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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06. REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH UFPA Faculdade de Meteorologia 2º Distrito de Meteorologia Diretoria de Recursos Hídricos SIPAM - CR-BE Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental ANO V Nº 52 ABRIL 2011 Boletim disponível online em: www3.ufpa.br/rpch Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês: A distribuição espacial das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no mês de março de 2010 é mostrada na FIGURA 1. As anomalias negativas de TSM no Pacífico equatorial já perduram pelo décimo mês consecutivo, porém, em março, limitando-se a uma área confinada entre 110ºW e 150ºW. Observam-se também alguns pontos com anomalias positivas de TSM, principalmente na costa oeste da América do Sul, com exceção à faixa litorânea entre o Equador e o Peru, onde surge uma área com águas mais frias, entre 2ºC a 3ºC, abaixo da média. Essa configuração indica tendência à neutralidade na TSM do oceano Pacífico, porém essa mudança ocorre paulatinamente, por isso ainda há áreas com anomalias negativas no pacifico central. No Atlântico tropical norte as anomalias positivas de TSM mais intensas, entre 1ºC e 1,5ºC, e se estendem da costa da África, em torno de 20ºN, até 5ºN, próximo a América do Sul. Já a porção sul do Atlântico tropical apresenta uma região com águas bastante aquecidas, acima de 3ºC, ao longo do litoral africano, 10ºS e 25ºS, se estendendo até a costa do nordeste Brasileiro entre os Estados do Ceará e Sergipe. Essa configuração favorece episódios de banda dupla da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), induzindo chuva por todo o litoral norte/nordeste do Brasil. A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada em março na alta troposfera, 200 hPa, aproximadamente 12 km de altura. O centro do anticiclone (Alta da Bolívia) aparece bem definido e intenso, entre os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o cavado em altos níveis associado ao mesmo, presente sobre o Oceano Atlântico, em torno de 30ºW, e com eixo alinhado em direção ao nordeste Brasileiro. A Alta da Bolívia segue seu ciclo sazonal nesse período, favorecendo e interagindo com os sistemas produtores de chuva, principalmente nas regiões sudeste e norte do Brasil. Padrões climáticos persistentes no último trimestre: A FIGURA 3 representa os padrões médios de anomalias de TSM para o período compreendido entre janeiro e março de 2011, onde se observa o oceano Pacífico tropical central com águas mais frias em relação à média, por outro lado o litoral da costa oeste da América do Sul, apresentou padrões de normalidade em sua maior parte. Quanto ao Atlântico tropical, as anomalias positivas de TSM ocorreram em duas faixas, entre 0º e 25ºN e entre 10°S e 20°S, ambas, se estendendo da costa da África até o litoral da América do sul. Nota- se uma região com anomalias positivas de TSM entre 35ºS e 50ºS. FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em março/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP 1 . FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em março/2011. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. A letra “A” representa o centro do anticiclone. Produt o gerado pela RPCH com dados do NCEP. FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de janeiro/2011 a março/2011. Produt o gerado pela RPCH com dados do NCEP . 1 National Centers for Environmental Prediction

Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês · A Alta da Bolívia segue seu ciclo sazonal nesse período, favorecendo e interagindo com os sistemas produtores de chuva, principalmente

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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06.

REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH

UFPA

Faculdade de Meteorologia

2º Distrito de Meteorologia

Diretoria de Recursos

Hídricos

SIPAM - CR-BE

Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental

ANO V Nº 52 ABRIL 2011 Boletim disponível online em: www3.ufpa.br/rpch

►Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês:

A distribuição espacial das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no mês de março de 2010 é mostrada na FIGURA 1. As anomalias negativas de TSM no Pacífico equatorial já perduram pelo décimo mês consecutivo, porém, em março, limitando-se a uma área confinada entre 110ºW e 150ºW. Observam-se também alguns pontos com anomalias positivas de TSM, principalmente na costa oeste da América do Sul, com exceção à faixa litorânea entre o Equador e o Peru, onde surge uma área com águas mais frias, entre 2ºC a 3ºC, abaixo da média. Essa configuração indica tendência à neutralidade na TSM do oceano Pacífico, porém essa mudança ocorre paulatinamente, por isso ainda há áreas com anomalias negativas no pacifico central.

No Atlântico tropical norte as anomalias positivas de TSM mais intensas, entre 1ºC e 1,5ºC, e se estendem da costa da África, em torno de 20ºN, até 5ºN, próximo a América do Sul. Já a porção sul do Atlântico tropical apresenta uma região com águas bastante aquecidas, acima de 3ºC, ao longo do litoral africano, 10ºS e 25ºS, se estendendo até a costa do nordeste Brasileiro entre os Estados do Ceará e Sergipe. Essa configuração favorece episódios de banda dupla da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), induzindo chuva por todo o litoral norte/nordeste do Brasil.

