa mensagemenviada à Agência ECCLESIA, «OAcolhimento na Pastoral doTurismo».Entre "tarefas urgentes" e respostasa promover, indica o responsávelque o "acolhimento" é "prioridade","ação sensível" em toda a áreapastoral do Turismo. O acolhimento,relembra o sacerdote, "para além darelação e diálogo pessoa a pessoa,deve ser vivido no âmbito dascomunidades cristãs", através dacelebração eucarística mas tambémda fruição do património religiosomaterial e imaterial.

"Mediante a disponibilização dosmeios convenientes (saudação,monições, subsídios impressos,utilização das línguas originárias dosvisitantes, participação no exercíciode alguns ministérios litúrgicos), osvisitantes «são incorporados, aindaque transitoriamente, nacomunidade local»". Com "igualdiligência", apela na mensagem odiretor da ONPT, devem serrecebidos os "demais irmãos deoutras confissões cristãs,esforçando-se a comunidade paraque possam celebrar a mesma fécristã".O padre Carlos Godinho apela aque "a arte do acolhimento,fundamento de toda a Pastoral doTurismo, se realize nas nossascomunidades cristãs, de formaautêntica e prioritária, para queestas vivam a bem-aventurançaevangélica da hospitalidade e amissão confiada à Igreja".

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ONPT A ONPT é um organismo da Igreja Católica, em Portugal, dependente daComissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH),constituído como meio de promover a Pastoral do Turismo, a nívelnacional. Este serviço é composto por vários representantes da área doTurismo, congregando algumas dimensões deste setor da atividadehumana, ao mesmo tempo que se assume como um espaço de encontroe partilha das múltiplas estruturas e serviços eclesiais.

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Vila Real: Triénio dedicadoà pastoral da famíliaO bispo de Vila Real publicou odocumento que revela os objetivose propósitos para o triénio pastoraldedicado à família, que começoueste mês na diocese, com o tema‘Vocação, Evangelização e Missãoda Família’.“As pessoas e as famílias devem serinstruídas e evangelizadas, paraanunciar a fé e amor de Cristo”,escreve D. Amândio Tomás, quedestaca a interdependência entreIgreja e família porque esta “é oberço da fé, igreja doméstica, frutoda união entre marido e mulher,sinal e sacramento do amor deCristo à Igreja”.O prelado revela que dedica umtriénio, julho de 2014 a julho de2017, à pastoral da família porque é“preciso apostar na formação,evangelização e acompanhamentodos jovens, noivos e casais”.Neste primeiro ano, a Diocese deVila Real vai refletir sobre ‘a Famíliasegundo a Palavra de Deus, osPadres e o Magistério’; no segundoano, 2015-2016, o tema é aconstrução da união conjugal efamiliar “indissolúvel”.

‘A família cristã, estratégia einstrumento da Igreja, na missão,anúncio e transmissão da fé e naconstrução do Reino de Deus’, é otema do último ano do triénio.Segundo D. Amândio Tomás, énecessário “considerar” os modelosatuais de família e união conjugal,questões de ética, bioética ebiotecnologia.“Foi, em casas, onde a Igreja reunia,que a fé, celebrada, aos Domingos,foi transmitida pelos cristãos, logono início”, desenvolve o bispo deVila Real, para quem o “eclipse deDeus” e o “declínio da família” são“uma calamidade social”.

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Setúbal: Ano pastoralrecorda aniversário da dioceseO bispo de Setúbal divulgou amensagem para o próximo anopastoral com o lema “Igreja deSetúbal, com Maria, alegra-te eevangeliza”, dia do 39.º aniversárioda edificação da diocese. “No dia 16de julho de 2015 ocorre oquadragésimo ano da criação danossa diocese e a 26 de outubro oaniversário da ordenação e datomada de posse do seu primeirobispo, o senhor D. Manuel Martins”,relembrou D. Gilberto Canavarrodos Reis na mensagem que enviouaos diocesanos.“Tendo em conta estes aniversáriose tendo ouvido os vários Conselhos,pareceu-me oportuno dedicar opróximo ano pastoral à suacelebração”, informou o bispo deSetúbal.O novo ano pastoral vai começar nodia 25 de outubro com umaperegrinação ao Santuário deNossa Senhora de Fátima e a suaconclusão é celebrada com apassagem da Imagem da Virgemperegrina, entre 25 de outubro e 8de novembro de 2015,

uma visita inserida no contexto dapreparação do centenário dasAparições de Nossa Senhora deFátima, em 1917. “Com Maria vamossaborear e viver a alegria daexperiência da presença de Deus nanossa vida nos primeiros 40 anosdesta querida diocese,nomeadamente em tantas pessoas,instituições e realizações que oEspírito vem suscitando”,desenvolveu o prelado. D. GilbertoCanavarro dos Reis, com amensagem para o próximo anopastoral, ofereceu também “oraçãoa recitar por todos, diariamente, aolongo do ano”.O padre Carlos Rosmaninho, párocodo Montijo (Espírito Santo), vaicoordenar as celebrações.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Oficinas Musicais ajudam a passar mensagem de Fátima

Padre Batalha, 50 anos de sacerdócio inspirados no Concílio Vaticano II

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Sugestões para fugir ao stress

José CarlosAgência ECCLESIA

Próximo de partir para alguns dias de férias, étempo para avaliar propostas e ver quais são asmelhores alternativas (e nestes tempos, as maiseconómicas) de descanso.Sim, porque até estas paragens implicamescolhas, algumas pessoas preferem mais apraia e o mar, outras buscam a beleza e atranquilidade do campo.Há depois quem goste de tirar uns dias paraconhecer melhor esta ou aquela terra, com osseus monumentos e tesouros naturais, a suacultura e gastronomia.E há ainda aquelas pessoas que, além dequererem recuperar forças físicas, precisamtambém de cuidar do espírito - uma necessidadereforçada por esta sociedade do stress e davertigem, em que mal há tempo para usufruir dosdias e da família, quanto mais do transcendente.É neste contexto que a Igreja tem tido hoje umaforte palavra a dizer, com propostas cada vezmais diversificadas na forma e no conteúdo.Entre elas destaco a aposta que o SecretariadoNacional dos Bens Culturais da Igreja está afazer no desenvolvimento de projetos como osroteiros dos “Caminhos Marianos” e dos“Caminhos de Santiago” existentes no país.Além de serem um convite ao cumprimento deum itinerário espiritual, de oração, deperegrinação, são autênticos desafios àspessoas para, especialmente em tempo deférias, contactarem com um conjunto

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alargado de localidades emonumentos, culturas e expressõesde religiosidade popular, algumasdas quais pouco conhecidas.No Concelho de Tabuaço, em Viseu,foi inaugurada há poucos dias a“Casa Daniel”, obra batizada com onome do monge e escritor DanielFaria.Situado junto ao mosteiro medievalde São Pedro das Águias, nalocalidade de Granjinha, em plenareserva ecológica, o projetopretende contribuir para apacificação interior das pessoas,através do silêncio e da oração.No Couço (Vale Covo) em Évora,ganha forma o Mosteiro de NossaSenhora do Rosário, nova casa dasMonjas de Belém, uma ordemreligiosa contemplativa.É ali, no meio da natureza, junto àRibeira do Divor e do Monte daAldeia Velha, que está tambémoutra alternativa para retemperar oespírito e a mente, em ambiente depaz e contemplação.Visto que hoje está cada vez maisem voga, mesmo com a crise, aescolha do estrangeiro e dos

territórios exóticos como destinos deférias, deixo aqui também duassugestões com qualidade jácomprovada:A primeira é a Vila de Mafra, situadacerca de 27 quilómetros de Lisboa,na Região Oeste.Um destino com muito paradescobrir, desde a imponência doPalácio Nacional de Mafra, mandadoconstruir pelo rei D. João V; à belezada Tapada de Mafra, um autênticooásis de ar puro e de natureza;passando pelas inúmeras praiascircundantes e a boa gastronomia.Um pouco mais para norte, masainda no litoral, destaco também apequena localidade de São Pedrode Moel, no Concelho da MarinhaGrande, distrito de Leiria.Fonte de inspiração do poetaAntónio Lopes Vieira, São Pedro deMoel é apenas um pequeno pontono mapa.Mas quem o visita leva para casa aforça e vitalidade do mar e atranquilidade do campo, uma vezque o lugar tem como moldura omagnifico Pinhal de Leiria.Boas férias!

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Abel Varzim, «um homem de umagrande sensibilidade social» Historiador Paulo Fontes aponta a falta de projetos consistentes àvolta do pensamento e da ação do «apóstolo dos trabalhadores» Agência Ecclesia (AE) – Como era oambiente em que viveu o padre AbelVarzim?Paulo Fontes (PF) – Abel Varzimnasce no princípio do século XX,cresce num momento de grandeconvulsão e mudança na sociedadeportuguesa, marcado pelo que foi aI Guerra Mundial (1914-1918), peloque foi a mudança de regimepolítico, pelo desaparecimento doEstado liberal e a criação do EstadoNovo.Politicamente é isto, num paíseconomicamente limitado, periférico,no entanto com um grande territóriocolonial e que estava um pouco àprocura da sua própriasobrevivência, digamos assim, noconcerto das nações europeiasmais fortes, das potênciaseuropeias.É um país onde o catolicismoressurge em força, sobretudo entre1910 e 1920, muito marcado pelavontade de recristianizar

a sociedade, como se dizia naaltura, entendendo que asdificuldades que a sociedade viviaeram fruto de um processo dedescristianização e que haviaportanto que refazer o tecido socialcristão.E daí é a época se quisermos,emblematicamente, da Ação CatólicaPortuguesa, com uma grandeorganização do Apostolado quesurge lançado a partir de 1934,1935. A Ação Católica de que AbelVarzim vai ser um dos assistenteseclesiásticos.Ele é um padre que vai ter umpercurso, portanto não é um padrequalquer, enviado para fora paraestudar, para fazer o seudoutoramento em Lovaina (Bélgica)num centro de formação marcantedo catolicismo à escala universal, eem particular no espaço europeu,que era então ainda dominante.E vai fazer um doutoramento nocruzamento das novas

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ciências sociais, aquilo a que nóschamaríamos a sociologia, osestudos sociológicos.Ele vai estudar o catolicismo socialbelga e o modelo de cooperativasque havia na Bélgica, que seenquadravam dentro dessaresposta cristã que se queria frenteà sociedade moderna. Refazer otecido social cristão, responder àscrises da sociedade liberal,responder às crises da sociedadeliberal. Não

esqueçamos que na altura estava-se no auge da crise económica pós-1929, e é portanto neste quadroque ele se forma e que o percursodele, de alguma maneira, se define.É um homem que se distingue pelosestudos, que vinha para Portugaldepois de estudar fora ganhavamundo, uma visão, é um homemsempre de uma postura muitorigorosa e ascética.

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AE – Será que a sociedadeportuguesa já estava preparadapara entender e acolher aspropostas que o padre Abel Varzimtrouxe de Lovaina?PF – Ele não veio sozinho, ele fazparte daquilo a que seconvencionou chamar de ‘padres deLovaina’, um conjunto de padresque foram enviados para lá paraestudar, para beber da matriz dessecatolicismo social num país detradição católica, como era tambéma Bélgica, bastante forte. E o queele aprende lá e a realidade sobre aqual reflete procura trazê-la para cáe aplicá-la cá. E é isso que explicabasicamente todo o conjunto detraços que marcam o seu percurso.Desde logo o envolvimento que vaiter na Ação Católica Portuguesaonde privilegia, conjuntamente comos seus colegas de Lovaina, a ideiade uma Ação Católica nãogeneralista e apenas de feiçãoreligiosa ou piedosa, um pouco àmaneira da Obra dos Congressosque tinha nascido em Itália, masuma Ação Católica que seespecializasse por aquilo a que, nagíria da altura, se chamava o ‘meiosocial’. Portanto, com uma fortecomponente de

enraizamento na realidade social, nomeio operário, no meio agrário ourural, no meio universitário.E é nesse modelo, combinado numaAção Católica por género masculinoe feminino, e por idades, enraizadano meio social, que se define omodelo da Ação CatólicaPortuguesa, para o qual ele e osseus colegas de Lovainadiretamente contribuíram.Segundo marco importante: fezparte daquela geração de católicosque estão ali no início do EstadoNovo, participam na ideia de que éuma oportunidade para acristianização das estruturas sociais.O Estado Novo formula-se,apresenta-se como umacombinatória de diferentespercursos e setores que procuramuma resposta para a crise dosistema liberal, e concretamente daPrimeira República, onde secombinou setores republicanos comsetores monárquicos, setorescatólicos com setores maçónicos. Éum esforço de encontrar umareferência, e essa referência tem nomodelo social corporativo um pontomuito importante.É esse modelo sociológico que AbelVarzim estudara e com

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o qual ele contactara nospaíses do Norte da Europa,nesse tal corporativismo,na livre iniciativa dosprodutores, que ele queriatrazer para Portugal. Issoexplica a entrada delecomo candidato e político,durante pouco tempo,porque a sua ação políticadecorre exatamente daqui.

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AE – O Padre Abel Varzim estevequatro anos como deputado daAssembleia Nacional, entre 1938 e1942. Esse corporativismo que eledefendia era diferente docorporativismo do Estado, tanto quesaiu depois um pouco zangado edesiludido com a política.PF – Essa é uma das tónicas dediferenciação de todo este setor docatolicismo social, que é mais vasto,de que ele faz parte e que a partirdos anos 40, sobretudo depois dofinal da II Guerra

Mundial (1939-1945), no caso deleainda antes pela experiência políticaque fez.Ele é eleito deputado à segundalegislatura e toma posições que nãosão bem acolhidas, pelo contrário,que levam a que depois o seu nomenão seja reapresentado e que eleseja, de alguma maneira,ostracizado no interior da própriaUnião Nacional que o levara àAssembleia, à câmara parlamentar.Foi na expetativa de

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poder contribuir, do ponto de vistada legislação social, na implantaçãode um determinado modelocorporativo. E como estava a dizer,ele vai cedo perceber que o que ocatolicismo preconizava não eraexatamente aquilo que, do ponto devista do Estado, se estava aimplantar.Havia nomeadamente dois pontosde diferença: a ideia de que osistema corporativo não é uma coisaque se construa só de cima parabaixo, mas é uma coisa que podenascer do reconhecimento derealidades associativas pré-existentes. Em segundo lugar, avalorização da própria liberdadeassociativa, incluindo o própriodireito à greve, no caso dossindicatos, que era um pontodoutrinal que vinha já do final doséculo XIX, da Doutrina Social daIgreja.E é sobre estes dois pontos, ummodelo corporativo que não permitea liberdade associativa, todo elecontrolado pelo Estado

e subordinado a um projeto queprocura implantar, e que éinsuficientemente implantado aliás,de cima para baixo; e esta tónicamuito importante que é a valorizaçãoda ideia de um corporativismo deassociação, a ideia de umaliberdade associativa, incluindotambém essa linha que faz adiferença que é o próprio direito àgreve. AE – O padre Abel Varzim utilizouum meio de comunicação social,neste caso o jornal ‘O Trabalhador’,para divulgar e evangelizar aDoutrina Social da Igreja….PF – O jornal ‘O Trabalhador’acabaria por ser suspenso em 1948,foi um dos empreendimentos emque ele se envolveu com a geraçãodos militantes da Liga OperáriaCatólica e a Juventude OperáriaCatólica, dos meios operários queestavam em formação para intervirno terreno social e sindical.

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PF - Logo em 1942 - 1943, a LigaOperária Católica é advertida peloEstado que não se deve confundir,que a única estrutura sindical queexiste é aquela dos sindicatosoficiais, nacional. Esta ideia que omovimento católico pretende - ouvir,agregar e dar expressão àsaspirações desse meio operário -não é compatível com o modelopolítico vigente.Há logo aí, nos anos 40, antesmesmo do fim da Segunda GrandeGuerra, uma primeira crise em tornoda identidade da Ação Católica, queé remetida para uma entidademeramente religiosa, visandosecundarizar a tónica social.Pretendem isso o Estado e certossetores também no interior da AçãoCatólica, porque a tónica social temimplicações políticas.Isso não impede, pelo contrárioexplica, que não podendo exercer aatividade direta, ao nível daformação, da informação, dadoutrinação, o movimento operáriocatólico se tenha empenhado nacriação do jornal ‘O Trabalhador’,que pelas posições criticas quetoma, relativamente à situaçãosocial e política sobretudo no

pós-guerra, conduziu à intervençãode mecanismos de censura e à suasuspensão em 1948.Aí inicia-se um outro percurso,embora o padre Abel Varzimmantenha uma atividade na AçãoCatólica, na dinamização docongresso dos homens da AçãoCatólica em 1950. É momento emque o próprio catolicismo se procurareforçar a si, a partir do lançamentode congressos como instâncias dereflexão e proposta, não só a nívelreligioso mas também a nível sociale cívico, não político mas cívico.Esta era uma distinção que omovimento católico em Portugal e aAção Católica procurava fazer. A Ação Católicaé remetida para umaentidade meramentereligiosa, visandosecundarizar atónica social.

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AE – Uma das partes maisemblemáticas da vida do padre AbelVarzim foi o trabalho que fez juntodas prostitutas do Bairro Alto, naParóquia da Encarnação em Lisboa.Ele levava uma ideia pré-programada, que era correr comelas da paróquia, eram aschamadas ‘más ovelhas’, e noentanto converte-se no sentido dedizer que elas também eram ‘filhasde Deus’. Foi um trabalho quedeixou história e marca?PF – Isso é muito interessante.Reparemos que estamos numaEuropa que estavaem democratização, em mudança, jáera a Europa do pós-guerra empleno, mas em Portugal verificou-seuma perpetuação do regime e umfechamento político que sóocasionalmente, em momentos deconsultas eleitorais, permitia algumaexpressão muito controlada eorganizada. Aliás a tradição guardaa ideia de que havia que preparar,dizia o cardeal Cerejeira, homenspara o que viria depois do regimedo Estado Novo, de Salazar.

À porta da Igreja da Encarnação

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PF - O padre Abel Varzim quando noinício dos anos 50 é afastado,digamos assim de uma maneiradireta, do trabalho da assistênciareligiosa à Ação Católica, é-lheproposto ficar à frente da Igreja daEncarnação, no Chiado, numcontexto social onde coabitavamsetores de uma certa aristocraciatradicional, uma certa burguesiamesmo.Havia ali uma zona de palacetes, decasa brasonadas, conjugada comuma realidade popular que era a doBairro Alto da altura, e portantoonde havia também uma certamarginalidade, nomeadamenteligada à prostituição feminina.Uma prática que não era legal masera tolerada, as mulheres eramregistadas e exerciam a suaatividade num sistema semilegal.Elas eram controladas mas aomesmo tempo, não era legalizada aatividade de prostituição querealizavam, pelo contrário, erasocialmente um setor ostracizado.Ora, diante desta realidade, o padreAbel Varzim tem um percurso queele próprio define no seu livro, numtexto que está hoje publicado, comoum percurso de conversão.