A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada em março na alta troposfera, 200 hPa, aproximadamente 12 km de altura. O centro do anticiclone (Alta da Bolívia) aparece bem definido e intenso, entre os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o cavado em altos níveis associado ao mesmo, presente sobre o Oceano Atlântico, em torno de 30ºW, e com eixo alinhado em direção ao nordeste Brasileiro. A Alta da Bolívia segue seu ciclo sazonal nesse período, favorecendo e interagindo com os sistemas produtores de chuva, principalmente nas regiões sudeste e norte do Brasil. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre:

A FIGURA 3 representa os padrões médios de anomalias de TSM para o período compreendido entre janeiro e março de 2011, onde se observa o oceano Pacífico tropical central com águas mais frias em relação à média, por outro lado o litoral da costa oeste da América do Sul, apresentou padrões de normalidade em sua maior parte.

Quanto ao Atlântico tropical, as anomalias positivas de TSM ocorreram em duas faixas, entre 0º e 25ºN e entre 10°S e 20°S, ambas, se estendendo da costa da África até o litoral da América do sul. Nota-se uma região com anomalias positivas de TSM entre 35ºS e 50ºS.

FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfíc ie do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em março/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP1.

FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em março/2011. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da prec ipitação em mm. A letra “A” representa o centro do anticiclone. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de janeiro/2011 a março/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

1 National Centers for Environmental Prediction

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►Características Regionais da Chuva observada em março de 2011:

A FIGURA 4A mostra os volumes mensais de chuva registrados nas estações meteorológicas de superfície. Grandes acumulados pluviométricos foram observados sobre o Estado do Pará, com destaque para as regiões nordeste e o Baixo Amazonas. Os totais mensais mais elevados de chuva ocorreram entre a região nordeste e norte da Ilha do Marajó, com destaque para as estações de Tomé Açu, Salinópolis, Soure e Belém, que atingiram 632 mm, 599 mm, 596 mm e 506 mm, respectivamente. A distribuição espacial da precipitação pode ser visualizada na FIGURA 4B, onde, destaca-se a porção norte da ilha do Marajó, nordeste do Estado e porção sul do Baixo Amazonas, com tons em azul, chegando à azul escuro, ou seja, valores oscilando entre 400 e 700 mm. A categorização das anomalias de precipitação é observada na FIGURA 4C, onde, o Estado do Pará apresentou uma grande variabilidade de precipitação, com as classes de chuva na categoria acima e muito acima do normal predominando em parte do nordeste, porção sul do baixo Amazonas, estas resultantes da presença da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o que favoreceu as chuvas nessa faixa e centro-sul do Estado. Já na porção central do Estado, norte do Baixo Amazonas e sudoeste a predominância foi de categorias abaixo e muito abaixo do normal , para as demais regiões predomínio de chuvas dentro da categoria normal.

FIGURA 4A: Precipitação mensal observada nas estações pluv iométricas do INMET, ANA/CPRM e SEMA. Os valores indicam o total mensal em mm.

FIGURA 4B: Precipitação interpolada espacialmente sobre o Estado do Pará. A escala de cores indica o volume de chuva acumulado em mm.

FIGURA 4C: Anomalia categorizada da precipitação pelo método dos percentis para as categorias MUITO

ACIMA, A CIMA, NORMAL, ABAIXO e MUITO ABAIXO.

►Características Persistentes da Chuva no Último Trimestre: A FIGURA 5 mostra a anomalia de precipitação categorizada

para o trimestre: janeiro, fevereiro e março de 2011. Os municípios situados no nordeste do Estado, com exceção o litoral, grande parte do Marajó, faixa entre o Baixo Amazonas e sudoeste, além de pontos a sudeste, tiveram favorecimento aos movimentos ascendentes e a ocorrência de precipitação, ficando assim, com um padrão de chuvas acima e muito acima do normal. Nas demais regiões, houve predomínio do padrão de normalidade na distribuição das chuvas, com pontos isolados abaixo do normal, a exceção ficou por conta da porção norte do Baixo Amazonas, onde mostrou categoria muito abaixo do normal.

FIGURA 5: Anomalia categorizada da precipitação no trimestre

janeiro-fevereiro-março de 2011.