O padre Abel Varzim vem de umcatolicismo normativo, moralizador,ele quer extirpar o mal do Bairro Altoe para isso acha que há queconduzir uma espécie de campanhacívica para libertar o bairro dapresença da prostituição e dessasmulheres e o que ele vai encontrar éuma realidade que se dirige a ele.Aliás, conta um episódio muitocurioso, que é a maneira como ele,para essa campanha, procurainvocar a figura de Santa MariaGoretti, entroniza a imagem naigreja e, de repente, dá-se conta deque isso tem exatamente o efeitocontrário, essa imagem torna-senum centro de devoção. AE – Em lugar de serem as pessoasda paróquia a irem rezar, pedirpelas prostitutas na Capela deSanta Maria Goretti, são asprostitutas que vão pedir auxílio àsanta.PF – Exatamente e é essa inversãoque ele explica. Ele diz: sou padre,estou aqui para servir aspopulações, não posso exatamentea isto.Mas há um debate interior, que elealiás explica e carateriza muito bem,que é

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Bairro Alto

o da sua visão do mundo e dacondenação moral daquelasituação. E por outro lado, ter queconviver com ela.E conta o seu primeiro encontrocom as prostitutas, que aliás temuma dramaticidade muito grande,que é quando ele é chamado paraministrar os últimos sacramentos auma mulher que estava a morrer,num vão de escada.Ele hesita se deve ir ou não, decide-se a ir mas põe uma condição: queisso não se faça naquelascondições degradantes mas que eletenha a possibilidade de

conversar com aquela mulher e delhe ministrar os sacramentos numespaço digno.Arranjou-lhe um quarto e a partir daíele começa a perceber o interior e abondade que também existemnaquelas mulheres. Isso vai obrigá-lo a reformular a ideia do bem e domal, esta distinção de condenar opecado e não o pecador.E é nessa aproximação a estarealidade social que ele vai sentir-seimpelido a trabalhar sobre ela e cria,com outros, um centro derecuperação dessas mulheres.

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PF – Nesse sentido, desenvolveuma obra que persiste durantevários anos, em que ele tentaenvolver as senhoras dos meiosqualificados e abastados da suaparóquia, nomeadamente assenhoras da Liga IndependenteCatólica Feminina, da Ação Católica.Nisso ele encontra-se com ascontradições da sociedade e comaquilo a que ele chama de umahipocrisia social muito grande. É apartir deste desfasamento e destadilaceração interior que vai nasceresta obra que o padre Abel

Varzim consegue lançar com aparticipação e o envolvimento demuita gente e que dura até aosanos 60 do século XX. Jádesgastado com esse trabalho ecom toda a maledicência que é feitatambém sobre a pessoa dele, queele depois se verá adoentado,obrigado a retirar-se para a suaterra natal, no norte, onde irádesenvolver depois umacooperativa, uma associação deprodutores de aves, a SociedadeAvícola do Minho (SAMI), que aindahoje persiste.

LOC

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É um homem com uma grandesensibilidade social, um pensamentoestruturado sobre a realidade e umacapacidade de iniciativa, são trêscaracterísticas que convergem nafigura do padre Abel Varzim. Essasensibilidade, capacidade reflexiva einiciativa que constitui uma espéciede lastro que carateriza a suaprópria espiritualidade, muitomarcada por esta dimensão‘incarnacional’ do cristianismo, quenão pode ser apenas moralizador,que atua de fora das realidades,apenas fazendo pronunciamentos,juízos, avaliações, mas quepermanece exterior a essarealidade.Pelo contrário, um cristianismo quemergulha na realidade e que, comaqueles que ai se encontram, quermudar essa realidade do ponto devista da dinâmica evangélica. Esseé o sentido da espiritualidade dopadre Abel Varzim.Há um outro traço que valerá apena chamar a atenção no seupercurso, que é o envolvimentocomo professor no Instituto deServiço Social de Lisboa. Umainstituição onde ele teve umainfluência grande e deixou marcasem muitas das pessoas que aíestudaram. Será ali que ele iráprocurar envolver

universitários numa outraexperiência, que terá o Bairro Altotambém como referência e outrosbairros onde depois se organizarãoos centros sociais. AE – Um verdadeiro apóstolosocial?PF - Sim, aliás esse título foi-lhereconhecido, outorgado se assimpodemos dizer, pela própriaConferência Episcopal Portuguesa,e depois o presidente da República,na altura Mário Soares, atribuiu-lheo título da Ordem da Liberdade.Esse reconhecimento foi feito à suafigura e ao seu percurso quandopassaram 30 anos depois da suamorte, em 1994.Estamos agora já a 20 anos dedistância, no cinquentenário da suamorte, e há um conjunto deiniciativas que vão ser postas emprática pelo Fórum Abel Varzim,instituição criada por muitos dos quetrabalharam com ele, o conheceramou foram influenciados pelo seupercurso ou magistério. Seria bomque esse Fórum pudesse ter dadotambém origem a uma instituiçãoque pudesse ter uma maiorcapacidade de iniciativa e deintervenção na senda dopensamento de Abel Varzim.

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“Nada disto é fado…”Conhecemos todos esse traçocaracterístico da cultura portuguesaque o fado, em certo sentido, traduze concretiza. Parece ser que essetraço tem contornos de uma certasaudade (outra expressãotipicamente portuguesa),melancolia, mesmo alguma tristeza.Parece ser que esse traço apontatambém para um certo destino quedificilmente pode ser evitado. É, porisso, bastante comum ouvirexpressões como «esse é o nossofado», tentando com elas apontaresse destino triste ao qual,aparentemente e sem outrapossibilidade, estamos condenados.Também estas palavras foram váriasvezes escutadas pelo Padre Abelvarzim durante o tempo em que foipároco da Paróquia da Encarnaçãono Chiado. No exercício da suamissão, foram muitas as vezes quedialogou com as prostitutas que, àépoca, anos 50 do século passado,povoavam as ruas do Bairro Alto. Aointerpelá-las e desafiá-las paraabandonarem a vida que levavam lávinha a resposta: «este é o nossofado».

Mas também o fado do Padre AbelVarzim parecia estar traçado desdeo momento em que foi enviado paraaquele local. Assim que ‘descobriu’ arealidade social na qual aquelacomunidade estava envolta,percebeu que o seu destinopassava por expulsar aquelasmulheres, de modo a preservar aintegridade do rebanho que lheestava a ser confiado.A atenção ao projeto de Deus e àrealidade concreta que o envolvia,conduziu-o, no entanto, por outroscaminhos. Sem deixar em momentonenhum de combater a prostituição,o Padre Abel Varzim não deixou,também, de acolher as prostitutas,ajudando-as, em tudo o que lhe foipossível, a construir outro destino. Eisso acabou, igualmente, por alteraro destino da sua missão, que deixoude passar pela ‘expulsão, abrindo-se a uma atitude de acolhimento,interpelação e acompanhamento,facilitando a transformação[1].Encontro, aliás, aqui, como que umfeliz ‘eco de antecipação’ dametodologia proposta pelo PapaFrancisco na Exortação

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Bairro Alto Apostólica Evangelii gaudium. Aofalar na Igreja em saída o Papaafirma que esta “é a comunidade dediscípulos missionários que«primeireiam», que se envolvem,que acompanham, que frutificam efestejam.”[2] Num primeiromomento, talvez o Padre AlbelVarzim não tenha tomado a

iniciativa, mas inequivocamenteenvolveu-se e acompanhou, o que olevou, muitas outras vezes, a tomara iniciativa. E, a partir daí, foipossível frutificar e celebrar.Ao fazer referência a estaexperiência, o que me importasublinhar é algo que está na suabase e que, no meu entender,

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é um dos elementos constitutivos detoda a experiência cristã. Trata-sedaquilo a que, com frequência,ouvimos chamar a leitura crente darealidade. Ou seja, este exercíciovital que nos leva a ler a realidade apartir da fé, facilitando, nesse olhar,a descoberta de novaspossibilidades, e que,simultaneamente, nos leva a ler a féa partir da realidade, descobrindo,também a partir desse olhar, novasinterpelações para a própria fé.Para quem é cristão este exercíciotorna-se fundamental, pois aencarnação é um constante convitea levar a sério a realidade na qualDeus está presente, fazendoescutar a sua voz, no sentido depurificar, cada vez

mais, a nossa fé e de alargar, essamesma realidade, aos horizontesque lhe propõe.Neste exercício de leitura, o PadreAbel Varzim foi capaz de perceberas interpelações que lhe estavam aser feitas a partir daquelas periferiashumanas, daqueles últimos (nestecaso últimas). Também paraeles(as), aliás como se pode ver noEvangelho, preferencialmente paraeles(as) está destinada a BoaNotícia.E quando esta experiência se tornapossível, o compromisso com alibertação e dignificação destesúltimos é inevitável e pode, então,ser feita a descoberta de que «nadadisto é fado…»

Juan Ambrosio,UCP

[1] Todo este itinerário de mudança (de parte a parte) pode ser encontradoe lido na sua obra “Procissão dos Passos. Uma vivência no Bairro Alto», quea Editorial Cáritas agora reedita, e cuja leitura merece ser feita. [2] Cf EG, 24

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A Lisboa de Abel VarzimEntre os anos de 1934 e 1957, AbelVarzim fixa-se em Lisboa, depois deuma curta estadia nessa cidade(1930) e de passagens maisprolongadas por Serpa (1925-1930)e Lovaina (1930-1934). Nesse inícioda década de 1930, a capital dopaís contava com 600.000residentes, dos quais somentemetade era natural do concelho. Abaixa instrução da população erapatente em Lisboa. Apenas cerca de1800 crianças frequentaram, em1933/34, o ensino infantil em todo odistrito, que contava com 296escolas do ensino primário, seteliceus, quatro escolas industriais ecinco comerciais. No ensino superiorda capital estavam matriculadoscom pouco mais de 4000 alunos,sobretudo homens.Em 1930, as freguesias maispopulosas de Lisboa eram, porordem decrescente: S. Sebastião,Santa Isabel, S. Jorge de Arroios,Anjos, Alcântara, Santa Engrácia,Ajuda, Santos-o-Velho e Penha deFrança. No conjunto, estasfreguesias concentravam 55% dapopulação da cidade. Para além doParque Mayer e do Coliseu dosRecreios, funcionavam, em 1934,

oito teatros, oscilando entre as 15 eas 31 peças em cena por mês(excluindo o verão) e três dezenasde cinemas, com cerca de um milharde sessões por mês, com a exibiçãode filmes previamente submetidos àcensura. No distrito de Lisboa, erampublicados nove jornais diários, numtotal de 247 periódicos, dos quais14 com tiragens superiores a 12.000exemplares.Em 1932 Salazar acumulara a pastadas Finanças, que assumira em1928, com a chefia do Governo. AConstituição do novo regime políticotinha sido plebiscitada em 1933 e,no final do ano, foramdefinitivamente liquidadas asassociações de classe provenientesda I República e instituídos,mediante uma rígida tutela estatal,os sindicatos nacionais.É este o universo que Abel Varzimvai encontrar em Lisboa no iníciodos anos 1930. A sua ação serádesenvolvida sobretudo na áreasocial, com recurso a diferentesinstrumentos. Marcará presençaregular nas páginas da imprensa enão excluirá a ação política formal,destacando-se,

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ainda, a sua ação no ensino,nomeadamente na Escola deServiço Social, e, finalmente, naParóquia da Encarnação.Numa sociedade atrasada e isoladado exterior, Abel Varzim desenvolve,ainda em Lovaina, uma colaboraçãoregular com o jornal Novidades.Entre os múltiplos temas abordadosno jornal

católico da época, destaca-se oapelo à introdução de fórmulasinovadoras na organização docatolicismo português, rompendocom os modelos tradicionaisvigentes e que, na sua perspetiva,se encontravam esgotados(5.12.1931). Na Europa do pós-IGuerra Mundial, ainda abalada pelacrise de 1929 e pela emergência desistemas

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políticos ditatoriais e totalitários,Abel Varzim tomava contacto, porexemplo, com a JOC de Cardijn,compreendendo as suas vantagens.Já em Portugal, seria um dosresponsáveis pela organização dooperariado católico, na LOC, emúltiplas iniciativas associadas àorganização coletiva dostrabalhadores, como o lançamentodo jornal O Trabalhador . Nas suaspáginas, apela à sindicalização dosoperários, como condição de êxitona reivindicação de direitos e degarantias no trabalho (01.04.1937).Ciente dos riscos que a integraçãonas estruturas do regimecomportava, como a conotação como salazarismo, Abel Varzimacrescentava ao objetivo dasindicalização a necessidade detransformação da realidade a partirde dentro. O quadro legal disponívelconstituía uma oportunidade autilizar em função de objetivos maisvastos, independentemente dasapropriações que, pontualmente, pudessem serefetuadas.

Homem do seu tempo, Abel Varzimseria um dos cultores da doutrinasocial da Igreja, do ponto de vistateórico e na atuação no terreno. EmLisboa, promoveria denúncias deexploração no trabalho e travariadiferentes confrontos comos poderes instituídos. Em 1957,regressava à sua terra natal, ondeviria a falecer em 1964, deixando umlegado ímpar como referência docatolicismo social português dasdécadas de 1930 e do pós-IIGuerra.

Nuno Estêvão Ferreira,CEHR-UCP

Homem do seu tempo,Abel Varzim seria um doscultores da doutrinasocial da Igreja, do pontode vista teórico e naatuação no terreno.

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TransformarLema do Padre Abel VarzimA criança, que anos mais tarde viriaa ser conhecida com o Padre AbelVarzim, nasceu no seio de umafamília ativa e com preocupaçõessociais. Tenha-se presente que asua mãe – professora primária – foipresidente de uma junta defreguesia.É natural, portanto, que a decisãode entrar para o seminário, para serpadre, tenha sido forjada numapreocupação de servir os outros econtribuir para que a transformaçãodo mundo.Já ordenado padre, Abel Varzim, emterras do Alentejo, foi-seapercebendo que a realidadeeconómica e social envolventeprecisava de profundas mudanças.Diga-se que não teve tempo paraobter grandes resultados, a não serno trabalho com jovens, tendofundado o Escutismo local.Mas é sobretudo em Lovaina, naBélgica, nos estudos que vãorealizando, nos contactos que vaitendo e nas reflexões profundas daDoutrina Social da Igreja, que se vaicimentando o seu

pensamento sobre a necessidadede se proceder a profundasalterações no sistema económicovigente e no mundo laboral. Não éde estranhar que a tese dedoutoramento que defendeu, nauniversidade que frequentava,incidisse sobre a problemática doscamponeses. Cresce aí a suavontade de transformar a sociedadenuma outra onde o respeito peladignidade humana estivesse emprimeiro plano.Quando vem para Portugal, a sedede aplicar todos os conhecimentosadquiridos no estrangeiro leva-o aenvolver-se na criação do LigaOperária Católica, no InstitutoSocial, na criação da RádioRenascença e até aceita serDeputado à Assembleia Nacional.Todas as atividades que desenvolvesão claramente para contribuir paramudanças profundas na sociedadeque ele gostaria de ver renovada.Essa sua preocupação edeterminação trazem-lhe imensos«amargos de boca» e ele vai-se«gastando» como padre e comohomem.

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Na Paróquia da Encarnação, nafase final da sua vida em Lisboa,não fica parado. Apesar de algumasdesilusões sofridas o seu espíritoirrequieto não o deixa parar. Èconhecido o seu trabalho junto dasprostitutas do Bairro Alto. E aquinesta área foi preciso transformarmuita coisa, em particular asmentalidades, do próprio e dosoutros.O Forum Abel Varzim que foi criadopara estudar e divulgar opensamento, a obra e a ação doPadre Abel Varzim, utiliza diversosmeios para cumprir a sua missão.Um desses meios é uma revista queé publicada em papel (duas a trêsvezes por ano) e em versãoeletrónica (também, duas a trêsvezes por ano, em alternância). Arevista tem por nome«Transformar». Talvez não fossepossível encontrar um nome maisadequado para um meio deinformação vive, fazendo-se eco dopensamento do Padre Abel Varzimaplicado aos dias de hoje. O Forumdispõe de um site na internet,facebook e o organiza encontros,conferências e jornadas detrabalho.Nos sócios do Forum Abel Varzimexiste a convicção que vivemos

um tempo particularmente difícil - amaneira como vivemos, asdesigualdades que deixamos que seampliassem , as violaçõesconstantes dos direitos humanos, asmarginalizações dos mais pobres –que exige profundas mudanças. Irbuscar o exemplo, a postura, asensibilidade, a palavra do PadreAbel Varzim e refletir sobre arealidade que nos envolve, pode serum caminho para a transformaçãodo nosso sistema de vida que éurgente e necessária.

António Soares,Fórum Abel Varzim

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ABEL VARZIM e osDESPROTEGIDOS«OPERÁRIO, ERGUE A TUAFRONTE! [...] A grande palavra deordem é, pois, esta: libertai-vos davossa alma de escravos, tornai-voshomens conscientes, valorizai-vos, eo grande passo da vossa elevaçãosocial e económica será dado emdefinitivo. » (Abel Varzim - «OTRABALHADOR», n.º 2 – II Série,em 24 de janeiro de 1948). Ao percorrer os textos, etestemunhos, que nos chegamsobre o Padre Abel Varzim, somosconfrontados com a sua visão darealidade que o rodeava, e dasdesigualdades sociais que na suaépoca caraterizavam a sociedadeportuguesa, e do angustiado apeloque os mais pobres e desprotegidosfaziam, no silencio dos seus«buracos». Lembro-me que, emLisboa, pedinte que fosse apanhadona rua era levado para a «Mitra».Mas, os mais pobres edesprotegidos, não eram só ospedintes e sem abrigo. Os maispobres e desprotegidos eram,frequentemente, os trabalhadoresdo comércio e industria, ostrabalhadores do campo, comsalários de

miséria, sem apoio na doença, semproteção no desemprego, sempensões de reforma, sem apoio navelhice, etc.O Padre Abel, como cristão sinceroque era, não podia ficar indiferenteao que o rodeava. Segundo váriostestemunhos, não conseguia ter "umtostão" no bolso, todos os que seabeiravam dele com carências,fossem elas quais fossem, nãosaíam de mãos a abanar.Porém, as raízes vindas do berço, asua formação cristã, a sua entrega àmissão, a sua convicção de que apromoção dos trabalhadores tem deser obtida pelos própriostrabalhadores, fizeram-no abraçaras tarefas de formação edinamização, nomeadamente na"Acção Católica", onde muitos denós tomámos conhecimento dasdoutrinas sociais e da injustiça quenos rodeava, e onde também, aonível das "Secções Locais",aprendemos a agir em democracia.Na minha opinião, a sua fidelidadeao Cristo, impelia-o a uma visão do"seu próximo", como um todo, e auma partilha, sem discriminações,ainda

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que isso acarretasse perseguiçõese calúnias.Na Igreja da Encarnação, emLisboa, onde escolheu ser pároco,depois de ter sido afastado dastarefas que exercia, por imposiçãodos "apparatchik" do Estado Novo, aque a Hierarquia da Igreja Católicase não opôs, tomou diversasiniciativas para responder aosproblemas concretos dos seusparoquianos mais marginalizados.Uma delas, a "Casa de Trabalho",demonstra bem o seuempenhamento na promoção social,respeitando a vida concreta detodos. A “casa de trabalho” doPadre Abel Varzim, tinha um acordocom a Sacor (antecessora da Galp),com sede na Rua do Alecrim,paróquia da Encarnação, onde sefaziam os fatos-macacos dosoperários daquela empresa. Asmeninas tinham de coser três fatos-macacos por dia e passavam lá odia, cosendo os três fatos-macacosque pagavam o seu dia; o resto dotempo era para estudar. Asraparigas que trabalhavam na "casade trabalho", eram

as habitantes do Bairro Alto, querfossem simples residentes, ouexercessem ali a sua "profissão...".Como vemos o Pe. Abel era assim,não separava as pessoas da vida,mas agia de forma a que a "vida"delas fosse melhorando, tambémcom o seu empenhamento pessoal.De entre os testemunhos dos quecom ele privaram, quando pároco daEncarnação, destacamos oseguinte, de um dos seusparoquianos, pertencente às elitessociais e económicas daépoca, «[...]e por várias vezes oprocurei na sacristia, para lhe expordúvidas, ou mágoas, e pedir o seuconselho, no qual encontreiuma direção segura, e grandeconforto.[...] Senti sinceramente asua ausência quando do seuregresso à P. de Varzim[...]». Creioque, para o Padre Varzim, a "opçãopelos pobres" era entendida comouma opção pelo nosso irmãocarente, qualquer que fosse a suacarência.