A climatologia mensal da precipitação foi obtida com base no

método dos percentis aplicado aos dados das estações pluviométricas contendo séries temporais com mais de 30 anos de registros de chuva. Esta metodologia estatística indica os valores mais freqüentes de precipitação da categoria normal em um intervalo entre o mínimo climatológico (painel inferior da Fig. 6) e o máximo climatológico (painel superior da Fig. 6) esperado para cada mês.

O trimestre apresenta variação de chuvoso a menos chuvoso/seco principalmente na porção sul do Estado, em especial os meses de junho e julho, onde, torna-se mais rara a aproximação dos sistemas frontais, principal responsável pelas chuvas nessa região. Já no norte do Estado às chuvas são geradas ainda devido à interação entre sistemas meteorológicos de diferentes escalas como a ZCIT e linhas de instabilidade entre outros, favorecidos pela circulação de brisa.

FIGURA 6: Climatologia mensal da precipitação sobre o estado do Pará referente aos meses de maio, junho e julho.

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CONSIDE RAÇÕES COMPLEMENT ARES : Este boletim é resultado da 52ª Reunião de Análise e Prev isão Climática organizada pela RPCH no di a 27/04/2011 na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Belém-PA.

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS E DE APOIO TÉCNICO-CIENTÍFICO:

DEFESA CIVIL

PARÁ

►Prognóstico Climático Mensal: Na FIGURA 7, apresentam-se as previsões de consenso da precipitação para cada mês do próximo trimestre para o Estado do Pará,

sendo que no painel superior tem-se o mapa da previsão da precipitação em anomalias categorizadas e no painel inferior, o volume de chuva correspondente a categoria prevista. Devido ao enfraquecimento do fenômeno climático La Niña, as condições favoráveis a formação de nuvens e a precipitação ocorrerão de forma mais amena, sendo assim, os totais mensais de precipitação de uma forma geral, devem ficar dentro da categoria normal em grande parte do Estado do Pará no trimestre maio/junho/julho, com exceção o mês de maio, em que o posicionamento da ZCIT assim como a sua interação com sistemas meteorológicos de escala menor, ainda influenciaram para o predomínio da categoria acima do normal na faixa norte do Estado. Em junho a ZCIT segue sua marcha rumo ao Hemisfério norte o que de certa forma reduzirá a formação de áreas de instabilidade sobre o norte paraense, inibindo assim a ocorrência de chuvas em vários pontos, o que aumentará as regiões com chuvas abaixo do normal.

Maio/2011: Precipitação acima do normal nas regiões nordeste do Estado, incluindo a Região Metropolitana de Belém (RMB), Marajó e parte do Baixo Amazonas, nas demais áreas as

chuvas ficarão dentro da categoria normal, com exceção ao ex tremo sudoeste, onde, deve predominar a categoria abaixo do normal.

FIGURA 7A: Prognóstico mensal para maio/2011.

Junho/2011: Predomínio de chuvas acima do normal apenas nas regiões do Baixo Amazonas. A porção centro-sudeste e o extremo sudoeste devem apresentar

categoria abaixo no normal. Nas demais áreas as chuvas ficarão dentro da normalidade, com alguns pontos isolados

abaixo do normal.

FIGURA 7B: Prognóstico mensal para junho/2011.

Julho/2011: Chuvas na categoria abaixo do normal na faixa central do Estado, até a porção norte da região sudoeste. A faixa nor te do Baixo Amazonas ficará com chuvas na categoria acima

do normal. No restante do Estado, predomínio da categoria normal sujeito a pontos isolados abaixo do normal.

FIGURA 7C: Prognóstico mensal para julho/2011.

►Prognóstico Climático Sazonal da Precipitação: A previsão para o trimestre maio, junho e julho é representada pela FIGURA

8, onde, o mapa acima é demonstrativo da anomalia categorizada de chuvas e a figura abaixo, os totais de chuva em milímetros. Predomínio da categoria normal em grande parte do Estado, a exceção fica para a porção norte do Baixo Amazonas, onde, ainda deve prevalecer a influência de sistemas de grande escala como a ZCIT, deixando as chuvas na categoria acima do normal e o extremo sudoeste apresentando categoria abaixo do normal, este por sua vez, devido ao desfavorecimento na presença de sistemas meteorológicos e a convecção tropical nesta época do ano nessa região.

►Prognóstico de Temperatura: As temperaturas em grande parte do Estado do Pará ficarão dentro da

média no trimestre maio, junho e julho, entretanto, ocorrerão alguns pontos isolados com temperaturas variando em torno de 1°C, acima da média, principalmente nas regiões sudoeste e sudeste do Estado.

FIGURA 8: Prognóstico sazonal para o trimestre maio/junho/julho de 2011.