José Alexandre Morais Gouveia

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Abel Varzim sua cor era o homemEu não conheci o Padre AbelVarzim. Eu cheguei ao Movimentoda JOC em 1960/ 61 o primeiroencontro em que participei foi ogrande encontro da juventude quese realizou em LisboaO Padre Abel Varzim morreu em1964 e, já não estava em Lisboa. Opadre Abel Varzim foi uma figuramarcante do catolicismo do séculoXX.Não o conheci. Como dizia mas,tenho lido muito do que foi o seutrajecto e os caminhos que elepercorreu ao longo da suacaminhada na terra dos vivos doseu tempo e, tem sido para mimuma luz que não se apaga, que mevai dando alento, para continuaracreditar que, é, possível viverdiferente neste mundo mesmo tãoconturbado.O projecto Libertador de JesusCristo não morreu e, viver agoratem finalidade, o Padre Abel Varzimé bem o testemunho desse projectoLibertador, para os que acreditam epara os que não acreditam Hojevive-se um tempo muito complicadomas, faz todo o sentido recolocar oPadre Abel Varzim, porque ostempos que

ele viveu não eram melhores pelocontrário eram tempos queera vigiado de noite e de dia pelapolicia do regime Abel Varzim foicomo ele próprio sentiu um sinal decontradição, porque a suaactividade social bem demarcada daluta de classes condenava aviolência tanto na opressão dos decima como na revolta dos de baixoe, entre os dois extremos apontavapela palavra e, pelo exemplo, aprática da fraternidade cristã como aúnica solução justa do conflitosocial. Vejamos como ele foi capazde se colocar no meio dos extremose apontar soluções, são atitudescomo estas do Padre Abel Varzimque têm a ver com o projectolibertador de Jesus Cristo, hoje sãonecessárias atitudes como as dopadre Abel para denunciar osexcessos da ideologia na vida dopovo e, nas organizações dostrabalhadores.Estamos a comemorar 50 anos damorte do Padre Abel Varzim, oscristãos e, os católicos em particularnão podem deixar que se apague amemória de este Homem queassumiu radicalmente o Evangelho

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na defesa dos mais pobres e, dajustiça social, enfrentando semprecom coragem as consequências dassuas atitudes. Eis que faço Novastodas as coisas diz O Senhor, oPadre Abel Varzim estava nasintonia de Jesus Cristo.Foi vítima do seu compromisso comos mais pobres, foi perseguido ehumilhado não só pelo poder mastambém esquecido pela igreja. Dizele num dos seus livros que o seusacerdócio é, a defesa dos

pobres, são apóstolos como PadreAbel que são a verdadeiraEncarnação da Ressurreição deJesus Cristo. O Padre Abel foi oprimeiro Assistente Nacional da LOCque sendo um movimento dehomens e mulheres que reflectem avida querem continuar a dartestemunho do legado que nos foideixado pelo Padre Abel. Eratambém um homem que acreditavaque organizados os trabalhadoresvencerão as suas lutas desde queeles sejam os protagonistas e não

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as ideologias. O Padre Abel era umhomem com uma visão alargada davidas das pessoas procurandoresposta para os problemas noEvangelho e, na d.s.i., era tambémum estudioso das pequenas coisasda vida na sua estadia na Bélgicaem Lovaina conheceu MonsenhorCardij com quem aprendeu ométodo de revisão de vida, verjulgar e agir onde se descobrem aspequenas coisas O Padre AbelVarzim tinha sempre tempo paraouvir as pessoas hojequaseninguém tem tempo, para ele aspessoas eram mais importantes quetudo o resto, a dignidade do homeme da mulher estavam primeiro, Hojenão é assim. Padre Abel Varzim éhoje um desafio sobre tudo para oscrentes mas também para aquelesque acreditam numa sociedade maishumano e mais justa que sejampreserverantes na fé mesmo quesejamos sinal de contradição PadreAbel Varzim foi um homem comaudácia e ao mesmo tempo ousoudesafiar os vários poderes o politicoe, também o poder da igreja, porisso foi perseguido até a morte. Aigreja quis guarda-lo

dizia o Cardeal Cerejeira parareserva da própria igreja, não eraisso, ele foi afastado de Assistenteda LOC porque incomodava muitagente através do jornal otrabalhadorNos vários desafios que o PadreAbel aos cristãos é de assumam asdenúncias das injustiças dospoderes intuídos, recordo umapassagem no livro da procissão dospassos numa conversa entre oPadre Abel e um dirigente comunistaem que ele dizia ao Padre se oscristãos assumissem o que dizem osEvangelhos nós não tínhamos razãode existir, quem tem ouvidos queoiça. Para terminar dizer que oPadre Abel ousou chamar atenção atodos os exploradores e exploradosque era importante que fossemossérios e equilibrados assumindo osnossos próprios erros, para que asvitórias fossem de todos e que todosfossem construtores da sua própria.

José Domingues Rodrigues

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Um caminho de santidadeO padre Abel Varzim que deixoumarcas na história da Igreja,registos importantes que abrem aporta a uma possível canonização. Aideia surgiu num integrado nasiniciativas que assinalam os 50 anosda morte do sacerdote da Diocesede Braga, que dedicou a sua vidaao apostolado social.“As canonizações são sempremovimentos eclesiais”, sublinha D.Manuel Clemente, patriarca deLisboa, afirmando que “em termospessoais, não teria grandesdúvidas” da santidade do padreAbel Varzim.“Estas figuras são concretas, decarne e osso, são conhecidas. Nãoé possível dizer que isso é muitobonito, mas é só para os idealistas.Penso que a canonização tem essavirtude: comecemos por avivar essachama do padre Varzim, da suaação, do seu pensamento”,acrescenta o presidente daConferência Episcopal Portuguesa.Homem interventivo na sociedadedo seu tempo, o padre Abel Varzimfoi um expoente máximo da açãosocial da Igreja junto dos maisnecessitados.

Diogo Freitas do Amaral, antigo líderdo CDS, fala numa “figura cimeirada doutrina e da ação social daIgreja, e também daquilo que maistarde se veio a chamar democraciacristã”.Batizado pelo padre Abel Varzim, oprofessor universitário tem umagrande admiração pelo homem devistas largas, de quem a ditadura deentão tinha receio.“Até em Cristelo, já retirado da suaação junto dos operários católicos,dos sindicatos católicos, dajuventude operário, mesmo assim apolícia política não deixou de omanter sob vigilância”, relata Freitasdo Amaral.Assistente da Liga Operária Católicaao longo de vários anos, o padreAbel Varzim, colocou em prática,neste organismo o que aprendeu naUniversidade de Lovaina (Bélgica).Ideias inovadores para a época,mas centradas na Doutrina Socialda Igreja.Guilherme d´Oliveira Martins,presidente do Centro Nacional deCultura, considera

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“notável” o que hoje o padre AbelVarzim ainda tem para dizer a cadapessoa.Nesse sentido, citou umpensamento no qual se sublinhavaque “uma vida

social justa é incompatível com umavida económica anarquizada ouarruinada”. “O económico, por sipróprio, não tem razão de ser, aEconomia é feita para as pessoas”.

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Turismo e redução da pobrezaA mensagem deste ano do Vaticanopara o Dia Mundial do Turismo, quevai ser assinalado a 27 desetembro, salienta a importânciadesta área para o “desenvolvimentoautêntico” e “integral” dascomunidades. Assinado pelopresidente do Conselho Pontifíciopara a Pastoral dos Migrantes eItinerantes (CPMI), cardeal AntonioMaria Véglio, o documento sublinhaque para tal finalidade, no campo doturismo devem ter em vista alcançarum progresso equilibrado, que sejasustentável e respeitoso em trêsâmbitos: económico, social eambiental”.O Vaticano recorda que “o turismo éum motor fundamental dedesenvolvimento económico, emvirtude da sua importantecontribuição para o PIB (de 3% a5% a nível mundial), para oemprego (de 7% a 8% dos lugaresde trabalho) e para as exportações(30% das exportações mundiais deserviços)”. Num mundo cada vezmais globalizado, em que “cadalugar do planeta” é “uma metapotencial”, o turismo

pode afirmar-se, segundo a SantaSé, como “uma das opções maisviáveis e sustentáveis para reduzir onível de pobreza das áreas maissubdesenvolvidas”.“Se for promovido de maneiraadequada, ele pode ser uminestimável instrumento deprogresso, de criação de lugares detrabalho, de desenvolvimento deinfraestruturas e de crescimentoeconómico”, aponta o CPMI.Por outro lado, o Vaticano considera“essencial que os benefícioseconómicos do turismo cheguem atodos os setores” sociais dos paísesde destino e tenham também“impacto direto sobre as famílias”.Nesse sentido, torna-se“fundamental que se sigam critérioséticos respeitadores sobretudo daspessoas, tanto no plano comunitáriocomo a nível de cada indivíduo,evitando um conceito economicistada sociedade, que procura o lucroegoísta, fora dos parâmetros dajustiça social”, sustenta a IgrejaCatólica.Além dos benefícios económicos, aatividade turística gera

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“outras” mais-valias que tambémdevem ser potenciadas, como “oenriquecimento cultural, aoportunidade de encontroshumanos, a promoção do respeitorecíproco e da tolerância e apromoção da formação de trabalhodos jovens”, entre outras citadaspela mensagem do CPMI.No documento para o Dia Mundialdo Turismo deste ano, a Santa Sédá ainda contas da sua “alegria”pela forma “como em várias

partes do mundo a Igrejareconheceu as potencialidades dosetor turístico e pôs em práticaprojetos simples mas eficazes”. “Sãocada vez mais numerosas asassociações cristãs que organizamviagens de turismo responsável aregiões desfavorecidas, assim comoaquelas que promovem o chamado“turismo solidário ou devoluntariado”, reconhece o Vaticano.

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Papa alerta para acontecimentostrágicos na Terra SantaO Papa Francisco apelou estedomingo no Vaticano ao fim doconflito israelo-palestino, mostrandoa sua preocupação com os“acontecimentos trágicos” dosúltimos dias na Terra Santa. “Exortoas partes envolvidas e todosquantos têm responsabilidadespolíticas a nível local e internacionala não pouparem a oração e todosos esforços para fazer cessarqualquer hostilidade e conseguir apaz desejada para o bem de todos”,disse, perante dezenas de milharesde pessoas reunidas na Praça deSão Pedro para a recitação doângelus.O apelo surgiu num momento decrescente tensão na Faixa de Gaza,com bombardeamentos israelitas elançamento de 'rockets' por parte dobraço armado do Hamas.Francisco pediu que todos rezem“com insistência” pela paz na TerraSanta e recordou o encontro quemanteve, a 8 de junho, com ospresidentes de Israel e da Palestinapara “invocar” esse dom e apelar aofim da

“espiral do ódio e da violência”.“Alguns poderiam pensar que esseencontro foi em vão, mas é aocontrário, porque a oração ajuda-nos a não nos deixarmos vencerpelo mal nem resignar-nos a que aviolência e o ódio prevaleçam sobreo diálogo e a reconciliação”,observou.Francisco recitou depois partes daoração que proferiu a 8 de junho,em que se pede a “coragem de dizer‘Nunca mais a guerra’” e de “cumprirgestos concretos para construir apaz”. Após este apelo, o Paparecordou a celebração do domingodo Mar, deixando votos de que aIgreja Católica esteja próxima dosmarinheiros, dos pescadores e dassuas famílias.

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Migrações: Papa pede atenção àsituação de menores semacompanhamentoO Papa manifestou a suapreocupação com as crianças daAmérica Central que emigramsozinhas para norte e pediu que aquestão das migrações sejaabordada a partir da “cultura doencontro” em vez do “medo”.Francisco dirigia-se aosparticipantes num encontro sobremobilidade humana edesenvolvimento, que decorreu naCidade do México, com a presençado secretário de Estado doVaticano.A mensagem, divulgada pela salade imprensa da Santa Sé, chama aatenção para milhares de criançasque emigram semacompanhamento, procurando fugirda pobreza e da violência, numnúmero que aumenta “todos osdias”."Esta é uma categoria de migrantesque, da América Central e doMéxico, atravessa a fronteira com osEstados Unidos em condiçõesextremas, em busca de umaesperança que na maioria dasvezes é em vão”, escreve o Papa.Segundo Francisco, esta“emergência humana” exige “uma

intervenção urgente, a fim de queesses menores sejam acolhidos eprotegidos”.Eventuais medidas, pode ler-se, nãoserão suficientes “se não foremacompanhadas por políticas deinformação sobre os perigos de umaviagem deste tipo e de promoção edesenvolvimento nos países deorigem”. “É necessário chamar aatenção de toda a comunidadeinternacional para que possam seradotadas novas formas de migraçãolegal e segura", prossegue.Francisco lembra que muitaspessoas obrigadas a emigrar“sofrem e muitas vezes morremtragicamente; muitos dos seusdireitos são violados”, sendo objetode “comportamentos racistas exenófobos".

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Visita do secretário de Estado do Vaticano ao México

Ângelus, 13.07.2014

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Brincar e Aprender como deve ser!

http://www.junior.te.pt/

Mais uma vez, esta semana, anossa sugestão vai de encontro aosmais novos. É nesta altura que elesse encontram nas suas merecidas“férias grandes” e é também nestaaltura em que, variadas vezes, nãosabemos o que lhes sugerir paraocuparem o seu tempo.A nossa proposta passa por umavisita virtual a um espaço dedicadoàs crianças, por conseguinte, faça-se acompanhar pelos mais novos ousugira-lhes este sítio.Da responsabilidade do grupo TextoEditores, o sítio www.junior.te.pt éum espaço para as “crianças cominformação, diversão e atividadesem áreas diversas, adequado aostrês diferentes níveis etários queabrangem a Educação Pré-escolar,o 1º Ciclo e o 2º Ciclo do EnsinoBásico.”Ao entrarmos neste sítio eobservarmos tudo aquilo que nos éapresentado, desde as cores, àspersonagens, dos desenhos aostipos de letra escolhidos, tudo estáperfeitamente

enquadrado com o público-alvo aque se destina.Na opção “jardim”, entramos noespaço dedicado às crianças quefrequentam o jardim-de-infânciaonde há muito para descobrir.Desde a possibilidade de sabermosmais acerca dos animais, ouvirhistórias infantis muito bemanimadas, jogar alguns jogospedagogicamente enquadrados comas crianças do pré-escolar e ainda,aprender algo sobre as diversasprofissões.Em “Rua”, temos ao dispor umconjunto elevado de conteúdosdedicados aos alunos do 1º ciclo.Em ambiente podemos ver algumascuriosidades sobre a reciclagem,por outro lado em famosos,dispomos de diversas biografias dasprincipais pessoas das artes,história, música, literatura, etc. eainda, música, jogos e desporto.Por último em “Bairro”, encontramosrecursos inteiramente dedicadosaos mais novos que frequentam o 2ºciclo. Assim, com outro tipo deapresentação gráfica, podemosaprofundar os conhecimentos sobreo nosso país

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(história, locais, efemérides), sobreo mundo animal, algumascuriosidades bastanteinteressantes, aprender a melhoraro meio ambiente, a fazer bolos,entre outros conteúdosperfeitamente enquadrados epedagogicamente bemestruturados.É de facto, riquíssimo

este espaço virtual onde o lazer, aresponsabilidade social e aaprendizagem estão de mãos dadasnuma plataforma inteiramentededicada aos mais novos. Umasugestão a guardar para irembrincando aprendendo!

Fernando Cassola Marques

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Homilias de D. Joaquim Gonçalvespassam a livroA Paulus Editora publicou umvolume intitulado «Palavras quepermanecem» com as homilias maissignificativas do falecido bispo D.Joaquim Gonçalves em Braga e naDiocese de Vila Real. “Esta é umahomenagem póstuma quecorresponde a um dos desejosmanifestados poucos meses antesda sua morte. Com esta publicaçãoprocura-se prolongar na história aimagem e o pensamento destegrande bispo”, informa a PaulusEditora, num comunicado enviado àAgência ECCLESIA.D. Joaquim Gonçalves, naapresentação do seu livro, escreveuque não é “difícil encontrar” nassuas homilias “o clássico esquemado ‘ver, julgar e agir”’, ou seja, “osfactos celebrados, a reflexãocatequética e o apelo aocompromisso, e isso pode ajudar afazer deles uma espécie dememorial”.O padre José Gonçalves, irmão dobispo homenageado, terminou acompilação das homilias e na“premonição” escreve que “estestextos são parte do seu

trabalho episcopal como mestre epastor”.“Parece-nos que podem continuar aser úteis na construção do Reino deDeus e no desenvolvimento da NovaEvangelização que esta em curso”,acrescenta o sacerdote a respeitodo livro

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‘Palavras que permanecem’.D. Joaquim Gonçalves nasceu emCortegaça, Concelho de Fafe, a 17de maio de 1936, e foi substituídopor D. Amândio Tomás, seucoadjutor, a 17 de maio de 2011,cerca de três anos depois de tersido submetido a um transplantecardíaco, em Coimbra.

O bispo emérito, que faleceu ao 77anos no último dia de 2013, esteveà frente da diocese transmontanaentre janeiro de 1991 e maio de2011, depois de ter sido bispoauxiliar de Braga entre 1981 e 1987,quando João Paulo II o nomeoucoadjutor de Vila Real.

«O caminho da vida»A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)está a divulgar um novo CD para este verão,‘O Caminho da Vida’, do grupo com o nomehomónimo que surgiu há quatro anos, naParóquia do Seixal, Diocese de Setúbal. “Asmúsicas e letras que estes jovens foramelaborando e que agora apresentam neste CDsão expressão da sua profunda vida deoração pessoal, em grupo e em comunidade”,explica a fundação num comunicado enviado àAgência ECCLESIA.Neste caminho de fé partilhado pela música ogrupo já foi reconhecido e premiado “emfestivais diocesanos de música católica”, acrescenta a AIS.No comunicado, a fundação informa também que o grupo Caminho da Vidavai fazer uma experiência de missão em Cabo Verde, durante o mês deagosto, com o lema “Cabo Esperança”.

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II Concílio do Vaticano:Situação da Igreja lusófona

No início do II Concílio do Vaticano (11 de Outubro de1962), a igreja portuguesa ultrapassava as fronteirasactuais e abrangia territórios – agora independentes– noutros continentes.Na diocese da Beira (Moçambique), D. SebastiãoSoares de Resende considerou que os problemasque mais o preocupavam, quando se deu o início doconcílio, eram aqueles que estavam relacionadoscom “a pessoa humana” e “em algumas de suasverticais”. “De facto, o problema fundamental domundo e, portanto, o grande problema da Igreja, é avisão total do homem”, desabafou ao Boletim deInformação Pastoral (BIP), nº 19 – Setembro-Outubrode 1962.Ao fazer referência às “verticais”, o Bispo da Beirasalienta que a primeira situava-se nos problemas dosseus “direitos e deveres sagrados e inalienáveis”. Osegundo – a vertical religiosa – residia nosproblemas da “catequese, do ensino religioso e daliturgia”. E por fim, o terceiro – vertical intelectual –assentava nos problemas de “contacto e deinquietação das camadas cultas, mas indiferentes ouateias”, do “ensino primário e secundário por parteda Igreja e de círculos superiores de estudosreligiosos para adultos”.“Todos os problemas pastorais” da Diocese de Díli(Timor) se reduzem a um apenas: “A falta de clero.Sem este estar resolvido primeiro, é pura perda detempo discutir os outros. Resolvido este,desaparecem ou ficam meio resolvidos todos osdemais”, confessou

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D. Jaime Garcia Goulart, Bispo deDíli, ao BIP citado anteriormente.Para D. José Vieira Alvernaz,Arcebispo de Goa e Damão ePatriarca das Índias Orientais, auniversalidade deste acontecimentoeclesial convocado por João XXIIIdevia contribuir para “desfazer aideia de que a Igreja Católica éinimiga das culturas dos povosorientais, no que elas têm de justo everdadeiramente humano”.Segundo o prelado daquelasdioceses indianas, devia-se – comotinham começado a fazer osmissionários do século XVI –“cristianizar culturas e instituições”.Na hora do início do II Concílio doVaticano o que mais “preocupa eamargura”, o Arcebispo de Luandae Bispo de São Tomé, D. MoisésAlves de Pinho, era “a reparaçãodas ruínas e a supressão dasconsequências acarretadas pelostrágicos acontecimentos de que foiteatro” a parte norteda arquidiocese. Por outro lado –acrescenta D. Moisés Alves dePinho – a arquidiocese debate-secom a “falta de missionários” esolicita que “as dioceses e

congregações do continentecontinuem na generosidadeultimamente praticada para com oultramar”, BIP nº 19 – Setembro-Outubro de 1962.Reconstruir o “velho edifício doSeminário”, “preparação do seucorpo docente, com formação denovos elementos” e construir “novasigrejas, para facilitar o apostolado eo trabalho missionário entre osinfiéis” são as prioridades de D.Paulo José Tavares, bispo de Macauquando se deu o início do concílio.

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julho 20142014-07-18 * Braga - Auditório Vita - No âmbitodas comemorações dos 500 anosdo nascimento de D. FreiBartolomeu dos Mártires decorre umencontro/conferência/convívio entreo clero das dioceses de Viana dosCastelo, Vila Real, Bragança-Miranda, Braga e o clero da ordemdos Dominicanos. * Lisboa - Seminário dos Olivais -Reunião da Comissão preparatóriado Sínodo Diocesano com apresença de D. Manuel Clemente eos bispos auxiliares * Braga - Auditório Vita - Sessão dociclo de cinema sobre «VisõesGenerativas do Humano». * Austrália - Melbourne - A CaritasInternacional, em conjunto comoutras organizações ligadas à IgrejaCatólica, promove uma conferênciasobre o combate à SIDA. (18 a 20)

* Coimbra - Almegue - O InstitutoSecular das Servas do Apostoladorealiza um retiro para jovens com otema «À conversa com a vocação».(18 a 20) * Açores - Ilha do Pico - Festas emhonra de Santa Maria Madalenacom o lema «Maria Madalena -Testemunha da alegria doEvangelho» que terá como pregadoro padre José Júlio Rocha. (18 a 22) * Faro - Sé - Comemorações docentenário do jornal «Folha doDomingo». (18 e 19) 2014-07-19 * Porto - Casa Diocesana de Vilar -Simpósio sobre «Padre Américo -Modelo de Caridade para os nossosdias» para celebrar o aniversário daObra da Rua. * Lisboa - Igreja da Cartuxa deLaveiras - Colóquio sobre Vcentenário da canonização de SãoBruno, fundador da Ordem daCartuxa.

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* Porto - Igreja de Santo Ildefonso -Concerto comemorativo dainauguração do órgão de tubos daIgreja de Santo Ildefonso * Braga - Auditório Vita - Sessão dociclo «Música no claustro» * Santarém - Alcanede - Projeto«Fé4Missão» promovido peloSecretariado de Pastoral Juvenil (19a 27) * Porto - Casa diocesana de Vilar -Jornadas de formação paracatequistas e outros educadorespromovidas pelo Secretariado daCatequese da Diocese do Porto. (19e 20) 2014-07-20* Açores - Centro Cultural de SantaClara - Encontro sobre «agarra aomundo» promovido pelo MovimentoFocolares. * Lisboa - Lourinhã - Casa do Oeste- Conselho diocesano da ACR como tema «O que é a EsperançaCristã, mesmo em momentosdifíceis?» * Coimbra - Igreja de Santa Justa -O bispo de Coimbra preside à missade envio dos voluntários do GrupoMissionário João Paulo II.

* Braga - Basílica do Sameiro - Osdiáconos Adão Ricardo, José Pedro,Nuno Jorge e Rui Manuel, serãoordenados presbíteros por D. JorgeOrtiga. * Lisboa - Lourinhã - Casa do Oeste-Celebração dos 50 anos desacerdócio do padre JoaquimBatalha * Porto - Igreja de Santo Ildefonso -Celebração solene do 275ºaniversário da Igreja de SantoIldefonso presidida por D. AntónioFrancisco Santos * Islândia - Jamboree do CorpoNacional de Escutas. (20 a 27) 2014-07-21* Lisboa - Fundação CalousteGulbenkian - Cerimónia de entregado Prémio Gulbenkian 2014 àComunidade de Santo Egídio. * Lisboa - Alcobaça - Paredes daVitória - Acampamento nacional doMovimento Juvenil Salesiano

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O jornal “Folha do Domingo”, da Diocese do Algarve,

vai assinalar entre os próximos dias 18 e 19 o seucentésimo aniversário, com destaque para umaconferência de enquadramento histórico e umconcerto da cantora Teresa Salgueiro. Criar um espaço de reflexão sobre a catequesecomo iniciação à vida na fé e o itineráriocatequético" procurando "oferecer ferramentaspara conhecer e manusear os catecismos eplanificar a catequese" são dois dos objetivosdas X Jornadas de Verão e das IV mini-jornadasque o Secretariado Diocesano da Catequese doPorto organiza nos dias 19 e 20. D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, vai presidir estedomingo, na Basílica do Sameiro (15h30), àordenação sacerdotal dos diáconos Adão Ricardo,José Pedro, Nuno Jorge e Rui Manuel. A Comunidade de Santo Egídio, movimentocatólico fundado em 1968 pelo italiano AndreaRiccardi, vai receber no próximo dia 21 o PrémioCalouste Gulbenkian 2014, anunciou a fundaçãohomónima. Conhecida como a “pequena ONU doTrastevere”, bairro romano onde se situa a suasede, a Comunidade de Santo Egídio é umaorganização não-governamental que agregacerca de 60 mil pessoas em mais de 70 países domundo, incluindo Portugal. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa(CEP) e patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vaiestar em Luanda, Angola, entre 21 e 28 de julho paraparticipar num encontro alargado de bispos lusófonos.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 20 de julho: Padre Abel Varzim RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 14 - 50anos de sacerdócio do padreJoaquim Batalha;Terça-feira, dia 15 -Informação e apresentaçãoda banda Missio;Quarta-feira, dia 16 -Informação e apresentaçãoda Banda Jota;Quinta-feira, dia 17 - Informação e apresentação dabanda Godstone;Sexta-feira, dia 18 - Apresentação da liturgia dedomingo pela irmã Luísa Almendra e cónego AntónioRego. Antena 1Domingo, dia 20 de julho, 06h00 - Festival Terras SemSombra. Comentário à atualidade com o padre JoséLuís Borga. Segunda a sexta-feira, 22h45 - 21 a 25 de julho -Festival Jota 2014: Banda «Godstones»; Banda Jota;Banda Missio; Padre António Jorge e Padre JorgeCastela.

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O que é a vida eterna?

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Ano A – 16.º domingo do TempoComum Bondosos emisericordiosos,sempre!

A liturgia deste 16.º Domingo do Tempo Comumconvida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio demisericórdia e a assumir essa mesma atitude nanossa vida.Em concreto, a primeira leitura da Sabedoria fala-nosde um Deus indulgente e misericordioso, queconvida os seus filhos a serem humanos, a terem umcoração tão misericordioso e tão indulgente como ocoração de Deus.A segunda leitura sublinha a bondade e amisericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo,dom de Deus, vem em auxílio da nossa fragilidade,guiando-nos no caminho para a vida plena.Neste ritmo da vida moderna tão estonteante, comexigências profissionais, problemas familiares,inferno do trânsito, necessidade de ganhar a vidadiante de crescentes dificuldades, andamos a correr,sempre ocupados e cansados, prisioneiros de umamáquina que nos desumaniza e que não nos deixacentrar a nossa atenção no essencial, há queencontrar tempo e espaço para refletir e redefinir osentido da nossa existência, para perceber seestamos a conduzir a nossa vida segundo o Espírito.O Evangelho garante a presença do Reino de Deusno mundo, um Reino que não é um clube exclusivode bons e santos: todos encontram a possibilidadede crescer, de amadurecer as suas escolhas, deserem tocados pela graça, até ao momento final daopção definitiva.Três belíssimas parábolas a nos indicarem ocaminho: o trigo e o joio, o grão de mostarda, ofermento.

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Na parábola do trigo e do joio, Jesusgarante-nos que os esquemas deDeus não preveem a destruição dopecador, a segregação dos maus, aexclusão dos culpados. O Deus deJesus Cristo é um Deus de amor ede misericórdia, sem pressa paracastigar, que dá ao homem todo otempo do mundo para crescer, paradescobrir o dom de Deus e parafazer as suas escolhas. Nãopercamos nunca de vista apaciência de Deus para com ospecadores: talvez evitemos ter decarregar sentimentos de culpa queoprimem e amarguram a nossabreve caminhada nesta terra.A Palavra de Deus convida-nos amoderar a nossa dureza, a nossaintolerância, a nossa

intransigência e a contemplar osirmãos (com as suas falhas,defeitos, diferenças,comportamentos religiosa ousocialmente incorretos) com osolhos benevolentes, compreensivose pacientes de Deus.A partir daí, podemos colher amensagem das outras parábolas:ser grão de mostarda e fermento, nomeio de situações que não deixamespaço para a interioridade, para osentido da vida, para a paciência.Eis um enorme desafio para quemquiser continuar a ser discípulo deCristo, neste domingo e na semanaque se segue.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Iraque: Cristãos em fuga perante avanço dos jihadistas

Dias do fimA conquista de Mosul pelosradicais islâmicos do ISIS está arevelar-se fatal para acomunidade cristã no Iraque. OsCristãos vão fugindo de cidadeem cidade, de aldeia em aldeia,sabendo que, provavelmente,nunca mais poderão voltar acasa. O medo espreita. Na cidade deQaraqosh, a 30 quilómetros asudoeste de Mossul, as ruas estãovazias. Num par de horas, a cidadeesvaziou-se. Todos, por ali, jásabiam o que ia acontecer. EmQaragosh não ia ser diferente deMossul ou de Raqqa, conquistadaspelos jihadistas e palco deatrocidades várias, amplamentedocumentadas. Os Cristãos estão aser escorraçados de todos oslugares. Foi assim na Síria, está aser assim no Iraque. Não há muitoslugares no Médio Oriente comoQaraqosh. Neste momento é umacidade fantasma, mas foi, até hádias, o lar de 40 mil pessoas. Nasua maioria, cristãos. Era comorgulho que falavam das suas dozeigrejas. A história de Qaraqoshremonta

ao Antigo Testamento. As ruasvazias são agora a melhor legendapara o clima de medo e de terrorque está a destruir a comunidadecristã. De cidade em cidade, semprede mãos vazias, os Cristãos estãoem fuga. Os que fugiram deQaraqosh estão em Erbil, ounoutros pequenos povoados do valedo Nínive. Até voltarem a fugir denovo. Igrejas de portas abertasO Arcebispo caldeu de Mossul, D.Shimon Nona, está agora refugiadoem Tilkef, a poucos quilómetros deMossul. Forçado a fugir, o prelado é,também ele, um refugiado entrerefugiados. Para o Arcebispo, épreciso ajudar todos os que ali vãoparar, fugindo dos combates, semsaber o que fazer às suas vidas. Asigrejas de Tilkef estão de portasabertas. “Recebemos todos, sejamcristãos ou muçulmanos. É isso quenos ensina a nossa fé. Ajudar atodos independentemente da suareligião. Deus ama-nos a todos”.

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No meio da azáfama em que seencontra, D. Shimon Nona mal temtempo para reflectir sobre oterramoto que está a sacudir oIraque. As suas palavras traduzem aenorme tragédia que se abateusobre a comunidade cristã. “A minhadiocese já não existe mais. O ISIStirou-ma”. O Arcebispo

lança-nos um veemente pedido deajuda. Os cristãos iraquianosprecisam da nossasolidariedade. Eles estão em fugapor serem cristãos. Apenas por isso.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Alimentos seguros…

Tony Neves

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesatem como missão unir quantos falam,oficialmente, a língua de Camões. E somosmuitos milhões, somando Angola, Brasil, CaboVerde, Guiné, Moçambique, Portugal, S. Tomé ePríncipe e Timor. Estamos em quatro continentes,o que constitui uma enorme riqueza, capital quenão podemos desbaratar.Há questões que são problema em todo oespaço da CPLP. Um deles tem a ver com asegurança alimentar e nutricional. Se há paísesque agarraram este dossier há mais anos (comoé o caso de Portugal), outros ainda estão a darpassos ligeiros na estruturação das suaseconomias para que haja controlo de bensalimentares e acompanhamento nutricional.Nada melhor do que dar exemplos: em Portugal,há regras rigorosas acerca da circulação deprodutos alimentares, da sua conservação, dascondições de venda ao público e datas devalidade… Também na restauração existemregulamentos sobre os bens a cozinhar, a formacomo são apresentados ao público, as regras dehigiene a cumprir, o destino a dar aosexcedentes. Assim, quem vai a um mercado sabeque compra produtos alimentares que nãorepresentam qualquer perigo para a saúdepública. Quem entra num restaurante ou bar estáconvencido de que pode comer á vontade arefeição que está na ementa

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porque tudo foi bem controlado enão há riscos de intoxicação. Mas,para chegarmos a este ponto há umlongo caminho a percorrer e muitasensibilização e fiscalização a levara sério.O mesmo se pode dizer dasquestões nutricionais. Sabemos queem tempos de guerra ou emcontextos de pobreza ninguém fazescolhas de alimentos em ordem auma alimentação equilibrada. Come-se, nestes casos, o que aparece e,quando há que comer já se dágraças a Deus. Com a melhoria dascondições de vida, abre-se umanova página na

vida das pessoas com reflexospositivos nos hábitos alimentares.Equilibrar as refeições, evitar o queaumenta os índices de açúcar oucolesterol, ter cuidado com aingestão de álcool… são questõesbem resolvidas com o recurso à artedos nutricionistas.O bem estar das populações deveser o grande objetivo das políticasde cada país e as questõesalimentares são sempre decisivaspara a saúde pública. Há que fazero melhor para que os cidadãos daCPLP se sintam seguros e felizes.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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Partir para chegar

Margarida Corsino daSilva

Este é, tradicionalmente, um tempo de férias. Departidas e de chegadas. De descanso. Mas,ainda que o óbvio deste tempo seja que istoaconteça fora dos espaços habituais em que anossa vida acontece, também poderá acontecersem deixarmos o espaço que habitamos. Partirde dentro, daquilo que somos, para chegar aomais íntimo de nós. Uma viagem interior –elogiando e encontrando a vida com todos osnossos sentidos.Olhar a imensidão do mar. Deixarmo-nos invadirpelos cheiros e pelos sons na subida de ummonte. Escolher o essencial para colocar numamochila que podemos carregar e que éperfeitamente suficiente para vivermos. Tocar abeleza de uma grande cidade ou de umapequena aldeia. Sentarmo-nos na relva, ouvindoum grande concerto. Deixarmo-nos surpreenderpela novidade (mesmo aquela com que nosdeparamos, sem reparar, em cada dia). Saborearuma refeição demorada que se alia a umaconversa com aqueles com quem vivemos cadadia precipitadamente ou com aqueles que nãovemos há tanto tempo. Viver cada instante comtempo, sem a pressão do relógio, entregando-nos verdadeiramente ao que vivemos. Estes sãoalguns dos gestos que povoam este tempo e quenos ajudam a re-fazer e a saborear a nossaprópria existência. E a nossa vida parece ficarmuito mais bela (como quando o Monstro setransforma em Príncipe na história A Bela e oMonstro).

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Esta transformação da nossarealidade é, na verdade, a nossatransformação. E só quando nósnos deixamos transformar é que érazoável que a nossa realidade setransforme em algo belo. Em algoque acolhemos e desejamos vivercomo efectivamente nosso.E se esta refeição mais prolongadaque saboreamos acontecer tambémna Eucaristia durante este tempo deférias? Se dermos realmente lugar aDeus neste tempo e desejarmosalimentarmo-nos do Seu corpo e daSua palavra? As férias acontecerão.A partida e a chegada terão o seulugar. A entrada no pórtico que nosentrega às férias com as costasvoltadas para o quotidiano – quasecomo que a

desejar fugir-lhe – devolver-nos-á,no final, de costas para o tempo deférias e os olhos postos noquotidiano. O silêncio e o descansoque tivermos encontrado darãolugar à palavra e aos gestos decada dia, reconhecendo em tudo apresença d'Aquele que é íntimo acada coisa. A banalidade doquotidiano ficará com rosto de dome poderá ser oração. E o quotidianotransformar-se-á mais uma vez. Estetempo poderá restituir-nos a nósmesmos e, assim, poderemos dar(-nos), poderemos ser aquilo querealmente somos. E seremosprotagonistas da vida que nos éoferecida em cada dia. Tal como elaé. E chegaremos depois de termospartido.

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“A justiça social só podealcançar-se norespeito da dignidadetranscendente dohomem. A pessoaconstitui o fim último dasociedade, que estáorientada para ele”.(Catecismo da Igreja católica, 1928)

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